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MANUAL DO

PROFESSOR

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PROJETOS INTEGRADORES
MANUAL DO PROFESSOR

PROJETOS INTEGRADORES
CIÊNCIAS HUMANAS
E SOCIAIS APLICADAS
2 0 6 2 0 7
ENSINO MÉDIO
ISBN 978-85-418-2745-4

Editor responsável: Flávio Manzatto de Souza


Organizadora: SM Educação
2 900002 062076 Obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação.

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MANUAL DO PROFESSOR

PROJETOS INTEGRADORES
CIÊNCIAS HUMANAS
E SOCIAIS APLICADAS
ENSINO MÉDIO

Editor responsável: Flávio Manzatto de Souza


Bacharel e Licenciado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Editor de livros didáticos.

Organizadora: SM Educação
Obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação.

São Paulo, 1ª edição, 2020

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Jovem Protagonista Projetos Integradores
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
© SM Educação
Todos os direitos reservados

Direção editorial M. Esther Nejm Elaboração de originais:


Gerência editorial Cláudia Carvalho Neves Dirceu Franco Ferreira
Gerência de design e produção André Monteiro Bacharel e Licenciado em História pela Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Edição executiva Flávio Manzatto de Souza
da Universidade de São Paulo (USP).
Edição Camila de Souza Peixoto Ribeiro, Claudio Mattiuzzi,
Mestre em Ciências, no programa História
Gisele Manoel, Jéssica Vieira de Faria,
Econômica, pela FFLCH-USP.
Lara Carolina Chacon Costa, Maria Rocha Rodrigues Professor na área de Ciências Humanas
Suporte editorial Fernanda Fortunato na rede particular.
Coordenação de preparação e revisão Cláudia Rodrigues do Espírito Santo Editor e autor de materiais didáticos para
Preparação: Eliane Santoro, Fernanda Oliveira Souza, o Ensino Médio.
Maíra Cammarano Elen Doppenschmitt
Revisão: Fátima Valentina Cezare Pasculli, Bacharela e Licenciada em Ciências pela
Valéria Cristina Borsanelli Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Apoio de equipe: Camila Lamin Lessa, Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela
Camila Durães Torres FFLCH-USP.
Mestra e Doutora em Comunicação e Semiótica
Coordenação de design Gilciane Munhoz pela Pontifícia Universidade Católica de São
Design: Andréa Dellamagna Paulo (PUC-SP).
Coordenação de arte Ulisses Pires Pós-Doutorado em Educação pela Universidade
Edição de arte: Eduardo Sokei Federal de Minas Gerais (UFMG).
Diagramação: Angelice Taioque Moreira, Autora de materiais didáticos para o Ensino Médio.
Juliana Cristina S. Cavalli, Priscila F. Darakdjian Sarah Fernandes
Bacharela em Comunicação Social pela PUC-SP.
Coordenação de iconografia Josiane Laurentino
Bacharela e Licenciada em Geografia pela
Pesquisa iconográfica: Beatriz Micsik FFLCH-USP.
Tratamento de imagem: Marcelo Casaro Editora de materiais didáticos.
Capa Gilciane Munhoz Viviane Pedroso Domingues Cardoso
Ilustração de capa: Estúdio Barca Bacharela e Licenciada em História pela
Projeto gráfico Megalo | Identidade, Comunicação e Design FFLCH-USP.
Manual do Professor: Andréa Dellamagna Mestra em Ciências, no programa História
Social, pela FFLCH-USP.
Fabricação Alexander Maeda Professora na área de Ciências Humanas na
Impressão rede pública.

Em respeito ao meio ambiente, as Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


folhas deste livro foram produzidas com (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
fibras obtidas de árvores de florestas
Jovem protagonista : projetos integradores : ciências
plantadas, com origem certificada.
humanas e sociais aplicadas : ensino médio / obra
coletiva desenvolvida e produzida por SM Educação ;
editor responsável :
Flávio Manzatto de Souza. — 1. ed. — São Paulo :
Edições SM, 2020.

ISBN 978-85-418-2740-9 (aluno)


ISBN 978-85-418-2745-4 (professor)

1. Ciências humanas (Ensino médio) 2. Ciências sociais


(Ensino médio) I. Souza, Flávio Manzatto de. II. Título.

20-33001 CDD-373.19
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio 373.19

Iolanda Rodrigues Biode — Bibliotecária — CRB-8/10014

1a edição, 2020

SM Educação
Rua Tenente Lycurgo Lopes da Cruz, 55
Água Branca 05036-120 São Paulo SP Brasil
Tel. 11 2111-7400
atendimento@grupo-sm.com
www.grupo-sm.com/br

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Apresentação
O Ensino Médio, mais do que a etapa final do processo de ensino e
aprendizagem da Educação Básica, é uma oportunidade de aproxima-
ção com a realidade que nos cerca, que nos influencia e na qual atuamos,
contribuímos, revelamos, modificamos. Trata-se de tomar para si o
protagonismo em um mundo em constante transformação, principal-
mente pela velocidade com que as tecnologias de comunicação e
informação emergem e se reinventam, modificando as relações sociais.
Essa coleção foi elaborada com o intuito de contribuir para que você
entenda os diferentes aspectos da realidade e, assim, aja de modo
crítico, consciente, autônomo e cidadão.
Esperamos que os projetos que compõem a coleção possam
auxiliá-lo a ter mais autonomia diante dos desafios do século XXI, como
estar em contato com múltiplas formas de linguagem e utilizar ferra-
mentas tecnológicas, em uma sociedade que requer, cada vez mais,
soluções criativas para questões sociais, econômicas e ambientais.

Equipe editorial

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Conheça seu livro

Vitoriano Junior/Shutterstock.com/ID/BR
PROJETO 5
1
S T E A M

Abertura
Como realizar uma
de projeto ação de educação
patrimonial por
No início de cada meio de instalações
projeto, há uma e novas tecnologias?
primeira aproximação O
s patrimônios culturais se relacionam com o modo de vida das
pessoas e estão inseridos nos espaços que elas frequentam.
Muitos patrimônios recebem intervenções, que contribuem para sua
contextualização e sua valorização. Na imagem desta abertura, vemos

da situação-problema,
o Dique do Tororó, que é o único manancial natural da cidade de Salvador
e recebe uma instalação artística formada por estátuas de orixás criadas
pelo artista plástico Tatti Moreno. O dique foi tombado como patrimônio
histórico de Salvador pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

com algumas questões


Nacional (Iphan).
1. Que elementos você observa na imagem?

2. Em sua opinião, qual é a importância do Dique do Tororó para Sal-

para discussão e uma


vador? Por que esse local se tornou patrimônio cultural?

3. Você acha que as esculturas dos orixás despertam a curiosidade dos


visitantes do dique? Por quê?

imagem para análise.


4. Como é possível disseminar informações sobre esse patrimônio cultural?
Estátuas de orixás no Dique do Tororó,
em  Salvador (BA). Foto de 2017.

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1 PE RC U RS O 2 PE RC U RS O 3 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO
DO
PROJETO

8 9

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Relação do projeto com as competências e habilidades da BNCC


A PR ES E N TAÇ ÃO
Competências gerais da Educação Básica
Ação de educação 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade
patrimonial
Apresentação
justa, democrática e inclusiva.
Você aprenderá a identificar os patrimônios locais e criará estratégias para difundir os conhecimentos sobre
eles de maneira democrática e inclusiva, o que permite o desenvolvimento dessa competência.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular
Observar e analisar a diversidade de formas de apropriação dos locais e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

Na Apresentação, você
públicos pode contribuir para promover e valorizar os patrimônios cultu-
Você vai utilizar o pensamento científico, crítico e criativo ao projetar, prototipar e testar um totem interativo
rais locais. Tendo isso em vista, este Projeto Integrador desafia você a com disponibilidade de inserção de QR code, o que permite o desenvolvimento dessa competência.
produzir uma ação de educação patrimonial por meio de uma intervenção
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
nesses espaços. Ao desenvolver este projeto, você vai aprender a arti-
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
cular diferentes tipos de conhecimento e conhecerá, na prática, a impor-

conhece a situação-problema,
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
tância da educação patrimonial e de sua difusão por instrumentos cien- cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
tíficos e tecnológicos. Dessa forma, você vai mobilizar saberes científicos, Nas diversas atividades em grupo ou individual que você precisa argumentar seu ponto de vista sobre diversas
artísticos, tecnológicos, técnicos, históricos e culturais ligados às dife- situações; ao coletar e selecionar dados para divulgar os patrimônios da comunidade local você desenvolve essa
rentes áreas do conhecimento, bem como incluir os conhecimentos competência, uma vez que precisará saber argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.

o produto final que vai produzir,


tradicionais próprios da comunidade onde vive.
No decorrer deste projeto, você vai realizar uma pesquisa de campo Competência específica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
para conhecer os patrimônios culturais da sua comunidade. Em seguida, 1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional
conhecerá o potencial educativo das intervenções urbanas e das insta- e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e

a relação das competências e


lações artísticas, que você utilizará como referência para a concepção tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
de um totem informativo com disponibilidade para QR code. O produto rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
final será um audioguia sobre os patrimônios que você pesquisou. Ao estudar os patrimônios culturais e criar estratégias para valorizá-los e difundi-los por meio da utilização de
tecnologias, você desenvolverá as habilidades EM13CHS101, EM13CHS104 e EM13CHS106.
Objetivos
Coletar e selecionar informações sobre patrimônios culturais locais
com base em diferentes saberes e fontes.
Projetar, prototipar e testar um totem informativo.
Competência específica de Ciências da Natureza e suas tecnologias
3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas impli-
cações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor
das habilidades com o projeto,
soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclu-

seus objetivos e justificativas,


Criar uma experiência de educação patrimonial a partir de um audioguia. sões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC).
Divulgar patrimônios culturais locais por meio de diferentes tecnologias.
Ao produzir, planejar e prototipar o totem, você vai mobilizar conhecimentos científicos e aplicar tecnologias
Justificativa digitais de forma crítica, o que permite o desenvolvimento das habilidades EM13CNT301 e EM13CNT302.

A ação de educação patrimonial como produto resultante do Projeto


Integrador STEAM envolve uma reflexão sobre as potencialidades das
intervenções em espaços públicos. Para isso, utilizaremos o QR code e
Competência específica de Matemática e suas tecnologias
3. Utilizar estratégias, conceitos, definições e procedimentos matemáticos para interpretar, construir modelos
e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das
além dos materiais necessários
criaremos um audioguia como promotores de vivências educativas. Além soluções propostas, de modo a construir argumentação consistente.
disso, a elaboração de conteúdos provenientes dos conhecimentos e
dos repertórios locais, de levantamentos bibliográficos e da produção
coletiva de ideias e fazeres abre possibilidades para a produção e a dispo-
nibilização de informação de modo criativo, democrático e inclusivo.
Ao planejar e construir o totem, você vai aplicar procedimentos matemáticos para solucionar problemas. Essa
abordagem permite o desenvolvimento das habilidades EM13MAT307, EM13MAT308 e EM13MAT309.

Competência específica de Linguagens e suas tecnologias


para realizá-lo.
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas,
Materiais éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coleti-
Durante a realização do projeto, você precisará de: caderno de anota- vas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
ções; canetas; gravador de áudio; câmera fotográfica; materiais e ferra- Ao elaborar o audioguia e o QR code, você vai explorar os usos e as práticas de linguagem no universo digital.
mentas diversas de acordo com o projeto do totem; computador com Essa abordagem permite o desenvolvimento das habilidades EM13LGG701 e EM13LGG702.
acesso à internet e com programas de edição de planilha (roteiro)
As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
e edição de áudio; microfone. encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 27 jan. 2020.

10 11

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Propondo soluções criativas


PE RC U RS O 2
Leia os textos para saber mais sobre as atitudes de Greta Thunberg e do brasileiro José
Nelson de Oliveira, que os transformaram em exemplos de protagonistas juvenis. Greta
Quais são os conflitos chamou a atenção da comunidade internacional para a questão das mudanças climáticas e

existentes na escola e
José Nelson desenvolveu um aplicativo que auxilia no tratamento de Alzheimer. Em seguida,

Abertura Diversas atividades


responda às questões.

como lidar com eles?

ao longo dos
O ativismo juvenil de Greta Thunberg

de percurso
Greta Thunberg é uma adolescente da Suécia que deu início a um movimento internacional de estu-
Calvin & Hobbes, Bill Watterson © 1988 Watterson /
Dist. by Andrews McMeel Syndicatio

dantes que pede medidas concretas para combater as mudanças climáticas. […]
Tudo começou em uma sexta-feira, em agosto de 2018, quando a sueca, então com 15 anos, faltou à
aula para protestar contra as recentes ondas de calor e os incêndios que afetaram o país. Ela se sentou
em frente ao Parlamento da Suécia com um cartaz com os dizeres: “Em greve escolar pelo clima”.
O protesto solitário de Thunberg ganhou o noticiário e inspirou jovens de todo o mundo a criarem
mobilizações às sextas-feiras, para que políticos e autoridades mundiais cumprissem as metas de emissão percursos
Aqui você é
de gases causadores do efeito estufa. O movimento, que ficou conhecido como “Fridays for Future”, culmi-

permitem que
nou em uma greve escolar global no dia 15 de março [de 2019], com protestos em mais de cem países. […]
Cunha, Carolina. Quem é Greta Thunberg e como as mudanças climáticas podem cair no Enem 2019. UOL Educação,
21 out. 2019. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/10/21/greta-thunberg.htm. Acesso em: 31 jan. 2020.

Tira de Bill Watterson


publicada em 1988.
desafiado a elaborar Adolescente cria aplicativo para auxiliar tratamento de pacientes com Alzheimer
Um adolescente de 12 anos criou um aplicativo que estimula, por meio da música, a memória dos
pacientes diagnosticados com Alzheimer. A ferramenta foi reconhecida como tratamento terapêutico
pela Sociedade Brasileira de Alzheimer […].
você discuta com
as primeiras
O trabalho, que começou a ser produzido para uma feira de ciências da escola, foi idealizado depois

os colegas e
que José Nelson Oliveira, de 12 anos, visitou um asilo pela primeira vez. “Eu estava procurando um tema
Você já parou para pensar em quanto tempo você passa na para o meu trabalho. Pesquisei sobre Alzheimer e descobri que a música poderia ajudar no tratamento
escola? Considerando o Ensino Infantil, o Ensino Fundamental dessa doença”, conta o estudante. […]

reflexões sobre o
e o Ensino Médio, são mais de 12 anos. É um longo período convi- O aplicativo, chamado Memory-Game, armazena músicas que despertam a memória e emoção dos
Objetivos pacientes, e pode ser encontrado também na versão on-line para computadores. […]
vendo com pessoas diferentes e vivenciando diversas situações.

sistematize as
Refletir sobre o espaço “A tecnologia está à disposição de todo mundo e pode nos ajudar tanto no tratamento de doenças
escolar e analisar os É muito possível que, ao longo desse tempo, você tenha entrado
tipos de conflito quanto no dia a dia. Logo no primeiro teste, foi incrível a reação dos pacientes. Eles foram muito gentis”,
em conflito com alguém na escola ou que tenha assistido a
existentes nesse espaço. conta João Nelson sobre a experiência. […]

tema do percurso a
pessoas se desentendendo nesse ambiente. Como você agiu
Compreender a Góes, Clarissa. Adolescente cria aplicativo para auxiliar tratamento de pacientes com Alzheimer. G1 Pernambuco, 3 out. 2019.

principais
importância de lidar com nessas situações? Pois saiba que a maneira de cada um agir em Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/10/03/adolescente-cria-aplicativo-para-auxiliar-tratamento-
os conflitos escolares de-pacientes-com-alzheimer.ghtml. Acesso em: 31 jan. 2020.
relação aos inevitáveis conflitos é fundamental para que se esta-
para proporcionar
um bom ambiente de beleça na escola um convívio pacífico e melhor para toda a

partir da análise de
aprendizagem
e convívio.
comunidade.

informações sobre
Identificar os conflitos Calvin e Susan, as personagens da tira acima, ainda são crianças.
que ocorrem na escola e Mas a situação vivida por eles poderia ter ocorrido com alunos de 1. Como esses jovens assumiram o protagonismo nas situações retratadas?
como eles são vistos
pela comunidade qualquer idade. Leia a tira e responda às questões a seguir. 2. Quais impactos esses projetos geraram?

uma imagem e de
escolar.
1. Qual é o motivo do conflito entre as duas personagens da tira? 3. Como você acha que foi o processo da ação promovida pelos jovens?

2. Você já vivenciou esse tipo de conflito com algum colega ou


assistiu a um conflito desse tipo?
4. Quais motivos levaram os jovens a tomar a iniciativa nas duas situações exemplificadas?
Com quais desses projetos você mais se identifica? Por quê? os conteúdos.
3. Que proposta você faria às personagens da tira para que elas
resolvessem esse conflito? questões para 5. Conforme apresentado nos textos, o protagonismo juvenil pode assumir diferentes
formatos e iniciativas. Em grupo, discutam por que os jovens decidiram elaborar os
projetos nos formatos de greve e aplicativo. Quais outros formatos eles poderiam ter
trabalhados.
4. Suas relações com os colegas e os professores são pacíficas utilizado? Lembre-se de argumentar de forma respeitosa e colaborativa com os colegas.

88
ou conflituosas? Justifique.
Não escreva no livro. discussão. 42 Não escreva no livro.

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que impõe regras a cada um de seus membros.
esempenham diferentes papéis sociais, depen-
o em que estão inseridos. Esses fatores contri-
a maneira como as pessoas percebem o mundo
le, e também influenciam nas experiências sociais
m. Assim, podemos dizer que a nacionalidade, a
nero, a etnia, o grupo geracional a que pertence-
rofissional que exercemos, o que consumimos,
entos, colaboram para a definição de nossa iden-
tempo em que a identidade nos individualiza (e
em relação a um “outro”), ela assegura a continui-
da própria sociedade por meio da afirmação de
crenças e símbolos. No entanto, nesse processo,
A construção da identidade Por que tanta desinformação? Mídias sociais, economia e política

uanto a sociedade passam por mutações, ruptu-


Conforme você viu até aqui, diferentes autores trazem para o O cenário de poluição informacional em que vivemos atualmente tem muitas causas. Veja Para compreender o poder das novas mídias,

In Pictures via Getty Images


centro da discussão a ideia de que identidade não é algo preesta- os principais fatores elencados por estudiosos do assunto. é necessário refletir sobre questões políticas
belecido e imutável, mas algo construído pela cultura, no tempo e O livre acesso às ferramentas de criação. e econômicas que estão a elas relacionadas.
no espaço. Além disso, existem múltiplas identidades operando no Na internet, todos podem publicar conteúdos e ter audiência. Assim, as notícias produzidas Grandes corporações econômicas podem utili-

ções, reinvenções e sobreposições.


indivíduo, que se comporta e age de acordo com suas crenças com base em critérios éticos e fontes confiáveis, como as notícias profissionais, passam a zar as mídias sociais para ampliar o número de
pessoais, seus valores e padrões herdados, e também de acordo concorrer com páginas que fazem uso inadequado das ferramentas de criação. clientes e aumentar as vendas de seus produ-
com a sociedade, que impõe regras a cada um de seus membros. As mídias sociais como principal fonte de notícias de grande parte da população. tos. Contudo, muitos países chegaram a proibir
Os indivíduos desempenham diferentes papéis sociais, depen- o uso de mídias sociais, enquanto em outros
No Brasil, dois terços das pessoas que têm acesso à internet usam as mídias sociais como
dendo do contexto em que estão inseridos. Esses fatores contri- países grupos políticos as utilizam para inter-
fonte de notícias. Isso pode ser bastante problemático, pois diminui a abrangência do jornalismo

ão podemos dizer que os jovens têm uma identi-


buem para definir a maneira como as pessoas percebem o mundo ferir nos resultados de processos eleitorais.
profissional e favorece a circulação rápida de informações falsas ou imprecisas.
e interagem com ele, e também influenciam nas experiências sociais Um dos exemplos de aplicação das novas
que elas vivenciam. Assim, podemos dizer que a nacionalidade, a As “bolhas informacionais”. mídias em eleições aconteceu no Reino Unido,
classe social, o gênero, a etnia, o grupo geracional a que pertence- As mídias sociais funcionam por meio de algoritmos, que constroem um perfil de cada em 2016, quando um plebiscito foi realizado
mos, a atividade profissional que exercemos, o que consumimos, usuário com base em hábitos, interesses e pesquisas na internet. Tudo o que é feito na rede para que a população decidisse se o país deve-

m cada um existem diferenças e modos de ser e


entre outros elementos, colaboram para a definição de nossa iden- é registrado, deixando um rastro digital. Assim, as pessoas passam a receber informações ria ou não deixar a União Europeia (UE). O movi-
Manifestação do Brexit. Nos
tidade. Ao mesmo tempo em que a identidade nos individualiza (e alinhadas à sua visão de mundo e aos seus interesses, em geral produzidas por pessoas ou cartazes, lê-se, em tradução livre do mento conhecido como Brexit, que defendia a saída do Reino
isso será sempre em relação a um “outro”), ela assegura a continui- grupos que pensam de forma parecida. Isso as coloca em “bolhas informacionais”, que pola- inglês, “Brexit agora” (nos azuis) e Unido, contou com o apoio de uma multinacional de tecnologia de
dade do grupo e da própria sociedade por meio da afirmação de rizam a sociedade e impedem as pessoas de ter uma visão ampla e plural da realidade. “Deixe a Grã-Bretanha fora” (nos
informação e de comunicação. Essa empresa promoveu a captura
vermelhos). Londres, Reino Unido.

mundo que estão muito além de ser alguém entre


valores, costumes, crenças e símbolos. No entanto, nesse processo, O viés de confirmação. Foto de 2018. de dados de milhões de usuários das redes sociais com o objetivo
tanto o indivíduo quanto a sociedade passam por mutações, ruptu- As pessoas tendem a prestar mais atenção às informações que confirmam suas crenças de influenciar os votos a favor do Brexit. A captura e a manipulação
ras, crises, adaptações, reinvenções e sobreposições. ou seu ponto de vista. Essa tendência tem um efeito mais forte quando o assunto mexe com dessa grande quantidade de dados (Big Data) para fins eleitorais
Desse modo, não podemos dizer que os jovens têm uma identi- as emoções. Tal fenômeno, chamado de viés de confirmação, é perigoso porque, além de foram descobertas e a empresa encerrou suas atividades em 2018.
dade única, pois em cada um existem diferenças e modos de ser e promover a disseminação de notícias falsas, relaciona-se diretamente ao surgimento das Big Data: grande volume e

om comportamentos predeterminados. Sabe-se,


de se colocar no mundo que estão muito além de ser alguém entre bolhas informacionais. variedade de dados
certa faixa etária com comportamentos predeterminados. Sabe-se, capturados em grande
O baixo letramento informacional da população. velocidade; o termo se aplica,
no entanto, que os jovens passam boa parte de seu tempo com em sentido literal, à
No Brasil, o alto índice de analfabetismo funcional, ou seja, a incapacidade de se compreen-
pessoas da mesma faixa etária, e é por meio dessa vivência entre acumulação de dados, mas se Liberdade de expressão da mídia
der textos simples, combinado com o uso recorrente de redes sociais, deixa as pessoas vulne-

s jovens passam boa parte de seu tempo com


iguais que podemos dizer que acontecem processos interessantes popularizou após os anos
ráveis à desinformação, tanto como receptoras como quanto produtoras de informações. 2000 pelo uso dos dados de Estudos recentes, incluindo a publicação da Unesco Freedom
de trocas afetivas e simbólicas, aprendizagens, descobertas, que usuários das redes para fins of Connection, Freedom of Expression, mostram que um
constituem aquilo que chamamos de culturas juvenis. comerciais e políticos. número cada vez maior de países tem dado passos no sentido
de bloquear ou regular o acesso à internet ou a conteúdos por
Brexit: abreviação da

Saiba mais
meio de medidas como bloqueio, filtragem de conteúdo crítico
Luciana WhitakerWhitaker/Pulsar Imagens

expressão Britain exit, que, em

a faixa etária, e é por meio dessa vivência entre


Explore A desinformação em números português, significa “saída sobre autoridades e prisão de usuários que postaram informa-
De acordo com o The Reuters Institute Digital News Report 2018, dois terços (66%) britânica”. Refere-se ao ções consideradas indesejáveis. Os relatos também indicam
Paranoid Park. Direção: Gus movimento de apoio à saída do que a vigilância na internet tem crescido a um ritmo mais
dos brasileiros que estão on-line usam as mídias sociais para receber notícias e um Reino Unido da União Europeia.
Van Sant. França/Estados rápido que a filtragem de conteúdos, já que a vigilância permite
Unidos, 2007 (85 min). terço (33%) dos jovens entre 18 e 24 anos de idade usam as mídias sociais como
às autoridades monitorar atividades e contatos pela internet
principal fonte de notícias.

os dizer que acontecem processos interessantes


O filme trata da cultura juvenil em vez de forçar os usuários a sair dela.
com foco nas inquietações do Unesco. Tendências mundiais sobre liberdade de expressão e

Nani Humor/Acervo do chargista


protagonista Alex e em um desenvolvimento da mídia. Brasília: Unesco, 2016. p. 36. Disponível em:
acontecimento que envolve um Explore https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000244708.
grupo de esqueitistas do qual Acesso em: 3 fev. 2020.
ele faz parte. Mostra ainda as Privacidade hackeada.

e simbólicas, aprendizagens, descobertas, que


relações desses jovens uns com Direção: Karim Amer e
os outros, em espaços públicos Jehane Noujaim. Estados
e íntimos, como a casa e o
Unidos, 2019 (104 min).
quarto; seus ritmos, seus
modos de comunicação e a O documentário analisa o 1. O texto cita as expressões “vigilância na internet” e “filtragem
busca por afeto; a relação deles envolvimento de uma empresa

que chamamos de culturas juvenis.


com a vida e com a amizade e o de tecnologia de informação de conteúdos”. Em sua opinião, qual é a diferença entre elas?
posicionamento ético em e de comunicação no referendo Você já presenciou alguma situação de vigilância on-line? E de
relação ao grupo e em relação à do Brexit e nas eleições nos filtragem de conteúdos? Compartilhe suas opiniões e expe-
sociedade mais ampla. Tira de Nani, publicada em dezembro de 2016. Estados Unidos, em 2016.
riências com os colegas e o professor.
Jovens indígenas Guarany Mbya assistem a jogo de futebol na aldeia Mata
Verde Bonita. Maricá (RJ). Foto de 2019.

Não escreva no livro. 127 62 Não escreva no livro. 104 Não escreva no livro.

PROJ_CHSB_PNLD21_P6C1_120A129.indd 127 05/02/20 18:37 PROJ_CHSB_PNLD21_P3C2_060A065.indd 62 31/01/20 13:01 PROJ_CHSB_PNLD21_P5C1_098a105.indd 104 05/02/20 18:26
Luciana WhitakerWhitaker/Pulsar Imagens

O boxe Explore apresenta No boxe Saiba mais, você


Explore No Glossário, há a
indicações de livros, filmes, encontra informações explicação de palavras e
sites, entre outros, que complementares
Paranoid sobre
Park. Direção: Gus conceitos com os quais
dialogam com o tema Vanum assunto
Sant. do percurso
França/Estados você talvez não tenha
estudado. para2007
Unidos, se aprofundar.
(85 min). familiaridade.
O filme trata da cultura juvenil
com foco nas inquietações do
protagonista Alex e em um
PRO D U TO FI N A L

Cooperativa de
produção cultural
acontecimento que envolve um
Ao longo deste projeto, vocês desenvolveram algumas atividades importantes para formar uma cooperativa. No
Percurso 1, realizaram uma pesquisa e coletaram dados sobre as práticas culturais da comunidade e mapearam os
etapa 1

Plano de oferta de programação


cultural para a comunidade
Produto final
grupo de esqueitistas do qual
projetos dos jovens da comunidade e de artistas locais,
para que as atividades por eles desenvolvidas possam
fazer parte da programação cultural da cooperativa.
Para a elaboração do plano de oferta, considere os
locais em que existe ou pode existir protagonismo juvenil na criação de oferta cultural. No Percurso 2, os resultados questionamentos a seguir.

ele faz parte. Mostra ainda Na


as seção Produto final,
Nessa etapa, todos os cooperados devem se reunir
da pesquisa os levaram a compreender as expectativas da comunidade em relação a uma programação cultural. E a) Quais são as atividades de produção cultural juvenil
para criar uma programação cultural para a comunidade,
no Percurso 3, refletiram sobre a cooperativa e estabeleceram seus objetivos, a proposta de obtenção e gestão de que podem ser oferecidas à comunidade de acordo
de modo que esta possa ter contato com manifestações
recursos. Agora, vocês vão colocar a cooperativa para funcionar e produzir o primeiro evento cultural. com as demandas levantadas na pesquisa de opinião?
artísticas e culturais, adquirir conhecimentos e se diver-
No Brasil, é possível encontrar várias iniciativas semelhantes à cooperativa que vocês vão organizar. A reporta-

relações desses jovens unssãocom


tir, com diversidade de propostas de expressões artís- b) Que locais da comunidade podem ser utilizados para

apresentadas as
gem a seguir trata, por exemplo, da mobilização de vários grupos de jovens para manter coletivos culturais em
ticas e culturais. promover eventos culturais e que tipos de eventos
Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Os coletivos não são necessariamente cooperativas, mas também têm como
Lembrem-se de utilizar as informações obtidas du- podem ser realizados nesses locais?
fundamento a economia solidária, a produção colaborativa e o envolvimento com a comunidade.
rante as pesquisas realizadas nos Percursos 1 e 2, como

os outros, em espaços públicos


c) Que artistas e projetos culturais já existentes na mi-
as atividades culturais existentes na comunidade, o
nha comunidade podem ser convidados para futuras

etapas necessárias
portfólio de artistas que os grupos descobriram e a pes-
Coletivos movimentam a cena cultural da cidade parcerias?
quisa de opinião que identificou as preferências e de-
[…] nos últimos anos, os coletivos culturais se torna- nidade. Não é fácil, mas escolhemos dar continuidade a mandas da comunidade. d) Que época é mais propícia para a realização de cada

e íntimos, como a casa e o


ram os principais responsáveis por devolver vida à cena essas atividades porque sabemos da necessidade de a Há diversos tipos de eventos culturais que vocês po- um dos eventos culturais propostos?
cultural de Passo Fundo. cidade ter um espaço que contemple o trabalho autoral dem ofertar para a comunidade, como shows de bandas e) Qual será a duração de cada um desses eventos?

quarto; seus ritmos, seus para a implementação


Inconformados com a lacuna deixada pela falta de e que abrigue uma diversidade de artistas”, explica o locais, espetáculos de teatro, exposições diversas (de
políticas públicas de incentivo à cultura, esses grupos, músico e fotógrafo Guilherme Benck, membro dos cole- artes plásticas, de moda, fotográficas, etc.), performances f) Qual será o público desse tipo de evento cultural?
formados especialmente por jovens, têm tomado a tivos Toca do Ratão, Grupo da Foto e Vaca Profana. de artistas locais, mostras de filmes e vídeos, apresenta- g) Há diversidade de eventos culturais?
frente e feito acontecer, ocupando uma função que, O que garante que os projetos continuem aconte- ções de dança, de capoeira, de skate, concursos de ta-
h) Quais recursos serão necessários para realizar cada

modos de comunicação e ado projeto, colocando


como muitos discutem, deveria ser do Estado. Assim, cendo, neste cenário pouco animador, é justamente o lentos, palestras, oficinas, cursos (de grafite, de skate, de
um desses eventos culturais?
hoje, pelo menos sete coletivos culturais independentes espírito de coletividade dessas mentes inquietas. A rede aprendizagem de instrumentos musicais, de dança, etc.).
atuam no município: a Casa de Cultura Vaca Profana, o de contatos que se estabelece entre um evento e outro Na elaboração do plano de oferta, é importante o gru- Esta primeira programação cultural da cooperativa
Rito Espaço Coletivo, a Toca do Ratão, o Andorinhas – os voluntários contam que, para dar força, tentam estar po apoiar, promover, incentivar e também contemplar deve ter ao menos cinco propostas de eventos culturais.
Coletivo em Movimento, o Grupo da Foto, a Confraria presentes no máximo de atividades culturais possível,

em prática o que foi


busca por afeto; a relação deles
das Artes e o Cinematógrafo Cineclube. Alguns com independente de quem seja o coletivo idealizador em
Guilherme Artigas/Fotoarena

sede própria, outros ocupando espaços públicos até questão – é o que, também, serve de suporte. A Vaca
então esquecidos, são eles quem organizam a maior Profana e o Rito Espaço Coletivo, por exemplo, por
parte das atividades culturais que acontecem de forma possuírem um espaço próprio, abrem as portas não

com a vida e com a amizade eo


desenvolvido ao longo
recorrente dentro da cidade. De peças de teatro e expo- somente para as atividades que eles mesmo produzem,
sições fotográficas a tardes de shows e noites de cine- mas para ações dos outros coletivos também. “A música,
debate, os voluntários fazem o possível para não deixar a arte, elas têm um trabalho muito importante na socie-
que os projetos caiam no hiato, mesmo que para isso dade e deveriam ser incentivadas. Se houvesse investi-
eles precisem, por vezes, tirar dinheiro do próprio bolso.
Acima das dificuldades, o que fala mais alto é a
vontade de oferecer à comunidade o acesso a manifes-
mento público, poderíamos fazer muito mais, mas
enquanto não tem vamos fazendo por conta própria.
Cada um ajuda com um pouco. É essa união que faz com
posicionamento ético em dos percursos.
relação ao grupo e em relação à
tações artísticas e ceder aos artistas da região um espaço que aconteça. Somos pouco perto do Estado, mas se não
onde possam produzir e expor seus trabalhos. “Não fizermos vai ficar pior ainda”, expõe o músico Leonardo
temos apoio, nem mesmo na divulgação. Quando preci- Sacramento Barbosa, idealizador do projeto Ensaio
samos de algum material para uma apresentação, quem Aberto da Toca do Ratão, voltado à cena musical autoral

sociedade mais ampla.


nos empresta são os próprios artistas ou então a comu- e que hoje acontece dentro do Rito Espaço Coletivo.
dalmuth, Cláudia. Coletivos movimentam a cena cultural da cidade. O Nacional, Passo Fundo, 22 jun. 2009. Disponível em: http://www.
onacional.com.br/cultura/91599/coletivos+movimentam+a+cena+cultural+da+cidade. Acesso em: 20 jan. 2019.
Grupo de teatro apresenta espetáculo em praça de Curitiba (PR). Foto de 2017.

Guarany Mbya assistem a jogo de futebol na aldeia Mata


138 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 139

cá (RJ). Foto de 2019. PROJ_CHSB_PNLD21_P6C3_134A143.indd 138 2/4/20 9:32 AM PROJ_CHSB_PNLD21_P6C3_134A143.indd 139 2/4/20 9:32 AM

127
AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Avaliação O produto final deste Projeto Integrador foi o desenvolvimento de uma mídia social para a divulgação de um
canal de entrevistas. Essa atividade envolveu toda a turma e também a comunidade. A proposta de produção de
Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou totalmente
de acordo”.
um tipo de mídia tem por objetivo auxiliá-lo na compreensão de como essas novas mídias afetam seu cotidiano,

Na seção Avaliação, você promovendo uma análise crítica e ética sobre a era das novas mídias em que vivemos.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e sua participação no projeto. Primeiro, vocês
vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão verificar, por meio de pesquisa de opinião,
como a comunidade local recebeu o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às questões propostas na ta-
1. O projeto foi amplamente divulgado para a comunidade.
1 2 3 4 5

encontra questões norteadoras


2. As mídias sociais auxiliam na divulgação de informações da comunidade local.

27 05/02/20 18:37
bela para refletir sobre seu desenvolvimento durante o projeto.
3. As informações disponibilizadas nas mídias sociais são relevantes.

4. Acesso o perfil do projeto com frequência.


Roda de conversa

para refletir sobre a realização do


5. De modo geral, o projeto contribui para a comunidade.
Você e os colegas devem se organizar em roda para 5 Houve dificuldade na definição das questões e no
avaliar o produto desenvolvido, sua pertinência para a registro da entrevista?
comunidade e para o público-alvo, o desempenho do
6 Como foi a difusão da entrevista e sua apresentação
Autoavaliação

projeto e sua recepção pela


grupo e o trabalho em equipe.
à comunidade?
Façam uma reflexão e exponham suas ideias de
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
modo claro, objetivo e ético, sempre com respeito a si 7 O que poderia ser modificado para melhorar o produ- projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
mesmo e ao outro, sem preconceitos e promovendo to final do projeto? Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
os direitos humanos.
houve descobertas interessantes durante a realização do projeto, etc. Utilize a tabela para fazer a autoavaliação, que

comunidade e se autoavaliar.
A discussão pode ser orientada com base nas ques- 8 O que vocês já sabiam e o que aprenderam durante
pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.
tões a seguir. o processo?

1 Qual foi o impacto do projeto na comunidade? 9 Em que momento se sentiram mais desafiados?

10 Qual foi o momento mais difícil? E o mais prazeroso?


2 Qual foi o impacto social do produto?
1. Compreendi o debate proposto?
11 Que efeitos esperam que o debate gere na comunidade?
3 Quais foram as principais dificuldades enfrentadas?
2. Participei com empenho das atividades previstas?
12 Como vocês avaliam que esses conhecimentos po-
4 Como foi o processo de escolha do tema? dem alterar sua atuação nas redes sociais? 3. Atuei de forma ativa nas respostas das questões apresentadas ao longo do
Projeto Integrador?

4. Analisei criticamente a questão da censura midiática?

5. Identifiquei e comparei os diversos níveis de liberdade na internet em


Avaliação da comunidade local diferentes países?
Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo sistemático 6. Desenvolvi competências para analisar criticamente as novas mídias?
como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, principalmente, se os objetivos
foram atendidos. 7. Consigo me posicionar ativamente em relação às informações que recebo de
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações. Na próxima diferentes fontes diariamente?
página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações desejadas. A turma deve 8. Compreendi a influência e a importância do Marco Civil da Internet?
escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o produto final e pedir que respondam à pes-
quisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas ou ser disponibilizado em sites de formulários on-line. 9. Fiquei satisfeito com o resultado final do projeto?
Por fim, reúnam-se para analisar os resultados da pesquisa.
10. Como considero meu desempenho ao longo deste Projeto Integrador?

118 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 119

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Sumário

PROJETO 1 STEAM Percurso 2 – Como elaborar uma


Como realizar uma ação de educação ação para enfrentar os desafios
patrimonial por meio de instalações da comunidade? .......................................................................................................... 41
e novas tecnologias? .............................................................................................. 8 Propondo soluções criativas ......................................................42
Apresentação .................................................................................................................. 10 Propondo uma ação cultural ...................................................... 43
Percurso 1 – Como reconhecer um Planejando a ação cultural .............................................................. 44
patrimônio cultural? Como é possível Implementando um plano
valorizá-lo? ..............................................................................................................................12 de divulgação ............................................................................................................. 45
O que é patrimônio cultural e qual Produto final – Ação cultural na
é a sua importância? ......................................................................................13 comunidade .............................................................................................................................................46
Educação patrimonial e valorização de
Avaliação .................................................................................................................................. 50
patrimônios culturais locais ...........................................................14
Reconhecendo patrimônios locais .................................15
PROJETO 3 MIDIAEDUCAÇÃO
Percurso 2 – Como uma intervenção
pode contribuir para a valorização
Informação: Como você recebe, como
de um patrimônio cultural local?. ............................................17 você compartilha, como você produz?.................. 52
Intervenções urbanas .................................................................................18 Apresentação .................................................................................................................54
Instalações artísticas e seus materiais...................19 Percurso 1 – Como a mídia tradicional
Totem informativo ............................................................................................ 20 nos informa?.......................................................................................................................56
Percurso 3 – Como desenvolver uma Mídia tradicional.....................................................................................................57
experiência de educação patrimonial Mídia independente ...................................................................................... 58
por meio de audioguias? .......................................................................... 22 Para uma leitura crítica da mídia ........................................ 59
Audioguia: liberdade, autonomia Percurso 2 – Estamos vivendo na era da
e emancipação dos visitantes ..................................................23 desinformação? ......................................................................................................... 60
Audioguia .............................................................................................................................24 Informação e desinformação......................................................61
Produto final – Ação de educação Fake news e política ...................................................................................... 63
patrimonial............................................................................................................................. 26
Que informação é confiável?..................................................... 64
Avaliação ...................................................................................................................................30
Combatendo as fake news ............................................................ 65
Percurso 3 – Como você se comporta
PROJETO 2 PROTAGONISMO JUVENIL
como autor? ........................................................................................................................66
Como desenvolver e implementar
Ética no mundo virtual ............................................................................. 67
uma ação cultural para enfrentar
um desafio da comunidade? ........................................................... 32 Cyberbullying .............................................................................................................. 68
Viralizou! ................................................................................................................................ 69
Apresentação .................................................................................................................34
Influenciadores digitais e conteúdo
Percurso 1 – Como identificar os desafios
patrocinado .................................................................................................................... 70
da minha comunidade? ...............................................................................36
Produzindo um vídeo ................................................................................... 71
Protagonismo juvenil ..................................................................................37
Identificando os desafios Produto final – Portal de notícias .........................................72
da comunidade ....................................................................................................... 39 Avaliação ................................................................................................................................... 74

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PROJETO 4 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Percurso 3 – A quem servem as
Como lidar com os conflitos novas mídias? .................................................................................................................111
escolares e transformá-los em Quem participa da sociedade
oportunidades de aprendizagem? ................................... 76 da informação? ..................................................................................................... 112
Apresentação ................................................................................................................. 78 Sua comunidade aparece nas mídias
tradicionais? ................................................................................................................ 113
Percurso 1 – Quais são os desafios de
viver em sociedade? ........................................................................................ 80 A experiência de buscar soluções................................ 114
Divulgando o jornalismo de soluções .................... 115
Viver em sociedade.........................................................................................81
Produto final – Prática de jornalismo
Convívio democrático .............................................................................. 82
de soluções em mídia social ......................................................... 116
Estabelecendo diálogos ...................................................................... 83
Avaliação ................................................................................................................................ 118
Mediação de conflitos.............................................................................. 84
Técnicas Narrativas ....................................................................................... 85 PROJETO 6 PROTAGONISMO JUVENIL

Quem faz a mediação? ........................................................................... 86 Como criar uma entidade de


Percurso 2 – Quais são os conflitos existentes produção cultural com base
na escola e como lidar com eles? .........................................88 em princípios éticos e solidários? .................................120
O espaço escolar................................................................................................. 89 Apresentação ............................................................................................................. 122
Escola e conflito....................................................................................................90 Percurso 1 – Como vivencio a minha
Como lidar com os conflitos na escola?...............91 condição de jovem? ........................................................................................ 124
Pesquisa: conflitos na escola .....................................................92 Identidade e cultura ...................................................................................125
Produto final – Congresso: Como melhorar O que é identidade? ...................................................................................126
o convívio escolar?...............................................................................................94 A construção da identidade...................................................... 127
Avaliação ...................................................................................................................................96 O que é cultura? .................................................................................................128
Diagnóstico da cultura juvenil
PROJETO 5 MIDIAEDUCAÇÃO
na comunidade.....................................................................................................129
Percurso 2 – Como a indústria
Quais desafios as novas mídias impõem
cultural influencia os gostos
à nossa vida cotidiana?................................................................................ 98
e as produções culturais? ................................................................ 130
Apresentação ............................................................................................................ 100
Indústria cultural ................................................................................................ 131
Percurso 1 – As novas mídias são livres e Indústria cultural e o movimento hip-hop ....... 132
independentes de qualquer controle? ..................102
Pesquisa de opinião .................................................................................. 133
Liberdade e independência nas
Percurso 3 – O que é e como criar
novas mídias ............................................................................................................. 103
uma cooperativa? ...............................................................................................134
Mídias sociais, economia e política........................... 104
Cooperativas ........................................................................................................... 135
Censura nas mídias sociais........................................................ 105
Economia solidária ...................................................................................... 136
Percurso 2 – O mundo on-line requer Criando uma cooperativa...............................................................137
novas leis e regulamentações? ........................................... 106
Produto final – Cooperativa de produção
O Brasil e a regulação do uso da internet ........... 107 cultural ........................................................................................................................................138
A sociedade faz a internet ou somos Avaliação ............................................................................................................................... 142
um produto da rede?...............................................................................108
Contra o ódio .............................................................................................................110 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 144

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PROJETO 5
1
S T E A M

Como realizar uma


ação de educação
patrimonial por
meio de instalações
e novas tecnologias?
O
s patrimônios culturais se relacionam com o modo de vida das
pessoas e estão inseridos nos espaços que elas frequentam.
Muitos patrimônios recebem intervenções, que contribuem para sua
contextualização e sua valorização. Na imagem desta abertura, vemos
o Dique do Tororó, que é o único manancial natural da cidade de Salvador
e recebe uma instalação artística formada por estátuas de orixás criadas
pelo artista plástico Tatti Moreno. O dique foi tombado como patrimônio
histórico de Salvador pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan).
1. Que elementos você observa na imagem?

2. Em sua opinião, qual é a importância do Dique do Tororó para Sal-


vador? Por que esse local se tornou patrimônio cultural?

3. Você acha que as esculturas dos orixás despertam a curiosidade dos


visitantes do dique? Por quê?

4. Como é possível disseminar informações sobre esse patrimônio cultural?

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1 PE RC U RS O 2
DO
PROJETO

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Vitoriano Junior/Shutterstock.com/ID/BR

Estátuas de orixás no Dique do Tororó,


em  Salvador (BA). Foto de 2017.

PE RC U RS O 3 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Ação de educação
patrimonial

Observar e analisar a diversidade de formas de apropriação dos locais


públicos pode contribuir para promover e valorizar os patrimônios cultu-
rais locais. Tendo isso em vista, este Projeto Integrador desafia você a
produzir uma ação de educação patrimonial por meio de uma intervenção
nesses espaços. Ao desenvolver este projeto, você vai aprender a arti-
cular diferentes tipos de conhecimento e conhecerá, na prática, a impor-
tância da educação patrimonial e de sua difusão por instrumentos cien-
tíficos e tecnológicos. Dessa forma, você vai mobilizar saberes científicos,
artísticos, tecnológicos, técnicos, históricos e culturais ligados às dife-
rentes áreas do conhecimento, bem como incluir os conhecimentos
tradicionais próprios da comunidade onde vive.
No decorrer deste projeto, você vai realizar uma pesquisa de campo
para conhecer os patrimônios culturais da sua comunidade. Em seguida,
conhecerá o potencial educativo das intervenções urbanas e das insta-
lações artísticas, que você utilizará como referência para a concepção
de um totem informativo com disponibilidade para QR code. O produto
final será um audioguia sobre os patrimônios que você pesquisou.

Objetivos
Coletar e selecionar informações sobre patrimônios culturais locais
com base em diferentes saberes e fontes.
Projetar, prototipar e testar um totem informativo.
Criar uma experiência de educação patrimonial a partir de um audioguia.
Divulgar patrimônios culturais locais por meio de diferentes tecnologias.

Justificativa
A ação de educação patrimonial como produto resultante do Projeto
Integrador STEAM envolve uma reflexão sobre as potencialidades das
intervenções em espaços públicos. Para isso, utilizaremos o QR code e
criaremos um audioguia como promotores de vivências educativas. Além
disso, a elaboração de conteúdos provenientes dos conhecimentos e
dos repertórios locais, de levantamentos bibliográficos e da produção
coletiva de ideias e fazeres abre possibilidades para a produção e a dispo-
nibilização de informação de modo criativo, democrático e inclusivo.

Materiais
Durante a realização do projeto, você precisará de: caderno de anota-
ções; canetas; gravador de áudio; câmera fotográfica; materiais e ferra-
mentas diversas de acordo com o projeto do totem; computador com
acesso à internet e com programas de edição de planilha (roteiro)
e edição de áudio; microfone.
10

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Relação do projeto com as competências e habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.
Você aprenderá a identificar os patrimônios locais e criará estratégias para difundir os conhecimentos sobre
eles de maneira democrática e inclusiva, o que permite o desenvolvimento dessa competência.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular
e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Você vai utilizar o pensamento científico, crítico e criativo ao projetar, prototipar e testar um totem interativo
com disponibilidade de inserção de QR code, o que permite o desenvolvimento dessa competência.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Nas diversas atividades em grupo ou individual que você precisa argumentar seu ponto de vista sobre diversas
situações; ao coletar e selecionar dados para divulgar os patrimônios da comunidade local você desenvolve essa
competência, uma vez que precisará saber argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.

Competência específica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional
e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e
tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Ao estudar os patrimônios culturais e criar estratégias para valorizá-los e difundi-los por meio da utilização de
tecnologias, você desenvolverá as habilidades EM13CHS101, EM13CHS104 e EM13CHS106.

Competência específica de Ciências da Natureza e suas tecnologias


3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas impli-
cações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor
soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclu-
sões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC).
Ao produzir, planejar e prototipar o totem, você vai mobilizar conhecimentos científicos e aplicar tecnologias
digitais de forma crítica, o que permite o desenvolvimento das habilidades EM13CNT301 e EM13CNT302.

Competência específica de Matemática e suas tecnologias


3. Utilizar estratégias, conceitos, definições e procedimentos matemáticos para interpretar, construir modelos
e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das
soluções propostas, de modo a construir argumentação consistente.

Ao planejar e construir o totem, você vai aplicar procedimentos matemáticos para solucionar problemas. Essa
abordagem permite o desenvolvimento das habilidades EM13MAT307, EM13MAT308 e EM13MAT309.

Competência específica de Linguagens e suas tecnologias


7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas,
éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coleti-
vas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.

Ao elaborar o audioguia e o QR code, você vai explorar os usos e as práticas de linguagem no universo digital.
Essa abordagem permite o desenvolvimento das habilidades EM13LGG701 e EM13LGG702.

As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 27 jan. 2020.

11

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PE RC U RS O 1

Como reconhecer um
patrimônio cultural? Como
é possível valorizá-lo?
Ademar Filho/
Futura Press

Objetivos
Compreender o que é
Carnaval em Olinda (PE). Foto de 2019.
patrimônio cultural.
Reconhecer a
importância da A cidade de Olinda, em Pernambuco, é famosa pelos blocos e
valorização dos apresentações que acontecem no Carnaval. Nessa época, milhares
patrimônios culturais,
de foliões se apertam nas ruas de seu centro histórico, formado por
bem como o potencial
de projetos de educação edifícios construídos, principalmente, entre os séculos XVI e XIX.
patrimonial. Além do frevo, a festa é marcada pela presença de bonecos gigan-
Identificar patrimônios tes. Por conta dessas características, Olinda foi declarada Patrimô-
locais e coletar
informações sobre eles. nio Histórico e Cultural da Humanidade, em 1982, pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Sobre essas manifestações culturais, responda às questões a seguir.
1. Que elementos materiais e imateriais você identifica na imagem?

2. Como esses elementos se associam com valores históricos


e culturais?

3. Em sua opinião, de que forma essas manifestações culturais


fazem parte da identidade das comunidades em que estão
inseridas?

4. Quais materiais e matérias-primas você consegue identificar


nos bonecos, nas fantasias e nas construções que aparecem
na foto? Como você acha que eles foram feitos?

12 Não escreva no livro.

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O que é patrimônio cultural e
qual é a sua importância?
Os patrimônios culturais correspondem aos bens materiais e imateriais que têm valor
histórico, artístico, cultural ou ambiental para as comunidades em que estão inseridos.
As pessoas que vivem nessas comunidades atribuem a esses bens sentidos e valores. Por
isso, eles são tão importantes para a preservação de sua identidade e de sua memória. Um
patrimônio cultural faz parte da trajetória histórico-cultural e da territorialidade de um povo.
Dessa forma, deve ser analisado de acordo com o contexto social, histórico e territorial em
que está inserido, ao longo do tempo.
Dada sua relevância, alguns patrimônios culturais são reconhecidos, protegidos e preservados
por lei. Denomina-se tombamento o ato de reconhecimento do valor histórico, artístico ou cultu-
ral de um bem, tornando-o patrimônio oficial público. No Brasil, esse reconhecimento é feito pelo
Iphan e leva em conta a função social e o respeito à memória do local. O Iphan é uma autarquia
federal vinculada ao Ministério da Cidadania e é responsável pela preservação do Patrimônio
Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do país.
Além dos bens culturais reconhecidos pelo Estado brasileiro, existem os patrimônios
culturais locais, que estão inseridos em uma comunidade específica e muitas vezes não são
conhecidos fora dela. Um patrimônio cultural local pode ser uma igreja, uma casa de um antigo
morador, uma ponte, uma estátua ou uma paisagem natural, mas também pode ser uma
receita culinária ou uma festa. O que faz com que um bem material ou imaterial tenha valor
para uma comunidade é o sentimento de pertencimento que ele desperta.
Leia o texto abaixo e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio


estabelecido pelo Decreto-lei no 25, de 30 de novembro de 1937 […].
Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo
os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos
de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleon-
tológico, ecológico e científico.
Patrimônio cultural. Iphan. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/
pagina/detalhes/218. Acesso em: 27 jan. 2020.

1. Como vocês percebem o lugar onde vivem? Consideram que existem patrimônios
culturais?

2. Vocês conhecem os locais públicos do lugar onde vivem e as funções que eles desem-
penham para sua comunidade? Vocês se identificam com eles?

3. Imaginem maneiras de divulgar os patrimônios culturais do lugar onde vivem. Em grupos,


realizem um debate sobre esse tema, apresentem seus argumentos e, juntos, escolham
uma ideia viável para ser executada.

Não escreva no livro. 13

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Educação patrimonial e valorização
de patrimônios culturais locais
A valorização dos patrimônios culturais locais é fundamental para
que as pessoas conheçam melhor o contexto social e histórico em que
vivem. A educação patrimonial pode contribuir para esse objetivo,
pois promove a compreensão social, histórica e territorial dos patri-
mônios, levando em conta a visão das comunidades locais.
A educação patrimonial é um processo contínuo que busca incenti-
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

var os moradores de uma comunidade a conhecer, compreender e disse-


minar informações acerca do patrimônio histórico, cultural, artístico e
ambiental local. A educação patrimonial pode ser realizada em ambien-
tes escolares, mas também em ambientes fora da escola, pela vivência
cotidiana. Trata-se de um processo ativo de conhecimento, apropriação
e valorização de heranças culturais, que possibilita que estas sejam
usufruídas e preservadas. Assim, a apropriação comunitária consciente
dos patrimônios culturais locais é um fator indispensável para o processo
de preservação sustentável desses bens, assim como para o fortaleci-
mento dos sentimentos de identidade e cidadania.
Um exemplo de educação patrimonial foi o projeto realizado em
Antônio Prado, um município do Rio Grande do Sul fundado em
1886, quando os primeiros imigrantes italianos começaram a se
estabelecer na região. Esse projeto teve como base a reorganização
do museu da cidade e contou com o envolvimento da comunidade,
que mobilizou e promoveu ações educativas em algumas escolas
da região. Como resultado, os alunos elaboraram uma coletânea de
receitas típicas da tradição italiana local, resgataram brincadeiras
comuns entre os mais velhos e produziram uma revista em quadri-
Museu Municipal de Antônio nhos sobre os patrimônios locais.
Prado (RS). A construção, de 1910,
tem arquitetura típica italiana.
Para ampliar seu conhecimento sobre o assunto, converse com
Foto de 2019. os colegas a respeito das atividades a seguir.

Explore
1. Vocês acham que as ações de educação patrimonial contri-
O último cine drive in. buíram para os sentimentos de identidade e cidadania em
Direção: Iberê Carvalho. Antônio Prado? Por quê?
Brasil, 2014 (100 min).
O filme trata do retorno do
2. Observem a imagem ao lado. Agora,
jovem Marlombrando à sua imaginem que vocês estão em busca
cidade natal, Brasília, e de seu de um projeto de educação patrimo-
reencontro com o pai, que
nial sobre as bonecas Karajá. Elas são
Mario Friedlander/Pulsar Imagens

mantém um velho cine drive in. É


nesse lugar, que já não tem mais uma referência cultural significativa
glamour nem atrai espectadores, para os indígenas Karajá e, por isso,
que Marlon passou sua infância. seu modo de fazer foi reconhecido
O filme mostra a luta das
pessoas que consideram como patrimônio imaterial pelo Iphan.
importante manter esse tipo de Essas bonecas expressam mitos e
cinema, desprestigiado com o histórias narradas pelos Karajá e sua Bonecas Karajá.
predomínio dos cinemas de
shopping centers. Ao mesmo
confecção envolve técnicas tradicio- Foto de 2010.
tempo, propõe uma reflexão nais transmitidas de geração a geração. Com base nisso, reflitam
sobre o papel da juventude em e discutam coletivamente quais informações seriam relevantes
relação à valorização das
para as pessoas que entrarem em contato com esse projeto de
tradições.
educação patrimonial.

14 Não escreva no livro.

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Reconhecendo patrimônios locais
Agora, você vai realizar um mapeamento para

Ricardo Teles/Pulsar Imagens


identificar patrimônios culturais na comunidade
onde vive. Essas informações serão utilizadas
posteriormente para a produção do audioguia
sobre patrimônios.
Talvez você já conheça alguns locais que tenham
valor histórico, cultural, artístico ou ambiental para
sua comunidade. Converse com seus familiares,
amigos, vizinhos e professores sobre os lugares
que eles conhecem. Você também pode buscar
informação no site da prefeitura de seu município
ou da subprefeitura do distrito onde vive.
Além disso, consulte fontes secundárias como
livros, jornais, teses acadêmicas e sites confiáveis
que possam fornecer informações históricas,
biográficas (por exemplo, sobre alguma pessoa
que foi homenageada com a denominação de um O conjunto arquitetônico e paisagístico que envolve o Mercado
local ou que o construiu), geográficas, arquitetô- Ver-o-Peso é parte importante do patrimônio cultural material
nicas, literárias, entre outras. Ao final da pesquisa, de Belém (PA). Entre 1890 e 1920, a cidade viveu uma
efervescência econômica e cultural, que impulsionou a
você vai elaborar uma lista de patrimônios que construção de edifícios no estilo art nouveau, de influência
serão visitados na saída a campo. europeia. Foto de 2017.

Saída a campo
Depois de coletar os primeiros dados sobre os patrimônios locais, você deverá ir observá-los
in loco e buscar dados complementares, a partir da observação e da realização de entrevistas.
Ao visitar um local, procure observar aspectos do patrimônio que podem ser investigados,
como seu valor arquitetônico, urbanístico, social, econômico, cultural, histórico e ambiental.
Pode-se analisar, por exemplo, os aspectos construtivos e materiais, a área de entorno, o
interior (se houver), as pessoas que transitam no local, a existência ou não de sinalização e as
transformações pelas quais esse patrimônio passou ao longo do tempo. Essas observações
podem revelar as dinâmicas espaciais que ocorrem no local. Busque identificar e compreender
os significados desse patrimônio para a comunidade e os afetos que ele desperta nas pessoas.
Se possível, realize registros fotográficos dos locais visitados para utilizar como referência
para fazer as descrições que farão parte dos audioguias.
Siga as instruções do professor para que a saída a campo seja planejada de forma segura.

Organizando uma entrevista


Você também deverá buscar pessoas para entrevistar, com quem poderá obter e aprofundar
informações. Elas podem ser membros da comunidade, representantes de órgãos oficiais, pesqui-
sadores, etc. As informações obtidas nas entrevistas também vão compor os textos que serão
usados no audioguia, que poderão ser reformulados e ditos por um locutor ou apresentar as falas
das pessoas como depoimentos. Nesse caso, será necessário que a qualidade do som esteja boa.
Talvez seja preciso convidar o entrevistado a refazer o depoimento em condições adequadas.
Para organizar a entrevista, marque com antecedência um dia em que a pessoa tenha tempo
e disponibilidade para conversar. Organize antecipadamente as perguntas que serão feitas.
Dê preferência a perguntas abertas que permitam ao entrevistado falar bastante com base
em sua experiência e seus conhecimentos. Pergunte se você pode gravar a entrevista e provi-
dencie um documento de autorização de uso das informações compartilhadas. Anote no
caderno palavras, nomes e termos mencionados que chamem a sua atenção e também o
nome, a idade e a ocupação do entrevistado para identificá-lo posteriormente.

Não escreva no livro. 15

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Caderno de campo
Para facilitar o registro dos dados coletados na saída a campo, responda às questões da
tabela abaixo no caderno com as seguintes informações:

Questões Informações norteadoras


Que cor tem? Que cheiro tem? Que barulho faz? De que material é feito?
O material é natural ou manufaturado? Foi modificado, adaptado ou
consertado? Onde foi feito? Como foi feito? Quem o fez? Para que foi feito?
1. O que caracteriza esse
Como foi ou é usado? Seu uso inicial foi alterado? De que maneira sua forma
patrimônio?
indica a função? Ele é adequado para o uso pretendido? O que a forma e a
decoração indicam? Sua aparência lhe agrada? No caso de patrimônios
imateriais, como eles se perpetuam?

Quem transita no local? Essas pessoas interagem com o patrimônio?


2. Qual tipo de público tem
Qual é seu valor para as pessoas que o construíram? E para as pessoas
interesse por esse
que o usam (ou usaram)? E para as pessoas que o guardaram? Qual é o
patrimônio?
valor desse patrimônio para você?

Podem ser pessoas envolvidas na construção e/ou preservação do


3. Onde e com quem posso
patrimônio, pesquisadores, professores e funcionários da prefeitura ou
obter informações a
de centros culturais. Realize uma entrevista com essas pessoas no local
respeito desse patrimônio?
ou agende uma conversa.

Onde ele está situado (no centro, na periferia, etc.)? Como ele se insere na
4. Onde está localizado
paisagem? Há diálogo com os elementos do entorno? Houve mudanças de
geograficamente?
nomes de ruas e bairros? Como as pessoas se locomovem até ele?

Como era esse lugar no passado? Que elementos do passado podemos


5. Há quanto tempo existe? ver hoje? Que mudanças aconteceram nesse lugar ao longo do tempo e
por quê?

6. Esse é um patrimônio Se sim, desde quando? Qual foi a reação da comunidade em relação ao
tombado? tombamento?

7. Existem informações ou Que informações estão contidas nas placas? As pessoas no local as leem?
placas de sinalização no local? Quem colocou essas placas?

8. Qual é a melhor forma de


Em pé, sentado, do alto, vista panorâmica, etc.
observar esse patrimônio?
9. Que horários e dias são mais
Observar horário de funcionamento (se houver). Quando é mais
adequados para visitar esse
movimentado? Por quê?
patrimônio?
Existe alguma relação entre eles? Qual? Medir distância (metros,
10. Ele fica próximo de outro
quilômetros) ou dar orientações espaciais de acordo com outros pontos
patrimônio?
de referência.

11. Que conteúdos são


necessários para dar Conteúdos históricos, artísticos, culturais, ambientais, físicos,
informações a respeito matemáticos, geográficos, literários, etc.
desse patrimônio?

Pós-campo
Ao retornar da saída a campo, compartilhe com os colegas as informações obtidas. Sele-
cionem ao menos três patrimônios para o audioguia, e analisem se é possível, pela distância,
construir um percurso de visita que possa conectá-los. Neste momento do percurso, talvez
seja necessário aprofundar os itens 3 e 11 da tabela, que podem envolver mais pesquisa e/ou
a realização de outras entrevistas.
Agora que você já reuniu as informações de que precisa, organize-as e arquive-as para
consulta posterior. Isso facilitará seu trabalho quando for produzir o audioguia. Reúna as infor-
mações da tabela que você preencheu e demais anotações e sistematize-as em fichas para
cada patrimônio. Além disso, transfira as fotos e os áudios das entrevistas para um computa-
dor ou uma plataforma de armazenamento na nuvem e organize-os em pastas.

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PE
PERC
RCU
URS
RSO
O 12

Como uma intervenção


pode contribuir para a
valorização de um

Arquivo/Coletivo MUDA
patrimônio cultural local?

Objetivos
Compreender o que são
Painel de azulejos na praia do Arpoador,
intervenções urbanas e
Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2013.
instalações artísticas.
Elaborar um projeto de
A foto mostra uma intervenção feita pelo coletivo MUDA. Observe totem criativo para
a imagem e converse com os colegas sobre as questões a seguir. abrigar informações
sobre um patrimônio
1. Você sabe o que é uma intervenção urbana? cultural local.
Planejar e executar a
2. Você já se deparou com alguma intervenção urbana que construção de um totem.
chamou sua atenção? Em caso positivo, o que você achou
interessante nessa intervenção?

3. Em sua opinião, o que leva pessoas ou coletivos a realizarem


uma intervenção em um espaço público?

4. Você já teve alguma experiência com instalações artísticas?

5. Em sua opinião, é possível que uma intervenção próxima a um


patrimônio desperte o interesse das pessoas que passam
pelo local?
Não escreva no livro. 17

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Explore Intervenções urbanas
Coletivo MUDA Intervenções urbanas podem ser alterações ou inserções de obje-
tos, construídos ou não para esse fim, em um ambiente interno ou
Conheça mais sobre o coletivo
MUDA e as intervenções que o externo. De modo geral, a pessoa ou o grupo de pessoas que propõe
grupo tem feito nas cidades a intervenção busca transformar o espaço, causar reações e propor-
brasileiras e no mundo. cionar novas experiências a quem circula por esse local. As inter-
Disponível em: https:// venções são uma maneira de apropriação dos espaços públicos e
coletivomuda.com.br.
Acesso em: 27 jan. 2020. têm diferentes formas de expressão.
Os integrantes do coletivo MUDA realizaram a intervenção
mostrada na foto da página anterior pois acreditam que intervir
nos espaços públicos da cidade contribui para chamar a atenção
para locais invisibilizados. Dessa forma, o cotidiano do lugar e das
pessoas que nele circulam é alterado por meio de uma experiência
urbana lúdica.
Observe a imagem abaixo. Ela mostra uma intervenção elaborada
pelo artista brasileiro Eduardo Srur (1974 –) na cidade de São Paulo.
A intervenção foi feita na estação de trem Júlio Prestes, em 2013.
Essa histórica estação foi inaugurada em 1938 e, no prédio junto a
ela, estão a Secretaria de Cultura do município e a casa de concertos
Sala São Paulo.

Eduardo Srur/Acervo do artita

Instalação Bicicletas, realizada pelo artista Eduardo Srur na estação Júlio Prestes, em São Paulo (SP). Foto de 2013.

1. Em sua opinião, quais eram as intenções do artista ao realizar


essa intervenção? Discuta com os colegas.

18 Não escreva no livro.

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Instalações artísticas e seus materiais
Ao longo do século XX, artistas contemporâ-

Eduardo Eckenfels/Cortesia do artista e Galeria Luisa Strina.


neos, influenciados por movimentos artísticos
de vanguarda, como o Surrealismo e o Dadaísmo,
fizeram experimentações que deram origem a
novas modalidades de manifestações artísticas,
como as instalações e as performances. Por
meio de suas obras, esses artistas questionavam
o papel da obra arte e sua relação com o espec-
tador, além de propor o uso de novos materiais.
As instalações artísticas são uma modalidade
das artes visuais que propõe uma nova relação
entre a arte e o espaço que esta ocupa, na qual
objetos de vários tipos e materiais são organiza-
dos em um ambiente interno ou externo.
Para saber mais sobre esse assunto, leia o texto
abaixo. Em seguida, observe a foto que mostra
uma instalação de Cildo Meireles (1948 –), um
Instalação do artista plástico Cildo Meireles intitulada
artista contemporâneo brasileiro, e converse Desvio para o vermelho. Na foto, de 2020, a instalação
com os colegas sobre as questões a seguir. encontrava-se no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG).

A transgressão dos limites da arte significa também o emprego de novos tipos de materiais
ou modos de apresentação. Instalações, performances, land art, arte corporal, vídeo, fotografias
em cores em grande escala, multimídia e arte cibernética fazem parte do vocabulário básico do
artista contemporâneo. Esta é outra grande diferença em relação à arte clássica e moderna, pois
durante séculos, até o início da década de 1960, as artes visuais eram produzidas com um
pequeno número de materiais bem definidos: óleo, pastel, aquarela, lápis, carvão, água-forte;
papel, tela, gesso, madeira ou pedra, argila, madeira, bronze… Agora, tudo mudou. Mesmo sem
ver a obra, você consegue adivinhar que se trata de arte contemporânea apenas lendo sua
descrição, como: “latão”, “feltro e graxa”, “telas de TV”, “corais e pão”, “módulos acústicos”, ou,
em termos mais amplos, “materiais variados” ou “dimensões variáveis”. [...]
Heinich, Nathalie. Práticas da arte contemporânea: uma abordagem pragmática a um novo paradigma
artístico. Tradução de Markus Hediger. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 373-390, out.
2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2238-38752014000200373&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 27 jan. 2020.

1. De acordo com o texto, que mudanças ocorreram com a arte contemporâneo no que se
refere ao uso de materiais?
2. Que materiais foram utilizados pelo artista Cildo Meireles para produzir a instalação
mostrada na foto?
3. Em sua opinião, quais eram as intenções do artista ao produzir essa instalação? Apre-
sente seus argumentos e discuta com os colegas.
4. Que novas modalidades artísticas, citadas no texto, surgiram com a arte contemporânea?
Caso você não conheça alguma dessas modalidades, faça uma pesquisa em sites e livros
e escreva no caderno a definição da modalidade artística que você não conhecia e um
exemplo de obra.

Não escreva no livro. 19

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Totem informativo
No próximo percurso, você vai desenvolver audioguias sobre os patrimônios culturais da
comunidade em que vive, realizando, assim, uma ação de educação patrimonial. É importante
que ela seja divulgada de modo criativo, e, para isso, você vai construir uma instalação em
formato de totem informativo que estimule os visitantes a obter informações sobre esses
patrimônios culturais.
Para projetar o produto, inspire-se no que você estudou neste percurso sobre intervenções
urbanas e instalações artísticas. Os totens, assim como as intervenções que você estudou,
terão também o papel de chamar a atenção das pessoas e proporcionar uma experiência nova
em relação ao patrimônio cultural local, promovendo sua valorização.
Mas o que são totens informativos? São painéis resistentes e estáveis que podem apresen-
tar informações de diversos tipos, como horário, temperatura do ar, orientações a turistas,
sinalizações, etc. Há ainda totens que desempenham funções específicas, como emissão de
tíquetes de passagem de ônibus e de passagens aéreas.
Os totens podem ser feitos de diversos materiais: papelão, plástico, metal, entre outros. Eles
também podem ser eletrônicos e conter computadores e telas em que o usuário interage
buscando a informação que procura.
Apesar de seu uso ser variado, os totens proporcionam

Armando Paiva/Futura Press


diferentes experiências estéticas e visuais ao ambiente,
cumprindo também funções similares a uma instalação.
Observe as imagens a seguir.

Daniel Cymbalista/Pulsar Imagens

Totem informativo que marcava a


contagem regressiva para o início
da Copa do Mundo de 2014. Rio
Totens com informações turísticas em São Bento do Sapucaí (SP). Foto de 2019. de Janeiro (RJ). Foto de 2012.

1. Que papéis desempenham os totens mostrados nas fotos? Você acha que esses totens
cumprem bem essas funções?

2. Que materiais e tecnologias foram utilizados para construir esses totens?

3. Os totens passam por um processo de produção que se inicia com a sua concepção,
chegando à construção do produto final. Como você acha que foi o processo de produção
dos totens mostrados nas imagens?

4. O que você faria para que esses totens deixem de ser apenas informativos e se tornem
manifestações artísticas? Que materiais você usaria?

20 Não escreva no livro.

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Construindo um totem
Reúna-se com os colegas para desenvolver o projeto do totem informativo. Primeiro,
definam o conceito que norteará a produção, o design (formato, tamanho, cores), os materiais
que serão utilizados, as habilidades e os conhecimentos necessários para desenvolver o
produto e a forma como o texto informativo da ação e o QR code de acesso ao audioguia
serão apresentados.
É interessante que, neste momento, as ideias sejam colocadas no papel em forma de
esboço para que todos possam visualizá-las. Lembrem-se de que, para projetar o totem e
definir os materiais que serão utilizados, é importante considerar as características ambien-
tais dos locais em que o totem será colocado. Caso o local seja aberto, por exemplo, ele
estará sujeito a mudanças do tempo atmosférico, o que impossibilitaria o uso de materiais
como o papelão.
Conforme vocês forem desenvolvendo os esboços, escolham um colega para anotar as
ideias citadas em uma tabela como a do exemplo abaixo.

Formato,
Maneira como a
tamanho, cores, Materiais Conhecimentos
Ideia informação será
textura, área necessários necessários
disponibilizada
total
1 Exemplos: Exemplos: madeira, Exemplos: Exemplos: adesivo
tridimensional, plástico, papel, matemática (para impresso, manuscrito
circular, vermelho e chapas de metal, cálculos de área), em papel, impressão
branco, 5 m × 3 m. isopor, tinta, etc. engenharia elétrica, em papel.
marcenaria, etc.

Ao finalizarem essa etapa, escolham o projeto que melhor atenda às expectativas do produto.
Considerem também a facilidade de acesso aos recursos necessários, o tempo para realizá-lo,
os gastos financeiros, etc.
O próximo passo é criar o protótipo do projeto selecionado, que é a versão teste do totem.
Durante a execução do protótipo, será possível avaliar todos os processos que envolvem sua
produção e a efetividade de sua funcionalidade depois de pronto.
Nesse momento, é importante pedir auxílio dos professores de outras áreas, como Ciências
da Natureza, Matemática e Arte, para que eles complementem e aprofundem conceitos que
devem ser mobilizados para planejar a montagem do projeto, realizar medidas e cálculos
necessários e dar ao projeto uma dimensão estética adequada.
A construção do protótipo pode ser feita no laboratório da escola ou em um espaço propí-
cio. Será preciso reunir todas as ferramentas e os materiais necessários, conforme orientações
do professor. Organizem-se em grupos e definam a tarefa de cada integrante.
Durante a execução do protótipo e também após sua finalização, avaliem os seguintes
aspectos:
Os recursos necessários para executá-lo foram compatíveis com o orçamento do projeto?
O projeto é funcional do ponto de vista prático? A turma desenvolveu as habilidades
necessárias para desenvolvê-lo e replicá-lo?
O totem é visualmente agradável e cumpre a função de chamar a atenção do público?
Caso o protótipo atenda a todas as expectativas, o projeto deu certo e o totem que vocês
construíram pode ser considerado o primeiro totem de ação de educação patrimonial do
projeto!
Não escreva no livro. 21

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PE RC U RS O 3

Como desenvolver uma


experiência de educação
patrimonial por meio
de audioguias?

VanoVasaio/Shutterstock.com/ID/BR

Objetivos
Entender o que é um Pessoas ouvindo audioguia no Palácio dos
audioguia. Papas de Avinhão, na França. Foto de 2018.
Compreender a
importância da utilização
de audioguias como Observe a imagem e, depois, converse com os colegas sobre as
ferramenta de divulgação questões a seguir.
de patrimônios culturais
locais. 1. Antes de ir a um lugar que ainda não conhece, você costuma
Produzir um buscar informações sobre esse lugar? Como?
audioguia.
2. Você já visitou museus ou outros locais que disponibilizam
visita guiada por audioguias? Em caso positivo, como foi essa
experiência?

3. Se você fosse visitar algum patrimônio cultural, qual seria


a maneira mais interessante de obter informações sobre
esse local?

22 Não escreva no livro.

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Audioguia: liberdade, autonomia e
emancipação dos visitantes
A tecnologia está cada vez mais presente nas diversas situações e atividades cotidianas.
Atualmente, é comum museus, exposições, instalações artísticas, pontos turísticos, entre outros
locais, disponibilizarem equipamentos eletrônicos em que o visitante pode ouvir informações
sobre o local, sobre os artistas e sobre as obras expostas. Esses materiais são chamados
de audioguias.
Os audioguias proporcionam maior liberdade, mobilidade e autonomia ao visitante, que pode
circular de modo independente pelo local, obtendo informações novas a todo momento. Para
possibilitar que diferentes públicos tenham acesso às informações, elas podem ser disponibili-
zadas em outras línguas, favorecendo o acesso de turistas estrangeiros, e conter audiodescrições,
que, com sua riqueza de detalhes, ampliam a comunicação para pessoas com deficiência visual.

1. Leia o texto a seguir e faça a atividade proposta.

Museu cria “audioguia” para turistas em São Bento do Sapucaí, SP


Um passeio por São Bento do Sapucaí com relatos de mora-

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo


dores e um guia especialmente destinado ao turista. É isso que
propõe um projeto em áudio do Museu da Mantiqueira (Muman)
[…]. Ele traz roteiro cultural e comercial do município e cria
um elo entre a tecnologia e a preservação da memória local.
[…] o “Caminhos da memória: a cidade como museu, o
sujeito como patrimônio” coloca à disposição do visitante
um “audioguia”. O arquivo pode ser baixado gratuitamente
em tablets e celulares pelo site do museu.
O áudio tem cerca de 1 hora e 50 minutos de duração e
passa por pontos turísticos, como a Igreja Nossa Senhora do
Rosário, a Capelinha do Mosaico e a praça Adhemar de
Barros. Durante o tour, uma guia virtual conta para o turista
a história dos prédios e das ruas por onde ele está passando.
[…] detalhes da memória local são contados através da Capelinha do Mosaico, um dos
voz dos próprios moradores da cidade […]. pontos turísticos de São Bento
“A ideia do projeto se desenvolve junto com o princípio do Sapucaí (SP). Foto de 2017.
norteador do Muman, que é entender a cidade como um museu a céu aberto” [conta Diana
Poepcke, idealizadora do Muman] [...].
[…] Diana explica que iniciativas como essa criam elos entre turistas e habitantes e
ajudam a promover o respeito pelo patrimônio histórico.
Museu cria “audioguia” para turistas em São Bento do Sapucaí, SP. G1, 18 dez. 2016. Disponível em: http://
g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/12/museu-cria-audioguia-para-turistas-em-sao-
bento-do-sapucai-sp.html. Acesso em: 27 jan. 2020.

• Pense em um lugar que você nunca visitou, mas que tem muita vontade de conhecer.
Imagine agora que está indo visitar esse lugar e nele há audioguias disponíveis para
visitantes. Que informações você gostaria que esse audioguia apresentasse? Seria
interessante que ele tivesse trechos de músicas relacionadas ao lugar? E trechos de
entrevistas ou depoimentos sobre o que outras pessoas acham desse lugar? Faça uma
lista com os tipos de informação que você gostaria de encontrar no audioguia.
• Em seguida, reúna-se em grupos e compartilhe sua lista com os colegas. Argumente
quais informações você acha mais relevantes, respeitando sempre a opinião dos cole-
gas, e faça uma lista com essas informações.

Não escreva no livro. 23

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Audioguia
Agora, você vai desenvolver o audioguia sobre um dos patrimônios culturais do bairro, da
comunidade ou do município onde vive. Para isso, você e os colegas deverão considerar as
orientações a seguir.

Roteiro
A primeira etapa para produzir o audioguia é criar o roteiro. Ele deverá apresentar a descri-
ção das informações que vão compor o audioguia. Para isso, reúnam-se em grupos e elaborem
uma tabela com a descrição das informações que vão compor o áudio, intercalando as falas
do locutor, as entradas de sons e as músicas, os depoimentos de moradores, entre outros
elementos. Durante a elaboração do roteiro, será preciso produzir os textos que serão narrados
pelo locutor.
Nesta etapa, devem ser determinados os conteúdos que serão inseridos. Retomem as
fichas, as imagens (para auxiliar nas descrições), as gravações das entrevistas com os mora-
dores e todo o material compilado com informações sobre os patrimônios que foram obtidas
no Percurso 1 para fazer essa seleção.
Definam o tempo de duração de cada parte do audioguia e a forma como os arquivos sonoros
serão organizados. Essas informações serão utilizadas para editar o arquivo final. Caso vocês
optem por utilizar músicas, baixem-nas em plataformas disponíveis na internet. É importante
lembrar que as músicas são protegidas por direitos autorais. Por isso, se não forem utilizar músi-
cas de composição própria, será preciso buscar as músicas em plataformas gratuitas.
Cada audioguia deve durar, aproximadamente, de três a cinco minutos, tempo suficiente
para passar as informações necessárias ao visitante. Esse tempo, contudo, pode variar de
acordo com o patrimônio escolhido e o tempo de permanência que o grupo estima que o
visitante gastará para realizar a visita ao local.
Observem a seguir um modelo de roteiro de audioguia. Vocês podem utilizá-lo como refe-
rência para a elaboração do roteiro de vocês. No entanto, ele é apenas um exemplo. Vocês
podem criar outras formas de apresentação, de acordo com a necessidade do grupo.

Som Texto
TEC Trilha fade in (música da vinheta)

LOC O centro histórico da cidade de São Bento do Sapucaí tem casas e outras construções que
remontam...

TEC Trilha entrevista BG (música instrumental)


Antigamente, os moradores da região trabalhavam na agricultura cafeeira, mas com o advento da...

TEC Trilha fade out (sons de cavalos ou carruagens passando pela rua)

Significado das siglas e dos termos:

TEC: entrada de música e de outros sons que farão parte do audioguia. As entrevistas po-
derão ser consideradas trilhas sonoras pré-gravadas, assim como os ruídos e as músicas.
LOC: pessoa que vai fazer a locução do audioguia. É possível haver mais de um locutor.
ATOR: vozes que também poderão dizer o texto, mas de modo ficcional. É possível, por
exemplo, ficcionalizar uma situação do passado para contar uma história a respeito dos
patrimônios visitados.
Fade in: aumento progressivo do som.
Fade out: diminuição progressiva do som até o silêncio.
BG: sigla que designa o termo inglês background, cujo significado em português é “som
de fundo”.

24 Não escreva no livro.

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Captação da locução e de outros sons
Após a produção do roteiro, em que todo o conteúdo do audioguia deve estar descrito, vocês
vão gravar a locução do audioguia. Ela poderá ser feita utilizando aparelhos de gravação de
áudios ou celulares com essa funcionalidade. Microfones também são importantes, pois permi-
tem melhor captação do som. Façam a gravação em uma sala fechada, com boa acústica.
Conversem com o professor de Física, que poderá ajudar com conceitos de acústica ou até
mesmo a criar um pequeno estúdio de gravação na escola.
Escolham quem fará a locução. Pode ser um ator, alguém da comunidade que tenha boa
dicção ou até mesmo alguém da turma. Durante a gravação, façam testes. Após a leitura dos
textos, ouçam a gravação para verificar se o som está claro e se o texto locutado está
compreensível.
Além da locução do texto, gravem outros sons ou músicas que farão parte do audioguia.
Diversos sons podem ser captados pelos próprios integrantes do grupo nas áreas próximas
à escola ou ao lugar onde vivem.

Luciola Zvarick/Pulsar Imagens


O celular pode ser utilizado para fazer gravações de sons e imagens. Mulheres da etnia indígena Waurá
registrando o ritual Kuarup em Gaúcha do Norte (MT). Foto de 2019.

Edição de áudio
Após a gravação da locução e a captação dos sons, o arquivo para criar o audioguia deverá
ser editado em um programa de computador de edição de áudio. Atualmente, existem
softwares livres e gratuitos que podem ser baixados e trabalhados no formato off-line, ou seja,
sem precisar de conexão com a internet, o que pode facilitar a experiência em sala de aula.
Esses programas, intuitivos e interativos, permitem editar, cortar e mixar vozes, músicas e
outros sons.
Utilizem o editor de áudio para nivelar o volume das vozes, fazer recortes dos sons captados,
se necessário, além de inserir músicas e sons nos diversos materiais obtidos durante a pesquisa
sobre o patrimônio cultural. Para facilitar a realização desta etapa e evitar perda de tempo, é
importante que o roteiro esteja bem completo e organizado e que as atividades do projeto
sejam definidas entre os integrantes do grupo.
Após a edição, ouçam o áudio para verificar se há algo incompreensível, se a edição ficou
adequada e se todas as partes estão encadeadas, construindo um sentido que se desenrola
ao longo do audioguia. Se julgarem importante, convidem alguém que não tenha participado
da produção do audioguia para testá-lo e dizer se está compreensível e se cumpre o papel de
apresentar informações sobre o patrimônio local de modo interessante.

Não escreva no livro. 25

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PRO D U TO FI N A L

Ação de educação
patrimonial

Depois de passar pelos três percursos de elaboração da ação patrimonial, vocês vão criar outros audioguias e
instalar os totens. Para isso, vamos percorrer as etapas a seguir.
Para a produção final, será necessário atribuir funções e responsabilidades específicas a cada integrante do
grupo ou mesmo subdividir a turma em grupos menores, duplas ou trios, para que todos possam participar da pro-
dução dos audioguias dos demais patrimônios culturais locais. É importante que, ao longo da elaboração do proje-
to, o grupo chegue a um consenso em relação às decisões tomadas em todas as instâncias ou subdivisões dos
projetos. Por isso, embora você se dedique mais a determinado aspecto do projeto, é fundamental que participe de
todas as etapas e proponha soluções, compartilhando experiências com todo o grupo.

etapa 1 etapa 2

Escolha do nome, do logotipo e da Produção dos audioguias


identidade visual do projeto Para a produção dos audioguias dos patrimônios
Dar um nome e uma identidade (logomarca) para sua culturais locais escolhidos para o desenvolvimento
ação de educação patrimonial é essencial, dado que o deste projeto, recorram ao que foi aprendido ao final
projeto estará hospedado em uma plataforma de com- do Percurso 3 e utilizem as informações compiladas
partilhamento de áudio na internet e é necessário que no Percurso 1.
Lembrem-se de que vocês já têm o primeiro audio-
as pessoas o reconheçam.
guia pronto, agora falta produzir os audioguias dos ou-
É importante dedicar um tempo para pensar em um
tros patrimônios culturais que serão abordados na ação.
nome significativo para o projeto. O nome e a identidade
devem considerar as características do projeto e suas
especificidades, ao mesmo tempo em que deve trans-

Krysja/Shutterstock.com/ID/BR
mitir uma mensagem ampla. Eles devem se relacionar
com o formato do audioguia, considerando que é pos-
sível fazer visitas autoguiadas aos patrimônios culturais
tanto presencialmente como a distância, virtualmente.
Nos totens informativos, devem constar o nome e
o logo do projeto, um pequeno texto explicativo e o
QR code.
A seguir, vejam algumas dicas para criar o nome para
o produto.

Ter uma pronúncia fácil de ser lembrada.


Relacionar-se à função que desempenha e ao con-
teúdo transmitido.
Valorizar a cultura local.
Não ser semelhante a uma marca registrada de
outro projeto.
Além da captação dos sons e da gravação dos áudios, é
Ser escolhido coletivamente, por meio de uma dinâ-
fundamental editar os audioguias para que fiquem mais
mica com os integrantes do grupo em que todos dinâmicos para os ouvintes. Mulher trabalhando em mesa
participem. para edição de sons na Ucrânia. Foto de 2019.

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etapa 3

Hospedagem dos arquivos de audioguias


Para que o visitante tenha a experiência de visita autoguiada, com acesso às informações dos patri-
mônios culturais locais abordados no projeto, será preciso disponibilizar os audioguias na internet.
Existem diversas plataformas on-line gratuitas de publicação de áudio que podem ser utilizadas para
hospedar seus arquivos.

etapa 4

Criação de QR codes
O próximo desafio consiste em criar conexões entre o totem e os dispositivos móveis (celulares ou
tablets), que geralmente acompanham os visitantes em suas experiências turísticas. Para isso, existem
tecnologias que permitem criar interfaces para essa operação. Você sabe como funciona um QR code? Já
teve uma experiência com o uso dessa tecnologia? Em que ambiente?
O QR code, cuja sigla significa quick response code (código de resposta rápida), foi criado para
codificar informações de textos escritos que possam ser lidas em alta velocidade, permitindo o redi-
recionamento de uma mídia para outra. A codificação é feita por programas computacionais que criam
imagens parecidas aos códigos de barra, que podem ser decodificadas por outros programas. Esses
programas fazem com que as câmeras digitais realizem a função de um escâner e decodifiquem, de
certo modo, a informação. Nos dispositivos móveis, esses programas podem ser baixados na forma
de aplicativos.
O processo de decodificação é o redirecionamento ao local onde a informação está armazenada e
ocorre conforme a figura abaixo.

prizma/Shutterstock.com/ID/BR

Esquema de funcionamento de um QR code.

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etapa 5

Transporte e instalação dos totens


Neste momento, é importante pensar em uma maneira de transportar os totens até os locais onde serão
instalados. Definam se os totens serão transportados completamente montados ou em partes, que serão
montadas no local. O professor vai ajudá-los a organizar a logística do transporte dos totens informativos.
Além disso, é importante pedir permissão à prefeitura do município ou à subprefeitura do bairro para a
instalação dos totens em vias públicas. Se a ideia for instalar os totens em locais privados, será preciso
pedir autorização aos donos ou aos gestores desses locais. Caso a estrutura requeira energia elétrica ou
conexão com a internet, verifiquem essas possibilidades.

etapa 6

Testando o produto
O teste do produto pode ser feito antes da instalação dos totens, em dois momentos. No primeiro,
vocês vão verificar se os arquivos de áudio na plataforma de hospedagem estão operando correta-
mente. Ouçam algumas vezes os arquivos para avaliar se estão audíveis ou se apresentam algum
problema. No segundo momento, vocês vão testar a leitura dos QR codes dos totens em celulares ou
tablets. Além disso, algumas questões importantes devem ser discutidas:
O audioguia cumpre a função de descrever o patrimônio em questão?
O audioguia estimula o visitante a contemplar os diversos aspectos do patrimônio?
As músicas escolhidas para a ambientação sonora foram adequadas?
O audioguia é capaz de conduzir o visitante durante a observação do patrimônio cultural escolhido?
Com base nas reflexões que surgirem dessas perguntas, melhorem alguns pontos que julgarem per-
tinentes. Também é possível testar os audioguias com pessoas que não participaram do projeto e coletar
suas impressões e opiniões, que poderão servir de parâmentro para uma avaliação posterior.

Page Light Studios/Shutterstock.com/ID/BR

Turistas
utilizando
audioguia
enquanto
passeiam pelo
estádio
Panatenaico,
local dos
primeiros Jogos
Olímpicos
Modernos, em
Atenas, Grécia.
Foto de 2018.

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etapa 7

Compartilhando o projeto tra com apresentação oral e apresentações gráficas;


roda de conversa; entre outras possibilidades.
Antes de levar os totens aos locais onde serão insta-
Preparar as falas e decidir quem vai apresentar o pro-
lados, é importante organizar um evento para apresen-
duto ou cada etapa do desenvolvimento do projeto.
tar os produtos que foram concebidos e criados ao lon-
Destacar os principais pontos de aprendizagem du-
go deste Projeto Integrador. É fundamental compartilhar
rante o processo, o envolvimento com a comunidade
essa experiência, especialmente com as pessoas da
local e as dificuldades e as soluções encontradas na
comunidade que participaram do processo, como as que
criação do produto final.
foram entrevistadas no Percurso 1.
Além disso, a realização desse evento promove maior Vivência coletiva para experimentar o produto
conscientização do público em relação à importância
Instalem os totens informativos em seus respectivos
da preservação dos patrimônios culturais locais e o em-
patrimônios. Em seguida, organizem uma saída a campo
poderamento da comunidade, bem como possibilita a
com algumas pessoas da comunidade para experimen-
troca de experiências de criação de soluções tecnoló-
tar o produto final in loco. Para isso, levem em conside-
gicas realizadas no âmbito escolar para lidar com os
ração os itens a seguir.
problemas da realidade local.
As saídas a campo poderão acontecer no mesmo dia
Apresentação do produto na escola da apresentação ou em data posterior, de comum
Para a apresentação do projeto na escola, definam acordo com os professores e gestores da escola.
os papéis e as responsabilidades de cada integrante do Orientem os visitantes a levar os próprios celulares
grupo. Vejam as tarefas a seguir. e fones de ouvido e dispositivos que tenham conexão
Decidir juntamente com a direção e os professores a com a internet.
data, o local e a duração do evento. Durante a visita, será preciso acolher os participantes
Confeccionar convites e distribuí-los à comunidade e orientá-los a utilizar os audioguias.
e divulgar o evento nas mídias sociais. Ao término da experiência, promovam uma discussão
Definir como a apresentação será feita: painel com com os participantes para que todos troquem suas
apresentação gráfica e falas de especialistas; pales- impressões.
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Após decidir com a direção


da escola o local e a data do
evento, preparem-se para
apresentar o projeto a toda
a escola, deixando claro as
etapas pelas quais passaram
e mostrando o produto final.
Apresentação de alunos e
professores em fórum
escolar em Diamantino (MT).
Foto de 2018.

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Durante este Projeto Integrador você compreendeu a importância da educação patrimonial. Para
tanto, você identificou os patrimônios do lugar onde vive e promoveu uma ação de educação patrimo-
nial utilizando tecnologias digitais e conhecimentos de diversas áreas. Por meio deste projeto, você
colaborou para a valorização e a manutenção da cultura local de modo democrático e inclusivo.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e sua participação no projeto.
Primeiro, vocês vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão verificar
como a comunidade local recebeu o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às questões
propostas na tabela para refletir sobre seu desenvolvimento durante o projeto.

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em roda para avaliar o produto desenvolvido, sua pertinência
para a comunidade e para o público-alvo, o desempenho do grupo e o trabalho em equipe.
Façam uma reflexão e exponham suas ideias de modo claro, objetivo e ético, sempre com respeito a
si mesmo e ao outro, sem preconceitos e promovendo os direitos humanos.
A discussão pode ser orientada com base nas questões a seguir.

