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LIBRAS:

Língua Brasileira de Sinais

THAIANA VIANNA COELHO


Professora Especialista
O que é LIBRAS?
Língua Brasileira de Sinais. Ou seja também a Língua de Sinais Brasileira.
Teve sua origem na Língua de Sinais Francesa. As Línguas de sinais não são universais; cada
país possui sua própria língua de sinais que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer
outra língua, ela também possui expressões que diferem de região (regionalismo), o que a legitima
ainda mais como língua.
A Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, pois se
organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas.

Por que LIBRAS?


A LIBRAS é uma língua que vêm pesquisa sobre a LIBRAS sendo desenvolvidas, mostrando
que esta língua é comparável em complexidade, expressividade e possui uma estrutura gramatical
própria como quaisquer outras línguas orais, porém, utilizasse de outro canal comunicativo, isto é
a visão ao invés da audição.
A LIBRAS é a língua de sinais utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil onde
existem comunidades surdas, mas, além dela, há registros de uma outra língua de sinais que é
utilizada pelos índios Urubus-Kaapor, na floresta Amazônica.
Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os
sinais:
a) Configurações das mãos; d) Orientação da palma das mãos;
b) Ponto de articulação; e) Expressões faciais e/ ou corporal.
c) Movimento;

Introdução aos parâmetros da LIBRAS


Tem sua gramática organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam nos
diferentes níveis linguísticos. Nos estudos atuais os sinais compreendem cincos unidades mínimas,
chamadas também de parâmetros para composição de um sinal:

a) Configuração de Mão – CM: É o formato das mãos utilizados para a produção dos sinais da
LIBRAS, podem ter feitos de forma espelhada com duas mãos iguais, ou cada mão assumindo
uma forma diferente na produção de um mesmo sinal.
Veja a foto das Configurações de Mãos:
b) Ponto de Articulação – PA: É o local onde é produzido o sinal, podendo tocar alguma parte do
corpo ou estar espaço neutro, ou lugar onde incide a mão predominante sobre a mão base.

Os sinais CASA e TRABALHAR são produzidos no espaço neutro em frente ao corpo, veja:

CASA TRABALHAR
O sinal RUA é produzido com a mão dominante sobre a mão base, também no espaço neutro em
frente ao corpo, veja:

RUA

Os sinais IMAGINAR e APRENDER são produzidos na região da testa, veja:

IMAGINAR APRENDER

O ponto de articulação do sinal na LIBRAS tem uma peculiaridade. Existem dois pontos de
articulação que podemos considerar morfemas, ou seja, uma unidade mínima que já carrega
significado independente das outras, muitos sinais produzidos nestes pontos pertencem a um
mesmo campo de significação:
Na testa ou fronte ou próximos a este PA, a maior parte dos sinais estão relacionados com o
intelecto. Como por exemplo, os sinais: PENSAR, INTELIGENTE, CONSCIÊNCIA, SABER, NÃO-SABER,
ESQUECER, LEMBRAR, CRIATIVIDADE etc.
No peito ou próximos a este PA, a maior parte dos sinais estão relacionados a sentimentos e
sensações. Como por exemplos, os sinais: SENTIR, MÁGOA, ANGÚSTIA, MEDO, SAUDADE,
CORAGEM, ORGULHO, GOSTAR etc.

c) Movimento – MO: Os sinais produzidos podem ser movimento ou não. O movimento tem
grande importância na significação do sinal, assim como os outros parâmetros. Por exemplo,
no sinal PASSADO o movimento é para trás, já no sinal FUTURO o movimento é para frente:

PASSADO FUTURO
Também, movimentos que aproximam do corpo podem significar algo que é agradável, e
movimentos que se afastam do corpo podem significar algo que é agradável ou não é desejado,
como por exemplo os sinais QUERER e NÃO-QUERER.

d) Orientação de Mão – OR: Os sinais podem ser produzidos utilizando 6 principais possibilidades
de posição da palma da mão. São elas: PARA CIMA, PARA BAIXO, PARA DENTRO, PARA FORA,
PARA FRENTE E PARA TRÁS. Exemplo: palma da mão para frente: HOJE/AGORA; palma da mão
para trás: PASSADO

HOJE/AGORA PASSADO
e) Expressões não manuais – ENM: São as expressões faciais e corporais que se relacionaram
interdependentemente com os parâmetros anteriores, são de fundamental importância para o
entendimento real do sinal, sendo que deste parâmetro dependem a entonação e a
intensidade na Língua de Sinais. Como o sinal ASSUSTAR e SURPRESA, observe:

ASSUSTAR SURPRESA

INFORMAÇÂO:
LÉXICO é o acervo de palavras de um determinado idioma, no caso da
LIBRAS, acervo de sinais. É todo universo de sinais que as pessoas têm à
disposição para expressar-se. Característica básica do léxico é a
mutabilidade, pois está sempre em evolução, acontecendo de forma
gradual e imperceptível.
A COMPOSIÇÃO DOS SINAIS
Na LIBRAS, assim como no português, existem sinais simples e compostos, ou seja, existem
significados que precisam da produção de mais de um sinal para fazer sentido no discurso em
LIBRAS, como por exemplo a sequência de sinalização CASA^ESTUDAR que significa escola, assim
como CASA^CRUZ que significa igreja.
Para sinalizar designado o gênero na maioria das vezes também é necessário a produção
de sinais, como por exemplo: MULHER^PROFESSOR@ ou HOMEM^FILH@. É importante que o
sinal de gênero (HOMEM/MULHER) anteceda o sinal específico (AMIGO@, IRMA@, etc.) dando
mais sentido a sua enunciação em LIBRAS. Portanto para especificar gênero na maioria das vezes
precisamos também produzir um sinal composto. Devemos perceber que em casos de pessoas
que já se conhecem e determinados contextos a apresentação do gênero pode ser dispensada.

Notas sobre a Transcrição da Língua de Sinais


Como pode perceber, nesta apostila e em outras publicações, quando escrevemos uma
palavra nos referindo a um sinal da LIBRAS ele deve estar em caixa alta, e a chamamos de GLOSA.
Quando usamos o símbolo ^ entre duas palavras, significa a transcrição de dois sinais para
designar apenas um significado.
O símbolo @ é utilizado para transcrever o sinal que não especifica flexão de gênero. Como
por exemplo: EL@, CUNHAD@, COELH@, BONIT@, PRET@.
A transcrição da LIBRAS deve ser feita a partir de um texto em LIBRAS, como por exemplo
um vídeo, a transcrição é uma espécie de anotação dos sinais usando GLOSAS, entretanto ela não
dá conta de todas as características da LIBRAS, pois como vocês já aprenderam, as expressões
faciais e corporais compreendem um dos parâmetros da língua de sinais e uma palavra não é
suficiente para descrevê-las. Mesmo não sendo o objetivo do curso ensinar a transcrição da língua
de sinais, estas são informações para você entender as anotações apresentadas neste material.
Veja os exemplos:

EL@ TRABALHAR CASA^ESTUDAR


EL@ TER MULHER^GAT@ BRANC@
PEQUISANDO
Pesquise nos dicionários on-line outros sinais compostos que não foram apresentados ou
discutidos em sala de aula anote e traga na próxima aula.
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FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Na Libras também existe uma série de sinais que são derivados e compostos.
Exemplos:

CAVALO ZEBRA
LISTRA

ESCOLA
CASA ESTUDAR

MAÇÃ DIVERSOS FRUTAS

Verbos que incorporam o objeto quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros são
modificados para especificar a informação:
ATIVIDADE DIAGNÓSTICA

Identifique os sinais que corresponda à combinação apresentar a seguir:


A. Os 5 exemplos de sinais com locações diferentes que são utilizados na LIBRAS: (Ponto de
Articulação)
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B. Os 5 exemplos de sinais com movimentos diferentes que são utilizados na LIBRAS:
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C. Os 5 exemplos de sinais que são realizados com duas configurações de mãos iguais:
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D. Os 5 exemplos de sinais que são realizados com duas configurações de mãos diferentes:
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E. Os 5 exemplos de sinais que são realizados apenas UMA configuração de mão:
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Na próxima aula e não se esquece de escrever para a professora vai conferir as suas respostar, ok?
ALFABETO MANUAL
É a soletração de palavras com as mãos. É muito aconselhável soletrar devagar, formando
as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas é melhor fazer uma pausa curta ou mover a
mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o
lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, lugares,
rótulos, etc., e para os vocábulos não existentes na língua de sinais. Lembre-se que as letras do
alfabeto digital representam as letras do alfabeto oral de um país. Cada letra não significa um
sinal, mas somente a letra da Língua oral escrita, e também está representada pela palavra
separada, letra por letra por hífen.
Ex.: J-O-Ã-O; B-I-G; P-A-R-A-T-Y.
NUMERAIS NA LIBRAS
A sinalização dos números na língua brasileira de sinais acontece de quatro formas
dependendo do significado do número.

Números Cardinais
Usando como código representativo é
sinalizado da seguinte forma:
Exemplo: número do telefone, número da caixa postal,
número da casa, número da conta do banco, etc.

Números de Quantidades
Usando para quantidades. Também são sinalizados
sem adição em movimento, porém há diferenças na
configuração de mão e no posicionamento dos números
de 1 a 4, observe:
Exemplo: quantidade de canetas na mesa, quantidades
das pessoas presentes, quantidade de ônibus, etc.

Números Ordinais
São sinalizados com movimento trêmulo:

Exemplo: O João é o primeiro lugar, Primeiro, estudar em Libras e segundo, fazer o diálogo em
Libras etc.
SISTEMA PRONOMINAL
PRONOMES PESSOAIS
A Libras possui um sistema de pronomes pessoais para representar as pessoas no discurso.

