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Preconceito linguístico
O preconceito linguístico, segundo o linguista Marcos Bagno, é a rejeição às variedades linguísticas de
menor prestígio.
Preconceito socioeconômico
Entre todas as causas, talvez seja a mais comum e a que traga consequências mais graves. Isso
se deve ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e cultura,
geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio.
Assim, são excluídos principalmente dos melhores postos no mercado profissional, e cria-se a
chamada ciclicidade da pobreza: o pai pobre e sem acesso à escola de qualidade dificilmente oferecerá
ao filho oportunidades (pela falta de condição), e este, provavelmente, terá o destino daquele.
Preconceito regional
Junto ao socioeconômico, é uma das principais causas do preconceito linguístico. São comuns
casos de indivíduos que ocupam as regiões mais ricas do país manifestarem algum tipo de aversão ao
sotaque ou aos regionalismos típicos de áreas mais pobres.
Preconceito cultural
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No Brasil, há uma forte aversão por parte da elite intelectual à cultura de massa e às variedades
linguísticas por ela usadas. Isso fica evidente, por exemplo, na música.
Por muito tempo, o sertanejo e o rap foram segregados no cenário cultural por serem oriundos
de classes menos favorecidas (muitas vezes, sem acesso à educação formal) e que se utilizam de uma
linguagem bastante informal (a fala do “caipira” ou de um membro de uma comunidade em um grande
centro, por exemplo).
É muito importante destacar que ambos são estilos musicais extremamente ricos e são parte
importantíssima da identidade cultural de milhões de pessoas.
Racismo
Infelizmente, no Brasil, elementos da cultura negra ainda são segregados por uma parcela da
população. Isso se reflete na linguagem, por exemplo, no significado de palavras de origem africana,
como “macumba”, que, no Brasil, é ligada a satanismo ou feitiçaria, mas, na verdade, é um
instrumento de percussão usado em cerimônias religiosas de origem africana.
Homofobia
É comum que gírias ou expressões sejam rotuladas como específicas da comunidade LGBT e,
consequentemente, repudiadas por aqueles que possuem aversão a esse grupo social. Basta se lembrar
da polêmica em torno de uma questão da prova do Enem de 2018 que versava sobre o pajubá (dialeto
criado pela comunidade LGBT).
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Isso significa que, em um contexto formal ou solene, seria adequado o uso da linguagem
formal (padrão, culta) e inadequado o uso de uma variedade informal (coloquial). Da mesma forma,
em situações informais, deve-se usar uma variante informal (coloquial) em detrimento da linguagem
formal (padrão, culta).
Exemplo:
⇒ Adequado:
“E aí, cara, bão? Anima cine amanhã?” (contexto: um adolescente conversando com um
amigo)
“Bom dia, diretor Pedro! Eu gostaria de falar com o senhor sobre algumas questões de
interesse da instituição.” (contexto: um estudante universitário dirigindo-se ao diretor de seu curso)
⇒ Inadequado:
“Olá, dileto confrade! Quereria eu convidá-lo para uma atividade casual, como ir ao
cinema.” (contexto: um adolescente conversando com um amigo)
“E aí, cara! Bão? Queria trocar uma ideia contigo sobre a facul.” (contexto: um estudante
universitário dirigindo-se ao diretor de seu curso)
Como se deu o processo de construção da língua portuguesa falada no Brasil? Por quê essa
diferença com a língua escrita, formal?
Como país resultante de um processo colonial, a elite brasileira sempre importou seus modelos
culturais, e faz isso até hoje. No caso da língua, mesmo após a independência e as tentativas dos
intelectuais românticos de valorizar os usos propriamente brasileiros do português, o modelo que
acabou vencendo foi mesmo o do português europeu escrito literário. Os linguistas brasileiros
sustentam a tese de que já no final do século XIX existia uma gramática própria do português
brasileiro, com características bem diferentes da gramática do português falado em Portugal. No
entanto, pela rejeição que nossas camadas dominantes sempre tiveram com relação ao que é
propriamente nosso, o reconhecimento do português brasileiro como uma língua autônoma e diferente
do europeu até hoje encontra forte resistência.
