ESTUDO DA CONDUTA

DOUTRINÁRIA

Percepções e Reflexões

Francisco Eduardo de Castro Rocha

Inspirado pelo Espírito

Veberdes
Cavaleiro Águia Tumuchy

Oliban do Amanhecer
Templo de Oliban do Amanhecer de Céu Azul, GO – Oliban do Amanhecer
Sociedade Espiritualista dos Templos do Amanhecer – Seta
Academia dos Jaguares Escritores do Amanhecer – Ajesa

ESTUDO DA CONDUTA
DOUTRINÁRIA
Percepções e Reflexões

Francisco Eduardo de Castro Rocha

Inspirado pelo Espírito

Veberdes
Cavaleiro Águia Tumuchy

Oliban do Amanhecer
Valparaíso de Goiás, GO
2021
Copyright © 2021 by Templo de Oliban do Amanhecer de Céu Azul, GO
Todos os direitos reservados

Coordenação editorial no plano

espiritual
Veberdes, Cavaleiro Águia Tumuchy
Ministro Oliban
Pai Joaquim das Cachoeiras

Coordenação editorial no plano

físico
Wesley José da Rocha

Revisão de conteúdo Projeto gráfico e diagramação

Lygia Maria Barreto Vianna Giovanini Wellington Cavalcanti
Celina Tomaz de Carvalho
Euzébio Medrado da Silva
Normalização bibliográfica
Celina Tomaz de Carvalho
Carlos Eduardo Baeta Pereira Rocha
José Donato de Sousa Ilustrações da capa
Adjalma Bueno Soares – in memoriam Laylson Coimbra
Revisão de texto
Wesley José da Rocha 1ª edição

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this work provided that the
source is mentioned and is not for sale or any commercial purpose..
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP-Brasil).

R672e Rocha, Francisco Eduardo de Castro.

Estudo da Conduta Doutrinária : percepções e reflexões / Francisco Eduardo de
Castro Rocha, inspirado pelo Espírito Veberdes, Cavaleiro Águia Tumuchy. – Valparaí-
so de Goiás, GO : Oliban do Amanhecer, 2021.
506 p. : il. color. ; 16 cm x 22 cm.
ISBN 978-65-991451-0-0
1. Comportamento. 2. Mente. 3. Espiritualidade. 4. Psicologia. I. Cavaleiro Águia
Tumuchy. II. Doutrina do Amanhecer. III. Oliban do Amanhecer. IV. Sociedade
Espiritualista dos Templos do Amanhecer. V. Vale do Amanhecer. VI. Veberdes
(Espírito).
CDD 158.1

Celina Tomaz de Carvalho, CRB 1/1709

 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Pai Seta Branca

Responsável maior pela Doutrina do Amanhecer e
pela autorização deste estudo

Mensagem de Pai Seta Branca1

Salve Deus!

Meus filhos,

Quisera hoje, neste augusto enterro do ano de 1971, trazer-vos

uma mensagem cheia de paz e tranquilidade. Porém, o tributo de
vidas mal distribuídas não me dá a feliz oportunidade.

Vivemos a marcha evolutiva para uma nova civilização. Pela con-

duta irredutível dessa tribo, ainda me é possível dizer: filhos abne-
gados de Deus, agradeço-vos pela oportunidade que acabaram de
me oferecer. Aqui estou e estarei sempre em espírito e verdade, ob-
jetivando, mil vezes agradecendo esta sublime bagagem que trazeis.
Vejo-os como pequenos acumuladores de cargas tão iguais!

Filhos, sei que os desenganos, renúncias, dores e saudades de

um mundo transcendental vos devoram a alma. Porém, confiante,
sei que a miséria ou um infeliz reajuste de tragédia jamais atingirão
vossos corações.

1971! Quantas vezes, filhos queridos, os vi chorar os tristes rea-

Ilustração: Laylson Coimbra

justes dos vossos destinos cármicos! Quantas noites enxuguei os

vossos prantos, quantas noites temi pelas vossas reações, nos vos-

1
Recebida por Tia Neiva, em 31 de dezembro de 1971 (Zelaya, 1971).

5
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões

sos leitos de enfermidade! Sim, filho, foi sempre sutil minha mensa-
gem de pai às reações de amor, de ira, de medo e de saudades.

Filhos, é rico o presente que me oferecem na alegria e na espe-

rança de um novo 1972. Rico sou o pai de filhos como vós outros,
com tudo de bom e de sublime e que renunciam um mundo por uma
Doutrina do Amanhecer!

Filhos que ainda caminham neste carreiro terrestre: olhai em tor-

no vossos irmãos menos esclarecidos e erguei a doutrina para uma
nova Era: 1972 vos trará prenúncios do renovador Terceiro Milênio.

O homem que tentar fugir de sua meta cármica ou juras transcen-

dentais será devorado ou se perderá como pássaro que tenta voar na
escuridão da noite!

Filhos, dentro de alguns instantes estareis vivendo 1972, e todo o

universo estará cantando aleluia. Todas as mensagens estarão glorifi-
cando o desenvolvimento do homem, enquanto vós outros, reunidos
em um só pensamento, preferis trazer esta rica mensagem ao mais
humilde dos pais.

Seta Branca

Vale do Amanhecer, 31 de dezembro de 1971

6
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Ministro Oliban
Editor da obra no plano espiritual

Mensagem do Ministro Oliban

Caro leitor,

Que os olhos de Simiromba sejam o guardião de vossos cami-

nhos, que o conhecimento seja a luz de seu coração e que vossa
conduta doutrinária seja instrumento de caridade.

Oliban

Brasília, 12 de maio de 2019

Ilustração: Vilela

9
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Pai Joaquim das Cachoeiras

Coeditor da obra no plano espiritual

Apresentação
Salve Deus!

Filhos queridos do meu coração,

Saibam que a felicidade é o destino de todos. A tristeza, os proble-

mas, são passageiros, logo deixarão de existir em nossos caminhos
rumo às estrelas.

Sei o quanto é difícil compreender, hoje, o que está nos aconte-

cendo. Pegamos um “trem” que não sabemos de onde veio, para a
onde vai, quando e em que estação vai parar e nos permitir descer e
reencontrar a verdadeira pátria de nossos sonhos.

Se olharmos um pouco para trás, não muito longe, vamos en-

contrar algumas respostas para esse questionamento. Só o condutor
desse “trem” da vida, com sua conduta cheia de experiências, é que
sabe e tem condições de chegar às estrelas.

É com muito amor que aqui estou, como sempre estive, no Vale
do Amanhecer. Escutamos e proseamos com todos que lá nos pro-
Ilustração: Laylson Coimbra

curam. Sei que muitas vezes não falamos o que querem ouvir, mas
com muito cuidado e amor no coração, orientamos a repensar sobre
a velha estrada que estão seguindo em viagem. Boa parte do tempo
sugerimos um novo caminho em conformidade com a preparação já
alcançada.

11
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões

A principal carga desse “trem” é a nossa conduta. Um dia todas

as condutas deixarão de ser problemas e se tornarão solução. A você
que está lendo esta mensagem, obrigado por esta oportunidade rara
para lhes falar de forma diferente, por intermédio deste veículo de
comunicação. Seja ao pé do ouvido, por meio do computador, do pa-
pel, o importante é promover a instrução e, quem sabe, uma conduta
mais profícua.

É com muita esperança que apresentamos este livro de estudo,

com explicações sobre a conduta doutrinária, que ainda podem ser
consideradas raras na Terra. Em uma linguagem mais científica, se-
guem algumas explicações que muito poderão contribuir e facilitar a
sua viagem rumo às estrelas de Deus Pai Todo-Poderoso.

Pai Joaquim das Cachoeiras

Brasília, 3 de abril de 2019

12
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

José Donato de Sousa e Tia Neiva

Prefácio
O presente estudo faz parte de uma das recomendações de Tia
Neiva que presenciei por diversas vezes na época em que eu atuava
ao seu lado durante os trabalhos na Doutrina do Amanhecer (Sousa,
2012). A conduta doutrinária da Tribo do Jaguar era uma de suas
principais preocupações e, sendo assim, ela destacava a importância
do conhecimento em nossa vida, principalmente para agirmos de
forma mais preventiva para não ter de remediar problemas no futuro.
Pai Seta Branca, pela mediunidade de Tia Neiva, alertava para os cui-
dados a serem tomados pelos jaguares do ponto de vista da conduta,
tanto dentro quanto fora da doutrina.

O Ministro Oliban, entidade que represento aqui na Terra, bastan-

te atento a essa temática, tem sido um dos grandes incentivadores
de novas formas de ajuda à Tribo do Jaguar, bem como àqueles que
vêm em busca de ajuda espiritual. Em geral, essas demandas es-
tão relacionadas à questão de conduta, fator de maior influência dos
problemas que sempre aparecem nos trabalhos de trono no Vale do
Amanhecer. Para isso, o Ministro não deixa de recomendar a bus-
Foto: Guilherme Stuckert

ca de caminhos mais saudáveis e eficazes para preparar melhor as

pessoas no enfrentamento desses problemas oriundos de condutas
inadequadas. Muitos caminhos, com o passar do tempo, têm grande
chance de se transformar em problemas psíquicos ou em doenças
que se manifestam no corpo físico.

15
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Nesta oportunidade, saliento a recente criação da Sociedade
Espiritualista dos Templos do Amanhecer (Seta), fundada em 19 de
setembro de 2015. Trata-se de uma instituição jurídica que nos ga-
rante mais liberdade de ação no campo doutrinário. Além disso, ela
serve de apoio não só as atividades administrativas relacionadas ao
funcionamento dos Templos de Oliban do Amanhecer, mas também
as ações que beneficiam aqueles que já pertencem à doutrina e aos
novos que constantemente chegam para compartilhar conosco este
grandioso trabalho. O corpo mediúnico, juntamente com suas enti-
dades responsáveis pelos trabalhos de cura desobsessiva, não tem
medido esforços para atuar junto dos que sofrem as intempéries da
vida. Toda estratégia legal, digna, que pode nos facilitar interagir com
o povo de Seta Branca, além de nos valorizar e divulgar a Doutrina do
Amanhecer, é bem-vinda.
Pai Joaquim das Cachoeiras, mentor do médium responsável por
este estudo e chamado carinhosamente de Preto-Velho, bastante
conhecido no Templo de Oliban do Amanhecer, juntamente com o
Cavaleiro Águia Tumuchy, que muito nos engrandece, vem endossar
nosso desejo de investir mais em ações que podem ampliar o conhe-
cimento de nosso povo em diversos temas relacionados à doutrina.
que já se encontram nessa lida e também para aqueles que se inte-
ressam por esse tipo de trabalho. Hoje é só o começo. Espero colher
ainda muitos frutos desse pomar. Frutos que poderão saciar a sede
e a dor de muitos que procuram por esse tipo de ação, que não se
trata da cura desobsessiva, mas de uma ação voltada à instrução, à
educação espiritual.
Mais uma vez, destaco que a cura desobsessiva e o conhecimento
espiritual andam juntos e de mãos dadas – um complementa o outro
– e abrem novos caminhos para futuras publicações. Convido todos
a apreciarem esta obra e aproveitarem a oportunidade para estudar
em outras obras espiritualistas os temas aqui abordados.
Agradeço, nesta ocasião, a todos vocês leitores e estudiosos de
nossa doutrina.
José Donato de Sousa
Adjunto Oliban Sivans
Presidente da Seta

Consideramos também oportuno registrar aqui a criação da

Academia dos Jaguares Escritores do Amanhecer (Ajesa), em 12 de
abril de 2014, um espaço apropriado para acolher aqueles que se
dedicam a estudos e à divulgação de informações de relevância para
todos os frequentadores da Doutrina do Amanhecer1.

Para dar continuidade aos trabalhos da academia, o Ministro

Oliban nos presenteia com esta obra, na esperança de que ela seja
útil para muitos que ainda buscam uma forma de entender o mundo
espiritual, que é amplo e específico ao mesmo tempo, especialmente
quando nos referimos à nossa doutrina. Espero que esta obra tam-
bém sirva de modelo e de inspiração para outros Jaguares escritores

1
Ver mapa de livros no anexo 7.

16 17
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Templo de Oliban do Amanhecer - 2021

Templo de Oliban do Amanhecer de Céu Azul, Valparaíso, GO

Templo de Oliban do Amanhecer

No dia 5 de abril de 1985, começou o trabalho doutrinário na
comunidade do Céu Azul, bairro da Cidade de Valparaíso de Goiás,
que pertencia ao Município de Luziânia, com 39 médiuns vindos do
Templo-Mãe, os quais compareceram à inauguração naquela tarde
de domingo.

Foi alugado um imóvel pelo prazo de um ano e, em 15 de no-

vembro de 1985, às 18h, no terreno definitivo, Tia Neiva registrou
com seus olhos de Clarividente a fixação do cruzeiro, quando disse:
“estão colocando a última cruz do doutrinador”; em seguida, partiu
para Deus.

Naquela época, em 5 de abril de 1986, com corpo mediúnico de

aproximadamente 400 componentes, foi inaugurado um templo pro-
visório de 400 m2, com a presença do Mestre Gilberto Zelaya, Trino
Ajarã, na 1ª benção do Pai Seta Branca.

Essa estrutura funcionou durante sete anos e, em 1993, depois de

três anos de obra, o templo definitivo, de 2.000 m2, foi inaugurado
em 18 de dezembro, com todos os trabalhos espirituais. Em 2004, fo-
Foto: Francisco Rocha

ram construídos a Estrela de Sublimação e o Turigano, considerados

os maiores presentes da espiritualidade para o povo Oliban.

Hoje, existem cerca de 10 mil médiuns espalhados pelo Brasil e

exterior e, com os Templos da Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra

19
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões

(1999) e em Cochabamba (2003), fortaleceu-se ainda mais o quadro

de um povo de conquistas, de fronteiras...

O nosso povo é participativo, vibrante, atuante, determinado, fir-

me e de muita fé na espiritualidade: ser um Oliban é ter um elevado
estado de espírito.

Com 33 anos de existência, existem mais de 50 raízes, que são

templos originados do Templo Oliban, em que houve muitos res-
gates, muitos Espíritos encaminhados a Deus, muita desobsessão.
Embora satisfeitos e felizes, o Povo Oliban continua manipulando as
forças com ternura. “Somente o trabalho incessante nos alivia a dor”.

José Donato de Sousa

Adjunto Oliban Sivans
Presidente do Templo de Oliban do Amanhecer

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 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Mário Sassi
Membro da falange dos Tumuchys e responsável pelas
informações consultadas e norteadoras deste estudo

Academia dos Jaguares

Escritores do Amanhecer
Do ponto de vista filosófico, o conhecimento a respeito da Doutrina
do Amanhecer foi o principal motivo que levou Agla Koatay 108 – Tia
Neiva, o Trino Presidente Triada Tumuchy – Mestre Mário Sassi, o
Trino Regente Triada Tumarã – Mestre José Carlos do Nascimento
Silva, entre outros que contribuíram de forma significativa com a
doutrina, a dedicarem parte de suas vidas à produção e registro de
informações espirituais que pudessem orientar a jornada terrena da
Tribo do Jaguar.

Inspirando-se nesses precursores da Doutrina do Amanhecer, foi

criada a Academia dos Jaguares Escritores do Amanhecer (Ajesa),
um espaço diferenciado, de natureza filosófica, onde o corpo me-
diúnico pode encontrar mais facilmente uma literatura relacionada
ao contexto dessa doutrina e que sirva de inspiração na busca de
solução para os sonhos e problemas que carecem de ajuda espiri-
tual (anexo 7). O objetivo da Ajesa é congregar aqueles jaguares que
gostam de estudar, ler, escrever e os simpatizantes que são amantes
Ilustração: Laylson Coimbra

da boa leitura. Além disso, sua criação foi uma maneira de fazer uma
singela homenagem, justa e sincera, a esses mestres que tiveram a
coragem de se dedicar nesse campo de trabalho.

Na Doutrina do Amanhecer, a maior parte das comunicações en-

tre o mundo espiritual e o físico é feita de forma oral, verbal, através

23
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões
da mediunidade de incorporação. Em momentos especiais, como
durante o evento de fim de ano, quando um médium apará é con-
vidado para a incorporação de Pai Seta Branca, costuma-se gravar a
mensagem recebida e transcrevê-la para que todos tenham acesso a
ela.
Em outras situações, recebe-se da entidade de luz um texto mais
complexo e completo, por transmissão direta das informações a um
médium, através da inspiração mediúnica, ou até mesmo da psico-
grafia, um talento mediúnico ainda pouco considerado e dominado
na Doutrina do Amanhecer.
A literatura do Amanhecer tem grande potencial de crescimento,
dada a crescente procura pela informação espiritual, em especial no
que diz respeito aos trabalhos do Vale do Amanhecer. Além disso,
Tia Neiva muito estimulou não só produzindo material didático, mas
também apoiando mestres como Mário Sassi, que tanto contribuiu
para a formação da Tribo do Jaguar. O acervo doutrinário deixado por
ambos, como também por outros autores clássicos da Doutrina do
Amanhecer, torna-se, hoje, a linha de base para a construção de no-
vos conhecimentos, além de ter inspirado a criação dessa academia.
Logomarca da Ajesa
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ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A logomarca da Ajesa, sugerida por Veberdes, representa a se-
mente da árvore da vida. Trata-se de uma semente que está chegan-
do para ser plantada no coração daqueles que acreditam no mundo
espiritual, bem como daqueles que já possuem o terreno arado e
adubado para o plantio dessa semente. O Sol e a Lua simbolizam a
Tribo do Jaguar, formando a casca dessa semente e simulando uma
só pessoa em Cristo Jesus. Os livros entre esses dois símbolos, uni-
dos pela força da Doutrina do Amanhecer, constituem o miolo dessa
casca, que dizem respeito ao conhecimento, à luz do jaguar conquis-
tada na individualidade, uma força de grande importância para as
jornadas física e espiritual. Por último, os óculos representam o lei-
tor. Esses dois símbolos indicam que os livros só têm efeito se forem
apreciados pelo leitor, levando-se em conta a leitura reflexiva.
Esperamos que esse espaço contribua com alegria para os adep-
tos da Doutrina do Amanhecer e, consequentemente, que todos con-
sigam crescer, ter boas inspirações e também que o material dis-
ponibilizado sirva de apoio para grupos de estudos temáticos que
necessitam de mais informações para a construção de um conheci-
mento mais sólido, consistente.
José Donato de Sousa
Adjunto Oliban Sivans
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 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Veberdes - Cavaleiro Águia Tumuchy

Inspirador e orientador deste estudo

Esclarecimentos

Espírito inspirador e orientador da obra

Veberdes, capelino de raiz, engenheiro sideral, estudioso das
obras do Divino Mestre Jesus no que diz respeito tanto ao micro
quanto ao macrocosmo. Atuou como Cavaleiro da Lança Verde da
Tribo do Jaguar, período em que recebeu o nome de Veberdes (anexos
3 e 4). É estudioso das ciências exotéricas e espiritualistas da Terra.
Atualmente, pertence à Legião dos Cavaleiros da Luz na condição de
Cavaleiro Águia Tumuchy (anexo 5). Nessa patente, a águia faz parte
de seu ritual desobsessivo. A falange dos Tumuchys é formada prin-
cipalmente por cientistas siderais dedicados ao estudo da criação e
do desenvolvimento dos Espíritos, uma obra divina de grande proje-
ção e complexidade. Nesta publicação, Veberdes atua como inspira-
dor e orientador, autorizado por Pai Seta Branca, e é acompanhado
pelo Ministro Oliban e por Pai Joaquim das Cachoeiras, mentor de
frente do médium responsável pelo estudo no plano físico, Francisco
Eduardo de Castro Rocha.
Ilustração: Laylson Coimbra

Pela mediunidade de Francisco Eduardo de Castro Rocha,

Veberdes inspirou a execução deste estudo de cunho científico. Em
alguns momentos, ele solicitou ao médium que fosse lido determi-
nado material; em outros, solicitou que determinada pessoa fosse
consultada ou convidada a colaborar, caso do coordenador editorial

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ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões
desta obra no plano físico - às vezes facilitou as coisas, ou seja, coin-
cidentemente a pessoa indicada aparecia como num passe de mági-
ca. Em outro momento, ele explicou o assunto e, às vezes, chegou
a ditar segmentos de texto; nesse caso, a corrente de pensamento
que passa pelo campo mental é de tal intensidade que torna difícil
desviar o pensamento e introduzir conteúdo pessoal ou interromper
o ditado. Muitas observações foram passadas durante o período no-
turno, fazendo com que o médium levantasse e anotasse a mensa-
gem. Essa estratégia não deixou de caracterizar um estudo por meio
da inspiração mediúnica e, ao mesmo tempo, exigiu um exaustivo
trabalho de pesquisa.
A comunicação escrita, disponibilizada aqui na forma de estudo,
possibilita a qualquer Espírito, reencarnado ou desencarnado, aces-
so a informações detalhadas sobre a conduta humana (de diversas
fontes mediúnicas e científicas), em especial a conduta doutrinária.
Médium responsável pelo
conteúdo do estudo
Aproximadamente há quatro anos (2017), comecei a observar e
processar em meu campo mental mensagens a respeito de informa-
ções que nunca tinha lido nem escutado. Parecia que alguém lia ou
falava para mim, de forma explicativa, uma espécie de teoria sobre
o comportamento humano. Não eram informações longas, nem
vinham de forma sequencial, isto é, cada vez que vinham, traziam
algum conteúdo diferente a respeito do mesmo tema. Geralmente
chegavam em momentos em que eu estava tranquilo, descansado e
de preferência ao amanhecer, mas quando o céu ainda estava escuro.
Esse fenômeno mediúnico, chamado inspiração, serviu de recurso
para a elaboração desta publicação e envolve dois tipos de manifes-
tação: 1. as mensagens, cujos assuntos surgiram espontaneamente
na tela mental, de forma consciente, com conteúdos momentanea-
28
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mente fora de contexto do dia a dia; e 2. as vibrações energéticas,
mais intensas que as vibrações normalmente percebidas ambos os
elementos ocorrem simultaneamente. Esse tipo de energia só parava
de circular depois que eu registrava as informações no papel ou no
computador. Esse fenômeno mediúnico, ressalta-se, é diferente dos
fenômenos da intuição e da incorporação.
No início, não compreendi o que estava acontecendo, mas hoje
eu sei que esses sintomas já eram o começo de um velho sonho:
estudar diretamente com a espiritualidade maior, usando, para isso,
a minha mediunidade. Aos poucos, as orientações e os conteúdos
foram chegando, se intensificando e se aprofundando de tal forma
que cada vez mais fui me sentido seguro e realizado com os ensi-
namentos ministrados. Tendo em vista que o material de estudo é
instigante e profícuo, não só para a minha formação, então resolvi
compartilhá-lo, com a devida autorização dos mentores espirituais,
com outras pessoas que acreditam na vida espiritual e que também
apreciam informações mediúnicas em favor de si e de outros que
delas muito necessitam.
Quanto ao tamanho final deste estudo, devo esclarecer que, por
se tratar de um “curso”, acompanhado de registro escrito, o texto
acabou ficando extenso, e talvez complexo, para muitos interessa-
dos. O tema da conduta é recheado de informações técnicas e cien-
tíficas de cunho espiritual, pouco comum aqui na Terra, mas que
servem de explicação para muitos comportamentos estranhos que
constantemente aparecem entre os seres humanos, seja na prática
da doutrina, seja na vida profana. Considero não ser tarefa fácil com-
preender determinados comportamentos, especialmente aqueles
manifestados de forma mais agressiva e irracional. Ter de perdoá-los,
ou melhor, ter de superá-los não é tarefa fácil. Espero que as informa-
ções racionais, porém teóricas, aqui descritas nos ajudem em nossa
jornada terrestre.
29
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Fui espírita praticante desde o início da década de oitenta, quando projetadas do mundo espiritual, passam pelo campo mental e são
me identifiquei com a linha espírita kardecista. Tive a oportunida- detectadas, processadas e registradas.
de de estudar bastante, já que nessa doutrina existe farto material
Pretendo com este trabalho, sob a inspiração e orientação do
para estudos espirituais. No entanto, na época das mensagens que
Espírito Veberdes, apresentar um estudo voltado ao tema da condu-
originou esta publicação eu já estava no Vale do Amanhecer (linha
ta doutrinária, considerando percepções e reflexões que variam de
espiritualista), envolvido nos trabalhos mediúnicos, fenômeno que pessoa para pessoa. Além disso, busco contextualizar de forma geral
me chama a atenção desde criança. a Doutrina do Amanhecer, já que ela também é afetada pela conduta
Em minha vida profissional, voltada aos trabalhos de pesquisa de seus componentes, especialmente por ser uma doutrina de natu-
reza ritualística e, por conseguinte, dependente da interação entre
científica, eu já havia observado esse fenômeno durante determina-
seus médiuns.
da fase do trabalho em que me dedico ao preparo de publicações.
Nessa área, venho me dedicando há mais de 20 anos ao estudo do
comportamento humano, variável que interfere positiva e negativa-
Francisco Eduardo de Castro Rocha
mente em qualquer local onde esteja o ser humano: na família, na
Médium de incorporação da Doutrina do Amanhecer
sociedade, no trabalho, na religião, nos grupos de pertença, etc. Isso
(5º Yurê, Adjunto Adourano Koatay 108, Vancares, Raio Ajanã Rama 2000)
significa que o comportamento, também designado de conduta, afe-
ta a busca ou o objetivo de qualquer pessoa que precisa caminhar de
forma segura em direção ao futuro. Na minha busca da compreen-
são do comportamento humano, nunca observei na “literatura da
Terra” a inclusão de variáveis espirituais como um dos fatores que
influenciam ou determinam o comportamento de qualquer indivíduo
reencarnado.

Mesmo que a ciência da Terra ainda não esteja levando em conta

a ciência do Céu, nada impede que estudos sejam feitos para que um
dia uma ciência se integre à outra. Tanto o estudo na Terra quanto no
Céu, e tanto o comportamento das pessoas na Terra quanto no Céu,
são variáveis de extrema relevância para a compreensão de diversos
fenômenos que nos afetam no dia a dia. Para isso, uma das me-
diunidades que pode contribuir com essa integração é a conhecida
psicografia, termo que remete à fascinante vida de Chico Xavier, que
possuía a mediunidade de psicografia automática, do tipo mecâni-
ca e inconsciente. No entanto, existe a mediunidade de inspiração,
uma espécie de psicografia consciente, cujas informações, que são

30 31
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Estrela de seis pontas, na entrada do Templo Ajoulos

Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Estrutura da obra

Capa
Destacam-se o título e as informações dos responsáveis pela
obra, tendo como “pano de fundo” uma imagem bastante divulga-
da na Doutrina do Amanhecer, os olhos de Simiromba, e a Cruz de
Malta da ordem de San Germain, mais conhecida entre espiritualis-
tas da Grande Fraternidade Branca. Essas imagens representam a
importância da conduta doutrinária perante os olhos da espirituali-
dade maior e a influência da cor violeta no contexto da cura.

Miolo
O conteúdo da obra está organizado em duas partes: informações
sobre a Doutrina do Amanhecer e o comportamento humano. A pri-
meira, que serve de contexto para o desenvolvimento da segunda,
concentra a maior parte das informações práticas relacionadas ao
processo obsessivo de base espiritual e que afetam negativamente
Foto: Francisco Rocha

a conduta. São utilizadas informações de Tia Neiva, de estudiosos

da Doutrina do Amanhecer e de cientistas das ciências humanas
da Terra, como forma de apresentar e discutir variáveis externas de
cunho espiritual, como a obsessão. É formada por quatro capítulos:

33
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões
1 – Doutrina do Amanhecer; 2 – Conhecimento e Cura; 3 – Terapia
Espiritual; e 4 – Conduta Doutrinária na Nova Era.
Na Parte 2, estão as informações teóricas relacionadas ao pro-
cesso de aquisição de experiências vivenciais ao longo das eras de
existência (consideradas aqui como unidades de análise). Para isso,
utilizou-se das ciências transcendentais, especialmente no que se
refere às bases de formação e de manifestação do Espírito, para
apresentar e discutir a variável interna de cunho pessoal. Essa parte
também possui quatro capítulos: 1 – Ciências Transcendentais; 2 –
Mediunidade; 3 – Herança Transcendental; e 4 – Reencarnação.
Ambas as partes trazem diversas fotografias, ilustrações, pintura
e escultura de templos do Amanhecer, a título de ilustração e para
mostrar àqueles que ainda não conhecem a Doutrina quão diferente
e instigante (muitos símbolos e imagens exuberantes) é o ambiente
físico utilizado ali para o contato com o mundo espiritual.
Quarta capa
A quarta capa traz a chama trina sobreposta à Nebulosa Olho de
Deus.
A chama trina é um sistema de forças que habita dentro de cada
pessoa e que influencia suas decisões e o rumo da vida no planeta.
Muitos caminhos tomados no presente têm origem nas experiências
passadas. Essas experiências apresentam tendências de acordo com
o que foi vivenciado ou acumulado. Por isso, as novas decisões ain-
da dependem do peso de fatores: poder (cor azul), conhecimento
(cor amarela), amor (cor rósea). Quanto mais equilibrados forem os
pesos de fatores como esses, mais equilibrada e comprometida se
torna a conduta.
Em síntese, este livro está estruturado para apresentar o tema da
conduta doutrinária no formato de um estudo e, portanto, aberto a
34
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
diversas ideias e pontos de vista. Para ancorar esse tema, ou seja,
para não deixá-lo sem “alicerce”, a Doutrina do Amanhecer é sua
principal referência. O foco deste livro, portanto, é o referido tema,
não a referida doutrina. Qualquer diferença entre o que aqui é expli-
citado e o que é de opinião individual faz parte do mundo das per-
cepções ou interpretações, bem como das reflexões que compõem o
mundo da compreensão.
É relevante esclarecer também que não é pretensão deste livro
alterar comportamentos do leitor, promover mudanças de compor-
tamento, ou a “reforma íntima”, mas explicar, de forma científica, as
variáveis que influenciam os comportamentos humanos, entre eles,
a conduta doutrinária, especialmente os fatores de ordem espiritual.
Se, por ventura, as informações contribuírem para a mudanças de
comportamento, pelo menos algum tipo de cuidado em relação à
interação entre o leitor e o ambiente que o cerca (onde reside ou
trabalha), os organizadores desta publicação no mundo espiritual se
sentirão realizados e contentes.
Orelha da quarta capa
Esse espaço explica como o livro está organizado, sua finalidade
e para que tipo de público ele é direcionado.
35
 Templo Ajoulos do Amanhecer
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Sumário
Introdução......................................................................................41
Conteúdo central............................................................................. 43
PARTE 1 – Contextualização do tema....................................... 47
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer............................................49
Resgate histórico............................................................................. 50
Organização.................................................................................... 53
O processo da cura desobsessiva.................................................. 68
Capítulo 2 – Conhecimento e cura.................................................83
Conhecimento................................................................................. 85
Apoio à doutrina.............................................................................. 87
Cura desobsessiva........................................................................... 88
Cura física........................................................................................ 96
Capítulo 3 – Terapia espiritual.....................................................123
A conduta doutrinária....................................................................132
As ciências da Terra........................................................................135
As ciências do Céu.........................................................................142
Observações adicionais a respeito da memória...........................158
A conduta e o mecanismo de memória........................................165
Foto: Francisco Rocha

Fonte de informação: mediúnica e científica................................173

Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era...........................179
Importância da conduta para a Doutrina do Amanhecer.............183
Preparação do médium no Amanhecer.........................................189
PARTE 2 – Desenvolvimento do tema do ponto de vista físico,
psíquico e espiritual................................................................ 199
Capítulo 1 – Ciências transcendentais.........................................201
Definição de Espírito..................................................................... 202
Estrutura do Espírito e a acomodação das experiências
vivenciais....................................................................................... 209
Corpos do Espírito..........................................................................214
Sistema nervoso vs. sistema circulatório..................................... 236
Corrente mental vs. ectoplasma................................................... 246
Integração corpo físico e perispírito............................................. 247
Estrutura espiritual segundo Tia Neiva........................................ 250
Componentes da estrutura espiritual............................................261
Estrutura espiritual segundo o dr. Jorge Andréa.......................... 283
Capítulo 2 – Mediunidade............................................................299
Informações básicas para o estudo da mediunidade.................. 303
Tipos de comunicação e de mediunidade.....................................315
Desenvolvimento da psicografia...................................................319
Capítulo 3 – Herança transcendental..........................................325
O cosmo........................................................................................ 325
A energia inteligente...................................................................... 333
A gênese dos Filhos da Terra........................................................ 339
Reino mineral................................................................................ 344
Reino vegetal................................................................................. 350
Reino animal.................................................................................. 355
Reino hominal............................................................................... 362
Teoria da Experiência Vivencial..................................................... 372
Capítulo 4 – Reencarnação...........................................................379
Bases da reencarnação.................................................................. 383
Jesus e o processo da reencarnação............................................. 385
A reencarnação no globo terrestre............................................... 393
Características da reencarnação................................................... 400
Aquisição de conteúdo vivencial................................................... 403
Desenvolvimento de competências............................................. 405
A reencarnação e as competências profissionais........................ 408
A caminho da reencarnação..........................................................411
Procedimentos aplicados à reencarnação.....................................413
Considerações finais....................................................................443
Posfácio........................................................................................449
Referências...................................................................................453
Anexos...........................................................................................461
Anexo 1 – Carta de Tia Neiva.......................................................463
Conduta doutrinária...................................................................... 463
Anexo 2 – Carta de Tia Neiva.......................................................467
A conduta doutrinária do Mestre Lua.......................................... 467
Anexo 3 – Carta de Tia Neiva.......................................................471
O Cavaleiro da Lança Verde...........................................................471
Anexo 4 – Carta de Tia Neiva.......................................................472
Cavaleiro da Lança Verde.............................................................. 472
Anexo 5 – Mensagem do Pai Seta Branca...................................474
Anexo 6 – Mensagem de Kazagrande..........................................477
Quem manda sou eu?................................................................... 477
Anexo 7 – Mapa de livros da AJESA.............................................479
Anexo 8 – Carta de Tia Neiva.......................................................480
Carta das forças............................................................................. 480
Anexo 9 – Carta de Tia Neiva.......................................................484
O quinto ciclo................................................................................ 484
Anexo 10 – Carta de Tia Neiva.....................................................489
Plexos e charme............................................................................. 489
Anexo 11 – Carta de Tia Neiva.....................................................493
Ectolítero, ectolítrio e o ectoplasma............................................. 493
Anexo 12 – Carta de Tia Neiva.....................................................497
Caminhando no espaço................................................................ 497
Anexo 13 – Carta de Tia Neiva.....................................................499
Doutrinador e apará...................................................................... 499
Anexo 14 – Carta de Tia Neiva.....................................................503
Sandays são casas transitórias..................................................... 503
Anexo 15 – Carta de Tia Neiva.....................................................505
Os processos reencarnatórios......................................................... 505
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Imagem de Mãe Yemanjá, no Quadrante

Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Introdução
A escolha do tema – conduta doutrinária – baseou-se em uma
mensagem de Pai Seta Branca recebida pelo médium responsável
por este trabalho. A mensagem justificou a elaboração deste livro
por se tratar de um assunto de grande relevância para a prática da
Doutrina do Amanhecer e premente de discussão mais detalhada.
Pai Seta Branca considerou, também, a necessidade de o tema re-
ceber mais reforços do ponto de vista educativo, para, assim evitar
mais sofrimento e dor em nossa caminhada. É grande a quantidade
de problemas relacionados à Tribo do Jaguar, um povo cuja história é
marcada por guerras, conflitos e domínios – principalmente quando
viveu em Esparta, na Grécia, e nas cercanias do Império Romano, na
Itália – e que até hoje sofre consequências desagradáveis. Inúmeros
casos graves têm sido atendidos pelos mentores no ritual dos Tronos
Vermelho e Amarelo do Templo do Amanhecer. Inúmeras curas têm
sido concretizadas, mas a maioria dos casos tem retornado para no-
vos atendimentos, uma espécie de reincidência com fortes indícios
da não aprendizagem.

Esta obra pode ser considerada de cunho científico, mais razão

que emoção, mais ciência que filosofia; por conseguinte, uma obra
Foto: Francisco Rocha

educativa. Ciência, do ponto de vista da investigação da causa de fe-

nômenos, como o comportamental, especialmente em prol de ques-
tões transcendentais, e filosofia, no que diz respeito à descrição do
efeito de fenômenos, como também o comportamental. A novidade

41
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões
é a inclusão da variável espiritual e do fenômeno mediúnico no es-
tudo do comportamento humano, em especial no que se refere à
conduta doutrinária no contexto da Doutrina do Amanhecer.
Nesse contexto, Adjalma Bueno Soares [201?], esclarece:
Conduta – é o somatório de todas as maneiras de ser,
que cada pessoa adota durante a sua existência.
Conduta doutrinária – são atitudes, comportamentos,
maneiras de transmitir os ensinamentos da doutrina. É
a maneira de se conduzir em nosso dia a dia.
Somando a conduta com a doutrina, temos a força e o
poder de elevarmos Espíritos aos planos superiores e
evoluídos, porque o Espírito sofredor aceita uma dou-
trina e é levado não só pelas palavras que lhe dizemos,
mas pelo que emanamos de nosso ectoplasma, que se
torna cada vez mais puro e cristalino quanto maior e
melhor for nossa conduta doutrinária com reencarna-
dos e desencarnados.1
O comportamento humano é tema bastante conhecido e explo-
rado na área da pesquisa científica. Aqui, o uso de informações que
extrapolam esse contexto, associadas às informações acadêmicas,
mas de natureza correlata e complementar, serve para ampliar consi-
deravelmente a compreensão do objeto de estudo, a conduta huma-
na no contexto doutrinário e na vida profana.
A maior parte das informações bibliográficas é oriunda do acervo
de Tia Neiva, entre outros autores da Doutrina do Amanhecer. São
informações significativas para a implementação dessa doutrina ri-
tualística, prática, que é, por conseguinte, bastante dependente da
adequada interação comportamental entre seus médiuns. Existem
também informações e conceitos complementares de autores clássi-
1
Folder plastificado, preparado por Adjalma Bueno Soares, por volta de 201?, e
disponibilizado no Castelo do Silêncio do Templo de Oliban do Amanhecer, do Céu Azul,
de Valparaíso de Goiás, GO.
42
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
cos da Doutrina Espírita, da Doutrina Católica2 e de autores não es-
píritas, mas da área acadêmica. Para a organização dessas informa-
ções, a obra foi elaborada com o acompanhamento e inspiração do
orientador espiritual, via mediunidade do autor. O mentor, Veberdes,
é responsável por outras informações ainda pouco explicitadas e
consideradas no mundo físico, especialmente quanto à experiência
vivencial, o elemento vital de formação do Espírito.
Todos os estudiosos das questões espirituais e acadêmicas aqui
citados, pertencentes a diversas abordagens religiosas e científicas,
deram considerável contribuição ao desenvolvimento deste estu-
do. Destaca-se que muitas informações do mundo espiritual têm
sido explicitadas na esfera física por médiuns confiáveis e de gran-
de envergadura mediúnica, mesmo que de forma discreta. Apesar
de as informações dos autores que não fazem parte da Doutrina do
Amanhecer não dizerem respeito à referida doutrina nem interferi-
rem nos seus rituais, o conhecimento demonstrado por eles quanto
à conduta humana é base para seu funcionamento. A busca por in-
formações espirituais via mediunidade tem sido uma alternativa para
melhor compreender as lacunas vivenciais que ainda existem entre
os reencarnados.
Conteúdo central
De acordo com o Novo dicionário Aurélio (Ferreira, 2004), o ter-
mo conduta significa procedimento moral (bom ou ruim) e cada uma
das manifestações do comportamento. Nesse contexto, Tia Neiva
sempre se referiu à conduta doutrinária levando em conta a conduta
manifestada nas formas da humildade, da tolerância e do amor, ou
seja, qualificando o ideal de conduta doutrinária.
As condutas doutrinária (no caso do Amanhecer), ou espírita (no
caso da Doutrina Espírita), ou missionária (religiosa de modo geral),
2
Autor relacionado ao Movimento Apostólico Internacional de Schoenstatt, fundado pelo
Padre Kentenich.
43
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões
ou profissional (organizacional), ou amistosa (social ou familiar) re-
ferem-se a vários tipos de comportamento de expressiva relevância
para o funcionamento de qualquer instituição. Portanto, é um tema
de interesse universal. A conduta doutrinária, por exemplo, sempre
foi destacada por Tia Neiva e seu mentor, Pai Seta Branca. Sendo alvo
de muita atenção, existem três condutas consideradas inadequadas
para o ingresso e o exercício do médium nos rituais da doutrina: o
uso de qualquer tipo de bebida alcoólica; o uso de drogas ilícitas; e o
cruzamento de forças com outras correntes espirituais.
O ambiente doutrinário necessita de paz, concentração, paciência,
mais tarefa (ritual) do que processo (conversa paralela de natureza
terapêutica) e muito cuidado no trato com as pessoas, isto é, muito
respeito. Diferenças de opinião sempre existiram e sempre existirão,
mas com cuidados e, dentro do limite socialmente aceito, a conduta
pode ser observada e aprimorada. Sem a conduta adequada, sem o
respeito entre os médiuns, o clima institucional resultante dificulta
ou até inviabiliza o processo de cura, especialmente da cura desob-
sessiva, aquela direcionada aos Espíritos cobradores e necessitados.
Os rituais da Doutrina do Amanhecer para serem considerados
eficientes espiritualmente dependem não só da organização institu-
cional, do funcionamento adequado dos rituais, mas principalmente
da conduta proativa e cuidadosa dos médiuns. A título de exemplo,
situações diligentes podem ser citadas: a ajuda mútua acima de
tudo; além disso, a bem de todos e do trabalho, os médiuns, quando
em atividade, ungidos das forças desobsessivas, não devem ser in-
terrompidos, tocados, abordados de forma impulsiva, nem por mo-
tivos pessoais, exceto no caso de condutas inadequadas ou por ne-
cessidades urgentes, mas, mesmo assim, por pessoas devidamente
autorizadas e preparadas para isso.
Em geral, o comportamento humano diz respeito a qualquer
ação e normalmente envolve a razão (conteúdo) e a emoção (força
energética). Por causa de sua relevância e aplicação para a vida em
44
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
sociedade, o comportamento é extremamente estudado há mais de
200 anos na Terra. Cientistas, principalmente da área da Psicologia
Social, empenham-se em promover estudos dessa variável. Fishbein
e Ajzen (2010) desenvolveram e testaram um modelo teórico deno-
minado Abordagem da Ação Racional, que é considerado de grande
aplicação para qualquer área em que se deseja compreender os com-
portamentos que precisam ser tratados ou reeducados. Apesar de
esse modelo ser bastante adotado em muitos países, ele não leva em
conta um importante componente: a variável espiritual.
Tia Neiva, por sua vez, trouxe do plano espiritual muitas informa-
ções de extrema importância para o tratamento de muitas mazelas
que envolvem os seres reencarnados e desencarnados. Porém, ela
não desenvolveu um modelo teórico com todas as nuanças técnicas
para estudar a conduta doutrinária.
Este estudo, autorizado por Pai Seta Branca, não contém, obvia-
mente, todas as informações, expressões e conceitos trazidos do
mundo espiritual por Tia Neiva, pois seu foco é a conduta doutri-
nária. Nesse caso, a Doutrina do Amanhecer e sua missão, a cura
desobsessiva, serviram de base para o desenvolvimento desta obra.
Assim, apresentam-se de forma detalhada diferentes variáveis que
estão relacionadas à conduta doutrinária ou a qualquer comporta-
mento humano, especialmente o componente de ordem espiritual.
É objetivo deste livro explicar a conduta doutrinária, um tipo de
comportamento humano. O estudo do comportamento, de forma
mais completa, leva em conta as variáveis de natureza física (liga-
das à área médica), psíquica (ligadas à área da psicologia) e trans-
cendental (ligadas à área espiritual, por intermédio de mentores do
plano etérico e com o auxílio de médiuns desenvolvidos e atuantes).
Espera-se que esta publicação contribua para sensibilizar a Tribo do
Jaguar (médiuns do Vale do Amanhecer) e outros interessados quan-
to à necessidade da cuidadosa conduta que se deve adotar no con-
texto dos trabalhos desobsessivos da corrente do Amanhecer.
45
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e reflexões

Dividida em duas partes, esta obra é também importante contri-

buição para o desenvolvimento da Psicologia Espiritual, dos pontos
de vista teórico (experiência vivencial transcendental) e prático (tera-
pia desobsessiva). Enquanto a Psicologia – ciência do comportamen-
to – é focada em conteúdos atuais do mundo psíquico, da alma (con-
teúdos internos e relações interpessoais de reencarnados – causa de
conflitos), a Psicologia Espiritual é centrada nos conteúdos arcaicos
do mundo transcendental, do Espírito (relações entre reencarnados
e desencarnados – efeito dos conflitos). Então, quanto à Psicologia
Espiritual, os mentores espirituais, que têm acesso aos arquivos
mentais transcendentais, e que possuem adequada preparação para
o atendimento direto de pacientes do mundo físico, via trabalho me-

PARTE 1
diúnico, são terapeutas indicados.

A Psicologia Espiritual é uma ciência transcendental, mais abran-

gente do que outras dessa categoria, como a Psicologia Espírita, que
é recortada de acordo com a base doutrinária a que está atrelada.

Contextualização
Apesar de a Psicologia Espiritual não estar conectada a nenhuma
seita ou religião, seu modus operandi se aproxima muito da prática
da Doutrina do Amanhecer – modelo para o exercício da Psicologia

do tema
Espiritual, especialmente do ponto de vista do tratamento desobses-
sivo. O processo de intervenção psicoespiritual que se estabelece en-
tre o paciente, o médium incorporado e o médium de doutrinação é
realizado pelo Espírito comunicante (terapeuta espiritual), mas com
o apoio da espiritualidade maior envolvida no processo de atendi-
mento, que, de modo geral, aborda ações relacionadas a questões
obsessivas.

Em suma, a conduta (comportamento) é tema de estudo das

ciências humanas, especialmente da Psicologia Social. Já a condu-
ta doutrinária é tema mais relacionado ao contexto da Psicologia
Espiritual. Como a cura desobsessiva, principal resultado da Doutrina
do Amanhecer, depende, mesmo que parcialmente, da adequada
conduta doutrinária de seu corpo mediúnico, o estudo da conduta
no contexto da Psicologia Espiritual beneficia tanto a Doutrina do
Amanhecer quanto as ciências humanas.

46
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Estrela Candente
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Capítulo 1
Doutrina do Amanhecer

A
conduta doutrinária, como qualquer comportamen-
to, na condição de variável consequente, é regida
por variáveis antecedentes que podem ser estuda-
das tanto do ponto de vista teórico (revisão de literatura) quanto do
prático (coleta e análise de dados e informações). No presente caso,
está sendo destacado o componente espiritual em detrimento dos
aspectos físico e psíquico, que já são amplamente estudados em
inúmeros centros acadêmicos da Terra. O comportamento huma-
no é uma variável de estudo tão importante que, para conhecer um
Espírito, basta conhecer seu comportamento e consequências. Sabe-
se quem ele é e o que ele é capaz de fazer. Contudo, mais importante
ainda é conhecer as variáveis que o influenciam ou que determinam
seu comportamento.

As principais variáveis externas que mais influenciam a conduta

são os reencarnados (familiares, profissionais, agentes religiosos,
mídias, etc.) e os desencarnados (mesmas categorias, mas acresci-
Foto: Francisco Rocha

dos de mentores, amigos espirituais e de obsessores). Para que essa

influência ocorra, essas pessoas e Espíritos precisam ser referentes
para a vida dos envolvidos, ou seja, têm de ser considerados pessoas
importantes, líderes e, evidentemente, ser de grande valia para ga-

49
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
nhar a real confiança. Os desencarnados que caminham impregna-
dos de muita mágoa e com sentimento de vingança são conhecidos
como obsessores ou cobradores.
Pelo fato de essa variável de natureza obsessiva chamar a atenção,
por ser em geral um problema de envergadura, às vezes imensurável,
e se apresentar de forma discreta aos olhos dos reencarnados, op-
tou-se por estudar essa variável nesta primeira parte do texto, de ma-
neira prática, com exemplos de aplicação na Doutrina do Amanhecer
(contextualização do tema), e na segunda parte, de maneira teórica,
com diferentes modelos de estudo e fontes bibliográficas (desenvol-
vimento do tema). Apesar dessa divisão, o estudo conta com supor-
te bibliográfico em ambas as partes. As variáveis externas não são
as únicas que causam a manifestação do comportamento humano;
as internas, ou seja, as experiências vivenciais armazenadas no inte-
rior do Espírito, que servem para a formação da personalidade e que
costumam ser decisivas no momento da tomada de decisão, serão
minuciosamente discutidas na segunda parte.
Do ponto de vista prático, operacional e, em relação à variável
externa, obsessiva, a Doutrina do Amanhecer minimiza ou soluciona
problemas de ordem espiritual que afetam negativamente os reen-
carnados. Nesse sentido, ela pode ser considerada uma doutrina te-
rapêutica, ou seja, uma doutrina de base iniciática e evangélica que
faz uso de uma terapia espiritual diferenciada quando comparada
a outras que usam apenas a energia evangélica ou ectoplasmática.
Por ser uma doutrina implementada de forma coletiva e por envolver
dois tipos de energias, ela se torna mais exigente em termos de cui-
dados comportamentais, ou seja, da conduta doutrinária.
Resgate histórico
A Doutrina do Vale do Amanhecer, aqui denominada Doutrina
do Amanhecer, foi criada por Neiva Chaves Zelaya (Tia Neiva, 1926–
50
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
1985), médium clarividente portadora de faculdades pouco comuns,
para não dizer raras (Figura 1). É uma doutrina voltada à promoção
da cura desobsessiva de Espíritos que ainda não compreenderam as
consequências de seus atos, ou seja, de condutas que mais atrasam
a caminhada deles em direção aos mundos superiores do que os
ajudam em relação ao progresso. A posição de Tia Neiva sempre foi
de absoluto respeito a qualquer outra corrente mediúnica, religião
ou doutrina, o que faz com que seus praticantes, chamados jagua-
res (mestres e ninfas), acolham para o atendimento na lei do auxílio
quem quer que procure os templos do Amanhecer (O Doutrinador,
2019).
Para essa missão de cunho espiritual, Tia Neiva foi preparada e
orientada pelas entidades Pai Seta Branca, um missionário e gran-
de líder espiritual dos Tumuchys, e Mãe Yara, sua alma gêmea. Eles
foram as entidades responsáveis por implantar na Terra o Sistema
Crístico da Lei do Amor e do Perdão e que culminou na criação da
Doutrina do Amanhecer. Os Espíritos Mestre Humahã e Amanto fo-
ram os instrutores indicados por Pai Seta Branca para a preparação
de Tia Neiva (Sassi, 1979; Zelaya, 2009).
Aos poucos, em alguns anos, Tia Neiva finalizou esse sistema
trazido do plano espiritual (Sassi, 1985; Álvares, 1992). Esse siste-
ma religioso começou na Serra do Ouro, em Alexânia, GO, onde
foi criada a União Espiritualista Seta Branca (Uesb), e foi transferi-
do para Taguatinga, DF, onde funcionou por curto período antes de
se instalar no Vale do Amanhecer, Planaltina, DF (Zelaya, 2014). Tia
Neiva, além de construir as instalações do Templo-Mãe e do Solar
dos Médiuns, orientou e apoiou a construção de vários templos ex-
ternos: Formosa, GO; Unaí, MG; Planaltina de Goiás, GO; Valparaíso
de Goiás, GO ,­ cuja organização e coordenação geral ficaram aos
cuidados de Gilberto Zelaya, Trino Ajarã1.
1
Trino – título e classificação hierárquica da Doutrina do Amanhecer; Ajarã – nome do
ministro do Trino.
51
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Organização

Ilustração: Laylson Coimbra

As instituições espirituais ligadas à Doutrina do Amanhecer fun-
cionam de forma sincronizada entre dois planos: o espiritual e o físi-
co. A organização se estende desde o plano espiritual (organização
de orientação) até o físico (organização de aplicação), obedecendo
assim a um sistema de hierarquia adequado ao sistema de forças de-
crescentes2 necessário aos seus propósitos. Para isso, a mediunida-
de é o canal de comunicação utilizado para intermediar esse trabalho
sincronizado.

Segundo informações de Tia Neiva, a Doutrina do Amanhecer no

plano espiritual é organizada conforme as seguintes estruturas:

1. Estrutura de comando geral – o Reino Central é a principal

organização espiritual, onde se encontra o comando maior
ou superior da corporação do Amanhecer. Ele é composto
pela união dos oráculos de Simiromba ou de Ariano (raízes
do céu), de Olorum e de Obatalá. Um oráculo é uma conjun-
ção de forças derivadas de várias raízes ou origens cósmicas.
Consequentemente, o Reino Central pode ser considerado a
raiz do Amanhecer.

O Oráculo de Simiromba é responsável pela preparação e de-

sempenho do plexo dos médiuns do Amanhecer e, para isso, dispõe
de sete poderes, ou raios, ou raízes: Eridan, Oner, Adones, Arakém,
Delanz, Alufan e Aton. O Oráculo de Olorum se destaca em relação
à energia destinada à incorporação, que é regida pela força da lua.
A Doutrina do Amanhecer é beneficiada com três raios do Oráculo
de Olorum: Ifan, Oxan-by e Pretos-Velhos. O Oráculo de Obatalá se
destaca pelo envio de forças geradoras para o doutrinador (um dos

Figura 1. Tia Neiva, responsável pela criação da Doutrina do Amanhecer. 2

Forças hierárquicas oriundas de mundos superiores e enviadas aos inferiores; por exemplo,
forças que partem de um ministro e passam por seu adjunto, seus regentes, seus ramas e
pelo restante de seu povo, ou nos sandays, fluindo dos comandantes para os participantes
(Zelaya, 2009, p. 50).

52 53
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
dois tipos de médium da doutrina). Obatalá é a força do sol (Zelaya,
2009).
Com respeito às forças geradoras e giradoras, José Carlos do
Nascimento Silva (2006) esclarece:
Força geradora
A força geradora trabalha, sempre, na vertical, isto é,
do cosmo para a Terra e vice-versa, sempre em função
de forças originárias dos planos espirituais, emitidas
ou recebidas pelo médium nos trabalhos curadores ou
desobsessivos, fazendo com que haja, sempre, uma
reação ao seu efeito, isto é, não se desloca em vão.
Nunca se perde e é sempre transformada em forças de
diferentes atuações, independentemente de quem as
libera, servindo como instrumento da espiritualidade
para chegar aos resultados programados.
Quando o médium faz sua emissão, está abrindo seu
canal para o recebimento das forças geradoras.
O homem – Doutrinador ou Ajanã – sempre emite for-
ça geradora.
Força giradora
A força giradora é emitida na horizontal, sem qualquer
origem extraterrena, e usada para harmonizar e con-
centrar os médiuns. Emitida pelo plexo, não sofre qual-
quer interferência que não as provocadas pelas forças
física, mental e vital, sempre girando de plexo a plexo.
Em reuniões e aulas, através da harmonização se de-
sencadeia um leque de força giradora que irá dar con-
dições de plena realização àquele evento. Ao fazer seu
canto, o médium emite força giradora.
As mulheres – Ninfas Sol ou Lua – sempre emitem for-
ça giradora (Silva, 2006).
54
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Na Terra, para a evolução dos seres humanos, existem sete pla-
nos ou dimensões espirituais, sendo o sétimo o mais evoluído, cada
um dividido em sete subplanos. O Reino Central está situado no ter-
ceiro sétimo3, e sua supremacia confere a ele o poder de administrar
as necessidades energéticas gerais a serem empregadas nos templos
do Amanhecer.
2. Estrutura de distribuição energética – as energias emitidas
pelos três oráculos são encaminhadas à plataforma de Tapir,
uma estação espacial, situada em um plano da espiritualidade
maior, com a função de gerar a energia extraetérica ou iniciáti-
ca denominada corrente mestra. Esse sistema de forças chega
aos templos do Amanhecer através da Pira, local também de-
nominado Presença Divina, e, de lá, na forma de uma trança
luminosa, irradia e mantém em funcionamento todos os seto-
res de trabalho, dentro e fora dos templos (Figura 2).
Esse abastecimento energético fora dos templos, a partir das 15h,
quando é realizado o ritual de abertura e funcionamento da corrente
mestra, torna-se a base de execução de rituais, como o Alabá e o
Abatá. No caso da Estrela Candente e do Quadrante, localizados no
Solar dos Médiuns, o abastecimento energético é feito por chalanas
(pequenas naves espaciais do etérico), em horários que não coin-
cidem com a abertura da corrente mestra, mas sempre às 12h30,
14h30 e 18h30. Mesmo assim, as energias recolhidas desses dois
rituais são entregues na Pira, no início da noite, para serem encami-
nhadas à espiritualidade maior por meio da corrente mestra.
3
O poder maior, o Reino Central, está situado no terceiro dos sete planos que assistem os
trabalhos desobsessivos do Amanhecer (Terceiro..., 2020).
55
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

De Tapir, em um ciclo de idas e vindas, via corrente mestra, são

Ilustração: Laylson Coimbra

enviadas para os templos do Amanhecer energias puras, e deles para
Tapir são encaminhadas energias negativas, deletérias, como tam-
bém energias do magnético animal ou ectoplasma produzido pelo
corpo mediúnico. Além disso, a corrente mestra serve de meio de
comunicação voltado ao registro, na Pira, de abertura e fechamento
dos trabalhos de cada médium.

Além dessa comunicação vertical, Tapir faz conexão direta com

outras instituições espirituais que necessitam do ectoplasma produ-
zido pelo corpo mediúnico para atender suas necessidades de traba-
lho: a torre da Legião Reencarnacionista (especializada em dados e
informações dos Espíritos em processo de reencarnação), o castelo
do Supremo, a torre de Marcela (especializada em forças magnéticas
apropriadas aos templos do Amanhecer), o castelo do Sono Cultural
(especializado no processo final da reencarnação), as mansões dos
Irmãos Enoque e o castelo dos Encantados de Simiromba, entre
outras.

A corrente mestra é considerada um dos principais insumos para

os trabalhos desobsessivos nos templos do Amanhecer, em especial
nos setores de trabalho denominados Sandays. No etéreo, com a
mesma denominação, os Sandays são casas transitórias ou planos
espirituais muito grandes (nas imediações de Capela), onde estão
os oráculos de Simiromba, Olorum e Obatalá. Dos oráculos, são es-
palhadas suas estrelas luminosas ou amacês (naves espaciais) em
favor da cura desobsessiva no Vale do Amanhecer (Anexo 14).

Quando faz sua preparação na Pira, o médium adiciona e dire-

Figura 2. Energia iniciática de origem cósmica, seu processamento na plata-
forma Tapir e sua projeção nos templos do Amanhecer.
ciona sua força para a corrente mestra, que, num ciclo contínuo de
força, transmuta suas energias, transformando e desintegrando as
correntes pesadas nos planos espirituais, e volta novamente pura
para reabastecer o templo. A corrente mestra é mantida pelo funcio-
namento da Mesa Evangélica e, em todos os trabalhos do templo,
manipula (interage com o corpo mediúnico), é manipulada (proces-

56 57
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
sada) e projetada (emitida), atuando de forma cruzada com outras
forças, mas seu volume é sempre maior, principalmente nos dias de
trabalho oficial4. Nos dias de retiro5, ela se faz presente também, sen-
do renovada e reforçada em cada intercâmbio ou turno de trabalho
(Kazagrande, 2014; Adjunto Adelano, 2013).
De Mayante, casa transitória regida diretamente pelo Oráculo de
Simiromba, são enviadas outras energias luminosas, mântricas, utili-
zadas em todos os trabalhos desobsessivos do templo (Silva, 2006).
Com base no texto Amacês (2012), as amacês são:
De acordo com o texto Mayante (2012), existem diferenças entre as
energias provenientes de Tapir e de Mayante:
Mayanty ou Mayante é uma casa transitória [cidade
ou colônia espiritual], regida por Simiromba, de onde
chega toda a força desobsessiva para os trabalhos do
templo. Significa amanhecer, clarear, alvorecer. Existem
sobre os panôs, no Templo, antenas metálicas - que o
povo chama “chifrinhos” ou “morceguinhos” - na parte
evangélica e na área dos tronos que captam a energia
emitida por Mayanty e as espalham, como se fossem
pulverizadores, fazendo com que ela chegue até aos
nossos irmãos, reencarnados e desencarnados, que se
encontram no templo. É uma energia pura e muito cla-
ra, luminosa mesmo, que faz com que as trevas sejam
rompidas, fazendo com que muitos que estão perdidos
na escuridão passem a ver a luz!
O deslocamento de forças se faz na medida exata, ne-
cessária aos trabalhos. É projetada em cada médium,
nas morsas (cruzes) que trazem em seus braços, de
acordo com a capacidade de cada um. Mayanty não
tem ligação com a Pira. Ao fazer sua preparação, o
médium faz sua ligação com a corrente mestra, que
vem diretamente de Tapir. A força de Mayanty é com-
4
Quarta, sábado e domingo – dias de trabalhos específicos em benefício principalmente dos
pacientes, deixados por Tia Neiva.
5
Segunda, terça, quinta e sexta – dias de trabalhos específicos em benefício principalmente
dos médiuns do Amanhecer, deixados por Tia Neiva.
58
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
plementar a essa. Enquanto Tapir é a energia geral, que
alimenta os Sandays, a energia de Mayanty se desloca
de acordo com a individualidade dos médiuns, ajudan-
do-os na realização de cada trabalho. Na abertura dos
trabalhos, quando se emite o Mantra de Mayanty, en-
quanto a energia da corrente mestra flui pela Pira, a
energia vinda de Mayante se espalha através das ante-
nas metálicas. (Mayanty, 2012).
[....] naves espaciais, verdadeiros laboratórios energé-
ticos, invisíveis aos nossos olhos, porque em outra
dimensão, que se deslocam com precisão, podendo
desempenhar as funções de portal de desintegração,
de rodoviária espacial, portando potentes energias des-
tinadas a vários pontos do universo.
Na Terra, seu trabalho se faz na nossa corrente do
amanhecer, trazendo-nos as energias dos Oráculos de
Simiromba, de Olorum e de Obatalá, para serem usa-
das nos trabalhos, as [pelas] falanges dos Cavaleiros
Águia e a projeção das 21 Estrelas para energização
dos Sandays.
Nos horários precisos de 12,30 [12h30] às 13,30 horas
[13h30], 14,30 [14h30] às 15,30 horas [15h30] e 18,30
[18h30] às 19,30 horas [19h30], quando se fazem as
Consagrações da Estrela Candente, uma amacê, for-
ça poderosa que vem dos planos superiores, assu-
me o comando de todo o trabalho, nos planos físico
e espiritual, projetando o poder do Reino Central por
todo aquele recinto - Estrela Candente, Quadrante e
Pirâmide.
Suas emissões portam energias diversas, com ações e
resultados diferentes. Sua energia concentrada e lumi-
nosa é entregue, na Pira, pelos médiuns que realizaram
a escalada, na Estrela Candente.
59
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
Os capelinos usam espaçonaves para seu deslocamen-
to físico por todo este universo. A nave mãe é denomi-
nada amacê ou estufa, servindo de base a naves meno-
res, as chalanas. (Amacês, 2012).
As energias cósmicas preparadas e enviadas aos templos do
Amanhecer são a principal base de funcionamento das atividades
mediúnicas (um “combustível” espiritual). Tudo isso ocorre em prol
da cura desobsessiva, uma cura que depende de articulações e ne-
gociações entre os mentores dos médiuns e seus cobradores. Não
basta distribuir as energias processadas em planos maiores; são ne-
cessárias estruturas de captação e de utilização na Terra.
3. Estrutura de captação e utilização energética – nos templos,
onde já esteja implantada a corrente mestra, essa força extra-
cósmica é projetada de Tapir, chega à Pira, flui até a imagem
de Pai Seta Branca, volta, passa pela Pira, vai até a porta do
templo e retorna à Pira, formando uma trança luminosa, osci-
lante como um pêndulo. Ela se estabelece no templo em cada
Sanday ou setor de trabalho de acordo com a necessidade
de manipulação energética. Mantida pelo funcionamento da
mesa evangélica, seu abastecimento energético é constante,
pois Tapir funciona como um potente dinamizador das forças
espirituais, direcionando e dosando essas forças na medida
da necessidade dos trabalhos e de acordo com o potencial de
cada médium, que faz sua preparação na Pira (Silva, 2006).
As energias que chegam de Mayante são projetadas sobre os pa-
nôs que envolvem a cruz (símbolo do doutrinador) nos setores do
templo denominados mesa evangélica e tronos vermelhos. Esses pa-
nôs são considerados antenas metálicas que captam essas energias
e as espalham, como se fossem pulverizadores. Nessa forma, elas
chegam até os pacientes, reencarnados e desencarnados, que se en-
contram no templo (Mayante, 2012).
60
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
As energias de Mayante atendem às demandas físicas, psicológi-
cas e espirituais. As de ordem física têm aumentado de tal forma que
novos trabalhos têm sido pensados nas esferas espirituais. Exemplo
disso é a Cura Especial, recentemente criada no Templo de Oliban.
Para a adequação desse ritual, foi instalada uma cruz com o panô
no ambiente ou castelo de cura física e optou-se pela roupa utili-
zada pelos médiuns nos dias de retiro no Amanhecer, acrescida do
manto branco da Consagração de Enlevo. Dessa forma, os médicos
do Hospital Espiritual de Mayante, juntamente com os médiuns do
Amanhecer, conseguem assistir de forma mais eficiente quem busca
lenitivos urgentes para os problemas físicos.
A intenção de promover a cura física ao reencarnado em fase de
reparação e/ou crescimento espiritual (processo de aprendizagem
com muitos acertos e erros) é imensamente louvável. Na esfera física
– onde prevalece a lei do carma ou da programação da reencarnação
sobre os desejos temporários que ainda não encontraram sustenta-
ção para a longa caminhada que aguarda os sofredores, os excluídos
da sociedade terrena –, a cura física é analisada cuidadosamente pe-
los Espíritos envolvidos nesse trabalho. A cura pode ser parcial ou
completa, o que significa que não basta cessar a dor, mas vislumbrar
uma nova caminhada, pois a dor pode ser o sinal de preparação para
o Espírito trilhar caminhos mais profícuos e sustentáveis.
Apesar de não serem parte da estrutura de condução da Doutrina
do Amanhecer, mas de apoio a ela, merecem destaque as seguintes
casas transitórias: Pedra Branca e Canal Vermelho (Zelaya, 1999b,
p. 20; 1999c, p. 29). Em Pedra Branca, região localizada nas proxi-
midades da dimensão física, os Espíritos recém-desencarnados são
acolhidos, preparados durante um prazo de aproximadamente sete
dias e encaminhados ao Canal Vermelho, onde começa o processo
de readaptação de Espíritos portadores de ideias e superstições rela-
cionadas à reencarnação. Tia Neiva comenta em uma de suas obras
que o Canal Vermelho é semelhante a Nosso Lar, importante casa
61
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
transitória ou colônia espiritual descrita por André Luiz por meio da
psicografia de Francisco Cândido Xavier (Zelaya, 1999d, p. 23).
No plano físico, a Doutrina do Amanhecer foi implantada levan-
do-se em conta três pilares:
1. Estrutura de organização – acomodação dos diferentes papéis
a serem desempenhados (trinos, adjuntos, comandantes, ins-
trutores, médiuns de incorporação e de doutrinação, falanges
missionárias e de mestrado com seus respectivos uniformes).
2. Estrutura doutrinária – aspectos teórico e prático como base
de fundamentação e definição dos procedimentos de funcio-
namento da doutrina (símbolos, rituais, conceitos e orienta-
ções apresentados no acervo bibliográfico).
3. Estrutura física – locais de prática da doutrina, formados pelo
templo (constituído por setores de trabalho, cada um deles
adaptado ao ritual de manipulação energética) e o Solar dos
Médiuns (formado por diversas construções, como a pirâmi-
de, o lago e adereços complementares).
Esse sistema religioso, de base crística, cujo início foi no Planalto
Central do Brasil, hoje está em funcionamento em diversas regiões
brasileiras e em vários países. A grande adesão se deve, provavel-
mente, ao fato de a doutrina ser objetiva, de execução desafiante,
pois possui muitos detalhes que exigem perfeição ritualística, e com
resultados facilmente observados e, por último, ao preparo espiritual
que muitas pessoas – em condições de se identificarem com a pro-
posta do Amanhecer – já possuem.
A Doutrina do Amanhecer se caracteriza principalmente por sua
abordagem espiritualista, cujo objetivo principal ou resultado espe-
rado é a cura desobsessiva, que significa a CURA DO ESPÍRITO (foco
direto), não a cura física do reencarnado (foco indireto, cujo sucesso
depende de vários fatores, entre eles o cármico).
62
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A configuração espiritual da doutrina se baseia em um sistema de
hierarquia e envolve a seguinte cadeia de comandos:
No comando geral da instituição, base de todas as inspirações e
orientação espiritual, está Jesus Cristo, o Divino Mestre.
O principal comandante, líder espiritual e estrategista maior, é Pai
Seta Branca (última reencarnação ou roupagem terrestre – Bolívia),
ou Francisco de Assis (roupagem terrestre anterior – Itália), acompa-
nhado de sua alma gêmea, Mãe Yara, ou Clara de Assis – Itália.
Na sequência, Tia Neiva, na figura de Agla Koatay 108, preparada
para essa missão e acompanhada por inúmeros colaboradores, foi
responsável pela implantação da doutrina e pelos ensinamentos no
plano físico.
A responsabilidade pelo funcionamento, pela execução e pela ma-
nutenção da doutrina é de Pai João de Enoque, acompanhado de
Mãe Tildes, sua alma gêmea.
Seguem na hierarquia, os quatro trinos: Tumuchy, Araken, Sumanã
e Ajarã.
Nessa ordem, há os adjuntos maiores ou adjuntos de povos
(ministros de Deus): Aluxã, Amayã, Aruanã, Cayrã, Janarã, Japuacy,
Marabô, Muyatã, Tapuã, Umaytã, Uruatã, Ypuena, Yucatã e Yumatã
(Zelaya, 2009, p. 62). Existem outros adjuntos de Pai Seta Branca
‑‑ Ministros Adejã e Alufã (filhos de Devas), Yuricy e Janatã, entre
outros, e também o Adjunto Koatay 108 Arauto, que não tem povo.
Para completar esse quadro de entidades do plano etérico, exis-
tem os Cavaleiros d‑a Legião do Grandioso e Divino Mestre Lázaro:
Cavaleiro do Reino Central, Cavaleiro da Lança Vermelha, Cavaleiro
da Lança Lilás e Cavaleiro da Lança Rósea. De igual importância, o
Cavaleiro da Lança Verde e o Cavaleiro Águia, encarregado da guar-
63
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
da de Pai Seta Branca, entre outros. Nessa sequência, compondo o
conjunto de forças curadoras da Legião dos Cavaleiros da Luz, são in-
cluídos Reili e Dubaly e as Guias Missionárias Sabarana e Doragana,
representantes das grandes falanges missionárias.
Essa hierarquia está mais relacionada ao Templo-Mãe, pois no
caso dos templos externos, a diferença está no nível dos adjuntos
de povos. Apesar de o ministro da individualidade do presidente
do templo externo estar ligado a um desses ministros de povos do
Templo-Mãe, ele se torna o Adjunto de Povo de todos os ministros
da individualidade de cada componente pertencente a esse templo,
uma espécie de adjunto de raiz. Cada vez que um presidente novo,
com seu respectivo ministro, assume esse posto, esse ministro re-
cebe o status de Adjunto de Povo. No mais, tudo funciona como no
Templo-Mãe.
Do ponto de vista administrativo, vários templos externos estão
submetidos às normas de funcionamento do Templo-Mãe, ou seja,
seguem à risca as diretrizes quanto ao formato do templo principal,
ao horário de funcionamento, à condução dos rituais, à confecção
das vestimentas, etc. (Labarrere, 2006, p. 16). Atualmente, existem
diferenças a esse respeito, especialmente para os templos externos
que funcionam de forma independente.
Por fim, em sua base de operação, a doutrina é comandada por
mentores espirituais, organizados em dois tipos de falange: uma na
linha evangélica (energia ectoplasmática, do médium); outra na li-
nha iniciática (energia externa, cósmica). No que diz respeito à ma-
nipulação energética na linha evangélica, os mentores são os Pretos-
Velhos, os Caboclos e os Médicos de Cura. Nesse caso, os médiuns
usam roupas de jaguar para trabalhar com essas entidades. Em rela-
ção à manipulação energética na linha iniciática, os mentores são os
Cavaleiros, Ministros e Guias Missionárias ligados à individualidade
64
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
de cada membro do corpo mediúnico. Nesse caso, os médiuns fa-
zem uso de roupas especiais denominadas indumentárias (Zelaya,
2009).
Os trabalhos contam com dois tipos de médiuns: o médium de
incorporação ou apará (mestre ajanã e ninfa lua); e o médium de
doutrinação e elevação ou doutrinador (mestres sol e luz e ninfa
sol). Essas mediunidades são exercidas em sintonia com os mento-
res espirituais, conforme as falanges citadas anteriormente. Deve-se
lembrar que a conduta doutrinária é base para o exercício dessas
mediunidades. Quanto mais consciente e respeitosa for a conduta,
melhor será o resultado.
O mestre sol se caracteriza pela facilidade de mentalização, de-
monstração de boa instrução, pelo debate e reflexão, ou seja, pela
boa argumentação. Já o mestre luz exibe traços mais práticos do que
teóricos, voltados à abertura e execução de determinado ritual, no
convite ao Espírito e condução do trabalho, pois possui voz e tom, ou
timbre, adequados a essas funções. Apesar de ambos serem mestres
de comando e poderem atuar em qualquer ritual, só o mestre janatã
é autorizado a comandar os rituais da Estrela Candente e da Indução
(Adjunto Ogandô, 2016; Silva, 2006).
Ainda em relação ao doutrinador, Kazagrande (2020) acrescenta:
Para ser um adjunto completo, dispor de todas as suas
forças, o Doutrinador, além de sua Escrava, deve ter
um Padrinho e uma Madrinha.
Não falo de Adjuntos de Povo, ou Presidentes. Falo do
doutrinador “comum”, do Jaguar mestre sol, ou mes-
tre luz, que tenha recebido seu ministro. Só estará ver-
dadeiramente na Contagem de Adjunto, quando estiver
“completo”, seguindo tudo que foi deixado por nossa
mãe clarividente.
65
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
A madrinha e o padrinho não são meras figuras deco-
rativas, tem uma função espiritual de verdadeiros con-
selheiros do doutrinador. [...]
[...] Harmonizar-se com seu “pequeno povo” (Escrava,
Madrinha e Padrinho) é um dos requisitos indispensá-
veis para avinhar sua classificação e buscar formar este
prefixo dentro da contagem que nos foi deixada.
Os padrinhos são a base da harmonia e equilíbrio de
um Adjunto Koatay 108 (de todo doutrinador)!
Nesse caso, o doutrinador pode contar com a força decrescen-
te de um pequeno povo, constituído por um padrinho (ajanã), uma
madrinha (ninfa sol) e uma ninfa lua escrava do cavaleiro do doutri-
nador (escrava no sentido de estar mais receptiva às demandas do
cavaleiro responsável pelos trabalhos do doutrinador). A ninfa lua vai
emitir incluindo o nome do doutrinador e de seu ministro da indivi-
dualidade; a madrinha e o padrinho emitem da mesma forma. Com
isso, o mestre doutrinador recompõe sua força no plano físico de
tal forma que ela pode ser considerada uma das forças hierárquicas
mais contundentes para a missão doutrinária, especialmente para o
comando dos trabalhos mediúnicos, uma segurança extra.
Outra informação complementar refere-se ao doutrinador Arcano.
Por causa da relevância dos Espíritos Arcanos para a corrente do
Amanhecer, doutrinadores experientes, interessados e devidamente
autorizados são consagrados com o título de Arcano, uma espécie de
classificação especial, e, dado o merecimento, são agraciados com a
companhia desses Espíritos. Para José Carlos do Nascimento Silva
(2006),
Os Arcanos são Espíritos superiores que presidem há
milênios todo o universo. São tão grandes que não fi-
cam aqui só nos projetando sua força. São a manifesta-
66
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ção do Sopro Divino na Terra! São Espíritos finíssimos
e, simplesmente, não discutem – vêm em missão, di-
retos, precisos, objetivos, e são eles que chegam até os
soberanos Espíritos que regem a Alta Magia de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Os Arcanos regem os trabalhos da
Estrela de Nerhu. Se os Jaguares correspondem, tudo
bem. Caso contrário, eles simplesmente se retiram.
A presença dos Arcanos significa a observação do nos-
so comportamento individualizado. Como poderemos
corresponder a eles se não temos o conhecimento do
que eles pretendem para a Terra? Somente dentro da
conduta doutrinária, trabalhando na lei do auxílio, com
amor, tolerância e humildade, poderemos correspon-
der e estar sempre à disposição dessa força grandiosa
dos Arcanos, que nos ditarão seus planos na medida
do nosso progresso espiritual. (Silva, 2006, p. 77).
Todos os médiuns trabalham paramentados, com roupas de acor-
do com o grupo espiritual a que pertencem e em consonância com
os quesitos exigidos pelo ritual. As roupas dos médiuns foram indi-
cadas à Tia Neiva por Mãe Yara, e todas elas são de procedência do
Reino de Zana, um reino das grandes falanges missionárias. Assim
como os médicos da Terra usam roupas apropriadas às suas funções,
os médiuns do Amanhecer usam roupas visivelmente especiais, di-
ferentes de qualquer tipo de roupa usada na Terra, que cumprem
as funções de proteção e de identificação do médium e do ritual.
Basicamente, essas roupas são as indumentárias representativas de
diversas falanges missionárias e de mestrado e a roupa de jaguar, um
estilo mais apropriado ao atendimento de pacientes – por exemplo,
no ritual de Tronos Vermelhos e Amarelos (Zelaya, 2009).
Todos esses aparatos e estratégias são voltados à viabilização da
cura desobsessiva, que, na qualidade de terapia espiritual, serve de
67
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
tratamento a condutas inapropriadas de Espíritos despreparados e
que caminham orientados pelo ódio. Tais condutas trazem diferentes
reflexos tanto para os pacientes reencarnados (problemas físicos e
de relacionamentos interpessoais, entre muitos outros) quanto para
os obsessores, no plano espiritual (problemas de toda ordem, que
os impedem de continuar a grande caminhada ao encontro da verda-
deira felicidade).
As mediunidades de doutrinação e de incorporação do Vale do
Amanhecer são os pilares principais de um complexo terapêutico de
orientação espiritual. Através dessas mediunidades, os mentores po-
dem assistir milhares de Espíritos sofredores (desorientados, angus-
tiados, vingativos, acuados, desesperados, inclusive os cobradores
ou obsessores) juntamente com os pacientes que buscam ajuda es-
piritual. A mediunidade de psicografia, muito menos sofisticada para
esse fim do que as anteriores, é de extrema importância para estudos
como este, pois as informações relativas ao reino espiritual são mais
bem produzidas e repassadas por esse tipo de mediunidade. Mesmo
que ocorra algum tipo de equívoco em algum momento durante o
processo de transmissão, os responsáveis pelo texto no plano ou
senda espiritual conseguem rever o desvio de informação antes da
conclusão dos trabalhos.
O processo da cura desobsessiva
A exortação do mestre doutrinador, acompanhada da emissão de
seu ectoplasma, é um dos principais elementos dos rituais. O ritual
dos Tronos Vermelhos e Amarelos, por exemplo, na condição de pre-
paração do paciente e respectivo acompanhamento espiritual, é a
etapa de encaminhamento dos envolvidos aos demais setores de tra-
balho. Mesmo que ocorra de forma lenta, a doutrinação proporciona
a recuperação dos Espíritos sofredores ou obsessores, tanto pela fala
68
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
persuasiva e orientadora quanto pela energia ectoplasmática. O dou-
trinador faz a “puxada” do Espírito sofredor ou obsessor e, enquanto
fala, vai impregnando suas palavras com a energia fluídica de seu
magnético animal e, ao mesmo tempo, a espiritualidade presente
trabalha em benefício daqueles Espíritos que acompanham o pacien-
te reencarnado. Silva (2006, p. 247) explica que o ectoplasma, ou flui-
do magnético animal, é produzido no organismo físico, variando em
teor e em quantidade conforme as metas cármicas ou programa de
reencarnação. Essa substância é universal, pois todos os seres reen-
carnados a produzem; constitui, assim, a base do padrão vibratório
e da manifestação mediúnica (Silva, 2006, p. 229).
Pode-se considerar que nem todos os enfermos se elegem real-
mente para serem curados. O doente deve ir ao “encontro” do cura-
dor e tornar-se eletivo à cura, submetido à terapêutica dos reencar-
nados ou dos desencarnados, pois ela depende da maior ou menor
eclosão das energias de ambos, enfermo e curador (Ramatís, 2006).
As atividades voltadas à cura desobsessiva no Vale do Amanhecer
são realizadas todos os dias, de acordo com os horários oficiais de
abertura e de fechamento dos trabalhos mediúnicos. Os trabalhos
no templo, independentemente dos trabalhos externos, são realiza-
dos na parte da manhã (10h–12h) e da tarde/noite (15h–22h). Os
rituais de abertura e de fechamento dos trabalhos normalmente são
realizados na Pira, com a participação de vários mestres. Podem ser
também realizados de forma individual, na Pira, levando-se em conta
o momento mais adequado para o médium. A abertura individual
dos trabalhos só pode ser feita depois do horário oficial de abertura,
quando tem início o funcionamento da corrente mestra. Quanto à
abertura e ao fechamento dos trabalhos, caso a Pira esteja sendo uti-
lizada para algum ritual que impeça o trânsito de outras pessoas, en-
tão são permitidos a abertura e o fechamento individuais em frente
à imagem de Pai Seta Branca. Os rituais realizados na parte externa
69
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
seguem orientação própria, ou seja, independem do horário oficial
de abertura dentro do templo (Sassi, 1979).
Segundo Silva (2006), a corrente mestra é a força extracósmica de
Tapir, que se projeta e chega através da Pira e se estabelece em cada
Sanday ou setor de trabalho, de acordo com suas necessidades. Com
relação a Tapir, o autor a define como sendo uma plataforma espacial
de onde são projetados os raios dos oráculos de Simiromba, Olorum
e Obatalá, que vão compor a corrente mestra, fluindo pela Pira, indo
até o Radar e, depois, desenvolvendo-se pelo templo.
Na parte da manhã, dentro do templo, todos os trabalhos mediú-
nicos são realizados por meio de energias do magnético animal (ec-
toplasma do médium). À tarde/noite, quase todos os rituais fazem
uso da manipulação da energia iniciática. Para tal, os rituais recebem
contribuição energética da corrente mestra, que circula, na forma de
uma elipse, de uma ponta a outra do templo (Silva, 2006).
A energia iniciática diz respeito à força emitida pelo plexo do mé-
dium desenvolvido na Doutrina do Amanhecer. Ele a usa como um
complemento da força física e como importante parcela da força cós-
mica para ajudá-lo em seus trabalhos e nas várias situações em que
atua na lei de auxílio, a qualquer hora e em qualquer lugar (Silva,
2006).
Em sete setores de trabalho, onde ocorrem os rituais no templo,
existem dois locais conjugados para a manipulação energética: um
onde se concentra os médiuns com roupas de jaguar e outro, deno-
minado Sanday, onde participam os mestres paramentados com rou-
pas especiais (indumentárias). O Sanday é um local onde se concen-
tram as energias iniciáticas emanadas de 21 estrelas para o exercício
da lei de auxílio – Harpásios, Sivans, Taumantes, Tisanos, Tenaros,
Cautanenses, Vancares, Sumayas e Sardyos, entre outras –, para dar
70
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
maior segurança e força aos trabalhos (Álvares, 1982; Silva, 2006,
p. 563).
De acordo com Tia Neiva, citado por Zelaya (2009, p. 67), essas
estrelas são as amacês, naves interplanetárias de grande porte, res-
ponsáveis pelo transporte das energias iniciáticas. A amacê (nave-
-mãe) se desloca com essas energias em direção à região onde se
desenvolvem os trabalhos mediúnicos, e as chalanas (naves filhas)
são enviadas das amacês, ao local onde estão os médiuns, para a
liberação das energias iniciáticas.
Nesse contexto, segundo Silva (2006, p. 563), Koatay 108 trouxe
sete Sandays dos três oráculos que regem a Doutrina do Amanhecer
– Simiromba, Olorum e Obatalá. Esses oráculos são fonte de ener-
gias iniciáticas emanadas dessas estrelas ou amacês, com a finali-
dade de dar mais segurança e força aos trabalhos. Cada médium do
Amanhecer se relaciona, no mínimo, com uma estrela, que deter-
mina sua posição ou sua finalidade com um Sanday. Conforme sua
hierarquia, o médium pode ter a força de mais de uma estrela.
As ninfas e mestres recebem suas estrelas, que são específicas
para cada mediunidade. As estrelas das Ninfas Lua (2º verbo6) são:
Acelos, Ceanes, Xênios, Gertaes e Mântios; e as estrelas das Ninfas
Sol (3º verbo) são: Vanulos, Gestas, Geiras, Teizes (Zelaya, 2009,
p. 66 e 67).
As estrelas dos doutrinadores e ajanãs são: Harpásios, Sivans,
Cautanenses, Taumantes, Vancares e Sardios (Zelaya, 2009, p. 67).
6
2º e 3º verbos são planos espirituais especificados na emissão das ninfas para a busca de
forças necessárias de seus transcendentais para emanar, curar e libertar os médiuns de
seus obsessores.
71
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Ilustração: Laylson Coimbra

Observação
O cosmo, da maneira como é visto da Terra, é constituído por
uma pequena parte de matéria física (planetas, estrelas, entre ou-
tros astros) e grande parte de matéria etérica. Cada um desses or-
bes pode ser considerado uma grande nave com suas respectivas
funções. O planeta Terra é uma espécie de nave bastante diferen-
ciada de muitos outros planetas, por ser constituído por diversos
tipos de matéria, em especial por aquela capaz de abrigar a vida na
dimensão física (reinos mineral, vegetal, animal e hominal). Além
disso, o planeta é preparado para viajar no espaço sideral em uma
órbita fixa. As estrelas, de modo geral formadas por elementos de
elevada capacidade de combustão (fusão nuclear), são voltadas
para apoiar a vida nos mundos que não dispõe de luz própria,
especialmente para atender aqueles seres vivos que ainda não se
iluminaram. Todos esses órgãos celestiais possuem órbitas defi-
nidas. No entanto, as naves artificiais, as estações espaciais e os
portais de desintegração, de integração e de reintegração, que são
estruturas de menores portes do mundo etérico, são construídos
por seres inteligentes e projetados para se deslocarem em rotas
indeterminadas e para transportarem o que desejam e o que for
possível (Figuras 3 e 4).
Quando os capelinos (povo do sistema de Capela, na constela-
ção do Cocheiro) vêm à Terra, eles fazem uso desses portais nas
cercanias da Lua. Ao passarem por esses portais, eles se desin-
tegram, perdem a forma física, diferente daquela da Terra, e se
integram na forma que desejam, ou seja, de acordo com o plano
etérico onde estarão presentes. Ao retornar da missão, voltam a
passar por esses portais e se reintegram na mesma forma original.
De modo geral, os portais funcionam por meio de campos ele-
tromagnéticos e possuem a capacidade de promover grandes al-
terações temporárias da matéria física e das energias extrafísicas;
consequentemente, provocam fenômenos que podem ser muito
úteis, como as viagens siderais de longo alcance, sem influência
do tempo. O conhecido buraco de minhoca pode ser considerado
um tipo de portal de grandes proporções. Figura 3. Portal do Vale do Amanhecer de desintegração de energia, de inte-
gração em outro plano energético e de reintegração na dimensão de origem.

72 73
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
Ilustração: Laylson Coimbra
Figura 4. Portal das Ciências Transcendentais de desintegração de energia,
de integração em outro plano energético e de reintegração na dimensão de
origem.
O atendimento na Doutrina do Amanhecer é diferente do de ou-
tras doutrinas, pois não é de praxe a apresentação de palestras aos
pacientes nem de outro tipo de interação em que alguém fala, de pé,
e outros escutam sentados. Isso a caracterizaria como uma doutrina
da linha educativa (modelo semelhante ao de uma escola), mas ela
é da linha curativa ou de tratamento espiritual (modelo semelhante
ao de um pronto-socorro ou hospital). Nesse caso, o paciente recebe
atendimento espiritual personalizado, em rituais apropriados à sua
condição. Quando o mentor, que está atendendo na roupagem de
um Preto-Velho, por exemplo, verificar que o paciente precisa pros-
seguir no tratamento espiritual, mas na condição de um jaguar, ele
o convida a fazer parte da doutrina. Caso o paciente aceite o convite,
ele é preparado e conquista a liberdade de participar como profissio-
nal da cura desobsessiva em qualquer ritual. Consequentemente, ele
se torna o principal responsável pelo seu próprio tratamento e, na
74
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
condição de ex-paciente, não depende mais do atendimento de outro
mestre jaguar, exceto quando deseja ou é recomendado pelo mentor,
a passar como paciente nos rituais.
Os Espíritos que vivem no mundo etérico e que são curados no
Vale do Amanhecer tendem a se afastar daqueles reencarnados que
um dia foram seus algozes na Terra. O tratamento para esse tipo
de desligamento depende não só de algum tipo de benefício para
o cobrador, mas principalmente de algum tipo de negociação, pois
o perdão não emerge tão facilmente sem uma devida base viven-
cial. Na Doutrina do Amanhecer, a negociação no mundo espiritual
é mediada especialmente pelo mentor do médium – Preto-Velho ou
Preta-Velha –, em consonância com os demais membros da equipe
espiritual que assiste o médium.
O Espírito mais evoluído, uma vez no mundo superior, não neces-
sita mais de acompanhamento nem de tratamento conforme ocorre
com Espíritos que precisam de imersões como a reencarnação. Ele
gerencia seu próprio processo de crescimento espiritual, pois já al-
cançou a liberdade com responsabilidade. As necessidades de um
Espírito superior são completamente diferentes das demandas de
um Espírito menos evoluído, com menor percepção da vida. Hoje,
ele sabe da importância e das consequências de sua conduta, esteja
onde estiver.
Quando um Espírito cobrador decide se afastar do reencarnado
obsediado, ele tende a buscar um novo caminho em favor de sua
própria evolução. Começa a se valorizar mais como ser humano. A
Doutrina do Amanhecer, por meio de seus rituais de manipulação
energética (energia iniciática, fluido magnético animal ou ectoplas-
ma disponibilizado pelos médiuns e pacientes), torna-se uma opor-
tunidade para os Espíritos obsessores, pois funciona como um agen-
te mediador em prol da libertação do reencarnado que vem em busca
do perdão do Espírito cobrador, que não deixa de ser um sofredor.
75
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
Essa situação, em uma linha do tempo, mostra que o algoz de
ontem é a vítima de hoje. Conflitos como esse podem se arrastar
anos a fio até serem resolvidos; exceto, e com grande chance, se fo-
rem mediados por técnicas espirituais, como o ritual de Julgamento
Transcendental trazido por Tia Neiva, oficialmente denominado Lei
do Trabalho de Prisioneiros (Zelaya, 2007, p. 155). Fatos como esse
merecem atenção especial dos Espíritos mais evoluídos, que já su-
peraram suas dificuldades e que hoje, no etérico, estão no papel de
facilitadores de processos conflitivos envolvendo Espíritos desencar-
nados e reencarnados. Nesse caso, eles buscam oportunidades para
promover resgastes que somente a reencarnação é capaz de resolver.
No entanto, nem todas as situações conflitivas ocorridas no pretérito
e que hoje estão postas para serem resolvidas (situações cármicas)
são solucionadas facilmente.
Dependendo da situação, as sequelas deixadas pelos Espíritos ob-
sessores em suas vítimas, mais especificamente no corpo físico ou
na estrutura psicológica, tendem a desaparecer. Isso implica dizer
que existe a possibilidade de uma cura parcial ou total de determi-
nada doença física ou transtorno psicológico. O quadro resultante
vai depender do estado do aparelho físico quando da busca da cura
desobsessiva ou das necessidades de progresso evolutivo. Podem
ser incluídos nesse quadro: a vontade do médium da doutrina; seu
esforço; sua conduta doutrinária dentro e fora do templo; seu mere-
cimento, que é resultado de ações profícuas; sua fé em busca da cura
espiritual; e também a autorização do seu mentor responsável pela
reencarnação para a efetiva cura do corpo astral ou perispírito, que,
com certeza, precede a cura do corpo físico.
As doenças manifestadas no corpo físico são diagnosticadas pe-
los médicos da Terra de acordo com a descrição dos sintomas relata-
dos ou com base em evidências observadas em exames laboratoriais.
Consequentemente, recebem diferentes denominações. Do ponto
de vista espiritual, as doenças físicas não passam de um reflexo do
desequilíbrio energético que todo Espírito carrega em si mesmo.
76
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Geralmente, o desequilíbrio energético tem origem em experiências
arcaicas ou transcendentais malsucedidas entre o Espírito obsessor
ou cobrador, que hoje está no plano espiritual, e o indivíduo reen-
carnado e obsediado, que está na dimensão física. Ainda assim, é
necessário que os pacientes sempre busquem os médicos da Terra.
No Vale do Amanhecer os simpatizantes e membros da doutrina,
denominados jaguares, trabalham incessantemente em prol de sua
própria cura desobsessiva e para a cura de outrem, reencarnados e
desencarnados.
Toda vivência nova, ou aquela que ainda é estranha ao indivíduo,
tende a gerar ou estimular ações inapropriadas e de maior risco, pois
o processo de aprendizagem ainda não foi concluído. Como conse-
quência, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em outra oportunida-
de reencarnacionista, dependendo do estado evolutivo do Espírito,
aparecem os reajustes com aqueles com quem um dia o Espírito
obsediado não soube agir com amor ou, no mínimo, com cuidado.
Esse reajuste, fenômeno bastante conhecido pelo nome de car-
ma, surge da tentativa de o indivíduo acertar seu caminho rumo à
felicidade. Ninguém consegue galgar novos planos ou dimensões
deixando para trás algum tipo de situação negativa ou mal resolvida.
Isso lembra a fala de Jesus, segundo João (XIV, 6): “Eu sou o cami-
nho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por mim!” Ou
seja, só se alcança a felicidade por intermédio do amor pregado por
Jesus.
É bom lembrar que nem sempre um reajuste cármico ou um pro-
blema oriundo de uma situação mal resolvida no passado acontece
imediatamente depois do fato ocorrido. Muitas vezes, o Espírito pre-
cisa de mais tempo de preparação e de aprendizagem. Um Espírito
que acabou de cometer grave delito costuma seguir à deriva, adqui-
rindo novos conteúdos vivenciais sem a preocupação com as conse-
quências de sua conduta, até que em determinado momento, com
mais condições para suportar e compreender a situação de “cobran-
77
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer
ça”, ele é surpreendido pela dor ou sofrimento. A chegada desse mo-
mento, voltado ao processo de aprendizagem, pode ser interpretada
como ponto-chave para que o Espírito consiga compreender o epi-
sódio negativo do passado, superá-lo em nome do progresso e pros-
seguir a grande viagem sem recair no erro. Um acontecimento ne-
gativo antigo geralmente precisa de uma base consistente de novos
conteúdos vivenciais, mais equilibrados, para servir de amortecedor
à recepção de novas situações complexas e difíceis que porventura
ocorram.
A maior parte das consequências das condutas apresentadas no
dia a dia não está atrelada à lei do carma, mas às ações isoladas,
impensadas, mal resolvidas, impulsivas, que frequentemente são
passíveis de solução durante o período da reencarnação assumida.
Muitas dessas ações não possuem lastro de aprendizagem suficiente
no passado, carecem de mais experiências para se tornarem profí-
cuas para o futuro, tanto para o executor da ação quanto para o próxi-
mo. O mentor responsável pela reencarnação conhece o potencial de
condutas de seus pupilos, ou seja, o que é esperado. Afinal, um pro-
cesso de aprendizagem sem a garantia do livre-arbítrio não facilitaria
o processo evolutivo. Liberdade e responsabilidade andam juntas.
Nesta era, Pai Seta Branca veio trazer ao Planalto Central do Brasil
uma nova proposta de entendimento entre o Céu e a Terra, a Doutrina
do Amanhecer, principalmente para aqueles que já conseguem alcan-
çar a compreensão da vida espiritual. No entanto, deixou claro, por
intermédio de Tia Neiva, que não veio revogar o carma de ninguém,
mas ajudar a minimizar seus efeitos por meio da cura desobsessiva.
Para isso, uma das estratégias adotadas pelos mentores é articular e
negociar com os Espíritos cobradores ou obsessores maneiras mais
rendosas e salutares para o “pagamento da dívida transcendental”.
Esse suposto pagamento, que normalmente ocorre na forma de so-
frimento, pode ser substituído pela oportunidade de o obsessor ter
um atendimento personalizado no mundo espiritual, com base nos
bônus que o suposto devedor recebe pela participação nos trabalhos
78
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
desobsessivos. O atendimento intermediado pelos mentores do mé-
dium visa afastar ambos os envolvidos dessa situação que serve para
atrasar suas jornadas a caminho da felicidade.
O conflito de hoje, se não for contornado e superado, normal-
mente se arrasta por longos anos, principalmente se a vítima levou
o problema para o mundo espiritual, onde as lembranças do pas-
sado permanecem vivas em sua memória. As experiências negati-
vas do passado e que ainda não foram equilibradas por nenhuma
ação compensatória servem de base para o processo de crescimento
dos Espíritos na atualidade, ora pela dor, ora pelo amor. Esses ci-
clos de experiências positivas e negativas, submetidos ao tratamen-
to do esquecimento temporário, tornam-se os principais insumos
para o processo da aprendizagem, que é um dos objetivos maiores
da reencarnação, pois, desse processo depende a subida de todo
Espírito reencarnado ou desencarnado para mundos mais felizes,
encantados.
Esse dilema que acompanha todos os seres humanos em exercí-
cio nesta grande escola da vida é interpretado como carma. A defi-
nição do termo carma apresentada por Sassi (1974b, p. 17), prove-
niente de dicionário, expressa bem essa reflexão anterior: ação, fato
praticado pelo homem, que inevitavelmente terá consequências em
existência futura. É um termo bastante conhecido em nossa cultura,
mas oriundo da crença budista de que os sofrimentos da vida atual
são consequências de ações anteriores. Equivalente ao conceito de
carma, e bastante utilizada na Doutrina do Amanhecer, é a lei de
causa e efeito, que também se aplica perfeitamente a este estudo.
Sempre existe uma sequência de fatos ligados a determinada situa-
ção do passado, que, dependendo da gravidade, pode se desdobrar
em situações complexas a perder de vista. O que aconteceu no pas-
sado, recente ou remoto, levando em conta a personalidade, o am-
biente físico e o espiritual que cerca o indivíduo, a forma como ele
processa e responde ao fato, é causa do efeito atual, que pode ser
explicado, às vezes, só mediante o acesso ao passado (recordação).
79
Capítulo 1 – Doutrina do Amanhecer

As consequências deixadas no caminho, positivas ou negativas, sem-

pre servem de definição para situações futuras – por exemplo, uma
missão a desempenhar ou uma lacuna de aprendizagem a ser preen-
chida. Todos os acontecimentos estão gravados no inconsciente do
Espírito e nos arquivos mentais da alma; por conseguinte, nada se
perde em favor do processo de aprendizagem. O passado, o presente
e o futuro estão interligados em prol da evolução.

O sentimento de felicidade, de sentir-se bem consigo mesmo, é

um estado de espírito que tende a se alterar na medida em que novas
experiências no ambiente de interação são incorporadas à individua-
lidade. Nesse caso, o Espírito vai ampliando seu repertório compor-
tamental e vai alcançando níveis de maior maturidade e estabilidade
emocional. Por conseguinte, o Espírito tende a ser menos exigente
com o outro, a se realizar mais e, consequentemente, ficar mais feliz.
Para aqueles Espíritos que ainda estão em uma fase evolutiva com o
predomínio de ações inapropriadas em relação ao ambiente que os
cerca, as consequências costumam ser dolorosas e demandar tempo
para que entrem em equilíbrio. Nesse caso, um dos fatores sui gene-
ris que mais afeta sua cura ou seu retorno à normalidade energética,
ou seja, ao seu estado de espírito harmonioso, é a fé já adquirida,
que pode ser traduzida como a compreensão da vida espiritual.

Por mais que se busquem explicações ou informações em ou-

tras dimensões, a vida aqui na Terra ainda é um grande mistério.
Compreender o ser vivo, suas alegrias e angústias, é como avançar
na profundeza do oceano cósmico. Não tem começo, nem meio,
nem fim. Reduzir o fenômeno da vida à unidade material, física, per-
ceptível somente aos olhos humanos, é reduzir a esperança de uma
felicidade maior. A conquista material tão desejada pelos reencar-
nados pouco contribui para a felicidade duradoura. Muitos são os
caminhos para a verdadeira conquista da satisfação pessoal e, com
certeza, um dia, todos encontrarão o caminho que leva para além da
vida material.

80
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Estrela de sublimação
Templo de Oliban do Amanhecer de Céu Azul, Valparaíso, GO

Capítulo 2
Conhecimento e cura

A
chama trina da vida que habita em cada Espírito,
conforme ilustração da quarta capa deste livro, apre-
senta-se na forma de uma trança luminosa: a chama
azul, relativa ao poder; a chama amarela, ao conhecimento; e a cha-
ma rósea, ao amor. A chama só alcança seu verdadeiro desenvolvi-
mento quando o homem consegue equilibrar todas as forças que
regem sua natureza. O conhecimento é o eixo de orientação para o
poder e o amor, pois a ignorância um dia dará lugar à sabedoria. Esse
ponto de vista corrobora um dos relatos de Tia Neiva (1982, p. 279) 1:
“Os conhecimentos são as nossas asas. Se os temos, somos livres”.

O poder, o conhecimento e o amor são resultados apresentados

pelo Espírito durante sua interação com o meio, seja reencarnado,
seja desencarnado. Eles se complementam e, dependendo da con-
duta adotada, esses resultados podem beneficiar tanto o praticante
quanto o próximo. O conhecimento pode ser comparado à luz do
caminho, pois é um dos principais atributos para a tomada de de-
cisões; o amor está relacionado ao acolhimento, à compreensão, à
Foto: Francisco Rocha

aceitação daquilo que parece impossível de aceitar; e o poder é a

1
ZELAYA, N. C. [Mensagens para 1983]. Carta de 20 de dezembro de 1982. Do acervo
doutrinário: cartas de Tia Neiva, 1978 a 1984. Organizadores: Nestor Sabatovicz; Michael
Hanna; Gilberto Chaves Zelaya, 1999. Não publicado.