• Primeira pessoa do singular: a configuração de mão é igual para representar o sinal, o que
diferencia é a orientação das mãos. Exemplos:

• Primeira pessoa do plural: a configuração de mão é igual ao sinal de “eu”, mas é realizado um
movimento diferenciado. Exemplo:

• Segunda pessoa do singular e do plural: a segunda pessoa é aquela a quem se fala, então se
deve apontar para o interlocutor. Exemplo:

SINGULAR PLURAL
• Terceira pessoa do singular e do plural: a terceira pessoa é aquela de que se fala, então se
deve apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional.
Exemplo:

SINGULAR PLURAL

PRONOMES DEMOSNTRATIVOS
Para os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar, são utilizados, na Libras, os mesmos
sinais dos pronomes pessoais, que somente se diferenciam dentro do contexto da frase:

ESTA/AQUI – Olhar para o lugar apontando

ESSA/AÍ – Olhar para o lugar apontando, perto da 2ª pessoa


AQUELA/LÁ – Olhar para um lugar distante

Os pronomes demonstrativos e advérbios de lugar em Libras, sempre irão demonstrar a posição


de um elemento situando no espaço, tempo ou no próprio discurso.

PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos, em Libras, não possuem gêneros, como acontecer na Língua
Portuguesa; eles estão relacionados às pessoas do contexto e não à coisa. Exemplo:

Porém, apesar de não apresentam gênero, os pronomes possessivos sempre indicam a que pessoa
do discurso pertence o elemento ao qual se refere.
PRONOMES INTERROGATIVOS
Os pronomes interrogativos QUE, QUEM, QUANDO e ONDE são essencialmente caracterizados
pela expressão facial interrogativa feita junto com o sinal. Exemplo:

Que/Quem/Onde Quando

POR QUE/PORQUE
Não há diferença entre os dois, pois será o contexto da frase e a expressão facial e corporal que
determinará se é interrogativo ou explicativo.

Como podemos perceber, os pronomes interrogativos em Libras são assim definidos: QUE/QUEM
usa-se no início da frase; QUEM usa-se no final da frase; QUANDO está diretamente relacionado a
um advérbio de tempo.

PRONOMES INDEFINIDOS
Pronome indefinido é aquele que se refere à terceira pessoa do discurso de modo impreciso,
indeterminado ou genérico. Em LIBRAS, dividem-se em:
• Usado como pronome indefinido, somente para pessoa:
NINGUÉM NADA

Pode ser usado como pronome indefinido para se referir a pessoas e também coisas, pode ser
usado tanto para pessoas, como para coisas e tem o sentido de “não ter”.
USANDO O ALFABETO MANUAL
Soletração Rítmica e Sinais Soletrados
É um estágio da datilologia que apresenta forma, ritmo e movimento específico. A
soletração rítmica é frequentemente usada em nomes próprios, onde ocorre a supressão ou
aglutinação de letras, conseguimos compreender porque lemos as palavras por inteiro e não letra
por letra. Exceto quando está sendo soletrada uma palavra estranha ou em uma língua que não
conhecemos, neste caso a soletração rítmica pode atrapalhar.
Muitas pessoas acham difícil aprender a Língua de Sinais porque acham que é tudo muito
rápido, precisa ter habilidade nas mãos etc.. a verdade que realmente é necessário ter habilidade
nas mãos e também na visão, e se houver vontade a dificuldade passa. Então para treinar tanto a
habilidade manual como a visão comece a soletrar palavras pequenas de modo mais rápido e em
conjunto com um colega pratique a leitura da soletração. Veja alguns exemplos:
OVO – PAI – VAI – VOVÔ – NUNCA – OK – ALHO – SAL...
Frases em LIBRAS:

EU ESQUECER COMPRAR OVO NUNCA IR BOATE


PAI CASA AMIG@ VISITAR JÁ AVISAR MÃE OK
VOCÊ VAI FESTA AMANHÃ GOSTAR-NÃO ALHO RUIM
VOVÔ GOSTAR XADREZ FALTAR SAL

Empréstimos da língua portuguesa.


Alguns sinais são realizados através da soletração, uso das iniciais das palavras, cópia do
sinal gráfico pela influência da Língua Portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças
formativas e acabam tornando-se parte do vocabulário da LIBRAS.
Ex.:
N-U-N-C-A "nunca" - B-R “bar” - A-L "azul" - PAZ – FLOR – PIZZA – SI (SE).

Esta descrição sucinta da LIBRAS não é suficiente para conhecê-la na sua estrutura
linguística como um todo e, muito menos, em suas especificidades enquanto língua de uma
comunidade. No entanto, parece ser um primeiro passo para que saibamos que a LIBRAS é uma
língua natural com toda complexidade dos sistemas linguísticos que servem à comunicação,
socialização e ao suporte do pensamento de muitos grupos sociais.
DIALETOS SOCIAIS OU REGIONAIS
A LIBRAS apresenta dialetos regionais, o que reforça o seu caráter de língua natural. Nos
dialetos sociais, as variações nas configurações das mãos e/ou no movimento não modificam o
sentido do sinal. As comunidades surdas de diferentes regiões criam alguns poucos sinais
diferentes para as suas necessidades de comunicação. Os sinais são criados de acordo com a
necessidade de cada grupo, porém, há alguns sinais mais gerais que, quando criados, acabam
sendo incorporados à língua.

Exemplo:
VERDE
RIO DE JANEIRO SÃO PAULO CURITIBA

MUDANÇAS HISTÓRICAS: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes
dos costumes da geração que o utiliza.
Ex.: AZUL
1º 2º 3º
HORÁRIO E DURAÇÃO
Para sinalizar as horas do relógio é importante saber que: Não se sinaliza as horas com dois
algarismos a partir das 13h até às 24h. Acrescentasse o substantivo manhã, tarde, noite e
madrugada quando necessário.

QUE-HORAS X QUANTAS-HORAS
Na LIBRAS há dois sinais para se referir à hora: um para se referir ao horário cronológico e
outro para a duração.

QUE-HORAS?
Para se referir ao horário cronológico, às horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o
numeral para a quantidade desejada e também quando utilizado em frase interrogativa.
Ex.: CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI (interrogação)
Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS (horas) TARDE.

QUANTAS-HORAS?
Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade, sinaliza se um círculo ao
redor do rosto, seguido da expressão facial adequada, quando utilizado em frase interrogativa.
Ex.: VIAJAR MARINGÁ IR SÃO PAULO QUANTAS-HORAS (interrogação)
Resposta: DURAÇÃO 8 HORAS.
Outros exemplos:
- MARINGÁ ATÉ FLORIANÓPOLIS, VIAJAR ONIBUS DURAÇÃO 11HS, CANSAD@ MUIT@.
- EU ESPERAR 30 MINUTOS, MÉDICO NÃO CHEGAR.

QUANDO:
A pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo (hoje, amanhã, ontem)
ou a um dia de semana específico.

Exemplo em LIBRAS:
Pergunta: VOCÊ CASAR QUANDO-PASSADO (interrogação)
Resposta: EU JÁ CASAR DOIS MÊS PASSADO
Pergunta: VOCÊ VAI CASAR QUANDO-FUTURO (interrogação)
Resposta: VOU CASAR MÊS ABRIL
SITUAÇÃO FORMAL X SITUAÇÃO INFORMAL:
Estes são níveis em que os surdos utilizam a Língua de Sinais de maneira mais “pobre” e/ou
mais “rica” do vocabulário da sua própria língua, da mesma maneira que na língua nacional existe
o vocabulário popular (coloquial) e o erudito.
1) A Língua de Sinais Formal utiliza a estrutura da Língua de Sinais, que é a imagem do
pensamento, porém, fiel ao português, ou seja, o sinal é fiel à palavra.
2) A Língua de Sinais Nativa ou Informal (não confundir com dialetos, mímica, gestos,
pantomima) utiliza a estrutura da Língua de Sinais, ou seja, a colocação do objeto sem o artigo e a
preposição, e não é fiel ao português, ou seja, o sinal apresentado é composto pela visualização da
imagem mental da coisa, pessoa, animal ou situação a ser descrita, usando expressões próprias da
língua como, por exemplo, os Classificadores. (Esta é a dificuldade maior com a estrutura da
Língua Portuguesa).
A maioria dos surdos utiliza a Língua de Sinais informal na comunicação. Podemos afirmar
que, é muito difícil para o surdo, que só utiliza a Língua de Sinais informal (nativa), aprender a
Língua Portuguesa. Nestes casos, é válida a prática da Língua de Sinais Formal, mesmo incorrendo
no Bimodalismo, ou Português Sinalizado, para obter um melhor desempenho com a Língua
Portuguesa.

EXEMPLO: DIÁLOGO EM LIBRAS

FORMAL INFORMAL
A) BO@ TARDE A) O-I (beijos)
B) BO@ TARDE B) O-I (beijos)

A) POR FAVOR, DIA PALESTRA? A) SAUDADE VOCÊ SUMIR!


B) AMANHÃ À-TARDE B) TRABALHAR-MUITO. VOCÊ?

