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Gramática Direção de Arte
9o ano do Ensino Fundamental Hilka Fabielly

Lécio Cordeiro
Multi Marcas Editoriais Ltda.
Editor: Rua Neto Campelo Jr, 37 – Mustardinha
Lécio Cordeiro Recife – PE – CEP: 50760-330
CNPJ: 00.726.498 / 0001-74
Revisão de texto: I. Est.: 021 538-37 | I. Munic.: 252.009-5
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Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Revisão técnica: direitos dos textos contidos neste livro. A Multi Marcas Editoriais
Marcelo Bernardo Ltda. pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições
futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Projeto gráfico, editoração
eletrônica e ilustrações:
Box Design Editorial Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
Capa uma nova pontuação.
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/
Sophia Karla
Fotos: Brad Pict - stock.adobe.com

ISBN Aluno: 978-65-5638-388-0


ISBN Professor: 978-65-5638-378-1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Apresentação

É muito comum ouvirmos comentários de que a nossa língua é muito difícil. Você
já ouviu alguém dizer isso? Normalmente essa opinião é seguida de comparações com
outras línguas. Quem pensa que o português é uma língua difícil comumente acredita
que o inglês, por exemplo, é uma língua fácil, que o alemão é feio, que o chinês é extre-
mamente confuso. Mas será mesmo? As pesquisas mostram que esses posicionamentos
sobre as línguas são equivocados.
Na maioria das vezes, essas opiniões negativas surgem da confusão que se faz entre
o que é a língua e o que é a gramática. Por uma série de motivos, é comum as pessoas
entenderem que ambas são a mesma coisa, mas, na verdade, não são. A gramática é
apenas um dos componentes da língua. Apesar disso, na nossa sociedade ela é muito
valorizada. Por isso, existem hoje nas livrarias inúmeros livros de gramática. Mas você
já percebeu que todos eles abordam o assunto sempre da mesma forma? Regras e mais
regras para se decorar, frases sem sentido e sem contexto adequado para ilustrar o es-
tudo, construções linguísticas que nunca usaremos na vida, nenhuma relação entre a
gramática e os outros componentes curriculares.
Foi pensando nisso que tivemos a ideia de escrever uma gramática diferente. Nosso
objetivo foi preparar um livro que realmente ensinasse o conteúdo gramatical como ele
Daniel M Ernst/Shutterstock.com

é: interessante, vivo, real, repleto de possibilidades! Esperamos que você goste e que
passe a ver a gramática de forma diferente.

Bom estudo!
Lécio Cordeiro

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Sumário

Capítulo 1 Capítulo 3
Coordenação e Subordinação------------ 6 Orações Subordinadas Adjetivas-------- 40

1. Frase, oração e período ---------------------6 1. Pronomes relativos ---------------------------40


2. Período composto por coordenação-----9 2. A importância dos pronomes
3. Período composto por subordinação-----11 relativos na coesão textual------------------44
Atividades---------------------------------------13 3. Orações subordinadas adjetivas-----------45
Desafio-------------------------------------------20 4. Orações subordinadas
Questões de escrita---------------------------26 adjetivas reduzidas----------------------------46
Paráfrase----------------------------------------26 Atividades---------------------------------------47
Desafio-------------------------------------------51
Questões de escrita---------------------------53
Capítulo 2 Emprego da vírgula e do travessão
Orações Subordinadas Substantivas--- 27 nas orações subordinadas adjetivas------53

1. Conceito-----------------------------------------27
2. Classificação------------------------------------29 Capítulo 4
Atividades---------------------------------------35 Orações Subordinadas Adverbiais------ 54
Desafio-------------------------------------------37
Questões de escrita---------------------------39 1. Orações subordinadas adverbiais---------54
Pontuação das orações 2. Classificação------------------------------------55
subordinadas substantivas------------------39 3. Orações subordinadas
adverbiais reduzidas--------------------------59
4. Orações subordinadas
adverbiais e sentido--------------------------59
Atividades---------------------------------------61
Desafio-------------------------------------------64
Questões de escrita---------------------------67
Emprego da vÍrgula e do travessão nas
orações subordinadas adverbiais----------67

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Capítulo 5 Capítulo 7
Sintaxe de Concordância----------------- 69 A Estrutura das Palavras----------------- 114

1. Concordância verbal--------------------------69 1. O estudo dos morfemas---------------------114


2. Casos especiais de 2. Classificação dos morfemas----------------116
concordância com sujeito simples--------72 Atividades---------------------------------------122
3. Casos especiais de concordância Desafio-------------------------------------------125
com sujeito composto------------------------75 Questões de escrita---------------------------127
4. Concordância verbal e Campos semânticos--------------------------127
variação linguística----------------------------75
5. Concordância nominal-----------------------77
6. Regras especiais de Capítulo 8
concordância nominal------------------------78 Criando Palavras--------------------------- 128
Atividades---------------------------------------81
Desafio ------------------------------------------84 1. Principais processos de
Questões de escrita---------------------------86 formação de palavras------------------------128
Concordância e expressividade------------86 2. Emprego do hífen-----------------------------133
3. Outros processos de
formação de palavras------------------------134
Capítulo 6 Atividades---------------------------------------136
Sintaxe de Regência e Colocação-------- 87 Desafio ------------------------------------------142
Questões de escrita---------------------------144
1. Regência----------------------------------------- 87 Estrangeirismos e empréstimos-----------144
2. Verbos transitivos e
verbos intransitivos---------------------------89
3. Alguns casos de regência verbal-----------90
4. Regência nominal-----------------------------100
5. Colocação pronominal-----------------------100
Atividades---------------------------------------105
Desafio ------------------------------------------110
Questões de escrita---------------------------112
A crase-------------------------------------------112

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CAPÍTULO
1
Coordenação e
Subordinação

1. Frase, oração e período


Nos anos anteriores, você estudou o que é a frase, a oração e o período. Esse conhecimento será
importante para você compreender bem o conteúdo gramatical deste capítulo.
Ao longo do ano, estudaremos a gramática da nossa língua de maneira diferente, sempre utili-
zando temas trabalhados em outras disciplinas associados ao nosso estudo. Acreditamos que, dessa
forma, a aprendizagem fica mais interessante e produtiva.
Para o trabalho com este capítulo, selecionamos um tema normalmente relacionado à disciplina
de Cidadania Moral e Ética e que faz parte da sua vida e da sociedade como um todo:

A relação entre juventude, violência e criminalidade.

O tema é bastante sério e, por esse motivo, precisa de uma atenção especial por parte dos gover-
nos. Trazendo esse tema para o estudo da coordenação e da subordinação, veremos que, em geral,
para desenvolvermos bem nossos argumentos, podemos utilizar períodos compostos. E mais: como
oferecem um número maior de possibilidades, os períodos compostos por subordinação são comu-
mente mais utilizados no nosso dia a dia.
Quando falamos ou escrevemos um Homicídio entre jovens no
texto, dificilmente nos damos conta de País bate recorde em 10 anos
que construímos esses períodos e de que,
por meio deles, nós nos expressamos e O que você quer
ser se crescer?
defendemos nossa opinião, nosso ponto
de vista. Além deles, articulamos frases e
orações de uma forma natural, espontâ-
nea. É importante, entretanto, termos co-
nhecimento dessas estruturas para que,
em uma situação mais formal de comu-
nicação, possamos nos expressar melhor.
Assim, se você não conseguiu relembrar
esses conceitos, vamos fazer isso agora.
Para iniciar, leia a charge a seguir.

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APRENDA MAIS

A charge é um gênero textual que combina as linguagens verbal e não verbal. Por meio
de um quadrinho, o autor aborda criticamente um tema atual, de caráter factual, normal-
mente de conotação política, socioeconômica e até esportiva, noticiado na imprensa.

A charge lida tem como tema dados do Atlas da Violência 2019, um estudo produzido pelo Ins-
tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
com dados levantados pelo Ministério da Saúde. O relatório mostra que, no ano pesquisado (2017),
o País registrou 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens. Em 2007, essa taxa era de 50,8. Ao todo,
foram assassinados 35.783 jovens de 15 a 29 anos. Desses, 33.772 (ou seja, 94,4%) eram do sexo
masculino. Ao ler essas informações, você poderia, com razão, dizer:

(1) Que absurdo!

Nessa situação, diríamos que você proferiu uma frase, isto é, um enunciado repleto de sentido.
Como não apresenta verbo, dizemos que essa frase é formalmente incompleta. As gramáticas tam-
bém dizem que essa frase é nominal. Assim, como apresenta verbo, a frase que dá título à charge é
formalmente completa, ou verbal.

APRENDA MAIS

Todo enunciado está, necessariamente, atrelado a uma situação comunicativa, um contexto.


Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, histórico, estético, político, etc.), e sua iden-
tificação é fundamental para que se possa compreender bem o enunciado e o próprio texto.

(2) Homicídio entre jovens no País bate recorde em 10 anos.


Verbo

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Tradicionalmente, chamamos as frases formalmente completas (frases verbais) de períodos. Os
períodos, em geral, são formados por sujeito e predicado. A fala do menino no quadrinho é outro
exemplo de período.

1ª Oração 2ª Oração
(3) O que você quer ser se crescer?
Locução verbal Verbo

Diferentemente do exemplo (2), o período (3) apresenta dois verbos (a locução verbal representa
a mesma ação e equivale a um só verbo). Chamamos de oração a parte do enunciado estruturada
em torno de um verbo. Como o exemplo (2) é formado por apenas uma oração, temos o que chama-
mos de período simples. Essa oração é chamada de absoluta, porque é a única no período.
Já no exemplo (3), o período é formado por duas orações. Logo, trata-se de um período compos-
to. Esse tipo de período pode ser formado por duas ou mais orações. A seguir, veremos como as
orações podem se estruturar de três maneiras para formar o período composto: por coordenação,
por subordinação ou por coordenação e subordinação ao mesmo tempo (período misto).

APRENDA MAIS

No período (3), você consegue perceber que a conjunção se, que introduz a segunda
oração, expressa uma relação de condição para a realização do que se diz na primeira
oração? Veja o período de outra maneira:

Se crescer, você quer ser o quê?


Condição

Na comunicação, tudo o que falamos ou escrevemos tem uma finalidade. Na charge do


início deste capítulo, por exemplo, a ideia de condição expressa pela conjunção se indica
o objetivo de chamar a atenção do leitor para um problema muito grave: o alto índice de
assassinato de jovens no Brasil. Como o “normal” para uma criança é crescer, para os me-
ninos do quadrinho isso é uma suposição.

N AV E G U E

Por meio do código ao lado, você tem acesso a todo o Atlas da Vio-
lência 2019. Nele, você poderá colher informações relevantes sobre
o tema.

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2. Período composto por coordenação
Um período é composto por coordenação quando é formado por orações que não apresentam
dependência sintática entre si. Cada oração tem todos os termos necessários para estar completa.
Nesse caso, as orações apenas se coordenam na estruturação do período. Vejamos os exemplos
abaixo:

(1) Conheceu o ECA, ficou mais consciente de seus direitos.


(2) João nunca leu o ECA, entretanto reconhece sua importância.

Observe que, tanto na frase (1) quanto na frase (2), existem dois verbos. Portanto, temos duas
orações em cada uma delas. Note também que, se separarmos cada uma das orações, elas perma-
necem com sentido completo. Todas são sintaticamente independentes.

(1ª oração da frase 1) Conheceu o ECA.


(2ª oração da frase 1) Ficou mais consciente de seus direitos.

(1ª oração da frase 2) João nunca leu o ECA.


(2ª oração da frase 2) Entretanto reconhece sua importância.

Na frase (1), ambas as orações são independentes e não possuem conjunção conectando-as uma
à outra. Por isso, elas são chamadas de orações coordenadas assindéticas.
Já na frase (2), apenas a segunda oração inicia com uma conjunção. Temos, portanto, uma oração
coordenada assindética em “João nunca leu o ECA” e uma oração coordenada sindética em “Entre-
tanto reconhece sua importância”.
Na coordenação sindética, as orações podem estabelecer entre si cinco relações de sentido, sen-
do classificadas como:

• Aditivas
A conjunção que une as orações indica uma simples soma, uma ideia de acréscimo. As principais
conjunções aditivas são: e, nem, também. É possível, também, empregar não só... mas também, mas
ainda, como também.

Conjunção aditiva
O ECA foi promulgado em 1990 e é o instrumento legal que consolida as garantias da Consti-
tuição aos jovens. Oração coordenada sindética aditiva

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• Adversativas

A conjunção expressa ideia contrária, adversa, ao que se poderia esperar da oração anterior. As
principais conjunções coordenativas adversativas são: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no
entanto, e (equivalendo a mas).

Conjunção adversativa
O Estatuto garante os direitos das crianças e dos adolescentes, mas muitos desses direitos
ficam apenas no papel. Oração coordenada sindética adversativa

• Explicativas

A conjunção exprime uma explicação, uma justificativa para o que foi dito na oração anterior.
As principais conjunções coordenativas explicativas são: porque, porquanto, que e pois (geralmente
anteposto ao verbo).

Conjunção explicativa
A maioridade penal é estipulada em 18 anos, porque segue a doutrina da proteção integral,
uma consequência da Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989).
Oração coordenada sindética explicativa

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• Conclusivas

A conjunção exprime uma conclusão, um fechamento. As principais conjunções coordenativas


conclusivas são: portanto, logo, por isso, por conseguinte e pois (geralmente posposto ao verbo).

Conjunção conclusiva
O objetivo do ECA é que os jovens sejam protegidos, por isso sua lógica é diferente daquela
seguida pelo Código Penal. Oração coordenada sindética conclusiva

• Alternativas

A conjunção expressa uma noção de alternância, opção, escolha. Nesse caso, a conjunção nor-
malmente é repetida, o que indica alternativas entre duas orações. As principais conjunções coorde-
nativas alternativas são: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja… seja e nem... nem.

Conjunção alternativa Conjunção alternativa


Ou se investe na infância ou se abre mão do futuro do País.
Orações coordenadas sindéticas alternativas

3. Período composto por subordinação


Nos períodos compostos por subordinação, a relação entre as orações é de dependência sintáti-
ca. Assim, as orações subordinadas são aquelas que desempenham uma função sintática em relação
à oração principal.
Sabendo disso, podemos classificar as orações subordinadas de acordo com o valor que assumem
em relação à oração principal. Assim, elas podem assumir valor de substantivo, adjetivo ou advérbio.

• Orações subordinadas substantivas

Equivalem a termos sintáticos representados por substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indi-
reto, aposto, etc.). Vamos detalhar as orações substantivas no próximo capítulo.

Oração principal
As pessoas favoráveis à redução da maioridade penal dizem que adolescentes de 16 e 17 anos
são responsáveis criminalmente por seus atos.
Oração subordinada substantiva
Função de objeto direto

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• Orações subordinadas adjetivas

Funcionam como adjetivo de um termo expresso na oração principal. Vamos estudar essas ora-
ções no Capítulo 3. Veja um exemplo:

No primeiro quadrinho, observe que a oração [...] que escrevi sobre drogas na juventude funciona
como adjetivo do termo redação, expresso na oração principal. Ou seja, não foi qualquer redação,
mas aquela que ele escreveu sobre um assunto específico. O mesmo ocorre no exemplo a seguir.
Veja:

Segundo o Artigo 27 do Código Penal, a partir dos 12 anos de idade um adolescente que co-
mete uma infração é responsabilizado por seus atos.

Neste exemplo, o trecho [...] que comete uma infração funciona como adjetivo do termo adoles-
cente, que está expresso na oração principal.

• Orações subordinadas adverbiais

Equivalem ao termo sintático representado pelos advérbios.

Oração subordinada adverbial


Embora a Convenção Internacional dos Direitos da Criança não determine a idade para a maio-
ridade penal, ela define como criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade.
Oração principal

Oração subordinada adverbial


Embora o ECA seja fundamental, suas medidas legais ainda são insuficientes.
Oração principal

Nesses exemplos, as orações em destaque se relacionam com as orações principais exercendo


um papel típico dos advérbios, construindo um sentido de concessão. As orações adverbiais são o
tema do Capítulo 4.

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Atividades

1. Durante a aula de Cidadania Moral e Ética na turma do 9º ano, o professor Ptolomeu propôs
aos seus alunos a atividade seguinte.

Professor Ptolomeu

Diante disso, dois alunos, Luzia e Serafim, apresentaram opiniões divergentes sobre o assunto.
Leia o diálogo estabelecido entre eles.

— Sou contra a redução da maioridade penal. Eu acredito que educação de qualidade


é o melhor caminho.
— Concordo com você, mas essa é uma solução de longo prazo. Por isso, a redução é
urgente. Ou o governo reduz a maioridade penal para 16 anos ou teremos ainda mais in-
segurança...
— Eu não considero que mais prisões vão diminuir a violência. Continuo defendendo
que políticas de promoção à saúde, à educação e ao lazer fariam muito mais diferença...
— Políticas públicas são importantes, porém a impunidade de menores gera mais vio-
lência.

Interrompidos pelo professor para que iniciassem o debate com o restante da turma, Luzia e
Serafim pararam de discutir o assunto. Serafim argumentou utilizando orações subordinadas.
Luzia, por sua vez, utilizou apenas orações coordenadas. Sabendo disso, responda às questões
a seguir.

a. Quem entre eles é contra a redução da maioridade penal?


Serafim é contra a redução da maioridade penal.

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b. Retire do diálogo uma oração coordenada sindética alternativa.
“Ou o governo reduz a maioridade penal para 16 anos ou teremos ainda mais insegurança... ”

c. Agora, transcreva duas orações coordenadas sindéticas adversativas.


“[...] mas essa é uma solução de longo prazo.”
“[...] porém a impunidade de menores gera mais violência.”

d. Escreva abaixo a oração que não é subordinada nem coordenada e aponte como podemos
classificá-la.
“Sou contra a redução da maioridade penal.” Trata-se de um período simples (oração absoluta).

2. Dando continuidade à reflexão sobre juventude, violência e criminalidade, o professor Pto-


lomeu pediu aos alunos que pesquisassem argumentos que justificassem o posicionamento
de cada um sobre a redução da maioridade penal. Ao final da pesquisa, os alunos deveriam
escrever um pequeno texto dissertativo no qual teriam de desenvolver os argumentos selecio-
nados. Atendendo ao pedido do professor, Serafim iniciou o seu texto da seguinte forma.

Como os crimes bárbaros praticados por adolescentes costumam ganhar destaque na mídia,
temos a falsa impressão de que eles são muito comuns, mas é justamente o contrário. Segundo
dados da Fundação Casa (SP), os jovens reeducandos que praticaram crimes de homicídio so-
mam apenas 3,15% em 2019, ou seja, representam um número muito pequeno.

a. Analisando o texto de Serafim, você consegue identificar qual é o posicionamento dele a


respeito da redução da maioridade penal?
Resposta pessoal. Esperamos que os alunos percebam que alguns recursos linguísticos deno-
tam o posicionamento do aluno contra a redução da maioridade penal, como o emprego do
adjetivo falsa, no primeiro período, e a citação de dados da Fundação Casa comprovando que
os números são muito pequenos.
b. Analisando o primeiro período do texto, transcreva a oração que expressa uma contradição
e explique como ela ocorre.
“[...] mas é justamente o contrário.” Ocorre oposição entre “pensar que os crimes são comuns,
frequentes” e os “dados com percentual baixo”.

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3. Leia.

Segundo dados da Fundação Casa (SP), os reeducandos que praticaram crimes de homicí-
dio somam apenas 3,15% em 2019.

Sobre a oração destacada no período, é correto afirmar que ela:


a. Restringe o sentido do substantivo reeducandos.
b. Explica o termo reeducandos.
c. Atua como advérbio.
d. Funciona como coordenada.
e. Exerce a função de um substantivo.

4. Discuta com os seus colegas e o seu professor: para desenvolver argumentos, é mais fácil em-
pregar orações coordenadas ou subordinadas? Anote sua conclusão.
Professor, espera-se que os alunos percebam que as orações subordinadas, por serem mais
variadas, apresentam mais possibilidades comunicativas e, sobretudo, argumentativas.

Texto

No quadro Retirantes, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pessoas
magérrimas e com expressões que revelam sentimentos de fome e miséria. Os retirantes fugiram
dos problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos altos índices de mortalidade infantil
no Nordeste.
Na tela, percebemos nove personagens de forma cadavérica, sendo dois homens adultos e duas
mulheres adultas. Percebemos, também, que na composição se encontram cinco crianças, porém
apenas uma delas pode ter o sexo identificado, que neste caso está exposto (lado direito da tela).
Há uma criança totalmente nua, e o personagem imediatamente atrás dessa mulher também se
encontra com seu dorso nu. É um velho, aparentemente o personagem mais idoso na composição.
Possui cabelos despenteados e barba, ambos já estão brancos, e segura um cajado. Seu olhar se faz
distante. A mulher que segura a criança a sustenta pelo lado, apoiando-a em seu quadril. Seu olhar
distante também transmite tristeza e solidão, que são marcadas pela fragilidade de sua fisionomia.
Há um pequeno raio de cor presente na veste desta mulher, que usa uma saia com o tom rosa-
-avermelhado. Essa mulher, frágil em sua condição social, possui um certo vigor físico, maior que o
do seu suposto marido.
Na outra família (centro), percebemos uma mulher mais jovem, com cabelos longos e negros e
olhar triste, cansado, e sua face retrata seu sofrimento. Esta mulher está segurando com seu braço
esquerdo uma trouxa branca na cabeça que certamente contém roupas. No braço direito, há uma
criança recém-nascida. Ao seu lado está um homem, provavelmente seu marido, com um chapéu
na cabeça, segurando a mão de uma criança que também usa chapéu. Com a outra mão, o homem
segura um pequeno pedaço de pau, com uma trouxa na ponta, que está apoiada sob seu ombro
esquerdo. Ao lado dele, encontram-se duas crianças, sendo a da frente do sexo masculino, pois está

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seminua e sua genitália está à mostra. Esta mesma criança apresenta um abdome bastante avanta-
jado, o que pode ter sido proposital pelo artista ao querer mostrar que, no período da produção da
obra, o País enfrentava sérios problemas com as questões de saneamento básico e tratamento da
água, o que fazia com que grande parte da população fosse atingida pela esquistossomose.
Percebemos claramente o ciclo da vida que se inicia com uma criança nesta cena e finda na figura
cadavérica do personagem mais idoso da composição.
No céu, há grande quantidade de pássaros pretos, provavelmente urubus, retratados num céu
bastante azul. Certamente os pássaros aparecem com a finalidade de retratar a morte, pois parecem
espreitar o grupo de retirantes. Há também uma alusão à morte no encontro de uma dessas aves
com o cajado do personagem mais velho, formando a conhecida foice que representa a presença
daquela que ceifa a vida.
[...]
Disponível em: http://www.filosofia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=352. Acesso em: 20/12/2019. Adaptado

Foto: João Musa.

Retirantes, 1944. Óleo sobre tela, 190 cm x 180 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

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5. Diversas formas de arte, como a música, a escultura e a pintura, oferecem-nos exemplos de
obras nas quais seus autores se preocuparam em retratar problemas sociais brasileiros. Gran-
de exemplo disso são algumas obras de Candido Portinari (1903–1962), artista plástico do
modernismo brasileiro, que apresentam várias leituras desses problemas. Uma das obras mais
conhecidas de Portinari é o quadro Retirantes, produzido em 1944. O texto que você leu apre-
senta uma interpretação do quadro. Sobre esse texto, assinale a opção correta.

a. Trata-se de um conto social, pois o objetivo é denunciar problemas sociais.


b. Apresenta predomínio do tipo textual descritivo, uma vez que seu objetivo é descrever
o quadro.
c. Possui várias sequências textuais argumentativas, pois seu objetivo é defender uma lei-
tura interpretativa do quadro.
d. Trata-se de um texto narrativo, pois identificamos elementos fundamentais da narra-
ção, como personagens, local, espaço e tempo.
e. Configura-se como um artigo de opinião, o que se justifica pelas diversas sequências
textuais argumentativas.

6. Ainda sobre o texto e a pintura, analise as proposições a seguir.

I. Ambos veiculam temas diferentes: enquanto o texto descreve apenas os personagens, a


pintura se volta para o ambiente.
II. Na obra de Portinari, é possível visualizar o desgaste da figura humana.
III. A pintura apresenta elementos físicos existentes no cotidiano dos retirantes que sofrem
com a seca e condições relacionadas à desigualdade social.
IV. Devido à linguagem não verbal, a pintura teve como objetivo construir uma imagem cujo
misticismo é oposto aos fatos da realidade observável.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e II.
b. I e III.
c. II e III.
d. I e IV.
e. III e IV.

7. Analise o período a seguir, retirado do primeiro parágrafo.

No quadro Retirantes, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pes-
soas magérrimas e com expressões que revelam sentimentos de fome e miséria.

a. A oração destacada se classifica como coordenada ou subordinada?


Subordinada.

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b. Qual o objetivo dessa oração no período?
A oração destacada tem o objetivo de adjetivar o substantivo expressões.

c. Como você sabe, a língua nos oferece inúmeras possibilidades de construções sintáticas que
podemos utilizar para atingir nossos objetivos comunicativos. Pensando nisso, reescreva o
período acima, substituindo a oração destacada por outra que adjetive de forma mais in-
tensa o substantivo expressões. Importante: faça as alterações necessárias, mas não altere
a estrutura do período.
Resposta pessoal. Sugestão: [...] que denunciam/confessam sentimentos de fome e miséria.

8. O texto nos apresenta dois pontos de vista sobre a representação da morte. Quais são eles?
Os pássaros pretos, certamente urubus, e a composição entre o cajado do personagem mais
velho e uma ave, o que parece uma foice.

9. Com base nas informações descritas no texto, construa um período composto por coordena-
ção com o objetivo de apresentar ao leitor essas duas representações da morte. Importante:
utilize uma oração coordenada sindética aditiva.
Resposta pessoal. Sugestão: Uma das representações é a composição entre o cajado do perso-
nagem mais velho e uma ave; a outra são os pássaros pretos.

10. Junte as informações a seguir em um único período composto. Faça as alterações necessárias,
utilize pontuação adequada e preserve o sentido original.

a.

O ECA é considerado um marco para os direitos fundamentais de crianças e adolescentes


no Brasil.
O ECA é considerado um exemplo importante para o mundo.

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Resposta pessoal. Sugestão: O ECA é considerado tanto um marco para os direitos fundamen-
tais de crianças e adolescentes no Brasil quanto um exemplo importante que deve ser seguido
internacionalmente.

b.

1. O ECA incorporou os avanços previstos na Convenção sobre os Direitos da Criança das


Nações Unidas.
2. O ECA abriu o caminho para se concretizar o Artigo 227 da Constituição Federal.
3. O Artigo 227 da Constituição Federal determinou direitos e garantias fundamentais a
crianças e adolescentes.

Resposta pessoal. Sugestão: O ECA incorporou os avanços previstos na Convenção sobre os


Direitos da Criança das Nações Unidas e abriu o caminho para se concretizar o Artigo 227 da
Constituição Federal, que determinou direitos e garantias fundamentais a crianças e adoles-
centes.

11. Leia.

A vida é curta. Curta!

Como você pode perceber, nos períodos acima os termos destacados são homônimos perfei-
tos, isto é, possuem a mesma grafia e a mesma escrita, mas apresentam sentidos diferentes.

a. Reescreva os períodos, substituindo cada palavra destacada por um sinônimo.


Resposta pessoal. Sugestão: A vida é breve. Aproveite!

b. Transforme os dois períodos em um só. Utilize um conectivo adequado para explicitar a


relação semântica estabelecida entre eles.
Resposta pessoal. Sugestão: A vida é curta, por isso curta!

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Desafio

Texto 1

Ei, Ardoca

O barulhar seco e cortante do trem irritava os ouvidos de Ardoca. O atrito da máquina nos trilhos
ecoava constantemente no fundo de seus tímpanos. Aos domingos, dentro de casa, no silêncio da
mulher, nas vozes e brincadeiras dos filhos, ele ouvia o grito arranhado do aço espichado sobre o
solo. Grito lancinante e cortante debaixo do comboio pesadão que parecia massacrar a linha férrea
inerte. Ardoca nascera quase que dentro daquela máquina. Sua mãe, moradora do subúrbio, fazia a
viagem diária rumo ao trabalho. Ela grávida, ele estufando na barriga materna respondia aos sola-
vancos do trem com chutes internos. Depois, cá fora, no mundo, no colo da mãe, acordava e chorava
durante todo o tempo da viagem. Cresceu em meio aos solavancos, ao empurra-empurra, aos gritos
dos camelôs, às rezas dos crentes, às vozes dos bêbados, aos lamentos e cochilos dos trabalhadores
e trabalhadoras cansados. Assistiu inúmeras vezes, como testemunha cega e muda, a assaltos, as-
sassinatos, tráfico e uso de droga nos vagões superlotados. A cada viagem, Ardoca mais estranhava
e se desacostumava à vida do trem. Queria viajar com o mesmo descuido de alguns que jogavam
porrinha ou dormiam durante o percurso, mas permanecia sempre desesperadamente acordado.
Estava sempre atento, tenso, como se o trem, a qualquer momento, pudesse autocolidir, se autoem-
barafunhar, fazendo com que o último vagão se fechasse em círculo sobre o primeiro e soltasse tudo
pelos ares.

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E foi então que, em uma tarde, Ardoca cami- lher levantou, comprou um copo d’água e deu-
nhou com passos lentos em direção à estação. -lhe de beber, tentando reanimá-lo. Os crentes
Era sábado. O movimento menor de passagei- continuavam bradando o hino. O vendedor de
ros não garantiu, porém, a possibilidade de um água, buscando um espaço para fazer valer a sua
lugar vazio. Ele se sentia cansado por todos os fala, anunciava o seu produto em altíssima voz.
dias, todos os trabalhos e por toda a vida. Entrou O trem parado continuava mortificando os ou-
na fila para a compra do bilhete. O funcionário vidos fragilizados de Ardoca. Enquanto isso, sua
deu-lhe o troco. Ardoca, com um gesto, recusou. vida ia se aprofundando mais e mais no dissentir
Olhou o trem, a composição pareceu-lhe mais de tudo. Ele buscava a respiração lá no fundo. A
longa ainda. Subiu com dificuldades, encostou- mulher que lhe socorreu parecia querer chorar.
-se à parede do vagão e depois lentamente foi Neste momento, entrou no vagão um passageiro
escorregando o corpo até chegar ao chão. Algu- correndo e gritando. Desesperado, empurrou as
mas pessoas riram. Alguém gritou que o homem pessoas buscando passagem em direção ao ra-
estava bêbado. Outro completou a observação paz desfalecido, chamando por ele:
dizendo que o dinheiro do pobre não dava para o — Ei, Ardoca! Ei, Ardoca!
alimento, mas dava para a cachaça. O trem con- Rapidamente o tomou no colo, desceu do trem
tinuava parado, mas a barulheira sobre os trilhos e o depositou no banco da estação. A composição
alcançava e feria os ouvidos de Ardoca. Ele sor- iniciou lentamente a partida. Cá de dentro, a mu-
ria um pouco. Um suor frio escorria sobre a sua lher que se condoera de Ardoca e alguns outros
face. Um grupo de crentes cantava, olhando para passageiros ainda puderam ver. Aquele que o so-
ele como se quisesse comovê-lo. Aleluiavam aos correra estava a meter a mão nos bolsos de Ardoca
altos brados um Senhor que, segundo eles, fa- e a arrancar-lhe os sapatos e o relógio que ele tra-
lava em silêncio aos homens. Ardoca abando- zia no pulso. Ardoca estava sendo assaltado. A mu-
nava o corpo, que pendia lentamente para um lher fez menção de descer, mas a máquina ganhou
lado. O passageiro do banco próximo encolheu o velocidade e partiu. Não era preciso, porém, nem
pé. Um camelô que vendia água pulou por cima dor, nem lágrimas. O outro podia levar os poucos
dele para atender uma pessoa. Ardoca respirava pertences de Ardoca. Podia tomar-lhe tudo. Ardo-
com dificuldade, debaixo do negro de sua pele, ca não tinha mais nada, nem a vida [...].
um tom amarelo desbotado aparecia. Uma mu- EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016.