1 Vocês ficaram satisfeitos com o produto desenvolvido? Ele atendeu às suas expectativas no que diz
respeito ao objetivo e à qualidade estética?

2 O produto final representa um trabalho coletivo, em que todos os envolvidos puderam colaborar com
ideias e fazeres concretos?

3 Vocês cumpriram os prazos de cada etapa? Como a turma se organizou para distribuir as atividades?

4 A equipe buscou sempre as melhores soluções? Quando algo deu errado, como vocês lidaram com as
mudanças?

5 Como vocês avaliam a pertinência do produto desenvolvido para a comunidade? A comunidade se


envolveu com o projeto?

6 O produto despertou maior interesse comunitário pelos patrimônios locais?

7 O produto colabora para a educação patrimonial da comunidade e dos visitantes originários de outros
locais? Como?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo
sistemático como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, prin-
cipalmente, se os objetivos foram alcançados.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações.
Na próxima página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações
desejadas. A turma deve escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o pro-
duto final e pedir que respondam à pesquisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas
ou ser disponibilizado em sites de formulários on-line. Por fim, reúnam-se para analisar os resultados
da pesquisa.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou
totalmente de acordo”.

1 2 3 4 5
1. Os totens instalados nos patrimônios locais ajudam a
valorizá-los.

2. Os audioguias apresentam informações relevantes


sobre os patrimônios locais.

3. Obtive informações importantes sobre os patrimônios


locais com esse projeto.

4. A tecnologia utilizada atraiu minha atenção para o


projeto.

5. O produto trouxe benefícios para a comunidade.

Acrescentem outras observações caso julguem necessário. Além disso, se acharem importante, vocês podem
acrescentar um campo para sugestões e comentários.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
houve descobertas interessantes durante a realização do projeto, etc. Utilize a tabela para fazer a autoavaliação, que
pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.

1. Com este projeto, obtive novos conhecimentos?

2. Durante o projeto, me senti desafiado?

3. Participei das tarefas durante a realização do projeto na maior parte do tempo?

4. O projeto despertou meu interesse em novas áreas de conhecimento?

5. Defendi minhas ideias com base em argumentos sólidos?

6. Defendi minhas ideias e respeitei as ideias dos colegas?

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PROJETO 5
2
P R O T A G O N I S M O J U V E N I L

Como desenvolver
e implementar
uma ação cultural
para enfrentar
um desafio da
comunidade?
A
tuar com criatividade, empatia e protagonismo é uma forma de
promover mudanças em sua vida e na vida das pessoas que fazem
parte da comunidade em que você vive. Além disso, é uma maneira de
participar ativamente da construção de uma sociedade mais justa e demo-
crática. Muitas pessoas, como os jovens mostrados na foto desta aber-
tura, têm atuado de maneira decisiva para isso. Eles fazem parte da inicia-
tiva Fridays for Future (Sextas-feiras para o Futuro, em tradução livre para
português), um movimento global em que jovens se mobilizam às sextas-
-feiras para pressionar os governos a buscar soluções à questão das
mudanças climáticas.
1. Que mudanças a iniciativa desenvolvida pelos jovens da foto pode ter
provocado em suas vidas pessoais?

2. Qual a importância de uma iniciativa como essa em nível local? E em


nível global?

3. Você já desenvolveu alguma ação para promover mudanças em sua


realidade ou na realidade da comunidade em que vive? Como foi?
Converse com os colegas.

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1
DO
PROJETO

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Antonio Masiello/Getty Images

O movimento “Sextas-feiras para o Futuro” começou em agosto de 2018, quando Greta Thunberg passou a boicotar as aulas às
sextas-feiras como forma de chamar a atenção para os problemas climáticos. Na foto, de 2019, jovens participam do movimento
em Roma, Itália. Nos cartazes, lê-se: “Respeite nosso planeta” e “CO2 está no ar” (CO2 é a fórmula química do gás carbônico).

PE RC U RS O 2 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Ação cultural
na comunidade

Uma pessoa protagonista é aquela que, ao se deparar com desafios,


busca soluções e se disponibiliza a enfrentar os problemas, responsabili-
zando-se pela realidade por meio de atitudes e ações. A atitude protagonista
pode ser desenvolvida e fazer parte do exercício diário de cada um. A escola
é um ótimo lugar para propor ações e exercer sua cidadania, pois possibilita
o desenvolvimento de muitas competências e habilidades. A comunidade,
por sua vez, é um ambiente profícuo para o exercício da cidadania.
Para que você exercite o protagonismo e atue na resolução de ques-
tões comunitárias, este projeto propõe que você e os colegas identifi-
quem um problema ou um desafio da comunidade em que vocês vivem
e desenvolvam uma ação sociocultural.

Objetivos
Analisar ações de protagonismo juvenil para se inspirar.
Identificar desafios e problemas da comunidade por meio de um olhar
cidadão, empático, democrático e respeitoso.
Propor e implementar um plano de ação artístico ou cultural para en-
frentar um dos desafios identificados.
Estimular atitudes cooperativas e propositivas para o enfrentamento
dos desafios da comunidade, percebendo o impacto positivo do tra-
balho em equipe.
Promover o diálogo e a solução não violenta de conflitos, mesmo em
situações cujos interlocutores tenham pontos de vista diferentes.

Justificativa
As ações protagonistas demandam a mobilização de competências e
habilidades socioemocionais e cognitivas de diferentes áreas do conheci-
mento. Ser protagonista significa ser autônomo e atuar na resolução de
problemas de forma criativa. Assim, esse projeto permitirá que você reflita
sobre seu papel na sociedade e sobre suas escolhas, valorizando suas
experiências e sua autonomia, tanto de realizar seu projeto de vida como
de transformar a comunidade, além de dar condições para que você
exerça seu protagonismo de forma cidadã.

Materiais
Durante a realização do projeto você utilizará caneta, lápis, canetas hidro-
gráficas, papel sulfite e blocos de papel autocolante para anotar ideias e
informações pesquisadas; computador com acesso à internet para realizar
pesquisas e produzir relatórios e outros produtos resultantes do
projeto; e, ainda, câmera e gravador para as pesquisas de campo.

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Relação do projeto com as competências
e habilidades da BNCC

Competências gerais da Educação Básica


3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

Essa competência está relacionada à ação cultural que você vai propor para enfrentar um desafio da comuni-
dade. A ação envolverá a realização de uma prática artística ou cultural.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que


lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

O projeto abordará as necessidades da comunidade e, portanto, pressupõe o diálogo contínuo e direto com ela.
Valorizar a diversidade cultural e o saberes locais, respeitar o espaço e as pessoas são atitudes fundamentais
para a realização de todas as etapas deste projeto.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

Em todas as etapas do projeto, você será estimulado a debater com os colegas. Aproveite essa oportunidade
para expressar suas ideias, defendê-las e ouvir as opiniões alheias com respeito. Você também entrará em
contato com diferentes metodologias que promovem o trabalho criativo e em equipe, possibilitando o desen-
volvimento da competência 7.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade huma-
na e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

O contato com exemplos de protagonismo e a realização da ação possibilitarão que você reflita sobre sua vida
pessoal – seu projeto de vida –, bem como sobre seu papel na comunidade, além de lidar com suas emoções.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacio-
nal e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos
e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

O levantamento de dados e informações sobre o desafio da comunidade e a pesquisa de campo possibilitará o


desenvolvimento dessa competência e, em especial, o trabalho com as habilidades EM13CHS103 e EM13CHS106.

5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Ao olhar para a comunidade buscando identificar seus desafios e problemas e propor uma ação sociocultural
para combater uma dessas questões, você vai trabalhar as habilidades EM13CHS502 e EM13CHS504.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas ali-
nhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica
e responsabilidade.

No decorrer deste projeto, você vai trabalhar as habilidades EM13CHS605 e EM13CHS606, pois terá a opor-
tunidade de dialogar com as pessoas da comunidade de modo empático, identificando seu papel e promo-
vendo uma atitude democrática e cidadã.

As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 31 jan. 2020.

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PE RC U RS O 1

Como identificar os
desafios da minha
comunidade?

André Lucas/
UOL/Folhapress
Objetivos
Refletir sobre o conceito
de protagonismo juvenil. Jovens em evento de cultura geek no bairro Capão
Analisar exemplos de Redondo, em São Paulo (SP). Foto de 2019.
protagonismo juvenil.
Identificar e selecionar A foto mostra pessoas interagindo durante a Perifacon, evento
um desafio da realizado na Fábrica de Cultura, no bairro Capão Redondo, na cidade
comunidade.
de São Paulo, em 2019. O evento foi organizado por jovens da peri-
Levantar dados e
informações sobre o feria com o objetivo de divulgar as culturas geek e pop produzidas
desafio escolhido. por artistas da comunidade.
1. Você se interessa por cultura pop de modo geral? Você já fre-
quentou algum evento como o mostrado na imagem?
2. Por que você acha que os jovens organizaram esse evento?
Você acha que eles tiveram uma atitude protagonista? Em sua
opinião, o que um evento como esse pode provocar na comu-
nidade onde é realizado?
3. Nas grandes cidades, é comum haver mais ofertas de lazer na
região central do que na periferia. Por que você acha que isso
acontece? Que problemas isso gera? Levante hipóteses para
responder a essas questões e compartilhe-as com os colegas.

36 Não escreva no livro.

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Protagonismo juvenil
Como você viu na apresentação deste projeto, o termo protagonismo se refere a participar
ativamente da busca de soluções para desafios pessoais e da comunidade. Ações que envol-
vem protagonismo podem levar a transformações da sua realidade e da realidade das pessoas
de sua comunidade. A Perifacon é uma ação cultural que permite que jovens interessados
nas culturas geek e pop participem de um evento voltado para esse tema. Além disso, possi-
bilita que artistas da periferia divulguem seu trabalho.
Saiba mais

Culturas juvenis
As culturas juvenis são expressões culturais e comportamentais da juventude basea-
das nos bens culturais que os jovens consomem, buscando a reafirmação e a construção
de sua identidade. A juventude é marcada pela pluralidade, portanto, existe uma grande
diversidade de culturas juvenis. A cultura geek ou nerd é uma delas e envolve histórias
em quadrinhos, mangás, jogos de tabuleiro, videogames, filmes, séries e tecnologia.

Leia o texto abaixo e, depois, reflita sobre as questões a seguir.

Perifacon mostra que favela também é nerd e que está cheia de novos autores
“Tudo começou com o debate sobre como é difícil acessar cultura nerd na quebrada. E como, apesar
disso, não deixamos de consumir”, conta Mateus Martins, 22, um dos idealizadores da Perifacon, conven-
ção que, no último domingo [24/3/2019], levou o universo geek para a Fábrica de Cultura do Capão
Redondo, na periferia da zona sul de São Paulo. Martins uniu-se a mais sete amigos para criar a primeira
edição do evento, que atraiu mais de 4 mil pessoas em um domingo no bairro conhecido por ser berço
de Mano Brown e Ice Blue, dos Racionais MCs. Enquanto a Comic Con Experience, a maior convenção
geek do país, tem valores que vão de R$ 90 a R$ 1.800, a Perifacon foi gratuita.
“A galera ou não tem dinheiro ou tem que pegar duas, três horas de ônibus para ir ao evento e acaba não
indo. A gente sempre consumiu cultura geek e é muito bom ver um evento desses democratizando o acesso”,
comenta Hugo Rafael, integrante da banda Kuromame, que tocou no início do evento. De fato, a quebrada
não tem o mesmo acesso a espaços culturais. De acordo com o Mapa da Desigualdade 2018, organizado pela
Rede Nossa São Paulo, o bairro do Grajaú, também da periferia da zona sul, tem aproximadamente um centro
cultural para cada 333 mil pessoas. O índice é 117,8 vezes pior que o subdistrito da Sé, no centro da cidade.
Mari, João de; Bernardo, Kaluan. Perifacon mostra que favela também é nerd e que está cheia de
novos autores. UOL TAB. 25 mar. 2019. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/
redacao/2019/03/25/a-periferia-sempre-consumiu-cultura-nerd-e-a-perifacon-foi-a-
prova-disso.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 31 jan. 2020.

1. Como os jovens organizadores da Perifacon perceberam a necessidade de promover


um evento desse tipo?
2. Por que é importante democratizar o acesso a um evento de cultura geek e pop? Argu-
mente com base em elementos do texto.
3. Pense em situações em que você teve de tomar uma decisão importante em sua vida.
Que ação você tomou em cada uma delas?
4. De que forma ser protagonista pode contribuir em sua vida? Qual é sua importância
para a melhoria da comunidade em que você vive?

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Protagonistas
Agora, você vai conhecer outros exemplos de protagonismo juvenil
por meio de uma proposta que utiliza a metodologia de rotação por
estações. Nessa metodologia, são organizadas estações temáticas
nas quais são propostas diferentes atividades, como a leitura de um
texto ou a discussão de um vídeo. Os participantes são organizados
em grupos, que realizam uma atividade em cada estação em um tempo
pré-determinado. Ao fim desse tempo, as equipes mudam de estação
Explore até que todos os grupos tenham passado por todas as estações.
O professor vai organizar as estações e estipular o tempo que cada
O menino que descobriu o equipe ficará em cada uma delas. Em cada estação, você deverá:
vento. Direção: Chiwetel
Ejiofor. Reino Unido, 2019 Conversar com os colegas que estão na estação sobre o pro-
(113 min). blema identificado pelo(s) jovem(ns) envolvido(s) na ação, qual
Esse filme conta a história de foi a solução encontrada para resolver o desafio e quais foram
um menino de 13 anos de idade os impactos da(s) ação(ões) na vida do(s) jovem(ns) envolvido(s)
que salvou a comunidade em e em sua comunidade.
que vivia ao construir um
moinho de vento para gerar Quando todos os grupos já tiverem passado por todas as esta-
energia e irrigar os campos de ções, façam uma roda de conversa para trocar as impressões sobre
cultivo agrícola.
as histórias que vocês conheceram. No caderno, registre as princi-
pais conclusões da turma.
Saiba mais

Cidadania
O protagonismo juvenil está relacionado ao exercício pleno da cidadania dos jovens.
Mas o que significa cidadania?
O termo cidadania é polissêmico e seu significado mudou muito ao longo da histó-
ria. Atualmente, no Brasil, cidadania refere-se aos deveres e aos direitos do cidadão.
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, a cidadania é um dos fundamentos
do Estado brasileiro.
Para o exercício pleno da cidadania, os cidadãos devem conhecer seus direitos e
seus deveres frente ao Estado. A convivência exerce papel fundamental nessa relação,
pois é a partir do convívio com o outro que temos consciência e exercitamos nossos
direitos e deveres.
A cidadania baseia-se na justiça social, ou seja, todos têm direitos iguais, indepen-
dentemente de origem, classe social, raça, religião ou gênero, e também deveres iguais.
Quando um cidadão é privado de seus direitos, é privado também de sua cidadania.
Assim, com base na justiça social, é dever do Estado garantir a todos os cidadãos seus
direitos. Portanto, a cidadania é fundamental para o protagonismo juvenil, uma vez que,
assumindo esse protagonismo, os jovens podem reivindicar seus direitos perante o
Estado e, cumprindo seus deveres, usufruir da sua condição de cidadão.

1. O artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988 determina


que é papel da educação preparar os indivíduos para o exercício
da cidadania. Em sua opinião, como a educação auxilia a cons-
trução da cidadania? Discuta essa questão em grupo e, com
os colegas, elaborem um texto com suas impressões.

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Identificando os desafios da comunidade
Neste percurso, além de conhecer histórias de jovens que estão fazendo a diferença na
própria vida, na comunidade em que vivem e no mundo, você vai refletir sobre os principais
desafios enfrentados pela sua comunidade. Em seguida, vai se juntar aos colegas para esco-
lher um desses problemas e elaborar uma proposta criativa para enfrentá-lo.
Para ser protagonista, é preciso pesquisar, conhecer, interpretar e analisar os dados antes
de intervir na realidade. Por isso, é importante entender o desafio e estabelecer um plano de
ação cultural para combatê-lo. E por que uma ação cultural, se os desafios poderiam ser
enfrentados de outras maneiras? Porque as ações culturais atraem e têm o potencial de inte-
grar pessoas de diferentes idades e origens sociais da comunidade, com distintas experiências
de vida, proporcionando convívio e senso de pertencimento. Assim, como o tema da ação
cultural estará relacionado a um problema vivido por aquelas pessoas, elas serão provocadas
a refletir sobre os problemas da comunidade e a se engajar em sua solução.
Primeiro, a turma será organizada em grupos, conforme a orientação do professor, para
identificar os principais desafios da comunidade onde vivem. Essa etapa demanda um olhar
empático, crítico e responsável sobre sua comunidade. Vocês podem apontar algum problema
frequentemente discutido na comunidade ou se basear em carências que vocês percebem,
como fizeram os jovens organizadores da Perifacon, que notaram a falta de acesso de jovens
da periferia a eventos da cultura geek.
Para identificar os desafios, discutam questões como: Há problemas ambientais na comu-
nidade? Há centros culturais e de lazer e entretenimento no bairro? Quem frequenta esses
espaços? Existem projetos culturais e esportivos na comunidade? Quais são os principais
problemas da escola?
Façam um levantamento dos desafios identificados e escolham aquele que consideram
mais urgente, levando em conta critérios como interesse pelo tema, viabilidade de propor uma
ação cultural e possibilidades de impacto na comunidade afetada. Caso não haja consenso na
escolha de um único desafio, façam uma votação.
Saiba mais

Tempestade de ideias
Brainstorming ou, em português,

Alessandro Romagnoli/Shutterstock.com/ID/BR
“tempestade de ideias” é uma meto-
dologia de resolução de problemas
na qual um grupo de pessoas
expressa suas ideias livremente
com o objetivo de estimular a criati-
vidade e chegar a soluções inovado-
ras. O brainstorming pode ser feito
de diferentes maneiras para identi-
ficar os desafios da comunidade.
Caso o grupo resolva realizar um
brainstorming nesta ou em qualquer
outra etapa deste projeto, as ideias
que surgirem durante sua realização
Durante o brainstorming, é interessante utilizar
devem ser faladas sem a preocupa- canetas coloridas, folhas de papel sulfite, blocos de
ção inicial de estarem acabadas, pois papel autocolantes coloridos, lousa, cartolina ou
elas podem ser aperfeiçoadas e outros materiais para anotar ideias ou palavras-
-chave que surgirem. Na foto, jovens utilizam
complementadas pelos colegas ou cavalete de desenho durante reunião de
até combinadas com outras ideias. brainstorming. Milão, Itália. Foto de 2019.

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Coleta de dados e pesquisa de campo
Após identificar um desafio da sua comunidade, vocês devem obter informações sobre
o problema para, em seguida, propor uma ação cultural. Organizem-se em grupos para
coletar dados e informações em livros, jornas locais, sites institucionais e governamentais,
redes sociais, entre outras fontes confiáveis. Não se esqueçam de anotar as fontes consul-
tadas, a data de consulta de cada fonte e o que mais considerarem relevante sobre as
informações e os dados coletados.
É importante registrar as considerações e as informações encontradas durante a
pesquisa de uma maneira que todos tenham acesso facilmente. Algumas possibilidades
são incluí-las em uma pasta exclusiva para anotações sobre o projeto ou em um editor de
texto ou bloco de notas virtual hospedado na nuvem, que todos os integrantes do grupo
podem acessar e editar.
Em seguida, será primordial realizar uma pesquisa de campo para observar o problema e
entrevistar as pessoas relacionadas à questão. Em campo, tirem fotos, façam desenhos,
esquemas e anotações.
Para realizar as entrevistas, vocês devem:
Estabelecer a quantidade de pessoas que serão entrevistadas.
Escolher como as entrevistas serão realizadas (é possível abordar as pessoas durante a
pesquisa de campo ou enviar a elas um questionário on-line).
Elaborar o questionário, que pode ser aberto ou fechado, dependendo das informações que
precisão ser obtidas sobre o problema.

As atividades de campo, o questionário das entrevistas e a pesquisa de dados e informações


vão depender do desafio da comunidade. Tenham em mente que as informações coletadas
devem ajudar na criação da ação de intervenção.
Quando forem a campo, lembrem-se de levar os materiais que serão utilizados, como pran-
chetas, formulários, câmera, gravador, entre outros.

Análise e organização das informações


Após a coleta de dados, organizem as informações obtidas. Neste momento, é impor-
tante que todos os integrantes do grupo se reúnam para conversar sobre o material compi-
lado. Esse é momento de todos compartilharem suas impressões com os colegas.
Em seguida, analisem os dados da pesquisa. Essas informações possibilitarão que vocês
se aprofundem nas causas do problema local e ampliem a compreensão sobre o tema.
Durante a análise dos resultados das entrevistas, classifiquem as respostas dos questio-
nários de modo a identificar com clareza quais são os temas mais recorrentes. Leiam as
respostas individualmente e em grupo. Em seguida, agrupem as respostas em grandes temas:
meio ambiente, lazer, escola, entre outros que possam surgir. Levantem as seguintes infor-
mações: quais problemas foram citados; quais são os temas mais frequentes; quais são os
subtemas dentro de cada grupo de tema, entre outras questões que julgarem pertinentes.
Para isso, façam um levantamento numérico: elaborem gráficos e tabelas que apresentem
a análise que vocês fizeram das respostas dos questionários. A partir desse levantamento,
escolham o tema mais frequente entre as respostas.
Por fim, elaborem um relatório no qual será descrito todos os resultados da pesquisa.
O relatório pode conter imagens, tabelas e gráficos. Essa atividade pode ser desenvolvida
com a ajuda do professor de Matemática e do professor de Geografia.

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PE RC U RS O 2
1

Como elaborar uma


ação para enfrentar
os desafios da
comunidade?
Vincent Kessler/Reuters/Fotoarena

Objetivos
Greta Thunberg. Estrasburgo,
Analisar um problema da
comunidade e propor
França. Foto de 2019.
um plano de ação para
combatê-lo.
Greta Thunberg é uma ativista sueca. Na foto, ela discursava em Traçar uma proposta de
um encontro do comitê sobre o meio ambiente no Parlamento Euro- divulgação para a
implementação do
peu. Em seu discurso, a jovem chamou atenção para as mudanças
projeto na comunidade.
climáticas do planeta. Observe a foto e discuta as questões a seguir. Construir um mapa
mental para a
1. Em sua opinião, por que Greta decidiu se posicionar sobre essa visualização das ações
questão específica? que serão desenvolvidas.

2 Quais outras questões também deveriam ser discutidas pelos


jovens? Compartilhe sua opinião em grupo e aponte quais
foram as questões mais citadas. Os problemas apontados são,
em sua maioria, globais ou locais?

3. Como você pode contribuir para a resolução de problemas e


conflitos na comunidade em que vive?
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Propondo soluções criativas
Leia os textos para saber mais sobre as atitudes de Greta Thunberg e do brasileiro José
Nelson de Oliveira, que os transformaram em exemplos de protagonistas juvenis. Greta
chamou a atenção da comunidade internacional para a questão das mudanças climáticas e
José Nelson desenvolveu um aplicativo que auxilia no tratamento de Alzheimer. Em seguida,
responda às questões.

O ativismo juvenil de Greta Thunberg


Greta Thunberg é uma adolescente da Suécia que deu início a um movimento internacional de estu-
dantes que pede medidas concretas para combater as mudanças climáticas. […]
Tudo começou em uma sexta-feira, em agosto de 2018, quando a sueca, então com 15 anos, faltou à
aula para protestar contra as recentes ondas de calor e os incêndios que afetaram o país. Ela se sentou
em frente ao Parlamento da Suécia com um cartaz com os dizeres: “Em greve escolar pelo clima”.
O protesto solitário de Thunberg ganhou o noticiário e inspirou jovens de todo o mundo a criarem
mobilizações às sextas-feiras, para que políticos e autoridades mundiais cumprissem as metas de emissão
de gases causadores do efeito estufa. O movimento, que ficou conhecido como “Fridays for Future”, culmi-
nou em uma greve escolar global no dia 15 de março [de 2019], com protestos em mais de cem países. […]
Cunha, Carolina. Quem é Greta Thunberg e como as mudanças climáticas podem cair no Enem 2019. UOL Educação,
21 out. 2019. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/10/21/greta-thunberg.htm. Acesso em: 31 jan. 2020.

Adolescente cria aplicativo para auxiliar tratamento de pacientes com Alzheimer


Um adolescente de 12 anos criou um aplicativo que estimula, por meio da música, a memória dos
pacientes diagnosticados com Alzheimer. A ferramenta foi reconhecida como tratamento terapêutico
pela Sociedade Brasileira de Alzheimer […].
O trabalho, que começou a ser produzido para uma feira de ciências da escola, foi idealizado depois
que José Nelson Oliveira, de 12 anos, visitou um asilo pela primeira vez. “Eu estava procurando um tema
para o meu trabalho. Pesquisei sobre Alzheimer e descobri que a música poderia ajudar no tratamento
dessa doença”, conta o estudante. […]
O aplicativo, chamado Memory-Game, armazena músicas que despertam a memória e emoção dos
pacientes, e pode ser encontrado também na versão on-line para computadores. […]
“A tecnologia está à disposição de todo mundo e pode nos ajudar tanto no tratamento de doenças
quanto no dia a dia. Logo no primeiro teste, foi incrível a reação dos pacientes. Eles foram muito gentis”,
conta João Nelson sobre a experiência. […]
Góes, Clarissa. Adolescente cria aplicativo para auxiliar tratamento de pacientes com Alzheimer. G1 Pernambuco, 3 out. 2019.
Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/10/03/adolescente-cria-aplicativo-para-auxiliar-tratamento-
de-pacientes-com-alzheimer.ghtml. Acesso em: 31 jan. 2020.

1. Como esses jovens assumiram o protagonismo nas situações retratadas?

2. Quais impactos esses projetos geraram?

3. Como você acha que foi o processo da ação promovida pelos jovens?

4. Quais motivos levaram os jovens a tomar a iniciativa nas duas situações exemplificadas?
Com quais desses projetos você mais se identifica? Por quê?

5. Conforme apresentado nos textos, o protagonismo juvenil pode assumir diferentes


formatos e iniciativas. Em grupo, discutam por que os jovens decidiram elaborar os
projetos nos formatos de greve e aplicativo. Quais outros formatos eles poderiam ter
utilizado? Lembre-se de argumentar de forma respeitosa e colaborativa com os colegas.

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Propondo uma ação cultural
No percurso anterior, por meio de entrevistas com moradores, você e os colegas tiveram a
oportunidade de coletar informações e escolher o problema comunitário que será enfrentado.
Agora, vocês vão planejar uma ação cultural e traçar uma proposta de divulgação para ela,
buscando o engajamento de mais estudantes e da comunidade.
O primeiro passo é decidir que tipo de ação será desenvolvida. As informações e os dados
coletados sobre o problema da comunidade durante o Percurso 1 podem ajudar a pensar na
ação a ser implementada. A ação deve envolver uma prática artística ou cultural. Há diversos
formatos que podem ser realizados, tais como:
uma mostra de arte; uma intervenção;
uma performance; uma mostra temática de cinema;

um evento cultural com o objetivo de cons- um debate público;


cientizar as pessoas sobre o problema; uma feira cultural.

Realizem um brainstorming para discutir e registrar as ideias criativas para o formato da


ação cultural de enfrentamento do problema.
A realização do brainstorming vai demandar um trabalho em grupo. O trabalho em equipe
nem sempre é fácil, mas os resultados compensam. Em equipe, podemos dividir tarefas, desen-
volver nossas ideias e compartilhar informações. Essas possibilidades podem deixar o resultado
do trabalho mais rico e diverso. Mas o trabalho em grupo não visa só a resultados práticos. Ele
também é um exercício de aprendizado, pois por meio dele podemos reconhecer nossos senti-
mentos e os dos outros, abrindo espaço para o diálogo e valorizando as diferenças.
Após selecionarem a ação por meio do trabalho em equipe, pensem em como ela aconte-
cerá e tudo o que será necessário desenvolver ou produzir para realizá-la e, portanto, em sua
viabilidade. Por exemplo, se vocês forem realizar uma performance ou uma peça de teatro,
será necessário confeccionar figurino? E se for um debate público, onde ele poderá ocorrer?
Ao eleger a ação cultural de enfrentamento do problema, é preciso pensar em sua viabi-
lidade, considerando o tempo de execução do projeto. Se surgirem dúvidas, conversem
com o professor.

Fernando Favoretto/Criar Imagem

Alunos realizam atividade em grupo em São Paulo (SP). Foto de 2018.

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Planejando a ação cultural
Leia as questões apresentadas no quadro abaixo.

ID/BR
ONDE? O QUÊ?

QUEM? POR QUÊ?

COMO? QUANDO?

Depois de decidir que tipo de ação cultural será organizado pela turma, vocês devem plane-
jar a produção do evento e estabelecer um plano de ação. As questões do quadro podem
ajudá-los a planejar o desenvolvimento da ação cultural. Para isso, sigam os passos abaixo.
Anotem qual será a ação cultural.

Estabeleçam objetivos e justifiquem o tipo de ação que será implementado.

Listem tudo que será preciso fazer e todos os equipamentos e materiais que serão neces-
sários para realizar a ação.

Marquem o tempo que vocês têm para desenvolver o projeto. Decidam quando e onde ele
será realizado.

Organizem os passos que serão necessários para implementar a ação cultural e estabeleçam
as metas, os prazos e os resultados esperados para a conclusão de cada etapa.

Definam os responsáveis para cada atividade que será feita, para que o evento ocorra
com sucesso. Cada aluno deverá enviar relatórios diários ou semanais (conforme a esco-
lha do grupo) para que a equipe tenha uma visão geral do andamento das atividades.
Talvez seja interessante estabelecer um canal de comunicação entre todos os estudantes
da turma.

Façam um cronograma e acompanhem semanalmente se as atividades e as etapas estão


sendo cumpridas. Vocês podem criar uma agenda de reuniões nas quais ocorrerão as
entregas oficiais das atividades pelos integrantes do grupo. Acompanhar o desenvolvi-
mento de todo o projeto, e não apenas da parte pela qual você ficou responsável, contribui
para a qualidade final do trabalho e colabora para que possíveis correções de percurso
sejam feitas.

Registrem tudo o que observarem e decidirem. Isso é imprescindível para a construção da


atividade final.

Se possível, mantenham um canal aberto com a comunidade para tratar do planeja-


mento da ação cultural e levar em consideração as ideias das pessoas que fazem
parte da comunidade.

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Implementando um plano de divulgação
O sucesso da atividade depende não apenas do grupo, mas do engajamento da comunidade.
Para isso, será preciso desenvolver uma estratégia de divulgação da ação cultural que estimule
a curiosidade e a participação das pessoas.
Como a ação será desenvolvida em um tempo curto, a estratégia de divulgação deve ser
efetiva e garantir a adesão rápida das pessoas da comunidade. Quanto mais pessoas estiverem
envolvidas, maiores serão as chances de sucesso da ação cultural.
Para montar uma estratégia de divulgação, é importante considerar os passos abaixo.
Escolher o público-alvo.
Escolher os recursos que serão utilizados para divulgar o evento: cartazes, memes, hashtags,
slogan, imagens, jingles, vídeos, áudios, etc. Aproveite o talento dos colegas e acrescente ele-
mentos culturais da comunidade, como grafites, músicas, entre outros.
Criar frases impactantes e comunicações breves que resumam a ação.

Após finalizar o planejamento da ação cultural e montar a estratégia de divulgação, vocês


devem indicar em um mapa mental (ver boxe Saiba mais a seguir) todas as etapas, os proce-
dimentos e as atividades definidas.
Lembrem-se de incluir no mapa mental as pessoas responsáveis pela execução de cada
procedimento ou etapa. Também é possível inserir as datas de realização desses procedimen-
tos, entre outras informações que julgarem relevantes.
O mapa mental pode ser afixado em uma parede da sala de aula ou feito em uma plata-
forma digital. Façam-no com capricho, pois ele fará parte do produto final do projeto.
Saiba mais

Mapa mental
Mapas mentais são esquemas gráficos que apresentam palavras-chave em uma
sequência lógica. Eles são utilizados para registrar um conjunto de informações e,
assim, facilitar a organização de ideias. Para elaborá-los, usam-se palavras, expres-
sões, imagens, esquemas e cores diversas. Observe um exemplo de mapa mental
para o planejamento de um evento.

Mapa mental: Antun Hirsman/Shutterstock.com/ID/BR;


Super-heroína: Bonezboyz/Shutterstock.com/ID/BR
Fantasia Espaço
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Fonte de pesquisa: Buzan, Tony. Dominando a técnica dos mapas mentais: guia completo de aprendizado
e o uso da mais poderosa ferramenta de desenvolvimento da mente humana.
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Cultrix, 2019.

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PRO D U TO FI N A L

Ação cultural
na comunidade

Nos percursos anteriores, vocês tiveram a oportunidade de refletir sobre os problemas enfrentados pela comu-
nidade onde vivem e, com a comunidade, propor um plano de ação cultural ou artística para enfrentar esse problema.
Agora, é hora de colocar o planejamento em prática. Para isso, sigam estas etapas.

Etapa 1 Há diversos meios e canais de comunicação possí-


veis, e a escolha do canal para a divulgação é muito
Criar um canal de divulgação importante. É preciso que o canal escolhido seja atua-
da ação cultural ou artística lizado frequentemente, para garantir o engajamento
Chegou o momento de comunicar à comunidade de todos e a credibilidade da ação. Por isso, pensem
quando e onde ocorrerá a ação cultural planejada por com cuidado: O grupo dará conta de cuidar de muitas
vocês, além de outras informações. Esta etapa está di- frentes de trabalho? A escolha do canal de comunica-
retamente relacionada com o plano de divulgação, pois ção vai depender muito do problema que será enfren-
trata-se de colocar em prática as estratégias que vocês tado e da ação cultural desenvolvida.
desenvolveram nele. O mapa mental elaborado dará as Vejam, a seguir, algumas possibilidades de comuni-
coordenadas para colocar a mão na massa. cação do grupo com a comunidade.

a. Jornal mural c. Podcast


Trata-se de um veículo de comunicação muito efi- Os podcasts são episódios de um programa de rá-
ciente, pois, geralmente, é destinado a um público dio on-line, como um capítulo de novela ou série. São
específico, como funcionários de uma empresa ou disponibilizados na internet com alguma periodicida-
de (diariamente, semanalmente, mensalmente, etc.)
alunos de uma escola. No mural, são afixados notícias,
e tratam de um tema específico. São um veículo de
recados e conteúdos diversos. É importante que o
comunicação bastante prático e podem ser compar-
mural seja instalado em um local com grande movi-
tilhados em tempo real.
mentação de pessoas e apresente informações que
interessem ao público-alvo. d. Blog
Para a comunicação com a comunidade, o jornal Trata-se de um recurso que permite disponibilizar
mural pode ser afixado nas paredes da escola e dos informações como postagens, publicações gerais,
comércios das proximidades da comunidade, de artigos, etc., de modo rápido e atualizado. Geralmente,
modo a facilitar sua visualização pelo público-alvo. os blogs são páginas pessoais, em que os usuários
É preciso solicitar a autorização dos coordenadores trocam experiências com seu público.
e dos diretores da escola, assim como dos proprie- e. Boletim informativo digital
tários dos comércios para a exposição do material.
O grupo pode produzir um boletim digital e montá-lo
Se forem fixar o mural em locais públicos, deve-se
em papel, com recortes e colagem. Os textos podem ser
solicitar autorização ao órgão competente. digitados ou escritos à mão. Caso optem por fazer o
boletim matriz de forma manual, os demais podem ser
b. Redes sociais
reproduzidos por fotocópias. Os boletins digitais podem
O grupo pode criar redes sociais para compartilhar ser compartilhados nas redes sociais como arquivos
com a comunidade fotos, textos e vídeos a respeito anexos. Se os boletins forem manuais, vocês podem
do desenvolvimento do projeto. tirar uma foto e compartilhá-la como imagem.

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A ferramenta escolhida deve ser capaz de passar informações sobre o projeto de forma clara e rá-
pida. Criem estratégias para que a comunidade não apenas tenha informações sobre a ação, mas
também possa enviar comentários e sugestões. Por exemplo, se o canal escolhido estiver em uma
plataforma digital, vocês podem habilitar a opção de receber comentários; se o canal utilizado for o
jornal mural, vocês podem deixar uma caixinha de sugestões e passar recolhendo periodicamente os
recados ali deixados.

Etapa 2

Implementação da ação cultural


Com a ação planejada, é hora de unir forças e colocar o projeto em prática. Novamente, o mapa
mental que descreve e ilustra todo o planejamento vai nortear o processo.
Mas, antes de iniciar o desenvolvimento do projeto, o grupo deve se certificar de que está tudo sob
controle, checando os itens a seguir:

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


Todos os participantes do projeto devem estar cien-
tes do dia e do horário em que a ação vai iniciar e seu
período de duração.
Certifiquem-se de que estão com todos os materiais
necessários, como celulares, gravadores, câmeras,
cadernos e canetas para registros, entre outros que
julgarem necessários para o desenvolvimento do
projeto.
Vocês também podem solicitar à comunidade que
ajude nas etapas do projeto e faça os registros. De-
pois, peçam que enviem o material para vocês por
e-mail ou rede social. Se necessário, planejem-se e
levem à comunidade, por exemplo, papéis impressos
ou ainda digitalizados por meio de fotografias que
possam ser utilizados para o registro do material.
Certifiquem-se de que o horário e o local são seguros Estudantes fazem apresentação de projetos
para colocar o projeto em ação. interdisciplinares em Santarém (PA). Foto de 2017.

Etapa 3

Monitorando o andamento do projeto


Durante o desenvolvimento do projeto, as diversas situações devem ser monitoradas constantemen-
te para que o plano de ação seja implementado com sucesso. Em momentos determinados pelo grupo,
os integrantes devem se reunir para checar o andamento do projeto e adotar medidas e alterar o plane-
jamento inicial, se necessário.
Escolham um dia para a reunião do grupo.
Coloquem na mesa o plano inicial e as metas e compare-os com as atividades desenvolvidas pelos
integrantes da equipe.
Registrem todas as etapas desenvolvidas até o momento.
Houve alguma necessidade de readequação do plano de ação ou da estratégia de monitoramento e
execução inicialmente realizada pelo grupo? Qual? Por quê?

Não escreva no livro. 47

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Etapa 4

Compartilhamento e criação de um portfólio e


apresentação final do projeto
Nesta etapa, os grupos devem consolidar todos os dados e resultados da ação adquiridos ao longo
do desenvolvimento do projeto, pois vão organizar as informações em um portfólio. Ao final, os grupos
devem apresentar os resultados à comunidade, recebendo-a na escola.

a. Analisando os resultados e organizando as informações


No primeiro passo desta etapa, você deve organizar todas as informações e tarefas que estão sob
sua responsabilidade e expressar as experiências vividas, relacionando-as com os dados coletados.

b. Decidindo como organizar o portfólio


Para criar o portfólio, o grupo deverá se valer dos registros realizados no desenvolvimento do
projeto, que foram anotados em cadernos ou em blocos de nota (impresso ou digital). Caso optem
pela realização da divulgação em ferramentas digitais, o fato de o registro ter sido feito também
digitalmente pode facilitar a conclusão desta etapa.
Com os colegas do grupo, decidam em qual suporte o portfólio será criado (blog, página em rede social,
apresentação digital, cartazes, em formato de livro, etc.).

Mão na massa
Dividam as tarefas.
I. Organizem as informações: selecionem os dados da investigação inicial, as fotos, os dados finais
da pesquisa e todos os registros que vocês fizeram do projeto, separando-os por categorias.
II. Nesse momento, vocês podem aproveitar para realizar um making of, ou seja, um registro em vídeo
apresentando a preparação da ação.
III. Façam escolhas: é possível que vocês tenham muitos dados e nem todos sejam necessários. Por
exemplo: caso vocês tenham tirado cem fotos de cada etapa, vocês acreditam que colocar todas
elas, mesmo que seja em um blog ou uma página de rede social, seja necessário e viável? Quan-
to tempo seria necessário para fazer o tratamento e o upload (envio) de cada imagem?
IV. Façam perguntas como essas na análise de tudo aquilo que deve compor ou não o trabalho final
da equipe.

V. Agora, vocês devem redigir, de forma clara, os textos que vão explicar o desen-
volvimento de todo o projeto. Também devem escrever as legendas das ima-
Portfólio: conjunto dos
melhores trabalhos gens, dos gráficos e das tabelas.
realizados por VI. Lembrem-se sempre do senso estético na produção. Um trabalho com bom
qualquer pessoa, como conteúdo pode passar desapercebido com uma apresentação não tão boa.
um artista, um
estudante, um VII. Caso vocês optem pelo uso do portfólio em plataforma digital, lembrem-se
designer gráfico ou de montá-lo com base nos pressupostos da acessibilidade, tornando os dados
qualquer outro possíveis de ser acompanhados também por pessoas com deficiência visual
profissional. Esses ou auditiva.
trabalhos podem ser
apresentados em local
VIII. Organizem o layout do portfólio.
físico ou virtual. IX. Revisem os dados, os textos, as imagens e as legendas.
X. Entreguem o portfólio.

48 Não escreva no livro.

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c. Apresentando o trabalho para a turma
Organizem uma breve apresentação para a turma, que pode ser feita inclusive nos moldes da rotação
por estações.
Distribuam um formulário para que os colegas e os professores apontem as melhorias possíveis para
a apresentação aberta ao público.
Reorganizem o trabalho conforme as orientações da turma.

d. Apresentando o trabalho para a comunidade


Com o auxílio do professor, organizem um dia para que a escola receba a comunidade que apreciará
os projetos da turma.
Os grupos devem decidir o tipo de atividade, o dia da apresentação, o tempo de duração e os espaços
da escola que poderão ser utilizados. Lembrem-se de pensar na acessibilidade, considerando, por
exemplo, as pessoas que usam cadeira de rodas. Esse item deve ser decidido com toda a turma, com
os professores e a equipe gestora da escola.
Decidam o tipo de apresentação que vão fazer (o ideal é que cada grupo escolha uma forma).
Criem estações de visita, com atividades diferenciadas (como quiz virtuais e presenciais, apresenta-
ção de teatro, vídeos explicativos, palestras, entre outros). As atividades também podem se relacionar
ao tipo de ação cultural que foi desenvolvido.
Criem elementos estéticos que favoreçam a aproximação da comunidade aos trabalhos, fazendo com
que se sinta acolhida. O grupo deve se inspirar em elementos representativos da região.
Organizem um espaço para apresentações artístico-culturais. Se houver artistas na comunidade,
convide-os a participar.
Planejem os materiais necessários e a distribuição entre as equipes.
Elaborem os convites e os entreguem pessoalmente ou pelos canais de comunicação utilizados
anteriormente.
Boa apresentação!
Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Estudantes, professores e comunidade local participam de apresentação em escola no município de


Araruama (RJ). Foto de 2015.

Não escreva no livro. 49

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Durante este Projeto Integrador, você, por meio de um olhar empático, identificou um desafio da sua
comunidade e propôs um plano de ação cultural para combatê-lo. Para isso, você argumentou, defendeu
suas ideias e, principalmente, refletiu sobre seu papel na comunidade em que vive e promoveu a cons-
trução de uma sociedade democrática, justa e solidária.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e sua participação no projeto.
Primeiro, você e os colegas vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão
verificar como a comunidade local recebeu o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às ques-
tões propostas na tabela para refletir sobre o seu desenvolvimento durante o projeto.

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em uma roda para avaliar o produto desenvolvido, sua perti-
nência para a comunidade e para o público-alvo, o desempenho do grupo e do trabalho em equipe.
Façam uma reflexão e exponham suas ideias de modo claro, objetivo e ético, sempre com respeito
a si mesmo e ao outro, sem preconceitos e promovendo os direitos humanos.
A discussão pode ser orientada com base nas questões a seguir.

1 Vocês ficaram satisfeitos com a ação desenvolvida? Ela atendeu às expectativas do grupo?

2 A ação social representa um trabalho coletivo, em que todos os envolvidos puderam colaborar com
ideias e fazeres concretos?

3 Como foi a organização da equipe e a distribuição das atividades?

4 Como vocês avaliam a pertinência do produto desenvolvido para sua comunidade? Houve engajamento
por parte dela?

5 Como a comunidade recebeu a ação cultural promovida por vocês?

6 A ação colaborou de fato para enfrentar o desafio da comunidade?

7 O formato escolhido foi satisfatório para os objetivos da ação cultural?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo
sistemático como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, prin-
cipalmente, se os objetivos foram alcançados.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações.
Na próxima página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações
desejadas. A turma deve escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o pro-
duto final e pedir que respondam à pesquisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas
ou ser disponibilizado em sites de formulários on-line. Por fim, reúnam-se para analisar os resultados
da pesquisa.

50 Não escreva no livro.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou
totalmente de acordo”.

1 2 3 4 5
1. A ação cultural promovida é pertinente.

2. A ação trata de um tema que de fato é sensível para a


comunidade.

3. Obtive informações importantes sobre o tema da


ação proposta.

4. A forma como a ação foi proposta chamou minha


atenção para o problema abordado.

5. A ação ajudou a combater o desafio da comunidade que


foi abordado.

Acrescentem outras perguntas ao questionário caso julguem necessário. Além disso, se acharem importante,
vocês podem acrescentar um campo para sugestões e comentários.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
houve descobertas interessantes durante a realização do projeto, etc. Utilize a tabela para fazer a autoavaliação, que
pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.

1. Com este projeto tive oportunidade de obter conhecimentos novos?

2. Durante o projeto, me senti desafiado?

3. Participei das tarefas durante a realização do projeto na maior parte do tempo?

4. O projeto despertou meu interesse para novas áreas de conhecimento?

5. Defendi minhas ideias com argumentos sólidos?

6. Defendi minhas ideias respeitando as de meus colegas?

Não escreva no livro. 51

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PROJETO 5
3
M I D I A E D U C A Ç Ã O

Informação: Como
você recebe, como
você compartilha,
como você produz?
E
m uma sociedade em que as informações circulam cada vez mais rápido
e na qual nos deparamos com as mais variadas mídias a todo momento,
é necessário saber reconhecer o tipo de informação que recebemos,
quem é seu autor e por que uma determinada informação chegou até nós.
Ao mesmo tempo, garantir a pluralidade das mídias e a liberdade de
expressão da imprensa faz parte do processo de democratização do
acesso à informação. Observe a foto desta abertura e converse com os
colegas sobre as questões a seguir.
1. O que você acha que as pessoas da imagem estão fazendo?

2. Em sua opinião, o que significa “democratizar a mídia”?

3. Como você se informa sobre o que acontece na comunidade, no muni-


cípio e no país em que você vive?

4. Como você identifica quais fontes de informação são mais confiáveis


e quais fontes são menos confiáveis? Que elementos você busca em
uma informação para avaliar se ela é confiável ou não?

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1 PE RC U RS O 2
DO
PROJETO

52

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Thomas Tebet/Frame/Folhapress

Grupo de pessoas se manifestando em prol da democratização


da mídia no Brasil. São Paulo (SP). Foto de 2013.

PE RC U RS O 3 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

53

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Portal de notícias

Ao entrar em contato com uma informação, é preciso verificar se


a mensagem faz sentido e questionar a inserção ou a falta de deter-
minados dados, bem como a forma como eles foram introduzidos
na mensagem. Por outro lado, ao criar conteúdos, é preciso ser
responsável e refletir sobre o que você quer dizer e de que forma
fará isso.
Para ajudá-lo a refletir sobre as questões apresentadas, este
Projeto Integrador propõe a investigação dos veículos de comuni-
cação, o debate sobre os temas mais atuais da produção midiática
e a produção de conteúdo jornalístico. O objetivo final é a produção
de um portal de notícias que será divulgado para a comunidade esco-
lar. Esse tipo de debate faz parte de um projeto de midiaeducação.

Objetivos
Analisar de forma crítica textos de mídias digitais e impressas.
Identificar o papel da mídia na sociedade.
Pesquisar informações, selecionar conteúdos relevantes e em-
pregá-los para produzir conhecimento, utilizando as tecnologias
digitais de informação de forma crítica e ética.
Acessar ferramentas digitais para pesquisa e leitura de infor-
mações.
Desenvolver e aprimorar o pensamento crítico sobre o consumo
de mídia.
Compreender a postura de produtores de conteúdo alinhados
aos direitos humanos e à liberdade de expressão.
Aplicar o conhecimento adquirido com a leitura crítica dos textos
de mídia para resolver problemas no dia a dia, para se expressar,
argumentar e praticar a cidadania.
Criar produtos de mídia seguindo critérios do jornalismo profis-
sional e da escrita técnica e criativa, de forma ética e responsável.

Justificativa
Todos os dias nos deparamos com diversos tipos de informação:
imagens, propagandas, memes, vídeos, podcasts, mensagens
instantâneas, jogos e notícias da mídia tradicional (revistas, jornais,
rádio, etc.). Essas mídias têm pelo menos duas características em
comum: foram criadas por alguém e têm um objetivo específico, que
pode ser convencer, informar ou divertir. Portanto, saber quem é o
responsável pelas informações divulgadas é fundamental
para entender seu objetivo e os valores que traz consigo.

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Diante dessa multiplicidade de fontes de dados e notícias, saber reconhecer se as infor-
mações são confiáveis e conhecer os riscos relacionados à propagação de falsas notícias
são atitudes indispensáveis para o exercício pleno e responsável da cidadania.

Materiais
Neste projeto, você vai precisar de computador com acesso à internet; celular com câmera
ou câmera digital para tirar fotos e gravar vídeos e áudios; canetas e cartolinas ou outros
materiais semelhantes.

Relação do projeto com as competências


e habilidades da BNCC

Competências gerais da Educação Básica


4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal,
visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em
diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Neste projeto, ao produzir vídeos, cartazes e reportagens, você utilizará diversas linguagens,
conforme previsto na competência, além de ampliar sua capacidade de leitura do mundo para
melhor compreendê-lo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma


crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para
se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas
e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Você desenvolverá aspectos dessa competência ao utilizar plataformas digitais para pesqui-
sar textos de mídia, criar um portal de notícias e refletir sobre questões, como ética na mídia,
cidadania digital, cyberbullying e fake news.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar
e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direi-
tos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros
e do planeta.

Você terá oportunidade de desenvolver sua capacidade argumentativa por meio de conversas
e debates com os colegas que são propostos neste projeto e também ao analisar diferentes
notícias e ao elaborar um artigo de opinião.

Competência específica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local,
regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimen-
tos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se
criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões
baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Essa competência visa estimular a análise de fatos e processos com base em diferentes pontos
de vista. Neste projeto, ao abordar as fake news e a checagem de fatos, você vai desenvolver,
especificamente, as habilidades EM13CHS101, EM13CHS103 e EM13CHS106.

As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas
podem ser encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2020.

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PE RC U RS O 1

Como a mídia
tradicional nos
informa?
Mary F. Calvert/
Reuters/Fotoarena

Objetivos
Analisar de forma crítica
Donald Trump, então presidente dos
os textos de mídias
Estados Unidos, em entrevista coletiva com
digitais e impressas.
jornalistas. Estados Unidos. Foto de 2019.
Identificar o papel da
mídia na sociedade.
Realizar uma leitura
A circulação de informações disponibilizadas por diversos veícu-
crítica dos textos de los midiáticos tem adotado formatos de textos de mídia cada vez
mídia, avaliando suas mais inovadores. O mesmo fato pode dar origem a diferentes textos
intenções, seus
objetivos e sua linha de mídia, além de diversas interpretações. Observe a imagem e
editorial. converse com os colegas sobre as questões a seguir.
Elaborar um artigo de
opinião. 1. Por que você acha que o evento da foto teve uma cobertura
Discutir e delimitar a midiática?
linha editorial de um
portal de notícias. 2. Quais tipos de texto de mídia você acha que foram produzidos
para relatar o evento da foto?

3. Você acha possível distinguir uma propaganda de um con-


teúdo informativo? De que forma?

56 Não escreva no livro.

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Mídia tradicional
A mídia tradicional é composta de jornais impressos e emissoras
de rádio e televisão, geralmente vinculados a grandes empresas
de mídia, que têm o objetivo de informar o cidadão. Para isso, essas
mídias devem confirmar a veracidade das informações divulgadas
e consultar fontes especializadas e confiáveis. Sua principal ativi-
dade é investigar e divulgar notícias de interesse social por meio
de reportagens, artigos, fotos, infográficos e vídeos, produzidos por
jornalistas profissionais com base em critérios de qualidade e ética.
Para cumprir com o rigor ético e garantir a veracidade das informa-
ções, o trabalho jornalístico precisa seguir um conjunto de regras
que inclui a confirmação dos fatos, a checagem de fontes qualifi-
cadas, a apresentação de visões divergentes e a responsabilidade
sobre aquilo que foi publicado.
Como o jornalismo profissional tradicional é financiado pela
publicidade divulgada nos veículos de comunicação, é preciso
deixar claro ao público o que é jornalismo e o que é propaganda.
Além disso, esse modelo traz alguns limites: Será que um jornal
publicaria uma notícia contrária a um grande anunciante?
Na era digital, foram criados diversos meios de divulgação de
publicidade e de notícias, o que desencadeou uma crise no jorna-
lismo tradicional. É curioso notar que o novo cenário cria desafios Explore
não apenas para esse tipo de jornalismo, mas também para o público,
que tem de lidar com a pulverização de fontes de informação com O Quarto Poder. Direção:
origem desconhecida. Diante desse novo contexto, o jornalismo Constantin Costa-Gavras.
vem se reinventando em publicações independentes, com formatos EUA, 1997 (113 min).
inovadores e criativos, e com a diversificação das linhas editoriais. O filme mostra como a mídia
A linha editorial de um veículo de comunicação é determinada pode influenciar as decisões do
poder público, sendo, por isso,
pela direção da empresa e diz respeito ao ponto de vista da institui- considerada por alguns autores
ção sobre os fatos. A linha editorial orienta como os textos serão o quarto poder de uma nação
redigidos, quais termos podem ser usados e em que posição cada democrática, depois dos
poderes Executivo, Legislativo
notícia aparecerá no jornal ou no site de notícias. No jornal, a linha
e Judiciário.
editorial costuma ser apresentada no Editorial, que é um artigo no
qual a empresa apresenta sua opinião sobre determinado tema.
Saiba mais

Representatividade na mídia
FNDC/Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

Devido a seu grande alcance, a mídia pode contri-


buir para reforçar estereótipos negativos e acirrar
preconceitos. Se, por exemplo, a maioria dos filmes
e das novelas apresentar empregados domésticos
negros e princesas brancas, tendemos a considerar
esses padrões óbvios e naturais. O tema tem sido
debatido por movimentos sociais que reivindicam
que negros, mulheres, indígenas, LGBTQIs (lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais),
entre outros grupos sociais, sejam representados de
modo não discriminatório e não pejorativo nos diver- Cartaz de fórum de 2015 que
debateu a representatividade
sos meios de comunicação. de mulheres negras na mídia.

Não escreva no livro. 57

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Jornalismo, democracia e mídia no Brasil
A concepção da liberdade de opinião e expressão como um direito humano só foi conso-
lidada após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em 1948. A partir de então, ficou claro que a produção e a circulação de ideias e
informações são fundamentais para a cidadania e a democracia. O jornalismo profissional é
uma ferramenta fundamental na manutenção
Arquivo/Estadão Conteúdo

e no fortalecimento da democracia, pois tem


como função investigar e publicar notícias de
interesse público.
Durante a ditadura militar, que vigorou no
Brasil entre 1964 e 1985, foi instituída a censura
a jornais e artistas. As publicações eram
submetidas a um exame para impedir que infor-
mações contrárias ao interesse do governo
fossem divulgadas, e os censores obrigavam
os jornais a retirarem textos de suas páginas.
Para denunciar a prática, o jornal O Estado de
S. Paulo inseria poemas no lugar em que apare-
ceria a notícia censurada, conforme a imagem
ao lado.
Embora a censura no Brasil tenha acabado
com o fim da ditadura militar, a mídia brasileira –
e a de diversos países do mundo – apresenta
algumas características que não contribuem
para que ela seja um espaço totalmente demo-
crático. A principal delas é a concentração dos
meios de comunicação, que diz respeito à
propriedade dos veículos de imprensa. No
Brasil, cinco famílias controlam metade dos
meios de comunicação com maior audiência
no país, como mostra a pesquisa Monitora-
mento da Propriedade da Mídia, de 2017, reali-
zada pelo governo da Alemanha e pelas orga-
nizações não governamentais Intervozes e
Página do jornal O Estado de S. Paulo de 4 de setembro de 1974. Repórteres Sem Fronteiras.

Mídia independente
Você já pensou em alternativas à mídia tradicional? Os portais e as agências de mídia
independente são agências jornalísticas que fogem à lógica da grande mídia. Essas agên-
cias geralmente não têm anunciantes e não estão vinculadas a instituições políticas nem
aos grandes grupos de comunicação. Muitas vezes, a mídia independente é financiada por
doações dos próprios leitores.
Esses portais podem ter uma cobertura jornalística ampla ou ser restritos a assuntos espe-
cíficos e relevantes, como cidadania, proteção dos direitos humanos, meio ambiente, segurança,
saúde, participação política, cultura e educação.

1. Em grupo, pesquise na internet o trabalho de algumas das principais agências de jorna-


lismo independente do Brasil. Para isso, faça um levantamento das principais agências
brasileiras e identifique a linha editorial e a área de atuação de cada uma delas.

58 Não escreva no livro.

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Para uma leitura crítica da mídia
Além dos grandes grupos de comunicação, convivem hoje no espaço midiático blogs indivi-
duais, plataformas colaborativas de publicação, sites anônimos, entre outros veículos de comu-
nicação profissionais e amadores. Por isso, é fundamental saber ler e distinguir os tipos de
mensagem que recebemos. Para isso, é preciso analisar essas mensagens por meio de algumas
perguntas: Quem criou a mensagem? Para quem essa mensagem foi criada? Por que essa
mensagem foi criada? Quais elementos são usados para que eu acredite nessa mensagem?
Como eu me sinto com essa mensagem?

Produzindo artigos de opinião sobre a mídia que você consome


Você já parou para pensar de onde vem e quem faz o jornalismo que você acessa? Quem
produz as notícias e de que forma? Como os veículos de comunicação que você costuma
acessar são financiados? Saber as respostas dessas perguntas nos ajuda a entender as dife-
renças entre os veículos, suas linhas editoriais e seus direcionamentos.
Ao analisar um veículo de comunicação, é importante saber a qual grupo ele pertence
(empresa privada, pública ou grupo independente), se a agência ou o portal tem fins lucrativos,
como é seu financiamento (se ele ocorre por meio da veiculação de publicidade, por exemplo)
e se o veículo é ligado a grupos políticos, movimentos sociais ou centros religiosos.

1. Responda às questões no caderno, de acordo com a sua opinião.


a. Como podemos avaliar e garantir a credibilidade das informações veiculadas na
imprensa?
b. Que elementos possibilitam identificar o objetivo de uma reportagem?
c. Como você reage ao receber uma notícia interessante, porém sem fonte confiável?
d. Qual é sua opinião sobre a necessidade de pagar para ter acesso a reportagens produ-
zidas por jornalistas?

2. As reflexões acima podem ser utilizadas como ponto de partida para iniciar o debate
sobre o consumo de mídia. Agora, pesquise na internet mais informações sobre o tema,
para ampliar seu conhecimento e consolidar sua opinião. Para isso, leia blogs e assista a
vídeos. Em seguida, escreva um artigo de opinião sobre o assunto (ver boxe Saiba mais).

3. Reúna os artigos de opinião produzidos e discuta com os colegas que tipo de reportagem
vocês gostariam de disponibilizar no portal de notícias que vocês vão criar. Com base
nisso, determinem as diretrizes que vão orientar a escolha das reportagens que farão
parte do portal de notícias. Em seguida, produzam um texto que delimite a linha editorial
dele. Lembrem-se de que o editorial indica o direcionamento do portal e, consequente-
mente, influencia todas as reportagens produzidas.
Saiba mais

Artigo de opinião
Artigo de opinião é um tipo de texto argumentativo que expressa o
ponto de vista do autor sobre determinado tema. Possui características
de um texto jornalístico, apresentando dados e fatos verdadeiros, e tem
como principal objetivo informar e persuadir o leitor sobre um assunto.

Não escreva no livro. 59

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PE RC U RS O 2

Estamos vivendo na era


da desinformação?
DavidBautista/
Shutterstock.com/ID/BR

Objetivos
Compreender o
Pessoas em vagão de metrô em
fenômeno das fake news.
Medellín, Colômbia. Foto de 2018.
Analisar criticamente as
informações recebidas
por diversos meios de Observe a imagem e converse com os colegas sobre as questões.
comunicação e
informação. 1. Que meios de comunicação e informação as pessoas da foto
Relacionar os diferentes estão utilizando?
tipos de interesse
(econômicos, políticos e 2. Você costuma repassar notícias recebidas em redes sociais e
sociais) relacionados à aplicativos de mensagens para os seus contatos?
divulgação de
informações.
3. Antes de repassar informações para as pessoas, você confere
Elaborar uma campanha
de conscientização se elas são verdadeiras?
sobre fake news.
4. Que características você considera para concluir se uma
notícia é verdadeira ou falsa?

5. Que fontes de notícia você considera mais confiáveis?

60 Não escreva no livro.

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Informação e desinformação

Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)/Ministério da Saúde/Governo Federal


Em 2017, o dicionário Collins elegeu o termo fake news como a pala-
vra do ano. Esse termo designa informações falsas, produzidas com a
intenção de enganar o leitor para conquistar apoio para determinada
causa ou ideia. O fenômeno da desinformação, no entanto, vai além das
fake news e engloba a proliferação de conteúdos imprecisos, equivo-
cados, tendenciosos, mal escritos ou distorcidos, que podem ou não
ser intencionais.
Ao observar esses fenômenos, não é exagero dizer que vivemos hoje
uma crise de desinformação. Uma pesquisa publicada em 2018 pelo Insti-
tuto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, revelou que
as informações falsas circulam na internet em maior quantidade e mais
rápido do que as informações verdadeiras.
As redes sociais são o principal meio pelo qual a desinformação se
espalha, e, em grande parte, isso se explica pelo fato de que as pessoas
tendem a compartilhar com seu círculo social aquilo que mais chama sua
atenção, sem necessariamente avaliar a veracidade da informação. Além
disso, as informações que circulam pelas redes sociais comumente são
Em 2018, o Ministério da Saúde
curtas e contundentes, o que facilita sua disseminação. lançou uma campanha para que
A propagação desse tipo de informação pode ter consequências a população, por meio de um
graves, pois coloca a segurança de pessoas em risco, incentiva crimes número de telefone, possa
verificar se notícias sobre
de ódio, polariza politicamente a sociedade e põe em cheque instituições saúde divulgadas pelos meios
e mecanismos que garantem o bem-estar da população. Dessa forma, de comunicação são
toda a sociedade sofre com a desinformação. verdadeiras ou falsas.

1. No segundo semestre de 2015, ocorreu no Brasil um surto de microcefalia. Vários bebês


nasceram com o crânio e o cérebro menores do que a média, condição que compromete
o desenvolvimento cognitivo e várias outras funções cerebrais. Leia a notícia publicada
ao final daquele mesmo ano e responda às questões no caderno.

Ministério da Saúde desmente boato de que vacina contra rubéola é


causa de microcefalia
Boatos de que os atuais casos de microcefalia foram causados por um lote vencido de vaci-
nas contra rubéola foram desmentidos pelo Ministério da Saúde. Os especialistas fazem ques-
tão de ressaltar que a relação entre a vacina e a microcefalia é totalmente infundada.
O ministério, em nota oficial, “esclarece que todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de
Imunização (PNI) são seguras e não há nenhuma evidência na literatura nacional e internacional de
que possam causar microcefalia.” [...]
Ministério da Saúde desmente boato de que vacina contra rubéola é causa de microcefalia. R7 Notícias,
11 dez. 2015. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/ministerio-da-saude-desmente-boato-de-que-
vacina-contra-rubeola-e-causa-de-microcefalia-11122015. Acesso em: 4 dez. 2019.

a. Quais podem ter sido as consequências da disseminação dos boatos mencionados na


notícia?
b. Você considera que informações falsas, imprecisas ou parciais podem prejudicar a
sociedade? Justifique.
c. Em sua opinião, como podemos combater a desinformação?

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Por que tanta desinformação?
O cenário de poluição informacional em que vivemos atualmente tem muitas causas. Veja
os principais fatores elencados por estudiosos do assunto.
O livre acesso às ferramentas de criação.
Na internet, todos podem publicar conteúdos e ter audiência. Assim, as notícias produzidas
com base em critérios éticos e fontes confiáveis, como as notícias profissionais, passam a
concorrer com páginas que fazem uso inadequado das ferramentas de criação.
As mídias sociais como principal fonte de notícias de grande parte da população.
No Brasil, dois terços das pessoas que têm acesso à internet usam as mídias sociais como
fonte de notícias. Isso pode ser bastante problemático, pois diminui a abrangência do jornalismo
profissional e favorece a circulação rápida de informações falsas ou imprecisas.
As “bolhas informacionais”.
As mídias sociais funcionam por meio de algoritmos, que constroem um perfil de cada
usuário com base em hábitos, interesses e pesquisas na internet. Tudo o que é feito na rede
é registrado, deixando um rastro digital. Assim, as pessoas passam a receber informações
alinhadas à sua visão de mundo e aos seus interesses, em geral produzidas por pessoas ou
grupos que pensam de forma parecida. Isso as coloca em “bolhas informacionais”, que pola-
rizam a sociedade e impedem as pessoas de ter uma visão ampla e plural da realidade.
O viés de confirmação.
As pessoas tendem a prestar mais atenção às informações que confirmam suas crenças
ou seu ponto de vista. Essa tendência tem um efeito mais forte quando o assunto mexe com
as emoções. Tal fenômeno, chamado de viés de confirmação, é perigoso porque, além de
promover a disseminação de notícias falsas, relaciona-se diretamente ao surgimento das
bolhas informacionais.
O baixo letramento informacional da população.
No Brasil, o alto índice de analfabetismo funcional, ou seja, a incapacidade de se compreen-
der textos simples, combinado com o uso recorrente de redes sociais, deixa as pessoas vulne-
ráveis à desinformação, tanto como receptoras como quanto produtoras de informações.
Saiba mais

A desinformação em números
De acordo com o The Reuters Institute Digital News Report 2018, dois terços (66%)
dos brasileiros que estão on-line usam as mídias sociais para receber notícias e um
terço (33%) dos jovens entre 18 e 24 anos de idade usam as mídias sociais como
principal fonte de notícias.
Nani Humor/Acervo do chargista

Tira de Nani, publicada em dezembro de 2016.

62 Não escreva no livro.

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Fake news e política
Após a eleição para presidente dos Estados

Bruno Rocha/Fotoarena
Unidos de 2016, o termo fake news se popularizou.
Veículos de imprensa, instituições de defesa da
democracia e especialistas denunciaram que a
campanha que elegeu o presidente estadunidense
Donald Trump foi permeada por informações falsas
que atacavam sua adversária, Hillary Clinton. “Papa
Francisco choca o mundo e apoia Donald Trump”,
“Wikileaks confirma que Hillary vendeu armas para
o Estado Islâmico” e “E-mail de Hillary para o Estado
Islâmico vazou e é pior do que qualquer um poderia
imaginar” são alguns exemplos de manchetes falsas
que circularam amplamente nos Estados Unidos.
As pessoas que produzem esse tipo de informação
Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
tentam aproveitar a credibilidade de veículos tradi-
(CPMI), em Brasília, criada durantes as eleições
cionais de comunicação para convencer o público. presidenciais de 2018, que ocorreram em um
Dessa forma, essas publicações são divulgadas em ambiente de grande polarização, com incontáveis
sites que imitam portais de notícias profissionais e denúncias de uso de fake news. Essa comissão foi
criada para apurar essas denúncias. Foto de 2019.
chegam aos leitores pelas redes sociais.
Embora o compartilhamento de notícias falsas seja um problema grave e urgente, os espe-
cialistas fazem algumas restrições ao uso do termo fake news, cujo significado em português
é “notícias falsas”. Um dos argumentos utilizados por esses profissionais é que só é possível
utilizar o termo “notícia” para designar informações que foram checadas e que apresentam
diferentes pontos de vista, trazendo diferentes perspectivas do fato narrado, como faz o
jornalismo profissional. Se é falso, não é notícia e, se é notícia, não é falso. Outro problema
com o uso desse termo é que ele passou a ser utilizado para desqualificar fatos com os quais
o leitor não concorda, mesmo que baseados em fontes confiáveis. Nesse caso, trata-se de
uma apropriação política do termo.
Saiba mais

Checado!
Checar se a informação é verdadeira, se está exagerada, se há algum dado distor-
cido e se a fonte é correta são atividades que sempre fizeram parte da rotina de
trabalho dos jornalistas. Porém, com o aumento da divulgação de notícias falsas, esse
conjunto de funções acabou se tornando um campo autônomo: o fact-checking, que
tem a responsabilidade de confrontar declarações com base em dados oficiais e citar
a fonte, para confirmar ou desmentir informações falsas.
No Brasil, há algumas agências de fact-checking. Nos sites indicados a seguir você
pode ler informações sobre notícias que circulam na internet ou solicitar a investiga-
ção de uma notícia.

Lupa. Disponível em: http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/

Aos Fatos. Disponível em: https://aosfatos.org

Truco. Disponível em: http://apublica.org/checagem/

Acessos em: 30 jan. 2020.

Não escreva no livro. 63

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Que informação é confiável?
Com tantas informações falsas circulando, é muito importante
distinguir uma informação falsa de uma verdadeira. E como fazer isso?
Primeiro, é fundamental saber qual a fonte dessa informação,
quem a produziu. Um jornal de grande circulação, uma agência de
notícias conhecida, o site de uma instituição governamental ou
acadêmica são muito mais confiáveis do que um blog desconhecido
ou um jornal de que nunca se ouviu falar.
Outra maneira é pesquisar se a notícia em questão foi publicada
por mais de um jornal ou site na internet. Além disso, convém iden-
tificar o autor ou a autora dessa notícia. Se a pessoa que escreveu
a notícia não estiver claramente identificada, a informação pode ser
Explore falsa. Se houver autor ou autora, é válido pesquisar sobre essa
pessoa e sobre sua reputação profissional.
Não foi Cabral! É fundamental não se ater apenas à manchete das notícias. Por
O jogo Não foi Cabral!, criado critério jornalístico, as manchetes são um tanto provocativas, para
pela iniciativa Educação para a convidar o público para a leitura. Contudo, ela não conta toda a histó-
Informação, propõe uma leitura ria: deve-se ler o texto completo antes de formar uma opinião. Em
diferente dos textos que
comumente encontramos em
sua leitura, é recomendável avaliar, adicionalmente, a qualidade do
livros de História, Geografia e texto. Textos alarmistas, com muitos adjetivos e erros de ortografia
Ciências e está disponível para geralmente são falsos.
download gratuito. A data é um dado a ser observado: informações antigas, na maio-
Disponível em: https://sites.google. ria das vezes, se referem a outro contexto, que muitas vezes já não
com/midiamakers.org/eduinfo/
projetos#h.p_q7LUQU5jLvAl. faz mais sentido. Deve-se ter em conta, também, que as notícias
Acesso em: 30 jan. 2020. verdadeiras são balizadas em dados e citações que podem ser
pesquisados e verificados pelo leitor.
Analisar a natureza do texto é também uma estratégia. Será que
o texto em questão não é uma sátira? A sátira é uma forma de comu-
nicação potente, que, além de divertir, pode provocar reflexões e
questionamentos. Porém, pode ser também mal-entendida.
Por fim, é preciso tomar cuidado com o viés de confirmação.
Todos nós temos conceitos pré-formados sobre determinados
assuntos e é difícil confrontar nossas opiniões, mas esse questio-
namento é fundamental para a construção de um ambiente infor-
macional saudável e democrático. Não é porque não se concorda
que é falso e não é porque se concorda que é verdadeiro.

Ao receber uma informação, lembre-se de considerar as seguintes questões:

Qual é a fonte? Em que as informações estão embasadas?

Quem é o autor? Qual é a data de publicação?

Só a manchete não basta! Será que não é uma piada?

Muitos erros e adjetivos? Desconfie! Não é porque concordo que é verdadeiro!

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Combatendo as fake news
Vamos agora divulgar informações sobre a desinformação? Em grupo, promovam uma campanha na
escola com explicações sobre as fake news e orientações para que as pessoas avaliem as notícias com
as quais entram em contato.
Montem uma exposição com dados sobre como a comunidade escolar lida com as notícias que recebe
pelas mídias sociais e explicações sobre como identificar uma notícia falsa. Além disso, vocês devem
pesquisar notícias e fazer a checagem para determinar se são verdadeiras ou falsas, para que sirvam de
exemplo. Sigam estes passos.

Com base no que você estudou neste percur- Reúna-se em grupo com colegas e, juntos,
so, analise a notícia a seguir e identifique se elaborem o questionário para entrevistar a
ela é verdadeira ou falsa. Escreva um breve comunidade escolar. Ele deve conter as per-
texto no caderno explicando como você che- guntas 2, 3, 4 e 5 da página de abertura deste
gou a essa conclusão. percurso. Além das perguntas, solicite aos
entrevistados que citem uma notícia ou uma
informação que receberam recentemente por
Ícones: Shutterstock.com/ID/BR

meio das redes sociais. Anotem as respostas


CUIDADO COM OS GIFS no questionário.
ATENÇÃO.., ALERTA GERAL!! Para Realizem as entrevistas: combinem previamen-
AQUELES que gostam de reenviar posts te um horário com os entrevistados e sejam
de Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Não objetivos, para que a entrevista seja breve e o
enviar mais esse tipo de “boas” grupo possa entrevistar o maior número possí-
mensagens. Leia este aviso da China of vel de pessoas da comunidade escolar.
Shanghai International News enviou hoje
um SOS para todos os assinantes (este é o Tabulem as respostas das entrevistas e façam
terceiro lembrete) que os especialistas um cartaz com o resultado da pesquisa. Para o
recomende: por favor, não envie o bom dia, cartaz, interessam apenas as respostas da co-
boa noite, como imagens prontas. Os munidade escolar às perguntas da página de
relatórios indicam que os hackers na China abertura do percurso. Vocês podem criar grá-
projetaram tão perfeitamente que ocultam ficos para facilitar a visualização dos resultados
os códigos de phishing dentro deles, da pesquisa. Lembrem-se de informar quantas
quando todos enviam essas msgs enviam pessoas foram entrevistadas. Sugerimos o se-
junta esse dispositivo com os hackers guinte título para o cartaz: “Como a comunida-
usam pra roubar informações pessoais dos
de escolar lida com as notícias que recebe pe-
dispositivos que recebem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
las redes sociais?”.
Foi relatado que mais de 500 mil vítimas
de fraude já foram enganadas. Em seguida, analisem os exemplos de notícia
ou informação que os entrevistados recebe-
Se deseja cumprimentar outros, escreva
sua própria mensagem para se proteger e ram recentemente pelas redes sociais e esco-
proteger sua família e amigos. lham duas delas. Façam, então, o fact-checking
ELIMINE todas as mensagens de dessas notícias: são verdadeiras ou falsas?
saudação que você tem no seu celular Elaborem um cartaz com essas notícias, digam
PARA SUA PRÓPRIA SEGURANÇA! se são verdadeiras ou falsas e expliquem como
Avise a todos os seus amigos para evitar o grupo chegou a tal conclusão.
que hackers sejam feitos com phishing. Finalmente, o grupo deve criar um terceiro car-
Essas imagens, aparentemente inocentes”, taz com dicas para descobrir se uma notícia é
do tipo GIF” podem FACILITAR o roubo DOS verdadeira ou falsa.
seus dados pessoais, números de cartão de
crédito e Pin’s. O material da campanha de conscientização
sobre fake news está pronto! Afixem os carta-
Envie isso para seus contatos para que você
não continue recebendo os cumprimentos zes em um local de grande visibilidade para que
pré-fabricados ladrões de dados. toda a comunidade escolar possa aprender com
o trabalho de vocês.
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PE RC U RS O 3

Como você se comporta


como autor?

Fernando Favoretto/Criar Imagem


Objetivos
Identificar o que é
Adolescentes utilizam celular em
cyberbullying.
São Paulo (SP). Foto de 2017.
Compreender o papel da
ética em novas mídias.
Converse com os colegas sobre as questões a seguir.
Refletir sobre a
presença de 1. Você costuma usar redes sociais? Já acessou suas configura-
propagandas no meio
virtual. ções de privacidade? Acha isso importante? Por quê?
Produzir um vídeo de
conscientização sobre 2. Quando você publica algum conteúdo nas redes sociais, cos-
cidadania digital. tuma refletir sobre quem o receberá? Em sua opinião, isso é
importante? Justifique sua resposta.

3. Você acredita que as pessoas se comportam de forma diferente


nas redes sociais e nas plataformas digitais? Por quê?

4. De que maneira é possível utilizar as redes sociais de forma


ética e cidadã?

66 Não escreva no livro.

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Ética no mundo virtual
Saber ler mensagens e informações de forma crítica e sobretudo produzir conteúdo para
as redes de forma ética, ou seja, com responsabilidade e fazendo escolhas conscientes, são
atitudes que possibilitam a participação ativa na sociedade, por meio do engajamento em
pautas sociais e da participação na construção coletiva do conhecimento. Assim, os novos
meios de comunicação virtual acrescentam mais vozes e pontos de vista ao debate público,
ampliando e fortalecendo a democracia.
Ao interagir nas redes, é preciso agir com responsabilidade e exercitar a cidadania digital,
que é a forma como um indivíduo se comporta nas suas trocas on-line. Para garantir que isso
aconteça, diversas plataformas estabelecem regras e políticas claras em relação ao compor-
tamento dos usuários, que incluem, por exemplo, não compartilhar informações que reforcem
preconceitos, que agridam os direitos humanos, que coloquem pessoas em situações vexa-
tórias e que ponham a segurança dos indivíduos em risco. Confira algumas dicas para praticar
a cidadania digital.

P R ÁTI CA S D E CI D A D A N I A D I GI TA L

COMPARTILHE VERDADES DE FORMA ÉTICA

É importante ter certeza da veracidade da informação que você está comparti-


lhando, bem como respeitar diferentes grupos sociais e não colocar ninguém em
situação vexatória.

CUIDADO COM O TOM

Nem sempre é possível perceber o tom de uma mensagem virtual. Uma sátira pode
ser entendida como uma verdade, e vice-versa. A clareza é fundamental para evitar
confusões ao redigir textos e postar fotos nas redes sociais.

INTERAJA DE FORMA GENTIL E RESPEITOSA

No mundo on-line, muitas vezes há informações, opiniões e pontos de vista com


os quais não concordamos. Você pode contestar e pontuar sua opinião de forma
embasada e clara, iniciando uma discussão saudável que pode, inclusive, acrescentar
elementos ao seu ponto de vista. É importante fazer isso com respeito e empatia.

USE AS REDES PARA O BEM

A internet nos proporciona diversas possibilidades, então por que não utilizar seu
potencial para ajudar pessoas? Use as redes para mostrar talentos e ensinar habili-
dades. Inicie uma campanha e ajude a arrecadar dinheiro para um projeto social. Utilize
os meios digitais para agir positivamente no mundo.

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Cyberbullying
Bullying virtual ou cyberbullying trata-se da violência ou do assé-
dio praticados na internet ou em outras tecnologias virtuais para
agredir, perseguir ou ridicularizar alguém ou um grupo social. Em
geral, as agressões ocorrem de forma recorrente e hostil.
Conselho Nacional de Justiça/Governo Federal

Na internet também ocorrem crimes virtuais, no qual se enqua-


dram alguns tipos de cyberbullying. De acordo com uma empresa
provedora de segurança cibernética, só em 2016, 42,4 milhões de
pessoas foram vítimas de crimes virtuais no Brasil, 10% a mais do
que em 2015. Em 2012, ocorreu um caso que se tornou emblemá-
tico: a atriz Carolina Dieckmann teve pelo menos trinta fotos ínti-
mas roubadas de seu e-mail por hackers. Eles a chantagearam por
meio de mensagens anônimas e exigiram R$ 10 mil para apagar as
imagens. A atriz não cedeu e levou o caso a público. A questão foi
parar na Câmara dos Deputados, que aprovou e colocou em vigor
a Lei n. 12.737, apelidada de Lei Carolina Dieckmann, que pune
Postagem do Conselho Nacional crimes cometidos nos mundos digital e eletrônico.
de Justiça publicada nas redes Agora, leia o boxe abaixo e, em grupo, discuta com os colegas as
sociais para divulgar a Lei Carolina
Dieckmann.
questões a seguir.
Saiba mais

O que é discurso de ódio?


Tom ameaçador, abusivo ou preconceituoso ado­
tado contra um determinado grupo, principalmente em
ambientes on-line, como redes sociais. De modo geral,
essas manifestações costumam incitar o ódio contra
determinados grupos sociais, baseadas em raça,
gênero, orientação sexual, religião ou origem nacional.
Manifestações como racismo, homofobia, xenofobia,
intolerância de gênero ou ataque às mulheres e a mino­
rias são banidas nas redes sociais, que possuem canais
específicos para denúncias. Mas, na prática, esses
comportamentos são difíceis de conter.
InstItuto Palavra aberta. A educação midiática. Educamídia.
Disponível em: https://educamidia.org.br/assets/pdf/
kit-educamidia-cards.pdf. Acesso em: 30 jan. 2020.

1. Você conhece algum caso de cyberbullying? Comente com os


colegas.

2. De que maneira você acredita que poderia ajudar um amigo a


reconhecer que está sendo vítima de cyberbullying?

3. De que forma você poderia ajudar uma pessoa que está pas-
sando por esse problema?

4. O que você faria se descobrisse que alguém que você conhece


está praticando cyberbullying?

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Viralizou!
Quando postamos algo na internet, não sabemos quantas
pessoas essa informação pode alcançar. Por isso, é tão importante
ter responsabilidade na produção das informações. Alguns conteú-
dos podem viralizar, ou seja, ser compartilhados por muitas pessoas
e ganhar ampla repercussão. Vídeos, áudios, GIFs e imagens podem
ser disseminados como se fossem vírus e se espalhar rapidamente
na internet.
Um tipo muito específico de conteúdo viral é o meme: uma ideia
ou avaliação sucinta, acompanhada de uma imagem impactante,
em tom de sátira. O meme pode ser criado por qualquer pessoa e
tem uma linguagem criativa e divertida. Contudo, é bastante
comum que seja feito com fotos de pessoas, famosas ou não, que
não autorizaram o uso de sua imagem. Assim, essas pessoas ficam
expostas e eventualmente são prejudicadas pela circulação incon-
trolável de sua imagem descontextualizada. Essas pessoas sofrem
cyberbullying em grande escala. Veja, por exemplo, o caso relatado
a seguir, publicado em um jornal brasileiro em 2019.

Débora se sentia linda naquela noite de início de 2012. Ela estava em


uma confraternização com a família, quando usou os óculos do primo e
fez uma selfie com o celular. A jovem, na época com 15 anos, compar­
tilhou a fotografia em seu perfil [na rede social]. O registro feito em um
momento de alegria se tornou um dos maiores traumas de sua vida.
A princípio, após publicar a selfie na rede social, a imagem ganhou
likes de amigos da jovem. Mas, dias depois, Débora notou que desco­
nhecidos estavam compartilhando a fotografia.
Os inúmeros compartilhamentos da selfie entristeceram Débora,
pois ela descobriu que havia se tornado meme – como são chamadas
as imagens de humor replicadas exaustivamente em redes sociais –
em razão de sua aparência.
[…]
Na primeira vez em que saiu de casa após o fato, Débora notou que
muitas pessoas haviam visto os memes feitos com ela. “Não tinha ideia
da repercussão. Quando fui a um estabelecimento, perto de casa,
muitas pessoas me reconheceram. Alguns meninos começaram a rir
de mim. Foi horrível”, diz.
lemos, Vinícius. “Virei meme e minha vida se tornou um pesadelo”:
brasileira abandonou a escola e tentou se matar após piadas. BBC News Brasil,
19 jul. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
geral-49041846. Acesso em: 30 jan. 2020. Explore

Crie sua contranarrativa!


Acesse o guia de boas práticas
É válido lembrar que informações falsas viralizam tal como fotos, na internet do laboratório de
memes e piadas. Essas informações podem conter desde uma ideias SaferLab e confira como
contar histórias que se opõem
citação atribuída erroneamente a um autor, a mentiras travestidas ou desconstroem o senso
de notícias para prejudicar um grupo. O impulso de compartilhar comum.
algo rapidamente é ainda mais forte quando a mensagem mexe Disponível em: http://saferlab.org.br/
guia.pdf. Acesso em: 30 jan. 2020.
com a emoção, por exemplo, reforçando crenças, posições políticas
e valores morais.

Não escreva no livro. 69

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Influenciadores digitais e conteúdo patrocinado
Os influenciadores digitais ou influencers são pessoas com muitos seguidores nas redes
sociais e que, por isso, influenciam comportamentos individuais, pontos de vista e hábitos de
consumo. Essas pessoas fazem propaganda de produtos e serviços em canais e perfis virtuais.
As propagandas podem ser ou não pagas e, em geral, são a principal forma pela qual os
influenciadores mantêm seus canais.
Os influenciadores digitais são, geralmente, usuários de redes sociais que se tornaram conhe-
cidos por meio de seus perfis ou canais de vídeos. A audiência deles pode ser maior do que a de
programas tradicionais na TV brasileira, como jornais ou novelas. Existe, por exemplo, um canal
brasileiro que discute ciência e curiosidades que tem mais de 7 milhões de inscritos e 1,2 bilhão
de visualizações. Segundo uma grande empresa de serviços on-line, o Brasil é o segundo país
com mais tempo de visualização de vídeos on-line, atrás apenas dos Estados Unidos.
Quando consumimos conteúdos produzidos por influenciadores, precisamos ficar atentos,
pois algumas publicações que divulgam produtos ou marcas por meio de uma narrativa que
parece fazer sentido em relação ao estilo de vida desses influenciadores podem ser patroci-
nadas; ou seja: parece uma dica, mas é publicidade. Sobre o assunto, leia a notícia a seguir.

No caso dos influenciadores, por exemplo, é bem comum a exibição de produtos enviados por
marcas sem qualquer registro de que se trata de uma ação publicitária. Em sua defesa, muitos anun-
ciantes dizem que o ato de enviar produtos aos [influencers] (que na linguagem da plataforma ganham
o nome de “Recebidos”) não configura publicidade pois não houve pagamento por aquele espaço. Na
interpretação do Conar [Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária], no entanto, algumas
exibições de produtos e marcas contêm apelo de compra e, por isso, deveriam ser sinalizadas como
conteúdo publicitário.
Sacchitiello, Bárbara. Conar condena 8 ações de influenciadores no YouTube. Meio & Mensagem, 6 jun. 2018.
Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/2018/06/06/conar-condena-8-acoes-
de-influenciadores-no-youtube.html. Acesso em: 30 jan. 2020.

O Conar é a instituição que fiscaliza a ética


Abril/Arquivo da editora

da propaganda comercial veiculada no país.


Em função da exigência de que os conteúdos
pagos sejam identificados de forma clara por
influenciadores digitais, em junho de 2018,
o Conselho de Ética do Conar julgou oito
processos movidos pelo Ministério Público do
Estado de São Paulo contra empresas que
vendem serviços ou produtos para crianças.
Elas haviam promovido ações em canais de
influenciadores digitais direcionados ao
público infantil e todas foram advertidas
oficialmente por não sinalizar devidamente o
patrocínio da marca e foram obrigadas a alte-
rar a peça publicitária.

Capa de revista publicada em


março de 2017 abordando o tema
dos influenciadores digitais.

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Produzindo um vídeo 3. Com o texto escrito, consolidem o roteiro se-
guindo este modelo.
Neste percurso, refletimos sobre a importância
de ter uma atitude responsável e ética, atentando- Responsável Texto Tempo
-se para nossos direitos e deveres enquanto cida-
dãos ao produzir e compartilhar conteúdos que Clara Olá! Hoje vamos falar 0’15’’
circulam nas redes sociais e nos aplicativos de de cidadania digital.
Você já ouviu falar
mensagens instantâneas. sobre esse assunto?
Agora, vamos sistematizar nossas reflexões. Ser cidadão digital
Responda, individualmente, às questões a seguir. significa ter uma
atitude responsável e
Depois, reúna-se em grupo com alguns colegas ética no mundo digital.
para discutir as respostas de cada um. Não é Fizemos algumas refle-
necessário chegar a um consenso, mas sim ouvir xões a respeito desse
tema e gostaríamos de
e respeitar todas as opiniões. compartilhá-las
com você!

1. Em sua opinião, o que faz com que um conteúdo Paulo Nós gostamos muito de 0’12’’
produzir memes, mas
viralize? Viralizar é bom ou ruim? Por quê? não tínhamos parado
para pensar que a
2. O que te impacta mais: uma notícia ou um pessoa que aparece em
meme? Por quê? uma foto qualquer na
internet pode ficar
3. Encontrar na internet apenas opiniões, notí- magoada por ser
transformada em uma
cias e debates alinhados com o seu ponto de
piada. Assim, concluí-
vista pode ser perigoso? Quais os riscos desse mos que não precisa-
cenário para você e para a sociedade? mos utilizar imagens de
pessoas para fazer uma
4. Como podemos “furar” a bolha informacional? piada. Para fazer um
meme, podemos, por
5. Você acha que as redes sociais devem ser uti- exemplo, inventar uma
personagem.
lizadas com moderação? Por que não?
6. É possível garantir a liberdade de expressão e
Carlos
conter o discurso de ódio? Como?

7. Como podemos identificar se determinado con- Cristina


teúdo é uma informação ou uma propaganda?
Total 1’37’’

Após debater as questões propostas, cada


grupo vai produzir um vídeo com o tema “Cidada- 4. Escolham o equipamento que será utilizado na
gravação: pode ser um celular, um tablet, uma
nia digital: a importância da ética no mundo
câmera ou um computador.
on-line”. É importante que o vídeo discuta os
cuidados a serem tomados ao produzir conteú- 5. Escolham o local onde vocês farão a gravação:
pensem nos elementos que vão aparecer ao fun-
dos, já que cidadania se refere a não ferir os direi-
do e no que eles comunicam e verifiquem se o
tos de outras pessoas. espaço é silencioso. Pode ser na casa de um dos
Para isso, sigam estes passos. integrantes do grupo ou na escola, por exemplo.
1. Preparem um texto com as informações que 6. Agora é o momento de gravar o vídeo. Prepa-
gostariam de divulgar sobre o tema. O texto rem-se para fazer a filmagem várias vezes, pois
deve ser sucinto, claro e objetivo, pois o vídeo é difícil acertar na primeira. Se necessário, edi-
deve ter de 1 a 2 minutos. tem o vídeo.
2. Dividam as falas entre os integrantes do grupo. 7. Compartilhem: usem as redes sociais para com-
Nem todos precisam aparecer, mas o vídeo fi- partilhar sua reflexão e incluir mais pessoas no
cará mais dinâmico se mais de uma pessoa falar. debate sobre cidadania digital.

Não escreva no livro. 71

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PRO D U TO FI N A L

Portal de notícias

Ao longo deste projeto, você e os colegas refletiram sobre as notícias produzidas pela grande mídia, definiram
uma linha editorial para o portal de notícias da turma, promoveram uma campanha de conscientização sobre fake
news e produziram um vídeo sobre cidadania digital. Agora, é o momento de construir um portal de notícias. Muitos
portais e agências de notícias on-line são temáticos, ou seja, tratam de um tema específico. Veja dois exemplos:

Agência Fiocruz de Notícias Projeto Colabora


A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição O Colabora é um projeto jornalístico que produz
pública voltada para pesquisa e desenvolvimento notícias sobre sustentabilidade, com um olhar que
em ciências biológicas, conta com um veículo de vai além do debate sobre meio ambiente, engloban-
notícias que, além de comunicar as ações da fun- do cidadania, cidades, consumo, cultura, educação,
dação, publica matérias e reportagens relevantes energia, gênero, inclusão social, mobilidade, ONGs,
sobre saúde pública. saúde e economia colaborativa.
Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/. Acesso em: Disponível em: https://projetocolabora.com.br/. Acesso em:
30 jan. 2020. 30 jan. 2020.

Para a elaboração do portal, a turma deve escolher um tema que seja de seu interesse, como cidadania, proteção
dos direitos humanos, meio ambiente, segurança, saúde, participação política, cultura e educação. Isso vai ajudar a
direcionar o trabalho de vocês e possibilitará uma abordagem mais profunda dos assuntos.

etapa 1 orientação que os repórteres recebem com a descrição


do tipo de reportagem que será feito, com quem deve-
Escolha das ferramentas e definição da rão falar, onde e como.
identidade visual Em seguida, organizem-se em grupos para trabalhar
com as pautas. Lembrem-se de que os materiais serão
Após estabelecer o tema do portal, é hora de pensar
divulgados em plataformas on-line e que um público
em um nome para ele e definir o público-alvo.
amplo terá acesso aos conteúdos produzidos. Por isso,
Depois, vocês vão criar o site em que os conteúdos
é fundamental que os assuntos tenham relevância social
produzidos pela turma serão publicados. Para isso, façam
e respeitem os direitos humanos.
uma busca na internet com o termo “construtor gratuito
de sites” e escolham a opção que mais lhes agradar.
etapa 3
Em seguida, explorem os recursos do construtor de
sites e definam a identidade visual do portal: cores, for-
Apuração da pauta
mas e tipos de fonte.
Cada grupo deve levantar dados e buscar notícias
e informações técnicas sobre sua pauta. Atentem-se
etapa 2
ao que estudamos até o momento e lembrem-se de
fazer pesquisas em fontes confiáveis. Vocês deverão
Reunião de pauta
ir além das bolhas e dos próprios pontos de vista, re-
Pesquisem em livros, revistas e na internet assuntos colhendo informações sobre perspectivas diversas
interessantes, críticos e urgentes que permeiam o tema relacionadas à questão que estão cobrindo, afinal o
de cobertura do portal. Promovam uma discussão para bom jornalismo sempre traz múltiplos pontos de vista
chegar a pelo menos seis ideias de pauta. A pauta é a sobre a mesma história.