A) NOME PESSOA PALESTRA? A) EU ESTUDAR Muito


B) PROFESSORA ÂNGELA B) TCHAU EU ATRASAD@

A) OBRIGAD@ A) TCHAU
B) DENADA B) TCHAU
PARES MÍNIMOS
São sinais que se diferenciam por apenas uma unidade mínima, ou seja, por apenas um
parâmetro. No português as unidades mínimas são os fonemas, os sons das letras, como por
exemplo, no par mínimo CAMA e FAMA, o fonema /C/ é substituído pelo fonema /F/ e temos
outra palavra, outro signo os pares mínimos são identificados da mesma forma, pela diferenciação
de apenas uma unidade mínima, os parâmetros: Configuração de Mãos (CM); Ponto de Articulação
(PA); Movimento (MO); Orientação da Palma da Mão (OP); Expressão Não-Manual (ENM).
Veja os exemplos de pares mínimos na LIBRAS:
• Pela CM: SOGR@ – CUNHAD@
• Pelo PA: APRENDER – SÁBADO
• Pelo MO: RÁPIDO – QUENTE
• Pela OP: SALÁRIO – VIDA
• Pela ENM: BRAV@ – SÉRI@
POLISSEMIA NA LIBRAS
Na Libras há sinais que assumem vários significados apesar de apresentarem uma única forma,
a isto damos o nome de polissemia. A polissemia entendendo a língua como sistema abstrato,
infere a um signo um universo de possibilidades de significação, a depender do contexto em que
ele é usado dará sentido a frase, exemplos:

OCUPADO – VAGA
CADEIRA – SENTAR
AÇÚCAR – DOCE
MOSTRAR – APRESENTAR
FRIO – INVERNO, GELADO
SEXTA FEIRA – PEIXE

Monossemia é o contrário, é quando um signo, ou seja, uma palavra ou um sinal apresenta


apenas um significado possível, como nos exemplos:

CANETA DORMIR PERGUNTAR ENSINAR NASCER

Entretanto, mesmo sendo monossêmicos, estes sinais podem, a depender da enunciação,


assumir outros significados, como no caso do uso de ironia, ou no uso de metáforas. Portanto a
significação de um sinal ou de uma palavra só pode ser perfeitamente esclarecida no interior do
seu contexto.
RESTRIÇÕES NA FORMAÇÃO DE SINAIS
As restrições físicas e linguísticas especificam possíveis as combinações entre as unidades
configuração de mão, movimento, locação e orientação de mão na formação de sinais. Algumas
dessas restrições são impostas pelo sistema perceptual (visual) e outras pelo sistema articulatório
(fisiologia das mãos).
Siple (1978) mostrou que propriedades do sistema de percepção visual restringem a
produção de sinais. A acuidade visual é maior na área da face, pois é em tal região que o
interlocutor fixa o olhar. Nessa área de alta acuidade é mais fácil detectar pequenas diferenças em
CM, L, ou M. Fora dessa área de proeminência perceptual, discriminações visuais não são tão
precisas, dependendo mais da visão periférica do que da visão central.
Battison (1978) demonstra que na região facial há muitas diferentes locações, comparada à
região do tronco. Além disso, CM marcadas ocorrem com maior frequência na região da face do
que na região do tronco. Essas observações relacionam-se perfeitamente com as colocações de
Siple (1978) relatadas no parágrafo anterior.
As restrições fonológicas de boa-formação de sinais podem ser exemplificadas pelas
restrições em sinais produzidos pelas duas mãos. De um modo geral, pode-se fazer a seguinte
classificação:
(a) sinais produzidos com uma mão;
(b) sinais produzidos com as duas mãos em que ambas são ativas;
(c) sinais de duas mãos em que a mão dominante é ativa e a mão não-dominante serve como
locação.

Classificação fonológica de Battison (1978)


Temos as duas restrições fonológicas na produção de diferentes tipos de sinais:
Sinais Simétricos: São sinais nos quais usamos as duas mãos com a mesma configuração,
movimento, ponto de articulação e direção. A condição de simetria tem duas mãos se movem
para a produção de um sinal, a Configuração deve ser igual, a locação igual, e o movimento deve
ser simultâneo ou alternado.
Exemplo:
LÍNGUA-DE-SINAIS TELEVISÃO
RESPEITO PIZZA
POBREZA FAMILIA
ESTUDAR TRABALHAR, ...
Sinais Dominâncias: Sinais nos quais são usamos as duas mãos, porém, não tem a mesma
configuração de mãos. A condição de dominância tem duas mãos aprestam a Configuração de
Mão são diferentes, a mão ativa produz o movimento e a outra mão passiva serve de apoio.
Exemplo:
LEI GORDO
ATRASADO CONVERSAR
MOSTRAR ÁRVORE
BANHEIRO COMBINAR, ...

Observar essa característica na produção dos sinais são de grande importância para quem
está aprendendo uma língua sinalizada. As restrições na formação de sinais, derivadas do sistema
de percepção visual e da capacidade de produção manual, restringem a complexidade dos sinais
para que eles sejam mais facilmente produzidos e percebidos. O resultado disso é uma maior
previsibilidade na formação de sinais e um sistema com complexidade controlada.
TIPOS DE FRASES NA LIBRAS
Na LIBRAS, as unidades mínimas que compões os sinais, como já vimos anteriormente, são:
Configuração de Mão; Ponto de Articulação; Orientação da Mão; Movimento; e Expressões Não-
Manuais. As expressões não-manuais transformam o sinal e mudam também o tipo de frase na
LIBRAS.

Forma Exclamativa
Felipe (1998) explica que para a construção da forma exclamativa
em LIBRAS, modifica-se a expressão facial, as sobrancelhas são levantadas
e há um ligeiro movimento da cabeça inclinando para cima e para baixo. A
boca retraída com movimento para baixo pode compor a exclamação
apresentada na ilustração abaixo:
No entanto, um sinal na LIBRAS que já possui em sua forma uma
expressão não-manuais pré-estabelecida, pode, ao ser alterada essa
unidade mínima, assumir um sentido diferente a depender também do
contexto e da intenção comunicativa do sujeito discursivo.

Forma Negativa
Além das formas de negação pré-estabelecidas na LIBRAS:
a) Com a produção dos sinais NÃO, NADA, ou NENHUM ao final da
frase;
b) Balançando a cabeça negativamente simultaneamente à produção
do sinal, também uma frase na LIBRAS pode assumir a forma
negativa a partir do uso simultâneo de uma expressão não-manual
determinada, por exemplo com as sobrancelhas franzidas e o
movimentar do corpo para trás, inclinando desconfiança, descrédito.

Forma Interrogativa
A forma interrogativa em LIBRAS também pode acontecer a partir da mudança da
expressão não-manual, segundo Felipe (1998), há a necessidade de franzir a sobrancelha e inclinar
a cabeça para cima, essa expressão deve ser feita simultaneamente ao sinal.
No caso da LIBRAS, mais do que assumir a forma interrogativa, a expressão de levantar
ligeiramente a cabeça, pode transformar um sinal isolado em um enunciado, como no exemplo
abaixo:

O-QUE? ONDE?
ESTRUTURA DE PERGUNTA EM LIBRAS
Quando se pretende produzir uma pergunta em Libras há necessidade de fazer um leve
movimento de cabeça para cima concomitante ao pronome interrogativo que geralmente é
apresentado ao final à sentença. Exemplos:
PERGUNTAS:
1) PORQUÊ? 2) QUAL? 3) COMO? 4) QUANTOS?
5) QUEM? 6) QUE? 7) O QUÊ? 8) QUANDO?

VOCÊ TRABALHAR EM-QUE? BANHEIRO ONDE?

AMIGO FALTAR POR QUÊ? BANHEIRO PODER?

Em LIBRAS:

1. VOCÊ TRISTE 2. SE@ MOTO


POR QUÊ? QUAL?
3. VOCÊ IR CASA SE@ 4. VOCÊ TER LIVROS
COMO? QUANTOS?
5. VOCÊ TRABALHAR 6. RESPOSTA: QUE?
JUNTO QUEM?
7. DOMINGO VOCÊ 8. VOCÊ VIAJAR SÃO PAULO
FAZER O QUÊ? QUANDO?
CONVERSANDO EM LIBRAS
Em dupla, converse com o colega, utilize as perguntas abaixo:
1. QUAL O SEU SINAL?
2. QUAL A SUA IDADE?
3. PORQUE VOCÊ ESTUDA NO CURSO LIBRAS?
4. QUAL CANETA VOCÊ QUER? A AZUL OU A VERMELHA?
5. O QUE É ISTO?
6. COMO FAÇO ISSO?
7. COMO FOI QUE FALOU?
8. VOCÊ ESTUDOU MAIS DO QUE EU?
9. COMO IR PARA O CURSO LIBRAS?
10. QUEM TROUXE A APOSTILA?
11. QUAL DAS DUAS?
12. PORQUE VOCÊ NÃO TEM SINAL?
13. O QUE VOCÊ ESTUDOU?
14. VOCÊ TEM TELEFONE?
15. QUAL O NÚMERO DO SEU TELEFONE?
16. VOCÊ É SURDO OU OUVINTE?
17. SEU AMIGO É LEGAL?
18. VOCÊ FAZ O CURSO LIBRAS?
19. VOCÊ CONHECE A THAIANA?

DICA
Para indicar que a frase está na
interrogativa não se esqueça da
expressão facial com as sobrancelhas
levantadas, e a cabeça levemente
inclinada para trás.
EXPRESSÕES FACIAIS OU NÃO-MANUAIS
Expressões faciais são formas de comunicar algo, um sinal pode mudar completamente seu
significado em função da expressão facial utilizada. Quadros e Pimenta (2006) explicam que
existem dois tipos diferentes de expressões faciais: as afetivas e as gramaticais (lexicais e
sentenciais). As afetivas são as expressões ligadas a sentimentos / emoções. Assim como os
ouvintes usam a voz com tonalidades (quando estão muito bravos ou pouco bravos, por exemplo),
os surdos usam a expressão facial.

