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Léc
Lécio Cordeiro
Multi Marcas Editoriais Ltda.
Editor: Rua Neto Campelo Jr, 37 – Mustardinha
Lécio Cordeiro Recife – PE – CEP: 50760-330
CNPJ: 00.726.498 / 0001-74
Revisão de texto: I. Est.: 021 538-37 | I. Munic.: 252.009-5
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Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Revisão técnica: direitos dos textos contidos neste livro. A Multi Marcas Editoriais
Marcelo Bernardo Ltda. pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições
futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Projeto gráfico, editoração
eletrônica e ilustrações:
Box Design Editorial Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
Capa uma nova pontuação.
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/
Sophia Karla
Fotos: Brad Pict - stock.adobe.com
Impresso no Brasil
É muito comum ouvirmos comentários de que a nossa língua é muito difícil. Você
já ouviu alguém dizer isso? Normalmente essa opinião é seguida de comparações com
outras línguas. Quem pensa que o português é uma língua difícil comumente acredita
que o inglês, por exemplo, é uma língua fácil, que o alemão é feio, que o chinês é extre-
mamente confuso. Mas será mesmo? As pesquisas mostram que esses posicionamentos
sobre as línguas são equivocados.
Na maioria das vezes, essas opiniões negativas surgem da confusão que se faz entre
o que é a língua e o que é a gramática. Por uma série de motivos, é comum as pessoas
entenderem que ambas são a mesma coisa, mas, na verdade, não são. A gramática é
apenas um dos componentes da língua. Apesar disso, na nossa sociedade ela é muito
valorizada. Por isso, existem hoje nas livrarias inúmeros livros de gramática. Mas você
já percebeu que todos eles abordam o assunto sempre da mesma forma? Regras e mais
regras para se decorar, frases sem sentido e sem contexto adequado para ilustrar o es-
tudo, construções linguísticas que nunca usaremos na vida, nenhuma relação entre a
gramática e os outros componentes curriculares.
Foi pensando nisso que tivemos a ideia de escrever uma gramática diferente. Nosso
objetivo foi preparar um livro que realmente ensinasse o conteúdo gramatical como ele
Daniel M Ernst/Shutterstock.com
é: interessante, vivo, real, repleto de possibilidades! Esperamos que você goste e que
passe a ver a gramática de forma diferente.
Bom estudo!
Lécio Cordeiro
Capítulo 1 Capítulo 3
Coordenação e Subordinação------------ 6 Orações Subordinadas Adjetivas-------- 40
1. Conceito-----------------------------------------27
2. Classificação------------------------------------29 Capítulo 4
Atividades---------------------------------------35 Orações Subordinadas Adverbiais------ 54
Desafio-------------------------------------------37
Questões de escrita---------------------------39 1. Orações subordinadas adverbiais---------54
Pontuação das orações 2. Classificação------------------------------------55
subordinadas substantivas------------------39 3. Orações subordinadas
adverbiais reduzidas--------------------------59
4. Orações subordinadas
adverbiais e sentido--------------------------59
Atividades---------------------------------------61
Desafio-------------------------------------------64
Questões de escrita---------------------------67
Emprego da vÍrgula e do travessão nas
orações subordinadas adverbiais----------67
O tema é bastante sério e, por esse motivo, precisa de uma atenção especial por parte dos gover-
nos. Trazendo esse tema para o estudo da coordenação e da subordinação, veremos que, em geral,
para desenvolvermos bem nossos argumentos, podemos utilizar períodos compostos. E mais: como
oferecem um número maior de possibilidades, os períodos compostos por subordinação são comu-
mente mais utilizados no nosso dia a dia.
Quando falamos ou escrevemos um Homicídio entre jovens no
texto, dificilmente nos damos conta de País bate recorde em 10 anos
que construímos esses períodos e de que,
por meio deles, nós nos expressamos e O que você quer
ser se crescer?
defendemos nossa opinião, nosso ponto
de vista. Além deles, articulamos frases e
orações de uma forma natural, espontâ-
nea. É importante, entretanto, termos co-
nhecimento dessas estruturas para que,
em uma situação mais formal de comu-
nicação, possamos nos expressar melhor.
Assim, se você não conseguiu relembrar
esses conceitos, vamos fazer isso agora.
Para iniciar, leia a charge a seguir.
A charge é um gênero textual que combina as linguagens verbal e não verbal. Por meio
de um quadrinho, o autor aborda criticamente um tema atual, de caráter factual, normal-
mente de conotação política, socioeconômica e até esportiva, noticiado na imprensa.
A charge lida tem como tema dados do Atlas da Violência 2019, um estudo produzido pelo Ins-
tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
com dados levantados pelo Ministério da Saúde. O relatório mostra que, no ano pesquisado (2017),
o País registrou 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens. Em 2007, essa taxa era de 50,8. Ao todo,
foram assassinados 35.783 jovens de 15 a 29 anos. Desses, 33.772 (ou seja, 94,4%) eram do sexo
masculino. Ao ler essas informações, você poderia, com razão, dizer:
Nessa situação, diríamos que você proferiu uma frase, isto é, um enunciado repleto de sentido.
Como não apresenta verbo, dizemos que essa frase é formalmente incompleta. As gramáticas tam-
bém dizem que essa frase é nominal. Assim, como apresenta verbo, a frase que dá título à charge é
formalmente completa, ou verbal.
APRENDA MAIS
1ª Oração 2ª Oração
(3) O que você quer ser se crescer?
Locução verbal Verbo
Diferentemente do exemplo (2), o período (3) apresenta dois verbos (a locução verbal representa
a mesma ação e equivale a um só verbo). Chamamos de oração a parte do enunciado estruturada
em torno de um verbo. Como o exemplo (2) é formado por apenas uma oração, temos o que chama-
mos de período simples. Essa oração é chamada de absoluta, porque é a única no período.
Já no exemplo (3), o período é formado por duas orações. Logo, trata-se de um período compos-
to. Esse tipo de período pode ser formado por duas ou mais orações. A seguir, veremos como as
orações podem se estruturar de três maneiras para formar o período composto: por coordenação,
por subordinação ou por coordenação e subordinação ao mesmo tempo (período misto).
APRENDA MAIS
No período (3), você consegue perceber que a conjunção se, que introduz a segunda
oração, expressa uma relação de condição para a realização do que se diz na primeira
oração? Veja o período de outra maneira:
N AV E G U E
Por meio do código ao lado, você tem acesso a todo o Atlas da Vio-
lência 2019. Nele, você poderá colher informações relevantes sobre
o tema.
Observe que, tanto na frase (1) quanto na frase (2), existem dois verbos. Portanto, temos duas
orações em cada uma delas. Note também que, se separarmos cada uma das orações, elas perma-
necem com sentido completo. Todas são sintaticamente independentes.
Na frase (1), ambas as orações são independentes e não possuem conjunção conectando-as uma
à outra. Por isso, elas são chamadas de orações coordenadas assindéticas.
Já na frase (2), apenas a segunda oração inicia com uma conjunção. Temos, portanto, uma oração
coordenada assindética em “João nunca leu o ECA” e uma oração coordenada sindética em “Entre-
tanto reconhece sua importância”.
Na coordenação sindética, as orações podem estabelecer entre si cinco relações de sentido, sen-
do classificadas como:
• Aditivas
A conjunção que une as orações indica uma simples soma, uma ideia de acréscimo. As principais
conjunções aditivas são: e, nem, também. É possível, também, empregar não só... mas também, mas
ainda, como também.
Conjunção aditiva
O ECA foi promulgado em 1990 e é o instrumento legal que consolida as garantias da Consti-
tuição aos jovens. Oração coordenada sindética aditiva
A conjunção expressa ideia contrária, adversa, ao que se poderia esperar da oração anterior. As
principais conjunções coordenativas adversativas são: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no
entanto, e (equivalendo a mas).
Conjunção adversativa
O Estatuto garante os direitos das crianças e dos adolescentes, mas muitos desses direitos
ficam apenas no papel. Oração coordenada sindética adversativa
• Explicativas
A conjunção exprime uma explicação, uma justificativa para o que foi dito na oração anterior.
As principais conjunções coordenativas explicativas são: porque, porquanto, que e pois (geralmente
anteposto ao verbo).
Conjunção explicativa
A maioridade penal é estipulada em 18 anos, porque segue a doutrina da proteção integral,
uma consequência da Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989).
Oração coordenada sindética explicativa
10
Conjunção conclusiva
O objetivo do ECA é que os jovens sejam protegidos, por isso sua lógica é diferente daquela
seguida pelo Código Penal. Oração coordenada sindética conclusiva
• Alternativas
A conjunção expressa uma noção de alternância, opção, escolha. Nesse caso, a conjunção nor-
malmente é repetida, o que indica alternativas entre duas orações. As principais conjunções coorde-
nativas alternativas são: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja… seja e nem... nem.
Equivalem a termos sintáticos representados por substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indi-
reto, aposto, etc.). Vamos detalhar as orações substantivas no próximo capítulo.
Oração principal
As pessoas favoráveis à redução da maioridade penal dizem que adolescentes de 16 e 17 anos
são responsáveis criminalmente por seus atos.
Oração subordinada substantiva
Função de objeto direto
11
Funcionam como adjetivo de um termo expresso na oração principal. Vamos estudar essas ora-
ções no Capítulo 3. Veja um exemplo:
No primeiro quadrinho, observe que a oração [...] que escrevi sobre drogas na juventude funciona
como adjetivo do termo redação, expresso na oração principal. Ou seja, não foi qualquer redação,
mas aquela que ele escreveu sobre um assunto específico. O mesmo ocorre no exemplo a seguir.
Veja:
Segundo o Artigo 27 do Código Penal, a partir dos 12 anos de idade um adolescente que co-
mete uma infração é responsabilizado por seus atos.
Neste exemplo, o trecho [...] que comete uma infração funciona como adjetivo do termo adoles-
cente, que está expresso na oração principal.
12
1. Durante a aula de Cidadania Moral e Ética na turma do 9º ano, o professor Ptolomeu propôs
aos seus alunos a atividade seguinte.
Professor Ptolomeu
Diante disso, dois alunos, Luzia e Serafim, apresentaram opiniões divergentes sobre o assunto.
Leia o diálogo estabelecido entre eles.
Interrompidos pelo professor para que iniciassem o debate com o restante da turma, Luzia e
Serafim pararam de discutir o assunto. Serafim argumentou utilizando orações subordinadas.
Luzia, por sua vez, utilizou apenas orações coordenadas. Sabendo disso, responda às questões
a seguir.
13
d. Escreva abaixo a oração que não é subordinada nem coordenada e aponte como podemos
classificá-la.
“Sou contra a redução da maioridade penal.” Trata-se de um período simples (oração absoluta).
Como os crimes bárbaros praticados por adolescentes costumam ganhar destaque na mídia,
temos a falsa impressão de que eles são muito comuns, mas é justamente o contrário. Segundo
dados da Fundação Casa (SP), os jovens reeducandos que praticaram crimes de homicídio so-
mam apenas 3,15% em 2019, ou seja, representam um número muito pequeno.
14
Segundo dados da Fundação Casa (SP), os reeducandos que praticaram crimes de homicí-
dio somam apenas 3,15% em 2019.
4. Discuta com os seus colegas e o seu professor: para desenvolver argumentos, é mais fácil em-
pregar orações coordenadas ou subordinadas? Anote sua conclusão.
Professor, espera-se que os alunos percebam que as orações subordinadas, por serem mais
variadas, apresentam mais possibilidades comunicativas e, sobretudo, argumentativas.
Texto
No quadro Retirantes, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pessoas
magérrimas e com expressões que revelam sentimentos de fome e miséria. Os retirantes fugiram
dos problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos altos índices de mortalidade infantil
no Nordeste.
Na tela, percebemos nove personagens de forma cadavérica, sendo dois homens adultos e duas
mulheres adultas. Percebemos, também, que na composição se encontram cinco crianças, porém
apenas uma delas pode ter o sexo identificado, que neste caso está exposto (lado direito da tela).
Há uma criança totalmente nua, e o personagem imediatamente atrás dessa mulher também se
encontra com seu dorso nu. É um velho, aparentemente o personagem mais idoso na composição.
Possui cabelos despenteados e barba, ambos já estão brancos, e segura um cajado. Seu olhar se faz
distante. A mulher que segura a criança a sustenta pelo lado, apoiando-a em seu quadril. Seu olhar
distante também transmite tristeza e solidão, que são marcadas pela fragilidade de sua fisionomia.
Há um pequeno raio de cor presente na veste desta mulher, que usa uma saia com o tom rosa-
-avermelhado. Essa mulher, frágil em sua condição social, possui um certo vigor físico, maior que o
do seu suposto marido.
Na outra família (centro), percebemos uma mulher mais jovem, com cabelos longos e negros e
olhar triste, cansado, e sua face retrata seu sofrimento. Esta mulher está segurando com seu braço
esquerdo uma trouxa branca na cabeça que certamente contém roupas. No braço direito, há uma
criança recém-nascida. Ao seu lado está um homem, provavelmente seu marido, com um chapéu
na cabeça, segurando a mão de uma criança que também usa chapéu. Com a outra mão, o homem
segura um pequeno pedaço de pau, com uma trouxa na ponta, que está apoiada sob seu ombro
esquerdo. Ao lado dele, encontram-se duas crianças, sendo a da frente do sexo masculino, pois está
15
Retirantes, 1944. Óleo sobre tela, 190 cm x 180 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.
16
No quadro Retirantes, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pes-
soas magérrimas e com expressões que revelam sentimentos de fome e miséria.
17
c. Como você sabe, a língua nos oferece inúmeras possibilidades de construções sintáticas que
podemos utilizar para atingir nossos objetivos comunicativos. Pensando nisso, reescreva o
período acima, substituindo a oração destacada por outra que adjetive de forma mais in-
tensa o substantivo expressões. Importante: faça as alterações necessárias, mas não altere
a estrutura do período.
Resposta pessoal. Sugestão: [...] que denunciam/confessam sentimentos de fome e miséria.
8. O texto nos apresenta dois pontos de vista sobre a representação da morte. Quais são eles?
Os pássaros pretos, certamente urubus, e a composição entre o cajado do personagem mais
velho e uma ave, o que parece uma foice.
9. Com base nas informações descritas no texto, construa um período composto por coordena-
ção com o objetivo de apresentar ao leitor essas duas representações da morte. Importante:
utilize uma oração coordenada sindética aditiva.
Resposta pessoal. Sugestão: Uma das representações é a composição entre o cajado do perso-
nagem mais velho e uma ave; a outra são os pássaros pretos.
10. Junte as informações a seguir em um único período composto. Faça as alterações necessárias,
utilize pontuação adequada e preserve o sentido original.
a.
18
b.
11. Leia.
Como você pode perceber, nos períodos acima os termos destacados são homônimos perfei-
tos, isto é, possuem a mesma grafia e a mesma escrita, mas apresentam sentidos diferentes.
