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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
CRIS – CENTRO DE REFERÊNCIA E INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
CURSO DE LIBRAS
MODULO II
BAYEUX
2020
LIBRAS
PARÂMETROS DA LIBRAS
SINAIS ICONICOS / ARBITRÁRIOS
QUALIFICAÇÃO E INTENSIDADE
OS COMPARATIVOS –
SUPERIORIDADE - IGUALDADE-INFERIORIDADE
MAIS E SEUS CONTEXTOS
A FORMA CONDICIONAL SI (SE)
VERBOS II
DOCUMENTOS
ESPORTES
RELIGIÕES
PROFISSÃO
ESTADOS BRASILEIROS
BAIRROS
SISTEMA MONETÁRIO
SAÚDE/ HIGIENE / CORPO HUMANO
LEGISLAÇÃO
CLASSIFICADORES
ESCRITA DE SINAIS
CONHECENDO O INTÉRPRETE DE
LIBRAS / CÓDIGO DE ÉTICA DO
TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS.
QUEM É O PROFESSOR DE LIBRAS /
INSTRUTOR
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS
O QUE É VERSÃO VOZ NA LIBRAS E VERSÃO SINALIZADA
INTERPRETAÇÃO DE MÚSICA
De acordo com a lei Nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 e o Art 2º, devem ser garantidos,
por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas
institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS como meio de
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
A inclusão está ligada a pessoa que não tem oportunidades em uma sociedade, promove e
articul ações que oportuniza as pessoas com deficiência a construir uma sociedade mais justa, solidária
e humana, capaz de oferecer condições de realizar todos os seus objetivos que anela em sua vida. As
pessoas com deficiência possuem potencial, habilidades e outras inteligências e aptidões, todos os
cidadãos têm direito a uma educação de qualidade, independentemente de suas diferenças e
particularidades.
As pessoas com deficiência têm todo o direito de integrar em uma escola comum, e são
capazes de realizar suas atividades educativas, combatendo assim a discriminação criando uma
comunidade receptiva e comprometida com a inclusão, construindo uma sociedade inclusiva e
oferecendo uma educação com proposta de crescimento a todos.
O Curso Básico de Libras I e II é uma proposta para todo aquele que queria aprender a se
comunicar com a pessoa surda, assim o CRIS através do Curso básico de Libras estará promovendo
inclusão para que as pessoas possam interagir com a pessoa surda.
É preciso promover o conhecimento e defesa de direitos das pessoas com deficiências de ter
uma sociedade inclusiva, indagar uma educação de qualidade, que se ajuste as necessidades,
circunstâncias e inspirações de todos, oportunizando a integração ao meio social e realizar suas
práticas de cidadão.
São aquelas pessoas que utilizam a comunicação espaço- visual como principal meio de
conhecer o mundo, em substituição à audição e à fala. A maioria das pessoas surdas, no contato com
outros surdos, desenvolve a língua de sinais. Já outros, por viverem isolados ou em locais onde não
exista uma comunidade surda, apenas se comunicam por gestos.
Existem surdos que por imposição familiar ou opção pessoal preferem utilizar a língua oral (fala).
Deficiência auditiva termo técnico usado na área da saúde e, algumas vezes, em textos legais.
Refere-se a uma perda sensorial auditiva. Não designa o grupo cultural dos surdos. Surdo-mudo
provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo, e infelizmente ainda
utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e
rádio. * o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda.
A mudez é outra deficiência, totalmente desagregada da surdez. São minorias os surdos que
também são mudos. Fato é a total possibilidade de um surdo falar, através de exercícios
fonoaudiólogos, aos quais chamamos de surdos oralizados. Também é possível um surdo nunca ter
falado, sem que seja mudo, mas apenas por falta de exercício. Por isso, o surdo só será também mudo
se, e somente se, for constatada clinicamente deficiência na sua oralização, impedindo-o de emitir
sons. Fora isto, é um erro chamá-los de surdo-mudo. Apague esta ideia! O que é o surdo-mudo? Erro
social dado ao tato de que o surdo vive num ‘’silêncio” rotulado pela própria sociedade (por falta de
conhecimento do real significado das duas palavras).