Veja os exemplos:
E as expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças:

INTERROGATIVAS

AFIRMATIVA NEGATIVA EXCLAMATIVA


ÁREAS DA LINGUÍSTICA DAS LÍNGUAS DE SINAIS E DA LIBRAS
(QUADROS & KARNOPP, 2004 e Quadros, 2019)

FONÉTICA E FONOLOGIA
O estudo da fonética e da fonologia das línguas de sinais é bastante recente. Como indicado
por Hulst e Kooij (no prelo), não seria sensato estudar a fonologia das línguas de sinais sem
considerar pelo menos um século de pesquisas já realizadas sobre a fonologia das línguas faladas,
mas isso não significa que devamos seguir exatamente os mesmos passos ao analisar as línguas de
sinais. O fato de elas se apresentarem na modalidade visual-espacial implica uma estrutura
fonética e fonológica pautada na articulação dos sinais, envolvendo braços, mãos, dedos, tronco e
face.
A fonética é a ciência que estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas. Tem
por objetivo estabelecer um conjunto de traços, ou propriedades, que possam descrever todos os
sons utilizados na linguagem humana. Assim, à fonética cabe descrever os sons da linguagem e
analisar suas particularidades articulatórias, acústicas e perceptivas.
A fonologia estuda os sons do ponto de vista funcional como elementos que integram um
sistema linguístico determinado. À fonologia cabe estudar as diferenças fônicas intencionais,
distintivas, que se vinculam a diferenças de significação e, além disso, estabelecer como se
relacionam entre si os elementos de diferenciação e as condições em que se combinam uns com
os outros para formar morfemas, palavras e frases (Callou e Leite, 19909, p.11).

FONÉTICA
A unidade da fonética é o som da fala ou fone, enquanto a unidade da fonologia é o fonema.
Os sons produzidos na fala constituem as representações físicas da cadeia de elementos
linguísticos discretos. Para a descrição dos sons da fala utiliza-se um alfabeto fonético, em que
cada símbolo fonético representa um som. Cada fone pode ser especificado por um sistema
binário de classificação que apresente todos os seus traços fonéticos.
A fonética das línguas de sinais vai se ocupar de todas as unidades de produção e percepção
de articuladores manuais e não manuais manifestadas de forma gradiente na sua expressão física.

FONOLOGIA
Os fonemas são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu significado,
através dos traços distintivos. A fonologia busca interpretar os sons da fala (da fonética), tendo
como base os sistemas de sons das línguas e os modelos teóricos disponíveis. Assim, enquanto a
fonética é basicamente descritiva, a fonologia é explicativa, interpretativa; enquanto a análise
fonética se baseia na produção, percepção e transmissão dos sons da fala, a análise fonológica
busca o valor dos sons em uma língua, sua função linguística (Massini-Cagliari e Cagliari, 2001,
p.106).
A fonologia vai dar um passo além: analisar a representação mental dessas formas
identificando quais desses elementos são contrastivos, ou seja, quais deles apresentam
propriedades distintivas (as unidades linguisticamente relevantes).
Os estudos das línguas de sinais se concentraram na fonologia desde Stokoe (1960), primeiro
linguista a propor um modelo fonológico de análise das línguas de sinais a partir da Língua de
Sinais Americana (ASL). Stokoe apresenta um estudo das unidades de configuração de mão
(formas das mãos), localização (locais onde os sinais são produzidos) e movimento (atividade
empregada na composição da mão em determinada localização) como fonemas usados para
compor sinais. Ele também propôs uma nova terminologia para fonologia das línguas de sinais:
querologia (em vez de fonologia) e queremas (no lugar de fonemas), para captar a especificidade
da modalidade envolvida na percepção e produção de sinais.

MORFOLOGIA
É o estudo da estrutura interna das palavras, ou seja, da combinação entre os elementos que
formam as palavras e o estudo das diversas formas que apresentam tais palavras quanto à
categoria de número, gênero, tempo e pessoa.
A estrutura morfológica das línguas de sinais compreende sequencialidade e simultaneidade.
Segundo Aronoff, Meir e Sandler (2005), o fato de haver dois tipos de morfologia nas línguas de
sinais faz com que elas apresentem especificidades que refletem aspectos já analisados nas
línguas de modo geral, assim como aspectos bastante específicos das línguas de sinais decorrentes
da modalidade visual-especial. A seguir são apresentadas as características desses dois tipos de
morfologia:
Morfologia Simultânea Morfologia Sequencial
✓ Morfologia complexa flexional (combinação ✓ Morfologia simples afixal (linear);
de vários elementos simultaneamente); ✓ Morfemas concatenados;
✓ Morfemas sobrepostos uns aos outros ✓ Construções morfológicas sequenciais de
(produzidos ao mesmo tempo); produtividade frequentemente limitada;
✓ Construções morfológicas simultâneas são ✓ Construção morfológicas sequenciais
mais produtivas; variáveis entre os sinalizantes;
✓ Construção morfológicas simultâneas são ✓ Variação individual considerável;
mais estáveis entre os sinalizantes; ✓ Morfologia menos semanticamente
✓ Morfologia semanticamente coerente. coerente.
SINTAXE
É o estudo da estrutura da frase, ou seja, da combinação das unidades significativas da frase.
A sintaxe trata das funções, das formas e das partes do discurso. É a parte da linguística que
estuda a estrutura interna das sentenças e a relação interna entre suas partes.
Uma das questões que os estudos em sintaxe buscam responder é a seguinte: O que o
utente de uma língua conhece para poder compreender e produzir um número infinito de
sentenças? Pode-se dizer que o conhecimento linguístico dos seres humanos se caracteriza pela
existência de uma gramática que apresenta um conjunto finito de princípios (regras) que
possibilitam a determinada língua.
Os estudos da sintaxe das línguas de sinais estão espalhados em análises específicas de
componentes de várias línguas de sinais. Há pesquisas que vão desde a análise da ordem das
palavras em diferentes línguas de sinais, até estudos que abordam a distribuição da negação, dos
modais, dos verbos, dos determinantes, das marcações não manuais, e assim por diante.
Nas línguas, os argumentos dos verbos podem ser identificados de três maneiras diferentes:
(Quadros, 2019)
A) Ordem das Palavras (Quadros, 1999);
B) Por meio do discurso para argumentos nulos;
C) Pelo sistema de concordância verbal. (específico de um conjunto de verbos nas línguas de
sinais).

Considerando a ordem das palavras, concluímos um estudo sobre a estrutura da frase na


língua de sinais (Quadros, 1999) propondo uma organização básica das sentenças nessa língua.
Nosso estudo identificou a ordem básica das palavras na Libras, que é SVO (sujeito-verbo-objeto).
Algumas outras pesquisas já conduzidas confirmaram essa constatação. No entanto, nosso estudo
identificou várias coordenações possíveis, além da ordem básica. Entre eles, foram observados
fenômenos de tipologia verbal assimétrica (com representação para verbos simples e outra
representação para verbos com concordância), a negação, a topicalização, a marcação de foco por
meio de ênfase ou duplicação, as construções interrogativas e, também sentenças incluindo um
tipo de auxiliar. Tais fenômenos sintáticos evidenciam a complexidade linguística da Libras.
A ORDEM BÁSCIA EM LIBRAS
A ordem básica das sentenças de uma língua depende da estrutura da frase. A ideia de que
as línguas podem apresentar uma ordem básica diferente tem feito parte das análises das línguas
no campo da sintaxe. Greenberg (1966) apresentou seis combinações possíveis de sujeito (s),
verbo (v) e objeto (o). indicando que algumas ordens são mais comuns do que outras. As ordens
básicas mais comuns encontradas em diferentes línguas são: SOV, SVO ou VSO. Outra observação
feita por Greenberg foi: essas ordenações são restringidas pela ordem do verbo e do objeto,
limitando-se a VO (verbo inicial) ou OV (verbo final). As línguas têm sido classificadas como línguas
de verbo inicial ou de verbo final, podendo apresentar outras ordenações possíveis, sempre
considerando sua ordem básica.
A ordem básica na Libras é aquela na qual identificamos a presença de um sujeito, de um
verbo e de um objeto realizados, sem marcações não manuais específicos, e/ou sem outras
informações sintáticas sendo operadas. Quando há um verbo que seleciona um argumento
externo sem marcas sintáticas ou prosódias adicionais, observamos que a ordem é SVO.

DISTRIBUIÇÃO SINTÁTICA DA LIBRAS (GREENBERG, 1966)


SVO – MENINA ENCONTRAR MENINO
MENINO COMER BANANA
argumento interno/externo sem marca sintática/prosódia

SOV – MENINA MENINO ENCONTRAR+++


verbo informação morfológica / continuamente // repetição do sinal

MENINO BANANA COMER-COMER+++


iterativo // as duas mãos alternadas

CONSTRUÇÕES COM DIFERENTES TIPOS DE VERBOS (QUADROS, 2019)


Em Libras, assim como observando em outras línguas de sinais, há dois tipos de verbos:

A. VERBOS SIMPLES: não apresenta as marcas com concordância


• Sentenças com verbos simples:
HOMEM AMAR MULHER (SVO)
MENINO COMER BANANA (SVO)
• Construção do Argumento Nulo – Verbo Simples (A)
GOSTAR ADMIRAR TRABALHAR PENSAR
B. VERBOS COM CONCORDÂCIA: marcações com locação, número e pessoa.
• Sentença com verbos com concordância:
MULHER IR FESTA SVO
MULHER FESTA IR SOV

FESTA MULHER IR OSV

• Construção do Verbo com Concordância (B)


ACUSAR ENTREGAR AJUDAR PROVOCAR

MARIA GOSTAR BRINCAR SONHAR PENSAR PODER IR FRANÇA


(argumento do discurso)

*AUX (auxiliar) – elipse do argumento do verbo simples:


MENINA MENINO AUX GOSTAR AUX GOSTAR-NÃO
direção como apontar

Construção topicalizada
Ordenação possível é a derivação OSV – marca de tópico: sobrancelha com elevação
BOLAtop, MENINA JOGAR
LIVROtop, HOMEM ESCREVER+++

BOLAtop MENINAtop JOGAR


LIVROtop HOMEMtop ESCREVER+++

MENINAtop BOLAtop JOGAR


HOMEMtop LIVROtop ESCREVER+++

Construção com foco duplicado


As estruturas que duplicam elementos de qualquer sentença estarão, pelo menos, associadas à
marcação de movimento de cabeça afirmativa intensificada (estrutura duplicada).
IX1 IRa PORTO ALEGREa IRmc++
Quando houver um elemento duplicado negativo, a marcação não manual será de negação:
IX1 NUNCAb ARGENTINAb NUNCAneg++

Quando o elemento for interrogativo, a marcação não manual será interrogativa:


QUEM GOSTAR VIAJARqu QUEMqu

As construções duplicadas apresentam foco de ênfase e podem omitir o primeiro elemento da


duplicação, derivando ordens diferentes da SVO:
IX1 IR PORTO ALEGREa IRmc++
IX1 NUNCA ARGENTINAb NUNCAneg++
QUEM GOSTAR VIAJARqu QUEMqu

Construção com foco contrastivo


Com a marcação não-manual de foco, que envolve também a elevação das sobrancelhas associada
ao rebaixamento da cabeça.
MARIA LER LIVRO CIÊNCIAS (?)
NÃO, LIVRO BIOLOGIAfoco MARIA LER (!)