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1. Com base no seu conhecimento de mundo, nas sequências textuais e na finalidade comunica-
tiva do Texto 1, é correto afirmar que:
a. É um exemplo de conto psicológico, pois retrata o conflito interior vivenciado pelo per-
sonagem principal.
b. Apresenta com grande relevo o fluxo de consciência, apresentado pelo narrador-personagem.
c. Trata-se de um conto com temática social.
d. Configura-se como uma narrativa breve com foco narrativo em primeira pessoa.
e. Tem como objetivo apresentar argumentos que reforcem a opinião central.

2. Indique o período que melhor resume o Texto 1.


a. O narrador-observador nos apresenta um personagem em conflito interior e não se
sente bem no trem.
b. Ardoca é um jovem negro que vive em uma situação de vulnerabilidade social, por isso
trabalha no trem vendendo doces.
c. No texto, fica evidente o conflito do personagem principal consigo mesmo. Apesar de
sempre ter convivido com trens, não se acostuma a eles, acaba passando mal e morre
dentro de um vagão.
d. Ardoca é um homem negro, utiliza o transporte público e passa mal.
e. O texto conta a história de um passageiro do trem que sofre um assalto e morre durante
a viagem de volta para casa.

3. Releia o trecho a seguir, retirado do primeiro parágrafo.

A cada viagem, Ardoca mais estranhava e se desacostumava à vida do trem. Queria viajar
com o mesmo descuido de alguns que jogavam porrinha ou dormiam durante o percurso,
mas permanecia sempre desesperadamente acordado.

Agora, analise as afirmações abaixo.


I. O primeiro período apresenta uma adição de ideias.
II. O segundo período apresenta, simultaneamente, orações coordenadas e subordinadas.
III. A construção sintática do segundo período é inadequada, pois há várias orações encadeadas.
IV. A oração ou dormiam expressa uma ideia oposta em relação à oração anterior.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e II. b. I e III. c. II e III. d. I e IV. e. III e IV.

4. Chama a atenção, no Texto 1, o emprego de alguns verbos de uso incomum. Os itens a seguir
apresentam alguns desses verbos. Indique aquele que atua como núcleo de uma oração coor-
denada aditiva.
a. Desacostumar. (primeiro parágrafo)
b. Autoembarafunhar. (primeiro parágrafo)
c. Aleluiar. (segundo parágrafo)
d. Dissentir. (segundo parágrafo)
e. Condoer. (quarto parágrafo)

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5. Há uma quebra de expectativa no quarto parágrafo. Essa quebra fica evidenciada na oração:
a. [...] e o depositou no banco da estação.
b. [...] estava a meter a mão nos bolsos de Ardoca [...].
c. [...] mas a máquina ganhou velocidade [...].
d. Não era preciso, porém, nem dor [...].
e. Ardoca não tinha mais nada [...].

Texto 2

Homicídios de crianças e adolescentes


No Brasil, todos os dias, 31 crianças e adolescentes morrem assassinados. Responder às formas
extremas de violência e prevenir os homicídios de crianças e adolescentes são prioridades para o
Unicef.

Nas últimas décadas, o Brasil alcançou avanços guerra. No Iraque, foram registradas 5.513 mor-
importantes na redução da mortalidade infantil. tes de meninos no mesmo período, em decor-
Essas conquistas permitiram rência da violência.
que o País salvasse cerca de 239 O Brasil é um dos cinco Caso não haja mudanças sig-
mil crianças, entre 1995 e 2005. países com os maiores nificativas no País, 43 mil ado-
No entanto, muitas dessas índices de homicídios de lescentes de 12 a 18 anos serão
crianças não chegaram à idade adolescentes no mundo, mortos no Brasil entre 2015 e
adulta. Durante a década seguin- mas o cenário brasileiro 2021, de acordo com o Índice
te (2006 a 2015), cerca de 100 é o pior em números ab- de Homicídios na Adolescência
mil meninos e meninas adoles- solutos. (IHA, 2014). O IHA é uma ferra-
centes foram vítimas de homicí- menta desenvolvida pelo Unicef
dios no Brasil. Ou seja: as vidas e parceiros para analisar o ce-
salvas na primeira infância foram perdidas na se- nário dos homicídios de adolescentes no País e
gunda década por causa da violência (Datasus). fazer estimativas para o futuro.
O número de homicídios de adolescentes do Sete das 10 cidades mais violentas do Brasil
sexo masculino no Brasil é maior, inclusive, do estão na Região Nordeste. Fortaleza tem o maior
que em países afetados por índice de homicídios de ado-
conflitos, como Síria e Iraque. As vítimas de homicí- lescentes do País, com 10,94
Em 2015, 11.403 adolescen- dios são, em sua maio- para cada 1.000 adolescentes,
tes de 10 a 19 anos foram as- ria, meninos negros que, seguida por Maceió (9,37). Rio
sassinados no Brasil, dos quais vivem nas periferias dos de Janeiro e São Paulo, na Re-
10.480 eram meninos. No mes- grandes centros, estão gião Sudeste, ocupam as posi-
mo período, na Síria, um total fora da escola e vêm de ções 19 e 22 no ranking (com
de 7.607 meninos morreram, famílias com baixo po- 2,71/1.000 e 2,19/1.000, res-
a maioria em decorrência da der aquisitivo. pectivamente).

Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/homicidios-de-criancas-e-adolescentes. Acesso em: 12/12/2019. Adaptado.

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6. Considerando os recursos linguísticos empregados no Texto 2, assinale a afirmação correta.

a. Podemos verificar uma relação de complementariedade de ideias entre o primeiro e o


segundo parágrafos.
b. No terceiro parágrafo, o termo como Síria e Iraque atua como oração coordenada sindé-
tica explicativa.
c. No terceiro parágrafo, a palavra inclusive expressa uma ideia de oposição em relação ao
que foi dito antes.
d. A oração que inicia o quarto parágrafo expressa uma hipótese.
e. No quarto parágrafo, a última oração representa uma ideia alternativa em relação à
oração anterior.

7. Releia o período a seguir.

O Brasil é um dos cinco países com os maiores índices de homicídios de adolescentes no


mundo, mas o cenário brasileiro é o pior em números absolutos.

Sobre a palavra destacada no período, é incorreto afirmar que:

a. Expressa uma quebra de expectativa em relação ao conteúdo declarado na oração an-


terior.
b. Indica uma contrariedade de ideias.
c. Sinaliza uma oposição entre o conteúdo expresso na oração que a contém e o conteúdo
declarado no período anterior.
d. Introduz uma oração coordenada adversativa.
e. Expressa uma adversidade de ideias.

8. Agora, analise o período a seguir.

As vítimas de homicídios são, em sua maioria, meninos negros que vivem nas periferias dos
grandes centros, estão fora da escola e vêm de famílias com baixo poder aquisitivo.

Sobre os recursos linguísticos empregados nesse período, é correto afirmar que:

a. Trata-se de um período composto por coordenação, mas há uma oração subordinada.


b. As informações expressas pelas orações se somam umas às outras.
c. A última oração expressa uma adição, enquanto as demais não expressam relação de
sentido entre si.
d. O objetivo comunicativo da oração estão fora da escola é indicar que os assassinatos
ocorrem, em sua maioria, fora do ambiente escolar.
e. As orações se ordenam de maneira dependente umas das outras ao longo do período.

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Texto 3

Disponível em: https://acessaber.com.br/wp-content/uploads/2016/06/tira-garfield.png.webp. Acesso em: 24/01/2020.

9. Com base no Texto 3, assinale a alternativa a. Não, pois, por serem invariáveis, as
correta. conjunções não mudam seu sentido.
a. No primeiro quadrinho, a conjunção b. Não, pois a conjunção e sempre tem
e faz a ligação entre as duas orações, valor aditivo, independentemente
construindo o sentido de adição. da construção oracional em que ela
b. No primeiro quadrinho, a conjunção estiver.
e não faz ligação entre as orações c. Sim, pois, na frase original, o senti-
existentes, pois elas são indepen- do da conjunção e é de adversidade,
dentes. enquanto na modificada seu sentido
c. No primeiro quadrinho, a conjunção passa a assumir um valor de adição.
e liga a primeira oração à segunda, d. Sim, pois todas as conjunções de-
expressando valor de adversidade. vem concordar com o verbo princi-
d. No primeiro quadrinho, se trocar- pal da oração.
mos a conjunção e pela conjunção e. Não, pois a ideia principal da frase
por isso, o sentido do texto não mu- original e da frase modificada é que
dará, pois ambas são conjunções. John olhou o shopping todo e isso
e. No terceiro quadrinho, a palavra permaneceu nas duas frases.
para pode ser considerada uma
conjunção coordenativa. 11. Ainda em relação ao primeiro quadrinho,
assinale a opção em que, mudando a con-
10. De acordo com a fala de John no primeiro junção e, não há alteração do sentido ori-
quadrinho, percebemos que ele está desa- ginal da frase.
nimado porque andou muito no shopping a. Nós olhamos no shopping inteiro,
à procura de um presente, mas não o porquanto eu ainda não achei um
achou. Percebemos, também, que a con- presente para Liz!
junção utilizada causa esse efeito na inter- b. Nós olhamos no shopping inteiro,
pretação do texto. Imagine que ele falasse portanto eu ainda não achei um
a seguinte frase: presente para Liz!
c. Nós não só olhamos no shopping
Nós olhamos no shopping inteiro e eu inteiro, mas também eu ainda não
achei um presente para Liz! achei um presente para Liz!
d. Nós olhamos no shopping inteiro,
Neste caso, o valor atribuído à conjunção e contudo eu ainda não achei um pre-
seria diferente? sente para Liz!
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Questões de escrita

Paráfrase
1. Um texto, ou parte dele, pode ser de difícil compreensão se o leitor não dominar o conteú-
do da leitura, a linguagem empregada ou a área de conhecimento específica à qual o texto
pertence, por exemplo. Nesses casos, é bem-vinda uma explicação interpretativa, para que
o texto, que originalmente seria de difícil compreensão, torne-se acessível. Chamamos essa
reescrita de paráfrase. Sabendo disso, volte ao texto de Serafim (questão 2, página 14) e iden-
tifique a oração que funciona como paráfrase.
“[...] ou seja, representam um número muito pequeno.”

2. Qual termo essa paráfrase “interpreta”?


A paráfrase é utilizada para interpretar o dado estatístico.

3. Agora, volte ao Texto 2 da seção Desafio e transcreva a paráfrase feita.


A paráfrase está no segundo parágrafo: “Ou seja: as vidas salvas na primeira infância foram
perdidas na segunda década por causa da violência (Datasus)”.

4. Uma característica importante da paráfrase é a fidelidade às ideias originais com o uso de


outras palavras, preservando o essencial, de forma a clarificar o texto parafraseado. Assim, co-
nectivos como isto é, ou seja e por outras palavras são recorrentes introdutores de paráfrases.
Reescreva os períodos a seguir, enriquecendo-os com uma paráfrase.
a. A palavra cidadania é usada todos os dias e tem vários sentidos. Mas hoje significa, em es-
sência, o direito de viver decentemente.
Sugestão de resposta: A palavra cidadania é usada todos os dias e tem vários sentidos. Mas
hoje significa, em essência, o direito de viver decentemente. Ou seja: fazer as três refeições,
frequentar a escola, poder cuidar da saúde, etc.

b. Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, 87% dos entrevistados afirmaram ser a favor da
redução da maioridade penal.
Sugestão de resposta: Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, 87% dos entrevistados afir-
maram ser a favor da redução da maioridade penal. Em outras palavras, a maioria dos brasilei-
ros acredita que a redução da maioridade penal ajudará a combater a violência.

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CAPÍTULO
2
Orações Subordinadas
Substantivas

1. Conceito
O escritor carioca Machado de Assis descreveu com grande sagacidade o estilo de vida, os modos
e os elementos que constituíam o comportamento social em sua época. Alguns críticos chegam a
considerar seus escritos verdadeiros testemunhos da sociedade de então.
Leia com atenção este trecho do livro Esaú e Jacó, de Machado de Assis.

Na véspera, tendo de ir abaixo, Custódio foi à Rua da Assembleia, onde se pintava a tabu-
leta. Era já tarde; o pintor suspendera o trabalho. Só algumas das letras ficaram pintadas — a
palavra Confeitaria e a letra d. A letra o e a palavra Império estavam só debuxadas a giz. Gos-
tou da tinta e da cor, reconciliou-se com a forma e apenas perdoou a despesa. Recomendou
pressa. Queria inaugurar a tabuleta no domingo. Ao acordar de manhã, não soube logo do
que houvera na cidade, mas pouco a pouco vieram as notícias, viu passar um batalhão e creu
que lhe diziam a verdade os que afirmavam a revolução e vagamente a república. A princípio,
no meio do espanto, esqueceu-lhe a tabuleta. Quando se lembrou dela, viu que era preciso
sustar a pintura. Escreveu às pressas um bilhete e mandou um caixeiro ao pintor. O bilhete
dizia só isto: “Pare no d.”. Com efeito, não era preciso pintar o resto, que seria perdido, nem
perder o princípio, que podia valer. Sempre haveria palavra que ocupasse o lugar das letras
restantes. “Pare no d”.
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Recife: Prazer de Ler, 2014. pp. 135–136.
Reprodução.

Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, entre 1909 e 1919. Coleção da National Photo Company.

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APRENDA MAIS

Reprodução.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janei-
ro, em 21 de junho de 1839, falecendo na mesma cidade em 29
de setembro de 1908. Foi romancista, contista, cronista, poe-
ta, jornalista e teatrólogo. Por ser de origem humilde, ele não
pôde frequentar uma instituição de ensino, mas mesmo assim
procurou estudar.
Machado de Assis é seguramente um dos maiores escri-
tores em Língua Portuguesa de todos os tempos. Cultivando
vários gêneros literários, como poesia, prosa e teatro, seus tex-
tos são considerados verdadeiros documentos humanos e de Machado de Assis aos 25 anos,
paisagens sociais do final do século XIX e início do século XX. 1864. Acervo particular. Foto:
Insley Pacheco.

Pedimos a ajuda do nosso querido escritor Machado de Assis para dar início à temática deste
capítulo: orações subordinadas substantivas.
No livro Esaú e Jacó, Machado constrói uma alegoria do momento histórico pelo qual passava o
Brasil no final do século XIX: a transição da Monarquia para a República. Nesse trecho, Machado nos
conta que Custódio, dono da Confeitaria do Império, pretende mudar o nome do estabelecimento, a
fim de evitar problemas com os revolucionários republicanos. Sua motivação é, entretanto, pessoal,
nada tem a ver com interesses políticos. A crítica de Machado é a de que, na época, as pessoas não
conseguiam perceber a diferença entre monarquia e república. E, de fato, fontes históricas revelam
que os discursos eram diferentes, mas as práticas políticas eram semelhantes.

APRENDA MAIS

Fontes históricas da época da Proclamação da República sugerem que, na verdade, tínha-


mos um imperador republicano e um presidente monarquista. Isso porque o Marechal
Deodoro da Fonseca teria dito em carta ao seu sobrinho que a república seria inviável no
Brasil e que a monarquia era seu sustentáculo. Já o imperador D. Pedro II teria escrito no
rodapé de uma página de livro que a república era inevitável e que seria mais feliz como
presidente da República.

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Simplificando, podemos dizer que essa dúvida ocorria, entre outros motivos, porque tanto a re-
pública quanto a monarquia necessitam de alguém para governar. Na república, esse papel é exerci-
do pelo presidente; na monarquia, pelo rei.
Da mesma forma, na análise sintática, muitas vezes ficamos confusos quando temos de definir
qual é a função de cada termo. Isso ocorre porque alguns termos são “governados” por uma mesma
figura: o substantivo. Esses termos são:

Sujeito Objeto direto


Objeto indireto Predicativo
Complemento nominal Aposto

2. Classificação
• Oração subordinada substantiva subjetiva

Chamamos de sujeito o termo da oração com o qual o verbo geralmente concorda. O sujeito sem-
pre apresenta um núcleo, isto é, a palavra mais importante, pois concentra seu significado básico.
Em regra, o sujeito tem valor substantivo. Veja:

Oração principal
Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante a Proclamação da República.
Sujeito

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Agora, observe que, no período abaixo, o sujeito é representado por uma oração:

Oração principal
Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante que proclamassem a República.
Oração subordinada substantiva subjetiva

Nesse período, a oração subordinada substantiva é integrada à oração principal por meio da
palavra que, chamada, portanto, de conjunção integrante. As conjunções integrantes (são somente
as palavras que e se) introduzem todas as orações subordinadas substantivas desenvolvidas, isto é,
aquelas que apresentam o verbo flexionado.
Quando empregamos o verbo principal no infinitivo, a oração substantiva dispensa o conectivo.
Nesse caso, dizemos que a oração está na sua forma reduzida. Veja:

Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante que se proclamasse a República.


Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva

Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante proclamar a República.


Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo

Na República, convém que se respeitem os interesses da comunidade.


Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva

Na República, convém respeitar os interesses da comunidade.


Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo

É importante notar que nem sempre essa passagem para a forma reduzida é possível. A oração
subordinada substantiva a seguir, por exemplo, não pode ser reduzida. Observe:

É sabido que a proclamação não atendeu aos interesses dos brasileiros em geral.
Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva

30

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• Oração subordinada substantiva objetiva direta

Essa oração desempenha a função de objeto direto, ou seja, complementa o sentido do verbo
transitivo direto (VTD) expresso na oração principal. Como se trata de oração substantiva, a sua
forma desenvolvida é introduzida por uma das conjunções integrantes (que ou se), e sua forma re-
duzida é construída com o verbo empregado no infinitivo.

APRENDA MAIS

No caso das orações substantivas objetivas diretas, a conjunção integrante se é empregada


sempre que seu conteúdo é encarado como incerto ou quando há dúvida por parte do
autor.

VTD
Não sabia se decidia pelo Império ou pela República.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta

VTD
Queria inaugurar a confeitaria no domingo.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo

VTD
Machado percebeu que as pessoas tinham dúvida sobre a Monarquia e a República.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta

VTD
Custódio viu que era preciso sustar a pintura.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta

• Oração subordinada substantiva objetiva indireta

Como o próprio nome indica, essa oração desempenha a função de objeto indireto, ou seja,
complementa o sentido do verbo transitivo indireto (VTI) expresso na oração principal. Veja alguns
exemplos.

VTI
Custódio não soube do que houvera na cidade.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva indireta

31

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VTI
Os cafeicultores do oeste paulista discordavam de que a monarquia continuasse.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva indireta

VTI Oração subordinada substantiva objetiva indireta


Lembre-se de que Deodoro da Fonseca fechou o Congresso Nacional.
Oração principal

Reprodução.
Vista do Porto de Santos no final do século XIX (Benedito Calixto,
1898). Nele, era exportado o café produzido no Brasil.

• Oração subordinada substantiva completiva nominal

Você se lembra de que alguns substantivos abstratos, adjetivos e advérbios exercem predicação,
isto é, exigem complemento para ter sentido completo? Então, o termo que na oração atende a essa
função é o complemento nominal, mais um termo que possui valor substantivo e pode ser expresso
por uma oração. Observe:

Adjetivo com sentido incompleto


Floriano era consciente de que precisava dos produtores de café do oeste paulista.
Oração principal Oração subordinada substantiva completiva nominal

Adjetivo com sentido incompleto


Floriano era consciente de que não governaria sem o auxílio dos fazendeiros.
Oração principal Oração subordinada substantiva completiva nominal

Adjetivo com sentido incompleto


Fazendeiros e militares estavam certos de que o governo atenderia aos seus interesses.
Oração principal Oração subordinada substantiva completiva nominal

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• Oração subordinada substantiva predicativa
Ao estudarmos as orações subordinadas substantivas objetivas diretas e objetivas indiretas, vi-
mos que elas são empregadas quando, na oração principal, há um verbo transitivo, isto é, um verbo
que exige complemento. Algo diferente ocorre quando na oração principal não há um verbo tran-
sitivo, mas um verbo de ligação. Os verbos de ligação, como o próprio nome deixa claro, desempe-
nham apenas a função de ligar termos. Na prática, o termo que aparece depois desse tipo de verbo
adjetiva (qualifica) o termo que veio antes. Esse termo é chamado de predicativo.

Sujeito Verbo de ligação


Após a Proclamação da República, o Brasil continuou agrário.
Predicativo do sujeito

Quando o predicativo é representado por uma oração, temos uma oração subordinada substan-
tiva predicativa. Essa oração funciona, portanto, como predicativo do sujeito expresso na oração
principal. Nesse caso, o verbo de ligação é sempre ser.

Oração principal
A expectativa de alguns fazendeiros era que o Brasil fosse eternamente agrário.
Oração subordinada substantiva predicativa

Oração principal
A função de São Paulo era que as fazendas produzissem café.
Oração subordinada substantiva predicativa

Oração principal
A impressão é que Minas Gerais fabricava apenas leite.
Oração subordinada substantiva predicativa

Reprodução.
Colheita do café, 18 cm x 13 cm, no início do século XX.
Acervo do Museu Paulista.

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• Oração subordinada substantiva apositiva
Essa oração atua como aposto da oração principal. Chamamos de aposto uma palavra ou expres-
são que explica, especifica ou resume um termo da oração. Em geral, a oração apositiva é precedida
de dois-pontos, mas pode ser empregada também entre vírgulas ou travessões.

Oração principal
Os fazendeiros focaram no seu conhecido interesse: que obtivessem grandes lucros.
Oração subordinada substantiva apositiva

Oração principal
Rui Barbosa teve uma ideia: um plano que favorecesse o crescimento industrial.
Oração subordinada substantiva apositiva

A ideia de Rui Barbosa, de que o Governo emitisse dinheiro, gerou o Encilhamento.


Oração subordinada substantiva apositiva

APRENDA MAIS

O governo do Marechal Deodoro da Fonseca (1891) durou apenas nove meses e foi mar-
cado por uma grave crise econômica.
Para emprestar dinheiro aos empresários que quisessem montar ou ampliar sua fábri-
ca, o ministro da Economia, Rui Barbosa (1849–1923), mandou imprimir muito mais papel-
-moeda que o necessário. Como o crescimento da economia não acompanhou a quantida-
de das notas de dinheiro, elas perderam seu valor, e a inflação aumentou. Esse plano ficou
conhecido como Encilhamento.
Reprodução.

Nessa ilustração, que retrata a época do governo de Deodoro, vemos


muitas pessoas reunidas em frente à Bolsa de Valores do Rio de Janei-
ro. A ilustração sugere o desespero decorrente do Encilhamento.

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Atividades

1. A palavra república vem do latim e significa coisa pública, do povo. Por esse motivo, em sua es-
sência, essa forma de governo deveria representar o modelo no qual o Estado se encarrega de
atender aos interesses gerais dos cidadãos. Apesar disso, quando a república foi proclamada
no Brasil, em 15 de novembro de 1889, não atendeu ao povo. Utilizando essas informações,
os seus conhecimentos sobre a chamada Primeira República (1889–1930) e o que vimos neste
capítulo sobre as orações subordinadas substantivas, indique a oração que completa correta-
mente a frase a seguir.

A proclamação da república atendeu ____________.

a. que o povo tivesse seus interesses preservados.


b. à manutenção dos interesses de classes sociais privilegiadas.
c. a um desejo de militares, fazendeiros e cidadãos da classe média urbana.
d. que setores privilegiados governassem em seu próprio favor.
e. que o Brasil se transformasse em uma potência industrial.

2. Para realizar uma atividade interdisciplinar, os professores de Língua Portuguesa e de História


do 9º ano entregaram o texto a seguir aos seus alunos.

A Primeira República

Estudar o fim do Império nos ajuda a entender como se instituiu a Primeira República. Isso
porque a Primeira República corresponde ao fim deste, em 1889, até a Revolução de 1930.
Liderado por Marechal Deodoro da Fonseca, o movimento destituiu do poder o último
imperador do País, instaurando uma nova forma de governo, a República. Esse aconteci-
mento não alterou as estruturas socioeconômicas brasileiras: as desigualdades e a economia
frágil continuaram as mesmas. Insatisfeitos, diversos setores da sociedade decidiram que
não se conformariam. As pessoas estavam conscientes de que os parâmetros jurídicos não
limitariam a participação política. Por isso, diversas revoltas populares surgiram, tanto no
campo quanto na cidade. Lembre-se de que Canudos e Contestado surgiram a partir disso.
A análise cuidadosa desses movimentos é que nos levará à instauração da República.

Após fazer a leitura do texto com a turma, o professor de Língua Portuguesa mostrou aos
alunos que o conhecimento sobre as orações subordinadas substantivas é importante para
nos ajudar a ler e produzir textos de maneira mais eficiente. Para exemplificar o conteúdo, ele
retirou do texto um tipo diferente de oração subordinada substantiva. Diante disso, que trecho
ele retirou para exemplificar:

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a. Uma oração subordinada substantiva 4. Faça como o professor e retire, do seu livro
subjetiva? de História, no capítulo sobre a Primeira
República, um exemplo de oração subordi-
“Estudar o fim do Império [...].”
nada substantiva.
b. Uma oração subordinada substantiva Resposta pessoal.
objetiva direta?
“[...] que não se conformariam.”
5. Reescreva os períodos a seguir, substituin-
c. Uma oração subordinada substantiva
do as orações subordinadas substantivas
objetiva indireta desenvolvida?
por termos de valor substantivo. Faça as
“[...] de que Canudos e Contestado surgi- alterações necessárias, mas não mude o
ram a partir disso.” sentido do período. Observe o modelo.
d. Uma oração subordinada substantiva
objetiva indireta reduzida? Uma das decisões da Constituição de 1891
“[...] a entender como se instituiu a Pri- foi que se abolissem as instituições mo-
meira República.” nárquicas.
e. Uma oração subordinada substantiva Uma das decisões da Constituição de 1891
completiva nominal? foi a abolição das instituições monárquicas.
“[...] de que os parâmetros jurídicos não
limitariam a participação política.” a. A Constituição de 1891 definiu que o sis-
f. Uma oração subordinada substantiva tema de governo seria presidencialista.
predicativa? A Constituição de 1891 definiu o presiden-
“[...] que nos levará à instauração da repú- cialismo como sistema de governo.
blica.”
g. Uma oração subordinada substantiva b. O presidente Deodoro queria que se in-
apositiva? vestisse na indústria.

“[...] as desigualdades e a economia frágil O presidente Deodoro queria investimen-

continuaram as mesmas.” tos na indústria.

3. Uma das orações abaixo não é subordina- c. Rui Barbosa permitiu que se emitisse
da substantiva. Identifique qual é e expli- dinheiro sem qualquer exigência de las-
que por quê. tro em ouro.
Rui Barbosa permitiu a emissão de dinheiro
a. Na República, convinha lutar por me-
lhorias socioeconômicas. sem qualquer exigência de lastro em ouro.
b. O Coronelismo perdeu força após a d. O governo garantiu que os resultados
Revolução de 1930, mas algumas práticas das eleições eram autênticos.
continuaram por muito tempo.
O governo garantiu a autenticidade dos re-
sultados das eleições.
O item B, pois não há subordinação entre a pri-

meira e a segunda oração, e sim coordenação.

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Desafio

Texto

Disponível em: http://rapaduracult.blogspot.com/2012/06/sic-de-orlandeli.html. Acesso em: 31/10/2019.

do texto, os adjetivos utilizados para


1. A respeito do texto, são feitas as seguintes qualificar o porco não podem ser apli-
afirmações. cados ao personagem principal, pois
este é um ser humano.
I. Estamos diante de uma tirinha. V. O pesadelo que o personagem tem re-
II. Trata-se de um gênero textual em que petidamente é resultado de sua con-
podemos observar características nar- duta moral.
rativas.
Está correto o que se afirma apenas em:
III. No último quadrinho, observamos
a. I, II e III. b. I, III e IV.
uma equivalência entre o personagem
c. I, III e V. d. II, IV e V.
e o porco.
e. IV e V.
IV. De acordo com a interpretação global

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2. O período a seguir foi retirado do primeiro 5. As frases abaixo foram retiradas do tercei-
quadrinho. Releia-o com atenção e identi- ro quadrinho. Analise-as com atenção.
fique a afirmação incorreta.
O bicho me olha. Ele sempre me olha. O
Mais uma vez, não entendo o que está acon- olhar é uma mistura de desprezo e nojo.
tecendo, mas já é a quinta vez esse mês que
um porco nojento invade o meu sonho. Agora, assinale a afirmação correta.
a. Trata-se de um período composto
a. A estrutura o que está acontecendo por coordenação, pois é formado
complementa o sentido do verbo por orações independentes.
entender. b. A segunda oração tem valor subs-
b. O termo mais uma vez indica que o tantivo e funciona como sujeito da
pesadelo do personagem ocorre to- oração seguinte.
das as noites. c. A oração me olha é utilizada duas
c. A palavra mas indica uma coordena- vezes para expressar ênfase.
ção de ideias. d. Há uma relação de adição de ideias
d. O adjetivo nojento carrega forte va- entre a segunda e a terceira oração.
lor argumentativo, sendo sinônimo e. A oração uma mistura de desprezo
de asqueroso. e nojo é subordinada substantiva
e. O emprego do verbo invadir indica predicativa.
que a ação desempenhada pelo por-
co acontece de forma inesperada. 6. Analise a manchete a seguir.

3. Agora leia. Paciente que precisa amputar dedos do pé


corre risco de perder a perna por demora
Mesmo sabendo que é um sonho, o fedor em cirurgia em MT
é insuportável. Quero ficar longe. Disponível em: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/
noticia/2019/05/14/paciente-que-precisa-amputar-dedos-do-
pe-corre-risco-de-perder-a-perna-por-demora-em-cirurgia-em-
Como você pode perceber, nesse trecho mt.ghtml. Acesso em: 29/06/2020.

temos duas frases verbais, ou períodos.


