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O conteúdo deste livro está adequado à proposta
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Geografia Direção de Arte


6o ano do Ensino Fundamental Vitoriano Júnior

Carlos Alberto Chopinho


Coordenação editorial
Editor Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda.
Lécio Cordeiro Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha
Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310
Revisão de texto Fone: (81) 3205-3333
Dárfini Lima CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67

Projeto gráfico, editoração ele-


trônica, iconografia, infografia e Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
ilustrações direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições
Allegro Digital Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em
edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Capa
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/ Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
Sophia karla sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
Fotos: Vadim Sadovski/shutterstock.com uma nova pontuação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram


modificações com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN: 978-85-7797-912-7
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Apresentação teórica da coleção de Geografia
Conhecendo o Manual do Educador
As seções a seguir serão encontradas neste Manual e cada uma delas tem o objetivo de auxiliar o educador a aproveitar o máximo de tudo que
foi selecionado para facilitar seu trabalho em sala de aula.

Sumário do livro do aluno


Sumário
Apresenta o sumário do livro do aluno para que o
Capítulo 1
O ser, o ter e o estar ...................... 9 Cenário 5 – As coordenadas geográficas ... 52
O endereço certo de qualquer ponto
educador possa nortear o seu trabalho ao longo do ano.
Cenário 1 – O ser ..................................... 10 da Terra...............................................................52
A consciência de que sou igual Localização ........................................................52
aos outros ...........................................................10 Encerramento ...................................................54
Cenário 2 – O estar.................................. 14
Sou responsável pelo espaço construído e Capítulo 3
pelo espaço natural...........................................14 Letramento cartográfico............... 59
Paisagem e a constante modificação do
espaço .................................................................17 Cenário 1 – Como apresentar a Terra?.... 60
Cenário 3 – O lugar geográfico ............... 20 Do todo ao particular......................................60
Com afeto e com carinho, este é Um grande instrumento de informação
o meu lugar ........................................................20 chamado mapa ..................................................62
Cenário 4 – A natureza inquieta e Os mapas antigos e o norte ............................64
transformadora ................................................24 Cenário 2 – Detalhando os mapas .......... 67
Cenário 5 – O aprendizado por meio Elementos de um mapa ...................................67
do olhar .................................................... 25 Cenário 3 – Tentativas de representação ... 76
Encerramento ...................................................27 Como representar em um plano o que
é irregular? .........................................................76
Capítulo 2 Cenário 4 – Tecnologia em favor dos
O estar e o orientar-se................... 33 mapas ....................................................... 79
Mapas digitais ...................................................79
Cenário 1 – A dificuldade de Encerramento ...................................................82
encontrar o rumo ..................................... 34
Referenciais ......................................................34 Capítulo 4
Orientação pelos astros ...................................34 Nosso planeta ............................... 85
Orientação pelo Sol .........................................35
Orientação pelo Cruzeiro do Sul ..................36 Cenário 1 – Nossa localização no

Página do manual
A imprecisão dos pontos cardeais .................37 Universo ................................................... 86
Cenário 2 – A prática do dia a dia ........... 37 Fazemos parte de um sistema.........................86
Conhecer o espaço para se localizar .............37 O surgimento do Universo ............................87
Cenário 3 – Quando o céu se esconde ..... 38 Os primeiros estudos sobre o Sistema
Orientação artificial .........................................38 Solar ....................................................................88
Sugestão de
Cenário 4 – Ruas e avenidas .................... 43 A forma da Terra ..............................................88
abordagem
Ao lado de cada abertura do capítulo há boxes com
A criação do sistema de coordenadas ...........43 Cenário 2 – Os movimentos da Terra Cenário 1 Dessa forma, várias sociedades perceberam que o Sol aparecia
todas as manhãs numa determinada posição no horizonte e, depois
Geografia em cena

Nossos paralelos ...............................................45 e suas consequências ................................ 93


Por que Greenwich? ........................................46 O movimento de rotação................................93 Diferente do que normalmente se pensa, A dificuldade de de descrever um “caminho” no céu, desaparecia em uma posição
oposta, ao entardecer. Depois de certo tempo, também perceberam
que a Lua e algumas estrelas e constelações também poderiam ser-
A observação de astros,
como o Sol, para o uso da lo-
calização de pessoas cria a fal-
Latitudes e longitudes das ruas......................48 Sucessão dos dias e das noites ........................94
o Sol não nasce no ponto cardeal leste. O Sol
encontrar o rumo vir como base para a orientação sobre o espaço. sa sensação de que ele está se

os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da


nasce do lado leste de onde estamos. O mes- movendo em torno da Terra.
As latitudes da Terra ........................................49 Fusos horários ...................................................94 mo acontece para o poente; o Sol não se põe Orientação pelo Sol Esse movimento ilusório é
As longitudes da Terra ....................................51 Caminho aparente do Sol...............................96 no ponto cardeal oeste, mas sim do lado oes- Referenciais chamado de Aparente.
Ao observar que o Sol nasce aproximadamente a Leste (ou
te de onde estamos. Na verdade, a cada dia do Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua Este) e põe-se a Oeste, os seres humanos criaram os pontos car-

Base Nacional Comum Curricular (BNCC).


ano o Sol nasce e se põe num ponto diferen- existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre. deais, ou rumos cardeais, desenvolvendo a base de todo o sistema
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em de orientação.
te, por isso, se tomarmos o Sol como referên-
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma Os pontos ou rumos cardeais são quatro e foram determinados
cia para nos orientarmos, cada dia tomare- grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência da seguinte maneira:
mos uma direção diferente ou, por exemplo, para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
a. A direção onde o Sol nasce todos os dias passou a ser deno-
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
apontaremos a antena parabólica para lugares

Em todo o Manual serão inseridas as páginas redu-


minada de Nascente, Leste, ou Oriente.
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diferentes do céu se a instalarmos em épocas b. Em oposição à nascente, está o Poente, ou posição no hori-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
zonte onde o Sol se põe, denominado de Ocidente, ou Oeste.
diferentes do ano. É fácil perceber isso obser- espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
CG_6ºano_01.indd 4 07/03/2018 13:34:57 tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação Esses dois pontos serviram de base para a criação de outros
vando onde o Sol se põe nos meses de junho dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o dois: o Norte, que também pode ser chamado de Boreal, ou Se-
ou julho e onde ele se põe nos meses de de- Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo, tentrional, e o Sul, também denominado Meridional, ou Austral.

zidas do livro do aluno. Serão apresentadas orientações


zembro ou janeiro. Faça essa observação aos “desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação. Zênite
seus alunos e peça para eles anotarem.
Orientação pelos astros
Anotações
didáticas correspondentes ao conteúdo específico e su-
O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações Horizonte
O N
para fenômenos que ocorriam na Terra.

gestões de atividade, por meio das quais será possível


Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Sol

Geografia em cena
S L
Zênite é um termo

explorar o assunto trabalhado pelos estudantes.


criado pela astronomia para
Portanto, para orientar-se pelo Sol, basta de manhã cedo esten- estabelecer o ponto imagi-
der o braço direito para o Sol nascente, onde está o Leste. A partir nário em que o Sol passa a
desse ponto, fica muito fácil identificar os outros pontos, ou rumos, incidir de forma vertical em
cardeais: o braço esquerdo estendido em oposição ao direito indi- cima da cabeça de um de-
cará o ponto onde o Sol se põe, ou seja, o Oeste; à frente, estará o terminado observador.
rumo Norte e, às suas costas, o rumo Sul.

34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 35


Diálogo com o
professor CG_6ºano_02.indd 34 07/03/2018 13:37:22 CG_6ºano_02.indd 35 07/03/2018 13:37:22

e de abrigo em determinados lugares, a desco- na rosa dos ventos. Posteriormente, veremos


Saber como orientar-se e localizar-se no berta de rotas comerciais e marítimas, o plane- como essa noção primária e geral nos conduz
espaço geográfico sempre foi uma preocupa- jamento estratégico de manobras em campos à noção mais específica de localização no es-
ção do ser humano, desde os primeiros tem- de batalha, a exploração de recursos no sub- paço geográfico, já que os pontos de orien-
pos da humanidade — com o homem paleo- solo, a definição e escolha de locais adequados tação não são suficientes para localizar, com
lítico, passando pelo egípcio, sumério, chinês, para instalação de indústrias; enfim, a investi- precisão, qualquer lugar na superfície da Ter-
grego, romano, árabe e o navegador europeu gação do “lugar certo para a atividade a ser ali ra. Essa “localização precisa” é feita com base
— até os dias atuais, com o homem moderno, desenvolvida”. na delimitação da coordenada geográfica, ou
influenciado pelas tecnologias cada vez mais Neste capítulo, estudaremos inicialmen- seja, no cruzamento, ou encontro, entre um
sofisticadas do mundo globalizado, como sa- te as técnicas tradicionais de orientação (pelo paralelo e um meridiano, elementos cujos
télites e computadores. Esse “saber” está rela- Sol e pela Lua) e a determinação dos pontos conceitos aprofundamos e relacionamos às
cionado à satisfação de suas necessidades ime- cardeais, colaterais e subcolaterais (pontos definições de latitude e longitude, nomes atri-
diatas e específicas, como a busca de alimentos de orientação), bem como sua representação buídos às medidas de suas distâncias.

34

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Estrutura da coleção de Geografia


Partimos do princípio de que a ciência geográfica é constituída tanto pelos conhecimentos das ciências físicas e naturais quanto pelos das ciên-
cias humanas, articulando-os em diferentes níveis de análise. Assim, a Geografia é trabalhada para permitir ao educando uma compreensão do
todo, com base nas inter-relações estabelecidas entre elementos físico-naturais, socioeconômicos, populacionais, culturais e políticos, na tentativa
de superar a dicotomia sociedade versus natureza.
A noção de espaço geográfico é abordada como produto social, resultado das organizações e transformações sociais construídas a partir das
diferentes relações estabelecidas no espaço e no tempo. Também por isso, à medida que avançamos nos volumes da coleção, os temas vão se tor-
nando mais complexos e abrangentes, de forma que os conceitos são gradualmente aprofundados sob o enfoque das relações “norte-sul” (ricos-po-
bres), originadas nos processos de colonização, descolonização e industrialização. E, mais atualmente, nas relações “sul-sul”, que norteiam as rela-
ções internacionais brasileiras em seu processo de inserção no processo de globalização.
Como toda ciência é fundamentada em conceitos, com a Geografia não é diferente. E, embora possa parecer um fato inicialmente contradi-
tório, os conceitos priorizados nessa coleção são os de território, paisagem e lugar, ou seja, o espaço geográfico. No entanto, não estudaremos o es-
paço por si mesmo, mas agregando a ele os conceitos de sociedade, trabalho e natureza, que o complementam.
Por conta disso, optamos por tratar os assuntos dessa coleção de forma semelhante à proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
que tomamos como base para a elaboração desta obra.

III

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Cenário
Cenário 1

A dificuldade de Cada capítulo é dividido em Cenários para melhor entendimento do texto explicativo e são acom-
encontrar o rumo panhados por mapas, imagens, gráficos, fotos, tabelas e charges que facilitam a compreensão dos aspec-
Referenciais
Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua
tos fundamentais dos conteúdos dos capítulos. As imagens (fotos, mapas, tabelas, etc.) contidas no tex-
existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre.
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma
grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência
to não têm apenas o propósito de ilustrá-lo, tornando-o mais agradável, são utilizadas visando suscitar
indagações, reflexões e interpretações sobre o espaço geográfico.
para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação
dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o
Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo,
“desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação.

Orientação pelos astros


O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram

Ensaio geográfico
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações
para fenômenos que ocorriam na Terra.
Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Esse tipo de instrumento não serve apenas para facilitar a com-

A seção Ensaio geográfico é o momento de prati-


preensão do relevo terrestre de superfície. Também pode ser em-
pregado para mostrar os tipos de rocha, rios (hidrografia), geleiras,
além de diversas informações.

Ensaio geográfico car os conhecimentos estudados em cada Cenário, com


1 Em uma viagem de férias, você percebeu que alguns agricultores realizam seus plantios em áreas de
encostas de morro, como no desenho abaixo.
questões reflexivas e críticas.
34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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Utilizando o seu conhecimento, que conselhos você daria a esses agricultores?


A melhor alternativa para a prática da agricultura em morros ou montanha é a técnica das curvas de

nível, ou terraceamento.

2 Observe o desenho aproximado do relevo apresentado abaixo.

C D E
B
A

Agora, responda ao que se pede:


a. Identifique e denomine a unidade do relevo representada no espaço da letra A.
Planície litorânea.

b. Verifique e denomine em qual espaço está localizada uma depressão.

Está representada pela letra “D”.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 147

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Geografia em cena
As florestas temperadas foram quase totalmente devastadas,
restando apenas poucas reservas, na Europa ou América, restritas
quase sempre a áreas de difícil acesso ou de pouco interesse econô-
mico. Nos países asiáticos, a extensão da Floresta Temperada, mes-
mo que tenha sofrido redução ao longo do tempo, apresenta um
percentual remanescente maior que o da Europa e o da América.
Em meio ao texto referencial, são apresentadas informações adicionais ao conteúdo estudado. Po-
Estepes dem ser curiosidades, definições/explicações de termos possivelmente desconhecidos dos alunos ou,
simplesmente, esclarecimentos a respeito de um item específico do tema tratado.
Trata-se de uma vegetação tipicamente rasteira predominante
em áreas frias e secas numa faixa de transição entre regiões desérti-
cas e regiões florestais. Sofrem os efeitos da continentalidade, apre-
sentando verões quentes e invernos muito frios. Localizam-se na
Mongólia, nos Estados Unidos e na Sibéria russa.
Allocricetulus/Shutterstock.com

Estepe na Mongólia.

Pradarias
São formações vegetais herbáceas (gramíneas rasteiras) situa- Geografia em cena
das em ambientes muito semelhantes aos das estepes, porém com

Pequeno dicionário
mais umidade. Na América do Sul, onde a pluviosidade é maior, A pecuária extensiva
recebe o nome de Pampa, compreendendo as regiões austrais do é a prática criatória de gado
Brasil, da Argentina e do Uruguai; Pradaria é o nome que essa for- sem tantos investimentos.
mação recebe na América do Norte, e lá compreende uma área que Nela, o gado é destinado ao Os países que se situam entre os trópicos, em sua maioria em
vai do Canadá até o sul dos Estados Unidos, passando pelas planí-

geográfico e cultural
corte. Essa prática necessita desenvolvimento (como o Brasil), possuem um fator positivo para
cies centrais desse país. de alguns cuidados, princi- a utilização dessa fonte de energia, visto que essa região apresenta
As pradarias e estepes são ocupadas ou com pecuária extensiva palmente com alimentação uma taxa de insolação relativamente elevada o ano todo. Por outro
e semiextensiva ou com agricultura. e o espaço. lado, a precária (ou inexistente) tecnologia de geração de energia e
os baixos investimentos em pesquisa para sua obtenção inviabili-
Jason Patrick Ross/Shutterstock.com

zam por enquanto seu aproveitamento nessa região do globo.

Pequeno dicionário geográfico e cultural

Pradaria nos Estados Unidos.


Cartel: Conjunto de empresas que estabele-
cem monopólio, distribuindo entre si os mer-
Decomposição: Apodrecimento.
Lobby: Pessoa ou grupo que tenta influenciar
A seção Pequeno dicionário geográfico e cultural
Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 253
cados e determinando os preços.
Combustível: Elemento que pode ser quei-
mado para gerar energia.
os congressistas (deputados e senadores) a vo-
tarem projetos de seu interesse, ou de grupos
que representam.
compreende uma série de palavras e termos organizados
Compactação: Ato de prensar, comprimir algo. Oleaginosa: Produtora de óleo.

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por ordem alfabética, cuja finalidade é a consulta e o es-
Aprenda com arte clarecimento de termos usados ao longo do texto.
Syriana
Direção: Stephen Gaghan.
Ano: 2005.

Sinopse: Em Syriana, histórias mostram as consequências de uma rede de conspiração e corrupção


na indústria internacional de petróleo. Um funcionário da CIA descobre a verdade sobre seu traba-
lho. Um negociante de petróleo passa por uma tragédia familiar e encontra redenção com um prín-
cipe do petróleo. Um advogado corporativo enfrenta um dilema durante a fusão de duas empresas.
Os personagens envolvidos nesse sistema não têm consciência do impacto de suas decisões sobre o
futuro mundial.

100 anos luz


Direção: Sergio Roizenblit.
Ano: 2013.

Sinopse: Em um passeio pela história da energia elétrica, o filme mostra a transformação da sociedade
rural para a sociedade urbana no século XX, a partir de dez ícones eletroeletrônicos representativos
dessa progressiva transformação e da criação dos conceitos de cidade moderna, conforto e diversão.

350 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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IV

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Aprendendo com arte
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Babilônico: Habitante da antiga Babilônia, Papiro: Espécie de planta da qual os antigos
Em um mundo marcado pela força das imagens, o cinema é um recurso fundamental para tratar os
na Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e egípcios produziam uma espécie de papel.
Eufrates).
Cordilheiras: Conjunto enfileirado de mon-
tanhas de grande extensão.
Perfil: Representação lateral ou silhueta de
algo ou alguém.
Periférica: Região distante do centro.
temas abordados no livro. A seção Aprendendo com arte foi elaborada com o objetivo de chamar aten-
ção da turma para conteúdos históricos a partir deste veículo de comunicação de massa.
Equidistante: Que apresenta a mesma dis- Serras: Conjunto enfileirado de montanhas
tância entre dois ou mais pontos ou objetos de pequena extensão.
considerados. Topógrafo: Profissional responsável pela re-
Jazidas: Áreas onde ocorrem grandes concen- presentação detalhada de partes da superfície
trações de minerais e recursos energéticos. da Terra.

Aprenda com arte

Piratas do Caribe: no fim do mundo


Direção: Gore Verbinski.
Ano: 2007.

Sinopse: O lorde Cuttler Beckett, da Companhia das Índias Orientais, detém o comando do navio-
-fantasma Flying Dutchman. O navio, agora sob o comando do almirante James Norrington, tem por
missão vagar pelos sete mares em busca de piratas e matá-los sem piedade. Na intenção de deter Beckett,
Will Turner, Elizabeth Swann e o capitão Barbossa precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irman-

Encerramento
dade. Porém, falta um dos Lordes, o capitão Jack Sparrow. O trio parte para Cingapura na intenção de
conseguir o mapa que os conduzirá ao fim do mundo, o que possibilitará que Jack seja resgatado. Mas,
para conseguir o mapa, eles precisarão enfrentar um pirata chinês, o capitão Sao Feng.

Encerramento
Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas
Direção: Rob Marshall.
Ano: 2011.
1 No quadro abaixo, cite impactos ambientais produzidos pelas matrizes energéticas apresentadas. Nessa obra contém, ao final de cada capítulo, exer-
Carvão Eólica
Sinopse: O capitão Jack Sparrow vai até Londres para resgatar Gibbs, integrante de sua tripulação Efeito estufa Uso da terra
cícios variados, desde questões discursivas a questões de
no Pérola Negra. Lá ele descobre que alguém está usando seu nome para conseguir marujos em uma
viagem rumo à Fonte da Juventude. Sparrow investiga e logo percebe que Angelica, um antigo caso
que balançou seu coração, é a responsável pela farsa. Ela é filha do lendário pirata Barba Negra, que
está com os dias contados.
Aquecimento global

Chuva ácida
Ruído das turbinas

Interferência eletromagnética
múltipla escolha, algumas de exames vestibulares e do
Capítulo 3 – Letramento cartográfico 81
Poluição atmosférica Mortalidade de aves
Enem, com adaptações pertinentes a cada ano do Ensi-
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2 Existem várias formas não poluentes de se gerar energia; dentre estas, destaca-se a energia geotér-
mica. Por qual motivo nem todos os países podem utilizá-la?
Apenas países que possuem atividades vulcânicas ou sísmicas, onde o vapor de água ou as pedras quen-
no Fundamental.
tes atingem temperaturas superiores a 200 °C.

3 Por que podemos afirmar que a energia solar é a que provoca menos impactos ambientais?
Ela depende unicamente da luz solar para funcionar. Suas instalações ocorrem geralmente no topo de

construções já existentes.

4 O petróleo é uma das matrizes energéticas mais poluentes do Planeta. Contudo, cientistas afirmam
que o petróleo é insubstituível na atualidade. Explique tal afirmação.
Ele é a principal fonte de matéria-prima das indústrias, e cerca da metade da energia consumida no

mundo vem dele.

5 Marque a alternativa que contém apenas fontes energéticas fósseis.


a. Carvão, eólica e petróleo.
b. Lenha, solar e hidráulica.
c. Solar, eólica e maremotriz.
d. X Gás natural, carvão e petróleo.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 351

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A importância da Geografia à luz da Base Nacional


Comum Curricular (BNCC)
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o mun- O raciocínio geográfico, uma maneira de exercitar o pensamento es-
do em que se vive, na medida em que esse componente curricular abor- pacial, aplica determinados princípios (Quadro 1) para compreender as-
da as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes nas pectos fundamentais da realidade: a localização e a distribuição dos fatos e
diversas regiões do Planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica fenômenos na superfície terrestre, o ordenamento territorial, as conexões
contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de di- existentes entre componentes físico-naturais e as ações antrópicas.
ferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha

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significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indiví-
duos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costu-
mes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na
consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros
e, por isso, convictos das nossas diferenças.
Para fazer a leitura do mundo em que vivem, com base nas apren-
dizagens em Geografia, os alunos precisam ser estimulados a pensar
espacialmente, desenvolvendo o raciocínio geográfico. O pensamento
espacial está associado ao desenvolvimento intelectual que integra co-
nhecimentos não somente da Geografia, mas também de outras áreas
(como Matemática, Ciência, Arte e Literatura). Essa interação visa à
resolução de problemas que envolvem mudanças de escala, orientação
e direção de objetos localizados na superfície terrestre, efeitos de dis-
tância, relações hierárquicas, tendências à centralização e à dispersão,
efeitos da proximidade e vizinhança, etc.

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Quadro 1 – Descrição dos princípios do raciocínio
geográfico
Princípio Descrição

Um fenômeno geográfico sempre é comparável a outros. A identificação das semelhanças entre


Analogia
fenômenos geográficos é o início da compreensão da unidade terrestre.

Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas sempre em interação com outros
Conexão
fenômenos próximos ou distantes.

É a variação dos fenômenos de interesse da geografia pela superfície terrestre (por exemplo, o
Diferenciação
clima), resultando na diferença entre áreas.

Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço.

Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno geográfico.

Posição particular de um objeto na superfície terrestre. A localização pode ser absoluta (definida
Localização por um sistema de coordenadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de relações espaciais
topológicas ou por interações espaciais).

Ordem ou arranjo espacial é o princípio geográfico de maior complexidade. Refere-se ao modo de


Ordem
estruturação do espaço de acordo com as regras da própria sociedade que o produziu.

Essa é a grande contribuição da Geografia aos alunos da Educa- conceitos da Geografia contemporânea, diferenciados por níveis de
ção Básica: desenvolver o pensamento espacial, estimulando o raciocí- complexidade. Embora o espaço seja o conceito mais amplo e comple-
nio geográfico para representar e interpretar o mundo em permanente xo da Geografia, é necessário que os alunos dominem outros conceitos
transformação e relacionando componentes da sociedade e da nature- mais operacionais e que expressam aspectos diferentes do espaço geo-
za. Para tanto, é necessário assegurar a apropriação de conceitos para o gráfico: território, lugar, região, natureza e paisagem.
domínio do conhecimento fatual (com destaque para os acontecimen- O conceito de espaço é inseparável do conceito de tempo e ambos
tos que podem ser observados e localizados no tempo e no espaço) e precisam ser pensados articuladamente como um processo. Assim como
para o exercício da cidadania. para a História, o tempo é para a Geografia uma construção social, que se
Ao utilizar corretamente os conceitos geográficos, mobilizando o associa à memória e às identidades sociais dos sujeitos. Do mesmo modo,
pensamento espacial e aplicando procedimentos de pesquisa e análise os tempos da natureza não podem ser ignorados, pois marcam a memó-
das informações geográficas, os alunos podem reconhecer: a desigual- ria da Terra e as transformações naturais que explicam as atuais condi-
dade dos usos dos recursos naturais pela população mundial; o impac- ções do meio físico natural. Assim, pensar a temporalidade das ações hu-
to da distribuição territorial em disputas geopolíticas; e a desigualdade manas e das sociedades por meio da relação tempo-espaço representa um
socioeconômica da população mundial em diferentes contextos urba- importante e desafiador processo na aprendizagem de Geografia.
nos e rurais. Desse modo, a aprendizagem da Geografia favorece o re- Para isso, é preciso superar a aprendizagem com base apenas na
conhecimento da diversidade étnico-racial e das diferenças dos grupos descrição de informações e fatos do dia a dia, cujo significado restrin-
sociais, com base em princípios éticos (respeito à diversidade e comba- ge-se apenas ao contexto imediato da vida dos sujeitos. A ultrapassa-
te ao preconceito e à violência de qualquer natureza). Ela também es- gem dessa condição meramente descritiva exige o domínio de concei-
timula a capacidade de empregar o raciocínio geográfico para pensar e tos e generalizações. Estes permitem novas formas de ver o mundo e
resolver problemas gerados na vida cotidiana, condição fundamental de compreender, de maneira ampla e crítica, as múltiplas relações que
para o desenvolvimento das competências gerais previstas na BNCC. conformam a realidade, de acordo com o aprendizado do conhecimen-
Nessa direção, a BNCC está organizada com base nos principais to da ciência geográfica.

VI

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Para dar conta desse desafio, o componente Geografia da BNCC consigam ler, comparar e elaborar diversos tipos de mapas temáticos,
foi dividido em cinco unidades temáticas comuns ao longo do Ensino assim como as mais diferentes representações utilizadas como ferra-
Fundamental, em uma progressão das habilidades. mentas da análise espacial. Essa, aliás, deve ser uma preocupação nor-
Na unidade temática O sujeito e seu lugar no mundo, focalizam- teadora do trabalho com mapas em Geografia. Eles devem, sempre que
-se as noções de pertencimento e identidade. No Ensino Fundamental possível, servir de suporte para o repertório que faz parte do raciocí-
— Anos Finais, procura-se expandir o olhar para a relação do sujeito nio geográfico, fugindo do ensino do mapa pelo mapa, como fim em
com contextos mais amplos, considerando temas políticos, econômi- si mesmo.
cos e culturais do Brasil e do mundo. Dessa forma, o estudo da Geo- Na unidade temática Natureza, ambientes e qualidade de vida,
grafia constitui-se em uma busca do lugar de cada indivíduo no mun- busca-se a unidade da geografia, articulando geografia física e geografia
do, valorizando a sua individualidade e, ao mesmo tempo, situando-o humana, com destaque para a discussão dos processos físico-naturais
em uma categoria mais ampla de sujeito social: a de cidadão ativo, de- do planeta Terra. No Ensino Fundamental — Anos Finais, essas no-
mocrático e solidário. Enfim, cidadãos produtos de sociedades locali- ções ganham dimensões conceituais mais complexas, de modo a levar
zadas em determinado tempo e espaço, mas também produtores dessas os estudantes a estabelecer relações mais elaboradas, conjugando natu-
mesmas sociedades, com sua cultura e suas normas. reza, ambiente e atividades antrópicas em distintas escalas e dimensões
Em Conexões e escalas, a atenção está na articulação de diferen- socioeconômicas e políticas. Dessa maneira, torna-se possível a eles co-
tes espaços e escalas de análise, possibilitando que os alunos compreen- nhecer os fundamentos naturais do Planeta e as transformações impos-
dam as relações existentes entre fatos nos níveis local e global. Portanto, tas pelas atividades humanas na dinâmica físico-natural, inclusive no
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos precisam compreender contexto urbano e rural.
as interações multiescalares existentes entre sua vida familiar, seus gru- Em todas essas unidades, destacam-se aspectos relacionados ao
pos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas. exercício da cidadania e à aplicação de conhecimentos da Geografia
A conexão é um princípio da Geografia que estimula a compreensão diante de situações e problemas da vida cotidiana, tais como: estabele-
do que ocorre entre os componentes da sociedade e do meio físico na- cer regras de convivência na escola e na comunidade; discutir propos-
tural. Ela também analisa o que ocorre entre quaisquer elementos que tas de ampliação de espaços públicos; e propor ações de intervenção na
constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam um lu- realidade, tudo visando à melhoria da coletividade e do bem comum.
gar na sua totalidade. Conexões e escalas explicam os arranjos das pai- No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos
sagens, a localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos compreendam os processos que resultaram na desigualdade social, as-
técnicos, por exemplo. sumindo a responsabilidade de transformação da atual realidade, fun-
Em Mundo do trabalho, abordam-se, no Ensino Fundamental — damentando suas ações em princípios democráticos, solidários e de jus-
Anos Finais, essa unidade temática ganha relevância: incorpora-se o tiça. Dessa maneira, possibilita-se o entendimento do que é Geografia,
processo de produção do espaço agrário e industrial em sua relação en- com base nas práticas espaciais, que dizem respeito às ações espacial-
tre campo e cidade, destacando-se as alterações provocadas pelas no- mente localizadas de cada indivíduo, considerado como agente social
vas tecnologias no setor produtivo, fator desencadeador de mudanças concreto. Ao observar e analisar essas ações, visando a interesses indivi-
substanciais nas relações de trabalho, na geração de emprego e na dis- duais (práticas espaciais), espera-se que os alunos estabeleçam relações
tribuição de renda em diferentes escalas. A Revolução Industrial, a re- de alteridade e de modo de vida em diferentes tempos.
volução técnico-científico-informacional e a urbanização devem ser as- Assim, com o aprendizado de Geografia, os estudantes têm a
sociadas às alterações no mundo do trabalho. Nesse sentido, os alunos oportunidade de trabalhar com conceitos que sustentam ideias plu-
terão condição de compreender as mudanças que ocorreram no mun- rais de natureza, território e territorialidade. Dessa forma, eles podem
do do trabalho em variados tempos, escalas e processos históricos, so- construir uma base de conhecimentos que incorpora os segmentos so-
ciais e étnico-raciais. ciais culturalmente diferenciados e também os diversos tempos e rit-
Por sua vez, na unidade temática Formas de representação e pen- mos naturais.
samento espacial, além da ampliação gradativa da concepção do que Essa dimensão conceitual permite que os alunos desenvolvam
é um mapa e de outras formas de representação gráfica, são reunidas aproximações e compreensões sobre os saberes científicos — a respei-
aprendizagens que envolvem o raciocínio geográfico. Espera-se que, to da natureza, do território e da territorialidade, por exemplo — pre-
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos tenham domínio da sentes nas situações cotidianas. Quanto mais um cidadão conhece os
leitura e elaboração de mapas e gráficos, iniciando-se na alfabetização elementos físico-naturais e sua apropriação e produção, mais pode ser
cartográfica. Fotografias, mapas, esquemas, desenhos, imagens de sa- protagonista autônomo de melhores condições de vida. Trata-se, nessa
télites, audiovisuais, gráficos, entre outras alternativas, são frequente- unidade temática, de desenvolver o conceito de ambiente na perspecti-
mente utilizados no componente curricular. Quanto mais diversifica- va geográfica, o que se fundamenta na transformação da natureza pelo
do for o trabalho com linguagens, maior o repertório construído pelos trabalho humano. Não se trata de transferir o conhecimento científico
alunos, ampliando a produção de sentidos na leitura de mundo. Com- para o escolar, mas, por meio dele, permitir a compreensão dos proces-
preender as particularidades de cada linguagem, em suas potencialida- sos naturais e da produção da natureza na sociedade capitalista. Nes-
des e em suas limitações, conduz ao reconhecimento dos produtos des- se sentido, ao compreender o contexto da natureza vivida e apropriada
sas linguagens não como verdades, mas como possibilidades. pelos processos socioeconômicos e culturais, os alunos constroem cri-
No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos ticidade, fator fundamental de autonomia para a vida fora da escola.

VII

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Para tanto, a abordagem dessas unidades temáticas deve ser reali- volvida pelo professor, os alunos podem mobilizar, ao mesmo tempo,
zada integradamente, uma vez que a situação geográfica não é apenas diversas habilidades de diferentes unidades temáticas.
um pedaço do território, uma área contínua, mas um conjunto de re- Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades
lações. Portanto, a análise de situação resulta da busca de característi- na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
cas fundamentais de um lugar na sua relação com outros lugares. As- se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáti-
sim, ao se estudarem os objetos de aprendizagem de Geografia, a ênfase cas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agru-
do aprendizado é na posição relativa dos objetos no espaço e no tem- pamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório
po, o que exige a compreensão das características de um lugar (locali- para o desenho dos currículos.
zação, extensão, conectividade, entre outras), resultantes das relações Considerando esses pressupostos, e em articulação com as compe-
com outros lugares. Por causa disso, o entendimento da situação geo- tências gerais da BNCC e com as competências específicas da área de
gráfica, pela sua natureza, é o procedimento para o estudo dos objetos Ciências Humanas, o componente curricular de Geografia também deve
de aprendizagem pelos alunos. Em uma mesma atividade a ser desen- garantir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.

Competências específicas de Geografia para o Ensino


Fundamental
1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de
resolução de problemas.

2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a com-
preensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história.

3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do
espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem.

4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecno-
logias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.

5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e
o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem
conhecimentos científicos da Geografia.

6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a cons-
ciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as
questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.

Geografia no Ensino Fundamental — Anos Finais:


unidades temáticas, objetos de conhecimento e
habilidades
Nessa fase final do Ensino Fundamental, pretende-se garantir a toricamente instituídas, compreendendo a transformação do espaço
continuidade e a progressão das aprendizagens do Ensino Fundamen- em território usado — espaço da ação concreta e das relações desiguais
tal — Anos Iniciais em níveis crescentes de complexidade da com- de poder, considerando também o espaço virtual proporcionado pela
preensão conceitual a respeito da produção do espaço. Para tanto, é rede mundial de computadores e das geotecnologias. Desenvolvendo a
preciso que os alunos ampliem seus conhecimentos sobre o uso do es- análise em diferentes escalas, espera-se que os estudantes demonstrem
paço em diferentes situações geográficas regidas por normas e leis his- capacidade não apenas de visualização, mas que relacionem e enten-

VIII

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dam espacialmente os fatos e fenômenos, os objetos técnicos e o orde- brasileiro. Destaca-se também a relevância do estudo da América do Nor-
namento do território usado. te, com ênfase no papel dos Estados Unidos da América na economia do
Para tanto, no 6º ano, propõe-se a retomada da identidade sociocultu- pós-guerra e em sua participação na geopolítica mundial na contempo-
ral, do reconhecimento dos lugares de vivência e da necessidade do estudo raneidade. Nos estudos regionais, sejam da América, sejam da África, as
sobre os diferentes e desiguais usos do espaço, para uma tomada de cons- informações geográficas são fundamentais para analisar geoespacialmen-
ciência sobre a escala da interferência humana no Planeta. Aborda-se tam- te os dados econômicos, culturais e socioambientais — tais como GINI,
bém o desenvolvimento de conceitos estruturantes do meio físico natural, IDH, saneamento básico, moradia, entre outros —, comparando-os com
destacadamente, as relações entre os fenômenos no decorrer dos tempos da eventos de pequenas e grandes magnitudes, como terremotos, tsunamis e
natureza e as profundas alterações ocorridas no tempo social. Ambas são desmoronamentos devidos a chuvas intensas e falta da cobertura vegetal.
responsáveis pelas significativas transformações do meio e pela produção Considera-se que os estudantes precisam conhecer as diferentes concep-
do espaço geográfico, fruto da ação humana sobre o Planeta e sobre seus ções dos usos dos territórios, tendo como referência diferentes contextos
elementos reguladores. sociais, geopolíticos e ambientais, por meio de conceitos como classe so-
Trata-se, portanto, de compreender o conceito de natureza; as dispu- cial, modo de vida, paisagem e elementos físicos naturais, que contribuem
tas por recursos e territórios que expressam conflitos entre os modos de para uma aprendizagem mais significativa, estimulando o entendimento
vida das sociedades originárias e/ou tradicionais; e o avanço do capital, to- das abordagens complexas da realidade, incluindo a leitura de representa-
dos retratados na paisagem local e representados em diferentes linguagens, ções cartográficas e a elaboração de mapas e croquis.
entre elas o mapa temático. O entendimento dos conceitos de paisagem e Por fim, no 9º ano, é dada atenção para a constituição da nova (des)or-
transformação é necessário para que os alunos compreendam o processo dem mundial e a emergência da globalização/mundialização, assim como
de evolução dos seres humanos e das diversas formas de ocupação espacial suas consequências. Por conta do estudo do papel da Europa na dinâmi-
em diferentes épocas. Nesse sentido, espera-se que eles compreendam o pa- ca econômica e política, é necessário abordar a visão de mundo do ponto
pel de diferentes povos e civilizações na produção do espaço e na transfor- de vista do Ocidente, especialmente dos países europeus, desde a expansão
mação da interação sociedade/natureza. marítima e comercial, consolidando o Sistema Colonial em diferentes re-
No 7º ano, os objetos de conhecimento abordados partem da for- giões do mundo. É igualmente importante abordar outros pontos de vis-
mação territorial do Brasil, sua dinâmica sociocultural, econômica e po- ta, seja o dos países asiáticos na sua relação com o Ocidente, seja o dos co-
lítica. Objetiva-se o aprofundamento e a compreensão dos conceitos de lonizados, com destaque para o papel econômico e cultural da China, do
Estado-nação e formação territorial, e também dos que envolvem a dinâ- Japão, da Índia e do Oriente Médio. Entender a dimensão sociocultural e
mica físico-natural, sempre articulados às ações humanas no uso do territó- geopolítica da Eurásia na formação e constituição do Estado Moderno e
rio. Espera-se que os alunos compreendam e relacionem as possíveis cone- nas disputas territoriais possibilita uma aprendizagem com ênfase no pro-
xões existentes entre os componentes físico-naturais e as múltiplas escalas cesso geo-histórico, ampliando e aprofundando as análises geopolíticas,
de análise, como também entendam o processo socioespacial da formação por meio das situações geográficas que contextualizam os temas da geo-
territorial do Brasil e analisem as transformações no federalismo brasileiro grafia regional.
e os usos desiguais do território. Espera-se, assim, que o estudo da Geografia no Ensino Fundamen-
Nesse contexto, as discussões relativas à formação territorial contri- tal — Anos Finais possa contribuir para o delineamento do projeto de
buem para a aprendizagem a respeito da formação da América Latina, em vida dos jovens alunos, de modo que eles compreendam a produção so-
especial da América portuguesa, que são apresentadas no contexto do es- cial do espaço e a transformação do espaço em território usado. Anseia-se,
tudo da geografia brasileira. Ressalta-se que o conceito de região faz parte também, que entendam o papel do Estado-nação em um período históri-
das situações geográficas que necessitam ser desenvolvidas para o entendi- co cuja inovação tecnológica é responsável por grandes transformações so-
mento da formação territorial brasileira. cioespaciais, acentuando ainda mais a necessidade de que possam conjec-
Nos dois últimos anos do Ensino Fundamental — Anos Finais, o turar as alternativas de uso do território e as possibilidades de seus próprios
estudo da Geografia se concentra no espaço mundial. Para isso, parte da projetos para o futuro. Espera-se, também, que, nesses estudos, sejam utili-
compreensão de que, na realidade atual, a divisão internacional do traba- zadas diferentes representações cartográficas e linguagens para que os estu-
lho e a distribuição da riqueza tornaram-se muito mais fluídas e complexas dantes possam, por meio delas, entender o território, as territorialidades e
do ponto de vista das interações espaciais e das redes de interdependência o ordenamento territorial em diferentes escalas de análise.
em diferentes escalas. Por esse motivo, no estudo dos países de diferentes
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continentes (América, Europa, Ásia, África e Oceania), são tematizadas as


dimensões da política, da cultura e da economia.
Nessa direção, explora-se, no 8º ano, uma análise mais profunda dos
conceitos de território e região, por meio dos estudos da América e da Áfri-
ca. Pretende-se, com as possíveis análises, que os estudantes possam com-
preender a formação dos Estados Nacionais e as implicações na ocupação e
nos usos do território americano e africano. As relações entre como ocorre-
ram as ocupações e as formações territoriais dos países podem ser analisa-
das por meio de comparações, por exemplo, de países africanos com países
latino-americanos, inserindo, nesse contexto, o processo socioeconômico

IX

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Geografia – 6º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Identidade sociocultural

Conexões e escalas Relações entre os componentes físico-naturais

Mundo do trabalho Transformação das paisagens naturais e antrópicas

Formas de representação e pensamento espacial Fenômenos naturais e sociais representados de diferentes maneiras

Biodiversidade e ciclo hidrológico


Natureza, ambientes e qualidade de vida

Atividades humanas e dinâmica climática

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HABILIDADES

(EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
(EF06GE02) Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários.

(EF06GE03) Descrever os movimentos do planeta e sua relação com a circulação geral da atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
climáticos.
(EF06GE04) Descrever o ciclo da água, comparando o escoamento superficial no ambiente urbano e rural, reconhecendo os principais
componentes da morfologia das bacias e das redes hidrográficas e a sua localização no modelado da superfície terrestre e da cobertura vegetal.
(EF06GE05) Relacionar padrões climáticos, tipos de solo, relevo e formações vegetais.

(EF06GE06) Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e
do processo de industrialização.
(EF06GE07) Explicar as mudanças na interação humana com a natureza a partir do surgimento das cidades.

(EF06GE08) Medir distâncias na superfície pelas escalas gráficas e numéricas dos mapas.
(EF06GE09) Elaborar modelos tridimensionais, blocos-diagramas e perfis topográficos e de vegetação, visando à representação de elementos
e estruturas da superfície terrestre.

(EF06GE10) Explicar as diferentes formas de uso do solo (rotação de terras, terraceamento, aterros etc.) e de apropriação dos recursos
hídricos (sistema de irrigação, tratamento e redes de distribuição), bem como suas vantagens e desvantagens em diferentes épocas e lugares.
(EF06GE11) Analisar distintas interações das sociedades com a natureza, com base na distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversidade local e do mundo.
(EF06GE12) Identificar o consumo dos recursos hídricos e o uso das principais bacias hidrográficas no Brasil e no mundo, enfatizando as
transformações nos ambientes urbanos.

(EF06GE13) Analisar consequências, vantagens e desvantagens das práticas humanas na dinâmica climática (ilha de calor etc.).

XI

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Geografia – 7º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Ideias e concepções sobre a formação territorial do Brasil

Formação territorial do Brasil

Conexões e escalas

Características da população brasileira

Produção, circulação e consumo de mercadorias

Mundo do trabalho

Desigualdade social e o trabalho

Formas de representação e pensamento espacial Mapas temáticos do Brasil

Natureza, ambientes e qualidade de vida Biodiversidade brasileira

XII

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HABILIDADES

(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos extraídos dos meios de comunicação, ideias e estereótipos acerca das paisagens e da formação
territorial do Brasil.

(EF07GE02) Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil,
compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.
(EF07GE03) Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de
quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais
dessas comunidades.

(EF07GE04) Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana,
europeia e asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.

(EF07GE05) Analisar fatos e situações representativas das alterações ocorridas entre o período mercantilista e o advento do capitalismo.
(EF07GE06) Discutir em que medida a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais, assim como
influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares.

(EF07GE07) Analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território brasileiro.
(EF07GE08) Estabelecer relações entre os processos de industrialização e inovação tecnológica com as transformações socioeconômicas do
território brasileiro.

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, inclusive utilizando tecnologias digitais, com informações demográficas e
econômicas do Brasil (cartogramas), identificando padrões espaciais, regionalizações e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos de barras, gráficos de setores e histogramas, com base em dados socioeconômicos das regiões
brasileiras.

(EF07GE11) Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade
(Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).
(EF07GE12) Comparar unidades de conservação existentes no Município de residência e em outras localidades brasileiras, com base na
organização do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

XIII

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Geografia – 8º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Distribuição da população mundial e deslocamentos populacionais

O sujeito e seu lugar no mundo


Diversidade e dinâmica da população mundial e
local

Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem


Conexões e escalas
econômica mundial

Os diferentes contextos e os meios técnico e tecnológico na produção

Mundo do trabalho

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial na América


Latina

Formas de representação e pensamento


Cartografia: anamorfose, croquis e mapas temáticos da América e África
espacial

XIV

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HABILIDADES

(EF08GE01) Descrever as rotas de dispersão da população humana pelo planeta e os principais fluxos migratórios em diferentes períodos da
história, discutindo os fatores históricos e condicionantes físico-naturais associados à distribuição da população humana pelos continentes.

(EF08GE02) Relacionar fatos e situações representativas da história das famílias do Município em que se localiza a escola, considerando a
diversidade e os fluxos migratórios da população mundial.
(EF08GE03) Analisar aspectos representativos da dinâmica demográfica, considerando características da população (perfil etário,
crescimento vegetativo e mobilidade espacial).
(EF08GE04) Compreender os fluxos de migração na América Latina (movimentos voluntários e forçados, assim como fatores e áreas de
expulsão e atração) e as principais políticas migratórias da região.

(EF08GE05) Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e tensões na
contemporaneidade, com destaque para as situações geopolíticas na América e na África e suas múltiplas regionalizações a partir do
pós-guerra.
(EF08GE06) Analisar a atuação das organizações mundiais nos processos de integração cultural e econômica nos contextos americano e
africano, reconhecendo, em seus lugares de vivência, marcas desses processos.
(EF08GE07) Analisar os impactos geoeconômicos, geoestratégicos e geopolíticos da ascensão dos Estados Unidos da América no cenário
internacional em sua posição de liderança global e na relação com a China e o Brasil.
(EF08GE08) Analisar a situação do Brasil e de outros países da América Latina e da África, assim como da potência estadunidense na ordem
mundial do pós-guerra.
(EF08GE09) Analisar os padrões econômicos mundiais de produção, distribuição e intercâmbio dos produtos agrícolas e industrializados,
tendo como referência os Estados Unidos da América e os países denominados de Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
(EF08GE10) Distinguir e analisar conflitos e ações dos movimentos sociais brasileiros, no campo e na cidade, comparando com outros
movimentos sociais existentes nos países latino-americanos.
(EF08GE11) Analisar áreas de conflito e tensões nas regiões de fronteira do continente latino-americano e o papel de organismos
internacionais e regionais de cooperação nesses cenários.
(EF08GE12) Compreender os objetivos e analisar a importância dos organismos de integração do território americano (Mercosul, OEA,
OEI, Nafta, Unasul, Alba, Comunidade Andina, Aladi, entre outros).

(EF08GE13) Analisar a influência do desenvolvimento científico e tecnológico na caracterização dos tipos de trabalho e na economia dos
espaços urbanos e rurais da América e da África.
(EF08GE14) Analisar os processos de desconcentração, descentralização e recentralização das atividades econômicas a partir do capital
estadunidense e chinês em diferentes regiões no mundo, com destaque para o Brasil.

(EF08GE15) Analisar a importância dos principais recursos hídricos da America Latina (Aquífero Guarani, Bacias do rio da Prata,
do Amazonas e do Orinoco, sistemas de nuvens na Amazônia e nos Andes, entre outros) e discutir os desafios relacionados à gestão e
comercialização da água.
(EF08GE16) Analisar as principais problemáticas comuns às grandes cidades latino-americanas, particularmente aquelas relacionadas à
distribuição, estrutura e dinâmica da população e às condições de vida e trabalho.
(EF08GE17) Analisar a segregação socioespacial em ambientes urbanos da América Latina, com atenção especial ao estudo de favelas,
alagados e zona de riscos.

(EF08GE18) Elaborar mapas ou outras formas de representação cartográfica para analisar as redes e as dinâmicas urbanas e rurais,
ordenamento territorial, contextos culturais, modo de vida e usos e ocupação de solos da África e América.
(EF08GE19) Interpretar cartogramas, mapas esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas com informações geográficas acerca da África
e América.

XV

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Identidades e interculturalidades regionais: Estados Unidos da América,
América espanhola e portuguesa e África

Natureza, ambientes e qualidade de vida

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na América


Latina

Geografia – 9º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

A hegemonia europeia na economia, na política e na cultura

O sujeito e seu lugar no mundo Corporações e organismos internacionais

As manifestações culturais na formação populacional

Integração mundial e suas interpretações: globalização e mundialização

Conexões e escalas
A divisão do mundo em Ocidente e Oriente

Intercâmbios históricos e culturais entre Europa, Ásia e Oceania

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial

Mundo do trabalho

Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e


matérias-primas

XVI

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(EF08GE20) Analisar características de países e grupos de países da América e da África no que se refere aos aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir as desigualdades sociais e econômicas e as pressões sobre a natureza e suas riquezas (sua apropriação e
valoração na produção e circulação), o que resulta na espoliação desses povos.
(EF08GE21) Analisar o papel ambiental e territorial da Antártica no contexto geopolítico, sua relevância para os países da América do Sul e
seu valor como área destinada à pesquisa e à compreensão do ambiente global.
(EF08GE22) Identificar os principais recursos naturais dos países da América Latina, analisando seu uso para a produção de matéria-prima e
energia e sua relevância para a cooperação entre os países do Mercosul.
(EF08GE23) Identificar paisagens da América Latina e associá-las, por meio da cartografia, aos diferentes povos da região, com base em
aspectos da geomorfologia, da biogeografia e da climatologia.
(EF08GE24) Analisar as principais características produtivas dos países latino-americanos (como exploração mineral na Venezuela; agricul-
tura de alta especialização e exploração mineira no Chile; circuito da carne nos pampas argentinos e no Brasil; circuito da cana-de-açúcar em
Cuba; polígono industrial do sudeste brasileiro e plantações de soja no centro-oeste; maquiladoras mexicanas, entre outros).

HABILIDADES

(EF09GE01) Analisar criticamente de que forma a hegemonia europeia foi exercida em várias regiões do planeta, notadamente em situações
de conflito, intervenções militares e/ou influência cultural em diferentes tempos e lugares.

(EF09GE02) Analisar a atuação das corporações internacionais e das organizações econômicas mundiais na vida da população em relação ao
consumo, à cultura e à mobilidade.
(EF09GE03) Identificar diferentes manifestações culturais de minorias étnicas como forma de compreender a multiplicidade cultural na
escala mundial, defendendo o princípio do respeito às diferenças.
(EF09GE04) Relacionar diferenças de paisagens aos modos de viver de diferentes povos na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identidades e
interculturalidades regionais.

(EF09GE05) Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (econômica, política e cultural), comparando as diferentes
interpretações: globalização e mundialização.

(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias.

(EF09GE07) Analisar os componentes físico-naturais da Eurásia e os determinantes histórico-geográficos de sua divisão em Europa e Ásia.
(EF09GE08) Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na
Europa, na Ásia e na Oceania.
(EF09GE09) Analisar características de países e grupos de países europeus, asiáticos e da Oceania em seus aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir suas desigualdades sociais e econômicas e pressões sobre seus ambientes físico-naturais.

(EF09GE10) Analisar os impactos do processo de industrialização na produção e circulação de produtos e culturas na Europa, na Ásia e na
Oceania.
(EF09GE11) Relacionar as mudanças técnicas e científicas decorrentes do processo de industrialização com as transformações no trabalho em
diferentes regiões do mundo e suas consequências no Brasil.

(EF09GE12) Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agropecuária, à expansão do desemprego estrutural e ao
papel crescente do capital financeiro em diferentes países, com destaque para o Brasil.
(EF09GE13) Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade mundial de
acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.

XVII

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Leitura e elaboração de mapas temáticos, croquis e outras formas de
Formas de representação e pensamento espacial
representação para analisar informações geográficas

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na Europa, na


Natureza, ambientes e qualidade de vida
Ásia e na Oceania

XVIII

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(EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para
analisar, sintetizar e apresentar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas mundiais.
(EF09GE15) Comparar e classificar diferentes regiões do mundo com base em informações populacionais, econômicas e socioambientais
representadas em mapas temáticos e com diferentes projeções cartográficas.

(EF09GE16) Identificar e comparar diferentes domínios morfoclimáticos da Europa, da Ásia e da Oceania.


(EF09GE17) Explicar as características físico-naturais e a forma de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da
Oceania.
(EF09GE18) Identificar e analisar as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diferentes fontes
de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica, eólica e nuclear) em diferentes países.

XIX

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Sumário
Sumário

Capítulo 1
O ser, o ter e o estar ...................... 9 Cenário 5 – As coordenadas geográficas ... 52
O endereço certo de qualquer ponto
Cenário 1 – O ser ..................................... 10 da Terra...............................................................52
A consciência de que sou igual Localização ........................................................52
aos outros ...........................................................10 Encerramento ...................................................54
Cenário 2 – O estar.................................. 14
Sou responsável pelo espaço construído e Capítulo 3
pelo espaço natural...........................................14 Letramento cartográfico............... 59
Paisagem e a constante modificação do
espaço .................................................................17 Cenário 1 – Como apresentar a Terra?.... 60
Cenário 3 – O lugar geográfico ............... 20 Do todo ao particular......................................60
Com afeto e com carinho, este é Um grande instrumento de informação
o meu lugar ........................................................20 chamado mapa ..................................................62
Cenário 4 – A natureza inquieta e Os mapas antigos e o norte ............................64
transformadora ................................................24 Cenário 2 – Detalhando os mapas .......... 67
Cenário 5 – O aprendizado por meio Elementos de um mapa ...................................67
do olhar .................................................... 25 Cenário 3 – Tentativas de representação ... 76
Encerramento ...................................................27 Como representar em um plano o que
é irregular? .........................................................76
Capítulo 2 Cenário 4 – Tecnologia em favor dos
O estar e o orientar-se................... 33 mapas ....................................................... 79
Mapas digitais ...................................................79
Cenário 1 – A dificuldade de Encerramento ...................................................82
encontrar o rumo ..................................... 34
Referenciais ......................................................34 Capítulo 4
Orientação pelos astros ...................................34 Nosso planeta ............................... 85
Orientação pelo Sol .........................................35
Orientação pelo Cruzeiro do Sul ..................36 Cenário 1 – Nossa localização no
A imprecisão dos pontos cardeais .................37 Universo ................................................... 86
Cenário 2 – A prática do dia a dia ........... 37 Fazemos parte de um sistema.........................86
Conhecer o espaço para se localizar .............37 O surgimento do Universo ............................87
Cenário 3 – Quando o céu se esconde ..... 38 Os primeiros estudos sobre o Sistema
Orientação artificial .........................................38 Solar ....................................................................88
Cenário 4 – Ruas e avenidas .................... 43 A forma da Terra ..............................................88
A criação do sistema de coordenadas ...........43 Cenário 2 – Os movimentos da Terra
Nossos paralelos ...............................................45 e suas consequências ................................ 93
Por que Greenwich? ........................................46 O movimento de rotação................................93
Latitudes e longitudes das ruas......................48 Sucessão dos dias e das noites ........................94
As latitudes da Terra ........................................49 Fusos horários ...................................................94
As longitudes da Terra ....................................51 Caminho aparente do Sol...............................96

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O movimento de translação ...........................97 A teoria da deriva continental .......................122
As estações do ano ...........................................98 A teoria da tectônica de placas ......................124
Cenário 3 – A Lua.................................... 100 Cenário 5 – As rochas .............................. 128
O ciclo lunar......................................................100 Ciclo das rochas................................................128
As fases da Lua e seus efeitos nas marés .......101 Rochas magmáticas, ou ígneas.......................128
Cenário 4 – Os eclipses............................ 102 Rochas formadas de outras rochas................129
O que é um eclipse? .........................................102 Metamorfose das rochas .................................130
Encerramento ...................................................104 A sociedade, os minerais e as rochas.............131
Encerramento ...................................................133
Capítulo 5
A Terra por dentro e por fora ........ 111 Capítulo 6
As formas e os agentes internos
Cenário 1 – Terra: um pouco de do relevo ...................................... 137
História e Geologia.................................. 112
História de formação da Terra .......................112 Cenário 1 – o que é o relevo? .................. 138
Formação da crosta terrestre ..........................113 Conceito ............................................................138
Formação dos oceanos ....................................114 Planície ...............................................................138
Da água, surge a vida .......................................115 Planalto ..............................................................139
Somos os mais importantes?..........................115 Montanha ..........................................................140
Cenário 2 – Um mutante chamado Depressão...........................................................141
Terra ......................................................... 116 Chapada .............................................................141
Tempo geológico ..............................................116 Cenário 2 – Apropriação do relevo
As eras geológicas .............................................118 pela sociedade .......................................... 143
Cenário 3 – Radiografia da Terra ............ 120 Superar obstáculos para sobreviver...............143
A litosfera...........................................................120 Bloco-diagrama ................................................146
Cenário 4 – Continente ou Cenário 3 – Os agentes internos da
continentes? ............................................. 122 formação do relevo .................................. 149
Os fatores que modificam o relevo ...............149
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Cenário 4 – Tectonismo .......................... 150


Movimentos na crosta terrestre .....................150
Falhamentos ......................................................150
Dobramentos ....................................................152
A formação dos grandes dobramentos ........152
Montanhas caminhantes ................................153
Abalos sísmicos.................................................154
Cenário 5 – Vulcanismo .......................... 159
A força “destruidora” dos vulcões .................159
O vulcanismo e as sociedades ........................161
Previsão do vulcanismo e localização
das áreas vulcânicas ..........................................163
Encerramento ...................................................165

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Capítulo 7 águas do Planeta .................................... 203
Os agentes externos do relevo ......169 Encerramento .................................................206

Cenário 1 – Intemperismo, ou Capítulo 9


meteorização .......................................... 170 A atmosfera e o clima ..................211
O processo de desgaste das rochas ..............170
Cenário 2 – Ação dos ventos, ou Cenário 1 – A camada que envolve a
eólica ...................................................... 172 Terra ....................................................... 212
Um relato mitológico do poder do vento .172 A composição da atmosfera .........................212
Como os ventos moldam o relevo ..............173 As camadas atmosféricas ...............................213
Cenário 3 – Ação das águas do mar, ou Cenário 2 – O clima............................... 215
marítima................................................. 175 Qual é a diferença entre tempo e clima? ....215
O mar destrói e reconstrói o relevo ............175 O clima e o tempo geológico .......................216
Cenário 4 – Ação do gelo, ou glacial ..... 177 Cenário 3 – Elementos climáticos
A transformação do relevo pelas fundamentais ......................................... 217
geleiras ..............................................................177 A temperatura .................................................217
Cenário 5 – Ação das águas correntes ... 180 Precipitação atmosférica ...............................217
Deslizamentos de terra e voçorocas............181 As chuvas .........................................................218
Cenário 6 – Ação humana, ou antrópica .....181 Granizo ............................................................219
Encerramento .................................................183 Neve ..................................................................220
Pressão atmosférica ........................................220
Capítulo 8 Cenário 4 – Interferência dos fatores
As águas do planeta Terra ............185 geográficos sobre o clima ....................... 221
Latitude ............................................................221
Cenário 1 – A água é um recurso Altitude ............................................................222
indispensável .......................................... 186 As massas de ar................................................222
Sem água não há vida ....................................186 Correntes marítimas ......................................223
Cenário 2 – Ciclo natural da água ......... 187 Proximidade e distância do mar
A origem do ciclo hidrológico e a (maritimidade e continentalidade).............225
interferência do homem................................187 Vegetação e temperatura ...............................225
Cenário 3 – Recursos hídricos do Cenário 5 – Formação do vento e das
Planeta ................................................... 189 brisas ...................................................... 226
Distribuição das águas no planeta Terra....189 O vento.............................................................226
Mares e oceanos ..............................................190 Brisas marítima e terrestre ............................226
As águas subterrâneas ....................................194 Cenário 6 – A diversidade climática
As águas doces ................................................195 mundial .................................................. 231
Cenário 4 – Influência dos rios na Os tipos de clima ............................................231
sociedade e no relevo ............................. 198 As zonas climáticas globais...........................235
A importância histórica dos rios .................198 Cenário 7 – Os estudos meteorológicos ... 237
As partes de um rio ........................................199 A meteorologia ...............................................237
Os regimes fluviais .........................................199 Previsão do tempo..........................................238
Os rios e o relevo ............................................200 O climograma .................................................238
Nível de base e preservação da vegetação Cenário 8 – Interferência do homem
das margens .....................................................202 sobre o clima .......................................... 239
Cenário 5 – Desperdício e poluição das A ação humana e a autonomia do clima ....239

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A deterioração da camada de ozônio .........240 O que é inflação? ............................................274
Efeito estufa.....................................................241 O que é lucro? .................................................275
O aquecimento global ...................................241 Produto Interno Bruto e Produto
Ilhas de calor ...................................................242 Nacional Bruto ...............................................275
Chuva ácida .....................................................243 Cenário 4 – Os sistemas econômicos .... 276
Encerramento .................................................245 O capitalismo ..................................................276
O socialismo....................................................277
Capítulo 10 O sistema misto ..............................................277
As grandes paisagens vegetais ......249 Cenário 5 – Economia e
sustentabilidade ..................................... 278
Cenário 1 – Diferentes formações Consumo x consumismo ..............................278
vegetais ................................................... 250 Encerramento .................................................280
Tundra ..............................................................251
Floresta boreal, ou Taiga ...............................251 Capítulo 12
Floresta temperada e subtropical ................252 As atividades econômicas do setor
Estepes ..............................................................253 primário ......................................285
Pradarias...........................................................253
Vegetação mediterrânea ................................255 Cenário 1 – A economia extrativista ..... 286
Vegetação de altitude .....................................255 O aproveitamento da natureza pelo
Vegetação de desertos ....................................256 homem .............................................................286
Savana ...............................................................256 Tipos de extrativismo ....................................286
Floresta equatorial..........................................257 Extrativismo como atividade de
Floresta tropical ..............................................258 sobrevivência ...................................................287
Cenário 2 – O desafio da Extrativismo como atividade lucrativa.......287
sustentabilidade ..................................... 259 O extrativismo da madeira e a indústria
Encerramento .................................................261 moveleira..........................................................288
Extrativismo mineral ou indústria de
Capítulo 11 mineração ........................................................289
As relações econômicas Cenário 2 – A agricultura ...................... 295
no cotidiano ................................265 O desenvolvimento da agricultura..............295
Fatores determinantes e entraves da
Cenário 1 – Introdução ao estudo da produção agrícola ...........................................296
atividade econômica .............................. 266 Sistemas de produção agrícola .....................298
As relações sociais e o espaço Práticas extensivas ..........................................299
geográfico.........................................................266 Plantation ou tropical ...................................299
Os elementos fixos e fluxos...........................267 Agricultura de jardinagem ...........................301
Trabalho e emprego .......................................268 Agricultura moderna .....................................301
Relações trabalhistas......................................268 Empresas agrícolas .........................................302
Cenário 2 – Mudanças históricas na Agricultura e tecnologia ...............................303
economia................................................ 269 Impactos ambientais da agricultura ...........304
A origem e a circulação do dinheiro...........269 Cenário 3 – Pecuária.............................. 306
Cenário 3 – Conceitos fundamentais .... 272 A criação de animais ......................................306
O que a economia estuda? ...........................272 A origem da atividade pecuarista ................306
Macroeconomia e microeconomia .............273 Sistemas de criação pecuarista .....................307
Os setores da economia ................................273 Encerramento .................................................310

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Capítulo 13 Cenário 7 – O setor econômico
A indústria, os serviços e a quaternário ............................................ 333
tecnologia ...................................313 Encerramento .................................................335

Cenário 1 – O aperfeiçoamento do Capítulo 14


trabalho .................................................. 314 Os desafios da produção de
Modelos de produção ....................................314 energia ........................................339
Artesanato .......................................................314
Manufatura ......................................................315 Cenário 1 – De onde vem a energia? ..... 340
Indústria ...........................................................317 O que são fontes energéticas ........................340
Cenário 2 – As revoluções industriais ... 317 Cenário 2 – As diferentes fontes de
A Primeira Revolução Industrial ................317 energia .................................................... 341
A Segunda Revolução Industrial ................318 Termeletricidade.............................................341
A Terceira Revolução Industrial .................319 Carvão mineral ...............................................341
Cenário 3 – Tipos de indústria .............. 321 Petróleo ............................................................342
Diversidade da produção industrial ...........321 Gás natural ......................................................344
Cenário 4 – A industrialização reorganiza Energia termonuclear ....................................344
a sociedade ............................................. 325 Hidroeletricidade ...........................................345
Novas relações de trabalho ...........................325 Cenário 3 – Fontes de energia limpas ou
Mudanças no espaço urbano........................326 autossustentáveis .................................... 347
A relação campo-cidade................................327 Biomassa ..........................................................347
Os conglomerados econômicos ..................328 Agroenergia (Biodiesel)................................348
Cenário 5 – Indústria e meio ambiente ... 328 Energia geotérmica ........................................348
Cenário 6 – O crescimento do setor Energia eólica ..................................................348
terciário .................................................. 330 Energia maremotriz .......................................349
O terceiro setor: a sociedade comprometida Energia solar ....................................................349
com as questões sociais..................................331 Encerramento .................................................351

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BNCC
Habilidades trabalhadas

Capítulo 1
no capítulo

(EF06GE01) Comparar modificações das


paisagens nos lugares de vivência e os usos des-
O ser, o ter e o estar ses lugares em diferentes tempos.
O ser humano deixa traços culturais, por meio
de modificações no espaço geográfico, e assim é
(EF06GE02) Analisar modificações de pai-
possível entender e estudar sua história. sagens por diferentes tipos de sociedade, com
destaque para os povos originários.

Objetivos
pedagógicos

• Compreender o principal objeto de es-


tudo da Geografia: a produção do espaço
geográfico.
• Apresentar e discutir com os alunos a ideia
de que a natureza transformada pelo trabalho
humano produz uma “segunda natureza” ou
uma “natureza humanizada”.
• Expor e discutir as noções de tempo e de es-
paço geográfico.
• Explicar que o espaço geográfico apresenta
diferenças técnicas e sociais.
• Analisar o espaço geográfico atual em dife-
rentes “dimensões” ou “níveis de vivência”.
• Compreender as diferentes percepções sobre
a ocupação e a vivência do espaço geográfico.
• Reconhecer os fenômenos espaciais a par-
Neste capítulo, ensinaremos tir da seleção, comparação e interpretação das
os segredos do espaço
geográfico, para que você possa singularidades ou generalidades de cada lugar,
compreendê-lo e aprender a se paisagem ou território.
orientar nele.
• Selecionar e elaborar esquemas de investi-
gação que desenvolvam a observação de pro-
maxstockphoto/Shutt
erstock.com
cessos de formação e transformação dos terri-
tórios, tendo em vista as relações de trabalho,
a incorporação de técnicas e tecnologias e o
estabelecimento de redes sociais.
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Anotações

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maxstockphoto/Shu

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Cenário 1

O ser
A consciência de que
sou igual aos outros
Três perguntas ao longo da história sempre foram constantes no
pensamento dos seres humanos: quem sou? Onde estou? O que pos-
suo? Com certeza, você já deve ter pensado nisso pelo menos uma vez
ao longo da sua vida. Então, você já deve ter algumas respostas ou, no
mínimo, imaginar algumas respostas para esses enigmas.
Certamente, você já deve ter reparado que as pessoas que você vê
nas ruas, nos livros, nas revistas ou na televisão são muito diferentes.
Em outros momentos, ao olhar as pessoas, você deve ter notado que
elas são muito semelhantes a você. As perguntas que povoam a sua ca-
beça nesse momento devem ser: afinal de contas, somos iguais ou so-
mos totalmente diferentes? Se somos iguais, onde está essa igualdade?
Se somos diferentes, onde está essa diferença?
As respostas para essas questões são bastante claras e comple-
mentares: somos iguais, uma vez que os humanos possuem traços
morfológicos que os distinguem de outros mamíferos (número de
membros, dentição, andar bípede), além de ser uma espécie reco-
nhecidamente racional, o que é considerado uma diferença funda-
mental com relação aos outros animais. Portanto, somos iguais na
medida em que somos membros de uma mesma espécie.
Observe a figura abaixo e tente identificar os diferentes perso-
nagens de acordo com a sua origem. Qual deles é africano? Qual
deles é asiático? É impossível responder. Porém, se perguntássemos
quais deles são seres humanos, responderíamos sem hesitar: todos.

Nowik Sylwia/Shutterstock.com

10 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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Por outro lado, os seres humanos são muito diferentes se os ob-
servarmos por sua etnia, ou seja, de acordo com sua cultura. Cada
comunidade apresenta características distintas de acordo com o
local onde vive e com as relações que estabelece com o ambiente.
Por esses motivos, pouco mais de 7 bilhões de pessoas que habi-
tam o nosso planeta têm sua própria cultura expressa coletivamente
por danças, vestimentas, hábitos alimentares, por seu folclore, seus
idiomas, sua religião e pela sua própria história.
Observe as imagens a seguir e tente identificar os diferentes
grupos humanos de acordo com suas origens.

Pablo Rogat/Shutterstock.com

rsfatt/Shutterstock.com
ChameleonsEye/Shutterstock.com

Apesar das semelhanças, podemos apontar características pró-


prias nas pessoas que aparecem nas imagens expressando as suas
origens. A primeira retrata um grupo de meninas indianas; a se-
gunda, uma banda de mariachi, originária do México; e a terceira,
uma indígena brasileira da região amazônica. As vestimentas utili-
zadas revelam traços da cultura de cada um, facilitando a identifica-
ção. Portanto, concluímos que diferenciamos as pessoas nas ima-
gens por traços étnicos expressos em cada cultura e não por raça. O
conceito de raça não é adequado para diferenciar seres humanos,
mas, infelizmente, a ideia de raça passou a ser aceita socialmente,
e é comum as pessoas diferenciarem-se umas das outras pela cor da
pele, sendo isso utilizado como sinônimo de raça. Não existe supe-
rioridade ou inferioridade cultural, e sim formas diferentes de o ser
humano se relacionar com o meio.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 11

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Ensaio geográfico
1 A palavra cultura pode nos explicar por que existem sociedades diferentes na superfície do planeta
Terra, uma vez que significa tudo aquilo que uma sociedade produz ao longo da sua existência na sua
relação com o ambiente onde vive. Pensando dessa forma, observe as imagens abaixo.

Mike Richter/Shutterstock.com

Konstantin Shevtsov/Shutterstock.com
Nelas, as pessoas estão vestidas com muita roupa. Explique, com as suas palavras, por que cada ambien-
te faz com que elas se vistam dessa forma.
Resposta pessoal.

Sugestão de resposta: Em ambas as fotos, as pessoas se vestem dessa forma para se proteger das condi-

ções climáticas de sua região.

2 Somos semelhantes e, ao mesmo tempo, diferentes. Parece confuso, mas não é. As nossas semelhan-
ças e diferenças são bastante claras. As imagens abaixo representam duas etnias. Aponte as característi-
cas que as tornam iguais e as que fazem com que sejam diferentes.
Resposta pessoal. Espera-se que o
paul prescott/Shutterstock.com

Anna Om/Shutterstock.com

aluno considere os aspectos bioló-

gicos como fatores comuns que ca-

racterizam a espécie humana, como

dentição, número de membros, bi-

pedismo, e encontre as diferenças

em aspectos culturais expressados

pela imagem, como na forma de

Peregrino judeu em Meron, Israel. Mulher samburu no Quênia, África. vestimentas.

12 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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3 A dança é uma das mais claras manifestações da cultura de um povo. Por meio dela, aprendemos
muito sobre a natureza e o modo de vida de uma coletividade. As imagens abaixo mostram danças de
diferentes lugares do Brasil. As pessoas dançando são aparentemente diferentes, mas elas deveriam ser
tratadas de forma diferente por sua cultura e sua aparência? Justifique sua resposta.

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Filipe Frazao/Shutterstock.com

ostill/Shutterstock.com
Casal de gaúchos em Porto Alegre, Rio Dançarino de frevo no Recife, Pernam- Dançarinas do bumba meu boi em São
Grande do Sul. buco. Luís, Maranhão.

Resposta pessoal.

Espera-se que o aluno, em sua resposta, não faça distinção das pessoas das imagens por causa de sua

origem e da sua cor, mas que faça uma distinção dos aspectos culturais das diferentes regiões do Brasil.

4 A comida é uma parte da cultura de um povo que está associada diretamente ao ambiente e ao
modo de vida de cada comunidade. Observe as imagens abaixo e associe-as ao grupo cultural de que
fazem parte.
rocharibeiro/Shutterstock.com

White78/Shutterstock.com

DK samco/Shutterstock.com
a. b. c.

c Italianos a Brasileiros b Japoneses

5 A alimentação é uma das manifestações típicas da cultura de um povo. Sendo assim, relacione os
grupos humanos abaixo ao prato típico da sua cultura.
1 Árabes 3 sushi
2 Italianos 5 bacalhoada
3 Japoneses 4 feijoada
4 Brasileiros 1 quibe
5 Portugueses 2 pizza

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 13

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13

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Anotações
Cenário 2

O estar
Sou responsável pelo
espaço construído e
pelo espaço natural
Imagine-se nas férias escolares viajando com sua família pelas
estradas do Brasil e do mundo. Passarão pela janela do carro uma
série de lugares e pessoas diferentes. Talvez, atento à beleza dos lu-
gares e das pessoas, você não tenha notado que as formas de habi-
tação, os tipos de animais criados, o tipo de agricultura, as formas
de se vestir, a flora e a fauna existentes podem ser bastante diferen-
tes de um lugar para o outro. Por acaso você já parou para pensar
que, por mais estáticas que as paisagens possam parecer, elas estão
em constante transformação? Será que aquelas pessoas habitam há
muito tempo aquele lugar? Será que aquele lugar sempre foi daque-
la forma? Quais as relações entre as pessoas e a natureza daquele
lugar? Como as pessoas transformaram aquele lugar em que vivem?
É essa interação entre seres humanos e natureza que a Geografia
tenta esclarecer, com o objetivo de construir uma relação mais res-
peitosa e menos predatória.

Thomas Amler/Shutterstock.com
O plantio de cana-de-açúcar é um exemplo de paisagem transformada. Ilha Maurícia, Oceano
Índico.

14 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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Leitura pela força desse imaginário. Temas relaciona- vado pela dificuldade de inserção nos novos
complementar dos com a produção e o consumo dos espaços lugares. Quando se migra, leva-se o imaginá-
no campo ou na cidade e dos movimentos mi- rio do lugar de origem. Com o seu trabalho,
A conquista do lugar como gratórios poderão abrir perspectivas de estu- os homens constroem estradas, edifícios, cam-
do do espaço atrelado ao conceito de cidada- pos cultivados, redes de esgotos, áreas de lazer,
conquista da cidadania nia, dentro de uma nova versão geográfica. Ao escolas, hospitais, teatros, mas nem sempre se
[...] O professor poderá trabalhar o coti- construírem os seus lugares, os homens cons- apropriam dessas construções. Embelezam
diano do aluno com toda a carga de afetivida- troem também representações sobre eles. Seu os espaços públicos com as obras que cons-
de e com seu imaginário, que nasce com a vi- nível de permanência na vivência com as coi- troem e povoam seu imaginário. Porém, são
vência dos lugares. A nova abordagem poderá sas e nas relações com as pessoas vai estabele- em grande parte excluídos deles. [...]
ajudar o aluno a pensar a construção do espa- cendo sua aderência a esses lugares. Por isso, as
ço geográfico não somente como resultado de migrações significam rupturas que, muitas ve- Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
forças econômicas e materiais, mas também zes, deixam traumas. Esse fato pode ser agra- pdf/geografia. pdf. Acesso em: 04/12/2017.

14

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Sugestão de

Espaço de vivência, de abordagem


transformação e de
responsabilidade Território Ocupado
Quando os europeus chegaram ao nosso continente, ficaram A fim de evidenciar os efeitos nocivos
espantados com a simplicidade da relação entre os nativos e a natu- das recentes transformações urbanas no Rio
reza. As florestas dominavam, os animais eram muitos e variados,
criando um ambiente multicolorido. Nos rios, de águas cristalinas,
de Janeiro, o documentário Território Ocupa-
deslocavam-se livremente milhares de peixes de cores e tamanhos di- do registrou a sobreposição de intervenções
ferentes. A natureza era praticamente intocada, o que atualmente é em um espaço onde a vida permaneceu pela
denominado pela Geografia de espaço natural. Essa realidade é cada
vez mais visível quanto mais nos afastamos da era atual.
resistência: a zona portuária da cidade. O fil-
No presente, essa realidade tem sido mais difícil de ser encon- me é uma realização do programa da Fase no
trada no Planeta. Rio de Janeiro e do Laboratório de Imagem
da Faculdade de Serviço Social (FSS/UERJ).
guentermanaus/Shutterstock.com

Frontier Sights/Shutterstock.com
A partir de diferentes dimensões, moradores
do Morro da Providência, considerada a pri-
meira “favela” brasileira, e do bairro Caju, são
destaque no documentário, que aborda os pri-
meiros grandes aterros, a atividade portuária,
o surgimento da capoeira, o cotidiano de pes-
cadores da região, dentre outros pontos.
Rio Juma, Amazonas, Brasil. Tundra no Alasca, Estados Unidos.
Disponível em: https://www.youtube.com/
Espaços naturais com ambientes preservados como na imensi- watch?v=Wd1kX1mPdss. Acesso em: 04/12/2017.
dão verde da Amazônia ou da isolada e gelada Tundra do Alasca,
mostrados nas fotografias acima, estão diminuindo numa veloci-
dade cada vez maior, uma vez que os seres humanos, em seu contí-
nuo processo de aperfeiçoamento produtivo, foram desenvolvendo
uma relação com a natureza em que ela é vista, de início, como for-
Anotações
necedora de bens e produtos para a sobrevivência e, posteriormen-
te, como fonte de lucro e enriquecimento de alguns.
De uma forma ou de outra, todas as sociedades planetárias em
um determinado momento da sua história passaram a dominar e
transformar a natureza. Contudo, a partir do século XV, os euro-
peus, ao conquistar os continentes africano, asiático e americano,
além da Oceania, impuseram esse modo de se relacionar com a na-
tureza aos habitantes dessas regiões, modificando completamente a
forma como esses povos interagiam com o espaço de vivência.
Contudo, cabe aqui um pequeno esclarecimento: como era
essa interação antes da chegada dos europeus?

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 15

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15

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Diálogo com o
professor

sFrontpage/Shutterstock.com
Mayabuns/Shutterstock.com

boivin nicolas/Shutterstock.com
Os temas abordados neste capítulo exigem
uma profunda reflexão, pois o espaço é com-
preendido pelos sentidos. Lembre-se de que
cada espaço é fruto da história de quem o habi-
tou e de quem o habita e que o seu entendimen-
to em plenitude produz saberes que podem
tornar o aluno protagonista da construção/
transformação do próprio espaço de vivência.
É uma boa oportunidade para orientar o Assentamento indígena na África do Sul. Povo hmong, Vietnã.
Indígena do povo kamayurá. Mato Gros-
so, Brasil.
aluno a aprender a olhar, a perceber. O olhar A maior parte dos nativos da África, bem como os da Ásia e da
é fundamental para compreender o espaço. América, possuíam uma relação de respeito para com a natureza,
Somente uma visão bem treinada poderá, na retirando desta apenas o necessário para sua sobrevivência, respei-
tando, portanto, sua capacidade. Viviam em harmonia com a natu-
diversidade de elementos e fenômenos en- reza, pois tinham consciência de que a sobrevivência das gerações
contrados no espaço, desvendar os processos futuras dependia da preservação do espaço que habitavam. As ima-
gens retratam sociedades em processo de apropriação dos recursos
e ações que o criaram, bem como projetar o
naturais para sua sobrevivência.
futuro em novas transformações. Com a conquista/apropriação dos diferentes espaços mundiais
pelos europeus ocidentais e a imposição do seu modo de vida, os espa-
ços naturais foram sofrendo modificações cada dia mais profundas.
Suas técnicas e seus instrumentos de produção, mais aprimorados
Sugestão de que os dos nativos da terra, possuíam um maior poder de transforma-
ção, degradando rapidamente as florestas, ao mesmo tempo que sur-
leitura giam outros elementos de uma cultura diferente, tais como estradas,
pontes, casas, campos de agricultura, pastagens, usinas hidrelétricas.
Surgiram agrupamentos de casas, abriram-se estradas e ruas para a
• CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no comunicação; surgiram vilas, que velozmente se transformaram em
cidades. E, assim, o espaço natural foi sendo combinado com as
mundo. São Paulo: Labur, 2007. ações humanas para formar o espaço geográfico. Observe o exem-
• SANTOS, Milton. O trabalho do geógrafo plo na fotografia abaixo.
no terceiro milênio. São Paulo: Edusp, 2009.

rocharibeiro/Shutterstock.com
• ANDRADE, Manuel C. de. Uma geografia
para o século XXI. Campinas: Papirus, 2002.
• LACOSTE, Yves. Isso serve, em primeiro
lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus,
2002.
Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, Brasil.

16 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar


Anotações
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Sugestão de
abordagem

Paisagens são, ao mesmo tempo, representações concretas e abstratas do espaço. Podemos


vê-las, senti-las, não só pela sua reprodução em fotografias, desenhos, pinturas, mas também pela
literatura e da música. Por meio delas, podemos identificar as marcas do tempo, as dinâmicas e
forças que operaram nas suas concretizações em um determinado contexto.
Para desenvolver esse conhecimento, estabeleça um colóquio com a área de linguagens e ar-
tes. Apresente fotografias e desenhos de um mesmo lugar em épocas diferentes e peça para que
os alunos apontem as transformações que ocorreram e os possíveis interesses subjacentes. Uma
música pode ser interessante para estabelecer o conceito de paisagem, sugerimos a música Paisa-
gem na janela, de Beto Guedes e Milton Nascimento.

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Sugestão de
abordagem
Paisagem e a constante
modificação do espaço A música Encontros e despedidas, de Mil-
É importante destacar dois conceitos fundamentais da Geo- ton Nascimento, lançada em 1985, é uma boa
grafia: espaço geográfico e paisagem. Como vimos pelos exemplos, opção para mostrar a relação afetiva que as
o espaço corresponde a uma porção da superfície terrestre iden-
tificada pelos seus elementos naturais, bem como pelas marcas da pessoas têm com o lugar.
atuação humana. Já a paisagem é aquilo que conseguimos ver do
espaço, ou que os sentidos do corpo humano podem captar. Por-
tanto, se realmente queremos compreender o espaço e as transfor- Diálogo com o
mações que nele ocorrem, devemos apurar nossa visão, já que nem
sempre quem olha vê. Por que isso?
professor
Em primeiro lugar, a posição da qual olharmos o espaço po-
derá dar compreensões diferentes dele. Em segundo lugar, se não
estabelecermos ligações entre a natureza do espaço e as marcas da Reconhecer as diferentes territorialidades
atividade humana, não iremos compreender a lógica da construção existentes no espaço geográfico exige um recor-
do espaço, pois, por mais estático que nos possa parecer em um mo-
mento de observação, ele está em constante transformação, e essas
te transversal e interdisciplinar. Em primeiro
transformações são fruto das necessidades e dos interesses de dife- lugar, por se tratar de uma categoria dinâmica
rentes grupos humanos em momentos históricos distintos. do ponto de vista histórico e social, cujo desdo-
bramento nem sempre é visível na Cartografia,
T photography/Shutterstock.com

o reconhecimento da territorialidade é um fe-


nômeno subjetivo. Contudo, a inscrição dos li-
mites de um território no espaço é resultado do
poder de um ou alguns grupos.
Dessa forma, é fundamental construir
uma abordagem didática que utilize conheci-
Bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. mentos de vários campos do saber. A Geogra-
Quem vê a paisagem do Bairro de Botafogo do ponto de ob- fia deve trabalhar as territorialidades a partir
servação da figura acima terá a visão de uma zona turística numa de um recorte com a História, no sentido da
rica cidade litorânea.
contextualização concreta dos limites da ter-
KamilloK/Shutterstock.com

ritorialidade; com Sociologia e Filosofia, po-


dem-se elucidar os sentidos do termo poder;
com Literatura, Língua Portuguesa e Arte há
possibilidade de traduzir as diferentes formas
de linguagens que determinam diferentes ter-
ritórios dentro de um espaço.
Comunidade do Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 17 Anotações

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Sugestão de
abordagem Quem observar o mesmo bairro de outro ponto, como o Mor-
ro do Cantagalo, terá uma visão completamente diferente, pois
descobrirá que, por trás dos prédios luxuosos de Copacabana, exis-
Faça um trabalho integrando o conheci- te uma população vivendo em áreas precárias.
mento trazido pelo aluno e o conteúdo abor-

Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com
dado na sala de aula. Peça para que os alunos
reflita sobre a existência de diferentes territó-
rios no estado e no município onde ele vive
e aponte os elementos que os caracterizam
como territórios diferentes. O mesmo traba-
lho pode ser utilizado com países.
Sugerimos a música Eu sou favela, de Be-
zerra da Silva, para servir como ilustração de
uma das percepções do espaço. É interessante
que você contextualize a música, explicando
o ano em que foi feita a composição, a com-
preensão e a realidade da favela naquele tem-
po, a produção cultural, principalmente musi-
Vista de Copacabana. Ao fundo, no morro, podemos visualizar a comunidade de Cantagalo.
cal, existente naquele período e, depois disso,
peça para os alunos compararem com o que Já um observador que tenha uma visão panorâmica do mesmo
bairro, como a apresentada acima, compreenderá que, no mesmo re-
entendemos hoje por favela. Solicite que os corte de espaço geográfico, são visíveis ainda elementos naturais em
estudantes tragam outras músicas que tratem conjunto com elementos da ação humana, por exemplo, as habitações.
desse assunto ou que retratem outros espaços
e, com isso, sugira que eles façam as mesmas Ensaio geográfico
comparações desenvolvidas nessa discussão.
1 Como acabamos de aprender no Cenário 2 deste capítulo, o espaço está em constante transfor-
mação. Contudo, devemos diferenciar o espaço natural e o espaço geográfico, uma vez que o primeiro
apresenta apenas elementos da natureza primitiva e o segundo apresenta as transformações que o ser
Anotações humano realizou sobre essa base da natureza, resultando no espaço geográfico. Observe as fotos abai-
xo. Em todas, é muito claro o predomínio da natureza, porém algumas podem ser denominadas como
espaço geográfico. Marque um X nessas fotos e justifique sua escolha de onde há a combinação de
elementos naturais com a ação humana.
Lenar Musin/Shutterstock.com

Galushko Sergey/Shutterstock.com

Mike Pellinni/Shutterstock.com
X

a. b. c.

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C
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Tappasan Phurisamrit/Shutters-
tock.com

Mindscape studio/Shutterstock.com

PlusONE/Shutterstock.com
X

d. e. f.

A paisagem representada na figura “b” apresenta interferência da ação do ser humano por meio da

construção de canteiros agrícolas. Já a paisagem representada na figura “d” mostra árvores perfiladas

em um jardim.

2 O espaço é transformado pelo ser humano de acordo com as suas necessidades e os seus interes-
ses. Contudo, essa transformação depende do nível de desenvolvimento de cada sociedade. Sobre
isso, observe as duas imagens abaixo e aponte qual delas representa a sociedade mais desenvolvida
na transformação do espaço, bem como as necessidades e/ou os interesses que a obrigaram a trans-
formar o espaço.
InkaOne/Shutterstock.com

burnel1/Shutterstock.com
a b

Ponte Juscelino Kubitschek em Brasília (DF). Ponte de madeira em área rural do Vietnã.

A imagem representada na figura “a” é um exemplo de uma sociedade de economia desenvolvida, devi-

do aos investimentos e às técnicas realizadas para a construção da ponte. As pontes foram construídas

para interligar dois pontos separados, para serem usadas no transporte de passageiros e cargas.

5:01
3 Transformar o espaço não significa devastar a natureza, mas explorar os recursos naturais respei-
tando os limites e a sua capacidade de recuperação, conservando-a. Indique três atitudes que você pode
praticar no seu dia a dia para que não ocorra destruição ou esgotamento do espaço.
O aluno deve levar em conta conceitos apreendidos na escola e nas aulas de ciências, como preservação

e conservação da natureza e dos seus recursos, reciclagem, economia de água e energia, etc.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 19

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Sugestão de
filme 4 O espaço está em constante transformação. Ao longo do tempo, a natureza vai sendo dominada, e
os elementos culturais passam a ser cada vez mais preponderantes. Observe as imagens abaixo e escreva
Belém–zona de conflito. uma lista com o nome dos elementos culturais que foram ocupando o espaço.
Diretor: Yuval Adler e Ali Wakad.

Fred S. Pinheiro/Shutterstock.com
Sinopse: A trama acompanha os passos de um
adolescente palestino recrutado por um agen-
te secreto israelense para atuar como informan-
te. Ações terroristas e o Hamas estão presentes
na narrativa que busca equilibrar diferentes pon- Avenida Paulista. Pintura Jules Martin, Avenida Paulista. Fotografia Guilherme Avenida Paulista. Fotografia Fred S.
tos de vista. 1891. Gaesly, 1902. Pinheiro, 2015.

Ruas, pontes, casas, edifícios, carros, praças, bondes, fiação elétrica, entre outros.
Intervenção divina.
Diretor: Elia Suleiman.
Sinopse: O próprio diretor interpreta um mo-
rador de Jerusalém que namora uma mulher re- Cenário 3
sidente no lado palestino. A dificuldade dela em
cruzar o posto militar israelense atrapalha a rela-
ção, entre outras situações inusitadas.
O lugar geográfico
Com afeto e com
Cinco câmeras quebradas.
Diretor: Emad Burnat.
carinho, este é o meu
Sinopse: Indicado ao Oscar de melhor docu- lugar
mentário em 2013, exibe material registrado
Você algum dia já escutou estas frases: “Ponha-se no seu lu-
pelo agricultor palestino Emad Burnat (codire- gar!”, “Qual é o seu lugar?”? Provavelmente sim, e certamente em
tor do filme com o israelense Guy Davidi) des- um contexto de discussão em que alguém, julgando-se superior ou
de 2005, quando ele comprou uma câmera de ví- com mais poder, utilizou-as para coordenar as coisas ao seu modo.
Talvez você tenha escutado a frase de seu treinador de vôlei ou fute-
deo para acompanhar o crescimento do filho na bol quando queria organizar a estrutura do time em um treinamen-
Cisjordânia. Suas gravações, no entanto, capta- to. Ou ainda de seu professor quando, naquela confusão de início
ram os violentos confrontos da população local de aula, com vários estudantes em pé, tentava estruturar a sala para
o começo de mais uma lição. A palavra lugar pode significar posi-
com militares israelenses destacados para prote- ção espacial, mas também posição social, econômica, cultural, etc.
ger um assentamento de colonos judeus. Contudo, para a Geografia, lugar é uma porção do espaço ter-
restre onde os seres humanos estabelecem relações diretas entre si
e com a natureza que os cerca, com o objetivo de promover sua so-
brevivência. É sobre essa porção do espaço que despejamos todos
Anotações os nossos sentimentos, nossas expectativas e atitudes. Sentimos o
lugar como espaço vivo, onde percebemos as constantes transfor-
mações, já que a ele estamos ligados de forma direta e indireta.

20 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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Leitura suas bases técnicas e produtivas, seu aparato


complementar administrativo, sua cultura? Dele elas usam e
abusam como matéria inerte? O espaço é tão
complexo e abrangente quanto o mundo. Ca-
Espaço geográfico talisando o espaço encontramos todos os ele-
Existem muitas concepções sobre espa- mentos componentes do que consideramos
ço, quanto à sua conceituação e quanto à sua como mundo: desde as esferas litológicas e hí-
abrangência. Mas o que vem a ser o espaço e dricas, até às relações culturais, artísticas, re-
o que ele abriga? Quais são os seus elementos ligiosas, beligerantes, econômico-produtivas e
formadores? E o que o engloba? Será ele uma comerciais. Consideramos o espaço geográfi-
abstração da consciência científica organiza- co como a forma construída a partir da inte-
cional humana, concretizado a partir da es- ração humana em sociedade por meio de rela-
truturação das sociedades que nele assentam ções de produção estabelecidas. Estas relações

20

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Diálogo com o

Geografia em cena
professor
Nunca um lugar foi tão disputado como Jerusalém. Inva-
dida diversas vezes por babilônicos e romanos, a “Cidade da Os conceitos de território e territorialidade,
Paz” passou a ser alvo de disputa entre cristãos e muçulmanos no sentido de espaço ou área definidos e carac-
e, mais recentemente, entre judeus e muçulmanos. Embora
Jerusalém seja sagrada para três grupos religiosos, a paz lá está terizados por relações de poder, estão interliga-
sempre ameaçada. dos. A noção de poder, domínio ou influência de
vários agentes (políticos, econômicos e sociais)

Sean Pavone/Shutterstock.com
no espaço geográfico expressa a territorialidade,
ou seja, o território é o espaço que sofre o domí-
nio desses agentes, e a territorialidade é a forma
como eles moldaram a organização desse territó-
rio. Daí a afirmação “entrar em território alheio”
significar uma afronta ao poder do outro, uma
invasão à área que ele domina.

Jerusalém, a muralha do Oriente.

Muitos vivem no mesmo local durante toda sua vida e conhe- Anotações
cem todos os seus segredos — e, por isso, sabem as transformações
pelas quais ele passou. No lugar, sabemos a posição dos elementos
naturais e culturais pelo contato direto. Uma mata, para determi-
nada criança, pode não ser um mero elemento natural, mas o local
onde, em clima de diversão, ela e seus amigos catavam sementes e
brincavam de acampar. Nessa perspectiva, uma casa deixa de ser um
mero elemento cultural transformando-se na casa de Dona Caro-
lina, que todos os domingos distribuía doces e bombons para as
crianças.
Vivendo o lugar, durante sua existência, é possível compreen-
AlfRibeiro/Shutterstock.com

der quem lamentou ao ver um campinho de várzea transformado


em conjunto residencial ou uma árvore, em cuja sombra faziam-se
piqueniques, cortada para construção de uma avenida. Ou mesmo
comemorar a criação de um parque onde as crianças possam brin-
car. Dessa forma, aprende-se na prática como ocorrem as transfor-
mações sobre o espaço, e como se desenvolvem as relações de afeti-
vidade, carinho e responsabilidade para com ele.
Atualmente, a interação entre os lugares do Planeta é muito
mais intensa em virtude da diversidade e velocidade dos meios de
O bairro da Liberdade, em São Paulo, é
comunicação, como jornais, revistas, Internet, televisão, e de trans- considerado o lugar de maior interação en-
porte, como aviões, navios, trens, automóveis. tre a cultura japonesa e a cultura brasileira.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 21

5:02 CG_6ºano_01.indd 21 07/03/2018 13:35:02

não se restringem à escala técnica, ou tão so- da existência do mundo estabelecido. Mundo
mente à dialética de possuidores dos meios de este que, admirado por nossos olhos e traduzi-
produção ou negociadores da capacidade fí- do por nossas leituras, pode viabilizar, legitimar
sica e intelectual de trabalho. No conceito de ou desestruturar as lógicas vigentes. Juntamente
espaço também se deve considerar os aspectos com a delimitação do espaço como objeto de es-
históricos e culturais que favoreceram esta es- tudo geográfico, surgem questões escalares que
truturação socioprodutiva, além da conjuntu- buscam demarcar a abrangência das relações que
ra na qual se dão estas relações e as possibilida- dão forma ao espaço, embora nem sempre evi-
des de reestruturação. As relações de produção, dentes. [...]
que neste texto são tomadas como máxima ex-
plicitação do espaço geográfico em questão, de- Disponível em: GREGOLE, Danielle; MAGNO,
vem ser — para quem catalisa e sintetiza tal rea- Marcus. Espacialidades e territorialidades: conceituação e
lidade — as relações de produção e reprodução exemplificações. UFMG, 2011. Acesso em: 04/12/2017.

21

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Sugestão de
abordagem Observe, pelo seguinte exemplo, como isso ocorre: em 2014,
aconteceu no Brasil a Copa do Mundo da FIFA, evento amplamen-
te divulgado nos veículos de comunicação do mundo. Sua realiza-
É interessante expandir o tema do efeito ção acarretou modificações em diversos lugares do espaço brasilei-
ro e mundial. No Brasil, vários espaços foram transformados para
estufa ou o aquecimento global para um deba- a construção de novos estádios de futebol (arenas), além de vias
te. Se achar pertinente, solicite aos alunos re- de acesso, como ruas e avenidas, para que o público chegasse até
portagens (de jornais, revistas ou da Internet) esses locais. As cidades onde ocorreram os jogos qualificaram sua
estrutura — ou seja, ampliaram ruas, avenidas, portos e aeroportos,
que tratem das alterações ambientais registra- construindo novos hotéis — para que as pessoas que viriam de di-
das nos últimos tempos. versos lugares do mundo fossem bem acolhidas.
É importante manter um planejamento Para que essas transformações ocorressem, foi necessário o au-
mento da compra de produtos em diversos lugares do Brasil e do
com o professor de Ciências para atividades mundo. Por sua vez, o aumento do consumo desses produtos acar-
interdisciplinares. A questão dos gases atmos- retou uma elevação da sua produção, provocando modificações nas
féricos e da própria vida marinha, por exem- diferentes paisagens terrestres. Por exemplo: para que as fábricas
produzissem mais instrumentos elétricos e eletrônicos para serem
plo, pode ser utilizada como ponto de partida. utilizados nas cidades onde houve jogos da Copa, foi necessário au-
mentar a extração de minerais e a construção de novas geradoras de
energia, como hidrelétricas; para que o comércio vendesse mais, foi
Diálogo com o necessário ampliar a frota de veículos para transportar os produ-
professor tos até os postos de comercialização, além da construção de novos
pontos de venda, bem como a contratação de novos trabalhadores.

Adam Gregor/Shutterstock.com
O debate sobre o processo de aqueci-
mento do Planeta está dividido em dois po-
los de ideias. Ambos concordam que a Terra,
de fato, está passando por um período inter-
glacial, mas um acredita que o aquecimento
global é um fenômeno totalmente natural, e
outro acredita que é implicado pelas ações hu-
As transformações no lugar consequentemente modificarão a forma de as pessoas utilizarem o
manas. Realize um debate sobre a temática. espaço e se relacionarem com ele. Ponte Maurício de Nassau, Recife, Brasil.

Devemos compreender que o espaço terrestre é constituído


por uma infinidade de lugares. Lugares habitados por pessoas que,
Anotações apesar das diferenças de cor, orientação religiosa, língua, hábitos
alimentares, vestimentas, são iguais a você e que, de uma forma
concreta, ajudaram a construir o espaço planetário a partir do lu-
gar, pois, independentemente da distância entre os lugares, estes
se relacionam, e uns sofrem as influências dos outros. Portanto, é
nossa obrigação, enquanto seres que vivem em sociedade, cuidar
do nosso lugar, assumir uma atitude de respeito com a natureza e
os ambientes de convivência com os outros, porque somos todos
habitantes da Terra.

22 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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C
22

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Geografia em cena

Os bascos são um povo reconhecido pela forte vinculação


ao seu lugar. Eles têm uma origem até hoje muito misteriosa,
uma vez que não se sabe ao certo onde e como surgiram: con-
tudo, independentemente dessas origens, sabe-se que sempre
viveram entre o nordeste da Espanha e o sudeste da França.
O problema dos bascos surge com a formação da Espanha
como país, no século XV, comprometendo a posse do território e
a liberdade política desse povo, a partir de então sob domínio es-
panhol. Isso marca o início de uma luta constante pela conquista
do seu território e pela preservação de sua cultura e seus costu-
mes, buscando não viverem subordinados ao governo do país que
habitam. Em 1959, foi criado o grupo terrorista Pátria Basca e
Liberdade (ETA), que iniciou uma luta armada contra o governo
central da Espanha com ações terroristas, colocando bombas em
locais públicos, ferindo e matando centenas de pessoas.
Províncias bascas
0 305 km 610 km
Biscaia Labourd Baixa Navarra Árvores
Guipúzcoa mortas

Designua/Shutterstock.com
Álava Soule por
Navarra chuva
ácida

Oceano Golfo de França


Biscaia
Atlântico

O L Espanha Mar
S
Mediterrâneo
Formação da chuva ácida.

Ao nos relacionarmos com os outros habitantes da Terra, pas-


sando do local ao global, devido ao processo de globalização, somos
influenciados e influenciamos de maneira positiva, mas também de
forma negativa. Por exemplo, a poluição produzida nos países mais
daulon/Shutterstock.com

ricos circula pela atmosfera e seus efeitos atingem outros países, tra-
zendo prejuízos econômicos e de saúde. A chuva ácida, resultante
da industrialização desenfreada em alguns países, acaba gerando
5:02 consequências danosas para outros países, como mostra a imagem
acima, à direita, com destruição da vegetação.
Outro exemplo claro dessa relação negativa entre os lugares é
o aquecimento global, pois a industrialização, a queima de com-
bustíveis derivados do petróleo e do carvão mineral e a queima das
florestas fazem subir a temperatura na Terra. Isso acontece porque Efeito estufa: dos raios de Sol que chegam
o efeito estufa, apesar de ser um fenômeno natural, está aumentan- à Terra diariamente, parte é refletida de
volta ao espaço, mas outra parte (em vermelho)
do a sua capacidade de aprisionar o calor na Terra, causando secas, fica aprisionada pela atmosfera terrestre, con-
enchentes, avanço do mar sobre as cidades, etc. centrando energia térmica.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 23

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23

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Diálogo com o
professor Cenário 4

Sabemos que a mídia expõe diversos casos A natureza inquieta


que exemplificam as ações humanas negativas
no planeta Terra. Portanto, utilize os argu- e transformadora
mentos midiáticos acerca das consequências Observe a sequência de imagens abaixo e pense nisto: quem
do mau uso dos recursos disponíveis no Pla- criou as formas geográficas apresentadas?

Ruth Lawton/Shutterstock.com
neta para promover uma discussão sobre nos-
sas atitudes individuais em relação ao meio. O
objetivo desta etapa é buscar relacionar a Geo-
grafia física com atividades humanas.
Solicite um texto de poucas linhas, de
modo que cada um exponha suas ideias a par-
tir dos últimos noticiários e reportagens sobre Ilha Urupukapuka, Baía das Ilhas, Nova Zelândia.

o assunto nas mais diversas formas de comuni-

AMA /Shutterstock.com
cação, sem deixar de lado os exemplos positi-
vos e negativos do seu dia a dia.

Sugestão de
leitura
Lagoa de Sete Cidades e Santiago de São Miguel, Açores, Portugal.

Nem sempre foram as sociedades humanas que provocaram trans-


• AMÂNCIO, Robson; GOMES, Marcos formações sobre o espaço. Se pudéssemos voltar ao tempo em que não
Affonso Ortiz. Filosofia e ética ambiental. In: existiam seres humanos sobre a superfície do Planeta, compreendería-
Introdução à gestão e manejo ambiental. Tex- mos mais claramente que os agentes naturais oriundos de forças inter-
nas, como o vulcanismo e o terremoto, ou externas, como a ação da
tos acadêmicos. UFLA-MG, 2001. chuva, do vento e das águas do mar, foram os primeiros agentes a criar
• CARVALHO, Marcos de. O que é nature- as paisagens que hoje observamos sobre a superfície da Terra.
za. São Paulo: Brasiliense, 1990. Portanto, se observarmos as duas imagens com atenção, identi-
ficaremos os atores que, antes dos seres humanos, foram fundamen-
• JUNIOR, Wilson Pizza. Administração e tais para a construção do espaço. A imagem dos Açores apresenta
meio ambiente. Rio de Janeiro: Revista de Ad- uma cratera de vulcão extinto, que foi modelada pela erosão; já a
imagem da Nova Zelândia apresenta um relevo rochoso esculpido
ministração Pública, vol 25 out./dez.; 1991,
pela ação do vento e da água e uma porção formada a partir da acu-
p. 12-24. mulação de sedimentos trazidos pelo mar. Contudo, é inegável a
• REVISTA GRÉCIA. Terra dos deuses. Col- capacidade humana para a utilização das diferentes formas do espa-
ço construído pela natureza, como pode ser observado na imagem
lection. São Paulo: Escala, 2003. p. 19. da cratera, contornada por uma rodovia.
• SANTOS, Milton. Espaço e sociedade. Pe-
trópolis: Vozes, 1979. 24 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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Anotações

C
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Cenário 5

O aprendizado por
meio do olhar

Tânia Rêgo- ABr/Shutterstock.com


Petrópolis (Rio de Janeiro). Em 2013, as fortes chuvas que atingiram a cidade, na região serra-
na, provocaram inundações e deslizamento de terra.

Aprender a nos relacionarmos com o espaço natural é funda-


mental. Respeitar os seus limites, capacidades e aptidões é o ponto
de partida para a preservação da qualidade de vida das gerações fu-
turas. E o primeiro passo para que isso se torne realidade é aprender
a olhar e interpretar as características e os elementos naturais que
compõem as paisagens, além dos elementos culturais existentes ou
que porventura sejam construídos a partir dessa compreensão.
Nosso planeta é constituído por diferentes paisagens. Algumas
são compostas apenas por elementos naturais, como formações vege-
tais, rios e montanhas; outras destacam-se por apresentar predomínio
de elementos culturais, como estradas, casas, prédios, pontes e fábricas.
Konstantin Stepanenko/Shutterstock.com

Marat Dupri/Shutterstock.com

5:04

Ilha de Palm, em Dubai: um conjunto de ilhas artificiais.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 25

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Na diversidade de paisagens do espaço geográfico, a natu-
reza continua a exercer sua influência modificadora por meio
de agentes externos (chuva, vento, rios) ou de agentes internos
(vulcões e terremotos). Isso acarreta a necessidade de adaptação
dos seres humanos de diversas maneiras diferentes para garantir
sua sobrevivência.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Aptidões: Capacidade, competência, habilida- Flora: Conjunto constituído pela totalidade
de para realizar algo. de vegetais existentes em uma região.
Aquecimento global: Aumento da capacidade Folclore: Conjunto ou coletivo de tradições
da Terra de armazenar calor pelo excesso de ga- e costumes populares que são transmitidos de
ses estufa na atmosfera. É causado por ações hu- geração em geração. Também pode ser deno-
manas, como a queima e derrubada de floresta, minado de cultura popular. Fazem parte do
queima de combustíveis fósseis em automóveis folclore os costumes e as superstições que são
e indústrias. transmitidos por meio de lendas, mitos, contos,
Contexto: Conjunto, circunstância, situação, provérbios, adivinhas, danças, jogos, artesana-
momento determinado da vida ou da história. to, etc.
Cultura: Conjunto de ideias, comportamen- Instrumentos: Ferramentas ou utensílios utili-
tos, símbolos e práticas sociais (costumes e tra- zados para executar tarefas.
dições) apreendidos de geração em geração por Interação: Tipo de ação que ocorre entre duas
meio da vida em sociedade. ou mais entidades (seres ou elementos) quando
Erosão: Desgaste que ocorre sobre as rochas a ação de uma delas provoca uma reação da(s)
em virtude da ação das chuvas, dos ventos, dos outra(s).
rios e do mar. Lucro: Rendimento obtido a partir de um
Esculpido: Entalhado, recortado. bem, investimento ou negócio de um indiví-
Espaço geográfico: É o resultado da combi- duo. Por exemplo: se você compra uma barra de
nação do espaço natural com as ações humanas chocolate por R$ 10,00 e vende por R$ 15,00,
no processo de apropriação dos recursos neces- você obteve um lucro de R$ 5,00, ou 50%.
sários à sobrevivência das sociedades durante a Paisagem: É tudo aquilo que podemos apreen-
sua evolução histórica. der por meio dos nossos sentidos, a partir da
Espécie: Conjunto de indivíduos que apresen- nossa interação com o espaço geográfico, como
tam as mesmas características funcionais, estru- sons, luzes, cores, odores, sensações térmicas, etc.
turais e bioquímicas, sendo, portanto, seme- Raça: Conjunto de atributos que permitem
lhantes e capazes de gerar descendentes férteis identificar uma pessoa por suas características
pela reprodução. biológicas externas (fenótipos) e não por genó-
Etnia: Conjunto de características que permite tipos. É um conceito socialmente construído.
diferenciar um grupo social dos outros, pela sua Sedimentos: Material rochoso resultante do
cultura, religião, idioma e história, entre outras processo de erosão. Areia, cascalho, etc.
características. Técnicas: Conjunto de procedimentos ou ha-
Extinto: Algo que desapareceu ou que deixou bilidades empregados com o objetivo de se ob-
de existir. ter determinado resultado.
Fauna: Conjunto constituído pela totalidade Tundra: Formação vegetal das regiões pola-
de animais que existem em uma determinada res. Constituída por musgos, liquens, ervas e
região. arbustos.

26 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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Aprenda com arte

Madagascar
Direção: Eric Darnell e Tom McGroth.
Ano: 2005.

Sinopse: O leão Alex é a grande atração do zoológico do Central Park, em Nova York. Ele e seus
melhores amigos, a zebra Marty, a girafa Melman e a hipopótamo Gloria, sempre passaram a vida em
cativeiro e desconhecem o que é morar na selva. Curioso em saber o que há por trás dos muros do zoo-
lógico, Marty decide fugir e explorar o mundo. Ao perceberem, Alex, Gloria e Melman decidem partir
à sua procura. O trio encontra Marty na estação Grand Central do metrô, mas, antes que consigam
voltar para casa, são atingidos por dardos tranquilizantes e capturados. Embarcados em um navio rumo
à África, eles acabam na ilha de Madagascar, onde precisam encontrar meios de sobrevivência em uma
selva verdadeira.

Os sem-floresta
Direção: Tim Johnson e Korey Kirkpatrick.
Ano: 2006.

Sinopse: A primavera chegou, o que faz com que os animais da floresta despertem da hibernação. Ao
acordar, eles logo têm uma surpresa: surgiu ao redor de seu hábitat natural uma grande cerca verde.
Inicialmente, eles temem o que há por detrás da cerca, até que o guaxinim RJ revela que foi construída
uma cidade ao redor da floresta em que vivem, que agora ocupa apenas um pequeno espaço. RJ diz ain-
da que, no mundo dos humanos, há as mais diversas guloseimas, convencendo os demais a atravessar a
cerca. Entretanto, essa atitude desagrada o cauteloso jabuti Verne.

Encerramento
1 Descreva o seu lugar, destacando os ambientes mais importantes para você, e depois explique por
que cada um é importante.
O aluno deverá levar em consideração o conceito de lugar abordado no Cenário 3.

2 Cite quatro formas de você ter contato com pessoas que vivem em lugares distantes do seu.
O estudante pode utilizar de sua experiência com aplicativos de mensagens instantâneas, chats em jo-

gos, além de celular e redes sociais.