Construção interrogativa
Há dois tipos de sentenças interrogativas descritas por Quadros (1999):
• As sentenças QU envolvendo pronomes interrogativos:
QUEM ONDE QUAL
O-QUE QUÊ PORQUE

• Sentenças Interrogativas Polares:


SIM / NÃO – dúvida

As construções interrogativas QU estão associadas à marcação não manual QU, uma


marcação que parece obrigatória, a não ser quando substituída por outras marcações que
apresentam polaridade interrogativa (dúvida, por exemplo).
EX: VOCÊ IR MINHA CASA (?)]qu
As sentenças interrogativas QU apresentam a possibilidade de estarem em diferentes
posições na sentença, indicando mecanismos sintáticos bastante complexos. Essas construções
podem apresentar o elemento QU na posição in situ (posição original), na posição inicial da
sentença ou duplicado.

Vejam os exemplos:
Interrogativa (sujeito):
QUEM COMPRAR CARRO]qu
QUEM COMPRAR CARRO QUEM]qu

Interrogativa (objeto):
MULHER COMPRAR O-QUE]qu
O-QUE MULHER COMPRAR]qu
O-QUE MULHER COMPRAR O-QUE]qu

Interrogativa (adjunto):
ONDE MULHER COMPRAR CARRO]qu
MULHER COMPRAR CARRO ONDE]qu
ONDE MULHER COMPRAR CARRO ONDE]qu

As possibilidades de posições ocupadas na sentença decorrem da construção duplicada


relacionada com foco. Parece que essas construções interrogativas estão também associadas a um
foco de ênfase, possibilitando a derivação das duplicações para diferentes posições na sentença,
gerando ordens diferentes.

Construção negativa
Com a marcação negativa pelo movimento da cabeça
Arrotéia, 2006 – pela boca junto com a expressão negativa
• Função discursiva – com o movimento da cabeça
• Função sintática – boca
NADA NÃO NÍNGUEM
NEG negação
Ex: EU QUER COMPRAR PÃO]neg NÃO-TER DINEIRO
Arrotéia (2006) verificou que a marcação não manual de negação associada à boca é mais
rígida do que o movimento da cabeça indicando negação. O movimento da cabeça parece ser mais
opcional para enfatizar a negação, enquanto a marcação não manual associada à boca é mais
produtivamente associada às construções negativas.
Segundo Quadros (1999), a marcação da negação pode estar associada apenas ao elemento
lexical da negação e se estender ao longo da sentença, conforme segue:
EXEMPLOS:
JOÃOa IX MARIAb {aDARb} LIVRO, NÃO]neg

JOÃO DESEJAR CARRO NÃO]neg


Essas construções realizam a negação lexicalmente no final da sentença, mas a distribuição
não manual da negação indica que o escopo da negação inclui o que está sendo negado.

Construção sintática subordinada


Com a restrição das distribuições dos constituintes (Quadros, 2009)
• CONHECER + EXP. FACIAL
• LÓGICA + EXP. FACIL EX: JOÃO, MORRER ANO PASSADO, COMPRAR CASA IX

• Direção do olhar

Construções com estruturas subordinadas


As estruturas mais complexas envolvendo sentenças subordinadas apresentam mais restrições na
distribuição dos constituintes (Quadros, 1999). Uma sentença subordinada não mostra
flexibilidade na ordem da sentença, indicando que realmente a ordem básica em Libras é SVO.

IX1 PENSAR ix M-A-R-I-A aIR-EMBORA]direção_olhar


(Eu acho que a Maria foi embora.)
ou
IXa M-A-R-I-A aIR-EMBORA]direção_olhar IX1 PENSAR
O ESTUDO BÁSICO PARA CONHECENDO E APRENDENDO A ESTRUTURA SINTÁTICA
Não podemos estudar LIBRAS baseando-se na Língua Portuguesa, porque a Libras apresenta
sua própria gramática diferenciada e desvinculada da língua oral.
A construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias que refletem diretamente
na forma que a pessoa surda processa suas ideias, e com base em sua percepção visual-espacial.

FRASE EM PORTUGUÊS
Eu vou à sua casa hoje à noite.
Eu dei a flor para mamãe.
Quantos anos você tem?
Quando começaram as férias, eu fiquei ansiosa para viajar.

FRASE EM LIBRAS
EU CASA SUA HOJE NOITE
FLOR EU DAR MAMÃE
IDADE VOCÊ (com a expressão facial para interrogação)
PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE DEPRESSA VIAJAR
EXERCITANDO
Discuta com o colega como dizer em Libras as frases abaixo:
a) A mulher avisou a amiga.
b) Eu tenho muitos amigos.
c) Amanhã eu vou apresentar um teatro.
d) Nosso namoro acabou
e) A aula acabou.
f) No curso tem brincadeiras em Libras.
g) Eu gosto de ajudar as pessoas.
h) Estou com dor de cabeça, você tem um remédio?
i) O homem foi preso.
j) Eu abracei minha mãe com carinho.
k) Eu cheguei atrasado ao trabalho.
l) Prazer em conhecer você.
m) Eu não gosto de brincadeiras.
n) A planta crescer devagar.
o) Dentro da caixa tem coisas.
p) Não gosto de fila.
q) Eu tenho vergonha.
r) Eu tenho pele branca, quando vou para a praia fico morena.

Diálogo 1
A – Juliana será que vai chover?
B – Acho que vai chover porque está ventando muito.
A – Ontem à noite estava bonita e consegui ver a lua.
B – Verdade, hoje de manhã o sol estava forte.
A – Nossa! Está começando a chover.
B – Quando chove fico com preguiça
A – Verdade! Eu fico com sono.
Exercitando a compreensão
Observe a SOLTERAÇÃO MANUAL feita pelo professor@ e anote abaixo:
a) ____________________________________________________________________

b) ____________________________________________________________________

c) ____________________________________________________________________

d) ____________________________________________________________________

e) ____________________________________________________________________

f) ____________________________________________________________________

g) ____________________________________________________________________

Observe a SINALIZAÇÃO do professor@ e anote abaixo:


a) ____________________________________________________________

b) ____________________________________________________________

c) ____________________________________________________________

d) ____________________________________________________________

e) ____________________________________________________________

DICA
Atenção quando sinalizar uma frase! Fiquem
atentos, pois, os sinais polissêmicos podem
assumir sentidos diferentes a depender do
contexto.
EXERCITANDO EM LIBRAS

Texto 1
Karine quer comer maça, mas não tem. Ela precisa ir ao supermercado, comprar maçã, morango,
banana, abacaxi e coco. Karine se lembra de comprar arroz, feijão, frango, linguiça, ketchup,
maionese, pão, carne, batata, macarrão, óleo, ovo e tomate.

Texto 2
Em um domingo, estava sozinho e pensei: vou assistir televisão e comer pipoca. Primeiro fiz um
sanduiche com carne, queijo e salada e bebi guaraná. Depois comi chocolate com morango, mas
ainda estava com fome e comi bolacha, tomei leite e comi gelatina. À noite pedi uma pizza. Fiquei
satisfeito, acho que engordei 3 quilos.

Texto 3
Sábado de noite, eu preparando a roupa para ir à festa de amiga, e bebi muito lá na festa de
amiga. Acabou a festa, nós irmos a balada para comemorar mais, mas eu esqueci meu RG em casa
como entrar na balada sem RG. Nós desistimos entrar na balada. E nós irmos outro lugar no bar
fácil não pedir o RG, nós bebemos muito até o dia de domingo de manhã.

