Você está na página 1de 125

1

Sumário
....................................................................................................................................................... 1
Classificadores em Libras .............................................................................................................. 3
O que são classificadores? ....................................................................................................... 3
Acessibilidade em Libras é obrigatória .............................................................................. 39
( Texto de : Tanya A. Felipe ) ................................................................................................... 78
Intensificador e Advérbio de modo....................................................................................... 105
3

Classificadores em Libras
O que são classificadores?

Para as línguas de sinais a reprodução da forma, do movimento de sua


relação espacial é fundamental, logo a criação de sinais icônicos é um
fenômeno natural e é o que chamamos também de Classificadores em
Língua de Sinais.

Os classificadores permitem tornam mais claro e compreensível o


significado do que se quer enunciar. Em Libras os classificadores
descritivos “desempenham uma função descritiva podendo detalhar som,
tamanho, textura, paladar, tato, cheiro, formas em geral de objetos
inanimados e seres animados”. (PIMENTA e QUADROS, p.71, 2006).
4

Um classificador (CL) é uma forma que estabelece um tipo de


concordância em uma língua.

Nas línguas do mundo as classificações podem se manifestar de várias


formas.

Podem ser:

• uma desinência, como em português, que classifica os substantivos e os


adjetivos em masculino e feminino: menina - menino;

• pode ser uma partícula que se coloca entre as palavras;

• e ainda pode ser uma desinência que se coloca no verbo para


estabelecer concordância.

Ao se atribuir uma qualidade a uma coisa como, por exemplo:


arredondada, quadrado, cheio de bolas, de listras e etc, isso representa
um tipo de classificação porque é uma adjetivação descritiva, mas isso não
quer dizer que seja, necessariamente, um classificador como se vem
trabalhando este conceito nos estudos lingüísticos.

Para os estudiosos deste assunto, um classificador é uma forma que existe


em número restrito em uma língua e estabelece um tipo de concordância.
Já sabemos que para as línguas de sinais a descrição, a reprodução da
forma, o movimento e sua relação espacial, são fundamentais, pois
tornam mais claros e compreensíveis os significados do que se quer
enunciar, estamos nos referindo então aos classificadores em Libras.

Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por configurações


de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e animal, funcionam como
marcadores de concordância.

Assim, na LIBRAS, os classificadores são formas que, substituindo o nome


que as precedem, pode vir junto ao verbo para classificar o sujeito ou o
objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto os classificadores na
LIBRAS são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL,
COISA.
5

Leitura obrigatória: FELIPE, T. (2002) Sistema de flexão verbal


na libras: os classificadores enquanto marcadores de flexão de
gênero. Anais do Congresso Nacional do INES de 2002.

O uso do espaço é uma característica fundamental nas línguas visual-


espaciais e está presente em todos os níveis de análise. No que se refere
ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado em diferentes
locais, dentre eles o espaço neutro, que corresponde à área localizada na
frente do sinalizante.

Dependendo do ponto utilizado no espaço para a realização de um sinal,


pode haver a produção de sinais com diferentes referentes.

Referente é o que é
indicado/referido no contexto
relacionado com os interlocutores
no discurso. Para saber mais sobre
6

a Teoria da Referência veja


http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
_da_linguagem

Quando se quer ser específico quanto ao referente, é possível realizar um


sinal em uma determinada localização.

Além disso, se o mesmo sinal for reproduzido em diferentes pontos do


espaço, estaremos entrando no campo morfológico, pois poderemos estar
incorporando movimentos que indicam marcação de plural e flexão
verbal.

No nível sintático, o uso do espaço é explorado para estabelecer as


relações gramaticais entre os referentes. No eixo temático de estudos
lingüísticos e línguas de sinais IV, estaremos aprofundando ainda mais
estas questões, pois o uso do espaço é um dos componentes mais
importantes das línguas de sinais, além de ser universal, ou seja, todas as
línguas de sinais estudadas até então apresentam esse componente
lingüístico visual-espacial.

A definição de Grinevald (1996) sugere os quatro


critérios seguintes para distinguir
verdadeiros classificadores de fenômenos classificadores
relacionados:
(a) Classificadores são morfemas explícitos.
(b) Eles constituem um subsistema morfossintático.
(c) Eles são sistemas de classificação semanticamente
motivados que não
classificam todos os substantivos.
7

(d) Eles são sujeitos a condições de uso pragmático-


.
discursivas
8

Tabela de Classificadores:

CL-D Classificador Descritivo: refere-se ao tamanho e forma.


Usualmente produzido com ambas as mãos para formas simétricas e
assimétricas (não descreve posição ou movimento). Exemplo:
- A forma e o desenho de um vaso;
- Desenho de um papel de parede;
- A altura e largura de uma caixa;
- A descrição da roupa ou itens que estão no corpo

CL-ESP Classificador que especifica o tamanho e forma de uma


parte do corpo. Descreve tamanho, textura e forma do corpo de
animais ou pessoas (não descreve posição ou movimento). Exemplo:
- As orelhas de um elefante;
- Bicos de aves diversas,
- Nariz de uma pessoa;
- Pêlo de gato;
- Penteado de uma pessoa;
CL-PC Classificador de uma parte do corpo. Retrata uma parte
especifica do corpo em uma posição determinada ou fazendo uma
ação. A configuração da mão retrata a forma de uma parte do corpo
(descreve posição ou movimento).
- A ação da boca do hipopótamo;
- As orelhas de um cavalo em movimento;
- Os olhos de alguém em movimento;
- A cabeça de alguém repousando no seu ombro;
- Ação dos pés andando na lama;
- A posição das pernas de alguém sentado em uma cadeira.

CL-L Classificador Locativo ou Semântico: descreve um objeto


em um lugar determinado. A configuração da mão pode retratar uma
parte ou o objeto todo ironicamente. Exemplo:
- Uma prateleira onde estão copos ou livros;
- Chão onde caiu um lápis;
- A cabeça de alguém batida por uma bola;
- Alvo onde voa uma flecha;
- Gol onde entra uma bola.
9

CL-I Classificador Instrumental: mostra como se usa alguma


coisa, ou seja, manipulando um objeto. Exemplo:
- Carregando um balde pela alça;
- Puxando uma gaveta;
- Tocando a campainha da porta;
- Virando uma página;
- Limpando com um pano.

CL- C Classificador do Corpo: é similar ao CL-L, porém não mostra


nem a manipulação nem o toque aos objetos. Exemplo:
- Acenando com a mão para alguém;
- Atravessando os braços com beijos espichados;
- Coçando a cabeça com perplexidade;
- Movendo os braços como em correr.

CL-P Classificador Plural: Indica movimento ou posição de um


número determinado/indeterminado de objetos, pessoas ou animais.
Exemplo:
- Três pessoas andando juntas (numero determinado);
- Pessoas sentadas na plateia;
- Uma fila cumprida de pessoas avançando lentamente;
- Muitos carros estacionados na rua.

CL-E Classificador de Elemento: descreve o movimento de


elementos ou coisas não sólidas. Exemplo:
- Água gotejando na torneira;
- Luz piscando como sinal de advertência;
- O movimento de um líquido num copo;
- O vapor subindo de uma xícara de chá quente.

CL-N° CL-NOME Esses classificadores utilizam a configuração de


letras ou números, mas não são partes de uma descrição. Exemplo:
- Números e nome na camisa de futebol;
- Um título de um livro;
- Insígnia em um boné;
- Uma sigla escrita na porta de um banco.
10

Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é


marcado ao se representar duas pessoas ou animais simultaneamente
com as duas mãos ou fazendo um movimento repetido em relação ao
número.

Os classificadores para COISA representam, através da concordância, uma


característica desta coisa que está sendo o objeto da ação verbal.

Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança


entre a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. As vezes o CL
refere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma
parte ou característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995).

O valor semântico de cada sinal dependerá da sua localização no espaço,


pois, como vimos nos exemplos apresentados, o fato de apontar altera
significativamente o entendimento de um sinal dentro de um contexto
interativo. A informação a ser dada sobre um determinado referente
dependerá do local em que o sinal será produzido, por isso, o espaço é
elemento distintivo do que se quer dizer em qualquer que seja a língua de
sinais.

Classificadores, em geral, são formas que estabelecem um tipo de


concordância, que evidenciam uma característica física, atribuindo-lhe
uma adjetivação, por meio da qual os elementos sinalizados são
representados.,

Nas línguas de sinais eles são representados por configurações de mãos


usadas para expressar formas de objetos, pessoas e animais, bem como os
movimentos e trajetórias percorridas por eles.

Os classificadores são, portanto, tipos de morfemas que representam


objetos, pessoas e animais, descrevendo-os quanto à forma, ao tamanho e
incorporando-lhes ações

Em se tratando dos classificadores usados para PESSOA e ANIMAL é


importante ressaltar que eles podem ter plural. Nesse caso, o plural é
marcado ao se representar duas pessoas ou animais simultaneamente
11

com as duas mãos ou fazendo um movimento repetido em relação ao


número.

No caso dos classificadores para COISA, estes são representados através


da concordância, uma característica desta coisa que está sendo o objeto
da ação verbal.

Os classificadores podem vir junto de verbos de movimento e de


localização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do
verbo. Eles exercem a função de marcadores de concordância de gênero
para pessoas, animais ou coisas. Como vimos, os classificadores exercem
um papel crucial na Libras, pois eles ajudam a construir sua estrutura
sintática através de recursos corporais que possibilitam relações
gramaticais abstratas.
12
13

Atividades Configuração de Mão:

profmagnoemouralsb.blogspot.com
14

Desenvolvido por Nelson Pimenta.


15

Atividade com Configuração de mão.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
16

Objetivos específicos-
Conhecer as Configurações de mãos que formam os sinais.
Reconhecer nos sinais uma das unidades mínimas.

Conteúdo
Formação dos sinais
Configuração de Mãos.

Estratégias:
Mostrar a tabela de Configuração de Mãos e explicar que com esses
formatos de mãos podemos construir vários sinais da Libras.
Dar as cartas de CM para os alunos escolherem uma.
Cada aluno com sua carta- pede-se que na ordem do círculo cada uma faz
três sinais que conhecem com aquela CM.
O aluno que não lembrar de três sinais sai da roda.
Ganha o jogo o aluno que conseguir ficar por último na roda.

Recursos materiais
Tabela de Configuração de Mãos.
17
18

Os classificadores fazem uso das configurações de mãos para fazer


referência a algum tipo de propriedade física de uma classe, seja
elaobjeto, pessoa ou animal.

Em sua conclusão, Schembri declara que as CMs usadas em construções


de línguas de sinais parecem constituir um tipo de subsistema
morfossintático que tem algumas propriedades similares a tipos de
palavras que são encontrados em algumas línguas orais, como classes
nominais ou termos de medida; entretanto, por causa da seleção de uma
CM particular ser parcialmente motivada por características perceptíveis
de um referente, e por causa de o uso dessas CMs não ter uma função
classificatória primária, elas não podem ser consideradas verdadeiros
classificadores da forma como são definidos em línguas orais.

Configuração de mão (CM) usada em classificadores em Libras em resposta ao estímulo

Ferreira-Brito identificou alguns dos classificadores mais produtivos em


Libras, os
quais são descritos na Tabela 1:

Configuração de mão Uso e exemplos


19

Usada para representar uma pessoa gorda

Y andando, objetos largos de forma


irregular (como telefone, bule de café, salto
de sapato, ferro de passar roupas,
avião, submarino, chifre de boi), roupas,
alimentos e outros objetos em uma
casa.

CM com algumas variações quanto ao dedo

B polegar estendido ou não, usada


para representar coisas planas, lisas ou
superfícies onduladas (como veículos, o
telhado de uma casa, um pé num sapato, um
livro, uma casa ou rodas de
trem[?]).
20

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
21

1- O eu são classificadores em Libras ?


________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
-

2- Existe Classificadores nas Línguas Orais?

__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________
3- Como acontecem os classificadores em Libras?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
22
23
24

Ditado em Libras
Alfabeto Manual

- 1 folha

- 15 palavras

- 5 frases simples

- Digitalizar apenas letra por letra

Vamos Treinar:

Oi
 Oi
 Bom
 Legal
 Surdos
 Chefe
 Preto
 Escola
 Libras
 Cadeira
 __________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
25

__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
________________________________
26

libras.ufsc.br

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__________________________________________________________
27

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
28

a) Escolha cinco exemplos de classificadores apreendidos para


identificar e relacionar ao cotidiano das línguas de sinais, como
bate-papo numa roda de amigos, apresentação de teatro,
justificando a importância dos classificadores em línguas de sinais.
b) _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
________________________________
29

b) Recorte dez gravuras, faça descrição em língua de sinais e


identifique o tipo de classificador para apresentar no seminário.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
30

c) Identifique duas frases que sejam condizentes com os seguintes


classificadores e apresente no seminário.
d) _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
________________________________
31

- Classificadores descritivos
- Classificadores especificadores
- Classificadores de plural
- Classificadores instrumentais
- Classificadores de corpo
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
32

vamos aprender os conceitos fundamentais da Libras que são o uso do


espaço e de classificadores.
Na língua de sinais brasileira, assim como verificado na ASL (Siple, 1978) ,
as relações gramaticais são especificadas através da manipulação dos
sinais no espaço. As sentenças ocorrem dentro de um espaço definido na
frente do corpo, consistindo de uma área limitada pelo topo da cabeça e
estendendo-se até os quadris. O final de uma sentença na língua de sinais
brasileira é indicado por uma pausa. A figura (1) ilustra o espaço de
realização dos sinais na língua de sinais brasileira, conforme Langevin e
Ferreira Brito (1988)
A língua de sinais brasileira, assim como qualquer língua de sinais, é
organizada espacialmente, de forma bastante complexa. O uso do espaço
é uma característica fundamental nas línguas visual-espaciais e está
presente em todos os níveis de análise.