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 27

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Sugestão de
abordagem 3 Observe a imagem abaixo.
Agora:

artiomp/Shutterstock.com
Para a questão de número 5 da página 29, a. Denomine o fenômeno apresentado e descreva-o.
você pode aprofundar o tema sobre as cons- Efeito estufa. Fenômeno natural responsável pelo armaze-
truções humanas feitas na antiguidade, como namento de parte da energia solar recebida no planeta Ter-
as Pirâmides do Egito; as estátuas da Ilha de
ra pela sua atmosfera. O efeito estufa é um dos responsáveis
Páscoa, no Chile; Stonehenge, no Reino Uni-
do e mostrar a importância destas construções pela manutenção das condições ideais ao desenvolvimento
para a história da humanidade. da vida no nosso planeta.

b. Pesquise na Internet: o que é aquecimento global e as suas causas.


Aquecimento global é o crescimento anormal da capacidade da Terra de aprisionar calor na atmosfera,

Anotações levando ao aumento rápido na temperatura, desde a segunda metade do século XX. As causas do aque-

cimento global são o aumento da quantidade de gases estufa, como o dióxido de carbono e o metano,

na atmosfera, resultantes da queimada e derrubada das florestas; em benefício, majoritariamente, do

agronegócio; e o lançamento de dióxido de carbono, pelos automóveis e pela indústria, na queima de

combustíveis fósseis.

4 Nem sempre o lugar onde vivemos é o que escolhemos ou o ideal para nossa sobrevivência. As ima-
gens abaixo mostram dois lugares que oferecem riscos para as pessoas que neles vivem. Observe-as.

lazyllama/Shutterstock.com

guentermanaus/Shutterstock.com
a b

Comunidade do Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Palafitas em Manaus, Amazônia.

Agora, indique os principais problemas que podem ocorrer para cada um dos moradores desses lugares.
Na figura “a”, os moradores poderão sofrer com deslizamento de barreira; na figura “b”, com possíveis

inundações.

28 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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5 Observe as imagens abaixo e assinale aquelas que foram construídas com a participação do homem.

Amy Nichole Harris/Shutterstock.com

Mikadun/Shutterstock.com

Janelle Lugge/Shutterstock.com
X

Esfinge Romena. Montanhas Bucegi,


Estátuas moais da Ilha de Páscoa, Chile. John Bill/Shutterstock.com
Romênia. Mármores do Diabo, norte da Austrália.

totajla/Shutterstock.com

Vinicius Tupinamba/Shutterstock.com
X

Deserto dos Pináculos. Parque Nacional Morro do Pico. Fernando de Noronha,


Plantações de abacaxi. PingTung, Taiwan. Nambung, Austrália. Brasil.

6 Observe a paisagem abaixo.


Sobre ela, responda:
Andrea Fiore/Shutterstock.com

a. Nesta paisagem, predominam elementos natu-


rais ou elementos culturais? Podemos dizer que é
espaço natural ou espaço geográfico?
Nesta paisagem, predominam elementos natu-

rais. Não podemos dizer que é um espaço natu-

ral, apesar do predomínio de elementos naturais.

É, portanto, um espaço geográfico devido à alte-

ração causada pelas intervenções humanas.

5:05
b. Você modificaria esse espaço? Se sim, de que
forma?
O aluno pode optar por desfazer a constru-

ção para restaurar o espaço natural, aumentar a

quantidade de construções para consolidar o es-

paço geográfico, ou deixar como está.

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Anotações
c. Qual o elemento natural que mais chamou a sua atenção na paisagem retratada na imagem?
Os elementos naturais visíveis na paisagem são a montanha, a vegetação e o rio. O aluno pode se encan-

tar pelo verde da relva, pela majestade da montanha ou pela leveza do rio.

7 Observe as imagens abaixo.

Daniel Wiedemann/Shutters-
tock.com

Avik/Shutterstock.com

Songquan Deng/Shutterstock.com
a b c

Cataratas do Iguaçu, Brasil. Tríplice fron- Mosteiro de Taktsang (Ninho dos Ti-
teira. gres), Butão. Nova York, EUA.

Leitura As três apresentam paisagens diferentes. Sobre elas, identifique:


complementar a. Aquela que retrata apenas o espaço natural. Justifique sua resposta.
A imagem representada na figura “a” é típica de uma paisagem natural, por não apresentar característi-
História de Olinda cas da intervenção humana.
Em 1534, a Coroa portuguesa instituiu
o regime de Capitanias Hereditárias. A Ca- b. Aquela que retrata apenas elementos culturais. Justifique sua resposta.
pitania de Pernambuco foi entregue ao fidal- A imagem representada na figura “c” apresenta, predominantemente, elementos constituídos pela ação
go português Duarte Coelho, que tomou pos-
humana, tendo sua paisagem natural totalmente alterada.
se de sua capitania desembarcando, em 9 de
março de 1535, na feitoria fundada em 1516,
entre Pernambuco e Itamaracá. Pouco tempo c. Aquela que, embora apresente predomínio de elementos do espaço natural, pode ser considerada
uma paisagem de espaço geográfico. Justifique sua resposta.
depois, ele seguiu para o sul em busca de um
A figura “b” apresenta a modificação da natureza provocada pelo homem para atender às suas necessi-
lugar para se instalar. Encontrou um local es-
trategicamente ideal, no alto de colinas, onde dades, simbolizando a relação entre o ser humano e o meio.
existia uma pequena aldeia chamada Marim,
pelos nativos, instalando aí o povoado que 8 Assinale a opção correta em relação ao conceito de paisagem.
deu origem à Olinda. a. É aquilo que ouvimos de um determinado lugar.
Um sítio protegido pela altura descorti- b. É uma porção do espaço terrestre que apresenta só elementos naturais.
nando o mar, com um porto natural formado c. X É o que os nossos sentidos apreendem ao interagir com o espaço geográfico.
pelos arrecifes, água em abundância e terras fér- d. É uma porção do espaço terrestre que apresenta só elementos sociais.
teis, e fácil de defender, segundo os padrões mi- e. Representa apenas os aspectos sociais e humanizados de um determinado lugar.
litares da época. O local era tão aprazível, que,
conta-se, o nome Olinda foi dado a partir de 30 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar
uma frase dita por Duarte Coelho: “Ó linda
terra para se construir uma vila”. Não se sabe o
dia da fundação de Olinda; sabe-se que o po- CG_6ºano_01.indd 30 07/03/2018 13:35:06

voado prosperou tanto, que em 1537, já esta- riquecendo a tal ponto que disputava com a vadiu Olinda e conquistou Pernambuco. Toma-
va elevado à categoria de vila. Em 12 de março Corte portuguesa em luxo e ostentação. O da a cidade, os holandeses se estabeleceram no
de 1537, Duarte Coelho enviou ao rei de Por- traçado urbano da vila configurou-se, ainda povoado e ilhas junto ao porto e abandonaram
tugal, D. João III, o Foral, carta de doação que no século XVI, com a definição dos cami- Olinda. Em 24 de novembro de 1631, os holan-
descrevia todos os lugares e benfeitorias exis- nhos e com a ocupação dos principais pro- deses incendeiam Olinda, após retirar os mate-
tentes na Vila de Olinda. Nas praias, a vila foi montórios pelos religiosos. Com a chegada riais nobres das edificações para construir suas
fortificada para a defesa e do alto das colinas se das primeiras ordens religiosas — carmeli- casas no Recife, que começa a prosperar sob a
expandiu em direção ao mar, ao porto e ao inte- tas, em 1580; jesuítas, em 1583; francisca- administração holandesa. Em 27 de janeiro de
rior onde ficavam os engenhos de açúcar. nos, em 1585; e beneditinos, em 1586, foi 1654, os holandeses foram expulsos e iniciou-se
Com o extrativismo do pau-brasil e o feita também a catequização dos indígenas, a lenta reconstrução da Vila de Olinda. [...]
desenvolvimento da cultura da cana-de- de fundamental importância para a con-
-açúcar, Olinda tornou-se um dos mais im- quista definitiva das terras. Disponível em: https://www.olinda.pe.gov.br/a-cidade/
portantes centros comerciais da colônia, en- Em 16 de fevereiro de 1630, a Holanda in- historia/. Acesso em: 16/02/2018.
C
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9 Observe a sequência de imagens da Avenida Rio Branco, no coração da cidade do Rio de Janeiro.
Elas mostram as transformações que a avenida sofreu no começo do século XX até os dias atuais.

Library of Congress

Reprodução

Fred S. Pinheiro/Shutterstock.com
Agora, aponte as principais transformações que você identificou.
Resposta pessoal.

Sugestão: Construção de casas, ruas, edifícios, entre outras.

10 Nem sempre quem olha vê. O

Ita Pritsch/Shutterstock.com
conceito de paisagem vai além de um
simples olhar.
Observe a imagem, ao lado, da cidade
de Olinda, em Pernambuco. Ela foi
fundada por Duarte Coelho, em 1537.
Diz a lenda que, ao chegar a esse ponto
mais alto, teria dito: “— Oh! Linda!”
Por isso, a cidade passou a se chamar
Olinda. Releia o conceito de paisagem
na página 17 e no pequeno dicionário
geográfico e cultural da página 26,
coloque-se no lugar do fundador de
Olinda e tente imaginar as suas sensa-
ções num belo dia de verão, em 12 de
março de 1537, ao olhar essa vista.

O aluno deverá entender o conceito de paisagem a partir da leitura da página 17 e do conceito de pai-

5:06
sagem dado no glossário da página 26.

11 Associe os elementos abaixo apresentados de acordo com a sua respectiva origem.

N Natural C Casa N Riacho

C Cultural C Estádio de futebol C Ponte


N Floresta

Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar 31

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12 Leia o texto:

O muro “invisível” que

Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com
separa ricos e pobres
As diferentes formas de ocupação de um espaço
revelam a relação de uma sociedade com o meio am-
biente e, principalmente, as relações sociais entre as
pessoas de um mesmo espaço geográfico, chegando
até a explicitar as desigualdades de renda e padrão de
vida entre elas.
Ao observar as construções, é comum perceber-
mos os contrastes sociais e econômicos, como na foto
ao lado. As construções apresentam diferenças de ta-
manho, modelo e material. A organização dos bairros e
seus contrastes exibem a relação do espaço com o poder
aquisitivo de seus moradores. Em alguns locais, a po-
pulação dispõe de infraestrutura, como ruas pavimen-
tadas, água potável, rede de esgoto, rede elétrica e se-
gurança. Denominamos esses locais de cidade formal.
Em outros, a população carece de quase tudo — o
transporte público é precário, falta água, luz, sanea-
mento básico e não há espaços de confraternização
coletivos, como praças, quadras de esporte, dentre
outros. Esses locais são denominados de cidade in-
formal. É interessante observar ainda que esses locais
podem coexistir numa mesma paisagem e conviver
harmonicamente ou em constante conflito.

De acordo com o texto, defina o conceito de cidade


formal e cidade informal. Vista da comunidade da Rocinha, Rio de Janeiro.

Os alunos podem definir cidade formal como aquele local onde existe infraestrutura e cidade informal

os lugares carentes de equipamentos urbanos, ou seja, carente de infraestrutura.

13 Ao longo deste capítulo, aprendemos juntos a identificar as diferentes paisagens, bem como a en-
tender de que forma o espaço é construído. Diferencie o conceito de espaço geográfico do conceito
de paisagem.
Paisagem é tudo aquilo que podemos ver ou o que os demais sentidos podem captar. Já o espaço geográ-

fico corresponde a uma porção da superfície terrestre identificada por elementos naturais e humanos.

32 Capítulo 1 – O ser, o ter e o estar

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BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 2 (EF06GE03) Descrever os movimentos do


Planeta e sua relação com a circulação geral da
O estar e o orientar-se atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
Cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. As placas climáticos.
indicam as direções de várias cidades no mundo.

Objetivos
pedagógicos

• Reconhecer o sistema de orientação como


um elemento essencial para compreender o es-
paço geográfico e a sua constante mobilidade.
• Compreender o mapa como uma reprodu-
ção plana da espacialização do Planeta.
• Entender o contexto da escolha do Meridia-
no de Greenwich como referência para cria-
ção do sistema de coordenadas geográficas e
dos fusos horários.
• Compreender os paralelos e meridianos
como fundamentais para a criação do sistema
de coordenadas geográficas.
• Utilizar o sistema de coordenadas para des-
locar-se sobre o espaço terrestre ou encon-
trar qualquer elemento sobre a superfície do
Planeta.
Neste capítulo, • Compreender o mapa como instrumen-
aprenderemos a nos to de organização estratégica para finalidades
orientar por meio da natureza,
bem como tomar conhecimento militares.
dos diferentes instrumentos de
orientação criados por diversas • Identificar as distorções provocadas pela
sociedades. Além disso, aprenderemos projeção cilíndrica.
a nos guiar pelas coordenadas
geográficas, instrumento
indispensável para quem não

Yevgenia Gorbulsky
/Shutterstock.com
quer se perder no espaço
planetário. Anotações

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Sugestão de
abordagem Cenário 1

Diferente do que normalmente se pensa, A dificuldade de


o Sol não nasce no ponto cardeal leste. O Sol
nasce do lado leste de onde estamos. O mes- encontrar o rumo
mo acontece para o poente; o Sol não se põe
no ponto cardeal oeste, mas sim do lado oes- Referenciais
te de onde estamos. Na verdade, a cada dia do Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua
ano o Sol nasce e se põe num ponto diferen- existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre.
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em
te, por isso, se tomarmos o Sol como referên-
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma
cia para nos orientarmos, cada dia tomare- grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência
mos uma direção diferente ou, por exemplo, para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
apontaremos a antena parabólica para lugares dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diferentes do céu se a instalarmos em épocas diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
diferentes do ano. É fácil perceber isso obser- espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação
vando onde o Sol se põe nos meses de junho dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o
ou julho e onde ele se põe nos meses de de- Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo,
zembro ou janeiro. Faça essa observação aos “desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação.
seus alunos e peça para eles anotarem.

Orientação pelos astros


Anotações O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações
para fenômenos que ocorriam na Terra.

Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com
34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se
Diálogo com o
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e de abrigo em determinados lugares, a desco- na rosa dos ventos. Posteriormente, veremos


Saber como orientar-se e localizar-se no berta de rotas comerciais e marítimas, o plane- como essa noção primária e geral nos conduz
espaço geográfico sempre foi uma preocupa- jamento estratégico de manobras em campos à noção mais específica de localização no es-
ção do ser humano, desde os primeiros tem- de batalha, a exploração de recursos no sub- paço geográfico, já que os pontos de orien-
pos da humanidade — com o homem paleo- solo, a definição e escolha de locais adequados tação não são suficientes para localizar, com
lítico, passando pelo egípcio, sumério, chinês, para instalação de indústrias; enfim, a investi- precisão, qualquer lugar na superfície da Ter-
grego, romano, árabe e o navegador europeu gação do “lugar certo para a atividade a ser ali ra. Essa “localização precisa” é feita com base
— até os dias atuais, com o homem moderno, desenvolvida”. na delimitação da coordenada geográfica, ou
influenciado pelas tecnologias cada vez mais Neste capítulo, estudaremos inicialmen- seja, no cruzamento, ou encontro, entre um
sofisticadas do mundo globalizado, como sa- te as técnicas tradicionais de orientação (pelo paralelo e um meridiano, elementos cujos
télites e computadores. Esse “saber” está rela- Sol e pela Lua) e a determinação dos pontos conceitos aprofundamos e relacionamos às
cionado à satisfação de suas necessidades ime- cardeais, colaterais e subcolaterais (pontos definições de latitude e longitude, nomes atri-
diatas e específicas, como a busca de alimentos de orientação), bem como sua representação buídos às medidas de suas distâncias.

34

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Diálogo com o

Dessa forma, várias sociedades perceberam que o Sol aparecia Geografia em cena
professor
todas as manhãs numa determinada posição no horizonte e, depois
de descrever um “caminho” no céu, desaparecia em uma posição A observação de astros,
oposta, ao entardecer. Depois de certo tempo, também perceberam como o Sol, para o uso da lo- O objetivo principal deste capítulo é que
que a Lua e algumas estrelas e constelações também poderiam ser- calização de pessoas cria a fal-
vir como base para a orientação sobre o espaço.
os alunos consigam ler os mapas e compreen-
sa sensação de que ele está se
movendo em torno da Terra. der suas informações. Não é interessante tor-
Orientação pelo Sol Esse movimento ilusório é nar o ensino de Cartografia puramente um
chamado de Aparente.
exercício de construção ou uma atividade ma-
Ao observar que o Sol nasce aproximadamente a Leste (ou
Este) e põe-se a Oeste, os seres humanos criaram os pontos car- temática por meio de longos exercícios com
deais, ou rumos cardeais, desenvolvendo a base de todo o sistema escalas. O fundamental é compreender o es-
de orientação.
paço geográfico, suas dinâmicas e dimensões a
Os pontos ou rumos cardeais são quatro e foram determinados
da seguinte maneira: partir de uma leitura consciente do mapa.
a. A direção onde o Sol nasce todos os dias passou a ser deno-
minada de Nascente, Leste, ou Oriente.
b. Em oposição à nascente, está o Poente, ou posição no hori-
zonte onde o Sol se põe, denominado de Ocidente, ou Oeste. Sugestão de
Esses dois pontos serviram de base para a criação de outros abordagem
dois: o Norte, que também pode ser chamado de Boreal, ou Se-
tentrional, e o Sul, também denominado Meridional, ou Austral.
Zênite É importante lembrar aos alunos que a
aplicação prática dos pontos de orientação
em espaços pequenos depende de um ponto
de referência. Utilize elementos presentes no
cotidiano deles: num espaço como o bairro,
por exemplo, escolha diferentes pontos de re-
Horizonte ferência (padaria, igreja, praça, rio, cerca, ár-
O N
vore, etc.) para demonstrar como funcionará
essa aplicação.
Sol

Geografia em cena
S L
Zênite é um termo
Anotações
criado pela astronomia para
Portanto, para orientar-se pelo Sol, basta de manhã cedo esten- estabelecer o ponto imagi-
der o braço direito para o Sol nascente, onde está o Leste. A partir nário em que o Sol passa a
desse ponto, fica muito fácil identificar os outros pontos, ou rumos, incidir de forma vertical em
cardeais: o braço esquerdo estendido em oposição ao direito indi- cima da cabeça de um de-
cará o ponto onde o Sol se põe, ou seja, o Oeste; à frente, estará o terminado observador.
rumo Norte e, às suas costas, o rumo Sul.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 35

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35

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Sugestão de
abordagem No entanto, vale ressaltar que essa orientação costuma ser
aproximada na maior parte do ano. Isso porque o Sol nasce pre-
cisamente a leste apenas nos dias 21 de março e 22 de setembro,
Caso considere relevante, leve seus alu- datas que, no Hemisfério Sul, onde se localiza nosso país, marcam
o início do outono e da primavera, respectivamente.
nos a um espaço — por exemplo, à quadra da
escola ou ao pátio — e produza com eles uma
rosa dos ventos no piso com giz. É importante
que cada um dos alunos participe escrevendo,
sob sua orientação, o nome das direções pre-
sentes na rosa dos ventos.

Anotações Oeste
(Ocidente)
Leste
(Oriente)

Orientação pelo
Cruzeiro do Sul
Retratado como um dos símbolos do nosso país, o Cruzeiro do
Sul é uma constelação que pode ser vista a olho nu praticamente o
ano inteiro pelas populações do Hemisfério Sul. Utilizada desde
tempos remotos como referência para apontar o rumo sul, já que é
de fácil identificação nos céus, apresenta a forma de cruz.
Aqueles que querem utilizar essa constelação para orientar-se
devem primeiramente localizar o Cruzeiro e então identificar sua
estrela mais brilhante (estrela de Magalhães, ou Alfa); em seguida,
prolongar quatro vezes e meia o madeiro maior da cruz formado
pela constelação e, a partir do seu final, traçar uma linha vertical em
direção ao solo. Essa linha indicará aproximadamente o rumo Sul,
como mostra a figura.

Leitura
complementar LESTE SUL

OESTE
NORTE

No Brasil, o Cruzeiro do Sul é a mais co-


nhecida das 88 constelações em que dividi- 36 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se
mos as estrelas vistas da Terra. Isso não apenas
por sua fácil identificação no céu, como tam-
bém por figurar em posição de destaque (cen- CG_6ºano_02.indd 36 07/03/2018 13:37:23

tral) na bandeira brasileira, em brasões oficiais precessão. Devido a esse movimento, os dois O Cruzeiro do Sul é a menor (a que ocupa
da república, etc.; e também por dar nome e pontos no céu para os quais o eixo de rotação uma menor área no céu), de todas as 88 cons-
aparecer no escudo de um conhecido time de da Terra aponta (os polos celestes sul e norte) telações. Antigamente o Cruzeiro do Sul fa-
futebol do país. não são fixos em relação às estrelas. zia parte da constelação do Centauro (que hoje
O Cruzeiro do Sul encontra-se bem pró- O Polo Sul Celeste tem se aproximado o envolve). No século XVI, porém, com um
ximo do Polo Sul Celeste, o que faz com que gradativamente, através dos séculos, do Cru- maior fluxo de europeus ao Hemisfério Sul, o
ele só seja visto do Hemisfério Sul ou de re- zeiro do Sul, fazendo com que cada vez mais Cruzeiro do Sul foi separado de Centauro, pas-
giões do Hemisfério Norte bem próximas a essa constelação seja vista predominantemen- sando a ser considerado uma constelação pró-
Linha do Equador. te do Hemisfério Sul. pria, devido à disposição característica e brilho
Mas isso não foi sempre assim. A Terra, Em 3000 a.C., o Cruzeiro do Sul podia intenso de suas mais brilhantes estrelas.
além de seus movimentos mais conhecidos ser visto da região onde hoje se encontra Lon-
de translação e rotação, realiza vários outros dres. No século I de nossa era, pela última vez Disponível em: http://www.observatorio.ufmg.br/
movimentos menos notáveis, entre eles o de o Cruzeiro do Sul pôde ser visto de Jerusalém. pas12.htm. Acesso em: 05/12/2017.
C
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A imprecisão dos
pontos cardeais
A criação dos pontos cardeais não solucionou totalmente a di-
ficuldade que as sociedades tinham de orientar-se sobre a face da
Terra, pois entre esses pontos não havia precisão. Para solucionar
esse pequeno problema, foram criados mais 12 pontos complemen-
tares. Destes, quatro são denominados de pontos colaterais e oito
são chamados subcolaterais. Associados aos cardeais, esses pontos
compõem a rosa dos ventos, elemento de fundamental importân-
cia para o sistema de orientação, apresentada na figura a seguir.

Norte
No

ste
rte

de
-

r
No

No

No
ro te
ro

te-

es es
es

rd
Pontos cardeais Pontos colaterais
r

te
No

No
te

Oes
te-N te
N – Norte, Boreal, ou Setentrional. NE – Nordeste
oroe -No rdes
ste Leste S – Sul, Meridional, ou Austral. SE – Sudeste
E – Leste, Oriente, ou Nascente. SO – Sudoeste
Oeste Leste W – Oeste, Ocidente, ou Poente. NO – Noroeste
te Le
do
es ste
-S
Pontos subcolaterais
Su ud
te- es NNE – Norte-Nordeste ENE – Leste-Nordeste
O es te
ESE – Leste-Sudeste SSE – Sul-Sudeste
Su
te

SSO – Sul-Sudoeste OSO – Oeste-Sudoeste


es

oeste

de
Sul-S
do

st

ONO – Oeste-Noroeste NNO – Norte-Noroeste


e
Su

Sud

udeste
Sul-

Sul

Cenário 2

A prática do dia a
dia
7:23
Conhecer o espaço para
se localizar
Para que você possa localizar-se precisamente sobre o espaço
terrestre, não basta apenas ter o conhecimento da rosa dos ventos.
É necessário ter conhecimento do espaço de onde se quer deslo-
car, do local aonde se quer chegar e dos elementos naturais e cultu-
rais que se podem utilizar como pontos de referência para traçar o
rumo que o orientará no deslocamento.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 37

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37

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Diálogo com o
professor Podemos utilizar a experiência do nosso lugar para entender-
mos como podemos nos deslocar pelo espaço geográfico social-
mente construído nos dias de hoje. É só começar a imaginar que no
Converse com os alunos sobre como os pequeno espaço da nossa casa fomos aprendendo, aos poucos, a nos
deslocar. Mentalmente, você traçava o caminho que queria percorrer
gregos e outras culturas orientavam suas com- a partir do minúsculo espaço do seu quarto. Da mesma forma, cons-
preensões de mundo e como a Igreja com- truía uma espécie de mapa imaginário com os elementos conhecidos
preendia a espacialização planetária. do interior do seu lar. Cadeiras, estantes, corredores, portas, fogão,
geladeira, tudo era utilizado como orientação para que você se deslo-
casse nesse espaço bastante familiar.
Leitura Com o passar do tempo, você foi ampliando seus horizontes,
na medida em que, ao sair para a escola ou a passeio com seus pais,
complementar foi tomando conhecimento de diversos elementos culturais e natu-
rais presentes na paisagem. A partir desse momento, você ganhou
mais autonomia, pois esses elementos passaram a servir de pontos
O astrolábio foi um instrumento astro- de referência para seus futuros deslocamentos sobre o espaço.
De casa para a escola, do cinema para a sorveteria, da sorvete-
nômico bastante utilizado pelos árabes duran- ria para casa, os pontos de referência por você conhecidos servirão
te a Idade Média. Eles usaram esse instrumen- como referenciais para que você trace mentalmente os caminhos e
os rumos que deseja ou que precisa tomar para chegar aonde quiser.
to para navegar e estudar astronomia. Por isso,
Nesse momento, você pode associar os elementos culturais e
eram considerados ótimos navegadores. No naturais aos referenciais de posição da rosa dos ventos e ampliar
islã (religião dos muçulmanos), o equipamen- ainda mais os seus horizontes de localização e deslocamento.
to ajudou a determinar a posição exata da ci-
Cenário 3
dade de Meca e os horários de oração. Alguns
estudiosos atribuem ao matemático grego Hi-
parco (século II a.C.) — considerado “pai
Quando o céu se
da astronomia” — a invenção do instrumen-
to que determina a altura dos corpos celestes
esconde
com relação à linha do horizonte (altitude), Orientação artificial
mas foi pelos árabes que a Europa o conheceu
Como vimos anteriormente, podemos nos orientar utilizando
e que o astrolábio desempenhou, junto com a simplesmente referenciais como elementos da paisagem ou astros
bússola, um importante papel na expansão co- conhecidos, a exemplo do Sol e das estrelas. Porém, em algumas
situações, como numa viagem oceânica ou num dia de tempestade,
mercial marítima.
quando não podemos visualizar esses elementos, o que fazer para
não perder o rumo certo? Com certeza, muitos perderam a direção
tentando se deslocar sobre o espaço em momentos como esses. Ou-
Anotações tros atrasaram sua jornada esperando que o tempo melhorasse para
que pudessem visualizar os referenciais.
Problemas como esses dificultaram, durante muito tempo,
os deslocamentos longos e o contato de pessoas de continentes
diferentes. Contudo, como a criatividade costuma vir de situa-
ções de necessidade, os seres humanos começaram desde tem-

38 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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pos remotos a desenvolver instrumentos de orientação cada vez Geografia em cena
mais precisos.
Vamos voltar um pouco no tempo para conhecer o desenvolvi- O manejo do astrolá-
mento dos instrumentos de orientação do passado até os dias atuais. bio exigia a participação
Na Grécia do século I antes de Cristo, foi desenvolvido o mais de, pelo menos, duas pes-
antigo instrumento de orientação de que se tem conhecimento: o soas. Sua forma consistia
astrolábio. em um grande círculo, por
cujo interior corria uma ré-

Brian Maudsley/Shutterstock.com
gua. Uma pessoa suspendia
o astrolábio na altura dos
olhos, alinhando a régua
com o Sol, enquanto outros
liam os graus marcados no
círculo.

Réplica do astrolábio medieval.

O astrolábio era um instrumento que apresentava múltiplas


funções. Podia ser utilizado para medir a altura dos astros acima do
horizonte em estudos astrológicos e astronômicos ou para resol-
ver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício

Reprodução
ou a profundidade de um poço.
O primeiro astrolábio foi criado pelo filósofo Hiparco e era
formado por um disco de latão graduado na sua borda, um anel de
suspensão e uma mediclina (espécie de ponteiro).
Posteriormente, foi desenvolvido pelos árabes islamitas no
século IX e readaptado pelos portugueses para a navegação, com
a criação do astrolábio náutico. Este era uma versão simplificada
do tradicional e tinha a possibilidade apenas de medir a altura dos
astros para ajudar na localização em alto-mar.
No século XVIII, um oficial da marinha inglesa desenvolveu
um novo instrumento de orientação para a navegação: o sextan-
te. Trata-se de um instrumento elaborado para medir a abertura
7:23
angular da vertical de um astro e o horizonte com o objetivo de
encontrar o posicionamento global aproximado para a navegação.
Serve também para calcular as distâncias a partir da comparação
do tamanho aparente dos objetos. Por permitir medições angulares
com grande exatidão, o sextante foi, a partir das grandes navega-
ções, considerado o instrumento de maior importância para a his-
tória da navegação e, por esse fato, foi reconhecido como símbolo
Homem do século XVIII utilizando o
da navegação marítima durante mais de dois séculos, até a criação sextante, instrumento de navegação re-
do Sistema de Posicionamento Global (GPS). cém-inventado.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 39

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39

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Anotações
Geografia em cena

O funcionamento do sextante é muito simples. Ele mede


o ângulo entre dois objetos. Observa-se inicialmente o hori-
zonte por meio da luneta que se encontra em sua extremidade.
Move-se, então, uma régua de madeira ou metal chamada alida-
de, que gira em torno de um dos seus pontos, e da qual uma das
extremidades se move sobre uma escala, até coincidir a imagem
do astro com o horizonte. Nessa régua, há um espelho grande
que, juntamente com um espelho menor localizado no setor do
instrumento, realiza um mecanismo de dupla reflexão. Esse me-
canismo faz com que o valor calculado da angulação seja visuali-
zado pela localização da alidade no limbo do instrumento.

Arne Bramsen/Shutterstock.com
Sugestão de
abordagem

Inicialmente, é necessário que o aluno Navegador medindo o ângulo entre o horizonte e um astro, que pode ser o Sol ou a Lua.
compreenda que desde a utilização da bússola
pelos europeus é o norte, e não o leste, o ponto
Ensaio geográfico
básico para a orientação sobre o espaço.
Uma atividade interessante para a fami- 1 Observe o mapa abaixo.
liarização dos alunos é a construção de uma Identifique os estados que estão a norte, sul e
bússola. Outra sugestão é desenhar no pá- oeste do Estado de Pernambuco.
tio do colégio uma rosa dos ventos, ou rosa Maranhão Ceará Rio Grande
Norte: Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
dos rumos, a partir da posição do Sol nascen- do Norte
Sul: Alagoas, Sergipe e Bahia.
Paraíba
te. Observe, logo abaixo, um passo a passo de Piauí
Pernambuco
Oeste: Piauí e Maranhão.
como fazer uma bússola em sala de aula, com Alagoas
Sergipe
a supervisão do seu professor. Bahia

Bússola N

O L
0 300 km 600 km

Materiais: S

• Agulha de costura.
• Rolha de cortiça. 40 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se
• Faca.
• Vasilhame (ou prato) com água.
• Ímã. CG_6ºano_02.indd 40 07/03/2018 13:37:24

• Cola. • A bússola foi o instrumento mais importan- uma agulha magnetizada, colocada num plano
te da “Era dos Descobrimentos” da navegação. horizontal e suspensa por seu centro de gravida-
Procedimento: Ela consegue indicar os polos magnéticos da de, de maneira que possa girar livremente, e cuja
Corte uma rodela da rolha de cortiça com Terra. Para que os alunos entendam melhor ponta imantada aponta sempre para o polo norte
aproximadamente um centímetro de altura. como ela funciona, explique primeiro o que magnético e, dessa maneira, de modo aproxima-
Raspe a ponta da agulha, por cerca de um mi- são os polos magnéticos. do, para o norte geográfico. Dessa maneira, os na-
nuto, no ímã. Fixe a agulha na parte superior • Os polos geográficos são determinados em vegadores podiam utilizá-la para ajudar a determi-
da cortiça utilizando a cola e ponha para flu- função do movimento de rotação da Terra, nar o curso a tomar.
tuar no vasilhame com água. enquanto os polos magnéticos são o resultado
A agulha irá girar até que sua ponta iman- do campo magnético gerado pelo movimento Disponível em:
tada aponte para o norte. Alguns pontos in- do metal fundido do núcleo externo em torno http://eurekacienciaquevocemesmopodefazer.blogspot.
teressantes de reflexão após a realização desse do núcleo metálico sólido da Terra. com.br/2013/05/ na-direcao-certa-fazendo-uma-
experimento são: • As bússolas são, geralmente, compostas por bussola.html. Acesso em: 25/11/014.
C
40

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2 Observe a imagem abaixo e depois responda às questões.
a. Qual é a direção de A até B?
De sudeste a noroeste.

B N b. Qual é o ponto subcolateral à direita do ponto B?

Norte–Noroeste.
A
c. Qual é o ponto subcolateral à esquerda de A?

Sul–Sudeste.

3 Observe a rosa dos ventos abaixo e complete os espaços com os pontos cardeais, colaterais e subco-
laterais respectivos.
N
NNE NNO
NO NE

ONO ENE

O L

OSO ESE

SO SE
SSO SSE

S
4 O texto abaixo nos conta um pouco da influência dos astros na orientação geográfica dos índígenas
brasileiros. Leia-o e, em seguida, responda às perguntas.
7:24

“A vida social e religiosa dos tupis-guaranis é guiada, principalmente, pela presença do Sol. O
astro tem um nome espiritual, Nhamandu, diferente do termo usado para denominá-lo no cotidiano,
Kuaray. O próprio calendário guarani é ligado à trajetória solar, dividido em tempo novo (primavera e
verão) e tempo velho (outono e inverno). O meio-dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano são
determinados de acordo com um relógio solar vertical, a exemplo de como faziam povos no Egito, na
China, na Grécia e em diversas outras partes do mundo.”
(Fonte: http://www.almanaquebrasil.com.br/curiosidades-cultura/7291-o-ceu-segundo-os-indios.html. Acessado em
27/09/2012.)

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 41

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a. Segundo o texto, como o Sol pode auxiliar, no acompanhamento do tempo ao longo do dia, os povos
tupis-guaranis?
Sugestão de resposta: Os povos tupis-guaranis baseavam-se na movimentação aparente do Sol, uti-

lizando-se de um relógio solar vertical. Dessa forma, conseguiam identificar os pontos cardeais e as

estações do ano, por exemplo.

b. Que exemplo da importância dos astros na vida dos índígenas você achou mais interessante? Por quê?
Resposta pessoal. É importante que o aluno destaque características ligadas ao capítulo, tais como a

percepção de variação do dia solar, a rosa dos ventos e a utilização de astros no cotidiano desses povos.

5 Observe a imagem abaixo.


Se você estivesse dentro de um barco, às 17 horas, seguin-
do o rio do ponto A para o ponto B, você estaria indo em
direção a qual ponto cardeal?
Sugestão de resposta: O aluno tem que atentar para a posi-
B

ção em que o Sol estaria naquela hora. O Sol já teria com-


rio A

pletado quase todo o movimento de leste para oeste, no dia.

6 Sabendo que a cidade de Macapá está locali- Venezuela Guiana


Francesa
N
zada na região Norte, qual a direção que cadaColômbia
uma Suriname
Guiana
L
das três pessoas deverá seguir? Considere: Antô-
O
tida (Salvador, Porto Velho e Brasília) seguirá uma direção, tendo como referência a
Sugestão de resposta: O aluno deverá considerar que, de cada um dos lugares de par-

Equador Macapá

nio está em Salvador; Luís, em Porto Velho; e Pe- S

dro, em Brasília.
rosa dos ventos, da bússola (Pontos cardeais, colaterais e subcolaterais).

Porto Velho

Salvador
Peru

Brasília
Bússola de Bússola de Bússola de Bolívia
Antônio Luís Pedro

Antônio: de Salvador para a direção Norte-No-


Paraguai
CG

roeste (NO); Luís: de Porto Velho seguirá na dire-


Chile

Oceano
Pacífico
Oceano

Atlântico
ção Nordeste (NE); Pedro: de Brasília seguirá na
Argentina

0 460 km 920 km
direção Norte (N). Uruguai

7 A bússola é um instrumento de orientação extremamente preciso, porém em alguns momentos ela


pode estar completamente desorientada. Pesquise e responda no seu caderno: quais as possíveis causas
da desorientação de uma bússola? Espera-se que o estudante compreenda que a bússola pode ser deso-
rientada pela movimentação do Polo Norte magnético.
42 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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42

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(oeste). Pode-se também utilizar L, para les-
te, e O, para oeste.
Cenário 4 Utilizam-se, igualmente, os sinais + ou –
para a indicação das coordenadas: N e E, si-
Ruas e avenidas nal positivo, e S e W, sinal negativo. Assim,
quando o ponto estiver localizado ao sul do
A criação do sistema de Equador, a leitura da latitude será negativa, e,
coordenadas ao norte, positiva. Já com relação à longitude,
quando o ponto estiver a oeste de Greenwich,
Como você aprendeu anteriormente, é muito importante do- seu valor será negativo, e, a leste, positivo. Para
minar e utilizar os conhecimentos de localização.
Em primeiro lugar, é fundamental saber identificar os pontos exemplificar, vejamos o caso do município de
cardeais, colaterais e subcolaterais que compõem a rosa dos ventos. Arroio do Meio, no Estado do Rio Grande do
Em seguida, é essencial saber manusear o mais simples instrumento Sul. De acordo com o IBGE, para efeitos de
de orientação, que é a bússola. Contudo, apenas isso não basta para
que você localize um ponto e se desloque com precisão sobre a su- localização, esse município situa-se nas coor-
perfície deste grande Planeta até encontrá-lo. denadas λ = 51°56’24” WGr (lê-se: cinquenta
Nesse caso, você sabe apenas que rumo seguir. Vamos imaginar
e um graus, cinquenta e seis minutos e vinte e
que você precise enviar uma carta para um amigo, mas ele lhe deu
como referência apenas que mora na zona sul da cidade do Reci- quatro segundos de longitude oeste, ou a oeste
fe. Ora, se ele lhe deu como referência de onde mora apenas isso, de Greenwich), ou ainda, λ = -51°56’24”, e φ =
o carteiro terá muitas dificuldades para fazer chegar até a casa de
seu amigo a sua carta, uma vez que, nessa região da cidade, existem
29°24’S (lê-se: vinte e nove graus e vinte e qua-
diversos bairros, com muitas ruas e várias casas, onde moram mui- tro minutos de latitude sul, ou ao sul do Equa-
tas pessoas. Se você realmente quer que a carta chegue à casa do dor), ou então, da forma φ = -29°24’.
seu amigo, você deve lhe pedir informações mais precisas, como o
nome do bairro e da rua, além do número da casa e do Código de
Endereçamento Postal (CEP). Fonte: FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. São
Agora, imagine um navio no meio do oceano ou um avião so- Paulo: Oficina de Textos, 2008. p. 67-68.
brevoando o deserto à noite. De que forma ele chegaria com exati-
dão ao seu destino final?
photocagiao/Shutterstock.com

Anotações

Os navios cargueiros usam coordenadas de GPS para guiar-se em alto-mar.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 43

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Leitura das geográficas, latitude e longitude, conten-


complementar do unidades de medida angular, ou seja, graus
(°), minutos (’) e segundos (”).
As coordenadas geográficas localizam,
Sistema de coordenadas de forma direta, qualquer ponto sobre a su-
geográficas perfície terrestre, não havendo necessida-
de de qualquer outra indicação complemen-
A forma mais usual para a representação tar, como no caso das coordenadas UTM.
de coordenadas em um mapa se dá com a apli- Para isso, basta ser colocado, junto ao va-
cação de um sistema sexagesimal, denomina- lor de cada coordenada, o hemisfério corres-
do sistema de coordenadas geográficas. Os pondente: N e S, para, respectivamente, nor-
valores dos pontos localizados na superfí- te e sul, e E e W para, respectivamente, leste
cie terrestre são expressos por suas coordena- e oeste, sendo E de East (leste) e W de West
:25
43

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Leitura
complementar Polo Norte

O Meridiano de Greenwich Inclinação axial

Equador
A data de 11 de Agosto de 1675 corres-
ponde à fundação do Observatório Astronô-
mico de Greenwich, instituição que se torna-
ria importante na consolidação de um método

BlueRingMedia/Shutterstock.com
Eclíptica
rigoroso para estabelecer a longitude terrestre,
coordenada pela qual é possível saber se um
determinado lugar (em terra ou no mar) se en-
contra a Leste ou a Oeste de um ponto (ou li-
nha) considerado como referência.
Na verdade, a preocupação já era antiga, Polo Sul
julgando-se terem sido Eratóstenes e, poste- Foi pensando nessa dificuldade que, para localizar com pre-
riormente, Hiparco (cerca de 150 anos antes cisão qualquer ponto sobre a superfície da Terra, os cartógrafos
criaram um conjunto de linhas imaginárias denominadas de meri-
do início da nossa era) os primeiros a propo- dianos e paralelos, que se cruzam formando a base de um sistema
rem o uso de duas coordenadas para definir de localização denominado de coordenadas geográficas.
Agora, vamos compreender de que forma os cartógrafos cria-
um lugar na superfície terrestre. Considerada
ram esse minucioso sistema de orientação.
a Terra como um globo, era relativamente fá- Inicialmente, os cartógrafos imaginaram o planeta Terra como
cil conhecer a latitude pela elevação da estre- uma grande esfera (você já deve saber que o nosso planeta é uma qua-
se esfera) e traçaram uma linha que, em sentido Norte-Sul (de um
la polar, mas, quanto à longitude, para além polo a outro), atravessava toda a esfera de uma extremidade à outra,
de imaginar um conjunto de linhas (meridia- como mostra a figura acima. Nesse momento, recriaram o eixo de
nos) indo de um ao outro polo, era indispen- rotação da Terra em dois hemisférios diferentes: o Leste e o Oeste.
Posteriormente criaram, de forma imaginária, uma circunfe-
sável tomar um desses meridianos como refe- rência contornando toda a esfera terrestre a uma distância igual
rência e possuir um método de, em um local entre os dois polos. Nesse momento, criaram a Linha do Equador,
a Leste ou a Oeste de tal referência, conhecer a maior das circunferências, que, com aproximadamente 40.076
km, abraça todo o Planeta de forma imaginária, como um cinturão,
o deslocamento em relação a esse meridiano. criando dois novos hemisférios: Norte e Sul.
No entanto, demorou algum tempo até se ob- A partir dessa delimitação, em todas as representações do
ter concordância acerca de tal referência, ten- globo terrestre são traçadas circunferências paralelas ao Equador.
Contudo, em virtude da forma da Terra, elas apresentam dimen-
do sido ultrapassado um período em que cada sões menores quando vão se aproximando dos polos.
país produzia as suas cartas de navegação com Essas linhas são os paralelos marcados por graus, que variam de
0º (Equador) até 90º (polos) tanto para o Norte quanto para o Sul.
base no seu meridiano zero, razão por que ele
Desses noventa paralelos, apenas quatro, além da Linha do Equa-
foi admitido na Ilha do Ferro (a mais ociden- dor, têm denominação específica: Trópico de Câncer, Trópico de
tal do arquipélago das Canárias), na Ilha de
Cabo Verde, em Londres, Lisboa, Paris e na 44 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se
Madeira, tendo até a Ilha do Pico sido sugeri-
da para tal função.
Mais importante do que obter consen- CG_6ºano_02.indd 44 07/03/2018 13:37:26 CG

so quanto à localização da linha de “origem” a grandes diferenças de temperatura e a altos no, realizada em Washington, em 1884, 26 paí-
da contagem da longitude, era conseguir um graus de humidade. ses concordaram em usar o meridiano que passa
método rigoroso de conhecer o que gerou al- Acreditava-se, então, que bastaria, em por Greenwich como referência, embora alguns,
guns esforços, nomeadamente o estabeleci- alto-mar, conhecer a hora de referência e — como França e Portugal, continuassem — por
mento de prêmios. Em 1598, Filipe III de Es- pela determinação do meio-dia solar (o mo- mais algum tempo — a usar os seus próprios me-
panha propõe uma generosa quantia, à qual mento em que o Sol atingia a sua altura máxi- ridianos, Paris e Lisboa, respectivamente. Só em
Galileu se candidata, oferecendo-se para tra- ma) — estabelecer a diferença de horas entre 1911 se estabeleceu, em Portugal, a subordina-
balhar em Lisboa, e, mais de 100 anos de- o local de referência e o local de observação. ção da hora legal ao Meridiano de Greenwich.
pois, é o governo inglês a tomar iniciativa A correspondência entre uma hora e 15 graus
idêntica, de que viria a surgir o primeiro cro- daria a diferença de longitude entre os dois lu- Disponível em: http://www.superinteressante.pt/index.
nômetro de marinha, instrumento capaz de gares e, consequentemente, o valor correspon- php?option=com_ content&view=article&id=51:o-
manter a hora (com rigor) à custa da sua ca- dente ao local onde a avaliação era efetuada. meridiano-de-greenwich&catid=33:cacadores-de-
pacidade de resistir aos balanços dos navios, Na Conferência Internacional do Meridia- estrelas&Itemid=124. Acesso em: 25/11/2014.

44

ME_CG_6ºano_02.indd 44 29/03/2018 11:52:06


Diálogo com o
Capricórnio, Círculo Polar Antártico e Círculo Polar Ártico professor
(como mostra a figura abaixo). Estes são denominados paralelos
de referência, e suas denominações foram criadas com base na dis-
tribuição dos raios solares ao longo do ano. É importante que o aluno entenda as
Paralelos causas e os interesses políticos que tornaram
Greenwich o meridiano inicial. Para isso, seria
Equador Hemisfério Norte Coordenadas
geográficas

interessante a utilização do saber histórico


Hemisfério Sul para orientar uma pesquisa sobre o tema.
Meridianos Meridiano de Greenwich O tema pode ser trabalhado com o intui-
to de mostrar ao aluno que, em uma esfera (a
Hemisfério Leste Terra), qualquer ponto pode ser referencial
em uma planificação. Para comprovar, utilize
Hemisfério Oeste

Nossos paralelos uma bola e trace uma linha aleatória unindo


um polo ao outro. Esse exemplo simples mos-
Nosso país, por causa das suas dimensões continentais, é “cor- trará que qualquer lugar da Terra pode servir
tado” por dois dos cinco paralelos de referência: a Linha do Equa-
dor, que passa pelos estados brasileiros do Amazonas, de Roraima,
de referência para se criar a longitude prima.
do Pará e do Amapá, e o Trópico de Capricórnio, que atravessa o
extremo sul do Estado de Mato Grosso do Sul, o norte do Estado
do Paraná e ao sul do Estado de São Paulo.

Anotações
Brasil: político
Venezuela Guiana
Francesa
Colômbia Suriname N
RR Guiana
AP O L
Equador
S

AM
MA CE
PA RN

PI PB
PE
AC
TO AL
RO SE
Peru MT BA
DF

Bolívia
GO

MG
MS ES
SP
de Capricó
rnio Paraguai RJ
Trópico
PR Oceano
Chile
SC Atlântico
Pacífico
Oceano

Argentina
RS 0 525 km 1.050 km

Uruguai

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 45

7:26 CG_6ºano_02.indd 45 07/03/2018 13:37:26

45

ME_CG_6ºano_02.indd 45 29/03/2018 11:52:07


Você se lembra daquela primeira linha que utilizamos para divi-

Maksim Budnikov/Shutterstock.com
dir o Planeta em sentido Norte-Sul, ligando um polo a outro? Essa
linha recebeu a denominação de Meridiano Principal, Meridiano
Inicial, ou Meridiano de Greenwich. Esse nome vem do fato de
que essa linha, que foi escolhida para ser o meridiano de referência
(0º), passa pela torre do observatório astronômico de Greenwich,
localizado no bairro de Greenwich, em Londres, Inglaterra.

Por que Greenwich?


Observe a figura abaixo.

Observatório Real, Greenwich, em Lon-


dres, Inglaterra.
E D
C A B

Agora, responda: qual dos cinco pontos (A, B, C, D, E) deve


ser utilizado como referencial para dividir a esfera em dois hemisfé-
rios (metade de uma esfera), Leste e Oeste?
Qualquer ponto de uma esfera pode ser utilizado como referen-
cial para se dividir a Terra em dois hemisférios, porém Greenwich foi
definido como meridiano de referência em 1884, a partir de um
acordo internacional no qual a Inglaterra, maior potência da época,
revelou todo o seu poder.

180º
150º 150º
de Mudança de Data
Linha Internacional

60º
30º 90º 120º 120º
0º 30º 60º

90º Polo Norte 90º


de Greenwich
Meridiano

60º 60º

30º 30º

46 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

CG_6ºano_02.indd 46 07/03/2018 13:37:28 C


46

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Desde essa época, o Meridiano de Greenwich serve como refe-
rencial para dividir o Planeta em dois hemisférios (Leste, ou Orien-
te, e Oeste, ou Ocidente), bem como para numerar em graus outros
360 meridianos — 180 a leste e outros 180 a oeste.
Diferentemente das linhas paralelas, os meridianos não são
circunferências que contornam a esfera terrestre nem têm di-
mensões distintas. Cada meridiano é a metade de uma esfera
que liga um polo a outro. Contudo, para cada meridiano, existe
um antípoda, e o encontro entre esses meridianos forma uma
circunferência cuja medida é de 40.009 km — portanto, menor
que a circunferência formada pela Linha do Equador. Esse fato
mostra claramente que o nosso planeta não tem a forma perfei-
tamente esférica, uma vez que possui um leve achatamento nas
regiões polares.
O Meridiano de Greenwich serve como base de referência
para o estabelecimento dos fusos horários (que estudaremos mais à
frente) do Planeta. A leste de Greenwich, as horas são adiantadas;
e, a oeste, as horas são atrasadas.

Planisfério
o o o o o o o o o o o o o
180 150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180

Oceano Glacial Ártico N


Círculo Polar Ártico O L
60o
Ásia S
Europa
Hemisfério Oeste, Hemisfério Leste,
o ou Ocidental ou Oriental
30
Trópico de Câncer

Oceano Oceano Oceano


América África Pacífico
Pacífico Atlântico
o
Equador
0
Oceano
Índico
Trópico de Capricórnio Oceania
o
30

o 0 2.663 km 5.326 km
60
Círculo Polar Antártico

Planisfério: paralelos e meridianos. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 65. Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 34.

Portanto, identificar os hemisférios da Terra e as linhas


imaginárias que cortam o Planeta é de grande importância
para poder localizar qualquer lugar sobre o espaço terrestre.
Por isso, os planisférios incluem todas essas linhas, pois qual-
quer ponto sob a superfície do Planeta é apontado pelo cruza-
mento delas como se fosse uma alça de mira. Como mostra a
figura da próxima página.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 47

:28 CG_6ºano_02.indd 47 07/03/2018 13:37:28


47

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Anotações
Planisfério com rede de coordenadas
90
80

Norte
60

40

20
N

Equador
0 O L

S
20

Meridiano de Greenwich
Sul
40

60

0 2.747 km 5.494 km

80
90
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Oeste Leste

Latitudes e longitudes
Leitura das ruas
complementar Destinatário:
Observe que, nas correspondências que chegam à sua casa, exis-
Vanderlei Pernambucano da Silva tem referenciais específicos para que o carteiro possa chegar até seu
Rua Cais do Apolo, nº 925 endereço com exatidão. Além dos nomes da cidade e do bairro, tam-
O problema da determinação Recife – PE
CEP – 50030-908 bém estão na correspondência o número da casa e o Código de Ende-
reçamento Postal (CEP). Esses dois últimos são fundamentais para a
da longitude Av
localização da sua casa.
N
.N
or
te Vamos supor que você more em João Pessoa, na Paraíba, e
As linhas de latitude e longitude come- queira mandar uma carta à Prefeitura do Recife. Na sua carta, deve
Av. Alfredo Lisb

O L
constar o nome da rua, do bairro, o número do imóvel e o CEP.
çaram a entrecruzar a nossa visão do mundo S
Observe a carta ao lado.
oa

já na Antiguidade, pelo menos trezentos anos Com tais informações, utilizando um mapa como o que está
a
or
ur
aA

Av

acima, fica fácil chegar ao local indicado na carta.


.M
Prefeitura
ad

antes do nascimento de Cristo. Ao redor de


ili
ta
Ru

r
do Recife
Para nos deslocarmos sobre a superfície terrestre, seguimos uma
150 d.C., o cartógrafo e astrônomo Ptolomeu orientação semelhante, na medida em que as linhas de paralelos, de-
as havia marcado nos 27 mapas de seu primei- nominadas latitudes, e as de meridianos, denominadas longitudes,
olo Ap

Rio Capibaribe traçadas sobreOceano


o planisfério,
Atlântico ao se cruzarem, funcionam como uma
ro atlas. Nesse volume, que constitui um mar-
Cais do

espécie de “endereço”, que chamamos de coordenada geográfica.


co, Ptolomeu apresentou um índice no qual Praça Tiradentes

estão listados todos os nomes de localida- 48 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se


des, em ordem alfabética, com a latitude e a
longitude de cada uma delas — tanto quan-
to pudesse aferir dos relatórios a ele feitos por CG_6ºano_02.indd 48 07/03/2018 13:37:29

viajantes. Ptolomeu tinha uma visão apenas por cima do Equador. Da mesma maneira, os los cartógrafos como passando pelas ilhas dos
remota da amplidão do mundo. Em sua épo- Trópicos de Câncer e de Capricórnio, dois ou- Açores e de Cabo Verde e também por Roma,
ca, era comum a concepção errônea de que tros famosos paralelos, assumiam suas posições Copenhague, Jerusalém, São Petersburgo, Pisa,
qualquer ser vivo vivendo abaixo do Equador ao comando do Sol. Esses dois trópicos mar- Paris e Filadélfia, entre outros locais, até se fixar
se deformaria, derretido pelo terrível calor. cam os limites norte e sul do movimento apa- em Londres. À medida que o mundo gira, qual-
O Equador, dentro dos conceitos de Pto- rente do Sol ao longo do curso do ano. quer linha traçada de polo a polo pode servir
lomeu, marcava o paralelo com grau zero de la- Ptolomeu, porém, tinha liberdade para tão bem quanto qualquer outra como ponto de
titude. Essa não foi uma escolha arbitrária por posicionar seu meridiano primo, a linha de zero referência. A localização do meridiano primo é
parte desse astrônomo da Antiguidade, mas a grau de longitude, onde bem entendesse. O es- uma decisão puramente política.
posição assumida pelas autoridades superiores tudioso resolveu passá-lo pelas Ilhas Fortuna-
que o precederam, derivada da natureza pela te (hoje chamadas Ilhas Canárias e da Madei- Disponível em: https://www.companhiadasletras.com.
observação dos corpos celestes. O Sol, a Lua ra), situadas a noroeste da costa da África. Mais br/detalhe/trecho.php?codigo=80076. Acesso em:
e os planetas passavam quase que diretamente tarde, foi localizado o primeiro meridiano pe- 05/12/2017.
C
48

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As latitudes da Terra
Latitude é a distância medida em graus de qualquer lugar da
superfície da Terra até a Linha do Equador. Como essas linhas cir-
culares, todos os pontos localizados no mesmo paralelo apresentam
a mesma latitude. Em virtude de o referencial para as latitudes ser a
Linha do Equador, que divide a esfera terrestre em dois hemisférios
— Norte, também denominado de boreal, ou setentrional, e Sul,
também chamado de meridional, ou austral —, qualquer região
localizada em um desses hemisférios terá latitude norte ou latitude
sul, respectivamente.
Tomemos como exemplo o planisfério abaixo. Nele, dois bar-
cos estão localizados em pontos diferentes. O indicado pelo núme-
ro 1 está na latitude 50º Norte, e o indicado pelo número 2, a 50º
Sul. Além disso, se o deslocamento for na extensão dessas linhas, as
latitudes serão as mesmas.

Planisfério com rede de coordenadas


180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
90
80

70

60 1
50
40
30
20 Norte
Equador
10
0

Sul
10
20

2
30
Meridiano de Greenwich

40
50
60

70
7:29

0 2.511 km 5.022 km

80
90
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Mas as latitudes servem mais do que para localização. Observe


que, à medida que vão se afastando da Linha do Equador, as latitu-
des vão crescendo de valor. Para diferenciá-las, os geógrafos dividi-
ram-nas em três conjuntos diferentes:

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 49

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49

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Baixas latitudes: Localizam-se entre os dois trópicos (Cân-

GustavoDantas/Shutterstock.com
cer e Capricórnio). Correspondem àquelas situadas próximas à Li-
nha do Equador, entre o Trópico de Câncer 23º26’14”(Norte), e o
Trópico de Capricórnio 23º26’14”(Sul).
Médias latitudes: Localizam-se entre os trópicos e os cír-
culos polares. Correspondem àquelas localizadas entre os trópicos
(Câncer ou Capricórnio, 23º26’14”, Norte e Sul, respectivamente)
e os círculos polares (Ártico ou Antártico, com a latitude em 66º
33’44” Norte e Sul, respectivamente).
Altas latitudes: Situadas acima dos círculos polares. Loca-
Países como o Brasil estão localizados em
áreas de baixa latitude. Na foto, Praia dos
lizam-se entre 66º33’44” e 90º de latitude, tanto no Norte quanto
Carneiros, em Pernambuco. no Sul.

Planisfério: zonas climáticas


N

Círculo Polar Ártico O L

Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio

0 2.663 km 5.326 km

Círculo Polar Antártico

Zona de alta latitude Zona de média latitude Zona de baixa latitude

Essa divisão do Planeta pelas linhas de latitude também ser-


vem para indicar as zonas climáticas da Terra, regiões de tempera-
tura diferente em virtude da diferença da incidência da luz solar em
cada uma dessas zonas climáticas, pois quanto maior a latitude mais
inclinada a luz incide, e quanto maior a inclinação, menos energia
solar chega àquela faixa da superfície terrestre.
Sendo assim, a latitude influencia nas médias térmicas anuais de
cada uma dessas zonas climáticas. As áreas de baixas latitudes apre-
sentam médias térmicas anuais mais elevadas e são chamadas de zo-
nas tropicais; essas médias térmicas vão diminuindo à medida que
caminhamos em direção às latitudes mais altas, também chamadas
de zonas polares, como mostra a figura da página anterior.

50 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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50
C

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As longitudes da Terra
Como vimos, as latitudes indicam a distância em graus de
qualquer superfície terrestre em relação à Linha do Equador no
Hemisfério Sul ou Norte, porém apenas as latitudes são insufi-
cientes para localizar com exatidão um ponto na superfície do
Planeta. Por esse motivo, os cartógrafos criaram, a partir do Me-
ridiano de Greenwich, outras linhas semelhantes e com a mes-
ma dimensão para indicar as longitudes. Portanto, longitude é
a distância em graus de qualquer lugar da Terra até a linha do
Meridiano de Greenwich. Todos os pontos localizados no mesmo
meridiano apresentam a mesma longitude, mas, como o meridia-
no inicial separa os hemisférios Leste (Oriental) e Oeste (Oci-
dental), as longitudes serão identificadas como longitude Leste
ou longitude Oeste.
Para chegar a essa compreensão, observe a imagem abaixo.
Nela, vemos dois barcos. Ambos estão localizados a 140º de longi-
tude, porém o indicado pelo número 1 está localizado na linha de
140º de longitude Oeste, enquanto o identificado pelo número 2
está localizado na linha de longitude 140º Leste.

Planisfério com rede de coordenadas


180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
90
80

O L
70

60 S

50
40
1
2
30
20

Equador
10
0
10
20
30 Oeste Leste
Meridiano de Greenwich

40
50
60

70 0 2.511 km 5.022 km

80
90
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 51

:30
51
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Anotações
Cenário 5

As coordenadas
geográficas
O endereço certo de
qualquer ponto da
Terra
Agora que você já sabe o que são latitudes e longitudes e como
encontrá-las, fica fácil compreender e encontrar a coordenada geo-
gráfica de qualquer lugar.
Coordenada geográfica é o encontro de uma linha paralela
com uma meridiana, assinalando com total exatidão qualquer pon-
to sobre a superfície da Terra, ou seja, as linhas paralelas e meridia-
nas são como ruas que mostram o endereço de nossa casa. Portanto,
Leitura todos os pontos da superfície do Planeta possuem uma coordenada
complementar geográfica, ou seja, uma latitude e uma longitude como endereços
definidos. A partir de agora, você está apto a encontrar qualquer
ponto sobre a superfície da Terra.

Uma guerra pela localização


Localização
Recentemente, estudantes norte-ameri- Hoje existe uma forma muito mais fácil e prática para qualquer
canos conseguiram burlar o sistema de segu- pessoa localizar-se sobre a superfície terrestre. O ser humano, com
rança que rege o GPS dos EUA. Os estudan- sua genialidade, criou um instrumento de pequenas dimensões, se-
melhante a um smartphone, no qual se pode obter as coordenadas
tes conseguiram desviar navios transatlânticos de qualquer local. Independentemente de onde você estiver, rapi-
de suas rotas, o que obriga os Estados Unidos damente você saberá as coordenadas de qualquer lugar.
a buscarem uma possível substituição para o O nome desse instrumento é GPS, sigla de Sistema de Po-
sicionamento Global (Global Positioning System). O GPS torna
sistema GPS. O GPS (Global Positioning Sys- possível essa tarefa por utilizar um sistema composto de 24 satélites
tem, na sigla inglesa) é um sistema de navega- artificiais que giram em torno do Planeta, mandando, permanente-
mente, sinais que são utilizados para localização.
ção por satélite, originalmente desenvolvido e
Além de poder ser utilizado para orientar qualquer tipo de veí-
implementado pelo Pentágono para as Forças culo, o GPS também é utilizado para tarefas como elaboração de
Armadas dos Estados Unidos. O sistema in- mapas, fornecimento de altitudes, rastreamento de veículos rouba-
dos ou atividades esportivas.
clui a constelação orbital de satélites Navstar.
Hoje, o GPS é capaz de determinar, no siste-
ma mundial de coordenadas, a localização de 52 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se
qualquer objeto em qualquer parte do plane-
ta. Em novembro de 2013, hackers, seja por di-
versão ou como aviso, inseriram no sistema de CG_6ºano_02.indd 52 07/03/2018 13:37:30 CG

posicionamento da navegação civil as coorde- tituição do GPS. Pelo menos do seu compo- íntegra: 24 satélites cobrem completamente
nadas de dois navios que não existiam na rea- nente militar. Entretanto, a Rússia e a União todas as regiões do Planeta, vários aparelhos
lidade. Ainda antes, no verão, alunos da Uni- Europeia acreditam que cada país deve ter orbitais estão em reserva. O sistema europeu
versidade do Texas desviaram de sua rota um seu próprio sistema autônomo de navegação Galileo foi inicialmente concebido para as
moderno iate oceânico, imitando sinais de sa- e controle de geolocalização. Qualquer siste- necessidades do mercado civil. No segmen-
télites GPS em seu laptop e transmitindo-os ma vinculado a um controle externo de ou- to militar, ele atende aos padrões do sistema
ao sistema de bordo, bloqueando os sinais ver- tros países é um “cavalo de Troia” não só em norte-americano Navstar.
dadeiros. Nem o capitão nem os equipamen- caso de guerra, mas em qualquer situação. É
tos perceberam a falsificação. Aparentemente, por essa razão que, apesar do monopólio glo- Fonte: Sputniknews.ru com adaptação de Francisco
existem exemplos mais graves de tais “brin- bal do GPS, vários estados e grupos de paí- Linhares. Disponível em: http:// br.sputniknews.com/
cadeiras”, porque representantes do Departa- ses criam seus próprios sistemas de navega- portuguese.ruvr.ru/2013_11_15/Estados-Unidos-
mento de Defesa dos EUA começaram a falar ção por satélite. O sistema russo Glonass, foram-apanhados-numa armadilha-de-navegacao-0693/.
do início do desenvolvimento de uma subs- por exemplo, está agora implementado na Acesso em: 22 /04/ 2015.

52

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Sugestão de
abordagem
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Alfa: Primeira letra do alfabeto grego (α) e que, Constelações: Conjunto constituído por vá-
em Astronomia, é utilizada para indicar a estre- rias estrelas. Com uma aula prática, os alunos podem
la mais brilhante de uma constelação. Islamita: Relativo ao islamismo ou alguém que usar o Sistema de localização por satélite em
Antípoda: Algo que se localiza ou se situa exa- o tem como religião.
tamente no lado oposto. Madeiro: Cada uma das partes componentes
seu celular e cada um procurar a longitude e la-
A olho nu: Observação do espaço que se faz de uma cruz. titude de sua casa e da escola.
sem a utilização de qualquer instrumento. Planisfério: Mapa que representa a esfera ter-
Astrológico: Referente à Astrologia, arte de restre em um plano.
interpretação da interferência dos astros na
vida das pessoas.
Referenciais: Elementos utilizados por um ob-
servador para indicar posições de deslocamen- Anotações
Astronômico: Referente à Astronomia, ciên- to sobre o espaço.
cia que estuda os corpos celestes e os fenôme- Tempos remotos: Tempos muito antigos.
nos que ocorrem fora da atmosfera da Terra.
Cartógrafo: Profissional especializado em ela-
borar mapas.

Aprenda com arte

A Era do Gelo
Direção: Chris Wedge, Carlos Saldanha.
Ano: 2002.

Sinopse: O mamute Manny, o tigre-dentes-de-sabre Diego e a preguiça-gigante Sid são amigos em


uma época muito distante dos dias atuais e vivem em meio a muito gelo. Até o dia em que eles encon-
tram um menino esquimó totalmente sozinho, longe de seus pais, e decidem que precisam ajudá-lo
a achar a sua família. Enquanto isso, o esquilo pré-histórico Scrat segue na sua saga para manter sua
amada noz protegida de outros predadores.

As aventuras de Tintim
Direção: Steven Spielberg.
Ano: 2011.

Sinopse: Tintim é um jovem repórter que está sempre atrás de boa matéria. Um dia, ele vê à venda
na rua o modelo de um galeão antigo e resolve comprá-lo. Logo dois outros interessados o abordam,
querendo adquirir o objeto, mas Tintim não o vende. Ele leva o galeão à sua casa, onde o coloca em
destaque. Só que a entrada de um gato faz com que Milu, seu cachorro, o persiga dentro de casa e, por
acidente, derrube o galeão. Ele fica danificado e um pequeno cilindro sai de seu interior. Tintim e Milu
vão à biblioteca, onde tentam encontrar mais informações sobre o navio retratado no modelo. Ao re-
tornar, percebem que o galeão foi roubado.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 53

7:30 CG_6ºano_02.indd 53 07/03/2018 13:37:30

53

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Encerramento
1 Observe a imagem abaixo para responder às perguntas.

30 20 10 0 10 20 30 a. Qual éa.a Qual


coordenada do pontodo
é a coordenada A?ponto A?
30 Lat. 20º Norte, Long. 0º
A
20 b. Qual éb.o Qual
pontoé mais meridional
o ponto de todos?de todos?
mais meridional
B
O ponto “D”.
10
C
D c. Quais c.
pontos
Quaisestão na mesma
pontos estão nalongitude?
mesma longitude?
0
B e C.
20 N

30

2 Identifique as coordenadas dos pontos assinalados no planisfério abaixo.

Ponto 1
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
90

N
Latitude – 10º S
80

70 O L
Longitude – 60º O
60
4 3 S
50
Ponto 2
40
Latitude – 50º S
140º E
30
20
Longitude –
Equador
10

1
0
10
Ponto 3
60º N
20
30
Latitude –
Meridiano de Greenwich

40
Longitude – 80º E
50
60
2
Ponto 4
50º N
70
0 3.822 km 7.644 km Latitude –
80
Longitude – 100º O
90
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

3 Sobre coordenadas geográficas, marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas, nas alternativas abaixo:
a. V Paralelamente ao Equador, ficam dispostos círculos que diminuem de tamanho à proporção que
se aproximam dos polos.
b. F A latitude de um lugar é medida em quilômetros e representa a distância entre dois pontos na
superfície do Planeta.
c. V As coordenadas geográficas compreendem a latitude e a longitude, que indicam com exatidão a
localização de qualquer lugar sobre a superfície da Terra.
d. F A longitude é o afastamento, medido em metros, de um meridiano em relação ao Meridiano de
Greenwich.

54 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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54

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4 Observe o mapa abaixo para responder às perguntas.
75º 70º 65º 60º 55º 50º 45º 40º 35º
5º N 5º
O L

0º S 0º
A
5º 5º

10º 10º
B
15º 15º

20º 20º

25º 25º
C
30º 0 446 km 892 km 30º

75º 70º 65º 60º 55º 50º 45º 40º 35º


a. Dê as coordenadas dos pontos A e B.
B: Lat. 15º, S Long. 50º O. A: Lat. 5º S Long. 75º L

b. Existe algum ponto localizado no Hemisfério Oriental?


Não.

c. Qual desses pontos é o mais setentrional? Dê suas coordenadas?


O Ponto C Lat. 30°, Long. 40º O

5 João deve viajar para uma cidade localizada a 15º de latitude Sul e a 45º de longitude Leste. De
acordo com as informações:
a. João estará acima ou abaixo da Linha do Equador?

Estará abaixo.

b. João estará à direita ou à esquerda do Meridiano de Greenwich?

Estará à direita.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 55

:31 CG_6ºano_02.indd 55 07/03/2018 13:37:32


55

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6 Um grupo de amigos resolveu planejar as próximas férias, e o objetivo é fazer uma viagem pelo
mundo. Com esse objetivo, pegaram um planisfério e marcaram quatro pontos que serviriam de base
para o seu deslocamento. Esses pontos estão dispostos na figura abaixo.
o o o o o o o o o o o o o
180 150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180
N
80
o
Oceano Glacial Ártico
O L
Círculo Polar Ártico
S
o
60

40
o
D Europa

B
Trópico de Câncer

Oceano
o
20

América África Pacífico


0o
Equador Oceano
Pacífico
Oceano C
20
o

Trópico de Capricórnio A Índico


Oceania
Oceano
Atlântico
o
40

0 2.930 km 5.860 km
Oceano Glacial Antártico
Antártida
o
Círculo Polar Antártico
60
o
80 o o o o o o o o o o o o o
180 150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180

Agora, responda:
a. Se o grupo se deslocar em sequência de A para B, de B para C e de C para D, quantas vezes passarão
do Hemisfério Boreal para o Hemisfério Austral?

Uma vez.

b. Qual dos continentes visitados fica inteiramente no Hemisfério Oriental?

Oceania.

c. Para se deslocar do ponto C para o ponto D, qual é o rumo que deverá seguir?

A forma mais curta será cortar o Oceano Pacífico no sentido nordeste.

d. Quando o grupo chegar ao continente africano, no ponto B, qual será sua coordenada?

Lat. 20º Norte e Long. 30º Leste.

7 Sobre as latitudes, numere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1 Zona de latitudes médias


2 Zona de baixas latitudes
3 Zona de altas latitudes

2 Regiões localizadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio.


1 Regiões localizadas entre os trópicos e os círculos polares.
3 Regiões localizadas entre o círculo polar e os polos.

56 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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56

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8 Observe o mapa abaixo e depois dê as coordenadas aproximadas das seguintes cidades brasileiras.
51º 50º 49º 48º 47º 46º 45º 44º 43º 42º 41º 40º 39º 38º 37º 36º 35º 34º 33º


Belém 2º
Fortaleza 3º
0 251 km 502 km 4º



Recife 8º

10º
11º
Salvador 12º
13º
Brasília 14º
15º

Oceano 16º
17º
Belo Horizonte Atlântico 18º
19º
20º
Rio de Janeiro N 21º
São Paulo O L 22º
S 23º
24º

Lat. 8° S / Long. 35° O. Lat. 19° S / Long. 44° O.


a. Recife – e) Belo Horizonte –

Lat. 15° S / Long. 47° O. Lat. 4° S / Long. 38° O.


b. Brasília – f ) Fortaleza –

Lat. 22° S / Long. 43° O. Lat. 1° S / Long. 48° O.


c. Rio de Janeiro – g) Belém –

Lat. 23° S / Long. 46° O. Lat. 13° S / Long. 38° O.


d. São Paulo – h) Salvador –

9 No século XXI, a ciência atinge um elevado grau de sofisticação, principalmente no que diz res-
peito à transmissão de informações. Um batalhão de satélites circula ao redor da Terra mandando
constantemente informações precisas sobre diversos fenômenos naturais. Indique de que maneira esses
satélites e novas tecnologias podem ajudar na orientação.
Espera-se que o aluno entenda que é por meio das informações emitidas pelos satélites que consegui-

mos utilizar o GPS, aparelho que nos ajuda na localização em que estamos ou que queremos.

Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 57

:32 CG_6ºano_02.indd 57 07/03/2018 13:37:32


57

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10 É possível localizar qualquer lugar da superfície terrestre determinando sua latitude e sua longitude,
ou seja, o paralelo e o meridiano que se cruzam em determinado lugar. Observando as linhas vermelhas
destacadas no mapa que correspondem aos paralelos e meridianos, responda ao que se pede:

N
75º
O L Oceano Glacial Ártico
60º 56º
S Europa 52º
48º
Londres Moscou
Ásia 45º
43º
42º
43º Paris
Nova York 36º
Roma Tóquio 30º
Trópico de Cânc
er Cairo Oceano 19º

Bombaim Pacífico 15º

Equador América África



Manaus 4º
Oceano Brasília Oceano
Pacífico Índico
Rio de Janeiro Oceania 16º

pricór nio 43º


Trópico de Ca
Oceano Sydney 30º
34º
Atlântico
45º
0 2.930 km 5.860 km

ar Antár tico 60º


Círculo Pol
Antártida 75º
165º 135º 105º 60º 30º 0º 31º 60º 105º 135º 151º
74º 48º 43º 13º 37º 73º 140º

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2002.

a. Escreva em qual continente se localizam as cidades de:


América
I – Rio de Janeiro, Brasília, Manaus e Nova York.
Europa
II – Londres, Roma e Paris.
Ásia
III – Bombaim e Tóquio.
África
IV – Cairo.

b. Quais cidades se encontram no Hemisfério Sul?


Manaus, Brasília, Rio de Janeiro e Sydney.

c. Identifique a cidade de acordo com sua localização:


Brasília
I – 16o latitude Sul e 48o longitude Oeste.
Manaus
II – 4o latitude Sul e 60o longitude Oeste.
Bombaim
III – 19o latitude Norte e 73o longitude Leste.
Moscou
IV – 56o latitude Norte e 37o longitude Leste.

58 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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58

ME_CG_6ºano_02.indd 58 29/03/2018 11:52:16


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 3 (EF06GE08) Medir distâncias na superfície


pelas escalas gráficas e numéricas dos mapas.
Letramento cartográfico Se antes os mapas serviam apenas para definir melho-
(EF06GE09) Elaborar modelos tridimensio-
nais, blocos-diagramas e perfis topográficos e
res rotas, hoje o homem conta como a possibilidade
de saber distâncias, visualização de relevo, hidrografia,
pluviosidade, etc...Tudo isso graças à tecnologia.
de vegetação, visando à representação de ele-
mentos e estruturas da superfície terrestre.

Objetivos
pedagógicos

• Relacionar o movimento de rotação da Ter-


ra com a sucessão dos dias e das noites.
• Compreender o sistema de coordenadas e
reconhecer sua importância para a localização.
• Identificar os principais paralelos e meridia-
nos e os hemisférios terrestres.
• Identificar, localizar e relacionar os elemen-
tos de um mapa.

Anotações

Neste capítulo, aprenderemos a ler e


interpretar mapas, para que possamos
compreender o espaço terrestre em
todos os seus aspectos naturais e
sociais.

terstock.com
Jacob Lund/Shut

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59

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Sugestão de
abordagem Cenário 1

Ao longo deste capítulo, você pode cons- Como apresentar a


truir e comparar mapas com visões diferentes
e elaborados por diferentes tipos de projeção, Terra?
mas sempre com o objetivo de ensinar o aluno
Do todo ao particular

EcoPrint/Shutterstock.com
a ler/compreender o espaço reproduzido car-
tograficamente e identificar os interesses e as Desde épocas muito antigas, o ser humano possui a necessida-
necessidades neles contidos. de de modificar o espaço em que vive. Como forma de localizar-se
e deixar registros sobre o lugar de vivência, os seres humanos dese-
nhavam de forma livre aquilo que compreendiam no espaço.
Diálogo com o

Natali Glado/Shutterstock.com
professor Pintura rupestre – Parque Nacional da
Serra da Capivara, Brasil.

É importante fazer o aluno entender que


o mapa é uma representação da esfera terrestre
em uma superfície plana e, por isso, apresenta
várias distorções. Mostre que os mapas não re-
produzem 100% a realidade.
Uma atividade muito simples que pode
ajudar o aluno a perceber as distorções causa-
das pela planificação de uma esfera é planificar Antiga escrita cuneiforme de povos que formaram o Iraque, sumérios e assírios.

uma bola. Pegue uma bola de plástico flexível, Inicialmente, foram as pinturas rupestres que decoraram o in-
corte-a ao meio e tente planificá-la sobre uma terior das cavernas em que os humanos habitavam. Posteriormente,
começaram a surgir desenhos do espaço em pedaços de argila, peles
mesa. A dificuldade de torná-la plana levará o de animais e, em seguida, pedaços de papel.
aluno a compreender as distorções causadas.

Sergey Mikhaylov/Shutterstock.com
Sugestão de
leitura

Geografia e política
Autor: Iná Elias de Castro
Sinopse: Mais do que abordar o problema Antigo mapa do Mar do Norte, entre a Inglaterra e o noroeste do continente europeu. 1570.

muito geral das relações entre o espaço e a po-


lítica, que pode dizer tudo ou não dizer nada, 60 Capítulo 3 – Letramento cartográfico
Geografia e política, de Iná Elias de Castro, ten-
ta compreender como a política, no seu sentido
institucional e operacional, invadiu as mais di- CG_6ºano_03.indd 60 07/03/2018 13:39:33 CG

ferentes dimensões do mundo contemporâneo don, fruto do trabalho de diversos pesquisa- tre si, o espaço adquire condição de território;
e nos coloca diante da necessidade de estudar dores, faz uma análise dos movimentos sociais dessa forma, a ação política de grande parte da
como a Geografia hoje é informada pela polí- sob a perspectiva geográfica, com base na for- classe trabalhadora envolve a conquista do es-
tica. Para isso, propõe-se ir além da perspectiva mulação de movimentos socioespaciais e mo- paço — e, portanto, a delimitação de seu po-
dos grandes modelos explicativos, agora postos vimentos socioterritoriais. Quando ainda era der manifestado na forma de território amplia
em causa pelas suas limitações, e recorre a um estudante de Geografia, o pesquisador deci- suas capacidades, permitindo maior controle
pluralismo teórico-conceitual mais adequado diu investigar a forma como os moradores de sobre os processos que condicionam sua vida.
à análise das muitas dimensões dos fenômenos um bairro da periferia se organizavam para, A partir dessa formulação e de pesquisas sobre
aparentemente contraditórios da atualidade. em busca de soluções para os problemas lo- reivindicações populares junto a uma associação
cais, chamar a atenção do poder público. Ele de moradores, o autor estabeleceu a relação en-
Geografia e movimentos sociais então deu início à sistematização de ideias que tre topografia, condições de vida e participação
Autor: Nelson Rodrigo Pedon o induziram a propor uma hipótese: nas rela- política, imprescindível para que ele pudesse re-
Sinopse: Esse livro de Nelson Rodrigo Pe- ções de poder que os homens estabelecem en- fletir sobre a importância da Geografia na com-

60

ME_CG_6ºano_03.indd 60 29/03/2018 11:51:21


Anotações

Mapa feito por povos da Antiguidade.

Com o desenvolvimento de diversas sociedades, os mapas fo-


ram ficando cada vez mais aperfeiçoados e contando com informa-
ções mais detalhadas sobre o espaço local e, posteriormente, sobre
o espaço planetário. Contudo, se você observar os mapas antigos,
notará que eles tinham pouca precisão técnica e pareciam mais de-
senhos feitos à mão. E isso era verdade. É o que, em Cartografia, é
chamado de croqui, ou seja, uma espécie de caricatura ou esboço
feito à mão sem necessidade de precisão técnica.

steve estvanik/Shutterstock.com

Antigo mapa da Ásia, 1570.

Diferentemente dos croquis, os mapas são confeccionados a partir


de estudos científicos, tecnologias precisas, além de técnicas artísticas
sofisticadas. Ao longo da história da humanidade, desenvolveu-se uma
ciência chamada Cartografia, encarregada de elaborar e produzir ma-
pas para que, por meio deles, as sociedades possam compreender os
diferentes espaços que constituem o planeta Terra.

Da esfera terrestre ao bairro


A forma mais coerente de representar a esfera terrestre é o glo-
bo. Ele representa, em dimensões reduzidas, o nosso planeta, con-
tudo essa reprodução apresenta alguns inconvenientes.
Imagine a dificuldade que é carregar o globo terrestre para di-
versos lugares.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 61

9:33 CG_6ºano_03.indd 61 07/03/2018 13:39:33

preensão dos processos sociais, cuja questão fun-


damental, ele afirma, é essencialmente territorial.

Geografia em sala de aula


Organizadores: Antonio Carlos Castrogiovan-
ni, Helena Copetti Callai, Neiva Otero Shäffer,
Nestor André Kaercher
Sinopse: A paixão de profissionais pela sala de aula
de Geografia é a fonte dessa coletânea. Um regis-
tro dos desafios que encontram em seu cotidiano.
Um convite para que o ensino e a aprendizagem em
Geografia se refaçam, aproximando-se das trans-
formações que estão presentes na sociedade.

61

ME_CG_6ºano_03.indd 61 29/03/2018 11:51:21


Mesmo assim, o grande problema não é esse, e sim o fato de o
globo não apresentar muitos detalhes da superfície terrestre, como
diferenças de relevo, formações vegetais, construções ou áreas in-
dustriais. Além disso, impossibilita a visualização de toda a super-
fície do Planeta de uma única vez. Isso exige que o observador gire
constantemente o globo.
Para solucionar esses problemas, a Cartografia criou o planis-
fério, um mapa que representa toda a superfície da esfera terrestre
em um plano, em que dois hemisférios são projetados lado a lado.
O planisfério também pode ser chamado de mapa-múndi. Além
dele, também dispomos dos mapas que representam diversos ele-
mentos de menor dimensão existentes na superfície terrestre.

Um grande instrumento
de informação chamado
mapa
Observe os dois mapas a seguir. É claro que você notou que
eles são diferentes, representam parte da realidade de espaços
diferentes. Um apresenta os pontos turísticos do Estado de Ala-
goas; o outro mostra as Unidades de Conservação ambiental no
Brasil.

Pontos turísticos do Estado de Alagoas


Parque Nacional Caruaru Recife
Recife
do Catimbau
Pernambuco os
Porto
mb

BR
316 Garanhuns Calvo Maragogi
Joaquim
lo

Garanhuns União dos


ui

Gomes Japaratinga
Q

Carié Palmares s
Jatobá
Água Branca
o do Passo do
Porto
giã de Pedras
Re
BR
104 Camaragibe
São Miguel is
BR
BR 316
423
Santana do Murici
Palmeira São Luis dos Milagres

ra
Viçosa AL

Co
101
Paulo Delmiro Gouveia Ipanema dos Índios do Quitunde
Barra de
BR
101

s
Afonso AL

do
Olho d’Água 220 São José BR
Atalaia Santo Antônio
do Casado 316
Paripueira
s ta
da Tapera AL
115
Co
Piranhas
Cany AL
Maceió
o São Miguel
220
n do Canindé de
São São Francisco Pão de Arapiraca dos Campos
Fra Campo Marechal Deodoro
n Açúcar Alegre
cis Belo Al
c o Monte
110

Girau do Ponciano 101 Roteiro Barra de São Miguel


Traipu BR

Teotônio Al

Vilela 101

São Brás Coruripe Jequiá da Praia


Igreja Nova
S ul
Reserva
Bahia Porto Real do
da Marituba s
do Colégio re
Aracaju e Penedo Feliz Deserto
a
M

Salvador
Oceano
se

Piaçabuçu
oa

Foz
do
Atlântico
L ag

Ve Aracaju
lho
N Sergipe Ch
ic
O L 0 331 km 662 km
o

62 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

CG_6ºano_03.indd 62 07/03/2018 13:39:34 C


62

ME_CG_6ºano_03.indd 62 29/03/2018 11:51:22


75º 65º 55º 35º

10º

Brasil: unidades de conservação Geografia em cena

Fred Cardoso/Shutterstock.com
N

O L
Oceano
S
Atlântico

Equador

10º
O arquipélago de Fer-
nando de Noronha, em
Pernambuco, foi declarado
pela Organização das Na-
ções Unidas para a Educa-
ção, a Ciência e a Cultura
Parques nacionais

(Unesco) um Patrimônio
Reservas biológicas nacionais
20º

Natural da Humanidade. É
Parques estaduais

Reservas biológicas estaduais


um bom exemplo de unida-
Trópico de
Capricó
rnio
Parques ecológicos estaduais

Parques florestais estaduais de de conservação ambien-


tal no Brasil.
0 424 km 848 km
30º

Fonte: IBGE.

Analisando os mapas, percebemos que o objetivo é represen-


tar algum fenômeno no espaço natural ou geográfico. No primeiro,
40º

vemos uma representação dos pontos turísticos do Estado de Ala-


goas; no segundo, temos representadas as Unidades de Conserva-
ção do Brasil. Ambos trazem informações sobre a realidade de de-
terminado espaço ou sobre os projetos que as diferentes sociedades
desenvolvem para transformar o espaço.
O mapa é um grande instrumento de informação sobre a reali-
dade e as características do espaço geográfico. Ao longo da história,
ele vem sendo utilizado dessa maneira; porém, para compreender e
interpretar os diferentes tipos de mapa, faz-se necessário aprender
a lê-los, como se lê um livro ou uma revista em quadrinhos. Isso só
se torna possível a partir do conhecimento dos principais concei-
tos da Cartografia e da compreensão das ferramentas e partes que
compõem um mapa.
Os mapas são, portanto, representações gráficas de recortes do
espaço natural e geográfico e de seus elementos. Podemos apreen-
der, numa representação, parte dos fenômenos geográficos, mas
nunca a sua totalidade. Por isso, são representações e não reprodu-
ções da realidade. Essa representação ao longo da história foi feita

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 63

:34 CG_6ºano_03.indd 63 07/03/2018 13:39:34


63

ME_CG_6ºano_03.indd 63 29/03/2018 11:51:23


Diálogo com o
professor sobre diferentes superfícies, por exemplo: os babilônicos usavam
argila endurecida ou rochas; os antigos chineses utilizavam tecidos
de seda e papel de arroz; os egípcios, antes de Cristo, usavam pa-
Fale que os mapas e as plantas são sempre piro; os árabes medievais empregavam o couro e depois o papel,
que também passou a ser utilizado pelos europeus e pelo resto do
uma visão vertical da superfície terrestre, nun- mundo. Atualmente, podem ser empregados, para feitura de ma-
ca uma visão lateral ou oblíqua. Assim, mes- pas, papel, plásticos e até suportes digitais a partir da computação.
mo que estivéssemos no topo de um edifício Independentemente da superfície utilizada para se fazer o
mapa, nele vão estar representados os rios, as florestas, as áreas in-
alto e olhássemos o local ao redor, não tería- dustriais, a distribuição da agricultura e da população, as áreas de
mos uma visão igual àquela retratada por uma produção de recursos naturais, etc.
planta baixa desse local, que mostra uma visão
estritamente vertical. Os mapas antigos e o
norte
Até as conquistas europeias do século XVI, os mapas-múndi
Sugestão de não tinham como orientador o norte na parte superior do mapa.

abordagem A maioria dos povos elaborava mapas do mundo com o les-


te na parte de cima, pois era essa região — também chamada de
nascente, ou oriente, (daí o termo orientação) o lugar onde o Sol
nasce — que servia de referência para localização.
Para trabalhar as escalas, pode-se utilizar
mapas com escalas diferentes de uma mesma
localidade, para que o aluno compreenda que
quanto maior for a escala, maior será a clare-
za sobre o espaço reproduzido, e, ao contrário,
quanto menor for a escala, menor a clareza do
espaço reproduzido. Porém, deve-se ressal-
tar que a quantidade de informações é bem
maior. É importante mostrar como a escala es-
colhida para a reprodução de um espaço pode
influenciar na visão que se tem desse espaço.

Diálogo com o
professor
Theatrum Orbis Terrarum (Abraham Ortelius, 1570, Antuérpia, Bélgica) é considerado um dos
Temos uma boa oportunidade para dis- primeiros atlas modernos a utilizar o eixo Norte-Sul como referencial para orientação espacial
e navegação.
cutir a visão do mundo através do poder e rea-
firmar para o aluno que para compreender o 64 Capítulo 3 – Letramento cartográfico
que se vê em um mapa é fundamental iden-
tificar a lógica política e econômica embuti-
da na sua elaboração. Para isso, você pode tra- CG_6ºano_03.indd 64 07/03/2018 13:39:35

balhar junto com as disciplinas de Filosofia e Anotações


Sociologia, para identificar essas lógicas con-
tidas nos mapas, e com História, para identifi-
car os contextos temporais e espaciais das suas
confecções, bem como os poderes que operam
nesses contextos. Outra possibilidade é apre-
sentar alguns mapas-múndi elaborados em di-
ferentes contextos para que o aluno identifi-
que as ideias contidas nestes.

C
64

ME_CG_6ºano_03.indd 64 29/03/2018 11:51:24


Com as conquistas europeias e a ascensão da Inglaterra
como grande império colonial ao longo dos séculos XVI, XVII,
XVIII e XIX, os mapas-múndi foram padronizados, e o norte
passou a figurar na porção superior, simbolizando a superiori-
dade da Europa sobre os outros povos. Essas novas representa-
ções traziam a Europa ao centro do planisfério, pois era o seu
ponto de partida para os outros continentes que estavam abai-
xo, acima ou a direita. Essas representações criaram a ideia do
Eurocentrismo (Europa no centro do mundo). Os mapas reve-
lam os interesses daqueles que os elaboram, representando os
seus projetos sobre o espaço geográfico.
Ainda hoje, alguns países utilizam mapas-múndi colocan-
do-se no centro e acima dos outros, pois, uma vez que se trata da
planificação de uma esfera, o posicionamento do seu centro de-
pende de quem o faz. Consequentemente, o que é representado
na porção superior ou na inferior em um mapa-múndi também
resulta dessa escolha. Assim, devemos ter sempre em mente que
o planisfério é a planificação de uma esfera que gira solta no
Universo. Dessa forma, não há um centro preexistente à repre-
sentação gráfica. No processo de representação, os cartógrafos
definem determinado local como o centro e, a partir dessa pers-
pectiva, o que se posiciona acima ou abaixo, à esquerda ou à
direita.

Planisfério japonês

O L

Japão

9:35

0 2.663 km 5.326 km

No Japão, as crianças crescem observando o mapa-múndi com


o seu país no centro. O objetivo dos japoneses é reforçar, entre eles
próprios, a valorização nacional.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 65

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65

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Anotações
Ensaio geográfico
1 De que materiais os mapas eram feitos na Antiguidade?
Eram feitos em argila endurecida, rochas, tecido de seda, papel de arroz, papiro, couro e papel.

2 Observe com atenção o mapa abaixo.

Antártica
0 2.663 km 5.326 km

Austrália
América Oceania
do Sul

África

Ásia América
Europa do Norte

Agora, responda.
a. Ele está correto? Justifique sua resposta.
Sim. Está correto. Como a Terra não tem um lado de cima, embaixo ou do meio, os países podem va-

riar a sua posição no planisfério de acordo com a vontade do cartógrafo. Os mapas são elaborados para

atender aos interesses de países ou grupos econômicos e refletem essa intenção.

b. Qual é o ponto cardeal de orientação do mapa?


Os antigos utilizavam o leste como referência; nesse mapa, o Norte é representado pelos continentes
Diálogo com o
que hoje chamamos de Sul.
professor

É importante mostrar ao aluno que os 66 Capítulo 3 – Letramento cartográfico


mapas reproduzem a visão do poder plane-
tário em um determinado contexto da socie-
dade que o elabora. Assim, peça para que os CG_6ºano_03.indd 66 07/03/2018 13:39:36 CG

alunos pesquisem na Internet mapas-múndi to colaborativo ou dos esforços de algumas ins- nomeadas e sinalizadas como “favelas”, mas
diferentes dos que são utilizados em sala de tituições não governamentais, ainda existem suas ruas e vielas não eram demarcadas. Porém,
aula. Você pode levar para sala de aula mapas- áreas da cidade que são representadas como “va- recentemente, à pedido da Prefeitura do Rio de
-múndi diferentes e questionar qual socieda- zios cartográficos”. “Existe uma população que Janeiro, a palavra “favela” foi substituída por
de os elaborou. é invisível, porque nem no documento que de- “morro” nos mapas do Google, o que sugere
veria reconhecer a cidade, os moradores da fa- que tais regiões não são habitadas. Estamos fa-
Sugestão de vela fazem parte disso. A importância para lando de favelas como a Rocinha, Santa Marta,
filme a gente é… primeiro tem esse lado político,
né?” esclarece Eliana Sousa, presidente da Rede
Maré, entre outras, que já são, inclusive, regis-
tradas como bairros.
de Desenvolvimento da Maré. As favelas do
Todo mapa tem um discurso. Rio de Janeiro não são representadas nem nos
Diretor: Francine Albernaz e Thaís Inácio mapas oficiais do Instituto Pereira Passos, nem
Sinopse: Apesar das tentativas de mapeamen- nos mapas digitais do Google. Eram apenas

66

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dade, em que a Cartografia é informatizada e
novos suportes facilitam o acesso ao mapa. O
3 Descreva, com suas palavras, o que é um mapa. autor apresenta a Cartografia como produto
Resposta pessoal. histórico, marcado pelas condições político-
Espera-se que o aluno compreenda que o mapa é a representação do espaço e seus elementos em uma -ideológicas e, muitas vezes, vinculado aos in-
teresses contextuais.
área plana.

Visualização cartográfica e cartografia


multimídia
4 A melhor representação do Planeta é o globo terrestre. Contudo, o globo apresenta algumas limi- Autora: Cristhiane da Silva Ramos.
tações à sua utilização. Faça uma lista das dificuldades de utilização do globo.
Sinopse: Ao considerar que a Cartografia não
Locomoção; poucos detalhes de divisas; informações geográficas impossíveis de visualizar por inteiro;
pode prescindir da moderna tecnologia com-
e escala muito pequena. putacional, essa obra é indicada para a leitu-
ra de cartógrafos e geógrafos por apresentar
subsídios para a aplicação das novas mídias
no desenvolvimento de ferramentas da Car-
tografia. Aborda a reflexão conceitual da vi-
Cenário 2 sualização cartográfica e sua aplicação nos de-
senvolvimentos recentes da cartografia digital,
Detalhando os disponibiliza os fundamentos de produção da
cartografia multimídia e os tópicos que per-
mapas mitem a aplicação de técnicas avançadas.

Elementos de um mapa Sugestão de


Independentemente do tipo de mapa elaborado, alguns ele-
mentos devem estar sempre presentes para que qualquer pessoa
abordagem
compreenda a realidade do espaço representado. Assim, em qual-
quer mapa ou reprodução gráfica do Planeta, devem sempre cons-
tar: o título, a fonte, latitude, longitude, a escala, a rosa dos ventos, Com a recomendação do documentário
e, principalmente, a legenda. da página anterior, levante um debate em sala
sobre a importância dos mapas para a oficiali-
Geografia em cena
zação de um determinado lugar.
O interesse dos povos da Antiguidade, ao desenvolver ma-
pas, era se localizar e se orientar no espaço geográfico, seja para
fins de comércio, exploração econômica ou guerras.
Para estimular ainda mais o seu aprendizado, pesquise na
Internet quais eram os interesses dos povos da Antiguidade em Anotações
criar rotas que os levaram a desenvolver mapas?

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 67

9:36 CG_6ºano_03.indd 67 07/03/2018 13:39:36

Sugestão de e especialista em Cartografia Jerry Brotton


leitura explora doze dos mapas mais importantes da
história, num panorama repleto de contro-
vérsias e manipulações.
Uma história do mundo em doze mapas
Autor: Jerry Brotton. Mapas e História: construindo imagens do
Sinopse: Objetos de encanto e deslumbra- passado
mento, os mapas têm sido usados pelos sé- Autor: Jeremy Black.
culos para promover interesses políticos, re- Sinopse: Mapas e História trata do mapea-
ligiosos e econômicos. Da tabuleta de argila à mento e da mapeabilidade do passado, em
tela de computador, passando por Ptolomeu, uma perspectiva descritivo-reflexiva das evo-
o pai da Geografia, pelos mundos árabe e luções do sentido, da produção e do uso dos
oriental e pelo Renascimento, o historiador mapas, desde o início até a contemporanei-

67

ME_CG_6ºano_03.indd 67 29/03/2018 11:51:25


Título
O título, em qualquer representação cartográfica, indica o que
está apresentado no mapa, ou seja, aquilo que foi reproduzido. O
título deve ser claro e coerente com aquilo que está retratado, de
forma a direcionar o nosso entendimento.

Biomas e vegetações
N

O L

Círculo Polar Ártico S

Oceano

Me
Trópico de Câncer

rV
erm
elh
Pacífico

o
Oceano
Pacífico
Equador

Oceano Oceano
Trópico de Capricórnio Atlântico Índico

0 2.663 km 5.326 km

Círculo Polar Antártico

Floresta Equatorial Savanas (Brasil – Cerrado


Vegetação de Altitude
e Tropical e Caatinga)

Floresta Subtropical Estepes e Pradarias Tundra


e Temperada

Floresta Boreal (Taiga) Vegetação Mediterrânea Deserto (quente ou frio)

Fonte: Mapa elaborado pelo autor com base no Atlas IBGE e em outros.

Número de desempregados na economia mundial


Em milhões de pessoas
210
204
201
205
199 200
200
197 197
195
195
190
185
180 179
175
170
165
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: OIT. Trends Econometric Models. Outubro de 2014.

68 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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68

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Observe que, nos dois mapas apresentados, os títulos explicam cla-
ramente o que está representado em cada um, ao mesmo tempo: Bio-
mas e vegetações e Número de desempregados na economia mundial.

Legenda
Legenda, ou índice, é um conjunto de símbolos e cores que
identificam qualquer elemento natural ou social que conste no mapa.
A legenda deve ser clara, legível e não pode apresentar dois elementos
diferentes com o mesmo símbolo ou cor. Algumas cores são conven-
cionais, como o azul na representação de elementos hidrográficos
(rios, mares, por exemplo) e o verde na representação de elementos
de vegetação. Essas cores permitem uma rápida associação (azul à
água, verde às plantas), convenção que facilita o entendimento.

Símbolos cartográficos

Capital de estado Rodovia pista dupla Lago


Cidade com mais de Rodovia pista única
50.000 habitantes Represa
Cidade com 10.000 a Rodovia sem Alagado
50.000 habitantes pavimentação
Ferrovia Praia
Vila
Pico Rio permanente Floresta
Aeroporto Rio temporário Campos
Ponte Linha de alta-tensão Pastagem

Igreja Gasoduto Cultura de cacau

Indústria de papel Cerca Cultura de café

Fronteira internacional Cultura de


Indústria mecânica cana-de-açúcar
Petróleo Divisão de estado Pomar

Porto Limite de município Área urbana

Rosa dos ventos, coordenadas e


localização
A rosa dos ventos, as coordenadas e a localização permitem
a qualquer leitor localizar especificamente que porção do espaço
geográfico está representada em um mapa.
Observe que o mapa da próxima página permite a você localizar
com exatidão o lugar (continente africano), o que está representado
em cada porção desse lugar (jazidas de minerais, petróleo, gás) e do
que trata o mapa (as regiões com os maiores recursos naturais).

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 69

:36 CG_6ºano_03.indd 69 07/03/2018 13:39:36


69

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Recursos fósseis e minerais na África
Marrocos Tunísia

Saara Argélia
Ocidental
(Marrocos) Líbia Egito
Trópico de Câncer

Mauritânia
Mali Níger
Senegal Chade Eritreia
Gâmbia er
Níg
Guiné Sudão
Burkina Fasso Djibuti
Bissau Guiné
Benin Nigéria
Serra Leoa Costa Gana
do Sudão Etiópia
Marfim Rep. Centro-africana do Sul
Libéria Togo Camarões
Somália
Guiné Equatorial Uganda
Gabão Rep. Quênia Equador

go
Democrática

Con
do Congo Ruanda
Congo Burundi
Cabinda
(Angola) Oceano Índico
Tanzânia

Comores
Angola
Malauí
Zâmbia
Petróleo Estanho
Zimbábue Moçambique
Gás Ferro Madagáscar
Namíbia
Bauxita Fosfato Botsuana Trópico de Capricó
rnio

Carvão Manganês
Cobre Ouro Suazilândia
Oceano Lesoto
Cromo Urânio Atlântico África
do Sul
Diamante Chumbo
N
0 814 km 1.628 km O L

Escala
Observe a situação a seguir. Suponha que lhe seja dada a tarefa
de representar, numa folha de papel, um campo de futebol. E que
este meça 100 m de comprimento por 60 m de largura. Desenhar
esse campo de futebol seria uma tarefa descomunal. Imagine o ta-
manho da folha de papel para representá-lo! No mínimo, ela deve-
ria medir 105 m de comprimento por 65 m de largura.

1 cm: 1 m
60 m

60 m

100 m 100 m

70 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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70

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Porém, como vimos anteriormente, podemos representar
graficamente a esfera terrestre ou parte dela. No entanto, se
reduzirmos as dimensões aleatoriamente, corremos o risco de
distorcer os elementos representados. Assim, para que possamos
reproduzir com mais precisão determinado espaço, preservando
suas proporções, utilizamos a escala. Para entender melhor, vol-
temos ao nosso campo de futebol: se determinarmos que cada
metro corresponde a 1 cm, poderemos reproduzi-lo no papel
sem o distorcer.
Agora fica claro que escala é o elemento que estabelece a
relação entre as distâncias no espaço real e as distâncias utilizadas
na representação do papel. Por exemplo, no caso do campo de
futebol, 1 cm no desenho corresponde a 1 m do campo real. Por-
tanto, como 1 metro corresponde a 1 centímetro, podemos dizer
que 1 centímetro no desenho corresponde a 100 cm na realidade
ou 1:100. Logo, a função da escala é informar a quantidade de vezes
que uma área foi reduzida para ser colocada no mapa. Existem dois
tipos de escala: a numérica e a gráfica.

Mapa (planta) da cidade do Recife

O L

Oceano
Atlântico

Sem a identificação da escala, não sabemos a proporção entre o mapa e a área real que ele re-
presenta.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 71

:37 CG_6ºano_03.indd 71 07/03/2018 13:39:37


71

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A escala numérica é representada de forma bem simples, como
uma fração ordinária na qual o numerador corresponde à medida
no mapa, e o denominador corresponde à medida real.
Exemplo: Escala 1:277.000.000

1 cm = 277.000.000 cm
1 cm = 2.770.000 m
1 cm = 2.770 km

As escalas numéricas utilizam como indicador de distância o


centímetro ou o metro. Porém, como não é muito comum usarmos
essa unidade para medir distâncias, ao utilizarmos um mapa com
esse tipo de escala para facilitarmos a compreensão das verdadeiras
dimensões do espaço real, é necessário transformar de centímetros
para quilômetros ou metros.
Na prática, isso é muito simples. Observe o mapa abaixo.

Bahia: cidades – 2010


PI PE
MA
Casa Nova

0 110 km 220 km Juazeiro


AL
Remanso
Paulo Afonso

Canudos Jeremoabo
Senhor do Bonfim Monte Santo
Euclides
SE
Xique-Xique Campo Formoso

TO
da Cunha

Barra Jacobina Tucano


Irecê Araci

Mimoso Conceição do Coité


do Oeste Serrinha
Barreiras Feira de

BAHIA
Entre Rios
Ipirá Santana
Itaberaba Alagoinhas
Catu
Cruz das Almas Santo Amaro
Macaúbas Candeias Camaçari
Salvador
Santa Maria da Vitória Santo Antônio
de Jesus
Bom Jesus da Lapa Maragogipe

GO
Serra do Ramalho Jaguaquara Valença

Jequié
Caetité
Brumado
Guanambi
Camamu
Ariagé

Vitória da Conquista Itabuna Ilhéus

N Camacan Oceano
Atlântico
Itapetinga

O L

S
MG
Eunápolis

Porto Seguro
Guaratinga

Capital Itamaraju
Itanhém Prado
Cidade principal Teixeira de Freitas
Cidade importante Caravelas

Outras cidades Nova Viçosa

ES
Arq. de Abrolhos

Sua escala numérica é 1:11.000.000 (um para onze milhões),


o que significa que cada centímetro corresponde a 11 milhões de
centímetros. Para compreendermos as reais dimensões do espaço
representado, devemos transformar os centímetros em quilôme-
tros. E como fazemos isso? Cortando cinco zeros. Assim, sabemos
que cada 1 cm do mapa corresponde a 11 km no real.

72 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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72

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Devemos utilizar a tabela de múltiplos e submúltiplos do me-
tro para fazer a conversão e encontrarmos a equivalência entre as
duas unidades de medida.

km hm dam M dm cm mm

Assim, conseguimos visualizar a localização de cada um dos


múltiplos e submúltiplos do metro e só precisaremos mover casas
decimais para fazermos a conversão. Pelo exemplo da escala dada,
1:11.000.000, moveremos 5 casas decimais da direita para a esquer-
da da tabela para encontrar a equivalência em quilômetros. Veja o
exemplo.

110 km 1.100 hm 11.000 dam 110.000 m 1.100.000 dm 11.000.000 cm 110.000.000 mm

Assim, sabemos que cada 1 cm do mapa equivale a 110 km no


real.

Escala 1:11.000.000

1 cm = 11.000.000 cm

1 cm = 110.000 m

1 cm = 110 km

A escala gráfica, por sua vez, é representada sob a forma de


uma régua graduada em quilômetros. Ex.:

ESCALA GRÁFICA

0 20 40 60 80 100 km

Essa escala indica que cada centímetro no mapa corresponde a


20 km no terreno.
As escalas gráficas oferecem vantagens em relação à escala nu-
mérica, pois não é preciso transformar os valores de centímetro
para quilômetro, uma vez que essa relação já vem mostrada na pró-
pria escala. Esse tipo de escala facilita a medição de distâncias em
linha reta entre dois ou mais pontos em um mapa.
Tomemos como exemplo o mapa da Bahia na próxima página.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 73

:37 CG_6ºano_03.indd 73 07/03/2018 13:39:37


73

ME_CG_6ºano_03.indd 73 29/03/2018 11:51:28


Mapa político da Bahia

PI PE
MA
Casa Nova
Juazeiro
AL
Remanso
Paulo Afonso

Canudos Jeremoabo
Senhor do Bonfim Monte Santo
Euclides
SE
Xique-Xique Campo Formoso

TO
da Cunha

Barra Jacobina Tucano


Irecê Araci

Mimoso Conceição do Coité


Serrinha
7,5
do Oeste
Feira de
Barreiras
cm
BAHIA
Entre Rios
Ipirá Santana
Itaberaba Alagoinhas
Catu
Cruz das Almas Santo Amaro
Macaúbas Candeias Camaçari
Salvador
Santa Maria da Vitória Santo Antônio
de Jesus
Bom Jesus da Lapa Maragogipe

GO
Serra do Ramalho Jaguaquara Valença

Jequié
Caetité
Brumado
Guanambi
Camamu
Ariagé

Vitória da Conquista Itabuna Ilhéus

Camacan Oceano
Atlântico
Itapetinga

MG
Eunápolis

Porto Seguro
Guaratinga

Itamaraju
Itanhém Prado
Teixeira de Freitas
N
Caravelas
O L
0 160 320 480 km Nova Viçosa
S
ES
Arq. de Abrolhos

Imaginemos que a distância entre as cidades de Salvador e Xique-


-Xique, nesse mapa, seja de 7,5 cm. Para calcularmos a distância real
entre as cidades, precisamos procurar a escala, que no caso é de 160
km para cada centímetro, e multiplicá-la pela distância encontrada no
mapa. Resultado: a distância real entre as duas cidades é de 1.200 km.
De acordo com o tamanho do espaço que se quer representar, os
cartógrafos utilizam escalas diferentes. Por exemplo, quando quere-
mos representar grandes áreas, como estados, países e continentes, é
necessário utilizar escalas pequenas, em que um centímetro no mapa
corresponde a muitos centímetros no real, como as que vimos nos
exemplos acima. Porém, quando o objetivo é reproduzir pequenos

74 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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74
C

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espaços, como casas, campos de futebol e quadras poliesportivas,
utilizamos escalas grandes ou que pouco reduzem as dimensões do
espaço real. Por exemplo: 1:100, 1:500, 1:5.000 ou 1:20.000.

Mapa 1
Londres 1:22.000.000

Reino
Belfast
O L
Mar do Norte
S
Dublin
Unido
Irlanda Reino
Belfast
Manchester
Mar do Norte
Unido
Inglaterra
País
Amsterdã
Dublin
de Gales
Irlanda
Birmingham
Holanda
Manchester
Cardiff
País Inglaterra Amsterdã
de Gales Londres Bruxelas
Birmingham

Holanda
lgi
ca
Oceano
Cardiff
Londres Bruxelas
Luxemburgo
Bé Este mapa mostra a localização do Reino
Atlântico lg
Paris ica
Unido em relação ao resto da Europa.
Oceano FrançaLuxemburgo Poucos aspectos geográficos podem ser vistos
— somente grandes rios, litoral e fronteiras
Atlântico Paris
políticas.

França
MapaGaleria
2 dos r Museu dos
Londresfotógrafos
1:13.000
ve
Co Mercado Transportes
Ros

We
Central
llin
gt
e St

t et
on

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ng t re e n S tr t
Charing CCh

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Teatro Adelphi
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Londres Savoy
a a S
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Ad

Ch M
S
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St. M ce St. lace

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Teatro Adelphi lac


St

William IV Street w
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Ro
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St. Martin-in-the-fields n e t
et

r
b

ra St ce n
e
m
ins

t m Victoria Pla
m

Cleopatra’s
a
N
E

S d y
k

A Embankment vo
hn Needle
Neste mapa, o nome de quase todas as
Sa
n

Jo Gardens
a

O L St. Martin-in-the-fields
ruas aparece. Certos pontos específicos,
b
m

Victoria
S Cleopatra’s como algumas atrações turísticas e estações
E

Embankment
Needle
Gardens
ferroviárias, também podem ser identificados.

