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Disciplina:

Habilitação e Reabilitação dos


Distúrbios da Audição

Profa. Dra. Mônica Pires de Castro

Curso de Fonoaudiologia
UNIVERSIDADE DE FRANCA
Dispositivos Eletrônicos
de Amplificação Sonora
Aparelho Convencional

Aparelho, fio e receptor


Aparelho, fio, receptor
e molde

Entrada para audio


Aparelho retro-auricular

Aparelho e molde Componentes do


aparelho
Aparelhos intra aural: intra
auricular e intra canal

Função ligar/desligarde três tipos


diferentes de aparelhos do tipo
intracanal
pilha

Aparelho intracanal
Tipos de aparelhos
Tipos de aparelhos e posicionamento na região
da orelha externa
Aparelhos micro canais
Considerações gerais

 Necessidades da pessoa portadora de perda auditiva:


 compreender fala
 diminuir presença de ruído.

OBS: severa/profunda – dificuldade em ouvir sua própria


fala – problemas na produção da fala – processo
global da comunicação mais difícil.
Prótese auditiva
conceitos iniciais - indicação


Introdução: (Gerber, 1974)
Energia - 95% - 125 a 1.000Hz
Inteligibilidade - 95% - 1.000 a 8.000Hz

 65 dBNPS equivale a 45 dBNA


 nível bom para o sinal de fala = inteligibilidade.
Relação da adaptação do AASI com
processo de reabilitação


adultos - maior habilidade possível de compreensão
e produção da fala.


crianças – habilitação:
 adquirir o complexo sistema linguístico e a utilizar a
linguagem de maneira apropriada
 ajudar a criança a desenvolver a habilidade de se
comunicar.
O processo de habilitação e/ou
reabilitação auditiva

Primeira fase: identificação do problema

 tipo e grau da perda auditiva


 impacto da deficiência sobre a família, desenvolvimento da comunicação,
social, educacional e cognitivo.

Adultos: valores da audiometria tonal / logoaudiometria, impedanciometria


auto percepção da dificuldades auditivas e comunicativas

Crianças: apoio dos pais, avaliação de habilidades da linguagem, fala,


treinamento auditivo e de Leitura Orofacial (LOF).
Segunda fase: o tratamento

 O aparelho – melhor benefício para os pacientes que


possuem perda média entre 40 e 85 dBNA.

 Tempo de início da perda auditiva também é um outro


fator a se considerar além do tipo e grau da perda.


Inicia-se com a seleção e colocação de um aparelho
auditivo apropriado e é seguido por um treinamento
intenso em habilidades comunicativas.
Amplificação para os deficientes auditivos
Pode ser:
Bolso (convencional)
óculos
retroauricular
intra-auricular
intracanal.

Obs:
= aparelhos completamente intracanal (CIC) ou totalmente intracanal (TIC) – início da década
de 90.

= aparelhos auditivos de condução óssea (pacientes com deformidades do pavilhão auricular).


 Objetivo do aparelho auditivo:


Tornar audível a fala, sem causar desconforto ou
distorção.
Prescrição de aparelho de
amplificação sonora individual (AASI)

 Para a prescrição do AASI é necessário ter as noções


básicas de:

Ganho = grau da perda auditiva

saída máxima = nível de desconforto

faixa de frequência = configuração do audiograma

mecanismos de compressão = área dinâmica de audição


CANDIDATOS À AMPLIFICAÇÃO
 Indivíduos com perda auditiva neurosensorial.

 Considerar qualquer pessoa com dificuldade de comunicação


devido à perda auditiva.


Considerar: - motivação do paciente
- aceitação da perda auditiva
- preocupações estéticas
CARACTERÍSTICAS ELETROACÚSTICAS


ganho: quantidade de amplificação fornecida. É a diferença
em dB entre o nível de entrada e o nível de rendimento em
uma determinada frequência.


nível de saturação da pressão sonora (NSPS) = saída:
significa o nível máximo possível de pressão sonora que
pode ser produzido.

 Padrão ANSI S3.22, 1992.



O ganho pode ser medida em diversas frequências. A
maioria fornece na faixa de freqüência de 200 a 5000 Hz.

 CRF: mostra como o ganho varia em função da


freqüência média de 1000/1600 e 2500 Hz.