No que se refere ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado


em diferentes locais, dentre eles o espaço neutro, que corresponde à área
localizada na frente do sinalizante.
Dependendo do ponto utilizado no espaço para a realização de um sinal,
pode haver a produção de sinais com diferentes referentes vejam
osexemplos em sinais
Vejam que a realização de um sinal em um determinado ponto no espaço
implica em mudanças de significados relacionadas com o referente, ou
seja, está ligada a questões semânticas. Quando se quer ser específico
quanto ao referente, é possível realizar um sinal em uma determinada
localização.
Além disso, se o mesmo sinal for reproduzido em diferentes pontos do
espaço, estaremos entrando no campo morfológico, pois poderemos estar
incorporando movimentos que indicam marcação de plural e flexão
verbal.
No nível sintático, o uso do espaço é explorado para estabelecer as
relações gramaticais entre os referentes notaremos que todas as línguas
de sinais estudadas até então apresentam esse componente lingüístico
visual-espacial.
33

Para melhor entendimento segue abaixo texto de leitura


obrigatória..

FELIPE, T. (2002) Sistema de flexão verbal na libras: os classificadores


enquanto marcadores de flexão de gênero. Anais do Congresso Nacional do
INES de 2002

Chama-se classificador um afixo utilizado, em particular nas línguas negro-


africanas, para indicar a que classe nominal pertence uma palavra (sin.:
índice de classe).Dubois

Eles se realizam como morfemas na estrutura de superfície sob condições


específicas; eles têm significado, já que os classificadores denotam alguma
característica saliente ou imputada a uma entidade que é referida por um
nome.

Material:

a) Animado (animais e pessoas, essas também reclassificadas como


mulher, homem e criança)

b) Inanimado (árvores, objeto de madeira, etc)

Formato

Subdividida em objetos longos, planos e arredondados (que podem ser em


uma, duas ou três dimensões) e se associa com outras categorias, como
consistência, textura, etc. Existem três subcategorizações, como
proeminência de curva exterior, objetos com o interior vazio, e também
tem relação com a quantia.

Consistência

Tem três subdivisões: flexível, rígido e não-definido. Está associada a


material e forma.

Tamanho
34

É subdivida em grande e pequeno/a e está associada à forma.

Localização
Relaciona um lugar e está associada com o tipo de objeto.

Arranjo

Relaciona objetos colocados de uma maneira específica.

Quantia

Relaciona uma quantidade e é subdividida em coleção, volume, peso e


tempo.

Morfossintática

Várias línguas apresentavam diversas categorias, como determinantes,


quantificadores, modificadores, de medida, de espécie (de Lyons, em
1977), e outras denominações. Lingüístas, como Allan, em 1977,
estabeleceram os critérios para definir as suas classificações
Na conclusão de Allan, os sistemas de classificadores existentes nas
línguas faladas constituem um conjunto completo e universal e, por isso,
agrupam-se em quatro tipos, conforme observado em mais de cinqüenta
línguas classificadoras. São eles:

1 línguas de classificador numeral .


2 línguas de classificador concordante .
3 línguas de classificador predicativo .
4 línguas de classificador intra-locativo .
35

Línguas de classificador numeral

São línguas em que um classificador é obrigatório em muitas expressões


de quantidade e em expressões anafóricas e dêiticas, como, por exemplo,
a língua Thai

2 línguas de classificador concordante

São línguas em que os classificadores são afixados (geralmente prefixos)


aos nomes e seus modificadores, predicados e pró-formas como, por
exemplo, em muitas línguas africanas (Bantu e Semi-Bantu) e
australianas.

3 línguas de classificador predicativo .

São línguas que possuem verbos classificadores, que variam seu radical de
acordo com as características das entidades que participam enquanto
argumentos do verbo como, por exemplo, os verbos de
movimento/localização em Navajo, Hoijer (1945), e verbos classificadores
em outras línguas Athapaskan.

4 línguas de classificador intra-locativo .

São línguas nas quais classificadores nominais são embutidos em


expressões locativas que obrigatoriamente acompanham nomes em
muitos contextos. Existem apenas três línguas: Toba, uma língua sul-
americana, Eskimo e Dyirbal, uma língua do noroeste da Austrália.
36
37

Atividade
Leitura obrigatória:

FELIPE, T. (2002) Sistema de flexão verbal na libras: os classificadores


enquanto marcadores de flexão de gênero. Anais do Congresso Nacional
do INES de 2002.

A - Leia o texto de FELIPE e faça um levantamento de mais três exemplos


da LIBRAS para cada tipo de classificador encontrado nessa língua:

• Especificadores de tamanho e forma


• Classificador semântico
• Classificador corpo
• Classificador parte do corpo
• Classificador instrumento

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
______________________________________________________
38

Faça uma pesquisa, dando outros 10 exemplos para os seguintes


classificadores :

- Classificador de tamanho e forma


- Classificador de entidades
- Classificador de verbos manuais
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
39

Acessibilidade em Libras é obrigatória


Em janeiro de 2016 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). A lei
promove mudanças significativas em diversas áreas como educação,
saúde, mobilidade, trabalho, moradia e cultura. Uma das conquistas
importantes é do acesso a informação, agora que os sites precisam
estar acessíveis. Além disso, também é exigido que os serviços de
empresas ou órgãos públicos ofereçam acessibilidade para as pessoas com
deficiência.
Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por configurações
de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e animal, funcionam como
marcadores de concordância.

Assim, na LIBRAS, os classificadores são formas que, substituindo o nome


que as precedem, pode vir junto ao verbo para classificar o sujeito ou o
objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto os classificadores na
LIBRAS são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL,
COISA.

Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é


marcado ao se representar duas pessoas ou animais simultaneamente
com as duas mãos ou fazendo um movimento repetido em relação ao
número.

Os classificadores para COISA representam, através da concordância, uma


característica desta coisa que está sendo o objeto da ação verbal.

EXEMPLOS:

1- MESA COLOCAR (copo, prato, talher...)


2- 2- CARRO (mover um atrás do outro)
3- 3- M-A-R-I-A A-L-E-X (passar um pelo outro)

Portanto não se deve confundir os classificadores, que são algumas


configurações de mãos incorporadas ao movimento de certos tipos de
verbos, com os adjetivos descritivos que, nas línguas de sinais, por estas
serem espaços-visuais, representam iconicamente qualidades de objetos.
Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa está vestindo
uma blusa de bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas expressões
40

adjetivas serão desenhadas no peito do emissor, mas esta descrição não é


um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique, estabelece
apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de
concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, que é a característica
dos classificadores na LIBRAS, como também em outras línguas orais e de
sinais.

Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança


entre a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. As vezes o CL
refere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma
parte ou característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995).

Na LIBRAS podemos encontrar dez tipos de classificadores

CLassificador Descritivo:

CL-D

Se refere ao tamanho e forma; utiliza para descrever a aparência de um


objeto, isto é, forma, o tamanho, a textura ou o desenho de um objeto.
Usualmente produzido com ambas mãos, para formas simétricas ou
assimétricas.

Exemplos:

- A forma e o desenho de um vaso

- o desenho de papel de parede

- a altura e a largura de uma caixa

- a descrição da roupa ou dos itens que estão no corpo.

(Não tem movimento)


41

CLassificador que especifica o tamanho e da forma de uma parte do


corpo:

CL-ESP

A função é similar ao CL-D mas é utilizado para descrever a forma, o


tamanho, e a textura de uma parte do corpo de pessoas ou animais.

Exemplos:

- as orelhas de um elefante

–bicos de aves diversas

- o pelo de um gato

– o penteado de uma pessoa - bochechas gordas de um bebê (Não tem


movimento)

CLassificador de uma Parte do Corpo:

CL-PC

Retrata uma parte especifica do corpo em uma posição determinada ou


fazendo uma ação. A configuração da mão retrata a forma de uma parte
do corpo.

Exemplos:

- a ação da boca de um hipopótamo

- as orelhas de um cavalo em movimento

- os olhos de alguém em movimento

- a cabeça de alguém repousando no seu ombro

- os dedos do pé sacudindo

- a ação de pés andando na lama

- a posição das pernas de alguém sentada em uma cadeira (Tem


movimento)
42

CLassificador Locativo:

CL-L

Retrata um objeto como lugar determinado em relacionamento a outro


objeto.

Exemplos:

- uma prateleira onde estão copos ou livros

- o chão onde caiu um lápis

- a cabeça de alguém batida por uma bola

- o alvo onde voa uma flecha

- o gol onde entra a bola

CLssificador Semântico:

CL-S

Função similar ao CL-L por retratar um objeto em um lugar especifico (as


vezes indicando movimento). A configuração da mão retrata o objeto todo
e o retrata abstratamente (muito pouco ou não se relaciona a aparência
do objeto)

Exemplos:

- C copos na prateleira de um armário

- B veículos ou objetos planos

- 1 uma pessoa andando em uma direção determinada

- Y um avião ou objetos no lugar fixo

- V reta ou dobrada retratando a orientação do corpo ou das pernas de


um animal ou de uma pessoa e/ou suas ações.
43

CLassificador Instrumental:

CL-I

Esse classificador mostra como se usa alguma coisa.

Exemplos:

- carregando um balde pela alça.

- puxando uma gaveta

- tocando a campainha da porta

- virando uma pagina

- limpando com um pano

(Pegar objeto)

CLassificador do Corpo:

CL-C

A parte superior do corpo se torna o classificador na qual a parte superior


(do sinalizador) “desempenha” o verbo da frase, especialmente os braços.
CL-C é similiar a CL-I salvo CL-C não mostra nem a manipulação nem o
toque de objetos.

Exemplos:

- acenando com a mão para alguém

- atravessando os braços com beiço espichado

- coçando a cabeça com perplexidade

- movendo os braços como em correr

(Não tem pegar objeto)

CLassificador do Plural:

CL-P
44

Indica o movimento ou a posição de um numero de objetos, pessoas, ou


animais. Pode ser um numero determinado ou não determinado. Indica o
movimento ou a posição de um numero de objetos, pessoas, ou animais.
Pode ser um numero determinado ou não determinado.

Exemplos:

- três pessoas andando juntas (numero determinado)

- pessoas sentadas na platéia (numero não determinado)

- uma fila comprida de pessoas avançando lentamente

- muitos carros estacionados na rua

- dois gatos em cima de um muro

CLassificador de Elemento:

CL-E

Esses classificadores retratam movimentos de “elementos” ou coisas que


não são sólidas, isto è, ar, fumaça, água/liquido, chuva, fogo, luz.

Exemplos:

- água gotejando da torneira

- luz piscando no sinal de advertência

- o movimento de um liquido no corpo ou dentro do corpo

- o vapor subindo de uma xícara de chá quente.

