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O Líder Espiritual

(história real) -

Ser um líder espiritual não é fácil. Assumir a missão como Sacerdote,


Pastor, Bispo, Guia Espiritual, Dirigente Espírita, ou Adjunto de Povo em
nossa Doutrina, significa que toda a sua vida será observada, suas
menores ações e reações, serão tomadas como exemplo e muitas vezes
julgadas com olhos apenas humanos.

Porém, o líder espiritual encarnado, é humano! Tem emoções, sofre,


chora, ri e se entristece! Não é fácil sufocar todos os sentimentos que
invadem a alma, a personalidade, quando se precisa “dar o exemplo”...
Tia Neiva nos mostrou isso claramente em várias das suas tentativas de
diário e em algumas cartas.

Hoje vou relatar uma passagem de Pai João de Enoque com um destes
líderes espirituais encarnados. Um homem justo, que conduz um povo
ao Amor de Deus e a Deus, porém, que como todo ser encarnado, tem
seus momentos de fraqueza, de questionamento, de profunda dor!

Vamos chamá-lo de Teófilo. Teófilo tinha um filho a quem acreditava ser


um grande missionário, seu substituto a conduzir seu povo. Seu amor de
pai o levava a uma ligação de interdependência, como se sua vida
também dependesse da vida do filho.
Mas nos enredos cármicos, que não temos acesso pela bênção do
esquecimento, o destino dos dois deveria ser separado.

Seu filho veio a desencarnar em dolorosas condições, as quais não me


atrevo a relatar, pois a penosa situação traria vibrações distantes de
nosso objetivo.

Ao receber a notícia, Teófilo entrou em desespero! Sua dor era a maior


do mundo e deve ser respeitada como tal. Não lembrava mais de sua
própria missão, estava à beira da blasfêmia e da negação do Amor de
Deus, que com tanto fervor sempre pregara.

Afastado da missão, em total depressão, com tristes idéias


sugestionadas pelos que se aproveitam nesta hora para manifestarem as
mais nefastas formas de cobrança, teve uma proteção especial, de seus
bônus acumulados ao longo da jornada.

Lembrou de um humilde Templo do Amanhecer, em que certa vez


visitara por questões de esclarecimento de ação.

Lembrou de Pai João de Enoque! O nome vinha claro em sua mente.


Lembrava que sentado naquele humilde banquinho recebera uma prova
incontestável da presença de uma Entidade de Luz.

Decidiu dar a si mesmo uma última chance de recuperar a fé. Se ali


estava um emissário de Deus, que Ele o salvasse!

Acompanhado de um grupo de preocupados seguidores, procurou como


realizar este contato. De joelhos, literalmente, pedia a oportunidade
deste resgate.

Não cabe relatar o quanto foi difícil acomodar a situação desta realização
excepcional.
O Templo, mergulhado em profundo silêncio, trazia a recordação do
Trino Araken, o executivo encarnado de nossa Doutrina e que detinha o
“Dom do Silêncio”, ao iniciar suas palestras.

O Hino de Pai João rompeu o silêncio trazendo a harmonia necessária.

Teófilo visivelmente abatido desabou ao lado de Pai João, chorou alguns


instantes e perguntou:

- O senhor lembra-se de mim? Sabe quem eu sou?

Pai João:

- Salve Deus! Meu filho, eu sei de sua dor, e te esperava aqui. Nosso
primeiro encontro foi para que tivesse aonde voltar na hora precisa. Me
escute primeiro filho, pois tenho algo para lhe dizer, antes de qualquer
coisa:

“Jesus um dia caminhou entre nós e sentiu nossas dores físicas e


emocionais. Conheceu profundamente o que vivemos encarnados,
nossas dores e fraquezas.

Seu olhar transmitia a beleza, sua voz era sempre ouvida em oração, e
sua oração soava como a mais doce melodia. Só falava de amor, e cada
gesto transmitia a paz que emanava de seu coração e inundava seus
ouvintes.

Jesus trouxe de volta a Luz que nos direciona ao nosso Verdadeiro Lar!
E esta Luz resplandeceu no coração de quem o compreendeu ou venha a
compreender.

Para voltar para “casa” temos que estar com o coração iluminado e
somente uma oportunidade não nos basta. O perdão de Deus é infinito e
para muitas vidas. Ao terminar de cumprir nossa jornada, partimos para
uma das muitas moradas, que o céu abriga. Existe uma vida além da
vida. E morrer, não é jamais o fim, é renascer na verdadeira vida, para
os que cumpriram sua missão.
Os atentos ouvintes daquelas palavras somente podiam emanar o amor!
E Pai João, após uma pausa, esperando Teófilo recuperar-se do pranto,
continuou:

- Meu filho, meu irmão! Você ainda tem uma grande missão a cumprir!
Seu filho terminou a dele, mas a você cabe conduzir a todos estes que
lhe foram confiados. Volte ao seu Templo! Seu filho já esteve lá e foi
onde mais chorou por não lhe encontrar. Por não ouvir suas palavras de
fé e esperança que aprendeu a admirar desde pequeno. Haverá um dia
em que irão se reencontrar, e se abraçar com certeza da missão
cumprida.

Nada mais lhe posso dizer, além de pedir que fique em Paz! Vá em Paz,
pois sua fraqueza lhe é perdoada! Levante-se, não olhe para traz,
encaminha teu povo e cumpre tua jornada.

Teófilo tentava traduzir seu agradecimento, mas neste mesmo momento


Pai João ergueu a mão e disse:

- Não! Não agradeça, pois foram seus bônus, seus anos de trabalho que
permitiram este reencontro. Vá em paz!

A mim, Kazagrande, nada me cabe comentar. Esta passagem é verídica,


mas obviamente relatada de forma a inviabilizar a identificação dos
participantes.

Que cada um receba o esclarecimento desta mensagem de acordo com


sua sintonia e merecimento.

Kazagrande

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