 São usadas estas frequências devido à sua importância


na compreensão da fala e porque o aparelho auditivo
normalmente tem seu maior rendimento nesta área de
frequência.


Ganho máximo
 Ganho Haic: valor da média do ganho das frequências
agudas
Entrada Ganho Saída

Entrada: é o sinal em dBNPS que entra no microfone da prótese auditiva.

Saída: é o sinal em dBNPS que é entregue à orelha quando o aparelho


está funcionando.

Ganho: é a diferença, em dB entre o sinal que entra e o que sai.


Representa o quanto o sinal de entrada é amplificado.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS
AASIS
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS PRÓTESES
AUDITIVAS

As próteses auditivas são compostas de diversas


partes e controles que garantem a amplificação
sonora e permitem o ajuste dos parâmetros de
amplificação para que o usuário receba o som mais
adequadamente.
CONTROLES INTERNOS DOS AASI

Microfone
Microfone (transdutor de entrada): é um transdutor de
energia com a função de transformar energia
mecânica/acústica em energia elétrica. Transforma um sinal
acústico em energia elétrica equivalente. É um componente
importante para a reprodução de um som de alta qualidade.

FIGURA ILUSTRATIVA
Características especiais quanto a sensibilidade à direção
da fonte sonora:

— ominidirecional: captam da mesma forma os sons vindos de qualquer


direção. Apresentam uma resposta idêntica para todos os ângulos de
incidência do som. Bom para recepção sem ruído. Atualmente, são os
mais utilizados. São fáceis de identificar devido a existência de uma única
abertura para a entrada do som.

— direcional: captam melhor sons frontais de até um ângulo de 45º,


atenuando respostas de baixa freqüência. Favorece a recepção central e
da fala no ruído. Tem resposta conforme o ângulo de incidência. Também
chamado de microfone de gradiente de pressão, baseia-se na diferença de
pressão entre dois pontos do campo sonoro, por isso possuem duas
entradas de som.
Características especiais quanto a resposta de
frequência:

— ominidirecional: sensibilidade idêntica em toda a faixa de


freqüências dos sons ambientais.

— direcional: sensibilidade menor para freqüências baixas, o


que somado às características de direcionalidade, garante
melhor recepção de fala no ruído.
Avaliação do desempenho do microfone


Sensibilidade polar:

 Omnidirecionais

 Direcionais
cardioide
hipercardióide
supercardióide
Avaliação do desempenho do microfone

 Índice: o quanto o som que vem da direção a


frente é aumentado em relação ao som de trás.
Omni = 0
Cardióide = 4,8 dB
Hipercardióide = 6 dB
Supercardióide = 5,7 dB

Obs.: a cada 1 dB melhora em 10% o IPRF


Avaliação do desempenho do microfone

 Índice de articulação / índice de Direcionalidade


(AI – DI)
AI – frequências mais importantes para a inteligibilidade de fala (2kHZ a 4kHz

AI – DI melhora de até
Intra auricular (ITE) direcional ................. 4 dB
Retro auricular direcional ........................ 3 dB
ITE omnidirecional ................................. 1 dB
Retro auricular omnidirecional .............. 0
Avaliação do desempenho do microfone

 Observações:

1. Tipo de prótese auditiva


ITE melhor que retro porque aproveita as condições
anatômicas da orelha.

2. Qual tipo de microfone é Bom?


- Em situação de ruído = direcional
- Em situação de silêncio = omnidirecional
 Dual – microfones
Dois microfones omni interligados (em fase de amplitude)
Vantagem de 7,4 a 7,8dB na relação sinal ruído.


Microfone direcional
Vantagem de 2 a 4 dB na relação sinal ruído
Maior vantagem nas situações mais difíceis de escuta (fala no ruído)
Tipos de materiais utilizados em sua confecção:

carbono, cristal, cerâmica e eletreto.

— eletreto: é um material sintético com propriedades elétricas.


Apresenta resposta de frequência ampla e plana, baixo ruído
interno, pouca sensibilidade a temperaturas e vibrações, e
pequena interferência de outros componentes da prótese.
CONTROLES INTERNOS DOS AASI

Amplificadores
Considerações iniciais:

 o que muda do aparelho analógico para o digital é


o amplificador.