Diálogo 1
A – Vamos à padaria comigo?
B – Qual padaria você vai?
A – Vou à padaria, perto da minha casa.
B – Eu quero ir junto.
A – Preciso comprar pão, manteiga, café e queijo
B – Eu vou comprar presunto, queijo, pão e maionese para fazer um lanche.
A – O pão é caro, mas a qualidade é boa.
B – É verdade.
FLEXÃO VERBAL – VERBOS INDICADORES
Assim como nos pronomes pessoais e possessivos, os verbos na LIBRAS são flexionados de
acordo com a pessoa do discurso, são os verbos indicadores, em outros livros são chamados
também de verbos direcionais. Porque a direção do movimento indica quem executa e quem sofre
a ação do verbo. Observe a imagem:

No português, a flexão verbal está relacionada à pessoa do discurso e ao tempo, já na


LIBRAS, o tempo (PASSADO/PRESENTE/FUTURO) não está incorporado ao verbo, e deve ser
apresentado antes do verbo. A concordância verbal na LIBRAS está relacionada principalmente à
pessoa do discurso e ao objeto, que estudaremos neste conteúdo e no próximo. Exemplo:

PERGUNTAR-VOCÊ PERGUNTAR-EU

RESPONDER-EU RESPONDER-VOCÊ
Veja o exemplo:
ONTEM aAVISARb AULA CANCELAD@

AVISAR-EU AVISAR-VOCÊ

INFORMAÇÃO:
OS SURDOS ESCREVEM CONFORME A INFLUÊNCIA DA
ESTRUTURA DA LIBRAS, QUE, COMO VOCÊS JÁ
APRENDERAM, É BEM DIFERENTE DA ESTRUTURA DO
PORTUGUÊS.
PESQUISANDO...
Converse com os colegas e com o professor, escreva abaixo outros verbos indicadores que vocês
conheçam.
________________________________________________________________________________

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CONVERSANDO EM LIBRAS
Diálogo 1 Diálogo 2
A – Oi, tudo bem? A – Olá! Tudo bem?
B – Oi, tudo e você? B – Tudo sim, e você?
A – Mais ou menos, você respondeu às A – Mal! Eu fui dormir as 2h da madrugada e
perguntas? acordei atrasado para trabalhar.
B – Não! Você pode me ensinar a responder? B – Seu pai não falou nada?
Não entendi nada, escrevi tudo errado. A – Ele não entendeu que eu estava
A – Para de falar que não entendeu. Posso te estudando e brigou comigo.
ajudar a começar, você aprende e escreve. B – Seu pai não gosta de nada errado.
B – Ok! Vou começar a responder. Obrigada! A – Ele me ensinou a chegar adiantado no
A – Obrigada! Tchau! trabalho. Não quer ouvir desculpas.
B – Tchau! B – Meu pai também fala que eu cresci e
tenho que parar de brincar.
A – Vou falar para ele que não vou atrasar de
novo.
B – Bom! Ele vai te desculpar e você começa
a chegar adiantado.
A – Agora vou comer.
B – Tenha uma boa tarde.
A – Você também. Tchau!
B – Tchau!
EXERCITANDO A COMPREENSÃO...
Observe a SOLETRAÇÃO MANUAL feita pelo professor e anote abaixo:
a) _________________________________________________________

b) _________________________________________________________

c) _________________________________________________________

d) _________________________________________________________

e) _________________________________________________________

f) _________________________________________________________

g) _________________________________________________________

Observe a SINALIZAÇÃO do professor e anote abaixo:


a) _________________________________________________________

b) _________________________________________________________

c) _________________________________________________________

d) _________________________________________________________

e) _________________________________________________________

DICA:
PRESTE ATENÇÃO NOS VERBOS INDICADORES,
ELES MUDAM A DIREÇÃO DE ACORDO COM OS
SUJEITOS ENVOLVIDOS NA ENUNCIAÇÃO EM
LIBRAS.
FLEXÃO VERBAL – VERBOS MANUSEIO
VERBO DE MANUSEIO
São os verbos que flexionam mudando a configuração de mão e/ou o movimento a
depender do manuseio do objeto ou da ação do verbo. São sinais que mesmo com essa flexão são
de fácil compreensão para o interlocutor, ou seja, são sinais que já estão estabelecidos no
vocabulário da Libras, veja exemplo de o verbo abrir na Libras:

Outras possibilidades:

“ABRIR” “ PEGAR” “ANDAR”


ABRIR-JANELA PEGAR-BOLA ANDAR-A-PÉ
ABRIR-LATA PEGAR-MOEDA ANDAR-DE-BICICLETA
ABRIR-GARRAFA PEGAR-COPO ANDAR-DE-CARRO
ABRIR-MALA PEGAR-CABIDE ANDAR-SE-
PEGAR-LIVRO ARRASTANDO

Pesquisando
Converse com os colegas e com o professor@, escreva abaixo outros verbos de manuseio que
vocês conheçam.
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EXERCITANDO

Discuta com o colega como dizer em Libras as frases abaixo:


a) Falta dinheiro para comprar comida às crianças das escolas
b) Você precisa prometer guardar seu presente.
c) Eu vou trocar de carro, vou comprar um novo.
d) Gosto de desenhar junto com meu filho porque ele precisa aprender.
e) As pessoas não podem ignorar os amigos, porque é importante respeitar todas as pessoas.
f) Eu concordo que os pais precisam aceitar as mudanças dos filhos.
g) Eu vou mudar de casa, vou morar em um prédio lindo.
h) O homem salvou a vida de uma criança de 5 anos de idade.
i) Meu amigo reclama o dia inteiro, ele é um chato.
j) O casal de namorados combinou de se encontrar no shopping.

Texto 1
Todo o começo de ano as pessoas prometem mudar a vida, tentando não reclamar e sorrir mais.
Aceitar e respeitar as pessoas. Todos precisam encontrar uma vida melhor.

Texto 2
Fui na balada 6ª feira à noite e bebi muito. Bebi Coca-Cola, pinga, uma garrafa de vinho e
Champagne. Meu amigo me convidou para dormir em sua casa e aceitei. À noite eu sonhei e gritei,
meu amigo acordou assustado e reclamou, pedi desculpas. Agradeci o convite e o abracei, acho
que me apaixonei.

INFORMAÇÃO:
VOCÊ SABIA QUE OS VERBOS DE
MANUSEIO TÊM ORIGEM NO USO DOS
CLASSIFICADORES?
VOCÊ APRENDERÁ OS
CLASSIFICADORES NO PRÓXIMO
CONTEÚDO DESTE CURSO.
Exercitando a compreensão
Observe a SOLETRAÇÃO MANUAL feita pelo professor@ e anote abaixo:
a) ____________________________________________________________________

b) ____________________________________________________________________

c) ____________________________________________________________________

d) ____________________________________________________________________

e) ____________________________________________________________________

f) ____________________________________________________________________

g) ____________________________________________________________________

Observe a SINALIZAÇÂO do professor@ e anote abaixo:


a) _______________________________________

b) _______________________________________

c) _______________________________________

d) _______________________________________

e) _______________________________________
DESCRIÇÃO E USO DOS CLASSIFICADORES
A construção de narrativas em LIBRAS em qualquer esfera do
discurso, além da organização com o uso da topicalização e da
sintaxe espacial, é necessária a descrição de cenas e de fatos. Os
classificadores complementam e permeiam as enunciações em
LIBRAS com este objetivo.
Os classificadores desempenham uma função descritiva, de
detalhar uma cena, um objeto, pessoa ou animal, também pode
descrever ser usados isoladamente, são expressões
complementares às sentenças em LIBRAS, ou seja, um contexto ou
situação já deve estar posta para poder ser descrita por meio do uso dos classificadores, por
aglutinarem num mesmo sinal descrições de forma, tamanho, movimento, textura e relação
espacial de seus referentes. Na LIBRAS podemos encontrar os 10 tipos de classificadores:

1. CL-D – Classificador Descritivo: Refere-se ao tamanho e forma; utilizado para descrever a


aparência de um objeto, isto é, a forma, o tamanho, a textura ou o desenho de um objeto.
Usualmente produzido com ambas as mãos, para formas simétricas ou assimétricas. Este
classificador não descreve ação e movimento. Exemplos:
• A espessura de uma televisão;
• A forma e o desenho de um vaso;
• O desenho de papel de parede;
• A altura e a largura de uma caixa;
• A descrição da roupa ou dos itens que estão no corpo.

2. CL-ESP – Classificador Específico da Parte do Corpo: A função é similar ao CL-D, mas é utilizado
para descrever a forma, o tamanho, e a textura de uma parte do corpo de pessoas ou animais,
também não expressa ação e movimento. Exemplos:
• O penteado de uma pessoa;
• As orelhas de um elefante;
• Os bicos de aves diversas;
• As bochechas gordas de um bebê.
3. CL-PC – Classificador de Ação de Parte do Corpo: Retrata uma parte específica do corpo em
uma posição determinada ou fazendo uma ação. A configuração de mão demonstra a forma de
uma parte do corpo, mas tem o movimento, exibe uma ação ou movimento. Exemplos:
• A posição das pernas de alguém sentada em uma cadeira;
• O movimento da boca ao bocejar;
• Os olhos de alguém em movimento;
• Os dedos do pé sacudindo;
• A ação dos pés andando na lama.

4. CL-L – Classificador Locativo: Retrata um objeto como lugar determinado em relação a outro
objeto. Demarca quatro principais níveis de sinalização: nível do chão; nível de uma mesa ou
um balcão; nível de uma prateleira alta ou armário; e nível do teto ou céu. Também se o que
está sendo descrito está à frente, atrás, em cima, ou ao lado em relação ao corpo do
sinalizador. Exemplos:
• Uma prateleira onde estão dispostos os livros;
• O chão onde caiu um lápis;
• A mesa onde se organiza papéis;
• O alvo onde voa uma flecha.

5. CL-S – Classificador Semântico: Função similar ao CL-L por retratar um objeto em um lugar
específico (às vezes indicando movimento). A diferença é que configurações de mãos pré-
determinadas retratam o objeto todo e retrata de maneira abstrata (pouco se relaciona a
aparência do objeto). Exemplos:
• Copos na prateleira de um armário;
• Para um avião ou objetos no lugar fixo;
• Para uma pessoa andando em uma direção determinada;
• Veículos ou objetos planos;
• Retrata a orientação do corpo ou das pernas de um animal ou de uma pessoa e/ou seus
movimentos.
6. CL-I – Classificador Instrumental: Esse classificador descreve como se manuseia um
determinado objeto. Necessariamente faz-se referência ao toque ou ao objeto de pegar algum
objeto, ficando claro de qual objeto se trata do contexto. Exemplos:
• Pegando uma moeda;
• Puxando uma gaveta;
• Tocando a campainha da porta;
• Virando a página;
• Limpando com um pano;
• Carregando um balde pela alça.