Caso o autor desejasse transformar essas Sobre esse período, é correto afirmar que:
duas frases em uma só, poderia utilizar a. A oração sublinhada complementa
como conector: o sentido da palavra risco, isto é, no
a. E. b. Mas. particípio do verbo riscar.
c. Pois. d. Por isso. b. A palavra risco é um substantivo
e. No entanto. abstrato de sentido incompleto.
A frase ficaria: Mesmo sabendo que é um sonho, o fedor c. A oração sublinhada faz alusão à pa-
é insuportável, por isso quero ficar longe.
lavra amputar, que é um verbo.
4. Os adjetivos a seguir foram retirados do
d. Como o paciente não é identificado, te-
Texto 1. Identifique aquele que não se re-
mos um caso de sujeito indeterminado.
fere a um personagem do texto.
e. A oração sublinhada se classifica
a. Nojento. b. Asqueroso.
como subordinada substantiva, pois
c. Insuportável. d. Assustado.
a palavra perna, que está dentro de
e. Imprestável.
sua composição, é um substantivo.
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Questões de escrita

Pontuação das orações subordinadas substantivas


1. Quanto à pontuação, as orações subordinadas substantivas seguem as mesmas regras de um
período simples. Assim sendo, não se separam por sinal de pontuação, por exemplo, sujeito de
predicado, substantivos e verbos de seu complemento, verbos do predicativo do sujeito, etc.
As orações subordinadas substantivas apositivas, entretanto, são geralmente separadas da
oração principal por dois-pontos, mas podem ser marcadas também por travessões e vírgulas.
Leia com atenção os períodos abaixo. Pontue-os, quando necessário, e classifique as orações
subordinadas substantivas presentes.

a. Só tenho uma vontade: que você volte logo.


Oração subordinada substantiva apositiva.

b. É preciso estar atento e forte.


Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

2. A vírgula pode ser usada para separar, no período, termos que exercem mesma função sintá-
tica. Assim, leia os períodos abaixo com atenção e empregue a vírgula de maneira correta.

a. O ideal é que não veja, que não fale e que não ouça nada.

b. Resolvi plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho.

c. Eu já disse que não quero mais vê-lo, que não quero mais ouvir seu nome, que não quero
mais saber que ele existe!

3. Assinale a alternativa correta em relação à pontuação das orações.


a. A Constituição de 1891 estabelecia, que os presidentes seriam eleitos pelo povo.
b. Alguns defendiam, que o Brasil deveria ser totalmente agrário.
c. Os militares reivindicavam que fosse instituído um regime republicano forte, que mu-
danças políticas e econômicas favorecessem a classe média urbana e que o Executivo
controlasse o Legislativo e o Judiciário.
d. A Constituição determinava, que qualquer pessoa maior de 21 anos poderia votar, com
exceção dos analfabetos, das mulheres, dos religiosos e dos soldados.
e. Os fazendeiros queriam, manipular o governo para favorecer seus interesses.

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CAPÍTULO
3
Orações Subordinadas
Adjetivas

1. Pronomes relativos
No capítulo anterior, vimos que as orações subordinadas substantivas, quando se apresentam
desenvolvidas, são introduzidas por uma conjunção integrante (que ou se). Essa é uma das principais
características desse tipo de oração.
Neste capítulo, estudaremos as orações subordinadas adjetivas. A principal característica dessas
orações? São introduzidas por um pronome relativo, uma palavra que, como o próprio nome indi-
ca, relaciona as orações. A seguir, vamos conhecer o importante papel desses pronomes utilizando
como tema interdisciplinar o conceito de matéria e energia.
Para começar, leia com atenção o texto a seguir.

O ser humano sempre se interessou pelo universo que está ao seu redor, pelos seres que
estão em seu meio, pelo som, pela luz, enfim, por tudo que seus cinco sentidos podem captar.
Com o tempo, ele percebeu que, mesmo muito diferentes — por exemplo, a água, o ar, um
cão, uma pedra e uma pessoa —, há algo em comum entre eles: são constituídos de matéria.
Podemos dizer que matéria é tudo aquilo que tem massa, com um determinado volume, ou
seja, ocupa lugar no espaço. A matéria pode se apresentar em um dos seus diferentes estados
físicos; são eles: gás, líquido ou sólido. Pode ser imensa, como uma montanha, ou mesmo mi-
núscula, como uma bactéria. Do ponto de vista humano, a matéria pode ser visível ou não. O
ar que respiramos, por exemplo, possui massa e ocupa o volume que o contém, composto de
muitas substâncias, como gases, poeira, e está por todos os lados, pesando consideravelmen-
te sobre a Terra — aproximadamente seis quatrilhões de toneladas. Podemos senti-lo, forte
ou fraco; no entanto, para nós, é completamente invisível.
BUARQUE, Francisco; AMBROSIA, Maria. Ciências e cotidiano. 9º ano. Recife: Construir, 2016.

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Depositphotos

Depositphotos
O sopro é um pequeno deslocamento direcionado do ar que sai dos pul-
mões para o ambiente (à esquerda); o vento, por sua vez, é um grande
deslocamento (à direita).

Vamos observar um trecho do primeiro período do texto.

O ser humano sempre se interessou pelo universo que está ao seu redor, pelos seres que estão
em seu meio [...].

Desmembrando a primeira oração desse período, temos:

1. O ser humano sempre se interessou pelo universo.


2. O universo está ao seu redor.

Para entendermos o que é o pronome relativo e sua função, vamos pensar na forma como essas
duas orações foram unidas no texto. A palavra que exerce, nesse caso, a função de conectar as duas
orações, certo? Mas, se analisarmos bem, esse não é seu único propósito. Na verdade, ela tem três
funções:

1. Retomar um termo da oração anterior (neste caso, o universo).


2. Conectar ambas as orações (como vimos acima), transpondo uma delas em uma oração
adjetiva (o que veremos mais à frente).
3. Desempenhar uma função sintática (é sujeito, complemento ou adjunto na oração trans-
posta).

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Assim, em vez de duas orações isoladas, temos um único período constituído composto a partir
de uma transposição.

Veja mais um exemplo:

1. O ser humano sempre se interessou pelos seres.


2. Os seres estão em seu meio.

Pronome Função Exemplos


relativo
Retoma um substantivo que O ar que respiramos.
Que
designa pessoa, coisa ou lugar. A água que está no estado sólido é gelo.
Retoma um substantivo que Albert Einstein foi quem descobriu que a matéria
Quem
designa pessoa. é, na verdade, energia extremamente condensada.
Retoma um substantivo que Na natureza, temos grandezas as quais são
O qual designa pessoa ou coisa. Por isso, definidas como não primitivas e primitivas.
(e variações) é usado como equivalente a que. Alguns produtos são embalados no vácuo, o qual é
a ausência completa de matéria.
Retoma um substantivo que O espaço é um local onde os corpos estão no
Onde
designa lugar. vácuo.
Retoma um substantivo A matéria é um grande quebra-cabeça cujas partes
Cujo expressando uma relação de formam o todo.
(e variações) posse. Na natureza, há elementos cuja essência não é
material, como o som e a luz.

O pronome relativo empregado em todas as variedades da língua portuguesa é o que, pois é mui-
to mais simples que o qual (e variações) e é usado para coisa, pessoa e lugar.
Embora a gramática normativa imponha a obrigatoriedade de usarmos o relativo onde apenas
para substituir termos substantivos que indiquem lugar, nem sempre essa substituição é adequada
às normas de uso, isto é, soa meio esquisito. Nesses casos, prefira empregar que ou o qual. Observe:

O país onde visitamos é incrível. (Inadequado)


O país que visitamos é incrível. (Adequado)

É preciso atenção para não confundir a função do que. Como vimos no capítulo anterior, essa pa-
lavra pode funcionar, também, como conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada
substantiva. Como pronome relativo, que pode ser substituído por o qual (e variações), o que não
acontece quando desempenha a função de conjunção integrante. Observe:

É preciso entender que os átomos formam as mais diferentes matérias.


Conjunção integrante – Introduz a oração subordinada substantiva objetiva direta. Não pode ser substituída por o qual.

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Os átomos formam as mais variadas matérias que existem.
Pronome relativo – Pode ser substituído por as quais.

Na prática, o relativo cujo está caindo em desuso. Mesmo em situações de comunicação formal, ele
praticamente não é utilizado. Em seu lugar, normalmente empregamos o que. Embora esse uso seja
comum, a gramática normativa ainda o condena, explicando que o relativo que não expressa a relação
de posse. Portanto, de acordo com a gramática normativa, são inadequadas construções como:

A matéria possui uma propriedade que a principal característica é a capacidade de ocupar


um espaço delimitado.
A tendência que a matéria tem de manter a situação na qual se encontra é uma propriedade
que o nome é inércia.

O pronome relativo precedido por preposição


Observe a relação existente entre as duas orações abaixo.

Este é o conteúdo. Eu estudei este conteúdo.


o conteúdo
Este é o conteúdo que eu estudei.
Primeira oração Segunda oração

Como o pronome que, na segunda oração, retoma o termo o conteúdo, temos:

que eu estudei = o conteúdo eu estudei = eu estudei o conteúdo

Agora, observe como é esse mesmo processo quando utilizamos, por exemplo, o verbo duvidar
(transitivo indireto – pede a preposição de):

Este é o conteúdo. Eu duvidei desse conteúdo.


Primeira oração o conteúdo Segunda oração
Este é o conteúdo de que eu duvidei.
Preposição exigida pelo verbo duvidar

Como você certamente percebeu, a construção Este é o conteúdo de que eu duvidei é um perío-
do composto de duas orações, e o verbo que estrutura a segunda oração é transitivo indireto. Assim,
a gramática normativa determina que o pronome relativo seja precedido pela preposição exigida
pelo verbo. Observe a mesma situação com outros verbos transitivos indiretos.

em que / no qual você acredita. acreditar em algo


de que / do qual você discorda. discordar de algo
Este é o livro
de cujo tema discordo. discordar de algo
com que / o qual você simpatiza. simpatizar com algo

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Embora a presença da preposição nos casos vistos seja imposta pela gramática normativa, ela
vem sendo suprimida tanto na fala quanto na escrita, mesmo em situações formais. Assim, é cada
vez mais comum falarmos (e escrevermos) omitindo a preposição exigida pelo verbo e utilizando
apenas o que como pronome relativo.

Este é o livro que você acredita.


Aquele é o autor que você discorda.
Esta é a ideia que você simpatiza.
Comprei o carro que você sonha.

Construções como essas são comuns na nossa comunicação diária. No entanto, ainda são consi-
deradas erradas pela gramática normativa, ou seja, não deveriam ser usadas em situações de uso
formal da língua.

2. A importância dos pronomes relativos na coesão


textual
Como vimos nos exemplos apresentados até agora, os pronomes relativos retomam ou reiteram
termos citados anteriormente em uma oração. Essa retomada é de grande importância para a flui-
dez do texto. Veja:

Texto 1

As plantas sintetizam a glicose através da água, da luz do Sol e das moléculas de CO2. Essas
moléculas de CO2 estão no ar. Essa reação libera oxigênio na atmosfera, importante para os
seres humanos. Os seres humanos precisam dele para quebrar as moléculas de glicose. Os se-
res humanos ingerem essa glicose quando comem uma fruta, por exemplo. Essa quebra libe-
ra no organismo energia. Precisamos de energia para viver, e as sobras nós liberamos de volta
para o meio ambiente, entre elas o CO2, tão essencial para as plantas, para fabricar glicose.

Como você pode perceber, esse texto apresenta vários termos repetidos de maneira desnecessá-
ria. Utilizando os pronomes relativos, poderemos torná-lo mais coeso. Veja:

Texto 2

As plantas sintetizam a glicose através da água, da luz do Sol e das moléculas de CO2 que
estão no ar. Essa reação libera oxigênio na atmosfera, importante para os seres humanos, os
quais precisam dele para quebrar as moléculas de glicose que ingerem quando comem uma
fruta, por exemplo. Essa quebra libera no organismo a energia de que precisamos para viver,
e as sobras nós liberamos de volta para o meio ambiente, entre elas o CO2, tão essencial para
as plantas, para fabricar glicose.

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Perceba que, no primeiro caso, a leitura é complicada e pouco econômica, uma vez que o texto
repete termos desnecessariamente. Com os pronomes relativos, podemos não só facilitar a leitura,
como também relacionar semanticamente as orações.

3. Orações subordinadas adjetivas


Estudar os pronomes relativos é de grande relevância para compreender bem o nosso próximo
assunto: as orações subordinadas adjetivas.
No capítulo anterior, estudamos as orações subordinadas substantivas, que atuam, no período,
como um substantivo e, de acordo com essa condição, assumem as funções sintáticas deste. As ora-
ções subordinadas adjetivas assumem, assim, como o nome sugere, a função de um adjetivo. Daí
a importância de estudar os pronomes relativos: são eles que introduzem as orações subordinadas
adjetivas.
As orações subordinadas adjetivas podem expressar duas relações de sentido. Vamos ver agora
quais são elas:

• Restrição – A oração adjetiva pode restringir o sentido do termo que adjetiva.

Oração principal
Todos os elementos da natureza que podemos observar recebem o nome de fenômeno.
Oração subordinada adjetiva restritiva

Observe que a oração subordinada adjetiva restringe o sentido do termo a que se refere, elemen-
tos da natureza, isto é, mencionam-se apenas os elementos que se permitem observar, que estão
ao alcance dos nossos sentidos. Veja outros exemplos de orações subordinadas adjetivas restritivas:

A propriedade da matéria que é mais básica é a impenetrabilidade.

A compressibilidade é a capacidade que a matéria tem de reduzir seu volume quando sofre
determinada pressão.

O grau de deformação que a matéria sofre depende do grau de pressão e da sua própria
composição.

A mola é um sólido que se modifica na compressão.

• Explicação – A oração adjetiva pode explicar o termo a que se refere.

Oração principal
A energia, que não é tão simples, é fundamental na nossa vida.
Oração subordinada adjetiva explicativa

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Nesse período, a oração que não é tão simples explica o termo energia. Por esse motivo, funciona
como um adjetivo. Veja outros exemplos de orações subordinadas adjetivas explicativas:

Os fenômenos biológicos, os quais dizem respeito aos seres vivos, são estudados pela Biologia.

Os fenômenos físicos e químicos, cujo conceito vi em Ciências, são estudados a partir do 6o ano.

4. Orações subordinadas adjetivas reduzidas


Vimos, no capítulo anterior, que as orações subordinadas substantivas podem assumir uma for-
ma desenvolvida (introduzida por conjunção integrante + verbo conjugado) ou reduzida (sem con-
junção + verbo no infinitivo).
As orações adjetivas também podem se apresentar na forma reduzida. Nesse caso, o verbo assu-
me uma de suas formas nominais (particípio, gerúndio ou infinitivo). Observe:

Oração principal
Todos os elementos da natureza observados pelo homem são chamados de fenômeno.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio

Oração principal
A Física Quântica é uma ciência de escandalizar qualquer acadêmico.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de infinitivo

Oração principal
O moinho de vento, utilizado na moagem de uma grande quantidade de cereais, é uma
das formas mais antigas de utilização da energia da natureza.
Oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio

Oração principal
As turbinas movimentadas pelo vento são um mecanismo de obtenção de energia renovável.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio

APRENDA MAIS

Neste momento, é muito importante entender a diferença de sentido entre as orações su-
bordinadas adjetivas. A diferença entre explicação e restrição corresponde a uma relação
de sentido amplo versus sentido restrito. Veja mais dois exemplos.

Os computadores, que são modernos, custam caro.


Explicação (sentido amplo) — Todos são modernos e todos custam caro.

Os computadores que são modernos custam caro.


Restrição (sentido restrito) — Apenas os computadores modernos é que custam caro.

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Atividades

1. Quando dois corpos são colocados em contato, o que tem as moléculas vibrando mais rápido
(mais quente) transfere energia para o outro corpo (mais frio). Dessa forma, a energia nunca é
criada, mas, sim, transformada. As frases abaixo exemplificam a ocorrência desse fenômeno.
Como você verá, todas elas apresentam orações adjetivas introduzidas pelo pronome relativo
que. Reescreva-as, retirando o que de cada uma delas. Faça as alterações necessárias.

a. A energia química que existe nos componentes dentro de uma pilha é transformada em
energia elétrica.
A energia química existente nos componentes dentro de uma pilha é transformada em energia
elétrica.

b. A energia química da gasolina é transformada em energia mecânica, que faz o carro se mo-
vimentar.
A energia química da gasolina é transformada em energia mecânica, fazendo o carro se movi-
mentar.

c. A energia química dentro dos alimentos é transformada no nosso organismo em energia,


que ajuda o nosso corpo nas atividades diárias.
A energia química dentro dos alimentos é transformada no nosso organismo em energia, aju-
dando o nosso corpo nas atividades diárias.

2. Como podemos observar na questão anterior, conhecer os mecanismos que a língua oferece
nos possibilita novas formas de expressar a mesma coisa. Se usarmos esses conhecimentos a
nosso favor, expandiremos nosso vocabulário e, mais que isso, evitaremos problemas textuais,
como falta de coesão. O pronome relativo que, por exemplo, é um elemento importante da
coesão referencial, isto é, um elemento textual (correferente) que remete a outro (referente),
substituindo-o. Observe:

Referente Pronome – Correferente


Matéria é tudo o que tem massa e ocupa espaço. Ela é qualquer coisa que tenha existência
física ou real.

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Quando bem utilizado, torna o texto mais fluido e claro. Pensando nisso, reorganize o texto a
seguir utilizando o que para ajudar na coesão referencial. Faça as modificações necessárias.

Pilhas

Shutterstock.com
As pilhas são dispositivos. As pilhas possuem dois eletrodos
e um eletrólito. No eletrodo e no eletrólito, ocorrem reações de
oxirredução espontâneas. As reações de oxirredução espontâ-
neas geram corrente elétrica.
Esses dispositivos receberam esse nome porque a primeira
pilha a ser criada foi inventada pelo físico-químico italiano Ales-
sandro Volta, no ano de 1800. A primeira pilha era formada por
disco de zinco e de cobre separados por um algodão embebido em salmoura. O disco de zinco
e o de cobre separados por um algodão embebido em salmoura eram colocados de forma
intercalada, um em cima do outro, empilhando os discos e formando uma grande coluna.
Como era uma pilha de discos, começou a ser chamada por esse nome.

Sugestão de resposta:

As pilhas são dispositivos que possuem dois eletrodos e um eletrólito nos quais ocorrem reações de oxirredu-

ção espontâneas que geram corrente elétrica.

Esses dispositivos receberam esse nome porque a primeira pilha a ser criada foi inventada pelo físico-químico

italiano Alessandro Volta, no ano de 1800, e era formada por disco de zinco e de cobre separados por um algodão

embebido em salmoura. Estes eram colocados de forma intercalada, um em cima do outro, empilhando os discos

e formando uma grande coluna. Como era uma pilha de discos, começou a ser chamada por esse nome.

3. Leia.

As matérias, em geral, possuem propriedades inerentes. São elas: massa (medida de quan-
tidade), extensão (espaço que ocupa), inércia, impenetrabilidade, divisibilidade, compressi-
bilidade, elasticidade e porosidade. Essas são as propriedades gerais. Além delas, temos as
propriedades funcionais, que são comuns a determinados tipos de matéria.

No trecho “[...] temos as propriedades funcionais, que são comuns a determinados tipos de
matéria”, que mudanças de sentido ocorreriam se não houvesse a vírgula no período? Classi-
fique as orações adjetivas em ambas as situações.
Sem a vírgula, teríamos uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois nesse período haveria
uma restrição, limitação das propriedades funcionais que, nesse caso, seriam necessariamen-
te comuns a alguns tipos de matéria. Já com a vírgula, trata-se de uma oração subordinada
adjetiva explicativa, pois a ideia nele expressa é de que as propriedades funcionais são comuns
a determinados tipos de matéria.
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e. Ele é o homem que começou essa his-
4. Analise o trecho abaixo e responda ao que tória.
se segue.
Restritiva.
Outros tipos de energia estudados pe-
f. O cargo que você deseja não lhe trará
los cientistas são a energia gravitacional,
paz.
energia potencial elástica, energia quími-
ca (a dos explosivos), energia térmica (es- Restritiva.
tado de agitação das moléculas) e energia
elétrica (associada às cargas elétricas). g. Um país que não respeita as suas crian-
ças não pode esperar um futuro bom.
a. Separe do trecho acima a oração subor- Restritiva.
dinada adjetiva restritiva reduzida de
particípio. h. As roupas que encolheram eram mi-
“[…] estudados pelos cientistas […].” nhas.
Restritiva.
b. Há no trecho, também, uma oração su-
bordinada adjetiva explicativa reduzida i. A mãe, que sempre o compreende, des-
de particípio. Identifique qual é e a de- ta vez discordou dele.
senvolva.
Explicativa.
A oração subordinada adjetiva explicativa re-

duzida de particípio é associada às cargas elé- j. Márcia, que confia em mim, seguiu o
meu conselho.
tricas. Para desenvolvê-la, teríamos “[...] ener-
Explicativa.
gia elétrica, que se associa às cargas elétricas”.
5. Nas frases a seguir, classifique as orações
6. Substitua as lacunas por uma oração su-
adjetivas como restritivas ou explicativas.
bordinada adjetiva.
a. O pai, que parecia nervoso, esperava o
resultado da filha. a. Essas foram as palavras mais agradáveis
Explicativa. □.
Resposta pessoal.
b. Esse é um problema que parece impos-
sível. b. A mala □ não era minha.
Restritiva. Resposta pessoal.

c. A praia, que parecia pouco visitada, não c. O cachorro □ estava com suspeita de raiva.
era muito boa.
Resposta pessoal.
Explicativa.
d. Minha mãe □ é uma mulher □.
d. Fizeram-se acusações das quais ele se
Resposta pessoal.
defendeu bem.
Restritiva.
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e. A paz □ ainda é possível. e. Vera, que é mãe de Vitória, faz tortas
que são deliciosas.
Resposta pessoal.
Vera, mãe de Vitória, faz tortas deliciosas.
f. Conheci o maracatu no Carnaval, □.
f. Comprei um filme que é perfeito para
Resposta pessoal.
Mateus.
g. As novelas, □, têm público garantido. Comprei um filme perfeito para Mateus.
Resposta pessoal.
g. Compramos uma fazenda que não sa-
bemos descrever.
h. A matéria □ trazia excelentes informa-
ções sobre a criminalidade. Compramos uma fazenda indescritível.
Resposta pessoal.
h. Ele levava uma vida que iludia a todos.
i. O carro □ não estava em bom estado. Ele levava uma vida ilusória.
Resposta pessoal.
i. O candidato que estava nervoso mal
pôde fazer a prova.
j. Meu telefone, □, está sempre fora de
área. O candidato nervoso mal pôde fazer a prova.
Resposta pessoal.
j. Assisti a uma peça que me emocionou.

7. Reescreva as frases a seguir, transforman- Assisti a uma peça emocionante.


do as orações adjetivas em adjetivos ou
locuções adjetivas. k. Então emendou uma conversa que não
tinha fim.
a. Carla, que é namorada de Zé, trabalha Então emendou uma conversa infindável.
na indústria química.
Carla, namorada de Zé, trabalha na indús- l. Essa viagem me deixou uma experiên-
cia que não posso apagar.
tria química.
Essa viagem me deixou uma experiência
b. Assisti a um filme que me comoveu. inapagável/indelével.
Assisti a um filme comovente.
m. Você escreveu uma palavra que não
c. Paula tem olhos que me fascinam. consigo entender.

Paula tem olhos fascinantes. Você escreveu uma palavra ininteligível.

d. Ele tem um mau humor que irrita todo n. A lavagem fez arranhões que quase não
mundo. se percebem.

Ele tem um mau humor irritante. A lavagem fez arranhões quase impercep-
tíveis.

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Desafio

1. Analise o anúncio. 2. Agora, analise o período abaixo.

Doe roupas que você não usa para quem


precisa.

Sobre o objetivo comunicativo desse pe-


ríodo, assinale a afirmação correta.
a. A intenção é fazer com que o leitor
doe qualquer roupa.
b. O leitor é levado a doar suas roupas
que estão em bom estado.
c. O período tem como meta o con-
vencimento do leitor para contri-
buir com diferentes donativos.
d. O leitor deve compreender que a
sua participação na campanha é
fundamental para a vida de outras
pessoas.
e. O objetivo é conscientizar o leitor
da importância de doar suas roupas
inutilizadas.

Disponível em: https://www.pr.senac.br/noticias/images/e-mkt_


campanha-agasalho.jpg. Acesso em: 29/06/2020.
3. Analise o parágrafo abaixo e, em seguida,
avalie as afirmações feitas.

No período “Sua roupa usada precisa de al-


Há alguns animais que se fingem de mortos.
guém para passear”, a oração sublinhada:
Em vez de correr ou lutar contra o inimigo,
a. Exerce a função típica de um adjetivo.
eles se deitam imóveis, parecendo mortos.
b. Atua complementando o sentido de
Isso confunde muitos predadores que pre-
um verbo.
ferem se alimentar de animais vivos.
c. Restringe o sentido do substantivo
roupa.
I. A palavra isso se refere à atitude de al-
d. Funciona como oração coordenada
guns animais de se deitarem imóveis,
aditiva.
parecendo mortos, diante do inimigo.
e. Explica o sentido do substantivo
II. A palavra destacada evita a repetição
roupa.
do termo muitos predadores.

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III. O sujeito do verbo preferir é o pronome 5. A respeito do pronome relativo quem,
isso. analise as proposições a seguir.
IV. A palavra destacada equivale a os quais.
V. Na frase “Ele é homem muito vivo, I. Só não é precedido de preposição quan-
sempre quer tirar alguma vantagem”, o do exerce função de sujeito da oração.
adjetivo vivo tem o mesmo sentido que Assim, tem o mesmo valor de o que, a
no período da proposição IV. que, os que, as que, aquele que, aque-
la que, aqueles que, aquelas que.
Estão corretas apenas: II. Diferentemente dos demais pronomes,
a. I, II e III. não estabelece ligação com o termo an-
b. I, II e IV. tecedente. Assim, possui valor absoluto
c. II, III e V. e, dessa maneira, não precisa retomar
d. I, III e IV. uma palavra expressa anteriormente.
e. IV e V. III. Refere-se a um termo — que pode ser
um substantivo ou pronome — chama-
4. Leia. do de termo antecedente, substituin-
do-o no início da oração seguinte, que
Bombeiros resgatam homem que caiu no obrigatoriamente estará subordinada à
Rio Tamanduateí primeira.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/ IV. Sempre será precedido de uma prepo-
noticia/2018/10/26/bombeiros-resgatam-homem-que-caiu-no-
rio-tamanduatei2.ghtml. Acesso em: 10/02/2020. sição (exceto quando for sujeito da ora-
ção), inclusive quando exercer função
de objeto direto. Nessa situação, tere-
Na manchete lida, é possível perceber o
mos o chamado objeto direto preposi-
emprego do pronome relativo que. Esse
cionado.
pronome tem a função de representar no-
V. Deve ser empregado apenas quando
mes já mencionados anteriormente, com
fizer referência a pessoas. Para coisas
os quais se relaciona. Os pronomes relati-
personificadas, prefira o pronome de-
vos são utilizados para introduzir orações
monstrativo isto.
subordinadas adjetivas. É possível perce-
ber a mesma função em:
Estão corretas apenas:
a. I, III, IV.
a. As pessoas pensaram que o homem
b. II, IV e V.
tinha pulado no rio.
c. II, III e V.
b. Os bombeiros esperavam que o ho-
d. I, III e V.
mem fosse encontrado com vida.
e. II e V.
c. O homem disse que sentiu uma
tontura.
d. Um homem que passava no local
chamou os bombeiros.
e. Quem estava no local disse que o
trânsito ficou parado com o tumulto.

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Questões de escrita

Emprego da vírgula e do travessão nas orações


subordinadas adjetivas

1. Vimos, anteriormente, que existe uma diferença semântica entre as orações subordinadas
adjetivas restritivas e as explicativas. Essa diferença é expressa, basicamente, pelo uso ou não
das vírgulas e dos travessões. Relembre:

Oração subordinada adjetiva restritiva (não é delimitada por vírgulas ou travessões)


Nos currais eleitorais, os trabalhadores rurais e os homens que moravam nas cidades eram
obrigados a votar nos candidatos dos coronéis.

Oração subordinada adjetiva explicativa (é delimitada por vírgulas ou travessões)


O voto de cabresto — que era o oferecimento de alguma vantagem ao eleitor em troca de
seu voto — foi estimulado pelos coronéis.

Agora, pontue, quando necessário, os períodos abaixo considerando o sentido e sua intenção
comunicativa. Utilize vírgulas ou travessões.

a. Precisamos estudar os fenômenos que são físicos e os que são químicos.

b. Os fenômenos físicos, que não implicam na mudança da composição da matéria, são


estudados pela Física.

c. Os fenômenos químicos, os quais provocam mudanças na composição da matéria,


são tema da Química.

d. O ato de rasgar um papel, que é um fenômeno físico, não provoca mudanças na


composição da matéria. As partes menores, que continuam sendo papel, ainda são
formadas pelos mesmos componentes.

e. Se decidirmos queimar o papel, teremos um fenômeno químico. As cinzas que se


formarão terão uma composição diferente da do papel.

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CAPÍTULO
4
Orações Subordinadas
Adverbiais

1. Orações subordinadas REFLITA

adverbiais
Qual é o objetivo prin-
Nas aulas de Geografia, você certamente já viu o que são os cipal do Mercosul e dos
blocos econômicos. Ao longo deste capítulo, vamos utilizar os demais blocos econômi-
seus conhecimentos sobre esse tema para desenvolver o estudo cos? Com que finalidade
das orações subordinadas adverbiais. os países se unem?
Inicialmente, podemos voltar nossos olhos para o bloco eco-
Espera-se que os alunos res-
nômico que está mais próximo de nós, o Mercosul, do qual parti-
cipamos. O Mercosul teve seu processo de formação iniciado em pondam que a principal finali-
1985 e, com o Tratado de Assunção, assinado em 1991, entrou em dade dos blocos econômicos é
vigor. Hoje, os países da América do Sul, seja como Estado Parte,
a ajuda mútua.
seja como Estado Associado, participam desse bloco econômico,
exceto a Guiana Francesa.

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A cidade de Montevidéu, capital do Uruguai, é também a capital
do Mercosul. Lá estão instalados o Parlamento do Mercosul, o
Parlasul, e o escritório da secretaria executiva do bloco.

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Nesse contexto, analise o período a seguir. Avalie se ele serve como resposta à pergunta feita no
boxe Reflita.

Os blocos econômicos são países que se unem.

Como você pode perceber, essa frase é formalmente completa, isto é, possui todos os elementos
necessários à sua compreensão. Trata-se de um período composto no qual a oração que se unem
adjetiva o termo países. No entanto, a frase acima não responde qual é a principal finalidade da
formação de um bloco econômico. Para complementar essa informação, podemos acrescentar um
adjunto adverbial de finalidade. Veja:

Os blocos econômicos são países que se unem para se ajudar mutuamente.