Surdez: dificuldade parcial ou total no que se refere à audição mudez: problema ligado à voz.
O que é a deficiência auditiva? É apenas uma perda sensorial, por isto as pessoas com problemas de
audição têm potencialidade igual a de qualquer ouvinte. Comunicação com liberdade e segurança.
Para os surdos a língua de sinais é fundamental, pois só através dela podem se comunicar.
Desmistificando os Estereótipos
• Nem todo surdo é mudo;
• Nem todos os surdos fazem leitura labial;
• Nem todos os surdos sabem língua de sinais;
• Ao falar com surdo não é necessário tocá-lo fortemente e/ou falar em voz alta.
• A língua de sinais não é universal.
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado
formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente
ao corpo.
• Ponto de articulação: É o lugar onde inside a mão predominante configurada, podendo esta
tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical ( do meio do corpo até a
cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais trabalhar, brincar, besteira, consertar são
feitos no espaço neutro e os sinais esquecer, mente, aprender e pensar são realizados na testa;
• Movimento: Os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento,
com exceção de pensar que, como os sinais ajoelhar e em pé m não tem movimento;
• Orientação / Direcionalidade: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima.
Assim os verbos ir e vir se opõem em relação à derecionalidade, como os verbos subir e
descer, acender e apagar, abrir-porta e fechar-porta;
• Expressão facial e / ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados
acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou
corporal, como os sinais alegre e triste. Há sinais feitos somente com a bochecha como ladrão,
ato-sexual; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal bala, e há ainda sinais em
sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais helicóptero e
motor.
Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar
estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto.
Obs: Não precisa decorar todas as CM, pois você utilizará de forma natural quando estiver
interpretando.
Gordo
Avião
Triste
Desculpas
Sofrimento
Trabalhar
Educado
Lanche
Queijo
Televisão
( 38 – Configuração de mão Nelson Pimenta)
Sorte
Preto
Pedra
Falar
No caso da língua de sinais brasileira (Libras), essa não será apenas a língua natural da
comunidade surda, como também irá refletir as singularidades do mundo surdo, onde ser surdo é fazer
parte de uma realidade visual e desenvolver sua experiência na língua de sinais.
No entanto, mesmo sendo a sua língua materna, a libras só teve seu status linguístico oficializado em
2002 e, até os dias de hoje, ainda sofre preconceito por parte de alguns estudiosos, que reduzem essa
língua a simples gestos aleatórios ou a comparam com a mímica.
Levando em conta essas considerações, o presente trabalho visa abordar questões ligadas à
descrição da libras, pesquisando de que forma o conceito de iconicidade de Peirce e os conceitos de
arbitrariedade de Saussure estão presentes nessa língua.
SINAIS ARBITRÁRIOS
São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam.
Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente.
Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não
representando, portanto, conceitos abstratos.
Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados,
em toda sua complexidade.
CONVERSAR
OS COMPARATIVOS
Para o comparativo de igualdade, usam-se dois sinais: IGUAL (dedos indicadores e médios das
duas mãos roçando um no outro) e IGUAL (duas mãos com configuração em B, viradas para frente
encostadas lado a lado, com leve movimento de bater).
Exemplos:
VOCÊ MAIS VELH@ DO-QUE EL@
VOCÊ MENOS VELH@ DO-QUE EL@
VOCÊ-2 BONIT@ IGUAL (me)
IGUAL (md)
Mas é usado principalmente como conjunção adversativa, indicando uma ideia de oposição. Pode ser
substituído por porém, todavia, contudo.
Além de conjunção, mas também pode ser um substantivo comum ou um advérbio. Como substantivo
se refere a um defeito, um senão. Como advérbio, dá ênfase a uma afirmação.