Essas reproduções do espaço são chamadas de plantas e planos


urbanos. As primeiras servem para reproduzir casas, com suas de-
pendências externas, e as segundas são utilizadas pelas prefeituras
com o objetivo de auxiliar no planejamento urbano. Nestas, estão
representados os elementos naturais e sociais existentes dentro de
uma cidade, o que permite projetar vias de transporte, construção
de novas áreas, como praças, avenidas, pontes, parques, etc.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 75

:37
75
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Anotações
Cenário 3

Tentativas de
representação
Como representar
Sugestão de
abordagem em um plano o que é
irregular?
Como você já deve ter percebido, a superfície do nosso planeta
Mostre aos alunos alguns mapas atuais
não é perfeitamente lisa como a casca de um ovo, pois, ao longo da
com imagens elaboradas a partir de satélites sua formação, diversos processos, como veremos mais adiante, con-
e também exemplares de mapas meteorológi- tribuíram para torná-la irregular. Algumas áreas se tornaram eleva-
das, como planaltos, chapadas, morros, colinas, montanhas, serras
cos que costumam ser publicados nos jornais. e cordilheiras, que convivem ao lado de áreas planas e rebaixadas.
Estabeleça paralelos entre a forma da Améri- A esse conjunto de formas, damos o nome de relevo.
ca do Sul ou do Brasil nas fotos e nos mapas.

Leitura
complementar
O que significa “ler mapas”?

Por certo, ler mapas não é apenas locali-


zar um rio, uma cidade, estrada ou qualquer
outro fenômeno em um mapa.
O mapa é uma representação codificada
de um determinado meio de comunicação,
que se vale de um sistema semiótico comple-
xo. A informação é transmitida por meio de Mapa da Roma medieval representando o Coliseu ao centro.

uma linguagem cartográfica que se utiliza de


Um dos principais desafios que a Cartografia teve de superar ao
três elementos básicos: sistema de signos, re- longo da sua evolução foi como representar graficamente, em uma
dução e projeção. superfície plana, essa diversidade de formas existente na superfície do
espaço geográfico. Durante muito tempo, os mapas apresentavam as
Ler mapas, portanto, significa dominar diferentes formas de relevo em desenho, como mostra o mapa acima.
um sistema semiótico, e a linguagem cartográ-
fica. E preparar o aluno para essa leitura deve 76 Capítulo 3 – Letramento cartográfico
passar por preocupações metodológicas tão
sérias quanto as de se ensinar a ler e escrever,
contar e fazer cálculos matemáticos. CG_6ºano_03.indd 76 07/03/2018 13:39:38

bolos iconográficos e que tinham por obje- minham paralelamente para que as informa-
A importância do mapa tivo melhorar a sobrevivência. Eram mapas ções colhidas sejam representadas de forma
topológicos, sem preocupação de projeção e sistemática e, assim, se possa ter a compreen-
O mapa, um modelo de comunica- de sistema de signos ordenados, mas os sím- são “espacial” do fenômeno.
ção visual, é utilizado cotidianamente por bolos pictóricos eram de significação dire- O mapa, portanto, é de suma importân-
leigos em suas viagens, consulta de rotei- ta, sem legenda, pois era a própria lingua- cia para que todos os que se interessam por
ros, localização de imóveis e por geógra- gem deles, a iconográfica. deslocamentos mais racionais, pela compreen-
fos, principalmente, de forma específica. O Uma vez que a Geografia é uma ciência são da distribuição e organização dos espaços
mapa já era utilizado pelos homens das ca- que se preocupa com a organização do espa- possam se informar e se utilizar desse modelo
vernas para expressar seus deslocamentos e ço, para ela o mapa é utilizado tanto para a in- e tenham uma visão de conjunto.
registrar as informações quanto às possibili- vestigação quanto para a constatação de seus
dades de caça, problemas de terreno, matas, dados. A Cartografia, a Geografia e outras Disponível em: http://www.conteudoseducar.com.br/
rios, etc. Eram mapas em que se usavam sím- disciplinas, como a Geologia e a Biologia, ca- conteudos/arquivos/3976.pdf. Acesso em : 05/12/2017.
C
76

ME_CG_6ºano_03.indd 76 29/03/2018 11:51:30


Porém, com o avanço da ciência e da tecnologia, além do auxílio
de vários profissionais — como engenheiros, geólogos, geógrafos e,
principalmente, topógrafos, que, entre outras atividades, realizam
medições da altitude de diversos lugares do espaço —, a Cartografia
passou a utilizar as curvas de nível para representar detalhadamente
a diversidade do relevo terrestre. É pelas curvas de nível que os mapas
mostram detalhes da superfície do Planeta, bem como a diversidade
de elementos geográficos que estão espalhados sobre ela.

80
60
40
20
0

80
60
40
20
0
Exemplo de perfil topográfico.

As curvas de nível são traçadas nos mapas apresentando inter-


valos regulares entre elas. Observe a figura da próxima página e você
perceberá que, da área mais periférica para o centro, a altitude (em
metros) vai aumentando em intervalos regulares ou equidistantes.
Quanto mais inclinado for o relevo representado, mais próximas
umas das outras as curvas de nível estarão.

9:38 Diversidade de cores e perfil


topográfico
A reprodução das formas de relevo em curvas de nível pode
ser facilitada pelo emprego de cores para indicar as diferenças das
altitudes apresentadas. Não são cores colocadas de acordo com a
vontade de qualquer pessoa, uma vez que seguem padrões interna-
cionais e utilizam tonalidades que vão das mais claras até as mais
escuras, de acordo com a altitude.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 77

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77

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Os mapas elaborados dessa forma são chamados de mapas to-
pográficos. Neles, cada cor indica um trecho de altitude diferente.
Por exemplo: no mapa abaixo, por convenção, a cor laranja-claro
indica áreas com altitudes que vão de 0 a 100 m; a amarelo-pastel,
75º de 100 m65ºa 200 m; a amarelo-escuro,
55º de 200 m a 500 35º
m; a marrom,
de 500 m a 800 m. As áreas de altitudes mais elevadas, de 1.800 m
ou mais, estão representadas por um símbolo, o triângulo.
10º

Brasil: altitude e relevo


Mte. Roraima Mte. Caburaí
N 2.734m

Oceano
1.456m Cabo Orange
ima
cara

e
qu
O L Sa. Pa

Sa

po
Oia
.
Atlântico
Pa
Pico da Neblina rima
S

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2.993m ue

S
Bra
a. a Tumucumaq
A car Serr
Pico 31 de Março

2.972m

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Sa. dos Carajás
ri Cabo S. Roque
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Cabo Branco

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Juruá
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da Pico das Almas


1.850 m sC
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Altitudes
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800 metros Picos
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Arq. dos Abrolhos
Pantanal
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Do

Tie Pico da Bandeira


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2.891 m
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oS Cabo de S. Tomé Par
Cabo Frio
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Trópico de Capric do
I. de São Sebastião
Ser ra Geral

a
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Se

I. de Santa Catarina

Morro da Igreja

Oceano
i
1.828 m
ua
ug
Ur

Serra Geral

Laguna dos Patos


Atlântico
30º
0 303 km 606 km
Lagoa Mirim

Arroio Chuí

Por outro lado, quando se quer ampliar o detalhamento das


variações do relevo de uma determinada área, elabora-se, com base
na utilização das curvas de nível e na escala do mapa topográfico,
o perfil topográfico de uma área determinada, como demonstrado
40º

na figura de perfil topográfico, na próxima página.

78 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

CG_6ºano_03.indd 78 07/03/2018 13:39:38 C


78

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Perfil topográfico – Pão de Açúcar, Rio de Janeiro
Oceano
Atlântico
Praia Vermelha

50 50 0
100 10
150 150
200
250
350

300
200
Pão de Açúcar Morro da Urca
A B

Praia
de Fora
Urca
Enseada
Praia de Botafogo
da Urca
o
50 Cã
de
ara
Morro C

Altitude
em metros
400

300

200

100 Como observamos na imagem, um perfil


topográfico é um gráfico em que o eixo
vertical apresenta as altitudes do relevo e o eixo
A B
0
horizontal, o comprimento da área representa-
da.
0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600
metros

Cenário 4

Tecnologia em
favor dos mapas
Mapas digitais
O avanço da ciência e da tecnologia possibilitou o desenvolvi-
mento de diversos instrumentos e técnicas que fornecem dados a
serviço da ciência cartográfica para que esta elabore mapas cada vez
mais recheados de informações sobre a superfície da Terra, os deno-
minados mapas digitais. Todos os dias, satélites artificiais e aviões
fotografam e mandam imagens que contribuem para que os seres
humanos conheçam e identifiquem climas, queimadas, áreas devas-
tadas, expansão de cidades, etc. e, dessa forma, possam melhorar Imagem de Belo Horizonte, (MG), capta-
a sua atuação no processo de transformação do espaço geográfico. da pelo satélite Ciber 1.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 79

:38 CG_6ºano_03.indd 79 07/03/2018 13:39:38


79

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Geografia em cena

Existe uma forma de representar os diferentes fenômenos naturais ou sociais sem compromisso
com formas ou escalas cartográficas: as anamorfoses cartográficas. Essa técnica busca representar te-
maticamente determinada região e, a partir da variável escolhida, ampliar ou reduzir diferentes porções
do Planeta de acordo com o volume ou a intensidade de cada fenômeno, de forma proporcional. Por
exemplo, se optarmos pela variável “riqueza dos países”, aqueles que possuem uma maior concentração
de riqueza figuram com dimensões maiores e aqueles com menores concentrações aparecem reduzidos,
na proporção da diferença dessa variável entre os países representados. No mapa abaixo, por exemplo,
você pode observar que, apesar de o Brasil ser bem maior que o Japão em extensão territorial, este últi-
mo é representado com muito mais que o dobro do tamanho em relação ao nosso país. Ao utilizar uma
variável (índice de natalidade, volume de exportações, população economicamente ativa, etc.), e não a
dimensão territorial como escala, as anamorfoses possibilitam análises comparativas. Nos planisférios
abaixo, os países aparecem na posição em que tradicionalmente são vistos no mapa-múndi, no entanto
com seus formatos e dimensões territoriais alterados, possibilitando-nos visualizar as diferenças entre
os países quanto à concentração de riqueza e população, respectivamente, e facilitando as comparações.

PIB de alguns países


Noruega
Canadá
Coreia do Sul
Reino
Unido Rússia
China
Alemanha
Noruega Japão
Canadá
Turquia Coreia do Sul
Estados Unidos Suíça
Reino Índia
França
Unido Rússia
Itália
China
Cingapura
Alemanha
Espanha Indonésia Japão
Turquia
Estados Unidos Suíça Austrália
Egito Índia
França
México Itália
Porto Rico Cingapura
Espanha Indonésia

Peru Brasil África Austrália


Egito
do Sul
México Argentina
Porto Rico

Peru Brasil Reino África


Canadá Unido do Sul
Rússia
Argentina
Estados Unidos
PopulaçãoAlemanha
mundial
França
China
Japão
Reino
Canadá Unido Itália
México Rússia
Turquia
Alemanha
Estados Unidos
FrançaEgito Paquistão
Venezuela China
Bangladesh Japão
Filipinas
Itália
México
Brasil Nigéria Turquia Índia
CG

Egito Paquistão
Venezuela Bangladesh
Argentina Filipinas
Indonésia

Brasil Nigéria Índia


No primeiro está re-
presentada a riqueza
Argentina
Indonésia dos países, e no segundo a
população mundial — quan-
to maior a área, maior é a
riqueza, no primeiro; e a po-
pulação no segundo.

80 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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80

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mundo de diversas culturas, em tempos di-
ferentes. Além disso, a produção cartográfica
Pequeno dicionário geográfico e cultural foi guiada por interesses econômicos e mili-
tares, por metas políticas e imposições reli-
Babilônico: Habitante da antiga Babilônia, Papiro: Espécie de planta da qual os antigos giosas, bem como por questões práticas, li-
na Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e egípcios produziam uma espécie de papel.
gadas, por exemplo, à navegação. A fim de
Eufrates). Perfil: Representação lateral ou silhueta de
Cordilheiras: Conjunto enfileirado de mon- algo ou alguém. sistematizar o que viram, os alunos vão cons-
tanhas de grande extensão. Periférica: Região distante do centro. truir uma linha cronológica. Eles podem tra-
Equidistante: Que apresenta a mesma dis- Serras: Conjunto enfileirado de montanhas
tância entre dois ou mais pontos ou objetos de pequena extensão.
balhar em pequenos grupos. Indique sites de
considerados. Topógrafo: Profissional responsável pela re- pesquisa e peça que levem para a aula seguin-
Jazidas: Áreas onde ocorrem grandes concen- presentação detalhada de partes da superfície te mapas antigos devidamente identifica-
trações de minerais e recursos energéticos. da Terra.
dos para colarem na linha cronológica. Com
base no material trazido, decidam juntos as
datas, os mapas e as legendas que podem ser
colocadas na linha.
Aprenda com arte 3ª etapa: Peça que cada grupo fixe, no qua-
dro ou na parede, as linhas cronológicas que
Piratas do Caribe: no fim do mundo construíram para comparar umas às outras,
Direção: Gore Verbinski. conversando sobre o que é semelhante e dife-
Ano: 2007.
rente entre elas. É importante perceberem o
que marca os mapas de um período a outro.
Sinopse: O lorde Cuttler Beckett, da Companhia das Índias Orientais, detém o comando do navio-
Por exemplo: o que pode ter interferido na
-fantasma Flying Dutchman. O navio, agora sob o comando do almirante James Norrington, tem por
missão vagar pelos sete mares em busca de piratas e matá-los sem piedade. Na intenção de deter Beckett, forma dos mapas, no uso de paralelos e meri-
Will Turner, Elizabeth Swann e o capitão Barbossa precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irman- dianos, na decisão sobre o que ficaria no cen-
dade. Porém, falta um dos Lordes, o capitão Jack Sparrow. O trio parte para Cingapura na intenção de
conseguir o mapa que os conduzirá ao fim do mundo, o que possibilitará que Jack seja resgatado. Mas,
tro ou nas extremidades do mapa, na inclusão
para conseguir o mapa, eles precisarão enfrentar um pirata chinês, o capitão Sao Feng. de áreas da Terra e de detalhes no interior dos
continentes e nos oceanos e em seu nome? O
que mudou de uma época para a outra na re-
presentação da escala, das coordenadas geo-
Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas
Direção: Rob Marshall.
gráficas, dos rios, das montanhas, dos povoa-
Ano: 2011. dos, etc.? O que isso pode indicar quanto às
ideias de mundo de cada época? Em seguida,
Sinopse: O capitão Jack Sparrow vai até Londres para resgatar Gibbs, integrante de sua tripulação pergunte como a atividade os ajudou a pen-
no Pérola Negra. Lá ele descobre que alguém está usando seu nome para conseguir marujos em uma sar sobre como eram os mapas no passado e
viagem rumo à Fonte da Juventude. Sparrow investiga e logo percebe que Angelica, um antigo caso
que balançou seu coração, é a responsável pela farsa. Ela é filha do lendário pirata Barba Negra, que
o que foi preciso inovar para a produção dos
está com os dias contados. mapas atuais.

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 81 Avaliação


Após as atividades realizadas em sala,
proponha a produção de um texto disserta-
CG_6ºano_03.indd 81 07/03/2018 13:39:39 tivo acerca do que os jovens compreenderam
Sugestão de Desenvolvimento do conteúdo. Com base nesse texto, observe
abordagem 1ª etapa: Leve para a sala de aula alguns ma-
pas históricos. Proponha que os alunos acom-
se eles entenderam a importância histórica e
social dos mapas, se identificaram as mudan-
panhem a leitura das imagens, fazendo anota- ças na linguagem dos mapas, se relacionaram a
Trabalhando com mapas ções de suas dúvidas e pontos que gostariam conquista das técnicas ao aprimoramento de-
de destacar. Converse com eles sobre o que les e como interpretaram um mapa antigo.
Objetivos mais lhes chamou a atenção e sobre o que gos-
Reconhecer a função social e histórica dos tariam de saber mais. Disponível em: IBGE. Disponível em: http://
mapas. 2ª etapa: Amplie a discussão, comentando atlasescolar. ibge.gov.br/conceitos-gerais/historia-
Comparar a linguagem dos mapas com base as características dos mapas produzidos em da-cartografia. Adaptado. Acesso: 29/05/2016;
em sua história e nas conquistas técnicas que le- diferentes épocas. Como eles apresentam a Revista Nova Escola. Disponível em: http://rede.
varam a uma maior qualidade e precisão. ideia de mundo em cada período? Comen- novaescolaclube.org.br/ planos-de-aula/historia-da-
Ler e interpretar um mapa antigo. te que os mapas refletem as concepções de cartografia. Adaptado. Acesso: 29/05/2016.
:38
81

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Sugestão de
abordagem
Encerramento
É de suma importância usar os conteúdos 1 Observe o mapa abaixo.

estudados e fazer relação com outras matérias.


Por exemplo, usar os conhecimentos do
professor de História para falar sobre a in-
fluência dos aparelhos de medição espacial
na descoberta das Américas; do professor de
Ciências para explicar como os trópicos meri-
dionais influenciam na vegetação e bioma de
cada território.

Sugestão de
filme

Os Goonies.
Diretor: Richard Donner
Sinopse: Com os prédios de seu bairro es-
tando prestes a ser demolidos, o que forçará a
mudança de todos os residentes do local, um Terra Brasilis, 1519, mapa de Pedro Reinel e Lopo Homem. Atlas Miller, Biblioteca
Nacional de Paris.
grupo de garotos resolve organizar uma ceri-
Que título você daria a ele?
mônia de despedida do local. Quando desco-
Sugestão: Brasil no início da sua exploração por Portugal.
brem um legítimo mapa do tesouro, capaz de
torná-los ricos e evitar a destruição de suas ca-
sas, os Goonies resolvem partir em uma gran-
2 Imagine que você seja um engenheiro do trânsito e precise verificar a orientação de uma rua. Para
de aventura.
essa tarefa, foram-lhe oferecidos três mapas para você escolher.
• O primeiro tem a escala 1:10.000.

Anotações • O segundo tem a escala 1:100.000.


• O terceiro tem a escala 1:1.000.000.

Qual deles você escolheria e por quê?


A escala 1 : 10.000, devido à sua riqueza em detalhes. É uma escala grande.

82 Capítulo 3 – Letramento cartográfico

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C
82

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3 Observe as curvas de nível abaixo.
0m

50 m
50 m
100 m
100 m
150 m
150 m
200 m

A B
250 m
200 m

Fonte: UFRJ
1:50.000

Qual delas apresenta o relevo mais inclinado? Explique por quê.


A figura “B”, devido à proximidade das linhas.

4 Explique o que é uma legenda de mapa.


São informações em forma de cores e símbolos que permitem entender os objetos e fenômenos repre-

sentados no mapa.

5 No mapa abaixo, estão faltando alguns elementos que obrigatoriamente todo mapa deve ter. Um
desses é o título. Observe bem o que está sendo retratado e crie um título para este mapa.
Sugestão de resposta:
Regiões brasileiras – IBGE
Rainer Lesniewski/Shutterstock.com

Distrito Federal
do Brasil BRASÍLIA
GOIÁS
9:41

0 424 km 848 km

O L

Capítulo 3 – Letramento cartográfico 83

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83

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Sugestão de
leitura 6 Observando um mapa de escala 1:200.000, João encontrou uma estrada que tinha o comprimento
de 10 cm. João nunca havia passado por essa estrada, mas queria saber o tamanho verdadeiro dela. Aju-
de João a saber o comprimento correto da estrada.
A Cartografia no ensino de Geografia: a
aprendizagem mediada 1 : 200.000cm = 1 : 2 km
Autora: Mafalda Nesi Francischett 10x2 = 20 km
Sinopse: A obra contém uma proposta de
análise e utilização da maquete como instru- 7 Observe a foto e responda ao que se pede:
mento no processo de ensino de conteúdos a. Você consegue identificar de que lugar
de Geografia em sua interface com a Carto- é essa foto?
grafia. Nessa relação, sobressai-se a represen-
Brasília (DF) – Esplanada dos Ministérios.
tação, por uma linguagem baseada na semió-
tica como a base para a leitura e compreensão b. Quais informações do lugar você conse-
gue reunir ao analisar essa foto?
do espaço. Assim, a maquete é uma forma de
representação que permite àquele que dela se O lugar é composto por ruas, avenidas,
utiliza, as possibilidades de uma visão estereo-
prédios, terrenos vazios, etc.
gráfica, que conjuga a perspectiva que possibi-
lita a observação por todos os lados do objeto c. Essa é uma área urbana ou uma área
rural?
e os ângulos ortográficos utilizados como ele-
mento estrutural na sua própria construção. Área urbana.
Fonte: Google Earth.

O espaço geográfico: ensino e representação


8 Por que os mapas são importantes para a sociedade?
Autoras: Elza Passini e Rosângela Doin de
Almeida Os mapas são importantes, porque são ferramentas que nos ajudam a nos localizar e nos orientar pela
Sinopse: As crianças nem sempre compreen- superfície terrestre.
dem os conceitos espaciais usados pelos adul-
tos, principalmente aqueles emitidos na esco-
la. Para enfrentar esse desafio, as experientes
autoras propõem uma trajetória de ensino que
se inicia com a apreensão espacial do próprio
corpo da criança e desemboca na boa leitura
e eficiente elaboração de mapas por parte dos
alunos. Para reforçar a aprendizagem, suge-
rem uma série de atividades minuciosamente
descritas, que resgatam as vivências espaciais
das crianças.
84 Capítulo 3 – Letramento cartográfico
Cartografia escolar
Organizadora: Rosângela Doin de Almeida
Sinopse: Práticas com mapas eram ativida- CG_6ºano_03.indd 84 07/03/2018 13:39:41

des subutilizadas nas escolas. Hoje se trans- Meu primeiro GPS Mapas, gráficos e redes – elabore você mesmo
formaram em preocupação fundamental Autor: André C. Gurgel Autor: Marcello Martinelli
para o ensino de Geografia. Importantes Sinopse: Uma obra inédita que consegue fa- Sinopse: A obra, inédita e importante para a
noções, como a própria localização espacial, zer com que qualquer pessoa entenda o que área da Cartografia Temática, aborda os prin-
são tratadas com o auxílio de mapas. Car- é e o que pode ser feito com um aparelho cipais fundamentos sobre a elaboração, análi-
tografia escolar tem como objetivo fomen- de GPS sem precisar ser um cientista espa- se e interpretação de mapas, gráficos e redes,
tar a produção e o uso de mapas com jovens cial. Esse livro é para quem quer iniciar o uso desde os conceitos básicos de representação
e crianças na sala de aula. Renomados de um GPS de forma divertida e inteligen- gráfica e sistemas de coordenadas até a estru-
especialistas tratam da metodologia, da te, proporcionando mais informação e segu- tura metodológica das representações em ma-
teoria e da prática da construção do espaço rança durante viagens de passeio, aventura pas e a coleta, o processamento e a apresenta-
geográfico, assim como da sistematização ou pesquisa. ção de dados.
da cartografia temática.

84

ME_CG_6ºano_03.indd 84 29/03/2018 11:51:34


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 4 (EF06GE03) Descrever os movimentos do


planeta e sua relação com a circulação geral da
Nosso planeta atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
O nosso planeta é uma casa onde se abrigam diversas
formas de vida, e como tal necessita ser cuidada, res-
climáticos.
peitada e preservada.

Objetivos
pedagógicos

• Entender o Sistema Solar e a importân-


cia de sua dinâmica para o planeta Terra e o
meio ambiente.
• Compreender a influência do ciclo lunar
sobre o ambiente terrestre.
• Entender os diferentes movimentos que o
Planeta executa no espaço, identificando suas
principais consequências sensíveis e visíveis
para o ambiente terrestre.
• Avaliar a teoria do Big Bang como a mais
aceita para explicacar a origem do Universo.
• Estabelecer comparações entre diferentes
astros componentes do Sistema Solar.
• Compreender a forma e composição do pla-
neta Terra em relação aos outros planetas do
Sistema Solar.
• Compreender os eclipses e as marés como
consequência das relações Terra-Lua-Sol.
Neste capítulo, desvendaremos
juntos os segredos do nosso planeta.
• Entender o sistema de fuso horário como
Sua posição no espaço, a relação com fundamental para determinação das horas em
outros astros, seus movimentos, sua todo o Planeta.
idade e formação geológica, bem como
os elementos que constituem sua • Identificar as consequências da adoção do
superfície.
calendário gregoriano.
NASA

Anotações
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85

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Anotações
Cenário 1

Nossa localização
no Universo

Aphelleon/Shutterstock.com
Fazemos parte de um
sistema
A Terra é um dos bilhares de astros que constituem o imenso
Universo. Localizado na periferia de uma das incontáveis galáxias,
o nosso planeta se movimenta ao redor do Sol, de quem recebe luz e
calor, junto com outros sete planetas, que formam o Sistema Solar.
Nossa galáxia é a Via Láctea, cujo nome, dado pelos gregos na
Antiguidade, significa caminho de leite, numa alusão à sua colora-
Plutão é um planeta-anão no Cinturão de
Kuiper. ção e ao seu formato quando avistada da Terra.
A ordem dos planetas, do mais próximo para o mais distante
do Sol, é: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano
e Netuno. Até pouco tempo, essa lista era composta de nove pla-
Diálogo com o netas, pois contemplava o corpo celeste chamado Plutão, situado
professor após Netuno. Contudo, desde 2006, uma convenção estabeleceu
que esse corpo, na verdade, enquadra-se na categoria dos planetas-
-anões, em decorrência da descoberta de diversos corpos celestes
com dimensões iguais ou maiores que Plutão. Além deste, Ceres e
O capítulo trata de temas que dizem res- Éris também são planetas-anões.
peito ao Sistema Solar e como sua dinâmica O Sol é uma estrela que fornece luz e calor a esses planetas,
bem como a outros corpos celestes, que gravitam em torno dele. As
interfere na existência e ação do nosso planeta. estrelas, por emitirem luz própria, são chamadas astros luminosos.
Dentro deste contexto, ascendência do Já os corpos celestes que não possuem luz própria, apenas refletem
a luz do astro em torno do qual gravitam, são chamados astros ilu-
nosso planeta, a Terra, seus movimentos e a
minados, tais como os planetas e os satélites naturais.
interferência exercida pelos outros astros do Dentro da Via Láctea, a Terra é o terceiro planeta em proximidade
Sistema Solar sobre ele, como sentimos ou ve- do Sol, e é justamente essa posição que dá ao globo terrestre condições,
dentre os planetas conhecidos atualmente, para a existência de diferen-
mos essas interposições. tes formas de vida. Apesar disso, pode ser precipitado afirmar que só
Para tornar a dinâmica de sala de aula existe vida em nosso planeta. O mais coerente seria afirmar que as for-
mais interessante e o conteúdo significativo, a mas de vida que conhecemos atualmente existem apenas aqui na Terra,
levando em consideração duas evidências: em primeiro lugar, a Terra,
abordagem deve levar em consideração os sa- além de Marte, Vênus e Mercúrio, pertence a um grupo chamado de
beres construídos por outros campos de co- planetas telúricos, ou seja, constituídos por rochas, solos e minerais; e,
nhecimento, como História e Filosofia, que em segundo lugar, a relação Sol-Terra propicia a existência de água em
estado líquido, temperaturas ideais, além de oxigênio e outros gases, o
podem apresentar outras teorias sobre o sur- que favorece as formas de vida que conhecemos.
gimento do Universo e da Terra. A Física, por
sua vez, pode explicar a dinâmica celeste, as re- 86 Capítulo 4 – Nosso planeta
lações de ação, retroação e velocidade;a Mate-
mática pode tratar da relação das distâncias; e
a Biologia, da questão do ambiente terrestre CG_6ºano_04.indd 86 07/03/2018 13:44:57

em diferentes eras, etc. pelo seu conteúdo e qualidade literária, Cosmos Sugestão de
é um clássico, isto é, um livro que se torna mais
importante com a experiência de cada nova lei-
abordagem
Sugestão de tura. Não é apenas um livro sobre o conheci-
leitura mento científico e a história da ciência. É um
livro sobre o melhor da nossa humanidade: a
Seria muito interessante a construção
de uma maquete do Sistema Solar para que
aventura da descoberta, o inconformismo do es- o aluno tenha compreensão de como a mas-
Cosmos pírito humano, a tolerância, a possibilidade e o sa e as distâncias de cada membro desse siste-
Autor: Carl Sagan impulso humaníssimos da solidariedade, sobre a ma interferem sobre a Terra ou recebem in-
Sinopse: Cosmos é um poderoso antídoto para o consciência moral e a responsabilidade que essa terferências dela.
fundamentalismo, a intolerância, a superstição, consciência impõe na nossa relação com os ou-
o racismo, o nacionalismo. Podendo ser con- tros, com o Planeta e o Universo, mostrando
siderada uma das grandes obras do século XX, como a ciência e a civilização cresceram juntas.

86
C

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Junto com os planetas do Sistema Solar, uma infinidade de
outros astros participa dessa verdadeira “dança” celestial. São co-
metas, meteoros, meteoritos e satélites naturais, como a Lua,
chamados corpos celestes, que giram em torno dos planetas por
causa da ação da Gravidade.
Sistema Solar
Sistema solar de de acordo
acordo com acom
novaadefinição
nova definição 3.000 km
16.000
2.300 km
Diâmetro Distância média do Sol, em milhões de km 51 mil km 5.900
2.870
Júpiter 49 mil km
Saturno 4.500 1.200 km
Vênus Terra 5.900
Mercúrio Marte NOVO
Ceres

Plutão
4.880 km 12.756 km 930 km Urano Netuno Caronte
58 150 414
NOVO
120 mil km “Xena”
12.106 km 6.800 km 1.420
108 228 (2003 UB313)
Plútons NOVO
Terra 143 mil km “Xena”
Marte 778 (2003 UB313)
Vênus Júpiter Plutão
Saturno Caronte
Sol
Urano
Mercúrio
Netuno
Ceres

O surgimento do
Universo
Existem várias teorias científicas sobre o surgimento do Univer-
so, mas a mais aceita é a do big bang, ou Grande Explosão — ideia
proposta por estudiosos do início do século XX. Entre eles, o padre
italiano Georges Lemaître, considerado o pai da teoria, o físico russo
George Gamow, e o astrônomo norte-americano Edwin Hubble, que
foi homenageado com seu nome num importante telescópio.
Segundo essa teoria, toda matéria que existia há bilhões de anos
estava concentrada num ponto do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tamanha concentração provocou a sua explosão, liberando a matéria
e dando início à expansão do Universo. Apesar do nome da teoria,
não houve barulho no momento da explosão, pois não havia ar. Para
4:57
os cientistas adeptos desse modelo, o Universo continua em expansão.

Geografia em cena

Cláudio Ptolomeu foi um dos maiores cientistas gregos. Vi-


veu entre os anos de 90 d.C. a 168 d.C. em um cidade chamada
Alexandria, no Egito. Destacou-se pelos seus trabalhos nas áreas
da Geografia, da Astrologia, da Astronomia e da Matemática.

Capítulo 4 – Nosso planeta 87

87
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Os primeiros estudos
sobre o Sistema Solar
Foram os gregos antigos que primeiro desenvolveram um mo-
delo que reproduzia o movimento dos astros. O modelo geocên-
trico, como ficou conhecido o formato final da teoria proposta por
Terra Júpiter Cláudio Ptolomeu, considerava que a Terra localizava-se no centro
Lua do Universo e os demais astros giravam ao seu redor. O modelo
Mercúrio
Vênus geocêntrico foi adotado pela Igreja Católica, que dominava boa
Marte
parte da produção do conhecimento da época, e permaneceu até
Sol Saturno o século XVI como a principal compreensão acerca do Universo.
Entretanto, a partir dos estudos do astrônomo Nicolau Co-
O modelo ptolomaico, como também fi- pérnico, o modelo geocêntrico começou a ser contestado, per-
cou conhecida a teoria geocêntrica, dividia dendo sua força, tempos depois, com as observações de Galileu
as órbitas, basicamente, da seguinte maneira: no
centro a Terra, em seguida a Lua, Mercúrio, Vê- Galilei. Utilizando um instrumento recém-inventado, a luneta,
nus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Galileu fez observações do Sistema Solar em que desvendou ór-
bitas diferentes das descritas por Ptolomeu, baseando, assim, a
teoria heliocêntrica, ou seja, o Sol é o centro do Universo, e não
Saturno
a Terra, tendo os demais astros orbitando ao seu redor, inclusive
Vênus nosso planeta.
Lua
Sol
Terra

Mercúrio
A forma da Terra
Marte O nosso planeta não apresenta uma forma totalmente esférica,
Júpiter
e sim abaulada, ou seja, achatada nos polos e mais larga na região
do Equador.

Nasa
O modelo heliocêntrico, ou copernicano,
foi proposto em 1514, após 30 anos de
trabalho, e defendia, além da presença do Sol
no centro do Universo, sua dimensão infinita.

Esta visão da Terra foi observada pela equipe do Apollo 17, 1972.

88 Capítulo 4 – Nosso planeta

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88

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Por esse motivo, recebe a denominação de geoide, palavra
oriunda da língua grega (geo: terra; oide: forma) que designa o for-
mato da Terra. Essa forma quase esférica e ligeiramente achatada
nos polos acarreta uma distribuição irregular da luminosidade solar
sobre a superfície do Planeta e, consequentemente, temperaturas
desiguais. Por sua vez, essa distribuição desigual de temperatura
produziu o aparecimento de zonas térmicas ou de iluminação dife-
rentes, como mostram as figuras abaixo.

Distribuição da radiação solar sobre a Terra

3
tic
o 2 Sol
r Ár
ola
Círculo P

1
er
Trópico de Cânc

Equador 2
rnio
ricó o
Trópico de Cap r tic
A ntá
olar
Círculo P

3
1 Zona Intertropical 2 Zonas Temperadas 3 Zona Polar

Observando a imagem acima, você notará que os raios solares


tocam de forma perpendicular (formando um ângulo reto) a su-
perfície terrestre na área indicada pelo número 1 (próximo à Linha
do Equador); e que, à medida que nos afastamos dessa região em
direção às áreas indicadas pelos números 2 e 3, os raios solares pas-
sam a tocar de forma não perpendicular a superfície do Planeta, em
virtude do seu formato esférico. Com isso, a quantidade de calor
fornecida ao Planeta vai reduzindo à medida que nos afastamos da
Linha do Equador em direção aos polos.
Essa diferença de incidência solar criou o que denominamos
de zonas climáticas da Terra, como mostra a figura acima. En-
tre o Trópico de Câncer e o de Capricórnio, temos a Zona Tro-
pical, Intertropical, ou Tórrida, região onde a maior perpen-
dicularidade do toque dos raios solares sobre o solo faz com que
as temperaturas médias térmicas sejam mais elevadas do que nas
outras zonas climáticas. Já entre o Trópico de Câncer e o Círculo
Polar Ártico, e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar
Antártico, os raios solares incidem de forma menos perpendi-
cular e mais inclinada — consequentemente, a geração de calor
também é menor. Essas regiões, de temperaturas mais baixas,
são denominadas Zonas Temperadas (a do Norte, “acima” do
Trópico de Câncer indo até o limite do Círculo Polar Ártico, e a
do Sul, “abaixo” do Trópico de Capricórnio indo até o limite do
Círculo Polar Antártico). Por fim, as áreas dentro dos círculos

Capítulo 4 – Nosso planeta 89

:01 CG_6ºano_04.indd 89 07/03/2018 13:45:01


89

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Anotações
polares Ártico e Antártico, onde a incidência do toque dos raios
Polo Norte solares é muitíssimo inclinada e gera menos calor, correspondem
Oeste
às Zonas Polares, ou Glaciais (Polar Norte e Polar Sul).
É importante ressaltar que o surgimento dessas zonas climáti-
Mo
Noite
cas não é consequência apenas da forma do Planeta. Devemos levar
vim
en
to
de Dia
Leste em consideração outros fatores, como os movimentos de rotação
ro taç
ão
e translação da Terra, que veremos detalhadamente mais adiante.
Abril Março
Polo Sul

Maio Fevereiro
Movimento de rotação da Terra de oeste
para leste.

Junho Janeiro

Julho Dezembro

Agosto Novembro

Posição da Terra em cada mês do ano, no Setembro Outubro


movimento de translação.

Geografia em cena

Os astrônomos responsáveis pela sonda espacial Kepler in-


formaram, na terça-feira, 20 de dezembro de 2011, a descoberta
de mais dois planetas fora do Sistema Solar. Ambos possuem o
tamanho semelhante ao da Terra e foram denominados como
Kepler-20e (1) e Kepler-20f (2).

Nasa
1
Esses exoplanetas (como
são chamados aqueles que estão
fora do Sistema Solar) orbitam
em torno de uma estrela pare-
cida com o Sol. Localizam-se a
950 anos-luz da Terra e, confor-
me relatos de François Fressin,
Sugestão de
líder da equipe dos astronautas,
abordagem
Nasa

2
eles acreditam que os planetas
possam ter composição parecida
com a do nosso, com o manto e o
núcleo ferroso. Ainda de acordo
Para que o aluno entenda as mudanças da com os astronautas, acredita-se
posição do planeta em relação ao Sol ao longo que o 20-f tenha uma atmosfera
do ano, pode-se fazer uma atividade prática: com vapor de água.
colocar uma haste de 1m de altura e, ao longo
do ano, identificar a projetação da sua sombra 90 Capítulo 4 – Nosso planeta
no início da manhã (a haste deve estar coloca-
do em uma área onde os raios do Sol nascen-
te incidam diretamente sobre ele. Marque as CG_6ºano_04.indd 90 07/03/2018 13:45:03 CG

projeções da sombra). Kant (1724–1804) e Pierre Simon de La- da nebulosa solar, a matéria se concentrou tão
place (1749–1827). Eles fundaram a chama- fortemente e com isso alcançou temperaturas
da Teoria da Nebulosa, segundo a qual o Sol tão altas que, na parte mais interna à fusão de
Leitura e os planetas surgiram simultaneamente de núcleos, a transformação de hidrogênio para
complementar uma nebulosa em processo de colapso e acha- hélio pôde acontecer. Esse processo caracte-
tamento. A partir dessa representação, o Sol riza uma estrela e lhe proporciona energia ao
se formou há cerca de cinco bilhões de anos longo de sua vida. Afinal, nós também depen-
O nascimento do Sistema
a partir da concentração de massas no centro demos disso: sem a energia do Sol não haveria
Solar da nebulosa, e os grandes planetas se origina- nenhuma vida no Planeta.
O fundamento para a representação ram no disco da mesma, a partir de fragmen-
atual do surgimento do Sistema Solar já foi tos que colidiram e se amalgamaram. Os pla- Disponível em: O fascinante mundo da Astronomia.
estabelecido nos séculos XVII e XVIII por netoides e cometas representam os resíduos Tradução de Constantino Kouzmin-Korovaeff. São
René Descartes (1596–1650), Immanuel da fase primitiva do Sistema Solar. No centro Paulo: Editora Escala, 2010. p. 116.

90

ME_CG_6ºano_04.indd 90 29/03/2018 11:50:39


ra que esses dois enfoques não são tão dis-
tantes quanto imaginamos, apresentando
Ensaio geográfico versões de diversas culturas para o misté-
rio da Criação, até desembocar na explica-
1 Na imagem abaixo, coloque o nome dos círculos imaginários em seus respectivos lugares. ção da ciência moderna para a origem do
Universo.

A harmonia do mundo
Autor: Marcelo Gleiser
fluidworkshop/Shutterstock.com

Sinopse: Este belo romance histórico re-


Círculo Polar Ártico
constrói a trajetória de um pesquisador de-
terminado, rumo a uma nova astronomia e
Trópico de Câncer
a sua obra-prima, a harmonia do mundo —
síntese do conhecimento humano com que
Linha do Equador Kepler pretendeu demonstrar a perfeição da
obra divina, da Geometria à Música, da As-
Trópico de Capricórnio trologia à Astronomia.
Para escrever o romance, Marcelo Glei-
Círculo Polar Antártico ser realizou extensa pesquisa em busca de
documentos e manuscritos originais. “Segui
os passos de Kepler por três semanas: Ale-
2 Observe as alternativas abaixo e marque apenas aquelas que contêm astros iluminados.
manha, Áustria e República Tcheca. Sentei
na mesa em que ele sentava, li o livro que ele
a. Estrelas.
estava lendo. Tenho a correspondência tro-
b. Cometas.
cada entre Kepler e Maestlin. Li toneladas
c. X Satélites.
de coisas. Tentei encarnar a vida dele” resu-
d. X Planetas.
me Gleiser.
e. Meteoros.

3 Explique, com suas palavras, por que Plutão foi rebaixado a planeta-anão.
Anotações
Plutão foi descoberto em 1930 e, até o ano de 2006, era considerado o nono planeta do Sistema So-

lar. No entanto, as constantes descobertas de novos corpos celestes com características e propriedades

muito similares aos dos planetas existentes fizeram com que a União Astronômica Internacional modi-

ficasse a definição de planeta, o que excluiu Plutão dessa categoria.

Capítulo 4 – Nosso planeta 91

5:03 CG_6ºano_04.indd 91 07/03/2018 13:45:04

Sugestão de A dança do Universo


leitura Autor: Marcelo Gleiser
Sinopse: O que aconteceu no momento da Cria-
ção? Houve um instante determinado em que o
Da Terra às galáxias Universo que nos rodeia surgiu? Essas questões
Autor: Ronaldo Rogério de Freitas Mourão são tão antigas como a própria humanidade.
Sinopse: Nesse livro, Mourão faz uma breve Muitos procuram respostas nos mitos e nas re-
introdução à Astrofísica, essa fascinante área ligiões. Outros, nas teorias científicas.
de conhecimento que estuda o Universo e as Em A dança do Universo, o físico bra-
suas leis. Essa obra pretende cativar os leitores, sileiro Marcelo Gleiser, professor de Físi-
fornecendo informações precisas e confiáveis ca e Astronomia do Dartmouth College e
sobre as estrelas, os astros e os planetas que fa- pesquisador premiado no Brasil e nos Es-
zem parte de nosso vasto Universo. tados Unidos, mostra em linguagem cla-

91

ME_CG_6ºano_04.indd 91 29/03/2018 11:50:40


Leitura
complementar 4 Observe a imagem abaixo. Nela, estão incluídos todos os planetas que fazem parte do Sistema So-
lar. Coloque o nome de cada um no seu respectivo lugar.

Os 13 bilhões de anos

Christos Georghiou/Shutterstock.com
seguintes
Muito aconteceu no primeiro segundo
do Big Bang. Mas esse foi apenas o começo
da história. Depois de 100 segundos, a tem- 1 2 3 4 7 8
5 6
peratura do Universo se resfriou para cer-
ca de 1 bilhão de graus Celsius. As partícu-
las subatômicas continuaram a se combinar.
Em termos de massa, a distribuição dos ele- 1. Mercúrio. 5. Júpiter.

mentos era de, aproximadamente, 75% de 2. Vênus. 6. Saturno.


núcleos de hidrogênio e 24% de núcleos de
3. Terra. 7. Urano.
hélio (o 1% restante consistia em outros ele-
mentos leves, como o lítio). 4. Marte. 8. Netuno.

A temperatura do Universo continua- 5 Use as palavras abaixo para completar o gráfico. Situe-as na ordem correta e reescreva cada uma
va alta demais para que os elétrons se li- delas na porção interior de sua respectiva faixa circular.
gassem aos núcleos. Em vez disso, eles co-
lidiam com outras partículas subatômicas
Via Láctea — Terra — Sistema Solar
conhecidas como pósitrons, criando mais Via Láctea
fótons. Mas o Universo ainda era denso de- Sistema Solar
mais para que a luz pudesse brilhar em seu Terra
interior.
O Universo continuou a se expandir
e a se refrigerar. Depois de cerca de 56 mil
anos, ele havia se refrigerado a 9.000 Kelvin
(8.726 graus Celsius). Naquele momento,
a densidade da distribuição de matéria do
Universo se equiparava à densidade da ra-
diação. Depois de mais 324 mil anos, o Uni-
verso havia se expandido o suficiente para se
refrigerar a 3.000 Kelvin (2.727 graus Cel-
sius). Enfim, havia chegado o momento em
que prótons e elétrons se tornaram capazes
de se combinar para formar átomos neutros 92 Capítulo 4 – Nosso planeta
de hidrogênio.
Foi nesse momento, 380 mil anos após
o evento inicial, que o Universo se tornou CG_6ºano_04.indd 92 07/03/2018 13:45:04

transparente. A luz podia brilhar através 200 milhões de anos depois da criação ini- Hoje, a temperatura do Universo é de
dele. A radiação que os humanos mais tarde cial do Universo, estrelas se formaram a par- 2.725 Kelvin (-270 graus Celsius), ou seja,
identificariam como a radiação cósmica de tir desses bolsões de gás. apenas dois graus acima do zero absoluto. A
fundo em micro-ondas ocupou o seu lugar. As estrelas começaram a se aglomerar seção homogênea do Universo sobre a qual
Pelos 100 milhões de anos seguintes, para formar galáxias e, com o tempo, al- podemos teorizar tem cerca de 1 x 1029
aproximadamente, o Universo continuou a gumas se tornaram supernovas. Com a ex- centímetros de extensão. É uma área maior
se expandir e a se resfriar. Diversas peque- plosão das estrelas, matéria era ejetada no do que a que podemos observar fisicamente
nas flutuações gravitacionais fizeram com Universo. Essa matéria incluía todos os ele- usando os mais avançados instrumentos as-
que partículas de matéria formassem aglo- mentos mais pesados que encontramos na tronômicos que existem.
merados. A gravidade levou os gases do natureza (todos os elementos, até o urânio).
Universo a se contrair em bolsões aperta- As galáxias, por sua vez, uniam-se em aglo-
dos. Com a contração, os gases se tornaram merados. Nosso Sistema Solar se formou
mais densos e mais quentes. Cerca de 100 a cerca de 4,6 bilhões de anos atrás.
C
92

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Cenário 2

Os movimentos
da Terra e suas
consequências
O movimento de
rotação
Como dissemos no Cenário 1, a Terra realiza “danças”, movi-
mentando-se no espaço celestial. São vários movimentos, porém
dois deles destacam-se por provocar consequências sensíveis e visí-
veis no espaço natural e geográfico — são os movimentos de rota-
ção e de translação.
O movimento de rotação é um dos mais importantes que a
Terra executa. Corresponde ao giro que ela faz em torno do seu
próprio eixo, como se fosse um pião.
Polo
Perpendicular norte
à órbita celeste
Inclinação
axial ou
obliquidade
Eixo de
rotação

Equador celeste

Direção da órbita

5:04

Polo
sul
celeste

Movimento de rotação e suas variáveis.

Esse movimento dura, aproximadamente, 24h (para ser mais


exato, 23 horas, 56 minutos e 4 segundos). Esse período correspon-
de a um dia do nosso calendário.

Capítulo 4 – Nosso planeta 93

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93

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Diálogo com o
professor Sucessão dos dias e das
A utilização de mapas temáticos faz-se
noites
indispensável para a evolução do aluno diante Esse movimento giratório diante do Sol faz com que, enquanto
das mais variadas temáticas da Geografia na- uma face do nosso planeta está iluminada pelo Sol, a outra esteja em
completa escuridão, gerando o dia para algumas áreas do Planeta e a
cional e global. O enriquecimento de conhe- noite para outras. Entre essa faixa de luz e de escuridão, encontrare-
cimento ao longo da vida estudantil do jovem mos uma região de meia-luz que, dependendo da porção do espaço
terrestre, pode ser denominada de entardecer, ou amanhecer.
vai se completando com as informações ad-
quiridas por meio da leitura e interpretação de Fusos horários
mapas, o que resulta numa melhor compreen-
são do espaço geográfico em que o aluno está O estudo dos fusos horários representa uma oportunidade de
misturar todo o conhecimento que acumulamos até agora. Observe.
inserido. Explore ao máximo os mapas temáti- Inicialmente, aprendemos o conceito de espaço e paisagem.
cos disponíveis ao longo de nossas obras e faça Um pouco depois, caminhamos na trilha da orientação sobre o es-
paço geográfico. Nesse momento, aprendemos a nos orientar pelos
dessa prática um hábito junto aos alunos, ten-
pontos cardeais e, assim, de forma natural, estudamos que o ponto
do nos detalhes e informações um bom desa- cardeal Leste localiza-se, aproximadamente, onde o Sol nasce todas
fio de busca pelo novo. as manhãs — daí a denominação de nascente.
Para entender as diferentes horas que existem sobre o planeta
Terra, é necessária a utilização desse conhecimento, pois, se o sen-
tido do movimento de rotação da Terra é do oeste para o leste e o
Anotações Sol nasce a leste, essa porção do Planeta é a que recebe primeiro a
luz solar. Portanto, as horas nessa região são mais adiantadas do que
nas partes que estão em direção a oeste.
O passo agora é saber como se identificam as horas exatas em di-
ferentes pontos da Terra. Para isso, busque na memória o conteúdo
Polo que estudamos em coordenadas geográficas. Aprendemos que foram
Norte criadas diversas faixas de meridianos ligando um polo da Terra a outro,
sendo o mais importante deles o de Greenwich, pois é considerado o
meridiano inicial: devido a uma convenção internacional, ocorrida no
ano de 1884 em Washington, Estados Unidos, ele passou a ser utiliza-
do até hoje para padronizar todas as horas no Planeta. A partir desse
momento, foram criadas outras 24 faixas de fuso (lembre-se de que
o dia possui 24h), sendo 12 faixas de fuso para leste (ou à direita de
Greenwich) e outras 12 a oeste (ou à esquerda de Greenwich).
A partir de Greenwich, as horas são mais adiantadas em dire-
ção ao leste. Ou seja, cada faixa de fuso a leste, ou à direita de outra,
Equador tem uma hora a mais que a anterior, como mostra o planisfério que
veremos adiante.
Em virtude da posição de nascimento do Sol e do sentido do mo-
Polo Sul vimento de rotação, todas as áreas localizadas a leste de Greenwich
Eixo de rotação da Terra — movimento
possuem horas mais adiantadas que as áreas que estão a oeste desse
de oeste para leste. meridiano.

94 Capítulo 4 – Nosso planeta

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Diálogo com o
professor

Para entender o sistema de fuso horário,


é importante a utilização dos conhecimentos
produzidos pela História, para que se tenha uma
compreensão da conjuntura do momento em
que foi criado e da sua manutenção. Por outro
lado, para calcular o fuso horário é necessário
aliar-se ao conhecimento produzido pelo campo
disciplinar da Matemática, através das operações
elementares e no cálculo angular em uma esfera.
C
94

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Fusos horários terrestres
Hora do Fuso
N

O L

S
Anchorage São Petersburgo
60º Londres Moscou
Toronto
Paris
Chicago Nova York Pequim Seul
Roma
Los Angeles Teerã Tóquio
30º
Miami Cairo Délhi Xangai
Cidade do Oceano
México
Calcutá Oceano
Atlântico Lagos Manila Pacífico
Oceano Manaus

Nairóbi
Pacífico
Lima Brasília Oceano Jacarta
Rio de Janeiro Índico

a ta
30º São Paulo Sydney

eD
Santiago
Cidade

ad
Buenos Aires Adelaide
do Cabo


Sentido da rotação da Terra

da
u
M
0 2.663 km 5.356 km
de
Movimento aparente do Sol
60°

al
cion
na
ter
a In
180º 165º 150º 135º 120º 105º 90º 75º 60º 45º 30º 15º 0º 15º 30º 45º 60º 75º 90º 105º 120º 135º 150º 165º 180º

h
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12 Lin

Agora, observe com atenção no planisfério abaixo a posição


do Brasil.

Brasil: fusos horários Geografia em cena

Oceano O Tempo Universal Coor-


RR
AP Atlântico denado, abreviadamente
UTC (do inglês Univer-
sal Time Coordinated), ou
AM tempo civil, é o fuso ho-
PA MA CE
RN rário de referência a partir
PB
AC
PI
PE do qual se calculam todas
RO TO
AL
SE as outras zonas horárias do
MT BA mundo.
DF
GO
MG
MS ES
SP
Trópico de Ca
pricórnio RJ
N PR
5:04

O L SC
RS 0 471 km 942 km
S

 5 horas  4 horas  3 horas  2 horas

Fusos horários brasileiros atualmente observados (de 16 de fe-


vereiro de 2014 a 19 de outubro de 2014).
UTC −5 UTC −4 UTC −3 UTC −2

Capítulo 4 – Nosso planeta 95

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95

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Diálogo com o
professor Você deve ter notado que o Brasil está localizado a oeste, ou à
esquerda do Meridiano de Greenwich. Portanto, todas as horas do
nosso país estão atrasadas com relação a Greenwich.
Neste contexto, é importante fazer com O Brasil possui quatro fusos horários, como pudemos observar
no mapa da página 95. O primeiro deles (-2) é o das ilhas oceânicas,
que o aluno saiba que a Terra executa diversos como Fernando de Noronha, e encontra-se duas horas atrasado em
movimentos no Universo, e não apenas a rota- relação à hora de Greenwich. O segundo (-3) abrange as regiões Sul,
ção e a translação; contudo, deve-se destacar Sudeste e Nordeste, além dos estados de Tocantins, do Pará, Amapá
e de Goiás; este é o horário oficial do País, o chamado horário de
que esses dois são os que produzem repercus- Brasília. O terceiro (-4) abrange os estados de Mato Grosso, Mato
sões mais claras sobre a vida no Planeta. Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, bem como parcela do Amazo-
É interessante que o aluno compreenda nas; é uma hora atrasado em relação ao horário oficial do Brasil. O
quarto (-5) contempla o Estado do Acre e parte do Amazonas.
que as consequências do movimento de trans-
lação são provocadas não só pelo movimento,
mas também pela inclinação do eixo de rota- Caminho aparente do
ção do Planeta. Além disso, é importante esta- Sol
belecer comparações entre a translação terres- Com certeza, você já deve ter notado que, desde a hora em que
tre com a de outros planetas do Sistema Solar. você acorda até a hora em que você vai se preparar para o jantar, o
Por fim, o aluno deve compreender o contex- Sol não se encontra no mesmo ponto do céu. Temos a impressão de
que ele passa sobre a nossa cabeça ao longo da manhã e da tarde. De
to de adoção do calendário gregoriano e como manhãzinha, ele está a leste, baixo no horizonte, e desse momento
este interferiu na cronologia histórica. em diante descreve uma rota de subida no céu, que faz com que
mais ou menos ao meio-dia ele esteja a pino (ponto mais alto) so-
bre nossa cabeça e, a partir de então, comece a baixar no horizonte
Sugestão de em direção ao oeste, até desaparecer no final da tarde.
abordagem

Para levar o aluno a um entendimento ló- Sol do meio-dia

gico, reproduza em um experimento a dinâ-


mica da translação. Coloque uma lâmpada ao
centro de um engenho em que uma esfera re-
presentando a Terra gire em torno dessa lâm-
pada. (Obs.: É importante que se reproduza a Anoitecer Amanhecer

inclinação do eixo da Terra na esfera).


Na verdade, não é o Sol que se desloca de leste para oeste, e sim
Leitura o nosso Planeta que descreve uma trajetória de oeste para leste,

complementar fazendo com que tenhamos a sensação de que o Sol está passando
sobre a nossa cabeça, quando na verdade somos nós que estamos
girando sobre nosso próprio eixo em relação ao Sol.

Os movimentos da Terra e 96 Capítulo 4 – Nosso planeta


suas consequências
• Rotação, ou movimento diurno – A es- CG_6ºano_04.indd 96 07/03/2018 13:45:05 CG

fera celeste, em virtude do movimento de ro- movimento faz com que o observador terres- nutos e 46 segundos. A eclíptica é inclinada
tação da Terra no sentido direto (para leste), tre tenha a impressão de que o Sol, em um ano, em relação ao equador celeste, ou seja, o pla-
parece girar ao redor do eixo do mundo no realiza uma volta em torno da Terra. O movi- no da eclíptica forma com o plano do equa-
sentido retrógrado (para oeste). Esse movi- mento anual de translação da Terra é real; o do dor celeste um ângulo de 23°27’, aproximada-
mento da esfera celeste, que é aparente, cha- Sol, aparente. Nesse movimento anual aparen- mente. Esse ângulo representa a obliquidade
ma-se movimento diurno. te, de translação pelo Zodíaco, o Sol percorre eclíptica. Como a eclíptica e o equador celes-
• Translação, ou movimento anual – Ao a linha denominada eclíptica. te são oblíquos entre si, esse dois círculos má-
mesmo tempo que gira sobre seu eixo em um • Eclíptica – Trajetória do Sol no seu mo- ximos da esfera celeste cortam-se em dois pon-
dia sideral no sentido direto, a Terra se deslo- vimento anual de deslocamento aparente ao tos chamados pontos equinociais.
ca em torno do Sol, também no sentido dire- redor da Terra. A eclíptica representa a li- O Sol, percorrendo a eclíptica em um
to, completando uma volta em um ano de 365 nha central do Zodíaco. O Sol, deslocando- ano, passa por um ponto equinocial em mar-
dias, aproximadamente. É o chamado movi- -se para oeste, percorre a eclíptica em um ano, ço e por outro ponto equinocial em setem-
mento anual da Terra em volta do Sol. Esse que tem a duração de 365 dias, 5 horas, 58 mi- bro. O ponto equinocial por onde passa o Sol

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ximo para o sul do equador celeste. O tempo
durante o qual o Sol, no seu movimento apa-
O movimento de rente para leste, percorre a eclíptica constitui
um ano trópico.
translação
Outro importante movimento que a Terra realiza no espaço e Disponível em: BOCHICCHIO, Vicenzo R. Atlas
que gera consequências sobre as diferentes sociedades é a translação. Atual. São Paulo: Atual, 2002.

Vitoriano Junior/Shutterstock.com
Sugestão de
abordagem

Em conjunto com os professores de


Ciências e História, busque informações so-
bre a atuação do Sol nos biomas e no desen-
A elipse da Terra em volta do Sol.
volvimento das civilizações ao longo dos anos.
A translação é o movimento que a Terra executa em torno do É sempre recomendável a mescla entre maté-
Sol, ou seja, órbita. Esse movimento em torno do Astro-Rei não
apresenta uma forma circular, e sim elíptica, ou seja, circular acha-
rias para que o aluno tenha um aproveitamen-
tada (elipse). Nessa sua trajetória, o eixo da Terra — em torno do to maior dos assuntos abordados.
qual o Planeta realiza a rotação — apresenta-se inclinado em rela-
ção ao plano de órbita, como mostra a figura acima.
Esse movimento tem a duração exata de 365 dias, 5 horas, 48
minutos e 46 segundos, porém os seres humanos aproximaram ini- Anotações
cialmente a duração desse movimento para 365 dias e 6 horas e,
posteriormente, os astrônomos o adaptaram para os 365 dias que
denominamos de ano solar, adotado como medida de tempo para
a elaboração do calendário.
Neste ponto, você deve estar se perguntando para onde foram as
seis horas retiradas da duração total da translação. No ano de 1582,
para corrigir o atraso acumulado pelos calendários utilizados ante-
riormente (Agostiniano e Juliano), o Papa Gregório XIII modificou
e ajustou o calendário, passando a chamá-lo Calendário Gregoria-
no. Nesse calendário, as seis horas além dos 365 dias desaparecem,
e, a cada quatro anos, um dia a mais é incluído no mês de fevereiro,
que passa a ter 29 dias, e o ano, 366 dias, por isso é chamado de ano
bissexto. O último ano bissexto foi 2016, e o próximo será 2020.
Antes de apontar qual a principal consequência da translação,
é necessário que você compreenda que não é apenas a órbita que
acarreta tais consequências, e sim sua conjugação com a inclinação
de seu eixo imaginário, que faz com que, ao longo do ano, os he-
misférios Norte e Sul recebam quantidades diferentes de luz solar.

Capítulo 4 – Nosso planeta 97

5:05 CG_6ºano_04.indd 97 07/03/2018 13:45:06

em março de cada ano chama-se ponto ver- do Hemisfério celeste Sul para o Hemisfério
nal, ponto gama ou primeiro ponto de Áries celeste Norte, e, em setembro, o Sol torna a
(y’). A passagem do Sol pelo ponto gama dá cruzar o equador celeste, dirigindo-se agora
lugar ao equinócio de outono (21 de março), do Hemisfério celeste Norte para o Hemisfé-
para o Hemisfério Sul da Terra. Quando o Sol rio celeste Sul. Entre os equinócios, situam-se
passa pelo ponto Libra, tem lugar, no Hemis- os solstícios.
fério Sul, o equinócio de primavera (23 de Em junho, no dia 21 ou 22, o Sol, sempre
setembro). sobre a linha da eclíptica, encontra-se em seu
O atual calendário está organizado de tal afastamento máximo (23°27’) para o norte do
modo que o Sol passa pelo ponto gama, quase equador celeste: é o solstício de inverno para
todos os anos, no dia 21 de março e pelo pon- o Hemisfério Sul da Terra. O solstício de ve-
to Libra em 21 ou 23 de setembro. Em mar- rão tem lugar em 21 ou 22 de dezembro, épo-
ço, o Sol cruza o equador celeste, dirigindo-se ca em que o Sol atinge o seu afastamento má-

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ME_CG_6ºano_04.indd 97 29/03/2018 11:50:43


Diálogo com o
professor Isso resulta no surgimento de diferentes estações do ano, bem como
na criação de ambientes climáticos e formações vegetais bastante
diversificadas.
Neste momento, o objetivo é mostrar que
as quatro estações do ano são consequência da As estações do ano
maior ou menor exposição de um lugar aos
Observe a figura abaixo. Nela, você encontrará graficamente
raios solares. Portanto, o que as determina é a representado o movimento anual de translação terrestre. Também,
variação de temperatura, e não os períodos se- são representados os períodos das quatro estações do ano: prima-
vera, verão, outono e inverno. Além disso, estão indicadas as datas
cos ou chuvosos que podem ocorrer por deter- aproximadas de começo e fim de cada uma dessas estações. Essas
minação de outros fatores naturais. datas recebem os nomes de solstícios e equinócios.
Para produzir uma aprendizagem signifi-

NoPainNoGain/Shutterstock.com
20/21 de março
cativa, é importante mostrar ao aluno como
as estações do ano modificam os hábitos das
pessoas, como as diferentes sociedades se
organizam para receber a chegada de cada
uma das estações do ano, mesmo em lugares
em que essas passagens não são perceptíveis.
20/21 de 20/21 de
Utilize fotografias e filmes sobre paisa- junho dezembro
gens mundiais ao longo de cada uma das es-
tações. É também interessante mostrar o com- 22/23 de setembro
portamento de determinados animais na
Movimento de translação e as datas de mudanças de estação.
previsão da chegada das estações, por exem-
plo, as migrações das aves, dos gnus, a hiber- Os solstícios ocorrem nos dias 20/21 de junho e 20/21 de de-
zembro. Em 20/21 de junho começa o inverno no Hemisfério Sul
nação dos ursos, etc. e o verão no Hemisfério Norte. Em 20/21 de dezembro começa o
verão no Hemisfério Sul e o inverno no Hemisfério Norte. Ao lon-
go dessa trajetória, a duração dos dias e das noites varia. A palavra sols-
Leitura tício significa parada do Sol e remete a uma crença dos gregos antigos
complementar de que, no dia 21 de dezembro, o Sol parava por um tempo maior para
aquecê-los. Nessa data, a diferença de duração entre dias e noites atinge
o seu máximo. Já a palavra equinócio significa noite igual ao dia e se
Movimentos da Terra refere ao fato de que, nesses dias, a noite e o dia têm a mesma duração
em todo o Planeta: 12 horas.
Observando novamente a figura, veremos que no dia 20/21 de
junho, em virtude da inclinação do eixo da Terra e de sua posição em
A Terra tem dois movimentos principais: relação ao Sol na órbita, o Hemisfério Norte está mais voltado para
rotação e translação. A rotação em torno de o Sol. Nesse momento, os raios solares incidem perpendicularmente
seu eixo é responsável pelo ciclo dia-noite. A sobre a linha do Trópico de Câncer, marcando o solstício de verão
(começo do verão) para o Hemisfério Norte e o solstício de inverno
translação se refere ao movimento da Ter- (começo do inverno) para o Hemisfério Sul. Nessa data, os dias se-
ra em sua órbita elíptica em torno do Sol. A
posição mais próxima ao Sol, o periélio (147 98 Capítulo 4 – Nosso planeta
x 106 km), é atingida, aproximadamente, em
3 de janeiro, e o ponto mais distante, o afélio
(152 x 106 km), em, aproximadamente, 4 de CG_6ºano_04.indd 98 07/03/2018 13:45:06 CG

julho. As variações na radiação solar recebida do Sol durante o nosso inverno e em direção Leitura
devido à variação da distância são pequenas. a ele durante o nosso verão. Isso significa que
a altura do Sol, seu ângulo de elevação acima
complementar
Relações entre o Sol e a Terra do horizonte, para uma dada hora do dia (por
exemplo, meio-dia) varia no decorrer do ano. As estações do ano
As estações são causadas pela inclinação No hemisfério de verão, as alturas solares são Você sabe que a Terra translada em torno do
do eixo de rotação da Terra em relação à per- maiores, os dias, mais longos e há mais radia- Sol em uma órbita plana quase circular, com pe-
pendicular ao plano definido pela órbita da ção solar. No hemisfério de inverno, as alturas ríodo definindo o ano. Enquanto isso, ela vai gi-
Terra (plano da eclíptica). do Sol são menores, os dias, mais curtos e há rando em torno de si mesma, originando os dias.
Essa inclinação faz com que a orienta- menos radiação solar. Você sabe que a orientação espacial do eixo
ção da Terra em relação ao Sol mude conti- de rotação da Terra é fixa? De um lado (Hemis-
nuamente enquanto a Terra gira em torno do Disponível em: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/ fério Norte), ele “aponta” para uma estrela bem
astro. O Hemisfério Sul se inclina para longe cap2/ cap2-1.html. Acesso em 29.09.2011. brilhante, conhecida como Estrela Polar; do

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tos em relação ao Sol: equinócio de primavera,
para o hemisfério que está indo do inverno para
rão mais longos e as noites mais curtas para o Hemisfério Norte, e as
o verão, e equinócio de outono, para o hemisfé-
noites serão mais longas e os dias mais curtos para o Hemisfério Sul.
No entanto, vale ressaltar que essa diferença é mais acentuada quanto rio que está indo do verão para o inverno.
mais distante a região estiver da Linha do Equador. Daqui da superfície da Terra, notamos
Já no dia 22/23 de setembro, ocorre o equinócio, que marca o
início da primavera para o Hemisfério Sul e do outono para o Hemis-
um movimento anual do Sol na direção Nor-
fério Norte. Nesse momento, ambos os hemisférios recebem a mesma te-Sul. Nos dias de inverno, para nós do He-
quantidade de luz solar, uma vez que os raios solares incidem perpendi- misfério Sul, o Sol passa “mais para o norte” e,
cularmente sobre a Linha do Equador (note que, nesse espaço do des-
locamento do Planeta em sua órbita, a quantidade de luz foi diminuin- nos dias de verão, passa “mais para o sul”.
do para o Hemisfério Norte e aumentando para o Hemisfério Sul). Imagine uma linha, que chamamos de
Seguindo em sua órbita, no dia 20/21 de dezembro ocorre um equador celeste, que fica exatamente sobre
novo solstício. Agora, o solstício de verão acontece para o Hemisfério
Sul, e o solstício de inverno, no Hemisfério Norte. Nesse momento, o equador terrestre. Nos equinócios, vemos o
os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Ca- Sol sobre essa linha. No nosso solstício de in-
pricórnio, fazendo com que os dias, nesse hemisfério, sejam mais lon- verno, vemos o Sol 23,5° ao norte e, no solstí-
gos, e as noites, mais curtas, enquanto no Hemisfério Norte ocorre o
contrário: as noites mais longas e os dias mais curtos. cio de verão, 23,5° ao sul dessa linha.
Continuando a sua órbita, ocorre, no dia 20/21 de março,
outro equinócio. Nesse dia, acontece o início da primavera para o
Disponível em: http:// www.observatorio.ufmg.br/
Hemisfério Norte e do outono para o Hemisfério Sul (note nova-
mente que, nesse espaço do deslocamento do Planeta em sua órbi- pas44.htm. Adaptado. Acesso em 29.09.2011.
ta, a quantidade de luz foi diminuindo agora para o Hemisfério Sul
e aumentando para o Hemisfério Norte). Novamente, em qualquer
lugar da Terra, dias e noites terão a mesma duração.
Anotações
Shelli Jensen/Shutterstock.com

As mudanças nas paisagens são visíveis nas quatro estações no Hemisfério Norte.

Nem todas as regiões do Planeta, porém, podem vivenciar cla-


ramente a passagem das quatro estações do ano. As regiões polares
e tropicais não as percebem com clareza. No caso das zonas polares,
a pouca perpendicularidade dos raios solares sobre os solos faz com
que as temperaturas sejam muito baixas (geralmente abaixo de zero),
além de propiciar um período de falta de luminosidade, que corres-
ponde ao inverno, e de luminosidade, que corresponde ao verão.

Capítulo 4 – Nosso planeta 99

5:06 CG_6ºano_04.indd 99 07/03/2018 13:45:06

outro lado (Hemisfério Sul), aponta para uma meses depois, é o outro hemisfério que está
estrela bem “fraquinha”, perto do limite huma- voltado para o Sol.
no de visualização a olho nu, a Sigma da cons- Essas posições da Terra em relação ao as-
telação do Octante. Durante a sua volta anual tro são conhecidas como solstícios: solstício
em torno do Sol, o eixo de rotação da Terra está de verão, para o hemisfério voltado para o Sol;
sempre apontando para essas estrelas. solstício de inverno, para o hemisfério voltado
Outra particularidade muito importante contra o Sol (note que um mesmo solstício é
do movimento Terra-Sol, além de ter direção chamado de solstício de inverno em um he-
fixa, o eixo de rotação da Terra é inclinado de misfério enquanto é chamado de solstício de
23,5° em relação à normal ao plano da trans- verão no outro hemisfério; e vice-versa).
lação da Terra. Entre os solstícios, temos posições interme-
Como consequência disso, em um perío- diárias, conhecidas como equinócios, em que os
do um hemisfério está voltado para o Sol; seis dois hemisférios estão simetricamente dispos-

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Sugestão de
filme Geografia em cena Já na Zona Tropical, a incidência de luz solar é muito grande ao lon-
go do ano, o que gera médias térmicas mais elevadas do que nas outras.
Na cidade onde você Com isso, não se observam claramente as quatro estações. No Brasil, por
ABC da Astronomia, Fases da Lua mora, é possível identificar exemplo, apenas as regiões situadas ao Sul do Trópico de Capricórnio
facilmente as estações do podem identificar com certa clareza a passagem das estações.
Autor: OZI; TV Cultura (Fundação Padre A única região do Planeta em que os habitantes podem viver ple-
ano?
Anchieta) namente a passagem das quatro estações são as zonas de latitudes mé-
Sinopse: Nesse ABC da Astronomia, você en- dias, ou zonas temperadas. Localizadas entre os trópicos e os círculos
polares, essas regiões apresentam um período de três meses de tempe-
tenderá o esquema das fases da Lua. Por que raturas elevadas (verão), seis meses de temperaturas amenas (três meses
ela mostra faces diferenciadas a cada semana? de primavera e três de outono) e três meses de temperaturas baixas (in-
Fases da Lua são aspectos que observamos na clusive com queda de neve), que corresponde ao inverno.

superfície de nosso satélite natural e que de-


Cenário 3
pendem das posições relativas do Sol, da Ter-
ra e da própria Lua. Tudo isso nada mais é do
que um jogo de luz e sombra que ocorre en- A Lua
tre ela, o Sol e a Terra. Esse ciclo dura cerca de
29,5 dias. Na verdade, a Lua tem muito mais O ciclo lunar
do que quatro fases, mas as conhecidas são a
A Lua, o satélite natural do nosso planeta, está localizada a cer-
Nova, Crescente, Cheia e Minguante. As fases ca de 380 mil km de distância da Terra. Não há atmosfera na Lua, o
da Lua podem também ser reconhecidas por que torna a sua superfície inóspita (sem condições para a existência
sua relação com o pôr do sol. humana) e intacta há milhares de anos, sendo afetada apenas pela co-
lisão com meteoritos. Você já deve ter observado que esse astro, com o
passar dos dias, parece adquirir diferentes formas. Na verdade, como a
Lua não tem luz própria, o que nós vemos é a parte dela que está sendo
Anotações iluminada pelo Sol.
O ciclo lunar compreende as quatro diferentes fases da Lua que
aparecem nessa ordem dentro do mês lunar:
Cheia: o hemisfério iluminado da Lua está completamente voltado
para a Terra, de modo que a face da Lua inteira reflete a radiação solar.
Quarto Minguante: metade da superfície visível da Lua, voltada
para leste, está iluminada.
Nova: a Lua está entre a Terra e o Sol. Dessa forma, a face que
vemos é a que não está iluminada.
Quarto Crescente: metade da superfície visível da Lua, voltada
para oeste, está iluminada.
As posições intermediárias da Lua — quarto minguante e quarto
crescente — recebem esses nomes porque se referem aos períodos em
que apenas um quarto da Lua, metade do seu lado visível, ou seja, me-
tade da metade, é observado por nós.
O período de tempo entre duas luas novas consecutivas — mais
ou menos 29 dias e meio — corresponde ao que chamamos de luna-
ção, ou mês lunar.

100 Capítulo 4 – Nosso planeta

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Leitura que a Lua. Mas o efeito de cada um depende Ou seja, as marés podem subir ou descer
complementar da intensidade da força de atração do Sol e da
Lua sobre o nosso planeta.
por influência da gravidade exercida pela Lua
e pelo Sol. O que determina a época em que
Acontece da seguinte forma: a Terra atrai elas estarão mais ou menos cheias é a posição
Como a Lua influencia as a Lua, fazendo-a girar ao seu redor, através da desses dois astros em relação à Terra. Quanto
marés? gravidade. Mas a Lua também atrai a Terra, só mais alinhados estiverem o Sol, a Lua e a Terra
que de um jeito bem mais “suave”. O “puxão” (ou como dizem os astrônomos, em oposição
A Lua, com suas quatro fases, pode deter- gravitacional lunar afeta consideravelmente a ou conjunção) maior será o efeito na massa
minar o nível de elevação das marés, mas a pri- superfície dos oceanos devido à fluidez, com marítima, causando, consequentemente, uma
meira coisa que você deve saber é que ela não grande liberdade de movimento da água. Mas alta nas marés como é o caso da Lua Nova.
faz isso sozinha. As mudanças dos níveis marí- dependendo da posição do Sol e da Lua em re- Já na Lua Minguante, a influência do Sol
timos também sofrem influência do Sol, mes- lação ao nosso planeta, as marés têm compor- e da Lua nas marés oceânicas diminuem, e é
mo estando 390 vezes mais distante da Terra tamentos diferentes. quando estas se equilibram. Na fase Cheia da

100

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• Luminária.
• 1 bola de isopor pequena.
As fases da Lua determinam as semanas, por isso, todos os meses,
podemos observá-la em suas quatro fases. E, como veremos a seguir, o
• 1 bola de isopor com diâmetro de pelo me-
movimento das marés também é influenciado por essas fases. nos o dobro do item anterior.
• Arame ou fio elétrico grosso, não flexível.
Quarto Minguante

Procedimentos:
Luz do Sol
• Corte e dobre o arame, deixando 25 cm de
comprimento em posição quase vertical para
representar os eixos de rotação da Terra e da
Lua
Nova
Lua
Cheia
Lua. Insira as esferas de isopor no fio e coloque
o conjunto sobre uma mesa, juntamente com
a luminária.
Quarto Crescente • Para demonstrar a ocorrência de um eclip-
se lunar, mova as esferas sobre os arames de
Movimento de translação da Lua em volta da Terra.
modo que a distância entre os seus centros e a
mesa seja igual à distância entre a lâmpada da
luminária e a mesa.
As fases da Lua e seus • Coloque alinhadas a luminária (represen-
efeitos nas marés tando o Sol), a esfera maior (representando a
Terra) e a esfera menor (representando a Lua).
Se você passar muitas horas na praia, vai perceber que o nível do
mar se modifica algumas vezes, como se suas águas subissem e desces-
Nessa configuração, a Terra projetará sua som-
sem. Pois é, esse movimento ocorre quatro vezes a cada 24 horas, e o bra numa região do espaço na qual a Lua pe-
chamamos de maré. Vamos entender por que ele acontece. netrará ao percorrer sua órbita. Observe que
A Lua exerce uma força de atração sobre a Terra. É essa mesma
força, presente no Universo, que faz com que a Lua gire em tor- eclipses lunares ocorrem somente na fase de
no do nosso planeta. É como se um astro tentasse puxar o outro. Lua Cheia.
Como não se chega a esse ponto, a força de atração da Lua sobre a
Terra provoca alguns efeitos que não percebemos nos continentes,
• Para demonstrar a não ocorrência de um
mas conseguimos perceber nos oceanos, que, devido à sua fluidez, eclipse lunar, desloque verticalmente a esfera
movem-se com mais facilidade. que representa a Lua (para cima ou para bai-
Ao girar ao redor do nosso planeta, há dois momentos em que xo) e alinhe novamente a luminária, a esfera
a Lua se alinha com o Sol e a Terra. Nesses momentos, a força de
atração da Lua sobre a Terra é acrescida da força de atração do Sol, maior e a menor.
influenciando o movimento dos mares. Esse fenômeno correspon- • Nessa configuração, a Lua não penetrará ou
de às fases da Lua Cheia e da Lua Nova. Nesses períodos é que ocor-
penetrará apenas parcialmente na sombra da
rem as marés mais altas do mês, chamadas de sizígias, ou vivas.
Há ainda duas fases em que a força de atração entre a Lua e a Terra. Se o deslocamento vertical aplicado for
Terra exerce menor influência nas marés: da Lua Quarto Minguan- grande, não há a existência de eclipse, mesmo
te e da Lua Quarto Crescente. É quando ocorrem as marés mortas,
ou mínimas. A cada dia, ocorrem duas marés altas e duas baixas.
o parcial.

Capítulo 4 – Nosso planeta 101 Disponível em: http://each.uspnet.usp.br/ortiz/


classes/experimentos_2011.pdf. Adaptado. Acesso em
26/11/2014.
5:06 CG_6ºano_04.indd 101 07/03/2018 13:45:07

Lua, ela viaja de novo para uma posição em Sugestão de


Anotações
que se alinha com o Sol e a Terra, provocando
uma nova alta das marés. E na fase Crescente,
abordagem
a lua e o Sol formam um ângulo reto de 90º e é
quando a gravitação lunar, se opõe à solar. Elas Para facilitar o entendimento dos alunos,
só não se anulam porque a Lua, mais perto da propomos que seja construído um modelo re-
Terra, exerce maior poder de atração. As dife- presentativo do eclipse lunar, como pode ser
renças de nível entre as marés alta e baixa são visto a seguir.
muito menores nessa fase.
Eclipse lunar
Disponível em: https://www.fatosdesconhecidos. Materiais:
com.br/como-a-lua-influencia-as-mares/ Acesso em: • Sala escurecida.
06/12/2017. • Mesa.
101

ME_CG_6ºano_04.indd 101 29/03/2018 11:50:45


A origem das marés

1Maré forte
Maré de águas vivas (amplitude máxima)
Terra
Lua Nova

Conjunção Lua-Sol

2 Lua Maré fraca


Maré de águas mortas
(amplitude mínima)

Terra

3 Maré forte
Maré de águas vivas (amplitude máxima)

Terra

Lua
Cheia Oposição Lua-Sol

4 Maré fraca
Maré de águas mortas (amplitude mínima)

Terra

Lua

Força de atração lunar Maré provocada pela atração solar

Força de atração solar Maré provocada pela atração lunar

Cenário 4

Os eclipses
O que é um eclipse?
O eclipse é o encobrimento total ou parcial de um astro, ou
seja, quando um astro se desloca para a sombra de outro. Daqui da
Terra, podemos observar os eclipses lunar e solar.

102 Capítulo 4 – Nosso planeta

CG_6ºano_04.indd 102 07/03/2018 13:45:07 C


102

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Eclipse solar
O eclipse solar só pode acontecer durante a Lua Nova, mo-
mento em que a Lua aparece no céu às 6 horas e se põe às 18 horas.
Ao longo do dia, podemos não notar a sua presença. Mas ocorrem
momentos em que a Lua fica alinhada entre a Terra e o Sol, e isso faz
com que a estrela que ilumina nosso planeta fique escondida por
alguns minutos, ocasionando o eclipse solar. Esse fenômeno pode
ser total ou parcial.

ESA

Um eclipse solar parcial visto do espaço.

Eclipse lunar
Quando a Terra fica perfeitamente alinhada entre a Lua e o Sol,
ocorre o eclipse lunar, fazendo com que a Lua desapareça momen-
taneamente. Nesse caso, ocorrido apenas em noites de Lua Cheia,
a sombra da Terra é total ou parcialmente projetada na superfície
lunar. Esse fenômeno acontece duas ou três vezes por ano.

Um ligeiro escurecimento da Lua pode


ocorrer na clara sombra externa.

Luz Solar

sombra interna, mais sombra externa,


escura (umbra) mais clara (penumbra)

Esquema ilustra o fenômeno completo de eclipse lunar.

Capítulo 4 – Nosso planeta 103

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103

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Sugestão de
abordagem
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Cometas: Corpos celestes de órbita alongada pos extraterrestres que sobrevivem à passagem
Destaque que a Terra é uma esfera (cir- que, ao se aproximar da Terra, passam a apre- atmosférica, atingindo o solo.
cunferência) e, como tal, possui 360°. Ela rea- sentar uma cauda incandescente. Satélites: Corpos celestes que giram em torno
liza um movimento em torno de seu próprio Gravidade: Propriedade que faz com que os dos planetas.
corpos sejam atraídos para o centro da Terra. Sistema Solar: Conjunto constituído por vá-
eixo que demora 24 horas para ser completo: Gravitam: Giram sob efeito da gravitação. rios astros que giram, gravitam em torno de
Horizonte: Aquilo que a visão humana conse- uma estrela, Sol.
360° 24 h gue alcançar. Trajetória: Caminho, curso, direção, movi-
Infinidade: Quantidade muito grande de ele- mento.
mentos. Universo: Conjunto composto de tudo o que
15°−1 hora Meteoritos e meteoros: Fragmentos de cor- está presente no espaço sideral.
Para a determinação do sistema de fuso
horário global, dividiram-se os 360° da Terra
pelas 24 horas de duração do movimento de Aprenda com arte
rotação, resultando em 15°. Sendo assim, cada
um deles corresponde a 15°. 20.000 léguas submarinas
Direção: Richard Fleischer.
Ano: 1954.

Anotações Sinopse: Em 1868, relatos alarmantes sobre um monstro marinho, que destruía navios facilmente, gera
um temor nas companhias de navegação. Em virtude disso, vários navios não levantam âncora, pois não
há tripulação. Em São Francisco, um professor francês, especialista em vida marinha, precisa ir à Shangai
e enfrenta o mesmo problema, pois a tripulação do seu navio desertou. Mas ele e seu assistente são convi-
dados pelo governo americano para uma viagem que pretende confirmar ou negar esses boatos. Após três
meses e meio de buscas, o capitão decide abandonar sua empreitada. No entanto, na mesma noite, o navio
é atacado pelo monstro, e o professor, seu assistente e um arpoador são lançados ao mar. Enquanto o navio
danificado fica à deriva, os três encontram o “monstro”, que na verdade é um submarino (algo inconcebível
para a época). Após alguma hesitação, o capitão da embarcação os acolhe. É claro que se trata de um gênio,
mas o professor quer saber quais os motivos que fizeram aquele homem se isolar do mundo, se podia con-
tribuir com seu enorme conhecimento. Gradativamente revelações estarrecedoras vão surgindo.

Encerramento
1 Diferencie um equinócio de um solstício.

No equinócio, há uma distribuição da luz solar de forma igual para os hemisférios. No solstício, o Sol
incide com mais frequência em apenas um dos hemisférios, onde dias e noites variam: os dias e a noites
têm duração desiguais, pois, se for verão, as noites são mais curtas e os dias mais longos; no inverno, é
o inverso.

104 Capítulo 4 – Nosso planeta

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C
104

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2 Observe o mapa abaixo.
Hora do Fuso N

O L

S
Anchorage São Petersburgo
60º Londres Moscou
Toronto
Paris
Chicago Nova York Pequim Seul
Roma
Los Angeles A Teerã Tóquio
30º
Miami Cairo Délhi Xangai
Cidade do Oceano
México
Calcutá Oceano
Atlântico Lagos Manila Pacífico
Oceano Manaus

Nairóbi
Pacífico
Lima Brasília Oceano Jacarta
Rio de Janeiro Índico B

a ta
30º São Paulo Sydney

eD
Santiago
Cidade

ad
Buenos Aires Adelaide
do Cabo


Sentido da rotação da Terra

da
u
M
de
Movimento aparente do Sol
60° 0 2.663 km 5.326 km
nal
io
ac
ern
180º 165º 150º 135º 120º 105º 90º 75º 60º 45º 30º 15º 0º 15º 30º 45º 60º 75º 90º 105º 120º 135º 150º 165º 180º
Int
ha
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12 Lin

João está na localidade indicada pela letra A às 10 horas da manhã e atende a um telefonema do seu amigo
Pedro, que está na localidade indicada pela letra B. Que horas são na localidade de Pedro quando ele ligou
para João?
Sugestão de resposta: Identificamos a diferença de horas em relação a Greenwich

Origem (A) – 6h GMT / Destino ( B) 9h GMT → 9 – ( – 6) = 15

Somamos 15 horas a partir da origem A para a direita, pois o destino B está a leste.

10:00 – 11:00 – 12:00 – 13:00 – 14:00 – 15:00 – 16:00 – 17:00 – 18:00 – 19:00 – 20:00 – 21:00 –

22:00 – 23:00 – 24:00 – 01:00

Na localidade de Pedro é 1:00 da manhã.

3 Observe a sucessão de imagens abaixo e responda:

5:08

a. Em que espaço de tempo as mudanças representadas acontecem?


Em um dia, ou seja, mais ou menos 24 horas.

b. Que movimento da Terra é responsável por essa sucessão?


Movimento de rotação.

Capítulo 4 – Nosso planeta 105

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105

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4 Observe o mapa abaixo.
N

O L

60º S
A

30º Pequim
Oceano Oceano
Atlântico Pacífico
0º Oceano
Pacífico
Manaus Oceano
Índico

ata
30º

eD
d
B

n ça
da
0 3.140 km 6.280 km u
60° M
e
ld
io na
c
rna
I nte
ha
Lin

Dois amigos, Manoel e Carlos, moram em países diferentes. Manoel, que está indicado pela letra A, mora
no Canadá; e Carlos, indicado pela letra B, mora na Argentina. Em 30 de dezembro, Carlos liga para
desejar feliz Ano Novo, e eles decidem falar um pouco da sua vida. Um deles diz estar triste por estar no
inverno com tudo coberto de neve e sem poder sair de casa pelo frio. Qual dos dois fez essa afirmação?
Quem fez a afirmação foi Manoel. Em 21 de dezembro, é início de inverno no Hemisfério Norte. A

localidade da letra A já é próxima às altas latitudes, onde as médias térmicas são as mais baixas entre as

zonas térmicas.

5 Considere o mapa abaixo para responder às perguntas.

0 2.930 km 5.860 km

N
dalmingo/Shutterstock.com

O L

106 Capítulo 4 – Nosso planeta

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106

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Certo dia, Eric, que mora em Brasília, estava conversando pela Internet com Maria Carolina, que mora
em Madri, quando percebeu que era meio-dia, hora do almoço. Rapidamente, despediu-se da amiga
convidando-a para almoçar.
a. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta a possível resposta de Maria Carolina.

Obrigada! Acabei de acordar.


X Obrigada! Já almocei há 3 horas.
Obrigada! Acabei de tomar café da manhã.
Obrigada! Aqui já é muito tarde, estou me preparando para dormir.

b. Depois de almoçar, como de costume, Eric foi tirar uma soneca e só acordou às 17 horas. Entrou no-
vamente na Internet e começou a conversar com Adenilson, que mora em Nova Délhi, na Índia. Qual
foi a hora exata, na cidade em que Adenilson mora, em que ele fez contato com Eric?
Sugestão de resposta: – 3h – (+ 5h) = 8h

Somamos 8 horas a partir da origem (Eric) para a direita, pois o destino (Adenilson) está a leste.

17h– 18h– 19h – 20h – 21h – 22h – 23h – 00h – 01h

Quando Eric fez contato com Adenilson, era 01h em Nova Délhi.

6 Hérica mora em Palmas, capital do Estado do Tocantins, e, em uma viagem de férias, fez um roteiro
para visitar sua irmã Helma, que mora em Fernando de Noronha, Pernambuco. Antes de entrar no
avião, Hérica ligou para sua irmã exatamente às 7 horas. Qual foi a hora em que Helma atendeu ao
telefone em Fernando de Noronha?
Sugestão de resposta: Hérica estava em Palmas (Tocantins) — horário de Brasília de - 3 horas em rela-

ção a Greenwich — às 7 horas da manhã quando ligou para Helma. Só que em Fernando Noronha já

eram 8 horas da manhã, pois lá é -2 horas em relação a Greenwich.

Para sabermos a diferença das horas entre Fernando de Noronha (-2h) e Palmas (-3h) → -3h - (-2h) =1h.

7 O avião que Hérica tomou em Palmas para o arquipélago de Fernando de Noronha levantou voo
às 07h30, e a duração do percurso até a aterrissagem foi de 3 horas. Qual foi a hora da sua chegada em
Fernando de Noronha?
Sugestão de resposta: Para sabermos a diferença das horas entre Fernando de Noronha (-2h) e Palmas

(-3h) → -3h - (-2h) =1h

Quando eram 07h30 em Palmas, em Fernando de Noronha já eram 08h30. Se a viagem levou 3 horas,

Hérica chegou às 11h30 em Fernando de Noronha.

Capítulo 4 – Nosso planeta 107

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107

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8 Depois de duas semanas em Fernando de Noronha, Hérica e Helma decidiram visitar uma outra irmã,
que mora na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima. Para isso, tomaram um avião ao meio-dia
em Fernando de Noronha e voaram durante 5 horas. A que hora as duas chegaram a Boa Vista?
Sugestão de resposta: A diferença de horas entre Fernando de Noronha e Boa Vista é de 2 horas

- 4h – ( -2h) = - 2 h

Quando em Fernando de Noronha eram 12h, em Boa Vista eram 10h. Se a viagem levou 5 horas, as

irmãs chegaram a Boa Vista às 15h.

9 (UFPE – Adaptada) Assinale F (falso) ou V (verdadeiro). Em relação ao Universo, podemos afirmar:


a. V Entre todas as galáxias, a Via Láctea é a que mais nos interessa, pois, nela, está situado o Sistema
Solar.
b. V Gravitando entre as órbitas de Marte e de Júpiter, encontram-se os pequenos astros denomina-
dos asteroides.
c. V A teoria do big bang procura explicar a origem do Universo como tendo sido resultante da ex-
plosão de um átomo primordial fortemente carregado de energia, ocorrida há aproximadamen-
te 15 bilhões de anos.
d. F Há o eclipse solar quando a Lua penetra no cone de sombra da Terra, ocultando o Sol total ou
parcialmente.

10 Observe o mapa abaixo para responder às questões.

o o o o o o o o o o o o o

N
180 150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180
80
o
Oceano Glacial Ártico
O L
Círculo Polar Ártico
60 o
S
Ásia
Europa
o Paris
Nova York
40

Trópico de Câncer
o

Oceano
20

América África
Pacífico
o
Equador Oceano
Pacífico
0

Recife Oceano
Oceania
20
o

Trópico de Capricórnio
Índico

Oceano Cidade do Cabo


40
o
Atlântico

0 2.663 km 5.326 km
Círculo Polar Antártico Oceano Glacial Antártico
A
o
60
Antártida
o
80
180o 150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o

Antônio é um homem de negócios que precisa viajar constantemente. Em 2012, Antônio passou
quase todo o ano viajando pelo mundo. Saiu do Brasil em janeiro, levando na bagagem roupas leves,

108 Capítulo 4 – Nosso planeta

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pois nessa época o clima do Recife apresenta temperaturas bastante elevadas. Contudo, Antônio es-
queceu que, em lugares distintos, o clima é bastante diferente. E assim, lá se foi Antônio. Sua agenda
previa uma parada em Nova York para visitar a matriz da empresa em que trabalhava. Depois em Paris,
capital da França, onde visitaria alguns sócios. Dessa cidade, partiria imediatamente para a Antártica,
onde visitaria uma área de estudos sobre minerais em regiões geladas. A seguir, voaria para a Cidade do
Cabo, na África do Sul, onde visitaria uma mina de diamante, e de lá retornaria ao Brasil.
Agora, responda.

a. Por quantas zonas climáticas Antônio passou?


Quatro zonas climáticas.

b. Antônio chegou a Nova York no dia 11 de janeiro. Qual estação do ano ele encontrou nesse local?
Inverno.

c. Antônio chegou a Paris, capital da França, às 5 horas da manhã e precisou ligar para casa, pois fazia
um tempo que não dava notícias à sua família. Lembrando que o horário de Paris é uma hora mais
adiantada que o de Londres, a que horas sua mãe, no Recife, atendeu ao telefone?
Às 2 horas.

d. Em todo o percurso, em quais lugares Antônio precisou usar roupas mais pesadas por causa do frio?
Nova York, Paris e a Antártica.

e. Na Cidade do Cabo, Antônio chegou no dia 22 de março. Qual era a estação do ano nessa época?
Outono.

11 Marque a alternativa correta sobre as estações do ano.


a. As estações do ano são bem claras em todo o Planeta.
b. O outono é a estação do ano que recebe maior quantidade de radiação solar.
c. O verão é a estação do ano que começa com o término do outono e antecede a primavera.
d. X O movimento de translação, juntamente com a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano
orbital, é responsável pelas estações do ano.
e. As estações do ano não alteram a dinâmica natural de um determinado local.

12 Ao longo do ano, nem sempre as noites e os dias têm a mesma duração. Marque a alternativa que
indica a estação do ano caracterizada pelas noites mais longas que os dias.
a. X Inverno. b. Verão.
c. Primavera. d. Outono.

Capítulo 4 – Nosso planeta 109

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109

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Leitura
complementar 13 Observe o movimento de translação da Lua ao redor da Terra.

2
Afinal de contas, a Lua tem
movimento de rotação?
Observadores atentos provavelmente
já notaram que a Lua mantém sempre exa-
tamente o mesmo lado voltado para a Terra. 3 1
Isso pode gerar o questionamento: a lua gira?
A resposta é sim, embora possa parecer que
não em um raciocínio mais simplista.
A Lua orbita a Terra uma vez a cada
27,322 dias. Também leva, aproximadamente,
27,3 dias para girar uma vez em torno do seu 4
eixo. Como consequência, temos a impressão Baseando-se no estudo que fizemos no Cenário 3 deste capítulo, numere cada uma das fases da Lua,
de que a Lua não gira, mas que seu eixo está pela ordem que aparecem no mês lunar e pela sua posição em relação à Terra e ao Sol.
perfeitamente imóvel quando visto da Terra. 14 (UFV – Adaptada) Um avião sai do Rio de Janeiro, às 14 horas, com destino a Fernando de Noro-
O lado da Lua que está sempre de fren- nha. O voo é de 3 horas.
Que horas serão na ilha quando esse avião aterrissar?
te para a Terra é conhecido como lado pró-
ximo, enquanto o lado oposto é chamado de a. 16 h.
lado distante. O lado distante também é cha- b. 17 h.
mado de lado escuro da Lua, mas a denomi- c. X 18 h.
nação é imprecisa. Quando a Lua está entre a d. 19 h.
Terra e o Sol (fase da Lua Nova), o lado distan- e. 20 h.
te é iluminado pelo Sol.
15 (UFRGS – Adaptada) A Copa do Mundo de 2002 mudou a rotina dos brasileiros em virtude da
No entanto, a órbita e a rotação não são diferença de fuso horário entre o Brasil e os países que a sediaram, a Coreia do Sul e o Japão. O jogo
perfeitamente compatíveis. A Lua viaja em entre Brasil e Inglaterra foi realizado na Coreia do Sul no dia 21 de junho, às 15h30min, horário local.
torno da Terra em uma órbita elíptica. Quan- Então, a transmissão direta do jogo no Brasil ocorreu:

do a Lua está mais próxima da Terra, sua rota- a. X no dia 21 de junho, às 3h30min.
ção é mais lenta do que sua viagem pelo espa- b. no dia 21 de junho, às 15h30min.
ço, permitindo que os observadores vejam 8 c. no dia 20 de junho, às 3h30min.
graus a mais no lado oriental. Quando a Lua d. no dia 22 de junho, às 3h30min.
está mais distante, a rotação é mais rápida e ve- e. no dia 22 de junho, às 21h30min.
mos os mesmos 8 graus no lado ocidental.
Se você pudesse viajar para o lado distan-
te da Lua como os astronautas da Apolo 8 fi- 110 Capítulo 4 – Nosso planeta
zeram, você veria uma superfície muito dife-
rente da que está acostumado a ver da Terra.
Enquanto o lado próximo é mais planificado, CG_6ºano_04.indd 110 07/03/2018 13:45:10

o lado distante é cheio de crateras. para que os movimentos de rotação e trans-


O período de rotação da Lua nem sem- lação combinassem, e a mesma face estivesse Anotações
pre foi igual à órbita ao redor do planeta. As- sempre voltada para a Terra.
sim como a gravidade da Lua afeta as marés na A Terra, por sua vez, não escapa do pro-
Terra, a gravidade da Terra afeta a Lua. Como cesso completamente ilesa. Assim como a Ter-
a Lua não tem um oceano, a Terra puxa sua ra exerce atrito na rotação da Lua, a Lua exerce
crosta, criando uma protuberância de maré na atrito na rotação da Terra, o que faz com que
direção apontada para a Terra. a duração do dia aumente alguns milissegun-
A gravidade da Terra puxa a protuberân- dos a cada século.
cia de maré mais próxima, tentando mantê-la
alinhada. Isso cria uma fricção de maré que re- Disponível em: https://climatologiageografica.com/
tarda a rotação da Lua. Com o passar do tem- afinal-de-contas-lua-tem-movimento-de-rotacao/
po, a rotação foi suficientemente retardada Acesso: 06/12/2017.

110

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Sugestão de
leitura
Capítulo 5 A aventura da Terra: um planeta em evolução
Autora: Maria Amélia Martins-Loução
A Terra por dentro e por Sinopse: Essa obra relata a evolução do nos-
so planeta ao longo dos seus 4.600 milhões
fora Erupção do vulcão Cleveland nas Ilhas Aleutas, Alasca,
vista pela Estação Espacial Internacional em 23 de maio de anos. Vinte surpreendentes capítulos, re-
de 2006.
digidos por especialistas da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa, abor-
dam conteúdos sobre a evolução da Terra,
origem e diversificação da vida, até à evolução
e impacto da espécie humana no Planeta.

Princípios de Geologia
Autores: Charles Pomerol, Yves Lagabrielle,
Maurice Renard e Stéphane Guillot
Sinopse: Esse verdadeiro manual de todas as
áreas da Geologia apresenta conceitos e pro-
cessos e detalha como as principais teorias e
modelos dessa ciência se relacionam com as
técnicas e os métodos de teste e experimenta-
ção. O leitor aprenderá sobre o funcionamen-
to da Terra, como são obtidos os dados que
sustentam as teorias geológicas e mergulhará
na tradição da geologia francesa, conhecen-
do lugares onde foram formulados muitos dos
conceitos que hoje são correntes nos cursos e
nas práticas geológicas.

Neste capítulo, iremos desvendar


a evolução histórica da Geologia do
nosso planeta. Vamos entender como
BNCC
se deu sua formação, do início até os Habilidades trabalhadas
dias atuais, analisar as suas camadas no capítulo
internas e descobrir as diferentes
formas que compõem a litosfera.

Vulcão_alasca - Nasa
.tif/Shutterstock.com
(EF06GE05) Relacionar padrões climáticos,
tipos de solo, relevo e formações vegetais.

CG_6ºano_05.indd 111 07/03/2018 13:42:24 Anotações


Objetivos tes eras e estágios evolutivos da formação do
pedagógicos Planeta.
• Identificar as diferentes camadas que com-
põem a estrutura interna da Terra.
• Compreender o processo de formação geo- • Depreender as placas tectônicas como con-
lógica do Planeta até os dias atuais. sequência das temperaturas elevadas e da di-
• Entender a constituição do Planeta como nâmica do manto terrestre.
fruto da interrelação entre as diversas esferas • Compreender a relação entre a dinâmica do
que o constituem. manto e suas consequências sobre a superfície
• Identificar as principais teorias sobre a for- da Terra.
mação e distribuição das massas continentais • Entender a ação catastrófica dos desloca-
e oceânicas. mentos de blocos da litosfera, identificando
• Estabelecer comparações entre as diferen- suas consequências.

111

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Anotações
Cenário 1

Terra: um pouco de
História e Geologia
História de formação da
Terra
Diferentes sociedades antigas criaram, ao longo da sua histó-
ria, distintos mitos para tentar explicar quando e de que maneira o
nosso planeta, a Terra, foi formado. Um claro exemplo é o Gênesis,
primeiro livro do Velho Testamento. Contudo, o desenvolvimento
de diversas ciências dedicadas ao estudo da Terra, como a Geolo-
gia, levou a outro entendimento de quando começou a formação
de nosso planeta, bem como de que maneira aconteceu.
É fato que vários mitos de criação produzidos pelos povos an-
tigos apresentam semelhanças com aquilo que a ciência, contando
Diálogo com o com o apoio de tecnologias, descobriu sobre a origem e formação
professor do nosso planeta.

Reprodução
O centro da questão neste capítulo é o en-
tendimento do processo de formação do pla-
neta Terra a partir da sua origem e evolução,
utilizando conhecimentos e teorias produzi-
dos por diversos campos do saber. Por outro
lado, é apropriado não se perder da dimensão
social, objeto central da disciplina. Portanto,
ao analisar a formação da Terra, é importan-
te pontuar de que forma e em que contextos
surgiram as teorias sobre a dinâmica da forma-
ção do Planeta e de suas camadas; como essas
dinâmicas podem afetar as diferentes socieda-
des; e, principalmente, onde se situa o surgi-
mento do ser humano dentro desse processo.
Detalhe da pintura A Criação de Adão, de Michelangelo, 1508–1512. Capela Sistina, Vaticano.

Leitura
complementar 112 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

A Terra primitiva: formação CG_6ºano_05.indd 112 07/03/2018 13:42:24 CG

de um planeta em camadas Aquecimento e fusão da Terra Quando planetesimais e corpos grandes


primordial colidiram com a Terra primitiva, a maior par-
Como, a partir de uma massa rochosa, a Para entender a atual estrutura em ca- te da energia cinética foi convertida em calor,
Terra evoluiu até um planeta vivo, com con- madas da Terra, devemos retornar ao tempo uma outra forma de energia. A energia de im-
tinentes, oceanos e uma atmosfera? A res- em que ela foi exposta aos violentos impactos pacto de um corpo, com aproximadamente o
posta reside na diferenciação: a transforma- dos planetesimais e de corpos maiores. O mo- dobro do tamanho de Marte, colidindo com
ção de blocos aleatórios de matéria primordial vimento de objetos carrega energia cinemáti- a Terra seria equivalente a explodir vários tri-
num corpo cujo interior é dividido em cama- ca, ou de movimento. (Pense no modo como lhões de bombas nucleares de 1 megaton (=
das concêntricas, que diferem umas das outras a energia do movimento comprime um car- energia de 1 milhão de toneladas de TNT ou
tanto física como quimicamente. A diferen- ro numa colisão.) Um planetesimal colidindo 1.015 cal; uma só dessas terríveis bombas des-
ciação ocorreu nos primeiros momentos da com a Terra numa velocidade típica de 15 a 20 truiria uma grande cidade). Isso seria suficien-
história da Terra, quando o Planeta adquiriu km/s liberará uma energia equivalente a 100 te para ejetar no espaço uma grande quanti-
calor suficiente para se fundir. vezes o seu peso em TNT. dade de detritos e gerar calor suficiente para

112

ME_CG_6ºano_05.indd 112 29/03/2018 11:49:06


em calor. O calor radioativo teria contribuído
para aquecer e fundir materiais da então jovem
Formação da crosta Terra. Elementos radioativos, embora apenas
presentes em pequenas quantidades, tiveram
terrestre um efeito considerável na evolução da Terra e
Segundo estudos modernos, a Terra começou a ser formada há, continuam a manter o calor interior.
aproximadamente, 4,5 bilhões de anos.
Essa medida de tempo é chamada de tempo da natureza, ou
tempo geológico, que corresponde a uma datação com base nas Disponível em: PRESS, Frank. SIEVER, Raymond.
rochas, observando as marcas que os eventos imprimiram nelas GROTZINGER, John & JORDAN, Thomas H. Para
ou mesmo as camadas que a elas foram se sobrepondo ao longo
entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 30–3.
das eras, possibilitando calcular a idade aproximada da Terra,
bem como traçar uma linha do tempo do presente até a formação
do Planeta e demarcar, nessa cronologia, eras, períodos, épocas, Sugestão de
entre outras unidades utilizadas para designar grandes intervalos
de tempo. filme
Já a noção de tempo que o ser humano utiliza no dia a dia ou
para contar sua própria história é a do tempo histórico. Esse tem-
po é baseado no relógio e no calendário que usamos, ou seja, em
segundos, minutos, horas, dias, anos, décadas, etc.
É muito interessante o uso de recurso au-
Segundo a ciência, em sua origem, em virtude das elevadas tempe- diovisual para ajudar na assimilação dos con-
raturas, o nosso planeta era apenas uma massa de material incandes- teúdos abordados. Recomendamos o uso do
cente de textura pastosa que, posteriormente, começou a se resfriar.
link abaixo para a aula.
Elaine Barker/Shutterstock.com

Título: A origem do planeta Terra.


Diretor: BBC.

Disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=dg JOMTRIBms. Acesso em: 06/12/2017.

Anotações

Ilustração do planeta Terra adquirindo sua forma.

Com o passar do tempo, essa massa pastosa, chamada de mag-


ma, começou a se consolidar, formando os primeiros minerais e
rochas magmáticas, como mostra a imagem acima. Em seguida,
essa consolidação, ao se estender, deu origem à litosfera, ou crosta
terrestre, camada sólida e superficial da Terra.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 113

2:24 CG_6ºano_05.indd 113 07/03/2018 13:42:24

fundir a maior parte do que restou da Terra. ção de 23°. Tudo isso há cerca de 4,5 bilhões de
Muitos cientistas agora pensam que tal ca- anos, entre o início do período de acrescimento
taclismo de fato ocorreu durante os estágios da Terra (4,56 bilhões de anos) e a idade das ro-
tardios de acrescimento da Terra. O grande chas mais antigas da Lua (4,47 bilhões de anos)
impacto criou uma chuva de detritos tanto da trazidas pelos astronautas da Apollo.
Terra como do corpo impactante, que se pro- Além do impacto colossal, uma outra for-
palou para o espaço. A Lua agregou-se a par- ça de calor teria causado a fusão nos primórdios
tir desses detritos. A Terra teria se reconstituído da história da Terra. Vários elementos (urânio,
como um corpo em grande parte fundido. Esse por exemplo) são radioativos, o que significa
monumental impacto acelerou a velocidade de que se desintegram espontaneamente com a
rotação da Terra e mudou seu eixo rotacional, emissão de partículas subatômicas. Como essas
golpeando-o da posição vertical em relação ao partículas são absorvidas pela matéria do entor-
plano orbital da Terra para sua atual inclina- no, sua energia de movimento é transformada

113

ME_CG_6ºano_05.indd 113 29/03/2018 11:49:07


Leitura
complementar Formação dos oceanos
A história de formação do Avançando mais ainda no tempo geológico, a liberação de
dióxido de carbono, nitrogênio e vapor d’água, em virtude do res-
nosso oceano friamento do magma e do vulcanismo, resultou na formação de
diferentes gases, que, em virtude da força de atração da gravidade,
constituíram a atmosfera, palavra grega que significa esfera de va-
Há muito tempo, na história geológi- por, já que os gases liberados assumem uma forma semelhante à do
ca do Planeta, Brasil e África estiveram uni- Planeta: uma esfera que circunda a Terra.
Na sequência, essa atmosfera rica em oxigênio passou a pro-
dos, formando um imenso continente chama-
teger a Terra da radiação solar, permitindo a condensação do
do Gondwana, uma das evidências é o encaixe vapor d’água. Como o resfriamento era contínuo, o aumento da
perfeito entre o continente sul-americano e o quantidade de vapor provocou fortes chuvas sobre o nosso pla-
neta. Parte dessa água, ao tocar na superfície, evaporou automa-
africano. Porém, em determinado momento, a ticamente, pois as temperaturas das rochas ainda eram bastante
cerca de 180 milhões de anos atrás, o aumen- elevadas — isso resultou em mais chuvas. Essas chuvas foram se
to pontual do fluxo térmico no manto terrestre acumulando nas áreas de depressões — ou seja, regiões mais bai-
xas que as áreas à sua volta — que começaram a surgir e, depois
provocou o arqueamento (elevação) da crosta de um longo período, formaram os oceanos. Surgia, assim, a hi-
que unia América do Sul à África, dando iní- drosfera, palavra que vem do grego hidro (água) e sfera (esfera).
cio ao processo de formação do Oceano Atlân- Mais tarde, essa água da chuva formaria os primeiros mares, lagos,
rios e, posteriormente, as águas subterrâneas, as calotas polares e
tico Sul. geleiras — o que constitui a atual hidrosfera.
Após o arqueamento da crosta, a instala-
ção de correntes de convecção no manto ini-
ciou um processo de distensão da crosta cau-
sando sua fratura. Com a fratura da crosta, as
rochas se acomodaram sobre o manto da Terra,
formando um imenso vale no meio do antigo

NoPainNoGain/Shutterstock.com
continente. Com continuidade do movimento
de distensão, a crosta se rompeu, o que deu iní-
cio à separação das duas margens continentais.
Iniciado o processo de separação das mar-
gens continentais da América do Sul e da Áfri-
ca, o vale que havia entre as duas margens pas-
sa a ficar cada vez mais profundo, permitindo
que as águas oceânicas entrem nessa depressão,
dando origem a um oceano primitivo, raso e
restrito (sem comunicação com o oceano aber-
to. Esse cenário ocorreu, aproximadamente, Representação do ciclo hidrológico.