19
Texto 1
Ei, Ardoca
O barulhar seco e cortante do trem irritava os ouvidos de Ardoca. O atrito da máquina nos trilhos
ecoava constantemente no fundo de seus tímpanos. Aos domingos, dentro de casa, no silêncio da
mulher, nas vozes e brincadeiras dos filhos, ele ouvia o grito arranhado do aço espichado sobre o
solo. Grito lancinante e cortante debaixo do comboio pesadão que parecia massacrar a linha férrea
inerte. Ardoca nascera quase que dentro daquela máquina. Sua mãe, moradora do subúrbio, fazia a
viagem diária rumo ao trabalho. Ela grávida, ele estufando na barriga materna respondia aos sola-
vancos do trem com chutes internos. Depois, cá fora, no mundo, no colo da mãe, acordava e chorava
durante todo o tempo da viagem. Cresceu em meio aos solavancos, ao empurra-empurra, aos gritos
dos camelôs, às rezas dos crentes, às vozes dos bêbados, aos lamentos e cochilos dos trabalhadores
e trabalhadoras cansados. Assistiu inúmeras vezes, como testemunha cega e muda, a assaltos, as-
sassinatos, tráfico e uso de droga nos vagões superlotados. A cada viagem, Ardoca mais estranhava
e se desacostumava à vida do trem. Queria viajar com o mesmo descuido de alguns que jogavam
porrinha ou dormiam durante o percurso, mas permanecia sempre desesperadamente acordado.
Estava sempre atento, tenso, como se o trem, a qualquer momento, pudesse autocolidir, se autoem-
barafunhar, fazendo com que o último vagão se fechasse em círculo sobre o primeiro e soltasse tudo
pelos ares.
20
21
A cada viagem, Ardoca mais estranhava e se desacostumava à vida do trem. Queria viajar
com o mesmo descuido de alguns que jogavam porrinha ou dormiam durante o percurso,
mas permanecia sempre desesperadamente acordado.
4. Chama a atenção, no Texto 1, o emprego de alguns verbos de uso incomum. Os itens a seguir
apresentam alguns desses verbos. Indique aquele que atua como núcleo de uma oração coor-
denada aditiva.
a. Desacostumar. (primeiro parágrafo)
b. Autoembarafunhar. (primeiro parágrafo)
c. Aleluiar. (segundo parágrafo)
d. Dissentir. (segundo parágrafo)
e. Condoer. (quarto parágrafo)
22
Texto 2
Nas últimas décadas, o Brasil alcançou avanços guerra. No Iraque, foram registradas 5.513 mor-
importantes na redução da mortalidade infantil. tes de meninos no mesmo período, em decor-
Essas conquistas permitiram rência da violência.
que o País salvasse cerca de 239 O Brasil é um dos cinco Caso não haja mudanças sig-
mil crianças, entre 1995 e 2005. países com os maiores nificativas no País, 43 mil ado-
No entanto, muitas dessas índices de homicídios de lescentes de 12 a 18 anos serão
crianças não chegaram à idade adolescentes no mundo, mortos no Brasil entre 2015 e
adulta. Durante a década seguin- mas o cenário brasileiro 2021, de acordo com o Índice
te (2006 a 2015), cerca de 100 é o pior em números ab- de Homicídios na Adolescência
mil meninos e meninas adoles- solutos. (IHA, 2014). O IHA é uma ferra-
centes foram vítimas de homicí- menta desenvolvida pelo Unicef
dios no Brasil. Ou seja: as vidas e parceiros para analisar o ce-
salvas na primeira infância foram perdidas na se- nário dos homicídios de adolescentes no País e
gunda década por causa da violência (Datasus). fazer estimativas para o futuro.
O número de homicídios de adolescentes do Sete das 10 cidades mais violentas do Brasil
sexo masculino no Brasil é maior, inclusive, do estão na Região Nordeste. Fortaleza tem o maior
que em países afetados por índice de homicídios de ado-
conflitos, como Síria e Iraque. As vítimas de homicí- lescentes do País, com 10,94
Em 2015, 11.403 adolescen- dios são, em sua maio- para cada 1.000 adolescentes,
tes de 10 a 19 anos foram as- ria, meninos negros que, seguida por Maceió (9,37). Rio
sassinados no Brasil, dos quais vivem nas periferias dos de Janeiro e São Paulo, na Re-
10.480 eram meninos. No mes- grandes centros, estão gião Sudeste, ocupam as posi-
mo período, na Síria, um total fora da escola e vêm de ções 19 e 22 no ranking (com
de 7.607 meninos morreram, famílias com baixo po- 2,71/1.000 e 2,19/1.000, res-
a maioria em decorrência da der aquisitivo. pectivamente).
23
As vítimas de homicídios são, em sua maioria, meninos negros que vivem nas periferias dos
grandes centros, estão fora da escola e vêm de famílias com baixo poder aquisitivo.
24
9. Com base no Texto 3, assinale a alternativa a. Não, pois, por serem invariáveis, as
correta. conjunções não mudam seu sentido.
a. No primeiro quadrinho, a conjunção b. Não, pois a conjunção e sempre tem
e faz a ligação entre as duas orações, valor aditivo, independentemente
construindo o sentido de adição. da construção oracional em que ela
b. No primeiro quadrinho, a conjunção estiver.
e não faz ligação entre as orações c. Sim, pois, na frase original, o senti-
existentes, pois elas são indepen- do da conjunção e é de adversidade,
dentes. enquanto na modificada seu sentido
c. No primeiro quadrinho, a conjunção passa a assumir um valor de adição.
e liga a primeira oração à segunda, d. Sim, pois todas as conjunções de-
expressando valor de adversidade. vem concordar com o verbo princi-
d. No primeiro quadrinho, se trocar- pal da oração.
mos a conjunção e pela conjunção e. Não, pois a ideia principal da frase
por isso, o sentido do texto não mu- original e da frase modificada é que
dará, pois ambas são conjunções. John olhou o shopping todo e isso
e. No terceiro quadrinho, a palavra permaneceu nas duas frases.
para pode ser considerada uma
conjunção coordenativa. 11. Ainda em relação ao primeiro quadrinho,
assinale a opção em que, mudando a con-
10. De acordo com a fala de John no primeiro junção e, não há alteração do sentido ori-
quadrinho, percebemos que ele está desa- ginal da frase.
nimado porque andou muito no shopping a. Nós olhamos no shopping inteiro,
à procura de um presente, mas não o porquanto eu ainda não achei um
achou. Percebemos, também, que a con- presente para Liz!
junção utilizada causa esse efeito na inter- b. Nós olhamos no shopping inteiro,
pretação do texto. Imagine que ele falasse portanto eu ainda não achei um
a seguinte frase: presente para Liz!
c. Nós não só olhamos no shopping
Nós olhamos no shopping inteiro e eu inteiro, mas também eu ainda não
achei um presente para Liz! achei um presente para Liz!
d. Nós olhamos no shopping inteiro,
Neste caso, o valor atribuído à conjunção e contudo eu ainda não achei um pre-
seria diferente? sente para Liz!
25
Paráfrase
1. Um texto, ou parte dele, pode ser de difícil compreensão se o leitor não dominar o conteú-
do da leitura, a linguagem empregada ou a área de conhecimento específica à qual o texto
pertence, por exemplo. Nesses casos, é bem-vinda uma explicação interpretativa, para que
o texto, que originalmente seria de difícil compreensão, torne-se acessível. Chamamos essa
reescrita de paráfrase. Sabendo disso, volte ao texto de Serafim (questão 2, página 14) e iden-
tifique a oração que funciona como paráfrase.
“[...] ou seja, representam um número muito pequeno.”
b. Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, 87% dos entrevistados afirmaram ser a favor da
redução da maioridade penal.
Sugestão de resposta: Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, 87% dos entrevistados afir-
maram ser a favor da redução da maioridade penal. Em outras palavras, a maioria dos brasilei-
ros acredita que a redução da maioridade penal ajudará a combater a violência.
26
1. Conceito
O escritor carioca Machado de Assis descreveu com grande sagacidade o estilo de vida, os modos
e os elementos que constituíam o comportamento social em sua época. Alguns críticos chegam a
considerar seus escritos verdadeiros testemunhos da sociedade de então.
Leia com atenção este trecho do livro Esaú e Jacó, de Machado de Assis.
Na véspera, tendo de ir abaixo, Custódio foi à Rua da Assembleia, onde se pintava a tabu-
leta. Era já tarde; o pintor suspendera o trabalho. Só algumas das letras ficaram pintadas — a
palavra Confeitaria e a letra d. A letra o e a palavra Império estavam só debuxadas a giz. Gos-
tou da tinta e da cor, reconciliou-se com a forma e apenas perdoou a despesa. Recomendou
pressa. Queria inaugurar a tabuleta no domingo. Ao acordar de manhã, não soube logo do
que houvera na cidade, mas pouco a pouco vieram as notícias, viu passar um batalhão e creu
que lhe diziam a verdade os que afirmavam a revolução e vagamente a república. A princípio,
no meio do espanto, esqueceu-lhe a tabuleta. Quando se lembrou dela, viu que era preciso
sustar a pintura. Escreveu às pressas um bilhete e mandou um caixeiro ao pintor. O bilhete
dizia só isto: “Pare no d.”. Com efeito, não era preciso pintar o resto, que seria perdido, nem
perder o princípio, que podia valer. Sempre haveria palavra que ocupasse o lugar das letras
restantes. “Pare no d”.
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Recife: Prazer de Ler, 2014. pp. 135–136.
Reprodução.
Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, entre 1909 e 1919. Coleção da National Photo Company.
27
Reprodução.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janei-
ro, em 21 de junho de 1839, falecendo na mesma cidade em 29
de setembro de 1908. Foi romancista, contista, cronista, poe-
ta, jornalista e teatrólogo. Por ser de origem humilde, ele não
pôde frequentar uma instituição de ensino, mas mesmo assim
procurou estudar.
Machado de Assis é seguramente um dos maiores escri-
tores em Língua Portuguesa de todos os tempos. Cultivando
vários gêneros literários, como poesia, prosa e teatro, seus tex-
tos são considerados verdadeiros documentos humanos e de Machado de Assis aos 25 anos,
paisagens sociais do final do século XIX e início do século XX. 1864. Acervo particular. Foto:
Insley Pacheco.
Pedimos a ajuda do nosso querido escritor Machado de Assis para dar início à temática deste
capítulo: orações subordinadas substantivas.
No livro Esaú e Jacó, Machado constrói uma alegoria do momento histórico pelo qual passava o
Brasil no final do século XIX: a transição da Monarquia para a República. Nesse trecho, Machado nos
conta que Custódio, dono da Confeitaria do Império, pretende mudar o nome do estabelecimento, a
fim de evitar problemas com os revolucionários republicanos. Sua motivação é, entretanto, pessoal,
nada tem a ver com interesses políticos. A crítica de Machado é a de que, na época, as pessoas não
conseguiam perceber a diferença entre monarquia e república. E, de fato, fontes históricas revelam
que os discursos eram diferentes, mas as práticas políticas eram semelhantes.
APRENDA MAIS
28
2. Classificação
• Oração subordinada substantiva subjetiva
Chamamos de sujeito o termo da oração com o qual o verbo geralmente concorda. O sujeito sem-
pre apresenta um núcleo, isto é, a palavra mais importante, pois concentra seu significado básico.
Em regra, o sujeito tem valor substantivo. Veja:
Oração principal
Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante a Proclamação da República.
Sujeito
29
Oração principal
Para os cafeicultores do oeste paulista, era importante que proclamassem a República.
Oração subordinada substantiva subjetiva
Nesse período, a oração subordinada substantiva é integrada à oração principal por meio da
palavra que, chamada, portanto, de conjunção integrante. As conjunções integrantes (são somente
as palavras que e se) introduzem todas as orações subordinadas substantivas desenvolvidas, isto é,
aquelas que apresentam o verbo flexionado.
Quando empregamos o verbo principal no infinitivo, a oração substantiva dispensa o conectivo.
Nesse caso, dizemos que a oração está na sua forma reduzida. Veja:
É importante notar que nem sempre essa passagem para a forma reduzida é possível. A oração
subordinada substantiva a seguir, por exemplo, não pode ser reduzida. Observe:
É sabido que a proclamação não atendeu aos interesses dos brasileiros em geral.
Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva
30
Essa oração desempenha a função de objeto direto, ou seja, complementa o sentido do verbo
transitivo direto (VTD) expresso na oração principal. Como se trata de oração substantiva, a sua
forma desenvolvida é introduzida por uma das conjunções integrantes (que ou se), e sua forma re-
duzida é construída com o verbo empregado no infinitivo.
APRENDA MAIS
VTD
Não sabia se decidia pelo Império ou pela República.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta
VTD
Queria inaugurar a confeitaria no domingo.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo
VTD
Machado percebeu que as pessoas tinham dúvida sobre a Monarquia e a República.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta
VTD
Custódio viu que era preciso sustar a pintura.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta
Como o próprio nome indica, essa oração desempenha a função de objeto indireto, ou seja,
complementa o sentido do verbo transitivo indireto (VTI) expresso na oração principal. Veja alguns
exemplos.
VTI
Custódio não soube do que houvera na cidade.
Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva indireta
31
Reprodução.
Vista do Porto de Santos no final do século XIX (Benedito Calixto,
1898). Nele, era exportado o café produzido no Brasil.
Você se lembra de que alguns substantivos abstratos, adjetivos e advérbios exercem predicação,
isto é, exigem complemento para ter sentido completo? Então, o termo que na oração atende a essa
função é o complemento nominal, mais um termo que possui valor substantivo e pode ser expresso
por uma oração. Observe:
32
Quando o predicativo é representado por uma oração, temos uma oração subordinada substan-
tiva predicativa. Essa oração funciona, portanto, como predicativo do sujeito expresso na oração
principal. Nesse caso, o verbo de ligação é sempre ser.
Oração principal
A expectativa de alguns fazendeiros era que o Brasil fosse eternamente agrário.
Oração subordinada substantiva predicativa
Oração principal
A função de São Paulo era que as fazendas produzissem café.
Oração subordinada substantiva predicativa
Oração principal
A impressão é que Minas Gerais fabricava apenas leite.
Oração subordinada substantiva predicativa
Reprodução.
Colheita do café, 18 cm x 13 cm, no início do século XX.
Acervo do Museu Paulista.
33
Oração principal
Os fazendeiros focaram no seu conhecido interesse: que obtivessem grandes lucros.
Oração subordinada substantiva apositiva
Oração principal
Rui Barbosa teve uma ideia: um plano que favorecesse o crescimento industrial.
Oração subordinada substantiva apositiva
APRENDA MAIS
O governo do Marechal Deodoro da Fonseca (1891) durou apenas nove meses e foi mar-
cado por uma grave crise econômica.
Para emprestar dinheiro aos empresários que quisessem montar ou ampliar sua fábri-
ca, o ministro da Economia, Rui Barbosa (1849–1923), mandou imprimir muito mais papel-
-moeda que o necessário. Como o crescimento da economia não acompanhou a quantida-
de das notas de dinheiro, elas perderam seu valor, e a inflação aumentou. Esse plano ficou
conhecido como Encilhamento.
Reprodução.
34
1. A palavra república vem do latim e significa coisa pública, do povo. Por esse motivo, em sua es-
sência, essa forma de governo deveria representar o modelo no qual o Estado se encarrega de
atender aos interesses gerais dos cidadãos. Apesar disso, quando a república foi proclamada
no Brasil, em 15 de novembro de 1889, não atendeu ao povo. Utilizando essas informações,
os seus conhecimentos sobre a chamada Primeira República (1889–1930) e o que vimos neste
capítulo sobre as orações subordinadas substantivas, indique a oração que completa correta-
mente a frase a seguir.