83
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
condição em que o Espírito se encontra, é a oportunidade de realizar
obras em favor de qualquer necessitado, ou seja, dos cegos, dos mu-
dos e dos incompreendidos.
Quando o conhecimento não é suficiente para uma pessoa se
conduzir adequadamente, com maior discernimento e com menor
quantidade de lacunas de aprendizagem, ela ainda precisa recorrer à
ajuda de outras pessoas para orientá-la, até mesmo para conduzi-la
a determinada esquina da vida. Pode-se dizer que o conhecimento
é uma das variáveis determinantes da boa conduta a ser desempe-
nhada em qualquer área de trabalho, de base material ou espiritual.
A diferença entre o conhecimento e a atividade de cura é de grande
relevância para o presente estudo, pois uma variável complementa a
outra, especialmente em áreas de trabalho espiritual em que muitas
ações são desempenhadas em prol da resolução de problemas que, a
princípio, são considerados de difícil ou impossível solução no plano
físico.
Para desafios como esse, Tia Neiva recomendou que, para o equi-
líbrio dos três reinos da natureza (corpo, alma e espírito), fosse sem-
pre exercitado os três princípios do bem viver: o amor, a humildade
e a tolerância, tanto na Terra como no Céu. Chamou a atenção para
que a lei de auxílio, voltada à cura desobsessiva, fosse colocada em
ação levando em conta esses três princípios, principalmente o amor
incondicional. Não importa quem pede socorro; o importante é dar a
atenção necessária e buscar com a espiritualidade que está presente
uma solução compatível com o merecimento do paciente.
Parece simples, mas a prática do amor incondicional no ambiente
doutrinário, em favor da manifestação de uma conduta doutrinária
mais profícua, sem barreiras psicológicas, normalmente encontra
uma série de obstáculos. Dias virão em que as dificuldades que ain-
da existem nesse ambiente de trabalho espiritual se transformarão
em solução. No caminho dessa conquista, condutas equivocadas ou
indiferentes, fruto da ignorância e oriundas de lacunas de aprendi-
84
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
zagem, ainda existirão. Em contrapartida, condutas mais assertivas,
plenas de amor, de paciência, de respeito e de vontade de fazer a
diferença, frutos do processo de aprendizagem, também surgirão.
Aos poucos, como resultado, o ódio será substituído pelo amor, e o
conhecimento, a cura desobsessiva e a cura física caminharão juntos
em prol de uma interação mais especializada e eficiente.
Conhecimento
O conhecimento remete a um conjunto de teorias, como a Teoria
da Experiência Vivencial (TEV), apropriada à compreensão da gênese
do Espírito e de seu comportamento. A TEV é a principal base teórica
para a fundamentação da presente publicação. Por conseguinte, ela
serve de base para o estudo de temas como o da conduta doutri-
nária, que, por sua vez, está relacionado a uma série de subtemas
ou variáveis que influenciam sua ocorrência (envolvendo os aspec-
tos filosófico e moral). Dentro desse tema, a conduta moral pode
afetar positiva ou negativamente qualquer um dos rituais de cura
desobsessiva.
Apesar de o conhecimento não ter sido discutido detalhadamente
por Tia Neiva, ela trouxe em suas cartas o tema “conduta doutriná-
ria” (anexos 1 e 2). Suas cartas foram um meio simples e objetivo
de transmitir conhecimentos da doutrina. No entanto, Tia Neiva e
Mário Sassi disponibilizaram informações e conhecimentos da dou-
trina também por meio de livros, importantes fontes de conheci-
mento da Doutrina do Amanhecer e do mundo etérico (Sassi, 1974a,
1974b, 197?, 1979).
Muitos problemas relacionados ao conhecimento interferem di-
reta ou indiretamente nos rituais de cura desobsessiva; entre eles, a
falta de conhecimento das normas de funcionamento de determina-
do ritual. A formação da fila dos médiuns, por exemplo, é um pro-
cedimento simples, mas que costuma causar algum tipo de ruído
com consequências motivacionais, como levar o médium a desistir
85
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
definitivamente daquele trabalho. Nem sempre a fila é organizada
por ordem de chegada, mas conforme a hierarquia espiritual. Um
estudo da motivação, de cunho científico, com o corpo mediúnico,
também poderia ajudar a identificar as necessidades ou as lacunas
de aprendizagem do público-alvo. Informações desse tipo poderiam
apoiar os responsáveis (trinos e presidentes de templos) a tomarem
decisões mais pertinentes, pois os gargalos que estão afetando a
conduta doutrinária nem sempre são facilmente observados ou ex-
plicitados de forma clara e objetiva.
Existem vários tipos de estudo científico voltados ao compor-
tamento humano, que servem de base também para o estudo da
conduta doutrinária. O comportamento pode ser considerado o veí-
culo de manifestação da vida onde quer que o ser humano esteja.
Ele sempre ocorre sob a influência de algum estímulo ou demanda,
proveniente tanto do ambiente externo quanto do próprio indivíduo.
Entendê-lo, mesmo que de forma geral, serve de base para a com-
preensão de comportamentos específicos relacionados a qualquer
atividade – religiosa, de negócio, beneficente, etc.
O conhecimento, a atitude (predisposição para agir) e a habilidade
para lidar com problemas e necessidades, todos adquiridos ao longo
do caminho e acumulados no Espírito, vão, aos poucos, alterando a
conduta e a rotina de vida daqueles que um dia não souberam inte-
ragir socialmente ou não conseguiram um lugar ao sol por alguma
razão. Os resultados da interação desses três fatores comportamen-
tais, acrescidos da influência de reencarnados e desencarnados de
maior proximidade, vão produzindo efeitos favoráveis sobre a pes-
soa, a sociedade e o mundo dos reencarnados.
Desses atributos, o conhecimento pode ser considerado um dos
principais insumos para estudos técnicos e científicos a respeito de
qualquer tipo de conduta.
86
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Apoio à doutrina
Observação
Para dar o primeiro passo nessa direção, ou seja, para promo-
ver estudos e apoiar o conhecimento na linha do Amanhecer, como
dito inicialmente, já existe no Templo de Oliban do Amanhecer de
Céu Azul, GO, a Academia dos Jaguares Escritores da Doutrina do
Amanhecer (Ajesa). Tudo que se refere a publicações, como livros,
cartilhas e mensagens, e a cursos temáticos que possam contri-
buir com aqueles que se interessam pela informação do mundo
espiritual na linha do Amanhecer pode contar com a orientação da
Ajesa, que não pretende ter nenhuma influência nem ingerência
sobre os trabalhos da cura desobsessiva.
O ensino e o estudo são atividades distintas, mas também de
apoio à evolução dos seres humanos; por conseguinte, às vezes,
interdependentes. Dependendo da necessidade ou do problema,
essas atividades podem ser empregadas ou introduzidas de forma
conjugada em determinados ambientes sociais ou religiosos. A cura
está mais relacionada à área de saúde e, consequentemente, ao trata-
mento aplicado com vistas à mudança de algum quadro ou situação
patológica; o estudo está associado à área de educação, relacionado,
portanto, ao trabalho de pesquisa, de investigação, para se conhe-
cer de forma aprofundada determinado tema ou objeto de interesse
espiritual; e o ensino é uma atividade totalmente voltada à multipli-
cação do conhecimento gerado, disponibilizado por meio de publi-
cações. Um não deve ser confundido com o outro, pois podem gerar
angústias, incertezas e defesas ou resistências desnecessárias.
Quanto ao estudo da conduta, termo denominado também de
comportamento humano, já existe uma quantidade razoável de in-
formações científicas disponibilizadas no ambiente acadêmico,
conforme comentado anteriormente. Evidentemente que essas in-
87
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
formações não levam em conta variáveis transcendentais, ou seja,
informações ocorridas em outras vidas. É importante lembrar que
a cura desobsessiva pode não curar a conduta humana, pois esta é
a causa primária de qualquer problema ou doença física, psíquica e
espiritual, mesmo que seu efeito seja em médio e longo prazos.
Uma ação saudável, ou um conflito deflagrado hoje, ressoa ime-
diatamente sobre a estrutura psíquica e, posteriormente, instala-se
no Espírito. No caso do conflito, se os envolvidos possuírem con-
quistas suficientes para neutralizar as forças negativas absorvidas,
o problema perde força e se dissolve. No entanto, para aqueles que
ainda estão a caminho do fortalecimento do Espírito, a luta para ree-
quilibrar o organismo demanda o enfrentamento de situações com-
plexas, uma espécie de contraponto. A conduta é uma construção
e, como tal, ela precisa ser estudada para que o equilíbrio de forças,
base dessa conduta, realize-se de forma sustentável.
Para que tudo isso deixe de ser um sonho e se torne realidade, é
preciso que o conhecimento e o amor sejam os pilares das ativida-
des de cura espiritual exercidas nas dependências dos templos do
Amanhecer.
Cura desobsessiva
A Doutrina do Amanhecer, operacionalizada por intermédio de
símbolos e imagens exuberantes, tem como objetivo a cura desob-
sessiva (Zelaya, 2009). Para isso, um de seus desafios, que ainda
carece de muita atenção, é a conduta doutrinária. Existe uma ex-
pressiva diferença entre promover a cura desobsessiva e estudar um
tema como esse, que valoriza e dá mais visibilidade aos trabalhos da
doutrina. Apesar da diferença, um complementa o outro, pois para
uma boa prática, nada como uma boa teoria.
A cura desobsessiva no Vale do Amanhecer remete a um conjun-
to de atividades, práticas e procedimentos voltados ao tratamento
88
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
e à libertação de Espíritos. Para isso, o corpo mediúnico é prepa-
rado para manipular forças na linha evangélica, baseada no fluido
magnético animal (ectoplasma), e também na linha iniciática, com
base em energias que vem de Tapir e de Mayante (regiões do mundo
etérico vinculadas à Doutrina do Amanhecer). Com o apoio de Pai
Seta Branca e Mãe Yara, Tia Neiva desenvolveu e implantou vários
rituais que são subordinados a um conjunto de normas contidas no
livro Leis e de Chaves Ritualísticas, com todas as orientações técni-
cas (Zelaya, 1977b, 2007). Cada ritual foi desenvolvido e testado nas
condições de funcionamento local, mas seu uso depende de vários
aspectos da conduta dos médiuns, especialmente os rituais de co-
municação, como os Tronos Vermelhos e Amarelos.
Tia Neiva, quando trouxe da espiritualidade e desenvolveu os ri-
tuais da Doutrina do Amanhecer, levou em conta uma fundamenta-
ção teórica de base espiritual, mesmo que tal fundamentação não
tenha sido explicitada ou não tenha havido uma apresentação de mo-
tivos ou uma justificativa – por exemplo, uma história trazida pelos
Espíritos servia para mostrar a necessidade da criação do ritual e
também de base para a definição de seu objetivo. Além disso, a defi-
nição e o sequenciamento dos procedimentos também fazem parte
do método ritualístico. A fase de desenvolvimento realizada por Tia
Neiva, anterior à etapa de implantação, incluiu testes de validação
em situação local. Qualquer modificação a posteriori para acomodar
uma nova situação exigia a observância dos seus efeitos.
Durante a etapa de desenvolvimento dos rituais de cura desobses-
siva, seus procedimentos foram testados pela Clarividente, mesmo
havendo orientação do mundo espiritual. Para isso, foram levados
em conta critérios que serviram de base de observação: constituição
e organização do grupo (proteção e força nos trabalhos), sincroni-
cidade dos movimentos (manipulação energética), harmonização e
concentração dos membros do grupo (qualidade da força emprega-
da), fluidez do trabalho (andamento da atividade sem conflitos nem
ruídos de comunicação), entre outros critérios de ordem espiritual.
89
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
A conduta doutrinária, nesse caso, engloba todos esses critérios. Por
conseguinte, a conduta doutrinária torna-se um dos fatores que mais
afeta o desempenho do ritual.
Tia Neiva, na condição de clarividente, e com amparo espiritual
especial, criou e implantou vários rituais; porém, na medida em que
os rituais chegavam do mundo espiritual na condição de novos tra-
balhos ou solicitações, ela modificava ou adaptava alguns deles. Na
linha do Amanhecer, os rituais servem de meios para os médiuns
entrarem em contato de forma mais segura e apropriada com a espi-
ritualidade maior; inicialmente, por meio da emissão e do canto; e a
posteriori, dos demais rituais. Um tipo de médium faz isso em transe
ou estado alterado de consciência (o apará) e outro, por meio do
mecanismo intuitivo mais aguçado (o doutrinador). Isso preconiza
ambiente com vibrações elevadas, condutas recheadas de cuidados e
mediunidade desenvolvida. Em outros momentos da concepção, Tia
Neiva testava, mas não implantava determinado ritual, como o ritual
envolvendo exclusivamente os Pretos-Velhos, denominado Cabana,
substituído pelo Alabá. Tudo isso, para que houvesse condições de a
espiritualidade se manifestar adequadamente por intermédio do cor-
po mediúnico e, nessa interação, houvesse melhor aproveitamento
das forças magnética animal e iniciática (mistura fluídica).
Por ser uma doutrina projetada para uma grande quantidade de
pessoas, de natureza ritualística e, por conseguinte, prática, e le-
vando-se em conta a atuação de seus componentes em situação de
emparelhamento – Ninfa Sol e Mestre Lua, por exemplo –, muita
atenção e cuidado devem ser empregados na execução das ativida-
des para que não haja desvio de seus objetivos. Para permanecerem
na corrente do Amanhecer, os médiuns precisam se abster de três
práticas: o uso de bebidas alcoólicas; o uso de substâncias entorpe-
centes; e o cruzamento de forças com outras correntes espirituais
(não participar de forma ativa, mesmo que eventualmente, de rituais
de outras seitas ou religiões).
90
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Na Doutrina do Amanhecer, a não observância dessas três con-
dutas é o que mais prejudica os trabalhos da cura desobsessiva. O
médium alcoolizado ou drogado deixa de ser um médium curador e
passa a ser um paciente, pois fica sem condições físicas, psíquicas
e espirituais de facilitar a cura de entidades sofredoras ou obsesso-
ras, principalmente pela necessidade da emissão de um ectoplasma
saudável. Muitas entidades obsessoras também exibem problemas
relacionados ao uso de drogas; se isso é percebido no médium, pode
servir de motivo para a recusa do tratamento espiritual. A mistura
de forças da Doutrina do Amanhecer com outras correntes espiri-
tuais pode levar a algum tipo de conflito, prejudicar o desempenho
do médium ou atrair outros problemas de ordem espiritual. Em cada
religião, manipula-se um tipo de energia espiritual e, consequente-
mente, uma força diferenciada é produzida. Resultados diferentes
nem sempre se combinam em prol da evolução ou da saúde física,
psíquica e espiritual (Zelaya, 1979 – anexo 8).
No caso do paciente, não existem restrições ao seu atendimen-
to, pois cabe aos mentores a assistência espiritual, geralmente feita
com base na queixa do paciente, na análise do seu quadro cármico e
nos ganhos obtidos com a reencarnação atual. Não existe uma pre-
visão precisa em relação ao que vai ocorrer ao longo da jornada na
Terra; o que existe é uma programação cármica, com foco nas lacu-
nas de aprendizagem, que precisam ser minimizadas ou eliminadas
na medida em que o espírito reencarnado vai vivenciando o dia a
dia. Dependendo dos fatos ocorridos, o reencarnado tem maior ou
menor facilidade para a mudança de rumo.
O comportamento humano interfere diretamente na dinâmica de
funcionamento de qualquer tipo de grupo, especialmente quando a
interação entre seus membros é intensa. Nesse caso, a tendência é
haver mais conflitos, pois a heterogeneidade de conteúdos vivenciais
entre os seres humanos ainda é elevada. A dinâmica de grupo, na
condição de processo, e não de técnica de intervenção, é tema de
diversos estudos na área social.
91
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
Muitas informações científicas, já disponibilizadas no meio aca-
dêmico, são trazidas do mundo espiritual via mecanismo de mediu-
nidade. Essas informações sempre foram trazidas por diversos cien-
tistas na condição de total discrição mediúnica, razão pela qual eles
são reconhecidos como os autores genuínos das ideias desenvol-
vidas. Do contrário, suas informações não seriam valorizadas nem
eles poderiam permanecer no ambiente de trabalho. Entre esses mé-
diuns cientistas, reconhecidos pela área de humanas, destacam-se
Carl Gustav Jung e Sigmund Freud. Portanto, muitas informações
dessa natureza, e que estão relacionadas ao presente tema, foram
resgatadas da literatura terrena e introduzidas nesta publicação
como elemento de explicação complementar.
Como cientista inglês da linha psicanalítica, Bion (1970) conside-
ra que todo grupo funciona simultaneamente em dois níveis: o pri-
meiro é o da tarefa ou da atividade a que se dedica; por conseguinte,
em busca de resultado. O segundo nível, o do suposto básico, tam-
bém chamado de pressuposto básico, diz respeito ao clima grupal
ou à esfera afetiva que envolve o nível de trabalho. Nesse caso, o su-
posto básico depende da relação estabelecida entre os componentes
do grupo, que se manifesta levando em conta três fases ou hipóteses
de base: dependência, luta-fuga e acasalamento.
Bion (1970) explica que na fase de dependência os membros do
grupo se conduzem como se quisessem ser protegidos pelo líder,
alimentados por ele intelectual e afetivamente e vivem momentos
de construção de uma identidade coletiva. Quando o grupo funcio-
na sob o suposto básico da luta-fuga, seus membros se comportam
como se estivessem reunidos para lutar, para atacar ou fugir de al-
guém ou de alguma coisa. Deixando de lado a tarefa, os membros do
grupo agridem o líder, um membro do grupo, o grupo em seu con-
junto ou fogem falando de outra coisa. Quando o grupo funciona sob
o suposto básico de acasalamento, seus membros se comportam
mais com sentimento de esperança. O grupo se acha envolvido nos
vínculos de simpatia que estão se formando entre os participantes.
92
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Essas fases não são estanques, podendo acontecer de forma cíclica,
regredir ou avançar conforme a necessidade do grupo, ou seja, na
medida em que novos componentes passam a fazer parte do grupo.
Schutz (1974, p. 101), cientista americano também da linha psi-
canalítica, propõe uma teoria que apresenta os opostos “prazer” e
“sofrimento” como áreas de necessidades interpessoais intituladas
inclusão, controle e afeição. Para o autor, o comportamento de in-
clusão diz respeito à associação entre as pessoas, ao ser incluída, ao
fazer parte, ao estar junto com outros. A necessidade de ser incluído
manifesta-se como o desejo de merecer consideração e de atrair atra-
ção e interesse. Uma dificuldade que surge com frequência no início
das relações interpessoais é a do comprometimento, a decisão de se
deixar envolver por determinada relação ou atividade. Do ponto de
vista do controle, o autor descreve que o comportamento de contro-
lador diz respeito ao processo de tomada de decisão entre indivíduos
e às áreas de poder, influência e autoridade. O comportamento con-
trolador é diferente do comportamento afetivo, já que diz respeito
mais às relações de poder do que à intimidade emocional. Em rela-
ção à afeição, o comportamento afetivo se refere aos sentimentos
emocionais íntimos entre duas pessoas, especialmente amor e ódio
em seus vários graus. A afeição é uma relação dual, só podendo ocor-
rer entre pares de pessoas de cada vez, enquanto as relações inclu-
sivas ocorrem quer entre pares, quer entre uma pessoa e um grupo
de pessoas. Em grupos, o comportamento afetivo caracteriza-se por
demonstrações de amizade e diferenciação entre os membros.
Essas teorias não discriminam nenhum tipo de grupo, já que são
aplicáveis a todos os grupos humanos – pequeno, médio e grande,
religioso, de trabalho, de lazer, etc. Na Doutrina do Amanhecer não
poderia ser diferente, e isso significa que a conduta doutrinária, na
condição de um tipo de comportamento, também influencia a dinâ-
mica do grupo dos jaguares. Apesar do apoio dos Espíritos de alta
hierarquia, os problemas de conduta doutrinária justificam investi-
93
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
mentos pontuais voltados ao processo de aprendizagem (cursos,
palestras, orientações amiúde).
Além das três condutas (consumo de álcool, de droga e cruza-
mento de corrente), há outras cuja não observância pode dificultar
bastante a prática da doutrina ou influenciar negativamente sua di-
nâmica de funcionamento (dinâmica de controle, ou de luta–fuga,
ou seja, ora os componentes entram em conflito, ora se afastam ou
abandonam a doutrina). A descrição aqui de algumas delas não diz
respeito a críticas, mas a observações que podem evitar diversas
consequências, especialmente para médiuns mais sensíveis e que
se sentem prejudicados facilmente. Vale citar a conduta, relacionada
ao conhecimento pessoal, que leva um médium, na suposição de
ser o ideal para a doutrina, a abordar outro que estaria em descon-
formidade com as normas. Ele toma a decisão de dar conselhos ou
orientações com base em sua concepção ou em seu processo de
aprendizagem. Uma palavra incorreta, ou um gesto impreciso, já se-
ria motivo suficiente para sua abordagem, às vezes em momento e
local inadequados (nos rituais ou não); por conseguinte, há o risco
de o ambiente mediúnico se transformar em uma sala de aula, por
causa de uma abordagem constrangedora.
Médiuns desconcentrados e que se baseiam em critérios pessoais
para chamar a atenção de seus pares desconsideram as consequên-
cias – no mínimo, tiram de sintonia aqueles que estão absorvidos
pelas energias do ritual. Essa conduta, em geral sem a devida auto-
rização, serve para tornar a situação pouco produtiva para a cura de-
sobsessiva. O caso é mais grave para médiuns de incorporação que
estão mediunizados, pois esses trabalhadores da cura desobsessiva
são de maior sensibilidade. O efeito costuma ser mais negativamen-
te contundente para aqueles que primam pela privacidade, concen-
tração e realização. Condutas ou abordagens desse tipo podem afas-
tar da doutrina pessoas que necessitam do tratamento desobsessivo.
Ainda a esse respeito, Tia Neiva dizia: “Eu vim para ensinar, não
para corrigir”. Abordar e corrigir uma pessoa conhecida é uma con-
94
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
duta tão inoportuna quanto no caso de uma pessoa desconhecida.
Trata-se de uma conduta tão inconveniente que a própria Tia Neiva
fez questão de chamar a atenção a esse respeito (Zelaya, 2021).
Quando isso acontece, é sinal de que o comportamento está preci-
sando de algum tipo de aprendizagem ou, no mínimo, de algum tipo
de alerta.
A fila organizadora e preparatória, ora para a entrada, ora para
a saída do trabalho, pode ser considerada outro ponto de fragilida-
de – nela, é fácil se desviar dos objetivos do ritual. Já a fila formada
depois do início do ritual, quando mal gerenciada ou alterada sem
preparo prévio, costuma ser objeto de tensão e com consequências
negativas, como a desistência temporária ou definitiva de um mé-
dium de participar do ritual. Quando o médium apará estiver mediu-
nizado, como nos tronos, então a atenção do médium doutrinador
não deve ser desviada para outro propósito. Se o participante está
desarmonizado no trabalho e sem a devida sintonia com a espiritua-
lidade, então, no momento em que a energia curadora deveria estar
impregnada do amor incondicional e com a adequada concentração,
o trabalho fica comprometido.
Mudanças no ritual sem conhecimento prévio dos participantes
também podem gerar incertezas e desarmonias. Isso ocorre quando,
durante a execução do ritual, surgem tentativas estranhas de con-
vencer os participantes a adicionarem ao ritual algum procedimen-
to não conhecido ou não considerado tradicionalmente. Isso cos-
tuma provocar mais desconcentração e irritação do que mudanças
de comportamento, ou seja, mudanças a favor da adoção do novo
procedimento.
Outras condutas equivocadas e merecedoras de investimentos
educativos podem ser citadas e analisadas, especialmente aquelas
que prejudicam a dinâmica de funcionamento dos grupos de perten-
ça (as falanges missionárias, por exemplo) e afastam mais do que
ajudam e aproximam. Quem ama tem paciência e respeito, princi-
palmente quando está em jogo a saúde física e mental, sob forças
95
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
pouco conhecidas na Terra. A solução vem de dentro e não de fora,
pois quando o adepto da doutrina realmente adquire a consciência
de que está prejudicando o próximo, mesmo que isso leve um pouco
mais de tempo, é provável que o praticante comece a se conduzir
de forma mais cuidadosa e atenciosa. Tomar consciência é perceber
seus limites.
Mudanças comportamentais não ocorrem rapidamente; o proces-
so de aprendizagem e de “lapidação” é longo e às vezes doloroso.
Nesse contexto, o grande grupo pode se dividir e se juntar novamen-
te, dependendo dos acontecimentos comportamentais e das pessoas
que adotam e deixam a doutrina, especialmente se forem líderes.
A vida material e a espiritual estão muito mais associadas entre
si do que se imagina, pois a construção da felicidade é realização do
Espírito, mas, uma vez reencarnado, o Espírito depende da carne para
a viabilização dessa construção. Tratar o Espírito e o revestimento de
carne (corpo físico) de forma conjugada é uma estratégia que tam-
bém pode ser considerada no contexto da Doutrina do Amanhecer.
Se durante o tratamento das células físicas lesionadas houver a ne-
cessidade de tratar o Espírito obsessor, o ambiente doutrinário que
acolhe ambos os envolvidos, como é o caso do Amanhecer, oferece
condições de atendimento e com grande chance de a cura ocorrer.
Nesse sentido, os processos que envolvem a cura desobsessiva (cura
do Espírito obsessor do reencarnado e cura física), quando há condi-
ções, podem refletir de forma positiva na reconstituição das células,
dos tecidos, dos órgãos e dos sistemas que formam o corpo físico.
Cura física
A cura física também pode ser explicada e fundamentada, teo-
ricamente, com base em leis e informações que regem a Doutrina
do Amanhecer. Nesse contexto, a conduta doutrinária não deixa de
ser também um dos principais pilares para esse tipo de cura, pois
96
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
muitos pacientes exibem graves enfermidades físicas e demandam
muito cuidado e atenção espiritual.
O termo cura é utilizado tanto para o atendimento aos médiuns
da Doutrina do Amanhecer quanto para os pacientes que não perten-
cem à doutrina, mas que estão em busca de algum lenitivo. Enquanto
a cura desobsessiva está relacionada à eliminação, ou à minimiza-
ção, do ódio dos Espíritos cobradores, acompanhada do perdão e
do afastamento deles, mas de forma negociada, a cura física, como
resultado indireto dos tratamentos espirituais que a doutrina oferece
– decorrente do afastamento dos obsessores e, consequentemente,
de suas energias deletérias –, está relacionada à recuperação do or-
ganismo físico. Como resultado da negociação entre os mentores
e os cobradores, ambos os grupos (de médiuns e de pacientes) se
beneficiam.
Os pacientes, que não fazem parte da corporação, recebem apoio
da instituição física e espiritual do Amanhecer de forma limitada, isto
é, até certo ponto, porque eles não estão preparados para participar
de todos os rituais (como os médiuns da casa). Por conseguinte,
eles recebem o tratamento espiritual até apresentarem condições de
fazer parte da instituição. Para isso, quando for o caso, dependendo
da análise da espiritualidade, eles são convidados, geralmente pelos
Pretos-Velhos, para iniciar o desenvolvimento mediúnico. Na condi-
ção de médiuns da doutrina, por meio de seus próprios trabalhos,
seus esforços, eles passam a bancar o tratamento espiritual de forma
ilimitada nos rituais que desejarem ou para os quais foram recomen-
dados. Dessa forma, os cobradores podem receber tratamentos mais
sofisticados, já que os obsidiados (médiuns da doutrina) têm acesso
a rituais de que nem sempre os pacientes podem participar – ritual
de Julgamento Transcendental, por exemplo. Isso ocorre pelo fato de
os pacientes não estarem devidamente preparados nem paramenta-
dos para manipular as forças iniciáticas, uma das bases de funciona-
mento da Doutrina do Amanhecer, tampouco estarem conectados a
uma equipe de mentores especializados da doutrina.
97
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
Na Doutrina do Amanhecer, para a cura física dos pacientes e dos
médiuns, e para a cura desobsessiva dos Espíritos cobradores, os
médiuns atuam levando em conta duas frentes de trabalho ou linhas
de manipulação energética: uma evangélica, outra iniciática.
Na linha evangélica, os médiuns atuam com o apoio dos mento-
res Pretos-Velhos, Caboclos e Médicos de Cura (mentores dos apa-
rás) e das sete Princesas da Cachoeira do Jaguar (mentoras dos dou-
trinadores). Nesse caso, os médiuns aparás e doutrinadores vestem
roupas de jaguar – calça marrom e camisa preta – ou da iniciação
Dharman Oxinto – calça preta e camisa branca (Zelaya, 2009).
Na linha iniciática, os médiuns atuam com o apoio de mentores
de elevada hierarquia – Ministros, Cavaleiros e Guias Missionárias
(mentores de aparás e de doutrinadores). Nesse caso, os médiuns
usam roupas especiais: capa e/ou indumentária, por exemplo
(Zelaya, 2009).
Há rituais em que trabalham os dois grupos de médiuns: enquan-
to uma parte atua com roupas de jaguar (nos Tronos Vermelhos e
Amarelos, por exemplo), a outra parte atua com capa e/ou indumen-
tária (como no Sanday de Trono). Em outros casos, os grupos traba-
lham de forma independente: todos os médiuns ora vestem a roupa
de Jaguar (como na Mesa Evangélica), ora vestem a roupa especial
(como na Cruz do Caminho).
Para que um trabalho seja considerado iniciático, além de os mé-
diuns manipularem as energias que vêm de Mayante, com o apoio
de mentores ligados à linha iniciática, são necessárias outras condi-
ções. Sassi (1979) cita as seguintes:
– Que o médium tenha que desenvolver o plexo iniciático, ou seja,
tenha um corpo físico preparado com determinada quantidade de
energia extraetérica para aumentar a força mediúnica e possibilitar
melhor interação com os mentores de elevada hierarquia. Essa ener-
gia é oriunda de Mayante e é projetada no plexo solar do médium
98
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
do Amanhecer durante as consagrações de Iniciação, de Elevação de
Espada e de Centúria.
– Que o médium tenha acesso à corrente mestra, um conjun-
to de energias que se apresenta na forma de uma trança lumino-
sa, que manipula e é manipulada e projetada em prol dos trabalhos
desobsessivos.
– Que o médium tenha acesso às energias luminosas de Mayante,
energia pura, restauradora das forças físicas, projetada em suas
morsas/cruzes.
No turno da manhã, das 10h às 12h, funcionam somente traba-
lhos da linha evangélica (Mesa Evangélica e Linha de Passe). No tur-
no da tarde, a partir das 15h, quando abre a corrente mestra, fun-
cionam todos os trabalhos das duas linhas2. A Mesa Evangélica é
um trabalho ligado à Kardec e coordenado por mentores da linha
evangélica (Pai Zambô, Pai Zambú e Pai João de Enoque).
Tia Neiva criou também o ritual de Consagração de Enlevo, mais
voltado às necessidades da cura física. O adereço que merece aten-
ção é o manto branco que é utilizado como uma espécie de imã onde
ficam impregnadas as energias curadoras e que pode ser utilizado no
momento de dor. Esse manto é colocado sobre o local do problema
físico. Para Rodrigues, (2016) esse manto tem o seguinte significado:
A Consagração de Enlevo é a última das Consagrações
do Amanhecer.
Durante o ritual desta consagração é preparado um
manto individual que vai se impregnar de uma magia
especial e depois deverá ficar guardado em seu lar, pois
passa a ter poder curador, pois cura dores físicas em
2
Essa orientação não é válida para o ritual da Estrela Candente, que começa às 12h30. Esse
ritual usa energia das chalanas (naves filhas que se deslocam de uma amacê) para sua
execução. Os rituais da Estrela Candente e do Quadrante são iniciáticos, mas regidos
com leis próprias ou independentes do templo. Os demais rituais externos são ligados ao
Templo do Amanhecer – Alabá e Abatá, entre outros (Sassi, 1979).
99
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
geral, cura enfermidade, cura a desarmonia emocional
e mental. Passa a ser um manto sagrado. Guardar de
Preferência em seu Aledá. Não deve ficar exposto ao
vento ou a poeira. Deve ser guardado dentro de um
plástico e em recinto de suas preces.
Este manto poderá ser usado nos momentos necessá-
rios, em qualquer pessoa que esteja com dificuldades
emocionais ou físicas. Quem vai receber o tratamen-
to deverá se colocar em posição confortável, relaxar e
buscar a harmonia de sua mente com os planos supe-
riores. Deve fazer uma prece (um Pai Nosso) e menta-
lizar seus mentores e, especialmente, os médicos do
espaço.
O manto deve ser aplicado envolvendo a parte superior
da cabeça, cobrindo o chakra coronário, se o mal for
emocional; nos casos de mal físico, o manto deve ser
colocado sobre a área afetada durante algum tempo e,
depois, ser colocado sobre o plexo, agindo sobre o sol
interior. (Rodrigues, 2016).
A manipulação energética no contexto da linha evangélica con-
diz mais com as propriedades que regem a matéria física do que
a manipulação energética da linha iniciática, que é mais potente e
empregada na cura desobsessiva de Espíritos que ainda necessitam
de cuidados especiais, orientação e tratamentos diversos. Desde que
o médium do Amanhecer apresente conduta doutrinária adequada e
profícua (respeitosa em relação à dor e ao sofrimento daqueles que
buscam no Amanhecer o lenitivo divino), ele tem grande potencial
para promover a cura física, um ato de caridade voltado à lei de auxí-
lio e que pode ocorrer tanto dentro quanto fora das dependências do
templo. Nesse caso, o amor incondicional e o apoio divino bastam
para amparar e reintroduzir o paciente em um novo caminho de luta
e aprendizagem.
A cura dos males físicos com base na movimentação energética,
com a participação de Espíritos mais evoluídos e com o auxílio de
100
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
recursos terapêuticos ainda pouco conhecidos no mundo físico, é
utilizada em muitas seitas ou linhas espiritualistas. Os rituais criados
pela Clarividente são voltados à cura desobsessiva do Espírito sofre-
dor, obsessor ou cobrador, exceto o ritual da Mesa Evangélica, que é
mais apropriado à passagem de Espíritos recém-desencarnados. Tia
Neiva trouxe do mundo espiritual rituais dinâmicos, exuberantes e
difíceis de serem replicados ou imitados.
A cura desobsessiva dos cobradores é uma negociação entre o
mentor e o obsessor do médium. Graças aos bônus do médium, fica
mais fácil o obsessor perdoar o algoz do passado, e ambos ficam
livres para trilhar novos caminhos. A partir desse momento, o mé-
dium, se conseguir tornar-se liberto do obsessor, tem melhores con-
dições de progresso na jornada terrena e, inclusive, de obter a cura
física, se for o caso.
Quando existe um forte sentimento de fé (base para a movimen-
tação energética), e o enfermo parte em busca da cura espiritual, o
método alternativo para a cura executado pelos mentores espirituais
(cirurgias realizadas e/ou energias aplicadas), quando comparado
com os métodos convencionais adotados pelos médicos da Terra,
costuma apresentar resultados surpreendentes. A cura física depen-
de muito mais das vivências atuais e suas consequências do que das
ações do passado que serviram de base para a programação cármica
(eixo orientador da nova personalidade a ser construída) – o que não
significa que o carma deixou de influenciar as condutas atuais.
As relações e vivências atuais que levaram a algum tipo de dano
físico ou psicológico se tornam o alvo da cura física para o devido re-
paro ou alívio. A maior parte dessas vivências são frutos de condutas
impensadas ou impulsivas, como explicado no capítulo 1. Mas, de-
pendendo da gravidade da situação, as vivências atuais que serviram
de motivo para o tratamento espiritual só poderão ser trabalhadas
num momento posterior. A recuperação do corpo físico, constituído
por energias mais condensadas, telúricas, deve ser a primeira a ser
101
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
considerada no tratamento espiritual, mesmo que o corpo leve mais
tempo para retornar ao estado original.
A intervenção espiritual de natureza médica é realizada no peris-
pírito do paciente, a fôrma do corpo físico. Esse tipo de intervenção
nem sempre consegue reverberar rápida e positivamente sobre a
energia “dura” do corpo físico, onde está o problema. Esse processo
de recuperação pode ser acompanhado de sintomas físicos estra-
nhos ou até de dor. Para a reversão dos danos ocorridos no físico,
que costumam ser provenientes de causas desconhecidas para os
médicos da Terra e, consequentemente, de difícil diagnóstico para
que tenha um tratamento mais preciso e adequado no plano físi-
co, tem havido grande procura por tratamento espiritual alternativo.
Dependendo da situação do paciente, a cura espiritual, como única
opção que restou, pode ser considerada a última esperança.
Em muitas ocasiões, a cura física é precedida da cura desobses-
siva e, dependendo da situação, uma complementa a outra. O trata-
mento físico pode ser aplicado durante ou após, de forma conjugada
ou emparelhada, os trabalhos da cura desobsessiva. Isso significa
que o mentor, ao analisar o problema e concluir que o processo da
cura desobsessiva ainda precisa de mais tempo para novas negocia-
ções e encaminhamentos, pode solicitar que o paciente participe de
determinados trabalhos desobsessivos.
O médium com capacidade de promover esse tipo de cura precisa
de muita atenção e de cuidados redobrados do ponto de vista moral.
Isso evitará que ele caia em armadilhas e fique sujeito a vinganças
de Espíritos ignorantes que foram contrariados com os trabalhos de
libertação de pacientes. Fazer inimigos é mais fácil do que amigos.
Nesse contexto, muitos médiuns, ainda na condição de Espíritos fa-
líveis, podem se deixar enganar e “morderem iscas” (poder, dinheiro,
droga, sexo, vida predominantemente fácil e desonesta, prostituição,
etc.) colocadas em seus caminhos, por exibirem traços exacerbados
de personalidade, como vaidade, orgulho e egoísmo. Servir de me-
diador para a libertação de pacientes obsediados, em muitas oca-
102
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
siões, apesar da proteção espiritual, exige não só moral, mas tam-
bém intensa negociação da parte dos mentores. Por isso, a conduta
doutrinária é o mínimo a ser observado.
A cura física no contexto do Amanhecer, mais especificamente a
Cura Especial do Templo de Oliban, é focada na regeneração das cé-
lulas físicas e, consequentemente, na reconstituição ou restauração
de tecidos e órgãos lesionados em decorrência do processo obsessi-
vo do paciente. Para isso, esse tratamento conta com suporte espiri-
tual da equipe médica do Hospital de Mayante, com o apoio de mé-
diuns que tenham o plexo iniciático desenvolvido, além de energias
telúricas de efeito curativo da matéria física.
Muitos casos de doenças graves não apresentam melhora no âm-
bito das circunstâncias físicas, principalmente por motivos cármicos
de elevada gravidade e pela quantidade insuficiente de experiências
vivenciais para responder aos estímulos externos de forma equilibra-
da. Com o tratamento mais focado no problema físico, os resultados
podem se tornar mais profícuos, exceto no caso de uma programa-
ção de reencarnação mais fechada, restrita, em que a única forma de
libertação é o sacrifício do próprio corpo físico.
A cura desobsessiva, especialmente do Espírito cobrador classi-
ficado como elítrio ou ovoide, é bastante conhecida na Doutrina do
Amanhecer. O elítrio é um ser humano desencarnado, cujos mem-
bros foram suprimidos ou totalmente reduzidos e vive a maior parte
do tempo inconscientemente no mundo espiritual. É um Espírito que
perdeu a forma humana, e muitos deles ficam aderidos ao perispírito
dos reencarnados e causam enfermidades atrozes. Dentro do ciclo
de aprendizagem, esse quadro pode ser considerado uma espécie
de contraponto para que o agressor do passado possa adquirir hoje
novas experiências vivenciais e, consequentemente, equilíbrio para
viver melhor no contexto das interações socioambientais. A cura ou
o tratamento dos elítrios costuma exigir muita paciência e dedicação
em prol de sua libertação.
103
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
Em uma situação normal de cobrança, Espíritos obsessores como
os elítrios levam a vítima de hoje, e algoz do passado, a enfermida-
des e sofrimentos atrozes, que podem perdurar por muito tempo. A
dor ou sofrimento é a única paga que os satisfaz. É um processo de
aprendizagem doloroso, mas que leva os envolvidos a equilibrarem
suas ações. Quando o cobrador considera ter alcançado seu intento,
libera a vítima que, dependendo da gravidade do corpo físico, pode
sucumbir, ou seja, desencarnar.
Exemplo de formação e de recuperação do elítrio
Uma pessoa, em um ato impensável, sem medir consequências,
assassina de forma torpe e cruel outra, que, por sua vez, também
tem seus comprometimentos cármicos, mas que naquele momen-
to não tinha uma história terrível com esse algoz. O recém-desen-
carnado, ungido de muito ódio e sede de vingança, segue em frente
vivendo tormentos e angústias intermináveis. Com o pensamento
fixo nesse tormento, estabelece em sua mente o monoideísmo (es-
tado em que o psiquismo se acha dominado por uma ideia cen-
tral, uma fixação) e, com isso, sem perceber, aos poucos perde os
membros externos do corpo perispiritual e se transforma em um
ovoide ou elítrio. Nessa situação, torna-se mais vulnerável à ação
de Espíritos perversos e oportunistas na erraticidade.
Decorrido determinado tempo, em que o algoz já conseguiu
evoluir em favor das boas relações humanas e sociais, então chega
o momento de ele fazer o resgate daquele que um dia foi sua vítima
e que hoje precisa de socorro amigo e caridoso. Essa é a oportuni-
dade de o algoz rever a conduta destrutiva do passado e se libertar
dessa amarra. Para isso, a melhor opção é a reencarnação, ou seja,
uma nova oportunidade de caminhar ao lado daqueles que um dia
não soube compreender e respeitar, mas sem as lembranças do
passado.
Continua...
104
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Nesse contexto, o resgate pode ocorrer de diversas formas: por
exemplo, o algoz do passado pode receber como hospedeiro, no
momento de sua nova concepção, o Espírito que foi sua vítima e
que hoje está na condição de elítrio. Caso essa seja a melhor opção
encontrada pelos responsáveis da programação cármica, operação
que é realizada antes de o Espírito se submeter à reencarnação
(esse grande tratamento na dimensão física), parte-se para a ação
definitiva. Isso inclui, principalmente, a época prevista para o elí-
trio exibir os primeiros sinais de vida no mundo físico.
Chegada, portanto, a época de recuperação do elítrio, ele come-
ça a sugar e a destruir a energia dura (as células do corpo físico do
hospedeiro), como uma lagarta em uma planta, até que tratamen-
tos do mundo físico (médicos da terra, via intervenção cirúrgica)
e/ou espiritual (médicos do espaço via manipulação da energia
iniciática associada ao ectoplasma, entre outros recursos) come-
çam a surtir efeito. Dependendo do fato ocorrido e da condição do
algoz do passado, em termos de sensibilização e compreensão, e
da recuperação do elítrio, a situação dolorosa a que ambos foram
submetidos pode ser resolvida, ou seja, o elítrio pode perdoar o
antigo algoz e se retirar definitivamente dessa velha estrada.
Mas a formação de elítrios pode ocorrer por meio de vários ti-
pos de monoideísmo, como o remorso, a culpa, o sentimento de
perdas, enfim, qualquer sentimento com elevada concentração de
conteúdo vivencial em determinada situação preocupante (trans-
torno obsessivo compulsivo). O elítrio pode ser usado também por
Espíritos inconsequentes como instrumento de vingança, exaurin-
do as energias do corpo físico do obsediado.
Ninguém segue em direção à felicidade deixando para trás um
rastro de destruição. Aos poucos tudo vai se equilibrando até que o
comportamento humano (conduta) se torna profícuo, mesmo que
seja à custa de muito sofrimento. É difícil um Espírito pouco pre-
parado nas artes da vida se sensibilizar facilmente em decorrência
de sofrimentos atrozes. Em tratamentos como o da reencarnação,
corre-se o risco, ainda, de o cobrador se rebelar, de se tornar mais
resistente e vingativo por causa de novos acontecimentos pouco
favoráveis. Para esses Espíritos menos evoluídos, receber sempre é
mais fácil do que doar, razão pela qual se deve ter paciência e levar
em conta o tempo ideal para plantar e para colher.
105
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
A ignorância, no que se refere às lacunas de aprendizagem, ainda
é grande entre os reencarnados e desencarnados; os sentimentos de
ódio e vingança ainda imperam, mesmo entre aqueles que já aceitam
a vida eterna. Ninguém morre; só o revestimento ou a roupagem do
Espírito na dimensão física é que perece. É um triste engano achar
que alguém pode assassinar outro, pois ninguém tem esse poder. A
vítima deixa a cena do teatro da vida física e passa para a cena do tea-
tro da vida espiritual. O sentimento dela, daí por diante, vai depender
do seu grau evolutivo. No caso de contendas de elevadas gravidades
entre seres humanos, isso evolui para uma situação que geralmente
requer a reparação ou o reequilíbrio por mais de uma reencarnação,
o que não deixa de ser uma grande oportunidade de aprendizagem.
No início da reparação, a dor é a grande companheira; depois, com o
passar do tempo, com a chegada da fé raciocinada, do conhecimen-
to, da visão de futuro, o estado de ignorância ou as lacunas de apren-
dizagem desaparecem em favor das reações mais nobres e salutares.
Fora dessa situação tradicional de cobrança, existem outras for-
mas em que todos ganham com o processo de reajuste e aprendiza-
gem, evidentemente sem afetar a lei do carma. Uma das melhores
estratégias trazida por Pai Seta Branca é a negociação intermediada
pela equipe espiritual que assiste o reencarnado. Mesmo assim, exis-
tem casos de tal gravidade que a negociação não é possível, pois não
depende do perdão do cobrador, mas somente da doação total do
corpo físico.
A Terra, nesse cadinho, é uma grandiosa escola e a maior esperan-
ça para a solução de problemas de extrema complexidade. Para isso,
possibilita a criação de Espíritos e recebe e ampara, cada vez mais,
Espíritos, na condição de alunos, para se prepararem para a vida su-
perior. Todos os problemas que aqui existem servem de motivo para
o crescimento espiritual. Tudo que ocorre nessa escola é motivo de
aprendizagem, e o carma gerado pelas condutas inapropriadas cos-
tuma ser o eixo de construção de novos programas de aprendiza-
gens. Os missionários, professores dessa escola, aqui se encontram
para ensinar e dar exemplos de amor incondicional.
106
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Para que a negociação seja mais eficiente, o ideal é que o reencar-
nado obsediado esteja engajado em um sistema religioso que leve
em conta, de forma respeitosa e profícua, o atendimento ou assistên-
cia espiritual, como é o caso da Doutrina do Amanhecer. O interessa-
do engajado, ao participar como médium dos rituais desobsessivos,
adquire bônus espiritual, que podem ser utilizados como base de ne-
gociação em seu favor e do Espírito cobrador. Assim, como resultado
da negociação bancada por esses bônus, frutos de uma conquista
que exige muita paciência, dedicação e fé, o Espírito obsessor, nes-
sa estratégia, afasta-se do obsediado e ganha oportunidade e recur-
sos para investir em prol de sua felicidade em um novo caminho no
mundo espiritual.
Hoje na Terra, essa negociação tem grande chance de ocorrer e
de ser viabilizada por intermédio dos rituais de cura desobsessiva
da Doutrina do Amanhecer (no ritual de Julgamento Transcendental,
por exemplo). Nesse caso, o reencarnado obsediado e o obsessor se
encontram “face a face” em uma interação direta via comunicação
mediúnica. Evidentemente, isso só é possível se o Espírito estiver
em condições de se comunicar; o elítrio se enquadra nessa condição
desde que suas faculdades mentais e espirituais já estejam recupera-
das (Figura 5). Isso não significa que em outros sistemas religiosos,
mais discretos do ponto de vista ritualístico, seja impossível esse
tipo de negociação, dado o grande número de credos e religiões es-
píritas e espiritualistas criadas para acolher o sofrimento dos seres
reencarnados.
Segundo Silva (1996), religiões espiritualistas, bem como a espíri-
ta, se estabeleceram no Brasil essencialmente em torno de temáticas
relacionadas a doenças e curas. As enfermidades de origem psíquica,
que no Vale do Amanhecer são consideradas espirituais, podem ser:
1. Programadas – quando a pessoa opta pela doença grave an-
tes de reencarnar, e o elítrio pode ser recomendado pelos res-
ponsáveis da programação como causador da doença. Nesse
caso, para resolver problemas transcendentais de difícil solu-
107
108
passado.
Capítulo 2 – Conhecimento e cura

zer parte do processo obsessivo.

sujeição ao assédio de cobradores.

viciada e malfazeja, para prejudicar o reencarnado.

Figura 5. Elítrio em fase de recuperação, após o perdão ao seu algoz do

De acordo com a Tabela 1, diferentes agentes causais podem fa-

tigar um exu, ou se valer dele, na condição de uma pessoa
Espírito obsessor ou sofredor e não aceita Jesus Cristo como
2. Não programadas – quando a pessoa tinha relação com o

enviado especial de Deus. Nesse caso, o obsessor pode ins-

ção no etérico, o Espírito faz a opção pela reencarnação e pela

Ilustração: Laylson Coimbra

Tabela 1. Perfil do agente causal com base em sentimentos, afinidades, atitudes e na relação com o obsidiado.

Relação com o
Agente
Sentimento Atitude Afinidade Obsidiado obsidiado quando
causal
reencarnado
Elítrio Ódio Intencional Inexistente Inespecífico Inexistente
Desejo de lideran-
ça, de fazer preva- Ideológica Específico
Exu Intencional Inexistente
lecer as próprias (não cristão) (não cristão)
ideias
Intencional Específico
Cobrador Vingança Inexistente Existente
(vingança) (devedor)
– Existente no – Existente
Específico
– Amor Intencional caso de estarem (pessoas que se
(quem se entrega
Obsessor – Amizade (ajudar ou na mesma faixa entregam ao vício)
à bebida, à droga,
– Ódio prejudicar) vibracional – Amigo
à ação vil)
– Inexistente – Inimigo
Inexistente
Não – Inespecífico Pode ou não ter
Sofredor (estado de in- Inexistente
intencional – Específico existido
consciência)
Elítrio em
Não
função do Inexistente Inexistente Específico Inexistente
intencional
109
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

livre-arbítrio
Fonte: Silva (1996, p. 98).
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
Os seres desencarnados, com sentimentos que variam do amor
ao ódio, interagem com os reencarnados e levam em conta essas
variáveis. Todos esses fatores estão diretamente relacionados aos
motivos da reencarnação e constituem uma base para o destino de
aprendizagem dos reencarnados. Pode-se dizer que as informações
da Tabela 1 indicam possíveis dificuldades que um Espírito reencar-
nado pode enfrentar em sua jornada na Terra – enfrentar a vingança
de um cobrador, por exemplo. Evidentemente que, dependendo da
bagagem espiritual que o reencarnado já conquistou, essas dificul-
dades podem ser acompanhadas de sofrimento por determinado
tempo. Tudo isso faz parte das intervenções espirituais em favor do
processo de aprendizagem na Terra.
Tia Neiva, na condição de clarividente responsável pela criação
e fundamentação da Doutrina do Amanhecer, faz em uma de suas
cartas, o seguinte comentário:
[...] porém, eu vejo um elítrio como uma cabeça de ma-
caco preto, com mais ou menos 10 centímetros, com
as mãozinhas e os pés pregados à cabeça, com a es-
pessura de uma espuma de nylon.
Quando uma mulher se transforma em elítrio, sua cor,
em vez de preta, é marrom.
Sim, são causadores do câncer! Jesus vai ainda man-
dar um cientista para proteger o corpo físico do elítrio
cancerígeno.
Meu Deus! O que será desses Espíritos que esperam
a vingança? Vingar-se para depois voltar para Deus!
Vingar-se pelo câncer!
O homem da Terra está bem evoluído e quando souber
amar realmente, ele mesmo poderá expelir seus pró-
prios elítrios.
O Espírito, ao partir para o sono cultural, escolhe
seus reajustes e leva seus elítrios junto para o ventre
materno.
110
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Pela bênção de Deus, amando podemos retificar o mal
que provocamos. Os elítrios são nossas vítimas do
passado. Homens que não tiveram condições de per-
doar nem oportunidade de amar.
Por isso, vêm na carne do homem para se vingar.
Porém, se tiverem a felicidade de encontrar o carinho
de uma mãe para com o filho, se sentindo instrumento
da dor daquela mãe - ou daquele pai, ficam sensibiliza-
dos e voltam para Deus.
Deus confia no amor da mãe e no amor do pai!
É por isso que um Espírito reencarna levando até sete
elítrios!
Por isso, cada gestação é diferente da outra. (Zelaya,
2011).
Ainda a respeito do elítrio, José Carlos do Nascimento Silva (2006)
complementa:
Nos trabalhos do templo do Amanhecer, o elítrio tem
um tratamento progressivo e diversificado, que busca
atenuar a intensidade de sua vibração, diminuindo sua
ação e, até mesmo, podendo libertá-lo. Como cada
caso tem suas próprias características, ao passar por
um Trono, o paciente vítima da ação do elítrio recebe a
orientação para ser atendido nos diferentes trabalhos
e, se a entidade verificar que se trata de um caso em
que só o trabalho da vítima poderá fazer a libertação,
recomenda que o paciente faça o seu desenvolvimento
mediúnico, nesta ou em outra doutrina. Faz toda uma
limpeza das impregnações e prepara o paciente para
passar na Cura.
No trabalho de cura o elítrio é envolvido por uma fina
camada ectoplasmática, que isola parte da sua intensi-
111
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
dade vibracional, e ajuda na recuperação das áreas do
plexo físico atingidas por aquelas vibrações.
A Junção é o trabalho específico para atingir os elítrios,
em que são aplicadas as forças dos três Oráculos: no
Sanday, o Comandante do trabalho projeta o poder de
Simiromba; as duas Ninfas Luas manipulam a grande-
za de Olorum; e os doutrinadores aplicam os passes
sob a projeção de Obatalá, fazendo o encapsulamen-
to do elítrio e, em muitos casos, conseguindo sua
libertação.
Por efeito dos trabalhos pelos quais passa o paciente,
o elítrio vai-se modificando pelo alargamento de seus
espaços intermoleculares, provocado pela ação do
ectoplasma enviado pelos médiuns, e isso causa seu
crescimento, determinando sua perda de concentra-
ção e o tornando menos sólido, de tal forma que pode
chegar à estatura de um ser humano normal, quando,
então, se torna tão leve e sutil que perde a capacidade
de aderência e é encaminhado aos planos espirituais.
(Silva, 2006, p. 253).
O elítrio, na condição de uma pessoa que foi extremamente es-
poliada, prejudicada, aniquilada, e também fruto de um processo
obsessivo transcendental, transformou-se num Espírito carregado
de ódio e de rancor. Nessa situação, ele costuma se tornar um dos
principais motivos da reencarnação da pessoa prejudicada. Para
isso, o reencarnado traz consigo, na condição de obsessor, sua víti-
ma do passado. Em conformidade com a programação de reajuste,
o elítrio permanece por um período de latência, com baixo metabo-
lismo energético, praticamente em estado de repouso e aderido ao
perispírito do reencarnante. Tão logo o elítrio começa a despertar,
ele começa a sugar ou a puxar as energias duras do corpo físico para
se alimentar e multiplicar suas forças em favor de seu crescimento
e reestabelecimento da forma humana. Pode-se dizer que ele, agora,
está na condição de um obsessor ou cobrador.
112
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Tratado por procedimentos como a cura desobsessiva, o elítrio
consegue acelerar seu processo de recuperação e parar de sugar as
energias do corpo do obsediado. O tratamento espiritual favorece o
reencarnado, pois libera o elítrio dessa ação destruidora, que normal-
mente é de grande repercussão em curto, médio ou longo prazos.
Quando adquire maior estágio de recuperação, inclusive do estado
de consciência de seus atos, o elítrio pode ser interpelado e levado
a negociar o resgate a que veio com vistas a uma libertação mais
proveitosa.
Dependendo do estrago ou do “rescaldo de guerra” deixado por
ele, depois de ter se afastado do reencarnado obsediado, o reencar-
nado pode recuperar a saúde física e ganhar uma sobrevida com
mais qualidade. Nos casos mais graves, em que o corpo físico ficou
muito danificado, o tratamento de cura desobsessiva facilita a rege-
neração do organismo físico aproveitando-se do aparato espiritual
disponível nos trabalhos do Amanhecer.
Além do efeito ou das sequelas deixadas no aparelho físico, os
elítrios costumam prejudicar também profundamente o aparelho
psíquico. Nesse caso, eles deixam um rastro de destruição ou de des-
personalização da mente de tal forma que a pessoa passa a depender
totalmente (ou quase) de outras pessoas. Normalmente, isso ocorre
sob forte cobrança, acompanhada de alterações psíquicas que fazem
a pessoa entrar em estado de latência, ou de inércia parcial ou total,
podendo passar a caminhar a esmo, sem rumo ou destino, como
se fosse um zumbi, um morto-vivo. Pode-se dizer, também, que a
pessoa passa a ficar desconectada da realidade ou vive submetida a
processos conflitivos sem causa aparente, acompanhados de trans-
tornos do humor e/ou mentais: depressão, tendência ao suicídio, es-
quizofrenia, psicose e síndrome do pânico, entre outros. Nesse caso,
a mediunidade é um dos principais canais de comunicação desses
seres, que necessitam de equilíbrio para responderem aos estímulos
externos de forma mais equânime.
113
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
De acordo com Tia Neiva (1999a), esse tema relacionado ao efei-
to dos elítrios na constituição mental foi analisado levando-se em
conta as seguintes considerações:
A esquizofrenia3 é o mais comum nos nossos dias. A
esquizofrenia é um caso perigoso de ser diagnostica-
do, porém deve ser analisado sem comentário ao al-
cance do paciente. Nunca temos certeza da evolução
do esquizofrênico. Existe a esquizofrenia por uma pena
passiva4, a esquizofrenia ativa5 e a esquizofrenia here-
ditária, a mais perigosa, porque envolve toda a família,
criam animosidades onde chegam, são prepotentes e
na totalidade não acreditam em ninguém. Porque é um
elítrio na cobrança, anulando a personalidade, se rea-
justando, nobres entre nobres, Espíritos de real tirania.
E por último, a esquizofrenia de Hórus, em que o pa-
ciente chega com todas as formas intelectuais, munido
com suas teorias. Se sente como um Espírito protetor,
procurando discutir suas teses, suas preocupações e
concretizar seus pensamentos. Esta eu identifico muito
bem, porque Hórus foi o mais pretensioso rei egípcio.
O homem que sofre de esquizofrenia de Hórus é o
mais complicado de todos os médiuns ou de todos os
homens. E não temos como ajudá-lo. Ele irradia seus
maus fluídos e, muitas vezes nos deixa incapazes de
um raciocínio normal. As pessoas dotadas da capaci-
dade de vivenciar imagens ficam empedernidas, peri-
gosas, porque na realidade não é mistificação, pode
muito bem parecer aos olhos de qualquer pessoa, no
entanto só traz confusão e conflitos. (Zelaya, 1999a, p.
106)6.
3
Transtorno mental crônico e grave, afeta o modo como uma pessoa pensa, sente e se
comporta.
4
Punição – cúmplice do passado.
5
Obsessor do passado e vítima do presente.
6
Carta de 7 setembro de 1977. p. 103.
114
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Tanto o obsessor quanto o obsediado, em situações como essas,
são afetados do ponto de vista físico e psíquico ou mental. O processo
de aprendizagem a que são submetidos altera profundamente suas
crenças, que, por sua vez, alteram sua conduta ou o comportamento
em diferentes aspectos das relações interpessoais, o que influencia
a formação de uma nova personalidade, resultado do Espírito que
está em eterna evolução. Nesse caso, é bom lembrar que o Espírito
se refere ao conteúdo vivencial que carregamos em nossa bagagem
de viagem e não ao revestimento que nos dá a forma (“a mala de
viagem”). Quem só conhece o revestimento não conhece o Espírito
que dá vida a ele. Esse processo de sofrimento e luta ajuda a ambos a
extirpar ou a reduzir lacunas que ainda precisam de situações contra-
partes para dar o equilíbrio comportamental, que é fonte de qualquer
tomada de decisão. Consequentemente, isso afeta positivamente o
comportamento de ambos os envolvidos. As experiências obtidas,
tendo em vista conflitos dessa natureza, contribuem para o fortale-
cimento dos Espíritos que ainda não aprenderam a lidar com dife-
renças comportamentais, principalmente em situações de desafio. A
escalada à felicidade não é tão simples como parece, pois a matéria
é só o meio e não o fim.
Se o elítrio conseguiu se recuperar depois de longo período de so-
frimento, e o obsediado conseguiu concluir seu processo de apren-
dizado, a questão cármica (lacuna de aprendizagem) tem tudo para
ser modificada ou mesmo ser extinguida, o que força uma mudança
no programa de reencarnação. Mesmo que nesse programa exista
previsão de desencarne depois do afastamento do elítrio, é possí-
vel que o reencarnado permaneça na jornada terrena desde que seu
processo de aprendizagem, acompanhado de sofrimento, tenha sido
suficientemente capaz de sensibilizá-lo e de fazer com que ele tenha
um novo comportamento e estilo de vida e, também, desde que seu
corpo físico esteja em condições de se recuperar e de prosseguir a
jornada.
115
Capítulo 2 – Conhecimento e cura
O período de permanência na Terra depende de vários fatores,
em especial do programa de reencarnação, que, por sua vez, depen-
de da aprendizagem já alcançada, que é observada por meio de sua
conduta. As condições do corpo físico são condizentes com as ne-
cessidades selecionadas para serem trabalhadas na jornada terrena
e, evidentemente, de acordo com o programa de reencarnação. Se
tudo ocorrer como esperado e o reencarnado solicitar mais tempo
de permanência na esfera física, a autorização vai depender de nova
análise.
Quando o Espírito está preparado, mesmo em regime de esque-
cimento do passado, ele mostra os resultados esperados conforme
o planejamento traçado no etérico, antes da reencarnação. Do con-
trário, ele pode manifestar a vontade ou o desejo de realizar algo de
grande necessidade e não conseguir ir à ação. Isso depende muito
das forças geradas a partir de suas experiências do passado que es-
tão arquivadas em regiões recônditas do Espírito. Portanto, é a expe-
riência transcendental que leva muitos reencarnados a superarem ou
não as situações difíceis que aparecem ao longo do caminho. Essas
experiências podem ser vivenciadas de forma direta ou indireta.
A força das experiências diretas, quando o reencarnado presen-
ciou ou fez parte da situação ocorrida, sentiu o fato em sua própria
“pele”, com alegrias, satisfações ou com dores e sofrimentos, so-
ma-se à força das experiências indiretas, quando o Espírito apenas
tomou conhecimento a respeito do fato, via jornal, livro, internet, te-
levisão ou outro meio de comunicação. Apesar de ambas serem im-
portantes fontes de força para as conquistas, a força das experiências
diretas é mais decisiva, contundente, como os estresses pós-traumá-
ticos. Se as experiências forem adquiridas em quantidade suficiente,
o efeito delas sobre a conduta é implacável, mesmo se elas estiverem
esquecidas.
Dependendo da conduta na jornada terrena, principalmente quan-
do o reencarnado está contraindo “dívidas” de elevada gravidade e
116
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
de forma contínua, o mentor responsável pela reencarnação pode
optar por promover seu leilão, uma maneira de interromper seu pro-
cesso de autodestruição – isso, em caso de extrema necessidade.
Segundo José Carlos do Nascimento Silva (2006),
O Espírito reencarna, obedecendo a um plano prees-
tabelecido, onde, dentro do respeito ao livre-arbítrio
e às necessidades de aliviar seu carma, se propõe a
enfrentar suas dificuldades em sua jornada na Terra.
Seus compromissos, sua missão, tudo é previamente
definido - e aceito.
Todavia, como nos relatou Tia Neiva, chega um mo-
mento em que aquele Espírito se desvia da rota que foi
traçada. Esquece sua missão, e passa a agir de modo
altamente prejudicial junto àqueles que lhe foram con-
fiados. Fora da conduta doutrinária, infringindo a lei
física, sem amor, sem atuar na lei de auxílio e, o que
é mais grave, aumentando seu carma pela geração de
maiores conflitos e reajustes, seu padrão vibratório o
afasta de seus mentores e ele cai, cada vez mais fundo,
num abismo sombrio. Então, a espiritualidade faz o lei-
lão daquele Espírito, isto é, ele é acolhido pelo irmão
inluz [Espírito oportunista] que der o maior lance, em
bônus, e passa a ser escravo de grandes líderes das tre-
vas, sendo seu desencarne provocado antes do tempo
previsto.
Os bônus entregues em pagamento enfraquecem
aquele que o adquiriu e são usados para resgatar ou-
tros Espíritos que tenham cumprido suas penas no
Vale das Sombras.
O Espírito leiloado recebe sua condenação e, pela for-
ça do Cavaleiro da Lança Negra - Chapanã - é retirado
precocemente de sua encarnação. (Silva, 2006, p. 415).
117
Capítulo 2 – Conhecimento e cura ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Esse quadro lembra o que Jesus disse a um grupo de pessoas O Espírito, ao reencarnar, traz no nascituro, mesmo na vida intrau-
que estavam prontos a apedrejar uma adúltera: “Atire a primeira pe- terina, esses males que a matéria ou o Espírito têm de sofrer para
dra aquele que nunca pecou.” Como todos se afastaram do local de equilibrar as forças do presente (Toledo, 2008). Nesse caso, pode-se
execução, então Jesus acrescentou a ela: ”Vá e não torne a pecar”. dizer que a reencarnação é um vigoroso tratamento para a correção
Permanecer no erro não é uma questão só de querer, é uma questão de rumo de Espíritos que ainda necessitam de aprendizagem em ter-
de aprendizagem, de adquirir forças por intermédio das experiências mos de acúmulo de experiências vivenciais.
do passado. Quando o Espírito permanece em situação equivocada,
A predisposição atraída é aquela oriunda de padrões vibratórios
bastante incompleta em termos de conteúdos vivenciais, isso indica
com elevada carga de conteúdos vivenciais negativos. Esses padrões
maior necessidade de tratamento cármico para minimizar suas lacu-
acabam atraindo situações maléficas para o corpo e para a própria
nas de aprendizagem. A retomada no plano físico costuma ocorrer
caminhada. Semelhantes atraem semelhantes. Essa atração gera a
com diversas limitações para o reencarnado, para que ele consiga ad-
autointoxicação pela via fluídica. Nesse caso, mais de um órgão cos-
quirir o conteúdo vivencial que necessita e caminhar rumo ao futuro
tuma ser afetado: coração, fígado, pulmões, estômago, intestinos e
com mais felicidade.
assim por diante (Toledo, 2008).
De acordo com Toledo (2008), as enfermidades vêm do Espírito,
A predisposição hereditária tem uma parte oriunda da predispo-
especialmente as de procedência hereditária (de origem externa,
sição cármica. Os pais transmitem aos filhos muitos males, afinal a
transmitidas pelos pais) e transcendentais (de origem interna, trans-
carne é filha da carne. “Uma boa árvore não pode dar mau fruto; ou
mitidas pelo próprio Espírito durante o processo de reencarnação).
pelo fruto se conhece a árvore.” Em muitas ocasiões, os Espíritos,
As cristalizações ou as doenças instaladas são pontos de aglutinação
ao reencarnarem, precisam escolher uma família condizente com o
dos fluidos enfermiços, criando a predisposição orgânica para deter-
problema que precisam tratar enquanto na escola da Terra. Se a lei
minadas moléstias. A predisposição orgânica pode ser considerada
assim determina, tem-se nisso o benefício no caminho da evolução
um “estado receptivo” de qualquer órgão para contrair ou atrair a
(Toledo, 2008).
doença. Funciona como se fosse o processo de indução em corrente
elétrica. Antes dessa predisposição, existe uma causa determinante: Quanto à predisposição ambiental, o clima, principalmente o fa-
cármica, atraída, hereditária e ambiental. miliar e o de trabalho, em que grande parte da vida ocorre, com suas
alegrias, tristezas e preocupações, é o cadinho perfeito para a aqui-
A predisposição cármica, segundo estudos espíritas, é provenien-
sição das experiências que faltam ou que precisam ser passadas na
te do perispírito enfermo, mais exatamente de regiões abissais onde
forma de ensinamento ou de exemplo. Nesses locais, existem con-
estão armazenadas as experiências arcaicas incompletas e com for-
centrações fluídicas que, com o passar do tempo e com o descaso
tes tendências a reações negativas ou destrutivas tanto para si quan-
com que as questões espirituais são tratadas, acabam por afetar as
to para o próximo. As energias impregnadas e direcionadas com es-
partes mais frágeis do organismo físico (Toledo, 2008).
sas experiências negativas, que se apresentam de forma inconsciente
(automática, sem motivo aparente), manifestam-se na superfície do Toledo (2008) comenta também que, depois das vias psíquicas, a
Espírito ou da alma na forma de comportamentos inadequados; por via digestiva é uma das que mais alojam as enfermidades. Os órgãos
conseguinte, são lacunas passíveis de aprendizagem e adequação. acessórios – pulmões, fígado, pâncreas e outras glândulas –, na pa-

118 119
Capítulo 2 – Conhecimento e cura

tologia mediúnica não sofrem influência direta, pois são receptores

de intoxicação pela via psíquica.

Os seres humanos, de forma mais contundente e precisa, nas-

cem na carne para aprender aquilo que ainda não sabem ou para
melhorar aquilo que só sabem de maneira incipiente. Aos poucos
vão mudando a conduta, eliminando as mazelas que os assolam, vão
alterando a vida de relação com todos os seres da natureza e, com
isso, vão se tornando mais felizes na medida em que deixam para
trás os conflitos e as mesquinharias que tanto os atrasam na jornada
a caminho da felicidade. Seja na carne, seja no mundo espiritual,
todos têm direito ao sol, à luz, ao amor, enfim, à felicidade. Se hoje
a tão propalada felicidade ainda não foi alcançada, é porque ela está
a caminho, sendo construída, mesmo que a duras penas, para que
nunca mais deixe de estar presente no caminho de qualquer ser vivo.

120
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Estrela Candente
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Capítulo 3
Terapia espiritual

Em
linhas gerais, a Doutrina do Amanhecer pode
ser definida, por excelência, como um comple-
xo terapêutico de orientação espiritual, mais
especificamente como terapia desobsessiva. Além disso, ela pode
ser considerada uma doutrina que mais se aproxima da ciência do
que da filosofia, da religião. Isso, porque ela é centrada em atividades
com princípios doutrinários (cura espiritual), mas acompanhada de
conhecimentos científicos, o que faz com que o membro da Doutrina
do Amanhecer seja mais que um médium, um missionário. Para an-
corar ou dar mais visibilidade à doutrina, uma abordagem de cunho
abstrato, Tia Neiva a concebeu levando em conta uma série de sím-
bolos, rituais, conceitos e explicações relacionados à manipulação
energética, base para a cura desobsessiva.

Das psicoterapias da Terra, a Gestalt-terapia é uma das que

mais parece complementar a terapia espiritual, especialmente a do
Amanhecer. Em relação à Gestalt-terapia, Ribeiro (1999) faz o seguin-
te relato:
Foto: Francisco Rocha

O processo de mudança implica uma reformulação no

sistema de percepção, aprendizagem e solução de pro-
blemas que o cliente viveu anteriormente e, por meio
dos quais, se tornou momentaneamente, sem habili-

123
Capítulo 3 – Terapia espiritual
dade para lidar com sua mudança, ficando fixado no
problema.
O processo terapêutico vai partir de uma tentativa de
ajudar o cliente a fluir, a sentir diferentemente, a ter
consciência de sua totalidade como ser de possibilida-
des, a mobilizar-se a partir de uma nova consciência, a
encontrar meios adequados, permitindo uma interação
emocionalmente inteligente entre ele e a realidade, fa-
zendo um contato criativo em que possa se ver novo
na mudança, retirando-se de um estado de sofrimento
para uma postura de esperança, não obstante desco-
nhecer os possíveis resultados. (Ribeiro, 1999, p. 30).
Terapias como a citada anteriormente não levam em conta o pro-
cesso de cura desobsessiva, tampouco a questão das experiências
vivenciais, ou seja, das lacunas de aprendizagem transcendentais,
mais especificamente a herança transcendental relacionada ao pro-
cesso de reencarnação. Essa exclusão deixa o processo terapêuti-
co, de grande relevância, “órfão” de visão espiritual para enfrentar
as dificuldades obscuras, repletas de situações subliminares, para
usar apenas conteúdos atuais. A terapia espiritual, conduzida pelos
Pretos-Velhos, especialistas nas questões psíquicas transcendentais,
muito poderia contribuir ou, pelo menos, complementar essas te-
rapias ou, em muitos casos, promover a cura de muitos tipos de
sofrimento.
A Doutrina do Amanhecer não é uma religião contemplativa ou
voltada só à aquisição de conhecimento doutrinário. Ela é, antes de
tudo, um Pronto-Socorro Espiritual, uma doutrina de ação, em que
todos os participantes, devidamente preparados e paramentados,
podem dar sua contribuição, tanto para si quanto para quem a pro-
cura. É destinada a um tratamento especializado, por meio de técni-
cas de manipulação energética (energias iniciática e evangélica), sob
o comando de Espíritos de luz e dependente da adequada conduta
doutrinária dos jaguares. Lembrando mais uma vez, a abstinência
124
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
total de bebidas alcoólicas e de todo tipo de drogas de alteração da
consciência é fundamental para esse trabalho de manipulação.
O tratamento de orientação espiritual no Vale do Amanhecer visa,
principalmente, à cura do Espírito obsessor. Geralmente, a obsessão
ocorre em um contexto de cobrança transcendental e de total desar-
monia entre os envolvidos (desencarnado e reencarnado). Situação
semelhante entre reencarnados pode ocorrer também na família,
no ambiente de trabalho e no ambiente social, e, nesse caso, o co-
brador pode ser um dos reencarnados bem posicionado no grupo.
Dependendo da situação, a fuga do responsável pelo problema é
mais difícil de acontecer. Por ser um processo que envolve atividades
de trabalho, disponibilidade de agenda e, também, por exigir uma
conduta doutrinária de grande comprometimento, com muita aten-
ção e amor para promover os ajustes para a caminhada na Terra e no
Céu, a espiritualidade inseriu nesse contexto o ganho e o pagamento
de bônus espiritual.
O bônus, administrado pelo Ministro ou pela Guia Missionária do
médium, é um “dinheiro” de que o mentor do médium pode fazer
uso em benefício do obsessor (Zelaya, 1977b, p. 189). O bônus está
relacionado à doação do ectoplasma do médium, emitido pelo plexo
iniciático desenvolvido do médium do Amanhecer, e demais ações
interpessoais levadas em conta por seus mentores espirituais. Além
disso, o bônus é uma compensação às atividades exercidas pelos
médiuns nos rituais em favor dos Espíritos que poucas condições
possuem para avançar no mundo espiritual. Apesar do esforço físico,
o que poderia supor uma compensação por meio do dinheiro, o re-
sultado é espiritual, uma terceira variável, discreta e pouca reconhe-
cida pelos reencarnados.
Além disso, a intervenção espiritual (cura) e o afastamento do
Espírito obsessor, por sua livre e espontânea vontade, requer seu per-
dão, parcial ou total. Isso pode significar grande alívio para o reen-
carnado obsidiado e, dependendo da situação cármica amainada
125
Capítulo 3 – Terapia espiritual
ou eliminada, pode ocorrer a cura do aparelho físico e/ou psíquico.
Independentemente do afastamento, temporário ou definitivo, a li-
bertação total do reencarnado vai ocorrer quando suas experiências
vivenciais em relação ao problema ou objeto da desavença estiverem
equilibradas.
Nem todo sofrimento é causado por obsessores. Em muitas
ocasiões, o sofrimento deve-se a sequelas ou resíduos do proces-
so obsessivo, os quais, na condição de contraponto, favorecem o
equilíbrio das referidas experiências vivenciais. Traços de persona-
lidade em fase de formação também podem afetar as relações do
reencarnado e, consequentemente, gerar dificuldades para que ele se
desloque no ambiente em que vive. Por ser um processo de terapia
espiritual, que depende muito do perdão do obsessor, em muitos
casos isso demanda tempo e dedicação.
No futuro, a Doutrina do Amanhecer será referência na Terra en-
tre as abordagens terapêuticas alternativas de base espiritual. Suas
características de funcionamento demandam as presenças dos pa-
cientes, dos médiuns e dos mentores espirituais. Sem a participação
de um dos três, a terapia espiritual perde sua finalidade precípua. O
ideal é o paciente procurar o tratamento espontaneamente e com
muita vontade de ser curado, inclusive com intenção de se afastar
da “velha estrada” que tanto causou problemas. Evidentemente que
solicitações de pessoas muito próximas ao paciente também podem
ajudar no tratamento. Apesar disso, o afastamento definitivo só vai
ocorrer quando as experiências, positivas e negativas, se somarem
suficientemente para dar força e respaldo à vontade do paciente.
O livro Leis e Chaves Ritualísticas (Zelaya, 1977b, 2007) é uma das
principais referências de orientação para a correta condução dos
trabalhos mediúnicos deixadas por Tia Neiva. Outras obras do seu
acervo, e utilizadas neste estudo, trazem vários tipos de informação,
mas quase todos de considerável foco em aspectos energéticos, em
propriedades da matéria, fazendo com que se aproximem mais da
126
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
física, incluindo a física quântica, do que de aspectos psicológicos e
comportamentais (base da conduta humana, de natureza doutrinária
ou profana do dia a dia).
A física quântica, também conhecida por realidade ondulatória,
diz respeito a uma realidade em que não existem tempo nem espaço
e em que as coisas podem surgir e desaparecer instantaneamente.
Esse fenômeno lembra os atributos da elipse introduzida na estrutu-
ra do Vale do Amanhecer, que possui funções de desintegração e de
reintegração energética (Silva, 2006).
Aparentemente, o fenômeno físico é mais fácil de ser observado
e estudado do que o fenômeno psíquico, que, por sua vez, é de mais
fácil compreensão do que o fenômeno espiritual.
O fenômeno físico, característico desta dimensão, onde se en-
contram os seres reencarnados (corpo físico e alma), baseia-se na
matéria dura, densa, totalmente detectável pelos órgãos do sistema
sensorial: pele, língua, nariz, ouvidos e olhos, entre outros órgãos de
relação, como as pernas e os pés, os braços e as mãos e os joelhos,
que possuem funções de adaptação às condições de vida no orbe
terrestre. Os órgãos sensoriais captam estímulos físicos ou químicos
por intermédio de células receptoras dos estímulos externos (luz,
som, odor, temperatura, pressão, oxigênio) e os transformam em
impulsos elétricos, que são transmitidos ao sistema nervoso central.
A partir daí, surgem as diversas reações, mecânica e psicológica, do
organismo em relação ao meio.
O fenômeno psíquico ou psicológico, também característico desta
dimensão (alma e personalidade atual), é detectável principalmente
pelo órgão central de processamento das informações ou estímulos
que chegam do meio ambiente (cérebro), desde que esteja em condi-
ções normais de funcionamento. O psiquismo é um fenômeno mui-
to mais sutil do que o anterior, mas mesmo assim ele se manifesta
de forma clara (consciente) e direta por intermédio de sentimentos
que fazem parte da atual personalidade e que podem ser facilmen-
127
Capítulo 3 – Terapia espiritual
te observados ou percebidos: amor, paixão, ódio, raiva, tristeza, sa-
tisfação, alegria, confiança, inveja, preconceito, ingratidão, vaidade,
orgulho, medo, ansiedade, depressão, autoestima e crenças, entre
outros. Qualquer um desses sentimentos provenientes do processa-
mento mental, consciente ou inconscientemente, pode ser definido
como uma mistura de energias dotadas de experiências vivenciais
atuais e antigas. Quanto mais conteúdos tendenciosos essas expe-
riências exibirem em sua composição psíquica, para mais ou para
menos, negativos ou positivos, maior será o desequilíbrio das forças
de resposta aos estímulos externos, exceto quando o Espírito possui
um campo de força energética constituído por misturas equilibradas
e que servem de processador ou estabilizador para sintonizar ou mo-
delar as respostas. Essa mistura diz respeito ao fenômeno espiritual.
O fenômeno espiritual, característico de outra dimensão, forma-
do pelo Espírito propriamente dito e por um conjunto de personali-
dades desenvolvidas ao longo dos ciclos reencarnatórios1, é mais
subjetivo e sutil do que o anterior e, portanto, mais difícil de ser de-
tectável pelos cinco órgãos do sentido e, consequentemente, aces-
sado. A sua manifestação, por meio de fenômenos mediúnicos ou
extrafísicos, ainda não é reconhecida nem estudada pelas ciências
da Terra em geral, exceto por algumas que focam seus estudos em
questões mais abstratas, como a parapsicologia, a psicologia trans-
pessoal e a filosofia. No entanto, é um fenômeno totalmente aco-
lhido, estudado e manipulado em abordagens religiosas, como na
Doutrina do Amanhecer.
O fenômeno espiritual pode ser considerado o suporte ou a es-
trutura que rege e orienta os demais fenômenos, podendo ser com-
parado à gigantesca parte do iceberg submersa nas profundezas
do oceano. Qualquer demanda ou estímulo do ambiente externo
influencia o processamento mental, que ocorre na esfera dos fenô-
1
Personalidades múltiplas, mas normalmente bem acomodadas nos escaninhos do
Espírito. Eventualmente, traços de mais de uma personalidade, às vezes contraditórios
e descontextualizados, podem emergir na personalidade atual e causar distúrbios de
personalidade.
128
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
menos físico e psíquico. Normalmente, o fenômeno espiritual se
manifesta de forma indireta (inconsciente) aos estímulos externos
e envolve sentimentos e variáveis externas relacionados às persona-
lidades assumidas em reencarnações passadas e que exercem força
ou influência sobre a atual, como atitude, percepção, visão, valores,
fé (cega ou raciocinada), esperança, aptidões, adoração, símbolos,
tradição, cultura e mediunidade. Pode-se dizer que nesse fenômeno
estão reunidos tudo o que existe de desconhecido e aparentemente
inalcançável para o mundo físico. Ele também pode ser comparado à
raiz da planta que desaparece na imensidão do solo, mas que serve
de sustentação e de nutrição para o vegetal, desde os mais frágeis até
as árvores mais frondosas, imensas.
Todo fenômeno, de ordem física, psíquica e espiritual, dependen-
do da maneira como se apresenta, do olhar do observador, do nível
de percepção e da recepção do estímulo, provoca reações positiva,
negativa ou de indiferença. Ou seja, o indivíduo exibe comportamen-
tos adequado, inadequado ou sem o sentimento de importância.
Nesse contexto, pode-se observar que as experiências acumuladas
no organismo físico-espiritual servem de base para o processamento
mental e para sua reação. Em um efeito cascata, desde o pensamen-
to até a manifestação da conduta, a resposta indica claramente a
condição do Espírito, ou seja, mostra as lacunas de aprendizagem.
Estabelecendo como linha de base as informações da psicologia,
a personalidade pode ser definida como uma organização dinâmica
de traços e comportamentos, decorrentes de inúmeras experiências
adquiridas em determinada época, e que melhor caracteriza o indiví-
duo ou o Espírito. A personalidade é de caráter exclusivo e serve de
identificação do indivíduo, uma “carteira de identidade” para o meio
a que pertence. Além disso, a personalidade é formada por:
– Traços periféricos, passíveis de mudanças por influência do
meio, como atitude, motivação, interesse e caráter (modo de ser, de
129
Capítulo 3 – Terapia espiritual
sentir e de agir, e elementos étnico, religioso e moral, oriundos do
processo da aprendizagem).
– Traços centrais, mais difíceis de mudar, como inteligência (ca-
pacidade de cognição ou de processamento mental baseada no acú-
mulo de experiências na linha do tempo), aptidões, temperamento
(características biológicas que sofrem influências do meio e depen-
dem da regulação nervosa, da luz, do clima) e constituição física.
Por conseguinte, a personalidade é a união desses dois tipos de
traço.
Com base na visão espiritual, a pessoa quando desencarna con-
tinua vivendo no plano etérico com a personalidade formada no pla-
no físico. Quando reencarna, depois de passar pelo sono cultural
(conceito trazido por Tia Neiva e explicado no Capítulo 4 da Parte 2),
ainda sob o influxo do passado, é comum a manifestação de traços
de personalidade da reencarnação anterior obtidos no plano físico
e também de experiências vividas no plano etérico. Seu período de
adaptação na nova jornada durante a fase infantil, que em geral ocor-
re sob os cuidados e influência da família, vai aproximadamente até
os sete anos. A adolescência, quando o Espírito reencarnado começa
a se libertar da família e interagir com o meio social que mais se
identifica, é um período marcadamente de formação da nova perso-
nalidade. Daí para frente, ele tende a interagir cada vez mais, fazendo
grandes descobertas, absorvendo o que consegue alcançar e o que
tem a ver com seu potencial de vida, e, assim, sua personalidade vai
amadurecendo de tal modo que na velhice, ou na terceira idade, em
geral, o Espírito já não aceita muitas alterações em seus costumes,
isto é, sua personalidade já está constituída.
A personalidade é constituída por traços ou conjunto de conteú-
dos vivenciais que, se estimulados e processados, de acordo com o
repertório experiencial acumulado nas profundezas do Espírito, tor-
nam-se a base de resposta para qualquer tipo de demanda externa,
mas com características próprias ou peculiares do Espírito. A origem
130
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
dos conteúdos nem sempre é passível de identificação, ou seja, o
fenômeno da resposta pode ocorrer de forma consciente (conjunto
de conteúdos mais atuais, de fácil acesso ou de ser lembrado) ou
inconsciente (conjunto de conteúdos arcaicos, inclusive de outras
reencarnações, de difícil acesso ou de ser lembrado). Nesse último
caso, a lembrança pode ocorrer, mas por intermédio de alguma técni-
ca de resgate de informação do passado distante, que não é comum
nem sempre aceito, como é o caso da hipnose. Esses termos não
estão diretamente ligados à questão de energia, mas de conteúdo.
Para Kurt Lewin, o inconsciente está, é certo, por toda parte, mas
como tratá-lo desde o momento em que se sai, ou não, das condi-
ções experimentais de intervenção verbal? Muitas abordagens psico-
terapêuticas tentam promover intervenção em problemas com raízes
profundas no passado. Essas tentativas ocorrem mesmo que deter-
minada abordagem não aceite vivências passadas ou não consiga
compreender sintomas que não exibam nenhuma pista de causali-
dade atual. Mas, sem um aporte teórico que leve em consideração
as experiências de vidas passadas, poderá haver pouco progresso
psicoterapêutico.
Em uma perspectiva de tempo, de realidade e irrealidade psico-
lógicas, Lewin (1965) considera que o comportamento de um indiví-
duo depende inteiramente da sua situação presente. Mas, do ponto
de vista da Psicologia Espiritual, seu humor é profundamente afeta-
do pelas suas esperanças, seus desejos e pela sua maneira de ver
o passado. Sua moral e sua felicidade parecem depender mais do
que ele espera do futuro do que da situação presente. Apesar dessa
tentativa de análise de sentimentos que normalmente são vividos no
presente, Lewin (1965) poderia ter enriquecido sua análise se tivesse
levado em conta aspectos espirituais, já que o passado, com suas
experiências vivenciais, interfere no presente na forma de sentimen-
tos. Além disso, a capacidade de compreensão da realidade que o
ser humano já conquistou permite a ele incluir o futuro como uma
chama de esperança e solução.
131
Capítulo 3 – Terapia espiritual
Essa tríade de fenômenos físico, psíquico e espiritual faz parte da
constituição de qualquer ser humano, mesmo que nem todos eles
sejam passíveis de observação. Consequentemente, esses fenôme-
nos, ao interagirem entre si e com o meio ambiente, aparecem nas
diversas manifestações ou reações do Espírito como reflexo direto
sobre as condutas doutrinária e profana do dia a dia.
A conduta doutrinária
A conduta doutrinária, comportamento humano pouco estuda-
do pelas ciências humanas, é de grande valia para o funcionamento
da Doutrina do Amanhecer, em especial condutas que podem facil-
mente interferir na interação entre seus componentes durante a exe-
cução dos rituais (alteração de humor, irritação, ironia, indiferença,
provocação, indiscrição, falta de atenção, entre outras). A conduta
doutrinária sempre foi uma preocupação e uma recomendação de
Tia Neiva. A mensagem de Pai Seta Branca do início deste estudo,
trazida pela Clarividente, é voltada a essa questão de conduta: “O
homem que tentar fugir de sua meta cármica ou juras transcenden-
tais será devorado ou se perderá como pássaro que tenta voar na
escuridão da noite!”
Observa-se que determinados médiuns de excepcional poder de
cura, alguns inclusive em posição de destaque na sociedade, estão
sendo devorados pela própria conduta doutrinária. Isso tem ocorrido
especialmente porque não se prepararam adequadamente para lidar
com sentimentos que colocam em risco a própria integridade mo-
ral. São exemplos a vaidade, a ganância, o egoísmo e a indiferença,
atrelados a fraquezas relacionadas a dinheiro, sexo e poder. Esses
sentimentos, pertencentes à velha estrada da vida, desenvolvidos ao
longo de inúmeras existências e com base em condutas desequilibra-
das, podem ser considerados pouco aperfeiçoados. Essa situação in-
dica, por conseguinte, a necessidade de se adquirir mais experiências
vivenciais para evitar que sentimentos como esses se transformem
132
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
em armadilhas acompanhadas de sofrimento, insegurança e ódio.
Isso não deixa de ser um convite para que todo médium busque co-
nhecer os meandros do processo de ensino e aprendizagem relacio-
nado à conduta doutrinária.
Para facilitar a compreensão desse processo de ensino e apren-
dizagem, sem julgamentos, uma abordagem teórica sui generis, de
natureza transcendental, e um método científico semelhante ao utili-
zado na Psicologia podem ser empregados como base de apoio para
essa reflexão. A ideia é iniciar levando-se em conta aspectos mais
específicos, unitários, e prosseguir em direção a aspectos ou ideias
mais amplas. Quanto aos aspectos mais específicos, a unidade de
análise torna-se a base da explicação para qualquer fenômeno que
envolva os seres vivos, em especial os seres humanos. A experiência
vivencial é uma das principais unidades que explicam a conduta ou
o comportamento humano, que, por sua vez, é a unidade de análi-
se mais considerada nos estudos da Psicologia Social. O comporta-
mento depende de fatores internos que formam o aparato de pro-
cessamento mental (geralmente subjetivos e de difícil diagnóstico
ou compreensão) e de fatores externos que abastecem esse referido
aparato (geralmente objetivos e, dependendo da situação, de difícil
aceitação ou compreensão).
Existem muitas unidades de análise consideradas pelas ciências
da Terra (unidades que servem de base para estudos de fenômenos
observáveis e mensuráveis). Em relação ao fenômeno físico, por
exemplo, no contexto biológico: o átomo, a célula, a molécula, o teci-
do, o órgão, entre outros. Quanto às unidades voltadas ao fenômeno
psíquico, são adotadas, por exemplo, pela psicologia, o comporta-
mento humano, a atitude, a percepção, a crença e o valor humano.
Para estudar o fenômeno da conduta, especialmente da conduta
doutrinária, pode-se recorrer a dois tipos de ciências: a da Terra, con-
creta, mais limitada, finita, de cunho prático; e a do Céu, abstrata,
ilimitada, infinita, de cunho teórico e base lógica.
133
Capítulo 3 – Terapia espiritual ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Tudo que se refere ao infinito, aos inumeráveis fenômenos trans- se ampliado e pode-se observar discretamente que a ciência da Terra
cendentais, pode ser considerado de natureza coletiva. Exemplo está se aproximando cada vez mais da ciência do Céu, a religião.
disso é o farto manancial energético, de elevado potencial de des-
dobramento ou de transformação, aqui denominado de energia ex-
tracósmica, também conhecido por fluido cósmico universal, pois
As ciências da Terra
possui características gerais com capacidade para iniciar os proces-
Do ponto de vista das ciências da Terra, a conduta ou o compor-
sos de desenvolvimento da vida em qualquer direção. E tudo que
tamento humano e suas consequências, base para a manifestação
se refere ao finito pode ser considerado individualizado, limitado,
da vida, relacionam-se a uma cadeia de eventos ou fatores que se
contingenciado, mas com características similares às do conceito an-
sucedem, um influenciando a ocorrência do outro. Para pesquisas
terior, pois um conceito deriva do outro. Entretanto, o finito possui
científicas, a conduta doutrinária poderia ser estudada por meio de
funções específicas e potencial de aplicação de grande importância e
diversos modelos teóricos. O descrito a seguir é um modelo bastan-
utilidade para determinado tipo de vida que está em curso. Enquanto
te considerado no meio científico em diversos centros acadêmicos
um conceito diz respeito ao potencial ou manancial, o outro diz res-
internacionais.
peito à vida “nua e crua” em menor ou maior grau de evolução.
Cientistas dedicados às ciências humanas, como a Psicologia
Nesse contexto, a religião surgiu antes da ciência. Provavelmente,
Social, têm adotado modelos teóricos (parcimoniosos) constituídos
isso se deve ao fato de ela lidar sempre com fenômenos abstratos,
por variáveis representativas da realidade. Fishbein e Ajzen (2010),
misteriosos, enigmáticos, associados a temas da natureza, explica-
uma das principais referências na área comportamental, criaram o
dos de forma estranha, às vezes carregados de interpretações pes-
modelo da Abordagem da Ação Racional (AAR), bastante empregado
soais e quase sempre de difícil comprovação. Na medida em que o
em estudos das áreas de saúde, educação e ecologia, inclusive da
homem foi acumulando experiências ao longo das diversas jornadas
agricultura (Rocha et al. 2019, p. 45-49). A conduta humana é uma
reencarnatórias, ele foi depurando e sofisticando seu conhecimento.
variável presente onde estiver o ser humano e também onde estive-
Aos poucos, com o uso das tecnologias, ele passou a compreender
rem os outros elementos da natureza, como os animais, que exibem
e transformar a matéria em prol dos seus benefícios. Dessa forma,
comportamentos de acordo com a espécie a que pertencem. Em sín-
ele estabeleceu diversos métodos para estudar o tipo de matéria rela-
tese, todos os seres se manifestam por intermédio de comportamen-
cionada ao ar, à terra e ao mar e começou a tirar proveito financeiro,
tos, e é assim em qualquer dimensão onde estiverem.
o que passou a ser a principal mola propulsora e motivadora do de-
senvolvimento da humanidade. No entanto, o custo desse processo Apesar de Fishbein e Ajzen (2010) não terem levado em conta o
evolutivo, estabelecido, às vezes, a qualquer preço, tem trazido resul- aspecto espiritual na criação da AAR, torna-se oportuno neste livro,
tados dolorosos, o que serve de alerta ao desenvolvimento. Esse ce- de base espiritual, expor e interpretar, mesmo que superficialmen-
nário tem forçado o homem a buscar novas fontes de recursos onde te, o modelo que leva em conta esse aspecto, que também ajuda
possam encontrar as soluções da maior parte de seus problemas a compreender o comportamento humano no contexto religioso ou
– muitas vezes, a dominação do mundo, da vida e da morte. Assim, espiritual. Nesse caso, o recorte da realidade dado ao modelo pelos
o surgimento de abordagens de estudos alternativos, de cunho mais autores será complementado com reflexões baseadas em variáveis
teórico do que prático, voltados para questões mais abstratas, tem que dizem respeito à conduta doutrinária. A relevância dessa apre-