105 milhões de anos atrás.


A condição de ambiente restrito, aliada ao 114 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora
clima árido da região, favoreceu a precipitação
de uma espessa camada de sal no fundo dessa
bacia oceânica. Estes depósitos de sais, chama- CG_6ºano_05.indd 114 07/03/2018 13:42:25

dos evaporitos, atualmente são encontrados cimento. Atualmente, Brasil e África se dis-
abaixo das margens continentais da América tanciam um do outro cerca de 3 cm por ano. Anotações
do Sul e da África, a conhecida camada pré-sal. A oceanografia geológica busca entender deta-
Com o contínuo afastamento das margens lhadamente o processo de formação dos ocea-
continentais da América do Sul e da África, o nos, pois sua história geológica pode fornecer
Oceano Atlântico fica cada vez mais profun- fortes indícios sobre a existência de novos re-
do, permitindo assim uma maior comunica- servatórios de fontes energéticas como o petró-
ção com o oceano aberto e uma circulação livre leo e de matéria-prima (minerais) para o supri-
de águas marinhas. Esse cenário interrompeu a mento das necessidades do homem no futuro.
precipitação de sal no fundo marinho e estabe-
lecendo condições de oceano profundo. Disponível em: https://descobrindoomar.wordpress.
O Atlântico é considerado hoje um ocea- com/2010/05/20/a-historia-de-formacao-do-nosso-
no jovem, pois ainda está em processo de cres- oceano/. Acessado em: 02/03/2018.
C
114

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Da água, surge a vida Geografia em cena

A água dos primeiros oceanos reuniu condições materiais que, Australopithecus signifi-
junto com as condições energéticas do ambiente terrestre, fizeram ca macaco do Sul. Recebe
surgir os primeiros seres vivos. No início, há aproximadamente 3,8 essa denominação porque
bilhões de anos, esses seres vivos eram minúsculos e bastante simples, foi no Sul do continente
porém, à medida que os anos avançavam, foram evoluindo, se mul- africano que seus fósseis fo-
tiplicando nas águas e, posteriormente, nas terras emersas. Peixes, ram encontrados. É consi-
depois anfíbios, insetos, répteis, aves e mamíferos passaram a povoar derado um dos mais antigos
a Terra e os oceanos, dando origem ao que denominamos biosfera, ancestrais, tendo aparecido
palavra que vem do grego bio (vida) e sfera (esfera). por volta de 3,5 milhões de
anos.

Somos os mais
importantes?
De um ramo dos mamíferos, o primata, entre 3 e 7 milhões de
anos, surgiu e começou a evoluir para o nosso ancestral. No início,
esses primeiros hominídeos, do gênero Australopithecus, eram muito
semelhantes aos chimpanzés. Porém, com o passar do tempo, foram
evoluindo em virtude das necessidades do acaso e dos ambientes em
que viviam, até surgir o Homo sapiens sapiens.

Paranthropus boisei

Paranthropus robustus

Australopitecus afarensis

Australopitecus africanus

Australopitecus garhi

Homo habilis

Homo erectus
Australopitecus sediba
2:25
H. neanderthalensis

Homo ergaster
Homo sapiens

5 4 3 2 1 Hoje
Milhões de anos atrás

A “árvore familiar” dos antropoides e seres humanos.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 115

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115

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Portanto, fomos os últimos a surgir nessa história evolutiva e,
se assim é, é coerente refletir: será que somos mais importantes den-
tro desse processo?
Nossa importância é atribuída à racionalidade e à capacidade
de transformar a natureza, o que nos proporcionou grandes con-
quistas, mas também grandes responsabilidades. Portanto, deve-
mos fazer bom uso dessa aptidão, cuidando bem da Terra. Afinal, é
nosso dever preservar aquilo que a natureza levou bilhões de anos
para criar.

Cenário 2

Um mutante
chamado Terra
Tempo geológico
Ao longo desses 4,56 bilhões de anos, o nosso planeta sofreu
várias modificações, fruto de diversas mudanças climáticas, que al-
ternaram momentos de resfriamento e aquecimento da atmosfera.
Vastas áreas da crosta terrestre foram se modificando pelo tempo e
pela combinação de diversos fatores. A pressão do manto, em vir-
tude das suas elevadas temperaturas, produziu eventos geológicos
como terremotos e rachaduras, criando vulcões e levantamento
de porções da litosfera, o que gerou a formação dos continentes e,
dentro destes, das montanhas. Nesse verdadeiro “caos organizado”,
muitas espécies de animais e vegetais surgiram e outras foram desa-
parecendo nos bilhões de anos das eras geológicas.

Fotos593/Shutterstock.com

Erupção do vulcão Tungurahua, região central do Equador.

116 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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Tudo estaria esquecido, perdido, se a ciência não desenvolvesse
formas de reconstituir o passado histórico da Terra. Vestígios de
animais, vegetais e minerais muito antigos foram encontrados em
diversas rochas e, quando comparados aos animais e vegetais da
atualidade, indicaram que estes não eram semelhantes. Essas plan-
tas e animais eram restos de antigos organismos que foram con-
servados. Esses restos e vestígios que se depositaram em rochas e
que permitem o estudo de formas de vida muito antigas recebem o
nome de fósseis.

Geografia em cena

Os fósseis são conservados em sedimentos minerais, quan-


do a matéria orgânica transforma-se em um composto mineral,
sem perder, contudo, suas características físicas. É a partir do
estudo desses elementos que os paleontólogos podem descobrir
fenômenos que ocorreram há milhões de anos.
A idade geológica dos fósseis é descoberta com a utilização
da radioatividade, por meio de aparelhos modernos que medem
decaimento radioativo pela quantidade de carbono 14, urânio e
chumbo presente neles. A radioatividade consiste na perda de
partículas dos átomos desses elementos químicos. Com a ajuda
da química, sabe-se quanto tempo cada um desses elementos
leva para desintegrar. Assim, mede-se em que estágio de desin-
tegração (perda de partículas) os fósseis se encontram, o que
permite estimar sua idade. É a partir desses dados que se pode
identificar há quantos milhões ou bilhões de anos se formou
um mineral, além da idade de qualquer fóssil. O carbono 14
pode datar, com precisão, matéria orgânica de até 60 mil anos.
paleontologist natural/Shutterstock.com

Com a necessidade de estudar esses achados, organizou-se um


novo campo dentro da Geologia para estudar especificamente as
rochas e os fósseis: a Paleontologia, cujo principal objetivo é in-
vestigar, a partir desses elementos, a origem, a evolução da vida na
Terra.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 117

:27 CG_6ºano_05.indd 117 07/03/2018 13:42:27


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Diálogo com o
professor Estudando rochas e fósseis, a Geologia e a Paleontologia podem
descobrir em que ambientes esses elementos se formaram, bem como
as diferentes espécies animais e vegetais que neles viveram, a forma-
É fundamental identificar o momento ção das rochas em épocas passadas e se, nessas épocas, houve algum
processo de modificação ambiental, principalmente climática.
em que a vida surgiu no Planeta e sob quais

LuFeeTheBear/Shutterstock.com
condições. Nesse contexto, é importante que
seja utilizado o saber produzido por todas as
disciplinas do campo das ciências naturais, pois
são os conhecimentos pertencentes a esse cam-
po que permitem a compreensão das transfor-
mações que criaram as condições essenciais
para a origem da vida sobre o planeta Terra.

Anotações As eras geológicas


Qualquer ser humano, por mais idoso que seja, lembra-se de
fatos que ocorreram na sua vida. Fatos que marcaram momentos
importantes ou que delimitam períodos de mudanças ou adapta-
ções pelas quais passamos. Momentos como a data de aniversário,
noivado, casamento, nascimento dos filhos marcam a nossa passa-
gem pela vida e compõem a nossa história.
Foi com esse pensamento que os geólogos dividiram a história
da Terra em intervalos (espaços) de tempo de acordo com os eventos
ocorridos ao longo de cada um deles. Cada um desses intervalos re-
cebeu a denominação de era geológica, e foi criada uma tabela que
apresenta os fenômenos ou eventos ocorridos em cada uma delas.

Andrea Obzerova/Shutterstock.com
Fenômenos geológicos na Caverna de Fingal, na ilha desabitada de Staffa, na Escócia.

118 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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ESCALA GEOLÓGICA DE TEMPO

Tempo decorrido Formas de vida


Eras Períodos Épocas
(anos) Vegetal Animal

Holoceno 11 mil
Origem de grandes cordilheiras de montanhas.
Glaciações no Hemisfério Norte. Configuração

Plantas como as
Quaternário Seres humanos
de hoje
dos atuais continentes e oceanos.

Pleistoceno 1,5 milhão


CENOZOICA

Plioceno 12 milhões
Mamíferos
Mioceno 23 milhões
Pássaros
Terciário Oligoceno 35 milhões Pinheiros Insetos
Répteis
Eoceno 55 milhões Primatas
Paleoceno 70 milhões
Peixes
petróleo. Era em que os dinos-
Intensa atividade vulcânica e

Cretáceo 135 milhões


origem de grandes florestas.

sauros habitavam o Planeta.


Formação das reservas de

Pássaros
MESOZOICA

Angiospermas Répteis marinhos


Jurássico 180 milhões
Desenvolvimento Sáurios
de gimnospermas Caramujos
Triássico 220 milhões Anfíbios
Répteis
vieram a dar origem a reservas de carvão

Permiano 270 milhões


Soterramento de florestas que, depois,

Primeiros répteis e
mineral. Ocorrência de glaciações no

Carbonífero 350 milhões anfíbios


PALEOZOICA

Primeiros insetos
Hemisfério Sul.

Devoniano 400 milhões Criptógamas Primeiros peixes


Algas marinhas Crustáceos
Siluriano 430 milhões
Invertebrados
Ordoviciano 490 milhões Moluscos
e crustáceos
Cambriano 600 milhões
do Proterozoico, com destaque para o resfriamen-
to dos oceanos e para o surgimento das primeiras
Era que compreende a junção do Arqueozoico e

Proterozoica Algonquiano
PRÉ-CAMBRIANA

formas de vida.

3,9 bilhões

2:28
Arqueozoica
Formação dos
primeiros oceanos Arqueano Primeiros seres vivos
e de reservas de
minérios de ferro.

Azoica: início da Terra


4,5 bilhões Nenhum sinal de vida
Era sem vida na Terra com elevadas temperaturas.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 119

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119

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Anotações

Cenário 3

Radiografia da
Terra
Diálogo com o
A litosfera
professor Nos capítulos anteriores, analisamos a representação do plane-
ta Terra, bem como sua estrutura interna e sua relação com o espaço
sideral. Neste momento, percorreremos as profundezas do nosso
planeta desvendando o que existe no seu interior.
O tema é uma boa oportunidade para dis- Se nos fosse possível fazer uma viagem da superfície externa
cutir a relação de equilíbrio que existe entre as da Terra até o seu centro, percorreríamos, se saíssemos das proxi-
midades da Linha do Equador, 6.367 km em linha reta. Contudo,
diferentes camadas externas do Planeta. Levar essa viagem é impossível, dada a dureza das rochas, a diversidade de
o aluno à compreensão de que existem relações gases e a temperatura, que vai se tornando cada vez mais elevada à
capitais e um elo entre a atmosfera, hidrosfera, medida que vamos nos aprofundando.

Reprodução
litosfera e biosfera é fundamental, pois, se em
qualquer uma delas houver uma ação depreda-
tória, todo o sistema entrará em agonia

Sugestão de
abordagem
Poço de Kola, Rússia. A escavação mais profunda feita pelo homem.
Para que o aluno compreenda de forma
A dificuldade é tão grande que até hoje, com todo o avanço
clara a dinâmica do manto e sua relação com a alcançado pela ciência e tecnologia, a maior profundidade atingida
litosfera, é necessário trabalhar com imagens, foi na Rússia, onde, com objetivos científicos, perfurou-se o poço
principalmente animadas. Existem vários fil- de Kola (imagem acima), com uma profundidade de 12.261 km.
Vale destacar que o projeto foi abandonado após a descoberta de
mes e documentários que mostram o deslo- um enorme depósito de hidrogênio, que ameaçava explodir caso se
camento de magma, vulcanismos, etc. Na In- tentasse ir mais fundo.
A pergunta que você deve estar fazendo agora é: então como é
ternet, você pode encontrar animações em
que se conhece o interior da Terra?
PowerPoint sobre o tema. A verdade é que a maioria do conhecimento que os cientistas
têm sobre o interior do Planeta é fruto de estudos indiretos, além
da perfuração de alguns poços e da observação direta dos vulcões e
terremotos.
Leitura
complementar 120 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

A formação de um planeta em CG_6ºano_05.indd 120 07/03/2018 13:42:28 CG

camadas o interior aqueceu-se até um estado “leve” (me- Núcleo da Terra


nos denso), no qual seus componentes podiam
Embora a Terra provavelmente tenha ini- mover-se de um lado para outro. O material pe- O ferro, que é mais denso que a maio-
ciado como uma mistura não segregada de pla- sado mergulhou para o interior para tornar-se o ria dos outros elementos, correspondia a
netesimais e outros remanescentes da nebulo- núcleo, e o material mais leve flutuou para a su- cerca de um terço do material do planeta
sa, ela não manteve essa forma durante muito perfície e formou a crosta. A emersão do ma- primitivo. O ferro e outros elementos pe-
tempo. Uma fusão de grande proporção ocor- terial mais leve carregou consigo calor interno sados, como o níquel, mergulharam para
reu como resultado de um gigantesco impacto. para a superfície, de onde ele poderia irradiar-se formar o núcleo central. Os cientistas con-
Alguns trabalhos sobre esse tema especulam que para o espaço. Dessa forma, a Terra resfriou-se, sideram que o núcleo, o qual começa numa
cerca de 30% a 65% da Terra fundiu-se, forman- e grande parte dela solidificou-se e foi transfor- profundidade de cerca de 2.900 km, é lí-
do uma camada externa de centenas de quilô- mada em um planeta diferenciado, ou zoneado, quido na parte externa, mas sólido numa
metros de espessura, à qual chamaram de ocea- em três camadas principais: um núcleo central e região chamada de núcleo central, que se
no de lava (rocha derretida). Da mesma forma, uma crosta externa separados por um manto. [...] estende desde uma profundidade de cerca

120

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coberto. Análises químicas indicam que ele
foi formado próximo à superfície, na presen-
Zona de subducção ça de água, sob condições relativamente frias.
Se essa descoberta for confirmada por dados
0
400
650
Crosta e experimentos adicionais, podemos concluir
que a Terra pode ter resfriado o suficiente para
km Dorsal oceânica formar uma crosta somente 100 milhões de
anos depois de ter se reconstituído do gigan-
Manto
inferior
tesco impacto.
2.700 Manto
2.890 superior
Zona de
Manto da Terra
Zona D Transição

Núcleo Entre o núcleo e a crosta, encontra-se o man-


5.150 externo
to, uma região que forma a maior parte da Terra
Núcleo sólida. O manto é o material deixado na zona in-
termediária depois que grande quantidade da ma-
interno
6.378

Representação da estrutura da terra.


téria pesada afundou e a matéria mais leve emer-
giu. Ele abrange profundidades que vão desde 40
Foi a partir desses estudos, diretos, e da utilização de diversos
instrumentos e técnicas, como o sismógrafo e o ultrassom, que os
até 2.900 km e consiste em rochas com densidade
diferentes cientistas construíram um esquema de representação da intermediária, em sua maioria compostas de oxi-
estrutura interna da Terra, apresentado na figura acima. gênio, com magnésio, ferro e silício.
Como você pôde identificar, da superfície até o seu centro, a
estrutura interna do Planeta em que vivemos é formada por três
Existem mais de cem elementos, mas as
camadas: litosfera, ou crosta terrestre, manto e núcleo. A palavra análises químicas das rochas indicam que ape-
litosfera é a junção de litos, radical grego que significa pedra, e sfe- nas oito constituem 99% da massa da Terra.
ra, que significa esfera, resultando na denominação esfera de pe-
dra. Por descrição, a litosfera é a camada superficial da Terra. Esta De fato, cerca de 90% da Terra consiste em
é a superfície em que pisamos e que é constituída por minerais e apenas quatro elementos: ferro, oxigênio, silí-
rochas em estado sólido. Contudo, essa camada é dividida em duas cio e magnésio. Quando comparamos a abun-
porções, uma denominada crosta continental, com profundidade
média de aproximadamente 85 km, e outra, denominada crosta dância relativa dos elementos constituintes da
oceânica, com menor dimensão, que varia de 6 a 10 km. No total, crosta com sua abundância em relação à totali-
a crosta apresenta uma profundidade que pode chegar a 125 km. dade da Terra, podemos constatar que o ferro
Abaixo da litosfera, está localizado o manto, camada que apre-
senta uma espessura de aproximadamente 2.950 km e que é consti- soma 35% da massa desta. Devido à diferen-
tuída por magma, no estado pastoso, em virtude das elevadas tem- ciação, entretanto, há pouco ferro na crosta,
peraturas, que chegam a 4.000 ºC.
onde os elementos leves predominam.
Mesmo que não conheçamos diretamente o manto, tomamos
contato direto com o seu material sempre que um vulcão entra em Além dessas divisões internas, a Terra
erupção, liberando à superfície o magma, ou lava. pode também ser subdividida com base em
Por último, encontramos o núcleo, que apresenta um raio de 3.400
km e que também pode ser chamado de NiFe, pois os dois materiais que
critérios físicos da seguinte forma:

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 121 • Litosfera: camada mais externa da Terra, de
comportamento rígido. Inclui a crosta e a por-
ção superior do manto, com cerca de 100 km
2:28 CG_6ºano_05.indd 121 07/03/2018 13:42:28 de profundidade.
de 5.200 km até o centro da Terra, a cer- sólida da Terra, uma fina camada externa com • Astenosfera: camada situada logo abaixo da
ca de 6.400 km. O núcleo interno é sóli- cerca de 40 km de espessura. A crosta contém litosfera, que se encontra parcialmente fundida
do porque a pressão no centro é muito alta materiais relativamente leves, com temperatu- (menos de 10% de fusão) e apresenta compor-
para o ferro fundir-se (a temperatura em ras de fusão baixas. A maioria desses materiais, tamento plástico. Estende-se de 100 a 250 km
que qualquer material se funde eleva-se que facilmente se fundem, é composta de ele- de profundidade, aproximadamente, estando
com o aumento da pressão). mentos de silício, alumínio, ferro, cálcio, mag- totalmente situada no interior do manto.
nésio, sódio e potássio, combinados com oxi- • Mesosfera: camada rígida, de tempera-
Crosta da Terra gênio. Todos eles, com exceção do ferro, estão turas e pressões muito elevadas, que com-
entre os elementos sólidos mais leves. preende o restante do manto, estendendo-
Outros materiais líquidos e menos den- Recentemente, no oeste da Austrália, um -se do limite inferior da astenosfera ao limite
sos separaram-se das substâncias geradoras, flu- fragmento do mineral zircão foi datado com a manto-núcleo.
tuando em direção à superfície do oceano de idade de 4,3 a 4,4 bilhões de anos, constituin- • Núcleo externo: corresponde à porção
magma, onde se resfriaram para formar a crosta do-se no mais antigo material terrestre já des- externa do núcleo que é líquida. Estende-se da

121

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profundidade de 2.885 km (limite manto-nú-
cleo) a 5.155 km.
• Núcleo interno: os 1.115 km mais inter- se encontram em maior quantidade nessa região são o níquel, cujo sím-
bolo químico é Ni, e o Ferro, cujo símbolo químico é Fe. Nessa camada,
nos da Terra são constituídos por matéria as temperaturas são superiores a 6.000 ºC. Mesmo em altíssimas tem-
em condições de pressão e temperatura mui- peraturas, o NiFe é sólido, devido à pressão da Terra.
to elevadas, encontrando-se no estado sólido. Cenário 4
A existência de uma “casca” rígida, a litosfe-
ra, diretamente assentada sobre uma camada
de comportamento parcialmente fundida ca-
Continente ou
paz de fluir, a astenosfera, é característica fun-
damental que define os processos da dinâmica
continentes?
interna da Terra. A litosfera está segmentada A teoria da deriva
em diversas placas, que podem conter a cros- continental
ta oceânica e a continental. Os processos da
dinâmica interna afetam toda a litosfera, pro- Observe a imagem abaixo. Este é um mapa-múndi elaborado a
partir de imagens de satélite. Nele, constam os continentes e os ocea-
vocando movimentos horizontais das placas nos. A primeira impressão que ele nos passa é de que os continentes
(Tectônica de Placas) e movimentos verticais são imóveis, ou seja, estão parados. Em segundo lugar, temos a im-
(isostáticos) no interior das mesmas. pressão de que, desde que o Planeta esfriou e consolidou-se, as terras
(continentes) sempre estiveram na posição apresentada no mapa.
Olhe novamente a imagem! Você vai perceber que os con-
Adaptado. Profª. Carla Porcher, Departamento de Geo- tornos de alguns continentes se encaixam, parecendo um grande
grafia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul quebra-cabeça. Por exemplo, a porção leste da América do Sul se
encaixa no litoral oeste do continente africano.
(UFRS).
Disponível em: http://www.ufrgs.br/geociencias/cpor- Planisfério físico
cher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/

IndianSummer/Shutterstock.com
N
Dados%20fisicos.htm. Acesso em: 27/02/2010. O L

Diálogo com o
professor

O objetivo aqui é fazer com que o alu-


no compreenda a teoria da deriva continental.
Portanto, leve o estudante a perceber as evi-
dências, e não a memorizar dados sem antes 0 2.663 km 5.326 km

refletir sobre eles.


O tema se constitui em uma boa oportu-
nidade para se introduzir a discussão sobre a 122 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora
ação dos terremotos na superfície e as conse-
quências destes para as diferentes sociedades.
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Anotações

C
122

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Portanto, é de se desconfiar que no início todas as terras emer-
sas formassem um único bloco, que num determinado momento
teria se quebrado, e cada uma das partes se deslocado. E foi com
base nessas observações que, no início do século XX, o climato-
logista alemão Alfred Wegener escreveu a teoria da deriva con-
tinental, mostrando ao mundo que os continentes descendem de
uma única massa sólida, denominada por ele de Pangeia (do grego,
pan: todas; e geia: terra), que existiu ao longo da Era Mesozoica, há
aproximadamente 200 milhões de anos.
Segundo Wegener, a partir da fragmentação da Pangeia, os con-
tinentes continuaram a se deslocar aleatoriamente até tomarem
as posições que apresentam no momento atual. Para tentar provar
sua teoria, Wegener afirmava que os continentes flutuavam sobre o
manto, deslocando-se, e utilizou algumas evidências além dos recor-
tes dos continentes, como, a existência de fósseis de determinados
animais e vegetais tanto na África como na América do Sul ou dos
mesmos tipos de rocha nos dois continentes.
Contudo, quando Wegener publicou sua teoria, em 1915, no
livro A origem dos continentes e oceanos, não foi levado a sério. Em
primeiro lugar, porque ninguém acreditava que blocos gigantes-
cos de terra pudessem se deslocar e, em segundo, pelo fato de We-
gener não explicar como se dava esse deslocamento, coisa que só
foi feita em 1960, pela teoria das placas tectônicas, como veremos
a partir de agora.

Deriva continental

200 milhões de anos 180 milhões de anos

América do Norte a
Sinus Borealis á s i
Eurásia u r
a Eurásia
P a n g e i

L
Pantalassa Tetid
G

e
Tetide
o

d África
n

Sinus w
África Australis an
América do Sul a
Índia
a

Austrália
Antártida

2:29

Dias de hoje 65 milhões de anos

América do Norte América do Norte


Europa Ásia Eurásia

África
América do Sul África
Oceania América do Sul Índia

Austrália
Antártida Antártida

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 123

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A teoria da tectônica de
placas
Como vimos, a teoria da deriva continental nos fez perceber
que os continentes são como grandes ilhas que flutuam sobre o
manto terrestre. Isso nos fez compreender que a litosfera não é um
bloco inteiro e contínuo. Ora, se, como afirma Wegener, os conti-
nentes se deslocam, então é porque a crosta terrestre é formada por
várias partes, e não por uma única porção de terras. A essas partes,
a ciência deu o nome de placas tectônicas, ou placas litosféricas.
Como estão assentadas sobre o manto, essas placas movimentam-se
pelo deslocamento do magma, que, por sua temperatura elevada,
está em constante agitação.

Placas tectônicas
N

O L

0 2.663 km 5.326 km

Para entendermos o deslocamento do magma, é preciso lem-


brar que, à medida que vamos nos aprofundando na estrutura in-
terna da Terra, as temperaturas vão ficando cada vez maiores. Essas
temperaturas mais elevadas impulsionam o magma em direção às
partes superiores da litosfera (movimento ascendente). Ao chegar
a essa região, o magma se resfria e descreve um movimento descen-
dente, em direção ao interior, passando a ocupar o local do magma
que ascendeu. Dessa forma, existe no manto um movimento de des-
locamento constante com correntes ascendentes e descendentes de
magma e gases, que recebe o nome de correntes de convecção.

124 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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Placa Placa
Placa Placa

Magmáticas Magmáticas
Fluxo de vecção
Fluxo de
materiais materiais
n
co

e
ed
Corrent
A força gerada pela corrente de convecção do manto direciona a forma de movimento que será
efetuada por cada placa tectônica.

Como vimos, essas placas, em virtude da energia e do calor do


manto, estão constantemente se movimentando. Contudo, esses
movimentos nem sempre são iguais. Em algumas regiões, as placas
deslocam-se horizontalmente; em outras áreas, os movimentos das
placas são verticais. Esses movimentos não são percebidos pelos se-
res humanos, uma vez que são muito lentos, de aproximadamente 8
cm por ano. Só tomamos conhecimento desses deslocamentos por
causa dos eventos catastróficos provocados por eles, pois, como as
placas podem se afastar ou se chocar umas contra as outras, surgem
fenômenos geológicos como vulcanismo, terremotos, dobramen-
tos e falhamentos, como veremos mais adiante.
O movimento dos blocos litosféricos resulta no surgimento de
pontos de separação e choque de placas. Se em uma extremidade
da placa tectônica tem-se a dorsal submarina em movimentos di-
vergentes, na outra, surgem, geralmente, as fossas marítimas em
movimentos convergentes. As dorsais são os locais de construção
dos fundos oceânicos; já as fossas são os pontos de destruição da
litosfera. Veja, a seguir, com detalhes, esses fenômenos.

Fossa oceânica Dorsal oceânica

Expansão do Expansão do
fundo marinho fundo marinho

Plano de
Geração de Astenosfera
deslizamento
Astenosfera
crosta oceânica
das placas

As elevações provocadas pelo surgimento do magma oriundo do manto terrestre em


Subducção (afundamento)

zonas de dorsais submarinas podem provocar a formação de ilhas. Já no caso das fos-
Destruição da crosta oceânica
sas oceânicas, a profundidade pode superar os 10 mil m.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 125

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Anotações
Ensaio geográfico
1 De que forma ocorreu a consolidação da crosta terrestre?
A partir do resfriamento da massa pastosa denominada magma, oriunda do interior da Terra.

2 O Homo sapiens sapiens foi o último estágio da escala evolutiva dos hominídeos. Devido à sua capa-
cidade de modificar a natureza, o homem pode se considerar mais importante que os demais elementos
da natureza. Esse pensamento é correto? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

3 De que forma o uso do Carbono 14 e Urânio 235/238 são importantes para o estudo do passado
geológico da Terra?
A datação dos vestígios de animais, vegetais e minerais permite reconstruir o passado geológico e o

descobrimento dos fenômenos ocorridos.

4 “Dinossauro é a denominação comum para qualquer grupo de criaturas répteis, já extintas, que an-
daram pela Terra por mais de 160 milhões de anos. A palavra deriva do grego deinos (terrível) e sauros
(lagarto). Contrariando as imagens exibidas no cinema, os dinossauros jamais comeram os homens.
De fato, nenhum humano jamais viu um dinossauro. Eles desapareceram há mais de 60 milhões de
anos, e o Homo sapiens data de aproximadamente 40 mil anos.”
(Fonte: http://discoverybrasil.uol.com.br/dino/dinosaur_facts/dinosaur_era.shtml?cc=U. Acessado em 09/10/2012.)

a. Aponte as características de maior destaque das eras geológicas citadas no texto acima.
Além dos dinossauros, a Era Mesozoica ficou marcada pelo aparecimento de anfíbios, peixes, répteis

marinhos, pássaros e caramujos. As formações de reservas de petróleo, a constituição de grandes flo-

restas e a intensa atividade vulcânica também se destacam nessa era. Já o Cenozoico detém, como ca-

racterística fundamental, o aparecimento da espécie humana, além da origem das grandes montanhas

recentes.

126 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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evidências que explicam a teoria da tectôni- Sugestão de


ca de tlacas e esclarecem os acontecimentos
geológicos nas diferentes bordas entre placas.
abordagem
Sugestão de
abordagem É importante que o aluno compreenda
sobre o deslocamento das massas continentais Além disso, maquetes apresentando cor-
para, a partir dessa compreensão, construir su- tes transversais são fundamentais para que
A análise comparativa dos contextos his- posições sobre como será a configuração espa- o aluno compreenda a dinâmica das placas,
tóricos e das tecnologias utilizadas para ela- cial dos continentes no futuro. mesmo que de forma estática.
boração das teorias da deriva continental e Além disso, o tema da página 124 ofere- Utilize a imagem da página 124 , junta-
da tectônica de placas é essencial para que o ce uma boa oportunidade para se trabalhar as mente com os alunos, e ajude-os a identificar
aluno entenda os acertos e equívocos entre as formas pelas quais surgiram as grandes cadeias as áreas onde ocorreram terremotos nos últi-
duas. Por outro lado, destaque a utilização das de montanhas existentes no Planeta, bem mos cinco anos e estabeleça relações com as
tecnologias modernas para a descoberta de como a formação das fossas submarinas. áreas de limites entre as placas tectônicas.
C
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b. O texto faz referência a duas eras geológicas distintas. Identifique-as.
Era Mesozoica, aparecimento dos dinossauros, e era Cenozoica, surgimento do Homo sapiens.

5 Já aprendemos que tempo histórico é diferente de tempo geológico. A seguir, temos algumas imagens.
Associe-as ao tempo que devemos empregar para compreendê-las e justifique suas respectivas respostas.

Tempo histórico. A prática esportiva é um exemplo

de tempo histórico, pois essa atividade envolve seres

humanos e está condicionada ao nosso calendário e

às marcações de tempo produzidas pela sociedade.

Tempo geológico. O tempo de formação da nature-

za, como o apresentado na imagem, é considerado

tempo geológico. Dessa forma, as transformações

muitas vezes são imperceptíveis aos homens, em de-

corrência do volumoso tempo para que as mudanças

ocorram.

Tempo histórico. Esta imagem revela mais um exem-

2:30 plo de tempo histórico, visto a participação ativa dos

humanos numa brincadeira condicionada ao reló-

gio, calendário, etc.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 127

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127

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Cenário 5

As rochas
Ciclo das rochas
Como vimos nos cenários 2, 3 e 4, o nosso planeta consolidou
a sua camada externa, que passou a ser denominada de litosfera
(esfera de pedra). Essa camada é composta principalmente de di-
versos minerais sólidos que se originaram naturalmente ao longo
de milhares de anos. Esses minerais formaram agregados naturais
chamados rochas, ou seja, um conjunto constituído por um ou
mais minerais, geralmente endurecidos. Contudo, em virtude da
variedade de ambientes, as rochas desenvolveram cores, texturas,
formatos e tamanhos diferentes.

Ciclo das rochas

Rochas formadas na superfície da Terra Rochas formadas no interior da Terra


Superfície

Rocha ígnea Terra Intemperismo, exposição e transporte


extrusiva seguidos por soterramento

Resfriamento Soerguimento
e cristalização e erosão
Mar

Rocha ígnea Rocha


intrusiva sedimentar
Crosta

Soerguimento Resfriamento
e recristalização
e erosão

Resfriamento
e cristalização Rocha
Soterramento e
reinstalação metamórfica

Soterramento profundo Soterramento profundo

Magma

Rocha metamórfica Rocha metamórfica


Manto

derretimento

CG

Rochas magmáticas, ou
ígneas
Na história geológica da Terra, as primeiras rochas formaram-
-se no exato momento em que a crosta do Planeta começou a se

128 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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Sugestão de
consolidar. Essas rochas, constituídas pelo resfriamento rápido em abordagem
decorrência do contato da lava com a atmosfera, formaram as ro-
chas magmáticas extrusivas, ou vulcânicas. A constituição dessas
rochas ainda acontece na atualidade, sempre que um vulcão entra Para que o aluno entenda as caracte-
em erupção, expelindo lava até a superfície. Um exemplo típico des-
se tipo de rocha é o basalto, rocha escura. Já quando o magma se
rísticas das rochas magmáticas intrusivas,
consolida lentamente no interior do Planeta, são formadas as ro- utilize um granito e, de posse deste, apon-
chas magmáticas intrusivas, ou plutônicas. Sua principal caracte- te para que os alunos percebam os minerais
rística é a formação de cristais visíveis a olho nu, como no caso do
granito. Mas, se o magma não se consolidar na superfície nem nas macroscópicos bem definidos e identifique
camadas mais profundas do Planeta, e sim em espaços entre rochas os diferentes minerais que fazem parte da
a pouca profundidade, formam-se as rochas magmáticas interme- sua composição.
diárias, como o diabásio.
Propomos que o tema seja tratado com a
utilização de recursos visuais quando o obje-

arka38/ www.sandatlas.org / Imageman/Shutterstock.com


tivo for mostrar as rochas sedimentares orgâ-
nicas. Mostre o interior de cavernas, onde se
destacam as estalactites e estalagmites. Se for
Basalto Granito possível, utilize também o argilito (barro en-
durecido) para demonstrar a fragilidade das
rochas sedimentares.
Diabásio
Você também pode organizar uma roda
de conversa e instigar o aluno a citar exem-
Rochas formadas de plos de utilização das rochas metamórficas
para que ele faça uma reflexão sobre os pon-
outras rochas tos positivos e negativos da utilização do car-
Espalhadas sobre a superfície do Planeta, inicialmente as ro- vão mineral.
chas magmáticas e posteriormente todos os outros tipos de rocha
passaram a sofrer intensos processos de desgaste físico, como que-
bra e alterações, em virtude, principalmente, da ação dos ventos e Diálogo com o
das águas correntes, bem como de fatores químicos. Esse proces-
so é denominado intemperismo e provoca erosão das rochas. Os
professor
materiais que se desprendem destas, constituídos de fragmentos de
rochas de diversos tamanhos, recebem o nome de sedimentos.
Esses sedimentos são transportados e depositados nas áreas Para que o aluno entenda o processo de
mais baixas do relevo, onde são compactados em camadas. As ca- formação das rochas, explore a figura (página
madas inferiores são as mais antigas e recebem o peso das camadas
128) que reproduz o seu ciclo. Por outro lado,
mais recentes, que são depositadas sobre elas, acarretando o seu en-
durecimento. Por serem resultado do processo de acumulação de trace paralelos diferenciando os diferentes ti-
sedimentos, essas rochas são chamadas sedimentares. Nesse con- pos de rocha.
junto, podemos destacar o arenito, o calcário, o carvão mineral,
entre outras.
Mostre para o aluno que as rochas sedi-
mentares apresentam-se de formas diferen-
Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 129 tes na natureza de acordo com as condições
ambientais a que outras rochas estão subme-
tidas. O importante é levá-lo a compreender
CG_6ºano_05.indd 129 07/03/2018 13:42:32 que uma mesma rocha pode, de acordo com
o ambiente, produzir rochas completamente
Anotações diferentes.
É interessante fazer uma abordagem
econômica e social, ou seja, discutir com o
aluno as formas pelas quais o carvão mineral
foi importante para a Revolução Industrial.
Para este fim, associe-se ao campo disciplinar
da História, para que os alunos saibam a im-
portância e a utilização do carvão ao longo
desse período e a espacialidade industrial cria-
da por ela. Por fim, faça uma abordagem sobre
as formas de utilização das rochas metamórfi-
cas pela sociedade.
:32
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Leitura
complementar

www.sandatlas.org/Mr. SUTTIPON YAKHAM/ www.


sandatlas.org /Shutterstock.com
Granito
O granito é uma rocha formada por um
Arenito Calcário
conjunto de minerais, todavia é basicamente
composto por três: quartzo, um mineral
incolor; feldspato (ortoclase, sanidina e mi-
croclina), responsável pela variedade de cores, Carvão

dentre elas: avermelhada, rosada e creme-acin-


zentada; e a mica (biotite e moscovite), que Metamorfose das
confere o brilho à rocha. rochas
As cores de granito mais encontradas
na natureza são os tons cinzentos e averme- O último conjunto de rochas é o das metamórficas, resultantes
da transformação (metamorfose, ou metamorfismo) que as rochas já
lhados, contudo encontram-se também nas existentes sofreram ao longo de milhões de anos. Essa transformação
cores: branca, preta, azul, verde, amarela e ocorreu por causa de novas condições, como elevação da tempera-
tura e da pressão, ou do atrito a que essas rochas foram submetidas.
marrom. Além disso, os granitos podem apre-
Exemplo: o granito submetido a novas condições de temperatura e
sentar minerais como: anfíbolas (hornblenda), pressão gerou o gnaisse, o calcário gerou o mármore, etc.
piroxenas (augite e hipérstena), olivina, zir-
cão, dentre outros. granito arenito calcário

Características do granito

• Rocha ígnea (formada pelo resfriamento


de magma derretido).
• Alto grau de dureza.
• Cristalino.
• Coloração variada.

História do granito gnaisse


/

quartzito mármore

O primeiro povo a extrair e utilizar o


granito foram os egípcios e posteriormente
os romanos. No Egito, a rocha era utilizada
na construção de monumentos e túmulos fa-
raônicos, já que eles se preocupavam muito
Imagens: urbazonAleksandr Pobedimskiy/woe/Shutterstock.com

com a estética. Já na Idade Média, o grani- 130 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora
to passou a ser usado largamente nas casas e
nas igrejas. Atualmente, é muito utilizado na
construção civil como ornamento e na deco- CG_6ºano_05.indd 130 07/03/2018 13:42:32 CG

ração de interiores. Diferença entre o granito e o mármore risca enquanto o granito, devido à
mármore sua resistência, não pode ser riscado.
Extração de granito no Brasil O granito é mais duro e resistente que
o mármore, uma vez que é composto basi- Curiosidades
O Brasil é um dos principais produtores camente de três minerais (mica, feldspato e
de granito e está entre os maiores exportadores quartzo), enquanto o mármore é formado por O termo granito é derivado do italiano e
do mundo. Cada estado brasileiro possui extra- um mineral e a calcita. Ademais, o granito não significa granulado. A palavra mármore pro-
ção da rocha e, dependendo do local, o granito possui tantos veios, sendo menos poroso que vém do latim marmor e do grego marmaros
varia de tonalidade. Assim, entre o granito mais o mármore. Em relação à coloração, o granito que significa pedra branca, ou pedra que brilha.
valorizado do Brasil está o baiano, no qual as é mais mesclado e apresenta pontos pretos, en-
rochas são azuis (azul-Bahia). Já em Minas Ge- quanto o mármore possui uma cor mais uni- Disponível em: https://www.cristaisdecurvelo.com.br/
rais são lilases (lilás-Gerais) e no Estado de São forme. Uma maneira de identificar se a rocha pages/GRANITO-%252d-Aprenda-Mais-Sobre-Este-
Paulo são verdes (verde-Ubatuba). é mármore ou granito é riscar a superfície: o Mineral.html. Acesso em : 07/12/2017.

130

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Neandertal
A Homo neanderthalensis é uma espécie
A sociedade, os extinta do gênero Homo, o mesmo dos
humanos modernos, que viveu na Europa e
minerais e as rochas em partes da Ásia entre 200.000 e 30.000
Desde o início da sua passagem pela Terra, os seres humanos anos atrás. Os neandertais, que coexistiram
compreenderam a importância dos minerais e das rochas e passaram com os Homo sapiens, receberam este nome
a utilizá-los para melhorar a sua estada nesse planeta. No período Pa-
leolítico, lascas de sílex, rocha sedimentar, eram utilizadas para feitu- porque a primeira ossada do homem pré-his-
ra de machados e pontas de flechas, instrumentos empregados pelas tórico foi encontrada em uma caverna no Vale
comunidades primitivas na caça. Em dado momento, os humanos
de Neander, na Alemanha, em 1856. Tal sig-
passaram a utilizar rochas graníticas para produzir fogo em razão do
atrito (choque) e a polir algumas rochas para cortar a carne. nifica vale em alemão.
Pequenas lâminas similares tinham sido
encontradas na África do Sul entre 65.000 e
60.000 anos atrás. Agora, uma equipe de cien-
tistas descobriu lâminas muito mais antigas,
chamadas microlíticas, que foram produzi-
das por meio de lascas de pedra aquecidas, em
uma caverna perto da Baía de Mossel, litoral
sul da África do Sul.
“Nossa pesquisa mostra que a tecnolo-
gia microlítica se originou na África do Sul,
evoluiu durante um longo período de tempo
Homens pré-históricos no uso de ferramentas simples.
(11.000 anos) e teve um complexo tratamen-
No Neolítico, essa relação dos seres humanos com os mine- to com calor”, afirmam os autores do estudo.
rais e as rochas tornou-se tão importante que acarretou mudanças
na sua estrutura corporal, uma vez que os pedaços de carne pode- “Tecnologias avançadas na África eram anti-
riam ser cortados em tamanhos menores e mais fáceis de masti- gas e duradouras”, explicaram. Segundo eles, a
gar. Isso, aliado à descoberta do fogo, que permitiu cozinhar os longa ausência de artefatos instrumentais no
alimentos com menos micro-organismos. As proteínas passaram a
fazer parte da dieta, em maior quantidade, causando um aumento registro paleontológico é explicada por um
no cérebro e na estatura humana. Além desse fato, a pedra polida número relativamente pequeno de sítios esca-
facilitou o corte da madeira, a construção de casas e, num estágio
vados até o momento, e não por uma inexis-
mais avançado, a prática da agricultura.
Esses eventos foram tão extraordinários para a época que fize- tência de conhecimento tecnológico do ho-
ram com que os historiadores dessem a denominação de Idade da mem primitivo.
Pedra Polida, ou Neolítico (que significa pedra nova, em alusão às
transformações operadas nas pedras naquela época), ao período da
Aprendizado – A descoberta evidencia
Pré-história que vai do décimo até o terceiro milênio antes de Cristo. que o antepassado do homem moderno na
Com a evolução humana, os minerais e as rochas passaram a ter África do Sul tinha a habilidade de fazer
novas utilidades, principalmente na construção, geração de energia,
decoração e fundição. O granito, rocha magmática intrusiva, passou
artefatos complexos e ensinar as técnicas
a outras pessoas. Isso permitiria que eles
Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 131 produzissem instrumentos como flechas
capazes de atingir maiores distâncias do que
as lanças manuais. “As armas do tipo projéteis
2:32 CG_6ºano_05.indd 131 07/03/2018 13:42:33 microlíticos ampliaram a capacidade de suces-
Leitura so na caça, reduziram o risco de ferimentos
complementar to antes do que se pensava. A descoberta su-
gere que a capacidade de produzir esses arte-
dos caçadores e estenderam o raio de violência
letal interpessoal”, afirma a equipe.
fatos deu aos nossos primeiros antepassados De acordo com Curtis Marean, pesqui-
Homens da caverna da África uma vantagem evolutiva sobre o ho- sador da Universidade do Estado do Arizo-
produziam ‘armas’ antes do mem de Neandertal. na, armas que podiam ser lançadas conferiram
que se imaginava Os cientistas concordam que nossa linha- vantagens substanciais aos homens da época
gem apareceu na África há mais de 100.000 quando eles deixaram a África e encontram
Paleontólogos encontraram pequenas lâ- anos, mas ainda há muito debate sobre quan- na Europa neandertais equipados apenas com
minas na África do Sul que provam que o os do a capacidade cultural e cognitiva do Homo lanças manuais e mais pesadas. “Se enfrentar
primeiros Homo sapiens tinham a capacida- sapiens começou a se assemelhar com a do um competidor que consegue arremessar lan-
de de produzir armas e outros instrumentos homem moderno. ças a longa distância, você está em clara des-
complexos há pelo menos 71.000 anos, mui- vantagem”, afirma Marean.

131

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O homem de Neandertal viveu em par-
tes da Europa e partes da Ásia entre 200.000
a ser utilizado para pavimentação de ruas; o carvão mineral, rocha

Alex Gorins/Shutterstock.com
e 30.000 anos atrás. Comentando o estudo, a
sedimentar, para produção de energia; o mármore, rocha metamór-
antropóloga Sally McBrearty, da Universida- fica originada do calcário, para a decoração. Esses são exemplos do
de de Connecticut, afirmou que, ao fazer es- emprego das rochas na era atual. Observe a imagem ao lado.
sas armas, os humanos arcaicos teriam usado Geografia em cena
lascas de pedras cuidadosamente selecionadas
por sua textura e com uso do calor para po- O mármore mais valorizado
der trabalhar com elas mais facilmente. Eles do mundo
teriam moldado as lâminas em formas geomé- Revestimento em mármore. Carrara é uma comuna italiana da região da Toscana, com cer-
tricas, provavelmente para o uso de flechas ati- ca de 65.560 habitantes. Estende-se por uma área de 71 km2, desde
radas de arcos. as montanhas até o mar, por uma largura média de 8.940 km.
O mármore de Carrara é famoso desde a Roma Antiga,
Isso, por outro lado, implicaria que aque- quando foi utilizado para construir o Panteão. Muitas escul-
les homens teriam de coletar outros materiais turas do Renascimento, como, Davi, de Michelangelo, foram
feitas de mármore.
como madeira, fibras, penas, osso e tendões
A produção de mármore da cidade é exportada para todo
por um período de dias, semanas ou meses, o o mundo. Ali também é esculpido e trabalhado o mármore de
que teria sido interrompido por outras tare- outras partes do mundo de forma comercial.
fas mais urgentes. “A habilidade de preservar e

Asier Villafranca/Shutterstock.com
alexandre zveiger/Shutterstock.com
manipular operações e imagens de objetos na
memória, e depois executar procedimentos, é
um componente essencial da mente moderna”,
escreveu McBrearty.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/

peerasak kamngoen/Shutterstock.com
homens-da-caverna-produziam-armas-antes-do-que-se-
imaginava/ Acesso em: 07/12/2017.

Anotações

Davi, de Michelangelo, esculpido em rocha mármore Carrara. 1504, Flo-


rença, Itália.

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carrara. Acessado em:


25/02/2015.

132 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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Leitura existiram 200 cidades do homem primitivo,


complementar onde se fez grande uso de rochas ornamentais
em construção de casas e túmulos.
Grandes pirâmides no Egito até hoje são
O uso das rochas ornamentais pela huma- construções significativas para nossa civiliza-
nidade começou na aurora da civilização hu- ção. Somente na pirâmide de Keops (147 m
mana, durante o período neolítico. Até hoje, de altura) foram usados 2,3 milhões de blo-
podemos observar vários túmulos na Europa, cos de calcário. O Egito abriu as primeiras
Ásia e América, construídos nessa época, feitos de pedreiras de rochas ornamentais há aproxi-
blocos de granito, mármore, arenito, etc. Os mais madamente 5 milhões de anos, para extração
conhecidos são Dolmenos (França) e Menhiros de grandes blocos de calcário e sienito para a
(Alemanha, Inglaterra, Itália). construção dessas pirâmides.
No paleolítico, numa região da Rússia, A Grécia Antiga, e depois o Império Ro-

132

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e travertinos na Itália e também em outros paí-
ses que compram da Itália grande quantidade de
Pequeno dicionário geográfico e cultural mármores brancos de Carrara.
No século XIX, tem início novamente
Aleatoriamente: Ao acaso. Incandescente: Luminoso.
Atrito: Fricção; ato de raspar ou esfregar coisas. Mitos: Relato ou narrativa de origem antiga e
o uso de rochas ornamentais para constru-
Climatologista: Profissional que está encarre- geralmente fantasiosa. ção civil. Aumenta a produção do mármore
gado de estudar o clima. Pavimentação: Calçamento do solo. de Carrara em várias pedreiras e, consequen-
Condensação: Passagem da matéria do estado Primata: Mamífero que apresenta cérebro de-
gasoso para o estado líquido. senvolvido. Exemplo: homens e macacos. temente, a exportação de blocos, principal-
Emersas: Acima do nível da água. mente para a França, Alemanha e os Estados
Unidos. Nessa época, começa também a ex-
tração de vários tipos de rochas ornamentais
Aprenda com arte em muitos países da Europa (Espanha, Gré-
cia, França).

Viagem ao centro da Terra – O filme


Disponível em: http://pedradeesquina.com.br/dicas/
Direção: Eric Brevig.
Ano: 2008. historia/ Acesso em: 07/12/2017.

Sinopse: Trevor Anderson é um cientista cujas teorias não são bem aceitas pela comunidade cientí-
Sugestão de
fica. Decidido a descobrir o que aconteceu com seu irmão Max, que simplesmente desapareceu, ele
parte para a Islândia juntamente com seu sobrinho Sean e a guia Hannah. Entretanto em meio à ex-
filme
pedição eles ficam presos em uma caverna e, na tentativa de deixar o local, alcançam o centro da Terra.
Lá eles encontram um exótico e desconhecido mundo perdido.
Os Flintstones
Diretor: Brian Levant
A árvore da vida Sinopse: O executivo Cliff Vandercave e sua
Direção: Terrence Malick. secretária promovem um teste de aptidão na
Ano: 2011.
Pedregulho & Cia., onde Fred Flintstone aca-
ba levando a melhor. Ele troca seu trabalho
Sinopse: Os O’Brien tiveram três filhos, criados com grande rigidez pelo pai. O mais velho deles, Jack, como operador de bronto-escavador por um
sempre teve atritos com o pai, em parte por reconhecer em si mesmo um pouco dele. Além disto, já
adulto, Jack enfrenta um forte sentimento de culpa devido à morte de seu irmão. cargo de vice-presidente. Mas a coisa não é tão
boa quanto parece: os dois estão planejando
Encerramento usar Fred como bode expiatório num grande
1 Leia o texto abaixo. esquema de fraude.
Se a história geológica da Terra fosse condensada nas 24 horas de um dia, o homem moderno só
surgiria quando faltassem três segundos para a meia-noite. À primeira vista, seria um obscuro coadju- Sugestão de
vante numa movimentada trama de mais de 4,5 bilhões de anos. Mas esse modesto personagem revo-
lucionou o seu roteiro: sobreviveu a glaciações, espalhou-se da África para outros continentes, tomou abordagem
conta do mundo e interferiu em praticamente todos os ecossistemas.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 133 Recomendamos o uso do longa-metra-
gem os Flintstones por abordar o uso das pe-
dras como suporte para o dia a dia, fazendo re-
2:33 CG_6ºano_05.indd 133 07/03/2018 13:42:33 ferência às necessidades do homem moderno
mano, como herdeiros dessa grande civili- mentais para a construção de prédios, palácios, adaptadas ao tempo em que o filme se passa.
zação, construíram enormes prédios, mo- castelos, igrejas, monumentos, esculturas, pra-
numentos, túmulos, esculturas, estradas, ças, estradas, viadutos, portos, etc. A Itália usa- Anotações
viadutos, portos, etc., com vários tipos de ro- va mármore e travertino; a Espanha, mármore;
cha ornamental, como os mármores, calcários, a França, arenito; a Finlândia e a Suíça, granito
travertinos, brechas, arenitos, porfírios, gra- e assim por diante, iniciando-se novamente um
nitos, etc., na Europa, África e Ásia, e muitos grande comércio dessas rochas. Por exemplo,
perduram até hoje, apesar de terem sido cons- para a construção da igreja em São Petersburgo,
truídos antes do nascimento de Cristo. Nessa a Rússia comprou da Finlândia grande quantida-
época já começava o comércio intensivo de vá- de de blocos de rapakivi-granito, até hoje muito
rias rochas extraídas nos três continentes. conhecido no mundo inteiro. O transporte era
Durante a Idade Média, a humanidade feito por navios e depois pela neve e gelo. Nessa
volta a usar grande quantidade de rochas orna- época, temos um aumento do uso de mármores

133

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Sua influência hoje é tamanha que já se discute se o Homo sapiens merece uma época geológica só
para si, o Antropoceno — a “idade recente do homem”.
(Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/reportagens/bem-vindo-ao-antropoceno. Acessado em:
25/02/2015.)

Agora, responda às perguntas:


a. Se o homem foi o último elemento da evolução, por que ele é considerado o mais importante?
Sugestão de resposta: Pela sua capacidade de refletir e agir, modificando tudo para atender às suas ne-

cessidades.

b. Você acha que se deve criar o Antropoceno? Justifique sua resposta.


Resposta pessoal. O aluno deve considerar, no texto, que as interferências humanas vêm causando mo-

dificações importantes no Planeta.

2 Observe a imagem abaixo:

www.sandatlas.org/Shutterstock.com

Ela apresenta uma fotografia de uma rocha magmática. Analisando a rocha da foto, ela é do tipo intru-
siva ou extrusiva? Que evidências o levaram a essa resposta?
Do tipo intrusiva. A presença de cristais visíveis a olho nu.

134 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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134

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3 Como vimos, a Terra é formada por três camadas: a litosfera, o manto terrestre e o núcleo. Relacio-
ne a segunda coluna com a primeira.

Coluna 1 Coluna 2
1 Litosfera 3 É o centro da Terra. É composto principalmente de ferro e ní-
2 Manto terrestre quel. Sua temperatura é acima de 6.000 °C.

3 Núcleo 1 É também chamada de crosta terrestre. É a camada externa,


formada por rochas e minerais.
2 É a camada intermediária, situada entre a crosta e o núcleo.
Marque a sequência correta:
a. 1, 3, 2.
b. 2, 3, 1.
c. X 3, 1, 2.
d. 2, 1, 3.
e. 3, 2, 1.

4 Leia a reportagem a seguir e, depois, responda ao que se pede.

Pesquisadores alemães anunciaram o mais


completo fóssil de dinossauro já achado na
Europa
O pequeno animal, um filhote de não mais de 1 ano, viveu há 135 milhões de anos e está 98%
completo — um feito incrível quando se trata de fósseis de tetrápodes, os dinossauros carnívoros que
englobam espécies como o T-Rex [...]
[...] Vestígios de tetrápodes, normalmente, são raros e fragmentados. Os tiranossauros mais bem
preservados, por exemplo, possuem apenas 80% do corpo. O fato de esse exemplar possuir 98% de seu
corpo é, portanto, um grande feito — especialmente por se tratar de um filhote. O estudo desses jovens
carnívoros pode fornecer não apenas dados sobre a biologia do grupo, mas também ajudar a entender
os mecanismos evolutivos dessas espécies[...]
(Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/encontrado-fossil-de-dinossauro-98-completo-17102011-22.shl. Aces-
sado em 13/11/2012.)

a. O fóssil citado na reportagem foi encontrado em que tipo de rocha? Justifique como você chegou a
essa conclusão.
Rochas sedimentares. Animais e vegetais mortos podem ser soterrados por sedimentos e, após milhares

de anos, são mineralizados e conservam suas formas.

b. Em que era geológica esse animal possivelmente viveu?


Na Era Mesozoica.

Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora 135

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135

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5 Para facilitar a nossa compreensão da passagem do tempo da Terra, os cientistas criaram as eras
geológicas. Agora, é sua vez de criar sua própria linha do tempo. Aproveite os espaços do gráfico abaixo
para apontar alguns acontecimentos marcantes da sua vida até hoje. Você pode, além de escrever, utili-
zar fotografias ou desenhar. Não se esqueça de dizer quando cada fato ocorreu. Bom trabalho!
a. b. c. d.

Resposta pessoal.

6 Complete corretamente o diagrama que trata da estrutura da Terra.

Horizontais
1
1. Situado entre a crosta e o núcleo.
2 N Ú C L E O 2. Camada interna da Terra com temperaturas
2
mais elevadas.
I M 3. Camada superior da litosfera.
4. Período que marca o início do tempo histórico,
T A ou seja, o período de surgimento dos seres huma-
nos (de baixo para cima).
O G

S 1 M A N T O

F A

3 C R O S T A

4 Q U A T E R N Á R I O

Verticais
1. Camada exterior sólida da superfície da Terra que
abrange a parte superior do manto e a crosta terrestre.
2. Massa pastosa que origina as rochas ígneas.

136 Capítulo 5 – A Terra por dentro e por fora

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136

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• Descrever o vulcanismo em suas diferentes
formas de manifestações.
• Compreender as dinâmicas dos abalos sís-
Capítulo 6 micos, suas manifestações e intensidades.
• Identificar áreas onde ocorrem abalos de
terra de pequena intensidade e os motivos que
As formas e os agentes os causam.
• Entender o intemperismo como resultado
internos do relevo Vista do monte Ama Dablam, Vale Khumbu, Par-
que Nacional Sagarmatha, no Everest, Nepal. da ação de diversos fatores atmosféricos e bio-
lógicos sobre as estruturas rochosas.
• Compreender o processo de transformação
do relevo pelo intemperismo físico (termo-
clastia, crioclastia e ação eólica).
• Diferenciar a ação erosiva e acumuladora da
água do mar no processo de formação/trans-
formação do relevo.
• Entender a ação dos rios e a ação glacial no
processo de transformação do relevo.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE05) Relacionar padrões climáticos,


tipos de solo, relevo e formações vegetais.

Anotações

Neste capítulo, vamos conhecer


as formas do relevo terrestre e
entender por que ele está em constante
transformação, apesar de parecer
imutável aos nossos olhos.

tterstock.com
Daniel Prudek/Shu

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Objetivos • Entender os fenômenos ocasionados nos


pedagógicos diferentes limites das placas tectônicas.
• Compreender a importância do relevo ter-
restre para a distribuição espacial da popula-
• Compreender a formação do relevo terres- ção e dos empreendimentos econômicos so-
tre como o resultado da ação conjunta, alter- bre o espaço geográfico.
nada e continuada dos agentes internos (for- • Entender a importância do relevo de bai-
madores) e externos (modeladores). xa altitude para a ocupação humana e im-
• Identificar os principais agentes internos e plementação de suas atividades econômicas
externos na formação do relevo terrestre. e sociais.
• Entender os interesses e as atividades huma- • Identificar descritivamente diferentes even-
nas dentro do processo de formação/transfor- tos geológicos produzidos pelo tectonismo
mação do relevo terrestre. epirogênico.

137

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Os temas apresentados ao longo des-


te capítulo devem ser explorados visualmen-
O que é o relevo?
te. Para isso, faz-se necessária a utilização de Geografia em cena Conceito
diferentes recursos, como fotografias, filmes Para que você possa compreender o que, geograficamente,
e mapas. Lembre-se de que, para a Geografia, Os 10 maiores picos denominamos de relevo, pense nos lugares de sua cidade que você
são encontrados na Cor- conhece. Consegue se lembrar da presença de áreas baixas e outras
a visão é fundamental para a compreensão do dilheira do Himalaia, no mais elevadas? Esse conjunto constituído por elevações e rebai-
espaço em sua totalidade. continente asiático. É justa- xamentos existentes na superfície da crosta terrestre é o que cha-
Estabeleça uma parceria com História, mente lá, entre o Nepal e a mamos de relevo. Este pode ser dividido em relevo continental,
China, que encontramos o quando está localizado nas áreas emersas, e relevo oceânico, quan-
para que este campo de conhecimento faça Monte Everest. Com 8.848 do encontrado nas áreas submersas. O relevo continental apresenta
um relato da ocupação das planícies pelas metros de altitude, é con- o predomínio de quatro formas principais: montanhas, planaltos,
siderado o maior pico do
grandes sociedades primitivas. planícies e depressões.
Planeta.
A descrição integrada à observação de
imagens pode ser uma boa maneira para que
o aluno aprenda a diferenciar planícies de
Planície
depressões. De forma geral, planície é uma área baixa e relativamente pla-
na (suavemente ondulada) que apresenta uma grande extensão,
onde predominam processos de deposição.
Sugestão de

David P. Smith/Shutterstock.com
abordagem

Neste primeiro momento, várias ferra-


mentas e procedimentos metodológicos po-
dem ser utilizados, como imagens que apre-
sentem a origem e evolução do relevo do
Planeta, ocupação de morros e encostas, bar-
reiras, áreas de drenagem, etc. Fazer isto é im-
portante para mostrar tanto a adaptação das
Texas, Estados Unidos.
sociedades às diferentes formas de relevo
Em geral, predominam na natureza três tipos de planície: as
como as consequências visíveis e possíveis des-
planícies litorâneas, ou costeiras, que acompanham o litoral e,
sas ações. em algumas áreas, penetram em direção ao interior; as planícies
continentais, localizadas no interior do continente; e as planícies

Anotações de montanhas, ou altiplanos, áreas planas que se localizam em al-


titudes elevadas.

138 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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Sugestão de
filme

Eldorado: em busca da cidade do ouro seguido por um mercenário misterioso e é


Diretor: Terry Cunningham capturado pelo corrupto exército peruano.
Sinopse: Quando as pistas de uma anti- Logo, Jack é libertado pela bela Maria. Ago-
ga profecia Inca caem nas mãos do arqueó- ra, com vários inimigos em seu encalço, os
logo Jack Wilder, ele embarca em uma jor- dois vão enfrentar os mais complicados obs-
nada para encontrar a lendária Cidade de táculos, como atravessar a Cordilheira dos
Ouro, El dorado, escondida nas belas paisa- Andes, passar pelas tribos nativas da Ama-
gens do Peru. Mas sua busca se torna mortal zônia e decifrar as armadilhas e maldições
no momento em que ele começa a ser per- sagradas.
C
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ESB Professional/Shutterstock.com
Planície do Pantanal em Mato Grosso do Sul, Brasil.

Planalto
Planalto é uma forma de relevo relativamente elevada delimi-
tada por escarpas ou rampas e com o topo mais ou menos plano.
Esse tipo de relevo, como veremos no próximo capítulo, é construí-
do por agentes internos, que, por meio de uma força muito grande
vinda do interior do Planeta, elevam uma grande porção da crosta
terrestre. O planalto apresenta um predomínio muito grande da
ação de desgaste e erosão das suas rochas e do seu solo como conse-
quência da ação do vento, da chuva e das geleiras, portanto desloca
materiais para as áreas mais baixas, acarretando nessas deposições
de sedimentos.

wildzero/Shutterstock.com

7:25

Monte Roraima, no Estado de Roraima, Brasil.

Montanha
São as formas do relevo terrestre que apresentam as maiores
elevações, geralmente de cume pontiagudo, vertentes muito incli-

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 139

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nadas e base larga. Podem apresentar-se isoladas ou num conjunto
contínuo que pode atingir grandes extensões. A sua origem se dá
por movimentos internos. Nesse caso, são denominadas de cadeias
de montanhas, ou cordilheiras. As principais cadeias de monta-
nhas são a Cordilheira dos Andes, que se espalha por aproxima-
damente 7.500 km de extensão desde o Chile até a Venezuela, na
América do Sul; as Montanhas Rochosas, na América do Norte;
os Alpes, na Europa; e a Cordilheira do Himalaia, na Ásia, todas
apresentadas no planisfério abaixo.

Mapa hipsométrico

O L

0 2.511 km 5.022 km

CG

Contudo, nem sempre as montanhas se agrupam em grande ex-


tensão ou apresentam altitudes muito elevadas, como as que acabamos
de estudar. Podem apresentar altitudes e extensões mais modestas,
além de vertentes abruptas de um lado e suaves do outro. Neste caso,
não as devemos chamar de cordilheiras, e sim de serras. Um exemplo
clássico é a Serra da Mantiqueira, apresentada na foto a seguir.

140 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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Sugestão de
abordagem

ANDRE DIB/Shutterstock.com
Para uma aula que estimule a criativida-
de e as percepções espaciais, recomendamos a
feitura de trabalhos manuais com papel, cola e
tinta guache na qual os alunos, com o auxílio
do professor, poderão elaborar maquetes com
Serra da Mantiqueira, Minas Gerais, Brasil.
os principais tipos de relevos vistos neste ce-
nário. Sempre com a orientação do educador e
A Serra da Mantiqueira estende-se por três estados do Brasil:
a referenciação com os conteúdos abordados.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na foto, parte da Serra da
Mantiqueira em Passa-Quatro, Minas Gerais.

Depressão Anotações
Não é difícil compreender uma depressão. Basta imaginar uma

Nasa
área baixa localizada entre áreas mais altas, ou seja, depressão se
constitui numa grande área rebaixada pela erosão provocada no de-
correr de vários dos milênios. Existem dois tipos de depressão:
Depressão absoluta: Área cujo rebaixamento do relevo está
abaixo do nível do mar. As maiores depressões absolutas co-
nhecidas são o Mar Morto, entre a Jordânia e Israel, que está
a 392 m abaixo do nível do mar; o Vale da Morte, no Deserto
de Mojave, Estados Unidos, a 86 m abaixo do nível do mar; e
o Mar Cáspio, na divisa entre a Europa e a Ásia, a 28 m abaixo
do nível do mar. No Brasil, não existem depressões absolutas.
Depressão relativa: Áreas localizadas em altitudes mais bai-
xas do que as terras que a circundam, porém acima do nível
do mar. No Brasil, podemos citar a Depressão da Amazônia
Ocidental, a Depressão Norte-Amazônica e a Depressão
Sul-Amazônica, todas no Estado do Amazonas.
Depressão absoluta do Mar Morto. Entre
Israel, Jordânia e Palestina.
No Nordeste temos a depressão Sertaneja–São Francisco, na
região do semiárido.

Chapada
Em algumas regiões, surge, nos planaltos, uma unidade do re-
levo bastante diferente, com topo de grande extensão e superfícies
horizontais, de topo plano e limites escarpados, denominada de
chapada. Para compreender o que é uma chapada, imagine uma
mesa alta e bem comprida, e você terá desvendado a forma de um
relevo de origem sedimentar (rochas pouco resistentes).

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 141

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:25
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Formas de relevo

Montanha Depressão relativa


Planalto

Nível do mar

Depressão absoluta

Planície

Mapa físico do Brasil

Equador
Depressão Norte-amazônica

onas Pl
an
az ície
Am s e tabuleiros
c i e do Rio Ama
zônia Oriental lit
ní da or
Pla tos ân
al eo
an s
Pl
a
ni

Planaltos e

a
m chapadas da
aA
ão d ntal Bacia do
Depress e Parnaíba
Ocid

Depressão
cis Sertaneja do
Plan are São Francisco
a lto e Chapada dos P

são
es
pr
De

Planaltos Planaltos e Oceano Atlântico


Pantanal e serras de serras do
Mato-grossense Goiás-Minas Atlântico
Leste-Sudeste
Oceano Planaltos e
Pacífico Chapadas da
Bacia
do Paraná CG

Planaltos Trópico
de Capric
Em bacias sedimentares órnio
Em estruturas cristalinas e
dobramentos antigos
Depressões
Em estruturas sedimentares N
Em estruturas cristalinas 0 326 km 652 km
O L
Planícies
Em estruturas sedimentares antigas S

142 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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Sugestão de
filme
Cenário 2

Apropriação Da Selva à Cordilheira


Diretor: Eryk Rocha
do relevo pela Sinopse: Seguimos subindo os Andes, e nos
deparamos com a beleza mágica, silenciosa e
sociedade majestática do Nevado Ausengate com seus
6.384 metros de altura. Lá, no horizonte, toda
Superar obstáculos para a montanha, coberta de neve branquíssima,
reluzia ao Sol da tarde, ora em tons de prata,
sobreviver ora em ouro velho. Pela primeira vez na via-
Como aprendemos no primeiro capítulo, o espaço geográfico gem, homens comuns, em meio aos seus afa-
é fruto do trabalho dos seres humanos, que não medem esforços zeres, nos abençoaram em nome de Pachama-
para promover o desenvolvimento e a sua sobrevivência. Desde os
ma, a Madre-Tierra.
primórdios, as diferentes sociedades humanas viram-se obrigadas
a superar dificuldades e obstáculos muitas vezes considerados in-
transponíveis. Esse fato as levou a produzir formas de dominar a
Sugestão de
natureza para poder superar o estágio de nomadismo que caracte-
rizava as primeiras sociedades. Dessa forma, algumas áreas do Pla- abordagem
neta facilitavam essa “domesticação” da natureza. Por suas caracte-
rísticas naturais, as áreas com climas pouco rigorosos, solos de boa
fertilidade, disponibilidade de água e, claro, relevo pouco inclinado
foram primeiramente ocupadas por diversos grupos humanos, que Com o documentário indicado na sus-
se estabeleceram definitivamente. Posteriormente, com o avanço Cidade sagrada inca de Machu Picchu,
gestão de filme, pode ser feito uma relação en-
da ciência e da tecnologia, áreas menos favoráveis passaram a ser Andes peruanos.
tre o local em que os incas viviam e o cuida-
Anton_Ivanov/Shutterstock.com
do com que eles tinham em cultivar a terra e
cuidar dela.

Anotações

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 143

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:26
143

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Leitura
complementar progressivamente domesticadas pelos seres humanos. Contudo,
devemos levar em conta que, mesmo que a ciência e a tecnologia
tenham rompido a total dependência humana com relação à natu-
Terraceamento reza, ainda hoje existem algumas áreas que oferecem muitas dificul-
dades para o estabelecimento dos seres humanos. Algumas dessas
restrições são impostas pelo relevo.
O terraceamento consiste na constru- As montanhas são as áreas mais elevadas entre as formas de
ção de uma estrutura transversal ao sentido relevo. Elas oferecem visão panorâmica da paisagem, temperatu-
ra mais baixa, entre outros benefícios. Contudo, são áreas de difícil
do maior declive do terreno. Apresenta es- ocupação, principalmente em virtude do ar rarefeito (ar com baixa
trutura composta de um dique e um canal e densidade, dificultando a respiração e alterando o funcionamento do
tem a finalidade de reter e infiltrar, nos ter- organismo), provocado pela elevada altitude. Além disso, a inclina-
ção do relevo, a existência de vales profundos e gargantas estreitas
raços em nível, ou escoar lentamente para e todas as consequências que essas características podem acarretar
áreas adjacentes, nos terraços em desnível ou (como dificuldade de praticar a agricultura e de implantar um siste-
com gradiente, as águas das chuvas. A função ma de transporte eficiente) contribuem para que áreas montanhosas
estejam entre aquelas que apresentam menor povoamento.
do terraço é a de reduzir o comprimento da

Photomaxx/Shutterstock.com
rampa, área contínua por onde há escoamen-
to das águas das chuvas, e, com isso, dimi-
nuir a velocidade de escoamento da água su-
perficial. Ademais, contribui para a recarga de
aquíferos.

Plantio direto sem terraço não evita


erosão

Em solos com plantio direto, a presença O plantio de arroz em terraços nas Filipinas é um exemplo de adaptação dos grupos humanos
de palha contribui para aumentar a rugosida- a áreas montanhosas.

de do terreno, estabilizar os agregados do solo Algumas sociedades, porém, desenvolveram em diversas épo-
cas da história tecnologias e formas de ocupar regiões cujo relevo
e impedir a desagregação das partículas pelo apresenta-se demasiadamente montanhoso. Sociedades como a dos
contato direto com as gotas de chuvas, o que incas desenvolveram técnicas agrícolas fabulosas para solucionar os
resulta em maiores taxas de infiltração e dimi- problemas que as áreas montanhosas impõem à prática da agricul-
tura. Como aprendemos, essas áreas apresentam encostas bastante
nuição do volume de escoamento da água pela inclinadas, o que acarreta um aumento da velocidade das águas da
enxurrada. Mesmo em solos com plantio di- chuva, provocando erosão. Portanto, qualquer plantio que fosse
realizado seria levado pela enxurrada. No caso dos incas, seria, pois
reto, a enxurrada pode ser expressiva, princi-
esses americanos pré-colombianos foram os responsáveis por de-
palmente com chuvas de alta intensidade e é senvolver a técnica de terraceamento, cortando degraus nas encos-
agravada em terrenos com rampas longas ou tas das montanhas para facilitar a preparação do solo e impedir a
erosão provocada pelas enxurradas. A técnica é tão eficiente que até
de declividade acentuada. Nessas situações, a atualidade é utilizada por diversas sociedades.
pode até mesmo ocorrer a remoção da pa-
lhada pela enxurrada, o que agrava a perda de 144 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo
água e de matéria orgânica, mesmo que se per-
ca pouco solo. Por isso, há um grande equí-
voco em se afirmar que lavouras sob sistema CG_6ºano_06.indd 144 07/03/2018 13:47:27

plantio direto não necessitam de terraceamen- raços em lavouras sob sistema de plantio direto. A maior rugosidade do
to. Argumenta-se, erroneamente, que a palha terreno e menor desagregação dos agregados do solo sob sistema plantio
que recobre o solo retém a enxurrada, quando direto contribuem para o maior espaçamento entre terraços, mas não para
na verdade, a palha aumenta a velocidade de sua eliminação. Adicionalmente, o terraceamento contribui para o mane-
infiltração e diminui a desagregação do solo, jo das águas das estradas e para o retardamento e a contenção do aporte
mas não reduz completamente a enxurrada. A de agroquímicos aos mananciais hídricos. Em sistema de plantio direto,
eliminação dos terraços em sistema de plantio isso é ainda mais relevante, já que os corretivos, fertilizantes e herbicidas
direto também é motivada pela maior facili- tendem a permanecer um maior tempo na superfície do solo, e os tornam
dade na operação de implementos agrícolas mais predispostos à movimentação pela enxurrada e, dessa forma, aumen-
destinados à semeadura, pulverização de agro- tam o risco de poluição de rios e lagos.
tóxicos e colheita dos grãos. Contudo, não há
dados científicos que auxiliem no estabeleci- Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/10180/13599347/ID01.pdf.
mento de critérios para a retirada total de ter- Acesso em: 07/12/2017.
C
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Em áreas de pequenos morros e planaltos pouco elevados, onde
a inclinação das encostas pode provocar enxurradas fortes que levam
à erosão, foi desenvolvida a técnica de cultivo chamada plantio em
curvas de nível. Consiste na criação de faixas de plantios paralelas
em níveis diferentes baseadas na direção do escoamento das águas da
chuva e na inclinação do relevo, evitando a erosão do solo.
As áreas de relevo que apresentam maior facilidade para ocupa-
ção e povoamento são de planícies, depressões e topo de planaltos,
pois a relativa uniformidade facilita a construção de sítios urbanos,
a prática da agropecuária e o desenvolvimento de vias de transporte
eficientes. Porém, é necessário lembrar que as planícies e depressões,
por estarem ladeadas por áreas elevadas, podem sofrer com a erosão
destas ou com a inundação dos rios que as cortam.

Andrevruas

Deslizamento de terra em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Um dos graves problemas da atualidade de algumas áreas urba-


nas dos países pobres é a ocupação desordenada das áreas de encos-
tas de morros. Você já deve ter visto nos noticiários da televisão os
dramas e desastres provocados nessas áreas quando ocorrem fortes
chuvas. Morros deslizando, casas sendo destruídas, pessoas ficando
soterradas e muitas mortes. O que provoca tais fatos?
Observando as áreas de morro sem ocupação humana, onde a
7:27 vegetação não foi retirada, você notará que nelas ocorrem menos
deslizamentos. Ao retirar a vegetação que cobre o solo, o impacto
da água da chuva ocorre diretamente sobre este, facilitando a ero-
são e a enxurrada de materiais e provocando desabamento de parte
do morro.
Para solucionar esse problema, deve-se conservar a vegetação,
replantá-la, construir muros de contenção, ou de arrimo, ou mes-
mo pavimentar a encosta, construindo canaletas para escoamento
da água da chuva.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 145

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145

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Sugestão de
leitura
Bloco-diagrama
Observe as representações abaixo.
Geomorfologia Ambiental
Autores: Antonio José Teixeira Guerra e Mô-
Plataforma continental
Cânion submarino

nica dos Santos Marçal


Talude continental
Costa continental

Sinopse: Esse livro atende a uma demanda


Falha de formação

atual de trabalhos voltados ao planejamen-


to ambiental, tanto em relação às questões
teórico-metodológicas como em relação às
ferramentas utilizadas para a sua execução. Planície abissal

Nesse sentido, o livro aborda tanto questões


Dorsal centro-oceânica Guyot
Fossa oceânica

relacionadas aos conceitos, temas e aplica-


Pitón submarino

ções da Geomorfologia Ambiental como dis-


cute a evolução da paisagem e das unidades
de paisagem no âmbito das escolas de geo-
grafia física.

Geossistemas
Autor: Robert W. Christopherson
Sinopse: Essa obra tem o propósito de defi-
nir toda a geografia física fazendo a cobertu-
ra dos seguintes tópicos: sistemas, atmosfera,
energia, água, clima e sistema meteorológico,
a interface Terra–atmosfera, solos, ecossiste-
mas e biomas. Utiliza imagens por satélite e Fossa marinha
de sensoriamento remoto detalhadas, infor-
Bloco-diagrama representando o relevo submarino e da crosta terrestre.
mação estatística, ilustrações, cartografia, fo-
tografias coloridas e quadros com explicações O bloco-diagrama é a representação gráfica de uma determi-
nada porção da superfície do Planeta elaborada com técnicas de
adicionais sobre os temas principais. Ao fi- perspectiva. Por meio dele, ao observar o relevo, podemos com-
nal de cada capítulo, a seção Resumo e Revisão preendê-lo de forma tridimensional, ou seja, profundidade (altu-
agrupa cada conceito de aprendizagem do ca- ra), largura (lateralidade) e comprimento.
Todo bloco-diagrama tem sua feitura baseada em um mapa
pítulo de forma narrativa, seguida de pergun- da área que se deseja representar. No início, eram apenas técnicas
tas relacionadas. gráficas e de desenho; contudo, o desenvolvimento de novas e mo-
dernas tecnologias tem qualificado essa forma de representação do
relevo, tornando cada vez mais fácil o seu entendimento.
Gênese e evolução das formações superficiais
nos trópicos 146 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo
Autor: Carlos Roberto Espindola
Sinopse: A presente obra pode ser credita-
do um enfoque agrogeológico, ao inserir o CG_6ºano_06.indd 146 07/03/2018 13:47:27

solo e o relevo na história do globo terres- Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas
tre, em seus processos evolutivos nas suces- Organizadores: Antonio José Teixeira Guerra e Maria do Carmo Olivei-
sivas mudanças das paisagens ao longo do ra Jorge
tempo geológico. O agrupamento das dife- Sinopse: O livro explica conceitos, métodos e aplicações com a preocupa-
rentes categorias de solos em classes taxo- ção de desenvolver o estudo, o controle e a prevenção da erosão acelerada,
nômicas é apresentado, com destaque para escorregamentos e quedas de barreiras. Entre os temas abordados, estão:
o mundo intertropical, a elas sendo atribuí- geotecnologias no estudo de feições erosivas e movimentos de massa; mo-
dos mecanismos genéticos em nível hierár- delagens; ação do homem e do clima nos processos geomorfológicos; bioen-
quico elevado. Ainda que mecanismos natu- genharia na recuperação de áreas degradadas; e erosão costeira.
rais devastadores.

C
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Esse tipo de instrumento não serve apenas para facilitar a com-
preensão do relevo terrestre de superfície. Também pode ser em-
pregado para mostrar os tipos de rocha, rios (hidrografia), geleiras,
além de diversas informações.

Ensaio geográfico
1 Em uma viagem de férias, você percebeu que alguns agricultores realizam seus plantios em áreas de
encostas de morro, como no desenho abaixo.

Utilizando o seu conhecimento, que conselhos você daria a esses agricultores?


A melhor alternativa para a prática da agricultura em morros ou montanha é a técnica das curvas de

nível, ou terraceamento.

2 Observe o desenho aproximado do relevo apresentado abaixo.

C D E
B
A

7:27

Agora, responda ao que se pede:


a. Identifique e denomine a unidade do relevo representada no espaço da letra A.
Planície litorânea.

b. Verifique e denomine em qual espaço está localizada uma depressão.

Está representada pela letra “D”.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 147

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147

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Diálogo com o
professor c. Entre as unidades de relevo C e D, indique a que sofreu mais ação erosiva e explique o porquê.
A letra C. Os planaltos sofrem com a ação da erosão, que termina levando seus sedimentos para regiões

O foco de ensino, neste momento, deve mais baixas, como a letra D.


estar na importância da diversidade de formas
de relevo na vida das diferentes sociedades.
Como essas sociedades se adaptaram (e ain-
da se adaptam) e interferiram na dinâmica do
processo de transformação natural do relevo 3 Na periferia de várias metrópoles brasileiras, em virtude da pobreza, muitas pessoas constroem suas
habitações em áreas de morros ou colinas. Faça um pequeno comentário sobre os principais riscos que
terrestre. Por outro lado, é importante apon- essas pessoas correm.
tar a diferença entre as diversas ciências natu-
Sugestão de resposta: As pessoas correm o risco de ter sua casa arrastada por deslizamento de terra,
rais que explicam o relevo terrestre.
Aborde as formas pelas quais as diferen- podendo perder inclusive a vida.

tes sociedades ao longo da história utilizaram


diferentes relevos para sobreviverem. Esse
tema pode ser trabalhado em parceria com 4 O relevo de planície historicamente serviu para promover o desenvolvimento das sociedades que
História, para que esse campo disciplinar pos- nela se instalaram. Liste três aspectos dessa forma de relevo que favoreceram esse desenvolvimento.
sa mostrar como diferentes sociedades em dis- Facilidade de locomoção, construção de casas e para facilitar práticas da agricultura e da pecuária.
tintas dimensões temporais utilizaram o rele-
vo ao seu favor. 5 (UFJF) Observe as imagens a seguir que retratam os efeitos que chuvas torrenciais provocaram na
Além disso, leve o aluno a compreender região serrana do Estado do Rio de Janeiro, em 2011.
que o modelado do relevo terrestre é o resulta-
a. As chuvas fortes (e devastadoras) de verão não vão deixar de

mTaira/Shutterstock.com
do da ação combinada de diversos atores que acontecer. Elas fazem parte do ciclo natural do clima e, com o aque-
esculpem, desgastam e esculturam o relevo le- cimento global, deverão ficar ainda mais intensas. Nessa área, como
a ação humana potencializou a ação da natureza?
vantado ou rebaixado pelo vulcanismo, tecto-
nismo ou abalos sísmicos. A retirada da vegetação natural das encostas potencializou a ação

Por meio de um trabalho em conjun- da natureza. A atuação das águas das chuvas costuma ser intensa
to com Física, pode-se identificar a força que
nas regiões de clima tropical. No caso das águas pluviais, é comum
provoca a quebra e modelagem do relevo em
warmer/Shutterstock.com

áreas secas, quer seja pelo movimento de di- nas áreas com relevo em declive formarem-se as enxurradas, que,

latação-contração, em virtude da variação da dependendo da intensidade das chuvas e, principalmente, de sua


temperatura sobre materiais sólidos, quer seja
duração, podem causar deslizamentos de terra, particularmente na-
pelo congelamento da água.
quelas onde a vegetação foi retirada.

Anotações
148 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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C
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Cenário 3

Os agentes internos
da formação do
relevo
Os fatores que
modificam o relevo
Você já estudou que o interior de nosso planeta não está para-

Naeblys/Shutterstock.com
do. Muito pelo contrário, em virtude do calor proveniente do nú-
cleo e do manto (magma), o interior do Planeta está em constante
movimentação (você já deve ter visto em filmes que vulcões entram
em erupção e que terremotos de vez em quando acontecem). É jus-
tamente essa movimentação que acarreta elevações e rebaixamen-
tos na crosta terrestre.
Por outro lado, você já deve também ter percebido como a for-
ça destruidora das chuvas, dos rios e do mar pode provocar desgaste
na superfície da Terra.
Cruzando as informações dos dois últimos parágrafos, tran-
Limite de placas tectônicas convergentes.
quilamente, você chegará à conclusão de que o relevo pode ser
explicado como o resultado da relação complementar entre o que
chamamos de agentes internos, como vulcanismo e terremotos, e
agentes externos, como a chuva, os ventos e os rios — além, é claro,

daulon/Shutterstock.com
dos tipos de rocha que estão espalhados pela litosfera.
As rochas, dependendo da sua dureza, podem facilitar ou difi-
cultar o trabalho dos agentes internos ou externos.
Mopic/Shutterstock.com

7:28

Origem de um tsunami.

Limites entre as placas tectônicas. Círculo do Fogo do Pacífico e Dorsal mesoatlântica, respec-
tivamente.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 149

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Diálogo com o
professor

Dutourdumonde Photography/Shutterstock.com
Estabeleça comparações entre as zonas
climáticas da Terra com a climatologia desen-
volvida pela altimetria montanhosa. Indique
Terremoto em Katmandu, Nepal (2015).
as diferenças de ambientes naturais existentes Milhares de pessoas morreram nessa tra-
gédia.
a partir da altitude
Os atores ou agentes internos são forças que se originam da ativi-
Este é um conteúdo que exige uma abor- dade do magma e que, impulsionados contra a litosfera, acarretam fenô-
dagem interdisciplinar. É fundamental que menos de contração, deslocamento, quebra ou encurvamento da crosta
terrestre. Podemos dividi-los em três tipos: tectonismo, vulcanismo e
haja essa interação entre Geografia, Química abalos sísmicos, ou terremotos. Convém salientar que a maioria desses
e Física, pois assim os alunos poderão apren- eventos ocorre nas áreas de choque entre placas tectônicas.
der, com propriedade, questões como a va-
riação da pressão, umidade, temperatura; já Cenário 4
a Biologia tem sua atenção voltada para ex-
plicar a formação de ecossistemas diferentes
em virtude dessas variações. Por isso, é im-
Tectonismo
portante manter sempre uma boa comuni- Movimentos na crosta
cação com os professores das outras discipli-
nas para que a integração do conteúdo ocorra terrestre
de maneira natural e enriqueça o processo de É a atividade consequente do deslocamento das placas tectô-
nicas impulsionadas aleatoriamente pelo magma. Dessa atividade,
ensino-aprendizagem.
podem resultar fenômenos geológicos, como a formação de dobra-
mentos e falhas.
Anotações
Falhamentos
Falhas são quebras nas estruturas rochosas por causa do des-
locamento do magma. O processo de formação das falhas ocorre
da seguinte maneira: as placas tectônicas, ao se deslocar, provocam
grandes pressões nas rochas, acarretando modificação de suas es-
truturas. Esse movimento chega a quebrá-las, o que gera as falhas.
Nessas áreas, ocorrem deslocamentos de grandes blocos ro-
chosos, modificando a paisagem de acordo com a direção destes
deslocamentos. Dessa forma, onde um bloco foi levantado e outro
rebaixado, pode surgir uma escarpa de montanha. Já em uma área
onde dois blocos são levantados e um rebaixado, pode surgir um
vale, uma garganta, um cânion ou, genericamente, uma depressão.
Observe, nas imagens a seguir, os principais tipos de falha, suas des-
crições e consequências.

150 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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C
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Movimentos das placas tectônicas

Placa

Placa
Astenosfera
Limite
convergente
Limite Limite Limite
transformante divergente convergente Zona de rachadura continental
Arco de
ilhas
Fossa Vulcão Fossa
escudo
Cone compacto Expansão do fundo oceânico

Crosta
Litosfera
oceânica Crosta
Astenosfera continental
Ponto quente
Zona de
subducção

andrewpotter4/Shutterstock.com

Falha normal.

7:29

Vista aérea das linhas de falhas geológicas provocadas pela movimentação das placas tectônicas
no Uzbequistão oriental, Ásia.

Muito comum nas áreas onde as placas tectônicas se afastam,


a tensão faz com que um bloco de rocha seja deslocado levemente
para baixo, como nas escarpas de falha do vale apresentadas acima.
Já as falhas inversas são formadas em áreas onde há compres-
são entre blocos rochosos. Ao quebrar-se, um deles sobe vertical-
Falha inversa.
mente em relação ao outro.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 151

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151

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Leitura
complementar

Naeblys/Shutterstock.com
As macroformas estruturais

As macroformas estruturais do relevo ter-


restre estão representadas pelas plataformas,
ou crátons, pelas cadeias orogênicas e pelas
bacias sedimentares.
1. As plataformas, ou crátons, quase Falha transcorrente é encontrada onde ocorrem movimentos

Ikluft
sempre se mostram com relevos muito diver- horizontais que provocam a quebra e o deslocamento de blocos,
paralelamente, em sentidos opostos. É muito comum na área onde
sos e de longas fases erosivas. São terrenos que as placas tectônicas se deslocam paralelamente. O exemplo mais
guardam características de baixos planaltos conhecido é o da Falha de San Andreas, nos Estados Unidos, apre-
sentada na imagem ao lado.
ou, ainda, que assumem aspectos de depres-
sões posicionadas às margens de bacias sedi-
mentares ou dos cinturões de cadeias orogê-
Dobramentos
nicas antigas. Aprendemos que o Planeta é formado pelas placas tectônicas e
que estas se movimentam. Pois bem, nesse deslocamento, algumas
Os grandes domínios estruturais da Terra
placas chocaram-se, e esse deslocamento horizontal, no qual duas
estão assim distribuídos: no continente ameri- placas se comprimem, acarretou a formação de grandes encurva-
cano, aparecem o Escudo das Guianas, o Bra- Falha de San Andreas. Califórnia, Estados
mentos de forma côncava ou convexa em estruturas rochosas da
crosta. Essas formações são denominadas dobramentos.
sileiro e o Canadense; no continente africano, Unidos.
Contudo, nem sempre que dois blocos se encontram e compri-
o Saariano; na Europa, o Russo-fenorsândico; mem-se horizontalmente ocorre a formação de dobramentos. Se a
na Ásia, o Siberiano, o Chinês e o Indiano; e, rocha não for maleável, ou seja, se não houver plasticidade da rocha,
esta se quebrará, formando o que geologicamente se chama falha.
na Austrália, o Escudo Australiano. Na natureza, as rochas plásticas são aquelas que apresentam
No território brasileiro, o Escudo das capacidade de ser modeladas, moldadas, sem se romper ou quebrar.
Guianas é caracterizado preferencialmen- Essa característica é encontrada nas rochas sedimentares de super-
fície, que são leves e frágeis.
te por rochas metamórficas muito antigas do
Pré-cambriano Médio a Inferior, ocorrendo
ainda rochas intrusivas e vulcânicas bastante A formação dos grandes
velhas, e alguns trechos apresentam cobertura dobramentos
sedimentar antiga.
Ao olhar o planisfério com as placas tectônicas, você notará
O mesmo ocorre com a Plataforma Sul-
que, nas áreas de choque ou encontro de duas dessas placas, surgem
-amazônica e a do São Francisco, que recebem as mais elevadas cadeias de montanhas. Essas regiões são denomi-
a denominação de Escudo Brasileiro. Ambas nadas de dobramentos modernos, pois, geologicamente, esse en-
contro que gerou tais dobramentos ocorreu no Período Terciário
correspondem a terrenos relativamente bai- da Era Cenozoica. Contudo, existem outras áreas de dobramentos
xos (400–600 metros), ocorrendo algumas
áreas com coberturas sedimentares residuais, 152 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo
como a Chapada do Cachimbo e o Planalto
dos Parecis. Observando-se as eras geológi-
cas da Terra, verifica-se que as plataformas, ou CG_6ºano_06.indd 152 07/03/2018 13:47:32 CG

crátons, enquadram-se na Era Pré-cambriana, tados Unidos; as do Tchad, Congo e Zambe- ocupando 75% da superfície emersa da Terra,
cujas idades estão entre 900 milhões e 4,5 bi- se, na África; a do centro-norte da Europa; embora, em volume, as rochas sedimentares
lhões de anos, caracterizando-se por serem os a do centro-sul da Austrália; a Amazônica, sejam bem menos representativas do que as íg-
terrenos mais trabalhados pelos processos ero- a do Parnaíba e a do Paraná, na América do neas e metamórficas.
sivos e também os mais estáveis do ponto de Sul, são exemplos de grandes bacias, cujas ori- 3. As cadeias orogênicas, ou cinturões
vista tectônico. gens e idades são posteriores ao Pré-cambria- orogênicos, correspondem aos terrenos mais
2. As bacias sedimentares constituem no. São chamadas de bacias fanerozoicas, ou elevados da superfície terrestre. São áreas de
outra estrutura de grande representatividade seja, que se formaram ao longo do Paleozoico, grande complexidade rochosa e estrutural,
territorial ao longo dos continentes. Essas ba- do Mesozoico e do Cenozoico, por meio de geradas por efeito de dobramentos acompa-
cias são formadas por espessos pacotes de ro- diferentes fases de deposição marinha, glacial nhados de intrusões, vulcanismo, abalos sís-
chas sedimentares que chegam a ultrapassar 5 ou continental. micos e falhamentos. Correspondem aos ter-
mil metros. Bacias sedimentares, como as do As bacias sedimentares recobrem parcial- renos mais instáveis, nos quais prevalece forte
Colorado e do Mississippi-Missouri, nos Es- mente as áreas cratônicas, ou de plataformas, atividade tectônica. As cadeias orogênicas en-

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áreas cratônicas e de cadeias orogênicas anti-
gas (Pré-cambriano), como o Espinhaço, em
que ocorreram na era Pré-cambriana e que por isso recebem a deno-
Minas Gerais; o cinturão orogênico de Brasí-
minação de dobramentos antigos. Uma das coisas que você deve
saber é que os dobramentos modernos apresentam altitudes mais lia (Goiás-Minas). Nesses cinturões orogêni-
elevadas que os dobramentos antigos, pelo fato de que estes últimos cos, o relevo brasileiro é serrano, de grandes
apresentam um maior tempo de exposição aos agentes da erosão,
como a chuva e o vento, acarretando seu desgaste e rebaixamento.
complexidades litológicas e estruturais.

Montanhas caminhantes Disponível em: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Os


fundamentos da Geografia da natureza. In: Geografia
A formação dos Andes e do Himalaia, dois dos principais do Brasil. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2001. p. 33–35
dobramentos modernos, é muito semelhante. O primeiro surgiu
como resultado do choque da placa oceânica de Nazca com a placa (Didática, 3).
continental Sul-americana, e o segundo, pelo choque de duas pla-
cas continentais, a Indiana e a Euro-asiática.
Essas placas ainda estão se comprimindo uma contra a outra, e
essas montanhas ainda estão se elevando lentamente.
Anotações

Movimento convergente com subducção.

A Placa de Nazca, que se desloca do oeste para o leste por ser


mais pesada que a Placa Sul-americana, vem entrando por baixo
desta, e esse movimento tem provocado o levantamento lento da Placa Euro-asiática
Cordilheira dos Andes. Fato semelhante ocorre com a Placa India-
na que penetra sob a Placa Euro-asiática, comprimida por esta, pro- Hi
Planalto
mal Tibetano
vocando o lento levantamento do Himalaia. a ias
Planície do
Monte
Ganges Everest
Cadeia montanhosa
Planalto Placa
Indiana

Oceano
Índico

N
Placa Indo-australiana Placa Euro-asiática
O L

Encontro entre as placas tectônicas Eu-


Formação da Cordilheira do Himalaia – dobramentos modernos.
ro-asiática e Indiana.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 153

7:32 CG_6ºano_06.indd 153 07/03/2018 13:47:33

contram-se preferencialmente nas bordas dos cionada com a Tectônica de Placas. Os proces-
continentes, nos limites com os Oceanos Pa- sos de geração das cadeias orogênicas sempre
cífico e Índico e no Mar Mediterrâneo. As ca- ocorrem na superfície terrestre, à semelhança
deias orogênicas que mais se destacam são os do que acontece com a formação das bacias se-
Andes, na América do Sul; as Montanhas Ro- dimentares. As sucessivas movimentações das
chosas/Serra Nevada, na América do Norte; placas tectônicas, ciclos erosivos pelos quais a
os Pirineus e os Alpes, na Europa; os Cárpa- crosta terrestre passou ao longo de sua histó-
tos/Cáucaso/Himalaia na Ásia; e os Montes ria, fizeram surgir e desaparecer bacias sedi-
Atlas, no norte da África. mentares e cadeias montanhosas e até mesmo
As cadeias orogênicas são os terrenos mudar a configuração geográfica dos conti-
mais recentes produzidos pela atividade tectô- nentes e oceanos. No Brasil, há registros da
nica. Sua idade está entre o fim do Mesozoico existência de antigas bacias sedimentares pré-
e o Cenozoico, sendo que sua gênese está rela- -cambrianas que encobriam parcialmente as

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Nessas áreas onde as placas tectônicas se encontram, são cons-
tantes outros eventos geológicos produtores de formas de relevo.
Contudo, de modo mais acelerado e catastrófico. Estamos falando
do vulcanismo e dos abalos sísmicos.

Geografia em cena Abalos sísmicos


Apesar de o Brasil estar São tremores ou movimentações da crosta terrestre provoca-
distante das zonas de con- dos pela atividade tectônica (dobramentos e falhamentos) ou como
tato de placas tectônicas, consequência da atividade vulcânica. Geralmente, os mais fortes
o País enfrenta constantes abalos sísmicos ocorrem nas áreas de choque entre placas tectôni-
abalos sísmicos. No ano de cas; contudo, em áreas distantes do encontro de placas tectônicas,
2015, o município de Ca- também podem ocorrer pequenos tremores de terra, em virtude do
ruaru, localizado no Agreste assentamento de falhas geológicas ou da queda do teto de cavernas
pernambucano, sofreu com subterrâneas.
vários tremores, que foram Os abalos sísmicos podem ocorrer tanto na crosta continental
registrados pelos laborató- (terras emersas) quanto na crosta oceânica (sob o mar). Aos pri-
rios da Universidade Fede- meiros, denominamos terremotos, e aos segundos, maremotos ou
ral do Rio Grande do Norte. tsunamis. A ocorrência desses fenômenos dá origem a feições do
relevo a partir de rachaduras e falhamentos.

Epicentro

Foco ou
hipocentro

Anatomia de um abalo sísmico


De forma geral, o abalo sísmico tem origem quando ocorre o cho-
que de blocos rochosos localizados no interior do Planeta. O ponto de
choque é denominado hipocentro, ou foco. Desse ponto, localizado
entre 15 e 500 km de profundidade, começam a surgir ondas que che-
gam à superfície, provocando tremores e vibrações na crosta terrestre.
Nesta, a intensidade do terremoto é sentida de forma variável, sendo o
epicentro o ponto onde a força destruidora é maior.

154 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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As grandes ondas
Em algumas regiões do Planeta, o choque entre blocos rocho-

NoPainNoGain/Shutterstock.com
sos ocorre na crosta oceânica, bem abaixo do nível da água, pro-
vocando fortes sismos denominados maremotos, ou tsunamis,
palavra japonesa que designa as gigantescas e destrutivas ondas
formadas que avançam sobre as ilhas e os continentes, provocando
forte destruição.

daulon/Shutterstock.com

Tsunami formado a partir de terremoto.

Onda
Designua/Shutterstock.com

Epicentro de um terremoto.
Tsunami atinge a costa.

O tsunami ocorre por liberação de energia resultante da colisão entre placas tectônicas. Essa energia
se propaga no oceano. Quando essa onda de energia se aproxima da plataforma continental forma
ondas gigantescas.

Existem outros eventos que podem acarretar na formação de


grandes ondas ou tsunamis, tais como atividade vulcânica, queda
de blocos rochosos ou geleiras no mar, explosão de bolhas de gás.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 155

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155

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Anotações
Medindo a força de um
terremoto
Como vimos na página anterior, a força e o poder de destrui-
ção de um terremoto não é igual para diferentes pontos do Plane-
ta, e isso depende da distância do hipocentro e do epicentro, bem
como da força do choque entre os blocos rochosos.
Com o objetivo de medir a intensidade dos terremotos, a ciên-
cia desenvolveu um instrumento chamado sismógrafo. Por meio
desse instrumento, todos os tremores dos terremotos podem ser
registrados e analisados, já que grande parte destes é muito fraca e
passa sem ser percebida.
Todos os dados registrados pelos sismógrafos podem ser ana-
lisados a partir da utilização da Escala Richter. A Escala Richter
foi criada em 1935, por Charles F. Richter, e foi desenvolvida para
medir a energia liberada no foco do terremoto. À medida da quan-
tidade de energia liberada, dá-se o nome de magnitude. A escala
varia de 0 ao infinito, porém nunca foram registrados abalos de
magnitude superior a 10 graus. Até o presente momento, os dois
terremotos mais fortes ocorreram no Alasca, em 1964, quando os
sismógrafos registraram 9,2, e no Chile, em 1960, quando foram
registrados 9,5 graus de magnitude.
Contudo, o nível de destruição de um terremoto não está li-
gado apenas à sua magnitude, depende também da área onde ele
ocorre, uma vez que, quanto maior a quantidade de população e
Leitura construções, maior será a destruição provocada pelo tremor de
complementar terra. Nas áreas densamente povoadas, os terremotos acima de 6
graus são considerados fortes e bastante destrutivos. O de Amatri-
ce, na Itália, por exemplo, marcou 6,2 na Escala Richter, em 2016.

Antonio Nardelli/Shutterstock.com
Como funciona a Escala
Richter
Você já deve ter ouvido falar que no
Brasil não existem terremotos. Na verdade,
pequenos tremores de terra acontecem por
aqui de vez em quando, mas raramente têm
vítimas ou efeitos graves. A força de um ter-
remoto é estimada pela sua magnitude, que
está relacionada com a energia sísmica libe-
rada no foco e também com a amplitude das
ondas registradas pelos sismógrafos. Terremoto em Amatrice, Itália, foi tão devastador que as autoridades disseram: “metade da ci-
dade já não existe mais”.
Tanto no nosso país quanto no mundo,
a magnitude desses tremores pode ser medi- 156 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo
da pela chamada Escala Richter, desenvolvi-
da em 1935 pelo pesquisador norte-ameri-
cano Charles F. Richter e pelo alemão Beno CG_6ºano_06.indd 156 07/03/2018 13:47:36

Gutenberg. De acordo com a quantidade de feita a partir da observação dos danos Não existe correlação direta entre mag-
energia liberada por um tremor, há um nú- nas construções, nas pessoas ou no meio nitude e intensidade de um sismo. Um terre-
mero correspondente na escala. Sismos com ambiente. Esses efeitos podem ser maiores moto forte pode produzir intensidade baixa
mais de 4,5 graus, por exemplo, já costu- ou menores, de acordo com fatores como a ou vice-versa. Fatores como a profundidade
mam provocar estragos. Não há um limite distância do foco do terremoto, com a área, de foco, distância do epicentro, geologia da
matemático para os tremores, mas o terre- se habitada ou não, com as construções, se área afetada e qualidade das construções ci-
moto mais intenso da história alcançou 9,5 bem-construídas ou não. vis são parâmetros que acabam por determi-
pontos e foi registrado no Chile em 1960. Assim como as escalas de magnitu- nar o grau de severidade do terremoto. Já a
É possível calcular também a força de, existem diferentes escalas de intensida- magnitude independe destes fatores.
de um terremoto por meio da intensidade de sísmica. A mais usada é a que foi criada
sísmica, que é uma medida dos efeitos por Giuseppe Mercalli em 1902 e modifica- Disponível em: http://www.ebc.com.br/infantil/
produzidos pelos terremotos em locais da posteriormente, chamada Escala de Mer- voce-sabia/2013/01/como-funciona-a-escala-richter.
da superfície terrestre. A classificação é calli Modificada (MM). Acesso em: 07/12/2017.
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Antes da criação da Escala Richter, existia outra escala que
ainda hoje, embora em menor proporção, é utilizada: a Escala de
Mercalli. Essa escala utiliza algarismos romanos em ordem crescen-
te para identificar o grau de percepção das populações em relação
aos terremotos. Porém, como as sociedades percebem o terremoto
de formas diferentes em virtude da relação entre número e tipo de
construções e o sismo, ela tornava-se muito pessoal.

Escala de Mercalli
Destruição total: “ondas” na superfície do solo, cursos de rios alterados e
XII visão distorcida.
Trilhos ferroviários dobram-se; estradas abrem fendas; grandes fendas
XI aparecem no solo; caem rochas.
A maioria dos edifícios destruída, grandes desabamentos e água
X lançada para fora dos rios.

IX Pânico geral, danos em fundações, areia e lama brotam do solo.

Condução de automóvel afetada, chaminés caem, árvores


VIII partem-se e abrem-se fendas no solo.
Difícil manter-se de pé, lajes, tijolos e mosaicos caem
VII e sinos grandes tocam.
Pessoas andam com instabilidade, janelas partem-se,
VI quadros caem das paredes.
Portas abrem-se, líquido entorna-se dos
V copos, pessoas adormecidas acordam.
Pratos chocalham, carros balançam,
IV árvores tremem.
As casas tremem, objetos pendurados
III balançam.
Pessoas paradas nos andares altos
II sentem o tremor.
Vibrações são registradas por
I instrumentos.

1 2 3 4 5 6 7 8 8.9
Escala Richter

Você sabe como prever um terremoto? Se você não sabe, não se


preocupe, não somos os únicos. Até hoje, apesar de todo o avanço
da ciência e tecnologia, ainda não se conseguiu criar uma forma efi-
ciente de previsão para a ocorrência de terremotos. O máximo que
a ciência conseguiu foi identificar as áreas que estão mais sujeitas à
7:36
ocorrência desses fenômenos, que, como já estudamos, são as áreas
de choque entre placas tectônicas e as áreas de vulcões ativos, que
estudaremos mais adiante. Contudo, somos surpreendidos por no-
tícias da ocorrência de terremotos em áreas diferentes destas.
As únicas formas de se perceber que um terremoto está prestes
a acontecer baseiam-se na observação da natureza. Contudo, como a
vida moderna diminuiu a nossa sensibilidade, devemos observar fa-
tos como o comportamento de alguns animais, além de modificações
bruscas no nível do mar e variação no nível das águas subterrâneas.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 157

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157

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Sugestão de
filme Outra forma, mais embasada cientificamente é com a identificação
por aparelhos da alteração do campo magnético da Terra.
Em diversas partes do mundo, animais “avisaram” da proximi-
Volcano – A fúria dade de um terremoto. Na cidade de Antigua, primeira capital da
Guatemala, que foi destruída por um terremoto no dia 29 de julho
Diretor: Mike Jackson de 1773, conta-se que horas antes do sismo, os animais abandona-
Sinopse: Em Los Angeles, surge um desco- ram a cidade em debandada. Em 1973, na Cidade do México, o
nhecido vulcão ativo, causando grande des- alerta de um terremoto veio pouco antes que a terra começasse a
vibrar por causa do canto alvoroçado das galinhas, patos e gansos,
truição e criando um rio de lava que atraves- do uivo dos cachorros e do constante mugir das vacas e relinchar
sa as ruas, aniquilando tudo que surge no seu dos cavalos.
caminho. Assim, decide-se criar uma barreira Depois de tanto sofrer com os terremotos, a China foi o pri-
meiro país a estabelecer um completo sistema de previsão para esses
que desvie a lava para o mar, antes que mais fenômenos, fundamentado na análise do comportamento de alguns
pessoas sejam mortas. animais. Ao longo da década de 1970, o governo chinês orientou
as populações a observarem o comportamento de diversos animais.
Um dos fatos curiosos ocorreu em 1975, em Haicheng, onde mui-
Viagem ao centro da Terra tos moradores relataram ter visto cobras saindo de suas tocas um
Diretor: Henry Levin mês antes de a cidade ser sacudida por um grande tremor. O que
chamou atenção não foi o aparecimento das cobras em si, mas o
Sinopse: Edinburgh, 1880. Oliver Linden-
fato de ter ocorrido durante o inverno, época do ano em que deve-
brook, um dedicado professor de Geologia, riam estar hibernando, pois sair de suas tocas sob uma temperatura
que recentemente se tornou Sir, consegue o pri- de 0 ºC era praticamente suicídio, já que os répteis dependem de
fontes de calor externas para aquecer o corpo.
meiro passo para uma viagem ao centro da Ter- Uma das principais análises ocorreu na cidade de Tientsin, no
ra quando Alec McEwen, seu assistente, mos- dia 27 de junho de 1976, quando foram feitos estudos com ani-
tra-lhe um pedaço de lava. Examinando a lava mais do zoológico. Nesse estudo, os sismólogos comprovaram que,
pouco antes de um terremoto, os cisnes saíram repentinamente da
cuidadosamente, Lindenbrook encontra uma água, o tigre da Manchúria ficava paralisado em sua jaula com os
mensagem de Arne Saknussen, um famoso ex- olhos vidrados, e o iaque tibetano sofria um colapso cardíaco.
plorador do passado que orientava como alcan- Geografia em cena
Geografia em cena
çar o centro da Terra. A viagem começa, des-
cendo em um vulcão na Islândia. A dupla é Se a previsão de terremotos ainda é um fato que está distan-
te de ser atingido, as formas de proteção e diminuição das con-
acompanhada por Carla Goeteberg, viúva do
sequências desse fenômeno já foram desenvolvidas pela ciência.
professor Goeteberg, um geólogo renomado Em países desenvolvidos, graças à utilização de materiais mais
que pretendia “ganhar a corrida”, e por Hans resistentes aos terremotos e às formas de construção de prédios,
com tecnologias adaptadas para ocorrência de tremores de ter-
Belker, um guia islandês. São seguidos de perto ra, a destruição provocada por esses fenômenos é bastante ate-
pelo maligno Conde Saknussen, descendente nuada. Além disso, sistemas rápidos e treinamento de socorro
do explorador, que quer usar as descobertas de às vítimas diminuem bastante a agonia e morte dessas popula-
ções. Porém, em países em desenvolvimento, os abalos sísmicos,
Lindenbrook para seu proveito pessoal e políti- por falta do acesso a essas tecnologias e esquemas de socorro
co. Porém, este não é o único perigo para os ex- rápido, ainda continuam provocando graves destruições e um
ploradores, pois, no decorrer de sua viagem, o elevado número de mortalidade.
grupo encontrará vários animais pré-históricos.
158 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

Sugestão de
leitura CG_6ºano_06.indd 158 07/03/2018 13:47:36

Por dentro do vulcão Diálogo com o


Autor: Dorling Kindersley
Sinopse: O livro traz abas com informações
professor
sobre diversos vulcões em todo o mundo. O
aluno aprende como a lava é formada, como É interessante mostrar ao aluno como ocorre a atividade vulcânica, bem como pontuar os
sobreviver a uma erupção, além de apresen- indícios de que um vulcão vai entrar em erupção. Por outro lado, mostre em que áreas do Pla-
tar as principais erupções e as que entraram neta ocorrem esses exemplos catastróficos. Pode-se fazer um trabalho interdisciplinar com Físi-
para a história. As fotos mostram como a for- ca, Química, Biologia e História, para que estes possam explicar a força destrutiva, a composição
ça explosiva de uma erupção altera paisagens e do magma e a importância biológica das áreas onde ocorreu vulcanismo e as grandes catástrofes
a vida de pessoas que moram próximo dessas provocadas por esse evento geológico.
montanhas vivas. Por dentro do vulcão é um Para tornar esse tema significativo, pode-se incentivar o aluno a criar maquetes com o edifí-
livro pop-up interativo e estimulante. cio vulcânico para que ele possa identificar as suas diferentes partes.
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Cenário 5

Vulcanismo
A força “destruidora”
dos vulcões
Geologicamente, o vulcanismo é o nome do conjunto de pro-
cessos pelos quais o magma ou a lava chega até a superfície da crosta
terrestre. Letais, os vulcões foram, em épocas primitivas, associados
à atividade dos deuses, que em momentos de ira despejavam fogo e
materiais ferventes como forma de punir os mortais.
Hoje sabemos que as manifestações vulcânicas, como a erup-
ção, nada têm a ver com sentimentos divinos, e sim com as pressões
no manto. Este impulsiona, para a superfície, magma, cinzas, lapíli
(pedaços sólidos de rocha), e gases, que se espalham tanto pela su-
perfície, resfriando-se posteriormente, quanto pela atmosfera, alte-
rando temporariamente as condições meteorológicas.
A imagem de um vulcão em atividade é semelhante a um co-
losso incandescente, contudo você não deve imaginar que aque-
la montanha já começou da forma que você a vê atualmente. Na
verdade, o edifício vulcânico foi sendo construído ao longo de
milênios a partir de uma rachadura no solo e da solidificação do
magma que chegou à superfície, camada após camada. Observe
a figura abaixo, que mostra o esquema de um bloco-diagrama de
um vulcão.
snapgalleria/Shutterstock.com

Nuvem de erupção
Chuva ácida Coluna de
erupção

Fluxo
Cone da cratera piroclástico

7:36
Deslizamento de lava
Deslizamento de terra Deslizamento
de terra

Respiradouro

Câmara de magma

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 159

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Enquanto esses gigantes incandescentes estão ativos, são as-

Byelikova Oksana/Shutterstock.com
sustadores, porém, quando adormecem, legam para a humanidade
formas de relevo majestosas, como ilhas, montanhas e lagos em an-
tigas crateras. A lava expelida, ao se acumular, resfria-se formando
magníficos planaltos rochosos, bem como edifícios.