A Primeira República
Estudar o fim do Império nos ajuda a entender como se instituiu a Primeira República. Isso
porque a Primeira República corresponde ao fim deste, em 1889, até a Revolução de 1930.
Liderado por Marechal Deodoro da Fonseca, o movimento destituiu do poder o último
imperador do País, instaurando uma nova forma de governo, a República. Esse aconteci-
mento não alterou as estruturas socioeconômicas brasileiras: as desigualdades e a economia
frágil continuaram as mesmas. Insatisfeitos, diversos setores da sociedade decidiram que
não se conformariam. As pessoas estavam conscientes de que os parâmetros jurídicos não
limitariam a participação política. Por isso, diversas revoltas populares surgiram, tanto no
campo quanto na cidade. Lembre-se de que Canudos e Contestado surgiram a partir disso.
A análise cuidadosa desses movimentos é que nos levará à instauração da República.
Após fazer a leitura do texto com a turma, o professor de Língua Portuguesa mostrou aos
alunos que o conhecimento sobre as orações subordinadas substantivas é importante para
nos ajudar a ler e produzir textos de maneira mais eficiente. Para exemplificar o conteúdo, ele
retirou do texto um tipo diferente de oração subordinada substantiva. Diante disso, que trecho
ele retirou para exemplificar:
35
3. Uma das orações abaixo não é subordina- c. Rui Barbosa permitiu que se emitisse
da substantiva. Identifique qual é e expli- dinheiro sem qualquer exigência de las-
que por quê. tro em ouro.
Rui Barbosa permitiu a emissão de dinheiro
a. Na República, convinha lutar por me-
lhorias socioeconômicas. sem qualquer exigência de lastro em ouro.
b. O Coronelismo perdeu força após a d. O governo garantiu que os resultados
Revolução de 1930, mas algumas práticas das eleições eram autênticos.
continuaram por muito tempo.
O governo garantiu a autenticidade dos re-
sultados das eleições.
O item B, pois não há subordinação entre a pri-
36
Texto
37
2. A vírgula pode ser usada para separar, no período, termos que exercem mesma função sintá-
tica. Assim, leia os períodos abaixo com atenção e empregue a vírgula de maneira correta.
a. O ideal é que não veja, que não fale e que não ouça nada.
c. Eu já disse que não quero mais vê-lo, que não quero mais ouvir seu nome, que não quero
mais saber que ele existe!
39
1. Pronomes relativos
No capítulo anterior, vimos que as orações subordinadas substantivas, quando se apresentam
desenvolvidas, são introduzidas por uma conjunção integrante (que ou se). Essa é uma das principais
características desse tipo de oração.
Neste capítulo, estudaremos as orações subordinadas adjetivas. A principal característica dessas
orações? São introduzidas por um pronome relativo, uma palavra que, como o próprio nome indi-
ca, relaciona as orações. A seguir, vamos conhecer o importante papel desses pronomes utilizando
como tema interdisciplinar o conceito de matéria e energia.
Para começar, leia com atenção o texto a seguir.
O ser humano sempre se interessou pelo universo que está ao seu redor, pelos seres que
estão em seu meio, pelo som, pela luz, enfim, por tudo que seus cinco sentidos podem captar.
Com o tempo, ele percebeu que, mesmo muito diferentes — por exemplo, a água, o ar, um
cão, uma pedra e uma pessoa —, há algo em comum entre eles: são constituídos de matéria.
Podemos dizer que matéria é tudo aquilo que tem massa, com um determinado volume, ou
seja, ocupa lugar no espaço. A matéria pode se apresentar em um dos seus diferentes estados
físicos; são eles: gás, líquido ou sólido. Pode ser imensa, como uma montanha, ou mesmo mi-
núscula, como uma bactéria. Do ponto de vista humano, a matéria pode ser visível ou não. O
ar que respiramos, por exemplo, possui massa e ocupa o volume que o contém, composto de
muitas substâncias, como gases, poeira, e está por todos os lados, pesando consideravelmen-
te sobre a Terra — aproximadamente seis quatrilhões de toneladas. Podemos senti-lo, forte
ou fraco; no entanto, para nós, é completamente invisível.
BUARQUE, Francisco; AMBROSIA, Maria. Ciências e cotidiano. 9º ano. Recife: Construir, 2016.
40
Depositphotos
O sopro é um pequeno deslocamento direcionado do ar que sai dos pul-
mões para o ambiente (à esquerda); o vento, por sua vez, é um grande
deslocamento (à direita).
O ser humano sempre se interessou pelo universo que está ao seu redor, pelos seres que estão
em seu meio [...].
Para entendermos o que é o pronome relativo e sua função, vamos pensar na forma como essas
duas orações foram unidas no texto. A palavra que exerce, nesse caso, a função de conectar as duas
orações, certo? Mas, se analisarmos bem, esse não é seu único propósito. Na verdade, ela tem três
funções:
41
O pronome relativo empregado em todas as variedades da língua portuguesa é o que, pois é mui-
to mais simples que o qual (e variações) e é usado para coisa, pessoa e lugar.
Embora a gramática normativa imponha a obrigatoriedade de usarmos o relativo onde apenas
para substituir termos substantivos que indiquem lugar, nem sempre essa substituição é adequada
às normas de uso, isto é, soa meio esquisito. Nesses casos, prefira empregar que ou o qual. Observe:
É preciso atenção para não confundir a função do que. Como vimos no capítulo anterior, essa pa-
lavra pode funcionar, também, como conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada
substantiva. Como pronome relativo, que pode ser substituído por o qual (e variações), o que não
acontece quando desempenha a função de conjunção integrante. Observe:
42
Na prática, o relativo cujo está caindo em desuso. Mesmo em situações de comunicação formal, ele
praticamente não é utilizado. Em seu lugar, normalmente empregamos o que. Embora esse uso seja
comum, a gramática normativa ainda o condena, explicando que o relativo que não expressa a relação
de posse. Portanto, de acordo com a gramática normativa, são inadequadas construções como:
Agora, observe como é esse mesmo processo quando utilizamos, por exemplo, o verbo duvidar
(transitivo indireto – pede a preposição de):
Como você certamente percebeu, a construção Este é o conteúdo de que eu duvidei é um perío-
do composto de duas orações, e o verbo que estrutura a segunda oração é transitivo indireto. Assim,
a gramática normativa determina que o pronome relativo seja precedido pela preposição exigida
pelo verbo. Observe a mesma situação com outros verbos transitivos indiretos.
43
Construções como essas são comuns na nossa comunicação diária. No entanto, ainda são consi-
deradas erradas pela gramática normativa, ou seja, não deveriam ser usadas em situações de uso
formal da língua.
Texto 1
As plantas sintetizam a glicose através da água, da luz do Sol e das moléculas de CO2. Essas
moléculas de CO2 estão no ar. Essa reação libera oxigênio na atmosfera, importante para os
seres humanos. Os seres humanos precisam dele para quebrar as moléculas de glicose. Os se-
res humanos ingerem essa glicose quando comem uma fruta, por exemplo. Essa quebra libe-
ra no organismo energia. Precisamos de energia para viver, e as sobras nós liberamos de volta
para o meio ambiente, entre elas o CO2, tão essencial para as plantas, para fabricar glicose.
Como você pode perceber, esse texto apresenta vários termos repetidos de maneira desnecessá-
ria. Utilizando os pronomes relativos, poderemos torná-lo mais coeso. Veja:
Texto 2
As plantas sintetizam a glicose através da água, da luz do Sol e das moléculas de CO2 que
estão no ar. Essa reação libera oxigênio na atmosfera, importante para os seres humanos, os
quais precisam dele para quebrar as moléculas de glicose que ingerem quando comem uma
fruta, por exemplo. Essa quebra libera no organismo a energia de que precisamos para viver,
e as sobras nós liberamos de volta para o meio ambiente, entre elas o CO2, tão essencial para
as plantas, para fabricar glicose.
44
Oração principal
Todos os elementos da natureza que podemos observar recebem o nome de fenômeno.
Oração subordinada adjetiva restritiva
Observe que a oração subordinada adjetiva restringe o sentido do termo a que se refere, elemen-
tos da natureza, isto é, mencionam-se apenas os elementos que se permitem observar, que estão
ao alcance dos nossos sentidos. Veja outros exemplos de orações subordinadas adjetivas restritivas:
A compressibilidade é a capacidade que a matéria tem de reduzir seu volume quando sofre
determinada pressão.
O grau de deformação que a matéria sofre depende do grau de pressão e da sua própria
composição.
Oração principal
A energia, que não é tão simples, é fundamental na nossa vida.
Oração subordinada adjetiva explicativa
45
Os fenômenos biológicos, os quais dizem respeito aos seres vivos, são estudados pela Biologia.
Os fenômenos físicos e químicos, cujo conceito vi em Ciências, são estudados a partir do 6o ano.
Oração principal
Todos os elementos da natureza observados pelo homem são chamados de fenômeno.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio
Oração principal
A Física Quântica é uma ciência de escandalizar qualquer acadêmico.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de infinitivo
Oração principal
O moinho de vento, utilizado na moagem de uma grande quantidade de cereais, é uma
das formas mais antigas de utilização da energia da natureza.
Oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio
Oração principal
As turbinas movimentadas pelo vento são um mecanismo de obtenção de energia renovável.
Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio
APRENDA MAIS
Neste momento, é muito importante entender a diferença de sentido entre as orações su-
bordinadas adjetivas. A diferença entre explicação e restrição corresponde a uma relação
de sentido amplo versus sentido restrito. Veja mais dois exemplos.
46
1. Quando dois corpos são colocados em contato, o que tem as moléculas vibrando mais rápido
(mais quente) transfere energia para o outro corpo (mais frio). Dessa forma, a energia nunca é
criada, mas, sim, transformada. As frases abaixo exemplificam a ocorrência desse fenômeno.
Como você verá, todas elas apresentam orações adjetivas introduzidas pelo pronome relativo
que. Reescreva-as, retirando o que de cada uma delas. Faça as alterações necessárias.
a. A energia química que existe nos componentes dentro de uma pilha é transformada em
energia elétrica.
A energia química existente nos componentes dentro de uma pilha é transformada em energia
elétrica.
b. A energia química da gasolina é transformada em energia mecânica, que faz o carro se mo-
vimentar.
A energia química da gasolina é transformada em energia mecânica, fazendo o carro se movi-
mentar.
2. Como podemos observar na questão anterior, conhecer os mecanismos que a língua oferece
nos possibilita novas formas de expressar a mesma coisa. Se usarmos esses conhecimentos a
nosso favor, expandiremos nosso vocabulário e, mais que isso, evitaremos problemas textuais,
como falta de coesão. O pronome relativo que, por exemplo, é um elemento importante da
coesão referencial, isto é, um elemento textual (correferente) que remete a outro (referente),
substituindo-o. Observe:
47
Pilhas
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As pilhas são dispositivos. As pilhas possuem dois eletrodos
e um eletrólito. No eletrodo e no eletrólito, ocorrem reações de
oxirredução espontâneas. As reações de oxirredução espontâ-
neas geram corrente elétrica.
Esses dispositivos receberam esse nome porque a primeira
pilha a ser criada foi inventada pelo físico-químico italiano Ales-
sandro Volta, no ano de 1800. A primeira pilha era formada por
disco de zinco e de cobre separados por um algodão embebido em salmoura. O disco de zinco
e o de cobre separados por um algodão embebido em salmoura eram colocados de forma
intercalada, um em cima do outro, empilhando os discos e formando uma grande coluna.
Como era uma pilha de discos, começou a ser chamada por esse nome.
Sugestão de resposta:
As pilhas são dispositivos que possuem dois eletrodos e um eletrólito nos quais ocorrem reações de oxirredu-
Esses dispositivos receberam esse nome porque a primeira pilha a ser criada foi inventada pelo físico-químico
italiano Alessandro Volta, no ano de 1800, e era formada por disco de zinco e de cobre separados por um algodão
embebido em salmoura. Estes eram colocados de forma intercalada, um em cima do outro, empilhando os discos
e formando uma grande coluna. Como era uma pilha de discos, começou a ser chamada por esse nome.
3. Leia.
As matérias, em geral, possuem propriedades inerentes. São elas: massa (medida de quan-
tidade), extensão (espaço que ocupa), inércia, impenetrabilidade, divisibilidade, compressi-
bilidade, elasticidade e porosidade. Essas são as propriedades gerais. Além delas, temos as
propriedades funcionais, que são comuns a determinados tipos de matéria.
No trecho “[...] temos as propriedades funcionais, que são comuns a determinados tipos de
matéria”, que mudanças de sentido ocorreriam se não houvesse a vírgula no período? Classi-
fique as orações adjetivas em ambas as situações.
Sem a vírgula, teríamos uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois nesse período haveria
uma restrição, limitação das propriedades funcionais que, nesse caso, seriam necessariamen-
te comuns a alguns tipos de matéria. Já com a vírgula, trata-se de uma oração subordinada
adjetiva explicativa, pois a ideia nele expressa é de que as propriedades funcionais são comuns
a determinados tipos de matéria.
48
duzida de particípio é associada às cargas elé- j. Márcia, que confia em mim, seguiu o
meu conselho.
tricas. Para desenvolvê-la, teríamos “[...] ener-
Explicativa.
gia elétrica, que se associa às cargas elétricas”.
5. Nas frases a seguir, classifique as orações
6. Substitua as lacunas por uma oração su-
adjetivas como restritivas ou explicativas.
bordinada adjetiva.
a. O pai, que parecia nervoso, esperava o
resultado da filha. a. Essas foram as palavras mais agradáveis
Explicativa. □.
Resposta pessoal.
b. Esse é um problema que parece impos-
sível. b. A mala □ não era minha.
Restritiva. Resposta pessoal.
c. A praia, que parecia pouco visitada, não c. O cachorro □ estava com suspeita de raiva.
era muito boa.
Resposta pessoal.
Explicativa.
d. Minha mãe □ é uma mulher □.
d. Fizeram-se acusações das quais ele se
Resposta pessoal.
defendeu bem.
Restritiva.
49
d. Ele tem um mau humor que irrita todo n. A lavagem fez arranhões que quase não
mundo. se percebem.
Ele tem um mau humor irritante. A lavagem fez arranhões quase impercep-
tíveis.
50
51
52
1. Vimos, anteriormente, que existe uma diferença semântica entre as orações subordinadas
adjetivas restritivas e as explicativas. Essa diferença é expressa, basicamente, pelo uso ou não
das vírgulas e dos travessões. Relembre:
Agora, pontue, quando necessário, os períodos abaixo considerando o sentido e sua intenção
comunicativa. Utilize vírgulas ou travessões.
53
adverbiais
Qual é o objetivo prin-
Nas aulas de Geografia, você certamente já viu o que são os cipal do Mercosul e dos
blocos econômicos. Ao longo deste capítulo, vamos utilizar os demais blocos econômi-
seus conhecimentos sobre esse tema para desenvolver o estudo cos? Com que finalidade
das orações subordinadas adverbiais. os países se unem?