72 Não escreva no livro.

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Neste momento, será preciso listar as pessoas que tema tratado. Ele pode, por exemplo, ser um pesquisador
serão entrevistadas. Dica: descubram talentos na escola. da área, trabalhar com o tema pesquisado ou desenvol-
Professores, funcionários e pais de alunos podem conhe- ver alguma ação relacionada ao assunto. Importante: nos
cer profundamente os temas que serão trabalhados nas textos de jornal, as falas sempre vêm entre aspas.
reportagens. Outra opção é entrar em contato com orga-
nizações sociais do bairro ou do município em que vivem. etapa 5
Também pode ser interessante ouvir como as pes-
soas da escola se sentem em relação ao assunto pes- Edição e publicação do material
quisado. Vocês podem gravar entrevistas com alunos, É hora de editar o material que vocês produziram.
professores e funcionários questionando o impacto do O texto precisará ser lido e corrigido pelo professor, que
assunto tratado em sua vida. pode alterar a ordem das informações para que ele fique
Para as entrevistas, montem com antecedência uma mais direto e objetivo.
lista de perguntas, com a ajuda do professor, e infor- Elaborem títulos interessantes para as reportagens, que
mem-se sobre o assunto em questão. Preparem-se para despertem o interesse do público e a vontade de conhecer
contestar, com tato e respeito, as respostas dos entre- mais sobre o assunto, e pensem na organização do mate-
vistados, caso haja divergências em relação aos dados rial: Qual será a ordem de apresentação das reportagens?
que vocês pesquisaram. Quando tudo estiver resolvido, adicionem os textos
Ao gravar as entrevistas, atentem-se à qualidade téc- ao site.
nica do material: procurem um lugar silencioso e apro-
ximem o equipamento da pessoa entrevistada. Façam etapa 6
testes e experimentem a gravação com o microfone do
fone de ouvido do celular. Por fim, tirem fotos dos en- Compartilhamento
trevistados. Elas vão complementar o conteúdo do por- Depois de publicar as notícias, é hora de compartilhá-
tal de notícias. É fundamental, porém, que o entrevista- -las nas redes sociais e convidar amigos, familiares e
do autorize, por escrito, o uso de sua imagem. colegas para conhecerem o projeto. Divulguem o portal
na comunidade. Uma maneira eficiente de fazer isso é
etapa 4 organizar um evento de lançamento promovendo um
debate sobre a circulação de informações na sociedade.
Montagem das reportagens Para organizar o evento:
Com toda a apuração em mãos, é hora de montar a combinem com a direção da escola um dia e um horário
reportagem. O texto deve ser criativo, porém objetivo, se- adequado.
guindo os padrões jornalísticos. Toda a pesquisa, a redação
divulguem-no na agência de notícias e nas redes so-
e a edição das reportagens deve ser pautada nos critérios
ciais. Além disso, produzam cartazes e convites para
éticos do jornalismo profissional, assegurando que as in-
distribuir na comunidade e na escola.
formações sejam verdadeiras, que respeitem as minorias,
fortaleçam a democracia, contemplem o interesse público organizem um roteiro do que será apresentado aos
e mostrem diferentes perspectivas de uma história. convidados. Os principais objetivos são compartilhar
Lembrem-se de que, nos textos jornalísticos, em ge- informações sobre as mídias tradicionais e as redes
ral, as informações mais importantes e inéditas vêm sociais e orientar os convidados a adotar uma postura
primeiro, logo no parágrafo inicial, no trecho chamado ética, crítica e cidadã diante das informações. A ideia é
lead. Ao redigir o texto, é importante responder às ques- gerar uma mudança de hábito e, por isso, é importante
tões: Quem foi o agente da ação? O que aconteceu? elencar os malefícios da circulação de informações
Quando ocorreu? Onde aconteceu? Como aconteceu? falsas e das bolhas informacionais, como a manutenção
Por qual motivo? de preconceitos e a fragilização da democracia.
Será preciso também identificar o entrevistado e es- após a apresentação, possibilitem que a plateia dê
pecificar por que ele tem propriedade para falar sobre o sua opinião sobre o uso de redes sociais.

Não escreva no livro. 73

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Neste Projeto Integrador, duas grandes atividades foram propostas: a criação de um portal de notícias para a
comunidade escolar e uma campanha na escola sobre as fake news. Assim, este projeto teve o objetivo de promover
o desenvolvimento da educação midiática, competência fundamental para compreender como os diferentes tipos
de texto de mídia chegam até você.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e a sua participação no projeto. Primeiro, vocês
vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão verificar, por meio de questionário, como
a comunidade local recebeu o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às questões propostas na tabela para
refletir sobre seu desenvolvimento durante o projeto.

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em roda para 5 Vocês conseguiram transmitir de forma clara e preci-
avaliar o produto desenvolvido, sua pertinência para a sa as informações apuradas na reportagem?
comunidade e para o público-alvo, o desempenho do
6 Vocês se sentiram representados pelas reportagens
grupo e o trabalho em equipe.
produzidas pelos colegas?
Façam uma reflexão e exponham suas ideias de modo
claro, objetivo e ético, sempre com respeito a si mesmo 7 Que efeitos o debate gerou na comunidade?
e ao outro, sem preconceitos e promovendo os direitos
humanos. 8 Como esses conhecimentos podem alterar sua atua-
A discussão pode ser orientada com base nas ques- ção nas redes sociais?
tões a seguir.
9 Como avaliam o consumo de informações, tanto seu
1 Como se sentiram ao saber que este Projeto Integrador quanto da comunidade em que vocês vivem?
seria desenvolvido coletivamente?
10 Ao realizar este projeto, vocês alteraram suas atitudes
2 Quais conhecimentos pertinentes ao projeto vocês já em relação aos textos midiáticos? Como?
tinham? E o que aprenderam durante o processo?
11 Qual é a responsabilidade de vocês como usuário de
3 Em que momento vocês se sentiram mais desafiados? redes sociais?

4 Como foi produzir conteúdo pautado por critérios jor- 12 Como pretendem contribuir para que mais pessoas criem
nalísticos? o hábito de avaliar as informações de forma crítica?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo sistemá-
tico como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, principalmente, se os ob-
jetivos foram alcançados.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações. Na próxima
página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações desejadas. A turma deve
escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o produto final e pedir que respondam à
pesquisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas ou ser disponibilizado em sites de formulários
on-line. Por fim, reúnam-se para analisar os resultados da pesquisa.

74 Não escreva no livro.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou
totalmente de acordo”.

1 2 3 4 5
1. O portal de notícias foi amplamente divulgado para a comunidade.

2. O portal de notícias auxilia na divulgação de informações da comunidade local.

3. As informações disponibilizadas no portal são relevantes.

4. Acesso o portal de notícias com frequência.

5. A campanha de conscientização sobre fake news trouxe informações sobre


a checagem de fatos que eu não conhecia.

6. Após a campanha sobre fake news, mudei meu modo de consumir notícias.

7. De modo geral, o projeto contribuiu para a comunidade.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
houve descobertas interessantes durante a realização do projeto, etc. Utilize a tabela a seguir para fazer a autoava-
liação, que pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.

1. Compreendi o debate proposto?

2. Participei com empenho das atividades previstas?

3. Participei de forma ativa nas discussões propostas ao longo deste Projeto


Integrador?

4. Contribuí com meu grupo durante os trabalhos propostos?

5. Relacionei os pontos apresentados para compreender os tipos de mídia?

6. Refleti sobre a importância da leitura crítica das informações?

7. Fiquei satisfeito com o resultado final do projeto?

8. Compreendi a relevância da checagem de informações?

9. Como foi meu desempenho ao longo deste Projeto Integrador?

Não escreva no livro. 75

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PROJETO 4
M E D I A Ç Ã O D E C O N F L I T O S

Como lidar com os


conflitos escolares
e transformá-los
em oportunidades
de aprendizagem?
O
s conflitos são inerentes à convivência humana, uma vez que as pessoas
têm interesses e histórias diferentes. Quando não são conduzidos
adequadamente, podem resultar em briga, desrespeito e até violência.
Contudo, as situações de conflito podem também ser vistas como
oportunidades de crescimento e aprendizagem para todos, especialmente
no ambiente escolar.
1. Em sua opinião, como situações de diálogo como a retratada na foto
desta abertura é um facilitador em situações de conflito? Argumente
sua opinião.

2. Para você, qual é a importância do diálogo na solução dos conflitos?

3. Você vivencia alguma situação de conflito em casa, como o desen-


tendimento sobre a divisão das tarefas domésticas entre os membros
da família? E na escola?

4. Como você lida com os conflitos em que se envolve?

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1
DO
PROJETO

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Eduardo Anizelli/Folhapress

Estudantes da rede estadual de ensino de São Paulo se reúnem em assembleia


para debater sobre os problemas enfrentados na educação. Foto de 2016.

PE RC U RS O 2 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

77

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Congresso: Como melhorar


o convívio escolar?

A escola é uma das instituições responsáveis pela socialização dos


indivíduos. Nela, convivem diferentes pessoas, de diferentes origens e
gerações, com diferentes visões de mundo. Essa pluralidade faz com que
as questões políticas e sociais, bem como os valores, as ideias, os proble-
mas, as inovações e demais aspectos de nossa sociedade sejam eviden-
ciados e refletidos nesse espaço. Desse modo, frequentemente nos
deparamos com vários tipos de conflito no ambiente escolar provenien-
tes de relações interpessoais, geracionais, acadêmicas, sociais e políticas.
Por isso, é fundamental que professores, alunos e demais envolvidos
com a comunidade escolar conheçam a realidade da escola para que
possam conviver da melhor maneira possível. Quais são os conflitos da
sua escola? Quem são os envolvidos? Como resolvê-los? Diante desses
questionamentos, propomos o desenvolvimento de um projeto voltado
ao debate e à mediação de conflitos no ambiente escolar.

Objetivos
Compreender o significado dos conflitos na vida em sociedade.
Conhecer a mediação de conflitos e algumas de suas ferramentas.
Desenvolver a capacidade argumentativa.
Refletir sobre o espaço escolar.
Investigar quais são as situações de conflito na escola e suas causas.
Refletir sobre os conflitos identificados e propor ações que busquem
a solução desses problemas.
Organizar um congresso sobre o convívio escolar.
Melhorar as relações entre as pessoas envolvidas com o espaço escolar.
Criar espaços na escola para diálogo e troca de experiências.

Justificativa
As situações de conflito são próprias da convivência humana. Elas resul-
tam de diferentes visões de mundo, pontos de vista, preferências, anseios
e desejos. No ambiente escolar, que reúne tantas diferenças, é provável
que surjam conflitos, visto que convivemos muito tempo nesse espaço. Por
isso, é fundamental conhecer melhor a nossa escola, identificar os proble-
mas que ali existem ou possam surgir e buscar soluções para eles.

Materiais
Computador com acesso à internet; impressora; projetor multi-
mídia; microfone e caixas de som para a assembleia final.

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Relação do projeto com as competências e habilidades da BNCC

Competências gerais da Educação Básica


7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

A promoção do diálogo no decorrer do projeto, especialmente ao estudar a mediação de conflitos, auxilia o


desenvolvimento dessa competência, que pressupõe a argumentação como ferramenta para a construção
de diálogos mais efetivos.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o


respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

Os diálogos dentro do espaço escolar, respeitando o outro, assim como valorizando a participação de toda
a comunidade, promovem essa competência.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

A promoção de um congresso, ao final deste Projeto Integrador, permite o desenvolvimento dessa compe-
tência ao respeitar princípios democráticos e éticos para exercitar a mediação de conflitos e traçar estraté-
gias de diálogo coletivo em busca da resolução ou mitigação dos conflitos escolares.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacio-
nal e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos
e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Essa competência é desenvolvida ao longo deste Projeto Integrador ao promover um posicionamento críti-
co em relação aos problemas escolares, aprimorando especialmente a habilidade EM13CHS103.

2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão


das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.

A análise da territorialidade escolar neste projeto contempla essa competência. O estudo da produção do
espaço escolar e das relações sociais existentes nesse espaço propicia o desenvolvimento da habilidade
EM13CHS206.

5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

O congresso busca promover valores democráticos ao propor a discussão ética dos conflitos escolares que
serão levantados com base em situações cotidianas, o que contempla essa competência. São desenvolvidas
especialmente as habilidades EM13CHS501 e EM13CHS502.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinha-
das ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Essa competência é a principal norteadora do projeto, principalmente a habilidade EM13CHS606, visto que a
realização do congresso visa à proposição de diálogos para a resolução e a mitigação dos problemas da escola
identificados em vias de construir um ambiente escolar mais solidário e empático.

As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 31 jan. 2020.

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PE RC U RS O 1

Quais são os desafios


de viver em sociedade?

Gary Hershorn/Reuters/Fotoarena
Objetivos
Analisar os desafios de
O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton (ao centro) em
viver em sociedade.
mediação com o então primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin
Compreender a (à esquerda) e o líder da Organização para a Libertação da Palestina
importância da (OLP) Yasser Arafat (à direita) na Casa Branca. Foto de 1993.
argumentação nos
diálogos e nos debates.
Relacionar diálogo, O diálogo possibilita que situações de conflito se transformem
mediação de conflitos e em oportunidades de mudança. Até mesmo grandes conflitos inter-
política. nacionais podem ser minimizados ou mesmo evitados por meio de
Elaborar diretrizes para
diálogo e mediação, em que todas as partes envolvidas são ouvidas
guiar uma situação de
mediação de conflitos. e levadas em consideração. Observe a imagem e converse com os
colegas sobre as questões a seguir.
1. Em que contexto você acha que a fotografia foi tirada?
2. Qual é a importância de buscar entendimento entre países com
diferentes interesses?
3. Em sua opinião, qual é a forma mais eficiente de lidar com os
conflitos?
4. Você costuma usar o diálogo para resolver os conflitos em que
se envolve?

80 Não escreva no livro.

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Viver em sociedade
Uma das principais características dos seres

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


humanos é a capacidade de viver em socie-
dade. Nossa relação com a sociedade é de
mútua influência: formamos a sociedade e por
ela somos formados. Isso significa que a socie-
dade é uma produção humana e o ser humano
é uma produção social. Nesse processo, conhe-
cido como socialização, a escola exerce papel
fundamental.
Você já parou para pensar em tudo que é
possível aprender na escola e na importância
que isso tem na constituição de nossa identi-
dade e da nossa sociedade? A socialização
está presente em todas as vivências entre
seres humanos, mas não é a mesma para
todos; ela varia de sociedade para sociedade,
pois os valores, os símbolos e os significados
interiorizados pela pessoa variam entre as
diferentes culturas. Ou seja, a socialização está
Professor e alunos da etnia Paresi em sala de aula da Escola
sujeita à variação de culturas e aos estilos de Municipal Indígena Bacaval, no Território Indígena Utiariti,
vida de diferentes grupos. em Campo Novo dos Parecis (MT). Foto de 2018.
Saiba mais

As instituições e a socialização
Para o sociólogo Émile Durkheim, as instituições desempenham papel
fundamental na socialização, pois são as responsáveis por transmitir aos
indivíduos os valores e as regras necessários à vida harmônica em socie-
dade. São exemplos a família, a escola e o sistema político e econômico em
que estamos inseridos, tendo em vista que são estruturas com um funcio-
namento próprio e que estimulam os indivíduos a se comportar de deter-
minado modo. Há sociólogos que também ponderam que esse processo
de socialização nem sempre é harmônico. Muitas vezes, os indivíduos são
forçados a se comportar de determinado modo ou assumir papeis sociais
com os quais não concordam ou não se sentem bem em desempenhar.

Agora, responda às questões a seguir.

1. De acordo com os textos desta página, o que é socialização? Em sua opinião, quais são
as vantagens e as desvantagens desse processo?
2. Você se lembra de situações em que seus valores foram contestados? Descreva-as.
3. Pense em uma situação em que você teve de assumir um papel social com o qual não se
identificava. Como você reagiu? Por que reagiu dessa maneira?
4. Reflita sobre o seu processo de socialização e comente com os colegas quais espaços
de socialização são mais importantes para você. Em seguida, compare os espaços de
socialização que você e os colegas listaram. Há espaços comuns? E diferentes?

Não escreva no livro. 81

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Convívio democrático
Ainda que viver em sociedade seja natural para nós, seres huma-
nos, sabemos que nem sempre a convivência é fácil e tranquila.
No entanto, não é possível viver e desenvolver nossa humanidade
de maneira isolada. Dessa forma, a grande questão é: Como viver
bem em sociedade?
Pensar sobre o melhor modo de viver em sociedade é uma ques-
tão bastante conhecida na história da humanidade. No século V a. C.,
surgiu na cidade-Estado de Atenas, na Grécia Antiga, o conceito de
democracia, que significa “poder do povo”.
Look and Learn/Bridgeman Images/Easypix

Por quase dois séculos, os cidadãos atenien-


ses participaram das atividades de adminis-
tração da cidade, e as decisões relativas à
vida pública eram tomadas em assembleias.
Como as decisões eram coletivas, as
pessoas precisavam dialogar e exercer seu
poder de persuasão nos debates, e os dife-
rentes interesses tinham de ser, de alguma
maneira, conciliados. Diálogo e democracia,
portanto, eram inseparáveis, e o são até
hoje. Em um regime de poder democrático,
todos fazem parte dos processos decisórios
sobre assuntos que afetam a coletividade.
Litografia representando a Ágora,
em obra inglesa publicada no início
do século XIX. Centro da vida
Saiba mais

ateniense, a Ágora era a praça


central da cidade, destinada às Os cidadãos atenienses
trocas comerciais e à reunião dos
cidadãos para debaterem assuntos
É importante ressaltar que a democracia ate-
relativos à vida pública. niense não se estendia a todos os habitantes da
cidade, pois o atributo de cidadão não se apli-
cava a toda a população: mulheres, estrangeiros
e escravizados não eram considerados cida-
dãos e não participavam da vida política. Ainda
assim, naquele momento histórico, a democra-
cia ateniense representou uma significativa
Explore
transformação na compreensão de como o
Podcast Politiquês poder deveria ser organizado e como as deci-
sões sobre a coletividade deveriam ser tomadas.
Podcast do Nexo Jornal
sobre debate político
mundial. Nesse episódio, a
historiadora Heloisa Starling
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garante a participação
trata da questão da
democracia, das origens democrática como um direito de todo cidadão. O direito ao voto,
históricas do conceito e de por exemplo, é garantido a todos os brasileiros, natos ou naturali-
sua importância no Brasil e zados, com mais de 16 anos. Mas ser cidadão ou cidadã não se
no mundo. refere apenas a votar. O exercício dos direitos civis e a consciência
Disponível em: https://www. dos deveres para com a coletividade têm papel importante no
nexojornal.com.br/podcast/2018/
09/23/Democracia-no-Brasil-e-no-
cotidiano de cada um de nós.
mundo-conceitos-avan%C3%A7os- A participação política dos estudantes, independentemente da
e-amea%C3%A7as. Acesso em: idade, por exemplo, é garantida no artigo 53 do Estatuto da Criança
31 jan. 2020.
e do Adolescente (ECA), ao explicitar o direito das crianças e dos
adolescentes de participarem de organizações estudantis.

82 Não escreva no livro.

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Estabelecendo diálogos
A palavra diálogo tem origem grega e é composta de duas palavras: dia – que significa “por
meio de” – e logos, que significa “razão”, “pensamento”, “discurso”. Por meio do diálogo,
expressamos nossos descontentamentos, satisfações, ideias e pensamentos. Ele também
nos ajuda a conhecer o outro e a ampliar nossos horizontes, e pode ser uma maneira de lidar
com os conflitos que surgem no nosso dia a dia.
Mas nem toda conversa é um diálogo. Às vezes, enquanto conversamos com amigos ou
familiares, acreditamos estar em um diálogo autêntico, mas não estamos, porque não pres-
tamos atenção no que o outro diz; ou não damos oportunidade para o outro se expressar; ou
não buscamos entender o pensamento do outro e nos fechamos em nossas próprias ideias;
ou, ainda, porque temos dificuldade de expressar o que pensamos. Vários fatores podem
interferir na comunicação, impedindo ou dificultando a construção de um diálogo efetivo.
Quando pensamos em todas as situações de conflito que já presenciamos, devemos nos
perguntar como o diálogo ocorreu (ou não) nessas situações e qual a qualidade dele. A parti-
cipação ativa e a convivência harmoniosa, na escola e em outros lugares, exigem a troca de
ideias e a compreensão do outro e de si mesmo. Por isso, o diálogo é fundamental.

Argumentos coerentes
Um elemento importante no estabelecimento do diálogo é a argumentação. As afirmações
feitas em um diálogo não podem ser compreendidas sem que se ofereçam razões para
sustentá-las. Argumenta-se para convencer alguém de algo, para se certificar da adequação
de uma atitude, para entender e explicar o porquê de alguma conclusão.
Conforme a tradição grega, além de ser feito tendo em vista a coletividade e o bem comum,
o debate deve apresentar coerência e rigor nas argumentações. Enfatizar o argumento é
reconhecer a importância do diálogo e a necessidade de conduzir esse diálogo respeitando
os princípios éticos e democráticos.
É preciso considerar, contudo, que a existência da argumentação não é garantia de esta-
belecimento de um bom diálogo. Para isso, é preciso saber ouvir o outro e buscar entender
suas razões. Não se deve buscar impor um argumento, assim como não se deve aceitar um
argumento passivamente, sem crítica e questionamento.

1. Leia a tira e responda às questões a seguir.

Adao Iturrusgarai/Acervo do artista

Tira de Adão Iturrusgarai publicada em setembro de 2008.

a. Você já vivenciou alguma situação como a retratada na tira? Como foi?


b. Por que esse tipo de abordagem não é condizente com a ideia de diálogo? Em sua opinião, qual é
a melhor atitude a ser tomada nessa situação?

Não escreva no livro. 83

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Mediação de conflitos
Como vimos anteriormente, o diálogo é fundamental para que se possa resolver confli-
tos. Mas, em muitas situações, as pessoas envolvidas em um conflito não tomam a inicia-
tiva, ou não conseguem, por algum motivo, estabelecer um diálogo. O que, então, pode ser
feito? Uma resposta possível é atribuir a um indivíduo que não está envolvido no conflito
a tarefa de auxiliar as partes a chegar a uma solução. Este indivíduo será o mediador.
A mediação de conflitos é uma técnica que vem sendo largamente utilizada na área jurí-
dica e no mundo corporativo. Ela consiste em um tipo de conversa intermediada por alguém
que organiza a comunicação entre os envolvidos em um conflito. Esse mediador deve auxi-
liar os interessados na compreensão do conflito para que eles possam identificar soluções
consensuais e que gerem benefícios mútuos. É uma forma de gerenciamento de conflitos
que pressupõe, assim, a realização de um processo dialógico, com o objetivo de transformar
relações de oposição em relações de cooperação.
A principal função do mediador é propiciar aos envolvidos no conflito que exponham sua
posição de maneira equilibrada e encontrem uma solução que satisfaça as duas partes. Ou seja,
na mediação de conflitos não se pretende definir o lado certo e o lado errado em uma disputa:
busca-se compreender o posicionamento dos dois lados e combiná-los em uma solução de
consenso. Essa solução não é dada pelo mediador, mas sim alcançada pelo diálogo entre os
envolvidos no conflito. Assim, o mediador deve atuar de maneira imparcial, ou seja, não deve
ter uma posição ou preferência na questão mediada, pois não vai julgar os envolvidos ou tomar
posição, mas sim facilitar o entendimento entre eles.
Saiba mais

Cultura de paz e mediação de conflitos


O ano 2000 foi o Ano Internacional

Fatih Aktas/Anadolu Agency/AFP


para a Cultura de Paz e o ponto de
partida para um movimento global em
prol da cultura de paz liderado pela
Organização das Nações Unidas
(ONU). Esse movimento pretende
transformar relações orientadas pela
desconfiança, pela competição e pelo
uso abusivo do poder entre nações ou
indivíduos, fomentando uma cultura
de paz, o diálogo e a responsabilidade
O secretário-geral das Nações Unidas António
compartilhada. Nesse sentido, a
Guterrez discursa na sexta conferência de
mediação de conflitos está intima- mediação de conflitos realizada em Istambul,
mente ligada à cultura de paz. Turquia. Foto de 2019.

[...] A cultura de paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não


violenta dos conflitos. É uma cultura baseada em tolerância e solidariedade, uma cultura
que respeita todos os direitos individuais, que assegura e sustenta a liberdade de opinião
e que se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam
novas ameaças não militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza
extrema e a degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os problemas por
meio do diálogo, da negociação e da mediação, de forma a tornar a guerra e a violência
inviáveis. [...]
Noleto, Marlova Jovchelovitch. A construção da cultura de paz: dez anos de história. In: Cultura de paz: da
reflexão à ação. Brasília: UNESCO; São Paulo: Associação Palas Athena, 2010. p. 11-12.

84 Não escreva no livro.

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Técnicas Narrativas
Para facilitar a conversa entre os mediados, o mediador pode utilizar diferentes técnicas.
São as chamadas Técnicas Narrativas, constituídas pelos seguintes procedimentos:

1. Escuta Ativa [...] As perguntas devem ser selecionadas com


cuidado, pois desencadeiam lembranças, permitem
[...] vivenciamos a Escuta Ativa através de duas
rever atitudes e reações, promovem novas percep-
formas de diálogo:
ções de si e do outro. Elas nunca são ingênuas. Ao
• Diálogos colaborativos, aqueles que têm contrário, são sempre uma intervenção podendo
proposta inclusiva e buscam soluções de causar raiva, medo, culpa, vergonha ou reações
benefício mútuo; para as quais o mediador deve estar preparado para
cuidar e reformular. [...]
• Diálogos produtivos, aqueles que privilegiam
a escuta contra a argumentação, privilegiam a 3. Forma afirmativa
construção de consenso ao debate, privilegiam Resumo – [...] Tem como objetivo checar o que
o entendimento à disputa. foi dito (se foi isto mesmo que o outro falou) e gerar
no interlocutor a sensação de estar sendo entendido.
[...] as intervenções do mediador procuram
Paráfrase – [...] o mediador retira o caráter
favorecer a Escuta Ativa entre as partes, gerando
negativo da fala e a repete de forma neutra [...]
uma escuta produtiva.
Parafrasear ou repetir a fala do outro tem por fina-
lidade explicitar sentimentos, referir-se às
2. Forma interrogativa
emoções que estão presentes e conferir o enten-
Na mediação, as perguntas constituem impor- dimento das informações.
tante recurso. Alguns objetivos das perguntas: [...]
promover reflexão, gerar informação, oferecer voz Reformulação – busca transformar o significado
às histórias e respostas dos mediados, abrir espaço dos fatos relatados. O mesmo fato pode ser relatado
de conversação, ampliar entendimento sobre o de outra forma, sob outro ponto de vista. Consiste
conflito, suas origens e a participação de cada um. em dar outra formulação a algo que foi falado.
Alves, Lourdes Faria (org.). Fundamentos e práticas transformativas em mediação de conflitos.
São Paulo: Dash, 2018. p. 95 -100.

1. Imagine um conflito entre duas pessoas que está sendo mediado por você. Formule
perguntas aos envolvidos no conflito com os seguintes objetivos:
a. promover reflexão; b. gerar informação; c. oferecer voz aos mediados; d. abrir espaço
de conversação; e. ampliar o entendimento sobre o conflito.
2. Em grupo de seis integrantes, faça um exercício de reformulação, uma das formas
afirmativas utilizadas na mediação de conflito: um dos integrantes do grupo escolherá
uma situação que tenha sido vivida ou presenciada por ele e por outra pessoa que
faça parte do grupo. Esse integrante, sem a presença da outra pessoa, contará ao
grupo o que aconteceu. Em seguida, ele deve se afastar, e a outra pessoa será cha-
mada para contar a mesma história sob o ponto de vista dela. Os outros integrantes
do grupo, então, devem comparar as duas narrativas, buscando explicações para as
diferenças entre elas.

3. Organizem-se em duplas para experimentar a escuta ativa. Cada integrante da dupla


expressará a sua opinião sobre qualquer assunto ao colega, que deve ouvir, sem inter-
rompê-lo, por dois minutos. Em seguida, as duplas devem trocar de papéis. Após esse
exercício, todas as duplas devem participar de uma roda de conversa para dizer como
se sentiram, tanto no papel de quem fala como no de quem é ouvido sem interrupções.

Não escreva no livro. 85

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Quem faz a mediação?
A mediação de conflitos é incentivada pelo novo Código de Processo Civil e exercida profis-
sionalmente por pessoas graduadas em qualquer curso superior, desde que façam um curso
de especialização. Mas as técnicas de mediação de conflitos podem ser incorporadas no dia
a dia, tanto quando fazemos parte de conflitos como quando nos dispomos a mediar um deles.
Ao mediar um conflito, é necessário incentivar os envolvidos no problema a adotar uma
postura assertiva, com a emissão de mensagens claras e coerentes com o que sentem, pensam
e fazem. A assertividade ajuda a lidar com as reações das pessoas e a exercer direitos sem
que se negue o direito de cada uma. Além disso, deve-se enfatizar a importância de expressar
os sentimentos, tanto negativos como positivos, de maneira compassiva, e de manifestar
opiniões pessoais sem imposições.
A forma de dizer algo também é muito importante. Se em uma conversa a pessoa se sente
julgada ou criticada, muito provavelmente ela se sentirá desconfortável, podendo assumir uma
postura que dificulte o diálogo. Se é necessário fazer uma crítica, por exemplo, é interessante
enfocar sempre a ação, e não a pessoa: é melhor dizer “Você agiu de maneira irresponsável
ontem” do que dizer “Você é irresponsável”.
Saiba mais

Comunicação Não Violenta


A Comunicação Não Violenta foi criada pelo estadunidense Marshall Rosenberg
na década de 1960. Nesse período, a população negra dos Estados Unidos lutava
pelos direitos civis, como o acesso à educação, e Rosenberg atuou para evitar confli-
tos em escolas e universidades que abandonavam a segregação racial. Ele propõe
que as pessoas expressem sentimentos e necessidades de modo claro e sem a
interferência de sentimentos como culpa, medo ou vergonha. Da mesma maneira,
indica que os sentimentos e as necessidades sejam recebidos sem julgamentos,
críticas ou rótulos, buscando o que há de comum entre os envolvidos na comunicação.
Para que a comunicação se dê de modo compassivo, é necessário, antes de comu-
nicar sua posição em relação a uma questão, observar a situação em questão com
o objetivo de compreender a mensagem que está sendo transmitida, sem juízo de
valor; reconhecer quais sentimentos essa situação desperta em si; e perceber quais
necessidades estão ligadas a esses sentimentos. Após essa reflexão, pode-se expor
essas necessidades ao outro e pedir o que se quer de forma clara e objetiva.
Alpha Historica/Alamy/Fotoarena

Martin Luther
King Jr. e outros
civis lideram a
marcha por
liberdade,
trabalho e
educação, em
Washington,
Estados Unidos.
Foto de 1963.

86 Não escreva no livro.

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1. Leia o texto a seguir e responda às questões.

A prática do diálogo é um dos meios mais simples com


que nós [...] podemos começar a cruzar as fronteiras, as
barreiras que podem ser ou não erguidas pela raça, pelo
gênero, pela classe social, pela reputação profissional e
por um sem-número de outras diferenças. [...]
Se realmente queremos criar uma atmosfera cultural em
que os preconceitos possam ser questionados e modifica-
dos, todos os atos de cruzar fronteiras devem ser vistos
como válidos e legítimos. Isso não significa que não sejam
sujeitos a críticas ou questionamentos críticos ou que não
haja muitas ocasiões em que a entrada dos poderosos nos
territórios dos impotentes serve para perpetuar as estrutu-
ras existentes. Esse risco, em última análise, é menos amea-
çador que o apego e o apoio contínuos aos sistemas de
dominação existentes, particularmente na medida em que
afetam o ensino, como ensinamos e o que ensinamos. [...]
Hooks, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da
liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2019. p. 174-175.

a. Pense em alguma situação conflituosa que você viveu ou que


você conheça e reflita sobre os tipos de fronteira ou barreira
que impediam o entendimento das partes envolvidas.
b. Em seguida, converse com os colegas sobre o conflito e
busque traçar estratégias para solucionar a questão. O que
seria melhor fazer? Argumente como você mediaria essa
situação.

2. Em grupo, elaborem um texto com diretrizes para a mediação


de conflitos. Para isso, além de utilizar os conteúdos traba-
lhados neste percurso, façam uma pesquisa on-line para obter
mais informações. Devem ser explicitados:

• os objetivos da mediação de conflitos;


• os valores relevantes e prioritários na condução da mediação:
Explore
respeito, empatia, atenção, etc.;
• as regras e as regulações norteadores para a mediação: como O poder da empatia: a arte
contribuir com um ambiente favorável para a conversa entre de se colocar no lugar do
as partes; quais procedimentos devem ser seguidos; qual o outro para transformar o
mundo, de Roman Krznaric.
tempo de conversa; como deve ser a postura do mediador;
Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
formas de intervenção no diálogo, etc.;
Nesse livro, o autor debate a
• as técnicas de mediação de conflitos, de preferência com importância de exercer a
exemplos de como aplicá-las. empatia como uma forma de
agir mais respeitosa,
Elaborem o texto com cuidado, compartilhem com os colegas ressaltando como uma postura
e cheguem a uma versão única para toda a turma. Lembrem-se empática pode auxiliar na
construção de soluções mais
de que esse texto vai auxiliá-los na construção do congresso eficazes.
final deste projeto.

Não escreva no livro. 87

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PE RC U RS O 2

Quais são os conflitos


existentes na escola e
como lidar com eles?

Calvin & Hobbes, Bill Watterson © 1988 Watterson /


Dist. by Andrews McMeel Syndicatio
Tira de Bill Watterson
publicada em 1988.

Você já parou para pensar em quanto tempo você passa na


escola? Considerando o Ensino Infantil, o Ensino Fundamental
e o Ensino Médio, são mais de 12 anos. É um longo período convi-
Objetivos
vendo com pessoas diferentes e vivenciando diversas situações.
Refletir sobre o espaço
escolar e analisar os É muito possível que, ao longo desse tempo, você tenha entrado
tipos de conflito em conflito com alguém na escola ou que tenha assistido a
existentes nesse espaço.
pessoas se desentendendo nesse ambiente. Como você agiu
Compreender a
importância de lidar com nessas situações? Pois saiba que a maneira de cada um agir em
os conflitos escolares
relação aos inevitáveis conflitos é fundamental para que se esta-
para proporcionar
um bom ambiente de beleça na escola um convívio pacífico e melhor para toda a
aprendizagem
e convívio.
comunidade.
Identificar os conflitos Calvin e Susan, as personagens da tira acima, ainda são crianças.
que ocorrem na escola e Mas a situação vivida por eles poderia ter ocorrido com alunos de
como eles são vistos
pela comunidade qualquer idade. Leia a tira e responda às questões a seguir.
escolar.
1. Qual é o motivo do conflito entre as duas personagens da tira?

2. Você já vivenciou esse tipo de conflito com algum colega ou


assistiu a um conflito desse tipo?

3. Que proposta você faria às personagens da tira para que elas


resolvessem esse conflito?

4. Suas relações com os colegas e os professores são pacíficas


ou conflituosas? Justifique.

88 Não escreva no livro.

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O espaço escolar
Ao assistir a uma partida de futebol, verificamos que é frequente o uso da palavra espaço
nesse contexto. O narrador do jogo, para comunicar a falta de público no estádio, pode dizer:
“Vejam só, as arquibancadas estão repletas de espaços vazios”. Ou, ainda, para comentar o
desempenho de uma equipe: “O time está deixando muito espaço para o adversário”. Nesses
exemplos, verificamos que o espaço é comumente entendido como elemento material, imóvel,
percebido como distância e localidade.
Para as Ciências Humanas, o entendimento do que é espaço é mais amplo e também
mais específico. Trata-se de uma categoria fundamental e tem variados significados, rela-
cionados a diferentes correntes de pensamento. Mas a grande maioria dos estudiosos
entende que ele conjuga elementos naturais e sociais e que ao mesmo tempo produz e é
produzido pela sociedade.
Neste projeto, compreendemos espaço como uma produção social a partir do concebido,
percebido e vivido em suas diversas dimensões: absoluta, relativa e relacional. Vamos entender
essas dimensões por meio da sua vivência? Se perguntamos como você percebe o espaço físico
da escola, sua resposta conterá elementos que caracterizam o espaço em sua dimensão abso-
luta (é uma construção que fica em determinado bairro, por exemplo). Se perguntarmos como
você se relaciona com esse espaço físico, sua resposta conterá elementos que caracterizam a
dimensão relativa do espaço (é perto da minha casa, por exemplo). E, finalmente, ao responder
como se comporta na escola, considerando o espaço físico e a relação que estabelece com ele,
você estará analisando elementos que caracterizam o espaço em sua dimensão relacional.
Os sujeitos da escola (alunos, professores, funcionários, etc.) produzem o espaço escolar
com base em suas experiências nas práticas espaciais. A movimentação dos alunos na escola,
a participação nas aulas, a merenda, as reuniões de classe e de conselho, as atividades da
secretaria e a limpeza dos ambientes, por exemplo, são elementos que caracterizam a produ-
ção do espaço percebido. O modo como as pessoas vivenciam a escola também produz o
espaço escolar. É no espaço concreto que as relações humanas ocorrem, e é por meio delas
que o espaço é produzido e alterado pelo ser humano.
A escola é o espaço onde se refletem os mais variados aspectos de nossa sociedade: os
valores, as ideias, os problemas, as inovações, etc. Muitos eventos e fenômenos sociais que
estão presentes nos espaços urbano e rural pairam, de alguma maneira, sobre o espaço escolar.

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Estudantes em pátio de Escola Federal em Várzea Grande (MT). Foto de 2018.

Não escreva no livro. 89

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Escola e conflito
Já sabemos que o conflito pode ser considerado algo inerente à
convivência humana. Assim, não poderia deixar de estar presente,
Cesar Diniz/Pulsar Imagens

também, no espaço escolar, em que convivem pessoas de diferen-


tes idades, origens e etnias, com diversas condições socioeconô-
micas e culturais, visões de mundo, pontos de vista, preferências,
anseios e desejos muito diversos. Também é preciso considerar os
inúmeros problemas externos que afetam a escola e têm o poten-
cial de provocar conflitos, como falta de investimento público,
violência urbana e outras questões socioeconômicas.
O primeiro passo para lidar com os conflitos seria reconhecer a
diversidade na escola e valorizá-la. Em seguida, compreender que,
por ser de uso comum, o espaço escolar impõe a necessidade de
acordos e regras.
É importante identificar, no cotidiano escolar, situações que
podem gerar conflitos mais sérios e procurar superá-las. Algumas
dessas situações estão associadas às relações interpessoais,
como desentendimentos em relacionamentos afetivos, disputas
A escola é um espaço de valorização
pelo poder, conflito de interesses, rivalidade entre grupos. Outras
da diversidade, que propicia o têm relação com posturas e comportamentos individuais (mas
convívio e o aprendizado entre que também podem ser de todos os que fazem parte de um
pessoas com diferentes saberes e
grupo), como a busca de afirmação pessoal, a discriminação, a
culturas. Na imagem, estudantes na
Escola Estadual Mbo’eroy, em intolerância com as diferenças, a resistência às regras, a prática
Amambaí (MS). Foto de 2018. de bullying, etc.
Saiba mais

O reconhecimento dos conflitos na escola


Muitos educadores consideram que o reconhecimento dos conflitos e a disposição
de enfrentá-los são essenciais, ainda que, por vezes, a comunidade escolar tome a
atitude de encobri-los ou minimizá-los:

A escola é um espaço que, além de acolher conflitos próprios aos indivíduos nela reunidos e à
sociedade em que ela se insere, favorece a ocorrência de conflitos cujos sentidos e fatores desen-
cadeadores são estritamente ligados às especificidades dessa instituição de educação coletiva. Num
universo complexo, onde se encontram crianças ou adolescentes e adultos, profissionais e familia-
res, indivíduos com lugares institucionais, referências culturais e valores distintos, os conflitos são
inevitáveis. E eles se dão entre vários componentes, sob diferentes formas, movidos por diferentes
razões. Mesmo que ligados a fatores exteriores à escola, o simples fato de se manifestarem lá (ou
de lá não poderem se manifestar) já traz marcas do cotidiano escolar, assim como o marca. [...]
Ora, a aposta de aprimorar o olhar para os conflitos consiste na busca, pela escola e seus
atores, de um outro sentido para eles [...]. A possibilidade de resolvê-los ou elaborá-los depende
da busca de compreender seus sentidos. Eximir-se dessa atitude é algo que contribui para a
violência, o fracasso dos alunos, o stress do professor e a frustração da escola.
Neste sentido, a violência ou mesmo formas menos extremadas de tensão decorrem, na grande
maioria dos casos, de conflitos não explicitados. O olhar para os conflitos não significa que iremos
solucioná-los. Alguns, inclusive, não têm solução. Mas o simples fato de serem olhados já é por si
algo que possibilita melhores gestões, uma vez que estimula, nos atores educacionais, a criação
de canais de leitura a partir dos quais se poderia trilhar possíveis caminhos de solução.
Galvão, Izabel. Conflito sim, violência não. 1-3. Documento eletrônico. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Etica/13_galvao.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.

90 Não escreva no livro.

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Como lidar com os conflitos na escola?
Algumas instituições escolares têm dificuldade de assumir o conflito como algo que deve ser
resolvido de maneira explícita e coletiva. Em algumas, busca-se simplesmente ignorá-lo; em
outras, o conflito é visto como inevitável e não é enfrentado. E ainda há casos em que se busca
culpar atitudes individuais, geralmente dos alunos, como se o problema não fosse próprio do
contexto escolar, mas exterior a ele.
Contudo, as escolas que buscam detectar os conflitos e encontrar soluções para eles têm
tido experiências muito positivas no sentido de construir ambientes mais favoráveis, acolhe-
dores e democráticos. Um ótimo exemplo pode ser encontrado em uma escola de Ensino Médio
de Araçatuba, município no interior de São Paulo. Ali, foi implementado um projeto de formação
em mediação de conflitos para os estudantes interessados no tema. Depois que fizeram a
formação, esses estudantes passaram a atuar como “mediadores mirins”. Esses jovens têm a
função de acolher os novos estudantes, monitorar o bullying e dialogar com os colegas que
apresentam problemas de disciplina. Veja o depoimento de duas dessas mediadoras:

Como mediadora mirim, eu ajudo a fazer a mediação de Antigamente a escola tinha muita droga
conflitos simples que acontecem na escola. Se eu vejo e muita indisciplina. Hoje é difícil ter ocor-
alguma coisa na sala de aula ou no pátio, eu chamo o aluno rência de alunos. Se tem alguma briga ou
para tentar ajudar. A gente respira, faz um exercício de discussão, os mediadores mirins conversam
centramento (meditação) e depois conversa. e fazem o acolhimento.

Raiane, 16 anos. Ana, 16 anos.

Aulas mudam depois de resultado de pesquisa com estudantes. Porvir. Disponível em: https://porvir.org/especiais/participacao/
aulas-mudam-depois-de-resultado-de-pesquisa-com-estudantes/. Acesso em: 3 fev. 2020.

1. Leia o texto seguir e depois responda às questões:

Por que, ainda hoje, entre nós, o conflito tem uma conotação mais negativa que positiva?
Porque todo o seu potencial construtivo e criativo desaparece, quando ele é ignorado
ou mal administrado. [...] Em organizações como escolas, por exemplo, conflitos “varridos
para debaixo do tapete” drenam a energia da equipe, bloqueiam o trabalho colaborativo
e fazem os ressentimentos crescer e se acumular, podendo exprimir-se de maneira violenta.
[...]
A boa notícia é que vem se desenvolvendo, através dos tempos, um amplo repertório
de formas para lidar positiva e produtivamente com os conflitos inerentes à vida diária.
E esse repertório está à disposição de quem quiser construir uma cultura do diálogo e
da paz também nas escolas.
Ceccon, Cláudia et al. Conflitos na escola: modos de transformar: dicas para refletir e exemplos de como lidar.
São Paulo: Cecip; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009. p. 31-32. Disponível em: https://www.
imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/projetossociais/conflitos_na_escola.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.

a. Segundo o texto, qual é a consequência de ignorar ou administrar mal um conflito?


b. De acordo com o texto, o repertório de formas para lidar positivamente com os confli-
tos vem aumentando. Com sua experiência de vida, pense em uma dessas formas e
a descreva.

Não escreva no livro. 91

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Pesquisa: conflitos na escola
Como você reconhece uma situação de conflito na escola? Quais são as situações de conflito
existentes? Vamos fazer uma pesquisa para entender melhor essa realidade?
A proposta é que sejam entrevistadas diversas pessoas envolvidas com o espaço da escola
para compreender melhor como os conflitos são percebidos pela comunidade escolar.

1. Dividindo tarefas
Para a realização dessa atividade, será necessário dividir as tarefas entre a turma, formando
comissões de trabalho de acordo com as habilidades e preferências de cada um. Cada comis-
são ficará encarregada da realização de uma parte do processo da entrevista. Contudo, a
elaboração do roteiro deve contar com a participação de todos.
Comissão 1: Organização do material de entrevista – os integrantes dessa comissão devem
diagramar e reproduzir as fichas de entrevista e providenciar demais materiais necessários.
Comissão 2: Entrevistadores – os alunos dessa comissão vão definir quantos alunos, pro-
fessores e funcionários serão entrevistados e dividir entre eles a tarefa de realizar as en-
trevistas e preencher as fichas. Também devem discutir com o professor se devem orga-
nizar entrevistas com os pais de alunos.
Comissão 3: Tabulação dos dados – os integrantes dessa comissão devem tabular e
organizar visualmente os dados coletados nas entrevistas para apresentação ao res-
tante do grupo.

2. Criação do roteiro de entrevista


Para criar um roteiro de questões para a realização de uma entrevista, é essencial ter clareza
do objetivo, isto é, saber o que se quer com ela. Neste caso, deve-se buscar descobrir aspec-
tos existentes na escola que se referem a conflitos, traçando um panorama. É essencial, por
exemplo, detectar o tipo de conflito que os entrevistados identificam e que agentes eles
consideram envolvidos nesses conflitos. Pensem em perguntas que podem ser eficientes
para vocês coletarem a maior quantidade de informações e tenham em mente que devem ser
entrevistados alunos, funcionários e professores.
Saiba mais

Tipos de questão para construção de questionários


[Questões] abertas: são as que permitem ao informante responder livremente, usando
linguagem própria, e emitir opiniões. Entretanto, apresentam alguns inconvenientes [...]:
• [Impõem dificuldades ao] processo de tabulação.
• A análise é [mais] difícil, complexa [...] e demorada.
[Questões] fechadas: são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas
opções. Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho
do pesquisador e também a tabulação, pois as respostas são mais objetivas.
[Questões] semiestruturadas: são perguntas fechadas, mas que apresentam uma série
de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.
A técnica da escolha múltipla é facilmente tabulável e proporciona uma exploração em
profundidade quase tão boa quanto a de perguntas abertas.
A combinação de respostas múltiplas com as respostas abertas possibilita mais infor-
mações sobre o assunto, sem prejudicar a tabulação.
Sanchez, Sandra. Instrumentos da pesquisa em educação. Apresentação de slides. Disponível em: http://www.
ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2012-1/1SF/Sandra/Instrumentos%20e%20T%C3%A9cniccas%20
de%20pesquisa.ppt. Acesso em: 3 fev. 2020.

92 Não escreva no livro.

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No roteiro de entrevista, além das questões elaboradas pela turma, devem constar infor-
mações sobre o(a) entrevistado(a). Para facilitar, segue um modelo de cabeçalho para o roteiro.
Como, em geral, as pessoas ficam mais à vontade para dar sua opinião na condição de anoni-
mato, em nosso modelo, não consta um local para o nome do(a) entrevistado(a). Mas se a turma
avaliar que é importante registrar essa informação, é só incluí-la.

P ER FI L D O (A ) EN T R EVI S TA D O (A ):

Sexo: F M
Idade: Há quanto tempo está nessa escola:
Perfil: Aluno Professor Funcionário

3. Tabulação dos dados


Com as fichas de entrevista preenchidas, a comissão de tabulação deve consolidar as
respostas e organizá-las em uma tabela como o modelo a seguir.

Número de entrevistados
Conflitos que citou o conflito
detectados
Alunos Professores Funcionários Total

4. Apresentação dos resultados e análise dos dados


A comissão deve apresentar os dados tabulados para toda a turma, se possível, utilizando
um projetor multimídia. Os dados devem, então, ser analisados coletivamente. Quais os confli-
tos mais citados pelos entrevistados? Há conflitos que afetam mais os alunos, os funcionários
ou os professores?
Produzam um painel com os resultados. Ele poderá ficar exposto durante o congresso, etapa
final deste projeto. Após a produção do painel, organizem uma roda de conversa com os colegas
para compartilhar as impressões sobre a realização das atividades e os resultados obtidos.

Não escreva no livro. 93

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PRO D U TO FI N A L

Congresso: Como melhorar


o convívio escolar?

Ao longo deste projeto, você entrou em contato com o conceito e com as técnicas de mediação de conflitos e
produziu, com os colegas, um texto com diretrizes para realizá-la. Você e os colegas também investigaram os confli-
tos existentes na escola onde vocês estudam, elaboraram um diagnóstico e produziram um painel com o resultado
da pesquisa desenvolvida.
O produto final deste projeto será a realização de um congresso em que se discutirá como o convívio escolar pode
melhorar. O objetivo é ampliar as discussões realizadas até aqui, possibilitando que todas a pessoas que vivenciam
os conflitos no cotidiano da escola possam dialogar e propor maneiras criativas de resolvê-los.
Em um congresso, entre outras formas de organização, a discussão sobre o tema pode se dar em palestras, me-
sas-redondas (em que alguns convidados especialistas debatem um tema) ou mesmo oficinas. Ao planejar o evento,
reflitam sobre as características da comunidade escolar e escolham o formato mais adequado.

etapa 1 verá criar uma lista de necessidades e buscar apoio


para a obtenção dos materiais. Por exemplo: serão
Planejamento do evento necessários dois microfones e uma caixa de som,
Dividam o tema geral (Como melhorar o convívio es- mas a escola só tem a caixa de som. Uma possibili-
colar) em subtemas. Para isso, utilizem os resultados da dade é recorrer a alguém que possa emprestar os
pesquisa desenvolvida no Percurso 2. Após defini-los, microfones ou verificar se a rádio da comunidade
busquem por pessoas qualificadas que possam desen- pode participar do evento dando esse suporte. Ou,
volver atividades sobre o assunto. Por exemplo, um pro- ainda, se uma papelaria poderia doar materiais para
fessor de Educação Física ou um professor de Arte pode a produção dos panfletos de divulgação do evento.
ser convidado a elaborar uma atividade que envolva a
cooperação e o diálogo, como um jogo teatral, ou pode Comissão 4: Divulgação.
propor uma oficina de batalhas de poesia falada (slam) Não é possível fazer um bom evento sem uma ampla
que tenha como tema a cultura de paz. divulgação. Para incentivar as pessoas a participar,
Para organizar o congresso, também é preciso orga- o primeiro passo é fazer com que elas saibam do
nizar comissões, definir uma pessoa responsável por evento. Isso parece óbvio, mas muitas atividades
comissão e o prazo de cumprimento da tarefa de cada acabam não atingindo o sucesso esperado por falta
uma. A seguir, são sugeridas algumas comissões. Vocês de público, e uma das razões da baixa participação
podem organizá-las do modo proposto ou agrupar tare- pode ser o desconhecimento da existência do even-
fas, diminuindo o número de comissões. to, e não a falta de interesse nele. Por isso, divulguem
as atividades com panfletos, nas redes sociais e no
Comissão 1: Organização do espaço e programação
“boca a boca”, chamando todos para participar!
do evento.
Deve definir o local físico onde cada atividade será
realizada e será responsável por organizar a progra- etapa 2
mação do dia, ou seja, os horários e as salas em que
acontecerão as atividades. Gerenciamento do evento no
Comissão 2: Convidados. dia de sua realização
Será responsável pela definição e pelo contato com
Comissão 5: Recepção dos participantes.
os palestrantes ou organizadores de oficinas.
Receberá os participantes e mostrará onde acon-
Comissão 3: Patrocinadores. tecerá cada atividade do congresso. Também en-
Nem sempre a escola possui recursos para arcar caminhará os palestrantes convidados para as
com gastos em materiais. Logo, esta comissão de- respectivas salas.

94 Não escreva no livro.

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Comissão 6: Apoio à organização. etapa 3

Dará apoio aos participantes (público e convidados), Pós-evento


esclarecendo dúvidas sobre a organização do evento Comissão 11: Limpeza.
que porventura surgirem, sinalizando o local das ati- Será responsável por assegurar que a escola – duran-
vidades e cuidando para que todas as atividades te e após o evento – esteja organizada. Para isso, é
ocorram no horário e no local corretos. necessário certificar-se de que haja cestos de lixo
disponíveis e de que os ambientes da escola perma-
Comissão 7: Estrutura. neçam limpos. Independentemente de ser dessa co-
Se encarregará da montagem de equipamentos, missão, apoie a equipe de limpeza da escola! O espa-
como computadores, projetores e caixas de som. ço é compartilhado e devemos zelar por ele.
É importante verificar, com antecedência, se todos Comissão 12: Acompanhamento.
os eletrônicos estão funcionando, mas saibam que
Discutidas, votadas e aprovadas as propostas, não po-
imprevistos acontecem. Então, estejam preparados!
demos deixar que tudo o que foi feito seja esquecido.
Esse grupo ficará encarregado de acompanhar o de-
Comissão 8: Registros.
senvolvimento das ações e manter todos informados a
Muita coisa vai acontecer, e é muito importante re- respeito do andamento/implementação das propostas.
gistrar esse momento. Este grupo ficará responsável
por fazer os registros das atividades com anotações, Compartilhando
fotos e vídeos. Para isso, deve se certificar de que Após realizar tantas coisas, compartilhem os resulta-
todos os envolvidos nas atividades autorizem o uso dos, divulguem o projeto nas redes sociais, em mídias
de imagem e voz. locais (jornais e rádios do bairro, do município ou da re-
gião), e na associação de moradores. O importante é
Comissão 9: Grupo de Discussão (GD) espalhar as sementes por aí.
Que tal usar uma hashtag para postar nas redes como
As atividades (palestras, mesas-redondas, oficinas)
foi o desenvolvimento do projeto na sua escola e tam-
têm o objetivo de estimular a reflexão sobre deter-
bém conhecer como o projeto foi desenvolvido em ou-
minado tema e subsidiar uma roda de discussão com
tras escolas do país? Use: #projetoescolaumaagora
todos os palestrantes e ouvintes. Esse grupo deverá,
contemporanea e deixe tudo registrado.
ao fim de cada atividade, organizar essa roda tendo
em vista duas perguntas relacionadas aos conflitos
na escola: Como esse determinado conflito se ca- Deve-se considerar que, muito provavelmente,
racteriza em nossa escola?, Que medidas podemos as pessoas envolvidas nos conflitos detectados na
implementar para lidar com ele?. escola estarão presentes no congresso e que as
tensões entre elas podem ser reavivadas. Assim, é
Comissão 10: Assembleia importante que todos os alunos, principalmente os
integrantes das comissões 9 e 10, estejam prepa-
Após todas as atividades, esse grupo deverá organi- rados para atuar como mediadores entre as partes,
zar as propostas levantadas e convidar a todos para utilizando os conhecimentos que desenvolveram ao
se juntarem em assembleia. Nela, as respostas às longo deste projeto. Além disso, independentemen-
perguntas “Como esse determinado conflito se ca- te de os conflitos serem ou não reacendidos com as
racteriza em nossa escola?” e “Que medidas pode- discussões, certamente haverá posições diferentes
mos implementar para lidar com ele?” serão expos- sobre os temas. Também nesse contexto, as ferra-
tas e, por fim, as propostas serão votadas. Sugerimos mentas de mediação de conflitos serão importantes
que a aprovação das propostas se dê por maioria de para que os debates transcorram com tranquilidade
votos e que seja colocada em pauta a frequência com e da maneira mais democrática possível.
que novas assembleias devam ocorrer.

Não escreva no livro. 95

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Neste Projeto Integrador, foram propostas reflexões sobre os conflitos na sociedade como um todo e no
ambiente escolar. Além disso, você e os colegas investigaram os conflitos existentes na escola de vocês e pro-
moveram uma ampla discussão em torno de como solucioná-los, de maneira democrática e participativa.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e sua participação no projeto. Primeiro, vocês
vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão verificar como a comunidade local recebeu
o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às questões propostas na tabela para refletir sobre seu desenvol-
vimento durante o projeto.  

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em roda para 5 Em relação ao congresso, qual foi o momento mais
fazer uma avaliação do congresso promovido por vocês, difícil? E o mais prazeroso?
sua pertinência para a comunidade e para o público-alvo,
6 Como vocês se sentiram com a responsabilidade de
o desempenho do grupo e o trabalho em equipe.
Façam uma reflexão sobre as questões e exponham organizar um evento tão significativo e com tantos
suas ideias de modo claro, objetivo e ético, sempre com participantes?
respeito a si mesmo e ao outro, sem preconceitos e pro-
7 Como vocês se sentiram atuando como mediadores
movendo os direitos humanos.
de conflito?
A discussão pode ser orientada com base nas ques-
tões a seguir. 8 Vocês avaliam que a discussão sobre os conflitos
1 O que vocês sentiram quando descobriram que este gerou efeitos na comunidade escolar?
Projeto Integrador seria desenvolvido coletivamente?
9 Ao realizarem este projeto, vocês alteraram a percep-
2 O que vocês já sabiam sobre mediação de conflitos e ção em relação às formas de vivenciar os conflitos
o que aprenderam durante o processo? na escola?

3 Em que momento vocês se sentiram mais desafiados? 10 Como os conhecimentos desenvolvidos ao longo do

4 Como foi fazer uma pesquisa com toda a comunidade projeto podem alterar sua forma de agir na escola e
escolar e organizar os dados coletados? Os resultados fora dela em relação aos conflitos enfrentados no
surpreenderam vocês ou já eram esperados? cotidiano?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo siste-
mático como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, principalmente, se os
objetivos foram atendidos.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações. Na próxima
página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações desejadas. A turma deve
escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o produto final e pedir que respondam à
pesquisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas ou ser disponibilizado em sites de formulários
on-line. Por fim, reúnam-se para analisar os resultados da pesquisa.

96 Não escreva no livro.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou
totalmente de acordo”.

1 2 3 4 5
1. O Congresso Como melhorar o convívio escolar? foi bem divulgado pelos
organizadores.

2. O tema do congresso é relevante para esta escola.

3. O congresso foi bem organizado.

4. Os palestrantes e os responsáveis pelas oficinas demonstraram ter


conhecimento sobre os temas debatidos e promoveram boas reflexões.
5. Os debates ocorridos ao longo do congresso foram democráticos e
possibilitaram a livre expressão dos participantes.
6. Depois dos debates ocorridos no congresso, minha percepção sobre os
conflitos na escola e a forma de solucioná-los se transformou.

7. De modo geral, o projeto contribui para a comunidade.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se houve descobertas interessan-
tes durante a realização dele, etc. Utilize a tabela para fazer a autoavaliação, que pode ser plenamente satisfatória,
satisfatória ou insatisfatória.

1. Compreendi o debate proposto?

2. Participei com empenho das atividades previstas?

3. Atuei de forma ativa nas soluções das questões apresentadas ao longo do


Projeto Integrador?

4. Contribuí com os colegas de grupo durante os trabalhos propostos?

5. Participei das situações de análise de informação ativamente?

6. Contribuí com ideias para as questões e os problemas enfrentados ao longo da


organização do congresso?
7. Estive atento para colaborar com as necessidades do congresso e realizei as
tarefas com as quais me comprometi?

8. Colaborei para que o resultado do congresso fosse satisfatório?

9. Contribuí para o debate sobre como melhorar o convívio escolar na assembleia


final do congresso?

10. Como foi meu desempenho ao longo deste Projeto Integrador?

Não escreva no livro. 97

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PROJETO 5
M I D I A E D U C A Ç Ã O

Quais desafios as
novas mídias
impõem à nossa
vida cotidiana?
O
surgimento de novas mídias, como as redes sociais virtuais e os apli-
cativos de conversa, revolucionou a maneira como nos comunicamos
socialmente , permitindo superar obstáculos físicos, como grandes distân-
cias, e favorecendo a comunicação seja “um com um” ou “muitos com
muitos”. Ao mesmo tempo que elas ampliaram a possibilidade de a popu-
lação se posicionar, manifestar e comunicar, essas novas mídias amplifica-
ram a capacidade de grupos políticos e privados manipularem a opinião dos
cidadãos de acordo com seus interesses, por meio de notícias polêmicas e,
muitas vezes, sem validação científica. Vale ressaltar que nem toda infor-
mação que recebemos é verídica, relevante, correta ou imprescindível.
Por isso, é fundamental refletir sobre os limites da mídia e seu grande poten-
cial de alcance. Qual é o poder das novas mídias em nossas vidas? Converse
com os colegas sobre as questões a seguir.
1. Como a mídia está presente em seu dia a dia?

2. Em sua opinião, é necessário regular o uso das novas mídias?

3. Recentemente, pesquisadores chineses desenvolveram uma tecnologia


que reconhece a identidade de cidadãos que estão caminhando pelas
ruas das grandes cidades do país. Em sua opinião, o que deve ser priori-
dade: a privacidade dos cidadãos ou estabelecer uma vigilância cons-
tante para garantir a segurança da sociedade? Converse com os
colegas e reflitam sobre as diferentes opiniões acerca desse tema.

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1 PE RC U RS O 2
DO
PROJETO

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Xu Yu/Xinhua/AFP

Demonstração de uso de tecnologia de reconhecimento


facial. Tongxiang, China. Foto de 2018.

PE RC U RS O 3 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

99

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Prática de jornalismo de
soluções em mídia social

Assim como as redes sociais, as mídias sociais dependem das mídias,


ou seja, dos meios, para existir. Mas você sabe a diferença entre redes
sociais e mídias sociais? Enquanto as redes sociais são usadas para a
interação on-line de pessoas, as mídias sociais têm a função de comunicar,
difundindo a toda a população conteúdos produzidos por determinado
grupo, com objetivos bem definidos.
As mídias sociais apresentam, portanto, uma função social, e seu prin-
cipal objetivo é promover a reflexão sobre acontecimentos que dizem
respeito a todos os cidadãos. É por meio das mídias sociais que entramos
em contato com as notícias de nosso país e do mundo. Por isso, fala-se
em educar para o universo das mídias, mas também de nos educarmos
por meio das mídias. Esse é o universo de interesses da Midiaeducação,
um modelo de educação cujo objetivo é formar um sujeito crítico e cria-
tivo, responsável ao produzir e ao receber mensagens midiáticas.

Objetivos
Compreender o papel das novas mídias na atualidade.
Debater sobre a regulamentação, os limites e a liberdade de expressão
nas novas mídias.
Comparar a liberdade de expressão midiática em diferentes países.
Conhecer o Marco Civil da Internet.
Analisar criticamente as possibilidades proporcionadas pelas mídias
sociais.
Construir uma mídia social inspirada no conceito de jornalismo de
soluções ou jornalismo de engajamento.

Justificativa
Neste projeto, você será incentivado a elaborar uma mídia social que
dê voz aos membros de sua comunidade. A turma vai criar um canal
midiático em que as pessoas da comunidade poderão falar sobre seus
problemas cotidianos e as soluções encontradas por elas. O papel de
autores que você e os colegas vão assumir durante a produção dessa
mídia social é extremamente desafiador e, ao mesmo tempo, comporta
grande responsabilidade, pois trata-se de interesses reais da comuni-
dade, mesmo quando esses se mostrarem conflitantes. Assim, o projeto,
além de desenvolver aspectos relacionados à Midiaeducação, possibilita
o aprendizado de práticas relacionadas à responsabilidade e ao
trabalho em grupo.

100

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Materiais
A elaboração de uma mídia social depende, em primeiro lugar, de um suporte ou um meio que possibi-
lite a publicação de textos, áudios, vídeos e imagens. Nesse sentido, o acesso a alguns suportes tecno-
lógicos, como smartphone, computador com acesso à internet e máquina fotográfica, é necessário.
Contudo, na ausência de alguns desses materiais é possível criar uma mídia social com pelo menos um
deles. Para realizar o Percurso 3, a turma também vai utilizar cartolina, canetas coloridas, cola e outros
materiais necessários para a confecção de cartazes.

Relação do projeto com as competências e habilidades da BNCC

Competências gerais da Educação Básica


4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sono-
ra e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar
e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.

A produção de uma mídia social exige a familiarização e a utilização de diferentes linguagens. Esse aprendi-
zado possibilita uma avaliação crítica, ética e estética dos conteúdos midiáticos e desenvolve o pensamento
autônomo e colaborativo para se expressar.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significati-
va, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e dis-
seminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva.

O objetivo principal da Midiaeducação é dar ferramentas para que o cidadão possa fazer uso da cultura digital.
O conceito de jornalismo de soluções propõe a apropriação crítica e ética das novas mídias para o desenvolvi-
mento das comunidades nas quais estamos inseridos.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

A competência argumentativa ocupará uma posição central na execução deste projeto. A construção coletiva
de uma mídia social será viabilizada com base no diálogo e no entendimento entre os membros do grupo
responsável pela nova mídia social.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacio-
nal e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos
e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

A construção das novas mídias incentiva você a se posicionar criticamente em relação a questões sociais e
aos conteúdos divulgados nas mídias que fazem parte de seu cotidiano. Destaca-se o trabalho com a
habilidade EM13CHS106.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas ali-
nhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica
e responsabilidade.

O produto final deste projeto, ao construir uma nova mídia para a comunidade, inspirada no modelo de
jornalismo de soluções, incentiva o debate público, reforça a importância do respeito aos direitos humanos e
promove uma ação concreta na busca de resoluções de problemas e desigualdades. Destaca-se o trabalho
com a habilidade EM13CHS605.

As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
encontradas em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 3 fev. 2020.

101

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PE RC U RS O 1

As novas mídias são


livres e independentes
de qualquer controle?
Kola Sulaimon/AFP

Objetivos
Compreender as
questões da liberdade e Manifestação na Nigéria a favor da liberdade de expressão on-line e contra
da independência um projeto de lei para regular o uso das mídias sociais no país. No cartaz,
midiática. lê-se, em tradução livre do inglês: “Liberdade de expressão é um direito
humano”; e, na parte inferior: “Diga não à proposta de lei de discurso de ódio”
Analisar criticamente a
e “Diga não à proposta de lei de mídias sociais”. Abuja, Nigéria. Foto de 2019.
censura midiática.
Confeccionar um
relatório comparativo As novas mídias utilizam diferentes suportes – smartphones,
sobre a liberdade nas computadores, tablets – e formatos e, por isso, têm grande poder
novas mídias em de alcance e disseminação de informações. A era das novas mídias
diferentes países.
tem mobilizado debates sobre a qualidade das informações dispo-
nibilizadas, a manipulação de dados e a privacidade dos usuários.
1. Qual é a motivação da manifestação retratada na imagem?
Qual é a sua opinião sobre a questão apresentada?

2. Em sua opinião, as novas mídias no Brasil podem ser consi-


deradas livres e independentes? Debata com os colegas e
escreva um texto justificando sua opinião.

3. Para você, quais são os aspectos positivos e negativos da


difusão de informações por meio das novas mídias?

102 Não escreva no livro.

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Liberdade e independência
nas novas mídias
Por serem comandadas, em geral, por grupos hegemônicos, as
mídias tradicionais, como o rádio, a televisão e os jornais, podem
controlar e selecionar as notícias disponibilizadas. Já as novas mídias
permitem uma comunicação mais difusa, já que qualquer indivíduo
ou grupo pode criar um meio midiático ou publicar notícias em redes
sociais. Contudo, essa profusão dos meios de comunicação também
pode ter aspectos negativos.
Dada essa nova e emergente maneira de se comunicar, a discus-
são sobre a regulamentação e os limites das novas mídias tem
aumentado. Por isso, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realizou uma pesquisa
sobre as tendências mundiais relacionadas à liberdade de expressão
e ao desenvolvimento da mídia. Os critérios apresentados nesta
página, tanto para a independência como para a liberdade no uso
das mídias, foram definidos por essa organização.
Mas você sabe o que significa falar em liberdade nas novas mídias?
De modo geral, liberdade de uso das mídias significa:
existência de garantias para a livre expressão, ou seja, as pessoas
devem ter o direito de expressar suas opiniões sobre os mais
diversos assuntos de seu país ou de sua comunidade.
estabelecimento de acordos internacionais para fortalecer a li-
berdade de expressão. Muitas vezes, uma pessoa pode solicitar
ajuda internacional ou até mesmo fugir do país de origem devido
a perseguições e ameaças decorrentes da exposição de suas
ideias. Os acordos internacionais podem aproximar nações e am-
pliar a confiança umas nas outras.
regulamentação de leis que garantam a liberdade de informação.
acesso irrestrito a plataformas de mídia e à internet.
garantia de proteção às fontes jornalísticas.

1. Essas garantias existem no Brasil? Elas sempre existiram?


Você conhece algum caso de ameaça à liberdade de expressão
em sua comunidade ou no país em que vive?
Explore

E o que queremos dizer quando falamos em independência Tendências mundiais sobre


a liberdade de expressão e o
midiática? Veja, a seguir, alguns critérios para definir essa expressão:
desenvolvimento da mídia.
produção midiática livre de qualquer interferência política ou
Esse relatório é o resultado de
comercial. uma pesquisa realizada pela
autonomia de trabalho para jornalistas profissionais. Unesco sobre as tendências
mundiais da liberdade de
existência de padrões profissionais e respeito a um código de ética. expressão nas novas mídias.
o direito de defesa e treinamento por associações profissionais. Disponível em: https://unesdoc.
unesco.org/ark:/48223/
estabelecimento de critérios de qualidade da informação produ- pf0000244708. Acesso em:
3 fev. 2020.
zida e divulgada.
presença de serviço de rádio independente.
Não escreva no livro. 103

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Mídias sociais, economia e política
Para compreender o poder das novas mídias,
In Pictures via Getty Images

é necessário refletir sobre questões políticas


e econômicas que estão a elas relacionadas.
Grandes corporações econômicas podem utili-
zar as mídias sociais para ampliar o número de
clientes e aumentar as vendas de seus produ-
tos. Contudo, muitos países chegaram a proibir
o uso de mídias sociais, enquanto em outros
países grupos políticos as utilizam para inter-
ferir nos resultados de processos eleitorais.
Um dos exemplos de aplicação das novas
mídias em eleições aconteceu no Reino Unido,
em 2016, quando um plebiscito foi realizado
para que a população decidisse se o país deve-
Manifestação do Brexit. Nos
ria ou não deixar a União Europeia (UE). O movi-
cartazes, lê-se, em tradução livre do mento conhecido como Brexit, que defendia a saída do Reino
inglês, “Brexit agora” (nos azuis) e Unido, contou com o apoio de uma multinacional de tecnologia de
“Deixe a Grã-Bretanha fora” (nos
informação e de comunicação. Essa empresa promoveu a captura
vermelhos). Londres, Reino Unido.
Foto de 2018. de dados de milhões de usuários das redes sociais com o objetivo
de influenciar os votos a favor do Brexit. A captura e a manipulação
dessa grande quantidade de dados (Big Data) para fins eleitorais
foram descobertas e a empresa encerrou suas atividades em 2018.
Big Data: grande volume e
variedade de dados
capturados em grande
velocidade; o termo se aplica,
em sentido literal, à
acumulação de dados, mas se Liberdade de expressão da mídia
popularizou após os anos
2000 pelo uso dos dados de Estudos recentes, incluindo a publicação da Unesco Freedom
usuários das redes para fins of Connection, Freedom of Expression, mostram que um
comerciais e políticos. número cada vez maior de países tem dado passos no sentido
de bloquear ou regular o acesso à internet ou a conteúdos por
Brexit: abreviação da
meio de medidas como bloqueio, filtragem de conteúdo crítico
expressão Britain exit, que, em
português, significa “saída sobre autoridades e prisão de usuários que postaram informa-
britânica”. Refere-se ao ções consideradas indesejáveis. Os relatos também indicam
movimento de apoio à saída do que a vigilância na internet tem crescido a um ritmo mais
Reino Unido da União Europeia. rápido que a filtragem de conteúdos, já que a vigilância permite
às autoridades monitorar atividades e contatos pela internet
em vez de forçar os usuários a sair dela.
Unesco. Tendências mundiais sobre liberdade de expressão e
desenvolvimento da mídia. Brasília: Unesco, 2016. p. 36. Disponível em:
Explore https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000244708.
Acesso em: 3 fev. 2020.
Privacidade hackeada.
Direção: Karim Amer e
Jehane Noujaim. Estados
Unidos, 2019 (104 min).
O documentário analisa o 1. O texto cita as expressões “vigilância na internet” e “filtragem
envolvimento de uma empresa
de tecnologia de informação de conteúdos”. Em sua opinião, qual é a diferença entre elas?
e de comunicação no referendo Você já presenciou alguma situação de vigilância on-line? E de
do Brexit e nas eleições nos filtragem de conteúdos? Compartilhe suas opiniões e expe-
Estados Unidos, em 2016.
riências com os colegas e o professor.

104 Não escreva no livro.

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Censura nas mídias sociais
Em alguns países, os governos censuram o acesso da população
à internet e às mídias sociais, muitas vezes por motivos políticos. Países com maiores
Um exemplo de censura política ocorreu no Irã, em 2019. Com o restrições à internet
objetivo de reprimir manifestações da população contra o aumento em 2019
de 50% no preço do combustível, o governo cortou quase total- País Nota*
mente o acesso dos iranianos à rede mundial de computadores. De
China 10
acordo com a Organização Não Governamental (ONG) NetBlocks
– que monitora o acesso à rede no mundo inteiro – a frequência de Irã 15

uso da internet no Irã chegou a 5% do movimento habitual. É como Síria 17


se você não tivesse conexão de dados suficiente sequer para abrir Cuba 22
seus e-mails.
Vietnã 24
Além do Irã, outros países aplicam censuras ao uso das redes e
das mídias sociais. A ONG Repórteres Sem Fronteiras classifica a Arábia Saudita 25
liberdade de uso da internet em diversos países de acordo com Sudão 25
critérios como acesso à internet, respeito ao direito dos cidadãos e
Egito 26
vigilância ou restrição do conteúdo postado. Veja o resultado dessa
classificação na tabela ao lado. Paquistão 26

Agora, leia o texto abaixo e responda às questões a seguir. Uzbequistão 26

Etiópia 28

Emirados Árabes Unidos 28


Brasil cai em ranking de liberdade na internet Bahrein 29
Relatório aponta redução da liberdade de usuários mundo Venezuela 30
afora e diz que no Brasil a manipulação nas redes sociais atin-
giu novos patamares nas eleições de 2018 [...] Rússia 31

Entre os 65 países avaliados pela Freedom House considerados Casaquistão 32


parcialmente livres em relação à internet, o Brasil aparece na quinta
Bielorrússia 35
colocação, atrás de Quênia, Colômbia, Filipinas e Angola. [...]
O motivo da piora da situação no Brasil, segundo o relatório, Tailândia 35
é basicamente o aumento de notícias falsas, imagens adultera- Mianmar 36
das e teorias conspiratórias espalhadas em plataformas [...].
Peru 37
[...] O relatório cita ciberataques a jornalistas, entidades gover-
namentais e usuários politicamente engajados e afirma que a Azerbaijão 39
manipulação nas redes sociais atingiu “novos patamares”.
Fonte de pesquisa: Freedom House.
[...] Fredom on the Net 2019. The Crisis of
Brasil cai em ranking de liberdade da internet. DW, 5 nov. 2019. Disponível Social Media. Disponível em: https://www.
em: https://www.dw.com/pt-br/brasil-cai-em-ranking-de-liberdade-na- freedomonthenet.org/countries-in-detail.
internet/a-51110332. Acesso em: 3 fev. 2020. Acesso em: 3 fev. 2020.
* A nota, que considera os obstáculos do
acesso à internet, a limitação da postagem
de conteúdos e os direitos dos usuários,
varia entre 0 e 100. Países que obtêm nota
menor ou igual a 39 são considerados
1. Quais motivos provocaram a queda do Brasil no ranking de países em que o uso da internet não é livre.

liberdade na internet?
2. Formem um grupo e façam uma lista de países com histórico de
censura e restrição na internet. Em seguida, elaborem um rela-
tório descrevendo a situação atual da liberdade nas novas mídias
nesses países e comparem os dados. No relatório, incluam o nome
do país, seu histórico de censura às mídias e a situação atual da
liberdade de expressão. Lembrem-se de pesquisar em fontes
confiáveis e divulgar o resultado da pesquisa na sala de aula.

Não escreva no livro. 105

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PE RC U RS O 2

O mundo on-line
requer novas leis e
regulamentações?

Visual Generation/Shutterstock.com/ID/BR
Objetivos
Contextualizar o
Representação de intimidação
estabelecimento do
Marco Civil da Internet e e bullying pelas redes sociais.
compreender sua
importância. Além de ampliar as formas de comunicação, as novas mídias
Identificar ações possibilitam que os leitores dos veículos midiáticos se posicionem
danosas e ilegais na
internet e conhecer as diante das notícias divulgadas. Desse modo, os profissionais que
leis do país que emitem opiniões nos diversos meios de comunicação ficam mais
protegem os cidadãos expostos, assim como os usuários das redes virtuais. Uma das
contra os crimes
cibernéticos. consequências dessa exposição são os ataques virtuais.
Realizar e compartilhar Se você é agredido verbalmente ou fisicamente na rua por um
uma produção criativa estranho, o recurso mais razoável para se defender é buscar a Justiça
com o objetivo de
conscientizar as
por meio da polícia. Uma vez registrado um boletim de ocorrência
pessoas para que a contra o agressor, haverá uma investigação policial e o caso poderá
internet seja utilizada de ou não ser encaminhado ao Poder Judiciário para que haja um julga-
forma ética e crítica.
mento. Agora, imagine que a agressão tenha ocorrido em uma rede
social ou em qualquer outra mídia on-line e responda às questões.

1. Isso já aconteceu com você? Como reagiu?


2. A quem você pensa que deveria ser atribuída a responsabili-
dade pela agressão: à mídia utilizada, ao usuário que a publicou
ou aos dois?

106 Não escreva no livro.

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O Brasil e a regulação do uso da internet
O Brasil é considerado um dos pioneiros na regulamentação do

Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR/Governo Federal


uso da internet. Os esforços para a normatização do uso dos meios
virtuais começaram a se tornar reais a partir do momento em que
se pautou um projeto de lei com esse objetivo, em 2007. O projeto
sugeria uma série de sanções penais contra provedores que
promovessem o uso irregular da rede.
Por ter sido considerado por grande parte da sociedade civil
muito restritivo à liberdade de expressão, esse projeto não avançou.
No entanto, a discussão motivou uma significativa mobilização
social em prol do debate sobre a regulamentação do uso da internet.
Teve início, então, a elaboração do Marco Civil da Internet.
Na elaboração do Marco Civil da Internet, a sociedade foi consul-
tada por meio de audiências públicas e blogs ao longo de aproxima-
damente cinco anos. A lei foi aprovada em abril de 2014 e ficou
conhecida como “Constituição da Internet”, tornando-se referência
para muitos países interessados em regular o uso da internet.
Cartaz convidando para audiência
Conheça seus principais pontos: pública sobre o Marco Civil da
Neutralidade da rede: as empresas de telecomunicação que ofe- Internet, na Câmara dos
Deputados, em Brasília, 2012.
recem serviço de provedor de acesso à rede não podem privilegiar
determinados conteúdos em detrimento de outros. Por exemplo,
quando o usuário for assistir a um vídeo na internet, os dados
devem ser transmitidos na mesma velocidade, seja em um canal
pago, seja em um canal gratuito. O objetivo dessa regulamentação
é manter o tráfego livre de informações, sem beneficiar um gru-
po em detrimento de outro.
Responsabilidade pelos conteúdos produzidos: o responsável por
conteúdos impróprios produzidos e difundidos na rede é o usuá-
rio que produziu o conteúdo, e não o provedor ou o site no qual o
conteúdo foi divulgado. No entanto, se a Justiça determinar que
o conteúdo deve ser retirado, o provedor é obrigado a fazê-lo.
Privacidade dos dados dos usuários: os registros de navegação
dos usuários só podem ser guardados pelo provedor durante um
ano. Já as empresas que atuam na internet – como as lojas que
vendem suas mercadorias on-line – podem reter dados cadas-
trais de usuários apenas por seis meses, sob sigilo.

1. Reúnam-se em grupos para debater as questões a seguir.


a. O Marco Civil da Internet garante segurança e liberdade de
expressão na rede? Para responder a essa pergunta, vocês
devem consultar o texto integral da lei e o que dizem os
analistas sobre essa legislação.
b. Releiam as questões apresentadas na abertura deste
percurso. O Marco Civil da Internet ajuda a responder algu-
mas daquelas inquietações? De que maneira?
c. Em sua opinião, que outras medidas deveriam ser contem-
pladas pelo Marco Civil da Internet? Organizem-se em grupos
para debater e ao final elaborem um texto dissertativo sobre
essas medidas.

Não escreva no livro. 107

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A sociedade faz a internet ou somos um produto da rede?
Nosso comportamento pode ser influenciado por propagandas, conteúdos e programas
veiculados nas mídias, bem como pela conduta e pela opinião de outras pessoas. Com os
avanços tecnológicos dos meios de comunicação e o surgimento das mídias sociais, cada
usuário, além de espectador, pode produzir o próprio conteúdo e dinfundi-lo na rede. Dessa
forma, esses conteúdos podem ter um grande alcance e influenciar mais pessoas.
Muitas vezes, porém, não sabemos quem está por trás da produção de determinados
conteúdos. É comum as pessoas se valerem do sigilo que o mundo virtual pode proporcionar
para dizer o que pensam e defender atitudes que, por vezes, ferem a imagem, a reputação e
os direitos de outras pessoas. Esse tipo de comportamento gerou a necessidade de regula-
mentar o uso da internet. Como se trata de um contexto bastante recente, foi preciso instituir
normas que a princípio não estavam previstas na legislação brasileira.
Assim, em abril de 2018, entrou em vigor a Lei n. 13 642/2018, que ficou conhecida como
Lei Lola. De acordo com essa lei, os “crimes praticados por meio da rede mundial de compu-
tadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou
a aversão às mulheres” estão entre as competências de investigação da Polícia Federal brasi-
leira. Ou seja, a partir de 2018, o ódio às mulheres promovido na rede mundial de computado-
res não só passou a ser considerado crime, como deve ser investigado pela Polícia Federal e
pode levar seus agentes à prisão.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados


Reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher debate a Lei n. 13 642/2018. Brasília, junho de 2018.

Quem é Lola?
Nascida na argentina e naturalizada brasileira, Lola Aronovich é professora de literatura
inglesa da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Em 2008, começou a escrever um
blog em que aborda temas como misoginia na internet, feminismo, censura, direitos humanos,
educação, gênero e literatura. Em pouco tempo, o blog atingiu mais de 200 mil visualizações
por mês.
Ameaças e ataques virtuais à Lola começaram quase simultaneamente ao aparecimento
de seu blog, e ela buscou ajuda da polícia. Ao procurar a Delegacia da Mulher em Fortaleza,
Lola se deparou com algo inesperado: a delegacia registrava o boletim de ocorrência, mas as
investigações não evoluíam, pois muitos dos sites utilizados para atacá-la estavam “hospeda-
dos” fora do Brasil, e a polícia não tinha autorização para quebrar seu sigilo. Por sua vez, a
Polícia Federal também dizia não poder levar nenhuma investigação adiante, pois o tipo de
crime relatado por Lola não era responsabilidade dessa polícia.

108 Não escreva no livro.

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Ódio virtual
No blog, Lola se dedicava a denunciar crimes de ódio contra as
mulheres cometidos e incentivados por intermédio de canais on-line,
como páginas em redes sociais e blogs. Em 2011, Lola fez vários
posts por meio dos quais divulgou os resultados das investigações
da Polícia Federal que associaram o autor do massacre do Realengo
(crime ocorrido no Rio de Janeiro em março daquele ano) a blogs de
haters. O autor dos assassinatos em Realengo era seguidor de blogs Hater: termo em inglês que
e de comunidades virtuais que pregavam o ódio às mulheres. significa “odiador”. Trata-se
de pessoa que atua na
Quando os resultados das investigações da Polícia Federal internet com o objetivo de
começaram a ser divulgados, muitas dessas comunidades excluí- atacar outras pessoas,
ram suas páginas, seus canais e seus perfis na internet. Contudo, geralmente sem motivos
reais, com comentários
poucos meses após as investigações, muitas delas voltaram à ativa, maldosos, praticando
com um discurso de ódio ainda mais intenso. Entre agosto de 2011 cyberbullying e assédio.
e março de 2012, Lola e outros ativistas foram ameaçados e ataca-
dos na rede pelos responsáveis por essas comunidades.
Em agosto de 2012, em uma ação policial coordenada pela Polícia
Civil do Paraná e pela Polícia Federal – intitulada Operação Intole-
rância –, os responsáveis pelas comunidades de ódio e misoginia
foram presos e condenados a cerca de seis anos de prisão. Porém,
em março de 2013, os criminosos obtiveram direito à liberdade
condicional e saíram da cadeia. Não demorou para que voltassem
à ativa, criando sites e comunidades com o objetivo de disseminar
Explore
o ódio a mulheres, homossexuais, negros e outros grupos. Em
novembro de 2015, Lola foi ameaçada de morte por um hater. Existem muitas organizações
Entre 2012 e 2017, Lola registrou onze boletins de ocorrência que agem em defesa dos
contra os responsáveis por essas ações, mas não foram tomadas direitos humanos e contra
crimes cibernéticos na rede.
providências efetivas contra seus perseguidores. Sua luta contra Conheça duas delas:
os haters, contudo, motivou a apresentação do projeto de lei que,
aprovado, deu origem à Lei Lola. Após a aprovação da lei, o principal Safernet
líder dos haters que a perseguiam foi finalmente preso e condenado Associação civil sem fins
lucrativos que mantém a
a mais de quarenta anos de prisão. Central de Denúncias de Crimes
Cibernéticos. A associação
disponibiliza o canal HelpLine
Aloisio Mauricio/Fotoarena

Brasil, criado para oferecer


informações aos usuários da
internet sobre direitos e
deveres no mundo virtual.
Disponível em: https://new.safernet.
org.br/. Acesso em: 3 fev. 2020.

Intervozes – Coletivo Brasil


de Comunicação Social
Associação civil sem fins
lucrativos que busca promover
o direito à comunicação e à
liberdade de expressão. Entre
seus projetos, a Intervozes
promove uma formação em
mídia e educação em
direitos humanos.
Disponível em: http://intervozes.org.
br/projetos/ciclo-de-formacao-
Material apreendido pela Polícia Federal em operação contra crimes cibernéticos. midia-e-educacao-em-direitos-
Após a implementação da Lei Lola, esse tipo de crime, que incentiva o ódio a humanos/. Acesso em: 3 fev. 2020.
mulheres, passou a ser investigado pela Polícia Federal e pode levar à prisão. São
Bernardo do Campo (SP). Foto de 2016.

Não escreva no livro. 109

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Contra o ódio
Como agir em relação aos haters, principalmente quando se é vítima deles? Os ataques a
Lola Aronovich foram tão ameaçadores que ela teve que denunciá-los à polícia e batalhar para
que os haters fossem processados. Em situações como essa, a denúncia é muito importante,
pois é o primeiro passo para proteger quem está sendo atacado e afastar as ameaças.
Uma jovem fotógrafa estadunidense, no entanto, escolheu outro caminho para lidar com
essas pessoas. Leia a reportagem a seguir para conhecer a história dela.

Haters Gonna Hate: artista faz série fotográfica mostrando os


comentários de haters que recebe nas redes sociais.
Lindsay Bottos é uma estudante de fotografia de Baltimore, nos Estados Unidos, tem 21 anos
e, como qualquer pessoa da sua idade, se habituou a compartilhar nas redes sociais aquilo que
acha legal. Entre projetos seus ou de outros artistas, Lindsay também compartilha algumas
selfies – fotos tiradas por ela própria do seu rosto e de parte do corpo. O que se segue é uma
série de ofensas gratuitas e, muitas vezes, machistas.
Lindsay diz saber que tanto homens como mulheres estão sujeitos a estas ofensas, mas
garante que o conteúdo das mensagens e a frequência com que as recebe estão ligados ao seu
gênero sexual. Para lidar com o problema, a jovem decidiu ser bem direta: fez printscreen dos
comentários e os colou por cima das selfies, compartilhando tudo […].
O projeto rapidamente se tornou viral […]. […] Lindsay consegue denunciar a crueldade das
pessoas (ainda que fiquem anônimas) na internet, consegue expor as mesmas pessoas ao ridí-
culo e ainda se coloca olhos nos olhos do espectador. Um projeto impactante, que nos lembra
o que as redes sociais, por vezes, escondem: que, por trás da tela, estão pessoas de carne e osso,
algumas mais vulneráveis que outras.
“A autoridade que as pessoas sentem em dividir a opinião delas sobre a minha aparência é
algo com o qual eu e muitas outras meninas temos que lidar on-line”, diz Lindsay.
BarBosa, Jaque. Haters Gonna Hate: artista faz série fotográfica mostrando os comentários de haters que
recebe nas redes sociais. Hypeness. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2014/02/artista-denuncia-
as-crueis-mensagens-anonimas-que-recebe-na-web-em-projeto-impactante/. Acesso em: 4 fev. 2020.

1. Organize-se em grupos com os colegas para debater que medidas poderiam inibir a ação
de haters na internet. Façam propostas e pensem nos pontos positivos e negativos de
cada uma delas. Considerem também a viabilidade de essas medidas serem implantadas
e executadas. Apresentem as conclusões para a sala e façam uma votação sobre quais
medidas propostas são mais urgentes e viáveis de ser implementadas. Para finalizar,
façam uma lista das três medidas mais votadas com as ações necessárias para sua
implentação de modo eficiente.

2. A jovem Lindsay usou sua criatividade para se manifestar contra os haters que a ata-
cavam. Vamos pensar em outras formas de criticar a ação dos haters e buscar maneiras
de conscientizá-los?
a. Use sua criatividade para fazer um slogan, um meme ou um cartum crítico às formas
de ação dos haters. Sua crítica deve ser construtiva: é importante que o conteúdo de
sua produção busque a conscientização dessas pessoas. Cuide para que a mensagem
seja clara e não ofensiva.
b. Compartilhe sua produção com os colegas. Depois, discutam sobre o assunto.
c. Quando estiver satisfeito com a sua produção, poste-a na rede!

110 Não escreva no livro.

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PE RC U RS O 3
1

A quem servem as
novas mídias?
Delfim Martins/Pulsar Imagens

Objetivos
Analisar o acesso da
Praça pública em Fortaleza (CE) conta com serviço sociedade brasileira à
de internet via wi-fi gratuito. Foto de 2018. internet.
Refletir sobre a
O acesso à internet é um dos fatores que possibilita o contato representatividade das
com as novas mídias, sendo, portanto, fundamental para promo- comunidades na mídia
tradicional.
ver a inclusão digital da população. Com base nisso, converse
Conhecer experiências
com os colegas sobre as questões a seguir e, se necessário, de mídia social baseadas
pesquise mais informações. no jornalismo de
soluções.
1. A comunidade em que vocês vivem tem acesso a novas tecno- Produzir uma exposição
logias de informação, como transmissão de dados por satélite sobre jornalismo de
soluções.
ou fibra ótica, telefonia celular, internet e informática?

2. As pessoas da sua comunidade têm facilidade para utilizar as


novas tecnologias de informação?

3. Que dificuldades vocês enfrentam em relação ao uso e ao


acesso às novas tecnologias de informação?

4. Vocês consideram que a comunidade em que vivem está mais


ou menos inserida na sociedade da informação que as demais
comunidades do entorno? Façam comparações com base em
informações concretas, como dados de acesso à internet.
Não escreva no livro. 111

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Quem participa da sociedade da informação?
Nossa relação com o tempo das notícias foi radicalmente modificada com as novas mídias.
Além de dedicarmos boa parte do nosso tempo interagindo com o smartphone, com o compu-
tador ou com qualquer outro suporte que permita acesso à internet, o tempo de disseminação
das notícias se comprimiu, e a quantidade de informações que recebemos aumentou conside-
ravelmente. Estudos sobre o consumo de notícias afirmam que, após o surgimento da Sociedade
da Informação e do Conhecimento (SIC), uma notícia que antes demorava 25 anos para enve-
lhecer atualmente é considerada velha 5 anos após sua publicação.
Mas quem participa da sociedade da informação no Brasil?
Os grupos que formam a população brasileira estão inseridos de forma diferente nessa
sociedade. Os gráficos abaixo ajudam a entender essa realidade. Observe-os e converse com
os colegas sobre as questões a seguir.