Eduard Kyslynskyy/Shutterstock.com
Vulcão Krakatoa, Indonésia.

Monte Kilimanjaro. Fronteira entre Tanzânia e o Quênia.

pcruciatti/Shutterstock.com
Lagos de crateras. Vulcão Kelimutu, na Indonésia.

Acontece que nem sempre a lava consegue extravasar e chegar


até a superfície, ela pode solidificar-se no caminho. A esse fenôme-
no, damos o nome de intrusão vulcânica, fato que cria diversas
lacólito
feições de relevo, como o lacólito, semelhante a um cogumelo; o
domo, elevação do solo em forma de meia esfera; o dique, solidifi-
dique cação do magma em forma alongada entre brechas nas rochas; ou
o neck, canal vulcânico recheado de lava solidificada. Nesses dois
Exemplo de intrusão de magma em lacó-
últimos, a erosão provocada pelos agentes da atmosfera pode os ex-
lito. por na superfície.

160 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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O vulcanismo e as
sociedades
Do medo à utilização inteligente, este foi o caminho que dife-
rentes sociedades trilharam na sua relação com o vulcanismo. De
deuses a geradores de energia, os vulcões e as suas áreas sempre se
constituíram de grande importância para os seres humanos. Sacrifí-
cios eram feitos na Roma Antiga para Vulcano, deus do fogo, como
forma de alcançar graças. Hoje, áreas vulcânicas ativas são utiliza-
das para geração de energia geotérmica. Em outras regiões onde o
vulcanismo já estancou a sua atividade, o magma espalhado produ-
ziu, a partir do desgaste e da decomposição das rochas basálticas,
solos bastante férteis, como a terra roxa.

Gretar Ívarsson

Central geotérmica de Nesjavellir, na Islândia. Cratera do vulcão Vesúvio, Itália.

Por mais estranho que possa pare-


cer, a figura e a força destrutiva dos vul- S-F/Shutterstock.com

cões atraem uma grande quantidade de


pessoas que todos os anos se deslocam
pelo mundo em busca da aventura de
ver um vulcão em plena atividade ou ter
o simples prazer de pisar no fundo de
uma cratera de vulcão extinto, coletar
lava endurecida ou apenas fotografar as
maravilhosas paisagens produzidas por
esse fenômeno geológico. Até mesmo
em áreas de antigos desastres e mortes
provocadas por erupções, a sociedade
passou a explorá-las de forma turística,
como as ruínas das cidades italianas de
Stabia, Herculano e Pompeia.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 161

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Sugestão de
abordagem
Geografia em cena

Utilize mapas-múndi para demarcar a Pompeia era uma típica ci-

perspectivestock/Shutterstock.com
dade romana, situada próxima
área denominada Cinturão de Fogo do Pa- ao vulcão Vesúvio (arredores de
cífico, para que o aluno compreenda e identi- Nápoles, sul da Itália). No ano
fique espacialmente a região do Planeta onde de 79, esse vulcão entrou em
erupção violenta, provocando
é mais frequente a ocorrência de terremotos um forte terremoto e expelindo
e vulcanismos. Após essa compreensão, apre- grandes quantidades de pedras
incandescentes, lava vulcânica,
sente materiais jornalísticos com reportagens
poeira e fumaça tóxica.
de ocorrência de terremotos em áreas distan- A cidade de Pompeia foi
tes do Cinturão de Fogo e discuta sobre quais totalmente coberta, e quase
toda população morreu soterra-
os motivos que acarretam esses fenômenos. da. As cidades vizinhas de Her-
culano e Stabia também foram
atingidas. No final do século
Anotações XVIII, a cidade foi redescober-
ta por um agricultor que, ao trabalhar na região, localizou um
Ruínas da cidade de Pompeia, sul da Itália.
muro da cidade. Nos dois séculos seguintes, as ruínas da cidade
foram escavada por arqueólogos. Casas, prédios públicos, aque-
dutos (sistema de condução de água), teatros, termas, lojas e ou-
tras construções foram encontrados. Os arqueólogos acharam
também objetos e afrescos (pinturas em paredes) que revelaram
importantes aspectos do cotidiano de uma cidade típica do Im-
pério Romano. Porém, o que mais impressionou os pesquisado-
res foram os corpos atingidos pelas lavas vulcânicas, encontrados
petrificados em posição de proteção.
Atualmente, as ruínas do sítio arqueológico de Pompeia
são visitadas por milhares de turistas do mundo todo.
(Disponível em: http://www.suapesquisa.com/pesquisa/pompeia.htm.
Acessado em: 25/02/2015. Adaptado.)

Porojnicu Stelian/Shutterstock.com
Corpos petrificados no sítio arqueológico de Pompeia.

162 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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Previsão do vulcanismo
e localização das áreas
vulcânicas
Observe o planisfério abaixo. Nele você encontrará, com extre-
ma precisão, todas as áreas de prováveis terremotos e onde existem
vulcões ativos, os chamados Cinturões de Fogo. Contudo, convém
salientar que a área destacada pela cor mais escura é onde a atividade
vulcânica e de terremotos é mais volumosa. Qual é o motivo disso?

Placas tectônicas – áreas de vulcanismo

Oceano Glacial Ártico N


Círculo Polar Ártico
O L

Placa Eurasiana S

Placa
Norte-Americana
Himal
aia
Trópico de Câncer
Placa das Placa Arábica
Placa Caraíbas Oceano
Placa do Placa
Pacífico de Cocos Oceano Filipina Pacífico
Equador Atlântico
An Oceano
Oceano Placa Africana Índico
Placa de
de

Pacífico
Nazca
s

Trópico de Capricórnio
Placa Indiana
Placa
Sul-Americana
Placa Antártica

Direção das placas


Oceano Glacial Antártico 0 2.663 km 5.326 km
Círculo Polar Antártico Círculo Polar Antártico
Limite das placas tectônicas

Vulcões ativos

Sem precisar de muito esforço, você notará que é justamente nes-


sas áreas que ocorre o choque entre placas tectônicas, locais onde a
energia liberada provoca processos geológicos que acarretam tremores
de terra e projeção do magma para a superfície da crosta terrestre. Po-
rém, ao contrário dos terremotos, cujas áreas de ocorrência são o único
aspecto que a ciência consegue identificar, o vulcanismo pode ser pre-
visto a partir de uma série de evidências que anunciam a sua chegada.
7:41
Wead/Shutterstock.com

O Despertar do Etna – vulcão localizado


na Sicília, Itália.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 163

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A partir de diversos estudos diretos e da observação de vulcões
ativos identificados e catalogados, a vulcanologia pode atualmente
prever, com extrema exatidão, quando um desses gigantes lançadores
de fogo vai entrar em atividade. É fato que, muito antes de lançar para
a atmosfera, sua torrente de lava incandescente ou cinzas fumegantes,
um vulcão dá sinais de que “despertou do seu sono” provocando pe-
quenos tremores de terra. Em seguida, as águas de lagos localizados
no seu edifício e no entorno começam a aquecer e, em vários casos,
tornam-se ácidas; finalmente, dando provas definitivas da fúria que
está por vir, o vulcão começa a liberar fumaça, gases e vapor.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Compressão: Comprimir ou pressionar. com redução de mecanismos metabólicos.
Côncava: Em forma de concha. Nomadismo: Deslocamento ou mobilidade
Convexa: Em forma de concha invertida. sobre o espaço terrestre.
Cume: Ponto mais alto de uma montanha ou Perspectiva: Técnica de representação tridi-
de qualquer objeto. mensional que possibilita a ilusão de espessura
Densamente: Fortemente, intensamente. e profundidade das figuras.
Genericamente: Comumente, igualmente, se- Sítios urbanos: Áreas onde estão construídas
melhantemente. as cidades.
Hibernando: Dormindo profundamente,

Aprenda com arte

O impossível
Direção: Juan Antonio Bayona.
Ano: 2012.

Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme acompanha a trajetória de uma família que tenta sobreviver
e se reencontrar após um tsunami de proporções devastadoras atingir a costa da Tailândia.

Limite vertical
Direção: Martin Campbell.
Ano: 2000.

Sinopse: Uma avalanche prende uma equipe de esquiadores no K2, a segunda montanha mais alta do
mundo. A 8 mil metros de altitude e com temperaturas muito baixas, sua única esperança de sobrevi-
vência é a expedição de resgate liderada pelo jovem alpinista Peter Garrett.

164 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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Encerramento
1 Vulcanismo e terremotos são fenômenos específicos de áreas onde acontece o contato entre as pla-
cas tectônicas. Essa área do Planeta, em que frequentemente ocorre vulcanismo, recebeu uma denomi-
nação bastante significativa. Entre as alternativas abaixo, marque aquela que indica essa denominação:
a. Cinturão de Vulcano.
b. X Cinturão de Fogo do Pacífico.
c. Cinturão de Dante.
d. Cinturão de Fogo do Atlântico.
e. Cinturão de Fogo do Oriente Médio.

2 A partir do que estudamos sobre os agentes internos do relevo, observe a imagem a seguir e responda
às questões.

a. Qual o nome do agente que a formou?


Agente interno, tectonismo.

b. Qual o nome do resultado da ação desse agente?


Falha.

c. Que tipo de relevo que esse resultado pode produzir?


Montanhas e depressões.

3 “O Brasil é um país muito tranquilo. Em nosso território, não existem maremotos, terremotos,
vulcões e furacões.” Essa frase foi muito repetida durante vários anos para justificar a tranquilidade
existente em nosso país. Reescreva a frase retirando os erros contidos nela e tendo em vista os conheci-
mentos adquiridos neste capítulo.
Em nosso território não existem maremotos, terremotos e furacões, mas temos vulcões extintos.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 165

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4 Observe a imagem representada abaixo.

Reprodução
Ela apresenta uma das 33 xilogravuras da série Fuji, elaboradas entre 1823 e 1829, e mostra um tsuna-
mi. Sobre esse fenômeno, responda às seguintes perguntas:
a. Em que áreas geológicas do Planeta ele pode acontecer?
Em áreas de instabilidades tectônicas.

b. Que causas naturais podem desencadear um tsunami?


Choque entre placas tectônicas.

c. Pode ocorrer um tsunami no Brasil? Justifique sua resposta.


Dificilmente. O Brasil está localizado no centro da Placa Sul-americana, que diverge da Placa Africana.

5 Sobre a atividade vulcânica no Brasil, julgue os itens a seguir:


I. No Brasil, nunca ocorreu atividade vulcânica.
II. Por estar localizado na área denominada Cinturão do Fogo, o Brasil não apresenta a ocorrência de
atividade vulcânica em seu território.
III. Embora não existam vulcões ativos no Brasil. Não significa que essa atividade geológica nunca CG

tenha ocorrido em nosso território.


Estão corretos:
a. Os itens II e III.
b. X Apenas III.
c. Os itens I, II e III.
d. Os itens I.

166 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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ture-os. Peneire a farinha antecipadamente.
Despeje a água em uma tigela grande e
6 Leia o texto seguinte e, depois, responda aos itens: adicione duas ou três gotas de corante, se qui-
“Uma viagem até um vulcão é, potencialmente, uma aventura inesquecível e, ao mesmo tempo, ser. Misturar o corante à água antes de in-
uma aula excepcional sobre como o Planeta funciona e, em muitos casos, como a história foi cons-
cluí-lo na mistura dará ao vulcão uma cor
truída. [...] os vulcões criam terras férteis, que são a fonte de subsistência para muita gente no mundo
inteiro. Quando se visita um vulcão, um dos aspectos mais interessantes é a percepção da maneira como uniforme.
as erupções afetaram a população local e sua cultura.” Misture e sove os ingredientes à mão. Faça
(Fonte: LOPES, Rosaly. Turismo de aventura em vulcões. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.) isso até a massa ganhar bastante consistência.
a. Que atividade a autora do texto incentiva que as pessoas façam? Mexa e sove a massa como você faria com uma
massa de pão. Você pode usar uma espátula
O turismo em vulcões.
para remover a massa grudada nos cantos da
b. O texto cita um benefício econômico que um vulcão pode ocasionar. Com ajuda de seu professor, tigela, mas precisará usar as mãos para obter
explique-o. uma boa mistura. O objetivo é criar uma ar-
Os solos férteis nos arredores de um vulcão servem como fonte de subsistência para as comunidades gila nem muito aguada, nem muito seca, com
uma consistência que retenha o formato que
próximas.
você quiser dar a ela. Se a massa ficar ressecada
enquanto você a manuseia, adicione uma co-
lher de sopa de água.
7 O que explica a movimentação das placas tectônicas?
Se ficar molhada demais, adicione farinha.
As placas tectônicas estão submetidas a uma força que vem do interior da Terra, do manto terrestre, Antes de moldar, deixe a massa secar por
que está em constante movimentação por conta do deslocamento do magma, movimento chamado de algo entre uma e duas horas. Aguarde até que
ela esteja molhada o suficiente para ser molda-
corrente de convecção.
da, mas não seca a ponto de esfarelar. Você pode
adicionar algumas gotas-d’água se a massa esti-
8 Observe o bloco-diagrama abaixo.
ver ressecada, mas evite isso o máximo possível.
Faça uma superfície protetora. Coloque
sobre a bancada em que vai trabalhar uma fo-
epicentro
lha de papel-manteiga, várias camadas de jor-
nal ou uma caixa ou bandeja forrada com
papel-alumínio.
hipocentro
Providencie o recipiente para a lava. Ele
subducção será a peça central do seu vulcão. Qualquer re-
cipiente pequeno serve: latinha de refrigeran-
te, pote de conserva, garrafa plástica, etc.
Agora: Molde a argila. Vá colocando a argila ca-
a. Coloque o nome das áreas do terremoto indicadas pelos retângulos.
b. Coloque o nome do fenômeno geológico que ocorreu na área indicada pela seta.
seira ao redor do recipiente, trabalhando da
base do vulcão em direção ao pico. Tente fa-
Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 167 zer uma escultura acidentada, irregular, uma
vez que um vulcão com o formato de um cone
perfeito é extremamente raro na natureza.
CG_6ºano_06.indd 167 07/03/2018 13:47:42 Deixe o vulcão secar de um dia para o
Sugestão de • Papel. outro ou asse-o por uma hora a 107 ºC. De-
abordagem • 1 xícara de chá de vinagre. pois de modelar o vulcão, deixe a massa fir-
• 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio. mar. Como a argila caseira é tecnicamente
• 6 xícaras de chá de farinha. massinha de modelar (e não argila de ver-
Professor, finalize o capítulo, com o auxí- • 2 xícaras de chá de água. dade), o projeto só estará pronto depois de
lio do professor de Ciências, com um vulcão • 4 colheres de sopa de óleo vegetal. 24 horas.
feito pelos próprios alunos. • 2 xícaras de chá de sal. Ponha uma porção de bicarbonato de só-
• Uma garrafa PET usada, cortada ao meio. dio embrulhada em papel higiênico no inte-
Materiais: • Corante alimentício (opcional). rior do vulcão.
• Garrafa de refrigerante de 2 l e funil. Adicione ao vinagre um pouco de coran-
• Argila caseira. Procedimento: te vermelho e uma colher de sopa de detergen-
• Corante alimentício vermelho. Despeje sal, farinha e óleo na tigela. Colo- te líquido, que criará um efeito borbulhante.
• Tinta ( da cor que quiser) que os ingredientes numa mesma vasilha e mis- Coloque a mistura de vinagre no re-
:42
167

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cipiente. Um funil pode facilitar as coisas
nesta etapa.
Assim que o papel higiênico se dissol- 9 (Fuvest)

ver, o bicarbonato de sódio reagirá ao vinagre, N

causando uma erupção vulcânica.


O L

Anotações

0 2.663 km 5.326 km
Zonas sujeitas a abalos sísmicos

Zonas com intensa atividade sísmica


Vulcões ativos
Terremotos (catástrofes após 1900)

Em maio de 2008, um terremoto de 7,8 graus na Escala Richter atingiu severamente a Província de
Sichuan (China), matando milhares de pessoas. Em janeiro de 2009, um tremor de terra, de 6,2 graus,
atingiu a Costa Rica, causando prejuízos materiais, além de ceifar vidas. Em setembro de 2009, tremo-
res de terra, de 7,6 graus, atingiram a Indonésia, provocando mortes e danos materiais.
Considerando o mapa, os fatos acima citados e seus conhecimentos, responda:

a. Quais são os principais fatores que geram atividades sísmicas no Planeta?


As ocorrências de atividades sísmicas relacionam-se aos deslocamentos de placas tectônicas, desloca-

mento de gases e atividades vulcânicas.

b. Por que, no Brasil, as atividades sísmicas são, predominantemente, de baixa intensidade?


O território brasileiro encontra-se no centro da placa tectônica Sul-americana, distante da região de

contato entre a Placa Sul-americana e a Placa de Nazca, com frequentes sismos de grande intensidade.

168 Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo

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168

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BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 7 (EF06GE11) Analisar distintas interações


das sociedades com a natureza, com base na
Os agentes externos do distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversida-
relevo Nascer do Sol em Hunts Mesa, Monument Valley,
Arizona, EUA.
de local e do mundo.

Objetivos
pedagógicos

• Caracterizar os processos por meio dos


quais as rochas sofrem metamorfismo.
• Relacionar a localização dos minérios e as
estruturas geológicas da crosta terrestre.
• Mostrar que a exploração irracional e ex-
cessiva dos recursos minerais implica o seu
esgotamento.
• Mostrar que o solo resulta do intemperismo.
• Diferenciar as camadas, do solo.
• Identificar os principais agentes da degrada-
ção dos solos.
• Identificar os principais fenômenos exter-
nos que atuam no relevo e apontar o incessan-
te trabalho que realizam na transformação das
paisagens.
Agora, • Perceber a ação de cada agente responsável
estudaremos como
os agentes externos ou
pelo processo de erosão.
transformadores do relevo, atuando
isoladamente ou em conjunto e
• Conhecer as intervenções provocadas pela
dependendo do ambiente climático, ação das águas da chuva na superfície do
encarregam-se de uma tripla tarefa: Planeta.
primeiro, a quebra e o desgaste;
o transporte de sedimentos; e, • Identificar os danos causados pela retirada
finalmente, a deposição dos
sedimentos e a construção desordenada da camada vegetal de áreas de en-
Elena_Suvorova/Shutt
erstock.com
de novas formas de costas e de solos frágeis.
relevo.
• Conhecer os efeitos da força das águas
oceânicas na construção da linha de costa dos
continentes.
CG_6ºano_07.indd 169 07/03/2018 13:50:27 • Identificar e diferenciar os principais aci-
dentes do relevo litorâneo.
Anotações • Perceber a atuação dos ventos em regiões se-
cas e litorâneas na modelagem do relevo.
• Reconhecer a importância dos glaciares no
processo de erosão de encostas típicas desse
tipo de agente.
• Aprimorar a percepção dos malefícios ge-
rados pela ação humana no ambiente natural.
• Compreender a relação entre os agen-
tes exógenos e as principais formas do re-
levo terrestre.

169

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Os temas apresentados ao longo des-


te capítulo devem ser explorados visualmen-
Intemperismo, ou
te. Para isso, faz-se necessária a utilização de meteorização
diferentes recursos, como fotografias, filmes
e mapas. Lembre-se de que, para a Geografia, O processo de desgaste
a visão é fundamental para a compreensão do
espaço em sua totalidade.
das rochas
Genericamente, denominamos de intemperismo o conjun-
to de procedimentos físicos ou mecânicos, químicos e biológicos
Sugestão de pelos quais as rochas são desagregadas e/ou decompostas, ou seja,
abordagem intemperismo é o processo que provoca alteração nas rochas. Esses
processos operam na superfície terrestre, desintegrando, formando
o manto de intemperismo, ou regolito.

Aleksandr Sadkov/Shutterstock.com
Neste primeiro momento, várias ferra-
mentas e procedimentos metodológicos po-
dem ser utilizados, como imagens que apresen-
tem a origem e evolução do relevo do Planeta,
ocupação de morros e encostas, barreiras, áreas
de drenagem, etc. Fazer isto é importante para
mostrar tanto a adaptação das sociedades às di-
ferentes formas de relevo como as consequên-
cias visíveis e possíveis dessas ações.

Anotações
Ilha de pedra calcária em Beirute, Líbano.

O intemperismo físico, ou mecânico, predomina em am-


bientes secos, em virtude das variações de temperatura e da pouca
presença da água.
Normalmente, durante o dia, com a temperatura elevada, os
minerais que formam as rochas sofrem um processo de dilatação;
à noite, com a diminuição da temperatura, eles sofrem uma contra-
ção. Esse processo, repetido ao longo de milhares de anos, provoca
o esfacelamento ou quebra das rochas.
Em ambientes frios, também ocorre intemperismo mecânico,
em virtude do congelamento da água acumulada dentro de racha-

170 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo

CG_6ºano_07.indd 170 07/03/2018 13:50:28

C
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duras existentes em rochas. O processo é explicado pela dilatação
da água ao congelar, como mostra a figura abaixo.

Água líquida Gelo Fragmentação da rocha


Exemplo de intemperismo físico causado pelo congelamento da água.

Já o intemperismo químico é mais comum em ambientes

Reprodução
quentes e úmidos. Está ligado, principalmente, à água da chuva, de
rios, de lagos e oceanos, que acarreta decomposição ou alteração
dos minerais e das rochas, transformando-os em minúsculos frag-
mentos, comprometendo a sua composição química.
Por outro lado, o intemperismo biológico diz respeito à ação
de organismos vivos, como vegetais e animais, inclusive seres huma-
nos, sobre as rochas.

lesma orelha-de-pau
milípede
caramujo larva

centopeia
Alteração química em bloco rochoso.

tatuzinho

larva de
besouro
0:28

bactérias

fungos minhoca formigas


Ação dos organismos no solo.

Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 171

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171

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Anotações
No caso dos vegetais, é muito comum, em áreas rochosas, se-
mentes serem depositadas por animais migratórios, como aves, em
algumas rachaduras. Germinando, as sementes favorecem a am-
pliação da rachadura no seu processo de crescimento, permitindo
infiltração da água, o que resulta na decomposição das rochas. Por
sua vez, diversos animais, como tatus, minhocas, doninhas e coe-
lhos, ao escavarem ou revolverem o solo para criar tocas e canais,
facilitam a infiltração da água, provocando decomposição das ro-
chas no subsolo.
Esses tipos de intemperismo podem ocorrer de forma simultâ-
Diálogo com o nea ou isolada, variando a intensidade da atuação de um ou do outro,
professor dependendo do tipo de clima a que as rochas estejam submetidas.
A partir de agora, vamos entender os caminhos trilhados pe-
los diferentes agentes externos, responsáveis por produzir tão belas
paisagens no relevo terrestre.
Professor, explique aos alunos a força dos
Cenário 2
ventos na construção das sociedades. Mos-
tre que algo tão simples pode ter uma força gi-
gantesca com o passar dos anos. Exemplifique Ação dos ventos,
o uso dos moinhos de vento e da utilização da
força eólica para a produção de energia elétrica. ou eólica
Sugestão de Um relato mitológico
abordagem do poder do vento
Diz-se que, na Grécia antiga, na Ilha de Eólia, vivia um majes-
toso rei chamado Eólo. Tão querido dos deuses imortais do Olim-
Para deixar a aula mais prazerosa aos alu- po, vivia num castelo muito rico em uma ilha flutuante cercada de
gigantescas muralhas de bronze.
nos, recomendamos a construção de um ca-

Reprodução
ta-vento. Assim, é possível simular a força do
vento e exercitar a criatividade.

Leitura
complementar

Edificação em túnel de vento


Juno e o rei Eólo na caverna dos ventos. Representação de Antonio Randa.

Um equipamento de grande porte que


incorpora tecnologia de ponta em medições e 172 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo
pode produzir deslocamentos de ar, com in-
tensidades variáveis, para simulação do de-
sempenho aerodinâmico de edificações e ou- CG_6ºano_07.indd 172 07/03/2018 13:50:29

tras estruturas em escala reduzida (maquetes). Vento de Camada Limite Atmosférica. mosférica do IPT – afirma Padovezi – é uma fer-
Esta é uma ferramenta estratégica, capaz de “Esse equipamento permite realizar en- ramenta necessária e, ao mesmo tempo, eficaz
gerar subsídios para projetos arquitetônicos saios que reproduzem as diferentes condições para atender à demanda do governador Geraldo
de porte, especialmente no caso de constru- de escoamento do ar próximo à superfície. Alckmin por estudos técnicos visando ao refor-
ções sujeitas ao impacto das mudanças climá- Desta forma, é possível assegurar a confiabi- ço estrutural das edificações que possam ser sub-
ticas. “Estamos falando de um túnel de vento lidade de equipamentos, estruturas e com- metidas a fortes ventanias. “A competência mul-
com características especiais”, explica Carlos ponentes submetidos a cargas de ventos de tidisciplinar, técnica e laboratorial do Instituto
Padovezi, diretor de operações e negócios do grandezas variáveis. Podemos determinar os estará à disposição de São Paulo na busca de so-
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). efeitos das cargas de vento sobre estruturas luções de projetos que contribuam para minimi-
Segundo Padovezi, para atender às de- de edifícios, casas, pontes, telhados e viadutos zar os impactos das mudanças climáticas”.
mandas crescentes por testes de segurança es- para dar mais confiabilidade aos respectivos
trutural em setores como o da construção ci- projetos construtivos”. Disponível em: www.ipt.br/notícias_interna.php?id_
vil, o IPT construiu e opera um Túnel de O Túnel de Vento de Camada Limite At- noticia=732. Acesso em: 20/02/2018.

C
172

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Um dia, o grande herói Ulisses chegou a essa ilha. Muito bem
recebido, Ulisses, também conhecido por Odisseu, acabou ficando
um mês e passou, em retribuição, a contar ao Rei Eólo as histórias
de suas fabulosas aventuras no mar. Agradecido pelas histórias que
escutou, o rei deu de presente a Ulisses um saco feito de couro de
novilho de nove dias de idade, onde estavam presos todos os ven-
tos. Possuía esse poder, uma vez que Zeus o tivesse tornado senhor
dos ventos. Para facilitar o retorno de Odisseu para a sua casa, Eólo
deixou livre apenas o vento poente. Porém, já a caminho de casa,
no meio do mar, os marinheiros do navio de Ulisses, tomados de
cobiça — pois achavam que dentro do saco estavam riquezas como
ouro e prata —, arrebataram-lhe o saco e o abriram, libertando to-
dos os ventos, que, agitados, afastaram o navio da rota de retorno
de Odisseu à Ilha de Ítaca, onde morava, e o fez retornar para Eólia.
Ao ver Ulisses de volta, Eólo ficou furioso e expulsou-os, deixando-
-os à deriva, perdidos no mar. E deixou livre para sempre os ventos,
para que estes atuassem sobre a Terra como bem quisessem, inde-
pendentemente da vontade dos mortais.
Esse relato que você acabou de ler consta na obra Odisseia, de
Homero, e é um dos diversos mitos da antiga Grécia, criado para
explicar a força de um dos agentes mais atuantes dentro do conjun-
to que denominamos intemperismo físico. Oskari porka/Shutterstock.com

Os ventos são os formadores das ondas do mar.

0:29
Como os ventos
moldam o relevo
Atuando principalmente em áreas secas, semiáridas e litorâ-
neas, o vento destaca-se por produzir um incessante trabalho não
apenas destrutivo. Esculpe e modela formas antigas, pois também
transporta sedimentos (fragmentos rochosos ou detritos) e depois
os acumula, criando novas e únicas formas de relevo.

Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 173

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Anotações
Enquanto ação destrutiva, o vento pode atuar de duas formas
complementares: deflação e corrosão. Inicialmente, o vento age
retirando materiais desagregados das rochas, num processo deno-
minado deflação, e, em sequência, transporta esses materiais par-
ticulados, que passam a se chocar contra outras superfícies, acarre-
tando um desgaste continuado denominado corrosão.
A corrosão faz surgir formas bastante particulares, que, depen-
dendo do ambiente e da rocha, pode apresentar superfícies polidas
ou formatos bizarros e curiosos, como rochas furadas, arcos, cogu-
melos ou taças.

ronnybas/Shutterstock.com

ronnybas/Shutterstock.com

Pichugin Dmitry/Shutterstock.com
Leitura
complementar Parque Nacional Bryce Canyon, Utah,
EUA.
A onda, formação rochosa de Coyote
Buttes, Utah, EUA.
Formações de Arenito, Tassili n’Ajjer,
Argélia.

Por outro lado, a deflação atua sobre o solo como se fosse uma
Bons ventos e a garantia de um verdadeira lixadeira, desenvolvendo um trabalho de desgaste a par-
tir dos fragmentos de rochas transportados. Em algumas áreas de
futuro limpo clima árido, os fragmentos maiores são depositados, criando am-
plos desertos pedregosos denominados reg. Já em outras áreas de-
sérticas, a deflação, ao retirar constantemente areia de um único
A produção global de energia eólica pode local, pode provocar escavação de depressões que acabam expondo
atingir 2.000GW (gigawatts) até 2030, suprir o lençol subterrâneo, criando os oásis.
entre 17 e 19% da necessidade elétrica mun-

Pascal RATEAU/Shutterstock.com

Patrick Poendl/Shutterstock.com
dial, gerar dois milhões de empregos e redu-
zir a emissão de dióxido de carbono (CO2) em
três bilhões de barris por ano. Esses são dados
obtidos a partir de uma análise divulgada hoje
pelo GWEC (Conselho Global de Energia
Eólica, na sigla em inglês) e o pelo Greenpeace
Internacional. Para 2050, estima-se que a ener-
gia eólica seja responsável por 25% a 30% do
abastecimento mundial.
A análise leva em consideração dados Deserto do Saara na Líbia, norte da África. Lago de Umm al-Ma, deserto do Saara, Líbia.
apresentados pela AIE (Agência Internacio-
nal de Energia), levantados especialmente 174 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo
para este relatório. A ideia é mostrar como a
geração de energia eólica pode oferecer, em
nível de produção global, redução das emis- CG_6ºano_07.indd 174 07/03/2018 13:50:30 CG

sões de CO2, geração de empregos e redução “As políticas de incentivo e as lideran- drelétricas, ou pese no bolso do consumidor,
de custos e investimentos. ças devem estar alinhadas nesse processo para como as térmicas”, afirma Barbara Rubim, da
A queima de combustíveis fósseis faz o que a produção de energia a partir de fontes campanha de energia do Greenpeace Brasil.
setor energético responsável por mais de 40% limpas se fortaleça cada vez mais, visando al- No Brasil, estima-se que a energia eólica
das emissões de CO2 e 25% das emissões to- cançar um acordo climático na Conferência seja responsável por 11,6% da produção ener-
tais de gases que causam o efeito estufa. Para do Clima em 2015, em Paris”, disse Sven Tes- gética e pela criação de 17 mil empregos em
cumprir as metas de proteção climática, um ke, da campanha de energia do Greenpeace 2030. O caminho para chegar a esses núme-
dos principais focos deve ser a produção de Internacional. ros começou a ser traçado em 2009, com o pri-
energia. O potencial energético que a geração “Investir em energias renováveis, como as meiro leilão exclusivo para a fonte.
eólica apresenta é ideal para iniciarmos o pro- eólica e a solar, é o único caminho que temos
cesso de redução das emissões de carbono para para garantir que nossa crescente demanda Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/
manter o aumento da temperatura global a 2 ºC por energia vá ser atendida sem que isso cau- Blog/bons-ventos-e-a-garantia-de-um-futuro-limpo/
ou menos. se danos socioambientais, como as grandes hi- blog/51037//. Acesso em: 11/12/2017.

174

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pacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades
costeiras brasileiras às mudanças climáticas, o
Como vimos, o trabalho dos ventos não se resume apenas à
nível do mar pode chegar a subir 40 centíme-
ação destrutiva das superfícies da litosfera.
tros até 2050.

marchello74/Shutterstock.com

Denis Burdin/Shutterstock.com
Entre 1901 e 2010, o nível médio dos
mares ao redor do Planeta subiu, em média,
19 centímetros. O período de maior elevação
é recente, de 1993 a 2010, quando a taxa de
elevação correspondeu a mais de 3,2 milíme-
tros por ano.
As projeções são do quinto relatório
(AR5) do Painel Intergovernamental sobre
Duna na praia de Ponta Negra, Natal-RN. Dunas do Deserto do Saara. Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em in-
glês), que indicam que o nível do mar vai su-
Após destruir e desgastar vastas porções do relevo, o vento
transporta os fragmentos a grandes distâncias pelas tempestades de bir, globalmente, entre 26 centímetros e 98
areia ou suspensos na atmosfera e depois finaliza temporariamente centímetros até 2100.
sua obra a partir da deposição ou acumulação de sedimentos — por O climatologista José Marengo, coorde-
exemplo, construindo formas de relevo que são verdadeiras monta-
nhas de areia denominadas dunas. nador-geral de Pesquisa e Desenvolvimen-
to do Centro Nacional de Monitoramento
Cenário 3 e Alertas de Desastres Naturais (Cema-
den), alerta que uma das consequências da ele-

Ação das águas do vação do nível dos oceanos é a redução da fai-


xa de areia. Em alguns casos, como em Recife
mar, ou marítima (PE), o mar avançou 20 metros na Praia de
Boa Viagem, um dos cartões-postais do mu-
O mar destrói e nicípio e uma das áreas residenciais mais va-
lorizadas da capital pernambucana. O mesmo
reconstrói o relevo acontece em Santos (SP), que abriga o maior
As águas marinhas trabalham constantemente sobre a su- porto da América Latina.
perfície da litosfera, ora de forma destrutiva, esculpidora, mode- “Não é como nos filmes, em que uma
ladora, ora de forma construtiva, acumuladora, sedimentadora,
criando novos “desenhos” litorâneos ou reciclando e recriando onda gigantesca ‘afoga’ a cidade. Mas já há ca-
paisagens antigas. Sua atuação depende da altitude e do tipo de sos em que o mar invade a cidade e entra em
rocha que compõe o relevo.
garagens, afetando carros e estações de ener-
Em algumas regiões, atua de forma destrutiva, num processo
de erosão chamado de abrasão. Esse processo, em regiões de costas gia. Isso é muito perigoso e traz muitos prejuí-
altas, é o embate constante das ondas sobre o relevo e acarreta o zos”, diz José Marengo.
seu desmoronamento, construindo as falésias, paredões abruptos
localizados em contato com a água do mar.
Nível do mar
Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 175
Em Santos (SP), o nível do mar tem au-
mentado 1,2 milímetro por ano, em média,
0:30 CG_6ºano_07.indd 175 07/03/2018 13:50:30 desde a década de 1940. Além disso, aumen-
tou o tamanho das ondas – que passaram de 1
Anotações Leitura
metro em 1957 para 1,3 metro em 2002 – e a
complementar quantidade de ressacas.
No Rio de Janeiro (RJ), a estação mare-
Elevação do nível do mar deve gráfica da Ilha Fiscal, localizada na Baía de
aumentar risco de desastres Guanabara, detém a mais longa série histó-
rica desse tipo de dado do Brasil, indicando
naturais no Brasil uma tendência de aumento do nível do mar
O risco de ocorrência de ressacas, en- de 1,3 milímetro por ano, com base nos dados
chentes, enxurradas e deslizamentos de terra mensais do nível do mar do período de 1963 a
nas cidades brasileiras deve aumentar conside- 2011. O índice de confiança é de 95%.
ravelmente devido à elevação do nível do mar. Já em Recife (PE), o nível do mar subiu
De acordo com o relatório internacional Im- 5,6 milímetros entre 1946 e 1988, o que sig-

175

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nifica uma elevação de 24 centímetros em 42
anos. A erosão costeira e a ocupação do pós-

FotoRequest/Shutterstock.com
-praia provocaram uma redução da linha de
praia em mais de 20 metros em Boa Viagem,
segundo os autores do estudo.

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-


ambiente/2017/06/elevacao-do-nivel-do-mar-deve-
aumentar-risco-de-desastres-naturais-no-brasil. Acesso
em: 11/12/2017.

Leitura
complementar
Como o derretimento de Falésias de Moher, no Condado de Clare, Irlanda.

geleiras está levando ao


Já nas regiões litorâneas de modestas altitudes, a ação erosi-
ressurgimento de doenças va do mar cria entalhamentos ao longo da linha de costa, dando
surgimento a golfos, baías, enseadas, que são recortes do litoral em
“adormecidas” forma de “U”, ou cabos e penínsulas, que são pontas do continente

byvalet./Shutterstock.com
que penetram no mar.
Já faz mais de um século que temos os Após a ação destrutiva das ondas, pela ação de outros fatores
— como as correntes oceânicas e os organismos vivos —, o mar
antibióticos, desde que Alexander Fleming pode realizar um trabalho de acumulação e posterior sedimentação
descobriu a penicilina. Mas as bactérias não nas áreas litorâneas.
deixaram por menos: elas responderam evo- Continuando o seu trabalho, o mar atua de forma construtiva
a partir da acumulação de sedimentos (areia, cascalho, etc.) trans-
luindo sua resistência aos antibióticos. A bata- portados pelas ondas e correntes marinhas. Dessa forma, surgem
lha parece sem fim: nós passamos tanto tempo as chamadas costas de acumulação, das quais destacamos praias,
com patógenos, que às vezes desenvolvemos tômbolos e restingas.
Baía de Guanabara, Rio de Janeiro.
As praias são formas de relevo baixas construídas pelo acúmu-
um tipo de impasse natural. lo de sedimentos depositados pela ação das águas dos oceanos, ma-
Anna Hoychuk/Shutterstock.com

No entanto, o que aconteceria se nós, de res e rios. Uma praia é formada por sedimentos de quartzo, restos
repente, ficássemos expostos a bactérias e ví- de conchas de animais e sedimentos rochosos. Já os tômbolos são
formas litorâneas construídas pela acumulação de sedimentos em
rus mortais que ficaram ausentes por milha- forma de “cordão” que ligam uma ilha ao continente. Por seu turno,
res de anos ou então que nunca vimos antes? as restingas são feições litorâneas constituídas por uma linha de
sedimentos formando um cordão paralelo ao litoral. Esse cordão
É possível que estejamos perto de desco-
arenoso é depositado pela ação das correntes marinhas e começa
brir que aconteceria. As mudanças climáti- a ser formado na área terminal de uma saliência litorânea, como
cas estão derretendo o solo da região do ártico um cabo. Em alguns casos, as restingas podem fechar baías e ensea-
das, formando lagoas costeiras, como as dos Patos e Mirim, no Rio
que existia ali por milhares de anos e, confor- Cabo de São Lucas, México. Grande do Sul, e a de Araruama, no Rio de Janeiro.
me o solo derrete, ele vai liberando antigos ví-
rus e bactérias que, depois de ficarem tanto 176 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo
tempo “dormentes”, voltam à vida.
Em agosto de 2016, em uma região remo-
ta da tundra da Sibéria, chamada Península Ia- CG_6ºano_07.indd 176 07/03/2018 13:50:31 CG

mal no Círculo Ártico, um garoto de 12 anos mil renas nasceram infectadas ali, e houve um anos. Isso significa que o derretimento das gelei-
morreu e pelo menos 20 pessoas foram hospi- número menor de casos em humanos. ras pode abrir a caixa de pandora das doenças.
talizadas após terem sido infectadas por antraz. O medo agora é que esse não tenha sido A temperatura no Círculo Ártico está au-
A teoria é que, há mais de 75 anos, uma rena um caso isolado. mentando rapidamente, cerca de 3 vezes mais
infectada com antraz morreu e sua carcaça con- Conforme a Terra vai aquecendo, mais ca- rápido do que no resto do mundo. Conforme
gelada ficou presa sob uma camada de solo tam- madas do permafrost vão derretendo. Sob cir- o permafrost derrete, outros agentes infeccio-
bém congelado, chamado de permafrost. Lá, ela cunstâncias normais, cerca de 50cm das camadas sos podem ser liberados.
ficou até a onda de calor que invadiu a região no mais superficiais derretem no verão. Mas com o “O permafrost é um bom lugar para pre-
verão de 2016 e derreteu o permafrost. aquecimento global, camadas mais profundas e servar micróbios e vírus, porque ele é frio,
Isso expôs a carcaça da rena infectada e li- antigas têm derretido também. não tem oxigênio e é escuro”, explica o biólo-
berou o vírus para a água e para o solo do local O permafrost congelado é o lugar perfeito go evolucionista Jean-Michel Claverie da Uni-
e, consequentemente, para os alimentos que para as bactérias se manterem vivas por um lon- versidade Aix-Marseille, na França.
as pessoas que viviam lá comiam. Mais de 2 go período de tempo, talvez até um milhão de “Vírus patogênicos que podem infectar

176

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los XVIII e XIV podem voltar, especialmente
próximo aos cemitérios onde as vítimas dessas

Tramont_ana/Shutterstock.com
infecções foram enterradas.”
Por exemplo, na década de 1890, hou-
ve uma epidemia grande de varíola na Sibé-
ria. Uma cidade perdeu praticamente 40% de
sua população. Seus corpos foram enterrados
sob o permafrost nas margens do rio Kolyma.
Cerca de 120 anos depois, a enchente do rio
começou a erodir as margens e o derretimento
do permafrost acelerou o processo de erosão.
Em um projeto que começou nos anos
1990, cientistas do Centro Estadual de Pesqui-
sa de Virologia e Biotecnologia em Novosibirsk
analisaram os restos de pessoas da Idade da Pe-
Tômbolo na Baía de Biscaia, Espanha.
dra que foram encontrados no sul da Sibéria, na
região de Gorny Altai. Eles também testaram
Cenário 4 amostras de cadáveres de homens que haviam
morrido durante epidemias virais no século
Ação do gelo, ou XIX e foram enterrados no permafrost russo.
Os pesquisadores dizem que eles encon-
glacial traram corpos com feridas características das
marcas deixadas pela varíola. Eles não chega-
A transformação do ram a encontrar o vírus da varíola em si, mas
detectaram fragmentos de seu DNA.
relevo pelas geleiras Certamente, não é a primeira vez que
Em regiões frias, polares, semipolares e até temperadas, a água uma bactéria congelada voltou à vida.
Andreea Dragomir/Shutterstock.com

congela durante grande parte do ano e as precipitações em forma


de neve formam gigantescos blocos de gelo chamados de geleiras. Em um estudo de 2005, cientistas da
Na natureza, as geleiras podem ser diferenciadas dependendo da Nasa ressuscitaram com sucesso bactérias que
região onde são formadas. Algumas cobrem vastas extensões das haviam ficado “guardadas” em um lago conge-
áreas glaciais. São denominadas inlândsis, ou costeiras, e domi-
nam amplas áreas da Groenlândia e da Antártida. Outras são típi- lado no Alasca por 32 mil anos. Os micróbios,
cas de regiões montanhosas, onde há formação de neves eternas, chamados Carnobacterium pleistocenium, es-
por isso são chamadas geleiras de montanhas, alpinas ou de vales.
tavam congelados desde o período Pleistoce-
A ação das geleiras produz, inicialmente, uma espécie de lixamento
sobre a superfície terrestre e, posteriormente, transporte de detritos no, quando mamutes lanosos ainda vagavam
e a sua acumulação. A erosão provocada pelo gelo chama-se gla- pela Terra. Quando o gelo derretia, eles come-
cial e pode desenvolver formas de relevo diferentes, dependendo
do tipo de geleira.
Geleira continental, Antártica. çavam a nadar ao redor, sem parecer afetados.
Dois anos depois, cientistas consegui-
Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 177 ram ressuscitar bactérias de 8 milhões de anos
que haviam ficado adormecidas no gelo, sob a
superfície glacial nos vales Beacon e Mullins
0:31 CG_6ºano_07.indd 177 07/03/2018 13:50:31 na Antártica. No mesmo estudo, bactérias de
humanos ou animais podem ser preservados permafrost por séculos, então é plausível dizer 100 mil anos foram ressuscitadas.
em camadas antigas de permafrost, inclusive que outros agentes patogênicos e doenças in- No entanto, nem todas as bactérias podem
alguns que podem ter causado epidemias glo- fecciosas podem ser desencadeados se o derre- voltar à vida depois de terem sido congeladas
bais no passado.” timento do solo continuar. Por exemplo, cien- em permafrost. A bactéria do antraz consegue
Só no início do século XX, mais de um mi- tistas descobriram fragmentos de RNA da porque ela tem esporos, que são muito resisten-
lhão de renas morreram por causa de infecção gripe espanhola de 1918 em corpos enterra- tes e podem sobreviver por mais de um século.
por antraz. Não é fácil cavar tumbas muito pro- dos em valas comuns na tundra do Alasca. A Outra bactéria que pode formar esporos e,
fundas, então a maioria das carcaças dos animais varíola e a peste bubônica também podem es- consequentemente, sobreviver no permafrost, é
são enterradas perto da superfície, espalhadas pe- tar enterradas na Sibéria. a do tétano e a Clostridium botulinum, respon-
los 7 mil cemitérios no norte da Rússia. Em um estudo em 2011, Boris Revich e sável pelo botulismo, uma doença rara que pode
No entanto, o maior medo é o que mais Marina Podolnaya escreveram: “Como con- causar paralisia e até mesmo se tornar fatal. Al-
pode estar escondido sob o solo congelado. sequência do derretimento do permafrost, ve- guns fungos e vírus também podem sobreviver
Pessoas e animais têm sido enterrados em tores de doenças infecciosas mortais dos sécu- nesse time de ambiente por mais tempo.

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Em um estudo de 2014, uma equipe
conseguiu ressuscitar dois vírus que estavam
As geleiras continentais, ao atuarem em litorais de costas altas,
no permafrost da Sibéria por 30 mil anos.
onde existem antigos vales fluviais, geram a erosão, que acarretará
Conhecidos como Pithovirus sibericum na construção de um fiorde — vale estreito e profundo invadido
E Mollivirus sibericum, eles são dois vírus pelo mar e que, desde tempos imemoriais, é utilizado por diferentes
sociedades como um porto natural. Podemos encontrar os fiordes
gigantes, porque ao contrário da maioria na Noruega, na Suécia, no Canadá, entre outros.
dos outros, eles conseguem ser vistos sem

Nicram Sabod/Shutterstock.com
microscópios. Eles foram encontrados a 30
metros de profundidade na tundra costal.
Uma vez “vivos” de novo, esses vírus se
tornaram rapidamente infecciosos. Para a
nossa sorte, esses vírus em particular somen-
te infectam seres monocelulares, como ame-
bas. No entanto, o mesmo estudo sugere que
outros vírus que podem infectar humanos po-
dem ser ressuscitados da mesma forma.
E não é só o aquecimento global que pode
derreter diretamente o permafrost para termos Fiorde na Noruega.

uma ameaça. Isso porque o gelo do Mar Ártico Já as geleiras de montanha, constituídas pelo acúmulo de neve
em depressões do terreno, formam, pelo desgaste no terreno, pro-
está derretendo, então a costa norte da Sibéria
fundos e arredondados vales, chamados de circo glacial. A neve,
se tornou mais acessível pelo oceano. Como re- ao congelar, aumenta o seu volume, criando uma “língua de gelo”,
sultado disso, a exploração industrial, incluin- chamada língua glacial, que se projeta no sentido da descida da
montanha. Essa língua, ao deslocar-se lentamente ano após ano,
do a exploração de minas por ouro e minerais, acarreta erosão, transporte e acumulação de detritos. Essas forma-
e a própria exploração de petróleo e gás natural ções são denominadas morainas.
estão se tornando agora mais lucrativas.

Fedor Selivanov/Shutterstock.com

pedrosala/Shutterstock.com
“Neste momento, essas regiões estão de-
sertas e as camadas mais profundas de perma-
frost são deixadas em paz”, explicou Claverie.
“No entanto, essas camadas mais antigas po-
dem ser expostas por escavações de minas ou Picos del Infierno, Espanha.

por perfurações de petróleo. Se vírus ou bac-

Bildagentur Zoonar GmbH/Shutterstock.com


térias ainda estiverem lá, isso poderia abrir as
portas para um desastre.”
Vírus gigantes podem ser os principais
culpados por uma grande epidemia.
“A maioria dos vírus são rapidamente de- Vista da Jungfrau, montanha dos Alpes Berneses, na Suíça. Região glacial, Nova Zelândia .
sativados fora de células hospedeiras por con-
ta da luz, dessecação ou degradação bioquími- 178 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo
ca espontânea”, diz Claverie. “Por exemplo: se
o DNA dele sofre danos impossíveis de serem
reparados, o vírus não será mais infeccioso. CG_6ºano_07.indd 178 07/03/2018 13:50:31

No entanto, entre os vírus conhecidos, o vírus rus de um Neandertal há muito tempo extin- rias têm um DNA que codifica fatores de vi-
gigante tende a ser mais resistente e quase im- to sugere que a ideia de que um vírus pode rulência: moléculas que produzem bactérias e
possível de quebrar.” ser erradicado do Planeta é errada, e nos dá vírus patogênicos, o que aumenta sua capaci-
Claverie afirma que vírus dos primeiros um falso senso de segurança”, pontua Clave- dade de infectar um hospedeiro.
humanos a habitarem o Ártico podem ressur- rie. “E é por isso que deveríamos manter es- A equipe de Claverie também encontrou
gir. Poderíamos até mesmo ver vírus de espé- toques de vacina, para caso voltemos a preci- algumas sequências de DNA que pareciam vir
cies humanas há muito tempo extintas, como sar delas um dia.” de vírus, inclusive da herpes. No entanto, eles
o Neandertal e Denisovan, que se estabeleceram Desde 2014, Claverie analisa os DNAs ainda não encontraram nenhum traço de va-
na Sibéria e foram infectados com várias doen- de camadas de permafrost, buscando carac- ríola. Por razões óbvias, eles não tentaram rea-
ças virais. Restos do homem de Neandertal de terísticas genéticas de vírus e bactérias que vivar nenhum dos patógenos.
30-40 mil anos atrás foram encontrados na Rús- poderiam infectar humanos. Ele encontrou
sia. Populações viveram ali por milhares de anos. evidências de muitas bactérias que provavel- Disponível em: www.bbc.com/
“A possibilidade de nós pegarmos um ví- mente são perigosas para humanos. As bacté- portuguese-earth-39905298
C
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Ensaio geográfico
1 Observe a imagem abaixo, identifique pelo número e denomine as formas do relevo litorâneo pro-
duzidas pela ação das águas marinhas.

3 6
9
2 7 8
1
4
5

1 e 4 – falésias; 2 e 6 – baías; 5 – cabo; 7 – praia; 8 – restinga; 9 – tômbolo.

2 Na mesma imagem da atividade anterior, identifique pelo número e denomine as formas do relevo
litorâneo produzidas pela ação acumuladora, construtiva ou sedimentar das águas marinhas.
Prais, restinga e tômbolo.

3 Observe a imagem abaixo e responda.


Qual é o nome dessa forma de relevo e qual é o seu agente
Pichugin Dmitry/Shutterstock.com

transformador?
Formação de arenito, oriundo da ação dos ventos.

0:31 4 Na imagem abaixo, é bastante clara a ação do intemperismo sobre o relevo. Observe, identifique e
descreva-a.
As rochas estão sofrendo com a ação do intemperismo
Jorge Moro/Shutterstock.com

biológico.

Raiz de árvore na rocha, norte dos EUA.

Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 179

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Diálogo com o
professor
Cenário 5

Destaque a ação erosiva em áreas de en-


costa, principalmente nas áreas onde a vege-
Ação das águas
tação primitiva foi retirada. Estabeleça um
diálogo no sentido de mostrar a importân-
correntes
cia da preservação da vegetação nas encostas A chuva é o resultado de um ciclo que começa com a evapora-
ção e termina com a condensação e precipitação. A água que escoa
montanhosas. sobre a litosfera se transforma no maior e mais forte agente natural
Dê ênfase ao perigo da habitação das no processo de transformação do relevo terrestre. As águas das chu-
áreas de encostas de morros. Aponte ações vas, ao chegarem à superfície da Terra, podem escoar superficial-
mente, infiltrar-se e formar rios.
como a construção de muros de arrimo, utili- No caso do escoamento superficial, a ação erosiva das águas
zação de lonas e outras técnicas utilizadas para da chuva vai depender da inclinação do relevo, do tipo de solo e
tentar impedir o deslizamento e os desastres. da cobertura vegetal. Quanto maior for a inclinação, maior será a
velocidade e a força destrutiva das águas das chuvas e dos cursos
Utilize imagens de deslizamento de en- fluviais que sulcam o terreno, criando reentrâncias sobre a litosfera.
costas. Faça um mural com recortes jornalís- Por outro lado, quanto mais frágil ou fraca for a rocha, maior será
ticos sobre essas catástrofes. Posteriormente, o processo de desgaste, e, quanto menor a quantidade de vegetação,
maior será a força das águas e o processo de erosão.
faça uma roda de conversa sobre o tema e peça A ação das águas das chuvas, escoando morro abaixo, pode
para que os alunos apontem as causas dessas criar pequenos cursos de água temporários, chamados de torren-
tragédias e apresentem soluções possíveis. tes, que arrastam para baixo blocos rochosos, causando destruição
por onde passam.
Lembre-se de que a água da chuva também se infiltra no solo,
e a ação conjunta do escoamento superficial e da infiltração acar-
reta a fragmentação das rochas e alterações nas características dos
Anotações minerais, provocando rachaduras, erosão em sulcos, laminar e em
voçoroca, além de deslizamento de terras.

ChameleonsEye/Shutterstock.com
Trabalhador rodoviário interrompe o tráfego devido a deslizamento. Cable Bay, Nova Zelândia.

180 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo

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Deslizamentos de terra

Eurico Zimbres Zimbres


e voçorocas
O deslizamento de terra é provocado pela ação complementar
da infiltração da água da chuva, que deixa o solo encharcado e mais
pesado. Esse solo, saturado de água, com a continuidade de chu-
vas muito fortes começa a se deslocar cada vez mais rápido sobre
as rochas que formam sua base até que ocorra um movimento de
massa, ou seja, um desmoronamento de detritos, material orgâni-
co, partes do solo, rochas e material vegetal sob a ação da gravidade.
A voçoroca é o estágio mais avançado da erosão provocada
pela ação combinada do escoamento superficial sobre o solo e a in-
filtração das águas, que provoca o desmoronamento e a abertura de
sulcos profundos e largos.
Em ambos os casos, quanto maior a inclinação do relevo e me-
nor a cobertura do solo pela vegetação, maior a possibilidade de
ocorrência.
Voçoroca no Estado de Minas Gerais.

Cenário 6

Ação humana, ou
antrópica
As sociedades humanas, em seu incessante trabalho de apro-
priação e transformação do espaço natural, são os principais atores
no processo de transformação do
relevo — sobretudo em um mo-
mento histórico no qual as tec-
nologias disponíveis são inúme-
ras e cada vez mais eficientes. Isso
pode ocorrer de forma consciente
ou inconsciente; ao cortar a ve-
getação primitiva, mudar cursos
0:32
fluviais, construir habitações, en-
tre outros, acarreta, por um lado,
a transformação direta do relevo
e, por outro, uma aceleração ou
Ronaldo Almeida/Shutterstock.com

um retardamento do processo de
transformação do relevo terrestre
pelos atores naturais.
Exemplo da intervenção humana na nature-
za. Urbanização no morro. Rio de Janeiro.

Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 181

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Geografia em cena

Segundo o historiador grego Heródoto, que viveu no sé-


culo V a.C., o Egito era uma “dádiva do Nilo”. Como percebeu
o estudioso, não haveria a civilização egípcia sem a existência
do Rio Nilo. Na Antiguidade, o espaço territorial do Egito era
constituído por uma imensidão desértica de aproximadamente
1.000 km de comprimento por 10 km de largura.
Os camponeses observavam os mecanismos das suas cheias
periódicas, que aconteciam de junho a outubro, quando as
águas do Nilo inundavam as terras de ambas as margens. Pas-
sado o período das cheias, iniciavam a semeadura, num terreno
fertilizado pelos sedimentos trazidos pela inundação. Graças a
essas inundações anuais, o grande rio preparava uma base fértil
para a agricultura.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Dilatação: Alargamento, ampliação. remove camadas superficiais do solo.
Entalhamentos: Recortes. Particulados: Fragmentados, divididos.
Infiltração: Penetração. Sulco: Caminho deixado no solo pela água.
Laminar: Largo escoamento da água que

Aprenda com arte

2012
Direção: Roland Emmerich.
Ano: 2009.

Sinopse: Em 2008, o presidente americano convoca uma reunião de emergência com as principais po-
tências para conversar sobre um grande perigo para a humanidade. Os anos passam e, já perto de 2012,
as autoridades decidem que não é mais possível conter o grande perigo que pode ser o fim do mundo.

Encontros no Fim do Mundo


Direção: Werner Herzog.
Ano: 2007.

Sinopse: O cineasta Werner Herzog, de O homem urso — considerado um dos melhores documentá-
rios de todos os tempos —, mais uma vez flerta com o gênero e agora faz uma viagem à gélida Antár-
tida para capturar umas das mais belas imagens já vistas — sobre e debaixo do gelo.

182 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo

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Encerramento
1 Leia o trecho do roteiro do filme Central do Brasil, dirigido por Walter Salles:
“70 – Sertão – Externa – Noite
O caminhão está parado no meio do mato, próximo da estrada. César e Dora estão sentados no
chão, junto a uma fogueirinha. Josué ficou no caminhão.
César:
— É, no sertão também faz frio.”
O ambiente do sertão, árido e quente durante o dia, mas que à noite apresenta quedas bruscas de tem-
peratura em virtude da sua distância do mar, favorece que intemperismo? Explique esse mecanismo.
Favorece o intemperismo físico. A mudança de temperatura durante o dia ocasiona a dilatação e a

compactação, gerando sua quebra.

2 Observe a imagem abaixo e depois marque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.

A a. F Na formação desse relevo, só atuaram


agentes internos.
b. V O principal agente da formação do re-
levo apresentado foi o rio.
c. V A porção do relevo indicada pela le-
tra A possui rochas mais resistentes que as
demais.
3 Observe a imagem abaixo para responder às perguntas.

B 2 A 1 a. Em que área o processo de acumulação é


maior que o processo de erosão?
3
Área 3.

b. Identifique as áreas onde você não construiria uma casa. Por quê?
Sugestão de resposta: O aluno deve considerar que as áreas íngremes são mais suscetíveis aos processos

de erosão laminar em A, B e 1, principalmente com a retirada da vegetação.

Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo 183

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c. Quais os riscos de construir uma casa na área indicada pelo número 3?

Resposta pessoal. Espera-se que o aluno identifique que, nesse tipo de relevo, há mais vulnerabilidade

a intemperismos por não existirem barreiras naturais.

4 (Ufal)
A imagem mostra um dos maiores
Jose Reynaldo da Fonseca

problemas da atualidade: a perda de


solo devido à ocupação irregular ou o
mau aproveitamento da terra. O pro-
cesso de destruição do solo mostrado
na figura, uma vez iniciado, não tem
retorno. Há medidas para conter seu
avanço, mas não há garantias de recu-
peração da fertilidade perdida. Esses
buracos são chamados de:
Voçoroca.

5 Observe a charge abaixo.

Nessas áreas, todas as vezes que há a ameaça de chover, as pessoas entram em pânico. Sobre essas áreas,
responda às perguntas abaixo.

a. Que tipo de consequência as chuvas podem trazer para essas áreas?


Desmoronamento e movimento das massas.

b. É recomendável construir habitações nessas áreas? Por quê?


Não. As habitações poderão sofrer soterramento.

c. Quais medidas devem ser tomadas para proteger as pessoas que moram nessas áreas?
Não cortar vegetação primitiva e não realizar construção sem a devida orientação técnica.

184 Capítulo 7 – Os agentes externos do relevo

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diferentes sociedades humanas por meio da
história, apontando as principais consequên-

Capítulo 8
cias deste processo.
• Compreender a distribuição da água em
suas diferentes formas no contexto planetário.
• Descrever um rio depreendendo a sua im-
As águas do planeta portância para as diferentes sociedades.
• Identificar analiticamente os problemas
Terra O Deserto da Judeia é delimitado pelas montanhas a
oeste e pelo Mar Morto a leste. Existem muitas reser-
vas naturais fascinantes, sítios históricos e mosteiros e ambientais gerados pela utilização incorreta
panoramas primitivos que o tornam um lugar singular
e emocionante para visitar. dos rios e apontar possíveis soluções.
• Caracterizar as bacias hidrográficas, desta-
cando suas formas de utilização e os princi-
pais impactos ambientais provocados por essa
utilização.
• Descrever os diferentes componentes de
uma bacia hidrográfica.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE04) Descrever o ciclo da água, com-


parando o escoamento superficial no ambien-
te urbano e rural, reconhecendo os principais
componentes da morfologia das bacias e das re-
des hidrográficas e a sua localização no modela-
do da superfície terrestre e da cobertura vegetal.
(EF06GE12) Identificar o consumo dos recur-
sos hídricos e o uso das principais bacias hidro-
gráficas no Brasil e no mundo, enfatizando as
Neste capítulo,
compreenderemos a
transformações nos ambientes urbanos.
importância do elemento água
e dos cursos de água para as
sociedades, bem como sua relação
Anotações
com as formações vegetais. Além disso,
analisaremos de que forma os rios
brasileiros estão sendo utilizados e
quais os impactos ambientais que
ocorrem sobre eles.
m
Shutterstock.co
Dror Feitelson/

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Objetivos cursos hídricos mundiais, destacando sua es-


pedagógicos pacialização, importância e utilização social.
• Identificar os principais impactos ambien-
tais existentes sobre os recursos hídricos bra-
• Localizar e caracterizar formas de utilização sileiros, destacando os motivos causadores e as
das principais bacias hidrográficas brasileiras possíveis soluções.
e perceber os impactos ambientais e a degra- • Diferenciar oceanos e mares e identificar as
dação dos rios. principais características dos oceanos e os di-
• Identificar o potencial de exploração das ferentes tipos de mar.
diversas formas de recursos hídricos de sub- • Descrever a hidrografia sólida em sua
solo, bem como as consequências da sua má diversidade.
utilização. • Descrever analiticamente as diferentes for-
• Desvendar a riqueza e a diversidade dos re- mas de utilização dos recursos hídricos pelas

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Neste capítulo, a água é destacada como


um bem universal, de fundamental importân-
A água é
cia para a manutenção da vida na Terra. Con- um recurso
tudo, no decorrer do capítulo, o aluno deve
ser levado a entender que, com o passar do indispensável
tempo, a água começou a ser encarada como
fonte de lucro e reservatório de dejetos de Sem água não há vida
toda a sorte. Dessa forma, desenvolveremos Fundamental para a manutenção da vida na Terra, a água é
atitudes conscientes no sentido de despertar um recurso sem o qual vegetais e animais não existiriam. A água
é tão importante que, aproximadamente, 60% do nosso corpo é
uma prática solidária para produzir a susten- composto dela. A quantidade normal de água que devemos ingerir
tabilidade e o equilíbrio. para que nosso organismo funcione perfeitamente é de, no míni-
mo, dois litros por dia.

Sugestão de
Pulmão Cérebro
abordagem 83% 73%

Fígado Coração
Utilize fotografias e filmes sobre a Antár- 79% 73%
tida e o Ártico para introduzir os estudos e de-
senvolver a temática. Músculos Rins
79% 79%
Anotações
Sangue
79%

Percentual de água nos órgãos humanos.

É fundamental o cuidado com a utilização da água, evitando


desperdiçá-la, bem como a conservação desse recurso e preservação
das nascentes. Na música Planeta água, de Guilherme Arantes, há
um verso bem relevante: “Terra, planeta água”. Para entender me-
lhor o significado dessa passagem, observe a imagem a seguir.

186 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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AridOcean/Shutterstock.com
N

O L 0 2.663 km 5.326 km

Nela, fica claro o predomínio do azul das águas oceânicas sobre Planisfério físico ilustra a proporção de
água em relação às terras continentais. São
as terras emersas, isso levando-se em consideração apenas as águas 3/4 de água sob a superfície terrestre.
salgadas; se contabilizarmos as águas doces continentais dos rios,
lagos, geleiras, lençóis e águas subterrâneas, fica evidente por que a
denominação de Planeta água.

Cenário 2

Ciclo natural da
água
A origem do ciclo
hidrológico e a
interferência do homem
Na natureza, a água está em constante movimentação e trans-
formação dentro de um sistema chamado ciclo hidrológico, ou
2:43
ciclo da água.
Todo o processo teve início há milhões de anos, quando o Pla-
neta começou a se resfriar e consolidar sua crosta, liberando o va-
por e os gases que criaram a atmosfera primitiva. Nessa atmosfera,
formaram-se as primeiras nuvens e, destas, as primeiras chuvas, que
preencheram as depressões da litosfera, criando os mares, os lagos
e as lagoas. Ao escoarem sobre a superfície, essas águas escavaram
canais por onde seguiriam criando os rios, bem como, ao infiltrar-
-se pelo solo, fizeram surgir os lençóis subterrâneos.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 187

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Ciclo hidrológico completo

Armazenamento
Armazenamento de
de água no gelo
água na atmosfera
Condensação

Precipitação Evapotranspiração

Evaporação

Escoamento
Escoamento superficial superficial
proveniente do gelo

Infiltração Caudal no rio

Nascente Armazenamento
de água doce

De
sc
arg Armazenamento de
ad
oa água nos oceanos
quíf
ero

Armazenamento de
água subterrânea

Isso resultou num ciclo, o ciclo hidrológico: a água que ocupa


a superfície da Terra converte-se em vapor à temperatura ambien-
te — esse processo é chamado evaporação. A água que sobe à at-
mosfera nesse processo não é oriunda apenas dos cursos de água da
Abundância de vida marinha. Grande Terra, mas também dos vegetais, no processo de transpiração. Esse
barreira de corais, Austrália. vapor de água, ao entrar em contato com as baixas temperaturas de
algumas camadas da atmosfera, passa
para o estado líquido, num processo
chamado condensação. Isso resulta
na formação de um conjunto de go-
tículas suspensas, chamado nuvem.
Quando essas nuvens começam a
pesar, a água, então, volta à Terra sob
a forma de precipitações (chuvas), e
esse ciclo se repete constantemente.
E foi a presença da água, em seus
vários estados físicos, que permitiu a
existência de uma infinidade de for-
mas de vida no Planeta. No entanto,
apesar de saber que sua existência
está condicionada à da água, o ser hu-
Discovod/Shutterstock.com
mano interfere no ciclo, alterando-o

188 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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negativamente a partir da superexploração das águas superficiais e
do subsolo, bem como pela liberação de gases poluentes e do corte
da vegetação primitiva, fatos que reduzem a evaporação e a conden-
sação, causando impacto direto na quantidade de chuvas.

Cenário 3

Recursos hídricos
do Planeta
Distribuição das águas
no planeta Terra
A água na Terra é distribuída da seguinte forma: 97,5% é sal-
gada, e 2,5% é doce. Do volume de água doce, nem tudo está dis-
ponível para o consumo: 68,9% está localizado em geleiras e calo-
tas polares; 30,79%, no subsolo; 0,3%, em lagos, rios e pântanos; e
0,01%, na atmosfera.
Essa quantidade de 2,5% é suficiente para abastecer a deman-
da de toda a humanidade se utilizada de maneira racional. Porém,
a distribuição de água doce em nossa superfície é desigual. Por
exemplo, o Brasil possui a maior reserva de água doce superficial e
subterrânea do mundo, enquanto que países como a Austrália de-
senvolveram tecnologia para tratar a água do esgoto a fim de rea-
proveitá-la para o consumo humano em algumas de suas cidades.

Total de recursos hídricos por habitante (m3/ano)

Legenda
até 500
entre 500 e 1.000
N entre 1.000 e 1.700
0 2.663 km 5.326 km
O L
entre 1.700 e 5.000
mais 5.000
S

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 189

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Mares e oceanos
Distribuição de água no Planeta
O Planeta tem 1,4 bilhão de km3 de água
(10,4 bilhões de litros)

97,5%
Mares e oceanos
(água salgada)

2,5% (água doce)

0,04% 0,36%
Atmosfera Lagos, rios
e pântanos

77,2% 22,4%
Geleiras e calotas polares Subsolo

Como mostra o infográfico acima, a maior parte das águas do


Planeta está localizada nos oceanos, massa líquida salgada que envol-
ve as terras emersas continentais ou de ilhas. Essas águas estão distri-
buídas em cinco grandes oceanos, como mostra o mapa abaixo.

Relevo submarino
N
Oceano Glacial Ártico
O L

CG

Oceano Glacial Antártico 0 2.663 km 5.326 km

O maior de todos os oceanos, o Pacífico, cobre, aproximada-


mente, um terço da superfície terrestre — cerca de 165 milhões de
km2, quase a metade da área e do volume de todos os oceanos juntos.
O Oceano Atlântico é o segundo maior, com uma área de,
aproximadamente, 82 milhões de km2. Sua formação ocorreu há

190 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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Sugestão de
cerca de 180 milhões de anos com a separação das Américas em abordagem
relação à Europa e à África, dando origem à Dorsal Mesoatlân-
tica — cadeia de montanhas que se estende do continente ártico
até o antártico, localizada na parte central do oceano. Pesquisas Trabalhe diretamente com o mapa-múndi
comprovam que o fundo do Oceano Atlântico está em expansão.
O Oceano Índico possui uma área de 74 milhões de km2. Ele
para que o aluno compreenda visualmente a in-
está localizado entre a costa leste da África, sul da Ásia, oeste da terligação das águas dos oceanos. É interessante
Oceania e norte da Antártida. Seu assoalho (fundo) apresenta um fazer uma abordagem utilizando a Teoria da De-
alto nível de instabilidade, acarretando grande frequência de tre-
mores de terra e possibilidade de tsunamis. riva Continental para mostrar que no início só
O Oceano Glacial Ártico se encontra no interior do Círculo existia um oceano: Pantalassa, que da fragmen-
Polar Ártico e abrange uma área de 13 milhões de km2. Ele possui tação da Pangeia surgiram os mares, cujo inicial
inúmeros mares que banham a Europa, a Ásia e a América. O Polo
Norte é o Oceano Glacial Ártico congelado, pois essa região não foi o Tétis, corresponde ao proto-Mediterrâneo.
possui terras emersas.

Diálogo com o
professor
Estabelecer a diferença entre o oceano
e os mares é fundamental. Explique que ma-
res são as porções de um oceano que estão em
contato com as terras emersas.

Localização do Oceano Glacial Ártico

Anotações
no globo terrestre.

Muitos cientistas não consideram a existência do Oceano


Glacial Antártico, afirmando que ele nada mais é do que a exten-
são sul dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico; mas, aqui, vamos
analisá-lo individualmente. Esse oceano banha todo o continente
antártico e é o único a rodear o globo de forma completa. O Ocea-
no Antártico apresenta uma rica biodiversidade marinha, princi-
palmente de espécies que são a base da cadeia alimentar, como o
krill e o fitoplâncton. Seus limites foram fixados pela Organização
Hidrográfica Internacional, no ano de 2000.

Geografia em cena

Krill são crustáceos semelhantes a pequenos camarões e


abundantes em águas frias, onde constituem importante alimen-
to para baleias filtradoras, lulas, focas e alguns tipos de peixe.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 191

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A cadeia alimentar nos mares do Sul

Krill (Euphausia superba)


É um crustáceo de alto valor proteico que serve como
principal alimento dos animais marinhos. O gelo é
importante para sua sobrevivência, já que extrai dele
sua fonte de alimento: o plâncton.

Baleia-franca (Eubalaena australis)


Os grandes bancos de krill são seu
principal alimento. Podem comer mais
de 300 kg por hora.

Pinguins
(Aptenodytes forsteri e
Pygoscelis adeliae)
Vivem ao pé das barreiras de
Plâncton gelo ou em ilhotas. Alimentam-se
de cefalópodes, peixes e krill.

Foca caranguejeira
(Lobodon
carcinophagus)
Vive sobre o
gelo marinho
e se alimenta
especialmente de
krill.

ESPÉCIES QUE DEPENDEM


PRIMEIRO ELO DA CADEIA ALIMENTAR
DIRETAMENTE DO KRILL

Além dessas gigantescas massas de águas salgadas, o Planeta apre-


senta, na sua estrutura, corpos de água salgada de menor dimensão,
chamados de mares, que nada mais são do que porções do oceano que
estão em contato direto com o continente. Esses mares podem ser:
Abertos: aqueles que se comunicam diretamente com o mar,
como o mar territorial brasileiro.
Continentais, ou interiores: aqueles que se comunicam com
o oceano por meio de estreitos e canais, como o Mar Vermelho e o
Mar Mediterrâneo.
Fechados: aqueles que estão localizados dentro dos continen-
tes e não apresentam contato com o oceano, considerados lagos de
água salgada, como o Mar de Aral e o Mar Cáspio.

192 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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Albatroz-errante (Diomedea exulans)
Distingue-se por seu bico largo e forte. Petrel antártico (Thalassoica
Alimenta-se de peixes, lulas e restos de antarctica)
animais mortos. Aninha-se em penhascos.
Alimenta-se de peixes, lulas,
crustáceos, águas-vivas e restos
de outros animais.

Orca (Orcinus orca)


É abundante em águas da
Antártida. Alimenta-se, entre
outros animais, de focas
caranguejeiras.

Fonte: Revista Nature/Instituto Antártico Argentino.


Pombo antártico
(Chionis albus)
É o único pássaro somente
terrestre. É predador de
ovos dos pinguins.

ESPÉCIES QUE DEPENDEM


INDIRETAMENTE DO KRILL

Europa: mares
Mar da Noruega
N
(aberto)
O L

Mar Cáspio S
(fechado)

Mar Mediterrâneo
(interior)

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 193

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As águas subterrâneas
As águas subterrâneas, ou lençóis freáticos, são reservatórios
de água doce encontrados no subsolo. Sua formação tem relação
com a infiltração da água pluvial e, em menor proporção, da água
fluvial, a qual é retida por uma camada de rocha impermeável, ge-
rando o armazenamento desses reservatórios naturais, que corres-
pondem a cerca de 20% de toda a água potável do mundo.
No que se refere às águas subterrâneas, o Brasil ocupa uma po-
sição de destaque internacional, pois, em nosso subsolo, temos dois
dos maiores reservatórios de água doce subterrânea do mundo: o
Aquífero Alter do Chão e o Aquífero Guarani. Confira, no mapa
abaixo, a localização de ambos.

Os dois maiores aquíferos do Brasil

N Oceano
O L
RR AP
Atlântico
S Equador

AM
Aquífero Alter do Chão
MA CE
PA RN
PI PB
PE
AC
TO AL
RO
BA SE
MT
DF

GO
MG

MS ES
Aquífero Guarani
SP RJ
Paraguai PR
Pacífico
Oceano

SC
Oceano
RS
Argentina Atlântico
Uruguai 0 446 km 892 km

A grande extensão superficial do Aquífero Guarani ultrapassa CG

a fronteira brasileira, chegando a outros países. A gestão do Aquí-


fero Alter do Chão será facilitada porque é exclusivamente nacio-
nal e da Amazônia, pertencendo aos estados do Pará, Amazonas
e Amapá. A extensão superficial do Alter do Chão é menor que a
do Aquífero Guarani, mas tem maior volume de água. Dados pre-
liminares apontam um volume de água superior a 85 mil km3 no
Aquífero Alter do Chão. A capacidade do Aquífero Guarani gira
em torno de 45 mil km3.

194 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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Diálogo com o

As águas doces professor


A maior parte da água potável (segura para o consumo huma-
no) da Terra se encontra em geleiras e nas calotas polares. As gelei- É importante discutir a interferência hu-
ras são formadas pelo acúmulo de neve, que dá origem a camadas mana no ciclo da água. De que forma os se-
sobrepostas. A pressão exercida pelas camadas novas faz com que os res humanos podem e vêm quebrando essa
cristais de gelo se formem.
Os níveis atuais de geleiras e calotas polares são considerados dinâmica? O que podemos fazer para man-
por alguns pesquisadores como indicadores das mudanças climáticas ter o ciclo vivo? São algumas das interroga-
que o Planeta tem vivenciado nas últimas décadas. Inúmeros estudos
ções que devem ser projetadas para o aluno.
comprovam o recuo ou até mesmo o desaparecimento de geleiras, e
esse fato é, em alguns casos, associado ao aquecimento global. Inclua, também, nessas discussões, a impor-
Com 5.891 m, o Monte Kilimanjaro, que é um antigo vulcão tância dos rios para as diferentes sociedades
extinto, é o ponto mais alto do continente africano. O seu pico,
até o momento “eternamente nevado”, corre o risco de desapare-
e as formas dessas civilizações se relacionarem
cer. Cientistas acreditam que, se nada for mudado em relação ao com os mesmos.
aquecimento atmosférico do Planeta, o gelo que encobre o topo irá
derreter totalmente até 2033.

Gbuglok/Shutterstock.com
Anotações

Monte Kilimanjaro, nordeste da Tanzâ-


nia, no continente africano.

Um estudo completo para

Bernhard Staehli/Shutterstock.com
mostrar o balanço de quanto gelo
foi derretido e quanta água ga-
nharam os oceanos nos últimos
vinte anos foi publicado pela re-
vista científica Science em 2012.
Segundo o estudo, entre 1992 e
2011, as geleiras da Groenlân-
dia perderam, em média, 152
bilhões de toneladas de gelo por
ano. O calor não foi tão rigoroso
no outro polo, mas, ainda assim,
as geleiras da Antártida derrete-
ram 71 bilhões de toneladas de
gelo. O resultado é que as geleiras
contribuíram com o aumento de
11,1 milímetros no nível do mar
desde 1992. Estima-se que o ní-
vel dos oceanos deve aumentar
Geleiras antárticas em processo de derretimento.
mais de um metro até 2100.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 195

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Ensaio geográfico
1 Na figura abaixo, complete os espaços vazios com as fases do ciclo da água.

CHUVA FORMAÇÃO DE NUVENS

EVAPORAÇÃO

EVAPORAÇÃO

INFILTRAÇÃO

2 Os gráficos abaixo nos mostram alguns valores importantes sobre a quantidade e o consumo de
água no mundo. Observe-os atentamente e responda.

disponível 20%

30,5%
Lavagem de roupa

35%
10% Cozinha e Higiene
água de beber pessoal

5% Lim
peza

69,5% 30%

ind l
isponíve
Descarga em
vaso sanitário

Quantidade de água doce para consumo Consumo doméstico – Padrão típico em um


no Planeta. país industrializado
10%
doméstico

21%
industrial
69% Fonte: CLARKE, Robin T.; KING, Jannet. O atlas da água. São Pau-
agrícola lo: Publifolha, 2005.

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a. Existe mais água doce disponível ou indisponível para consumo no mundo? Explique por que isso
acontece.
Indisponível. Apenas 2,5 % da água do Planeta é doce, e, desse volume, nem tudo está disponível para

o consumo, pois grande parte está concentrada em geleiras, no subsolo, na atmosfera, etc.

b. Qual o setor de atividades que mais consome água? Pesquise as causas e consequências desses dados.
O setor agrícola. Recomenda-se que a pesquisa seja conduzida pelo professor. Sugira que os alunos pes-

quisem por notícias recentes e textos que tratem com ceticismo os impactos ambientais desse consumo.

c. No gráfico sobre consumo doméstico, vemos que se gasta mais água em higiene pessoal. Que medi-
das cada um de nós pode tomar para reduzir nosso consumo em casa?
Sugestão de resposta: Manter a torneira fechada enquanto escovamos os dentes, passar menos tempo

com o chuveiro ligado, etc.

3 Observe, na imagem, as numerações no território europeu, em parte do asiático e parte do africano


e assinale a segunda coluna de acordo com a primeira no que se refere aos tipos de mar.
1 Mar aberto
N
2 Mar fechado O L

3 Mar interior S
4
a. 3 Mar Mediterrâneo – 1.
b. 2 Mar Cáspio – 2. 3
c. 3 Mar Báltico – 3. 6
d. 1 Mar da Noruega – 4.
e. 1 Mar Cantábrico – 5. 5 2
f. 2 Mar de Aral – 6.

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Cenário 4

Influência dos rios


na sociedade e no
relevo
A importância histórica
dos rios
A relação do ser humano com o rio foi reproduzida em di-
versas regiões do Planeta, como na Mesopotâmia, onde os rios
Tigre e Eufrates, na forma de “verdadeiros deuses”, asseguraram a
sobrevivência aos povos do atual Iraque; os rios Amarelo e Azul,
que incentivaram a vida e o desenvolvimento do povo chinês, são
Mar
exemplos Negro
claros de que a vida vem da água e dela depende a sua
manutenção.
Mar
0 180 km 360 km Anatólia Cáspio
Ri
Carquemísia
o
Assíria
Ti
Alepo Nínive Média
gre

Ebla Asur
Ugarit Rio
Chipre Síria Mari
Eu
fra

Qadesh t es
Biblos
Mar Sídon Acádia
Eshnunna

Mediterrâneo Tiro
Babilônia
Nipur
Susa
Palestina Deserto Kish Suméria
Sírio Larsa Umma Elam
Uruk Lagash
Tânis
Baixo Egito Ur
Caldeia
Mênfis
Península
do Golfo
Rio Nilo

Sinai Pérsico
Egito Deserto da Arábia
Ma
r
Ve

Alto Egito
rm
elh

N
Crescente Fértil
O L
o

S Deserto Núbio Mesopotâmia

A Mesopotâmia, que significa entre rios, localizava-se na faixa entre os rios Tigre e Eufrates.

198 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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As partes de um rio Geografia em cena

Os rios são cursos naturais de água, cujo deslocamento se dá Meandro, do grego


dentro de um canal escavado na terra naturalmente e cujo fluxo maíandro, mai que signifi-
se desloca em direção ao mar, a outro rio ou a um lago. Todos os ca mancha. No campo da
rios nascem em áreas altas e se deslocam para as áreas mais baixas. hidrografia, é uma curva
O local onde um rio nasce, denominamos nascente, que pode ser sinuosa, semifechada, for-
formada por águas das chuvas, pelo derretimento de geleiras ou mada fora do eixo central
por uma fonte. Já o local onde ele despeja suas águas é denomina- do rio, mas fazendo parte
do foz, ou desembocadura. do seu percurso.
A área do espaço geográfico dominada por um rio é denomi-
nada bacia hidrográfica, região constituída pelo rio principal, por
seus afluentes e seus subafluentes. Essa porção do espaço apresenta
uma geografia bastante peculiar, que, se bem compreendida, pode
ser utilizada de forma positiva pelas sociedades.

Os regimes fluviais
O volume das águas do rio sofre variações ao longo do ano. Os
rios não são abastecidos apenas pelas suas nascentes, eles possuem
três tipos de regime: pluvial, nival e misto.
O regime pluvial de abastecimento é caracterizado pela ali-
mentação das águas dos rios por meio das chuvas. Assim, de acordo
com os índices pluviométricos, as águas dos rios terão ou não uma
maior vazão (volume). É por isso que, ao longo do ano, o nível do
rio varia de acordo com a estação. No Brasil, a maior parte das ba-
cias hidrográficas depende das chuvas para manter seus níveis de
água elevados.
As águas dos rios também podem ser alimentadas pelo dege-
lo encontrado no topo das montanhas, no chamado regime nival.
Com a chegada da primavera e do verão, o aumento da temperatura
média faz o gelo derreter. A água que escoa
ESB Professional/Shutterstock.com

com o derretimento faz aumentar a vazão


dos rios em seu caminho.
Também há o regime misto, no qual as
águas da bacia hidrográfica são alimentadas
tanto pelo regime pluvial como pelo nival.
Um bom exemplo é o Rio Amazonas: du-
rante o verão, ocorre o degelo no topo das
montanhas andinas, principalmente as que
se encontram no Peru, que conduzem suas
águas para o Amazonas, o qual também re-
cebe água proveniente da massa de ar equa-
torial continental, que provoca chuvas tor-
renciais durante o verão na região. Complexo de Conservação da Amazônia Central. Rio Amazonas.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 199

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Leitura
complementar Os rios e o relevo
Rio doce: águas subterrâneas Como vimos anteriormente, os agentes externos do relevo
apresentam um triplo trabalho no processo e na transformação
também estão contaminadas do relevo terrestre: inicialmente destrutivo, depois transportador
de detritos e, posteriormente, acumulador de sedimentos. Os rios
também seguem esse mesmo esquema e, ao fazê-lo, podem gerar
Um time de pesquisadores analisou a pre- benefícios ou problemas para as diferentes sociedades que estão li-
sença de metais pesados na água em três re- gadas diretamente a eles.
A área geográfica de um rio é constituída de diversas partes
giões diferentes da bacia do Rio Doce. As co-
e regiões. Ao longo do seu percurso, os rios atuam como agentes
letas foram feitas em Belo Oriente (MG), com destrutivos e construtivos, visto que desgastam e retiram materiais
amostras de poços, da água cedida pela prefei- das partes mais elevadas, próximo à nascente, transportando-os e,
posteriormente, depositando-os nas regiões onde o relevo apresen-
tura ou pela Samarco à população, do rio em ta inclinações mais suaves, próximo à foz.
Cachoeira Escura e nos distritos de Bugre e Na região do alto curso, área localizada junto à nascente —
Naque; em Governador Valadares (MG), fo- onde a inclinação do relevo é muito grande, fazendo com que o
deslocamento da água seja muito veloz —, o trabalho de erosão do
ram 16 pontos no distrito de Baguari, além rio é muito forte, escavando e aprofundando o leito de forma acen-
das Ilhas Fortaleza e Pimenta; e Colatina tuada e criando vales em forma de “V” profundos e com vertentes
(ES), na parte sul do Rio Doce, cerca de 427 íngremes. Essas áreas não são apropriadas para a navegação, porém
são perfeitas para geração de energia por meio da construção de
km de Mariana. usinas hidrelétricas.
A realidade encontrada foi de agriculto-

Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com
res usando água sem saber que estão com altos
níveis de ferro e manganês. Em geral, a mesma
para a irrigação é usada também para beber.
Belo Oriente apresentou 5 pontos de co-
leta com valores de ferro e manganês acima do
permitido pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama). Em Governador Va-
ladares houve 12 pontos e, em Colatina, 10
pontos com os valores acima do permitido.
De acordo com o estudo, a água desses locais
Usina Hidrelétrica de Itaipu, Tríplice fronteira. (Brasil/Argentina/Paraguai).
não é adequada para consumo humano, e em
alguns casos, também não se recomenda a ir- Por outro lado, nas regiões do médio e do baixo curso, onde a
inclinação do relevo e a velocidade das águas são mais suaves, os rios
rigação das plantas – situação de alguns pon-
se prestam para a navegação, favorecendo a circulação de pessoas e
tos de Governador Valadares e Colatina. “Os mercadorias. Porém, existe, ao longo do seu trajeto em direção ao
resultados não são animadores. É preocupan- mar, uma área de grande esplendor no sentido da utilização. Nessa
região, a profundidade é muito pequena e a erosão se dá nas mar-
te a falta de informação das autoridades em re- gens (áreas de contato do rio com a terra firme), criando amplos
lação a questões fundamentais para a saúde da
população”, afirma Fabiana Alves, da Campa- 200 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra
nha de Água do Greenpeace.
Para saúde, o risco é de acumulação des-
ses metais no organismo ao longo do tempo, CG_6ºano_08.indd 200 07/03/2018 13:52:50 CG

considerando as altas doses a que as pessoas es- sam ser levadas a sério. Será que essas pessoas trevistados afirmaram terem alterado o tipo
tão expostas. O manganês pode causar proble- não se envergonham do que fizeram?”, ques- de cultivo e/ou criação realizada pela família
mas neurológicos, com sintomas da Síndrome tiona o coordenador do estudo, João Paulo após o incidente.” A produção, principalmen-
de Parkinson. Já o ferro, em quantidades acima Machado Torres. te de peixes e cabras, foi extremamente afeta-
das permitidas, está relacionado a problemas da pelo desastre, sendo que a criação de peixes
enzimáticos que danificam rins, fígado e o siste- Agricultura comprometida ou pesca praticamente desapareceu na Bacia.
ma digestivo. “Após o desastre, a lama se trans- As culturas e produções afetadas necessitam
formou numa poeira muito fina, que também Em curto prazo, o grande impacto tem de altas concentrações de água. “O rio foi feri-
pode ser inalada. A absorção pulmonar acaba sido na agricultura. Os pesquisadores apli- do de morte”, diz Torres.
sendo mais eficiente para o manganês”, diz o caram questionários com os pequenos pro- O estudo ainda demonstra que antes de
pesquisador André Pinheiro de Almeida. dutores rurais dessas localidades para anali- romper a barragem, 98% dos entrevistados
“O quadro dessa tragédia deixa uma cica- sar como seus modos de vida foram atingidos utilizavam água do Rio Doce para atividades
triz. As questões de água e saneamento preci- pela lama. Segundo o relatório, “88% dos en- econômicas do dia a dia. Após o desastre, ape-

200

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Afinal, numa tragédia desse tamanho,
não é possível imaginar que tudo estará nor-
vales em forma de “U”, largos e rasos. Nessa porção do espaço, o
mal em cinco ou dez anos. O metal não vai
rio mostra todo seu trabalho de construção do relevo, uma vez que,
ao ocorrerem cheias, as águas do rio transbordam, avançando so- deixar de ser metal nem sair do rio sozinho.
bre as terras próximas, depositando sedimentos sobre o seu leito A cada chuva, mais desses contaminantes
e espalhando-os sobre as terras que estão próximas, e assim geram
vastas planícies fluviais. Ricas em sedimentos e matéria orgânica,
que estão acumulados nas margens vão pa-
essas planícies de inundação são férteis e extremamente favoráveis rar nas águas.
à prática da agricultura. “A contaminação por metais pesados
Em algumas regiões do Planeta, a quantidade de sedimentos
depositada pelos rios na sua foz é tão grande que dá origem a eleva- pode ter consequências futuras graves para as
ções e entulhos de sedimentos. Isso faz, com o tempo, a água chegar populações do entorno, que necessitam de su-
até o mar passando por canais. porte e apoio pós-desastre. Isso deve ser arca-
Essas regiões são extremamente férteis e recebem o nome de
delta, termo derivado da letra maiúscula grega Δ (delta), pois o pri- do pela empresa e monitorado pelo governo
meiro delta estudado pelos gregos foi o do Rio Nilo, que apresenta brasileiro”, defende Fabiana Alves, da Campa-
uma grande semelhança com o formato dessa letra. nha de Água do Greenpeace Brasil.
Nasa

Nasa
Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/
Blog/rio-doce-guas-subterrneas-tambm-esto-contamin/
blog/59171/. Acesso em: 11/12/2017.

Anotações

Delta do Rio Nilo, Egito. Estuário do Rio da Prata, Argentina-Uruguai.

Pode acontecer de você morar numa cidade que é cortada por


um rio cuja foz não é em forma de delta, pois nem todos os rios do
Planeta apresentam foz em delta. Para se formar, é necessário que
a profundidade do leito seja pequena, não existam fortes corren-
tes marinhas, a quantidade de sedimentos depositados pelo rio na
foz seja muito grande, além de não haver inundação da foz pelo
mar, pois, quando isso ocorre, forma-se um longo canal afunila-
do por onde o rio passa a escoar suas águas para o mar. Essa foz
recebe o nome de estuário e é pobre em sedimentos, mas rica em
nutrientes, suspensos na mistura da água doce dos rios e salgada
do oceano ou mar.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 201

2:50 CG_6ºano_08.indd 201 07/03/2018 13:52:51

nas 36% continuam utilizando a mesma água. porque não conseguem mais produzir com o
Destes, 87% utilizam a água para irrigação. solo e a água que têm. Os mais afetados são
Quase 60% dos entrevistados considera a água aqueles localizados nas ilhas da região.
imprópria para uso, o que demonstra as incer- Fica constatado, portanto, que a empre-
tezas e falta de informação que ameaça o di- sa Samarco e suas controladoras Vale e BHP
reito das populações que vivem à beira do rio. necessitam arcar de maneira responsável com
“É uma água de péssima qualidade, com os estragos feitos. Ainda que a barragem te-
gosto e cheiro ruins, que inviabiliza o plan- nha se rompido em novembro de 2015, os da-
tio de muitas espécies. Elas morrem logo após nos continuam afetando a população até hoje.
as regas ou não se desenvolvem bem”, infor- Deve haver um esforço conjunto entre muni-
ma Almeida. Segundo ele, muitos agricultores cípios e a empresa responsável para monitorar
entrevistados têm passado dificuldades finan- o nível de contaminação da água e a saúde das
ceiras, quando não abandonaram suas terras, pessoas que dependem do Rio Doce.

201

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Diálogo com o
professor Nível de base e
Neste tema, é interessante que o aluno
preservação da
tome ciência da quantidade percentualmente vegetação das margens
pequena da água doce em estado líquido, para
Como vimos, ao seguir o caminho entre a nascente e a foz,
que este possa desenvolver um pensamento re- os rios escavam seu leito aprofundando vales. Essa escavação será
flexivo sobre a sua utilização e o desperdício. maior ou menor dependendo de diversos fatores, como volume do
fluxo de água, velocidade das águas, além da quantidade e dos tipos
Argumente que o Planeta apresenta a maior
de sedimento transportados. Ao longo do tempo, a escavação do
parte da água nos oceanos e mares, além das leito chega a um limite de profundidade intransponível, seja pela
geleiras e calotas polares. diminuição da força, pela rocha de seu leito ou pela inclinação, que
passa a ser nivelada ao mar. Quando isso acontece, dizemos que o
É interessante estabelecer um diálogo rio atingiu o seu nível de base, ponto mais baixo do vale que o rio
com o campo da Matemática para que, por pode escavar sem prejudicar o escoamento das suas águas.
meio de um estudo de proporção, o aluno per-

HVL
ceba a distribuição da água no Planeta e desta-
que a disponibilidade da água doce.

Anotações

Assoreamento e poluição do ribeirão Caladinho em Coronel Fabriciano, Minas Gerais.

Porém, o escoamento das águas de um rio pode ser prejudi-


cado pelo assoreamento do seu leito, que é a obstrução a partir
da deposição de sedimentos (areia ou detritos). Naturalmente, o
assoreamento do leito ocorre em virtude do acúmulo de sedimen-
tos transportados pelo próprio rio, porém a ação humana, pelo des-
matamento das matas ciliares (vegetação das margens do rio) para
prática da agricultura ou construção de habitações, tem provocado
a erosão das margens e o deslocamento de sedimentos para den-
tro do rio. Em casos muito graves, o assoreamento pode provocar a
mudança do curso do rio e até a morte dele.

202 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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C
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Cenário 5

Desperdício e
poluição das águas
do Planeta
A poluição dos oceanos é um grande problema ambiental. Ao
longo de muitos anos, pensou-se que o ser humano poderia conta-
minar as águas oceânicas sem acarretar prejuízos acentuados, por
conta da dimensão dessas extensões de água. Assim, ocorreu grande
lançamento de resíduos, dejetos e outros materiais diretamente no
oceano, ou seja, sem tratamento.
Outro fator que promove a poluição oceânica é a utilização
dessas águas como áreas de extração de recursos (pesca, recursos
minerais, etc.) e de navegação. Durante os séculos XV e XVI, a hu-
manidade vivenciou o período das Grandes Navegações, no qual os
oceanos se tornaram as vias para o escoamento de matérias-primas e
especiarias e para a descoberta, por parte dos europeus, de terras além
do Velho Mundo. Com o passar do tempo, o ser humano aprimorou
as técnicas da navegação e da engenharia naval, construindo grandes
embarcações capazes de transportar milhões de toneladas de merca-
dorias. Com isso, surgiu também a poluição dos mares. As principais
rotas comerciais de navios cargueiros são extremamente poluídas.
Trong Nguyen/Shutterstock.com

2:51
Rio poluído por esgoto em Hanói, Vietnã.

O desperdício de água potável é enorme, e o percentual de rea-


proveitamento é muito baixo, o que continuamente demanda mais
água. Segundo um relatório do Ministério das Cidades, o Brasil
desperdiça 41% da água tratada: a cada 100 litros de água tratada
fornecida, 41 litros são desperdiçados. Além disso, há o descaso de
pessoas que não zelam pelo melhor uso desse recurso, desperdiçan-
do-o dentro de casa, por exemplo. O quadro a seguir nos mostra
como podemos economizar água no nosso dia a dia.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 203

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Sugestão de
filme

Arve Bettum/Shutterstock

Monkey Business Images/Shutterstock


Ganges
Produtor: Ian Gray
Sinopse: Os hindus acreditam que o Rio
Ganges é um deus na natureza. Os três epi-
sódios que formam a série Ganges: o rio da
Feche a torneira enquanto escova os dentes. Assim, poderá
vida, produzida pelo canal inglês BBC, mos- economizar mais de 10 litros de água se escovar os dentes em
5 minutos.
tra como as paisagens — e as vidas — vão se
transformando ao longo do rio.

Monkey Business Images/Shutterstock


Anotações

Avise aos pais se encontrar alguma torneira pingando ou Ao tomar banho, passe menos tempo no chuveiro. Se um
encanamento vazando e peça que consertem. Uma torneira banho de 10 minutos passar a durar 5 minutos, serão econo-
que goteja desperdiça 45 litros em um dia. mizados mais de 50 litros de água por banho.
Semmick Photo/Shutterstock

Rozhkova Irina/Shutterstock

Horten/Shutterstock
No banheiro, evite dar descarga sem Se na sua casa tiver plantas, use um
Para limpar a calçada, não use água. necessidade e jamais jogue lixo no vaso regador para molhá-las, em vez de uma
Utilize apenas a vassoura. sanitário. mangueira.

A poluição é outro vilão para a degradação da água em nosso plane-


ta. Na poluição hídrica, podemos identificar fontes poluidoras perma-
nentes, como é o caso de casas, indústrias, minas, que, constantemente,
geram resíduos e os lançam no meio ambiente. Ou ainda fontes de polui-
ção pontuais, que ocorrem eventualmente, como a produção agrícola, o
escoamento da água da chuva por galerias. As consequências da poluição
das águas são inúmeras, tais como: ameaças à vida de plantas e animais,
transmissão de doenças, escassez de água e de alimentos, etc.

204 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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Geografia em cena

A primeira expedição sul-americana organizada para de-


finir de forma precisa onde nasce o Amazonas, realizada em
2007, voltou do Peru com uma estimativa que coloca o rio
como o mais extenso do mundo, com cerca de 6.800 km de
comprimento. Isso é mais que o Rio Nilo, no Egito, o antigo
campeão nesse quesito. Após os estudos, coordenados pelo
Instituto Geográfico Nacional do Peru (IGN) com participa-
ção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
foi possível concluir que a nascente fica na região do Neva-
do Mismi, uma montanha ao sul do Peru, e não no Monte
Huagra, mais ao norte daquele país, como os geógrafos pensa-
vam na década de 1960. Entretanto, mesmo circunscrevendo
a nascente à região de Mismi, ainda há dois lugares que são
candidatos a marco inicial do fluxo do rio mais caudaloso (e
agora mais extenso) do mundo: a quebrada de Carruhasanta,
ao sopé do Mismi, ou a quebrada Apacheta.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Acentuada: Marcante, saliente, nítida.
Contabilizarmos: Somarmos.
Íngremes: Extremamente inclinados.
Intransponível: Aquilo de que não se pode ir além.
Manutenção: Continuidade, conservação.

Aprenda com arte

2:53
Rango
Direção: Gore Verbinski.
Ano: 2011.

Sinopse: Rango é um camaleão da cidade grande que vai parar, após um acidente, em pleno velho
oeste, na cidade de Poeira no deserto do Mojave, na Califórnia. De uma hora para outra, sua rotina de
animal de estimação mudou radicalmente e agora ele precisa deixar a vida “camuflada” para enfrentar
os perigos existentes no mundo real.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 205

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205

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Morte e vida severina
Direção: Zelito Viana.
Ano: 1974.

Sinopse: O filme é baseado no livro homônimo escrito por João Cabral de Melo Neto, publicado em
1966, em forma de poesia dramática, que conta a saga de um migrante nordestino, por nome Seve-
rino, em busca de uma vida melhor no litoral. No decorrer da viagem, encontra diversas vezes com a
morte e com a miséria nos povoados por onde passa. E, por isso, Severino de Maria não sabe se ainda
vale a pena continuar vivo.

Encerramento
1 (Uespi–Adaptada) Em face da crescente demanda, a água vem se tornando uma preocupação para
os governos de diversos países do mundo. Com relação a esse tema, considere as afirmações a seguir.
1. Governos devem estabelecer políticas e começar a realizar investimentos em infraestrutura para a
conservação da água.
2. A falta de acesso à água poderá constituir-se num grave problema, pois gerará fome e doenças.
3. Na ausência de uma ação organizada para economizar água, as mudanças climáticas e o crescimento
populacional criarão uma enorme escassez desse recurso natural.
Estão corretas:
a. 1 e 3.
b. 2 e 4.
c. 2 e 3.
d. 3 e 4.
e. X 1, 2 e 3.

2 Escreva, com suas próprias palavras, sobre a importância da água para as diferentes sociedades.
Sugestão de resposta: O aluno deve considerar que toda atividade humana é dependente das fontes de

água independentemente do grau de desenvolvimento humano ou tecnológico.

3 (PUC–Rio) Um rio é a corrente líquida da concentração do lençol de água num vale. As sinuosi-
dades descritas por ele, formando, por vezes, amplos semicírculos em zonas de terrenos planos ou em
outros cujo vale se acha profundamente escavado são chamadas de quê?
São chamadas de meandros.

206 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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206

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4 Observe a imagem abaixo e preencha os retângulos com os respectivos tipos de ação realizada pelas
águas dos rios.
erosão

assoreamento

transporte

5 Observe os dois desenhos abaixo. Eles mostram o mesmo espaço: um rio e suas áreas marginais.
Contudo, a primeira imagem apresenta o espaço natural sem a intervenção da sociedade. Já a segunda
imagem mostra o espaço modificado pela sociedade: a vegetação foi cortada, e o rio foi aterrado.

Utilizando o conhecimento produzido em sala e a sua sabedoria, aponte que problemas irão ocorrer
nessa área após a transformação.
Essa área estará sujeita a inundações, haverá um aumento de temperatura da região além da possível

poluição do rio.

6 (Enem) Considerando a riqueza dos recursos hídricos brasileiros, uma grave crise de água em nosso
país poderia ser motivada por:
a. reduzida área de solos agricultáveis.
b. ausência de reservas de águas subterrâneas.
c. escassez de rios e de grandes bacias hidrográficas.
d. falta de tecnologia para retirar o sal da água do mar.
e. X degradação dos mananciais e desperdício no consumo.

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 207

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207

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Sugestão de
abordagem 7 (Ufpel) Os rios constituem um elemento essencial para o ser humano, desde os primórdios da
humanidade até os dias atuais. Além de sua importância natural, destaca-se também sua funcionali-
dade política, econômica e social. Os rios são correntes de água doce que se formam a partir de uma
Professor, recomendamos construir jun- precipitação (chuva ou neve) ou de fontes naturais. Em uma bacia hidrográfica, é possível identificar
tos com os alunos uma maquete na qual o cur- diferentes elementos e características no percurso de um rio.

so do rio é mostrado desde seu nascimento até


o seu desague, como na imagem ao lado. 6

3
Anotações 4

5 1

Com base nos dados acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa que apresenta a relação
correta dos elementos e das características identificados na figura.

a. (4) Nascente, (3) Afluente, (2) Meandro, (1) Foz em Delta, (5) Margem esquerda e (6) Margem
direita.
b. X (6) Nascente, (2) Afluente, (4) Meandro, (1) Foz em Delta, (5) Margem esquerda e (3) Margem
direita.
c. (4) Nascente, (2) Afluente, (5) Meandro, (1) Foz em Delta, (6) Margem esquerda e (3) Margem
direita.
d. (6) Nascente, (3) Afluente, (2) Meandro, (4) Foz em Delta, (5) Margem esquerda e (1) Margem
direita.
e. (2) Nascente, (1) Afluente, (4) Meandro, (3) Foz em Delta, (6) Margem esquerda e (5) Margem
direita.

8 (Unopar) A expressão bacia hidrográfica pode ser entendida como:


a. X o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um rio principal e seus afluentes.
b. a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus afluentes no período normal de chuvas.
c. o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito dos rios quando o nível de água é baixo.
d. o aumento exagerado do volume de água de um rio principal e seus afluentes quando chove
acima do normal.
e. o lago formado pelo represamento das águas de um rio principal e seus afluentes.

208 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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C
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9 Os processos exógenos são aqueles que acontecem na superfície da Terra. Observe as duas colunas.
A primeira coluna mostra as principais causas modeladoras do relevo terrestre e a segunda coluna indi-
ca suas consequências. Relacione-as.

Coluna 1
1 A água das chuvas.
2 A água dos mares.
3 A água dos rios.
4 O gelo.
5 O vento.

Coluna 2
As águas carregam os sedimentos e a matéria orgânica da vegetação, que vão se acumulando e
formando as planícies. A ação erosiva da água pode escavar o leito formando vales.
A ação constante da água sobre o relevo provoca desgastes nas rochas e transporta partículas de
áreas mais altas para as áreas mais baixas.
O deslizamento das altas montanhas carrega sedimentos de uma parte elevada e deposita-os em
áreas mais baixas.
É responsável pelo desgaste das rochas e transporte de sedimentos. Pode fazer buracos e modelar
formas curiosas nas rochas.
As forças das águas podem quebrar partículas de rochas e depositá-las nas regiões costeiras, for-
mando as praias.

Marque a sequência correta.

a. X 3, 1, 4, 5, 2. b. 1, 2, 3, 4, 5.
c. 1, 2, 5, 4, 3. d. 5, 3, 4, 1, 2.
e. 4, 3, 1, 2, 5.

10 O texto abaixo nos conta um pouco da importância dos rios durante as primeiras épocas do nosso
país, quando os portugueses dominavam o Brasil. Leia-o com atenção para, em sequência, responder
aos itens.
2:55

“No princípio, os rios serviam apenas como ponto de referência para que os aventureiros empe-
nhados em meter-se mata adentro não se perdessem. Os vilarejos eram construídos sempre perto de
algum rio ou córrego. Dessa maneira haveria água suficiente para se banhar, matar a sede e cozinhar. A
água também servia para fazer funcionar engenhocas, como o moinho e o monjolo. Movidas pela força
física das águas, elas eram usadas para moer a mandioca, o milho e outros alimentos. Além disso, nas
margens dos rios também é mais comum encontrar animais para caçar e grande fartura de peixes, o que
completava a alimentação daquelas pessoas.”
(Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/a-historia-do-brasil-vista-das-margens-de-um-rio/. Acessado em 26/10/2012.)

Capítulo 8 – As águas do planeta Terra 209

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209

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a. Por que os primeiros vilarejos após a chegada dos portugueses foram construídos próximos a rios?
Para aproveitar a água, usando-a para beber, tomar banho, cozinhar, pescar e fazer funcionar equipa-

mentos que necessitavam desse recurso natural.

b. Pesquise o rio mais importante de sua região e cite alguns benefícios dele para sua comunidade.
Resposta pessoal. Professor, auxilie os alunos na pesquisa. Se possível, trabalhe com mapa como forma

de explorar a região onde vivem.

11 (Unirio) Os conflitos em torno da utilização das águas da Bacia do Rio Jordão e da Bacia dos rios
Tigre e Eufrates reforçam a previsão de alguns de que, no Oriente Médio, as futuras disputas não es-
tarão centradas no petróleo, mas na água, valorizada como elemento estratégico. A preocupação em
torno da água enquanto recurso se justifica, pois:
I. A água potável, além de não se distribuir igualmente pela superfície terrestre, é um recurso que
apresenta um ciclo natural renovável, mas exibe reservas limitadas.
II. Além do aumento de seu consumo devido ao crescimento populacional e das superfícies agrícolas irri-
gadas, intensifica-se a poluição dos mananciais, o que compromete as reservas hídricas do Planeta.
III. Apesar de a água doce representar mais da metade da massa líquida do Planeta, mais de 60% dessa
água não está disponível, pois está nas geleiras, calotas polares e nos lençóis profundos.
É(São) correta(s) a(s) afirmativa(s):
a. I apenas.
b. II apenas.
c. X I e II apenas.
d. II e III apenas.
e. I, II e III.