Inicialmente, podemos voltar nossos olhos para o bloco eco-
Espera-se que os alunos res-
nômico que está mais próximo de nós, o Mercosul, do qual parti-
cipamos. O Mercosul teve seu processo de formação iniciado em pondam que a principal finali-
1985 e, com o Tratado de Assunção, assinado em 1991, entrou em dade dos blocos econômicos é
vigor. Hoje, os países da América do Sul, seja como Estado Parte,
a ajuda mútua.
seja como Estado Associado, participam desse bloco econômico,
exceto a Guiana Francesa.
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A cidade de Montevidéu, capital do Uruguai, é também a capital
do Mercosul. Lá estão instalados o Parlamento do Mercosul, o
Parlasul, e o escritório da secretaria executiva do bloco.
54
Como você pode perceber, essa frase é formalmente completa, isto é, possui todos os elementos
necessários à sua compreensão. Trata-se de um período composto no qual a oração que se unem
adjetiva o termo países. No entanto, a frase acima não responde qual é a principal finalidade da
formação de um bloco econômico. Para complementar essa informação, podemos acrescentar um
adjunto adverbial de finalidade. Veja:
Para você se lembrar, na análise sintática, os advérbios assumem a função de adjunto adverbial.
Observe que esse adjunto é, na verdade, uma oração. Como essa oração depende, sintaticamente,
do restante do período, dizemos que é subordinada. Chegamos aonde queríamos. Já vimos que as
orações subordinadas podem exercer tanto a função de substantivo quanto a de adjetivo. Agora,
veremos que elas também podem atuar como advérbios. As orações subordinadas adverbiais são,
portanto, aquelas que assumem, em relação ao período, o valor de adjunto adverbial. Se esse con-
ceito ficou claro para você, pode passar para o tópico Classificação.
Para você compreender melhor o conceito das orações subordinadas adverbiais, vamos analisar
outro exemplo.
Nesse período, observe que a oração destacada localiza no tempo a época em que os blocos
econômicos começaram a surgir. Assim, dizemos que essa oração é subordinada adverbial temporal.
Veremos a seguir como se classificam essas orações.
2. Classificação
Em morfologia, quando estudamos os advérbios, vemos que cada um deles exprime uma cir-
cunstância. Uma vez que as orações subordinadas adverbiais atuam como advérbios, elas também
exprimem circunstâncias diversas. Vejamos algumas delas.
• Circunstância temporal
Algumas orações subordinadas podem exprimir tempo ou duração do fato expresso na oração
principal, como vimos anteriormente. As principais conjunções subordinativas temporais são: quan-
do, assim que, depois que, antes que, desde que e enquanto.
55
Desde que esses países se uniram, o bloco aprova normas de alcance regional que criam
direitos e benefícios para os cidadãos.
Os cidadãos dos Estados Partes e dos Estados Associados do Mercosul não precisam de
passaporte quando transitam pela região.
• Circunstância condicional
A oração subordinada adverbial condicional apresenta uma condição, um requisito, para se rea-
lizar o fato expresso na oração principal. As principais conjunções subordinativas condicionais são:
se, caso, sem que, contanto que e desde que.
Se você for para algum país do bloco, precisa somente da carteira de identidade.
• Circunstância causal
A oração subordinada adverbial causal funciona como adjunto adverbial de causa da oração
principal, indicando nexo de causalidade, motivo ou justificativa. As principais conjunções subordi-
nativas causais são: porque, pois, visto que, como, já que, uma vez que e porquanto.
As conjunções que, porque e pois podem ser subordinativas causais ou coordenativas explicati-
vas. No período “Como gostava muito de dançar, Marcela pesquisou o tango argentino”, o fato de
Marcela gostar de dançar foi a causa de ela ter pesquisado o tango. A relação causa–consequência
fica evidenciada. Já no período “Ela está bem, porque está sorridente”, o fato de estar sorridente
não é a causa de ela estar bem, é uma explicação. A oração destacada é, portanto, coordenada sin-
dética explicativa.
• Circunstância consecutiva
A oração subordinada adverbial consecutiva indica uma consequência do que se declara na
oração principal. As principais conjunções consecutivas são: que (precedida de tal... que, tão... que,
tanto... que ou tamanho), de modo que, de sorte que e de forma que.
56
Uma forma interessante de identificar mais facilmente as orações adverbiais consecutivas é ob-
servar que, onde há consequência, há causa. Logo, se temos uma oração que expressa uma conse-
quência, a outra expressa uma causa. Consideramos subordinada aquela que apresenta a conjunção.
• Circunstância concessiva
A oração subordinada adverbial concessiva funciona como adjunto adverbial de concessão da
oração principal. Ou seja, ela expressa uma ideia contrária ao que se poderia concluir do que se de-
clara na oração principal. As principais conjunções subordinativas concessivas são: embora, mesmo
que, ainda que, apesar de que, conquanto, se bem que e posto que.
Embora a Apec conte com a presença dos Estados Unidos, o Japão e a China também
aparecem com forte influência sobre os demais países do bloco.
Observe que, considerando a condição de potência econômica mundial dos Estados Unidos, seria
“natural” concluir que, por fazer parte da Apec, essa nação teria maior poder sobre o bloco, mas o Japão
e a China também aparecem com forte influência sobre os demais países do bloco. Veja outros exemplos:
Ainda que a Venezuela faça parte do Mercosul desde 2012, está suspensa.
O Mercosul é resultado de uma união, apesar de que nem sempre seja coerente.
APRENDA MAIS
Fundada em 1993, a Apec (em inglês, Asia-Pacific Economic Cooperation) é um bloco eco-
nômico regional banhado pelo Oceano Pacífico que visa o livre-comércio entre seus membros.
o o o o o o o o o o o o
150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180
Estados
Unidos Japão
China
Coreia do Sul
Trópico de Câncer
Taiwan (Ilha Formosa)
México Hong Kong
Tailândia
Vietnã Filipinas
Linha do Equador Brunei
Cingapura
Malásia
Indonésia Papua-Nova
Peru Guiné
Trópico de Capricórnio N
Austrália
Chile Membro da Apec desde:
O L
1989
1991 S
1993 Nova Zelândia
1994
Escala
1998
Círculo Polar Antártico 0 2.585 km 5.170 km
57
Conforme o que estudamos, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) não é propria-
mente um bloco econômico.
Segundo o que li, a Unasul tem objetivos que vão além da integração econômica, diferen-
temente dos blocos.
• Circunstância comparativa
A oração subordinada adverbial comparativa expressa uma comparação. As principais conjun-
ções subordinativas comparativas são: como, mais/menos... que (ou do que) e quanto.
As decisões tomadas nas reuniões do Mercosul estão mais próximas de nós do que ima-
ginamos.
• Circunstância final
A oração subordinada adverbial final indica uma finalidade, um objetivo, para o que se declara
na oração principal. As principais conjunções subordinativas finais são: para que, a fim de que e com
o intuito de que.
• Circunstância proporcional
A oração subordinada adverbial proporcional indica proporção, simultaneidade, concomitân-
cia. As principais conjunções subordinativas proporcionais são: à proporção que, à medida que, ao
passo que, quanto mais... mais e quanto menos... menos.
58
Apesar de ter importância política, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) não “pode
ser a pedra fundamental para a construção do bloco econômico da América do Sul”, que
terá de ser formado a partir da expansão gradual do Mercosul. Essa é uma das conclusões
do relatório ao Conselho de Ministros do Mercosul [...].
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/internacional/unasul-nao-e-base-para-um-bloco-economico-da-america-do-sul-diz-
samuel-pinheiro-guimaraes. Acesso em: 05/05/2020.
Muitas vezes, quando estamos no meio de um debate ou simplesmente dando a nossa opinião
a um amigo, por exemplo, lançamos mão de um recurso de que talvez nem nos damos conta: a
concessão. Dizer ao seu amigo que a exposição da pesquisa dele em sala de aula não foi boa pode
soar arrogante ou intransigente de sua parte. Se, em vez disso, você diz que, apesar de o tema da
pesquisa ser bastante interessante e original, a exposição não foi boa, o impacto da opinião é me-
nor, e você demonstra ao seu amigo que sua crítica é construtiva, e não apenas um apontamento
grosseiro e infundado.
59
Embora a Apec conte com a presença dos Estados Unidos, o Japão e a China também apare-
cem com forte influência sobre os demais países do bloco [...]. Se for realmente implantada
a livre troca de mercadorias entre os membros da Apec, esse bloco atenderá a um mercado
consumidor interno de cerca de 3 bilhões de pessoas [...].
PERNAMBUCO, Heitor. Geografia sem fronteiras. 9º ano. Recife: Construir, 2014. p. 51. Adaptado.
No primeiro período do texto, identificamos a conjunção embora introduzindo uma oração subor-
dinada adverbial concessiva. A seguir, temos a oração principal. Que informação a oração concessiva
acrescenta à oração principal? Que tipo de inferência podemos fazer a partir dessa informação?
Rapidamente, podemos dizer que a informação que se acrescenta é que não só o Japão e a China
participam da Apec, mas também os Estados Unidos. Entretanto, se pensarmos mais um pouco, ve-
remos que a razão de ser dessa subordinada adverbial concessiva no período parte do conhecimen-
to geral de que os Estados Unidos são a mais poderosa nação do mundo, o que lhes valeria grande
poder de decisão no bloco. Contudo, essa forte influência é dividida com outras nações, também
muito importantes economicamente.
Já no segundo período do
texto, a oração introduzida
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pela conjunção se é uma subor- Vista aérea de subúrbio de Manilla, capital das
Filipinas. O país é um dos 21 membros da Apec.
dinada adverbial condicional; a
seguinte é a oração principal.
Pense nisto: de que maneira a
oração condicional expande a
informação dada na principal?
Ora, ela indica a maneira, a
condição, a forma como a Apec
passará a atender a um mer-
cado consumidor interno de 3
bilhões de pessoas.
60
1. As frases abaixo não apresentam algumas palavras e expressões, de modo que, nesta ativida-
de, você deve complementá-las. Para que o sentido original da informação seja mantido, inse-
rimos, ao final de cada uma delas, o tipo de oração subordinada adverbial que essas palavras
e expressões introduzem. Siga corretamente a indicação e obtenha a informação desejada.
As respostas são sugestões. Esperamos que os alunos indiquem as conjunções ou locuções
conjuntivas adequadas para expressar a relação de sentido desejada.
a. A União Europeia apresenta menor desnível socioeconômico interno, ao passo que o
Nafta possui maior desnível socioeconômico interno. (Oração subordinada adverbial com-
parativa)
b. Já que a sua criação se deu em 1969, o Pacto Andino é um dos primeiros
blocos econômicos desenvolvidos. (Oração subordinada adverbial causal)
c. Quando o primeiro bloco econômico surgiu, foi criada a Comunidade Econô-
mica Europeia (CEE), atual União Europeia (UE). (Oração subordinada adverbial temporal)
d. Todos os anos acontecem reuniões a fim de que se verifiquem o andamento dos
projetos, a elaboração de novas propostas e a integração entre os países-membros. (Ora-
ção subordinada adverbial final)
e. À medida que novos acordos são criados, mais comercialização internacional de re-
cursos naturais, alimentos, fontes energéticas, tecnologia, etc. é realizada. (Oração subor-
dinada adverbial proporcional)
f. A pressão sobre o Mercosul foi tanta que esse bloco econômico flexibilizou regras.
(Oração subordinada adverbial consecutiva)
g. Os blocos econômicos são classificados conforme as características apresentadas
por eles. (Oração subordinada adverbial conformativa)
h. É tão importante ajudar financeiramente quanto fazer acordos de paz. (Oração
subordinada adverbial comparativa)
i. Nos anos de 1990, o G7 integrou a Rússia sem que a China, apesar de sua im-
portância econômica, fizesse parte desse grupo de países. (Oração subordinada adverbial
modal)
61
Professor – Turma, quem sabe qual é o objetivo que leva normalmente alguns países a se
unirem em um bloco econômico?
Izabele – Professor, eu acho que os blocos econômicos são criados para explorar regiões ain-
da não colonizadas.
Professor – Embora sua resposta seja importante, sua definição não está correta. Os blocos
econômicos são criados, na verdade, para facilitar a integração entre os membros.
3. Ainda sobre o diálogo utilizado na questão anterior, podemos afirmar que a noção de finalida-
de está expressa na oração:
a. Turma, quem sabe [...].
b. [...] que leva normalmente alguns países [...].
c. [...] que os blocos econômicos são criados [...].
d. [...] para explorar regiões ainda não colonizadas.
e. Embora sua resposta seja importante [...].
62
particípio, os países-membros do Nafta, com a criação do bloco, foram estimulados a negociar, e não a
guerrear. Desse modo, a frase com a informação correta e desenvolvida ficaria: “Assim que foi formada
5. Como vimos no capítulo que acabamos de estudar, as orações subordinadas adverbiais podem
nos ajudar a expandir o texto, tornando-o mais completo e com mais informações. Pensando
nos conhecimentos adquiridos, apresentamos abaixo um texto para você expandir, fazendo
uso de pelo menos um tipo de oração subordinada adverbial. Pesquise sobre o tema e crie um
parágrafo a respeito do trecho.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um bloco econômico criado pelo Tratado de Assun-
ção e tem como países-membros o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e, mais recente-
mente, a Venezuela.
Resposta pessoal.
c. Por ser a maior da América Latina e do mundo, a Bacia Amazônica é um símbolo de integração.
Causa.
63
Texto 1
FERNANDO GONSALES/FOLHAPRESS.
Texto 2
64
65
Texto 4
66
1. Como você deve lembrar, os advérbios são uma classe gramatical com certa mobilidade den-
tro da oração. Assim, é muito comum vê-los deslocados do final do período, seu lugar mais
habitual. Quando isso acontece, normalmente fica separado do período por vírgula(s). Caso se
queira enfatizar a circunstância adverbial, em vez da vírgula se utiliza o travessão. Da mesma
maneira, obviamente, procedemos com as orações subordinadas adverbiais.
Leia os períodos a seguir com atenção e utilize a vírgula (ou travessão) para separar os adjun-
tos adverbiais. Em seguida, reposicione esses termos para outro lugar adequado.
67
I. O objetivo global do texto é criticar a notícia, que colocou o “grupo de jovens” como mais
perigoso que o “criminoso de alta periculosidade”.
II. O texto ironiza a notícia do jornal, mostrando que não houve isenção sobre o fato noticiado.
III. Na fala do menino, percebemos uma construção hipotética, delimitada na escrita pela vír-
gula.
68
1. Concordância verbal
No início do século XX, mais precisamente entre os anos de 1914 e 1918, aconteceu a Primeira
Guerra Mundial. Inicialmente, o conflito se deu por um desacordo entre as nações europeias em
relação ao papel de cada uma na aquecida corrida industrial.
A Alemanha passou a não mais estabelecer concordância com o cenário, uma vez que impôs à
Inglaterra, que dominava a maior parte dos mercados consumidores do mundo, uma concorrência
real e à altura. A Inglaterra, então, sentiu o estranhamento típico de quando percebemos que algo
não está em seu lugar (lugar estabelecido por ela mesma) e partiu para o ataque.
APRENDA MAIS
Reprodução.