B R AS I L : P E R C E N TU AL D E U S U ÁR I OS QU E
BR A SI L: P E R CEN T UA L D A PO PULA ÇÃ O
AC E S S AM A I N TE R N E T C ON F OR M E A
Q UE A CES S A A I N T ER N ET (2 0 0 8 -2 0 1 8 )
C L AS S E S OC I AL ( 2015- 2018)

ID/BR

ID/BR
100 100 96 95 96
92
A
89 91
80 80 84 86 B
67 70 76
58 61 74 C
60 60 66
46 49 63 DE
(%)

41
(%)

39 51 55 48
40 40 42
34 35
20 20 30

0 0
1 12 013 014 015 016 017 018
08 009 010 01 2015 2016 2017 2018
20 2 2 2 20 2 2 2 2 2 2
Ano Ano

Fonte de pesquisa: TIC Domicílios 2018: principais resultados. Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br). Disponível em: https://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2018_coletiva_de_imprensa.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

1. Qual era o percentual da população brasileira que usava a internet em 2018?

2. Em 2018, o percentual de usuários era maior em quais classes sociais?

3. Em qual das classes sociais houve maior crescimento de usuários durante o período mos-
trado no gráfico? Em sua opinião, quais os benefícios desse aumento para essa classe social?

As novas mídias se desenvolvem com base nas tecnologias da infor-


Sociedade da Informação mação e do conhecimento (TICs). Se uma comunidade tem pouco
e do Conhecimento: acesso a essas tecnologias, pode ter dificuldade de inserção nas rela-
expressão criada para ções culturais, políticas e sociais que acontecem em uma escala maior,
designar as sociedades
pós-industriais, nas quais a
seja regional, nacional ou mundial. A desigualdade social também diz
informação e o respeito à desigualdade de acesso à informação, à tecnologia e às
conhecimento são fatores mídias sociais.
determinantes para o
Por outro lado, os gráficos evidenciam, também, um aumento consis-
desenvolvimento
econômico e social; esse tente do percentual de usuários da internet entre os mais pobres, o que
conceito busca explicar as significa que há maior democratização do uso desse meio. Essa realidade
relações de produção no abre caminho para a ampliação da comunicação e do acesso à informa-
mundo globalizado, pós-
-queda do Muro de Berlim. ção por uma parte maior da população brasileira e potencializa o uso da
rede no sentido de inserir mais pessoas no debate público.

112 Não escreva no livro.

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Sua comunidade aparece
nas mídias tradicionais?
O lugar onde vivemos, mantemos nossas

Renato Soares/Pulsar Imagens


relações de vizinhança e afeto, compartilha-
mos os espaços e vivenciamos problemas
que afetam a todos é o lugar que nos define
como cidadãos. Esse lugar tem seu tempo
próprio, sua história particular e deve ser
palco de nossa ação e engajamento. É nele
que criamos nossa identidade e sonhamos
com novos projetos de vida.
As mídias tradicionais praticam um tipo
de jornalismo/comunicação mais atento
aos fatos da vida nacional e internacional,
dedicando pouco espaço para os aconte-
cimentos da vida cotidiana das comunida-
des. Por sua vez, as novas mídias possibili-
tam a criação de canais de expressão mais
próximos da realidade cotidiana da população. Essa proximidade Há pouco espaço nas mídias
tradicionais para abordar questões
permite dar maior visibilidade a problemas muitas vezes ignorados
locais de uma comunidade.
pelo poder público. Nesse sentido, o uso das mídias sociais pode Reunião das lideranças Kaiapó.
contribuir para aproximar os membros de uma comunidade, levan- São Félix do Xingu (PA).
do-os a buscar soluções para problemas sociais coletivos urgentes. Foto de 2016.

O uso das mídias sociais no contexto das comunidades, com o


objetivo de divulgar e solucionar problemas locais, é chamado de
jornalismo de soluções. Esse tipo de jornalismo investiga problemas
que atingem a população de um determinado local e produz notícias
com base em suas pesquisas, que podem ser divulgadas por vídeos
ou textos na internet. A repercussão dessas notícias, por meio das
redes sociais, pode contribuir para a solução de conflitos e de outros
problemas que necessitam do apoio do poder público.
Saiba mais

As redes sociais e a ampliação do debate público


O texto a seguir defende que as redes sociais têm o potencial de aumentar a visi-
bilidade dos problemas, das questões e das opiniões de grupos com pouca visibilidade
na mídia tradicional.
O debate público foi ampliado com as possibilidades de comunicação vindas com a
ascensão da internet, como, por exemplo, a partir da utilização crescente das redes sociais.
Passaram a existir outras formas efetivas de divulgação dos conteúdos críticos e reflexivos
que são de interesse público, com a possibilidade de se fazer uma análise da própria mídia
e publicizar uma visão considerada alternativa. Com isso, há uma significativa abertura para
a participação individual e a cidadania, ambas com potencial amplificado a partir das novas
ferramentas e fluxo de produção e interação possibilitados a partir do uso da internet. Diante
disso, é comum os entusiastas das inovações trazidas pela tecnologia em termos de possi-
bilidades comunicativas reconhecerem na internet um caráter democrático.
Magnoni, Antonio Francisco et al. A internet como indutora da participação política: mídia, tecnologia e
engajamento nos ambientes digitais. Comunicologia, Brasília, UCB, v. 10, n. 2, p. 182-201, jul./dez. 2017.

Não escreva no livro. 113

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A experiência de buscar soluções
Um exemplo de uso das novas mídias para a produção do jorna-
lismo de soluções é a Agência Mural de Jornalismo das Periferias.
Os jornalistas dessa agência começaram suas atividades em 2010
com a criação de um blog de notícias sobre as periferias de São
Paulo chamado Mural. No texto a seguir, os idealizadores do blog
falam sobre a principal motivação para a criação de um canal midiá-
tico que publicasse informações sobre a periferia.

Na última década, principalmente, os recursos reduzidos


dos meios de comunicação, a velocidade de publicação exigida
pela revolução tecnológica e a crescente complexidade do
contexto urbano fizeram com que o noticiário na capital
paulista, a maior cidade da América do Sul, se concentrasse
cada vez mais no “fácil, rápido e simples”. Ou seja, no que
acontece nas proximidades das redações, em mundos muito
próximos e conhecidos de seus jornalistas, que também vivem
nas imediações – o “centro”, onde fica concentrado o poder
econômico e político das grandes áreas urbanas.
Agência Mural de Jornalismo das Periferias. Nossa história. Disponível em:
https://www.agenciamural.org.br/sobre-nos/. Acesso em: 4 fev. 2020.

Explore
Em 2015, o blog ganhou um site independente e se transformou
Experiências de na Agência Mural de Jornalismo das Periferias, com mais de
engajamento jornalístico cinquenta colaboradores diretos trabalhando e produzindo notícias
No site da Agência Pública há sobre os 96 distritos que formam o município de São Paulo.
uma lista de iniciativas de Outro exemplo de uso das novas mídias para a produção do
jornalismo independente, e
algumas dessas iniciativas
jornalismo de soluções é a plataforma Desabafo Social (http://
praticam o jornalismo de desabafosocial.com.br), que se define como uma plataforma de
soluções. inteligência coletiva para a produção de conteúdo, a resolução de
Disponível em: https://apublica.org/ problemas e a geração de renda por meio de desafios sociais. Esse
mapa-do-jornalismo/. Acesso em: projeto foi criado em 2011 pela jovem Monique Evelle, moradora
4 fev. 2020.
da periferia, em Salvador, na forma de grêmio estudantil. Em entre-
vista, ela explica:

Na verdade, o Desabafo Social começou como um grêmio


estudantil, quando eu estava no Ensino Médio. Perto de me formar,
pensei: “O colégio vai terminar e preciso continuar fazendo as
coisas em que acredito”. Foi aí que decidi transformar o Desabafo
Social numa ONG de Educação e Direitos Humanos, que promo-
via rodas de conversa e oferecia cursos para as pessoas da peri-
feria de Salvador […]. Com o tempo, o Desabafo Social virou um
projeto que foca na produção de conteúdos sobre temas que
impactam diretamente a sociedade e que vão de mercado de
trabalho e luta por moradia até algoritmos. […]
Standke, Stevens. Monique Evelle propõe uma nova abordagem da
periferia e exalta o seu potencial. A Tribuna, Salvador, 21 out. 2019.
Disponível em: https://www.atribuna.com.br/variedades/atrevista/
monique-evelle-prop%C3%B5e-uma-nova-abordagem-da-periferia-e-
exalta-o-seu-potencial-1.72137. Acesso em: 4 fev. 2020.

114 Não escreva no livro.

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Divulgando o jornalismo de soluções
O que caracteriza uma reportagem que coloca em prática o jornalismo de soluções? A Solutions
Journalism Network (SJN) – em português, Rede de Jornalismo de Soluções – propõe cinco
critérios que definem um trabalho jornalístico orientado para soluções:

1. Concentra-se profundamente na resposta a um problema social


A prova dos nove: se a história não descreve uma resposta, não se trata de jornalismo de soluções. Essa
resposta deve ser explicada no contexto do problema que se está tentando resolver. Documentar as causas desse
problema esclarecerá a oportunidade para que uma solução crie alavancagem e impacto.
2. Examina como a resposta funciona com detalhes significativos
Uma ótima história de soluções se aprofunda nos procedimentos da solução de problemas, investigando perguntas
como: “Quais modelos estão sendo bem-sucedidos em melhorar um resultado educacional e como eles realmente funcio-
nam?” A narrativa é guiada pela solução de problemas, e a tensão reside na dificuldade inerente à solução de um problema.
3. Concentra-se na eficácia, não nas boas intenções, apresentando evidências disponíveis dos
resultados
O jornalismo de soluções tem a ver com ideias – mas, como todo bom jornalismo, a determinação do que funciona
(ou não) tem apoio, sempre que possível, em evidências sólidas. Para ideias em estágio inicial, em que a única “evidên-
cia” pode ser a afirmação de observadores confiáveis, a dica é não exagerar.
4. Oferece não apenas inspiração, mas insights que outros podem usar
O que torna o jornalismo de soluções atraente é a descoberta – a jornada que leva o leitor ou o espectador a
ter uma ideia de como o mundo funciona e, talvez, do que pode ser feito para funcionar melhor.
5. Discute o que não está funcionando na abordagem
Não existe uma solução perfeita para um problema social. Toda resposta tem contingências, limitações e
riscos. O bom jornalismo de soluções não evita a imperfeição.
Como sei que é jornalismo de soluções? Learning Labs. Disponível em: https://learninglab.solutionsjournalism.org/pt/courses/
basic-toolkit/introduction/how-do-i-know-its-solutions-journalism. Acesso em: 4 fev. 2020.

1. Em grupo, façam uma pesquisa sobre experiências de jornalismo de soluções e escolham


três inciativas. Para identificar reportagens ou veículos que façam esse tipo de jorna-
lismo, utilizem os critérios apontados acima. Depois, respondam às questões a seguir.
a. Justifiquem a escolha das três iniciativas.
b. O que motivou a criação dessas iniciativas e quais são os objetivos delas?
c. Qual(is) suporte(s) de mídia foi(oram) mais utilizado(s) pelas iniciativas que vocês sele-
cionaram (jornal impresso, rádio, mídia social digital)? Caso tenha sido utilizada uma mídia
social digital, descrevam o(s) tipo(s) utilizado(s) (blog, podcast, página de rede social, etc.).
d. Com qual suporte digital vocês têm mais familiaridade? Escolham um deles para desen-
volver sua própria mídia social. Justifiquem a escolha.

2. Preparem cartazes para divulgar as iniciativas pesquisadas por vocês, seguindo os passos:
a. Façam um cartaz para cada iniciativa.
b. O título do cartaz deve ser o nome do blog, do site ou do veículo selecionado.
c. Utilizem as respostas da atividade 1 para fazer um texto de apresentação das iniciativas.
d. Escolham uma imagem representativa dessa iniciativa e colem-na no cartaz.

3. Organizem a exposição: escolham um local na escola para afixar os cartazes e divulguem


a exposição para a comunidade escolar.

Não escreva no livro. 115

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PRO D U TO FI N A L

Prática de jornalismo de
soluções em mídia social

Chegou a hora de colocar a mão na massa e, com o grupo, produzir a própria mídia social. Durante os
três percursos, vocês conheceram algumas mídias e se familiarizaram com o conceito de jornalismo de
soluções. O objetivo, agora, é produzir uma mídia social inspirada no modelo do jornalismo de soluções
já praticado no Brasil e no mundo.
Mas talvez você e os colegas ainda tenham dúvidas a respeito de como ou por que produzir essa nova
mídia. Afinal, já existem tantas, por que mais uma, não é mesmo? Não é bem assim! Cada comunidade
tem questões, dificuldades ou motivações particulares, que dizem respeito especificamente ao seu co-
tidiano e que merecem ser abordadas e divulgadas na mídia.
Tomando como base alguns exemplos apresentados ao longo deste Projeto Integrador, a proposta
agora é produzir um canal de entrevistas, em vídeo ou no formato de podcast, com membros da comu-
nidade em que vocês vivem que tenham alguma autoridade e legitimidade para falar dos problemas que
vocês decidirem discutir. Também é possível recorrer a entrevistas sobre trabalhos realizados por cole-
gas da própria escola ou de outras escolas. Para isso, sigam este passo a passo.

etapa 1

Definição do tema da entrevista e da forma de difusão


Organizem-se em grupos de quatro a cinco pessoas e escolham o tema da primeira entrevista.
Comecem pesquisando um problema em sua comunidade que tenha relevância social e para o qual uma
pessoa ou um grupo de pessoas já tenha dado solução.
Será necessário também pensar na forma de difusão da entrevista, para definir o meio utilizado para
registrá-la: em vídeo e difundida em uma plataforma de compartilhamento de vídeos, ou em áudio,
divulgado como podcast?
É importante ter em mente que, caso escolham difundir a entrevista sob a forma de podcast, é
necessário ter acesso a um site por meio do qual vocês publicarão o link para download do áudio, ou
para ouvi-lo via streaming. No caso dos vídeos, basta fazer o upload do vídeo gravado em uma plata-
forma de compartilhamento de dados e divulgar o link de acesso pelas redes sociais para as pessoas
da sua comunidade.

etapa 2

Escolha dos entrevistados


Informem-se sobre quais pessoas da comunidade têm envolvimento com o tema determinado por
vocês. Em seguida, definam se a entrevista será feita com uma ou mais pessoas. Na escolha de mais de
um entrevistado, é importante considerar que a entrevista não é um debate. Logo, não faz sentido en-
trevistar pessoas que têm visões muito distintas, mas sim cujos pontos de vista sejam complementares,
ainda que não tenham concordância em tudo.
Convidem, então, os possíveis entrevistados, esclarecendo quais são os objetivos da entrevista e
como ela será difundida. Assegure-se de que as pessoas convidadas autorizem a gravação e a divulga-
ção de sua imagem e de suas falas na internet. Conversem com o professor responsável para definir
como convidar os candidatos à entrevista.

116 Não escreva no livro.

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etapa 3

Preparação e realização da entrevista


Elaborem um roteiro de entrevista, com a especificação dos locais em que devem entrar os subtemas
e as perguntas a ser feitas. Uma boa entrevista é aquela em que o entrevistado é estimulado a falar e,
portanto, é importante que os entrevistadores criem um clima de empatia com o entrevistado. Conduzir
a entrevista na forma de uma conversa, sem deixar de fazer todas as perguntas definidas pelo grupo,
pode ser um bom caminho.
Antes da realização da entrevista, é necessário definir o modo como ela será gravada, ou seja, como
será feito o seu registro. É nesta etapa que o grupo define se a entrevista será gravada apenas em áudio
ou também em vídeo. Uma dica para a gravação do áudio é escolher um local silencioso e com boa
acústica, para que as vozes sejam capturadas com mesmo volume e mesma intensidade. Caso a entre-
vista seja em vídeo, também é importante preparar o ambiente onde as pessoas vão estar: deve estar
organizado e ter poucos elementos visuais.
Com tudo pronto, combinem o dia para realizar a entrevista. É necessário que os entrevistados assinem
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando com a difusão do conteúdo dito
durante a entrevista. Existem vários modelos na internet e vocês devem adaptar o texto para as condições
específicas do projeto.

Disponível em: https://www.agenciamural.org.br/


sobre-nos. Acesso em: 6 jan. 2020.
etapa

Pós-produção
Após a realização e a gravação da entrevista, ela deve
ser editada. Nesse momento, vocês podem selecionar
as partes mais importantes e excluir aquelas que consi-
deram menos importantes, ou mesmo aquelas que, na
opinião do grupo, ficaram ruins do ponto de vista técnico.
Apresentem, então, o produto final ao(s) entrevista-
do(s), para que aprovem a edição. Isso é fundamental!

etapa 5

Publicação
Disponível em: http:/desabafosocial.com.br. Acesso
em: 6 jan. 2020.

A última etapa do trabalho é tornar o produto aces-


sível ao público. Além de publicá-lo na plataforma
on-line escolhida, é necessário divulgá-lo para que mais
pessoas tomem conhecimento do trabalho de vocês. A
divulgação pode ser feita por cartazes, panfletos e pu-
blicações compartilhadas nas redes sociais virtuais.
Usem a imaginação. Um trabalho bem feito pode render
muitos espectadores!

Exemplos de páginas dos sites de agências de


jornalismo de soluções: Agência Mural de Jornalismo
das Periferias e Desabafo Social.

Não escreva no livro. 117

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

O produto final deste Projeto Integrador foi o desenvolvimento de uma mídia social para a divulgação de um
canal de entrevistas. Essa atividade envolveu toda a turma e também a comunidade. A proposta de produção de
um tipo de mídia tem por objetivo auxiliá-lo na compreensão de como essas novas mídias afetam seu cotidiano,
promovendo uma análise crítica e ética sobre a era das novas mídias em que vivemos.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma e sua participação no projeto. Primeiro, vocês
vão conversar sobre o processo de realização do projeto. Em seguida, vão verificar, por meio de pesquisa de opinião,
como a comunidade local recebeu o projeto. Por fim, vão responder, individualmente, às questões propostas na ta-
bela para refletir sobre seu desenvolvimento durante o projeto.

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em roda para 5 Houve dificuldade na definição das questões e no
avaliar o produto desenvolvido, sua pertinência para a registro da entrevista?
comunidade e para o público-alvo, o desempenho do
grupo e o trabalho em equipe.
6 Como foi a difusão da entrevista e sua apresentação
à comunidade?
Façam uma reflexão e exponham suas ideias de
modo claro, objetivo e ético, sempre com respeito a si 7 O que poderia ser modificado para melhorar o produ-
mesmo e ao outro, sem preconceitos e promovendo to final do projeto?
os direitos humanos.
A discussão pode ser orientada com base nas ques- 8 O que vocês já sabiam e o que aprenderam durante
tões a seguir. o processo?

1 Qual foi o impacto do projeto na comunidade? 9 Em que momento se sentiram mais desafiados?

10 Qual foi o momento mais difícil? E o mais prazeroso?


2 Qual foi o impacto social do produto?
11 Que efeitos esperam que o debate gere na comunidade?
3 Quais foram as principais dificuldades enfrentadas?
12 Como vocês avaliam que esses conhecimentos po-
4 Como foi o processo de escolha do tema? dem alterar sua atuação nas redes sociais?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo sistemático
como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, principalmente, se os objetivos
foram atendidos.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações. Na próxima
página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações desejadas. A turma deve
escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o produto final e pedir que respondam à pes-
quisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas ou ser disponibilizado em sites de formulários on-line.
Por fim, reúnam-se para analisar os resultados da pesquisa.

118 Não escreva no livro.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou totalmente
de acordo”.

1 2 3 4 5
1. O projeto foi amplamente divulgado para a comunidade.

2. As mídias sociais auxiliam na divulgação de informações da comunidade local.

3. As informações disponibilizadas nas mídias sociais são relevantes.

4. Acesso o perfil do projeto com frequência.

5. De modo geral, o projeto contribui para a comunidade.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
houve descobertas interessantes durante a realização do projeto, etc. Utilize a tabela para fazer a autoavaliação, que
pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.

1. Compreendi o debate proposto?

2. Participei com empenho das atividades previstas?

3. Atuei de forma ativa nas respostas das questões apresentadas ao longo do


Projeto Integrador?

4. Analisei criticamente a questão da censura midiática?

5. Identifiquei e comparei os diversos níveis de liberdade na internet em


diferentes países?

6. Desenvolvi competências para analisar criticamente as novas mídias?

7. Consigo me posicionar ativamente em relação às informações que recebo de


diferentes fontes diariamente?

8. Compreendi a influência e a importância do Marco Civil da Internet?

9. Fiquei satisfeito com o resultado final do projeto?

10. Como considero meu desempenho ao longo deste Projeto Integrador?

Não escreva no livro. 119

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PROJETO 5
6
P R O T A G O N I S M O J U V E N I L

Como criar uma


entidade de
produção cultural
com base em
princípios éticos e
solidários?
É
crescente a organização e a participação dos jovens em diferentes
esferas da vida social, seja reivindicando reconhecimento e melhores
condições de vida, seja se preparando para ingressar no mercado de
trabalho, seja propondo novas formas de atuação na esfera pública por
meio de ações culturais e artísticas. A jovem designer de moda ao lado,
por exemplo, resolveu criar roupas com calças jeans que seriam descar-
tadas. Em conjunto com costureiras e costureiros de sua comunidade,
propôs uma forma mais criativa e sustentável de fazer moda.
1. Como o projeto da designer de moda, retratada ao lado com peças de
sua autoria, impacta a vida dela e a da comunidade em que vive?

2. Em sua opinião, o projeto desenvolvido por ela caracteriza uma ação


empreendedora ou um modo de engajamento social e político?

3. Você acha que é possível desenvolver uma ação que seja rentável e
que ao mesmo tempo promova relações justas de trabalho e susten-
tabilidade ambiental? Escreva um texto curto defendendo sua opi-
nião. Depois, compartilhe-o com os colegas.

ETAPAS
A PR ES E N TAÇ ÃO PE RC U RS O 1 PE RC U RS O 2
DO
PROJETO

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Hidaka Upcycling/Acervo da artista

A jovem designer de moda Luci Hidaka expõe peças criadas por ela em
evento de moda sustentável realizado em Curitiba (PR). Foto de 2019.

PE RC U RS O 3 PRO D U TO FI N A L AVA L I AÇ ÃO

121

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A PR ES E N TAÇ ÃO

Cooperativa de
produção cultural

Jovens de todo o mundo têm encontrado soluções inovadoras para os


desafios atuais: desigualdade social, falta de emprego, pouco acesso ao
lazer e à cultura, mobilidade urbana, problemas ambientais, entre outros.
Agindo como protagonistas, esses jovens querem mais do que apenas
vivenciar sua juventude e ingressar no mercado de trabalho, eles querem
fazer algo que lhes dê prazer e que também tenha impacto social e político
positivo nas comunidades onde vivem.
Ser protagonista significa não apenas participar como ator principal em
ações que dizem respeito à vida privada, familiar e afetiva, mas também
se envolver nos assuntos relativos ao bem comum, na escola, na comuni-
dade ou na sociedade de modo geral. Por isso, propõe-se que você e seus
colegas criem uma cooperativa de produção cultural voltada a atender às
carências culturais da sua comunidade, com base nos princípios da econo-
mia solidária.

Objetivos
Refletir sobre conceitos como identidade, cultura juvenil, indústria cul-
tural, cooperativismo e economia solidária.
Investigar as ofertas de programação cultural da comunidade.
Verificar onde ocorrem as vivências e a produção cultural dos jovens da
comunidade.
Realizar pesquisa de opinião na comunidade sobre as preferências em
relação à programação cultural.
Criar uma cooperativa, estabelecendo seus objetivos, valores e missão.
Desenvolver uma programação de eventos culturais para a comunidade.
Produzir um evento cultural para a comunidade.
Incentivar formas de ocupação dos espaços públicos com manifestações
culturais que possam incentivar a participação da comunidade.

Justificativa
Este Projeto Integrador pretende proporcionar suportes para que você e
os colegas reflitam sobre seus projetos pessoais e profissionais para a vida
adulta, fazendo-os perceber que há modos alternativos de atuação cons-
ciente na comunidade, com posicionamento ético e responsabilidade diante
dos problemas sociais. Trata-se de uma oportunidade de você se comunicar
com os colegas e também com a comunidade em que vive, expressar seus
gostos, interesses, críticas, angústias diante do futuro e propostas de atua-
ção, valorizar suas potencialidades e compartilhar saberes e experiên-
cias que possam ampliar seus repertórios e os dos colegas.

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Materiais
Neste projeto, você precisará principalmente de computador com acesso à internet, câmera
de vídeo e gravação de áudio, papéis e canetas para anotações, além de outros materiais que
dependerão do evento cultural que será proposto pela cooperativa de produção cultural.

Relação do projeto com as competências e habilidades da BNCC


Competências gerais da Educação Básica
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
A realização do Projeto Integrador permitirá a você valorizar, fruir e produzir manifestações culturais e artís-
ticas na sua comunidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
As pesquisas realizadas ao longo do projeto vão permitir que você obtenha informações que poderão ser
utilizadas para defender suas ideias e na tomada de decisões sobre a cooperativa de produção cultural a
ser criada.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade hu-
mana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Ao longo de todo o projeto, você vai conversar com os colegas e tomar decisões sobre a cooperativa cultural
que deverá ser criada, podendo se expressar de diversas maneiras.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacio-
nal e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos
e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando dife-
rentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
Ao analisar as manifestações artísticas e culturais da comunidade onde vive, a cultura juvenil e os espaços
que ela ocupa, assim como as experiências e preferências dos moradores e da vizinhança local em relação
aos hábitos de lazer cultural, você vai desenvolver a habilidade EM13CHS104. Ao realizar pesquisa com os
jovens e a comunidade local e produzir diagnóstico para propor solução para transformar lazer e atividades
culturais em um produto de consumo sustentável, você vai desenvolver a habilidade EM13CHS106.
3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (pro-
dução, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de
alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional, nacional e global.
Ao realizar as discussões propostas sobre indústria cultural, cooperativismo e economia solidária, você vai
desenvolver habilidades relacionadas a essa competência, principalmente as habilidades EM13CHS303 e 304.
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutin-
do o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
As discussões sobre economia solidária e seu papel como forma de combater injustiças sociais promoverão
o desenvolvimento dessa competência, em especial as habilidades EM13CHS401 e EM13CHS404.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Ao longo do projeto, você terá oportunidade de debater questões relacionadas à esfera pública, principalmen-
te no que se refere à oferta e à importância das manifestações artístico-culturais direcionadas às diferentes
comunidades, desenvolvendo, principalmente, a habilidade EM13CHS606.
Nota: As siglas em negrito se referem às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais informações sobre elas podem ser
encontradas em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 27 dez. 2019.

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PE RC U RS O 1

Como vivencio a minha


condição de jovem?

Delfim Martins/Pulsar Imagens


Objetivos
Compreender
Jovens em pista de skate em
criticamente os
Caraguatatuba (SP). Foto de 2019.
conceitos de identidade,
cultura e cultura juvenil.
Investigar como se Em diversas localidades do país, especialmente nas periferias
estabelecem as culturas das grandes cidades, os jovens enfrentam dificuldades no acesso
juvenis na comunidade.
a espaços de lazer e de convivência onde possam vivenciar expe-
Mapear locais onde
ocorre produção cultural riências sociais e culturais com o grupo de pessoas com os quais
juvenil na comunidade. se identificam e também com grupos diversificados. Observe a
Descrever as práticas imagem acima e converse com os colegas sobre as questões
culturais da comunidade. a seguir.
1. Onde vocês vivem existe um espaço como o da foto? E espaços
para outras atividades de lazer ou culturais e artísticas?

2. O que vocês poderiam fazer para que mais opções de lazer e


cultura fossem implantadas no lugar onde vivem?

3. Em sua comunidade, provavelmente existem grupos de pes-


soas de distintas origens e classes sociais, com diferentes
valores e modos de ser. Ao conviver com esses grupos, vocês
reconhecem as diferenças nas formas de sentir, agir e pensar
de cada um e se esforçam para ser compreensivos e respei-
tosos em relação a elas?

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Identidade e cultura
A multiplicidade de expressões culturais ligadas

Adriano Kirihara/Pulsar imagens


aos jovens revela que eles são não apenas consu-
midores, mas também produtores de bens cultu-
rais: das novidades que surgem diariamente ao
resgate de tradições em novos contextos, pautados
pela indústria cultural, os jovens mostram à socie-
dade a importância de seus valores, gostos e
modos de agir.
Seja por meio de manifestações artísticas e cultu-
rais de tradição local ou nacional que se mesclam
em suas práticas, entre elas a música, a dança, o
teatro, o circo e as artes plásticas, seja por meio dos
esportes, do vestuário, das gírias, dos modos de ver
e de produzir audiovisual, do contato com os video-
games, com as mídias sociais ou com os jogos de Jovens participam de grupo de reisado na comunidade
realidade virtual, a juventude constrói suas identi- quilombola de Inhamum. O reisado é uma festa popular
dades no plural e no presente, ressignificando o que agrega música, canto, dança e encenações
dramáticas. Santa Maria da Boa Vista (PE). Foto de 2019.
passado e lançando as bases para o futuro.
Nos confrontos entre o “antigo” e o “novo”, o “analógico” e o “digital”, os jovens realizam
suas escolhas em contato com padrões de comportamento que às vezes não são seus, mas
influenciados pelos pais, pelos professores, pelos amigos ou pela mídia e seus apelos de
consumo: hippies, punks, peões de rodeio, cosplays, fãs de séries de TV ou de sagas de cinema.
Essas escolhas, muitas vezes, se dão pela compra de uma camiseta ou de uma fantasia de
personagem que representa uma forma de ser e pensar.
Clare Louise Jackson/Shutterstock.com/ID/BR

Fãs vestidos como


as personagens de
saga de cinema
em festival geek.
Doncaster,
Inglaterra.
Foto de 2018.

Com base na leitura do texto e na observação das imagens, responda às questões a seguir.

1. O que é identidade para você?

2. Em sua opinião, como se constrói uma identidade?

3. Qual seria a fronteira entre as identidades e a cultura?

4. Você gosta mais de participar de manifestações culturais existentes no lugar onde vive
ou daquelas a que tem acesso pelas diversas mídias?

Não escreva no livro. 125

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O que é identidade?
Falar sobre identidade não é uma tarefa fácil. Esse assunto você já estudou em diversos
momentos de sua formação, o que o levou a reflexões sobre quem você é, quais são as suas
origens, como é o seu jeito de ser, entre outras questões. Mas, afinal, o que podemos
compreender sobre o conceito de identidade?
Leia os fragmentos de textos a seguir, em que diferentes autores definem o que é identi-
dade. Depois, responda às questões.

[…] é o sentido da imagem de si, para si e para os outros. Isto é, a imagem que uma
pessoa adquire ao longo da vida referente a ela própria, para acreditar na sua própria repre-
sentação, mas também para ser percebida da maneira como quer ser percebida pelos outros.
Pollak, Michael. Memória e identidade social. Tradução de Monique Augras (ed). Dória Rocha.
Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 5, 1992.

O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes


comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança
cultural, ou seja, o resultado da alteração de uma determinada cultura.
laraia, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 15. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 68.

A construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida pela história, geografia,


biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias
pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso. Porém, todos esses
materiais são processados pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades, que organizam
seu significado em função de tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua
estrutura social, bem como em sua visão tempo/espaço.
Castells, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 23.

O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não


são unificadas ao redor do “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias,
empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo
continuamente deslocadas.
Hall, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. p. 13.

1. Quais expressões dos textos sintetizam a definição de identidade de cada um dos autores?

2. Com seus colegas, construa uma definição de identidade. Para chegar a uma definição
na qual todos se sintam contemplados, é importante que vocês respeitem o ponto de
vista de cada um e que utilizem argumentos que tenham como base fontes confiáveis,
como os textos acima.

126 Não escreva no livro.

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A construção da identidade
Conforme você viu até aqui, diferentes autores trazem para o
centro da discussão a ideia de que identidade não é algo preesta-
belecido e imutável, mas algo construído pela cultura, no tempo e
no espaço. Além disso, existem múltiplas identidades operando no
indivíduo, que se comporta e age de acordo com suas crenças
pessoais, seus valores e padrões herdados, e também de acordo
com a sociedade, que impõe regras a cada um de seus membros.
Os indivíduos desempenham diferentes papéis sociais, depen-
dendo do contexto em que estão inseridos. Esses fatores contri-
buem para definir a maneira como as pessoas percebem o mundo
e interagem com ele, e também influenciam nas experiências sociais
que elas vivenciam. Assim, podemos dizer que a nacionalidade, a
classe social, o gênero, a etnia, o grupo geracional a que pertence-
mos, a atividade profissional que exercemos, o que consumimos,
entre outros elementos, colaboram para a definição de nossa iden-
tidade. Ao mesmo tempo em que a identidade nos individualiza (e
isso será sempre em relação a um “outro”), ela assegura a continui-
dade do grupo e da própria sociedade por meio da afirmação de
valores, costumes, crenças e símbolos. No entanto, nesse processo,
tanto o indivíduo quanto a sociedade passam por mutações, ruptu-
ras, crises, adaptações, reinvenções e sobreposições.
Desse modo, não podemos dizer que os jovens têm uma identi-
dade única, pois em cada um existem diferenças e modos de ser e
de se colocar no mundo que estão muito além de ser alguém entre
certa faixa etária com comportamentos predeterminados. Sabe-se,
no entanto, que os jovens passam boa parte de seu tempo com
pessoas da mesma faixa etária, e é por meio dessa vivência entre
iguais que podemos dizer que acontecem processos interessantes
de trocas afetivas e simbólicas, aprendizagens, descobertas, que
constituem aquilo que chamamos de culturas juvenis.
Luciana WhitakerWhitaker/Pulsar Imagens

Explore

Paranoid Park. Direção: Gus


Van Sant. França/Estados
Unidos, 2007 (85 min).
O filme trata da cultura juvenil
com foco nas inquietações do
protagonista Alex e em um
acontecimento que envolve um
grupo de esqueitistas do qual
ele faz parte. Mostra ainda as
relações desses jovens uns com
os outros, em espaços públicos
e íntimos, como a casa e o
quarto; seus ritmos, seus
modos de comunicação e a
busca por afeto; a relação deles
com a vida e com a amizade e o
posicionamento ético em
relação ao grupo e em relação à
sociedade mais ampla.
Jovens indígenas Guarany Mbya assistem a jogo de futebol na aldeia Mata
Verde Bonita. Maricá (RJ). Foto de 2019.

Não escreva no livro. 127

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O que é cultura?
Leia os textos a seguir, em que os antropólogos Roberto DaMatta e José Luiz dos Santos
definem o que é cultura. Depois, responda às questões.

[…] [Cultura é] a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. […] [é] um mapa, um
receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e
modificam o mundo e a si mesmas. É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste
código (a cultura) que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintos e até mesmo
opostos transformam-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade.
Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito
aos modos mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas situações.
Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente. É algo que está dentro e fora
de cada um de nós, como as regras de um jogo de futebol, que permitem o entendimento do jogo e,
também, a ação de cada jogador, juiz, bandeirinha e torcida. Quer dizer, as regras que formam a cultura
(ou a cultura como regra) é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o próprio grupo com o
ambiente onde vivem. Em geral, pensamos a cultura como algo individual que as pessoas inventam,
modificam e acrescentam na medida de sua criatividade e poder. […]
DaMatta, Roberto. Explorações: ensaios de sociologia interpretativa. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 121-128.

[…] O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes
de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade
e expressá-la. A história registra com abundância as transformações por que passam as culturas, seja
movidas por suas forças internas, seja em consequência desses contatos e conflitos […]. Por isso, ao
discutirmos sobre cultura, temos sempre em mente a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade
de formas de existência. São complexas as realidades dos agrupamentos humanos e as características
que os unem e diferenciam, e a cultura as expressa.
Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos,
nações, sociedades e grupos humanos. Quando se consideram as culturas particulares que existem ou
existiram, logo se constata a grande variação delas. Saber em que medida as culturas variam e quais as
razões da variedade das culturas humanas são questões que provocam muita discussão. […]
Cada realidade cultural tem a sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam
sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam. É preciso
relacionar a variedade de procedimentos culturais com os contextos em que são produzidos. As variações
nas formas de família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se vestir ou de distribuir os produtos
do trabalho não são gratuitas. Fazem sentido para os agrupamentos humanos que as vivem, são resul-
tado de sua história, relacionam-se com as condições materiais de sua existência. Entendido assim, o
estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o respeito
e a dignidade nas relações humanas.
santos, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1984. v. 110 (Coleção Primeiros Passos).

1. De acordo com os autores, o que é cultura?

2. Com base na leitura dos textos e de acordo com o que você aprendeu até aqui, o que é
cultura juvenil para você?

128 Não escreva no livro.

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Diagnóstico da cultura juvenil na comunidade
Para desenvolver o projeto de criação da cooperativa de produ-
ção cultural e produzir o primeiro evento cultural dela, é preciso
levantar informações sobre como os jovens vivenciam as práticas
culturais em sua comunidade. É necessário compreender o que,
em termos culturais e artísticos, está sendo feito e onde está
sendo feito para depois verificar como é possível potencializar
essas iniciativas.
Para realizar esse diagnóstico, você e os colegas, em grupos, vão
fazer uma pesquisa de campo. O objetivo é que você e as pessoas
da sua comunidade possam falar um pouco sobre si mesmos, que
a turma possa conhecer outras experiências culturais de jovens da
comunidade e, principalmente, mapear os locais em que existe ou
possa existir protagonismo juvenil na criação de oferta cultural. Cada
grupo deve observar as orientações a seguir.
Mapeiem os lugares frequentados por grupos de jovens, e des-
creva-os. Tirem fotos ou façam desenhos, se julgarem importan-
te. Essa descrição deve compreender o tipo de lugar (praça, par-
que, rua, cinema, lanchonete, etc.), mostrando tanto aspectos de
localização quanto estruturais (bancos, rampas, palcos, escada-
rias, etc.), e relatar o que os jovens fazem lá (conversam, jogam,
ouvem música, dançam, etc.). Localizem os espaços em um mapa
ou em plataformas de mapeamento digital.
Qualifiquem os locais mapeados, descrevendo os horários de
maior frequência (dia, noite, tarde, fins de semana, etc.); os grupos
que frequentam esses lugares (meninos, meninas, mistos, esquei-
tistas, músicos, grafiteiros, etc.; jovens apenas da localidade ou
de fora dela).
Após o mapeamento, classifiquem os lugares segundo dois crité-
rios: a) se são lugares públicos abertos ou se são comerciais (ci-
nemas, shopping centers, etc.); b) em quais desses lugares existe
produção cultural realizada pelos jovens (ou seja, lugares em que,
além de consumidores, os jovens também produzem cultura).
Descrevam como ocorre a ocupação dos jovens nos espaços da
escola (quadras, salas de aula, pátio, biblioteca, etc.) e, se julgarem
pertinente, insiram no mapeamento informações sobre em que Explore
medida a livre expressão cultural é permitida nesses espaços.
Pro Dia Nascer Feliz.
Listem experiências ou projetos culturais que configurem possí- Direção: João Jardim. Brasil,
veis parcerias para eventos culturais que serão produzidos pela 2006 (88 min).
cooperativa. Guardem o contato das pessoas envolvidas nesses Esse documentário, realizado
projetos. Vocês podem até montar um portfólio de projetos cul- em escolas públicas e
turais que ocorrem na comunidade. particulares de diversas
localidades do Brasil, retrata as
O resultado final dessa pesquisa deve constituir um relatório- diferentes realidades vividas
pelos jovens, suas alegrias,
-diagnóstico, no qual devem constar as descrições e as conclusões
angústias e dúvidas sobre o
da pesquisa de campo, fotos, o mapeamento dos locais de eventos futuro. Ganhou vários prêmios,
culturais do bairro ou da comunidade, tabelas, o portfólio com o entre eles o de melhor filme do
juri popular no Festival de
contato de projetos culturais que descobriram, etc. Ao final, os
Gramado de 2006.
grupos devem se reunir em um espaço coletivo para apresentar
seus diagnósticos.
Não escreva no livro. 129

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PE RC U RS O 2
1

Como a indústria cultural


influencia os gostos e as
produções culturais?

Drew Angerer/Getty Images


Objetivos
Compreender
Fãs na fila para assistir à apresentação do grupo de K-pop
criticamente o conceito
BTS no Central Park. Nova York (EUA). Foto de 2019.
de indústria cultural.
Analisar as críticas
relacionadas à indústria Observe a foto e converse com os colegas sobre as questões
cultural e sua influência a seguir.
nas produções culturais.
Pesquisar e descrever 1. Você gosta de K-pop? De que estilo musical você mais gosta
os hábitos culturais, as e quais são suas bandas preferidas?
preferências, as
carências e a opinião da 2. Que outros produtos culturais (séries, filmes, quadrinhos, ani-
comunidade em relação
à programação cultural. mações, etc.) você consome?

3. Que importância têm na sua vida as atividades culturais que


você consome e os locais que frequenta?

4. Você já participou da produção de um evento cultural? Em


caso positivo, qual foi seu papel nesse evento? Como foi
essa experiência?

130 Não escreva no livro.

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Indústria cultural
O K-pop (abreviação de Korean pop) é um gênero musical que
nasceu na Coreia do Sul na década de 1990 e mistura diversos
gêneros, como o pop, o rock, o folk e o hip-hop. As bandas de K-pop
são geralmente formadas por grupos de jovens cuja performance
envolve mais do que música: engloba também a dança, com coreo-
grafias bem ensaiadas, e moda, entre outros elementos. O estilo é
muito popular entre jovens sul-coreanos e acabou ganhando o
gosto de pessoas em vários países do mundo. No Brasil, as bandas
de K-pop têm se popularizado muito nos últimos anos. Os fãs do
estilo se conhecem pelas redes sociais e se encontram para ouvir
música, dançar as coreografias e compartilhar interesses e novi-
dades sobre o assunto.
O processo de produção das bandas de K-pop e seus shows
envolvem o trabalho de muitas pessoas, que são responsáveis pelos
eventos, pela produção das músicas, dos figurinos, dos cenários,
pessoas que criam e ensaiam as coreografias, que agenciam os
integrantes das bandas, etc. Na Coreia do Sul, há grandes empresas
que se responsabilizam por administrar as carreiras desses jovens
e promover a descoberta de novos talentos. O K-pop é, portanto,
um produto cultural, assim como outros estilos musicais, séries de
televisão, gêneros de filmes, entre outros. Esses produtos culturais
fazem parte da indústria cultural. Mas você sabe o que é indústria
cultural? Já que você e os colegas vão trabalhar com produção cultu-
ral, é importante, neste momento, refletir sobre alguns temas que
estão relacionados a esse assunto.
Foram os sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e
Max Horkheimer (1895-1973) que criaram o termo “indústria cultu-
ral”. Para eles, a cultura se tornou uma mercadoria. Como em uma
indústria, os produtos culturais passaram a ser produzidos em série,
de modo padronizado, com técnicas semelhantes às utilizadas para
fabricar bens de consumo. Esses produtos culturais, consumidos
por grande parte da população, formam a cultura de massa. Em
consonância com esse raciocínio, os produtos culturais de massa,
considerados aqueles de fácil absorção pelo público, têm sido criti-
cados e podem ter seu valor estético questionado.
No entanto, atualmente, muitos críticos consideram que essa
conclusão não leva em conta o fato de que a cultura é um elemento
vivo, que se modifica, e que esses produtos acabam se tornando
Explore
elementos que formam a cultura de grupos sociais e são a base na
qual as pessoas desses grupos sociais constroem sua identidade. Indústria cultural. Direção:
Além disso, os produtos culturais podem ser apropriados e ressig- Francisco De Paolis. Brasil,
nificados por diferentes grupos sociais. Como descrito acima, o 2012 (21 min).
K-pop é um estilo musical originário do Oriente e que mistura Esse episódio do programa
elementos de outros estilos musicais característicos do Ocidente. Diálogo sem fronteira da RTV
A disseminação de estilos musicais como o K-pop e diversos Unicamp apresenta uma
entrevista com Fábio Durão,
produtos culturais pelo mundo é um fenômeno relacionado ao professor do Instituto de
chamado processo de globalização cultural, que possibilita a todos, Estudos da Linguagem (IEL) da
cada vez mais, o acesso às manifestações culturais de diversos Unicamp, para discutir a
atualidade do conceito de
locais do mundo. Ao mesmo tempo, porém, que diferentes culturas
indústria cultural.
se disseminam pelo mundo e se mesclam, muitos elementos são
preservados em escala regional e local.
Não escreva no livro. 131

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Indústria cultural e o movimento hip-hop
Agora, leia o texto abaixo e responda às questões a seguir.

Hip-Hop: a nova vítima da indústria cultural


O termo foi estabelecido por negros, na

Valentin de Souza/Fotoarena
década de [19]60. Nessa época, havia uma
feroz discussão nos guetos norte-america-
nos sobre os direitos humanos. Os negros
(marginalizados pela sociedade da época)
articularam-se e começaram a protestar
contra as atrocidades praticadas pelos bran-
cos, influenciados pela luta de grandes líde-
res, como Martin Luther King e grupos que
lutavam por direitos iguais.
O Hip-Hop chegou ao Brasil na década
de [19]80, por intermédio de revistas, equi-
pes de baile e dos discos vendidos na rua
24 de Maio (São Paulo). Os pioneiros do
movimento foram Nelson Triunfo, Thaíde Jovens participam de batalha de break, dança
[…] & DJ Hum, entre outros. Eles dançavam característica do movimento hip-hop.
São Paulo (SP). Foto de 2018.
break na rua e eram perseguidos por comer-
ciantes e policiais. Em 1988, foi lançado um dos primeiros registros fonográficos desse estilo
no país, a coletânea Hip-Hop Cultura de Rua pela gravadora Eldorado.
Num país catalisador de diferentes raças e culturas, o Hip-Hop cresceu e ganhou forças. As
periferias de São Paulo e Rio de Janeiro identificaram-se com o movimento e reinventaram o
Hip-Hop, dando a ele o que faltava, vocabulário brasileiro. Os que procuravam identificar-se com
algo novo abraçaram o Hip-Hop e seu estilo de vida. Desde os bonés de lado e calças largas até
as gírias e danças, tudo importado.
As grandes gravadoras começaram a dar importância ao Rap e ao Hip-Hop, pois perceberam um
novo mercado. O Hip-Hop está crescendo cada dia mais, o que é bom por um lado, mas ruim por
outro. A cultura que um dia foi emergente está virando pop. Compositores, empresários e até mesmo
rappers estão usando o Hip-Hop de um modo totalmente oposto ao inicial. O que antes era para
bater de frente, agora está servindo para alimentar a mesma sociedade que gerou a periferia.
Barroso, Mário Sérgio. Hip-Hop: a nova vítima da indústria cultural. Carta Maior, 3 mar. 2005.
Disponível em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia-e-Redes-Sociais/
Hip-Hop-a-nova-vitima-da-industria-cultural/12/7323. Acesso em: 4 jan. 2020.

1. Onde e em que contexto surgiu o movimento hip-hop e como ele chegou ao Brasil?

2. Com base no texto, quais são os pontos positivos e os negativos da popularização que
ocorreu com o movimento hip-hop por meio da indústria cultural?

3. O break e o rap são alguns dos elementos que formam o movimento hip-hop. Qual a sua
opinião sobre eles?

4. Reúna-se com um colega e façam uma pesquisa sobre as influências do movimento


hip-hop em estilos musicais que surgiram depois dele, bem como na dança, nas artes
urbanas e na moda. Em seguida, converse com a turma sobre o que vocês descobriram.

132 Não escreva no livro.

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Pesquisa de opinião
As discussões feitas até agora neste percurso tiveram o objetivo de mostrar a influência da
indústria cultural na disseminação dos produtos culturais e como esses produtos são recebi-
dos e ressignificados pelos diferentes grupos sociais.
Agora, vocês vão fazer uma pesquisa de opinião para levantar mais informações sobre sua
comunidade. Vocês já verificaram, mapearam e descreveram os locais de eventos culturais
da comunidade. Dessa vez, a pesquisa tem o objetivo de conhecer o público potencial da
cooperativa, as preferências da comunidade e suas expectativas de programação cultural.
Saiba mais

Pesquisa de opinião
As pesquisas de opinião são muito utilizadas para obter informações sobre
produtos e serviços utilizados pelo público (pesquisa de satisfação), identifi-
car a aceitação de uma marca ou de um negócio (pesquisa de mercado) ou
coletar opiniões sobre os candidatos a eleições (pesquisa eleitoral).

Para realizar a pesquisa, sigam estas orientações.


Elaborem um questionário, mesclando perguntas fechadas e abertas. Ao elaborar o
questionário, tenham em mente que o que se quer saber é se as pessoas estão satisfei-
tas com as ofertas culturais de sua comunidade, se elas seriam um potencial público para
os produtos que vocês querem oferecer e do que elas sentem falta quanto a eventos
culturais e artísticos. Pensem na quantidade de questões para que o questionário não
fique muito longo.
Definam o público que vai participar da pesquisa (por exemplo, outros jovens, crianças,
adultos, chefes de família, mulheres, trabalhadores de empresas, etc.). Não é necessário
que os pesquisados sejam o público-alvo da cooperativa, mas vocês podem, a partir da
definição de um grupo para pesquisa, colher informações que sirvam para avaliar a qual
público sua cooperativa poderia dedicar mais esforços.
Determinem o número de questionários a serem aplicados. É importante que a pesquisa seja
feita com um número considerável de pessoas para ter significância estatística.
Decidam a forma de aplicação dos questionários. Ela será feita abordando as pessoas na rua,
em casa ou com questionários on-line? Se decidirem pela aplicação on-line, lembrem-se de
pensar em uma maneira de divulgar a pesquisa e enviar o link para o entrevistado. Se optarem
pela abordagem pessoal, transfiram as respostas para um programa de banco de dados.
Realizem a pesquisa.
Analisem os resultados da pesquisa. As respostas de perguntas fechadas devem ser con-
tabilizadas e transformadas em tabelas e gráficos. Se optarem por questionários on-line,
há na internet algumas plataformas gratuitas de criação de questionários em que os dados
estatísticos são calculados automaticamente. Já as respostas de perguntas abertas devem
ser analisadas e tabuladas para que se possa classificá-las e agrupá-las de modo a obter
os resultados.
Se necessário, peçam ajuda ao professor de Matemática para compreender melhor a quan-
tidade de questionários que devem ser aplicados e como transferir as respostas para um banco
de dados e produzir as estatísticas e os gráficos.
Os dados tabulados, os gráficos e a análise dos resultados devem ser organizados em forma
de relatório. Esses dados serão utilizados nas próximas etapas de criação da cooperativa.
Não escreva no livro. 133

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PE RC U RS O 3

O que é e como criar


uma cooperativa?

Arquivo/Pimp my Carroça
Objetivos
Entender o que é
Artistas voluntários revitalizam carroças de integrantes de
cooperativismo e
cooperativa de catadores de material reciclável em ação do
conhecer as principais
etapas para criar uma projeto Pimp Nossa Cooperativa. São Paulo (SP). Foto de 2015.
cooperativa-modelo.
Compreender o A foto mostra uma ação do projeto cultural Pimp Nossa Coope-
conceito de economia rativa, no qual voluntários promovem a revitalização do espaço e
solidária.
dos equipamentos de cooperativas de catadores de materiais reci-
Refletir sobre a
importância de cláveis com pintura de grafites e murais. Nos dias de evento, diver-
atividades econômicas sas atividades culturais são oferecidas aos cooperados e aos
solidárias, que membros da comunidade do entorno.
respeitem o meio
ambiente, os Converse com os colegas sobre as questões a seguir.
trabalhadores e os
direitos humanos. 1. Em sua opinião, o que leva os voluntários a participar do projeto
Pimp Nossa Cooperativa?
2. Que mudanças as ações promovidas trazem para o trabalho e
a vida dos catadores de materiais recicláveis?
3. Você já participou de alguma ação voltada à prestação de ser-
viços para a comunidade onde vive? Em caso positivo, o que
motivou você a participar?
4. Você sabe o que é uma cooperativa? Caso a resposta seja posi-
tiva, explique.

134 Não escreva no livro.

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Cooperativas Explore
Até o momento, você obteve dados sobre as vivências culturais Pimp Nossa Cooperativa
das pessoas da comunidade onde vive e conheceu suas preferências
Neste site, você poderá
e demandas culturais. Agora, a proposta é pensar de modo empreen- conhecer melhor o projeto
dedor e criar uma entidade de produção cultural que atenda a essas Pimp Nossa Cooperativa, que
pessoas. Utilizando relações justas de trabalho e respeitando o meio promove ações para melhorar
o espaço de cooperativas de
ambiente, empreendimentos como esse podem dar oportunidade catadores de materiais
às pessoas da comunidade e ser uma experiência valorosa de traba- recicláveis em diversas
lho para você e os colegas. cidades do Brasil.
Para isso, é necessário conhecer modelos de organização e Disponível em: http://
pimpmycarroca.com/projetos/
gestão de atividades econômicas que repensam as relações de pimp-nossa-cooperativa/.
trabalho dominantes. A ideia é que a turma forme redes de solida- Acesso em: 4 jan. 2020.
riedade e crie uma cooperativa. Vamos, então, entender melhor o
que é uma cooperativa? Leia o texto a seguir.

Cooperativismo
O cooperativismo teve origem na organização dos trabalhadores na Inglaterra, no período da Revo-
lução Industrial. Em 21 de dezembro de 1844, em Rochdale, bairro da cidade [de] Manchester, 28 tecelões,
diante do desemprego e dos baixos salários, reuniram-se para, coletivamente, comprarem produtos de
primeira necessidade. Assim, criaram a Associação dos Probos Pioneiros de Rochdale, mais tarde trans-
formada em cooperativa de Rochdale, formada pelo aporte de capital dos trabalhadores, cuja função
inicial era conseguir capital para aumentar o poder de compra coletiva.
Esses tecelões de Rochdale sistematizaram as regras fundamentais a respeito do funcionamento de
cooperativas. A experiência dos trabalhadores da Inglaterra difundiu-se em outros países, como na
França e na Alemanha, principalmente no ramo “crédito”. Mais tarde, o cooperativismo alastrou-se pelo
mundo inteiro. No Brasil, as cooperativas são reconhecidas legalmente como uma das formas de orga-
nização de empreendimentos coletivos.
[…]
Basicamente, o que se procura ao organizar uma cooperativa é melhorar a situação econômica de
determinado grupo de indivíduos, solucionando problemas ou satisfazendo necessidades e objetivos
comuns, que excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer isoladamente. Desse modo, a coope-
rativa pode ser entendida como uma empresa que presta serviços aos seus cooperados.
A cooperativa é, então, um meio para que um determinado grupo de indivíduos atinja objetivos espe-
cíficos, por meio de um acordo voluntário para cooperação recíproca, o que podemos chamar de finali-
dade. Para tanto, a cooperativa atua no mercado desenvolvendo atividades de consumo, produção, crédito,
prestação de serviços e comercialização para seus cooperados.
Cardoso, Univaldo Coelho; Carneiro, Vânia Lúcia Nogueira; rodrigues, Édna Rabêlo Quirino. Cooperativa. Brasília: Sebrae, 2014
(Série Empreendimentos Coletivos). Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/
bds.nsf/65f0176ca446f4668643bc4e4c5d6add/$File/5193.pdf. Acesso em: 4 jan. 2020.

A união de trabalhadores em cooperativas, portanto, é uma


maneira de um determinado grupo de indivíduos se ajudarem,
fugindo à lógica da competição e buscando a cooperação. Assim,
uma cooperativa de produção cultural, por exemplo, tem o potencial
de gerar emprego e renda, dando oportunidades não só para artis-
tas que queiram expor sua arte e obter com ela seu sustento, mas
também para pessoas interessadas nas diversas atividades relacio-
nadas à produção cultural, como técnicos de som, figurinistas, cenó-
grafos, fotógrafos, administradores, contadores, etc.

Não escreva no livro. 135

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Economia solidária
Na abertura deste percurso, você conheceu a Pimp Nossa
Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

Cooperativa. O objetivo de apresentar esse projeto foi mostrar


que há formas de associar nossos interesses e esforços aos de
outras pessoas, para construir uma sociedade mais justa e demo-
crática e dar oportunidades aos integrantes da comunidade,
respeitando as diferenças e promovendo os direitos humanos.
A economia solidária nasceu de experiências como as das coope-
rativas reunidas pelo projeto. Mas o que é economia solidária e
como isso pode colaborar para a criação de uma cooperativa de
produção cultural?
Economia solidária é o nome dado a atividades econômicas alter-
nativas de produção de bens ou prestação de serviços que têm
como foco a geração de renda e a inclusão social.
Uma das principais características da economia solidária é a orga-
As cooperativas são uma forma de
nização com base na autogestão. Isso quer dizer que organizações
organização de pessoas de acordo fundamentadas nesses preceitos não dependem de uma liderança
com os princípios da economia única, que decide como elas devem funcionar, mas de regras e de
solidária. Na foto, cooperativa de
acordos coletivos em que todos os envolvidos participam. Nesses
calçados de couro de cabra em
Cabaceiras (PB). Foto de 2015. acordos, podem ser decididas as funções de cada membro da orga-
nização, quais serão os investimentos necessários para desenvolver
as capacidades individuais e coletivas dos que dela participam e até
o preço dos produtos e a distribuição dos ganhos que também serão
compartilhados por todos que trabalham.
Outras características importantes da economia solidária são as
relações justas e transparentes de trabalho e de comércio, o foco
no desenvolvimento sustentável (exploração consciente dos recur-
sos naturais), valorização do desenvolvimento local e democratiza-
ção do espaço público.
Agora, leia o texto abaixo para saber mais sobre o tema.

A economia solidária contribui significativamente para a


atividade econômica brasileira. Segundo dados da Agenda
Institucional do Cooperativismo, o setor movimenta anual-
mente R$ 12 bilhões. Atualmente, o Brasil conta com mais de
6,8 mil cooperativas, responsáveis por 398 mil empregos
formais, com base na solidariedade, igualdade e autogestão.
Explore […]
A lavanderia comunitária 8 de Março, no centro de Santos,
Introdução à economia é um exemplo. Em parceria com a prefeitura, a lavanderia
solidária, de Paul Singer. recebe mulheres pobres promovendo renda para elas, como
São Paulo: Fundação
explica Marcia Farah Reis, coordenadora do empreendimento.
Perseu Abramo, 2002.
“Aqui todo mundo trabalha de maneira igualitária, todo mundo
Paul Singer era um economista atende o cliente, lava, passa e faz até a contabilidade da lavan-
brasileiro que acreditava na deria. O que importa é que essas pessoas voltaram a estudar,
economia solidária como forma
de combater a pobreza. Nesse se capacitaram e geraram renda.”
livro, ele explica a economia Economia solidária movimenta cerca de R$ 12 bilhões ao ano no Brasil.
solidária em uma perspectiva Rede Brasil Atual, 16 jul. 2019. Disponível em: https://www.
teórica, relacionando-a com a redebrasilatual.com.br/economia/2019/07/economia-solidaria-
realidade brasileira. movimenta-cerca-de-r-12-bilhoes-ao-ano/. Acesso em: 4 jan. 2020.

136 Não escreva no livro.

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Criando uma cooperativa
Uma cooperativa precisa de objetivos, metas, participantes com
responsabilidades definidas, estratégias para seu funcionamento
Explore
e, principalmente, a definição de como serão obtidos e administra- Série Empreendimentos
dos os recursos. O processo também envolve questões legais, Coletivos: Cooperativa
como registro, pagamento de tributos e impostos, etc., mas, neste Nesse relatório do Serviço
momento, vocês não terão de lidar com isso, já que a cooperativa, Brasileiro de Apoio às Micro e
por enquanto, vai operar como um modelo. Se futuramente a turma Pequenas Empresas (Sebrae),
você vai encontrar mais
prosseguir com a proposta, ela poderá ser regulamentada conforme
informações sobre o que são e
a legislação com a ajuda de adultos maiores de idade (ver Explore). como funcionam as
Para criar uma cooperativa, reúnam-se e realizem os passos a cooperativas. Além disso, o
seguir. documento explica todas as
etapas e os procedimentos
Definam a sede e o nome da cooperativa. É importante que a necessários para criar uma
cooperativa.
cooperativa tenha um espaço reservado para suas atividades e
reuniões. Neste momento, esse espaço poderá ser uma sala da Disponível em: https://bibliotecas.
sebrae.com.br/chronus/
escola, conforme orientação do professor. A escola precisa au- ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.
torizar a entrada de vocês em dias e horários que não forem os nsf/65f0176ca446f466
8643bc4e4c5d6add/$
das aulas, e isso deve ser combinado sempre com a direção e/ou File/5193.pdf. Acesso em:
professores responsáveis. 4 jan. 2020.

Elaborem uma proposta de estatuto. Toda cooperativa deve


ter um estatuto, que é um documento em que se registram as
normas que a regem, dentro dos princípios do cooperativismo.
Entre outras informações, esse documento deve indicar a lo-
calização da sede, sua política de adesão de cooperados, regras
sobre as formas de participação, de tomada de decisões, etc.
Vocês podem pesquisar modelos de estatutos na internet e
usá-los no momento de redigir o estatuto da cooperativa de
produção cultural.
Estabeleçam a missão e os valores da cooperativa. Definam fra-
ses de efeito que possam ser usadas nos materiais de comuni-
cação e na página da cooperativa na internet. A descrição da
missão deve informar por que a cooperativa foi criada, qual pro-
blema ela pretende resolver. A missão aponta para os objetivos
finais da instituição. Já os valores descrevem os princípios éticos
e solidários que a cooperativa pretende seguir.
Estabeleçam os objetivos da cooperativa. Descrevam os objeti-
vos gerais, deixando claro o ramo de atuação, além de todas as
ideias que acreditem serem importantes para a cooperativa.
Criem a estrutura da organização. É o momento de verificar que
papel cada um de vocês quer ter na cooperativa. É preciso ter
bem claro e detalhado quem faz parte da cooperativa e que papel
cada pessoa tem nela. Criar as regras de participação também é
algo que deve ser pensado neste momento.
Elaborem uma proposta de autofinanciamento e gestão de re-
cursos e financiamento. Estabeleçam onde serão obtidos os
recursos para o funcionamento e a produção do primeiro evento
da cooperativa e como esses recursos serão administrados.
Por fim, reúnam todos os textos que vocês produziram em um
dossiê, que poderá ser consultado sempre que for necessário.
Não escreva no livro. 137

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PRO D U TO FI N A L

Cooperativa de
produção cultural

Ao longo deste projeto, vocês desenvolveram algumas atividades importantes para formar uma cooperativa. No
Percurso 1, realizaram uma pesquisa e coletaram dados sobre as práticas culturais da comunidade e mapearam os
locais em que existe ou pode existir protagonismo juvenil na criação de oferta cultural. No Percurso 2, os resultados
da pesquisa os levaram a compreender as expectativas da comunidade em relação a uma programação cultural. E
no Percurso 3, refletiram sobre a cooperativa e estabeleceram seus objetivos, a proposta de obtenção e gestão de
recursos. Agora, vocês vão colocar a cooperativa para funcionar e produzir o primeiro evento cultural.
No Brasil, é possível encontrar várias iniciativas semelhantes à cooperativa que vocês vão organizar. A reporta-
gem a seguir trata, por exemplo, da mobilização de vários grupos de jovens para manter coletivos culturais em
Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Os coletivos não são necessariamente cooperativas, mas também têm como
fundamento a economia solidária, a produção colaborativa e o envolvimento com a comunidade.

Coletivos movimentam a cena cultural da cidade


[…] nos últimos anos, os coletivos culturais se torna- nidade. Não é fácil, mas escolhemos dar continuidade a
ram os principais responsáveis por devolver vida à cena essas atividades porque sabemos da necessidade de a
cultural de Passo Fundo. cidade ter um espaço que contemple o trabalho autoral
Inconformados com a lacuna deixada pela falta de e que abrigue uma diversidade de artistas”, explica o
políticas públicas de incentivo à cultura, esses grupos, músico e fotógrafo Guilherme Benck, membro dos cole-
formados especialmente por jovens, têm tomado a tivos Toca do Ratão, Grupo da Foto e Vaca Profana.
frente e feito acontecer, ocupando uma função que, O que garante que os projetos continuem aconte-
como muitos discutem, deveria ser do Estado. Assim, cendo, neste cenário pouco animador, é justamente o
hoje, pelo menos sete coletivos culturais independentes espírito de coletividade dessas mentes inquietas. A rede
atuam no município: a Casa de Cultura Vaca Profana, o de contatos que se estabelece entre um evento e outro
Rito Espaço Coletivo, a Toca do Ratão, o Andorinhas – os voluntários contam que, para dar força, tentam estar
Coletivo em Movimento, o Grupo da Foto, a Confraria presentes no máximo de atividades culturais possível,
das Artes e o Cinematógrafo Cineclube. Alguns com independente de quem seja o coletivo idealizador em
sede própria, outros ocupando espaços públicos até questão – é o que, também, serve de suporte. A Vaca
então esquecidos, são eles quem organizam a maior Profana e o Rito Espaço Coletivo, por exemplo, por
parte das atividades culturais que acontecem de forma possuírem um espaço próprio, abrem as portas não
recorrente dentro da cidade. De peças de teatro e expo- somente para as atividades que eles mesmo produzem,
sições fotográficas a tardes de shows e noites de cine- mas para ações dos outros coletivos também. “A música,
debate, os voluntários fazem o possível para não deixar a arte, elas têm um trabalho muito importante na socie-
que os projetos caiam no hiato, mesmo que para isso dade e deveriam ser incentivadas. Se houvesse investi-
eles precisem, por vezes, tirar dinheiro do próprio bolso. mento público, poderíamos fazer muito mais, mas
Acima das dificuldades, o que fala mais alto é a enquanto não tem vamos fazendo por conta própria.
vontade de oferecer à comunidade o acesso a manifes- Cada um ajuda com um pouco. É essa união que faz com
tações artísticas e ceder aos artistas da região um espaço que aconteça. Somos pouco perto do Estado, mas se não
onde possam produzir e expor seus trabalhos. “Não fizermos vai ficar pior ainda”, expõe o músico Leonardo
temos apoio, nem mesmo na divulgação. Quando preci- Sacramento Barbosa, idealizador do projeto Ensaio
samos de algum material para uma apresentação, quem Aberto da Toca do Ratão, voltado à cena musical autoral
nos empresta são os próprios artistas ou então a comu- e que hoje acontece dentro do Rito Espaço Coletivo.
dalmuth, Cláudia. Coletivos movimentam a cena cultural da cidade. O Nacional, Passo Fundo, 22 jun. 2009. Disponível em: http://www.
onacional.com.br/cultura/91599/coletivos+movimentam+a+cena+cultural+da+cidade. Acesso em: 20 jan. 2019.

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etapa 1 projetos dos jovens da comunidade e de artistas locais,
para que as atividades por eles desenvolvidas possam
Plano de oferta de programação fazer parte da programação cultural da cooperativa.
cultural para a comunidade Para a elaboração do plano de oferta, considere os
questionamentos a seguir.
Nessa etapa, todos os cooperados devem se reunir
para criar uma programação cultural para a comunidade, a) Quais são as atividades de produção cultural juvenil
de modo que esta possa ter contato com manifestações que podem ser oferecidas à comunidade de acordo
artísticas e culturais, adquirir conhecimentos e se diver- com as demandas levantadas na pesquisa de opinião?
tir, com diversidade de propostas de expressões artís- b) Que locais da comunidade podem ser utilizados para
ticas e culturais. promover eventos culturais e que tipos de eventos
Lembrem-se de utilizar as informações obtidas du- podem ser realizados nesses locais?
rante as pesquisas realizadas nos Percursos 1 e 2, como
c) Que artistas e projetos culturais já existentes na mi-
as atividades culturais existentes na comunidade, o
nha comunidade podem ser convidados para futuras
portfólio de artistas que os grupos descobriram e a pes-
parcerias?
quisa de opinião que identificou as preferências e de-
mandas da comunidade. d) Que época é mais propícia para a realização de cada
Há diversos tipos de eventos culturais que vocês po- um dos eventos culturais propostos?
dem ofertar para a comunidade, como shows de bandas e) Qual será a duração de cada um desses eventos?
locais, espetáculos de teatro, exposições diversas (de
artes plásticas, de moda, fotográficas, etc.), performances f) Qual será o público desse tipo de evento cultural?
de artistas locais, mostras de filmes e vídeos, apresenta- g) Há diversidade de eventos culturais?
ções de dança, de capoeira, de skate, concursos de ta-
h) Quais recursos serão necessários para realizar cada
lentos, palestras, oficinas, cursos (de grafite, de skate, de
um desses eventos culturais?
aprendizagem de instrumentos musicais, de dança, etc.).
Na elaboração do plano de oferta, é importante o gru- Esta primeira programação cultural da cooperativa
po apoiar, promover, incentivar e também contemplar deve ter ao menos cinco propostas de eventos culturais.

Guilherme Artigas/Fotoarena

Grupo de teatro apresenta espetáculo em praça de Curitiba (PR). Foto de 2017.

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etapa 2

Organização de evento cultural para a comunidade


Depois de concluírem a proposta de programação cultural, você e os colegas, ou seja, os coope-
rados, deverão se reunir e escolher um dos eventos para produzi-lo para a comunidade.
A produção de um evento cultural envolve muitas etapas e planejamento. Para facilitar o processo,
sigam estes passos.
a) Escolham o local em que o evento deve ocorrer. Pode ser na escola ou em um espaço público da
comunidade. Verifiquem se o local pode abrigar o público que pretendem receber.
b) Façam uma lista dos equipamentos e outros recursos que serão necessários para a produção do
evento. Planejem como conseguir todos os equipamentos e a infraestrutura necessária.
c) Elaborem um orçamento da realização do evento e verifiquem se há verba suficiente para realizá-lo.
O orçamento também deve levar em consideração a compra de equipamentos, entre outros materiais.
d) Definam a data e a hora em que o evento vai ocorrer e verifiquem se será necessário solicitar autori-
zação dos administradores para sua realização em local público ou, no caso do colégio, para a direção.
e) Estabeleçam um plano de divulgação do evento: cartazes, panfletos ou redes sociais.
f) Definam que função cada cooperado
Prefeitura de Paraty/Governo do Estado do Rio de Janeiro

terá no dia e durante o evento. Estabe-


leçam um roteiro de como ocorrerá o
evento e combinem com os artistas que
se apresentarão a sequência e os horá-
rios das atrações.
No dia de realização do evento, seria
interessante que, antes de iniciar a apre-
sentação cultural em questão, um repre-
sentante dos cooperados explicasse para
o público os objetivos da cooperativa.
É importante também que a apresen-
tação cultural seja registrada por meio
de fotografias ou vídeos, para que vocês
possam utilizar esse material no momen-
to da apresentação dos produtos do pro-
jeto. (Etapa 4)

Calendário com a
programação de
eventos culturais de
2019 em Paraty (RJ).

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etapa 3 divulgação, etc.) e, portanto, precise definir uma
forma de obter esses recursos. Algumas ideias
Elaboração de um plano para obtenção de recursos são o crowdfunding
de continuidade (vaquinha on-line) ou a seleção de cooperados ou
artistas locais que tenham habilidades artísticas
Depois de realizar o primeiro evento cultural da coo- para oferecer oficinas pagas (aulas de grafite, dan-
perativa, você e os outros cooperados devem se reu- ça, cursos de linguagem audiovisual, etc.). Atenção:
nir para elaborar um plano de continuidade das ativi- os valores das oficinas devem ser justos e compa-
dades culturais da cooperativa. Assim, vocês poderão tíveis com a realidade da comunidade.
planejar como poderão colocar em prática os outros
eventos culturais que listaram no plano de oferta de
programação cultural. etapa 4
Nesse momento, é preciso definir como continuar
o projeto. Pode ser uma boa ocasião para fazer um
Compartilhamento da cooperativa
balanço do primeiro evento da cooperativa. Algo deu Agora, vocês vão apresentar para a comunidade
errado? Em caso positivo, o que é preciso rever para escolar todos os produtos que obtiveram com este
que o mesmo erro não se repita? Além disso, pode ser projeto: resultados da pesquisa de campo, resultados
a hora de fazer alterações nos papéis de cada coope- da pesquisa de opinião, as características e os objeti-
rado, já que você ou um dos colegas podem ter des- vos da cooperativa, a programação cultural, os resul-
coberto outra área de interesse de atuação. tados do primeiro evento produzido pela cooperativa
É importante que vocês conversem entre si e te- e o plano de continuidade.
nham bem claro o que pretendem e como querem que Organizem uma apresentação ilustrada com grá-
a cooperativa funcione. Para tomar as decisões, lem- ficos, mapas, dados obtidos nas pesquisas, fotos e/
brem-se dos princípios que norteiam as organizações ou vídeos do primeiro evento, a missão e os valores
baseadas na economia solidária, defendam suas ideias e o plano de programação futura. Caso a cooperativa
com base em argumentos sólidos e estejam abertos já tenha uma página de internet ou nas redes sociais,
para ouvir os colegas com respeito. Proponham vota- apresente-a também.
ções em caso de impasse.
Os principais pontos que devem ser discutidos e des-

Márcio Pannunzio/Fotoarena
critos no plano de continuidade são:

a) Proposta de programação: refere-se à periodicida-


de dos eventos culturais da cooperativa conforme
a programação proposta na Etapa 1. Ela pode ser
semanal, mensal ou ter datas específicas.
b) Definir estratégias de comunicação contínua: trata-
-se de estabelecer um canal de comunicação para
divulgar as atividades da cooperativa, tanto para os
cooperados como para a comunidade e os interes-
sados. Vocês podem criar um site ou usar as redes
sociais. A confecção de cartazes, panfletos e convi-
tes em mídias impressas locais também pode ser
uma estratégia que funcione para a cooperativa.
c) Plano de financiamento das futuras produções: é
possível que a cooperativa necessite de recursos
para produzir os eventos culturais (compra de equi-
Festival de música brasileira independente em
pamentos, figurinos, impressão de materiais de São Sebastião (SP). Foto de 2018.

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AVA L I AÇ ÃO

Refletir sobre o projeto

Ao longo do desenvolvimento deste Projeto Integrador, vocês refletiram sobre diversos temas, como identi-
dade, cultura, cultura juvenil, cooperativa, economia solidária; levantaram ainda, por meio de pesquisas, dados
sobre manifestações artísticas e culturais na comunidade e quais são as necessidades, preferências e expec-
tativas de programação cultural da comunidade. O conhecimento adquirido neste projeto levou vocês à implan-
tação de uma cooperativa de produção cultural.
Agora, chegou o momento de avaliar a ação promovida pela turma de diversas maneiras. Primeiro, conversem
sobre todo o processo de realização do projeto. Em seguida, verifiquem como a comunidade local recebeu o
projeto por meio do questionário sugerido. Por fim, respondam, individualmente, às questões propostas na ta-
bela para que cada um reflita sobre o próprio desenvolvimento durante o projeto.

Roda de conversa
Você e os colegas devem se organizar em uma roda 4 Acreditam que a cooperativa contribuiu para promo-
para avaliar o produto desenvolvido, sua pertinência ver os talentos da cultura juvenil da comunidade?
para a comunidade e para o público-alvo, o desempenho
do grupo e do trabalho em equipe. 5 Acreditam que a cooperativa atendeu às expectativas
Façam uma reflexão sobre as questões e exponham da comunidade?
suas ideias de modo claro, objetivo e ético, sempre com
respeito a si mesmo e ao outro, sem preconceitos e pro- 6 Acreditam que a cooperativa melhorou a oferta cul-
movendo os direitos humanos. tural da comunidade?
A discussão pode ser orientada com base nas ques-
7 O grupo executou bem todos os passos para que a
tões a seguir.
cooperativa fosse concluída?
1 Vocês ficaram satisfeitos com o resultado da coope-
rativa de produção cultural? Por quê? 8 Houve comprometimento com o cumprimento dos
prazos, com a execução das tarefas, com as negocia-
2 Em que momento o grupo se sentiu mais desafiado?
ções necessárias?
Qual foi o momento mais prazeroso?

3 Vocês querem que a cooperativa continue operando? 9 O que poderia ser modificado para melhoria na reali-
Por quê? zação deste projeto?

Avaliação da comunidade local


Durante a realização de um projeto que envolva toda a comunidade, é importante mensurar de modo sistemático
como as pessoas se envolveram com a ação promovida, como elas a receberam e, principalmente, se os objetivos
foram atendidos.
Esse tipo de análise pode ser feito por meio de pesquisa com perguntas fechadas e/ou afirmações. Na próxima
página, há uma sugestão de formulário que pode ser aplicado para obter as informações desejadas. A turma deve
escolher ao menos dez pessoas da comunidade que interagiram com o produto final e pedir que respondam à pes-
quisa. Este formulário pode ser reproduzido e entregue a elas ou ser disponibilizado em sites de formulários on-line.
Por fim, reúnam-se para analisar os resultados da pesquisa.

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Avalie as afirmações a seguir com notas de 1 a 5, em que 1 corresponde a “Não estou de acordo” e 5 a “Estou
totalmente de acordo”.

1 2 3 4 5
1. Gostei da proposta de ter uma cooperativa de produção cultural na
comunidade.

2. O primeiro evento produzido pela cooperativa foi interessante.

3. A organização e a produção do evento foram satisfatórias.

4. O evento despertou meu interesse em participar dos eventos que a


cooperativa poderá produzir futuramente.

5. A cooperativa vai trazer benefícios para a comunidade.

Autoavaliação
A autoavaliação é o momento para que você se aproprie das experiências que teve durante a participação no
projeto e pense como elas influenciaram não apenas o produto final, mas também seu desenvolvimento pessoal.
Para isso, promova uma autocrítica e reflita sobre suas aprendizagens, seu envolvimento ao longo do projeto, se
houve descobertas de interesses pessoais a partir da realização do projeto, etc. Utilize a tabela para realizar a
autoavaliação, que pode ser plenamente satisfatória, satisfatória ou insatisfatória.

1. Adquiri conhecimentos novos durante o desenvolvimento do projeto?

2. Eu me senti desafiado durante o desenvolvimento do projeto?

3. Eu me envolvi na realização das tarefas durante a maior parte do tempo?

4. O projeto despertou meu interesse para novas áreas de conhecimento?

5. Defendi minhas ideias e respeitei as dos colegas?

6. Contribuí com meu grupo durante os trabalhos propostos?

7. Refleti sobre a importância de valorizar as manifestações artísticas e culturais


desenvolvidas na comunidade?

8. Fiquei satisfeito com o resultado final do projeto?

9. De modo geral, como foi meu desempenho ao longo deste Projeto Integrador?

Não escreva no livro. 143

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Bibliografia
Almeida, Renato S. Juventude, direito à cidade e cidadania Maia, Rousiley C. M. Mídias e lutas por reconhecimento.
cultural na periferia de São Paulo. Revista do Instituto São Paulo: Paulus, 2019.
de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 56, p. 151-172, O livro promove um debate sobre o papel da mídia na
jun. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rieb/ democracia e nas lutas por reconhecimento em diferen-
n56/07.pdf. Acesso em: 8 jan. 2020. tes contextos.
O artigo debate a importância das intervenções e das inte-
rações juvenis nos campos cultural e artístico, visando am- Obici, Giuliano. Condição da escuta: mídias e territórios
pliar a questão do direito à cidade para toda a população. sonoros. 2006. 162 p. Dissertação (Mestrado em Co-
municação) – Pontifícia Universidade Católica de São
Bourdieu, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Paulo, São Paulo. Disponível em: https://tede2.pucsp.
São Paulo: Perspectiva, 2011. br/handle/handle/4844. Acesso em: 10 jan. 2020.
O livro promove uma reflexão sobre a realidade social, ana-
Dissertação de mestrado que apresenta alguns conceitos
lisando os sentidos e os símbolos que são atribuídos aos
fundamentais sobre o desenvolvimento tecnológico das
elementos culturais em diferentes contextos.
mídias sonoras.

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-


Ochs, Mariana. Introdução à educação midiática: o que
ção Básica. Base nacional comum curricular: edu-
é, por que importa, por onde começar – MídiaMakers
cação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. Disponível
Papers #1. 2. ed., abr. 2019. Disponível em: https://
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Aces-
educamidia.org.br/assets/pdf/MMPapers.zip. Acesso
so em: 22 jan. 2020.
em: 12 jan. 2020.
Documento elaborado pelo Ministério da Educação, conforme
O manual de educação midiática da organização MídiaMakers
previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
reúne dicas práticas de como e por que trabalhar educação
de 1996. Estabelece os conhecimentos, as competências e
midiática na escola, além de indicar estudos, pesquisas, pro-
as habilidades que se esperam que todos os estudantes de-
jetos e outros materiais complementares sobre o tema.
senvolvam em todas as etapas da Educação Básica.

Chomsky, Noam. Mídia: política propaganda e manipula- Ribeiro, Neide Aparecida. Cyberbullying: práticas e con-
ção. São Paulo: Martins Fontes, 2013. sequências da violência virtual na escola. São Paulo:
Juspodivm, 2019.
O livro debate o controle que a mídia exerce sobre a informa-
ção e as consequências sociais e políticas desse processo. O trabalho investiga a ocorrência do cyberbullying no am-
biente escolar e chama a atenção para as graves conse-
Costa, Antonio Carlos Gomes da; Vieira, Maria Adenil. quências desse fenômeno e a necessidade de professores,
Protagonismo juvenil: adolescência, educação e par- estudantes e familiares não serem indiferentes a ele.
ticipação democrática. São Paulo: FTD, 2006.
Rios, Gilvando Sá Leitão. O que é cooperativismo. São
Com base em debates teóricos e em depoimentos de jovens
Paulo: Brasiliense, 2007 (Coleção Primeiros Passos).
protagonistas, o livro chama a atenção para o potencial
transformador dos adolescentes na sociedade. O livro define o conceito de cooperativismo, caracterizan-
do-o como um modelo alternativo e democrático de or-
Cymbalista, Renato; Feldman, Sarah; Kuhl, Beatriz M. (org.) ganização social.
Patrimônio cultural: memórias e intervenções urba-
nas. São Paulo: Annablume, 2017. 246 p. Rosenberg, Marshall B. Comunicação não violenta: téc-
nicas para aprimorar relacionamentos pessoais e
Com artigos de diversos autores, o livro aborda como o pa-
trimônio cultural se relaciona com a cidade e o papel das profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
intervenções urbanas nessa relação. A obra apresenta um guia prático e didático para a resolu-
ção de conflitos, o que pode contribuir para o combate à
Instalação. In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura violência no ambiente escolar e a melhoria das relações
Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível construídas nesse espaço.
em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3648/
instalacao. Acesso em: 3 dez. 2019. Singer, Paul. Introdução à economia solidária. São Paulo:
Texto didático que explica o conceito de instalação para
Fundação Perseu Abramo, 2002.
as artes visuais. A enciclopédia traz também análises de O autor propõe que a atividade econômica seja baseada na
obras e indicações de fontes de pesquisa para o aprofun- cooperação e na solidariedade, como alternativas para a
damento do tema. construção de uma sociedade mais igualitária.

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MANUAL DO PROFESSOR

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Sumário

PARTE 1 – ASPECTOS GERAIS DA COLEÇÃO ..................................................................................... 3


Aprender para transformar ........................................................................................................................................ 3
A Base Nacional Comum Curricular .................................................................................................................... 4
Temas Contemporâneos Transversais .....................................................................................................5
O Ensino Médio e a BNCC .................................................................................................................................5
As Ciências Humanas e Sociais .............................................................................................................................. 6
A BNCC e a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas......................................................7
Abordagem teórico-metodológica ...................................................................................................................... 8
Metodologias ativas... .......................................................................................................................................... 8
A utilização de projetos na escola................................................................................................................9
Estratégias e abordagens ..........................................................................................................................................10
Temas integradores ............................................................................................................................................ 11
Argumentação ........................................................................................................................................................12
Níveis inferenciais de leitura ......................................................................................................................... 13
Pensamento computacional ........................................................................................................................ 14
Instrumentos de avaliação e procedimentos diagnósticos ..................................................... 15
Escola e saúde mental ...................................................................................................................................... 16
Estrutura da obra ...............................................................................................................................................................17
Estrutura dos projetos ..................................................................................................................................... 18
Bibliografia ............................................................................................................................................................................. 19

PARTE 2 – ENCAMINHAMENTO DOS PROJETOS........................................................................21


Projeto 1 ....................................................................................................................................................................................21
Projeto 2...................................................................................................................................................................................37
Projeto 3 ................................................................................................................................................................................. 50
Projeto 4 ................................................................................................................................................................................. 65
Projeto 5 ..................................................................................................................................................................................76
Projeto 6 ................................................................................................................................................................................. 89

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PARTE 1 – ASPECTOS GERAIS DA COLEÇÃO

Aprender para transformar relação aos saberes. Esses são elementos funda-
mentais para que os estudantes assumam o pro-
Na Educação Básica, sobretudo no Ensino Mé- tagonismo de suas ações e suas escolhas e se co-
dio, o trabalho interdisciplinar por meio de proje- loquem como agentes de transformação social.
tos é fundamental para alcançar os objetivos de Os projetos integradores propõem uma práti-
aprendizagem e formar cidadãos críticos, éticos ca de ensino-aprendizagem que contextualiza os
e atuantes. Essa modalidade pedagógica tem o conteúdos do currículo escolar, tornando o apren-
potencial de unir teoria e prática, preparando os dizado mais concreto e aplicável no dia a dia, além
estudantes para entender o mundo e interagir de estimular a criatividade e o interesse em trans-
nele com responsabilidade. formar a realidade. Assim, os projetos integrado-
Para colaborar com esse desafio, esta obra reú- res estabelecem uma relação direta entre o con-
ne projetos integradores com foco na área de teúdo das aulas e os conhecimentos demandados
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, que vão pelos jovens no cotidiano, trazendo significado à
possibilitar ao educador conduzir um trabalho pe- aprendizagem e aproximando a escola da reali-
dagógico interdisciplinar alinhado com as ques- dade dos estudantes.
tões do mundo contemporâneo e com as deman- A aprendizagem por projetos tem ainda o po-
das dos jovens do século XXI. tencial de atender às recomendações da Organi-
Tais demandas são pensadas a partir de uma zação das Nações Unidas para a Educação, a Ciên-
perspectiva sociocultural. Os jovens imprimem cia e a Cultura (Unesco) previstas no relatório
dinâmicas próprias às redes e aos espaços de Educação, um tesouro a descobrir, que reúne os
sociabilidade dos quais fazem parte, conferindo- seguintes objetivos:
-lhes sentido de acordo com suas experiências,
n aprender a conhecer, com o propósito de mo-
suas necessidades e o contexto cultural no qual
tivar nos estudantes o prazer em descobrir e
estão inseridos.
investigar, ajudando-os a compreender que a
aprendizagem é um processo, e não algo que
Diante dos múltiplos olhares sobre juventude, termina em si;
destaca-se a expressão culturas juvenis, que
aponta para os diversos modos, práticas e atitudes
n aprender a fazer, eixo que trabalha autonomia,
experenciadas no cotidiano juvenil, permitindo que criatividade e desenvolvimento de aptidões, a
a dimensão do simbólico seja assumida em sua traje- partir de estratégias inovadoras, não ligadas
tória de vida como um elemento de comunicação apenas à apreensão de conteúdos;
significativa em relação às formas de posiciona- n aprender a conviver, um processo de tomada
mento diante de si mesmo e da sociedade. de consciência dos estudantes sobre o outro e
Silva, Cristiane Rodrigues; Silva, Pâmela Costa da. Juventude a interdependência, reconhecendo semelhan-
e cultura: reflexões acerca das culturas juvenis no currículo
escolar. Artifícios, v. 2, n. 3, p. 10, ago. 2012. ças e diferenças e desenvolvendo o prazer em
trabalhar em equipe;
n aprender a ser, proposta que motiva o aluno a
Assim, os significados atribuídos à juventude e
ser livre para pensar sobre seus atos e para bus-
aos seus modos de ser são muito heterogêneos,
car seu desenvolvimento.
já que comportam distintas trajetórias de vida, prá-
ticas socioculturais e subjetividades. Tendo isso Para alcançar esses objetivos, os projetos da
em vista, a escola tem o importante papel de dia- obra colocam os estudantes diante de situações-
logar com as culturas juvenis, construindo um es- -problema que os convidam a refletir e propor
paço de sociabilidade que valorize a pluralidade de soluções utilizando diferentes competências e
vivências e visões de mundo. habilidades, como a criatividade, a comunicação
O acolhimento das distintas juventudes é po- e o uso de novas tecnologias.
tencializado quando a estrutura curricular é dialó- Os projetos também orientam a elaboração
gica e significativa, uma vez que possibilita aos jo- de um produto final (ação cultural, mídia digital,
vens adotar uma postura crítica e autônoma em etc.), que deve ser construído de modo coletivo

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e ter impacto e relevância social. Para isso, os
[…] mobilização de conhecimentos (conceitos e
estudantes são orientados a dialogar constan- procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
temente com a comunidade. Assim, a obra pos- socioemocionais), atitudes e valores para resolver
sibilita aos estudantes desenvolver o sentido so- demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
cial da educação e oferece a eles atividades exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
desafiadoras, criativas e instigantes, estimulan- Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de
do a participação comunitária e a responsabili- Educação Básica. Base nacional comum curricular:
educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 8.
dade social.

Assim, o trabalho com competências favorece


A Base Nacional Comum um papel mais participativo dos estudantes no
Curricular processo de ensino e aprendizagem e na socie-
dade, ao propor e testar soluções para situações
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de- reais do dia a dia dos próprios estudantes e da co-
fine as aprendizagens essenciais que todos os es- munidade em que vivem.
tudantes devem desenvolver ao longo das diferen- Um modelo de educação baseada em compe-
tes etapas do Ensino Básico, de acordo com o tências e habilidades vem sendo proposto por
Plano Nacional de Educação (PNE). O documento muitos estudiosos nas últimas décadas. Para o
teve sua formulação coordenada pelo Ministério sociólogo suíço Philippe Perrenoud, habilidade
da Educação e foi concluído após ampla consulta pode ser entendida, por exemplo, como a capaci-
à sociedade e a educadores brasileiros. dade de realizar algumas operações matemáticas.
O documento está orientado pelos princípios Já competência é considerada a capacidade de
políticos, éticos e estéticos que visam à formação mobilizar recursos cognitivos, como saberes, in-
humana integral e à construção de uma sociedade formações e habilidades, para solucionar com
justa, democrática e inclusiva, conforme determi- pertinência um problema. O desenvolvimento de
nado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Edu- uma competência é um processo individual, ex-
cação Básica (DCN). pressando-se nos momentos que o indivíduo mo-
Por educação integral entende-se a formação biliza uma série de conhecimentos prévios e os
voltada ao desenvolvimento humano global, inte- utiliza, ajustando-os para enfrentar uma situação
grando o desenvolvimento intelectual cognitivo e (Perrenoud, 1999). Assim, “a competência é agir
a dimensão afetiva, em um ambiente de democra- com eficiência, utilizando propriedade, conheci-
cia inclusiva, afirmada nas práticas de não discri- mentos e valores na ação que desenvolve e agin-
minação, não preconceito e respeito às diferenças do com a mesma propriedade em situações di-
e diversidades. versas” (Cruz, 2001, p. 31).
A BNCC tem entre seus fundamentos pedagó- A BNCC propõe que, durante a Educação Bási-
gicos o foco no desenvolvimento de competên- ca, sejam desenvolvidas dez competências gerais,
cias e habilidades. No documento, competência que concretizam os direitos de aprendizagem e o
é definida como: desenvolvimento dos estudantes. São elas:

Competências gerais da Educação Básica

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digi-
tal para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma socie-
dade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular
e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora
e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e

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partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significati-
va, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disse-
minar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que
lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade huma-
na e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promo-
vendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de in-
divíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.


Base nacional comum curricular: educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 9-10.