134 135
Capítulo 3 – Terapia espiritual
sentação, de forma mais detalhada que a informação comentada
no Capítulo 2, justifica-se principalmente para atender quem quer
realizar estudos acadêmicos, mas que necessita de aportes teóricos
capazes de orientar pesquisas voltadas a temas espirituais, como a
conduta doutrinária – mais detalhes em Rocha et al. (2019, p. 45-49).
Apesar de esse estudo ter sido testado com agricultores, ele pode
ser utilizado com outros grupos de pessoas, inclusive com religio-
sos. Esse tipo de pesquisa aplicada tem como benefícios a identifi-
cação e a mensuração de fatores comportamentais que afetam tanto
os pacientes quanto os médiuns no exercício dos rituais da doutrina.
Conhecendo-se os fatores negativos e positivos que afetam o fun-
cionamento da doutrina, torna-se possível gerenciar a instituição de
forma mais produtiva.
A AAR preconiza que qualquer Comportamento ou conduta, na
condição de variável consequente, é precedido pela Intenção de prati-
car algo, exceto em situações em que não haja a necessidade de aná-
lise prévia (decisão imediata, ou não esperada, ou não planejada).
A Intenção, por sua vez, é precedida basicamente por três variáveis
antecedentes: Atitude, Percepção normativa e Percepção de controle,
determinadas pelas Crenças comportamentais ou pessoais, Crenças
normativas ou sociais e Crenças de controle ou situacionais.
Exemplo de conduta doutrinária ou comportamento-alvo: partici-
par de um ritual da Doutrina do Amanhecer (o Alabá, por exemplo)
levando-se em conta a concentração e as orientações da instituição.
Teoricamente, essa conduta depende da variável consequente
Intenção em participar, que, por sua vez, é influenciada por três va-
riáveis antecedentes e subjetivas: Atitude (favorável ou não quanto
a participar), Percepção normativa (participar com ou sem apoio) e
Percepção de controle (factível ou não quanto a participar), que, por
sua vez, também dependem de suas respectivas variáveis anteceden-
tes e objetivas: Crença comportamental (vantagens e desvantagens
em participar), Crença normativa (pessoa ou instituição importante
136
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
que apoia e que não apoia, mas poderia apoiar) e Crença de controle
(facilidades e dificuldades).
A conduta dentro ou fora da doutrina depende, portanto, da pró-
pria Atitude diante de uma situação (formada pelas experiências pas-
sadas e acumuladas no Espírito), da Percepção normativa (Espíritos
reencarnados e desencarnados dispostos a cobrar ou a ajudar) e da
Percepção de controle envolvendo recursos e oportunidades (cura de-
sobsessiva, informações). Essa tríade de variáveis antecedentes in-
fluencia diretamente a variável consequente, ou seja, qualquer tipo
de conduta. Das três variáveis, a Atitude é a principal, o centro de
decisões de qualquer Espírito, pois ela indica que a vida de qualquer
pessoa está em suas próprias mãos. As demais variáveis indicam
forças externas ou auxiliares capazes de apoiar o processo compor-
tamental. Dada a importância dessas variáveis para estudos mais
aprofundados do comportamento, propõem-se as seguintes defini-
ções operacionais:
1. Atitude (motivação pessoal) – refere-se a um sentimento mais
de cunho afetivo do que racional, que antecede a manifesta-
ção do comportamento e que diz respeito à predisposição para
agir. Por isso, a atitude é uma variável de grande importância
para a apresentação da conduta. Em geral, as pessoas tendem
a levar em conta, no momento da tomada de decisão, questões
de foro íntimo: gostar ou não gostar; ser a favor ou contra; con-
cordar ou discordar; considerar útil ou inútil; ser prudente ou
imprudente, etc. É um sentimento que depende exclusivamen-
te da opinião própria; razão pela qual a atitude é considerada
como motivação pessoal. O que define essa decisão, positiva
ou negativa, é o motivo, objeto de análise denominado nesse
caso de Crença comportamental ou pessoal.
Do ponto de vista espiritual, a atitude é o reflexo das forças ema-
nadas das antigas experiências vivenciais acumuladas no Espírito.
Esse reflexo se manifesta na presente reencarnação por meio da for-
137
Capítulo 3 – Terapia espiritual
ça de atração ou de repulsão quando determinado objeto ou situação
se apresenta – divergência com outra pessoa ou com o ambiente,
por exemplo. Por isso, grande é sua influência na tomada de decisão
ou na conduta da pessoa reencarnada. Dependendo das condições
de desequilíbrio desses conteúdos, o Espírito, reencarnado ou de-
sencarnado, pode viver um clima de desespero por sentir a energia
negativa, que é de difícil explicação.
1.1. Crença comportamental – é o fator determinante ou tudo
aquilo que leva, ou não, uma pessoa à ação. Geralmente, a
Crença comportamental está relacionada a vantagens (ganhos
ou benefícios) e desvantagens (perdas e prejuízos). Por exem-
plo, participar ou não do Alabá na época de lua cheia. Um
apará que não participa desse ritual pode alegar não gostar
de ficar incorporado por muito tempo e achar que esse ritual
costuma demorar muito para ser concluído de forma coleti-
va. Essa justificativa é um tipo de Crença comportamental que
pode se alterar dependendo da opinião formada a respeito da
situação apresentada. Nesse caso, ela pode ser influenciada
por outro tipo de estímulo, ou seja, por alguém muito impor-
tante para a pessoa envolvida ou por alguma situação que a
favoreça tremendamente.
Nesse caso, apesar de existirem fatos ou Crenças comportamentais
oriundos do passado, que geram força de atração ou de repulsão,
hoje essas crenças não são identificadas facilmente. Por isso, tor-
nam-se crenças transcendentais que afetam a caminhada na atua-
lidade. Muitos reencarnados exibem interesse extrínseco, ou seja,
optam por adotar determinada conduta em curto prazo para obter
o reforço (objeto de interesse) tão logo seja possível. Essa situação
é um “trampolim” para obter o objeto de desejo até então não ex-
plicitado. Esse quadro pode gerar uma situação ambígua de grande
repercussão negativa (querer e não querer fazer algo concomitan-
temente). O passado, com sua história de vida, recente ou arcaica,
sempre contribui para os gostos ou as tendências de hoje.
138
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
2. Percepção normativa (motivação social) – é um tipo de percep-
ção que leva em conta a opinião de pessoas consideradas de
grande importância. Em geral, as pessoas procuram acompa-
nhar as normas aceitas ou permitidas pelo grupo de pertença,
ou seja, pelo grupo de convivência. Em determinados casos,
a pessoa segue mais a opinião alheia do que a própria e, por
isso, a Percepção normativa é considerada um caso de moti-
vação social. O que define a decisão, nesse caso, é a Crença
normativa.
Do ponto de vista espiritual, aqui se encontram as situações clás-
sicas de influência dos Espíritos obsessores ou cobradores versus
Espíritos de luz ou mentores. O efeito da presença dos Espíritos de-
pende da atitude do Espírito reencarnado, ou seja, depende da sua
história de vida e da sua mediunidade. Quando o Espírito possui
grande concentração de experiências passadas em determinado con-
texto, dificilmente a influência externa, inclusive do mundo espiritual,
vai removê-lo de seu caminho “predestinado”, construído a duras
penas por ele mesmo. Se o Espírito tem um plexo mais suscetível,
aberto, as energias externas que facilmente atingem o ambiente in-
terno, psíquico, podem ocasionar conflitos de difícil diagnóstico no
mundo terreno e, consequentemente, gerar um quadro de transtorno
mental de difícil solução em curto prazo.
2.1. Crença normativa – refere-se à determinada expectativa sobre
que conduta desempenhar em relação a outras pessoas do
seu meio. Geralmente, a Crença normativa está relacionada ao
apoio de alguém ou à falta de apoio de quem poderia apoiar
(familiares, amigos, vizinhos, representantes da instituição,
etc.). Exemplo disso poderia ser o convite do representante
do Adjunto de Povo a um apará com grande consideração
e respeito por ele. O apará, nesse caso, motivado por essa
Crença normativa, pode receber influência desse referente e
participar de certo ritual mesmo sem gostar.
139
Capítulo 3 – Terapia espiritual
Levando-se em conta a Crença normativa de base espiritual, a iden-
tificação do Espírito, que é importante e que influencia o reencarnado
a desempenhar, ou não, determinada ação no mundo físico, também
é muito difícil. No entanto, o problema é um forte indicador de quem
está agindo e influenciando o reencarnado a partir do mundo espiri-
tual. Para um reencarnado completamente dominado pelo vício de
qualquer tipo de droga, não há dúvida de que o Espírito que o está
influenciando é um desencarnado relacionado ao uso de drogas. Se
o reencarnado e o desencarnado se conhecem, isso pouco importa,
pois a atitude do reencarnado não é suficientemente capaz de fazer
frente ao processo obsessivo, ou seja, ele não possui experiências do
passado capazes de servir de contraponto. As experiências atuais de
cunho doloroso tornam-se essenciais para evitar novos desatinos no
futuro.
3. Percepção de controle (motivação situacional) – diz respeito à
percepção que leva a pessoa a acreditar ser capaz de desem-
penhar determinado comportamento e de exercer controle
sobre seu desempenho. Na Percepção de controle, admite-se
que a pessoa leva em consideração a disponibilidade de in-
formações, habilidades, oportunidades e outros recursos para
desempenhar o comportamento; por isso, a denominação de
motivação situacional. Ela é obtida a partir da Crença de contro-
le (variável observável ou específica).
Do ponto de vista espiritual, existem situações que favorecem a
ação de Espíritos oportunistas, bem como o envolvimento do reen-
carnado em situações relacionadas às forças esparsas. Nesse caso,
não existe uma história de vida capaz de explicar o fato. Subitamente,
por falta de atenção, ou por se encontrar em lugar e hora errados, ou
ainda por uma questão de baixo padrão vibratório, o reencarnado
entra numa confusão, e isso, eventualmente, combinado a uma si-
tuação de baixa proteção espiritual. O contrário também é válido, ou
seja, quando reencarnado se depara numa situação de boas conse-
140
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
quências. É mais uma questão de “sorte ou azar” do que uma ques-
tão previamente estabelecida, esperada.
3.1. Crença de controle – refere-se ao resultado de duas situa-
ções, isto é, quanto mais recursos e oportunidades a pessoa
acha que possui e quanto menos obstáculos ou impedimen-
tos puderem ser percebidos, maior deverá ser a Percepção de
controle. Geralmente, a Crença de controle está relacionada a
facilidades (pontos fortes e oportunidades do ambiente exter-
no) e dificuldades (pontos fracos ou falta de algo e ameaças
do ambiente externo). Com a inclusão dessa terceira variável,
e retornando o exemplo relacionado à conduta doutrinária,
então o apará poderá tomar uma decisão final: ele não gosta
de participar do ritual de Alabá, mas aprecia muito o convite
do representante do Adjunto de Povo; então, se ele tiver uma
percepção muito forte de que não vai conseguir participar
desse ritual, provavelmente não vai participar.
Um exemplo, fora desse contexto e que merece ser comentado,
é o caso da grande violência urbana, normalmente decorrente de fa-
tores motivacionais e, evidentemente, acompanhados de influência
espiritual. A tentação em obter o reforço, ou de promover a vingan-
ça, tem sido a principal motivação que leva determinadas pessoas a
ações de grandes impactos. Indivíduos que não conseguem acessar
experiências próprias (consciente ou inconscientemente) – por não
tê-las suficientemente, ou por outra causa de cunho emocional, e
que iriam influenciá-los na tomada de decisões, atreladas ao cami-
nho da dor, – vão, mais cedo ou mais tarde, buscar uma solução con-
dizente com a paz. Nesse contexto, vários atendimentos têm sido
feitos para conscientizar aqueles que buscam ajuda espiritual no Vale
do Amanhecer e dispersar as energias que os envolvem.
Além dessas seis variáveis que concorrem, cada uma com seu
peso, para a manifestação do comportamento humano, existem
outras, como o perfil da pessoa (idade, escolaridade, status social,
141
Capítulo 3 – Terapia espiritual
traços de personalidade) e a cultura em que ela está inserida (conhe-
cimentos, crenças, normas, valores, formas de organização social e
política, religiosa, familiar, hábitos, usos, costumes), variáveis tam-
bém de real importância.
Para estudos voltados à melhoria da conduta doutrinária com
base na Abordagem da Ação Racional - AAR, sugere-se a coleta de
dados e a identificação das Crenças comportamentais, normativas e
de controle do público de interesse (o corpo mediúnico, por exem-
plo). A descrição da AAR, em Rocha et al. (2019, v. 1. p. 45-49), e seu
exemplo de aplicação, em Faleiro et al. (2019, cap. 4 e 5), mostram a
atuação de produtores rurais, cuja conduta técnica é de extrema im-
portância para o sucesso das atividades agrícolas que desenvolvem.
Pode-se inferir que os cientistas ligados às ciências humanas já
avançaram bastante no conhecimento aplicado à compreensão das
causas do comportamento humano. No entanto, ainda estão longe
do mapeamento completo de tudo que faz com que as pessoas ajam
de determinada maneira. Os cientistas ainda não conseguiram avan-
çar no mapeamento de variáveis subjetivas de natureza espiritual,
que estão na base de qualquer comportamento ou conduta que se
deseja conhecer e explicar.
As ciências do Céu
Este estudo exibe como característica fundamental o fato de levar
em conta o mundo espiritual, mesmo não se enquadrando em ne-
nhuma abordagem científica tradicional. A psicologia é uma ciência
que se desenvolve tanto no plano físico dos reencarnados quanto no
plano etérico dos desencarnados, razão pela qual ela se torna uma
das ciências mais indicadas a esse tipo de estudo voltado à questão
comportamental (Patrícia, 1993). Nesse contexto, a terapia espiritual,
uma espécie de abordagem alternativa especializada em intervenção
energética, acompanhada de trocas de informações entre o mentor e
o reencarnado que vem em busca de apoio, é uma opção a ser consi-
142
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
derada. A Doutrina do Amanhecer enquadra-se perfeitamente nessa
definição, dado o seu grande número de rituais para esse fim.
A terapia espiritual oferecida na Doutrina do Amanhecer começa
no ritual dos Tronos Vermelhos e Amarelos. Nele, são envolvidas as
forças do doutrinador, do apará e do paciente.
• O médium apará (Mestre Lua ou Ajanã e Ninfa Lua) incorpora
seu mentor (Pretos-Velhos e Pretas-Velhas). Dependendo da ne-
cessidade, outro mentor do médium também participa, como o
Caboclo.
• O médium doutrinador (Mestre Sol e Luz e Ninfa Sol) atua
por meio de sua intuição ativada, de sua doutrina e elevação
do Espírito sofredor ou obsessor. O doutrinador é acompanha-
do por um de seus mentores, sendo a primeira assistência de
responsabilidade da Princesa da Cachoeira do Jaguar e, depen-
dendo da necessidade, ele pode receber outras assistências, do
Cavaleiro, do Ministro ou da Guia Missionária.
• O paciente (qualquer pessoa de dentro ou de fora da doutri-
na) contribui com sua força nativa em prol da solução de suas
queixas. São relatos de dores físicas; preocupações fundadas
e infundadas; sofrimentos derivados de situações indesejáveis,
mas às vezes necessárias; incertezas; medos oriundos de situa-
ções claras e objetivas e, também, de situações desconhecidas,
como é o caso de transtornos mentais, como a depressão; e
necessidades materiais e afetivas, entre outros.
Quando necessário, o mentor responsável pelo atendimento bus-
ca acalmar o paciente. Faz também as limpezas e a preparação do
paciente – as puxadas de Espíritos sofredores ou obsessores, por
exemplo. Tudo isso é feito sob o olhar perscrutante do doutrinador,
que a qualquer momento pode promover a doutrinação e a elevação
do Espírito sofredor. Além disso, o mentor indica os setores de tra-
143
Capítulo 3 – Terapia espiritual
balho ou os rituais de que o paciente deverá participar. Esses rituais
podem ocorrer dentro e fora do templo.
Para melhor compreensão dos fenômenos físico, psicológico e
espiritual, a unidade de análise estabelecida para esse caso é a expe-
riência vivencial constituída de determinado conteúdo. Esse conteú-
do vivencial, a essência dos fatos, é o que influencia qualquer tipo
de conduta, que também influencia qualquer tipo de relação inter-
pessoal, dinamiza o que está inerte e dá vida a qualquer experiência
adquirida ao longo de todas as jornadas de qualquer Espírito reencar-
nado ou desencarnado. Enquanto no plano físico o contato entre as
pessoas e os objetos que animam o mundo pode causar danos ma-
teriais, nos planos psicológico e espiritual as relações estabelecidas
entre as pessoas são passíveis de danos psicoespirituais (conflitos
entre conteúdo internos e externos), que cada vez mais necessitam
da compreensão e ajuda espiritual.
O termo experiência vivencial remete a qualquer situação vivida
ou presenciada direta ou indiretamente pelo Espírito reencarnado
ou desencarnado. O mecanismo de fixação e de processamento é
o mesmo para todos os Espíritos, não importa onde estejam. Para
acessar qualquer fato ocorrido no passado recente, em geral é neces-
sário pouco esforço. Basta estimular o cérebro e sua contraparte no
plano espiritual (o duplo etérico – corpo de processamento das in-
formações), através, por exemplo, da livre associação, em situações
inesperadas, ou por intermédio de impulsos nervosos intencionais,
que, imediatamente, a lembrança ocorre. Nesse caso, determinado
campo mental é acessado e seus conteúdos vivenciais relacionados à
demanda enviada ao cérebro são mostrados. No entanto, para aces-
sar um fato ocorrido no passado arcaico, é necessário muito mais
esforço, pois o fato está armazenado em regiões ou camadas vibrató-
rias mais profundas do Espírito e de difícil acesso (o centro espiritual
– corpos angelical e arcangélico).
144
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Uma das consequências das lembranças, na condição de reações
positivas e negativas do organismo, é o fenômeno da saudade, geral-
mente de repercussão mais interna que externa. Dada, por exemplo,
uma situação atual desagradável ou monótona, o Espírito costuma
fazer uma associação ou comparação com outra situação oposta e
mais antiga, agradável. Essa associação gera algum tipo de energia,
uma sensação de felicidade, de querer retornar ao passado, apesar
de, na época, pouca atenção e valor terem sido dados ao ocorrido.
Quando o resgate de situações arcaicas não consegue trazer à tona,
à luz da consciência, o conteúdo dos fatos ou as experiências vividas
em algum lugar do passado, a sensação nostálgica se transforma
em esperança, uma espécie de sentimento ou contraponto que será
saciado a posteriori, mas, agora, com mais valor. O contraste entre o
desagradável do presente e o agradável do passado serve de estímu-
lo para a busca de um futuro melhor. Assim, diversos questionamen-
tos podem ser formulados.
Por que o fato ou determinada realidade vivida ou sentida são
passíveis de serem lembrados?
Porque o fato ocorrido no passado está gravado e armazenado
na mente, mais exatamente no duplo etérico (para as experiências
do passado recente) e no Espírito (para as experiências do passado
arcaico). A gravação ou a fixação dos fatos vividos é a base ou a
origem de formação do mecanismo de memória. Tudo que ocorre
com qualquer pessoa encarnada é percebido pelo sistema nervoso,
composto por estruturas físicas responsáveis pela recepção, trans-
missão e reações das vivências assimiladas (neurônios, amígdala,
hipocampo, glândulas). Esse sistema que está sempre em alerta, em
atividade, é o responsável pela transmissão ao duplo etérico de tudo
que ocorre com o Espírito reencarnado. O duplo etérico é uma das
bases de manifestação do Espírito reencarnado. Ele é constituído de
matéria astralina (do etérico), onde as experiências atuais são grava-
das e ficam à espera de novas experiências com conteúdos diversos,
para reforçar o que já existe, ou à espera de alguma vivência que
145
Capítulo 3 – Terapia espiritual
ainda não possui, para complementar o que já existe, pelo menos na
atual reencarnação.
A manifestação da vida, portanto, depende das experiências
atuais e das antigas, armazenadas no interior do organismo espi-
ritual, além, evidentemente, do normal funcionamento da estrutu-
ra física. No caso das experiências atuais, elas são acumuladas no
mecanismo de memória, seja no aparato físico (sistema límbico),
seja em sua contraparte no duplo etérico (denominado por Tia Neiva
de interoceptível, anexo 11; detalhes mais adiante). As experiências
são assimiladas continuamente, formando, assim, uma cadeia de
eventos sequenciais, que são acompanhados de reforços e punições.
Esses eventos, de natureza interna e externa, são experiências que,
de forma conjunta, exibem uma dinâmica própria de interação e de
processamento das informações. Elas produzem consequências ou
reações comportamentais típicas de Espírito para Espírito (tempe-
ramento calmo, colérico, melancólico, sanguíneo, fleumático), pois
cada Espírito tem sua história de vida, suas próprias experiências
vivenciais.
Esse fenômeno da manifestação se dá em razão da acomodação
automática das experiências que chegam do ambiente externo na
tentativa de neutralizar os conteúdos opostos que já se encontram
armazenados. Dependendo do conteúdo da experiência recém-che-
gada, pode ocorrer uma reação energética mais calma ou mais ex-
plosiva, mais cautelosa ou mais impulsiva, e assim por diante. O
que determina o tipo de resultado é a quantidade de experiências já
acumuladas no aparato espiritual. A acomodação das experiências e
suas respectivas reações dependem, portanto, do tipo e da consis-
tência das experiências de mesma natureza. Quanto maior a consis-
tência ou a concentração de determinados tipos de experiência, sem
suas respectivas contrapartes (geralmente formada por dor e sofri-
mento), maiores são os comportamentos tendenciosos ou condutas
enviesadas na condição de resposta do organismo.
146
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A memória é um fenômeno de natureza psíquica, mas com fun-
ção limitada à recepção, à acomodação das experiências atuais e,
consequentemente, à tomada de decisões. As experiências mais an-
tigas, que não conseguem ser resgatadas ou lembradas facilmente,
servem de apoio indireto à tomada de decisão. A comprovação desse
pressuposto pode ser verificada com exemplos: quando se pergun-
ta a uma pessoa o que ela fez ontem na parte da manhã, natural
e rapidamente ela vai responder. Quando se indaga novamente do
ocorrido anteontem, provavelmente a resposta vai aparecer pronta-
mente. No entanto, à medida que esse exercício avança, chegará um
momento em que as respostas começarão a aparecer com dificulda-
de ou não surgirão mais.
Outra questão pode emergir: esse fenômeno indica que os con-
teúdos das respostas provêm do exterior da pessoa? Só se alguém
soprar para ela; do contrário, a resposta vem do interior do indivíduo.
Continuando esse exercício, pode-se ainda indagar: se existem in-
finitas experiências vivenciais acumuladas e organizadas no organis-
mo vivo, então o que esse acúmulo de experiência representa para
qualquer ser vivo? Qual é o seu efeito ou resultado?
Ao longo de infinitas vivências derivadas das interações entre o
indivíduo e o meio, observa-se o processo de metabolização e de
transformação que vai ocorrendo lentamente no decorrer das eras.
Nessa lógica de construção, o ser vivo vai se desenvolvendo, vai se
modificando e se transformando em diferentes espécies e raças.
Depois desse curto processo evolutivo, já que a evolução é eterna, o
ser humano surge como uma das espécies que mais acumulou expe-
riências e com um quadro vivencial que lhe deu o título de ser vivo
mais inteligente do planeta. Para acomodar as inúmeras experiên-
cias vivenciais acumuladas, é necessário que elas sejam organiza-
das levando-se em conta estruturas visíveis e invisíveis aos sentidos
humanos.
147
Capítulo 3 – Terapia espiritual
Outro importante fato relacionado ao efeito das experiências vi-
venciais é o conteúdo do que foi gravado, tanto naquele que praticou
a ação ou a conduta quanto na vítima. Caso a ação seja positiva, a
energia gerada para ambos os envolvidos é benéfica para a evolu-
ção e a libertação deles. Caso seja negativa, pode ocorrer, num caso
grave, de uma pessoa assassinar a outra. Do ponto de vista do as-
sassino, a cena, composta por uma série de comportamentos, fica
gravada em sua mente e, posteriormente, depois do desencarne, ela
é transferida para o perispírito. Do ponto de vista da vítima, a cena
também fica gravada da mesma forma, mesmo que não seja comple-
ta, pois ela pode ter sido socorrida antes do desfecho final.
A pessoa que toma decisões drásticas, impensáveis, quando co-
mete, por exemplo, um assassinato por motivo torpe, mostra clara-
mente o remédio que precisa tomar para se equilibrar. O remédio,
nesse caso, é administrado em conformidade com a lacuna de apren-
dizagem e com a época em que o agressor está mais preparado para
receber a cobrança de quem foi sumariamente julgado e condenado
à morte. É necessário aprender a se colocar no lugar do outro (em-
patia), sentir a dor do outro, experimentar do próprio remédio, para
completar o ciclo de aprendizagem vivencial. Quanto menos expe-
riência vivencial, mais o agressor tende a apresentar ações drásticas,
fatais, impensadas e, por conseguinte, mais ele necessita de trata-
mentos reencarnatórios. Inevitavelmente, mais cedo ou mais trade,
agressor e agredido tendem a se encontrar, especialmente quando
demonstrarem melhores condições do ponto de vista do entendi-
mento, base para responder a diversas situações. Isso mostra que
as relações sociais é o que vincula um ao outro, tanto no mundo físi-
co quanto no espiritual. O que significa que as boas consequências
sempre aceleram os processos de novas conquistas e as más conse-
quências sempre retardam o caminho evolutivo de qualquer pessoa.
Para responder a essa questão relacionada aos efeitos dos con-
teúdos vivenciais, ainda é necessário explicar e situar as experiências
vivenciais na linha do tempo. As experiências vivenciais negativas
148
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
são tão importantes para as condutas quanto as positivas. Ambas se
complementam. O conteúdo de uma experiência negativa, própria
ou adquirida de outra pessoa no passado, associado a uma expe-
riência positiva do mesmo contexto serve de base para a formação
do senso de autocrítica e, consequentemente, para a manifestação
de uma conduta mais cuidadosa e responsável no presente. Não há
necessidade de lembranças detalhadas, ou de acesso a conteúdos
vivenciais do passado, basta o potencial energético percebido ou
sentido no momento da reação, uma espécie de intuição. No prin-
cípio, o fenômeno se reduz a uma tentativa de erros e acertos, mas
depois ambas as experiências se juntam e formam o raciocínio. O
esquecimento do passado traz benefícios para o desenvolvimento do
Espírito – impede sofrimentos desnecessários e facilita a tomada de
novas decisões sem constrangimentos, por exemplo.
Lembrando uma plataforma virtual, mas segmentada em várias
dimensões, impregnada de registros de experiências vivenciais trans-
cendentais e atuais e, por isso, fonte inesgotável de informações, aí
o raciocínio se forma e se expressa por meio de correntes mentais
conhecidas como pensamento. Por causa da entrada de energias
impregnadas de experiências vivenciais, seguida do processamento
dessas experiências (confrontação e complementação dos conteú-
dos antigos com os atuais) e também pela saída de pensamentos
e comportamentos do sistema corpo-psíquico-espírito, em um mo-
vimento cíclico e constante, o raciocínio, no papel de moderador e
processador das informações contrastadas, serve para o posiciona-
mento do Espírito diante de qualquer estímulo ou demanda interna
ou externa – inclusive de processos obsessivos de cunho espiritual.
Em razão disso, o raciocínio se manifesta mais ou menos de ma-
neira elaborada, pelo acionamento de determinada sequência de
experiências vivenciais já armazenadas no interior do Espírito, seja
reencarnado, seja desencarnado. Esse acionamento depende do tipo
de cadeia de experiências lá existente e que foi acessada automa-
ticamente para servir de resposta aos estímulos externos. Se essa
149
Capítulo 3 – Terapia espiritual
cadeia ainda possui muitas lacunas de aprendizagens, a reação do
Espírito tende a ser mais negativa e pouco compreensível. Isso indi-
ca que o Espírito ainda não amadureceu suficientemente para con-
tornar situações mais complexas e dependentes de mais conteúdos
vivenciais, ou seja, para atender satisfatoriamente às necessidades
demandadas. O raciocínio sempre se apresenta de forma explícita,
claramente observável (nível psíquico), com maior ou menor capaci-
dade para resolver problemas, e também na forma de potencial, pou-
co observável (nível espiritual), já que influencia fortemente a atitude
do Espírito.
Como dito anteriormente, as experiências vividas vão se acumu-
lando ao longo dos anos, distribuídas nas camadas ou zonas ener-
géticas espirituais, em conformidade com o equilíbrio das forças de
ação, que são geradas de acordo com os conteúdos vivenciais já al-
cançados. Quanto mais antigas são as experiências vivenciais, com
maior quantidade de experiências positivas e negativas, mais equili-
bradas elas tendem se tornar. Por conseguinte, aos poucos, elas vão
se posicionando em camadas mais profundas e sutis do Espírito.
Aqueles conteúdos que ainda não se equilibraram por falta de opor-
tunidade, ou por outro motivo, posicionam-se em camadas mais
superficiais. Levando-se em conta que o cérebro e a mente, como
estruturas do duplo etérico, são responsáveis pelo armazenamento
e processamento dos conteúdos vivenciais atuais, os demais con-
teúdos adquiridos em vidas passadas se localizam nas entranhas do
perispírito, ou seja, nas camadas mais profundas do Espírito (corpos
angelical e arcangélico).
Dessa forma, os conteúdos vivenciais arcaicos, dependendo da
associação que fazem com os conteúdos vivenciais atuais, se comu-
nicam de forma indireta com a superfície (corpo físico), o que signifi-
ca que a radiação do conjunto de forças alcança a superfície sem ne-
nhum tipo de esclarecimento do que aconteceu no passado arcaico.
Como resultado dessa associação, a corrente mental se manifesta
impregnada de sensações, sentimentos, premonições e intuições,
150
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
uma vez que já existe nas entranhas do Espírito experiências que se
identificam com os novos estímulos que chegam do meio. Uma vez
acomodada no interior do organismo espiritual, a experiência vivida
não se desloca, pois ela é fonte eterna da emanação de todas as
sensações. A fonte, depois de equilibrada, torna-se uma nascente de
condutas felizes para si e para os outros. Consequentemente, essa
organização é formada levando-se em conta que uma camada apoia
ou reforça a outra.
O conjunto de todos esses elementos formam uma espécie de
plataforma de conteúdos de interação, uma espécie de interface de
respostas. Por conseguinte, essa plataforma construída com base
nas infinitas vivências se torna o princípio do raciocínio, isto é, o
princípio inteligente, o Espírito propriamente dito. Nesse contexto,
as lacunas vivenciais (experiências “faltosas” ou incompletas) e suas
consequências precedem as lacunas de aprendizagem (falta de co-
nhecimento e de habilidade para lidar com determinada situação) e
servem de referência para o tratamento delas. As lacunas de aprendi-
zagem, por sua vez, servem de base para a apresentação de qualquer
comportamento ou conduta humana. As vivências semelhantes ou
de mesma natureza, ao serem absorvidas e constantemente acumu-
ladas, terminam por levar a um raciocínio mais automatizado do que
reflexivo. O “perigo” para o ambiente externo é a consistência e a na-
tureza das experiências acumuladas no ambiente interno do Espírito.
O mesmo é válido para comportamentos recorrentes, aqueles que
são reforçados de forma repetitiva e sem determinado controle ex-
terno, pois terminam por gerar raciocínios automatizados e novos
comportamentos de difícil alteração. Quando são comportamentos
adequados, são um benefício, uma benção; mas quando inadequa-
dos, são problemas a serem resolvidos.
No caso dos Filhos da Terra, cada espécie de ser vivo é constituída
de experiências vivenciais correspondentes aos diferentes ciclos evo-
lutivos a que já pertenceram (reinos mineral, vegetal, animal e homi-
nal), tanto na condição de reencarnado quanto na de desreencarna-
151
Capítulo 3 – Terapia espiritual
do. Para os Espíritos que vêm de fora em busca de experiências na
Terra, eles geralmente experimentaram ciclos evolutivos diferentes,
de acordo com o planeta de origem, mas todos se manifestam com
base nas experiências vivenciais já adquiridas. Consequentemente,
o processamento das experiências, bem como o de suas respectivas
respostas aos estímulos externos, vão se diversificando e sofistican-
do. Pressupõe-se daí que a qualidade da resposta depende da quan-
tidade e do tipo de experiências acumuladas.
De acordo com Tia Neiva (1979), a inteligência tem sua origem
no seguinte princípio:
Sabemos que nossas vidas são governadas pelos nos-
sos antepassados e que tudo vem do princípio dou-
trinário que nos rege. A vontade tem sua origem na
sensitividade, com predominância na fonte de energia
que nos dá a faculdade da inteligência2, na consciên-
cia animal que se transforma na sensibilidade cristã, a
consciência espiritual. Sim filho, a consciência espiri-
tual. Aparelho anímico ou material psíquico, constituí-
do pela memória, atenção, percepção, compreensão e
cristianismo sempre iluminado pela razão. Em ti filho,
refletimos todos os atos da força absoluta que vem de
Deus Todo-Poderoso. E para condenar sem precipita-
ção, o teu comportamento é o único sentimento a ser
julgado. (Zelaya, 1979, Anexo 2).
Tia Neiva, em sua carta, ressalta a influência dos antepassados
sobre o processo de ensino-aprendizagem transcendental. O que foi
assimilado de geração em geração pelo Espírito reencarnado tende a
governar o dia a dia de seus descendentes. Geralmente, os antepas-
sados dizem respeito às pessoas mais próximas que um dia serviram
de referência para a formação de seus descendentes, que, com o pas-
sar do tempo, de geração em geração, dá origem à tradição familiar,
que também, aos poucos, se transforma na tradição regional e, mais
2
Capacidade de raciocinar decorrente do acúmulo de energias impregnadas de experiências
vivenciais.
152
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
à frente, à medida que os costumes vão se expandindo, se arraigan-
do, surge a cultura de determinado país. Assim, as pessoas de um
país ou região passam a apresentar uma imagem comportamental
típica que serve de referência para outros povos. Esse processo não
para, até que um dia o planeta também fica contagiado com todas
as influências individuais, e as pessoas passam a ser reconhecidas
como se fossem uma só individualidade. Tudo isso, é construído em
longo prazo, a perder de vista, e a partir da individualidade.
Apesar dessa visão mais positiva, não dá para esquecer dos ele-
mentos indutores da evolução, as condutas impregnadas de lacunas
de aprendizagem. Em uma grande construção, sempre aparecem,
em nível coletivo, os estereótipos e, em nível individual, os precon-
ceitos. Afinal, a obra é eterna e está sempre em fases de mudanças,
em busca de melhorias. Nesse caso, somente o tempo é capaz de
facilitar e de permitir a implantação do processo de aprimoramento.
E nesse cadinho, o indivíduo e a família se tornam a fundação da
construção, que precisa ser bem-preparada para que a obra possa
crescer saudável e se solidificar de tal maneira que jamais corra o
risco de desmoronar.
A família, por causa da possibilidade de contribuir com o processo
de educação do reencarnante desde os primeiros dias na Terra, nor-
malmente exerce grande influência sobre a conduta de qualquer um
de seus membros, exceto quando o indivíduo é recém-chegado do
mundo espiritual e com características pessoais bastante destoan-
tes. Se o Espírito recém-chegado continuar a reencarnar no mesmo
grupo familiar, aos poucos ele vai se adaptando e se aproximando do
perfil da família escolhida. Nesse contexto, as novas experiências ad-
quiridas, de acordo com seus conteúdos, acabam por servir de base
para a geração de novas vibrações e sensações energéticas. O con-
junto dessas experiências atua diretamente sobre o aparato psíquico,
que, por sua vez, se manifesta por meio da memória, da atenção e
da percepção, entre outras variáveis que compõem o sistema de in-
teração entre o Espírito e o mundo físico, e tende a influenciar uma
153
Capítulo 3 – Terapia espiritual
conduta mais diferenciada em relação ao passado que o condenou a
uma mudança de rumo.
Nessa linha de raciocínio, aparecem os seres mais e os menos
evoluídos, apesar de todos os seres da natureza terem o mesmo va-
lor para Deus, pois todos têm o mesmo potencial de crescimento e
de se tornar felizes e realizados. No entanto, para os seres mais evo-
luídos, apoiar o desenvolvimento dos menos evoluídos é uma alegria
suprema e constante. Nesse contexto, o estudo de todos os fenôme-
nos relacionados à matéria é motivo de investigação. Tudo que está
ao alcance desses Espíritos de alta hierarquia eles empregam em fa-
vor dos menos favorecidos. A felicidade suprema é ver e encontrar
seus pares em total sintonia com os mundos mais felizes e próspe-
ros. Da luta para que todos os Espíritos menos evoluídos cheguem
aos mundos superiores, e da recompensa disso, só os Espíritos que
lá se encontram é que sabem. A dedicação ao trabalho não é proble-
ma para eles, pois amam e respeitam o que é preciso ser feito.
Como todo tipo de comportamento humano, a conduta doutriná-
ria também sofre influência do fenômeno das experiências vivenciais,
muito pouco conhecido e observado no mundo físico, mas que ofe-
rece uma enorme vantagem em termos de profundidade de análise
e de esperança para um mundo melhor. Os indivíduos relacionados
às ciências e às religiões do mundo físico em geral fazem o recorte
do que estudar e professar e, para evitar encontrar explicações com-
plexas e evasivas, que exigem mais fé do que raciocínio concreto,
eles costumam perder oportunidades de aprendizagem por causa de
limitações impostas pelo grupo de pertença.
Reforçando um pouco mais as possibilidades de aplicação da
Teoria da Experiência Vivencial – por exemplo, para estudos de regres-
são de memória e de terapias alternativas –, cabe ainda lembrar que
qualquer fato ou evento ocorrido, observado e sentido pelo Espírito
reencarnado, é transferido para o aparato físico-espiritual. Portanto,
já na condição de energia em movimento, o fato adquire determina-
154
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
da força de ação. O mecanismo de memória, como um dos princi-
pais intermediadores desse processo, facilita ao indivíduo se situar
no tempo e no espaço, conectar seus comportamentos atuais com
os anteriores e, assim, gerar uma série de eventos contínuos (passa-
do, presente e futuro), de tal forma que se vai formando uma espécie
de filme da vida, o que possibilita cada vez mais melhorar o processo
de aprendizagem, quantitativa e qualitativamente.
Experiência de quase morte
Um dos indicadores mais contundentes do processo de fixação
das experiências vivenciais são os relatos de pacientes que passa-
ram pela experiência de quase morte (EQM) – morte por alguns
minutos (não desmaio) e retorno ao corpo físico. Esse fenômeno
é registrado no duplo etérico e, por isso, as lembranças são mais
fáceis de ser acessadas (como ainda não foram fixados no peris-
pírito, os eventos ficam mais fáceis de ser lembrados). Durante
esse fenômeno, o “filme da vida” pode ser projetado na tela men-
tal do paciente, que sente os acontecimentos, desde o momento
de seu nascimento, ou seja, tudo ocorre acompanhado dos senti-
mentos de outrora (alegrias, realizações, angústias, preocupações,
ansiedades e dores). Em alguns casos, o paciente costuma relatar
também a ausência de anomalias ou de dores que fazem parte de
seu quadro clínico como reencarnado. Tudo isso em um tempo re-
corde, o que seria impossível de acontecer no tempo da dimensão
física, pois o fenômeno dura apenas alguns minutos.
Apesar dessa situação ideal, existe a possibilidade de a estrutu-
ra física relacionada ao mecanismo de memória sofrer algum tipo
de lesão ou dano de difícil reconstituição e, quando isso acontece,
experiências vivenciais (sensorial, cognitiva, psicomotora, afetiva,
mediúnica, entre outras) não deixam de ser percebidas, recepciona-
das, armazenadas e processadas pelo duplo etérico. O Espírito nun-
ca deixa de receber as experiências vivenciais, esteja onde e como
155
Capítulo 3 – Terapia espiritual
estiver. No entanto, as respostas aos estímulos externos ficam pre-
judicadas, isto é, às vezes elas não têm condições de se manifestar
ou se manifestam de forma precária, tendendo a piorar na medida
em que a desconexão entre os ambientes externo e interno vai se
intensificando.
Por conta dessa situação, a manifestação da personalidade se
altera completamente, com grande perda da capacidade de res-
postas. Isso é uma das provas da importância das experiências vi-
venciais na formação do raciocínio e, consequentemente, da inteli-
gência. Exemplo disso são as doenças neurodegenerativas, como o
Alzheimer, que, além de alterar a personalidade, afeta outros siste-
mas do corpo físico. Apesar disso, o Espírito recolhe e aproveita para
si em ações futuras todas as experiências vivenciais de apoio, de dor
e de sofrimento que ocorrem a partir desse fato. Isso pode ser consi-
derado uma situação de contraponto, pois esse fato serve de neutra-
lização dos conteúdos vivenciais que ainda carecem de reparações e
de complementações.
A entrada dos estímulos externos não depende só do sistema
nervoso, mas a resposta a esses estímulos na esfera física depende
totalmente dele – evidentemente considerando-se a normalidade de
funcionamento do sistema nervoso. O corpo físico, na condição de
filtro por excelência, e restrito aos cinco órgãos do sentido, é especia-
lizado em deixar entrar as experiências vivenciais e sair as respostas
(reações) que mais estão relacionadas a esses órgãos e que mais
interessam ao programa de reencarnação. O Espírito, quando está
em outra dimensão, dependendo de seu grau evolutivo, pode captar
muitas outras experiências que não têm condições de ser respon-
didas pelo corpo físico (de forma consciente). No entanto, quando
o reencarnado dorme e sai do corpo físico, via projeção astral, ele
encontra um mundo completamente diferente, mais aberto a novas
experiências, repleto de trilhas e vivências estranhas e, geralmente,
ele consegue lidar com essas situações atípicas, apesar de muitas
vezes serem de difíceis interpretações pelos cinco sentidos.
156
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Tendo em vista que o Espírito capta muito mais experiências atípi-
cas, aquelas que ainda não foram identificadas, por conseguinte, não
reveladas na esfera física, pode-se dizer que o Espírito é muito mais
inteligente do que parece. O cérebro e suas contrapartes espirituais
usam muito pouco de seu potencial cognitivo, isto é, todos juntos
têm muito mais potencial para lidar com situações difíceis do que
parece na dimensão física. Esses dois fatores, o filtro físico e o pro-
grama de reencarnação, fazem com que as ações dos reencarnados
sejam muito mais limitadas. O Espírito pode ser considerado uma
“caixinha de surpresa”. Como dizia William Shakespeare, “Há mais
coisas entre o Céu e a Terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”.
A descontinuidade do processo vivencial provocada pela desco-
nexão ou pela falta de um dos cinco sensores dos sentidos (visão,
audição, olfação, gustação e tato, relacionados à pressão e à tempe-
ratura), ligados ao mecanismo de memória, significa apenas um pro-
blema patológico de natureza física, mas com repercussão psíquica.
Mesmo levando-se em conta essa situação precária dos órgãos dos
sentidos, as experiências são gravadas nos escaninhos da alma (aqui
denominada duplo etérico) e servem de contraponto para equilibrar
as situações passadas que um dia serviram de conflito para o indiví-
duo. A vida é sempre contínua, os fatos ou os eventos bons ou ruins
estão interligados, e a sequência deles, gravada e armazenada de for-
ma organizada, mesmo que de modo incompleto, é a base de forma-
ção do raciocínio, em última análise, de formação da inteligência do
Espírito. A inteligência não se limita à cognição ou à significação dos
fatos ou da realidade observada, mas diz respeito também à emoção
(força energética) com que os fatos são expressos ou manifestados.
Observa-se, grosso modo, que qualquer fato ou experiência do dia
a dia tem um conteúdo que pode ser de natureza positiva quando
ele gera consequências positivas e, às vezes, acompanhadas de sen-
sação de realização, de dever cumprido. No entanto, o fato também
pode ser de natureza negativa quando prejudica a si mesmo e/ou o
próximo. Mas isso é relativo, pois às vezes um fato negativo ocorrido
157
Capítulo 3 – Terapia espiritual
com determinada pessoa não a prejudica, por ser irrelevante para
ela, e as consequências são de pouco ou nenhum efeito negativo.
Tendo em vista que a memória é um fenômeno de crucial relevân-
cia para o funcionamento do corpo físico, das relações intra e inter-
pessoal, especialmente no que diz respeito às funções do psiquismo,
ela afeta as tomadas de decisões.
Observações adicionais a
respeito da memória
O mecanismo de memória tem sido abordado também por auto-
res da Doutrina do Amanhecer. Mário Sassi (1974) faz as seguintes
observações:
O sistema de verificação no planeta Terra é feito atra-
vés dos “sentidos”. Os fatos são armazenados num
processo chamado “memória” e transmitidos, de gera-
ção para geração, por meios variados e variáveis.
Portanto, o Homem é levado à ação mediante três
tipos distintos de estímulos: o físico, o psíquico e o
espiritual.
A memória física, impropriamente chamada “instin-
to”, é regida, na sua reação, pelo condicionamento do
mundo físico, do meio ambiente. Reage através do sis-
tema nervoso do grande simpático ou neurovegetativo.
A memória psicológica, ou da “psique”, interage por
processos seletivos, que proporcionam a ação cons-
ciente, a cada momento. A percepção consciente dos
sentidos se faz paralelamente à percepção inconscien-
te, ou subliminar. O processo seletivo escolhe ima-
gens, formando as ideias e estas associadas formam
o pensamento.
158
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A memória espiritual existe e funciona num plano adi-
mensional, num organismo paralelo ao conjunto psi-
cofísico, que denominamos “Espírito”. A herança do
Espírito transcendente no tempo, pois representa o
acervo de muitas vidas.
Como consequência das três faixas vibratórias, a física,
a psíquica e a espiritual, todas agindo no mesmo veí-
culo, o ser humano apresenta variações de comporta-
mento a cada momento. A hegemonia de uma ou outra
faixa determina a tônica que caracteriza uma pessoa.
Ela é predominantemente animalizada, psíquica ou
espiritualizada. Essa tônica varia conforme as circuns-
tâncias, principalmente em função da idade”. (Sassi,
1974, p.14-16).
A integração e a comunicação entre os planos físico, psíquico e
espiritual em um só veículo de interação com o meio ambiente é feito
por intermédio de interfaces ou filtros energéticos. Em um contexto
de normalidade, essa integração estimula a movimentação energéti-
ca, de fora para dentro (movimento centrípeto) e de dentro para fora
(centrífugo). Dependendo do objeto de interação (conteúdo viven-
cial), detectado pelos órgãos do sentido, o movimento centrífugo é
acionado para repelir/afastar e o centrípeto para atrair/aproximar o
emissor do objeto de observação. Basicamente, esse é o princípio
que rege e dá a vida com sua respectiva expressão ou tom de ma-
nifestação (fraco ou forte). Sem a retenção da experiência vivencial
e o mecanismo de memória, esse fenômeno não viabilizaria a vida
como ela é nem proporcionaria a evolução dos seres vivos, indepen-
dentemente da vontade do ser em questão. Isso é a lei do progresso;
todos nós somos convidados ou convocados a caminhar rumo ao
progresso evolutivo, mas sempre respeitando o livre-arbítrio, o que
faz com que uns cheguem primeiro a um progresso mais apurado
do que outros.
Para que o livre-arbítrio seja exercido com liberdade e sem cons-
trangimentos ou amarras do passado, é necessário que o esqueci-
159
Capítulo 3 – Terapia espiritual
mento de vidas passadas, que é proporcionado pelo tratamento da
reencarnação, seja o eixo da caminhada evolutiva – pelo menos por
determinado período. Aqueles que já conquistaram a duras penas a
sabedoria da vida respondem aos estímulos externos de forma mais
equilibrada e com o livre-arbítrio mais ponderado. Aqueles que não
têm acesso ao passado e respondem de forma mais desequilibrada
a determinado estímulo, já que a perfeição é construída aos pou-
cos, demonstram o quanto ainda carecem de novas experiências vi-
venciais. As respostas às necessidades do dia a dia mostram o grau
evolutivo de qualquer ser vivo, especialmente os da categoria dos
homens ditos racionais, pois a quantidade de conteúdo que eles já
adquiriram ao longo dos evos permite que se locomovam com certa
liberdade, mas com consequências inevitáveis.
No contexto da interação entre os meios interno e externo, os cin-
co órgãos dos sentidos são empregados pelo Espírito, reencarnado
ou não, para detectar e selecionar o que gosta, interessa ou necessi-
ta; são utilizados também para alertar sobre algum tipo de perigo ou
benefício. Isso significa que toda a realidade que cerca o ser vivo, in-
dependentemente se ele a observa por meio desses órgãos, é condu-
zida, gravada e armazenada para, depois de organizada no ambiente
interno, servir de base para o indivíduo reagir a novos estímulos. Os
impulsos nervosos que entram impregnados de conteúdos do meio
externo são processados no centro coronariano (combinação entre
os impulsos nervosos novos e os anteriores que para lá são condu-
zidos pelo sistema nervoso central), e o resultado são os comporta-
mentos ou as condutas diante da situação apresentada.
Não é necessário ir tão longe para buscar esse tipo de informação
na esfera terrestre, mesmo por estudiosos ligados a outras doutrinas
que desconsideram o fenômeno mediúnico. Se a ciência da Terra se
aliasse ao conhecimento espiritual, mesmo que parcialmente, com
procedimentos específicos para o estudo do assunto, melhores expli-
cações ou interpretações de fenômenos de difíceis observações pode-
riam emergir, pois o reencarnado de modo geral ainda usa pouco seu
senso de percepção proveniente da faculdade mediúnica. Segundo
160
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Brandstetter (1984), autor relacionado ao Movimento Apostólico
Internacional de Schoenstatt, fundado pelo Padre Kentenich,
O homem como microcosmo abrange todo o existente.
Todos os reinos se encontram nele3 como um ponto de
convergência.
Pensamos sobre a nossa relação com o macrocosmo
e sobre a relação entre os diversos elementos dentro
de nós. Esclarecemos [em palestras anteriores] a relação
entre corpo e alma e falamos, por último, sobre os cin-
co sentidos e como funciona o processo de reconheci-
mento sensitivo. Vimos que cada sentido tem seu ob-
jetivo específico e que capta apenas traços superficiais.
Chamamos a visão, a audição, o tato, o olfato e o pa-
ladar de sentidos externos. Temos, ainda, os sentidos
internos: o sentido unificador, a memória e a fantasia.
O estudo desses três sentidos esclarecer-nos-á mais
sobre o intercâmbio entre o mundo material e o mun-
do espiritual.
Observemos esta mesa. Os olhos enxergam a exten-
são, cor ...; a mão sente o tipo de superfície, a dureza;
os ouvidos captam o ruído quando a mão passa; o ol-
fato sente o cheiro de um determinado material. São as
propriedades externas de um objeto.
Quem diz, agora, que este objeto é uma mesa? Os sen-
tidos externos não têm esta capacidade, porque cada
um capta só sua parte. Se ficasse por isso, não podería-
mos determinar que o objeto é uma mesa.
Mas acontece que cada sentido transmite ao cérebro o
que captou. Os olhos transmitem o tamanho, a forma
e a cor; a mão transmite a impressão de liso e duro;
3
Elementos ou experiências vivenciais adquiridas em cada um dos três reinos (mineral,
vegetal e animal), onde todos os seres da natureza se desenvolvem antes de alcançarem o
reino hominal, e que servem de base para a manifestação do ser humano.
161
Capítulo 3 – Terapia espiritual
o ouvido, um tipo de ruído; o olfato, um determinado
cheiro.
No cérebro, então, encontra-se uma central que chama-
mos sentido unificador. Esse sentido une todas essas
mensagens dos diferentes sentidos. Está trabalhando o
dia inteiro, catalogando as diversas mensagens.
Alguém toca uma corda de violão. O tom sumiu tam-
bém de nossa alma? Se a pessoa tiver um pouco de
ouvido musical poderá, ainda tempo depois, repetir,
cantando, este mesmo tom. Por isso o tom deve estar
na pessoa. Nosso cérebro tem a capacidade de guardar
tudo o que captamos com os sentidos.
Digamos que, como criança, tivemos uma vivência
positiva ou negativa, que já esquecida faz tempo. A
vivência não está mais no consciente, passou para o
subconsciente.
Esta capacidade da nossa alma chama-se memória. A
memória não só traz os acontecimentos do subcons-
ciente para o consciente, mas também dá as condições
para que a pessoa sinta aquela mesma sensação.
Da mesma forma ocorre com as coisas negativas.
Você, por exemplo, foi assustado horrivelmente à noi-
te, lá fora, quando era pequeno ainda. É a causa por
que você tem medo do escuro, mesmo não lembrando
mais daquele fato.
Assim, o subconsciente determina muitas das nossas
reações e sentimentos.
Dos sentidos internos conhecemos, até agora, o senti-
do unificador e a memória. O sentido unificador sinte-
tiza o que os cinco sentidos externos captam e a me-
mória é aquela força da alma que guarda as impressões
e as traz de volta ao consciente.
162
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Temos um outro sentido interno do potencial do reco-
nhecimento sensitivo: a fantasia.
Nossa fantasia tem uma capacidade tremenda: volta
ao passado, vai ao futuro, penetra nas profundezas
da Terra e do Espaço. Produz imagens alegres e tris-
tes, positivas e negativas. Tudo imagina, tudo cria: as
coisas bonitas e as coisas mais horríveis e perversas.
(Brandstetter, 1984, p. 23-24).
Essa teoria foi apresentada por um estudioso e religioso que con-
seguiu perceber e descrever um fenômeno inerente à vida, relativa-
mente bastante sutil e pouco descrito na literatura. Não avançou no
tema, pois ficou limitado à sua religião. Ainda assim, ele não deixou
de dar sua opinião, mesmo considerando apenas o passado recente,
que também é passível de esquecimento ou de perdas temporárias
das lembranças. Ressaltou o fato de que na ausência da lembrança
ocorre a manifestação do sentimento e citou, como exemplo, o medo
do escuro.
Apesar da descrição, o fenômeno mostrado por Brandstetter
(1984) não se limita às lembranças do passado recente, pois o pas-
sado arcaico ou remoto (vidas passadas) também se faz presente
no atual momento, mas de forma difusa, por meio de sentimentos
e pressentimentos racionais e irracionais. Muitas pessoas com lem-
branças obturadas podem ter, quando encontram um desconhecido,
diversas reações; entre elas, sensação negativa decorrente de fatos
conflituosos esquecidos e ocorridos no passado remoto; ou o contrá-
rio, sensação positiva relacionada a motivos de satisfação.
O que está em jogo não é o veículo ou corpo físico utilizado, mas
a energia emitida pela pessoa desconhecida. No entanto, quando a
situação já está resolvida, ou a pessoa nunca se encontrou com a
outra no passado, possivelmente a reação será de neutralidade ou de
indiferença. Independentemente da situação ocorrida no passado, os
reencontros sempre são oportunidades de construir um novo mun-
163
Capítulo 3 – Terapia espiritual
do de amizade, de amor e compromisso com o próximo e, principal-
mente, consigo mesmo.
Brandstetter (1984) também destaca três funções do cérebro. Ser
o órgão responsável pela capacidade de unificação e síntese dos sen-
tidos é uma delas. O cérebro, além de órgão físico, pode ser consi-
derado uma estação periférica do Espírito com sintonia direta com o
ambiente externo, dotado de várias funções de relação: de recepção,
modelação, ajuste, integração e acomodação das energias dos cinco
sentidos a que todo ser humano tem acesso, entre outras. Além dis-
so, é um órgão voltado à organização das experiências vivenciais em
blocos ou compartimentos de mesma natureza energética.
A segunda função ressaltada pelo referido autor é a de abrigar o
mecanismo de memória, uma estrutura de relevância para a mani-
festação do estado de consciência e bastante estudada pelas ciências
da Terra. A última delas é a fantasia. Apesar de fácil percepção e ma-
nipulação, ela não deixa de ser uma função de difícil interpretação,
embora os conteúdos ou as cenas que se apresentam na tela mental,
também denominada mente, sejam facilmente evocados e observa-
dos. A tela mental pode ser considerada uma região extrafísica (zona
fluídica) diretamente conectada ao cérebro. Nela, apresentam-se as
imagens temáticas do dia a dia, com seus respectivos conteúdos in-
ternos e externos. Consequentemente, essas imagens são indicado-
ras das forças positivas ou negativas a que o organismo vivo está
submetido.
Na tela mental, com imagens, sons e demais manifestações ener-
géticas dos sentidos, dependendo do estímulo externo que alcança
essa estrutura, ocorre uma movimentação de cenas do próprio in-
divíduo. Qualquer pessoa que goza do estado de normalidade físi-
ca e mental tem acesso a esse fenômeno. Ele pode observar dentro
de si mesmo cenas relativas ao presente, ao passado e até sonhar
com o futuro por intermédio dessa movimentação energética. No
entanto, nesse mesmo local também costuma circular as comunica-
ções projetadas de Espíritos que tentam entrar em contato e, muitas
164
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
vezes, essas projeções são interpretadas como conteúdo próprio.
Dependendo do grau de desenvolvimento da mediunidade, o mé-
dium consegue separar os conteúdos que são próprios. Mas não é
fácil separar o que é do médium do que é do Espírito. Para isso,
muitos médiuns ainda precisam de certo tempo de observação ou de
experiência, incluindo muitas vezes a concentração, para identificar o
fenômeno e aprender a confiar em sua mediunidade.
Como resultado da soma dos estímulos que chegam ao centro de
processamento das informações (centro coronariano do duplo etéri-
co), oriundos dos cinco sentidos – já que o cérebro é um órgão que
reúne todos os estímulos e os encaminha a essa região –, tem-se a
percepção. Esse fenômeno refere-se à ampliação do efeito das expe-
riências vivenciais mediante o estímulo apresentado e pode facilitar
a compreensão da realidade para qualquer Espírito. É por intermédio
da percepção que ocorre a manifestação da intuição, que inclui estí-
mulos de ordem espiritual que emanam de Espíritos desencarnados
e também do próprio ambiente.
Das três funções do cérebro, a memória é a mais relevante para a
manifestação da conduta, tanto dentro quanto fora da doutrina.
A conduta e o mecanismo de memória
Exibir condutas inadequadas faz parte do processo de aprendi-
zagem. No entanto, existe um limite para a mudança de rumo, que
depende das experiências prévias. Os conteúdos vivenciais, prove-
nientes de experiências do dia a dia, fixadas em campos energéticos
na dimensão etérica, são passíveis de mudanças ou melhorias, dada
a facilidade com que novas experiências se misturam às anteriores.
Geralmente, o limite está relacionado às contrapartes das condutas
inadequadas, como a dor ou o sofrimento. Dependendo da gravida-
de da situação, em termos de lacunas de aprendizagem, as condutas
inadequadas tendem a se tornar insuportáveis e, consequentemente,
se equilibrar de forma mais adequada.
165
Capítulo 3 – Terapia espiritual
Nas cenas do dia a dia, pode-se observar situações consideradas
boas, ruins ou neutras, que envolvem estímulos visuais, auditivos,
olfativos, degustativos e táteis, que, por sua vez, formam a percepção
mental. Organizadas internamente em câmaras de retenção de ex-
periências vivenciais, essas cenas, com seus respectivos conteúdos,
passam a compor o mecanismo da memória, sendo mais conhecida
a memória que se localiza no cérebro – existem outras, como a me-
mória localizada no DNA de cada célula do corpo humano.
As lembranças, correntes mentais emitidas em resposta à deter-
minado estímulo, são levadas do centro coronariano do duplo etérico
(memória do passado recente, de base, constante, de reação semi-di-
fusa e apropriada à formação da personalidade) para o hipocampo
(memória mais recente, temporária, nítida, de reação operacional e
de natureza sensorial – icônica, ecoica, háptica) e, em seguida, são
encaminhadas para outras estruturas do córtex cerebral (camada
mais externa do cérebro dos vertebrados, rica em neurônios). No
entanto, para dar suporte às lembranças, os fluxos energéticos, com
características mais difusas, são mobilizados dos campos espirituais
(memória arcaica, estruturante, definitiva, de reação difusa e apro-
priada à acomodação das personalidades transcendentais) até o du-
plo etérico, como forma de dar o tom aos conteúdos vivenciais per-
cebidos e sentidos na região mais superficial ou mental do Espírito.
Nessa abordagem espiritualista, o corpo físico é ligado a outros
corpos de base espiritual, sendo o perispírito o mais divulgado, uma
espécie de contraparte do corpo físico, formado por um tipo de ener-
gia de natureza etérica e de difícil observação. Essas estruturas físicas
e etéricas, mesmo que não estejam completas, têm como objetivo
primordial abrigar de forma organizada todo o arsenal de conteúdo
vivencial já conquistado e individualizado. Cada corpo etérico é cons-
tituído de muitos tipos de energia. Aquele que abriga as experiências
mais equilibradas ou quintessenciadas se apresenta de forma mais
sutil, como o corpo mental em relação ao perispírito. Levando-se em
conta a linha do tempo, pode-se dizer que os diversos mecanismos
de memória são responsáveis por abrigar ou registrar os diferentes
166
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
fatos ou experiências vividos no dia a dia, e em diferentes épocas,
durante todo o processo de interação entre o ambiente interno e o
externo. A memória e o acesso aos conteúdos vividos tornam-se a
base para o processo de aprendizagem, que, por sua vez, serve de
base para o desempenho da conduta.
Além disso, a principal característica da memória do corpo físico
é ser de natureza temporária, enquanto a da memória do perispírito,
mais exatamente do corpo mental, sua extensão, é ser de natureza
definitiva. Pessoas que passaram pela experiência de quase morte
(EQM) ressaltam que, tão logo começa o processo de desencarne,
ocorre o fenômeno da transferência de todas as experiências viven-
ciais atuais, uma espécie de filme que passa pela mente em alta ve-
locidade. Ramatís explicita que durante o sono é comum ocorrer o
fenômeno da projeção astral, isto é, a saída do Espírito de seu cor-
po físico. Quando retorna e se acopla novamente ao corpo físico, o
Espírito costuma esquecer quase que imediatamente as experiências
vividas no astral. A impregnação das experiências no corpo astral não
é passada para o corpo físico, pois são corpos de constituição bas-
tante singulares, e isso indica que existe uma separação nítida entre
as gravações realizadas nos corpos físico e astral.
O mecanismo de memória que serve de contraparte ao corpo fí-
sico é o responsável pelo armazenamento de todas as experiências
transcendentais ou espirituais, um tipo de memória viva, mas ma-
nisfestada na forma vibracional, por meio das forças de atração e
de repulsão (raciocínio intuitivo e inconsciente em relação ao mun-
do espiritual) – portanto, um supercampo mental. Isso faz com
que os conteúdos lá armazenados e organizados se transformem,
se estimulados, em um processador mental com grande capacida-
de de raciocínio, capaz de influenciar diretamente qualquer tipo de
comportamento. Aquelas experiências que compõem um núcleo de
conteúdos vivenciais de mesma natureza, ou formado por grande
número de comportamentos similares, ou repetitivos, tendem a in-
fluenciar o surgimento de novos comportamentos de mesma nature-
za. Se forem comportamentos inadequados para o contexto social, a
167
Capítulo 3 – Terapia espiritual
probabilidade de surgir situações que funcionem como contraponto
para a correção ou mudança de rumos é bastante elevada. Na natu-
reza, tudo tende ao equilíbrio, mesmo aqueles casos que parecem
perdidos, pois tudo está em eterno movimento ou evolução.
Os conteúdos vivenciais armazenados no duplo etérico, incons-
cientes para o mundo físico, manifestam-se habitualmente na forma
de potencial e com capacidade para fazer qualquer Espírito reencar-
nado responder aos estímulos externos. Metaforicamente, a memó-
ria do corpo físico corresponde à memória RAM de um computador
e a memória do corpo astral, à memória do HD.
Na memória do corpo humano estão os conteúdos vivenciais
mais atuais e de fácil acesso. Quando as vivências armazenadas,
acumuladas e organizadas são requisitadas por estímulos externos,
elas são conectadas e ativadas imediatamente, de forma clara e ob-
jetiva. Nesse contexto, um fluxo energético interno é disparado em
reação ao estímulo externo. As vivências são adimensionais, mas são
fixadas ou armazenadas em campos energéticos de natureza mag-
nética, facilmente dinamizados e movimentados em forma de fluxos
energéticos. Esse tipo de energia impregnada de experiências é o que
dá vida ao corpo inerte.
Na memória espiritual, os conteúdos não são mobilizados facil-
mente de forma clara, mas a reação é condizente com o conteúdo ar-
mazenado e organizado no organismo espiritual. O acesso às infor-
mações aí localizadas só é possível por procedimentos que evocam
as lembranças, como a regressão de memória – mas não se deve
recorrer sempre a esse tipo de procedimento. Recuperar lembranças
do passado, muitas vezes conteúdos incompletos ou tendenciosos
ou desequilibrados, ora muito negativos, ora muito positivos, pode
acentuar traços de personalidade que estão sendo tratados na atual
reencarnação. Exemplo disso são os traços em que se destacam o
ciúme, a vaidade, o preconceito, a raiva ou a antipatia, a vingança,
e a baixa autoestima, além de deformidades no corpo físico ou na
168
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mente. Por isso, a regressão de memória exige um estudo à parte e
mais profundo.
Os conteúdos vivenciais atuais que fazem parte do psiquismo re-
cebem influência dos conteúdos vivenciais armazenados no centro
espiritual do Espírito, já que qualquer tomada de decisão atual de-
pende do raciocínio, que nasce das experiências arcaicas. Em geral,
os conteúdos atuais selecionados para serem tratados pela psicote-
rapia também estão sob a influência positiva ou negativa do passa-
do. Apesar disso, as causas de origem espiritual ou de vidas passa-
das quase nunca são levadas em conta nos espaços terapêuticos.
Isso significa que as lacunas de aprendizagem que ainda existem nas
profundezas do Espírito tendem a dificultar a obtenção de resulta-
dos positivos na psicoterapia, pois não facilitam o processamento
das informações que ocorrem no duplo etérico. Em consequência,
as respostas do organismo às demandas externas são precárias e
mesmo de difícil solução no curto prazo. Na regressão de memória,
para acessar determinados conteúdos vivenciais de origem arcaica,
numa tentativa de solucionar problemas mais complexos num tem-
po curto, os conteúdos que emergirem devem ser tratados à luz dos
novos conteúdos já adquiridos pelo paciente. Afinal, um conteúdo
está conectado ao outro ou eles fazem parte de uma mesma cadeia
de eventos onde o passado, o presente e o futuro estão atados ou
conectados em favor da formação do raciocínio, da inteligência.
Basicamente, o princípio inteligente (o Espírito) se refere às ex-
periências adquiridas e acumuladas ao longo dos milhões de anos
de existência e, portanto, dotadas de conteúdos vivenciais e de po-
deres capazes de movimentar e dinamizar as energias psíquicas,
apropriadas à interação com o meio externo. No entanto, sua ma-
nifestação requer matérias física e etérica (formas diferenciadas de
energia), que servem de estrutura para a manifestação do princípio
inteligente. Existem inúmeras modalidades de energia no cosmo, ou
seja, diversas maneiras de a energia se manifestar. Ela sempre está à
disposição das inúmeras necessidades da vida e, por isso, possui a
capacidade de se transformar de um estado a outro, como acontece
169
Capítulo 3 – Terapia espiritual
na Terra. Além de funções simples como essa, ela exibe funções su-
blimes, como servir de base para a impregnação das experiências do
dia a dia num contexto individualizado.
As experiências vivenciais são gravadas ou fixadas em uma ener-
gia extraetérica, de origem prânica, o que justifica o nome de ener-
gia inteligente, e que faz parte da composição tanto do corpo físico
(corrente nervosa) quanto dos corpos etéricos, como o perispírito
(corrente espiritual, fonte do pensamento). Como consequência des-
sa junção (experiência e energia), aparecem o raciocínio e as emo-
ções diretamente relacionadas às forças de atração ou de repulsão.
Quanto maior o número de experiências relacionadas a determinado
tema vivencial, maior a força de atração ou de repulsão. Essa lógica
explica o processo de identificação entre as pessoas ou entre as pes-
soas e os objetos. A identificação pode ser fonte de desequilíbrios,
pois tende a levar à pouca flexibilidade de escolha. A pessoa que se
identifica fortemente com algo costuma ter dificuldade em buscar
outros caminhos ou soluções para uma mudança de rumo. Por isso,
há necessidade da aquisição de novas experiências vivenciais em
prol do equilíbrio energético relacionado às forças de atração e de
repulsão.
A energia inteligente é a base de manifestação de qualquer con-
duta, pois o comportamento é fruto tanto das vivências absorvidas e
acumuladas nos escaninhos do Espírito quanto das influências exter-
nas que ainda não fazem parte do repertório espiritual. Assim, os es-
tímulos que vêm de fora, ao entrarem em contato com os conteúdos
internos do indivíduo, tendem a se misturar, a se acomodar inter-
namente e, para isso, reagem de forma mais inteligente, ou não, de
acordo com o que ele já amealhou ao longo das jornadas. Conforme
Tia Neiva (1980),
O fato é, filho, que muitas vezes nos enganamos com
o comportamento de outros, sem perceber as grandes
heranças que o homem carrega consigo (Zelaya, 1980,
Anexo 11).
170
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
O fluxo energético, com a vibração ou com a força que surge da
interação entre o indivíduo e o ambiente, depende do tipo de con-
teúdo acessado nas câmaras de retenção das experiências vivenciais,
ou seja, nos escaninhos do Espírito (positivo, negativo ou neutro).
Conteúdos mais equilibrados e com menor efeito ou reação a estí-
mulos externos tendem a se manifestar de forma mais tranquila, e
conteúdos menos equilibrados e com maior efeito a estímulos exter-
nos tendem a se manifestar de forma mais truculenta ou turbulenta.
Levando-se isso em conta, o conteúdo torna-se mais relevante para
qualquer tipo de comportamento ou conduta humana do que a ener-
gia que serve para sua manifestação.
Quanto mais conteúdos vivenciais o Espírito adquire ao longo de
suas jornadas e consegue mantê-los em relativo equilíbrio (conteú-
dos positivos e negativos balanceados), mais evoluído e sábio ele
pode ser considerado. No entanto, os conteúdos negativos que se
somam ou que se acumulam e que afetam seu repertório compor-
tamental indicam a necessidade de aquisição de novas experiências
positivas ou dolorosas, como uma espécie de contraponto para o ree-
quilíbrio de seu sistema de forças. Nesse caso, a conduta do Espírito
num contexto temático, sendo considerada inadequada, sempre se
apresentando de forma contumaz e sendo considerada de elevada
gravidade e em prejuízo de muitos, indica a existência de determina-
da incompletude em si mesmo. Esse tipo de conduta pode indicar
também o “remédio que o Espírito precisa tomar” para se curar e
equilibrar. Para isso, ele é analisado, preparado e submetido à reen-
carnação para vivenciar situações capazes de completar e reverter o
quadro de inadequação. O contraponto, que na verdade não é uma
questão cármica, mas de necessidade, surge como solução duran-
te determinada etapa da reencarnação, época em que o sofrimento
pode ser mais bem absorvido e compreendido. Não existe pressa
quando a precisão é necessária.
O inimigo, tanto uma pessoa quanto uma situação indesejada,
pode ser considerado o agente que mais facilita a implantação do
contraponto, dada a sua assertividade em apontar o comportamen-
171
Capítulo 3 – Terapia espiritual
to ou a situação inadequada. Geralmente, o inimigo deixa sequelas,
como a dor, o sofrimento, o ódio ou a indiferença, que, de forma
rápida e inadiável, facilita a absorção do conteúdo negativo pela
pretensa vítima, pois a vítima de hoje pode ser o algoz de ontem.
Essa contenda é mediada pelo processamento mental com a mistura
dos velhos conteúdos positivos com os novos conteúdos negativos.
Como consequência, mais cedo ou mais tarde, a vítima de hoje tende
a reconhecer que o contraponto a que foi submetida foi o grande im-
pulso para sua evolução rumo a planos mais felizes. Existem proble-
mas ou “defeitos” difíceis de serem tratados ou apontados por um
amigo, pois esse tipo de relação se estabelece por meio de reforços
mútuos e positivos e que servem de laços para a união de ambos os
interessados. Para não perderem os reforços que tanto os motivam a
caminharem juntos, e a não deixarem a “velha estrada” ou os velhos
costumes, essa afinidade é tratada com certo cuidado e atenção.
Assim, quando submetida a uma nova situação, similar à antiga,
mas com mais experiências vivenciais, a pessoa tende a reagir de
forma diferenciada, com mais cuidado, mesmo que não se lembre
exatamente das últimas consequências. A dor física ou o sofrimento
emocional é um excelente “termômetro” ou indicador de que algo
precisa ser feito em prol do reequilíbrio. O problema é saber o que
fazer para a volta ao equilíbrio. Por isso, a importância da terapia
espiritual ou do apoio dos Espíritos sábios e benevolentes, mais
conhecidos como mentores ou Pretos-Velhos. Fazendo uso dessa
roupagem, isto é, da humildade dos velhos negros de engenho, eles
podem transmitir, com mais eficiência, a sabedoria de que o paciente
tanto precisa ouvir. A fala transmitida com arrogância ou com muito
intelectualismo quase nunca produz os bons efeitos da humildade.
Nessa linha de raciocínio, pode-se dizer que quanto mais conteú-
do vivencial o ser vivo adquire, mais evoluído ele se torna. Quanto
mais o ser humano avança em direção à luz (clareza de objetivos),
mais sábio ele se torna e mais preparado se encontra para enfrentar
os percalços da caminhada e, inclusive, a vida em planos mais com-
plexos e felizes, ou seja, os mundos superiores.
172
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Fonte de informação: mediúnica e científica
Observa-se que abordagens como a psicologia (clínica) e a
Doutrina do Amanhecer possuem fins semelhantes, isto é, ambas
são voltadas para a cura de quem procura ajuda especializada. A cura
se refere tanto à volta à conformidade física quanto à conformida-
de sensorial ou emocional. Enquanto a psicologia busca a cura psi-
cológica, ou seja, dos conteúdos vivenciais derivados de situações
desconfortantes relacionados à vida atual, a Doutrina do Amanhecer
é voltada à cura espiritual, isto é, daqueles Espíritos que estão em
conflito com o paciente reencarnado.
A doutrina pode ser considerada de grande valia para diversos
tipos de estudo, inclusive para o campo da terapia espiritual. Esse
conjunto de informações, com muitos objetivos ou funções, é o que
facilita a compreensão do conteúdo apresentado pela médium cla-
rividente Tia Neiva. Os símbolos da Doutrina do Amanhecer, por
exemplo, fazem parte de uma estratégia de conexão entre o espiritual
e o físico vivido no dia a dia das pessoas. Portanto, eles dizem res-
peito à representação dos processos que formam a doutrina (Zelaya,
2009).
Estratégias como essa, levando-se em conta um conjunto de sím-
bolos, também foi utilizada por Jung (1964 p. 21, 23 e 34) quando do
desenvolvimento da psicoterapia analítica. Jung pode ser considera-
do um dos cientistas da área humana que mais levaram em conta
conceitos que muito se aproximaram das questões espirituais – a
teoria dos arquétipos, por exemplo (Jung, 1964, p. 67 e 69).
Os arquétipos, como elementos constitutivos da fabulosa “massa
indeterminável” do inconsciente, estariam relacionados aos contin-
gentes adquiridos no mecanismo evolutivo da espécie. Os arquéti-
pos, nesse oceano de energias específicas representativas do incons-
ciente, seriam o resultado do acúmulo de certos contingentes, com
as respectivas estratificações, carregando conteúdos primitivos. O
epicentro desses arquétipos traduz características coletivas da espé-
173
Capítulo 3 – Terapia espiritual
cie humana, em qualquer de suas fases (juventude ou velhice), açam-
barcando a vivência total da humanidade, fora, também, de espaço
e tempo. Muitas das energias arquetípicas revelam-se no consciente
sob a forma de sonhos, em que o substrato está sempre constituído
de conteúdos mitológicos, isto é, em raízes pregressas. Tudo isso re-
velando a existência de um passado incrustado nas zonas profundas
do psiquismo (Santos, 1990c).
Jung não aceitava a ideia de que os seres humanos nasciam como
papéis em branco. Ele afirmava que já vinham ao mundo prepara-
dos para as experiências da vida, da mesma maneira que as enguias
encontram o caminho para as Bermudas, os pássaros constroem ni-
nhos e os humanos vivenciam os papéis materno e paterno, entre
outros.
Carl Gustav Jung, à época de seus estudos, leu muitas obras sobre
espiritualismo, buscando compreender a natureza da alma humana,
mas não avançou em suas pesquisas por encontrar um ambiente
bastante hostil, preconceituoso, no meio acadêmico e na própria
sociedade.
A teoria junguiana possui vários aspectos em comum com a pre-
sente proposta:
• O conceito de arquétipo corrobora (e se assemelha ao) o concei-
to de experiência vivencial, o elemento estruturante do Espírito.
A experiência é introduzida no organismo por intermédio de al-
gum processo de interação e, ao longo das eras de existência, é
acumulada nas profundezas do Espírito. Uma vez demandada
e ativada por um estímulo externo, é ela que serve de base para
o processamento e resposta do organismo psicofísico, mas
de acordo com as experiências vivenciais acumuladas. Nesse
caso, o “inconsciente coletivo” não somente seria formado por
informações arcaicas ou transcendentais (herdadas de si mes-
mo), mas também pelas informações atuais (insumos de novas
aprendizagens).
174
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
• A herança que ocorre durante o processo de desenvolvimento
do Espírito se refere à herança transcendental, aquela herdada
de si mesmo nos diversos “mergulhos na carne”, ou seja, aque-
la que “passa” de uma reencarnação para outra. Além de não
haver a necessidade de conteúdos vivenciais alheios, pois cada
um constrói seu próprio caminho, é inimaginável uma pessoa
doar ou passar sua própria experiência para outra. O corpo físi-
co serve de registro e de passagem ou de conexão com as expe-
riências vividas no passado. Apesar disso, Carl G. Jung, por seu
aguçado senso de observação, foi um dos cientistas que mais
trouxe contribuições da esfera abstrata que cerca o homem. Na
sua época, predominavam nas academias os cientistas mais or-
todoxos ou tradicionais.
• O que Jung denomina de camada mais profunda da psique, o
inconsciente, aqui é interpretado como Espírito. Equivalente ao
substrato psíquico, mas de forma muito mais contundente, o
Espírito reúne em suas camadas etéricas as experiências viven-
ciais arcaicas, as quais influenciam o funcionamento do psiquis-
mo. Pelo fato de essas camadas serem formadas por experiên-
cias do mesmo ambiente vivencial (inconsciente coletivo), os
conteúdos vivenciais aí obtidos possibilitam que todos os seres
da mesma espécie se comuniquem de forma mais clara. O emi-
nente cientista tinha razões para não levar em conta o conceito
de Espírito, pois, para detalhar ainda mais seus pressupostos
teóricos, ele teria de encontrar um ambiente acadêmico mais
favorável às suas ideias. No entanto, os meios acadêmicos da
época, como acontece ainda hoje, não o estimularam, tampou-
co facilitou.
• Alinhado à presente obra, Jung considera que a psique, como
zona consciencial, ainda está longe de ser concluída, já que a
espécie humana está em processo evolutivo de inimaginável fi-
nalização. Porém, “mais um pouco” e ele teria trazido à baila a
discussão sobre a evolução dos seres reencarnados no mundo
físico, mas levando-se em conta pressupostos espirituais que
175
Capítulo 3 – Terapia espiritual ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

os envolvem e garantem o direito à vida eterna. Separar um cor- mostraram que o ser humano é mais do que matéria física – de difícil
po ou revestimento material do imaterial, bem como levar em compreensão. Nas profundezas da alma, princípio inteligente que
conta o tipo de revestimento material (microorganismo, planta, “habita” e rege temporariamente um corpo físico, encontram-se os
animal, ser humano), de acordo com o estado evolutivo a que fatos antigos (de forma inconsciente) e os atuais (de forma mais
pertence, são coisas que também estão longe de serem com- consciente). Esses fatos influenciam direta e indiretamente, via ra-
preendidas e reconhecidas na Terra. diação do campo energético de cada reencarnado, tanto os momen-
tos de felicidade quanto os momentos que afligem as pessoas que
• Para que tivesse avanço mais contundente, mais desafiador,
não completaram seu processo de aprendizagem.
Jung precisaria ter incorporado informações mediúnicas em
seus estudos, totalmente desconsideradas nos meios acadê- Pode-se dizer, então, que as causas de muitos problemas estão
micos, mesmo com a lógica permeando seus pressupostos distantes da superfície onde se manifesta a consciência humana.
teóricos. Por conseguinte, não pôde se expressar abertamente Inconscientes que são, muitos fatos vivenciados e “recheados” dos
sobre o processo da reencarnação, um processo que há muito mais diversos conteúdos dependem da reencarnação, pois é preciso
tem “batido à porta” de cientistas teóricos, como ele, e que está a aquisição de novas experiências na “carne” em prol de um novo
relacionado a todo Espírito que se manifesta no plano físico – arranjo psíquico, mais saudável e com maior potencial de satisfação
tratamento esse, essencial para alcançar estágios mais evoluí- e realização. Dependendo da gravidade do fato, razão do isolamento
dos da humanidade. A ciência da Terra sem a visão espiritual, temporário do Espírito por meio da reencarnação, soluções ou trata-
no que diz respeito a temas mais abstratos, como é o caso do mentos não convencionais vindos de planos maiores da espirituali-
estudo das variáveis que influenciam a conduta humana, pouco dade, ainda pouco aceitos no mundo físico, podem auxiliar àqueles
avançará. que ainda necessitam de luz na jornada.
Tia Neiva, com sua elevada potencialidade mediúnica, orientada
constantemente por Espíritos de luz, conseguiu aproveitar a opor-
tunidade recebida do alto (Espíritos evoluídos do ponto de vista da
Terra) para esclarecer de forma diferenciada os meandros da espiri-
tualidade que nos cerca. Ela teve a liberdade para introduzir e explicar
novos conceitos independentemente de qualquer centro acadêmico
de cunho científico e sem ter de se enquadrar num esquema aceito
pela sociedade em geral. Além disso, ela apresentou uma forma pe-
culiar de tratar os problemas com causas transcendentais, de difíceis
explicações convencionais. Em outras palavras, a Clarividente trouxe
uma terapia espiritual.

Mesmo considerando que Jung (1964) e Santos (1990c), dois

estudiosos dos fenômenos comportamentais de base bio-psíquico-
-espiritual, se enquadram em contextos e épocas diferentes, ambos

176 177
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Radar de comando da Estrela Candente e Quadrante

Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia, GO

Capítulo 4
Conduta doutrinária na Nova Era

Não
estamos atravessando uma turbulência,
estamos vivendo a tão propalada Nova
Era, a era da comunicação, do uso de tec-
nologias, cada vez mais sofisticadas, encurtando espaço e tempo.
Observa-se, em muitos casos, o uso das tecnologias sem uma análi-
se criteriosa de suas consequências em curto, médio e longo prazos.
Se as tecnologias estão presentes no dia a dia dos reencarnados, é
porque chegou o momento da introdução desses recursos no mun-
do físico. Elas se tornam o meio para viabilizar a acomodação e a
interação de milhões de Espíritos que aqui aportam todos os dias.

Apesar disso, é uma situação que pode ser considerada uma faca
de dois gumes. Se, por um lado, existem benefícios, por outro, exis-
tem desafios. Várias tecnologias, que surgem em nome das facili-
dades, servem de teste para usuários que ainda têm de aprender a
lidar com aparatos e com o contexto de uso. Com a redução drástica
da interação face a face, muitos genitores não conversam mais com
os filhos o que realmente precisa e vice-versa. Quando o problema
Foto: Francisco Rocha

aparece, os dramas familiares e sociais geram carmas e sentimentos

de ódio e desespero. Saber lidar com essa nova situação servirá, no
mínimo, de aprendizagem para aqueles que ainda não adquiriram o
senso de observação e cuidado.

179
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
Uma das vantagens da Nova Era é que o avanço das comunica-
ções facilita a reencarnação de grande parte de Espíritos que precisam
complementar suas experiências e adquirir novos conhecimentos na
escola terrestre. Dessa forma, os Espíritos podem continuar com seu
aperfeiçoamento e conquista de novos talentos de forma mais dis-
creta do que em determinadas situações no etérico. No mundo dos
Espíritos, principalmente entre os desafetos, em muitas experiências
relacionadas à interação humana, quando teriam de se submeter de
forma menos discreta, é mais difícil superar determinadas situações
do passado, que costumam ser extremamente constrangedoras.
Observa-se que cada vez mais aparecem problemas considerados
crônicos, por serem oriundos de longa data. Na escola terrena, são
admitidos Espíritos em condições precárias e dela saem Espíritos
com pouco ou muito conhecimento, mas com muitas experiências
vivenciais de toda ordem. No entanto, o problema parece persistir.
Um exemplo é a corrupção desenfreada nas diversas esferas do po-
der público e em outras áreas de acolhimento e trabalho. A tecnolo-
gia da comunicação, acompanhada das novas condutas, mais exi-
gentes, tem apertado o cerco em relação àqueles que ainda estão em
atraso quanto à Nova Era que se vive hoje na Terra.
Atualmente, a aglomeração reina na escola terrestre. A tentativa
de ocupar espaços físicos é grande, pois são em geral limitados, es-
pecialmente, nos centros urbanos mais densos demograficamente.
Com isso, aparece a competição pela sobrevivência, força motora do
desenvolvimento e, nesse contexto, logo surgem os mais ágeis, não
do ponto de vista da sabedoria, do amor, mas do de obter vantagens
indevidas ou reforços econômicos sem muito esforço próprio, inde-
pendentemente do que está acontecendo. Mas como todos estão na
mesma embarcação, a qualquer perigo ou sinal de desastre eminen-
te, todos são convocados a contribuir de alguma forma, a participar
do resgate da embarcação, inclusive aqueles que estão nas vizinhan-
ças, pois o sentimento de equidade no contexto desse oceano, da
superpopulação, é complexo.
180
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Esse cenário lembra a situação das pandemias. Elas aparecem no
seio da sociedade, e a reação costuma ser a mesma: não aceitação,
pânico, realinhamento. Muitos se salvam e muitos retornam à pá-
tria espiritual. A ocasião tem mostrado que os Espíritos ainda conti-
nuam frágeis em conhecimento e em condutas de enfrentamentos,
apesar das tecnologias. Nesses momentos, muitos param para uma
reflexão mais acurada, enquanto outros tratam a situação como um
mero problema do vizinho. Tendo em vista que ainda vivemos em
um mundo de provas e expiações, muitos cuidados e condutas pre-
ventivas carecem de maior respeito e observância.
O processo de aprendizagem normalmente é bastante contun-
dente, pois o esquecimento do passado dificulta o entendimento da
direção tomada no caminho da vida. Ninguém sai da escola antes da
hora nem perde tempo ao passar por ela. A opinião com a visão de
hoje provavelmente será diferente da opinião amanhã, pois a escola
foi criada para facilitar a evolução do Espírito. É inevitável que ocorra
o escândalo (questão de evolução), mas ai daquele de quem parte o
escândalo (questão de aprendizagem).
Segundo Silva (2006), Tia Neiva deixou claro que o conhecimento
é a nossa disciplina, é o que nos obriga a uma maneira adequada de
nos conduzirmos na vida, não só quando estamos no Templo, mas
em qualquer lugar, a qualquer hora, em nossa jornada. Pela conduta
doutrinária, o homem traça seu destino. Pela conduta doutrinária,
vai-se adaptando o temperamento, um dos traços da personalidade,
às condições ambientais, familiares e sociais. Para se tornar sinto-
nizado com a espiritualidade de luz, o médium tem de adequar seu
sistema de vida, ou seja, deve evitar uma vida desregrada, de vícios
e comportamentos inadequados. A busca da paz interior e do equi-
líbrio dos sentimentos são caminhos que muito viabiliza a aproxi-
mação com os irmãos desencarnados. Em uma de suas cartas, Tia
Neiva (1978) reforça esse raciocínio:
Observas bem o que fazer do tempo, do seu tempo, do
seu sacerdócio, de tua missão, e nele procures impreg-
nar todo teu amor, o que puderes da perfeição de tua
181
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
conduta, emitindo e comunicando a Doutrina que te
foi confiada, para não perderes qualquer afeto na fron-
teira da morte.
Salve Deus! A Terra está perdendo sua nobre finalidade
pela promiscuidade do homem. Então, meu filho, as
coisas vão acontecer, isso é a vida de Deus. Toda a na-
tureza vai se ressentir, ressentir, ressentir também os
três reinos de nossa natureza, porque do céu virá a luz
para o nosso conhecimento, da vida fora da matéria.
Nada temos a temer, porém temos a respeitar.
[...] todo conhecimento é aproveitado, nada se perde,
tudo se transforma.
[...] depois do aprendizado é preciso retornar ao campo
de batalha da vida terrena, é preciso renascer e recon-
quistar melhorando o seu caminho cármico, obtendo
novas conquistas, novos conhecimentos para ter a
oportunidade de conhecer a ti mesmo.
Muitas vezes quando não conhecemos a nós mesmos
pensamos que nossos juízes são cruéis.
[...] a libertação não está nas ruínas, voltamos tantas
vezes seja preciso. Voltamos sempre pelas nossas ruí-
nas1. Voltamos em seu [nosso] benefício, assim filho,
pois seja qual for a provação das cicatrizes que assinala
o teu caminho, sofras amando e agradeças a Deus a
oportunidade que te fez voltar. (Zelaya, 1978, Anexo 1).
Nem sempre o conhecimento centrado na matéria é suficiente
para coibir ou ajudar os homens a apresentarem uma conduta de
boa convivência social. O Céu está alerta e nenhum Espírito na Terra
está esquecido ou sem acompanhamento. O progresso está em
pauta, e o livre-arbítrio com responsabilidade, que é necessário ao
processo de aprendizagem, é respeitado, pois suas consequências
ainda são os principais motivos de tratamento na Terra, conforme
1
Lacunas de aprendizagem carentes de novas construções, mas sob os cuidados do
esquecimento do passado.
182
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
comentado anteriormente por Tia Neiva. A conduta doutrinária é o
caminho mais adequado ao progresso, pois pode levar o homem a
um mundo de paz e saúde.
Importância da conduta para a
Doutrina do Amanhecer
Para Mário Sassi, em uma de suas falas gravadas, a conduta dou-
trinária, conforme as próprias palavras indicam, significa conduzir-
-se de acordo com a doutrina, que possui os aspectos ritualístico,
filosófico e moral. O médium tem essas três referências para o seu
comportamento, para a sua conduta. Uma vez médium, ele pode
comparar seus hábitos ou costumes comportamentais anteriores
com a conduta atual. Por exemplo, se o médium tem um problema,
uma determinada dívida com alguém, então, hoje, ele tem uma nova
referência para lidar com o problema. Seu conhecimento é capaz de
ajudá-lo a tomar uma decisão baseada nos princípios doutrinários
regidos por esses três aspectos (Sassi, 2016). Um comportamento
apresentado hoje tem consequências positivas ou negativas no futu-
ro. Seu efeito pode até tardar, mas não falha, pois a consequência é
motivo de aprendizagem a caminho da evolução.
Tia Neiva (1979), em uma de suas cartas dedicada à conduta dou-
trinária do Mestre Lua, apresenta as razões do termo “conduta dou-
trinária”, bastante utilizado no Vale do Amanhecer – pode-se dizer
que essa carta é uma das principais referências para o desenvolvi-
mento do tema:
Sabemos que nossas vidas são governadas pelos
nossos antepassados e que tudo vem do princípio
Doutrinário que nos rege. A vontade tem sua origem na
sensitividade, com predominância na fonte de energia
que nos dá a faculdade da inteligência, na consciên-
cia animal que se transforma na sensibilidade Cristã, a
consciência espiritual. Sim filho, a consciência espiri-
tual. (Zelaya, 1979, Anexo 2).
183
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
Nesse segmento de texto, Tia Neiva destaca a influência trans-
cendental dos conteúdos vivenciais adquiridos ao longo de várias en-
carnações e acumulados nos escaninhos da alma. A religião sempre
exerceu grande influência no comportamento e nas ideologias do ser
humano na Terra, o que mostra a grande força dos seus conteúdos,
que são de base doutrinária, especialmente para a Tribo do Jaguar,
que tem uma importante missão na atualidade, a prática da cura de-
sobsessiva em prol de si mesmo e daqueles que buscam a Doutrina
do Amanhecer.
Do ponto de vista conceitual, a conduta doutrinária diz respeito
à postura ética que o médium apresenta no ambiente de trabalho. A
conduta adotada mostra o grau de comprometimento com a realiza-
ção da atividade, envolvendo aspectos como a atenção, a concentra-
ção, a dedicação e a entrega, ou seja, quão receptivo é o médium aos
mentores e às energias espirituais. A conduta do médium envolve
três variáveis:
1. A influência dele mesmo, relacionada ao seu ambiente ou
mundo interno, onde se processam os eventos de foro íntimo,
conhecido por atitude. Em geral, a atitude é um fator de ordem
afetiva, quando a pessoa gosta ou não de algo, acha que algo
é útil ou não, acha que algo presta ou não, e assim por diante.
Muitas condutas são determinadas fortemente pelo gosto da
pessoa.
2. A influência de outros, tanto de pessoas encarnadas que o cer-
cam quanto de Espíritos, que também exercem forte influência
em sua sintonia no trabalho – é uma variável de grande peso
na tomada de decisões.
3. A influência da situação em que o médium está envolvido, ou
seja, o surgimento de alguma oportunidade ou de algum re-
curso que esteja em suas mãos pode desviá-lo facilmente do
objetivo do trabalho.
184
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Além dessas situações relativas à conduta doutrinária, Tia Neiva
(1979) enfatiza numa carta para o apará um problema relacionado à
necessidade que muitos sentem de fazer adivinhações.
Filhos, contamos ou marcamos uma história que o
velho mundo ensinou, quando surgiu o cristianismo.
Subiram os Deuses Alexandrinos e o Mitra Solar para
combater a adivinhação, os adivinhos, porque além de
sua magia, formaram um grande comércio, e a religião
não sobrevive ao lado dos adivinhos, dos magos ou
pitonisas. Condena-se os adivinhos porque predizem
sem intervenção Divina. Muitas vezes filho, pensamos
que somos obrigados a dizer o que exige a vossa real
intuição; não filho, absolutamente, a profecia ou adivi-
nhação é algo muito perigoso. A nossa obrigação em
Cristo, na lei do auxílio é procurar, pois, a nossa luz
íntima, oferecendo e confiando o máximo de nós sem
nada pedir em troca, isto é, nem mesmo a vaidade pe-
los fenômenos que somos portadores. (Zelaya, 1979,
Anexo 2).
Se o apará não estiver suficientemente preparado, conforme as
recomendações da casa, podem surgir posicionamentos que não
retratam a situação do paciente que está em conflito. Não há a ne-
cessidade de um atendimento perfeito, altamente técnico, nem com
adivinhações arriscadas, basta que o atendimento seja realizado com
atenção, com apreço e, dependendo do caso, com palavras de con-
forto – um bom acolhimento tem o seu lugar. O médium pode, se
considerar interessante, procurar juntamente com o mentor identi-
ficar o problema que trouxe o paciente e concentrar esforço nele. A
“limpeza” espiritual do paciente, via puxada do doutrinador, é uma
das grandes alternativas nesse momento do tratamento espiritual.
Depois da preparação e da orientação, o sofredor espiritual, que não
deixa de ser um cobrador ou um Espírito obsessor, tem a oportuni-
dade de participar de diversos tratamentos de cura desobsessiva nos
demais setores de trabalho, mas sob a indicação da entidade respon-
sável pelo atendimento, o Preto-Velho ou a Preta-Velha.
185
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
A interferência do médium na comunicação em setores de traba-
lho como o Trono, em que a interação entre médium e paciente é in-
tensa, e quando a incorporação é conduzida com baixa concentração
ou sintonia com o mentor, pode gerar um diálogo com sérias perdas
de foco e deixar o paciente insatisfeito ou inseguro. O fenômeno do
animismo, passível de ocorrer especialmente na incorporação, ou
seja, quando existe uma forte interferência do médium na comunica-
ção, é uma das principais causas de preocupação, pois leva muitos
médiuns a desistirem de setores de trabalhos como o Trono. Muitos
podem pensar que basta disponibilizar o aparelho físico e que o
mentor é que faz o trabalho de orientação e limpeza espiritual. No
entanto, quando a comunicação é semiconsciente, a fala do paciente
pode estimular no médium algum tipo de sentimento desagradável,
que pode levar ao desvio do raciocínio. A preparação e a autocon-
fiança do médium, sua conduta no dia a dia, suas preocupações, são
fatores que influenciam seu desempenho. Quando o médium gosta
realmente do tipo de ritual, quando sente prazer na atividade e tem
muito amor e respeito pelas pessoas que buscam apoio, orientação,
isso ajuda na estabilização de sua sintonia. A conquista da percepção
espiritual é o que leva as pessoas a terem um forte sentimento de
esperança no amanhã.
De acordo com Tia Neiva (1999a), esse tema relacionado ao pro-
blema do animismo foi analisado com as seguintes considerações:
Falamos meu filho, também, no que se diz animismo.
Para nós, não existe animismo, isto é, comunicação do
próprio aparelho. O aparelho quando está fora de sin-
tonia espiritual ou “anêmico”, os Espíritos têm mais
acesso sobre os aparelhos, de maneira que o seu pa-
drão fica obsidiado ou obsedado. O obsidiado está
obsidiado por Espíritos cobradores em reajustes [in-
fluência via pensamento, projeção eletromagnética] e, o
obsedado por elítrios ou ovoides “loucos” que não tem
doutrina [influência intrínseca, fluídica]. A sua cura é feita
por medicamentos e manipulação de forças mântricas,
186
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
passes. Por conseguinte, o anêmico tem que tomar
medicamentos para fortalecer o plexo físico e ajudar
o microplexo a raciocinar, sai da mente a vaguear, para
encontrar-se com Deus…
Sim, a mente acrisolada pela fraqueza física nas mesas
kardecistas, o animismo acontece muito. Isto é, dou-
trinadores manifestando seus próprios elítrios, o que
não acontece nos terreiros, porque há acima de tudo,
uma técnica que manipula energia em qualquer pa-
drão, de maneira que os Espíritos ou instrumentos dos
Espíritos atingem a psique dos médiuns ou aparelhos.
O médium em desenvolvimento, às vezes se desenvol-
ve e manifesta pela projeção luminosa, porém nunca
pela projeção do sofredor, isto é, nunca pelas trevas.
Somente os luminosos iniciados podem, com seus ins-
trumentos luminosos, fazer uma projeção em fonia e
se manifestar em um aparelho. É algo tão puro e divino
que eu tenho ordens de Jesus a dizer, está incorporado,
como também deixo de dizer, de revelar o quadro, com
medo da repercussão. (Zelaya, 1999a, p. 114).
Essa é uma pequena amostra da responsabilidade dos médiuns
do Amanhecer. Sua concentração e dedicação são a base para ele
entrar em sintonia com o mentor e prestar um grande serviço à so-
ciedade. O trabalho bem conduzido reflete diretamente no médium,
já que ele recebe do plano etérico bônus que podem ser utilizados
em seu favor. Portanto, pensar no futuro nos ajuda a tomar boas de-
cisões no presente. Se hoje, a decisão tomada ainda não foi a melhor,
da próxima vez, no futuro, com certeza, será. A vida é eterna e sem-
pre há lugar para aprendizagens. Lembrando mais uma vez a mensa-
gem de Pai Joaquim das cachoeiras, o destino de todos é a felicidade.
A conduta humana é considerada de tal importância ou de tal gra-
vidade, ou vulnerabilidade, que existem organizações terrenas com
diversas estratégias para ensinar, coibir ou controlar comportamen-
tos considerados fora de contexto. Existem cursos de graduação com
187
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
disciplinas de ética no trabalho, obrigatórias, e, portanto, apresen-
tadas na grade curricular. Isso é para ajudar as pessoas a refletirem
melhor suas ações do dia a dia.
Em mensagem de Kazagrande (2017), observa-se o quanto a con-
duta doutrinária é motivo de preocupação e de estudos tendo em
vista a questão espiritual. Estudos científicos sobre o comportamen-
to humano não levam em conta essa variável de investigação, até
porque os métodos científicos conhecidos na Terra são baseados
mais em variáveis passíveis de mensuração ou de monitoramento
de forma explícita. Aqueles métodos que fogem do padrão da concre-
tude, ou da objetividade, são bastante questionados. Portanto, estu-
dos subjetivos como este, que não está atrelado aos ditames da aca-
demia, pois segue uma abordagem alternativa, têm mais chance de
servir de base para diferentes aplicações, inclusive para explicar con-
dutas doutrinárias em desconformidade com o esperado. Conforme
Kazagrande (2017)2,
Existem atitudes que já não podem mais fazer parte da
conduta de um missionário! Principalmente se falamos
de Adjuntos, Comandantes, Regentes... Líderes enfim.
Não falo de grandes escândalos e fatos que clara-
mente agridem pela permissividade, conveniência ou
conivência.
Falo de comportamentos do dia a dia!
Um Comandante não deve jamais abusar de sua auto-
ridade e usar a arrogância. Um Comandante deve ser o
exemplo do bom senso. Aquele que sabe chamar à ra-
zão sem ferir os sentimentos, aquele que zela pelo tra-
balho, pelas Leis, mas que sabe como se comportar de
maneira humilde. O Comandante conquista pela sua
educação, carinho, sorriso... Sua autoridade é conquis-
tada e jamais imposta pela “patente”. Já não vivemos
mais na velha estrada. (Kazagrande, 2017).
2
Ver anexo 6.
188
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A conduta doutrinária pertence a uma classe de comportamentos
que exige atenção especial, não só por estar relacionada ao mundo
divino, mais evoluído, mas por estar relacionada a um local onde
existem ou circulam Espíritos que ainda estão ungidos e atados uns
aos outros pelo ódio, pela vingança, entre outros sentimentos de
menor valia e de ignorância quase total. Esse quadro demonstra a
necessidade de uma conduta digna da parte do corpo mediúnico,
pois locais como o Vale do Amanhecer, um Pronto-Socorro Espiritual
incrustado no plano terrestre, exigem cuidados para lidar com si-
tuações delicadas de resgate e de tratamento de seres que estão a
caminho de Deus Pai Todo-Poderoso e que também têm seu lugar
garantido ao sol.
Além da adequada conduta doutrinária – mais cuidadosa e im-
buída de atenção e concentração, para evitar conflitos e distorções
nos rituais –, constantemente ressaltada e solicitada por Tia Neiva, o
médium do Amanhecer precisa de preparação técnica para participar
dos rituais.
Preparação do médium no Amanhecer
Diferentemente de outras correntes espirituais que também traba-
lham em prol da cura desobsessiva, na Doutrina do Amanhecer, para
ser considerado preparado, o médium precisa desenvolver o plexo
iniciático, para ser capaz de produzir um ectoplasma mais potente
e adequado aos trabalhos da cura desobsessiva. Além disso, o mé-
dium dessa corrente conta com forças externas especializadas que
vêm do mundo espiritual, como a corrente mestra enviada de Tapir
e as energias emitidas de Mayante. Essas energias se somam como
forma de melhorar a sintonia do corpo mediúnico com os mentores,
de fortalecer os trabalhos ritualísticos, para deixar os trabalhos me-
nos cansativos, entre outras vantagens.
As mediunidades de doutrinação e de incorporação são as úni-
cas utilizadas no Amanhecer, pois elas são suficientes para que seja
189
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

implementada a cura desobsessiva tanto no plano físico quanto no

Ilustração: Laylson Coimbra

espiritual. As demais mediunidades, bastante conhecidas e divul-
gadas no meio espírita, podem ser consideradas auxiliares ou sem
nenhum efeito sobre a atividade de cura desobsessiva empregada
no Amanhecer. De acordo com Silva (1996), o principal sistema de
forças relacionado à mediunidade e que alimenta a força do doutri-
nador é o chakra coronário, um ponto de captação e transmissão
de força espiritual na periferia do corpo físico, mais exatamente no
alto da cabeça, no duplo etérico. Para o trabalho do apará, o chakra
umbilical, localizado na região do plexo solar, é o principal ponto que
recebe imediatamente as forças ou vibrações sideromagnéticas dos
Espíritos superiores para serem aplicadas no paciente do ritual de
Tronos (sentido semiconsciente).

Na medida em que o aspirante a médium do Amanhecer avan-

ça no processo de desenvolvimento mediúnico, ele vai se tornando
especializado, um mestre na cura desobsessiva. Para isso, é neces-
sário que ele participe de cursos de formação mediúnica oferecidos
pela instituição, o que inclui o conhecimento mais voltado à ope-
racionalização dos rituais e as consagrações que possibilitam a ele
receber mantras de luz ou de forças para serem empregados nas
manipulações energéticas. Como exemplo, durante a Consagração
de Iniciação o Médium recebe Sete Mantras de Luz.

Dependendo da necessidade, do desenvolvimento do médium

e da autorização espiritual, outro tipo de consagração, coordenada
por mentores do plano espiritual, também pode ocorrer. Trata-se de
um evento interno, apenas entre o médium e o mentor responsável
pela consagração, que pode ser realizada de forma consciente ou
inconsciente (jaguar mediunizado e em local adequado no templo);
por conseguinte, é um evento desconhecido do mundo físico, mas
com objetivo específico e com o interesse da espiritualidade maior.
Figura 6. Talismã do Penacho Branco: energia apropriada à inspiração e à
A Figura 6 mostra um talismã, representativo de uma consagração,
elaboração de textos e mensagens vindos do Céu.
recebido pelo médium responsável por esta obra durante um ritual.

190 191
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
Isso é apenas o início de um extenso processo de formação que
sempre avança em direção à precisão do trabalho mediúnico. Mesmo
depois da conclusão desse período de formação, a mediunidade con-
tinua em processo de aperfeiçoamento.
O processo de preparação do médium no Amanhecer (desenvol-
vimento mediúnico) é composto das seguintes fases:
1. Desenvolvimento Básico (médium iniciante).
2. Desenvolvimento Avançado (médium emplacado).
3. Iniciação Dharman Oxinto – “A caminho de Deus” (médium
iniciado).
4. Elevação de Espadas (Mestre).
5. Centúria (Mestre Centurião).
6. Sétimo Raio Autorizado (Mestre de Comando).
Durante o desenvolvimento mediúnico, inicia-se o processo de
aproximação e de identificação dos mentores. Os primeiros a se
apresentarem são os mentores de frente, aqueles que vão trabalhar
com maior frequência com o médium e que se envolvem na maior
parte dos atendimentos. No caso do apará, são eles: o Preto-Velho ou
a Preta-Velha, o Caboclo ou a Cabocla e o Médico de Cura. A entidade
responsável pelo médium se apresenta durante o curso no momen-
to em que ele está mediunizado. No caso do médium doutrinador,
ele mesmo escolhe uma das sete Princesas da Cachoeira do Jaguar
para compor sua equipe de mentores espirituais (Jurema, Janaína,
Iracema, Jandaia, Juremá, Janara e Iramar). Os demais mentores que
compõem a equipe de trabalho de cada médium são indicados pelos
Mestres Devas3 a partir da etapa de Iniciação, quando o médium par-
ticipa das primeiras consagrações, que estão associadas ao recebi-
mento de mantras ou forças especiais e, também, ao recebimento de
suas classificações, uma forma de graduar e diferenciar o médium.
3
Representantes do mundo Devas na Terra com funções relacionadas ao registro de
médiuns e de suas emissões, à organização geral dos rituais de Iniciação, Elevação de
Espadas e Centúria, entre outras consagrações de classificação da Doutrina do Amanhecer.
192
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Por causa da complexidade desse processo de formação mediúni-
ca na Doutrina do Amanhecer, cada médium é registrado no Castelo
dos Devas com base num organograma espiritual. Trata-se de um
documento ou de uma ficha com dados do médium e informações
de sua formação mediúnica na doutrina, incluindo, principalmente,
sua equipe espiritual e sua conexão com o mundo espiritual no con-
texto do Amanhecer. Isso possibilita traçar o perfil de cada médium
até o fim do processo de formação (Zelaya, 2009). O organograma
espiritual é constituído dos seguintes indicadores e respectivos con-
teúdos e significados:
1. Classificação (graduação do Mestre) – durante o desenvolvi-
mento do aspirante à médium do Amanhecer, ele vai receben-
do novas forças que são necessárias para manipulação ener-
gética e que são classificadas em ordem crescente, com as
seguintes denominações:
Para o mestre doutrinador: 7º Raio Autorizado Taumantes Raio
Rama Adjuração; Adjunto Regente Koatay 108 Taumantes Raio
Rama Adjuração; Adjunto Koatay 108 Triada Harpásios Raio Rama
Adjuração; Adjunto Koatay 108 Herdeiro Triada Harpásios Raio
Adjuração Rama 2000; Trino Solitário; Juremá e Iramar.
Para o mestre apará: 5º Yurê Raio Autorizado Cautanenses Raio
Rama Ajanã; 5º Yurê Adjunto Regente Cautanenses Raio Rama Ajanã;
5º Yurê Adjunto Koatay 108 Cautanenses Raio Rama Ajanã; 5º Yurê
Adjunto Koatay 108 Cautanenses Raio Ajanã Rama 2000; 5º Yurê
Adjunto Koatay 108 Vancares Raio Ajanã Rama 2000.
De acordo com José Carlos do Nascimento Silva (2013), a classi-
ficação dos médiuns de incorporação se relaciona às consagrações:
• Mestre ou Ninfa Lua – o médium em Desenvolvimento.
• Apará – o médium [mestre ou ninfa] após sua Iniciação.
• Ajanã – o médium [mestre] que fez a Elevação de Espada.
• 5º Yurê – o médium [mestre] que consagrou sua Centúria.
193
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
Yurê significa um grau superior de sensibilidade que dá ao mé-
dium do 5º grau condições para que seus plexos estejam aptos aos
trabalhos com forças das mais variadas naturezas e intensidades.
(Silva, 2013).
2. Adjunto (representante na Terra do Ministro Maior de determi-
nado continente, o qual inclui mais de um templo externo com
seu respectivo povo) – no caso de o aspirante pertencer ao
Templo-Mãe, ele escolhe um dos adjuntos maiores (Adjunto
de Povo) – Janarã, Yucatã, Yumatã, Aluxã, Amayã, entre outros.
Se o médium for ligado a um templo externo, ele terá como
Adjunto de Povo, o Ministro que é responsável espiritualmente
pelo templo local.
Nesse contexto, o presidente do templo externo é um Adjunto de
Povo, mas também um representante do Adjunto Maior. Tia Neiva
(1981), em uma de suas cartas, apresenta a seguinte lei:
O Mestre Adjunto Koatay 108 “Sivans”, continuação
da ordem dos Ramas e Rajas, é Adjunto para qualquer
iniciação, até mesmo a presidência evangélica iniciáti-
ca nos templos, no seu próprio templo, se assim lhe
convier, porque o Adjunto Koatay 108 Triada “Sivans”
é também um herdeiro. Herdeiro como os Ramas e os
Rajas são herdeiros. Os Adjuntos Koatay 108 Triadas
“Sivans” são ilimitados, porém por três anos terão
que acompanhar o seu Adjunto e trabalhar paralelo
com ele. Caso haja necessidade de o Adjunto herdeiro
(Rama ou Raja), convocar este Mestre (Sivans), para os
seus trabalhos, ele, desde já, deverá saber que obede-
cemos a uma hierarquia. Claro que tudo será pelo amor
incondicional! Não existe a ordem forçada, mas uma
lei que obedecemos com -0- em Cristo Jesus.
Os “Sivans” são Mestres, principalmente Mestres Luz,
que se encontram em qualquer desenvolvimento evan-
gélico iniciático. Só poderá ser um “Sivans” o Mestre
194
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
que tem boa dicção e escolaridade. A individualidade
do mestre fica à mercê de sua consciência. Não se es-
queça meu filho, a vida iniciática evangélica é força,
razão e consciência. Religião é conduta doutrinária na
família e em Deus. (Zelaya, 1981).
3. Turno (equipe do mestrado) – o aspirante escolhe um turno
no ritual de classificação com que mais se identifica. Para isso,
são apresentados a ele dois turnos do mestrado da Legião
do Divino Mestre Lázaro, regidos pelo Cavaleiro Reili e pela
Guia Missionária Sabarana e pelo Cavaleiro Dubali e pela Guia
Missionária Doragana.
4. Povo (origem espiritual do médium) – o médium também re-
cebe, no Castelo dos Devas, o nome do seu povo, ou grupo
espiritual a que pertence: Abatã, Açanã, Açay, Amaray, entre
outros.
5. Estrela (amacê relacionada à energia de cura desobsessiva das
ninfas) – as energias trazidas pelas amacês também são distri-
buídas de forma específica: no caso da Ninfa Lua, do 2º verbo,
estão envolvidas as estrelas Acelos, Ceanes, Xênios, Gertaes
e Mântios; para a Ninfa Sol, 3º verbo, as estrelas Vanulos,
Gestas, Geiras e Teizes.
6. Lança (símbolo da função a ser desempenhada pelo médium)
– a identificação do médium também é feita pelos Mestres
Devas, por meio da indicação: Lança Verde – comando; Lança
Vermelha – cura desobsessiva; Lança Azul – regência, entre
outras.
7. Ministro (entidade da individualidade dos Mestres Sol –
Doutrinador – e Lua – Ajanã) – o Ministro da individualidade
dos Mestres Sol e Lua é indicado pelo Castelo dos Desvas.
8. Cavaleiro (entidade da individualidade dos Mestres Sol e Lua)
– o Cavaleiro da individualidade dos Mestres Sol e Lua é indi-
195
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era
cado pelo Castelo dos Desvas, podendo ser da ordem Verde
ou Vermelha.
9. Guia Missionária (entidade da individualidade das Ninfas Sol
e Lua) – a Guia Missionária da individualidade da Ninfa Sol e
da Ninfa Lua também é indicada pelo Castelo dos Devas. Pode
ser da ordem Vermelha, Amarela, Branca, Azul, Verde, Lilás e
Rósea.
Essas informações do organograma espiritual são utilizadas
como referências para a elaboração da emissão do médium. A emis-
são é uma chave de uso exclusivo de cada médium e que serve de
contato com o plano espiritual responsável pelos trabalhos mediúni-
cos da Doutrina do Amanhecer; pode ser usada em quase todos os
rituais. Para isso, o médium faz em voz alta sua emissão (declaração
de caráter individual com informações do grupo a que pertence), que
serve de solicitação da energia necessária ao trabalho a que está in-
serido e, em seguida, apresenta seu canto (exortação na forma de
um “canto” que alude passagens da Tribo do Jaguar), fornecido pelo
Devas, para receber essas energias iniciáticas.
As falanges missionárias, grupos de trabalho com atribuições
especiais, possuem emissão e canto diferenciados; seus médiuns
têm a liberdade de escolher a falange com a qual mais se identifi-
cam. Apesar dessa diferenciação, a emissão de seus componentes
também inclui dados e informações provenientes do organograma
espiritual.
No caso dos Mestres Sol e Lua, existem duas falanges missioná-
rias: Príncipe Maya e Mago. Eles têm a liberdade de escolher a falan-
ge com que mais se identificam.
Para as Ninfas Sol e Lua, as falanges são estas: Yuricy, Samaritana,
Nytiama, Maya, Rochana, Grega, Muraicy, Dharman Oxinto, Jaçanã,
Franciscana, Madalena de Cássia, Ariana da Estrela Testemunha,
Narayama, Cayçara, Tupinanbá, Cigana Aganara, Cigana Tagana,
196
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Agulha Esmênia e Nyatra. Da mesma forma que a anterior, as nin-
fas também têm a liberdade de escolher a falange com que mais se
identificam.
Já as falanges de mestrado (grupamentos de mestres e ninfas con-
forme suas missões de origem) não são grupos de trabalho, como
as falanges missionárias: Sublimação, Consagração, Sacramento,
Cruzada, Redenção, Anunciação e Ascensão, entre outras. Cada falan-
ge está associada a uma Princesa da Cachoeira do Jaguar – Jurema,
Janaína, Iracema, Jandaia, Juremá, Janara, Iramar –, que, por sua vez,
é reverenciada uma vez por semana nos trabalhos do Quadrante.
Neste caso, os Mestres Devas dão o nome da falange de mestrado
a que pertence o médium. No entanto, no caso do Mestre Sol e da
Ninfa Sol, eles têm a liberdade de escolher a princesa com quem
mais se identifica.
Para que toda essa organização funcione adequadamente no dia
a dia e o processo de cura desobsessiva se desenvolva em prol do
corpo mediúnico e do paciente, a adequada conduta doutrinária da
Tribo do Jaguar é essencial. Condutas inadequadas dentro e fora da
doutrina dificultam a concentração dos médiuns, pois eles depen-
dem da sintonia com seus mentores para a realização dos trabalhos.
Problemas de ordem comportamental podem inviabilizar totalmente
os procedimentos programados (ingestão de álcool ou de droga, por
exemplo), além de dificultar o desempenho dos médiuns – apesar
de todo o esforço da espiritualidade que está ligada a cada um deles.
Esta primeira parte trouxe as principais informações sobre o
aspecto prático de uma das possíveis abordagens da Psicologia
Espiritual, a Doutrina do Amanhecer. Criada para promover a cura
desobsessiva, ou seja, a terapia desobsessiva, ela serve de exemplo
para o estabelecimento de atividades espirituais, cuja organização
ocorre em dois planos, o físico (médiuns e pacientes) e o etérico
(mentores espirituais).
197
Capítulo 4 – Conduta doutrinária na Nova Era

Na próxima parte, são abordados os aspectos teóricos que servem

de fundamentação para o desenvolvimento da Psicologia Espiritual.
Destacam-se as experiências vivenciais – com seus respectivos con-
teúdos acumulados ao longo das muitas eras de desenvolvimento
do Espírito – como base de formação das condutas doutrinária e da
vida profana. O aporte teórico serve de apoio e de explicação para
os fenômenos que ocorrem durante os processos desobsessivos, ou
seja, durante a implementação da terapia desobsessiva.