Na incessante busca por lu-
cros cada vez maiores, os paí-
ses imperialistas não mediam
esforços para tomar regiões já
pertencentes a outros Estados,
também imperialistas. Essa
falta de concordância resultou
na Primeira Guerra Mundial,
na qual se envolveram qua-
se todos os países europeus,
bem como os Estados Unidos
e o Japão. Apesar de a maior A Primeira Guerra Mundial, anunciada como um fim para outras
guerras, além de preparar graves conflitos posteriores, por falta de
parte das batalhas ter ocorrido acordos entre os países, deixou fixa a imagem de devastações e mor-
na Europa, houve lutas em ou- ticínios. A tomada de Vimy Ridge, segunda-feira de páscoa, 1917
tros continentes (na Ásia, por (1919). Óleo sobre tela, 364 cm x 591 cm. Museu Canadense da Guer-
ra. Richard Jack.
exemplo).
69
Compatibilidade
número-pessoal?!
Regra geral
Sabe aquele “estranhamento típico de quando percebemos que algo não está em seu lugar” que
atingiu a Inglaterra? Pois bem. Construções do tipo “Nós vai para a festa” podem provocar esse es-
tranhamento (se essa variação não fizer parte da sua oralidade) por causa da falta de concordância
entre o sujeito (nós) e o verbo ir — ou seja, um está na primeira pessoa do plural; e o outro, na ter-
ceira pessoa do singular. Não são, portanto, compatíveis.
Nos períodos acima, vemos que ocorre uma compatibilidade entre o sujeito e o verbo da oração.
Essa compatibilidade pode ser enunciada como uma regra geral de concordância verbal.
O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois do
verbo.
70
Com base nessa relação entre o sujeito e o verbo numa oração, podemos estabelecer algumas
regras básicas para a concordância verbal. São elas:
3. Flexionamos o verbo na terceira pessoa do singular ou do plural se o sujeito for ele, ela,
você ou eles, elas, vocês, respectivamente. O mesmo acontece se o sujeito for equivalente
a esses pronomes pessoais ou ao demonstrativo isso.
Ela
Após a unificação, a Alemanha cresceu em termos industriais.
Verbo na 3ª pessoa do singular
Elas
Suas fábricas passaram a produzir mais e melhor que as fábricas inglesas.
Verbo na 3ª pessoa do plural
Elas Isso
Consequentemente, as pessoas passaram a preferir os produtos alemães, o que desagra-
dou a Inglaterra. Verbo na 3ª pessoa do plural Verbo na 3ª pessoa do singular
Isso
Esse clima de rivalidade levou os dois países à guerra.
Verbo na 3ª pessoa do singular
71
Expressões como a maioria de, grupo de, porção de e parte de concordam da seguinte forma:
b. Quando seguidas de nomes no plural, o verbo poderá concordar tanto no singular quanto
no plural.
O verbo pode concordar com o numeral da porcentagem ou com o substantivo ao qual a por-
centagem se refere. Se a porcentagem for particularizada, o verbo concordará com ela. Observe os
exemplos:
Setenta por cento das baixas registradas na Primeira Guerra Mundial foram devidas a
disparos de artilharia.
Um por cento dos estudantes não sabia/sabiam o conteúdo da prova.
Um por cento da população acreditava na vitória alemã.
Um por cento dos norte-americanos apoiava/apoiavam a ofensiva.
Trinta por cento da turma conseguiu/conseguiram alcançar a média.
Esses trinta por cento da turma conseguiram alcançar a média.
Caso o verbo venha antes da expressão de porcentagem, a concordância deve ser feita com o
número existente.
72
Nesse caso, a concordância se dá da mesma maneira que no caso anterior. Assim, o verbo tanto
pode concordar com o numerador da fração quanto com o termo substantivo que a acompanha.
Quando o sujeito contém a expressão um(a) dos(as) que, o verbo pode ser flexionado no singular
ou no plural.
Caso o sujeito da oração seja representado pelo pronome que, o verbo concorda com o seu an-
tecedente; se representado por quem, fica na terceira pessoa do singular ou concorda com o seu
antecedente.
6. Sujeito formado pela expressão cada um, mesmo seguida de um nome no plural
A concordância com esses verbos tem uma particularidade: quando conjugados na terceira pes-
soa do plural do presente do indicativo, apresentam um acento circunflexo.
Com os verbos derivados de ter e vir, a terceira pessoa do singular recebe acento agudo, e a ter-
ceira do plural recebe acento circunflexo.
O governo francês mantém proibido o acesso a regiões contaminadas por armas químicas
utilizadas na Primeira Guerra Mundial.
As áreas contaminadas detêm grande quantidade de granadas que nunca explodiram —
cerca de 15% do total — e ainda não foram encontradas.
73
O sujeito normalmente pode ser substituído por um pronome pessoal. Assim, os verbos utiliza-
dos com sujeito são chamados de pessoais, exatamente porque são usados com pronomes pessoais,
que determinam a sua flexão. Nesse raciocínio, chamamos de impessoais os verbos que não podem
ser usados com esses pronomes. Veja:
Perceba que, nas frases acima, nenhum termo disponível na nossa língua poderia ocupar a fun-
ção de sujeito. Assim, o sujeito dos verbos nevar e chover não é indeterminado. Na verdade, ele
não existe, pois são verbos impessoais. Nessa situação, o verbo fica flexionado sempre na terceira
pessoa do singular (ele). Veja alguns exemplos de orações construídas com verbos impessoais.
74
Nesse caso, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo ou com todos.
O verbo pode ficar no plural (concordando com os dois núcleos) ou pode concordar com o núcleo
mais próximo.
Nem a Inglaterra nem a Alemanha quiseram/quis abrir mão dos mercados consumidores.
Nem a Alemanha nem a Inglaterra entraram/entrou em acordo.
75
76
De acordo com a regra geral da concordância nominal, artigos, numerais, pronomes e adjeti-
vos concordam em gênero e número com os substantivos e pronomes substantivos aos quais
se referem.
APRENDA MAIS
No exemplo acima, vemos que o sujeito da oração é composto por dois núcleos: Inglaterra e
França. Ambos os substantivos estão acompanhados do artigo a, que concorda em gênero (são
palavras femininas) e em número (cada um deles está no singular). Do mesmo modo, os demais
substantivos do período determinam a flexão em gênero e número (ou só número, como no caso do
adjetivo grandes) das palavras que os acompanham.
77
Nesse caso, o adjetivo químicas está flexionado no feminino plural para concordar apenas com o
substantivo armas. Essa flexão nos permite concluir que as armas eram químicas, mas os explosivos
não. Agora, analise o exemplo abaixo.
Ao observar a flexão no masculino plural do adjetivo, podemos concluir que tanto os explosivos
quanto as armas eram químicos. Como você pode ver, a concordância nominal depende, também,
do que se quer dizer, da informação que se deseja passar.
Essas palavras podem atuar na oração tanto como pronomes indefinidos quanto como advérbios.
Esta última classe é sempre invariável, mas, no caso de se apresentarem como pronomes, fazem a
concordância normalmente.
Modifica um verbo.
Durante a Segunda Revolução Industrial, as empresas cresceram bastante.
Advérbio (=muito)
2. Obrigada e obrigado
A palavra obrigado, empregada como forma de agradecimento, é a única que não concorda tex-
tualmente com um substantivo. De acordo com a gramática normativa, ela deve ser flexionada no
feminino ou no masculino para concordar com o gênero de quem agradece. Assim, na norma culta,
quem for homem deve dizer obrigado; quem for mulher, obrigada. No entanto, essa distinção hoje
é pouco usada, mesmo em situações formais.
Já no sentido de obrigação, a palavra obrigado varia normalmente. Veja os exemplos a seguir:
78
4. A palavra menos
5. A palavra meio
A palavra meio pode ser empregada como advérbio ou numeral. Como advérbio, é invariável e
significa um pouco. Como numeral, equivale a metade e concorda normalmente com o substantivo
com que se relaciona.
Ela sempre fica meio triste quando estuda a Primeira Guerra Mundial.
(um pouco)
6. O termo quite
7. Tal e qual
Com a expressão tal qual ocorre a mesma concordância. Em alguns casos, fica bem estranha essa
concordância, mas, de acordo com a gramática normativa, deve ser assim. Veja:
79
O conflito entre a norma gramatical e a norma de uso da palavra mesmo(a) é o tema da tirinha
a seguir.
9. Só e a sós
Essa expressão é bem incomum; significa claramente, visivelmente. Em geral, fica invariável, mas
é adequada a concordância de visto com a pessoa ou coisa que se vê.
80
1. Depois de uma aula sobre a Primeira Guerra Mundial, o professor de História pediu que os
alunos elaborassem um resumo sobre o tema, apresentando os principais fatos ocorridos. Um
dos alunos apresentou o texto a seguir.
A Primeira Guerra Mundial, ocorrido entre os anos de 1914 e 1918, foram um aconteci-
mento que marcaram a história das humanidade. Nas incessante busca por lucro cada vez
maiores, os países imperialista não mediram esforço para tomar regiões já pertencente a
outros Estados também imperialista. Essa disputa resultaram na Primeira Guerra Mundial,
na qual se envolveu quase todos os país europeus, bem como os Estados Unidos e o Japão,
menas a China.
A Inglaterra, por causa do seu potencial industrial, dominava a maior parte dos mer-
cado consumidor do mundo. Mas, no início do século , a Inglaterra se viu ameaçadas
por outra potência: a Alemanha. Depois de sua unificação, a Alemanha cresceu bastantes em
termos industriais. Suas fábricas passou a produzir mais e melhor que as fábrica inglesa.
Consequentemente, as pessoa passaram a preferir os produto alemão, o que desagradou à
Inglaterra. Esse clima de rivalidade levaram os dois países à guerra.
Os líder alemão e inglês fez como todos os governante faz quando quer colocar algo na
mente do povo: usou os meio de comunicações de massa. Na Primeira Guerra Mundial, os
meios mais utilizado foi o jornal, pois ainda não haviam televisão nem as emissoras de
rádio. Cartazes e peças de teatro também serviu a esse fim. Além disso, apelava-se para o
sentimentos nacionalistas (o amor à pátria). Multidões absorveu as mensagens contida nos
jornais e partiu para os campos de batalha, na intenção de defender seu país, mesmo que
isso custasse a vida. Enquanto isso, os responsável pelo conflito pensou apenas nos lucro que
poderia ter com aquela terrível guerra.
Cerca de nove milhão de pessoa morreu nos campo de batalha. Mais de seis milhão de
soldado passou a viver mutilado. Sem falar na fome e nas epidemia, tão responsáveis pe-
las destruição das populações quanto as arma de fogo. Na verdade, que se saiu bem dessa
história foi os Estados Unido. Depois da guerra, ele passou a ser uma potência mundial
porque durante quase todo o conflito ele se dedicou à produção agrícola e industrial, fornecendo
mercadorias aos país europeu envolvido na briga. Além disso, os estadunidense supriram os
mercados consumidor da Ásia e da América Latina, acumulando bastante riquezas.
A Europa passou por muita transformações. Novos países surgiu, como a Checoslováquia,
a Polônia e a Hungria, por causa da fragmentação do Império Austro-húngaro. A Bósnia-
-Herzegovina foram dominadas pela Sérvia, formando-se daí a Iugoslávia. Os ingleses
passou a dominar o Iraque e a Palestina, e a Síria foram controladas pelos franceses. Já
a Rússia saiu da guerra antes do seu término, mas passou por umas revolução em 1917.
81
82
Na frase I, por estar no plural, a palavra irmãos se refere a Pedro e a João. Já na frase II, a pa-
lavra irmão se refere apenas a Pedro, funcionando como adjetivo.
b.
Em I, concluímos que apenas a camisa estava suja. Já na frase II, entendemos que tanto a calça
quanto a camisa estavam sujas.
83
Texto
Acham que eu devia ser feliz porque minha vida é melhor que a de muita gente!
I. O verbo achar está flexionado no plural para concordar com o seu sujeito.
II. A conjunção porque introduz uma noção de causa, não uma explicação.
III. A palavra vida foi suprimida na última oração para contribuir com a coesão do texto.
IV. Se o verbo achar fosse substituído por acreditar, o período deveria começar com Acreditam
[...].
V. O termo muita gente funciona como sujeito do verbo ser, que está flexionado corretamen-
te na terceira pessoa do singular.
84
I. Os verbos achar e entender estão flexionados na terceira pessoa do plural pelo mesmo
motivo.
II. No segundo quadrinho, o verbo ser está empregado na terceira pessoa do singular, acom-
panhando seu sujeito.
III. No terceiro quadrinho, o verbo poderia ser substituído pela forma verbal sabem sem pre-
juízo da correção gramatical.
IV. No último quadrinho, os verbos ser e deixar possuem o mesmo sujeito.
V. No último quadrinho, a palavra triste qualifica o sujeito oculto.
85
Concordância e expressividade
Reprodução.
Dona Armênia e “suas três filhinhas” na novela Deus nos acuda.
Na novela Deus nos acuda, da Rede Globo, a atriz Aracy Balabanian viveu a personagem
Dona Armênia, uma descendente de armênios. Na trama, a personagem cômica é a mãe su-
perprotetora de três filhos homens. O humor de Dona Armênia está, entre outras coisas, no
seu sotaque e na maneira como formula seus enunciados. Construções como “Minhas filhi-
nhas” (referindo-se aos seus filhos), “Este cobra” e “Eu passa no Aparecida da Norte” são mar-
cas da personagem, que fez muito sucesso no ano de 1990.
Na sua opinião, por que as construções “exóticas” de Dona Armênia dão um ritmo humo-
rístico à trama? E, para além do humor, qual você acha que foi o propósito do autor da novela
ao construir uma personagem que fala “errado”?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno entenda que as construções de Dona Armênia são indicativos
de uma personagem que não é brasileira e que, portanto, aprendeu o português como segunda língua.
Suas construções são engraçadas não só porque causam estranhamento, mas também porque são a
86
1. Regência
Conceito
Você já deve ter estudado nas aulas de Ciências que, lá pelo século XVII, o cientista Isaac Newton
(aquele da maçã!) desenvolveu uma nova compreensão em relação à atração dos corpos: concluiu
que todo corpo que possui massa gera uma força atrativa sobre os corpos ao seu redor. E, assim,
temos a conhecidíssima força da gravidade.
Newton entendeu o seguinte: a Lua e o planeta Terra, por exemplo, atraem-se mutuamente e
com a mesma intensidade. Isso explica nossa eterna dúvida sobre como os corpos celestes (os pla-
netas, o Sol, a Lua, etc.) permanecem suspensos, em órbita, e não despencam lá de cima: a força de
atração os mantém equilibrados!
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O Sistema Solar com seus corpos celestes (os planetas e o Sol) exercendo, uns so-
bre os outros, uma força de atração invisível que os mantém sempre em órbita.
87
Falar
algo
O verbo falar, por exemplo, na posição de Sol, tem em sua “órbita” diferentes possibilidades
de complemento. Atrai, portanto, diversos complementos, e, dependendo da forma como constrói
cada um deles, um sentido diferente lhe é atribuído.
Falar sobre alguém, por exemplo, significa manifestar ideia sobre determinada pessoa; já falar
com alguém tem o sentido completamente diferente e expressa o comunicar-se oralmente, dialo-
gar; falar algo, por sua vez, significa expressar-se oralmente sobre um tema. Temos, assim, de acor-
do com o esquema acima, a regência do verbo falar. Os nomes também podem exercer essa “força”
e uma “órbita”. Nesse caso, temos a regência nominal. Veja dois exemplos a seguir:
A regência é, pois, a dependência ou não de complementos que nomes e verbos têm para sua
significação ampla, total.