Os projetos integradores desta obra dialogam A abordagem de um Tema Contemporâneo ba-


diretamente com a BNCC, possibilitando o desen- seia-se na problematização da realidade, na integra-
volvimento das competências gerais da Educação ção das habilidades e das competências e na visão
Básica previstas no documento. do conhecimento como uma construção coletiva.
Essa obra contempla, especialmente, os TCTs
Temas Contemporâneos Educação em Direitos Humanos e Diversidade
Cultural.
Transversais
A BNCC também orienta que as escolas e as
redes de ensino incorporem a seus currículos e
O Ensino Médio e a BNCC
propostas pedagógicas o trabalho com Temas O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica,
Contemporâneos Transversais (TCTs). O objetivo tem se mostrado um dos principais desafios da
é contextualizar o ensino-aprendizagem com te- educação brasileira, seja pelos problemas enfren-
mas que afetam a vida humana, que despertam o tados para estabelecer sua universalização, seja
interesse dos estudantes e que têm relevância em pela dificuldade de garantir a permanência dos es-
sua formação como cidadãos, em escala local, re- tudantes na escola. Tais desafios trazem a neces-
gional e global. sidade de repensar a escola e de reconhecer e in-
Os TCTs estabelecem ligações entre diferen- corporar as transformações sociais, culturais,
tes componentes curriculares, atendem às de- tecnológicas e do mundo do trabalho que a con-
mandas da sociedade contemporânea e contri- temporaneidade impõe, atendendo às demandas
buem para um ensino-aprendizagem integrador da juventude.
e transversal. Eles perpassam diversas áreas do É preciso que a escola seja um espaço que
conhecimento e se dividem em seis grandes acolha os jovens em sua diversidade e lhes per-
áreas temáticas: meio ambiente, economia, saú- mita ser protagonistas de seu processo de
de, cidadania e civismo, multiculturalismo e ciên- aprendizagem e de seu projeto de vida, forne-
cia e tecnologia. cendo-lhes ferramentas para que atuem de

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modo consciente, ético, sustentável e respon- competências das áreas nos anos do Ensino Fun-
sável. Essas considerações implicam um grande damental. Relacionadas às competências, a BNCC
desafio na formulação de políticas públicas e na define habilidades a serem desenvolvidas ao lon-
reorganização do currículo escolar. go do Ensino Médio.
Com o objetivo de propor um modelo único e
flexível para a etapa do Ensino Médio, a Lei As Ciências Humanas e
n. 13 415/2017, de 16 de fevereiro de 2017, esta-
belece que:
Sociais
Entender os sujeitos como seres sociais, refle-
tir sobre a realidade e saber compreender e con-
Art. 36. O currículo do Ensino Médio será composto
textualizar momentos históricos são alguns dos
pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerá-
objetos de estudo das Ciências Humanas e So-
rios formativos, que deverão ser organizados por meio
da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme
ciais. A centralidade da área está na análise da di-
a relevância para o contexto local e a possibilidade nâmica humana, tanto pessoal como global, e na
dos sistemas de ensino, a saber: relação dos sujeitos com diferentes contextos so-
ciais, culturais, ambientais, econômicos e políticos.
I – linguagens e suas tecnologias;
O estudo das Ciências Humanas e Sociais per-
II – matemática e suas tecnologias; mite ao estudante compreender de forma concre-
III – ciências da natureza e suas tecnologias; ta a complexidade da sociedade, incluindo análi-
IV – ciências humanas e sociais aplicadas; ses sobre transformação da natureza, avanços da
ciência, constituição do meio técnico-científico-
V – formação técnica e profissional.
-informacional, processos de industrialização, fi-
Brasil. Lei n. 13 415, de 16 de fevereiro de 2017. 
Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p. 1, 17 fev. 2017. 
nanceirização da economia e desigualdades
vivenciadas por diferentes atores sociais. Os pro-
fessores dessa área devem instigar os estudantes
Para a etapa do Ensino Médio, a BNCC propõe a problematizar a realidade e a entender as rela-
uma organização curricular que possibilite a con- ções humanas a partir de conflitos entre diferen-
solidação e o aprofundamento dos conhecimentos tes grupos e classes sociais. Da mesma forma, faz
adquiridos no Ensino Fundamental, o conhecimen- parte do ensino-aprendizagem de Ciências Huma-
to dos fundamentos científico-tecnológicos dos nas e Sociais denunciar os obstáculos para a cons-
processos produtivos, além de priorizar aborda- trução de uma sociedade mais justa, democrática
gens e temas mais próximos das culturas juvenis, e inclusiva.
do mundo do trabalho e de dinâmicas e questões Com o estudo das Ciências Humanas e Sociais
sociais da contemporaneidade. no Ensino Médio, espera-se que o estudante de-
No que se refere às novas tecnologias, a BNCC senvolva as habilidades de representação e co-
salienta a importância de os estudantes estarem municação relacionadas ao uso de diferentes
preparados para analisá-las e utilizá-las de modo linguagens para produzir sentidos; investigação
consciente e crítico. É destacada ainda a impor- e análise, que permite conhecer métodos para
tância do incentivo ao protagonismo juvenil, en- intervir na sociedade; e contextualização socio-
corajando os estudantes a se engajar em práticas cultural, referente à identificação dos diversos
cooperativas e a propor a resolução de problemas significados que determinada informação pode
utilizando diferentes linguagens, tecnologias e assumir dependendo do contexto. Na prática,
interações sociais. espera-se habilitar o aluno para questionar, pen-
As aprendizagens seguem orientadas pelas dez sar criticamente, resolver problemas, comuni-
competências gerais da Educação Básica e tem car-se de maneira efetiva, tomar decisões e
as aprendizagens essenciais organizadas por qua- adaptar-se às mudanças.
tro áreas do conhecimento (Linguagens e suas A abordagem didática da área de Ciências
Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Humanas e Sociais tem o papel de desenvolver o
Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências senso crítico dos estudantes no que diz respeito
Humanas e Sociais Aplicadas). Cada área de à vida em sociedade e aos processos históricos
conhecimento é pautada por competências es- e sua relação com o espaço. Ao compreender a
pecíficas, que são articuladas às respectivas realidade como resultado das ações humanas

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sobre o espaço ao longo do tempo, os estudantes capacidade é entendida no documento como es-
poderão se reconhecer enquanto agentes sociais. sencial para a adoção de uma conduta ética, de-
Essa tomada de consciência os faz, então, refletir mocrática e participativa na sociedade. Exercitá-la
sobre suas relações com o outro e com o ambien- requer conhecimento de conceitos e metodolo-
te em que vivem e os incentiva a participar ativa- gias próprios da área descritos nas habilidades.
mente na sociedade. Assim:
O propósito do ensino-aprendizagem de Ciên-
cias Humanas e Sociais, portanto, é prover ao es-
tudante uma visão aprofundada da realidade e um
[…] espera-se que os jovens elaborem hipóteses
despertar de consciência que amplie a visão de e argumentos com base na seleção e na sistemati-
mundo dele, provocando reflexões sobre a for- zação de dados, obtidos em fontes confiáveis e sóli-
mação pessoal como sujeito social e sobre o tipo das. A elaboração de uma hipótese é um passo
de sociedade que ele deseja ajudar a construir. importante tanto para a construção do diálogo como
para a investigação científica, pois coloca em prática
A BNCC e a área de Ciências a dúvida sistemática – entendida como questiona-
mento e autoquestionamento, conduta contrária à
Humanas e Sociais Aplicadas crença em verdades absolutas.
Na BNCC, a área de Ciências Humanas e Sociais Nessa direção, a BNCC da área de Ciências
Aplicadas compreende Filosofia, Geografia, His- Humanas prevê que, no Ensino Médio, sejam enfa-
tória e Sociologia e está orientada para a forma- tizadas as aprendizagens dos estudantes relativas
ao desafio de dialogar com o Outro e com as novas
ção de cidadãos éticos, com base nos princípios
tecnologias. […]
de justiça, solidariedade, liberdade de pensamen-
BraSil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
to e autonomia, no combate aos preconceitos e Básica. Base nacional comum curricular: educação é a base.
no respeito aos direitos humanos, às diferenças Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 562.
e à interculturalidade. 
De acordo com o documento, a área de Ciên-
cias Humanas e Sociais Aplicadas deve capacitar Com base nesses preceitos, a BNCC propõe
os estudantes a estabelecer diálogos efetivos, in- para a área de Ciências Humanas e Sociais Apli-
clusive com grupos diferentes do seu. Essa cadas seis competências específicas. São elas:

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional
e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tec-
nológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes
pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das
relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produ-
ção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de al-
ternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional, nacional e global.
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo
o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

BraSil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base nacional comum curricular:
educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 570.

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Os projetos integradores desta obra permitem de modo colaborativo e centrado no estudante.
que o educador trabalhe com competências e A resolução colaborativa favorece que um desafio
habilidades específicas da área de Ciências Hu- possa ser explorado de múltiplas formas, permitin-
manas e Sociais Aplicadas, além de competên- do aos estudantes reorganizar informações e tor-
cias e habilidades específicas de outras áreas do nar-se responsáveis pela construção do próprio
conhecimento. Eles podem ser implementados conhecimento. Vale destacar a importância do estí-
por um único professor ou por um conjunto de mulo ao uso de diferentes meios físicos e digitais
docentes da área de Ciências Humanas e Sociais, para potencializar esse processo de ressignificação
e a elaboração dos produtos exige o envolvimen- do conhecimento.
to de estudantes e professores desde a pesquisa As metodologias ativas, portanto, contribuem
até seu compartilhamento. para estimular os estudantes a se desenvolverem
de maneira autônoma e colaborativa, incutindo
neles senso crítico e de responsabilidade social
Abordagem teórico- e favorecendo o protagonismo na construção de
-metodológica seus objetivos pessoais e no modo como vão pla-
nejá-los e realizá-los.
Metodologias ativas É preciso, no entanto, que o educador tenha
em mente que os estudantes trazem consigo
As metodologias ativas são abordagens nas uma série de conhecimentos prévios, resultado
quais o estudante participa ativamente do seu de vivências, aprendizagens e conhecimento de
processo de aprendizagem, tornando-se respon- mundo. A ideia é que, a partir desses conheci-
sável por ele. Alguns exemplos dessas aborda- mentos, os estudantes coloquem a mão na mas-
gens são a sala de aula invertida, a aprendizagem sa, construam, experimentem e investiguem, de
por projetos, o ensino híbrido e o trabalho de modo a aprender fazendo.
campo, mas há diversas maneiras de estabele- Nesse contexto, os conhecimentos prévios dos
cer um processo de ensino-aprendizagem em estudantes devem ser valorizados. De acordo
que os estudantes tenham condições de assu- com o psicólogo espanhol César Coll, o conheci-
mir um papel ativo em relação ao conhecimento. mento de mundo que os estudantes já detêm ao
O importante é que “as metodologias precisam chegar à sala de aula não são importantes apenas
acompanhar os objetivos pretendidos. Se que- para dar início ao processo de aprendizagem de
remos que os alunos sejam proativos, precisa- algo novo, mas também porque eles podem ser
mos adotar metodologias em que os alunos se ampliados, aprofundados e possibilitam novas
envolvam em atividades cada vez mais comple- conexões e novos significados (Coll, 1988).
xas, em que tenham que tomar decisões e ava- Uma das maneiras eficientes de trabalhar com
liar os resultados, com apoio de materiais rele- metodologias ativas é permitir que os alunos inte-
vantes” (Morán, 2015, p. 16). rajam com situações reais e concretas da contem-
Cada vez mais, o ato de educar deixa de estar poraneidade, fazendo com que eles observem a
atrelado apenas à transmissão de conhecimen- realidade e compreendam as diferentes proble-
to pelos educadores e passa a ser um método máticas envolvidas em dada questão, assim como
de mediação da descoberta e da tomada de de- os contextos sociais que estão em jogo, as impli-
cisão dos estudantes, ajudando-os a construir cações e as possíveis soluções.
seus processos educativos. Nesse contexto, as O educador deve exercer o papel de mediador,
metodologias ativas podem ajudar o educador orientador e facilitador da aprendizagem, man-
a engajar os estudantes nas atividades propos- tendo-se disponível para interferir quando ne-
tas e chamar a atenção deles para a realidade cessário, garantindo um melhor aproveitamento
em que estão inseridos, pois são estimulados a dos estudos. Mais do que transmitir conheci-
reconhecer problemas (de ordem pessoal, co- mentos, o papel do educador é provocar e insti-
munitária, regional, nacional ou mesmo global) e gar os estudantes a refletir, criar e resolver si-
a intervir para buscar soluções ou implantar mu- tuações, bem como o de intermediar as etapas
danças necessárias. de trabalhos e projetos e oferecer um retorno a
Um dos principais aspectos das metodologias respeito do caminho tomado. Além disso, o edu-
ativas de aprendizagem é a resolução de problemas cador deve estar disponível para aprimorar os

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processos percorridos pelos estudantes e esti-
A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é
mular a participação e a aprendizagem. uma das mais eficazes formas disponíveis de envol-
Os estudantes devem ser estimulados a serem ver os alunos com o conteúdo de aprendizagem e,
participativos e autônomos, para que aprendam por essa razão, é recomendada por muito líde-
por meio da articulação de informações pesqui- res educacionais como uma das melhores práticas
sadas e do diálogo com os colegas. educacionais da atualidade […]. A ABP é um formato
É preciso que o professor tenha claros os ob- de ensino empolgante e inovador, no qual os alunos
jetivos das atividades e dos projetos propostos, selecionam muitos aspectos de sua tarefa e são
e que tais objetivos sejam explicitados aos estu- motivados por problemas do mundo real que podem,
e em muitos casos irão, contribuir para a comuni-
dantes, os quais devem ser estimulados a tomar
dade. A ABP pode ser definida pela utilização de
parte no projeto, exercitando a proatividade e se
projetos autênticos e realistas, baseados em uma
envolvendo em atividades complexas, que depen-
questão, tarefa ou problema altamente motivador e
dem de toda a turma para serem executadas. Du- envolvente, para ensinar conteúdos acadêmicos aos
rante o processo, os estudantes devem tomar alunos no contexto do trabalho cooperativo para a
decisões e avaliar os resultados obtidos, experi- resolução de problemas […]. A investigação dos
mentando diversos caminhos e possibilidades e alunos é profundamente integrada à aprendizagem
desenvolvendo a criatividade e a autonomia. baseada em projetos, e como eles têm, em geral,
algum poder de escolha em relação ao projeto do
seu grupo e aos métodos a serem usados para desen-
A utilização de projetos na escola volvê-los, eles tendem a ter uma motivação muito
Uma metodologia ativa muito eficaz é a apren- maior para trabalhar de forma diligente na solução
de problemas.
dizagem por projetos. O ser humano é dotado
[…]
da capacidade de planejar e traçar rotas para o
Visto que a ABP aumenta a motivação para apren-
futuro, ou seja, é capaz de projetar. Colocar um der, trabalhar em equipe e desenvolver habilidades
projeto em prática, no entanto, exige que o in- colaborativas, hoje ela é recomendada como uma
divíduo observe criticamente os fatos, pesquise técnica de ensino do século XXI […]. De fato, alguns
dados e faça análises criteriosas da realidade. proponentes da aprendizagem baseada em projetos
Dessa forma, preparar os estudantes para par- veem as modernas tecnologias de comunicação e
ticipar ativa e criticamente da sociedade requer de redes sociais como sendo fundamentais para a
que eles saibam desenvolver projetos e que, pa- aprendizagem baseada em projetos […].
ra isso, adquiram e pratiquem as habilidades de Bender, William. Aprendizagem baseada em projetos:
educação diferenciada para o século XXI.
identificar problemas, propor soluções, traba- Porto Alegre: Penso, 2014. p. 15-16.
lhar em grupo e dialogar e negociar com o outro,
multiplicando conhecimentos e saberes para o
bem comum. Ao trabalhar pedagogicamente com projetos
O desenvolvimento de projetos na escola pro- cuja temática lhes interesse, os estudantes apren-
picia ainda o trabalho interdisciplinar, integrando dem enquanto produzem, questionando, levantan-
aprendizagens e habilidades, potencializando co- do dúvidas e pesquisando. Portanto, deve-se de-
nhecimentos e aproximando o estudante e o safiá-los com problemas cuja solução implica
educador. A abordagem interdisciplinar permite buscar novas informações e, assim, prepará-los
aos professores de diferentes áreas do saber para os procedimentos científicos, como a pesqui-
trabalhar juntos para formar jovens mais críticos sa bibliográfica e o trabalho de campo, e planejar
e mais familiarizados com pesquisas e, para além atividades com início, meio e fim, uma habilidade
disso, promove a integração entre diversas lin- que pode ser transposta para qualquer situação
guagens e mídias. do cotidiano.
O trabalho com projetos permite que os es- O educador deve criar situações de aprendi-
tudantes abordem de maneira crítica a informa- zagem, mediando o processo quando necessá-
ção recebida, relacionem diferentes conteúdos rio, para que os estudantes consigam encontrar
em torno de um problema ou uma hipótese e sentido e significado no que estão aprendendo.
construam conhecimentos sólidos e emancipa- Nesse cenário, ele deve intervir apenas para pro-
dores. Segundo o educador estadunidense vocar avanços que não ocorreriam de forma es-
William Bender: pontânea, expondo os estudantes a situações

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propícias para a constituição de novos saberes, dos estudantes, auxiliando na apreensão e na
por vezes difíceis de serem trabalhados em sala contextualização de informações, o que torna o
de aula. aprendizado mais significativo.
Uma vez definida a situação-problema e os Ao trabalhar com projetos para a construção do
objetivos do projeto, os participantes precisam conhecimento, estimula-se o estudante a ter ini-
ter acesso a determinados conhecimentos teó- ciativa, a pesquisar, a respeitar as diferenças, a
ricos, fazer leituras das referências bibliográficas trabalhar em equipe, a escutar, a se expressar e,
listadas e, talvez, construir ferramentas ou pro- sobretudo, a pensar de forma crítica, reflexiva, de-
tótipos. Assim, fendendo princípios democráticos e promovendo
a autonomia intelectual. Nesse processo, a apren-
[…] o papel dos educadores é, principalmente, o dizagem não ocorre pela repetição e memoriza-
de tutor. Se tudo se passa tranquilamente, eles ção, mas pela interferência na realidade e pelo re-
observam, encorajam e anotam em portfólio próprio conhecimento das necessidades que o estudante
o desenrolar das ações. Se problemas surgem, eles apresenta no presente.
passam a uma relação de ajuda sem, no entanto,
resolver o problema para os estudantes. Ajudar
significa criar condições para que o problema seja Estratégias e abordagens
resolvido pelos próprios alunos. Os projetos propostos nesta obra, embora te-
ventura, Paulo Cezar Santos. Por uma pedagogia de nham temáticas e objetivos diferentes, apresen-
projetos: uma síntese introdutória. Educação e Tecnologia,
Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 36-41, jan./jun. 2002. tam algumas características em comum. Todos
começam com a apresentação de uma situação-
-problema de relevância social, em que é feito
Trata-se de uma metodologia que incentiva os um questionamento, a partir do qual o estudante
estudantes a ser participativos e a descobrir como deve levantar hipóteses, mapear informações
a teoria pode ser colocada em prática, a partir de que o ajudem a dimensionar a questão e propor
abordagens coletivas, críticas e reflexivas, que pro- uma solução.
porcionam convivência com a diversidade de opi- Saber fazer boas perguntas é a chave para
niões. É um processo, portanto, que permite ao desenvolver uma boa pesquisa e chegar a resul-
estudante “aprender a aprender”. tados consistentes. Essas questões, no entanto,
Os projetos devem possibilitar ao estudante devem ultrapassar as áreas de conhecimento e
aprender fazendo e reconhecer a própria autoria até mesmo o espaço físico da escola e serem
em dado trabalho, mesmo que seja elaborado amplas, humanizadoras e éticas. Durante a rea-
coletivamente. Esse reconhecimento se dá por lização de um projeto, a ideia é que as perguntas
meio de investigações e do levantamento de feitas pelos estudantes e aos estudantes este-
questões que levam o estudante a contextualizar jam ligadas a problemáticas que atinjam ques-
conceitos já conhecidos e a descobrir outros du- tões relevantes da sociedade contemporânea.
rante o desenvolvimento do projeto. Para isso, Como apontam os autores Fernando José de
ele deverá saber selecionar informações relevan- Almeida e Fernando Moraes Fonseca Júnior na
tes, interessantes e inéditas, tomar decisões, ne- obra Projetos e ambientes inovadores, “preci-
gociar com o grupo e gerenciar conflitos e disso- samos formar seres que sonhem com uma so-
nâncias de ideias, desenvolvendo, assim, uma ciedade humanizada, justa, verdadeira, alegre,
série de competências interpessoais. com participação de todos nos benefícios para
Ao mesmo tempo que o estudante deve reco- os quais todos trabalhamos” (alMeida e FonSeCa
nhecer e exercitar sua autoria no projeto, ele pre- Júnior, 2000, p. 32).
cisa ter clara a mediação do professor, sendo ou- O desenvolvimento do projeto passa por per-
vido, orientado e questionado, de forma a criar cursos temáticos, nos quais diferentes conteú-
situações de aprendizagem que o ajudem a cons- dos, atividades de pesquisa e debates são pro-
truir seu conhecimento. postos para o estudante. Os produtos específicos
Fomentar a metodologia de ensino por meio de cada percurso temático possibilitam ao estu-
de projetos é uma estratégia importante para o dante se preparar, buscar informações e adquirir
ambiente escolar, por propiciar atividades que conhecimentos importantes para elaborar o pro-
exigem integração coletiva e participação ativa duto final do projeto.

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O produto final deve ser algo concreto, de re- É importante, portanto, ter em mente que to-
levância social e alinhado com as tecnologias da do projeto traz consigo a ideia de antecipação
informação. Além disso, deve visar à transforma- de algo importante e desejável, mas não realiza-
ção da comunidade local, ampliando conhecimen- do, motivando os estudantes a imaginar uma rea-
tos e perspectivas sobre ela. lidade que ainda não aconteceu. Esse exercício
Educadores e estudantes devem discutir e pla- requer uma análise crítica do presente e das pos-
nejar as atividades, elaborando propostas e tra- sibilidades e demandas que ele nos traz, de for-
ma que o projeto não seja uma simples repre-
çando um roteiro para o trabalho, com base na
sentação do futuro, mas a possibilidade de
percepção do que precisa ser feito e de como
transformar ideias em ações concretas, com
ocorrerá a organização das etapas. Conhecendo
sentidos e significados.
o que será realizado, é necessário pesquisar e
É esperado que os estudantes se envolvam pa-
coletar informações, em um processo que se dá
ra aprender e para produzir algo novo, buscando
tanto dentro da escola como fora dela, com cons- respostas a problemas reais, que afetam a socie-
tante diálogo com a comunidade local. dade. Nesse momento, o professor deve ter cla-
As informações apuradas devem ser debatidas reza do objetivo do trabalho a ser realizado e do
com o intuito de verificar se são relevantes para seu papel como educador, de forma que o proje-
atender aos objetivos do projeto e se dialogam to não seja entendido como conjunto de ativida-
com as identidades do grupo. Deve-se, então, des propostas pelo educador. São os estudantes
sistematizar as informações e refletir a respeito que devem organizar as etapas de trabalho e pro-
do que de fato colabora para a compreensão da por soluções e novas abordagens.
realidade em que se quer intervir. O objetivo é Cada projeto integrador proposto nesta obra
que sejam trabalhadas as capacidades de inter- tem um período de duração sugerido para sua
pretação e formulação de conceitos e de uso de execução, a depender das características do pro-
linguagens e tecnologias da informação. jeto, podendo ser de um trimestre ou um semes-
Cada projeto da obra traz sugestões de como tre. Nas orientações para encaminhamento dos
projetos deste manual, são indicadas as dura-
compartilhar os resultados do produto final, colo-
ções sugeridas.
cando-os à disposição da comunidade.
Por fim, é importante destacar, como exposto
anteriormente, que os projetos integradores da
[…] O destino dos projetos não é os arquivos das obra favorecem o desenvolvimento das compe-
escolas nem os fundos empoeirados das gavetas. tências gerais da Educação Básica, além de com-
Eles não são peças feitas para cumprir uma tabela petências e habilidades de diferentes áreas de
escolar ou arrancar notas aos professores no conhecimento propostas pela BNCC. O trabalho
momento da conclusão de um bimestre ou de um com competências e habilidades favorece um
curso. Seu destino é tornar-se coisa pública, respu-
papel mais participativo dos estudantes no pro-
blica. Sendo o produto de um grupo preocupado com
cesso de ensino-aprendizagem e na sociedade,
o bem comum, deve ganhar um palco onde possa
ao propor e testar soluções para situações reais
aparecer, ser debatido, socializado e fazer a história
de seu dia a dia e da comunidade onde vive.
da escola e da vida dos jovens que o produziram. Os
jovens levam muito mais a sério as atividades esco-
lares que vão ser valorizadas com apresentações e Temas integradores
trocas […]. Essas ações de responsabilidade dos
alunos representam momentos riquíssimos de Os projetos integradores desta obra foram con-
aprendizagem e de compromisso com o bem comum. cebidos a partir de quatro temas integradores:
Frequentemente, tais atividades despertam neles STEAM, Protagonismo juvenil, Midiaeducação e
um interesse muito maior para os estudos posterio- Mediação de conflitos.
res, pois veem reconhecidas as suas habilidades e STEAM é uma sigla que, em inglês, designa
sua responsabilidade. Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemá-
alMeida, Fernando José; FonSeCa Júnior, Fernando Moraes. tica. Esse tema propõe a integração entre os co-
Projetos e ambientes inovadores. Brasília: nhecimentos dessas áreas para resolver proble-
Ministério da Educação: Secretaria de Educação a
Distância, 2000. p. 52-53.
mas reais de modo aplicado. Projetos com esse
tema estimulam a criatividade do estudante e

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exercitam diversas competências e habilidades grande quantidade de informações, esse tema
para formular hipóteses, desenvolver protótipos, se torna urgente. Projetos com essa temática
realizar testes, entender o funcionamento de sis- propõem levar os estudantes a entender, de mo-
temas e produzir e divulgar informações relevan- do crítico e propositivo, como é a produção, a
tes. O objetivo principal do projeto integrador de circulação e a apropriação de informações nas
STEAM é formar cidadãos que saibam integrar diversas mídias da atualidade. A abordagem tam-
diversos saberes e linguagens e desenvolver pro- bém deve possibilitar aos estudantes aprender
jetos experimentais para enfrentar desafios sobre as diversas mídias, produzindo-as e utili-
próprios da sociedade contemporânea, tanto na zando diferentes linguagens para se expressar.
vida pessoal como no mundo do trabalho. Por fim, o tema Mediação de conflitos pres-
O tema Protagonismo juvenil deriva da cres- supõe que as divergências fazem parte da con-
cente participação dos jovens em diversas esfe- vivência humana, mas que elas podem ser vistas
ras da vida pública, seja reivindicando melhorias de uma perspectiva cidadã, na busca por instru-
em sua comunidade, buscando formas mais co- mentos para conciliar diferenças. Os projetos
laborativas de se estabelecer no mercado de tra- com essa temática devem gerar nos jovens re-
balho, realizando ações culturais ou ocupando es- flexões e ações para lidar com conflitos vivencia-
paços públicos de lazer. Cada vez mais os jovens dos em seu cotidiano. A mediação, portanto, é
buscam se inserir politicamente na sociedade, vista nessa abordagem como uma forma de agir
propondo ideias inovadoras para problemas pessoal e coletivamente para promover a cultura
atuais, como a desigualdade socioeconômica, o da paz e os valores democráticos.
desemprego, a violência, o desrespeito ao direito
ao território e a crise ambiental. Tudo isso deman- Argumentação
da criatividade, capacidade de autoexpressão, au-
tonomia e o incentivo aos sentimentos de solida- Com vistas a desenvolver a competência ge-
riedade e cooperação. ral 7, a argumentação ocupa papel central nos
Abordando as culturas juvenis, os projetos projetos apresentados nesta obra. A capacidade
com esse tema devem estimular a participação de argumentação é muito importante, por exem-
ativa de jovens por meio de uma perspectiva ci- plo, para trabalhar em equipe, e crucial para que
dadã. Para isso, eles são levados a produzir in- os jovens saibam lidar com situações de conflito.
formações sobre si mesmos, o mundo em que Esta obra proporciona diversas oportunidades
vivem e formas de intervenção social. Desse mo- para o desenvolvimento da argumentação, como
do, coloca-se em jogo, também, o reconhecimen- atividades em grupo, debates, brainstormings e
to das diferentes identidades juvenis, e possibi- apresentação dos produtos finais dos projetos.
lita aos jovens conhecer a si mesmos e aos Nessa obra, consideramos a argumentação
outros no meio em que vivem, refletindo sobre “uma prática social de defesa de teses ou posi-
o papel que desempenham na sociedade. ções não evidentes por meio de justificativas
O desenvolvimento desses aspectos cognitivos racionais” (SaCrini, 2017, p. 8). Nesse sentido, os
e socioemocionais são fundamentais, pois criam argumentos são as justificativas racionais de su-
condições para a escolha consciente e responsá- porte à tese defendida, ou seja, elementos do
vel do projeto de vida. Nesse processo, os jovens discurso que justificam e sustentam os pontos
devem ser acolhidos em sua diversidade e incen- defendidos ou refutados pela tese de maneira
tivados a construir a autoconfiança e a buscar tan- coerente e racional.
to o bem estar individual como o coletivo. Na sala de aula, o debate é uma possibilidade
Um eixo fundamental do projeto de vida é o de desenvolvimento e aprimoramento da argu-
mundo do trabalho. Nesse sentido, a estratégia mentação, tanto escrita quanto oralmente. Con-
pedagógica não deve se restringir a projeções so- tudo, é necessário fornecer subsídios para que
bre emprego e carreira, mas contextualizá-las em os estudantes possam desenvolver de maneira
relação às demandas do jovem e da sociedade. mais autônoma e plena sua capacidade de
Midiaeducação é um tema que aborda o letra- argumentação.
mento midiático. Uma vez que estamos inseridos Tanto para a argumentação oral como para a
em um ambiente midiático complexo, formado escrita, é necessário que os estudantes compreen-
por diversos atores sociais e no qual circula dam satisfatoriamente o que é um argumento e

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como ele é construído e validado, aprimorando a identificação, os estudantes podem encontrar as
capacidade de análise argumentativa. inferências, ou seja, os raciocínios que levam a
Existem diversas maneiras de realizar uma conectar as premissas e a conclusão. Veja o
análise argumentativa, porém a coerência deve exemplo a seguir:
ser priorizada sempre. Isso significa que o enca-
deamento que leva às conclusões da tese da ar-
Mariana é brasileira. Todo brasileiro é sul-
gumentação deve ser coerente e lógico. Para
-americano. Logo, Mariana é sul-americana.
fazer essa avaliação, os estudantes devem com-
Premissas: a) Mariana é brasileira; b) Todo
preender a estrutura da argumentação, geral-
brasileiro é sul-americano.
mente composta de declarações (ou premissas)
Conectivo: logo.
e conclusão. A declaração ou premissa é uma
Conclusão: Mariana é sul-americana. A con-
sentença afirmativa (ou conjunto de sentenças)
clusão se estabelece da união das premissas
que levarão à conclusão, uma ideia final que foi
a e b.
depreendida das premissas de uma maneira ló-
gica e coerente. Existem conectivos e marcado-
res de argumentação ao longo do texto que in- Uma vez estruturado um argumento, é necessá-
dicam a conclusão, como as expressões: rio avaliar sua força, isto é, avaliar quão irrefutável
“portanto”, “decorre disso”, “é possível afirmar o argumento é. Para isso, é preciso avaliar e testar
que”, “logo”, “então”, entre outras. a validade dele por meio de contrapontos, exem-
De acordo com o crítico literário Othon Moacir plos contrários e outras técnicas. Uma das técnicas
Garcia, existem tipos de provas que podem vali- mais utilizadas é a apresentação de exemplos con-
dar os argumentos e torná-los mais confiáveis: trários, ou seja, casos e fatos que questionem o ar-
fatos (evidências), exemplos (fato representativo), gumento apresentado. Também é possível analisar
ilustrações (narrativa), dados estatísticos, teste- a veracidade de cada premissa: se uma delas for
munho. Os estudantes devem, sempre, basear-se falsa, ou ambas, a conclusão também será.
em fatos, dados e informações confiáveis para Ao defender uma tese, é importante, ainda, pre-
construir sua argumentação. ver contra-argumentos e se preparar para respon-
der aos questionamentos que poderão ser colo-
cados na elaboração de um texto ou na fala.
A formulação dos argumentos constitui a argu-
É fundamental que os estudantes sejam capa-
mentação propriamente dita: é aquele estágio em
zes de realizar análises argumentativas completas,
que o autor apresenta as provas ou razões, o suporte
bem como de construir argumentos consistentes,
das suas ideias. É aí que a coerência do raciocínio
para que assumam uma postura mais crítica em
mais se impõe. O autor deve lembrar-se de que só
os fatos provam (fatos no sentido mais amplo: exem-
relação às informações que recebem diariamente
plos, estatísticas, ilustrações, comparações, descri- e aos debates que se colocam em seu cotidiano.
ções, narrações), desde que apresentem aquelas
condições de quantidade suficiente […], fidedigni- Níveis inferenciais de leitura
dade, autenticidade, relevância e adequação.
Compreender a linguagem é entender as rela-
GarCia, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. ções entre o que está explícito no texto e aquilo
Rio de Janeiro: FGV, 2010. p. 389.
que o leitor pensa, conclui e infere por conta pró-
pria, baseado em seu conhecimento de mundo e
Como exercício para o estudo dos argumentos em suas experiências de vida. Fazer inferências
formais, pode-se orientar os estudantes a iden- nos permite gerar novos conhecimentos e refle-
tificar premissas e conclusões. Peça a eles que xões a partir de informações presentes no texto,
identifiquem os trechos que contenham os argu- sendo que esse novo dado, elaborado pelo leitor,
mentos em um texto previamente selecionado passa então a fazer parte de seu conjunto de co-
por você (sugerimos um texto de opinião, por nhecimentos. A capacidade de realizar uma leitura
exemplo, um editorial de jornal). Dentro de cada em níveis inferenciais é uma característica ineren-
bloco de argumentos, solicite que sublinhem as te à compreensão da linguagem, afinal, da mesma
premissas de uma cor e a conclusão de outra. forma que o leitor memoriza as informações óbvias
Para identificar esses elementos, eles podem uti- do texto, ele também incorpora em si as informa-
lizar os conectivos como referência. Após essa ções inferidas.

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A inferência é um processo cognitivo que vai e ferramentas digitais de edição de texto ou en-
além da leitura e passa pelo entendimento ou pe- viar e-mails não garante, necessariamente, o de-
la suposição de algo não explicitado, tendo por senvolvimento do pensamento computacional.
base a observação e o repertório cultural do ob- Por isso, a escola também tem de se responsabi-
servador. Trata-se da conclusão de um raciocínio lizar por esse processo.
ou do levantamento de um indício a partir do es- O pensamento computacional é uma forma de
tabelecimento de relações. raciocínio que utiliza fundamentos da computa-
A compreensão de um texto depende da qua- ção para resolver problemas de modo individual
lidade e da quantidade de inferências geradas ou colaborativo. Para Jeannette Wing, diretora do
durante a leitura, visto que os textos contêm in- Instituto de Ciências de Dados da Universidade
formações explícitas e implícitas, sempre deixan- de Columbia, nos Estados Unidos, esse tipo de
do lacunas a serem preenchidas pelo leitor. Ao raciocínio envolve a resolução de problemas, a
associar informações explícitas aos seus conhe- projeção de sistemas e a compreensão do com-
cimentos prévios, o estudante dá sentido para o portamento humano, por meio da extração de
que está sendo dito no texto e pratica a apreensão conceitos fundamentais da ciência da computa-
de detalhes, de sequências e relações de causa ção (WinG, 2016).
e efeito. Portanto, a inferência ocorre com a in- A lógica da computação pode ser utilizada co-
teração do leitor com o texto, ou seja, por meio mo um instrumento para aprimorar o aprendiza-
da leitura. do e incentivar a produtividade, a inventividade
A capacidade de concluir, de deduzir, de levan- e a criatividade dos estudantes em diversas
tar hipóteses, de ressignificar informações e de áreas do conhecimento, inclusive sem o uso de
formular novos sentidos é fundamental tanto pa- computadores (ação conhecida como atividade
ra executar projetos como para a atuação cons- desplugada).
ciente e responsável do jovem na sociedade, já A abordagem faz uso de quatro processos que
que assim ele estará preparado para entender colaboram para a resolução de problemas. São eles:
contextos históricos, saber o que está por trás n a decomposição, que consiste em dividir pro-
de uma disputa política ou mesmo projetar solu- blemas complexos em partes para resolvê-los
ções para problemas reais e cotidianos. Ao gerar com mais facilidade;
uma nova informação a partir de uma anterior, o
n o reconhecimento de padrões, que se refere à
estudante desenvolve a capacidade de “ler” os
identificação de semelhanças e de pontos de
diversos aspectos de uma situação e de propor
convergência em problemas e suas soluções e
resoluções factíveis que beneficiem a maioria
no estabelecimento de generalizações;
dos envolvidos.
Em sala de aula, o professor pode treinar a lei- n a abstração, que consiste na filtragem e na clas-
tura inferencial de diversas formas, tanto na abor- sificação de dados;
dagem dos conteúdos disciplinares como na exe- n os algoritmos, que compreendem a constru-
cução de projetos. É possível formular perguntas ção de instruções claras para a resolução de
que motivem o estudante a antecipar informa- problemas.
ções e verificar as probabilidades das hipóteses
Por meio do pensamento computacional, os es-
por ele elaboradas serem reais, estimulando-o a
tudantes podem exercitar uma série de compe-
acessar seus conhecimentos prévios nesse pro-
tências fundamentais para o século XXI, como de-
cesso. O professor pode pedir ao estudante que
senvolver um produto a partir da abstração e do
explique o que está implícito no texto, preencha
uso consciente de técnicas de programação; ra-
lacunas de informação com base em pistas dadas
ciocinar sobre a resolução de um problema em vez
e exclua ou confirme hipóteses levantadas duran-
de esperar que ele seja resolvido pelo computa-
te a leitura.
dor; e correlacionar a informática com a matemá-
tica e as engenharias, aprimorando o desenvolvi-
Pensamento computacional mento de ideias e a criatividade. O pensamento 
Os computadores, os smartphones e a internet computacional também implica:
fazem parte do cotidiano de muitos jovens. Con- n reformulação de problemas de modo a tornar
tudo, navegar na internet, utilizar as redes sociais possível resolvê-los utilizando computadores;

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n análise de dados de forma lógica;
Por que avaliar? O aperfeiçoamento da prática
n representação da realidade por meio de abstração; educativa é o objetivo básico de todo educador. E se
entende este aperfeiçoamento como meio para que
n proposição de soluções pela identificação e
todos os alunos consigam o maior grau de compe-
pela análise crítica dos problemas;
tências, conforme suas possibilidades reais. O alcance
n reconhecer padrões, fazer generalizações e dos objetivos por parte de cada aluno é um alvo que
utilizar esses processos para resolver outros exige conhecer os resultados e os processos de apren-
problemas. dizagem que os alunos seguem. E para melhorar a
qualidade do ensino é preciso conhecer e poder
Os projetos desta obra possibilitam trabalhar avaliar a intervenção pedagógica dos professores, de
elementos do pensamento computacional com forma que a ação avaliadora observe simultanea-
os estudantes por meio de atividades de pesqui- mente os processos individuais e os grupais. Referi-
sa que demandam a sistematização de dados mo-nos tanto aos processos de aprendizagem como
quantitativos compilados e a análise de informa- aos de ensino, já que, desde uma perspectiva profis-
ções; pelo estabelecimento de instruções para sional, o conhecimento de como os meninos e [as]
meninas aprendem é, em primeiro lugar, um meio para
construção de protótipos; pela criação de mídias
ajudá-los em seu crescimento e, em segundo lugar, é
digitais e pela produção de diagramas com pas-
o instrumento que tem que nos permitir melhorar
sos para resolução de um problema. nossa atuação na aula.
zaBala, Antoni. A prática educativa: como ensinar.
Instrumentos de avaliação e Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 201.

procedimentos diagnósticos
Os processos avaliativos podem ser utilizados
Utilizar instrumentos de avaliação e procedi-
com objetivos diversos: identificar competên-
mentos diagnósticos é fundamental para a orien-
cias e habilidades que os estudantes já têm ao
tação do trabalho do professor e a organização
iniciar uma nova etapa no processo educacional;
de estratégias didáticas. A identificação dos re- verificar as habilidades adquiridas ao longo do
pertórios dos estudantes e o acompanhamento processo e as possíveis dificuldades enfrenta-
de suas trajetórias de aprendizagem permitem das; e identificar todo conhecimento construído
ao educador modular o trabalho com conheci- por um estudante ao longo de um processo, ou
mentos, competências, habilidades, atitudes e seja, a avaliação final. Utilizados conjuntamente,
valores, conforme as características e as deman- esses processos permitem ao educador ter um
das dos alunos. painel preciso sobre que métodos e instrumen-
A construção de aprendizagens significativas tos estão dando resultado e quais precisarão ser
está diretamente relacionada ao acompanha- repensados.
mento diagnóstico e avaliativo, que permite o Esta obra oferece instrumentos de avaliação
direcionamento do processo de ensino e apren- e procedimentos diagnósticos em diferentes
dizagem. Com esse mecanismo, o educador po- oportunidades, que podem ser adaptados de
de identificar os diferentes perfis dos estudan- acordo com as necessidades de aprendizagem
tes das turmas, realizando um diagnóstico e o perfil da escola e dos estudantes. A abertura
constante e cumulativo do progresso e das difi- do projeto e a abertura do percurso permitem um
culdades deles. O projeto didático pode, desse primeiro contato com o repertório dos estudan-
modo, ser revisitado e aperfeiçoado conforme tes acerca dos temas que serão trabalhados e
as necessidades. que podem conduzir estratégias pedagógicas.
O trabalho com projetos facilita o processo de As atividades são um instrumento de acompa-
avaliação de modo contínuo, processual e cumu- nhamento de aprendizagem, já que demandam
lativo, pois permite que o educador seja media- que os estudantes reflitam sobre situações e
dor de vivências pedagógicas que consideram apliquem conceitos trabalhados no percurso.
os diferentes níveis de aprendizagem e que pro- Também permitem a observação das atitudes
piciam aos jovens o protagonismo na aquisição dos estudantes, sobretudo em atividades que
dos saberes. envolvem a discussão e o trabalho em equipe,
Sobre o tema, o pedagogo espanhol Antoni dando oportunidade ao educador de verificar se
Zabala reflete: há respeito, empatia e comprometimento.

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Um importante momento de avaliação se dá na Escola e saúde mental
execução do produto final, quando os estudantes
A promoção da avaliação continuada e a cola-
buscam soluções para problemas que envolvem
boração entre os educadores e estudantes, pro-
o uso de técnicas, conteúdos e habilidades de-
porcionada pela metodologia de ensino por pro-
senvolvidas ao longo do projeto. Outro aspecto
jetos, cria condições para que o professor possa
relevante para a formação do estudante é o in-
identificar, combater e, principalmente, prevenir
centivo à avaliação em atividades tanto indivi-
comportamentos que ponham em risco a saúde
duais como coletivas.
mental dos estudantes, colocando-se como me-
A seção Avaliação, no final de cada projeto, é
diador em ocorrências de bullying e em ações de
também uma importante oportunidade para ve-
combate ao suicídio. Esta obra proporciona o tra-
rificar o desenvolvimento que os estudantes ti-
balho com esses temas em sala de aula ao suge-
veram durante a realização do projeto. A roda de
rir debates, atividades e vivências que podem
conversa proposta nessa seção pode ser um mo-
abarcar tais problemáticas.
mento para o educador perceber como os estu-
Além de promover discussões sobre o assunto,
dantes enxergaram todo o processo, como
é fundamental que os educadores saibam identi-
acham que a comunidade recebeu o projeto e
ficar situações de calúnia, constrangimento e
qual foi o desempenho individual e o desempe-
ameaça verbal ou física, além de sinais que possam
nho coletivo.
indicar comportamento suicida. É importante que
A seção também apresenta roteiro para que os
os estudantes se sintam amparados pelos adultos,
estudantes se autoavaliem e reflitam sobre o pro-
tenham seus problemas reconhecidos e ouvidos
cesso de ensino-aprendizagem, tornando-o mais
e, se necessário, sejam encaminhados a um pro-
significativo. Esse procedimento colabora para o
fissional da área da saúde.
protagonismo do aluno, para o próprio processo
O educador deve contribuir para que os estu-
de aprendizagem e é uma maneira eficaz de de-
dantes se sintam emocionalmente confiantes e
senvolver a competência geral 8.
preparados para lidar com os desafios. Também
Para isso, no entanto, é importante que os estu-
pode desempenhar um papel neutro na resolução
dantes desenvolvam uma atitude crítica em rela-
dos conflitos e na conciliação dos envolvidos, con-
ção ao próprio desempenho, identificando suas
tribuindo para cessar práticas que coloquem em
defasagens e potencialidades. Demandar o contí-
risco a saúde mental dos estudantes. Esses po-
nuo aperfeiçoamento do trabalho de cada sujeito
dem ser temas condutores para desenvolver a
e do coletivo pode auxiliar no desenvolvimento da
convivência ética e trabalhar com valores essen-
motivação, da autoconfiança e do desejo de supe-
ciais para a vida em sociedade. Tendo isso em vis-
ração no processo de ensino e aprendizagem.
ta, é possível orientar os estudantes para a valo-
A sala de aula é composta de estudantes de
rização do autorrespeito e do respeito ao próximo,
diferentes perfis, origens, vivências, valores, ha-
bem como da consciência e da responsabilidade
bilidades e conhecimentos. Trabalhar com grupos
em relação aos seus atos e da importância de se
grandes e diversos, buscando garantir uma apren-
colocar no lugar do outro.
dizagem efetiva e significativa a todos, é uma ta-
Para mais informações sobre como prevenir e
refa desafiadora. Por isso, é importante conhecer
mediar o bullying e o suicídio entre os estudantes,
os interesses, as afinidades e os ritmos de apren-
recomendamos a leitura dos seguintes textos:
dizagem dos estudantes, procurando adaptar ou
desenvolver novas atividades que se adequem
n orGanização Mundial da Saúde. Prevenção do sui-
aos diferentes níveis cognitivos da turma. cídio: manual para Professores e Educadores.
Vale ressaltar que grupos grandes de estudan- Genebra: OMS, 2000. Disponível em: https://
tes podem apresentar desafios para diagnósticos www.who.int/mental_health/prevention/suicide/
e acompanhamentos individuais, mas favorecem en/suicideprev_educ_port.pdf. Acesso em: 3 fev.
o debate e a troca de ideias. Além disso, utilizar di- 2020.
ferentes métodos no desenvolvimento dos temas n MiniStério PúBliCo do eStado de São Paulo. Bullying
e das atividades favorece o processo de ensino- não é legal! Disponível em: http://www.mpsp.
-aprendizagem e permite valorizar os distintos per- mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/bullying.pdf.
fis de estudantes, seus saberes e suas vivências. Acesso em: 3 fev. 2020.

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Estrutura da obra
A obra é composta de um único volume estru- composto de percursos temáticos, seções, pro-
turado em Livro do Estudante, com seis projetos postas de atividades e boxes complementares.
integradores da área de Ciências Humanas e So- São desenvolvidas, no mínimo, três competên-
ciais Aplicadas, e Manual do Professor. Além dis- cias gerais da Educação Básica em cada projeto,
so, são disponibilizados seis videotutoriais, um pa- de modo que, ao final do trabalho com todos os
ra cada projeto integrador, com orientações para projetos, sejam desenvolvidas as dez competên-
o docente. cias gerais.
Cada projeto tem como base um dos quatro Os projetos integradores desta obra estão es-
temas integradores descritos anteriormente e é truturados de acordo com a tabela a seguir.

Competências
Competências específicas de
Número
Tema Situação- gerais da Ciências Humanas
do Produto final
integrador -problema Educação e Sociais Aplicadas
projeto
Básica (CECHSA) e suas
habilidades

1 STEAM Como realizar uma Ação de 1, 2 e 7. CECHSA 1 (EM13CHS101,


ação de educação educação EM13CHS104 e
patrimonial por patrimonial EM13CHS106).
meio de
instalações e novas
tecnologias?

2 Protagonismo Como desenvolver Ação cultural na 3, 6, 7 e 8. CECHSA 1 (EM13CHS103 e


juvenil e implementar uma comunidade EM13CHS106);
ação cultural para CECHSA 5 (EM13CHS502 e
enfrentar um EM13CHS504);
desafio da CECHSA 6 (EM13CHS605 e
comunidade? EM13CHS606).

3 Midiaeducação Informação: Como Portal de notícias 4, 5 e 7. CECHSA 1 (EM13CHS101,


você recebe, como EM13CHS103 e
você compartilha, EM13CHS106).
como você produz?

4 Mediação de Como lidar com os Congresso: 7, 9 e 10. CECHSA 1 (EM13CHS103);


conflitos conflitos escolares Como melhorar o CECHSA 2 (EM13CHS206);
e transformá-los convívio escolar? CECHSA 5 (EM13CHS501 e
em oportunidades EM13CHS502);
de aprendizagem? CECHSA 6 (EM13CHS606).

5 Midiaeducação Quais desafios as Prática de 4, 5 e 7. CECHSA 1 (EM13CHS106);


novas mídias jornalismo de CECHSA 6 (EM13CHS605).
impõem à nossa soluções em
vida cotidiana? mídia social

6 Protagonismo Como criar uma Cooperativa de 3, 7 e 8. CECHSA 1 (EM13CHS104 e


juvenil entidade de produção EM13CHS106);
produção cultural cultural CECHSA 3 (EM13CHS303 e
com base em EM13CHS304);
princípios éticos e
CECHSA 4 (EM13CHS401 e
solidários?
EM13CHS404);
CECHSA 6 (EM13CHS606).

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Estrutura dos projetos Os percursos são também enriquecidos com
imagens, tabelas, gráficos, entre outros recursos,
As páginas de abertura são constituídas pela
com a finalidade de facilitar o entendimento dos
situação-problema que permeia o projeto, por
conteúdos, bem como complementá-los, e propi-
uma imagem, um texto introdutório – que contex-
ciar o contato com diversas formas de organização
tualiza a imagem e o tema do projeto –, e por ati-
de informações. Ideias-chave são destacadas em
vidades para que os estudantes discutam com os
negrito no texto.
colegas assuntos relacionados ao tema do proje-
O boxe complementar Saiba mais permite
to. As questões permitem que o estudante com-
ampliar o conhecimento e revela alguns desdo-
partilhe com a turma um pouco de seu repertório
bramentos do conteúdo apresentado, bem co-
e de seus conhecimentos prévios sobre o tema.
mo algumas relações que ele estabelece com
A Apresentação inicia com uma contextualiza-
outros assuntos. Já o boxe Explore apresenta
ção geral do tema do projeto e indica os objetivos, aos estudantes sugestões de filmes, livros, sites,
a justificativa e os materiais que serão necessá- entre outros, que se relacionam ao conteúdo da
rios para o desenvolvimento do projeto. Há ainda página.
um quadro que descreve e explica como o projeto Algumas palavras cujo significado eventual-
permite que os estudantes desenvolvam as com- mente possa ser um obstáculo à compreensão do
petências gerais e as competências e habilidades texto pelo estudante são explicadas no Glossário,
de diferentes áreas do conhecimento. na mesma página em que o termo aparece, facili-
Cada projeto é formado por dois ou três per- tando a consulta.
cursos temáticos. A abertura de cada percurso A seção Produto final é organizada em etapas
apresenta uma questão problematizadora, com que encaminham os estudantes a colocar o pro-
o objetivo de aguçar a curiosidade dos estudan- jeto em prática. Produtos parciais e pesquisas
tes, e os objetivos do percurso. Há também uma realizadas ao longo dos percursos muitas vezes
imagem e questões para discussão, que possibi- são a base para as ações que possibilitam reali-
litam aos estudantes se comunicar com os cole- zar o produto final do projeto. A última etapa des-
gas, expressar suas opiniões e levantar os conhe- sa seção sugere como os estudantes podem
cimentos prévios sobre o tema do percurso. compartilhar os resultados do produto final com
Ao longo do texto didático dos percursos, são a comunidade local.
abordados conceitos e temas que os estudantes A seção Avaliação é o momento de refletir so-
devem compreender para desenvolver o projeto. bre o projeto. Primeiramente, são propostas ques-
Os percursos contêm ainda orientações para a tões para os estudantes discutirem sobre o pro-
realização de pesquisas, o levantamento de da- cesso de desenvolvimento do projeto. Trata-se de
dos, os trabalhos de campo, as entrevistas, a pro- mais uma oportunidade para que eles se expres-
dução de mídias diversas, entre outras atividades sem e desenvolvam competências de argumen-
que se relacionam aos projetos. As atividades de tação e socioemocionais. Em seguida, há uma su-
discussão, assim como as atividades da abertura gestão de formulário de pesquisa para verificar
do projeto e do percurso, são importantes mo- como a comunidade local recebeu o projeto. Por
mentos para os estudantes exercitarem a com- fim, são propostas questões para os estudantes
petência argumentativa. se autoavaliarem.

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Bibliografia
AlmeidA, Fernando José; FonsecA Júnior, Fernando BrAckmAnn, Christian Puhlmann. Desenvolvimento
Moraes. Projetos e ambientes inovadores. Bra- do pensamento computacional através de ativi-
sília: Ministério da Educação/Secretaria de Edu- dades desplugadas na Educação Básica. 2017.
cação a Distância, 2000 (Série de Estudos - 226 f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-
Educação a distância). -Graduação em Informática na Educação, Centro
O livro faz parte da coleção Séries de Estudos, que traz de Estudos Interdisciplinares em Novas Tecnolo-
referências teóricas e práticas sobre o uso de novas gias na Educação, Universidade Federal do Rio
tecnologias na sala de aula. A obra em questão aborda Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. Disponível em:
a adoção da metodologia de educação por projetos. https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/172208.
Alves neto, José Edvaldo Ferreira. Compreensão Acesso em: 23 jan. 2020.
leitora de alunos do terceiro ano do ensino médio A tese trata do pensamento computacional enquanto
da rede estadual. 2009. 157 f. Dissertação (Mes- abordagem de ensino. O autor procura verificar se o
trado) – Programa de Pós-graduação em Linguís- desenvolvimento do pensamento computacional pos-
tica, Departamento de Letras Vernáculas, Uni- sibilita a melhoria no desempenho de estudantes da
versidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009. Educação Básica.
Nessa dissertação, o autor analisa a compreensão lei- coll, César. Psicologia e currículo: uma aproxima-
tora nos níveis inferenciais e críticos de alunos do ção psicopedagógica à elaboração do currículo
3o ano do Ensino Médio, além de realizar uma pesquisa escolar. São Paulo: Ática, 2000.
bibliográfica do referencial teórico sobre o tema. O pesquisador espanhol César Coll foi consultor do
BArretA, Danielle; PereirA, Vera Wannmacher. Com- Ministério da Educação durante a elaboração dos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Nessa obra, ele
preensão literal e inferencial em alunos do Ensino
aborda questões como o papel da educação, a rela-
Fundamental. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 43, n. 77,
ção entre o processo de ensino e aprendizagem e o
jul. 2018. Disponível em: https://online.unisc.br/ desenvolvimento, além de propor um projeto de cur-
seer/index.php/signo/article/view/11533/pdf. rículo escolar que, entre outras características, seja
Acesso em: 23 jan. 2020. flexível, adaptável às transformações que ocorrem
O artigo apresenta um estudo sobre a compreensão na atualidade e cujos conteúdos sejam trabalhos do
de informações literais e inferenciais em alunos de geral para o detalhe, do concreto para o abstrato.
uma escola pública federal, indicando, entre outros cruz, Carlos Henrique Carrilho. Competências e
resultados, que a capacidade de estabelecer inferên- habilidades: da proposta à prática. São Paulo:
cias evolui com a progressão escolar. Loyola, 2001.
Bender, William. Aprendizagem baseada em proje- Nessa obra, o autor dá subsídios para o trabalho pe-
tos: educação diferenciada para o século XXI. dagógico com competências e habilidades de modo
Porto Alegre: Penso, 2014. prático nas etapas de Ensino Fundamental e Médio.
Nesse livro, o educador estadunidense William Ben- dell’isolA, Regina Lúcia Péret. Leitura: inferên-
der sistematiza os debates em torno do uso de pro- cias e contexto sociocultural. Belo Horizonte:
jetos na escola, desenvolvendo aspectos práticos Formato, 2001.
dessa metodologia. Apresenta, também, exemplos A obra aborda a inferência no processo de leitura.
de projetos, e indica sites para consulta e o aprofun- A autora defende que é somente durante a leitura que
damento no tema. um texto se completa. Cada leitor pode interpretar um
BrAsil. Ministério da Educação. Secretaria de Edu- texto de modo diferente, com base no contexto so-
cação Básica. Base nacional comum curricular: ciocultural em que está inserido.
educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. demizu, Fabiana Silva Botta; royer, Marcia Regina; sAn-
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec. tos, Michele Barboza. Metodologia de ensino por

gov.br/. Acesso em: 22 jan. 2020. projetos: levando a prática para o ensino de Ciên-
Documento elaborado pelo Ministério da Educação, cias. In: congresso nAcionAl de educAção (educere),
conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases da curitiBA, 2017. Disponível em: https://educere.bruc.
Educação Nacional, de 1996. Estabelece os conheci- com.br/arquivo/pdf2017/23884_11929.pdf.
mentos, as competências e as habilidades que se es- Acesso em: 23 jan. 2020.
pera que todos os estudantes desenvolvam em todas O artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre
as etapas da Educação Básica. a metodologia de ensino por projetos.

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FinAtti, Jussara Riva; senA, Marina Tizzot Borges da silvA, Cristiane Rodrigues; silvA, Pâmela Costa da.
Cruz. O processo de ensino-aprendizagem a par- Juventude e cultura: reflexões acerca das culturas
tir de projetos de trabalho em uma abordagem juvenis no currículo escolar. Artifícios, v. 2, n. 3,
crítica. In: congresso nAcionAl de educAção (educere), p. 1-17, ago. 2012. Disponível em: https://slidex.tips/
Curitiba, 2011. Disponível em: https://educere. download/juventude-e-cultura-reflexoes-acerca-
bruc.com.br/CD2011/pdf/4692_2652.pdf. Acesso das-culturas-juvenis-no-curriculo-escolar. Acesso
em: 11 fev. 2020. em: 3 fev. 2020.
O artigo propõe verificar se o uso de projetos, a partir O artigo trabalha com o conceito de culturas juvenis
da perspectiva histórico-crítica, pode contribuir para e tece uma reflexão sobre a importância de os currí-
o processo de ensino-aprendizagem. culos escolares dialogarem com as diversas possibi-
lidades do que é ser jovem.
gArciA, Othon Moacir. Comunicação em prosa
moderna. Rio de Janeiro: FGV, 2010. unesco. Educação: um tesouro a descobrir. Brasília,
O livro contém técnicas para o aprimoramento da 2010.
comunicação e para o desenvolvimento de estraté- Relatório da Comissão Internacional sobre Educação
gias de comunicação mais eficientes, tanto escritas para o Século XXI, que faz um prospecto da educa-
quanto orais. ção no mundo globalizado e propõe orientações
sobre o tema em nível nacional ou mundial. A comis-
HernAndez, Fernando. Transgressão e mudança na
são se pauta na crença de que a educação é o cami-
educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: nho para a construção de ideais de paz, de liberdade
Artmed, 1998. e de justiça social.
O livro aborda diversos aspectos da pedagogia por venturA, Paulo Cezar Santos. Por uma pedagogia de
projetos de trabalho. O autor defende que os proje-
projetos: uma síntese introdutória. Educação e
tos representam uma nova forma de trabalhar con-
Tecnologia, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 36-41, jan./
teúdos diversos, e que essa metodologia aproxima
jun. 2002. Disponível em: http://www.tecnologia
os conteúdos das experiências dos estudantes,
permitindo ultrapassar limites entre diferentes deprojetos.com.br/banco_objetos/%7B6CC
áreas do conhecimento. 31958-0A79-4D36-8DAD-DC0D31DEE
25C%7D_Artigo%20Paulo%20Ventura%20-
morán, José. Mudando a educação com metodo-
%20Por%20uma%20Pedagogia%20de%20
logias ativas. In: souzA, Carlos Alberto de; morAles,
Projetos.pdf. Acesso em: 23 jan. 2020.
Ofelia Elisa Torres (org.). Convergências midiáti-
O artigo explora o tema da pedagogia de projetos e
cas, educação e cidadania: aproximações jovens.
descreve algumas experiências bem-sucedidas na
Ponta Grossa: PROEX/UEPG, 2015 (Coleção aplicação da metodologia no que diz respeito ao de-
Mídias Contemporâneas, vol. 2). Disponível em: senvolvimento de conhecimentos e competências.
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/
Wing, Jeannette. Pensamento computacional: um
uploads/2013/12/mudando_moran.pdf. Acesso
conjunto de atitudes e habilidades que todos,
em: 7 fev. 2020.
não só cientistas da computação, ficaram ansio-
Nesse artigo, o filósofo e educador espanhol natura-
sos para aprender e usar. Revista Brasileira de
lizado brasileiro José Morán defende o uso de meto-
dologias ativas na educação e explica como elas fun-
Ensino de Ciência e Tecnologia, Ponta Grossa,
cionam na prática. v. 9, n. 2, p. 1-10, maio/ago. 2016. Disponível em:
https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/
Perrenoud, Philippe. Construir as competências
view/4711. Acesso em: 3 fev. 2020.
desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
O artigo apresenta as principais características do
O autor discorre sobre os significados da noção de pensamento computacional e defende que esse tipo
competências, como desenvolver competências no de pensamento deve compor o conjunto de habilida-
ambiente escolar, a relação entre o trabalho com des não somente de cientistas da computação, mas
competências e os programas escolares e quais são de todas as pessoas.
as implicações dessa abordagem para a prática dos
zABAlA, Antoni. A prática educativa: como ensinar.
educadores.
Porto Alegre: Artmed, 1998.
sAcrini, Marcus. Introdução à análise argumentativa: Nesse livro, o autor aborda alguns referenciais teó-
teoria e prática. São Paulo: Paulus, 2017. ricos que colaboram para a análise da prática educa-
Nesse livro, são abordados os fundamentos da análi- tiva e sugere diversos instrumentos e ações com o
se argumentativa com exemplos, exercícios e práticas objetivo de promover melhorias no processo de en-
para desenvolver a construção de argumentos lógicos. sino-aprendizagem.

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PARTE 2 – ENCAMINHAMENTO DOS PROJETOS

PROJETO 1
STEAM

Como realizar uma ação de educação patrimonial


por meio de instalações e novas tecnologias?
Produto: Ação de educação patrimonial
O Projeto Integrador aqui proposto busca, por de Física. O professor atuará como um profes-
meio da observação, da investigação, do levan- sor-guia nesse processo de aprendizagem, sen-
tamento de hipóteses e da análise, articular as do responsável por oferecer mentoria e apoio
áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e aos estudantes.
Matemática (STEAM) para a compreensão e a
resolução de problemas presentes na realidade. Abordagem teórico-metodológica
Em praticamente todos os lugares há algum ti-
po de patrimônio cultural. Uma construção antiga, O Projeto Integrador propõe uma ação de edu-
uma manifestação artística ou cultural, por exem- cação patrimonial a partir da elaboração de um
plo, podem ser consideradas patrimônios locais, totem informativo que dará acesso a um audio-
desde que tenham valor histórico e sentimental guia sobre patrimônios culturais locais. Para de-
para as comunidades onde estão inseridos. Assim, senvolver este projeto, os estudantes deverão
o projeto a ser desenvolvido propõe uma ação de articular métodos, técnicas, conteúdos e reper-
educação patrimonial a partir de uma intervenção, tórios próprios de diferentes áreas. A investiga-
com produção de um audioguia sobre patrimônios ção sobre patrimônios culturais locais e a com-
culturais locais. preensão da importância da educação patrimonial
Com esse projeto, o estudante, além de influen- requer a mobilização prioritariamente das Ciên-
ciar o lugar onde vive, tem a oportunidade de cias Humanas e Sociais Aplicadas, ao mesmo
desenvolver a criatividade na busca de soluções, tempo que serão valorizados os saberes tradi-
utilizando o pensamento científico e artístico pa- cionais da comunidade em que os estudantes
ra realizar pesquisas e testar hipóteses. Nesse estão inseridos. Ao projetar o totem e produzir o
processo, ele também é estimulado a utilizar as audioguia, os estudantes são desafiados a en-
tecnologias digitais para responder, de maneira contrar estratégias baseadas na Matemática, na
ética e responsável, aos desafios propostos. As- Engenharia e na Arte, que dão a eles condições
sim, a vivência educativa a ser elaborada coleti- para levantar hipóteses, desenvolver protótipos
vamente deve contribuir para uma sociedade e testá-los, conhecer o funcionamento de siste-
mais democrática e inclusiva, na medida em que mas, produzir informação e disponibilizá-la para
possibilita o contato da comunidade com aspec- os fins propostos.
tos históricos e culturais e a interação entre dife-
rentes gerações. […]
Considerando a temática a ser desenvolvida A ideia por trás dessa abordagem pedagógica é
neste Projeto Integrador, é recomendável que o a de que uma aprendizagem integrada é mais atra-
projeto seja liderado pelos professores de Geo- tiva e eficiente do que aquela na qual cada compo-
nente curricular está isolado. Afinal, no cotidiano
grafia e História. Os professores devem estar
as questões também são complexas e exigem múlti-
atentos aos interesses e às dificuldades dos jo-
plas capacidades. É também uma possibilidade para
vens e, sempre que possível, buscar trabalhar mudar a forma tradicional de trabalho – calcada em
com os professores das demais áreas de conhe- aulas expositivas –, no qual o professor é o trans-
cimento requeridas, como os de Matemática e

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n Promover a utilização de tecnologias digitais
missor de conhecimento, para colocar o aluno no
de modo crítico e ético, com o objetivo de
centro do processo.
O STEAM pressupõe um papel ativo para crianças
divulgar informações de maneira democrática
e jovens ao promover um processo pautado pela
e inclusiva.
investigação e interação com os colegas […], em » A utilização de tecnologias digitais está pre-
que o objetivo principal é desenvolver o letramento sente na vida da maioria dos brasileiros, e,
científico, tecnológico, matemático e artístico, ou portanto, é fundamental incentivar os estu-
seja, entender qual o ponto de vista que cada área dantes a utilizar essas ferramentas de modo
de conhecimento traz para a interpretação do mundo a contribuir para uma sociedade melhor.
e perceber como solucionar problemas contando
com essas diferentes visões.
n Conduzir os estudantes na compreensão dos
aspectos culturais e históricos dos patrimô-
[…]
nios culturais locais, levando em consideração
Rico, Rosi. Entenda o que é STEAM e como levá-lo para sua
prática. Nova Escola, ed. 325, set. 2019. Disponível em:
os diferentes saberes e agindo com respeito
https://novaescola.org.br/conteudo/18246/entenda-o-que- e empatia.
e-steam-e-como-traze-lo-para-sua-pratica.
Acesso em: 13 jan. 2020. » O projeto a ser desenvolvido permite que os
estudantes se tornem cidadãos conscientes,
que lutam pelo reconhecimento e pela pre-
Sendo assim, as tecnologias digitais estão pre- servação dos patrimônios culturais locais.
sentes nesse processo, já que os estudantes terão
n Ajudar na busca de soluções para a coleta, a
de compreender como utilizá-las a serviço dos
sistematização e a produção de informações de
desafios propostos.
forma segura, crítica e responsável.
» É fundamental que os estudantes aprendam
Objetivos e justificativas a identificar fontes seguras e confiáveis, agin-
n Estimular a criatividade dos estudantes para que do sempre de maneira crítica e responsável,
eles resolvam os desafios com autonomia, res- não apenas no desenvolvimento deste proje-
ponsabilidade e pensamento crítico. to, mas por toda a vida, nos mais distintos
lugares e situações em que se encontrarem.
» Incentivar os estudantes a resolver desafios
e problemas com autonomia, responsabili- n Auxiliar os estudantes a desenvolver o pensa-
dade e pensamento crítico é fundamental mento científico e artístico, familiarizando-os
nesse momento da vida escolar. O Ensino com metodologias, técnicas e conteúdos de
Médio é o momento de começar a pensar na diferentes áreas.
carreira acadêmica ou de entrar no mercado » É fundamental que os estudantes utilizem a
de trabalho, situações em que os estudantes metodologia científica nas mais diversas áreas
precisarão dessas competências. para o desenvolvimento de seus projetos.

Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador

Competências gerais da Educação Básica


1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão,
a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

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Competência específica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Habilidades em destaque
(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com
vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos,
sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,
crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e
no espaço.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Competência específica de Ciências da Natureza e suas tecnologias


3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no
mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem
demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos
contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
Habilidades em destaque
(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e
representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar
conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.
(EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou
experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e
equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a
participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental.

Competência específica de Matemática e suas tecnologias


3. Utilizar estratégias, conceitos, definições e procedimentos matemáticos para interpretar, construir modelos e resolver
problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das soluções propostas, de
modo a construir argumentação consistente.
Habilidades em destaque
(EM13MAT307) Empregar diferentes métodos para a obtenção da medida da área de uma superfície (reconfigurações,
aproximação por cortes etc.) e deduzir expressões de cálculo para aplicá-las em situações reais (como o remanejamento e
a distribuição de plantações, entre outros), com ou sem apoio de tecnologias digitais.
(EM13MAT308) Aplicar as relações métricas, incluindo as leis do seno e do cosseno ou as noções de congruência e
semelhança, para resolver e elaborar problemas que envolvem triângulos, em variados contextos.
(EM13MAT309) Resolver e elaborar problemas que envolvem o cálculo de áreas totais e de volumes de prismas,
pirâmides e corpos redondos em situações reais (como o cálculo do gasto de material para revestimento ou pinturas de
objetos cujos formatos sejam composições dos sólidos estudados), com ou sem apoio de tecnologias digitais.

Competência específica de Linguagens e suas tecnologias


7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e
estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a
aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
Habilidades em destaque
(EM13LGG701) Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), compreendendo seus princípios e
funcionalidades, e utilizá-las de modo ético, criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes contextos.
(EM13LGG702) Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e
em suas práticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de seleção, compreensão e produção de discursos
em ambiente digital.

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Relação do projeto com as é contemplada na medida em que os estudantes
competências e habilidades são levados a estudar os patrimônios culturais
do lugar onde vivem e a criar estratégias para
O desenvolvimento deste Projeto Integrador valorizá-los e difundi-los por meio da utilização
levará os estudantes a promover uma ação de de tecnologias. Desse modo, os estudantes de-
educação patrimonial na comunidade onde vi- senvolvem a capacidade analítica e crítica em
vem, valorizando e difundindo os patrimônios relação a processos políticos, econômicos, so-
culturais locais. Os estudantes estarão, assim, cioambientais e culturais em diferentes tempos
atuando de modo criativo, como cidadãos que e escalas de análise.
buscam fomentar uma sociedade mais justa e Os estudantes utilizarão conhecimentos cien-
democrática. Essas atitudes são orientadas pe- tíficos e tecnológicos para resolver os desafios
la Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e propostos no projeto, como na divulgação, por
desenvolvem competências e habilidades de di- meio do totem e do audioguia, das informações
versas áreas do conhecimento, como Ciências pesquisadas. As tecnologias digitais e o uso de
Humanas e Sociais, Ciências da Natureza, Mate- mídias são trabalhados de forma crítica, colabo-
mática e Linguagens. rativa e criativa, o que possibilita o desenvolvi-
Para desenvolver este projeto, os estudantes mento da competência específica de Ciências
vão elaborar uma atividade de campo em que da Natureza e suas tecnologias 3, especialmen-
deverão identificar os patrimônios culturais do te as habilidades EM13CNT301 e EM13CNT302.
lugar onde vivem, coletando dados e informa- Neste Projeto Integrador, os estudantes serão
ções pertinentes. Para isso, eles vão precisar re- estimulados a resolver problemas usando estra-
conhecer lugares e edificações, manifestações tégias e procedimentos matemáticos, sobretudo
artísticas e culturais, entre outros bens que pos- ao planejar e construir o totem. Essa abordagem
sam oficialmente vir a ser considerados patri- permite o desenvolvimento da competência es-
mônios locais. Nesse processo, os estudantes pecífica de Matemática e suas tecnologias 3,
são incentivados a valorizar os conhecimentos especialmente as habilidades EM13MAT307,
historicamente construídos, que serão dissemi- EM13MAT308 e EM13MAT309.
nados de maneira democrática e inclusiva por O projeto também vai mobilizar os estudantes
meio do totem e do audioguia, o que permite de- a elaborar conteúdos em diferentes linguagens
senvolver a competência geral 1. No desenvol- e de maneira colaborativa, promovendo o prota-
vimento do projeto, os estudantes serão levados gonismo da comunidade e o respeito aos direi-
a estimular a criatividade, a pesquisar informa- tos humanos. Assim, os estudantes serão incen-
ções, a levantar e testar hipóteses e a criar so- tivados a exercitar a criatividade no uso da
luções para os problemas propostos, como no linguagem digital, de maneira crítica e ética, e a
projeto do totem. Eles devem, portanto, se fami- produzir conteúdo de maneira autoral e coletiva.
liarizar com conteúdos e metodologias próprios Essas abordagens correspondem à competên-
de diferentes áreas do conhecimento, desenvol- cia específica de Linguagens e suas tecnologias
vendo, assim, a competência geral 2. Ao longo 7, especialmente as habilidades EM13LGG701
de todo o projeto, os estudantes serão incenti- e EM13LGG702.
vados a argumentar com base em fatos, dados
e informações confiáveis, como ao coletar e se- A estrutura do projeto
lecionar dados para explicar e divulgar os patri-
mônios culturais locais. O desenvolvimento des- PERCURSO 1 Como reconhecer um
sa atividade levará o estudante a pôr em prática patrimônio cultural? Como é possível
a competência geral 7. valorizá-lo?
Além das competências gerais já descritas,
também são desenvolvidas neste projeto habi- Neste percurso, serão trabalhados os concei-
lidades e competências específicas de Ciências tos de patrimônio cultural e educação patrimonial.
Humanas e Sociais Aplicadas. A competência Espera-se que os estudantes identifiquem os pa-
específica de Ciências Humanas e Sociais trimônios culturais do lugar onde vivem e bus-
Aplicadas 1, especialmente as habilidades quem informações sobre eles, tanto em fontes
EM13CHS101, EM13CHS104 e EM13CHS106, oficiais como na própria comunidade. Eles terão

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a oportunidade de aprender a coletar dados, a por determinada função, mas tendo em mente
planejar uma saída a campo e a realizar entrevis- que a busca por soluções deverá ser sempre fei-
tas, bem como a organizar e sistematizar as in- ta em conjunto.
formações obtidas. Na primeira etapa da elaboração do produto
O produto do percurso será a elaboração de uma final, os estudantes deverão escolher o nome, o
lista dos patrimônios mapeados, sistematizada em logotipo e a identidade visual do projeto. Em se-
fichas de resumo com informação sobre eles. guida, vão produzir os audioguias, selecionar a
plataforma em que os arquivos serão hospeda-
dos na internet e criar os QR codes. Depois, eles
PERCURSO 2Como uma intervenção
vão transportar os totens até os locais onde se-
pode contribuir para a valorização rão instalados, sendo necessário fazer testes pa-
de um patrimônio cultural local? ra verificar se estão funcionando. Finalmente,
ocorrerá a apresentação desse trabalho na es-
Neste percurso, serão abordados os conceitos
cola e a experimentação do produto final com
de intervenção urbana e instalação artística, e, com
uma saída a campo.
base na reflexão sobre esses conceitos, os estu-
dantes serão desafiados a elaborar um projeto de
totem informativo. Materiais
O produto do percurso é um protótipo de to-
Para a execução do projeto serão necessários
tem com interface para o audioguia sobre patri-
caderno de anotações, canetas, gravador de áu-
mônios culturais locais, a ser produzido no pró-
dio, câmera fotográfica, ferramentas e materiais
ximo percurso. O que se espera é que os
diversos (a depender de como o grupo vai con-
estudantes busquem soluções em relação ao
feccionar o totem), computador com acesso à in-
design, à funcionalidade e aos materiais a ser uti-
ternet e com programas de edição de planilha
lizados no totem. Assim, eles deverão mobilizar
(para o roteiro) e edição de áudio e microfone. Na
conhecimentos em arte, matemática e engenha- internet, há algumas plataformas gratuitas de edi-
ria de produção e serão incentivados a buscar ção de áudio.
soluções e a testar hipóteses. Na impossibilidade de a escola disponibilizar
esses equipamentos ou parte deles, é possível
PERCURSO 3Como desenvolver uma realizar as gravações com celulares e fazer edi-
experiência de educação patrimonial ções simples em aplicativos gratuitos. Vale res-
por meio de audioguias? saltar que o totem pode ser produzido com dife-
rentes materiais, adequando-se à disponibilidade
Os estudantes desenvolverão o audioguia de recursos.
neste percurso, perpassando pelas etapas de
planejamento, elaboração de roteiro e captação
e edição de som. O que se espera dos estudan-
Cronograma
tes é que eles possam compreender o potencial Para o desenvolvimento deste Projeto Inte-
das tecnologias digitais, manipular e testar equi- grador, sugerimos 18 encontros ao longo de um
pamentos de captação, edição e compartilha- semestre escolar. O planejamento do cronogra-
mento de arquivos de som, bem como elaborar ma, assim como a execução das tarefas, deve
e produzir textos sonoros. contar com todos os professores envolvidos no
projeto. Algumas atividades (como a atividade
PRODUTO FINAL Ação de educação de campo do Percurso 1 e a implementação da
ação patrimonial com a instalação dos totens)
patrimonial
podem ser trabalhadas fora do contexto de au-
O produto final proposto neste projeto é a exe- las, e assim, em alguns casos, é necessário haver
cução de uma ação de educação patrimonial, em um espaçamento entre um encontro e outro pa-
que os estudantes vão mobilizar os conhecimen- ra permitir que os estudantes façam essas ati-
tos e as experiências adquiridos ao longo dos vidades. A seguir, apresentamos uma sugestão
três percursos. A turma será organizada em gru- de cronograma para a elaboração e o desenvol-
pos, em que cada integrante vai ficar responsável vimento do projeto.

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Etapas do Número instigado a refletir sobre a importância do dique
Atividades para a comunidade e como a intervenção pode
projeto de aulas
Observação da imagem, contribuir para valorizá-lo, além da forma como
Abertura e leitura e discussão dos
1
as tecnologias colaboram para a valorização dos
Apresentação textos e realização das patrimônios culturais locais.
atividades.
Leitura e discussão do n A pergunta do título é aberta, e você pode fa-
texto e realização das 1 zer um levantamento de conhecimentos pré-
atividades. vios dos estudantes para verificar o que en-
Organização dos grupos e tendem por tecnologia. Para provocá-los um
Percurso 1 planejamento para a
realização da pesquisa de pouco mais, solicite que elenquem o que con-
2
campo e entrevistas. sideram tecnologia e vá anotando na lousa o
Realização das atividades que eles disserem.
de pós-campo.
Leitura e discussão do
n Estimule os estudantes a analisar detalhada-
texto e realização das 1 mente a imagem. Trata-se de um patrimônio
Percurso 2 atividades. cultural em um espaço público, com elementos
Realização do projeto e naturais e sociais, que é ocupado por uma in-
3
protótipo do totem.
tervenção artística que suscita uma reflexão
Leitura e discussão dos
textos e realização das 1
em relação às religiões de matriz africana. Aqui
atividades. já se inicia a ideia que conecta este Projeto
Percurso 3 Organização dos grupos, Integrador STEAM com as Ciências Humanas
produção dos roteiros,
3
e Sociais Aplicadas: Como é possível reconhe-
gravação dos audioguias cer os patrimônios culturais que podem ter
e edição dos áudios.
valor artístico, histórico, cultural e ambiental
Organização dos grupos,
definição do nome, do nos espaços públicos de uma comunidade e
logotipo e da identidade despertar o interesse das pessoas por esses
visual da ação, criação de patrimônios?
4
audioguias, dos QR codes
Produto final e hospedagem dos
Respostas às atividades
arquivos em plataformas
on-line. 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
Organização da comentem que observam elementos naturais,
apresentação do produto 1
final. como o recurso hídrico do Dique do Tororó e a
Roda de conversa, vegetação (árvores e outras plantas à beira do
apresentação dos dique), e elementos construídos pelo homem,
Avaliação resultados da pesquisa 1 como as casas, o estádio de futebol e as escul-
feita com a comunidade e
autoavaliação .
turas de orixás, como intervenção artística e
cultural do lugar.

Orientações didáticas 2. Resposta pessoal. O lugar é importante por ser


uma área de lazer e cultura para a população
Abertura da cidade. Além disso, as esculturas ali pre-
sentes trazem elementos culturais locais, o
Páginas 8 e 9
que o caracteriza como um patrimônio cultural
n Na abertura do projeto, no Livro do Estudante, é da cidade.
colocada uma situação-problema para motivar
3. Resposta pessoal. Ouça a resposta dos estu-
os estudantes a refletir a respeito: “Como reali-
dantes e atente para possíveis situações de
zar uma ação de educação patrimonial por meio
desrespeito com a opinião dos colegas, coi-
de instalações e novas tecnologias?”. A pergun-
bindo atitudes de preconceito e de intolerância.
ta vem acompanhada de uma foto do Dique do
Tororó, um patrimônio cultural de Salvador (BA) 4. Solicite aos estudantes que compartilhem suas
que recebeu uma instalação com esculturas de respostas e debatam sobre as diferentes
orixás elaboradas pelo artista plástico Tatti formas de disseminar informações a respeito
Moreno. Com base na imagem, o estudante é dos patrimônios culturais.

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Apresentação patrimônios e pesquisado dados sobre eles, pois
todas as etapas subsequentes vão depender do
Páginas 10 e 11
que tiverem definido nesse momento.
n O objetivo da seção é apresentar aos estudan-
tes o tema do projeto e levantar os conhecimen- Respostas às atividades
tos prévios deles acerca do assunto.
1. Espera-se que os estudantes citem como ele-
n Sugerimos a você que faça a leitura coletiva mentos materiais os prédios, os bonecos e as
dos textos, os quais fornecem aos estudantes fantasias; e, como elementos imateriais, as tra-
informações sobre o projeto que será desen- dições, como o Carnaval, os modos de fazer os
volvido. Verifique se eles têm alguma dúvida e bonecos e as fantasias e o estilo arquitetônico
questione-os acerca da expectativa em relação das construções. Aproveite a oportunidade e
ao projeto. forneça mais exemplos de patrimônios mate-
n Neste momento, é importante avançar aos pou- riais e imateriais, para que os estudantes se
cos com a formação do repertório dos estudan- apropriem desses conceitos. Se julgar perti-
tes em relação a patrimônios culturais, educação nente, mostre imagens de outros patrimônios
patrimonial, intervenções e audioguias. Você e solicite aos estudantes que identifiquem os
pode propor um exercício com os estudantes, elementos materiais e imateriais, assim como
pedindo a eles que leiam os textos da página 10 foi feito nesta atividade.
e grifem os termos que não conseguem definir 2. Destaque o valor histórico e cultural das cons-
ou cujo significado desconhecem. Mostre que truções e tradições dos elementos presentes
alguns termos podem ser compreendidos com na foto. A atividade possibilita aos alunos tra-
base em saberes, conhecimentos, técnicas, me- balharem inferência durante a leitura ao asso-
todologias e desenvolvimento de competências ciar as características dos elementos materiais
e habilidades de mais de uma área. Esse é um e imateriais identificadas a seus valores histó-
bom exercício de sondagem inicial e que lhe ser- ricos e culturais. Verifique se os estudantes já
virá posteriormente para avaliar o processo de participaram de alguma festa semelhante,
aprendizagem dos estudantes em relação ao questione como foi essa experiência e como
que já sabiam e ao que aprenderam durante a eles se sentiram. Incentive-os a relacionar
execução deste Projeto Integrador. festas tradicionais da comunidade com valores
ligados à identidade, à memória e à noção de
PERCURSO 1 Como reconhecer um pertencimento de uma comunidade.
patrimônio cultural? Como é possível 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estu-
valorizá-lo? dantes mencionem a importância das manifes-
tações culturais para a comunidade, que atribui
Página 12
a elas valores e símbolos e, por isso, fazem
n Neste percurso, os principais conceitos que parte de sua identidade e memória. Ressalte
precisam ser trabalhados são: patrimônio cul- que essas manifestações, assim como festas
tural, tombamento, educação patrimonial, iden- e outras tradições, fazem parte do patrimônio
tidade e memória, coleta de dados e entrevista. imaterial de uma comunidade. Reforce que o
Todos esses conceitos são próprios das Ciên- patrimônio imaterial existe e deve ser reconhe-
cias Humanas e Sociais Aplicadas, sobretudo cido tanto quanto o patrimônio material.
da História, da Sociologia e da Antropologia, e
4. Estimule os estudantes a observar se esses
por isso envolvem uma aproximação com suas
materiais são industrializados ou artesanais e
metodologias específicas.
questione quais técnicas eles acham que foram
n Os conteúdos que precisam estar presentes no utilizadas em sua confecção. Instigue-os a
audioguia são investigados nesta etapa. Nela, os refletir se os materiais e as técnicas são novos
estudantes vão aprender a identificar os patri- ou antigos, e se mudaram ao longo do tempo.
mônios culturais locais e a buscar informações Você pode anotar as hipóteses na lousa. Para
sobre eles. No final desta etapa, é importante as fantasias e os bonecos, os estudantes
que os estudantes tenham definido uma lista dos podem mencionar como materiais tecidos e

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adornos produzidos tanto de modo artesanal, nidade para incentivar os estudantes a colocar
com técnicas tradicionais, como industrial. Em em prática suas habilidades e competências de
relação às edificações, espera-se que eles argumentação, uma vez que eles deverão con-
associem as técnicas de construção e os mate- frontar diferentes argumentos e pontos de vista
riais utilizados ao contexto em que foram pro- sobre a divulgação de um patrimônio cultural.
duzidas (período colonial).
Página 14
Página 13 n Chame a atenção para a importância de as
n Aprofunde, neste momento, o que foi visto na ações de educação patrimonial serem formula-
página anterior sobre patrimônios culturais. Per- das pela própria comunidade, para que seus
gunte aos estudantes se eles já visitaram algum membros exerçam protagonismo em relação às
lugar em que conheceram patrimônios culturais narrativas sobre patrimônios culturais locais. Os
(materiais ou imateriais). Peça que mencionem membros de uma comunidade atribuem usos e
suas características e respondam se lembram sentidos próprios aos patrimônios, compondo,
se esse patrimônio é ou não tombado. assim, a identidade local. Por isso, destaque que
o estudo sobre patrimônios culturais deve ser
n Destaque a diferença entre patrimônio cultural
sempre contextualizado, uma vez que esses pa-
tombado e o reconhecimento não oficial de patri- trimônios estão inseridos em uma conjuntura
mônio, que tem importância local ou que é valori- cultural e histórica específica.
zado por uma comunidade específica. Esclareça
que, muitas vezes, o processo de tombamento Respostas às atividades
envolve tensões e disputas entre órgãos gover-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
namentais e os interesses das comunidades.
respondam que sim, tendo em vista que os
n Leia com a turma o texto referente ao Iphan so- membros da comunidade de Antônio Prado
bre a Constituição Federal de 1988, que define conheceram mais sobre a própria história e
o que é patrimônio cultural no Brasil. compartilharam essas informações.

Respostas às atividades 2. O objetivo dessa atividade é instigar os estu-


dantes a se colocar como público para, poste-
1. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a riormente, serem os agentes de uma ação de
mencionar as tradições e os lugares importantes educação patrimonial, disseminando informa-
da comunidade onde vivem e com os quais ções sobre a própria comunidade. Espera-se
tenham uma relação afetiva. Espera-se que eles que os estudantes utilizem os conhecimentos
mencionem edifícios e espaços públicos (igrejas, adquiridos a respeito de educação patrimonial,
praças, museus, parques, etc.), técnicas culiná- o exemplo de Antônio Prado e as informações
rias ou de artesanato, festas tradicionais, mú- sobre as bonecas Karajá contidas no texto e na
sicas e danças típicas, entre outros. imagem do enunciado para refletir sobre quais
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes informações seriam essenciais em uma ação
mencionem lugares públicos ligados a atividades de educação patrimonial sobre essas bonecas,
de lazer, espirituais, de conhecimento, debate considerando que eles são o público-alvo que
político, preservação da memória, entre outros. almeja conhecer mais acerca desse patrimônio.
A escola pode ser um desses espaços, onde o Auxilie-os na interpretação da imagem e das
informações sobre as bonecas. Mencione, por
estudante constrói relações e significados.
exemplo, que as bonecas representam os
3. Espera-se que os estudantes mencionem que os membros da comunidade e que suas pinturas
patrimônios culturais do lugar onde vivem podem são associadas aos rios. Saiba mais em: http://
ser divulgados pela internet, por meio das redes portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/1190/
sociais, ou em outras mídias, como jornais, bonecas-karaja-novo-patrimonio-cultural-
revistas e periódicos locais. Como já visto na brasileiro (acesso em: 10 jan. 2020). Se julgar
abertura do projeto, também é possível realizar pertinente, leia esse texto do Iphan com os
intervenções nos espaços em que os patrimô- estudantes. Como uma alternativa ao debate,
nios estão inseridos, o que pode contribuir para você pode solicitar aos estudantes que ela-
a sua valorização. Essa atividade é uma oportu- borem um texto com um resumo de seus argu-

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mentos. Nesse texto, eles devem indicar quais n Chame a atenção para as questões norteadoras
informações consideram relevantes para um da tabela da página 16. Elas podem auxiliar no
projeto de educação patrimonial sobre as levantamento e na sistematização das informa-
bonecas Karajá, justificando cada apontamento. ções sobre os patrimônios. Destaque a impor-
tância de registrar e organizar essas informações,
pois consistem em um importante documento,
Outras fontes
que será revisitado posteriormente na elabora-
Horta, Maria de Lourdes Parreiras et al. Guia básico de ção do audioguia. Se julgar pertinente, oriente os
educação patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio alunos a sistematizar as informações de cada
Histórico e Artístico Nacional/ Museu Imperial, 1999. Dis- patrimônio cultural, obtidas na pesquisa, no tra-
ponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/temp/guia_
balho de campo e nas entrevistas, por meio de
educacao_patrimonial.pdf.pdf. Acesso em: 10 jan. 2020.
organogramas e mapas mentais. O foco, ao criar
O guia traz sugestões de como trabalhar o tema patrimô- esses esquemas, deve ser a resolução do seguin-
nio cultural em sala de aula e em saídas a campo, incluin- te problema “Que informações sobre o patrimô-
do perguntas motivadoras e metodologias de análise. nio cultural são importantes e interessantes de
ser informadas aos visitantes do local?”. Essa
Páginas 15 e 16 atividade de análise, organização e sistematiza-
n Na atividade de reconhecimento dos patrimô- ção de informações em formato de organograma
nios locais, sugerimos a você que auxilie os es- será útil no momento que os alunos forem ela-
tudantes no planejamento, na coleta de dados, borar os roteiros dos audioguia.
nas saídas a campo e na realização de entrevis- n Ressalte que a realização das atividades pós-
tas, bem como na pesquisa a fontes (em arquivos -campo são oportunidades para os estudantes
históricos, museus, bibliotecas, órgãos públicos, se apropriarem do resultado da pesquisa, anali-
etc.). Essas atividades requerem dedicação e sando as informações levantadas de maneira
tempo, por isso é importante que algumas partes crítica e colaborativa.
do percurso possam ser adaptadas, desdobra- n Explique aos alunos que armazenar os arquivos
das ou transformadas em exercícios e práticas na nuvem consiste em salvá-los em um servidor
ou trabalhos a ser retomados no contexto das on-line. Esse tipo de armazamento favorece o
aulas regulares, para que seja possível desenvol- compartilhamento, pois qualquer pessoa que pos-
ver alguns deles com mais profundidade. sua o link do servidor onde estão salvos os arqui-
n Em relação às saídas a campo, você deve cuidar vos tem acesso a eles, dessa forma, os arquivos
para que ocorram de modo organizado, pois têm ficam guardados e disponíveis digitalmente.
um objetivo claro – não se trata de um passeio. n É importante que os trabalhos de campo resul-
Oriente os estudantes a realizar as atividades de tem em produtos e conhecimentos que sejam
campo de maneira segura e planejada, de modo devolvidos à comunidade, ou seja, que se esta-
que a todo momento estejam cientes dos riscos beleça uma relação construtiva em que todos
e das responsabilidades envolvidos nessa prática. os envolvidos no trabalho tenham uma boa ex-
n Na coleta de entrevistas, destaque que o res- periência. O texto a seguir trata desse tema.
peito pelo depoimento das pessoas é importan-
te para a construção do conhecimento local. […] Quando um pesquisador fala de seu terreno
Solicite aos estudantes que atentem para os […] quer seja geógrafo, sociólogo ou etnólogo, do
significados que as pessoas da comunidade que se trata? É somente uma topografia que se
atribuem aos patrimônios e a maneira como se percorre, que se mede, uma paisagem que se desco-
relacionam com eles. bre ou que se admira, um espaço social que se apro-
pria intelectualmente. São também homens e mulhe-
n Durante a realização das entrevistas, lembre aos
res dos quais se tira partido, não somente para
estudantes que eles devem contemplar a maior satisfação de os compreender, mas também
diversidade possível de entrevistados, dos mais para  obter prestígio científico e notoriedade. A
diversos gêneros, idades, etc. Essa pluralidade pesquisa conduzida durante meses, se não anos,
de perfil de entrevistados enriquece o levanta- sobre homens de uma região, de uma aldeia, de um
mento de dados e contribui para a elaboração bairro, [com tudo] que isso necessita de contatos e
de um produto final mais eficiente.

