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Fichamento do Livro: Para compreender Labov

Academica: Caroline Rodrigues do Pilar


Curso: Letras - 8⁰ período
Professora: Maria Ieda

Ficha Bibliográfica:

Monteiro,José L. Para compreender Labov. Petropólis, RJ:Vozes ,2000

Item I Citações
A variação inerente ao sistema

A variação linguística na linguística tradicional é [...] modelos teóricos que fazem abstração da variação
considerada um acidente um acidente da língua. É entendem que ela é apenas um acidente e não uma
interessante observar como esse mesmo princípio característica essencial das línguas. Tal premissa,
causou divergências entres diversas concepções conforme já vimos, foi a base de concepções
lingua. No entanto, a sociolinguística surgiu com o linguísticas bastante divergentes entre si, como o
proposito de provar o contrário, que a variação é um mecanicismo de Bloomfield, a teoria glossemática de
processo natural inerente a linguagem. Além disso, o Hjelmslev e o gerativismo de Chomsky.” ( p.57)
modelo de Labov nos permite identificar que apesar o modelo laboviano permitiu compreender que as
de contraditório existe certa regularidade nas estruturas variantes, muito mais do que as invariantes,
variações que portanto não devem ser consideradas relevam padrões de regularidade que, de tão
meros acidentes da fala. sistemáticos, não podem ser devidos ao acaso”(p.57)

Item II Citações
As regras categóricas e variáveis

Apesar da variação linguística, sabe-se que nem Todo sistema linguístico é dotado, pois, de um
todos os fatores linguísticos podem ser alterados. conjunto de regras que não pode ser infringidas, sob
Como o fato de ser possível a linguagem informal pena de dificultar ou mesmo inviabilizar a
para expressar “As casinha amerelinha são bonitas”, compreensão dos enunciados. A esse conjunto de
porém não é possivel dizer “A casinhas amerelinha regras costuma-se dar o nome de invariante. (p.58)
são bonitinhas”. Diz ele [Lavov (1972)] que as regras variáveis tem
Obviamente existem as regras variáveis, mais uma função comunicativa (estilistíca, expressiva ou
numerosas que as invariáveis, essas se tratam de enfatizadora), ao passo que as regras invariantes não
possibilidades de enunciação de acordo com o tem essa função, servindo apenas para facilitar a
contexto estrutural, interno ou social da fala. expressão das seleções já realizadas. (p.58)
Item III Citações
A variável linguística
De acordo com Labov para determinar variantes Os sociolingüistas em geral entendem que, para
lingusíticas é necessário levar em consideração três estabelecer-se o conceito de variável lingüística, é
fatores: o número exato de variantes na oração,a necessário que as duas ou mais variantes tenham o
variedade de contextos em que elas aparecem e mesmo significado referencial ou denotativo. Essa
medição das variantes através de indice quantitavo. O pressuposição de dizer o mesmo de modos diferentes
conceito de variante linguística para os se aplica sem grandes controvérsias a variáveis
sociolinguístas de forma didática seria a fonológicas. O /r/ de elixir pode ser pronunciado com
possibilidade de dizer a mesma coisa de várias maior ou menor força expiratória, pode até ser
formas, além da forma que já é estabelecida pela apagado, sem que o significado denotativo do
norma culta. Isso é facilmente verificável a nível vocábulo se modifique. Já não é assim com o
fonológico, no entanto, essa aplicação a nível significado expressivo ou o social: se o /r/ é
expressivo ou social pode causar controvérsias, pois pronunciado com bas tante força, pode ser enfático,
por exemplo a pronpuncia mais forte do /r/ pode adquirir um símbolo de prestigio ou, em vez disso, ser
gerar um estigma por ser tratar de um modo estigmatizado se, por exemplo, for pronunciado à
considerado caipira de se falar. moda caipira. (p. 59)
Além disso, Labov (1972) ressalta que a nível lexical Cabe aqui a ques tão crucial proposta, entre outros,
existe a possibilidade de que mesmas variantes por Gadet (1992): "quem garante que as dife rentes
possam ser identicas em valor de verdade, porém variantes são variantes de uma mesma unidade?" (p.
opostas na esfera social. 60)
Observando o fenômeno da posição do adjetivo em [...] na sintaxe, ao contrário da fonologia, construções
português, podemos até dizer que entre linda mulher que parecem sinônimas podem não ser, porque não é
e mulher linda só existe mudança nos valores possível considerá-las membros do mesmo conjunto
afetivos ou expressivos; de equivalências. Ao contrário dos segmentos
Diante de fatos como este, há sociolingüistas que fonológicos, os segmentos morfológicos, sintáticos e
não vêem grandes obstáculos los para a aplicação do léxicos apresentam um significado referencial
modelo variacionista à área da sintaxe. próprio” (p.60)
Lavandera (1978) argumenta que é inapropriada a Na mesma linha, Boutet (1992) entende que, dada a
extensão da análise da variação, desenvolvida dificuldade de se admitir a equivalência semântica de
originalmente sobre a base de dados fonológicos, a construções sintáticas formalmente distintas, a teoria
outros níveis, sobretudo devido à ausência de uma variacionista não oferecer fontes seguras para o
teoria do significado bem formalizada que permita a tratamento da questão do
análise quantitativa da variação morfológica, significado, não tem condições de ser aplicada a
sintática e léxica. níveis acima do fonológico e do morfológico.” ( p.61)
Morales (1993) explica que alguns parâmetros de
significação devem ser levados em consideração na
decisão de identidade de formas: a perspectiva
funcional da oração, as implicações pragmáticas e a
intenção comunicativa do falante.
Van Dijk (1984), defende que a descrição das
expressões, nos níveis de forma e significado, deve
ser por um terceiro nível, o da ação.
Este aspecto dará as condições necessárias para
remontar parte das convenções que tornam uma
análise superficial. Por mais que descrevam uma
mesma situação no mundo real, esses enunciados de
fato diferem no enfoque.