PARTE 2
Desenvolvimento
do tema dos
pontos de vista
físico, psíquico
e espiritual

198
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Pirâmide, componente do Quadrante

Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia,GO

Capítulo 1
Ciências transcendentais

No
contexto das ciências transcendentais, o mun-
do do conhecimento se perde, especialmente
quanto ao comportamento humano – a condu-
ta doutrinária, por exemplo. Para a melhor compreensão do que afeta
essa variável consequente, além do processo obsessivo, conforme
estudado na Parte 1, é necessário aprofundar o conhecimento rela-
cionado à bagagem espiritual que cada Espírito carrega dentro de si.
Os fenômenos que afloram a todo instante, tanto na Terra quanto
no cosmo, são distintos e carecem de estudos específicos. Mais do
que para a realização das investigações científicas na Terra, muitas
indagações são levantadas nos estudos siderais voltados às infini-
tas dimensões que compõem o universo e seus moradores. Nesse
sentido, o Espírito, na condição de obra prima da Divindade que
rege o universo, torna-se o principal objeto de pesquisa das ciências
transcendentais.

As informações relativas às ciências transcendentais, detalhadas

nesta segunda parte, apenas reforçam a necessidade de os adeptos
da Doutrina do Amanhecer se atentarem quanto à conduta doutri-
Foto: Francisco Rocha

nária, que pode interferir positiva ou negativamente nos trabalhos

ritualísticos. Algumas informações aqui apresentadas são totalmen-
te desconhecidas do mundo físico científico e religioso e não interfe-
rem no que foi deixado por Tia Neiva, mas servem, obviamente, de

201
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
base para o desenvolvimento do tema desta publicação. Enquanto a
Doutrina do Amanhecer remete a uma abordagem religiosa (de or-
dem prática), a conduta doutrinária remete a uma abordagem cientí-
fica, mais especificamente à Psicologia Espiritual (de ordem teórica).
São objetos diferentes, mas complementares.
Compreender fenômenos extrafísicos exige muita atenção e de-
dicação, conhecimento apropriado e mediunidade desenvolvida, es-
pecialmente para a comunicação escrita, além, evidentemente, da
conduta apropriada. Do ponto de vista terreno, as informações me-
diúnicas nem sempre são captadas e interpretadas da mesma forma
por todas as “antenas humanas”. Existem muitos fenômenos de di-
fícil explicação e, por causa de sua natureza etérica, sutil aos senti-
dos, nem todos os médiuns que se dedicam a esse fim conseguem
decifrá-los ao pé da letra.
Definição de Espírito
Um dos fenômenos que mais chama a atenção, especialmente
de estudiosos da filosofia e da religião, é o do Espírito, entidade de
difícil definição e compreensão – quase sempre assunto polêmico,
de muitas controvérsias. Este capítulo discute mais detalhadamente
as estruturas física e espiritual dos seres humanos, mais especifica-
mente do Espírito. Apesar de o Espírito ser a entidade mais desenvol-
vida do planeta, em termos cognitivo, da quantidade de experiência
vivencial e da inteligência, nem todos, obviamente, estão no mesmo
estágio evolutivo o comportamento varia profundamente de Espírito
para Espírito.
Assim, sem perder de vista a questão da conduta, já que Espírito
(fonte) e conduta (reação) estão entrelaçados e é difícil separar onde
termina o Espírito e onde começa a conduta, o Espírito então pode
ser definido como vetor extrafísico, com foco multidimensional e,
por conseguinte, dotado de condições para atuar ou se manifestar
em qualquer direção e sentido. Numa linguagem mais popular, ele
202
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
é considerado a centelha divina, um ser ou entidade ainda de pou-
ca compreensão, um dos maiores mistérios do universo. De acordo
com a abordagem científica aqui adotada, transcendental, ele pode
ser definido operacionalmente como fonte da energia inteligente, por
ter a capacidade de raciocinar, de tomar decisões; um conglomerado
energético e, mesmo que não pareça, uma “biblioteca” viva e ambu-
lante, por reunir um conjunto incomensurável de conhecimentos e
experiências vivenciais, armazenadas em suas “entranhas” ao longo
das eras. As experiências são acondicionadas de forma organizada,
de tal maneira que as vivências nunca se perdem, mas sempre se
transformam na medida em que novas experiências são absorvidas.
De forma prática, simples, mas não completa, o Espírito pode ser
percebido, em geral, como sendo todo o conteúdo que é expresso
pelo pensamento na tela mental (consciente). As sensações, como
dor, prazer, cansaço e disposição, entre outras dificuldades e facili-
dades, que também chegam à tela mental, estão mais relacionadas
ao corpo físico. Apesar disso, não deixam de ser registradas no du-
plo etérico e, em seguida, incorporadas ao patrimônio do Espírito.
No caso dos transtornos psicossomáticos – ansiedade, depressão,
pânico e delírio, cuja causa é praticamente desconhecida –, eles es-
tão mais relacionados ao Espírito (lacunas de aprendizagem com
experiências vivenciais não equilibradas). Esses transtornos dizem
respeito tanto aos conteúdos internos (que vêm do próprio Espírito)
e externos (de Espíritos obsessores), que não são decodificados na
tela mental, quanto às sensações derivadas das reações bioquímicas
elétricas do corpo. O Espírito não sente dor, mas o corpo sente e
transmite a sensação ao Espírito, que registra o evento.
Como mencionado anteriormente, as experiências vivenciais di-
zem respeito às experiências sensoriais, cognitivas, psicomotoras,
afetivas, mediúnicas, entre outras, que o Espírito adquire paulati-
namente em sua jornada. Essas vivências, armazenadas e ativadas
quando demandadas, formam um todo, com características sui ge-
neris, de um ser individualizado. O todo é maior que a soma das
partes, ou seja, o Espírito é mais que a soma de todas as suas expe-
203
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
riências vivenciais. Ribeiro (1999), seguindo a discussão de autores
da Gestalt-Terapia, faz os seguintes comentários:
A totalidade é o material sobre o qual a consciência pro-
cessa a realidade, e aí as coisas fazem nexo, tornam-se
inteligíveis, desejadas ou não e adquirem significação.
[...] quando atuamos apenas sobre o sintoma, sobre a
parte, a totalidade termina sendo vítima daquela.
A pessoa, por exemplo, não muda só porque está ten-
sa, pois a lógica da tensão não é a mesma lógica da
mudança. Tensão e mudança parecem seguir cami-
nhos diferentes. Enquanto a tensão é um vetor de fora
para dentro, a mudança é um vetor de dentro para fora;
para que a mudança ocorra, essas forças devem se en-
contrar em algum lugar, pois sem síntese a mudança
não ocorrerá.
Isso implica que, se olharmos a neurose como um de-
sequilíbrio de forças entre pessoa e meio, a tensão exis-
tente será uma síntese desses dois campos.
A pessoa humana é como uma melodia. Feita de notas
isoladas, ela não pode ser entendida a partir delas. É a
totalidade que é significativa. Ela dá sentido às partes,
a cada som isoladamente. É uma estrutura complexa e
tem de ser entendida a partir desse sintoma, no qual
tudo diz respeito a tudo. O sintoma é como uma nota
desafinada de uma melodia. Toda [a] melodia se alte-
ra, quando uma nota é desafinada; o mesmo com o
corpo e o sintoma. Quando se corrige a nota, toda [a]
melodia se reorganiza, e não apenas a nota anterior e a
posterior, porque o todo é governado por leis próprias,
que independem de suas partes. (Ribeiro, 1999, p. 46,
59 e 65).
Inspirando-se em Ribeiro (1999), pode-se dizer que o Espírito –
constituído de lacunas de aprendizagem, com sintomas ainda pouco
compreendidos, já que está em fase de desenvolvimento – caminha
para se tornar uma melodia perfeita. Para isso, as experiências viven-
204
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ciais, partes do Espírito, servem de base para essa grande constru-
ção. A parte que ainda carece de novos conteúdos vivenciais é alvo
do programa de reencarnação.
O Espírito, como um conglomerado de experiências vivenciais, in-
dividualizado, não tem forma. O que tem forma são seus revestimen-
tos ou camadas de contorno e manifestação formados por outros
tipos de energia, cujas camadas mais externas variam com o corpo
celeste onde ele habita ou se manifesta. Os revestimentos são o pri-
meiro meio de identificação do Espírito, e suas condutas, racionais
ou irracionais, dependendo da aprendizagem relacionada ao assunto
ou desafio a que está inserido, são a segunda maneira de serem reco-
nhecidos. Esta última forma é fruto da interação entre o que entra em
seu sistema (estímulos externos) e o que sai como resposta ou emis-
são energética (estímulos internos). Por isso, quando se quer conhe-
cer um Espírito, é preciso observar seu comportamento ou conduta.
O comportamento é a “prova” final, contundente, do grau evolutivo
do Espírito, pois variáveis antecedentes e sutis, como a intenção de
fazer algo, a atitude diante de qualquer objeto passível de interação,
indicam os sinais iniciais. Conforme relato de Mário Sassi (1999b),
Para se tornar perceptível e cognoscível o Espírito se
reveste de energias. Essas energias condensadas a
um certo ponto dão a ele uma forma, uma aparência.
Mesmo assim, essa forma ou aparência não é percep-
tível pelos sentidos físicos. Mesmo dentro dos pro-
cessos da vidência ou da materialização, o que é visto
não é o Espírito, mas, sim, o seu “Exterior”, a maneira
como ele se apresenta, por isso o Espírito na Terra é
chamado de “perispírito”. (Sassi, 1999b, p. 20).
Como uma de suas principais características, o Espírito possui
grande capacidade para absorver, armazenar experiências vivenciais
e de responder a estímulos externos que chegam ao organismo a
todo instante. Possui, também, a grande capacidade de transfor-
mar, paulatinamente, todas as experiências incorporadas em insu-
mos para sua evolução, independentemente de ter consciência do
que está vivenciando. Isso é possível na medida em que o Espírito
205
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
vai adquirindo novas experiências, misturando-as às experiências
negativas ou incompletas do passado, e transformando-as em ex-
periências positivas e de maior completude em benefício próprio e
para tantos outros. Assim, ele vai se tornando um ser mais evoluído,
mais completo. O tratamento auxiliar e mediador dessa transforma-
ção, em sua fase mais adiantada do processo evolutivo, é a dor e o
sofrimento, que aparecem como resultados das ações carentes de
aprendizagem, uma espécie de contraponto, como já mencionado.
No entanto, o esforço próprio, a persistência, o comprometimento e
a vontade de vencer e de ser feliz, sem desvios do caminho do bem,
compõem o maior de todos os tratamentos.
Outra característica do Espírito é a concentração de experiências
vivenciais que o constitui. Os indivíduos possuem total domínio
quando entram em contato com determinado assunto (condutas
adequadas e exemplares), mas podem apresentar, ao mesmo tem-
po, inconsistências quanto a outros (condutas inadequadas). Nesse
caso, essa elevada consistência pode servir de base para a aprendi-
zagem das situações menos consistentes. O resultado dessa asso-
ciação é a velocidade de aprendizagem quando a pessoa entra em
contato com uma situação desconhecida, já que a elevada consistên-
cia serve de potencial para o desenvolvimento de condutas menos
aquinhoadas. O fenômeno da consistência lembra as densidades
físicas da pedra, do solo e da poeira. Consistências altamente unidi-
recionais, de mesma natureza, podem gerar vieses ou desequilíbrios
comportamentais, uma espécie de radicalismo e, também, gerar
comprometimentos da estrutura física. No fim da grande jornada,
em que todos os resultados das reencarnações se reúnem para cons-
tituir a individualidade, o Espírito consegue se encaminhar para os
mundos superiores com uma consistência geral comparável à densi-
dade das pedras, o que lhe garante total responsabilidade, onde quer
que esteja.
A experiência vivencial pode ser considerada de natureza racio-
nal quando gera condutas mais equilibradas, mais justas e profícuas
para si e para outros, ou irracional, quando gera condutas desequi-
libradas, às vezes explosivas, contraproducentes, o que indica a ne-
206
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
cessidade de mais competências. Em geral, as competências dizem
respeito a variáveis intervenientes: o conhecimento ou o saber a res-
peito de objetos e situações que cercam o Espírito; a habilidade ou
o domínio para manusear ou lidar com objetos físicos e abstratos; e
a atitude, sentimento ou motivação (disposição interior para agir),
que favorece ou não a adoção de práticas ou de ações de interesse
do Espírito (comportamento ou conduta). Essas três competências,
conhecidas pelo ideograma CHA, constituem a base de formação e
de apresentação do comportamento humano tanto na vida profana
quanto em meios onde o foco é a espiritualidade. Além desses aspec-
tos comportamentais, a experiência vivencial inclui tudo o que ocorre
na natureza e que os órgãos sensitivos do corpo físico ou astral per-
cebem e registram em seu íntimo.
Tendo em vista que o Espírito tem a capacidade de armazenar
um arsenal de experiências e de se manifestar com base nelas, seu
passado se torna a retaguarda em favor de qualquer tipo de tomada
de decisão no campo físico. A retaguarda de cunho espiritual é uma
das principais fontes de firmeza e de clareza para a manifestação do
Espírito, especialmente quanto à forma de se comunicar e interagir
com o meio. Quando a retaguarda é fraca, carente de novas expe-
riências, isto é, com inúmeras lacunas de aprendizagem, o proces-
samento e as respostas a determinados estímulos externos também
são fracos, no mínimo confusos, e incapazes de fazer frente a de-
mandas complexas – exceto se o Espírito for apoiado por outros com
melhor compreensão do assunto.
O Espírito, à medida que evolui, tornando-se mais sábio e hábil
professor da vida, vai se transformando num exímio vetor de con-
quistas positivas. Aprende a filtrar impurezas da vida, a separar o joio
do trigo. Ganha visão de futuro. Sabe perfeitamente medir as con-
sequências de suas condutas. Amplia seu quadro intuitivo, mediú-
nico, entre outras habilidades e talentos. Apesar de tantos ganhos,
ele pode experimentar (ou estar sujeito a) viesses negativos se ainda
possuir conteúdos vivenciais cujas forças não estejam equilibradas,
neutralizadas. Portanto, ele estará sujeito a quedas, mesmo que pe-
quenas. Essas lacunas vivenciais e de aprendizagem são comple-
207
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
mentadas exclusivamente pelo acúmulo diário, e em longo prazo,
das experiências vivenciais, cujas consequências são tanto positivas
ou construtivas quanto negativas, e, neste último caso, os resultados
costumam gerar algum tipo de desconforto, dor ou sofrimento.
Independentemente da área em que o Espírito atua, o desenvol-
vimento moral é um dos atributos que mais garante a ele acesso à
felicidade plena. A conquista moral é consequência, é resultado, em
longo prazo, do acúmulo das experiências vivenciais, do extenso e
intenso processo de aprendizagem. Subir a “escada de Jacó” deman-
da tempo, paciência e sabedoria. A conduta embasada na conquista
moral é passaporte para habitar mundos superiores. A moral, o res-
peito e o amor, aliados ao conhecimento, à luz do caminho, aceleram
a caminhada e facilitam superar os obstáculos das interações sociais
e ambientais.
A construção é lenta, e o Espírito precisa de longa caminhada para
adquirir o perfil adequado para se juntar às civilizações superiores.
Aos poucos, ele vai adquirindo bagagem para os grandes voos, típi-
cos dos Espíritos com maior capacidade de percepção, e, para isso,
é preciso que consiga se estruturar de tal forma que consiga uma
organização que melhor se ajuste às suas inúmeras experiências.
Como tudo que adquire forma possui uma estrutura, com o
Espírito não poderia ser diferente. A estrutura do Espírito tem a
função precípua de individualizar e abrigar as diversas experiências
vivenciais adquiridas e acumuladas ao longo das eras de suas exis-
tências, encarnadas e desencarnadas. Acrescentam-se a esse pres-
suposto a questão da forma adaptada ao ambiente a que pertence
o Espírito e a função de servir de meio de movimentação energética
das forças que dão vida ao ele. Pode-se dizer que o Espírito e o am-
biente a que ele pertence são equivalentes, estruturas interdependen-
tes, pois todas as experiências que o Espírito adquire são oriundas
desse ambiente.
208
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Estrutura do Espírito e a acomodação
das experiências vivenciais
O Espírito, na condição de ser humano reencarnado, é estrutu-
rado na forma de corpos. Um deles é constituído de matéria dura
(corpo físico), e os demais, de energias mais sutis de revestimento,
de armazenamento e de processamento das experiências vivenciais,
de matérias fluídicas do plano etérico, cada um com suas respecti-
vas funções. Embora este estudo leve em conta a estrutura de sete
corpos, na prática apenas dois são verdadeiramente corpos, o corpo
físico e o perispírito, dois “envelopes” que protegem o Espírito e dão
individualidade a ele.
Dado que a principal função do corpo é viabilizar a interação entre
os meios externo e interno, então ele pode ser considerado uma es-
pécie de caixa de passagem de estímulos que entram e de respostas
que saem depois do processamento das vivências incorporadas. O
corpo físico e o perispírito são estruturas mais limitadas, definidas
e mutáveis, mas extremamente eficientes na comunicação, especial-
mente em relação à transmissão de informações sensoriais e cogniti-
vas. Esses dois corpos ou revestimentos, um de carne, outro de ma-
téria etérica, é que dão o formato humano ao Espírito na dimensão
mais externa; os demais, como o duplo etérico, exibem formatos me-
nos definidos, mas apresentam mais nitidamente estruturas como
os órgãos e sistemas etéricos. Praticamente, todos esses órgãos e
sistemas são voltados para o armazenamento e processamento das
experiências vivenciais.
Além disso, em sua estrutura de conformação, esses sete corpos
se apresentam de maneira sobreposta, interdependentes, vetorial-
mente falando, organizados de forma multidimensional, ou seja,
cada qual com sua densidade, seus sistemas, conteúdos e funções,
mas um “banhando” ou envolvendo o outro, de tal forma que qual-
quer parte de um deles recebe influência dos demais. Sabe-se que
em uma mesma dimensão dois corpos não ocupam o mesmo es-
209
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
paço; mas, considerando que cada um desses corpos é formado por
matéria de diferentes planos espirituais, então essa superposição
deixa de ser um problema para que todo o conjunto funcione de for-
ma integrada.
Dada a composição multidimensional do Espírito, vale destacar
um relato a esse respeito. André Luiz (2008), psicografado por Chico
Xavier, descreve dois encontros com sua mãe – um num momento
de vigília e o outro durante o sono. Na época, já havia decorrido mui-
tos anos do desencarne dela e só então, no Nosso Lar, uma colônia
do plano ou senda espiritual, ele teve a oportunidade de reencontrá-
-la. Suas preciosas informações mostram como os corpos, mesmo
no mundo etérico, podem limitar a interação direta entre seres que
se amam e que precisam se fazer visíveis. No entanto, essa barreira
pode ser superada, pelo menos minimizada, da mesma forma como
ocorre no plano físico.
– Oh! Minha mãe! – Exclamei comovido – deve ser ma-
ravilhosa a esfera da sua habitação! Que sublimes con-
templações espirituais, que ventura!...
Ela esboçou um sorriso significativo e obtemperou:
– A esfera elevada, meu filho, requer sempre mais tra-
balho, maior abnegação. Não suponhas que tua mãe
permaneça em visões beatíficas, a distância dos deve-
res justos. Devo fazer-te sentir, no entanto, que minhas
palavras não representam qualquer nota de tristeza,
na situação em que me encontro. É antes revelação de
responsabilidade necessária. Desde que voltei da Terra,
tenho trabalhado intensamente pela nossa renovação
espiritual. [...]
Mais tarde, ela despediu-se. Curioso por saber como vi-
via até ali, pedi permissão para acompanhá-la. Afagou-
me então, carinhosa, e disse:
– Não venhas, meu filho. Esperam-me com urgência
no Ministério da Comunicação, onde serei munida de
210
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
recursos fluídicos para a jornada de regresso, nos gabi-
netes transformatórios.
Recolhido ao quarto confortável e espaçoso, orei ao
Senhor da Vida agradecendo-Lhe a bênção de ter sido
útil. A “proveitosa fatiga” dos que cumprem o dever
não me deu ensejo a qualquer vigília desagradável.
Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me
a alma toda e tive a impressão de ser arrebatado em
pequenino barco, rumando a regiões desconhecidas.
Para onde me dirigia? Impossível responder. A meu
lado, um homem silencioso sustinha o leme. E qual
criança que não pode enumerar nem definir as belezas
do caminho, deixava-me conduzir sem exclamações de
qualquer natureza, extasiado embora com as magnifi-
cências da paisagem. Parecia-me que a embarcação se-
guia célere, não obstante os movimentos de ascensão.
Decorridos minutos, vi-me à frente de um porto ma-
ravilhoso, onde alguém me chamou com especial
carinho:
– André!... André!...
Desembarquei com precipitação verdadeiramente in-
fantil. Reconheceria aquela voz entre milhares. Num
momento, abraçava minha mãe em transbordamentos
de júbilo.
Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque,
onde as flores eram dotadas de singular propriedade
– a de reter a luz, revelando a festa permanente do per-
fume e da cor. Tapetes dourados e luminosos esten-
diam-se, dessa maneira, sob as grandes árvores sus-
surrantes ao vento. Minhas impressões de felicidade e
paz eram inexcedíveis. O sonho não era propriamente
qual se verifica na Terra. Eu sabia, perfeitamente, que
deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras
de Retificação, em “Nosso Lar” e tinha absoluta cons-
ciência daquela movimentação em plano diverso.
Minhas noções de espaço e tempo eram exatas. A ri-
211
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
queza de emoções, por sua vez, afirmava-se cada vez
mais intensa. [...]
Minha mãe calou-se enquanto eu enxugava os olhos.
Foi então que ela me tomou nos braços, acariciando-
-me desveladamente. Qual o menino que adormece
após a lição, perdi a consciência de mim mesmo, para
despertar mais tarde nas Câmaras de Retificação, ex-
perimentando vigorosas sensações de alegria. (André
Luiz, 2008, p. 103, 108, 232 e 236).
Essa narrativa, de valor inestimável para as informações aqui apre-
sentadas, mostra na primeira parte a necessidade de a mãe de André
Luiz receber determinada carga fluídica para a jornada de regresso.
Esse tipo de fluido é utilizado para a materialização de Espíritos que
habitam faixas mais evoluídas e que eventualmente precisam se fa-
zer visíveis para outros que ainda se manifestam num veículo ou
revestimento mais grosseiro, mais denso. Na segunda parte do tex-
to, o veículo inferior – o perispírito – de André Luiz foi deixado no
quarto, onde dormia, mas seu corpo mental, mais sutil, saiu para se
encontrar com sua mãe. Na Terra, isso acontece da mesma forma
com os reencarnados, durante o sono, por meio da projeção astral
do perispírito.
Quando o Espírito abandona definitivamente sua roupagem para
viver em outros planos ou paragens energéticas, menos densos, seu
novo corpo perispiritual recebe ajustes, especialmente quanto à for-
ma e constituição molecular. A adaptação ao novo ambiente é pre-
parada de maneira que sua aparência não destoe da de seus novos
pares que lá vivem – deve ser também compatível com a matéria lo-
cal. Apesar desses ajustes, todo o conteúdo vivencial trazido em sua
bagagem é mantido, nada se perde. Qualquer revestimento corporal
é passível de ser eliminado, esteja onde estiver o Espírito, mas isso
exige experiências vivenciais suficientes e, geralmente, ocorre por al-
gum motivo ou causa nobre.
Como exemplo dessa alteração nos envoltórios espirituais menos
densos, destaca-se que o próprio corpo mental, quando faz parte
212
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
do Espírito reencarnado, exibe uma estrutura mais parecida com o
duplo etérico; quando faz parte do Espírito desencarnado, apresenta
uma aparência mais próxima do perispírito, mas com constituição
mais simplificada, com menor número de sistemas, de órgãos e com
propriedades organolépticas mais sutis.
Inácio Ferreira (2009), Espírito que se comunicou pela mediunida-
de de Carlos A. Baccelli, acrescenta informações ainda pouco divul-
gadas e conhecidas na esfera física:
[...] a reencarnação nos planos espirituais, que, na ver-
dade, são espirituais apenas para os homens, mergu-
lhados em maior densidade de matéria, é uma questão
de “globalização” – globalização do conhecimento!
– Imaginemos se a reencarnação não existisse ... Como
é que as pessoas haveriam de evoluir, senão muito len-
tamente? Os grandes surtos de progresso que, periodi-
camente, acometem a humanidade procedem do mun-
do espiritual, onde os Espíritos se reciclam e voltam
para a Terra, levando consigo novos conhecimentos.
[...] a reencarnação nos planos espirituais é uma ques-
tão de “equidade metafísica”, se assim posso me ex-
pressar. Em outras palavras, se impõe pela lógica.
[...] assim como se “ganha” corpo para “descer”, é ine-
vitável que se “perca” para “subir”!... Vida e morte, a
rigor, são simples etapas de metamorfose espiritual.
Temos a lagarta que se arrasta no solo, no casulo com
que hiberna nos galhos das árvores e, finalmente, na
borboleta em que se transfigura, para tornar a repetir o
ciclo em que evolui. (Inácio Ferreira, 2009, p. 182, 184,
185, 186).
Complementando as observações de Inácio Ferreira, a perda dos
corpos espirituais é definitiva, pois não há mais a necessidade de
novos revestimentos, tampouco do processo de esquecimento. Essa
situação é totalmente contrária à do corpo físico, em que os conteú-
dos vivenciais são obtidos de forma temporária e reconstruídos de
213
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
acordo com a necessidade de cada período de reencarnação. Nesse
caso, o objetivo maior é eliminar ou minimizar o estado de igno-
rância. Todo processo de aprendizagem exige escola adequada e,
consequentemente, “professores” para ensinar e “alunos” para se-
rem educados, com vistas à evolução – por exemplo, a família e a
sociedade de modo geral. A aprendizagem é implantada de forma
definitiva, mas sempre aberta a novos conhecimentos. O conteúdo
é absorvido, o esquecimento é temporário, mas o efeito costuma ser
implacável e significativo (em geral, ele tarda, mas não falha).
Corpos do Espírito
O Espírito é constituído basicamente por sete corpos interligados,
ou seja, que funcionam como um todo, sendo três externos, mais li-
gados ao plano físico, e quatro internos, mais ligados ao plano extra-
físico. Os três externos são: o corpo físico – corpo de revestimento; a
aura – corpo de manifestação das emoções; e o duplo etérico – cor-
po de armazenamento das experiências atuais e de processamento
mental. Os internos são: o perispírito – corpo de revestimento; o cor-
po mental – corpo de processamento do conteúdo espiritual ligado
às personalidades desenvolvidas ao longo das eras; e o angelical e o
arcangélico – corpos de armazenamento das experiências vivenciais
arcaicas.
Do corpo físico até o arcangélico, cada corpo é mais sutil do que o
anterior, e cada um possui sua própria organização, com envoltórios
e sistemas constituídos por estruturas e funções diferenciadas. Os
envoltórios servem apenas para individualizá-los, razão da denomi-
nação de corpo. Enquanto o envoltório diz respeito a uma camada
superficial, sem sistemas internos, o corpo propriamente dito possui
vários sistemas, como o sistema nervoso.
Na literatura oriental, de base budista, esses corpos recebem di-
ferentes denominações. Esta publicação segue uma abordagem oci-
dental de base cristã e o foco ou a unidade de análise é a experiência
214
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
vivencial com seus respectivos conteúdos cognitivo e emocional.
Esse foco ainda é pouco observado na literatura exotérica. Assim,
nessa primeira análise, mais de cunho geral, esses corpos serão
comparados de forma metafórica, levando-se em conta a seguinte
descrição:
1. Corpo físico
Considerado aqui como o primeiro corpo de manifestação do
Espírito na dimensão física, é o principal revestimento apropriado à
captação das experiências vivenciais. É o corpo mais conhecido pelos
reencarnados, sem nenhum tipo de dúvida quanto à sua existência.
Ele é responsável pela interação ou comunicação entre os meios ex-
terno e interno e, por isso, pode ser considerado a zona consciente
de maior instabilidade energética (bioquímica, biofísica, biopsíquica
e bioespiritual), ou seja, de maior turbulência do Espírito. Para esse
tipo de interação entre mundos tão distintos, o corpo físico é dota-
do de Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico
(SNP), além de outros órgãos, sistemas e fluídos de manutenção
do organismo (ossos, músculos, tecidos, nervos, glândulas, coração,
artérias, veias, sangue, células, etc.).
O corpo físico é uma “máquina de carne”, um veículo cujas carac-
terísticas possibilitam ao Espírito reencarnado se manifestar e inte-
ragir com qualquer ser da natureza, independentemente de sua evo-
lução. Apesar disso, ele não deixa de ser uma espécie de filtro para
a manifestação do Espírito, pois nem tudo que está no centro espiri-
tual consegue se manifestar ou influenciar as ações do reencarnado.
Afinal, ele está na dimensão física, uma dimensão bastante objetiva e
centrada em uma programação cármica (o famoso destino, passível
de alterações, que dependem da compreensão e reação do reencar-
nado). Nesse caso, o grande diferencial é a conduta, a maneira com
que o Espírito percebe o mundo e interage com ele. A comunicação,
fruto do processo de aprendizagem, é, portanto, a base de todas as
manifestações que ocorrem de forma espontânea ou planejada.
215
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Como resultado de todas as operações aí executadas (recepção,
processamento, encaminhamento e nutrição da estrutura física), a
manifestação de todos os conteúdos vivenciais é o fator de maior
relevância para qualquer Espírito que esteja “matriculado” na escola
da Terra. Dependendo do estímulo externo e do grau de normalidade
de funcionamento dos órgãos e sistemas, o organismo reage imedia-
tamente por meio de respostas verbais, corporais, visuais, auditivas,
entre outras formas sensitivas, que servem de base para a formação
das condutas ou dos comportamentos.
Além do sistema de comunicação interna e externa, não poderia
deixar de ser comentado, mesmo que en passant, o sistema de circu-
lação sanguínea, mais especificamente o sangue. Esse fluido vital,
apropriado à manutenção do corpo físico, é formado de plasma, he-
mácias, leucócitos e plaquetas. O plasma sanguíneo merece desta-
que, e suas principais funções são: transportar o oxigênio para todas
as células e o gás carbônico produzido na respiração celular; trans-
portar os nutrientes e os resíduos produzidos pelas células; e auxiliar
na defesa do organismo e na coagulação do sangue. Sua contraparte
no duplo etérico é o ectoplasma, um fluido essencial aos trabalhos
mediúnicos voltados à cura em muitas crenças espiritualistas.
Em sua base, o corpo físico é formado por diferentes tipos de cé-
lula, adaptados de acordo com as necessidades humanas. Cada célu-
la também tem sua contraparte na dimensão extrafísica (corpo astral
ou perispírito), cujas funções são compatíveis com a especialização
do órgão ou sistema a que ela pertence. Nesse contexto, os genes
que estão presentes em todas as células físicas se tornam uma das
últimas fronteiras entre esses dois planos (físico e astral). Cada célu-
la do corpo físico é diretamente conectada ao duplo etérico, que, por
sua vez, está conectado ao perispírito. As células do duplo etérico po-
dem ser consideradas um local de armazenamento de informações
das experiências vivenciais atuais, que, por sua vez, são interligadas
à mente ou sistema central de processamento do duplo etérico (sis-
tema mental ou interoceptível). Dessa forma, tem-se uma maior área
de contato e de captação de informações do ambiente externo.
216
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
O corpo físico é estruturado para lidar com as energias mais
densas do que as energias de natureza etérica – estas são as que
sustentam o corpo em sua profundidade. Por ser a tela de mani-
festação periférica ou mais superficial, seu funcionamento depende
de duas extensões ou dois corpos etéricos que favorecem a vida do
Espírito (razão e emoção) na dimensão física: os corpos duplo eté-
rico e áurico.
Observação
Grande parte das curas espirituais, relacionadas a todo tipo de
moléstia do corpo físico, depende da necessidade evolutiva, isto
é, do “merecimento” do paciente – a princípio, do ponto de vis-
ta da conduta atual. No entanto, para o mentor da reencarnação
que acompanha o tratamento de seu orientando reencarnado, o
principal merecimento vem das condutas arcaicas, aquelas que já
estão equilibradas e armazenadas no centro espiritual (corpo ar-
cangélico). Inicialmente, o mentor verifica que tipo de experiência
vivencial equilibrada e relacionada ao presente problema pode ser
acessada no centro espiritual. Em seguida, a utiliza o máximo pos-
sível em prol do tratamento solicitado, por meio, por exemplo, do
passe magnético ou de outro tipo de tratamento espiritual, mas
desde que não prejudique a programação cármica do orientando.
Quanto mais condutas ou experiências equilibradas o paciente
possuir (merecimento arcaico), mais energias curadoras do centro
espiritual podem ser acessadas e resgatadas em benefício do tra-
tamento do paciente. É necessário esclarecer que a principal força
curadora de qualquer pessoa está dentro dela, bem guardada nos
escaninhos do Espírito. Mesmo que a conduta atual do pacien-
te não esteja adequada ou satisfatória, circunstancial, o mentor
pode apoiar a cura, desde que o paciente tenha energias curadoras
já conquistadas, ou seja, tenha energias inteligentes equilibradas
com força suficiente para tal empreendimento. A conduta equili-
brada de hoje com certeza poderá servir de insumo para qualquer
tipo de cura do futuro. Por isso, é necessário refletir nessa infor-
mação pouco divulgada pelas instituições espirituais da Terra.
217
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Mais sutil do que o corpo físico, mas ainda detectável por instru-
mentos do plano físico, e menos do que o duplo etérico, pois trata-se
de um corpo extremamente energético, é o corpo emocional, mais
conhecido por aura.
2. Corpo emocional ou aura
O corpo emocional, mais conhecido por aura, é o segundo corpo,
geograficamente expandido além do corpo físico, dotado de energias
coloridas, ora em movimentos circulares, em diferentes direções e
sentidos, ora retilíneos, ora pontiagudos – o campo áurico. A aura
é uma projeção energética do duplo etérico e pode ser chamada de
corpo emocional, já que seu campo energético expressa a manifes-
tação dos conteúdos vivenciais que ficam continuamente em pro-
cessamento no duplo etérico (tanto dos conteúdos internos quanto
dos externos). Por essas características, ela torna-se um excelente
indicador do que está acontecendo com o Espírito.
Numa comparação metafórica, a aura possui semelhança com o
campo magnético do sol, cuja irradiação afeta vários astros que es-
tão ao seu alcance.
A aura é formada de matéria fluídica, de densidade muito menor
que a do corpo de matéria física, mas de densidade superior à dos
demais corpos etéricos, razão pela qual ele é passível de ser fotogra-
fada, especialmente por meio de imagens do tipo holograma. A aura
pode servir de indicador para determinados diagnósticos relaciona-
dos à saúde, já que esse corpo pode ser considerado uma espécie de
confluência do fluxo energético derivado do metabolismo do corpo
físico, do duplo etérico e também do reflexo das correntes que che-
gam da região do centro espiritual.
Sua emanação reproduz a saúde do indivíduo em qualquer mo-
mento e local onde ele estiver. Além disso, ela mostra o estado de
espírito ou o campo emocional instantaneamente, já que a qualquer
momento o humor do indivíduo, entre outros aspectos energéticos,
pode se alterar. Nesse contexto, observa-se que sentimentos, como
a raiva e o amor, podem ser detectados, de forma discreta, por sua
218
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
cor e movimento, ou seja, pela sua exuberância. Pela sua imagem,
as cores e as formas do campo energético emanadas pelo Espírito
– uma espécie de síntese das condições de funcionamento momen-
tâneo do organismo como um todo, dado que as forças de atração
e de repulsão nem sempre estão em equilíbrio, causa primária para
o desenvolvimento de doenças psicofísicas – são facilmente detecta-
das e avaliadas.
Diversas modalidades de problemas podem refletir no formato e
na coloração do campo áurico, especialmente aqueles relacionados
ao contexto das doenças. Apesar de o esquecimento do passado,
via reencarnação, ser um tratamento ultraespecial, ele não afeta di-
retamente a emanação áurica, que, por sua vez, depende mais dos
acontecimentos atuais. O esquecimento facilita a aquisição de novos
conteúdos vivenciais, principalmente de conteúdos relacionados a
determinados reajustes interpessoais de difícil solução. No entanto,
indiretamente, o esquecimento pode trazer consequências interes-
santes. Por exemplo, o aparecimento na aura de “nuvens energéti-
cas”, coloridas, dispersas em formatos curvos e com extremidades
parecidas com flechas pontiagudas e direcionadas principalmente
para pessoas que estão próximas e que aparentemente não ofere-
cem nenhum tipo de risco. Sem motivo claro no contexto das causas
atuais, a causa pode ser um conteúdo do passado arcaico, e con-
sequentemente, de difícil diagnóstico. Esse indicador de problemas
do campo áurico pode estar relacionado a algum tipo de conflito do
passado, cujas forças negativas ainda precisam ser neutralizadas ou
apaziguadas.
Tendo em vista que a aura é passível de ser fotografada, seu ma-
peamento ou registro tem sido utilizado, cada vez com mais pre-
cisão, por aparatos tecnológicos, mas, ainda assim, isso tem sido
observado mais por curiosos, estudiosos, videntes e espiritualistas,
na esperança de obterem diagnósticos de qualquer tipo de problema
que salta aos olhos. Para os céticos, esse tipo de indicador de proble-
mas pouco significa.
219
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Em resumo, dependendo do grau do esquecimento, da lacuna vi-
vencial e de aprendizagem, o reencarnado pode se distanciar bastan-
te do mundo abstrato ou espiritual, ficar mais isolado no mundo físi-
co das sensações e se tornar extremamente materialista. Indivíduos
com esse perfil costumam não se lembrar do que ocorre durante o
sono; muitas vezes sequer acreditam na existência do fenômeno do
sono com suas enigmáticas e misteriosas cenas sentidas e vividas
em um mundo tão etérico, mas de uma realidade incontestável.
O agnóstico, na verdade, é uma pessoa com pouca ou nenhuma
visão espiritual, pois ele não passa de um indivíduo com pouco aces-
so aos escaninhos da alma. Em geral, só admitem os conhecimentos
adquiridos pela razão e evitam qualquer conclusão não demonstra-
da. Se o cérebro fosse o local onde estão armazenadas as experiên-
cias vivenciais, então o fenômeno da morte física faria perder todo
o arcabouço vivencial. Para o agnóstico, que segue à risca seus prin-
cípios de raciocínio com base na lógica dos cinco sentidos, isso se
justifica. No entanto, não conseguem explicar a lógica de formação
do raciocínio e de seu efeito, a inteligência. Esses fenômenos deman-
dam milhares de anos para se desenvolver e apresentar resultado
mais depurado, claro e objetivo.
Essas características, juntamente com suas consequências (in-
dicadores do estado de espírito), podem gerar preocupações ou
obsessões para os agnósticos em relação, por exemplo, ao fenôme-
no da morte. Nesse caso, podem ficar na aura marcas oriundas de
preocupações de grande alcance, que tendem a aumentar na medida
em que o tempo escoa. Preocupações constantes e em grande pro-
fundidade podem refletir na composição e movimentação do campo
áurico.
3. Corpo psíquico ou duplo etérico ou alma
O corpo psíquico é mais conhecido na literatura como duplo etéri-
co e, na linguagem de Tia Neiva, como alma. Sendo o terceiro corpo,
geograficamente seu posicionamento é também superficial. Ele é for-
mado por emanações neuropsiquicoespirituais, cuja matéria etérica
220
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
é mais sutil e especializada que a matéria do corpo físico. Enquanto o
corpo físico é regido e formado por matéria “dura”, comandado pelo
sistema neural (corrente nervosa), o duplo etérico é regido e mais co-
mandado pelo sistema psíquico (corrente mental ou pensamento),
associado ao sistema espiritual (correntes espirituais que servem de
base para dar o tom das respostas aos estímulos externos). Nesse
nível de conjugação de corpos, o duplo etérico é que comanda o cor-
po físico, especialmente no que se refere ao gerenciamento psíquico.
Para Tia Neiva (1979), em uma de suas cartas, o duplo etérico
tem a seguinte função específica:
[...] a função do duplo é servir como condutor e con-
densador de energia e de emanações ectoplasmáticas
entre o perispiritual e o físico, é um processo no centro
de forças que denominamos chakras. (Zelaya, 1979,
Anexo 2).
O duplo etérico pode ser considerado a sede dos chakras ou
centros de forças que se encarregam de promover a adequação fi-
nal da manifestação do Espírito no plano físico. Por conseguinte, ele
é a sede da cognição, ou seja, do processamento das informações
provenientes dos ambientes externo e interno, mais exatamente do
centro espiritual. Ele é estimulado pela corrente nervosa oriunda de
todas as partes do corpo físico, a qual se transforma em corrente
psíquica ao alcançar os centros cerebrais, acompanhada dos centros
de forças e demais estruturas.
Além disso, o duplo etérico pode ser considerado a primeira es-
tação de detecção e de tratamento inicial das correntes psíquicas,
que reúnem informações de qualquer estímulo detectado pelo corpo
físico. Parte das correntes energéticas que chegam ao duplo etérico
é processada e respondida imediatamente (energias mais densas,
mais brutalizadas); outras são processadas, transformadas em cor-
rentes de menor densidade (refinadas) e encaminhadas ao interior
do organismo, para o ambiente interno de natureza etérica. No en-
tanto, qualquer tipo de processamento nessa zona está sob a influên-
221
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
cia e controle do centro espiritual, onde estão todas as vivências do
ser. Trata-se, portanto, de uma região voltada à recepção, processa-
mento rápido, às vezes de forma suave, outras de forma explosiva, às
vezes contida ou depressiva e, às vezes, de forma astuciosa ou extrín-
seca, com outros interesses. Além disso, o duplo etérico serve para
o armazenamento das experiências recentes, uma das bases para a
formação da personalidade atual.
Uma das principais estruturas desse corpo são os vórtices ener-
géticos, mais conhecidos por chakras, uma espécie de usina de força
da máquina mental. Todos os chakras recebem influência do campo
eletromagnético gerado pelos diferentes tipos de matéria que com-
põem os sete corpos, que, por sua vez, são influenciados pelas dife-
rentes experiências vivenciais aí armazenadas e que são estimuladas
ou acionadas tão logo cheguem as vivências do ambiente externo.
Alguns chakras, uns grandes, outros menores e até minúsculos,
servem para auxiliar no armazenamento das experiências vivenciais e
na movimentação da corrente mental, ou seja, do pensamento. Essas
estruturas do mundo etérico têm a aparência de um prato ou de um
disco ou uma roda de luz ou, ainda, de um trevo de várias pétalas, e
giram incessantemente em torno do próprio eixo. Cabem a eles reger
ou regular as atividades fisiológicas dos órgãos vitais que compõem
o corpo físico, além da maior função, que é a de recepcionar e con-
duzir os impulsos nervosos impregnados das experiências vivenciais
atuais, acomodá-las em suas respectivas células de armazenamento
ou câmaras de retenção e, por fim, reagir a esses impulsos na forma
de respostas verbais, sensoriais e psicomotoras, entre outras, depen-
dendo do mecanismo psíquico estimulado.
Para José Carlos do Nascimento Silva (2006),
Chakras são pontos de captação e emissão de energias
do corpo etérico1, distribuídos em pontos correspon-
dentes aos plexos do corpo físico2, a este ligados pelo
1
Duplo etérico.
2
Locais de maior concentração ou entroncamento de nervos.
222
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
sistema nervoso e, especialmente, pelo centro coroná-
rio. De forma circular, o chakra é um vórtice, com giro
espiralado, que tem seu maior diâmetro no nível do
corpo etérico, aprofundando-se seu cone até o nível da
pele, onde seu talo se liga a um feixe nervoso [...].
Pela emissão de suas energias, formam a aura, que
pulsa com vibrações intensas, coloridas e brilhantes.
Na medida em que o Espírito reencarnado evolui, mais
bem sintonizado nos planos superiores, os chakras vão
absorvendo energia de frequência mais elevada3 e se
purificam, ampliando o campo áurico. Na linha orien-
tal, os raios dos chakras são chamados “pétalas”.
Cada chakra tem suas ações emocionais e espirituais
específicas, exercendo ligação entre os órgãos, as glân-
dulas, os centros nervosos do corpo e as forças vitais
que animam o corpo físico. Eles regulam o fluxo do
prana e outras energias que irão manter a saúde do
corpo.
O mau funcionamento de um chakra pode ocorrer por
atitudes impróprias4, temores, culpas ou fatores trans-
cendentais, e irá provocar sérios problemas nos órgãos
a ele ligados, que não receberão o fluxo vital adequado.
Essa insuficiência poderá causar lesões degenerativas,
destrutivas ou cancerosas àqueles órgãos.
Um problema emocional pode causar o mau funcio-
namento de um chakra – bloqueio ou excesso do fluxo
energético - determinando graves enfermidades, como,
por exemplo, o tumor maligno ou câncer.
Por serem as entradas energéticas do ser humano, são
pontos onde se colocam, nas diversas terapias alterna-
tivas, projeções de energias que emanam das cores, de
pedras, cristais, etc. (Silva, 2006, p. 145).
3
Energia com o registro de vivências equilibradas.
4
Comportamentos inapropriados.
223
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Como mencionado anteriormente, existem inúmeros chakras de
diversos tamanhos, sendo sete os principais: 1. o chakra coronário,
ligado à glândula pineal; 2. o frontal, relacionado à glândula pituitária
ou hipófise; 3. o laríngeo, conectado às glândulas tireoide e parati-
reoide; 4. o cardíaco, ligado à glândula do timo; 5. o umbilical, rela-
cionado à glândula do pâncreas; 6. o esplênico ou sexual, com cone-
xão às glândulas dos ovários e dos testículos; e 7. o básico, ligado à
glândula suprarrenal (Silva, 2006).
Silva (2006) acrescenta que os chakras superiores (coronário e
frontal) são os mais ligados ao mundo espiritual, responsáveis pelas
funções do intelecto e do pensamento. Esses dois chakras, em espe-
cial o coronário, possuem também funções de recepção das energias
externas (o prana e as correntes espirituais, por exemplo), funções
de controle e distribuição das energias inteligentes acumuladas nos
minúsculos chakras localizados nas câmaras de retenção das expe-
riências vivenciais (duplo etérico). Os chakras intermediários (larín-
geo e cardíaco) recebem as forças que emanam da personalidade e
são responsáveis pelas emoções e sentimentos, e os chakras infe-
riores (umbilical, esplênico e básico) traduzem duas forças no plano
físico – fogo serpentino da terra e vitalidade do sol – e são responsá-
veis pelas sensações.
A inclusão desses três corpos à entidade reencarnada é o gran-
de diferencial em relação às que vivem na erraticidade, pois, como
mencionado anteriormente, é uma situação (corpo + aura + duplo
etérico) que pode ser considerada rara no cosmo. O projeto dessa
inclusão – simbolicamente a “casca do Espírito”, formada por esses
três corpos, que, por sua vez, são a base para o fenômeno da reen-
carnação, via esquecimento do passado remoto –, é uma iniciativa
do Divino Mestre Jesus, que há muito vem se dedicando à causa evo-
lutiva dos Espíritos. Seu propósito maior é o de viabilizar e facilitar a
chegada aos mundos superiores dos Espíritos em fase de aprendiza-
gem na esfera terrestre– caso dos Espíritos Arcanos identificados e
descritos por Tia Neiva.
224
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Desses três corpos ou telas de manifestação do Espírito, sobre-
postos, já que estão em dimensões diferentes, pode-se fazer uma
comparação, figurada, sendo o corpo físico um edifício – obra de
engenharia do plano físico. Nesse caso, o corpo físico é uma espécie
de base ou de fundação para o Espírito, mas com aspecto humano
e, consequentemente, com todos os órgãos e sistemas compatíveis
com o contexto terrestre. Além disso, ele é cópia fiel de sua fôrma
na dimensão etérica: o perispírito. Os genes, localizados na fronteira
entre as dimensões espiritual e física, podem ser considerados os
principais pontos de passagem das informações externas e internas
oriundas do centro espiritual, ou seja, determinantes para o trânsito
de informações que entram no reencarnado e dele saem. O trânsito
de energias eletromagnéticas entre esses dois corpos gera um cam-
po de força magnética que pode ser observada facilmente por inter-
médio de seus reflexos: a aura.
4. Corpo astral ou perispírito ou psicossoma
Na condição de quarto corpo, geograficamente posicionado mais
internamente, ele lembra, de longe, o peritônio, quando o indivíduo
está reencarnado. Nesse sentido, serve de proteção e abrigo aos de-
mais corpos, sistemas e órgãos que também fazem parte do Espírito.
O perispírito é considerado a fôrma do corpo físico, pois ele serve
de modelo organizador biológico para o desenvolvimento do corpo
físico – em termos de traços, cor, limitação de tamanho e fragilidades
decorrentes de antigas passagens pela Terra. O novo corpo físico a
ser formado, diferentemente do perispírito utilizado pelo Espírito na
erraticidade, é planejado no plano espiritual na época de preparação
da reencarnação. Para tanto, segue um molde projetado de acordo
com as futuras necessidades para a mudança de rumo. A fôrma in-
clui características positivas e negativas que precisam ser expostas
na dimensão física com fins terapêuticos. Pode-se dizer que o peris-
pírito é a principal estrutura do Espírito, dada sua dupla função de
servir de base tanto para sua manifestação no mundo físico quanto
no reino espiritual.
225
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
No corpo astral (perispírito), estão arquivadas as experiências
vivenciais decorrentes de todas as vidas anteriores do Espírito.
Evidentemente que esses arquivos se distribuem entre outros corpos
etéricos que estão protegidos pelo corpo astral. Como o perispírito
fica exposto às intempéries vibracionais do plano espiritual, às inte-
rações e necessidades da vida fora da matéria física, então existem
poucas chances de o Espírito desencarnado apresentar falsas condu-
tas, porque elas se tornam visíveis para os Espíritos mais evoluídos.
Consequentemente, trata-se de um veículo de manifestação com
possibilidades de sofrer vários tipos de turbulências psíquicas, de-
pendendo de fatores como o estilo de vida e o ambiente onde estiver
habitando – que não deixa de ser um tipo de tratamento condizente
com a personalidade do espírito.
Entre o perispírito e o duplo etérico, ligando esses dois corpos,
existe um cordão fluídico (mais conhecido por cordão de prata) que
serve de canal de comunicação interna e de meio para viabilizar as
viagens astrais do Espírito, normalmente durante o descanso do
corpo físico ou sono. Esse cordão fluídico é desfeito por ocasião do
fenômeno da morte do corpo físico. Esse desligamento é percebido
pelo desencarnante no momento em que ele se depara com o “por-
tal da morte” (saída do plano físico) e o “da vida” (entrada no reino
espiritual)5.
Alan Kardec (2009) acrescenta:
[...] o perispírito não se acha encerrado nos limites do
corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele
é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno
do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamen-
to e a força da vontade podem dilatar mais ou menos.
[...] Tal propriedade, chamada expansibilidade, permite
que as pessoas se comuniquem entre si e permutem,
5
Essa travessia é bastante comentada por aqueles que passam pelo fenômeno da
experiência de quase morte, quando descrevem a visão de um túnel. Dependendo da
necessidade e do grau evolutivo do desencarnante, esse túnel se apresenta de diversas
formas, com características, tamanhos e situações peculiares.
226
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
à revelia, impressões, sentimentos e até pensamentos.
(Kardec, 2009).
Esse emaranhado de corpos e de ligações se justifica em razão de
o Espírito precisar se manifestar temporariamente na dimensão físi-
ca, obter as experiências necessárias ao seu progresso, sem nenhum
tipo de perda de suas aquisições intelectuais e morais ao retornar
à sua verdadeira pátria no reino espiritual – preferencialmente em
condições melhores.
De manifestação mais interna que os anteriores e com função
semelhante à do corpo físico, já que ele serve de veículo post mortem,
o perispírito ou corpo astral é um tipo de revestimento adaptado à in-
teração entre o Espírito e o ambiente espiritual. Para contrabalançar
os desafios a que está exposto nesse ambiente, o perispírito, numa
linguagem figurada, conforme proposto para o corpo físico, poderia
ser comparado também a um edifício, que depende de uma funda-
ção (um tipo de alicerce) para se sustentar, se manter o mais estável
possível: o corpo mental.
5. Corpo mental
Considerado aqui como o quinto corpo da estrutura espiritual,
trata-se de uma tela com formato menos humano, mais sutil e diá-
fano do que o perispírito, pois sua estrutura eletromagnética deve
ser apropriada à ligação entre os corpos mais tênues do Espírito e
o perispírito. Conta com a presença de germes de órgãos, sistemas,
células e muitos chakras de diversos tamanhos e funções, que se
manifestam diretamente na dimensão espiritual e indiretamente
na dimensão física. Isso significa que o corpo mental pode induzir
a formação de qualquer sistema de funcionamento do organismo
físico-espiritual.
De modo geral, pode-se dizer que o corpo físico está para o peris-
pírito (corpos mais apropriados aos revestimentos do Espírito) como
o duplo etérico está para o corpo mental (corpos mais apropriados
aos processamentos das informações). Ressalta-se que esse último
corpo possui capacidade de processamento muito superior; afinal,
227
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
como parte integrante do Espírito, ele tem de gerenciar as experiên-
cias vivenciais de diferentes personalidades formadas em épocas e
locais distintos ao longo das várias reencarnações.
Enquanto o Espírito está “encarcerado” no mundo físico, o duplo
etérico assume o papel principal de mecanismo de processamento
mental, base de manifestação das respostas aos estímulos. Quando
o Espírito se desprende do corpo físico, o corpo mental assume esse
papel de processador de informações, pois o duplo etérico já se des-
fez, e as experiências aí armazenadas já foram transferidas para o
corpo mental (filme da vida passado no momento da morte física
em relatos de pacientes da experiência de quase morte – EQM). Além
disso, o corpo mental (sistema mais interno) não deixa de assistir as
funções do duplo etérico (sistema mais periférico), já que a base de
raciocínio que aí se desenvolve depende das experiências armazena-
das nos corpos angelical e arcangélico. Esses corpos ainda são mais
internos e, por isso, considerados o centro espiritual e diretamente
ligados ao corpo mental, pois servem de sustentação para o Espírito.
Daí, a maior facilidade de o desencarnado lembrar de cenas do pas-
sado e da menor facilidade no caso do reencarnado, pois este precisa
de procedimentos como a regressão de memória para acessar cama-
das espirituais demasiadamente profundas e protegidas do Espírito.
O corpo mental é fonte primária de formação da atitude huma-
na, da predisposição do Espírito, é a estrutura que dá força, direção
e sentido à conduta, enquanto o duplo etérico é fonte secundária
para a formação da opinião e das tomadas de decisões. Porém, se as
vivências atuais armazenadas no duplo etérico forem mais contun-
dentes (em termos de quantidade e qualidade) do que as experiên-
cias acumuladas no centro espiritual, ou seja, se existirem lacunas
de aprendizagens no centro espiritual incapazes de fazer frente a
determinada demanda externa, pouco se pode esperar de positivo
do Espírito. O contrário, ou seja, quando o centro espiritual é guar-
necido de experiências vivenciais suficientemente superiores, isso é
indicativo de resultado positivo (condutas mais equilibradas).
228
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Tendo em vista essa equivalência, pode-se dizer que o corpo men-
tal possui estrutura com funções semelhantes às do duplo etérico,
que pode ser comparado, mesmo que de longe, ao disco rígido de um
computador, com grande capacidade de processamento das corren-
tes psíquicas, que estão atreladas às experiências vivenciais. Dessa
forma, figurativamente, o duplo etérico poderia ser comparado a um
computador convencional, com capacidade de armazenamento limi-
tada quando comparada com a capacidade de um servidor (corpo
mental), cuja memória e HDs são mais rápidos e maiores. Pode-se
dizer, também, que o corpo mental é uma espécie de tela espiritual,
voltada à transformação e adequação da tensão espiritual gerada
com base na vibração das correntes espirituais (energias inteligentes
dotadas de conteúdos cognitivos e emocionais), que, depois, são en-
caminhadas, automaticamente, ao perispírito.
Por estar em contato direto com os dois últimos corpos, o corpo
mental interage mais facilmente com os conteúdos vivenciais das
camadas mais internas do centro espiritual (corpos angelical e ar-
cangélico). Isso significa que nessa zona ainda se observam diversos
tipos de reações bioenergéticas de natureza psíquica decorrentes do
processamento das energias inteligentes que precisam se enriquecer
com novas experiências, se transformar e apresentar novos resulta-
dos, mais positivos, em favor do reencarnado.
O corpo mental depende de uma outra base de sustentação. Em
linguagem figurada, pode-se dizer que ele é como a placa tectônica
que compõe a crosta terrestre, que está sempre em movimento por
forças tão fortes que arrastam e abalam tudo que não tem consistên-
cia para suportá-las. Assim como o manto terrestre é a base de sus-
tentação da placa tectônica, a base de sustentação do corpo mental
é o corpo angelical.
6. Corpo angelical
O corpo angelical, na condição de sexto corpo, ainda mais su-
til que o anterior, geograficamente posicionado mais no interior do
229
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Espírito, em uma dimensão muito menos densa, pode ser conside-
rado, em uma linguagem metafórica, o corpo que serve de fundação
tanto para o “edifício”, o perispírito, quanto para a “placa tectônica”,
o corpo mental, que dependem de uma outra base rochosa, o “man-
to terrestre”, para se sustentarem.
Sendo um componente de manifestação das profundezas da
alma, o corpo angelical pode ser definido como uma zona espiritual,
sem os órgãos nem sistemas de características humanas, mas espe-
cializado no armazenamento das experiências vivenciais, em espe-
cial daquelas em fase adiantada ou final de “acabamento”, ou seja,
daquelas que carecem de menos vivências complementares para se
equilibrarem. Por ser, preponderantemente, uma zona de armazena-
mento das experiências vivenciais arcaicas, mas formada por aque-
las que ainda estão em busca de equilíbrio, mesmo que parcial, este
corpo está sujeito a turbulências vibracionais, mas é menos instável
do que os corpos anteriores. Nele, ocorre também processamento,
acomodação e organização das experiência vivenciais, de tal maneira
que as experiências negativas atraem as positivas de mesma nature-
za e vice-versa.
É daqui que partem as respostas precárias, em termos de lacu-
nas de aprendizagem, com suas respectivas forças, para atender às
demandas externas. Caso essas respostas se mesclem e sejam sufi-
cientemente dosadas pelas energias inteligentes oriundas do corpo
arcangélico, já conquistadas e equilibradas, elas alcançam o duplo
etérico com mais atributos comportamentais, ou seja, com mais
sabedoria.
O corpo angelical pode ser considerado, na atual etapa evoluti-
va do Espírito, uma região onde se desenvolve o Espírito humano
mais propriamente dito. É a base de definição do futuro do Espírito –
sua mudança para outras dimensões depende dessa base de desen-
volvimento. Em outras palavras, a formação desse corpo é o início
da passagem do Espírito, que está no reino angelical, para o reino
arcangélico.
230
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
7. Corpo arcangélico
Posicionado no centro da organização espiritual, onde a zona an-
gelical se apoia, está, em uma linguagem figurada, o “núcleo externo
e interno da terra”, o sétimo e último corpo, o corpo arcangélico,
a principal estrutura de sustentação do Espírito. Ele é construído
a “duras penas”, vagarosamente ao longo dos evos de existência.
Suas experiências vivenciais, já totalmente equilibradas (positivas e
negativas), oferecem mais consciência do caminho percorrido, pois
as experiências aí acumuladas já estão amadurecidas, sublimadas,
estáveis e normalizadas de acordo com o bem viver. Assim, é uma
zona de grande purificação do Espírito, e sua energia se apresenta de
forma iluminada, com brilho mais intenso no núcleo interno.
Pode-se deduzir que o corpo arcangélico é a região onde existe
a fusão das experiências vivenciais totalmente equilibradas com as
Leis Divinas (cada experiência acompanhada de sua contraparte),
uma região semelhante à dos seres arcangélicos, que já alcançaram
a liberdade total para transitar e trabalhar na Casa de Deus Pai Todo-
Poderoso, o universo. Numa comparação metafórica, em relação
aos demais corpos o campo vibracional do corpo arcangélico seria o
“núcleo da Terra”, tal é a quantidade de experiências vivenciais nele
acumulada ao longo das eras de individualização.
Por constituir a parte mais importante do Espírito, o núcleo do
Espírito, o corpo arcangélico, também conhecido como sopro divino,
entre outras denominações, serve de referência para a identificação
da etapa evolutiva do ser na Terra (reinos mineral, vegetal, animal
e hominal). Inclusive, dependendo de seu desenvolvimento evoluti-
vo, o corpo arcangélico serve de “passaporte” para a ascendência de
Espíritos humanos aos mundos superiores.
Esse corpo, constituído por um conjunto significativo de expe-
riências vivenciais equilibradas, contrabalançadas, não tem condi-
ções de receber nenhum tipo de revestimento corporal. É por essa
linha de raciocínio que se considera inadmissível um ser da categoria
231
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
hominal receber um corpo animal, cujo raciocínio ainda está aquém
da inteligência humana. O progresso é contínuo, eterno, e cada ser
vivo recebe o revestimento de que necessita para sua escalada espi-
ritual. Para a correta identificação da fase de cada ser, antes de rece-
ber determinado tipo de corpo, alguns parâmetros, como o brilho,
o tamanho e o tipo de campo vibracional, são verificados para tal
avaliação e decisão.
O corpo arcangélico, ou Manto Divino, diferencia-se dos demais
por estar permanentemente em franca expansão em decorrência do
recebimento constante de experiências que já assimilaram novos
conteúdos vivenciais, alinhados com as Leis de Deus, e, portanto, já
aprimorou o processo de aprendizado em determinado contexto. Os
outros corpos, com intenso metabolismo ou processamento das ex-
periências vivenciais, são voltados à redução das lacunas de aprendi-
zagens que ainda sofrem da falta de novas experiências. Dependendo
do estágio evolutivo e da intensidade da lacuna de aprendizagem, as
experiências vivenciais que vão chegando costumam ficar estaciona-
das em um dos corpos de retenção por longo período. Enquanto um
corpo é depositário, os demais são apropriados à preparação das
experiências vivenciais.
A referida expansão, associada às múltiplas interações vibracio-
nais, serve para ativar e dinamizar as correntes mentais, base para
a geração do pensamento, cuja clareza depende dos estímulos ex-
ternos e dos conteúdos vivenciais acumulados no duplo etérico. Os
demais corpos, dada a necessidade de interação com as situações
de contraponto (dor, sofrimento, pressão, controle, doenças, etc.),
para o adequado equilíbrio das experiências vivenciais, atuam mais
como centros ou usinas de processamento de forças temporárias do
que como zonas definitivas de recepção e acúmulo das experiências.
Nesse caso, as alegrias e as satisfações da vida também contribuem
fortemente como uma espécie de remédio para a cicatrização das
feridas deixadas no Espírito ao longo do caminho.
232
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Assim como o corpo angelical, o arcangélico é uma zona de ar-
mazenamento das experiências vivenciais, mas de elevada estabili-
dade vibracional, totalmente tranquila e de grande previsibilidade.
Pode-se, portanto, dizer que ele é responsável pela paz interior, pelo
sentimento de segurança em si mesmo e pela maior parte da saúde
física, psíquica e espiritual. Nos momentos de baixo estresse, é mais
fácil perceber sua influência ou seu campo vibracional sobre os sen-
timentos dominantes. Do contrário, percebe-se energias que estão
estacionadas mais próximas à superfície, o corpo físico (se reencar-
nado) ou o perispírito (se desencarnado), e que estão em atrito com
o meio externo. Portanto, quando da interação com o meio, pode-se
considerar que os demais corpos são responsáveis pelas angústias,
entre outras mazelas que atingem o Espírito, apesar de o amor, as
alegrias e as satisfações também fazerem parte desse contexto. Essa
mistura energética é uma espécie de alquimia que leva o equilíbrio ao
organismo físico e espiritual e, consequentemente, ao aprimoramen-
to do processo de aprendizado.
Sendo a principal estrutura de manifestação do Espírito, com
maior profundidade de alcance, envolvimento e equilíbrio, o corpo
arcangélico apresenta-se por meio de uma forma não humana, des-
provido de órgãos e sistemas, mas dotado de energias inteligentes
com inúmeros tipos de experiências e conteúdos vivenciais totalmen-
te iluminados. Pode ser considerado a zona de maior consistência do
Espírito. É de natureza universal, uma matriz divina que serve de ma-
nifestação para grande parte dos fenômenos da vida em diferentes
planos do universo. Consequentemente, o corpo arcangélico é capaz
de evitar que a “rocha” ou a “placa tectônica” se desfaça e ocorra
desmoronamento do edifício construído a duras penas. Essa super-
base é suficiente para ajudar as experiências vivenciais, que estão
estacionadas no corpo angelical, a se completarem e se recuperarem
de situações indevidas ou inapropriadas, por intermédio de fatores
da compreensão e da empatia.
De modo geral, enquanto o corpo físico é adaptado para recep-
cionar e encaminhar as energias do mundo físico à sua contraparte
233
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
no mundo espiritual, o perispírito é apropriado para receber as expe-
riências vivenciais que ocorrem no etérico. Enquanto o duplo etérico
é indicado ao processamento e armazenamento de energias impreg-
nadas com as vivências atuais que chegam do corpo físico, o corpo
mental, de forma similar, faz o processamento das energias etéricas
com as experiências atuais adquiridas no mundo espiritual e que são
encaminhadas pelo perispírito. Nesse caso, as energias impregnadas
com os conteúdos vivenciais atuais são destinadas à complementa-
ção e ao aperfeiçoamento comportamental do Espírito.
Para isso, as experiências atuais são transferidas ao perispírito
e, em seguida, ao corpo mental. Posteriormente, as experiências
mais trabalhadas são transferidas ao corpo angelical, cuja estrutu-
ra é apropriada para recebê-las e utilizá-las na complementação e
no equilíbrio das demais, que já estão nesse ambiente e que foram
amealhadas em passado recente. Essas energias, à medida que seus
conteúdos vão se equilibrando, se pacificando, vão sendo transferi-
das para o centro do Espírito, o corpo arcangélico. Esse corpo, apro-
priado para receber e depositar definitivamente todas as energias
equilibradas ou neutralizadas que vem do corpo angelical, passa a
abrigá-las, juntamente com as demais adquiridas no passado arcai-
co, cujas forças já estão devidamente neutralizadas, graças à comple-
tude de seus conteúdos vivenciais. Dessa forma, o corpo arcangélico
se torna a fundação do Espírito.
O Espírito que age sem medir consequências, especialmente para
ele, sem visão de futuro, age baseado em conteúdos vivenciais com
poucas experiências vivenciais. Nada substitui a própria experiência,
apesar de a influência de pessoas importantes também servir de di-
recionamento para a ação. Vários fatores inconscientes, relacionados
às vivências armazenadas no interior do Espírito, contribuem para
uma melhor (ou não) manifestação da conduta. Não há necessidade
de o indivíduo se lembrar de todos os fatos passados para exibir o
comportamento atual em resposta a um estímulo externo; basta que
do subconsciente nasça a serenidade e o bom senso para agir.
234
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
O conjunto formado pelo corpo físico, pelo duplo etérico e pela
aura, uma “casca” ou revestimento externo do Espírito, é uma mini-
cópia ou uma leve lembrança do conjunto formado pelo perispírito,
pelo corpo mental, pelo corpo angelical e pelo corpo arcangélico. A
referida casca só funciona na condição de ser humano, porque é o
Espírito humano que possui o raciocínio ou a manifestação da in-
teligência da forma mais completa e complexa da natureza. E para
que tudo isso funcione a contento, o sistema nervoso, destinado à
comunicação, e o sistema circulatório, para a nutrição e revitalização
da saúde do ser, com o apoio dos demais sistemas e órgãos, care-
cem de insumos especializados para manter a máquina humana em
exercício constante.
Além disso, é preciso sempre lembrar que as grandes forças in-
visíveis que conduzem os Espíritos, onde estiverem, de forma inteli-
gente, mas ainda não perfeita, são emanadas principalmente destes
dois últimos corpos, o angelical e o arcangélico.
Acrescenta-se ainda que os sete corpos descritos anteriormente
são construídos de tal maneira que sempre novas estruturas, mais
ricas de sabedoria e de experiências equilibradas, vão se forman-
do e, concomitantemente, “velhas” estruturas vão desaparecendo.
Consequentemente, o Espírito vai se alterando paulatinamente, tan-
to quanto aos conteúdos internos quanto à forma de apresentação.
Enquanto o corpo arcangélico está conectado ao plano superior, o
corpo físico ainda se encontra atrelado à uma dimensão mais res-
trita, mas rica de possibilidades de aprendizagem. Isso significa
que todo ser humano possui um “pé” na espiritualidade maior, uns
mais, outros menos, mas essa é a base da caminhada até os mundos
superiores.
Servem de exemplo para esse tipo de “metamorfose” física e es-
piritual (descarte de corpos físico e etérico, mas não da essência di-
vina, as experiências vivenciais), especialmente no caso dos Filhos
da Terra, aqueles seres que já passaram por estágios evolutivos nos
reinos vegetal e animal e que hoje estão atrelados a corpos do reino
235
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
hominal. Nesse caso, os seres humanos não necessitam mais de
corpos ou revestimentos vegetais, tampouco de animais, pois, ago-
ra, o processo de aprendizagem é outro. Os antigos corpos físicos
e suas contrapartes, de natureza etérica, são dispensados, pois de
nada servem, e um novo corpo se forma, mais adaptado às necessi-
dades atuais, de tal maneira que o Espírito pode lidar com problemas
de maior complexidade.
O Espírito não é a última estrutura espiritual a ser formada, ou-
tras transformações ocorrem ao longo da jornada, que é infinita, e
seres completamente diferentes do que se conhece na Terra surgem
com suas respectivas funções e papéis a serem desempenhados no
universo. Os querubins e os serafins (entidades extraetéricas mais
evoluídas que os Espíritos) se enquadram nessa categoria, pois nor-
malmente se apresentam na forma de irradiação luminosa, o que
indica o completo equilíbrio de suas forças; são, por conseguinte,
pertencentes, no mínimo, ao plano arcangélico e, assim, não neces-
sitam de envoltórios para se comunicar nem interagir no cosmo.
Sistema nervoso vs. sistema circulatório
Na esfera do corpo físico, o sistema nervoso e o sistema circula-
tório sanguíneo podem ser considerados os principais sistemas de
manifestação da vida na matéria. Tudo é viabilizado por intermédio
desses sistemas, que, em seguida, servem de base para o funcio-
namento dos demais sistemas, inclusive de suas contrapartes no
duplo etérico, cujos elementos principais são a corrente mental, ou
pensamento, e o ectoplasma. Esses dois elementos também são os
insumos vitais para o processo da cura mediúnica, bem como da
conduta doutrinária.
Sobre o sistema nervoso, Parker (2011) destaca:
Em alguns aspectos, o encéfalo humano se parece com
um computador, porém, além do processamento lógi-
co, ele é capaz de desenvolvimento complexo, aprendi-
236
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
zado, autoconsciência, emoção e criatividade. A cada
segundo, milhões de sinais químicos e elétricos pas-
sam pelo encéfalo e pela intricada rede de nervos do
corpo. Todavia o tecido nervoso é delicado e necessita
de proteção física e de um abastecimento sanguíneo
confiável. Se lesado, a reparação costuma ser esmera-
damente lenta e a degeneração nervosa é um dos pro-
blemas médicos menos compreendido.
Constantemente cheio de eletricidade, o sistema ner-
voso é a suprema rede de comunicação e coordenação
do corpo. É tão vasto e complexo que, numa tentativa
cautelosa, todos os nervos isolados de um corpo, uni-
dos pelas extremidades, poderiam dar a volta ao mun-
do duas vezes e meia.
As células nervosas – neurônios – são excitáveis.
Quando estimuladas, elas sofrem alterações quími-
cas que produzem minúsculas ondas elétricas viajan-
tes, os impulsos nervosos. Esses passam para outros
neurônios, desencadeando neles respostas similares.
(Parker, 2011, p. 66, 68, 73).
A título de recordação ou de aprendizagem, o sistema nervoso
pode ser classificado de diferentes modos, e uma dessas classifica-
ções consiste na funcionalidade anatômica: sistema nervoso central
(SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso é com-
posto pelos neurônios, além de diversas populações de células de-
nominadas células da glia: astrócitos, células de Schwann, microglia,
ependimárias e oligodendrócitos. Entretanto, a função delas é, em
sua maioria, sustentar e manter os neurônios e facilitar a transmis-
são do impulso nervoso.
Os impulsos nervosos podem ocorrer tanto por neurotransmis-
sores quanto por transmissões puramente elétricas. Por intermédio
dessas células, ocorre o processo de condução das informações, via-
bilizado, na grande parte das vezes, por mediadores químicos, os
neurotransmissores, que agem na região localizada entre um neurô-
nio e outro, ou de um neurônio e uma célula muscular ou glandular.
237
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Esse processo é denominado sinapse, e os impulsos nervosos trans-
mitidos de um neurônio para outro têm como principal função levar
“informações”.
O SNC está no centro da estrutura e do funcionamento do cor-
po. Ele é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal, protegi-
dos pelo crânio e pela coluna vertebral, respectivamente. Do SNC,
ramificam-se 43 pares de nervos: 12 a partir do encéfalo e 31 a partir
da medula espinhal. À medida que se dividem, percorrem caminhos
sinuosos entre órgãos e tecidos e se infiltram em cada minúsculo
recanto e abertura. Eles formam a rede do SNP.
O SNP, também conhecido por sistema nervoso somático, é des-
crito sucintamente no Portal Educação (Divisões..., 2020):
Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso se di-
vide em: Sistema Nervoso Somático [SNS] e Sistema
Nervoso Autônomo [SNA].
O Sistema Nervoso Somático é responsável pela rela-
ção entre o corpo humano e o meio ambiente, sendo
constituído de duas partes:
Aferente (sensitiva) e Eferente (motora). O Sistema
Nervoso Autônomo também é dividido em duas par-
tes: Aferente e Eferente (Autônomo).
O Sistema Nervoso Autônomo Aferente conduz impul-
sos dos viscerorreceptores, por fibras sensitivas que
penetram no SNC e tornam-se ou não conscientes.
O Sistema Nervoso Autônomo Eferente é responsável
pela motricidade visceral e pelo funcionamento ade-
quado de glândulas, resultando na secreção de subs-
tâncias vitais para a manutenção da HOMEOSTASE
[mecanismo de regulação do corpo].
O Sistema Nervoso Autônomo é dividido em SISTEMA
NERVOSO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO.
238
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
O Sistema Nervoso Simpático tem origem desde T1
até L2 ou L3. Sua principal característica é a formação
de gânglios paravertebrais e pré-vertebrais.
Desses gânglios, onde se situam os corpos celulares
dos neurônios, saem às fibras nervosas que inervam as
estruturas viscerais, órgãos e tecidos, regulando o fun-
cionamento respiratório, circulatório, digestivo, meta-
bólico, controlando a pressão arterial, a temperatura
corporal, etc.
O Sistema Nervoso Parassimpático tem origem nos
pares de nervos cranianos III (oculomotor), VII (facial),
IX (glossofaríngeo) e X (vago), além dos segmentos
nervosos de S2, S3 e S4. Os três primeiros pares de
nervos cranianos (III, VII e IX) dirigem suas fibras ner-
vosas para vários segmentos da cabeça, enquanto os
pares nervosos sacrais inervam o cólon descendente, o
reto, a bexiga e os órgãos reprodutores.
O par X de nervos cranianos, o nervo vago, tem por
função integrar o sistema nervoso central aos múscu-
los da faringe, laringe, coração, pulmões e órgãos do
abdômen, fazendo a ponte entre os ramos cranianos e
os ramos sacrais.
Com base nessas informações do Portal da Educação (2020), o
sistema nervoso pode ser dividido de acordo com diferentes critérios
– a anatomia e a funcionalidade, por exemplo. O sistema nervoso
autônomo, por exemplo, é responsável pela manutenção da pressão,
batimentos, motricidade e sensibilidade visceral. Parte desse sistema
se estende do SNC (muitas vezes do tronco encefálico) até os órgãos
que vão ser inervados (já fazendo parte do SNP). Todo o cérebro é
interconectado, não havendo independência plena entre suas partes.
A maioria dos componentes do sistema nervoso autônomo surge no
tronco encefálico e não atingem estruturas superiores, onde existiria
a consciência dos movimentos ou fluxos energéticos.
O sistema nervoso autônomo pode ser dividido quanto à natureza
excitatória ou inibitória: simpático (excitatório) e parassimpático (ini-
239
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
bitório). Apesar dessa nomenclatura, o mesmo estímulo é capaz de
gerar diferentes respostas em diferentes tecidos. O sistema nervoso
simpático é responsável pelas alterações do organismo em situações
de estresse ou emergência. Deixa o indivíduo em alerta, preparado
para reações de luta e fuga. O sistema nervoso parassimpático tem a
função de fazer o organismo retornar ao estado de calma.
Quanto ao sistema nervoso somático, vale destacar que ele atua
na regulação de ações que dependem da vontade, que pode ser con-
trolada. Já o sistema nervoso autônomo ou involuntário regula ações
de maneira integrada com o SNC e controla atividades que não de-
pendem da vontade do indivíduo.
As funções voluntárias, que dependem do processamento men-
tal, ou seja, do controle do indivíduo, estão atreladas a um conjunto
de informações multifacetadas provenientes de todos os sistemas,
órgãos e tecidos do corpo, e com destino ao cérebro. Essas infor-
mações, depois de recepcionadas e processadas de forma incipiente
na região cerebral, mas em consonância com processos do duplo
etérico, onde o processamento se completa, juntamente com as cor-
rentes oriundas do centro espiritual do indivíduo, apresentam, como
consequência, a formação do raciocínio, que, por sua vez, é base
para a manifestação da inteligência.
Esse conjunto de processamentos de informações oriundas dos
ambientes externo e interno, nas regiões cerebral e do duplo etérico,
onde está o interoceptível, mostrado e discutido mais adiante, forma
o raciocínio. Dependendo da complexidade ou do tipo de raciocí-
nio, isto é, se é mais ou menos sofisticado, dá-se a manifestação da
inteligência, um dos principais atributos da mente humana que a
diferencia da dos demais animais, principalmente quanto à diversi-
dade de conteúdos vivenciais, que promovem maior capacidade de
processamento mental.
Informações que chegam continuamente ao sistema nervoso são
convertidas em sensações de imagem, som, sabor, cheiro, tato, en-
240
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tre outras, inclusive de dor ou de alegria, que, juntas, combinadas,
formam o enredo, a ação, o acontecimento, que serve de base para
a geração do raciocínio (processamento cognitivo). O raciocínio, por
sua vez, serve de base para a formação da compreensão, da atitude
ou predisposição do indivíduo de agir (contra ou a favor), da per-
cepção, que, também juntas, constituem a base para a manifestação
do comportamento ou conduta, inclusive a doutrinária. Todas essas
variáveis internas e subjetivas geram comportamentos, que, por sua
vez, produzem impactos ou consequências positivas e negativas de
diferentes alcances, para si e para a sociedade.
O raciocínio está presente não só nas tomadas de decisões, mas
na formação do pensamento (radiações mentais), como nos fluxos
de ideias, nas informações sensoriais, nos símbolos, nas associa-
ções, nas recordações e nos sonhos, e também na formação das ati-
vidades mentais: julgar, resolver problemas e formar conceitos, por
exemplo. Para isso, a mente usa elementos vivenciais, que, tão logo
solicitados, se juntam para servir de base para a formação do racio-
cínio, da memória, da imaginação, da vontade, do sentimento e do
pensamento. As experiências vivenciais em relação a determinado
tema, dependendo de sua quantidade e de sua capacidade de per-
cepção, abstração e comparação, promovem a criatividade e a asso-
ciação de ideias.
Além disso, o raciocínio como um dos principais pilares para a
formação do pensamento, diretamente conectado ao sistema ner-
voso voluntário, comum em diferentes seres da natureza, mas de
acordo com o conteúdo vivencial armazenado em seus escaninhos,
diferencia-se entre as correntes mentais sub-humanas e humanas.
Para André Luiz (2013),
[...] nos reinos inferiores da natureza, a corrente men-
tal6 restringe-se a impulsos de sustentação nos seres
de constituição primária, a começar dos minerais, pre-
ponderando nos vegetais e avançando pelo domínio
6
Ou sub-humana.
241
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
dos animais de formação mais simples, para se evi-
denciar mais complexa nos animais superiores que já
conquistaram bases mais amplas à produção do pen-
samento contínuo.
Em todas as criaturas sub-humanas, os agentes men-
tais7, na forma de impulsos constantes, são, desse
modo, empregados na manutenção de calor e mag-
netismo, radiação e atividade química nos processos
vitais dos circuitos orgânicos, de maneira a sedimen-
tarem, pouco a pouco, os alicerces da inteligência, sa-
lientando-se que nos animais superiores os impulsos
mentais a que aludimos já se responsabilizam por va-
lioso patrimônio de percepções avançadas8.
No homem a corrente mental assume feição mais ele-
vada e complexa9.
No cérebro humano, gabinete da alma erguida a está-
gios mais nobres na senda evolutiva, ela não se expri-
me tão só à maneira de impulso necessário à susten-
tação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e
reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético
incessante, revestido de poder criador inimaginável10.
Nasce das profundezas da mente11, em circunstâncias
por agora inacessíveis ao nosso conhecimento, por-
que, em verdade, a criatura, pensando, cria sobre a
Criação ou pensamento concreto do Criador12. (André
Luiz, 2013, p. 70).
7
Ou ondas eletromagnéticas.
8
Experiências vivenciais armazenadas nos escaninhos do Espírito.
9
Grande volume de experiências vivenciais já adquiridas e armazenadas nos escaninhos do
Espírito, mas, ainda, em quantidades variadas, para mais ou para menos, o que determina
processamento e resposta comportamental diferenciada, além da repercussão, às vezes,
inesperada.
10
O poder do Criador é tudo que se manifesta na natureza.
11
Junção das correntes nervosas, oriundas dos estímulos externos e das correntes psíquicas,
provenientes do interior do Espírito.
12
As revelações aparecem aos poucos, na medida em que surgem as oportunidades de
aprendizagem e de recepção, de interesse de ambas as partes.
242
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Em relação às funções involuntárias, pode-se considerar que es-
tão atreladas exclusivamente à captação de informações locais pro-
venientes de um mesmo conjunto de células, e relacionadas ao mes-
mo conteúdo, e sua reação a elas. São, portanto, funções voltadas à
recepção e ao encaminhamento de estímulos de mesma natureza.
Por não possuírem conteúdos diversificados, essas funções involun-
tárias não são suficientemente capazes de formar um raciocínio. Em
geral, independentemente da vontade do indivíduo, esses impulsos
impregnados com conteúdos específicos funcionam de forma auto-
mática, por meio da rede de nervos periféricos e servem principal-
mente para manter órgãos e sistemas em funcionamento.
Exemplo disso: quando algo destoa no ambiente externo, os im-
pulsos nervosos servem de comando para levar informações do setor
periférico à região cerebral e vice-versa. Uma das dificuldades pode
ser a falta de esclarecimento do que realmente está acontecendo. No
caso de uma sensação de dor ou de um sintoma estranho, pouco
esclarecedor, que apareça inesperadamente e sem nenhum histórico
de ocorrência, o diagnóstico nem sempre é feito de forma direta por
meio, por exemplo, de uma radiografia. Às vezes, é necessário lançar
mão de vários recursos ou estratégias, dadas as informações precá-
rias dos impulsos involuntários.
Independentemente de a função ser voluntária ou involuntária, o
sistema nervoso é viabilizado por intermédio das vias neurais para
receber e enviar informações. Ambas as situações dependem das
chamadas vias aferentes e eferentes, que servem para levar e trazer
informações de modo que todos os sistemas do corpo físico funcio-
nem de forma integrada. Além disso, cabe a esse sistema promover a
articulação entre o Espírito e seu corpo físico, parte responsável pelo
contato com o ambiente físico, onde se desenvolvem os processos
de aprendizagens.
Em uma de suas cartas, Tia Neiva (1981) se refere ao sistema
nervoso:
243
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
O plexo nervoso é um universo perfeito, em miniatura.
É o plexo mais dinâmico de nossas emoções. No fun-
do, é quem governa todos os nossos desejos e é coe-
rente com a vida na Terra: vida, nascimento e morte. É
condensado em células vivas.
Os plexos regulam os movimentos, sem participação
do cérebro, automaticamente, por impulsos vindos
dos plexos correspondentes. Os plexos influenciam o
ritmo da vida psíquica, fazendo, sempre, as suas modi-
ficações quando se deslocam um sobre o outro. E isto
acontece pelo desenvolvimento e pelas consagrações.
O veículo do recebimento desta força armazenada no
centro apropriado – que é o plexo – emite, também,
nos órgãos internos, segundo sua necessidade mo-
mentânea, na concentração das forças centrífuga e
centrípeta. (Zelaya, 1981, Anexo 13).
A concentração de determinadas fibras nervosas (condutores
de informações na forma de impulsos nervosos), em certas regiões
do corpo físico, é determinante para a formação dos plexos nervo-
sos. Nesses locais, existe grande quantidade de energia circulando
e, como consequência dessa concentração energética, surgem aí os
campos de força que favorecem o funcionamento e a manutenção
dos mecanismos e sistemas energéticos do duplo etérico. Por sua
vez, esses campos servem para apoiar e estimular o funcionamento
constante e automático do organismo físico (mais detalhes adiante).
Para manter em atividade esse sistema perceptivo e interativo, é
necessário que o sistema circulatório ou cardiovascular – coração,
vasos sanguíneos e sangue, entre outros – esteja adequadamente
ativo em sua retaguarda. Embora o coração esteja associado a emo-
ções, como amor e ódio, ele é responsável pelo bombeamento cons-
tante do sangue através de tubos elásticos resistentes, as artérias
e veias, que se ramificam em vasos menores (arteríolas, vênulas e
capilares). Por esse sistema circulatório, o sangue transporta grande
quantidade de oxigênio e de nutrientes para todas as células do cor-
po. Transporta também o gás carbônico, para eliminação, e outros
244
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tipos de resíduo provenientes dos vários tipos de processamento in-
tracelular. Essa é uma das adaptações do Espírito para se manifestar
nas condições físicas.
Segundo Parker (2011),
O sistema circulatório é responsável por entregar oxi-
gênio e outros nutrientes praticamente a todas as cé-
lulas do corpo e remover delas dióxido de carbono e
outros produtos de excreção. Essa complexa rede tam-
bém tem em comum com os sistemas nervoso e lin-
fático por estender-se para o interior de cada fenda do
corpo. (Parker, 2011, p. 114).
A circulação do sangue, portanto, permite o transporte não só do
oxigênio, mas também de outros nutrientes, gases e hormônios para
as células de vários órgãos. Além disso, transporta resíduos do me-
tabolismo para serem eliminados do corpo. Relembrando um pouco
mais, na maioria dos vertebrados o sangue é formado principalmente
pelo plasma (parte líquida, que contém diversas substâncias), hemá-
cias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas
(fragmentos celulares produzidos na medula óssea).
O sistema circulatório, atrelado às funções de nutrição e de ma-
nutenção das estruturas que sustentam a vida corpórea, tem no san-
gue o principal elemento ou fluido vital. Sem ele, a vida não se mani-
festaria na dimensão física. Enquanto o sistema nervoso é condutor
de informações, o sistema circulatório é condutor dos elementos nu-
tritivos responsáveis pela manutenção das estruturas físicas.
Desenvolvidos para atuarem em dimensões diferentes, mas de
forma interdependente, esses dois sistemas, juntos, têm na função
integradora a forma mais simples e adequada de construção da vida.
Na medida em que os seres vivos vão se desenvolvendo, evoluindo,
eles vão se tornando cada vez mais demandantes de bons fluidos,
tanto do ponto de vista das boas experiências vivenciais quanto do
ponto de vista dos elementos nutritivos, para viverem em harmonia
e em estado de felicidade.
245
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Corrente mental vs. ectoplasma
Para Mário Sassi (1979),
Todo o trabalho do Vale é com base na técnica de ma-
nipulação de energias. A força que permite controlar as
energias de origens e teores diversos é a mediunidade.
A força mediúnica é alimentada pela energia animal,
produzida no organismo, chamada ectoplasma, fluido
ou magnético animal.
Trata-se de uma energia sutil, que todos os organismos
da Terra produzem, mas que, no ser humano, atinge
teor diferente, quantidade elevada e cuja propriedade
fundamental é a de colocar em contato dois planos vi-
bracionais diferentes, duas dimensões.
É, portanto, o ectoplasma o responsável pelos conta-
tos entre o mundo sensorial e palpável com os outros
planos da vida, normalmente imperceptíveis aos sen-
tidos. Por se tratar de energia produzida à revelia da
vontade, os efeitos que ela produz nos atos humanos
independem da crença, religião ou posicionamento no
meio social. (Sassi, 1979, p.11).
De modo similar ao que ocorre no corpo físico, no duplo etérico
existe um sistema em que a corrente mental ou os impulsos nervo-
sos são recepcionados, processados e acumulados, e também um
sistema circulatório, onde o ectoplasma é produzido. Enquanto a
corrente mental tem por finalidade a comunicação, a transmissão
de informações, o ectoplasma é voltado à nutrição, à manutenção e
ao funcionamento do duplo etérico. O corpo físico pode ser consi-
derado uma “caixa de passagem” dos impulsos nervosos que levam
as informações do meio externo para o interno e vice-versa. Esses
impulsos nervosos dizem respeito às energias inteligentes impreg-
nadas com as experiências vivenciais (cenas do dia a dia) e que são
conduzidas, em altíssima velocidade, aos respectivos locais especia-
246
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
lizados do duplo etérico para serem armazenadas. Outros tipos de
energia, que não são compatíveis com os cinco órgãos do sentido e,
portanto, não percebidas, também são conduzidas e armazenadas
nesses locais.
Pode-se dizer que o corpo físico é um dos principais elementos da
identidade de todo ser vivo. Seu formato serve de base para que seja
reconhecido e diferenciado, é a parte do indivíduo que se expõe e que
interage com o meio. O resultado dessa interação é tudo que é per-
cebido e conduzido ao duplo etérico, ou seja, as experiências viven-
ciais atuais. No duplo etérico, essas experiências são armazenadas,
organizadas, processadas e ativadas na forma de resposta quando
solicitadas pelo meio. Portanto, o duplo etérico não carece de acaba-
mento nem de embelezamento para ser reconhecido. O importante
é o sistema estar bem nutrido, funcionando adequadamente e viabi-
lizando as funções de comunicação relacionadas aos cinco sentidos.
Por isso, o duplo etérico tem a aparência de um conjunto de órgãos
e sistemas interligados.
Integração corpo físico e perispírito
Do ponto de vista das ciências da Terra, no sistema nervoso, como
descrito anteriormente, os neurônios conectores efetuam o proces-
samento, a análise e o armazenamento dos estímulos e informações
inicialmente captados pelos receptores sensitivos. Esses conectores
são também responsáveis por preparar a resposta do organismo em
relação à situação que se apresenta. Aparentemente, tudo se resume
ao que é visível ou identificado por meio de equipamentos eletrôni-
cos, mas, ainda, sem uma explicação mais completa e coerente com
a lógica dos fenômenos espirituais.
Do ponto de vista espiritual, os neurônios encaminham os estí-
mulos impregnados de informações, captadas por receptores sensi-
tivos, ao duplo etérico, onde ocorre o armazenamento das experiên-
cias vivenciais atuais, o processamento, as análises mais superficiais
247
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
e, evidentemente, as respostas condizentes com o grau evolutivo do
indivíduo. Cada estímulo recepcionado – imagem, som, odor, pala-
dar, temperatura e pressão – é conduzido ao cérebro, onde come-
ça o processo de integração para posterior processamento mental,
pois só no duplo etérico é que essa função se conclui. A experiência
vivencial captada precisa, para ser processada no duplo etérico, de
sua contraparte, experiência similar do passado, que está em zonas
mais profundas do Espírito ou do perispírito. Sem essa contraparte,
a recepção da informação pode gerar uma ação, como resposta, com
pouco ou nenhum equilíbrio.
Enquanto no duplo etérico as cenas da vida atual ficam armaze-
nadas, com seus respectivos enredos (estímulos externos e reação
do organismo), nas entranhas do perispírito estão todas as cenas
antigas ocorridas em vidas passadas. Isso não é tão difícil de ser ima-
ginado ou comparado, considerando, por exemplo, o período de des-
canso do corpo físico, no sono. No caso da projeção astral, quando o
Espírito, juntamente com seu perispírito, deixa o corpo físico, e a este
fica ligado pelo cordão fluídico de prata, ele passa a ter experiências
vivenciais na erraticidade, sendo todas essas vivências armazenadas
no perispírito. Ao retornar e acordar, as lembranças dessas vivências
são rapidamente perdidas, aparentemente apagadas da zona cons-
ciencial, física, pois todas as vivências lá ocorridas estão armazena-
das no perispírito, e não no duplo etérico. Consequentemente, as
cenas ocorridas na erraticidade não são transferidas, mas a sensação
decorrente delas pode ficar.
Isso indica que as regiões corporais mais periféricas, de maior
densidade energética, servem também de filtro para impedir ou di-
ficultar a passagem de cenas de vidas passadas armazenadas nas
zonas de menor densidade energética (etéricas). No entanto, esses
filtros não impedem que as forças, derivadas dessas cenas e propul-
soras de ações no mundo físico, passem através dos filtros e pro-
movam impactos no meio. Essas cenas atuais são definitivamente
absorvidas ou incorporadas no perispírito no momento da morte do
248
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
corpo físico. Relatos de Experiências de Quase Morte dão conta que,
ao retornarem à vida corpórea, sem perda das lembranças desse mo-
mento, as pessoas descrevem que todas as cenas vividas passaram
na mente delas como um filme em altíssima velocidade. Trata-se da
transferência de todas as experiências vividas para o perispírito, mais
exatamente ao corpo mental (corpo de processamento das informa-
ções) e que, de agora em diante, servirão de base para sua nova per-
sonalidade no mundo espiritual.
Os filtros corporais, uma das causas do esquecimento quando
do processo de reencarnação, dificultam o acesso às lembranças de
vidas passadas, mas não impedem a influência delas. Determinado
talento artístico manifestado e desenvolvido na reencarnação atual
está atrelado não só às experiências recentes, mas, principalmente,
às experiências arcaicas adquiridas de várias vivências armazenadas
nas camadas mais profundas do Espírito. Quando não existem expe-
riências prévias, antigas, é necessário começar da estaca zero, com
elevada probabilidade de haver mais “erros” do que “acertos”. Do
ponto de vista comportamental, aparecem muitos desafios nesse
contexto, que não deixam de gerar impactos negativos para si e para
os outros. Assim, esses desafios servem de base para o processo de
aprendizagem e de mudança de rumos para o futuro.
Além dos talentos que surgem inesperadamente, aparentemente
do nada, ou de algum tipo de estímulo novo, os traços de persona-
lidade também se formam da mesma maneira. A influência do am-
biente, inclusive das pessoas de grande importância, daquelas que
servem de referência, torna-se uma das principais fontes de forma-
ção e de tomada de decisão. Nada como se preparar sem lembranças
prévias, sem posicionamentos preconcebidos, pois, afinal, as expe-
riências positivas precisam ser acompanhadas das negativas para se
conseguir o equilíbrio comportamental, que só os Espíritos superio-
res já conquistaram.
249
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Mente e corpo estão totalmente associados, prontos para agir de
forma integrada. A função motora que aparece logo após o proces-
samento mental, mesmo que em elevadas velocidades, consiste na
etapa final do sistema nervoso com relação aos impulsos nervosos.
A função motora determina a resposta desse sistema, realizada pelos
neurônios motores.
Percebe-se com essas informações que o estímulo nervoso co-
munica e viabiliza a interação entre o Espírito e o meio (conduta),
e o sangue nutre e está associado à cura (saúde). A junção desses
dois sistemas, nervoso e circulatório, resulta numa vida mais inteli-
gente no contexto da matéria bruta. O sangue é um fluido vital tão
importante para a vida na dimensão física quanto o ectoplasma, sua
contraparte, no duplo etérico, o é para os Espíritos desencarnados.
Essa importância se reflete na formação dos bancos de sangue e das
casas espíritas e espiritualistas especializadas em salvar vidas, seja
na crosta terrestre, seja no plano etérico.
Estrutura espiritual segundo Tia Neiva
A conduta doutrinária, preocupação constante de Tia Neiva, como
qualquer tipo de comportamento humano, está sob a influência con-
tínua das experiências vivenciais adquiridas, acumuladas e distribuí-
das em corpos de diferentes dimensões, as quais dependem do tipo
de energia a que estão associadas. Sobre essas experiências internas,
de modo geral, também existe a influência, nem sempre contínua, de
Espíritos benfeitores e de cobradores ou obsessores sobre a conduta
dos reencarnados.
Do ponto de vista das variáveis internas, pode-se dizer que as
experiências vivenciais são acomodadas em uma estrutura ou orga-
nização de acordo com o grau evolutivo do ser. Por ser uma área
bastante subjetiva, que escapa aos sentidos humanos, muitos au-
tores tentam desvendar esses mistérios da vida com o uso de suas
250
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mediunidades. Zelaya[198?], citado por Cunha (2011), relata que o
homem possui a seguinte estrutura espiritual:
Nós sabemos que o homem é composto de corpo,
alma e espírito. O corpo e a alma são instrumentos do
Espírito. Na verdade, nós separamos todos, pois há
uma independência muito grande de cada um. O corpo
é uma projeção do Espírito, uma vez que é o Espírito
que fabrica seu corpo, de acordo com o tipo de carma
por ele planejado.
Da mesma forma, a alma é projetada segundo o
Espírito. O trabalho evolutivo do Espírito é feito atra-
vés do corpo e da alma. Assim, nós colocamos nos-
so corpo e nossa alma a serviço do Espírito, através
de nossas heranças. Assim, quando fazemos nossas
emissões, estamos nos reportando a todas as vivên-
cias do nosso Espírito, porque ele não pertence a este
plano, mas, sim, às nossas origens. (Cunha, 2011).
Nessa mensagem, Tia Neiva sinaliza para o fato de o corpo físico
ser projetado, planejado, no plano etérico, e com base nas necessida-
des do Espírito, o que implica considerar que a lei de causa e efeito,
em prol da evolução, é uma das bases para a redução das lacunas
de aprendizagem. Isso também reforça a existência das vivências do
Espírito. Se as vivências passadas fazem parte do Espírito, base para
a manifestação dos comportamentos, das condutas desempenha-
das, pressupõe-se então a existência de um mecanismo de memória
para que o homem sempre utilize no dia a dia os conhecimentos
adquiridos ao longo da vida em proveito próprio e de outros. Além
disso, a memória, ao mesmo tempo que leva a situações que dificul-
tam o bom entendimento interpessoal, leva ao surgimento de situa-
ções que facilitam a reparação ou a ajuda ao próximo, especialmente
quando as condutas envolvidas são de elevado alcance, quando ex-
trapolam o ciclo de uma vida ou de uma encarnação.
251
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Para Mário Sassi (1974a),
O corpo é formado pelo sistema de “memória física”,
ou seja, a herança atávica transmitida pelos “gens”,
partículas submicroscópicas da intimidade celular.
A psique, ou alma, é gerada pela convergência da me-
mória física e do aprendizado recebido do meio am-
biente. Ambos se originam de outros indivíduos, ou-
tras personalidades.
Além das atividades psicofísicas, o indivíduo apresenta
outro tipo de manifestação, cujas origens não são do
corpo ou da psique. Essas pertencem a outra ordem de
“memórias”, a que chamamos “Espírito”.
Portanto, o homem é levado à ação mediante três
tipos distintos de estímulos: o físico, o psíquico e o
espiritual.
A memória física, impropriamente chamado “instin-
to”, é regida, na sua reação, pelo condicionamento do
mundo físico, do meio ambiente.
A memória psicológica, ou da” psique”, interage por
processos seletivos, que proporcionam a ação cons-
ciente, a cada momento. A percepção consciente dos
sentidos se faz paralelamente à percepção inconscien-
te, ou subliminar. O processo seletivo escolhe ima-
gens, formando as ideias e estas associadas formam
o pensamento.
A memória espiritual existe e funciona num plano adi-
mensional, num organismo paralelo ao conjunto psi-
cofísico que denominamos “Espírito”. A herança do
Espírito transcende o tempo pois representa o acervo
de muitas vidas. (Sassi, 1974a, p. 3 e 4).
A memória, nesse caso, refere-se às lembranças de alguma expe-
riência vivida e guardada em local interno de acesso restrito. Merece
252
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
destaque no texto acima a importância do processo seletivo em rela-
ção ao conteúdo acessado, que depende do estímulo externo. Como
resultado do mecanismo de memória, surge a lembrança, que é em-
pregada principalmente na orientação de condutas mais especiali-
zadas, daquelas por exemplo, que dependem de comparações entre
uma situação atual e outra ocorrida no passado recente.
Na presença de estímulos externos, pode ocorrer a associação en-
tre uma situação que está em curso e algum fato do passado recente
de fácil acesso (memória psíquica). Mesmo assim, pode não ocorrer
o fenômeno da lembrança. No entanto, a situação em curso pode
receber um reforço energético do passado arcaico de difícil acesso às
lembranças (memória espiritual), e o organismo físico reagir positiva
ou negativamente. Se a situação em curso não encontra respaldo no
passado atual, nem recebe reforço do passado arcaico, a reação mais
provável do organismo é a indiferença.
O que garante o processo de aprendizagem diferenciado entre os
seres vivos é a diversidade de experiências vivenciais equilibradas e
armazenadas no centro espiritual e o tipo de revestimento físico, que
necessariamente é compatível com o conteúdo vivencial já conquis-
tado. Cada animal avança em direção ao processo de aprendizagem
de acordo com sua espécie, e com os seres humanos não é diferente.
O potencial do passado arcaico não é oriundo de lembranças, mas
de radiações eletromagnéticas, facilmente recepcionadas na medida
em que os estímulos externos alcançam as fontes de experiências vi-
venciais armazenadas no centro espiritual. Nesse caso, as respostas
aos estímulos externos oriundos dessa zona espiritual são incons-
cientes, mas, quando em contato com os arquivos mais recentes,
geralmente tornam-se conscientes (área de processamento mental).
Uma vez recepcionadas, as radiações derivadas das fontes de ar-
quivos antigos servem de agentes catalizadores ou ativadores das
experiências vivenciais atuais – encontro das energias inteligentes,
uma de natureza mais consciente, na forma de fonte, e outra incons-
ciente, na forma de radiações eletromagnéticas, mas ambas dizem
respeito ao mesmo (ou semelhante) objeto vivencial.
253
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Tia Neiva (1984) explica:
Meu filho, como Espíritos reencarnados, somos corpo
físico, alma e perispírito.
O plexo físico, também denominado plexo nervoso ou
plexo vital, é um universo em miniatura, condensado
em células vivas. É o plexo mais dinâmico das nossas
emoções, que governa os nossos desejos, é o mais coe-
rente com a vida na Terra: nascimento, vida e morte.
[...] a alma [...] se revela pelos nossos pensamentos, é
quem recebe e emite as vibrações. É a alma a sede dos
sentimentos, este Eu, o núcleo central das decisões. É
na alma onde vive a minha individualidade transcen-
dental, a emitir a minha personalidade transitória...
[...] o perispírito é o mais importante, o mais podero-
so, não é tocado pelos nossos desejos, está sempre
presente e não se inflama. É o mais significativo em
razão de suas células. É o perispírito que emite a alma.
É independente dela, se movimenta, atrai, comunica.
É o perispírito que retém, guarda e conserva a modali-
dade adquirida durante a nossa vida na Terra. O peris-
pírito é a sede da evolução, ou seja, no perispírito fica o
registro da evolução do Espírito.
[...] não devemos nos esquecer que os três estão em
um, pegando como exemplo o átomo [...]
Quando o Espírito desencarna, fica o plexo físico, e vão
o microplexo e o macroplexo, que vão se apurando...
apurando, até que o Espírito se torna divino e conquista
o terceiro plexo: Pai, Filho e Espírito Santo - Santíssima
Trindade ou Chave do Verbo Divino.
[...] analisemos, agora, com mais profundidade o plexo
físico, o microplexo e o macroplexo como se fossem
três formas de vidas diferentes e separadas. Porém,
não devemos nos esquecer que os três estão em um,
pegando como exemplo o átomo, que é formado pelo
254
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ânion, cátion e neutrom. Quando atinjo um objeto, não
atingi o ânion ou cátion ou o neutrom, separadamente,
mas, sim, o átomo. Impossível separá-lo. O ectolítero
fica entre os três plexos. É o sol interior que emite para
os plexos - corpo físico (plexo físico), alma (microplexo)
e perispírito (macroplexo). (Zelaya, 1984, Anexo 10).
Na concepção de Tia Neiva, mesmo que de forma simplificada, o
homem é constituído por três corpos: o corpo físico, na condição de
plexo; a alma, ou psique, ou corpo psicológico, na condição de mi-
croplexo; e o perispírito, ou corpo astral, na condição de macroplexo.
A princípio, os aspectos do corpo físico e da alma, juntos, formam a
personalidade atual do reencarnado e, no conjunto, os aspectos do
corpo físico, da alma e do perispírito constituem a estrutura geral do
Espírito. Isso significa que, juntos, os três formam uma só estrutura;
do contrário, não existiria a manifestação do Espírito na dimensão
física (Figura 1).
Enquanto a alma é considerada a sede dos sentimentos, de ma-
nifestação das condutas, o perispírito é a sede de todas as persona-
lidades adquiridas ao longo das diversas reencarnações: “É o peris-
pírito que retém, guarda e conserva a modalidade adquirida durante
a nossa vida na Terra. O perispírito é a sede da evolução, ou seja, no
perispírito fica o registro da evolução do Espírito”.
Com o término do corpo físico, a alma, com seu conteúdo viven-
cial, é recolhida ou transferida automaticamente para o contexto do
perispírito, e o Espírito se restringe a uma única estrutura visível no
plano espiritual, o perispírito (envoltório do Espírito), que também é
denominado de corpo astral, corpo espiritual ou psicossoma (corpo
da alma). Nesse caso, a manifestação do Espírito se faz por inter-
médio da personalidade construída durante a última reencarnação,
que continua atrelada ou associada às demais. Estas últimas servem
de suporte para as tomadas de decisões do Espírito na erraticidade
(plano espiritual), mesmo que não sejam passíveis de nenhum tipo
de lembrança.
255
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Para Tia Neiva (1984),

Ilustração: Laylson Coimbra

Quando o Espírito desencarna, fica o plexo físico, e vão
o microplexo e o macroplexo, que vão se apurando...
apurando, até que o Espírito se torna divino e conquista
o terceiro plexo: Pai, Filho e Espírito Santo - Santíssima
Trindade ou Chave do Verbo Divino. Falamos aqui
no Espírito fora da matéria, em sua vida além-física.
(Zelaya, 1984, Anexo 10).