Classificar de Nome e Número:

CL-Nº CL-NOME

Esses classificadores utilizam as configurações das mãos do alfabeto


manual ou os números, mas são parte de uma descrição.
45

Exemplos:

- números e nome na camisa de futebol

- um titulo de um livro

- insígnia em um boné

- uma sigla escrita na porta de um banco

Acerca do uso dos verbos na gramática da Língua Brasileira de Sinais, relacione os


tipos de verbos na primeira coluna aos verbos na segunda coluna.
46

A sequência correta é

 a) 3 ‒ 1 ‒ 1 ‒ 2 ‒ 3.
 b) 1 ‒ 2 ‒ 2 ‒ 3 ‒ 2.
 c) 3 ‒ 2 ‒ 1 ‒ 3 ‒ 2.
 d) 1 ‒ 3 ‒ 2 ‒ 1 ‒ 3.

e) 2 ‒ 1 ‒ 1 ‒ 3 ‒ 2.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
47

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
48

Atividades:

Dadas as afirmativas sobre identidades surdas,

I. Na identidade flutuante, o surdo se espelha na demonstração


hegemônica do ouvinte, na tentativa de se adequar ao mundo do
ouvinte.
II. II. Na identidade inconformada, o surdo não consegue
compreender a representação da identidade ouvinte, hegemônica,
e se sente numa identidade subordinada.
III. III. Na identidade híbrida, os surdos que nasceram ouvintes e
ficaram surdos têm duas línguas numa dependência dos sinais e do
pensamento na língua oral.
IV. IV. Na identidade surda, ser surdo é estar no mundo visual e
adquirir a língua de sinais, assumindo uma identidade tal como se
apresenta.

verifica-se que está(ão) correta(s)

A) II, apenas.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
49

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
50

Os efeitos de modalidade que envolvem a língua oral e a língua de


sinais no processo de interpretação requerem
A) o abandono dos recursos gestuais.
B) a inclusão de uma pedagogia visual.
C) a indiferença entre os interlocutores.
D) o distanciamento de formas híbridas de linguagem.
E) a inclusão secundária de uma perspectiva visual-espacial.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
51

Quanto aos conceitos de tradução e interpretação, em suas


diferentes modalidades, é correto afirmar:
A) tradutores e intérpretes devem dominar não apenas as línguas
envolvidas, mas também as expressões orais/corporais presentes
em ambos os idiomas, sem necessariamente dominar o assunto
alvo em seu trabalho.
B) a prática da tradução e da interpretação exige o conhecimento
das línguas, bem como o seu repertório linguístico que permita
transitar de uma língua a outra, sem necessidade de se utilizar
conhecimentos da cultura.
C) os conceitos de tradução e interpretação, em suas diferentes
modalidades, não são complementares, ainda que as condições de
trabalho dos sujeitos envolvidos sejam as mesmas.
D) conceitualmente, o termo tradução pode englobar as
modalidades de interpretação e ser considerada distinta em relação
a ela.
E) simultânea, consecutiva e sussurrada são consideradas
modalidades de interpretação e de tradução.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
52

Os efeitos de modalidade que envolvem a língua oral e a língua de


sinais no processo de interpretação requerem
A) o abandono dos recursos gestuais.
B) a inclusão de uma pedagogia visual.
C) a indiferença entre os interlocutores.
D) o distanciamento de formas híbridas de linguagem.
E) a inclusão secundária de uma perspectiva visual-espacial.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
53

Existe a formação de palavras por derivação e por composição, veremos


alguns exemplos de palavras por derivação: cadeira é derivado de sentar
por meio do movimento repetido do primeiro; bonitinho é derivado de
bonito por intermédio da adjunção da expressão facial ~~ , marca de grau
aumentativo; bonitão é derivado de bonito por meio da adjunção do afixo
expressão facial Ô, marca de grau diminutivo; falar-sem-parar é derivado
de falar por meio da adjunção da mão esquerda e do alongamento dos
movimentos, marca de aspecto continuativo; pegar-bola é derivado de
pegar por meio da adjunção do afixo Cl:5, classificador para objetos
redondos grandes; pegar-agulha é derivado de pegar por meio da afixação
do morfema gramatical Cl:F, classificador para objetos pequenos e
pequenos; não poder é derivado de poder por meio do afixo negativo,
movimentos da cabeça para os lados; impossível é derivado de possível
por meio da inversão do movimento de para baixo para os lados, afixo
também negativo; não saber é derivado de saber por meio da afixação de
um movimento da mão para fora, morfema negativo também.

Por meio desses exemplos, observa-se que as primeiras palavras são


formadas a partir de seus radicais aos quais se juntam afixos ou morfemas
gramaticais, pelo processo de derivação. As palavras ou sinais em LIBRAS
também podem ser formados pelo processo de composição, isto é, pela
adjunção de dois sinais simples em formas compostas. Por exemplo: Casa
+ Cruz = Igreja; mulher + pequeno = menina; homem + pequeno =
menino.Alguns sinais como sentar e cadeira são distintos quanto à forma
para as categorias verbo e nome, porém, a maioria deles não se distingue
quanto às categorias verbo, nome, adjetivo e advérbio. O que vai defini-las
como tal é sua função na sentença. Podemos, entretanto, ilustrar alguns
casos de palavras que poderiam ser derivadas de outras como é o caso de
construir e construção, em português. Por exemplo, nas sentenças abaixo,
identificamos um mesmo item lexical como nome ou verbo, dependendo
da sentença em que aparecem: ele não limpar-chão-Cl:Y (com escova) =
(Ele não limpou com escova o chão); ele limpar-chão-Cl:Y (com escova)
NÃO-Y = (Ele não fez a limpeza do chão com a escova).

No primeiro exemplo, o item lexical limpar-chão-Cl:Y tem uma função


verbal. Entretanto, na segunda sentença, limpar-chão-Cl:Y tem uma
função nominal, ou seja, é um substantivo porque vem acompanhado de
um verbo leve, não-Y, que devido à sua natureza de verbo sem valência
54

não pode ser considerado um nome. Nesse caso, como os verbos


chamados leves sempre vêm acompanhados de um nome e como o único
item capaz de preencher esta função nominal é o sinal limpar-chão-Cl:Y,
diremos que ele pode pertencer a ambas categorias: limpar-chão-Cl:Y
(verbo) e limpar-chão-Cl:Y (nome). O mesmo ocorre com as demais
categorias: adjetivo, advérbio.
( portal da Educação)
55

Atividades:

Quanto aos conceitos de tradução e interpretação, em suas


diferentes modalidades, é correto afirmar:

A) tradutores e intérpretes devem dominar não apenas as línguas


envolvidas, mas também as expressões orais/corporais presentes
em ambos os idiomas, sem necessariamente dominar o assunto
alvo em seu trabalho.
B) a prática da tradução e da interpretação exige o conhecimento
das línguas, bem como o seu repertório linguístico que permita
transitar de uma língua a outra, sem necessidade de se utilizar
conhecimentos da cultura.
C) os conceitos de tradução e interpretação, em suas diferentes
modalidades, não são complementares, ainda que as condições de
trabalho dos sujeitos envolvidos sejam as mesmas.
D) conceitualmente, o termo tradução pode englobar as
modalidades de interpretação e ser considerada distinta em relação
a ela.
E) simultânea, consecutiva e sussurrada são consideradas
modalidades de interpretação e de tradução.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
56

Classificadores verbais

Propriedades dos classificadores verbais

Os classificadores verbais aparecem no verbo categorizando o


referente dos seus argumentos em termos de forma, consistência,
tamanho, estrutura, posição e animacidade. Eles sempre se
referem ao argumento de um predicado e podem co-ocorrer com
ele. A escolha de um classificador é geralmente uma escolha
semântica, sendo que cada substantivo de um língua não
necessariamente precisa de um classificador verbal. Alguns
substantivos podem ser associados a mais de um classificador. A
escolha de um classificador é baseada muito mais em uma seleção
lexical do que em relação à concordância gramatical, ficando
muitas vezes limitada a grupos semânticos de verbos.

Sistema de flexão verbal na libras: os


classificadores enquanto marcadores de flexão de
gênero1

1. OS CLASSIFICADORES NAS LÍNGUAS ORAIS-AUDITIVAS


O ser humano, em seu processo de apreensão do mundo,
percebe as entidades a partir de características essenciais ou
contextuais e as coloca em classes ou paradigmas. As culturas e
suas línguas concretizam esta significância através de sistemas
semióticos. Assim, as línguas refletem esta cognição através da
categorização: o universo é representado através de palavras
que estão em classes que se combinam para expressar
entidades, que são mostradas como coisas, eventos, qualidades
em um contexto. Há línguas com sistemas mais complexos para
57

mostrar, fono-morfo-sintático-semântico-pragmaticamente,
estas entidades e, por isso, fazem outras sub-classificações
separando as coisas em animadas (pessoas, animais) e
inanimadas (não-pessoas, coisa, veículos); estas coisas podem
ser ainda re-classificadas quanto ao gênero (masculino,
feminino, neutro), quanto ao número (singular, dual, trial,
plural; unidade, grupo); quanto à visibilidade ou proximidade em
relação ao emissor (perto, mais ou menos distante, distante /
visível, não-visível / aqui, aí, lá), quanto ao formato, à
consistência, ao tamanho, quanto ao caso (nominativo,
acusativo, genitivo, etc), quanto ao papel temático (agente,
paciente, etc); os eventos são re-classificados em ações,
processos e estados, podendo ser mostrados também em
relação ao modo, tempo, aspecto, e seu sistema de flexão para a
concordância com seu(s) argumento(s).

As línguas que fazem estas classificações e subclassificações, mencionadas


acima, através das categorias gramaticais estão sendo denominadas
de línguas de classes nominais ou não-classificadoras e as que, além
destas classes gramaticais (nomes, verbos, adjetivos, advérbios,
pronomes, etc), fazem uso de um sistema de morfemas obrigatórios, que
especificam nestas classes gramaticais algumas ou várias das
subclassificações também mencionadas acima, estão sendo denominadas
de línguas classificadoras

Como as gramáticas tradicionais, baseadas em uma tradição greco-latina


que descreveram as línguas indo-européias a partir do modelo proposto
para a língua latina, incluíram os processos morfológicos da declinação
(desinências para gênero, número, pessoa, caso para os nomes, adjetivos
e pronomes) e conjugação (desinências para número, pessoa, tempo,
modo e aspecto para os verbos), as línguas que possuem estes tipos de
flexões não vêm sendo nomeadas de línguas classificadoras. Mas se
percebermos com mais profundidade, comparando com as línguas que
estão sendo chamadas de classificadoras, estas línguas que têm sistemas
de morfemas para representarem morfo-sintático-semanticamente estas
58

características das coisas e eventos em contextos também deveriam estar


no grupo daquelas línguas classificadoras.

O fato é que esta terminologia começou a ser utilizada por lingüistas, que
pesquisando línguas de famílias indígenas, africanas, australianas e
asiáticas, descobriram que muitas possuíam sistemas de morfemas
obrigatórios para classificar outras propriedades não mencionadas pelas
gramáticas tradicionais e passaram a ser chamadas de línguas
classificadoras. E interessante observar que os pesquisadores destas
línguas, que começaram a estabelecer esta distinção, são falantes de
língua inglesa e nesta língua não há flexão de gênero para os nomes,
adjetivos e artigos, e as flexões verbais são em pequeno número
comparadas com as línguas neolatinas, a alemã, o polonês, entre outras.

Analisando estas pesquisas, pode-se perceber que todas têm mostrado


também que os classificadores, enquanto categoria semântica, podem ser
realizados, na estrutura de superfície, ou como item lexical ou como
morfema, mas somente estão sendo denominadas línguas classificadoras
as que têm um sistema de morfemas obrigatórios, ou seja, um sistema de
gramemas formantes presos ou dependentes.

Hjelmslev (1956), em seu trabalho Animado e Inanimado, Pessoal e Não


Pessoal, fez um estudo da categoria gramatical gênero e estabeleceu uma
diferença entre as línguas que possuem um sistema de gênero - como as
várias línguas indo-européias, americanas, do nordeste do Cáucaso,
semítico, Bantu, Tâmul e Santali - e as que possuem um sistema
numerativo, como o chinês, japonês, siamês e malaio. Embora não tenha
estabelecido, explicitamente, os termos “classificador” e “língua
classificadora”, estudando a evolução da categoria de gênero nas línguas
eslavas, fez uma distinção entre línguas com classificador numérico e
línguas com classificador para gênero animado / inanimado, pessoal / não-
pessoal, masculino / feminino / neutro. Neste estudo comparativo-
histórico, Hjelmslev foi buscar questões teóricas e dados nos estudos dos
primeiros pesquisadores que abordaram esta questão3.

Atualmente, o termo “classificador” vem sendo utilizado, às vezes,


destacado somente o seu aspecto morfológico, mas não especificando
59

precisamente o que ele representa semântico-sintaticamente, ou seja,


qual sua significação-função em um dado contexto e o que esta estrutura
representa em relação ao sistema de uma determinada língua. Esta é a
perspectiva de Dubois et all (1993:112) que o definem:

“Chama-se classificador um afixo utilizado, em particular nas línguas


negro-africanas, para indicar a que classe nominal pertence uma palavra
(Sin.: índice de classe).”

Esta conceituação, além de não especificar que tipo de afixo pode ser um
classificador, menciona somente uma família de língua como exemplo.

Lyons (1977), agrupando os classificadores com as categorias


determinantes e quantificadores, analisa-os enquanto modificadores.
Mostra que em línguas como Tzeltal, Mandarin chinês e Vietnamita, os
classificadores são obrigatórios em frases contendo numeral, em relação à
primeira língua, e com demonstrativos, no caso das duas últimas. Divide
os classificadores em: de espécie (sortal classifier), que individualizam o
que eles referem em termos de tipo de entidade; e os classificadores de
medida (mensural classifier), que individualizam em termos de
quantidade.