210 Capítulo 8 – As águas do planeta Terra

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210

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BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 9 (EF06GE05) Relacionar padrões climáticos,


tipos de solo, relevo e formações vegetais.
A atmosfera e o (EF06GE13) Analisar consequências, vanta-
gens e desvantagens das práticas humanas na
clima Chuvas e trovoadas na atmosfera terrestre sobre o
Oceano Pacífico. Fotografia tirada a bordo do ônibus dinâmica climática (ilha de calor etc.).
espacial Discovery, a 130 milhas náuticas de distância.

Objetivos
pedagógicos

• Reconhecer a importância climática e suas


dinâmicas na eterna relação das sociedades com
a natureza.
• Perceber as formas pelas quais o clima inter-
fere nas dinâmicas das diferentes sociedades.
• Identificar as diferentes camadas da atmosfe-
ra, sua composição e suas principais proprieda-
des e características.
• Diferenciar os fenômenos e as escalas tempo-
rais que definem o tempo e o clima.
• Compreender a geração do calor atmosféri-
co a partir da emanação dos espectros da radia-
ção solar.
• Entender a relação entre a latitude e tem-
peratura, destacando as suas principais
características.
O que é clima? Qual é a
• Correlacionar a altitude e a distribuição de
sua relação com as diferentes massas líquidas com a variação da temperatu-
vegetações? De que forma os seres
humanos se relacionam com o clima? ra e da climatologia.
Qual é a importância das formações
vegetais para a sociedade? Como estão
• Compreender a relação existente entre a ve-
sendo utilizadas? São essas perguntas getação e a temperatura/climatologia.
que procuraremos responder
neste capítulo. • Entender a dinâmica das correntes marinhas
na formação da umidade dos climas das regiões
Nasa

próximas às suas passagens.


• Compreender os mecanismos e consequên-
cias das brisas diurnas e das monções de verão.
CG_6ºano_09.indd 211 07/03/2018 13:56:26 • Compreender os mecanismos e as conse-
quências das monções de inverno.
Anotações

211

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Diálogo com o
professor Cenário 1

É importante fazer com que o aluno


possa compreender o significado da atmosfera
A camada que
e a sua importância para a vida na Terra, a envolve a Terra
partir da identificação da sua composição.
Para que se possa atingir esse objetivo, um tra- A composição da
balho conjunto com a Química é interessante,
pois esse campo pode dar conta das proprie-
atmosfera
A atmosfera é o envoltório gasoso do nosso planeta, compos-
dades de cada um dos gases que a compõe.
ta, principalmente, de nitrogênio (78,08%), oxigênio (20,95%) e
Leve o aluno a refletir sobre a impor- argônio (0,93%), além de outros gases (0,17%). Veja, na tabela a
tância de algumas camadas da Terra e dentre seguir, os principais gases atmosféricos:
estas sobre o papel desempenhado pela tro- COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA
posfera na manutenção da vida. Para tornar Gás Porcentagem
mais clara e significativa essa abordagem, Nitrogênio 78,08
estabeleça um diálogo com a Física no sen- Oxigênio 20,95
tido de explicar a relação entre altitude e fe-
Argônio 0,93
nômenos ocorridos, e também com a Quí-
Dióxido de carbono 0,035
mica, que pode tratar das propriedades e
Neônio 0,0018
composição das camadas.
Hélio 0,00052
Metano 0,00014
Anotações Criptônio 0,00010
Óxido nitroso 0,00005
Hidrogênio 0,00005
Ozônio 0,000007
Xenônio 0,000009

O oxigênio é o gás mais importante para a manutenção da vida


na Terra. Esse elemento participa de maneira relevante no ciclo da
vida, atuando na respiração celular dos organismos.
Durante muito tempo, atribuía-se às florestas a principal fonte de
oxigênio em nosso planeta. Contudo, apesar de elas emitirem oxigê-
nio, a principal fonte desse gás vital são os oceanos, por meio de algas e
micro-organismos. Encontrados na superfície dos oceanos, esses seres
vivos microscópicos — mais conhecidos como fitoplânctons — pro-
duzem, por fotossíntese, mais oxigênio do que absorvem.

212 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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Lilyana Vynogradova/Shutterstock.com

Proliferação de algas no Golfo da Finlândia. O fenômeno, observado desde 1990, é causado


principalmente pelo alto nível de poluição industrial.

Devido à sua grande capacidade fotossintética, os fitoplânc-


tons são responsáveis pela produção de, aproximadamente, 90%
do oxigênio encontrado na atmosfera. Por isso, devem-se manter
as águas oceânicas limpas, livres de resíduos, para que a principal
fonte de oxigênio não seja comprometida e, consequentemente, a
vida das espécies.

As camadas
atmosféricas
A atmosfera é composta de cinco camadas:
6:26
Troposfera: é a camada mais próxima da Terra, onde vivemos
e respiramos. É nela que ocorrem os chamados fenômenos meteo-
rológicos, como relâmpagos e tempestades.
Estratosfera: é a camada posterior à troposfera e nela locali-
za-se a camada de ozônio, responsável por proteger o Planeta dos
raios ultravioleta advindos do Sol.
Mesosfera: situada após a estratosfera, é uma camada bastante
fria e cujas temperaturas reduzem à medida que a altitude aumenta.
Termosfera: situada após a mesosfera, é a camada mais exten-

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 213

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213

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Exosfera/
magnetosfera Sonda espacial

500 km
Ônibus espacial

Termosfera
sa. Nela, o ar é bastante rarefeito, e as temperaturas
ondas de rádiosão as mais ele-
Reflexão das

vadas da atmosfera. Essa camada é rica em íons (partículas eletrica-


mente carregadas), sendo uma condutora de eletricidade, por isso
é também chamada
95 ºC ionosfera. Essa característica permite refletir
ondas de rádio, possibilitando as telecomunicações.

Manamana/Shutterstock.com
80 km
Mesosfera

5 ºC

50 km Nevens
geradas
Balões por
Aviões supesônicos explosões
meteorológicos
Estratosfera
atômicas
Nuvens nimbus
Fenômenos
Camada de ozônio de precipitação
Aviões de
60 ºC
12 km
Radiotelescópio do Observatório Nacio-
passageiros

nal, Deserto do Novo México, EUA.


Tempestades Monte Everest
Troposfera
Exosfera:
Balões
éa
0 km 20 ºC camada mais distante da Terra e mais próxima
8.848 m
tripulados

do espaço sideral. O ar é bastante rarefeito, predominando os gases


hélio e hidrogênio em baixíssima concentração.

Camadas Altitude Temperatura

800 km
1.000 ºC
Exosfera/
800 km
magnetosfera Sonda espacial

6.738 km
500 km
Ônibus espacial

Composição do ar Termosfera
até cerca de 100 km
Reflexão das
ondas de rádio
de altitude
Nitrogênio 78,0084%

Oxigênio 20,946% 95 ºC

Argônio 0,934% 80 km
Outros 0,036% Mesosfera

5 ºC

CG

50 km Nevens
geradas
Balões por
Aviões supesônicos explosões
meteorológicos
Estratosfera
atômicas
Nuvens nimbus
Fenômenos
Camada de ozônio de precipitação
Aviões de
60 ºC
12 km
passageiros

Tempestades Monte Everest


Troposfera
Balões
20 ºC
8.848 m
0 km tripulados

Camadas da atmosfera – fenômenos at-


mosféricos e uso humano.

214 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima


800 km

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214

Composição do ar
até cerca de 100 km
ME_CG_6ºano_09.indd 214 de altitude 29/03/2018 11:45:32
Diálogo com o
professor
Cenário 2

O clima Geografia em cena


Destaque o aumento da temperatu-
ra global como centro das discussões. Apre-
sente para o aluno as principais consequên-
Qual é a diferença entre O nome clima vem do
termo grego klíma, que se cias desse problema ambiental. Por exemplo,
tempo e clima? refere à inclinação do eixo
de rotação da Terra, respon- o avanço do mar, secas em regiões onde não
sável, junto ao movimento ocorriam, ciclones e furacões fora de época
É comum a confusão entre os conceitos de clima e tempo. Por de translação, pela variação
isso, o primeiro passo para compreendermos a climatologia de e em regiões onde nunca houve registros de
da quantidade de calor re-
qualquer lugar é saber diferenciar esses dois conceitos. cebido do Sol. tais eventos, etc.
Tempo é o estado da atmosfera no momento da observação.
Varia de um dia para o outro ou ao longo do mesmo dia. É a com-
binação passageira dos elementos do clima, ou seja, temperatura do
ar atmosférico, umidade e pressão, e reflete apenas o momento da Anotações
atmosfera de um lugar.
Já o clima diz respeito a algo permanente, e não momentâneo
como o tempo. Trata-se da sucessão habitual dos tipos de tempo em
uma determinada região e num período maior. O clima, então, é o
conjunto duradouro de fenômenos meteorológicos que caracteri-
zam a atmosfera de um lugar.
Para se estabelecer o clima de um local, são necessários, em mé-
dia, 35 a 40 anos de observação do tempo daquela região. Assim,
pode-se ter clareza da repetição ou regularidade com que ocorrem
os tipos de tempo desse lugar, tornando possível prever os períodos
chuvosos, secos, de altas e baixas temperaturas, etc.
FloridaStock/Shutterstock.com

Urso-polar e filhote procurando blocos de gelos maiores no Oceano Ártico ao norte da Norue-
ga. Derretimento provocado pelas mudanças climáticas.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 215

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:27
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Sugestão de
abordagem O clima e o tempo
É interessante expandir o tema para um
geológico
debate. Se achar pertinente, solicite aos alunos Ao longo da história da Terra, o clima das mais diversas regiões
reportagens (de jornais, revistas ou da Inter- foi sendo alterado de acordo com as profundas transformações que
nosso planeta sofria. A Paleoclimatologia é a ciência que estuda os
net) que tratem das alterações ambientais re- climas das eras geológicas passadas. Tal estudo permite um melhor
gistradas nos últimos tempos. conhecimento do clima atual e suas perspectivas de mudança para
os próximos séculos, pois, nos últimos bilhões de anos, o clima ter-
É importante manter um planejamento
restre passou por mudanças, em geral, cíclicas (que se repetem con-
com o professor de Ciências para atividades tinuamente). O clima do Planeta foi marcado por períodos frios,
interdisciplinares. A questão dos gases atmos- chamados de glaciais, e períodos mais quentes, chamados de in-
terglaciais. Hoje, vivemos uma fase interglacial, que começou por
féricos e da própria vida marinha, por exem- volta de 10 mil anos atrás.
plo, pode ser utilizada como ponto de partida. A última glaciação ocorreu na última parte do Período Pleis-
toceno, entre 110.000 e 10.000 a.C., e cobriu o norte do Planeta
com uma camada de gelo, aproximadamente, de 3 km de espessura.
Essa glaciação foi comprovada utilizando a técnica de sonda-
Diálogo com o gem realizada no Ártico e na Antártida, onde os cientistas extraí-
ram, das calotas polares, colunas de gelo para serem analisadas em
professor laboratório. Os pesquisadores observaram que as camadas de gelo
mais novas estão próximas da superfície, e as mais antigas estão a
maiores profundidades — estima-se que, nas calotas polares, exis-
O efeito estufa e a redução dos raios ultra- tam cerca de 100 mil camadas. A partir de análises como essa, os
paleoclimatologistas conhecem a composição atmosférica do clima
violetas na superfície da Terra são exemplos de do passado.
assuntos capazes de despertar a curiosidade dos

meunierd/Shutterstock.com
estudantes, explore-os no decorrer do capítulo.

Anotações

Geleira localizada no Parque Nacional Los Glaciares, na província de Santa Cruz, Argentina. É
uma das atrações turísticas mais importantes da Patagônia Argentina.

As eras do gelo são momentos cíclicos caracterizados por uma


queda acentuada na temperatura média da Terra, fato que permite
a expansão das geleiras até as latitudes baixas. Elas ocorrem em in-
tervalos de 40 a 100 mil anos.

216 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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C
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Cenário 3

Elementos
climáticos
fundamentais
A temperatura
A temperatura média em nosso planeta é de 14 graus Celsius. Geografia em cena
Como é gerada e mantida essa temperatura? Aprendemos que a
radiação solar atravessa a atmosfera em forma de luz. Quando re- É importante lembrar
fletida pela superfície terrestre, essa luz promove geração de calor, que as variações de tempe-
aquecendo a troposfera de baixo para cima. Dessa forma, temos o ratura existentes no Planeta
calor por conta da irradiação (ou reflexão) dos raios solares. Esse são ocasionadas pela órbi-
fato tem relação direta com a esfericidade da superfície que reflete ta-elipse dos polos e pela
a radiação solar. inclinação do eixo da Terra.
A variação da temperatura pode ocorrer dependendo da locali-
zação geográfica e da circulação atmosférica, podendo ser registra-
da por meio de um instrumento conhecido por termômetro.
A temperatura é medida por meio de escalas. Entre elas, as
escalas Fahrenheit (°F), Kelvin (K) e Celsius (°C), esta última
adotada no Brasil.

Precipitação
atmosférica
A radiação solar aquece a superfície terrestre e as massas líqui-
das do Planeta, provocando a evaporação da água. As partículas de
vapor sobem em direção à atmosfera terrestre e se aglomeram com
as demais partículas em suspensão, formando, assim, as nuvens.
A quantidade de partículas de água em estado gasoso na atmos-
6:28
fera determina a umidade do ar. Esse é um indicador importante
para se prever possibilidades ou não de chuvas, visto que, quanto
maiores forem esses percentuais, maiores serão as chances de ocor-
rências pluviométricas (chuvas).
As nuvens, quando carregadas de grande volume de umidade, po-
dem precipitar-se (lançar-se) de três formas, de acordo com a tempera-
tura: chuva, granizo e neve. A precipitação faz parte do ciclo hidroló-
gico e é fundamental para a devolução da água evaporada da superfície
da Terra, pela radiação solar, para o ponto inicial do ciclo.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 217

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217

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Diálogo com o
professor As chuvas
As chuvas são classificadas em três tipos: frontais, orográficas
Faça com que o aluno estabeleça parâ- e convectivas.
As chuvas frontais ocorrem quando há o encontro de duas
metros para compreender a variação da tem-
massas de ar com características de temperatura e umidade diferen-
peratura, de acordo com a altitude e as con- tes, isto é, elas ocorrem com o choque de uma massa de ar quente
sequências dessa variação. Para isto, utilize os (úmida) com outra fria (seca). Nesse encontro, há a condensação
das gotículas de água existentes em ambas as massas de ar. Assim,
conhecimentos de Física e Química, já que é a quando o ar quente e úmido sobe para a atmosfera, ele se resfria e,
rarefação de gases que acarreta a diminuição consequentemente, condensa-se, gerando as chuvas frontais. Essas
da temperatura e da pressão. chuvas são as mais comuns no Brasil, principalmente quando há
o avanço de frentes frias originadas nos polos em direção à região
tropical, onde predominam massas quentes e úmidas.
Sugestão de
abordagem

Utilize fotos de locais com altitudes di-


ferentes para que o aluno entenda as dife-
renças de ambientes climáticos. Para que o
aluno perceba a relação climática com a con-
tinentalidade e maritimidade, recorra a bole-
tins do tempo que mostrem a maior e a me-
nor temperatura ao longo das 24 horas de Encontro entre massa de ar fria e massa
de ar quente provoca chuvas frontais,
locais à beira-mar e na região do Brasil Cen- principalmente em regiões tropicais.
O segundo tipo de chuva é a orográfica, ou de relevo. Nesse caso,
tral ou do sertão. a formação das chuvas é influenciada pelo relevo terrestre. Por exem-
plo, quando, ao avançar, uma massa de ar quente e úmida, barlavento,
se depara com um planalto, uma montanha ou qualquer barreira na-
tural que interfira no seu deslocamento, tal massa é obrigada a ganhar
altitude. Assim, à medida que ela amplia sua altitude, a temperatura do
Anotações ar tende a diminuir, bem como a sua umidade. Dessa forma, a massa
carregada de umidade irá se condensar, gerando a chuva. A sota-vento,
Ilustração de chuva orográfica. o ar passa seco, pois a umidade fica a barlavento.

218 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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C
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Já a chuva convectiva é determinada pela subida do ar quente,

manfredxy/Shutterstock.com
muito comum em ambientes quentes (equatoriais e tropicais). A
alta temperatura faz o ar, carregado de umidade, subir para altas
altitudes da troposfera. Ao ganhar altitude, essa umidade é conden-
sada devido à baixa temperatura das camadas mais altas da atmosfe-
ra, provocando a chuva convectiva. Esse tipo de chuva é muito co-
mum na Amazônia, pois as florestas transpiram bastante, processo
chamado de evapotranspiração.
O pluviômetro é um instrumento utilizado para registrar o
volume de chuva ocorrido em um determinado espaço. Cada cen-
tímetro preenchido por água, no pluviômetro, representa um litro
de chuva por metro quadrado.

Pluviômetro – mede a quantidade de chu-


va em ml por m².

Ilustração de chuva convectiva. Chuvas de convecção também são chamadas de chuvas de ve-
rão na Região Sudeste do Brasil.

Granizo
Stockimo/Shutterstock.com

Na precipitação em forma de granizo, a água é condensada


em forma de pedras irregulares (de tamanhos variados) de gelo. O
6:28
granizo se forma em nuvens de tempestades, com correntes ascen-
dentes de água no estado líquido para as áreas de condensação das
nuvens, que possuem temperaturas abaixo de 0 grau Celsius (0 °C).
Esse tipo de precipitação é muito comum em latitudes médias e no
interior do continente. No Brasil, tal precipitação ocorre, princi-
palmente, no Sudeste e no Sul do País.
Os impactos que a precipitação em forma de granizo podem
provocar são inúmeros, desde a destruição de plantações e de bens
Grão de gelo após chuva de granizo.
materiais, como lataria de carros e telhados, até danos a aeronaves.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 219

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219

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Sugestão de
leitura Neve
A neve ocorre principalmente em latitudes médias e altas, pois
Vegetação e atmosfera requer uma baixa temperatura para seu desenvolvimento. Ela é
Autor: Bernard Saugier composta de cristais de gelo, ou seja, forma cristalina de água con-
Sinopse: Sobre aos riscos de aquecimento do gelada.
No Brasil, essa precipitação praticamente só ocorre nos estados
Planeta, Bernard Saugier, especialista em Eco- do Sul, graças à combinação de alguns fatores climáticos. O primei-
logia Vegetal, interroga-se: conseguirá a vegeta- ro é a latitude. A maior parte do território sul do País encontra-se
na zona temperada. O segundo fator é a altitude, pois parte do ter-
ção moderar esse aquecimento fixando maiores
ritório regional é composto por planaltos e serras. E o terceiro é a
quantidades de carbono? Bernard Saugier, an- influência das baixas temperaturas da massa polar atlântica.
tigo aluno da École Normal Supérieur e dou-

Vadym Lavra/Shutterstock.com
tor em Física, dedicou-se à Ecologia no fim dos
seus estudos, tendo se especializado em Micro-
meteorologia e Ecofisiologia Vegetal. Estuda as
trocas gasosas (gás carbônico e vapor-d’água)
entre a vegetação e a atmosfera.

Atmosfera, tempo e clima


Autores: Roger G. Barry e Richard J. Chorley
Sinopse: A vegetação terrestre desempenha Precipitação na forma de flocos de neve.

um papel essencial no equilíbrio atmosférico.


Um equilíbrio que, hoje em dia, encontra-se Pressão atmosférica
ameaçado pelo forte aumento do gás carbôni-
Há, sobre nosso corpo, uma pressão, pois o ar atmosférico tem
co provocado pelas atividades humanas. peso. Imagine cerca de 500 km de espessura de gases sobre nosso
corpo. Chamamos isso de pressão atmosférica.
Por que não sentimos essa pressão? Não somos esmagados pela
pressão atmosférica devido ao ar presente no interior de nosso cor-
po e ao equilíbrio entre a pressão exercida de fora para dentro e a
Anotações de dentro para fora do corpo, esta exercida por uma rede interna de
vasos capilares.
A pressão atmosférica varia conforme características de latitu-
de e altitude. De acordo com a temperatura média de uma região,
há maior ou menor pressão atmosférica.
Na altura da Linha do Equador, as médias térmicas são sem-
pre elevadas, e a pressão atmosférica é baixa. Isso ocorre porque
as moléculas do ar atmosférico estão mais agitadas, o que as torna
menos densas. Já nas áreas cortadas pelos Trópicos de Câncer e de
Capricórnio — ambientes mais frios —, a pressão é maior, pois as
moléculas estão concentradas, tornando-as mais pesadas.

220 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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A pressão atmosférica também está relacionada à altitude: à

Andrei Mayatnik/Shutterstock.com
medida que a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, por-
que diminui a coluna de ar sobre o corpo. Já nas áreas próximas do
nível do mar, a pressão atmosférica é bem maior, devido à coluna de
ar que aumenta, exercendo maior pressão sobre o corpo.
Em 1643, o cientista italiano Evangelista Torricelli criou um
instrumento para medir a pressão atmosférica, o barômetro. A me-
dição é feita pelos efeitos da pressão que impulsiona um líquido
dentro de uma coluna. Quanto maior for a pressão, mais o líquido
irá subir dentro do cilindro e vice-versa. Barômetro.

Cenário 4

Interferência dos
fatores geográficos
sobre o clima
Latitude
Para compreender o clima, é preciso saber que entre os fatores
mais importantes para a determinação de um clima está a quantida-
de de luz solar que cada região do Planeta recebe ao longo do ano,
ou fator latitude.

fluidworkshop/Shutterstock.com
Inclinação
axial Eixo de rotação
Cír
cul
oP
ola

rtic
Tró o
p ico Luz do Sol
de

nce Plano elíptico
Eq r
uad
or
Tró
pico
Cír de
Ca
cul pri
cór
oP nio
ola
rA
ntá
rtic
6:29

Inclinação orbital

Lembremos que a latitude é a distância em graus de um ponto


qualquer da Terra em relação à Linha do Equador. Pode ser Norte
ou Sul e vai de 0° a 90° em cada um dos hemisférios.
Entre latitude e média térmica, há uma relação inversa; sendo as-
sim, quanto maior a latitude, menor será a média térmica e vice-versa.
Isso ocorre como decorrência de dois fatores:

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 221

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221

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1) a curvatura da esfera terrestre acarreta uma maior inclinação
da incidência da luz solar sobre o solo à medida que nos afastamos
do Equador; 2) próximo aos polos, em virtude da grande concen-
tração de gelo, neve, icebergs, há uma ampliação de superfície bran-
ca, ocasionando uma maior reflexão da luz.
Como observamos na página anterior, essa distribuição irregu-
lar da luz solar sobre a superfície do Planeta cria climas diferentes,
levando ao desenvolvimento das chamadas zonas climáticas, que
já estudamos em capítulos anteriores.
Contudo, convém salientar que fatores geográficos, como o re-
levo (altitude), a distância do mar, além da dinâmica das massas de
ar e das nuvens, criam diferentes climas em uma região.

Altitude
40

30 metros
20
Baixa pressão
Baixa temperatura Como já aprendemos, altitude é a distância em metros de
10
4.800
qualquer ponto da superfície da Terra em relação ao nível médio
0

40
dos oceanos.
Seu efeito sobre o clima ocorre da seguinte maneira: quanto
30 4.000

maior a altitude de um lugar, menor é a sua temperatura. Você pode


20

10
0 3.100 perceber isso se algum dia for à cidade de Triunfo, em Pernambu-
co, que está a 1.200 m de altitude, e comparar a temperatura dessa
cidade com a da cidade vizinha, Serra Talhada, cuja altitude é em
torno de 400 m. O mesmo ocorre em cidades como Gramado, no
40 2.400
30

20 Rio Grande do Sul; São Joaquim, em Santa Catarina; e São José dos
Alta pressão
10 1.600
Campos, em São Paulo.
Alta temperatura O normal é que, para cada 180 m de altitude, a temperatura
0

800 do ar diminua em média 1 ºC. Isso se explica pelo aquecimento


da atmosfera, de baixo para cima, por meio da irradiação solar. Ao
mesmo tempo, as camadas mais altas da atmosfera possuem menor
quantidade de gases (ar rarefeito) e, por isso, retêm menos o calor
0
Variação da pressão atmosférica pela alti-
tude. devolvido pelo solo. Assim, quanto mais alto, mais frio.

As massas de ar
Essas mudanças dependem do deslocamento das massas de ar,
que nada mais são do que porções do ar atmosférico com diferentes
características de umidade e temperatura e que, ao se deslocarem
junto com os ventos, podem provocar alterações nas regiões pelas
quais passa. Por exemplo: no litoral nordestino, durante o outono
e o inverno, a passagem de uma massa de ar fria, a Polar atlântica,
acarreta diminuição da temperatura e chuvas, pois, ao entrar em
contato com os ventos quentes e úmidos vindos do oceano, provo-
ca condensação do vapor. De forma geral, as massas de ar carregam
as características de temperatura e umidade das áreas onde foram

222 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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222

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formadas e podem levar essas características para outras regiões,
provocando momentaneamente alterações na atmosfera.
A climatologia identifica dois tipos de massas de ar: as oceâni-
cas, que geralmente são úmidas, e as continentais, que normalmen-
te são secas (aquelas que surgem sobre as áreas de densas florestas,
porém, fogem à regra em virtude do vapor liberado pela cobertura
verde).
Sobre o território brasileiro, atuam cinco massas de ar. Qua-
tro são quentes, sendo três delas — Equatorial continental (mEc),
Equatorial atlântica (mEa) e Tropical atlântica (mTa) — quentes e
úmidas, e uma — Tropical continental (mTc) —, quente e seca; e
apenas uma é fria, a Polar atlântica (mPa).

Brasil – Massas de ar
Influência das
mEa massas de ar no
território brasilei-
Alí
si os do
Nordeste
ro no inverno e no mEa
verão.
mEc
mEc

O L

S
Equatorial
atlântica

Equatorial Equatorial
continental atlântica
mTc
Tropical Equatorial
atlântica continental
Tropical Alísios de
sudeste Tropical
continental
atlântica
mPa
Polar
Tropical
atlântica
continental

Massa de ar no inverno. Massa de ar no verão.

Convém salientar que uma massa de ar, ao se deslocar da sua


área de origem em direção a outras áreas, vai perdendo aos poucos
as suas características originais de temperatura e umidade e assu-
mindo as características dessas novas áreas.

Correntes marítimas
Assim como as massas de ar, as águas oceânicas estão em cons-
tante circulação, deslocando-se entre os oceanos. Ao fazerem isso,
elas conduzem as características climáticas do ponto de origem, in-
fluenciando também o clima da região que recebe sua atuação. As
correntes marítimas podem ser quentes ou frias.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 223

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223

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Efeitos da corrente marítima de Humboldt
Andes
1 2 3

Massa de Precipitação Massa de


ar úmido ar seco

Deserto de
Atacama

Corrente fria
de Humboldt

Na costa oeste da América do Sul, a corrente de Humboldt,


a mais fria do mundo, exerce uma enorme influência sobre o clima
do Chile e do Peru. Por ser rica em plâncton — micro-organismo
que é base da cadeia alimentar marinha, servindo de alimentação
para peixes —, essa corrente alimenta a indústria pesqueira dos
dois países. Ela também interfere na formação do deserto mais seco
do mundo, o de Atacama (norte do Chile), além de provocar suas
neblinas e favorecer o processo de povoamento da região costeira
devido à riqueza de nutrientes das águas.

Correntes marítimas
o
150o 120o
o
60o 30o 0o 30o 60o
o
120o 150o
o
180 90 90 180
90
o
N

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C. do Labrador

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C. da t e
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o
30
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C. Norte Equatoria
rnia

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0
o C. das Monções Su
C. Sul Equatorial l Eq
C. S uato
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30
C.

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C. A
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lântico Sul
C.

C.

C. Ant
ár tica
C. Antá C. Antár tica
60
o
r tica

o
90
Correntes marítimas 0 2.663 km 5.326 km
Correntes quentes Correntes frias

224 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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224

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Diálogo com o

Proximidade e distância professor


do mar (maritimidade e Dê destaque na formação das áreas de-
continentalidade) sérticas a partir da influência das corren-
tes marinhas frias e leve o aluno a despertar
O mar e a terra (continentes e ilhas) se aquecem de forma desi-
gual, porque as águas se aquecem e se resfriam mais lentamente que para a relação de manutenção das caracterís-
a superfície sólida. Quando você tomar banho de mar à noite, nota- ticas climáticas (umidade e temperatura) de
rá que a água estará quente. Portanto, as áreas afastadas dos oceanos
uma região a partir da preservação da for-
sofrem o efeito da continentalidade, isto é, absorvem e perdem
calor muito rapidamente, sofrendo grande variação de temperatu- mação vegetal.
ra. Por outro lado, as áreas próximas ao oceano sofrem o efeito da
maritimidade, pois possuem temperaturas que pouco variam ao
longo do dia. Damos a essa variação de temperaturas entre os dias e Sugestão de
as noites e ao longo do ano o nome de amplitude térmica.
Portanto, quanto maior a distância de um lugar em relação ao
abordagem
mar, maior a diferença entre a temperatura do dia e da noite (em
geral os dias são quentes e as noites são frias). Você perceberá isso
quando visitar alguma cidade do Sertão nordestino, assim como Utilize um mapa-múndi com as prin-
Brasília e outras cidades da região Centro-Oeste. cipais correntes marinhas e assinale as áreas
dos principais desertos. Com certeza, a
Vegetação e temperatura maioria está próxima a áreas de passagens das
A cobertura vegetal que se distribui de forma desigual sobre correntes frias.
a superfície da Terra influencia o clima de duas formas diferentes.
Em áreas com muitas árvores, o contato dos raios solares com
o solo é menor, portanto a irradiação solar é menor. Com isso, os
Anotações
solos tornam-se menos quentes que nas áreas com vegetação mais
rala, pois estas possuem menor sombreamento e, portanto, uma
taxa de irradiação mais elevada.
Retirando água do subsolo pelas suas raízes e lançando parte
desta como vapor para a atmosfera por suas folhas, as formações
vegetais podem contribuir ao somar-se ao vapor liberado pelos ma-
res, lagos e rios para aumentar a umidade, dando origem a massas
de ar úmidas.
Dr Morley Read/Shutterstock.com

A neblina é um fenômeno atmosférico


causado pela condensação da umidade
no ar em forma de vapor.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 225

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225

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Diálogo com o
professor

Luciano Queiroz/Shutterstock.com
Mostre que os deslocamentos dos ventos
planetários seguem a lógica das diferenças de
pressão e são constantes, ao contrário dos ven-
tos locais. Dentro desse contexto, destaque
a dinâmica dos alísios e contra-alísios e suas Aridez da Caatinga. Semiárido nordesti-
consequências específicas (chuvas constantes no, Brasil.
Portanto, uma floresta mais densa retém mais calor no am-
e abundantes na região próxima ao Equador biente e sua evapotranspiração é capaz de aumentar a umidade re-
e a formação de manchas desérticas nas proxi- lativa do ar intensificando as nuvens e chuvas na região, como na
midades dos trópicos). Amazônia. As áreas de pouca vegetação têm menor capacidade de
retenção de calor e evapotranspiração, como na Caatinga.

Sugestão de Cenário 5
abordagem
Formação do vento
Utilize um mapa-múndi para ilustrar a di-
nâmica dos ventos alísios e contra-alísios para
e das brisas
depois delimitar as regiões desérticas formadas.
O vento
O vento, que tem o poder de modelar a superfície terrestre, é o
ar atmosférico em movimento.

Anotações A região receptora de ventos é chamada de área ciclonal, e a


região dispersora de ventos é denominada área anticiclonal. Dessa
forma, temos o princípio da circulação dos ventos, ou seja, seu
deslocamento se dá das áreas de alta pressão para as de baixa pres-
são. Os ventos são formados de acordo com as diferenças baromé-
tricas da Terra, tanto em escala global como em escala local. Para
que aconteçam fortes rajadas de vento, é necessária a existência de
grandes diferenças de pressão atmosférica na região.

Brisas marítima e
terrestre
Em regiões costeiras, há uma variação constante de tempera-
tura e pressão, desencadeando mudanças na direção dos ventos.
Sabendo que os ventos se originam em zonas de alta pressão at-
mosférica e que esses locais se caracterizam por apresentar baixas

226 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 226 07/03/2018 13:56:30

C
226

ME_CG_6ºano_09.indd 226 29/03/2018 11:45:42


temperaturas, compreende-se o fenômeno de ventos locais, tam-
bém denominados como brisas.
Em regiões de temperaturas elevadas, durante o dia, os ventos
se deslocam do mar em direção ao continente. Esse movimento é
conhecido por brisa marítima. Isso ocorre devido ao aquecimento
rápido da faixa de praia, reduzindo, consequentemente, a pressão
atmosférica do local. Enquanto isso, no mar, as temperaturas per-
manecem menores, o que provoca uma elevação da pressão, tornan-
do a área uma zona anticiclonal, ou seja, dispersora de ventos.
Já no turno da noite, o fenômeno se inverte. A faixa de areia
da praia resfria, ampliando a pressão atmosférica e tornando-a uma
área dispersora de ventos, visto que o mar se mantém aquecido de-
vido ao longo processo de exposição aos raios solares durante todo
o dia. Dessa forma, o fenômeno fica conhecido por brisa terrestre,
devido ao direcionamento dos ventos em direção ao mar.

Brisa marítima / brisa terrestre

Dia Noite
Ventos Ventos
+ Temperatura – Temperatura
– Pressão + Pressão

– Temperatura + Temperatura
+ Pressão – Pressão

Geografia em cena

O que é vento solar?


6:30
O vento, tanto na Terra como no Sol, é a deslocação das
massas de ar da atmosfera. No caso do Sol, o ar é composto
principalmente pelos gases hélio e hidrogênio, que se tornam
altamente energéticos pelo intenso calor da superfície da estre-
la. A concentração de energia vai aumentando em cada átomo
desses gases até que suas partículas consigam se libertar da força
gravitacional do astro, lançando-se em grande velocidade para
todas as direções — é o vento solar.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 227

CG_6ºano_09.indd 227 07/03/2018 13:56:30


227

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Ensaio geográfico
1 Leia os excertos abaixo e indique se eles se referem ao clima ou ao tempo em cada região. Justifique
sua resposta.

a. “Calor durante o ano todo e presença constante de Sol são importantes atrativos para o turismo no
Nordeste brasileiro. As praias mais populares, como a de Boa Viagem, no Recife, ficam cheias quase o
ano todo. A estação das chuvas é em julho e agosto, mas o Sol brilha muito nos outros meses.”
(Fonte: Atlas National Geographic: Brasil, vol. 2. São Paulo: 2008.)

Clima. Refere-se às condições gerais, não se detendo ao processo de alterações constantes de estados

atmosféricos.

b. “Amanhã (20/10/2012): Nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas no norte de


Mato Grosso. Pancadas de chuva isoladas no norte e no leste de Goiás, Distrito Federal e no sul de
Mato Grosso do Sul. Tendência da temperatura: estável.”
(Fonte: Inmet, 19/10/2012.)

Tempo. Refere-se ao estado momentâneo da atmosfera dos estados do Centro-Oeste brasileiro e do

Distrito Federal.

c. “No triângulo entre São Joaquim, Urupema e Urubici, temperaturas abaixo de zero e neve ocasional
fazem a alegria dos turistas. A disputa pelo título de cidade mais fria do Brasil é acirrada (com dezenas
de pretendentes), mas Urubici se destaca por um centrinho agradável, boas opções gastronômicas,
pousadas de qualidade e uma natureza de recortes deslumbrantes.”
(Fonte: Site Viaje aqui, 19/10/2012.)

Clima. Determina as condições fixas da região, incentivando o turismo por suas condições climáticas.

228 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 228 07/03/2018 13:56:31 C


228

ME_CG_6ºano_09.indd 228 29/03/2018 11:45:43


2 Como aprendemos no início deste capítulo, os conceitos de clima e tempo são muito parecidos,
pois ambos envolvem os mesmos elementos, como umidade, temperatura e pressão, porém apresentam
uma diferença. Descreva-a.
O clima se dá pela constância das temperaturas médias e pluviométricas num períod, em média de 35

a 40 anos. Já o tempo é a observação momentânea da atmosfera.

3 Encontre, no diagrama, o nome de quatro fatores do clima.

L A T I T U D E Ç O N A T U R A L G

E S P A M A R I T I M I D A D E P T

C O N T I N E N T A L I D A D E F T

N C B V H F T T E R R I T O R I O P

A L T I T U D E G V H R T K H L O P

4 Observe as imagens e identifique a camada atmosférica representada em cada uma delas.


HYS_NP/Shutterstock.com

Vadim Sadovski/Shutterstock.com

Fesus Robert/Shutterstock.com

Estratosfera. Exosfera. Troposfera.

5 “Todos os seres vivos participam, de alguma forma e constantemente, do ciclo da água na natureza
porque consomem água do meio e liberam depois em decorrência de suas atividades vitais.”
Assinale:

a. X se a afirmação e a razão estiverem corretas.


b. se a afirmação estiver correta e a razão estiver errada.
c. se a afirmação estiver errada e a razão estiver correta.
d. se a afirmação e a razão estiverem erradas.
e. se a afirmação e a razão estiverem corretas, mas a razão não justificar a afirmação.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 229

:31 CG_6ºano_09.indd 229 07/03/2018 13:56:31


229

ME_CG_6ºano_09.indd 229 29/03/2018 11:45:43


6 Complete a cruzadinha seguindo as dicas abaixo.
Horizontais
1. Há milhões de anos, cobriu o Hemisfério Norte da Terra com uma grossa camada de gelo.
2. Responsáveis pelo aquecimento atmosférico da Terra, sendo emitidos de forma natural e, também,
pelos seres humanos em suas atividades urbanas e industriais.
3. Influencia na precipitação atmosférica e pode ser medida em escalas.
4. Tipo de precipitação atmosférica que, no Brasil, só ocorre na Região Sul.

2.
3. T E M P E R A T U R A

R
1. Verticais
B E 1. Processo em que o vento parte do continente
em direção ao oceano.
R S 2. É inversamente proporcional à altitude: é me-
nor nas áreas de grandes altitudes.
I S 3. É formado nas nuvens e cai na terra em forma
de pedras de gelo de diferentes tamanhos.
S Ã

A O

T A
3.
2. G A S E S E S T U F A

R R M

A R O

N E S

I S F

Z T É

O R R

4. N E V E I

1. G L A C I A Ç Ã O

230 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 230 07/03/2018 13:56:31 C


230

ME_CG_6ºano_09.indd 230 29/03/2018 11:45:44


Cenário 6 Cenário 6

A diversidade
climática mundial
Os tipos de clima
Tipos de clima no mundo
o o o
180 150 120 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o
90o
N

O L
60o
S

30o

0o

Tipos de clima (adaptado da classificação


de Köpen)
Equatorial Mediterrâneo

30o Tropical Temperado


Subtropical Frio
Desértico Polar

0 2.930 km 5.860 km
Semiárido Frio de montanha
60o

90o

A partir do Equador e em direção aos polos, os climas distri-


buem-se na sequência descrita a seguir, simultaneamente, nos dois
hemisférios. Podemos descrever o comportamento do clima pela
dinâmica das suas médias de temperatura e de pluviosidade.

Clima
equatorial Precipitações

500
Sumatra Temperaturas
100
90
Típico das regiões próxi-
450
80

mas à Linha do Equador, apre-


400
70

senta temperaturas elevadas,


300
60

pequena amplitude térmica


250
50

anual e índice pluviométrico


200
40
150
superior a 2.000 mm anuais.
30
100 20
As chuvas caem com frequên- 50 10

cia durante os 12 meses do ano, 0 0

podendo haver 2 a 3 meses de


J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima equatorial
relativa estiagem.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 231

:31 CG_6ºano_09.indd 231 07/03/2018 13:56:31


231

ME_CG_6ºano_09.indd 231 29/03/2018 11:45:45


Precipitações
500
Salvador (Bahia) Temperaturas
40
Clima tropical
35 Clima típico da área intertropical, apresenta temperaturas ele-
400
30 vadas o ano inteiro e duas estações bem definidas, uma chuvosa e
25 outra seca. O clima tropical pode ser encontrado com regimes de
chuvas e temperaturas diferentes, por isso é subdividido em tro-
300
20
200 pical úmido, ou litorâneo, continental e de altitude. Ao lado, o
climograma de um clima tropical litorâneo, caracterizado pela con-
15

centração das chuvas no inverno.


10
100
5

Clima semiárido
0 0
J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima tropical

Incluído na área de climas tropicais, geralmente das áreas mar-


ginais aos desertos. Apresenta temperaturas sempre altas, chuvas
escassas e irregulares. Nesse tipo de clima, o efeito de continentali-
dade é muito forte, causando uma grande amplitude térmica diá-
ria. Em algumas áreas semiáridas, como no Sertão nordestino, o re-
levo periférico elevado dificulta a chegada de massas de ar úmidas.
Precipitações Juazeiro (Bahia) Temperaturas
600 30

500 25 Clima desértico, ou árido


400 20 Apresenta pouca umidade, chuvas escassas e irregulares, infe-
riores a 250 mm, uma vez que a evaporação é maior que a precipi-
tação. As temperaturas são altas, existindo também grande variação
300 15

200 10 entre a temperatura do dia e da noite. Algumas regiões desérticas


100 5
passam até 10 anos sem chover. Em alguns casos, a evaporação é
tanta que a chuva evapora antes mesmo de chegar ao solo.
0
J F M A M J J A S O N D
0
Contudo, não devemos pensar que só existem desertos quen-
tes, como o do Saara, na África, pois existem desertos frios, como
Meses
Clima semiárido

o de Atacama, no Chile, e Gobi, na China. O que caracteriza o


deserto não são as temperaturas médias mais altas, mas a baixa plu-
viosidade e o alto grau de aridez. A temperatura nos desertos pode
chegar, todos os dias, a 40 ºC na sombra. Já foram registradas tem-
peraturas de 58 °C na Líbia. À noite, a temperatura cai bastante,
devido à falta de nuvens para reter o calor produzido durante o dia.
Precipitações
200
In Salah (Argélia) Temperaturas
100 Dependendo da localização, o fator climático continentalidade in-
180 90 flui numa maior amplitude térmica.
Nataliya Hora/Shutterstock.com
160 80
140 70
120 60
100 50
80 40
60 30
40 20
20 10
0 0
J F M A M J J A S O N D

Vista do Valle de la Muerte (Vale da Morte) sobre os vulcões Licancabur e Juriques, deserto de
Meses
Clima desértico
Atacama, Chile.

232 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 232 07/03/2018 13:56:32 C


232

ME_CG_6ºano_09.indd 232 29/03/2018 11:45:46


Clima subtropical Precipitações

500
Porto Alegre Temperaturas
40

Clima de transição, localizado nas proximidades das latitu- 450

des 30º e 35º Norte e Sul, caracteriza-se por possuir temperaturas 400 30

anuais entre 15 ºC e 20 ºC, verões quentes e meses de inverno com


300

menos de 10 ºC. As chuvas são bem distribuídas o ano todo. Como


250
20

são áreas sujeitas à passagem de frentes frias, ocorrem frequentes


200

geadas e, em alguns invernos mais rigorosos, pode cair neve nas re-
150
10
100
giões mais elevadas. 50

0 0
J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima subtropical

Precipitações Aberdeen (Escócia) Temperaturas


200 100
180 90
160 80
140 70
120 60

Vista panorâmica do campo coberto de neve, em São Joaquim, Santa Catarina. 100 50
80 40

Clima temperado
60 30
40 20
20 10

Clima típico das regiões entre os trópicos e os círculos polares, 0 0

divide-se em clima temperado continental e oceânico. Ambos


J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima oceânico
têm como característica principal a definição das quatro estações
do ano, contudo o clima temperado continental possui os invernos Precipitações Kiev Temperaturas

rigorosos com abundante queda de neve e os verões quentes, en-


200 100
180 90

quanto o clima temperado oceânico apresenta maior regularidade 160 80

na temperatura e nas precipitações, devido à influência termorre- 140 70

guladora dos oceanos.


120 60
100 50

Nas regiões próximas ao Mar Mediterrâneo, encontra-se um 80 40

clima com características particulares: o verão muito seco (sem 60 30

chuvas) e quente, e o inverno suave e com chuvas pouco abundan-


40 20

tes. Esse clima é denominado mediterrâneo.


20 10
0 20
Creative Travel Projects/Shutterstock.com

00 10
J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima continental

Precipitações Atenas (Grécia) Temperaturas


100 50
90 45
80 40
70 35
60 30
50 25
40 20
30 15
20 10
10 5
0 0
J F M A M J J A S O N D
Fantástica vista do jardim com céu azul. Clima mediterrâneo. Localização da ilha da Sicília, Meses
Clima tropical
Itália.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 233

:32 CG_6ºano_09.indd 233 07/03/2018 13:56:32


233

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Precipitações
70
Sibéria (Rússia, Ásia) Temperaturas
35
Clima frio
Ocorre ao sul do Círculo Polar Ártico e apresenta invernos ri-
30
50 25

gorosos, com médias térmicas anuais inferiores a 10 ºC, pluviosida-


20
15

de baixa e precipitação em forma de neve.


30 10
5
10 0
5
10
10

Clima polar
15
20
30 25
30
35
Típico das regiões polares, apresenta temperaturas abaixo de
50 40
45
70
J F M A M J J A S O N D
50
0 ºC durante quase todo o ano. A temperatura média do mês mais
Meses
Clima frio quente é inferior a 10 ºC. Os invernos são muito longos, e a queda
de neve é um fenômeno constante.

icarmen13/Shutterstock.com
Precipitações Eismitte (Groenlândia) Temperaturas
200 100
180 90
160 80
140 70
120 60
100 50
80 40
60 30
40 20
20 10
0 0
10
20
30 Casas coloridas em Ilulissat, norte da Groenlândia, Dinamarca.
40

Clima das altas montanhas


50
J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima polar

As grandes montanhas possuem uma variedade climática da


Sonnblick (Áustria)
base ao topo, que se assemelha à variedade de climas encontrados
do Equador até os polos. Essa diversidade, evidentemente, vai de-
Precipitações Temperaturas
180 90

150 75 pender da latitude onde estiver localizada a montanha. Geralmen-


te, nas áreas mais elevadas, as temperaturas variam de -2 ºC a -10 ºC,
a queda de neve é constante, e as geleiras nos picos montanhosos
120 60

são eternas.
90 45

Marcia Moreno/Shutterstock.com
60 30

30 15

0 0 CG

15
J F M A M J J A S O N D
Meses
Clima de altas montanhas

Montanha no Valle Nevado, Chile.

234 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 234 07/03/2018 13:56:33


234

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Sugestão de

As zonas climáticas filme


globais Greenpeace Brasil – Mudanças do clima,
A Terra é dividida em algumas zonas climáticas. São elas: mudanças de vidas
Diretor: Ted Southegate
Zona climática tropical Sinopse: O filme Greenpeace Brasil – Mudan-
(baixa latitude) ças do clima, mudanças de vidas relata as conse-
Conhecida como região intertropical (entre os Trópicos de quências mais devastadoras das mudanças cli-
Câncer e de Capricórnio), a zona climática tropical é a faixa de máticas nas esferas do meio ambiente do Brasil
terras mais quente do mundo. A recepção da radiação solar pela
e do mundo. Por meio de entrevistas com pes-
superfície terrestre é mais intensa nessa zona. Os climas que pre-
dominam nas zonas de baixa latitude são o equatorial, o tropical, o soas que foram (ou são) vítimas dos inúmeros
semiárido e o árido. O Brasil, por exemplo, é um país majoritaria- desastres naturais que vem acontecendo no
mente tropical, pois se encontra quase que inteiramente nessa zona
climática, com exceção da Região Sul e das demais áreas do País
Brasil, o documentário busca alertar o espec-
localizadas ao sul do Trópico de Capricórnio. tador do risco que os seres vivos estão corren-
Na zona tropical, as estações do ano não são bem definidas. As do pelo drástico aumento da temperatura do
temperaturas médias, geralmente, são elevadas e com alto índice de
pluviosidade. Planeta.
As diferenças entre o clima equatorial e o tropical ocorrem A seguir, o link do documentário indica-
com a leve variação da temperatura e da pluviosidade. O clima do para a aula.
equatorial possui cerca de 2 mil a 3 mil mm de precipitação anual,
com uma temperatura média em torno de 26 ºC e baixa amplitude Disponível em: http://www.green-
térmica (diferença entre a máxima e a mínima temperatura durante peace.org/brasil/pt/Multimidia/Videos/
um determinado período de tempo), ou seja, não há uma grande Mudancas-do-clima-mudancas-de-vidas/
variação térmica ao longo do ano. Já o clima tropical apresenta mé-
dias térmicas maiores que 22 ºC ao longo do ano, com uma pluvio-
sidade entre 1 mil e 2 mil mm ao ano e baixa amplitude térmica. Anotações
Filipe Frazao/Shutterstock.com

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 235

CG_6ºano_09.indd 235 07/03/2018 13:56:33

:33
235

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Zona climática
temperada
(média latitude)
Localizado entre os trópicos e os círculos po-
Círculo
Polar Ártico Zona Polar do
lares, o clima temperado predomina no Hemis-
Norte fério Norte, em territórios da América do Norte,
Europa e Ásia. No Hemisfério Sul, há poucas ter-
Trópico de Zona Temperada do Norte
Câncer ras emersas nessa latitude: extremo sul da América
e da África, Austrália e Nova Zelândia.
Equador
ZonaTropical o
Essa zona climática é caracterizada pelas tem-
0
peraturas extremas, com invernos e verões rigoro-
sos e as quatro estações do ano bem definidas, apre-
Trópico de sentando características atmosféricas mais nítidas
Capricórnio
Zona Temperada do Sul se comparadas às regiões tropicais. A temperatura
média varia bastante de acordo com a localidade,
Zona Polar
Círculo Polar do Sul mas fica em torno de 15 ºC nos meses mais quentes
Antártico
e, no inverno, cai para menos de 3 ºC negativos.

Stephane Bidouze/Shutterstock.com
Em áreas de clima temperado, a vegetação predominante é a caducifólia. Isso significa que as
plantas perdem suas folhas nos meses mais frios.

Zona climática polar CG

(alta latitude)
As zonas polares, situadas a partir dos Círculos Polares Árti-
co e Antártico, possuem as mais baixas temperaturas da Terra. Na
Antártida, já se registrou -89,2 ºC. O frio predomina o ano inteiro,
podendo, no verão, chegar a -10 ºC e diminuir para -40 ºC durante
o inverno. Por conta das médias térmicas, a umidade relativa do ar
também é muito baixa.

236 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

CG_6ºano_09.indd 236 07/03/2018 13:56:33


236

ME_CG_6ºano_09.indd 236 29/03/2018 11:45:49


Sabendo como está o tempo agora, é possível
prever como ele estará no futuro, por meio de
Cenário 7 complexas equações matemáticas.
No Brasil, o estado inicial global é pro-

Os estudos cessado no supercomputador do Centro


de Previsão do Tempo e Estudos Climáti-

meteorológicos cos (CPTEC), órgão do Instituto Nacional


de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira
A meteorologia Paulista. O CPTEC também faz previsões re-
gionais, que descrevem o clima brasileiro com
A meteorologia é o estudo dos fenômenos atmosféricos. Os es- mais detalhes.
tudos meteorológicos resultam na elaboração de análises e previsões
do tempo por meio de boletins que apresentam as condições do ven-
Por fim, na ponta da cadeia, estão os me-
to, da temperatura, da umidade relativa do ar e da precipitação. teorologistas contratados para as previsões
Os estudos meteorológicos possuem diversas funções, duas que saem na mídia. Tendo acesso às previsões
delas são a prevenção de desastres ambientais e a leitura do tempo
atmosférico para os trabalhos agrícolas. Abaixo, a maior imagem
regionais, globais e às imagens de satélite, eles
mostra o furacão Sandy se aproximando da costa estadunidense em elaboram o próprio diagnóstico.
25 de outubro de 2012. Foi captada pela Administração Nacional A previsão pode errar por vários motivos.
do Espaço e da Aeronáutica dos Estados Unidos (Nasa). A imagem
menor, captada pelo satélite meteorológico Goes, possui a função Primeiro, o clima é um dos fenômenos mais
de compreender o comportamento de temperatura e deslocamento complexos da natureza, e nem todos os fatores
das nuvens no Planeta. Os tons mais vermelhos apontam as meno- e leis que o governam são totalmente conheci-
res temperaturas, enquanto os que puxam para o preto indicam as
temperaturas mais elevadas da atmosfera. dos. Outra causa de erro são as falhas e lacunas
nas observações, que resultam em um modelo
Nasa

global menos preciso. Tudo isso faz com que

Reprodução
as equações processadas se desviem da realida-
de à medida que avançam para o futuro.
“A previsão para o dia seguinte é quase
100% segura, mas prever o clima para um mês
inteiro é um tiro no escuro”, afirma Ricardo de
Camargo, professor de Meteorologia da Uni-
versidade de São Paulo (USP).

Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/


materia/como-se-faz-a-previsao-do-tempo-por-que-ela-
erra-tanto. Acesso em: 24/11/2012.

Diálogo com o
professor
Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 237

Converse com os alunos e oriente-os para


CG_6ºano_09.indd 237 07/03/2018 13:56:34 que observem as características meteorológi-
Leitura mos todos os dias na TV, é posto em marcha cas de sua cidade ou região e anotem. Confira
complementar um exército de dezenas de milhares de pes-
soas no mundo inteiro, além de equipamen-
as previsões com eles e demonstre, caso haja
diferenças de resultados, que o estudo do tem-
tos dos mais diversos e complexos. Depois de po pode variar de um analista para outro, mas
Como se faz a previsão do toda essa coleta de dados, as informações obti- que as conclusões se assemelham.
tempo? Por que ela erra tanto? das em cada país são enviadas aos centros me-
teorológicos mundiais.
A previsão do tempo trata-se de uma ope- Neles, tudo o que foi coletado é processa-
Anotações
ração mundial, altamente automatizada. Ela do em computadores, junto com imagens de
é necessária porque as condições meteoroló- satélite. O resultado é o chamado estado ini-
gicas em uma determinada região do Plane- cial global, um amontoado de números que
ta podem afetar outras partes do globo. Só descreve, da maneira mais fiel possível, a situa-
para elaborar a simples previsão a que assisti- ção do clima mundial em um único instante.
:33
237

ME_CG_6ºano_09.indd 237 29/03/2018 11:45:50


Previsão do tempo
A cada minuto, satélites, radares, navios e estações meteoroló-
gicos, balões e sondas de várias partes do mundo enviam dados so-
bre a temperatura, a pressão, a umidade do ar e a direção dos ventos.
Com esses dados, os meteorologistas alimentam poderosos com-
putadores para compor um quadro das condições meteorológicas
e poder fazer previsões diárias ou de até uma semana. Esses dados
são de grande importância para que as pessoas programem suas ati-
vidades cotidianas, como ir à praia, preparar a terra para plantio,
organizar a colheita, desentupir galerias e fazer prevenção em áreas
de barreiras.
No Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é
responsável por informar as condições climáticas e temporais do
território nacional. Vale lembrar que as previsões do tempo não são
totalmente precisas, elas podem falhar.

O climograma
Chamamos de climograma o gráfico que registra a temperatu-
ra e a precipitação, geralmente ao longo de um ano. Por meio dele,
podemos identificar a variação de chuvas e temperaturas durante os
meses do ano. No exemplo do climograma de Cuiabá (MT), a linha
vermelha refere-se à variação de temperatura ao longo dos meses,
indicados na porção inferior do gráfico por letras. Já as barras em
azul representam o volume de chuvas em seu respectivo período. A
soma pluviométrica total é de 1.434 mm de chuva anual.

Climograma
Cuiabá
(Brasil)
o mm
C
40 450

30 400

20 350

10 300 CG

0 250

–10 200

–20 150

–30 100

–40 50

–50 0
J F MA MJ J A S ON D

238 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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238

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Diálogo com o
professor
Cenário 8 Cenário 8

Interferência do Sabemos que a mídia expõe diversos casos


que exemplificam as ações humanas negativas

homem sobre o no planeta Terra. Portanto, utilize os argu-


mentos midiáticos acerca das consequências
clima do mau uso dos recursos disponíveis no Pla-
neta para promover uma discussão sobre nos-
A ação humana e a sas atitudes individuais em relação ao meio. O
objetivo desta etapa é buscar relacionar a Geo-
autonomia do clima grafia Física com atividades humanas.
Ao longo da sua história, os seres humanos buscaram formas Solicite um texto com poucas linhas, de
de tornar sua passagem por este planeta o mais confortável possível. modo que cada um exponha suas ideias a par-
Diversas tecnologias foram criadas com o objetivo de dominar a
tir dos últimos noticiários e reportagens sobre
natureza e dela retirar recursos para melhorar a vida do homem. No
momento atual, a técnica traz transformações com consequências o assunto nas mais diversas formas de comuni-
imprevisíveis. Com o robô e o clone, chegamos quase a reinventar cação, sem deixar de lado os exemplos positi-
a criação. Contudo, o preço pago por muitos, como consequência
dessas conquistas para o bem-estar de alguns, é muito alto.
vos e negativos do seu dia a dia.
O corte das vegetações naturais, as queimadas visando limpar
o terreno para o plantio, o desperdício de água em lavouras irri-
gadas e na criação de gado, além da liberação de poluentes pelas
Leitura
fábricas e por veículos, são algumas das práticas que agridem a na-
tureza e acarretam modificações tanto no clima local quanto no
complementar
clima global.
O que é a camada de ozônio?
guentermanaus/Shutterstock.com

Em volta da Terra, há uma frágil camada


de um gás chamado ozônio (O3), que protege
animais, plantas e seres humanos dos raios ul-
travioleta emitidos pelo Sol. Na superfície ter-
restre, o ozônio contribui para agravar a polui-
ção do ar das cidades e a chuva ácida. Mas, nas
alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima
da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem
ele, os raios ultravioleta poderiam aniquilar
Queimada na Amazônia: menos oxigê-
nio na atmosfera, mais gás carbônico.
todas as formas de vida do Planeta. Na atmos-
fera, a presença da radiação ultravioleta desen-
Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 239 cadeia um processo natural que leva à contí-
nua formação e fragmentação do ozônio.

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O que está acontecendo com a
camada de ozônio?
Anotações
Há evidências científicas de que substân-
cias fabricadas pelo homem estão destruindo a
camada de ozônio. Em 1977, cientistas britâ-
nicos detectaram pela primeira vez a existên-
cia de um buraco na camada de ozônio sobre a
Antártida. Desde então, têm se acumulado re-
gistros de que a camada está se tornando mais
fina em várias partes do mundo, especialmen-
te nas regiões próximas do Polo Sul e, recente-
mente, do Polo Norte.
Diversas substâncias químicas acabam des-
:34
239

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truindo o ozônio quando reagem com ele. Tais
substâncias contribuem também para o aque-
Provocando a inteligência humana, a natureza impõe novos e
cimento do planeta, conhecido como efei-
difíceis desafios. O saque e a poluição dos recursos naturais têm
to estufa. A lista negra dos produtos danosos ocasionado mudanças drásticas no ambiente global, muitas vezes
à camada de ozônio inclui os óxidos nítricos e ocorridas de forma catastrófica. A degeneração da camada de ozô-
nio, o efeito estufa, o aquecimento global, as ilhas de calor, a chuva
nitrosos expelidos pelos exaustores dos veículos ácida, a falta de água, o desaparecimento de vegetações primitivas,
e o CO2 produzido pela queima de combustí- a extinção de parte da fauna planetária, o empobrecimento do solo
veis fósseis, como o carvão e o petróleo. Mas, e a desertificação são algumas das consequências mais visíveis e que
ameaçam a nossa vida na Terra.
em termos de efeitos destrutivos sobre a cama-
da de ozônio, nada se compara ao grupo de ga-
ses chamado clorofluorcarbonos, os CFCs.
A deterioração da
camada de ozônio
Quais os problemas causados pelos O ozônio se encontra entre 28 km e 30 km de altitude, e, sem
Geografia em cena
raios ultravioleta? ele, a radiação ultravioleta poderia acabar com a vida na Terra. Em
O termo desertifica- virtude do alto nível de poluição, a camada de ozônio está com bu-
ção vem sendo bastante racos cada vez maiores, ocasionando uma alta incidência de radia-
Apesar de a camada de ozônio absorver a
utilizado recentemente para ção no Planeta.
maior parte da radiação ultravioleta, uma pe- representar áreas que sofre- Inúmeros gases tóxicos destroem essa camada. Eles são emiti-
quena porção atinge a superfície da Terra. É ram uma drástica mudança dos pela queima de combustíveis fósseis ou por meio do uso de pro-
ambiental causada pela ação dutos que possuem gases artificiais. Merecem destaque os óxidos
essa radiação que acaba provocando o câncer nítricos, nitrosos, CO2 e CFC (clorofluorcarbono). Este último é
do clima. Essas paisagens
de pele, que mata milhares de pessoas por ano passaram a se caracterizar mais destrutivo.
em todo o mundo. A radiação ultravioleta afe- como regiões áridas ou até Os impactos causados pelo buraco na camada de ozônio para
desérticas. a vida na Terra são inúmeros. A radiação ultravioleta é a principal
ta também o sistema imunológico, minando causa da incidência de câncer de pele em seres humanos, provo-
a resistência humana a doenças como herpes. cando a morte de milhares de pessoas anualmente. Além disso, ela
Os seres humanos não são os únicos atin- pode afetar nosso sistema imunológico — diminuindo nossa re-
sistência a doenças — e contribuir para a redução da produção de
gidos pelos raios ultravioleta. Todos as formas alimentos e pode afetar os plânctons (plantas e animais microscó-
de vida, inclusive plantas, podem ser debilita- picos), ameaçando a vida marinha.
das. Acredita-se que níveis mais altos da ra-
diação podem diminuir a produção agrícola,
o que reduziria a oferta de alimentos. A vida
marinha também está seriamente ameaçada,
especialmente o plâncton (plantas e animais
microscópicos) que vive na superfície do mar.
Esses organismos minúsculos estão na base da
cadeia alimentar marinha e absorvem mais da
metade das emissões de dióxido de carbono 1979 2014
(CO2) do Planeta. Evolução da rarefação da camada de ozônio sobre a Antártida. Os tons de roxo representam os
pontos de maior afinamento dessa camada.

O que é exatamente o buraco na 240 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima


camada de ozônio?

Uma série de fatores climáticos faz da CG_6ºano_09.indd 240 07/03/2018 13:56:35

estratosfera sobre a Antártida uma região


especialmente suscetível à destruição do ozô- Anotações
nio. Toda primavera, no Hemisfério Sul, apa-
rece um buraco na camada de ozônio sobre o
continente. Os cientistas observaram que o
buraco vem crescendo e que seus efeitos têm
se tornado mais evidentes. Médicos da região
têm relatado uma ocorrência anormal de pes-
soas com alergias e problemas de pele e visão.

Disponível em: https://www.wwf.org.br/natureza_


brasileira/questoes_ambientais/ camada_ozonio/.
Acesso em: 11/12/2017.
C
240

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Efeito estufa Geografia em cena

O efeito estufa é um fenômeno natural que faz parte de uma O fenômeno do efeito
das funções da atmosfera. O termo estufa se refere a um local cons- estufa também é provocado
truído para cultivar espécies vegetais que necessitam de maiores pela ação do homem?
cuidados. Ele pode ser de vidro ou de plástico — materiais que são
isolantes térmicos —, e o agricultor pode controlar a temperatura
de dentro do local por meio da abertura ou do fechamento de jane-
las. O termo se aplica muito bem ao nosso planeta.
Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar se torna calor quan-
do refletida pela superfície da Terra. Isso explica o fato de a tropos-
fera ser aquecida de baixo para cima. Em outras palavras, o papel da
troposfera é absorver o calor gerado pela reflexão da radiação solar
pela superfície terrestre.
Na troposfera, existem gases que possuem a propriedade de ab-
sorver calor, funcionando como o vidro ou o plástico de uma estufa.
Os chamados gases estufa retêm o calor nas baixas altitudes, onde
se concentram. Os principais deles são: dióxido de carbono (CO2),
metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de enxofre (SO2).

Efeito estufa

B Uma parte da C Parte da radiação


radiação solar infravermelha (calor) é refletida
é refletida pela atmosfera pela superfície da Terra, mas não
da Terra e volta regressa ao espaço, pois é
ao espaço.
C
refletida de novo e absorvida pela
camada de Gases de Efeito Estufa
B
A
(GEE) que envolve o Planeta. O
efeito é o aquecimento da
superfície e da atmosfera.

A A radiação Atmo
sfe
solar atravessa ra
a atmosfera.
A maior parte
da radiação
é absorvida
pela superfície
terrestre e
aquece-a.

6:35
O aquecimento global
Por conta da intervenção do ser humano na atmosfera por
meio da emissão de gases poluentes, o efeito estufa está aumentan-
do a sua capacidade de absorver calor. Isso ocorre porque as ativida-
des poluidoras humanas são carregadas de gases estufa. O aqueci-
mento global é o aumento da temperatura atmosférica ocasionado
pela intensificação do efeito estufa.
Atualmente, as principais fontes emissoras de poluentes at-

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 241

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241

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mosféricos são a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão
mineral e gás natural) por meio dos transportes ou pela geração de
energia elétrica (usinas termelétricas), além das queimadas flores-
tais e do desmatamento.
Nos últimos anos, os ambientalistas têm alertado para o risco
iminente de mudanças climáticas e alterações profundas na natu-
reza que podem repercutir na vida de todos nós. Se a temperatura
média global continuar aumentando, as consequências serão inú-
meras, como, aumento do nível médio do mar, ocasionado pelo
derretimento das geleiras, o que provocará o avanço do mar contra
cidades costeiras e o desaparecimento de ilhas e atóis; mudanças
na circulação de correntes marítimas; extinção de espécies como
os ursos-polares; chuvas torrenciais; e secas prolongadas. O desen-
volvimento de energias limpas (que liberam nenhum ou poucos
gases), a diminuição das queimadas e dos desmatamentos, a adoção
de um estilo de vida menos consumista, a reciclagem do lixo, entre
outras medidas, são essenciais para que se possa alterar a realidade
ambiental nos dias de hoje.

Angela Crimi/Shutterstock.com

Turbinas de energia eólica na Província de Catania, Itália. É uma das possibilidades de energia
limpa.

Ilhas de calor
Em cidades muito urbanizadas, o excesso de prédios e de asfal-
to faz com que o calor que chega à cidade por intermédio do Sol
não consiga se dissipar e, mais ainda, se intensifique com o tempo,
formando as chamadas ilhas de calor.

242 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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242

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Esse efeito é facilmente percebido quando comparamos duas
áreas, uma rural e uma urbanizada. Na zona rural, é muito comum
que, ao cair da tarde, a temperatura fique menor, esfriando o ar gra-
dualmente. Nas cidades, geralmente, demora bastante para esfriar,
e, mesmo à noite, o calor pode continuar intenso.
A poluição atmosférica, pela acentuação do efeito estufa, tam-
bém favorece a formação das ilhas de calor. O aquecimento global se
torna mais acelerado quanto mais existem ilhas de calor no mundo.

Zona rural Cidade


Absorção
e retenção De 3 ºC a 10 ºC
de calor mais quente

Menor Maior

Transpiração
das plantas e
evaporação da
água do solo

Solo
impermeável
Penetração
de água no
solo

Chuva ácida
Alguns dos gases que são lançados na atmosfera podem rea-
gir com a água em forma de vapor ou com a água da chuva e for-
mar compostos que apresentam propriedades corrosivas (ácidos).
Quando esses ácidos participam do ciclo da água, precipitando-se
com a chuva, ocorre um fenômeno que chamamos de chuva ácida.
Roman Sigaev/Shutterstock.com

Efeito da chuva ácida.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 243

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243

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Na verdade, a chuva é sempre ácida, pois o CO2 (gás carbôni-
co), que é um composto natural do ar, forma com a água um ácido
fraco, o ácido carbônico. No entanto, com o lançamento na atmos-
fera de gases poluentes produzidos principalmente por indústrias
(especialmente o enxofre), a chuva pode ficar ainda mais ácida, cau-
sando grandes prejuízos ao meio ambiente.
Quando é muito ácida, a chuva prejudica os seres vivos direta e
indiretamente: pode queimar folhas de árvores, contaminar rios e
lagos, matar animais e corroer construções, edifícios, monumentos,
etc. Pode também tornar os solos mais ácidos que o normal, provo-
cando perda de fertilidade e algumas doenças.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Amplitude térmica: Diferença entre as tempe- Escassas: Poucas, insuficientes, insignificantes.
raturas máximas e mínimas. Estiagem: Ausência de chuvas.
Climatologia: Ciência que estuda o clima. Rarefeito: Em pequena quantidade.
Densas: Carregadas, cheias, fechadas. Saque: Roubo, pilhagem, tomada.

Aprenda com arte

Recife Frio
Direção: Kleber Mendonça Filho.
Ano: 2009.

Sinopse: A cidade do Recife sofre uma estranha mudança climática. Famosa por seu clima tropical,
agora a cidade é fria, chuvosa e triste. Uma emissora de televisão estrangeira envia uma equipe ao
Brasil para examinar e entender os efeitos dessa mudança em uma cultura que sempre viveu em um
clima quente.

O dia depois de amanhã


Direção: Roland Emmerich.
Ano: 2004.

Sinopse: A Terra sofre alterações climáticas que modificam drasticamente a vida da humanidade.
Com o norte se resfriando cada vez mais e passando por uma nova era glacial, milhões de sobreviven-
tes rumam para o sul. Porém, o paleoclimatologista Jack Hall segue o caminho inverso e parte para
Nova York, já que acredita que seu filho Sam ainda está vivo.

244 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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Encerramento
1 Leia o texto e, em seguida, assinale a alternativa correta.
“Os agricultores do Nordeste terão bons motivos para festejar, em 19 de março, o Dia de São José,
conhecido, na região, como o santo das chuvas. De acordo com o Boletim Agroclimático divulgado
nesta quinta-feira (12/02) pela Conab, as chuvas nos meses de fevereiro, março e abril devem chegar
à região na medida certa, o que deverá garantir uma produção de, aproximadamente, 12 milhões de
toneladas de grãos.”
(Fonte: http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1696212-1935,00.html. Acessado em 19/10/2012.)

a. Segundo a notícia, a produção de feijão para o período citado estaria comprometida por conta
do volume de precipitação previsto.
b. X A notícia é um exemplo da importância da meteorologia na agricultura.
c. O setor agrícola é o único caso em que as informações climáticas são importantes.
d. Apesar da notícia de maiores volumes pluviométricos na região citada, as condições do tempo
são basicamente as mesmas todo o ano.

2 Para responder às questões, leia o texto seguinte:


“Nesta quinta-feira, [...] tempo com muitas nuvens e com chance de pancada de chuva em áreas do
Norte, MT, norte e nordeste de MG, da BA e do ES. Nessas localidades, não se descarta a ocorrência
de tempo severo e a chance de acumulado significativo de chuva, principalmente nos estados do Norte
[...] onde as temperaturas são mais elevadas e o comportamento dos ventos em altitude potencializam
a condição de tempo severo [...]”
(CPTEC, texto referente ao dia 18/10/2012. Fonte: http://tempo.cptec.inpe.br/. Acessado em 18/10/2012.)

a. Qual é o nome do estudo científico responsável por previsões do tempo?


Meteorologia.

b. Conforme explicado no texto, que elementos favorecem a chance de chuva forte?


Elevadas temperaturas e ventos em altitude.

c. Pesquise, na Internet ou em jornais, impressos ou da TV, a previsão do tempo para sua cidade e/ou
região para o dia de amanhã. Escreva, abaixo, as principais informações.

Resposta pessoal.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 245

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245

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3 Observe a imagem abaixo.
Com base na observação e nos conhecimentos

Reprodução
estudados no decorrer do capítulo, identifique
a que clima brasileiro a imagem está associada e
descreva as características que provocam o fenô-
meno que está representado na obra.
O clima é o semiárido. Sucessivas secas, alta

temperatura, ocasionando falta de água e de

condições de sobrevivência no local levando ao

intenso processo de migração.

Candido Portinari, Retirantes, 1944.

4 Os climas desérticos e semiáridos, apesar de muito parecidos, apresentam grandes diferenças. Des-
creva-as.
O clima semiárido possui umidade e um regime de chuva superior a de desertos, e uma enorme ampli-

tude térmica.

5 Observe os climogramas de duas cidades da Argentina e responda:

Dados climáticos de algumas localidades

40 40
Buenos Aires 40 40
Córdoba
35 35 300 300
35 35 300 300
30 30 30 30
Precipitação média (mm)

Precipitação média (mm)


Temperatura média (oC)

Temperatura média (oC)

25 25 250 250
25 25 250 250 CG

20 20 20 20
15 15 200 200
15 15 200 200
10 10 10 10
5 5 150 5
150 5 150 150
0 0 0 0
5 5 100 5
100 5 100 100
10 10 10 10
15 15 50 150
5 15 50 50
20 20 20 20
25 25 0 205 25 0 0
J F MJ AF MMJA JMAJ SJ OA NS DO N D J F MJ AF MMJA JMAJ SJ OA NS DO N D
Fonte: Atlas National Geographic: América do Sul (vol. 1). – São Paulo: Fevereiro, 2008.

246 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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246

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Sugestão de
a. Na cidade de Córdoba, em que mês há maior precipitação? abordagem
Dezembro.
Para a questão 5, você pode utilizar ma-
b. Em que aspecto climático as duas cidades mais se assemelham durante o ano: temperatura ou preci-
pitação média? térias de jornais sobre previsão do tempo e ler
a carta de Pero Vaz de Caminha, particular-
Temperatura média.
mente o trecho que trata do ambiente brasi-
c. No mês de maio, em qual das cidades há maior precipitação?
leiro. Em seguida, compare com o ambiente
atual para que o aluno compreenda que, en-
Buenos Aires.
quanto o clima sofre poucas alterações ao lon-
go do tempo histórico, o tempo atmosférico
6 Associe as colunas adequadamente:
muda rapidamente. Junto com o aluno, com-
Primeira coluna pare os gráficos do nível de chuvas de outros
1 Zona climática tropical. países com o Brasil.
2 Zona climática temperada. Ajude o aluno a identificar os elementos
3 Zona climática polar. do clima e a existência de elementos geográfi-
Segunda coluna
cos que interferem na sua dinâmica. A partir
dessa compreensão, o estudante desenvolverá
2 Estações do ano bem definidas e invernos e verões rigorosos.
habilidades que o levarão a perceber os moti-
3 As mais baixas médias de temperatura e de umidade relativa do ar do Planeta.
vos que fazem com que haja diferentes tipos
1 Temperaturas elevadas e alto índice de pluviosidade.
de clima no Planeta.
7 (Unifei–Adaptada) Pode-se afirmar que o clima corresponde ao comportamento do tempo atmos-
férico, ao longo do ano, num determinado lugar da Terra. O clima tem comportamento diversificado,
que é caracterizado pela combinação de diferentes fatores. Com relação aos fatores climáticos, assinale
a alternativa incorreta.
Anotações
a. A latitude é o mais evidente fator climático: quanto maiores as distâncias do Equador, menores
serão as temperaturas.
b. As massas de ar influem diretamente nas condições climáticas.
c. As massas de ar podem ser frias ou quentes, secas ou úmidas e, ao se deslocar, interagem umas
com as outras, trocando e distribuindo calor pela Terra.
d. X Em maiores altitudes, o ar se torna mais rarefeito, ou seja, há mais concentração de gases e umi-
dade, o que aumenta a retenção de calor.

8 (Furg–Adaptada) O clima subtropical úmido, no Sul do País, é caracterizado por invernos relativa-
mente rigorosos, com a ocorrência esporádica de precipitação de neve em determinadas áreas. Assinale
a alternativa que apresenta os fatores climáticos que influenciam na precipitação de neve em determi-
nadas áreas do sul do País.

Capítulo 9 – A atmosfera e o clima 247

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:36
247

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a. X Latitude, altitude e massas de ar.
b. Altitude, maritimidade e continentalidade.
c. Maritimidade, relevo e massas de ar.
d. Depressões, altitude e massas de ar.

9 O clima apresenta três elementos: temperatura, altitude e pressão. No que diz respeito à temperatu-
ra, ela varia de acordo com a altitude de um lugar (para cada 180 m de altitude, a temperatura diminui
1 ºC em média). Naturalmente existem diferenciações de temperatura por causa da altitude de alguns
lugares. Observando o desenho, calcule a temperatura dos locais indicados sabendo que a temperatura
geral do Brasil é de 25 ºC.

Triunfo
Garanhuns Araripina
Gravatá
Recife

0m 500 m 800 m 1.200 m 850 m

Recife Gravatá Garanhuns Triunfo Araripina


25 ºC 22 ºC 20,5 °C 18,5 °C 20 °C

A cada 180 metros de altitude, a temperatura diminui aproximadamente 1 grau.

10 (Ufes) A altitude é um fator que influencia nas condições ambientais e, por isso, é levada em consi-
deração na prática esportiva. É correto afirmar que o aumento da altitude causa:
a. aumento da longitude.
b. diminuição da latitude.
c. aumento da densidade do ar.
d. X diminuição da pressão atmosférica.
e. diminuição dos valores de insolação.

11 (Osec) O deslocamento das massas de ar, que dão origem aos ventos, faz-se sempre:
a. das áreas mais elevadas para as mais baixas.
b. das áreas de temperatura mais alta para as de temperatura mais baixa.
c. X das áreas de alta pressão para as de baixa pressão.
d. das áreas mais úmidas para as mais secas.
e. de oeste para leste.

248 Capítulo 9 – A atmosfera e o clima

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248

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• Reconhecer a importância dos domínios
morfoclimáticos no processo de especificação

Capítulo 10
geográfica dos espaços.
• Diferenciar os principais elementos de des-
taque de cada domínio morfoclimático.
• Compreender a participação humana no
As grandes paisagens processo de degradação ambiental ocorrente
em cada domínio morfoclimático.
vegetais Cada região do mundo carrega consigo riquezas
naturais com características únicas que estão rela-
cionadas com o clima.
• Identificar as similaridades locais com os
domínios naturais globais.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE11) Analisar distintas interações


das sociedades com a natureza, com base na
distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversida-
de local e do mundo.

Anotações

No mundo inteiro, podemos


encontrar formações vegetais
que estão intimamente relacionadas
ao clima de cada região. Neste
capítulo, vamos analisar as principais
características de cada uma delas, bem
como sua relação com a sociedade e
a economia dos lugares em que se
encontram.

ock.com
ebrom/Shutterst

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Objetivos trópica) que influenciam as constantes altera-


pedagógicos ções nas paisagens vegetais.
• Explicar o fenômeno da desertificação.
• Apresentar e discutir os conceitos de ecos-
• Apresentar o conceito de vegetação (paisa- sistema, biomassa, biodiversidade e bioma.
gens vegetais), identificando sua relação com • Apontar os principais biomas existentes,
a biosfera. caracterizando-os.
• Caracterizar as paisagens naturais com base • Identificar os efeitos da ação do homem
em sua interdependência dos elementos natu- sobre a vegetação nativa na construção do
rais (solo, clima e relevo), mostrando a relação espaço.
entre os tipos de clima ou de solo e as forma- • Esclarecer que a vegetação desempenha um
ções vegetais presentes em diferentes regiões. importante papel na conservação do relevo,
• Identificar os tipos de ordem (natural e an- da vida humana e do equilíbrio do Planeta.

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Cenário 1

Diferentes
formações vegetais
Para que você compreenda a distribuição das diferentes forma-
ções vegetais sobre a superfície, é necessário entender que ela re-
sulta da combinação de diferentes fatores, como o solo, o relevo e
principalmente o clima.
Por outro lado, uma formação vegetal reflete, sobretudo, as
condições climáticas do ambiente. É por isso que podemos afirmar
que uma formação vegetal é o espelho do clima.
De maneira genérica, formação vegetal é a denominação dada
a um conjunto de vegetais que criam um tipo de cobertura preva-
lente numa região geográfica. Portanto, formação vegetal é muito
diferente de agricultura, que diz respeito à plantação de espécies
vegetais pelas diferentes sociedades.
O mapa abaixo apresenta, de forma geral, a distribuição das
principais formações vegetais do Planeta antes da apropriação
progressiva da natureza, que gerou a devastação das matas primiti-
vas e sua substituição por atividades agropecuaristas, além da cons-
trução de cidades.

Distribuição da vegetação na Terra

N 0 2.663 km 5.326 km
180º 150º O 120º O 90º O 60º O 30º O 0º 30º L 60º L 90º L 120º L 150º L 180º
90º N

O L Círculo Polar Ártico Oceano Glacial Ártico

S 60º N

30º N
Trópico de Câncer

Oceano Oceano
Atlântico Pacífico
Equador
CG
Oceano

Meridiano de Greenwich

Oceano
Pacífico Índico
Trópico de Capricórnio

30º S

Tundra Formações de regiões semiáridas


Floresta de coníferas Deserto

Círculo Polar Antártico


Floresta temperada Savana 60º S

Mediterrânea Floresta pluvial (equatorial e tropical)


Estepes e pradarias Vegetação de altitude

Fonte: Atlas Geográfico Escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. (Adapatado)

250 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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Alasca, do Canadá, do norte da Europa e da
Rússia armazenam 22% de todo o CO2 da su-
A partir de agora, vamos analisar as principais formações vege-
perfície terrestre, um total estimado em 703
tais do Planeta e do Brasil, apontando os principais impactos am-
bientais ou a devastação que ocorreram sobre cada uma. gigatoneladas, enquanto as florestas tropicais
conteriam 375 gigatoneladas.
Tundra “Estudos passados subestimaram demais
a quantidade do carbono armazenado nas
As áreas de domínio da Tundra são formadas por espécies de
baixo porte, constituídas de musgos (vegetais de pequeno porte e áreas boreais, principalmente no subsolo”, ex-
estrutura simples) e liquens (associações de fungos com cianobac- plicou Jeff Wells, um dos autores do relatório.
térias, de estrutura simples e capazes de formar um tapete sobre o
De acordo com os pesquisadores, enquanto as
solo, retendo a umidade).
florestas tropicais armazenam o carbono na

Nicram Sabod/Shutterstock.com
vegetação em si, as boreais possuem grandes
quantidades de gases do efeito estufa no solo
congelado e nas áreas de turfas.
A explicação para esse fato é que, com o
frio, a biomassa se decompõe lentamente e,
assim, o solo acumula carbono com o tempo.
Cientistas já teriam encontrado carbono ar-
mazenado intacto por mais de oito mil anos.

Disponível em: http://www.ciflorestas.com.br/


Tundra. Parque Nacional Dovrefjell, norte da Noruega. conteudo. php?id=1682. Acesso em: 28/11/2012.

A Tundra é uma vegetação adaptada ao clima polar, no qual


o solo permanece, durante a maior parte do ano, sob camadas de
neve, e a água do subsolo mantém-se igualmente congelada. Du- Anotações
rante esse período, a Tundra permanece em estado latente. No
curto verão, com o degelo das camadas superficiais do solo, ela re-
torna à atividade vegetativa. O calor do verão não é suficiente para
provocar o degelo da água contida nas camadas mais profundas do
solo, desse modo, ele se mantém encharcado principalmente nas
áreas de pouca declividade.

Floresta boreal, ou Taiga


Formação típica do Hemisfério Norte, próximo às latitudes 50º e
60º, área de temperatura muito baixa e com constante queda de neve (cli-
ma temperado continental), por isso recebe o nome Boreal. É composta
de pinheiros ou coníferas, com folhas em forma de agulha (aciculifolia-
das) para reduzir a superfície de evaporação, e suas árvores apresentam a
forma de cone, o que impede o acúmulo de neve e a quebra dos galhos.

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 251

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Leitura
complementar tas boreais, localizadas em nações geladas,
como Rússia e Canadá, armazenam o dobro
do dióxido de carbono (CO2) das tropicais
Estudo alerta para descaso e, por isso, deveriam ser também objeto de
com as florestas boreais interesse das autoridades climáticas.
Chamado de O carbono que o mundo es-
Quando se fala em preservação de flo- queceu (The Carbon the World Forgot), o re-
restas, principalmente no contexto das mu- latório foi produzido pelo Canadian Boreal
danças climáticas, logo vêm à mente ima- Initiative com apoio do Boreal Songbird Ini-
gens da Amazônia e de grandes matas tiative, entidades que reúnem grupos de con-
tropicais em países como a Indonésia. Po- servação, empresas e instituições financeiras.
rém, um estudo demonstra que as flores- Segundo o documento, as florestas boreais do
:40
251

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Sugestão de
abordagem Geografia em cena
É a formação vegetal mais homogênea que existe, visto
que é constituída apenas por pinheiros e alguns poucos abetos.
Os abetos são árvo- Amplia-se por uma vasta área que começa no Alasca, passa pelo
Proponha a realização de uma exposição res das quais são extraídos território canadense, envereda pelo extremo norte da Noruega,
óleos e aromas. O pólen Suécia, Finlândia e Rússia.
de mapas e imagens representativas da vege- As florestas de coníferas (Taiga) são exploradas intensamente
produzido por eles pode
tação de nosso país. Divida a turma em cinco contribuir para problemas pela indústria madeireira e, principalmente, para a produção de ce-
grupos, designando a cada um deles uma re- respiratórios em algumas lulose, utilizada na indústria de papel.
gião brasileira para que construam um mapa pessoas. Recebe essa deno-

Nikitin Victor./Shutterstock.com
minação por fazer parte da
da vegetação local, associando-a ao clima pre- família do gênero Abies.
dominante na área identificada. Lembre à
turma de separar, por meio da legenda, a ve-
getação nativa da vegetação decorrente de ati-
vidades econômicas regionais. Solicite pre-
viamente a coleta de imagens e informações
importantes para acompanhá-las.
Taiga na Sibéria. Leste das montanhas de Sayan, Rússia.

Objetivos da atividade:
• Conhecer os diferentes tipos de vegetação Floresta temperada e
do País. subtropical
• Associar, em cada região, o clima
Associada ao clima temperado oceânico, constitui-se numa flo-
predominante e a vegetação que se formou resta homogênea, isto é, com pouca variedade de espécies vegetais
por sua influência. e com predomínio de espécies que perdem as folhas (caducifólias,
• Analisar a presença de vegetação nativa ou decíduas) no outono, a fim de diminuir a evapotranspiração,
uma vez que, no inverno, a água do solo fica estocada na forma sóli-
e de vegetação decorrente de atividade da. Nas áreas mais úmidas, encontramos árvores de porte bastante
econômica para mostrar a ação do homem elevado, como a sequoia, nos Estados Unidos, e o eucalipto gigante,
como elemento modificador da paisagem. na Austrália, porém são o abeto, a faia e o carvalho as suas princi-
pais espécies vegetais.

Florin Mihai/Shutterstock.com
Desenvolvimento da atividade:
• Etapa teórica
Pesquisa e coleta de imagens e de textos infor-
mativos sobre o clima e a vegetação típica de
cada região do País.

• Etapa prática
Montagem dos painéis com mapas, imagens e Floresta Temperada no outono, Romênia.

legendas explicativas.
252 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais
• Material necessário
Cartolina, pincel, figuras, cola, tesoura, etc.
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Anotações

C
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As florestas temperadas foram quase totalmente devastadas,
restando apenas poucas reservas, na Europa ou América, restritas
quase sempre a áreas de difícil acesso ou de pouco interesse econô-
mico. Nos países asiáticos, a extensão da Floresta Temperada, mes-
mo que tenha sofrido redução ao longo do tempo, apresenta um
percentual remanescente maior que o da Europa e o da América.

Estepes
Trata-se de uma vegetação tipicamente rasteira predominante
em áreas frias e secas numa faixa de transição entre regiões desérti-
cas e regiões florestais. Sofrem os efeitos da continentalidade, apre-
sentando verões quentes e invernos muito frios. Localizam-se na
Mongólia, nos Estados Unidos e na Sibéria russa.

Allocricetulus/Shutterstock.com

Estepe na Mongólia.

Pradarias
São formações vegetais herbáceas (gramíneas rasteiras) situa- Geografia em cena
das em ambientes muito semelhantes aos das estepes, porém com
mais umidade. Na América do Sul, onde a pluviosidade é maior, A pecuária extensiva
recebe o nome de Pampa, compreendendo as regiões austrais do é a prática criatória de gado
Brasil, da Argentina e do Uruguai; Pradaria é o nome que essa for- sem tantos investimentos.
mação recebe na América do Norte, e lá compreende uma área que Nela, o gado é destinado ao
vai do Canadá até o sul dos Estados Unidos, passando pelas planí- corte. Essa prática necessita
cies centrais desse país. de alguns cuidados, princi-
As pradarias e estepes são ocupadas ou com pecuária extensiva palmente com alimentação
e semiextensiva ou com agricultura. e o espaço.
8:40
Jason Patrick Ross/Shutterstock.com

Pradaria nos Estados Unidos.

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 253

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Ensaio geográfico
1 Observe o mapa abaixo. Em seguida, identifique o tipo de vege- A vegetação da área indicada é a
tação da área indicada e descreva suas características.
Círculo Polar Ártico
Tundra. Formada por espécies

de baixo porte e constituída


Oceano
de musgos e liquens, a Tundra

Mer
Ver
mel
Pacífico

ho
Oceano
Pacífico
Oceano Oceano
passa muito tempo coberta por
Atlântico Índico
N

O L uma camada de gelo.


S
Círculo Polar Antártico

2 Observe atentamente as imagens e identifique as respectivas formações vegetais.


isak55/Shutterstock.com

Artazum/Shutterstock.com

Sharon Day/Shutterstock.com
Floresta Temperada. Domínio de Taiga, Boreal, ou Tundra.

de Conífera.

3 (Ucpel) Um dos biomas terrestres caracteriza-se por clima muito frio, ambiente seco e precipitação
baixa, geralmente em forma de neve. O solo permanece congelado durante a maior parte do ano, dege-
lando só na camada superficial nos 3 meses de verão. É habitado por plantas herbáceas, como o capim
e o junco, e por animais, como renas, raposas, lebres e lobos, que, no inverno, migram para regiões mais
quentes ou se refugiam em túneis e tocas. Esse tipo de bioma recebe o nome de:

a. Deserto.
b. Taiga.
c. X Tundra.
d. Campos.
e. Floresta Tropical.

254 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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Vegetação
mediterrânea
É uma formação vegetal que recebe o mesmo nome do tipo cli-
mático que promoveu o seu desenvolvimento, o clima temperado
mediterrâneo — tipo bastante influenciado pelo Mar Mediterrâ-
neo, localizado entre a Europa, o norte da África e o oeste da Ásia.
Esse clima apresenta verões quentes e secos e inverno com tempera-
turas amenas e chuvoso.
Por características semelhantes, esse tipo de formação vegetal
aparece em outras áreas do Planeta, como na Califórnia, no extre-
mo meridional da África do Sul, além do oeste e do sul da Austrá-
lia. É uma formação vegetal predominantemente arbustiva ou pode
surgir como bosques de árvores de folhas duras.
Na região mediterrânea, essa formação vegetal vem sendo uti-
lizada milenarmente pelo cultivo das oliveiras para consumo direto
ou produção de derivados, bem como para criação de ovinos e ca-
prinos, o que também ocorre nas outras regiões onde aparece esse
tipo de formação vegetal.
JeniFoto/Shutterstock.com

Cidade de Montepulciano, região da Toscana, Itália.

Vegetação de altitude
A variação de altitude provoca mudanças climáticas, o que im-
plica em adaptações tanto da fauna como da flora. É interessante
observar, nas encostas de uma montanha, a mudança da cobertura
vegetal original à medida que o clima varia.
Em áreas de alta altitude, é possível encontrar animais adapta-
dos ao ar rarefeito, como é o caso da lhama, da alpaca e do condor,
encontrados nos Andes.

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 255

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255

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Variação da vegetação na altitude

Andares de vegetação nas montanhas

8.000

7.000
Neve
perpétua
6.000

Tundra alpina
5.000

4.000
Taiga, ou vegetação
de coníferas
3.000
Floresta Temperada de
folhas caducas
2.000
Floresta Tropical e
zonas agrícolas
1.000
Altitude (m)

Vegetação de desertos
Tom Roche/Shutterstock.com

Nos desertos, a vegetação é rara e, em muitas áreas, inexistente.


As espécies que conseguem sobreviver a esses ambientes são ervas
e algumas xerófilas (que necessitam de quantidades pequenas de
água para sobreviver), como as cactáceas, que mal cobrem o solo.
Este, por sua vez, é bastante pobre e raso, constituindo-se num fino
tapete arenopedregoso.
Cactus, espécie típica de deserto. Deserto
de Sonora, Arizona, EUA.

Savana
Vegetação que surge nas áreas de climas tropicais menos úmi-
dos, com duas estações distintas: uma seca e outra chuvosa. Situa-se
entre as florestas tropicais e os desertos. A origem das savanas é dis-
cutida: relaciona-se tanto ao clima quanto ao tipo de solo (arenoso
e pobre). São formações vegetais constituídas por arbustos de 2 a 3 CG

metros de altura, espaçados e com predomínio da vegetação herbá-


cea, isolada em tufos ou não.
Nas savanas, encontram-se espécies de casca grossa e tronco
retorcido, folhas miúdas e cerosas e raízes longas que precisam
aprofundar-se bastante nos solos arenosos em busca da umidade do
lençol freático, uma vez que esses solos não conseguem reter umi-
dade suficiente para a nutrição das plantas. Assim, enquanto nas
florestas tropicais e equatoriais a biomassa é maior nas partes aé-

256 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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256

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Leitura
reas das plantas para que o excesso de umidade possa ser eliminado, complementar
as savanas especializaram-se no desenvolvimento da biomassa sub-
terrânea, a fim de vencer as adversidades dos solos e a alternância
das estações seca e chuvosa. Desertificação
As savanas recebem as seguintes denominações regionais:
Savana – na África.
A desertificação é o processo de destruição
Cerrado – no Brasil. do potencial produtivo da terra através de
Lhanos – na Venezuela. atividades humanas agindo sobre ecossistemas
Jungle, ou Jângal – na Índia.
frágeis, com baixa capacidade de regeneração.

ludo/Shutterstock.com
Em geral, a desertificação ocorre em zonas ári-
das, semiáridas e subúmidas secas.
Esse processo provoca três tipos de im-
pactos: ambientais, sociais e econômicos.
Como costuma ocorrer em áreas pertencen-
tes a países subdesenvolvidos, a perda de solo
agricultável vem aumentando significativa-
mente, agravando ainda mais a situação das
Cerrado. Chapada dos Veadeiros, nordeste do Estado de Goiás, Brasil. economias desses países, o que tem chamado a
atenção de autoridades de todo o mundo.
Floresta equatorial No entanto, o processo de desertifica-
ção só ganhou relevância a partir de um gran-
Localizada nas proximidades da Linha do Equador, apresenta
grande densidade florestal, árvores muito juntas (as copas se tocam), de processo de degradação do solo, ocorrido
dispostas em andares sucessivos (estratificadas) e a presença de ci- nos estados americanos de Oklahoma, Kan-
pós que se entrelaçam em seus troncos e galhos. Apresenta também
sas, Novo México e Colorado.
a maior variedade de espécies vegetais (biodiversidade) do Planeta:
espécies de folhas largas (latifoliadas), que ao mesmo tempo captam Entre as principais causas responsáveis pela
energia da radiação solar e ajudam a eliminar o excesso de umidade desertificação estão: o desmatamento de áreas
do ambiente. As folhas são perenes (perenifólias) porque não existe
estação desfavorável que condicione a queda total das folhas.
com vegetação nativa; o uso intenso do solo, tan-
to na agricultura quanto na pecuária; e as práti-
Jan Mastnik/Shutterstock.com

cas inadequadas de irrigação. Como consequên-


cia da desertificação, ocorrem a eliminação da
cobertura vegetal, diminuição da biodiversida-
de, salinização e alcalinização do solo, intensi-
ficação do processo erosivo, redução das terras
agricultáveis e diminuição da disponibilidade e
da qualidade dos recursos hídricos.
Floresta Equatorial, oeste de Camarões, África.

Disponível em: http://guiadoestudante.abril.


Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 257 com.br/estudar/ geografia/resumo-geografia-
desertificacao-646814.shtml. Acesso em: 28/11/2012.

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Anotações

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Sugestão de
abordagem As folhas e os galhos caídos são rapidamente decompostos,

Kletr/Shutterstock.com
formando uma espessa camada de húmus, que fertiliza os solos
e ajuda a diminuir o impacto das gotas de chuva no chão, ame-
Construa, com os alunos, um mural foto- nizando os efeitos da erosão pluvial. Apesar do grande volume
de massa biológica, os solos das florestas equatoriais são pobres.
gráfico sobre o domínio amazônico, com ima- Dessa forma, a própria floresta cria e mantém, com os seus resí-
gens de revistas, jornais e da própria Internet, duos biológicos, o solo de que vive. Os principais exemplos são as
tratando de elementos positivos e elementos florestas do Congo, na África; da Indonésia, na Ásia; e principal-
mente a Floresta Amazônica.
negativos encontrados na atualidade. Faça do Essas áreas são mais favoráveis ao extrativismo vegetal, desde que
Extrativismo vegetal. Retirada de madeira
processo de colagem um momento interativo, da floresta. praticado de forma racional, permitindo a recuperação da floresta. O
explicando, gradativamente, cada imagem in- desmatamento indiscriminado expõe o solo à erosão e o empobrece
por causa da lavagem do solo e consequente perda de nutrientes.
serida no painel. A biodiversidade das florestas equatoriais desperta o interesse
de cientistas pelas inúmeras possibilidades de produção de remé-
dios e outras substâncias, além do melhoramento dos cultivos agrí-
Leitura colas, pela introdução de espécies nativas mais resistentes.
complementar
Floresta tropical
Biodiversidade É comum nos climas tropicais, onde predominam solos argi-
losos, a retenção de maior umidade que nas florestas equatoriais,
A Amazônia concentra 53% da área to- onde o solo é arenoso. A floresta tropical é semelhante à equatorial,
tal ocupada pelas florestas tropicais da Terra, com árvores de médio e grande porte e uma das mais ricas biodi-
nada menos que três vezes mais que as matas versidades do Planeta, proporcionalmente mais rica que a Floresta
Amazônica.
do Congo e oito vezes mais que as da Nova Como situavam-se em áreas de conquista e ocupadas por dife-
Guiné. A Floresta Amazônica abriga o equi- rentes sociedades (como o litoral brasileiro, a América Central con-
tinental e insular e o Sudeste asiático), essas florestas praticamente
valente a cerca de 13% de todas as plantas co-
desapareceram, restando apenas áreas descontínuas, manchas, ou
nhecidas do mundo. Só ali há mais de 40 mil argueiros, de áreas conservadas e protegidas.
espécies de planta, das quais 30 mil são endê-

vitormarigo/Shutterstock.com
micas, ou seja, só existem nesse bioma e em
nenhum outro lugar.
A formação dominante é chamada pe-
los estudiosos de floresta ombrófila densa,
expressão que poderia ser traduzida como
“mata fechada que gosta de chuva”. É com-
posta por árvores de médio e grande porte,
que podem ultrapassar 40 m de altura e for-
mam um dossel (cobertura) contínuo, que
deixa passar pouca luz. As plantas de porte Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil.

baixo são em geral árvores jovens, cujo cres-


cimento pode ser acelerado quando ocorre 258 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais
a abertura de clareiras, por exemplo, com a
queda de árvores maduras. Esse tipo de flo-
resta predomina no centro do bioma, onde CG_6ºano_10.indd 258 07/03/2018 13:58:43

as chuvas são bem distribuídas ao longo do te de Mato Grosso e do Maranhão. Nas regiões onde há períodos secos ainda mais prolon-
ano, acompanhando a calha do Rio Amazo- gados, de quatro a sete meses, ocorrem florestas estacionais semideciduais (20% a 50% das
nas e de seus afluentes. árvores perdem folhas na seca) e deciduais (mais de 50% das árvores perdem folhas). As flo-
O bioma amazônico comporta também restas estacionais semideciduais são encontradas no sul de Rondônia e no sudoeste de Mato
outros tipos de floresta. A ombrófila aberta Grosso. As deciduais ocorrem no sudoeste do Pará.
cresce em áreas onde se observa uma estação Nas áreas permanentemente inundadas, encontram-se as matas de igapó, e, nas inundadas
mais seca, em torno de quatro meses do ano, periodicamente, as matas de várzea. Em Roraima e no norte do Amazonas, ao longo dos rios Ne-
e tem árvores mais espaçadas, com concen- gro e Branco, a combinação de clima superúmido com solos muito arenosos faz surgir a forma-
trações locais de palmeiras, cipós, bambus ção conhecida como campinarana. Ela se caracteriza por árvores de tronco fino e esbranquiçado,
e sororocas (parentes das bananeiras). Essa com no máximo 20 m de altura, e pela presença ocasional de palmeiras.
formação está presente no Acre, em Rondô-
nia, no leste e no sul do Amazonas, no nor- Fonte: LEITE, Marcelo. Brasil: paisagens naturais. São Paulo: Ática, 2007. p. 24-25

C
258

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As florestas tropicais encontram-se muito devastadas pelos su- Geografia em cena
cessivos desmatamentos para o desenvolvimento de práticas agríco-
las e pela expansão das áreas urbanas. Mesmo sabendo que o
No Brasil, as florestas tropicais vêm sendo dizimadas desde o desmatamento vem causan-
período colonial e hoje são encontradas em poucas áreas descontí- do um caos no processo de
nuas, confinadas a reservas e parques ou em áreas de difícil acesso. recomposição das espécies
da Mata Atlântica, por que
as autoridades não tomam
Cenário 2 posições mais severas con-
tra aqueles que destroem a
natureza?
O desafio da
sustentabilidade
A segunda metade do século XX foi marcada pela atenção às
questões ecológicas. A primeira reunião mundial voltada para de-
bater os aspectos ambientais foi organizada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1972, em Estocolmo, capital da Suécia.
Em 1987, com a publicação de Nosso futuro comum, documento
elaborado pela ONU com o objetivo de aprofundar o debate sobre
o crescimento econômico e a necessidade de preservação ambiental,
foi difundido o conceito de desenvolvimento sustentável. Podemos
defini-lo como “o desenvolvimento econômico capaz de garantir as
necessidades de matérias-primas da geração atual sem que se compro-
meta a disponibilidade dos recursos para as futuras gerações”.
Sunny studio/Shutterstock.com

8:43

Cuidar do meio ambiente é fundamental para as gerações futuras.

Em 1992, na Cúpula da Terra, mais conhecida como Rio-92,


a ONU realizou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Am-
biente e Desenvolvimento, criando alguns documentos, sendo o
principal a Agenda 21. Esse documento era um plano de ações a
serem desenvolvidas pelos governos de forma a conciliar o cresci-

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 259

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Diálogo com o
professor mento econômico com a preservação do meio ambiente. A Rio-92
deu uma grande contribuição para a difusão do conceito de desen-
volvimento sustentável. No ano de 2012, foi a vez de a Rio+20
É interessante que se faça uma revisão vi- (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável)
propor novas medidas de reparação aos danos ambientais e de pre-
sual de todos os domínios morfoclimáticos. servação dos ecossistemas do Planeta.
Caso considere conveniente, desenvolva as Apesar dos avanços nas discussões, ainda hoje presenciamos
atividades de maneira coletiva, experimen- fatos de destruição ambiental, como derramamento de óleo nos
oceanos, aumento da poluição atmosférica, queimadas, extinção
tando ao máximo os conhecimentos apren- de espécies, etc. Há uma longa jornada para a mudança no atual
didos pelo aluno. modelo de desenvolvimento econômico. Todos nós somos peças
fundamentais para que isso se torne realidade.

Anotações Pequeno dicionário geográfico e cultural


Apropriação: Aquisição, conquista.
Argueiros: Restos isolados, espaçados.
Biomassa: Volume de elementos vivos vegetais.
Cerosas: Cobertas de cera.
Estado latente: Que pode despertar a qualquer momento.
Evapotranspiração: Perda de água pela planta na forma de vapor durante seu processo de respiração.
Homogênea: Aquilo que é semelhante, não se separa ou se diferencia.
Restritas: Limitadas.

Aprenda com arte

Tainá: uma aventura na Amazônia


Direção: Tânia Lamarca / Sérgio Bloch.
Ano: 2000.

Sinopse: O filme conta as emocionantes aventuras de uma jovem indígena órfã que vive com seu avô
Tigê, em um belo recanto do Rio Negro, na Amazônia. Com Tigê, ela aprende as lendas e histórias
de seu povo, convivendo intimamente com a floresta e os animais.

Reino dos felinos


Direção: Keith Scholey / Alastair Fothergill.
Ano: 2011.

Sinopse: O filme acompanha diferentes famílias de felinos na luta pela sobrevivência em um dos
lugares mais selvagens do mundo, a Savana africana.

260 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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Sugestão de
abordagem
Encerramento
1 (UFPI) A Floresta Amazônica é um dos ecossistemas florestais mais bem conservados, embora
Durante a realização das questões do en-
venha sofrendo, ultimamente, diferentes processos de degradação ambiental. Quanto a seus aspectos
geográficos, é verdadeiro dizer que: cerramento, é importante destacar que os bio-
a. seu clima é tropical úmido, e a vegetação apresenta pouca variedade de espécies. mas de climas úmidos sofrem influência da
b. é uma vegetação aberta, com poucas árvores e muitos cactos e arbustos espinhentos.
ação do intemperismo químico (ação das
c. é formada a partir da mistura da água doce dos rios e salgada do mar, por isso é encontrada ao
águas) e, a partir disso, desenvolvem solos pro-
longo do litoral brasileiro. fundos (latossolos). Nas condições climáticas
d. X é a mais exuberante e verde das formações vegetais brasileiras. Apresenta uma grande varieda- úmidas, se apresenta uma formação vegetal do
de de espécies vegetais. tipo hidrófila e perene das quais merece desta-
que a Floresta Equatorial — correspondendo
2 Marque, dentre as proposições abaixo, aquela que apresenta as características da formação vege-
tal de Taiga.
a uma formação vegetativa que se desenvolve
principalmente na zona intertropical da Ter-
a. Formada por arbusto e cactáceas.
ra —, que apresenta uma elevada temperatura
b. Formada por carvalhos e sequoias.
e altos índices pluviométricos em todo o ano.
c. Constitui-se num tapete de ervas que só aparece no verão.
Essas características são fundamentais para o
d. X Extremamente homogênea e constituída por coníferas (pinheiros).
desenvolvimento da biodiversidade.
3 (Ufam) A paisagem é marcada pela presença de vegetação rasteira, com liquens e musgos, e
animais adaptados a temperaturas extremamente frias, como a rena e o urso-polar. Os verões são Anotações
frios e curtos, mas os dias de verão são longos. Nessa estação, a vegetação cresce, floresce e frutifica
rapidamente. O bioma a que se refere o texto acima é constituído de:
a. campos temperados.
b. X tundras.
c. taigas.
d. estepes.
e. florestas de coníferas.

4 Dentre as proposições abaixo, marque a que indica a formação vegetal típica de climas tropicais
com uma estação seca bem definida e que se constitui basicamente de arbustos e plantas rasteiras,
com a presença de poucas árvores.
a. Tundra.
b. Floresta Temperada.
c. Pradarias.
d. X Savana.
e. Floresta Tropical.

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 261

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5 (Fatec–Adaptada) Analise a seguinte descrição geral de um tipo de vegetação.

“Ocorre em climas com períodos frios e quentes bem marcados. As temperaturas de inverno podem
chegar a abaixo do ponto de congelamento. As plantas são úmidas, com estrutura e composição dife-
rentes conforme a área de ocorrência. A queda das folhas nas estações secas equilibra as plantas para
que elas, transpirando menos, consigam atravessar os períodos de escassez de água. É uma das vegeta-
ções mais destruídas do mundo.”

(CONTI, J. B. e FURLAN, S.A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. São Paulo: Edusp, 1996. Adaptado.)

Assinale o nome do tipo de vegetação correspondente à descrição.


a. Pradarias.
b. Vegetação desértica.
c. X Floresta Temperada.
d. Savana tropical.
e. Floresta Boreal.

6 No mapa abaixo, estão indicadas áreas que apresentam o mesmo ambiente natural. Marque a alter-
nativa que indica corretamente o seu nome.
N

O L

a. Florestas tropicais.
b. Vegetação mediterrânea.
c. Tundra.
d. X Desertos.
e. Taiga.

262 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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7 Estabeleça a associação correta entre os climas e as formações vegetais abaixo apresentadas.
Climas Vegetações
1 Temperado continental 4 Tundra
2 Equatorial 5 Savana
3 Tropical semiárido 2 Floresta Equatorial
4 Polar 3 Caatinga
5 Tropical semiúmido 1 Taiga

8 Use as dicas a seguir para encontrar nomes de vegetações nativas no diagrama.


a. Não apresenta árvores em sua composição, antes gramíneas e plantas baixas.
b. É caracterizada por apresentar árvores com formato de cone, que suportam baixas temperaturas.
c. Domínio conhecido como pluvial, detém volumes de chuva superiores a 2.000 mm3 anuais.
d. Floresta que possui a maior biodiversidade do Planeta.

N V T B F G T R N H B A T S V D F T E N
M B A H A B S G V D E Q U A T O R I A L
W B I G V C R G E T H J N N M K P L E V
M C G G S F D V W P Q Ç D M S D N H G T
P L A M A Z Ô N I C A R R C H D F M L Ô
A B S G V D F E T B G N A K P L D B C G

9 Para responder às perguntas, leia o texto que segue.

“Aplica-se, tradicionalmente, ao conjunto paisagístico do sertão nordestino do Brasil um importante


espaço semiárido da América do Sul, em um país com predominância de climas tropicais úmidos e
subúmidos [...]”
(Fonte: http://mapas.ibge.gov.br/tematicos. Acessado em 31/10/2012.)

a. A que vegetação nativa brasileira se refere o texto?


Refere-se à Caatinga.

b. Essa vegetação, devido às suas características principais, pode ser comparada a que outro tipo de
vegetação?
A Caatinga pode ser comparada à Estepe.

c. Pesquise os estados brasileiros que compõem o domínio morfoclimático da Caatinga.


Todos os estados da Região Nordeste e a porção norte de Minas Gerais.

Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 263

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10 Nas figuras, vemos duas espécies animais, típicas de domínios brasileiros, ameaçadas de extinção:
o lobo-guará e a arara-azul-grande. O texto seguinte aponta algumas causas do processo de extinção.
Leia-o e responda às perguntas.

