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Neste livro há três momentos importantes dessa rica carreira e permitem compreendê-
la melhor. Iniciam com os extratos da sua primeira grande obra, descrição
fenomenológica do ato da criação. Os textos finais após "O romance de educação na
história do realismo", do peródo de 36 a 38, marcam o último período da produção do
autor: reflexões sobre:
"os gêneros do discurso", que é o motivo que nos levou a ler este capítulo.
Neste capítulo o autor leva-nos a compreender sua visão de gênero do discurso e nos
apresenta várias novas abordagens sobre o processo de comunicação existente.
Dando mais primazia ao outro (no caso o receptor), que deixa de ser um agente
passivo no processo de comunicação, ele o vê como locutor também, tendo em vista
que recebe a mensagem e a processa e, desta forma, tla mensagem cria a
necessidade de resposta. Ele também defini a importância que se deve dar ao
destinatário na escolha do gênero que se ira usar para atingi-lo.
Bakhtin esclarece que tudo é gênero seja oral ou escrito desde o diálogo cotidiano até
o romance. Ele alega que o problema dos vários tipos de enunciados quase nunca foi
levado em conta, nos estudos dos enunciados nunca se levou em conta seus princípios
constitutivos tais como: a relação com o ouvinte e a influência deste sobre o enunciado,
a conclusão verbal peculiar ao enunciado, etc.
Mas nem todos os gêneros são igualmente aptos do enunciado, ou seja, nem todos
são propícios ao estilo individual. Na maioria dos gêneros do discurso (com exeção dos
gêneros artístico-literários), o estilo individual não entra na intenção do enunciado, não
serve exclusivamente às sua finalidades, sendo, por assim dizer, seu epifenômeno, seu
produto complementar. É responsabilidade do enunciado saber o que na língua cabe
respectivamente ao uso correte e ao indivíduo ( apenas no enunciado a língua comum
se encarna numa forma individual ).
Assim, portanto os estilos individuais como os que pertencem à língua tendem para
gêneros do discurso. Os estudos da função comunicativa da linguagem sempre levam
em conta a função do locutor sem nenhuma relação com os outros e quando o outro é
levado em consideração ele é apenas um destinatário passível que se limita a
compreender o locutor. De fato, o ouvinte do discurso tem uma função ativa neste
processo ele torna-se o locutor a compreensão responsiva ativa pode se dar em uma
ação à uma ordem dada, pode permanecer, por certo lapso de tempo, compreensão
responsiva muda, mas neste caso trata-se de uma compreensão responsiva de ação
retardada: cedo ou tarde, o que foi ouvido e compreendido de modo ativo encontrará
um eco no discurso ou no comportamento subsequente do ouvinte. Os gêneros
secundários da comunicação verbal em sua maior parte, contam precisamente com
esse tipo de compreensão responsiva de ação retardada isto também é válido para o
discurso lido ou escrito. O locutor espera esta compreensão passiva, ele não espera
uma ação passiva, o que ele espera é uma resposta, uma concordância, uma adesão,
uma objeção, uma execução. O próprio locutor como tal é, em certo grau, um
respondente, pois este discurso por ele dito já foi dito em outra ocasião. Cada
enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados.
Para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros do discurso, em outras palavras, todos os
nossos enunciados dispõem de um forma padrão e relativamente estável de
estruturação de um todo. Assimilamos as formas da língua somente nas formas
assumidas pelo enunciado e juntamente com essas formas. As formas da língua e as
formas típicas, de enunciados, isto é, os gêneros do discurso, introduzem-se em nossa
expereriência e em nossa consciência conjuntamente e sem que sua estreita
correlação seja rompida.
Uma das razões para que a linguística ignore as formas de enunciados deve-se à
extrema heterogeneidade da estrutura composional delas e às particularidades de seu
volume..
A oração, como unidade da língua, não consegue condicionar diretamente uma atitude
responsiva ativa. É só ao tornar-se enunciado completo que adquire tal capacidade. Se
a oração está dentro de um contexto alcança sua plenitude de sentido unicamente no
interior desse contexto, ou seja, unicamente dentro do todo do enunciado. Chegamos
assim à terceira particularidade constitutiva do enunciado, concernente à relação do
enunciado com o p´roprio locutor (com o autor do enunciado), e com os outros
parceiros da comunicação verbal. É a fase inicial do enunciado a qual lhe determina as
particularidades e composição.
Por mais monológico que seja um enunciado (uma obra científica ou filosófica, por
exemplo), por mais que se concentre no seu objeto, ele não pode deixar de ser
também, em certo grau, uma resposta ao que já foi dito sobre o mesmo objeto, sobre o
mesmo porblema, qinda que esse caráter de resposta não receba uma expressão
externa bem perceptível. As tonalidades dialógicas preenchem um enunciado e
devemos levá-las em conta se quisermos compreender até o fim o estilo do enunciado.
Desse modo, o discruso do outro possui uma expressão dupla: a sua própria, ou seja, a
do outro, e a do enunciado que o acolhe.