Mais transmite sempre uma noção de maior quantidade ou intensidade, de excesso. Pode ser um
substantivo comum, uma conjunção, um advérbio de intensidade, uma preposição ou um pronome
indefinido. No plural, pode significar também: os outros, os demais, os restantes.
EXEMPLOS:
• VOCÊ IR FEIRA HOJE?
SI CHOVER NÃO, EU IR.
CONFIAR
CONFORTAR/
CONSOLO
CONFUNDIR/
CONFUSÃO
CONHECER
CONSEGUIR
CONSERTAR/
MANUTENÇÃO
CONSTRUIR (1)
CONSTRUIR (2)
GOSTAR
GRITAR
GUARDAR
GUIAR
INTERROMPER
INVERTER
INVENTAR
IR
JULGAR/
JUSTIÇA
LIMPAR (1)
LIMPAR (2)
LISTAR
LOCALIZAR
LOUVAR
LUGAR
NASCER
NECESSITAR
NEGOCIAR
OBEDECER
TRADUZIR
TRAIR
TRANSFERIR
TRATAR
TRAUMATIZAR
TRAZER
TREINAR
UNIR
USAR
VENCER
VENCER-ME/
VENCIDO
VENDER
ALMA ALTAR
ANJO ATEU
BÍBLIA BISPO
BUDA CATEDRAL
CONVENTO CRISTÃO
CULTO DEUS
INFERNO JESUS
PADRE PAPA
PASTOR PECAR
SANTO
30
ESTADOS BRASILEIROS
31
REGIÕES/ ESTADOS / CAPITAIS
32
JOÃO PESSOA RIO GRANDE DO NORTE ACRE MANAUS
33
RORAIMA ESPIRITO SANTO SÃO PAULO PORTO ALEGRE
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BAIRROS BAYEUX
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VALORES MONETÁRIOS
Em Libras para se representar os valores monetários de um até nove reais, usa-se o sinal do
numeral correspondente ao valor, incorporando a este o sinal VÍRGULA. Por isso o numeral
para valor monetário terá pequenos movimentos rotativos. Pode ser usado também para estes
valores acima os sinais dos numerais correspondentes seguido dos sinais soletrados R-L "real"
ou R "real/reais".
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Para valores de um mil até nove mil também há a incorporação do sinal VÍRGULA, mas aqui o
movimento desta incorporação é mais alongando do que os valores anteriores (de 1 até nove
reais). Podem ser usados também, para esses valores acima, os sinais dos numerais
correspondentes seguidos de PONTO.
Para valores de um milhão para cima, usa-se também a incorporação do sinal VÍRGULA com o
numeral correspondente, mas aqui o movimento rotativo é mais alongado do que em mil. Pode-
se notar uma gradação tanto na expressão facial como neste movimento da vírgula incorporada
que ficam maiores e mais acentuados: de 1 a 9 < de 1.000 a 9.000 < de 1.000.000 a 9.000.000.
Quando o valor é centavo, o sinal VÍRGULA vem depois do sinal ZERO, mas na maioria das
vezes não precisa usar o sinal ZERO para centavo porque o contexto pode esclarecer e os
valores para centavos ficam iguais aos numerais cardinais.
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CRIS- Centro de Referência e Inclusão da Pessoa com Deficiência
Avenida: Pinheiro Machado , 111– Sesi / Bayeux-PB
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40
HIGIENE
PENTE
ESCOVA DE DENTE
LENÇO DE PAPEL
SABONETE
PAPEL HIGIÊNICO
SHAMPOO
PASTA DE DENTE
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CORPO HUMANO
42
NÁDEGAS OSSO PERNA UNHA
OLHO PÉ PULMÃO
ORELHA SOMBRANCELHAS
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Saúde
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INJEÇÃO TONTURA
NAÚSEA TOSSE
REMÉDIO VÔMITO
SANGUE
SERINGA
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LEGISLAÇÃO
Presidente Ofício
Governador Regimento
Prefeitura Declaração
Deputado Federal Inclusão
Deputado Estadual República
Vereador Ministério Público
Democracia Igualdade
Câmara Municipal Polícia Civil
Constituição Processo
Tribunal Polícia Federal
Direito Ética
Justiça Decreto
Dever Assembléia Legislativa
Artigo Proposta
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ESCRITA DE SINAIS
Fonte: www.signwriting.org
Para que as pessoas comecem a aprender a língua de sinais, a primeira coisa que se deve
ensinar é o Alfabeto Manual em Libras. Ele é produzido por diferentes formatos das mãos que
representam as letras do alfabeto escrito e é utilizado para “escrever” no ar, ou melhor, soletrar
no espaço neutro, o nome de pessoas, lugares e outras palavras que ainda não possuem sinal.