 Processamento de sinal pode ser:


- analógico ou
- analógico digital
Amplificador: aumenta a amplitude do sinal elétrico captado pelo
microfone. Possui uma capacidade de amplificação própria denominada
ganho.

É o componente mais complexo da prótese auditiva, montado em


circuitos integrados. Permite uma alta complexidade num espaço muito
reduzido, como pedem as próteses mais modernas. Dividem-se em três
partes:
 pré-amplificador;
 amplificador (controles internos);

 amplificador de saída (potência).


No estágio de saída, o tipo de amplificador utilizado
identifica algumas características da prótese auditiva.
São eles:
Classe A: mais utilizado em aparelhos que exigem menor
ganho e saída máxima reduzida. Possui um consumo bastante
grande de pilha e apresenta um nível importante de distorção
quando usado em alta intensidade.
 Resumindo:
- um transistor de saída
- distorce muito o sinal
- pouco eficiente
- usado em aparelhos de ganho médio - moderado
- gasta pilha com ou sem o uso do aparelho (amplificação)
- utilizado em próteses com saída máxima inferior a 125 dBSPL
- pouco utilizado
Classe B (push-pull): caracterizado por baixa distorção,
fornece maior ganho, maior saída e maior resposta de
freqüências com menor consumo de pilha e menor distorção
(dependente da quantidade de amplificação e da intensidade
de entrada do som). Porém, exige um espaço grande na
prótese para sua construção, o que representa desvantagens
quanto aos aspectos estéticos (retroauriculares).

Resumindo:
- usados nos aparelhos push-pull
- 2 transistores
- baixo nível de distorção
- mais eficientes (gastam pilha quando o aparelho está sendo usado)
Classe D: tem alta eficiência com componentes menores. Apresenta boa
resposta de frequência e excelente qualidade sonora, sem necessidade de um
espaço grande para construção.

Amplificador no mesmo bloco do receptor, também usado em próteses


digitais.

Podendo ser utilizados nos aparelhos intracanais. Possui consumo de pilha


muito baixo.

Resumindo Classe D :
- baixíssimo consumo de pilha – máxima eficiência
- pequenos – portanto, utilizados em aparelhos micro canais
- o de melhor qualidade, baixo nível de distorção
Classe K (K-AMP): é uma variação do tipo D, com um circuito
no pré amplificador que controla a amplificação dos sons em
relação à intensidade de entrada do som. Amplifica apenas os
sons de fraca intensidade.

Obs: o K não é um amplificador


- funciona junto com o D. Não é o amplificador, ele modifica o
amplificador classe D
 Nas próteses digitais ou dispositivos eletônicos digitais, a
ampificação do som é feita em diferentes fases:

- Sinais elétricos do microfone passam por um filtro e são transformados em


dígitos por um conversor analógico-digital(A/D).

- Dígitos processados matematicamente, a partir dos algoritmos de cada


dispositivo eletrônico, que pode ampliar ou atenuar o sinal de entrada, de
acordo com as características do dipositivo e das necessidades do paciente.

- Após a criação do sinal de saída, digitos são transformados em em sinais


analógicos, por meio de outro conversor digital/analógico (D/A), filtrados
novamente, amplificdos e encaminhados ao receptor.

Teixeira e Garcez (2011)


CONTROLES INTERNOS DOS AASI

Controle de volume
Controle de volume: também chamado de potenciômetro.
É um regulador do fluxo de sinal elétrico entre os estágios de
amplificação. Controla a potência, o ganho e a amplificação.
Quando o controle está na sua posição máxima, todo o ganho
do amplificador é liberado. O controle é capaz de reduzir o
ganho nominal da prótese auditiva, nunca aumentar.
Controle de volume:

Permite ao usuário controlar a intensidade em que está


recebendo o som, adaptando–se aos diferentes ambientes
sonoros.

O controle do volume, porém, não fornece uma variação


proporcional na amplificação. Não é possível estimar com
precisão, o quanto de ganho é liberado em cada posição.
Recomenda-se fazer medições (ganho funcional e/ou de
inserção) para obter a informação de quanto de ganho é
obtido na posição habitual de uso da prótese.
CONTROLES INTERNOS DOS AASI

Receptor
Receptor (transdutor de saída): tem a função de
“retransformar” o sinal elétrico amplificado em sinal
acústico.