Você poderia explicar o que são características morfossintáticas específicas e também especificar
em quais regiões é possível identificá-las?
O que chamo de características morfossintáticas é o que se conhece tradicionalmente por
“gramática”. Por exemplo, o uso do pronome “lhe” como objeto direto e indireto referido a “você”
caracteriza algumas regiões (Nordeste, por exemplo), enquanto é desconhecido em outras (em Minas,
por exemplo). No Sul é comum o uso de “nós” como objeto (“ele viu nós ontem na rua”). Na
formação do imperativo, predomina no Nordeste o uso das formas derivadas do subjuntivo (“venha,
fale, corra”), enquanto no Sudeste-Sul predominam as derivadas do indicativo (“vem, fala, corre”).
Em Minas, é comum o apagamento do pronome reflexivo (“eu assustei”, “eu formei ano passado”).
Em amplas zonas do Sudeste é comum o não uso do subjuntivo (“você quer que eu faço isso?”),
enquanto no Nordeste o uso do subjuntivo está bem preservado, incluindo em construções com “não
saber”(“não sei o que diga desse seu comportamento”). E por aí vai…
Resumo
O preconceito linguístico é, segundo o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno, todo juízo
de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de desrespeito) às variedades linguísticas de
menor prestígio social. Ele está diretamente ligado a outros preconceitos (regional, cultural,
socioeconômico etc.) e, no Brasil, atinge principalmente as regiões mais pobres da nação e dos grandes
centros urbanos. Seu fim pressupõe o ensino da adequação linguística nas escolas e o respeito por parte
da mídia às diversas variantes da língua.
2) S.O.S Português
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse
aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o
que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa
que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com
situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas
modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos contadisso.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010(fragmento adaptado).
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista
destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas
linguísticas próprias do uso
a) regional, pela presença do léxico de determinada região do Brasil.
b) literário, pela conformidade com as normas da gramática.
c) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.
d) coloquial, por meio do registro de informalidade.
3) Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade
mais elevado e com um poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como
o “correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso
linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o
português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente que esse
português seja umbloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)
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Considerando a variedade linguística utilizada pela personagem do texto, analise as afirmativas a
seguir, empregando (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) Em “Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo […]” (linha 8) e em “Ele tava
com a boquinha aberta […]” (linha 13), há o uso da forma reduzida do verbo estar, que é
frequentemente encontrada na fala de pessoas com maior ou menorgrau de escolaridade.
( ) No texto, há diversas construções sem as marcas de concordância nominal de
número,principalmente, mas de gênero também. A ausência de concordância nominal everbal na fala
de pessoas de alto grau de escolaridade são passíveis de sofrerpreconceito linguístico.
( ) A variedade linguística explorada no texto é característica da variação diacrônica, que representa a
variação no tempo, exemplificada pela expressão “Minha Nossa Senhora do Bom Parto!” (linha 2).
A sequência CORRETA de afirmativas verdadeiras (V) e falsas (F), de cima para baixo,é:
i) V, V, F.
j) F, V, V.
k) V, V, V.
l) F, V, F.
6) UFTM - 2013
7) UFTM - 2013
Sobre variedades e registros de linguagem, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Preconceito linguístico é o julgamento negativo dos falantes em função da variedade linguística que
utilizam.
b) A maior ou menor proximidade entre os falantes faz com que usem variedades mais ou menos
formais, denominadas registros de linguagem.
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c) Diferenças significativas nos aspectos fonológicos e morfossintáticos da língua marcam as
variedades sociais, seja devido à escolaridade, à faixa etária ou ao sexo.
d) Norma culta ou padrão é a denominação dada à variedade linguística dos membros da classe social
de maior prestígio, que deve ser utilizada por todos da mesma comunidade.
e) Gíria ou jargão é uma forma de linguagem baseada em vocabulário criado por um grupo social e
serve de emblema para os membros do grupo, distinguindo-os dos demais falantes da língua.
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GABARITO