Apesar de o microplexo, aqui denominado duplo etérico – exten-

são energética do corpo físico –, servir de apoio ao raciocínio, à inter-
pretação finalística dos estímulos internos e externos que circulam
nos escaninhos da alma e do espírito, suas reações inteligentes ocor-
rem graças ao poder do perispírito e seus demais contrapartes a que
está conectado.

Durante a reencarnação, o Espírito, acrescido de uma “casca”

(corpo físico, duplo etérico e aura), transforma-se em um indivíduo,
o Espírito reencarnado. O duplo etérico ganha automaticamente o
potencial de manifestação máxima da inteligência adquirida ao lon-
go dos evos, graças à conexão com o perispírito. No entanto, a in-
teligência manifestada na periferia ainda carece de novos conheci-
mentos, por causa das lacunas de aprendizagem selecionadas para
serem minimizadas ou eliminadas durante a reencarnação. Afinal,
o aperfeiçoamento do Espírito é constante e eterno. Então, o duplo
etérico se torna o principal responsável pela manifestação da condu-
ta doutrinária e dos demais comportamentos apresentados na vida
profana, mesmo que de forma precária.

As energias impregnadas com informações que vem do centro

espiritual e que chegam ao duplo etérico, geralmente em resposta
aos estímulos externos, são a base da inteligência. Normalmente,
o processamento das informações ocorre em altíssima velocidade,
Figura 1. Concepção simplificada da estrutura do Espírito: corpo, alma e em três etapas: a recepção do estímulo externo; a interpretação, en-
perispírito.
volvendo a camada periférica do psiquismo – parte mais consciente,
organizada desde o corpo físico até o duplo etérico –, em conjunto

256 257
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
com as camadas mais internas do Espírito, a parte inconsciente e de
difícil acesso às experiências vivenciais acumuladas; e a etapa de jul-
gamento, relacionada ao posicionamento e à apresentação da reação
energética, que geralmente se faz por intermédio do pensamento e
de ações explícitas.
Para Tia Neiva (1984),
Há um desagregar de forças, cuja força pode ser boa
ou não, dependendo do pensamento [da intenção com-
portamental], dependendo da conduta doutrinária [da
ação desempenhada].
O homem pode fazer o que quiser (eis o perigo) na for-
ça absoluta, que cura e que também pode prejudicar.
Todo o trabalho do homem parte de sua mediunidade
e surge do seu sol interior. Consciente ou inconsciente,
parte do seu sol interior. Todos nós temos um sol inte-
rior. (Zelaya, 1984, Anexo 10).
Quando da recepção dos estímulos externos, estes encontram
os conteúdos internos de mesma natureza para, então, chegarem
ao duplo etérico, ou seja, para formarem o raciocínio em relação à
situação a ser solucionada. Isso se dá pela força de atração entre os
conteúdos similares, pois a tendência é os iguais se juntarem para
ter mais consistência e responderem de forma mais contundente.
E os diferentes que não encontraram seus pares normalmente se
apresentam com baixo nível de resolução, provavelmente de forma
menos completa em termos de conteúdo e, consequentemente, de
forma menos inteligente. Por isso, os estímulos se somam, o que
quer dizer que é mais fácil o indivíduo buscar dentro de si aquilo que
mais tem, em termos de conteúdo armazenado, do que aquilo que
ainda adquiriu pouco ou não adquiriu.
Quanto mais uma experiência vivencial, armazenada no interior
do Espírito, estiver distante do estímulo externo, ou seja, quanto
mais tiver ocorrido em passado distante, mais difícil é o acesso às
258
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
cenas recheadas de enredos, situações, pessoas e espíritos que for-
maram o referido estímulo. A cena pertencente ao meio, com sua
força energética, é o que entra como impulso externo e é incorporada
ao organismo, mas só a sua radiação é o que sai como resposta, ou
impulso interno, quando a cena é excitada, ativada. Nesse caso, o
mecanismo de memória do organismo físico não facilita o acesso à
cena, à lembrança, pois sua capacidade é compatível com um dos
principais objetivos da reencarnação, o esquecimento temporário.
Numa comparação, pode-se dizer que, por causa da distância entre
o Sol e a Terra e, também, em razão das limitações dos corpos físi-
cos, ninguém sabe exatamente, “a olho nu”, o que é o Sol (a fonte)
nem sua superfície quanto às suas camadas internas, mas todos os
seres na Terra têm acesso aos seus raios de luz e calor (a radiação).
Assim como para obter informações detalhadas do Sol é neces-
sário o uso de equipamentos especializados, no estudo das zonas
internas do Espírito é necessário o uso de procedimentos introspec-
tivos, como a regressão de memória. Do contrário, como sempre
acontece, o indivíduo sente apenas a força de atração ou de repul-
são, uma espécie de radiação mental emanada das profundezas do
Espírito, mas não compreende conscientemente a que essas forças
se referem.
O excesso ou a escassez dessas forças envolvidas em qualquer
tipo de conduta depende de novas experiências vivenciais, por meio
de algum tipo de tratamento, como o da terapia espiritual, para que
estas sejam equilibradas e apropriadas aos fins a que se destinam.
Santos (1990) denomina essas experiências vivenciais, na condição
de menor unidade de manifestação da vida, de núcleo em potencia-
ção, que equivale a um conjunto de câmaras de retenção de experiên-
cias vivenciais de mesmo padrão vibracional – mais detalhes adiante.
Portanto, o núcleo em potenciação pode também ser considerado
uma unidade de análise para explicar diversos fenômenos da vida,
como a tomada de decisão.
259
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
A interpretação dos conteúdos processados e que servem para a
elaboração da resposta, da reação do organismo, mais exatamente
do julgamento ou do posicionamento a ser tomado, é acompanha-
da da força e do sentido da ação a ser desempenhada. Se os con-
teúdos armazenados são suficientemente completos, equilibrados e
capazes de apresentar respostas satisfatórias e de elevado nível de
interação, então a reação tende a ser num tom mais conciliatório e
de natureza solucionável. Do contrário, no caso de conteúdos incom-
pletos ou concentrados em determinados temas da vida, o tom da
resposta tende a ser de natureza conflituosa. O julgamento é a base
para a tomada decisão, para a ação (comportamento ou conduta).
A qualidade do julgamento, por isso, depende da interpretação dos
conteúdos, que, por sua vez, depende das experiências vivenciais
armazenadas.
Como já era de se esperar, no duplo etérico nem sempre existem
conteúdos vivenciais suficientes para responder a todo estímulo ex-
terno, pois esses conteúdos dizem respeito só às experiências da
atual reencarnação. É necessário que os arquivos com os conteúdos
vivenciais armazenados no Espírito (perispírito), aqueles com con-
dições de dar maior suporte, qualidade à reação a esses estímulos,
e que estão disponíveis ao indivíduo, sejam disponibilizados para
participar do processamento (conjunto de todas as personalidades
desenvolvidas ao longo das reencarnações e aperfeiçoadas no etéri-
co). Nesse momento, o conteúdo arcaico que alcança o duplo etérico
se apresenta com força e sentido capazes de produzir determinada
ação. Tão logo a interação ocorra com o meio, tudo que foi vivencia-
do retorna ao interior e segue o mesmo procedimento de armaze-
namento, passando a se somar ao conjunto que lá já se encontra.
Dessa forma, as experiências mais recentes passam a servir de base
para as novas respostas demandadas do ambiente externo. Essa des-
crição mostra a razão de o duplo etérico ter sido modelado, ou seja,
constituído praticamente de órgãos e sistemas para atender a este
fim: armazenamento e processamento das experiências vivenciais
atuais.
260
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Componentes da estrutura espiritual
Em diversas informações deixadas por Tia Neiva em seu acervo,
bem como por outros estudiosos da doutrina, a conduta doutrinária
é comentada e explicada de forma discreta e en passant e, também,
por variáveis pouco conhecidas no meio acadêmico. Silva (2006) cita
uma variável ou energia espiritual que influencia a conduta huma-
na e que pode ser observada por médiuns com o dom da vidência
quando do desencarne de uma pessoa, o charme. O termo charme,
trazido por Tia Neiva (anexo 10), é comentado por José Carlos do
Nascimento Silva (2006) da seguinte forma:
Logo, começa a baixar lentamente, sugando o magnéti-
co animal do corpo, carregando-se com todas as ener-
gias de tudo que realizou naquela encarnação. A ener-
gia que havia servido como “solda” fica no cadáver,
passando a se chamar charme. (Silva, 2006, p. 151).
Pode-se deduzir de “carregando-se com todas as energias de tudo
que realizou naquela encarnação” uma energia mais sutil e especiali-
zada, por estar impregnada das experiências vivenciais adquiridas ao
longo da jornada. Uma vez ocorrido o processo de desencarne, essa
energia é sugada do magnético animal, deixando no cadáver uma
outra energia menos sutil, denominada charme.
Essa energia mais sutil que é sugada pelo recém-desencarnado
diz respeito à energia inteligente, de natureza extracósmica, uma es-
pécie de dupla energia e apropriada à fixação de todas as experiên-
cias vivenciais da jornada terrestre, e o fluido destituído das referidas
experiências fica no cadáver (uma espécie de resíduo com proprieda-
des mais relacionadas ao mundo físico).
No que diz respeito à dupla energia (Zelaya, 197?a), Tia Neiva,
em uma de suas aulas, a definiu como sendo o poder de desmate-
rialização, de materialização e de fixação de conteúdos, inclusive de
conteúdos relacionados ao atendimento nos trabalhos mediúnicos.
261
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Por conseguinte, a dupla energia é aquela que possui a capacidade
de atuar em dois planos simultaneamente, produzindo efeitos no
plano físico e no plano etérico.
Nessa mesma aula, transcrita e postada no blog Mensagens de
Luz, Tia Neiva define outros tipos de energia: a nativa (energia bási-
ca ou vital que todo ser humano produz e usa no dia a dia, também
denominada magnético animal ou ectoplasma); a etérica (energia
magnética manipulada nos trabalhos mediúnicos juntamente com
a força vital do médium); a extraetérica (energia que vem dos cam-
pos magnéticos do astral, vem do prana na força cósmica e é proje-
tada nos trabalhos mediúnicos pelas entidades); e a extracósmica
(energia primitiva, de base, totalmente voltada à transformação ou
mutação e que serve de formação das demais energias do universo,
também conhecida na Doutrina Espírita por fluido cósmico univer-
sal – complementação de Veberdes). De acordo com Zelaya (1977a),
corroborando essa explicação, a energia extracósmica é a energia
que nos cria, nos evolui nos pontos vitais erofísicos. Erofísico é toda
energia impregnada do corpo físico.
Entre os conceitos relacionados à estrutura do Espírito, o charme
é considerado um importante componente. Segue outros relatos a
seu respeito deixados por Tia Neiva (1984):
O Espírito entra no corpo e é invisível no plano físi-
co, porque não tem charme. Não tem charme antes do
contato com a carne.
O charme é um átomo... uma energia que se refaz na
terra, da vibração da terra, do aroma das matas, das
águas... O charme é uma energia.
O plexo físico é que traz a vibração... forma o charme e,
inclusive, liga o Espírito ao feto.
O plexo físico é formado por energias do próprio pla-
neta Terra. Por exemplo: o aroma das matas frondosas,
262
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
das cachoeiras... é o charme que se refaz das têmpe-
ras das pedras, do lodo, das campinas, dos mares...
(Zelaya, 1984, Anexo 12).
Em outra carta, ela acrescenta:
Meu filho Jaguar, o charme é a presença divina na Terra.
O charme não volta, ou seja, as energias que compõem
a sua formação, não têm retorno ao seu ponto de par-
tida ou à sua origem.
O charme protege o homem demais, é a força que sus-
tenta o corpo, se espalha no corpo físico (é subcutâ-
neo), logo depois da primeira pele. Quando desencar-
namos, sai do corpo físico, igual a uma fumacinha, em
forma espiral e fica próxima do mortinho. Após o seu
enterro fica ali pelo cemitério.
Quando conseguimos subir sem dívidas, quando ma-
nipulamos todo este charme, ele é, então, levado pelos
mentores para a cura daqueles que mais necessitam.
Quando eu desembarcar, alguém, passando por onde
eu passei, poderá receber a cura, uma graça. Nos pla-
nos espirituais dirão: É compreensível, ela passou por
ali e manipulou todo o seu charme.
O corpo físico é ornamentado pela herança transcen-
dental, o mesmo que charme. Quando fazemos as con-
sagrações estamos justamente buscando as nossas he-
ranças. (Zelaya, 1984, Anexo 10).
Infere-se que o charme é a energia que fica retida na carne de-
pois do desencarne, uma espécie de resíduo que não é passível de
ser transferido para o perispírito. No entanto, o charme faz parte
de um sistema que é composto pela energia inteligente, dotada das
experiências vivenciais absorvidas ao longo da jornada terrestre e
que é transferida para o perispírito, onde vai servir de base para a
manifestação da personalidade a ser assumida pelo Espírito na er-
263
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

raticidade. Tia Neiva não se refere diretamente a esse fenômeno da
energia inteligente, mas relata que o corpo físico é ornamentado pela
herança transcendental (experiências oriundas de vidas passadas
que influenciam as condutas da atual reencarnação), que, para ela, é
o mesmo que o charme.
Outras informações complementares trazidas por Tia Neiva são
apresentadas e discutidas por Silva (2006): o charme, conhecido tam-
bém como fagulha ou centelha divina na Doutrina do Amanhecer,
O ectoplasma é uma energia fluídica, de corpos fluí-
dicos que podem materializar e só [se] ilumina pelas
seguintes formas: “concentração e um ritual qualquer
do condutor”. (Zelaya, 1980, Anexo 11).
Tia Neiva disponibilizou um esquema (Figura 2) que mostra com-
ponentes do microplexo.

Tratamento da ilustração: Wellington Cavalcanti

é a herança transcendental enquanto componente do sistema que
Interoceptivo
abriga a energia inteligente. É responsável também pela aderência
do Espírito ao corpo.

A fagulha divina, a centelha extraetérica que liga o Espírito ao feto,

no 3º mês de gestação, começa a ser desprendida 24 horas antes
da morte clínica ou física. Os médicos do espaço, que fazem a liga-
Fluxo do ectolítrio
ção, trabalham na liberação. Livre, o Espírito se projeta pelo chakra
laríngeo e se coloca em posição invertida ao corpo, isto é, com sua
cabeça sobre os pés do corpo, acima deste. Então, desce lentamente
e suga o magnético animal do corpo, carregando-se com todas as
energias de tudo que realizou naquela encarnação. 7 raios do sol interior

A energia que havia servido como “solda” fica no cadáver e passa Plexo solar
a se chamar charme. Ectolítrio

Além dessa energia, Tia Neiva (1980) destaca outros componen- Umbigo
Ectolítero

tes do microplexo responsáveis por diversas funções, tanto do ponto O ecotolítrio e o ectolítero
de vista da comunicação quanto da nutrição: juntos provocam a
contração das células e
pela ectopia ou emissão
[...] a força vital ou biogênica, que se desdobra ao assu- dispõem do ectoplasma
mir sua atividade na motricidade da sensitividade, cuja
força cria no reino vegetal, fortalecendo o reino animal, Figura 2. Sistema energético do microplexo responsável pelo processamen-
que também manipula o ectolítero para ectolítrio, que to mental e pelo padrão vibratório do ser humano.
é uma energia que, depois de manipulada, se faz des- Nota: interoceptível = interoceptivo.
prender do plexo e se faz ectoplasma. Fonte: Zelaya (1980, Anexo 11).

264 265
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
De acordo relatos da Clarividente, complementados com informa-
ções da literatura espiritualista e do orientador espiritual desta obra,
a estrutura do Espírito reencarnado (a espinha dorsal do Espírito) é
composta dos seguintes elementos:
1. Interoceptível – estrutura etérica, sede da mente, um dos nú-
cleos de recepção e processamento dos estímulos externos
(nervosos) e internos (espirituais) e de armazenamento das
experiências vivenciais atuais. Destacam-se nessa estrutura
dois chakras localizados no duplo etérico, mais exatamente
nas laterais do crânio, responsáveis pelo controle das forças
mentais. Esses dois chakras se diferenciam dos chakras bási-
cos, do coronário, localizado acima da cabeça, e do frontal, ao
nível do lobo frontal –, pois são voltados ao processamento
e distribuição geral das energias mais sutis para todo o cor-
po físico, como a do prana. Acrescentam-se também outros
componentes do interoceptível com funções condizentes com
a formação do raciocínio, base para a manifestação da inteli-
gência. Pode-se dizer que o interoceptível é o centro de gera-
ção da comunicação entre os ambientes interno e externo do
reencarnado.
Para José Carlos do Nascimento Silva (2006),
O interoceptível é o fator ou ponto de equilíbrio do ser
humano, oriundo do processamento mental.
A energia chega aos dois chakras superiores, o da vida
e o da morte, situados em nossas têmporas direita e
esquerda, respectivamente, e é dosada pelo interocep-
tível, que liga esses dois chakras aos demais e aos cen-
tros nervosos, sendo mesclada à corrente mediúnica.
Pela má conduta e pelos maus pensamentos, a força
de equilíbrio do interoceptível se desfaz, levando aque-
le Espírito a se transformar em um eficiente instrumen-
to das trevas pela discórdia e desarmonia que gera ao
seu redor.
266
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Segundo Tia Neiva (mais detalhes no Anexo 2), citado
por Silva (2006), o interoceptível pode ser comparado a
uma balança (e nossa cabeça é o fiel dessa balança); se
pesar só terra, ela entra em desequilíbrio. (Silva, 2006,
p. 247).
A respeito da mente, Mário Sassi (1999c) esclarece:
A mente é o centro de controle, o painel onde as comu-
nicações são recebidas, computadas e emitidas. O sol
interior trabalha na base do plexo inconsciente [recep-
ção e transmissão dos impulsos espirituais]; a mente ope-
ra na base da consciência. O sol interior é estrutural
enquanto a mente é funcional.
[...] A alimentação da mente vem sob a forma de impul-
sos e projeções, em ondas cujos padrões vibratórios
indicam sua origem.
Uma vez recebidas, essas mensagens são assimiladas
conforme nossa capacidade. Essa capacidade é relati-
va às nossas heranças registradas no centro coronário
[experiências vivenciais encaminhadas do centro espiritual
ao sol interior]. Em termos de assimilação e emissão,
a energia mental é um fenômeno vivo de improvisa-
ção [manifestação espontânea oriunda das conquistas do
Espírito]. É ela que altera e recompõe todas as energias
do ser humano [força do conteúdo vivencial], modifican-
do a cada momento o nosso estado. (Sassi, 1999c, p.
13, 14, 15).
Os impulsos nervosos, vindos do ambiente externo ou do pró-
prio corpo físico, impregnados com informações das células recep-
toras dos cinco sentidos (cenas observadas e sentidas), ao pene-
trarem nos portais da dimensão etérica (duplo etérico), alcançam
uma região onde ocorre o fenômeno do interoceptível, ou seja, o
fenômeno da integração das energias sensoriais. As estruturas que aí
se encontram, especialmente as câmaras de retenção das experiên-
cias vivenciais, servem de base para abrigar as energias inteligentes,
que, por sua vez, servem para a formação da personalidade atual,
principalmente quanto aos traços centrais – inteligência, aptidões,
267
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
temperamento e até a constituição física. Para isso, essas câmaras
de retenção abrigam em seu interior minúsculos discos ou micro-
chakras aglutinadores das experiências do dia a dia, que ficam conti-
nuamente à disposição para o atendimento das demandas externas.
No momento do desencarne, esses microchakras, com todas as
experiências arquivadas, são recolhidos ou encaminhados ao peris-
pírito, ficando apenas a estrutura das câmaras de retenção atada ao
corpo físico. A partir desse momento, essas câmaras, vazias do con-
teúdo vivencial, a essência divina, transformam-se em resíduos de-
nominados charme. Como explicado neste capítulo, esse fenômeno
de transferência das vivências atuais para o perispírito no momento
da morte é para o desencarnante uma espécie de filme. O desencar-
nante vê passar pela sua tela mental, em alta velocidade, todas as ce-
nas ocorridas na Terra, para, em seguida, se desligar definitivamente
do corpo físico.
Pelo fato de o interoceptível interagir com o ambiente externo, via
impulsos nervosos, os arquivos armazenados mais superficialmen-
te, quando solicitados, se manifestam de forma mais consciente e,
na medida em que vão se avolumando e ocupando a retaguarda do
sistema de organização mental, vão sendo utilizados de forma in-
consciente, uma espécie de potencial para o reencarnado se posicio-
nar e agir. Esse esquema de ativação pode ser considerado também
um filtro, ou uma seleção natural, para deixar as informações fluírem
de maneira mais clara, objetiva e com força suficiente para a ma-
nifestação do comportamento. Além disso, garante que o processo
de interação ou de comunicação ocorra sem perdas da capacidade
mental para responder a qualquer estímulo que seja identificado por
algum dos receptores sensitivos – olhos, ouvidos, nariz, pele e célu-
las gustativas.
Entre as câmaras de retenção, localizadas nas laterais do duplo
etérico, mais exatamente na altura do crânio, encontra-se outra es-
trutura do interoceptível, a tela de projeção mental, localizada na
região frontal do duplo etérico. Trata-se de uma espécie de interfa-
268
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ce de comunicação, mas de acesso restrito e pessoal, que serve de
convergência e de manifestação das energias sensitivas que ali cir-
culam, especialmente das energias responsáveis pelas imagens de
cenas gravadas na reencarnação atual. Em razão de a tela ampliar
a capacidade de percepção, tendo em vista as energias inteligentes
que ali chegam com as experiências atuais, passadas e, consequen-
temente, com as projeções futuras, ela é denominada também de
terceiro olho ou terceira visão intuitiva. Essas câmaras de retenção,
na condição de verdadeiro mecanismo de memória, são diretamen-
te conectadas ao sistema límbico do cérebro e possuem a função
de abastecer a tela mental com informações de diversas naturezas:
garantir o estado de consciência, mostrar o resultado do raciocínio
oriundo do processamento mental, das emoções (energias impreg-
nadas de vivências acumuladas) e, por fim, estimular a manifestação
de comportamentos ou condutas, como a doutrinária.
Esse fenômeno energético se manifesta na tela mental na medida
em que os estímulos externos são encaminhados pelo sistema ner-
voso (cenas atuais conscientes) ou que os estímulos internos são
encaminhados pelas correntes espirituais vindas do centro espiri-
tual (cenas antigas inconscientes), por intermédio das três esferas
retificadoras dos estímulos espirituais que compõem o sol interior.
Nesse caso, a corrente nervosa (experiência atual consciente) e a es-
piritual (experiência passada inconsciente) se encontram e se trans-
formam num único tipo de corrente energética (energia inteligente).
Então, manifesta-se na forma de pensamento, que é acompanhado
por cenas ou vivências de natureza lógica ou figurada (simbólica).
Geralmente, essa corrente energética processada nessas esferas se
apresenta na forma de imagens e acompanhadas de falas próprias,
silenciosas (opiniões ou interpretações subjetivas). Como resulta-
do da circulação da energia inteligente, baseada nos cinco tipos de
energia sensitiva – estímulos-respostas –, surgem diversos tipos de
fenômeno, conhecidos por sonho (sono), imaginação (pensamento
livre), lembrança (foco no passado), vigília (pensamento centrado na
realidade, no aqui e agora) e mediunidade (comunicação extrafísica,
consciente ou inconsciente).
269
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
Do ponto de vista positivo, fenômenos como os sonhos, as imagi-
nações ou reflexões (uma espécie de ruminação mental) e os estimu-
ladores de esperança servem como agentes promotores do processa-
mento, da organização e da acomodação das experiências vivenciais
ocorridas durante os momentos de vigília, em que os sensores ou
receptores físicos estão em plena atividade e em total estado de
consciência. Esses momentos de reflexão, de revisão dos conteúdos
vivenciais, podem ser considerados delicados e, normalmente, pe-
dem redução das atividades físicas, mais atenção e cuidados. Se o
conteúdo for negativo, por exemplo, isso pode levar a consequências
problemáticas em curto, médio ou em longo prazos, como a instala-
ção, mesmo que discreta, de transtornos psicológicos – depressão,
ansiedade, medos infundados, síndromes, etc.). Procurar viver bem
o dia a dia, afastando-se de conflitos interpessoais, atrai saúde, ale-
gria, paz e vontade de viver.
2. Ectolítero – membrana energética que envolve e separa as três
esferas do sol interior, local de origem do ectolítrio, sítio onde
permanecem as energias resultantes das ações que foram pra-
ticadas pelo Espírito enquanto reencarnado e que contém o
charme, que é a energia cármica que permanece na matéria
depois do desencarne.
3. Ectolítrio – energia que se forma no ectolítero, se desprende do
sol interior e faz uma trajetória muito rápida, mas intensa, por
todos os principais chakras, energizando-os e emitindo o pa-
drão vibratório da pessoa. É uma espécie de kundalini, só que
não fica adormecida, mas em permanente movimentação, e
sua natureza e intensidade dependem do equilíbrio e da ener-
gização do sol interior.
A energia inteligente denominada por Tia Neiva de ectolítrio, que
contém o charme, é o principal produto que define a caminhada do
Espírito reencarnado. Essa energia, uma vez impregnada das ações
ou condutas praticadas pelo Espírito no ambiente onde circula e vive,
é o que mostra quem é o Espírito, o que ele tem de mais aperfeiçoa-
270
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
do e o que mais precisa adquirir ao longo de sua caminhada terrena.
Destaca-se que esse processo ocorre apenas durante a etapa em que
o Espírito possui o corpo físico.
4. Ectopia – é a emissão de ectoplasma. O ectolítero emite o ec-
tolítrio, que vai acionar o chakra laríngeo, permitindo que seja
feita, pelo médium, a emissão do ectoplasma animal. Essa
emissão, assim, depende diretamente das condições propor-
cionadas pelo médium, de acordo com a harmonia e o equilí-
brio de seu sol interior e as vibrações da mente.
5. Ectoplasma ou fluido magnético animal – substância semima-
terial fluídica, expelida pelos médiuns e utilizada para a pro-
dução dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos. Exemplo
disso é a materialização de Espíritos e a mediunidade de cura.
Para Santos (1987a), o ectoplasma seria uma substância origi-
nária do protoplasma das usinas celulares, onde o trifosfato de
adenosina (ATP) teria expressiva participação, ao lado de ou-
tros elementos. O ectoplasma é dotado de forte vitalidade, ser-
vindo de alavanca para interligar os planos físico e espiritual.
O ectoplasma emitido por um médium do Amanhecer, ou seja, por
um plexo iniciático, diferencia-se dos demais emitidos por médiuns
de outras linhas ou correntes espirituais. Na linha do Amanhecer, o
plexo iniciático é desenvolvido exclusivamente para a cura desobses-
siva; portanto, ele não é apropriado a trabalhos de materialização.
Por se tratar de um ectoplasma mais nutritivo, mais rico em proprie-
dades curativas, ele se aproxima mais do sangue que é produzido no
corpo físico.
6. Sol interior ou plexo solar – centro energético do duplo etérico
(corpo espiritual denominado alma, centro coronário ou mi-
croplexo por Tia Neiva), localizado na altura da região abdomi-
nal, pouco acima do umbigo. Essa estrutura, uma espécie de
usina de forças, é formado também pelo grande e complexo
chakra solar, que é responsável pela recepção e transmissão
271
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
das energias telúricas, siderais, e, principalmente, do mundo
espiritual às três esferas coronárias ligadas aos corpos físico,
psíquico e espiritual. Essas esferas são responsáveis pelo pro-
cessamento e distribuição dessas energias e pela manutenção
de todas as estruturas do organismo físico e espiritual. Está
inclusa nesse sistema do sol interior a geração das forças cen-
trípeta e centrífuga, extremamente relevantes para a condução
das correntes inteligentes. O sol interior é, portanto, o princi-
pal entroncamento energético ou ponto de ligação entre o cor-
po físico e o perispírito, que, por sua vez, está ligado às demais
estruturas do Espírito.
Nessa região, ocorre também a retificação das energias de cunho
vegetativo e das energias inteligentes e, por isso, a finalização do
processamento das informações que se originam das vibrações do
astral inferior, do astral superior e do mental inferior. Por causa de
sua importância para o processamento mental e para as tomadas de
decisões, ou seja, por ser responsável pela junção das informações
que chegam nesse entroncamento energético (receber do ambiente
externo e enviar as energias inteligentes ao perispírito, mais exata-
mente a seus respectivos núcleos de experiências vivenciais), o sol
interior torna-se a estrutura mais indicada à finalização do conteúdo
vivencial a ser armazenado nas câmaras de retenção no interoceptí-
vel. Para Mário Sassi (1999b),
No íntimo de cada ser humano, situado na região do
plexo solar, na área do umbigo, existem três esferas,
uma girando sobre as outras, que formam o Sistema
coronário ou centro coronário. Essas esferas não são
físicas, isto é, não são formadas de tecidos ou de qual-
quer substância palpável.
Desse centrocoronário partem sete raios de energia ou
sete forças que se distribuem pelo organismo [vias afe-
rentes e eferentes condutoras das energias e relacionadas
às forças centrípetas e centrífugas, respectivamente]. Cada
um desses “raios” termina em um ponto do corpo.
272
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Nesse ponto o “raio coronário” forma um de emissão e
recepção de energias. Esse “centro” se chama “chakra”
e sua função é a recepção e distribuição de energias
pelo corpo.
Tanto o centro coronário como os chakras repousam
no plano físico, sobre o sistema nervoso. Assim, no
plano físico nós temos o Plexo solar e os vários plexos
[aglomerados de nervos]; no plano etérico do corpo nós
temos o centro coronário e os chakras, o mesmo sis-
tema em dois planos diferentes [sistema contraparte].
O Sistema coronário é o centro vital do ser humano, a
estação receptora e emissora das energias. É compos-
to de três esferas que funcionam umas sobre as outras:
uma no plano físico, “plexo físico”, outra no plano psí-
quico [duplo etérico], “microplexo” e outra no plano eté-
rico, “plexo etérico” [macroplexo]. Essas três expressões
representam o corpo, a alma e o espírito.
O plexo físico ou esfera coronária física constitui o cen-
tro vital onde as energias pré-existentes na Terra são
assimiladas, transformadas e distribuídas. [...]
Temos assim dois pontos distintos de suprimento
energético: o alimento físico, molecular, que vem da
transformação da matéria (pela alimentação do siste-
ma digestivo e do sistema respiratório) e o suprimento
energético que vem do plexo físico através da corrente
nervosa. Esse “alimento” diferencia-se do suprimento
(resultante da ingestão da comida e do ar) pelo fato de
possuir energias de outra natureza em fusão, isto é,
fundidas com energias da alma e do espírito. É por isso
que ele é chamado de “centro vital”.
A segunda esfera coronária constitui o microplexo que
comanda as funções da alma (a “psyque” dos gregos).
A função do microplexo é de absorver, assimilar e emitir
as energias dos dois planos, o do espírito e do corpo.
273
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
A mais importante de suas funções é receber os eflú-
vios [energia inteligente] do plano espiritual [perispírito]
e levar a personalidade [estrutura de ação da alma] a
agir de acordo com as leis transcendentes [uma espé-
cie de apoio e de orientação para influenciar as respostas
ou reações do organismo físico]. Por causa dessa função
ampla e quase ilimitada é que a alma se confunde com
o Espírito [quando a experiência atual recebe o apoio espi-
ritual, baseado no que já foi conquistado em vidas passa-
das, a resposta ou a reação do organismo físico (modulada
na esfera coronária do microplexo, mas complementada
com energias inteligentes vindas da esfera coronária do
Espírito), é manifestada levando-se em conta o conteúdo
atual consciente e a força do passado, oriunda de conteúdo
inconsciente, sendo assim, alma e espírito não são passí-
veis de serem distinguidos].
A esfera coronária do Espírito é o instrumento para sua
ação no homem [comportamento ou conduta]. Nossa
mente não tem possibilidade de conhecer o Espírito na
sua essência.
A ação do perispírito se faz sobre a alma e através dela.
A alma busca as coisas no perispírito [energias impreg-
nadas de informações vivenciais acumuladas nas profun-
dezas do Espírito] e emite no plano horizontal [dimensão
física]. Por isso, a alma não cria, apenas transforma o
que já está criado [modela o comportamento final].
As esferas coronárias trabalham, uma sobre as outras,
governadas pelo Eixo solar de nossa natureza. Chama-
se “Sistema planetário humano”, pela semelhança que
apresenta com o Sistema solar, em que os corpos ce-
lestes gravitam em torno do Sol.
O ser humano, reencarnado ou desencarnado, está
sempre sofrendo alterações em suas esferas coroná-
rias, uma vez que o Espírito nunca para sua evolução.
(Sassi, 1999b, p. 15-17, 19-23).
274
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Nesse cenário, pode-se dizer que os estímulos externos e inter-
nos, ao serem percebidos, ao entrarem em processo de interação
com o organismo físico (limitado aos cinco sentidos), são atraídos
fortemente (força centrípeta) por sua contraparte na dimensão ex-
trafísica, o duplo etérico. Assim, na forma de corrente nervosa, os
impulsos seguem um trajeto pelo interior do organismo físico (vias
aferentes). Ao deixarem os condutores nervosos, quando ultrapas-
sam os portais físicos e entram no ambiente etérico, os impulsos se-
guem por meio de vias centrípetas para o interoceptível, mas numa
condição vibracional mais adequada ao novo ambiente.
A primeira estação a atrair e acolher os impulsos nervosos são
as câmaras de retenção das experiências vivenciais. Nesse local, os
impulsos se juntam a seus pares ou semelhantes lá armazenados
(núcleos de vivências relacionadas entre si) e se transformam em
energia inteligente, uma vez que são acrescidas de novas informa-
ções ou de informações complementares. Daí, seguem em direção
ao interior do organismo espiritual. Nesse contexto, a próxima es-
tação a recepcionar essas energias é o sol interior, onde se encon-
tram três esferas de grande concentração energética, especializadas
na recepção, transformação (modulação ou retificação vibracional
para que as energias possam circular em ambientes distintos e con-
dizentes com as diferentes dimensões) e distribuição de energias.
Apesar de as esferas coronária física e da alma se localizarem no
campo vibratório do duplo etérico e de a esfera coronária do Espírito
se situar no perispírito, cada uma delas vibra em campos energéticos
diferenciados. Além disso, apesar de as três esferas funcionarem de
forma contígua, ou seja, uma girando sobre as outras, mas em pla-
nos diferentes, elas possuem funções distintas, o que faz com que a
recepção das energias receba tratamento especial de acordo com a
natureza da energia atraída (processamento individualizado).
No sol interior, parte dessas energias é atraída à esfera coronária
física, aquelas de constituição mais densa e que dizem respeito à
manutenção ou reposição nutricional do campo vibratório dos cor-
pos físico e etérico. Pode-se comparar essa esfera, mesmo que gros-
275
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
seiramente, ao coração do corpo físico, responsável por bombear o
sangue a todas as entranhas e células físicas. Nesse caso, a esfera,
ao pulsar, “bombeia” um fluido muito mais sutil, mas de efeito nutri-
cional. Essas energias sutis são responsáveis pela manutenção de to-
das as estruturas, sistemas e fluídos do Espírito – sangue, oxigênio,
ectoplasma, energia telúrica, entre outros, relacionados à vida vege-
tativa e de apoio. Ressalta-se, portanto, a importância das energias
mais densas processadas e enviadas aos centros sensitivos, ou seja,
aquelas energias responsáveis pela manutenção de todos os recepto-
res relacionados aos cinco sentidos. São essas energias nutricionais
que garantem a manutenção das estruturas corporais, que, por sua
vez, garantem ao Espírito a vida de relação na matéria. Portanto, são
as energias ligadas aos revestimentos corporais, no que diz respeito
tanto às estruturas externas quanto às internas.
Outra parte das energias é encaminhada à esfera coronária da
alma, aquelas energias consideradas inteligentes e que são oriun-
das das experiências atuais no que diz respeito ao campo vibratório
psicológico. Da mesma maneira, pode-se comparar, de forma rudi-
mentar, essa esfera ao cérebro, uma estrutura apropriada à recepção,
integração e transmissão dos impulsos nervosos. Ao pulsar, a esfe-
ra promove a recepção e a transmissão do fluido inteligente, mas
mais sutil do que os fluidos anteriores. Ainda assim, seu alcance é
mais superficial, pois essa esfera é responsável pela circulação fluídi-
ca nas regiões menos profundas, dotada de conteúdos conscientes.
Geralmente, a energia inteligente que circula nessa esfera é uma das
energias mais necessitadas de atenção, pois pode afetar seriamente
a vida de relação.
Assim, para essa esfera são atraídas as energias inteligentes, que
são confrontadas inicialmente com as demais que estão armazena-
das nas câmaras de retenção do interoceptível, o que não é suficiente
para servir de base de resposta para os estímulos externos. Por isso,
essas energias inteligentes precisam de complementação bem mais
consistente para que o Espírito manifeste uma resposta e tenha con-
dição de se equilibrar o máximo possível em seu dia a dia (energias
276
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
inteligentes atuais e conscientes). Ressalta-se que em regiões rela-
cionadas ao passado nem sempre existem complementos energéti-
cos suficientemente capazes de dar maior equilíbrio às condutas do
dia a dia, o que pode significar a necessidade de “tratamento” por
meio da reencarnação.
Por fim, outras energias são atraídas e encaminhadas à esfera co-
ronária do Espírito, uma espécie de portal retificador, para que pos-
sam alcançar o ambiente vibratório interno e penetrar nas camadas
mais profundas do Espírito. Para isso, as energias precisam estar
suficientemente preparadas para lidar com conteúdos vivenciais
inconscientes do passado. O campo vibratório do ambiente onde
essas energias inteligentes retificadas passam a circular é capaz de
surtir efeito sobre as estruturas mais superficiais (o interoceptível,
por exemplo), mas só do ponto de vista da força centrífuga, pois seus
conteúdos vivenciais, por causa do nível vibratório em que foram es-
tabilizados, não são percebidos nessas instâncias mais superficiais
do Espírito e, portanto, passam a ser considerados inconscientes.
Diferentemente das comparações anteriores, nesse caso essa es-
fera lembra, mesmo que de longe, uma estrutura apropriada a abri-
gar um conjunto de cérebros com diversos tipos de personalidade e
com muito mais poder de alcance. Isso, porque essa estrutura lida
com fluidos muito mais sutis. O alvo dessas energias inteligentes, na
condição de última estação a ser alcançada, são os núcleos de expe-
riências vivenciais adquiridas no passado e que estão armazenadas
no perispírito. Mais exatamente, essas experiências estão distribuí-
das nos demais corpos espirituais que exercem poder de comando
sobre o perispírito – energias inteligentes mais antigas e inconscien-
tes. A busca por esses núcleos está relacionada aos conteúdos vi-
venciais que dizem respeito à demanda atual, ou seja, aqueles que
dizem respeito aos estímulos externos e internos.
Através das vias aferentes, essas energias seguem até os núcleos,
como forma de agregar mais experiências arcaicas e de fortalecer o
conteúdo demandado, e retornam pelas vias eferentes, como res-
277
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
posta ou reação do organismo físico. Essas energias do passado
costumam ser as mais equilibradas, dado o pressuposto de que já
devem ter sido trabalhadas mais intensamente e, portanto, podem
ser consideradas uma espécie de repositório para a formação do ra-
ciocínio e das tomadas de decisão; por isso, servem de base para a
complementação das necessidades das energias inteligentes atuais,
recepcionadas pela esfera coronária da alma.
As energias ou correntes inteligentes ao retornarem dos núcleos
de experiências vivenciais do passado são direcionadas novamente
às esferas do Espírito e da alma, mas devidamente potencializadas
com forças de natureza centrífuga, onde são retificadas para se rea-
daptarem à dimensão mais externa. Essas energias são conduzidas à
estação inicial, ou seja, seguem em direção às câmaras de retenção
para ser armazenadas e servir de base de resposta para as demandas
externas. Em geral, o quanto possível, essas energias retornam em
condições melhoradas de completude e de equilíbrio. Em seguida,
ainda pelas vias eferentes, são encaminhadas, pelas forças centrí-
fugas, aos órgãos e sistemas do corpo físico – tudo isso ocorre em
tempo recorde e imperceptível. As três esferas, portanto, são o ponto
de encontro novamente ou de confluência energética com vistas ao
estabelecimento das energias que circulam nos organismos físico e
espiritual. Conclui-se, então, que existem duas regiões de armazena-
mentos das experiências vivenciais, uma no interoceptível do duplo
etérico (instância mais superficial) e outra no perispírito e demais
corpos abrigados nesse recinto (instância mais aprofundada ou
espiritual).
Em resumo, na região onde se localiza o sol interior ocorre o
encontro das energias inteligentes, que fluem do centro espiritual
– onde estão as experiências vivenciais arcaicas distribuídas e arma-
zenadas nas diversas zonas de formação do Espírito – e das energias
inteligentes, que fluem da região do interoceptível. Esse encontro
energético serve, consequentemente, de resposta aos estímulos ex-
ternos. Por ser um sítio que não está diretamente ligado ao ambien-
te externo, ou seja, por não ser a região que recebe diretamente os
278
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
impulsos nervosos, então as energias inteligentes que chegam do
centro espiritual se manifestam ou atuam de forma indireta, incons-
ciente. Mesmo se apresentando dessa forma, do ponto de vista da
completude elas são essenciais para a interação entre o Espírito e o
meio.
Por ser o mais importante do tronco do corpo físico, o plexo solar
é denominado “cérebro abdominal” por Pastorino (1975, p. 46).
Infere-se, portanto, que os impulsos nervosos, oriundos de to-
dos os receptores sensoriais do corpo físico, seguem para o cére-
bro, onde sofrem alterações vibracionais compatíveis com o sistema
energético do duplo etérico. Esses impulsos são encaminhados aos
chakras superiores do duplo etérico (coronário e frontal), estruturas
energéticas que compõem o interoceptível, uma espécie de contra-
parte do cérebro, para que sejam processados e sirvam de base de
resposta tanto para o atendimento das necessidades do corpo físico
quanto para as demandas do ambiente externo.
Tia Neiva (1977a), em uma de suas cartas, traz estas informações:
Os plexos influenciam o ritmo da vida psíquica. Podem,
contudo, haver deslocações, modificações funcionais,
ação sobre o sistema direto individual, isto é, para cada
uma que surge há uma solução, uma reação, uma res-
posta especial, que vem do cérebro para o ponto ou
centro coronário.
Desse modo o centro coronário registra automatica-
mente a atuação manifestada, fixando a responsabili-
dade e marcando no próprio homem as consequências
felizes ou infelizes.
Falamos em consciência. Para fazer um exame de cons-
ciência devemos meditar e devagar, expelindo, com a
respiração, para expulsar os nossos maus fluidos ou
energia cármica, até sentir a nossa energia extracósmi-
ca, que tal energia nos cria, nos evolui nos pontos vitais
279
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
erofísicos. Erofísico é toda energia impregnada do cor-
po físico, ritmos da Lei do Auxílio.
A falta de meditação é mais prejudicial ao Apará do que
a própria consciência do médium, porque o homem
que quiser demorar-se na investigação do seu ego en-
contrará, para sua descoberta, o raciocínio, a convicção
e a conclusão, pois só chegamos a um acordo quando
entramos em harmonia com o nosso centro coronário.
Veja, pois, que é a força fundamental predominante do
Reino Central Coronário. A força da vida física é a mes-
ma força animal. (Zelaya, 1977a).
A Clarividente reforça a interferência dos plexos sobre o psiquis-
mo, especialmente em relação ao chakra coronário, peça-chave no
registro, no processamento mental e na resposta funcional (ação).
Ela cita também a modalidade de energia erofísica, aquela que se
desloca impregnada do metabolismo do corpo físico, ou seja, im-
pregnada das experiências vivenciais do dia a dia, muitas vezes de
sintomas dolorosos, e necessitadas de limpeza pelas energias extra-
cósmicas, que abastecem o sol interior. Chama a atenção a neces-
sidade do equilíbrio no centro coronário, estrutura que compõe o
interoceptível.
No interoceptível, os impulsos nervosos estabilizados e trans-
formados – quando os impulsos recentes são misturados com os
arcaicos – são processados com o apoio das correntes espirituais
provenientes do interior do Espírito, especialmente da zona perispi-
ritual. As energias inteligentes, nem sempre equilibradas, vindas do
interior da estrutura espiritual são movimentadas com o auxílio do
chakra solar, a usina de força denominada sol interior.
Para José Carlos do Nascimento Silva (2006),
A energia de cada chakra mantém o equilíbrio dos ór-
gãos que lhe estão próximos. Como elementos de liga-
ção com o plano espiritual, sua intensidade dependerá
de seu perfeito funcionamento e manutenção, sendo
280
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
muito importante o papel desempenhado pelas ener-
gias kundalini e do ectolítrio nesta ação de equilibrá-los.
Pelos chakras desce a energia multidimensional que
sustenta o corpo físico; por eles sobem as informações
colhidas neste plano, que alimentam a alma. (Silva,
2006, p. 145).
Silva (2006) deixa claro que, por intermédio dos chakras, “... so-
bem as informações colhidas neste plano, que alimentam a alma”,
o que corrobora as informações deste estudo – as informações co-
lhidas correspondem aqui às experiências vivenciais que servem de
base para a formação do Espírito. Mesmo carecendo de mais aten-
ção para melhores interpretações, os componentes do sistema ener-
gético apresentado por Tia Neiva (Figura 2), pouco conhecidos na
literatura esotérica, são um dos principais meios de viabilização do
sistema de comunicação entre os ambientes externo e interno do
Espírito, além de contribuírem muitíssimo para a cura desobsessiva.
O interoceptível, na condição de centro de armazenamento e pro-
cessamento das informações atuais, com o apoio dos centros espi-
rituais, é composto de outras estruturas além dos chakras de maior
proporção citados anteriormente. Entre elas, destacam-se as câma-
ras de retenção, onde estão armazenadas as experiências vivencias
atuais, formadas por energias inteligentes por estarem impregnadas
das vivências do dia a dia. O conjunto das câmaras de retenção lem-
bra uma colmeia, e o local onde as experiências vivenciais são depo-
sitadas lembra o favo que serve de depósito de mel.
No contexto de cada câmara, essas energias inteligentes são or-
ganizadas na forma de minúsculos discos ou microvórtices sobre-
postos, que, por sua vez, possuem um campo gravitacional e funcio-
namentos interdependentes. São discos girantes, cada um com uma
modalidade de rotação, uns mais rápidos do que outros, uns giram
no sentido horário, outros, no anti-horário. Dependendo da quanti-
dade de câmaras com esse gradiente energético, podem surgir os
distúrbios sentidos no corpo físico. Além disso, as rotações de cada
281
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
disco geram uma espécie de campo de força magnética. Dependendo
do conteúdo das experiências vivenciais, algumas forças exercem
efeito positivo (benéfico) e outras, negativo (prejudiciais).
A radiação mental emitida por esses microvórtices energéticos,
uma espécie de corrente fluídica eletromagnética, possui qualidade
energética extracósmica, pois transporta sinais de imagem, som,
cheiro, sabor e a sensação de tato e temperatura, na condição de res-
posta-pensamento ou de reações em cadeia bioquimiofísicas. Esse
tipo de reação em cadeia decorre do fato de que a corrente mental
ou inteligente precisa passar por várias estações de tratamento (o sol
interior, por exemplo) para alcançar e atravessar diversos ambientes
vibratórios, desde a superfície até o centro espiritual. Nesse caso,
como explicado anteriormente, a fonte, local onde ficam armazena-
das as experiências vivenciais, não pode ser confundida com sua ra-
diação, que pode ser de natureza fluídica ou se apresentar na forma
de ondas eletromagnéticas. A radiação fluídica diz respeito às rea-
ções bioquímicas eletromagnéticas e é apropriada para ocorrer em
ambientes mais fechados ou controlados; as radiações relacionadas
às ondas eletromagnéticas são apropriadas para ocorrer em ambien-
tes mais abertos. As experiências vivenciais irradiadas, dependendo
do conteúdo vivencial, podem ser fonte de energias equilibradas ou
desequilibradas, que se movimentam no organismo com suas res-
pectivas forças de aplicação. Consequentemente, um tipo de energia
é fonte saudável de manutenção da estrutura orgânica, e a outra é
fonte de lesão e de destruição. Qualquer um desses tipos de energia
irradiada pode se somar a outros tipos de energias externas, espe-
cialmente em situações obsessivas.
O melhor tratamento, ou o mais completo, para qualquer tipo
de cura é a própria vida, em especial a vida temporária na matéria.
Isso, porque o processo de reencarnação começa levando em conta
o que precisa ser equilibrado, ou ajustado, verificando quais são as
experiências predominantes e prejudiciais, ou insuficientes, no in-
tuito de fazer organismo viver em harmonia. A aquisição de novas
experiências em determinado contexto vivencial capaz de promover
282
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
esse equilíbrio, ou seja, capaz de levar essas experiências do passado
a deixarem de ser predominantes e prejudiciais, é a forma mais ade-
quada de tratamento definitivo.
A reencarnação, acompanhada do esquecimento do passado, di-
ferentemente da vida no plano astral (espiritual), facilita a vivência
em determinado contexto ou recorte vivencial. Aos poucos, dentro
do novo contexto programado, a pessoa vai adquirindo as expe-
riências mais apropriadas para reagir de forma mais contundente e
equilibrada aos estímulos externos – muitas vezes, velhos estímulos
conhecidos e viciados. Enquanto o corpo supera muitas doenças e
mazelas com medicamentos condizentes com a matéria física, o psí-
quico e a parte espiritual aprimoram seu conteúdo vivencial por meio
das alegrias, das realizações do dia a dia e também das decepções,
das tristezas e dos sofrimentos. Assim, nasce um novo estilo de re-
flexão, de resposta praticamente automática e inconsciente, sem o
recurso de respostas tendenciosas e desequilibradas.
Estrutura espiritual segundo
o dr. Jorge Andréa
As informações divulgadas pelo dr. Jorge Andréa estão entre as
que mais se aproximam da Teoria da Experiência Vivencial e das des-
crições das estruturas do Espírito aqui apresentadas.
Do ponto de vista da Psicologia Espiritual, numa visão científica
no campo do hiperfísico, o dr. Jorge Andréa dos Santos (1981, 1987a,
1990a, 1990b, 1990c) considera que o Espírito é formado de oito
camadas superpostas do psiquismo, semelhante ao bulbo de uma
cebola (Figura 3). O corpo físico ou material estaria na periferia, e o
Espírito propriamente dito, na posição interna, ou seja, na zona do
inconsciente, com seu respectivo envoltório perispiritual.
Analogamente ao que foi descrito sobre a experiência vivencial, o
autor considera como principal unidade de formação do Espírito o
283
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

núcleo em potenciação. O conjunto desses núcleos se refere àqueles
vórtices energéticos que estão sendo trabalhados constantemente ao
longo das encarnações, ou seja, que estão sempre em processo de
sublimação.
Para o dr. Jorge Andréa dos Santos (1990),
Os núcleos em potenciação13, depositários de todas
as qualidades que a espécie pode adquirir, encontrar-
-se-iam [correção nossa] em vários estágios evolutivos.
Assim, núcleos que ainda necessitem da absorção dos
trabalhos e experiências da zona consciencial em bus-
carnação, os núcleos em potenciação, exteriorizando
energias fabulosas em desequilíbrio, vão lapidar no
embrião, na matéria que estão modulando, terrenos
propícios para doenças ou defeitos congênitos, com
finalidade de se construírem através do desencadea-
mento da dor, meio seguro e infalível no universo que
militamos. (Santos, 1990, p. 72, 75 e 78).
Assim, do centro para a periferia, o Espírito é composto das se-
guintes camadas físicas e extrafísicas:

Tratamento da ilustração: Wellington Cavalcanti

ca de aperfeiçoamento, acham-se próximos da zona do
inconsciente atual; ao passo que os núcleos que estão
bastante evoluídos, repletos de experiências, necessi-
tando apenas de poucas condições para se completa-
rem, aproximam-se mais da zona superior, a zona re-
presentativa do inconsciente puro. Quando os núcleos
atingirem o máximo de aperfeiçoamento, em face do
estágio evolutivo de nosso universo, incorporar-se-iam
[correção nossa] ao inconsciente puro engrandecendo-
-se no verdadeiro centro espiritual.
[...] os núcleos em potenciação cresceriam à custa do
material de experiências e vivências que o conscien-
te iria fornecendo ao inconsciente. Nesta região, sob
orientação das camadas profundas, camadas puras
orientadoras do inconsciente puro, nasceriam os vór-
tices energéticos, manifestação inicial dos núcleos em
potenciação, unidades-base da vida eterna. No encontro
das forças internas e externas, o cabedal espiritual iria
crescendo, agigantando-se, em busca da perfeição. 1 – Zona do inconsciente puro
2 – Zona do inconsciente passado
Muitas vezes, a evolução obriga muitos dos núcleos 3 – Zona do inconsciente atual
em potenciação a se construírem dentro de uma eta- 4 – Corpo mental
5 – Perispírito ou psicossoma
pa palingenética; assim, cedo ainda, na época da reen- 6 – Duplo etérico
7 – Corpo físico 1 2 3 4 5 6 7 8
13
Associação ou conjunto de experiências vivenciais de mesma natureza; na medida em 8 – Aura
que vão se equilibrando por meio do emparelhamento de novas experiências, suas forças
vão se neutralizando, ficando para trás as forças tendenciosas, e vão se conduzindo, se Figura 3. Esquema do psiquismo em uma visão transversal.
transferindo, para o centro espiritual. Fonte: Santos (1990a e 1992).

284 285
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
1. Zona do inconsciente puro
Constitui a zona central do autêntico Eu, região das energias cria-
tivas, fonte da energia crística que vibra sobre toda a estrutura do ser.
Ao inconsciente puro se recolheriam todos os potenciais energéticos
que atingissem um máximo de perfeição na zona do inconsciente
passado, depois de incontáveis labutas milenares. Dessa zona, par-
tiriam as verdadeiras energias construtivas do Eu, nutrindo e incen-
tivando todos os elementos da psique menos desenvolvidos, que
estão sob sua inteligente orientação.
A zona do inconsciente puro descrita por Santos (1990a e 1992)
equivale ao corpo arcangélico. Embora na representação gráfica ela
pareça ser a menor das zonas de formação do Espírito, seu campo
vibracional é bem superior, inclusive em abrangência.
2. Zona do inconsciente passado
Sede de todos os núcleos em potenciação formados pelas expe-
riências vivenciais adquiridas ao longo das existências do Espírito.
É a região onde os arquivos do Espírito se manifestam na forma de
aptidão. Nela, está grande parte dos núcleos em potenciação em fase
adiantada de desenvolvimento, ou seja, com muitas experiências vi-
venciais em fase final de equilíbrio. Portanto, é considerada a sede
das funções psíquicas.
3. Zona do inconsciente atual
Pode ser considerada a zona onde os conflitos do psiquismo, sob
forma de neuroses, mais facilmente derramam-se na região cons-
ciente. É uma capa vibratória onde os conflitos são mais facilmente
tratados.
Essas três primeiras zonas energéticas podem ser consideradas o
Espírito propriamente dito, pois nelas está todo o acervo experiencial
do indivíduo. É o núcleo de manifestação da vida.
286
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
4. Corpo mental
Representa o primeiro envoltório sutil da mente, um “envelope”
do Espírito, na linguagem de André Luiz (Santos, 1990b). Nessa re-
gião é onde se lastreia o perispírito, onde se encontram os alicerces
do perispírito.
5. Perispírito ou psicossoma
Diz respeito à zona de revestimento do Espírito menos sutil que
a anterior. Nessa região, existe uma série de estações de mobiliza-
ção das energias provenientes do interior do Espírito e que vão se
adequando até chegar ao corpo físico. Essa adequação é necessária
porque as células físicas não têm condições de receber diretamen-
te essas energias menos densas, pois, do contrário, elas passariam
despercebidas. Consequentemente, não ocorreria nenhum tipo de
efeito ou de reação do organismo físico. Assim, é necessário que
haja um degradê energético, uma filtragem, um amortecimento di-
mensional, já que no centro espiritual se localiza a grande dimensão
quintessenciada, o Cristo em cada um de nós. E, à medida que as
energias menos densas vão se aproximando da periferia, esses cam-
pos energéticos vão se condensando de modo que no corpo físico
estaria o adensamento máximo. No entanto, o corpo físico não é a
condensação de tudo que acontece no interior do Espírito, mas uma
tela física muito “pobre” que recebe informações adequadas das zo-
nas espirituais.
6. Duplo etérico
Pode ser considerada a zona energética cujas expansões se entre-
laçam com as do perispírito e com as do corpo físico para fornece-
rem excelente material à formulação dos fenômenos psicocinéticos.
Essa região, a mais externa do psicossoma, com seus centros de for-
ças com formato de discos, também denominados chakras, torna-se
responsável pela adequação das correntes energéticas que vem do
interior das zonas espirituais em direção ao exterior e das correntes
287
Capítulo 1 – Ciências transcendentais
externas que seguem para o interior do organismo. Além disso, o
duplo etérico facilitaria a soldagem do perispírito às células do corpo
físico, sendo, assim, a “cola” do Espírito ao corpo físico.
Para essa adequação – dosagem da energia vital a ser distribuída
pelas diversas zonas, finalizando na matéria –, existem sete grandes
chakras básicos ou principais:
1. Epifisário ou coronário, localizado acima da cabeça; corresponden-
te à glândula pineal, denominado pelos orientais de chakra de mil
pétalas.
2. Frontal, próximo à hipófise, ao nível do lobo frontal.
3. Laríngeo, na região cervical (pescoço).
4. Cardíaco, situado na região precordial (coração).
5. Solar, na região epigástrica, correspondendo ao fígado.
6. Esplênico, na região esplênica, correspondendo ao baço.
7. Hipogástrico ou genésico, na região hipogástrica, correspondendo
à bexiga, onde estão todas às energias ligadas ao sexo e as ener-
gias eletromagnéticas absorvidas da terra denominadas kundalini.
Existem outros chakras menores, de diversos tamanhos e distri-
buídos em inúmeros locais e pontos relacionados ao plexo nervo-
so (corpo físico), mas são componentes do duplo etérico.
Todos esses centros de força estão ligados às sete glândulas en-
dócrinas e às extensões do sistema nervoso neurovegetativo, tam-
bém conhecido por sistema nervoso autônomo ou visceral (sistema
nervoso das emergências).
7. Corpo físico
Trata-se da zona consciente representada pelos centros nervosos
do sistema nervoso. É a tela onde se manifestam os atos analítico-in-
288
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
telectivos, terreno de pesquisa a que a ciência da Terra tem dedicado
estudos bem aprimorados nos campos histofisiológicos.
O psicossoma jamais deve ser considerado como reflexo ou efei-
to do corpo físico; este, sim, é que se constrói com as sugestões
daquele. Dessa forma, o perispírito, esse arcabouço vibratório, re-
presentaria um “esqueleto” onde a organização física se ampara, se
adapta e a cujas sugestões obedece, embora deva-se considerar a
influência do arcabouço material às expensas dos fatores de herança
dos genitores.
Santos (1990a) inclui à tela física a zona da superconsciência,
mais evoluída, cujos centros nervosos traduzem os atos sintético-
-intuitivos. Trata-se de uma tela mental que está em formação mais
recentemente, pois é fruto do processo evolutivo do ser humano.
8. Aura
Diz respeito às radiações provenientes das impulsões perispiri-
tuais, que orientam o duplo etérico e, consequentemente, a organiza-
ção física. Duplo etérico e organização física, juntos, propiciam uma
combinação de radiações que se irradiam através da superfície do
corpo, de modo difuso, constituindo o que se denomina aura.
Esse conjunto de camadas do psiquismo oferece um campo vi-
bratório próprio a cada ser. O campo vibratório que transcende a
superfície corpórea, com suas radiações a se deslocarem com a ve-
locidade do pensamento, fora do tempo e do espaço, pode alcançar
distâncias incomensuráveis, quase que de modo instantâneo. De
distâncias incalculáveis pode haver também captação de energias
semelhantes, demonstrando um intercâmbio natural.
De acordo com Santos (1990a, p. 95), as diversas camadas do psi-
quismo são banhadas pela corrente energética que circula em dois
sentidos: o das forças centrípetas, de fora para dentro; e o das forças
centrífugas, de dentro para fora (Figura 4).
289
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

lulas nervosas teriam pequena capacidade de participação nele. Ali,

Tratamento da ilustração: Wellington Cavalcanti

1 2 3 4 5 6
por intermédio das correntes centrípetas, encontram-se as correntes
C O R R E N T E S C E N T R Í P E T A S
espirituais que seguem em busca ao centro espiritual ou inconscien-
te puro (6). Outras vibrações, depois de metabolizadas nessa zona,
retornam em direção ao exterior, depois da definição das percepções
A ZONA A
B ZONA B

C ZONA C

D ZONA D

E ZONA E

F ZONA F
SUPER
ocorridas nessa zona neural (3 e 4).
C O N S C I E N T E CONSCIENTE I N C O N S C I E N T E
Zona D – diferencia-se da zona anterior quanto às células nervosas
mais categorizadas por causa das percepções – os fenômenos aí são
mais complexos e profundos. Além das correntes espirituais que se-
C O R R E N T E S C E N T R Í F U G A S guem em busca do centro espiritual, nessa zona estão as vibrações
nervosas que retornam ao exterior pelas correntes centrífugas, de-
13 12 11 10 9 8 7

6 – Centro espiritual ou inconsciente puro

1 – Rede neural (corpo físico)
2 – Vibrações nervosas em direção ao
centro espiritual
3, 4 – Vibrações nervosas que retornam ao
exterior
5 – Regiões do inconsciente
Figura 4. Esquema do psiquismo em uma visão longitudinal.
Fonte: Santos (1990a, p. 145).
A Figura 4 mostra o fluxo de informações, via corrente magnéti-
ca, entre o ambiente interno do Espírito (de forma inconsciente) e o
corpo físico (de forma consciente), onde ocorrem as manifestações
comportamentais. Observam-se as seguintes zonas de manifestação
do Espírito:
Zona A – região desencadeadora dos estímulos nervosos que vem do
meio ambiente e que excitam a rede neural (1). Ali, encontram-se as
energias mais densas e compatíveis com as células físicas.
Zona B – representada pelos condutos nervosos (vias centrípetas –
nervos), que transportam os estímulos recebidos da periferia do cor-
po (2) em direção aos centros nervosos.
Zona C – região das placas ou dos centros nervosos cerebrais, onde
já existiria o fenômeno da percepção, embora superficial, pois as cé-
pois do processamento e definição das percepções (3 e 4).
7 – Energias das correntes centrífugas
8 – Núcleos em potenciação Zona E – semelhante à zona anterior, é onde estaria o ponto máxi-
9, 10, 11, 12, 13 – Correntes energéticas mo das operações do sistema nervoso da região consciencial, onde
levando impressões per-
ceptivas à periferia as percepções analíticas seriam quase que totalmente apagadas
para que o trabalho do sistema nervoso mais evoluído, supercons-
ciente ou de síntese, tivesse melhor campo de expressão e mani-
festação. Além das correntes espirituais que seguem em busca do
centro espiritual, ali se encontram as vibrações nervosas que regres-
sam ao meio ambiente como resposta aos estímulos processados
(3 e 4).
Zona F – de arcabouço energético, essa zona representa as regiões
do inconsciente (5). Essas regiões recebem do sistema nervoso su-
perconsciente as manifestações das energias nas correntes centrípe-
tas, que seguem em condições apropriadas, projetando-se e adap-
tando-se nas diversas zonas do inconsciente, cedendo parte de suas
imagens e percepções às correntes centrífugas – parte é levada dire-
tamente aos núcleos em potenciação do inconsciente passado.
Nessa zona espiritual, as energias são renovadas, recompletadas
e vitalizadas, voltando aos núcleos em potenciação do inconscien-
te passado inteira e positivamente modificadas e já pertencendo às
energias das correntes centrífugas (7 e 8). Essas energias atraves-

290 291
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

sam as diversas zonas da psique (inconsciente, superconsciente e
consciente), nutrindo os diversos elementos nervosos, reforçando as
correntes energéticas e levando à periferia, na zona consciencial, a
vitalidade de impressões perceptivas (9, 10, 11, 12 e 13). Mais uma
vez, as energias não passam direto do centro espiritual ao corpo fí-
sico, mas vão se adequando a cada zona ou tela energética mais
materializada (Figura 5).
Tratamento da ilustração: Wellington Cavalcanti
A Figura 5 dá ideia, muito aproximada, desse processo de for-
mação dos portais ou estruturas do microcosmo. Ela mostra como
ocorre a organização que envolve a ligação entre os revestimentos
interno (perispírito) e externo (célula física). Santos (1990a), pela sua
mediunidade e por seus conhecimentos em medicina, conseguiu re-
tratar esse acoplamento, de difícil imaginação para muitos reencar-
nados. Cada zona de transição, base de formação de cada mundo do
Espírito, como ocorre com as diversas camadas de uma cebola, ou
com os anéis de uma árvore centenária, serve de base para o armaze-

namento da história de cada ser que caminha em direção ao infinito,

1
aos mundos superiores.
2 Santos (1990a) também esclarece que as ondas mentais, ou, mais
1 – Feixe energético do
psicossoma ou perispírito propriamente, o pensamento, têm origem nas correntes centrífugas,
5
2 – Nucléolo não necessitando assim dos condutos nervosos para sua exterioriza-
3 – Cromossomos
3 4 – Centro celular ção. Para isso, bastam as regiões nervosas, onde as imagens se for-
5 – Feixes energéticos mam e são analisadas, quer sejam regiões conscienciais, quer sejam
6 – Feixes que não passam
pelo centro celular regiões do inconsciente. As imagens da psique sob a forma de pen-
7 – Corpúsculo de Nissi samentos, lançadas ao exterior, caracterizarão o indivíduo emitente
8 – Mitocôndrios
9 – Pigmentos melanínicos
por sua vibração; variam, entretanto, no mesmo indivíduo, de acordo
4
10 – Aparelho de Golgi com os matizes do pensamento. As variações se referem aos graus
11 – Rede de neurofibrilas
6 12 – Membrana celular
de vibração, consequência direta dos pensamentos mais simples e
comuns ou dos pensamentos desencadeados por suplícios, dor e
7
angústias, grandes emoções e altas concentrações do ser.

Ainda do ponto de vista de Santos (1990b), a matéria, por repre-

sentar o volume, define-se na dimensão espaço; a energia traduz-se
8 na dimensão tempo, em ritmos; e o psiquismo na dimensão consciên-
8
cia. Esta, por ser superior às demais, só poderá ser evidenciada pelos
atos realizados, isto é, por criações, por missões cumpridas. Desse
9 modo, o pensamento, apanágio desta última dimensão, deverá ter
12
11 uma possibilidade energética superior às energias da dimensão tem-
10 po (som, eletricidade, etc.), de incalculável deslocamento, de impos-
Figura 5. Correntes perispirituais da célula. sível mensuração, mesmo pelos recursos técnicos já conhecidos.
Fonte: Santos (1990a, p. 134) Assim como a dimensão tempo se expressa em ritmos, a dimensão

292 293
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

consciência só poderá aparecer em obras realizadas, em criações. Não

Tratamento da ilustração: Wellington Cavalcanti

é sem razão que o bem, o amor, a virtude e os sentimentos nobres
são exaltados em todas as filosofias construtivas, seitas e religiões, Inconsciente puro
como elementos propulsores do progresso espiritual. Inconsciente passado

Inconsciente atual
Uma das telas mais importantes que servem de passagem das
Corpo mental
correntes internas é o gene. Do ponto de vista das ciências da Terra,
Perispírito
o gene diz respeito ao segmento de uma molécula de ácido desoxir-
Duplo etérico
ribonucleico (DNA) e é responsável pelas características herdadas.
Corpo físico com
Cada gene é composto por uma sequência específica de DNA que sua unidade celular
contém um código (instruções) para produzir uma proteína que de- Célula
sempenha uma função específica no corpo.
Membrana
A Figura 6 mostra, de forma sintética e sequencial, as principais Citoplasma
dimensões que servem de passagem das correntes internas até al- Campos de força Núcleo com nucléolo,
Cromossomo onde existem os cromossomos
cançar o gene.
Genes albergando os
Observa-se na Figura 6 que as correntes energéticas, impregnadas núcleos em potenciação
dos conteúdos vivenciais, percorrem várias zonas ou dimensões es- Molécula helicoidal do DNA
pirituais, deste o centro espiritual até a tela gênica. Nesse esquema, Zonas gênicas

o Espírito é quem fornece a carga de necessidades e de tendências,

e não os cromossomos, que seriam a zona especializada com capa-
cidade de receber todas as informações que a energética espiritual,
no grau evolutivo em que se encontra, envia à tela material ou física.
Na zona mais periférica, entre os mundos espiritual e físico, ve-
rifica-se um dos mecanismos de transição, o par de cromossomos,
constituídos por campos de forças atrativas entre as zonas gênicas.
Os genes são responsáveis por albergar os núcleos em potenciação.
Existem os núcleos em potenciação mais fortes, dominadores e res-
ponsáveis pelos caracteres dominantes, e também os núcleos em
potenciação mais fracos, dominados e responsáveis pelos caracteres
recessivos.
Estrutura do ADN
Representação esquemática de um par
de cromossomos com campos de forças Campo energético do gene influenciando a
atrativas entre zonas gênicas estrutura física que serve de tela de manifestação
Figura 6. Principais telas espirituais e elementos físicos envolvidos no des-
locamento das correntes internas, desde o centro espiritual até o gene.
Fonte: Santos (1990, p. 96 e 1992, p. 57).
Do ponto de vista científico, o gene dominante diz respeito àquele
que determina uma característica, mesmo quando em dose simples
nos genótipos, como é o caso dos heterozigotos. Recessivo é o gene
cuja característica genética não aparece expressa no estado heterozi-
gótico (dois alelos diferentes do mesmo gene); ele só manifesta sua

294 295
Capítulo 1 – Ciências transcendentais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

característica quando o seu alelo aparece presente nos dois pares esses credores são observados e acompanhados para que a necessi-
de cromossomos homólogos (dois alelos iguais) e quando o gene dade do devedor seja tratada na medida e eficientemente.
dominante está ausente.
Fazendo uso de informações de André Luiz (Santos, 1990b), con-
Os genes alelos são segmentos de DNA que ocorrem aos pares. clui-se que, por essa maneira, o homem passou a compreender que a
Um é proveniente da mãe (óvulo) e outro, do pai (espermatozoide), matéria é simples vestimenta das forças que o servem nas múltiplas
que se encontram no mesmo lócus, nos cromossomos homólogos. faixas da natureza e que todos os domínios da substância palpável
podem ser plenamente analisados e explicados em linguagem mate-
São exemplos de características físicas dominantes: nariz aquili- mática, embora o plano das causas continue para ele indevassado.
no, lobo da orelha deslocado, queixo com covinha e prógnato, lábios
grossos, cabelo escuro, calvície, olhos escuros, capacidade de enro- O estudo genético no âmbito das ciências da Terra, acompanhado
lar a língua, dedo mindinho curvado e polegar curvado, entre outras. de estudos alternativos de base espiritual, muito poderia contribuir
Genes recessivos também se expressam em síndromes, doenças – para a solução de diversas práticas e condutas inadequadas, que,
daltonismo, fibrose cística, cirrose hepática e albinismo, entre ou- por sua vez, muito influenciam a ocorrência de impactos negativos
tras. Além de os genes dominantes e recessivos influenciarem os na sociedade. Nesse sentido, as informações trazidas por Tia Neiva,
Clarividente e interlocutora do mundo espiritual superior, e pelo dr.
traços de personalidade mais periféricos, como as características
Jorge Andréa, médico entusiasta dos estudos espirituais de base
físicas, eles influenciam traços centrais, de difícil alteração, caso da
científica, constituem referências para o desenvolvimento de propos-
inteligência (capacidade de cognição ou de processamento mental
tas de estudos conjugados.
baseada no acúmulo de experiências na linha do tempo).
Outro fenômeno de base transcendental e que não poderia dei-
Pode-se dizer que grande parte dessas consequências físicas
xar de fazer parte do presente estudo é o da mediunidade, bastante
está atrelada às elevadas concentrações de experiências vivenciais
estudado e comentado por Mário Sassi em suas obras em parceria
carentes de equilíbrio. Se não tratado, complementado por novas vi- com Tia Neiva.
vencias positivas, o organismo segue em desarmonia, inclusive de
ordem comportamental. O mesmo raciocínio é válido no caso de
menores concentrações de conteúdos vivenciais, em que distúrbios
ou distonias mentais aparecem sob o influxo de traços de persona-
lidade mais explosivos ou retraídos, tímidos. A dor não aparece por
acaso – o acaso não existe. Todo ciclo vivencial, incluindo seu aspec-
to espiritual, é passível de ser rastreado ou verificado, acompanhado,
e passível de sofrer algum tipo de intervenção por “mãos ocultas”.
A espiritualidade superior não castiga nem prepara armadilhas para
ninguém, mas Espíritos menos esclarecidos, ungidos de ódio, de al-
guma forma credores de determinadas situações, estão prontos para
agir de maneira adequada à necessidade do devedor. Mesmo assim,

296 297
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Cachoeira do Jaguar, na Estrela Candente

Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia,GO

Capítulo 2
Mediunidade

A
mediunidade é a base do funcionamento da
Doutrina do Amanhecer. Apesar dos vários tipos
de mediunidade – já que existem vários tipos de
missão na Terra –, para os trabalhos mediúnicos do Amanhecer bas-
tam as mediunidades de incorporação e de doutrinação (Figura 7).

Para Tia Neiva (1981), em uma de suas cartas,

Sabemos que existem muitas mediunidades, porém o

Doutrinador e o Apará são a base para seguir a missão.
Sem o desenvolvimento de um desses aspectos nada é
feito no plano iniciático.

Todo homem tem sua missão na Terra e, geralmente,

vem com seu plexo aberto para cada missão. É pos-
sível, também, completar o seu tempo em uma e se
voltar para outra missão, com muito cuidado, porque
Foto: Francisco Rocha

cada desenvolvimento desenvolve, também, o seu ple-

xo nos três reinos de sua natureza [Corpo Físico, Alma e
Espírito]. Naturalmente, é desenvolvido de acordo com
a sua missão. (Zelaya, 1981, Anexo 13).

299
Capítulo 2 – Mediunidade
Ilustração: Laylson Coimbra
Figura 7. Doutrinador e apará no exercício da mediunidade no Vale do Ama-
nhecer, assistidos por seus respectivos mentores.
Segundo Mário Sassi (1974a),
[...] não existem poderes psíquicos especiais, mas ape-
nas emissões de forças, energias naturais comuns a
todos os seres humanos. Vê-se também que todos os
seres humanos usam essas energias, pois, sendo elas
naturais e integrantes do processo biológico normal,
ser-lhes-ia impossível deixar de usá-las.
Mediunidade é a faculdade, a maneira como essa ener-
gia se manifesta no ser, seja ele humano ou não. É
uma energia que emana do corpo físico e se conjuga,
na sua manifestação, com o mecanismo psicofísico.
Basicamente, ela é igual em todos os seres, porém, va-
ria em teor, quantidade e forma, de um para outro. Não
existem dois médiuns iguais, como não existem dois
300
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
seres humanos iguais. Mas todos são médiuns na sua
condição de seres humanos. (Sassi, 1974a, p. 6 e 7).
A mediunidade é um fenômeno extrassensorial que pode se ma-
nifestar em qualquer ser, em especial nos seres humanos. Refere-se
à comunicação e à interação entre dois mundos, o físico e o espiri-
tual, com diversos fins, entre eles relatos e trocas de informações. A
capacidade para a manifestação varia de pessoa para pessoa, razão
pela qual muitos reencarnados consideram o corpo físico como uma
antena de recepção e emissão de informações. Além disso, a mediu-
nidade é considerada o sexto sentido, que está em desenvolvimento
nos seres vivos, mas em estágio mais avançado também nos seres
humanos.
O fenômeno da mediunidade ainda carece de estudos científicos,
como base, pelo menos, numa abordagem alternativa, já que alguns
tipos, como a vidência (percepção fragmentada de cenas espirituais)
e a clarividência (percepção mais completa de cenas espirituais),
ainda dependem do estatus alcançado pelo médium comunicante.
Mediunidades como essas costumam ser confusas do ponto de vista
da percepção e da compreensão para a maior parte dos médiuns.
Interpretar mensagens visuais, verbais e textuais costuma ser um
“quebra-cabeça”. Nem sempre o que se vê, escuta ou lê são mensa-
gens apresentadas na íntegra.
Normalmente, a mediunidade envolve todos os órgãos dos sen-
tidos, o que faz com que seja ativado um canal especial de comuni-
cação entre os dois mundos. Os órgãos dos sentidos, pela grande
sensibilidade, são indicados à recepção e emissão energética, além
de serem apropriados à movimentação de vários tipos de energia.
No entanto, o pensamento (a corrente mental), um fenômeno recep-
cionado pelo cérebro (órgão de maior sensibilidade do plexo físico)
e produzido por sua contraparte, o duplo etérico, mas com o apoio
do perispírito, é o receptor ou sensor mais eficiente para ser utiliza-
do nesse tipo de fenômeno. Isso ocorre quando o cérebro e o duplo
etérico participam do processo mediúnico, pois esses corpos ou sis-
301
Capítulo 2 – Mediunidade
temas têm funções integralizadoras dos cinco sentidos, nem sempre
necessários ao processo mediúnico (comunicação inconsciente).
Graças à “fundação” ou a base espiritual no qual o plexo físico é
erigido, ele se torna uma “antena” receptora e transmissora de ener-
gias extraetéricas, como as correntes do pensamento. Como todos
os seres da natureza estão mergulhados na energia extracósmica, al-
tamente mutável, toda a matéria física, que também deriva dela, tem
a propriedade de mudar de estado ou mesmo de se converter em
outra substância. Consequentemente, muitas alterações passíveis
de ocorrer podem ser comandadas por seres inteligentes que já es-
tão em estágio evolutivo mais avançado. Esses seres exibem elevada
quantidade de experiências vivenciais acumuladas, suficientemente
superiores e organizadas para atuar sobre qualquer tipo de maté-
ria, inclusive sobre a matéria etérica menos evoluída, ou seja, aquela
que está menos impregnada de conteúdos vivenciais, em termos de
quantidade e qualidade (conteúdos com interação desequilibrada).
A mediunidade pode ser empregada para diversos fins e em lo-
cais onde existe a necessidade de interação entre os dois mundos.
Para fins nobres, ela é bastante conhecida e utilizada em apoio, por
exemplo, à cura desobsessiva, mais especificamente ao tratamento
de Espíritos sofredores ou de cobradores que ainda não se libertaram
do sentimento do ódio. Essa situação serviu de base para a criação
da Doutrina do Amanhacer. Apesar do grande alcance da cura de-
sobesessiva ali praticada, Pai Seta Branca não interfere diretamente
em situações cármicas, ou seja, não remove nem desconsidera fatos
que preceisam ser reequlibrados. Os procedimentos adotados para
a cura desobsessiva dizem respeito, principalmente, à negociação,
intermediada por mentores da doutrina, entre os cobradores e os
médiuns ou os pacientes. Para atender a esse objetivo, Tia Neiva
trouxe dos planos espirituais dois tipos de mediunidade que depen-
dem do plexo iniciático: a do doutrinador e a do apará. A mediu-
nidade pode ser utilizada também em processos educativos com o
propósito maior de facilitar o processo de instrução, de educação e,
consequentemente, o comportamental. Assim como a mediunida-
302
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
de de pintura mediúnica, bastante utilizada no Vale do Amanhecer
como recurso didático de efeito visual, a psicografia também poderia
servir como recurso didático de efeito cognitivo com vistas à sensibi-
lização e à preparação do processo da conduta doutrinária, base para
os trabalhos da cura desobsessiva.
Enquanto a mediunidade de cura desobsessiva envolve energias
terapêuticas, nutritivas, de natureza espiritual, de sustentação da es-
trutura física – com o processamento ou a manipulação energética
especializada, caso da energia iniciática –, a mediunidade de comuni-
cação, como a psicografia, está relacionada à geração de informação,
de conhecimento, de estabilidade emocional, e envolve outro tipo de
energia, mais simples, de alcance mental e, consequentemente, de
efeito educativo.
A psicografia pode ser exercida de forma consciente (semelhante
à inspiração mediúnica, caso desta publicação), ou inconsciente ou
automática. Em linhas gerais, a psicografia consciente é realizada
por intermédio do órgão de recepção dos impulsos nervosos, o cére-
bro, que, por sua vez, é acompanhado do sistema responsável pelo
processamento mental, o interoceptível, mas com apoio do sol inte-
rior, região que recebe as energias perispirituais do médium e da en-
tidade que deseja se comunicar. A psicografia inconsciente apresen-
ta apenas desdobramentos mecânicos; a entidade consegue acionar
diretamente os órgãos de função motora (braços e mãos, ou pernas
e pés), mas sem que sua corrente mental ou espiritual alcance as
regiões do interoceptível e do cérebro.
Informações básicas para o
estudo da mediunidade
Pastorino (1975) traça um paralelo entre conceitos clássicos e
informações do plano físico (eletricidade, magnetismo, biologia,
303
Capítulo 2 – Mediunidade
plexos, sistema glandular e sentidos, entre outros), do plano astral
(chakras) e do plano mental e a mediunidade.
Do ponto de vista da eletricidade vs. mediunidade, segundo esse
autor,
O que nos dá melhor idéia do que seja vibração, é ver
o funcionamento de um pêndulo, com seu vai-vem
característico.
No pêndulo distinguimos:
a) o “momento de repouso” ou de “equilíbrio”, quan-
do ele se acha exatamente na vertical;
b) os “pontos máximos”, que ele atinge ao
movimentar-se.
[...] o pêndulo leva tempo em sua oscilação. Então, cha-
mamos período o tempo de uma oscilação, medida em
segundos.
Denominamos frequência ao número de oscilações
executadas durante UM segundo. Quanto maior a fre-
quencia, mais alta é ela, quanto menor, mais baixa.
A frequência é medida em ciclos. Então o número de
ciclos é o número de oscilações (ou frequências) con-
tadas ao passar por determinado ponto, durante um
segundo.
Como nada existe de imóvel, também a oscilação (fre-
quência ou vibração) caminha de um lado para outro. A
essa vibração que caminha chamamos onda.
Ao deslocamento de partículas num condutor damos
o nome de corrente. Se a corrente caminha para um
só lado, constantemente, dizemos que é contínua ou
direta. Se ora vai para um lado, ora para outro, a deno-
minamos de alternada.
304
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
[...] a corrente elétrica é produzida por um gerador, e a
corrente mental é produzida por nossa mente e trans-
mitida por nosso cérebro. No cérebro temos uma vál-
vula que transmite e que recebe, tal como um aparelho
de rádio.
[...] cada cérebro pode emitir em vibrações ou frequên-
cia alta ou baixa, de acordo com o teor dos pensamen-
tos mais constantes. O amor vibra em alta frequência;
o ódio, em baixa frequência.
As vibrações, as ondas, as correntes utilizadas na me-
diunidade são as ondas e correntes de “pensamento”.
Quanto mais fortes e elevados os pensamentos, maior
a frequência vibratória e menor o comprimento de
onda. E vice-versa.
[...] onda é uma partícula que se desloca com movi-
mento oscilatório. Acontece, porém, que ao deslocar-
-se, provoca um “campo magnético”.
Chama-se assim a oscilação da carga elétrica, com
campo magnético. Esse “campo magnético” particular
acompanha a onda que o criou.
Ondas longas – são todas superiores a 600 metros de
comprimento. Caminham ao longo da superfície ter-
restre e têm pequeno alcance.
Ondas médias – são as de comprimento entre 150 e
600 metros. Caminham em parte ao longo da superfí-
cie, mas também se projetam para as camadas supe-
riores da atmosfera. Têm alcance maior que as anterio-
res, embora não muito grande.
Ondas curtas – são as que variam entre 10 e 150 me-
tros. Rumam todas para a atmosfera superior, e são
captadas de “rico-chete”. Têm alcance muito grande.
Ondas ultra-curtas – são todas as que forem menores
que 10 metros. Muito maior alcance e força, ecoando
nas camadas superiores da atmosfera.
305
Capítulo 2 – Mediunidade
[...] Se os pensamentos bons (elevados) e de amor são
apenas “momentâneos”, não conseguem formar uma
“corrente”, mas somente “ondas amortecidas”, isto é,
ruídos interrompidos.
[...] a corrente positiva precisa ser constante para atin-
gir o alvo, e a “onda amortecida” não chega à meta,
assim também aquele que está permanentemente com
sua corrente positiva não é prejudicado pelas “ondas
amortecidas” de pensamentos “maus” que lhe chegam
e são logo expulsos [energias esparsas]. Permanecer nos
pensamentos negativos formando “corrente” é o que
prejudica.
Por que durante certas comunicações “automáticas”
o médium fica inconsciente e em outras permanece
consciente?
“Durante” as comunicações o médium sempre tem
consciência do que diz. Mas quando termina é que
vem o esquecimento. Isso se dá sobretudo, quando a
comunicação é feita por meio do sono hipinótico, sen-
do “agente” o Espírito e “paciente” o médium.
Verificamos, pois, que o Espírito não precisa estar pre-
sente para dar comunicação. Pode irradiar seu pensa-
mento de distâncias grandes e ser percebido pelo mé-
dium. Daí o erro de mandar que o “vidente” comprove
a incorporação, para evitar mistificações.
Captadas as ondas-pensamentos, o aparelho mediúni-
co as retifica através do cérebro, modulando o pensa-
mento-palavra, transformando-as em ondas acústicas
(palavras discursivas), sonorizando-as através do apa-
relho fonador (alto-falante) ou as escreve (transforman-
do-as em imagens convencionais), mas sempre com
suas próprias palavras e estilo (a não ser que a ligação
tenha sido feito por fio, ligando aos chakras, agindo
sobre os centros nervosos do corpo e prescindindo da
“válvula retificadora” do médium). (Pastorino, 1975, p.
11-17, 38 e 39).
306
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Do ponto de vista do magnetismo vs. mediunidade, Pastorino
(1975) considera:
Muito antiga, na humanidade, a observação de que
havia corpos com a propriedade de atrair outros. Na
velha Ásia, muito antes de Cristo, foi encontrado na
região de Magnésia um mineral que atrai o ferro. E
por isso foi ele denominado “magneto”, donde deriva
a palavra “magnetismo”. Analisado recentemente, foi
classificado como “tetróxido de triferro (Fe3O4), ao qual
hoje se denomina “magnetita”, chamando-se ímãs ao
magneto.
Interessante recordar que essa capacidade de “atra-
ção” é também observada no corpo humano, e por as-
sociação, a ela se chamou “magnetismo animal”.
[...] há corpos capazes de receber as vibrações de ou-
tros corpos, tal como o tetróxido de triferro recebe as
vibrações do ferro, trazendo-os mesmo a si quando o
peso-força da radiação é maior que o peso-massa do
corpo. Assim verificamos com a ebonite, que recebe vi-
brações de cabelos, papel, etc., trazendo-os a si, quan-
do leves.
Ora, o mesmo ocorre com o corpo humano, sobretudo
com certos órgãos. Por exemplo, as glândulas pineal e
pituitára (epífise e hipófise), que tem a capacidade de
receber as ondas-pensamento da própria mente e de ou-
tras mentes, encarnadas ou desencarnadas. Aceitamos
a teoria de que a glândula pineal serve “sempre” de
intermediária entre o Espírito da criatura e o cérebro.
Toda e qualquer ideia ou pensamento do Espírito é
transmitido vibracionalmente e recebido pela pineal, e
através dela é comunicado aos neurônios cerebrais que
então a transmitem ao resto do corpo, agindo sobre os
centros da fala, dos braços, pernas, etc. Inversamente,
tudo o que fere os nervos ópticos, auditivos, olfativos,
gustativos, tácteis, etc., é levado aos neurônios, que o
307
Capítulo 2 – Mediunidade
fazem chegar à pineal e daí então é transmitido por
meio de ondas-pensamento ao Espírito. Outro ponto
para ser pesquisado pelos entendidos.
Assim como recebe os pensamentos do próprio
Espírito, pode também receber os de outros Espíritos
quer na matéria (telepatia), quer desencarnados (me-
diunismo). Entretanto, além desse tipo de mediunis-
mo, que chamaríamos “magnético”, temos outro tipo
de mediunismo, realizado por fio fluídico, ligado di-
retamente aos chakras, e destes passando aos plexos
nervosos que são feixes e entrosamentos de nervos.
Ou seja os chakras representam em relação aos plexos,
o mesmo papel que a pineal em relação ao cérebro.
Lembremo-nos de que o plexo mais importante do
tronco, “plexo solar”, é denominado “cérebro abdomi-
nal”. (Pastorino, 1975, p. 45 e 46).
Traçando um paralelo no que diz respeito ao “cérebro abdomi-
nal”, esse sistema, na linguagem de Tia Neiva, equivale ao plexo so-
lar, denominado por ela de sol interior, o qual é formado por ectolí-
tero, ectolítrio e sete raios do sol interior (Figura 2 e Anexo 11). Para
Pastorino,
Do mesmo modo que os nervos constituem os condu-
tores fluídicos das vibrações sensoriais no corpo físico,
assim há cordões fluídicos de matéria astral, de que
nossa ciência terrena “oficial”, ainda nem sequer apu-
rou a existência, embora citados em literaturas anti-
quíssimas e bem conhecidas no ocidente. Nada existe,
porém, a esse respeito nos tratados científicos.
Na mediunidade pode aparecer uma objeção: o mé-
dium dócil recebe “Espíritos” dóceis, havendo de
modo geral consonância de temperamento entre os
médiuns e seus “Guias”. Entretanto aí não se trata de
magnetismo, mas de sintonia “vibratória”.
308
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Podemos, então, estabelecer um princípio: as comu-
nicações telepáticas, através de pineal-pituitária, se fa-
zem por “sintonia vibratória”; e as fluídicas (ligações
por fio) se realizam através dos chakras-plexos, por
magnetismo positivo-negativo. Em nossa hipótese,
pois, o magnetismo poderá influir na “incorporação”,
na ligação fluídica, mas não na inspiração ou intuição,
que esta se realiza por simples recepção de ondas
vibratórias.
Encontramos de imediato três aplicações práticas [re-
lacionadas à massa magnética ou ponto ideal, onde se re-
uniria toda a região magnética puntiforme]: nos passes,
nas obsessões e nas incorporações.
A. Nos passes magnéticos a maior intensidade de
uma corrente fluídica vai depender da diferença das
massas magnéticas do doador e do paciente.
B. O obsessor, ciente ou inconscientemente, se liga ao
obsidiado através do “ponto magnético” que ofe-
reça campo de atração. Esse ponto é do polo ne-
gativo (passivo) na vítima, para que ele utilize seu
npróprio polo positivo (ativo). Ora, os pontos nega-
tivos no reencarnado são exatamente os órgãos en-
fermos, deficientes, ou, pelo menos, fracos. Nesse
ponto dá-se a atração, ligando magneticamente os
dois.
C. Nas comunicações, vimos que as telepáticas obe-
decem às leis de sintonia vibratória; mas as reali-
zadas por ligações fluídicas podem efetuar-se por
simples atração magnética. Aí temos dois casos:
1. o desencarnado é mais forte e positivo e se liga
ao reencarnado por um ponto negativo deste (é
o caso anterior da obsessão);
2. o desencarnado é mais fraco (enfermo, sofre-
dor, etc.) e a ligação é feita do reencarnado
309
Capítulo 2 – Mediunidade
(positivo) para o desencarnado, ligando-se
exatamente no ponto magnético mais fraco do
desencarnado: o órgão enfermo.
Essa a razão porque os médiuns, quando “incorpo-
ram”, sentem nos próprios órgãos as mesmas sensa-
ções desagradáveis ou dores lancinantes que o desen-
carnado está sentindo: a ligação foi feita entre o órgão
sadio do aparelho (polo positivo) e o órgão enfermo do
comunicante (polo negativo).
[...] se o desencarnado está próximo do aparelho as
sensações são integrais (caso do “encosto”) porque a
intensidade magnética é máxima. Se a ligação é feita à
distância, as sensações são mais enfraquecidas.
Em muitos casos é tão violento o acesso de dor do de-
sencarnado e tal seu desespero, que uma aproximação
desequilibraria o aparelho. Neste caso, os trabalhado-
res do astral providenciariam a ligação a distância, dei-
xando o Espírito onde está (zona trevosa, subterrânea,
subaquática, etc.). Por não saírem do “inferno” onde se
encontram, os Espíritos não vêem o ambiente, e conti-
nuam queixando-se de que estão em trevas. (Pastorino,
1975, p. 46, 50-53).
Na Doutrina do Amanhecer, existe a corrente mestra para interme-
diar o recebimento e a transmição das forças fluídicas dos Espíritos
(mentores e os sofredores, por exemplo) e, assim, evitar ou minimi-
zar o desequilíbrio do médium no caso da incorporação de Espíritos
sofredores. Apesar de as considerações acima serem de extrema re-
levância, pois o magnetismo ou a força magnética está em tudo que
envolve a matéria, essas informações técnicas são mais pertinentes
aos médiuns que trabalham sem levar em conta a corrente mestra.
Do ponto de vista da biologia vs. mediunidade, Pastorino (1975)
afirma:
310
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Sabemos que os corpos orgânicos são compostos de
células que nascem, crescem, alimentam-se, reprodu-
zem-se (mitose) e desencarnam (isto é, sua contrapar-
te astral, perde a contraparte material) e novamente
reencarnam (ou seja, conquistam, por atração sintôni-
ca, outra matéria similar à anterior.
[...] as células nervosas, denominadas neurônios, não
sofrem essas mutações: as células com que nascemos,
permanecem as mesmas (tanto na parte astral quanto
na física densa) até desencarnarmos.
Por que esse comportamento diferente do comum das
outras células (epiteliais, musculares, ósseas, etc.)?
Porque as células nervosas não pertencem, propria-
mente, ao corpo físico, mas sim ao corpo astral.
As células nervosas (todo o sistema nervoso) cons-
tituem a parte mais grosseira do corpo astral ou pe-
rispírito. E enquanto todas as demais células são pe-
queníssimas (microscópicas), os neurônios podem
constituir-se de longos fios, que atingem, por vezes,
até um metro de comprimento, embora sejam mais
finos que um fio de cabelo.
Os neurônios são células altamente especializadas.
Unidos formam as fibras nervosas e essas, os nervos.
Sendo o sistema nervoso a contraparte grosseira do
corpo astral, qualquer Espírito que atue no corpo astral
do médium, produz influências benéficas ou maléficas
em todo o sistema nervoso do receptor.
[...] o sistema nervoso simpático é sumamente atingido
nas manifestações mediúnicas, de vez que ele é que
registra, no corpo físico, as emoções, que são vibra-
ções típicas do corpo astral. Com efeito, o corpo astral
é a sede de toda e qualquer emoção. Por isso, as emo-
ções repercutem todas no físico, por meio do sistema
311
Capítulo 2 – Mediunidade
nervoso simpático e também no mecanismo químico
(repercussão glândulo-endócrina) como, por exemplo,
na aceleração da produção de adrenalina.
[...] os nervos nada sentem, como também o físico nada
sente: toda e qualquer sensação é registrada no corpo
astral ou perispírito, que a leva ao Espírito. (Pastorino,
1975, p. 61-64).
Esse autor considera a célula nervosa, o neurônio, a parte mais
grosseira do corpo astral ou perispírito, uma espécie de transmissor
das energias nervosas. Do ponto de vista deste estudo, o neurônio
pode ser considerado a parte inicial e mais rudimentar do duplo eté-
rico, por receber diretamentamente do ambiente físico as vibrações
nervosas impregnadas com as experiências vivenciais atuais. Além
disso, esse autor destaca que os nervos nada sentem, pois qualquer
sensação é registrada também no duplo etérico, mas sob o gerencia-
mento do corpo astral, sítio onde está toda a bagagem espiritual do
Espírito.
Pode-se dizer que o estímulo nervoso que conduz a experiência
vivêncial assimilada do meio externo, ao chegar em zonas mais pro-
fundas do Espírito, entra em contato com seus pares acumulados
e organizados, que nem sempre estão completos ou equilibrados;
então, imediatamente, é gerada uma resposta energética, positiva
ou negativa, dependendo do receptor sensorial, a qual serve de base
para a ativação do corpo físico. Segundo Pastorino (1975),
Há duas funções básicas no sistema nervoso:
1ª – Um ato de vontade do Espírito provoca uma vibra-
ção elétrica no corpo astral e este, através do cérebro
(central nervosa) transmite a ordem aos nervos que,
obedecendo, fazem os músculos se moverem. Chama-
se a isso função motora. Quando então, os nervos
transmitem as ordens do cérebro, são denominados
fibras aferentes (levam a).
312
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
2ª – Um contato de qualquer espécie que atinja uma
terminação nervosa, fá-la registrar o fato e, por meio
de “impulsos” através dos fios (nervos), o comunica
ao cérebro (central nervosa) que o transmite ao cor-
po astral. Só então “sentimos” (ou vemos”, ou “ouvi-
mos”, ou “saboreamos”, ou definimos “odores”, etc.).
Quando nessa função, chamamos aos nervos fibras
eferentes (trazem de).
Cada célula “sabe” sua função e a executa rigorosa-
mente, porque possui mente e consciência (embora,
evidentemente, não tão desenvolvidos como nos se-
res superiores, é lógico!). Mas a própria ciência dita
“oficial” reconhece esse fato. Ao analisar o núcleo, os
fisiologistas descobriram que, dentro dele, estão escri-
tos, em linguagem cifrada, quais os direitos e deveres
da célula; o que ela tem que executar durante toda a
sua vida; o padrão a que deve obdecer; a saúde que
deve manter ou a doença que deverá provocar, e em
que época o deverá fazer; numa palavra, todo o seu
comportamento ao longo de sua vida.
Essas “ordens”, diz a fisiologia, são “representadas”
por uma substância denominada “ácido desoxirribonu-
cleico”. Essa substância “representa” a mente da célu-
la, tal como o cérebro “representa” a mente espiritual,
e rege todas as ações, operações e transformações físi-
cas, químicas, elétricas e magnéticas da vida da célula.
Essa “mente da célula” é a guardiã das enfermidades
“cármicas”, fazendo-as eclodir na época prevista, em-
bora já estivessem impressas no núcleo da célula des-
de o nascimento.
Sendo, pois, a parte materializada do corpo astral, que
serve de ligação entre o Espírito e o corpo físico, o sis-
tema nervoso é, ao mesmo tempo,
313
Capítulo 2 – Mediunidade
a. o EXECUTANTE das ordens do Espírito em relação
ao corpo (fibras aferentes) e
b. o COMUNICANTE das ocorrências do ambien-
te físico, para conhecimento do Espírito (fibras
eferentes).
Compreendemos, então, porque, quando um Espírito
se liga a um médium (sobretudo por ligações fluídi-
cas através dos chakras) este se agita, contorce ou
tem repelões: as sensações do Espírito desencarnado
transmitem-se ao sistema nervoso do médium, o qual
executa involuntariamente os movimentos provenien-
tes do Espírito “externo” e não de seu próprio Espírito.
Toda mediunidade que passa através do córtex, impres-
sionando os neurônios, é dita “consciente”, porque o
médium toma conhecimento, na consciência “atual”,
do que se está passando nele; a tal ponto que, frequen-
temente não consegue distinguir se é ele mesmo ou o
“outro” por intermédio dele, que está pensando, falan-
do ou agindo.
Se, ao invés, as células corticais não são impressiona-
das, a criatura não toma conhecimento do que se pas-
sa: é a mediunidade “inconsciente”.
O mesmo se dá com o mecanismo dos órgãos inter-
nos: coração, fígado, intestinos, estômago, rins, baço,
etc.; todo o comando que rege esses órgãos é feito sem
qualquer registro no córtex; daí serem todos os mo-
vimentos e a atuação desses órgãos, “inconscientes”
para nós. Só se algo de anormal lhes sucede, necessi-
tando eles de uma ajuda “externa”, é que há comuni-
cação por meio do córtex, com a sensação sumamen-
te desagradável chamada “dor”. A dor é um toque de
campainha pedindo auxílio e levando ao consciente o
conhecimento de uma irregularidade que precisa ser
sanada. (Pastorino, 1975, p. 64-66 e 68).
314
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Dessas informações, seguem muitas inferências: a comunicação
mediúnica depende basicamente de dois caminhos a serem percor-
ridos pelos estímulos externos, inclusive da corrente mental de en-
tidades interessadas em se comunicar. Um dos caminhos se refere
aos estímulos que percorrem as zonas de processamento mental,
onde ocorre a integração das energias sensoriais (comunicação
consciente); o outro, quando os estímulos percorrem zonas de pro-
cessamento das energias sensitivas, mas de forma não integrada e,
consequentemente, fora do sítio mental (comunicação inconscien-
te). Então, pode-se considerar que nem toda mediunidade é exercida
conscientemente. A mediunidade consciente depende totalmente da
integração dos cinco sentidos, operação que ocorre só na região do
cérebro/duplo etérico. Isso significa que a comunicação inconsciente
fica praticamente à merce do Espírito comunicante. Apesar de ser
uma mediunidade sem influências do médium, suas consequências,
dependendo do ponto de vista moral da entidade incorporada, po-
dem ser profícuas, prejudiciais ou nada agregar de útil.
Merece destaque também a função das vias aferentes (levam a)
e eferentes (trazem de) do corpo físico. As vias eferentes podem ser
consideradas a real manifestação do Espírito com todo o seu po-
tencial de resposta. Se um Espírito projeta seu pensamento ou faz
uma ligação fluídica com o médium, a comunicação pode sofrer al-
gum tipo de interferência se o médium não estiver adequadamente
desenvolvido, educado mediunicamente ou amparado com outros
recursos de isolamento externo, como a corrente mestra.
Tipos de comunicação e de mediunidade
A comunicação entre o Céu e a Terra pela mediunidade pode ser
feita de forma verbal ou oral, escrita, por meio de gestos, danças,
pinturas e cantos, entre outros. Dependendo da necessidade, cada
forma possui vantagens e desvantagens, o que serve de referência
para a seleção do método mais adequado. A comunicação verbal,
315
Capítulo 2 – Mediunidade
apesar de bastante empregada, possui o elevado risco de se tornar
esquecida, mesmo no caso de mensagens importantes. Já as comu-
nicações escritas, por diversos tipos de registro, têm maior chance
de ser lidas e utilizadas em estudos do reino espiritual.
A mediunidade é um fenômeno que se expressa por meio do com-
portamento, com influência explícita do mundo espiritual e comum
a qualquer pessoa. Existem muitos tipos de mediunidade: psicofonia
ou incorporação, doutrinação, vidência, clarividência, psicopictogra-
fia ou pintura mediúnica, psicografia, audiência, materialização lu-
minosa, transporte, bilocação ou bicorporeidade, desdobramento ou
projeção astral e premonição, entre outras. Todas elas se apresentam
em diferentes graus de intensidade ou tonalidade, podendo ocorrer
de maneira inconsciente, semiconsciente e consciente e, em geral,
se manifestam induzidas por algum ritual de cunho religioso; podem
ser definidas como uma expansão temporária do nível de percepção
em relação a uma realidade extrassensorial (transe, estado alterado
da consciência).
Além das mediunidades de incorporação (psicofonia) e de dou-
trinação utilizadas na Doutrina do Amanhecer, vale destacar a pic-
tovidência, situação em que não existe a necessidade de incorpo-
ração e cujos produtos são bastante procurados pelos médiuns do
Amanhecer, as ilustrações de seus mentores. É a mediunidade vol-
tada à produção de algum tipo de pintura digital, ou a óleo, ou de
desenhos de cunho espiritual. A pictovidência envolve dois tipos de
mediunidade, a de vidência e a sensitiva. A mediunidade sensitiva
diz respeito ao estado consciencial ligeiramente alterado em termos
de energia e de conteúdo sensorial. Trata-se, portanto, de um estado
consciencial mais forte do que o estado não alterado de consciência
naturalmente manifestado no dia a dia. Nesse caso, o talento artísti-
co e a experiência do médium no campo das artes plásticas contam
bastante para o resultado da obra, pois o médium tem acesso à ima-
gem espiritual, sensibiliza-se ou fica sob o influxo da força mediúnica
e consegue reproduzir a imagem vista. No que se refere à psicopic-
316
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tografia, bastante utilizada principalmente na Doutrina Espírita, di-
ferentemente da pictovidência, existe a necessidade da intervenção
direta do artista espiritual, ou seja, da incorporação. Isso significa
que a obra é produzida conforme o estilo do Espírito incorporado.
Em geral, a psicopictografia é uma mediunidade que se manifes-
ta de forma inconsciente ou semiconsciente, independentemente
da mediunidade de vidência e, para isso, necessita de um ambiente
adequado. No caso da mediunidade de vidência, ela se manifesta de
forma consciente, podendo ocorrer onde quer que o médium se sinta
sensibilizado. Nesse caso, viagens ou projeções astrais do Espírito
fora do corpo físico durante o período de sono, cuja lembrança foi
preservada ou incorporada à estrutura física, também podem servir
de motivo para a realização da pintura mediúnica, já que esse tipo
de lembrança costuma ser forte o suficiente para deixar o médium
sensibilizado.
Em relação à mediunidade de psicografia, pode-se dizer que ela
ocorre de forma semelhante à psicopictografia, estando a diferença
no produto gerado. Enquanto no primeiro caso o produto é um texto
ou qualquer tipo de relato ou registro de informações, no segundo o
resultado é a pintura. O conteúdo das informações mediúnicas, base
para qualquer escritor ou conteudista espiritual que reencarna com
essa mediunidade, pode ser obtido de forma consciente, semicons-
ciente e inconsciente ou automática, mas sempre com o auxílio de
algum Espírito. Essas mediunidades são voltadas diretamente para o
processo de aprendizagem, de obtenção de conhecimento ou de es-
clarecimento, os quais servem de complementação para os trabalhos
da cura desobsessiva e da cura física. O resultado de todos esses
procedimentos depende do paciente – da sua fé, do seu querer e do
seu respeito, do carma que o trouxe a reencarnar, da conduta em sua
vida profana. A outra parte depende da assistência da espiritualidade
envolvida.
317
Capítulo 2 – Mediunidade
Como já mencionado, as mediunidades de psicofonia e de doutri-
nação constituem os pilares de funcionamento dos trabalhos de cura
desobsessiva na Doutrina do Amanhecer (mediunidades exclusivas).
A manipulação da energia curadora de base iniciática, por essas duas
mediunidades, é de grande alcance para o paciente – por atingir en-
tidades espituais que estão em processo de cobrança. Como resul-
tado – dependendo do merecimento, da fé ou da força que imprimir
em seu favor, da vontade sincera, do carma que está em vigência
e também do ponto de vista da aprendizagem –, pode-se observar,
por exemplo, a abertura de caminhos, acompanhada de curas fisica
e psíquica, de forma parcial ou total, decorrente do afastamento do
Espírito cobrador. Outras mediunidades que não fazem parte desse
contexto (mediunidades auxiliares), mas que servem de apoio e de
estímulo psicológico, pois são de menor alcancance, já que atingem
mais superficialmente o Espírito, também têm sido utilizadas no Vale
do Amanhecer: a pintura mediúnica (imagens de mentores) e a psi-
cografia (livros e mensagens escritas), por exemplo.
Apesar de as mediunidades auxiliares não serem utilizadas nos
trabalhos desobsessivos do Amanhecer, foi por intermédio da me-
diunidade de clarividência que Tia Neiva conseguiu receber deta-
lhadamente do mundo espiritual orientações e conhecimentos para
criar a doutrina. Segundo José Carlos do Nascimento Silva (2006),
A clarividência é uma mediunidade rara, confundida,
na prática, com a de vidência ampliada, mas com di-
ferença profunda, pois o clarividente possui consciên-
cia simultânea, isto é, consegue viver e se comunicar
em planos diferentes, simultaneamente, obedecendo
às leis de cada plano e com plena consciência dessa
diversidade.
Tia Neiva recebeu a missão de aprender e nos trans-
mitir nossa Doutrina por sua clarividência. Ao mesmo
tempo em que estava em seus afazeres neste plano fí-
318
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
sico, ouvia e via os Espíritos superiores que lhe traziam
ensinamentos crísticos.
Exercitando sua clarividência na Lei do Auxílio, ao mes-
mo tempo em que estava atendendo alguém, podia ver
e ouvir Espíritos obsessores, cobradores, bem como
mentores, e penetrar em quadtros do passado e do
futuro, com isso proporcionando cura para situações
de aflição e angústias pela manipulação dessas forças,
especialmente na Alta Magia de Nosso Senhor Jesus
Cristo. (Silva, 2006, p. 159).
A inspiração mediúnica e a psicografia podem ser consideradas
tipos de mediunidade auxiliares na Doutrina do Amanhecer, pois têm
grande chance de contribuir com a cura desobsessiva, mesmo que
de forma indireta, via texto. Informações esclarecedoras e mais bem
trabalhadas podem reforçar positivamente o tratamento recebido. O
processo educativo pode ser considerado outro tipo de tratamento,
mas de longo prazo e menos contundente, pois abre as portas do en-
tendimento e pode provocar mudanças de condutas mais definitivas,
por garantir a paz e a esperança de quem busca uma saída para os
males que está sofrendo.
Desenvolvimento da psicografia
A psicografia não é uma mediunidade para ser utilizada em qual-
quer situação, muito menos no contexto da cura desobsessiva. Ela
pode ser indicada para estudos em que o processo de aprendizagem
seja vital. Por exemplo, em estudos voltados à aquisição de conheci-
mentos espirituais ou à apropriação de conhecimentos no contexto
da Doutrina do Amanhecer – o conhecimento é uma das principais
variáveis que afetam a conduta da Tribo do Jaguar. Pode-se dizer que
a psicografia não oferece nenhum tipo de inconveniência, desde que
seja exercida por médiuns preparados e com boas intenções. Para
isso, o texto produzido pela psicografia deve ser revisado antes de
319
Capítulo 2 – Mediunidade
sua divulgação. A ignorância em determinado assunto pode levar
um médium a substituir uma conduta doutrinária apropriada por
comportamentos derivados de hábitos culturais que nem sempre fa-
zem parte da doutrina. Sem o devido conhecimento da Doutrina do
Amanhecer, o médium não dá a ela o real valor que se exige em favor
da cura desobsessiva.
Como qualquer outra mediunidade, a psicografia é passível de
ser desenvolvida e de se manifestar de diversas maneiras. Quando
o médium adquire sensibilidade suficiente para expressar esse fe-
nômeno pela linguagem escrita, o Espírito envolvido nesse tipo de
comunicação consegue transmitir seu pensamento ao plano físi-
co. Algumas pessoas já trazem em sua bagagem espiritual alguns
atributos dessa mediunidade, ou seja, vêm para o plano físico com
grande potencial de servir como intermediário entre os dois planos.
Consequentemente, exibem facilidades naturais. Outras pessoas,
com um padrão normal para esse fim, necessitam do exercício cons-
tante da leitura e da escrita para perceberem nuances que nem todos
conseguem alcançar. É comum pessoas dizerem ter levantado à noi-
te, durante o período de descanso, e anotado alguma informação, le-
vadas por intensa vontade de registrá-la, para compor depois alguma
mensagem.
São premissas para o desenvolvimento dessa mediunidade: pos-
suir interesse e se tornar receptível, não ter medo e mostrar a con-
duta mais ilibada possível, para recepcionar Espíritos sábios e bem
intecionados, e, consequentemente, aproveitar melhor para si as in-
formações recebidas. A receptividade é um dos fatores mais impor-
tantes, pois a movimentação de forças psíquicas e espirituais, acres-
cidas de informações vivenciais, é a primeira etapa do processo. Se
a pessoa não quer ou não gosta de se submeter a processos como
esse, então, independentemente das crenças que professe, as forças
não são dinamizadas ou não se deslocam em seu favor. O exercício
da mediunidade exige o princípio da reciprocidade, já que qualquer
pessoa pode ser considerada uma antena de recepção e emissão de
320
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
pensamentos; do contrário, pode-se tornar, como é comum, uma an-
tena só de emissão.
Em relação à transmissão e à recepção de mensagens de forma
consciente, em geral o Espírito interessado em passar determinada
mensagem ou um conjunto de informações projeta seu pensamen-
to no perispírito do médium, uma energia condutora e impregnada
de informações de esperança. Essa projeção energética ocorre no
momento mais conveniente para ambos os Espíritos (reencarnado
e desencarnado) e pode ficar “estacionada” no perispírito do mé-
dium, mas vibrando conforme as propriedades da matéria, à espera
de oportunidade para ser recepcionada e processada no campo men-
tal. Tão logo o médium mentalize ou entre em contato com algum
aspecto do assunto projetado, inicia-se o processo de decodificação
e de transmissão da mensagem, que deve ser registrada o mais breve
possível.
Quando a mensagem projetada não passa pelo cérebro do mé-
dium e é dinamizada diretamente por algum órgão responsável pela
função motora (braço, mão, perna, pé), ela é transmitida sem qual-
quer influência cognitiva do mediador e, portanto, é mais fidedigna
com o pensamento do emissor. A incerteza quanto à autenticidade
da mensagem, pelo processo consciente ou inconsciente, sempre vai
existir, mas alguns critérios de avaliação pode servir de base de análi-
se: o tempo e a experiência do médium, o conteúdo e a qualidade da
mensagem. A análise do conteúdo pode indicar o tema ou o assunto,
se a mensagem é de relevância para os interessados; e a análise da
qualidade diz respeito à clareza, ao foco e à nitidez com que é abor-
dado o tema.
Tanto a psicografia quanto a psicofonia dizem respeito à comuni-
cação espiritual. A diferença está principalmente no tipo de energia
envolvida no processo de mediunização (curativa ou educativa) e
no canal de comunicação. No caso da psicofonia, o processo ocorre
por intermédio da fala; no da psicografia, pela escrita em papel, no
321
Capítulo 2 – Mediunidade ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

computador ou por outro meio eletrônico. No entanto, os objetivos Quanto às mediunidades auxiliares, principalmente a piscopicto-
são semelhantes: instruir, dar ciência, orientar e ajudar àqueles que grafia, a de inspiração e a psicografia, é preciso melhorar o processo
estão sob os cuidados da espiritualidade, enfim, aos reencarnados, de adequação, de forma que possam contribuir para a cura desob-
que, na Terra, estão temporariamente com a memória transcenden- sessiva, pois o estudo criterioso e criativo tende a valorizar a prática
tal bloqueada. Se o médium é bem intencionado, ele recebe boas do bem viver.
influências e apoio do reino espiritual. Quem desejar desenvolver a Nesse caso, algum tipo de acompanhamento também poderia ser
mediunidade e estiver disposto a servir de intermediário no caminho adotado. Por exemplo, a formação de grupos de especialistas ou es-
do bem pode, com ela, contribuir em favor de um mundo melhor. tudiosos da Doutrina do Amanhecer, um comitê de apreciação dos
produtos visuais (imagens dos mentores do Amanhecer) e textuais
A complexidade e a extensão do registro depende do local onde
(mensagens ou livros psicografados, ou inspirados ou orientados
ocorre a manifestação mediúnica e do tipo de evento – em eventos
por metores espirituais). Isso evitaria perda de foco e de qualidade,
de curta duração, em geral, ocorrem mensagens rápidas. Em locais
além de dar mais confiabilidade ao produto. Sabe-se que existem me-
previamente preparados, mais isolados, com maior disponibilidade
diunidades espontâneas e provocadas por meio do desenvolvimento
de tempo, textos longos e mais sofisticados costumam ser produzi- mediúnico e educativo, o que lembra o velho ditado popular: “água
dos. Nesse caso, se o médium for consciente, é sempre bom dispor mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Por isso, a aprecia-
de maior preparação instrutiva, pois os Espíritos podem se expressar ção do produto antes de ser liberado seria uma garantia mínima de
numa linguagem mais complexa, aproveitando-se dos arquivos men- sua qualidade. A Academia dos Jaguares Escritores do Amanhecer
tais do médium. Quando a mediunidade é mecânica e inconsciente, (Ajesa), do Templo de Oliban, já é uma realidade que poderia servir
bastam a boa vontade e o grau de sensibilidade energética. de base a esse propósito.
O importante é não confundir o processo de cura com o de comu-
nicação educativa. A instrução ou o esclarecimento sempre ajudam
no processo de cura, pois afetam diretamente a fé do interessado.
A fé sincera, e de preferência raciocinada, pode aumentar o poder
das forças oriundas das energias inteligentes e equilibradas que se
encontram no centro espiritual do paciente. Como explicado ante-
riormente, a ajuda de médiuns de cura pode contribuir, mais eficien-
temente, para que o paciente acesse suas energias inteligentes, já
que as mazelas de maior gravidade, de modo geral, estão atreladas à
programação cármica. As mediunidades exclusivas de incorporação
e de doutrinação do Vale do Amanhecer são praticadas sob determi-
nado controle ou processo de observação permanente, para que o
método de trabalho trazido por Tia Neiva não seja alterado (Zelaya,
1977b, 2007).