Todos os tipos de receptores das próteses auditivas


são magnéticos (internos e externos). Apresentavam
limitações quanto à resposta de frequências,
atualmente, têm a possibilidade de transmitir
freqüências de até 6000Hz.
Existem dois tipos: via aérea e via óssea.
Fone (via área)

Vibrador (via óssea): estimulando as duas cócleas


ao mesmo tempo, o que traz dificuldade de localização da
fonte sonora.
Pilha
Fonte de energia = pilha

Zinco-ar

 Tempo de estocagem: 2 anos

 Consumo de pilha: depende do tipo do amplificador


Pilha: não é um componente da prótese auditiva, mas sim a
fonte de energia para seu funcionamento. É um reservatório
químico de energia, que se converte em energia elétrica.
Diferentes tipos de próteses utilizam diferentes tipos de pilhas
(alcalinas, zinco-ar, mercúrio, óxido de prata e níquel-cádmio).

A maioria dos aparelhos utilizam as pilhas especiais em forma


de botão, de diversos tamanhos (675, 13, 312, 10-A e 5).
Quanto menor o tamanho da pilha, menor a sua capacidade.
Pilha:

- Zinco-ar: possuem pequenos orifícios que permitem a entrada do


ar. Após a retirada do selo, a pilha entra em funcionamento. Tem
maior durabilidade e menor custo e pode ser estocada por longo
tempo sem perda de qualidade.

- Mercúrio: utilizada em próteses auditivas de grande ganho com


menor distorção. Porém, são poluentes, tem maior custo e menor
durabilidade.
O consumo da pilha varia conforme o tipo de amplificador utilizado,
podendo variar também conforme o ambiente que o indivíduo está
exposto, as posições do controle de volume, entre outros.
Entradas alternativas
ENTRADAS ALTERNATIVAS


Bobina telefônica (T): também chamada de bobina de indução eletromagnética, é
um sistema que capta as variações de um campo eletromagnético e os converte em
sinal elétrico equivalente, podendo ser processado pela prótese auditiva. É
importante, pois é dado ao usuário a possibilidade de desligar o microfone durante o
uso e eliminar o ruído ambiental. Permite também adaptar outros circuitos de
indução magnética (em salas de aula, sistema FM) e auxilia na economia da bateria.


Entrada de áudio: são encaixes para a adaptação de
um fio, que pode ser conectado a outro equipamento
de áudio (TV, rádio). Estes fios trazem sinais elétricos,
que são transmitidos diretamente e processados pela
prótese auditiva.
FIGURA ILUSTRATIVA – Prótese Auditiva
Classificação do canal de entrada de informação
de acordo com
grau de perda auditiva

Auditivo
35

Predominantemente auditivo
70
Predominantemente visual
90
Visual
Fisiologia do sistema auditivo

Orelha externa e
orelha média
Energia acústica
(ganho de energia)
(Som)
2700Hz
17dB

Portanto, as OE e OM têm como função conduzir o som e


promover esta amplificação natural

membrana timpânica : acoplador de impedâncio
 orelha média: outro amplificador (± 32dB)

Células ciliadas externas: eletromotilidade
amplificador mecânico de até 50dB

 participação das células ciliadas externas até sons de 50 dB


(graves) e 65 dB ( para os agudos)
Sons fracos CCE CCI

Sons fortes
Capacidade auditiva depende:

Limiar de audibilidade (L.A.)

Área dinâmica da audição (A.D.A.)

Resolução auditiva
Limiar de Audibilidade

 Dá a idéia sobre a integridade do sistema auditivo.

 diz quanto de amplificação precisa (ganho).


diz quanto do sinal de fala será audível.
Área dinâmica da audição
 indivíduos normais = 90 / 100dB

 Modifica-se com a experiência e aprendizagem


indivíduos com perda profunda ≤ 30 dB
Resolução auditiva

 Habilidade das estruturas da orelha interna e


sistema nervoso de gerar padrões de atividade
neural que reflitam as diferenças de espectro e
tempo dos sons.


Quanto pior for a RA pior a habilidade de
perceber a fala na presença de ruído.

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