Adjunto adverbial

Para você se lembrar, na análise sintática, os advérbios assumem a função de adjunto adverbial.
Observe que esse adjunto é, na verdade, uma oração. Como essa oração depende, sintaticamente,
do restante do período, dizemos que é subordinada. Chegamos aonde queríamos. Já vimos que as
orações subordinadas podem exercer tanto a função de substantivo quanto a de adjetivo. Agora,
veremos que elas também podem atuar como advérbios. As orações subordinadas adverbiais são,
portanto, aquelas que assumem, em relação ao período, o valor de adjunto adverbial. Se esse con-
ceito ficou claro para você, pode passar para o tópico Classificação.
Para você compreender melhor o conceito das orações subordinadas adverbiais, vamos analisar
outro exemplo.

Os blocos econômicos começaram a surgir quando a Segunda Guerra Mundial terminou.

Nesse período, observe que a oração destacada localiza no tempo a época em que os blocos
econômicos começaram a surgir. Assim, dizemos que essa oração é subordinada adverbial temporal.
Veremos a seguir como se classificam essas orações.

2. Classificação
Em morfologia, quando estudamos os advérbios, vemos que cada um deles exprime uma cir-
cunstância. Uma vez que as orações subordinadas adverbiais atuam como advérbios, elas também
exprimem circunstâncias diversas. Vejamos algumas delas.

• Circunstância temporal
Algumas orações subordinadas podem exprimir tempo ou duração do fato expresso na oração
principal, como vimos anteriormente. As principais conjunções subordinativas temporais são: quan-
do, assim que, depois que, antes que, desde que e enquanto.

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O Mercosul foi criado em 1991, assim que o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai
assinaram o Tratado de Assunção.

Desde que esses países se uniram, o bloco aprova normas de alcance regional que criam
direitos e benefícios para os cidadãos.

Os cidadãos dos Estados Partes e dos Estados Associados do Mercosul não precisam de
passaporte quando transitam pela região.

• Circunstância condicional
A oração subordinada adverbial condicional apresenta uma condição, um requisito, para se rea-
lizar o fato expresso na oração principal. As principais conjunções subordinativas condicionais são:
se, caso, sem que, contanto que e desde que.

A entrada como país-membro pleno no Mercosul só é possível se houver aprovação unâ-


nime dos senados dos países-membros.

Se você for para algum país do bloco, precisa somente da carteira de identidade.

Caso precise de ajuda com a documentação, fale com o consulado brasileiro.

• Circunstância causal
A oração subordinada adverbial causal funciona como adjunto adverbial de causa da oração
principal, indicando nexo de causalidade, motivo ou justificativa. As principais conjunções subordi-
nativas causais são: porque, pois, visto que, como, já que, uma vez que e porquanto.

A tendência de reorganização do espaço econômico mundial acontece porque as diferen-


tes nações precisam ser fortalecidas.

Ele viajou para o Chile, já que queria conhecer o Deserto do Atacama.

Como gostava muito de dançar, Marcela pesquisou o tango argentino.

As conjunções que, porque e pois podem ser subordinativas causais ou coordenativas explicati-
vas. No período “Como gostava muito de dançar, Marcela pesquisou o tango argentino”, o fato de
Marcela gostar de dançar foi a causa de ela ter pesquisado o tango. A relação causa–consequência
fica evidenciada. Já no período “Ela está bem, porque está sorridente”, o fato de estar sorridente
não é a causa de ela estar bem, é uma explicação. A oração destacada é, portanto, coordenada sin-
dética explicativa.

• Circunstância consecutiva
A oração subordinada adverbial consecutiva indica uma consequência do que se declara na
oração principal. As principais conjunções consecutivas são: que (precedida de tal... que, tão... que,
tanto... que ou tamanho), de modo que, de sorte que e de forma que.

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O processo de globalização tornou-se tão intenso que os países vêm apresentando uma
tendência de agrupamento em blocos.

Fez tanto frio em Cajón del Maipo que tremi muito.

Estudou muito o Mercosul, de modo que passou a dominar o assunto.

Uma forma interessante de identificar mais facilmente as orações adverbiais consecutivas é ob-
servar que, onde há consequência, há causa. Logo, se temos uma oração que expressa uma conse-
quência, a outra expressa uma causa. Consideramos subordinada aquela que apresenta a conjunção.

• Circunstância concessiva
A oração subordinada adverbial concessiva funciona como adjunto adverbial de concessão da
oração principal. Ou seja, ela expressa uma ideia contrária ao que se poderia concluir do que se de-
clara na oração principal. As principais conjunções subordinativas concessivas são: embora, mesmo
que, ainda que, apesar de que, conquanto, se bem que e posto que.

Embora a Apec conte com a presença dos Estados Unidos, o Japão e a China também
aparecem com forte influência sobre os demais países do bloco.

Observe que, considerando a condição de potência econômica mundial dos Estados Unidos, seria
“natural” concluir que, por fazer parte da Apec, essa nação teria maior poder sobre o bloco, mas o Japão
e a China também aparecem com forte influência sobre os demais países do bloco. Veja outros exemplos:

Ainda que a Venezuela faça parte do Mercosul desde 2012, está suspensa.
O Mercosul é resultado de uma união, apesar de que nem sempre seja coerente.

APRENDA MAIS

Fundada em 1993, a Apec (em inglês, Asia-Pacific Economic Cooperation) é um bloco eco-
nômico regional banhado pelo Oceano Pacífico que visa o livre-comércio entre seus membros.
o o o o o o o o o o o o
150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180

Círculo Polar Ártico


Rússia
Canadá
Meridiano de Greenwich

Estados
Unidos Japão
China
Coreia do Sul
Trópico de Câncer
Taiwan (Ilha Formosa)
México Hong Kong
Tailândia
Vietnã Filipinas
Linha do Equador Brunei
Cingapura
Malásia
Indonésia Papua-Nova
Peru Guiné

Trópico de Capricórnio N
Austrália
Chile Membro da Apec desde:
O L
1989
1991 S
1993 Nova Zelândia

1994
Escala
1998
Círculo Polar Antártico 0 2.585 km 5.170 km

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• Circunstância conformativa
A oração subordinada adverbial conformativa indica conformidade, acordo, consonância. As
principais conjunções subordinativas conformativas são: conforme, como, segundo e consoante.

Conforme o que estudamos, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) não é propria-
mente um bloco econômico.

Segundo o que li, a Unasul tem objetivos que vão além da integração econômica, diferen-
temente dos blocos.

Como esclarece a decisão no 28/02, o Mercosul concede o direito à residência e ao traba-


lho para os cidadãos sem outro requisito que não a nacionalidade.

• Circunstância comparativa
A oração subordinada adverbial comparativa expressa uma comparação. As principais conjun-
ções subordinativas comparativas são: como, mais/menos... que (ou do que) e quanto.

As decisões tomadas nas reuniões do Mercosul estão mais próximas de nós do que ima-
ginamos.

O Mercosul segue vários protocolos, como todos os blocos econômicos fazem.

• Circunstância final
A oração subordinada adverbial final indica uma finalidade, um objetivo, para o que se declara
na oração principal. As principais conjunções subordinativas finais são: para que, a fim de que e com
o intuito de que.

Era necessária a aprovação do Senado paraguaio para que a entrada da Venezuela no


Mercosul se confirmasse.

A fim de que se aprofundasse a agenda cidadã da integração, foi aprovado, em 2010, o


Plano de Ação para a Conformação de um Estatuto da Cidadania.

• Circunstância proporcional
A oração subordinada adverbial proporcional indica proporção, simultaneidade, concomitân-
cia. As principais conjunções subordinativas proporcionais são: à proporção que, à medida que, ao
passo que, quanto mais... mais e quanto menos... menos.

À medida que os blocos econômicos se multiplicam em todos os continentes, uma re-


gionalização da economia vai se formando.

Quanto mais o tempo passa, mais a integração se desenvolve.

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• Circunstância modal
A oração subordinada adverbial modal exprime ideia de modo. Ou seja, essa oração indica a
maneira como se realiza/realizou o fato declarado na oração principal. A conjunção modal mais
utilizada é a locução sem que.

A multiplicação dos blocos econômicos tem favorecido uma regionalização da economia,


sem que se exclua a possibilidade de integração global dos mercados.

Várias decisões do bloco repercutem sem que o cidadão comum perceba.

3. Orações subordinadas adverbiais reduzidas


Nos capítulos anteriores, vimos que as orações subordinadas podem se apresentar na sua for-
ma reduzida, ou seja, não são introduzidas por conectivos e têm o verbo em uma de suas formas
nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Logicamente, as orações reduzidas expressam a mesma
circunstância apresentada pela oração desenvolvida correspondente.

Multiplicados os blocos econômicos em todos os continentes, uma regionalização da


economia se forma.
Oração subordinada adverbial proporcional reduzida de particípio

É preciso a aprovação unânime dos países-membros para entrar no Mercosul.


Oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo

Entendendo o que é um bloco econômico, você entenderá o que é o Mercosul.


Oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio

4. Orações subordinadas adverbiais e sentido


A concessão
Leia o texto abaixo.

Apesar de ter importância política, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) não “pode
ser a pedra fundamental para a construção do bloco econômico da América do Sul”, que
terá de ser formado a partir da expansão gradual do Mercosul. Essa é uma das conclusões
do relatório ao Conselho de Ministros do Mercosul [...].
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/internacional/unasul-nao-e-base-para-um-bloco-economico-da-america-do-sul-diz-
samuel-pinheiro-guimaraes. Acesso em: 05/05/2020.

Muitas vezes, quando estamos no meio de um debate ou simplesmente dando a nossa opinião
a um amigo, por exemplo, lançamos mão de um recurso de que talvez nem nos damos conta: a
concessão. Dizer ao seu amigo que a exposição da pesquisa dele em sala de aula não foi boa pode
soar arrogante ou intransigente de sua parte. Se, em vez disso, você diz que, apesar de o tema da
pesquisa ser bastante interessante e original, a exposição não foi boa, o impacto da opinião é me-
nor, e você demonstra ao seu amigo que sua crítica é construtiva, e não apenas um apontamento
grosseiro e infundado.
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No caso do texto lido, temos basicamente a mesma situação. Analisando os pontos positivos e
negativos da Unasul, o Conselho de Ministros do Mercosul reconhece a importância do grupo, mas
sustenta que este não pode ser base para a fundação de um bloco econômico sul-americano. A
oração subordinada adverbial concessiva que inicia o texto dá, portanto, para nós, leitores, um tom
confiável em relação à conclusão do Conselho, uma vez que foi observada a totalidade do tema.
Usar as orações subordinadas adverbiais concessivas também é uma maneira de atrair nosso in-
terlocutor e conquistar sua simpatia, fazendo com que os argumentos colocados em uma discussão,
por exemplo, tenham mais ampla aceitação.

Orações adverbiais e expansão da informação


As orações subordinadas adverbiais em geral enriquecem o texto, pois são utilizadas para expan-
dir informações. Isto é, à informação contida na oração principal se somam outros dados, aconte-
cimentos ou fatos. Acrescenta-se, assim, conteúdo àquela primeira informação. Vamos ler o texto
abaixo para entender melhor.

Embora a Apec conte com a presença dos Estados Unidos, o Japão e a China também apare-
cem com forte influência sobre os demais países do bloco [...]. Se for realmente implantada
a livre troca de mercadorias entre os membros da Apec, esse bloco atenderá a um mercado
consumidor interno de cerca de 3 bilhões de pessoas [...].
PERNAMBUCO, Heitor. Geografia sem fronteiras. 9º ano. Recife: Construir, 2014. p. 51. Adaptado.

No primeiro período do texto, identificamos a conjunção embora introduzindo uma oração subor-
dinada adverbial concessiva. A seguir, temos a oração principal. Que informação a oração concessiva
acrescenta à oração principal? Que tipo de inferência podemos fazer a partir dessa informação?
Rapidamente, podemos dizer que a informação que se acrescenta é que não só o Japão e a China
participam da Apec, mas também os Estados Unidos. Entretanto, se pensarmos mais um pouco, ve-
remos que a razão de ser dessa subordinada adverbial concessiva no período parte do conhecimen-
to geral de que os Estados Unidos são a mais poderosa nação do mundo, o que lhes valeria grande
poder de decisão no bloco. Contudo, essa forte influência é dividida com outras nações, também
muito importantes economicamente.
Já no segundo período do
texto, a oração introduzida
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pela conjunção se é uma subor- Vista aérea de subúrbio de Manilla, capital das
Filipinas. O país é um dos 21 membros da Apec.
dinada adverbial condicional; a
seguinte é a oração principal.
Pense nisto: de que maneira a
oração condicional expande a
informação dada na principal?
Ora, ela indica a maneira, a
condição, a forma como a Apec
passará a atender a um mer-
cado consumidor interno de 3
bilhões de pessoas.

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Atividades

1. As frases abaixo não apresentam algumas palavras e expressões, de modo que, nesta ativida-
de, você deve complementá-las. Para que o sentido original da informação seja mantido, inse-
rimos, ao final de cada uma delas, o tipo de oração subordinada adverbial que essas palavras
e expressões introduzem. Siga corretamente a indicação e obtenha a informação desejada.
As respostas são sugestões. Esperamos que os alunos indiquem as conjunções ou locuções
conjuntivas adequadas para expressar a relação de sentido desejada.
a. A União Europeia apresenta menor desnível socioeconômico interno, ao passo que o
Nafta possui maior desnível socioeconômico interno. (Oração subordinada adverbial com-
parativa)
b. Já que a sua criação se deu em 1969, o Pacto Andino é um dos primeiros
blocos econômicos desenvolvidos. (Oração subordinada adverbial causal)
c. Quando o primeiro bloco econômico surgiu, foi criada a Comunidade Econô-
mica Europeia (CEE), atual União Europeia (UE). (Oração subordinada adverbial temporal)
d. Todos os anos acontecem reuniões a fim de que se verifiquem o andamento dos
projetos, a elaboração de novas propostas e a integração entre os países-membros. (Ora-
ção subordinada adverbial final)
e. À medida que novos acordos são criados, mais comercialização internacional de re-
cursos naturais, alimentos, fontes energéticas, tecnologia, etc. é realizada. (Oração subor-
dinada adverbial proporcional)
f. A pressão sobre o Mercosul foi tanta que esse bloco econômico flexibilizou regras.
(Oração subordinada adverbial consecutiva)
g. Os blocos econômicos são classificados conforme as características apresentadas
por eles. (Oração subordinada adverbial conformativa)
h. É tão importante ajudar financeiramente quanto fazer acordos de paz. (Oração
subordinada adverbial comparativa)
i. Nos anos de 1990, o G7 integrou a Rússia sem que a China, apesar de sua im-
portância econômica, fizesse parte desse grupo de países. (Oração subordinada adverbial
modal)

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2. Imagine que uma aluna do 9º ano e o professor de Geografia travam o seguinte diálogo duran-
te a aula.

Professor – Turma, quem sabe qual é o objetivo que leva normalmente alguns países a se
unirem em um bloco econômico?
Izabele – Professor, eu acho que os blocos econômicos são criados para explorar regiões ain-
da não colonizadas.
Professor – Embora sua resposta seja importante, sua definição não está correta. Os blocos
econômicos são criados, na verdade, para facilitar a integração entre os membros.

Ao utilizar a noção de concessão em sua fala, o professor quis:


a. Ressaltar o equívoco da aluna.
b. Valorizar a resposta da aluna.
c. Esclarecer a resposta correta.
d. Identificar o conceito errado.
e. Ressaltar a importância do estudo.

3. Ainda sobre o diálogo utilizado na questão anterior, podemos afirmar que a noção de finalida-
de está expressa na oração:
a. Turma, quem sabe [...].
b. [...] que leva normalmente alguns países [...].
c. [...] que os blocos econômicos são criados [...].
d. [...] para explorar regiões ainda não colonizadas.
e. Embora sua resposta seja importante [...].

4. Desenvolva as orações reduzidas a seguir e, depois, leia atentamente as informações contidas


nelas. Apenas uma das alternativas apresenta uma informação incorreta sobre o tema blocos eco-
nômicos. Identifique-a e corrija a informação. Para facilitar seu trabalho, classificamos também de
modo errado (quanto ao tipo de oração subordinada) a oração que não apresenta uma verdade.
Achando o erro da classificação, você achará o item que traz a informação incorreta.

a. Ao propiciar vantagens, os blocos econômicos viabilizam o barateamento a determinados


produtos antes caros e com pouca oferta. (Oração subordinada adverbial temporal reduzi-
da de infinitivo)
Quando propiciam vantagens, os blocos econômicos viabilizam o barateamento a determina-
dos produtos antes caros e com pouca oferta.

b. Tendo eliminado as barreiras alfandegárias, a ratificação do Nafta consolidou o intenso


comércio regional. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio)
Quando eliminou as barreiras alfandegárias, a ratificação do Nafta consolidou o intenso co-
mércio regional.

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c. Formada a Zona de Livre-comércio do Nafta, os países-membros entraram em guerra.
(Oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo)
O item C está incorreto. Além de se tratar de uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de

particípio, os países-membros do Nafta, com a criação do bloco, foram estimulados a negociar, e não a

guerrear. Desse modo, a frase com a informação correta e desenvolvida ficaria: “Assim que foi formada

a Zona de Livre-comércio do Nafta, os países-membros passaram a negociar”.

5. Como vimos no capítulo que acabamos de estudar, as orações subordinadas adverbiais podem
nos ajudar a expandir o texto, tornando-o mais completo e com mais informações. Pensando
nos conhecimentos adquiridos, apresentamos abaixo um texto para você expandir, fazendo
uso de pelo menos um tipo de oração subordinada adverbial. Pesquise sobre o tema e crie um
parágrafo a respeito do trecho.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um bloco econômico criado pelo Tratado de Assun-
ção e tem como países-membros o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e, mais recente-
mente, a Venezuela.

Resposta pessoal.

6. Como vimos, as orações subordinadas adverbiais desempenham a função de adjunto adver-


bial, expressando certas circunstâncias em relação à oração principal. Pensando nisso, identi-
fique as circunstâncias expressas pelas orações adverbiais utilizadas nos períodos a seguir.

a. Apesar de ser o país-membro menos desenvolvido do Nafta, o México apresenta importân-


cias estratégicas.
Concessão.

b. Formada em 1993, a Apec tinha a previsão de ser implantada totalmente em 2020.


Tempo.

c. Por ser a maior da América Latina e do mundo, a Bacia Amazônica é um símbolo de integração.
Causa.

d. Apesar das dificuldades de integrar todos os países-membros e associados, o Mercosul


contribui muito para a projeção e ampliação da presença desses países na esfera do mundo
globalizado.
Concessão.

e. Os blocos econômicos regionais objetivam fortalecer as nações participantes, que podem


ser países-membros ou países associados, para que sejam mais competitivas.
Finalidade.

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Desafio

Texto 1
FERNANDO GONSALES/FOLHAPRESS.

1. Analise o período que compõe a fala do personagem no último quadrinho. Trata-se de um


período composto em que a oração subordinada:
a. Complementa o sentido do verbo.
b. Acrescenta uma noção de tempo em relação ao conteúdo do período.
c. Expressa uma relação de sentido de finalidade.
d. Delimita uma circunstância de causa.
e. Atua como adjunto adverbial.

2. A respeito dos recursos linguísticos utilizados na tirinha, é incorreto afirmar que:


a. Há uma fala que pode ser atribuída a um elemento exterior ao texto.
b. No primeiro quadrinho, a oração para goela expressa uma circunstância adverbial.
c. A oração para atrair fêmeas expressa uma finalidade.
d. A fala do personagem no segundo quadrinho expressa uma onomatopeia.
e. Apesar de sintético, o período utilizado no último quadrinho é composto, ou seja, é for-
mado por mais de uma oração.

Texto 2

Disponível em: http://www.willtirando.com.br/anesia-312/. Acesso em: 29/06/2020.

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3. A respeito do Texto 2, é correto afirmar que: Não há circunstância de causa nos períodos:
a. O humor ocorre devido a um caso a. I, II e IV.
de polissemia. b. I, II e V.
b. A fala expressa no início do texto c. I, III e IV.
(caixa preta) pode ser atribuída ao d. II, III e IV.
funcionário do banco. e. I e V.
c. A interjeição utilizada no segundo
quadrinho é confirmada pela ex- Texto 3
pressão da personagem Anésia.
d. O ponto crucial do humor acontece Porque é domingo
no terceiro quadrinho.
e. No último quadrinho, o funcionário Levantou tarde com vagar e simulacro de sor-
não se mostra surpreendido, pois já riso examinou os dentes no espelho do banheiro
esperava a resposta de Anésia. e tirando o carro para a frente da casa lavou-o
tendo para isso vestido o short e tomou um chu-
4. Analise o período a seguir. veiro e fez barba e pôs sapato sem meia camisa
esporte fora das calças [...].
Se está na minha conta, não é da sua conta. MACHADO, Rubem. Jacarés ao sol. São Paulo: Ática, 1976. Fragmento.

A oração destacada apresenta uma:


6. A maneira como o Texto 3 se apresenta
a. Condição.
chama a atenção do leitor por lembrar:
b. Consequência.
a. A velocidade da consciência do
c. Conformidade.
narrador, cujos pensamentos não
d. Comparação.
param.
e. Causa.
b. A paz da vida na cidade grande, vi-
venciada pelo narrador.
5. Analise os períodos a seguir com atenção.
c. A maneira de agir do homem do
campo.
I. Assim que viu o extrato da conta, o fun-
d. A rapidez das ações dos personagens.
cionário se assustou.
e. A forma de escrever confusa de
II. O funcionário do banco se assustou
muitos escritores.
porque viu um valor muito alto na con-
ta da cliente.
7. Com base nas sequências textuais, pode-
III. Como Anésia não confia em caixa ele-
mos afirmar que o Texto 3:
trônico, ela pede um extrato ao funcio-
a. Apresenta características narrativas.
nário.
b. Possui marcas argumentativas.
IV. Como não identificou a origem do dinhei-
c. É marcado pela descrição.
ro, o funcionário perguntou à cliente.
d. Caracteriza-se como um relato.
V. Como estivesse impaciente, Anésia não
e. Limita-se a expor informações.
explicou a origem do dinheiro.

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8. Analise as orações abaixo.

I. Levantou tarde com vagar e simulacro de sorriso [...].


II. [...] examinou os dentes no espelho do banheiro [...].
III. [...] tirando o carro para a frente da casa [...].
IV. [...] tendo para isso vestido o short [...].
V. [...] pôs sapato sem meia camisa esporte fora das calças [...].

Todas as orações são coordenadas, exceto:


a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. I e V.
e. IV e V.

Texto 4

9. A noção de modo, característica dos advérbios, está presente em:


a. Mulher.
b. Sofre.
c. Acidente.
d. Curtir, indicado no balão de fala.
e. Dirigindo.

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Questões de escrita

Emprego da vírgula e do travessão nas orações


subordinadas adverbiais

1. Como você deve lembrar, os advérbios são uma classe gramatical com certa mobilidade den-
tro da oração. Assim, é muito comum vê-los deslocados do final do período, seu lugar mais
habitual. Quando isso acontece, normalmente fica separado do período por vírgula(s). Caso se
queira enfatizar a circunstância adverbial, em vez da vírgula se utiliza o travessão. Da mesma
maneira, obviamente, procedemos com as orações subordinadas adverbiais.

Leia os períodos a seguir com atenção e utilize a vírgula (ou travessão) para separar os adjun-
tos adverbiais. Em seguida, reposicione esses termos para outro lugar adequado.

a. Conforme as características que apresentam, os blocos econômicos podem ser classi-


ficados como zona de livre-comércio, união aduaneira, mercado comum e união eco-
nômica e monetária.
Os blocos econômicos podem ser classificados como zona de livre-comércio, união aduaneira,
mercado comum e união econômica e monetária conforme as características que apresentam.

b. Como resultado do dinamismo que caracteriza a economia mundial globalizada, a


tendência atual é a formação de blocos econômicos.
A tendência atual é a formação de blocos econômicos como resultado do dinamismo que
caracteriza a economia mundial globalizada.

2. No texto a seguir, utilize a vírgula de maneira adequada.

Em um mundo em que crescem os organismos econômicos regionais e setoriais, não é


estranho que um país faça parte, ao mesmo tempo, de mais de um desses organismos.
Como faz parte do Nafta e da Apec, o México é um bom exemplo.

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3. Leia com atenção o texto abaixo e, em seguida, analise as afirmações feitas.

I. O objetivo global do texto é criticar a notícia, que colocou o “grupo de jovens” como mais
perigoso que o “criminoso de alta periculosidade”.
II. O texto ironiza a notícia do jornal, mostrando que não houve isenção sobre o fato noticiado.
III. Na fala do menino, percebemos uma construção hipotética, delimitada na escrita pela vír-
gula.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I.
b. II.
c. III.
d. I e II.
e. II e III.

4. Leia os períodos a seguir e utilize travessão ou vírgula onde for necessário.


a. O governador do Pará gravou reportagem para a emissora
assim que chegou ao Palácio do Governo.
b. Como está um dia ensolarado, resolvemos viajar hoje mesmo.
c. Enquanto a banda cantava — ela geralmente canta à capela —, to-
dos a aplaudiam de pé.
d. Em se tratando de música — e disso nós entendemos muito
bem —, não vamos organizar um simples show.

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CAPÍTULO
5
Sintaxe de Concordância

1. Concordância verbal
No início do século XX, mais precisamente entre os anos de 1914 e 1918, aconteceu a Primeira
Guerra Mundial. Inicialmente, o conflito se deu por um desacordo entre as nações europeias em
relação ao papel de cada uma na aquecida corrida industrial.
A Alemanha passou a não mais estabelecer concordância com o cenário, uma vez que impôs à
Inglaterra, que dominava a maior parte dos mercados consumidores do mundo, uma concorrência
real e à altura. A Inglaterra, então, sentiu o estranhamento típico de quando percebemos que algo
não está em seu lugar (lugar estabelecido por ela mesma) e partiu para o ataque.

APRENDA MAIS

Reprodução.
Na incessante busca por lu-
cros cada vez maiores, os paí-
ses imperialistas não mediam
esforços para tomar regiões já
pertencentes a outros Estados,
também imperialistas. Essa
falta de concordância resultou
na Primeira Guerra Mundial,
na qual se envolveram qua-
se todos os países europeus,
bem como os Estados Unidos
e o Japão. Apesar de a maior A Primeira Guerra Mundial, anunciada como um fim para outras
guerras, além de preparar graves conflitos posteriores, por falta de
parte das batalhas ter ocorrido acordos entre os países, deixou fixa a imagem de devastações e mor-
na Europa, houve lutas em ou- ticínios. A tomada de Vimy Ridge, segunda-feira de páscoa, 1917
tros continentes (na Ásia, por (1919). Óleo sobre tela, 364 cm x 591 cm. Museu Canadense da Guer-
ra. Richard Jack.
exemplo).

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Quando lemos um texto, vemos que a relação de compatibilidade ou de concordância também
deve acontecer. O que chamamos de concordância verbal nos estudos da língua portuguesa nada
mais é do que a compatibilidade número-pessoal entre o sujeito e o verbo de uma oração.

Compatibilidade
número-pessoal?!

Regra geral

Sabe aquele “estranhamento típico de quando percebemos que algo não está em seu lugar” que
atingiu a Inglaterra? Pois bem. Construções do tipo “Nós vai para a festa” podem provocar esse es-
tranhamento (se essa variação não fizer parte da sua oralidade) por causa da falta de concordância
entre o sujeito (nós) e o verbo ir — ou seja, um está na primeira pessoa do plural; e o outro, na ter-
ceira pessoa do singular. Não são, portanto, compatíveis.

Veja os exemplos abaixo:

Sujeito na 3ª pessoa do plural


As fábricas alemãs passaram a produzir mais e melhor que as máquinas inglesas.
Verbo na 3ª pessoa do plural

Sujeito na 3ª pessoa do singular


Entre 1914 e 1918, ocorreu a Primeira Guerra Mundial.
Verbo na 3ª pessoa do singular

Verbo na 3ª pessoa do plural


Ficaram inquietos, mesmo com toda a sua experiência, os empresários ingleses.
Sujeito na 3ª pessoa do plural

Nos períodos acima, vemos que ocorre uma compatibilidade entre o sujeito e o verbo da oração.
Essa compatibilidade pode ser enunciada como uma regra geral de concordância verbal.

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois do
verbo.

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Regras básicas

Com base nessa relação entre o sujeito e o verbo numa oração, podemos estabelecer algumas
regras básicas para a concordância verbal. São elas:

1. Flexionamos o verbo na primeira pessoa do singular ou do plural se o sujeito for eu ou nós,


respectivamente.

(Eu) Aprendi muito lendo livros.


(Nós) Sabemos que as nações imperialistas brigavam entre si por razões econômicas.
Pedro e eu gostamos de História.

2. Flexionamos o verbo na segunda pessoa do singular ou do plural se o sujeito for tu ou vós,


respectivamente. Caso o sujeito seja composto, se um dos núcleos for o pronome tu, de
acordo com a norma culta é adequado flexionar o verbo tanto na segunda pessoa do plural
(vós) quanto na terceira (eles/elas).

(Tu) Estudaste o capítulo sobre a Primeira Guerra?


(Vós) Estudastes o capítulo sobre a Primeira Guerra?
Tu e Pedro gostais de História? (Verbo na segunda pessoa do plural)
Tu e Pedro gostam de História? (Verbo na terceira pessoa do plural)

3. Flexionamos o verbo na terceira pessoa do singular ou do plural se o sujeito for ele, ela,
você ou eles, elas, vocês, respectivamente. O mesmo acontece se o sujeito for equivalente
a esses pronomes pessoais ou ao demonstrativo isso.

Ela
Após a unificação, a Alemanha cresceu em termos industriais.
Verbo na 3ª pessoa do singular

Elas
Suas fábricas passaram a produzir mais e melhor que as fábricas inglesas.
Verbo na 3ª pessoa do plural

Elas Isso
Consequentemente, as pessoas passaram a preferir os produtos alemães, o que desagra-
dou a Inglaterra. Verbo na 3ª pessoa do plural Verbo na 3ª pessoa do singular

Isso
Esse clima de rivalidade levou os dois países à guerra.
Verbo na 3ª pessoa do singular

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Como dissemos, essas regras são básicas para a relação de concordância verbal. Você já as utiliza
normalmente no seu dia a dia, mesmo que não perceba. Por esse motivo, não é necessário se preo-
cupar em decorá-las. Basta observar com atenção qual é o sujeito do verbo analisado para poder
flexioná-lo adequadamente, considerando a pessoa e o número.

2. Casos especiais de concordância com sujeito


simples
Há casos de concordância verbal, porém, que exigem um pouco mais de atenção, de acordo com
a norma culta. Para facilitar o nosso estudo, vamos considerar, por enquanto, apenas as orações com
sujeito simples. Veremos agora os principais casos.

1. O sujeito contém expressões que indicam parte de um conjunto

Expressões como a maioria de, grupo de, porção de e parte de concordam da seguinte forma:

a. Quando sozinhas ou seguidas de nomes no singular, o verbo concordará no singular.

A maioria chegou à fronteira.