Item IV Citações
Variantes livres e combinatórias
As variantes livres são aquelas que podem aparecer Tomemos como exemplo bem conhecido: o fonema
em um mesmo ambiente e quando se alternam entre /t/, ocorrendo antes da vogal /i/ (ex: tia, tigela, tive
si mantém a mesma significação. Já as variantes etc.), se realiza na maioria da cidades como uma
combinatórias são aquelas que nunca aparecem em consoante africada, o que, porém não ocorre em outros
um mesmo ambiente, que estão em distribuição ambientes (ex: tala, tela, tola, turma etc.). Pode-se,
complementar. pois, dizer que seus alofones se encontram em
distribuição complementar e constituem variantes
comnninatórias de um único fonema.
Item V
As variantes de prestígio
Um variante se torna prestigiada devido a ser usada [...] o /s/ implosivo ou chiante passou a existir no
por determinado grupo social que apresentam status dialeto carioca a partir de 1808, quando a corte
social considerado “superior”, o que acaba levando a portuguesa fixou residência no Rio de Janeiro. Os
segregação daquelas pessoas que não usam a variante nobres portugueses pronunciavam assim o /s/ e, como
de prestígio, pois seus status sociais são rapidamente eram nobres, sua prinúncia se tornou com uma espécie
denotados por sua variante. de símbolo da nobreza que foi imtado pela população
local. (p.64)
Item VI
As variantes inovadoras e conservadora
A variante conservadora é padronizada, prestigiada Assim deve ter ocorrido com a vocalização do /l/ pós-
pela sociedade, geralmente é a mais antiga. Já a vocálico, no português do Brasil: em palavras como
variante inavodora é a mais recente, que inicialmente Alfredo e real, o /l/ atualmente se realiza como /w/,
pode sofrer algum empedimento por se tratar de uma variante inovadora que entrou em competição com a
variante geralmente mais informal pronúncia da variante antiga, tida como padrão, e por
isso mesmo, dotada de certo perstígio. (p. 65)

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