Da mesma forma, é o alfabeto da escrita de sinais, só que ele é a representação visual
escrita do alfabeto manual e não apenas formatos de mãos aleatórios. Muito pelo contrário, veja
abaixo, o alfabeto do SignWriting da Língua Brasileira de Sinais que foi desenvolvido a partir
das configurações de mãos.
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CALENDÁRIO E DIAS DA SEMANA
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CONCEITOS DOS PROFISSIONAIS DA LIBRAS.
1-Tradutor: aquele que faz a translação de uma língua para outra, trabalha com
textos, tem tempo para fazer a tradução.
2-Intérprete: aquele que faz a translação de uma língua para outra, trabalha com
fala, geralmente faz a interpretação simultânea.
3-Instrutor de Libras: ensina a língua de sinais, geralmente tem apenas o segundo
grau, pode ser surdo ou ouvinte.
4-Professor de Libras: Ensina a língua de sinais, segundo a legislação, esse
profissional precisa ter um dos requisitos: graduação em libras, prolibras ou
especialização em libras. Pode ser surdo ou ouvinte fluente em libras.
5-Professor de surdo: surdo ou ouvinte licenciado que tem aluno surdo.
6-Professor bilíngue: surdo ou ouvinte licenciado fluente em duas línguas.
7-Professor de apoio: atua com pessoas com necessidades especiais, com curso
específico para cada tipo de necessidade.
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos
de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior,
e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do
sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
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Decreto 5626/2005 regulamenta a formação do professor de Libras e
perfil mínimo para a atuação nesta área como veremos a seguir. A partir do
Decreto dois cursos de graduação surgiram:
Licenciatura plena em Letras: Libras
Curso à distância e presencial iniciado em 2006 pela UFSC com diversos pólos em todo o Brasil. A
primeira turma formou-se em 2010. Nesta turma pioneira tivemos a representação da Paraíba com
alunos formados no pólo de Fortaleza, sendo 5 surdos e 2 ouvintes.
Enquanto não há pessoas formadas suficientes para a atuação, o decreto determinou o perfil
mínimo exigido para o exercício da profissão de professor de LIBRAS:
Prolibras
I - professor de Libras, usuário16 dessa língua com curso de pós- graduação ou com formação
superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo
Ministério da Educação;
II - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós- graduação ou formação
superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido
pelo Ministério da Educação.
Agora que compreendemos o processo de formação do professor de LIBRAS (surdo e
ouvinte) gostaria de lançar uma pergunta para que juntos possamos refletir: Para quem serão
ministradas as aulas de LIBRAS nos cursos citados?
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Você pode estar se perguntando: Eu, enquanto professor, farei as traduções dos meus materiais
didáticos sozinhos?
Não. Pois a presença dos intérpretes em escolas bilíngues é obrigatória. Os planejamentos
quanto ao conteúdo, bem como a elaboração dos materiais são realizados em conjunto.
O Instrutor de Libras
Para o aluno surdo a presença de um instrutor surdo em sala de aula é uma referência
positiva, uma grande conquista, visto que ele é um profissional com a mesma diferença.
As instrutoras surdas são responsáveis pelo ensino de Libras em salas de aula para
aprendizagem e interação dos alunos ouvintes e surdos inseridos na escola.
Foi possível perceber que os alunos em geral são bastante interessados em aprender
libras, além de um carinho especial pelas instrutoras surdas.