7. CL-C – Classificador do Corpo: A parte superior torna-se o classificador na qual a parte superior
(do sinalizador) “desempenha” o verbo da frase, especialmente os braços, como por exemplo,
na incorporação da ação, sem a manipulação nem o toque de objetos. Exemplos:
• Acenando com a mão para alguém;
• Cruzar os braços com beiço espichado;
• Coçando a cabeça com perplexidade;
• Movendo os braços como em correr.
8. CL-P – Classificador do Plural: Indica o movimento ou a posição de um número de objetos,
pessoas ou animais. Pode ser determinado ou indeterminado. Exemplos:
Número determinado:
• Três pessoas andando juntas;
• Dois gatos em cima de um muro.
Número indeterminado:
• Pessoas sentadas na plateia;
• Uma fila comprida de pessoas;
• Muitos carros estacionados na rua.

9. CL-E – Classificador Elemento: Esses classificadores retaram movimentos de “elementos” ou


fenômenos da natureza, isto é, ar, fumaça, água/líquido, chuva, fogo, luz. Exemplos:
• Água gotejando da torneira;
• Luz piscando do sinal de advertência;
• O movimento de um líquido no corpo ou dentro do
corpo;
• O vapor subindo de uma xícara de chá quente.

10. CL-Nº/NOME – Classificador de Nome e Número: Esses classificadores utilizaram do alfabeto


manual ou os números simultaneamente à produção de um sinal ou outro classificador, fazem
são parte de uma descrição. Exemplos:
• Números e nome na camisa de futebol;
• Um título de um livro;
• Insígnia em um bebê;
• Uma sigla escrita na porta de um banco.

Vejamos abaixo a combinação dos classificadores locativo e instrumental, em uma mesma


sentença:
• Largou a mochila pesada sobre mesa.
A ICONICIDADE NA LIBRAS
Antes de entrarmos no assunto da Iconicidade, temos que entender como acontece a
definição de um determinado signo (palavra ou sinal). Cada grupo social em um determinado
território escolhe um aspecto do referente e decide pelo uso de uma determinada palavra ou
sinal. Significa que TODO SIGNO É ARBITRÁRIO, independente da motivação para sua criação.

Arbitrariedade = Livre escolha

Se todo signo é arbitrário, como ele é introduzido no léxico de uma língua? Isso acontece
por causa de outro movimento que é a convencionalidade. Ao passo em que os signos (palavras
ou sinais) vão sendo utilizados por uma comunidade linguística, e essa comunidade os aceita no
seu dia-a-dia, vamos entendendo que ela faz parte do vocabulário desta língua. É por esse motivo
que um dicionário deve estar em constante revisão, alguns signos caem em desuso, outros não
são incorporados ao léxico da língua porque tiveram uma passagem relâmpago na língua.

A motivação dos signos nas línguas de sinais


Existem sinais que são estritamente de caráter convencional, ou seja, são aqueles que a
comunidade linguística, a sociedade estabeleceu a partir de algum momento, a partir da
necessidade de referir-se a um objeto ou conceito, e outros que são de caráter natural, partem da
representação natural de um referente, como acontece com iconicidade que veremos no próximo
item.
Na linguística estudamos a iconicidade de alguns signos (palavras/sinais) das línguas.
Sabemos que nas línguas orais a iconicidade aparece em pequena quantidade e que nas línguas de
sinais ela aparece com bastante frequência.
Exemplos de signos icônicos do português: au-au (tem sua motivação no som emitido do
cachorro), miau/miar (verbo) (tem sua motivação na “voz” do gato), clique/clicar (tem sua
motivação no som quando você aperta o botão do mouse) ... Quase sempre se referindo a um
determinado som, influenciada pela modalidade de língua oral-auditiva.
Exemplos de signos icônicos na Libras: na língua de sinais temos um a infinidade de signos
icônicos influenciados pela modalidade de língua espaço-visual ou gestual visual. Para ser icônico,
um pode apresentar parte do referente, não sendo necessário detalhar o referente, ou também
pode ter como motivação movimentos que lembram a ação executada que descrevem o sinal.
Como nos exemplos a seguir:
(1) (2)
(1) CASA – motivação no formato do telhado das edificações residenciais
(2) AFASTAR – motivação no movimento da ação do verbo

Um mesmo objeto pode ser motivado pela iconicidade e ser representado por signos
diferentes em línguas de sinais de países ou comunidades linguísticas diferentes. Como no
exemplo abaixo:

Os dois sinais são icônicos, mas são diferentes!!!


Isso acontece porque a escolha da do aspecto objeto a ser representado depende de cada
grupo social, e esta escolha é arbitraria e passa a ser convencionalizada a partir do seu uso na
língua.
Exercitando
Agora transcreva abaixo 10 outros sinais icônicos que você já conheça:

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INFORMAÇÃO
Você sabe que outro fator também determina a produção
dos signos? É o princípio da economia linguística, que
tem por base uma síntese na produção das palavras e dos
sinais com a tendência ao menor esforço e menor tempo
como itens necessários à comunicação.
A SIMULTANEIDADE NA LÍNGUA DE SINAIS
A propriedade da simultaneidade se refere a possibilidade de produção de mais de um
elemento da língua ao mesmo tempo, que se dá ao fato de ser uma língua de modalidade espaço-
visual. Isso pode ocorrer quando ao narramos na língua de sinais algo fazemos dois sinais ao
mesmo tempo ou até mesmo quando produzimos um sinal e mantemos parte dele
complementando a sequência da enunciação com outro sinal.
Para Ferreira-Brito (1995), a simultaneidade na LIBRAS, acontece, principalmente, nos
níveis “fonológico” e “morfológico”, isto significa que as unidades mínimas distintivas são
produzidas ao mesmo tempo, mas também ocorro em nível sintático, ou seja, na estrutura da
frase em LIBRAS.
A simultaneidade é uma propriedade que não se apresenta na língua oral, por causa da sua
característica de linearidade, ou seja, pelo fato de ser impossível falar duas palavras ao mesmo
tempo, nas línguas orais um elemento deve ser produzido após o outro e assim sucessivamente.

INFORMAÇÃO:
Você sabia que a simultaneidade de nível sintático
é bastante explorada no uso dos classificadores da
língua de sinais!
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LIBRAS/LÍNGUA PORTUGUESA
A presença de tradutores e de intérpretes de Libras e Língua Portuguesa passa a fazer parte
da educação bilíngue, uma vez que a Libras está presente em um universo no qual na língua
portuguesa é a língua majoritária.
As atividades de interpretação simultânea da Libras para o português, ou vice-versa,
poderão acontecer em função da presença das duas línguas no espaço escolar. São vários os
contextos em que isso pode acontecer em uma escola bilíngue. Os intérpretes podem ser
requisitados quando houver a visita de alguém na escola para ministrar uma atividade ou palestra,
por exemplo. Também podem ser requeridos quando houver a comunicação entre pessoas da
escola que não saibam a Libras ou sejam surdas usuárias de Libras. Nesses contextos, o intérprete
interpretará para a Libras ou para o português, respectivamente. Por exemplo, caso haja um
profissional que não saiba Libras e precise realizar uma atividade com a presença dos alunos
surdos; o intérprete atuará na interpretação simultânea mediando as duas línguas, para a pessoa e
para os alunos ouvintes e professores que não saibam a Libras.
A presença dos intérpretes de língua de sinais não pode ser absoluta em uma escola
bilíngue. Todas as pessoas que atuam nessas escolas precisam saber as duas línguas. No caso dos
profissionais ouvintes, espera-se que adquiram a Libras e nela interajam no ambiente escolar. No
entanto, eventualmente, é possível haver um professor que não conheça suficientemente a Libras
para poder ministrar uma aula. Essa situação, portanto, requererá a presença do intérprete.
No caso dos tradutores de Libras e língua portuguesa, a atuação envolverá a produção de
materiais em Libras ou de legendagem ou dublagem de produções em Libras para a língua
portuguesa. A tradução será realizada para garantir aos alunos o acesso aos materiais na sua
própria língua. Por exemplo, materiais didáticos que não estejam disponíveis em Libras ainda
podem ser traduzidos pelos tradutores para disponibilizar os textos aos alunos surdos. Outro
exemplo são os materiais disponíveis em Libras que não contam com a tradução para a língua
portuguesa, que podem ser legendados ou dublados pelos tradutores.
RECONTANDO EM LIBRAS
Atividade em grupo: Observem as cenas abaixo, conte cada cena com o máximo de informações e
com riqueza de detalhes fazendo o uso da simultaneidade da LIBRAS:

Cena do Filme “E.T.” Cena do Filme “O Pecado mora ao Lado”

Cena do Filme “Instinto Selvagem” Cena do Filme “Matrix”

Cena do Filme “007” Cena do Filme “Titanic”


CONVERSANDO EM LIBRAS
Em dupla – Desenvolva os diálogos abaixo em LIBRAS usando o máximo de simultaneidade que for
possível:
DIÁLOGO 1
A – Oi Lia, tudo bem?
B – Oi Ana, tudo sim e você?
A – Estou bem também, você viu a chuva ontem?
B – Vi sim, nossa, muitos raios e trovões.
A – E o vento? Pensei que os carros iriam voar!
B – Na minha rua teve um acidente, um carro bateu em uma árvore.
A – Na rua da minha tia, acabou a luz, os trabalhadores da Cia da energia passaram a madrugada
nos postes.
B – Eu vi na televisão, tinha rua tão cheio de água, uma correnteza, que era possível até surfar
(HAHAHAHAHAHAHA)
A – Bom, agora vou embora porque vou dar a mamadeira para o Henrique.
B – Vou também porque tenho que cozinhar para minha mãe.
A – Tchau!
B – Tchau!

DICA: A observação aos detalhes enriquece a produção em Língua de Sinais.


CONVERSANDO EM LIBRAS
Leia os textos abaixo e explique em língua de sinais o que você entendeu.