Parte do continente europeu ficou destruída.

b. Quando seguidas de nomes no plural, o verbo poderá concordar tanto no singular quanto
no plural.

Um conjunto de razões levou/levaram os Estados Unidos a entrar na Primeira Guerra Mundial.


A maioria dos países europeus se envolveu/envolveram na Primeira Guerra Mundial.

2. O sujeito contém expressão de porcentagem

O verbo pode concordar com o numeral da porcentagem ou com o substantivo ao qual a por-
centagem se refere. Se a porcentagem for particularizada, o verbo concordará com ela. Observe os
exemplos:

Setenta por cento das baixas registradas na Primeira Guerra Mundial foram devidas a
disparos de artilharia.
Um por cento dos estudantes não sabia/sabiam o conteúdo da prova.
Um por cento da população acreditava na vitória alemã.
Um por cento dos norte-americanos apoiava/apoiavam a ofensiva.
Trinta por cento da turma conseguiu/conseguiram alcançar a média.
Esses trinta por cento da turma conseguiram alcançar a média.

Caso o verbo venha antes da expressão de porcentagem, a concordância deve ser feita com o
número existente.

Ficaram em recuperação 70% da turma.

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3. O sujeito contém expressões com fração

Nesse caso, a concordância se dá da mesma maneira que no caso anterior. Assim, o verbo tanto
pode concordar com o numerador da fração quanto com o termo substantivo que a acompanha.

Um terço dos alunos conhecia/conheciam a história da Primeira Guerra Mundial.

4. A expressão um(a) dos(as) que

Quando o sujeito contém a expressão um(a) dos(as) que, o verbo pode ser flexionado no singular
ou no plural.

Um dos países que participou/participaram da Primeira Guerra foi a Alemanha.


Uma das potências bélicas que se destacou/destacaram foram os Estados Unidos.

5. Pronomes relativos que e quem

Caso o sujeito da oração seja representado pelo pronome que, o verbo concorda com o seu an-
tecedente; se representado por quem, fica na terceira pessoa do singular ou concorda com o seu
antecedente.

Fomos nós que repassamos o conteúdo sobre a guerra.


Fomos nós quem repassou/repassamos o conteúdo sobre a guerra.

6. Sujeito formado pela expressão cada um, mesmo seguida de um nome no plural

Nessa situação, o verbo fica no singular. Observe:

Cada um deve conhecer a história de seu país.


Cada um dos países vencedores reunidos impôs à Alemanha duras penas.

7. Verbos ter e vir

A concordância com esses verbos tem uma particularidade: quando conjugados na terceira pes-
soa do plural do presente do indicativo, apresentam um acento circunflexo.

Pedro tem estudado muito a respeito da Primeira Guerra Mundial.


Pedro e Alice têm aprofundado os estudos com as aulas invertidas de História.

Eliza vem estudando sobre o ECA desde o começo do ano.


Eliza e Daniel vêm apresentando seminários sobre a Constituição de 1891.

Com os verbos derivados de ter e vir, a terceira pessoa do singular recebe acento agudo, e a ter-
ceira do plural recebe acento circunflexo.

O governo francês mantém proibido o acesso a regiões contaminadas por armas químicas
utilizadas na Primeira Guerra Mundial.
As áreas contaminadas detêm grande quantidade de granadas que nunca explodiram —
cerca de 15% do total — e ainda não foram encontradas.

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8. O caso dos verbos impessoais

O sujeito normalmente pode ser substituído por um pronome pessoal. Assim, os verbos utiliza-
dos com sujeito são chamados de pessoais, exatamente porque são usados com pronomes pessoais,
que determinam a sua flexão. Nesse raciocínio, chamamos de impessoais os verbos que não podem
ser usados com esses pronomes. Veja:

Nevou nos campos de batalha. Chovia bastante em Verdun.

Perceba que, nas frases acima, nenhum termo disponível na nossa língua poderia ocupar a fun-
ção de sujeito. Assim, o sujeito dos verbos nevar e chover não é indeterminado. Na verdade, ele
não existe, pois são verbos impessoais. Nessa situação, o verbo fica flexionado sempre na terceira
pessoa do singular (ele). Veja alguns exemplos de orações construídas com verbos impessoais.

Trovejou durante a madrugada.


Há muitas espécies animais desconhecidas.
Havia muitas pessoas na fila.
Faz três dias que chove.
Há dois anos sem estiagem.
Fazia três anos que não nevava.
Passava das quatro horas da manhã.
Chega de preguiça!
Geou a madrugada toda nos pampas gaúchos.

Observando esses exemplos, podemos perceber que os verbos impessoais são:


• Os verbos que denotam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, relampear, nevar, ven-
tar, gear.
• Haver em orações equivalentes às construídas com os verbos ocorrer, fazer, existir, realizar-se
e acontecer.
• Haver, fazer e ser nas indicações de tempo.
• Passar de exprimindo tempo decorrido.
Reprodução.

O colapso da economia russa, um inverno rigoroso e as der-


rotas sofridas contra os alemães fizeram com que o exército
russo tivesse uma atuação inexpressiva na Primeira Guerra
Mundial. National Geographic Magazine, Volume 31, (1917).

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3. Casos especiais de concordância com sujeito
composto
Vimos os casos de concordância verbal com sujeito simples. Agora, veremos os casos especiais
de concordância verbal com sujeito composto. Como o sujeito composto é formado por mais de um
núcleo, é comum pensarmos que, automaticamente, o verbo deve ser flexionado no plural. Mas
nem sempre é assim.

1. O sujeito composto é colocado depois do verbo

Nesse caso, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo ou com todos.

Do lado da Alemanha, lutou a Bulgária e o Império Turco Otomano.


Do lado da Alemanha, lutaram a Bulgária e o Império Turco Otomano.

2. Sujeito ligado por nem... nem

O verbo pode ficar no plural (concordando com os dois núcleos) ou pode concordar com o núcleo
mais próximo.

Nem a Inglaterra nem a Alemanha quiseram/quis abrir mão dos mercados consumidores.
Nem a Alemanha nem a Inglaterra entraram/entrou em acordo.

3. Sujeito composto por nem um nem outro

Nesse caso, o verbo deve ficar no singular.

Nem um nem outro entrou em acordo.

4. Concordância verbal e variação linguística


As regras de concordância verbal que vimos até agora foram apresentadas de acordo com a nor-
ma culta. Essa norma, ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários,
determina as regras gramaticais que as pessoas devem seguir ao falar ou escrever em situações
formais.
No entanto, a língua que falamos espontaneamente no nosso dia a dia é bem diferente, cheia de
variações e desconstruções do que promove a gramática normativa. A quebra com a concordância
verbal é um exemplo. Apesar de a norma culta determinar que, basicamente, o sujeito deve concor-
dar com o verbo, muitas vezes nos vemos construindo orações que não obedecem a essa regra. É aí
que entra a noção de uso, por exemplo. Diferentemente do rigor exigido pelas regras da gramática
normativa, as regras de uso cotidiano não determinam o que é “certo” ou “errado”: elas correspon-
dem às regras gramaticais que as pessoas seguem, sobretudo quando falam em situações informais,
descontraídas. Não há aqui critérios como “feio” ou “bonito”, “certo” ou “errado”.
Vamos detalhar um pouco. Considerando situações e épocas diferentes, podemos identificar três
maneiras de conjugar o verbo ser, por exemplo, no tempo presente. De acordo com as regras de uso,
temos o seguinte:

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Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3
Eu sou Eu sou Eu sou
Tu és Você é / tu és / tu é Você é / tu é
Ele(a) é Ele(a) é Ele(a) é
Nós somos Nós somos / a gente é Nós é / a gente é
Vós sois Vocês são Vocês é
Eles(as) são Eles(as) são Eles(as) é

Na Coluna 1, estão as formas verbais mais comuns na es-


crita culta e de épocas mais antigas. Na Coluna 2, estão as for- to work
mas mais típicas da fala culta dos dias de hoje, mesmo entre I work
as pessoas com mais escolaridade. A forma a gente é ocorre you work
comumente na fala, enquanto a forma nós somos é mais em- he/she/it works
pregada na escrita. Já na Coluna 3, estão as formas utilizadas we work
por falantes menos cultos. Nessa gramática, há apenas duas you work
formas verbais, o que a deixa bastante parecida com o inglês. they work
Observe, por exemplo, a conjugação do verbo to work (traba-
lhar) no tempo presente.
Dessa forma, todos nós seguimos regras gramaticais quando falamos ou escrevemos, mas po-
demos usar gramáticas diferentes de acordo com a situação. Por exemplo: quem diz Vamo pescá
os pexe todo está seguindo regras gramaticais diferentes de quem diz Vamos pescar todos os
peixes. Por trás dessa questão, há algo muito maior e mais perverso: o preconceito linguístico,
ilustrado nos quadrinhos a seguir.

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5. Concordância nominal
A concordância nominal segue a mesma lógica de compatibilidade da concordância verbal, mas
agora, como a própria palavra anuncia, trabalharemos apenas com nomes. Dessa forma, aqui se es-
tabelece a concordância em gênero e número (ou só número) entre os nomes. De um lado, ficam os
substantivos e os pronomes substantivos; do outro, ficam as palavras que se relacionam com eles,
o chamado grupo nominal (artigo, numeral, pronome e adjetivo). Para entender melhor, analise o
período a seguir.

A Inglaterra e a França, no início do século XX, dominavam grandes extensões da Ásia, da


África e da Oceania.

De acordo com a regra geral da concordância nominal, artigos, numerais, pronomes e adjeti-
vos concordam em gênero e número com os substantivos e pronomes substantivos aos quais
se referem.

APRENDA MAIS

Chamamos de pronomes substantivos os pronomes que, no enunciado, substituem subs-


tantivos.

Gabriel tem horror a guerras.


Ele tem horror a isso.
Pronomes substantivos

Já os pronomes adjetivos são aqueles que, no enunciado, acompanham os substantivos.


Esta prova avalia a sua compreensão sobre a Primeira Guerra Mundial.
Pronomes adjetivos

No exemplo acima, vemos que o sujeito da oração é composto por dois núcleos: Inglaterra e
França. Ambos os substantivos estão acompanhados do artigo a, que concorda em gênero (são
palavras femininas) e em número (cada um deles está no singular). Do mesmo modo, os demais
substantivos do período determinam a flexão em gênero e número (ou só número, como no caso do
adjetivo grandes) das palavras que os acompanham.

Importante: Quando um adjetivo se relaciona com substantivos de gêneros diferentes, a gra-


mática normativa determina a sua flexão no masculino plural.

As guerras e os desastres naturais são provocados por agentes diferentes.

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Observe que, no exemplo visto, o adjetivo provocados se relaciona simultaneamente com os
substantivos guerras e desastres. Algo diferente ocorre no período abaixo.

Os explosivos e as armas químicas destruíram a Europa entre 1914–1918.

Nesse caso, o adjetivo químicas está flexionado no feminino plural para concordar apenas com o
substantivo armas. Essa flexão nos permite concluir que as armas eram químicas, mas os explosivos
não. Agora, analise o exemplo abaixo.

Os explosivos e as armas químicos destruíram a Europa entre 1914–1918.

Ao observar a flexão no masculino plural do adjetivo, podemos concluir que tanto os explosivos
quanto as armas eram químicos. Como você pode ver, a concordância nominal depende, também,
do que se quer dizer, da informação que se deseja passar.

6. Regras especiais de concordância nominal


1. Bastante e muito

Essas palavras podem atuar na oração tanto como pronomes indefinidos quanto como advérbios.
Esta última classe é sempre invariável, mas, no caso de se apresentarem como pronomes, fazem a
concordância normalmente.

Modifica um verbo.
Durante a Segunda Revolução Industrial, as empresas cresceram bastante.
Advérbio (=muito)

A guerra deixou bastantes feridos.


Pronome = muitos

Após a guerra, bastantes países estavam destruídos.


Pronome = muitos

2. Obrigada e obrigado

A palavra obrigado, empregada como forma de agradecimento, é a única que não concorda tex-
tualmente com um substantivo. De acordo com a gramática normativa, ela deve ser flexionada no
feminino ou no masculino para concordar com o gênero de quem agradece. Assim, na norma culta,
quem for homem deve dizer obrigado; quem for mulher, obrigada. No entanto, essa distinção hoje
é pouco usada, mesmo em situações formais.
Já no sentido de obrigação, a palavra obrigado varia normalmente. Veja os exemplos a seguir:

O pelotão foi obrigado a recuar.


Diversas nações se viram obrigadas a entrar no conflito.

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3. Concordância com as expressões é bom, é necessário, é proibido, é preciso

Conforme a norma culta, apenas há concordância se o sujeito apresentar um determinante, como


um artigo ou pronome.

É proibido utilização de armas químicas em guerras.


É proibida a utilização de armas químicas em guerras.
É necessário compreensão sobre as consequências da guerra.
É necessária muita compreensão sobre a história das guerras.

4. A palavra menos

A palavra menos é advérbio. Por esse motivo, é invariável na norma culta.

A Alemanha saiu da Primeira Guerra Mundial com menos áreas de influência.

5. A palavra meio

A palavra meio pode ser empregada como advérbio ou numeral. Como advérbio, é invariável e
significa um pouco. Como numeral, equivale a metade e concorda normalmente com o substantivo
com que se relaciona.

Ela sempre fica meio triste quando estuda a Primeira Guerra Mundial.
(um pouco)

A prova de História será ao meio-dia e meia.


(meia hora)

6. O termo quite

Concorda apenas em número com o substantivo.

Para ficar quite, a Alemanha foi punida com a perda de territórios.


Os países estavam quites após a Guerra?

7. Tal e qual

Concordam em gênero e número com a palavra determinada.

Tais razões fizeram a Alemanha ser considerada culpada pela Guerra.


Quais problemas provocaram a Primeira Guerra Mundial?

Com a expressão tal qual ocorre a mesma concordância. Em alguns casos, fica bem estranha essa
concordância, mas, de acordo com a gramática normativa, deve ser assim. Veja:

A menina estudou tal quais os irmãos.


Os meninos são tais qual a mãe.
Os primos gostam de sorvete tais qual meu filho.

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8. As palavras próprio, mesmo, anexo e incluso

Concordam com a palavra determinada em gênero e número.

As próprias nações vencedoras impuseram indenizações à Alemanha.


Após a guerra, a Europa não era mais a mesma.
Uma das causas da Guerra foi o desejo da França de reaver a Alsácia-Lorena, território
anexo à Alemanha.
A região da Alsácia-Lorena, que passou ao domínio alemão, estava inclusa na França.

O conflito entre a norma gramatical e a norma de uso da palavra mesmo(a) é o tema da tirinha
a seguir.

Como você pode ver, o humor da


tira ocorre em função do uso da palavra
mesmo. Para a personagem Anésia, há
um “conflito” nesse uso. De acordo com
as suas falas, percebemos que ela a utili-
za como invariável, e a sua flexão para o
feminino singular indicaria uma referên-
cia à sua neta.

9. Só e a sós

No sentido de somente, apenas, a


palavra só é advérbio. Portanto fica in-
variável.
Disponível em: http://www.willtirando.com.br/anesia-324/. Acesso em: 02/07/2020.

A Alemanha e a Itália não pretendiam apenas conquistar mais territórios.


Não era só interesses imperialistas que estavam em jogo.

No sentido de sozinho(a), a palavra só varia normalmente. Já a expressão a sós é invariável.

Os soldados se viram sós na trincheira.


Durante o processo de unificação das nações da Europa, a Itália e a Alemanha ficaram sós.

10. A expressão a olhos vistos

Essa expressão é bem incomum; significa claramente, visivelmente. Em geral, fica invariável, mas
é adequada a concordância de visto com a pessoa ou coisa que se vê.

A Primeira Guerra foi, a olhos vistos, uma grande tragédia mundial.


A Primeira Guerra foi, a olhos vista, uma grande tragédia mundial.

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Atividades

1. Depois de uma aula sobre a Primeira Guerra Mundial, o professor de História pediu que os
alunos elaborassem um resumo sobre o tema, apresentando os principais fatos ocorridos. Um
dos alunos apresentou o texto a seguir.

A Primeira Guerra Mundial, ocorrido entre os anos de 1914 e 1918, foram um aconteci-
mento que marcaram a história das humanidade. Nas incessante busca por lucro cada vez
maiores, os países imperialista não mediram esforço para tomar regiões já pertencente a
outros Estados também imperialista. Essa disputa resultaram na Primeira Guerra Mundial,
na qual se envolveu quase todos os país europeus, bem como os Estados Unidos e o Japão,
menas a China.
A Inglaterra, por causa do seu potencial industrial, dominava a maior parte dos mer-
cado consumidor do mundo. Mas, no início do século , a Inglaterra se viu ameaçadas
por outra potência: a Alemanha. Depois de sua unificação, a Alemanha cresceu bastantes em
termos industriais. Suas fábricas passou a produzir mais e melhor que as fábrica inglesa.
Consequentemente, as pessoa passaram a preferir os produto alemão, o que desagradou à
Inglaterra. Esse clima de rivalidade levaram os dois países à guerra.
Os líder alemão e inglês fez como todos os governante faz quando quer colocar algo na
mente do povo: usou os meio de comunicações de massa. Na Primeira Guerra Mundial, os
meios mais utilizado foi o jornal, pois ainda não haviam televisão nem as emissoras de
rádio. Cartazes e peças de teatro também serviu a esse fim. Além disso, apelava-se para o
sentimentos nacionalistas (o amor à pátria). Multidões absorveu as mensagens contida nos
jornais e partiu para os campos de batalha, na intenção de defender seu país, mesmo que
isso custasse a vida. Enquanto isso, os responsável pelo conflito pensou apenas nos lucro que
poderia ter com aquela terrível guerra.
Cerca de nove milhão de pessoa morreu nos campo de batalha. Mais de seis milhão de
soldado passou a viver mutilado. Sem falar na fome e nas epidemia, tão responsáveis pe-
las destruição das populações quanto as arma de fogo. Na verdade, que se saiu bem dessa
história foi os Estados Unido. Depois da guerra, ele passou a ser uma potência mundial
porque durante quase todo o conflito ele se dedicou à produção agrícola e industrial, fornecendo
mercadorias aos país europeu envolvido na briga. Além disso, os estadunidense supriram os
mercados consumidor da Ásia e da América Latina, acumulando bastante riquezas.
A Europa passou por muita transformações. Novos países surgiu, como a Checoslováquia,
a Polônia e a Hungria, por causa da fragmentação do Império Austro-húngaro. A Bósnia-
-Herzegovina foram dominadas pela Sérvia, formando-se daí a Iugoslávia. Os ingleses
passou a dominar o Iraque e a Palestina, e a Síria foram controladas pelos franceses. Já
a Rússia saiu da guerra antes do seu término, mas passou por umas revolução em 1917.

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a. Ao ler o texto do aluno, o professor de b. Para você, a satisfação pessoal deve ser
História percebeu alguns desvios da prioridade?
norma-padrão da língua. Então, com a Para vocês, a satisfação pessoal deve ser
ajuda do professor de Português, ele
circulou todas as palavras que apre- prioridade?
sentavam esses desvios para pedir ao
aluno a adequação. Releia o texto e c. Quem era o convidado?
identifique as palavras que o professor Quem eram os convidados?
certamente circulou.
b. Converse com seu professor e seus cole-
gas sobre que outras opções de escrita
d. Não se pode esquecer do momento feliz.
poderiam ter as palavras circuladas.
Não se pode esquecer dos momentos fe-

2. O trecho abaixo foi extraído do texto escri- lizes.


to pelo aluno.
e. Enquanto durar a crítica, não voltará ao
A Primeira Guerra Mundial foram um emprego.
acontecimento que marcaram a história Enquanto durarem as críticas, não voltará
das humanidade.
ao emprego.
a. Aproveitando-se dos conhecimentos
f. Fez-se greve.
adquiridos nos capítulos anteriores,
classifique a oração em destaque. Fizeram-se greves.
Oração subordinada adjetiva restritiva.

g. A Direção avaliou que, para uma deci-


são acertada, devia-se considerar, além
b. Apesar dos desvios da norma-padrão
dos dados objetivos, a informação re-
presentes, conseguimos analisar sinta-
cebida.
ticamente a oração destacada e com-
preender o seu sentido. O que isso nos A Direção avaliou que, para uma decisão acer-
prova? tada, deviam-se considerar, além dos dados
Que as inadequações gramaticais não im- objetivos, as informações recebidas.
h. A aula de mergulho é perfeita.
pedem a comunicação entre o autor e o
As aulas de mergulho são perfeitas.
leitor.
3. Reescreva as frases a seguir passando os
termos destacados para o plural. Faça ape-
nas as modificações necessárias e observe 4. Preencha as lacunas do texto com as pa-
as regras da gramática normativa. lavras indicadas entre parênteses flexiona-
das de forma adequada.
a. A dificuldade marcou a vida dela.
As dificuldades marcaram a vida dela.

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O mundo em crise
A Primeira Guerra Mundial foi (ser) um divisor de águas no cenário político-econômico
mundial. A partir de 1918, os países europeus tiveram (ter) um concorrente de peso que não
fazia (fazer) parte do bloco das potências europeias: os Estados Unidos. Para compreender-
mos a crise que ocorreu (ocorrer) em 1929, temos (ter) de relembrar (relembrar)
alguns pontos importantes da Primeira Guerra Mundial e, assim, perceber (perceber) que a
História não acontece (acontecer) de maneira fragmentada e que todo acontecimento histórico
influencia (influenciar) diretamente na construção do futuro.
Os países europeus envolvidos no conflito passaram (passar) a enfrentar (enfrentar) uma cri-
se econômica muito séria. Muitas economias estavam (estar) arruinadas (arruinado). A guerra
não havia (haver) apenas ceifado vidas, mas também economias — como a da Inglaterra, que
desfrutava (desfrutar) de grande poder econômico na virada do século XIX. Ao final do conflito, os
ingleses vivenciaram (vivenciar) um cenário de desemprego e falências. A França e a Inglaterra, em-
bora fossem (ser) vencedoras (vencedor) no conflito, perderam (perder) recursos importantes
para competir com os norte-americanos.
O saldo da guerra foi (ser) de, aproximadamente, 9 milhões de mortos e incontáveis pessoas
mutiladas (mutilado) ou que carregaram (carregar) alguma sequela. A Alemanha foi (ser)
considerada a única culpada pelo conflito, sob determinação do Tratado de Versalhes, tendo de
pagar uma pesada indenização aos países vencedores. Os norte-americanos se opuseram (opor-se)
ao Tratado e à Liga das Nações e resolveram (resolver) fazer acordos diretamente com os alemães,
ajudando no processo de recuperação econômica daquele país.
SALVARI, Fábio. Diálogos da História. 9º ano. Recife: Construir, 2019, p. 31.

5. Tente explicar a diferença de sentido que há entre os pares de frases a seguir.


a.

I. Os irmãos Pedro e João são grandes homens.


II. O irmão Pedro e João são grandes homens.

Na frase I, por estar no plural, a palavra irmãos se refere a Pedro e a João. Já na frase II, a pa-
lavra irmão se refere apenas a Pedro, funcionando como adjetivo.

b.

I. Trazia a calça e a camisa suja.


II. Trazia a calça e a camisa sujas.

Em I, concluímos que apenas a camisa estava suja. Já na frase II, entendemos que tanto a calça
quanto a camisa estavam sujas.

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Desafio

Texto

Disponível em: https://66.media.tumblr.com/d7e79d5879dbe18edd35ab63cd11aa94/tumblr_ot7tjb9B3g1u1iysqo1_1280.png.


Acesso em: 02/07/2020.

1. De acordo com a interpretação global do texto, é incorreto afirmar que:


a. O menino se sente infeliz com a desigualdade social.
b. O humor da tira ocorre devido a uma quebra de expectativa, verificada no segundo qua-
drinho.
c. O objetivo do texto é mostrar que o personagem não gosta de ter uma vida melhor que
a de outras crianças.
d. Para o menino, todas as crianças deveriam ter uma vida como a sua.
e. A desigualdade social é o tema central da tira.

2. Analise o período a seguir.

Acham que eu devia ser feliz porque minha vida é melhor que a de muita gente!

Considerando os recursos linguísticos utilizados, avalie as afirmações abaixo.

I. O verbo achar está flexionado no plural para concordar com o seu sujeito.
II. A conjunção porque introduz uma noção de causa, não uma explicação.
III. A palavra vida foi suprimida na última oração para contribuir com a coesão do texto.
IV. Se o verbo achar fosse substituído por acreditar, o período deveria começar com Acreditam
[...].
V. O termo muita gente funciona como sujeito do verbo ser, que está flexionado corretamen-
te na terceira pessoa do singular.

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Indique a opção em que todas as afirmações estão corretas.
a. I, II e III.
b. II, III e IV.
c. III, IV e V.
d. I, II e V.
e. I, IV e V.

3. Ainda avaliando os recursos linguísticos do Texto I, analise as afirmações a seguir.

I. Os verbos achar e entender estão flexionados na terceira pessoa do plural pelo mesmo
motivo.
II. No segundo quadrinho, o verbo ser está empregado na terceira pessoa do singular, acom-
panhando seu sujeito.
III. No terceiro quadrinho, o verbo poderia ser substituído pela forma verbal sabem sem pre-
juízo da correção gramatical.
IV. No último quadrinho, os verbos ser e deixar possuem o mesmo sujeito.
V. No último quadrinho, a palavra triste qualifica o sujeito oculto.

Está incorreto o que se afirma em:


a. I, II e III.
b. II, III e IV.
c. III, IV e V.
d. I, II e V.
e. I, IV e V.

4. Agora, analise o período a seguir.

Eles não entendem que é isso que me deixa triste.

Em relação ao uso da palavra que, assinale a alternativa que corresponde, respectivamente, à


sua classificação nas duas situações.
a. Conjunção integrante e pronome relativo.
b. Pronome relativo e substantivo.
c. Conjunção integrante e advérbio de causa.
d. Pronome relativo e conjunção integrante.
e. Conjunção integrante e conjunção coordenativa.

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Questões de escrita

Concordância e expressividade

Reprodução.
Dona Armênia e “suas três filhinhas” na novela Deus nos acuda.

Na novela Deus nos acuda, da Rede Globo, a atriz Aracy Balabanian viveu a personagem
Dona Armênia, uma descendente de armênios. Na trama, a personagem cômica é a mãe su-
perprotetora de três filhos homens. O humor de Dona Armênia está, entre outras coisas, no
seu sotaque e na maneira como formula seus enunciados. Construções como “Minhas filhi-
nhas” (referindo-se aos seus filhos), “Este cobra” e “Eu passa no Aparecida da Norte” são mar-
cas da personagem, que fez muito sucesso no ano de 1990.
Na sua opinião, por que as construções “exóticas” de Dona Armênia dão um ritmo humo-
rístico à trama? E, para além do humor, qual você acha que foi o propósito do autor da novela
ao construir uma personagem que fala “errado”?

Resposta pessoal. Espera-se que o aluno entenda que as construções de Dona Armênia são indicativos

de uma personagem que não é brasileira e que, portanto, aprendeu o português como segunda língua.

Suas construções são engraçadas não só porque causam estranhamento, mas também porque são a

marca mais forte de uma personagem peculiar, dramática e exagerada.

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CAPÍTULO
6
Sintaxe de Regência
e Colocação

1. Regência
Conceito

Você já deve ter estudado nas aulas de Ciências que, lá pelo século XVII, o cientista Isaac Newton
(aquele da maçã!) desenvolveu uma nova compreensão em relação à atração dos corpos: concluiu
que todo corpo que possui massa gera uma força atrativa sobre os corpos ao seu redor. E, assim,
temos a conhecidíssima força da gravidade.
Newton entendeu o seguinte: a Lua e o planeta Terra, por exemplo, atraem-se mutuamente e
com a mesma intensidade. Isso explica nossa eterna dúvida sobre como os corpos celestes (os pla-
netas, o Sol, a Lua, etc.) permanecem suspensos, em órbita, e não despencam lá de cima: a força de
atração os mantém equilibrados!

stock.adobe.com/Destina

O Sistema Solar com seus corpos celestes (os planetas e o Sol) exercendo, uns so-
bre os outros, uma força de atração invisível que os mantém sempre em órbita.

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Mas o que o assunto deste capítulo tem a ver com a lei da gravidade, a atração gravitacional e
todo esse papo intergaláctico? Usando a imaginação, podemos ver que há, sim, uma relação entre
o nosso tema aqui — a regência — e a Lei da Gravitação Universal, de Newton. Tomemos o texto
como o espaço sideral. Parece estranho isso?! Apenas imagine que, também nele, há uma força de
atração que não é vista, mas que é perceptível e ordena as relações entre as palavras.
Agora, vamos pensar no Sistema Solar. Determinados nomes (substantivos, adjetivos ou advér-
bios) e verbos podem assumir o papel do Sol; e os termos regidos por eles, o dos planetas. Aqueles
têm, em torno de si, uma “órbita”, atraem e se deixam atrair por determinados termos.

Falar
algo

O verbo falar, por exemplo, na posição de Sol, tem em sua “órbita” diferentes possibilidades
de complemento. Atrai, portanto, diversos complementos, e, dependendo da forma como constrói
cada um deles, um sentido diferente lhe é atribuído.
Falar sobre alguém, por exemplo, significa manifestar ideia sobre determinada pessoa; já falar
com alguém tem o sentido completamente diferente e expressa o comunicar-se oralmente, dialo-
gar; falar algo, por sua vez, significa expressar-se oralmente sobre um tema. Temos, assim, de acor-
do com o esquema acima, a regência do verbo falar. Os nomes também podem exercer essa “força”
e uma “órbita”. Nesse caso, temos a regência nominal. Veja dois exemplos a seguir:

Senti necessidade de estudo.


Estou apto para assumir o cargo.

A regência é, pois, a dependência ou não de complementos que nomes e verbos têm para sua
significação ampla, total.

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2. Verbos transitivos e verbos intransitivos
Se a força que sustenta o Universo e faz com que os corpos se atraiam é chamada gravidade, a
que atrai os nomes para a “órbita” dos verbos, por exemplo, é a transitividade.
A regência verbal nada mais é, portanto, que uma relação entre o verbo e os termos que ele rege
— ou que estão na sua “órbita”. Os termos regidos pelo verbo são o seu complemento. No caso do
verbo falar, do esquema anterior, vimos alguns termos acompanhados por preposições (a, sobre,
com, de). Quando o complemento se liga ao verbo de maneira indireta, ou seja, por intermédio de
uma preposição, temos um verbo transitivo indireto (VTI). Nesse caso, o complemento verbal é
chamado de objeto indireto (OI).

VTI OI
Nossa força muscular depende da força gravitacional.
Preposição

De outro modo, quando o complemento exigido pelo verbo se liga a ele de forma direta, isto é,
sem o auxílio de uma preposição, dizemos que o verbo é transitivo direto (VTD) e seu complemento
é o objeto direto (OD). Veja:

VTD OD
Aristóteles foi o primeiro a estudar os movimentos de queda.

Ainda dentro da categoria dos verbos transitivos, estão os verbos que regem ao mesmo tempo
um objeto direto e um objeto indireto. Por esse motivo, são chamados de verbos transitivos diretos
e indiretos (VTDI).