88
VTI OI
Nossa força muscular depende da força gravitacional.
Preposição
De outro modo, quando o complemento exigido pelo verbo se liga a ele de forma direta, isto é,
sem o auxílio de uma preposição, dizemos que o verbo é transitivo direto (VTD) e seu complemento
é o objeto direto (OD). Veja:
VTD OD
Aristóteles foi o primeiro a estudar os movimentos de queda.
Ainda dentro da categoria dos verbos transitivos, estão os verbos que regem ao mesmo tempo
um objeto direto e um objeto indireto. Por esse motivo, são chamados de verbos transitivos diretos
e indiretos (VTDI).
VTDI OD OI
Muitos alunos preferem Física a Química.
Por fim, os verbos intransitivos (VI), como o próprio nome sugere, não regem complementos,
isto é, têm significação completa. No “trânsito” da leitura, o sentido para no verbo. Considerando a
freepik.com
metáfora do Sistema Solar, seriam os “sem órbita”.
VI Adjunto adverbial
A força da gravidade age verticalmente.
89
• Abraçar
No sentido de tomar entre os braços, pode ser transitivo direto ou indireto (neste último caso,
quando pronominal, exige as preposições a, com, contra ou em).
VTI OI
Ela se abraçou com a professora carinhosamente.
VTD OD
A ciência abraçou os estudos sobre a gravidade.
• Agradar
Quando é empregado no sentido de fazer carinho, acalentar, é transitivo direto.
VTD OD
A mãe agradava o filho enquanto ele estudava.
Já no sentido de causar agrado ou prazer, de ser agradável, pode ser transitivo indireto ou in-
transitivo.
VTI OI
A prova agradou aos alunos.
VI
A atitude honesta agradou.
90
VTDI OI OD
Agradeceu à irmã as aulas sobre atração gravitacional.
• Ajudar
Com o sentido de prestar ajuda, dar assistência/apoio, pode ser transitivo direto, transitivo indi-
reto (exige a preposição em) ou transitivo direto e indireto.
VTD OD
João ajudava o pai.
VTI OI
Nós ajudamos na reforma da loja.
OD VTDI OI
Nós o ajudaremos a compreender o assunto.
• Aspirar
No sentido de desejar, almejar, o verbo aspirar é transitivo indireto (exige a preposição a). Nesse
sentido, o verbo não aceita o pronome lhe como complemento.
VTI OI
Copérnico aspirava à comprovação do Sistema Heliocêntrico.
Shutterstock.com
Ao propor a Teoria Heliocêntrica, Copérnico não aspirava a problemas. Na ver-
dade, ele só queria provar que, diferentemente do que se pensava até então,
a Terra não era o centro do Universo. Sua teoria não agradou a Igreja Católica.
91
VTD OD
Há máquinas que aspiram o pó do assoalho.
• Assistir
No sentido de presenciar, ver, é transitivo indireto (exige a preposição a). Nesse sentido, não
admite a forma oblíqua lhe.
VTI OI
Desde os primórdios, o ser humano assiste ao espetáculo dos corpos no céu.
No português brasileiro, o verbo assistir, no sentido de ver, é usado naturalmente como transi-
tivo direto: Assisti a aurora boreal. Essa regência, entretanto, ainda é considerada inadequada pela
gramática normativa.
Já no sentido de dar assistência, ajudar, o verbo assistir pode ser transitivo direto, transitivo indi-
reto ou transitivo direto e indireto. Observe:
VTD OD
As leis de Kepler assistiram Isaac Newton.
VTDI OD OI
As leis de Kepler assistiram Isaac Newton a compor a Lei da Gravitação Universal.
Por fim, no sentido de caber, pertencer (direito ou razão), o verbo assistir é transitivo indireto,
conforme a norma culta. Admite a forma oblíqua lhe.
VTI OI
Shutterstock.com
É possível assistir à aurora polar durante a noite. Esse sublime evento de luzes e cores ocorre
devido ao choque produzido por partículas de vento solar no perímetro magnético terrestre.
92
No sentido de dar ou prestar atenção, pode ser transitivo direto ou indireto (exige a preposição a).
VTD OD
Neil Armstrong atendeu o repórter em entrevista rara.
VTI OI
Neil Armstrong atendeu ao repórter.
Se o complemento do verbo atender for um pronome pessoal referente à pessoa, ele deve ser
empregado como transitivo direto.
VTD OD
Neil Armstrong atendeu-o.
VTD OD
O presidente atendeu os manifestantes.
Por fim, no sentido de atentar, concentrar a atenção, é transitivo indireto (exige as preposições
a, para ou em).
VTI OI
Como não atendeu à intransigência da Igreja, Galileu foi preso.
APRENDA MAIS
Reprodução.
93
Newton supôs que a fruta caía ao chão porque havia uma força que a puxaria para o centro
da Terra; chamou-a de gravidade.
VTD OD Predicativo do objeto
Chamou-lhe de gravidade.
VTI OI Predicativo do objeto
No sentido de convocar, fazer vir, o verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo direto e
indireto (exige as preposições a ou para).
VTDI OD OI
A professora chamou o aluno ao quadro.
• Chegar
No sentido de atingir o lugar visado, é intransitivo.
VI
Chegamos.
VI
Meu livro de Física chegou.
VI
Chegarmos a Marte é questão de tempo.
Adjunto adverbial
APRENDA MAIS
Não é de hoje que o ser humano sonha chegar a Marte. A sonda Curiosity explora esse
planeta desde 2013, realizando testes e experimentos científicos. Mais recentemente, foi
lançado, por uma companhia holandesa, o projeto Marte I, que visa levar quatro pessoas
para morar em Marte a partir de 2023.
94
• Custar
Empregado no sentido de ser custoso, difícil, doloroso, funciona como transitivo indireto ou in-
transitivo.
Já no sentido de ser adquirido pelo preço ou valor de, ter certo preço, causar, acarretar, o verbo
custar atua como transitivo direto ou transitivo direto e indireto.
95
Com o sentido de (não) se submeter à vontade de, (des)cumprir, (não) executar, esses verbos
atuam como intransitivos ou transitivos indiretos (exigem a preposição a).
VI
Obedeça!
VTI OI
Copérnico desobedeceu à Igreja Católica ao afirmar a Teoria Heliocêntrica.
APRENDA MAIS
Nicolau Copérnico (1473–1543) foi, no decorrer de sua vida, astrônomo, matemático, mé-
dico, administrador, jurista, governador e cônego da Igreja Católica. É mais conhecido, no
entanto, por ter desenvolvido a Teoria Heliocêntrica do Sistema Solar.
• Esquecer/lembrar
No sentido de deixar sair da memória / recordar, esses verbos podem ser transitivos diretos ou
transitivos indiretos (neste caso, em sua forma pronominal).
VTD OD
O aluno esqueceu o que é a Lei da Gravitação Universal.
VTI OI
Lembre-se de que a gravidade é uma importante força de campo.
• Implicar
No sentido de causar, acarretar, dar a entender, fazer supor, atua como transitivo direto ou tran-
sitivo indireto (exige a preposição em).
VTD OD
Toda ação implica uma reação igual e contrária.
VTD OD
Esse pensamento implicou na elaboração da teoria.
96
VTDI OD OI
Desde cedo, o rapaz implicou o irmão nos seus problemas.
VTDI OD OI
Nunca impliquei ninguém em dívidas.
Já no sentido de aborrecer, importunar, funciona como transitivo indireto (rege a preposição com).
VTI OI
O vizinho implicava com todo mundo.
VTI OI
Patrícia implicava com a irmã.
VTI OI
Ele sempre implica com meu time.
• Informar
No sentido de dar notícia ou informe de algo, atua como transitivo direto ou transitivo direto e
indireto (exige as preposições de ou sobre).
VTD OD
Informei que as coisas vão bem.
VTDI OD OI
Informou os colegas de sua resolução.
Esses verbos podem ser empregados como transitivos diretos (quando o objeto direto é uma coi-
sa), transitivos indiretos ou transitivos diretos e indiretos (quando o objeto indireto é uma pessoa),
exigindo a preposição a.
VTD OD
O professor perdoou o erro do aluno na prova.
97
VTI OI
Agradeci aos alunos.
VTDI OD OI
Agradeci o favor ao seu pai.
VTDI OD OI
Pagaram o salário ao professor.
• Preferir
Empregado no sentido de dar preferência, gostar mais de, o verbo preferir pode ser transitivo
direto ou transitivo direto e indireto (exige a preposição a).
VTD OD
Prefiro o sanduíche.
VTDI OD OI
Prefiro a leitura de Ciências aos cálculos de Matemática.
Segundo a norma culta, é inadequado empregar a locução do que depois de preferir: Prefiro ficar
em casa do que viajar. É considerado inadequado, também, usar esse verbo com expressões de re-
forço: Prefiro mil vezes mais ficar em casa do que viajar. Nesse caso, a justificativa é de que o sentido
de preferir, por si só, já indica a escolha prévia ou mais importante.
• Proceder
Empregado com o sentido de levar a efeito, efetuar, realizar, atua como transitivo indireto (rege
a preposição a). Também é transitivo indireto no sentido de originar-se, vir de algum lugar (exige a
preposição de).
VTI OI
A polícia procedeu ao inquérito.
VTI OI
Muito de nossa cultura procede da África e dos povos indígenas.
VI
Tua resposta estúpida não procede.
98
VTD OD
Nós queremos os livros para estudar.
VTD OD
Quero um emprego novo.
Já no sentido de ter afeto, estima, amar, querer bem, atua como transitivo direto ou transitivo
indireto (exige a preposição a).
VTI OI
Danielle quer muito a seus sobrinhos.
VTI OI
O menino queria muito ao pai.
• Simpatizar/Antipatizar
Quando empregados com o sentido de sentir simpatia ou antipatia, respectivamente, esses ver-
bos são transitivos indiretos, sendo acompanhados pela preposição com, e nunca são pronominais.
VTI OI
Simpatizei com a nova miss Simpatia.
Eu me simpatizo com ela. (Inadequado.)
• Visar
Empregado no sentido de pôr o visto, dirigir a pontaria, mirar, é transitivo direto.
VTD OD
Já visei o cheque.
VTD OD VI
Visei o alvo e atirei.
Já no sentido de pretender, ter em vista, o verbo visar atua como transitivo indireto (exige a pre-
posição a). Não admite a forma oblíqua lhe.
VTI OI
Minha atitude visava a outro interesse.
VTI OI
Este trabalho visa ao melhoramento do produto.
Este trabalho visa-lhe. (Inadequado.)
99
Podemos dizer, portanto, que a regência nominal trata da relação entre alguns nomes (adjetivos,
substantivos e advérbios) e a preposição que introduz o seu complemento. Vários nomes admitem
mais de uma regência, e, assim como ocorre com certos verbos, o sentido de uma frase pode ser
alterado com a simples mudança da preposição que acompanha o termo regente.
A seguir, apresentamos uma lista de nomes acompanhados de suas preposições mais frequentes.
acessível a composto de, com compaixão de, para fácil de, para
afável com, para com conforme a, com com, por
afeição a, por constituído de, por compatível com feliz com, de, em, por
alheio a, de contente com, de, em imune a, de rente a
aliado a, com contíguo a inerente a ressentimento
contra, com, de, por
análogo a cruel com, para junto a, de residente em
ansioso para, por curioso de, por lento em respeito a, com, de,
antipatia a, contra, desgostoso com, de por
por nocivo a, para simpatia a, por
apto a, para desprezo a, de, por passível de situado a, em, entre
atencioso com, para devoto a, de peculiar a solidário com
com
aversão a, para, por devoção a, para com, pendente de suspeito a, de
por preferível a último a, de, em
avesso a dúvida de, em, sobre propício a união a, com, entre
coerente com empenho de, em, por próximo a, de vizinho a, de
5. Colocação pronominal
Outro tema interessante que podemos associar à “atração gravitacional” é a colocação dos pro-
nomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) nas orações. Isso porque, como
podem assumir três posições em relação ao verbo, segundo a norma culta, eles podem ser “atraí-
dos” por palavras específicas. Vamos com calma.
100
Nesse período, o pronome oblíquo átono o substitui o termo modelo atômico proposto por
Rutherford.
O português brasileiro é essencialmente proclítico, ou seja, é mais comum empregarmos os pro-
nomes oblíquos átonos antes dos verbos. As gramáticas normativas, inclusive, determinam que de-
vemos usar a próclise preferencialmente, desde que não existam palavras “atraindo” o pronome
para outra posição.
Não me importa quantas vezes você se disponha a tentar derrubar o joão-bobo, ou joão-
-teimoso: ele nunca se posicionará diferente da posição inicial depois de ser golpeado.
• Os advérbios em geral – Já, só, talvez, sempre, aqui, bem, antes, depois, etc.
Caso lhe interesse saber, a vida na Terra só é possível por causa da gravidade.
101
Esses são os casos em que a gramática normativa determina a colocação do pronome antes do
verbo (próclise). No entanto, é importante dizer que, sempre que houver uma vírgula entre uma
palavra “atrativa” e o verbo, o pronome deve ser colocado depois deste.
• Ênclise
Chamamos de ênclise a colocação do pronome átono depois do verbo. De acordo com a norma
culta, a colocação do pronome nessa posição deve ocorrer nos seguintes casos:
Pesquise-as!
Como você pode perceber, no exemplo anterior, o objeto direto está representado pelo pronome
oblíquo a, que se transformou em la. Isso ocorreu porque o pronome seguiu um verbo transitivo di-
reto terminado no infinitivo (preparar). Por esse motivo, suprimimos o r final do verbo e acrescenta-
102
Durante o processo, o promotor nos questionou sobre os autos. Analisamo-los com dedicação.
Por fim, outra mudança ocorre quando o objeto (representado por um pronome oblíquo) é em-
pregado após uma forma verbal terminada em ditongo nasal (ão, õe, am e em). Nesses casos, acres-
centamos a letra n ao pronome: buscaram-na, chamaram-nos, fizeram-no, dão-nos, propõe-na. Essa
construção também é bastante formal.
• Mesóclise
Nenhuma outra maneira de colocação do pronome oblíquo átono é mais formal que a mesóclise.
De uso bastante restrito a textos muito formais ou antigos, a mesóclise só ocorre com verbos flexio-
nados no futuro do presente ou no futuro do pretérito nos casos em que a ênclise “seria” obrigató-
ria, de acordo com a gramática normativa. Por exemplo: na norma culta, como vimos, é inadequado
iniciar o período com o pronome oblíquo. Nessa situação, deve-se recorrer à ênclise. Observe:
Veja que, no período acima, o pronome foi colocado no “meio” do verbo, ou seja, entre o radical
e a desinência do futuro do presente, daí o nome mesóclise (meso-, em latim, significa meio, cen-
tro). Veja outros exemplos:
Importante: caso a próclise seja obrigatória, ela prevalece sobre a mesóclise. Veja:
Ninguém me encontrará.
Chegue cedo porque Maria te procurará.