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“Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e hábitats estão desaparecendo rapidamente,
de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas. [...] Ao longo do tempo, o homem vem acele-
rando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto de ter se tornado, atualmente, o principal agente
do processo de extinção. Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem
provocado um novo ciclo de extinção de espécies, agora sem precedentes na história geológica da Terra.
Atualmente, uma das principais causas de extinção é a degradação de ambientes naturais.”
(Fonte: http://www.mma.gov.br/biodiversidade/esp%C3%A9cies-amea%C3%A7adas-de-extin%C3%A7%C3%A3o
(adaptado). Acessado em 31/10/2012.)

a. Conforme o texto, como se caracterizam espécies ameaçadas?


Espécies que correm o risco de se extinguirem por conta do desaparecimento de seus hábitats e suas

populações.

b. Quem é o principal responsável pelo processo de extinção dos animais? E qual é a principal causa
desse processo?
O homem é o principal responsável, por degradar ambientes naturais. O interesse econômico é a prin-

cipal causa.

c. Faça uma pesquisa para descobrir em quais domínios morfoclimáticos do Brasil as espécies das figu-
ras podem ser geralmente encontradas.
O lobo-guará pode ser encontrado no Cerrado, na Caatinga, na Mata Atlântica, no Pantanal e nos

campos do sul. Já a arara-azul-grande pode ser encontrada no Cerrado e na Floresta Amazônica.

264 Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais

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de fundamentação capitalista na economia
global.
• Compreender a importância da economia
Capítulo 11 em uma sociedade.
• Analisar a participação de organismos in-
ternacionais no sistema econômico mundial.
As relações econômicas BNCC
no cotidiano Vista aérea do centro de Riade, na Arábia Saudita.
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE06) Identificar as características das


paisagens transformadas pelo trabalho huma-
no a partir do desenvolvimento da agropecuá-
ria e do processo de industrialização.
(EF06GE07) Explicar as mudanças na intera-
ção humana com a natureza a partir do surgi-
mento das cidades.
(EF06GE11) Analisar distintas interações
das sociedades com a natureza, com base na
distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversida-
de local e do mundo.

Anotações

A economia está presente


em diversas atividades de
nossa vida. Muitos dos espaços
pelos quais circulamos, inclusive,
foram desenvolvidos ou aperfeiçoados
para favorecer a eficácia das relações
econômicas. É o que iremos aprender
neste capítulo, além de outros
aspectos básicos da economia que
nos afetam diariamente.
om
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Fedor Selivanov

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Objetivos • Esclarecer a forma de organização (capita-


pedagógicos lista ou socialista) e o funcionamento da eco-
nomia do mercado mundial.
• Expor e discutir as principais consequên-
• Apresentar o conceito de indústria e discu- cias do processo industrial, especialmente
tir o processo de evolução da atividade indus- quanto à questão do desemprego.
trial, enfatizando a importância e as caracte- • Compreender a participação humana
rísticas das revoluções industriais. na construção de um determinado espaço
• Explicar como a industrialização tem sido geográfico.
responsável pelas grandes transformações • Identificar claramente os elementos fixos
ocorridas no espaço geográfico. (humanos) e os objetos de fluxo (humanos e
• Apresentar os tipos de indústria existentes, naturais) dos mais variados espaços.
caracterizando-os. • Analisar o papel do trabalho no processo
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Diálogo com o
professor Cenário 1

A princípio, partimos do estudo do con-


ceito de espaço geográfico relacionando-o
Introdução ao
com temas da natureza, agora o veremos a par- estudo da atividade
tir de suas principais ligações humanas, mais
especificamente a economia global. econômica
Explore ao máximo as imagens de forma que
determinados conteúdos, abordados mais à fren- As relações sociais e o
te, sejam, desde já, introduzidos nesse primeiro espaço geográfico
contato com o tema. Procure, por exemplo, tra-
balhar com as relações temporais para explicar o Como já estudamos, o espaço geográfico é resultado de altera-
ções realizadas por nós, os seres humanos, ao longo do tempo. Sua
processo de desenvolvimento de uma área. formação se dá a partir da interação e modificação do nosso próprio
hábitat com o espaço natural. Neste capítulo, analisaremos como
esse espaço se relaciona com um campo importante da sociedade
Sugestão de atual: a economia.
abordagem O estudo geográfico da economia abrange a análise de produ-
ção, extração, transformação, distribuição e consumo de determi-
nados bens e serviços. Todo processo produtivo de uma economia
passa por diversas etapas até se chegar ao produto final. Assim,
Trabalhe as relações entre os seres huma- destaca-se a necessidade de se compreender da melhor forma possí-
nos e o espaço construído por nós: os gran- vel cada passo do sistema capitalista, que tem o dinheiro como seu
principal núcleo de importância.
des centros urbanos. Para isso, sugerimos
Chamamos de relações sociais as interações estabelecidas en-
que leve para a sala de aula o documentário tre indivíduos no interior de um grupo social. São relações marca-
O mundo sem ninguém, produzido pelo The das por intenções e realizadas por meio das ações de pessoas, em-
presas e instituições.
History Channel. Com ele, será possível ex-

Luciano Mortula - LGM/Shutterstock.com


plorar a relação de dependência entre o meio
modificado e o ser humano.

Anotações

Nova York, um dos principais centros financeiros e comerciais do mundo.

266 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano

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As relações sociais ocorrem em ambientes cada vez mais huma-
nizados, ou seja, criados e modelados segundo as necessidades do ser
humano. Nesse processo de transformação do espaço natural em es-
paço geográfico, o indivíduo cria seu próprio ambiente baseado em
técnicas que obedecem e servem à sociedade. As relações sociais é
que dão vida ao ambiente artificializado. Por isso, sem a presença
humana, um espaço não pode ser classificado como geográfico.

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Central Park, Nova York. O parque está rodeado por arranha-céus, caracterizando um ambien-
te artificializado.

Os elementos fixos e
fluxos
O ser humano cria objetos técnicos, que podem ser uma praça
pública, um shopping center, um aeroporto, uma avenida, etc. Todos
esses objetos são criados com um objetivo próprio e se relacionam
no espaço geográfico.
Segundo o professor Milton Santos, um importante geógrafo
brasileiro, o espaço geográfico é constituído de objetos fixos e flu-
xos. Os objetos fixos se referem às estruturas físicas, como casas,
avenidas, prédios, edifícios governamentais, tribunais. Esse conjun-
to faz com que haja os fluxos: as pessoas que vivem ou visitam o
espaço, as informações que nele circulam, o dinheiro e todos os ou-
0:35
tros elementos que fazem os objetos fixos cumprirem suas funções.
Cada vez mais, os fluxos são volumosos e rápidos, na medida
em que a tecnologia avança e permite sua maior fluidez. Podemos
citar, como exemplo desse fenômeno, as telecomunicações. Hoje,
as notícias podem ser divulgadas praticamente em tempo real, pois,
em questão de segundos ou minutos, a informação de determinado
acontecimento circula pela rede mundial de computadores, a Inter-
net, e torna-se disponível para pessoas do mundo inteiro.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 267

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Diálogo com o
professor
Trabalho e emprego
Trabalho é toda atividade física ou intelectual realizada por
Fale que a Revolução Industrial fez acon- um ser humano, tendo como objetivos fazer, construir, transformar
tecer uma ampliação da divisão internacional ou obter algo, atendendo às suas necessidades e ao coletivo.
do trabalho e que alguns países europeus, tais Costumamos dizer que alguém está empregado quando as-
sume um cargo ou uma função dentro de uma empresa, na qual
como Inglaterra, França e Holanda, passaram a exerce um trabalho em troca de um salário. Há também o empre-
se especializar na produção industrial, contro- sário, aquele que é o dono do processo produtivo da empresa. Este,
muitas vezes, por deter maior capital e possuir toda a estrutura pro-
lando o mercado mundial desses bens e impor-
dutiva (uma farmácia, loja, indústria, usina, etc.), terá os maiores
tando produtos primários de suas colônias. ganhos com a atividade. Também é possível identificar pessoas que
trabalham por conta própria, sem a necessidade de um chefe para
comandá-las. São os profissionais autônomos.

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Leitura
complementar
Capitalismo e espaço
geográfico
Trabalhador colhendo tomates em estufa.

Num primeiro momento da história da


humanidade, a natureza determinava a sobre- Relações trabalhistas
vivência e a mobilidade do homem sobre a Ter- As relações trabalhistas ocorrem entre empregador e emprega-
ra. O desenvolvimento técnico e a construção do, e existem leis que protegem os direitos dos trabalhadores com
de instrumentos de trabalho tornaram possí- o objetivo de garantir uma remuneração digna e boas condições de
trabalho. No Brasil, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é
veis a transformação da natureza e a produção o documento que foi formulado para assegurar esses direitos, sancio-
dos elementos vitais ao ser humano, abolindo nado pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1° de maio de 1943.
a necessidade dos frequentes deslocamentos.

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Na medida em que tornaram as comunidades
sedentárias, surgiram as noções de proprieda-
de da terra. A partir de então, o progresso téc-
nico tornou-se cada vez mais frequente. O uso
da metalurgia e da cerâmica constituiu outro
passo decisivo para o desenvolvimento das co-
munidades. O comércio foi outra importante
atividade humana que contribuiu para apro- Trabalho em fábrica de alimentos processados. Só no Brasil são, aproximadamente, 1,6 milhão
de trabalhadores.
fundar as transformações espaciais.
268 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano
Capitalismo e renascimento
comercial
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A partir dos séculos XV e XVI, a expan- nado produto, possibilitando o intercâmbio cionais europeus. Ao mesmo tempo que se de-
são da rede comercial incorporou e provocou de diferentes mercadorias. O capitalismo co- senvolvia o comércio em larga escala, ocorria
o desenvolvimento tecnológico. A invenção mercial inaugurou, assim, o comércio em lar- o desenvolvimento da manufatura, em substi-
da caravela, da bússola e do astrolábio cria- ga escala e intercontinental, integrando Amé- tuição às corporações de ofício remanescentes
ram novas possibilidades de navegação a lon- rica, África, Europa e Ásia. O uso da pólvora do período feudal.
ga distância. Foi o momento da transição do foi fundamental para a submissão dos povos
feudalismo para o capitalismo. O feudalismo que, compulsoriamente, viram-se integrados
apoiava-se numa relação social definida pela à nova ordem econômica da Europa. O mer- Anotações
dependência entre senhores e vassalos, no tra- cantilismo, doutrina econômica e política do
balho servil, numa economia rural que ten- capitalismo comercial, criou as bases de uma
dia à autossuficiência e num sistema político nova geografia europeia e mundial. Fortaleceu
descentralizado. No capitalismo, as empresas a unificação territorial a partir de um governo
especializam-se na produção de um determi- centralizado, dando origem aos Estados Na-
C
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Cenário 2

Mudanças
históricas na
economia
A origem e a circulação
do dinheiro
No período da História em que o ser humano deixou de ser
nômade, ou seja, começou a praticar a agricultura e pecuária e pas-
sou a habitar um lugar fixo, sua produção era voltada para o seu
abastecimento, garantindo, assim, a sua manutenção. O excedente
(a sobra) do que era produzido começou a ser utilizado para a tro-
ca por outros bens, como sal, carne, couro, etc. Esse processo deu
origem à primeira manifestação do comércio, o escambo, a troca
direta de mercadorias. No escambo, a mercadoria era avaliada de
acordo com a quantidade de tempo ou força de trabalho utilizada
para a sua produção ou pela necessidade do comprador.
kuruneko/Shutterstock.com

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Venda de frutas e legumes em canoa na Tailândia, Ásia.

O escambo era realizado com os produtos extraídos da terra,


e tais produtos possuíam determinado valor. Dessa forma, o ser
humano estava, com essa atividade, gerando o primeiro tipo de ri-
queza: a primitiva, aquela que é extraída da terra ou por meio de
atividades ligadas a ela.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 269

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Africa Studio/Shutterstock.com
O papel-moeda é uma das maneiras de atribuir valor aos bens e serviços.

Com o passar do tempo, algumas mercadorias passaram a ser


mais aceitas e se tornaram moedas-mercadorias, sendo utilizadas
como padrão para troca e avaliação do valor do produto. O sal e o
gado são dois exemplos de moedas-mercadorias: ambos possuem
uma alta valorização — o primeiro por ser raro no interior dos conti-
nentes e utilizado para a conservação dos alimentos; o segundo, pelas
suas inúmeras utilidades. A palavra capital, muito usada quando se
fala de economia, deriva do latim capita, que significa cabeça, em re-
ferência às trocas de mercadorias por cabeças de gado.
Lentamente, essas moedas-mercadorias foram sendo substituí-
das por metais, como ouro e prata, já que poderiam ser divididos e
permitiam o acúmulo de riquezas. De acordo com o peso, era atri-
buído valor à moeda. Por exemplo: 100 gramas de ouro em moedas
eram trocados por mercadorias nesse mesmo valor.
Os ourives, negociantes de ouro e prata, possuíam cofre e segu-
ranças para proteger suas riquezas (fato que fez com que eles rece-
bessem as moedas de outras pessoas) e emitiam recibos. Então, os
recibos começaram a ser usados como pagamento, já que era mais
seguro do que circular com muitas moedas de ouro e prata. Tive-
ram origem, assim, as primeiras cédulas, ou papéis-moedas. O uso
das moedas deu origem aos bancos, pois as pessoas passaram a ter a
necessidade de guardar sua riqueza em um local seguro.
O dinheiro é a representação de uma riqueza real produzida
pela sociedade. Apenas o banco central dos países pode emitir moe-
das. Os governos não podem imprimir cédulas livremente, pois o
dinheiro é uma mercadoria também: se estiver em abundância no
mercado, tende a ser desvalorizado.

270 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano

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Ensaio geográfico
1 Você estudou neste capítulo os conceitos do

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professor e geógrafo Milton Santos no que se trata
dos fixos e fluxos de uma determinada área ou re-
gião. Dessa forma, analise atentamente a imagem
ao lado da Times Square, uma das avenidas mais
movimentadas e dinâmicas do mundo, e liste, nas
linhas disponíveis, alguns elementos fixos e fluxos
visualizados por você.
Sugestão de resposta: Fixos: Prédios, lojas, postes de

iluminação, entre outros. Fluxos: Pessoas, informa-

ções e notícias, entre outros.

2 Leia o texto e observe o mapa para responder às questões.


“O trabalho no Brasil é proibido para me-
Trabalho infantil (de 5 a 17 anos) na nores de 14 anos e, dessa idade até os 15 anos,
população urbana brasileira em 2012 só é permitido na condição de aprendiz. Entre
os 16 e 17 anos o trabalho é liberado, desde que
RR AP Equador
não comprometa a atividade escolar e que não
ocorra em condições inadequadas e com jornada
AM
PA
noturna.”
MA CE
RN
PI
PE
PB
(Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/cidadania/direitos-
AC
RO TO AL do-cidadao/erradicacao-do-trabalho-infantil/print. Acessado
SE
MT BA em 06/11/2012.)
DF
GO

MS
MG
ES
a. A partir de quantos anos uma pessoa pode tra-
De 4% a 6% SP
RJ
balhar legalmente no Brasil?
De mais de 6% a 8% PR
De mais de 8% a 10%
SC
N
Aos 14 anos, na condição de menor aprendiz.
De mais de 10% a 12%
RS O L
Acima de 12%
S

b. Segundo o mapa, a lei sobre a idade mínima para trabalhar é totalmente cumprida no Brasil? Explique.
Não. O mapa revela que, em todo o País, crianças e jovens a partir dos 5 anos de idade trabalham de

alguma forma.

c. Você já observou alguma criança trabalhando? O que achou? Conte para seus colegas e seu professor
e escreva sua experiência em seu caderno. Resposta pessoal.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 271

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Leitura
complementar
Cenário 3

Capital: para Adam Smith, Conceitos


inclinação humana
fundamentais
Uma das primeiras expressões sobre o
tema encontra-se na obra de Adam Smith — O que a economia
Estudo sobre a natureza e as causas da rique- estuda?
za das nações (1776) —, que fundou a econo-
O termo economia vem de duas palavras gregas: oikos (casa)
mia política clássica. Nas primeiras páginas,
e nomos (cuidar, administrar). Ou seja, seu significado nos lem-
o autor aponta a existência, no ser humano, bra regras da casa ou administração doméstica. A economia é uma
de uma “inclinação que o leva a comerciali- ciência social voltada para o estudo da produção, distribuição e o
consumo de bens e serviços.
zar, fazer escambos e trocas de uma coisa por A economia se preocupa com as formas de comportamento
outra”, inclinação especificamente humana resultantes da relação entre o homem e a natureza. Por exemplo:
de que não se encontra vestígio em nenhuma acesso a reservas de petróleo para abastecer as grandes potências
econômicas mundiais, atendendo ao seu alto consumo de combus-
espécie animal. tíveis; aumento da produtividade agrícola do feijão brasileiro para
Inclinação na qual Adam Smith vê o fun- atender à demanda crescente desse gênero alimentício no País e em
damento na mútua dependência dos homens outras partes do Planeta; venda de ferro extraído no subsolo bra-
sileiro para a China e os Estados Unidos, país em acelerado cresci-
que vivem em sociedade: a troca está direta- mento econômico que demanda mais matérias-primas.
mente ligada à vontade de satisfazer as exigên- A economia está diretamente ligada ao governo das nações,
cias desta última: “[...] o homem tem quase pois é ele que estabelece as regras para o
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seu funcionamento: as leis de regulação de


continuamente necessidade da ajuda de seus produção, distribuição e consumo de bens
semelhantes, e seria ilusório esperá-la apenas e serviços dentro do país e com as nações
estrangeiras. Dessa forma, os efeitos dessas
por sua benemerência. Será bem mais segu-
regras ou medidas governamentais são vi-
ro obtê-lo dirigindo-se ao interesse desses se- venciados por todos nós diariamente.
melhantes, persuadindo-os de que, em nome Além dos governos, existem os or-
ganismos internacionais, como o Banco
de seus próprios interesses, devem fazer o que
Mundial e o Fundo Monetário Inter-
ele deseja deles. É o que faz aquele que pro- nacional (FMI). O FMI foi criado para
põe a outro uma compra qualquer. O sentido monitorar e proteger o sistema financeiro
internacional contra as crises econômicas,
da proposta é: dê-me aquilo de que tenho ne- e o Banco Mundial financia programas
cessidade, e você terá de mim o que necessita”. sociais e projetos de infraestrutura em
Dessa inclinação à troca, resulta, de acor- diversos países. Os países-membros têm
maiores poderes nas decisões políticas.
do com Adam Smith, a tendência ao desen- Banco Central do Brasil, em Brasília. Cérebro da economia brasileira.

volvimento da divisão do trabalho, cada um


tendo interesse em se especializar pelo tipo de 272 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano
atividade para o qual a natureza, a tradição ou
a experiência pessoal o torna mais apto. “As-
sim, a certeza de poder trocar o produto do CG_6ºano_11.indd 272 07/03/2018 14:00:37 CG

seu trabalho que excede o próprio consumo tas. Ou seja, ao mesmo tempo exclusivamente cesso de desenvolvimento — ou seja, uma es-
pelo produto do trabalho de outros que lhe autônomos (visto que proprietários privados trutura socioeconômica caracterizada por um
seja necessário incentiva cada homem a se de- do produto do seu trabalho e dos seus meios conjunto de produtores privados unidos sim-
votar a uma ocupação específica e a cultivar e de produção) e dirigidos apenas pelo raciocínio plesmente por um sistema de relações comer-
aperfeiçoar tudo o que ele pode ter de talen- do interesse pessoal na sua mútua dependência. ciais. Observa-se que, se isso fosse natural da
to e inteligência para essa espécie de trabalho.” Em se tratando de um mito, no sentido de sociedade, o capitalismo teria nascido quase
Para Adam Smith, a troca comercial e a um relato fabuloso, que deveria explicar as ori- imediatamente no fim da pré-história humana.
divisão do trabalho que ela implica — como gens e os fundamentos do mundo em geral e
condição e resultado ao mesmo tempo — são das instituições humanas em particular, nota-se Disponível em: diplo.org.br/2006-11,a1427. Acesso em:
consideradas um estado natural (em todos os com facilidade, de início, o caráter propriamen- 07/02/2018.
sentidos do termo) da sociedade, com base na te tautológico da explicação fornecida. Adam
suposição de que esta é apenas a reunião de Smith pressupõe como estado natural da so-
uma multidão de indivíduos meramente egoís- ciedade o que deveria explicar a gênese e o pro-

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Diálogo com o

Macroeconomia e professor
microeconomia Comente que os novos processos de pro-
O estudo da economia pode ser dividido em duas áreas. A ma- dução e as grandes mudanças nas relações de
croeconomia tem como princípio relacionar os agentes econômi- trabalho dentro das empresas capitalistas, com
cos e indicadores que refletem na economia mundial ou regional
como taxa de juros e câmbio, balança comercial e inflação, entre a Terceira Revolução Industrial, desenvolveram
outros indicadores econômicos. novos métodos de produção, mais ágeis e flexí-
Já a microeconomia se volta para o estudo das unidades indivi-
veis, em que as características das mercadorias
duais, ou agentes produtivos: as empresas e os donos dos recursos de
produção. A microeconomia está preocupada com as relações entre podem ser modificadas com rapidez em fun-
os consumidores e os agentes de produção — para quem produzir, ção das exigências do mercado de consumo.
em que volume, a que preço vender, etc. Nesse estudo, observa-se
o seguinte processo: de um lado, as pessoas que fornecem trabalho
Esse sistema de produção, conhecido por just
(mão de obra) e necessitam de bens de consumo (produtos) para in time, além da eficiência, está diretamente re-
atender às suas necessidades; do outro, as empresas que necessitam lacionado à capacidade do mercado.
de trabalhadores e são fornecedoras de produtos ou serviços.

think4photop/Shutterstock.com
Anotações

Plataforma petrolífera no Rio de Janeiro, Brasil.

Os setores da economia
Os setores da atividade econômica são conjuntos de ativida-
des diferenciados pelos bens que produzem e que, juntos, formam
a economia de uma região.
Existem três setores:
Setor primário: está ligado à produção de bens por meio da
exploração de recursos da natureza. Como exemplos de atividades
econômicas desse setor, podemos citar a agricultura, a mineração
sem o uso de equipamentos de alta tecnologia, a pesca, pecuária, o
extrativismo vegetal e a caça.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 273

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Setor secundário: está diretamente relacionado à transfor-
mação de matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em ou-
tros produtos. Os principais exemplos são o artesanato e a indústria
(produção de roupas, máquinas, automóveis, alimentos industriali-
zados, eletrônicos, casas, etc.).
Setor terciário: está ligado à prestação de serviços, como
educação, saúde, turismo, segurança, comércio, telecomunicações.
Setor quaternário: inclui atividades do conhecimento alia-
do à alta tecnologia, como biotecnologia e robótica.

Setor secundário
Transformação de bens
naturais em produtos aca-
Setor primário
bados ou semiacabados
Extração e
produção de bens

Extração de minério de ferro Linha de produção automotiva

Uso de alta tecnologia em automóveis Comércio automotivo

Setor quaternário
Serviços e atividades de alta
tecnologia
Setor terciário
Prestação de serviços

O que é inflação?
Se existe quem consome os produtos, existem também aque-
les que produzem e vendem mercadorias. Quando a procura dos
produtos é maior que a oferta deles, há o aumento do preço das
mercadorias. Elas se tornam mais caras porque faltam no mercado,
ocasionando o que chamamos de inflação de oferta.
Outra forma é a inflação por demanda: quando as pessoas
estão comprando muito, dizemos que o mercado está aquecido e,
por isso, há aumento dos preços, pois a procura está maior que a

274 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano

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produção. Isso faz com que os governos, por meio do banco central,
acompanhem constantemente a inflação e adotem índices inflacio-
nários para acompanhar suas mudanças.
Houve um período no Brasil em que a inflação era um grave
problema — os preços subiam diariamente. Para se ter uma ideia,
em 1989, período conhecido como superinflação, o índice infla-
cionário se aproximou de 1.700% ao ano. No ano de 2016, a infla-
ção acumulada foi de 6,29%, o que demonstra profundas mudanças
na estrutura da economia brasileira.

O que é lucro?
Chamamos de lucro o retorno de um investimento que se fez
ao construir um determinado negócio. Existem vários tipos de lu-
cro, mas vamos estudar apenas dois: o lucro bruto e o lucro líqui-
do. O primeiro se refere a tudo que a empresa faturou ou vendeu
em determinado período, sem deduzir seus gastos. Já o lucro líqui-
do é o que restou do lucro bruto após a empresa ter pago taxas,
impostos, despesas e o salário dos empregados.
Por exemplo: imagine que uma fábrica de chocolate teve um lucro
bruto de R$ 500.000,00 no mês de dezembro de 2013. No mesmo pe-
ríodo, essa empresa teve gastos e despesas no valor de R$ 200.000,00.
Para sabermos o lucro líquido, subtraímos o valor dos gastos e das des-
pesas. Então, seu lucro líquido naquele mês foi de R$ 300.000,00.

Produto Interno Bruto


e Produto Nacional
Bruto
A maioria dos países, inclusive o Brasil, possui empresas estran-
geiras em seu território, as chamadas multinacionais. Uma empre-
sa estrangeira pode gerar empregos e investir no território em que
está atuando, porém a maior parte do seu lucro retorna para o país
em que está a sua sede, onde haverá os maiores investimentos em
pesquisa, tecnologia, propaganda, os melhores salários, etc.
O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de toda a ri-
queza produzida no interior de uma economia nacional, regional,
estadual ou municipal, incluindo a riqueza produzida pelas multi-
nacionais. Já no cálculo do Produto Nacional Bruto (PNB), só é
levado em consideração o capital nacional, aquilo que é exclusiva-
mente produzido pelo país. Dentre esses dois indicadores, o mais
utilizado no Brasil é o PIB.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 275

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Leitura
complementar
Cenário 4

É possível que o centrismo


represente o melhor do
Os sistemas
capitalismo e do socialismo? econômicos
O capitalismo não é uma soma de aspec- O capitalismo
tos positivos e negativos, de elementos que
possam ser recuperados ou descartados: é um Vivemos no sistema econômico capitalista. Nós já nascemos
seguindo um conjunto de regras, princípios e leis que conduzem a
sistema que, em um dado momento, foi revo- esse tipo de economia, o que chamamos de sistema.
lucionário e hoje não é. Ele engloba e reúne Esse sistema é caracterizado pela propriedade privada da maioria
tudo: a alta tecnologia, a riqueza mais sofisti- dos meios de produção e possui fins lucrativos. Nele, as decisões de
demanda, preço e oferta não devem sofrer a interferência do governo.
cada e a extrema pobreza. Aqueles elementos Já os lucros são distribuídos entre os proprietários, também chama-
que contribuem para maior eficácia na produ- dos de capitalistas, sendo este o objetivo principal da maior parte do
ção são os mesmos que alienam o trabalho hu- empresariado. O capitalismo possui alguns princípios básicos:

mano. Aqueles que criam riqueza para alguns, Propriedade privada: as empresas — padarias, escolas, hos-
produzem pobreza para a maioria, em nível pitais, lojas, supermercados, etc. — devem pertencer a investidores,
e não ao Estado.
nacional e internacionalmente. Eu acho que é
Livre-iniciativa: todos os cidadãos são livres para tomar a
uma falácia estabelecer tal objetivo: não existe iniciativa de atuar em qualquer área da economia.
o ‘melhor do capitalismo’, como se o capitalis- Livre concorrência: a competição estimula a inovação e a
criação de novas tecnologias.
mo pudesse ser refinado, como se um bom ca- Lei da oferta e da procura: quanto maior for a procura de
pitalismo fosse viável. Há versões muito ruins, um produto, maior será seu preço; se houver abundância de deter-
como o neoliberalismo ou o fascismo, mas minada mercadoria no mercado, os preços diminuem.
Acumulação de capital: a principal meta do sistema, para
não sei de nenhuma que seja boa. O capitalis- gerar o acúmulo de riqueza.
mo é sempre selvagem.

View Apart/Shutterstock.com
Por outro lado, o socialismo, diferente-
mente do capitalismo, não é um todo orgâ-
nico, uma realidade já construída, mas sim
um caminho que não deixa para trás total-
mente o sistema que está tentando superar.
Testamos aqui e ali, adotamos novas for-
mas, avançamos e recuamos, eliminamos o
que não der, corrigimos os erros uma e ou-
tra vez; um caminho para outro mundo, no A McDonald’s é considerada um dos símbolos do capitalismo. Loja localizada em Rimini, Itália.

meio da floresta, porque o capitalismo é o


sistema hegemônico. O que caracteriza o 276 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano
socialismo é a sua intenção firme, declara-
da, de superar o capitalismo.
Existe um centro? Sobre que bases é es- CG_6ºano_11.indd 276 07/03/2018 14:00:38 CG

tabelecido? No sistema eleitoral capitalista, como um cliente, porque as eleições fun- lhor de ambos os sistemas. Na verdade, provo-
supostamente, há uma esquerda e uma direi- cionam como se fosse um mercado — está ca uma alternatividade de métodos, não de es-
ta, mas essa esquerda, cuja matriz ideológi- cansado de que os partidos da direita e da sências. Sem falarmos de casos muito isolados,
ca é a social-democracia, que originalmente esquerda se revezem e apliquem políticas se- como poderia ter sido Olof Palme, na Suécia,
era marxista e tencionava reformar o capi- melhantes e o sistema, então, constrói uma que viveu em um país muito rico, que ainda
talismo, até que desaparecesse gradualmen- terceira maneira falsa. sem ter colônias, como parte do sistema capi-
te, hoje é funcional para o sistema e repudia Mas os polos reais não estão dentro de talista, também se beneficiou do sistema colo-
o marxismo, e difere dos partidos conserva- um sistema, são opostos: eles são o capitalis- nial e neocolonial.
dores em suas políticas sociais e sua com- mo e o socialismo. Não existe um centro, um A social-democracia, que parecia ser a
preensão sem preconceitos da diversidade. espaço neutro entre os dois sistemas. A social- vencedora, deixou de fazer sentido quando a
A fórmula centrista funciona dentro do sis- -democracia encontra-se dentro do capitalis- União Soviética entrou em colapso e desapa-
tema capitalista como um recurso de propa- mo, mas finge ser um centro, tentando fazer receu o bloco socialista. Nem mesmo foi ca-
ganda eleitoral. O eleitor — que é tratado aquilo que declaramos impossível: tirar o me- paz de ficar na Suécia (Olof Palme foi assas-

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Sugestão de
Atualmente, a maior parte dos países do mundo adota esse Geografia em cena abordagem
sistema econômico, fato que contribui para o desenvolvimento da
globalização, que compreende um estágio de integração cada vez O termo globaliza-
maior das economias nacionais, tecnologias e informações. ção vem sendo utilizado a Professor, mostre aos alunos quais são as
partir da década de 1980,
embora estudiosos afirmem
vantagens e desvantagens de cada sistema, de
O socialismo que sua origem vem do pe- modo imparcial. Em complemento, apresen-
ríodo das Grandes Navega- te alguns países que vivem o sistema socialista.
Atualmente, países como Vietnã e Cuba são socialistas. Esse ções (XV e XVI). A globa-
sistema econômico se opõe completamente ao modelo capitalista: lização representa a atual
o Estado detém a propriedade, ou seja, todas as instituições per- fase do capitalismo, marca-
tencem ao governo (propriedade estatal). Por isso, não há con- da pela integração política, Anotações
corrência entre as empresas. Também não existe a lei da oferta e da econômica e cultural entre
procura, é o Estado que estabelece o preço, a distribuição e a quan- os países, que tiveram suas
tidade de produção das mercadorias. Um das principais ideias do fronteiras encurtadas pela
socialismo é a não acumulação de capital, para que a administração alta tecnologia, acabando,
do Estado crie uma sociedade igualitária. assim, com as distâncias.

Denys Turavtsov/Shutterstock.com

Havana, capital de Cuba.

O sistema misto
Esse é o modelo de sistema econômico vivenciado pela China.
Ele funciona da seguinte forma: na esfera política, o país é socia-
lista, pois ainda mantém um partido único, o Partido Comunista
Chinês. A liberdade de expressão é controlada pelo Estado: o aces-
so à Internet, por exemplo, é fiscalizado pelo governo. Mas, na esfe-
ra econômica, o país é capitalista, pois há a propriedade privada, o
mercado é quem determina os preços, a concorrência é acirrada e a
livre-iniciativa é permitida.
Hoje, a China é o centro das atenções na economia capitalista
global devido a seu acelerado crescimento, sua abundância de maté-
ria-prima, sua mão de obra barata e um vasto mercado consumidor
— o maior do mundo; fatores de atração de milhares de empresas
estrangeiras para o país, em busca dos baixos custos de produção.

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 277

0:38 CG_6ºano_11.indd 277 07/03/2018 14:00:38

sinado). Depois disso, o sistema não mais


precisou dela e teve que se recompor. A Ter-
ceira Via, de Tony Blair, é um centro que foi
derivando mais para a direita: aceita e imple-
menta políticas neoliberais e é aliada das for-
ças do imperialismo em suas guerras de con-
quista. A história da social-democracia é
essencialmente europeia.

Disponível em: https://gz.diarioliberdade.org/artigos-


em-destaque/item/173148-e-possivel-reunir-o-melhor-
do-capitalismo-e-do-socialismo.html . Acesso em:
12/12/2017

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Leitura
complementar
Cenário 5
Consumismo
Consumo é o meio comum de aquisição
Economia e
e uso de produtos ou serviços, sempre para sustentabilidade
atender às necessidades do cidadão; consu-
mismo é o consumo compulsivo, sem regra, Consumo x consumismo
é comprar o que não se precisa com o dinhei-
O indivíduo extrai tudo que é necessário para sua sobrevivên-
ro que não se tem. As facilidades exagera- cia da Terra. Se observarmos a cadeia alimentar, veremos que o ser
das juntamente com a publicidade, que mais humano se encontra no topo, ou seja, não garante a alimentação
se assemelha com “lavagem cerebral”, pro- ou a vida de nenhuma outra espécie. Ao contrário das árvores, por
exemplo, que captam a radiação solar e, por meio da fotossíntese,
movidas pelas empresas, causam o fenôme- produzem seu próprio alimento, o ser humano depende de outras
no, responsável por dificuldades e superen- espécies (vegetais ou animais) para a sua sobrevivência. Por isso,
dizemos que o ser humano é, por natureza, consumidor.
dividamento do consumidor, originado não
No entanto, essa extração tem sido realizada, na maioria dos
somente por descontrole financeiro indi- casos, a partir de um sistema de geração de riquezas que leva ao
vidual, mas por falta de condições para satis- consumo acelerado dos recursos naturais. A palavra consumista
tem sido bastante usada para designar pessoas que praticam o con-
fação das necessidades básicas ou pela irres- sumo desnecessário, apenas para satisfazer a necessidade individual
ponsabilidade na concessão do crédito. Para da compra. A prática consumista exige maior extração de matérias-
equilibrar o sistema, o consumerismo trata -primas da Terra e ocasiona maior produção de resíduos, já que os
produtos logo ficam ultrapassados, mesmo que, muitas vezes, ainda
do consumo responsável, sem extravagância, estejam aptos para o uso.
é comprar de acordo com as necessidades e Esse fenômeno deu-se por iniciado com a Revolução Indus-
com os recursos que se dispõe. trial, nas últimas décadas do século XVIII, quando a produção de
bens de consumo foi intensificada.
O sistema capitalista, caracterizado pelo

Everett Historical/Shutterstock.com
papel preponderante do dinheiro, difun-
de a cultura do consumismo exacerbado, da
competição exagerada e do desperdício. As-
sim procede para ampliar cada vez mais o lu-
cro, sem se importar com o destino do consu-
midor ou até mesmo com a boa qualidade do
produto ou do serviço.
Diante da assertiva de que o povo é guiado
pelo poder das imagens, o marketing agressivo
força a venda dos produtos e envolve o consu-
midor de tal forma que fica difícil fugir do cha- Fábrica de tecido na Primeira Revolução Industrial.

mativo empresarial; a situação piora na medida


em que as camadas sociais mais desprovidas de 278 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano
recursos se submetem à publicidade enganosa,
por exemplo, quando aceitam a oferta de paga-
mento parcial do cartão de crédito, imaginan- CG_6ºano_11.indd 278 07/03/2018 14:00:38

do obtenção de vantagens; as facilidades para gum e 15% os que se arrependem do que foi ad-
empréstimos consignados, pensando na con- quirido, porque não necessitam. Anotações
quista de juros baixos para o dinheiro que será [...] Na continuação da vida capitalista, sur-
aplicado na compra de produtos supérfluos, gem os bancos como maiores responsáveis pela
mas que se vai perceber já tarde. estabilização de uns e desestabilização de outros.
O consumidor tem de evitar a crença de O consumidor consciente que busca recursos
status social avançado em função do consu- bancários com objetivos definidos ganha com o
mismo que, na verdade, o homem de suces- sistema; todavia, a maioria é enganada e só con-
so não é aquele que tem maior capacidade de tribui para seu próprio empobrecimento e para o
consumo, apesar da repercussão no grupo so- enriquecimento ilícito dos banqueiros. [...]
cial ao qual se pertence.
Calcula-se em 35% o percentual de con- Disponível em: http://www.ibrajus.org.br/revista/
sumidores que compram sem planejamento al- artigo.asp?idArtigo=193 . Acesso em: 12/12/2017.
C
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Porém, foi com a crise capitalista estadunidense no pós-guerra,
em meados do século XX, que a prática consumista se alastrou, devi-
do, principalmente, ao apoio do então presidente americano Dwight
Eisenhower, que defendeu que a única alternativa para o retorno do
crescimento econômico era a prática do consumo desenfreado pela
população como forma de incentivo à economia nacional.
A influência da mídia propaga a prática consumista no mun-
do, e o Brasil detém grande número de consumidores compulsivos,
despreocupados com as consequências dessa prática danosa ao pla-
neta que nos abriga.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Artificializado: Produzido pelo homem, não pela natureza.
Cadeia alimentar: Esquema usado para representar as relações alimentares em um ecossistema.
Ciência social: Disciplina que estuda a sociedade em seus diferentes aspectos.
Deduzir: Descontar, retirar.
Fluidez: Distribuição rápida e fácil.
Sancionado: Aprovado, confirmado.

Aprenda com arte

Capitalismo: uma história de amor


Direção: Michael Moore.
Ano: 2009.

Sinopse: Uma análise de como o capitalismo corrompeu os ideais de liberdade previstos na Consti-
tuição dos Estados Unidos, visando gerar lucros cada vez maiores para um grupo seleto da sociedade,
enquanto a maioria perde cada vez mais direitos.

Os estagiários
Direção: Shawn Levy.
0:38

Ano: 2013.

Sinopse: Billy e Nick são grandes amigos e trabalham juntos como vendedores de relógios. Eles são
pegos de surpresa quando seu chefe fecha a empresa, por acreditar que o negócio esteja ultrapassado.
Com problemas financeiros, eles conseguem a inscrição em uma seleção de estágio no Google. Mes-
mo sem terem a garantia que serão contratados, eles partem para a sede da empresa e lá precisam lidar
com a diferença de idade entre eles e os demais competidores.

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Encerramento
1 (Ufla – Adaptada)
Ao questionar a racionalidade humana, a charge
tem por objetivo principal:
a. relacionar o desmatamento à extinção
das aves.
b. X mostrar que os interesses econômicos se
sobrepõem à preservação ambiental.
c. mostrar que o uso de veículos contribui
para o aumento da poluição atmosférica.
d. relacionar a expansão do comércio ao
processo de degradação ambiental.

2 (PUC–PR – Adaptada) Leia o poema seguir:

Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome [...] Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
que não é meu nome de batismo ou de cartório. minha gravata e cinto e escova e pente [...]
um nome... estranho. Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
Meu blusão traz lembrete de bebida são mensagens,
que jamais pus na boca nesta vida. letras falantes,
Em minha camiseta, a marca de cigarro gritos visuais,
que não fumo, até hoje não fumei. ordens de uso, abuso, reincidência,
Minhas meias falam de produto costume, hábitos, premência,
que nunca experimentei, indispensabilidade,
mas são comunicados a meus pés. E fazem de mim homem-anúncio itinerante [...].
(Carlos Drummond de Andrade)

O poema acima refere-se:


a. X ao consumismo.
b. à moda jovem.
c. à vida nas grandes cidades.
d. às relações comerciais desiguais.
e. aos produtos expostos nas vitrines dos shopping centers das cidades brasileiras.

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3 “É um conceito econômico que representa o aumento persistente e generalizado do preço de uma
cesta de produtos em um país ou região durante um período definido de tempo. Se, por exemplo, uma
cesta de produtos custa R$ 100,00 em julho e passa a ser vendida por R$ 150,00 em agosto.”
(Fonte: http://www.oeconomista.com.br/inflacao-o-que-e-e-como-se-forma/. Acessado em 05/11/2012.)

A descrição acima trata de um conceito econômico que preocupa bastante os líderes dos governos. De
que conceito o texto trata?
a. PIB.
b. PNB.
c. Lucro líquido.
d. X Inflação.

4 Leia o texto seguinte e responda às questões.

“O Banco Central é o banco mais importante do País, não só porque apenas ele emite as cédulas e
as moedas que usamos, mas também porque se encarrega de controlar a quantidade de dinheiro que
circula e de manter o dinheiro em circulação em boas e seguras condições de uso. Sua principal missão
é cuidar para que esteja em circulação somente a quantidade de dinheiro de que o País precisa para o
desenvolvimento da economia, pois, quando há muito dinheiro circulando, podem surgir problemas
na economia que afetam a todos, como a inflação. E, por outro lado, quando há pouco dinheiro em
circulação, podem surgir outros problemas, como o desemprego e a pobreza.”
(Fonte: Banco Central do Brasil. Caderno BC — Série Educativa. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/Pre/educacao/
cadernos/bancocentral.pdf. Acessado em 06/11/2012.)

a. Conforme o texto, quais são as tarefas do banco central de um país?


Emitir cédulas e moedas e controlar a circulação do dinheiro no território nacional.

b. No texto, há uma palavra em negrito. O que ela significa?


Inflação é um desequilíbrio da economia que ocorre quando a procura por produtos é maior que a

oferta, o que gera uma desvalorização da moeda e aumento do preço dos produtos.

c. Qual é a moeda oficial do Brasil atualmente?

O real.

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5 Relacione as notícias abaixo à área da economia à qual cada uma pertence — microeconomia ou
macroeconomia. Explique sua resposta.
“O Brasil caiu uma posição, para 47º, no ranking de globalização feito pela empresa de consultoria
Ernst & Young com as 60 maiores economias do mundo. [...] Segundo a consultoria, desde 1995, o
Brasil caiu três posições no ranking, cuja liderança é ocupada por Hong Kong com 7,42 pontos. A
pontuação média global ficou em 4,17 pontos.”
(Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/brasil-cai-uma-posicao-em-ranking-de-globalizacao. Acessado em
06/11/2012.)

Macroeconomia. A notícia se refere a um evento econômico global.

Com a crise, 42% dos brasileiros trocaram marca cara por mais
barata

De acordo com os consumidores, essa foi a saída número um para adequar o consumo à crise.
Dois anos seguidos de recessão mudaram a forma de o brasileiro consumir itens de alimentação,
higiene e limpeza. Em 2016, 42% das famílias trocaram marcas caras pelas mais baratas e essa foi a saída
apontada pelos consumidores para adequar o consumo à crise.
Os dados fazem parte da pesquisa de painel de consumo da consultoria Nielsen, apresentados na
terça-feira, 2, na 33ª edição da feira da Associação Paulista de Supermercados, a Apas Show. A consul-
toria visita quinzenalmente 8,2 mil lares no País.
Disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2017/05/03/internas_economia,702066/
com-a-crise-42-dos-brasileiros-trocaram-marca-cara-por-mais-barata.shtml. Acesso em 22/08/2017.

Microeconomia. O texto noticia um fato referente à relação dos agentes produtivos com os consumi-

dores.

6 Observe a tabela e responda:

Unidade da Produto Interno Participação no PIB


Federação Bruto em 2010 brasileiro em 2010
São Paulo R$ 1,248 trilhão 33,10%
Rio de Janeiro R$ 407 bilhões 10,80%
Minas Gerais R$ 351 bilhões 9,30%
Rio Grande do Sul R$ 252,5 bilhões 6,70%
Paraná R$ 217 bilhões 5,80%
Bahia R$ 154 bilhões 4,10%
Santa Catarina R$ 152,5 bilhões 4%
Distrito Federal R$ 150 bilhões 4%
Goiás R$ 97,6 bilhões 2,60%
Pernambuco R$ 95 bilhões 2,50%
Espírito Santo R$ 82 bilhões 2,20%
Fonte: IBGE.

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a. O que é PIB?
Produto Interno Bruto. É toda riqueza produzida em uma determinada área (países, estados ou cida-

des) anualmente, tanto pelo capital nacional como pelo estrangeiro.

b. De acordo com a tabela, que estado do Brasil gera mais riquezas para a economia do País?
São Paulo.

c. Indique quais regiões brasileiras estão totalmente representadas por seus estados no gráfico do PIB
disponível na questão.
Regiões Sudeste e Sul.

7 Ainda sobre a tabela da questão anterior, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).


a. F O estado com maior PIB produz mais que todos os outros juntos.
b. F O Estado do Rio de Janeiro produz duas vezes mais que o Rio Grande do Sul.
c. V Entre os estados com menor PIB, um está localizado na região Nordeste.
d. V Os estados de Pernambuco e Goiás apresentaram PIB equivalente.
e. F O PIB do Rio de Janeiro correspondeu, em 2010, à metade do PIB de São Paulo.

8 (UFRN – Adaptada)

De acordo com o texto da capa, concluímos que:


Reprodução

a. os estudos indicam que a população enfrentará a escassez de re-


cursos naturais em 2045.
b. os estudos indicam que o número de habitantes no Planeta au-
mentará em nove bilhões nas duas próximas décadas.
c. o crescimento da população acarretará o deslocamento das pes-
soas para os grandes centros urbanos.
d. X o crescimento da população e a escassez dos recursos naturais
são problemas a serem enfrentados.
Disponível em: <www.terra.com. e. nas últimas décadas, o crescimento populacional acelerou bas-
br/revistaplaneta/edicoes/465/ tante.
artigo220627-1.htm> Acessado
em 14/07/2011. (Adaptado)

Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano 283

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283

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9 (UPE – Adaptada)

Tendências globais em fecundidade

A população mundial ultrapassou os sete bilhões e está projetada para alcançar nove bilhões até
2050. Em termos gerais, o crescimento populacional é maior nos países mais pobres, onde as prefe-
rências de fecundidade são mais altas, onde os governos carecem de recursos para atender à crescente
demanda por serviços e infraestrutura, onde o crescimento dos empregos não está acompanhando o
número de pessoas que entram para a força de trabalho e onde muitos grupos populacionais enfrentam
grandes dificuldades no acesso à informação e aos serviços de planejamento familiar.
Fonte: Population Reference Bureau, 2011.

Com base no texto, podemos concluir que:

a. X as taxas de natalidade/crescimento vegetativo da população mundial têm declinado vagarosa-


mente, contudo há grandes diferenças entre as regiões mais e menos desenvolvidas, como na
África Subsaariana, onde as mulheres têm três vezes mais filhos, em média, que as das regiões
mais desenvolvidas do mundo.
b. a pobreza, a desigualdade de gênero e as pressões sociais revelam acesso desigual aos meios de
prevenção à gravidez, mas não são consideradas nos índices demográficos como indicadores da
persistente alta da taxa de fecundidade no mundo em desenvolvimento.
c. o aumento do uso de contraceptivos é consideravelmente responsável pelo aumento das taxas
de fecundidade nos países desenvolvidos. Globalmente, cerca de quatro mulheres escolarizadas,
sexualmente ativas e na idade reprodutiva não adotam o planejamento familiar.
d. a taxa de fecundidade total é uma medida mais direta do nível de longevidade que a taxa bruta
de natalidade, uma vez que se refere ao envelhecimento da população feminina. Esse indicador
mostra o potencial das mudanças de gênero nos países.
e. uma média de cinco filhos por mulher é considerada a taxa de substituição de uma população,
provocando uma relativa instabilidade em termos de números absolutos. Taxas acima de cinco
filhos indicam população crescendo em tamanho cuja idade média está em ascensão.

284 Capítulo 11 – As relações econômicas no cotidiano

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284

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• Abordar e explicar a estrutura fundiária, o
êxodo rural e a reforma agrária como elemen-

Capítulo 12
tos da agropecuária do Brasil.
• Explicar o funcionamento das relações de
trabalho no campo, abordando a agricultura
familiar e o arrendamento de terras.
As atividades econômicas • Discutir o papel dos posseiros, dos grilei-
ros, dos grandes proprietários rurais e do go-
do setor primário A agropecuária é responsável pela produção de ali-
mentos e matéria-prima para a humanidade. verno nos conflitos por terras, comentando a
atuação da Organização Mundial do Comér-
cio (OMC).

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE06) Identificar as características das


paisagens transformadas pelo trabalho huma-
no a partir do desenvolvimento da agropecuá-
ria e do processo de industrialização.
(EF06GE10) Explicar as diferentes formas
de uso do solo (rotação de terras, terracea-
mento, aterros etc.) e de apropriação dos re-
cursos hídricos (sistema de irrigação, trata-
mento e redes de distribuição), bem como
suas vantagens e desvantagens em diferentes
épocas e lugares.
(EF06GE11) Analisar distintas interações
das sociedades com a natureza, com base na
Tanto o distribuição dos componentes físico-naturais,
extrativismo quanto
a agricultura e a pecuária
incluindo as transformações da biodiversida-
são atividades econômicas que de local e do mundo.
sofreram um longo processo de
desenvolvimento e aprimoramento e
continuam passando por mudanças.
Iremos estudá-las levando em conta,
também, seu papel na organização Anotações
do espaço geográfico e os
possíveis prejuízos sociais e
ambientais.
.com
symbiot/Shutterstock

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Objetivos as perspectivas futuras para o desenvolvimen-


pedagógicos to do setor.
• Analisar a estrutura fundiária e o aproveita-
mento dos estabelecimentos rurais com gran-
• Mostrar a importância da atividade agrícola des e pequenas áreas.
na economia brasileira. • Aprofundar as causas do êxodo rural e a si-
• Caracterizar a agricultura brasileira, as mu- tuação dos migrantes.
danças na produção e suas consequências. • Analisar a violência no campo, a luta pela
• Associar agricultura, pecuária e indústria terra, os movimentos sociais e os processos
no desenvolvimento da produção alimentícia. que caminharam para a reforma agrária.
• Discutir as transformações ocorridas no es- • Estudar a expansão da monocultura de ex-
paço rural brasileiro. portação e os principais produtos agrícolas
• Caracterizar o atual modelo agropecuário e brasileiros (álcool, açúcar, café).

285

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Explique a importância que a ativida-


de agrícola sempre teve na economia brasilei-
A economia
ra e como, ao longo dos séculos, a agricultura extrativista
se associou à pecuária, formando a agropecuá-
ria, e se integrou finalmente à indústria no de- O aproveitamento da
senvolvimento da produção alimentícia. Co-
mente que a mecanização do campo (ou seja,
natureza pelo homem
o uso de modernas técnicas agrícolas) causou As sociedades humanas, ao longo da sua história, desenvolve-
não somente inúmeras transformações no es- ram atividades com o objetivo de garantir a sua sobrevivência e, a
partir disso, dar qualidade à sua existência no Planeta.
paço rural brasileiro, como também alguns A primeira dessas atividades é chamada de extrativismo e se
impactos ambientais. Mostre que essa associa- caracteriza pela retirada dos recursos naturais sem a realização de
atividades de cultivo ou criação. Nos estágios iniciais da vida hu-
ção mudou o papel da agricultura no Brasil:
mana, a extração ocorria para atender às necessidades diárias, mas,
de principal atividade econômica do País para com a invenção do dinheiro, o homem desenvolveu uma relação de
um dos ramos da atividade industrial. posse com os recursos naturais e passou a retirar da natureza mais
que o necessário, acumulando riquezas.

Anotações Tipos de extrativismo


De acordo com o tipo de elemento extraído da natureza, pode-
mos classificar o extrativismo em três tipos:

Extrativismo vegetal: retirada de recursos ligados à flora, como


frutos, sementes, folhas, etc. O extrativismo vegetal diferencia-se da
agricultura, pois esta é fruto do trabalho humano e envolve aração da
terra, semeadura, irrigação, adubação e, no final, a colheita.
Extrativismo animal: compreende a caça de animais ter-
restres e a pesca. Esse tipo de extrativismo é bastante diferente da
pecuária, atividade em que os animais são criados, alimentados e só
depois utilizados para consumo direto ou de seus derivados, como
leite, queijo e couro.
Extrativismo mineral: compreende a extração de minerais,
como ferro, prata, platina, diamantes, etc., na forma em que eles se
encontram na natureza.

Todas as formas de extrativismo dependem do objetivo que o


ser humano quer alcançar. Da simples coleta para consumo direto
— como há milhares de anos, nas comunidades primitivas, ou como
os indígenas brasileiros, que retiram da natureza com instrumentos

286 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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C
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simples apenas o necessário —, ou como atividade econômica ou
em escala industrial, em que se extraem da natureza recursos com o
objetivo de lucro utilizando máquinas e tecnologias, o extrativismo
tem estado presente na história da humanidade.

Extrativismo
como atividade de
sobrevivência
Atualmente, diversas comunidades nativas da Amazônia, da
África, da Ásia e da América praticam a coleta de forma integrada
com a natureza, respeitando suas capacidades e seus limites, como
forma de complementar a prática da agricultura e criação. Açaí, cas-
tanha-do-pará, pupunha e outros vegetais são retirados da natureza
para complementar a dieta junto ao feijão, à farinha de mandioca,
ao peixe e à caça ou para serem vendidos.
lazyllama/Shutterstock.com

Vladimir Mucibabic/Shutterstock.com
Açaí. Castanha-do-pará.

Em si, o extrativismo não é uma atividade depredadora, se


aquele que a pratica respeitar o limite da natureza; porém, quan-
do realizado com fins puramente comerciais e em escala industrial,
pode provocar danos irreversíveis ao meio ambiente. Mineradoras
utilizam mercúrio, que causa a contaminação das águas dos rios,
podendo matar populações inteiras de animais da fauna aquática;
a caça desenfreada e clandestina põe em risco de extinção diversas
espécies de animais; por seu lado, o corte e a queimada da vegetação
2:50
acarretam perda da diversidade da flora e risco de desertificação.

Extrativismo como
atividade lucrativa
Já vai longe o tempo em que o ser humano olhava para a natu-
reza simplesmente para admirá-la ou para retirar dela apenas o ne-

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 287

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287

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Leitura
complementar cessário para o seu sustento. Ao longo do tempo, diversas socieda-
des passaram a enxergar a natureza como fonte de lucro. Tudo pode
ser transformado em riqueza. Peixes, madeira, minerais, tudo pode
Agropecuária brasileira e suas ser explorado e comercializado para os mais diversos fins. Para isso,
foram criadas grandes empresas que dispõem de capital, modernas
tendências atuais técnicas de exploração e mão de obra qualificada para tal empreitada.

A terra é o meio de produção fundamen-

bikeriderlondon/Shutterstock.com
tal na economia rural. A concentração da pro-
priedade da terra é um dos traços marcantes
da economia rural brasileira, cujas origens re-
montam ao modelo de colonização aplicado
ao território lusitano na América.
De acordo com os dados do Censo Agro-
pecuário de 1995, os estabelecimentos ru-
rais com menos de 10 hectares somam mais
Pesca industrial em Queensland, Austrália.
da metade do total, mas representam cerca de
Um dos principais ramos da atualidade é a pesca industrial,
2% da área agrícola cadastrada no País. No ou-
ou indústria extrativa pesqueira. Nesse modelo de extrativismo
tro extremo, os estabelecimentos rurais com moderno, não se utiliza caniço, vara de pescar ou samburá. A tarefa
1.000 hectares ou mais representam pouco é realizada por grandes navios, que utilizam tecnologia ultrassofis-
ticada, como radares e sonares para localizar cardumes e grandes
mais de 1% do total, mas controlam cerca de redes de arrasto para retirá-los do mar. Todos dispõem de câmaras
45% da área agrícola. frigoríficas para conservar o pescado e muitos já beneficiam o pro-
O sistema das sesmarias, do século XVI, duto no próprio navio, transformando-os em conservas, como no
caso da sardinha em lata.
gerou esse padrão concentrador que se repro- A pesca artesanal, apesar de não representar grande impor-
duziria ao longo da história do País. Já naque- tância comercial, promove a subsistência da mão de obra familiar
la época, surgiram os dois personagens básicos entre comunidades ribeirinhas. Essa prática, quando é regulada, é
menos agressiva ambientalmente, o que propicia a recuperação da
da economia rural brasileira: de um lado, o la- biodiversidade oceânica e a permanência de determinadas espécies.
tifundiário (sesmeiro), que detinha vasta ex-
tensão de terras e geralmente empregava um O extrativismo da
contingente numeroso de escravos para a pro-
dução de gêneros tropicais exportáveis; de ou-
madeira e a indústria
tro, o posseiro, que ocupava as terras devolu- moveleira
tas mais afastadas do litoral, dedicando-se à
Fazer móveis, como mesas e cadeiras, bem como utilizar ma-
produção de subsistência e também a culturas deira para construção de casas, sempre foi uma prática do homem.
alimentares consumidas nos latifúndios. Percebendo que algumas das espécies de madeira utilizadas eram
mais resistentes e mais belas, algumas empresas passaram a explorá-
No século XIX, a introdução do traba- -las de forma brutal e indiscriminada.
lho livre na economia cafeeira assinalou um
momento decisivo na evolução da estrutura 288 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
fundiária brasileira. A extinção do sistema de
sesmarias, em 1822, originou uma expansão
descontrolada do apossamento de terras. Em CG_6ºano_12.indd 288 07/03/2018 14:02:50 CG

1850, a Lei de Terras veio frear esse processo, Os trabalhadores rurais expulsos das eles são precedidos pelos grileiros, que, subor-
determinando que a única via para o acesso à áreas agrícolas mais antigas funcionam como nando funcionários governamentais e contra-
terra seria a compra. vanguarda de expansão das fronteiras da eco- tando jagunços e pistoleiros, forjam títulos de
A modernização da economia rural teve nomia rural. Instalam-se, como posseiros ou propriedade de terras e expulsam os ocupan-
como consequência a valorização monetária pequenos proprietários, em regiões distan- tes. Outras vezes, grileiros e fazendeiros são
da terra. A valorização da terra, por sua vez, tes, onde são abertas novas estradas e existem um único personagem. Os conflitos entre gri-
implica o aprofundamento da concentração terras devolutas em abundância. Nessas áreas leiros e posseiros são os principais represen-
da propriedade. A transformação da produção novas, a estrutura fundiária costuma exibir tantes da violência das regiões de fronteira.
agrícola nas áreas mais prósperas do Centro- intensa fragmentação, e a paisagem predomi- Assim, o crescimento contínuo da área agrí-
Sul, por exemplo, realizou-se paralelamente nante é a dos sítios e das roças familiares. cola total se realiza através de ciclos de desconcen-
ao englobamento dos sítios pelas fazendas, Depois da instalação dos camponeses po- tração e reconcentração da estrutura fundiária.
com a expulsão dos camponeses pobres para bres, as fronteiras agrícolas assistem à chega- Na década de 1960, quando se intensifi-
as cidades ou para as fronteiras agrícolas. da dos grandes proprietários. Muitas vezes, cava a ocupação dos atuais Estados de Goiás

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se avolumando nas últimas décadas, configu-
rando um panorama de uma guerra aberta no
Na escala de qualificação das madeiras, as espécies das flores-

Val Thoermer/Shutterstock.com
campo brasileiro.
tas tropicais atingem elevado valor no mercado mundial. Grandes
empresas, na sua corrida desenfreada por lucro, devastam grandes
áreas, provocando o risco de extinção de diversas espécies. Fonte: ARAÚJO, Regina Célia. Geografia – Manual do
O que hoje ocorre com as nossas florestas já ocorreu com as
Candidato Instituto Rio Branco. Ministério das Relações
florestas temperadas, subtropicais e boreais da Europa, Ásia, Aus-
trália, América do Norte e até da América do Sul, pois o desmata- Exteriores. 2. ed. Brasília: Funag, 2000. p.79–81.
mento para o uso na agricultura, pecuária e mineração tem coloca-
do em risco a flora e a fauna.

Ben Carlson/Shutterstock.com
Anotações

Trabalhador na extração de madeira.

Extrativismo vegetal – guindastes e tra-


tores usados na extração de madeira.

Hoje, o Brasil atinge um elevado grau no nível de devastação


das florestas naturais e é um dos maiores comercializadores de ma-
deira do mundo. Trechos gigantescos da Amazônia desapareceram,
e a Mata Atlântica agoniza em morte anunciada.
A retirada do látex da seringueira é uma atividade que pro-
voca o mínimo de impacto ambiental possível, pois a vegetação
é explorada sem a ocorrência de desmatamento. Essa atividade já
configurou um ciclo econômico brasileiro, denominado de ciclo
da borracha, entre meados do século XIX até as primeiras décadas
do século XX. No entanto, novas técnicas de obtenção da borracha
por meio sintético resultaram na redução da demanda da matéria-
-prima brasileira, desencadeando uma crise no setor e a busca por
outras atividades econômicas.

Extrativismo mineral ou
indústria de mineração
Revolver a terra com a bateia ou com a peneira era a forma de
o homem extrair dela minerais que eram importantes para sua so-
brevivência direta: ferro para criar lanças e arados, ouro para criar
taças e adornos. Com o desenvolvimento, a sociedade descobriu
novos usos para diferentes minerais, bem como novos minerais, o
que acarretou uma superexploração desses recursos no subsolo.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 289

2:50 CG_6ºano_12.indd 289 07/03/2018 14:02:50

e Mato Grosso do Sul, os pequenos estabele- -se através da expropriação dos posseiros e
cimentos aumentavam a sua participação na da implantação de grandes estabelecimen-
área total enquanto regredia a participação tos pecuaristas ou madeireiros.
dos estabelecimentos maiores. Nas fronteiras agrícolas amazônicas, o
Durante toda a década de 1970, ocor- predomínio do pequeno estabelecimento
ria um movimento inverso, de reconcentra- camponês ficou praticamente restrito a cer-
ção fundiária. Naquela fase, a moderniza- tas regiões de Mato Grosso, de Rondônia e do
ção agrícola em São Paulo (principalmente Acre, onde se estabeleceram migrantes prove-
com a expansão canavieira) e no Paraná nientes da Região Sul.
(com a expansão da soja) eliminava os sítios O processo cíclico de expansão das fron-
e expulsava os camponeses pobres. Ao mes- teiras agrícolas e concentração da estrutura
mo tempo, a ocupação das franjas amazôni- fundiária gera conflitos permanentes e cres-
cas (Maranhão, Pará e Tocantins) realizava- centes pela posse da terra. Tais conflitos vêm

289

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A indústria de mineração é a atividade de retirada de minerais
com auxílio de máquinas, equipamentos e diversos conhecimentos
científicos, além de mão de obra especializada, como engenheiros,
geógrafos e geólogos.

Meryll/Shutterstock.com
Mina a céu aberto, pedreira.

As indústrias têm como meta a retirada de grandes volumes


de minerais para beneficiá-los, transformando-os em minérios
(minerais que têm utilização econômica), a serem comerciali-
zados para diversas empresas, que os utilizarão na fabricação de
produtos como carros, eletrodomésticos, eletrônicos, etc. Ferro,
alumínio, cobre, zinco e estanho estão entre os minerais mais uti-
lizados na atualidade.
Quase todos os países do mundo são produtores de minerais;
contudo, como eles encontram-se distribuídos de forma desigual so-
bre a superfície do Planeta, alguns foram mais afortunados do que
outros. O Japão, por exemplo, é um país extremamente pobre em re-
cursos minerais, o que o torna um dos maiores compradores de ferro
extraído do subsolo brasileiro pela empresa mineradora Vale S.A.
Tais matérias-primas também podem ser chamadas de com-
modities (mercadorias, em inglês). Elas não passam por muitas
transformações industriais e, na maioria das vezes, estão in natura,
ou seja, não foram processadas.
O saldo da atividade extrativa industrial ou da garimpagem

Vyacheslav Svetlichnyy/Shutterstock.com

Mineração em mina interna.

290 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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pode ser lucrativo para alguns, mas esgota o meio ambiente, gerando
graves problemas para a natureza e as diferentes sociedades.
Há, também, a mineração por meio da garimpagem, caracteri-
zada pelos seus aspectos rudimentares, normalmente realizada nas
margens de rios, onde o garimpeiro retira o cascalho e insere mer-
cúrio, que atrai os fragmentos de ouro. Quando a mistura é aqueci-
da e o mercúrio evapora, é provocada a intoxicação do garimpeiro.
Quando o cascalho contaminado com o mercúrio é lançado de vol-
ta no rio, contamina suas águas e devasta espécies aquáticas.

Riqueza mineral no subsolo brasileiro

N 0 314 km 628 km

O L

Equador

Alumínio – Al (bauxita)
Chumbo – Pb
Cobre – Cu
Estanho – Sn (Cassiterita)
Ferro – Fe
Manganês – Mn
Nióbio – Nb
Níquel – Ni
Ouro – Au
Titânio – Ti Trópico de C
Tungstênio – W apricórnio
Zinco – Zn
Amianto – Amt
Calcário – ca Oceano
Diamante – di
Fosfato – P
Atlântico
Quartzo – qz
Sal marinho
Carvão – cv
Petróleo e gás – pg
Tório – Th
Urânio – U
Xisto betuminoso

Fonte: IBGE.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 291

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Ensaio geográfico

1 Qual é a diferença entre garimpagem e mineração em escala industrial?


O garimpo é realizado com técnicas rudimentares, já a mineração industrial utiliza técnicas e equipa-

mentos modernos de alta tecnologia.

2 Complete os espaços abaixo com exemplos de produtos obtidos por cada modalidade de extra-
tivismo.

Extrativismo

Animal Vegetal Mineral

caça frutos ferro

pesca sementes prata

folha platina

diamante

3 Quais são os principais impactos ambientais provocados pelo extrativismo vegetal?


Se o homem respeitar a natureza, o extrativismo pode ser realizado sem alterar a reconstrução do meio am-

biente. Caso contrário, ele causará desmatamento, poluição, esgotamento do solo e extinção de espécies.

292 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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4 Analise o mapa e o texto abaixo. Em seguida, responda às questões.

Minério de ferro
150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o

Círculo Polar Ártico Rússia


Canadá Ucrânia
Produção de minério de ferro (t)
China
Irã
maiores produtores
Estados Unidos da América
Trópico de Câncer Índia
de 30 a 50 milhões
de 50 a 100 milhões
Equador

de 100 a 300 milhões Brasil

Trópico de Capricórnio

de 300 a 800 milhões


Austrália

N
0 3.820 km 7.640 km
Círculo Polar Antártico
O L

Fonte: Atlas Geográfico Escolar. IBGE. 5. ed. Rio de Janeiro, 2009. S

“Há cerca de 4.500 anos, o ferro metálico usado pelo homem era encontrado in natura em meteoritos
recolhidos pelas tribos nômades nos desertos da Ásia Menor. [...] Aos poucos, o ferro passou a ser
usado com mais frequência, a partir do momento em que se descobriu como extraí-lo de seu minério.
[...] Com o avanço tecnológico dos fornos e a crescente demanda por produtos feitos de ferro e aço,
as indústrias siderúrgicas aumentaram a produção. [...] O aço é, hoje, o produto mais reciclável e mais
reciclado do mundo. Carros, geladeiras, fogões, latas, barras e arames tornam-se sucatas, que alimen-
tam os fornos das usinas, produzindo novamente aço com a mesma qualidade. Além disso, as empresas
siderúrgicas (que utilizam ferro e aço como matéria-prima) participam de acordos internacionais para
preservar o meio ambiente.”
(Fonte: Instituto Aço Brasil. Disponível em: http://www.acobrasil.org.br/site/portugues/aco/siderurgia-no-mundo--in-
troducao.asp. Adaptado. Acessado em 12/11/2012.)

a. Qual é a importância econômica da exploração do minério de ferro?


O minério de ferro é usado na produção do aço, material importante principalmente no setor industrial.

b. Dê exemplos de materiais fabricados com o minério de ferro.


Sugestão de resposta: Automóveis, pontes, edifícios, etc.

c. Conforme o mapa, quais são os dois países que mais produzem minério de ferro no mundo?
China e Brasil.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 293

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293

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Leitura
complementar d. Segundo o texto, como funciona a reciclagem do aço?
Objetos constituídos de aço, após serem descartados, são utilizados nos fornos das usinas para produ-
A metamorfose da luta pela zirem aço novamente.
reforma agrária em disputa
pela forma da reforma
5 Indique o extrativismo representado em cada imagem a seguir e, depois, aponte as principais carac-
Começo por assinalar que um dos fa- terísticas de cada um deles.
tos históricos importantes nas mudan-

Dirk Ott/Shutterstock.com
Extrativismo vegetal. Essa atividade consiste na retira-
ças sociais e políticas dos últimos tempos,
no Brasil, foi a imperceptível transforma- da vegetal da natureza para a realização de práticas de
ção da luta pela reforma agrária numa dis- transformação do material in natura.
puta pela reforma agrária. O que decorre
de sua redução aos compreensíveis e limi-
tados objetivos fundiários e antilatifun-
diaristas da luta pela terra e, não raro, da
economia mercantil simples. A peleja hoje Homem utilizando motosserra no corte de árvore.

não é pela reforma em si, já que tanto o go-

EcoPrint/Shutterstock.com
Extrativismo animal. A caça, como representada na
verno quanto os partidos de oposição e os
grupos de ação deles dependentes ou com imagem, revela que essa prática já era realizada há mi-

eles alinhados, como os sindicatos, o Mo- lhares de anos por povos pré-históricos.
vimento Sem-Terra (MST) e a Igreja, es-
tão de acordo quanto ao fato de que ela é
necessária e inadiável. Sem contar, eviden-
temente, que uma reforma agrária está em
andamento desde a aprovação do Estatu- Pintura rupestre localizada na África do Sul representa a
caça de um leopardo por povos pré-históricos.
to da Terra e tem sido acelerada e diversi- Christopher Halloran/Shutterstock.com Extrativismo mineral. Essa atividade econômica do se-
ficada nos últimos anos. Portanto, já não
tor primário, assim como as anteriores, responde por
se luta por reforma agrária, ou, ao menos,
essa já não é a luta principal dos necessita- grande volume de exploração na atualidade. O Brasil,
dos e dos descontentes. por exemplo, atende a grande parte do Planeta com a
A peleja agora é pela forma da refor-
exportação do minério de ferro.
ma. Estamos em face de uma luta pelo con-
trole político da reforma agrária que vem
sendo feita pelo controle dos procedimen- Caminhões transportando cerca de 250 toneladas, cada, de
rochas e sedimentos de uma mina.
tos relativos a ela, por seu resultado e por
seu formato final. O que, ao fim e ao cabo, 294 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
representa a consagração da reforma agrá-
ria, pelas partes em litígio, como solução
do problema da pobreza rural. [...] CG_6ºano_12.indd 294 07/03/2018 14:02:53

Nos impasses que aponto, há uma in- perigoso abismo que vai se abrindo entre quem tem lutado pela terra de trabalho e quem
compreensão da grande distância existente diz lutar pela reforma agrária, ou mesmo quem de fato luta pela reforma agrária lutan-
entre o problema social dos pobres do cam- do pela terra de trabalho. O desencontro aqui não é meramente conceitual. É um desen-
po, que é um problema imediato, e a ques- contro de projetos sociais e históricos cuja pertinência não está sendo claramente deba-
tão agrária. Essa é uma questão histórica, tida com a sociedade.
regulada por outra temporalidade que não É também um desencontro entre a consciência social dos trabalhadores da terra e a
a das urgências cotidianas da vida e certa- consciência social da classe média militante que captura e define hoje os projetos sociais
mente não apenas pelo drama dos pobres. de todos os nossos partidos de esquerda. Mesmo as igrejas, que em anos não muito recua-
O fato de a terra distribuída ou regu- dos haviam adotado uma rica perspectiva antropológica na compreensão das demandas
larizada não ser recusada por quem dela sociais dos pobres, vêm se rendendo às simplificações maniqueístas que os setores médios
precisa com urgência para viver com dig- tendem a adotar quando eventualmente se preocupam com a pobreza.
nidade, como tem acontecido, mostra o
Fonte: MARTINS, José de Souza. Reforma Agrária: o impossível diálogo. São Paulo: Edusp, 2004. p. 39–50.
C
294

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Cenário 2

A agricultura Geografia em cena

A passagem do noma-
O desenvolvimento da dismo para o sedentarismo
representa a chegada de uma
agricultura fase na Pré-História deno-
minada de Neolítico. Nessa
Há aproximadamente 12 mil anos, diferentes sociedades plane- fase, o homem se fixou na
tárias desenvolveram, de forma separada, as atividades que permiti- terra, dominou a agricultura
ram ao ser humano deixar o nomadismo para se tornar sedentário. e domesticou os animais.
De caçadores e coletores, os seres humanos passaram a trabalhar a
terra para depositar sementes, que depois seriam colhidas na forma
de frutos, individualmente ou de forma coletiva, com a ajuda de
alguns animais.

Universidade de Winsconsin

2:53

O homem do Período Neolítico descobriu a agricultura e passou a criar animais, o que determinou sua sedentarização.

Como mostra a imagem acima, o desenvolvimento das plantas


cultivadas dependeu de cada ambiente em que as sociedades estavam
inseridas. Assim, nas regiões frias, foram desenvolvidas culturas dife-
rentes das de áreas quentes. Cada sociedade domesticou os vegetais e
animais que faziam parte da sua realidade ambiental. Assim, vegetais

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 295

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Leitura
complementar Geografia em cena como mandioca, milho, cacau, café e batata foram desenvolvidos em
regiões quentes, enquanto o trigo, a cevada, a beterraba, o centeio e a
As mais diversas cul- aveia foram plantados, inicialmente, em áreas frias.
Tempo da reforma agrária turas fizeram relações entre Com o avanço das ciências, dos transportes e da comunicação,
as culturas vegetais espalharam-se pelo mundo de tal forma que
agricultura e religião ao ela-
passou, diz pesquisador da borarem cultos para prestar hoje você tem em sua casa produtos que surgiram em áreas distan-
tes, mas cuja matéria-prima foi plantada em seu país, na sua região
Embrapa agradecimentos às divin-
dades para que suas colhei- ou no seu município. Desenvolveram-se diversas técnicas e instru-
tas fossem sempre fartas e mentos que passaram a ser utilizados na agricultura, contudo de-
Não há mais espaço no Brasil para a refor- vemos salientar que esta ainda depende das condições naturais do
sem problemas. No Brasil,
ma agrária, disse ontem o sociólogo Zander temos uma festa que co- clima, do solo e do relevo.
Navarro, pesquisador da Empresa Brasileira memora as boas colheitas, Para aqueles que ainda não dispõem de tecnologias modernas,
principalmente do milho. como irrigação, arado mecânico, adubo industrial, tratores e ceifa-
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), duran- deiras, plantar ainda depende das chuvas, da fertilidade do solo, do
Que festa é essa?
te audiência pública na Comissão de Agricul- excremento animal e da pouca inclinação do relevo.
tura e Reforma Agrária (CRA). Na região Nordeste do Brasil existe a tradição de São José, que
mantém a crença de que, se chover até o dia 19 de março, que marca o
De acordo com Navarro, a agricultura fim da estação chuvosa no semiárido, as colheitas serão muito boas. A
atual tem novas características, como a depen- sabedoria do sertanejo marca a estação chuvosa e pode ter um diagnós-
tico de como será a safra. Se não houver chuvas suficientes, o agricultor
dência de grandes investimentos em tecnolo-
perde todo o trabalho de um ano e sofre ainda mais com a seca.
gia, o que não é encontrado nos assentamen-
tos de famílias rurais.
“O tempo histórico da reforma agrária
Fatores determinantes
acabou, não tem mais nenhuma justificativa. e entraves da produção
Os recursos seriam aplicados de maneira mais agrícola
eficiente se extinguíssemos o Instituto Nacio-
nal de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Desde sua origem, a atividade agropecuarista é influenciada
por diversos fatores de ordem natural, política e econômica. No
e o programa de distribuição de terra e utili- início dessa atividade, a natureza era o principal fator para o seu
zássemos os recursos de outra forma para as pleno desenvolvimento. As regiões mais propícias para a prática
famílias mais pobres”, disse. da agricultura eram aquelas com boas condições climáticas, relevo
plano ou até mesmo suavemente inclinado, situadas em margens e
Em resposta a questionamentos de Flexa deltas de rios, com solos férteis, entre outros fatores.
Ribeiro (PSDB-PA), Lasier Martins (PDT-RS) Mesmo na atualidade, em vastas áreas pobres do mundo, esses
e Wellington Fagundes (PR-MT), Navarro opi- ainda são os fatores básicos para esse tipo de atividade. Contudo, o
desenvolvimento tecnológico tem promovido uma verdadeira re-
nou que o Incra poderia ser transformado em volução na agropecuária, elevando a produtividade daqueles que,
um instituto de terras dedicado à titulação e à re- dispondo de capital, podem adquirir insumos cada vez mais efica-
zes para otimizar o desempenho das suas propriedades agrícolas.
gularização fundiária.
Máquinas como tratores, semeadoras, colheitadeiras, debulha-
doras, caminhões, fertilizantes industrializados, agrotóxicos, além
Falta de dados de novas tecnologias, como a engenharia genética (que criou os or-
ganismos geneticamente modificados — OGMs, ou transgênicos)
estão à disposição de quem puder pagar.
Sobre a exploração agrícola dos assenta-
mentos, ele informou que já foram destinados 296 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
88 milhões de hectares para a reforma agrária,
mas disse não haver dados sobre a produção
realizada nessa área. Frente a essa falta de in- CG_6ºano_12.indd 296 07/03/2018 14:02:54

formação, os senadores aprovaram um reque- “Praticamente 70% do crescimento da produção agropecuária se deve à tecnologia, não se
rimento solicitando ao governo federal que deve mais ao trabalho e muito menos à terra”, afirmou o sociólogo.
envie à comissão os dados sobre a produção A concentração de renda foi outro aspecto destacado pelo pesquisador.
agrícola nos assentamentos rurais. “Hoje, 0,62% dos estabelecimentos rurais respondem pela metade da renda bruta da agrope-
Para Navarro, a ampliação da produção cuária, e 0,5% do total dos contratos de crédito ficam com um terço do valor investido”, explicou.
agropecuária brasileira está diretamente liga- A presidente da CRA, Ana Amélia (PP-RS), questionou o convidado quanto ao papel do
da a investimentos em tecnologia. associativismo e do cooperativismo como caminho para a inserção produtiva de pequenos e mé-
O novo padrão produtivo, segundo Navar- dios agricultores no mercado. “É a única saída para milhões de famílias rurais de tamanho mé-
ro, revela uma “inédita e crescente monetariza- dio e pequeno. Não há outra”, opinou Navarro.
ção das regiões rurais”, onde investimentos finan-
ceiros têm importância maior do que a terra e a Disponível em: http://www.codigoflorestal. com/2016/02/tempo-da-reforma-agraria-passou-diz. html. Adaptado.
mão de obra entre os fatores de produção. Acesso em: 03/06/2016.

C
296

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Ao lado desses insumos, podemos destacar o avanço dos trans-
portes, fazendo com que a produção chegue cada vez mais rápido
ao mercado, bem como os incentivos fiscais e subsídios dados por
diversos governos aos produtores agrícolas como fomento à prática
agropecuarista em alguns países. Porém, a atividade agrícola ainda
apresenta alguns elementos que dificultam o seu desenvolvimento,
principalmente nos países em desenvolvimento, tais como:

Ineficiência das políticas de incentivo ao consumo interno


dos produtos agrícolas.
Dificuldade no acesso à terra devido à concentração fundiária.
Reforma agrária insuficiente e ineficaz, pois faltam crédito
e assistência técnica aos agricultores mais pobres.
Dificuldade de comercialização dos produtos agrícolas devi-
do a pessoas que repassam produtos irregularmente.
Exploração por parte de grandes proprietários da mão de
obra dos trabalhadores sem-terra a baixos preços e por vezes de tra-
balho análogo à escravidão.

Essas medidas organizariam o trabalho no campo, ampliariam,


diversificariam e barateariam a produção para consumo interno,
bem como acabariam com a violência no campo dos países pobres e
em desenvolvimento, onde há disputas pela posse das terras. A não
distribuição destas, na forma de uma reforma agrária, gera embates
entre as populações pelo controle da terra. No Brasil, por exemplo,
há muitas mortes por conta dessas disputas. Posseiros (que vivem
em uma porção de terra há anos) e grileiros (que se apossam de ter-
ras que não são suas) vivem em clima de guerra.
David Litman/Shutterstock.com

2:54

Colheita de alfaces por imigrantes. Salinas, Califórnia, Estados Unidos.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 297

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Leitura
complementar
Geografia em cena

O misterioso caso da A segunda maior produtora de vinhos finos no Brasil encon-


tra-se no Sertão nordestino. Isso mesmo, no Sertão! O Vale do
plantação de ipê São Francisco é um exemplo de como o uso das tecnologias apro-
priadas pode converter uma região sem “vocação” numa produ-
O ipê é uma das espécies mais valiosas da tora reconhecida internacionalmente. O Vale reúne condições
inéditas para a vitivinicultura — produção de uvas viníferas e de
Amazônia. Normalmente, é possível encon- vinho — situa-se entre os paralelos 8° e 9°, apresenta pluviosidade
trar 1 árvore de ipê a cada 3-5 hectares (ou 3-5 média de 500 mm anuais (concentrada entre os meses de janeiro
campos de futebol). No entanto, um plano de e abril), temperatura média de 26 °C e clima tropical semiárido.
Apesar de relativamente jovens, os vinhos da região já têm seu
manejo do Pará apresentou um inventário flo- reconhecimento no Brasil e até mesmo no exterior.
restal em que os ipês nascem aos borbotões,

Vitoriano Júnior
com um volume 1300% maior do que a média
encontrada para a espécie!
A Agropecuária Santa Efigênia, situada
no município de Uruará-PA, superestimou a
presença de ipê no inventário florestal da área
com o objetivo de gerar créditos excedentes
para esquentar madeira ilegal. Os créditos ex-
cedentes podem ser utilizados para legalizar
madeira extraída, no caso ipês, de áreas sem
autorização, como terras indígenas e unidades
de conservação, ou podem ser vendidos para
as serrarias da região que utilizam esses crédi-
tos com a mesma finalidade. Nos dois casos, é
crime ambiental previsto em lei.
Em 2014, uma autorização de explora- Sistemas de produção
ção florestal (Autef ) emitida pela Sema para
a Santa Efigênia aprovou cerca de 12 mil me- agrícola
tros cúbicos de ipê, o equivalente a cerca de A produção da atividade agrícola vai depender da maior ou
600 caminhões de madeira. De acordo com menor utilização destes fatores. Por exemplo, quando uma fazenda
agrícola baseia a sua produção na área plantada (terra) e no traba-
um parecer técnico da Universidade de São
lho braçal do agricultor, estamos diante de uma prática agrícola ex-
Paulo, que analisou o inventário do plano, o tensiva. Porém, se outra fazenda agrícola investe maciçamente na
número de indivíduos de ipê encontrados na compra de máquinas e equipamentos, além de utilizar mão de obra
qualificada, podemos afirmar que se trata de uma prática agrícola
área licenciada foi de 1,01 árvores por hecta- intensiva, pois se baseou em capital.
re, e, em relação ao volume, o valor foi de 5,75
m³/hectare. A literatura científica aponta, no 298 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
entanto, que a densidade média de indivíduos
desta espécie na Amazônia fica entre 0,2 e 0,4
árvores por hectare, e, em termos de volume CG_6ºano_12.indd 298 07/03/2018 14:02:54 CG

por hectare, esse valor dificilmente supera 0,4 nejo Santa Efigênia. Em outubro, uma in- (Semas-PA) a realizar uma fiscalização no pla-
m, valores bem mais baixos do que o inventa- vestigação que contou com a utilização de no de manejo que confirmou as irregularida-
riado no plano. rastreadores por GPS monitorou rotas de des na área. Na ocasião, a equipe não apenas
“A exploração ilegal de madeira causa caminhões transportando madeira de áreas concluiu que houve fraude no inventário flo-
grave degradação da floresta e abre caminho sem autorização até as serrarias de cidades restal – especialmente para o ipê – como tam-
para a destruição da biodiversidade e violência do oeste do Pará, como Santarém, Uruará e bém recomendou a suspensão do plano e au-
contra a população local. As florestas não po- Placas. Uma dessas serrarias que receberam tuou a empresa.
dem mais ser destruídas se queremos reduzir a madeira ilegal foi a Comercial de Madei- A vistoria e as multas não impediram a
as mudanças climáticas e garantir água para ras Odani Ltda, de Placas, no Pará, que rece- Agropecuária Santa Efigênia de continuar
nosso futuro”, diz Marina Lacôrte, da campa- beu parte dos créditos justamente do plano movimentando os créditos excedentes, o que
nha da Amazônia do Greenpeace. de manejo da Agropecuária Santa Efigênia. indica que madeira ilegal “lavada” com esses
Desde o ano passado, a campanha tem A denúncia levou a Secretaria Estadual créditos entrou no mercado nacional e inter-
revelado fraudes como a do plano de ma- de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará nacional: 99% do volume de ipê autorizado

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Anotações
Práticas extensivas
A agricultura de subsistência é uma prática agrícola desenvol-
vida em áreas sem acesso a capital e tecnologia, como em boa parte
dos países africanos, vastas áreas do sul e sudeste da Ásia e em mui-
tos países da América Latina.
Nessa prática, a produção é obtida em pequenas e médias pro-
priedades, a partir da utilização de técnicas rudimentares, tradicio-
nais com mão de obra prioritariamente familiar e cuja produção está
quase totalmente voltada à subsistência da família do agricultor. Por
vezes, quando as chuvas chegam na hora certa e não há pragas, a co-
lheita é boa e gera excedentes que são comercializados em feiras livres.
A agricultura itinerante é similar à de subsistência, no entanto
ela se caracteriza pelo alto impacto ambiental, pois utiliza a queimada
como principal técnica para limpeza da área de cultivo, o que provoca
ao longo do tempo uma diminuição na fertilidade natural e no rendi-
mento do solo. Quando isso acontece, a família que está trabalhando
na terra assume inconscientemente uma postura predatória em relação
à natureza, pois desmata uma área próxima, tornando o solo desprote-
gido contra um dos principais agentes erosivos, a chuva. Esta lava o solo
e retira as camadas superficiais, tornando o solo infértil, dando início à
degradação de nova área, que futuramente será abandonada.
Dr Morley Read/Shutterstock.com

Área preparada com queimada para o


cultivo de milho. Amazônia peruana.

Plantation ou tropical
A plantation é a grande devoradora de matas nativas em várias
regiões dos chamados países em desenvolvimento, ou seja, parte da
América, África, sul e sudeste da Ásia.
Está assentada sobre o latifúndio, a monocultura e exploração
de mão de obra não qualificada, e sua produção de gêneros tropicais
tem por objetivo principal a exportação. A plantation foi amplamen-
te utilizada pelas nações europeias durante o período em que estas
dominaram a América Latina, Ásia e África. Nesse período de apro-
fundamento e ampliação do capitalismo mercantil, utilizava-se, em

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 299

2:54 CG_6ºano_12.indd 299 07/03/2018 14:02:55

foi comercializado. Essa madeira foi desti- freu e continua sofrendo inúmeras invasões
nada a diversas serrarias localizadas nos mu- por parte de madeireiros. Imagens de satéli-
nicípios de Uruará e Placas, onde o moni- te registram nessas áreas um intenso proces-
toramento por satélite mostra uma enorme so de degradação típico desse tipo de explora-
quantidade de áreas degradadas no entorno. ção. Fotografias realizadas durante sobrevoo
Inclusive, os alertas de degradação foram de- do Greenpeace em há poucas semanas confir-
tectados na mesma época em que ocorreu a mam a retirada de madeira de dentro do terri-
comercialização dos créditos: de junho a de- tório indígena.
zembro de 2014.
A Fazenda Santa Efigênia é cortada por Disponível em: http://amazonia.org.br/2015/06/o-
uma estrada que adentra a Terra Indígena (TI) misterioso-caso-da-plantacao-de-ipe/ . Acesso em :
Cachoeira Seca, do povo Arara. Boa parte da 12/12/2017.
TI, inclusive os arredores dessa estrada, já so-

299

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Diálogo com o
professor grande quantidade, a mão de obra escrava, porém atualmente esse
sistema utiliza a mão de obra assalariada e o trabalho semiescravo ou
escravo por dívida, forma de relação em que o trabalhador não recebe
Comente que, nas regiões em que a mo- salário, visto que este nunca é suficiente para quitar seus débitos no
barracão da usina, fazendo com que a dívida aumente cada vez mais,
dernização agrícola chegou primeiro e de for- ficando o trabalhador cativo do sistema.
ma intensa (Sul e Sudeste), a vegetação original Os barracões são de propriedade do empregador e vendem
desapareceu quase por completo. Nas regiões aos trabalhadores comida e utensílios, tanto para sua subsistência
quanto para seu trabalho. Porém, os preços cobrados são muito ele-
de ocupação agropecuária mais recentes vados, o que gera a dívida do empregado com o empregador. Em
(Norte e Centro-Oeste), já houve devastação suma, o trabalhador quase não recebe pagamento, pois o valor de
de parte considerável da vegetação original. suas compras vem descontado no seu salário. Vale ressaltar que os
trabalhadores são obrigados a comprar nos barracões, seja por não
Apesar disso, restam ainda extensas áreas que terem outro lugar para fazer suas compras (a maioria das fazendas
podem ser salvas da ação devastadora. e usinas são afastadas das cidades), por força de contrato ou por
medo de perderem o emprego.
Além de tudo isso, a plantation gera graves impactos ambien-
tais, como a derrubada de vastas áreas de vegetação nativa, provo-
cando a extinção de várias espécies vegetais e animais.
Anotações Do ponto de vista social, essa prática promoveu subdesenvol-
vimento e pobreza nas áreas onde foi instalada. Subnutrição e fome
são comuns nas áreas de plantation.
A agricultura de plantation deixou como herança aos países
africanos, asiáticos e americanos alguns problemas que são, em
parte, responsáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano e
tecnológico, tais quais: desestruturação da organização social, per-
das das áreas de agricultura de subsistência, concentração de terras,
dependência externa e instabilidades políticas e sociais.
O trabalho análogo à escravidão ainda é um problema, pois,
apesar de não ser a regra, ilustra como essas regiões ainda precisam
de organização social. O trabalhador é obrigado a pagar por sua
estadia e pela passagem que o levou até a fazenda e de comprar tudo
o que precisar nos barracões do fazendeiro.

T photography/Shutterstock.com
Colheita manual de cana-de-açúcar,
Martinica, Mar do Caribe.

300 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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Agricultura de
jardinagem
Ligada diretamente à produção de arroz em planícies inundá-
veis, apresenta objetivos semelhantes ao da agricultura de subsis-
tência. A rizicultura é praticada em pequenas e médias proprieda-
des cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de
grandes propriedades. A agricultura de jardinagem consegue obter
um maior volume de produção, visto que incorpora ao processo
produtivo algumas técnicas de preservação do solo e fertilização or-
gânica, permitindo a fixação da família na propriedade por tempo
indeterminado, não havendo a necessidade de procurar outras áreas
por causa do esgotamento do solo no curto e no médio prazos.
Como esse tipo de agricultura é praticado em regiões do mun-
do onde a densidade demográfica é bastante elevada, as áreas utili-
zadas pelas famílias são inferiores a um hectare, e as condições de
vida delas são bastante precárias.
É praticada há milênios em países como Filipinas, Tailândia,
Indonésia, China, Taiwan e Japão. Um fato marcante desde a déca-
da de 1980 se deu após as reformas promovidas pelo governo chi-
nês que modificaram o sistema de produção das fazendas coletivas
dando maior poder de decisão às famílias, que poderiam ficar com
parte da produção para comercializar livremente. A partir daí, a
produtividade aumentou e, consequentemente, a produção passou
a crescer na China e atender às necessidades da população.
Jimmy Tran/Shutterstock.com

Agricultura de jardinagem, ou rizicultura.

2:55
Agricultura moderna
Denominação dada às atividades agrícolas que empregam insu-
mos e inovações tecnológicas desenvolvidas desde a Revolução In-
dustrial. Utilizam maciçamente fertilizantes, pesticidas, sementes se-
lecionadas e mecanização nas atividades agrícolas, principalmente na
segunda metade do século XX em diante, com a Revolução Verde.
Esse tipo de prática agrícola é predominante nos Estados Uni-
dos, na Europa Centro-Ocidental e em alguns trechos da América

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 301

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Anotações
Geografia em cena do Sul, como os campos de trigo da Argentina e a sojicultura de-
senvolvida no cerrado brasileiro. No início, era restrita apenas aos
Por que será que, mes- médios e grandes produtores agrícolas; nas últimas décadas, teve
mo com o uso de toda essa algumas de suas técnicas e recursos, como utilização de inseticidas
tecnologia aplicada na pro- e sementes selecionados, adotados por parte dos pequenos proprie-
dução agrária, não conse- tários e agricultores familiares.
guimos resolver o problema

brickrena/Shutterstock.com
da fome?

Colheita de trigo por colheitadeira em país de clima temperado.

Empresas agrícolas
São típicas de países desenvolvidos, como o Canadá, os Estados
Unidos, a Austrália e os integrantes da União Europeia, e de peque-
nos trechos da Argentina e do Brasil. Utilizam grandes proprieda-
des e maciços investimentos de capital em tecnologia e mão de obra
qualificada, gerando grande produtividade. Essa produtividade foi
consequência da utilização de sementes selecionadas e melhoradas
geneticamente, do uso intensivo de fertilizante, do elevado grau de
mecanização em todas as etapas do processo produtivo (preparo do
solo, plantio e colheita), da utilização de silos para o armazenamen-
to da produção e, principalmente, do sistemático acompanhamen-
to de todas as etapas de produção e comercialização por técnicos,
engenheiros e administradores. Funcionam como empresas cuja
produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado interno
quanto do externo, dependendo da demanda e do valor comercial.

B Brown/Shutterstock.com
Leitura
complementar
Tecnologia e inovação Processamento industrial de batata em American Falls, estado de Idaho, EUA.

promovem transformação na
agricultura brasileira 302 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

Durante debate sobre inovação e com-


petitividade internacional, no Fórum Pú- CG_6ºano_12.indd 302 07/03/2018 14:02:55 CG

blico da Organização Mundial de Co- mação dos solos do cerrado, a tropicalização vez mais complexo, com grandes desafios
mércio (OMC), em Genebra, na Suíça , de culturas de animais, além do desenvolvi- como mudanças climáticas globais, substi-
o presidente da Embrapa, Maurício Lo- mento de uma base de práticas sustentáveis tuição das fontes de carbono fóssil. Na opi-
pes, apresentou o papel da tecnologia e da como os principais conjuntos de tecnologias nião dele, para enfrentar essas questões será
inovação na transformação da agricultura responsáveis pela transformação do campo necessário atuar em conjunto, ampliando a
brasileira. no Brasil. Ele também citou como fatores sinergia entre os governos, o setor de pes-
Maurício Lopes abordou a trajetória da fundamentais dessa transformação a adoção quisa e a iniciativa privada, pois nenhuma
agropecuária brasileira nos últimos quaren- de políticas públicas e o treinamento de pes- organização será capaz de, isoladamente, fa-
ta anos, que tiraram o País de uma condição quisadores, que foram capazes de desenvol- zer frente a esses temas.
de insegurança alimentar para transformá-lo ver um modelo único no mundo de agricul-
em um dos maiores produtores e exportado- tura em regiões tropicais. http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-
res mundiais de alimentos. O presidente da Sobre o futuro, Maurício Lopes des- tecnologia/2013/10/tecnologia-e-inovacao-promovem-
Embrapa citou inovações como a transfor- tacou que o mundo está se tornando cada tranformacao-na-agricultura

302

ME_CG_6ºano_12.indd 302 29/03/2018 11:57:00


Leitura
Usa-se o termo agroindústria para designar empresas agríco- complementar
las que processam o que produzem, ou seja, que cultivam a matéria-
-prima e a industrializam. Por exemplo, a produção de uva, que se
tornará suco e, posteriormente, será transformado em vinho. Mais de 67% das lavouras
Etapas para a produção de sucos de uva em uma propriedade industrial usam tecnologia na produção
1 etapa: Colheita da uva na propriedade.
a
2a etapa: Separação dos grãos da uva. 3a etapa: Depois de separadas, as uvas são
agrícola
postas para ferver.

Thomas Barrat/Shutterstock
CoolR/Shutterstock

Cerca de 67% das propriedades agrícolas

kubais/Shutterstock
do País usam algum tipo de tecnologia, seja na
área de gestão dos negócios ou nas atividades
de cultivo e colheita da produção. A estimati-
va é do coordenador da Secretaria Executiva
da Comissão Brasileira de Agricultura de Pre-
6a etapa: O produto é etiquetado e emba- 5a etapa: Elevação da temperatura em 80 ºC
lado para a venda. por 20 minutos e depois resfriamento. 4a etapa: Filtragem e envase. cisão (CBAP), Fabrício Juntolli.
Guy Shapira/Shutterstock

Guy Shapira/Shutterstock

Guy Shapira/Shutterstock
“Nossa meta para os próximos dois anos
é fazer um levantamento sobre o panorama de
agricultura de precisão no Brasil”, diz Juntolli.
Segundo ele, a tecnologia contribui para a me-
lhoria da gestão da propriedade e para a toma-
da de decisão dos produtores.
Agricultura e tecnologia “Ela ajuda os agricultores a plantar na
Com o avanço tecnológico, foram elaboradas formas de reali- hora certa e com a utilização de insumos na
zar o cultivo das mais variadas espécies vegetais, permitindo tam- quantidade exata.” Segundo ele, a agricultura
bém a implantação de espécies típicas de países de climas tempe-
rados ou frios em climas tropicais ou equatoriais, como a uva em de precisão está em crescimento no País, prin-
pleno semiárido nordestino com duas safras e meias por ano. Nos cipalmente nos estados do Centro-Sul (RS,
países temperados se consegue uma safra apenas. SC, PR, SP, MG, GO, MS, MT) e em Rorai-
A tecnologia também propiciou desenvolver alterações que
provocam mudanças genéticas nas espécies vegetais. Atualmente, ma e Tocantins, no Norte.
existem pesquisas que buscam os melhoramentos de espécies, al- Neste ano, destaca Juntolli, duas novas
terando sua composição genética, deixando-as mais resistentes a entidades passaram a fazer parte da CBAP: a
pragas e acelerando seu crescimento.
A principal técnica utilizada é a que produz os alimentos trans- Associação Brasileira dos Prestadores de Ser-
gênicos. Os transgênicos são organismos geneticamente modifica- viços em Agricultura de Precisão e a Associa-
dos (OGMs), pois a manipulação do DNA destas plantas em labo-
ção Brasileira de Agricultura de Precisão.
ratório permite que incorporem genes de outras espécies de plantas,
bactérias ou vírus que permitem maior resistência aos agrotóxicos
e doenças, aumentando a produtividade. Há um intenso debate en- http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2017/04/
tre cientistas e agricultores sobre as possíveis consequências desses
mais-de-67-das-lavouras-usam-tecnologia-na-producao-
organismos para o meio ambiente e para a vida humana.
agricola.
Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 303

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Anotações

303

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Leitura
complementar Em 2011, a população mundial ultrapassou os 7 bilhões de
habitantes. A maior parte está localizada nos centros urbanos, rea-
Não basta usar veneno, tem lizando atividades nas áreas de indústria, serviços, comércio, pes-
quisa, etc. Desse modo, surge a seguinte questão: como produzir
que estar vencido alimentos para um contingente tão grande de pessoas?
Cada vez mais, a agricultura recebe maior atenção, não por
A cada dia, oito pessoas são intoxica- causa do crescimento populacional, mas também pelo aumento
das vítimas da utilização de agrotóxicos, do consumo de alimentos da população dos países pobres. Existe
a necessidade de um melhor aproveitamento da terra e de avanços
sendo que para cada caso registrado, ou- científicos no setor para que a produção de alimentos supra a gran-
tros 50 não foram notificados. As infor- de demanda.
mações são da Fundação Oswaldo Cruz

Marcin Balcerzak/Shutterstock.com
(Fiocruz), que analisou dados do Siste-
ma Único de Saúde (SUS). Os dados fo-
ram compilados pela pesquisadora Larissa
Bombardi no Atlas dos Agrotóxicos.
Levando em conta as mais de 25 mil ocor-
rências de contaminação registradas de 2007 a
2014, estima-se que nesse período mais de um
milhão de brasileiros foram intoxicados pelos
pesticidas – sendo que um quinto das vítimas
é criança ou adolescente. Especialista em transgênicos examina espiga de milho na plantação.

Segundo o Diário Causa Operário, a


maior parte da contaminação, aproximada- Impactos ambientais da
mente 75% dos casos, são de pessoas da zona
rural. A pulverização aérea de agrotóxicos co-
agricultura
labora muito para esse cenário. No fim do mês Algumas atividades da agricultura desencadeiam o desmata-
passado, uma operação conjunta entre Anac mento de vegetações originais, principalmente os cultivos realiza-
dos em grande escala e aqueles que adotam técnicas antigas, como
(Agência Nacional de Aviação Civil), Ibama a “limpeza” do terreno por meio de queimadas.
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a No Brasil, ocorre o desmatamento da Floresta Tropical de
Polícia Militar Ambiental foi realizada em Mata Atlântica desde a colonização do País. Antes mesmo da in-
trodução da cana-de-açúcar em solo brasileiro, os conquistadores
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná portugueses começaram a exploração do nosso território por meio
para fiscalizar a atividade. da extração do pau-brasil, espécie da Mata Atlântica. Atualmente,
restam 7,9% da cobertura vegetal original dessa mata. Muitas es-
Foram identificados agrotóxicos em de-
pécies vegetais da Mata Atlântica foram extintas antes mesmo de
sacordo com a legislação, destinação incor- serem catalogadas.
reta dos produtos vencidos, pesticidas con- A fauna também sofre bastante com a implantação de práticas
agrícolas, pois seu hábitat pode ser destruído para dar lugar ao cul-
trabandeados, depósito ilegal de agrotóxicos, tivo da terra.
atuação sem licença ambiental e apresentação
de relatórios omissos. Todo esse veneno seria 304 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
pulverizado sobre cidades do interior, escolas
e sobre nossos alimentos.
“Isso mostra que temos sérios proble- CG_6ºano_12.indd 304 07/03/2018 14:02:56

mas de fiscalização mesmo com a lei atual, que saúde das pessoas, muitos agentes da saú-
confere alguma proteção. Se aprovado o Pa- de ignoram os sintomas da contaminação e Anotações
cote do Veneno, um conjunto de medidas a não conectam a agricultura e sua forma pre-
favor do uso de pesticidas, isso só vai piorar. dominante de produzir – uso intensivo de
Não há uso seguro dessas substâncias, é urgen- agrotóxicos – com os danos causados na saú-
te e necessário reduzir a utilização de agrotó- de pública. Boa parte dessa população não
xicos no Brasil, proteger a saúde da população consegue sequer um diagnóstico adequado,
e o meio ambiente”, alerta Marina Lacôrte, da quem dirá tratamento.
campanha de Agricultura e Alimentação do
Greenpeace Brasil. Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/
Vale lembrar que por conta da falta de pt/Noticias/Nao-basta-usar-veneno-tem-que-estar-
estudos sobre os efeitos dos agrotóxicos da vencido/. Acesso em: 12/12/2017.

C
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Além disso, a prática de cultivos sucessivos sem o tempo devi-
do de repouso do solo para a recuperação dos seus nutrientes pode
acarretar o esgotamento da terra, fazendo com que aquela área se
torne inutilizável para a agricultura. Essa prática exige alto custo
para o processo de correção do solo, caracterizado pela sua aduba-
ção após um diagnóstico dos nutrientes encontrados na área. Na
maioria das vezes, a terra inutilizada é abandonada, e o solo fica
exposto à radiação solar, o que também provoca o seu empobreci-
mento, podendo ocasionar o processo de arenização em áreas sub-
tropicais e, em áreas semiáridas, a desertificação.

Geografia em cena

Agricultura orgânica é uma forma de produção de alimen-


tos vivos para garantir a saúde dos seres humanos. Nessa forma
de agricultura, não se utilizam produtos industrializados, como
adubos químicos e agrotóxicos ou pesticidas. Desenvolve e adota
tecnologias apropriadas ao solo, ao relevo, ao clima, à hidrogra-
fia, à luminosidade solar e à biodiversidade próprios de cada rea-
lidade, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e
deles com os seres humanos. Esse modo de produção assegura o
fornecimento de alimentos orgânicos saudáveis, mais saborosos
e de maior durabilidade. Não utilizando agrotóxicos, preserva
a qualidade da água usada na irrigação e não polui o solo nem
o lençol freático com substâncias químicas tóxicas; por utilizar
sistema de manejo mínimo do solo, assegura a estrutura e ferti-
lidade deste, evitando erosões e degradação, contribuindo para
promover e restaurar a rica biodiversidade local.
Fonte: AAO. Acessado em 11/09/2012. (Adaptado) In: aao.org.br/aao/
agricultura-organica.php.
Lucky Business/Shutterstock.com

2:56

Homem com cesta de alimentos orgânicos.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 305

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305

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Anotações
Cenário 3

Pecuária
A criação de animais
A pecuária consiste na criação, domesticação e reprodução
de animais para atender a interesses domésticos ou comerciais. No
Brasil, utiliza-se o termo agropecuária para tratar das relações en-
tre a agricultura e a pecuária.
Existe uma grande variedade de criação de animais, como bo-
vinos (bois), equinos (cavalos), asininos (jumento ou jegue), suínos
(porcos), ovinos (ovelhas), caprinos (cabras).

A origem da atividade
Leitura
pecuarista
complementar A domesticação de animais ocorreu praticamente ao mesmo
tempo que diferentes sociedades começavam a praticar a agricultura.
Domar, domesticar animais assegurava para os seres humanos solu-
ções para diversos problemas, como alimentação, transporte, vestuá-
O abate de frangos, suínos e bovinos au- rios e utilização como força de tração para arados, moinhos, etc.
mentou no Brasil no primeiro trimestre de Nos primórdios, era comum a prática do pastoreio, em que o
gado era criado solto, alimentando-se de pastagens naturais e vivia
2017 em comparação com o mesmo período
deslocando-se constantemente. Ainda hoje encontramos essa for-
do ano passado. O resultado foi divulgado pelo ma de criação de animais em várias partes do mundo, porém de-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística vemos dividi-la em duas práticas semelhantes: a transumância e o
nomadismo pastoril.
(IBGE) no relatório das Pesquisas Trimestrais

Famed01/Shutterstock.com
do Abate de Animais, Trimestral do Leite, Tri-
mestral do Couro e Produção de Ovos.
O abate de frangos, que totalizou 1,48
bilhão de cabeças, foi 5,1% acima do regis-
trado no 4º trimestre de 2016. Na compara-
ção com o mesmo trimestre do ano anterior,
houve aumento de 0,3%. Esse resultado ocor-
reu devido ao crescimento nos abates em 16 A transumância é uma forma de pastoreio na qual o criador
das 24 unidades da Federação que participa- migra periodicamente com o seu rebanho de acordo com o clima.
Geralmente, ocorre entre áreas de pastagens na planície e em re-
ram da pesquisa. giões montanhosas. Quando a época de seca ocorre nas planícies,
Em relação aos suínos, a pesquisa mostra
que foram realizados 10,46 milhões de aba- 306 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário
tes, aumento de 2,6% na comparação com o
mesmo período de 2016. O abate de 269,64
mil cabeças de suínos a mais foi impulsionado CG_6ºano_12.indd 306 07/03/2018 14:02:57

por 12 das 25 unidades da Federação partici- Tocantins (+27,53 mil cabeças), Rondônia nicipal) foi de 5,87 bilhões de litros. O volu-
pantes da pesquisa. Entre os estados com par- (+25,43 mil cabeças), Pará (+16,72 mil cabe- me foi 0,1% maior que o alcançado no 1º tri-
ticipação acima de 1%, registraram aumento ças) e Bahia (+15,67 mil cabeças). mestre de 2016.
Santa Catarina (+228,56 mil cabeças), Mato Na Pesquisa Trimestral do Couro, foram
Grosso (+54,70 mil cabeças), Paraná (+38,40 Ovos, leite e couro declarados o recebimento de 8,25 milhões de
mil cabeças), Minas Gerais (+29,61 mil cabe- peças inteiras de couro cru de bovinos. Essa
ças), Mato Grosso do Sul (+20,30 mil cabe- A produção de ovos de galinha foi de quantidade foi semelhante à registrada no tri-
ças), Goiás (+10,22 mil cabeças). 788,26 milhões de dúzias no 1º trimestre de mestre imediatamente anterior e 1,7% menor
Já o abate de bovinos foi de 7,37 milhões 2017. Comparando com o mesmo período de que a apurada no 1º trimestre de 2016.
de cabeças. Na comparação com o primei- 2016, houve aumento de 4,1%.
ro trimestre de 2016, houve alta de 0,7%. Fo- A aquisição de leite cru feita pelos esta- Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-
ram 49,62 mil cabeças a mais impulsionadas belecimentos que atuam sob algum tipo de e-emprego/2017/06/pecuaria-brasileira-cresce-no-
pelos estados de Goiás (+97,26 mil cabeças), inspeção sanitária (federal, estadual ou mu- primeiro-trimestre-deste-ano. Acesso em: 12/12/2017.
C
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o criador leva o seu rebanho para as áreas de montanhas onde as Geografia em cena
pastagens estão verdes; contudo, quando as chuvas voltam a acon-
tecer nas planícies, o pastor retorna com o seu rebanho. Nesse tipo Os lapões são grupos
de pastoreio, não é apenas o pasto e o rebanho que se deslocam de indígenas típicos de alguns
um lugar para outro, são comunidades inteiras que vivem do pas- países da região norte do
toreio que se locomovem sobre o espaço terrestre com o rebanho continente europeu. Fa-
em busca de melhores pastagens para os animais. É muito comum lam mais de 10 línguas, e
na região europeia da Escandinávia (Suécia, Noruega, Finlândia), sua economia é baseada na
onde os lapões se deslocam com seus rebanhos de renas, bem como caça, pesca, agricultura e
na Rússia e na Mongólia, onde grupos se locomovem pelas planí- criação de renas.
cies com seus rebanhos de cavalos em busca de boas pastagens.