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permite a você realizar um levantamento dos
trocas de ideias com os homens, não deveria prolon-
gar-se, para o pesquisador, por um sentimento de conhecimentos prévios dos estudantes sobre
gratidão face àqueles que o acolheram […]? o assunto.
[…] n O conceito de intervenção urbana foi trabalhado
Para uma evolução mais democrática da relação neste projeto com o objetivo de levar os estu-
de pesquisa, é preciso que os pesquisadores em dantes a refletir sobre como as intervenções
Ciências Sociais e os geógrafos aceitem, primeira-
podem promover diferentes relações entre as
mente, se colocar o problema, depois colocar a sua
pessoas e os espaços públicos. Já o conceito de
opinião aos partidos e propor soluções […].
instalação artística foi desenvolvido devido à
[…]
Esta apresentação pedagógica dos resultados de reflexão que esse gênero artístico pode trazer
uma pesquisa, às pessoas que ela diz diretamente sobre a relação da obra de arte com o espaço,
respeito, pois são elas mesmas e seu quadro de vida além das experimentações promovidas pelos
que a pesquisa analisa, é, de fato, um procedimento artistas contemporâneos com materiais diver-
muito eficaz de verificação científica. […] sos. Espera-se que essas reflexões inspirem os
Lacoste, Yves. A pesquisa e o trabalho de campo: um estudantes no momento de projetar o totem.
problema político para os pesquisadores, estudantes e
cidadãos. Boletim Paulista de Geografia, n. 84, p. 77-92,
n É provável que, a depender da localização da
2006. Disponível em: https://www.agb.org.br/publicacoes/ escola, especialmente se ela estiver na zona
index.php/boletim-paulista/article/view/729/612.
Acesso: em 21 jan. 2020. rural, a intervenção possa ser um tema distan-
te para os estudantes, então será necessário
instigá-los de outras maneiras, por meio de
comparações entre diferentes tipos de arte
Outras fontes
que já conhecem. É importante, nesse caso,
Oliveira, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropó-
perceber que o ensino de arte contemporânea,
logo: olhar, ouvir, escrever. Revista de Antropologia,
de modo geral, deve incluir uma análise crítica
São Paulo, v. 39, n. 1, 1996. Disponível em: https://www.
sobre as formas de recepção da arte, uma vez
revistas.usp.br/ra/article/viewFile/111579/109656.
Acesso em: 10 jan. 2020. que, independentemente do lugar, ensinar arte
O texto trata da metodologia da etnografia, própria da contemporânea ainda constitui um problema
Antropologia, o que pode auxiliar no planejamento da em contextos educativos. Leia o texto a seguir,
saída a campo. que trata desse assunto.
Narradores de Javé. Direção: Eliane Caffé. Brasil, 2004
(100 min). Quando o ensino dos critérios e modos de abor-
O filme conta a história de um vilarejo chamado Javé, dagem da arte são deslocados, baseados somente
prestes a ser destruído pela construção de uma usina em paradigmas clássicos e modernistas, acabam por
hidrelétrica. Os habitantes resolvem proteger o lugar ser extremamente limitadores, dificultando a cons-
escrevendo a sua história; no entanto, como a maioria trução de relação entre arte contemporânea e a vida
da população é analfabeta, não há relatos históricos do público. Na maioria das escolas, […] os profes-
documentados. Por conta disso, Antônio Biá, um dos sores ainda reduzem a arte à realização de ativida-
poucos no vilarejo que sabem ler, torna-se o porta-voz des agradáveis, perseguindo uma forma de beleza
da comunidade com o compromisso de escrever sua vinculada à visualidade formal sem focar no processo
história para que a região seja considerada patrimô- de aprendizagem ou no conhecimento. […]
nio histórico e cultural. A visão predominante […] é a de que os alunos
devem desenvolver habilidades cognitivas e produ-
tivas, ou seja, expressar-se livremente e produzir
PERCURSO 2Como uma intervenção objetos. Esses objetos se restringem, em sua maio-
pode contribuir para a valorização de ria, ao desenho, devido às limitações por falta de
material ou espaço adequado para o desenvolvi-
um patrimônio cultural local? mento de outras atividades. As produções, assim,
Página 17 são sem qualquer reflexão ou contextualização.
Machado, Clarissa da Silva. Ensino de arte contemporânea na
n O percurso inicia com a apresentação de inter- atualidade. Educação, Ciência e Cultura, Canoas, v. 18, n. 2,
venções e instalações artísticas, permitindo p. 50, jul.-dez. 2013. Disponível em: https://revistas.unilasalle.
que os estudantes se aproximem desses con- edu.br/index.php/Educacao/article/viewFile/1232/1019.
Acesso em: 10 jan. 2020.
ceitos. O trabalho com a imagem e as questões

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n Explore com os estudantes o exemplo de inter- 5. Resposta pessoal. As intervenções permitem
venção realizado pelo coletivo MUDA na ima- que as pessoas construam uma nova relação
gem de abertura do percurso. Estimule-os a com o espaço e, por isso, podem contribuir para
levantar hipóteses acerca dos objetivos da in- a valorização de um patrimônio cultural – por
tervenção, conduzindo-os a observar a relação exemplo, ao promover uma reflexão acerca do
dela com o espaço e com as pessoas que o fre- espaço em que estão inseridas, fazendo com
quentam. Mencione que os azulejos podem con- que as pessoas que por ali transitam o percebam
tribuir para chamar a atenção para os locais de modo crítico. Destaque que as intervenções
onde foram instalados, permitindo que as pes- em lugares públicos devem seguir determinadas
soas tenham um novo olhar sobre eles. regras e precisam ser comunicadas à prefeitura
e/ou aos órgãos competentes.
Respostas às atividades
Página 18
1. Resposta pessoal. As intervenções urbanas são
manifestações artísticas realizadas geralmente
n Leia com os estudantes o texto sobre interven-
em espaços públicos. Elas têm como objetivo ções urbanas. Anote na lousa palavras-chave
promover uma nova percepção do lugar, já que sobre o conceito e sane possíveis dúvidas que
se relacionam tanto com o público quanto com eles tiverem. Se julgar pertinente, faça aos es-
o espaço em que estão inseridas, gerando uma tudantes os seguintes questionamentos: “Que
reflexão em relação a esses elementos. elementos vocês observam na imagem? Na
opinião de vocês, por que os objetos das ima-
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estu- gens foram dispostos dessa maneira? De que
dantes citem aspectos relacionados a espacia- materiais vocês acham que esses objetos fo-
lidades, materialidades, sensorialidades, que ram feitos?”.
geralmente são estimulados nas intervenções.
n Acesse o site do coletivo MUDA e mostre aos
Nesse sentido, o corpo é mobilizado a interagir
estudantes mais exemplos de intervenções.
com a obra de arte, seja pelo deslocamento
Destaque como as intervenções contribuem
espacial, seja pela visualidade e pelos pontos
para chamar a atenção para os espaços, dando
de vista que a obra propõe, seja, ainda, pelos
um novo significado a eles.
enquadramentos visuais ou sonoros pedidos.
O receptor desse tipo de obra é convidado a Resposta à atividade
fazer um percurso que passa cognitivamente
pela interpretação da obra, e, para ter acesso 1. Se considerar adequado, organize os estu-
a ela, não basta conceber seu conteúdo, mas dantes em grupos para que eles discutam as
é preciso experienciá-la. A instalação propõe intenções dessa intervenção. Ao analisar a foto,
vivenciar o projeto e o percurso do artista. chame atenção para o fato de que as bicicletas
estão suspensas e, por isso, não estão neces-
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a sariamente visíveis. Incentive os estudantes a
refletir sobre a relação que as obras têm com o refletir acerca dos motivos que levaram o
espaço em que estão inseridas e com as pes- artista a fazer a intervenção dessa maneira. Vale
soas que nele transitam. Por exemplo, a inter- destacar que a estação Júlio Prestes está loca-
venção pode chamar a atenção para um local lizada na região central da cidade de São Paulo
malcuidado, contribuindo para sua valorização; e que a cidade não possui infraestrutura ade-
colocar foco em tensões sociais que existem em quada para ciclistas. Assim, a intervenção pode
determinado espaço; pode também dar des- ser vista como uma reflexão sobre a invisibili-
taque a elementos que têm importância cultural dade das bicicletas como meio de transporte.
para a comunidade em que estão inseridos. Esse
é o caso da obra do coletivo MUDA presente na
Outras fontes
abertura do percurso, que promove destaque
Diogenes, Glória. Artes e intervenções urbanas entre es-
em um local da cidade com o uso de azulejos.
feras materiais e digitais: tensões legal-ilegal. Análise So-
4. Resposta pessoal. Em caso positivo, solicite aos cial, Lisboa, n. 217, p. 682-707, dez. 2015. Disponível em:
estudantes que contem sobre os locais em que http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext
viram as obras, as reações que despertavam &pid=S0003-25732015000400001&lng=pt&nrm=iso.
neles e sua relação com a paisagem. Acesso em: 13 jan. 2020.

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Texto acadêmico que permite aprofundar a análise so- tando todas as opiniões e considerando todos
bre os conflitos que ocorrem nos espaços públicos, so- os argumentos apresentados.
bretudo nos urbanos, a respeito das tensões entre a
classificação do que é arte e do que é vandalismo, e as 4. Auxilie os estudantes a pesquisar as informa-
dificuldades do poder público e de demais instâncias em ções em livros e sites confiáveis. Anote na
agir para regulamentar esses fenômenos. lousa as respostas dadas. Se houver tempo,
mostre exemplos de obras inseridas nos movi-
Página 19 mentos artísticos mencionados no texto. Soli-
cite aos estudantes que comparem as carac-
n Agora que os estudantes estão familiarizados
terísticas dessas obras com as instalações
com o conceito de intervenção urbana, é o mo-
estudadas no que se refere aos materiais uti-
mento de explorar as possibilidades das insta-
lizados e às possíveis intenções das obras.
lações artísticas. Solicite que leiam os textos da
Outra possibilidade para a realização dessa
página, que tratam desse tema.
atividade é uma apresentação coletiva para a
n Em seguida, instigue a curiosidade dos estudan- turma. Os estudantes devem se organizar em
tes pedindo que analisem a imagem da instala- grupos e, após uma pesquisa prévia, escolher
ção do artista plástico Cildo Meireles, que se uma modalidade artística para apresentar à
encontra no Instituto Inhotim, em Brumadinho, turma. Essa apresentação pode ser feita como
Minas Gerais. cada grupo preferir: por meio de fala coletiva,
n A discussão sobre intervenção artística é uma de panfletos, de texto de divulgação, entre
forma de despertar a criatividade dos estudan- outras maneiras.
tes para a construção do totem, tanto em rela-
ção a design quanto ao uso de materiais dife- Página 20
rentes. Permita que os estudantes vejam as n Nessa página, dedicada às reflexões sobre o
referências do livro como inspiração para o que são totens informativos, os estudantes
produto final, não necessariamente uma fórmu-
devem realizar a leitura das imagens para a
la de como o totem deve ser – deve-se valorizar
compreensão do totem como uma intervenção
a pluralidade de ideias e propostas trazidas pe-
urbana, que tem o potencial para ser uma ins-
los estudantes.
talação artística com funções educativas. Dis-
Respostas às atividades corra sobre o papel das novas tecnologias em
difundir informações em totens e verifique se
1. A arte contemporânea trabalha com muitos os estudantes já tiveram alguma experiência
materiais diferentes daqueles usados em téc- com esses recursos.
nicas artísticas consideradas tradicionais. Além
disso, busca-se, na arte contemporânea, uma
n Chame a atenção dos estudantes para a neces-
maior interação com o público. sidade de a intervenção atender às necessida-
des e às preferências da comunidade e de não
2. A instalação artística foi realizada em um espaço
atrapalhar a circulação nem ser desrespeitosa
fechado, em um ambiente que representa um
com ela. Se houver tempo, seria interessante
cômodo de uma casa. Foram utilizados móveis
que, após a concepção do protótipo, os estudan-
de diferentes formatos, tamanhos e texturas,
tes pudessem fazer uma pesquisa de opinião
todos na cor vermelha.
com os moradores da comunidade para consul-
3. Resposta pessoal. Peça aos estudantes que tá-los a respeito do projeto de intervenção.
analisem as possibilidades metafóricas da
obra, considerando a presença do vermelho. Respostas às atividades
Leve-os a imaginar os sentimentos e pensa- 1. Espera-se que os estudantes digam, com base
mentos que a cor vermelha suscita e quais os na interpretação das imagens, que os totens
motivos que podem ter feito o artista optar pela informam sobre atrações turísticas em São
cor vermelha em todos os objetos que com- Bento do Sapucaí, interior do estado de
põem a obra. Ao apresentar seus argumentos São Paulo, e sobre o início da Copa do Mundo
para os colegas, incentive os estudantes a se do Brasil, em 2014. Solicite a eles que ana-
posicionarem de maneira democrática, respei- lisem as características dos totens, bem como

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sua localização para responder se os totens Página 21
cumprem bem suas funções. n Agora chegou o momento de construir o totem.
2. Os estudantes podem citar plástico, metal, vidro, Toda a turma deve interagir com propostas para
concreto, etc. Espera-se que eles mencionem o o projeto do totem. Ressalte a importância do
uso de tecnologias nos totens em diferentes trabalho em grupo. Eles precisam discutir o
aspectos, tanto em relação aos materiais utili- design, os materiais que serão utilizados, os co-
zados quanto às técnicas empregadas na comu- nhecimentos que serão necessários para a cons-
nicação (sobretudo visual). Destaque o potencial trução do totem e a maneira como as informa-
desses recursos para estabelecer relações ções sobre os patrimônios culturais locais serão
entre forma e conteúdo e promover interação disponibilizadas. Essas definições devem ser
e compartilhamento das informações com o uso sistematizadas no caderno em uma tabela como
de redes sociais, por exemplo. a disponível na página do Livro do Estudante.
3. Para responder à questão os estudantes vão n Representar as ideias em um projeto é impor-
inferir, a partir das características do totens tante para a construção do totem e, para isso,
representados, como foi seu processo de pro- será necessário ativar competências próprias da
dução. Os estudantes devem mencionar as Matemática, bem como da Engenharia de Pro-
várias etapas da elaboração dos totens. A pro-
dução. A representação do projeto, que pode ser
dução desses equipamentos envolve, primeira-
feita por meio de croquis ou programas de mo-
mente, a pesquisa sobre quais informações vão
delagem 3D, será um importante material de
ser transmitidas e qual é a maneira mais efi-
consulta durante a construção do protótipo.
ciente para isso, é o planejamento. Também
deve ser definido o local em que o totem será n Durante o planejamento, auxilie os estudantes
instalado, para que cumpra o objetivo a que se a utilizar diferentes técnicas e materiais para
propõe. Se a função do totem for a de informar dar forma às ideias, como maquetes, massa de
turistas, por exemplo, é interessante que ele modelar, além de gráficos, tabelas, esquemas
esteja em um local de circulação de turistas e e colagens. Testes com construções de totens
que as informações sejam acompanhadas em pequena escala que possam ser sobrepos-
de mapas e localizações, se possível em mais de tos a mapas dos locais onde se localizam os
um idioma. Em seguida, eles são projetados por patrimônios também são boas estratégias. Para
engenheiros, arquitetos ou designers, entre isso, conhecimentos de Matemática, Geografia,
outros profissionais. Depois, eles precisam Arquitetura e Física são essenciais.
ainda ser produzidos, outra etapa que demanda
n É importante não deixar a imaginação se perder.
o trabalho de profissionais diversos. Em relação
Mesmo que os estudantes não consigam pro-
aos materiais, é importante mencionar que
totipar todas as variáveis do produto (estrutura
devem ser resistentes, duráveis e adequados
ao local em que o totem será instalado. Por física, forma, materiais, tamanho, etc.), incenti-
exemplo, se o totem for instalado ao ar livre, é ve-os a apresentar seus projetos até o ponto a
importante que seja feito de materiais resis- que puderem avançar e a definir coletivamente
tentes à chuva e ao vento. as melhores estratégias. Estas devem levar em
conta o equilíbrio entre a viabilidade, a aceitabi-
4. Resposta pessoal. É possível que os estudantes lidade e a vulnerabilidade do projeto escolhido.
respondam que os totens devem ser interativos, Vale ressaltar que o totem deve se adequar ao
de modo a instigar os visitantes a ter uma expe-
orçamento disponível, ser funcional e estetica-
riência diferente com o espaço. É possível utilizar
mente agradável.
materiais que estimulem aspectos sensoriais
relativos a texturas, cor e iluminação, por exemplo. n Depois que o projeto estiver pronto, os estudan-
Também é interessante que os materiais dos tes deverão construir o totem. Para isso, você
totens dialoguem com o espaço e com as pes- pode sugerir que eles se organizem em grupos
soas que por ali transitam. Os estudantes podem com funções diferentes. É importante, no en-
mencionar tecidos, sucata de vários tipos, carto- tanto, que os próprios estudantes planejem to-
linas, adesivos, objetos de uso cotidiano, entre das as etapas de construção do totem possibi-
outros. Incentive-os a usar a criatividade. litando, assim, a divisão das tarefas.

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n Com o protótipo do totem pronto, os estudantes tivos de disponibilizar essas informações para
devem verificar sua viabilidade. Se ele estiver que elas sejam atraentes aos visitantes. Anote
aprovado, esse poderá ser o primeiro totem da as sugestões na lousa e, com base nelas, orga-
ação patrimonial. No Produto final, os alunos nize um debate.
deverão produzir mais totens, que serão insta-
Página 23
lados nos patrimônios culturais escolhidos para
a ação. Se julgar pertinente, como forma de n Destaque o papel das tecnologias na produção
desenvolver o raciocímio lógico nos estudantes, e no compartilhamento de informações sobre
sugerimos que você solicite a eles que cons- patrimônios culturais locais. Tanto a elaboração
truam um manual de instruções em formato de como a disseminação de conteúdos podem se
diagrama com todas as etapas de construção tornar acessíveis, permitindo o empoderamen-
do totem. Ressalte que as instruções precisam to de grupos e de comunidades.
ser claras e ordenadas. n Ressalte o potencial dos audioguias para a aces-
sibilidade e para a possibilidade de maior auto-
Outras fontes nomia dos visitantes. As informações em áudio
Brown, Tim. Design Thinking: uma metodologia pode- são muito úteis, por exemplo, a pessoas com
rosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janei- deficiência visual e a estrangeiros, no caso de
ro: Alta Books, 2018. as informações serem disponibilizadas em ou-
O livro trata de técnicas usadas em Design Thinking, tros idiomas. Além disso, os audioguias acom-
que podem auxiliar os estudantes a criar um protótipo panham o ritmo e o percurso da visita, já que
do totem. podem ser pausados ou escutados novamente.

Resposta à atividade
PERCURSO 3Como desenvolver uma
experiência de educação patrimonial 1. Espera-se que os estudantes mencionem que
por meio de audioguias? o audioguia precisa apresentar informações
básicas sobre a história e os aspectos cultu-
Página 22 rais do lugar, a fim de contextualizá-lo. Auxi-
n Neste percurso, os estudantes vão refletir so- lie-os a sistematizar essas informações e a
bre o papel dos audioguias e ter contato com o utilizar a criatividade na utilização de músicas
modo de fazê-los: elaborar roteiros, captar e e entrevistas.
gravar sons e aprender princípios de edição Página 24
desses recursos.
n Os estudantes devem buscar soluções para
n Caso você ainda não tenha tido contato com compor as informações no roteiro, de modo que
esse tipo de linguagem e mídia, pode fazê-lo elas sejam transmitidas de maneira clara. Vale
com os estudantes e outros professores. destacar que, como os textos são sonoros, de-
Respostas às atividades vem ser priorizados períodos curtos e uma lin-
guagem de fácil compreensão.
1. Resposta pessoal. É possível que os estudantes
mencionem que pesquisam informações do n Os trechos de entrevistas e as vinhetas devem
lugar que vão visitar no site da prefeitura, em prender a atenção do ouvinte, instigando sua
blogs de turismo, em material educativo de curiosidade. Ressalte a importância de os estu-
museus e institutos culturais, em conversas dantes respeitarem os direitos autorais e orien-
com conhecidos, entre outras possibilidades. te-os a buscar músicas em sites gratuitos.
2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a n Se julgar pertinente, sugira que elaborem tex-
relatar suas experiências. Você pode tomar tos para serem interpretados, com base nas
como base questões como: “Que informações entrevistas e nos dados coletados. Isso pode
foram disponibilizadas no material com que ser uma boa solução para caracterizar um con-
vocês tiveram contato? Se não tiveram essa texto histórico, por exemplo.
experiência, como imaginam que seja?”. n Utilize o modelo de roteiro disponibilizado na
3. Estimule a curiosidade dos estudantes. Solicite página do Livro do Estudante ou solicite aos es-
a eles que imaginem jeitos dinâmicos e intera- tudantes que busquem outras estratégias para

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escrevê-lo, pondo em prática as soluções que pode ser uma boa oportunidade para desenvol-
melhor se adequem às necessidades da turma. ver e valorizar suas potencialidades e sua iden-
n É importante que as informações sobre patri- tidade. Vale lembrar que o projeto permite que
mônios culturais locais sejam elaboradas levan- os estudantes tenham contato com formas de
do em consideração as diferentes narrativas atuação de diferentes profissionais, podendo
sobre eles e o contexto em que estão inseridos. ser referências em seus projetos de vida.
Essas percepções devem ser valorizadas, além n As etapas podem ser desenvolvidas fora do
de respeitarem os direitos humanos. contexto de aulas e não correspondem à quan-
n Se julgar pertinente, solicite aos estudantes que tidade de encontros previstos com os estudan-
considerem a possibilidade de realizar descri- tes. Os encontros presenciais em sala de aula
ções detalhadas dos patrimônios culturais locais (entre professores e estudantes) podem ser
com base nas imagens e nas anotações que momentos de checagem e de testes pontuais.
foram coletadas no Percurso 1, de modo que o n O envolvimento da equipe escolar é uma boa
audioguia seja mais interessante a pessoas com estratégia. A direção e a coordenação da esco-
deficiência visual. Essa abordagem pode contri- la podem contribuir cedendo espaços para a
buir para a construção de uma sociedade mais execução das etapas do projeto e para a apre-
justa e inclusiva. sentação. A equipe escolar precisa ter clareza
do que fará e como deve desempenhar seu
Página 25
papel, bem como estar ciente de todas as ati-
n Solicite aos estudantes que reúnam todo o ma- vidades que estão previstas no evento para que,
terial necessário para realizar a gravação a fim ao acolher a comunidade, todos estejam segu-
de que ela seja feita de modo organizado. A data ros em suas atribuições.
e o local para a gravação devem ser pensados
previamente, bem como o agendamento com
n É interessante contar com talentos e parcerias
as pessoas que participarão desse processo. locais, o que acaba sendo uma maneira de en-
Incentive-os a buscar soluções que garantam a volvimento e incentivo ao empoderamento e ao
boa qualidade do áudio. pertencimento local, pois valoriza os profissio-
nais que ajudam na escola.
n Quando for o momento de realizar a edição de
som, solicite aos estudantes que tomem cuida-
n Oriente os estudantes a procurar softwares li-
do para que as informações não sejam retiradas vres para a confecção de seus trabalhos, como
de seus contextos ou que gerem interpretações o software Audacity, para edição de som das
equivocadas, principalmente nas entrevistas. gravações feitas durante os percursos, e os
softwares GIMP (edição de imagem) e WeVideo
(edição de vídeo). Também é possível utilizar o
PRODUTO FINAL Ação de educação
LibreOffice (para edição de texto), disponível
patrimonial em: pt.br.libreoffice.org. Acesso em: 21 jan. 2020.
Páginas 26 e 27 n Dependendo do tipo de totem que decidirem
n Auxilie os estudantes a se organizar em grupos construir, é possível que os estudantes acessem
e a dividir as tarefas. Estimule a troca de expe- ferramentas que podem auxiliá-los na confec-
riências de forma empática e respeitosa. Eles ção do totem, como calculadoras de geometria
devem buscar soluções conjuntas e de manei- on-line, que calculam a área e o volume de dife-
ra colaborativa para os desafios, embora cada rentes tipos de objeto.
grupo foque em um aspecto do projeto. Você n Verifique os conhecimentos prévios dos estu-
tem um papel importante de mediador, pois dantes a respeito de alguns conceitos, como
deve intervir para que sejam promovidas atitu- QR code e identidade visual (que aparece pela
des de cooperação, solidariedade entre os es- primeira vez no Produto final, por exemplo), e
tudantes, solução de conflitos, etc. trabalhe possíveis dúvidas e dificuldades. Uma
n Como haverá uma divisão de tarefas, leve em leitura cuidadosa do passo a passo de cada eta-
consideração os diferentes perfis dos estudan- pa é essencial para a compreensão do que de-
tes. Pode ser que eles manifestem interesse em verá ser realizado. Leia o texto a seguir, que
desenvolver uma atividade específica, e isso trata sobre QR code.

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Entenda o que são os “QR codes”, códigos
Avaliação
lidos pelos celulares Páginas 30 e 31
Código pode ser escaneado pela maioria dos n Neste momento, é importante ressaltar aos es-
celulares. […] tudantes que eles devem se expressar de ma-
Cada vez mais presente em ações de marketing, neira respeitosa, crítica, ética e empática, sobre-
os QR codes ainda se parecem mais com um enigma tudo na roda de conversa. Você deve atuar como
do que com um meio de transmitir rapidamente mediador desse processo.
informações a dispositivos móveis. Mas o que é, n Explique aos estudantes a importância de ter um
afinal, um QR code? feedback da comunidade em relação ao projeto.
É um código de barras em 2D que pode ser esca- Críticas e elogios fazem parte do processo e po-
neado pela maioria dos aparelhos celulares que têm dem dar a eles a oportunidades de melhoria. Além
câmera fotográfica. Esse código, após a decodifica- disso, vale ressaltar que a execução do projeto
ção, passa a ser um trecho de texto, um link e/ou contou com o envolvimento coletivo, inclusive
um link que irá redirecionar o acesso ao conteúdo com a participação das pessoas da comunidade.
publicado em algum site. […] n Comente com os estudantes que a numeração
Prass, Ronaldo. Entenda o que são os “QR codes”, do formulário da página 31 é importante para se
códigos lidos pelos celulares. G1, 10 maio 2011. obter respostas que possam ser transformadas
Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/
noticia/2011/05/entenda-o-que-sao-os-qr-codes- em dados quantitativos, passíveis de serem men-
codigos-lidos-pelos-celulares.html. surados. Ressalte que, geralmente, os formulá-
Acesso em: 21 jan. 2020. rios de pesquisa na área de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas utilizam essa metodologia.
Páginas 28 e 29 n Na autoavaliação, motive os estudantes a refle-
tir sobre os próprios aprendizados e experiên-
n Certifique-se de que os estudantes pediram
cias de maneira crítica, mas também gentil e
autorização para instalar os totens, tanto em
acolhedora. É importante que eles verifiquem
espaços públicos como em espaços privados.
possibilidades de melhoria, mas que não se jul-
Se julgar necessário, auxilie-os nesse proces-
guem nem se cobrem demais. É interessante
so. É importante garantir que o transporte do
que você, como professor, ressalte os aprendi-
totem seja realizado de maneira segura. Ajude
zados e ganhos desse processo, contribuindo
os estudantes a planejar o transporte com res-
para formar estudantes autoconfiantes.
ponsabilidade, incentivando-os a buscar solu-
ções para dificuldades que podem surgir nes-
n Sugerimos que você realize uma avaliação dos
sa tarefa, como tamanho do totem, peso ou estudantes, com base nos critérios a seguir.
delicadeza do material, por exemplo. • Ao longo do projeto, os estudantes desenvolve-
ram as competências e habilidades esperadas?
n Oriente os estudantes a compartilhar o pro-
jeto com a escola e a comunidade de maneira • Os estudantes se envolveram no projeto quan-
aberta e empática. O projeto foi construído to à apropriação dos conteúdos, à execução das
de maneira coletiva com a comunidade, e atividades propostas e à divulgação do produto?
cada pessoa participou de alguma forma des- • O produto final foi bem desenvolvido? Fun-
se processo. ciona corretamente e apresenta boa expres-
são estética?
n Para o evento de apresentação, uma comunica-
ção eficiente também é importante. Ela precisa n Também é interessante que você faça uma au-
ser clara e acessível a todos. Por isso, é válido toavaliação para refletir criticamente sobre seu
avisar com antecedência a comunidade por trabalho como professor e, assim, identificar os
meio de cartazes no portão, bilhetes ou lembre- acertos e as possibilidades de melhoria. Como
tes no blog ou no site da escola. Promover ou- você avalia o seu envolvimento no projeto? Re-
tras atividades que possam acontecer no mes- flita sobre sua colaboração intelectual, prática e
mo dia da apresentação também favorece a afetiva com os estudantes. Em relação às estra-
participação da comunidade, como ações cul- tégias pedagógicas, avalie se os objetivos pro-
turais e sustentáveis atreladas aos conteúdos postos no Projeto Integrador foram atingidos.
trabalhados no Projeto Integrador. Descreva com palavras-chave suas impressões.

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PROJETO 2
P R O TA G O N I S M O J U V E N I L

Como desenvolver e implementar uma ação cultural


para enfrentar um desafio da comunidade?
Produto: Ação cultural na comunidade

Os problemas que envolvem uma comunidade garantiu direitos à sociedade brasileira no campo
dizem respeito a todos que fazem parte dela, e é das políticas públicas, incluindo a participação
importante que cada integrante dessa comunida- dos cidadãos na elaboração dessas políticas e no
de se sinta responsável por resolvê-los. controle de sua execução em âmbito local.
Estabelecendo um diálogo com essas ques- Assim, a nova Constituição ampliou os instru-
tões, este Projeto Integrador mobiliza formas mentos de participação política, com possibilida-
conscientes de construir uma ação para intervir des concretas de inclusão social nos espaços
em problemas e desafios presentes na comuni- institucionais de gestão das políticas públicas.
dade onde os estudantes vivem. A proposta Nesse contexto, setores ligados à educação pas-
é que os estudantes possam distinguir, depurar saram a discutir como a escola poderia colaborar
e compreender esses desafios e, assim, enfren- com a formação de jovens engajados na vida pú-
tá-los. Dessa forma, este Projeto Integrador bus- blica. Um dos pioneiros nessa discussão foi o
ca incentivar os jovens a serem protagonistas e educador Antonio Carlos Gomes da Costa, que
a descobrirem formas de agir para melhorar sua define, no texto a seguir, o significado da expres-
comunidade. são protagonismo juvenil:
É importante que os estudantes compreen-
dam, desde cedo, que seus projetos de vida têm, Ao nos perguntarmos acerca do tipo de jovem que
necessariamente, impacto na comunidade onde queremos formar, concluímos que é aquele autônomo,
vivem. Por isso, é fundamental que eles cons- solidário, competente e participativo. Refletindo sobre
truam seus projetos de forma consciente, esta- essa questão, surgiu-nos a ideia de protagonismo
belecendo relações com a melhoria da qualidade juvenil, conceito que veio preencher uma lacuna
de vida de outras pessoas. teórico-prática nesse campo.
Este Projeto Integrador pode ser liderado por […]
O centro da proposta é que, através da participação
qualquer professor da área de Ciências Humanas
ativa, construtiva e solidária, o adolescente possa
e Sociais Aplicadas que tenha interesse em
envolver-se na solução de problemas reais na escola,
conduzir o planejamento e a execução de uma na comunidade e na sociedade.
ação cultural, pois os temas desenvolvidos são de […]
domínio de todas as disciplinas da área. O profes- No interior dessa concepção, o educando emerge
sor atuará como mediador nesse processo de como fonte de iniciativa (na medida em que é dele
aprendizagem, sendo responsável por oferecer que parte a ação), de liberdade (uma vez que na raiz
mentoria e apoio aos estudantes. Além disso, o de suas ações está uma decisão consciente) e de
educador deve estar atento aos interesses e às compromisso (manifesto na sua disposição em
responder por seus atos).
dificuldades dos jovens, e, sempre que possível,
Assim, quando o adolescente, individualmente
deve buscar trabalhar com colegas de outras
ou em grupo, se envolve na solução de problemas
áreas do conhecimento. reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade
e compromisso, temos diante de nós um quadro de
Abordagem teórico-metodológica participação genuína no contexto escolar ou socio-
comunitário, o qual pode ser chamado de protago-
A Constituição de 1988 refletiu algumas das nista juvenil.
conquistas dos movimentos sociais e, assim,

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tomar decisões e a levantar soluções para os pro-
[…]
Educar para a participação é criar espaços para blemas de forma responsável e ética, com vistas
que o educando possa empreender, ele próprio, a a colaborar para a construção de uma sociedade
construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas mais democrática, justa e inclusiva.
e vivências são o melhor caminho, já que a docência
dificilmente dará conta das múltiplas dimensões Objetivos e justificativas
envolvidas no ato de participar.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de n Por meio da exposição e da análise de exem-
Saúde. Protagonismo juvenil: caderno de atividades.
Brasília: Ministério da Saúde, 2001. p. 78-79. plos de ações de protagonismo juvenil, inspirar
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ os estudantes a se colocarem no papel de
publicacoes/cd06_13.pdf. Acesso em: 10 jan. 2020.
protagonistas.
» Ao conhecer ações de protagonismo juvenil,
Ao pensarmos sobre o protagonismo juvenil, os estudantes podem se identificar com os
compreendemos que tanto os elementos da vida jovens que exercem protagonismo e, assim,
pessoal do estudante quanto aqueles relativos aos também se sentir capazes e desejosos de
problemas mais amplos que envolvem a sociedade implantar ações eles mesmos.
auxiliam-nos a refletir sobre os modos de intervir n Orientar os estudantes a identificar os desafios
na comunidade em que vivemos, propondo solu- e os problemas da comunidade em que vivem,
ções aos desafios que se impõem no cotidiano. incluindo a escolar, por meio de um olhar em-
Assim, buscamos contribuir para a construção de pático e respeitoso.
práticas e ações que situem os jovens como cida- » Ao buscar a identificação dos desafios e dos
dãos conscientes de sua dimensão social. Dessa problemas da comunidade, é importante que
forma, eles passam a exercitar a capacidade de os estudantes tenham como base da inves-
entender e analisar as dinâmicas sociais, que in- tigação a empatia e o respeito, pois, dessa
fluenciam os mais variados aspectos da vida das forma, podem se relacionar com esses desa-
pessoas em diferentes contextos. fios democraticamente, com compromisso e
As Ciências Humanas e Sociais, com seu arca- seriedade.
bouço teórico e suas metodologias de pesquisa,
podem colaborar para o estudante conhecer, es- n Conduzir a elaboração de um plano de ação
tudar e compreender os elementos geradores dos para a implementação de uma ação cultural na
problemas sociais, econômicos e políticos de sua comunidade.
realidade e assim ter repertório para enfrentá-los. » A formulação de um plano de ação é funda-
Ao conhecer esses mecanismos, o jovem passa a mental para que os estudantes desenvolvam
exercer a curiosidade e a criatividade para pesqui- a capacidade de sistematizar as informações
sar e formular hipóteses que podem contribuir de maneira clara e responsável e a de elaborar
para a elaboração de soluções que resolvam ou um planejamento para executar um projeto.
mitiguem os problemas da comunidade. n Incentivar a colaboração entre os estudantes
Um jovem protagonista é aquele que é autocon- para a resolução dos problemas da comunidade.
fiante para expressar suas opiniões com responsa-
» Ao longo do projeto, os estudantes vão dis-
bilidade, colabora para a construção de regras de
cutir e propor questões em conjunto para o
convivência e conciliação de interesses e é capaz de
enfrentamento dos desafios da comunidade.
implementar ações de transformação da realidade.
É fundamental, para que suas ações se efe-
Desse modo, este projeto propõe uma ação de tivem, que eles valorizem o trabalho em equi-
protagonismo juvenil em que os jovens vão inves- pe e que busquem soluções criativas.
tigar problemas da comunidade onde vivem para
elaborar uma ação cultural que dialogue com esse n Incentivar os estudantes a promover o diálogo
contexto. Deixar que os estudantes escolham o para a solução de eventuais conflitos em situa-
problema a ser enfrentado e o tipo de ação cultu- ções de divergência de opinião.
ral a ser implementada é uma forma de estimulá- » Ao buscar soluções para os conflitos que sur-
-los e incentivá-los a intervir em sua realidade. gem no cotidiano, os estudantes desenvolvem
O projeto contribui para a construção do pro- habilidades emocionais fundamentais para o
jeto de vida do estudante, já que o estimula a bom convívio e a vida em sociedade.

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n Incentivar a autonomia dos estudantes, orien- » É fundamental que os estudantes compreen-
tando-os em seu projeto de vida e em sua ca- dam o potencial de suas escolhas e experiên-
pacidade de atuação na comunidade. cias para a transformação da sociedade.

Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador

Competências gerais da Educação Básica


3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
Habilidades em destaque
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos,
gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
Habilidades em destaque
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e
problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os
Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais,
históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de
indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Habilidades em destaque
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e
fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades
contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes
espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e cada indivíduo.
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de
documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos
e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.

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Relação do projeto com as culturais. Destacam-se a habilidade EM13CHS103,
competências e habilidades especialmente trabalhada por meio da sistemati-
zação de dados e informações, e a habilidade
Como dissemos anteriormente, compreende- EM13CHS106, contemplada na medida em que
mos que o exercício do protagonismo juvenil é os estudantes são desafiados a fazer escolhas e
fundamental para o desenvolvimento pessoal dos a se colocar no papel de autores para comunicar
estudantes, com vistas a colaborar com a cons- as ações protagonizadas por eles.
trução de uma sociedade mais justa e democráti- A competência específica de Ciências Huma-
ca. Por esse motivo, formulamos este projeto com nas e Sociais Aplicadas 5 será trabalhada espe-
objetivos que levem os estudantes a conhecer cialmente na construção de um projeto coletivo
ações de protagonismo juvenil e a implementar de ação cultural baseado na justiça social, na so-
uma ação cultural para enfrentar um desafio da lidariedade e na sustentabilidade. Ao identificar
comunidade onde vivem. Esses objetivos estão os problemas da comunidade e propor soluções
diretamente articulados às orientações da Base para eles, os estudantes contribuem para uma
Nacional Comum Curricular (BNCC) e contemplam sociedade mais justa e democrática. As habilida-
tanto competências gerais da Educação Básica des EM13CHS502 e EM13CHS504 serão traba-
como competências específicas da área de Ciên- lhadas especialmente por meio dos processos de
cias Humanas e Sociais Aplicadas. escolha dos estudantes e dos desafios envolvidos
A competência geral 3 é desenvolvida no pro- na elaboração de uma ação cultural cuja imple-
jeto, por exemplo, na medida em que os estudan- mentação seja viável, transformadora e respeite
tes são desafiados a reconhecer a diversidade cul- os direitos humanos.
tural da comunidade e, ao propor uma ação A competência específica de Ciências Huma-
cultural, participar de práticas de produção artís- nas e Sociais Aplicadas 6 será trabalhada no
tico-cultural. contexto de reflexão do estudante sobre o seu
Como, ao longo de todo o projeto, os estudan- papel social e suas escolhas pessoais, processo
tes são incentivados a desenvolver sua autono- no qual serão valorizadas as suas experiências,
mia e a realizar escolhas de forma responsável e sua autonomia e sua capacidade para realizar o
crítica, além de valorizar a diversidade de saberes um projeto de vida pautado na transformação de
e experiências, promove-se o desenvolvimento sua comunidade. As habilidades EM13CHS605
da competência geral 6. e EM13CHS606 serão trabalhadas especialmen-
Ao longo do projeto, os estudantes fazem in- te por meio da reflexão crítica sobre os proble-
vestigações sobre sua realidade, obtendo infor- mas da comunidade e o desenvolvimento do pla-
mações e vivenciando experiências que os auxi- no de ação para responder a esses desafios.
liarão a tomar decisões, expor suas ideias e
discutir seus posicionamentos. Nessas situações,
A estrutura do projeto
eles vão exercitar a argumentação e, assim, de-
senvolver a competência geral 7, ao defender PERCURSO 1 Como identificar os
suas ideias de modo ético e democrático.
desafios da minha comunidade?
Finalmente, a competência geral 8 é promovida
porque, ao trabalhar em equipe, os estudantes têm Neste percurso, os estudantes analisam exem-
a oportunidade de reconhecer suas emoções e as plos de protagonismo juvenil e identificam desa-
emoções dos outros, aprendendo a lidar com elas. fios enfrentados por sua comunidade. Em seguida,
Além disso, ao buscar soluções para os problemas selecionam um desses desafios para pesquisar e
da comunidade, também estão cuidando de si conhecer em profundidade. Visando a esse obje-
mesmos, do meio onde vivem e se relacionando tivo, eles utilizam metodologias de pesquisa como
com outras pessoas. seleção de fontes, realização de entrevistas e or-
Com relação ao desenvolvimento das compe- ganização das informações. Com base nesses da-
tências específicas, a competência específica de dos, realizam discussões para, coletivamente, le-
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 1 é con- vantar hipóteses sobre as causas e as possíveis
templada na identificação dos desafios da comu- soluções para o desafio selecionado. O produto
nidade, o que envolve a análise de seus aspectos esperado neste percurso é um relatório com os
políticos, econômicos, sociais, ambientais e resultados da pesquisa.

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Como elaborar uma
PERCURSO 2 Etapas do Número
ação para enfrentar os desafios Atividades
projeto de aulas
da comunidade? Análise de imagem e
Abertura e realização das atividades.
Neste percurso, os estudantes planejam uma Apresentação
1
Leitura e discussão da
ação cultural com o objetivo de engajar os cole- apresentação.
gas da escola no enfrentamento do desafio sele-
Leitura e discussão do
cionado no Percurso 1. Para isso, elaboram um texto e realização das 1
plano de ação e divulgação. Eles também deverão atividades.
escolher canais de comunicação para divulgar o Dinâmica: rotação por
1
projeto. O produto deste percurso é um mapa estações.
Percurso 1
mental com todos os elementos do plano de ação Planejamento da pesquisa
1
e de divulgação. de campo.

Análise e organização das


PRODUTO FINAL Ação cultural na informações obtidas na 1
pesquisa.
comunidade
Leitura e discussão do
Nesta etapa, os estudantes realizam uma ação texto e realização das 1
atividades.
cultural na comunidade, mobilizando para isso co-
nhecimentos e experiências adquiridos ao longo Percurso 2
Planejamento da ação
cultural e do plano de 1
dos dois percursos anteriores. Os estudantes de- divulgação.
vem se organizar em grupos, cada qual com res-
Elaboração de mapa
ponsabilidades determinadas. No entanto, o obje- mental.
1
tivo é que busquem as soluções em conjunto.
Criação de canal de
1
divulgação de ação cultural.
Materiais Elaboração do portfólio. 1
Produto final
Para as pesquisas e as discussões, são indica- Planejamento da
apresentação dos
dos computadores, laptops ou tablets com aces- 1
resultados do projeto para
so à internet, gravadores e/ou celulares, câmera, a comunidade.
cadernos de campo, papel, bloquinhos de papel
Roda de conversa,
autocolante, lápis e canetas hidrográficas. Caso a apresentação dos
escola não disponha de parte desses recursos, é Avaliação resultados da pesquisa 1
feita com a comunidade e
possível realizar as pesquisas em fontes impres-
autoavaliação.
sas, como livros, jornais e revistas.

Orientações didáticas
Cronograma
Abertura
Para o desenvolvimento deste Projeto Integra-
dor, você vai precisar de 12 encontros, ao longo Páginas 32 e 33
de um trimestre. A pesquisa de campo, a imple- n Para o trabalho inicial com o projeto, sugerimos
mentação da ação cultural e a apresentação do que a sala seja organizada em círculo, permitin-
portfólio à comunidade serão desenvolvidas fora do que todos possam ficar frente a frente. Inicie
do horário das aulas, e por isso não estão conta- a conversa com os estudantes explicando que
bilizadas. Sua realização, contudo, deve ser pla- eles vão participar de um projeto integrador
nejada para ocorrer em intervalos entre algumas com duração de um trimestre, cujo objetivo é
das aulas. Se julgar pertinente, também devem desafiá-los a assumir o papel de protagonistas.
ser previstos diálogos e atividades com profes- No desenvolvimento do projeto, os estudantes
sores de outras áreas. Todos os professores en- vão conhecer várias experiências de jovens pro-
volvidos no projeto devem participar do planeja- tagonistas que estão fazendo a diferença em
mento do cronograma. suas comunidades.

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n Leia o texto com os estudantes e peça a eles modificar algum aspecto da realidade local. Nes-
que observem a fotografia, relacionando o se momento, verifique o que os estudantes en-
tema do projeto com o que estão fazendo os tendem por ação cultural.
jovens da imagem. n Antecipe aos estudantes que eles deverão es-
n Pergunte aos estudantes se eles conhecem o colher com bastante cuidado a ação cultural
termo protagonista. Caso eles conheçam, peça que será feita ao final do projeto. Quando che-
que falem em que contexto eles entraram em gar o momento de planejá-la, eles terão de
contato com essa palavra. A seguir, proponha detalhar a forma como cada uma das etapas
algumas questões norteadoras: “O que é prota- deve ser executada, quais são os agentes res-
gonismo? Por que ser protagonista é positivo? ponsáveis por executá-las e quais são os ob-
Por que devemos nos tornar protagonistas?”. jetivos que se pretende alcançar a partir delas.
n Ao final, os estudantes poderão voltar ao exem-
plo da fotografia e perceber que os jovens em PERCURSO 1 Como identificar os
questão estão exercitando o protagonismo ao desafios da minha comunidade?
contribuir para a melhoria da sociedade.
Página 36
Respostas às atividades n Explique aos estudantes que, neste percurso,
eles terão como objetivo principal descobrir os
1. Espera-se que os estudantes reconheçam que
problemas que afetam sua comunidade, e para
a iniciativa possibilitou aos jovens participar da
isso vão coletar dados e analisá-los, identifican-
vida pública e pressionar as autoridades por
do e selecionando um problema cuja resolução
soluções que impactam não apenas o futuro
será o foco da ação cultural.
deles, mas o da sociedade como um todo.
n Explore a imagem antes da leitura do texto, in-
2. Os jovens da foto se organizam para cobrar centivando os estudantes a compartilhar suas
soluções para minimizar o problema das percepções a respeito dela. Peça a eles que
mudanças climáticas. Essa iniciativa pode
tentem identificar o que as pessoas da imagem
impactar na mitigação de questões sociais e
estão fazendo e como estão interagindo. A se-
ambientais decorrentes desse problema, tanto
guir, solicite aos estudantes que leiam a legen-
local como globalmente. Incentive os estu-
da e o texto que contextualiza a imagem.
dantes a analisar e a debater as possíveis
causas e consequências das manifestações n Promova um debate sobre a importância de
promovidas por esses jovens. O objetivo é que realizar um evento como esse em regiões peri-
os estudantes se familiarizem com o tema da féricas. É necessário que os estudantes perce-
mudança climática e formulem argumentos bam que o impacto causado vai muito além dos
acerca do papel do protagonismo juvenil nesse objetivos mais imediatos. Levar à periferia um
e em outros debates. Destaque as potenciali- evento de cultura geek não significa só atender
dades da mobilização social para a resolução uma demanda dos interessados por essa cul-
de problemas e a construção de melhorias tura na região, mas movimentar a comunidade,
para a sociedade. aumentar sua autoestima e oferecer novas op-
ções de lazer, entre outros efeitos positivos.
3. Resposta pessoal. Levante os conhecimentos
prévios dos estudantes, destacando a relação Respostas às atividades
do protagonismo juvenil com os problemas
mais amplos da sociedade. Peça a eles que 1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a rela-
registrem no caderno as ações que já reali- tarem suas experiências, expressando suas iden-
zaram na escola ou na comunidade. tidades. Proponha uma reflexão sobre a impor-
tância de eventos como esse para os jovens.

Apresentação 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes


identifiquem, entre outros motivos, a ausência
Páginas 34 e 35
de eventos de grande porte nas periferias, as
n Apresente o projeto aos estudantes e explique dificuldades decorrentes de acessá-los em
que eles vão desenvolver uma ação cultural para regiões centrais, além do alto valor dos ingressos.

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Ressalte que os jovens buscaram uma solução rock, o grafite, os zines, entre outras expressões
para um desafio da comunidade e o implemen- artísticas. A seguir, sugerimos alguns artigos e
taram, e por isso podem ser considerados pro- sites que se relacionam com esse tema.
tagonistas. Além de possibilitar o acesso das • CavalCante, Marina. (Fan)Zines: um jeito de se
pessoas de uma comunidade periférica a um comunicar. Revista Pólen. Edição digital
evento cultural, o acontecimento também possui disponível em: https://revistapolen.com/zine.
o potencial de valorizar artistas locais. Acesso em: 16 jan. 2020.
3. Resposta pessoal. Esta questão tem como foco • DanDara, Junior. Hip-hop sua origem: a história
a competência argumentativa. É desejável que da cultura. Disponível em: https://www.
cada estudante expresse sua opinião e a funda- zonasuburbana.com.br/hip-hop-sua-origem-
mente, bem como escute com atenção as opi- a-historia-da-cultura/. Acesso em: 16 jan. 2020.
niões e os argumentos dos outros. Conduza esta
• Site do Programa Juventude transformando
atividade fazendo perguntas aos estudantes que
com arte. Disponível em: http://www.
os ajudem a perceber a necessidade de funda-
juventudearte.org.br/. Acesso em: 16 jan. 2020.
mentar suas opiniões em dados confiáveis, por
exemplo: Com base em que informação você • Site da Rede NAMI – rede que usa o grafite
tirou essa conclusão? Em que dados você se para proteger os direitos das mulheres.
baseia para fazer essa afirmação?, etc. Disponível em: https://www.redenami.com/
afrografiteiras. Acesso em: 16 jan. 2020.
Página 37
Respostas às atividades
n Pergunte se os estudantes já conheciam o
Perifacon, ou eventos semelhantes, e solicite 1. Conversando sobre as dificuldades que as pes-
a eles que relatem suas experiências de parti- soas que vivem na periferia enfrentam para
cipação em eventos desse tipo. Você pode participar de eventos de cultura geek.
obter mais informações sobre a Perifacon no 2. É importante que o acesso a eventos culturais
site disponível em: https://perifacon.com/. seja democratizado, tendo em vista que os apa-
Acesso em: 16 jan. 2020. relhos culturais geralmente ficam concen-
n Organize um debate com a turma. Questione se trados nas regiões centrais. Oriente os estu-
os estudantes têm acesso a eventos e instituições dantes a selecionar dados e argumentos utili-
culturais que tratam de temas pelos quais eles se zados no texto da página para sustentar o ponto
interessam e se eles observam possibilidades de de vista deles, incentivando-os a desenvolver
melhoria dos aparelhos culturais na comunidade a habilidade argumentativa. Com base no texto,
onde vivem ou no entorno da escola. é possível fazer inferências sobre por que os
n Peça-lhes que investiguem de que maneiras a jovens da periferia não têm acesso a eventos
comunidade poderia se organizar para solucio- da cultura nerd. Esses motivos podem ser uti-
nar essa questão. Incentive os estudantes a lizados pelos estudantes para construir argu-
perceber o papel deles, enquanto jovens, e de mentos sobre por que é importante democra-
que forma poderiam desempenhar essa inicia- tizar o acesso a esses eventos. Se for conve-
tiva. Espera-se que eles percebam a importância niente, pode-se ampliar o trabalho com a habi-
lidade argumentativa propondo que a turma
de sua atuação e de suas decisões e escolhas
chegue a uma resposta coletiva. Para isso, os
para que haja mudanças na sociedade.
estudantes deverão, primeiramente, ler suas
n Chame a atenção dos estudantes para o fato
respostas em voz alta, enquanto um voluntário
de que, ao contribuir para a construção de um as anota sinteticamente na lousa. Depois, todos
evento ou espaço cultural, os jovens também devem escolher as opiniões e os argumentos
se beneficiam individualmente, já que passam que a maioria considerar mais representativos
a ter acesso a esse recurso. para compor uma resposta coletiva. Essa dinâ-
n Amplie a discussão sobre cultura juvenil conver- mica é interessante porque, além de argu-
sando com os estudantes sobre outras modali- mentar em suas respostas, os estudantes pre-
dades de expressão, observando que elas va- cisam argumentar com os colegas para que sua
riam bastante de uma localidade para outra no opinião seja compreendida e incorporada à
Brasil. Pode-se usar como exemplo o hip-hop, o resposta coletiva.

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3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a primir os textos. Propomos que cada grupo per-
refletir sobre a relação entre as tomadas de maneça por 15 minutos em cada estação.
decisão e o exercício da autonomia. Promova
também uma reflexão sobre a necessidade de
n Sugerimos, a seguir, atividades para cada esta-
tomar decisões com responsabilidade e ção. Você pode utilizá-las ou buscar na internet
empatia, considerando todos os aspectos outros exemplos de protagonismo juvenil que
envolvidos na escolha. Permita que os estu- julgue interessantes para os estudantes. É im-
dantes se expressem livremente e de maneira portante dimensionar o tamanho dos textos ou
voluntária. Se julgar pertinente, dê aos estu- a duração dos vídeos para que o contato com
dantes diferentes opções para se expres- esses materiais e a discussão com os colegas
sarem: por meio de textos, debates, desenhos aconteçam em 15 minutos.
ou como se sentirem mais confortáveis.
4. Respostas pessoais. Espera-se que os estu- Estação Atividade
dantes reconheçam o potencial de melhorias Ler a reportagem: Dia da Juventude: a voz de
na comunidade para sua vida pessoal e que jovens que transformam suas realidades.
se reconheçam como parte da comunidade Disponível em: https://criativosdaescola.com.
1
br/a-voz-de-jovens-que-estao-
e como cidadãos. Destaque que todos pos- transformando-suas-realidades/.
suem potencial para transformar a realidade, Acesso em: 16 jan. 2020.
chamando a atenção para a importância de Assistir aos dois vídeos a seguir: a. Letícia
se reconhecer e valorizar as qualidades de Vargas: jovem protagonista vencedora do
RBS de Educação. Disponível em: https://
cada um. Nesse sentido, também é interes-
www.youtube.com/watch?v=_x8CSJyGV2U.
sante ressaltar a necessidade de desenvolvi- 2 Acesso em: 14 jan. 2020; b. Adolescente cria
mento de empatia e de proatividade, que aplicativo de uso terapêutico para pacientes
colaboram para tornar possível a construção com Alzheimer. Disponível em: https://
globoplay.globo.com/v/7970673/.
de uma sociedade mais democrática e justa. Acesso em: 16 jan. 2020.
Incentive-os a relatar como entendem a sua Assistir à reportagem: Grupo de jovens
participação enquanto jovens para a melhoria transformadores se reencontra após 10 anos.
ou a solução de problemas maiores que Disponível em: http://g1.globo.com/pr/parana/
3
bom-dia-pr/videos/v/grupo-de-jovens-
afetam a comunidade. transformadores-se-reencontra-apos-dez-
anos/4533397/. Acesso em: 16 jan. 2020.

Outras fontes Ler as duas reportagens a seguir: a. Conheça o


projeto que prepara jovens da periferia para o
Projeto Diz aí mercado de trabalho. Disponível em: https://
O projeto Diz aí foi fruto da articulação entre o Canal xalingo.com.br/conexao/2019/08/28/
conheca-o-projeto-que-prepara-jovens-da-
Futura, universidades, instituições e coletivos de juven-
periferia-para-o-mercado-de-trabalho/.
tude para a realização de ações que contribuíssem para 4 Acesso em: 14 jan. 2020; b. Estudante do Pará
o desenvolvimento humano e social de jovens, usando vence etapa Brasil da EO e planeja criar “Água
o audiovisual como ferramenta de transformação social. para Todos”. Disponível em: https://www1.folha.
Os jovens participaram de atividades de formação em uol.com.br/empreendedorsocial/2019/11/
estudante-do-para-vence-etapa-brasil-da-eo-
comunicação e cidadania e, ao final, produziram vídeos
e-planeja-criar-agua-para-todos.shtml.
mostrando experiências de mobilização local para o de- Acesso em: 16 jan. 2020.
bate de questões referentes à juventude, à cidadania e Assistir à reportagem “Jovens entre 15 e 17
ao desenvolvimento local. Todos os episódios produzi- anos desenvolvem projetos inovadores na
dos pelos jovens estão no site disponível em: http://www. 5 SNCT” até 3 min 50 s. Disponível em: https://
futura.org.br/projetos/diz-ai/. Acesso em: 16 jan. 2020. www.youtube.com/watch?v=pygOhztYoXc.
Acesso em: 16 jan. 2020.
Assistir aos dois vídeos a seguir: a. Grêmio
Página 38 Atitude Jovem fomenta ação social com
pessoas da melhor idade. Disponível em:
n Para a atividade proposta neste tópico, a sala https://www.youtube.com/watch?v=
deve ser organizada em estações, cada uma 6 x2i0sAR86U8. Acesso em: 25 nov. 2019;
b. “Ação social “Educar para preservar”.
com um material determinado. É necessário Disponível em: https://www.youtube.com/
providenciar computadores e fones de ouvido watch?v=EiZJcScTSZw.
para assistir aos vídeos e impressoras para im- Acesso em: 16 jan. 2020.

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n A metodologia de rotação por estações permi- transformação social, pois mobilizam pessoas
te que os estudantes tenham contato com tex- que não necessariamente conviveriam, mas que,
tos, discussões, jogos ou audiovisuais que nar- ao vivenciarem em conjunto uma experiência de
ram diferentes experiências. O objetivo desta fruição e reflexão, encontram pontos de identi-
atividade é que eles possam produzir conheci- dade e necessidades comuns. Há estudiosos, in-
mento com base no que leram ou viram; pri- clusive, que defendem que as ações culturais só
meiro discutindo com os companheiros que podem ser chamadas assim se tiverem esse pro-
estiveram na mesma estação e depois coleti- jeto de transformação social:
vamente, uma vez que todos os grupos passa-
rão por todas as estações. Existe hoje, de fato, uma razoável concentração
n Leia o boxe Saiba mais coletivamente, para de opiniões ao redor do entendimento da ação cultu-
que os conceitos apresentados fiquem claros. ral como instrumento de criação de um projeto
social. Para os adeptos da linha de Durkheim, a ação
A relação entre cidadania e protagonismo ju-
cultural (embora não seja esta a terminologia por
venil é bastante estreita e deve ser ressaltada.
eles empregada) só tem sentido quando considerada
como um conjunto de atividades que afeta todas as
Resposta à atividade ordens, a cultural tanto quanto a social, a política e
a econômica. É o que se chama de ação cultural
1. Resposta pessoal. Permita que os estudantes
global ou concertada.
se expressem livremente, respeitando a opinião […]
dos colegas. Caso julgue pertinente, peça a eles De um modo ou de outro, é pacífico que a ação
que produzam, além do texto solicitado, um cultural ou é uma operação sociocultural ou não existe.
debate aberto e coletivo dentro da sala de aula. Coelho, Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo:
Ressalte que a educação é fundamental para Brasiliense, 2001 (Coleção primeiros passos). p. 41-42.
que os cidadãos conheçam seus direitos e
deveres e se posicionem criticamente em
relação a questões que ameacem o exercício
n A técnica do brainstorming – ou, em português,
pleno de sua cidadania. “tempestade de ideias” – é indicada para que
os estudantes possam selecionar os principais
problemas da comunidade. Oriente-os a deixar
Outras fontes que todos expressem suas opiniões, controlan-
Frutos do Brasil: histórias de mobilização juvenil. do o tempo empregado na atividade para que
Direção: Neide Duarte. Brasil, 2013 (53 min). não percam o foco. É importante garantir que,
Esse documentário é fruto de um projeto do Instituto após a seleção dos problemas, eles reflitam so-
Aracati e apresenta oito experiências de intervenção de bre intervenções possíveis para enfrentá-los,
jovens brasileiros em suas comunidades. decidindo por consenso qual delas vão adotar
para o desenvolvimento do projeto.
Zitkoski, Jaime José; Hammes, Lúcio Jorge. Juventude,
educação e cidadania: os desafios da participação so- n Uma sugestão alternativa de dinâmica para
cial e política. Revista Debates, Porto Alegre, v. 8, n. 2, esta atividade é solicitar aos estudantes que
p. 119-139, maio-ago. 2014. Disponível em: https:// escrevam os problemas que consideram mais
seer.ufrgs.br/debates/article/view/46470/31160. relevantes em tiras de papel, que devem ser
Acesso em: 16 jan. 2020. afixadas na lousa. Coletivamente, então, devem
Nesse artigo, debate-se a prática da cidadania na juven- agrupar os problemas e os desafios por assun-
tude e analisam-se diferentes eventos políticos prota- to. Por exemplo, lixo, falta de coleta de lixo, des-
gonizados por jovens no Brasil e no mundo. pejo irregular de substâncias tóxicas pelas
empresas do entorno, despejo de resíduos só-
lidos nos rios pela população, entre outros, se-
Página 39
riam temas próximos que pertenceriam a uma
Se julgar conveniente, aprofunde com os estu- só categoria.
dantes o entendimento sobre a relação entre
Página 40
ação cultural e intervenção social. É importante
que eles compreendam que as ações culturais n Para o trabalho de campo, oriente os estudan-
têm grande potencial de conscientização e tes a planejarem antecipadamente as questões

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das entrevistas e, se possível, marcarem um mas de edição de planilha. Os professores de
horário e local silencioso para essas entrevistas. Matemática ou de Ciências da Natureza podem
Os artigos a seguir apresentam técnicas para a ser convidados para ajudá-lo nessa tarefa.
realização de entrevistas, além de estratégias
para reunir os resultados para análise. PERCURSO 2Como elaborar uma ação
• Boni, Valdete; Quaresma, Sílvia Jurema. Apren- para enfrentar os desafios da
dendo a entrevistar: como fazer entrevistas em comunidade?
Ciências Sociais. Revista Em Tese, v. 2, n. 1, p. 68-
80, 2005. Disponível em: https://periodicos. Página 41
ufsc.br/index.php/emtese/article/view
n O objetivo principal deste percurso é eleger a
File/18027/16976. Acesso em: 16 jan. 2020.
ação a ser realizada na comunidade e plane-
• Duarte, Rosália. Entrevistas em pesquisas qua- já-la. Para que a iniciativa conte com o envol-
litativas. Educar em revista, n. 24, p. 213-225, vimento da comunidade, é necessário desen-
2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ volver um plano de ação e uma estratégia
er/n24/n24a11.pdf/. Acesso em: 16 jan. 2020. conjunta de mobilização.
n Incentive os estudantes a escolherem estra- n Analise em conjunto com a turma a imagem de
tegicamente o suporte no qual farão os regis- abertura antes da leitura do texto. Pergunte se
tros de suas coletas, discutindo com eles qual conhecem a personagem da foto e, indepen-
será mais adequado. Oriente-os, também, a dentemente de a conhecerem ou não, solicite
sistematizar as informações levantadas para que levantem hipóteses sobre a imagem, ques-
consultá-las com facilidade, não esquecendo, tionando, por exemplo: “Em que lugar a jovem
por exemplo, de anotar o nome das pessoas está? O que ela está fazendo? Por que ela está
entrevistadas e as fontes de pesquisa e de nesse lugar? Que idade ela parece ter?”. Depois,
identificar as fotos e vídeos obtidos. Além dis- esclareça que essa foto foi tirada enquanto Gre-
so, esclareça que os estudantes terão a res- ta Thunberg, então com 16 anos, discursava
ponsabilidade de se organizarem para realizar para o Parlamento Europeu, em uma sessão
as tarefas elencadas, utilizando cronogramas especial dedicada às alterações climáticas.
e checklists.
n Ao analisar as respostas dos questionários, é Respostas às atividades
possível que os estudantes tenham dificuldade 1. Resposta pessoal. Permita que os estudantes
em transformar respostas abertas em catego- se expressem livremente e peça que reflitam
rias temáticas. Auxilie-os a adotar uma metodo- se consideram que poderiam ou gostariam de
logia de análise que se adeque à quantidade e à fazer o que ela fez. Pergunte também se têm
natureza dos dados coletados, de modo que mais informações sobre Greta Thunberg e soli-
eles possam categorizá-los de maneira precisa cite a eles que compartilhem seus conheci-
e eficiente. mentos com os colegas.
n Para facilitar a elaboração dos gráficos e das 2. Resposta pessoal. Os estudantes poderão
tabelas sugeridos, apresente aos estudantes levantar diversos problemas da comunidade
possibilidades e modelos. Caso queira mais sub- local ou até de problemas mais globais. Ouça-os
sídios, recomendamos consultar o capítulo 1 da atentamente. Organize os grupos e solicite que,
publicação Estatística descritiva, de Ana Maria ao final da dinâmica, compartilhem suas con-
Lima de Farias, disponível em: http://www. clusões com o restante da turma.
professores.uff.br/anafarias/wp-content/
uploads/sites/32/2017/09/GET00170-EstDesc. 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
pdf. Acesso em: 16 jan. 2020. A sistematização reconheçam a importância de contribuir para a
de dados quantitativos possibilita trabalhar o comunidade e de agir em prol do bem comum.
pensamento computacional nos estudantes. Se
julgar conveniente, oriente-os a obter médias Página 42
artiméticas, porcentagens, somátorias, entre n Chame a atenção dos estudantes para o fato
outros dados, por meio de funções em progra- de que as ações de Greta Thunberg tiveram

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visibilidade mundial, mas teriam importância quisado, incluindo tentativas de solução para o
mesmo que não tivessem repercutido tanto. problema realizadas por outras pessoas, enti-
Essa consideração é fundamental para que dades, governos, etc.
eles entendam que cada ação e cada gesto n Se for conveniente, peça aos estudantes que
contam, e não se sintam com menos potencial
busquem, na internet, ações de jovens rela-
do que alguém que causou impactos na mes-
cionadas aos exemplos mencionados no Livro
ma dimensão que Thunberg.
do Estudante: mostra de arte, feira cultural,
n Proponha aos estudantes uma reflexão sobre a performance, etc. Desse modo, eles poderão
importância de respeitar, valorizar e buscar con- escolher a ação que vão implementar de modo
tribuir com soluções que visem ao bem-estar mais consciente.
dos idosos, como fez o adolescente brasileiro
n Em relação ao trabalho em grupo, é interessante
na reportagem reproduzida na página.
lembrar aos estudantes algumas recomenda-
ções que os ajudarão a desenvolver as compe-
Respostas às atividades
tências ligadas ao cuidado do outro, ao autocui-
1. No primeiro caso, Thunberg organizou pro- dado e à cooperação:
testos contra o aquecimento global, concreti- • Saiba ouvir os outros, tomando cuidado para
zado, para ela, na onda de calor e nos incêndios respeitar pontos de vista diferentes dos seus.
que afetavam seu país, a Suécia. No segundo,
• Saiba se colocar, não deixando de dizer o que
Oliveira desenvolveu um aplicativo terapêutico
pensa, mas emitindo suas opiniões de forma
para idosos com Alzheimer.
democrática e respeitosa.
2. O primeiro teve grande impacto na mídia e ins- • Ofereça-se para assumir tarefas, mas também
pirou jovens de todo o mundo a se mobilizarem estabeleça seus limites. Deve haver um equi-
contra o aquecimento global. O segundo tem líbrio de tarefas entre os integrantes do grupo.
ajudado, efetivamente, idosos com Alzheimer.
• Revele suas dúvidas ou inseguranças em re-
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a lação a algo que você estiver produzindo e
utilizarem a criatividade e buscarem hipó- peça ajuda quando for necessário. Trabalhar
teses acerca do planejamento e da execução em grupo é contar com as outras pessoas.
dos projetos. No caso de Oliveira, ele mesmo
• Dedique-se à tarefa que for destinada a vo-
descreve parte do processo que o levou a
cê e demonstre entusiasmo. Essa atitude
criar o aplicativo.
influencia positivamente as pessoas e cria
4. No primeiro caso, o aquecimento global. No um ambiente saudável para trabalhar com
segundo, a vontade de ajudar idosos com os colegas.
Alzheimer. Permita que os estudantes opinem
sobre o projeto com o qual mais se identificam, Página 44
respeitando a opinião dos colegas.
n Os estudantes deverão elaborar um plano
5. Resposta pessoal. Aproveite esta atividade para realizar a ação cultural. Oriente-os a de-
para incentivar os estudantes a se colocarem finir as estratégias de atuação, os responsá-
no grupo de forma respeitosa e empática e a veis por cada uma das funções e a elaborar
exercitarem sua habilidade de argumentação. uma lista de ações e tarefas a serem realiza-
Como alternativa a essa atividade, é possível das e seus respectivos prazos. É preciso pen-
solicitar aos estudantes que elaborem textos sar, por exemplo, se haverá necessidade de
argumentativos sobre o que foi discutido em instalação de equipamentos ou de permissão
sala de aula. de ocupação de locais públicos. Além disso, é
interessante que os estudantes pensem nos
Página 43 objetivos da ação. É importante que descre-
n É preciso ressaltar aos estudantes que a ação vam alguns objetivos bem gerais, que definam
de intervenção deve ser viável (em termos de com clareza o que se pretende alcançar com
recursos humanos, financeiros, tempo de dura- a ação e os elementos que guiam o compor-
ção, etc.) e relacionar-se com tudo o que foi pes- tamento dos envolvidos.

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n Solicite aos estudantes que se reúnam em um sentado no boxe Saiba mais. Tal habilidade
círculo para definir esses pontos. Eles também também será necessária para a elaboração do
devem apresentar um cronograma que deverá portfólio, que demandará a apresentação or-
ficar exposto em um local visível ou ser dispo- ganizada, clara e atraente da ação desenvol-
nibilizado de modo virtual. vida pelos estudantes.

Página 45
Outras fontes
n Neste tópico, os estudantes deverão criar uma Buzan, Tony. Dominando a técnica dos mapas mentais.
estratégia de divulgação para mobilizar a comu- São Paulo: Cultrix, 2019.
nidade. Levante os conhecimentos prévios de-
Esse livro, sobre técnicas de elaboração de mapas
les, perguntando o que eles entendem por mo- mentais, pode auxiliar no planejamento e na execução
bilização social e com quais estratégias de do projeto.
mobilização já tomaram contato.
n É necessário que os estudantes compreen-
dam que é preciso criar ações específicas de PRODUTO FINAL Ação cultural na
comunicação para subsidiar as ações relativas comunidade
ao engajamento social da população, que pro-
movam a boa interação entre os grupos e a Páginas 46 a 49
formação de relações solidárias para o cum- n Ao conduzir a criação do canal de divulgação,
primento dos objetivos do projeto. São exem- de modo que ele colabore para a efetivação da
plos: ações que esclareçam dúvidas e que ação cultural, é importante esclarecer aos es-
difundam conhecimento. Também é interes- tudantes a importância de utilizar diferentes
sante adotar ações que enfatizem a conexão meios de comunicação, pois cada um tem po-
com os diferentes públicos-alvo envolvidos na tencial para atingir determinado público. Pes-
ação cultural. quisar quais são os canais de comunicação que
n Os estudantes devem exercitar a criatividade a comunidade mais utiliza para obter informa-
e buscar coletivamente soluções que respon- ções locais é extremamente relevante nesse
dam aos desafios propostos. Após definirem o caso. Fazer um levantamento a respeito do uso
público-alvo e os recursos que serão utilizados, desses canais pode ser uma boa estratégia.
peça a eles que criem um slogan e um título n Para a implementação e o monitoramento da
para a ação. É interessante que a comunidade ação cultural, solicite aos estudantes que te-
também possa participar, dando sugestões. nham em mãos o plano de ação que elaboraram
n Oriente os estudantes a sistematizar todas as no percurso anterior, para fazerem um checklist
informações do plano de ação em um mapa de todas as atividades elencadas. Se necessário,
mental. Como se trata de representar por meio eles podem redefinir algumas estratégias ou os
de fluxogramas os passos para a resolução de responsáveis pelas ações.
uma problema, a atividade de criar o mapa men- n Certifique-se de que os estudantes entenderam
tal da ação e do plano de divulgação é uma for- o que é um portfólio e os formatos em que ele
ma de introduzir com os estudantes o trabalho pode ser construído: blog, página em rede social,
com pensamento computacional. apresentação digital, cartazes, livro, etc. Se pos-
n É fundamental que os responsáveis pelas ativi- sível, mostre a eles exemplos de portfólios.
dades estejam definidos e o cronograma este- n Apresente o passo a passo da construção do
ja organizado. Para esse planejamento, é inte- portfólio e peça aos estudantes que se organi-
ressante levar em consideração os diferentes zem segundo suas afinidades para construí-lo.
perfis de estudantes, valorizando interesses e Aqueles que conhecem melhor as ferramentas
afinidades na divisão de tarefas. de edição de imagens e vídeos podem, por exem-
n Caso os estudantes tenham dificuldade na plo, se dedicar ao making of ou ao tratamento
sistematização de informações, é possível tra- das imagens; os que têm mais afinidade com a
balhar com eles alguns exercícios prévios de escrita podem se dedicar à elaboração dos textos
elaboração de mapas mentais, como o apre- e à sua revisão; os que sabem lidar com editores

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digitais de planilhas podem se encarregar da ela- n Explique que a avaliação de 1 a 5 da tabela é
boração de tabelas e gráficos. É interessante que, importante para se obter respostas que possam
após a execução das tarefas, cada grupo apre- ser transformadas em dados quantitativos, pos-
sente o resultado aos demais para que todos síveis de serem mensurados. Ressalte que, ge-
possam dar sugestões de melhoria. ralmente, os questionários de pesquisas na área
n O objetivo da elaboração do portfólio é contri- de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas utili-
buir para a disseminação de informações sobre zam essa metodologia.
a ação cultural para pessoas que não participa- n Se houver oportunidade, organize um momento
ram dela e inspirar outros jovens a exercerem para que os estudantes comparem sua avalia-
o protagonismo. ção da ação com a avaliação que a comunidade
n Explique aos estudantes que, para a apresenta- fez dela, pois isso pode ajudá-los a perceber os
ção do portfólio à comunidade, é necessário pontos fracos e os pontos fortes da realização
organizar-se com bastante antecedência para da ação cultural.
preparar as atividades e divulgar o evento. Se n Na autoavaliação, estimule os estudantes a re-
possível, sugira aos estudantes que envolvam, fletir sobre as próprias experiências e aprendi-
também, outros professores, a direção da esco- zados de maneira crítica, mas também gentil e
la e os pais. Também seria interessante convidar acolhedora. É importante que eles verifiquem
jovens de outras escolas para conhecer o tra- possibilidades de melhorar, mas que não se
balho de protagonismo dos estudantes envol- julguem nem se cobrem demais. É interessante
vidos, servindo de exemplo e inspiração. que você, como professor, ressalte os aprendi-
zados e ganhos desse processo, contribuindo
Avaliação para a formação de jovens autoconfiantes.
n É fundamental que você faça uma avaliação dos
Páginas 50 e 51
estudantes, verificando se eles desenvolveram
n Chame a atenção dos estudantes para que se as competências e as habilidades esperadas e
expressem de maneira respeitosa, crítica, ética se eles se envolveram no projeto, no que se re-
e empática, sobretudo na roda de conversa. Você fere à apropriação dos conteúdos, à execução
deve atuar como mediador desse processo. das atividades propostas, à atuação no plano
n Como o nome sugere, a roda de conversa pres- de ação e divulgação e à implementação da
supõe a disposição das carteiras da sala em ação cultural.
círculo, a fim de favorecer o diálogo e permitir n Também é interessante que você, professor,
a cada estudante ver, ser visto e expressar suas faça uma autoavaliação para refletir critica-
ideias e ser respeitado, gerando um senso de mente sobre seu trabalho e, assim, identificar
pertencimento ao grupo. os acertos e as possibilidades de melhoria.
n Comente com os estudantes a importância do Como você avalia seu envolvimento no proje-
feedback da comunidade em relação ao proje- to? Reflita sobre sua colaboração intelectual,
to. As críticas e os elogios fazem parte do pro- prática e afetiva com os estudantes. Em rela-
cesso e podem indicar oportunidades de me- ção às estratégias pedagógicas, avalie se os
lhorias. Além disso, vale ressaltar que sua objetivos propostos no Projeto Integrador fo-
execução foi possível com envolvimento cole- ram atingidos. Descreva com palavras-chave
tivo, inclusive das pessoas da comunidade. suas impressões.

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PROJETO 3
MIDIAEDUCAÇÃO

Informação: Como você recebe, como você


compartilha, como você produz?
Produto: Portal de notícias
Todos os dias recebemos diversos tipos de in-
rede mundial de computadores, possibilitando a
formação, que chegam por diferentes canais de todos se tornarem produtores de mensagens midiá­
comunicação. Saber quem é o responsável pelas ticas. A midiaeducação tem três dimensões essen­
informações divulgadas e quais as intenções, os ciais: i) objeto de estudo, que é a leitura crítica de
valores e os objetivos por detrás delas é funda- mensagens e linguagens; ii) ferramenta pedagó-
mental para desenvolver uma postura crítica na gica, que diz respeito ao uso de mídias em situa­
análise, na produção e na reprodução de tais in- ções de aprendizagem, isto é, à integração aos
formações. Esse cenário exige que, cada vez mais, processos educacionais; iii) apropriação crítica e
os estudantes sejam preparados para saber ana- criativa das mídias como meios ou ferramentas de
lisar criticamente notícias, anúncios publicitários expressão e participação, acessíveis a qualquer
e, sobretudo, diferenciar o que é fato do que é opi- cidadão jovem ou adulto.
nião. Por isso, neste material, vamos trabalhar com É importante enfatizar a necessidade da midia­
os estudantes um conjunto de habilidades capaz educação face à onipresença das mídias na vida
social, principalmente na vida dos jovens, como
de prepará-los para acessar, analisar e criar infor-
elementos importantes da cultura contemporânea,
mações, bem como participar de maneira crítica
como meios potenciais de participação ativa do
do ambiente midiático, seja digital, seja impresso.
cidadão e como ferramentas de expressão da cria­
Pela natureza dos conteúdos abordados, acredi-
tividade pessoal. Cabe ressaltar também a impor­
tamos que os profissionais mais indicados para con- tância, cada vez maior, da midiaeducação para lutar
duzir este projeto sejam os professores de Socio- contra as desigualdades (sociais e regionais) de
logia e de Filosofia, mas professores de outras acesso às diferentes mídias e para a formação das
disciplinas da área de Ciências Humanas e Sociais competências necessárias ao domínio técnico e à
Aplicadas também poderão coordená-lo de modo compreensão crítica, não apenas das mensagens
satisfatório. Os professores devem estar atentos das mídias, como das forças político­econômicas
aos interesses e às dificuldades dos estudantes e, que as estruturam. Competências estas indispen­
sempre que possível, devem buscar trabalhar com sáveis para o exercício pleno da cidadania, ou seja,
os professores das demais áreas de conhecimento para estimular a participação ativa dos jovens
requeridas, como o de Língua Portuguesa. O profes­ baseada na valorização das diversidades culturais
sor atuará como um professor-guia nesse processo e identitárias […].
de aprendizagem, sendo responsável por oferecer Não se trata apenas de inclusão digital (mera alfa­
mentoria e apoio aos estudantes. betização de massa), mas de letramento em pixel, ou
formação crítica e criativa em audiovisual. Fazer das
Abordagem teórico-metodológica mídias objetos de estudo na escola significa formar
o cidadão capaz de exigir das mídias de massa (os
A midiaeducação constitui um campo bastante donos da voz) mercadorias (mensagens, conteúdos)
amplo de estudos. O texto a seguir, da socióloga de qualidade, adequadas aos objetivos comunicacio­
Maria Luiza Belloni, resume os principais aspectos nais e educativos previstos na lei e não cumpridos.
do que é midiaeducação. Um cidadão também capaz de lutar, utilizando os
canais da democracia representativa e as mídias, para
As definições mais atuais de midiaeducação se exigir regulação da comunicação de massa no Brasil
referem, em primeiro lugar, à inclusão digital, ou (a voz dos donos). Assim, ele seria formado para fazer
seja, à universalização do acesso e à apropriação uma leitura crítica das mensagens e recusar as que
dos modos de operar essas “máquinas maravilho­ contradigam princípios éticos, estéticos e educativos.
sas”, que abrem as portas do mundo encantado da E, por fim, para poder expressar­se de modo crítico e

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criativo, utilizando todas as linguagens e ferramentas Objetivos e justificativas
de informação e comunicação que o avanço técnico n Estimular nos estudantes a postura crítica em
coloca à disposição da sociedade […]. relação às informações que recebem, compar-
Belloni, Maria Luiza. Educação a distância e midiaeducação: tilham e produzem.
da modalidade ao método. ComCiência, set. 2009.
Disponível em: http://www.comciencia.br/comciencia/ » Os estudantes devem analisar criticamente
handler.php?section=8&edicao=81&id=1002. os conteúdos segundo critérios de ética e res-
Acesso em: 17 jan. 2020.
ponsabilidade e aprender a diferenciar infor-
mações verdadeiras de falsas, bem como fa-
Este projeto está centrado, principalmente, nas tos de opiniões.
dimensões da mídia como objeto de estudo e co- n Capacitar os estudantes a identificar o papel da
mo objeto a ser apropriado e utilizado enquanto mídia na sociedade.
meio de expressão e participação. Procura-se, as-
» Muitas vezes a mídia tem influência decisiva
sim, promover um trabalho de letramento midiáti-
no comportamento das pessoas ou nos rumos
co, no sentido de oferecer aos jovens a oportuni-
da política. Por esse motivo, é importante que
dade de entender como funcionam a produção, a os estudantes identifiquem de que maneira
circulação e a apropriação de informações nas di- ela atua e em que áreas ela pode interferir.
versas mídias, e dar subsídios para que desenvol-
n Estimular nos estudantes habilidades de pes-
vam uma escrita responsável e compreendam o
quisa e seleção de informações.
significado e a importância de participar de manei-
ra ativa e cidadã do mundo digital. » É importante que os estudantes consigam, de
maneira clara e organizada, estabelecer rela-
Pretende-se, portanto, que o estudante saiba
ções de sentido para as informações.
avaliar a qualidade da informação, compreenden-
do como e por que ela chegou até ele, além de pro- n Promover a oportunidade para que os estudan-
duzir e compartilhar conteúdos de forma ética, res- tes criem produtos de mídia que sigam critérios
ponsável e criativa. O objetivo é desenvolver e do jornalismo profissional e da escrita técnica e
fortalecer a chamada cidadania digital, incentivan- criativa, de forma ética e responsável.
do os jovens a ter responsabilidade ao comentar » Para exercer a cidadania digital, é fundamental
e compartilhar uma informação e a ser ativos no que os estudantes desenvolvam a capacidade
combate à desinformação e aos discursos de ódio. de produzir conteúdos midiáticos e que tenham
Conscientes disso, os estudantes podem repli- familiaridade com os princípios éticos do jor-
car e amplificar esses conhecimentos para a co- nalismo e com as diferentes linhas editoriais.
munidade, combatendo a perpetuação e o com- n Orientar a participação dos estudantes no am-
partilhamento de notícias falsas, divulgando biente digital, de modo que eles utilizem as tec-
métodos e ferramentas de checagem de dados e nologias digitais de informação de forma ética
de fontes e se posicionando contra práticas como e responsável.
o cyberbullying. Essas e outras medidas contri- » A cidadania digital é elemento-chave para a
buem para a formação de uma sociedade mais construção de uma sociedade justa, democrá-
justa e democrática. tica e inclusiva.

Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador


Competências gerais da Educação Básica
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –,
bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e
ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

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Competência específica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Habilidades em destaque
(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com
vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos,
sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos,
mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Relação do projeto com as as notícias e os conteúdos que produzem e compar-


tilham. Tanto nessas discussões como na elabora-
competências e habilidades
ção dos artigos de opinião e das notícias para o por-
Como já visto, para a efetivação da educação tal, os estudantes são orientados a argumentar com
midiática, é preciso que os estudantes desenvol- base em fatos e dados confiáveis que respeitem os
vam a capacidade de ler criticamente as mensa- direitos humanos. Dessa maneira, é trabalhada a
gens da mídia, que possam utilizar os meios midiá- competência geral 7, que se refere ao desenvolvi-
ticos em prol de sua aprendizagem e que se sintam mento da argumentação.
preparados para criar produtos de mídia como for- Além das competências gerais, o desenvolvi-
ma de se expressar e de participar da vida pública. mento de habilidades específicas de Ciências Hu-
Por esse motivo, este projeto foi formulado de manas e Sociais Aplicadas é considerado neste
modo a levar os estudantes a refletir sobre o con- projeto. Destacam-se o trabalho com a análise de
sumo de mídia e sobre como eles tratam as in- fatos e processos de diferentes pontos de vista, a
formações que recebem, bem como a criar um reflexão sobre as fake news e o desenvolvimento
produto midiático. Esses objetivos estão direta- de metodologia de checagem de fatos, que promo-
mente articulados às orientações da Base Nacio- vem a competência específica de Ciências Huma-
nal Comum Curricular (BNCC) e contemplam tan- nas e Sociais Aplicadas 1, em especial as habilida-
to competências gerais da Educação Básica des EM13CHS101, EM13CHS103 e EM13CHS106.
como competências específicas da área de Ciên-
cias Humanas e Sociais Aplicadas. A estrutura do projeto
Para atender à competência geral 4, por exem-
plo, o projeto incentiva o desenvolvimento da co-
Como a mídia tradicional
PERCURSO 1
municação e da expressão de opiniões e ideias e nos informa?
o uso de diferentes linguagens para a produção de Neste percurso, desenvolvem-se conteúdos so-
vídeos, cartazes e reportagens. bre a mídia tradicional e a mídia independente,
O projeto trabalha intensamente com tecnologias bem como sobre a relação da mídia com a demo-
digitais de informação e comunicação, pois o con- cracia. Além disso, trabalha-se a identificação das
sumo da mídia e dos meios digitais está entre seus linhas editoriais e dos objetivos dos veículos de
principais temas. Também promove a reflexão do comunicação, e os estudantes são orientados a
uso ético e responsável da informação e incentiva realizar pesquisas em agências de notícias e a re-
os estudantes a realizar pesquisas, produzir conteú- fletir sobre seus conteúdos.
do e elaborar um portal de notícias. Assim, são de- O produto esperado neste percurso é um ar-
senvolvidos aspectos da competência geral 5. tigo de opinião, que envolverá a sistematização
Além disso, o projeto promove debates entre os das informações pesquisadas, a construção de
estudantes, incentivando-os a analisar criticamente argumentos e a linha editorial do portal.

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Estamos vivendo na era da
PERCURSO 2 Cronograma
desinformação? Para o desenvolvimento deste projeto, suge-
Neste percurso, são trabalhados conceitos e re-se 17 encontros ao longo de um semestre es-
procedimentos que contribuem para que os estu- colar. Recomenda-se que haja intervalos entre
dantes identifiquem os fatores que levam à desin- os encontros de modo que os estudantes tenham
formação. Será realizada uma reflexão sobre as tempo viável para realizar as atividades que pre-
fake news, desenvolvendo-se estratégias para que cisem ser feitas fora da sala de aula, como a rea-
elas sejam identificadas e combatidas. lização da entrevista e a produção do vídeo.
O produto do percurso é uma campanha de A seguir, há uma sugestão de cronograma para
conscientização sobre as fake news, em que se o planejamento e o desenvolvimento do projeto.
espera que os estudantes busquem soluções em
relação à pesquisa, à sistematização e à divulga-
ção das informações. Etapas do Número
Atividades
projeto de aulas
Como você se comporta
PERCURSO 3 Análise de imagem e
como autor? Abertura e realização das atividades.
1
Apresentação Leitura e discussão dos
Este percurso desenvolve os conceitos de ci- textos.
dadania digital e cyberbullying e promove uma
Leitura e discussão dos
reflexão a respeito da importância de princípios Percurso 1 textos e realização das 3
éticos e da avaliação das consequências da vi- atividades.
ralização de informações. É proposto aos estu-
Leitura e discussão dos
dantes um olhar crítico sobre influenciadores
textos e realização das 2
digitais e conteúdo patrocinado. Assim, espera- atividades.
-se que eles possam exercer a autoria no mundo
Planejamento e elaboração
digital de forma crítica e responsável, com atitu-
do questionário sobre fake 1
des éticas em relação à produção e ao compar- Percurso 2 news.
tilhamento de informações.
Tabulação da pesquisa e
O produto do percurso é um vídeo sobre cida-
elaboração dos cartazes
dania digital, que envolverá debates e busca de para a campanha de 1
soluções para o desafio proposto. conscientização em relação
às fake news.

PRODUTO FINAL Portal de notícias Leitura e discussão dos


textos e realização das 2
O produto final proposto é um portal de notí- atividades.
cias. Para elaborá-lo, os estudantes mobilizarão
Percurso 3
conhecimentos e experiências adquiridos ao lon- Planejamento, elaboração
do roteiro e filmagem do
go dos três percursos, para definir e apurar uma vídeo sobre cidadania
2
pauta, editar as reportagens e publicá-las em um digital.
site cuja identidade visual também deverá ser
Definição da identidade
definida por eles. Os trabalhos serão encaminha- visual do site.
1
dos em grupos com responsabilidades específi-
cas, mas que deverão se comunicar e buscar so- Organização dos grupos e
1
definição da pauta.
luções em conjunto com toda turma. Produto final
Montagem das
1
reportagens.
Materiais
Edição e publicação do
Serão necessários computador com acesso à material no site.
1
internet; celular com câmera ou câmera digital pa-
ra tirar fotografias e gravar vídeos e áudios; car- Roda de conversa,
apresentação dos
tolinas, papel pardo ou outros materiais semelhan- Avaliação resultados da pesquisa feita 1
tes para a confecção das peças da campanha de com a comunidade e
conscientização sobre as fake news. autoavaliação.

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Orientações didáticas coletivamente, para preparar os estudantes e
esclarecer eventuais dúvidas.
Abertura n Pode-se aproveitar para perguntar aos estudan-
Páginas 52 e 53 tes qual a expectativa que eles têm em relação
ao projeto e à produção do portal de notícias.
n A abertura do projeto traz a imagem de um
Permita que se expressem livremente e solicite
protesto de movimentos sociais e membros
que relatem, caso queiram, experiências de pro-
da sociedade civil reivindicando a democrati-
jetos que tenham realizado anteriormente.
zação dos meios de comunicação. A demanda
social é representada por meio da faixa com
os dizeres “Democratizar a mídia”. PERCURSO 1Como a mídia tradicional
n Convide os estudantes a expor o que já sabem
nos informa?
sobre a organização e o funcionamento das em- Página 56
presas de mídia. Como eles acreditam que elas n O propósito deste percurso é analisar como
são mantidas? Por que é importante conhecer
funcionam os veículos de mídia tradicionais e
a forma de financiamento da mídia? Como a au-
discutir sua importância para a sociedade. Des-
diência colabora para a manutenção do trabalho
taque aos estudantes que, em tese, o objetivo
das empresas de mídia?
desses veículos de comunicação é informar
Respostas às atividades sobre fatos de interesse social. Depois, discuta
com eles quais fatos podem ser considerados
1. Espera-se que os estudantes percebam que de interesse social.
se trata de uma manifestação em que as pes-
n Se julgar adequado, solicite aos estudantes que
soas estão cobrando a transparência de infor-
definam, com base em seus conhecimentos, as
mações de interesse público.
categorias de textos de mídia, por exemplo, no-
2. Resposta pessoal. Explore com os estudantes tícia, ficção, publicidade, sátira. Depois, peça a
o significado de democracia e indague o que eles que confirmem seu significado no dicioná-
seria uma mídia mais democrática: Aquela rio ou em outras fontes pertinentes. Trabalhe
que deixa claros os interesses e os vínculos também as diferenças entre cada categoria.
de poder daqueles que a produzem? Aquela
à qual mais pessoas têm acesso? Aquela que Respostas às atividades
traz informações de interesse de todos os
grupos sociais e na qual todos os grupos 1. Espera-se que os estudantes identifiquem que
sociais são representados? a fala de Donald Trump é de interesse público,
devido à posição ocupada por ele. Trabalhe com
3. Resposta pessoal. Essa informação é importante,
os conhecimentos prévios dos estudantes e
pois, com base nela, pode-se conhecer os hábitos
faça perguntas a respeito das notícias com as
dos estudantes da turma e começar a se traba-
quais eles tiveram contato recentemente,
lhar a questão da confiabilidade das fontes.
pedindo que procurem identificar os motivos
4. Resposta pessoal. Espera-se que os estu- de sua cobertura midiática.
dantes reflitam sobre as fontes de informação
2. Por meio da leitura da imagem, que mostra
que buscam no dia a dia. Eles podem conside-
microfones e câmeras de vídeo, os alunos
rá-las verdadeiras, por exemplo, se forem divul-
poderão inferir que a entrevista será exibida
gadas em veículos profissionais de comuni-
em redes de televisão e que serão produzidas
cação, que têm credibilidade, se tiverem fontes
fotografias sobre o momento. Além disso,
confiáveis e apresentarem um texto claro,
espera-se que os estudantes citem que possi-
objetivo e não sensacionalista.
velmente também serão produzidas notícias
Apresentação sobre o evento para jornais impressos, revistas,
portais de notícias digitais, podcasts, publica-
Páginas 54 e 55
ções em redes sociais, etc., pois entrevistas e
n A apresentação fornece informações sobre o comentários de um representante político são
projeto; por isso, sugerimos que o texto seja lido de interesse público.