Os classificadores de espécie, segundo Lyons (1977:464), na sua maioria,


utilizadas pelas línguas classificadoras, são nomes, embora de um subtipo
particular e, como ressalva, é este o fato, mais do que outro, que motiva a
distinção entre línguas classificadoras e línguas de classe de nome (noun-
class language). Outra característica dos classificadores de espécie é que,
na maioria das línguas classificadoras, eles podem ser usados também
com função pronominal ou quase-pronominal em referência dêitica e
anafórica. Assim, esse tipo de classificador pode ser núcleo ou
modificador, o que faz considerá-lo como uma espécie de determinante já
que este também, a despeito do tratamento convencional como
modificadores de nomes com os quais ocorrem, podem ser considerados,
sob um ponto de vista sintático, como núcleos mais do que modificadores.
Devido ao modo como são utilizados, pode-se perceber uma conexão
sintática e semântica tanto entre os classificadores de espécie e os
determinantes de um lado quanto entre os classificadores de medida e os
quantificadores por outro lado, por isso para se ter um ponto de vista que
pretenda diferenciar estas três categorias deve-se partir não apenas da
estrutura de superfície, mas encontrar na estrutura profunda a diferença.
60

Allan (1977) definiu os classificadores a partir de dois critérios:

1.
eles se realizam como morfemas na estrutura de superfície sob
condições específicas;
2.
eles têm significado, já que os classificadores denotam alguma
característica saliente ou imputada a uma entidade que é referida
por um nome.

Tendo pesquisado mais de cinqüenta línguas classificadoras, Allan


concluiu que os sistemas de classificadores encontrados constituem um
conjunto completo e universal em línguas que foram agrupadas em quatro
tipos:

1.
línguas de classificador numeral: são línguas em que um
classificador é obrigatório em muitas expressões de quantidade e
em expressões anafóricas e déiticas como, por exemplo, a língua
Thai;
2.
línguas de classificador concordante: são línguas em que os
classificadores são afixados (geralmente prefixos) aos nomes e seus
modificadores, predicados e pró-formas como, por exemplo, em
muitas línguas africanas (Bantu e Semi-Bantu) e australianas;
3.
línguas de classificador predicativo: são línguas que possuem
verbos classificadores, que variam seu radical de acordo com as
características das entidades que participam enquanto argumentos
do verbo como, por exemplo, os verbos de movimento/localização
em Navajo, Hoijer (1945), e verbos classificadores em outras línguas
Athapaskan;
4.
línguas de classificador intra-locativo: são línguas nas quais
classificadores nominais são embutidos em expressões locativas
que obrigatoriamente acompanham nomes em muitos contextos.
Existem apenas três línguas: Toba, uma língua sul-americana,
Eskimo e Dyirbal, uma língua do noroeste da Austrália.
61

O número de classificadores nas línguas pode variar, mas sete categorias


de classificação podem ser encontradas: (i) material; (ii) formato; (iii)
consistência; (iv) tamanho; (v) localização; (vi) arranjo e (vii) quanta. Os
classificadores podem combinar duas ou mais destas categorias e elas
podem ser também subdivididas.

A categoria material pode ser sub-classificada em animado: línguas


Thapaskan, Nootka, Ojibway e Yucatec) e inanimado. Segundo Allan,
provavelmente todas as línguas que possuem a categoria material fazem
esta distinção. Há línguas que sub-classificam ainda mais a categoria
material animado, dividindo-a em animais (línguas orientais, africanas e
algumas ameríndias, como Tzeltal e Yurok) e pessoas (línguas orientais, da
Oceania). Estas ainda podem ser re-classificadas em mulher, homem e
criança. A categoria inanimado quase sempre é representada por vários
morfemas diferentes, mas o mais comum é o usado para árvores, objetos
de madeira, geralmente barco. Estes morfemas podem ser sincretizados,
ou seja, conectados com outros tipos como, por exemplo, com formato.

A categoria formato é geralmente subdividida em objetos longos, planos e


arredondados, mas tem-se preferido a denominação em objetos de uma,
duas ou três dimensões que geralmente podem ser associados com outras
categorias, como consistência, textura, etc. As línguas ameríndias têm sido
classificadas como as que mais possuem este tipo de classificador e a
Taracan só possui este tipo.

Associado a estas três dimensão dos objetos, há três subcategorização:

1.
em relação à proeminência de curva exterior, ou seja, objetos de
determinada dimensão que são amontoados, ou são montes, estão
empilhados, etc. Por exemplo:Yucatec, Navajo, Proto-Banto, etc;

1.
em relação a um classificador quanta, ou seja, mais do que a forma,
o objeto está também associado a quantidade. Ex Taih;
62

1.
em relação a ser oco ou vazio, ou seja, classificadores que
representam conteiners, objetos com o interior vazio. Como
exemplo, pode-se pensar em classificadores para objetos como
barco, potes, bambu, etc.

A categoria consistência possui três subdivisões: flexível, rígido e não-


definido. esta categoria geralmente está associada às de material e forma.

A categoria tamanho está subdividida em grande e pequena/o e também


está quase sempre associada a de forma.

A categoria localização especifica um lugar que pode estar associado com


o tipo de objeto. Como nas línguas Yucatec, Kiriwina, Burmese, Núngetc,
que têm classificador para pontos na terra e, também, muitas línguas
orientais que têm classificadores específicos para país, jardim, campos,
cidades, etc.

A categoria arranjo especifica objetos colocados de uma maneira


específica. Esta classificação pode estar incorporada semanticamente ao
verbo, como na LIBRAS e em português: enrolar, empilhar, enfileirar,
amontoar, etc

A categoria quanta especifica uma quantidade e pode ser subdividida em


classificadores para coleção, volume, peso e tempo.

As categorias arranjo e quanta, por não classificarem propriedades


inerentes de objetos, não estão limitadas somente às línguas
classificadoras e podem estar associadas uma com a outra; assim, nas
línguas de classificadores de predicado e coordenantes podem aparecer as
subclassificações para número e gênero como, por exemplo, na LIBRAS
que pode acrescentar à raiz principal um classificador com um quanta
simultaneamente: pessoaPASSAR; 2 pessoasPASSAR;

3 pessoasPASSAR.

Destas divisões e subdivisões de classificadores pode-se perceber que elas


se baseiam, também, na perspectiva do falante em relação ao contexto,
63

portanto o nível pragmático da língua deve ser, também, avaliado porque


não se trata somente de morfemas específicos para objetos específicos
mas, em alguns casos, de morfemas associados a objetos a partir de um
determinado contexto, o que implica, a utilização da língua, enquanto
sistema: relações sintagmáticas e correlações paradigmática em todos os
níveis: fono-morfo-sitático-semântico-pragmático, que possui um
conjunto de morfemas obrigatórios.

Kiyomi (1992), a partir das definições de classificadores e das


classificações de línguas classificadoras propostas por Adams e Conklin
(1973), Denny (1980), Allan (1977) e Shachter (1985), mostra que os
classificadores da língua Jacaltec, que são morfemas livres, não poderiam
ser assim considerados devido ao fato da definição de Allan contemplar
somente morfemas que são formas presas, e propõe, por isso, uma
divisão dos classificadores em:

1.
morfemas livres, que incluiriam os classificadores de número e os
classificadores não-numerais;
2.
morfemas presos, que incluiriam os classificadores coordenantes, os
de predicado (nos verbos classificadores) e os intra-locativos.

Analisando, mais profundamente, os classificadores de predicado, Kiyomi,


a partir das pesquisas de Hoijer (1945), Carter (1966), e Haas (1967),
afirma que eles estão limitados às línguas Athapaskan (Navaho,
Chipewyan e Hupa) e que as categorias animado e forma estão entre as
categorias semânticas encontradas nos classificadores destas línguas e
conclui que os classificadores para as categorias animado e forma são
categorias semânticas fundamentais e independentes e que, embora não
haja universal implicacional em relação ao seus usos, elas estão sempre
presentes em todos os sistema de classificador e, realmente, isso pode ser
comprovado em relação as línguas de sinais, tomando como exemplo a
LIBRAS e a ASL.

Hoijer (1945:15) descobriu que os verbos classificadores em Navaho estão


distribuídos em doze raízes: objetos redondos longos, seres vivos,
conjunto de objetos, conteiner rígido com conteúdos, objeto de
64

fabricação, objeto volumoso, conjunto de objetos em paralelo, massa,


massa de madeira, objeto como corda, objeto como lama. Por esta
classificação pode-se perceber que a categoria inanimado está associada à
subcategoria de forma: longo, arredondado e como corda. Estes
classificadores são prefixos de raízes de verbos classificadores, pois estes
variam de acordo com a classe do(s) seu(s) argumento(s), ou seja, se o
verbo for intransitivo, o prefixo varia com relação à classe do sujeito, se
for transitivo, varia com relação ao objeto. Na LIBRAS, os predicados
classificadores também concordam desta maneira.

Carter (1966), pesquisando a língua Chipewayan, também como Hoijer,


diferenciou raízes verbais em função do tipo de classificador mas, embora
algumas raízes coincidam com as de Hoijer, os dez padrão encontrados
são, na maioria diferentes: seres acordados (rã, aranha, urso sentado,
pessoa sentada, etc), seres dormindo (pessoa, bebê, urso, garota, etc),
seres mortos (pessoa, carcaça de urso, cachorro, peixe, etc), objetos
sólidos inanimados (lagoa, faca, pedra, laranja, etc), líquidos (lama,
sangue, leite, água fervendo, café, etc), massas granulares (monte de
areia, de açúcar, ovos, peixe, etc), objetos como corda, objetos em
conjuntos ou plural de objetos ( corda, livro, jogando cartas, óculos, etc),
objetos como varas ou containers vazios (avião, caixa vazia, canoa,
cadeira, etc), conteiners com conteúdo (caixa com algo dentro, lata de
cerveja, pacote de cigarros, etc) e objetos de fabricação (calendário, luvas,
folha de papel, etc).

Haas (1967:360) fez um estudo comparativo dos classificadores de


número em Yurok com os classificadores de predicado em Hupa e concluiu
que, embora eles estejam agrupados em classes sintáticas diferentes, eles
têm categorias semânticas similares e mostrou o que eles possuíam em
comum:
65

Classificadores Numerais em Yurok Classificadores de predicado em


Hupa

Seres humanos, Animais Seres Vivos (humanos e animais)

Objetos finos ou como vara Objetos longos ou como vara

Objetos como corda Objetos como corda (ou muitos


objetos)

Objetos arredondados Objetos arredondados

Friedrich (1970), em seu estudo sobre a língua Tarascan, uma língua


ameríndia, fala sobre verbos classificadores também e, através de vários
exemplos, mostra o que ele chamou de verbos classificadores encobertos
(covertly classificatory verbs). Este tipo de verbo traz semanticamente, e
não sintaticamente, uma classificação e por isso podem conter na sua
significação o caso instrumento, paciente ou tema. Pode-se comparar
estes verbos com verbos em Português como perfurar, parafusar, cavar,
pentear, escovar, etc, que está implícito em seu significado o tipo de
instrumento usado na ação. Mas este tipo de verbo não poderia ser
considerado verbo classificador no sentido que está sendo utilizado pelos
pesquisadores acima porque aqui a classificação do referente está
somente em um nível semântico, no plano de conteúdo, não havendo um
sistema de morfemas a nível morfológico, enquanto paradigma desta
língua para uma subclasse de verbos que concordam com seu sujeito ou
objeto em relação às categorias material, forma, etc. O mesmo acontece
em relação a verbos que trazem semanticamente incorporada a categoria
66

arranjo, como nos verbos mencionados acima: empoleirar, amontoar,


enfileirar, etc. Como será visto no capítulo 3, estes verbos incorporam o
caso modal. Na LIBRAS esta incorporação, no nível semântico, se dá com
verbos que possuem um processo mimético na sua formação enquanto
item lexical Felipe (1998).

Pode-se concluir, a partir de todas estas pesquisas apresentadas, que


existe uma certa regularidade em relação à utilização dos classificadores
associados aos tipos de língua classificadora e, embora as pesquisas
tenham apontado diferentes tipos de classificadores, eles estão
associados a uma função morfo-sintática, já que o processo de classificar,
através deles, se dá ou como acréscimo a um radical nominal ou verbal, ou
como uma derivação interna de raiz, ou mesmos em todos os elementos
da frase, como nas línguas classificadoras coordenantes. Nesta perspectiva
morfo-sintática, estes morfemas classificadores podem ser vistos como
marca de concordância de gênero, ou de número ou de caso, ou de lugar.

Levando-se em conta as tipologias para classificadores das línguas orais-


auditivas, alguns lingüistas que estão pesquisando línguas de sinais,
perceberam que existiam também classificadores nas línguas de sinais.

2. OS CLASSIFICADORES NAS LÍNGUAS GESTUAIS-VISUAIS


Vários lingüistas, que têm pesquisado línguas de sinais, têm demonstrado
que estas línguas possuem vários tipos de classificadores e, como os
lingüistas que têm pesquisando sobre classificadores nas línguas orais-
auditivas, aqueles também estão tendo posicionamentos diferenciados ao
fazerem tipologias dos classificadores ou especificar as funções que eles
exercem. O ponto em comum está na definição de classificador como
sendo certas configurações de mãos que funcionam como morfemas que
marcam certas características de um objeto nas línguas de sinais.
Frishberg (1975), Kegl e Wilbur (1976) e Supalla (1978/79).