Vlada Photo/Shutterstock.com
Sistemas de criação
pecuarista
A pecuária engloba, como vimos, a criação de animais, como
bois (bovinocultura), cavalos (equinocultura), cabras (caprino-
cultura), porcos (suinocultura), búfalos (bufalinocultura), aves
(avicultura), ovelhas (ovinocultura), peixes (piscicultura), além de
muares, mulas, burros, jumentos, jegues ou asnos (asininocultura).
Da mesma forma que a agricultura, podemos dividir a pecuária, de Habitante local com seu traje típi-
acordo com o investimento de capitais e tecnologias, em extensiva, co. Os lapões praticam a pecuária de
renas há centenas de anos.
semiextensiva e intensiva.

Pecuária extensiva
Prática de produção com baixa aplicação de capital e técnicas
rudimentares de criação. A produtividade é baixa, pois os animais
não recebem cuidados com veterinários, vacinação, alimentação,
currais adequados, etc. É criado solto em pequenas ou médias pro-
priedades alimentando-se da vegetação existente no pasto, que ge-
ralmente é pobre em nutrientes. Esse tipo de prática se dá tanto
para abate quanto para a produção de leite.
Zeljko Radojko/Shutterstock.com

2:57

Gado rastreado por chips nas orelhas. O chip possui todas as informações sobre o animal desde
o nascimento até o abate.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 307

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Pecuária semiextensiva
Prática na qual o gado é criado ora preso, ora solto alimentan-
do-se de pastagens naturais. O confinamento geralmente ocorre
em épocas em que as pastagens naturais estão secas, congeladas ou
alagadas e tem por finalidade a engorda do animal. O principal ob-
jetivo é a produção de carne. O uso de técnicas melhoradas e mais
capital propicia uma maior produtividade, principalmente pelo
uso do confinamento para engorda.

branislavpudar/Shutterstock.com
Geografia em cena

Boi orgânico e boi verde ou natural são conceitos de cria-


ção sem utilização de recursos tecnológicos e industriais. O boi
verde é o animal criado basicamente em pasto sem agrotóxico, e
sua alimentação pode ser complementada por alimentos de origem
vegetal. É permitido o confinamento desses animais até 90 dias an-
tes do abate, o que também acontece com o boi orgânico. Já o boi
orgânico é criado quase totalmente com base na alimentação orgâ-
nica e com pastos que não utilizem técnicas predatórias.

Pecuária intensiva
Baseada no capital, na pecuária intensiva o produtor pode con-
tar com técnicas avançadas de produção e insumos, como rações,
vacinas e equipamentos modernos. Do nascimento até o momento

308 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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do abate, tudo é feito sofisticadamente. Utilizam-se seleção de raças,
inseminação artificial, rações industriais balanceadas, acompanha-
mento zootécnico e veterinário, etc. É realizada em áreas pequenas,
onde se procura concentrar a maior quantidade possível de animais,
que são criados em confinamento.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Caniço: Espécie de vara de pescar. Nomadismo: Modo de vida dos nômades.
Ceifadeiras: Instrumentos mecânicos para Quitar: Pagar.
cortar cereais. Reforma agrária: Política de redistribuição
Depredadora: Que depreda, danifica, quebra, das terras agrícolas aos agricultores que não
retira sem se importar com as consequências. têm acesso a terra, com apoio técnico, crédito
Desenfreada: Sem freios, ou limite, com ve- e infraestrutura social.
locidade. Revolução Verde: Conjunto de avanços téc-
Insumos: Bens e produtos utilizados em nicos e científicos na agropecuária que per-
qualquer atividade produtiva. mitiram o aumento vertiginoso da produti-
Maciçamente: Em grande quantidade. vidade.

Aprenda com arte

O menino da porteira
Direção: Jeremias Moreira.
Ano: 2009.

Sinopse: No vilarejo de Rio Bonito, o peão Diogo conduz uma grande boiada até a Fazenda Ouro Fino.
Ao passar pelo sítio Remanso, ele conhece Rodrigo, um garoto que sonha em ser boiadeiro. Logo eles
se tornam amigos, sendo também testemunhas das injustiças que ocorrem na região devido à ganância
do major Batista, dono da Fazenda Ouro Fino. O major ordena que seus capangas chantageiem os mo-
radores locais, de forma que vendam o gado pelo preço que deseja. A situação muda quando Otacílio
Mendes, pai de Rodrigo, decide se rebelar, contando com a ajuda do farmacêutico Dr. Almeida.

A carne é fraca
Direção: Nina Rosa Jacob.
Ano: 2004.

Sinopse: Alguma vez você já pensou na trajetória de um bife antes de chegar ao seu prato? Nós pes-
quisamos isso para você e contamos nesse documentário aquilo que não é divulgado. Saiba os impac-
tos que esse ato — de comer carne — representa para a sua saúde, para os animais e para o Planeta.
Com depoimentos dos jornalistas Washington Novaes e Dagomir Marquezi, entre outros.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 309

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Encerramento

1 Por qual motivo a agricultura de subsistência, ou roça, também pode ser chamada de agricultura
itinerante?
A prática da queimada e o desmatamento provocam o esgotamento do solo, fazendo com que as famí-

lias migrem para outras áreas.

2 Quais são as principais consequências da plantation?


Derrubada da vegetação nativa, a concentração de terras nas mãos dos latifundiários, perda das áreas de

subsistência e instabilidades políticas e sociais.

3 Como é realizada a agricultura de jardinagem?


A agricultura de jardinagem é praticada em pequenas e médias propriedades pelo dono da terra e sua

família usando técnicas de conservação do solo e adubação orgânica.

4 Relacione as colunas.

1 Agricultura 3 Atividade de retirada de produtos como são encontrados na natureza.


2 Pecuária 1 Utilização do solo para plantio e cultivo de plantas.
3 Extrativismo 2 Utilização da terra para criação de animais.

5 (UFRGS) Observe a figura abaixo.


A principal consequência da prática agrícola ilustrada
nessa figura é:
a. o aumento da infiltração da água no solo.
b. X o aumento da erosão do solo.
c. a diminuição do escoamento das águas pluviais.
d. a melhoria da saúde das plantas.
e. o incremento da produtividade da lavoura.

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6 Associe cada figura ao tipo de produção agrícola correspondente:
1 Agricultura familiar.
2 Agricultura de subsistência.
3 Empresa agrícola.

Alf Ribeiro/Shutterstock.com

Fotokostic/Shutterstock
casadaphoto/Shutterstock

3 Colheitadeira de milho. 1 Trabalhadores no interior 2 Colheita de tomate em


de São Paulo. horta.

7 (UPE) Tomates de amadurecimento lento, frutas cítricas resistentes à geada, soja resistente à her-
bicida e com mais proteína, batatas maiores e com polpa mais densa são alguns dos produtos que estão
disponíveis no mercado ou estarão nos próximos anos. Esses produtos referidos fazem parte do que se
poderia designar como uma nova revolução na agricultura, decorrentes mais especificamente de um
fato mencionado a seguir. Assinale a alternativa correta.

a. Utilização de novos insumos agrícolas.


b. Mudança climática global.
c. Realização de Reforma Agrária em áreas de solos férteis.
d. Alterações pedológicas do meio ambiente.
e. X Engenharia genética.

8 (Etecs) Na alimentação, a carne bovina é fonte de fósforo, ferro e de vitaminas do complexo B. As


regiões Norte e Centro-Oeste, onde se situam a Floresta Amazônica e o Cerrado, são as que apresentam
as maiores taxas de expansão do rebanho bovino no Brasil. Nessas regiões, a criação de gado bovino é:
a. intensiva, com o gado confinado e alto rendimento financeiro.
b. intensiva, com o gado criado em pastos e produção de carne para exportação.
c. X extensiva, com o gado criado à solta em pastos e produção destinada ao corte.
d. extensiva, com o gado confinado, rebanhos escassos e uso de pouca mão de obra.
e. leiteira, com o gado solto em pastos e produção destinada à obtenção de carne.

Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário 311

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9 (UFC) Assinale a alternativa que indica a principal característica do processo de modernização da
agricultura brasileira.
a. Redução da produtividade por falta de insumos.
b. Atendimento à demanda interna por produtos agrícolas.
c. Aplicação de técnicas tradicionais no uso agrícola da terra.
d. X Atendimento à demanda externa por produtos agrícolas.
e. Fundamentação em cultivos de subsistência e minifúndios.

10 (UFJF) Leia, com atenção, o texto a seguir:

“Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2005), esse tipo de agricultura produz
hoje 40% da riqueza gerada no campo no Brasil, correspondente a, aproximadamente, R$ 57 bilhões.
São cerca de 4 milhões de agricultores (84% dos estabelecimentos rurais brasileiros) que vivem em
pequenas propriedades e produzem a maior parte da comida que chega à mesa dos brasileiros. Quase
70% do feijão vêm dessa atividade, assim como 84% da mandioca, 58% da produção de suínos, 54%
do leite bovino, 49% do milho e 40% das aves e dos ovos. Além disso, é um importante instrumento
para manter os trabalhadores no campo. Em 2003, o PIB do setor cresceu 14,31% em relação ao ano
anterior. Além de ser a base de importantes cadeias de produtos proteicos de origem animal, sendo
majoritária no caso do PIB da Cadeia Produtiva dos Suínos (58,8% do PIB total dessa cadeia), do Leite
(56%) e das Aves (51%).”
(Fonte: www.mda.gov.br.)

Marque o conceito que se adequa corretamente às informações.


a. Latifúndio de exploração.
b. Monocultura de subsistência.
c. X Agricultura familiar.
d. Agricultura de plantation.
e. Agricultura de terraceamento.

11 (Uneal) A pecuária em que o rebanho é criado obedecendo a métodos modernos que permitem
uma seleção do gado para o corte, reprodução ou leite, utilizando pasto plantado e rações suplementa-
res, é denominada de:

a. X Pecuária intensiva.
b. Pecuária extensiva.
c. Pecuária nômade.
d. Pecuária pouco extensiva.
e. Pecuária de espaços semiáridos.

312 Capítulo 12 – As atividades econômicas do setor primário

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Objetivos
pedagógicos
Capítulo 13 • Apresentar e definir os principais tipos de
indústria (de bens de produção, de capital e de
A indústria, os serviços e bens de consumo duráveis e não duráveis).
• Discutir o fenômeno da desconcentração
a tecnologia Engenheiro usando o tablet em máquina de braço
robô de automação pesada em fábrica inteligente industrial.
industrial.
• Analisar o cenário político e cultural da Eu-
ropa na transição dos novos processos de ma-
nufatura em fins do século e XVIII e os pri-
meiros momentos do século XIX.
• Entender os motivos que levaram a transi-
ção dos métodos de produção artesanal para a
produção e a utilização de máquinas.
• Compreender como o uso do ferro e o uso
crescente da energia a vapor culminaram com
o acelerado processo de industrialização da
Inglaterra.
• Contextualizar os aspectos que marcaram a
revolução industrial na vida cotidiana da so-
ciedade europeia.
• Identificar, a partir da Revolução Industrial,
como os trabalhadores perderam o controle
do sistema produtivo.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Neste capítulo, vamos compreender (EF06GE06) Identificar as características das


as relações que geram a produção de
riquezas desenvolvidas por diferentes paisagens transformadas pelo trabalho huma-
sociedades nos ambientes urbanos, bem no a partir do desenvolvimento da agropecuá-
como identificar as consequências que
essas relações trouxeram e apontar ria e do processo de industrialização.
alternativas viáveis.

tock.com

Anotações
Zapp2Photo/Shutters

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Diálogo com o
professor Cenário 1

É interessante mostrar aos alunos como ain-


da hoje é forte a dependência da natureza para a
O aperfeiçoamento
sobrevivência do homem. Que o artesanato ain-
da tem sido uma forma lucrável de trabalho.
do trabalho
Modelos de produção
Anotações A história do ser humano pode ser contada pela sua busca in-
cessante por instrumentos que atenuassem sua carga de trabalho,
quer fosse na produção de bens, que melhorassem a sua qualidade
de vida, quer fosse na criação de meios de transporte que pudes-
sem levá-lo a áreas distantes sem o gasto de energia pessoal. E assim
foi ao longo da história. Domesticando animais para utilizá-los no
transporte pessoal, de carga ou como força motriz, criando ins-
trumentos de produção como moinhos, fornos, olarias, etc., o ser
humano foi se impondo sobre a natureza e transformando-a em
bens ou produtos para suprir as suas necessidades. Ao longo desse
processo de conquista da natureza pelos seres humanos, é possível
identificar três formas de produção.

Artesanato
Forma primitiva de transformação de elementos da natureza,
mas que ainda hoje é realizada por diversas pessoas. Nessa forma de
produção milenar, elementos naturais são transformados em bens e
objetos que podem ser utilizados pelos seres humanos.
Inicialmente, o artesanato tinha como objetivo atender às ne-
cessidades do artesão e da sua família. Em uma época em que não
havia indústrias e o comércio de utensílios era pouco, era a família
a encarregada de produzir os instrumentos que utilizava em casa.
Panelas, jarras, colheres, cadeiras, mesas, bancos, sandálias e até ins-
trumentos de trabalho e roupas eram produzidos pelo núcleo fa-
miliar, por isso essa forma de produção pode também ser chamada
de produção artesanal familiar ou produção para o autoconsu-
mo. Com o passar do tempo, essa produção foi se aperfeiçoando,
o que gerou um aumento quantitativo de produtos, além daqueles
necessários à subsistência do núcleo familiar. Isso fez com que a ati-
vidade comercial passasse a ser praticada com maior intensidade.
Aperfeiçoando-se a produção artesanal, essa atividade de transfor-
mação passou a ser desempenhada por uma única pessoa usando
suas próprias ferramentas.

314 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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Repina Valeriya/Shutterstock.com
Artesanato em cerâmica. Foi a primeira tecnologia na fabricação de bens e utilitários.

Isso criou um movimento continuado de pessoas, que tendem


a se agrupar em torno das cidades — formando a população ur-
bana —, pois o comércio e a indústria são mais bem desenvolvidos
devido à maior quantidade de pessoas fixas.
O fato é que, por volta do século IX, várias regiões da Europa
já apresentavam núcleos urbanos com uma população numero-
sa, ocasionando a intensificação da atividade comercial, que tinha
como palco as diversas feiras no entorno das cidades. Nessa nova
realidade, o simples artesão não tinha como dar conta dessa maior
demanda de consumo, tendo de reorganizar sua forma de produção
por meio da criação das oficinas de artesanato.

Manufatura
Os melhores artesãos passaram a reunir um número maior de
clientes e ampliaram sua produção contratando ajudantes. Nor-
malmente, um artesão contratava um jornaleiro, auxiliar ou com-
panheiro, que trabalhava em troca de um salário. Abaixo desse, es-
tava o aprendiz, um jovem que trabalhava e vivia com o artesão para
aprender o ofício. Quando isso ocorria, poderia abrir sua própria
oficina, se tivesse juntado algum dinheiro para isso, ou tornar-se
jornaleiro, continuando a trabalhar com o mesmo artesão que lhe
4:56 ensinou o ofício em troca de um salário.
Dessa forma, o produto/mercadoria deixa de ser produzido indi-
vidualmente e passa a ser elaborado por várias pessoas que são contrata-
das. Diferentemente do artesanato, em que uma pessoa elabora o bem
do início ao fim, esse novo modelo de produção caracteriza-se pela
divisão do trabalho, ou seja, cada trabalhador realiza uma única etapa
dentro do processo produtivo, e o trabalho passa a ser assalariado. Es-
ses fatos combinados acarretam a redução do tempo gasto no processo
produtivo e um aumento na quantidade de mercadorias produzidas.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 315

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Já por volta do século XIII, esses artesãos, para assegurar o
monopólio de produção e fabricação de um determinado gêne-
ro em uma cidade, fundaram as primeiras corporações de ofício
artesanal. Um fato interessante dessas corporações é que, como
mestres artesãos ou mestres de ofícios, jornaleiros e aprendizes se
ocupavam do mesmo trabalho e até dividiam o mesmo teto, todos
pertenciam à mesma corporação. Era uma verdadeira irmandade, e
tinham, pelo menos no início, o interesse de proteger e auxiliar os
seus membros em qualquer situação de dificuldade. Por outro lado,
todas as corporações de ofício artesanal baseavam-se no contexto
da justiça e do preço justo, pois supervisionavam cuidadosamente
o trabalho de seus membros, protegendo o comprador da aquisição
de material inferior e com preço abusivo.

Reprodução
Corporações de ofício.

Assim, durante muito tempo sem estabelecer distinção entre


patrão e empregados, mantendo altos padrões de qualidade e preço
justo, viveram as corporações de ofício artesanal, até que o desen-
volvimento e a ampliação do mercado foram aos poucos retiran-
do de circulação a noção do preço justo pelo conceito de preço de
mercado.
A Europa manufatureira cresceu e começou a tomar conta dos
quatro cantos do mundo. A dominação da América, da África e da
Ásia estimulou as trocas comerciais, e, nesse novo contexto, a ma-
nufatura cresceu de forma significativa, na medida em que seus pro-
dutos passaram a ser comercializados ou trocados por especiarias,
pedras preciosas, marfim ou ébano nas terras recém-dominadas.
Os lucros gigantescos desse comércio permitiram a muitos
proprietários de manufaturas europeias investirem no desenvolvi-
mento de novas e modernas tecnologias de produção, com o obje-
tivo de gerar uma maior produção e oferta de produtos, consequen-
temente de lucros. E assim surgiu para o mundo a atividade que
mudaria para sempre a face do Planeta: a indústria.

316 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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Indústria
Existem várias formas pelas quais você pode definir a indústria.
A primeira e mais simples é o conjunto de atividades produtivas
pelas quais a matéria-prima é transformada em um bem ou produ-
to (no caso: mercadoria) que será consumido pela sociedade; uma
segunda, e mais complicada, define indústria como a atividade
pela qual o homem produz bens a partir da transformação de uma
matéria-prima utilizando máquinas no processo produtivo e uma
matriz energética não animal.
De qualquer forma, a história do que é denominado indústria
moderna começou no século XVIII, na Inglaterra, e ainda não pa-
rou, pois, a cada dia, novas tecnologias e matrizes energéticas são
criadas e incorporadas ao que a história chama de Revolução In-
dustrial ou Revoluções Industriais.

Cenário 2

As revoluções
industriais
A Primeira Revolução
Industrial
A era industrial foi inaugurada por volta do século XVIII,
quando um conjunto de novas tecnologias, como a máquina a va-
por (1765), a máquina de fiar (1767) e o tear mecânico (1785), foi
introduzido no sistema de produção fabril inglês.
Reprodução

Máquina de fiar usada no início da Revolução Industrial.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 317

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Sugestão de
filme Essa Primeira Revolução Industrial esteve restrita, até o início
do século XIX, à Inglaterra, e sua quase totalidade baseou-se no
desenvolvimento da indústria têxtil. Nesse momento, as indústrias
Tempos Modernos localizavam-se nas proximidades das jazidas de carvão (hulha), sua
fonte básica de energia, pois era da sua queima que se gerava o calor
Diretor: Charlie Chaplin e a força mecânica que moviam as máquinas.
Sinopse: Um operário de uma linha de mon- Com a Primeira Revolução, a manufatura desaparece e surge
tagem, que testou uma “máquina revolucioná- a maquinofatura. Institui-se a jornada de trabalho, e o trabalho
assalariado passa a ser predominante. A realização da produção de
ria” para evitar a hora do almoço, é levado à bens começa a ser dividida em etapas entre os trabalhadores, que
loucura pela “monotonia frenética” do seu tra- agora recebem a denominação de operários.
balho. Após um longo período em um sana- Essas inovações no modo de produção acarretam uma elevação
da quantidade de mercadorias produzidas, e esse processo começa
tório ele fica curado de sua crise nervosa, mas a ser ampliado para outras áreas do Planeta, como a França, a Ale-
desempregado. Ele deixa o hospital para co- manha, a Itália, os Países Baixos (Bélgica e Holanda), os Estados
meçar sua nova vida, mas encontra uma crise Unidos e o Japão.
Convém destacar que a Revolução Industrial não produziu
generalizada e equivocadamente é preso como só maravilhas. Seu lado cruel está na intensificação da pobreza e
um agitador comunista, que liderava uma na criação de um exército de reserva de mão de obra (além de um
elevado número de indigentes), forçando a baixa dos salários (que
marcha de operários em protesto. Simultanea-
eram degradantes) e, consequentemente, um aumento do lucro
mente uma jovem rouba comida para salvar para o dono da indústria (capitalista). Além disso, as condições de
suas irmãs famintas. Elas não têm mãe e o pai trabalho eram humilhantes: horas excessivas de trabalho (18 horas
no início) e utilização maciça da exploração do trabalho de crianças
delas está desempregado, mas o pior ainda está e mulheres, todos submetidos às normas e aos caprichos dos con-
por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei tramestres das fábricas.
vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores
são levadas a jovem consegue escapar. A Segunda Revolução
Industrial
Os avanços da ciência e do conhecimento levaram à criação de
Anotações novas tecnologias que começaram a ser agregadas ao processo de
produção ou a substituir as antigas tecnologias utilizadas na Pri-
meira Revolução Industrial. Entre elas, podemos destacar:

O processo de transformação do ferro em aço, criado por Henry


Bessemer, inaugurando a siderurgia moderna e que leva seu nome.
A substituição do vapor pela eletricidade, com a criação do
dínamo, consolidando esta última como a força motriz da indústria.
A criação do motor à combustão interna e a utilização do
petróleo como combustível, embasando a indústria automobilísti-
ca, que se tornaria o principal ramo da economia mundial no pri-
meiro cartel do século XX.
Inovações nas comunicações, com a invenção do telégrafo,
do telefone, do rádio, do cinema e da televisão.

318 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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Nos Estados Unidos, desenvolve-se o Fordismo, ou sistema

Everett Historical/Shutterstock.com
de esteira, técnica produtiva desenvolvida por Henry Ford que
eliminava do processo produtivo, por meio da distribuição dos
operários ao longo de uma esteira móvel, os gestos desnecessários,
ampliando de forma grandiosa a produtividade industrial.
Essa Segunda Revolução Industrial gerou duas consequên-
cias completamente diferentes: de um lado, houve uma melhora
na qualidade de vida das populações dos países onde ela acon-
teceu. Contudo, os países que não participaram desse processo
se tornaram dependentes dessas potências industriais, pois passa-
ram, necessariamente, a comprar seus produtos industrializados.
Nesse momento, o Planeta passa a ser dividido em dois grupos
de países: de um lado, os industrializados e, do outro, países não
industrializados. Homem operando máquina em 1920,
EUA.

Reprodução

Crítica do ator Charlie Chaplin ao mo-


delo capitalista no filme Tempos Moder-
nos (1936).

A Terceira Revolução
Industrial
A Terceira Revolução Industrial, também chamada de revo-
lução técnico-científica, começa a transformar a face do antigo
mundo industrial, baseado na siderurgia, metalurgia e na indústria
mecânica. Isso acontece quando, por volta dos anos 1970, começam
4:57
a emergir novas tecnologias, como a telemática, a microeletrônica
(informática), a biotecnologia e a química fina, ao lado de novos
processos produtivos, como a automação e a robótica, que tornam
o ser humano cada vez mais “dispensável” no processo produtivo.
Essas novas tecnologias e processos produtivos criam um novo
conjunto de ramos industriais que produzem fábricas de mercado-
rias revolucionárias, deslocando o núcleo de acumulação de rique-
za, que, até o final da década de 1970, estava nas mãos das indús-
trias tradicionais.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 319

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Leitura
complementar

Pavel L Photo and Video/Shutterstock.com


Indústria fecha primeiros oito
meses do ano com crescimento
de 1,5%, diz IBGE
Fábrica de automóveis da Lada, em Togliatti, Rússia.
A produção industrial brasileira encerrou
o mês de agosto com queda de 0,8%, frente a O padrão dessas novas indústrias baseia-se no conceito de produ-
tividade com baixo consumo de energia e intensa aplicação de ciência e
julho, na série com ajuste sazonal, mas fechou conhecimento na elaboração de novos produtos. Ao contrário das in-
os primeiros oito meses do ano (janeiro-agos- dústrias tradicionais, a condição essencial para o seu desenvolvimento
não exige a sua instalação próxima às áreas de jazidas de matéria-prima,
to) com crescimento de 1,5%. A queda de ju-
como carvão e minerais, ou às grandes metrópoles, e sim a presença de
lho para agosto frente ao mês imediatamente centros de pesquisa e mão de obra altamente qualificada.
anterior interrompe quatro meses consecuti- Uma das grandes responsáveis pelo processo de desenvolvimen-
to tecnológico que resultou na Terceira Revolução Industrial foi a
vos de expansão na produção, período em que Guerra Fria. À medida que os governos das duas superpotências
a indústria acumulou crescimento de 3,3%. (EUA e URSS) que disputavam o domínio do mundo investiam
Os dados relativos à Pesquisa Industrial maciçamente no desenvolvimento de novas tecnologias (principal-
mente nos setores bélico e aeroespacial), essas tecnologias eram,
Mensal Produção Física – Brasil foram di- com o passar do tempo, incorporadas ao cotidiano das sociedades.
vulgados hoje (3) pelo Instituto Brasileiro de Do final da Segunda Guerra Mundial até a atualidade, novos e
Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que revolucionários produtos foram sendo lançados no mercado, de for-
ma que hoje podemos dispor de bens como celulares (telefonia mó-
na série sem ajuste sazonal, confronto com vel), computadores, tablets, aparelhos portáteis de GPS, etc.
igual mês do ano anterior, a indústria cres- Conquistada a esfera planetária, o ser humano lança-se ao es-
ceu 4% em agosto deste ano, após também re- paço, chegando à Lua e a Marte, além de colocar em órbita terrestre
um batalhão de satélites que disponibilizam para diferentes grupos
gistrar taxas positivas em maio (4,5%), junho da sociedade informações instantâneas sobre o tempo, a agricultura
(0,9%) e julho (2,9%). ou imagens que você pode ver em seu computador ou na TV.
A taxa acumulada nos últimos 12 meses,

Andrey Armyagov/Shutterstock.com
no entanto, contínua negativa e fechou agos-
to em -0,1%, prosseguindo com a redução no
ritmo de queda iniciada em junho de 2016,
quando o setor fechou com queda de -9,7%.

Queda após quatro meses de alta

A queda de 0,8% na produção industrial Satélite espacial orbitando a Terra.

do país de julho para agosto deste ano teve


como principal contribuição o setor de pro- 320 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
dutos alimentícios que chegou a retrair 5,5%
e , depois de três meses consecutivos de cresci-
mento, foi o que mais contribuiu para a que- CG_6ºano_13.indd 320 07/03/2018 14:04:57 CG

da do índice, seguido por máquinas e equipa- pação da moagem da cana, em decorrência do “O ganho de ritmo observado na produ-
mentos (3,8%); coque, produtos derivados do clima seco que predominou nas regiões Cen- ção a partir de novembro de 2016 contribuiu
petróleo e biocombustíveis (1,6%) e indús- tro-Oeste e Sudeste nos últimos meses”. para recuperar apenas uma parcela das perdas
trias extrativas (1,1%). dos últimos anos. É bom lembrar que ainda
A produção de açúcar foi determinan- Abaixo do nível recorde estamos 17,8% abaixo do nível recorde alcan-
te para a retração do setor alimentício em çado em junho de 2013”, explicou.
agosto, como explicou o gerente da pesqui- O gerente da Pesquisa Industrial Mensal Os dados divulgados pelo IBGE indicam
sa, André Macedo. Para ele, o produto foi de- do IBGE, André Macedo, ressalta o fato de que que a queda da atividade industrial na passa-
terminante tanto para as altas registradas an- mesmo com o crescimento acumulado de 1,5% gem de julho para agosto alcançou duas das
teriormente na indústria de alimentos quanto nos primeiros oito meses do ano, a indústria quatro grandes categorias econômicas e oito
para a queda de agosto. brasileira ainda encontra-se muito abaixo do dos 24 ramos pesquisados.
“O açúcar é um produto com peso nesse nível recorde do parque fabril do país, que foi Entre as grandes categorias econômicas,
setor. Sua produção foi favorecida pela anteci- 17,8%, registrado em junho de 2013. as quedas foram verificadas em bens interme-

320

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Com exceção da última atividade, que re-
cuou pelo segundo mês consecutivo e acumu-
Cenário 3 lou perda de 2,4% nesse período, as demais
apontaram taxas positivas em julho último:
0,3% e 1,8%, respectivamente.
Tipos de indústria Entre os 16 ramos que ampliaram a pro-
dução nesse mês, os desempenhos de maior re-
Diversidade da levância foram veículos automotores, reboques
produção industrial e carrocerias (6,2%) e perfumaria, sabões, pro-
dutos de limpeza e de higiene pessoal (5,5%).
Podemos classificar a indústria de várias formas, conforme a
sua diversidade de produção e outras características. De maneira
Veículos automotores, reboques e carroce-
genérica, a indústria pode ser dividida em: rias eliminou a queda de 3,7% acumulada nos
meses de junho e julho, e perfumaria, sabões,
Indústria de beneficiamento: aquela que apenas transfor-
ma um produto para que ele possa ser consumido. Exemplo: refino
produtos de limpeza e de higiene pessoal vol-
de açúcar. tou a crescer após recuar 1,5% no mês anterior.
Indústria de construção: aquela que utiliza diferentes maté- Outros impactos positivos importantes foram
rias-primas para criar um produto novo. Exemplo: construção civil.
Indústria de transformação: expressão que sintetiza o con- observados nos setores de metalurgia (1,9%),
ceito de indústria. Engloba todas as atividades de reelaboração de de produtos do fumo (15,2%) e de produtos
uma matéria-prima, utilizando formas de produção com diferentes farmoquímicos e farmacêuticos (2,1%).
graus de sofisticação. Exemplo: fábrica de lápis ou de computadores.
Paolo Bona/Shutterstock.com

Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/


economia/noticia/2017-10/industria-fecha-primeiros-
oito-meses-do-ano-com-crescimento-de-15-diz-ibge.
Acesso em: 12/12/2017.

Anotações

Fábrica de dispositivos médicos. Mão de obra altamente qualificada. Medolla, Itália.

Existem, porém, outras formas de classificar as indústrias.


Quanto ao grau de acabamento dos produtos, elas podem ser:

Indústria de base: aquela que produz bens que servirão de


base para utilização em outras indústrias. Exemplo: metalurgia, si-
derurgia, indústria química de base na fabricação de cimento, in-
dústrias têxteis.
Indústria de derivados: aquela que utiliza como matéria-pri-
ma bens semiacabados ou que já foram beneficiados, dando-lhes um

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 321

4:57 CG_6ºano_13.indd 321 07/03/2018 14:04:57

diários, que ao retrair (1%), interrompeu qua- tou o quinto mês seguido de crescimento na
tro meses consecutivos de crescimento na pro- produção, com ganho acumulado de 10,2%.
dução, período em que acumulou expansão de Pelo lado dos ramos de atividade, além
3,6%; e em bens de consumo semi e não durá- da queda expressiva registrada pelo segmen-
veis, que com a retração de 0,6% voltou a re- to alimentício que ao retrair 5,5% de julho
cuar após mostrar ganho de 3,2% entre os me- para agosto interrompeu três meses consecu-
ses de maio e julho. tivos de expansão na produção, período em
A expansão mais significa foi 4,1% regis- que acumulou ganho de 9,3% também deram
trada pelo segmento de bens de consumo du- contribuições importantes para a retração da
ráveis, que intensificou o crescimento de 2,9% indústria em agosto o segmento de máquinas
verificado no mês anterior. O setor produtor e equipamentos (3,8%), coque, produtos deri-
de bens de capital, ao crescer 0,5%, também vados do petróleo e biocombustíveis (1,6%) e
registrou resultado positivo em agosto e apon- de indústrias extrativas (1,1%).

321

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Leitura
complementar acabamento novo. Exemplo: indústrias de confecções (utiliza produ-
tos beneficiados pela indústria têxtil).
Indústria de bens finais: aquela que produz bens prontos
Indústrias de bens de capital e para utilização ou consumo, independentemente de posterior aca-
bamento. Exemplo: indústria de cerâmica.
de consumo duráveis crescem

Yermolov/Shutterstock.com
em setembro
A indústrias de bens de capital e de con-
sumo duráveis tiveram as maiores altas em se-
tembro em relação a agosto, segundo o Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A primeira cresceu 1,9%, e a segunda
registrou expansão de 8%. As duas, no entan-
to, cresceram a partir de um patamar mais bai-
xo, pois acumulam as maiores quedas em 12
meses e durante 2014, além de registrar que- Planta industrial para fornecimento de aço.
das expressivas na comparação com o mesmo
Quanto à tonelagem de matéria-prima empregada e à quan-
mês de 2013. tidade de energia aplicada na produção, as indústrias podem ser
Quando analisadas as categorias econômi- classificadas em:
cas, a queda registrada em setembro na compa-
Indústrias leves: aquelas de produtos alimentares, têxteis, de
ração com agosto foi concentrada nos bens in- fumo, de bebida, de produtos farmacêuticos, confecções e calçados.
termediários, que tiveram retração de 1,6% na Indústrias pesadas: a metalurgia, a siderurgia, a fabricação
produção. Os bens de consumo registraram ex- de navios, de máquinas e veículos automotores.
pansão de 1%. Os bens de consumo semidurá- Quanto aos fins ou à destinação dos produtos, as indústrias po-
veis e não duráveis tiveram alta de 0,8%. dem ser classificadas em:
Na comparação com o mesmo mês de
Indústrias de bens de consumo não duráveis: aquelas que
2013, os resultados foram negativos para pra- produzem bens a serem rapidamente consumidos. Exemplo: pro-
ticamente todas as categorias, com a exceção dutos alimentares, bebidas, cigarros, calçados, medicamentos.
dos bens de consumo semiduráveis e não du- Indústrias de bens de consumo duráveis: aquelas que pro-
duzem bens com um longo tempo de duração, para o constante
ráveis, que subiram 1,6%. O pior resultado aproveitamento da sociedade. Exemplos: eletrodomésticos, máqui-
nesta base de comparação ocorreu entre os nas, veículos e motores.
Indústrias de bens de capital: também chamadas de indús-
bens de capital, de -7,9%, seguido dos bens de
tria de bens de produção, são a mais importante de todas as moda-
consumo duráveis, com -7,3%. lidades de indústrias, pois produzem as condições necessárias à reali-
Em 2014, a produção de bens de consumo zação de outras atividades industriais e aos transportes fundamentais
à execução dessas atividades. Exemplo: indústrias de máquinas e fer-
duráveis acumula queda de 9,6%, a maior en- ramentas.
tre todas as categorias, enquanto os bens de ca-
pital registram retração de 8,2%. Novamente, 322 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
os semiduráveis e não duráveis foram exceção e
apresentaram taxa positiva, de 0,2%, que se re-
pete no resultado acumulado em 12 meses. CG_6ºano_13.indd 322 07/03/2018 14:04:57

Assim como no acumulado deste ano, Anotações


no resultado que leva em conta o ano ini-
ciado em outubro de 2013 até setembro de
2014, os bens de consumo duráveis tiveram
a queda mais acentuada, de 7,6%. Nesse pe-
ríodo, os bens de capital caíram 4,3%, os
bens intermediários, 2,2% e os bens de con-
sumo, 1,7%.

Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/


economia/noticia/2014-11/industrias-de-bens-de-
capital-e-de-consumo-duraveis-crescem-em-setembro.
Acesso em: 12/12/2017.
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Ensaio geográfico
1 No quadro abaixo, preencha os espaços com o nome de um produto criado em cada uma das Re-
voluções Industriais.

Revolução Industrial

Primeira Segunda Terceira

tecido carro GPS

2 De acordo com o tipo de produto confeccionado, classifique o tipo de indústria representado.


Semen Lixodeev/Shutterstock

Small Town Studio/Shutterstock

Indústria de bens de consumo não duráveis.


Bogdan VASILESCU/Shutterstock

4:57

Metalurgia: indústria de base. Indústria de bens de consumo duráveis.

3 “Hoje somos 7 bilhões de pessoas no Planeta. [...] Nossa espécie existe há cerca de 130 mil anos,
mas, de uns tempos pra cá, a população vem aumentando em um ritmo acelerado. [...] Podemos dizer
que o grande estouro populacional começou no século XVIII, com a Revolução Industrial. [...] O uso
do vapor e da energia elétrica permitiu que a industrialização avançasse, facilitando a vida das pessoas
daquela época e favorecendo o aumento da população.”
(Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/sete-bilhoes-e-crescendo/. Acessado em 13/11/2012.)

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 323

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Leitura
complementar a. Segundo o texto, quando ocorreu o primeiro grande crescimento populacional?

No século XVIII, época da 1ª Revolução Industrial.


Nova legislação se adapta à
realidade atual do mercado de
trabalho b. Como o surgimento da indústria está relacionado a esse crescimento?
O uso do vapor e da energia elétrica favoreceu a qualidade de vida e a queda da taxa de mortalidade.
Com o avanço da globalização, novas
modalidades de trabalho surgiram e um novo
dinamismo chegou ao mercado de trabalho.
Criada em 1943, a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) ficou ultrapassada diante das 4 Explique o que são bens de consumo duráveis e não duráveis e, em seguida, identifique os objetos
abaixo de acordo com essa classificação.
mudanças nas relações trabalhistas, o que re-
Os bens de consumo duráveis são os que podem ser utilizados por um período relativamente longo. Os
sultou em menos segurança jurídica para as
empresas e em barreiras para a criação de no- bens não duráveis são consumidos apenas uma vez ou por pouco tempo.
vos postos de trabalho.
Diante da necessidade de impulsionar o
mercado de trabalho enquanto o País enfrenta

Preto Perola/Shutterstock

Sergio33/Shutterstock
a mais grave recessão da história, a moderniza-
ção da legislação trabalhista é necessária para
facilitar novas contratações e dar amparo legal
à nova realidade do trabalho.
Atualmente, a CLT não alcança situações
corriqueiras desse novo mercado de trabalho.
Por exemplo, até que nova lei entre em vigor,
Bem de consumo não durável. Bem de consumo não durável.
não há regulamentação para a jornada inter-
mitente, nem regras claras para: negociar ban-

totuss/Shutterstock

3dimentii/Shutterstock
co de horas, dividir férias ou trabalhar de casa,
modo de trabalho já adotado por quase 20 mi-
lhões de trabalhadores que, hoje, estão em si-
tuação incerta.
Para evitar a atual avalanche de processos
trabalhistas nos tribunais, que por vezes ado-
tam interpretações subjetivas da legislação, o
projeto dá mais rigor aos pressupostos de uma Bem de consumo durável. Bem de consumo durável.
ação trabalhista. Por exemplo, passa a ser exi-
gida maior proporcionalidade na criação ou 324 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
mudança de súmulas na legislação trabalhista.
Além disso, passa a ser punido o empregado
ou empregador que ingressar com uma ação CG_6ºano_13.indd 324 07/03/2018 14:05:00

trabalhista por má-fé. limites constitucionais –, banco de horas anual, prêmios de incentivo, participação nos lu-
O Projeto não limita o acesso de traba- cros e resultados da empresa, entre outros pontos, diretamente com o empregador, sem
lhadores à justiça, mas busca evitar abusos e a intermediários.
redução de ações trabalhistas infladas ou des- Ao mesmo tempo, a nova legislação, que ainda precisa passar pelo crivo do Senado Federal,
necessárias. Afinal, uma Justiça do Trabalho prevê salvaguardas para proteger o trabalhador e garantir a boa relação trabalhista. Um exemplo
lenta pelo volume de ações, significa prejuízos disso é a terceirização. O texto aprovado pela Câmara dos Deputados determina uma quarente-
àqueles trabalhadores que realmente têm di- na de 18 meses caso o empregador decida demitir o trabalhador para terceirizá-lo.
reitos trabalhistas a receber. Outra medida proposta para proteger o trabalhador se refere ao combate à informalidade. A
Mais importante, com o aprimoramen- nova legislação atualizou a multa para o empregador que não registrar seu empregado. Esta mul-
to da lei trabalhista, o acordo coletivo en- ta não é reajustada há cerca de 20 anos.
tre trabalhadores e empresas terá força de
lei. O empregado poderá negociar o forma- Disponível em: http://www.brasil.gov.br/trabalhista/textos/nova-legislacao-se-adapta-a-realidade-atual-do-mercado-
to da jornada de trabalho – observados os de-trabalho. 12/12/2017. Adaptado.
C
324

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Cenário 4

A industrialização
reorganiza a
sociedade
Novas relações de
trabalho
De fato, como afirmamos no início deste capítulo, a indústria Geografia em cena
mudou completamente a face do Planeta. O ser humano começou a
conseguir aquilo pelo qual procurou ao longo de toda a sua existên- Podemos afirmar que
cia: ficar livre do fardo do trabalho e dedicar-se ao ócio produtivo. o surgimento da indústria
Contudo, devemos salientar que a riqueza não é para todos, apenas e o processo de urbanização
para alguns poucos, aqueles que detêm os meios de produção. aumentaram a desigualda-
Ao longo do processo de desenvolvimento, a industrialização de social?
criou duas classes sociais completamente diferentes: no topo do
poder, surgiu a burguesia industrial, proprietária das indústrias e
que disputa o poder político e econômico com a burguesia comer-
cial; e, na base, a classe dos trabalhadores, denominada de opera-
riado, ou proletariado.
Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com

5:00

Trabalhador assalariado da indústria.

Proletários não são animais irracionais nem são como os apren-


dizes na manufatura, que só recebiam em troca do seu trabalho o
alimento, roupas e um lugar para dormir na casa do mestre artesão.
Da mesma forma que o jornaleiro e o ajudante, na época da manu-
fatura, operários recebiam salários. Essa relação em que muitos tra-
balham em troca de dinheiro passou a se generalizar e ser chamada

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 325

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325

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Leitura
complementar de relação assalariada de trabalho. Estabelecia-se um contrato em
que o operário ficava obrigado a cumprir uma jornada de trabalho
em troca do salário pago pela burguesia. Essa relação caracteriza
Vida urbana e vida rural: o capitalismo, sistema econômico, político e social que passou a
organizar as sociedades humanas a partir de então.
desafios ao jovem agricultor
Cada vez mais, parece superada a dico- Mudanças no espaço
tomia rural-urbana. Se em algum tempo o urbano
rural era o lugar do “atraso”, do “inacessível”;
e o urbano, o lugar das “oportunidades”, essa Cidades já existiam desde a Antiguidade, porém ao longo do
tempo foram perdendo importância para as áreas rurais, de forma
dualidade tem se atenuado com as transfor- que, no início da Primeira Revolução Industrial, a quantidade de
mações que se projetam para além das fron- pessoas nas zonas urbanas era muito pequena. A zona rural era mais
teiras do urbano. importante, pois era dessa porção do espaço que vinha o sustento
da população da cidade.
Com a difusão da tecnologia, da infor- Com o surgimento da indústria e sua multiplicação dentro das
mação e da indústria cultural cosmopolita, zonas urbanas, a população dessas áreas cresce em larga escala. A
já não é possível conceber o rural desconecta- maioria da população rural começa a se deslocar para dentro das ci-
dades em busca dos empregos que a indústria passa a oferecer. Para
do de certos recursos, como o telefone móvel, atender às necessidades dessa população, em constante crescimento,
a informática e a Internet. Acompanhando a ocorre uma reorganização das cidades. Surgem novas áreas comer-
ciais e residenciais. A cidade passa a ter uma maior oferta de serviços.
transformação tecnológica, percebemos tam-

Reprodução
bém a mudança nos padrões de consumo e
comportamentais dos habitantes das comuni-
dades rurais, que passam a adquirir com maior
frequência produtos industrializados, não só
bens duráveis, mas também alimentos, roupas,
cosméticos e outros itens que caracterizavam
um estilo de vida urbano.
Por outro lado, o urbano também passa a
visualizar o mundo rural com outros olhos. Em
meio à agitação das metrópoles, valoriza-se cada
vez mais o estilo de vida camponês, associado à
tranquilidade e ao contato com a natureza. Isso A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as cidades sofreram mudanças drásticas
em sua paisagem.
pode ser percebido no crescente desenvolvimen-
Bancos, escolas, hospitais, sistemas de transporte, de abasteci-
to de empreendimentos imobiliários que trazem mento de água, esgotos e eletricidade se multiplicam, e, da mesma
como proposta condomínios repletos de bos- forma como ocorria dentro da indústria, as cidades passam a se es-
pecializar, o que também acontece com os seus trabalhadores, pois
ques, lagos e até áreas de preservação. surgem empregos específicos por profissão.
Também é cada vez mais marcante a pre-
sença de feiras ecológicas nos centros urba- 326 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
nos, que oferecem produtos livres de agrotó-
xicos, como só eram encontrados nas mesas
dos mais tradicionais agricultores, além de CG_6ºano_13.indd 326 07/03/2018 14:05:00 CG

práticas mais saudáveis de lazer, intimamen- do passado, e a agricultura familiar pode es- tes na formulação dos projetos profissionais.
te ligadas ao rural (pesca esportiva, caminha- tar seriamente ameaçada pela evasão juvenil. Por tal razão, os jovens e as mulheres, nos úl-
das em trilhas, arborismo, rafting, rappel, esca- Dados de pesquisas recentes revelam um flu- timos anos, passaram a fazer parte da pauta de
ladas, etc.). xo migracional predominantemente juvenil e gestores públicos preocupados com o proble-
feminino, o que tem gerado os fenômenos da ma da evasão juvenil e feminina, o que rendeu
Migração juvenil masculinização e do envelhecimento das co- a elaboração de políticas públicas específicas
munidades rurais. para esses segmentos, como o Programa Na-
Se o distanciamento entre os estilos de Há algum tempo, os jovens filhos de agri- cional de Fortalecimento da Agricultura Fa-
vida rurais e urbanos tem diminuído, os jo- cultores veem reduzidas as suas perspectivas miliar, voltado aos jovens (Pronaf-Jovem), e
vens das comunidades agrícolas ainda se veem de permanência nessa atividade. Os baixos o Pronaf-Mulher, voltado às mulheres. Entre-
obrigados a lançar mão da profissão de agri- rendimentos, a exaustividade do trabalho e a tanto, o investimento material não tem sido
cultor em busca de melhores condições de dificuldade de acesso a recursos materiais são suficiente para barrar a migração. A condição
vida. A migração rural-urbana não é coisa fatores de desmotivação amplamente influen- juvenil na agricultura, apesar das transforma-

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vamente fonte de inovação e motriz do desen-
volvimento que se espera para o rural, trazen-
Dessa forma, a paisagem urbana vai se modificando e tomando Geografia em cena do alternativas de renda e de progresso, sem
espaços das zonas rurais. A cidade passa a ser o centro da vida, e a pai-
sagem vai progressivamente perdendo o verde das matas e o azul do A mudança na estru- gerar exclusão. Se afirmarmos que a distância
céu. Surge a “selva de pedra”, espaço com centenas de edificações, onde tura da cidade passa a gerar entre o rural e o urbano diminuiu, devemos
o solo é recoberto por asfalto, vias férreas e avenidas. Carros, bondes, problemas climáticos, alte-
trens circulam pelo asfalto e, junto às indústrias, passam a lançar, na
ressaltar que esse caminho, aos jovens agricul-
rando, assim, a temperatura
atmosfera, a fumaça que acarreta diversos problemas ambientais. da região e permitindo o tores, ainda reserva muitos obstáculos.
surgimento de ilhas de ca-

ziviani/Shutterstock.com
lor e do efeito estufa.

Anotações

Vista noturna da cidade de São Paulo, Brasil.

A relação campo-cidade
A partir da Revolução Industrial, as zonas urbanas passam a
concentrar poder e riqueza, atraindo para dentro de seu espaço
grande parte da população das zonas rurais em busca de empregos
ofertados pelas crescentes cidades.
Do século XVIII ao momento atual, o campo foi submetido
à cidade. De certa forma, foi afastado da nossa vida. Contudo, por
mais distante que esteja, o campo sempre estará acessível, na forma
dos vegetais e da carne que você consome, na madeira dos bancos e
das cadeiras da sua sala, etc. Vários produtos industrializados, como
refrigerantes e alimentos enlatados, são produzidos na zona rural e
deslocados até as zonas urbanas.
Por sua vez, as zonas urbanas produzem máquinas, fertilizantes,
caminhões e outros bens destinados a atender à necessidade das zo-
nas rurais, pois grande parte da população deslocou-se para as cida-
des à procura de emprego, em um movimento chamado êxodo rural.
Dessa forma, o campo esvaziado populacionalmente precisa de má-
quinas para produzir os bens que serão consumidos nas cidades.
A zona rural está subordinada aos interesses urbanos e orienta
sua produção para a satisfação direta ou indireta da população e das
empresas que habitam na cidade. Atualmente, as zonas rurais estão
organizadas para:

Produção de matérias-primas destinadas ao setor industrial.


Produção de alimentos destinados ao grande contingente
populacional das cidades e a atender ao mercado interno e in-
ternacional.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 327

5:00 CG_6ºano_13.indd 327 07/03/2018 14:05:00

ções do rural, caracteriza-se ainda pela elevada baixa autonomia e o baixo reconhecimento da
carga horária de trabalho, pelo baixo reconhe- participação juvenil para a manutenção da ati-
cimento da participação na produção, pelo vidade familiar. Presenciamos ainda uma edu-
baixo acesso a recursos materiais e a atividades cação formal que está muito distante das ne-
de lazer e a socialização após trabalho. cessidades que se impõem à prática agrícola.
De forma equivocada, a escolarização pare-
Educação rural ce estar atrelada ao investimento na formação
para o mercado de trabalho urbano e, por isso,
Para reverter esse quadro, faz-se necessá- deve-se com urgência priorizar a educação dos
rio o investimento em alternativas de lazer e jovens de forma contextualizada com a reali-
de atividades culturais e desportivas que pro- dade rural, instrumentalizando os jovens para
movam o bem-estar nos locais onde residem. o empreendedorismo.
Além disso, realizar medidas efetivas contra a Talvez assim o saber juvenil se torne efeti-

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Anotações
Os conglomerados

Bloomicon/Shutterstock.com
econômicos
Ao final do século XIX e início do século XX, o sistema capi-
talista se aperfeiçoou, e as empresas mais fortes, que possuíam por-
te maior e reservas de capital, passaram a reduzir o preço dos seus
produtos, destruindo as empresas de menor porte. Gradualmente,
as pequenas indústrias foram desaparecendo da paisagem: alguns
poucos haviam vencido a competição pelo mercado, e o capital pas-
sou a centralizar-se em poucas mãos.
Surgiram, nos países industrializados, grandes conglomerados
econômicos, industriais, comerciais e bancários, que passaram a
Logos das principais empresas transna-
cionais. dominar a economia mundial.
Após a Segunda Guerra Mundial, apareceram as primeiras em-
presas transnacionais, aquelas que têm a sede ou matriz em um
país, mas que se espalham pelo mundo, na forma de filiais. Essas
empresas passaram a explorar os recursos naturais de vários países
africanos, latino-americanos e asiáticos e, com seu poder científico
e de capitais, começaram a influenciar decisivamente os destinos da
economia e da política planetária.

Cenário 5
Leitura
complementar Indústria e meio
A industrialização começou a aconte-
ambiente
cer na Inglaterra, na segunda metade do sécu- Inegavelmente, a ampliação do modo de produção capitalista,
lo XVIII. Houve uma grande mudança no pro- voltado para o consumismo de uma parte diminuta da sociedade
planetária, tem provocado graves e progressivas alterações na na-
cesso de produção. O que antes era produzido tureza global. A modernidade industrial tem acarretado pressões
em pequena escala e de forma artesanal, come- sobre o meio ambiente, cada vez mais devastado pela mineração,
çou a ser fabricado em grande escala. As máqui- agropecuária e extração de madeira.
Nesse mesmo instante em que você está lendo este livro, tre-
nas começaram a fazer os trabalhos humanos. chos gigantescos de florestas primitivas estão tombando para em
Não se consumia mais só porque se precisa- seu lugar serem erguidos condomínios de luxo. Carros velozes cru-
va, a partir desse momento a população passou zam ruas e avenidas das grandes metrópoles, lançando ao ar monó-
xido e dióxido de carbono, provocando mudanças climáticas glo-
a consumir porque queria ter mais. Atualmen- bais, que desembocam no grave problema do aquecimento global.
te é por meio desse processo que compramos a Diversas fábricas lançam para a atmosfera suas fumaças negras,
contaminando o ar, enquanto alguém se perfuma com um deso-
maior parte do que possuímos. Mas esse pro-
dorante aerossol ou dorme no frescor de um condicionador de ar.
cesso trouxe alguns impactos ambientais.
Após a industrialização o problema da 328 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
poluição que antes era restringida a alguns lo-
cais, passou a se tornar global. Essa poluição
global não é só em decorrência dos gases po- CG_6ºano_13.indd 328 07/03/2018 14:05:01

luentes eliminados pelas indústrias, mas tam- A industrialização é um processo que ser- É a Lei 6.938, chamada de Política
bém porque após a Revolução Industrial o ca- viu para o desenvolvimento urbano da popu- Nacional de Meio Ambiente e foi criada
pitalismo passa a ser o modelo econômico lação mundial, mas por ter acontecido muito em 17 de janeiro de 1981. Considerando
adotado pela maior parte do mundo. Com rapidamente tornou-se desorganizada e trou- essa Lei, quem quiser construir ou aumen-
esse modelo econômico o consumo passou a xe alguns sérios problemas ambientais. tar a capacidade de uma indústria, deve
aumentar e como consequência a produção de Animais que antes moravam nas ma- primeiramente consultar um órgão am-
lixo aumentou, as indústrias foram tomando o tas ficaram sem lugar para viver, peque- biental para que o mesmo defina se há ou
lugar da natureza, córregos foram canalizados nos vilarejos foram removidos e deram lu- não a necessidade de uma licença ambien-
para a passagem de asfalto, o homem passou a gar a indústrias. No Brasil existe uma lei tal para as reformas.
interferir na natureza para que o seu desenvol- que obriga os poluidores a indenizarem os
vimento acontecesse. A natureza passou por danos ambientais causados por ele ao meio Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/
muitas alterações para que a indústria pudes- ambiente, independentemente se ele tem conteudo/artigos/biologia/a-industrializacao-e-o-meio-
se se desenvolver. culpa ou não. ambiente/48473. Acesso em: 12/12/2017.
C
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Essas atitudes contribuíram para a destruição da camada de ozônio,
em função do gás clorofluorcarbono liberado pelo desodorante e
do gás refrigerante R-22, utilizado por alguns modelos de ares-
-condicionados.

TTstudio/Shutterstock.com
Indústria lançando gases poluidores na atmosfera.

Apesar de todo o desenvolvimento material e de toda a riqueza


gerada pelo “progresso” e processo de industrialização, apenas alguns
são os que se beneficiam da riqueza: os capitalistas, ou burgueses do-
nos do poder e dos meios de produção. Isso faz crescer a miserabili-
dade e a fome, pois, como a produção aumentou enormemente e as
novas máquinas industriais dispensam a utilização de muitas pessoas,
muitos são aqueles que ficam fora do processo produtivo, criando um
grande exército de reserva de mão de obra (necessário ao capitalista,
na medida em que força a redução dos salários daqueles que estão
trabalhando), ocupados em subempregos, como ambulantes e bisca-
teiros, ou transformados em indigentes e marginais.
Crescem ocupações precárias, e hoje a sociedade está separada
por muros: de um lado, alguns poucos ricos vivendo em mansões
e condomínios fechados; de outro lado, numerosos pobres e indi-
gentes, lotando morros, comunidades e disputando vagas embaixo
de pontes e viadutos, como mostra a imagem abaixo.
Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com

5:01

Comunidade da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 329

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Leitura
complementar
Cenário 6

Setor terciário cresce mais que


O crescimento do

Paolo Bona/Shutterstock.com
o esperado na China
A China alcançou um crescimento de
setor terciário
7,4% no Produto Interno Bruto (PIB), ig- A atividade terciária diz respeito à prestação de serviços,
norando uma ampla especulação de 7,3% no como comércio, escolas, bancos e hospitais.
O setor terciário é o mais antigo na história da civilização hu-
menor compreendido. Aqueles que manifes- mana. Muito antes de o ser humano domesticar os animais ou pra-
tavam dúvidas sobre a cifra fracassaram por ticar a agricultura, ele já realizava trocas de produtos e, de alguma
Comércio. Atividade do setor terciário.
completo em entender o significado crescen- forma, oferecia serviços em troca de algo. Porém, a expansão desse
setor, que promove uma diversidade de serviços, aconteceu com a
te do setor terciário da China no impulso eco- explosão industrial e sua ramificação pelo Planeta.
nômico do país.

michaeljung/Shutterstock.com

Preto Perola/Shutterstock.com
A parte que representa o setor terciário
no PIB expandiu em 49% e superou o setor
secundário em 2013 como o maior suporte do
PIB. Uma mudança profunda e de grande al-
cance se revela na estrutura da segunda maior
economia do mundo.
No passado, o desempenho do setor
Saúde. Serviço essencial para a sociedade. Vendedor ambulante. Terciário informal. Koh Samui, Tailândia.
secundário cumpriu um papel decisivo
Devemos salientar que o setor em questão, em virtude dos avan-
no impulso da economia, porém não mais ços tecnológicos, requer mão de obra qualificada, dificultando seu
como atualmente. Se os observadores ain- desenvolvimento rápido nas regiões mais pobres. Isso resulta numa
divisão em duas ramificações: o setor terciário formal, constituído
da persistirem em ver situações novas atra-
por empregos qualificados e trabalhadores com boa formação, e o
vés de uma perspectiva ultrapassada, os er- setor terciário informal, constituído na maioria de empregos com
ros serão inevitáveis. pouca qualificação e trabalhadores com baixa formação.
É inegável que o valor agregado das maio-

Pavel L Photo and Video/Shutterstock.com


res empresas industriais da China tiveram a
primeira baixa em cinco anos neste primeiro
trimestre. Se as previsões do PIB fossem fei-
tas com base no desempenho das empresas in-
dustriais, um crescimento de 7,4% poderia es-
tar longe de ser alcançado.
Apesar disso, com o forte impulso do se- Assistência técnica em automóveis. Terciário formal.

tor terciário avaliado como motor doméstico


duradouro de inúmeros países desenvolvidos- 330 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
considerado, o crescimento de 7,4% foi razoá-
vel e reflete precisamente a mudança estrutu-
ral da economia da China. CG_6ºano_13.indd 330 07/03/2018 14:05:04 CG

Um setor terciário vigoroso cria um gran- tárgica pode gerar igual ou mais empregos Um setor terciário em expansão também
de número de novos empregos e explica o por- desde que mantenha um setor terciário robus- significa um desenvolvimento mais verde e de
quê da China, com um setor secundário em to. Esta é exatamente a situação da China. alta qualidade já que as fábricas poluem me-
baixa, se desenvolver de forma positiva, garan- Comparado com a sobrecarga que amar- nos, melhorando diretamente o bem-estar das
tindo o emprego das pessoas. ga o setor secundário, o terciário registra um pessoas comuns.
Nos últimos anos, novos empregos gera- grande potencial que a China pode impulsio- As mudanças na economia da China
dos no setor secundário sofreram uma baixa, nar ainda mais. pedem por uma perspectiva renovada. Uma
entretanto estes consideram-se vinculados ao Com uma rápida urbanização, uma ampla avaliação ampla e detalhada do papel do se-
setor terciário criar um emprego novo em uma população estabelecida em cidades e vilas neces- tor terciário é a chave para entender a econo-
fábrica implica um maior investimento e re- sita de serviços cotidianos. A falta de educação, mia da China.
cursos do que o necessário em um restaurante cuidados em saúde, enfermarias e outros serviços
ou salão de beleza. criam enormes oportunidades para diferentes ti- Disponível em: http://br.china-embassy.org/por/szxw/
Como consequência, uma economia le- pos de investimentos, inclusive os privados. t1151246.htm. Acesso em: 12/12/2017. Adaptado.

330

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um moderando ou controlando os excessos do
outro. São eles: o Estado, como primeiro se-
O terceiro setor: tor; o Mercado, como segundo setor; e a So-
ciedade Civil, como terceiro setor.
a sociedade O Estado, constituído dos entes estatais
comprometida com as – ao qual em tese os demais seriam subordina-
dos – tem a primazia de administrar o uso de
questões sociais bens públicos para fins públicos. O mercado,
Também podemos dividir a economia em primeiro, segundo formado por agentes econômicos privados,
e terceiro setores de acordo com a finalidade das atividades produ-
tem a primazia da competição. E a sociedade
tivas, que podem ser lucrativas ou sem fins lucrativos, privadas ou
públicas. O terceiro setor tem se destacado, nas últimas décadas, civil, formada por organizações não governa-
devido ao empreendedorismo social. mentais ou privadas, tem a primazia das ações
públicas não estatais.
O primeiro setor Entretanto, para que cada um dos seto-
As prefeituras, os governos estaduais e o governo federal são res cumpra adequadamente sua função – e o
definidos como primeiro setor, pois são os representantes do setor faça com princípios republicanos, éticos e mo-
público e por não terem fins lucrativos, além de prestarem todo tipo
rais – deve se manter fiel aos seus interesses,
de serviço ou atividade produtiva de interesse público. Exemplos:
hospitais públicos (serviços de saúde), universidades federais (ser- meios e fins. O desvirtuamento, especialmen-
viços educacionais) e Caixa Econômica Federal (serviços bancários te dos meios e dos fins de qualquer desses se-
e de crédito). O Estado financia as suas atividades pelos impostos
arrecadados e não por lucro.
tores, levaria à corrupção, que seria o emprego
de meios públicos para fins privados.
Tyler Olson/Shutterstock.com

O Estado moderno, na sua missão de or-


ganizar a vida em sociedade, por intermédio
dos poderes, deve ter ampla autonomia e in-
dependência no exercício de suas cinco ma-
crofunções, que são: a) funções políticas, que
consistem na definição de direitos e deveres
dos cidadãos, assim como a relação entre pes-
soas e entre estas e as instituições; b) funções
executivas, voltadas para a implementação das
Serviços médicos no primeiro setor não visam ao lucro.
políticas públicas; c) funções jurisdicionais,
O segundo setor direcionadas à solução de litígios; d) funções
fiscalizatórias, destinadas à garantia do cum-
O lucro é a sua finalidade principal independentemente do tipo
de atividade exercida. Seja a produção de leite na pecuária, a produção primento da ordem jurídica e da regulação es-
industrial de automóveis, escolas particulares ou consultórios médicos. tatal; e e) funções de defesa da ordem e inte-
São representantes do setor privado, pagadores de impostos e
têm que se sujeitar às regras e à fiscalização do Estado.
gridade do território.
A autonomia e independência do Estado,
Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 331 entretanto, não conflita nem impede a parti-
cipação dos outros setores nas decisões do Es-
tado. Pelo contrário, aliás o modo mais ade-
5:04 CG_6ºano_13.indd 331 07/03/2018 14:05:04 quado para assegurar o equilíbrio entre os três
Anotações Leitura setores do sistema social é a interação estru-
complementar tural, por intermédio de órgãos colegiados,
como conselhos consultivos e/ou deliberati-
vos, dentro da política de governança parti-
O necessário equilíbrio entre cipativa, ou mediante consulta pública, por
os três setores do sistema meio das quais a sociedade e o mercado pode-
social rão contribuir para o aperfeiçoamento das po-
líticas públicas.
O sistema social de qualquer país demo- O equilíbrio desses três setores, que é fun-
crático está estruturado em três setores, que damental para o bom funcionamento do sis-
interagem e se fiscalizam reciprocamente – à tema social, passa por maior colaboração e
semelhança do sistema de freios e contrapesos participação do segundo setor (mercado) e
próprio da divisão das funções dos poderes – do terceiro setor (sociedade civil) no primei-

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ro (Estado). O ex-ministro Delfim Neto cos-
tumava dizer, em relação ao processo eleito-

Ken Wolter/Shutterstock.com
ral, que quando as urnas exageram o mercado
equilibrava e quanto o mercado exagerava, as
urnas equilibravam. O risco é que o mercado
– que tem fins lucrativos, financia campanhas
eleitorais e mantém algumas organizações não
governamentais – hegemonize e conduza o
governo e a sociedade civil, colocando a com-
petição e o lucro acima do interesse público,
num verdadeiro “salve-se quem puder”.
Portanto, do ponto de vista dos gover-
nantes, apesar de o Estado deixar de ser o úni-
co lócus de poder na sociedade, as vantagens Bank of America. Banco privado com fins lucrativos.

da governança participativa, com a sociedade


civil e o mercado sendo ouvidos, são impor- O terceiro setor
tantes porque asseguram legitimidade, lealda- As empresas privadas de interesse público, como as organiza-
de e aderência às políticas públicas, além de ções não governamentais (ONGs), associações civis ou fundações,
estão ocupando parte do espaço que deveria ser ocupado pelo pri-
garantir maior visibilidade e facilidade para meiro setor, pois o Estado, por vezes, é ineficiente na prestação de
a inserção na agenda governamental das de- serviços educacionais ou de saúde, por exemplo. Não têm finalida-
mandas de interesse desses setores. de lucrativa apesar de serem particulares.
O empreendedorismo social que caracteriza o terceiro setor é
A tendência das democracias moder- uma reação da sociedade civil organizada para a falta de ação ou da
nas é, cada vez mais, valorizar a participação ineficiência do poder público em resolver os problemas em nível
dos agentes econômicos e sociais nas decisões local ou global.
Organizações não governamentais, como os Médicos Sem Fron-
de governo. No Brasil, mesmo tendo avança- teiras, a Santa Casa de São Paulo, o Greenpeace, são responsáveis por
do muito essa interação, ainda é baixo o ní- atender às necessidades de muitas pessoas, necessidades estas que
vel de institucionalização. Além disso, os cri- empresas e governos não conseguem ou não têm interesse em suprir.
O terceiro setor movimenta a economia no Brasil e no mun-
térios para a participação, em grande medida, do, sendo responsável por milhões de empregos e pelo consumo de
dependem mais de relação pessoal ou de afi- bens e serviços. No Brasil, segundo dados do IBGE de 2015, são
nidade do que propriamente de regras objeti- milhares de unidades de prestação de serviços de assistência social
privadas sem fins lucrativos. A consequência é de milhões de em-
Tinxi/Shutterstock.com

vas. É preciso inovar com criação ou reestru- pregos gerados e prestação de serviços sociais para um conjunto da
turação de instituições públicas que impeçam população que não teria acesso porque não tem renda suficiente.
O voluntariado também mobiliza milhões de pessoas que utilizam
a corrupção, garantam a participação, a repre-
parte do seu tempo para ajudar a sociedade.
sentação e o controle dos interesses públicos e A sociedade civil engajada tem, no empreendedorismo social,
dos direitos do cidadão. um potencial de crescimento para os próximos anos que influencia
O Greenpeace é uma ONG que trabalha
a economia no mundo todo, gerando mais renda, serviços e uma
pela conservação do meio ambiente. sociedade mais fraterna e comprometida com o coletivo.
Disponível em: http://www.vermelho.org.br/coluna.
php?id_coluna_texto=5716&id_coluna=9. Acesso em: 332 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia
12/12/2017. Adaptado.

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Anotações

C
332

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Cenário 7

O setor econômico
quaternário
Esse setor abrange as atividades econômicas altamente quali-
ficadas, que exigem, da mão de obra, um alto nível de formação,
agregando ao produto conhecimentos de várias áreas. Merecem
destaque as atividades de pesquisa, tecnologia e inovação, como a
informática e a telecomunicação.
As áreas de atividade desse setor recebem atenção das grandes
empresas transnacionais, pois as pesquisas e novas ideias possibili-
tam a abertura de novos mercados. Os grandes centros tecnológi-
cos estão localizados nos países centrais e são chamados de tecno-
polos. Vale destacar o tecnopolo do Vale do Silício, na Califórnia,
região caracterizada pela presença de indústrias de alta tecnologia
e de informática nos arredores de grandes universidades. As prin-
cipais tendências e avanços no campo da informática surgem nessa
região, na qual podemos encontrar a sede de algumas das maiores
empresas desse setor.
Alguns centros de tecnologia menores podem ser encontrados em
países periféricos, porém os lucros obtidos provindos dessa atividade
econômica são enviados às nações-sede da empresa, assim como acon-
tece com a maior parte das multinacionais espalhadas pelo Planeta.
Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com

5:04

A pesquisa científica é um dos serviços que exigem alta tecnologia.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 333

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333

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Pequeno dicionário geográfico e cultural
Atenuassem: Aliviassem. Incessante: O que não para.
Bélico: Relativo à guerra. Núcleos urbanos: Cidades.
Distinção: Diferenciação. Ócio: Descanso, sem atividade.
Força motriz: Força ou energia empregada Ofício: Profissão.
para produzir. Supervisionavam: Fiscalizavam.
Guerra Fria: Disputa entre Estados Unidos e
União Soviética.

Aprenda com arte

Tempos modernos
Direção: Charles Chaplin.
Ano: 1939.

Sinopse: Um operário de uma linha de montagem,

neftali/Shutterstock.com
que testou uma máquina revolucionária para evitar a
hora do almoço, é levado à loucura pela monotonia
frenética do seu trabalho. Após um longo período
em um sanatório, ele fica curado de sua crise nervosa,
mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar
sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e
equivocadamente é preso como um agitador comunis-
ta, que liderava uma marcha de operários em protes-
to. Simultaneamente, uma jovem rouba comida para
salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas.
Elas não têm mãe, e o pai delas está desempregado,
mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um
conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas, enquanto as
menores são levadas, a jovem consegue escapar.

Germinal
Direção: Claude Berri.
Ano: 1991.

Sinopse: O filme retrata o processo de gestação e maturação de movimentos grevistas e de uma atitu-
de mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação
à exploração de seus patrões. Baseado na obra de Émile Zola, o filme é um das mais belas adaptações
literárias da história do cinema.

334 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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334

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Encerramento
1 Sobre as diferentes formas de produção, é correto afirmar:
a. O artesanato é uma forma de produção em que o trabalho é desempenhado por um grande
número de trabalhadores sob a direção de um empresário.
b. A manufatura é a forma de produção em que o artesão é dono dos meios e instrumentos de
produção.
c. X A manufatura é a fabricação de produtos acabados em que a técnica de produção é artesanal, porém o
trabalho é desempenhado por um grande número de trabalhadores, sob a direção de um empresário.
d. No processo de maquinofatura, todo o processo produtivo é realizado manualmente.
e. Atualmente, predomina como processo produtivo a manufatura.

2 No quadro abaixo, preencha os espaços com atividades ligadas aos segmentos do setor terciário.

Setor terciário

Formal Informal

médico vendedor ambulante


advogado guardador de carros
mecânico

3 Nem todos os países apresentam o mesmo nível de industrialização. De que forma a industrializa-
ção dividiu os países?
Dividiu em países de economia industrializada e países não industrializados de economia frágil e de-

pendente.

4 Cite três impactos ambientais provocados pela industrialização.


Poluição atmosférica, poluição hídrica e produção intensa de resíduos, como o plástico.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 335

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335

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5 Observe o mapa sobre as indústrias no Brasil e responda às questões.

Distribuição espacial da indústria

N
Boa Vista
AP
Oceano
L
Atlântico
O

S
RR Macapá
Belém

Manaus São Luís

Fortaleza
Teresina
AM PA MA
CE RN Natal
João
PB Pessoa
PI
PE Recife
AC
Porto Palmas
Rio AL Maceió
Branco Velho
SE Aracaju
MT TO
RO BA
Salvador
Cuiabá DF
Brasília
GO
Goiânia
MG
Belo
Campo Horizonte
Oceano Grande ES
Vitória
Pacífico MS SP
RJ
Rio de Janeiro
Número de empresas PR São Paulo Oceano
100 a 500
501 a 1.000
Curitiba
Atlântico
1.001 a 7.600
SC Florianópolis
10.120
RS 0 326 km 652 km
Porto Alegre
45.536

Fonte: Atlas Geográfico Escolar. IBGE, 2010.

a. Observando o mapa, compare o estado em que você mora com outro estado e diga qual dos dois
possui mais indústrias.
Espera-se que o aluno consiga quantificar as empresas do seu estado e de outro estado a partir da inter-

pretação do mapa.

b. Que dois estados brasileiros apresentam a maior quantidade de empresas industriais no País?
São Paulo e Rio de Janeiro.

c. Pesquise duas indústrias presentes no seu estado e identifique a que tipo de produção industrial elas
pertencem.
O aluno deverá diferenciar empresas do setor de serviços de indústria a partir do produto que fabricam.

336 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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336

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d. O maior estado brasileiro em extensão territorial é, no entanto, o que apresenta menor concentração
de indústrias. Indique qual é esse estado e reflita: por que isso acontece?
Amazonas. A menor presença de indústrias no seu território se deve, principalmente, a questões geo-

gráficas, como a sua localização (que dificulta o escoamento da produção).

6 (UFPI) De acordo com o tipo de mercadoria que produzem, pode-se classificar as indústrias em de
bens de produção e de bens de consumo. A esse respeito, analise as seguintes assertivas:
I. As indústrias de bens de produção são aquelas que produzem matérias-primas e equipamentos,
cujo mercado são as próprias indústrias.
II. As indústrias de bens de consumo podem ser divididas em dois tipos: bens de consumo duráveis
e bens de consumo não duráveis.
III. São exemplos de bens de consumo duráveis: os automóveis, os produtos eletrodomésticos e eletrô-
nicos, entre outros.
Da análise das assertivas acima, é verdadeiro afirmar que:
a. apenas I está correta.
b. apenas I e II são corretas.
c. apenas I e III estão corretas.
d. apenas II e III são corretas.
e. X I, II e III estão corretas.

7 Observe o esquema abaixo sobre a relação entre o campo e a cidade e complete os espaços com o que
é produzido no campo e enviado para as cidades e o que é produzido nas cidades e enviado para o campo.

Cidade Campo

tecnologia e produtos produção de alimentos e


industrializados matéria-prima

8 Pense e responda: que produtos utilizados em sua casa são produzidos na zona rural?
O enunciado do exercício propõe que o aluno reconheça as atividades do campo (agricultura, pecuá-

ria) e seus produtos.

Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia 337

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337

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supergenijalac/Shutterstock.com
9 A partir da observação dessa imagem, responda:

a. Qual setor da economia ela representa?

Representa o setor secundário.

b. Essa fábrica produz bens de consumo duráveis ou não duráveis?

Produz bens de consumo duráveis.

c. Qual o objetivo de essa fábrica ter tantos robôs?

Ela substituiu a mão de obra para diminuir os custos e aumentar a produtividade.

10 O que é indústria?

Indústria é um processo produtivo que conjuga o capital e o trabalho com o objetivo de transformar

matérias-primas em bens de produção, bens de capital e bens de consumo. Ou, ainda, indústria é a ati-

vidade pela qual os homens ou as mulheres transformam matéria-prima em produtos semiacabados ou

em produtos acabados. A indústria fornece a maior parte dos empregos de um país, além de produzir

quase tudo o que consumimos e utilizamos.

338 Capítulo 13 – A indústria, os serviços e a tecnologia

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338

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mitações e representatividade na estrutura
energética nacional.
• Descrever o processo de privatização do se-
Capítulo 14 tor energético e identificar suas crises.
• Discutir os problemas energéticos e am-
bientais e a relação risco-benefício das dife-
Os desafios da produção rentes fontes de energia: petróleo, carvão mi-
neral, energia nuclear.
de energia As matrizes energéticas fósseis já não nos atendem.
As fontes renováveis são a esperança da humanidade. • Compreender os problemas brasileiros do
setor enérgico, as diversas opções determina-
das pelas condições naturais e pela extensão
do território e a necessidade urgente de inves-
timentos em energia alternativa.
• Identificar e analisar os processos produti-
vos, o papel e a importância da produção de
álcool combustível e biodiesel a partir de dife-
rentes matérias-primas vegetais.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF06GE03) Descrever os movimentos do


planeta e sua relação com a circulação geral da
atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
climáticos.
(EF06GE10) Explicar as diferentes formas de
uso do solo (rotação de terras, terraceamento,
aterros etc.) e de apropriação dos recursos hí-
dricos (sistema de irrigação, tratamento e re-
des de distribuição), bem como suas vanta-
Neste capítulo, estudaremos as gens e desvantagens em diferentes épocas e
energias que movem o Planeta e suas
máquinas, que, por sua vez, geram lugares.
bem-estar, produtos de guerra e poluição. (EF06GE11) Analisar distintas interações
Também apontaremos alternativas para
a produção de energia. das sociedades com a natureza, com base na
distribuição dos componentes físico-naturais,
.com
incluindo as transformações da biodiversida-
Phovoir/Shutterstock
de local e do mundo.

CG_6ºano_14.indd 339 07/03/2018 14:06:40 Anotações


Objetivos cas do território e debater a necessidade de seu
pedagógicos melhor aproveitamento para fins de transpor-
te, apresentando, contudo, os riscos ambien-
tais de iniciativas malconduzidas.
• Compreender como as transformações ve- • Discutir as vantagens e desvantagens do uso
rificadas no decorrer da revolução técnico- da energia hidrelétrica.
-científica geraram uma demanda acelerada de • Analisar as principais mudanças ocasiona-
energia. das pelo processo urbano-industrial no em-
• Estabelecer a relação entre energia e cresci- prego de energia (substituição das fontes tra-
mento econômico. dicionais por modernas) e o desenvolvimento
• Conhecer os riscos envolvidos na produção do setor energético no Brasil.
da energia nuclear. • Conhecer e discutir as principais fontes al-
• Apresentar as principais bacias hidrográfi- ternativas de energia, formas de obtenção, li-

339

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Anotações
Cenário 1

De onde vem a
energia?
O que são fontes
energéticas
Fontes de energia são substâncias ou elementos que podem
ser submetidos a um processo de transformação, do qual o ser hu-
mano retira força, calor ou eletricidade para promover diversos em-
preendimentos necessários à sua sobrevivência.

Matriz secundária mundial – consumo de energia primária

10% 1%
2%
5% 32%
Diálogo com o
professor 21%

Explique que matriz energética é o


conjunto dos recursos de energia de uma 29%
sociedade, de uma região ou do mundo,
incluindo as formas como eles são usados. Petróleo e derivados Hidroeletricidade

Ela abrange as fontes de energia primárias


Carvão mineral Biomassa
Gás natural Outras renováveis
(petróleo, água, carvão mineral, lenha, cana- Energia nuclear
-de-açúcar e seu bagaço, etc.), secundárias (ga- Elaborado com informações do site da companhia de petróleo Repsol. Dados de 2013. Acesso em 01/09/2017.
https://www.repsol.com/pt_pt/corporacion/conocer-repsol/contexto-energetico/matriz-energetica-mundial/

solina, querosene, óleo diesel, álcool, etc.), as Em todos os momentos da história, o ser humano buscou na
tecnologias de geração (mecânica, térmica, natureza elementos que o pudessem poupar do esforço e gasto de
energia. Nesse sentido, as fontes de energia foram fundamentais.
nuclear, eólica, etc.) e as formas e os setores
Contudo, na sociedade atual, a sua importância deve ser ressalta-
de consumo (eletricidade, combustíveis para da, pois, com a constante evolução do processo produtivo, além do
transporte, indústria, comércio e residências). crescimento populacional e urbano, houve uma crescente utiliza-
ção desses elementos, fato que pode levar algumas fontes existentes
ao esgotamento.
Leitura
complementar 340 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

Desafio crescente CG_6ºano_14.indd 340 07/03/2018 14:06:40

Para se ter uma ideia dos desafios à frente, por habitante que nos separa do mundo de-
Quando se observa o histórico de energia o Brasil possui a quarta maior população mun- senvolvido. No cenário mais provável para o
no Brasil, é de destacar que, não por acaso, o dial, mas o consumo energético foi de apenas estudo, o consumo brasileiro per capita deve
País foi batizado a partir do nome do famoso 1,29 tep/hab. ao ano, enquanto a média mun- subir para 2,33 tep*/hab. em 2030.
pau-brasil e que, como numa premonição his- dial é de 1,7 tep/hab. ao ano, e a média dos
tórica, esse nome deriva da palavra brasa (alu- países ricos é de 4,7 tep/hab. Ainda temos de tep* – tonelada equivalente de petróleo.
são à coloração avermelhada da madeira). So- ampliar muito a nossa oferta de energia.
mos ricos em recursos renováveis de energia, e, Segundo previsão oficial deste ano, nos- Fonte: Extraído de Paulo Montóia. Guia do estudante
por isso mesmo, a queima de lenha, a opção de sa população poderá chegar a 2030 consumin- – atualidades e vestibular 2009. São Paulo: Abril, 2009.
energia mais simples e acessível ao ser humano, do cerca de 40% a mais do que o registrado Disponível em: http://planetasustentavel.abril. com.
foi a que mais persistiu no tempo. Ainda recen- no Censo de 2000. É preciso, portanto, gerar br/noticia/energia/conteudo_394752.shtml?func=2.
temente a queima de madeira era um recurso energia para esse crescimento de uso, além de Acesso em: 2 abr. 2010.
energético importante na matriz brasileira. buscar cobrir a defasagem de consumo médio
C
340

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O modelo capitalista adotado por praticamente todo o Planeta
é altamente dependente de recursos energéticos para fazer funcio-
nar suas máquinas e equipamentos. Isso tem levado o mundo a pre-
senciar grandes problemas socioambientais, porque a maioria das
fontes utilizadas é de origem fóssil (carvão, gás natural, petróleo),
e a queima desses produtos libera vários gases responsáveis pela
poluição atmosférica, pelo aquecimento global/efeito estufa, pela
contaminação dos recursos hídricos, entre outros fatores nocivos
ao meio ambiente. Por outro lado, fontes alternativas ao petróleo,
como a solar, geotérmica, maremotriz (que conheceremos neste ca-
pítulo), ainda são subutilizadas.

Cenário 2

As diferentes
fontes de energia
Termeletricidade
A termeletricidade é bastante utilizada, praticamente, em to-
dos os países do mundo atual, independentemente do seu desen-
volvimento econômico, sobretudo por aqueles que não apresentam
grande potencial hidráulico.
Esse modelo de geração de energia, que pode ser produzido
pela queima do carvão, do gás natural, do petróleo, do biogás ou
do biodiesel, apresenta algumas características positivas, como a
possibilidade de instalação em locais estratégicos e próximos aos
grandes centros consumidores, reduzindo os gastos com a instala-
ção de linhas de transmissão, além de que os custos de instalação,
o tempo de construção e o início de operação são relativamente
menores.

Carvão mineral
oorka/Shutterstock.com

6:40

É um combustível fóssil resultan-


te das transformações ocorridas após o
soterramento de grandes florestas em
bacias sedimentares ao longo da Era Pa-
leozoica, no período carbonífero. As re-
servas com carvão de melhor qualidade
são encontradas em regiões temperadas,
Termelétrica – eficiência e poluição atmosférica.
frias e subtropicais.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 341

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341

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Turfa Linhito Hulha Antracito

100%
Nessas regiões, as depressões formadas por lagos recebem res-
tos de vegetação, que se acumulam no fundo, transformando-as em
90

um pântano, sobre o qual irá florescer vegetação. Os restosÁgua


desses
80
70
60 vegetais que permanecem soterrados e sem contato com o oxigê-
50 nio agregam-se, formando o que denominamos de turfa. Materiais
Com o
passar de centenas de milhares de anos, a elevação da temperatu-
voláteis
40
30
ra (proveniente da energia geotérmica) e da pressão acarreta uma
maior compactação do material, que perde cada vez mais oxigênio
20
Carbono
fixo
e hidrogênio, aumentando o seu teor de carbono. Assim, tem-se o
10
0
segundo estágio, chamado linhito, em que ainda apresenta um per-
centual elevado de água e pouco carbono (aproximadamente 70%
da composição). O terceiro estágio é chamado hulha, apresenta em
média 80% de carbono na composição e já pode ser considerado
propriamente carvão mineral, uma vez que o carbono predomina.
Por fim, temos o antracito, o último estágio de formação do carvão
Turfa Linhito
mineral, com quase 100% de carbono em sua
Hulha
composição.
Antracito

100%
90
80
Água
70
60
50 Materiais
voláteis
40
30
20
Carbono
10 fixo

Petróleo
É um combustível fóssil formado a partir da decomposição da
matéria orgânica animal ou vegetal em ambientes marinhos geolo-
gicamente muito antigos.
Sua formação ocorre a partir da deposição progressiva do plânc-
ton (seres vivos aquáticos com pouco poder de locomoção, que flu-
tuam à deriva) no fundo de leitos oceânicos com pouca profundida-
de ou em pântanos de água doce. Em virtude da baixa oxigenação, a
ação destrutiva das bactérias aeróbicas (que necessitam do oxigênio

342 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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para sobreviver) é impedida. Com o passar de milhares de anos, ocor-
re a elevação da pressão e da temperatura sobre essa massa de ma-
teriais orgânicos, transformando-os em uma substância oleaginosa
(mistura de lama e areia) de densidade menor que a água, coloração
escura cambiante entre o negro e o marrom. Essa substância migra
da rocha matriz (camada mais profunda de rocha, que dá origem ao
solo) para rochas permeáveis, principalmente o calcário e o arenito,
até ser capturada por uma camada de rochas impermeáveis.

Estágios da formação de petróleo


Acumulação Continente
progressiva Mar
dos sedimentos Mar
Camada de sedimentos
com matéria vegetal Anticlinal
e animal decomposta Mar

Gás

Petróleo

Antigo
1 Petróleo e gás
formados por
2 Camada de rocha
impermeável dobrada
fundo reações químicas, Rocha permeável
marinho calor e pressão saturada de água
3 que forma um depósito de
petróleo e gás

Formado ao longo das eras Mesozoica e Cenozoica (terciária), Fonte:Produzido pelo autor.
o petróleo pode ser encontrado em regiões ocupadas atualmente
pelo oceano e em bacias sedimentares intracontinentais que já te-
nham sido fundo de mares rasos e que, graças a um processo de
soerguimento, em virtude do tectonismo ou por uma regressão ma-
rinha ao longo da Era Cenozoica, foram expostas.
Dentre todas as matrizes energéticas, nenhuma até o presente
momento conseguiu superar o petróleo em grau de importância
e utilização. Isso se deve a dois fatos complementares: além de ser
uma fonte de energia fácil de ser encontrada, transportada, armaze-
nada e utilizada, o petróleo é fonte de matéria-prima para a produ-
ção de diversos bens industriais, como querosene, parafina, solven-
Attila JANDI/Shutterstock.com

te, tintas, benzeno, asfalto, etc.


O grande problema do petróleo está justamente na sua utili-
dade e importância estratégica, fato que, desde o século XIX, vem
acarretando acirradas disputas pelo controle das jazidas espalhadas
pelo mundo, bem como constitui um forte obstáculo ao aumento
da utilização de outras fontes de energia. Cerca de metade da ener-
gia consumida no mundo atual tem como base o petróleo e, por
mais que se tenha tentado, ele ainda é insubstituível como fonte de
matéria-prima industrial. Plataforma de petróleo da Baía de Guana-
Após a Segunda Guerra Mundial, o Planeta assiste à consolida- bara, no Rio de Janeiro, Brasil.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 343

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343

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ção da indústria automobilística (que teve um grande avanço tec-
nológico e uma elevação crescente na sua produção) como um dos
mais importantes ramos dessa atividade econômica. Todos os seto-
res de transporte que utilizavam como combustível os derivados do
petróleo, a exemplo de gasolina, óleo diesel e querosene, tiveram
um elevado crescimento. Tais fatos tornam, de forma irreversível,
o petróleo fonte primária de energia e matéria-prima industrial na
economia do mundo inteiro. Esta que passou a ser chamada civi-
lização do automóvel, visto que as paisagens urbanas começaram
a ser povoadas cada vez mais por automóveis, caminhões, ônibus,
motocicletas e pelo aumento da poluição ambiental, promoveu um
crescimento acentuado do setor petroquímico.

Maiores reservas de petróleo – em bilhões de barris


298 N
268 3º

O L
11º

12º
S
9º 4º
15º

1º 5º 13º
173 10º 6º
155
Países da Opep
141 (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) 14º

Indonésia

104 98
80
48
37 30 26
25 13 12
Emirados
Arábia Iraque Nigéria Cazaquistão Argélia
Venezuela Canadá Irã Kuwait Árabes Rússia Líbia China Qatar Brasil
Saudita
Unidos
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º

Gás natural
É associado às jazidas petrolíferas, pois resulta do processo de
decomposição lenta da matéria orgânica, que se acumula em cama-
das rochosas sedimentares acima dos depósitos de petróleo. O gás
natural é a segunda matriz energética mais utilizada no Planeta e a
que mais cresce em consumo atualmente.
Assim como o petróleo e o carvão mineral, apresenta inúme-
ras utilidades, servindo como fonte de matéria-prima para diver-
sos produtos das indústrias químicas, siderúrgicas, de fertilizantes,
além da sua utilidade doméstica e como substituto eficiente para a
gasolina, o diesel e o álcool em veículos e máquinas.

Energia termonuclear
Dentre todas as formas de geração de energia elétrica, a atô-
mica, ou nuclear, é a que apresenta as maiores dificuldades à sua
implantação e utilização. Seu combustível, o urânio, quando enri-

344 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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quecido, produz uma grande quantidade

r.classen/Shutterstock.com
de radioatividade, podendo contaminar
áreas imensas e provocar desastres terrí-
veis às populações em um raio de dimen-
sões regionais, como os acidentes na Rús-
sia e nos EUA, nas duas últimas décadas.
Além disso, os resíduos desse com-
bustível não têm tratamento e devem ser
acondicionados em contêineres reves-
tidos de materiais isolantes (chumbo) e
enterrados em local específico para não
gerar contaminação. Os países desenvol-
vidos, como a França, que possuem mui-
tas usinas atômicas, enviam seu lixo para
suas colônias e países subdesenvolvidos,
que aceitam, mediante pagamento, a de-
Torre de resfriamento de uma usina nuclear em Tihange, Bélgica.
posição desse material em seu subsolo.

Hidroeletricidade
Dentre as diversas formas de se produzir energia elétrica, a hi-
droeletricidade é a que oferece o maior potencial de produção. Os
gastos com a instalação (construção das barragens e equipamentos
para produção) e a distribuição (estação alimentadora, linhas de
transmissão, etc.) são bastante elevados, mas, ao ser implantada,
eles diminuem rapidamente.
Para se obter energia pela hidroeletricidade, são necessárias
algumas condições especiais de hidrografia e topografia da re-
gião que tornem viável sua implantação e distribuição com me-
nores custos. Onde a geração de hidroeletricidade é possível, ou
seja, quando o custo de produção é bem menor que as demais
formas de geração de energia, essa fonte é instalada mesmo que
possa causar impactos ambientais, como a destruição da biodi-
versidade e o deslocamento das populações locais para outras
Zeljko Radojko/Shutterstock.com

áreas, que, em muitos casos, não oferecem as mesmas condições


das anteriores.
As áreas de reservas florestais, próximas às nascentes dos rios
que alimentam o sistema de produção de energia por hidroeletri-
cidade, devem ter grande fiscalização, pois o desmatamento dessas
áreas causará uma menor infiltração da água no solo e consequente-
mente a diminuição da vazão dos rios, além de aumentar o volume
de sedimentos carregados por estes, o que provocará assoreamento
do lago das barragens, danificando as turbinas. Nas modernas hi-
drelétricas, um sistema de filtragem impede o acúmulo dos sedi-
Usina hidroelétrica. Não emite CO², mas
mentos e seu acesso às turbinas. causa danos ambientais e sociais.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 345

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345

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Anotações
Ensaio geográfico
1 Descreva o processo de formação do petróleo.
É formado a partir da decomposição de seres vivos aquáticos no fundo do oceano que sofrem com a

ação da pressão e temperatura, transformando-se em uma substância oleosa.

2 Nos quadros abaixo, escreva os estágios da formação do carvão mineral:


Formação do Carvão Mineral
turfa linhito hulha antracito

3 Em
3 Em que áreas que áreaspodem
geológicas geológicas podem ser encontrados
ser encontrados petróleo
petróleo e carvão e carvão mineral?
mineral?

Em bacias sedimentares.
Leitura
complementar
Biomassa 4 Cite impactos ambientais provocados pela utilização de combustíveis fósseis.
Poluição atmosférica, chuva ácida, doenças respiratórias, aquecimento global.
Do ponto de vista energético, para fim
de outorga de empreendimentos do setor
elétrico, biomassa é todo recurso renová-
vel oriundo de matéria orgânica (de origem 5 No quadro abaixo, coloque o nome de fontes energéticas não fósseis e de combustíveis fósseis nos
animal ou vegetal) que pode ser utilizada na seus respectivos lugares.
produção de energia. Assim como a energia
Fontes de energia
hidráulica e outras fontes renováveis, a bio-
Não fósseis Fósseis
massa é uma forma indireta de energia solar.
A energia solar é convertida em energia quí- vento petróleo
mica, através da fotossíntese, base dos pro-
urânio carvão mineral
cessos biológicos de todos os seres vivos.
Embora grande parte do planeta este- água gás
ja desprovida de florestas, a quantidade de
biomassa existente na terra é da ordem de
dois trilhões de toneladas; o que significa
cerca de 400 toneladas per capita. Em ter- 346 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia
mos energéticos, isso corresponde a mais ou
menos 3.000 EJ por ano, ou seja, oito vezes
o consumo mundial de energia primária (da CG_6ºano_14.indd 346 07/03/2018 14:06:42 CG

ordem de 400 EJ por ano). sa em 30% dos empreendimentos de cogera- possa representar até cerca de 14% de todo
Uma das principais vantagens da bio- ção em operação no País. A médio e longo o consumo mundial de energia primária.
massa é que, embora de eficiência reduzi- prazo, a exaustão de fontes não renováveis e Em alguns países em desenvolvimento, essa
da, seu aproveitamento pode ser feito dire- as pressões ambientalistas poderão acarretar parcela pode aumentar para 34%, chegan-
tamente, por intermédio da combustão em maior aproveitamento energético da biomas- do a 60% na África. Atualmente, várias tec-
fornos, caldeiras etc. Para aumentar a eficiên- sa. Atualmente, a biomassa vem sendo cada nologias de aproveitamento estão em fase
cia do processo e reduzir impactos socioam- vez mais utilizada na geração de eletricidade, de desenvolvimento e aplicação. Mesmo as-
bientais, tem-se desenvolvido e aperfeiçoa- principalmente em sistemas de cogeração e sim, estimativas da Agência Internacional
do tecnologias de conversão mais eficientes, no suprimento de eletricidade para deman- de Energia (AIE) indicam que, futuramen-
como a gaseificação e a pirólise, também das isoladas da rede elétrica. te, a biomassa ocupará uma menor propor-
sendo comum a cogeração em sistemas que Embora grande parte da biomassa seja ção na matriz energética mundial – cerca de
utilizam a biomassa como fonte energética. de difícil contabilização, devido ao uso não 11% em 2020 (AIE, 1998). Outros estudos
Pode-se observar a participação da biomas- comercial, estima-se que, atualmente, ela indicam que, ao contrário da visão geral que

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vetor energético moderno (graças ao desen-
volvimento de tecnologias eficientes de con-
Cenário 3 versão), principalmente em países industria-
lizados; iii) reconhecimento das vantagens

Fontes de ambientais do uso racional da biomassa,


principalmente no controle das emissões de
energia limpas ou CO2 e enxofre. No que concerne especifica-
mente ao peso relativo da biomassa na gera-
autossustentáveis ção mundial de eletricidade, embora difícil
de avaliar, projeções da Agência Internacio-
Biomassa nal de Energia (1998) indicam que ela deve-
rá passar de 10 TWh em 1995 para 27 TWh
As fontes de energia de biomassa estão entre as mais antigas uti-
lizadas pela humanidade, sendo a lenha empregada desde o Paleolíti-
em 2020 (AEI, 1998).
co, com a descoberta do fogo pelo homem. Óleos animais e vegetais Estudos indicam que, nos Estados Uni-
são utilizados há milênios pelas mais diversas civilizações. A biomas- dos, a capacidade instalada do parque gera-
sa é uma fonte renovável contida em matéria orgânica, seja animal ou
vegetal, utilizada para produzir energia. Dentre as fontes de biomassa
dor de energia oriunda de biomassa, no fi-
utilizadas na atualidade estão o etanol (biocombustível de cana-de- nal dos anos 70, era de apenas 200 MW,
-açúcar e de milho), biogás, lenha, bagaço de cana, restos de madeira subindo para 8,4 GW no início dos anos
e serragem, esgoto doméstico, lixo, entre outros.
Por ser energia renovável, representa uma alternativa viável aos 1990. A maioria corresponde a plantas de
combustíveis fósseis, que vão se esgotar um dia. Os benefícios são inú- cogeração, com utilização de resíduos agrí-
meros. No caso dos biodigestores, que produzem gás a partir de ma- colas e florestais. Embora com eficiência
téria orgânica, é uma solução para o problema do esgoto doméstico e
do lixo das grandes cidades, ao amenizar a poluição da água, do ar e do termodinâmica relativamente baixa (18%
solo. O gás metano e gás carbônico são gerados da fermentação do lixo a 26%), essas plantas têm sido economica-
ou esgoto por bactérias anaeróbias e coletadas. Para produzir energia mente competitivas. Os custos foram ava-
elétrica, esse gás é queimado em motores especiais para produção de
energia elétrica ou usado para produzir vapor em caldeiras. liados em cerca de US$ 1.400,00 por kW
instalado e entre US$ 65,00 e US$ 80,00
nostal6ie/Shutterstock.com

por kWh gerado. As metas do Departamen-


to Americano de Energia (DOE) são de 18
GW de capacidade instalada em 2010 e,
para 2030, 100 GW. Espera-se que o desen-
volvimento de novas tecnologias, como o
acoplamento de sistemas de gaseificação e a
integração da pirólise às turbinas a gás, au-
mente substancialmente a eficiência termo-
dinâmica das plantas e reduza os custos de
Central energética de armazenamento de combustível de madeira. capital e geração.
Em termos de eficiência, estima-se que
Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 347 os índices serão de 35% a 40%. Quanto aos
custos, o kW instalado deverá ficar na faixa
de US$ 770,00 a US$ 900,00 e o MWh ge-
6:42 CG_6ºano_14.indd 347 07/03/2018 14:06:42 rado, entre US$ 40,00 e US$ 50,00.
se tem, o uso da biomassa deverá se manter de um energético tradicionalmente utilizado No Brasil, a imensa superfície do ter-
estável ou até mesmo aumentar, por duas ra- em países pobres e setores menos desenvolvi- ritório nacional, quase toda localizada em
zões, a saber: i) crescimento populacional; ii) dos; ii) trata-se de uma fonte energética dis- regiões tropicais e chuvosas, oferece exce-
urbanização e melhoria nos padrões de vida. persa, cujo uso, via de regra, é ineficiente; iii) lentes condições para a produção e o uso
Um aumento nos padrões de vida faz com o uso da biomassa para fins energéticos é in- energético da biomassa em larga escala.
que pessoas de áreas rurais e urbanas de paí- devidamente associado a problemas de des- Além da produção de álcool, queima em
ses em desenvolvimento passem a usar mais florestamento e desertificação. fornos, caldeiras e outros usos não comer-
carvão vegetal e lenha, em lugar de resíduos Entretanto, essa imagem da biomassa ciais, a biomassa apresenta grande potencial
(pequenos galhos de árvore, restos de mate- está mudando, graças aos seguintes fatores: no setor de geração de energia elétrica.
riais de construção etc.). A precariedade e a i) esforços recentes de mensuração mais acu-
falta de informações oficiais sobre o uso da rada do seu uso e potencial, por meio de no- Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/
biomassa para fins energéticos deve-se prin- vos estudos, demonstrações e plantas-pilo- atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf. Acesso em: 12/12/2017.
cipalmente aos seguintes fatores: i) trata-se to; ii) uso crescente da biomassa como um

347

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Agroenergia
(Biodiesel)
É uma matriz energética renovável produzida a partir do óleo
extraído de diversos vegetais, como o amendoim, o eucalipto, o
pequi, o coco, a castanha-do-pará, o babaçu, a carnaúba, o dendê,
a soja, as sementes de girassol, o algodão e, mais recentemente, a
mamona.

Cadeia do biodiesel
Energia Recursos Extração
do Sol renováveis de óleo

Óleo
reciclado

Produção de
CO2 biodiesel

Uso em
veículos Combustível
renovável

Possui características semelhantes às do diesel, podendo ser


utilizado em termoelétricas e em motores de combustão, porém es-
barra no pesado lobby concorrencial do cartel petrolífero.

Energia geotérmica
É um tipo de energia ainda pouco utilizado e difundido. As
cate_89/Shutterstock.com

áreas de utilização estão restritas a localidades que apresentam ati-


vidades vulcânicas e/ou sísmicas, onde as formas de vapor, água
quente (aquíferos) e pedras quentes atingem uma temperatura
igual ou superior a 200 ºC. A energia geotérmica pode produzir
energia elétrica, aquecer as casas, sendo uma excelente alternativa
aos combustíveis fósseis, com a vantagem de não poluir a atmosfera CG

com gases estufa. Países como Suíça, Islândia e Itália, entre dezenas
de outros, aproveitam o potencial geotérmico desde o começo do
Estação de energia geotérmica. século XX, quando a primeira usina foi instalada na Itália.

Energia eólica
Energia de baixíssimo impacto ambiental, é uma das grandes
opções para a geração de energia elétrica em várias regiões do Pla-

348 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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Leitura
neta. Seu maior problema são os elevados custos de implantação e complementar

sezer66/Shutterstock.com
manutenção, aliando-se a certas condições essenciais para a gera-
ção desse tipo de energia, como a existência de ventos constantes
e de boa intensidade, grandes áreas disponíveis para instalação das BNDES aprova primeiro
usinas, bem como problemas com a baixa produção energética por
turbina, o que encarece sua comercialização. financiamento para geração de
Por depender muito das condições naturais, a energia eólica não
é tão confiável quanto outras formas de geração de energia. Esse tipo
energia solar, no valor de R$
tem reduzido os custos de produção desde a última década e já é 529,039 milhões
considerado a segunda fonte de energia renovável mais barata no
Brasil, só perdendo para a hidrelétrica. Apesar do barateamento, O Banco Nacional de Desenvolvimen-
contribui apenas com 1,2% da matriz energética brasileira. to Econômico e Social (BNDES) apro-
vou financiamento de R$ 529,039 milhões
Energia maremotriz Usina eólica – renovável e barata.
para implantação do Complexo Solar Pi-
É uma alternativa energética produzida pelo movimento das rapora, em Minas Gerais, com cinco usi-
águas marinhas. Ainda é pouco utilizada, em virtude da pequena nas fotovoltaicas e potência instalada total
potência geradora. Atualmente, só é utilizada em faróis e boias de de 150 megawatts (MW) e potência fo-
sinalização ao longo de alguns litorais.
tovoltaica instalada de 191 megawatts pi-
Energia solar cos (MWp). O empreendimento é da EDF
Energies Nouvelles, filial do grupo estatal
É na energia solar que muitos cientistas apostam estar a solu-
ção energética para o mundo, pois se trata de um recurso renovável
francês Électricité de France S.A. EDF e da
(visto que não se esgotará facilmente) e que poderá ser utilizado Canadian Solar CSI, fabricante de módu-
em diversas modalidades. Na geração desse tipo de energia, o estu- los solares instalada no Brasil e que forne-
do está ainda pouco evoluído, com baixo potencial econômico de
aproveitamento. Os painéis fotovoltaicos, que captam a luz solar
cerá equipamentos ao projeto.
e a transformam em energia, ainda não são capazes de efetuar essa O Complexo Solar Pirapora é o pri-
conversão em grande quantidade. Por serem relativamente caras a meiro projeto de geração de energia solar
instalação e a manutenção desses equipamentos, o custo final de
transmissão e distribuição de energia elétrica ainda é elevado. financiado pelo BNDES. Segundo a secre-
tária da presidência do BNDES, em con-
ArtisticPhoto/Shutterstock.com

formidade com seu papel de indutor do de-


senvolvimento econômico, em especial de
projetos com externalidades positivas – no
caso a ambiental – o Banco destina as me-
lhores condições de crédito a projetos de
energias renováveis.
O Brasil dispõe de amplo espaço terri-
torial e intensidade de irradiação solar su-
Energia solar. Fonte inesgotável, mas ainda muito cara. perior a diversos países que criam poten-
cial expressivo para a geração solar. Como
Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 349 o setor está em estágio inicial de difusão
tecnológica, precisa incorporar avanços
em redução de custos e preços, bem como
CG_6ºano_14.indd 349 07/03/2018 14:06:43 em ganhos de rendimento. Para isso, os
Anotações instrumentos de promoção da demanda fo-
ram relevantes para mobilizar a inserção da
fonte no país, seja por meio da geração dis-
tribuída, seja por meio da geração centrali-
zada, que está sendo contratada em leilões
públicos. Neste sentido, o suporte do Ban-
co é fundamental para o setor.
O empreendimento será formado por
cinco Usinas Fotovoltaicas (UFVs) – Pira-
pora V, VI, VII, IX e X – com potência ins-
talada de 30 MW cada uma e sistema de
transmissão associado. O projeto amplia-
rá a oferta de energia elétrica por meio de
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uma fonte renovável, permitindo atender
a demanda equivalente a 189.842 residên-
Os países que se situam entre os trópicos, em sua maioria em
cias. A construção das instalações vai gerar
desenvolvimento (como o Brasil), possuem um fator positivo para
1.381 empregos diretos e indiretos. a utilização dessa fonte de energia, visto que essa região apresenta
Condições de crédito – A participa- uma taxa de insolação relativamente elevada o ano todo. Por outro
lado, a precária (ou inexistente) tecnologia de geração de energia e
ção do BNDES no investimento do Com- os baixos investimentos em pesquisa para sua obtenção inviabili-
plexo Solar Pirapora será de R$ 529 mi- zam por enquanto seu aproveitamento nessa região do globo.
lhões com funding integralmente em
TJLP. Considerando o montante previs-
to de emissão de debêntures incentivadas
Pequeno dicionário geográfico e cultural
de infraestrutura, no valor de até R$ 220 Cartel: Conjunto de empresas que estabele- Decomposição: Apodrecimento.
milhões, a alavancagem total do projeto cem monopólio, distribuindo entre si os mer- Lobby: Pessoa ou grupo que tenta influenciar
cados e determinando os preços. os congressistas (deputados e senadores) a vo-
alcançará 79,6% do total dos investimen- Combustível: Elemento que pode ser quei- tarem projetos de seu interesse, ou de grupos
tos previstos. mado para gerar energia. que representam.
Compactação: Ato de prensar, comprimir algo. Oleaginosa: Produtora de óleo.
No financiamento aprovado pelo Ban-
co está incluído o subcrédito, no montan-
te de R$ 2,6 milhões, destinado a investi-
mentos sociais no âmbito da comunidade Aprenda com arte
em projetos diversos daqueles previstos no
licenciamento ambiental.
Syriana
Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/ Direção: Stephen Gaghan.
Ano: 2005.
site/home/imprensa/noticias/conteudo/bndes-aprova-
1-financeamento-para-gera-o-solar-de-r-529-mi Acesso
Sinopse: Em Syriana, histórias mostram as consequências de uma rede de conspiração e corrupção
em: 10/03/2018. na indústria internacional de petróleo. Um funcionário da CIA descobre a verdade sobre seu traba-
lho. Um negociante de petróleo passa por uma tragédia familiar e encontra redenção com um prín-
cipe do petróleo. Um advogado corporativo enfrenta um dilema durante a fusão de duas empresas.
Anotações Os personagens envolvidos nesse sistema não têm consciência do impacto de suas decisões sobre o
futuro mundial.

100 anos luz


Direção: Sergio Roizenblit.
Ano: 2013.

Sinopse: Em um passeio pela história da energia elétrica, o filme mostra a transformação da sociedade
rural para a sociedade urbana no século XX, a partir de dez ícones eletroeletrônicos representativos
dessa progressiva transformação e da criação dos conceitos de cidade moderna, conforto e diversão.

350 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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C
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Encerramento
1 No quadro abaixo, cite impactos ambientais produzidos pelas matrizes energéticas apresentadas.

Carvão Eólica

Efeito estufa Uso da terra

Aquecimento global Ruído das turbinas

Chuva ácida Interferência eletromagnética

Poluição atmosférica Mortalidade de aves

2 Existem várias formas não poluentes de se gerar energia; dentre estas, destaca-se a energia geotér-
mica. Por qual motivo nem todos os países podem utilizá-la?
Apenas países que possuem atividades vulcânicas ou sísmicas, onde o vapor de água ou as pedras quen-

tes atingem temperaturas superiores a 200 °C.

3 Por que podemos afirmar que a energia solar é a que provoca menos impactos ambientais?
Ela depende unicamente da luz solar para funcionar. Suas instalações ocorrem geralmente no topo de

construções já existentes.

4 O petróleo é uma das matrizes energéticas mais poluentes do Planeta. Contudo, cientistas afirmam
que o petróleo é insubstituível na atualidade. Explique tal afirmação.
Ele é a principal fonte de matéria-prima das indústrias, e cerca da metade da energia consumida no

mundo vem dele.

6:43

5 Marque a alternativa que contém apenas fontes energéticas fósseis.


a. Carvão, eólica e petróleo.
b. Lenha, solar e hidráulica.
c. Solar, eólica e maremotriz.
d. X Gás natural, carvão e petróleo.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 351

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6 De que forma o lixo pode ser utilizado na geração de energia?
Os biodigestores facilitam o trabalho das bactérias anaeróbias na fermentação do lixo. O gás produzido

é canalizado para motores que geram energia elétrica ou para produzir calor.

7 A energia nuclear é uma das formas de energia mais perigosas dentre as que são utilizadas atualmen-
te. Aponte os riscos que ela pode gerar.
Pode gerar terríveis explosões, liberando radiação, contaminando pessoas e a natureza.

8 A hidroeletricidade é uma alternativa viável para lugares onde o relevo é inclinado. Apresenta bai-
xos índices de poluição, porém pode acarretar alguns impactos ambientais. Cite três impactos provo-
cados pela hidroeletricidade.
Sugestão de resposta: Deslocamento da população local, inundações, desaparecimento de espécies de

peixes e uma possível mudança climática.

9 O carvão mineral pode ser encontrado na natureza em quatro formas distintas, variando conforme
seu poder, que é resultante da quantidade de carbono no material. Marque, dentre as alternativas abai-
xo, a que indica o estágio inicial na formação do carvão.
a. Antracito.
b. Hulha.
c. Linhito.
d. X Turfa.

10 Quando uma fonte de energia não polui o ambiente, ela é chamada de fonte de energia limpa.
Dentre as alternativas abaixo, qual gera menos poluentes? Marque-a.
a. Nuclear.
b. Petróleo.
c. X Solar.
d. Gás natural.
e. Carvão mineral.

352 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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