322 323
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Quadrante
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia,GO

Capítulo 3
Herança transcendental

A
pesar de a palavra herança indicar algo herdado de
alguém, de algum antepassado, neste texto a he-
rança transcendental indica a herança de algo de si
mesmo, herdada de eras passadas, uma espécie de consequência
de vidas pregressas, das experiências boas e das menos apreciáveis
(Figura 8).

O cosmo
O cosmo pode ser definido como um ambiente dinâmico, de
percepção infinita e formado por diversas dimensões apropriadas à
evolução da vida. Em sua essência, o cosmo é formado pela energia
extracósmica ou fluido cósmico universal, conforme as literaturas
espiritualista e espírita, respectivamente. Essa energia tem a capaci-
dade inata de transformar-se em outras modalidades de energia ou
Foto: Francisco Rocha

matéria por meio de intermináveis cadeias de eventos que constan-

temente se desdobram ou se multiplicam em outras formas de ma-
térias ou de sistemas. A eternidade não é estática, é dinâmica, tudo
está em movimento e gira em torno da vida.

325
Capítulo 3 – Herança transcendental ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Em cada transformação da matéria, observa-se a formação de um

Ilustração: Laylson Coimbra

outro elemento ou substância, com novas propriedades químicas,
físicas, biológicas, além de outras propriedades relacionadas à maté-
ria etérea, com características atemporal e não espacial. Essas carac-
terísticas também conferem à matéria imponderável a capacidade de
registro da realidade estática e dinâmica de qualquer fenômeno da
natureza, físico ou espiritual, além do fenômeno da desintegração e
da reintegração de determinados tipos de energia etérica.

Tomando como base a visão do Todo da Gestalt-Terapia, como

forma de facilitar o estudo em relação ao cosmo, Ribeiro (1999) con-
sidera o Todo (o cosmo) como sendo mais do que a soma de suas
partes (micro e macrocosmo). Trata-se, portanto, de uma maneira
factível de verificar as semelhanças e as diferenças entre as partes
envolvidas no cenário cósmico.

Em termos de microcosmo, a unidade de observação é o átomo,

constituído por um núcleo de carga elétrica positiva e por elétrons
de carga negativa. O núcleo está ligado ou envolto pelos elétrons
em movimentos ao seu redor, os quais são mantidos em órbitas in-
dividualizadas pelo campo de força eletromagnética. A reunião de
infinitos átomos, em uma sequência lógica de acontecimentos, for-
mam as moléculas, os tecidos, os órgãos, os corpos e, assim, conse-
cutivamente. Essa diferenciação é o que determina a constituição de
qualquer sistema e suas funções, voluntárias ou involuntárias, que
são passíveis de evolução ou de melhoria. O microcosmo tem re-
percussão direta sobre a vida na Terra, em especial sobre a conduta
humana.

Quanto ao macrocosmo, a unidade de observação é o corpo ce-

leste, formado por matérias do espaço sideral: asteroides, cometas,
estrelas, meteoros e meteoritos, planetas, satélites artificiais e natu-
Figura 8. O passado viking, andando de mãos dadas com o presente e em rais, estrelas e nebulosas, entre outras. Boa parte desses corpos se
direção ao futuro.
organiza em sistemas estelares, que, por sua vez, formam as galá-
xias. Grosso modo, a estrela (corpo celeste dotado de luz própria) é

326 327
Capítulo 3 – Herança transcendental
o núcleo do sistema estelar, ligado a um agrupamento de planetas.
Cada planeta gira em torno de um eixo próprio, que, por sua vez, gira
em torno da estrela em órbitas elípticas – movimentos de rotação e
de translação. Em decorrência dos campos magnéticos dos astros
cósmicos, os planetas, além de asteróides, cometas e luas, todos se
movimentam ao redor da estrela, mas em órbitas definidas e sem
possibilidade de colisão. O conjunto de incontáveis sistemas plane-
tários formam as galáxias, que, por sua vez, compõem o universo.
O macrocosmo está mais relacionado às vidas superiores, ou seja,
tem mais influência sobre as formas de vida com maior capacidade
de compreensão e de atuação no universo. O homem reencarnado,
por meio das ciências da Terra, ainda não dispõe de informações
nem de condições suficientes para avaliar com mais profundade as
estruturas do macrocosmo. Até o momento, os cientistas observam
as partes visíveis do cosmo. Mas há outras, invisíveis, inclusive bu-
racos negros, cuja existência, antes apenas uma hipótese baseada
em cálculos matemáticos, hoje é comprovada por fotos e, embora
continuem sendo uma icógnita para a ciência, sua existência explica
a movimentação de todas as galáxias (Caires, 2021). O cosmo conti-
nua sendo fonte de grandes descobertas científicas, a cada dia mais
aceleradas.
O macrocosmo orienta e manipula o microcosmo, que é fonte
eterna de criação dos seres universais, ou seja, berçário por excelên-
cia. Os seres superiores, aqueles que já atingiram avançado estágio
de vida, aqueles que estão em posição superior no macrocosmo,
como os Espíritos Arcanos citados por Tia Neiva, são responsá-
veis pela evolução dos seres. Esse esquema indica a existência de
uma hierarquia de comando que leva em conta a força decrescente,
que lembra o sistema de hierarquia trazido por Pai Seta Branca na
Doutrina do Amanhecer.
No universo, a hierarquia é uma das principais formas de orga-
nização dos grupos de trabalhadores, tanto na Terra quanto nos de-
328
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mais mundos físicos e espirituais. Suas consequências, em termos
de resultados alcançados, fazem com que esse tipo de sistema seja
considerado uma referência para o desenvolvimento e evolução de
Espíritos ainda a caminho da perfeição. Praticamente, onde houver
vida física ou espiritual existe algum tipo de hierarquia responsável
pela organização dos processos relacionados ao crescimento de inú-
meros seres em infindáveis estágios evolutivos. Além disso, os siste-
mas de hierarquia criados e implantados por seres superinteligentes
e de elevada evolução, como é o caso do Divino Mestre Jesus, tor-
nam-se um dos principais eixos para o funcionamento das estruturas
voltadas à criação e evolução dos Espíritos.
Cada planeta criado para atender a determinado contexto e ne-
cessidade, com objetivos previamente estabelecidos, é regido por
leis sob os cuidados de líderes sábios e responsáveis pelo grandioso
processo de criação e desenvolvimento dos Espíritos. Em seguida,
destaca-se o sistema estelar, onde esses astros estão abrigados em
órbitas em torno de uma estrela (o Sistema Solar, por exemplo). Sua
principal função é servir de base de apoio e de assistência a esses
planetas, uma forma de garantir que os objetivos de cada um deles
sejam alcançados. Na sequência, aparecem os gigantescos braços
da aspiral que compõem a galáxia e onde estão abrigados os siste-
mas estelares. Cada um desses braços serve de base para a definição
das principais diretrizes a serem tomadas em relação à vida no siste-
ma a que estão inseridos.
Por último, vem a galáxia (a Via Láctea, por exemplo), formada
pelo conjunto de todas as espirais ou peças desse grande quebra-
-cabeça. É a base geral da adminstração e coordenação do grande
conglomerado de sistemas planetários, cheios de vida. Sob seu co-
mando estão inúmeras áreas de segurança, as forças de equilíbrio
decrescentes, inumeráveis falanges de Espíritos e especialistas res-
ponsáveis pelas definições de papéis e de atividades a serem cum-
pridos perante o Criador. A galáxia é o centro das decisões interga-
lácticas de determinada região do espaço sideral, e sua força é tão
329
Capítulo 3 – Herança transcendental
imensa que, para dar suporte ao comando geral de todos os siste-
mas que estão sob seu controle, ela dispõe de um poder na esfera
espiritual que vem do colossal portal de desintegração, de integração
e de reintegração energética, uma espécie de usina de força universal
e de centro de comunicação intergalácteo, o buraco negro.
Nessa cadeia de comandos hierárquicos, formada por forças de-
crescentes, preparada para atender a esse imenso caldeirão energé-
tico, é onde tudo é passível de acontecer em nome da evolução, da
felicidade, do processo de aprendizagem, mas tudo de forma orga-
nizada e com distintos objetivos, funções e responsabilidade. E não
para por aí. Cada galáxia faz parte de uma rede de galáxias, umas
responsáveis por mundos físicos e outras por mundos ou planos
etéricos. Ou seja, elas são responsáveis por tudo o que acontece nas
inúmeras dimensões do cosmo, inclusive pela expansão do univer-
so, mesmo que de forma setorial, mas sempre de forma hierárquica
(dos planos etéricos ou espirituais para os físicos). E, para isso, tudo
funciona harmonicamente, com precisão e com forças dotadas de di-
versas intensidades, direções e sentidos. Nas altas hierarquias, não
existem dúvidas, nem erros, em relação ao que deve ser realizado.
Portanto, por essa suscinta descrição, pode-se ter uma ideia do que é
esperado dos seres mais evoluidos, daqueles que já conquistaram as
competências para melhor servir e não perder mais tempo na busca
por espaços e riquezas materiais.
A Terra, considerada planeta berçário para os seres humanos, di-
ferencia-se de muitos outros equivalentes na Via Láctea, principal-
mente por oferecer condições ideais ao desenvolvimento da vida por
meio de revestimentos perecíveis, mutáveis e com funções de isola-
mento da memória arcaica. Por ser uma forma atípica de viabilização
da evolução espiritual, a Terra recebe atenção especial dos grandes
dirigentes ou avatares de nossa galáxia, seres esses que já passaram
por mutações inimagináveis e que hoje iluminam o universo de Deus
Pai Todo-Poderoso. Jesus é um desses seres e tornou-se referência
para o processo evolutivo, pois acompanha a Terra desde sua ori-
330
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
gem. É o responsável pelo tipo de vida implantado na Terra e, por
isso, sua força age sobre tudo o que aqui ocorre, inclusive na escolha
do processo de reencarnação adequada às condições do planeta.
Em ambos os níveis do cosmo, uma pequena parte da matéria
se apresenta de forma sólida, densa, dura, concentrada, visível aos
olhos humanos; mas a outra parte, a maior, apresenta-se na forma
etérea, imponderável, volátil, invisível aos olhos humanos e com
propriedades de registro, desintegração e reintegração, entre outras.
Uma circunda ou banha a outra, pois não há espaço vazio no univer-
so. O que parece vazio, refere-se à parte invisível para os sensores
humanos. Enquanto as diversas modalidades de revestimento do
Espírito são formadas por matérias de diferentes tipos e níveis ener-
géticos, umas mais duras, concentradas, e outras mais sutis, discre-
tas, o Espírito propriamente dito é formado pelas energias mais quin-
tenssenciadas (mundo das vibrações, dos pensamentos, das ondas
eletromagnéticas), ou seja, do mundo das vivências ou das cenas
do dia a dia armazenadas nesses revestimentos. Essas cenas são
passíveis de ser processadas e modificadas na medida em que novas
contrapartes dessas vivências são incorporadas ao sistema espiritual
(sistema individualizado, indestrutível e indivisível). Uma coisa é o
computador, matéria inerte, outra são as informações nele contidas
(mundo virtual), que podem se alterar constantemente e causar aos
usuários dessa tecnologia danos ou benefícios, até que o processo
de aprendizagem se conclua.
A matéria dura se refere a qualquer energia perceptível aos sen-
sores humanos ou aos aparatos criados pelo homem. Nesse tipo
de energia, está incluída toda a diversidade de matéria do reino mi-
neral, aparentemente sem vida própria, inerte, mas com poder de
expansão ou de degradação física (da rocha ao solo), e as matérias
orgânicas, mais associadas à vida por intermédio de sua contraparte
etérea. Esse processo indica que a matéria sólida sempre está a ca-
minho de se diferenciar, ou seja, de se transformar em uma máteria
com maior condição de abrigar a vida propriamente dita, dotada de
331
Capítulo 3 – Herança transcendental
conteúdo vivencial. É bom lembrar que o microcosmo relacionado à
matéria dura é formado por átomos que possuem elementos que se
movimentam, o que indica vida em um nível muito além da percep-
ção dos reencarnados. A vida, para os homens, manifesta-se quando
a matéria é dotada de movimentos voluntários e involuntários.
A matéria etérica que banha a matéria sólida, especialmente
aquela em estágio de relativa individualização, possui como uma das
principais propriedades o potencial de fixação da realidade vivida.
Por conseguinte, ela fica enriquecida ou impregnada de experiências
acumuladas durante o longo período de permanência em determi-
nado ambiente, e essa é a razão pela qual sua força responde com
movimentos autônomos, dependendo do estímulo que recebe e do
conteúdo vivencial acessado. Esse conjunto de matérias sólida e eté-
rea forma uma só individualidade com os registros de todas as jor-
nadas, ou rastros, ou pegadas pessoais de um passado de interação
com o ambiente que a cerca. Assim, forma-se a energia inteligente,
base para a dinâmica da vida.
As energias etéricas ou espirituais se sobrepõem às energias psí-
quicas (energias de comando, de ação na dimensão física), que, por
sua vez, dominam e controlam as reações da matéria dura, o corpo
físico. Assim, no caso de problemas arcaicos e recorrentes, o psiquis-
mo, sob a influência espiritual, pode “atacar” até o próprio apare-
lho físico – condutas influenciadas por acontecimentos negativos do
passado e que, no presente, podem levar o reencarnado ao suicídio,
por xemplo. Geralmente essa influência está relacionada a dois tipos
de energias: a energia interna, inteligente, mas mal gerida, com a
predominância de sentimentos de culpa ou de baixa autoestima; e
a externa de Espíritos obsessores, que estão na erraticidade, deso-
rientados, com muito ódio e desejo de vingança. Nesse caso, só as
experiências vivenciais adquiridas ao longo do tempo é que verdadei-
ramente vão levar o espítito sofredor a reestabelecer o equilíbrio das
forças de ação.
332
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Qualquer ação ou movimento que ocorre no universo, desde o
microcosmo, base para a formação de cada Espírito, até o macrocos-
mo, abrangendo todas as formas de vida, inclusive todos os Espíritos,
constitui a base de formação da Divindade. Nesse contexto, cada
unidade de vida faz diferença para a Suprema Divindade. Mesmo que
o movimento de todo o universo ainda não esteja em conformidade
com os princípios de compreensão dos homens na Terra, a vida nun-
ca cessa, ela eternamente se transforma. Então, pode-se dizer que ela
se desenvolve a caminho da perfeição. Nesse cenário, o Espírito, que
é regido pela energia inteligente, torna-se apenas uma etapa de nos-
so desenvolvimento, e outras formas de manifestação de vida, mais
poderosas e felizes, formam-se a todo momento no eterno caminho
do progresso.
A energia inteligente
O Espírito ou o princípio inteligente é a centelha divina, impregna-
da basicamente por dois elementos: a energia quintessenciada, pura,
prânica, e a experiência vivencial. Juntas, formam a energia inteli-
gente. A energia pura, depois de longo período submetida a algum
tipo de processo de impregnação e de individualização, começa a
se tornar uma energia mais consistente e condutora de experiências
vivenciais. Tendo em vista que existem infinitas modalidalidades de
energia no cosmo, todas derivadas de transformações da energia ex-
tracósmica ou fluido cósmico universal, a energia inteligente, de na-
tureza prânica, como uma dessas derivações, além de ser apropriada
à fixação e ao registro dos fatos que a ela estiverem impregnados,
pode ser considerada fonte de forças compatíveis com os conteúdos
das experiências vivenciais.
Com base no filtro corporal, a fixação das experiências vivenciais
está capacitada para a gravação dos cinco tipos de energia sensori-
al ao mesmo tempo (visão, audição, olfato, paladar e tato/tempera-
tura). Fora desse contexto, existem outras energias sensitivas que
333
Capítulo 3 – Herança transcendental
não são detectadas pelos receptores do corpo físico, já que o projeto
corporal é exclusivo para os reinos animal e hominal. Apesar des-
sa limitação, suficiente para a evolução desses seres, pode-se com-
parar sua capacidade de registro com a de outros tipos de energias
físicas, de natureza sólida, com muito menos capacidade de arma-
zenamento de energias sensitivas. A fotografia, por exemplo, con-
segue reproduzir apenas a imagem; o vídeo, tanto a imagem quanto
o som. A gravação e o armazenamento das experiências vivenciais,
pela emissão desses cinco sentidos, serve de fonte para respostas a
qualquer estímulo, externo ou interno.
Por meio de técnicas de regressão de memória, é possível acessar
diretamente a fonte onde estão armazenadas as experiências viven-
ciais e, por conseguinte, sentir novamente as emoções do passado,
incluindo o envolvimento de qualquer uma das cinco energias sen-
soriais. No entanto, se houver o desdobramento ou a projeção astral,
ou seja, a saída do corpo físico, é possível que ocorra apenas as lem-
branças do passado, sem o envolvimento direto dos cinco sentidos.
O mesmo fenômeno pode ocorrer com a percepção de entidades,
via mediunidade. O médium pode ver, ouvir, sentir odores, o tato e
a temperatura, ou até sentir sabores de objetos espirituais, às vezes
de forma direta (como participante), às vezes indireta (como assis-
tente). Tudo isso é possível por causa das propriedades da matéria
etérica, mais especificamente da energia inteligente, que está direta-
mente envolvida nesse processo.
Miranda e Anjos (1993) discutem a questão da regressão vs.
desdobramento:
Na sessão [de regressão de memória] de 7 de julho de
1967 novamente encontramos algumas dificuldades
iniciais. A impressão que me fica é a de que, interessa-
do em observar o processo mesmo do desdobramen-
to, Luciano [paciente] interfere com o fluxo normal das
etapas, com a agravante de que acaba se impressio-
nando negativamente ao perceber que o Espírito está
334
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
deixando o corpo físico. Isso parece levá-lo a associar o
desdobramento com o processo de morte que, a des-
peito de suas sólidas convicções espiritualistas e imor-
talistas de vigília, ainda é um processo traumático para
ele, por causa da desencarnação violenta, aparatosa e
pública no trágico 5 de abril de 1794.
Como o leitor pôde observar, não obtivemos êxito al-
gum em várias tentativas de consulta aos arquivos men-
mônicos [experiências vivenciais] de Luciano relativos ao
período de 139 anos decorridos desde a sua morte pela
guilhotina, em 1794, até o seu renascimento no Brasil,
em 1933. Acabamos entendendo que essa interdição,
quaisquer que tenham sido as razões em jogo, deveria
ser rigorosamente respeitada e não insistimos mais. É
até possível que ele tenha tido uma ou mais existências
intercorrentes, ainda que breves, nesse interim de qua-
se século e meio, mas disso não temos notícias. Quem
sabe, um dia, ainda poderemos retomar a pesquisa, a
fim de estudar com os cuidados necessários o aciden-
tado trajeto percorrido por Desmoulins ao preparar-
-se para viver a personalidade de Luciano dos Anjos
(Miranda e Anjos, 1993, p. 139, 205).
A energia quintesssenciada, que serve de base para a formação
da energia inteligente, é a essência do prana, uma enegia universal
bastante conhecida e considerada nos meios religiosos orientais,
principalmente na Índia. No duplo etérico, mais especificamente na
região do interoceptível, a energia inteligente, também denominada
psicoenergia ou energia psíquica, é armazenada durante o período
de reencarnação em câmaras de retenção das experiências vivenciais
na forma de microchakras. O prana (energia vital) é assim definido
na literatura exotérica e religiosa:
Prana é um conceito central na Ayurveda e Yoga,
onde acredita-se fluir através de uma rede de finos ca-
nais sutis chamados nadis. [...] Prana foi exposta no
335
Capítulo 3 – Herança transcendental
Upanishads, onde é parte do reino mundano, físico,
sustentando o corpo e a mãe do pensamento e, por-
tanto, também da mente.
Psicoenergia, energia psíquica ou energia vital é o ter-
mo utilizado para designar os aspectos da energia ge-
rada pelo pensamento e as emoções. O termo é com-
posto das palavras do idioma grego Ψυχολογία; ψυχή,
“alma”, e εργοs (ergos) = en-ergo = energia, trabalho,
movimento. (Wikipédia, 2020)1.
Nesse texto, pode-se observar a associação entre o prana e a ener-
gia psíquica, que flui por uma rede de finos canais sutis chamados
nadis, que poderiam ser comparados às câmaras de retenção das
experiências vivenciais. O tema prana ainda é cercado de mistérios,
com poucos estudos no ocidente, mesmo que de cunho espiritual.
É um assunto aberto a explicações sobre sua origem e sua função
sobre a dinâmica de interação entre os seres humanos.
O chakra coronário, situado no topo da cabeça e responsável pela
atividade mental, filtra a essência do prana e a distribui aos demais
chakras. Os receptores sensitivos, ao entrarem em contato com os
estímulos externos (luz, ondas sonoras, energia do odor, do sabor
e a aspereza dos objetos sólidos) deixam a essência da energia vi-
tal impregnada com os conteúdos vivenciais, condizentes com suas
especialidades. Imediatamente, essa energia impregnada, agora na
forma de impulso nervoso ou corrente nervosa, desloca-se, com de-
terminada força centrípeta, em direção à região cerebral (o grande re-
ceptor e integrador sensorial) e sua respectiva contraparte no duplo
etérico, as câmaras de retenção das experiências vivenciais. Nesse
sítio, dependendo da demanda externa, essa energia segue ao centro
espiritual em busca de reforço ou apoio para promover uma resposta
compatível ao estímulo demandante.
1
WIKIPÉDIA. Prana. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Prana
Acesso em: 4 ago. 2020.
336
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A resposta a qualquer tipo de estímulo, externo ou interno, é por
meio da corrente psíquica (consciente), vinda do duplo etérico, ou
via corrente espiritual (inconsciente), vinda do centro espiritual, mas
com determinada força centrífuga em direção ao corpo físico. Quando
a corrente espiritual se aproxima, ou melhor, alcança a superfície, na
altura do corpo físico, até então inconsciente, ela se junta à corrente
psíquica e se transforma na corrente do pensamento, que é de natu-
reza consciente. Evidentemente que o apoio da corrente espiritual é
indireto e, portanto, sem detalhes do passado. Ambas as correntes
tendem a gerar ações ou condutas controláveis. Dependendo da con-
sistência e do tipo de conteúdo vivencial dominante, equilibrado ou
não, elas podem gerar ações tão instantâneas que mais parecem um
reflexo. Tudo isso ocorre de forma quase automática, evidentemente,
em situação de normalidade do aparelho físico.
A experiência vivencial, principal unidade de análise desse cená-
rio, diz respeito à essência divina propriamente dita e que por si só
desapareceria caso não fosse fixada em uma substância etérica (por
exemplo, a energia do prana). A experiência vivencial é o que deter-
mina o grau de vibração da energia, a densidade, a carga positiva ou
negativa ou neutra. Além disso, sua consistência na esfera psíquica
e espiritual é determinante do raciocínio, bem como de sua conse-
quência, a inteligência.
Quando em fase de formação, as experiências vivenciais tendem
a induzir condutas estranhas, no mínimo desequilibradas, que cos-
tumam ser fonte de doenças como ansiedade, depressão, síndrome
do pânico e outras de ordem psíquica e de complexas causas sinto-
matológicas (processos internos). Além disso, essas doenças costu-
mam estar associadas a processos espirituais de ordem obsessiva
cuja sintomatologia também é de difícil diagnóstico pela medicina
convencional (processo externo). Tendo em vista que tanto a energia
quanto as experiências vivenciais estão presentes em qualquer lugar
do universo, então a vida depende desses dois elementos para se
manifestar e mostrar seus impactos.
337
Capítulo 3 – Herança transcendental
A mistura desses dois elementos, energia pura com propriedades
especiais e experiência vivencial gravada com seu respectivo conteú-
do vivencial, é o que determina a reação do Espírito aos estímulos
do meio ambiente. O resultado final dessa combinação, diante do
estímulo, gera a dinâmica de funcionamento do Espírito, que é ma-
nifestada na forma da conduta ou do comportamento. Em outras
palavras, dependendo dos contextos interno e externo, essa combi-
nação faz com que a energia vibre de acordo com o conteúdo nela
impregnado e com os estímulos externos, gerando assim as forças
de atração (impulsoras) e as de repulsão (restritivas).
Dependendo do grau de individualização e evolutivo do organis-
mo, que correponde ao acúmulo de experiências vivenciais, ao seu
amadurecimento na linguagem terrena, a energia vital especializada
pode não conter todos os cinco tipos de conteúdo vivencial relacio-
nados às energias sensoriais, como é o caso da energia inteligente.
Por conseguinte, nem todo organismo na Terra é tão especializado
quanto o ser humano, mesmo que já apresente todos os sensores de
captação energética como os animais mais evoluídos. Na medida em
que vai aumentando o acúmulo das experiências vivenciais, os seres
vão se diferenciando entre si e entre os outros. Portanto, a principal
unidade de análise que serve de explicação para todos os fenômenos
da natureza é a experiência vivencial, sendo o acúmulo delas a causa
de toda a diferenciação observável no universo.
A energia inteligente se desenvolve lentamente na medida em que
avança o processo de aprendizagem e vai se alterando progressiva-
mente desde a formação do planeta até a atual fase de raciocínio e de
inteligência dos seres humanos. Para aqueles Espíritos que chegam
ao orbe terrestre – geralmente em busca de algum tipo de aprimo-
ramento, já que estão em algum estado de desenvolvimento mais
avançado, pelo menos em algumas áreas de atuação –, é uma grande
oportunidade. No entanto, para os Filhos da Terra, a situação é com-
pletamente diferente. Eles precisam passar por estágios árduos de
aprendizagem para adquirir experiências vivenciais até alcançar de-
338
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
terminado nível de complexidade. Dessa forma, o resultado gerado é
sua maior compreensão em relação a tudo que acontece no ambien-
te que os cerca e também maior liberdade de ação para seguir para
mundos superiores, mais felizes e independentes da matéria bruta.
A gênese dos Filhos da Terra
A Terra, laboratório cósmico e escola preparatória para a vida su-
perior, foi criada para servir de base para o nascimento e desenvolvi-
mento de seres, desde o estado de completa ignorância até o estágio
de elevada inteligência e moral. Além disso, ela serve de estação de
recepção (e desenvolvimento) de visitantes do espaço que vêm em
busca de novas experiências por determinado período. Nesse caso,
esses Espíritos oriundos de outros locais do cosmo, como os cape-
linos, podem permanecer na Terra por aproximadamente 21 reen-
carnações (Sassi, 1979, p. 23), tempo suficiente para completarem
um ciclo de aprendizagem e se capacitarem para novos desafios no
cosmo.
Tia Neiva (1984) conta uma história pincelada com cores poéticas
a esse respeito:
Houve uma era em que o sol e a lua apareciam e ainda
não se entendiam, nem o dia nem a noite. Era a Terra
uma grande formação e seus habitantes não surgiam.
A Terra gerava muitos animais, mas ainda não sabia
gerar o homem. Porém, tudo era Deus! Deus pintando
lindas aquarelas, plantando e fazendo nascer árvores.
Plantou e viu nascer, crescer. Abriu as cachoeiras, os
regatos... Emitia em canto a sua luz silenciosa... E fica-
va hieroglificamente a sua harmonia luminosa, até que
uma grande nave chegou a este maravilhoso planeta
e seus tripulantes se comprometeram... Trazer... volta-
rem e formarem seus habitantes.
339
Capítulo 3 – Herança transcendental
Subiram... Subiram e desapareceram no resplendor de
suas estrelas. Eram inluz na Terra! E, assim falando,
assim cumpriram.
Voltaram... Voltaram, porém aqui não poderiam ficar,
com o aroma das matas frondosas, das rosas... que
Deus, tão seguro, já havia plantado. Não poderiam...
não conseguiriam respirar, se não criassem o plexo
físico.
Criaram, modificaram, engrossaram a sua estrutura e
este Deus se fez homem, ficando esclarecido que o ho-
mem como Espírito podia viver na Terra.
E, assim, puderam voltar, puderam ficar. Porém, a au-
sência do contato com outros mundos, de outras ma-
térias... Salve Deus! (Zelaya, 1984, Anexo 12).
O universo é uma “casa” constituída de infinitos e inimagináveis
espaços e dimensões, todos apropriados à diversidade de seres que
neles habitam com seus respectivos graus evolutivos. Não fossem
as vivências armazenadas no perispírito e demais corpos etéricos,
as quais servem de base de orientação para as forças dinâmicas que
regem o Espírito, então o esquecimento proveniente do processo da
reencarnação ocasionaria uma regressão comportamental, ungida de
condutas totalmente inadequadas. Além disso, por causa da imensa
diversidade de vida no espaço sideral, completamente diferente do
que se conhece na Terra e de difícil detecção, e também pela falta de
visão espiritual da maioria dos seres humanos, o reencarnado perce-
be só o que é palpável, visível aos olhos físicos e aos equipamentos
de elevada ampliação do microcosmo físico.
Os diversos seres que estão em formação ou mutação na Terra,
os Filhos da Terra, se distribuem em uma cadeia infinita de espécies,
com e sem revestimento físico. Os elos dessa cadeia são divididos
grosseiramente pelos reencarnados em quatro grandes reinos: mi-
neral, vegetal, animal e hominal. Nos dois primeiros reinos, apesar
340
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
de fisicamente se diferenciarem completamente quanto à forma e
em relação à reação aos estímulos externos, os seres são constituí-
dos de conteúdos vivenciais elementares, aquém de muitas funções
necessárias aos grandes “voos”. Por conseguinte, a energia prânica
impregnada com experiências vivenciais, nessa fase de desenvolvi-
mento, é denominada de princípio espiritual. Acrescenta-se que as
diversas camadas ou corpos de revestimentos etéricos desses seres
de natureza coletiva estão em fase de desenvolvimento e de indivi-
dualização. O princípio espiritual ainda está longe de ser considera-
do uma energia inteligente, o que significa que os princípios espiri-
tuais que estagiam nos reinos mineral e vegetal ainda não podem ser
considerados um Espírito propriamente dito, mas estão em fase de
elaboração para se tornar, mais adiante, na evolução temporal, um
deles.
No que diz respeito ao reino hominal, mais exatamente em rela-
ção à estrutura espiritual dos seres desse reino, ou seja, dos seres
ditos superiores, o princípio espiritual ali é denominado Espírito.
Esse é o nome dado àqueles que já fizeram grandes conquistas, mas
ainda têm muito que caminhar em busca da luz, da felicidade plena.
Mesmo com suas imensas diferenças evolutivas, o princípio espi-
ritual dos reinos inferiores e o Espírito do reino hominal têm con-
dições de conviver num mesmo plano, e as diferenças é o que os
estimulam a se aperfeiçoarem e melhorarem o padrão de vida onde
quer que estejam. Uma das principais características que os ajudam
a se aperfeiçoarem é a capacidade de mobilidade ou de liberdade de
ação, que facilita a busca de novas experiências.
A esse respeito, Alan Kardec (1991) faz as seguintes ponderações:
O Espírito não chega a receber a iluminação divina,
que lhe dá, simultâneamente com o livre-arbítrio e a
consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver
passado pela série divinamente fatal dos seres inferio-
res, entre os quais se elabora lentamente a obra de sua
individualização. (Kardec, 1991, p. 117).
341
Capítulo 3 – Herança transcendental
Mário Sassi (1999a) acrescenta:
Desde o mineral, passando pelo vegetal, e chegando ao
mundo animal, a luta vai adquirindo aspectos mais va-
riados e complexos. Ela atinge o máximo refinamento
no homem, a maior usina da natureza de transforma-
ção energética que existe. (Sassi, 1999a, p. 25).
A tese da evolução dos seres da natureza, tanto do ponto de vista
físico quanto do espiritual, com lutas intensas desde o reino mineral
até o hominal, não é defendida apenas neste estudo, como pode ser
observado em Kardec (1991) e Sassi (1999a). Depois de uma longa
jornada adquirindo experiências com conteúdos vivenciais diversos,
os seres começam a se manisfestar de forma diferenciada e muito
próxima das formas como são conhecidas atualmente na Terra.
Inicialmente, os Espíritos não percebem o efeito ou as conse-
quências de suas ações, mas na medida em que o princípio de causa
e efeito vai se evidenciando, chamando a atenção, mesmo de forma
sutil, o respeito ao próximo e as construções em si mesmo começam
a dar lugar ao velho costume de mostrar-se incondicionalmente pela
força.
As energias impregnadas com os conteúdos vivenciais sublima-
dos, equilibrados, aquelas que surgem depois de muitas experiên-
cias adquiridas com sacrifícios, alegrias, satisfações, realizações, de-
cepções, tristezas e dores do caminho percorrido, fazem com que o
Espírito se torne um verdadeiro filho de Deus. “Ninguém vai ao Pai
sem passar por mim”, dizia Jesus. Cada reencarnação, cada degrau
da escada de Jacó conquistada, faz com que a distância entre a cria-
tura e o criador diminua.
Apesar da sutileza desse contexto, qualquer um dos quatro rei-
nos está envolvido por algum tipo de energia especializada capaz de
apoiar e ajudar nos processos de mudanças em favor do crescimento
espiritual. Graças aos conteúdos vivenciais adquiridos e fixados ao
longo do caminho da evolução, tudo se transforma e, qualquer que
342
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
seja a experiência vivencial, contribui para que todos os elementos
da natureza, física e espiritual, se transformem de “pedra bruta” em
“diamante”.
Todo movimento energético que ocorre no mundo etérico, im-
pregnado com cenas e os respectivos enredos do mundo físico, favo-
rece a adaptação dos seres que surgem constantemente nos diversos
ambientes de forma que eles se desenvolvam e se transformem em
novas criaturas. As experiências vivenciais, por sua vez, constituem
material orientador das forças físicas em favor da formação dos se-
res no mundo físico e, consequentemente, das espécies de vida no
planeta. Pode-se comparar, de maneira rústica, esses quatro reinos
da natureza às quatro fases de desenvolvimento da vida do ser hu-
mano na Terra (infância, adolescência, fase adulta e velhice). Todo
esse sistema de evolução acompanha os ciclos de vida da Terra (mais
informações no anexo 9).
Os ciclos de existência da Terra podem ser considerados uma es-
pécie de marcação de tempo ou de parâmetro para a evolução da
vida no planeta. Tendo em vista que uma das metas do Divino Mestre
Jesus é encaminhar determinadas plêiades de Espíritos aos mundos
superiores, esses ciclos se tornam referência para a mensuração de
seu trabalho na Terra. Tudo começa no planeta depois de um longo
período de preparação física e espiritual, mais especificamento no
reino mineral.
O processo evolutivo, em atendimento aos Filhos da Terra, leva
em conta os quatro reinos da natureza − mineral, vegetal, animal e
hominal −, cada um com suas peculiaridaes, tanto do ponto de vista
físico quanto do extrafísico, ou seja, de sua contraparte no plano eté-
rico. Para cada tipo de contraparte, existe um modelo de revestimen-
to no plano físico e vice-versa, também um tipo de processamento
das informações, bem como a resposta ao meio. Tudo evolui do sim-
ples (coletivo) para o complexo (individualizado), do mineral para o
hominal. Em uma sequência evolutiva rumo ao infinito, na medida
343
Capítulo 3 – Herança transcendental
em que as experiências vivenciais vão se alterando, crescendo consi-
deravelmente, vai surgindo a necessidade de se trocar os revestimen-
tos físicos, já que os sistemas de processamento de informações dos
corpos etéricos também evoluem.
Reino mineral
O reino mineral reúne os micro, pequenos, médios e grandes
agregados do mundo físico, os agrupamentos intermináveis de ma-
térias solidificadas, liquidificadas, gasosas e no estado de plasma,
para formarem a estrutura do mundo e servir de meio condicionante
para o desenvolvimento da vida na Terra. Desses elementos, graças à
abundância de oxigênio, a vida orgânica se desenvolve e, graças tam-
bém ao gás carbônico, o clima, com temperaturas amenas, tornou-se
apto a esse grandioso evento. Alan Kardec (1991) relata:
À primeira vista, não há o que pareça tão profunda-
mente variado, nem tão essencialmente distinto, como
as diversas substâncias que compõe o mundo. [...]
Quanta dessesemelhança sob os aspectos da solidez,
da compressibilidade, do peso e das múltiplas proprie-
dades dos corpos, entre os gazes atmosféricos e um
filete de ouro, entre a molécula aquosa da nuvem e a
do mineral que forma a carcaça osséa do globo! Que
diversidade entre o tecido químico das variadas plan-
tas que adornam o reino vegetal e o dos representantes
não menos numerosos da animalidade da Terra!
Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os
corpos. Esse fluido é o éter ou a matéria cósmica pri-
mitiva, geradora do mundo e dos seres. [...] É nele que
reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres e
a perpetua em cada globo, conforme à condição deste,
princípio que, em estado latente, se conserva adorme-
cido onde a voz de um ser não o chama. Toda criatura
mineral, vegetal, animal ou qualquer outra – porquan-
344
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
to há muitos outros reinos naturais, de cuja existência
nem sequer suspeitais – sabe, em virtude desse prin-
cípio vital e universal, apropriar as condições de sua
existência e de sua duração (Kardec, 1991, p. 107, 111,
116).
Nesse texto, Kardec (1991) aborda os casos da matéria física e
da matéria etérica, esta última de natureza complementar, dinâmica,
que possui funções distintas e de grande utilidade para a formação
da vida no planeta. Nesse caso, a vida começa a surgir, ou ser cons-
tituída, a partir da fixação dos elementos dinâmicos da natureza nas
energias etéricas que acompanham a esfera física.
No início, o globo terrestre não passava de uma grande bola de
fogo, constituído de diversas substâncias em ebulição, um aglome-
rado de matérias com inúmeros minerais e substâncias químicas
em fase de individualização. O planeta parecia mais um caldeirão de
substâncias incandescentes e de gases altamente tóxicos aos seres
que hoje habitam sua superfície e entranhas. Nesse grande evento,
o globo estava também envolto em um enorme manto fluídico, uma
substancia primitiva, “gelatinosa”, preparada em esferas superiores
pelo Divino Mestre Jesus com o apoio de Espíritos mais bem prepa-
rados, aqui também conhecidos por Arcanos da humanidade.
Esse fluido primitivo da dimensão extrafísica é uma energia espe-
cializada para a fixação dos acontecimentos da esfera física e base
para a formação da energia inteligente, parte inerente dos Espíritos.
Na medida em que o globo ia se transformando fisicamente, simul-
taneamente ocorriam diferenciações e fragmentações dessa energia
em diferentes pontos da esfera etérica (contraparte da esfera terres-
tre). Ou seja, maiores ou menores concentrações de diversos tipos
de conteúdo ambiental fixadas nessa energia primitiva. Por conse-
guinte, essas energias, impregnadas com grandes quantidades dife-
renciadas de cenas e de acontecimentos do mundo físico, fragmen-
tavam-se pelo processo da meiose espiritual, ou seja, separavam-se
e, assim, ocorria o início de formação das “células espirituais”, uma
345
Capítulo 3 – Herança transcendental
espécie de representantes da vida na Terra. Atualmente, essas entida-
des derivadas do fluido primitivo ou unidades etéricas impregnadas
do germe da vida (experiências vivenciais) são conhecidas na litera-
tura espiritual por mônadas celestes.
As mônadas celestes, ou unidades espirituais, podem ser consi-
deradas a matriz geradora dos incontáveis tipos primitivos de mi-
crorganismo (ancestrais dos fungos, bactérias, protozoários, vírus
e algas), que, por sua vez, foram formados pela junção de matérias
etéricas especializadas e matérias do mundo físico com caracteris-
ticas condizentes com os fenômenos geológicos e atmosféricos do
ambiente terrestre da época e, consequentemente, com funções
especializadas de degradação e transformação dos minerais bruta-
lizados (ainda pouco submetidos ao processo de intemperismo).
Os microrganismos podem ser considerados os responsáveis pela
preparação do ambiente primitivo para a chegada da vida superior
na Terra.
Além disso, as mônadas podem ser consideradas as precurso-
ras das células físicas, base para o início do processo de formação
das estruturas do microcosmo, com orientações e intervenções de
Espíritos superiores. Tudo, porém, sob a égide e acompanhamento
do Divino Mestre Jesus, como já comentado, responsável pelo de-
senvolvimento dessa energia primitiva com elevada capacidade de
impregnação ou registro dos acontecimentos do dia a dia na crosta
terrestre. Essa unidade espiritual serve de alicerce para a preparação
de todos os portais ou estruturas das futuras passagens das ener-
gias de fixação do conteúdo vivencial, como o embrião do ácido de-
soxirribonucleico (DNA) e outras estruturas relacionadas ao núcleo
das células do corpo físico. Esse embrião é o que vai direcionar o
desenvolvimento de todas as estruturas necessárias à recepção dos
estímulos externos, ao processamento e ao armazenamento das ex-
periências vivenciais, base de formação do Espírito.
Enquanto a energia etérica primitiva com potencial suficiente para
o desenvolvimento da vida inteligente na Terra foi voltada à fixação
346
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
dos acontecimentos ambientais, a matéria primitiva e seu processa-
mento foram voltados à formação dos corpos físicos e etéricos do pla-
neta, que, na condição de morada, mesmo que temporária, abrigam
tanto o princípio espiritual quanto o Espírito, a energia inteligente.
Enquanto do “barro” surgem os corpos físicos, das energias etéricas
da Terra, banhadas pelo prana, surgem as experiências vivenciais,
que, por sua vez, são base para a diferenciação e individualização
dos Filhos da Terra. Alguns agregados minerais são mais coesos ou
densos do que outros e também fonte riquíssima de energias diver-
sas em que predominam as forças de atração e de repulsão. Exemplo
disso é a imensa massa energética que forma a força da gravidade,
suficiente para manter todo elemento da natureza em seu devido
lugar. Em geral, o mundo mineral é constituído de matérias físicas de
todo grau de consistência, de aparência e de transformação, incluin-
do as energias imponderáveis, uma espécie de matriz apropriada ao
acolhimento e impregnação dos conteúdos da natureza – plataforma
de registro da dinâmica de funcionamento do mundo físico.
Nessa etapa, inicia-se o registro do cenário ambiental por meio da
impregnação dos estímulos externos sobre o cadinho das energias
etéricas que envolvem a matéria. Tanto a matéria física, formada por
energias telúricas de elevado potencial energético, quanto as ener-
gias etéricas apropriadas à fixação do conteúdo do dia a dia são en-
volvidas nesse processo de construção ambiental. Enquanto a maté-
ria se desgasta e perde seu potencial energético ao longo do tempo,
a energia etérica ganha mais força em favor da vida.
Apesar de a matéria se mostrar aparentemente em completa latên-
cia, internamente, em seu nível atômico, o cenário é outro. Existem
energias telúricas que se movimentam em constante interação com
o mundo externo, as quais são estimuladas por diversos tipos de
catalizador de transformações ou de reações físicas – pressão, tem-
peratura, luz, gases, entre outros. Todas as mutações resultantes
desse processo, e que ocorrem no campo físico, são acompanhadas
da fixação dos acontecimentos internos e externos no campo etérico.
347
Capítulo 3 – Herança transcendental
Em um processo de interação com a matéria física, a matéria
etérica, impregnada de conteúdos vivenciais relacionados às condi-
ções atmosféricas e terrestres, vai, aos poucos, definindo as forças
de atração e de repulsão que se manifestam no mundo físico. Essas
energias são a causa primária da polarização sexual dos futuros se-
res vivos que se desenvolverão nas condições da Terra, a masculina e
a feminina. No início, as forças físicas da natureza primitiva se sobre-
põem às forças espirituais, pois as experiências vivenciais acumula-
das no ambiente espiritual ainda não são suficientes para as reações
mais especializadas.
Cada situação que se manifesta nessa etapa de formação do am-
biente vivencial, geralmente fenômenos de grandes proporções (ter-
remotos, maremotos, raios, trovões, explosões vulcânicas), tende a
gerar um registro no mundo espiritual de natureza mais violenta, ca-
tastrófica, o que é base para a futura formação do medo inconsciente
e da agressividade. Como não existe equilíbrio entre as diversas for-
ças oriundas do ambiente vivencial, então a diferença de potencial
entre os diversos tipos de reação física (mecânica, química, elétrica e
magnética, entre outras), acompanhada das respectivas experiências
vivenciais, serve de fonte para o movimento de aproximação e de
afastamento, além das transformações e transmutações.
Pode-se também dizer que o mundo mineral é o reino que serve
de substrato para a formação e organização da vida física na Terra,
que serve de base para a manifestação do Espírito. De forma figura-
tiva, ele poderia ser comparado à fase da infância do ser humano.
A matéria etérica que circunda o planeta e impregna toda forma de
agregado físico e químico é o elemento da natureza especializado
em reter, registrar tudo que ocorre no mundo físico. Portanto, a ma-
téria etérica é a contraparte da matéria física e onde são acumulados
os conteúdos vivenciais provenientes da interação das forças telúri-
cas. Nesse caso, a matéria etérica apresenta também características
especiais que servem de estrutura ou suporte para o mundo físico;
348
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
afinal, os minerais e suas contrapartes estão na base de formação de
todo ser vivo, o que confere a eles o título de alicerce da vida maior.
O agrupamento de minerais do mundo físico, como a rocha, pode
ser considerado uma espécie de revestimento do mundo etérico. Um
revestimento grosseiro, até certo ponto, que se apresenta de forma
massiva e, ao interagir com as diversas forças da natureza, em uma
escala sequencial e, às vezes, momumental (temperatura, pressão,
luz, som, fogo, vento, água, gás, raio, trovão, relâmpago, etc.), trans-
forma-se aos poucos, pelo intemperismo, de rocha em solo. Do solo,
nascem as cadeias orgânicas, carbônicas, apropriadas ao desenvol-
vimento da vida em diversas fases de manifestação. À medida que
vão se formando as camadas de solos, originadas do intemperismo
das rochas ao longo das eras e depositadas na superfície do globo na
forma de horizontes, aos poucos vai surgindo um ambiente propí-
cio ao desenvolvimento do mundo vegetal. Concomitantemente, no
ambiente etérico também vão se formando as camadas energéticas
apropriadas tanto à futura formação dos corpos dos Espíritos de na-
tureza etérica quanto das casas transitórias, planos criados por Jesus
para recepcionar e abrigar os diferentes seres que habitam o mundo
espiritual da Terra.
Esse cadinho ou caldeirão de transformações físicas da matéria
densa, a princípio rico em variedades de elementos químicos, exerce
influência sobre as energias etéricas. Nesse caso, os produtos etéri-
cos resultantes, evidentemente em proporções bem menores do que
o material físico disponível, são as energias especializadas para o re-
vestimento dos seres espirituais. O produto que resulta do processo
de transformação química e, às vezes, biológica da matéria física, im-
pregnado de energias etéricas, em especial da energia prânica (que,
nesse caso, lembra um “cimento”), serve de base para a formação
de um “concreto” etérico, a energia ideal para a formação de capas
ou revestimentos mais especializados. É preciso ter em mente que
todo o processo, físico e espiritual, ocorre de forma contínua, não há
349
Capítulo 3 – Herança transcendental
saltos na natureza. Mas, obviamente, muitos fenômenos são difíceis
de observar e explicar por completo.
Em relação às camadas etéricas, impregnadas da energia prânica,
mesmo que nas formas mais brutalizadas, elas começam a se tornar
um ambiente propício à fixação ou registro de conteúdos da natureza,
evidentemente daqueles menos especializados quando comparados
com os conteúdos vivenciais dos seres dos reinos vegetal, animal e
hominal. Portanto, camadas mais de ordem coletiva, mas seletivas,
possibilitam, com o passar do tempo, o inicio do processo de agluti-
nação e de diferenciação desses conteúdos coletivos. Pode-se dizer
que esse fenômeno é a base primária para a formação do homem na
Terra, ou seja, dos terráqueos. Do estrato geológico do mundo físico,
depois de longos anos submetido à essa “panela de pressão”, com
inúmeros tipos de estímulo da natureza, brotam, mesmo que em
condições primárias, seres revestidos de matéria menos grosseira,
os vegetais.
Reino vegetal
O reino vegetal, em que predominam as essências com proprieda-
des relacionadas à sensação, à exuberância das cores, aos perfumes,
às formas e texturas, à nutrição, à cura ou recuperação dos males
físicos, é o próximo destino de tudo que foi processado e acrescido
em termos de experiência vivencial. O revestimento físico dos ve-
getais é formado por proteínas e é muito menos grosseiro e mais
individualizado do que o dos minerais, já que sua constituição é de
natureza orgânica, plástica em sua grande maioria. Porém, também
está conectado, pela raiz, à terra mãe.
O globo terrestre, depois de milhões de anos de isolamento, imer-
so no espaço sideral em um cadinho de transformações e com gran-
de parte de sua superfície em estado de desordem entrópica, entrou
em estado de resfriamento e, consequentemente, de organização e
individualização de suas partes. Assim, a matéria física começou a se
350
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tornar mais apta a receber o germe divino da vida, mais exatamente a
matéria orgânica, de base carbônica. Concomitantemente, no plano
etérico, tudo caminhava para o grande encontro entre a matéria física
e a etérica. Boa parte das energias etéricas de natureza coletiva, mais
apropriadas à fixação das experiências da natureza, sem a necessária
individualização do conteúdo vivencial, foi se individualizando vaga-
rosamente em estruturas denominadas mônadas celestes (processo
de meiose desse grande campo energético).
À medida que essas estruturas primitivas da vida iam adquirin-
do maior capacidade para o armazenamento das cenas e aconteci-
mentos da natureza, elas se transformavam em outras estruturas,
denominadas Princípios Espirituais, entre eles, os microrganismos.
Isso, porque as mônadas celestes permitiam o armazenamento das
experiências vivenciais peculiares a cada tipo de ambiente que ia
se diferenciando dos demais. Com o resfriamento do globo, a di-
ferenciação dos diversos ambientes terrrestres se davam de forma
contundente. Com o apoio dos divinos construtores, essas unida-
des espirituais, agora mais desenvolvidas, pois já eram dotadas de
condições apropriadas ao acoplamento entre a matéria e o principio
espiritual, começaram a se juntar e, então, apareceram no mundo
físico os primeiros seres vegetais.
Considerando que os conteúdos armazenados no princípio espi-
ritual estavam cada vez mais relacionados às condições de clima,
solo, temperatura, altitude, pressão e disponibilidade de água, entre
outros fenômenos, os seres que surgiam, os primeiros moradores da
Terra, eram dotados exclusivemente de conteúdos acumulados que
propiciavam cada vez mais sua adaptação às condições físicas ofe-
recidas pela natureza. Esses seres de natureza orgânica, os vegetais,
refletiam esse ambiente e praticamente viviam pela nutrição e mul-
tiplicação, já que surgiam para preparar as bases de sustentação de
um outro ambiente, futuro de seres mais sofisticados, inteligentes.
Com o advento dos seres vegetais, inciou-se a formação de diversos
tipos de tecidos ou revestimentos espirituais, contrapartes dos teci-
351
Capítulo 3 – Herança transcendental
dos físicos. O tecido espiritual então serviu de base para a composi-
ção da fôrma perispiritual que, por sua vez, é a base de formação de
todas as estruturas, órgãos e sistemas do corpo físico. Nota-se que
o fator espiritual está sempre orientando e direcionando o mundo
físico.
O reino vegetal possui rudimentos precursores dos complexos
sistemas dos sentidos dos animais. Os vegetais conseguem captar
e transformar eficientemente a luz em favor de suas necessidades
físicas e, por conta disso, servem de principal alimento para uma
extensa cadeia de seres que não possuem tal competência. Pode-se
dizer que, juntamente com o reino mineral, o reino vegetal é a base
da vida no planeta, especialmente, no que diz respeito à alimentação
e saúde dos animais e seres humanos.
Sua contraparte no mundo espiritual, energia muito mais quin-
tessenciada do que a do reino anterior, registra e abriga os conteú-
dos primitivos da natureza. Isso significa que, na medida em que a
contraparte energética vai acumulando grande quantidade de expe-
riências vivenciais, uma categoria de conteúdos primitivos influen-
cia a indução e a formação de receptores físicos que são capazes
de capturar diversos tipos de energia cósmica. Consequentemente,
esse fenômeno leva esses seres a desenvolver em determinados ti-
pos de sensibilidade em relação às forças da natureza. Esse conjun-
to de energias impregnadas com conteúdos vivenciais da natureza,
mas mais depurado, organiza-se no etérico de acordo com o que é
planejado pelos Espíritos superiores. Essa organização, dependendo
do objetivo, torna-se a base ou o molde para a formação de suas
contrapartes no mundo físico. Nesse caso, já é possivel diferenciar a
vida da morte. Ao longo de muitos anos de aquisições de conteúdos
vivenciais e, consequentemente, de diferenciações e de especializa-
ções, os vegetais vão se transformando em seres mais especializa-
dos, com princípios ou rudimentos de raciocínios, os animais.
Apesar dessas características de maior depuração, os conteúdos
vivenciais que fazem parte da estrutura espiritual dos seres vegetais
352
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ainda não são capazes de estimular a formação de um corpo físico
de maior complexidade, como o dos animais e o dos homens. No
entanto, à medida que vai ocorrendo a aquisição de novos conteúdos
vivenciais e, concomitantemente, vai ocorrendo a diferenciação entre
os seres, um vai adquirindo mais conteúdos do que o outro, pois
tudo depende de onde eles estão na natureza. Eles vão apresentado
uma reação própria, cuja dinâmica de funcionamento exige cada vez
mais um novo tipo de revestimento. Não tão distante dessas trans-
formações, surgem as primeiras e mais primitivas formas de seres,
que se juntam para formar o reino animal.
Quando a vida floresce no reino dos vegetais, especialmente entre
os vegetais superiores, como as árvores e as plantas que servem de
alimento e de sustentação, entre outros fins voltados à manutenção
dos demais seres do planeta, o fenômeno da polarização reprodutiva
dos vegetais também se manifesta. A polarização se refere às forças
de atração e de repulsão entre os seres, em que o órgão especializa-
do canaliza e administra essas energias voltadas ao campo da pro-
pagação vegetativa das plantas, bastante diferente do que ocorre no
reino mineral. Os seres fotossintetizantes, além de produzirem seu
próprio alimento, agora individualizados no mundo físico, em sua
maioria, exibem aparelho reprodutor, como as flores, o que garante a
perpetuação das espécies.
Diferentemente da reprodução assexuada desses seres, que não
depende de agentes externos, a reprodução sexuada nesse reino de-
pende de diversos fatores, como as condições atmosféricas – vento e
água, por exemplo – para a condução dos agentes reprodutores (os
pólens), e os agentes polinizadores, como os insetos. As essências
perfumadas e açucaradas, as cores, as formas e os tamanhos se mis-
turam e chamam a atenção desses seres, e todas essas característi-
cas, juntas, servem de convite para uma visita irrecusável e de suma
importância para a sobrevivência de toda a cadeia de seres vivos.
Aqui, os gametas masculino e feminino se apresentam de forma de-
finida, o que significa que as forças de atração e de repulsão, contro-
353
Capítulo 3 – Herança transcendental
ladas pelos conteúdos vivenciais acumulados do mundo etérico, são
mais complexas e especializadas.
A natureza não dá passos largos nem desconectados, tudo se-
gue de forma contínua e precisa. Tudo é previamente preparado pelo
grande artífice, o Criador do universo, com a participação tanto das
criaturas mais evoluidas e diletas quanto das menos evoluídos. Tudo
caminha dentro de uma lógica de construção, cuja linha do tempo,
em relação ao processo de transformação, segue inexorável, da for-
mação dos seres primários e irracionais até os seres racionais, mais
inteligentes e emocionalmente equilibrados. Isto é, desde os seres
etéricos atados ao mundo inorgânico, até os seres mais espiritua-
lizados atados ao mundo das substâncias orgânicas. Do instinto à
razão, à emoção e, assim por diante, até que nas profundezas do
infimito de Deus Pai Todo-Poderoso, a essência divina, o Espírito,
se transforma em luz. Nesse contexto, a dupla, matéria e conteúdo
vivencial (Espírito), caminha vagarosamente em direção ao infinito.
No livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Capítulo I – Deus –, quanto
à pergunta “Que é Deus?” segue a resposta do Espírito da Verdade:
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
Pergunta interessante, pois Kardec poderia ter perguntado “Quem é
Deus?”. Nesse caso, ele estaria se referindo a um ser humano, su-
bestimando o Criador e confundindo-o com a criatura, um ser que
caminha eternamente em busca da perfeição. A criatura, a cada mo-
mento na eternidade, quando julgado necessário pela espiritualida-
de maior, adquire, por meio de recursos como a reencarnação, uma
nova personalidade. Ela pode adquirir tantas personalidades quantas
forem necessárias para seu processo evolutivo, na Terra ou em qual-
quer lugar do cosmo. Ressalta-se que no cosmo existem milhares de
recursos que podem ajudar o Espírito a crescer e se tornar cada vez
mais feliz, afinal, na casa do Pai existem muitas moradas, muitos
mundos felizes aguardando aqueles que já conquistaram a sabedoria
do bem viver.
354
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Aos poucos, esse ser pertencente ao reino vegetal, ou seja, um
princípio espiritual ainda vinculado aos corpos vegetais e também
submetido às leis da evolução, dá os primeiros passos em busca de
mudanças na linha do tempo. A partir daí, ele começa a se despren-
der desse casulo a que está preso, o solo, quase inerte, e a se apre-
sentar no mundo físico com tal grau de transformação que não pode
ser mais considerado um vegetal, mas um animal, mesmo em sua
forma mais primitiva. Nesse princípio de vida, com elevado poten-
cial de inteligência, esse ser segue em direção ao futuro com outra
roupagem terrena e com vistas a novas conquistas em termos de
aprendizagem. Eis que surge o reino animal.
Reino animal
O reino animal é a porta de entrada para aqueles seres que já
acumularam incontáveis experiências vivenciais em seu arcabouço
espiritual; que já deixaram para traz as manifestações no mundo físi-
co de forma coletiva, quando compartilhavam do mesmo substrato
de vida, o solo; que levaram longo tempo adquirindo conteúdos mais
relacionados às intempéries e às forças da terra. Agora, esses seres
estão adentrando um reino em que predomina a individualização
dos seres, caracterizado principalmente pelo estado de mobilidade,
de autonomia e de independência relativa, o que dá a eles mais liber-
dade de ação.
Depois de milhares de anos de transformações, de convergência
do estado de entropia (inapropriado à vida nos moldes projetados
para a Terra) ao de sintropia, estado que emergiu muito tempo de-
pois do surgimento dos primeiros vegetais, começaram a aparecer
no planeta os seres mais livres, com estruturas anatômicas apropria-
das à mobilidade. Apesar das inúmeras vantagens em relação aos
seres descritos anteriormente, as criaturas do reino animal, nessa
fase de formação, ainda não eram dotadas de raciocínio da maneira
como se conhece hoje na Terra.
355
Capítulo 3 – Herança transcendental
No início, eram apenas seres unicelulares, mais simples, mas
com elevado potencial de desenvolvimento físico e espiritual. Por
causa da facilidade de mobilidade, logo os seres começaram a se
multiplicar, a crescer, a se diferenciar um dos outros e partiram em
busca dos reforços que melhor garantiam sua sobrevivência. A partir
desse momento, eles começaram a acelerar o processo de recep-
ção e de armazenamento de experiências mais complexas. Quando o
acúmulo dessas experiências começou a se tornar mais intenso, sur-
giram os primeiros sinais ou rudimentos de raciocínio. Aí começou
a formação dos seres mais especializados, ou seja, a formação dos
Espíritos propriamente ditos – os seres que deixaram de ser apenas
um princípio espiritual e se tornaram um Espírito.
Nessa etapa, enquanto ocorria o processo de formação do cor-
po físico (proteínas animais constituídas por aminoácidos), ocorria
também, numa etapa mais avançada, o processo de formação dos
corpos e das estruturas etéricas, principalmente daqueles seres com
maior capacidade de comunicação entre os mundos físico e espiri-
tual, os animais superiores. Na medida em que esses seres de natu-
reza animal foram se desenvolvendo, adquirindo mais experiências
vivenciais, mais corpos físicos e etéricos foram surgindo, com estru-
turas de apoio para o armazenamento das experiências vivenciais,
e isso foi deixando esses animais cada vez mais sofisticados e com
comportamentos, muitas vezes, inexplicáveis, surpreendentes. De
nada adiantaria um corpo físico muito sofisticado e apropriado a di-
ferentes tipos de ação (um corpo com mais condição cognitiva do
que operacional, por exemplo) sem o ser possuir consistência, em
termos de conteúdo vivencial, suficientemente acumulada no corpo
etérico.
Mesmo naquela época de formação dos seres de natureza ani-
mal, já existia no planeta enorme variabilidade de fatores ambien-
tais, insumos primários que serviram de base para a impregnação
e o acúmulo das experiências vivenciais. Essas experiências, base
de formação dos Espíritos, foi o que possibilitou o surgimento do
grande número de espécies de animais, com características próprias,
356
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mas todas munidas de estruturas físicas e espirituais com funções
semelhantes. Os olhos, por exemplo, independentemente da espé-
cie, têm a mesma função. Portanto, isso pode ser considerado uma
das razões que viabilizou a interação entre os animais, a exploração
do meio ambiente em que estavam inseridos e, consequentemente,
uma das principais fontes de obtenção das experiências vivenciais.
Para que tudo isso funcionasse a contento, os seres de mesma raça
se agruparam de tal forma que pudessem se desenvolver, se proteger
e fazer a interação com animais de outras espécies.
Livres para caminhar, para voar, para explorar o que foi preparado
por meio de uma dinâmica própria, não demorou muito para surgi-
rem os instintos e as competições entre eles. Nessa condição, esses
seres desenvolveram mais fortemente os instintos, forças de atração
e de repulsão com direção e sentido não raciocinadas, puras, sem
nenhum tipo de visão das consequências das ações desempenhadas.
Assim, ficaram submetidos às leis básicas e primitivas de atração e
repulsão, que estão relacionadas à reprodução e aos mecanismos de
defesa e de ataque em prol da sobrevivência.
Para o dr. Jorge Andréa (1989),
Os instintos, com suas fontes laborativas, passam a
constituir uma força impositiva na vestidura física dos
seres, ditando-lhes, praticamente, a rota a percorrer.
Suas origens, com todo o lastro do psiquismo, foram
proporcionadas pelas impossições das inaccessíveis
fontes energéticas do centro espiritual. Se o meio am-
biente fornece os elementos para que os instintos se
consolidem, o impulso interno ordena o processo dan-
do-lhes equilíbrio, direção e finalidade. O ato matura-
tivo dos instintos, com raízes do psiquismo, dar-se-á
pelo martelar constante das experiências, até que os
blocos de aptidões aí se formem e tomem assento. A
cultura, o exercício ético, a bondade e tantas outras vir-
tudes esculpem e burilam esses pilares na formação do
homem integral que ainda está por vir. (Santos, 1989,
p. 164).
357
Capítulo 3 – Herança transcendental
Nesse reino, pode-se considerar:
• Em termos de conteúdos vivenciais, os seres menos evoluidos,
mais conhecidos como inferiores, são dotados de instintos, um
campo de forças formado por energias inteligentes, mas cons-
tituídas por experiências concentradas e rudimentares voltadas
à sobrevivência. Geralmente, as experiências vivenciais dessa
natureza se concentram em uma única camada energética, ou
contraparte do corpo físico (perispírito primitivo). Nessa fase
evolutiva, essa estrutura começa a se transformar, a se dividir
em mais de uma camada, como forma de acomodar as expe-
riências vivenciais diversificadas e obtidas ao longo de diferen-
tes épocas. Por conseguinte, começa também a formação das
estruturas etéricas, possibilitando, assim, o surgimento de res-
postas mais sofisticadas do organismo físico. Para isso, cada
tipo de estrutura formada passa a exibir funções específicas. Se,
por um lado, a formação do fenômeno do instinto pode ser con-
siderada de ordem rasa, pois sua manifestação é limitada, es-
pecífica e com efeito padronizado, por outro, ela serve também
de base para a formação de outras estruturas mais complexas
voltadas às percepções mais sutis.
• Em termos também de conteúdos vivenciais, os seres mais
evoluídos, os considerados superiores, os animais propriamen-
te ditos, fazem parte de um grupo seleto, dotado de raciocínio
ainda primitivo, mas com um campo de forças mais elaborado
do que o instinto. Nesse caso, o conjunto de experiências vi-
venciais do dia a dia se distribuem em mais de uma camada ou
corpos etéricos. O processamento, ou mistura, dos conteúdos
vivenciais gera uma espécie de confronto de ideias, experiências
conscientes e inconscientes, mesmo que de forma rudimentar.
Os estímulos externos ao alcançarem o organismo físico (rou-
pagem externa, corpo físico) são levados imediatamente, via
sistema nervoso, aos escaninhos da individualidade onde estão
armazenadas as experiências vivenciais, mais especificamente
358
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
os escaninhos condizentes com o conteúdo apresentado (rou-
pagem interna, duplo etérico). Esses novos conteúdos, ao en-
contrarem seu reduto com seus pares ou conteúdos similares e,
por conseguinte, ao se acomodarem pelo princípio da sintonia,
da afinidade mútua ou do ajuste fino, liberam energias direcio-
nadas a determinado alvo como resposta ao meio externo, de
forma precária ou mais inteligente, sofisticada.
Nesse processo de ir e vir, nenhuma informação se perde, tudo se
aproveita e se transforma. As novas mensagens recebidas, ao se aco-
modarem internamente, servem de base para a elaboração do tipo
e da quantidade de energia necessária para o organismo reagir aos
estímulos externos. Assim que esse processo de ir e vir forma o ciclo
de aprendizagem, a experiência é fixada e está pronta para receber
novos estímulos. É evidente que se o local internamente acessado
ainda possui poucos elementos para servir de base de resposta ao
estímulo, a reação será insatisfatória ou de baixa qualidade, indican-
do, assim, a presença de uma lacuna de aprendizagem no contexto
vivenciado.
Nessa fase evolutiva, na medida em que os seres vivos na roupa-
gem de animais, predominantemente primitivos e orientados pela
lei do instinto de conservação, vão amealhando conteúdos viven-
ciais, complementares aos que já se encontram em seu cerne eté-
rico desde as eras passadas do reino mineral, eles se transformam
e diferenciam uns dos outros. Os conteúdos vivenciais servem de
base de definição para a seleção da roupagem a ser adotada durante
o período de reencarnação, mas, evidentemente, sob os cuidados e
acompanhamento dos Espíritos sábios e benevolentes que se res-
ponsabilizam por esse processo.
Agora, com a chegada da mobilidade entre os seres desse rei-
no, a multiplicação dos seus indivíduos também é diferente do que
ocorre no reino anterior, cuja movimentação depende das condições
atmosféricas e de seres altamente especializados, como as abelhas.
359
Capítulo 3 – Herança transcendental
Os animais superiores se reproduzem com objetivos semelhantes
aos de qualquer outro de sua espécie, mas sob condições e efeito da
mobilidade e do raciocínio instintivo conquistado, que é baseado em
conteúdos vivenciais armazenados e ativados quando em resposta
aos estímulos externos e também na programação espiritual. Não
existe construção de seres sem o adequado acompanhamento espi-
ritual superior. Todos possuem um aparelho reprodutor que garante
a sobrevivência e a perpetuação da espécie, mas a atração é progra-
mada e controlada para determinadas épocas (receptividade sexual
ou cio).
Aqui, comportamentos estranhos podem ocorrer aos olhos dos
reencarnados: um corpo masculino de determinado animal pode ob-
decer a estímulos frequentemente apresentados por seres femininos
de sua espécie, e vice-versa. Nessa fase evolutiva, a busca pela apro-
ximação é instintiva, inconsciente, definida conforme os conteúdos
vivenciados e angariados ao longo dos evos. Se numa espécie, o ser
precisa permanecer por mais tempo em numa categoria sexual, ou
seja, reencarnar mais vezes nessa categoria, em benefício da aquisi-
ção de alguma habilidade, então o ser fica muito polarizado e, quan-
do necessitar alternar a polaridade, o Espírito pode trazer alguma
dificuldade em assumir a nova sexualidade. Afinal, o Espírito, para
se elevar aos planos superiores, tem de possuir em suas entranhas
inúmeras experiências vivenciais em diferentes polaridades.
A aquisição de conteúdos ocorre natural e especialmente pelo
fato de estes ficarem atrelados a determinados ambientes e agru-
pamentos de animais da mesma espécie. Nesse reino, ocorrem en-
tão os primeiros sinais de ajuda mútua, mesmo que seja de forma
instintiva, mais inconsciente que consciente. Dessa forma, a cada
reencarnação, no agrupamento a que forem encaminhados pela es-
piritualidade superior, eles vão se desenvolvendo, ampliando suas
expertises, e apresentando potenciais para se manifestar com de-
terminados órgãos físicos especializados, o que confere a eles certa
360
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
diferenciação e reputação e faz com que se destaquem dos demais
indivíduos do reino.
O revestimento animal no mundo físico, menos grosseiro e mais
complexo do que o vegetal, é também de natureza orgânica, mas re-
lativamente menos rígido. Nessa condição, ele é formado à base de
carbono, o que confere a ele mais leveza do que se fosse constituído,
por exemplo, por elementos da argila. Nessa fase, começa a forma-
ção do livre-arbítrio. Observa-se facilmente a reação dos animais em
relação aos diferentes estímulos internos e externos. O instinto de
preservação, orientado pelo conjunto de vivências acumuladas em
sua contraparte espiritual, o perispírito, faz com que cada espécie
se especialize em determinadas funções. A competição entre as es-
pécies e a lei da sobrevivência (lei de conservação) fazem com que
busquem a aprendizagem de forma inconsciente.
A diferença física entre os seres do reino animal e os do próximo,
hominal, não é tão grande quanto a que existe entre os reinos vegetal
e animal. Enquanto a evolução dos animais é multivariada, por inter-
médio das espécies, com seus respectivos corpos, no caso hominal
(derivação de uma espécie animal) o desenvolvimento é de uma só
espécie, a humana, que necessita de um só tipo de corpo, com suas
peculiaridades multifacetadas dos pontos de vista físico (individua-
lização), racional (capacidade de compreensão), emocional (energia
ou força de resposta) e espiritual (junção de todos os conteúdos).
Com o passar do tempo, tudo ocorre num só tipo de revestimento.
Pode-se dizer que o Espírito humano tem como base de conteúdo a
soma de todas as experiências vivenciadas nos três reinos anteriores
pelo mesmo indivíduo, ou seja, adquiridas pela passagem em diver-
sos corpos de animais, de vegetais, dos diversos tipos de estruturas
de microrganismos e dos minerais, os quais serviram de base para
sua formação e individualização.
361
Capítulo 3 – Herança transcendental
Reino hominal
O reino hominal é considerado por muitos o mais evoluído da
Terra, onde estariam os filhos mais preparados de Deus. Nessa eta-
pa, observa-se que o passado começa a se esgueirar, os instintos
suavemente vão se transformando em impulsos mais inteligentes e,
aos poucos, começam a predominar o livre-arbítrio, o pensamento
contínuo, a razão e o sentimento. Esse reino poderia ser comparado
à fase da idade adulta à velhice do ser humano. A natureza não dá
saltos; na medida em que o organismo vai se sofisticando, adqui-
rindo mais conteúdos vivenciais, sua reação também vai se diferen-
ciando, e o ser se torna mais compreensível, mais amoroso, com
mais visão de futuro, com mais esperança. De qualquer maneira, os
resquícios do passado não desaparecem tão facilmente quanto se
pensa e deseja, pois a construção física depende da etérica. Depois
de muito caminhar, sofrer, ser feliz, aprender e aprender, sempre
aprender, o homem começa a compreender o que é a felicidade. O
conteúdo vivencial é a base de todas as transformações físicas, psi-
cológicas e espirituais, e seu acúmulo é compatível com a forma fí-
sica estabelecida.
Vale ressaltar – por mais que o ser humano esteja distante do pas-
sado, das eras de formação do reino mineral (do fogo e dos micror-
ganismos), do reino vegetal e do reino animal –, todos os atributos
desenvolvidos nas eras primevas ainda estão presentes no Espírito
de cada um. Basta observar que as forças de atração e de repulsão, a
sensibilidade e os instintos ainda fazem parte da constituição psico-
lógica e espiritual do ser humano. Porém, depois de muitas lutas e
batalhas, muitos atributos arcaicos estão equilibrados, constituídos
por inúmeras experiências positivas e negativas. Essa análise, entre-
tanto, é superficial, pois trata-se apenas de uma provocação, e não
de uma aula de gênese da Terra.
362
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Cacterísticas do reino hominal
Dependendo da situação em que estão vivendo e do local onde
se encontram na Terra, os seres distribuídos pelos quatro reinos da
natureza, mesmo os Espíritos que já fizeram grandes conquistas ex-
periênciais, ainda carecem do processo de aprendizagem e de cresci-
mento ou visão espiritual. A incompletude não deixa de ser um estado
de espírito que serve para caracterizar a qualidade de manifestação
do ser vivo, para mostrar claramente quem ele é e em que condições
evolutivas se acha. A incompletude poderia ser considerada também
tudo aquilo que ainda falta para que o Espírito se manifeste ou se
comunique de forma mais inteligente e profícua. Ela depende exclu-
sivamente do que o Espírito viveu e do que está vivendo para que
ele consiga se posicionar sempre de forma benéfica para si e para
o próximo. Para isso, cada reino contribui mais ou menos para seu
processo evolutivo, para suas escolhas, conscientes e inconscientes.
Apesar de seu estado de lucidez e de suas diferenças em relação
aos demais seres da natureza, o ser humano também se reproduz e
se posiciona sexualmente por intermédio das forças de atração e de
repulsão, conforme sua vontade. Nesse reino, as forças se manifes-
tam de acordo com as necessidades sexuais do Espírito, e nem sem-
pre em conformidade com o corpo que ele possui. Além disso, as
forças podem se apresentar de forma tão acentuada que os Espíritos
reencarnados não conseguem administrá-las, ou seja, elas se mani-
festam de forma incontrolável e socialmente inadaptada. Nessa eta-
pa evolutiva, os instintos animais, sexuais, ainda não arrefeceram,
pois as forças ainda estão em mutação, ou seja, o raciocínio ou a ra-
zão começa a se sobrepor ao sentimento ou à emoção. Dessa forma,
em nome da cultura, do sexo a que pertence, em muitas ocasiões os
seres humanos ainda apresentam condutas bastante inadequadas e
inconsequentes.
No exercício da reencarnação, as experiências no campo da se-
xualidade, o caminhar junto em prol do bem comum, independen-
363
Capítulo 3 – Herança transcendental
temente do alinhamento do corpo físico e do Espírito, sempre são
importantes para o equilíbrio. Se existem os exercícios, preconiza-se
então a existência de provas, em que o reencarnante só estará apto a
apresentar bom desempenho da conduta quando tiver adquirido su-
ficientes experiências vivenciais. O Espírito, uma vez encapsulado ou
reencarnado, seja na condição masculina, seja na feminina, sempre
terá a oportunidade de experienciar a situação de contraponto em
relação à experiência ocorrida no passado. Assim, a junção de am-
bas as vivências é o que garante equilíbrio e respeito em relação ao
grupo. O processo de aprendizagem geralmente ocorre sem pressa,
mas de forma completa – “Água mole em pedra dura tanto bate até
que fura”. Isso significa que todos os Espíritos estão fadados a um
futuro luminoso, saudável. Essa é a lei, válida para todos.
Como abordado anteriormente, durante o período de reencarna-
ção pode-se considerar a caminhada relativamente curta, mas rica de
oportunidades em termos de aquisição de experiências vivenciais. É
um período suficiente para que, aos poucos, o ser humano se trans-
forme em um ser superior e completamente feliz. Se o desequilíbrio
das forças de atração e de repulsão no campo da sexualidade é gran-
de, isso significa que uma série de ações irracionais já foram pra-
ticadas e, provavelmente, ainda está desformatada ou apresentada
na forma de transtornos sexuais. O equilíbrio ou a melhoria desse
sistema sexual, de suma importância para a reprodução humana,
vem com o tempo, na forma de forças pacificadoras (quando a força
do raciocínio, da razão, prevalece sobre as forças de atração e de
repulsão).
A força em favor da boa conduta social sempre é alvo a ser tra-
balhado e alcançado. Na medida em que as forças de atração e de
repulsão entram em equilíbrio, a força sexual desequilibrada dá lugar
à força sublimada, de caráter universal, ungida pela felicidade supre-
ma. Os desejos se alteram e o verdadeiro amor incondicional se ma-
nifesta automaticamente. Se não existe mais a atração como é conhe-
cida, tampouco a repulsão, então o cenário é outro, completamente
364
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
diferente do que se conhece no nível terrestre. Na verdade, pode-se
dizer que os Espíritos, na condição de conglomerado energético e
com inumeráveis tipos de experiências, não têm um sexo definido.
Suas condutas dependem da maior parte das vivências amealhadas
ao longo da estrada da vida. Quanto mais experiências equilibradas
(positivas e negativas) o Espírito tiver, mais sábio ele será, mais pre-
parado estará para habitar mundos mais desenvolvidos e felizes.
Quantos mistérios entre o Céu e a Terra! O que um Espírito guar-
da em seus escaninhos da vida eterna? Pense em um “mendigo de
rua”, aquele que não conseguiu um caminho melhor para fazer sua
jornada no plano físico. Provavelmente, ele guarda nas profundezas
de seu Espírito um talento especial, um tesouro, mas que não pôde
ser usado em seu favor, talvez porque isso o desviaria do seu novo
caminho. Poderia ser o caminho da humildade, da paciência, do
amor incondicional, entre outros talentos que dependem do equilí-
brio de forças.
Tudo que ocorre na vida de uma pessoa tem que fluir em perfeita
harmonia e equilíbrio. Do contrário, constantemente aparecem senti-
mentos de revolta, de menor valia ou de violência. Enfim, quantos te-
souros esperam ser encontrados ou despertados e, ao mesmo tempo,
quantos problemas estão à espera de solução? Entretanto, sentimen-
tos opostos e exacerbados também fazem parte da personalidade.
É necessário lembrar que o Espírito não “é”, mas que ele “está”,
ou seja, o Espírito não é o corpo, ele está revestido por um corpo,
ele é diferente de qualquer outro Espírito, tanto do ponto de vista
físico quanto do psíquico e espiritual. À medida que o Espírito, na
condição de ser humano, vai amealhando mais conteúdos vivenciais,
se enriquecendo com diversos tipos de experiências, mais cedo ou
mais tarde melhor será sua conduta em relação a qualquer contexto.
Por essa razão, não existe nenhuma situação ruim e desconectada da
realidade maior que dure para sempre; tudo se transforma a cami-
nho de Deus Pai Todo-Poderoso. Apesar das contingências ruins do
365
Capítulo 3 – Herança transcendental
ponto de vista social, desconfortáveis para muitos, elas são impor-
tantes para que o Espírito aprenda a lidar com situações que um dia
não soube tratar com cuidado e respeito.
Nessa etapa do reino hominal, os Espíritos Filhos da Terra ainda
carecem de muitas reencarnações, ou seja, de experiências vivenciais
“lacradas”, aquelas que ficam sob a égide do esquecimento – as ex-
periências relacionadas aos sexos masculino e feminino, por exem-
plo. Dessa maneira, a formação e a valorização dos conteúdos são
mais completas, enriquecidas com maior repertório vivencial e, con-
sequentemente, a manifestação comportamental tende a ser mais
compreensiva e equilibrada em qualquer situação e em qualquer lu-
gar. É necessário se colocar na posição do outro para melhor com-
preender suas dificuldades. Ter conhecimento e atitude adequada no
contexto do reino hominal significa deixar o estado de ignorância
para trás e valorizar mais o Espírito do que o revestimento físico.
No entanto, milhares de Espíritos que vêm de fora do planeta
Terra, em etapa evolutiva semelhante à dos seres desse reino, tam-
bém buscam aqui uma nova oportunidade de aprendizagem em al-
guma área de interesse, mas reencarnando aqui cerca de 21 vezes.
Em geral, eles não precisam da troca ou alinhamento da polaridade
sexual (corpo compatível com a sexualidade manifestada), mas, de-
pendendo da situação, da necessidade dos Espíritos interplanetários,
a mudança não convencional do sexo pode ocorrer. Normalmente,
esses seres aqui aportam com experiências mais avançadas em di-
versos contextos do cosmo, ou seja, trazem alguma contribuição im-
portante para os terráqueos, os Filhos da Terra.
O ser humano já possui vasta quantidade de experiências viven-
ciais, uma história de vida que se perde na linha do tempo, mas
nem todos os tipos de experiência ou de categoria experiêncial têm
suficiente conteúdo para sustentá-lo no caminho do bem viver, da
felicidade e afastá-lo do sofrimento. O sofrimento é um estado de
espírito que ocorre de forma temporária, é um tipo de energia muito
pesada para ficar permanentemente em circulação nos organismos
366
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
físico e espiritual, mas é uma experiência que sinaliza a necessidade
de mudança e leva uma pessoa a descobrir o caminho mais salutar.
Contribui também para valorizar mais o espiritual do que o material,
embora ambos sejam fatores importantes para a caminhada do ho-
mem na Terra. Isso é como o dia e a noite. Só se sabe o que é ruim
quando se conhece o bom. É a lei da dualidade, do progresso.
Conseguir separar a “casca” do “miolo”, ou seja, o corpo físico
do Espírito, ainda é uma tarefa difícil, pois o tratamento da reen-
carnação é radical, mesmo que recheado de muitos momentos feli-
zes, mas dá ao Espírito a chance de ele refazer o que foi introduzido
de forma insipiente em seu repertório comportamental e permite a
abertura de um novo caminho. O tempo, para isso, é parceiro, mas
relativo, pois tudo depende da experiência passada, dos fatos ocor-
ridos e armazenados nos escaninhos da alma. Destacar os sensores
físicos dos sensores espirituais ainda é complexo e cheio de mistifi-
cações. O Espirito em si não precisa de sensores nos moldes físicos
para perceber o ambiente e interagir com ele.
Para que a reencarnação seja efetiva, é de bom tom que o Espírito
reencarnado demonstre na prática o que ele é capaz de perceber e
fazer, especialmente no que diz respeito às suas necessidades com-
portamentais. Isso é facilmente observado pelos mentores na errati-
cidade, pelas reações de seus tutelados em resposta aos estímulos
externos, por exemplo. Esses dois momentos (percepção e ação) são
importantes, pois nem todos conseguem promover a autocrítica do
ponto de vista da incompletude. A linha do tempo é a principal teste-
munha desse grande encontro reflexivo. O contraste entre a alegria e
o sofrimento é o exemplo que mais ressalta a questão da incomple-
tude comportamental.
Em geral, a individualização do Espírito começa depois da fixação
de determinada quantidade de conteúdo vivencial, multifacetado, di-
nâmico, mas totalmente sutil para o mundo físico. Sua manifestação
ou reação no mundo físico é facilmente observada e diferenciada.
Observa-se, por exemplo, que no reino vegetal as plantas já apresen-
367
Capítulo 3 – Herança transcendental
tam formato mais individualizado do que a matéria bruta do reino
mineral de natureza coletiva. Porém, o conteúdo que anima, que vivi-
fica as plantas não é passível de ser observado de forma direta, já que
a reação dos conteúdos vivienciais ali armazenados ainda está atre-
lada aos elementos químicos no mundo físico, que, na maior parte
das vezes, são de grande relevância para outros seres – servem, por
exemplo, para a manutenção e restauração de seus corpos físicos.
Apesar de ocorrer no ambiente social, o crescimento espiritual,
tanto no mundo físico quanto no etérico, é individual, gradual e con-
tínuo. Cada qual obtém aquilo que busca, de que nescessita, mes-
mo que em seguida descubra que não é exatamente o que queria.
Decisões imprecisas demostram lacunas de aprendizagem, que ca-
recem de tratamentos, muitas vezes indesejáveis. Assim, a necessi-
dade de completude faz com que o Espírito procure o caminho que
melhor o prepare para os embates do dia a dia. Quando o Espírito é
dotado de pouca experiência, em curto prazo ele tende a se deparar
com dificuldades atrozes e de difíceis soluções. Em longo prazo, de-
pois de muito sofrer e aprender, ele tende a conseguir competências
suficientes para alcançar a felicidade, mesmo que relativa ou even-
tual, algo mais asserenado.
Diante da grandiosidade do universo, o Espírito pode ser conside-
rado um ente eternamente incompleto. Sempre existem necessida-
des de novas aprendizagens e condutas para o Espírito se adequar à
realidade que está vivendo, pois sempre se caminha em direção ao
desconhecido. Em cada reino por que passa e se desenvolve, na Terra
ou em qualquer lugar do cosmo, ele se manifesta de acordo com
o conteúdo vivencial já conquistado. Essas diferenças em termos
de conteúdo vivencial, antes e depois, ao longo da linha do tempo,
são o que fazem com que exista sempre o processo evolutivo. Se a
evolução é facilmente observada na matéria, no plano físico, nada é
diferente no plano etérico, onde estão acumuladas as experiências
vivenciais, pois, lá, a cada momento chegam novos fatos, o que faz
368
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
com que o processo evolutivo espiritual também siga em frente sem
nunca terminar.
Nem todo conhecimento adquirido no cosmo fica disponível para
ser utilizado de forma direta, ou seja, ele existe para ser empregado
na forma indireta ou de potencial. Para isso, deve-se sempre bus-
car condutas cada vez mais aprimoradas, preparar-se para alcançar
aquilo que ainda não é compreensível, aquilo que ainda não é objeto
de interesse, tampouco objeto de uso. Às vezes, a lacuna de aprendi-
zagem faz com que o Espírito procure conhecimentos inúteis e com
retorno pouco salutar para a caminhada. Pensar só no aqui e agora,
desprezando o passado e o futuro, também pode ser fonte de so-
frimento, arrependimento e desânimo. No entanto, aqueles que já
estão mais bem preparados conseguem acessar e encontrar conheci-
mentos úteis para ele e para a humanidade. À medida que o Espírito
vai se enriquecendo com novas experiências e conhecimentos pas-
síveis de serem aplicados, ele encontra novas maneiras de ser mais
feliz, mais sereno e compreensívo com o destino da vida.
A lacuna de aprendizagem, responsável ou, no mínimo, influen-
ciadora de determinado comportamento, às vezes estranho, às vezes
manifestado fora de época e de maneira inadequada, com prejuízos
tanto para o praticante quanto para o meio, nunca aparece de forma
aleatória. Geralmente, o comportamento estranho, com raízes no
passado, manifesta-se quando o Espírito entra numa fase de autoes-
tima mais elevada, e o momento pode se transformar em uma opor-
tunidade, mesmo em detrimento da felicidade de outros. Isso pode
ocorrer caso o Espírito, iludido pelas facilidades do momento, opte
pelo caminho da porta larga, ou seja, julgue tal momento como o
mais propício para colocar em prática aquilo que faltava para ser real-
mente feliz. Nesse caso, a lacuna de aprendizagem funciona como
um “buraco negro”, cuja força de atração, por causa do diferencial
energético entre as forças oriundas das experiências vivenciais arma-
zenadas e a falta de forças complementares, leva o Espírito a tomar
decisões irracionais.
369
Capítulo 3 – Herança transcendental
O Espírito na condição de criatura, e não de criador, fruto de lon-
go processo de transformação, ainda possui mais equívocos do que
certeza, especialmente em relação às questões dos mundos etéricos,
em relação à vida post mortem. Ainda confunde facilmente o que per-
cebe ou acha com o que alcança no mundo material. O mistério da
vida, o desconhecido, muitas vezes fruto desse engano, permanece-
rá ainda por muito tempo, pois conseguir penetrar no invisível, no
mundo dos Espíritos, ainda é tarefa para poucos, é mais para aqueles
que já possuem maior capacidade de percepção e de aceitação do
mundo etérico. O desconhecido é mistério até o momento em que
se adquire muitas experiências e elas se solidificam nas profundezas
da alma. Até então, o que existe não é suficiente para colocar o indiví-
duo em contato contínuo com as energias extraetéricas e alterar seu
sistema de crenças para garantir uma fé mais duradoura e potente.
A certeza de que a vida continua no além é o que garante o avanço
evolutivo. Esse é o reino hominal, o reino do raciocínio, das crenças,
das formulações de hipóteses, das condutas e de preparação para
outro reino mais feliz e profícuo.
Cada reino da natureza possui características em termos de vi-
vências coletiva, social e individual, tanto no plano físico quanto no
etérico, sua contraparte, e tudo em nome do processo de aperfeiçoa-
mento dos seres vivos. Nesse aperfeiçoamento, de cunho universal
e eterno, as combinações e fixações dos fatos ou experiências viven-
ciais, de forma individualizada, levam sempre ao aprimoramento da
vida no cosmo. Na Terra, foco principal desta análise, fica claro que
o aperfeiçoamento, no contexto dos quatro reinos da natureza, será
mais fácil de ser observado e estudado do que em outras partes do
cosmo.
No reino mineral, onde ocorre o maior fenômeno da vida coletiva,
estão os grandes agrupamentos da matéria física e extraetérica com
seus respectivos conteúdos característicos da natureza em geral.
Nesse reino, pode-se considerar o lema um por todos e todos por
um”. Tudo começa no coletivo, no alicerce da vida maior, que é base
370
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
para o florescimento da vida individualizada. A rocha, o solo, entre
outros elementos de maior rigidez, tudo não passa de revestimentos
rústicos, uma espécie de reserva energética para as grandes trans-
formações da natureza. No reino vegetal, o coletivo é uma espécie
de mecanismo de defesa em prol da sobrevivência de seus compo-
nentes e dos demais seres individualizados da natureza. Nos reinos
mineral e vegetal, os seres não se diferenciarem tanto quanto nos
demais reinos, ou seja, eles estão estreitamente interligados como a
“tampa e a panela”.
No reino animal, onde o coletivo, o social e o instinto de sobrevi-
vência se juntam em prol da mobilidade e da independência, a vida
segue por caminhos mais livres e por meio da ajuda mútua, mas
dentro de determinada ordenação ou organização natural. No reino
hominal, o social ainda é de vital importância, é dotado de movimen-
to próprio e ele pode ser considerado a porta da individualização
total, da libertação, dada a oportunidade que os seres desse reino
têm para adquirir a responsabilidade de seus atos, de suas condutas.
Ninguém vai para planos superiores sem ter adquirido as necessárias
experiências para a formação da real sabedoria, da responsabilidade
e do comprometimento com a vida, tão relevantes para os afazeres
dos Espíritos guardiães da vida planetária. Uma vez conquistados os
conteúdos básicos para uma vida mais proba, justa, plena de conhe-
cimentos e experiências vivenciais, o ser está pronto para migrar aos
páramos do reino da angelitude, do amor incondicional, onde não
existem preferências particularizadas, pois todos já conseguem viver
a felicidade suprema, o amor crístico.
As experiências de cada pessoa jamais podem ser transferidas
para a individualidade de outros seres, mesmo através do mecanis-
mo genético, do pai e da mãe para o filho, conforme preconizam os
estudos da genética no mundo dos reencarnados. Apesar de Jung
ter sido um dos cientistas de grande visão da área humana, pois
suas informações foram as que mais se aproximaram dos postula-
dos espirituais, obviamente ele não alcançou a verdadeira sabedoria
371
Capítulo 3 – Herança transcendental
já conquistada em planos superiores da vida. Nada impede que um
Espírito influencie fortemente o outro. Espíritos afins, atados um ao
outro por longo tempo de convivência, tendem a apresentar mui-
tas semelhanças, principalmente do ponto de vista da personalida-
de; já a semelhança física é uma herança oriunda mais do mecanis-
mo genético. O contrário também é facilmente observado, ou seja,
Espíritos novos numa convivência tendem a destoar profundamente
do grupo a que pertencem, e são conhecidos popularmente como
“ovelha negra” da família.
Desse ponto de vista, os indivíduos que destoam do grupo a que
pertencem não deixam de ser Espíritos oriundos de uma cultura dis-
tante e carente de mais experiências típicas das grandes civilizações
– mesmo assim, cada qual com suas facilidades e dificuldades. A he-
rança transcendental, por conseguinte, diz respeito às experiências
arcaicas acumuladas em camadas mais profundas do Espírito, em
diferentes épocas na Terra e na erraticidade, o que implica dizer que
o Espírito herda suas próprias conquistas e mazelas, ou seja, aquilo
que ainda não está pronto para se manifestar de forma equilibrada e
profícua para si e para o próximo.
A herança transcendental, conceito também trazido por Tia Neiva
e bastante conhecido na cultura do Vale do Amanhecer, será discu-
tida a seguir, levando-se em conta a Teoria da Experiência Vivencial
(TEV) como base para o estudo das condutas doutrinária e da vida
profana.
Teoria da Experiência Vivencial
O acúmulo de experiências vivenciais, lentamente ao longo da
caminhada, forma as histórias de vida de qualquer ser da natureza.
Essas experiências são armazenadas em diversas camadas etéricas
do princípio espiritual (reinos mineral e vegetal) e do Espírito (reinos
animal e hominal). A história de vida se refere ao conteúdo vivencial,
que, por sua vez, está relacionado à qualidade e à quantidade de
372
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
acontecimentos que formam determinada etapa da vida. Na medida
em que a história vai se tornando longa, detalhada, ela vai ganhando
contornos próprios e consistência suficiente para servir de base para
a tomada de novos rumos. Ou seja, na medida em que a história vai
se formando, diversificando e se completando, isso vai propiciando
a formação do raciocícinio, base para a manifestação das ações, das
condutas.
Assim, a história de vida nunca se acaba, sempre se transforma,
evolui e, por conseguinte, vai se tornando uma bagagem de viagem
cada vez mais consistente rumo ao infinito. Se um conjunto de expe-
riências sequenciais que forma uma história ainda não se completou,
a reação do ser a estímulos ambientais tende a ser inadequada, ne-
cessitada de novas experiências até que se alcancem comportamen-
tos com características de cunho mais racional.
Comportamentos irracionais, com lacunas de aprendizagem e
consequências inesperadas, geralmente prejudiciais, geradoras de
problemas, têm sido motivo de estudos, principalmente por pesqui-
sadores da Economia Comportamental. A relevância do tema e o su-
cesso alcançado em vários estudos foram os motivos que tornaram
cientistas da área reconhecidos nos meios acadêmicos e agraciados
com o Prêmio Nobel de Economia (Thaler, 2019). Não resta dúvida
que, nesse caso, a principal razão que impulsiona o interesse em
investimentos científicos é o mercado de negócios, base de sobrevi-
vência do ser humano na Terra. A falta de emprego, de renda, as dí-
vidas assumidas e os prejuízos com aluguel são queixas corriqueiras
que aparecem nos trabalhos de Trono nos templos do Amanhecer.
Essa área de estudo, Economia Comportamental, atualmente em
destaque, tem como “ciência mãe” a Psicologia Social, campo no
qual o comportamento econômico recebeu suas primeiras atenções
e investimentos.
Explicar os fenômenos comportamentais, incluindo as condutas
doutrinárias, só com a ciência terrena – em que a variável espiritual
ainda é incipiente, ou seja, não está bem definida nem é tão bem
373
Capítulo 3 – Herança transcendental
aceita, exceto por determinadas ciências de cunho mais exotérico,
como a Parapsicologia –, é uma missão árdua, apesar de não ser im-
possível. Uma das primeiras tentativas, baseada numa lógica prag-
mática e com fins ao desenvolvimento de modelos espirituais que ex-
plicassem não só os comportamentos irracionais, mas que abrissem
caminhos para novas pesquisas humanas, é a Teoria da Experiência
Vivencial (TEV).
A TEV é um modelo teórico, já comentado com apoio espiritual,
via mediunidade, que pode ser utilizado de forma didática e parcimo-
niosa em ciências relacionadas ao estudo das heranças transcenden-
tais. A herança transcendental, aqui apresentada, diz respeito a tudo
que foi vivido, presenciado direta ou indiretamente, ou seja, que foi
alcançado pelo Espírito em sua caminhada ao longo das eras evolu-
tivas. Na medida em que as vivências vão sendo absorvidas, elas são
armazenadas nas profundezas do Espírito, constituindo uma espécie
de lastro para a manifestação do raciocínio, uma riqueza viva, pois,
se as vivências são estimuladas, elas se manifestam com determina-
do poder de processamento e, consequentemente, de resposta por
meio do corpo físico.
Esse tipo de recurso explicativo também faz parte de uma das
bases de estudo de cientistas que vivem fora da matéria e que desen-
volvem métodos para a compreensão do fenômeno da vida. Trata-
se de cientistas que têm condições e preparo para ajudar o homem
reencarnado. Essa proposta teórica é estudada nas legiões onde rei-
na a luz do Divino Mestre Jesus, cientista por excelência das ciências
terrenas. Nenhum tipo de problema dos Espíritos na grande marcha
a caminho de Deus Pai Todo-Poderoso é capaz de criar obstáculos ao
Divino Mestre Jesus. Ele é sabedor de todo tipo de mazela que ainda
habita o coração dos seres humanos e, consequentemente, é capaz
de empreender esforços precisos em prol da solução de qualquer
problema que porventura ocorra na Terra.
A TEV tem como unidade de análise a experiência vivencial de
qualquer ser da natureza. Somadas, as experiências vivenciais for-
374
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mam o potencial de reação ou a capacidade de apresentar determi-
nada força motricial para tomadas de decisão na dimensão física.
Nesse caso, as vivências transcendentais também podem ser con-
sideradas uma espécie de lastro de vivências voltado ao equilíbrio
comportamental – a repercursão pode às vezes ser imprevisível se o
lastro não estiver suficientemente desenvolvido. Todo ser vivo pos-
sui um lastro vivencial desenvolvido pelo acúmulo das experiências
positivas e negativas. Quando alguém não possui um lastro satisfa-
toriamente desenvolvido para executar adequadamente determina-
da tarefa, outra pessoa com lastro mais aperfeiçoado pode apoiá-lo,
como os mentores de reencarnações.
Assim, o lastro espiritual serve de base e de elo entre o Espírito
e o ambiente onde ele sempre viveu, tanto na Terra quanto no Céu.
Nesse sentido, o lastro é formado pelo conjunto de personalidades
desenvolvidas durante as reencarnações. Cada Espírito tem seu pró-
prio lastro, pois ninguém tem as mesmas experiências de outro,
mesmo que cada uma das experiências tenha sido adquirida no am-
biente comum a todos. Quanto maior o lastro espiritual, maior será
a semelhança entre os Espíritos e, consequentemente, maior o grau
de consciência e de evolução do Espírito para aquele contexto a que
foi submetido. Se a maior parte das experiências de determinado
Espírito dizem respeito ao contexto da Terra, então seu lastro está
centrado na Terra. Daí provém sua base de resposta para qualquer
estímulo que venha do ambiente externo.
O conjunto de experiências vivenciais, manifestadas de acordo
com seus respectivos conteúdos, negativos, neutros e positivos,
determina o tipo e a qualidade das roupagens dos seres. Em uma
comparação metafórica, a maior parte das vivências armazenadas
no interior do Espírito é protegida por roupagens sutis, mas forman-
do um bloco individualizado, semelhante ao que ocorre com a parte
submerssa de um iceberg. Aí estão todas as informações a respeito
do ser, suas identidades, suas características, cujo conjunto é úni-
co no universo. Essa parte está consideravelmente isolada da parte
375
Capítulo 3 – Herança transcendental

superficial, que fica exposta acima da superfície do oceano. Apesar

desse tênue isolamento, todo ser vivo sente nessa porção superfi-
cial o reflexo da parte maior que está submersa no oceano da vida.
Isso significa que essas experiências transcendentais não alcançam
o aparelho físico de forma explícita, objetiva, como o ser pensa e
percebe conforme seu grau de evolução. Apesar disso, existe uma
comunicação intensa entre essas duas partes, passível de compreen-
são apenas se adotada a TEV como base de estudo.