As divergências estão nos enfoques em relação a estes morfemas


classificadores:
67

1.
Klima & Bellugi et all (1979) apresentaram um sistema de
configurações de mãos que seriam classificadores na ASL, ou seja,
as configurações de mãos especificariam uma característica do
objeto ou do modo como se seguraria um objeto;

1.
Kegl (1985) apresentou estas configurações como sendo clíticos
formantes das raízes verbais, existindo o clítico de proeminência e o
de fundo;

1.
Padden (1990) apresentou verbos classificadores, que possuem
configurações de mãos que concordam com o sujeito ou objeto na
frase, mas não especificou qual seria este tipo de concordância;

1.
Pedersen & Pedersen (1983) preferem o termo pró-forma ao em
vez de classificador como Edmondson (1990), que analisando o
fenômeno na língua de sinais dinamarquesa, concluiu que as
configurações nos verbos de movimento e localização seriam
morfemas que caracterizariam os referentes, de modo icônico, em
situações estáticas ou dinâmicas, já que a iconicidade4 estaria mais
em relação às categorias animado/inanimado, dimensionalidade,
orientação, entre outras, do que em relação à forma.

Todas estas pesquisas apresentaram ou aspectos fonológicos ou


morfológicos ou sintáticos dos classificadores enquanto afixos ou itens
lexicais.

Na tipologia e morfologia dos Classificadores da ASL de Supalla (1986),


pesquisa que sistematiza seus trabalhos anteriores e que tem sido ponto
de referência para vários pesquisadores, os classificadores foram divididos
em:

1.
Especificadores de tamanho e forma: são configurações de mãos
68

que representam vários aspectos do referente. Estes classificadores


foram subdivididos em especificadores de tamanho e forma
estáticos (SASSes): objetos longo, redondos, etc; e especificadores
de tamanho e forma em traço: a mão, movendo-se no espaço, traça
as linhas do referente em duas ou três dimensões;
2.
Classificador semântico: são configurações de mãos que
representam os referentes enquanto categorias semânticas:
classificadores de objetos com pernas (pessoa, cachorro, aranha,
etc); classificadores de objetos horizontais, verticais, etc;
3.
Classificador corpo: todo o corpo do emissor pode ser usado para
representar seres animados, sendo esta classe uma marca de
concordância nominal;
4.
Classificador parte do corpo: a mão ou alguma outra parte do corpo
do emissor é usada para representar uma parte do corpo de
referente. A parte do corpo é uma localização. Este tipo de
classificador foi dividido em: especificadores de tamanho e forma
de parte do corpo (dentes na boca, listras de um tigre) e
classificadores dos membros (mãos e antebraço; pernas e pé);
5.
Classificador instrumento: uma representação mimética ou visual-
geométrica do instrumento mostra o objeto sendo manipulado, mas
este não é diretamente referido. Este tipo foi subdividido em:
classificador mão como instrumento - usados para contrastar os
vários meios que a mão interage com objetos sólidos de tamanho e
formato diferentes; classificadores ferramenta - usados para operar
ferramentas manualmente;
6.
Morfemas para outras propriedades de classes de nomes: usados
para mostrar consistência e textura (líquido, gasoso, macio, etc);
integridade física (quebrado, espedaçado, etc); quantidade
(coleção, muitas pessoas, etc); posição relativa (uma pessoa acima
de outra, status, etc)

Relacionando estes classificadores com verbos de movimento e de


localização, Supalla apresenta a raiz destes verbos como sendo formada
por: um pequeno número de movimento possíveis (existência, localização
69

ou movimento); um pequeno número de paths (linear, arco e círculo);


um morfema classificador (mão ou outra parte do corpo, configurando
uma forma particular e localizada em um lugar particular e orientada ao
longo de um path) e relações locativas entre o nome central (objeto que
move - tema) e o secundário (o objeto fundo). A forma da mão nestes
verbos referem-se à classe do objeto que está envolvido no evento. Os
morfemas internos destes verbos seriam o morfema classificador, o
movimento e os pontos básicos e os externos seriam a flexão de número e
aspecto.

2.1. Revendo a tipologia de SUPALLA


Embora o estudo de Supalla (1988) tenha sido muito detalhado, resumido
acima, tenha contribuído para as pesquisas sobre classificadores e tenha
servido de base para outros trabalhos, já mencionados acima, alguns
pontos precisam ser revistos:
2.1.1. Classificadores semânticos
Primeiramente, como também observou Edmondson (1990), a divisão dos
classificadores em semânticos é redundante, já que classificador é uma
categoria semântica que se concretiza em itens lexicais ou em tipos de
morfemas específicos para cada língua, portanto todo classificador é
semântico e, conseqüentemente, o que deve ser pesquisado é em que
nível da língua (morfológico ou sintático) se realiza esta representação
semântica e como ela se dá.

Relacionando as sete categorias de classificação, encontradas nas


cinqüenta línguas pesquisadas por Allan (1977), com a proposta de
gêneros de Hjelmslev - animado/inanimado: pessoal/não-pessoal, seria
mais universal especificar, como nas línguas orais-auditivas, o que Supalla
denominou de classificador semântico, como sendo o que Allan
denominou de categoria material (animado/inanimado).

A categoria material, portanto, nas línguas de sinais, tomando como


exemplo a LIBRAS e a ASL, está subdividida em animado: pessoal e não-
pessoal (animal), e o inanimado: veículo e coisa (formato: objetos planos,
longos, arredondados, etc; tamanho: grande, médio, pequeno). Esta
última subcategoria da categoria material (coisa), em verbos de raiz
mimética5, sempre vem sincretizada com uma ou mais das outras quatro
70

categorias de classificação encontradas por Allan (1977), ou seja:


consistência: flexível, rígido, não-definido,etc; localização; arranjo:
enrolado, em círculo, empilhado, enfileirado, etc; e quanta: coleção,
volume, peso, etc. O classificador quanta também pode ser sincretizado
na categoria material animado, por isso um verbo classificador pode
flexionar para concordar com o número: dual, trial, quatrial, plural.

A partir desse estudo comparativo sobre classificadores tanto em línguas


orais-auditivas tanto em línguas de sinais, podemos verificar que o sistema
de classificador nas línguas gestuais-visuais está relacionado ao gênero
que, em uma sub-classe de verbos, é marcado através de morfemas
obrigatórios que devem ser utilizados morfo-sintaticamente, presos às
raízes verbais, para concordar com o argumento do verbo.

Na LIBRAS pode ser, assim, esquematizar em relação `as configurações de


mão:
pessoal (configurações: G; 1; V ) 6

pessoal + quanta (configurações: V; W; 4)

animado

não-pessoal: animais (configurações 5; 5; B1)

coisas (configurações: G; 1; B; B; B; B; C; O; L,

A, S

inanimado

veículos (configurações 3; B; B;

Como em línguas orais-auditivas, nas línguas de sinais também ocorre o


sincretismo das categorias de classificação, concorrem, assim, com estes
morfemas do sistema de gênero acima (configurações de mãos), outras
que estão que podem estar iconicamente representadas na raiz
Movimento ou na orientação ou no ponto de localização (onde um
caminho (path) começa e finda ou onde a coisa é localizada). Como se
verá mais à frente, todos estes componentes fazem parte do sistema de
flexão verbal da LIBRAS. Estes morfemas sempre estão presos a uma raiz
71

verbal, que é o movimento (+ /-) e anaforicamente concordam com o


referente que precede o verbo enquanto argumento: sujeito e/ou objeto.
A nível sintático, os morfemas classificadores ocupam o lugar específico
para a concordância (I), onde também ficam os clíticos:
IP

/\

/\

NP I’

/\

/\

I VP

/\

/\

 V NP

marca de gênero
Portanto estes morfemas classificadores de gênero não têm uma função
sintática, eles se realizam como desinências que vêm sempre afixadas a
raízes verbais e, anaforicamente, estabelecem concordância de gênero
com o referente que é argumento do verbo. Em verbos intransitivos, eles
concordam com o sujeito - caso nominativo, em verbos transitivos, eles
concordam com o objeto - caso acusativo. Por isso a mesma configuração
de mão como, por exemplo, “G”/”D” ou “1” (quantidade), pode
arbitrariamente representar entidade animado pessoal e inanimado não-
pessoal porque o tipo de verbo e o contexto impedem a ambigüidade.
72

Quando uma destas configurações está representando entidade animado


pessoal, ela anaforicamente concorda com o referente animado (pessoa)
que, nos verbos intransitivos, será o sujeito: caso ergativo e, nos verbos
transitivos, o referente animado pode ter o sujeito: caso nominativo ou o
objeto: caso acusativo, com as regras temáticas agente ou objetivo; mas
quando esta configuração está representando um referente inanimado
(coisa), ela só pode estar no caso acusativo, associado às regras temáticas
objetivo ou Locativo7.

2.1.2. Especificadores de tamanho e forma traçados


Em relação ao sistema proposto por Supalla (1986), outra questão que
precisa ser revista são os especificadores de tamanho e forma traçados
porque estes, também, não podem ser considerados classificadores, no
sentido que se vem trabalhando este termo para línguas orais-auditivas,
porque eles não formam um sistema fechado e obrigatório que deve ser
sempre especificado, através de gramemas, para serem afixados a
lexemas. Estes traços feitos no espaço neutro são os próprios lexemas nas
línguas de sinais, são itens lexicais que podem ter a função de adjetivos ou
expressões adjetivas como, em português: em listras, listrado, forma de
estrela, quadrado, triangular, etc. Eles funcionam, enquanto morfemas
livres, como modificadores que qualificam o nome sendo, portanto, um
sintagma adjetival deste nome, enquanto sintagma nominal. Ao se traçar
um formato com um tamanho no espaço neutro, este traço tem
autonomia morfologia não podendo ser classificado como afixo e muito
menos obrigatório. Seria como se dissesse, em português: camisa listrada,
planície ondulada, cerca, etc. Esses adjetivos ou nomes, como certos
verbos, já mencionados, acima, também possuem uma raiz mimética, ou
sejam, sua configuração se dá através da imitação do próprio objeto ou
um atributo a um determinado objeto.
2.1.3. Classificadores “corpo e parte do corpo”
Outra questão ainda que precisa também ser revista é o que Supalla
chamou de classificadores “corpo e parte do corpo” que também não são
classificadores, mas itens lexicais que são as próprias partes corpo.
Quando se fala de mão, mostra-se a mão, quando se fala de cabeça, olho,
orelha, etc, mostra-se estes órgãos, as partes internas podem ter sinais ou
73

usada a datilologia. Por exemplo, quando se quer dizer que se deu um


soco no olho / barriga / face de alguém, basta mimeticamente fazer um
gesto com a mão com o ponho fechado indo em direção ao olho, barriga
ou cabeça. Estas partes do corpo, contextualizadas em frases, são itens
lexicais que funcionam como argumentos para o verbo que possui
concordância de lugar, não há, portanto, um classificador na configuração
de mão deste verbo e a configuração “ponho cerrado” é uma raiz verbal
de derivação zero: suco -> esbofetear.

As línguas de sinais mostram o próprio corpo ao em vez de criar um sinal


arbitrário, esta parte do corpo funciona como um ponto de referência da
Raiz Movimento. Por exemplo, se se quer dizer, em LIBRAS, que alguém
deu um soco no olho esquerdo de outra pessoa, a frase terá a estrutura :
SOV, trazendo a raiz verbal toda a informação mimeticamente
representada por um movimento da mão com ponho fechado simulando
um soco no olho esquerdo do emissor da frase. Como já foi mostrado,
Felipe(1998), este processo mimético de formação de palavras é muito
produtivo e não pode ser confundido com um sistema de classificadores.

2.1.4. Classificadores para instrumento


A mesma confusão, no sistema de Supalla, ocorreu ainda em relação ao
que ele chamou de classificadores para instrumento porque não se trata,
também, de classificadores, enquanto morfemas presos que
anaforicamente concordam com um referente que é um argumento do
verbo classificador. Ocorrem, na verdade, dois processos diferentes na
formação de verbos que possuem configurações de mãos que
representam mimética ou iconicamente o objeto, enquanto instrumento,
ou a forma de se pegar um objeto:

1.
neste primeiro caso, as configurações de mãos que representam
instrumentos são, juntamente com os outros parâmetros, itens
lexicais nominais mas, em determinado contexto, através do
processo de derivação zero, esses item lexicais nominais exercem a
função de verbo, trazendo implícito semanticamente o caso
instrumental; a incorporação é, portanto, semântica e não morfo-
74

sintática. Quando se diz ‘tomar café’, em LIBRAS, a frase


apresentada é CAFÉ BEBER-COM-XÍCARA. O item lexical XÍCARA,
neste contexto, tornasse verbo; quando se diz cortar em LIBRAS, há
sempre, semanticamente, a incorporação do instrumento porque é
a coisa cortante que se torna o próprio verbo: LÂMINA > CORTAR-
COM-LÂMINA; FACA > CORTAR-COM-FACA; TESOURA > CORTAR-
COM-TESOURA. Pode-se comparar este caso instrumento implícito
que aparece em certos tipos de verbos, na LIBRAS, com verbos, em
português, que trazem, também, semanticamente, o instrumento
incorporado, como por exemplo: pentear, que quer dizer “passar
pente”; escovar “passar a escova”; marretar “bater com marreta”;.
Este processo de derivação zero na LIBRAS pode ser enquadrado no
que Friedrish (1970) chamou de verbos classificadores encobertos,
comentado anteriormente;

1.
no segundo caso, a forma de segurar/pegar um objeto, que é o
instrumento, a configuração das mãos é um dos semas do
significado do verbo, está portanto a nível semântico, também, e
não morfo-sintático, não se tratando aqui também de um sistema
de classificadores. É como se dissesse, em português: ensacar
“colocar no saco”; parafusar “colocar parafuso” unhar “arranhar
com as unhas”; ciscar, bicar, beijar, abraçar, pinçar, agarrar, segurar,
maquiar, tricotar, etc. Como as línguas de sinais possuem uma
iconicidade visual, seus sinais para representar estas ações e outras
que trazem a idéia de ‘manipulação de uma determinada maneira’,
são mais transparentes, motivados, e as configurações de mão
mostram icônica ou mimeticamente esta manipulação. Este caso
também deve ser analisado como sendo verbos classificadores
encobertos, ou seja, é no nível semântico e não no morfo-sintático
que se realiza a classificação.