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CONHECENDO O INTÉRPRETE DE LIBRAS
Numa perspectiva histórica, a tradução é vista por diversos olhares que buscam seu
delineamento. Além de ser compreendida como arte, também é estudada como um processo
complexo, envolto por nuances entre a sensibilidade do tradutor e o conhecimento técnico.
Em seu livro, Os Tradutores na História, DELISLE e WOODSWORTH (2003) realizam um
resgate sobre a atuação dos tradutores e sua contribuição social. Em muitas comunidades, o
tradutor realiza toda a formação de uma língua por meio da análise linguística dos signos e
muitas vezes, em situações extremas, construindo até o alfabeto daquela língua.
Nesta perspectiva, a tradução é uma importante ferramenta para a disseminação do
conhecimento, pois contribui para a apreensão intelectual e cultural da humanidade. Conforme
Quadros (2004, p.13)
A oficialização das línguas de sinais assegurou aos surdos o direito à acessibilidade linguística
através do intérprete, que buscou a profissionalização mediante os espaços que atuava.
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Semelhante aos outros países, a oficialização da língua de sinais brasileira por meio da lei
nº 10.436, de 24 de abril de 2002, impulsionou uma série de reivindicações e conquistas
referentes à acessibilidade linguística dos surdos (QUADROS, 2007).
O reconhecimento da Libras como língua oficial do país conferiu aos surdos o respeito à
diferença linguística. A conceituação da surdez transitou da perspectiva biológica para a
psicossocial, reconstruindo também o papel das pessoas ouvintes sinalizantes para intérpretes
de Libras.
Tal fato promoveu grande impulso sobre a produção e interpretação de textos e materiais
didáticos. Percebe-se uma crescente iniciativa de projetos de interpretação dos mais diversos
trabalhos, dentre eles, a tradução/interpretação de obras literárias.
Enfim, no dia 1º de setembro de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sanciona a lei
nº. 12.319 que regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua
Brasileira de Sinais (Libras), além de definir critérios para sua formação e atuação.
Segundo Quadros (2007, p. 27) o intérprete de língua de sinais é o profissional que domina a
língua de sinais e a língua falada do país e que possui competência linguística para realizar a
tradução/interpretação das línguas envolvidas.
Quanto a isto, o linguista Jakobson, contribui ao identificar aspectos norteadores às atividades
de tradução e interpretação. Tais parâmetros orientam a análise da tradução em um contexto
linguístico atribuindo ao tradutor/intérprete competências necessárias ao exercício profissional.
São elas: competência linguística e competência referencial.
Já Chomsky contribui ao definir competência linguística como a capacidade que o falante tem
de produzir um número infinito de enunciados partindo de um número finito de parâmetros.
Outra competência essencial à tarefa tradutória é a competência referencial.
Neste contexto o termo referencial faz alusão ao conceito de signo, elaborado por Saussure,
“combinação de um conceito com uma imagem”. O desenvolvimento desta competência ocorre
quando o intérprete ao conviver com pessoas surdas conhece sua cultura, adquirindo tanto
domínio linguístico, como conhecimento de questões culturais. (VASCONCELLOS e
BARTHOLAMEI, 2009).
O tradutor deve buscar a competência nas duas línguas que traduz, entendendo que o fato de ser
nativo da língua não o constitui usuário competente. O tradutor/intérprete de língua de sinais
deve buscar elevar sua competência linguística por meio de estratégias de busca, como também
ser competente linguisticamente em relação às competências: lexical; gramatical; semântica;
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Avenida: Pinheiro Machado , 111– Sesi / Bayeux-PB
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fonológica.
Além das competências citadas, o intérprete deve agregar ao desempenho de sua função uma
conduta moral regida por princípios éticos. O código de ética do TILS em seu artigo 1º declara
que “O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e
de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair
confidências, as quais foram confiadas a ele”. (Quadros, 2004, p. 31,32).