VTDI OD OI
Muitos alunos preferem Física a Química.

Por fim, os verbos intransitivos (VI), como o próprio nome sugere, não regem complementos,
isto é, têm significação completa. No “trânsito” da leitura, o sentido para no verbo. Considerando a

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metáfora do Sistema Solar, seriam os “sem órbita”.

VI Adjunto adverbial
A força da gravidade age verticalmente.

A gravidade explica por-


que as coisas caem.

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3. Alguns casos de regência verbal
A relação de regência, seja nominal, seja verbal, como vimos, é um fenômeno natural da língua.
Naturalmente, empregamos nomes e verbos de forma direta (sem preposição) ou indireta (com
preposição), de acordo com os nossos objetivos comunicativos.
No entanto, essa “naturalidade” da comunicação espontânea não é característica da norma culta.
Prescrita na gramática normativa, a norma culta é bastante rígida e, muitas vezes, utilizada como
instrumento de valoração social. Infelizmente, as pessoas que não se expressam de acordo com suas
regras muitas vezes são vistas com preconceito.
Assim, para que você conheça a regência de alguns verbos importantes tendo em vista as deter-
minações da norma culta, colocamos a seguir uma lista deles, os mais comuns em provas de vesti-
bulares e concursos.

• Abraçar
No sentido de tomar entre os braços, pode ser transitivo direto ou indireto (neste último caso,
quando pronominal, exige as preposições a, com, contra ou em).

VTI OI
Ela se abraçou com a professora carinhosamente.

VTD OD Adjunto adverbial


Abraçamos a professora carinhosamente.

Já no sentido de adotar, seguir, o verbo abraçar é apenas transitivo direto.

VTD OD
A ciência abraçou os estudos sobre a gravidade.

• Agradar
Quando é empregado no sentido de fazer carinho, acalentar, é transitivo direto.

VTD OD
A mãe agradava o filho enquanto ele estudava.

Já no sentido de causar agrado ou prazer, de ser agradável, pode ser transitivo indireto ou in-
transitivo.
VTI OI
A prova agradou aos alunos.

VI
A atitude honesta agradou.

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• Agradecer
Com sentido de dar graças ou agradecimentos, é transitivo direto e indireto.

VTDI OI OD
Agradeceu à irmã as aulas sobre atração gravitacional.

• Ajudar
Com o sentido de prestar ajuda, dar assistência/apoio, pode ser transitivo direto, transitivo indi-
reto (exige a preposição em) ou transitivo direto e indireto.

VTD OD
João ajudava o pai.

VTI OI
Nós ajudamos na reforma da loja.

OD VTDI OI
Nós o ajudaremos a compreender o assunto.

• Aspirar
No sentido de desejar, almejar, o verbo aspirar é transitivo indireto (exige a preposição a). Nesse
sentido, o verbo não aceita o pronome lhe como complemento.

VTI OI
Copérnico aspirava à comprovação do Sistema Heliocêntrico.

Copérnico aspirava-lhe. (Inadequado)


Copérnico aspirava a ela. (Adequado)

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Ao propor a Teoria Heliocêntrica, Copérnico não aspirava a problemas. Na ver-
dade, ele só queria provar que, diferentemente do que se pensava até então,
a Terra não era o centro do Universo. Sua teoria não agradou a Igreja Católica.

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Já com o sentido de respirar, cheirar, sorver, o verbo aspirar é transitivo direto.

VTD OD
Há máquinas que aspiram o pó do assoalho.

• Assistir

No sentido de presenciar, ver, é transitivo indireto (exige a preposição a). Nesse sentido, não
admite a forma oblíqua lhe.
VTI OI
Desde os primórdios, o ser humano assiste ao espetáculo dos corpos no céu.

Desde os primórdios, o ser humano assiste-lhe. (Inadequado)


Desde os primórdios, o ser humano assiste a ele. (Adequado)

No português brasileiro, o verbo assistir, no sentido de ver, é usado naturalmente como transi-
tivo direto: Assisti a aurora boreal. Essa regência, entretanto, ainda é considerada inadequada pela
gramática normativa.
Já no sentido de dar assistência, ajudar, o verbo assistir pode ser transitivo direto, transitivo indi-
reto ou transitivo direto e indireto. Observe:

VTD OD
As leis de Kepler assistiram Isaac Newton.

VTDI OD OI
As leis de Kepler assistiram Isaac Newton a compor a Lei da Gravitação Universal.

Por fim, no sentido de caber, pertencer (direito ou razão), o verbo assistir é transitivo indireto,
conforme a norma culta. Admite a forma oblíqua lhe.

VTI OI
Shutterstock.com

O estudo dos astros assiste aos astrônomos.

O estudo dos astros assiste-lhes. (Adequado)


O estudo dos astros assiste a eles. (Adequado)

É possível assistir à aurora polar durante a noite. Esse sublime evento de luzes e cores ocorre
devido ao choque produzido por partículas de vento solar no perímetro magnético terrestre.

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• Atender

No sentido de dar ou prestar atenção, pode ser transitivo direto ou indireto (exige a preposição a).

VTD OD
Neil Armstrong atendeu o repórter em entrevista rara.

VTI OI
Neil Armstrong atendeu ao repórter.

Se o complemento do verbo atender for um pronome pessoal referente à pessoa, ele deve ser
empregado como transitivo direto.

VTD OD
Neil Armstrong atendeu-o.

Quando significa conceder ou receber em audiência, o verbo atender é transitivo direto.

VTD OD
O presidente atendeu os manifestantes.

Por fim, no sentido de atentar, concentrar a atenção, é transitivo indireto (exige as preposições
a, para ou em).

VTI OI
Como não atendeu à intransigência da Igreja, Galileu foi preso.

APRENDA MAIS
Reprodução.

Neil Alden Armstrong (1930–2012) foi um


astronauta dos Estados Unidos conhecido
no mundo todo por ter sido o primeiro ho-
mem a pisar na Lua. Segundo os registros
norte-americanos, esse feito teria ocorri-
do em 20 de julho de 1969. Há cientistas,
porém, que contestam a veracidade desse
fato, alegando que seria mais uma das in-
trigas da Guerra Fria. Converse com o seu
Neil A. Armstrong, 1969, ano que o homem chegou à
professor de História a respeito disso.
Lua. Acervo da Nasa.

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• Chamar
Quando assume o sentido de dar a alguém o nome de, apelidar, qualificar, é transitivo direto (+
predicativo) ou transitivo indireto (+ predicativo).

Newton supôs que a fruta caía ao chão porque havia uma força que a puxaria para o centro
da Terra; chamou-a de gravidade.
VTD OD Predicativo do objeto

Chamou-lhe de gravidade.
VTI OI Predicativo do objeto

No sentido de convocar, fazer vir, o verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo direto e
indireto (exige as preposições a ou para).

VTDI OD OI
A professora chamou o aluno ao quadro.

• Chegar
No sentido de atingir o lugar visado, é intransitivo.

VI
Chegamos.
VI
Meu livro de Física chegou.

VI
Chegarmos a Marte é questão de tempo.
Adjunto adverbial

A depender do contexto enunciativo, admite ainda variação de regência. Observe:

Os produtos chegaram de avião. (meio/transporte utilizado)


Os produtos chegaram ao avião. (para seguir viagem)
Os produtos chegaram no avião. (naquele avião)

APRENDA MAIS

Não é de hoje que o ser humano sonha chegar a Marte. A sonda Curiosity explora esse
planeta desde 2013, realizando testes e experimentos científicos. Mais recentemente, foi
lançado, por uma companhia holandesa, o projeto Marte I, que visa levar quatro pessoas
para morar em Marte a partir de 2023.

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Vale lembrar que o verbo chegar não admite a preposição em, embora ela seja usada comumen-
te, mesmo em contextos formais. Segundo alguns gramáticos, a preposição em só pode ser usada
antes da palavra casa, como em Chegamos em casa. Mas, ainda assim, coloquialmente.

• Custar

Empregado no sentido de ser custoso, difícil, doloroso, funciona como transitivo indireto ou in-
transitivo.

Custou ao rapaz aquele trabalho pesado.


VTI OI Sujeito simples

Custou-lhe resolver o problema.


VTI OI Sujeito oracional

Custa-me dizer a verdade.


VTI OI Sujeito oracional

Custa corrigir velhos defeitos.


VI Sujeito oracional

Já no sentido de ser adquirido pelo preço ou valor de, ter certo preço, causar, acarretar, o verbo
custar atua como transitivo direto ou transitivo direto e indireto.

A imprudência custou lágrimas amargas.


VTD OD

A falta de atenção custou remorso.


VTD OD

A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.


VTDI OI OD

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• Desobedecer/obedecer

Com o sentido de (não) se submeter à vontade de, (des)cumprir, (não) executar, esses verbos
atuam como intransitivos ou transitivos indiretos (exigem a preposição a).

VI
Obedeça!

VTI OI
Copérnico desobedeceu à Igreja Católica ao afirmar a Teoria Heliocêntrica.

APRENDA MAIS

Nicolau Copérnico (1473–1543) foi, no decorrer de sua vida, astrônomo, matemático, mé-
dico, administrador, jurista, governador e cônego da Igreja Católica. É mais conhecido, no
entanto, por ter desenvolvido a Teoria Heliocêntrica do Sistema Solar.

• Esquecer/lembrar

No sentido de deixar sair da memória / recordar, esses verbos podem ser transitivos diretos ou
transitivos indiretos (neste caso, em sua forma pronominal).

VTD OD
O aluno esqueceu o que é a Lei da Gravitação Universal.

VTI OI
Lembre-se de que a gravidade é uma importante força de campo.

• Implicar

No sentido de causar, acarretar, dar a entender, fazer supor, atua como transitivo direto ou tran-
sitivo indireto (exige a preposição em).

VTD OD
Toda ação implica uma reação igual e contrária.

VTD OD
Esse pensamento implicou na elaboração da teoria.

96

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Com o sentido de envolver(-se), enredar(-se), comprometer(-se), o verbo implicar é transitivo di-
reto e indireto (exige a preposição em).

VTDI OD OI
Desde cedo, o rapaz implicou o irmão nos seus problemas.

VTDI OD OI
Nunca impliquei ninguém em dívidas.

Já no sentido de aborrecer, importunar, funciona como transitivo indireto (rege a preposição com).

VTI OI
O vizinho implicava com todo mundo.

VTI OI
Patrícia implicava com a irmã.

VTI OI
Ele sempre implica com meu time.

• Informar

No sentido de dar notícia ou informe de algo, atua como transitivo direto ou transitivo direto e
indireto (exige as preposições de ou sobre).

VTD OD
Informei que as coisas vão bem.

VTDI OD OI
Informou os colegas de sua resolução.

• Pagar, perdoar e agradecer

Esses verbos podem ser empregados como transitivos diretos (quando o objeto direto é uma coi-
sa), transitivos indiretos ou transitivos diretos e indiretos (quando o objeto indireto é uma pessoa),
exigindo a preposição a.

VTD OD
O professor perdoou o erro do aluno na prova.

97

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VTD OD
Perdoou o erro.

VTI OI
Agradeci aos alunos.

VTDI OD OI
Agradeci o favor ao seu pai.

VTDI OD OI
Pagaram o salário ao professor.

• Preferir
Empregado no sentido de dar preferência, gostar mais de, o verbo preferir pode ser transitivo
direto ou transitivo direto e indireto (exige a preposição a).

VTD OD
Prefiro o sanduíche.

VTDI OD OI
Prefiro a leitura de Ciências aos cálculos de Matemática.

Segundo a norma culta, é inadequado empregar a locução do que depois de preferir: Prefiro ficar
em casa do que viajar. É considerado inadequado, também, usar esse verbo com expressões de re-
forço: Prefiro mil vezes mais ficar em casa do que viajar. Nesse caso, a justificativa é de que o sentido
de preferir, por si só, já indica a escolha prévia ou mais importante.

• Proceder
Empregado com o sentido de levar a efeito, efetuar, realizar, atua como transitivo indireto (rege
a preposição a). Também é transitivo indireto no sentido de originar-se, vir de algum lugar (exige a
preposição de).

VTI OI
A polícia procedeu ao inquérito.

VTI OI
Muito de nossa cultura procede da África e dos povos indígenas.

No sentido de ter fundamento, é intransitivo.

VI
Tua resposta estúpida não procede.

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• Querer
No sentido de desejar, querer para si, querer possuir, funciona como transitivo direto.

VTD OD
Nós queremos os livros para estudar.

VTD OD
Quero um emprego novo.

Já no sentido de ter afeto, estima, amar, querer bem, atua como transitivo direto ou transitivo
indireto (exige a preposição a).

VTI OI
Danielle quer muito a seus sobrinhos.

VTI OI
O menino queria muito ao pai.

• Simpatizar/Antipatizar
Quando empregados com o sentido de sentir simpatia ou antipatia, respectivamente, esses ver-
bos são transitivos indiretos, sendo acompanhados pela preposição com, e nunca são pronominais.

VTI OI
Simpatizei com a nova miss Simpatia.
Eu me simpatizo com ela. (Inadequado.)

• Visar
Empregado no sentido de pôr o visto, dirigir a pontaria, mirar, é transitivo direto.

VTD OD
Já visei o cheque.

VTD OD VI
Visei o alvo e atirei.

Já no sentido de pretender, ter em vista, o verbo visar atua como transitivo indireto (exige a pre-
posição a). Não admite a forma oblíqua lhe.

VTI OI
Minha atitude visava a outro interesse.

VTI OI
Este trabalho visa ao melhoramento do produto.
Este trabalho visa-lhe. (Inadequado.)

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4. Regência nominal
A regência nominal, como vimos no início deste capítulo, segue a mesma lógica do Sistema Solar:
neste caso, alguns nomes atraem termos para sua “órbita” que vão complementar sua significação.

Eles eram fiéis ao amigo.


Termo regente – fiéis
Termo regido – ao amigo (complemento nominal)

Podemos dizer, portanto, que a regência nominal trata da relação entre alguns nomes (adjetivos,
substantivos e advérbios) e a preposição que introduz o seu complemento. Vários nomes admitem
mais de uma regência, e, assim como ocorre com certos verbos, o sentido de uma frase pode ser
alterado com a simples mudança da preposição que acompanha o termo regente.

A seguir, apresentamos uma lista de nomes acompanhados de suas preposições mais frequentes.

acessível a composto de, com compaixão de, para fácil de, para
afável com, para com conforme a, com com, por
afeição a, por constituído de, por compatível com feliz com, de, em, por
alheio a, de contente com, de, em imune a, de rente a
aliado a, com contíguo a inerente a ressentimento
contra, com, de, por
análogo a cruel com, para junto a, de residente em
ansioso para, por curioso de, por lento em respeito a, com, de,
antipatia a, contra, desgostoso com, de por
por nocivo a, para simpatia a, por
apto a, para desprezo a, de, por passível de situado a, em, entre
atencioso com, para devoto a, de peculiar a solidário com
com
aversão a, para, por devoção a, para com, pendente de suspeito a, de
por preferível a último a, de, em
avesso a dúvida de, em, sobre propício a união a, com, entre
coerente com empenho de, em, por próximo a, de vizinho a, de

Observe alguns exemplos:

Sentia aversão aos corruptos.


Estava ansioso pelo fim da quarentena.
Tal atitude é incompatível com sua educação.

5. Colocação pronominal
Outro tema interessante que podemos associar à “atração gravitacional” é a colocação dos pro-
nomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) nas orações. Isso porque, como
podem assumir três posições em relação ao verbo, segundo a norma culta, eles podem ser “atraí-
dos” por palavras específicas. Vamos com calma.

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• Próclise
A próclise ocorre quando colocamos o pronome antes do verbo. Observe:

O modelo atômico proposto por Rutherford começou a apresentar problemas quanto a


suas definições; foi então que o cientista Niels Bohr o aprimorou.

Nesse período, o pronome oblíquo átono o substitui o termo modelo atômico proposto por
Rutherford.
O português brasileiro é essencialmente proclítico, ou seja, é mais comum empregarmos os pro-
nomes oblíquos átonos antes dos verbos. As gramáticas normativas, inclusive, determinam que de-
vemos usar a próclise preferencialmente, desde que não existam palavras “atraindo” o pronome
para outra posição.

As palavras “atrativas” da próclise mais comuns são:

• Palavras de sentido negativo – Não, nunca, ninguém, jamais, nenhum, etc.

Se a posição de equilíbrio de um objeto não se altera independentemente do movimento,


dizemos que esse corpo está em equilíbrio indiferente.

Não me importa quantas vezes você se disponha a tentar derrubar o joão-bobo, ou joão-
-teimoso: ele nunca se posicionará diferente da posição inicial depois de ser golpeado.

• Pronomes relativos – Que, quem, cujo, o qual, etc.

O brinquedo joão-teimoso é um boneco cujo peso se concentra em sua base esférica.

• Pronomes indefinidos – Todo, cada, tudo, nada, etc.

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” (Lavoisier)

• Os advérbios em geral – Já, só, talvez, sempre, aqui, bem, antes, depois, etc.

Antigamente se pensava que a gravidade não era da competência da Astronomia.

• As conjunções subordinativas – Se, porque, como, quando, embora, caso, etc.

Caso lhe interesse saber, a vida na Terra só é possível por causa da gravidade.

• A preposição em antes do verbo no gerúndio.

Em se tratando de resistência do ar, tem direção vertical, e seu sentido é contrário ao da


queda.

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APRENDA MAIS

A próclise deve ocorrer, também, nas seguintes situações.

1. Nas orações que expressam “desejo” (optativas).


Deus te guie, meu filho!

2. Nas orações exclamativas iniciadas por expressão exclamativa.


Quanto te custa dizer a verdade!

3. Nas orações interrogativas iniciadas por expressão interrogativa.


Quem se apresentou ontem?

4. Com a palavra que.


É preciso que me ajudem.

Esses são os casos em que a gramática normativa determina a colocação do pronome antes do
verbo (próclise). No entanto, é importante dizer que, sempre que houver uma vírgula entre uma
palavra “atrativa” e o verbo, o pronome deve ser colocado depois deste.

Antigamente, pensava-se que a gravidade não era da competência da Astronomia.

• Ênclise
Chamamos de ênclise a colocação do pronome átono depois do verbo. De acordo com a norma
culta, a colocação do pronome nessa posição deve ocorrer nos seguintes casos:

• Nos períodos iniciados pelo verbo (que não exija mesóclise).

Torna-se mais difícil respirar no espaço devido à escassez de oxigênio.

• Nas orações imperativas afirmativas.

Pesquise-as!

• Junto ao infinitivo não flexionado precedido da preposição a.

Descongelou a carne e começou a prepará-la.

Como você pode perceber, no exemplo anterior, o objeto direto está representado pelo pronome
oblíquo a, que se transformou em la. Isso ocorreu porque o pronome seguiu um verbo transitivo di-
reto terminado no infinitivo (preparar). Por esse motivo, suprimimos o r final do verbo e acrescenta-

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mos a letra l ao pronome oblíquo a, como em experimentá-la, comprá-la, entendê-las, consumi-las.
O mesmo ocorre com o pronome oblíquo o(s): amá-lo, conhecê-lo, parti-los.
Já quando o pronome oblíquo é empregado depois de um verbo transitivo direto que termina em
z ou s, suprimimos essas consoantes e acrescentamos a letra l ao pronome. Esta é uma construção
rara, usada apenas em textos muito formais. Observe:

Durante o processo, o promotor nos questionou sobre os autos. Analisamo-los com dedicação.

As denúncias foram entregues à promotoria. Fi-la analisar todos os detalhes.

Por fim, outra mudança ocorre quando o objeto (representado por um pronome oblíquo) é em-
pregado após uma forma verbal terminada em ditongo nasal (ão, õe, am e em). Nesses casos, acres-
centamos a letra n ao pronome: buscaram-na, chamaram-nos, fizeram-no, dão-nos, propõe-na. Essa
construção também é bastante formal.

• Mesóclise
Nenhuma outra maneira de colocação do pronome oblíquo átono é mais formal que a mesóclise.
De uso bastante restrito a textos muito formais ou antigos, a mesóclise só ocorre com verbos flexio-
nados no futuro do presente ou no futuro do pretérito nos casos em que a ênclise “seria” obrigató-
ria, de acordo com a gramática normativa. Por exemplo: na norma culta, como vimos, é inadequado
iniciar o período com o pronome oblíquo. Nessa situação, deve-se recorrer à ênclise. Observe:

Me chamaram à coordenação. (Inadequado)


Chamaram-me à coordenação. (Adequado)

Mas, se o verbo for flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito, a mesóclise é


obrigatória.

Chamarão-me à coordenação. (Inadequado)


Chamar-me-ão à coordenação. (Adequado)

Veja que, no período acima, o pronome foi colocado no “meio” do verbo, ou seja, entre o radical
e a desinência do futuro do presente, daí o nome mesóclise (meso-, em latim, significa meio, cen-
tro). Veja outros exemplos:

Devolver-te-ei o livro amanhã.


Ser-me-iam importantes uns dias de folga.

Importante: caso a próclise seja obrigatória, ela prevalece sobre a mesóclise. Veja:

Ninguém me encontrará.
Chegue cedo porque Maria te procurará.

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• Casos facultativos

Poderá ocorrer próclise ou ênclise se a palavra que antecede o verbo for:

• Pronome pessoal do caso reto.


APRENDA
Bohr repensou o modelo de Rutherford. MAIS
Ele o aprimorou.
Ele aprimorou-o. O físico-químico neozelandês Ernest
• Pronome demonstrativo. Rutherford teve sua teoria sobre o mo-
delo atômico aperfeiçoada pelo físico
Esta me caiu bem. dinamarquês Niels Bohr, passando a
Esta caiu-me bem. ser chamado de Modelo Atômico de
• Infinitivo precedido da preposição para Rutherford-Bohr.
(mesmo quando houver palavra que atraia
o pronome).

Não reagi para a proteger.


• A ênclise ao verbo auxiliar (quando não
Não reagi para protegê-la.
houver condições que determinem a pró-
• Colocação pronominal em locuções verbais. clise).

Conforme a gramática normativa, a co- Vou-me preparar para a viagem.


locação pronominal em locuções pode ser Desejo-lhe falar sobre nossa viagem.
feita de três maneiras: Ia-se formar arquiteto.
Ela ficou-me observando de longe.
1. Verbo auxiliar + gerúndio.
2. Verbo auxiliar + particípio.
• A ênclise ao infinitivo ou ao gerúndio.
3. Verbo auxiliar + infinitivo.
Vou preparar-me para a viagem.
Nas locuções verbais em que o verbo prin- Desejo falar-te sobre nossa viagem.
cipal esteja no infinitivo ou no gerúndio, pode Prometo que vou queixar-me de você.
dar-se: Ela ficou observando-me de longe.

• A próclise ao verbo auxiliar.


Quando o verbo principal está no particípio,
Eu me vou preparar para a viagem. o pronome átono não pode vir nem antes nem
Eu lhe desejo falar sobre nossa viagem. depois dele. Nesse caso, o pronome deve ser
Ela me ficou olhando de longe. empregado de forma proclítica, mesoclítica ou
enclítica ao verbo auxiliar:
• A mesóclise ao verbo auxiliar.
Eu o tenho admirado muito.
Poder-me-ia emprestar seu caderno? Tê-la-ia procurado pela cidade.
Dever-me-ia pagar a viagem à vista? Tenho-o visto.
Ela ficar-me-ia observando de longe. Não o tenho visto.

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Atividades

Texto

2. Neste capítulo, vimos que, na língua por-


1. Com base no texto, responda às questões
tuguesa, algumas palavras e expressões
a seguir.
exigem complementos para formarem, jun-
tas, termos maiores. Entre as palavras que
a. Serafim conhecia o sentido com que Pe-
fazem exigências estão os verbos e alguns
dro utilizou o verbo assistir? Explique.
nomes (substantivos abstratos, alguns ad-
Não. Ele utilizava o verbo assistir apenas jetivos e alguns advérbios). Já entre as pa-
no sentido de ver, presenciar. lavras que são exigidas, temos os artigos, as
preposições e os pronomes. Há, por outro
b. Aponte mais dois sentidos que podem lado, uma língua praticada aqui em nosso
ser dados ao verbo assistir. país que não utiliza esses conectivos na for-
mação de suas frases. Esta é a Língua Brasi-
Ajudar, prestar assistência / Ter direito a leira de Sinais (Libras). A Libras obedece a
algo. regras próprias e, por isso, apresenta diver-
sas diferenças do português falado, além
c. Como você vê, o verbo assistir pode desta que acabamos de citar. Desse modo,
apresentar mais de um sentido, além se quiséssemos transcrever ao pé da letra
do mais comum, que é ver, presenciar. (e em linhas gerais) a teoria de Newton em
Mas esse verbo é utilizado comumente um texto expresso em Libras, teríamos:
com esses outros sentidos?
Segundo Newton:
Não. Esses outros sentidos são pouco • Sol atrai planetas.
usuais. • Terra atrai Lua.
• Terra atrai todos perto.

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Apesar de não aparecer de modo explícito, nais. Observando atentamente o quadro,
esses conectivos existem e estão incorpo- tente reproduzi-los.
rados ao sinal. Assim sendo, reescreva a
teoria de Newton, que explica em que é
baseado o movimento dos planetas, uti-
lizando os conectivos adequados. Faça as
alterações necessárias.
Sugestão de resposta: Segundo Newton:
• o Sol atrai os planetas.
• A Terra atrai a Lua.
• A Terra atrai tudo o que está perto dela.
Agora, leia o período a seguir e responda
às questões propostas utilizando uma das
3. Analisando o exemplo da questão ante- cinco primeiras letras do alfabeto em Li-
rior, preencha adequadamente os espaços bras.
abaixo.
A Nasa anunciou nesta terça-feira (10) que
O verbo atrair está presente a Missão Kepler, cujo objetivo é procurar
por planetas parecidos com a Terra fora
nos três pontos apresentados por Newton.
do Sistema Solar, encontrou mais 1.284
Sobre esse verbo, podemos dizer que está planetas, o maior número até o momento.
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/
ligado de maneira direta ao noticia/2016/05/nasa-encontra-mais-de-1284-novos-planetas.
html. Acesso em: 25/05/2020.
seu complemento, sendo, portanto, transi-

tivo direto . Sabemos isso devi- I. Qual a regência do verbo anunciar em-
pregado nesse período?
do à ausência de preposição li-
a. Verbo transitivo indireto.
gando as partes, pois, em vez desta, temos b. Verbo transitivo direto.
c. Verbo intransitivo.
os artigos os e a. Sendo assim, os termos
d. Verbo transitivo direto e indireto.
os planetas , a lua e e. Verbo de ligação.
todos os corpos que estão perto dela
II. Sobre o verbo procurar, empregado no
atuam como objeto direto do verbo atra- período, podemos afirmar que:
a. É intransitivo.
ir .
b. Exige um complemento que se liga a
ele de forma direta.
4. O alfabeto em Libras, como você deve
c. Exige dois complementos.
imaginar, é constituído de gestos manuais.
d. É transitivo indireto.
Apresentamos, no quadro a seguir, todas
e. Exige preposição.
as letras do alfabeto e seus respectivos si-

106

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5. Substitua os verbos destacados pelos que l. Troco refrigerante por suco. (preferir)
estão entre parênteses. Utilize sempre a
Prefiro suco a refrigerante.
norma culta.
m. Gosto de você. (simpatizar)
a. Vi o filme. (assistir)
Simpatizo com você.
Assisti ao filme.
n. O juiz absolveu o réu. (perdoar)
b. Presenciei o final do jogo. (assistir)
O juiz perdoou o réu (ou ao réu).
Assisti ao final do jogo.
o. O fiscal carimbou o meu passaporte.
c. Ajudei o doente. (assistir)
(visar)
Assisti o doente (ou ao doente).
O fiscal visou o meu passaporte.

d. Auxiliei o coordenador. (assistir)


Texto 2
Assisti o coordenador (ou ao coordenador).

e. Socorri os feridos no acidente. (assistir)


Assisti os feridos no acidente (ou aos fe-
ridos).
f. Este direito, todos têm. (assistir)
Este direito assiste a todos.

g. Ele seguiu a carreira do pai. (abraçar)


Ele abraçou a carreira do pai.

h. Os justos seguem a causa justa. (abraçar)


Os justos abraçam a causa justa.

i. Pretendo um futuro bom. (aspirar)


Aspiro a um futuro bom.
6. Explique com suas palavras como se dá o
j. Adoro respirar o ar da Reserva de Salti- humor dessa história em quadrinhos.
nho. (aspirar) Na história, o personagem está sempre ten-
Adoro aspirar o ar da Reserva de Saltinho. tando dialogar, mas não deixa as mulheres fa-

larem. Nos quadrinhos, a fala do homem apa-


k. Queremos um país melhor. (aspirar)
rece sobreposta à fala das mulheres, como se
Aspiramos a um país melhor.
ele sempre as interrompesse.

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7. Analise o texto abaixo e, em seguida, as- 10. Muitas vezes, frases como as apresentadas
sinale a opção que o completa de forma abaixo são proferidas em conversações in-
adequada. formais. Em um texto formal escrito, po-
rém, são inadequadas. Reescreva-as, sem
Com base na interpretação global do Tex- modificar seu sentido, mas adequando-as
to 2, podemos perceber que os “encontros” ao padrão da língua escrita.
apresentados em cada quadrinho não têm
o fim _________________. a. A menina que eu gosto dos olhos dela
ainda não chegou.
a. de que o personagem principal es- A menina de cujos olhos eu gosto ainda
pera.
b. do qual as mulheres planejaram. não chegou.
c. cujo personagem principal gostaria.
d. almejado pelo personagem principal. b. O homem que eu telefonei para ele on-
e. sonhado das mulheres conhecidas tem não estava em casa.
pelo personagem principal. O homem para quem telefonei ontem não
estava em casa.
8. Leia.
c. A rua que eu gosto de correr é toda ar-
De qual sabor você gosta?
borizada.