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3. Resposta pessoal. A propaganda pretende positivos e em papéis negativos na mídia. Em
influenciar o consumo de um produto ou ser- seguida, proponha estas reflexões: “A mídia
viço, enquanto o conteúdo informativo tem o ajuda a perpetuar estereótipos de gênero, raça,
objetivo de levar ao público um dado com rele- desigualdade ou exclusão? Quais seriam as
vância social. Por conta disso, as mídias devem possíveis soluções para desconstruir esses
deixar claro quando um conteúdo é uma pro- estereótipos?”.
paganda. Se julgar pertinente, incentive os n Sugerimos que assista com a turma ao filme
estudantes a refletir sobre a possível interfe- O Quarto Poder, de Constantin Costa-Gavras,
rência de anúncios publicitários na elaboração indicado no Livro do Estudante. Essa é uma
de notícias. boa oportunidade para discutir com os estu-
dantes a influência da mídia na vida das pes-
Página 57
soas, assim como as relações de interesse e
n Pondere que os jornalistas devem confirmar de poder da mídia tradicional no Brasil. Se
a veracidade das informações e consultar fon- achar oportuno, promova uma roda de con-
tes confiáveis. Pergunte aos estudantes o que versa sobre o que acharam da temática traba-
eles entendem por fontes confiáveis, estimu- lhada no filme.
lando-os a mencionar portais de notícias co- n No contexto dessa discussão, sugerimos que,
nhecidos e institutos de pesquisa. Ressalte dentro das possibilidades, organize uma visita
que é importante que uma notícia considere a alguma instituição de mídia tradicional, como
diferentes pontos de vista, uma vez que um a redação do jornal do município, ou a outros
mesmo acontecimento pode suscitar diversas veículos de imprensa do município onde a es-
interpretações. cola se localiza.
n Para aprofundar o tema da ética, sugerimos a
seguinte atividade complementar: solicite aos Página 58
estudantes que busquem exemplos de notícias
n Trabalhe com os estudantes os principais mar-
que seguiram os critérios de qualidade e ética,
cos ligados à liberdade de expressão no Brasil,
preferivelmente uma mesma notícia em dife-
chamando a atenção para o fato de que essa é
rentes veículos. Então, auxilie-os a identificar a
uma trajetória caracterizada por avanços e re-
maneira como os fatos foram trabalhados em
trocessos. Organize esses marcos na lousa, em
cada veículo e incentive-os a levantar hipóteses
uma linha do tempo.
sobre suas respectivas linhas editoriais (orien-
te-os a buscar essa informação no editorial dos n Analise a imagem do jornal O Estado de S. Paulo
veículos consultados). Solicite também que com os estudantes e pergunte a eles: “Em sua
pesquisem a fonte de financiamento desses opinião, por que foi colocado um poema no lugar
veículos. Sistematize essas informações em da notícia? Com que intenção isso foi feito?”.
uma tabela na lousa. n Ressalte a importância da liberdade de ex-
n Destaque que os veículos de comunicação e pressão para a construção de uma sociedade
informação podem ter diferentes linhas edito- democrática, justa e inclusiva. Incentive os
riais e que esse posicionamento deve ser trans- estudantes a levantar hipóteses sobre como
parente. É muito importante que os estudantes a pluralidade de pontos de vista pode ser va-
saibam identificá-las e reconheçam a importân- lorizada na sociedade e a pensar em soluções
cia da pluralidade de interpretações sobre um para superar obstáculos à concretização des-
mesmo tema para a construção de uma socie- sa realidade.
dade democrática e inclusiva. n Explore as semelhanças e as diferenças entre
n O boxe Saiba mais propõe uma reflexão acerca mídia tradicional e mídia independente. Des-
de representatividade na mídia. Com base nis- taque que ambas têm um compromisso com
so, promova uma conversa com os estudantes, a ética e com a qualidade das notícias, contri-
questionando, por exemplo, se eles se sentem buindo para a democratização da informação.
representados na mídia e que grupos sociais No entanto, o fato de a mídia independente
eles acham que são representados em papéis ser geralmente financiada pelos próprios lei-

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tores pode contribuir para que haja mais liber- ditatura militar. Para auxiliar na pesquisa, indi-
dade em relação à linha editorial. camos os seguintes materiais:
n Explique aos estudantes que, nos últimos l a obra Cidadania no Brasil: o longo caminho,
anos, o jornalismo passou por muitas mudan- de José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro:
ças em virtude da multiplicação de canais de Civilização Brasileira, 2008;
informação e que isso afetou a maneira como
l o PDF da Declaração Universal dos Direitos
as informações são noticiadas e recebidas
Humanos. Disponível em: https://nacoesunidas.
pelo público. Por isso, é preciso verificar a con-
org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf;
fiabilidade dos canais pelos quais as informa-
ções são obtidas. Essas transformações tam- l o artigo da ONU que trata da importância
bém abriram espaço para outras estratégias da Declaração Universal dos Direiros Hu-
de financiamento da mídia. Em geral, o jorna- manos setenta anos após sua promulgação.
lismo tradicional é financiado pela publicidade, Disponível em: https://nacoesunidas.org/
mas há projetos de jornalismo alternativo que aos-70-anos-declaracao-universal-dos-
podem ser financiados por editais de fomen- direitos-humanos-e-mais-importante-do-
to e pelos leitores. que-nunca/;
l o artigo “Internet e participação política em
Resposta à atividade
sociedades democráticas”, de Wilson Gomes,
1. Incentive os estudantes a buscar agências publicado na Revista Famecos: mídia, cultura e
confiáveis, com distintas linhas editoriais. É tecnologia, em 2005. Disponível em: https://
interessante que cada grupo sistematize em www.redalyc.org/pdf/4955/495550183008.
uma tabela as informações encontradas e pdf. Acessos em: 20 jan. 2020.
depois apresente-as para o restante da turma.
Os estudantes também podem pesquisar
Outras fontes
informações mais aprofundadas sobre agên-
Media Ownership Monitor – Brasil. Disponível em: https://
cias que já conhecem. Além da linha editorial,
brazil.mom-rsf.org/br/midia/. Acesso em: 17 jan. 2020.
eles podem procurar mais dados sobre as
Esse site contém ferramentas de busca relacionadas
pessoas que escrevem para essas agências,
à mídia no Brasil. Com elas, é possível mapear os veí-
o público-alvo e as fontes de financiamento.
culos de maior audiência e os grupos que os controlam,
É possível que eles conheçam agências espe-
além de avaliar indicadores de risco ao pluralismo e à
cializadas em assuntos pelos quais se inte- independência da mídia.
ressam, como música, jogos, séries, esportes,
etc. Valorize os conhecimentos dos estu-
Página 59
dantes e incentive-os a trocar as próprias
experiências com os colegas. O site indicado n Saliente que cada veículo de comunicação tem
a seguir faz uma seleção de mídias indepen- objetivos, linhas editoriais e públicos-alvo di-
dentes e pode auxiliar os estudantes na pes- ferentes e que as notícias são elaboradas con-
quisa da atividade: https://apublica.org/mapa- siderando esses fatores. É fundamental que
do-jornalismo/. Acesso em: 20 jan. 2020. os estudantes identifiquem esses elementos
para que possam receber e produzir as infor-
n Se julgar oportuno, solicite aos estudantes
que, organizados nos mesmos grupos que os mações de modo crítico e responsável.
da atividade 1, pesquisem em jornais, revistas, n Mostre aos estudantes exemplos de artigos de
livros, artigos científicos e sites confiáveis o opinião em portais de notícias confiáveis. Soli-
significado dos termos “cidadania”, “proteção cite que identifiquem o ponto de vista defendi-
dos direitos humanos” e “participação política”, do em cada artigo e as estratégias usadas para
indicados no último parágrafo do tópico Mídia convencer o leitor. Ressalte que um bom artigo
independente. Caso ache pertinente, aprovei- de opinião utiliza argumentos baseados em es-
te a oportunidade e solicite também que os tudos científicos e fontes de especialistas sobre
grupos busquem informações sobre a atuação o assunto, explicitando sempre onde as infor-
da censura na mídia brasileira no período da mações foram obtidas. O artigo também pode

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se valer de exemplos e situações cotidianas tanto, deve ser uma abordagem com a qual os
para a defesa de uma opinião. estudantes realmente se identifiquem. Após o
n Se julgar pertinente e houver tempo, é possível debate, os estudantes deverão produzir coleti-
retomar o assunto da representatividade na vamente um texto que explicite a linha editorial
mídia. Oriente os estudantes a escrever um ar- escolhida por eles.
tigo de opinião sobre esse tema, discutindo a
importância de as minorias sociais serem re- PERCURSO 2 Estamos vivendo na era da
presentadas de forma qualificada e buscando desinformação?
maneiras de solucionar o problema da falta de Página 60
representação de alguns grupos na mídia. Após
a escrita e correção, é interessante pensar em
n O propósito deste percurso é debater como a
um momento de compartilhamento dos textos grande quantidade de informação disponível,
e das opiniões. Isso pode ser feito com a troca sobretudo no ambiente virtual, tem gerado uma
de textos para leitura individual ou a leitura em crise de desinformação na atualidade: informa-
voz alta na sala de aula. ções falsas, criadas para influenciar opiniões,
hábitos e posicionamentos políticos, se espa-
Respostas às atividades lham pela internet mais rapidamente que as
1. Os estudantes devem ser orientados a usar as verdadeiras, e, cada vez mais, é possível criar e
questões de a a d como guia para uma leitura publicar conteúdos falsos com identidade visual
crítica da mídia. A ideia é auxiliá-los a criar o semelhante aos conteúdos profissionais. Uma
hábito de analisar mensagens de mídia das maneiras de conter o avanço desse tipo de
seguindo esse conjunto de perguntas. Des- conteúdo é ensinar os estudantes a ler as men-
taque a importância de as informações veicu- sagens para além do texto.
ladas serem checadas com base em fontes n Analise a foto de abertura com os estudantes.
confiáveis e o fato de que a ética e o cuidado Nela, há uma pessoa lendo jornal impresso e ou-
com a qualidade da informação são caracterís- tras duas com celular nas mãos. Comente que o
ticas do jornalismo profissional. É importante, uso de smartphones se tornou comum atualmen-
também, ressaltar que podem existir diferentes te e aproveite a oportunidade para perguntar aos
pontos de vista sobre um mesmo assunto. estudantes se eles utilizam esse dispositivo en-
2. Auxilie os estudantes a identificar recortes quanto se deslocam. Pergunte também que es-
do tema com os quais se identificam, valori- tratégias eles imaginam que, antes do advento
zando seus interesses e suas experiências. dessa tecnologia, as pessoas adotavam para
Eles deverão buscar informações em fontes passar o tempo em meios de transporte ou em
confiáveis, que lhes possibilitem construir situações em que precisavam esperar.
argumentos em defesa de um ponto de vista Respostas às atividades
sobre o assunto. Para a elaboração do artigo,
é interessante buscar parceria com o pro- 1. Os estudantes podem citar jornal impresso e
fessor de Língua Portuguesa. smartphones, que podem ser utilizados para
acessar redes sociais, portais de notícias,
3. Depois da elaboração do artigo, os estudantes
vídeos, podcasts, imagens, etc.
devem compartilhar com os colegas o que pro-
duziram. Isso é importante para que discutam, 2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
com base nos textos produzidos pela turma, avaliar criticamente a própria postura nas redes
qual será a linha editorial do portal de notícias sociais, em relação à frequência e à qualidade
deles. Você deve mediar o debate, garantindo dos conteúdos repassados por eles.
que os diferentes pontos de vista sejam respei-
3. Resposta pessoal. Ressalte a importância de as
tados. Incentive os estudantes a buscar solu-
pessoas verificarem a veracidade de uma infor-
ções para que haja um acordo entre eles. Res-
mação antes de compartilhá-la.
salte que a linha editorial deve ser bem discu-
tida e estar muito clara para a turma, uma vez 4. Resposta pessoal. Algumas características a
que pautará a escolha dos artigos para o portal, respeito de informações confiáveis foram dis-
além da produção de novas reportagens. Por- cutidas no percurso anterior, como a credibili-

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dade das fontes e a menção a diferentes pontos Página 62
de vista. Incentive os estudantes a relatar n É indicado que a leitura do tema Por que tanta
também suas práticas cotidianas. desinformação? seja feita coletivamente. An-
5. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes tes, porém, solicite aos estudantes que levan-
mencionem fontes com credibilidade reconhe- tem hipóteses sobre por que as informações
cida e que se pautam em critérios de ética e falsas são criadas e por que elas circulam com
qualidade jornalística. tanta facilidade. Durante a leitura, dois itens
merecem atenção, por serem mais complexos:
Página 61 “as ‘bolhas informacionais’” e “o viés de con-
firmação”. Questione se os estudantes têm
n Verifique se os estudantes têm familiaridade experiências pessoais relacionadas a esses
com o termo fake news e peça a eles que deem dois tópicos e solicite que as compartilhem
exemplos. Pergunte-lhes se já receberam con- com os colegas.
teúdos falsos pelas redes sociais ou se conhe-
n Pergunte aos estudantes se já ouviram falar de
cem alguém que tenha recebido. Incentive-os
algoritmos e como os algoritimos das redes
a discutir o assunto com os colegas, com res-
sociais funcionam. Explique que os algoritmos
peito e empatia. Espera-se que os estudantes
são um conjunto de instruções para realização
percebam que a circulação de notícias falsas de uma tarefa. Eles são muito utilizados pela
pode colocar determinados grupos sociais em computação, todas as ações operadas por um
risco e tirar credibilidade de instituições sérias computador são baseadas em algoritmos. Al-
e importantes para a democracia. gumas redes sociais apresentam algoritmos
n Chame a atenção dos estudantes para a ima- capazes de “entender” os gostos dos usuários
gem da campanha do Ministério da Saúde. Le- e, então, passam a fornecer a eles informações
ve-os a imaginar os motivos pelos quais a cam- e outros conteúdos que estão de acordo com
panha foi feita e indague se eles conhecem seu perfil, ou seja, segundo o seu gosto. Se jul-
algum boato relacionado a saúde. Incentive-os gar necessário, leia para a turma o texto a seguir,
também a refletir sobre as possíveis conse- que trata do funcionamento dos algoritmos e
quências da desinformação sobre saúde para de como se dá a formação das “bolhas informa-
a população. cionais” (ou “filtros-bolhas”), o que explica tam-
bém o item “o viés de confirmação”.
Respostas à atividade
Algoritmos
1. a. A notícia falsa circulou amplamente no Atualmente, muito se tem falado sobre a
ambiente virtual e suscitou consequências chamada inteligência artificial, principalmente em
sociais graves, já que muitas pessoas podem relação àquela imagem dos robôs nos filmes cien­
ter deixado de tomar a vacina por conta tíficos. Contudo, faz­se necessário conceituá­la
desses boatos. para que se entenda a abrangência do tema e, por
conseguinte, a definição de algoritmo. Didatica­
b. Resposta pessoal. Pergunte aos estudantes mente, o professor Marcelo Crespo (2016) 1 explica
se eles já conheciam notícias falsas, incenti- que se trata da “realização, por uma máquina, de
vando-os a refletir sobre os riscos da circu- tarefas geralmente ultimadas por um humano.
lação de informações falsas. Pode­se até mesmo entender que ela se divide em
quatro categorias: a) aprendizagem mecânica; b)
c. Resposta pessoal. Incentive os estudantes processamento da linguagem natural; c) visão; e
a buscar soluções para o problema pro- d) fala. A aprendizagem mecânica nada mais é que
posto e ressalte a importância de algumas
medidas já mencionadas no projeto, como 1 Crespo, Marcelo; AlmeidA CAmArgo, Coriolano. Inteligência
verificar a veracidade das notícias em artificial, tecnologia e o Direito: o debate não pode
esperar! In: Direito Digit@l – Migalhas. Publicado em:
fontes confiáveis antes de compartilhá-las. 30 nov. 2016. Disponível em: https://www.migalhas.com.
Destaque também a contribuição de cam- br/DireitoDigital/105,MI249734,41046­Inteligencia+
artificial+tecnologia+e+o+Direito+o+debate+nao+pode.
panhas de conscientização e dos canais de Acesso em: 23 jan. 2020.
checagem de informações.

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um sistema que processa dados para melhorar Semelhante, pode-se citar [outra plataforma de
continuamente o desempenho na realização de streaming de filmes e séries]. Conforme o usuário
uma tarefa. Já o processamento da linguagem assiste a filmes, seriados ou documentários, os
natural é a possibilidade de um computador algoritmos da empresa captam os padrões e
compreender a linguagem humana, interpretando passam a sugerir conteúdos parecidos com os já
o que as pessoas realmente transmitem nas suas assistidos utilizando chamadas como “porque você
interações, decifrando suas intenções e fornecendo assistiu a (nome do filme/seriado/documentá-
respostas cada vez mais precisas nos resultados rio)…” ou “principais escolhas indicadas para
de uma pesquisa. Já a visão é a habilidade de inter- (nome do usuário)…”. Perceba que são formas de
pretar imagens, identificá-las e descrevê-las, o que se aproximar do usuário e fazer com que se sinta
geralmente é feito de forma automática pelos satisfeito e “bem atendido” pela empresa.
humanos. Por fim, a fala é o sistema que permite Entretanto, mesmo que a priori esse mecanismo
uma máquina interpretar a linguagem oral e propi- seduza os olhos dos usuários, é nessa conveniência
ciar interação entre os humanos e as máquinas”. que reside o problema. Esses filtros são segregadores
Os algoritmos são uma subárea da inteligência – ou seja, a partir do momento em que o padrão do
artificial, os quais podem ser definidos como um usuário é reconhecido, somente terá “contato” com
método para resolver um problema específico se aquilo que o algoritmo filtrou como de seu interesse.
utilizando de operações computacionais. São eles […] Quanto mais se curte e compartilha deter-
que reconhecem padrões e traduzem a linguagem minado tipo de informação [em redes sociais], o
dos humanos para as máquinas. usuário acaba por receber somente conteúdos
[…] nesse mesmo sentido. […]
santos, Andréia. O impacto do Big Data e dos algoritmos nas
O fenômeno do filtro-bolha campanhas eleitorais. Disponível em: https://itsrio.org/
wp-content/uploads/2017/03/Andreia-Santos-V-revisado.pdf.
[…] a quantidade de informação compartilhada Acesso em: 23 jan. 2020.
na Internet supera a capacidade do indivíduo de
processá-las, implicando na dificuldade na filtra-
gem do conteúdo que circula. […] n Após a leitura do texto, promova um debate
Nesse cenário, surgem as grandes empresas de com os estudantes de modo que eles argumen-
aplicações para internet que, por meio de seu alto tem seus pontos de vista sobre a atuação dos
conhecimento tecnológico, ofertam serviços de “filtra- algoritmos na definição das informações a que
gem” de informações, os quais correspondem a algo- as pessoas têm acesso na internet. Questione-
ritmos que facilitam o referido filtro, a fim de propiciar -os sobre quais devem ser as implicações no
ao usuário as “principais” informações conforme as dia a dia das pessoas.
palavras-chave fornecidas pelo próprio interessado.
[…]
n Em seguida, chame a atenção dos estudantes
A teoria do filter bubble (traduzida como filtro para a tira do boxe Saiba mais. Solicite que argu-
bolhas), concebida por Eli Pariser (2012)2, consiste mentem com qual(is) dos fatores de desinforma-
na identificação de padrões, por meio dos algorit- ção indicados na página a tira está relacionada.
mos, com a finalidade de propiciar uma personali- Deixe-os expressar livremente suas opiniões.
zação no serviço para o usuário […]. É a ideia de se
utilizar da coleta e análise de dados para reconhecer Página 63
comportamento e preferências, a fim de viabilizar
ao usuário uma “melhor experiência” de navegação
n Caso julgue oportuno, organize os estudantes
e/ou uso de determinado serviço ou produto. em grupos e promova um debate acerca da
À sociedade, esse mecanismo é passado como apropriação política do termo fake news. Pro-
uma comodidade, um serviço personificado. Recen- ponha estas reflexões: “Qual é a diferença entre
temente, [uma plataforma de serviços de streamings fake news e um fato com o qual o leitor não con-
de música] desenvolveu um algoritmo que analisa corda? Por que o termo fake news tem sido uti-
os padrões musicais do usuário e, assim, cria uma lizado para desqualificar fatos com os quais o
playlist personalizada […] de acordo com o que o leitor não concorda, mesmo que esses fatos
usuário escutou no ano, uma playlist chamada
tenham sido apurados por fontes confiáveis?”.
“Mais tocadas no seu [ano]”.
Deixe-os expressar suas opiniões e esteja aten-
to para que todos ouçam, respeitosamente, as
2 Pariser, Eli. O filtro invisível: O que a internet está
escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
opiniões dos colegas, mesmo em casos de dis-
cordância dos pontos de vista.

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n Peça aos estudantes que acessem as páginas previamente, para que haja maior aderência da
das agências de checagem de informação dis- comunidade escolar.
criminadas no boxe Saiba mais. A ideia é navegar n Para a elaboração dos cartazes, incentive os
por elas e perceber como são os textos de che- estudantes a usar a criatividade. Eles podem
cagem de notícias e quais são os assuntos mais empregar diferentes materiais para decorá-los
desmentidos. Incentive-os a compartilhar suas e deixá-los mais atrativos. Incentive-os tam-
percepções com os colegas. bém a buscar soluções para sistematizar os
dados das entrevistas e as informações de
Página 64
checagem de notícias de forma clara e objetiva,
n Se a desinformação se espalha tão rápido e para que sejam de fácil apreensão pelo público.
de maneira tão potente, é preciso que os es- n Além da elaboração do cartaz, sugerimos ainda
tudantes aprendam a questionar as informa- que os estudantes divulguem a campanha de
ções que recebem. Para auxiliar nesse proces- combate às fake news em blogs criados pelos
so, leia com a turma as questões que devem estudantes para essa finalidade, em redes so-
ser consideradas para avaliar uma informação ciais, entre outras possibilidades na internet.
e checar sua veracidade. Todas as etapas de-
vem ser lidas com atenção, de modo que pos-
sam ser colocadas em prática na campanha
PERCURSO 3Como você se comporta
de combate às fake news que será realizada como autor?
posteriormente.
Página 66
n Se julgar pertinente, selecione alguns exemplos
n Neste percurso, o objetivo é incentivar o pro-
de notícias falsas e de notícias verdadeiras e
tagonismo do estudante para que ele participe
pergunte a cada estudante como as categori-
de maneira ativa, crítica e responsável no am-
zaria. Eles devem concluir se a notícia é verda-
biente digital, mantendo uma postura ética e
deira ou falsa avaliando a fonte da informação,
criteriosa ao produzir informações. Na abertu-
o autor, a quem se destina a notícia, o motivo
ra do percurso, os estudantes vão refletir sobre
de ter sido publicada e se há embasamento.
sua postura como produtores de conteúdo na
Página 65 internet. Incentive-os a relatar suas experiên-
cias, que são um ponto de partida para um
n A atividade inicial dessa página tem o objetivo
diagnóstico inicial da turma sobre sua postura
de servir de treino para o trabalho que os estu-
nas redes sociais.
dantes farão com os exemplos de notícias que
devem recolher nas entrevistas. Textos simila-
Respostas às atividades
res ao reproduzido no Livro do Estudante circu-
laram largamente e já foram desmentidos por 1. Resposta pessoal. Leve os estudantes a refletir
diversas agências de fact-checking. Várias ca- sobre os riscos do compartilhamento de infor-
racterísticas evidenciam que o texto não é verí- mações pessoais.
dico: os erros de português, o tom alarmista, a
2. Resposta pessoal. Promova uma reflexão sobre
ausência de data e do nome do autor, por exem-
as possíveis consequências do compartilha-
plo. Além disso, o “China of Shangai International
mento de informações, ressaltando a impor-
News”, citado como fonte, não existe, o que se
tância de lidar com elas de forma ética e res-
pode comprovar em buscas pela internet.
ponsável. Espera-se que eles concluam que
n Oriente os estudantes a planejar as entrevistas.
certas informações podem atingir negativa-
Eles devem criar estratégias para anotar as res-
mente outras pessoas, expondo-as a situações
postas dos entrevistados de maneira organiza-
constrangedoras, e que muitas notícias vira-
da e sistemática. Uma solução interessante é
lizam por mexer com emoções ou por defender
criar um questionário na forma de tabela que
determinados pontos de vista.
permita a identificação rápida dos entrevistados
e de suas respostas. Isso também ajudará na 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
tabulação das respostas. Se possível, o local e o concluam que nas redes sociais e nas plata-
horário das entrevistas devem ser combinados formas digitais as pessoas criam imagens e

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narrativas sobre si mesmas que não necessa- bém as prováveis soluções para uma postura
riamente correspondem à realidade. mais empática nas redes sociais.
4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
n Aproveite a oportunidade e converse com os
reconheçam a importância de se garantir, no estudantes sobre bullying. Questione-os se já
ambiente virtual, uma postura comprometida presenciaram essas situações na escola, no tra-
balho, no lugar onde vivem. Comente que, assim
com os direitos humanos e a democracia.
como o cyberbullying, a prática de bullying, com
Página 67 vistas a assediar, humilhar, ridicularizar ou hosti-
lizar alguém, deve ser combatida e, em alguns
n Pergunte aos estudantes se já conheciam o ter- casos, pode configurar crime. Sobre o tema, su-
mo “cidadania digital”. Solicite a eles que levan- gerimos o vídeo da professora Telma Vinha, dis-
tem hipóteses sobre o que seriam atitudes ci- ponível em: https://www.youtube.com/watch?v=
dadãs nas redes sociais e anote-as na lousa. LHKvMQT0OZ4. Acesso em: 20 jan. 2020.
Destaque a importância de existirem regras
nesses ambientes, para que todos sejam res- Respostas às atividades
peitados e as informações compartilhadas de
1. Resposta pessoal. Garanta que os estudantes
maneira responsável.
compartilhem suas experiências com respeito
n Se julgar pertinente, promova um debate sobre e empatia.
o comportamento e a interação nas redes so-
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
ciais e a importância de valorizar a cidadania
citem algumas características do cyberbullying,
digital. Pergunte aos estudantes se eles já se como a existência de situações de violência ou
depararam com publicações agressivas na in- de assédio que podem envolver hostilidade,
ternet e como se sentiram em relação a elas. agressão, ameaça ou ridicularização da vítima
n Explique que, com o amplo acesso às redes so- no ambiente virtual.
ciais, todos somos autores de conteúdos, o que 3. Resposta pessoal. Oriente os estudantes a
resulta em diversos pontos positivos. Ao criar levantar hipóteses sobre como ajudar uma
as próprias narrativas nas redes, os estudantes pessoa que sofre cyberbullying, incentivan-
sistematizam informações, estabelecem rela- do-os a ter uma atitude empática e inclusiva.
ções entre fatos e apresentam conteúdos de Ressalte que, em muitos casos, a vítima é cul-
maneira organizada. Assim, quando bem usadas, pabilizada pela violência ou pelo assédio que
as redes sociais são excelentes ferramentas sofre. Por isso, para ajudar uma vítima de
para exercitar a criatividade, a autoria, a catego- cyberbullying, é fundamental assumir uma pos-
rização, a construção de conhecimento e a ela- tura de escuta ativa e de validação de sua nar-
boração de propostas. rativa. Os estudantes podem mencionar, por
exemplo, a construção de uma rede de apoio à
Página 68 vítima e a existência de canais de denúncia.
n Leia com os estudantes o texto sobre 4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
cyberbullying. Saliente que qualquer informa- tenham uma postura proativa e ética diante
ção que exponha uma pessoa a situação vexa- desse problema, atuando para chamar a
tória, humilhante ou caluniosa pode configurar atenção do autor do cyberbullying sobre a gra-
assédio ou violência. Por isso, é fundamental vidade de seus atos. Explique aos estudantes
que os conteúdos sejam produzidos e compar- que a omissão em relação a uma situação de
tilhados de maneira criteriosa e responsável. violência ou de assédio também é grave.
n Ressalte que alguns grupos são mais suscetíveis
à violência do que outros, já que são frequente- Página 69
mente vítimas de discursos de ódio. Levante os n Oriente os estudantes a refletir sobre os cuida-
conhecimentos prévios da turma sobre essa dos que devem ser tomados antes de compar-
questão e, se julgar pertinente, promova um de- tilhar uma informação. O que faz alguém com-
bate. Solicite aos estudantes que discutam as partilhar determinado texto de mídia? É correto
possíveis causas dos discursos de ódio e tam- compartilhar uma imagem ou informação sem

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o consentimento das pessoas envolvidas? Quais 6. Sim. Ressalte que a liberdade de opinião não
são as possíveis consequências quando se com- pode desrespeitar os direitos humanos. Por isso,
partilha uma informação? Quais são os fatores as informações devem ser produzidas e disse-
que levam um conteúdo a viralizar? minadas de maneira criteriosa e responsável.

Página 70 7. É necessário prestar atenção se há, nesse con-


teúdo, a indução ao consumo ou a supervalori-
n Pergunte aos estudantes se eles costumam
acompanhar influenciadores digitais e se con- zação de um produto, serviço ou hábito.
seguem diferenciar informação de propaganda.
Questione também se eles já adquiriram um PRODUTO FINAL Portal de notícias
produto ou serviço por influência dessas pes- Páginas 72 e 73
soas. Incentive-os a compartilhar com os cole- n Até aqui, os estudantes realizaram diversas ati-
gas suas experiências pessoais, assumindo um
vidades ligadas à análise crítica da mídia e das
olhar crítico em relação aos conteúdos que con-
redes sociais. Foram levantados pontos impor-
somem, sobretudo em relação à distinção de
tantes no que tange à produção de conteúdo
conteúdo publicitário.
jornalístico pela mídia profissional, aos critérios
Página 71 utilizados para ler os textos de mídia e à forma
n O produto deste percurso é a produção de um de se comportar como autor ou autora. Todos
vídeo sobre cidadania digital. Ele deverá ser ela- esses debates serão colocados em prática para
borado com base nas respostas das questões a elaboração do produto final.
e do passo a passo indicado na página. n O produto final demandará engajamento dos es-
tudantes, professores e membros da comunida-
n É essencial frisar a importância da construção do
de, em um processo no qual os estudantes per-
roteiro, bem como da avaliação do material antes
ceberão como é produzir conteúdo pautado em
de sua gravação. Caso os estudantes não dispo-
nham de celulares com câmera, é possível marcar critérios de qualidade do jornalismo profissional.
uma data para realizar as gravações em um com- O portal de notícias oferecerá à comunidade –
putador da escola que tenha esse recurso. escolar e externa – informações qualificadas
sobre assuntos de relevância social, contribuindo
Respostas às atividades para o debate público e democrático.
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes n Exercitar a escrita do texto jornalístico permite
concluam que determinadas informações vira- aos estudantes trabalhar uma série de habilida-
lizam por mexer com emoções ou por defender des importantes, como a organização das infor-
pontos de vista e influenciar hábitos pessoais. mações, a hierarquização de fatos, a autonomia
na escrita e o foco no tema escolhido.
2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
refletir sobre o que mais chama a atenção em
n Você pode apresentar alguns exemplos de tra-
um conteúdo. balhos jornalísticos e perguntar sobre reporta-
gens que os estudantes leram, ouviram ou as-
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estu- sistiram e de que gostaram. Solicite que
dantes saibam que as bolhas informacionais comentem o que, na opinião deles, faz uma re-
são negativas para a sociedade, pois limitam portagem ser boa.
o debate público.
n Oriente os estudantes a definir qual será o
4. Pode-se “furar” a bolha informacional buscando tema do portal de notícias da turma. É impor-
informações em veículos de comunicação, tante que seja um tema de relevância social,
podcasts ou páginas de internet confiáveis, mas mas também de interesse dos estudantes.
que tenham uma linha editorial diferente das n Definido o tema, é hora de escolher o nome do
dos veículos que mais acessamos. portal. Oriente os estudantes a sugerir nomes
5. Resposta pessoal. É importante que os estu- curtos e criativos, que deixem claro qual é o
dantes saibam sustentar suas opiniões com tema. Eles devem verificar se o domínio (site) a
argumentos que valorizem a construção de ser criado já existe e utilizar plataformas gratui-
uma sociedade justa e democrática. tas para a criação do portal.

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n Para a construção do site do portal de notícias, viduais podem ser tomadas para mudar deter-
oriente os estudantes a planejarem anteriomen- minada realidade? Incluir histórias e depoimen-
te como será o layout. É importante que haja tos é um recurso muito interessante e
uma categorização dos elementos que com- importante no jornalismo, pois ajuda a humani-
põem a interface para que a navegação do site zar o texto e a aproximar o debate dos leitores.
seja intuitiva e esteticamente agradável. Em n Comente com os estudantes que os textos jor-
algumas ferramentas, a criação de sites ocorre nalísticos devem ter linguagem clara, acessível
em um ambiente de programação visual, no qual e objetiva e que uma das preocupações desse
é necessário identificar os elementos de inter- tipo de texto é transmitir informações de ma-
face (menu, botões e painéis) e distribuí-los neira precisa, evitando ambiguidade. Sobre a
montando o layout; outros dependem da criação organização do texto jornalístico, cabe explicar
de algoritmos. Em ambos os casos, a atividade aos estudantes que as informações mais rele-
permite trabalhar o pensamento computacional vantes e inéditas devem vir primeiro. Logo no
dos estudantes. primeiro parágrafo deve-se explicitar o agente
n Organize uma reunião de pauta com os estu- da ação: “O que, onde, quando e como aconte-
dantes para definir quais serão os temas das ceu o fato? Por qual motivo?”. Os entrevistados
reportagens. Incentive-os a pesquisar na in- devem ser identificados pelo nome e pela pro-
ternet, em livros, revistas e jornais quais po- fissão e, se algum deles tiver alguma relação
dem ser os assuntos mais interessantes e ur- com o tema da pauta, como ter feito uma pes-
gentes dentro do tema de cobertura do portal. quisa na área, é importante deixar claro. As ci-
Questione-os sobre as informações e os co- tações vêm sempre entre aspas.
nhecimentos que eles possuem sobre o assun- n Leia os textos produzidos pelos estudantes
to a ser pesquisado e que podem ser usados antes que sejam publicados, tanto para corrigir
na reportagem. eventuais erros de português como para veri-
n Nas pesquisas, oriente os estudantes não só ficar a clareza e a precisão das informações.
a ler e a ouvir as reportagens, mas também a n Incentive e oriente os estudantes a elaborar tí-
observar a identidade visual dos sites e como tulos interessantes e informativos, que desper-
as imagens são utilizadas. É interessante que tem o interesse do público e a vontade de co-
acessem o “Quem somos” dos sites, que cos- nhecer mais sobre o assunto.
tumam contar um pouco da história, dos obje- n A divulgação do portal pode ser feita pelas redes
tivos e da linha editorial do projeto. sociais da escola e dos estudantes ou, ainda, por
n Em relação às entrevistas, os estudantes devem meio de cartazes distribuídos em locais de gran-
agendá-las antecipadamente com os entrevis- de circulação da escola e do bairro. Oriente os
tados e elaborar previamente as questões. Es- estudantes na escolha da data e do local do
sas questões devem partir de informações con- evento de lançamento e na criação de estraté-
cretas sobre o tema e buscar informações gias para convidar os demais estudantes da
inéditas ou opiniões. Portanto, devem ser pro- escola e a comunidade. Eles devem preparar o
positivas e construtivas. Trechos das entrevis- que vão falar aos convidados e elaborar pergun-
tas podem ser utilizados posteriormente nas tas para um debate com os presentes.
reportagens. n O portal de notícias pode ser um canal interes-
n Os estudantes devem pedir autorização para sante para informar a comunidade escolar sobre
gravar a entrevista e tirar fotos. Se não dispuse- eventos, semanas de provas e festas na escola.
rem de celular com câmera, podem usar um Além disso, pode produzir investigações sobre
gravador ou programas gratuitos na internet seu tema central e manter os leitores e ouvintes
que possibilitem a captação e a edição de áudio. informados a respeito. Por isso, incentive os es-
n Caso não seja possível entrevistar um especia- tudantes a continuar atualizando e produzindo
lista, pode-se ouvir a opinião de estudantes, conteúdo para o portal mesmo depois do fim do
professores, funcionários da escola e morado- trabalho deste Projeto Integrador.
res do bairro acerca de como eles se sentem n Caso a escola não disponha de rede de internet
sobre a questão abordada na reportagem. É algo que permita construir um portal on-line, podem-
que os afeta? De que maneira? Que ações indi- -se organizar as reportagens em um jornal mu-

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ral. Para isso, os conteúdos devem ser criativa- respostas que possam ser transformadas em
mente diagramados em cartazes: os estudantes dados quantitativos, passíveis de ser mensu-
podem escrever, desenhar, pintar, recortar e rados. Ressalte que geralmente os formulários
colar imagens para deixar o jornal atrativo e in- de pesquisa na área de Ciências Humanas e
teressante, tendo em mente que a linguagem Sociais Aplicadas utilizam essa metodologia.
e a linha editorial precisam estar adaptadas ao n Na autoavaliação, incentive os estudantes a re-
público. O nome do portal precisa aparecer na
fletir sobre as próprias experiências e aprendi-
parte superior do jornal mural, com o logotipo
zados de maneira crítica, mas também gentil e
escolhido pelos estudantes, mantendo sempre
acolhedora. É importante que eles verifiquem
a identidade visual. Os cartazes devem ser afi-
xados em um local de grande circulação, assim possibilidades de melhoria, mas que não se jul-
mais pessoas podem ter acesso ao conteúdo. guem nem se cobrem demais. É interessante
que você, como professor, ressalte os aprendi-
Avaliação zados e ganhos desse processo, contribuindo
para formar estudantes autoconfiantes.
n Chame a atenção dos estudantes para a impor- n Avalie os estudantes, verificando se eles de-
tância de se expressarem de maneira respeito-
senvolveram as competências e habilidades
sa, crítica, ética e empática, sobretudo na roda
esperadas e se se envolveram no projeto, no
de conversa. Você deve atuar como mediador
que se refere à execução das atividades pro-
desse processo.
postas, à elaboração do portal e à apropriação
n Como sugere o nome, a roda de conversa pres-
dos conteúdos. Em relação aos conteúdos,
supõe a organização das carteiras da sala em
avalie, por exemplo, se os estudantes com-
círculo, a fim de favorecer o diálogo. A disposi-
preenderam os conceitos e os procedimentos
ção dos estudantes em círculo permite que cada
relativos à cidadania digital, se avaliaram criti-
um deles possa ser visto, e que, simbolicamen-
te, todos ocupem posição semelhante, tendo o camente as agências e os portais de notícias
mesmo direito e a mesma oportunidade de ex- indicados e se entenderam os objetivos de um
pressar suas ideias, gerando um senso de per- portal de notícias independente.
tencimento ao grupo. n Realize uma autoavaliação para refletir critica-
n Comente com os estudantes a importância de mente sobre o seu trabalho como professor e,
se ter um feedback da comunidade em relação assim, identificar os acertos e as possibilidades
ao projeto. Críticas e elogios fazem parte do pro- de melhoria. Como você avalia o seu envolvi-
cesso e podem proporcionar a eles oportunida- mento no projeto? Reflita sobre sua colabora-
des de melhoria. Além disso, vale ressaltar que a ção intelectual, prática e afetiva com os estu-
execução do projeto contou com o envolvimen- dantes. Quanto às estratégias pedagógicas,
to coletivo, inclusive das pessoas da comunidade. avalie se os objetivos propostos no Projeto
n Explique que a numeração de 1 a 5 do formu- Integrador foram atingidos. Descreva as suas
lário de pesquisa é importante para se obter impressões com palavras-chave.

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PROJETO 4
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Como lidar com os conflitos escolares e transformá-los


em oportunidades de aprendizagem?
Produto: Congresso – Como melhorar o convívio escolar?
A abordagem dos conflitos, especialmente Essa situação pode ser evitada com o reconhe-
aqueles vivenciados no ambiente escolar, envolve cimento dos conflitos pelos sujeitos envolvidos
conceitos centrais para a área de Ciências Huma- e a constante discussão a seu respeito. Assim,
nas e Sociais, como ética, tolerância, identidade e acreditamos que, se devidamente geridos, os
diversidade. Só essa constatação já justificaria um conflitos na escola podem contribuir para o de-
projeto com esse tema, mas, pelo fato de a exis- senvolvimento de atitudes de cooperação e em-
tência de conflitos na escola ser uma realidade co- patia, bem como incentivar a capacidade de diá-
mum para os estudantes, não faria sentido promo- logo e de argumentação dos estudantes.
ver reflexões sobre essa realidade sem lhes Uma das possibilidades de lidar adequadamen-
fornecer ferramentas para transformá-la. te com os conflitos existentes na escola é preparar
Por esse motivo, este projeto tem como pro- os estudantes para a mediação de conflitos.
posta incentivar os estudantes a identificar os
conflitos na escola em que estudam e a buscar […] se a escola é o universo que reúne alunos
maneiras de intervir e interferir nessa realidade, diferentes, ela é o palco onde certamente o conflito
solucionando-os. Para auxiliá-los nesse caminho, se instalará. E, se o conflito é inevitável, devemos
procuramos subsidiar suas reflexões com concei- aprender o ofício da mediação de conflito para que
tos ligados à mediação e à solução de conflitos e esta técnica se aprimore facultando a cultura da
propomos que organizem um congresso para dis- mediação de conflito.
Chamaremos de mediação de conflito o procedi-
cutir como melhorar o convívio escolar.
mento no qual os participantes, com a assistência
O projeto pode ser liderado por qualquer pro-
de uma pessoa imparcial – o mediador –, colocam
fessor da área de Ciências Humanas e Sociais as questões em disputa com o objetivo de desenvol-
Aplicadas, mas consideramos que o professor de ver opções, considerar alternativas e chegar a um
Filosofia seja o mais indicado, pela afinidade com acordo que seja mutuamente aceitável.
os assuntos trabalhados. É importante também Chrispino, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da classificação
que o professor responsável tenha habilidades dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: avaliação e
políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 54,
de comunicação e de organização de tarefas e p. 22-23, jan./mar. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/
interesse na investigação dos conflitos do espa- pdf/ensaio/v15n54/a02v1554.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020.
ço escolar, na criação de vínculos com os alunos
e na construção coletiva de espaço para diálogo
na escola. São elementos norteadores da área de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas a formação ética e o
compromisso com a liberdade de pensamento, a
Abordagem teórico-metodológica autonomia, o respeito aos diretos humanos e o com-
Inerentes à convivência humana, os conflitos, bate à violência e aos preconceitos. No papel de
em geral, resultam de diferentes visões de mun- agentes de mediação, exercitando a escuta ativa e
do, pontos de vista, preferências, anseios e de- o questionamento de argumentos não fundamen-
sejos, e não são necessariamente negativos. tados, os estudantes podem desenvolver a capaci-
Contudo, se não são percebidos, assumidos e dade de dialogar eticamente, exercendo a empatia
trabalhados, podem gerar impasses que impos- e o senso crítico. Além disso, podem adquirir maior
sibilitam o desenvolvimento das instituições e consciência de si próprios e de suas atitudes, con-
dos agentes nelas envolvidos, ou podem até tribuindo assim para a boa convivência na escola e
mesmo implicar em violência. atuando na promoção de uma cultura de paz.

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de diálogo sobre problemas variados do cotidia-
A mediação pode induzir a uma reorientação das
relações sociais, a novas formas de cooperação, de no escolar.
confiança e de solidariedade; formas mais maduras, Valoriza-se, assim, o papel ativo dos alunos na
espontâneas e livres de resolver as diferenças construção do conhecimento, organizando-se o
pessoais ou grupais. trabalho em pequenos grupos e, coletivamente,
A mediação induz atitudes de tolerância, respon- propondo-lhes que: a) identifiquem os conflitos
sabilidade e iniciativa individual que podem contri- em sua realidade; b) discutam os conflitos identi-
buir para uma nova ordem social. ficados utilizando seus conhecimentos prévios e
[…] experiências pessoais; c) levantem e investiguem
É possível, também, pensar na introdução do
hipóteses; d) proponham caminhos para solucio-
tema mediação de conflito no currículo escolar, o
nar os problemas, agindo como mediadores dos
que seria uma oportunidade para verbalizar a ques-
tão e tornar claro o que se espera dele – o jovem conflitos identificados.
– no conjunto de comportamentos sociais. De outra Além disso, o projeto demonstra preocupação
forma, é dizer ao jovem e à criança que suas dife- com o desenvolvimento social, visando à qualida-
renças podem transformar-se em antagonismos e de de vida das pessoas envolvidas com a comu-
que, se estes não forem entendidos, evoluem para nidade escolar, sendo, por isso, de relevância pa-
o conflito, que deságua na violência. Cabe ressal- ra a comunidade local. O objetivo terá sido
tar que esse aprendizado e essa percepção social, alcançado se este Projeto Integrador contribuir
quando ocorrem com o estudante, são para sempre. para que as comunidades escolares aprendam a
Chrispino, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da lidar com os conflitos de maneira criativa, dialo-
classificação dos conflitos aos modelos de mediação.
Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, gando, buscando caminhos, pensando na própria
Rio de Janeiro, v. 15, n. 54, p. 23, jan./mar. 2007. realidade e encontrando os procedimentos e as
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n54/
a02v1554.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020. ferramentas para organizar coletivamente um sis-
tema de gestão produtiva dos conflitos.

Neste projeto, a estratégia utilizada para que


os estudantes possam desenvolver a habilidade Objetivos e justificativas
de mediar conflitos é, em um primeiro momento, n Possibilitar discussões sobre o significado dos
apresentar a eles reflexões sobre a vida em so- conflitos da vida em sociedade.
ciedade e seus principais desafios, com ênfase
» Os conflitos são inerentes à vida em socieda-
nos conceitos de socialização e política, e mos-
de, e é preciso que os estudantes possam
trar-lhes as ferramentas importantes para a me-
reconhecê-los e entender seus significados
diação de conflitos, como a escuta ativa e a
para conviverem bem com outras pessoas em
comunicação não violenta. Em um segundo mo-
diversos contextos.
mento, colocar aos estudantes a questão: “Que
conflitos ocorrem em sua escola?”, cuja respos- n Apresentar a mediação de conflitos e algumas
ta implica uma investigação a ser conduzida por de suas ferramentas.
eles. Com os subsídios sobre mediação de con- » A mediação de conflitos tem grande potencial
flitos e o conhecimento dos conflitos vividos na para melhorar o convívio entre as pessoas, e
escola, eles poderão, então, exercitar o papel da suas ferramentas podem auxiliar os estudan-
mediação. Esse exercício se dará na realização tes nesse sentido.
de um congresso, pelo qual se responsabilizarão, n Desenvolver a capacidade argumentativa.
seja na organização do evento, seja na mediação » O desenvolvimento da capacidade argumen-
dos debates, de modo a garantir que desse even- tativa é um dos objetivos que permeiam todo
to emerjam propostas concretas para a solução o Ensino Médio.
dos conflitos na escola.
n Promover reflexões acerca do espaço escolar.
O papel do congresso, portanto, é criar espa-
ços de discussão sobre os conflitos no ambiente » Refletir sobre o espaço escolar é importante
escolar e de mediação desses conflitos. Assim, para o aprimoramento do conceito de espa-
podemos considerar que este projeto não se en- ço geográfico.
cerra em si mesmo, à medida que possibilita a n Investigar situações de conflito na escola e
criação de um espaço permanente de debate e suas causas.

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» A investigação permite aos estudantes ir » A organização de um congresso mobilizará a
além de opiniões pessoais, buscando emba- capacidade de planejamento e organização
samento científico para o entendimento dos dos estudantes e os colocará no papel de pro-
conflitos. tagonistas diante do desafio de solucionar os
n Incentivar a reflexão sobre os conflitos iden- conflitos escolares.
tificados, propondo ações para solucioná-los. n Promover a melhoria das relações entre as pes-
» Buscar soluções para os conflitos coloca os soas no espaço escolar.
estudantes em posição de protagonismo no » A escola é, antes de tudo, um espaço de con-
contexto em questão. vivência e, por isso, deve-se investir em torná-
n Utilizar o diálogo como ferramenta para a reso- -la um ambiente cada vez mais acolhedor e
lução de conflitos. favorável à aprendizagem.
» É fundamental que os estudantes reconhe- n Incentivar a criação de espaços para o diálogo
çam a prática do diálogo e a utilizem para a e para a troca de experiências na escola.
solução de conflitos. » O espaço para o diálogo e para a troca de ex-
n Organizar um congresso sobre o convívio periências permite maior interação e melhor
escolar. convívio entre as pessoas.

Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador

Competências gerais da Educação Básica

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Habilidade em destaque
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos,
gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações
de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.

Habilidade em destaque
(EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de
localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o
raciocínio geográfico.

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5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Habilidades em destaque
(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos
que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o
empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e
problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam
os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Habilidade em destaque
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de
documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos
e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.

Relação do projeto com as fundamental. Assim, promover a reflexão sobre


competências e habilidades os conflitos escolares e sugerir a discussão des-
se assunto com propostas de resolução em um
Como já visto, compreendemos que, na escola, congresso organizado pelos estudantes se arti-
a resolução mediada dos conflitos pode repre- cula diretamente a essa competência. Além dis-
sentar uma oportunidade de crescimento e apren- so, a organização do congresso demanda atitu-
dizagem e favorecer a reflexão, a análise crítica e des de empatia, cooperação e engajamento entre
o diálogo. Por esse motivo, este projeto foi elabo- os estudantes das turmas envolvidas, pois se tra-
rado com a intenção de levar os estudantes a in- ta de um evento que requer fôlego. Para que as
vestigar e a refletir sobre os conflitos presentes discussões sejam profícuas, é necessário, tam-
na escola onde estudam e a assumir para si a ta- bém, valorizar a diversidade de opiniões, as ex-
refa de mediá-los com a organização de um con- periências de vida e os valores dos indivíduos que
gresso. Esses objetivos estão diretamente arti- convivem na escola.
culados às orientações da Base Nacional Comum O produto final deste projeto, em formato de
Curricular (BNCC) e contemplam tanto as com- congresso, promove também o desenvolvimen-
petências gerais da Educação Básica como as to da competência geral 10. Os estudantes vão
competências específicas da área de Ciências se organizar em comissões com tarefas diferen-
Humanas e Sociais Aplicadas. tes, e a execução do congresso dependerá de
Para mediar os conflitos identificados na es- cada uma delas. Assim, os estudantes devem ne-
cola, os estudantes deverão refletir a respeito e cessariamente agir de modo responsável e con-
buscar soluções por meio das discussões a se- siderar o coletivo para que o evento aconteça.
rem realizadas no congresso. As palestras, as Nos debates do congresso, eles também preci-
oficinas e os grupos de discussão promovem o sam respeitar os princípios democráticos e éti-
diálogo e requerem dos estudantes o exercício cos e traçar estratégias de diálogo coletivo.
da argumentação com base em fatos, dados e A competência específica de Ciências Huma-
fontes confiáveis para negociar suas ideias. Des- nas e Sociais Aplicadas 1, especialmente em rela-
se modo, contempla-se diretamente a compe- ção à habilidade EM13CHS103, é contemplada
tência geral 7. quando os estudantes são chamados a levantar
Para atender à competência geral 9, por exem- hipóteses, a pesquisar, a sistematizar os dados da
plo, é importante a criação de espaços de diálogo pesquisa e examiná-los.
e de bom convívio na escola, garantindo um am- Ao analisar a produção do espaço escolar, en-
biente sem preconceitos ou violência. Nesse sen- tendido como espaço geográfico, identificando
tido, a mediação de conflitos é ferramenta as relações sociais existentes nesse espaço, o

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projeto contribui para o desenvolvimento da aos estudantes que realizem uma pesquisa para
competência específica de Ciências Humanas identificar os conflitos presentes na escola em
e Sociais Aplicadas 2, especialmente em relação que estudam.
à habilidade EM13CHS206. O produto deste percurso é um painel com os
Em diferentes momentos do projeto, os estu- resultados da pesquisa, que também servirá para
dantes são convocados a identificar, nos confli- orientar os temas a serem discutidos no congres-
tos, diversas formas de violência e injustiça. Ao so, o produto final deste Projeto Integrador.
questioná-las, podem desnaturalizar intolerân-
cias e preconceitos e entender a importância do
respeito às diferenças. Além disso, por meio do PRODUTO FINALCongresso: Como
congresso, promovem-se valores democráticos melhorar o convívio escolar?
e a discussão ética dos conflitos escolares. Des-
se modo, desenvolve-se a competência especí- No congresso, estudantes, professores e alu-
fica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 5, nos deverão participar com o objetivo de discutir
especialmente as habilidades EM13CHS501 e maneiras de lidar com os conflitos existentes na
EM13CHS502. escola. Para sua realização, os estudantes vão se
A competência específica de Ciências Humanas organizar em comissões para elaborar as dife-
e Sociais Aplicadas 6 tem especial papel no proje- rentes demandas. Essas comissões vão atuar nas
to, particularmente a habilidade EM13CHS606, pe- seguintes etapas: planejamento, gerenciamento
lo fato de o produto final ser uma forma de debate do evento, organização pós-evento, acompanha-
público, cujo objetivo é a promoção do diálogo para mento da implementação das propostas do con-
a resolução e a mitigação de problemas de convívio gresso e compartilhamento dos resultados.
escolar. Espera-se que as discussões realizadas no
congresso colaborem para a construção de um am-
biente escolar mais solidário e próspero, em que os Materiais
diferentes pontos de vista sejam respeitados. Serão necessárias cartolinas e canetas hidro-
gráficas para a elaboração do painel com os resul-
A estrutura do projeto tados da pesquisa sobre os conflitos existentes na
escola e para o caso de os estudantes resolverem
PERCURSO 1Quais são os desafios de confeccionar cartazes com as diretrizes da media-
viver em sociedade? ção de conflitos; computadores com acesso à in-
O Percurso 1 tem o objetivo de promover uma ternet, impressora, projetor multimídia, microfones
reflexão sobre a vida em sociedade e suas impli- e caixas de som.
cações, trabalhando com conceitos como socia-
lização e democracia e ressaltando a importância Cronograma
do diálogo para o convívio. Os estudantes tam-
Para o desenvolvimento do Projeto Integrador,
bém entram em contato com técnicas de media-
sugerimos 16 encontros ao longo de um semes-
ção de conflito, como a escuta ativa e a comuni-
tre escolar. Algumas propostas (como as entre-
cação não violenta.
O produto deste percurso é a elaboração de um vistas para a pesquisa do Percurso 2) necessaria-
texto de divulgação com diretrizes para a media- mente serão desenvolvidas fora do contexto de
ção de conflitos. aulas. Assim, em algumas etapas, é necessário
um intervalo entre um encontro e outro para que
os estudantes façam as atividades.
PERCURSO 2 Quais são os conflitos
Além disso, é necessário um intervalo entre o
existentes na escola e como lidar planejamento do congresso e sua realização, pois
com eles? os convidados devem ter tempo de se preparar
Este percurso começa com a discussão sobre e se organizar, bem como a escola de adequar seu
o espaço escolar e sobre os tipos de conflito calendário ao evento.
mais comuns no cotidiano escolar e as maneiras A seguir, há uma sugestão de cronograma para
possíveis de lidar com eles. Em seguida, propõe o planejamento e o desenvolvimento do projeto.

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Etapas do Número Respostas às atividades
Atividades
projeto de aulas 1. Resposta pessoal. Em situações como a retra-
Análise de imagem e tada na foto de abertura, o diálogo é muito
realização das
Abertura e importante, pois é por meio dele que as partes
atividades. 1
Apresentação envolvidas podem chegar a um consenso na
Leitura e discussão da
resolução do conflito.
apresentação.
2. Resposta pessoal. É provável que os estudantes
Leitura e discussão do
Percurso 1 texto e realização das 3 já tenham a consciência da importância do diá-
atividades. logo para lidar com conflitos. Espera-se que
Leitura e discussão do expressem essa compreensão na resposta.
texto e realização das 2 3. Resposta pessoal. É necessário considerar que
atividades.
alguns estudantes podem não se sentir dispostos
Organização dos a expor situações pessoais de conflito. Cuide para
Percurso 2 grupos e planejamento 1
da pesquisa. evitar constrangimentos, deixando-os livres para
falar apenas o que desejarem.
Apresentação e
discussão sobre os 1 4. Resposta pessoal. Se possível, peça aos estu-
resultados. dantes que compartilhem suas experiências e
Organização dos debatam sobre as diferentes maneiras de lidar
grupos e planejamento 2 com conflitos, começando a desenvolver o con-
do congresso.
Produto final teúdo deste projeto.
Realização do Um período
congresso. escolar Apresentação
(5 aulas)
Páginas 78 e 79
Roda de conversa,
apresentação dos n Se possível, faça a leitura coletiva do texto de
Avaliação resultados da pesquisa 1
feita com a comunidade
apresentação, que fornece aos estudantes in-
e autoavaliação . formações sobre o projeto. Verifique se eles têm
alguma dúvida e questione-os acerca da expec-
tativa que têm em relação ao projeto.
Orientações didáticas
Abertura PERCURSO 1 Quais são os desafios de
Páginas 76 e 77 viver em sociedade?
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n O objetivo da abertura é apresentar aos estu-
dantes o tema do projeto e sondar os conheci- n Inicie o percurso pedindo aos estudantes que
mentos prévios deles sobre o assunto. observem a imagem. Explique que se trata de
n Peça aos estudantes que analisem a imagem e uma foto icônica, pois representa um importan-
te momento histórico no qual o ex-primeiro mi-
levantem hipóteses. Faça algumas perguntas:
nistro de Israel Yitzhak Rabin e o então líder da
“Quem são as pessoas retratadas? O que estão
Organização para a Libertação da Palestina,
fazendo? O que estaria motivando essa situa-
Yasser Arafat, se cumprimentam após terem
ção?”. Pergunte a eles, também, se já viveram
assinado um acordo de paz, na Casa Branca, em
situação parecida com a da foto, incentivando-os
Washington, em 13 de setembro de 1993, no
a contar suas experiências.
contexto dos Acordos de Oslo. É importante des-
n Em seguida, utilize as questões propostas como tacar o papel dos Estados Unidos, na figura do
norteadoras de um debate coletivo, para que ex-presidente Bill Clinton, como mediador para
todos os estudantes opinem. que as duas nações envolvidas no conflito ne-
n É possível estender a discussão para além da gociassem a paz.
dimensão interpessoal, abordando os conflitos n Para permitir a troca de opiniões entre os estu-
entre gerações e aqueles resultantes de desi- dantes, sugerimos que as respostas às questões
gualdades, por exemplo. sejam compartilhadas entre eles. Pode-se, por

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exemplo, organizar a turma em grupos de três
Émile Durkheim (1858-1917) é considerado por
integrantes e solicitar a cada um que apresente muitos como o fundador da sociologia geral e jurí-
suas respostas aos outros dois colegas. dica na França. Trata-se de um autor que produz sua
n Se julgar conveniente, antecipe a discussão obra em um período marcado [por] profundas
mudanças sociais, políticas e econômicas na Europa.
em torno da mediação de conflitos comentan-
Deste modo, como diversos outros autores de sua
do que tanto na política como na vida cotidia- época, Durkheim pretende compreender, a partir de
na sempre entram em jogo diferentes interes- uma perspectiva científica, as transformações expe-
ses, o que pode gerar divergências. Nesse rimentadas pelos mecanismos de organização das
sentido, a mediação de conflitos tem o poten- sociedades, tais como o direito e a religião, em
cial de facilitar as relações e tornar a política virtude de tais mudanças. Pretendendo desenvolver
menos conflituosa. o projeto de uma sociologia autônoma, Durkheim
afirma que os fenômenos sociais devem ser consi-
n Caso opte por propor a discussão acima, peça derados como “coisas externas e objetivas”, exte-
aos estudantes que resgatem suas experiên- riores às consciências individuais. Seu pensamento
cias, encontrando situações em que um confli- dominou a sociologia acadêmica francesa até a
to enfrentado por eles tenha sido mediado por Segunda Guerra Mundial. Suas obras fundamentais,
alguém ou em que eles tenham sido mediado- publicadas em vida, são: De la division du travail
social (1983), Les règles de la méthode sociologique
res de conflitos de terceiros.
(1895), Le suicide (1897) e Les formes élémentaires
Respostas às atividades de la vie religieuse (1912). Alguns de seus cursos
ministrados em Bordeaux ou em Paris foram publi-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes cados postumamente. Cabe também mencionar a
respondam que a foto representa um impor- importante empreitada editorial promovida por
tante passo em busca da paz na região da Durkheim na revista L’année sociologique.
Palestina após décadas de conflitos, ao mostrar Villas Bôas Filho, Orlando. Émile Durkheim. In: Enciclopédia
jurídica da PUCSP. Disponível em: https://
o aperto de mãos entre o então primeiro-mi- enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/140/edicao-1/
nistro de Israel e o líder da Palestina, com a emile-durkheim. Acesso em: 21 jan. 2020.

mediação dos Estados Unidos. Apesar de a


região ainda se manter em conflito, o gesto,
Respostas às atividades
naquele momento, foi muito relevante.
1. A socialização é o processo pelo qual o indi-
2. Resposta pessoal. O entendimento, na polí- víduo internaliza os valores, símbolos e signifi-
tica internacional, pode conciliar as dife- cados de uma cultura. Nesse processo, cada
renças de interesse e, inclusive, impedir que indivíduo também interfere na sociedade,
guerras aconteçam. constituindo-se, assim, uma relação de mútua
3. Resposta pessoal. Valorize a opinião dos estu- influência: formamos a sociedade e por ela
dantes, deixando-os à vontade para se expressar. somos formados. Ouça os argumentos dos
estudantes sobre o que consideram positivo e
Garanta que todos os estudantes participem e
negativo nesse processo. Com base na leitura
desenvolvam argumentos para suas opiniões,
do boxe Saiba mais, eles podem inferir as van-
inclusive os mais tímidos, que apresentam difi-
tagens e desvantagens do processo de socia-
culdades de se expressar em público.
lização. Por exemplo, o texto cita “Muitas vezes,
4. Resposta pessoal. Espera-se que a resposta os indivíduos são forçados a se comportar de
seja positiva, pois o diálogo é elemento funda- determinado modo”, o que permite a com-
mental na solução de conflitos. preensão de que o processo de socialização
tem a desvantagem de levar as pessoas a fazer
Página 81 algo que elas não querem. O termo “forçados”
n Leia coletivamente o texto “As instituições e tem um importante papel na construção dessa
a socialização”, ressaltando a importância camada de sentido.
do sociólogo Durkheim, um dos fundadores da 2. e 3. Respostas pessoais. Incentive os estu-
sociologia moderna. Se julgar oportuno, leia dantes a compartilhar suas experiências com
para os estudantes o texto a seguir. os colegas. Cuide para que aqueles que não

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queiram expor experiências pessoais não se Essa publicação tem o objetivo de divulgar conceitos
sintam obrigados a isso. relacionados à mediação de conflitos, aplicando-os à
realidade escolar. Além de trazer subsídios teóricos,
4. Resposta pessoal. Conduza a conversa de apresenta variadas propostas de atividades e dinâmi-
modo que todos possam se manifestar e apro- cas, bem como experiências exitosas de solução de
veite para mostrar a diversidade de experiên- conflitos em escolas de várias regiões do Brasil.
cias e opiniões na turma.
Página 82 Página 85
n Relembre aos estudantes que, na Grécia Antiga, n Sugerimos que o texto sobre as técnicas nar-
não havia unidade política e as cidades-Estado rativas seja lido coletivamente, para esclarecer
tinham formas diferentes de organização do aos estudantes os procedimentos propostos.
poder. A democracia surgiu e teve grande im- Pode-se fazer esta dinâmica: um estudante lê
portância na cidade-Estado de Atenas. um pequeno trecho do texto e você escolhe
n Se julgar conveniente, trabalhe a relação entre três outros estudantes para comentar esse tre-
passado e presente, comparando a democra- cho. Se, ao final dos comentários, você consi-
cia ateniense com o atual regime democrático derar que ainda não há clareza por parte da
no Brasil. A democracia em Atenas, ainda que turma, complemente as informações. Dá-se,
não abrangesse todos os habitantes da cidade, então, seguimento à leitura e aos comentários
era participativa (democracia direta), enquan- até finalizar o texto. Na discussão dos trechos,
to no Brasil atual é representativa (democracia é interessante que os estudantes reflitam sobre
indireta). Em Atenas, os cidadãos participavam como essas orientações se dão na prática. Se-
diretamente das decisões sobre a cidade; no guem alguns exemplos para ajudar os estudan-
Brasil, os cidadãos aptos a votar elegem seus tes no entendimento das técnicas narrativas.
representantes para o Poder Executivo e para • Diálogo colaborativo: as pessoas envolvidas
o Poder Legislativo. nesse tipo de diálogo se preocupam em
identificar, na fala do outro, pontos que con-
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siderem beneficiá-las. Ou seja, o indivíduo 1
n É interessante comentar com os estudantes que, ouve o indivíduo 2 buscando, na fala deste
além das palavras, o bom diálogo também deve (indivíduo 2), pontos que beneficiem a si
considerar outras formas de expressão, como as mesmo (indivíduo  1), e vice-versa. Esses
emoções, os gestos, os sorrisos, os olhares, etc. pontos são aqueles de benefício mútuo, e
devem ser desenvolvidos para se chegar a
Respostas à atividade
uma solução.
1. a. Resposta pessoal. É muito provável que os • Diálogo produtivo: as pessoas envolvidas não
estudantes tenham vivido situações em que visam convencer o outro, por isso o foco não
uma pessoa se diz aberta ao diálogo, mas, na é argumentar, mas escutar. O intuito é que ca-
prática, não consegue sustentá-lo. da um escute cuidadosamente as ideias do
outro para entender como essas ideias podem
b. Não é condizente porque a personagem à
ser combinadas e chegar a um consenso.
esquerda não está disposta a dialogar. Ela
deveria lidar com ideias diferentes das ideias • Resumo: o mediador faz um breve resumo
dela de maneira pacífica, ouvindo com res- depois da fala de cada mediado e, em segui-
peito a opinião dos outros. da, pergunta se o mediado concorda com o
resumo. Esse procedimento pode ser propos-
to como exercício aos estudantes: um narra
Outras fontes algum acontecimento, o outro o resume.
Conselho naCional do Ministério PúbliCo. Diálogos e media-
• Paráfrase: retira-se o caráter negativo de uma
ção de conflito nas escolas: guia prático para educadores.
fala. Por exemplo: “Eu queria jogar vôlei, que é
Brasília: Conselho Nacional do Ministério Público, 2014.
bem mais legal que futebol, mas ele foi bruto
E-book. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/
images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Diálogos_e_ e não me deixou usar a quadra” é uma frase
Mediação_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Prático_ que poderia ser dita de outra maneira: “Eu que-
para_Educadores.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020. ria usar a quadra para jogar vôlei, mas ele

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queria jogar futebol e não permitiu que eu • Após as dramatizações, peça à turma que co-
usasse a quadra”. Pode-se fazer este exercício mente a atuação do mediador, sempre de ma-
com os estudantes: um diz uma frase com as- neira construtiva, pensando em pontos que
pectos negativos e julgamentos de valor e o poderiam ser melhorados.
outro a refaz de maneira neutra.
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Respostas às atividades
Respostas às atividades
1. Exemplo de pergunta que promove reflexão: Que
dificuldades seriam enfrentadas pela pessoa 1. a. e b. Respostas pessoais. Incentive a troca de
com quem você está em conflito para que ela experiência entre os estudantes e a
atenda às suas necessidades?; que gera infor- busca coletiva de estratégias para solu-
mação: Em que pontos a pessoa com quem você cionar os problemas.
está em conflito alterou sua rotina?; que oferece
voz aos mediados: Você gostaria de comentar 2. Comente com os estudantes que eles devem
o que foi falado pela outra parte?; que abre utilizar o que aprenderam neste percurso e que
espaço de conversação: Em que ponto você devem incorporar as discussões feitas em sala
considera que poderia ceder, e em que ponto de aula no texto que vão produzir.
gostaria que a outra parte cedesse?; que amplia
o entendimento sobre o conflito: Quando e por PERCURSO 2 Quais são os conflitos
que o conflito começou?. existentes na escola e como lidar
2. Chame a atenção dos estudantes para o fato com eles?
de que não há, necessariamente, uma versão Página 88
correta, mas diferentes pontos de vista, depen-
dendo do observador. No entanto, é importante n Para detectar preliminarmente alguns dos con-
chegar a um consenso, que contemple todos flitos existentes na escola, pode-se promover
os pontos de vista envolvidos na narrativa. uma roda de conversa para que os estudantes
expressem do que gostam e do que não gos-
3. Incentive os estudantes a expressar livremente
tam na escola, e como se sentem nas diferen-
seus sentimentos em relação à experiência.
tes situações e espaços de convívio escolar. O
Eventualmente, pode ser muito custoso para
objetivo dessa atividade é realizar uma espécie
alguns não interromper a fala do interlocutor.
de diagnóstico do clima escolar.
Acolha essa atitude, mas evidencie que saber
ouvir o outro é uma qualidade, e que com essa
Respostas às atividades
prática pode-se, inclusive, evitar conflitos.
1. Susan está chateada com Calvin porque ele não
Página 86 está colaborando no trabalho em dupla.
n É importante que os estudantes percebam que 2. Resposta pessoal. Para responder à questão,
podem se apropriar das ferramentas e dos va- espera-se que os estudantes resgatem as
lores envolvidos na mediação de conflitos e experiências recentes ou antigas que viven-
utilizá-los em suas relações pessoais. Para isso, ciaram na escola.
sugerimos o exercício a seguir.
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
• Peça a alguns estudantes que, voluntariamen- sugiram o uso do diálogo e de bons argumentos.
te (devem se sentir confortáveis para isso),
descrevam situações de conflito em que já 4. Resposta pessoal. Caso o estudante conclua
estiveram envolvidos. que suas relações são conflituosas, incentive-o
• Promova, então, breves dramatizações para a refletir sobre como melhorar essa situação.
representar os conflitos. Em cada uma delas,
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dois estudantes devem assumir, cada um, um
lado do conflito, e aquele que o vivenciou de n A reflexão sobre o conceito de espaço é funda-
fato vai atuar como mediador, fazendo uso mental para os estudos de Ciências Humanas e
das orientações das páginas 85 e 86 do Livro Sociais Aplicadas. É no espaço que as relações
do Estudante. humanas ocorrem. Entender essas relações é

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entender como o espaço é produzido e alterado. Página 90
Partimos da leitura de que a escola pode ser pen- n Para auxiliar na compreensão da especificidade
sada sob a perspectiva geográfica, isto é, pensa-
dos conflitos que ocorrem na escola, sugerimos
da como espaço geográfico. Para entender me-
a leitura conjunta com os estudantes deste texto.
lhor as distinções entre as dimensões do espaço
geográfico, sugerimos a leitura do texto a seguir. Os conflitos educacionais, para efeito de estudo,
são aqueles provenientes de ações próprias dos siste-
[…] Num primeiro momento podemos enxergar mas escolares ou oriundos das relações que envol-
sua dimensão absoluta, o prédio escolar (com salas vem os atores da comunidade educacional mais
de aula, sala de professores, biblioteca, laborató- ampla. Certamente poderíamos ainda apontar os que
rios…), a quadra de esportes, os muros, os móveis derivam dos exercícios de poder, dos que se originam
(mesas, carteiras, armários etc.), os equipamentos e das diferenças pessoais, dos que resultam de intole-
materiais didáticos (televisão, aparelho de DVD, râncias de toda ordem, os que possuem fundo polí-
projetor, globo, mapas etc.). tico ou ideológico, o que fugiria do foco principal
Com um olhar mais acurado podemos adentrar deste trabalho, voltado pela escola e seu entorno. [...]
no espaço relativo. Espaço esse, tecido na relação [...] No momento em que realçamos o conflito na
entre os sujeitos escolares com o espaço físico da escola, gostaríamos de chamar à atenção a capaci-
escola no limiar do tempo. Alguns alunos adoram dade da escola em perceber a existência do conflito
nos momentos de troca de professor, e em dias enso- e a sua capacidade de reagir positivamente a ele,
larados aproveitar a sombra de uma árvore, próxima transformando-o em ferramenta do que chamamos
da sala de aula, para conversar. Esses alunos iden- de tecnologia social, uma vez que o aprendizado de
tificam, em relação aos raios solares, o melhor local convivência e gestão do conflito são para sempre.
para estarem. Ou seja, a sombra da árvore não é em Chrispino, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da classificação
si o melhor local para eles, ela pode ser dependendo dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: avaliação e
políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 54,
da insolação. Também, se no próximo ano a sala de
p. 20 e 22, jan./mar. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/
aula dos mesmos estudantes for mais distante da tal pdf/ensaio/v15n54/a02v1554.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020.
sombra, pode ser que não mais utilizem o local.
Entretanto, podemos mergulhar ainda mais no
espaço escolar e perseguir o espaço relacional. Entrar
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nas filigranas das relações, buscando entender os n Solicite à turma que verifique a idade das estu-
elementos mais sensíveis ligados ao singular, à iden- dantes Raiane e Ana, que deram seus depoi-
tidade. Utilizando o mesmo exemplo anterior, dos mentos sobre a mediação de conflitos. A idade
alunos que gostam da sombra da árvore, podemos ver delas provavelmente é muito próxima à dos
mais exemplos. No momento da troca de professores estudantes, o que permite que estes se identi-
há uma determinação para que os estudantes perma- fiquem com as depoentes e possam se colocar,
neçam na sala de aula, no entanto eles saem e vão
também, no papel de mediadores.
para o local sombreado com o objetivo de sair do
espaço claustrofóbico que muitas vezes é a sala de Respostas à atividade
aula, e conversarem à vontade. No entanto, esse movi- 1. a. Quando um conflito é ignorado ou mal admi-
mento somente ocorre quando o coordenador não está
nistrado, perde-se seu potencial construtivo.
por perto. Ou seja, entram no exemplo a claustrofobia
Ignorar conflitos leva ao aumento de ressen-
da sala de aula e o medo do coordenador. Sensações
timentos, situação que pode desencadear
que se manifestam de modo distinto em cada indiví-
duo. Nem todos os alunos da turma vão para a sombra; atitudes de violência.
dentre aqueles que vão, ao verem de longe o coorde- b. Resposta pessoal. O estudante pode res-
nador, uns correm de volta para a sala de aula, outros gatar experiências dele ou dos colegas, rela-
disfarçam dizendo que vão ao banheiro, alguns poucos tadas nas atividades do Percurso 1.
permanecem imóveis desafiando as normas da escola.
Eis a dimensão relacional do espaço. Página 92
silVa, Alexsander Batista e. A geografia do espaço escolar: n A pesquisa proposta neste tópico tem o objeti-
jovem-aluno, práticas espaciais e aprendizagem geográfica.
2016. p. 236. Dissertação (Doutorado em Geografia) –
vo de coletar dados a respeito do ambiente es-
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016. Disponível em: colar, sobretudo com relação aos conflitos: quais
https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/6669/5/
são e como são percebidos no convívio da es-
Tese%20-%20Alexsander%20Batista%20e%20Silva%
20-%202016.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020. cola. Sugere-se a realização de entrevistas com
professores, alunos e funcionários, mas, se for

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conveniente e viável, também podem ser entre- Avaliação
vistados pais de estudantes, pois estes fazem
Páginas 96 e 97
parte da comunidade escolar.
n Chame a atenção dos estudantes para que se
Página 93 expressem de maneira respeitosa, crítica, ética
n Oriente os estudantes a ilustrar os resultados e empática, sobretudo na roda de conversa. Você
da pesquisa e da entrevista, com gráficos acres- deve atuar como mediador desse processo.
cidos de legendas explicativas. n Como o nome sugere, a roda de conversa pres-
n É possível que os estudantes identifiquem va- supõe a disposição das carteiras da sala em
riadas situações de conflito, desde as mais sim- círculo, a fim de favorecer o diálogo e permitir a
ples, como o incômodo pelo uso do uniforme cada estudante ver, ser visto e expressar suas
ou queixas relacionadas ao uso da estrutura ideias e ser respeitado por isso gerando um sen-
física da escola, até as mais complexas, como so de pertencimento ao grupo.
racismo, homofobia, bullying. É interessante n Ressalte aos estudantes a importância do
realizar uma roda de discussão a fim de que se feedback da comunidade em relação ao projeto.
percebam os variados tipos de conflito e os As críticas e os elogios fazem parte do proces-
agentes neles envolvidos. so e podem indicar oportunidades de melhoria.
Além disso, lembre-os de que a execução do
Congresso: Como
PRODUTO FINAL projeto foi possível com o envolvimento coleti-
melhorar o convívio escolar? vo, inclusive das pessoas da comunidade.
Páginas 94 e 95 n Explique que a numeração de 1 a 5 do formu-
lário de pesquisa é importante para se obter
n As etapas anteriores ajudaram os estudantes a respostas que possam ser transformadas em
refletir sobre o uso do espaço escolar, os con-
dados quantitativos, possíveis de serem men-
flitos nele gerados e a necessidade de buscar
surados. Ressalte que geralmente os formulá-
soluções por meio do diálogo e de técnicas de
rios de pesquisa na área de Ciências Humanas
mediação de conflitos. O congresso como pro-
e Sociais Aplicadas utilizam essa metodologia.
duto final visa ao amplo debate democrático das
n Na autoavaliação, incentive os estudantes a re-
questões que envolvem toda a comunidade es-
fletir sobre os próprios aprendizados e experiên-
colar, tendo em vista a busca de resolução a
cias de maneira crítica, mas também gentil e
curto, médio ou longo prazo.
acolhedora. É importante que eles verifiquem
n Em relação à organização do produto final, o possibilidades de melhoria, mas que não se jul-
ideal é que as turmas da mesma série possam guem nem se cobrem demais. É interessante
ser integradas para o trabalho conjunto. É im- que você, como professor, ressalte os aprendi-
portante, também, contar com o apoio de todos zados e ganhos desse processo, contribuindo
os professores da escola, sejam eles ou não da para a formação de estudantes autoconfiantes.
mesma área de conhecimento. n Avalie os estudantes, verificando se eles de-
n No decorrer do ano letivo, assembleias de clas- senvolveram as competências e habilidades
se podem ser realizadas para a resolução de esperadas e se se envolveram no projeto, no
questões específicas da turma, assim como as- que se refere à apropriação dos conteúdos, à
sembleias gerais da escola, como a proposta execução das atividades propostas e à atuação
deste projeto. O ideal é criar o hábito de refletir no congresso.
coletivamente sobre as questões que afetam n Faça uma autoavaliação para refletir criticamen-
todas as pessoas do espaço escolar. te sobre seu trabalho e, assim, identificar os
n Ao final do projeto, incentive o compartilhamen- acertos e as possibilidades de melhoria. Como
to das informações (textos, fotos, vídeos) cole- você avalia seu envolvimento no projeto? Refli-
tadas durante todo o trabalho. É interessante ta sobre sua colaboração intelectual, prática e
enfatizar aos estudantes que eles não são os afetiva com os estudantes. Em relação às estra-
únicos que estão lutando para melhorar a reali- tégias pedagógicas, avalie se os objetivos pro-
dade da própria escola. Outras escolas também postos no Projeto Integrador foram atingidos.
estão empenhadas nessa tarefa. Descreva com palavras-chave suas impressões.

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PROJETO 5
MIDIAEDUCAÇÃO

Quais desafios as novas mídias


impõem à nossa vida cotidiana?
Produto: Prática de jornalismo de soluções em mídia social
O Projeto Integrador 5 – Midiaeducação visa Além do estudo das ferramentas midiáticas,
apresentar novos pontos de vista para que os es- também é importante que os estudantes se apro-
tudantes leiam e interpretem criticamente as di- priem de novas mídias e produzam-nas, o que é
versas fontes de informação que recebem no co- fundamental para a construção de uma leitura mais
tidiano, o que é fundamental para o letramento crítica e democrática das informações, como es-
midiático deles. clarece o texto a seguir.
Neste projeto, os estudantes terão a oportuni-
dade de se familiarizar com os usos das novas mí- A passagem do século:
dias do mundo contemporâneo, conhecer a lin- internet e novíssimas TIC
guagem específica utilizada no meio midiático e
da comunicação, além de produzir reflexões cole- Ao final do século XX, observa-se uma verdadeira
tivas a respeito de questões sociais que envolvem “revolução tecnológica”, decorrente do avanço
o lugar onde vivem e com o qual mantêm vínculos técnico nos campos das telecomunicações e da
sociais e afetivos. informática, colocando à disposição da sociedade
O projeto prevê momentos em que os estudan- possibilidades novas de comunicar e de produzir e
tes poderão dialogar sobre a importância das mí- difundir informação. […] O papel da mídia-educação
dias na história nacional e mundial, possibilitando- torna-se ainda mais crucial e sua realização mais
-lhes o desenvolvimento de um olhar crítico em complexa, face às ilusões libertárias e igualitárias
relação aos conteúdos veiculados pelos diferen- das promessas da “rede”.
tes meios. Esse olhar crítico é fundamental para As novas TIC representam, evidentemente, novos
a construção de uma postura responsável e ética desafios para a mídia-educação, que deve aprender
no uso das novas mídias e necessário na produ- a lidar com: uma cultura midiática muito mais inte-
ção de informações e soluções de questões atuais. rativa e participativa entre os jovens; fronteiras inde-
O Projeto Integrador tem por objetivo o desen- finidas entre a elite produtora de mensagens e a
volvimento de uma mídia social, inspirado no con- massa de consumidores; novos modos de fazer polí-
ceito de jornalismo de soluções. Esse trabalho es- tica e novas possibilidades democráticas. As formas
tá previsto para ser realizado coletivamente, em e os sentidos que vão revestir estas novas potencia-
grupos de ao menos três estudantes, e pode ser lidades dependem dos modos de relações que os
liderado por qualquer professor da área de Ciên- jovens desenvolverão com as mídias: uma direção
cias Humanas e Sociais Aplicadas, porém é pos- mais democrática, crítica e criativa dependerá, em
sível que os professores de História e/ou Geogra- grande parte, das oportunidades de mídia-educação
fia tenham maior afinidade com o tema. oferecidas às novas gerações. […]
Bévort, E.; Belloni, M. L. Mídia-educação: conceitos, história e
perspectivas. Educação e Sociedade, Campinas, v. 30,
Abordagem teórico-metodológica n. 109, p. 1081-1102, set./dez. 2009. Disponível em:
http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 7 jan. 2020.
O projeto é baseado na midiaeducação e no
letramento midiático. Para o exercício pleno da
cidadania, é crucial que os estudantes compreen- Como se trata de um projeto em que os estu-
dam como, no mundo contemporâneo, ocorrem dantes vão construir a própria mídia social, inspi-
a produção e a divulgação de informações nas rada no modelo de jornalismo de soluções, é pre-
diversas mídias, em especial as TICs (tecnologias ciso envolvê-los, desde o início das atividades, com
de informação e comunicação). apelo ao protagonismo que devem desempenhar.

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Como os jovens têm grande familiaridade com o » O acesso à informação demanda uma análise
uso das redes sociais, a valorização de seus co- crítica, e esse objetivo permite que, à luz des-
nhecimentos prévios pode motivá-los para o pro- ses conceitos, os estudantes analisem critica-
jeto. Valoriza-se, assim, o papel ativo dos estudan- mente a censura midiática.
tes na construção do projeto, de modo que n Incentivar os estudantes a conhecer e a com-
trabalhem em pequenos grupos para a realização
preender plenamente o Marco Civil da Internet,
das pesquisas e entrevistas.
contextualizando seu estabelecimento e divul-
Nesse sentido, busca-se o empenho dos estu-
gando suas diretrizes de maneira democrática.
dantes na realização de um produto, em diálogo
constante com elementos da vida social presen- » O conhecimento do Marco Civil da Internet
tes em seu cotidiano. A proposta do jornalismo pode auxiliar os estudantes a conhecer seus
de soluções visa, justamente, formar cidadãos direitos e deveres como cidadãos na rede.
capazes de se apropriar das novas mídias para n Auxiliar o desenvolvimento do pensamento crí-
refletir e agir sobre a realidade cotidiana de suas tico dos estudantes, incentivando-os a avaliar
comunidades. A operacionalização da proposta suas ações na internet considerando os Direitos
implica outros objetivos, como o letramento mi- Humanos e valores como empatia e respeito.
diático, por meio do qual o estudante deve conhe-
cer a produção e a circulação da informação nas » Refletir sobre as ações on-line incentiva os
novas mídias, mas também a mídia tradicional, já estudantes a promover o uso mais responsá-
que guardam muitas semelhanças. vel da internet.
Além disso, o projeto demonstra preocupação n Analisar criticamente o acesso da sociedade
com o desenvolvimento social, visando à quali- brasileira à internet, relacionando esse fato à
dade de vida das pessoas envolvidas com a co- representatividade das comunidades na mídia
munidade escolar, sendo, por isso, de relevância tradicional.
para a comunidade local. Nosso objetivo terá si-
do alcançado se pudermos contribuir para que » Essa análise permite que os estudantes apli-
as comunidades escolares aprendam a lidar com quem os conteúdos estudados no projeto à
os conflitos de maneira criativa, dialogando, bus- própria realidade e desenvolvam o senso crí-
cando caminhos, refletindo sobre suas realida- tico sobre as questões de exclusão da socie-
des, encontrando os procedimentos e as ferra- dade da informação.
mentas para organizar coletivamente um sistema n Conhecer e analisar experiências de mídia so-
de gestão produtiva dos conflitos. cial com foco no jornalismo de soluções. Com
O produto final do projeto voltado a entrevistas base nelas, propor uma mídia social inspirada
com pessoas da comunidade permite que o estu- no conceito de jornalismo de soluções.
dante entre em contato com as demandas das
pessoas a sua volta, dando a esse estudante a » Essa proposta permite que os estudantes
oportunidade de contribuir para uma sociedade assumam o protagonismo na produção de
mais democrática e independente, já que o proje- mídias, com toda a responsabilidade que a
to objetiva a construção de uma prática jornalísti- produção e a divulgação de informações
ca voltada para a comunidade. Além da participa- demandam.
ção ativa no local onde vivem, os estudantes n Promover a utilização de tecnologias digitais
podem, com esse projeto, adquirir mais ferramen- de modo crítico e ético, com o objetivo de di-
tas para ler as diversas mídias presentes no coti- vulgar informações de maneira democrática
diano, tornando-se capazes de analisar criticamen- e inclusiva.
te as informações que recebem diariamente.
» É fundamental que os estudantes se apro-
priem das tecnologias digitais para que exer-
Objetivos e justificativas çam sua cidadania crítica e autonomamente,
n Incentivar os estudantes a refletir sobre as analisando de forma questionadora e inde-
questões da liberdade e da independência pendente as informações que recebem por
midiática. intermédio das novas mídias.

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Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador
Competências gerais da Educação Básica

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –,
bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva
e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Habilidade em destaque
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Habilidade em destaque
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade
e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades
contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes
espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.

Relação do projeto com as As competências gerais trabalhadas neste


projeto são as competências 4, 5 e 7. A produção
competências e habilidades
de uma mídia social exige que os estudantes se
O acesso à informação pode representar mais familiarizem com diferentes linguagens e consi-
poder e maior autonomia para a tomada de deci- gam utilizá-las. Este projeto visa principalmente
sões, permitindo aos indivíduos que exerçam sua ao desenvolvimento crítico da linguagem digital,
cidadania plenamente. Porém, é necessário que cada vez mais próxima do cotidiano deles, con-
haja uma reflexão crítica sobre as informações re- templando a competência geral 4.
cebidas diariamente. Assim, este projeto tem co- A competência geral 5 é trabalhada ao longo
mo objetivo levar os estudantes a refletir sobre as deste projeto ao formar os estudantes para que
informações que recebem em seu cotidiano e o façam uso da cultura digital de forma crítica e cria-
tipo de mídia que consomem, de modo a aprimo- tiva, assumindo compromissos éticos em relação
rar seu letramento midiático. Esses objetivos estão à sua vida pessoal, mas também em relação à co-
diretamente articulados às orientações da BNCC munidade de que fazem parte.
e contemplam tanto competências gerais da Edu- A competência geral 7 ocupará uma posição
cação Básica como as competências específicas central na construção do projeto. A construção
da área de Ciências Humanas. coletiva do projeto será viabilizada com base no

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diálogo e no entendimento entre os membros do PERCURSO 2 O mundo on-line requer
grupo responsável pela nova mídia social, pautan- novas leis e regulamentações?
do-se pelo respeito em relação ao ponto de vista
Neste percurso são abordados o Marco Civil
do outro e pela responsabilidade em relação às in-
da Internet, a regulamentação do mundo on-line
formações produzidas e difundidas.
e os discursos de ódio presentes na rede, difun-
A competência específica de Ciências Huma-
didos pelos haters.
nas e Sociais Aplicadas 1 é contemplada por meio
As atividades e os textos visam conscientizar
da realização da prática de jornalismo de soluções
os estudantes sobre questões éticas envolvidas
em mídia digital e também por meio da análise de
na regulamentação da rede e das novas mídias.
estudos de casos e dos debates em sala de aula
Além disso, a discussão sobre haters busca in-
a respeito do uso das mídias (novas e tradicionais)
em processos políticos, transformações sociais centivá-los a adotar uma postura mais empática
e estratégias econômicas. Nas atividades distri- e respeitosa para com o outro.
buídas de modo equilibrado ao longo das aulas, O produto esperado do percurso é uma ação
os estudantes serão convidados a se posicionar de conscientização para combater o ódio on-line
criticamente e criativamente em relação aos ca- por meio de um slogan, meme ou cartum crítico.
sos e às histórias estudados, desenvolvendo prin- Espera-se que os estudantes mobilizem conheci-
cipalmente a habilidade EM13CHS106. mentos da área de Linguagens e suas Tecnologias
Por fim, é desenvolvida a competência especí- para esse produto. O compartilhamento também
fica de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 6. é importante, pois é um momento em que pode-
Para alcançar essa competência ao longo do pro- rão construir, coletiva e mutuamente, críticas pro-
jeto, os estudantes serão convidados a debater dutivas e apontamentos pertinentes em relação
temas pertinentes para que, com isso, amadure- aos trabalhos.
çam a própria postura em relação à opinião do ou-
tro. A proposta de desenvolver, coletivamente, PERCURSO 3 A quem servem as novas
uma mídia social na perspectiva do jornalismo de mídias?
soluções visa fomentar a participação cidadã me-
diante o diagnóstico dos problemas que afligem O Percurso 3 visa à apresentação dos conceitos
as comunidades e, sobretudo, com o respeito aos de jornalismo de soluções e de Sociedade da In-
direitos humanos e à intervenção consciente, res- formação e do Conhecimento (SIC).
ponsável e ética na vida coletiva, trabalhando so- Ao se abordar a sociedade da informação, tam-
bretudo a habilidade EM13CHS605. bém é trabalhada a exclusão dessa perspectiva de
informação para algumas comunidades. O objetivo
é que os estudantes compreendam esses concei-
A estrutura do projeto
tos e realizem uma pesquisa sobre as diferentes
As novas mídias são livres
PERCURSO 1 iniciativas de jornalismo de soluções on-line.
O que se espera dos estudantes é que perce-
e independentes de qualquer controle?
bam o potencial desse tipo de iniciativa e pesqui-
O Percurso 1 trabalha a liberdade e indepen- sem ativamente sobre esse tema, a fim de se pre-
dência das novas mídias. Para isso, serão apre- parar para a elaboração do produto final.
sentados aos estudantes casos em que mídia,
política e economia se relacionam e se influen- PRODUTO FINAL Prática de jornalismo
ciam mutuamente, chegando à questão da cen-
de soluções em mídia social
sura midiática.
O produto esperado neste percurso é um rela- A execução do produto final está dividida em
tório sobre a situação da liberdade nas novas mí- cinco etapas, nas quais os estudantes vão retomar
dias em diferentes países. Para essa atividade, os os conhecimentos e as experiências que adquiri-
estudantes devem exercer seu senso crítico ao ram ao longo dos três percursos. Os estudantes
pesquisar em fontes confiáveis e diversas as pos- devem ser organizados em grupos, para que haja
síveis motivações para a censura que ocorre em maior diversidade de entrevistas no painel final.
diferentes países, priorizando valores como liber- A seguir estão representadas as etapas de execu-
dade de expressão e independência. ção do produto final.

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Etapa 1 Definição do tema da entrevista e
Etapas do Número
da forma de difusão Atividades
projeto de aulas
Etapa 2 Escolha dos entrevistados
Análise de imagem
e realização das
Etapa 3 Preparação e realização da
entrevista atividades.
Abertura e
1
Apresentação
Etapa 4 Pós-produção Leitura e
discussão do
Etapa 5 Publicação texto.