O intérprete deve estar atento à formação e à conduta profissional, a fim de pautar suas ações
na ética e no conhecimento técnico, pois a transmissão do texto aliada à fidelidade constitui
uma importante tarefa para o tradutor/intérprete.
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TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO
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Os ouvintes são acometidos pela crença de que ser ouvinte é melhor que ser
surdo, pois na ótica ouvinte, ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade
‘disponível’ para a maioria dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma
questão de mero ponto de vista.
Um fato interessante é que a Língua de sinais por muitos anos foi considerada ágrafa, ou
seja, uma língua que não possui sua modalidade escrita, mas atualmente existe a ELS (Escrita
em Língua de Sinais) ou Sign Writing trazida para o Brasil pela doutora surda Marianne
Stumpf em 1996.
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INTERPRETAÇÃO DE MÚSICAS COMPOSTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA A LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS
Para uma boa interpretação de música faz-se necessário antes de qualquer coisa “ligar o botão da
criatividade”. Este componente é fundamental para a beleza de uma interpretação de música para a
Língua gestual-visual, a Língua de Sinais.
Podemos observar a relevância da criatividade no ato de uma interpretação quando, por exemplo, ao
invés de simplesmente interpretar a palavra amor com o sinal equivalente, o intérprete opta por fazer a
dactilologia da palavra em forma de um coração, no ritmo da música e com uma expressão facial que
destaca o sentido poético do sinal inserido neste contexto.
Entendendo então que a beleza de uma música sinalizada depende de vários fatores,
propomos quatro etapas que norteiam uma boa interpretação de músicas compostas
em Língua Portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais.
Dica para ouvintes e surdos com resíduos auditivos que têm o hábito de ouvir músicas
Experimente colocar uma música com um estilo marcante como rock ou frevo por
exemplo.
Coloque um fone de ouvido e tente passar para um surdo qual o estilo musical que você
está ouvindo, sem utilizar os sinais, apenas através dos movimentos de mãos e cabeça e de
expressão facial e corporal. Vale ressaltar que a ideia não é dançar, mas seguindo o ritmo da
música você perceberá que é possível mostrar visualmente as mãos subindo e descendo
enquanto você interpreta aquela música, com isto o surdo identificará a característica marcante
do frevo.
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CLASSIFICADORES
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O QUE É VERSÃO VOZ NA LIBRAS E VERSÃO SINALIZADA
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Vale ressaltar, que cabe ao intérprete também verificar se o local do seu posicionamento está ao
alcance de um microfone. Além disso, providenciar ou solicitar água para sua hidratação,
evitando assim o transtorno das ocorrências de rouquidão ou tosse no momento da
interpretação
Fonte
4º - Selecionar alguém para o apoio: Este item assim como os outros é de extrema relevância.
Solicite que outro intérprete sente ao seu lado. Isto não significa não que você seja inferior a
este em capacidade, mas que enquanto profissional você zela pela qualidade do serviço. Então
solicite com antecedência a outro profissional que seja o seu apoio para te auxiliar de uma
forma geral, como por exemplo, com os sinais que sofrem variações linguísticas, sinais
técnicos, dúvidas corriqueiras, dentre outras. Esta pessoa que servirá como apoio, poderá te
substituir nos possíveis imprevistos,
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3º O intérprete não pode interagir com a plateia: A invisibilidade do intérprete não é algo fácil
de ser administrado no caso de uma interpretação versão voz. Em alguns casos o ouvinte que
está assistindo uma palestra ministrada por um surdo dirige-se ao intérprete e diz: “Qual a
opinião dele (o palestrante) ...”. Esta situação é bastante delicada, pois gera uma
desconcentração e do palestrante. Nesta situação, o intérprete de apoio orienta ao ouvinte que
ele deve levantar a mão e direcionar-se ao palestrante. Em outros casos, principalmente em
reuniões, o intérprete em atuação que deseja emitir sua opinião, deverá pedir que outro
intérprete assuma a interpretação substituindo-o para que assim ele possa expor suas ideias.