Nesse período, a palavra de poderia ser A rua em que gosto de correr é toda arbo-
suprimida sem prejuízo da correção gra- rizada.
matical? Explique.
Não. A preposição de é exigida pelo verbo 11. Complete as lacunas com a preposição
gostar, que é transitivo indireto. adequada.
a. Estávamos ansiosos para o primeiro en-
9. Leia. contro. (a – para)
b. O médico o considerou apto para o tra-
Você já viajou de avião?
balho. (com – para)
a. Qual a transitividade do verbo utilizado c. Mostrou-se atenciosa com todos os co-
no período?
legas. (por – com)
O verbo viajar foi empregado como intran-
d. Nenhum artista é imune a críticas. (a
sitivo.
– para)
b. Qual é a função sintática desempenha- e. Tinha antipatia por algumas pessoas.
da pelo termo de avião?
(por – com)
Adjunto adverbial.
f. Os grandes amigos são solidários uns
com os outros. (para com – com)

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g. O cigarro é nocivo para o organismo.
14. Leia com atenção as frases abaixo.
(com – para)
h. A obra era composta por/de pedaços I. Os meninos corriam pela rua, me pe-
dindo dinheiro.
de madeira. (por – de) II. Ficarei no lugar onde encontro-me. Tem
i. Não guardo ressentimento por vocês. sombra.
III. Dizia ele coisas engraçadas, coçando-se
(a – por)
todo.
j. Minha mãe é avessa a brigas. (a – por) IV. Quando me vi sozinho, tremi de medo.
k. Senti falta de minha família. (por – de)
A ênclise e a próclise foram empregadas
de acordo com as regras da gramática nor-
12. Analise as frases a seguir e indique aquelas
mativa em:
em que o pronome oblíquo está mal colo-
a. I e II.
cado, conforme a norma culta.
b. I e III.
a. Ninguém falou-me sobre você.
c. II e III.
b. Ele se recordará de tudo isso quan-
d. I e IV.
do crescer.
e. III e IV.
c. Os objetos que perderam-se no Car-
naval foram entregues à polícia.
15. Marque a alternativa cujas opções preen-
d. Chamar-me-iam quando fosse o
chem as lacunas de maneira adequada.
momento da apresentação.
e. Pediu para não contrariar-te.
Os projetos que _____ estão em ordem;
f. Nunca soubemos quem roubava-
_____ ainda hoje, conforme _____ .
-nos.
g. Em tratando-se de sentimentos, o
a. enviaram-me, devolvê-los-ei, lhes
amor é o mais importante.
prometi.
h. Faltaria-me tudo se eu fosse desa-
b. enviaram-me, os devolverei, lhes
tento.
prometi.
c. enviaram-me, os devolverei, pro-
13 Assinale a frase que não apresenta inade-
meti-lhes.
quação na colocação do pronome, consi-
d. me enviaram, os devolverei, prome-
derando a norma culta.
ti-lhes.
a. Marta tinha certeza de que encon-
e. me enviaram, devolvê-los-ei, lhes
traria-me.
prometi.
b. Me encontre depois do trabalho.
c. Ela se machucou descendo a escada.
d. A diretora não convenceu-me a par-
ticipar da brincadeira.
e. Trabalhamos no mesmo setor, mas
nunca encontro-o.

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Desafio

Texto 1

I. Para nos colocarmos no seu lugar, nor-


1. O Texto 1 é uma propaganda veiculada pela
malmente de pobreza, carência e neces-
agência da Organização das Nações Unidas
sidade, o que é representado pelos sa-
(ONU) para refugiados, com apoio de ou-
patos sujos e velhos, um deles utilizando
tras entidades, e chama a atenção para o
um pedaço de plástico como cadarço.
drama dos refugiados. O centro da ideia é
II. Para os leitores calçarem os sapatos
fazer com que as pessoas entendam que
apresentados no texto, o que indica a
a situação dos refugiados não é a mesma
necessidade de aproximação física para
de um migrante comum, uma vez que eles
compreensão efetiva do problema.
não se deslocam por escolha, mas pela im-
III. Necessário para a divulgação da cam-
possibilidade de viver nos seus países de
panha, cujo objetivo é fazer com que as
origem. No texto escrito, a campanha nos
pessoas possam ser mais compreensi-
pede para “calçar os sapatos dos refugia-
vas, vendo os refugiados como pessoas
dos”. De acordo com o sentido global do
que precisam de calçados.
texto, trata-se de um pedido:

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IV. Que revela a importância da empatia
3. A respeito dos recursos linguísticos empre-
para a compreensão do drama viven-
gados no Texto 2, é correto afirmar que:
ciado pelos refugiados.
a. A locução em que pode ser substi-
V. Metafórico, isto é, que não deve ser en-
tuída, sem prejuízo gramatical, por
tendido “ao pé da letra”.
do qual.
Estão corretas as afirmações: b. O pronome se expressa a voz refle-
a. I, II e III. xiva do verbo, mas está colocado de
b. II, III e IV. forma inadequada.
c. III, IV e V. c. O verbo agredir foi empregado
d. I, II e V. como transitivo indireto.
e. I, IV e V. d. O verbo retratar apresenta uma
oração como complemento.
2. Com base na análise dos recursos linguísti- e. O termo por motivo banal desem-
cos utilizados no Texto 1, é correto afirmar penha a função sintática caracterís-
que: tica do agente da passiva.
a. O verbo dar foi empregado como
transitivo direto. 4. Considerando as determinações da gra-
b. O termo o primeiro passo tem valor mática normativa para a colocação dos
denotativo. pronomes oblíquos átonos, analise o texto
c. O emprego da forma verbal vamos abaixo.
expressa uma ordem.
d. O verbo entender exige comple- Embora conheçam-se os seus principais
mento regido pela preposição de. componentes químicos, se compreenda
e. O pronome sua foi empregado de o fenômeno das fases lunares e das forças
forma ambígua. gravitacionais que unem Terra e Lua, até
hoje os cientistas não conseguiram escla-
recer alguns mistérios. O principal deles é
Texto 2 desvendar como a Lua formou-se.

Agora, avalie as afirmações a seguir.


I. conheçam-se – a próclise seria mais
adequada, pois há uma palavra que
atrai o pronome para antes do verbo.
II. se compreenda – a próclise está ade-
quada, pois o pronome não está ini-
ciando o período.
III. formou-se – a ênclise está adequada,
pois o verbo está flexionado no pretéri-
to perfeito.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I. b. II. c. III.
d. I e II. e. II e III.

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Questões de escrita

A crase
a. Porém o acento grave só é empregado
1. Na oração “Devido à força que a Terra
para indicar a crase do fonema a. Pensan-
exerce sobre os corpos que estão em seu
do nisso, escreva a seguir duas frases em
campo de ação, qualquer objeto que seja
que ocorre crase com outro fonema.
abandonado no ar será atraído em direção
ao seu centro”, qual é o tipo de regência Sugestão de resposta: “O vento que sopra meu
que ocorre com a expressão sublinhada? rosto cega / Só o seu calor me leva” (Vander
Regência nominal. A palavra devido é Lee) e “Durante a noite, quando o orvalho des-
acompanhada da preposição a. ce” (Casimiro de Abreu).

2. Perceba que a expressão em destaque é 4. Leia.


composta por um nome (devido) e uma
preposição (a). Já o substantivo força, Eu me referia àqueles corpos celestes.
empregado logo após a expressão, está
acompanhado do artigo a. Não vemos Sobre esse período, responda:
esse artigo, mas ele está lá. Pensando nis-
so, reescreva o período deixando à mostra a. Que contração indica o acento grave?
tanto a preposição a, exigida por devido,
A contração da preposição a com a letra a
quanto o artigo a, que determina o subs-
tantivo. do pronome demonstrativo aqueles.

“Devido a a força que a Terra exerce sobre


b. Uma das regras básicas comumente re-
os corpos [...]” petida nas gramáticas normativas diz
que, para que aconteça a crase, é pre-
3. Estranho, não? No exemplo da questão ciso que a palavra que vem depois da
acima, a palavra a se repete, causando, preposição a seja feminina. Como po-
na leitura em voz alta, um som incômodo. demos explicar, então, a ocorrência da
Para que isso não aconteça, nosso apa- crase no período acima?
relho fonético contrai esses sons iguais Resposta pessoal. Espera-se que o aluno entenda que,
tornando-os um só. É esse fenômeno que
na verdade, a crase acontece quando duas vogais se con-
chamamos de crase. O termo vem do gre-
go krásis e significa fusão, mistura. Como a traem, compondo um único som. Ou seja, a palavra que
crase é a fusão de dois ou mais sons iguais, está após a preposição não precisa ser necessariamente
ela não ocorre somente com o fonema
feminina. No entanto, quando a fusão envolve dois “as”,
deve ser indicada pelo acento grave.
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O cartaz faz parte de uma campanha con-
5. (Unicamp–Adaptada) Os enunciados a se-
tra o uso de drogas. Essa abordagem, que
guir fazem parte de uma propaganda afi-
se diferencia daquelas feitas em outras
xada em lugares nos quais se vende o chá
campanhas, pode ser identificada:
Matte Leão. Leia-os com atenção.

a. Pela seleção do público-alvo da


Matte a vontade. Matte Leão.
campanha, representado, no cartaz,
pelo casal de jovens.
Agora, analise as construções abaixo, fei-
b. Pela escolha temática do cartaz,
tas a partir do enunciado em questão.
cujo texto configura uma ordem aos
usuários e não usuários: “Diga não
1. _____ Matte _____ à vontade _____.
às drogas”.
2. _____ Mate _____ a vontade _____.
c. Pela ausência intencional do acento
grave, que constrói a ideia de que
Complete cada uma das construções aci-
não é a droga que faz a cabeça do
ma, se necessário, com palavras ou ex-
jovem.
pressões que explicitam as leituras possí-
d. Pelo uso da ironia, na oposição im-
veis relacionadas à propaganda.
posta entre a seriedade do tema e
Algumas possibilidades: a ambiência amena que envolve a
1. Beba chá Matte Leão à vontade. cena.
e. Pela criação de um texto de sátira
2. Mate a vontade de beber Matte Leão.
à postura dos jovens, que não pos-
suem autonomia para seguir seus
6. (Enem–Adaptada) Leia o cartaz a seguir. caminhos.

7. Indique a alternativa cujas palavras com-


pletam as lacunas do período a seguir de
forma adequada.

Eles estavam __ poucos metros da cabana,


__ qual chegaram por um caminho aberto
___ machado.

a. à, à, a.
b. a, à, a.
c. a, a, à.
d. à, a, à.
e. à, à, à.

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CAPÍTULO
7
A Estrutura das Palavras

1. O estudo dos morfemas

O que essa palavra diz para você? Qual o seu significado? O que é indivisível não pode ser di-
vidido, correto? E qual é a primeira palavra que vem à cabeça quando pensamos em algo que é
indivisível, que é a redução da matéria à sua menor parte? Pensando no tema interdisciplinar deste
capítulo, você poderia responder que é o átomo. Mas não é... Esta é só uma brincadeira. Na verdade,
estamos falando das letras!
Primeiramente, vamos lembrar que o conceito de átomo como elemento indivisível está ultra-
passado desde o século XIX. O modelo atômico de Dalton, que você já deve ter estudado nas aulas
de Química e que sustentava essa ideia, foi substituído por outras teorias que abrangiam novas
informações. Hoje já sabemos, inclusive, que, além de poder ser dividido, em elétrons, prótons e
nêutrons, o átomo pode também ser destruído.
Essa analogia será bem interessante para nós. Veja: tomadas isoladamente, as letras não têm
qualquer significado. Mas, tal como os prótons, os elétrons e os nêutrons, elas podem ser agrupa-
das para formar morfemas, que seriam os “átomos da língua”. Chamamos de morfema as menores
estruturas linguísticas capazes de veicular sentido. Para deixar claro esse conceito, podemos voltar
à palavra com que começamos nosso estudo. Observe:

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Próton

Nêutron

Núcleo Elétron

Estrutura de um átomo, segundo o modelo de Rutherford-Bohr.

Como você pode ver, esta palavra é composta por onze letras (tudo bem, a letra i se repete, mas
vamos contar cada uma delas). Como dissemos, as letras, isoladamente, não possuem significado.
Mas elas podem ser agrupadas para formar morfemas (átomos), e os morfemas têm significado.

Agora, temos três morfemas, cada um deles carregando um significado.

• in – Indica uma negação, como em inútil, imperfeito, incompleto e incerto.


• divisí – Indica o sentido básico da palavra, a divisão, como em divisor e divisa.
• vel – Tem o sentido de que pode ser, como em atingível, combustível e possível.

Continuando com o nosso raciocínio, se o agrupamento de átomos forma uma molécula, pode-
mos dizer, em linhas gerais, que o agrupamento de morfemas forma a palavra.
Se pensamos o texto como uma matéria qualquer, como vimos no Capítulo 3 deste livro, veremos
que também ele é a combinação de “partes” menores que formam o todo. As palavras são esses
“fragmentos”, assim como as moléculas o são nas matérias em geral.
Então, quando lemos um texto, vemos na nossa frente aquele bloco de palavras, mas não imagi-
namos que, na estrutura da maior parte delas (como nos substantivos, adjetivos e verbos), há uma
combinação de elementos que constrói seu sentido, os morfemas.

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2. Classificação dos morfemas
• Radical

O morfema que constitui a base da palavra e que raramente varia é o seu radical. Ele concentra
o significado da palavra e é a ele que vão se juntar outros morfemas para que a palavra, de fato, se
forme. Veja:

átomo
atômico
atomismo
atomista

APRENDA MAIS

O atomismo é uma doutrina filosófica elaborada pelos pensadores gregos Leucipo


(séc. V a.C.) e Demócrito (460 a.C.–370 a.C.), segundo a qual toda matéria é formada por áto-
mos, partículas minúsculas, eternas e indivisíveis que, unindo-se e separando-se no espaço
através de forças mecânicas, determinam o nascimento e a degradação de todos os seres.

Veja, a seguir, alguns radicais latinos e gregos.

Radicais latinos (primeiro elemento da composição)


Forma Significado Exemplos
agri- campo agricultura
arbori- árvore arborizar
curvi- curvo curvilíneo
loco- lugar locomotiva
pluri- muitos pluricelular

Radicais latinos (segundo elemento da composição)


Forma Significado Exemplos
-cida que mata homicida
-cultura ato de cultivar apicultura
-fero que contém sonífero
-fico que faz benéfico

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Radicais gregos (primeiro elemento da composição)
Forma Significado Exemplos
acro- alto acrópole
aster- estrela asteroide
crono- tempo cronologia
foto- luz fotografia
filo- amigo filosofia

Radicais gregos (segundo elemento da composição)


Forma Significado Exemplos
-agogo que conduz demagogo
-arca que comanda monarca
-cracia poder democracia
-fagia ato de comer antropofagia
-grafia descrição ortografia

• Afixos

Em alguns processos de formação de palavras (veremos isso no próximo capítulo), adicionamos


morfemas antes ou depois do radical. Esses morfemas são chamados de afixos.

Prefixo
Indivisível
Sufixo

Os afixos que se posicionam antes do radical são chamados de prefixos; e os que se posicionam
depois, sufixos. Algumas palavras podem ser formadas apenas acrescentando-se um prefixo, apenas
um sufixo ou acrescentando-se ambos, como no caso de indivisível e reestruturação.

Conheça, a seguir, alguns prefixos gregos e latinos e o sentido que veiculam.

• Negação, privação
anormal, anarquia (gregos) – desleal, infeliz (latinos)

• Oposição, contrário
antiaéreo (grego) – contradizer (latino)

• Afastamento, separação
apogeu (grego) – abdicar, abster (latinos)

• Duplicidade
anfíbio (grego) – ambidestro (latino)

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• Movimento para fora • Deficiência, posição inferior
eclipse, exorcismo (gregos) – exonerar hipoglicemia, hipoderme (gregos) –
(latino) subsolo (latino)

• Posição interior • Mudança, transformação


endoscopia (grego) – intravenoso, metamorfose (grego) – transformar
introvertido (latinos) (latino)

• Posição superior • Aproximação, ao lado de


epiderme (grego) – supercílio (latino) paralelo (grego) – adjunto (latino)

• Bem, bom • Em torno de, movimento em torno de


eufonia (grego) – bendito, benefício perímetro (grego) – circunferência (latino)
(latinos)
• Anterioridade, anteriormente
• Metade prólogo (grego) – prefácio (latino)
hemisfério (grego) – semicírculo (latino)
• Simultaneidade/concomitância,
• Excesso companhia
hipertensão (grego) – supersensível sincrônico (grego) – contemporâneo
(latino) (latino)

• Movimento através • Movimento para dentro


diâmetro (grego) – percorrer (latino) elipse, enterrar (gregos) – injeção (latino)

Conheça, a seguir, alguns sufixos e o sentido que veiculam.

Nominais – Usados para formar substantivos ou adjetivos. Indicam:

• Agente, ofício, profissão (vendedor, professor, pedreiro, maquinista, estudante, bancário).


• Ação ou resultado de ação (cabeçada, aprendizagem, poupança, casamento).
• Qualidade, estado (lealdade, paciência, pequenez, beleza, patriotismo, doçura).
• Aumentativo (barcaça, corpaço, fogaréu).
• Diminutivo (riacho, lugarejo, copinho).
• Coleção, lugar (maquinaria, matadouro, lavatório).
• Naturalidade (pernambucano, alemão, mineiro, catarinense, paulista).
• Abundância (famoso, barulhento, narigudo).

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Verbais – Usados para formar verbos. Indicam:

• Ação que se repete (verbos frequentativos): voltear, gotejar, etc.


• Ação diminutiva e repetida (verbo diminutivo): bebericar, saltitar, chuviscar, escrevinhar, etc.
• Ação que principia (verbos incoativos), como amanhecer, florescer, etc.
• Ação causadora (verbos causativos), como canalizar, humanizar, esquentar, etc.

Adverbial – Usado para formar advérbios. Na língua portuguesa, apenas o sufixo -mente exerce
essa função, como em atualmente, lentamente, felizmente, etc.

• Desinências

As desinências são morfemas que se ligam ao radical para promover flexões (variações) que os
nomes e os verbos podem apresentar. No exemplo abaixo, a presença do -s indica que a palavra está
no plural; sua ausência (morfema zero), ao contrário, indica o singular.

átomo___ átomos
Morfema zero Desinência nominal de número

Neste outro exemplo, os morfemas -o e -a indicam o gênero da palavra (masculino ou feminino).

atômico atômica
Desinência nominal de gênero Desinência nominal de gênero

As desinências que compõem nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais) são
as desinências nominais. Elas marcam o gênero (masculino ou feminino) e o número (singular ou
plural).
Já as desinências verbais indicam, como o próprio nome diz, as flexões dos verbos, isto é, infor-
mam modo e tempo (desinências modo-temporais), além de número e pessoa (número-pessoais).

• cobri [ría] [mos]


[ría] → desinência verbal modo-temporal (indicativo – futuro do pretérito)
[mos] → desinência número-pessoal (plural – 1ª pessoa)

• pesquisá [va] [mos]


[va] → desinência verbal modo-temporal (indicativo – pretérito imperfeito)
[mos] → desinência verbal número-pessoal (plural – 1ª pessoa)

• pinta [ríe] [is]


[ríe] → desinência verbal modo-temporal (indicativo – futuro do pretérito)
[is] → desinência verbal número-pessoal (plural – 2ª pessoa)

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• Vogal temática

A vogal temática é um morfema que se liga ao radical da palavra e forma o tema. Ela ocorre tanto
nos verbos quanto nos nomes.
A vogal temática verbal indica a conjugação.

Desinência verbo-nominal de infinitivo


estudar entender sentir
Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação

Importante: O verbo pôr (que se originou da forma arcaica poer) e seus derivados (depor, re-
por, transpor, compor, pospor, pressupor, etc.) pertencem à segunda conjugação.

Já a vogal temática nominal aparece no final de nomes (substantivos e adjetivos) que não apre-
sentam a oposição masculino/feminino. Essa vogal se agrega ao radical, preparando-o para receber
as desinências.

mapa leite dente caqui fogo

Existem, também, os vocábulos chamados atemáticos. São as palavras que terminam em vo-
gal tônica (fé, café, tupi, abacaxi, pitu) ou consoante (solar, real, vulgar). Quando vão ao plural,
os vocábulos que terminam em consoante passam a apresentar a vogal temática: solares, reais,
vulgares.

APRENDA MAIS

Não confunda vogal temática nominal com desinência nominal de gênero. A vogal te-
mática nominal não admite flexão de gênero.

rosa → vogal temática nominal

Já a desinência nominal de gênero admite flexão de gênero.

advogado → desinência nominal de gênero

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• Consoante e vogal de ligação

Assim como a vogal temática, que “prepara” o radical de uma palavra para que receba as desi-
nências, as consoantes e vogais de ligação são empregadas por razão de eufonia (som agradável ao
ouvido) ou melhor articulação (facilitar a pronúncia).
Algumas vogais e consoantes são posicionadas entre o radical e o sufixo para que sejam melhor
acoplados e produzam uma palavra com pronúncia possível.

Vale destacar que, como não têm significado, as consoantes e vogais de ligação não são conside-
radas morfemas. Veja alguns exemplos:

Vogal de ligação
Desenvolvimento
Radical Sufixo

Consoante de ligação
Pezinho
Radical Sufixo

Consoante de ligação
Chaleira
Radical Sufixo

Vogal de ligação

freepik.com
Horticultor
Radical Sufixo

APRENDA MAIS

Quanto à formação, as palavras podem ser primitivas ou derivadas, simples ou com-


postas. As palavras primitivas não derivam de outra, como matéria, dividir e energia. Essas
palavras, portanto, são a base de outras, que se formam a partir delas. As palavras que se
originam das primitivas são as derivadas, como imaterial, divisível e energético.
Já as palavras simples são aquelas que têm apenas um radical, como água, raio, mo-
delo. Por fim, as palavras compostas são formadas por dois radicais, como eletrosfera e
radioatividade.
As palavras que apresentam o mesmo radical são chamadas de cognatas e constituem
uma mesma família etimológica, ou lexical. Exemplos: elétron, eletrodo, eletricidade e elétrico.

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Atividades

Texto

1. Escreva com suas palavras o objetivo comunicativo do texto.


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que a intenção comunicativa do autor é cri-
ticar a postura intolerante que algumas pessoas têm para defender seus pontos de vista, não
permitindo qualquer opinião contrária.
2. O tema central dessa história em quadrinhos pode ser resumido em uma palavra. Observe:

Intolerância

a. Indique ao menos quatro palavras que possuam a mesma base (radical) que a palavra acima.
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Tolerar, tolerante, tolerabilidade e intolerante.

b. Indique um adjetivo para cada personagem que possua a mesma base que intolerância.
Para o menino – Tolerante.
Para a menina – Intolerante.

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3. Agora, analise as palavras a seguir e indique aquela cujo morfema destacado indica a flexão de
gênero.
a. Escada. b. Pecado. c. Síndico. d. Prédio. e. Regras.

4. Assinale a opção em que a identificação do morfema destacado está inadequada.


a. Intolerante desinência nominal de gênero.
b. Escadas desinência nominal de número.
c. Sendo desinência verbo-nominal de gerúndio.
d. Condomínio radical.
e. Podem desinência verbal de número.

5. Tendo em vista o tema interdisciplinar deste capítulo e os seus conhecimentos, usando sufixos
e prefixos escreva pelo menos três palavras derivadas das que estão dadas abaixo.
Resposta pessoal.

a. Teoria –

b. Estrutura –

c. Energia –

d. Número –

e. Calor –

6. Leia o texto a seguir.

O Oscar ainda não tem uma categoria para tistas se dedicam apenas ao minúsculo mundo
filmes científicos, mas, se tivesse, a obra A boy daquilo que só é visto através de microscópios
and his atom (Um garoto e seu átomo) seria atômicos. Foi lá que Fabio conviveu com Don
a grande favorita. Desde já conhecido como Eigler, o grande pioneiro da manipulação de
“o menor filme do mundo”, a produção de átomos e espécie de sumidade da área.
um minuto de duração é um curta de anima- Em 1986, cientistas criaram o microscópio
ção feito somente com átomos. O resultado é de tunelamento, dispositivo que mostrou pela
curiosíssimo — e a fofura do garotinho brin- primeira vez a imagem de um único átomo.
cando com átomos como se fossem bolas es- Nessa época, era possível apenas observar a
conde importantes avanços tecnológicos. “As partícula, nada de interação. É aí que Eigler en-
pessoas costumam se encantar muito com o tra. No início dos anos 1990, o físico escreveu
muito grande. Não tem nada que impressio- a palavra IBM com 36 átomos de xenônio em
na mais que uma foto do Telescópio Hubble”, uma superfície de silício. “Esse foi o Capítulo 1
afirma Fabio Gandour, cientista chefe da IBM dessa história. O filme é o Capítulo 4, e ainda
Brasil, empresa responsável pela façanha. Fa- temos mais uns 20 pela frente”, calcula Fabio.
bio trabalhou por 3 anos nos EUA, no mesmo Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Common/0,,ERT337034-17770,00.html. Acesso em: 21/06/2020.
laboratório em que o filme foi feito. Lá, os cien-

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a. Para tornar o texto mais interessante para os seus leitores, estudantes como você, o autor
do texto utiliza alguns artifícios, como o emprego de palavras derivadas de uso informal.
Identifique algumas dessas palavras e indique qual é o sentido que elas sugerem.
Espera-se que os alunos identifiquem palavras como curiosíssimo (superlativo), fofura (afeto)
e garotinho (afeto).

b. Algumas palavras empregadas no texto são formadas com o apoio do sufixo -ção. À primeira
vista, pode parecer que se trata de um caso de aumentativo, mas não é. Pensando nisso,
identifique no texto as palavras que apresentam essa característica e explique o significado
desse morfema.
As palavras são produção, duração, animação, manipulação e interação. Espera-se que o alu-
no aponte que esse sufixo cria substantivos abstratos a partir de verbos.

7. As palavras a seguir possuem o mesmo radical. Por esse motivo, são chamadas de cognatas.
Identifique em cada grupo o radical e, a partir dele, procure perceber o seu sentido.

a. Década – decágono – decâmetro – decaedro.


Dec- (dez).

b. Hipódromo – autódromo – aeródromo – sambódromo.


-dromo (corrida).

c. Geografia – Geologia – geociências.


Geo- (terra).

d. Paterno – paternidade – paternal.


Pater- (pai).

e. Polígono – poligamia – policelular.


Poli- (muitos).

f. Odontologia – odontologista – odontopediatria.


Odonto- (dente).

g. Crônica – cronologia – cronista.


Cron- (tempo).

h. Biologia – biografia – biosfera.


Bio- (vida).
i. Monografia – monossílabo – monobloco.
Mono- (um).

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Desafio

Texto

1. A narração do texto é marcada pela oposição semântica entre os termos utilizados para desig-
nar os personagens. Nesse contexto, é correto afirmar que:
a. O nome Peixe Grande representa apenas um peixe de proporções maiores que os de-
mais peixes do aquário.
b. Empregado no diminutivo, o nome peixinhos apresenta dupla conotação, ou seja, indi-
ca simultaneamente os peixes que são menores que o Peixe Grande e assinala a posição
de inferioridade deles em relação ao outro.
c. No nome peixinhos, o sufixo -inhos não indica o emprego do diminutivo, pois o uso
desse substantivo não se relaciona à noção de grau, mas de inferioridade.
d. Considerando o sentido global do texto, o nome Peixe Grande foi empregado de forma
incoerente, pois, como vive em um aquário, o Peixe Grande também é um peixinho.
e. O nome Peixe Grande é formado por duas palavras, mas apresenta apenas um radical.

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2. Com base na análise dos recursos linguísticos do texto, avalie as afirmações a seguir.
I. O nome Peixe Grande poderia ser substituído, sem prejuízo de sentido, por Peixão.
II. O emprego dos adjetivos e de recursos não linguísticos contribui decisivamente para a ca-
racterização psicológica dos personagens.
III. No segundo quadrinho, os adjetivos exuberância e admiração se referem ao mesmo subs-
tantivo.
IV. No primeiro quadrinho, não há qualquer relação de sentido entre a palavra mente e o sufi-
xo -mente (utilizado na palavra exatamente).
V. No último quadrinho, a palavra admirados expressa a noção de modo, mas é adjetivo.

Está correto o que se afirma em:


a. I, II e III.
b. II, III e IV.
c. III, IV e V.
d. I, II e V.
e. I, IV e V.

3. Analise as afirmações abaixo.


I. No texto, o autor não utiliza balões para expressar a fala dos personagens. Assim, a fala que
aparece nos quadrinhos corresponde à sua própria voz.
II. A caixa é utilizada em alguns quadrinhos para possibilitar uma melhor leitura do texto.
III. O humor dessa HQ é despertado no último quadrinho, quando há uma quebra de expecta-
tiva do leitor em relação ao espaço onde se passa a história.
IV. A sequência dos quadrinhos nos leva a pensar que a história se passa no oceano, mas tudo
ocorre em um pequeno aquário.
V. O Peixe Grande é admirado também em outros mares, como fica claro no penúltimo qua-
drinho (“O Peixe Grande apenas olhou”).
Está correto o que se afirma em:
a. I, II e III.
b. II, III e IV.
c. III, IV e V.
d. I, II e V.
e. I, IV e V.

4. Assinale a alternativa incorreta.


a. Nas palavras integração, impulsiona e imponência, identificamos o prefixo in-, que ne-
las expressa a noção de mudança de estado.
b. No período “Faça como lhe aprouver”, foi empregado o verbo aprazer, cujo radical está
presente, também, no adjetivo aprazível.
c. Na forma verbal suspiraram, além do radical susp-, identificamos o morfema temático
de terceira conjugação (-i) e o morfema modo-temporal -ra.
d. As palavras exatamente e admiração são derivadas. Já a palavra medo é primitiva.
e. As palavras guarda-chuva e sobrecarga são compostas.

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Questões de escrita

Campos semânticos
Ainda há pouco, vimos que as palavras cognatas apresentam o mesmo radical e, por isso, aproxi-
mam-se umas das outras em relação ao sentido. No entanto, essa aproximação não ocorre somente
por causa da sua estrutura. As palavras podem ter sentidos relacionados e, apesar disso, possuir
origem diferente. Quando isso acontece, temos os chamados campos semânticos. As sequências
abaixo apresentam palavras de mesmo campo semântico. Em cada uma delas, há uma palavra que
não pertence ao campo. Identifique-a.

a. Fábula, parábola, notícia, conto.


Notícia. Enquanto todas as outras palavras se referem a gêneros textuais essencialmente nar-
rativos, a notícia é tipicamente um relato.

b. Lápis, caneta, apontador, vidro.


Vidro. As demais palavras se referem a objetos de papelaria.

c. Sofá, parede, cadeira, mesa.


Parede. As demais palavras nomeiam móveis da casa.

d. História, Matemática, Geografia, Português.


Matemática. As demais palavras se referem a disciplinas da área de Ciências Humanas.

e. Português, Espanhol, Inglês, Ciências, Italiano.


Ciências. As demais palavras se referem a línguas.

f. Vitamina, suco, café, amor.


Amor. As demais palavras se referem a tipos de bebida.

g. Cabeça, esquilo, braço, coxa.


Esquilo. As demais palavras se referem ao corpo humano.

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CAPÍTULO
8
Criando Palavras

1. Principais processos de formação de palavras


A língua está em constante transformação, principalmente porque ela reflete, em boa parte, a
realidade que nos rodeia. Assim, se o mundo muda, a língua também muda. Para que isso fique cla-
ro, basta perceber que, no nosso dia a dia, empregamos uma infinidade de palavras novas. Algumas
são mais novas que você!
O universo tecnológico é uma verdadeira fábrica de invenções. Diariamente, os cientistas nos sur-
preendem com as suas novidades, que, como tais, precisam de nomes para ser indicadas. Assim sur-
gem as palavras: sempre com a finalidade de suprir alguma necessidade comunicativa que temos.
Um exemplo interessante que repercute até hoje ocorreu nos anos 1970. Um grupo de países lo-
calizados no Sudeste Asiático chamou a atenção pela rapidez e agressividade com que desenvolveu
seu parque industrial e sua economia. Como ganhavam cada vez mais destaque, utilizando táticas
agressivas para atrair capital estrangeiro, mão de obra barata e isenção de impostos, receberam um
nome que os identificava e distinguia: Tigres Asiáticos. Você já deve ter ouvido falar deles na aula
de Geografia.