Após estas reflexões, retirando o que impropriamente foi considerado


classificador, ficam somente algumas configurações de mãos que, sendo
morfemas, serão consideradas nesta pesquisa como sendo desinências de
gênero. Assim, nas línguas de sinais, tomando como exemplo a LIBRAS, há
um sistema complexo de desinências que estabelece as flexões verbais.
3. A FLEXÃO VERBAL NA LIBRAS
Cada língua, a partir de uma Gramática Universal, possui a sua gramática
75

particular. As estruturas fono-morfo-sintáticas são portanto idiossincrasias


lingüísticas específicas a cada língua, assim cada língua tem seu sistema de
flexão formado por morfemas presos ou livres que são relevantes para a
sua sintaxe e suas regras transformacionais.8

A partir do exposto anteriormente, pode-se sistematizar um sistema de


flexão específico para a LIBRAS.

Em trabalhos anteriores, Felipe (1988, 91a, 93a) apresentou alguns verbos


da LIBRAS que possuem concordância, e eles foram denominados
direcionais, seguindo uma nomenclatura americana: Friedman, Fischer,
Padden, Suppala entre outros. Aqui, nesta pesquisa, eles serão agrupados
de maneira diferente.

1.
Flexão número-pessoal

No sistema de flexão verbal da LIBRAS há o parâmetro direcionalidade que


é um marcador de flexão de pessoa do discurso. Por exemplo, quando de
diz “eu pergunto para você” a direção do movimento é do emissor para o
receptor, primeira e segunda pessoas respectivamente; se a frase é “você
pergunta a mim” a direção é a oposta, e se a frase for “eu pergunta a ele”,
a direção será para um ponto convencionado para a terceira pessoa do
discurso (Felipe, 1988). Este sistema é o mesmo para todos os verbos que
possuem este tipo de flexão.

Nesta flexão para pessoa do discurso, pode-se dizer que a desinência que
concorda com o sujeito e o objeto é simultânea à raiz-M verbal porque
este tipo de flexão é expresso pela direcionalidade (caminho “path”) da
Raiz- Movimento, mas há também uma sequencialidade já que sempre o
ponto inicial concorda com o sujeito-agente e o final com o objeto-
objetivo.Exemplos:

(1) 1sPERGUNTAR2s “eu pergunto a você”,

(2) 2sPERGUNTAR1s “você me pergunta”,

(3) 3sPERGUNTAR1s “ela me pergunta”,


76

2.
Flexão para locativo

1.
Além do parâmetro direcionalidade, o ponto de articulação também
é um tipo de flexão verbal porque pode concordar com a localização
nos verbos que possuem uma valência com locativo intrínseco. Para
se compreender esta flexão verbal precisa-se fazer uma distinção
em relação a este parâmetro porque há dois tipos de ponto de
articulação a ser considerado: o ponto que faz parte da
configuração sígnica do verbo, que é somente traço distintivo,
estando somente em um plano fonológico da língua, e um morfema
que tem uma função e um significado morfo-sintático-semântico.
Neste segundo caso, o ponto de realização sígnica é um local real ou
convencionalizado onde o movimento termina e este Locativo é
marca de concordância com um argumento do verbo, ou seja, é um
sintagma de preposição obrigatório. . São verbos que começam ou
terminam em um determinado lugar que se refere ao lugar de uma
pessoa, coisa, animal ou veículo, que está sendo colocado,
carregado, etc. Portanto o ponto de articulação marca a localização.
Alguns desses verbos podem ter também classificadores. Exemplos:

(4) MESAk COPO coisa-arredondadaCOLOCARk “colocar copo na mesa”.

(5) CABEÇAk ATIRARk. ëu atiro na minha cabeça”

(6) MESAi COPO objeto-arredondadoCOLOCARi “eu coloco o copo na mesa”(9)


77

3.
Flexão para gênero

Assim, na LIBRAS, os classificadores são formas que, substituindo o nome


que as precedem, pode vir junto ao verbo para classificar o sujeito ou o
objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto os classificadores na
LIBRAS são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL,
COISA.

Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é


marcado ao se representar duas pessoas ou animais simultaneamente
com as duas mãos ou fazendo um movimento repetido em relação ao
número.

Os classificadores para COISA representam, através da concordância, uma


característica desta coisa que está sendo o objeto da ação verbal,
exemplos:
(7 ) pessoaCAIR, veículo CAIR, coisa-redondaCAIR, coisa-planaCAIR,

(8 ) coisa-fina-e-longaCAIR; (10);

(9 ) pessoaANDAR, veículoANDAR/MOVER, animalANDAR ;

(10) COPO MESAk objeto arredondadoCOLOCARk;

(11) 2 CARRO veículoANDAR-UM-ATRÁS-DO-OUTRO (md)

veículoANDAR (me)

(12) M-A-R-I-A A-L-E-X pessoaPASSAR-UM-PELO-OUTRO (md)

pessoaPASSAR (me)
A configuração de mão, como foi visto acima, também em relação a outras
línguas de sinais, quando associada a verbos classificadores, é uma flexão
de gênero, que pode ser sincretizada a um quanta.
78

Concluindo, pode-se esquematizar o sistema de concordância verbal, na


LIBRAS, da seguinte maneira:

1.
concordância número-pessoal => parâmetro orientação
2.
concordância de gênero e número => parâmetro configuração de
mão
3.
concordância de lugar => parâmetro ponto de articulação

( Texto de : Tanya A. Felipe )

“-Para se entender Libras é necessário que o intérprete saiba usar os


classificadores!”
79

Um pequeno percurso na fonologia da Libras

Como reflexo do quadro internacional, os autores, ao se


referirem à Libras, também apresentam o mesmo quadro
fonológico que as demais línguas de sinais. Por essa razão,
apresentaremos dois estudos que são referência em fonologia da
Libras.

O primeiro estudo linguístico da Libras é o de Ferreira-Brito


(1995). De acordo com ela, embora haja outras classificações
fonológicas para a ASL e as demais línguas de sinais, para a Libras
tem-se “como parâmetros primários a Configuração da(s)
Mão(s), o Ponto de Articulação e o Movimento, e como
parâmetros secundários a Região de contato, a Orientação da(s)
Mão(s) e Disposição das Mãos” (FERREIRA-BRITO, 1995, p.36)

A configuração da(s) mão(s) corresponde às diversas formas que


a(s) mão(s) assume(m) na realização do sinal, no caso da Libras
são 46 configurações (Figura 5). O ponto de articulação é a
região onde é realizado o sinal; e o movimento, como o próprio
nome diz, é a movimentação do pulso, dedos ou da mão na
produção do sinal. Segundo a autora, o movimento é um dos
parâmetros mais complexos, esse pode ser classificado como: (i)
movimento interno, quando os dedos se movem ocasionando a
mudança na configuração da mão;, (ii) o movimento da(s)
mão(s), produzido no espaço ou no corpo em linha reta, curvas e
círculos e (iii) os movimentos direcionais que traçam direções no
espaço da sinalização. Com relação aos parâmetros região de
contato, orientação da(s) mão(s) e a disposição das mãos, as
noções são as mesmas que as de Klima e Bellugi (1979).
80

(Língua Brasileira de Sinais)

ufsj.edu.br
Figura 5: As 46 Configurações de Mãos da Libras (FERREIRA-BRITO, 1995, p. 220)

Ao lado desses parâmetros, a autora ainda destaca a importância dos


Componentes Não-manuais:

São elementos muito importantes, ao lado dos parâmetros primários e


secundários. Existe mesmo a possibilidade de que a expressão facial ou o
movimento do corpo sejam outros parâmetros, dada a sua importância
para diferenciar significados. […] É importante notar que tanto os
parâmetros primários, como os secundários e os componentes não-
manuais podem estar presentes simultaneamente na organização do sinal.
(FERREIRA-BRITO, 1995, p.41)

Nota-se, com isso, que Ferreira-Brito mantém a mesma proposta de


análise de Klima e Bellugi para os parâmetros na Libras; embora, em um
primeiro momento, a autora coloque como parâmetro secundário a
orientação da(s) mão(s), que será considerado como parâmetro primário
por Quadros e Karnopp (2007)

Já os estudos de Quadros e Karnopp (2007) não apresentam a distinção


entre os parâmetros primários e secundários. Elas consideram que os
constituintes da língua de sinais brasileira são: a configuração de mãos,
movimento, localização ou ponto de articulação, orientação da mão e
81

expressões não-manuais ou componentes não-manuais. Sendo que os três


primeiros são os principais.

Figura 6: Pares mínimos na língua de sinais brasileira (QUADROS & KARNOPP, 2007, p. 52)

De acordo com Quadros e Karnopp (2007), as línguas de sinais, embora


sejam de modalidade distinta, não deixam de ter as mesmas
características que uma língua de modalidade oral:

O fato de as línguas de sinais mostrarem estrutura dual (isto é, unidades


com significado (morfemas) e unidades sem significado (fonemas)), apesar
de o conjunto de articuladores ser completamente diferente daquele das
línguas orais, atesta a abstração e a universalidade da estrutura fonológica
nas línguas humanas. (QUADROS e KARNOPP, 2007, p.53)
82

Para elas, as línguas de sinais, assim como as línguas orais, apresentam os


três principais aspectos que podem ser investigados: “os princípios e
universais lingüísticos compartilhados entre línguas de sinais e línguas
orais; as especificidades de cada língua; e as restrições devidas à
modalidade de percepção” (QUADROS e KARNOPP 2007, p.62). Em
decorrência disso, segundo elas, autores já vêm propondo – para a
fonologia – o estudo dos traços distintivos em que os sinais são um feixe
de elementos para formar a configuração de mão, o movimento e a
localização; e esses resultaram na constituição dos itens lexicais. Essa
análise tem tentado saber quantos traços existem nas línguas de sinais em
contraste com as línguas orais.

Outro modelo usado nas descrições fonológicas, segundo Quadros e


Karnopp (2007), é a fonologia da dependência que consiste em analisar a
assimetria binária entre o elemento regente, núcleo, e o dependente. Essa
relação núcleo-dependente busca generalizações neutras que respeitem a
modalidade de percepção e produção (QUADROS e KARNOPP, 2007, p.
65). Outra proposição desse modelo é a discussão sobre a importância do
movimento na formação dos sinais e a sequencialidade dos elementos, a
fim de explanar como eles são ordenados e distribuídos de forma linear.

Mais recentemente, o modelo autossegmental de Liddell (1984) e Liddell


& Johson (2000[1989]) foi utilizado por Xavier (2006) para analisar a Libras
com a seguinte prerrogativa:

Aqui cabe ressaltar uma das mais significativas diferenças entre o modelo
de Stokoe e seus seguidores, e o modelo de Liddell & Johnson. Para os
primeiros, configuração de mão, localização, orientação da palma e
movimento equivalem, em função, aos fonemas das línguas orais,
diferenciando-se destes por serem estruturados e realizados
simultaneamente. Para Liddell & Johnson, os três primeiros aspectos
equivalem aos traços articulatórios que constituem conjunta e
simultaneamente cada um dos fonemas das línguas sinalizadas (que
podem ser do tipo movimento ou suspensão), enquanto que o último
83

deles representa um dos dois tipos de segmentos existentes nessas


línguas (XAVIER, 2006, p. 24-25)

Para Xavier, o modelo de Liddell e Johnson faz conexão entre os aspectos


concretos e os abstratos da estrutura fonológica das línguas de sinais.
Nele os sinais são constituídos de um único segmento de suspensão ou
movimento, ou uma sequência desses dois tipos.

