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ESTUDOS LINGUÍSTICOS
CONTEXTUALIZANDO
É lugar comum dizer que a ciência só pode progredir quando há novos fatos
de seu objeto teórico a serem explicados. Isso ocorre também com a ciência que
se dedica ao estudo da língua: a linguística. Vamos considerar, por exemplo, duas
expressões, sejam elas: gêneros textuais e tecnologias de informação e
comunicação.
A concepção e o estudo dos gêneros textuais passaram a ser realizados
por linguistas ao longo da segunda metade do século XX. Ganharam, aqui no
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Brasil, maior expressividade a partir da década de 1990, o que torna esse recorte
teórico um jeito muito jovem de fazer ciência. Isso é evidente, principalmente,
quando consultamos materiais didáticos de língua portuguesa e também de língua
estrangeira de décadas passadas e verificamos que as estratégias empregadas
para aprendizagem estavam relacionadas até a limitação da sentença (frase), sem
considerar o texto como suporte de uma contextualização ou situação maior.
Em relação às tecnologias de informação e comunicação, trata-se, de fato,
de um elemento bastante novo, considerando que sua origem está relacionada ao
surgimento e à disseminação das produções de conteúdo via internet. Trata-se
não só de estabelecer novas combinações de linguagem, mas de reconhecer um
novo meio de circulação para o conteúdo produzido. Essa realidade torna-se tão
importante e produtiva que passa a ser cobrada em provas oficiais, como o Enem.
Outras perspectivas no âmbito da linguística podem e devem ser
estimuladas, a fim de que possamos, pelo uso funcional de ferramentas para
escrita e leitura, trabalhar com novos fatos de nosso objeto: a língua. Afinal de
contas, as relações que a linguagem permite expressar têm se desdobrado e
modificado com o passar do tempo e com o uso das novas tecnologias e suportes.
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experimentar novas misturas com idiomas bastante distintos, o que possibilita a
manutenção da sintaxe, mas gera a transformação vocabular de nosso idioma
nacional.
Essa nova “questão da língua” é fruto do reconhecimento de um continuum
de variedades faladas no Brasil e permite o aparecimento de novas descrições
teórico-metodológicas para abordar os fatos de língua, considerando o que e
como se fala nas mais diversas situações, mas em português brasileiro. É essa
percepção e aceitação do continuum da língua falada que permite análises como:
Esses pontos podem não parecer uma novidade quando se trata de estudar
português falado, considerando que já houve descrições assim acerca do
português em outros momentos, mas o ponto de abordagem pode ser deslocado.
Assim, quando se trata de pensar as primeiras descrições de línguas faladas, é
preciso considerar que não havia, por exemplo, a imprensa falada ou mesmo a
difusão tão evidente de vários contextos em que a língua falada se realizava.
Como estamos tratando de língua falada, também é muito importante
salientar não apenas esse novo olhar sobre o português falado, mas sobre línguas
como o inglês, que, a seu tempo, tornam-se os idiomas da globalização. Para
ilustrar melhor essa sistematização, vamos analisar uma questão da avaliação do
Enade 2017, reproduzida a seguir.
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TEMA 2 – A TERCEIRA ONDA DA SOCIOLINGUÍSTICA
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Além da descrição feita por Eckert, vamos relembrar alguns momentos e
pesquisadores marcantes nos estudos da linguagem, no âmbito da
sociolinguística, a fim de fazer as associações que concebermos como mais
adequadas também em nosso trabalho de sala de aula. Para isso, vamos tomar
como referência uma questão prática apresentada no Enade 2017, reproduzida e
referenciada a seguir.
Leitura complementar
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III. Um exemplo de fato diacrônico e estático é a existência permanente de
três conjugações no português.
É correto o que se afirma em:
a. I.
b. II.
c. I e II.
d. II e III.
e. I, II e III.
Fonte: Inep, 2017.
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TEMA 3 – O LUGAR DO ENUNCIADOR
A imagem que o sujeito que emite uma mensagem faz do lugar que ocupa
(Tem direito de emitir essa mensagem? Será lido ou ouvido com atenção e
respeito? Que qualidades existentes em seu discurso são capazes de
transmitir o que deseja?).
A imagem que o sujeito que emite uma mensagem tem de quem vai lê-lo
ou ouvi-lo (Quem é essa pessoa? O que ela busca em seu texto – corrigir
ou aprender? Está em uma função inferior ou superior socialmente?).
A imagem que o sujeito que emite uma mensagem tem do próprio discurso
(Qual é a qualidade de suas palavras? Elas têm a força e a expressividade
esperadas para a ocasião? Existe plasticidade?).
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compartilhem minimamente propósitos discursivos e conhecimento de mundo
para que o processo comunicativo se realize adequadamente.
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Figuras 2 e 3 – Linearidade do texto
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amparo de “velhas tecnologias”, o que possibilita ao leitor reconfigurar seus
conhecimentos sobre a noção de texto e realizar novos gestos de leitura.
A questão a seguir, reproduzida da prova de linguagens do Enem 2009,
ajuda a entender melhor a leitura que podemos fazer em relação aos hipertextos
como uma das realizações de linguagem na contemporaneidade.
Leitura complementar
Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a lerem numa onda
linear – da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos
encorajam os leitores a moverem- se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não
sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a
seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos,
inserindo informações novas, o leitor- navegador passa a ter um papel mais ativo e uma
oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos
farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões.
(MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007.)
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TEMA 5 – O QUE VAMOS FAZER COM A LINGUÍSTICA AINDA? UM POUCO
DE NEUROLINGUÍSTICA
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reconhecimento de palavras-chave, mas a impossibilidade de escolher e
reconhecer conjunções, preposições ou outros elementos de ligação.
Poderíamos sintetizar isso com algo como enquanto houver hipóteses,
haverá ciência; ou enquanto o objeto de estudo da ciência estiver em movimento,
haverá muitas coisas a se dizer sobre ele e para descrevê-lo. Uma das indicações
é prestarmos bastante atenção no que tem se desenvolvido relacionado à
linguagem da inteligência artificial, além de considerar que a língua continua
sendo nosso objeto de pesquisa primordial e nosso instrumento de comunicação.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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