Essa comunicação, que se faz presente em qualquer pessoa, é

percebida de forma indireta pelos sentimentos e sensações. Os sen-
timentos relacionados aos fenômenos psíquico (consciente) e espiri-
tual (inconsciente), a forma com que os conteúdos vivenciais trans-
cendentais chegam ao presente – medo, coragem, vaidade, orgulho,
entre outros – estão diretamente conectada às experiências do pas-
sado remoto. Tendo em vista que a estrutura do Espírito ainda não
possibilita que toda sua história de vida seja acessada ou lembrada
facilmente, então, naturalmente, existe um mecanismo de seleção e
proteção que possibilita a todo Espírito, lentamente, entre as vidas
na Terra e no etérico, a aquisição de novos conteúdos vivenciais e,
consequentemente, que seus sistemas de força entrem em equilíbrio.

Todo o conteúdo vivencial, armazenado nas profundezas do

Espírito e disponibilizado na “superfície” do Espírito na forma de
respostas, nada mais é do que a herança transcendental de si mes-
mo, que, por sua vez, é herança do mundo no qual está mergulhado
o Espírito.

376
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Turigano
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia,GO

Capítulo 4
Reencarnação

Os
planetas podem ser considerados uma espécie
de berçário e de base para o desenvolvimento de
Espíritos. Neles, começa sua formação do ponto
de vista do processo da aprendizagem. Entre planetas e Espíritos,
existe uma ligação intrínseca, uma relação simbiótica – um anda de
“mãos dadas” com o outro. Quanto maior a lacuna de aprendiza-
gem, vivencial e de necessidades do Espírito, mais intensa costuma
ser a relação simbiótica que ele estabelece com o planeta, às vezes
sem preocupação com a sustentabilidade do sistema em que está
inserido.

Como acontece com a semente, dependente do solo para de-

sabrochar e mostrar a que veio, a criação e o desenvolvimento do
Espírito também depende do “solo” ou de uma “base” de susten-
tação, especialmente para mostrar quem ele é, ou melhor, em que
estágio evolutivo ele está. Consequentemente, as características de
todos os seres que vivem num planeta se tornam a “marca registra-
da” deles, uma espécie de identidade cósmica, independentemente
Foto: Francisco Rocha

do tipo de revestimento de que o Espírito é dotado.

Na Terra como no Céu, o estudo prévio das necessidades espiri-

tuais da galáxia e das atividades de planejamento é o que permeia
qualquer tipo de decisão de grande complexidade e responsabilidade

379
Capítulo 4 – Reencarnação
tomada por aqueles que têm em suas mãos o destino de um povo ou
de uma humanidade. Vale lembrar que a Deus cabe promover a cria-
ção primária de todas as coisas, a essência das coisas, e a seus filhos
maiores, aqueles mais bem preparados, a criação secundária, mas
também divina em sua essência. Dessa maneira, tudo é planejado
minuciosamente, preparado com muita antecedência e monitorado
ao longo de todo o percurso de desenvolvimento das criaturas. O
destino? É único, é a vida no mundo maior, nos planos superiores,
ou seja, nos mundos encantados. E o trabalho é a fonte eterna de
realização, é a felicidade incondicional e suprema, por conseguinte.
Pensar na evolução dos seres implica uma análise mais completa
tanto do ponto de vista físico (da roupagem terrena, da energia dura)
quanto do espiritual (do processamento mental, da energia inteli-
gente e de suas influências sobre as condutas). Na medida em que
novas experiências vivenciais, acompanhadas de resultados com-
portamentais mais qualificados e equilibrados, vão se acumulando
no organismo espiritual, novas percepções e reações também vão
surgindo. Automaticamente, a entidade espiritual passa a deman-
dar corpos mais apropriados para fazer frente às situações que se
tornam cada vez mais complexas. Por isso, a importância do reves-
timento temporário, condizente com o grau de evolução espiritual.
Imagine o que aconteceria se o revestimento do Espírito fosse per-
manente, situação que obrigaria um ser mais evoluído a se comuni-
car de forma totalmente precária, uma espécie de tortura, de prisão
perpétua − todos os seres nasceram para se tornar livres. Se até as
roupas do vestuário terreno se acabam ou são descartadas quando o
dono sente que não estão mais aptas a servi-lo, qual é o problema de
a roupagem de carne durar só o necessário para que o ser reencarna-
do dê um passo a mais a caminho da felicidade?
Nessa mesma linha de raciocínio, vale ressaltar também os casos
da metempsicose, em que Espíritos poderiam reencarnar em corpos
de seres inferiores − o exemplo mais contundente disso é o caso do
Espírito do ser humano que reencarnaria nos reinos animal ou vege-
tal. Que benefício se esperaria disso?
380
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Apesar de os planetas presidirem o nascimento dos Espíritos, a
matéria que compõe ambas as obras divinas são estudadas previa-
mente. Para isso, existem métodos e testes multivariados, e, na maior
parte das vezes, muitos engenheiros siderais, responsáveis por obras
monumentais, seguem orientações de sucesso ocorridas em outras
paragens, mesmo que de forma parcial. Frequentemente, o objeti-
vo é a obtenção de resultados inovadores e benéficos para a vida
cósmica. Para isso, esforços são empreendidos em favor de estudos
inéditos, totalmente desconhecidos e, portanto, inovadores, cujos
resultados sejam passíveis de mutações benéficas, indefinidamente.
A matéria extracósmica, a matriz, mãe de toda a matéria cósmica,
é passível de se transformar em infinitas substâncias e elementos
moleculares, que, por sua vez, são passíveis de ser testadas com
antecedência e sem qualquer tipo de risco ou prejuizo aos Espíritos
projetados e almejados pelos mundos superiores. Conhecimento e
facilidade não faltam para a manipulação de energias de toda ordem
e intensidade. Tempo não é fator limitante, pois, nesses mundos,
não se fala de tempo planetário, como o da Terra, fala-se em felici-
dade, já que o importante é o processo evolutivo alcançar o máximo
de perfeição. Afinal, a vida é eterna, e todos estão fadados a chegar a
esses mundos superiores.
São exemplos de aspectos que, em geral, são observados nesses
estudos:
• O perfil de que os habitantes de determinado sistema estelar
– como o sistema solar, no contexto da nossa galáxia – necessi-
tam para cumprir certas missões no cosmo.
• O tempo planetário necessário para que esses habitantes nas-
çam (nível inferior evolutivo), se desenvolvam e alcancem um
nível adequado para entrar em trabalhos de missão (nível evo-
lutivo superior).
381
Capítulo 4 – Reencarnação
• O tipo de matéria a ser empregada em prol da formação dos
Espíritos almejados e que seja condizente com os objetivos
maiores dos mundos superiores.
• Os destinos desses habitantes previamente estabelecidos, le-
vando-se em conta uma visão de curto, médio e longo prazos,
também são motivo de estudo e de exaustivas análises e discus-
sões, tudo isso em ambientes onde reinam as vozes da sabedo-
ria e da ordem evolutiva.
Diferentemente do que ocorre com as proposições ou projetos da
Terra, muitas vezes considerados quase impossíveis de serem exe-
cutados (limitações de conhecimento, de recursos financeiros, tec-
nológicas, entre outras), no Céu, ou seja, nos mundos superiores,
geralmente os empreendimentos espirituais, de infinita complexida-
de, não revelam limitações dessa natureza, pois o que os Espíritos
superiores mais possuem é paciência, abnegação e, sobretudo, co-
nhecimento e domínio sobre a matéria e os meios que viabilizam sua
transformação, desde o micro até o macrocosmo.
Nos mundos superiores, onde reinam o amor, a sabedoria, o esta-
do nirvânico, onde não existem guerra, inveja, orgulho, vaidade, mas
onde reina entre os Espíritos a responsabilidade, o comprometimen-
to, a vontade de servir, de criar e de ser feliz, lá os sentimentos posi-
tivos se sobrepõem aos negativos, já neutralizados há muito tempo.
Então, é natural observar a cooperação entre eles, que serve de mola
mestra para impulsionar e unir as massas ou falanges em torno dos
grandes objetivos, especialmente quanto à preparação do “ninho”
para a formação dos Espíritos. No caso da Terra, um dos principais
elementos que serviu de base para o planejamento dos Filhos da
Terra foi o revestimento temporário do Espírito, levando-se em conta
a possibilidade de que esse tipo de “indumentária física” pudesse ser
utilizada quantas vezes fossem necessárias, ou seja, até que o pro-
cesso da aprendizagem se concluísse – diferentemente dos Espíritos
que vêm de fora, em caráter de missão ou de aprendizagem, mas
sempre contribuindo com algum tipo de talento ou esforço. Então,
382
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
optou-se pela reencarnação, um processo diferente da maior parte
dos processos de formação dos Espíritos num infindável número de
planetas.
Bases da reencarnação
A reencarnação tem sido um dos temas mais recorrentes entre as
religiões que professam a vida após a morte e motivo de grandes de-
bates e reflexões. Tia Neiva ([1980]), em uma de suas cartas, destaca:
Sabemos que o perispírito retém, guarda, conserva a
modalidade adquirida durante a vida corpórea do ser.
Cada indivíduo, filho, imprime certa modificação à sua
aura, de conformidade, também, com suas necessida-
des, de como e onde vai reencarnar. Vem, então, dota-
do de sua força psíquica, quer em um ou em outro caso
de reencarnação ou, volta da alma à vida corpórea. [...]
Nascer, morrer, reencarnar, progredir sempre [processo
de aprendizagem], na sensação de fenômenos diversos,
físicos, abalos fisiológicos, a comoção nervosa, a sua
transformação no cérebro, efeito, a reação orgânica de
atração e repulsão das emoções. Temos, assim, o co-
nhecimento fisiológico denominado consciência que
se estabelece entre o “Eu” e o “Não Eu”. Cada indiví-
duo é um cenário diferente, porque age na individua-
lidade [experiências vivenciais personalizadas]. (Zelaya,
[1980], Anexo 15).
Nesse recorte de texto, Tia Neiva, mesmo que indiretamente, des-
taca a questão do conteúdo vivencial trazido por todo Espírito à vida
corpórea, especialmente quando ela relata que no perispírito estão
guardadas as experiências pregressas. Além disso, ressalta a questão
do progresso, da necessidade do processo de aprendizagem voltado
à redução ou eliminação das lacunas vivenciais, ou seja, a ampliação
do amor incondicional e a redução do ódio incondicional, demons-
trado por condutas inadequadas no trato coletivo.
383
Capítulo 4 – Reencarnação
Em linhas gerais, a reencarnação diz respeito ao tratamento mais
completo ou integral a que o Espírito pode ter acesso. Pode-se dizer
que a reencarnação é o grande tratamento ou o tratamento geral,
que cobre uma imensa área de problemas a serem sanados. Esse
tratamento envolve um conjunto de situações e fatos vivenciais, na
condição de tratamentos menores e específicos, que servem de base
para minimizar ou eliminar lacunas de aprendizagem relacionadas
às condutas (que dizem ou não respeito à Doutrina). Nesse caso,
existe a necessidade de se realizar uma série de curas no contexto
dessas lacunas, que são identificadas no mundo espiritual e que ser-
vem de foco para a programação da reencarnação no mundo físico.
Situações conflituosas do passado ou situações novas que precisam
ser vivenciadas podem ser a causa de problemas do próprio corpo
físico (doenças físicas e psíquicas), bem como de dificuldades inter-
pessoais. A prevenção só acontece quando o Espírito adquiriu expe-
rência; caso contrário, ele tende a entrar em caminhos complexos e
dolororsos.
Se a reencarnação tem características mais abrangentes, com
inúmeras oportunidades de aprendizagem, a cura desobsessiva tem
caráter mais pontual, específico, pois, dependendo do problema e da
necessidade do tratamento, a espiritualidade superior facilita deter-
minadas curas para que seja implementado, gota a gota, o tratamen-
to ideal para a mudança de conduta e, consequentemente, de rumo.
Como resultado, pode-se observar a melhoria do equilíbrio das for-
ças internas (positivas e negativas) que compõem o sistema psíqui-
co e a maior reflexão e sensibilização em relação à conduta adotada
na “velha estrada”. Ninguém sofre as dores do fogo antes de tocá-lo.
Tocar as mãos no fogo é uma conduta, um comportamento e, como
tal, suas consequências são motivo de reflexão e mudança de rumo.
O principal objetivo da reencarnação é dar ao Espírito a oportuni-
dade de ele construir uma nova história de vida, com o poder de res-
taurar velhos caminhos e abrir novas “portas” em favor da evolução.
A história uma vez construída jamais se perde, mesmo que com o
tempo ela seja esquecida, superada, transmutada ou alterada. O me-
384
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
lhor acontece quando a história possui começo, meio e fim dentro
de uma reencarnação, quando os fatos arquivados se complemen-
tam e são capazes de falar por si mesmos, capazes de fazer frente a
qualquer fato estranho que tenta tomar de assalto o Espírito, mesmo
aquele que aparentemente esteja distraído ou aquele que parece não
compreender o que se passa ao seu redor.
O Espírito e sua história de vida são como um livro que registra
muitas experiências, situações, cenários e decisões relacionadas a
um personagem e que pode servir de exemplo ou de referência para
a solução de problemas, caso o leitor se identifique com sua leitu-
ra. De modo geral, as experiêcias são constituídas por conteúdos
de toda sorte, os quais indicam, onde o Espírito estiver, o sucesso
ou não de sua jornada. A história contada ou cantada, tão completa
quanto possível e rica de experiências, alegrias e sofrimentos, é o que
garante uma felicidade mais duradoura e, mesmo que lá fora esteja
“chovendo torrencialmente”, ela garante que, dentro de si, o Espírito
não tem mais espaço para desespero, mas só para esperança. Nesse
caso, não se sabe quem é maior, se é a história de vida ou a linha do
tempo.
Jesus e o processo da reencarnação
Jesus, conhecido entre os engenheiros siderais como o Cristo
Cósmico, é um Espírito de escol, iluminado desde muito antes da
formação da Terra. Recebeu a missão de coordenar o grande pro-
cesso de reencarnação de Espíritos, os quais, atualmente, ainda es-
tão numa faixa evolutiva menos aquinhoada de conteúdos vivenciais
capazes de garantir a eles um lugar mais seguro nos mundos su-
periores, mundos mais felizes e que demandam muito trabalho e
responsabilidade. Nesse contexto, estão incluidos os Filhos da Terra,
aqueles cujas histórias de vida foram totalmente construídas ao largo
dos diversos ciclos evolutivos do planeta Terra (reinos mineral, vege-
tal, animal e hominal) e também aqueles Espíritos que vêm de outros
planetas em busca de aprendizagem diferenciada (via reencarnação)
385
Capítulo 4 – Reencarnação
e, obviamente, do “passaporte”, ou seja, das condições necessárias
para habitarem os mundos superiores, o que não deixa de incluir o
retorno à origem. Para isso, Jesus recebeu também a missão de go-
vernar, com uma plêiade de Espíritos de escol, o planeta Terra.
Sua proposta arrojada, especialmente por envolver construções
desde o micro até o macrocosmo, foi apresentada, estudada e apro-
vada por dirigentes do sistema solar, com anuência de líderes que
estão à frente do comando da Via Láctea. Uma proposta dessa enver-
gadura não poderia ser planejada, estudada nem executada depois
da formação do planeta, mas, sim, exigiu muitos estudos criteriosos
e precisos e com muita antedência, pois uma decisão de tal magnitu-
de envolve milhões de vidas que precisam caminhar em direção aos
mundos superiores e mais felizes. Jesus liderou a criação dessa pro-
posta – cujo principal eixo de desenvolvimento é o processo da reen-
carnação – juntamente com uma equipe especializada de Espíritos
iluminados que comungam do mesmo pensamento, inclusive Pai
Seta Branca.
Jesus, amplamente reconhecido como missionário da luz, junta-
mente com Espíritos superiores, iniciou sua jornada como condutor
desta grande nave sideral, a Terra, ainda quando vivia há bilhões de
anos na região do Amador, com influência direta da estufa estelar de
Áxis ou nebulosa de Hélix, popularmente conhecida como “O olho
de Deus”, da constelação de Aquarius (Wikipédia, 2019).
Nebulosa de Hélix, também conhecida como Nebulosa
da Hélice, A Hélix ou NGC 7293 é uma nebulosa pla-
netária localizada na constelação de Aquarius (ou
Aquário).
Descoberta por Karl Ludwig Harding, provavelmente
antes de 1824, essa nebulosa é uma das mais próximas
da Terra. Sua distância da Terra é de aproximadamente
700 anos-luz (215 parsec). Ela é muito parecida com a
Nebulosa do Anel, e tem tamanho, idade e caracterís-
ticas físicas parecidos à Nebulosa do Haltere, sendo
diferentes apenas em suas proximidades e aparência
386
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
de um ângulo equatorial. A Nebulosa de Hélix já foi
chamada várias vezes de Olho de Deus na internet.
Durante a chuva de meteoros Leônidas em novembro
de 2002, os controladores viraram o Hubble para prote-
gê-lo por cerca de meio dia. Felizmente, a Nebulosa de
Hélix estava quase que exatamente na direção oposta
à chuva de meteoros, assim o Hubble pôde fotografar
a nebulosa.
Nebulosas planetárias como a Hélix são formadas no
final da vida de uma estrela (como o Sol) por uma cor-
rente de gases que escapam da estrela morrendo.
Nebulosa de Hélix é assim chamada de ‘’o olho de
Deus’’ por sua posição estar respectivamente de um
ponto de vista privilegiado da terra. É como se ela nos
vigiasse. Posto então o termo por alguns cientistas, fi-
lósofos e milhares de internautas que aderem a essa
ideia ou teoria, pois está relacionado ao nome ‘’O olho
de Deus a nos vigiar’’. (Wikipédia, 2019).
Chama a atenção nessa informação da Wikipédia o fato de a
Nebulosa de Hélix pertencer à constelação de Aquarius, que é muito
mais antiga do que as demais da abóboda celeste, e o de ela ser facil-
mente observada da Terra. Essas informações concorrem para o fato
relacionado à idade e origem do Divino Mestre Jesus. Além disso,
destaca-se o comentário “É como se ela nos vigiasse”, o qual lembra
o olhar de Simiromba estampado na capa deste livro.
Nessa época, Jesus, já na condição de mestre das ciências es-
telares, especialmente dos processos relacionados à matéria física
apropriada à proliferação da vida na forma como ela se apresenta na
Terra, deu os primeiros passos em direção à formação dessa grandio-
sa nave e do local mais indicado para sua fixação no espaço sideral
(Figura 9).
387
Capítulo 4 – Reencarnação ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Muitos estudos, acompanhados de ensaios de laboratório (as-

Ilustração: Laylson Coimbra

tros) e de campo (espaço sideral), envolvendo vários ciclos de evolu-
ção planetária, foram necessários para se chegar a um modelo ideal
de desenvolvimento da vida no plano físico. Depois da aprovação do
grandioso e ambicioso projeto de Jesus, sob a orientação de entida-
des extraetéricas2 que presidem o colossal conglomerado de astros,
a galáxia Via Láctea, um dos primeiros desafios de Jesus foi enfrentar,
juntamente com sua equipe de engenheiros siderais, a formação e a
organização do sistema solar com a inclusão da grande nave, o globo
terrestre. O planeta foi projetado e construído totalmente adaptado
às condições de vida levando-se em conta um revestimento físico
especial (matéria orgânica), capaz de abrigar diferentes tipos e es-
pécies de seres. Para ocupar esse espaço no sistema solar, vários
fatores preconizantes e de grande relevância foram considerados: ór-
bita de implantação, movimentos de translação e rotação, gravidade,
luz, temperatura e pressão, entre outros. Todos esses fatores foram
previstos para que toda a vida no planeta recebesse os recursos vitais
e divinos por um longo período de desenvolvimento e de existência,
como por exemplo, como a assistência integral do Sol e da Lua.

Jesus sempre procurou aliar o desenvolvimento da vida no pla-

neta (desde os seres mais simples ou unicelulares até o surgimento
do povo nativo, os Filhos da Terra) com a vinda de seres de outros
mundos que por aqui precisam passar para dar sua contribuição (em
especial, a grande família capelina) e, consequentemente, levar con-
sigo uma experiência de vida inesquecível na carne, a roupagem que
melhor se adaptou às condições do planeta.

Figura 9. Jesus, o Planetário, o Cósmico, o Caminheiro, o Filho de Deus em
missão na Terra. Em suas mãos, muito trabalho por fazer e por revelar 1.
1
Observação do ilustrador: criação mediúnica da imagem de Jesus levando-se em conta os
traços semitas.
Para que tudo isso se efetivasse, um grande líder e sábio teria que
estar à frente de uma proposta arrojada e audaciosa, em que a cora-
gem seria transformada em amor incondicional para com o próximo.
Já se sabia que muita dor e alegria estariam por vir para que a vida
florescesse um dia e se tornasse uma referência no cosmo. Por tudo
2
Entidades mais que especiais, diferentes dos espíritos propriamente ditos, muito mais
evoluídas do que se imagina.

388 389
Capítulo 4 – Reencarnação
isso, é necessário reconhecer e imaginar, pelo menos, o nível de res-
ponsabilidade, de visão e de compreensão de Jesus, que, juntamente
com sua equipe de ação, sempre estiveram à frente do planeta Terra
e permanecerão até o fim dos tempos, ou seja, até sua extinção ou
transformação (anexo 9).
Além da imensa responsabilidade desses Espíritos e da quanti-
dade de problemas que precisam gerir, esses missionários possuem
valores totalmente estabelecidos para tal função (respeito, honesti-
dade, justiça, conhecimento, obediência às leis de Deus, comprome-
timento, competência, autoridade e liberdade, entre outros). Esses
valores garantem a eles uma conduta exemplar, totalmente isenta de
qualquer tipo de desvio, pois conhecem profundamente a natureza
do Espírito, suas necessidades e suas fortalezas e fraquezas. Quanto
mais ascendem aos mundos superiores, maiores são as exigências
em termos de conduta, de responsabilidades e, consequentemente,
mais recursos do mundo espiritual eles têm à disposição para atuar
como missionários. Nesse caso, a organização de trabalho segue
uma hierarquia primorosa para a distribuição das atividades de tra-
balho de toda ordem.
Jesus não se preocupou com o processo de reencarnação só do
ponto de vista das energias inteligentes, naturais de berços estelares
e com características apropriadas à recepção e acomodação das ex-
periências vivenciais (causa primária do raciocínio, da inteligência do
Espírito), mas também do ponto de vista dos corpos físico e etérico,
que servem de revestimento e de manifestação dos Espíritos, espe-
cialmente na dimensão física. Vale destacar que a energia inteligente,
derivada da energia prânica e desenvolvida por Jesus, se limitou a
gravar, ou fixar, os acontecimentos da vida diária, tendo como filtros
de seleção das energias cósmicas os cinco sentidos básicos da natu-
reza humana (visão, audição, olfato, tato e paladar). A visão e a audi-
ção são sentidos voltados à identificação tanto de objetos próximos
quanto distantes, mas o olfato, o tato e o paladar são sentidos que
carecem da proximidade dos estímulos, especialmente o paladar.
390
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Em longo prazo, a combinação dos resultados produzidos pelos
órgãos dos sentidos – organizados, armazenados e ativados – é su-
ficiente para servir de base para o desenvolvimento do raciocínio e,
por conseguinte, de reações aos estímulos externos, de maneira in-
teligente. Além disso, esses sentidos são suficientes para levar seres
pertencentes à grande cadeia evolutiva dos animais, como o homem,
a uma condição de maior preparação para habitar um dia os mundos
maiores, aqui designados de superiores.
O Espírito não é criação do Divino Mestre Jesus, mas de Deus
Pai Todo-Poderoso. No entanto, o revestimento físico do Espírito é
obra de Jesus, que foi também autorizado, juntamente com sua equi-
pe espiritual, a coordenar e a acompanhar, até o fim dos tempos, o
crescimento de todos os Espíritos designados para compor a esfera
terrestre. Por esse feito colossal, Jesus é considerado Deus por mui-
tos admiradores e seguidores na Terra.
Quanto à preparação do orbe terrestre, houve a necessidade de
amplo planejamento e diversificada construção tanto na dimensão
física quanto na espiritual. Do ponto de vista físico, químico, bio-
lógico e climático, cientistas reencarnados já demonstraram avan-
çados conhecimentos e domínio sobre a matéria e seus processos
de transformação. Muitos Espíritos altamente especializados nesse
tipo de conhecimento, mesmo em estado de esquecimento parcial,
por meio de suas mediunidades, na maior parte das vezes de forma
inconsciente, deram suas contribuições. Do ponto de vista espiritual,
Tia Neiva ([197?]), por sua mediunidade, trouxe mais informações a
esse respeito: o sistema crístico.
Uma coisa vocês precisam entender bem: nós não vive-
mos uma filosofia cristã.
Nós vivemos um sistema crístico!
O sistema é uma coisa pronta, acabada, que existe e
não tem possibilidade de mudar. Já a filosofia é a ma-
neira como os homens interpretam a lei. Assim se for-
391
Capítulo 4 – Reencarnação
mam as religiões, baseadas justamente na distorção
dessas interpretações, porque não há uma unidade
de pensamento. Reúnem-se as ideias e se fabrica uma
nova forma. Nada se cria - apenas muda-se a forma
das coisas. Daí a razão de milhares de livros escritos. A
toda hora, uma novidade. (Zelaya, 197?).
José Carlos do Nascimento Silva (2006) acrescenta:
Na estruturação do sistema crístico foram criadas, por
Jesus, as casas transitórias, entre as quais está o canal
vermelho, que propiciam grandes oportunidades para
a evolução de um Espírito. (Silva, 2006, p. 572).
Tendo em vista que os Espíritos são formados por diversas ca-
madas ou revestimentos, compostos de energias condensadas em
diversas dimensões, como forma de abrigar e dinamizar as experiên-
cias vivenciais, também é de se esperar que na Terra existam diversas
dimensões, subdivididas em vários planos vibracionais, para acomo-
dar a população do planeta, que é constituída por seres de diversos
graus de evolução. Assim, nosso divino Mestre Jesus, profissional
de grande sabedoria e humildade, providenciou o Sistema Crístico,
dividido em diversas casas transitórias ou planos organizados para
receber os Espíritos desencarnados. Dependendo do grau evolutivo,
os Espíritos se diferenciam um do outro em vários aspectos, prin-
cipalmente do ponto de vista da personalidade, e, por conseguinte,
necessitam de moradias diferenciadas. Isso significa que na erratici-
dade os semelhantes, aqueles que possuem o mesmo grau evoluti-
vo, dotados de desejos, conhecimentos e práticas comportamentais
correspondentes, tendem a ocupar a mesma moradia ou plano espi-
ritual. A troca de moradia só depende do grau evolutivo alcançado.
No contexto da evolução dos Espíritos, um dos focos de atenção
é a questão relacionada à sua criação ou formação. Por isso, uma
intrigante pergunta poderia surgir neste momento: qual é a idade
dos Filhos da Terra, ou, mais especificamente dos seres humanos?
392
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A princípio, a idade de qualquer Espírito é menor do que a ida-
de do planeta de origem. A formação de todo Espírito é antecedi-
da pela criação do planeta. De modo geral, uma das principais
funções dos planetas é servir de base de formação dos Espíritos.
Consequentemente, isso dá aos Espíritos características que servem
de identidade a eles ao longo da caminhada. Nada foge aos destinos
ou necessidades do universo.
No início da formação dos seres, tem-se apenas o fenômeno do
princípio espiritual, que se desenvolve até que esses seres alcan-
cem um estágio de evolução de modo que possam ser considerados
Espíritos. Então, a idade dos Filhos da Terra, os seres humanos, é
compatível com a idade investigada e considerada nos estudos cien-
tificos da Terra, isto é, quando animais como os grandes macacos
alcançaram, na escala evolutiva, a forma, a inteligencia ou a pers-
picácia do Homo sapiens. Seu surgimento é relativamente recente
comparado com a idade da Terra, ou seja, em torno de 300 mil anos.
No entanto, a maioria dos animais que o antecedeu já pode ser con-
siderada Espírito, mesmo que suas experiências vivenciais sejam in-
cipientes e de acordo com o corpo recebido.
Para que a evolução se faça de modo mais seguro, às vezes rá-
pido, uma das grandes estratégias do universo é a adoção do pro-
cesso de reencarnação, mas cada planeta com suas finalidades e
peculiaridades.
A reencarnação no globo terrestre
O processo da reencarnação, descrito especialmente na literatu-
ra espírita, planejado e implantado por Jesus na Terra recebeu total
apoio de emissários superiores. Esse processo não é padrão na Via
Láctea, até porque exige condições ambientais especiais para a sua
implantação.
393
Capítulo 4 – Reencarnação
Segundo Emmanuel (2007),
As formas de todos os reinos da natureza terrestre fo-
ram estudadas e previstas. Os fluidos da vida foram
manipulados de modo a se adaptarem às condições
físicas do planeta, encenando-se as construções celu-
lares segundo as possibilidades do ambiente terrestre,
tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela mi-
sericordiosa sabedoria do Cristo, consideradas as leis
do princípio e do desenvolvimento geral. (Emmanuel,
2007, p. 26).
A constituição dos corpos dos seres vivos (matéria dura), desde o
reino mineral até o hominal, foi estudada e preparada de acordo com
as condições ambientais do planeta.
Destaca Emmanuel (2007):
A máquina celular foi aperfeiçoada, no limite do pos-
sível, em face das leis físicas do Globo. Os tipos ade-
quados à Terra foram consumados em todos os reinos
da Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e
estranhos, do laboratório de suas perseverantes expe-
riências. (Emmanuel, 2007, p.29).
Em razão do tipo de matéria envolvida no desenvolvimento da
vida no plano físico do globo terrestre, esse processo só ocorre em
planetas semelhantes à Terra, raros na Via Láctea. Na maioria dos
planetas conhecidos pelos astrônomos da Terra, de aparência inerte,
de matéria sólida e brutalizada, como Marte, a vida se desenvolve
só no mundo etérico, onde a matriz energética é mais modulável e
suscetível à impregnação dos conteúdos vivenciais.
Para que a vida florescesse no plano físico do planeta Terra, em
momento propício, Jesus e sua equipe de trabalhadores do amor
incondicional (compreensão e respeito por todos os seres vivos) e
da justiça tiveram que preparar o globo terrrestre para receber uma
energia especial que viabilizaria o desenvolvimento dos seres ina-
394
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
nimados e animados. Essa energia, etérica, diferente da energia de
formação do planeta, possibilitaria aos seres vivos se revestirem de
máteria sólida, mas modulável, orgânica, limitada para o armaze-
namento das experiências vivenciais. As experiências vivenciais só
conseguem ser armazenadas em grande quantidade na matéria eté-
rica, dada sua propriedade de elevada retenção das cenas que se de-
senrolam a todo momento na vida de qualquer ser vivo. Isso explica
a necessidade de a matéria física ser acoplada à matéria etérica no
papel de contraparte.
Conforme Emmanuel (2007),
E quando serenaram os elementos do mundo nascen-
te, quando a luz do sol, beijava em silêncio, a beleza
melancólica dos continentes e dos mares primitivos,
Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu
pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das
amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de for-
ças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório pla-
netário em repouso.
Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta,
como no fundo dos oceanos, podia-se observar a exis-
tência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da
vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no
orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfí-
cie do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.
(Emmanuel, 2007, p.22).
A referida massa gelatinosa, originária do páramo celestial ou
berço estelar, a Estufa Estelar de Áxis, fonte inesgotável de uma das
energias mais puras e sutis já conhecida na Terra, o prana, com pro-
priedades adequadas ao armazenamento e concentração das cenas
do dia a dia, tornou-se a base de formação e de manifestação de
todos os seres que já surgiram no globo, seja no plano físico, seja no
etérico. Observa-se no relato de Emmanuel que a energia da vida foi
trazida à Terra só depois que as forças físicas da natureza se amai-
395
Capítulo 4 – Reencarnação
naram, o que também indica que tudo tem o momento certo para
ocorrer em favor da evolução. Tudo tem seu tempo. Não é frutífero
solicitar ou exigir aquilo que ainda não está pronto.
Essas informações consagram o início da vida no planeta, mas
não só em relação ao homem, que surgiu muito tempo depois dos
outros seres dos reinos mineral, vegetal e animal. A evolução inter-
pretada pela ciência da Terra não tem acesso a esses detalhes, o que,
obviamente, a deixa limitada em sua conclusões. A matéria etérica a
que Emmanuel (2007) se refere trata-se de um fluido especial trazido
por Jesus e aplicado ao planeta. Esse fluido é constituído por elemen-
tos específicos para o florescimento da vida em ambientes físicos e
que só são produzidos em regiões denominadas estufas estelares.
Essas regiões já foram detectadas e são denominadas Nebulosas.
Para manipular esse tipo de energia, são necessárias competências
que nem todo Espírito superior possui.
A primeira etapa desse projeto se limitou à preparação da maté-
ria física, principalmente para o desenvolvimento dos revestimentos
apropriados à manifestação do princípio espiritual. Na segunda eta-
pa, depois de milhares de anos de evolução no físico e no etérico, o
princípio espiritual, aos poucos, à medida que vai se enriquecendo
das experiências vivenciais, transforma-se em Espírito. Mesmo as-
sim, no caso da reencarnação, o Espírito pouco ou nada consegue
imaginar da situação a que foi submetido como forma de facilitar e
acelerar seu processo evolutivo. E vagarosamente, mas de maneira
proveitosa, o Espírito vai conseguindo romper as barreiras criadas
por ele mesmo ao longo de suas jornadas, oportunidades em que
suas relações foram mal construídas e cujos resultados negativos
dificilmente seriam equilibrados num curto período na erraticidade.
A conquista da felicidade é o foco principal a ser trabalhado, pois a
felicidade é o desejo de todos os filhos de Deus Pai Todo-Poderoso,
e ela só existe, verdadeira e plenamente, nos mundos superiores.
Dificilmente seria alcançada onde vive a maioria dos Espíritos ne-
cessitados de evolução. Não há conduta inadequada, causadora de
infelicidade, que resista ao tempo, ao processo de reencarnação.
396
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Na contagem dos engenheiros siderais, a Terra foi projetada para
existir pelo período de sete ciclos, que, de acordo com Kazagrande
(2016), são estes:
Primeiro Ciclo: formação do planeta a partir do fogo
sutil [imperceptível no mundo físico]. Ainda não existiam
os elementos ar, água e terra.
Segundo Ciclo: soma-se o elemento de formação do
ar, com formato gasoso, ainda sem nenhuma definição
física.
Terceiro Ciclo: o elemento líquido passa a tomar parte
da formação, mas também ainda distante da formação
física definitiva.
Quarto Ciclo: concretiza-se a formação do plano físico.
A densidade passa a existir, e a materialidade de estru-
turas para abrigar seres vivos está pronta para o início
da missão do planeta.
Quinto Ciclo: a vida material domina em plenitude o
planeta. Os estados físicos são claros, e a preparação
para o contato com a “imaterialidade” começa nos
subciclos finais.
Sexto Ciclo: o contato imaterial volta a predominar,
mas, sob uma nova tônica, permitindo o avanço final
de todos os seres vivos rumo a sua origem espiritual.
Sétimo Ciclo: a ascensão do planeta. Como parte da
Criação Divina, também os elementos de sua for-
mação (material e imaterial) retornam para Deus.
(Kazagrande, 2016) – ver Anexo 9.
Kazagrande (2016), em destaque ao ciclo pela qual a Terra está
passando, o quinto, deixa claro que ele pode ser considerado o es-
tágio evolutivo de grande maturidade e de aproveitamento de seu
potencial para a evolução dos seres que aqui se encontram.
397
Capítulo 4 – Reencarnação
No entanto, essas duas etapas ainda não seriam suficientes para
completar a odisseia. Inicia-se, então, a terceira etapa da obra, talvez
a mais complexa e de elevado custo, o posicionamento do sistema
solar na galáxia escolhida, a Via Láctea. A incorporação e o posicio-
namento desse sistema na galáxia implicou em uma série de altera-
ções no funcionamento desta e em sua missão em relação a outras
vizinhas no cosmo. Para conseguir o posicionamento mais adequa-
do no espaço sideral, muitos estudos e acordos multilaterais foram
cuidadosamente estabelecidos por longo período. Lembrando, mais
uma vez, que existe vida em todas as partes do universo, umas mais
evoluídas, outras menos, então só participaram desses acordos os
Espíritos superiores responsáveis pelos grandes comandos na galá-
xia, Espíritos totalmente desprovidos de vaidades e de ciúmes, mas
totalmente ungidos de esperança e interessados no bem comum.
A chama trina que esses Espíritos já desenvolveram, e que habita
dentro de cada um deles, é uma espécie de trança energética forma-
da pelas chamas do poder (azul), do conhecimento (amarela) e do
amor (rosa) e é o que garante seu equilíbrio na tomada das grandes
decisões do universo. Dessa forma, o espaço físico para o estabele-
cimento do sistema solar foi selecionado e preparado na borda da
galáxia. Nesse espaço geográfico, as condições são mais amenas e
menos ariscadas para a manutenção da vida na Terra. A parte mais
interna da galáxia, além da maior concentração de estrelas, acolhe
fenômenos de grandes dimensões, capazes de colocar em risco toda
a obra física engendrada.
Da mesma forma como foi preparado o espaço onde foi situado
o sistema solar na Via Láctea, Jesus, juntamente com sua equipe de
engenheiros siderais, também criou e preparou uma série de planos
de vibrações energéticas, denominados casas transitórias, para abri-
gar os Espíritos de diferentes graus evolutivos – esses planos foram
apresentados por Tia Neiva, quando os denominou de sistema crísti-
co. Seu objetivo é o acolhimento e o preparo dos Espíritos desencar-
nados e sem condições de voltar às origens, evidentemente no que
398
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
se refere àqueles em trânsito no planeta Terra. Entre esses planos,
os mais conhecidos no Vale do Amanhecer são o Canal Vermelho e a
Pedra Branca, onde há uma estrutura de apoio à vida no etérico e inú-
meros recursos voltados à interação entre os mundos etérico e físico.
Se muitas obras como o planeta Terra existissem, os telescópios
espaciais com avançados sistemas tecnológicos, manuseados por
hábeis cientistas astronômicos, conseguiriam detectá-los facilmen-
te. Então, o mundo já saberia onde estão seus pares alienígenas ou
outros seres similares ao terráqueos. Para promover e movimentar
tal esforço em prol da construção de mundos como a Terra, só os
Espíritos superiores – mais especificamente os engenheiros siderais,
que detêm não apenas o conhecimento relacionado ao micro e ao
macrocosmo, mas também equilíbrio emocional suficiente para in-
teragirem entre si – teriam condições de fazê-lo. O comportamen-
to desses Espíritos, já com suas devidas conquistas, é voltado para
ajudar aqueles que ainda precisam da conduta apropriada à subida
dessa grande montanha da vida.
Esse auspicioso projeto voltado ao processo da reencarnação,
pois envolve tanto microprocessos quanto macroprocessos do cos-
mo, foi desenvolvido e implementado principalmente para atender,
em larga escala, àqueles que ainda sofrem de atrozes necessidades
evolutivas ou de atrasos no processo de desenvolvimento. Por meio
dessa estratégia reencarnacionista, tanto os Espíritos perdidos na
roda cármica do tempo (nativos e seres de fora do planeta Terra)
quanto os que estão em fase de formação mais recente (seres dos
reinos mineral, vegetal e animal) podem crescer espiritualmente e
ascender aos planos superiores de forma mais acelerada e segura.
O mundo superior é o fim ou a chegada de toda a criação de Deus
Pai Todo-Poderoso, pois são mundos mais felizes, isentos de ciúme,
inveja, ardis, injúrias e de outros males. Tudo depende do esforço, da
boa vontade, do querer do Espírito e também do seu conhecimento,
que o rege e ilumina seu caminho.
399
Capítulo 4 – Reencarnação
Características da reencarnação
A reencarnação pode ser definida como o processo de retorno do
Espírito à escola terrena. Estima-se que sejam necessárias de 18 a
21 reencarnações para que o ciclo de aprendizagem se complete na
Terra. Essa estimativa se refere às reencaranações de Espíritos que
vêm de fora do planeta, como os capelinos, e isso difere considera-
velmente do caso dos Filhos da Terra que, por razões evolutivas, pre-
cisam reencarnar muito mais vezes. Não pode deixar de ser incluído
nesse cálculo também o tempo vivido na erraticidade entre as reen-
carnações, pois esses dois períodos são importantes para o Espírito
refletir e fazer um balanço de sua passagem pela Terra.
Em geral, o Espírito leva algum tempo para aceitar o parco avan-
ço alcançado, pois tudo depende do tipo de conteúdo vivencial que
possui e, consequentemente, da conduta adotada e dos resultados
exibidos no ambiente onde ele se relaciona, ou seja, das conquistas
e das derrotas. A vida no corpo físico é um dos principais meios de
desenvolvimento do ser humano, um dos tratamentos mais comple-
tos e eficazes para a aceleração da evolução no planeta. O equilíbrio
das forças que regem o Espírito, e que vem do passado, depende da
complementação de novas experiências em um contexto apropriado
(esquecimento das experiências passadas, mas com influências do
passado) – automaticamente, aparecem novos focos vivenciais que,
em geral, demandam longo caminho para se completar. Assim, o
homem, como ser vivo e eterno, está sempre aberto ao crescimento,
onde quer que esteja.
O tratamento da reencarnação é acompanhado do fenômeno do
esquecimento das antigas experiências armazenadas no centro espi-
ritual (uma estratégia que funciona como recorte do que precisa ser
trabalhado e incorporado ao patrimônio do Espírito). Dependendo
da situação a ser trabalhada e da programação da reencarnação,
maior poderá ser o esquecimento e, consequentemente, menor será
a fé e maior a sensação de inexistência de vida após a morte. Isso,
400
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
porque uma rede de acontecimentos favoráveis e desfavoráveis vão
se formar a caminho do futuro. Como impacto, surgem diversos
compromissos que precisam ser vivenciados para servir de base de
equilíbrio para o Espírito e, também, para responder mais adequada-
mente aos estímulos que vêm constantemente do ambiente externo.
No entanto, nem todo estímulo tem grande repercursão, mas, com
certeza, aquele que causa grande impacto é fruto de um encadea-
mento de condutas com diferentes tipos de lacunas de aprendiza-
gem e, assim, o Espírito não consegue se libertar de forma susten-
tável e sempre fica algo para ser resolvido a posteriori. André Luiz
(2003), em obra psicografada, traz um interessante exemplo de uma
complexa rede de compromissos transcendentais gerada a partir de
ações inadequadas e de elevada gravidade desempenhadas por um
grupo de Espíritos durante uma reencarnação.
Lembranças precisas do passado pelo acesso natural dos arqui-
vos mentais e espirituais não são possíveis por causa da organização
e da disponibilização das informações solicitadas a todo o momen-
to. No entanto, esses arquivos, como uma plataforma virtual para
o processamento dos conteúdos vivenciais (raciocínio) e definidora
das ações ou das condutas, podem levar a tomadas de decisões ina-
dequadas se ainda não estiverem suficientemente abastecidos com
experiências vivenciais capazes de influenciar a formação de respos-
tas com sabedoria.
O esquecimento é providencial, de grande importância e eficá-
cia, principalmente em situações mal resolvidas, com animozidades
profundas entre Espíritos que ainda não alcaçaram a capacidade de
resiliência e de entendimento transcendental. No máximo, os reen-
carnantes envolvidos na contenda sentem algo desagradável ou des-
confortável (força de repulsão) ou algo altamente desejável (força de
atração), mas ambos não tem a menor noção do ocorrido no passa-
do, e a maioria não desperta para essa possibilidade. Essa contin-
gência facilita o processo de restauração das relações e abre novas
possibilidades de realizações mais profícuas.
401
Capítulo 4 – Reencarnação
Se o processo da reencarnação fosse acompanhado de lembran-
ças do passado de forma clara e contínua, ele deixaria de ser um
tratamento ou uma solução de grande repercursão. É dificil para um
Espírito assumir mais de uma personalidade por deteminado perío-
do na carne sem intensificar as consequências do passado. Nesse
caso, ele teria de assumir problemas antigos sob pressões ainda
mais complexas, o que dificultaria muitíssimo a solução dos pro-
blemas ocorridos em períodos estratégicos de sua caminhada. Se a
luta ou a fuga foi a saída encontrada no passado, hoje ele tem nova
oportunidade e novo contexto para contornar os acontecimentos ne-
gativos e prejudiciais.
Para lembrar do passado sem prejuízos no presente, o Espírito
tem de estar preparado, especialmente do ponto de vista evolutivo,
ou ter um apoio técnico adequado. Ter lembranças de um ou de ou-
tro acontecimento do passado, num contexto terapêutico, como na
regressão de memória, pode ser aceitável e, até certo ponto, uma
maneira benéfica de resolver algum tipo de “nó” que dificulta a atual
caminhada – o indivíduo pode contar com o apoio de um especialista
quando realmente está preparado para lidar com esse tipo de terapia.
O filme Minha vida na outra vida3 mostra perturbações de uma mu-
lher e, consequentemente, de sua família decorrentes de uma série
de lembranças do passado surgidas desde a infância até determina-
do período de sua vida adulta, quando o fenômeno se intensificou. O
fato foi contornado e toda a rotina familiar se restabeleceu.
Casos como esses, em que é necessário dar prosseguimento à
relação do passado e superar as dificuldades passageiras levando-se
em conta um novo papel e contexto, fazem parte do destino de todos
os Espíritos que estão a caminho da evolução. Assim, a aquisição
de novas experiências em situação de esquecimento é o mais reco-
mendável para aqueles que ainda possuem graves ou gravíssimas
lacunas de aprendizagem. Para superar essas lacunas, sem as lem-
branças do passado, deve-se viver o presente “na carne”, mesmo que
3
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sRSobEoTswI>. Acesso em: 7 jan.
2020.
402
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
as condições sejam dolorosas. O efeito tende a ser bastante favorável
quando comparado com as tentativas no mundo espiritual, onde as
lembranças passadas costumam gerar sentimentos extremamente
constrangedores.
A caminhada no planeta é feita levando-se em conta critérios de
erros e acertos, baseados nas experiências vivenciais.
Aquisição de conteúdo vivencial
O período de reencarnação pode ser comparado, grosseiramente,
ao período de um curso de longa duração. Pode-se dizer que, antes
do mergulho na carne, sabe-se o objetivo da viagem, mas, uma vez
executado o mergulho, a realidade é “nua e crua”, mesmo com as
devidas proteções espirituais e estímulos salutares do bem viver a
favor da mudança comportamental. A lembrança dos motivos para
essa grande experiência, como os encontros necessários ou os resga-
tes inadiáveis, desaparece como num passe de mágica, e tudo segue
sem muitas explicações nem detalhamento, ou seja, o tão propalado
destino. No entanto, as lacunas de aprendizagens identificadas e se-
lecionadas para serem tratadas durante a reencarnação tornam-se o
eixo da programação.
Imagine um jovem, cheio de sonhos, recém-ingressado em uma
faculdade de engenharia civil. Alguém solicita a ele o cálculo estru-
tural de um prédio de dez andares e que administre a construção.
O interesse é grande, mas a sua falta de conhecimento e de expe-
riência fala mais alto, e a resposta pode não passar de um suspiro.
É lógico que ele ainda não tem conteúdo vivencial atual suficiente
para tal tarefa, talvez potencial do passado. No entanto, depois de
concluir seus estudos e adquirir experiências práticas, é provável que
já esteja em condições de assumir tal compromisso. Falar antecipa-
damente do que ele terá de enfrentar durante esse período (doenças,
necessidades materiais, problemas de transporte, de moradia, risco
de assalto e outros) provavelemente poderia atrapalhar mais do que
403
Capítulo 4 – Reencarnação
ajudar. É melhor iniciar uma grande jornada sonhando do que cheio
de preocupações. Ainda não se dispõe de todas as experiências com
seus respectivos conteúdos equilibrados e necessários aos desafios
mais complexos da vida terrena. Tudo que for adquirido nesse perío-
do estará bem guardado nos escaninhos da alma, sem nenhum risco
de perda. Essa comparação deixa clara a necessidade da aquisição de
novos conteúdos ou de conteúdos que podem servir de contraponto
para o Espírito responder efetivamente às demandas do ambiente
externo.
Como explicitado anteriormente, o Espírito é constituído de inú-
meras experiências vivenciais, organizadas de acordo com cada pe-
ríodo reencarnatório, seguidas das vivências na erraticidade. Depois
de várias vivências pareadas, uma espécie de duplo contexto, físico e
espiritual, correspondentes a várias épocas, com características com-
portamentais e tecnológicas diversificadas, ele se fortalece e tende a
cair menos, mesmo quando submetido a questões cármicas. Mais
detalhadamente, ele é formado por uma cadeia de comportamentos
em que cada elo é constituido por diversas condutas.
Os elos menos recentes, formados por experiências armazena-
das nas entranhas do perispírito (centro espiritual) e demandadas na
atualidade, tendem a manter uma rede de comunicação indireta com
a superfície – corpo físico (respostas na forma de sensações e de
sentimentos). Energias em desequilíbrio projetadas dessas cadeias
buscam se harmonizar através de novas condutas a serem apresen-
tadas no atual contexto reencarnatório. Por estarem em desequilí-
brio, dependendo do grau de comprometimento elas se tornam de-
letérias ou destrutivas para a matéria mais densa, o que pode causar
diversos tipos de doença no aparelho físico.
A sequência de condutas antecedentes e consequentes com resul-
tados favoráveis para si e desfavoráveis ao ambiente externo (com-
portamentos associados à violência, por exemplo), sem uma situa-
ção que possa servir de contraparte, tende a tornar o Espírito mais
404
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
desequilibrado. Por conseguinte, mais complexo será o processo de
recuperação do equilíbrio energético.
O planeta, no plano físico está cheio de Espíritos com sistemas
de forças desequilibradas. Basta parar e observar as fraquezas ou as
mazelas que neles predominam em conformidade com seu contexto
atual e tecnológico. Se não houver esforço para adquirir conteúdos
mais profícuos, mais tempo o Espírito gastará para deixar a escola
planetária. Quando adquirir todos os conteúdos vivenciais neces-
sários à superação das fraquezas que estão sendo tratadas, novos
desafios e processos de aprendizagem vão surgir. A vida não para,
saimos de um exercício e iniciamos outro e, assim, vai ocorrendo o
processo de evolução.
Desenvolvimento de competências
Cada reencarnação equivale a um período de permanência na
Terra e outro no plano espiritual, antes do próximo retorno ao orbe.
Esse tempo total transcorrido pode ser considerado uma oportunida-
de para a construção de grandes competências ou habilidades para
lidar com diferentes situações técnicas e sociais. Isso, evidentemen-
te, depende das conquistas realizadas ou do aproveitamento na es-
cola terrena. O Espírito pode adquirir competências no trabalho, na
família e na sociedade. Em geral, uma competência pode se tornar
mais aperfeiçoada do que outra, pois nem sempre a pessoa tem uma
única linha de investimento do seu tempo e de oportunidade. Se for
uma competência nova, com pouca força de atração, mas importan-
te para sua sobrevivência, ou estimulado intensamente pela família,
ele inicia a construção com uma rotina lenta e pouco estimulante.
Com o passar do tempo, sem perceber, se for um Espírito de muitas
conquistas, ele vai apresentar uma conduta diferenciada, mais ace-
lerada, motivada, sem perdas de tempo, e pode se tornar referência
num ambiente onde era pouco conhecido ou demandado.
405
Capítulo 4 – Reencarnação
Ao longo de várias reencarnações, o Espírito vai desenvolvendo
diversas competências, ampliando o quadro de especializações e for-
mando uma visão diferenciada de mundo. As experiências vivenciais
isoladas pouco valem, mas à medida que vão sendo acumuladas,
somadas como tijolos de barro assentados, elas podem propiciar a
construção de uma imponente catedral. Elas servem de âncora ou
alicerce para o enfrentamento do dia a dia. Os desafios no mundo
terreno também continuam a assombrar os menos atualizados e
preparados, até que a compreensão chega em favor do destino, e
a conduta se transforma em um mecanismo facilitador da vida, em
proveito próprio e para muitos que ainda estão perdidos nas estra-
das da vida. Cada conjunto de competências está relacionado ao pla-
neta no qual se está estagiando, ou melhor, às contingências a que
se está submetido.
No mundo espiritual, a solução de muitos problemas depende de
competências conquistadas a duras penas e constituídas de diver-
sos conteúdos vivenciais adquiridos na escola terrena. Problemas de
maior complexidade costumam ser resolvidos mais facilmente pela
reencarnação, que preconiza o esquecimento do passado. Quanto às
competências profissionais, nem todas as adquiridas na escola terre-
na servem de base para o exercício de determinadas práticas ligadas
à manipulação da matéria etérica. A solução desse tipo de problema
depende da boa vontade em aprender novas competências ligadas
à matéria do mundo etérico, bastante dependentes da manipulação
mental.
Aquisição de competências para se adaptar mais facilmente a
diferentes situações e contexto; visão de futuro ou espiritual para
melhor se nortear na jornada; capacidade de síntese como forma de
perder menos tempo no caminho da vida; baixos níveis de vaidade e
de orgulho – se necessário, dar um passo atrás; e mais amor para dar
aos necessitados, entre outras qualidades que fortalecem o Espírito,
são o mínimo necessário para as grandes conquistas e libertações.
Mas esse mínimo de qualidades exigidas não é fácil, nem rápido, de
ser conquistado.
406
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Com base nesse raciocínio, a conduta doutrinária em ambientes
que envolvem o culto à espiritualidade, caso do Vale do Amanhecer,
depende consideravelmente da competência dos médiuns no exercí-
cio da mediunidade. Por mais que os componentes do corpo mediú-
nico respeitem a doutrina, eles exibem vários tipos de competências
e atitudes ou gostos. Isso acaba influenciando a conduta individual:
o interesse (intrínseco ou extrínseco), o conhecimento, o compro-
metimento, a fé, a disponibilidade de tempo, de recursos e, princi-
palmente, o potencial de cada um para trabalhar com esse tipo de
atividade, que depende muito da herança transcendental que com-
põe suas individualidades. Tudo isso afeta a conduta doutrinária dos
médiuns, em seu favor e de outras pessoas, encarnadas e desencar-
nadas, em busca da terapia espiritual.
A reencarnação, portanto, torna-se um dos métodos de inter-
venção espiritual mais promissores à evolução da vida na Terra.
Influencia todas as áreas de desenvolvimento humano, especialmen-
te do ponto de vista vocacional. A formação profissional, nos cam-
pos religioso e doutrinário, bem como nas áreas do mundo terreno
– manipulação, transformação e processamento da matéria mineral,
vegetal e animal (engenharias), por exemplo –, constituem a base da
vida nessa dimensão. A matéria no plano físico exige mais esforço,
conhecimento e técnicas de processamento do que no mundo etéri-
co, onde a mente tem mais poder sobre a matéria.
O estágio na Terra é a base para o enriquecimento de nosso mun-
do espiritual, levando-se em conta a aquisição de novos conteúdos
vivenciais. Além disso, por causa do esquecimento do passado, é
um processo discreto e que ocorre de forma menos traumática.
Consequentemente, nos ajuda a responder, com mais sabedoria ou
profissionalismo, às demandas ou estímulos do ambiente externo.
Para isso, é preciso retornar à dimensão física, abrir e reeditar uma
nova página da vida, para conquistar no futuro um resultado diferen-
te em relação ao passado. Sem os conteúdos vivenciais, não há o que
cobrar. Se a aprendizagem proveniente da experiência vivencial foi
incompleta, torna-se necessário continuar a jornada em outra opor-
tunidade, até que realmente o Espírito se torne um mestre da vida.
407
Capítulo 4 – Reencarnação
Isso explica também o desinteresse de muitas pessoas por de-
terminado assunto, dado seu nível de complexidade. Se a pessoa
não alcança determinado assunto, não entende ou não tem a menor
noção do que se trata, é óbvio que seu desprezo pela informação é
total. Ninguém dá o que não tem, só o que possui. Os conflitos são
temporários, pois os conteúdo que faltam para ampliar o raciocínio e
alcançar a sabedoria da vida servirão de base para o Espírito contor-
nar os obstáculos. Por essa teoria, do esquecimento temporário “na
carne”, pode-se observar a relevância da reencarnação.
A reencarnação e as
competências profissionais
A reencarnação, como tratamento seguro e consistente para o
crescimento espiritual, pode ser uma grande oportunidade para o
desenvolvimento e geração de condutas mais profícuas. Ou seja,
aquelas condutas ungidas por um emocional harmonioso (energia
psíquica mais asserenada), e por um raciocínio equilibrado (proces-
samento mental recheado de sabedoria e de experiências vivenciais).
Como não poderia ser diferente, tanto a conduta doutrinária, espe-
cialmente aquela desempenhada no ambiente mediúnico, quanto as
condutas da vida profana necessitam de constantes reflexões e ser
aplicadas de tal forma que todos aqueles que delas dependem pos-
sam ser afetados positivamente, ou seja, possam ser beneficiados.
Existem inúmeros comportamentos que são desempenhados pe-
los seres humanos, principalmente, aqueles que são mais úteis para
o crescimento da humanidade, entre eles os que derivam de con-
dutas profissionais (inclusive aquelas desempenhadas no exercício
da mediunidade), que são desenvolvidas para resolver problemas ou
suprir necessidades da vida no plano físico. Determinados compor-
tamentos merecem destaques, pois, à medida que o Espírito vai se
sofisticando no ambiente físico, crescem também suas responsabi-
408
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
lidades e habilidades e, consequentemente, ele tende a economizar
tempo e energia (de ordem mecânica e psíquica).
Consequentemente, observa-se na Terra uma considerável varie-
dade de carreiras profissionais, cada uma delas com suas especifici-
dades. Essa contingência pode ser considerada uma rica oportuni-
dade para a escolha do caminho profissional a ser trilhado. Apesar
disso, o comum é a pessoa desenvolver ao longo da jornada terrena
só uma delas, ou seja, ela praticamente desenvolve uma só compe-
tência. Isso é o mínimo necessário, afinal, a escola terrena é tempo-
rária, e o Espírito reencarnado não tem muito tempo para desenvol-
ver várias competências, pois as responsabilidades e a sobrevivência
do dia a dia reclamam sua presença para atuar e resolver os desafios
que surgem a todo momento.
De modo geral, esse entendimento é mais voltado às situações
da vida profana, mas esse fenômeno ocorre também na vida doutri-
nária, especialmente no Vale do Amanhecer, onde muitos médiuns
tendem a manifestar suas preferências por determinados rituais e,
com isso, tendem a apresentar resultados diferenciados. O bom pro-
fissionalismo, baseado em determinada competência, cabe em qual-
quer ambiente − social, de trabalho ou religioso.
No espaço sideral, especialmente os Espíritos em uma fase evolu-
tiva mais desenvolvida, com muitas competências relacionadas aos
mundos físico e espiritual, principalmente as de ordem moral, tor-
nam-se referências em muitos assuntos. Enquanto no mundo físico
predominam os conhecimentos mais relacionados à manipulação da
matéria física, ainda muito dependente de tecnologias de processa-
mento, no mundo espiritual a matéria etérica é mais fácil de ser ma-
nipulada por intermédio da mente. Por isso, existe a necessidade de
o Espírito se desenvolver e se iluminar cada vez mais para ter acesso
aos mundos mais felizes, onde predominam as mentes mais compe-
tentes ou poderosas.
409
Capítulo 4 – Reencarnação
Numa comparação extravagante, pode-se dizer que um engenhei-
ro sideral equivale na Terra a uma equipe multidisciplinar de profis-
sionais, que, em geral, atua em prol de determinado fim de grande
valor comercial. Entre as ciências da Terra, a Astrofísica é uma das
que mais lembra a engenharia sideral, que envolve muitos conheci-
mentos do micro e do macrocosmo. A manipulação da matéria fí-
sica, para diversas aplicações, desde as mais sutis até as de maior
vulto, depende de muito esforço do ser humano, tanto em termos
do conhecimento quanto de meios tecnológicos para transformar a
matéria bruta em produto útil.
Para isso, diferentes áreas especializadas da engenharia e da
biomedicina servem de referência para a condução dos trabalhos
de transformação ou de recuperação: engenharias civil, agronômi-
ca, geológica, mecânica, nuclear, elétrica, eletrônica, de segurança
e siderúrgica, arquitetura, robótica, medicina, veterinária e biologia,
entre outras. No espaço sideral, a manipulação da matéria etérica,
em especial as de cunho mais complexo ou especializado, é realiza-
da em grande parte pelos engenheiros siderais. Seu instrumento de
trabalho é a força mental e o conhecimento sobre as propriedades da
matéria etérica, ainda pouco conhecidas, inclusive por boa parte do
mundo espiritual.
Na área profissional, Jesus é um engenheiro sideral, assim como
Pai Seta Branca também o é. Jesus conta com excepcional experência
no campo da reencarnação, especialmente quanto à transmutação
de matérias cósmicas de origem estelar e de elevada capacidade de
fixação de experiências vivenciais, isto é, capaz de abrigar a vida no
plano físico. Além disso, ele possui condições especiais de acesso a
planos ou dimensões que nem todo Espírito superior alcança. Deve-
se levar em conta que o Espírito Superior não precisa de autorização
para transitar no espaço sideral, mas nem todos conseguem acessar
determinado plano ou dimensão nele existente, pois isso é uma con-
quista individual.
410
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Em razão de suas conquistas morais, Jesus sempre foi lembrado
e venerado na Terra. Para ele, o perdão ao ignorante do conhecimen-
to, da razão, do amor e da moral é totalmente necessário para que
o Espírito tenha o tempo justo para seu crescimento e se liberte nas
alturas (planos mais elevados). Enquanto existir um Espírito sob sua
guarda na Terra, daqui Ele não se afastará. Se um dia reencarnar na
Terra, por que aqui esteve só uma vez, será mais por motivos cientí-
ficos e menos por motivos de ordem moral, porque até lá a grande
quantidade de subgrupos com diferentes percepções da vida já esta-
rão praticamente fazendo parte de um só grupo, ou seja, de uma só
família, pois quase todos já terão realizados suas grandes conquis-
tas em termos de conteúdos vivenciais, mas de forma equilibrada.
Nessa condição, esses Espíritos terão maior potencial de entendi-
mento e de contribuição para o futuro no universo.
A caminho da reencarnação
Existem milhares de formas vivas ou infinitos tipos de seres no
etérico, assim como existem diversas formas de vida ou de “ener-
gia viva” na Terra, distribuidos nos reinos mineral, vegetal, animal
e hominal. A maior parte dos seres vivos do etérico se desenvolve
em condições adversas, mais difíceis ou complexas, em compara-
ção com os seres que aqui na Terra estão em processo evolutivo.
Evidentemente que a evolução ocorre mais do ponto de vista da aqui-
sição de conteúdos vivenciais, pois a forma e a matéria que com-
põem os revestimentos é equivalente ao estado evolutivo do ser vivo.
Relatos de médiuns com o dom da vidência mais aguçada têm indi-
cado para aqueles mais espiritualizados a presença amiga de seres
de diferentes níveis de evolução, inclusive confundindo-os com seres
extraterrenos.
Entre os reinos vegetal e animal, está o reino dos seres elemen-
tares que vivem só no mundo etérico, ou seja, nunca reencarnaram.
Eles se apresentam com várias roupagens, como os animais na Terra.
411
Capítulo 4 – Reencarnação
Porém, exibem conduta mais sofisticada que os animais e menos
complexa, do ponto de vista cognitivo, que os homens. Geralmente
demonstram determinada habilidade ou competência, e todos têm
uma espécie de igenuidade natural como alguns animais. Costumam
ser muito amigos e alegres com a vida, demonstram total satisfa-
ção com o que fazem. Em alguns, aflora mais o amor, enquanto em
outros, mais a ira, mas todos estão a caminho da evolução, com
grande chance de reencarnarem na roupagem hominal. Além disso,
são exímios servidores da natureza, e grande parte deles atende a
solicitações de pessoas que precisam de algum tipo de ajuda ligada
à natureza. São os gnômos, fadas, bruxas, duendes, salamandras,
sereias, elfos, ondinas, tritões e outros. Cada um deles está ligado
à um tema da natureza. Tia Neiva incluiu em um de seus rituais a
participação das sereias de Yemanjá.
A evolução de todo ser vivo se faz incessantemente com o apoio
da espiritualidade maior, não somente em relação à matéria, mas
também em relação ao princípio inteligente. Atualmente, depois de
longos anos de evolução e de conformação, a conservação e a manu-
tenção dos corpos físicos dependem da conduta dos seres vivos, da
alimentação, da saúde e de acesso a tecnologia, entre outros fatores.
A manipulação da energia sólida força os reencarnados a criarem
métodos de processamento ou de transformação cada vez mais so-
fisticados. Existem materiais que, à primeira vista, não parecem ter
vindos do mundo mineral. Na Terra, a matéria sólida exige muito
mais esforço de manipulação do que no mundo etéreo, onde a força
mental é muito mais preponderante, com maior capacidade de trans-
formação da matéria etérica.
Nos mundos superiores, Jesus é conhecido pelo antigo nome de
Elohin, o pregador do amor e da justiça. Para ele, o verdadeiro amor
é o incondicional, e a verdadeira justiça é a divina. Daí, suas palavras:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao pai senão
por mim”. Se o amor ainda no brotou no coração das pessoas, um
dia vai florescer com força e sabedoria. Para Jesus, a reencarnação é
412
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
o caminho mais curto e seguro para subir aos mundos superiores e
mais felizes.
Nos planos espirituais onde reina a paz, a liberdade, a respon-
sabilidade e o conhecimento, a obra de Jesus é motivo de estudo
e de pesquisa, além de ser amplamente divulgada nos centros de
aperfeiçoamento dos conhecimentos cosmológicos e doutrinários.
Sua obra envolve conhecimentos relacionados ao micro e ao ma-
crocosmo, sinal de um volume considerável de informações técni-
ca, científica e doutrinária. Por isso, Jesus é designado também por
Divino Mestre. Este estudo dá uma ideia, mesmo que incipiente, de
sua obra na Terra.
Para ensinar e dar exemplo, Jesus apresentou, durante sua passa-
gem pela Terra, uma conduta de compreensão e respeito ao próximo.
Além disso, mostrou que mesmo no momento de dor, ele tinha amor
para dar a todos que não o compreenderam. Para isso, ovacionou o
amor quando pediu ao Pai que perdoasse os filhos porque eles ainda
não sabiam o que estavam fazendo.
Procedimentos aplicados à reencarnação
No mundo espiritual relacionado ao orbe terrestre, a reencarna-
ção é um dos objetos de estudo mais considerados pelas ciências
transcendentais. A evolução dos Espíritos, seres eternos, ocorre na
medida em que a quantidade e os tipos de experiências vivenciais vão
se diversificando e sendo acumulados ao longo das múltiplas exis-
tências. As experiências se materializam em ações e vão ganhando
diversas características: ações mais ou menos amorosas ou agressi-
vas; introvertidas ou extrovertidas; proativas ou lentas; ingênuas ou
maliciosas; controladoras ou desobedientes; educativas ou rústicas;
humildes ou orgulhosas, etc.
Quanto à quantidade ou acúmulo de vivências, pode-se dizer que
são indicadores de qualidade de resposta do organismo. Em relação
413
Capítulo 4 – Reencarnação
aos tipos de experiências assimiladas, armazenadas e automatica-
mente empregadas como base de reflexão e de resposta aos estí-
mulos externos, pode-se dizer que são indicadores de tendências,
de condutas, de rumos que podem ser tomados. Ambas as situa-
ções, experiências e respostas, relacionadas às lacunas vivenciais e
de aprendizagem, constituem base para a formação do diferenciado
repertório comportamental, tanto de pessoa para pessoa quanto de
situação para situação. A resposta de uma pessoa a determinado
estímulo varia de situação para situação, apesar de ocorrer em con-
formidade com a personalidade e os princípios morais que a rege.
Quanto mais experiências são adquiridas em relação à mesma
situação, mais consistentes e previsíveis são as respostas ou as rea-
ções do indivíduo. Se as experiências são constituídas por conteúdos
heterogêneos, diversificados, mas em grande quantidade e equilibra-
dos, as consequências ou os impactos das ações tendem a ser mais
úteis e com grande possibilidade de êxito coletivo. Exemplos disso
são as ações e suas repercursões de Espíritos mais evoluidos, como
Jesus, Buda, Gandhi, Einstein e Isaac Newton. Por conseguinte, o su-
cesso da reencarnação vai depender tanto da maturidade do Espírito,
de tudo que já amealhou ao longo de suas existências, quanto do
programa de reencarnação, a ser acompanhado por um mentor (anjo
da guarda), principal responsável pelos exercícios a serem vividos no
ambiente de reencarnação. Muitas informações a esse respeito são
viabilizadas por médiuns de diferentes doutrinas.
Na Doutrina do Amanhecer, Tia Neiva (1999e), em uma de suas
histórias, refere-se ao processo de reencarnação como sono cultural:
Após o feliz encontro, Rosa Maria ficou triste sabendo
que ainda teriam que esperar a conclusão dessa mis-
são para poderem ir para a origem4. Preocupava-se
4
Em geral, essa informação é válida para os Espíritos que vieram de outros orbes planetários,
como por exemplo, os Capelinos (Tribo dos Jaguares). No entanto, a origem também
pode se referir ao retorno de determinado Espírito à família espiritual, que por alguma
razão, teve que se afastar em prol de novas oportunidades evolutivas, ou seja, já não tinha
condições de continuar a conviver com aqueles que sempre o apoiavam e amavam.
414
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
com seu amado, incerta sobre as condições dele en-
frentar mais essa prova. Ele fora um tirano, mas o amor
mudara completamente seu espírito por saber amar.
Mas fora a presença de Rosa Maria que o havia desper-
tado para o amor. Agora que ela não viria para a Terra,
como agiria ele?
Tudo foi preparado no espaço e quando chegou o mo-
mento, o Jaguar despediu-se de Rosa Maria e, triste
pela separação se encaminhou para o sono cultural.
Quando o Espírito vai reencarnar, meus filhos, é uma
tristeza maior do que a da morte aqui na Terra. Ele vai
partir para uma missão da qual tem consciência, sabe
da responsabilidade e, corajosamente se entrega ao
sono cultural, que vai apagar de sua consciência toda
a memória transcendental, preparando-o para ser colo-
cado no feto e nascer na Terra.
E o velho Jaguar, o velho senhor de escravos, parte em
busca de seu filho, o lindo menino louro de olhos azuis.
Mas Deus não diz para você que será tudo “bonitinho”
nem os mentores resolvem que será tudo fácil. Não!
Ele por exemplo, iria voltar à Terra e desposar uma mu-
lher que seria aquele mesmo Espírito, da sinhazinha
– mau a ponto de mandar matar uma criança – e em
meio a muitas provações e dificuldades, deveria salvar
seu filho, Espírito que até aquele instante não perdoara
a ele nem a Rosa Maria. (Zelaya, 1999e, p. 23 e 24).
Nesse texto, fica claro que o foco do programa de reencarnação
é rever de forma discreta determinados episódios negativos do pas-
sado, sem lembranças evidentes, e aprender a lidar com situações
que vão favorecer o aparecimento de comportamentos mais úteis e
de consequências positivas para o futuro. Errar por ignorância, gerar
sofrimentos alheios, tudo são indicadores da necessidade de algum
tipo de tratamento voltado ao processo de aprendizagem.
415
Capítulo 4 – Reencarnação
O sono cultural se refere à preparação do Espírito, à miniaturi-
zação gradual do perispírito, às etapas de desligamento da espiri-
tualidade e ao esquecimento do passado para ele se submeter ao
processo de reencarnação, aqui considerado o maior tratamento
para aquelas mazelas humanas de difícil solução em curto prazo.
A ligação do Espírito ao novo corpo começa na concepção e é efeti-
vada durante os três primeiros meses. Esse processo só é conclui-
do numa terceira etapa, finalizada em torno dos sete anos de idade
(Ruiz; Godoy, 2020). Nessas três etapas o Espírito vai assumindo aos
poucos sua personalidade atual, com a qual vai interagir no plano
terreno, com o objetivo de superar, com novas experiências, as difi-
culdades do passado. Essa superação é indicador de progresso e de
novas possibilidades ou caminhos.
Por causa do estado de consciência a respeito do ambiente e das
situações que esperam por eles no mundo físico, os Espíritos nor-
malmente ficam mais apreensivos em relação à vinda do que em
relação ao retorno. Nesse caso, o esquecimento temporário do pas-
sado geralmente tende a causar o sentimento de medo, mas sem o
conhecimento do que espera por eles.
Baseando-se em informações de Tia Neiva, José Carlos do
Nascimento Silva (2006) acrescenta:
Quando se dá a concepção, aquele Espírito que vai
reencarnar inicia, ainda no plano etérico, seu sono
cultural, fase de desassimilação, onde toda a memória
se apaga, e que se prolonga até o feto completar três
meses, quando ele vai despertando à medida em que
aperfeiçoa seus sentidos terrenos.
[...] o homem reencarna dentro de um plano de trabalho
elaborado em conjunto com seus mentores, em que
são previstas dificuldades, em graus variáveis, visando
sua evolução. Cumprir ou não esse plano depende do
livre-arbítrio daquele Espírito e o resultado positivo ou
416
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
negativo de uma encarnação tem como ponto crítico
o reajuste.
O Espírito que obtém a graça da reencarnação faz seu
plano reencarnatório, com base no exame de sua me-
mória absoluta, onde observa suas ações passadas, os
traumas que provocou, e, ajudado pelos mentores, es-
trutura sua reencarnação, aceita a determinação de seu
sexo genético, que pode ser imposto de acordo com a
programação do seu carma5, em função da sua herança
espiritual, conjugando seu livre-arbítrio com o cumpri-
mento da lei de causa e efeito, uma vez que terá que
atender às necessidades individuais de cada ser para
o tipo de reencarnação que vai ter, considerando que o
ato reencarnatório visa o progresso e aperfeiçoamento
individual e do grupo espiritual. Assim, são previstas
as reencarnações por6:
• Ignorância – é quando o Espírito reencarna com
o propósito de melhorar seus conhecimentos e
se esclarecer sobre as leis da vida, tais como o
amor, a humildade, a tolerância, a caridade e a
misericórdia;
• Expiação – quando o Espírito retorna à Terra para
sofrer as consequências de seus erros transcen-
dentais, como acontece com os viciados em bebi-
das e tóxicos, sofrendo terríveis condições morais
e a eles é dada a reencarnação de forma dolorosa e
geralmente curta, a fim de que completem o tem-
po que desperdiçaram na vida anterior;
• Provação – o Espírito reencarna para sofrer no cor-
po físico e na alma os desafios e provas que lhe
5
Isso significa que apesar do sexo do Corpo Físico nem sempre estar alinhado à sexualidade
do espírito, é necessário respeitar o espírito que vem para algum tipo de aprendizado, pois
a casca, o Corpo Físico, é o que perece e desaparece e o espírito é o que fica e continua a
construção da história.
6
Necessidades ou motivos que servem de base para a reencarnação.
417
Capítulo 4 – Reencarnação
proporcionarão condições de evolução conforme
sua tolerância e merecimento;
• Reparação – o Espírito volta a esta vida para con-
sertar suas falhas transcendentais, compensar as
destruições e desencontros que provocou em vi-
das passadas; e
• Missão – aquele que já superou as outras fases
e reencarna, por amor, para cumprir uma mis-
são neste planeta, junto a outro Espírito, em um
lar, em uma cidade, em uma nação ou por toda a
Terra. (Silva, 2006, p. 546).
Embora o texto de Silva (2006) traga uma conotação mais pu-
nitiva quanto à questão da reparação, sua explicação não deixa de
fazer parte de um processo educativo, ou seja, de aprendizagem, ao
longo de determinado tempo. Para um Espírito provar que está apto
a responder a problemas simples e complexos de forma profícua,
num contexto de esquecimento temporário e limitado (processo da
reencarnação), é de vital importância sua preparação para futuros
trabalhos de elevada responsabilidade que o aguardam.
A herança transcendental, no que diz respeito às experiências ad-
quiridas e acumuladas ao longo de todo o processo evolutivo (educa-
tivo), físico e espiritual, parte integrante e individualizada do Espírito,
é conectada ao corpo de carne, ou ao embrião do Espírito reencar-
nante, no momento em que ocorre a ligação luminosa. O novo cor-
po, representando uma casca, recebe a influência genética dele pró-
prio (experiênicas trancendentais) e também (periféricas) do pai e
da mãe. No entanto, o miolo, o Espírito que está sendo conectado
a esse corpo tráz consigo essas experiências como alicerce para o
desenvolvimento das novas experiências na carne. O exame de DNA
possibilita a identificação de quem gerou o corpo e diversos poten-
ciais que podem se desenvolver ou materializar-se durante a jorna-
da. Ou seja, por meio do mapeamento genético é possível estimar
determinados problemas que o reencarnante poderá desenvolver.
418
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Esses potenciais são influenciados pelos conteúdos vivenciais que o
Espírito traz de mundos ou eras distantes, acrescidos de influências
do pai ou da mãe. Tendo em vista que todo potencial faz parte do
programa de reencarnação, boa parte do que vai se desenrolar ao
longo da jornada vai depender da conduta assumida pelo Espírito.
Para Ivone do Amaral Pereira (1955, p. 311), no que se refere aos
prelúdios da reencarnação, sua preparação envolve as seguintes eta-
pas no etérico: recolhimento; análise do pretérito; programação das
recapitulações; pesquisas sobre a família que receberá o Espírito;
planejamento do envoltório físico-terreno; e laboratório de restringi-
mento (sono cultural).
1. Recolhimento – registros, internação e atividades exaustivas
compatíveis com cada etapa de preparação. Período que ser-
ve também de tratamento para a minimização ou superação
de resíduos psicológicos trazidos da última reencarnação, por
exemplo, algum tipo de trauma.
Essa etapa, que é o início do processo de reencarnação, pode
sobrepor à etapa final do processo de desencarnação, dependendo
da forma em que o Espírito deixa seu corpo físico. Então, quando
o Espírito vem de uma desencarnação repentina, como por exem-
plo, por meio do suicídio, ação gravíssima, esta etapa é realizada
no plano espiritual, quando deveria ter sido realizada antes da saída
do Espírito do corpo. Por ser um caso especial, o processo é longo.
Aqueles Espíritos que desencarnam na terceira idade e passam por
um período de sofrimento no portal da desencarnação têm a oportu-
nidade de expurgar resíduos pouco aproveitáveis em sua nova vida
no plano espiritual.
2. Análise – estudos detalhados de tendências comportamentais
e características do Espírito; recapitulação do pretérito e ela-
boração de relatório são realizados em gabinete secreto, ina-
cessível a visitantes. Por ser uma das etapas mais complexas
e determinantes para a preparação do futuro reencarnante, a
419
Capítulo 4 – Reencarnação
seguir, uma série de informações, passíveis de serem divulga-
das, será apresentada.
Nesta etapa verifica-se as principais lacunas vivenciais e de apren-
dizagem para que sejam selecionadas como objeto de investimento
para o programa de reencarnação. Cenas vivenciais do passado, às
vezes são projetadas em um painel, assistidas por especialistas e,
comumente, pelo interessado no retorno à crosta terrestre. Em geral,
para terem acesso às experiênciais vivenciais fazem uso da técnica
de regressão de memória, que é bastante conhecida na Terra, porém,
neste caso, são regressões sem fins terapêuticos, mais para fins de
estudo, como por exemplo, as regressões utilizadas por Wamback
(1995).
Como forma de rastrear e resgatar as lacunas de aprendiza-
gem que mais interessam para o momento, é utilizado método de
monitoramento relacionado ao Ciclo de Aprendizagem Vivencial
Transcendental (CAViT). Com base nas vivências do passado que
necessitam de novas experiências complementares, é possível pla-
nejar uma programação envolvendo situações passíveis de ocorrer,
que servem de contraponto para a neutralização das forças negati-
vas oriundas de experiências do passado. O referido método com
vistas à esse tipo de análise segue orientação baseada na Teoria da
Experiência Vivencial (TEV). Assim, torna-se possível conhecer a di-
nâmica de funcionamento do candidato.
O CAViT é um método similar ao Ciclo de Aprendizagem Vivencial
(CAV) utilizado nas ciências humanas, evidentemente, com algumas
diferenças dependendo de sua aplicação. O CAV é especialmente
empregado em treinamentos de laboratório, voltados ao desenvol-
vimento humano por meio da implementação de oficinas de dinâ-
mica de grupo (Gramigna, 1997, p. 19; Rocha; Padilha, 2004, p. 117;
Sant´Ana et al., 2002, p. 26; Moscovici, 1998, p. 6 e 8).
Cristina Sant´Ana et al. (2002) destacam:
420
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
As técnicas vivenciais são planejadas de modo a se pa-
recerem o mais possível com a situação real e, assim,
os participantes podem aplicar seus conhecimentos,
pôr em prática suas habilidades, criticar, receber críti-
cas e, consequentemente, aprender e reformular mo-
dos de atuação ou de desempenho no seu cotidiano.
(Sant´Ana et al., 2002, p. 26).
Fela Moscovici (1998) faz o seguinte comentário:
Num grupo de treinamento em laboratório, o conteúdo
não é a única nem a maior preocupação – o interesse
predominante volta-se para o processo do fenômeno
ou situação, ou seja, examinar como aconteceu e não
somente o que aconteceu (Moscovici, 1998, p. 8).
[...]
O processo vivencial de aprendizagem pode, eventual-
mente, não conduzir aos resultados desejados, como
acontece com qualquer outra modalidade de aprendi-
zagem. A aprendizagem depende de fatores internos
e externos, do aprendiz e da situação. Esses fatores
poderão facilitar ou dificultar o processo e seus resul-
tados. Entre os fatores internos figuram a maturidade,
a motivação, as aptidões, a inteligência e a experiên-
cia anterior, incluindo conhecimentos e habilidades do
aprendiz. (Moscovici, 1998, p. 13).
Pode-se observar no segundo parágrafo de Moscovici (1998) que
existe uma convergência ou uma aproximação em relação ao conteú-
do desta obra, no qual é mostrado o efeito das experiências viven-
ciais (fatores internos) sobre a aprendizagem e, consequentemente,
sobre o comportamento humano.
Chama a atenção, também, outra discussão de Fela Moscovici
(2001) a respeito da metáfora “Luz e Sombra”, em uma obra voltada
às questões organizacionais:
421
Capítulo 4 – Reencarnação
A energia existente na sombra não tem sido ainda de-
vidamente utilizada para benefício das pessoas e do
trabalho. Como está ligado a emoções e sentimentos,
as pessoas supõem que seja desfavorável à atividade
produtiva, vista como um componente da luz e, por-
tanto, realizada de forma técnica, isenta da influência
pertubadora das emoções.
“Sejamos objetivos, deixemos as emoções de lado” é
uma advertência frequente para preservar a racionali-
dade e evitar os efeitos negativos e imprevisíveis dos
sentimentos pessoais no trabalho produtivo. Até que
ponto funciona de fato? (Moscovici, 2001, p. 206).
Uma organização reúne um conjunto de pessoas, que, por sua
vez, reúne um imenso conjunto de experiências vivenciais, muitas das
quais fazem parte da luz e muitas outras, da sombra. Diferentemente
de uma organização empresarial, a reencarnação é um processo para
o tratamento da sombra, mas com o apoio da luz. Os resultados
esperados em curto, médio e longo prazos são os impactos positi-
vos para o indivíduo e para a sociedade. Não importa quão grave é
a sombra; o que importa é que mais cedo ou mais tarde tudo vai se
resolver.
Ressalta-se, novamente, que muitas informações disponíveis nos
meios acadêmicos da Terra, especialmente teorias de grande aplica-
ção, são de origem espiritual, inspiradas por algum autor ou orien-
tador espiritual, e são recebidas por um profissional acadêmico de
maior sensibilidade e preparação científica, mas que pouco percebe
a respeito da ideia ou do insight ocorrido.
Nem sempre esse trabalho de análise e de exposição comparti-
lhada (com participação direta do interessado) é passível de ser rea-
lizado ou é necessário. O estudo também pode ser acompanhado de
relatos de outros Espíritos envolvidos em situações do reencarnante
e que necessitam de reparações.
422
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
O Espírito responsável pelo acompanhamento da jornada terrena
do reencarnante, denominado mentor ou anjo da guarda, é selecio-
nado logo no início desse processo. Geralmente, é um ente querido,
mais preparado para tal desafio ou alguém que precisa prestar esse
serviço de acompanhamento e orientação, via inspiração, a alguém
que muito deve, mas que ainda não superou as lacunas do passado.
Depois dessas etapas (recolhimento e análise), os espíritos espe-
cialistas partem para a preparação da programação da reencarnação.
3. Programação das recapitulações – refere-se à projeção da fu-
tura existência levando-se em conta os méritos e deméritos;
as quedas pretéritas mais graves, com maior necessidade de
reparação; as concessões balsamizadoras; a urdidura da exis-
tência projetada.
4. Pesquisas – estão relacionadas à escolha do ambiente, da fa-
mília e dos genitores (envolve visitas peródicas para conhecer
melhor a família selecionada).
Nem sempre o reencarnante é conduzido para compor o ambien-
te familiar de pessoas conhecidas e que foram seus descendentes ou
parentes. Ele pode ser conduzido a uma família que mais se aproxi-
ma de seu resgate ou do programa de reencarnação e que o aceite.
Vale lembrar que a nova família escolhida também tem resgates pare-
cidos a serem experienciados. Por conseguinte, é uma situação que
pode ser considerada uma oportunidade para essa família se livrar
de uma série de problemas futuro.
5. Planejamento do envoltório físico-terreno – diz respeito à es-
colha do invólucro físico, considerando como molde ideal ou
como fôrma de definição do feto o perispírito.
O planejamento do futuro corpo físico inclui traços de persona-
lidades transcendentais do Espírito reencarnante, mas também, e
principalmente, traços de natureza física dos pais. Os traços trans-
cendentais influenciam mais nas questões psicológicas, dado que
423
Capítulo 4 – Reencarnação
não existe um irmão igual ao outro, mesmo em casos de irmãos
gêmeos. A definição do sexo e da sexualidade da nova personali-
dade também é um traço de vital importância para o processo da
reencarnação.
Quando o Espírito reencarna várias vezes com o mesmo sexo, o
que é bastante comum, ele tende a buscar um corpo de mesma pola-
ridade para se manifestar na carne. Isso pode ser um problema se o
Espírito precisar de um corpo cuja polaridade seja diferente das an-
teriores. Durante a preparação da reencarnação, para que ele alterne
sua sexualidade sem problemas, ou seja, para que sua vontade esteja
alinhada a seu novo corpo, grande parte das experiências vivenciais
predominantes e suas respectivas energias sexuais precisam ser re-
colhidas ou isoladas no perispírito (processo de neutralização das
forças sexuais dominadoras da última reencarnação), e o mentor que
o assiste, durante a etapa de escolha do espermatozóide (cromosso-
ma x ou y), garante a adequada fecundação do óvulo.
Enquanto os conteúdos vivenciais da última personalidade são
recolhidos (base para a formação de um dos traços da próxima per-
sonalidade – sexo e sexualidade), conteúdos energéticos de uma
personalidade anterior, mais antiga e alinhada à nova programação,
são liberados (apropriados ao novo programa de reencarnação).
Esse fenômeno é a base de preparação para a fecundação do óvulo
e definição do sexo. Os conteúdos vivenciais relacionados às forças
de atração e de repulsão são desenvolvidos desde os primórdios de
formação do Espírito, isto é, desde o reino mineral. Na medida em
que essas forças vão se intensificando e se diferenciando quanto à
forma e à intensidade de manifestação, elas servem de base para a
formação e distinção dos dois sexos.
Dependendo da história de vida do reencarnante, relacionada à
uma série de problemas sexuais a serem superados (problemas que
envolvem energias regadas a sexo desequilibrado, comportamentos
de opressão ou de violência, totalmente fora do contexto social), ela
pode dificultar que o reencarnante atraia um corpo condizente com
424
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
sua vontade. Consequentemente, essa situação pode levá-lo a apre-
sentar distorções e desarmonias de ordem sexual, como quando o
corpo não condiz com seus desejos sexuais. Isso pode ocorrer ao
longo da estrada da vida em mais de uma reencarnação, quantas
vezes forem necessárias ao processo de aprendizagem e ajuste.
Essa situação possibilita ao Espírito reencarnado, em qualquer
etapa de sua jornada, lidar melhor com a energia sexual, uma vez
que o compromisso com a reprodução é sempre maior do que com
o prazer, apesar de os dois andarem juntos. A energia sexual cos-
tuma deixar “cego” tanto o emissor ou interessado inicial quanto
o receptor, mesmo que temporariamente. Isso ocorre mais com os
indivíduos menos avisados ou conscientes da importância desse
tipo de energia no setor da reprodução e da aproximação. Nessa si-
tuação, manter um comportamento ou conduta de forma racional
costuma ser praticamente impossível, e as consequências geradas
tornam-se um cadinho de experiências turbulentas, que servem de
garantia para novas investidas irracionais no futuro. Em curto prazo,
isso pode ser um problema, mas em longo prazo, depois que as lacu-
nas de aprendizagem e vivenciais forem dissipadas ou minimizadas
e o Espírito conseguir equilibrar as forças de atração e de repulsão,
passa ser uma conquista. Todos os Espíritos na Terra precisam de
experiências femininas e masculinas para completar o ciclo evolutivo
no reino hominal, pois ambas têm funções próprias e insubstituíveis.
Para o dr. Jorge Andréa (1987b),
As deformações de periferia, situadas na zona cons-
ciencial, são o resultado iniludível das distorções e
desarmonias que um determinado Espírito carrega, ne-
cessitando, quase sempre, tempo bem expressivo para
seu equilíbrio. Algumas vezes, haverá necessidade de
transferências do desvio psicológico sexual para outras
etapas de vida física (reencarnação), onde outras per-
sonalidades corpóreas estariam mais propícias à ab-
sorção, de modo integral, daqueles desvios.
425
Capítulo 4 – Reencarnação
Casos dessa natureza podem ser observados como re-
sultado da transição de polarização sexual no sentido
reencarnatório. Referimo-nos aos Espíritos que vêm
reencarnando na faixa sexual masculina ou feminina
por algum tempo, e como que de repente ocupam (ge-
ralmente pelas missões e nobres experiências) corpos
do sexo oposto. O resultado seria que, apesar de cons-
truírem um corpo sadio com as energias hígidas que o
próprio Espírito carrega e influencia na morfogênese,
a força sexual pretérita da alma, aqueles vórtices ainda
plenificados das emoções e experiências passadas, não
consegue deixar de influenciar o psiquismo do novo
corpo que apóia órgãos sexuais de tendencias opostas.
A ciência tenta, na sua constante labuta e pesquisa,
esclarecer muitos ângulos da vida. No caso dos des-
vios sexuais, por envolverem grande parte das forças
criativas, a ciência fica como que embaraçada em suas
possibilidades devido à abordagem em posição exclu-
sivamente periférica ou do corpo físico; este, em última
análise, será a tela de manifestações a traduzir a conse-
quência externa do processo.
Certas posições de transição reencarnatória pela mu-
dança de polarização sexual, mostram faixas com limi-
tes imprecisos e, outras vezes, tão gritantes, denotan-
do um quadro patológico. Por que isso? Que se passa
com a Grande Lei evolutiva? A Doutrina Espírita tem
uma pláusivel explicação para tudo isso: é a posição
em que nos encontramos no Planeta, onde o compo-
nente de expiação ainda é mais bem avantajado do que
o regenerativo. Os componentes cármicos, atritados
pela vida pregressa, exigem compensação. (Santos,
1987b, p. 117, 123 e 137).
Essas explicações corroboram uma das situações mais comum
que ocorre entre os seres humanos, aceita por muitos, mas também
pouco compreendida e tolerada por outros. Ter um corpo masculino
426
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ou feminino não é problema, ter uma alma feminina ou masculina
também não é problema, mas a junção desses elementos de forma
não convencional, e sem uma explicação plausível, já é considerado
por muitos um problema, especialmente por aqueles que ignoram a
vida eterna, passível de muitas mudanças no futuro. Assim, no pre-
sente momento, adotam uma atitude preconceituosa e odiosa em
relação àqueles Espíritos que vieram à carne para adquirir novas ex-
periências em uma postura não convencional e, portanto, estranha.
Como essa, muitas outras situações consideradas estranhas e rela-
cionadas, por exemplo, com raça, etnia, condições econômicas, ca-
racterísiticas físicas e intelectuais, costumam ser alvo de abordagens
preconceituosas e constrangedoras na etapa de desenvolvimento do
reino hominal.
Essa situação é semelhante à do caso dos talentos, especialmente
os de cunho artístico, em que as energias ou os impulsos criativos
e equilibrados, de elevado potencial de desenvolvimento e de apli-
cação, são recolhidos ou bloqueados durante o processo de reen-
carnação, para não interferirem na nova programação e, ao mesmo
tempo, dar lugar ao desenvolvimento de novos talentos. Nesse caso,
os estímulos sociais, familiares, bem como os do mercado a que o
Espírito está inserido, mais atualizado, servem de indutores para o
nascedouro de novos conteúdos vivenciais. Esses estímulos exter-
nos, mais cedo ou mais tarde, acabam por levar o Espírito a um novo
caminho de realização. Esse fato lembra o conhecido ditado popular:
“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
A título de exemplo, imagine se Ludwig van Beethoven precisasse
retornar ao orbe terrestre para obter outra modalidade de aprendiza-
gem. Seu potencial criativo na área musical foi tão forte e desenvol-
vido, graças a um longo período de dedicação, que, imediatamente
ao retornar à carne, mesmo inconscientemente, ele tenderia a optar
pelo circuito musical como seu novo trajeto profissional, em detri-
mento, evidentemente, de tantos outros caminhos tão importantes
quanto necessárias para o seu desenvolvimento espiritual. O recolhi-
427
Capítulo 4 – Reencarnação
mento ou o isolamento de conteúdos especiais só se justifica caso
o Espírito necessite realmente de outro tipo de desenvolvimento hu-
mano. Mais uma vez, é bom frizar que o Espírito carece de inúmeras
experiências vivenciais, de todas as ordens possíveis, para que se
torne um sábio, um Espírito de grande envergadura e para que con-
siga galgar os mundos superiores.
Quando um conjunto de experiências vivenciais pode redundar
em um talento extremado não é recolhido, isolado durante o pro-
cesso de reencarnação, existe elevada probabilidade de ele causar
algum tipo de efeito sobre a personalidade do novo reencarnante.
São exemplos desse tipo de situação e que, geralmente, ocorre desde
o início da jornada terrena: as crianças prodígio e superdotadas, os
indivíduos com a sexualidade não alinhada ao sexo, os artistas com
habilidades incomuns e as pessoas tirânicas com sede de domínio
e controle.
Em geral, o Espírito, na condição de lastro experiencial para o
corpo físico, possui uma série de lacunas de aprendizagem, umas
maiores ou menores. Não é possível em uma reencarnação elimi-
nar todas elas. Dependendo das conquistas do Espírito, o progra-
ma de reencarnação é construído para que, em uma jornada terrena,
determinada quantidade de experiências vivenciais, incompletas e
conflituosas, sejam trabalhadas. Por essa razão, um programa efi-
ciente para mudar condutas inadequadas torna-se objeto de muitos
cuidados nessa fase de retorno ao plano físico. Uma vez concluído o
estudo dos problemas a serem tratados e também o planejamento
da roupagem terrena do interessado ao retorno à carne, ele segue-se
para a última etapa, a mais prática e objetiva de todas, a do sono
cultural, ou de esquecimento do passado, aqui designada de etapa
do restringimento do perispírito.
6. Laboratório de restringimento – trata-se de procedimento tam-
bém realizado em gabinete secreto, inacessível aos visitantes.
É um tipo de operação magnética necessária para o caso do
renascimento. Refere-se à atração para o feto, ao constrangi-
428
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
mento e restringimento das vibrações normais para a modela-
ção do corpo físico à medida em que se desenvolve a gestação.
Apesar das informações de Ivone Pereira (1955) terem sido apre-
sentadas no contexto do suicídio, essas etapas podem ser conside-
radas de aplicação geral, já que um processo de atividades destina-
do ao retorno à carne envolve tempo e uma série de decisões e de
preparações. No entanto, dependendo do Espírito e da necessidade,
algumas dessas etapas podem ser alteradas ou eliminadas, especial-
mente para aqueles Espíritos que retornam mais em caráter de mis-
são do que de expiação.
André Luiz (1990), pela mediunidade de Chico Xavier, detalhou
diversas informações a respeito da reencarnação. Ele relatou um es-
tudo de caso com o Espírito Segismundo (reencarnante), principal
protagonista, e mentores espirituais, como Alexandre e Manassés
(especialistas no processo de reencarnação). Vale destacar informa-
ções que corroboram os vários conteúdos deste texto. Quanto à se-
leção para o processo de reencarnação, de modos geral e específico:
Grandes percentagens de reencarnações na crosta se
processam em moldes padronizados para todos, no
campo de manifestações puramente evolutivas. Mas
outra percentagem não obedece ao mesmo progra-
ma. Elevando-se a alma em cultura e conhecimento, e,
consequentemente, em responsabilidade, o processo
reencarnacionista individual é mais complexo, fugindo
à expressão geral, como é lógico. Em vista disso, as
colônias espirituais mais elevadas mantêm serviços
especiais para a reencarnação de trabalhadores e mis-
sionários. (André Luiz, 1990, p. 158).
Como comentado anteriormente a respeito da diferenciação entre
os pretendentes à reencarnação, pode-se dizer que uma vez adquiri-
das as experiências necessárias à manifestação das boas condutas,
mesmo sob condições de esquecimento temporário, os Espíritos
mais evoluidos não precisam de preparação especial para retornar
429
Capítulo 4 – Reencarnação
ao mundo físico. Inclusive, podem dispensar o apoio direto de espe-
cialistas nesse período.
Quanto a necessidade de melhoria do comportamento humano,
André Luiz (1990) destaca:
O problema da queda é também uma questão de
aprendizado e o mal indica posição de desequilíbrio,
exigindo restauração e corrigenda.
[...] - continuou meu amável interlocutor -, temos a ne-
cessidade da luta que corrige, renova, restaura e aper-
feiçoa. A reencarnação é o meio, a educação divina é o
fim. Por isso mesmo, a par de milhões de semelhantes
nossos que evolvem, existem milhões que se reeducam
em determinados setores do sentimento, porquanto,
se já possuem certos valores da vida, faltam-lhes ou-
tros não menos importantes.
[...] o próprio Jesus nos deixou material de pensamento
para o assunto em exame, quando nos asseverou que
se a nossa mão ou os nossos olhos fôssem motivos
de escândalo deveriam ser cortados ao penetrarmos
no Templo da Vida. Compete-nos transferir a imagem
literal para a interpretação simples do Espírito. Se já
falimos muitas vezes em experiências da autoridade,
da riqueza, da beleza física, da inteligência, não seria
lógico receber idêntica oportunidade nos trabalhos re-
tificadores. (André Luiz, 1990, p.159 e 160).
O processo de aprendizagem, principalmente quanto ao aper-
feiçoamento moral, é o propósito precípuo da reencarnação. Como
Espírito reencarnado, dependendo da aprendizagem já adquirida,
que pode ser comprovada pelas condutas desempenhadas, é mais
fácil resolver problemas graves de percurso do que na erraticidade.
Nesta, evidentemente, o Espírito, por não contar com a graça do
esquecimento temporário, pode ter dificuldades, ao encontrar com
seus desafetos do passados, de compreendé-los e de perdoá-los.
430
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A estratégia da reencarnação é uma saída, com sucesso mais ga-
rantido, por oferecer a oportunidade de sempre recomeçar sem as
dores do passado. Na maior parte das vezes, a reencarnação facili-
ta a reconciliação de pessoas que ainda caminham em um mundo
dividido por amigos e inimigos. Nos mundos superiores, todos já
são seres justos e cuidadosos o suficiente para se conduzirem sem
interferências de amigos e inimigos.
André Luiz (1990) traz detalhes quanto à lei de hereditariedade
fisiológica:
Funciona com inalienável domínio sobre todos os seres
em evolução, mas sofre, naturalmente, a influência de
todos aqueles que alcançam qualidades superiores ao
ambiente geral. Além do mais, quando o interessado
em experiências novas no plano da crosta é merecedor
de serviços “intercessórios”, as forças mais elevadas
podem imprimir certas modificações à materia, desde
as atividades embriológicas, determinando alterações
favoráveis ao trabalho de redenção.
[...] – interferiu o Assistente, com inflexão de carinho –
o corpo físico na crosta planetária representa uma ben-
ção de Nosso Eterno Pai. Constitui primorosa obra da
sabedoria divina, em cujo aperfeiçoamento incessante
temos nós a felicidade de colaborar. Quanto devemos
à máquina humana pelos seus milênios de serviço a fa-
vor de nossa elevação na vida eterna? Nunca relaciona-
remos a extensão de semelhante débito. (André Luiz,
1990, p. 161 e 162).
O corpo físico é um revestimento com funções para atender a
grande parte das necessidades evolutivas dos seres, especialmente
quanto às marcas registradas do Espírito, a personalidade, com suas
tendências boas e ruins e em fase de construção. De modo geral,
como qualquer roupagem, tanto sua formação quanto suas funções,
em relação às diversas camadas que compõem o Espírito, são prepa-
431
Capítulo 4 – Reencarnação
radas de modo a acomodar adequadamente o que há de mais impor-
tante, as experiências vivenciais.
André Luiz (1990) acrescenta:
Desejando, porém, prosseguir nos esclarecimentos,
quanto ao serviço reencarnacionista, Manassés tomou
pequeno gráfico e, apresentando-me as linhas gerais,
acentuou:
– Aqui temos o projeto de futura reencarnação de um
amigo meu. Não observa certos pontos escuros, desde
o cólon descendente à alça sigmóide? Isso indica que
ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região,
logo que chegue à maioridade física. Trata-se, porém,
de escolha dele. (André Luiz, 1990, p. 177).
A construção do futuro começa no passado, quando os conteú-
dos vivenciais deixam as marcas positivas e negativas no interior e
na extremidade da organização espiritual. É longa a caminhada, mas
ninguém fica à beira do caminho, perdido na escuridão da noite, pois
aos poucos todos têm condições de encontrar uma saída, a luz do
caminho. A aprendizagem com o apoio de alguém é apenas o come-
ço. Não se percebe tudo de uma vez; o que está guardado dentro de
si é o que realmente orienta a caminhada na medida que vão chegan-
do os desafios.
Quanto à reencarnação do Espírito Segismundo, André Luiz
(1990) esclarece:
Alexandre se aproximou de mim e observou:
– Está examinando a lição? Repare as singularidades
da vida espiritual. Adelino e Raquel são Espíritos asso-
ciados de muitas existências em comum, partilham o
mesmo cálice de dores e alegrias terrestres. Na atuali-
dade, seus corpos repousam um ao lado do outro, no
mesmo leito; entretanto, cada um vive em plano men-
432
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tal diferente. É muito difícil estarem reunidas nos laços
domésticos as almas da mesma esfera. Raquel, fora do
veículo de carne, pode ver a avózinha, com quem se en-
contra ligada no mesmo círculo de elevação. Adelino,
porém, somente poderá ver Segismundo, com quem
se encontra imantado pelas forças do ódio que ele dei-
xou, imprudentemente, desenvolver-se, de novo, em
seu coração...
Em seguida, convidando-me a acompanhá-lo,
Alexandre despediu-se dos demais, frisando:
– Voltaremos a vê-los no dia da ligação inicial de
Segismundo com a matéria física. Preciso cooperar,
na ocasião, com os nossos amigos. Construtores, aos
quais pedi me apresentassem os mapas cromossômi-
cos, referentemente aos serviços a serem encetados.
(André Luiz, 1990, p. 191 e 196).
Muitas interações interpessoais no mundo físico aparentam es-
tar próximas e comprometidas, mas no mundo do pensamento, no
mundo espiritual, costumam estar distantes, diferentes e individua-
lizadas. Apesar dessas diferenças, mesmo que inconscientemente,
elas não deixam de cumprir suas obrigações com a espiritualidade
maior, com as obrigações assumidas com o próximo, isto é, facilitar
o surgimento da vida na esfera física tanto para os que se amam
quanto para os desafetos do passado. Perante a divina lei, todos são
iguais.
Quanto ao processo de preparação e de ligação primordial do
reencarnante, André Luiz (1990) comenta:
– Existem, então – perguntei sob forte interesse -, aque-
les que reencarnam inconsciente do ato que realizam?
– Certamente – respondeu ele, solícito -, assim também
como desencarnam diariamente na crosta milhares de
pessoas sem a menor noção do ato que experimentam.
433
Capítulo 4 – Reencarnação
Somente as almas educadas têm compreensão real da
verdadeira situação que se lhes apresenta em frente da
morte do corpo. Do mesmo modo, aqui. A maioria dos
que retornam à existência corporal na esfera do Globo
é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhes
organizam novas tarefas redentoras, e quantos rece-
bem semelhante auxílio são conduzidos ao Templo
maternal de carne como crianças adormecidas.
A modelagem fetal e o desenvolvimento do embrião
obedecem a leis físicas naturais, qual ocorre na orga-
nização de formas em outros reinos da natureza, mas,
em todos esses fenômenos, os ascendentes de coope-
ração espiritual coexistem com as leis, de acordo com
os planos de evolução ou resgate. Nosso concurso,
portanto, em processos tais, é uma das tarefas mais
comuns.
As horas sucediam-se umas às outras e, observando-
-me a impaciência, Alexandro esclareceu-me, bondoso:
– Não é necessária a nossa presença ao ato de união
celular. Semelhantes momentos do tálamo conjugal
são sublimes e invioláveis nos lares em bases retas.
Você sabe que a fecundação do óvulo materno somen-
te se verifica algumas horas depois da união genesíaca.
O elemento masculino deve fazer extensa viagem, an-
tes de atingir o seu objetivo.
– Por que motivo Segismundo sofre tanto?
Indaguei de Alexandre, em tom discreto.
– Desde muito, e, particularmente, desde a semana
passada, está em processo de ligação fluídica direta
com os futuros pais.
Os Espíritos construtores começaram o trabalho de
magnetização do corpo perispirítico [...]
434
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Quase que imperceptivelmente, à medida que se in-
tensificavam as operações magnéticas, tornava-se ele
mais pálido. Seu olhar parecia penetrar outros domí-
nios. Tornava-se vago, menos lúcido.
– Agora – continuou o instrutor – sintonize conosco
relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta
ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da
organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua ne-
cessidade de tornar a ser criança para aprender a ser
homem.
Segismundo parecia cada vez menos consciente.
Não nos fixava com a mesma lucidez e suas respos-
tas às nossas perguntas afetuosas não se revelavam
completas.
– A reencarnação de Segismundo obedece às dire-
trizes mais comuns. Traduz expressão simbólica da
maioria dos fatos dessa natureza, porquanto o nosso
irmão pertence à enorme classe média dos Espíritos
que habitam a crosta, nem altamente bons, nem cons-
cientemente maus. Acresce notar, todavia, que a volta
de certas entidades das regiões mais baixas ocasiona
laboriosos e pacientes esforços dos trabalhadores de
nosso plano. Semelhantes seres obrigam-nos a pro-
cessos de serviço que você gastará ainda muito tempo
para compreender.
Em seguida Alexandre convidou os construtores a exa-
minarem os mapas cromossômicos [...]
– Com exceção do tubo arterial, na parte a dilatar-se
para o mecanismo do coração, tudo irá muito bem.
Todos os genes porderão ser localizados com normali-
dade absoluta.
– Os membros e os órgãos serão excelentes. E se o nos-
so amigo souber valorizar as oportunidades do futuro,
435
Capítulo 4 – Reencarnação
possivelmente conquistará o equilíbrio do aparelho cir-
culatório, mantendo-se em serviço de iluminação por
abençoado tempo de trabalho terrestre. Depende dele
o êxito preciso.
[...] cerquei-me do instrutor e, sentindo-o mais acessí-
vel às minhas interrogações, perguntei:
– Temos, nestes mapas, a geografia dos genes da he-
reditariedade distribuídos nos cromossomas. A lei da
herança, porém será ilimitada? A criatura receberá,
ao renascer, a total imposição das características dos
pais? As enfermidades ou as disposições criminosas
serão transmissíveis de maneira integral?
– Não, André – observou o orientador, com grave infle-
xão, estamos diante dum fenômeno físico natural. [...]
a criatura terrena herda tendências, e não qualidades.
As primeiras cercam o homem que renasce, desde os
primeiros dias de luta, não só em seu corpo transitó-
rio, mas também no ambiente geral a que foi chamado
a viver, aprimorando-se; as segunda resultam do labor
individual da alma encarnada, na defesa, educação e
aperfeiçoamento de si mesma nos círculos benditos
da experiência. [...] Em sã consciência, portanto, nin-
guém se pode queixar de forças destruidoras ou de
circunstâncias asfixiantes, em se referindo ao círculo
onde renasceu. Haverá sempre, dentro de nós, a luz da
liberdade íntima indicando-nos a ascensão. Praticando
a subida espiritual, melhoraremos sempre. Esta é a lei.
Os orientadores de Segismundo, porém, nas esferas
mais altas, guardam o programa traçado para o bem
do reencarnante. Note que me refiro ao bem e não ao
destino. Muita gente confunde plano construtivo com
fatalismo.
No silêncio sublime daqueles minutos, compreendi
que Alexandre, em vista de ser o missionário mais ele-
vado do grupo em operação de auxílio, dirigia os servi-
436
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
ços graves da ligação primordial. Segundo depreendi,
ele podia ver as disposições cromossômicas de todos
os princípios masculinos em movimento, depois de
haver observado, atentamente, o futuro óvulo materno,
presidindo ao trabalho prévio de determinação do sexo
do corpo a organizar-se.
Depois de prolongada aplicação magnética, que era
secundada pelo esforço dos Espíritos construtores,
Alexandre aproximou-se de mim e falou:
– Está terminada a operação inicial de ligação. Que
Deus nos proteja. (André Luiz, 1990, p. 205, 207, 210,
214, 215, 216, 218, 219, 226, 232 e 233).
A preparação para o retorno à carne nem sempre ocorre de forma
totalmente consciente. É bom lembrar que existem seres humanos
que ainda estão mais próximos do passado animal, cujas necessida-
des são diferentes daqueles que já se apresentam mais equilibrados
no presente, bastante distantes desse passado. Para isso, a Terra,
escola de caráter universal, foi constituída para receber Espíritos que
precisam passar por um intenso ciclo de aprendizagem, mas em
condições especiais de interação entre os diversos seres que nela
podem habitar.
Em um processo assistido por mentores especializados, horas
depois do coito, a fecundação do óvulo pelo espermatozóide (eta-
pa que ocorre naturalmente) e a ligação fluídica (etapa que recebe
influência da equipe de assistentes espirituais) podem ser conside-
radas o início de um grande passo em favor daqueles que querem
ou que necessitam, em futuro breve, retornar ao mundo físico, mas
livres de determinadas amarras, como as lembranças do passado.
Pode-se dizer que não se trata de um processo rápido, em torno de
três meses, quando o feto já está consolidado. No entanto, aos sete
anos de idade, a etapa básica do processo de reencarnação pode
ser dada como finalizada. Daí em diante, eis o Espírito com muitas
437
Capítulo 4 – Reencarnação
manias do passado, mas pronto para absorver as novas experiências
da vida reencarnada.
O processo de ligação fluídica é um momento especial e delicado
e que envolve duas situações, um relacionada ao restringimento do
perispírito, em prol da obtenção do novo formato do corpo físico, e
outra relacionada ao desligamento do passado e à preparação para
o futuro que se inicia. Aqui começa o tratamento da reencarnação,
o esquecimento das experiências passadas e a seleção dos canais
de passagem das energias inteligentes, ou seja, daquelas energias
impregnadas de conteúdos vivenciais que auxiliam na formação do
raciocínio e, consequentemente, das tomadas de decisões. Nesse
contexto, a seleção dos conteúdos serve de base para a formação do
futuro potencial de manifestação do comportamento humano, como
a conduta doutrinária.
Quanto à definição do sexo, André Luiz (1990) acrescenta:
– Mas não é o uso do sexo uma lei natural na esfera
da Crosta?
Alexandre sorriu com benevolência e respondeu:
– Ninguém contesta esse caráter das manifestações se-
xuais nos círculos da carne, mas todas as leis naturais
na experiência humana devem ser exercídas, como em
toda parte, sobre as bases da lei universal do bem e da
ordem. Quem foge ao bem, é defrontado pelo crime;
quem foge à ordem, cai no desequilíbrio. As uniões
sexuais, portanto, que se efetuem a distância desses
sublimes imperativos, transformam-se em causas ge-
radoras de sofrimento e pertubação. Ao demais, não
devemos esquecer que o sexo, na existência humana,
pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o
amor seja o sexo.
– Não há criação sem fecundação. As formas físicas
descendem das uniões físicas. As construções espiri-
438
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
tuais procedem das uniões espirituais. A obra do uni-
verso é filha de Deus. O sexo, portanto, como quali-
dade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é
manifestação cósmica em todos os círculos evolutivos,
até que venhamos atingir o campo da harmonia per-
feita, onde essas qualidades se equilibram no seio da
Divindade.
Em seguida, fornecendo-me a impressão de dese-
jar manter-se dentro do assunto em exame, Apuleio
prosseguiu:
– Quanto às suas observações à colaboração de
Alexandre na escolha do elemento masculino de fecun-
dação, cumpre-me acentuar que não podemos contar
em todos os casos com esse concurso, que depende
do setor de merecimento. Entretanto, quando o fator
magnético não procede de cooperação elevada dessa
ordem, devemos considerar que ele prevalece do mes-
mo modo, compreendendo-se que a esfera passiva
está igualmente impregnada de energias da atração. Se
o elemento masculino da fecundação esté repleto de
força positiva, o óvulo feminino está cheio de força re-
ceptiva. E se esse óvulo está imantado de energias de-
sequilibrantes, naturalmente exercerá especial atração
sobre o elemento que se aproxima da sua natureza in-
trínsica. Em vista disso, meu amigo, a célula masculina
que atinge o óvulo em primeiro lugar, para fecundá-lo,
não é a mais apta em sentido de “superioridade”, mas
em sentido de “sintonia magnética”, em todos os ca-
sos de fecundação para o mundo das formas. Está é a
lei, pela qual os geneticistas do Globo são muitas vezes
surpreendidos em suas observações, em face das mu-
danças inesperadas na estrutura de vários tipos, dentro
das mesmas espécies. As células possuem também o
seu “individualismo magnético” algo independente, no
campo das manifestações vitais. (André Luiz, 1990, p.
202, 203 e 241).
439
Capítulo 4 – Reencarnação ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Como dito anteriormente, o Espírito, na condição de matriz de da boa convivência e da aceitação da parte daqueles que não aceitam
manifestação da vida, em qualquer época e onde estiver, não tem for- o que não souberam compreender e conquistar.
ma, só seus revestimentos ou telas espirituais é que são dotados de
Esses relatos elucidativos mostram a importância da experiência
forma. Do mesmo modo, os medicamentos do mundo terreno pos-
vivencial na formação do Espírito, que é demonstrada por intermé-
suem propriedades de cura só para o corpo físico, ou seja, não são
dio do comportamento humano, entre eles, a conduta doutrinária.
indicados para a cura do Espírito. Nesse caso, a conduta adequada,
As experiências antigas, guardadas no interior do Espírito, cujos re-
equilibrada, com múltiplas experiências vivenciais acompanhadas de
flexos emanam em resposta aos diversos estimulos externos, são
suas respectivas contrapartes, é que é capaz de promover a cura dos
manifestadas na forma de potencial energético ou emocional, e as
males do Espírito ou de minimizar ou eliminar as lacunas de apren-
experiências atuais, manifestadas na forma de conhecimento, oriun-
dizagem. Do mesmo modo, o Espírito não tem sexo nem sexualida-
do do processamento cognitivo das informações observadas, servem
de definidos, pois possui experiências vivenciais de ambos os sexos
de base para os intricados caminhos por que passam os espiritos
adquiridas ao longo das eras de construção. Porém, a alma, dotada
em prol da libertação, ou seja, da satisfação. Ninguém alcança os
de personalidade, apropriada para se manifestar no plano físico, pos-
mundos superiores sem a devida educação e sem o conhecimento
sui sexualidade e sexo definidos por intermédio de sua contraparte,
mínimo e necessário à eterna caminhada em busca da felicidade.
o corpo físico. Se esse revestimento físico, planejado e recebido no
momento da concepção, não for dotado de sexo compatível com a
sexualidade da alma, o reencarnado estará diante de um desafio a
ser estudado, respeitado e superado. Geralmente, a inversão da po-
laridade sexual está relacionada a problemas de natureza cármica,
transcendental.