Texto 1 – Entrevista
Surdo lembra obstáculos que enfrentou durante a vida acadêmica
“Na escola eu nunca tive intérprete e não conhecia nada de Libras”, diz Kleber Nascimento Santos
sobre as dificuldades que passou na vida acadêmica por ser surdo. Hoje Kleber é pedagogo e
professor de Língua Brasileiras de Sinais.
Aos sete anos Kleber teve que se adequar às aulas dadas pelos professores tradicionais da época.
Sofri muito porque era 10 disciplinas, cada uma com um professor com um jeito diferente de
lecionar, mas todos cobravam para estudar mais.
A surdez na adolescência o fez deixar as brincadeiras com os amigos de lado e se aproximar mais
dos familiares. Era em casa com a ajuda dos pais e dos irmãos que Kleber contava para rever o
conteúdo das aulas. “Quando acabava a aula você acha que ia brincar com os amigos? Que nada
eu pedia aos meus pais e meus dois irmãos que me ajudassem, eram horas e horas de estudo”,
diz.
Após dois vestibulares, sem intérpretes, ele ingressou em uma faculdade de pedagogia e passou o
primeiro semestre como nas primeiras aulas quando era menino. “No primeiro dia de aula quando
eu coloquei a mão na orelha para demonstrar que era surdo, meu professor fez uma cara como
quem dizia, e agora? ”, brinca.
“No início do segundo semestre conheci a Olga, foi alivio”, comenta Kleber se referindo à Olga
Maria da Mota, professora de Libras que deixou de ensinar na rede pública para ajudá-lo. “Eu o
acompanhei pelos três anos e meio da faculdade, eu meio que me formei novamente com ele”, diz
Olga.
Kleber lembra que aula de Libras é muito importante e quem fizer poderá ajudar outras pessoas
no futuro. “Da mesma forma que eu me esforcei para ler e escrever gostaria que se esforçassem
para aprender Libras, assim poderemos nos comunicar melhor” finaliza.
Texto 2 – Gênero: Notícia
“Aluno com surdez conclui mestrado na Universidade Federal do ES”
Ademar Miller Junior foi a primeira pessoa com surdez a ser mestre pela UFES. Ele se formou em
Pedagogia e defendeu tese sobre inclusão.
Concluir a graduação em Pedagogia não foi suficiente para o agora mestre Ademar Miller Junior.
No dia 9 de julho, ele tornou-se o primeiro aluno com surdez a defender uma tese de mestrado na
Universidade Federal do Espírito Santos (UFES). Ele foi aprovado sem ressalvas diante de um
público de mais de 100 pessoas, no auditório do Centro de Educação.
Ademar comemorou o feito. “Tenho certeza de que serei um modelo para tantos outros que verão
em mim uma possibilidade de entrar no mestrado. No futuro penso em fazer o doutorado, aqui ou
nos Estados Unidos”, disse.
Durante a pesquisa, Junior teve uma bolsa de estudos da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Espírito Santo (FAPES) e, em agosto de 2011, interrompeu o mestrado para participar de um
intercâmbio de seis meses na Universidade Gallaudet, nos Estados Unidos, a única no mundo cujos
programas são desenvolvidos para pessoas com deficiência auditiva.
Texto 3 – Interpretação em Libras
“O sucesso da mala”
Respiro ofegante. Trago nas mãos uma pequena mala e uma agenda tinindo de nova. É meu
primeiro dia de aula. Venho substituir uma professora que teve que se ausentar “por motivo de
força maior”. Entro timidamente na sala dos professores e sou encarada por todos. Uma das
colegas, tentando me deixar mais à vontade, pergunta:
- É você que veio substituir a Edith?
- Sim - respondo num fio de voz.
- Fala forte, querida, caso contrário vai ser tragada pelos alunos - e morre de rir.
E a equipe toda se diverte com a minha cara.
- Ela nem imagina o que a espera, não é mesmo?
Convidada a me sentar, aceito para não parecer antipática. Eles continuam a conversar como se
eu não estivesse ali. Até que, finalmente, toca o sinal. É hora de começar a aula. Pego meu
material e percebo que me olham curiosos para saber o que tenho dentro da mala.
Antes que me perguntem, acelero o passo e sigo para a sala de aula. Entro e vejo um montão de
olhinhos curiosos a me analisar que, em seguida, se voltam para a maleta. Eu a coloco em cima da
mesa e a abro sem deixar que vejam o que há lá dentro.
- O que tem aí, professora?
- Em breve vocês saberão.
No fim do dia, fecho a mala, junto minhas coisas e saio. No dia seguinte, me comporto da mesma
maneira, e no outro e no noutro... As aulas correm bem e sinto que conquistei a classe, que
participa com muito interesse. Os professores já não me encaram. A mala, porém, continua sendo
alvo de olhares curiosos.
Chego à escola no meu último dia de aula. A titular da turma voltará na semana seguinte. Na sala
dos professores ouço a pergunta guardada há tantos dias:
- Afinal, o que você guarda de tão mágico dentro dessa mala que conseguiu modificar a sala em
tão pouco tempo?
- Podem olhar - respondo, abrindo o fecho.
- Mas não tem nada aí! - comentam.
- O essencial é invisível aos olhos. Aqui guardo o meu melhor.
Todos ficam me olhando. Parecem estar pensando no que eu disse. Pego meu material, me
despeço e saio.
Prática Teatral
Apresente a história fazendo uso da expressão corporal e facial.
Proposta 1: Na escola
• Um professor estava escrevendo rápido no quadro branco;
• Enquanto dois alunos estavam jogando papel um no outro;
• O professor se vira com uma expressão séria;
• Os alunos fingem que estão escrevendo e prestando atenção na aula;
• O professor pega um papel e começa a dobrá-lo apontando para lousa sua explicação;
• Os alunos imitam o professor e todos conseguem fazer a dobradura;
• O professor sai da sala e os alunos continuam fazendo novas dobraduras.

Proposta 2: No mercado
• Uma mulher chega ao supermercado e pega um carrinho;
• Conforme sua caminhada percebe que a rodinha está quebrada, ela trocar por um
carrinho melhor;
• Ela andando nos corredores do supermercado e pega uma lata de azeite que está no alto,
na última prateleira;
• Depois lembra que precisa comprar uma lâmpada, mas é preciso fazer o teste para ver se
funciona. A primeira lâmpada não acende, a mulher já nervosa troca e testa a nova
lâmpada, desta vez funciona;
• A mulher vai para o setor de frutas, pega um saquinho e coloca as laranjas. Depois escolhe
a melhor melancia e coloca em seu carrinho;
• Pega um cafezinho grátis da moça promoter, e corre para o outro corredor da bolachinha,
come e bebe calmamente e se lembra de pegar o leite, compra uma caixa da prateleira
mais baixa e desarruma o carrinho;
• Vai para a fila imensa do caixa e impaciente reclama da demora. Passa pelo caixa,
empacota os produtos e paga. Sai carregando as sacolas, a caixa de leite e a melancia.
VOCABULÁRIO
EM LIBRAS
SAUDAÇÕES
VALORES MONETÁRIOS
São sinalizados com movimentos rotacionais do 1 ao 9, seguindo a configuração de
mão dos números cardinais. Do número 10 em diante acrescentasse o sinal da moeda
(REAL e CENTAVO).

Exemplo: Caderno custa R$ 12,45 = 12R 45Ç


Caneta custa R$ 1,50 = 1, 50Ç
Borracha custa R$ 0,80 = 80Ç

MOEDA REAL CENTAVO

CARTÃO-CRÉDITO COMPRAR
CHEQUE

PORCENTAGEM
PROMOÇÃO QUANTO-CUSTA?

PAGAR PAGAR-VISTA PARCELAS


DESCONTO CAR@ BARAT@

POUPANÇA SALÁRIO
SAQUE
DIAS DE SEMANAS
MESES DO ANO

EXERCITANDO EM LIBRAS
QUAL O SEU DIA DE ANIVERSÁRIO?
QUAL É A SEMANA DE HOJE?
QUAL É A SEMANA DE ONTEM?
QUAL É A SEMANA PARA AMANHÃ?
CORES
ANIMAIS
FRUTAS
ALIMENTOS
MEIOS DE COMUNICAÇÂO
FAMÍLIA
MATERIAL ESCOLAR
DOCUMENTOS
VERBOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Lei no 10.098/94 – Acessibilidade. Brasília: MEC/SEESP, 1994. Disponível
em: http://www.mec.gov.br/seesp. Acesso em: 20 de novembro de 2008.
CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da
Língua de Sinais Brasileira. Volume I: Sinais de A a L (Vol 1, pp. 1-834). São Paulo, SP: Edusp,
Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom, 2001a.
CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira. Volume II: Sinais de M a Z (Vol. 2, pp. 835-1620). São Paulo, SP: Edusp, Fapesp,
Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom, 2001b.
CAPOVILLA. F.C.; RAPHAEL, W.D.; MAURICIO, A.C.L.. NOVO DEIT-LIBRAS: Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (libras) Baseado em Linguística e Neurociências
Cognitivas. 2 vol. Editora EDUSP, 2013
FELIPE, Tanya Amara, Livras em Contexto, livro do professor, 6ª edição, Brasília 2007. (pag.109).
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GESSER, Audrei. LIBRAS? Que língua é essa?: Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e
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LACERDA, C.B.F. de; SANTOS, L.F.S. dos; CAETANO, J. F. Tenho um aluno surdo, e agora?
Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: EDUFSCar, 2013.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC. Decreto nº 5.626 de 22/12/2005. Regulamenta a Lei nº 10.436,
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DIGITAÇÃO FEITA POR:


Professora Especialista Thaiana Vianna Coelho
Atualizada: em 8 de outubro de 2022, Guarapari ES.

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