Enfim, aqui buscamos abordar de modo bem introdutório os modelos


fonológicos que estão sendo utilizados para descrever a Libras e também
as línguas de sinais. As pesquisas nessa área ainda precisam se expandir e
sanar algumas questões fonológicas.
84

Atividade

Faça uma pesquisa nas histórias infantis, fábulas, narrativas, etc, sobre a
importância dos classificadores neste contexto.
-
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
85

Atividade

Pesquise e escolha de um a dois exemplos de classificadores no You Tube


(nacional ou estrangeiro). Identifique os seguintes classificadores abaixo :

Classificadores descritivos
Classificadores especificadores
Classificadores de plural
Classificadores instrumentais
Classificadores de corpo
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
86

Para Felipe (2006, p. 202) dentre os processos de flexão de pessoa, aspecto verbal e a de
gênero, esta última ocorre por meio de uma configuração específica de mão que funciona
como um classificador. O mesmo acontece com a incorporação do intensificador MUITO ou
casos modais, eles alteram a RaizM pela frequência do movimento, incorporando um advérbio
ou intensificador.

Ainda segundo Felipe (2006), por ser uma língua gestual-visual, outro
processo de formação de palavra produtivo na Libras é o mimético, já que
faz uso de expressões faciais e corporais na complementação de itens
lexicais; e, embora sejam icônicos, eles respeitam as regras fono-morfo-
sintáticas e estão no plano da expressão. A partir dele podem-se derivar
outros verbos quando acrescentamos à RaizM expressões faciais e
corporais, como é o caso dos verbos SALTITAR, DESFILAR, CAMBALEAR
derivados de ANDAR.

E por fim, Felipe apresenta três tipos de composição por justaposição19: o


de justaposição de dois itens lexicais, como nos exemplos de
CAVALO^LISTRA-PELOCORPO (CAVALO + LISTRA-PELO-CORPO = “zebra”);
MULHER^BEIJO-NA-MÃO (MULHER + BEIJO-NA MÃO = “mãe”);
CASA^ESTUDAR (CASA + ESTUDAR “escola”). ASSINAR^SEPARAR (ASSINAR
+ SEPARAR = “divórcio”); COMER^MEIODIA (COMER + MEIO-DIA =
“almoço”)20, justaposição de um classificador e item lexical, em que o
classificador é um clítico, por exemplo nos sinais, coisa-
pequena^PERFURAR “alfinete”; coisa-pequena^APLICAR-NO-BRAÇO
“agulha”; DORMIR^pessoa + “alojamento”21, e justaposição da datilologia
da palavra, como em COSTURAR-COMAGULHA^ A-G-U-L-H-A “agulha”
87

Panorama dos estudos sobre classificadores nas


línguas de sinais
Dentre as primeiras pesquisas realizadas acerca de uma língua de sinais,
talvez um dos primeiros relatos sobre classificadores tenha sido
apresentado por Klima e Bellugi, em 1979; embora os autores não os
tenham descrito com detalhes, pois na época as análises linguísticas
estavam mais voltadas para estudos fonológicos e sintáticos das línguas de
sinais. Mesmo assim os autores já falavam da existência de tal fenômeno
na ASL e que ele desempenhava um papel importante na língua; contudo,
eles apresentam o fenômeno, mas não a definição. A princípio eles dizem
que:

Os classificadores, em particular, são usados para especificar localização


espacial e arranjos, e maneiras, direções, e as cadências de movimento.
Os classificadores podem demostrar, por exemplo, o caminho e o modo
pelo qual uma pessoa, animal ou objeto se movimentam de um lugar para
outro - saltando, galopando, se arrastando, tropeçando, tecendo dentro e
para fora, enrolando, movendo para cima, para baixo, ou do outro lado.
22 (KLIMA e BELLUGI, 1979, p.13-15) (Tradução nossa)

Outro estudo que analisou os classificadores em ASL foi o de Liddell


(1980), no livro American Sign Language Syntax. Nessa obra, o autor
descreve a ordem sintática da ASL que, segundo ele, é SVO; embora o
objeto possa ser topicalizado e formar a sequência OVS. O autor ainda
aponta outra sequência possível em que o classificador está presente e
que altera a ordem SVO. De acordo com ele, essas construções são do tipo
OBJETO-SUJEITO-VERBO e não há marcação de tópico; sendo, portanto,
denominadas de estruturas complexas ou verbos complexos em que se
têm uma sentença encaixada dentro de si. Além disso, os classificadores,
para esse autor, estabelecem uma relação espacial de localização entre os
elementos da cena.

Especificadores de Tamanho e Forma (Size and Shape Specifiers – SASS);


as mãos ou parte delas são morfemas dos verbos de movimento ou de
88

localização que classificam diferentes aspectos ou dimensões da estrutura


visual-geométrica dos nomes a que se referem, como: longo, fino,
redondo, etc. De acordo com Supalla, esses classificadores são
subdivididos em (i) especificadores de forma e tamanho do primeiro nível
estático; (ii) especificadores de forma e tamanho do segundo nível
estático; (iii) especificadores de forma e tamanho do terceiro nível
estático e (iv) especificadores de forma e tamanho traçado. Cada uma
dessas subdivisões representará as características dimensionais dos
objetos, para isso é necessário que seja adicionado fonologicamente à
mão mais um dedo. Exemplo disso é que, ao sinalizar com o dedo
indicador, temos o sinal para ponto ou algo com aspecto de linha reta;
mas, ao acrescentarmos o dedo polegar, o sentido expresso por esse novo
classificador é de que o objeto é redondo. Suppalla (1986, p. 187) ressalta
que:

As demais configurações de mão em SASS são derivadas dos próximos dois


níveis morfofonológicos. Os classificadores de níveis superiores são tanto
semântica e fonologicamente mais complexos do que as anteriores que
são formas derivadas. O conjunto de características semânticas
incorporados nos primeiro e segundo níveis derivacionais indica que a
hierarquia semântica dos níveis anteriores só pode representar objectos
de no máximo duas dimensões.

Os classificadores semânticos, são mais abstratos que os de forma e


tamanho (SASS), por representarem um único morfema com a mão
inteira, além de serem de movimento. Eles estão subdivididos em: (i)
classificadores de objetos com perna ou patas, os quais representam a
maneira que um objeto, animal ou homem se locomove em uma
trajetória; (ii) classificadores de objetos manobráveis, os quais requerem
diferentes morfemas para representar o curso da trajetória do objeto que
pode ser na horizontal ou na vertical e (iii) classificadores de objetos de
coluna, em que o antebraço é combinado com a mão e os dedos para se
referir a uma árvore.
89

Os classificadores de corpo, diferentemente dos outros, são morfemas


articulados independentes para marcarem o argumento nominal que se
refere a uma pessoa. Eles podem ser: (i) classificadores de parte do corpo,
em que a mão marca a parte do corpo, enquanto o componente de
localização é o próprio corpo para marcar a orientação espacial, por
exemplo, dar um soco no olho (Figura 12 HIT-IN-THE-EYE); (ii) SASS de
parte do corpo é a união de SASS com localização no corpo, por exemplo,
o sinal de zebra ou onça; e (iii) classificadores de membro que se referem
a algum membro do corpo de um ser animado, representando a sua
postura ou atitude, como o sinal para coelho ou urso, Figura 12 “CLAWS e
PAWS”

Classificadores de instrumento: dizem respeito à forma como o objeto é


manipulado, sendo divididos em (i) classificador instrumental de mão em
que a configuração de mão representa vários sólidos de diferentes formas
e tamanhos – esse classificador demonstra a interação do agente com a
ação de manipular o objeto – e (ii) classificador de ferramenta, que
incorpora características miméticas de como se manipular um
instrumento; nesse caso, o classificador demonstra a interação entre a
“mão do agente” e o objeto, por exemplo chave de fenda, tesoura e faca

Classificadores de textura, consistência e textura tátil (ou morfema


classificador de textura): são classificadores de forma e tamanho (SASS)
que descrevem propriedades de solidez e rigidez

Os classificadores de X-tipo de objeto: Segundo Ferreira-Brito (1995, p.


109), “são usados para descrever a forma e o tamanho dos objetos ou
seres referentes e também a maneira como a ação se dá”. Ainda segundo
ela, esse tipo de classificador incorpora-se ao verbo, descrevendo e
substituindo o nome; e também localiza os referentes. Um exemplo é o
classificador com a configuração de mãos em “Y”,

representado na Figura16, que indica:


90

pessoas gordas, objetos altos e largos de forma irregular (bomba de


gasolina, lata de óleo, gancho de telefone, bule de café ou chá, sapato de
salto alto, jarra, veículo aéreo, submarino, ferro de passar roupa, chifre de
touro ou vaca), roupas, comidas e outros objetos da casa variados, bonitos
e bons.
91

Figura 16: Configuração de mão em forma de ‘Y’


92

Felipe (2002) conclui que, na Libras, há algumas configurações de mãos


que, sendo morfemas, podem ser consideradas classificadores. Essas,
segundo ela, serão consideradas como desinências de gênero,
93

Atividade :

Descreva cinco exemplos quanto ao papel dos


classificadores nos seguintes itens:

A) Semântica
B) Sintaxe
C) Morfologia
2. _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
94

Atividade

Pense na prática pedagógica do ensino de Língua de Sinais em que você


seriaprofessor.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
95

Situe o percurso histórico dessa prática de ensino no que se refere aos tipos
e papéis de classificadores em língua de sinais.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
96

Explicite as dificuldades e as facilidades no ensino dos classificadores em


sala de aula.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
97

As CMs determinam os referentes principais a serem classificados.


Entretanto, elas, por si só, não constituem o CLASSIFICADOR. O
componente semântico completo só é interpretado a partir do momento
em que a CM se articula como UL. Elas são lingüisticamente definidas e
estão intimamente relacionadas à entidade que descrevem por meio de
relações icônicas e/ ou metafóricas, cognitivamente determinadas pelos
falantes da LSB.

A modalidade vísuo-espacial da LSB favorece a incorporação de várias


funções ao CLASSIFICADOR, pois os CLs, de acordo com a forma e a
posição que assumem no discurso, preenchem estruturas sintáticas com
associações que vão de SUJEITO- VERBO a SUJEITO-VERBO-OBJETO-
INTRUMENTO-MODO-ASPECTOLOCATIVO. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p.
118)

Classificadores nominais são subdivididos em: Classificadores nominais


descritivos e Classificadores nominais especificadores. Os descritivos
(Quadro 2), como o próprio nome diz, descrevem entidades, ou partes
delas, que sejam indivíduos36 animados ou inanimados, superfícies,
paisagens, sentimentos e lugares. Caso o classificador seja de pessoa, e
essa se encontra no plural, ele se modifica a depender da quantidade de
pessoas no discurso. Caso ele represente qualquer outra das categorias já
mencionadas, a forma de plural terá a noção de coletivo/ coleção, volume,
peso e tempo.

CLASSIFICADORES NOMINAIS DESCRITIVOS ATRIBUTOS PASSÍVEIS DE


DESCRIÇÃO

-forma: estrutura (unidimensional, bidimensional e tridimensional), plana,


silhueta, perfil, reta, curva, ondulada, “esburacado”, espiralada, helicoidal,
ziguezagueada, geométrica (quadrada, redonda, arredondada, triangular,
oval) etc.
98

-tamanho: comprimento (comprido e curto), largura (largo e estreito),


altura (alto e baixo), todas as dimensões (grande, pequeno, microscópio)
etc.

-textura: macia, áspera, etc

-consistência: líquida, pastosa, cremosa, compacta (maciça), espumante,


flexível (mole), rígida (dura), espessa etc.

-espessura: grossa, fina, oco/ vazia

-tonalidade: clara, escura, desbotada, viva

-odor: perfumado, fétido

-paladar: doce, salgado. Amargo, azedo/ ácido

Quadro 2: Classificadores Nominais Descritivos (tipos de atributos) (FARIA-


NASCIMENTO, 2009, p.119)

Os classificadores nominais especificadores (Quadro 3), diferentemente


dos descritivos, não descrevem atributos dos referentes, mas suas funções
são de:

a localização de elementos 'de' ou 'em' um referente (números, símbolos


etc); ou (ii) o modo como os referentes “arranjam-se”, dispõem-se,
distribuem-se ou espalhamse no espaço; o modo como os referentes
estão dispostos em dado lugar ou contexto, por exemplo: enrolados, em
círculos, empilhados, enfileirados, espalhados etc. (cf. ALLAN, 1977)
(FARIA-NASCIMENTO, 2009, 121).

ESPECIFICADORES DE LOCALIZAÇÃO

NÚMERO-

-EM-CAMISA-DE-FUTEBOL
99

-EM-RESIDÊNCIA

-EM-TELEFONE

-DE-CANAL-DE-TV

-DE-CELULAR

ESPECIFICADORES DE MODO

FUMAÇA-

-DE-CIGARRO-ESPALHANDO

-DE-CHURRASCO-SUBINDO

-DE-CHAMINÁ-ESPALHANDO

LIVROS

- EMPILHAD@

ENFILEIRAD@

ESPALHAD@

CADEIRAS-

-EM-CÍRCULO

-ENFILEIRAD@

POTE(S-LADO-A-LADO

QUADRO(S)

-ESPALHAD@ (EM ORDEM)


100

-ESPAHAD@ (SEM ORDEM)

PRATO(S)-ENCAIXAD@-NO-ESCORREDOR

TALHERE(S-POSTOS-NA-MESA

Classificadores Nominais Especificadores (FARIA-NASCIMENTO, 2009,


p.121)

Classificadores verbais, ou verbos manuais, constituem os predicados


complexos, podendo ocorrer sozinhos ou com um classificador nominal;
ao serem realizados nesse último caso, eles são sintagmas nominais que
incorporam sintagmas verbais ou vice-versa. A incorporação se realiza
quando o sintagma verbal é seguido de um argumento externo em função
de sujeito.