1º - O intérprete deverá ficar posicionado (a) próximo ao palestrante surdo, pois alguém poderá
abordá-lo
(a) e necessitará dos serviços de interpretação.
2º - O intérprete responde quanto à interpretação. Não deverá receber elogios ou críticas quanto
à palestra ou mensagem, ele foi intérprete e não expositor das ideias, então o mesmo deverá
encaminhar os méritos do conteúdo ministrado para o palestrante.
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Referências
• Linguística. 2. Libras. 3. Teorias da tradução. 4. Educação – Política e Gestão. 5.
Currículo. 6. Escrita de Sinais. I. Faria, Evangelina Maria Brito de. II. Assis, Maria
Cristina de.
• 304 p.: Il.
• -CARVALHO, Paulo Vaz de. História dos Surdos no Mundo, editora Surd'Universo.
(ISBN 978-989-95254-1-2). Lisboa 2007
• CAPOVILLA, Fernando César & RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário
Enciclopédico Ilustrado Trilingüe
• COPAVILLA, Fernando César. RAPHAEL, Walkiria Duarte. (2001). Dicionário
Enciclopédico Ilustrado da Língua de Sinais brasileira: volume I: sinais de A a L.
2ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado.
• COPAVILLA, Fernando César. RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário
Enciclopédico Ilustrado da Língua de Sinais brasileira: volume II: sinais de M a Z.
2ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado,
2001.
• file:///C:/Users/anacl/Documents/pdf%20importantes/AP03.pdf
• file:///C:/Users/anacl/Documents/pdf%20importantes/apostilalibras-110704225732-
phpapp01.pdf
• HONORA, M; FRIZANCO, M. L. E. Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais:
Desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda
Cultural,2010.
• http://tertuliasdelibras.blogspot.com/2015/11/configuracoes-de-maos.html
• https://pt.slideshare.net/leonardoteleslima90/estados-e-capitais-libras
• ISBN: 978-85-7745-847-9
• Língua portuguesa e LIBRAS: teorias e práticas 3 / Evangelina Maria Brito de
Faria, Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (organizadoras). - João Pessoa:
Editora Universitária da UFPB, 2011. 282 p.: Il. ISBN: 978-85-7745-713-7
• Língua portuguesa e LIBRAS: teorias e práticas 4 / Evangelina Maria Brito de Faria,
Maria Cristina de Assis (organizadoras). - João Pessoa: Editora Universitária da
UFPB, 2011.
• MADSON BARRETO, Escrita de Sinais sem mistérios, 2011
• MASUTTI, M. L. Tradução cultural: desconstruções logofonocêntricas
em zonas de contato entre surdos e ouvintes. Florianópolis: Ed. UFSC,
2007.
• O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa / Secretaria de
Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília :
MEC ; SEESP, 2004. 94 p. : il. 1. Língua de sinais. 2. Professor intérprete. I. Título.
CRIS- Centro de Referência e Inclusão da Pessoa com Deficiência
Avenida: Pinheiro Machado , 111– Sesi / Bayeux-PB
63
CDU 376
• QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais
e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional
de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC ; SEESP, 2004.
• -Rocha Lima. - Gramática Normativa da Língua Portuguesa,Editora José Olympio,
1957.
• SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia
das Letras, 1998.
• SALLES, H. M. M. L. Ensino de língua portuguesa para surdos:
caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC; SEESP, 2004.
• SEGALA, R. R. Tradução intermodal e intersemiótica/interlingual:
Português brasileiro escrito para Língua Brasileira de Sinais. Florianópolis:
Ed. UFSC, 2010.
• Silveira, Carolina Hessel Libras III : 6º semestre / [elaboração do conteúdo: profa.
Carolina Hessel Silveira, Juliana Corrêa de Lima ; revisão pedagógica e de estilo: profa.
Eliana da Costa Pereira de Menezes, profa. Cleidi Lovatto Pires].- 1. ed. - Santa Maria,
Universidade Federal de Santa Maria, Pró-Reitoria de Graduação, Centro de Educação,
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