Leitura e
discussão do texto
Materiais Percurso 1
e realização das
2
atividades.
O desenvolvimento de uma mídia social depen-
de, em primeiro lugar, de um suporte ou meio que
Leitura e
possibilite a comunicação de textos, áudios, vídeos discussão do texto
ou imagens. Nesse sentido, é necessário que os Percurso 2 3
e realização das
estudantes tenham acesso a alguns suportes tec- atividades.
nológicos, como smartphone, computador, máqui-
na fotográfica, caixas de difusão sonora, meios de Leitura e
discussão do texto
impressão e de reprodução de textos. Percurso 3
e realização das
3
Contudo, esses materiais não são todos neces- atividades.
sários, ou seja, é possível criar uma mídia social
tendo acesso a apenas um deles. Caso um grupo Organização dos
de estudantes opte, por exemplo, por desenvolver grupos e
2
planejamento da
um jornal impresso, o acesso a uma máquina foto- pesquisa.
gráfica ou smartphone com câmera será mais do
que suficiente, mas o acesso a papel e impressora Produto final Realização das
será essencial. Caso um grupo opte por construir entrevistas,
uma mídia social com o recurso das novas mídias, organização e
2
edição,
então deverá ter acesso a um smartphone ou a um
construção das
computador conectados à rede mundial de com- mídias sociais.
putadores. Os materiais necessários, portanto, po-
dem variar conforme o tipo de mídia social que os Roda de conversa,
grupos decidam produzir. apresentação dos
O uso de equipamentos de áudio e vídeo preci- resultados da
Avaliação 1
pesquisa feita
sa ser feito com cautela. Instrua os estudantes a com a comunidade
respeito dos constrangimentos legais que podem e autoavaliação.
implicar o mau uso das mídias.
O desenvolvimento do produto final depende
de muitos recursos que os estudantes encontra-
rão na internet. Nesse sentido, oriente-os quanto
Orientações didáticas
a procedimentos de busca na rede, indicando sites Abertura
e métodos de pesquisa.
Páginas 98 e 99

Cronograma n Apresente a pergunta provocativa que dá título


Para desenvolvimento deste Projeto Integrador, ao projeto: “Quais desafios as novas mídias im-
serão necessários 14 encontros, ao longo de um põem à nossa vida cotidiana?”. Ouça as impres-
trimestre. Algumas atividades podem ser desen- sões dos estudantes com relação a essa ques-
volvidas fora do contexto de aulas e, por isso, não tão. Há diferentes maneiras de abordar esse
são contabilizadas aqui. tema e, nessa primeira aula, é importante man-

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ter abertas diferentes possibilidades que mais do trabalho. Pergunte-lhes se sabem o que
chamem a atenção dos estudantes. Desse são as mídias tradicionais e como elas se di-
modo, desde a primeira aula, eles poderão per- ferenciam das novas mídias; consulte-os bre-
ceber qual é, para eles, a importância do tema e vemente sobre as experiências pessoais deles
como podem contribuir com os projetos coleti- com as mídias sociais (Usam alguma mídia
vos. Caso necessário, registre na lousa expres- social? Ou acompanham alguma? De qual gos-
sões do universo midiático que despertem a tam mais e por quê?). São perguntas simples
curiosidade dos estudantes. e diretas que permitirão conhecer a relação
n Explore o tema da abertura com base na ima- prévia dos estudantes com o universo das mí-
gem apresentada. Incentive-os a refletir sobre dias sociais. Se julgar pertinente, peça a eles
as possibilidades trazidas pelas tecnologias de que citem termos que serão trabalhados ao
reconhecimento facial. Incentive os estudantes longo deste projeto e cujo significado eles não
ao debate com a questão O que é mais impor- conhecem. Realize uma discussão coletiva
tante, a privacidade ou a segurança on-line? para levantar hipóteses de significados dos
A fotografia e as questões de abertura podem termos apontados pelos estudantes.
ajudar a aprofundar a reflexão sobre o tema.
n Incentive os estudantes a pensar nas possibili- PERCURSO 1 As novas mídias são livres
dades de acesso às mídias e às tecnologias. São
e independentes de qualquer controle?
as mesmas para todos? Espera-se que eles re-
flitam sobre as diferenças e as desigualdades Página 102
de acesso a esses recursos e suas consequên- n Oriente os estudantes para que reflitam sobre
cias sociais. o conceito de mídia social e os conteúdos que
n É muito provável que alguns grupos de estudan- pretendem explorar com ela.
tes desejem trabalhar com imagens em seus n O diálogo como forma de conduzir as aulas é
projetos de mídia social. Assim, pode ser provei-
facilitado pelas questões de abertura do percur-
toso explorar as diferentes reflexões elaboradas
so. Valorize as perguntas e apresente-as aos
com base na imagem da abertura.
estudantes logo no início das aulas. Se preferir,
Respostas às atividades você também pode usar as questões para pro-
vocar o diálogo entre os grupos de estudantes,
1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
de modo que eles desenvolvam uma reflexão
citarem se utilizam as redes sociais e/ou apli-
própria para, em seguida, compartilhá-la com o
cativos de mensagem para se comunicar.
grupo maior da sala de aula.
2. Resposta pessoal. Durante os debates, oriente
n A imagem da abertura também é um bom pon-
os estudantes quanto à importância de ouvir
to para iniciar um diálogo sobre o tema. Indague
as diferentes opiniões, saber dialogar e se
os alunos sobre a relevância de manifestações
pronunciar na hora adequada, sempre com
públicas na conquista de direitos para a socie-
respeito e empatia.
dade. Permita que se expressem livremente
3. Resposta pessoal. Espera-se que estudantes suas opiniões, mas enfatize que, apesar da dife-
deem argumentos consistentes ao opinar rença de opiniões, é necessário sempre o res-
sobre a questão da segurança e da perda de peito aos direitos humanos.
privacidade.
Respostas às atividades
Apresentação
1. A foto apresenta um cartaz com frases contra
Páginas 100 e 101 um projeto de lei que propõe a regulação das
n Apresente os objetivos do projeto aos estu- redes sociais e a favor da liberdade de
dantes de forma dialogada. Aproveite o mo- expressão on-line. Permita que os estudantes
mento da apresentação para sondar os conhe- se expressem livremente sobre a questão pro-
cimentos prévios da turma sobre o tema do posta, manifestando suas opiniões, mas sendo
projeto e explicar o percurso para a realização respeitosos com as opiniões divergentes.

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2. Resposta pessoal. Atente às respostas dos que exista uma mídia livre no país; eles poderão
estudantes para que eles levantem argumentos citar leis e até mesmo o Marco Civil da Internet.
que respeitem a liberdade de expressão e os Ao serem levantados casos de ameaça à liber-
direitos humanos. Ressalte a importância de se dade de expressão, permita que os estudantes
utilizar argumentos baseados em dados e em se expressem livremente. Enfatize que essas
fontes fidedignas para a construção do texto. ameaças apontam para riscos de intolerância
entre os setores da sociedade.
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
justificar suas respostas, de modo a valorizar
Página 104
a democratização do acesso às informações
na internet, ponderando sobre a existência de n Ao abordar o problema do uso das novas mí-
informações nocivas ou desrespeitosas dias no processo eleitoral é importante tam-
on-line. bém trazer a discussão para o contexto brasi-
leiro, incentivando os estudantes a empregar
Página 103 o próprio repertório prévio nessa discussão.
n Neste tópico, retome com os estudantes como n Promova a troca de ideias de modo a sintetizar
eles se relacionam com as novas mídias e as os argumentos apresentados pelos estudan-
velhas mídias ou mídias tradicionais. Trata-se de tes, evitando dirigir ou orientar as opiniões
uma atividade reflexiva que visa aprofundar o apresentadas.
conhecimento prévio deles acerca das novas n Se possível, oriente um trabalho coletivo com
mídias, partindo da sua diferenciação mais evi- base no documentário Privacidade hackeada,
dente e imediata em relação às mais tradicio- indicado no Livro do Estudante. Sinta-se livre
nais. Pergunte aos estudantes quais são as prin- para definir como trabalhar o documentário. Se
cipais diferenças que eles percebem entre o considerar muito extenso, apresente, por
essas mídias. Em seguida, exemplifique como exemplo, trechos essenciais para os estudantes
as novas mídias podem ser utilizadas, de modo compreenderem a forma de captura de dados
a diferenciá-las ainda mais das mídias tradicio- e o uso desses dados pelas empresas que ope-
nais. Exemplos possíveis são a aplicação em ram os chamados Big Data para fins políticos.
negócios financeiros por meios digitais, consul- Essa é a essência do documentário, que é apre-
tas públicas, entre outros. Por fim, peça-lhes que sentado numa linguagem simples e didática.
pensem em outras possíveis aplicações. Além do debate sobre Big Data, o documentário
também possibilita introduzir a discussão sobre
n Em seguida, prossiga o questionamento sobre
notícias falsas. Essa é uma preocupação que
a liberdade e independência nas novas mídias.
não pode estar ausente no trabalho de desen-
Se julgar pertinente, peça aos estudantes que
volvimento de uma mídia social responsável.
comparem essas características em cada um
dos dois tipos de mídia.
Outras fontes
n Explique aos estudantes que seja qual for a mí-
Santaella, Lucia. A pós-verdade é verdadeira ou falsa?
dia ela deve ser livre de grupos políticos ou de
Barueri: Estação das Letras e Cores, 2018.
grupos privados de alto poder econômico e que
sua atuação deve sempre ser pautada pelo res- O livro é um recurso que permite a familiarização com
a linguagem das novas mídias e, ainda, conhecer um
peito aos direitos humanos, pela ética profissio-
pouco melhor o impacto delas na produção e difusão
nal e pelas leis vigentes no país.
de informações.
n É importante ressaltar que a liberdade de ex-
pressão precisa estar alinhada com os direitos
humanos e os direitos do cidadão. Resposta à atividade

Resposta à atividade 1. De acordo com o texto, a diferença entre vigi-


lância na internet e filtragem de conteúdo é que
1. Respostas pessoais. Os estudantes devem dis- a vigilância é o monitoramento das autoridades
cutir como se dá a liberdade de expressão dos conteúdos postados on-line, enquanto a
on-line no Brasil e quais elementos permitem filtragem é uma barreira impeditiva para a pos-

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tagem de certos conteúdos predeterminados. contexto da criação do Marco Civil da Internet
Os estudantes devem responder às outras no Brasil, sancionado pela presidência da Repú-
questões de maneira pessoal, de acordo com blica em 2014, e, por outro, sensibilizar os estu-
a própria experiência on-line nas mídias digitais. dantes para a necessidade de aprofundar essa
mesma regulamentação, atendendo a deman-
Página 105 das específicas do uso das redes.
n Auxilie os estudantes a interpretar os dados n Analise com os estudantes a imagem de abertu-
da tabela, levantando hipóteses sobre por que ra deste percurso. Peça-lhes que reflitam sobre
os países indicados têm restrições à internet, situações reais que a imagem busca representar.
e comparando-os com o Brasil. Incentive-os a Pergunte a eles se já passaram por alguma situa-
comentar exemplos que conheçam de restri- ção similar à que é retratada na imagem. Deixe
ções do uso da internet, seja em nível pessoal, que se expressem livremente, mas ressalte a
seja internacional, para que mobilizem conhe- importância do respeito ao momento de fala e às
cimentos e experiências que acumularam a fim emoções expressadas pelos colegas.
de construir argumentos próprios em relação
à censura nas mídias sociais. Respostas às atividades

1. Resposta pessoal. Promova um debate susten-


Respostas às atividades tável e respeitoso entre os estudantes, de
modo que eles se sintam confortáveis para
1. De acordo com o texto, o Brasil caiu no ranking
expor voluntariamente suas experiências.
de liberdade na internet devido ao aumento de
notícias falsas, imagens adulteradas e teorias 2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
conspiratórias divulgadas on-line. ponderar se as novas mídias sociais se respon-
sabilizam pelo conteúdo postado nelas e como
2. Os estudantes deverão realizar uma pesquisa
isso acontece. Debata com os estudantes se é
sobre censura na internet em diferentes países.
necessária uma regulamentação para o uso
Indique sites que podem ser consultados,
dessas mídias e quais tipos de conteúdo e de
como o portal do Itamaraty, que disponibiliza
agressão devem ser evitados e não divulgados.
informações sobre o acesso à internet em dife-
Se julgar pertinente, adiante a discussão sobre
rentes países, disponível em: http://www.
privacidade on-line, propondo as questões: Em
portalconsular.itamaraty.gov.br/seu-destino
que situações as mídias sociais poderiam ou
(acesso em: 27 dez. 2019). Os estudantes
deveriam fornecer dados disponibilizados pelos
devem comparar no mínimo três países, se
usuários? Apenas em situações judiciais ou
possível com diferentes graus de liberdade
nem mesmo nesse tipo de situação?
on-line. Espera-se que eles encontrem infor-
mações como a origem da restrição, os Página 107
motivos, sua extensão e o histórico sobre a
liberdade de expressão em outros âmbitos n É importante contextualizar o Marco Civil da In-
além da internet. A divulgação do relatório ternet, apresentando-o como uma reação a um
pode ser feita por meio de cartazes ou semi- projeto de penalização do uso da internet, apre-
nários. É importante que os estudantes con- sentado em 2007 à Câmara dos Deputados pelo
sigam comparar os resultados das pesquisas, deputado Eduardo Azeredo, então relator da
verificando-os em fontes fidedignas. proposta. O movimento pelo Marco Civil propôs
uma ampla discussão com a sociedade brasilei-
PERCURSO 2 O mundo on-line requer
ra, por meio de audiências públicas e correspon-
dência pelas redes sociais. Com base nessa dis-
novas leis e regulamentações?
cussão, e ao longo de quase cinco anos, foi
Página 106 finalmente apresentado o projeto de lei que ficou
conhecido como a “Constituição da Internet”.
n Este percurso apresenta a discussão sobre a
regulamentação do uso das novas mídias na n Com relação aos pontos principais do Marco
internet. O objetivo aqui é duplo: por um lado, Civil, leia e discuta cada um dos itens com os
apresentar a regulamentação estabelecida no estudantes, permitindo que eles apresentem

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seus pontos de vista e suas interpretações acer- pelo Marco Civil, pois se trata de um crime
ca desses itens. tipificado em lei anterior.
n Os pontos de discussão são: a neutralidade da c. Resposta pessoal. Levante com os estu-
rede, a responsabilidade pelos conteúdos pro- dantes outros pontos que poderiam ser deba-
duzidos e a privacidade dos dados dos usuários. tidos pelo Marco sobre o uso das redes e
incentive-os a apontar quais pontos, na opi-
n Depois de discutir cada um desses pontos, en-
nião deles, deveriam ser acrescentados ou
caminhe a atividade proposta, que deve ser rea-
aprofundados, especialmente quanto ao tema
lizada em grupo. Sugere-se que os grupos que
da responsabilidade e da privacidade. Durante
forem organizados para essa atividade estejam
o debate, oriente-os a respeitar a fala e as
juntos, posteriormente, na construção do pro-
diferentes opiniões dos colegas. Para finalizar,
duto final do Projeto Integrador. Como se trata ressalte que em um texto dissertativo é
de uma atividade que envolve leitura e debate importante utilizar argumentos pautados em
entre os estudantes, pode ser uma oportunida- fatos e dados obtidos de fontes referenciadas.
de para que os membros de cada grupo se apro- Destaque também a importância da coerência
ximem e se familiarizem com o trabalho em e coesão nesse tipo de texto.
equipe (uma vez que o foco é o produto final),
para além dos interesses individuais. Páginas 108 e 109
n Após a reflexão sobre o Marco Civil da Internet,
Respostas à atividade
sugere-se ampliar a discussão sobre o assunto
1. a. Após a pesquisa, os estudantes devem chegar por meio da análise do caso Lola Aronovich.
à conclusão de que a segurança e a liberdade n Se julgar necessário, navegue pelas postagens
de expressão na rede são garantidas pelo
do blog EscrevaLolaEscreva para se familiarizar
Marco Civil da Internet. O artigo 2o expressa
com o perfil das postagens feitas por ela. É im-
que a regulação da internet no Brasil deve se
portante também pesquisar fontes alternativas.
fundamentar no respeito à liberdade de Sugere-se a consulta à reportagem da Câmara
expressão, enquanto a segurança na rede está dos Deputados sobre a Lei Lola, disponível em:
prevista no artigo 3o. As informações estão https://www.camara.leg.br/noticias/540214-
disponíveis em: http://www.planalto.gov.br/ desafio-e-tornar-lei-conhecida-diz-blogueira-
ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm que-inspirou-legislacao-sobre-misoginia-na-
(acesso em: 27 dez. 2019). Porém, nenhuma internet/ (acesso em: 6 jan. 2020).
lei tem o poder de evitar que os usuários uti-
lizem a internet para prejudicar outras pes-
n Destaque as estratégias utilizadas pelos agres-
soas. Nesse sentido, é importante amadurecer sores de Lola para evitar sua identificação nas
redes virtuais. É importante dialogar com os
com os estudantes a ideia de que eles também
estudantes sobre as diferentes formas de bus-
são responsáveis pela própria segurança nas
car o sigilo nas redes e refletir sobre os proble-
redes. Para isso, é fundamental ouvir a opinião
mas que isso pode acarretar para a sociedade
de especialistas no assunto e sempre buscar
e para a vida política do país.
realizar uma navegação segura.
n Enfatize o desfecho do caso dos ataques ciber-
b. Sim. Espera-se que os estudantes percebam
néticos contra Lola, para que fique claro aos
que o Marco Civil da Internet determina os
estudantes que existem formas de punição reais
deveres e direitos dos autores de informa-
para cibercrimes. Incentive uma postura de res-
ções on-line, assim como esclarece pontos
peito em relação ao próximo, independente-
sobre a neutralidade e privacidade da rede.
mente de se tratar de alguém com quem nos
A questão 2 da abertura do percurso diz res-
relacionamos real ou virtualmente.
peito à proteção dos dados dos usuários,
regulamentada pelo Marco Civil de modo a
Página 110
disciplinar o uso que as empresas fazem dos
dados dos usuários. E também, a questão n Ao tratar das questões dos haters na internet,
dos ciberataques, que não é regulamentada incentive os estudantes a exercitar a empatia,

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desenvolvendo competências socioemocionais e compreender quem está inserido nela e quem
necessárias para que se coloquem no lugar do está excluído dela. Discutem-se também o papel
outro e promovam o respeito a todos os cidadãos. das mídias sociais no acesso e na ampliação ao
debate público, sua importância no desenvolvi-
Resposta às atividades
mento de iniciativas como o jornalismo de solu-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ções e sua relevância para muitas comunidades.
reflitam sobre o assunto e criem propostas para n Peça aos estudantes que observem a foto e
conter a ação de haters na internet, conside- que façam uma reflexão sobre a importância
rando os pontos positivos e negativos dessas de públicos com acesso gratuito à internet no
medidas e a viabilidade da implantação delas. Há processo de inclusão digital da população.
muitas propostas que parecem interessantes Ajude-os a pensar nas possibilidades que o
mas podem ser inviáveis considerando ações acesso público à internet proporciona.
práticas para implementação e execução. É
n Conduza-os ao debate dos pontos positivos e
importante que eles pensem também sobre as
negativos tanto do fácil acesso quanto da difi-
questões apresentadas na abertura do percurso
culdade de acesso às novas tecnologias digitais,
a respeito de privacidade e segurança on-line.
à informação e à comunicação.
Durante o debate e a votação, ressalte a impor-
tância da escuta ativa, do respeito ao momento n É possível dialogar sobre como as novas tecno-
de fala, à opinião e ao voto dos colegas. logias incidem no dia a dia das pessoas e nas
relações presenciais; tornando-se comum, em
2. Resposta pessoal. A leitura do texto da ativi-
muitos casos, que as relações virtuais acabem
dade é uma oportunidade para refletir, do ponto
substituindo as presenciais.
de vista da ética na comunicação, sobre os
temas estudados neste percurso. Faça uma n Espera-se que os alunos respondam às questões
leitura conjunta com os estudantes, pois o de abertura deste percurso pautados nas pró-
texto pode não ser de fácil compreensão para prias percepções da comunidade local e das co-
todos. Ao final da leitura, depois de esclarecer munidades ao redor. Se julgar necessário, é pos-
as eventuais dúvidas da turma, encaminhe a sível complementar o debate e as questões com
atividade proposta, que consiste na produção dados disponíveis sobre esse tema no site do
de um slogan, meme ou cartum conscienti- IBGE, do comitê gestor da internet, entre outros.
zando sobre os haters. Respostas às atividades
Oriente os estudantes na elaboração dessas
1. Resposta pessoal. Caso os estudantes não se
peças, sugerindo formas de divisão das tarefas,
recordem da infraestrutura do local onde
esclarecendo dúvidas e auxiliando-os a superar
vivem, peça a eles que conversem com pes-
eventuais obstáculos. O resultado da pesquisa
soas e observem a vizinhança para anotar os
será exposto, portanto oriente-os a elaborar
tipos de tecnologia de informação que os mora-
produtos que chamem a atenção do público.
dores utilizam.
Espera-se que os estudantes preservem
valores relacionados aos direitos humanos e 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
exercitem a empatia. apresentem as dificuldades em diferentes
Os sites indicados no percurso podem servir de níveis, desde problemas de infraestrutura – que
fontes de pesquisa para os estudantes traba- são de responsabilidade do poder público – até
lharem na criação do produto final deste Pro- problemas pessoais dos indivíduos com as
jeto Integrador. novas mídias.
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a
A quem servem
PERCURSO 3 compartilhar as próprias dificuldades e outras
as novas mídias? que identificaram na comunidade.
4. Resposta pessoal. Os estudantes devem
Página 111
basear-se em dados confiáveis para essa res-
n Este percurso aborda a relação das comunidades posta. Espera-se que eles identifiquem se
com as novas mídias. Busca-se conceituar a So- existe uma diferença de acesso e de infraes-
ciedade da Informação e do Conhecimento (SIC) trutura na região ou na cidade onde vivem.

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Página 112 Páginas 113 e 114
n A expressão Sociedade da Informação e do n O tema “Sua comunidade aparece nas mídias
Conhecimento (SIC) foi criada para caracteri- tradicionais?” propõe aos estudantes um exer-
zar o modo de produção na fase contemporâ- cício de reflexão sobre o modo de inserção da
nea do capitalismo. Oriente os estudantes a comunidade em que vivem na SIC. A ideia aqui
refletir sobre as noções de “novo” e “velho”, é ampliar o debate sobre o controle das mídias
aplicando-as aos produtos das novas mídias. tradicionais e o potencial das novas mídias para
Por exemplo, muitas redes sociais usadas a produção de informações sobre áreas e re-
atualmente não eram utilizadas no passado, giões menos citadas pelos grandes conglome-
enquanto redes sociais que foram fenômenos rados midiáticos.
populares no início dos anos 2000 tornaram- n Solicite aos estudantes que observem a foto da
-se obsoletas. página 113 e proponha a eles esta reflexão:
n A mesma reflexão vale para os suportes utiliza- Quais os efeitos do acesso a tecnologias e mí-
dos pelas novas mídias, como computadores, dias sociais para comunidades tradicionais,
tablets e smartphones. Assim como as redes e como as indígenas, quilombolas, ribeirinhas,
outros produtos das novas mídias, esses supor- entre outras? Oriente-os a pensar nos aspectos
tes tecnológicos têm vida útil muito breve. Com positivos e negativos que isso pode trazer para
isso, a Sociedade da Informação é regida pelo essas comunidades.
tempo curto e constantemente renovado des- n No tema “A experiência de buscar soluções” é
sas mercadorias. apresentado o caso da Agência Mural de Jor-
n Partindo dessa reflexão inicial, que visa aproxi- nalismo das Periferias para atender ao viés
mar aspectos da vida pessoal e social dos estu- reflexivo e prático do Projeto Integrador. Co-
dantes da problemática do tempo, avance a nhecendo a história dessa agência de notícias,
reflexão a respeito da SIC, apresentando-lhes seus objetivos e o modo como ela se relaciona
os reflexos dessa nova “ordem mundial” na di- nas periferias da metrópole paulistana, os gru-
visão internacional do trabalho. pos de estudantes poderão refletir sobre o
n Oriente os estudantes a analisar e a relacionar impacto do jornalismo de soluções nas comu-
criticamente os dados apresentados nos gráfi- nidades e amadurecer o conceito de suas pró-
cos. Valorize as contribuições deles para o de- prias mídias sociais.
bate sobre a participação da população brasi- n Se possível, explore vídeos, textos e imagens
leira na sociedade da informação. que estão publicados na plataforma da Agência,
tanto para que os estudantes conheçam com
Respostas às atividades mais profundidade o trabalho de comunicação
realizado pelos jornalistas como para ampliar o
1. 70% da população brasileira. horizonte da turma no que diz respeito às pos-
2. Nas classes A e B. sibilidades de aplicação das tecnologias da in-
formação e do conhecimento.
3. Nas classes D e E. Resposta pessoal. Espera-se
que os estudantes citem o aumento do acesso
n É fundamental pontuar as razões pelas quais a
a diferentes fontes de informação e oportuni- Agência iniciou suas atividades e descrever com
dades on-line. clareza seus objetivos como mídia social. Aqui
cabe uma reflexão sobre as relações entre as
mídias sociais e as mídias tradicionais, ainda
Outras fontes pensando o caso da Agência Mural. Assim, a
Castells, Manuel. A sociedade em rede. (A era da infor- reflexão sobre as relações entre mídias sociais
mação: economia, sociedade e cultura, 1). São Paulo: e tradicionais deve extrapolar a polarização sim-
Paz e Terra, 2000. plória e alcançar um entendimento mais com-
Uma das obras da trilogia do sociólogo espanhol Manuel plexo do fenômeno da comunicação no mundo
Castells, A sociedade em rede, trata das transformações contemporâneo. Investir nessa reflexão é um
sociopolíticas da era da informação contemporânea e caminho importante para os estudantes adqui-
do conceito de capitalismo informacional. rirem conhecimentos além do senso comum.

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n Proponha aos estudantes que pesquisem sobre pesquisa a ser realizado pelos grupos. Ademais,
as mídias locais, como jornais, revistas, sites, as questões apresentadas na atividade já ser-
programas de rádio ou televisão, entre outros. virão para orientar o passo a passo que os estu-
Caso julgue pertinente, é possível organizar uma dantes seguirão na realização do produto final
visita a algum órgão público do município que deste Projeto Integrador. Afinal, é nesse
cuide da veiculação de notícias e informes sobre momento que eles terão de identificar com cla-
a região, a alguma redação ou estúdio de mídia reza o conceito de jornalismo de soluções – tal
local, por exemplo: um jornal, uma rádio, entre qual aparece nas mídias sociais selecionadas –,
outros. O objetivo é que os estudantes conhe- descrever as razões motivadoras e os objetivos
çam na prática como funciona a veiculação de que levaram ao surgimento das iniciativas encon-
um conteúdo midiático. tradas por eles, entender como essas mídias
sociais se apropriaram das diferentes tecnolo-
Página 115 gias de informação e do conhecimento disponí-
n Saiba mais sobre o jornalismo de soluções no veis no mercado e, por fim, fazer a seleção dos
texto a seguir. suportes que eles mesmos empregarão no
desenvolvimento de suas próprias mídias sociais.
O jornalismo de soluções não é um movimento ou 2 e 3. Respostas pessoais. Oriente os estudantes
um modismo. Trata-se de uma prática jornalística crite- a produzir os cartazes de forma sucinta e clara.
riosa como todo o jornalismo deve ser. A questão é que Em relação à exposição, peça a eles que con-
o fio condutor da reportagem é uma solução. […]
sultem previamente a organização da escola
Uma reportagem de jornalismo de soluções tem
para saber onde os cartazes poderão ser afi-
como fio condutor da narrativa o processo de reso-
lução [ou tentativa] de um problema. Precisa expli-
xados e por quanto tempo. Se julgar perti-
car ao público as causas do empecilho citado, quais nente, complemente a atividade propondo aos
são as limitações da solução, detalhar o processo da estudantes que divulguem os materiais pro-
implementação e de como funcionou ou não a ação, duzidos também em meios digitais, como
dizer quais foram os resultados e apresentar uma sites, redes sociais, blogs, entre outros.
nova informação ou perspectiva e incluir pessoas,
mas se concentrar no processo de resolução. […] PRODUTO FINAL Prática de jornalismo
Há um formato ideal para o jornalismo de soluções?
Da mesma maneira que pode ser aplicado em
de soluções em mídia social
diversas editorias, o jornalismo de soluções é cabível Páginas 116 e 117
em qualquer formato. […]
Pacheco, Priscila. Entenda o que é e como fazer jornalismo
n O último tópico do Livro do Estudante propõe
de soluções. Associação Brasileira de Jornalismo um passo a passo para o desenvolvimento do
Investigativo (Abraji). Disponível em: https://www.abraji.org. produto final do Projeto Integrador: um canal
br/help-desk/entenda-o-que-e-e-como-fazer-jornalismo-
de-solucoes. Acesso em: 6 jan. 2020. de entrevistas. É importante retomar breve-
mente os percursos realizados ao longo do
projeto, concentrando-se no objetivo final. In-
Respostas às atividades centive os grupos a experimentar diferentes
1. A atividade propõe aos estudantes que, em suportes midiáticos e a se concentrar na cria-
grupos de trabalho, realizem uma pesquisa sobre ção conceitual da mídia social.
experiências de jornalismo de soluções. Suge- n Retome conceitos básicos neste momento de
re-se como ponto de partida um levantamento colocar o conhecimento em prática. Por exemplo,
realizado pela Agência Pública, em uma iniciativa saber diferenciar o significado das expressões
de 2019, para compreender o impacto do fenô- “mídia”, “mídia social”, “rede social”, “novas mídias”
meno das novas mídias na comunicação contem- e “mídias tradicionais” pode ser decisivo na orien-
porânea. Contudo, os grupos não devem se res- tação dos trabalhos dos grupos. Desempenhe sua
tringir a essa listagem, e é necessário que bus- função de orientador dos trabalhos, sugerindo
quem experiências de mídia social desconhe- possibilidades de “mídias” a serem utilizadas pelos
cidas pelos canais com maior visibilidade. Existem estudantes, fontes de pesquisa fidedignas e cor-
muitas mídias sociais comunitárias, e essas rigindo textos que porventura eles escrevam para
experiências precisam aparecer no trabalho de compor o conteúdo da mídia social.

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n O passo a passo apresentado no tópico, com as peitosa, crítica, ética e empática, sobretudo
orientações para a criação do produto final, pode na roda de conversa. Atue como mediador
ser de grande valia para a realização do trabalho. desse processo.
São etapas bem definidas para a produção de n Explique aos estudantes a importância de ter
uma entrevista. Cada grupo fará a sua e, juntas, um feedback da comunidade em relação ao
as entrevistas formarão um “Painel”, que pode projeto. Críticas e elogios fazem parte do pro-
ser utilizado como referência para o conhecimen- cesso e podem dar à turma oportunidade de
to das questões importantes para a comunidade. melhorias. Além disso, vale ressaltar que a exe-
n Quando o produto final derivado deste projeto cução do projeto contou com o envolvimento
estiver pronto, promova sua divulgação dentro coletivo, inclusive das pessoas da comunidade.
e fora dos muros da escola. Veja a seguir algu- n Na autoavaliação, conduza os estudantes a re-
mas sugestões de divulgação: fletir sobre as próprias experiências e aprendi-
• Criar uma página na web para abrigar links pa- zados de maneira crítica, mas também gentil e
ra os produtos finais criados pelos estudantes. acolhedora. É importante que eles verifiquem
É importante que eles participem também possibilidades de melhora, mas que não se jul-
dessa construção, afinal é o trabalho deles que guem nem se cobrem demais. É interessante
será exposto. que você, como professor, ressalte os aprendi-
zados e ganhos desse processo, contribuindo
• Criar um evento na escola, com a participação
para formar estudantes autoconfiantes.
da comunidade, a fim de promover o lança-
mento dos produtos criados pelos estudantes. n É importante que você realize uma avaliação
Nesse evento, é importante garantir a palavra dos estudantes, verificando se eles desenvol-
aos grupos para que expliquem o que foi de- veram as competências e habilidades espera-
senvolvido por eles. das e se eles se envolveram no projeto no que
se refere à apropriação dos conteúdos, à exe-
• Estabelecer contato com órgãos do governo
cução das atividades propostas e à divulgação
local, como prefeitura, subprefeitura, câmara
do produto. Verifique também se, no produto
municipal, secretaria de educação, etc., em
final, o conteúdo trabalhado ao longo dos per-
busca de apoio na difusão dos trabalhos dos
cursos está bem desenvolvido.
estudantes. É possível que esses órgãos te-
nham interesse e disposição em promover os n Também é interessante que você faça a autoa-
projetos, seja hospedando os links em suas valiação para refletir criticamente sobre seu
páginas da web, seja promovendo atividades trabalho e, assim, identificar os acertos e as pos-
públicas de reconhecimento do trabalho. sibilidades de melhoria. Como você avalia seu
envolvimento no projeto? Reflita sobre sua co-
Avaliação laboração intelectual, prática e afetiva com os
alunos. Em relação às estratégias pedagógicas,
Páginas 118 e 119
avalie se os objetivos propostos no Projeto In-
n Chame a atenção dos estudantes para a im- tegrador foram atingidos. Descreva com pala-
portância de se expressarem de maneira res- vras-chave suas impressões.

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PROJETO 6
P R O TA G O N I S M O J U V E N I L

Como criar uma entidade de produção cultural com


base em princípios éticos e solidários?
Produto: Cooperativa de produção cultural
Os grupos juvenis, em diversas situações, são Aplicadas. Contudo, os professores de Geografia
responsáveis por grande parte das manifesta­ e Sociologia provavelmente terão mais afinidade
ções artísticas e culturais existentes nas regiões com os temas e conceitos abordados ao longo do
onde vivem. O jovem, em sua atuação marcante projeto, como identidade, cultura, indústria cultu­
na sociedade, traz hábitos, práticas, ações, cos­ ral, cultura juvenil, cooperativismo, economia soli­
tumes e todo um acervo de inovação artística que dária, entre outros.
são depois copiados e reproduzidos pelo mundo Independentemente do professor definido pa­
adulto e até mesmo pelo infantil. No entanto, co­ ra se responsabilizar pelo projeto, sempre que
mo há uma diversidade significativa dessas prá­ possível e quando for conveniente, é interessante
ticas coletivas, muitas vezes isso se torna invisí­ trabalhar com os outros professores da área de
vel ou incompreensível para o mundo adulto e, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ou de ou­
em especial, para a escola. tras áreas, pois aportes de outros campos de co­
Os jovens criam espaços próprios de sociabi­ nhecimento tornarão a execução do projeto mais
lidade – tanto em espaços privados quanto pú­ profícua. Para planejar e organizar esse trabalho,
blicos –, especialmente em ruas, praças, parques, o cronograma apresentado nas páginas 94 e 95
etc. e, atualmente, também em ambientes vir­ desse manual pode ser útil.
tuais, por meio de redes sociais, jogos de video-
game, etc. Nesses espaços/ambientes, desen­
volvem autonomia perante as instituições do
Abordagem teórico-metodológica
denominado “mundo adulto” e constroem seus O desenvolvimento de um projeto integrador
próprios acervos, não apenas os de natureza cul­ que tenha como tema o protagonismo juvenil, no
tural e artística, mas também os de natureza polí­ âmbito das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas,
tica. Exploram a cidade a seu modo, imprimindo precisa ter como pontos de partida o estímulo pa­
nela sua marca em muros e paredes grafitados, ra a investigação e a escuta de si e do outro – por­
em bailes funk, entre tantas outras formas de tanto, uma “atitude etnográfica” – como ferramen­
expressão cultural. tas para a compreensão das identidades e dos
É importante observar a experimentação artís­ comportamentos dos jovens estudantes, que são
tica dos jovens e os modos como ampliam suas simultaneamente criadores e criaturas da diver­
redes de relações nessa fase da vida. Eles não de­ sidade de culturas dos grupos juvenis presentes
sejam ficar confinados; querem ser vistos e reco­ na sociedade.
nhecidos por seus pares e também pela sociedade; Ao propor aos estudantes o desafio de pensar
desejam fruir os equipamentos e os espaços pú­ em como podem transformar arte, lazer e cultu­
blicos e as múltiplas oportunidades de conhecer ra em uma ação que beneficie a comunidade com
outros pontos da cidade, e até de outras cidades. a criação de uma cooperativa de produção cul­
Esse desejo de mobilidade, próprio dos jovens, em tural, a mensagem que destinamos a esses jo­
ações que se caracterizam como novas formas de vens é que os valorizamos e apostamos que o
atuação no espaço público, demonstra seu prota­ protagonismo de cada um pode transformar a
gonismo: eles são os atores principais que modifi­ comunidade onde vivem. Portanto, problematizar
cam as dinâmicas dos bairros e das cidades. novas possibilidades e alternativas criativas que
O projeto pode ser liderado por qualquer pro­ contribuam para o desenvolvimento da comuni­
fessor da área de Ciências Humanas e Sociais dade passa a ser responsabilidade da escola e de

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todos os que, direta ou indiretamente, participam culturais, bem como às formas de precarização
da vida desses jovens, e essa problematização do trabalho na sociedade contemporânea.
precisa fazer parte da educação deles como algo Nesses espaços próprios de sociabilidade
que os encaminha para fortalecer ou conquistar (rua, escola, trabalho), que se transformam em
a própria autonomia. territórios culturalmente expressivos para os
Nesse sentido, a relevância deste Projeto jovens, eles podem elaborar suas identidades e
Integrador para os estudantes consiste em apos­ atuar politicamente. É preciso levar em consi­
tar no desenvolvimento de sua própria autono­ deração que o distanciamento dos jovens das
mia e propiciar­lhes instâncias para que os sen­ formas tradicionais em relação aos temas cul­
timentos e as ações de solidariedade e de turais não significa apatia ou falta de engaja­
cooperação, próprios deles, possam florescer, mento, mas, sim, falta de oportunidades para
pois acredita­se que: emergir formas de protagonismo dirigidas à
transformação social.
A produção das identidades, além de demarcar Nesse sentido, a criação da cooperativa de
territórios de sociabilidades e de práticas coleti- produção cultural aqui proposta pode caminhar
vas, põe em jogo interesses em comum que dão de mãos dadas rumo à esfera público­política
sentido ao “estar junto” e ao ser dos grupos. Nos pela mediação das práticas culturais juvenis. As­
territórios culturais juvenis delineiam-se espaços sim, incentivar ações culturais empreendedoras
de autonomia conquistados pelos jovens e que no âmbito escolar, pautadas em metodologias e
permitem a eles e elas transformar esses mesmos ferramentas que envolvam essas práticas, pode
ambientes ressignificando-os a partir de suas
contribuir para a preparação dos estudantes pa­
práticas específicas.
ra os desafios do mundo do trabalho em cons­
Carrano, Paulo Cesar Rodrigues; Martins, Carlos Henrique
dos Santos. A escola diante das culturas juvenis: reconhecer
tante transformação. O empreendedorismo pas­
para dialogar. Revista Educação, Santa Maria, UFSM, sa, então, a ser compreendido como ação que
v. 36, n. 1, p. 45, jan./abr. 2011.
estimula um conjunto de características com­
portamentais em prol da autonomia, visto como
Nesse sentido, a criação de uma cooperativa um processo colaborativo, criativo, crítico, ético
juvenil incentivará os estudantes a desenvolver e solidário, contribuindo para melhorar a quali­
formas de participação consciente que estimu­ dade de vida da comunidade – e do planeta – e
lem seu comprometimento e posicionamento éti­ promover uma sociedade mais justa e igualitária.
co e sua responsabilidade diante dos problemas
sociais. Por outro lado, os ajuda também a pensar Objetivos e justificativas
em maneiras de enfrentar o próprio futuro no
n Investigar as formas de lazer e vivências cultu­
mercado de trabalho com base na valorização de
rais, bem como as expressões artísticas comuns
suas práticas, representações e apropriações cul­
aos jovens da comunidade.
turais, bem como em sua atuação como sujeitos
produtores de ações significativas para si e para » O levantamento das vivências culturais ofer­
o lugar onde vivem. tadas na comunidade será importante para o
Em relação à comunidade, ao reconhecer os projeto, pois esse diagnóstico vai definir a
valores e as necessidades dos jovens, este proje­ atuação da cooperativa.
to entende que é possível realizar uma educação n Mapear os locais onde ocorrem as vivências e
que os transforme em protagonistas de ações que a produção cultural dos jovens da comunidade.
visem ao desenvolvimento das comunidades lo­
» É importante saber os locais da comunidade
cais, inseridas em processos mais amplos de cri­
onde há produção cultural – para reforçá­
ses e incertezas. Colocar os jovens para pensar o
-las –, assim como é fundamental conhecer
mundo do trabalho a partir de um outro lugar, que
os locais onde não há oferta de produção
é também o seu, contribui para que as práticas e
cultural, para que esta seja implantada pela
a oferta de produtos culturais para a comunidade,
cooperativa.
realizadas por eles, possam servir como crítica à
indústria cultural, à desigualdade em relação à mo­ n Realizar pesquisa de opinião com os moradores
bilidade das classes sociais ao acesso aos bens e a vizinhança sobre as experiências e as pre­

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ferências em relação à programação cultural n Realizar pesquisa sobre as vivências, as expec­
na comunidade. tativas e as demandas dos jovens de sua co­
» A realização da pesquisa permitirá diagnosti­ munidade em relação a emprego, geração de
car as necessidades culturais da comunidade, renda e capacitação profissional.
assim como elaborar um plano de ação para » É importante ter o diagnóstico das necessi­
que as atividades desenvolvidas pela coope­
dades da comunidade em todos os setores,
rativa sejam implantadas.
para, a partir disso, atuar e promover situa­
n Analisar diferentes produtos ofertados pela in­ ções que auxiliem as pessoas – especialmen­
dústria cultural, comparando­os àqueles consu­ te os jovens – a buscar soluções para a gera­
midos pelos estudantes e por sua comunidade. ção de emprego e renda.
» É fundamental que os estudantes reflitam
sobre os produtos oferecidos pela indústria
n Realizar diagnóstico sobre como transformar
cultural para que se conscientizem e desen­ lazer e atividades culturais em um produto de
volvam pensamento crítico em relação à atua­ consumo sustentável.
ção dessa indústria na vida das pessoas. » É importante que os produtos e serviços ofe­
recidos pela cooperativa incentivem a ocupa­
n Compreender as transformações sociais, eco­
nômicas e políticas em relação ao mundo do ção dos espaços públicos com manifestações
trabalho na sociedade contemporânea. artísticas e culturais que promovam a partici­
» É fundamental que os estudantes sejam pação da comunidade no sentido de posicio­
cidadãos críticos e conscientes das trans­ nar­se criticamente em relação aos direitos
formações recentes que ocorrem no mundo humanos, à consciência socioambiental e ao
do trabalho. consumo responsável.

Competências e habilidades desenvolvidas no Projeto Integrador


Competências gerais da Educação Básica

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de
práticas diversificadas da produção artístico­cultural.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

8. Conhecer­se, apreciar­se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo­se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a
compreender e posicionar­se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando
decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
Habilidades em destaque
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,
crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e
no espaço.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

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3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção,
distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas
que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional, nacional e global.

Habilidades em destaque
(EM13CHS303) Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consumo e à
adoção de hábitos sustentáveis.
(EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresas e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e promovendo aquelas que
favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.

4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o papel
dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.

Habilidades em destaque
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do
tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos
históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na
atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.

6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Habilidade em destaque
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de
documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e
promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.

Relação do projeto com as nos princípios, nos fundamentos e nas práticas da


economia solidária, justificando um modo próprio
competências e habilidades
de gestão horizontal, voltado para um modelo de
Com a criação de uma cooperativa de produ­ geração e de distribuição de renda que beneficie
ção cultural, que propiciará à população da comu­ a todos. Além disso, as ações culturais promovi­
nidade o acesso às manifestações artísticas e das devem estar relacionadas ao consumo cons­
culturais fornecidas por jovens, os estudantes es­ ciente e crítico de cultura (percebendo e reagindo
tarão exercitando a cidadania, buscando promo­ às imposições da indústria cultural), além de ob­
ver uma sociedade mais justa e igualitária. Essa servar e cuidar para que os produtos e as técnicas
ação está diretamente articulada às orientações de produção artística utilizados evitem o desper­
da Base Nacional Comum Curricular e contempla dício. A competência geral 8 é desenvolvida quan­
tanto competências gerais como específicas da do os estudantes realizam a pesquisa sobre as
área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. práticas culturais da comunidade onde vivem e se
A competência geral 3 é desenvolvida ao mo­ deparam com as manifestações artísticas e cul­
tivar os jovens a criar uma cooperativa de produ­ turais ali existentes, conhecendo a diversidade de
ção cultural voltada para a comunidade onde vi­ jovens que se expressam culturalmente na comu­
vem, para que possam elevar suas práticas nidade e aprendendo, assim, a respeitar as dife­
culturais de lazer cotidianas à categoria de objetos renças. Desenvolve­se também com a realização
dignos de uma agenda cultural. Essa ação permi­ da pesquisa de opinião e o levantamento das pre­
te a reflexão dos estudantes e o empoderamento ferências da comunidade em relação à oferta cul­
juvenil. A competência geral 7 é desenvolvida tural, o que permitirá aos estudantes compreen­
quando os jovens da comunidade criam as bases der a diversidade de gostos existentes na
de funcionamento da cooperativa, sustentadas comunidade e aprender também a respeitá­la.

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Além dessas competências gerais, o desenvol­ por meio de trabalho de campo, pesquisas na in­
vimento de habilidades específicas de Ciências ternet, oferta de palestras, cursos e oficinas de
Humanas e Sociais Aplicadas, neste Projeto Inte­ formação, levando­os à aplicação da habilidade
grador, se dará a partir da produção de conheci­ EM13CHS304.
mento sobre a cultura juvenil e dos espaços que No desenrolar do projeto, os estudantes ana­
ela ocupa na comunidade. Desse modo, os estu­ lisarão diferentes formas de relações de traba­
dantes desenvolverão habilidades ao produzir da­ lho e poderão discutir o papel dessas relações
dos com base em entrevistas, na elaboração de na sociedade atual, desenvolvendo, assim, a
questionários e na sistematização de respostas, competência específica de Ciências Humanas
identificando, assim, se há desrespeito aos direi­ e Sociais Aplicadas 4. Ao buscar compreender
tos humanos e à interculturalidade e manifesta­ as transformações sociais, econômicas e políti­
ções de preconceito. Isso levará os estudantes a cas em relação ao mundo do trabalho na socie­
trabalhar a competência específica de Ciências dade contemporânea, os estudantes mobilizarão
Humanas e Sociais Aplicadas 1, especialmente habilidades para produzir dados com base em
a habilidade EM13CHS104. A partir do momento pesquisa empírica para realizar diagnóstico e
em que os estudantes compreendem as trans­ propor soluções que transformem o lazer e as
formações sociais, econômicas e políticas em re­ atividades culturais em produtos de consumo
lação ao mundo do trabalho na sociedade con­ sustentável, o que os levará ao desenvolvimen­
temporânea; que realizam pesquisas sobre to da habilidade EM13CHS401. Do mesmo mo­
vivências, expectativas e demandas dos jovens do, ao discutir as transformações sociais, eco­
da comunidade em relação a emprego, geração nômicas e políticas em relação ao mundo do
de renda e capacitação profissional; e que reali­ trabalho na sociedade contemporânea e perce­
zam diagnóstico sobre como transformar lazer e ber de que modo essas transformações os afe­
atividades culturais em um produto de consumo tam, os estudantes desenvolverão a habilidade
sustentável, estarão desenvolvendo habilidades EM13CHS404.
para acessar e utilizar dados e informações bi­ Ao oferecer uma agenda de programação
bliográficas de fontes confiáveis, trabalhando, cultural pautada na produção local e juvenil, os
assim, a habilidade EM13CHS106. estudantes intervêm na sociedade, cientes de
O aprofundamento nos conceitos de econo­ que sua experiência particular não está desco­
mia solidária e de indústria cultural, de modo a nectada de questões mais amplas que afetam
formar estudantes com consciência crítica, pro­ toda a sociedade, especialmente o direito à ci­
piciará o desenvolvimento da competência es- dade e o respeito à diversidade de expressões
pecífica de Ciências Humanas e Sociais Aplica- artístico­culturais. Isso lhes permitirá desenvol­
das 3. Do mesmo modo, na análise de diferentes ver a competência específica de Ciências
produtos ofertados pela indústria cultural, os es­ Humanas e Sociais Aplicadas 6. A oferta de pro­
tudantes vão avaliá­los criticamente e verificar gramação e espaços de lazer por meio da coo­
sua influência nos hábitos sociais por meio de perativa de  produção cultural e o incentivo à
estudos, pesquisas e observação empírica, mo­ ocupação de espaços públicos para promover a
bilizando a habilidade EM13CHS303. A criação consciência socioambiental e o consumo res­
da cooperativa levará os estudantes a promover ponsável colaborarão para que os estudantes
e a organizar a produção de bens e serviços cul­ desenvolvam a habilidade EM13CHS606.
turais, com oferta de espaços de lazer e incen­
tivo à ocupação de espaços públicos, promo­
vendo a conscientização socioambiental e o
A estrutura do projeto
consumo responsável. Essas atividades reque­ Para o desenvolvimento do Projeto Integrador
rem habilidades para selecionar, promover e in­ estão previstos três percursos. Em cada percurso,
corporar práticas de autogestão, financiamento os estudantes vão elaborar subprodutos essen­
solidário e aproveitamento de espaços ociosos, ciais para a execução do produto final. Recomen­
além de incentivar a fruição cultural e artística e damos que solicite aos estudantes sempre
realizar ações de formação de público para pro­ guardarem os documentos gerados em cada per­
dutos culturais que favoreçam a consciência e a curso, pois as informações serão reaproveitadas
ética socioambiental e o consumo responsável, posteriormente.

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PERCURSO 1 Como vivencio a minha condição essas novas formas de trabalho e o lazer, este já
de jovem? não visto como oposição ao trabalho ou apenas
O Percurso 1 tem como objetivo principal consumo, mas como uma maneira emancipadora
promover o protagonismo dos estudantes a par­ de pensar soluções para o desemprego juvenil,
tir do momento que o projeto a ser desenvolvido para o acesso da comunidade à pluralidade de ex­
vai motivá­los a descrever, compreender, agregar pressões artístico­culturais em oposição à mas­
valor, pesquisar e dar a conhecer suas práticas sificação da cultura.
cotidianas de lazer, encontrando razões para que O produto deste percurso será a criação da
elas sejam relevantes na formação cultural da co­ cooperativa, com definição do nome, localização
munidade onde vivem. Para isso, é fundamental da sede e elaboração do estatuto, estabelecen­
o conhecimento dos conceitos de identidade, do a missão, os valores, os objetivos e a estrutu­
cultura e etnografia. ra da instituição.
O produto deste percurso deve ser um relatório
da pesquisa de campo, assim como a apresenta­ PRODUTO FINAL Cooperativa de produção
ção do diagnóstico da cultura juvenil em um cultural
espaço coletivo para outros grupos. As diretrizes para a criação da cooperativa já fo­
ram elaboradas ao final do Percurso 3. Agora, nes­
PERCURSO 2 Como a indústria cultural ta etapa do projeto, serão realizados um plano de
influencia os gostos e as produções culturais? oferta de programação cultural, um plano de con­
tinuidade da cooperativa e a organização de um
O Percurso 2 tem como objetivo principal apre­
evento, que deverá ser apresentado às comunida­
sentar aos estudantes o conceito de indústria
des escolar e externa. O primeiro evento será o
cultural e sua atuação na sociedade contempo­
lançamento da cooperativa.
rânea. Levá­los a construir um raciocínio crítico
a esse respeito promove a oportunidade de com­
preender o quanto existe dessa influência em Materiais
suas produções, naquelas dos artistas que even­
Computador com acesso à internet, impresso­
tualmente admiram, nos meios de comunicação
ra, câmera de vídeo, projetor, telão para projeção,
que divulgam e qualificam o que “deve” ou “não
celulares ou tablets, microfones, caixas de som,
deve” ser apreciado, bem como no perfil de sua
papel e tecidos variados. Os materiais dependem
comunidade. Além disso, é importante que a ideia
das diferentes modalidades de expressão artís­
de bens culturais como bens de consumo seja
tico­culturais dos grupos e podem ser otimizados
abordada. Para que possam oferecer uma pro­
ou substituídos a depender dos contextos.
gramação cultural para a comunidade, é preciso
então conhecê­la a partir do que consome e de
suas expectativas de consumo cultural, o que Cronograma
justifica realizar uma pesquisa de opinião (meto­ Para o desenvolvimento do Projeto Integra­
dologia muito comum nas ciências sociais que dor, sugerimos 19 encontros, ao longo de um se­
leva os estudantes a ter uma dimensão do que mestre escolar. Algumas atividades (como as
podem realizar os profissionais da área, como pesquisas dos percursos 1 e 2) necessariamente
sociólogos e cientistas políticos. serão desenvolvidas fora do contexto de aulas.
O produto deste percurso será a elaboração de Assim, em algumas etapas, é necessário haver
um relatório analítico dos dados da pesquisa. um intervalo entre um encontro e outro para que
os estudantes realizem as atividades. Também
PERCURSO 3 O que é e como criar uma
é necessário um intervalo entre o planejamento
cooperativa?
do primeiro evento produzido pela cooperativa
O Percurso 3 tem como objetivo levar os estu­ e sua realização, pois os convidados devem ter
dantes a analisar e a compreender os conceitos tempo de se organizar, bem como a escola se
de cooperativismo e de economia solidária e, a adaptar para isso.
partir disso, refletir a respeito de novas relações Apresentamos, a seguir, uma sugestão de cro­
sociais possíveis entre o ser humano e o trabalho. nograma para a elaboração e o desenvolvimento
O desafio consiste em encontrar vínculos entre do projeto.

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Orientações didáticas
Etapas do Número
Atividades
projeto de aulas Abertura
Páginas 120 e 121
Leitura, discussão dos
textos e realização das n O objetivo da abertura é apresentar aos estu­
Abertura e atividades. dantes o tema do projeto e sondar os conheci­
1
Apresentação mentos prévios que eles têm sobre o assunto.
Leitura e discussão dos
textos. n Organize as carteiras da sala em círculo, de
modo que os estudantes possam participar
Leitura, discussão dos de um debate. Em seguida, peça­lhes que ob­
textos e realização das 3 servem a foto e levantem hipóteses sobre o
atividades.
que ela retrata. Quem é essa pessoa? O que
Percurso 1 ela está fazendo? Quais são as características
Organização dos
grupos e planejamento
das roupas expostas?
1
da pesquisa de campo n Convide um estudante para ler o texto de aber­
na comunidade.
tura e, em seguida, retome suas impressões
sobre a imagem.
Leitura, discussão dos
textos e realização das 2 n Pergunte a eles o que entendem por protago­
atividades.
nismo juvenil e qual é a relação entre esse tema,
a imagem e a pergunta norteadora do projeto
Percurso 2 Organização dos
(Como criar uma entidade de produção cultural
grupos e planejamento
da pesquisa de opinião 1 com base em princípios éticos e solidários?).
a ser realizada na
comunidade.
n Apresente brevemente a estrutura do Projeto
Integrador: como será conduzido, o tempo de
Leitura, discussão dos
duração e o produto final a ser elaborado du­
textos e realização das 2 rante o semestre.
atividades.
Percurso 3
Respostas às atividades
Organização do grupo 1. O projeto impacta a vida da designer e da comu­
para a criação da 1 nidade a partir do momento que colabora para
cooperativa.
a preservação do ambiente – pois ela reapro­
veita tecidos que seriam descartados –, assim
Organização dos
grupos para elaborar o
como gera renda e emprego para trabalhadores
plano de oferta de 2 da comunidade onde vive.
programação cultural
da cooperativa. 2. Resposta pessoal. Espera­se que os estudantes
compreendam que se trata tanto de uma ação
Organização do evento empreendedora como de um modo de engaja­
cultural a ser
2
mento social e político, pois uma característica
apresentado à não invalida a outra.
Produto final comunidade.
3. Resposta pessoal. Espera­se que os estudantes
Organização dos reconheçam o valor de ações que levem em
grupos para a consideração a promoção de relações justas de
elaboração do plano de
continuidade da trabalho e que também preservem o ambiente.
3
cooperativa.
Compartilhamento da Apresentação
cooperativa com a
comunidade. Páginas 122 e 123
n Se possível, faça a leitura coletiva dos textos, que
Roda de conversa e
Avaliação 1 fornecem aos estudantes informações sobre o
autoavaliação.
projeto que será desenvolvido. Verifique se eles

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têm alguma dúvida e questione­os acerca da 3. Respostas pessoais. Essa questão proporciona
expectativa que têm em relação ao projeto. o desenvolvimento da competência de reco­
n Comente com os estudantes que o desenvolvi­ nhecer e respeitar os próprios valores e emo­
mento do projeto requer empenho e organiza­ ções e os valores e emoções das outras pes­
ção de todos, pois os resultados alcançados ao soas, valorizando a diversidade. Considere a
longo das diversas etapas são fundamentais opinião de todos os estudantes e fique atento
para o sucesso da implementação da coopera­ às respostas para evitar qualquer tipo de des­
tiva, o produto final do projeto. respeito ou falas que atinjam negativamente
algum grupo de pessoas.
PERCURSO 1 Como vivencio a minha
Página 125
condição de jovem?
n Sugerimos que leia coletivamente o texto da
Página 124
página e peça aos estudantes que observem as
n Para o levantamento de conhecimentos prévios fotos. Elas mostram grupos de pessoas que se
dos estudantes, sugerimos que solicite a eles unem e se identificam em diversas manifesta­
que leiam o título do percurso, que observem a ções artísticas e culturais, sejam aquelas tradi­
imagem de abertura e leiam a legenda. Com cionais do lugar onde vivem até as que fazem
isso, os estudantes poderão ter uma noção ini­ parte da indústria cultural e da cultura de massa
cial do que será desenvolvido no Percurso 1. que atingem pessoas do mundo inteiro, como os
n Em seguida, como possibilidade de contextua­ cosplayers, por exemplo. Cosplay é a junção de
lização, sugerimos que pergunte aos estudan­ dois termos da língua inglesa (costume, fantasia,
tes se eles se identificam com as atividades que e roleplay, brincadeira e/ou interpretação). Essa
os jovens representados na imagem estão fa­ palavra é usada para caracterizar pessoas que
zendo. Caso não haja identificação, pergunte­ se fantasiam de personagens da cultura pop.
­lhes o que gostam de fazer em seu tempo livre.
Respostas às atividades
n Neste percurso, será importante valorizar a
organização do tempo, uma vez que as ativida­ 1. Resposta pessoal. Solicite aos estudantes
des propostas são complexas. Fazer pesquisa que encontrem termos que sejam seme­
de campo envolve instruções sobre como não lhantes à palavra “identidade” e que pensem
influenciar nas respostas, manter respeito pelos a respeito dos usos desta palavra, até mesmo
entrevistados e ser preciso nas anotações. como sinônimo de registro geral (RG). Explorar
n Em relação às questões propostas, elas procu­ a polissemia de uma palavra pode ajudá­los
ram extrair dos estudantes um breve diagnós­ a defini­la conceitualmente.
tico da oferta de lazer e atividades culturais na
2. Resposta pessoal. Aqui já existe uma “pista”,
comunidade e sugestões que possam apresen­
pois aparece o verbo construir. Deixe­os res­
tar para viabilizar a oferta de atividades culturais
ponder livremente. A ideia é que possam per­
no lugar onde vivem.
ceber as conexões entre identidade pessoal e
sociedade, história, lugar onde se vive e cultura,
Respostas às atividades entre outras possibilidades.
1. Resposta pessoal. Espera­se que os estudantes 3. É provável que os estudantes indiquem a iden­
apontem espaços disponíveis no lugar onde tidade como algo individual e a cultura como
vivem nos quais realizam atividades esportivas, algo coletivo. Leve­os a ponderar sobre a
artísticas e culturais, como se reunir com os “identidade” cultural. Lembre­os de que há uma
amigos para andar de skate, soltar pipa, ensaiar relação indissociável entre identidade e cultura,
coreografias de danças, andar de bicicleta, já que ambas se influenciam mutuamente.
ouvir música, entre outras.
4. Resposta pessoal. Permita que os estudantes
2. Resposta pessoal. Espera­se que os estudantes se expressem livremente e aproveite para
apontem soluções e alternativas de criação de reforçar a importância do respeito às opiniões
espaços culturais na comunidade onde vivem. divergentes.

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Página 126 na página anterior, ou seja, a de que a identidade
não é algo preestabelecido e imutável, mas que
n A leitura dos quatro fragmentos de textos aca-
se constrói conforme o contexto cultural e histó-
dêmicos mostra a visão de alguns autores sobre
rico no qual o indivíduo está inserido.
o que é identidade, levando à compreensão des-
se conceito e de sua relação com o eu, com o n Sugerimos que, após a leitura dessa página, den-
grupo, com a cultura e com a sociedade. tro das possibilidades, seja exibido aos estudan-
tes o filme Paranoid park. Trata-se de uma opor-
n Sugerimos que os estudantes sejam organiza-
tunidade de aprofundar os questionamentos
dos em duplas para que leiam os fragmentos de
sobre identidade, cultura e protagonismo juve-
textos e, posteriormente, respondam às ques-
nil desenvolvidos até o momento.
tões propostas.
n A questão 2 propõe um exercício importante Página 128
para o desenvolvimento da competência de
argumentação dos estudantes, ao solicitar que n Solicite a dois estudantes que leiam, cada um,
eles cheguem a uma definição comum de iden- os textos da página, em que os antropólogos
tidade. Para chegar a essa definição, precisam Roberto DaMatta e José Luiz dos Santos defi-
argumentar com base nos textos lidos, que são nem o que é cultura. Mencione que cultura é
fontes confiáveis, e defender seus pontos de um termo polissêmico e que foi objeto de re-
vista. Garanta que todos tenham oportunidade flexão de muitos antropólogos.
de se posicionar, e incentive os menos extro- n Após a leitura dos textos, solicite aos estudantes
vertidos a falar. É importante, para isso, criar um que respondam às questões propostas. Ao final,
clima em que os estudantes se sintam acolhi- em uma roda de conversa, solicite a eles que
dos e respeitados, reconhecendo seus senti- exponham suas respostas coletivamente, de
mentos e opiniões e os sentimentos e opiniões modo que todos possam se colocar e ouvir tam-
dos outros. bém as respostas dos colegas.

Respostas às atividades Respostas às atividades

1. Michael Pollak: imagem de si; representação 1. Conforme Roberto DaMatta, cultura é a maneira
percebida pelos outros. de viver de um grupo, uma sociedade, um país
ou uma pessoa; é um mapa, um receituário, um
Roque de Barros Laraia: modo de ver o mundo;
código segundo o qual as pessoas de um dado
apreciações de ordem moral, valorativa, compor-
grupo pensam, classificam, estudam e modi-
tamentos; posturas corporais; herança cultural.
ficam o mundo e a si mesmas. Para José Luiz dos
Manuel Castells: produto da cultura/construção Santos, a cultura expressa toda a riqueza, reali-
fornecida pela história, geografia, biologia, ins- dade, complexidade e multiplicidade de formas
tituições, memória coletiva, etc.; processada de existência, assim como as características que
pelos indivíduos, grupos sociais e sociedade, unem e diferenciam os agrupamentos humanos.
que organizam seu significado em função de
2. Resposta pessoal. Cultura juvenil pode ser com-
tendências sociais e projetos culturais; visão
preendida como uma espécie de gênero cul-
tempo/espaço.
tural. As culturas juvenis destacam aspectos
Stuart Hall: identidades não são unificadas; são específicos da cultura mais geral na qual se
contraditórias; as identidades são continua- inserem. Isto é, “modos de sentir, celebrar,
mente deslocadas. pensar e atuar sobre o mundo” podem ser rea-
lizados de um modo particular pelos jovens.
2. Resposta pessoal. Garanta que todos os estu-
Muitos estudos feitos com e sobre jovens des-
dantes tenham a oportunidade de se posicionar
tacam algumas dessas particularidades, sobre-
e participar da construção coletiva da definição
tudo relacionadas às formas como acontece a
de identidade.
socialização. Entre elas, destacam-se o desejo
Página 127 de mobilidade dos jovens (caminhar e transitar
n Se achar conveniente, leia coletivamente o texto pelos espaços e pela cidade), a aglutinação em
da página, em que se reforça a ideia desenvolvida grupos, engajamento em atividades que prio-

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rizem formas de cooperação e solidariedade, 2. Resposta pessoal. Sugere­se que a resposta
formas de experimentação da política e da ética a essa questão, assim como a da questão 1,
por meio de manifestações artísticas. sejam compartilhadas pelos estudantes com
a turma. O reconhecimento de gostos e pre­
Página 129
ferências pessoais, bem como de gostos e
n A pesquisa a ser realizada pelos estudantes preferências de outras pessoas e o respeito
na comunidade tem como objetivo mapear os por eles, é uma competência propícia a ser
lugares em que haja protagonismo juvenil, nos trabalhada nessas questões.
quais os jovens da comunidade são produtores
3. Resposta pessoal. Espera­se que os estudantes
de cultura.
falem sobre a importância que as atividades
n Solicite aos estudantes que apontem se há culturais têm em suas vidas, como torná­los
ausência de espaços de produção ou de con­ cidadãos mais críticos, ativos e conscientes dos
sumo cultural nos locais investigados, ou ainda problemas que vivenciam no dia a dia em sua
espaços marcados por precariedade em sua comunidade, na escola e no trabalho.
estrutura física. Isso indicaria locais propícios
4. Respostas pessoais. No caso de resposta nega­
à atuação da cooperativa a ser criada por eles.
tiva, que possivelmente será a da maioria, soli­
n Oriente os estudantes a registrar todas as infor­ cite aos estudantes que imaginem como é par­
mações da pesquisa em um caderno de campo, ticipar da produção de um evento cultural.
a levar máquinas fotográficas ou celulares para
o registro de fotos e um gravador para o registro Página 131
de depoimentos dos moradores. n Se achar conveniente, leia coletivamente o tex­
to que trata da indústria cultural. Peça aos estu­
n Oriente a turma a se organizar para fazer a
dantes que reflitam sobre o que é indústria cul­
pesquisa no contraturno das aulas ou no fim
tural e de que modo ela influencia a vida
de semana.
cotidiana deles.
Sugerimos a leitura do texto a seguir aos estudan­
Como a indústria cultural
n
PERCURSO 2
tes para reforçar o conceito de indústria cultural.
influencia os gostos e as produções
culturais?
[…]
Página 130 Não se poderia, de todo modo, falar em indústria
cultural num período anterior ao da Revolução
n Para iniciar o desenvolvimento deste percur­ Industrial, no século XVIII. Mas embora esta Revo-
so, solicite aos estudantes que leiam o título, lução seja uma condição básica para a existência
observem a foto e leiam a legenda para que daquela indústria e daquela cultura, ela não é ainda
tenham uma noção inicial do conteúdo a ser a condição suficiente. É necessário acrescentar a
estudado. esse quadro a existência de uma economia de
mercado, isto é, de uma economia baseada no
n O desenvolvimento dos conceitos trabalhados consumo de bens; é necessário, enfim, a ocorrência
neste percurso será feito com a leitura e inter­ de uma sociedade de consumo, só verificada no
pretação dos textos, a observação e análise de século XIX em sua segunda metade […].
imagens, o desenvolvimento de atividades e a Assim, a indústria cultural, os meios de comuni-
aplicação de metodologia de pesquisa. cação de massa e a cultura de massa surgem como
funções do fenômeno da industrialização. É esta,
Respostas às atividades através das alterações que produz no modo de
1. Respostas pessoais. Espera­se que os estu­ produção e na forma do trabalho humano, que deter-
mina um tipo particular de indústria (a cultural) e de
dantes cometem sobre seus gostos musicais.
cultura (a de massa), implantando numa e noutra os
Se possível, solicite que compartilhem com os
mesmos princípios em vigor na produção econômica
colegas essa resposta e a da questão 2, para em geral: o uso crescente da máquina e a submissão
ressaltar a diversidade de gostos e identidades do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina;
existente entre eles. Reforce a importância de a exploração do trabalhador; a divisão do trabalho.
ouvir os colegas com cuidado e respeito, evi­ Estes são alguns dos traços marcantes da sociedade
tando qualquer situação de preconceito.

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acabou sendo influenciado pela indústria cul-
capitalista liberal, onde é nítida a oposição de clas-
ses e em cujo interior começa a surgir a cultura de tural, desvirtuando-se um pouco do objetivo
massa. Dois desses traços merecem uma atenção inicial, que era “bater de frente” contra o sis-
especial: a reificação (ou transformação em coisa: a tema que gerou as mazelas sociais contra as
coisificação) e a alienação. Para essa sociedade, o quais protesta.
padrão maior de avaliação tende a ser a coisa, o bem, 3. Resposta pessoal. Se possível, peça aos estu-
o produto; tudo é julgado como coisa, portanto tudo
dantes que compartilhem suas opiniões, como
se transforma em coisa – inclusive o homem. […]
uma oportunidade para que reconheçam e res-
Nesse quadro, também a cultura – feita em série,
industrialmente, para o grande número – passa a ser peitem a diversidade em relação aos gostos
vista não como instrumento de livre expressão, musicais de cada um. Chame a atenção para o
crítica e conhecimento, mas como produto trocável fato de que não é necessário convencer as pes-
por dinheiro e que deve ser consumido como se soas de que determinado estilo de música é
consome qualquer outra coisa. E produto feito de bom ou ruim quando gostamos ou não gos-
acordo com as normas gerais em vigor: produto tamos dele, e, sim, compreender que as prefe-
padronizado, como uma espécie de kit para montar, rências musicais estão ligadas à história de cada
um tipo de pré-confecção feito para atender neces- indivíduo, às suas referências culturais e, princi-
sidades e gostos médios de um público que não tem
palmente, aos seus sentimentos e emoções.
tempo de questionar o que consome. Uma cultura
perecível, como qualquer peça de vestuário. Uma 4. Resposta pessoal. Se possível, solicite às
cultura que não vale mais como algo a ser usado pelo duplas que selecionem vídeos ou fotografias
indivíduo ou grupo que a produziu e que funciona, na internet para utilizar como exemplos de
quase exclusivamente, como valor de troca (por música, dança, moda ou arte urbana pesqui-
dinheiro) para quem a produz. […] sadas por eles.
Coelho, Teixeira. O que é indústria cultural. São Paulo:
Brasiliense, 1980 (Coleção Primeiros Passos 8). Página 133
n Explique aos estudantes que o objetivo da pes-
Página 132 quisa que eles farão é verificar a preferência
das pessoas da comunidade em relação a even-
n Sugerimos a leitura coletiva do texto da pági-
tos culturais. Desse modo, poderão conhecer o
na sobre a indústria cultural e o movimento
público potencial da cooperativa que vão criar
hip-hop. Em seguida, organize os estudantes
e entender quais são suas expectativas.
em duplas e solicite-lhes que respondam às
questões propostas. n O planejamento da pesquisa deve ser realizado
com cuidado e, provavelmente, ocupará uma
Respostas às atividades aula inteira. Sugerimos que você leia com a tur-
1. O movimento hip-hop surgiu nos Estados Unidos, ma o passo a passo que está no Livro do Estu-
na década de 1960, no contexto da luta da popu- dante, resolvendo dúvidas e dando as orienta-
lação negra por igualdade de direitos e chegou ções necessárias.
ao Brasil na década de 1980, por intermédio de n Organize a turma e divida as responsabilidades
revistas, equipes de baile e discos vendidos na entre os estudantes. Esteja atento para garantir
rua 24 de Maio na cidade de São Paulo. que o perfil de cada estudante seja respeitado
na divisão de tarefas. Por exemplo, se algum
2. A partir da leitura do texto, os estudantes devem
deles demonstrar dificuldades em realizar en-
inferir porque o autor considera que a popula-
trevistas por ser tímido, sugira maneiras de rea-
rização do hip-hop tem um lado positivo. Por
lizar essa tarefa de forma que ele se exponha
outro lado, o texto deixa mais evidente por que
menos (por exemplo, treinando antes com al-
o autor considera esse fato ruim. Assim, espe-
ra-se que eles citem que com a popularização, guém com que se sinta confortável).
as gravadoras passaram a dar mais importância n A tabulação e a análise dos resultados da pesqui-
ao rap e ao hip-hop, e assim mais pessoas pas- sa são momentos importantes para que os estu-
saram a ter acesso tanto à produção como ao dantes, ao classificar as respostas, desenvolvam
consumo desses elementos culturais. Entre- a capacidade de interpretar de maneira sistêmica
tanto, ao crescer e ganhar a mídia, o hip-hop um problema (no caso, as preferências da comu-

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nidade em relação a eventos culturais). Auxilie-os Respostas às atividades
nesse processo, orientando-os na identificação
1. Resposta pessoal. Pergunte aos estudantes se
de padrões, que, em geral, não ficam muito claros
eles gostariam ou não de fazer um trabalho
à primeira vista no caso de perguntas abertas. Se
voluntário como esse, e por quê.
julgar necessário, solicite auxílio ao professor de
Matemática ou de Informática, caso houver, para 2. Resposta pessoal. A revitalização de espaços
a confecção do banco de dados. Por fim, se achar e equipamentos traz benefícios para os coope-
conveniente, trabalhe o pensamento computacio- rados, pois deixa os espaços mais organizados
nal dos estudantes solicitando que eles obtenham e os equipamentos mais bonitos e eficientes, o
percentuais e médias aritméticas dos dados quan- que melhora as condições de trabalho desses
titativos utilizando funções em programas de edi- profissionais.
ção de planilhas.
3. Respostas pessoais. Valorize a experiência de
todos os estudantes deixando-os à vontade
PERCURSO 3 O que é e como criar uma
para se expressarem.
cooperativa?
4. Resposta pessoal. A atividade tem como obje-
Página 134 tivo levantar os conhecimentos prévios dos
n Para iniciar o desenvolvimento deste percurso, estudantes sobre o produto a ser desenvolvido
solicite aos estudantes que leiam o título, obser- neste percurso, a cooperativa. Não se preocupe
vem a foto e leiam a legenda para que tenham que cheguem à resposta certa. Anote as hipó-
uma noção inicial do conteúdo que será estudado. teses da turma na lousa, pedindo aos estu-
dantes que registrem no caderno essas anota-
n Neste percurso, os estudantes tomarão conhe-
cimento de conceitos que os ajudarão na cria- ções. Ao final deste percurso, peça a eles que
ção da cooperativa, como o de cooperativismo retomem os registros para comparar o que
e de economia solidária. entendiam por cooperativa no início do per-
curso e o que entendem ao final dele.
n Este percurso será o momento do projeto em
que ficará mais evidente a ideia de que prota-
Página 135
gonismo juvenil pode ser pensado como em-
preendedorismo juvenil. No entanto, é necessá- n Se julgar conveniente, leia coletivamente
rio ponderar a noção de empreendedorismo que o texto da página, assegurando-se de que
se quer transmitir para o estudante: os estudantes compreenderam o conceito de
cooperativa.
[…] É importante considerar o empreendedo- n Ao final da leitura, questione os estudantes se
rismo como uma oportunidade a mais para a eles conhecem cooperativas, se no lugar onde
inserção crítica e com autonomia do jovem no vivem existem essas organizações e, em caso
mercado de trabalho, como possibilidade de
positivo, em que área elas atuam.
afirmação da sua identidade como ser humano.
Isso pode torná-lo capaz de socializar ideias, de n Se for possível, acesse o site da Pimp Nossa
trabalhar junto, de inovar num processo colabo- Cooperativa indicado no Livro do Estudante
rativo, de realizar-se em processos criativos de para conhecer as ações dessa cooperativa em
trabalho, rompendo com a dependência dos todo o Brasil.
padrões tradicionais de emprego. Empreender
é ampliar uma visão de mundo, de si mesmo no
Página 136
mundo do trabalho. Nessa ótica, precisamos
investir no empreendedorismo jovem […], no n É importante que os estudantes percebam a
protagonismo juvenil. As ações empreendedoras potencialidade das cooperativas e da econo-
surgem como novas possibilidades de geração mia solidária, de modo mais geral, para a ge-
de trabalho e renda. […]
ração de emprego e renda, dinamização da
Albuquerque, Targélia de Souza. Ética e avaliação: uma
reflexão crítica à luz do pensamento de Paulo Freire.
economia local e melhoria das condições de
In: CAlAdo, Alder Julio Ferreira (org.). Conferências dos vida dos trabalhadores. Se for conveniente,
Colóquios Internacionais Paulo Freire (II). leia com eles o texto a seguir, que aprofunda
Recife: Bagaço/Centro Paulo Freire, 2007.
essas questões.

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n Se julgar conveniente, proponha a leitura cole-
As experiências de organização econômica que
tiva do texto e, em seguida, assista com os es-
vêm sendo definidas no Brasil como Economia
Popular Solidária têm origem, motivações e inicia- tudantes ao vídeo sugerido no boxe a seguir.
tivas de naturezas distintas […]. São materializadas
por meio de cooperativas de produção e/ou de Outras fontes
consumo; assentamentos de trabalhadores rurais
Economia solidária: outra economia acontece. Disponível
sem-terra; cooperativas de prestação de serviços;
em: https://www.youtube.com/watch?v=sfYAejvZmms.
[…] cooperativas de créditos; projetos comunitários
Acesso em: 5 fev. 2020.
de produção de artesanatos, de coleta seletiva e
reciclagem de lixo; de confecção de roupas, de fabri- O vídeo, com cerca de 12 minutos, realizado pelo Fórum
cação de calçados e de produtos alimentares; asso- Brasileiro de Economia Solidária, mostra diversos rela-
ciações de pequenos agricultores […] entre outros. tos de trabalhadores que se uniram em cooperativas e
O crescimento dessas experiências populares como essa união transformou a vida dessas pessoas.
não define um espaço de produção e de trabalho Aborda conceitos fundamentais para o desenvolvimen-
homogêneo, integrado e sistêmico. […] O que to e a realização do produto final deste projeto.
une essas experiências é a busca de alternativas
de trabalho e de renda, assim como integração Página 137
econômica, política e social para trabalhadores
que já foram excluídos do mercado formal de n Neste momento, é importante motivar os es-
trabalho ou, então, que ainda estejam inseridos tudantes a exercer a função de planejadores e
neste mercado, mas de forma precária e insegura. saber trabalhar em equipe, avaliar propostas,
Estas experiências – associações ou coope- traçar rotas e caminhos possíveis para a con-
rativas – são originadas entre os próprios traba- cretização da cooperativa. Peça a eles que
lhadores, com o apoio de instituições sociais acessem o site do Sebrae, indicado no Livro
comprometidas com o enfrentamento à exclusão
do Estudante, no qual poderão ter acesso a
social (igrejas, sindicatos, universidades etc.),
todas as informações necessárias para a cria-
que constituem experiências comunitárias,
populares e muitas vezes pequenas de geração ção da cooperativa.
de trabalho e de renda […]. n Chame a atenção dos estudantes para o fato
Nas experiências de Economia Solidária é de que trabalhar em equipe demanda reconhe-
ressaltado um aspecto transformador, que além de cer e respeitar opiniões, emoções e limites pró-
propiciar a integração econômica de trabalhadores prios e dos outros.
e trabalhadoras, estimula alternativas de trabalho n No planejamento e na implementação da coo-
e de renda. Essa integração, entretanto, ocorre por
meio de um processo construído a partir de refe- perativa, muitas decisões têm de ser tomadas
renciais alternativos, bem como pela participação pelos estudantes. Incentive-os, durante o pro-
de todos os integrantes do grupo. A necessidade cesso, a defender seus pontos de vista de for-
que se busca atender, nesse sentido, é uma neces- ma ética e democrática, buscando argumentar
sidade econômica, mas também de mudança, de com base nas informações que obtiveram ao
construção da cidadania. A inclusão dos sujeitos longo do projeto.
no mercado de trabalho e o aumento da renda n Auxilie os estudantes nas tarefas que encontra-
familiar fazem com que muitos destes trabalha-
rem dificuldade. Neste momento inicial, verifique
dores que, possivelmente, se encontram desem-
com a coordenação a possibilidade de os estu-
pregados, saiam de um estágio de agudização da
questão social. Estas experiências podem valorizar dantes utilizarem espaços da escola como “sede”
os sujeitos e o trabalho desenvolvido por eles provisória da cooperativa.
contribuindo para o possível processo de sua auto-
nomia no mercado de trabalho. PRODUTO FINAL Cooperativa de
BullA, Leonia Capaverde et al. A contribuição da política/ produção cultural
programa de economia solidária para a viabilidade das
experiências de geração de renda. Disponível em: http://www.
joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIV/OLD/eixos_OLD/2.%20
Páginas 138 e 139
Transforma%C3%A7%C3%B5es%20no%20mundo%20
do%20Trabalho/A%20CONTRIBUI%C3%87%C3%83O%20
n As etapas desenvolvidas até aqui contribuíram
DA%20POL%C3%8DTICA%20PROGRAMA%20DE%20 para a efetivação da cooperativa de produção
ECONOMIA%20SOLID%C3%81RIA%20PA.pdf.
Acesso em: 5 fev. 2020.
cultural a ser implantada pelos estudantes na
comunidade onde vivem. Nessa etapa, eles con-

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solidarão a cooperativa de produção cultural com tionário. É importante garantir que, na roda de
a realização do primeiro evento produzido por ela. conversa, os estudantes respeitem as opiniões
n Retome com os estudantes tudo o que foi feito dos colegas e sejam sinceros em suas coloca­
durante os percursos estabelecidos: o mapea­ ções, estimulando a crítica e a autocrítica. Além
mento das atividades culturais e locais de pro­ disso, oriente­os a utilizar argumentos com
tagonismo juvenil na comunidade no Percurso 1, base em fatos, dados e informações confiáveis
a pesquisa de opinião sobre as expectativas da para defender seus pontos de vista.
comunidade no Percurso 2 e a criação da coo­ n Como o nome sugere, a roda de conversa pres­
perativa no Percurso 3. Revejam e avaliem tudo supõe a disposição das carteiras da sala em
o que foi produzido e qual é o cenário em que se círculo, a fim de favorecer o diálogo e permitir a
encontram para a finalização do projeto. cada estudante ver, ser visto, e expressar suas
n A reportagem apresentada na página 138 pode ideias e ser respeitado por isso. A roda de con­
ser lida coletivamente para que os estudantes versa propicia a aproximação entre os pares e o
acolhimento necessário para que cada um se
tenham a dimensão da importância das mobili­
sinta à vontade para expressar sentimentos e
zações em prol da cultura e se inspirem para a
opiniões em relação à experiência vivida ao lon­
realização do evento que vão promover.
go do processo de execução do projeto.
Páginas 140 e 141 n Explique aos estudantes a importância do
n O primeiro evento da cooperativa cumprirá a feedback da comunidade em relação ao pro­
função de apresentá­la à comunidade e, como jeto. As críticas e os elogios fazem parte do
todo evento, requer planejamento e organiza­ processo e podem indicar aos estudantes
ção. Auxilie os estudantes a garantir os espaços, oportunidades de melhorias. Além disso, vale
equipamentos (como caixas de som, microfo­ ressaltar que a execução do projeto contou
nes, projetores, etc.) e mobiliários (como mesas, com o envolvimento coletivo, inclusive das
cadeiras, etc.) necessários para o evento. pessoas da comunidade.
n A criação de uma planilha para o checklist das n Na autoavaliação, estimule os estudantes a re­
atividades, funções e responsabilidades de cada fletir sobre as próprias experiências e o apren­
grupo pode ser bastante útil na organização do dizado de maneira crítica, mas também gentil e
evento. Auxilie­os também nessa tarefa. acolhedora. É importante que eles verifiquem
possibilidades de melhorar, mas que não julguem
n Após o evento, os grupos devem se reunir
nem se cobrem demais. É interessante que você,
para elaborar um plano de continuidade, ou
como professor, ressalte os aprendizados e ga­
seja, devem pensar nos próximos eventos a
nhos desse processo, contribuindo para a for­
serem desenvolvidos pela cooperativa.
mação de alunos autoconfiantes.
n Lembre­os de que a implementação de uma n É importante, também, fazer sua avaliação dos
cooperativa requer empenho e disponibilida­
estudantes, verificando se eles desenvolveram
de para a continuação da proposta, e a busca
as competências e habilidades esperadas e se
por financiamento é uma das tarefas que será
eles se envolveram no projeto, no que se refere
executada. Nesse momento, pode­se sugerir
à apropriação dos conteúdos, à execução das
que busquem por apoio financeiro em entida­ atividades propostas e à atuação na criação da
des públicas e privadas, como a prefeitura do cooperativa e na organização do evento.
município e os comerciantes e empresários
da região. A busca de financiamento coletivo
n Também é interessante que você faça uma re­
(crowdfunding) também é uma opção viável. flexão sobre seu trabalho, identificando os acer­
tos e as possibilidades de melhoria. Como você
Avaliação avalia seu envolvimento no projeto? Reflita so­
bre sua colaboração intelectual, prática e afeti­
Páginas 142 e 143
va com os estudantes. Em relação às estratégias
n A avaliação deve ser realizada em dois momen­ pedagógicas, avalie se os objetivos propostos
tos: em roda de conversa e aplicação de ques­ neste Projeto Integrador foram atingidos.

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Bibliografia
Belloni, Maria Luiza. O que é mídia-educação. Cam- Castells, Manuel. A era da informação: economia,
pinas: Autores Associados, 2001. sociedade e cultura, v. 1: A sociedade em rede. São
A obra permite a familiarização com o campo de pesqui-
Paulo: Paz e Terra, 2000.
sa e ensino em midiaeducação e traz textos sobre o mo- O texto permite uma reflexão sobre o papel da midia-
do como as novas gerações se apropriam das mídias e educação na formação dos cidadãos, com base no deba-
como elas são utilizadas pelos professores no trabalho te da sociedade da informação e do conhecimento.
em sala de aula.
CeCCon, Cláudia et al. Conflitos na escola: modos de
Boni, Valdete; Quaresma, Sílvia Jurema. Aprendendo a transformar: dicas para refletir e exemplos de como
entrevistar: como fazer entrevistas em ciências lidar. São Paulo: CECIP: Imprensa Oficial do Estado
sociais. Em Tese, v. 2, n. 1, p. 68-80, jan./jul. 2005. de São Paulo, 2009.
Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ O livro promove a reflexão sobre conflitos no contexto
emtese/article/viewFile/18027/16976. Acesso em: do cotidiano escolar, os quais podem proporcionar inú-
27 jan. 2020 meras aprendizagens. Também incentiva e auxilia o
O artigo aborda a centralidade da entrevista nas meto- educador a transformar coletivamente a cultura da es-
dologias de pesquisa de ciências sociais, as vantagens cola em uma cultura de paz e diálogo.
e as desvantagens de cada uma de suas tipologias e
seus objetivos. Chrispino, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da clas-
sificação dos conflitos aos modelos de mediação.
Brasil. Conselho Nacional do Ministério Público. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação,
Diálogos e mediação de conflitos nas escolas: Rio de Janeiro, v. 15, n. 54, p. 11-28, jan./mar. 2007.
guia prático para educadores. Brasília: Conselho Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/
Nacional do Ministério Público, 2014. v15n54/a02v1554.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020.
O guia foi elaborado com o intuito de auxiliar professores O artigo discute os caminhos para a compreensão do
e estudantes a entender o que são as práticas restaura- conflito escolar, indicando a mediação de conflitos como
tivas e, assim, criar uma cultura de paz nas escolas. alternativa para a diminuição da violência na escola.

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Edu- Corrêa, Cecília Araújo Rabelo et al. A sociedade da
cação Básica. Base nacional comum curricular: informação e do conhecimento e os estados bra-
educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2018. Dis- sileiros. Informação & Informação, Londrina, v. 19,
ponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov. n. 1, p. 31-54, jan./abr. 2014. Disponível em: http://
br/. Acesso em: 22 jan. 2020. www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/
Documento elaborado pelo Ministério da Educação, con- article/view/12176/14206. Acesso em: 28 jan. 2020.
forme previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação O artigo investiga a participação do Brasil na chamada
Nacional, de 1996. Estabelece os conhecimentos, as Sociedade da Informação e do Conhecimento (SIC) em
competências e as habilidades que se esperam que to- relação a outros países. Além disso, os autores também
dos os estudantes desenvolvam em todas as etapas da debatem as consequências da desigualdade no desen-
Educação Básica. volvimento econômico interno do Brasil no que diz
respeito à SIC.
Brown, Tim. Design thinking: uma metodologia po-
derosa para decretar o fim das velhas ideias. São Garofalo, Débora. Como as metodologias ativas fa-
Paulo: Alta Books, 2018. vorecem o aprendizado. Nova Escola, 25 jun. 2018.
O livro trabalha com o conceito de design thinking, que Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/
preconiza a resolução de problemas de maneira inova- 11897/como-as-metodologias-ativas-favorecem-
dora e criativa. o-aprendizado. Acesso em: 27 dez. 2019.
O texto faz uma abordagem crítica sobre a importância
Carrano, Paulo César Rodrigues. Juventudes e cida-
de trabalhar com metodologias ativas em sala de aula,
des educadoras. Petrópolis: Vozes, 2003. incentivando os alunos a aprender de forma autônoma
O livro aborda como os espaços da escola e da cidade e participativa.
são educativos, abrangendo as relações sociais entre
os jovens e os lugares onde vivem. Também leva os edu- maChado, Clarissa da Silva. Ensino de arte contempo-
cadores a reconhecer os jovens como sujeitos de seu rânea na atualidade. Revista de Educação, Ciência
próprio processo de conhecimento e transformação. e Cultura, Canoas, v. 18, n. 2, p. 49-54, jul./dez. 2013.

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Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/ Texto didático sobre o tema da pós-verdade, essencial
index.php/Educacao/article/viewFile/1232/1019. para compreender o processo de produção e consumo
Acesso em: 10 jan. 2020. das notícias falsas. A obra fornece exemplos práticos
para a compreensão desse fenômeno complexo.
O artigo reflete sobre a postura metodológica do profes-
sor que inclui o ensino de arte contemporânea com base sChuhmaCher, Élcio et al. O desenvolvimento do pen-
nos pressupostos da própria arte. samento computacional no ensino médio por meio
moran, José Manuel. A educação que desejamos: de ambientes de programação. In: XiV international
novos desafios e como chegar lá. 5. ed. Campinas: ConferenCe on enGineerinG and teChnoloGy eduCation,
Papirus, 2014. 14., 2016, Salvador. Disponível em: https://copec.eu/
congresses/intertech2016/proc/works/52.pdf.
O livro propõe uma metodologia ativa, na qual o estudan-
Acesso em: 27 dez. 2019.
te é protagonista do próprio processo de aprendizagem.
O artigo trabalha com estratégias que auxiliam o edu-
pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação cador no desenvolvimento do pensamento computa-
e comunicação nas escolas brasileiras: TIC educa- cional de estudantes do Ensino Médio, com base na
ção 2018 (Survey on the use of information and resolução de problemas e formulação de algoritmos.
communication technologies in brazilian schools:
semis, Laís. Guia de letramento midiático: como iden-
ICT in education 2018). São Paulo: Comitê Gestor
tificar e combater desinformação. Nova Escola,
da Internet no Brasil, 2019. E-book (edição bilíngue).
15 ago. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.
Disponível em: https://www.cetic.br/media/docs/
br/conteudo/12307/guia-de-letramento-midiatico-
publicacoes/216410120191105/tic_edu_2018_
o-que-e-como-aplicar-e-identificar-desinformacao.
livro_eletronico.pdf. Acesso em: 10 jan. 2020.
Acesso em: 12 jan. 2020.
Material para subsidiar o trabalho do professor com
O texto apresenta dados atuais, pesquisas e exemplos
metodologias e dados sobre a integração entre tecno-
práticos de como aplicar o letramento midiático em
logia e educação em escolas urbanas e rurais.
sala de aula.
pozo, Juan Ignacio (org.). A solução de problemas:
sposito, Marilia Pontes. Transversalidades no estudo
aprender a resolver, resolver para aprender. Porto
sobre jovens no Brasil: educação, ação coletiva e cul-
Alegre: Artmed, 2002.
tura. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. espe-
O livro mostra como o ensino por meio de soluções de cial, p. 95-106, abr. 2010. Disponível em: http://www.
problemas pode contribuir para a formação dos estu-
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
dantes. A obra reserva capítulos específicos para apre-
sentar estratégias de aplicação da metodologia em S1517-97022010000400008&lng=en&nrm=iso.
cada área do conhecimento. Acesso em: 28 jan. 2020.
O artigo analisa algumas ações coletivas de jovens, par-
riCCa, José Luiz. Sebrae: o jovem empreendedor. ticularmente aquelas que derivam de práticas culturais
Estudos Avançados, v. 18, n. 51, p. 69-75, 1o ago. musicais, a partir da metade dos anos 1990.
2004. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/
eav/article/view/10000. Acesso em: 28 jan. 2020. toro, José Bernardo; werneCk, Nísia Maria Duarte.
Mobilização social: um modo de construir a de-
O artigo debate a necessidade da formação dos jovens
para o mercado de trabalho de forma mais autônoma mocracia e a participação. Belo Horizonte: Autên-
e cooperativa, como novas possibilidades de geração tica, 2007.
de trabalho e de renda. O livro trabalha com métodos para estruturar a mobiliza-
ção social e reflete sobre sua importância na construção
rollo, Larissa Cirillo. Ensino por projetos: autores e da cidadania.
concepções. 26 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Pedagogia) – Instituto Superior de Educação Vera VasConCellos, Camilo de Mello (org.). Recursos peda-
Cruz, São Paulo. Disponível em: http://site.veracruz. gógicos no Museu de Arqueologia e Etnologia da
edu.br/doc/ise_tcc_larissa_cirillo_rollo.pdf. Acesso USP. São Paulo: Museu de Arqueologia e Etnologia
em: 17 dez. 2019. da Universidade de São Paulo, 2014.
O texto apresenta diferentes abordagens teóricas sobre O material contribui para a democratização do conheci-
o trabalho com projetos na educação. mento científico em arqueologia brasileira, a partir da
discussão de recursos pedagógicos voltados para criar
santaella, Lucia. A pós-verdade é verdadeira ou falsa? uma aprendizagem lúdica e significativa a respeito dos
Barueri: Estação das Letras e Cores, 2018. patrimônios.

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MANUAL DO
PROFESSOR

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CIÊNCIAS HUMANAS

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MANUAL DO PROFESSOR

PROJETOS INTEGRADORES
CIÊNCIAS HUMANAS
E SOCIAIS APLICADAS
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ENSINO MÉDIO
ISBN 978-85-418-2745-4

Editor responsável: Flávio Manzatto de Souza


Organizadora: SM Educação
2 900002 062076 Obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação.

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