Classificadores homônimos são aqueles que têm a mesma forma, mas têm
significado diferente; e é por meio do contexto que se determina o
significado. Como no quadro apresentado por Faria-Nascimento (2009,
p.127):

CLASSIFICADORES HOMÔNIMOS

PESSOA-DEITADA x PESSOA-DORMINDO-MAL x PESSOA-SE MEXENDO-NA


CAMA PESSOA-FAZENDO-EXERCÍCIO (com as pernas) x PESSO-
DEITADAPERNAS-PARA-CIMA x PESSOA-OLHANDO-PARA-CIMA
MODELODESFILANDO x PESSOA-PASSANDO-POR-CIMA-DA-PONTE

Classificadores Homônimos (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p.127) As


considerações sobre classificadores feitas por Faria-Nascimento não
101

divergem muito das dos demais autores, a não ser pela nomenclatura e
que incorporação em Libras está relacionada à simultaneidade ou
sobreposição de informações sintático-semânticas; porém a literatura tem
apresentado que a simultaneidade em línguas de sinais é aquela em que
os fonemas são realizados ao mesmo tempo, enquanto nas línguas orais a
pronúncia dos fonemas é linear. A respeito desse assunto, nesta pesquisa,
consideramos que a Libras é predominantemente simultânea e este diz
respeito à sinalização (pronúncia) dos fonemas na língua, ao invés de uma
sobreposição sintático-semântica.

Nota-se, assim, que contrastar duas línguas de modalidades distintas não


significa encontrar nas línguas visuais as mesmas fórmulas já existentes
nas línguas orais; mas compreender como funcionam, respeitando suas
diversidades e analisando de que forma os fenômenos linguísticos
ocorrem nas línguas. Ao contrastarmos a Libras com as línguas orais
queremos analisar as suas semelhanças com as línguas orais, bem como
sua diversidade no que diz respeito aos aspectos morfológicos
102

Intensificadores em Libras

Segundo os autores, a intensificação de adjetivos é geralmente expressa


por meio de modificações que tornam sua forma visivelmente diferente
de sua realização basal. As modificações identificadas por Wilbur,
Malaia e Shay, listadas no quadro (1), se referem a modificações
referentes à tensão e movimentação de partes do corpo.

Aumento na tensão das mãos e da face; Aumento na tensão das mãos e


da face;

Modificações no movimento:

Acréscimo ou aumento da trajetória do


movimento;

- Demora na soltura do início do movimento;

Modificações nas expressões não-manuais


(ENMs) (face, cabeça, corpo):
Modificações nas expressões não-manuais
(ENMs) (face, cabeça, corpo):
Franzimento da face;
Inclinação da cabeça.

Modificações na forma de adjetivos para expressar intensidade (traduzido de


WILBUR; MALAIA; SHAY, 2012: 95)

A expressão de intensidade na libras é um tema ainda pouco

investigado. Uma das primeiras menções a esse processo na referida


língua
provém do trabalho de XAVIER (2006). Dentre os 2274 sinais do dicionário
de
CAPOVILLA e RAPHAEL (2001) que analisou, o autor identificou, assim
como
103

que têm intensidade e ou advérbio de modo em um sinal. JOHNSTON e


SCHEMBRI (1999) na língua de sinais australiana, alguns sinais
monomanuais cuja intensificação parece implicar sua realização com
duas
mãos

Há possibilidade de utilizar a classificador e o verbo dentro do


intensificador e advérbio de modo em libras com contextualizar das
expressões faciais e corporais nas frases.
Exemplo: ESTA PESSOA COMER (devagar) EU ESPERAR (muito) NÃO
PODER ATRASAR TRABALHAR.
E devem utilizar cinco parâmetros em juntar as palavras
104

ATIVIDADE

Escolha uma palavra que tem dentro da intensificador e ou advérbio de


modo e juntar uma frase para fazer em libras, e fale se é intensificador ou
advérbio de modo.
ELA PÃO COMER (???)
HOMEM LIVRO LER (???)
MULHER ESCOVAR DENTE (???)
ELA PENTEAR CABELO (???)
MENINO PAPEL RASGAR (???)
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
105

Intensificador e Advérbio de modo

a. Configuração de mão
b. Movimento
c. Ponto de Articulação
d. Orientação da mão
e. expressão corporal e/ou facial

ATIVIDADE:

Criar três frases que relaciona Intensificador e adverbio


de modo e faça um vídeo.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
106

Intensificador e advérbios de modo

Como já foi informado anteriormente, na Libras, há substantivo e verbo


que são representados pelo mesmo sinal. Isso também acontece com
alguns adjetivos.

Sintaticamente, a diferença entre eles está também na possibilidade dos


adjetivos e verbos poderem incorporar um intensificador (muito) e dos
verbos poderem incorporar advérbios de modo, que são expressos através
da modificação do movimento.

O intensificador \u201cmuito\u201d e alguns advérbios de modo podem


ser expressos também através das expressões facial e corporal.

Há uma diferença entre \u201cmuito\u201d (intensificador) e


\u201crápido\u201d (advérbio de modo). Para intensificar uma ação, há
uma repetição do sinal correspondente a esta ação e uma incorporação de
um movimento lento. Já para estabelecer um modo RÁPIDO de se realizar
a ação, há uma repetição do sinal da ação e a incorporação de um
movimento acelerado.

Há, ainda, a incorporação do intensificador \u201cmuito\u201d ou de


advérbios de modo, que alteram, também, o movimento, através de um
alongamento do movimento, como por exemplo, em: BONIT@-muito,
CANSAD@- muito; ou de uma mudança do movimento, como por
exemplo: ANDAR- cambaleando, ANDAR- saltitando, ANDAR-
apressadamente; ANDAR.
107
108
109

Sistema de Transcrição para a Libras

As línguas de sina is têm características próprias e por isso vem sendo


utilizado
mais o vídeo para sua reprodução à distância. Existem sistemas de
convenções
para escrevê-las, mas como geralmente eles exigem um período de
estudo para Este sis tema, que vem sendo adotado por pesquisadores
de línguas de sinais

em outros países e aqui no Brasil, tem este nome porque as


palavras de uma
língua oral-auditiva são utilizadas para representar aproximadamente os
sinais.
110

Exemplos:

SAUDAÇÕES

Em todas as línguas há o ritual da saudação. Dependendo do


contexto, esse
cumprimento será mais formal ou informal e geralmente é
complementado por
gestos. A Libras tem também sinais específicos para cada uma dessas
situações.
Assim podem-se utilizar os seguintes sinais: BOM DIA, BOA TARDE,
BOA NOITE,
OI, TCHAU, acompanhados ou não de gestos para cumprimentos:
111
112

Expressões interrogativas e advérbio de


frequência

Estas expressões geralmente são utilizadas nesse contexto de ano


sideral e, por isso, é bom conhecê-las:

*QUANTA-VEZ?
*1-VEZ/2-VEZ/3-VEZ/4-VEZ
*MUITAS-VEZ
*1-VEZ

Diferente de:

*PRIMEIRA-VEZ
*PRIMEIRO
*PRIMEIRAMENTE
113
114

Comparativo de igualdade, superioridade e


inferioridade

Em Libras, também, pode ser comparada uma


qualidade ou uma ação a partir de três situações:
igualdade, inferioridade e superioridade. Para
expressões comparativas de superioridade e
inferioridade, usa-se os sinais MAIS e MENOS antes
do adjetivo comparado, seguido da conjunção
comparativa DO-QUE, ou seja

comparativo de superioridade: X MAIS ----ADJ--


--DO-QUE Y;
*comparativo de inferioridade: X MENOS ----ADJ-
---DO-QUE Y;
Essa expressão comparativa “do que” tem flexão
para as pessoas do discurso
e, por isso, a orientação para aonde o sinal aponta
indicará a segunda
pessoa/objeto/animal comparados.
Para o comparativo de igualdade, podem ser usados dois sinais:
IGUAL (dedos
indicadores e médios das duas mãos roçando um no outro) e IGUAL
(duas mãos
em B, viradas para frente encostadas lado a lado), geralmente no final da
frase.
115
116
117

Pronomes indefinidos e quantificadores


118
119

Advérbios de tempo (freqüência)

Na Libras, há expressões específicas para representar freqüência de uma


ação e algumas são expressões idiomáticas:
*NUNCA, N-U-N-C-A, NUNCA-M-A-I-S, NUNCA-VI, NUNCA-V-I
*FREQUÊNTE E FREQUENTEMENTE possuem a mesma configuração de
mão, mas para a segunda idéia que tem o aspecto contínuo, o sinal é feito
repetidamente;
*SEMPRE (CONTINUAR) e MESM@ possuem a mesma configuração
de mão, mas para o primeiro há um movimento para frente do
enunciador, enquanto o segundo fica no mesmo ponto de articulação
inicial;
*MESM@-IGUAL é um sinal composto formado pelo sinal MESM@
mais o sinal igual, com o sentido de “sempre”, “mesma coisa”.
120

Os classificadores e os adjetivos descritivos na libras

*uma partícula que se coloca antes ou depois da raiz;


*uma desinência que se coloca no verbo para estabelecer
concordância.
Ao se atribuir uma qualidade a uma coisa como, por exemplo:
arredondada, quadrado, cheio de bolas, de listras, entre outras, isso
representa um tipo de classificação porque é uma adjetivação
descritiva, mas isso não quer dizer que seja, necessariamente, um
classificador como se vem trabalhando este conceito nos estudos
lingüísticos.
Para os estudiosos deste assunto, um classificador é uma fo rma que
existe em número restrito em uma língua e estabelece um tipo de
concordância.
Na Libras, os classificadores, como foi visto acima, são
configurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa, animal e
veículo, funcionam como marcadores de concordância.
Assim, na Libras, os classificadores são formas que, substituindo o
nome que as precedem, podem ser presa à raiz verbal para
classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo.
Portanto, os classificadores na Libras são marcadores de concordância
de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, VEÍCULO.
Os classif icadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é
marcado ao se representar duas pessoas ou animais simultaneamente
co m as duas mãos ou fazendo um movimento repetido em relação ao
número.
Os classificadores para COISA representam, através da
concordância, uma característica desta coisa que está sendo o objeto da
ação verbal.
121

Atividades

Observe as quatro gravuras e faça as descrições utilizando classificadores


para cada categoria na LIBRAS (utilize o quadro de configurações de mão):

A - Descrição de superfície
B - Descrição do corpo associado ao olhar

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
122

Descreva cinco exemplos quanto ao papel dos classificadores nos


seguintes itens:

A) Semântica
B) Sintaxe
C) Morfologia

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
123

Escolha no youtube algumas cenas dos Surdos que apresentam


classificações e tente traduzir. Explicite as dificuldades e as facilidades na
tradução dos classificadores.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
__
124

Bibliografia
http://www.libras.ufsc.br
colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica
fatecc.com.br
O processo de formação de palavra na Libras. ETD-Educação temática
digital. Campinas, v. 7, no. 2, p 200-217, jun-2006. Disponível em :
http://www.slideshare.net/asustecnologia/formao-depalavras-em-libras.
Acesso em: 15 jun. 2011. FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de língua
de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de
Linguística e Filologia, 1995.

__________. Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS. In: BRASIL, Ministério de


Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Língua brasileira de
sinais. (Série Atualidades Pedagógicas). Brasília, v. 3, n. 4 , p. 19- 61,1998.
__________. LANGEVIN, R. Sistema Ferreira-Brito-Langevin de
transcrisção de sinais. In: FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de língua
de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de
Linguística e Filologia, 1995.
QUADROS, R.M. KARNOPP, L.B. Língua de sinais brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. SOUSA, W.P.A. A construção da
argumentação na língua brasileira de sinais: divergência e convergência
com a língua portuguesa. 2009. 167 f.
Tese (Doutorado) – Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal da
Paraíba, João Pessoa, 2009.
STROBEL, K. L.; FERNANDES, S. Aspectos linguísticos da Libras.
SEED/SUED/DEE. Curitiba, 1998. STUMPF, Marianne. Escrita de Sinais I.
Texto base da disciplina de Escrita de Sinais da UFSC. Florianópolis: UFSC,
2008
. ______. Aprendizagem da escrita de língua de sinais pelo sistema
SingWriting: línguas de sinais no papel e no computador. Tese de
doutorado. Porto Alegre: UFRGS, CINTED, PGIE, 2005.
VELOSO, B. S. Construções classificadoras e verbos de deslocamento,
existência e localização na língua de sinais brasileira. - 2008. 172 f. Tese
(Doutorado) - Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 2008.
125

Você também pode gostar