103
104
Texto
105
tivo direto . Sabemos isso devi- I. Qual a regência do verbo anunciar em-
pregado nesse período?
do à ausência de preposição li-
a. Verbo transitivo indireto.
gando as partes, pois, em vez desta, temos b. Verbo transitivo direto.
c. Verbo intransitivo.
os artigos os e a. Sendo assim, os termos
d. Verbo transitivo direto e indireto.
os planetas , a lua e e. Verbo de ligação.
todos os corpos que estão perto dela
II. Sobre o verbo procurar, empregado no
atuam como objeto direto do verbo atra- período, podemos afirmar que:
a. É intransitivo.
ir .
b. Exige um complemento que se liga a
ele de forma direta.
4. O alfabeto em Libras, como você deve
c. Exige dois complementos.
imaginar, é constituído de gestos manuais.
d. É transitivo indireto.
Apresentamos, no quadro a seguir, todas
e. Exige preposição.
as letras do alfabeto e seus respectivos si-
106
107
Nesse período, a palavra de poderia ser A rua em que gosto de correr é toda arbo-
suprimida sem prejuízo da correção gra- rizada.
matical? Explique.
Não. A preposição de é exigida pelo verbo 11. Complete as lacunas com a preposição
gostar, que é transitivo indireto. adequada.
a. Estávamos ansiosos para o primeiro en-
9. Leia. contro. (a – para)
b. O médico o considerou apto para o tra-
Você já viajou de avião?
balho. (com – para)
a. Qual a transitividade do verbo utilizado c. Mostrou-se atenciosa com todos os co-
no período?
legas. (por – com)
O verbo viajar foi empregado como intran-
d. Nenhum artista é imune a críticas. (a
sitivo.
– para)
b. Qual é a função sintática desempenha- e. Tinha antipatia por algumas pessoas.
da pelo termo de avião?
(por – com)
Adjunto adverbial.
f. Os grandes amigos são solidários uns
com os outros. (para com – com)
108
109
Texto 1
110
111
A crase
a. Porém o acento grave só é empregado
1. Na oração “Devido à força que a Terra
para indicar a crase do fonema a. Pensan-
exerce sobre os corpos que estão em seu
do nisso, escreva a seguir duas frases em
campo de ação, qualquer objeto que seja
que ocorre crase com outro fonema.
abandonado no ar será atraído em direção
ao seu centro”, qual é o tipo de regência Sugestão de resposta: “O vento que sopra meu
que ocorre com a expressão sublinhada? rosto cega / Só o seu calor me leva” (Vander
Regência nominal. A palavra devido é Lee) e “Durante a noite, quando o orvalho des-
acompanhada da preposição a. ce” (Casimiro de Abreu).
a. à, à, a.
b. a, à, a.
c. a, a, à.
d. à, a, à.
e. à, à, à.
113
O que essa palavra diz para você? Qual o seu significado? O que é indivisível não pode ser di-
vidido, correto? E qual é a primeira palavra que vem à cabeça quando pensamos em algo que é
indivisível, que é a redução da matéria à sua menor parte? Pensando no tema interdisciplinar deste
capítulo, você poderia responder que é o átomo. Mas não é... Esta é só uma brincadeira. Na verdade,
estamos falando das letras!
Primeiramente, vamos lembrar que o conceito de átomo como elemento indivisível está ultra-
passado desde o século XIX. O modelo atômico de Dalton, que você já deve ter estudado nas aulas
de Química e que sustentava essa ideia, foi substituído por outras teorias que abrangiam novas
informações. Hoje já sabemos, inclusive, que, além de poder ser dividido, em elétrons, prótons e
nêutrons, o átomo pode também ser destruído.
Essa analogia será bem interessante para nós. Veja: tomadas isoladamente, as letras não têm
qualquer significado. Mas, tal como os prótons, os elétrons e os nêutrons, elas podem ser agrupa-
das para formar morfemas, que seriam os “átomos da língua”. Chamamos de morfema as menores
estruturas linguísticas capazes de veicular sentido. Para deixar claro esse conceito, podemos voltar
à palavra com que começamos nosso estudo. Observe:
114
Nêutron
Núcleo Elétron
Como você pode ver, esta palavra é composta por onze letras (tudo bem, a letra i se repete, mas
vamos contar cada uma delas). Como dissemos, as letras, isoladamente, não possuem significado.
Mas elas podem ser agrupadas para formar morfemas (átomos), e os morfemas têm significado.
Continuando com o nosso raciocínio, se o agrupamento de átomos forma uma molécula, pode-
mos dizer, em linhas gerais, que o agrupamento de morfemas forma a palavra.
Se pensamos o texto como uma matéria qualquer, como vimos no Capítulo 3 deste livro, veremos
que também ele é a combinação de “partes” menores que formam o todo. As palavras são esses
“fragmentos”, assim como as moléculas o são nas matérias em geral.
Então, quando lemos um texto, vemos na nossa frente aquele bloco de palavras, mas não imagi-
namos que, na estrutura da maior parte delas (como nos substantivos, adjetivos e verbos), há uma
combinação de elementos que constrói seu sentido, os morfemas.
115
O morfema que constitui a base da palavra e que raramente varia é o seu radical. Ele concentra
o significado da palavra e é a ele que vão se juntar outros morfemas para que a palavra, de fato, se
forme. Veja:
átomo
atômico
atomismo
atomista
APRENDA MAIS
116
• Afixos
Prefixo
Indivisível
Sufixo
Os afixos que se posicionam antes do radical são chamados de prefixos; e os que se posicionam
depois, sufixos. Algumas palavras podem ser formadas apenas acrescentando-se um prefixo, apenas
um sufixo ou acrescentando-se ambos, como no caso de indivisível e reestruturação.
• Negação, privação
anormal, anarquia (gregos) – desleal, infeliz (latinos)
• Oposição, contrário
antiaéreo (grego) – contradizer (latino)
• Afastamento, separação
apogeu (grego) – abdicar, abster (latinos)
• Duplicidade
anfíbio (grego) – ambidestro (latino)
117
118
Adverbial – Usado para formar advérbios. Na língua portuguesa, apenas o sufixo -mente exerce
essa função, como em atualmente, lentamente, felizmente, etc.
• Desinências
As desinências são morfemas que se ligam ao radical para promover flexões (variações) que os
nomes e os verbos podem apresentar. No exemplo abaixo, a presença do -s indica que a palavra está
no plural; sua ausência (morfema zero), ao contrário, indica o singular.
átomo___ átomos
Morfema zero Desinência nominal de número
atômico atômica
Desinência nominal de gênero Desinência nominal de gênero
As desinências que compõem nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais) são
as desinências nominais. Elas marcam o gênero (masculino ou feminino) e o número (singular ou
plural).
Já as desinências verbais indicam, como o próprio nome diz, as flexões dos verbos, isto é, infor-
mam modo e tempo (desinências modo-temporais), além de número e pessoa (número-pessoais).
119
A vogal temática é um morfema que se liga ao radical da palavra e forma o tema. Ela ocorre tanto
nos verbos quanto nos nomes.
A vogal temática verbal indica a conjugação.
Importante: O verbo pôr (que se originou da forma arcaica poer) e seus derivados (depor, re-
por, transpor, compor, pospor, pressupor, etc.) pertencem à segunda conjugação.
Já a vogal temática nominal aparece no final de nomes (substantivos e adjetivos) que não apre-
sentam a oposição masculino/feminino. Essa vogal se agrega ao radical, preparando-o para receber
as desinências.
Existem, também, os vocábulos chamados atemáticos. São as palavras que terminam em vo-
gal tônica (fé, café, tupi, abacaxi, pitu) ou consoante (solar, real, vulgar). Quando vão ao plural,
os vocábulos que terminam em consoante passam a apresentar a vogal temática: solares, reais,
vulgares.
APRENDA MAIS
Não confunda vogal temática nominal com desinência nominal de gênero. A vogal te-
mática nominal não admite flexão de gênero.
120
Assim como a vogal temática, que “prepara” o radical de uma palavra para que receba as desi-
nências, as consoantes e vogais de ligação são empregadas por razão de eufonia (som agradável ao
ouvido) ou melhor articulação (facilitar a pronúncia).
Algumas vogais e consoantes são posicionadas entre o radical e o sufixo para que sejam melhor
acoplados e produzam uma palavra com pronúncia possível.
Vale destacar que, como não têm significado, as consoantes e vogais de ligação não são conside-
radas morfemas. Veja alguns exemplos:
Vogal de ligação
Desenvolvimento
Radical Sufixo
Consoante de ligação
Pezinho
Radical Sufixo
Consoante de ligação
Chaleira
Radical Sufixo
Vogal de ligação
freepik.com
Horticultor
Radical Sufixo
APRENDA MAIS
121
Texto
Intolerância
a. Indique ao menos quatro palavras que possuam a mesma base (radical) que a palavra acima.
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Tolerar, tolerante, tolerabilidade e intolerante.
b. Indique um adjetivo para cada personagem que possua a mesma base que intolerância.
Para o menino – Tolerante.
Para a menina – Intolerante.
122
5. Tendo em vista o tema interdisciplinar deste capítulo e os seus conhecimentos, usando sufixos
e prefixos escreva pelo menos três palavras derivadas das que estão dadas abaixo.
Resposta pessoal.
a. Teoria –
b. Estrutura –
c. Energia –
d. Número –
e. Calor –
O Oscar ainda não tem uma categoria para tistas se dedicam apenas ao minúsculo mundo
filmes científicos, mas, se tivesse, a obra A boy daquilo que só é visto através de microscópios
and his atom (Um garoto e seu átomo) seria atômicos. Foi lá que Fabio conviveu com Don
a grande favorita. Desde já conhecido como Eigler, o grande pioneiro da manipulação de
“o menor filme do mundo”, a produção de átomos e espécie de sumidade da área.
um minuto de duração é um curta de anima- Em 1986, cientistas criaram o microscópio
ção feito somente com átomos. O resultado é de tunelamento, dispositivo que mostrou pela
curiosíssimo — e a fofura do garotinho brin- primeira vez a imagem de um único átomo.
cando com átomos como se fossem bolas es- Nessa época, era possível apenas observar a
conde importantes avanços tecnológicos. “As partícula, nada de interação. É aí que Eigler en-
pessoas costumam se encantar muito com o tra. No início dos anos 1990, o físico escreveu
muito grande. Não tem nada que impressio- a palavra IBM com 36 átomos de xenônio em
na mais que uma foto do Telescópio Hubble”, uma superfície de silício. “Esse foi o Capítulo 1
afirma Fabio Gandour, cientista chefe da IBM dessa história. O filme é o Capítulo 4, e ainda
Brasil, empresa responsável pela façanha. Fa- temos mais uns 20 pela frente”, calcula Fabio.
bio trabalhou por 3 anos nos EUA, no mesmo Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Common/0,,ERT337034-17770,00.html. Acesso em: 21/06/2020.
laboratório em que o filme foi feito. Lá, os cien-
123
b. Algumas palavras empregadas no texto são formadas com o apoio do sufixo -ção. À primeira
vista, pode parecer que se trata de um caso de aumentativo, mas não é. Pensando nisso,
identifique no texto as palavras que apresentam essa característica e explique o significado
desse morfema.
As palavras são produção, duração, animação, manipulação e interação. Espera-se que o alu-
no aponte que esse sufixo cria substantivos abstratos a partir de verbos.
7. As palavras a seguir possuem o mesmo radical. Por esse motivo, são chamadas de cognatas.
Identifique em cada grupo o radical e, a partir dele, procure perceber o seu sentido.
124
Texto
1. A narração do texto é marcada pela oposição semântica entre os termos utilizados para desig-
nar os personagens. Nesse contexto, é correto afirmar que:
a. O nome Peixe Grande representa apenas um peixe de proporções maiores que os de-
mais peixes do aquário.
b. Empregado no diminutivo, o nome peixinhos apresenta dupla conotação, ou seja, indi-
ca simultaneamente os peixes que são menores que o Peixe Grande e assinala a posição
de inferioridade deles em relação ao outro.
c. No nome peixinhos, o sufixo -inhos não indica o emprego do diminutivo, pois o uso
desse substantivo não se relaciona à noção de grau, mas de inferioridade.
d. Considerando o sentido global do texto, o nome Peixe Grande foi empregado de forma
incoerente, pois, como vive em um aquário, o Peixe Grande também é um peixinho.
e. O nome Peixe Grande é formado por duas palavras, mas apresenta apenas um radical.
125
126
Campos semânticos
Ainda há pouco, vimos que as palavras cognatas apresentam o mesmo radical e, por isso, aproxi-
mam-se umas das outras em relação ao sentido. No entanto, essa aproximação não ocorre somente
por causa da sua estrutura. As palavras podem ter sentidos relacionados e, apesar disso, possuir
origem diferente. Quando isso acontece, temos os chamados campos semânticos. As sequências
abaixo apresentam palavras de mesmo campo semântico. Em cada uma delas, há uma palavra que
não pertence ao campo. Identifique-a.
127
APRENDA MAIS
Após se recuperar dos principais impactos da Segunda Guerra Mundial, o Japão passou
a efetuar investimentos econômicos e financeiros em países do Sudeste Asiático, na épo-
ca uma região marcadamente pobre e com uma acentuada disponibilidade de mão de obra
barata. Essa área ficou conhecida como a periferia japonesa. Além disso, os Estados Unidos
também passaram a investir nessa região com o objetivo de conter o avanço do comunismo
sobre esses países durante a Guerra Fria.
128
Japão
Filipinas
Malásia
Cingapura
Área: 618 km2 Indonésia
População 5,3 milhões
O fato é que, para que esse grupo de países “existisse” e englobasse um conteúdo semântico, foi-
-lhe dado um nome. Esse movimento da língua — o de ressignificar um termo já existente, como é
o caso de tigre — acontece com frequência, e estamos habituados a ele. O mesmo aconteceu com a
palavra emergente, que inicialmente designava apenas aquilo que surge, emerge, como em Diante
das circunstâncias, temos um problema emergente. Hoje esse adjetivo é usado no português brasi-
leiro de maneira informal para designar pessoas que estão ascendendo econômica e socialmente.
E, ainda mais recentemente, esse adjetivo é usado para qualificar alguns países, como os Tigres
Asiáticos.
129
freepik.com
partir de processos que parecem aleatórios, mas
que, ao contrário, têm um padrão e podem ser
analisados. Esses processos de formação de pala-
vras são o tema deste capítulo. Vamos começar?
• Neologismo
Os neologismos, portanto, fazem parte do nosso dia a dia, mas ainda não constam nos dicioná-
rios. É o caso, por exemplo, da expressão xing ling, que se popularizou e passou a ser usada para
identificar objetos falsificados ou de procedência duvidosa. Com um modelo industrial e econômico
fortemente exportador, os Tigres Asiáticos e a China conquistaram grande espaço no mercado nacio-
nal brasileiro com diversos produtos, designados de forma genérica e muitas vezes preconceituosa
como Made in China. Essa expressão, também já ressignificada, não mais indica apenas o país de
origem do artefato, mas a fabricação em larga escala e, nesse caso, supostamente de qualidade
inferior, independentemente da nacionalidade da empresa que o fabricou. Com o uso constante,
130
• Derivação
No capítulo anterior, vimos que as palavras são compostas por morfemas, as unidades mínimas
com significado. Entre os morfemas que podem compor palavras, temos os afixos. Como sabemos,
os afixos podem vir antes do radical (prefixos) ou depois dele (sufixos). Assim, a derivação se ca-
racteriza pela formação de palavras a partir de outra já existente, chamada primitiva, por meio da
utilização de afixos. Veremos agora as principais formas de derivação.