APRENDA MAIS

Após se recuperar dos principais impactos da Segunda Guerra Mundial, o Japão passou
a efetuar investimentos econômicos e financeiros em países do Sudeste Asiático, na épo-
ca uma região marcadamente pobre e com uma acentuada disponibilidade de mão de obra
barata. Essa área ficou conhecida como a periferia japonesa. Além disso, os Estados Unidos
também passaram a investir nessa região com o objetivo de conter o avanço do comunismo
sobre esses países durante a Guerra Fria.

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Coreia do
Norte

Japão

China Coreia do Sul


Área: 99.484 km2
População 50 milhões

Índia Hong Kong Taiwan


Área: 1.067 km2 Área: 35.981 km2
População 7,1 milhões População 23 milhões

Filipinas

Malásia

Cingapura
Área: 618 km2 Indonésia
População 5,3 milhões

O fato é que, para que esse grupo de países “existisse” e englobasse um conteúdo semântico, foi-
-lhe dado um nome. Esse movimento da língua — o de ressignificar um termo já existente, como é
o caso de tigre — acontece com frequência, e estamos habituados a ele. O mesmo aconteceu com a
palavra emergente, que inicialmente designava apenas aquilo que surge, emerge, como em Diante
das circunstâncias, temos um problema emergente. Hoje esse adjetivo é usado no português brasi-
leiro de maneira informal para designar pessoas que estão ascendendo econômica e socialmente.
E, ainda mais recentemente, esse adjetivo é usado para qualificar alguns países, como os Tigres
Asiáticos.

129

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APRENDA MAIS

Em Geopolítica, os chamados Tigres Asiáticos são classificados como países emer-


gentes, isto é, as nações que apresentam níveis de desenvolvimento consideráveis, apesar
de nem sempre isso ter relação direta com a melhoria proporcional na qualidade de vida
da população.

Mas nem sempre é por meio de um rearranjo


semântico que a língua se movimenta. Para além
de ressignificar, criamos palavras e o fazemos a

freepik.com
partir de processos que parecem aleatórios, mas
que, ao contrário, têm um padrão e podem ser
analisados. Esses processos de formação de pala-
vras são o tema deste capítulo. Vamos começar?

• Neologismo

Como vimos, à medida que a realidade à nos-


sa volta muda, muda também a nossa língua. En-
quanto uma língua está viva, palavras deixam de
existir — ou de ser usadas —, e outras surgem
ou são ressignificadas. As palavras que caem em
desuso são chamadas de arcaísmos. E as pala-
vras novas são chamadas de neologismos.
Inicialmente, um dos objetivos dos Tigres
Neologismos são palavras que estão no Asiáticos era atrair empresas multinacio-
nosso vocabulário, mas ainda não foram nais. Hoje, muitas das suas empresas já
são multinacionais, como a sul-coreana
devidamente, digamos, oficializadas pelo Hyundai. O processo de formação de pa-
Vocabulário Ortográfico da Língua Portu- lavras como multinacional será visto a
guesa (Volp). partir de agora. Na imagem, vista parcial
de Seul capital da Corea do Sul.

Os neologismos, portanto, fazem parte do nosso dia a dia, mas ainda não constam nos dicioná-
rios. É o caso, por exemplo, da expressão xing ling, que se popularizou e passou a ser usada para
identificar objetos falsificados ou de procedência duvidosa. Com um modelo industrial e econômico
fortemente exportador, os Tigres Asiáticos e a China conquistaram grande espaço no mercado nacio-
nal brasileiro com diversos produtos, designados de forma genérica e muitas vezes preconceituosa
como Made in China. Essa expressão, também já ressignificada, não mais indica apenas o país de
origem do artefato, mas a fabricação em larga escala e, nesse caso, supostamente de qualidade
inferior, independentemente da nacionalidade da empresa que o fabricou. Com o uso constante,

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N AV E G U E

Organizado pela Acade-


mia Brasileira de Letras,
o Volp está na sua 5a edi-
ção, contabilizando 381
mil verbetes. Ele serve
de base para a elabora-
ção dos dicionários. Você
pode realizar buscas no
Volp acessando o código
indicado. palavras como xing ling tendem a cristalizar seu significado e se
tornar dicionarizadas. Só então ganham status de “vocábulo” da
língua, não sendo mais consideradas neologismos.
Quando palavras consideradas “velhas” ou pouco usuais “re-
tornam à atividade” com novo sentido, também são chamadas de
neologismo. É o caso de torpedo, que voltou a ser muito usada
com o sentido de mensagem passada pelo telefone celular, mas
esse sentido ainda não está dicionarizado. Na verdade, com a po-
pularização dos aplicativos de mensagens instantâneas os torpe-
dos (SMS) já entraram em desuso novamente.

• Derivação
No capítulo anterior, vimos que as palavras são compostas por morfemas, as unidades mínimas
com significado. Entre os morfemas que podem compor palavras, temos os afixos. Como sabemos,
os afixos podem vir antes do radical (prefixos) ou depois dele (sufixos). Assim, a derivação se ca-
racteriza pela formação de palavras a partir de outra já existente, chamada primitiva, por meio da
utilização de afixos. Veremos agora as principais formas de derivação.

1. Por prefixação (ou prefixal) – Acrescentamos um prefixo ao radical.

desabitar – reler – incapaz – anormal – desfazer

2. Por sufixação (ou sufixal) – Acrescentamos um sufixo ao radical.

eletrônico – comunismo – instabilidade – asiático

3. Por prefixação e sufixação (ou prefixal-sufixal) – Acrescentamos um prefixo e um sufixo ao


radical.

infelizmente – deslealdade – readaptação

Aqui, se tirarmos um ou outro afixo, teremos uma palavra diferente. Se, por exemplo, tirarmos o
prefixo de infelizmente, teremos felizmente; se tirarmos seu sufixo, teremos a palavra infeliz.

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4. Por parassíntese (ou parassintética) – Assim como no caso anterior, também acrescenta-
mos um prefixo e um sufixo ao radical. Mas, nesse caso, dizemos que o acréscimo dos afixos
ocorre de forma simultânea. Ou seja, diferentemente do caso anterior, não conseguimos
formar palavras se retiramos um ou outro afixo. Por meio desse processo, quase sempre
formamos verbos a partir de substantivos e adjetivos.

empobrecer – enlouquecer – enraivecer

Observe que, se tirarmos, por exemplo, o prefixo de empobrecer, ficaremos com pobrecer, que
não constitui uma palavra. Da mesma maneira, se tirarmos o sufixo, ficaremos com empobre, que
também não é uma palavra.

5. Por regressão (ou regressiva) – Substitui-se a terminação dos verbos (-ar, -er, -ir) pelas
vogais temáticas -a, -e, -o para criar substantivos. Essa derivação é chamada de regressiva
porque o normal é criar verbos a partir de substantivos. Mas o contrário também pode
acontecer, como o substantivo planta, que está na base do verbo plantar. Os substantivos
que derivam de verbos são chamados pós-verbais, ou deverbais.

6. Imprópria (ou conversão) – Acontece quando mudamos, dependendo do contexto, a classe


gramatical de uma palavra, sem alterar a sua forma.

Os Tigres Asiáticos eram pobres no passado.


Descobriram um funcionário fantasma.
O jantar estava delicioso.

Como você pode perceber, tanto a derivação por regressão como a derivação imprópria não
criam palavras de fato. São apenas palavras de uso corrente empregadas em contextos diferentes
do habitual.

• Composição
Composição é o processo pelo qual formamos palavras a partir da associação de duas ou mais
palavras (ou radicais). Essa formação ocorre de duas maneiras:

1. Por aglutinação – Unimos duas ou mais palavras (ou radicais) alterando a sua estrutura.

aguardente (água ardente) embora (em boa hora)


planalto (plano alto) boquiaberta (boca aberta)

2. Por justaposição – Unimos duas ou mais palavras (ou radicais) sem a perda de letras.

conta-corrente – lava-louças – caça-palavras – passatempo – girassol

Muitas vezes, utilizamos os numerais para criar palavras por meio da derivação e da composição.
Assim, do numeral dez, por exemplo, derivamos década e décimo. Já os numerais formados por mais
de uma palavra, como décimo segundo, são compostos por justaposição. Outros, como trezentos,
são compostos por aglutinação (três + cento).

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2. Emprego do hífen
Você percebeu que, nos exemplos vistos até agora, em alguns empregamos o hífen (-), mas em
outros não? Na composição, o uso do hífen é muito comum, pois, entre outras funções, essa nota-
ção desempenha o papel de unir elementos.

Tendo em vista a formação das palavras, o hífen é usado nas situações seguintes.

• Com substantivos e adjetivos compostos


• Substantivos – país-membro, matéria-prima, bem-estar.
• Adjetivos – sul-coreano, bem-feito, latino-americano.

Observe que, nos exemplos acima, cada palavra é como um bloco de sentido. Juntas, formam um
todo semântico. Entretanto, são preservadas estrutural e foneticamente, ou seja, cada uma mantém
seu acento tônico.
Outras formas de composição, ao contrário, como vimos na composição por aglutinação, não
usam hífen; outras, ainda, não preservam essa estrutura. É o caso de girassol e pontapé.
Em outros casos, a composição é feita não por meio do hífen, mas por uma preposição. São exem-
plos: sala de jantar, mestre de cerimônias, fim de semana, dia a dia.

APRENDA MAIS

É importante notar que as palavras compostas que indicam espécies de animais e vegetais uti-
lizam o hífen, como cana-de-açúcar, espada-de-são-jorge, mico-leão-dourado, galo-de-campina, etc.

• Com os elementos aquém, além, recém, sem


Usa-se sempre o hífen nas palavras que apresentam esses morfemas em sua estrutura.

aquém-fronteiras além-mar recém-casado sem-terra

• Com os prefixos ex-, pós-, pré-, pró-, vice-


Na maioria dos casos, os prefixos se ligam diretamente ao radical. Nas palavras que apresentam
os prefixos acima, entretanto, o hífen é sempre usado. Observe que todos eles são tônicos. Com os
prefixos pré- e pró-, porém, há situações em que são empregados como átonos, ligando-se ao radical
diretamente, como preaquecer e probiótico. Na dúvida, o melhor é consultar um dicionário.

ex-membro pós-guerra pré-operatório


pró-governo vice-rei vice-presidente

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• Com a maior parte dos prefixos e dos radicais gregos e latinos (aero-,
neo-, pseudo-, semi-)
1. Usamos o hífen quando a segunda palavra começa com h.

anti-horário super-homem semi-humano

2. Usamos o hífen quando o prefixo ou o radical termina com a mesma vogal ou consoante
com que se inicia a palavra que o segue.

micro-ondas anti-inflamatório contra-argumento


hiper-resistente super-romântico inter-relação

APRENDA MAIS

Atenção com palavras compostas cujo radical ou prefixo da primeira palavra termina em
vogal e, seguida de uma palavra iniciada com as letras r ou s. Nessas palavras, essas letras
são dobradas e não se utiliza o hífen. Veja alguns exemplos:
autossustentável autorregulação ultrassonografia
ultrarromântico antessala antirrábica

3. Outros processos de formação de palavras


Além da derivação e da composição, que são os processos de formação em língua portuguesa
mais produtivos, existem outros processos, menos comuns, mas muito importantes. Veremos agora
alguns deles.

• Redução
Redução, ou abreviação vocabular, é a formação de palavras a partir de outra primitiva. Geral-
mente usada em situações informais, dá-se de maneira imprevisível, ou seja, não segue um padrão.
Dentre as palavras criadas por redução, podemos citar: mina, redução de menina; portuga, de por-
tuguês; japa, de japonês; Fla, de Flamengo; Flu, de Fluminense; sanduba, de sanduíche; e foto, de
fotografia.

• Onomatopeia
A onomatopeia é uma criação de palavras a partir da tentativa de reprodução de algum som,
como ruídos, vozes de animais e sons da natureza, como miau, cri-cri, tique-taque, pocotó e reco-
-reco. Na tirinha a seguir, a onomatopeia foi utilizada para reproduzir o barulho que a bola fez ao
bater no rosto do personagem. Observe:

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XAXADO/Antônio Cedraz

• Sigla

Sigla é uma palavra formada a partir da união da letra ou da sílaba inicial de cada um dos compo-
nentes de expressão ou título.

Empresa Brasileira de Aeronáutica = Embraer


Estados Unidos da América = EUA
Fundo Monetário Internacional = FMI
Fundação Nacional do Índio = Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística = IBGE
Índice de Desenvolvimento Humano = IDH

Como você pode ver, algumas siglas são pronunciadas de forma soletrada, como IBGE, UFPR,
FGTS e BNDES. Essas siglas são escritas utilizando-se letras maiúsculas. Já outras são pronunciadas
como palavras e, por isso, são grafadas com apenas a primeira letra maiúscula. É o caso de Embraer,
Funai, Petrobras e Senac.

Importante: Caso a sigla tenha até três letras, deve ser escrita com maiúsculas, como PE, SP,
SUS, MEC e OAB.

• Mesclagem lexical

É o processo de formação por meio do qual uma palavra, resultante da fusão de duas outras pa-
lavras, ao mesmo tempo reproduz e cria novos significados a partir das palavras que lhe serviram
de fonte. Entendeu? É como uma composição “inesperada”, que cria significados surpreendentes e,
muitas vezes, engraçados.

aborrescente apertamento caligrafeia


chafé crionça estragonofe
horrorível mautorista monstruação
namorido paitrocínio portunhol

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Atividades

1. Em uma atividade diferente de Geografia e Língua Portuguesa, os professores separaram os


alunos do 9º ano em grupos e deram a cada grupo um país diferente, todos pertencentes ao
continente asiático. Cada grupo deveria produzir um pequeno texto argumentativo com o ob-
jetivo de convencer os outros grupos a visitarem o seu país. No dia da apresentação, os alunos,
em seus respectivos grupos, exibiram as informações seguintes. Leia com atenção os textos
apresentados pelos grupos. Tendo em vista os diferentes processos de formação de palavras
que vimos neste capítulo, destaque as palavras cujo uso lhe chamou atenção.

Grupo 1
Se você estiver a fim de ir para Singapura, ou República de Singapura, está certo. Essa Cidade-
-Estado é constituída por 63 lindas ilhas; além disso, é o país que apresenta alto Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), sendo o 9º melhor do mundo em 2019.

Grupo 2
Podem deletar a informação do Grupo 1. Legal mesmo é Hong Kong! Com uma área de
1.104 km e uma população aproximada de sete milhões de pessoas, Hong Kong é uma das
áreas mais densamente povoadas do mundo. Sua cultura mistura elementos orientais e a oci-
dentais, sendo, assim, muito rica. Apresenta o 4º melhor IDH do mundo.

Grupo 3
Discordamos de vocês! Pedro, mesmo, levaria a mina dele para as Filipinas. Oficialmente Re-
pública das Filipinas, esse lugar é um vasto arquipélago da Insulíndia cercado pelo Mar das
Filipinas, Mar de Celebes, Mar de Sulu e Mar da China Meridional. Parecido com o Brasil, tem
clima tropical e praias lindas.

Grupo 4
Já a Malásia é um país do Sudeste Asiático que compreende dois territórios distintos: a parte
sul da Península Malaia e ilhas adjacentes e uma seção do norte da Ilha de Bornéu. Vimos vá-
rias fotos e é para lá que queremos ir. Ao anoitecer, o país fica ainda mais lindo!

Grupo 5
A Indonésia é um país localizado entre o Sudeste Asiático e a Austrália, sendo o maior arqui-
pélago do mundo, composto pelas Ilhas de Sonda, a metade ocidental da Nova Guiné e com-
preendendo no total 17.508 ilhas. Lá, é impossível ficar enraivecido: suas ilhas deslumbrantes,
seu exotismo tropical e suas paisagens vulcânicas fazem da Indonésia o destino perfeito.

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Grupo 6
Lendo sobre os países asiáticos, viajamos mesmo em Taiwan. Estado insular localizado na Ásia
Oriental, foi um dos membros fundadores das Nações Unidas e um dos cinco membros perma-
nentes do Conselho de Segurança da organização, até ser substituído pela República Popular
da China, em 1971.

Grupo 7
A Tailândia é um país no centro da Península da Indochina, no Sudeste Asiático. Suas fronteiras
marítimas incluem o Vietnã, a Indonésia e a Índia. Cheia de paisagens paradisíacas, a Tailândia
é o destino de viagem do sonho de muitos. Infelizmente, também podemos nos lembrar desse
lugar por um fato que entristeceu muito a todos: o devastador tsunami ocorrido em 2004.

Grupo 8
A Coreia do Sul, oficialmente República da Coreia, é um país da Ásia Oriental localizado na
parte sul da Península da Coreia. Aproximadamente metade de sua população vive na capital,
Seul, ou em sua área metropolitana, que é uma das maiores do mundo. Nem adianta pedir pra
pisar menos na tecnologia, porque é realmente um paraíso tecnológico.

Grupo 9
O Vietnã é um Estado soberano localizado no leste da Península da Indochina, no Sudeste
Asiático. Vocês já devem ter ouvido falar desse lugar por causa da histórica Guerra do Vietnã,
conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. Foi tema de vários filmes
no cine.

Agora, baseado no que foi apresentado pelos alunos, responda às questões a seguir.

a. Ao apresentar o trabalho para a turma, alguns alunos utilizaram neologismos em seu dis-
curso. Os países apresentados por eles fazem parte dos chamados Tigres Asiáticos. Assim
sendo, quais países compõem esse grupo e quais neologismos foram utilizados?
Singapura (a fim de, no sentido de estar interessado), Hong Kong (deletar, no sentido de es-
quecer), Taiwan (viajar, no sentido de gostar muito) e Coreia do Sul (pisar menos, pedir para
desacelerar).

b. Outros alunos utilizaram derivação por parassíntese. Esses mesmos alunos falaram sobre
os países dos chamados Novos Tigres Asiáticos, termo utilizado para designar o grupo de
países de industrialização recente e que vêm expandindo suas economias. Analisando as in-
formações trazidas pelos alunos, diga quais países são considerados Novos Tigres Asiáticos
e quais foram as palavras formadas por parassíntese apresentadas por eles.
Tailândia (entristeceu), Malásia (anoitecer) e Indonésia (enraivecido).

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c. Por fim, alguns grupos fizeram uso da redução, ou abreviação vocabular. Os países abor-
dados por eles compõem o que chamamos de Novíssimos Tigres Asiáticos, que corres-
pondem aos países que passaram por um acelerado processo de industrialização nos anos
1990, conseguindo superar a grave crise econômica que atravessaram no fim da década.
Desse modo, que países são esses e quais as reduções utilizadas pelos grupos?
Vietnã (cine, abreviação de cinema) e Filipinas (mina, abreviação de menina).

2. Utilizando as tabelas com prefixos e sufixos que vimos, encontre a palavra mais adequada.
Observe o exemplo:

Profissional que analisa processos – Analista

a. Falha que não se pode admitir. Inadmissível.


b. Questão que não se pode solucionar. Insolúvel.
c. Que acontece a cada dois anos. Bianual, ou bienal.
d. Que apresenta duas fases. Bifásico.
e. Fato que não se consegue explicar. Inexplicável.
f. Ajuda que não se pode dispensar. Indispensável.

3. Descubra a palavra observando a sua origem e a dica fornecida. Se for necessário, consulte as
tabelas de prefixos e sufixos que estudamos. Veja o modelo:

oculus (latim) = olho – Tem dois olhos.

a. coctus (latim) = cozido – Biscoito.


É cozido duas vezes.

b. ciclus (grego) = roda – Bicicleta, ou biciclo.


Tem duas rodas.

c. sítos (grego) = comida, alimento – Parasita.


Se alimenta ao lado de.

d. pharyngis (latim) = garganta – Faringite.


Inflamação da garganta.

e. arthritis (latim) = juntas do corpo – Artrite.


Inflamação das juntas.

f. antropos (grego) = homem – Antropocentrismo.


Corrente de pensamento que coloca o homem no centro de tudo.

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4. Como vimos, a criação das palavras acompanha as inovações culturais e tecnológicas da socie-
dade. Com base nisso, procure explicar a origem das palavras seguintes, consideradas neolo-
gismos. Utilize seu caderno. Resposta pessoal.
a. Apê. g. Clicar.
b. Bebemorar. h. Disque-pizza.
c. Bichoso. i. Ecoturismo.
d. Tiozão. j. Esquema.
e. Camelódromo. k. Mauricinho.
f. Carreata. l. Patricinha.

5. A língua segue uma mecânica própria, uma gramática, que internalizamos ainda nos primeiros
anos da infância. Essas regras gramaticais são de fácil dedução, porque sempre se repetem.
Para entender melhor como isso ocorre, podemos refletir sobre a formação de algumas pala-
vras. Por exemplo: nossa gramática internalizada nos diz que partículas como -eiro e -ista são
formadoras de palavras que indicam profissões, como em carteiro, enfermeiro, psicanalista.
O mesmo acontece com a partícula -mente, que, em geral, indica uma noção de modo. Não é
necessário consultar uma gramática normativa para saber disso. Tanto é assim que, se houves-
se uma necessidade, poderíamos até inventar palavras utilizando essas partículas. Pensando
nisso, leia as dicas e identifique a palavra correspondente a cada uma delas.

a. O que não se pode contar é: Incontável .

b. O médico responsável pela saúde dos olhos é conhecido popularmente como: Oculista .
c. O profissional que trabalha com a estética do corpo é: Esteticista .

d. O profissional que trabalha transformando madeira em objetos é: Marceneiro .


e. O profissional que, nos hospitais, carrega pacientes na maca é o: Maqueiro .

f. O que não é útil é: Inútil .

g. O atleta que é quatro vezes campeão de um mesmo torneio é: Tetracampeão .

h. O que acontece de modo inesperado acontece: Inesperadamente .

i. O que acontece de modo repentino acontece: Repentinamente .

6. Os textos publicitários são uma boa fonte para encontrarmos neologismos muito criativos.
Pensando nisso, faça uma pesquisa em textos desse tipo à procura de neologismos formados
por derivação e composição.
Sugestão de resposta: supercarro, extrabom, hipermegaoferta.

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7. Na evolução natural das línguas, é normal que algumas palavras ou expressões caiam em de-
suso ou sejam substituídas. As palavras e expressões a seguir são um exemplo disso. Elas já
foram muito comuns. Pergunte a alguém que convivia com essas palavras e expressões e des-
cubra o significado de cada uma delas. Caso você conheça uma correspondente utilizada nos
dias de hoje, indique-a. Resposta pessoal.

1. Bacana. 16. Bicho do céu.


2. Dindim. 17. Lero-lero.
3. Patavinas. 18. Chispa.
4. Belezura. 19. Que abacaxi!
5. Toca Raul! 20. Papo firme.
6. Botar/Pôr as barbas de molho. 21. Marcar touca.
7. Bom pra dedéu. 22. Chuchu beleza!
8. Serelepe. 23. Tirar a mãe da forca.
9. Carácoles. 24. Nem que a vaca tussa!
10. Matar cachorro a grito. 25. Pior que bater na mãe em porta de igreja.
11. É dose pra elefante. 26. Pedra noventa.
12. Está tinindo. 27. Sebo nas canelas.
13. Estapafúrdio. 28. Mais feliz que mosca no pão doce.
14. Amigo da onça. 29. Quiprocó.
15. Será o Benedito? 30. Chumbrega.

8. Um processo de formação de palavras diferente do que vimos até agora é a chamada deriva-
ção delocutiva. Por esse processo, uma oração inteira, que em princípio nomeava uma ação
ou situação, passa a funcionar como nome dessa mesma ação ou situação. Nos seguintes
enunciados, temos exemplos desse tipo de derivação. Procure entendê-los e, em seguida,
reescreva-os indicando o seu sentido. Observe o modelo:

Ela chegou chutando o pau da barraca.


Ela chegou reclamando.

APRENDA MAIS

Em todas essas orações, temos exemplos de expressões idiomáticas — enunciados compos-


tos de diferentes palavras cujo sentido vale para o todo, não para cada palavra isoladamente.

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As respostas a seguir são apenas sugestões.
a. Houve um deus nos acuda na hora do incêndio.
Houve muita confusão na hora do incêndio.

b. Essa cor é muito cheguei.


Essa cor é muito escandalosa.

c. Quando cheguei, elas estavam cheias de mimimi.


Quando cheguei, elas estavam chateadas com besteira.

d. Ela é uma maria vai com as outras.


Ela não tem personalidade.

e. Estou com o pé atrás com João.


Estou desconfiado de João.

f. Maria chegou rodando a baiana.


Maria chegou furiosa.

g. Ele fala pelos cotovelos.


Ele fala muito.

h. Eles são farinha do mesmo saco.


Eles são iguais.

9. Em cada sequência, identifique a palavra cujo processo de formação está indicado nos parênteses.
a. Água, aguaceiro, vinhedo, prever (derivação prefixal). Prever.
b. Dormente, vinho, perda, antebraço (derivação regressiva). Perda.
c. Censura, pescador, ensaboar, esfriar (derivação sufixal). Pescador.
d. Indispensável, amável, pedreiro, só (derivação prefixal e sufixal). Indispensável.
e. Ensaboar, dúvida, planalto, desigualdade (derivação parassintética). Ensaboar.
f. Corte, desobediência, guarda-costas, justiça (composição por justaposição). Guarda-costas.

10. Em seu caderno, forme palavras derivadas com base nas palavras fornecidas abaixo.
Resposta pessoal.

a. Madeira g. Doce m. Escuro s. Nervo


b. Escrever h. Mar n. Corpo t. Som
c. Real i. Folha o. Jardim u. Prova
d. Mexer j. Razão p. Música v. Obedecer
e. Visão k. Força q. Regular w. Livro
f. Emigrar l. Noite r. Tensão

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Desafio

Texto

Existe alguma palavra em português que não vem de outra língua?


Por Bruno Vaiano – 23 set 2019, 13h41

Não. Ieda Maria Alves, especialista em léxico da USP, estuda há mais de 40 anos o nascimento de
novas palavras e nunca viu uma que não fosse herdada, em última instância, de outra língua.
A maior parte do nosso vocabulário deriva do latim, mas raízes gregas também são comuns — e
palavras de origem germânica se infiltraram aos montes nas últimas décadas por causa da influência
do inglês.
Há algumas décadas, pensava-se que a palavra gás era um exemplo de neologismo ex nihilo
— isto é, palavra nova que saiu do nada. Depois, ficou estabelecido que seu cunhador, o químico
francês Jan Baptista van Helmont, inspirou gás do grego caos.
Como as palavras exercem uma função comunicativa, quem tenta criar uma nova acaba esco-
lhendo sons que remetem a ideia que aquela palavra pretende representar. Assim, os especialistas
não consideram mais o neologismo ex nihilo possível.
Mario Viaro, também da USP, faz coro: “Quando o Carlinhos Brown inventou a palavra caxirola,
pegou parte da palavra caxixi e parte de castanhola. Mesmo se uma palavra for inventada por meio
de uma sequência de sílabas aleatórias, serão sílabas da língua portuguesa, e seu sucesso advém da
associação fácil com outras palavras com as mesmas sílabas.”
Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/oraculo/existe-alguma-palavra-em-portugues-que-nao-vem-de-outra-lingua/. Acesso em: 27/09/2019.

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1. Assinale a alternativa que contém a resposta da pergunta feita no título do texto.
a. [...] nunca viu uma que não fosse herdada, em última instância, de outra língua.
b. A maior parte do nosso vocabulário deriva do latim [...].
c. [...] palavras de origem germânica se infiltraram aos montes nas últimas décadas [...].
d. [...] os especialistas não consideram mais o neologismo ex nihilo possível.
e. [...] seu sucesso advém da associação fácil com outras palavras com as mesmas sílabas.

2. Identifique a alternativa que assinala a causa para a resposta da pergunta feita no título do
texto.
a. [...] mas raízes gregas também são comuns [...].
b. [...] por causa da influência do inglês.
c. Como as palavras exercem uma função comunicativa [...].
d. [...] pegou parte da palavra caxixi e parte de castanhola [...].
e. Mesmo se uma palavra for inventada por meio de uma sequência de sílabas aleatórias [...].

3. Assinale a opção em que todas as palavras se formam pelo mesmo processo.


a. Especialista – nascimento – herdada.
b. Raízes – germânica – décadas.
c. Inglês – neologismo – cunhador.
d. Químico – comunicativa – caxirola.
e. Castanhola – associação – fácil.

4. Leia.

Há algumas décadas, pensava-se que a palavra gás era um exemplo de neologismo ex nihilo
— isto é, palavra nova que saiu do nada.

Observando a estrutura das palavras utilizadas nesse período, é correto afirmar que:
a. A palavra décadas se formou por meio do acréscimo de uma vogal temática ao radical.
b. O substantivo exemplo se formou a partir da regressão de um verbo.
c. A palavra neologismo é um caso de composição por aglutinação.
d. A expressão latina ex nihilo significa de repente.
e. A locução do nada funciona como uma palavra de valor adverbial.

5. Identifique o item cujas palavras são formadas por justaposição.


a. Desagradável – complemente.
b. Vaga-lume – pé de meia.
c. Encruzilhada – estremeceu.
d. Supersticiosa – valiosas.
e. Desatarraxou – estremeceu.

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Questões de escrita

Estrangeirismos e empréstimos

1. Para quem pensa que é uma “modinha” atual inserir palavras estrangeiras na língua portu-
guesa, é importante lembrar que esse intercâmbio já acontece há muito tempo. Da invasão
moura na Península Ibérica, ocorrida na Idade Média, herdamos palavras como açougue, azei-
te, almoxarifado, álcool e álgebra. Nos séculos XVIII e XIX, não eram os Estados Unidos que
detinham o prestígio econômico e cultural, mas a França. Assim, nosso vocabulário herdou
do francês: abajur, sutiã, butique, garagem. E, como atualmente a hegemonia é dos Estados
Unidos, vemos uma profusão de palavras em inglês “invadirem” nosso idioma.

a. Analisando as informações acima, a que conclusão se pode chegar em relação ao uso de


palavras estrangeiras em nossa língua?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que o uso de estrangeirismos é um fenô-
meno natural das línguas, sobretudo pela influência constante que os países mais poderosos
exercem sobre os demais.

b. Você concorda com a opinião que muitas pessoas têm de que o uso de palavras estrangeiras
empobrece a língua? Discuta com os seus colegas e o seu professor.
Espera-se que o aluno perceba que os estrangeirismos e empréstimos, na verdade, enrique-
cem a língua, já que são empregados conforme as nossas necessidades comunicativas.

2. Pesquise e escreva a origem das palavras abaixo.


a. Algodão – árabe.

b. Chalé – francesa.

c. Toalete – francesa.

d. Caboclo – indígena.

e. Armazém – árabe.

f. Abacaxi – indígena.

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