A sexualidade e o sexo, no contexto da reprodução, da necessida-

de de revestimento e das funções que desempenham no dia a dia,
são de grande importância para o desenvolvimento e o aprimora-
mento do Espírito, mas energias dessa natureza têm sido emprega-
das mais como fonte de prazer e de mercantilização. Com isso, essas
energias têm se tornado fonte de sofrimento e de processos obsessi-
vos de complexa recuperação. Nesse cadinho de forças de atração e
de repulsão, residem as condutas irracionais que carecem de um lon-
go caminho de tratamento e de purificação. Apesar da longa jornada
evolutiva, relacionada às questões reprodutivas, já empreendida, o
ser humano ainda não deixou de conviver com distúrbios psíquicos
e espirituais no que diz respeito ao sexo, à traição, à vingança e à
violência. Para amainar esse quadro, pouco a pouco, experiências vi-
venciais no contexto reencarnatório têm servido de solução em favor

440 441

Foto: Francisco Eduardo de Castro Rocha
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Imagem de Mãe Yara, no Quadrante
Complexo Doutrinário Ajoulos Vale do Amanhecer, Aruanda, Luziânia,GO
Considerações finais
E
sta publicação pode ser considerada uma obra de natu-
reza científica, voltada à Ciência Transcendental, mais
especificamente ao estudo do comportamento humano,
em especial ao que se refere à conduta doutrinária. Aqui, estão sendo
lançadas também bases teórica e prática para o futuro desenvolvi-
mento da Psicologia Espiritual. Para isso, diversas variáveis de cunho
físico, psíquico e espiritual fazem parte da análise e discussão das
informações apresentadas. Além disso, esta obra é indicada mais à
reflexão das ideias interligadas do que a consultas pontuais ou re-
cortadas, o que significa que, para compreender adequadamente o
texto, é necessário se debruçar continua e cuidadosamente sobre
as informações e interpretações trazidas pelo Espírito orientador,
Veberdes.
Esta publicação também não deixa de ser um grande quebra-ca-
beças formado por peças de diferentes abordagens, mas todas in-
ter-relacionadas de tal modo que se pode identificar contribuições
de diversos médiuns, como Tia Neiva, Mário Sassi, José Carlos do
Nascimento Silva, Chico Xavier, dr. Jorge Andréa, Torres Pastorino
e Hermínio Miranda, que formam um grupo com tendências mais
voltadas ao campo da Ciência Transcendental do que da Filosofia.
Parte das informações apresentadas e discutidas é proveniente
de estudos sobre o comportamento humano, inclusive de reflexões
sobre a conduta doutrinária, tema que foi solicitado pelo mentor do
443
Considerações finais
médium, Pai Joaquim das Cachoeiras, e orientado do plano espiri-
tual, diretamente, por Veberdes. Além da fonte espiritual, o estudo
contou com o acervo deixado por Tia Neiva e seus colaboradores,
entre outros autores clássicos da doutrina espírita. Do que foi expos-
to, conclui-se que:
Com base nos livros relacionados ao acervo deixado por Tia Neiva,
a Doutrina do Amanhecer pode ser considerada uma instituição es-
pecializada em Terapia Espiritual, uma abordagem alternativa e com-
plementar aos tratamentos psíquicos convencionais. No futuro, essa
terapia poderá ser referência para a prática da Psicologia Espiritual,
uma ciência que vai se desenvolver na medida em que os cientistas
da Terra compreenderem melhor os fenômenos espirituais.
A abordagem alternativa não possui sempre o resultado espera-
do com garantias de sucesso, como é o caso dos tratamentos con-
vencionais da medicina terrena, os quais são centrados no aparelho
psicofísico. O tratamento depende da fé ou da percepção que o pa-
ciente tem em relação ao mundo espiritual, bem como do sistema
de atendimento que procura e, evidentemente, do carma a que está
submetido.
Este estudo possibilita compreender a profundidade e o alcance
da conduta doutrinária e, consequentemente, ampliar mais o conhe-
cimento a respeito do mundo espiritual. Tia Neiva disse: “os conhe-
cimentos são as nossas asas. Se os temos, somos livres”.
Assim como as ciências da Terra são amplamente exercitadas e
diversificadas, as ciências do mundo espiritual também podem ser
exercitadas na medida em que normas, respeito, estudo e desejo se-
jam observados com profissionalismo.
Uma parte das informações aqui apresentadas se diferencia das
informações trazidas por Tia Neiva do plano etérico, pois este tra-
balho não é voltado à cura desobsessiva, mas ao estudo da conduta
doutrinária – estendido, evidentemente, ao comportamento humano
444
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
–, que pode ser aplicado a qualquer área em que esteja presente o
ser humano.
As informações aqui apresentadas servem de conhecimento geral
para complementar o processo de aprendizagem no contexto espiri-
tual, já que o cosmo ainda é fonte de grandes mistérios para quase
todos os reencarnados na Terra.
Acrescenta-se que essa informação diferenciada (contextualização
das experiências e conteúdos vivenciais atuais e transcendentais),
trazida por Veberdes, serve para enriquecer o conhecimento da Tribo
do Jaguar e de outros interessados e serve também de orientação
para novos estudos e pesquisas científicas no contexto das ciências
humanas na Terra. No que diz respeito às abordagens terapêuticas
alternativas de orientação espiritual, poucos modelos teóricos con-
seguem apontar variáveis antecedentes tão contundentes quanto as
deste estudo, em que o comportamento está atrelado às ações trans-
cendentais gravadas, acumuladas e ativadas no Espírito. Lembrando
mais uma vez: para uma boa prática, nada como uma boa teoria.
Espera-se que este estudo sensibilize o leitor quanto à importân-
cia da conduta humana no contexto doutrinário, na família, na socie-
dade e onde estiver em ação. O tempo urge e os Espíritos superiores,
que trabalham intensamente em favor de todos os reencarnados na
Terra, desejam boa sorte a todos na jornada assumida e, antecipada-
mente, anseiam por seu feliz regresso à Pátria Mãe quando a força
do destino assim determinar.
Dada a relevância do tema – conduta doutrinária – para o fun-
cionamento da Corrente do Amanhecer, uma doutrina que depende
da interação entre seus componentes, recomenda-se que ele seja
explorado de forma sistemática, devidamente planejado, com con-
teúdo programático previamente estabelecido e discutido durante o
curso de preparação e de desenvolvimento mediúnico. Dessa forma,
problemas comportamentais (irritação, afastamento ou abandono
da doutrina, por exemplo) decorrentes de condutas inapropriadas,
445
Considerações finais ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

como um médium corrigir outro durante os rituais, podem ser evita- Por isso, é recomendável lembrar que a vida superior fora da ma-
dos – esse momento é de total concentração mediúnica e não cabem téria ainda é um sonho para muitos Espíritos que buscam o paraíso
abordagens que não estejam previstas no ritual. Para reforçar essa perdido ou esquecido, pois o mundo superior, o mundo encantado, é
recomendação, sugere-se o áudio de Tia Neiva (Zelaya, 2021). o plano cósmico de real felicidade. Tudo isso só depende do esforço
próprio, isto é, daqueles comportamentos ou condutas que melhor
A todo jaguar, a todo trabalhador da última hora, recomenda-se retorno trazem a si mesmo e também ao próximo, começando pelos
também que “use e abuse” de condutas boas e inteligentes, dentro mais próximos.
e fora da doutrina, para si e para todos que o cercam. Não existe
contraindicação para a saúde, para a alma nem para o Espírito, ou O mundo espiritual é o mundo real, permanente, enquanto o fí-
seja, quanto mais, melhor. Deve-se aproveitar ao máximo a oportuni- sico é o ilusório, temporário. Mais dias, menos dias, com menos
dade dada pelo processo da reencarnação e não deixar para amanhã lacunas de aprendizagem, todos retornarão à Pátria Mãe e vão usu-
o que pode ser feito hoje, pois amanhã poderá ser tarde. Quanto fruir de riquezas infinitas cujo acesso decorre das experiências aqui
mais experiências vivenciais de qualidade, maior é a força necessária vivenciadas.
para o enfrentamento dos problemas do dia a dia. Como explicou Pai Todas as informações trazidas aqui e que ainda não são conhe-
Joaquim das Cachoeiras, na apresentação desta publicação, cuidado cidas no mundo físico − reveladoras, portanto − servem de base
com as condutas duvidosas, pois elas podem atrasar a viagem rumo para o desenvolvimento da Psicologia Espiritual, pois o conteúdo
às estrelas. da Doutrina do Amanhecer já foi trazido por Tia Neiva. A Psicologia
As condutas exercidas durante as reencarnações são tão relevan- Espiritual é a abordagem científica mais indicada para o estudo da
tes para o Espírito que, ao fim da jornada, elas se tornam a base para conduta doutrinária, do qual a Doutrina do Amanhecer é grande
melhor reposicionar o recém-desencarnado na erraticidade (mundo beneficiária.
etérico). Ou seja, pela avaliação de sua caminhada no planeta, po-
de-se verificar facilmente o quanto o Espírito está pronto para assu-
mir novas empreitadas. Ou, de outro modo, saber em que plano o
indivíduo poderá retomar suas atividades ou recomeçar sua vida; o
que ele está apto a fazer em prol de si e de outros que ainda não se
acharam; onde ele está mais capacitado para ingressar e se adaptar
melhor ao ambiente produtivo, isto é, que performance ele possui
para melhor contribuir para os mundos físico e espiritual ou para
continuar numa conduta de dependência, intercortada de tristezas,
arrependimentos e sofrimentos. O comprometimento, a dedicação,
o esforço para a conquista de condutas profícuas, independentemen-
te de onde o Espírito estiver, são o segredo do sucesso, da conquista
da felicidade, e o balanço final de todas as condutas desempenhadas
na Terra é inevitável.

446 447
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Leon de Sabará, guardião Maia, raiz Tumuchy

Escultura de Laylson Coimbra, no Templo Tarajo do Amanhecer, Terezópolis de Goiás, GO

Posfácio
Irmãos em Cristo Jesus,

Recomendo a todos os reencarnados, especialmente aqueles

mais sensíveis, interessados nas questões espirituais e sonhado-
res, que estudem um pouco mais a respeito do mundo espiritual.
Conhecimento sempre é bom, útil. Não esperem por outra ocasião.
Mesmo que no início ainda estejam ungidos de pouca fé.

Os problemas que aparecem, especialmente aqueles de maior

gravidade e complexidade, quase sempre estão relacionados à pro-
gramação cármica. Lembrem-se de que o esquecimento, como resul-
tado da reencarnação, é a oportunidade dada para que todos procu-
rem se doar mais e facilitar a solução daquilo que começou ontem
como uma grande destruição, provavelmente, por não saberem, ain-
da, amar.

A reencarnação é a oportunidade para restaurar aquilo que estava

inacabado, destruído e de difícil reconstrução. É também um portal
para se iniciar novos empreendimentos em prol de um futuro me-
lhor, mais seguro.
Foto: Francisco Rocha

Chegar à espiritualidade com o sentimento de dever cumprido é

uma das maiores virtudes e oportunidade para trilhar novos cami-
nhos em favor da felicidade e para construir sonhos que ainda não
foram imaginados.

449
Capítulo 2 – Conhecimento e cura

Instruam-se, não há necessidade de se tornar um cientista trans-

cendental, mas, pelo menos, seres mais cientes do que necessitam
fazer em prol de si mesmo.

Procurem chegar aqui mais alfabetizados em relação às questões

espirituais, principalmente para minimizar riscos de ficarem alie-
nados e desorientados por um longo período. Quando precisarem,
peçam ajuda, até mesmo um ente querido que já deixou a senda
terrena.

É obrigação de todo Espírito consciente, responsável e que já se

encontra mais preparado, ajudar aqueles que estão mais atrás. Dar
as mãos, compartilhar as alegrias e as tristezas, ser mais compro-
metido, responsável e respeitoso, especialmente com os compor-
tamentos ainda pouco compreendidos, eis a verdadeira conduta
doutrinária.

Com esperança,

Veberdes – Cavaleiro Águia Tumuchy.

Brasília, 11 de outubro de 2020

450
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Nossa Senhora Apará

Pintura afresco de Laylson Coimbra, no Templo Tarajo do Amanhecer, Terezópolis de Goiás, GO

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em: <https://meocloud.pt/link/e6da0ca7-9ce0-4225-a915-a89e7b82677f/Acervo%
20Doutrin%C3%A1rio/>. Acesso em: 3 Jul. 2021.

ZELAYA, N. C. Elítrios. Vale do Amanhecer Porto. Postado por O Doutrinador, em

10 de outubro de 2011. Disponível em: <http://valedoamanhecerporto.blogspot.
com/2011/10/elitrios.html>. Acesso em: 14 abr. 2019.

ZELAYA, N. C. Lei do Adjunto Koatay 108 Triada Sivans. Vale do Amanhecer, DF,
26 de dezembro de 1981. In: CARTAS de Tia Neiva. p. 29. Academia. Postado por
Gleison Souza. Disponível em: <https://www.academia.edu/25157122/Cartas_de_
Tia_Neiva>. Acesso em: 22 jul. 2020.

ZELAYA, N. C. Leis e chaves ritualísticas. ed. especial rev. e ampl. Editor, Bálsamo

Anexos
Álvares. Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã, 2007. 210 p.
Disponível em: <https://fdocumentos.tips/reader/full/livro-de-vale-do-amanhecer-
df-07-de-junho-de-1977-leis-e-chaves-ritualisticas>. Acesso em: 3 jul. 2021.

ZELAYA, N. C. Leis e chaves ritualísticas: exclusivo do Mestrado. 3. ed. Editor,

Bálsamo Álvares. Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã,
1977b. 272 p.

ZELAYA, N. C. Nara, a suicida. Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem

Espiritualista Cristã, 1999b. 22 p. (Pequenas Histórias, 2).

ZELAYA, N. C. O médium não pode corrigir o outro. YouTube. Dori Duvalli

Produções Doutrinárias. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=0c8vi37-vII&list= RDCMUCqPueZ59XFq_zxcgBPWQ_2A&start_
radio=1&rv=0c8vi37-vII&t=0>. Acesso em: 25 Jun 2021.

ZELAYA, N. C. Sistema Crístico. [197?b]. Do Jaguar: blog de acervos doutrinários

originais da Doutrina do Vale do Amanhecer: sob a administração de Luiz Antônio,
Raio Ajanã, 17 dez 2012. Disponível em: <http://oamanhecerdojaguar.blogspot.
com/2012/12/sistema-cristico.html>. Acesso em: 14 abr. 2019.

ZELAYA, N. C. Tiãozinho e Justininha. Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem

Espiritualista Cristã, 1999d. 23 p. (Pequenas Histórias, 12).

ZELAYA, N. C. Um homem de dois mundos. Planaltina, DF: Obras Sociais da

Ordem Espiritualista Cristã, 1999c. 28 p. (Pequenas Histórias, 7).

ZELAYA, R. (Org.). Cultura dos Ajanãs e Ninfas Sol na Partida Evangélica.

Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã, 2009. 119 p.

460
 ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Cavaleiro Águia das Pedreiras

Anexo 1 – Carta de Tia Neiva1

Conduta doutrinária
Meu filho Jaguar,

Observas bem o que fazer do tempo, do seu tempo, do seu sa-

cerdócio, de tua missão, e nele procures impregnar todo teu amor, o
que puderes da perfeição de tua conduta, emitindo e comunicando
a Doutrina que te foi confiada, para não perderes qualquer afeto na
fronteira da morte. O sol que brilha, a nuvem que passa, o vento
da despedida, o luar que alimenta com o perfume da dor, aproveite,
filhos, estes momentos de tranquilidade que a Terra, com toda a sua
riqueza, ainda vai cobrar aos que não aproveitaram seus frutos.

Salve Deus! A Terra está perdendo sua nobre finalidade pela pro-
miscuidade do homem. Então, meu filho, as coisas vão acontecer,
isso é a vida de Deus. Toda a natureza vai se ressentir, ressentir, res-
sentir também os três reinos de nossa natureza, porque do Céu virá a
luz para o nosso conhecimento, da vida fora da matéria. Nada temos
a temer, porém temos a respeitar. E quando chegar a hora de ver go-
Ilustração: Laylson Coimbra

verno sobre governo, pais contra filho e filhos contra seus pais, Salve
Deus! Meu filho Jaguar, tudo que temos é o nosso sacerdócio e por
1
ZELAYA, N. C. [Conduta doutrinária], Carta de Tia Neiva, de 12 dez 1978, Vale do
Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em 1984 pelo
Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 1, p. 177-179.

463
Anexos
ele alcançaremos sem prejuízo de nosso corpo físico. Tudo que te
parece mistério verás com toda naturalidade dos justos.
Veja, filho, uma certa tribo que habitava em todo continente ame-
ricano, que se espalhava em uma enorme civilização, povo que hoje
denominamos Mayas e Yukatãs. Cresceu a sua civilização, a ponto de
desafiar a sua própria natureza, esquecendo dos poderes em Deus
e em sua Natureza. Sim, filhos, Deus em seu reino, em seu plexo,
porque, filhos, o homem reconhece que foi anunciado o Dilúvio.
Porque, filho, o homem tem certeza que naquela era distante o sol se
escondeu, arrebentou a trovoada e as águas, caindo do Céu, arrastou
para o oceano toda a imundice daquela incomparável substância em
valores para o etérico, eram Deuses querendo transformar sua pró-
pria natureza. Deus, sim, em sua figura perfeita hieroglífica. Deus no
homem, porém, não existe e não existirá homem Deus. A Sua sabe-
doria não tem limites, porém, há um limite para os seus poderes e o
seu limite está na precária condição de sua própria natureza. Desta
vez, em Yucatã, toda sua terra, aquela inteligência que mesmo nos
labirintos eternos deixaram seus rastros sucumbindo o Homem e su-
bindo os Deuses. Desta vez foi água, água que transbordou levando
a fortuna inigualável. Quanto vale a vida na mente de cada um dos
seres humanos que vivem e viveram em toda época?
Sim, todo conhecimento é aproveitado, nada se perde, tudo se
transforma. Porém, quis a vontade de Deus ficarem seus rastros no
labirinto real deste caminho. Sim, filho, toda a inteligência deixou
um alicerce de tua unidade. Deixou os Deuses Yucatãs quando foram
recolhidos pela água. É preciso amar a Deus, os Deuses da imorta-
lidade, sem esse amor muito pouco podemos fazer. Por conseguin-
te, deixaram os Deuses Yucatã a sua fortaleza, ficando bem clara a
separação dos três plexos de nossa natureza. Porém, voltaram, vol-
taram mais uma vez insistindo em sua pequena e rude civilização:
pedra, mais uma vez pedra, era só o que aprendia o seu coração,
também de pedra. Sim, agora eram Mayas, Mayas da infeliz expe-
riência de Yucatã. Força e poder: o sol e a lua desta vez, o vento era o
464
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
seu condutor feliz e infeliz. Sim, filho, depois do aprendizado é pre-
ciso retornar ao campo de batalha da vida terrena, é preciso renascer
e reconquistar melhorando o seu caminho cármico, obtendo novas
conquistas, novos conhecimentos para ter a oportunidade de conhe-
cer a ti mesmo. Porque, somente a dádiva imortal satifaz os nossos
desejos. Muitas vezes quando não conhecemos a nós mesmos pen-
samos que nossos juízes são cruéis. Saibas, filho, que a libertação
não está nas ruínas, voltamos tantas vezes seja preciso. Voltamos
sempre pelas nossas ruínas. Voltamos em seu benefício; assim filho,
pois, seja qual for a provação das cicatrizes que assinala o teu cami-
nho, sofras amando e agradeças a Deus a oportunidade que te fez
voltar.
Quanto vale a vida na mente de cada um? Vale alguma coisa. A
vida para quem sofre, para quem reconhece a si mesmo, a vida co-
loca-se acima de nossas dores e das nossas alegrias, porque ela é
algo que vivemos, é algo onde vivemos, é nela que as dores e as ale-
grias são por nós experiências que também experimentamos e nos
afasta da dor chamada “dor das dores”, que é a dor moral. Porém,
isso não basta. Todavia o trabalho sustenta e evolui a ponto de não
sentir. Pensamos naquele Homem cuja perna ia perder; chegou um
cientista e, no plano físico, lhe dando um remédio o libertou; porém,
o homem com suas duas pernas se pôs a correr, a chocar-se em
desafio com outros homens. Voltou a sua dor primária, indo ver-se
em seu antigo estado. O cientista, tornando a vê-lo triste, foi lhe dar
o mesmo remédio. Não, ele não precisava mais do cientista, desta
vez sua doença era na alma. Engana-se, o cientista tirou do bolso o
Evangelho, deu a sua cura. Naquele Continente de Yucatã tudo era
simples. Os planos se uniam, o Céu e a Terra. Sim, planos de outra
dimensão se materializavam, havia nessa civilização campo de ater-
rissagem, naves vindas de Capela se comunicavam em harmonia.
Essa civilização cresceu, crescendo a ponto de conhecer toda a Terra,
todo esse universo físico. Romances, conquistas, chegando mesmo
ao começo da vida que esperamos na passagem do Terceiro Milênio.
Em nome de Jesus Cristo, nos planos etéricos se ouve lindos casos
465
Anexos
de evolução científica, principalmente na eletrônica, naquela época,
a ponto de projetarem a sua própria imagem em planos totalmente
conscientes. Novamente se levanta o homem. Eletrônica, conquista
de novas terras, de novos mares. Então a força magnética e como a
rama percorre nas raízes levantando os seres, ultrapassando o new-
tron. Queimando a terra, destruindo a verde rama e o homem; Deus
se esvai deixando-se ser imortal. Sim, aquele que segue somente o
caminho da devoção faz com ele um círculo vicioso, até se impregnar
da superstição. Há muita natureza neste mundo, como há muitas
riquezas no céu.
É o que vejo, é o que sinto. Eu, a vossa mãe em Cristo.
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 12 de dezembro de 1978.
466
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 2 – Carta de Tia Neiva2
A conduta doutrinária do Mestre Lua
Meu filho Jaguar, raio lunar,
Sabemos que nossas vidas são governadas pelos nossos antepas-
sados e que tudo vem do princípio doutrinário que nos rege. A vonta-
de tem sua origem na sensitividade, com predominância na fonte de
energia que nos dá a faculdade da inteligência, na consciência animal
que se transforma na sensibilidade cristã, a consciência espiritual.
Sim, filho, a consciência espiritual. Aparelho anímico ou material psí-
quico, constituído pela memória, atenção, percepção, compreensão
e cristianismo sempre iluminado pela razão. Em ti, filho, refletimos
todos os atos da força absoluta que vem de Deus Todo-Poderoso.
E para condenar sem precipitação, o teu comportamento é o único
sentimento a ser julgado. Você, filho Jaguar, raio lunar, é a própria
revelação. Sim, muitas vezes um aparelho em sua conduta moral
agasalha um espírito das trevas, dando-lhe oportunidade a ser gente,
isto é, segurando suas terríveis e pesadas vibrações, e com amor,
o deixa falar ou promover um diálogo com o doutrinador. Filho,
muitas vezes, eu, tua mãe clarividente, vejo muitas oportunidades
perdidas em feroz Exu, que por falta de um diálogo poderia voltar
para Deus. No entanto, só diz heresias, por falta do bom comporta-
mento do “sensitivo”. Filho, todos nós precisamos de carinho e eles,
apesar do seu endurecimento, são carentes de amor. Eis a razão do
Doutrinador, em Cristo Jesus, sabendo conduzir o anjo e o demônio
em sua conduta doutrinária. É assim, filho, um aparelho sensitivo
espiritual pelo qual as forças extras sensoriais se manifestam, por
conseguinte, você é o próprio poder da justiça, se engrandece ou se
condena. Sim, a consciência fecha o ciclo evolutivo da força psíquica
2
ZELAYA, N. C. A conduta doutrinária do Mestre Lua. Carta de Tia Neiva, de 08 abr 1979,
Vale do Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em 1984
pelo Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 2, p. 120-122.
467
Anexos
sensitiva. Então, filho, com um pouco de reflexo poderá concluir as
mensagens e se souberes colocar esta candeia viva nos mais tris-
tes recantos da dor, mais uma vez poderás aliviar e esclarecer os
incompreendidos.
Tanoaê, filho, é um poder que emite sua força no vento, nas
tempestades. Tanoaê, tem poderes de manipular forças, abrindo o
Neutron para levar sua mensagem e fazer a sua reparação. Não é
justo, filho, depois da incorporação, ficar em dúvida, será que incor-
porei? Será que foi o Preto-Velho ou o Caboclo? Não foi somente uma
impressão minha? É triste para os nossos mentores que se apressam
para que saia tudo com a precisão do Espírito da Verdade.
Trata-se de um conjunto, de um ritmo de aparência de encantos,
de energia. Não podemos designar este sentimento de amor. É o
coroamento das virtudes, é muito mais científico do que pensamos.
Quando solicitando a uma incorporação, uma enorme e complexa
força se faz em nós. Seriam bastante os cruzamentos destas forças
para a cura desobsessiva, quanto mais, que sabemos da presença de
Caboclos e Pretos-Velhos.
Filhos, contamos ou marcamos uma história que o velho mun-
do ensinou, quando surgiu o cristianismo. Subiram os deuses
Alexandrinos e o Mitra Solar para combater a adivinhação, os adivi-
nhos, porque, além de sua magia, formaram um grande comércio, e
a religião não sobrevive ao lado dos adivinhos, dos magos ou pito-
nisas. Condena-se os adivinhos porque predizem sem intervenção
Divina. Muitas vezes, filho, pensamos que somos obrigados a dizer o
que exige a vossa real intuição; não, filho, absolutamente, a profecia
ou adivinhação é algo muito perigoso. A nossa obrigação em Cristo,
na lei do auxílio é procurar, pois, a nossa luz íntima, oferecendo e
confiando o máximo de nós sem nada pedir em troca, isto é, nem
mesmo a vaidade pelos fenômenos que somos portadores.
Estamos no caminho dos homens, e, por isto, nós devemos nos
guardar de cada ser, de cada coisa. Uma expressão diferente para
468
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
fazer luz desde as manifestações dos humildes dos planos inferiores
desta natureza em sua afeição divina, porque até o mar profundo
sabe agasalhar sua natureza. Sim, a função do duplo é servir como
condutor e condensador de energia e de emanações ectoplasmáticas
entre o perispiritual e o físico, é um processo no centro de forças
que denominamos chakras. Neamze, uma rica pitoniza que estar-
recia a todos, sua força, seu poder de qualquer forma era eficiente.
Sim, ainda se falava em Amom-Zeus por todo o Egito. Oráculo de
Amom-Zeus. Neamze era uma das Divinas, após curar o filho de um
Thunis, fez uma adivinhação: preconizou a morte de sua escrava pre-
ferida. Thunis ficou furioso e esperou o dia fatídico, porém a escrava
não morreu naquele dia. Então Thunis esqueceu do que recebera e
pensou: foi a fatalidade que decidiu a cura de seu filho e acusando-a
de impostora mandou matá-la. Três dias depois sua escrava morreu
também, porém, seu filho foi feliz e nada lhe aconteceu. Thunis foi
infeliz por toda a sua vida. No entanto, tudo era tão lindo antes da
adivinhação. Sim filho, não te preocupes se o teu mentor não é adi-
vinho. Partimos, filhos para os curadores ou curandeiros. Não são
médiuns aparás, ou são e não desenvolveram e fazem suas curas
pelo seu canal de emissão que Deus lhes proporcionou. Pagam na
maioria das vezes os velhos débitos pelas críticas, observações mal-
dosas dos que são curados. A percepção é algo perigoso, o médium
que tenha a faculdade de percepção vive sempre triste por suas per-
cepções. Eu, com toda a minha clarividência, em nome do nosso
Senhor Jesus Cristo, sofro por não saber assimilar uma visão. Filho,
para ser um verdadeiro medianeiro, viver emitido a voz direta do céu,
é preciso única e exclusivamente a sua conduta doutrinária, ao lado
do seu Mentor, para sustentar a sua emissão.
Sim, filho, o desenvolvimento recebe a sua emissão. Emissão é
um canal na linha horizontal, que captam as forças que atravessam o
Neutron. O médium desenvolvido é responsável por dois canais de
emissão que se cruzam e ligados em seu interoceptível, formando
seu equilíbrio na conduta doutrinária, se vê o poder que levanta em
um Mestre Lunar. Observe também que o simples Apará em força ou
469
Anexos ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

emissão menor também tem suas emissões diretas. Sem Mestres

iniciados, o médium que não tem suas emissões em heranças trans-
Anexo 3 – Carta de Tia Neiva3
cendentais, está sempre em desequilíbrio. Sim, o interoceptível é
como uma balança onde a nossa cabeça é o fiel dessa balança; pe-
sando só terra, entra em desequilíbrio.
O Cavaleiro da Lança Verde
Salve Deus, meu filho! Que Jesus nos ilumine nessa jornada. Meu filho Jaguar,

Com carinho, a mãe em Cristo, Salve Deus!

Não serás mais como a nuvem que vive a vaguear no caminho

Tia Neiva do vento do mundo. Porque quis a vontade de Deus te agraciar com
este rico Cavaleiro da Lança, companheiro da última hora, vindo de
Vale do Amanhecer, 08 de abril de 1979. mundos afins, da luz e do amor; com a missão nesta jornada, de ava-
liar contigo, nos carreiros terrestres, e aliviar os teus tristes destinos
cármicos.

Porque, filhos, os cristãos apontam os anjos, os cientístas engran-

decem a terra. A Doutrina junta os dois e forma a luz para a Nova
Era. Contigo ele caminhará, se tiveres a fé do teu amor. E não terás,
também, crepúsculo.

Jesus, que é testemunha de meus olhos, responderá por mim, na

luz de nosso Pai, que é Simiromba de Deus!

A mãe em Cristo,

Tia Neiva

Vale do Amanhecer, 5 de julho de 1980.

3
ZELAYA, N. C. O Cavaleiro da Lança Verde. Carta de Tia Neiva, de 05 jul 1980, Vale do
Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em 1984 pelo
Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 2, p. 136.

470 471
Anexos
Anexo 4 – Carta de Tia Neiva4
Cavaleiro da Lança Verde
Salve Deus!
Meu filho,
O Cavaleiro Verde foi a mais perfeita mudança que classificou
aquele mundo peloponense. Esparta passou a ser uma figura ele-
vada, que já aceitava a discussão e a polêmica entre Píton e outras
dinastias.
Foi trazida por Leônidas, deixando de ser aquele povo drástico e
passando a assimilar outros ensinamentos e outras culturas, inclu-
sive outras leis que foram lançadas à melhora do Estado de Esparta.
A força destes cavaleiros foi que trouxe a visão de Polycena. Viram
naquele raciocínio tão grosseiro um fenômeno dos mais belos. Todo
o amor daquela criatura já estava dentro do seu coração.
Voltavam as tropas, sem dizer nada um para o outro, mas mu-
dou o comportamento. Entre eles surgiu um respeito e uma ternura.
Então isso foi marcado nos planos espirituais, ficando bem eviden-
ciada a evolução de Esparta.
Meu filho, Cavaleiro da Lança Verde, em todas as épocas o ho-
mem destrói, se destruindo. Nessa época, também nasce alguém
e, atravessando até mesmo a barreira do som, vem, por Deus, atra-
vessando as cordilheiras e, objetivamente, chega no seu pedestal, se
bem acolhido, e, com toda a razão, vai formando o seu aledá. Foi o
que aconteceu com o Cavaleiro da Lança Verde: chegada a hora de
parar, ele chegou, emitindo outro som. Pouco depois, era o preferido.
4
ZELAYA, N. C. CAVALEIRO DA LANÇA VERDE. Vale do Amanhecer, DF: 29 abr 1985.
Templo Puemar do Amanhecer – Brasil, postado por Antonio Claudio em 8 dez 2012.
Disponível em: <http://puemardoamanhecer.blogspot.com/2012/12/cavaleiro-da-lanca-
verde.html>. Acesso em: 12 abr.2019.
472
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
É assim, meu filho, que nos acontece. Jesus não fala nas trombe-
tas que vai mandar um missionário. O Cavaleiro Verde mudou todo o
curso de Esparta, abriu a sintonia da mente e foi penetrando nas coi-
sas mais belas. E se fez razão a toda aquela gente que só sabia matar.
Era um mensageiro de Deus, espírito luminoso que foi transfor-
mando as coisas.
E assim acontece nas grandes e pequenas evoluções.
Com carinho,
A mãe em Cristo Jesus.
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 29 de abril de 1985.
Informação complementar
O Cavaleiro da Lança Verde pertencente à grande Legião de Oxan-
by, que pode ter sua força conectada a uma das lanças: Vermelha,
Lilás, Rosea etc.
Segundo Mestre Tumuchy, citado por Lima (2013)5, quando va-
mos trabalhar e emitimos, naquele instante nós somos a própria
entidade, ela atua sobre nós. É por isso que falamos: “Eu, Cavaleiro
Verde, Cavaleiro Especial...” Quando o mestre diz em sua emissão: “-
Cavaleiro Verde”, ele está em busca da força espartana, a mesma que
nos espiritualizou um dia diante de Pytia. E ele continua “- Cavaleiro
Especial”, ele busca ali a força romana, a grandeza da força dos pre-
torianos. Ali está o próprio Cavaleiro incorporando em nós, não fi-
sicamente, mas espiritualmente. Entre o Tibete e o Oriente médio,
havia uma constante comunicação, mesmo com a distância. O povo
Tibetano atuava sobre as pessoas que estavam com Jesus, da mes-
ma maneira que os Cavaleiros atuam nos mestres e as guias atuam
nas Ninfas.
5
LIMA, N da S. Cavaleiros Especiais. 2013. Disponível em:<http://soltumuchy.blogspot.
com/2013/01/cavaleiros-especiais_17.html>. Acesso em: 12 abr.2019.
473
Anexos
Anexo 5 – Mensagem
do Pai Seta Branca6
Salve Deus!
Filhos queridos do meu coração! Quis a vontade de Deus Pai
Todo-Poderoso nos concedesse mais esta feliz oportunidade de es-
tarmos juntos na passagem de mais um ano.
Filhos! Nasce 2002 e se despede 2001. O ano que se vai foi um
ano difícil para o Jaguar.
Vocês que são da Tribo do Jaguar, Espíritos espartanos, que passa-
ram pelas planícies macedônicas, pelo império romano e aqui chega-
ram com o compromisso de levar a missão do Nosso Senhor Jesus
Cristo a todos aqueles, meus filhos, reencarnados e desencarnados,
que por algum motivo não conseguiram a sua evolução.
Filhos! Estejam preparados, o ciclo iniciático se fechou.
Há mais de trinta mil anos esta missão está sendo preparada.
Tenham em vossos corações a humildade e a tolerância.
Meus Filhos! O ano que chega será um ano decisivo, decisivo
para o Jaguar. Não se enganem! Não se enganem pela falta de fé;
tenham fé em vossos corações.
Os grandiosos Cavaleiros Águias já se encontram entre vocês, tra-
zendo uma nova etapa em vossa missão. Tenham a certeza de que o
Nosso Senhor Jesus Cristo caminha lado a lado com vocês.
O Jaguar tem um compromisso universal, jamais se esqueçam
disso. Mais do que nunca, meus filhos, eu vos peço a conduta dou-
trinária, o padrão vibratório e o amor em vossos corações.
6
PAI SETA BRANCA (Espírito). Mensagem de Pai Seta Branca - 2001/2002, recebida em
[31 dez 2001]. Templo Remano do Amanhecer. Postada em 16 ago 2016. Disponível em:
<http://Temploremano.blogspot.com/2016/08/mensagem-de-pai-seta-branca-20012002.
html>. Acesso em: 12 abril 2019.
474
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
É chegada a hora do Jaguar! Não se esqueçam que haverá a trans-
formação do planeta, que já está acelerada. Haverá muitas lágrimas,
muitas dores e caberá a vocês enxugar essas lágrimas e socorrer es-
ses irmãos que baterão em vossas portas.
Filhos! Há trinta anos Koatay 108, junto a vocês, trouxe a verdadei-
ra rosa do amor. O mestrado veio na força decrescente de Arakém,
um Ministro de Deus, em raio do Oráculo de Ariano.
Meus Filhos! As forças necessárias para atingirem seus objetivos
como missionários já estão junto a vocês. Caminhem, caminhem na
trilha de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cuidado com as velhas estradas
e com as velhas tradições.
O carma de cada um de vocês está sendo acelerado na individua-
lidade e na condição de cada um.
Filhos queridos do meu coração! Vosso Pai vibra a cada momen-
to, para que emitam o amor, a humildade e a tolerância. Estendam,
meus filhos, por este universo a Bandeira Rósea do Amor.
Não se esqueçam que Jesus abençoa a cada um de vocês, com o
juramento e com o compromisso.
Meus filhos! Venho reafirmar, chegou a hora da consciência e da
razão. Não se assustem pelo que possa vir a acontecer com este
planeta. Tudo está dentro de um programa, elaborado pelo Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Desejo a vocês, meus filhos, um feliz 2002. Que cada um, dentro
de sua consciência, caminhe com equilíbrio e sabedoria.
Tenham a fé e a ciência.
Que Jesus, o Grandioso Mestre, abençoe a cada um de vocês.
Eu, o Vosso Pai, mais uma vez, agradeço por esta feliz oportuni-
dade que me concederam.
Salve Deus! Meus filhos. Graças a Deus!
Pai Seta Branca
475
Anexos ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

Informação complementar Anexo 6 – Mensagem

De acordo com Silva (2006)7 e com base em acervo de José Donato de Kazagrande9
de Sousa – Adjunto Oliban – os Cavaleiros Águias dos Mantos
Amarelos foram anunciados por Pai Seta Branca em mensagem de
31/12/2001. São Espíritos de luz, sob o comando de Humahã, que, Quem manda sou eu?
compondo sete falanges (49 cavaleiros), estão vindo em nosso auxí-
lio para que possamos ter mais proteção nesta difícil transição para Meus irmãos e minhas irmãs,
a Nova Era. Para termos ideia de seu poder, são eles encarregados da
guarda de Pai Seta Branca. Salve Deus!

Eles acompanham as amacês8 da Estrela Candente e da Estrela Existem atitudes que já não podem mais fazer parte da condu-
de Nerhu, e ajudam os Jaguares no trabalho desobsessivo e no con- ta de um missionário! Principalmente se falamos de Adjuntos,
fronto com os grandes chefes do Vale das Sombras e exigem muita Comandantes, Regentes... Líderes enfim.
seriedade, segurança e conduta doutrinária para suas realizações.
Não falo de grandes escândalos e fatos que claramente agridem
Cavaleiros Águias são Espíritos planetários que caminham com o pela permissividade, conveniência ou conivência.
Pai Seta Branca nas várias galáxias, usando os mantos amarelos para
Falo de comportamentos do dia a dia!
proteger o Simiromba.
Um Comandante não deve jamais abusar de sua autoridade e
Nomes dos Cavaleiros Águias:
usar a arrogância. Um Comandante deve ser o exemplo do bom sen-
• Humahã • Tumuchy so. Aquele que sabe chamar à razão sem ferir os sentimentos, aquele
• Trino de Erichin • Avagato que zela pelo trabalho, pelas Leis, mas que sabe como se comportar
de maneira humilde. O Comandante conquista pela sua educação,
• Siman de Erichin • Ajanaron
carinho, sorriso... Sua autoridade é conquistada e jamais imposta
• Sinda de Erichin • Zanor pela “patente”. Já não vivemos mais na velha estrada.
• Zango de Erichin • Cristian de Erichin
Uma Regente, ou Aponara, ou Coordenadora, pode ter suas re-
• Tumarã
galias, mas jamais deve usar sua condição de líder para promover
ansiedades e discórdia. Deve ser aquela que dá o exemplo de res-
peito ao Mestre Adjunto e seus comandantes. Não interfere no an-
damento dos trabalhos e não impõe suas interpretações acima dos
responsáveis. Respeita, e, no momento oportuno, procura o Adjunto
7
SILVA, J. C. do N. Observações Tumarã. Planaltina, DF: Obras Sociais da Ordem 9
KAZAGRANDE. Quem manda sou eu? Exílo do Jaguar. Conduta. Disponível em: <http://
Espiritualista Cristã, 2006. 653 p. Dicionário do Vale do Amanhecer. exiliodojaguar.blogspot.com/2015/08/abuso-de-autoridade_11.html>. Acesso em: 14 abr.
8
Idem. 2019.

476 477
Anexos ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

e cumpre seu papel de conselheira e amiga, informando as situações

e esclarecendo suas opiniões.
Anexo 7 – Mapa de livros da AJESA10
Outro ponto que aos poucos vai sendo “esquecido” em nossa
Doutrina: O Orixá do Dia tem total responsabilidade pelos trabalhos
do dia! Ele e seu Ministro respondem por tudo e por tanto jamais
deverá ser desautorizado, nem mesmo pelo próprio Adjunto. Se o
comando no Radar foi entregue a um recém centuriado, naquele
momento de comando ele é a autoridade máxima do Trabalho, não
importa a hierarquia! Nem Tia Neiva desautorizava um Orixá do Dia!

Sobre a conduta do Adjunto nem é preciso falar! Basta ler a Carta

das Obrigações de um Adjunto e poderemos entender que ele deve
ser um cavalheiro, um gentleman, e a quantidade de recomendações
a respeito de sua educação e moral são intensas e muito claras.

Kazagrande

10
Livros relacionados, ou não, à Doutrina do Amanhecer, mas com conteúdos sugestivos
para os praticantes da doutrina.

478 479
Anexos
Anexo 8 – Carta de Tia Neiva11
Carta das forças
Meu filho Jaguar, Salve Deus!
Nossa vida é uma grande jornada, onde as dificuldades constan-
temente nos abalam. Filho, continue a lutar, porque só cai aquele que
não está seguro em si mesmo.
Continue, filho, a lutar, certo de uma coisa: só são derrotados os
que acreditam na derrota.
Conserve a sua liberdade, respeitando a liberdade dos outros.
Não se esqueças, também, que você é o seu maior valor, a sua maior
fortuna. Se você estiver preso por pensamentos negativos, de nada
valerá toda riqueza do mundo, toda a felicidade possível.
Tens uma missão a cumprir, explique ao mundo o caminho que o
homem deverá tomar, mesmo ao mais íntimo ser que Deus te con-
fiou, principalmente se ele ainda vive em seu teto, junto a ti. Sejas
confiante, emane a tua força doutrinária, para que seja completa a
sua Doutrina. Não deixe, não siga, ficando alguém a sussurrar outra
melodia junto a ti. Não se esqueças que a tua Doutrina é uma força
poderosa, que, uma vez desenvolvida, permite a realização de todos
os seus anseios e, que desenvolvida esta faculdade, terás, também,
condições de modificar a sua natureza, vencer todos os obstáculos,
dominar a matéria, até vencer a morte.
Procure confortar os infelizes, os incompreendidos, mesmo que
estes estejam contra você. Seja prático e não se afaste das metas
racionais, nem queira obter resultado do seu trabalho e suas carida-
des. Procure amar a vida em todos os ângulos, faça do que te resta
deste terceiro plano o mais agradável possível. Procure prolongar a
11
ZELAYA, N. C. Carta das forças. Carta de Tia Neiva, de 5 março de 1979, Vale do
Amanhecer, DF. Academia. [Cartas de Tia Neiva], p. 17-19. Disponível em: <https://www.
academia.edu/25157122/Cartas_de_Tia_Neiva>. Acesso em: 22 jul 2020.
480
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
sua existência, aproveitando o melhor possível, sempre em fins res-
peitáveis, não se esquecendo, também, que não há condenação para
o “pecador” e, sim, uma reparação dos seus erros.
Ser humilde é ser amor. Ser humilde é ser manso de coração, é ser
tratável. Toda filosofia exige a humanidade de tratamento, principal-
mente àqueles que precisam de nossos cuidados.
Vamos falar nas forças existentes. Filho, o homem, pelo equilíbrio
de seu Orbe, tem condições de atrair forças incomparáveis. Nas suas
manifestações, sujeito em sua Conduta Doutrinária a conduzir força
mediúnica, força direta, força negativa e forças cruzadas.
A força cósmica, força que normalmente se conduz na lei de
auxílio, comum à lei espírita. Vem também, a força absoluta, vem,
também a força nativa absoluta e força nativa absoluta de herança.
Podem ser emitidas de diversos planos, sem que se dê conta de onde
elas vêm. Uma prece que se emite com palavras ou estilo iniciático
pode-se receber, no caso, uma força absoluta nativa.
A simbolização, no pensamento, vai refletindo e formando no
neutrôm, formando, também, um estado de consciência, onde sua
própria força ou conduta doutrinária vai conscientizando cada vez
mais, formando um círculo no interoceptível, onde a própria emissão
ou canal de emissão leva para onde for preciso. Se estivermos na lei
de auxílio, vão para os hospitais, presídios, digo, na dor.
O homem cria a sua própria imagem e vive os seus pensamentos.
Evolução, significa, acima de tudo, o poder criador.
Todo o cuidado é pouco, devem cuidar sempre, na individualida-
de. Não se esqueça, filho, que as forças se impõem em nós. Sim, as
forças se impõem em todos os sentidos, basta dizer que uma pro-
teção, uma proteção generalizada, como chamamos, é uma corren-
te magnética que, se equiparando as nossas, entra em aniquilação,
para decompor a corrente magnética animal, que está atuando em
desarmonia.
Dizemos: Deus está comigo e, então, não temo nada!
481
Anexos
É neste instante que há uma razão.
Uma pessoa religiosa recebe, realmente, esta espécie de proteção.
A proteção é aplicada a todas as vidas deste planeta, até o animal
se liberta de suas enfermidades. Sim, filho, sei que sua cabecinha é
pequena, porém, pense bem!
O que é a compreensão da morte?
Resulta do que entendemos da vida.
Todos os que se prendem pelo pensamento se prendem pela vida.
Convém insistir contra a violência de nossas mentes. A ciência social
de hoje ensina o nosso desenvolvimento, porém, antes, deviam ensi-
nar, ao homem, se libertar dos seus pensamentos; uma mente livre,
um homem livre de pensamentos.
Não se cruza uma força. As forças dificilmente se cruzam. Sim,
filho, uma força cruzada... Salve Deus!
Eu conheci uma certa senhora de nome Calú, que era macumbei-
ra e ninguém brincava com ela. De fato, eu fui acompanhá-la... Era
perto da UESB. Foi feita uma matança de bicho; foi uma coisa tão
violenta que eu de um canto, tive medo. Contei na UESB o que vira
e tive o resultado. Disseram que um certo fazendeiro que se candi-
datava a Deputado Estadual queria abater o seu adversário. Fiquei
muito impressionada e fui, voluntariamente, conhecer o paradeiro da
vítima, soube e o encontrei; qual não foi a minha surpresa, ele estava
apenas com uma força esparsa de um cruzamento. Dez dias depois,
os animais estavam amarrados nas árvores, ainda intactos. Mais de
dois Bodes pendurados nas árvores e outros bichos que não sei bem
agora, no momento. Estavam secos, não tinham mau cheiro, nem
nada. Era apenas uma força esparsa, ou melhor, um cruzamento es-
parso. Cruzamento, força cruzada na macumba é realmente grave,
muito grave.
Pelo simples descuido nos templos, pegamos uma força esparsa.
482
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
A força cruzada é algo delicado em todos os sentidos. A força que
não se cruza é a força absoluta, projetada forte, de poder, simples-
mente objetiva.
A força cruzada dos Caboclos com os Pretos-Velhos é curadora e
desobsessiva. Se houver um descuido ou desrespeito eles em vez de
projetar na sua necessidade, ela fica em torno dos seus caminhos,
tomando conta de sua visão e, poderás sofrer por um longo tempo,
porque ela passa a alimentar os seus elítrios. Salve Deus!
Sendo cruzada pelos exus, tudo mal, não preciso explicar...
Se recebermos uma força cruzada por exus e tivermos bem assis-
tidos por nossos mentores, ela muito pouco poderá nos aborrecer.
Os fenômenos dos quais falamos, são forçados por amor ou por
desespero.
Passamos a falar nas forças existentes, sendo que de qualquer
maneira, fica intacta a experiência acima. As forças se dividem, só
não podemos é pesa-las, ou melhor, calcular o que vem quando
evocamos.
As forças são um conjunto de magnético num ritmo acelerado,
conduzido num “Balet” de luzes, onde passam as grandes cassan-
dras levadas pela força de morsa, o vento; vão se aninhando onde
lhe convém.
Salve Deus, meus filhos. Vejam onde podemos chegar.
Nesta pequena Carta, quero que pensem e analisem, o quanto a
sua mente puder.
Com carinho a mãe em Cristo,
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 5 março de 1979.
483
Anexos
Anexo 9 – Carta de Tia Neiva12
O quinto ciclo
Meu filho Jaguar, Salve Deus!
Sabemos que estamos vivendo o quinto ciclo da Terra e que já
atravessamos as escabrosidades dos carreiros que aclamamos na
prece de Cáritas.
É, filhos, chegamos e vivemos! Não fomos nós que nos antecipa-
mos, mas somos responsáveis por termos chegado e assumido esta
jornada.
Sim, vivendo o quinto período, o que quer dizer que a nossa Terra
já passou à era madura. Há algum tempo atrás, ela atingira a sua
expressão de matéria física, mais baixa e mais densa.
Daqui para a frente, ela irá fluir o processo de transmutação, tor-
nando-se cada vez mais etérea e altamente poderosa, até que este-
jam terminados os seus sete períodos de existência física.
Gradualmente a Terra desprende seus invólucros, desde quando há
lógica, há razão e há fé, sinal este de que a evolução se alerta em nós.
Sim, filhos, fala-se de um elo entre o Céu e a Terra!
Nesta era do quinto ciclo, no homem, a visão dos olhos físicos
ainda não alcançou a vida etérea, porém suas mentes já a encontra-
ram. E somente não se ama quem recusa o amor em Cristo Jesus.
Sim, quem não tem força para enfrentar a verdade de um Deus
Todo-Poderoso!
12
ZELAYA, N. C. O quinto ciclo. Templo Puemar do Amanhecer – Brasil, Postado por Antonio
Claudio em 4 de fevereiro de 2015. Disponível em: <http://puemardoamanhecer.blogspot.
com/2015/02/5-ciclo-carta-de-tia-neiva.html>. Acesso em: 28 abr. 2019.
484
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Não devemos esperar por esta visão pelos nossos olhos físicos:
se os mundos se encontram, vivemos juntos!
Em meus olhos de clarividente, em Cristo Jesus, vejo os dois pla-
nos simultaneamente. Porém, como sabem, fico imobilizada.
A Terra é uma obra de Deus, é uma obra divina, com os seus sá-
bios, nesta evolução física atual. Mas o que seria dos físicos? Enfim,
o que seria desta obra perfeita com a atuação de mil planos em in-
volução? Se os Espíritos já atuam pela mente, pelos compromissos,
reprovações dos que já estão em outros planos?
Então, o físico não teria capacidade. Como estamos em realiza-
ções tão construtivas e seguras, não precisamos ir tão longe: vemos
os Mayas e outras pequenas civilizações. Vamos apenas cuidar do
que temos! O que temos, os mundos em Cristo Jesus, em nossas
mentes, na lógica desta Doutrina.
Sucessivas ondas de civilização se espalharam por toda a Terra.
Depois a história se dividiu em duas partes com a chegada de Jesus
Cristo. Sim, filhos, Jesus simplificou o homem que até então era um
pouco de Deus, um pouco animal, às vezes selvagem.
Sim, filhos, uma vez que a nossa Terra estava estabelecida no pla-
no físico, sua vida foi dividida em sete grandes períodos. Durante es-
tes períodos a vida se desenvolveu sobre estes grandes continentes.
Sete grandes raízes do reino animal/vegetal, ficando provado que
o próprio ser humano constitui as próprias células mentais desse
planeta. Na medida em que se desenvolve, reencarna sempre num
estágio de desenvolvimento sempre mais elevado.
Na realidade, o cérebro é apenas o painel de distribuição entre
os corpos mental e físico, que é o reino central do centro nervoso,
os três reinos do microcosmo universal. Três eixos magnéticos, três
estações, três poderes.
485
Anexos
Sim, a mente é feita de células construídas com a matéria do pla-
no mental. Forma então um corpo mental, cuja superfície se expande
além da periferia do corpo físico, conforme vimos na carta que nos
explica “que na vida absoluta do espaço existem todas as formas que
constituem o organismo humano”.
Sim, filho, o nosso espírito planetário possui um corpo físico, a
Terra, cujo metabolismo é amplamente dividido – a ação mineral –
cujos movimentos são provocados pela ação da força elétrica que a
percorre, do mesmo modo que nos nossos.
A Terra é um ser vivo porque vive sob a ação e reação do mine-
ral que constitui os três eixos. Palpita o seu desenvolvimento. Jesus
formou o grande continente que se faz aos sete [ciclos]. Poderoso
Espírito, diante do trono, o Espírito de um Deus Todo-Poderoso e
humano.
Jesus condensou as sete raças em sete planos, dito evolução.
Verdade! Jesus separou os seus mundos em espécies, fazendo sentir
as suas diferenças. E, assim, a Terra se dividiu em dois corpos!
Sim, este é o segredo da grande obra de Jesus na luz astral, por
emissão soberana, que é o grande Deus, que significa o ser antes do
ser.
A razão é a ciência que demonstra toda a existência harmoniosa e
a hierarquia, a maior e a mais santa de todo este universo, esta gran-
deza incomparável que fez Jesus descer, para operar as três substân-
cias necessárias para que a Terra entrasse na faixa de transmutação
celestial.
E então, somente agora começamos nós outros a sentir os efeitos
da obra crística: o quinto ciclo do Amanhecer, e, sem crepúsculos,
esperamos por mais dois ciclos finais.
O homem é, portanto, um microcosmo: matéria, força, corpo e
função. E como a Terra tem espírito, corpo e função, os seres orgâni-
486
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
cos atuam no centro atmosférico da função matéria, onde se agasa-
lham os seres orgânicos dos centros nervosos. Os animais são seres
organizados pela Terra.
Conforme Jesus vai evoluindo a Terra, vão terminando também
as animalidades. Já estamos, em nosso atual estado, na existência
material perfeita.
Se Jesus nos concedeu o quinto ciclo, devemos estar alertas por-
que não sabemos quando chegará o Sétimo. Sim, a Terra já conta o
seu segundo tempo!
Em Cristo Jesus,
Tia Neiva.
Vale do Amanhecer, 29 de abril de 1985.
Informações complementares13
O que são os ciclos?
Referindo-se a um planeta, cada ciclo é uma etapa de evolução.
No caso do Planeta Terra, os ciclos são, aproximadamente, estes:
Primeiro ciclo: Formação do Planeta a partir do fogo sutil. Ainda
não existiam os elementos: ar, água ou terra.
Segundo ciclo: Soma-se o elemento de formação do ar, com for-
mato gasoso. Ainda sem qualquer definição física.
Terceiro ciclo: O elemento líquido passa a tomar parte desta for-
mação, mas também ainda distante da formação física definitiva.
13
KAZAGRANDE. O quinto ciclo: [informações complementares]. Exílo do Jaguar, 16 fev.
2016. Disponível em: <http://exiliodojaguar.blogspot.com/2016/02/o-quinto-ciclo.html>.
Acesso em: 3 maio 2019.
487
Anexos
Quarto ciclo: Concretiza-se a formação do plano físico. A densida-
de passa a existir e a materialidade de estruturas para abrigar seres
vivos está pronta para o início da missão do planeta.
Quinto ciclo: A vida material domina em plenitude o planeta. Os
estados físicos são claros e a preparação para o contato com a “ima-
terialidade” se inicia nos subciclos finais.
Sexto ciclo: O contato imaterial volta a predominar, porém sob
uma nova tônica, permitindo o avanço final de todos os seres vivos
rumo a sua origem espiritual.
Sétimo ciclo: A Ascensão do Planeta. Como parte da Criação
Divina, também os elementos de sua formação (material e imaterial)
retornam para Deus.
Cada ciclo é dividido em outros sete subciclos, determinando sua
condição de avanço em cada nova etapa. É importante ressaltar que
a idade do planeta é estimada em bilhões de anos!
Vivemos claramente o 5º ciclo, e já estamos a caminho de retorno
ao imaterial. Estamos no fim do 5º ciclo (5º do 5º) − segundo a antiga
sabedoria egípcia: o quinto ciclo é o ciclo do carma.
488
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 10 – Carta de Tia Neiva14
Plexos e charme
Meu filho Jaguar, Salve Deus!
Há um desagregar de forças, cuja força pode ser boa ou não, de-
pendendo do pensamento, dependendo da conduta doutrinária.
O homem pode fazer o que quiser (eis o perigo) na força absolu-
ta, que cura e que também pode prejudicar. Por exemplo, no homem
que tem força mediúnica e que muita coisa não deve saber: duas
pessoas que lhe vibram, pessoas a ele entrelaçadas por determina-
ções cármicas, essas pessoas ficam entregues aos seus destinos e
ele, a vítima, é atingido, virando a arma (sua própria força) contra si
mesmo.
Todo o trabalho do homem parte de sua mediunidade e surge do
seu sol interior. Consciente ou inconsciente, parte do seu sol interior.
Todos nós temos um sol interior. Por exemplo: se a minha conduta
doutrinária é uma conduta respeitável e tenho bons pensamentos,
eu fico na presença das pessoas e elas vão relaxando. Depois de tirar
todas as tensões, eu começo a desagregar o meu plexo! Vou levando,
também, pelo meu relaxamento ou sabe Deus como, pois não sei
explicar muito os meus fenômenos. Sei apenas alguns truques para
fazer esta desarmonia, ou desagregação de forças em favor.
E vou me desarmonizando... Penso nas coisas que aquelas pes-
soas à minha frente gostariam de possuir, ligeiras preces (preces
do pensamento, não canto), até que eu sinto que as moléculas do
meu plexo se deformaram. E como sabemos que elas se deformam?
Sabemos por que sentimos vontade de sair “dali”, impaciência, ligei-
ros cansaços. As pessoas vão melhorando; é ligeiro, menos de meia
14
ZELAYA, N. C. Quinta carta da Corporação de Mestres Adjuntos. Vale do Amanhecer, DF: 9
out 1984. Templo Remano do Amanhecer - Brasil. 27 de fevereiro de 2018. Disponível em:
<http://Temploremano.blogspot.com/2018/02/5-carta-da-corporacao-de-mestres.html>.
Acesso em: 7 jun. 2019.
489
Anexos
hora. Este é o instante em que podemos dizer: estou em harmonia
com o meu plexo, pois sinto que está havendo deformação, estou
para o bem.
Quantas pessoas estão harmonizadas em suas vidas profanas,
seus plexos não se deformam e vem o perigo de desencarnarem e
serem enterradas com o microplexo preso ao plexo físico! Quando
o homem desencarna e é enterrado nestas condições, fica o Espírito
inconsciente, ali mesmo pelo cemitério, até que a benção de Deus...
Salve Deus!
Meu filho Jaguar, o charme é a presença divina na Terra.
O charme não volta, ou seja, as energias que compõem a sua
formação não têm retorno ao seu ponto de partida ou à sua origem.
O charme protege o homem demais, é a força que sustenta o
corpo, se espalha no corpo físico (é subcutâneo), logo depois da pri-
meira pele. Quando desencarnamos, sai do corpo físico, igual a uma
fumacinha, em forma espiral e fica próxima do mortinho. Após o seu
enterro fica ali pelo cemitério.
Quando conseguimos subir sem dívidas, quando manipulamos
todo este charme, ele é, então, levado pelos mentores para a cura
daqueles que mais necessitam. Quando eu desembarcar, alguém,
passando por onde eu passei, poderá receber a cura, uma graça. Nos
planos espirituais dirão: é compreensível, ela passou por ali e mani-
pulou todo o seu charme.
O corpo físico é ornamentado pela herança transcendental, o
mesmo que charme. Quando fazemos as consagrações estamos jus-
tamente buscando as nossas heranças.
Meu filho Jaguar, antes de prosseguir nos assuntos reservados
para esta carta, quero lembrar-lhes que nem toda força que desagre-
ga é tudo de bom, como no exemplo do plexo. Existem em nós forças
em pontos vitais que quando desagregam é tudo de mal. Lembre-se
do interoceptível e das forças incríveis que desagregam quando nos
desequilibramos. Não preciso explicar. É tudo de mal.
490
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Meu filho, como Espíritos reencarnados, somos corpo físico, alma
e perispírito. Em função de cada uma dessas constituições existe um
Plexo, assim distribuídos:
Corpo físico ou plexo físico – o corpo físico é composto por par-
tículas atômicas... Um grupo de átomos constitui a molécula e as
moléculas reunidas formam o corpo. O plexo físico, também deno-
minado plexo nervoso ou plexo vital, é um universo em miniatura,
condensado em células vivas. É o plexo mais dinâmico das nossas
emoções que governa os nossos desejos, é o mais coerente com a
vida na Terra: nascimento, vida e morte. Este plexo tem por obrigação
emitir vitalidade aos outros dois, que são o micro e o macroplexo,
que falaremos a seguir.
Observamos, então, à luz desse conhecimento, que é o plexo físi-
co a base principal de recepção e emissão das energias dos diversos
planos e é o plexo responsável pela redistribuição dessas mesmas
forças ao micro e ao macroplexo.
Alma ou microplexo – a alma, o pequeno corpo, é posicionada em
nosso corpo físico entre a cintura e a nuca. É a alma o corpo sanguí-
neo do espírito... Se revela pelos nossos pensamentos, é quem rece-
be e emite as vibrações. É a alma a sede dos sentimentos, este Eu, o
núcleo central das decisões. É na alma onde vive a minha individua-
lidade transcendental, a emitir a minha personalidade transitória...
Perispírito ou macroplexo – essa forma é Deus, é energia lumino-
sa de ação e reação... É o invólucro do corpo, uma forma inorgânica
sensível, sua espécie é dolorosa, e é o perispírito que projeta a nos-
sa roupagem, ou nossa indumentária, ou seja, pelo pensamento....
Por um conjunto de atrações provocadas e convergidas pela mente...
Pelo pensamento... Emitem impulsos aos perispírito que molda, cria
a sua roupagem, ou sua indumentária, mesmo no caso do Espírito
sofredor, que tem o perispírito apagado. Tanto no invólucro terrestre
quanto no invólucro astral, temos a saber que o perispírito é o mais
importante, o mais poderoso, não é tocado pelos nossos desejos,
está sempre presente e não se inflama. É o mais significativo em ra-
491
Anexos
zão de suas células. É o perispírito que emite a alma. É independente
dela, se movimenta, atrai, comunica.
É o perispírito que retém, guarda e conserva a modalidade adqui-
rida durante a nossa vida na terra. O perispírito é a sede da evolução,
ou seja, no perispírito fica o registro da evolução do Espírito.
Meu filho Jaguar, analisemos, agora, com mais profundidade o
plexo físico, o microplexo e o macroplexo como se fossem três for-
mas de vidas diferentes e separadas. Porém, não devemos nos es-
quecer que os três estão em um, pegando como exemplo o átomo,
que é formado pelo ânion, cátion e neutrom. Quando atinjo um obje-
to, não atingi o ânion ou cátion ou o neutrom, separadamente, mas,
sim, o átomo. Impossível separá-lo. O ectolítero fica entre os três
plexos. É o sol interior que emite para os plexos – corpo físico (plexo
físico), alma (microplexo) e perispírito (macroplexo).
Falamos aqui no Espírito, na sua condição de reencarnado. O
Espírito humano, ou o Espírito em sua condição de reencarnado, é
simplesmente um Espírito revestido por um corpo físico, com sua
força subdividida pelo plexo físico e microplexo, e que, ao desencar-
nar, simplesmente se liberta do corpo, seguindo o curso natural de
sua evolução.
Quando o Espírito desencarna, fica o plexo físico, e vão o mi-
croplexo e o macroplexo, que vão se apurando... apurando, até que
o Espírito se torna divino e conquista o terceiro plexo: Pai, Filho e
Espírito Santo – Santíssima Trindade ou Chave do Verbo Divino.
Falamos aqui no Espírito fora da matéria, em sua vida além-física.
Salve Deus!
Com carinho,
A mãe em Cristo Jesus.
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 03 de junho de 1984.
492
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 11 – Carta de Tia Neiva15
Ectolítero, ectolítrio e o ectoplasma
Meu filho Jaguar,
Como explicar esta Doutrina, que os anjos e santos nos confia-
ram, se quanto mais penetramos nos domínios psíquicos tanto mais
difícil se torna a nossa jornada?
Meu filho, nos encontramos na situação do viajante que atravessa
uma região nunca percorrida, na qual não há retorno, e sem vaguear,
caminhando sem guia confiante, apenas na sua formação recente-
mente reencontrada, equilibrada pela sua formação, entregue à sua
perspicácia.
É uma doutrina e um gigante, que adormecido repousa por trás
de três portas hermeticamente fechadas.
Sim, meu filho Jaguar: três portas resplandecentes que significam
o Poder Iniciático da Vida e da Morte – Integração e Desintegração,
sendo a terceira a do Círculo Esotérico a Ciências Ocultas da
Comunhão do Pensamento.
Sim, filho, encontra-se logo após algumas jornadas da visão do
campo e da forma verde, do aroma das matas. Sim, filho, a força é a
que manipula a sua força vital, que se transforma na força do Jaguar,
que vem da primeira Iniciação “Oxinto”, quer dizer – “seja manso
como a pomba e sagaz como a serpente”.
Estas atitudes de rituais e comportamento, de compromissos,
tornam a mente do Homem perceptiva. O Homem só penetra nos
domínios extras sensoriais quando aceita um ritual, seja qual for.
15
ZELAYA, N. C. Ectolítero, ectolítrio e o ectoplasma. Carta de Tia Neiva, escrita em 9 fev
1980, Vale do Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em
1984 pelo Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 2, p. 26.
493
Anexos
Paulo, um jovem cidadão médico, perdeu sua filha de 8 anos.
Paulo vivia pelos cantos, desesperado, porque, apesar de ser um
Jaguar, não acreditava na vida fora da matéria. Ele sofria terrivelmen-
te a perda de sua filha. Passava horas com a sua esposa em lugares
escuros.
Certo dia, uma família espírita, na qual Paulo nunca acreditara, o
ensinou o que deveria fazer: uma pequena mesa forrada de branco,
um copo d’água, um pequeno jarro de rosas (que ela tanto gostava)
e, ali, ficaram à espera do que poderia acontecer.
Nisto, ouviu-se um soluço e logo depois a vozinha esperada, que
disse:
– Paizinho, vim buscar meu cordãozinho que o senhor me deu
quando eu nasci. Sim, pai, te vejo, todos os dias, quando estás pen-
sando em mim.
– Sim, filha – disse o homem, que até então não acreditava – vou
buscar, está no cofre...
– Não, pai, já está no meu pescoço, tu não o encontrarás mais.
Voltarei, paizinho, para este lar, tão logo me permita Deus.
Paulo foi depressa ao cofre e não encontrou o cordãozinho. Só ele
sabia que ninguém abriria o cofre, pois, só ele tinha a chave...
Quatro anos depois daquele ritual, uma linda menina de dois
anos de idade lhe perguntava: - Papai, onde está o meu cordãozinho?
E, segurando a sua mão, o levou até o cofre que ainda estava no mes-
mo lugar. Ela batia as mãozinhas, dizendo: - Abre! Abre!
Paulo abriu o cofre e lá estava o cordãozinho, do mesmo jeito que
o deixara, inclusive com um pequeno coração, também de ouro, que
acompanhava o corão. Ele conservava ainda a marca do dentinho,
mordido que fora pela menina.
494
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Enquanto ela gritava – dá, dá, é meu –, Paulo, trêmulo, beijava a
pequerrucha, dizendo: – oh! Meu Deus! Devolvestes a minha filha,
não tenho dúvidas.
Paulo passou o resto de sua vida fazendo rituais, para achar e
explicar a constituição da consciência.
Faz-se preciso a maior concentração da alma sobre si mesma, a
mais profunda introspecção, fazendo agir a percepção, nessa busca
para encontrara os fatos, agindo à luz da razão, em todos os campos
psíquicos.
Ora, filho, eu venho demonstrando e tenho certeza de havê-lo
feito rigorosamente, a evolução da força, desde a polarização que
produz as afinidades, congregadas e transfundidas, que constituem
a força vital ou biogênica, que se desdobra ao assumir sua ativida-
de na motricidade da sensitividade, cuja força cria no reino vegetal,
fortalecendo o reino animal, que também manipula o ectolítero para
ectolítrio, que é uma energia que, depois de manipulada, se faz des-
prender do plexo e se faz ectoplasma.
O ectoplasma é uma energia fluídica, de corpos fluídicos que po-
dem materializar e só ilumina pelas seguintes formas: “concentração
e um ritual qualquer do condutor”.
Um ritual pode ser apenas uma mesa com uma toalha branca e
pessoas concentradas em Jesus, como pode ser um grande susto ou
uma grande dor.
O ser humano está a meio caminho de uma vasta escala de enti-
dades consciente, em evolução; algumas num estágio de evolução e
outras num estágio inferior, mas, sucede sempre o mesmo. O fato
é, filho, que muitas vezes nos enganamos com o comportamento
de outros, sem perceber as grandes heranças que o homem carrega
consigo.
495
Anexos ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões

E, sim, filho, o ectolítrio vive entre os três reinos de nossa nature-

za, ectoerezultante da energia [ecto - resultante da energia]; ecolítero
energético (“litero” se movimenta para emitir o ectoplasma). [ecolí-
tero – fluxo energético; lítero se movimenta para emitir o ectoplasma].
Por hoje, é só.
Com carinho, da mãe em Cristo,
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 9 de fevereiro de 1980.
Anexo 12 – Carta de Tia Neiva16
Caminhando no espaço
4ª Carta de Tia Neiva aos Mestres Adjuntos Ramas 2000 Herdeiros
Houve uma era em que o sol e a lua apareciam e ainda não se
entendiam, nem o dia nem a noite. Era a Terra uma grande formação
e seus habitantes não surgiam.
A terra gerava muitos animais, mas ainda não sabia gerar o ho-
mem. Porém, tudo era Deus! Deus pintando lindas aquarelas, plan-
tando e fazendo nascer árvores. Plantou e viu nascer, crescer. Abriu
as cachoeiras, os regatos... Emitia em canto a sua luz silenciosa...
E ficava hieroglificamente a sua harmonia luminosa, até que uma
grande nave chegou a este maravilhoso planeta e seus tripulantes
se comprometeram... Trazer... voltarem e formarem seus habitantes.
Subiram... Subiram e desapareceram no resplendor de suas estre-
las. Eram inluz na Terra! E, assim falando, assim cumpriram.
Voltaram... Voltaram, porém aqui não poderiam ficar, com o aro-
ma das matas frondosas, das rosas... que Deus, tão seguro, já havia
plantado. Não poderiam... não conseguiriam respirar, se não crias-
sem o plexo físico.
Criaram, modificaram, engrossaram a sua estrutura e este Deus
se fez homem, ficando esclarecido que o homem como Espírito po-
dia viver na Terra.
E, assim, puderam voltar, puderam ficar. Porém, a ausência do
contato com outros mundos, de outras matérias... Salve Deus!
E então, o homem começou a se promover, esfera sobre esfera,
em ritmo de luz e sombras, paz e guerra, amor e ódio... veio o gran-
16
ZELAYA, N. C. Caminhando no espaço: Quarta carta de Tia Neiva aos Mestres Adjuntos
Ramas 2000 Herdeiros. Carta de Tia Neiva, escrita em 11 de junho de 1984, Vale do
Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em 1984 pelo
Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 1, p. 108-109. Disponível em:< https://www.academia.
edu/7444406/Acervo_Doutrin%C3%A1rio_-_Vale_do_Amanhecer_-_Vol._I>. Acesso em: 14
abril 2019.

496 497
Anexos
de perigo: A falta de contato, a solidão... Largavam-se do seu plexo
físico e caminhavam sem harmonia, sem consciência. Com isso co-
meçaram a se perder, desaninharam-se... pois o Espírito reencarnado
depende do plexo físico, pressão sangüínea... ectolítero, ectolítrio,
ectoplasma... Salve Deus!
Porque este desajuste tão grande, se eram seres divinos?
O plexo físico orgânico, desajusta o plexo etérico, principalmente
quando vivemos na baixa individualidade.
O Espírito entra no corpo e é invisível no plano físico, porque não
tem Charme. Não tem charme antes do contato com a carne.
O charme é um átomo... uma energia que se refaz na Terra, da
vibração da Terra, do aroma das matas, das águas... O charme é uma
energia. Por exemplo: se um disco, uma amacê, desgoverna-se em
direção à Terra, não cairia como um avião. Ficaria balançando a 1 km
acima da faixa da terra, porque não tem charme, átomos... não sei
bem as entidades não me dão uma resposta decisiva.
A amacê não cairia na Terra, assim como os Espíritos não podem
pisar na Terra. Aparecer, sim; pisar na Terra, não. Afirmo, por isso,
que nenhum disco baixa na Terra e leva passageiros. Espíritos reen-
carnados, impossível!
O plexo físico é que traz a vibração... forma o charme e, inclusive,
liga o Espírito ao feto.
O plexo físico é formado por energias do próprio planeta Terra.
Por exemplo: o aroma das matas frondosas, das cachoeiras... é o
charme que se refaz das têmperas das pedras, do lodo, das campi-
nas, dos mares...
Meu filho Jaguar:
Somos a centelha divina do verbo reencarnado...
Verbo reencarnado, verbo luminoso.
Salve Deus!
Tia Neiva
Vale do Amanhecer, 11 de junho de 1984.
498
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 13 – Carta de Tia Neiva17
Doutrinador e apará
Meu Filho Jaguar, Salve Deus!
Sabemos que existem muitas mediunidades, porém o doutrina-
dor e o apará são a base para seguir a missão. Sem o desenvolvimen-
to de um desses aspectos nada é feito no plano iniciático.
Muitas vezes eu me vejo em situações difíceis, para depois ver
um médium se acomodar, acomodando-se em sua mediunidade.
Todo homem tem sua missão na Terra e, geralmente, vem com
seu plexo aberto para cada missão. É possível, também, completar o
seu tempo em uma e se voltar para outra missão, com muito cuida-
do, porque cada desenvolvimento desenvolve, também, o seu plexo
nos três reinos de sua natureza. Naturalmente, é desenvolvido de
acordo com a sua missão.
Resumindo, veremos que o plexo nervoso é um universo perfeito,
em miniatura. É o plexo mais dinâmico de nossas emoções. No fun-
do, é quem governa todos os nossos desejos e é coerente com a vida
na Terra: vida, nascimento e morte. É condensado em células vivas.
Os plexos regulam os movimentos, sem participação do cérebro,
automaticamente, por impulsos vindos dos plexos correspondentes.
Os plexos influenciam o ritmo da vida psíquica, fazendo, sempre,
as suas modificações quando se deslocam um sobre o outro. E isto
acontece pelo desenvolvimento e pelas consagrações.
17
ZELAYA, N. C. Doutrinador e apará. Carta de Tia Neiva, escrita em 27 de outubro de 1981,
Vale do Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em
1984 pelo Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, vol. 1, p. 123. Disponível em: < https://www.
academia.edu/7444406/Acervo_Doutrin%C3%A1rio_-_Vale_do_Amanhecer_-_Vol._I>.
Acesso em: 14 abr. 2019.
499
Anexos
O médium desenvolvido não deve ficar muito tempo fora da lei de
auxílio, pelo perigo de adoecer. O trabalho e os seus sentimentos são
o que alimentam todos os casos do sistema nervoso.
O veículo do recebimento desta força armazenada no centro
apropriado – que é o plexo – emite, também, nos órgãos internos,
segundo sua necessidade momentânea, na concentração das forças
centrífuga e centrípeta.
Eis porque não tenho medo de mistificação destes aparelhos ben-
ditos de Deus.
Seus bônus são luminosos porque fluem de seu plexo, que reser-
va, também, o seu sol interior de suas três naturezas. Isto digo do
doutrinador e do apará.
Já reparou, filho, que as iniciações são bem diferentes. Cada me-
diunidade é regulada à sua faixa, que são, também, as doze chaves
do Ciclo Evangélico Iniciático, após receber o mercúrio significativo,
sal, perfume e mirra. Tal é a origem desta tradição cabalística que
compõe toda a magia em uma só palavra: Consciência!
Traduzir este conhecimento é ter a chave e estar a caminho de
Deus. É só nos colocarmos a caminho de Deus no Segundo Verbo,
que é a palavra realizada por Atos na linha do amor e na linha do
desespero.
Por exemplo: eu estou no segundo verbo. Sou uma agla. E só po-
demos nos dar ao luxo de ser uma agla quando temos consciência de
todas as coisas e passamos pelas dores da Terra.
Filho, no dia em que fui consagrada como Koatay 108, não tive
tanta emoção, ou não foi igual, àquele do meu ingresso no Segundo
Verbo Agla.
– Agla! – gritaram – Agla Koatay 108!
– Vou morrer! – pensei – Não é possível!
500
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Tive medo da regressão, lembrando-me das palavras dos Sábios:
– Não farás o que a natureza não faz, e a natureza fará o que tu
poderás fazer! Confiamos a ti todas as iniciações dolorosas, e nos de-
volveste obra de Atos. Pronunciamos cabalisticamente o nome Agla
porque sofrestes as provas da iniciação. Vire-se para o Oriente, por-
que tens o poder das três raízes na figura de Koatay 108, do Grande
Morgano 108 – O Grande Talismã Morgano 108!
Sim, filho, mesmo as grandes iniciações têm as suas regressões,
às vezes muito maiores que as nossas. E na Magia de Nosso Senhor
Jesus Cristo – a única que eu conheço – e que também não aceita
interferências, há regressão, mesmo pela dor cármica.
Ao Iniciado de Nosso Senhor Jesus Cristo não é admissível, no
mundo cabalístico, dizer que cometeu desatinos levado por corren-
tes negativas. Consciência é a palavra...
Se a consciência falhar, entra no quadro de regressão, porém sem
qualquer prejuízo do destino traçado aqui na Terra. Somente a es-
quizofrenia dá este direito, porque os esquizofrênicos recebem pelo
seu triste compromisso. O esquizofrênico é atingido em seus dois
sistemas: cérebro-espinhal, que serve as ações e movimentos con-
trolados pelo perispírito e o vago-simpático, que realiza as funções
da vida vegetativa.
Somente os grandes cientistas voltam com este compromisso,
para desafiar sua ciência sem a ciência de Deus. Porém, ainda não
conseguiram, porque, sem Deus, o homem não se encontra senão
com sua própria esquizofrenia.
Em resumo: o iniciado, que fez sua consagração consciente, só irá
errar se for esquizofrênico. Estaciona, porém não regride. A regres-
são, repito, não tira nada físico e não muda o curso da vida. Apenas,
perdendo sua proteção, o mesmo sofria mais, uma vez que a prote-
ção o vinha ajudando.
501
Anexos
Chamamos desagregação de afeto à estabilidade de contínuas
renovações das células. A força de energia, força magnética, que
muitos homens possuem em abundância para grandes curas e que,
apesar de tudo que aprenderam, se deixam ficar em seu bem-estar,
até que este potencial se acabe.
Salve Deus, filho! Aos poucos vou mostrando os comandos da
Magia Cabalística.
Não reparem esta cartinha, se ela estiver confusa. Estou aprovei-
tando as horas aqui no hospital, com o pensamento sempre voltado
para o meu filho em Cristo Jesus.
Tia Neiva
Brasília (Hospital Santa Lúcia), 27 de outubro de 1981.
502
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 14 – Carta de Tia Neiva18
Sandays são casas transitórias
Meu Filho Jaguar,
No campo da mediunidade muito pouco poderemos falar.
Falemos então das duas forças básicas existentes do Mestre Jaguar
em suas forças distintas.
Sabemos que o apará é força vibratória e o Doutrinador é a força
básica de sua manifestação silenciosa, porém concreta.
O apará em sua força vibratória, fica limitado a trabalhos de co-
mando, isto é, quanto mais forte a faculdade mediúnica de um 5º
Yurê, mais ele entra nas sete linhas de Olorum, é então Deus na sua
grandeza infinita.
Meus filhos, vamos falar agora na grandeza que acabamos de re-
ceber. Os Sandays.
Os Sandays são casas transitórias enormes que repousam perto
de capela e espalham as suas estrelas luminosas.
Aqui no Templo, nos Sandays, existem três Oráculos que já estão
em preparação para o III Milênio, que são: Oráculo de Simiromba,
Oráculo de Olorum e o Oráculo de Obatalá.
Meus filhos, os Sandays, como já disse, são casas transitórias
muito grandes, perto de Capela, onde existem as três poderosas
Forças que nos guiam: Oráculo de Simiromba, Oráculo de Olorum e
o Oráculo de Obatalá.
18
ZELAYA, N. C. Sandays são casas transitórias. Vale do Amanhecer, DF: 13 de agosto de
1982. Vale do Amanhecer. Adjunto Romar Mestre Romulo Acioly, 22 jul 2016. Disponível
em: <http://salvedeus.com.br/?p=3301>. Acesso em: 14 abr. 2019.
503
Anexos
Desses Oráculos partiram 21 (vinte e um) Sandays, ou seja, 3
(três) falanges que se encontram à minha mercê, à mercê de Koatay
108. E nesta força decrescente, nesta contagem, vinte e uma Estrelas
denominadas a cada Mestre, porém, numa hierarquia.
Cada Mestre tem a sua distribuição própria, a sua origem e a sua
tribo.
Deixo bem claro que todos nós somos da mesma tribo, porém
muitos mestres se comprometeram com outros que não são da sua
tribo, da mesma origem. Porém, nós respeitamos a sua energia, o
seu plexo e o seu ectoplasma.
A força mesmo sendo a mesma, cada um tem a sua precisão para
cada trabalho: Harpásios, Sivans, Vancares, Cautanenses, etc.
Vancares e Cautanenses, por quem estamos aqui e devemos todo
este esclarecimento.
O 5º Yurê Vancares ou Cautanenses, após receber a instrução de
sua Estrela, terá a força necessária e precisa para certos comandos.
No entanto, um 5º Yurê ou Mestre Lua não pode sentar-se sozi-
nho em uma Cassandra, porque ele entra nas sete Linhas de Olorum
e vai formando a sua vibração fluídica, podendo assim atrapalhar
todo o comando de um Trabalho oficial.
Meu filho Jaguar, hoje é o que te posso dar.
Com carinho, a mãe em Cristo Jesus.
Tia Neiva
Vale do Amanhecer-DF, 13 de agosto de 1982.
504
ESTUDO DA CONDUTA DOUTRINÁRIA: Percepções e Reflexões
Anexo 15 – Carta de Tia Neiva19
Os processos reencarnatórios
Meu Filho Jaguar,
Salve Deus!
Sabemos que o perispírito retém, guarda, conserva a modalidade
adquirida durante a vida corpórea do ser. Cada indivíduo, filho, im-
prime certa modificação à sua aura, de conformidade, também, com
suas necessidades, de como e onde vai reencarnar. Vem, então, dota-
do de sua força psíquica, quer em um ou em outro caso de reencar-
nação ou volta da alma à vida corpórea. Sim, filho, a força psíquica,
quando chega a ser Espírito humano – a alma, tem necessariamente
gravada no perispírito todas as qualidades distintas e caracterizadas.
Sim, qualidades que são as condições absolutamente indispensáveis
à manutenção da vida para cada um. Mais timidez, mais audácia,
tudo em conformidade com sua missão na Terra [programa de reen-
carnação], porque a alma humana é o produto da evolução da força
através do reino de sua natureza. O mundo é um hospital, onde a
cura é a própria desobsessão, porque a energia extra etérea é átomo
que se revela na aura.
Sim, filho, cada indivíduo concorre para o caráter do seu grupo
que se compõe de diversos graus, desde variedade até a espécie.
Apesar dos milhares de Espíritos, tudo gera, se afina, na individua-
lidade. Nascer, morrer, reencarnar, progredir sempre [processo de
aprendizagem], na sensação de fenômenos diversos, físicos, abalos
fisiológicos, a comoção nervosa, a sua transformação no cérebro,
efeito, a reação orgânica de atração e de repulsão das emoções.
19
ZELAYA, N. C. [Os processos reencarnatórios]. Carta de Tia Neiva, escrita em [1980], Vale
do Amanhecer, DF. Do Acervo da Clarividente Tia Neiva, material compilado em 1984 pelo
Adjunto Yumatã, Mestre Caldeiras, v. 1, p. 52.
505
Anexos

Temos, assim, o conhecimento fisiológico denominado consciência

que se estabelece entre o “Eu” e o “Não Eu”. Cada indivíduo é um ce-
nário diferente, porque age na individualidade [experiências vivenciais
personalizadas].

Cada aparelho sensitivo recebe a transmissão e transmite ao cé-

rebro, que é o órgão da inteligência, a impressão de uma certa or-
dem de fenômeno [órgão responsável pela circulação e manifestação
das energias inteligentes ou correntes mentais ou, pensamentos]. Estas
impressões convertem-se em uma só pessoa: a mãe. O Espírito que
souber escolher a sua mãe material tem mais condições, mais facili-
dade de se evoluir, porque toda evolução é amor. Inclusive, as células
são alimentadas. A sede do amor está na alma. Cada criatura recebe
de acordo com o que merece. Meu filho, no campo cerebral é que os
conhecimentos se imprimem em linhas fosforescentes.

Tia Neiva

506
Esta é uma obra mediúnica inspirada e
orientada por Veberdes – Cavaleiro Águia
Tumuchy –, Espírito ligado à Doutrina do
Amanhecer, instituição cujo objetivo é promover
a cura desobsessiva de Espíritos sofredores e
obsessores, ou seja, Espíritos que não estão em
condições normais de conduzir seus processos
evolutivos com relativa paz.
Na primeira parte, predominam informações
sobre a Doutrina do Amanhecer, “criada” por
Tia Neiva, sob orientação de Pai Seta Branca e
Mãe Yara, e que funciona basicamente por meio
de rituais como forma de estabelecer as ligações
mentais entre a Terra e o Céu. Em razão disso, a
conduta doutrinária, um tipo de comportamento
humano, torna-se um dos principais insumos
para seu funcionamento e a boa interação entre
seus membros.
A segunda parte traz uma série de informações
teóricas no contexto da Psicologia Espiritual
sobre a conduta humana, cuja base de
manifestação depende das experiências
vivenciais que vão se acumulando no Espírito
na medida em que ele vai caminhando ao longo
das eras. Cada reencarnação significa uma
oportunidade para o Espírito enriquecer um
pouco mais seu repertório comportamental
e se libertar de determinadas lacunas de
aprendizagem.
Não só os integrantes da Tribo do Jaguar,
mas quem busca conhecimentos sobre
a vida espiritual e quem se interessa por
estudos do comportamento humano, como a
conduta doutrinária, todos encontrarão aqui
esclarecimentos a muitos questionamentos.
Para melhor compreender o fenômeno do
comportamento humano, é preciso levar em
conta variáveis espirituais ainda pouco ou nada
consideradas pelas ciências da Terra.