Aqui, se tirarmos um ou outro afixo, teremos uma palavra diferente. Se, por exemplo, tirarmos o
prefixo de infelizmente, teremos felizmente; se tirarmos seu sufixo, teremos a palavra infeliz.
131
Observe que, se tirarmos, por exemplo, o prefixo de empobrecer, ficaremos com pobrecer, que
não constitui uma palavra. Da mesma maneira, se tirarmos o sufixo, ficaremos com empobre, que
também não é uma palavra.
5. Por regressão (ou regressiva) – Substitui-se a terminação dos verbos (-ar, -er, -ir) pelas
vogais temáticas -a, -e, -o para criar substantivos. Essa derivação é chamada de regressiva
porque o normal é criar verbos a partir de substantivos. Mas o contrário também pode
acontecer, como o substantivo planta, que está na base do verbo plantar. Os substantivos
que derivam de verbos são chamados pós-verbais, ou deverbais.
Como você pode perceber, tanto a derivação por regressão como a derivação imprópria não
criam palavras de fato. São apenas palavras de uso corrente empregadas em contextos diferentes
do habitual.
• Composição
Composição é o processo pelo qual formamos palavras a partir da associação de duas ou mais
palavras (ou radicais). Essa formação ocorre de duas maneiras:
1. Por aglutinação – Unimos duas ou mais palavras (ou radicais) alterando a sua estrutura.
2. Por justaposição – Unimos duas ou mais palavras (ou radicais) sem a perda de letras.
Muitas vezes, utilizamos os numerais para criar palavras por meio da derivação e da composição.
Assim, do numeral dez, por exemplo, derivamos década e décimo. Já os numerais formados por mais
de uma palavra, como décimo segundo, são compostos por justaposição. Outros, como trezentos,
são compostos por aglutinação (três + cento).
132
Tendo em vista a formação das palavras, o hífen é usado nas situações seguintes.
Observe que, nos exemplos acima, cada palavra é como um bloco de sentido. Juntas, formam um
todo semântico. Entretanto, são preservadas estrutural e foneticamente, ou seja, cada uma mantém
seu acento tônico.
Outras formas de composição, ao contrário, como vimos na composição por aglutinação, não
usam hífen; outras, ainda, não preservam essa estrutura. É o caso de girassol e pontapé.
Em outros casos, a composição é feita não por meio do hífen, mas por uma preposição. São exem-
plos: sala de jantar, mestre de cerimônias, fim de semana, dia a dia.
APRENDA MAIS
É importante notar que as palavras compostas que indicam espécies de animais e vegetais uti-
lizam o hífen, como cana-de-açúcar, espada-de-são-jorge, mico-leão-dourado, galo-de-campina, etc.
133
2. Usamos o hífen quando o prefixo ou o radical termina com a mesma vogal ou consoante
com que se inicia a palavra que o segue.
APRENDA MAIS
Atenção com palavras compostas cujo radical ou prefixo da primeira palavra termina em
vogal e, seguida de uma palavra iniciada com as letras r ou s. Nessas palavras, essas letras
são dobradas e não se utiliza o hífen. Veja alguns exemplos:
autossustentável autorregulação ultrassonografia
ultrarromântico antessala antirrábica
• Redução
Redução, ou abreviação vocabular, é a formação de palavras a partir de outra primitiva. Geral-
mente usada em situações informais, dá-se de maneira imprevisível, ou seja, não segue um padrão.
Dentre as palavras criadas por redução, podemos citar: mina, redução de menina; portuga, de por-
tuguês; japa, de japonês; Fla, de Flamengo; Flu, de Fluminense; sanduba, de sanduíche; e foto, de
fotografia.
• Onomatopeia
A onomatopeia é uma criação de palavras a partir da tentativa de reprodução de algum som,
como ruídos, vozes de animais e sons da natureza, como miau, cri-cri, tique-taque, pocotó e reco-
-reco. Na tirinha a seguir, a onomatopeia foi utilizada para reproduzir o barulho que a bola fez ao
bater no rosto do personagem. Observe:
134
• Sigla
Sigla é uma palavra formada a partir da união da letra ou da sílaba inicial de cada um dos compo-
nentes de expressão ou título.
Como você pode ver, algumas siglas são pronunciadas de forma soletrada, como IBGE, UFPR,
FGTS e BNDES. Essas siglas são escritas utilizando-se letras maiúsculas. Já outras são pronunciadas
como palavras e, por isso, são grafadas com apenas a primeira letra maiúscula. É o caso de Embraer,
Funai, Petrobras e Senac.
Importante: Caso a sigla tenha até três letras, deve ser escrita com maiúsculas, como PE, SP,
SUS, MEC e OAB.
• Mesclagem lexical
É o processo de formação por meio do qual uma palavra, resultante da fusão de duas outras pa-
lavras, ao mesmo tempo reproduz e cria novos significados a partir das palavras que lhe serviram
de fonte. Entendeu? É como uma composição “inesperada”, que cria significados surpreendentes e,
muitas vezes, engraçados.
135
Grupo 1
Se você estiver a fim de ir para Singapura, ou República de Singapura, está certo. Essa Cidade-
-Estado é constituída por 63 lindas ilhas; além disso, é o país que apresenta alto Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), sendo o 9º melhor do mundo em 2019.
Grupo 2
Podem deletar a informação do Grupo 1. Legal mesmo é Hong Kong! Com uma área de
1.104 km e uma população aproximada de sete milhões de pessoas, Hong Kong é uma das
áreas mais densamente povoadas do mundo. Sua cultura mistura elementos orientais e a oci-
dentais, sendo, assim, muito rica. Apresenta o 4º melhor IDH do mundo.
Grupo 3
Discordamos de vocês! Pedro, mesmo, levaria a mina dele para as Filipinas. Oficialmente Re-
pública das Filipinas, esse lugar é um vasto arquipélago da Insulíndia cercado pelo Mar das
Filipinas, Mar de Celebes, Mar de Sulu e Mar da China Meridional. Parecido com o Brasil, tem
clima tropical e praias lindas.
Grupo 4
Já a Malásia é um país do Sudeste Asiático que compreende dois territórios distintos: a parte
sul da Península Malaia e ilhas adjacentes e uma seção do norte da Ilha de Bornéu. Vimos vá-
rias fotos e é para lá que queremos ir. Ao anoitecer, o país fica ainda mais lindo!
Grupo 5
A Indonésia é um país localizado entre o Sudeste Asiático e a Austrália, sendo o maior arqui-
pélago do mundo, composto pelas Ilhas de Sonda, a metade ocidental da Nova Guiné e com-
preendendo no total 17.508 ilhas. Lá, é impossível ficar enraivecido: suas ilhas deslumbrantes,
seu exotismo tropical e suas paisagens vulcânicas fazem da Indonésia o destino perfeito.
136
Grupo 7
A Tailândia é um país no centro da Península da Indochina, no Sudeste Asiático. Suas fronteiras
marítimas incluem o Vietnã, a Indonésia e a Índia. Cheia de paisagens paradisíacas, a Tailândia
é o destino de viagem do sonho de muitos. Infelizmente, também podemos nos lembrar desse
lugar por um fato que entristeceu muito a todos: o devastador tsunami ocorrido em 2004.
Grupo 8
A Coreia do Sul, oficialmente República da Coreia, é um país da Ásia Oriental localizado na
parte sul da Península da Coreia. Aproximadamente metade de sua população vive na capital,
Seul, ou em sua área metropolitana, que é uma das maiores do mundo. Nem adianta pedir pra
pisar menos na tecnologia, porque é realmente um paraíso tecnológico.
Grupo 9
O Vietnã é um Estado soberano localizado no leste da Península da Indochina, no Sudeste
Asiático. Vocês já devem ter ouvido falar desse lugar por causa da histórica Guerra do Vietnã,
conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. Foi tema de vários filmes
no cine.
Agora, baseado no que foi apresentado pelos alunos, responda às questões a seguir.
a. Ao apresentar o trabalho para a turma, alguns alunos utilizaram neologismos em seu dis-
curso. Os países apresentados por eles fazem parte dos chamados Tigres Asiáticos. Assim
sendo, quais países compõem esse grupo e quais neologismos foram utilizados?
Singapura (a fim de, no sentido de estar interessado), Hong Kong (deletar, no sentido de es-
quecer), Taiwan (viajar, no sentido de gostar muito) e Coreia do Sul (pisar menos, pedir para
desacelerar).
b. Outros alunos utilizaram derivação por parassíntese. Esses mesmos alunos falaram sobre
os países dos chamados Novos Tigres Asiáticos, termo utilizado para designar o grupo de
países de industrialização recente e que vêm expandindo suas economias. Analisando as in-
formações trazidas pelos alunos, diga quais países são considerados Novos Tigres Asiáticos
e quais foram as palavras formadas por parassíntese apresentadas por eles.
Tailândia (entristeceu), Malásia (anoitecer) e Indonésia (enraivecido).
137
2. Utilizando as tabelas com prefixos e sufixos que vimos, encontre a palavra mais adequada.
Observe o exemplo:
3. Descubra a palavra observando a sua origem e a dica fornecida. Se for necessário, consulte as
tabelas de prefixos e sufixos que estudamos. Veja o modelo:
138
5. A língua segue uma mecânica própria, uma gramática, que internalizamos ainda nos primeiros
anos da infância. Essas regras gramaticais são de fácil dedução, porque sempre se repetem.
Para entender melhor como isso ocorre, podemos refletir sobre a formação de algumas pala-
vras. Por exemplo: nossa gramática internalizada nos diz que partículas como -eiro e -ista são
formadoras de palavras que indicam profissões, como em carteiro, enfermeiro, psicanalista.
O mesmo acontece com a partícula -mente, que, em geral, indica uma noção de modo. Não é
necessário consultar uma gramática normativa para saber disso. Tanto é assim que, se houves-
se uma necessidade, poderíamos até inventar palavras utilizando essas partículas. Pensando
nisso, leia as dicas e identifique a palavra correspondente a cada uma delas.
b. O médico responsável pela saúde dos olhos é conhecido popularmente como: Oculista .
c. O profissional que trabalha com a estética do corpo é: Esteticista .
6. Os textos publicitários são uma boa fonte para encontrarmos neologismos muito criativos.
Pensando nisso, faça uma pesquisa em textos desse tipo à procura de neologismos formados
por derivação e composição.
Sugestão de resposta: supercarro, extrabom, hipermegaoferta.
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8. Um processo de formação de palavras diferente do que vimos até agora é a chamada deriva-
ção delocutiva. Por esse processo, uma oração inteira, que em princípio nomeava uma ação
ou situação, passa a funcionar como nome dessa mesma ação ou situação. Nos seguintes
enunciados, temos exemplos desse tipo de derivação. Procure entendê-los e, em seguida,
reescreva-os indicando o seu sentido. Observe o modelo:
APRENDA MAIS
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9. Em cada sequência, identifique a palavra cujo processo de formação está indicado nos parênteses.
a. Água, aguaceiro, vinhedo, prever (derivação prefixal). Prever.
b. Dormente, vinho, perda, antebraço (derivação regressiva). Perda.
c. Censura, pescador, ensaboar, esfriar (derivação sufixal). Pescador.
d. Indispensável, amável, pedreiro, só (derivação prefixal e sufixal). Indispensável.
e. Ensaboar, dúvida, planalto, desigualdade (derivação parassintética). Ensaboar.
f. Corte, desobediência, guarda-costas, justiça (composição por justaposição). Guarda-costas.
10. Em seu caderno, forme palavras derivadas com base nas palavras fornecidas abaixo.
Resposta pessoal.
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Texto
Não. Ieda Maria Alves, especialista em léxico da USP, estuda há mais de 40 anos o nascimento de
novas palavras e nunca viu uma que não fosse herdada, em última instância, de outra língua.
A maior parte do nosso vocabulário deriva do latim, mas raízes gregas também são comuns — e
palavras de origem germânica se infiltraram aos montes nas últimas décadas por causa da influência
do inglês.
Há algumas décadas, pensava-se que a palavra gás era um exemplo de neologismo ex nihilo
— isto é, palavra nova que saiu do nada. Depois, ficou estabelecido que seu cunhador, o químico
francês Jan Baptista van Helmont, inspirou gás do grego caos.
Como as palavras exercem uma função comunicativa, quem tenta criar uma nova acaba esco-
lhendo sons que remetem a ideia que aquela palavra pretende representar. Assim, os especialistas
não consideram mais o neologismo ex nihilo possível.
Mario Viaro, também da USP, faz coro: “Quando o Carlinhos Brown inventou a palavra caxirola,
pegou parte da palavra caxixi e parte de castanhola. Mesmo se uma palavra for inventada por meio
de uma sequência de sílabas aleatórias, serão sílabas da língua portuguesa, e seu sucesso advém da
associação fácil com outras palavras com as mesmas sílabas.”
Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/oraculo/existe-alguma-palavra-em-portugues-que-nao-vem-de-outra-lingua/. Acesso em: 27/09/2019.
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2. Identifique a alternativa que assinala a causa para a resposta da pergunta feita no título do
texto.
a. [...] mas raízes gregas também são comuns [...].
b. [...] por causa da influência do inglês.
c. Como as palavras exercem uma função comunicativa [...].
d. [...] pegou parte da palavra caxixi e parte de castanhola [...].
e. Mesmo se uma palavra for inventada por meio de uma sequência de sílabas aleatórias [...].
4. Leia.
Há algumas décadas, pensava-se que a palavra gás era um exemplo de neologismo ex nihilo
— isto é, palavra nova que saiu do nada.
Observando a estrutura das palavras utilizadas nesse período, é correto afirmar que:
a. A palavra décadas se formou por meio do acréscimo de uma vogal temática ao radical.
b. O substantivo exemplo se formou a partir da regressão de um verbo.
c. A palavra neologismo é um caso de composição por aglutinação.
d. A expressão latina ex nihilo significa de repente.
e. A locução do nada funciona como uma palavra de valor adverbial.
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Estrangeirismos e empréstimos
1. Para quem pensa que é uma “modinha” atual inserir palavras estrangeiras na língua portu-
guesa, é importante lembrar que esse intercâmbio já acontece há muito tempo. Da invasão
moura na Península Ibérica, ocorrida na Idade Média, herdamos palavras como açougue, azei-
te, almoxarifado, álcool e álgebra. Nos séculos XVIII e XIX, não eram os Estados Unidos que
detinham o prestígio econômico e cultural, mas a França. Assim, nosso vocabulário herdou
do francês: abajur, sutiã, butique, garagem. E, como atualmente a hegemonia é dos Estados
Unidos, vemos uma profusão de palavras em inglês “invadirem” nosso idioma.
b. Você concorda com a opinião que muitas pessoas têm de que o uso de palavras estrangeiras
empobrece a língua? Discuta com os seus colegas e o seu professor.
Espera-se que o aluno perceba que os estrangeirismos e empréstimos, na verdade, enrique-
cem a língua, já que são empregados conforme as nossas necessidades comunicativas.
b. Chalé – francesa.
c. Toalete – francesa.
d. Caboclo – indígena.
e. Armazém – árabe.
f. Abacaxi – indígena.
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