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CÓD: 7891122040059

EMBASA
EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E SANEAMENTO S.A

Agente Administrativo

APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA ANTES DA


PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Emprego das classes de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Sintaxe da oração e do período. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
7. Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. Concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
9. Regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
10. Significação das palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Matemática
1. Números inteiros: operações e propriedades; múltiplos e divisores: problemas. Números racionais: operações e propriedades;
problemas envolvendo as quatro operações na forma fracionária e decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Números e grandezas proporcionais; razões e proporções; divisão proporcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Juros e desconto simples (juro, capital, tempo, taxa e montante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Funções do 1º e 2º graus: problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
7. Sistema de medidas: decimais e não decimais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
8. Sistema monetário brasileiro: problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Noções de Informática
1. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações: ambiente Microsoft Office, BR
Office. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sistemas operacionais: Windows e LINUX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e intranet. . . . . 37

Noções de Legislação
1. Lei nº 11.445 de 05 de janeiro de 2007 - Diretrizes nacionais para o saneamento básico: princípios fundamentais, exercício da titulari-
dade, planejamento, aspectos econômicos e sociais, aspectos técnicos e política federal de saneamento básico. . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e outras providências. . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Lei nº 11.172 de 01 de dezembro de 2008 - Princípios e diretrizes da Política Estadual de Saneamento Básico: do direito à salubridade
ambiental, das diretrizes e princípios da política Estadual de Saneamento Básico, do sistema estadual de saneamento básico, do plane-
jamento, da gestão associada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4. Lei nº 12.602 de 29 de novembro de 2012 - Criação da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia - AGER-
SA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Noções de Administração Pública


1. Organização da administração pública no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988. Conceitos relativos às administrações direta
e indireta. Diferenças entre autarquias, fundações e empresas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Agentes públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Licitação Pública: princípios básicos e definições; convênios e termos similares; modalidades, limites, dispensa e inexigibilidade (Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993 e suas alterações); Lei nº 9.433, de 1º de março de 2005, e suas alterações - Contratos e compras; Lei
nº 10.520, de 17 de julho de 2002 - Licitação na Modalidade Pregão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
ÍNDICE

Noções Gerais da Igualdade Racial e de Gênero


1. Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1º, 3º, 4º e 5º). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Lei federal no 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Lei estadual nº 13.182, de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igualdade Racial e de Combate a Intolerância Religioso), regulamentada
pelo Decreto estadual nº 15.353 de 08 de agosto de 2014. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5. Lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei federal no 9.459 de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resul-
tantes de preconceito de raça ou de cor). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
6. Decreto Federal no 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discrim-
inação racial). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7. Decreto federal n o 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Lei federal no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
9. Código Penal Brasileiro (art. 140). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
10. Lei federal nº 9.455/1997 (Combate à Tortura). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
11. Lei federal nº 2.889/56 (Combate ao Genocídio). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
12. Lei federal no 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
13. Lei estadual no 10.549 de 28 de dezembro de 2006 (Cria a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada pela Lei estadual no
12.212/2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
14. Lei federal no 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Repúbli-
ca). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Conhecimentos Específicos
Agente Administrativo
1. Qualidade no atendimento ao público. Comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse, presteza, eficiência, tolerância,
discrição, conduta e objetividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Trabalho em equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Personalidade e relacionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Eficácia no comportamento interpessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Fatores positivos do relacionamento. Comportamento receptivo e defensivo, empatia e compreensão mútua . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Conhecimentos básicos de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Características das organizações formais: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamental-
ização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
8. Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
9. Comportamento organizacional: motivação, liderança e desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
10. Patrimônio. Conceito. Componentes. Variações e configurações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
11. Hierarquia e autoridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
12. Eficiência, eficácia, produtividade e competitividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
13. Processo decisório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
14. Planejamento administrativo e operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
15. Divisão do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
16. Controle e avaliação. Motivação e desempenho. Liderança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .+
17. Gestão da qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
18. Técnicas de arquivamento: classificação, organização, arquivos correntes e protocolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
19. Noções de cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
20. Noções de uso e conservação de equipamentos de escritório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
21. Compras na Administração Pública. Licitações e contratos. Princípios básicos da licitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
22. Conceito de segurança do trabalho: EPIs e EPCs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
23. Ética no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Emprego das classes de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Sintaxe da oração e do período. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
7. Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. Concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
9. Regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
10. Significação das palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. TIPO- cas:
LOGIA TEXTUAL
Apresenta um enredo, com ações
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- e relações entre personagens, que
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é ocorre em determinados espaço e
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido e se estrutura da seguinte maneira:
completo. apresentação > desenvolvimento >
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e clímax > desfecho
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci-
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua Tem o objetivo de defender determi-
interpretação. nado ponto de vista, persuadindo o
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do TEXTO DISSERTATIVO- leitor a partir do uso de argumentos
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que -ARGUMENTATIVO sólidos. Sua estrutura comum é: in-
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- trodução > desenvolvimento > con-
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- clusão.
tório do leitor. Procura expor ideias, sem a neces-
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, sidade de defender algum ponto de
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- vista. Para isso, usa-se comparações,
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido TEXTO EXPOSITIVO
informações, definições, conceitua-
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar lizações etc. A estrutura segue a do
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. texto dissertativo-argumentativo.
Expõe acontecimentos, lugares, pes-
Dicas práticas
soas, de modo que sua finalidade é
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
TEXTO DESCRITIVO descrever, ou seja, caracterizar algo
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
ou alguém. Com isso, é um texto rico
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
em adjetivos e em verbos de ligação.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca Oferece instruções, com o objetivo
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- de orientar o leitor. Sua maior carac-
TEXTO INJUNTIVO
cidas. terística são os verbos no modo im-
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- perativo.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Gêneros textuais
opiniões. A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
quando afirma que... Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
Tipos e Gêneros Textuais • Bilhete
• Bula
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Carta
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Conto
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Crônica
classificações. • E-mail
• Lista
Tipos textuais • Manual
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- • Notícia
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se • Poema
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão • Propaganda
específico para se fazer a enunciação. • Receita culinária
• Resenha
• Seminário

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em


determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
dade e à função social de cada texto analisado.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, exclama-
POR QUÊ
ção, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos. Ex: cumprimento
(extensão) X comprimento (saudação); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, porém são grafadas de maneira diferente. Ex: conserto (cor-
reção) X concerto (apresentação); cerrar (fechar) X serrar (cortar)

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:

• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)

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LÍNGUA PORTUGUESA
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de “S”,
saída, faísca, baú, país
desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Posso ajudar, senhora?


Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

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LÍNGUA PORTUGUESA
Curiosidades • Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o presente, futuro do pretérito.
uso de alguns prefixos (supercedo). • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; perfeito, futuro.
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo)
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). rito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
Pronomes pretérito mais-que-perfeito, futuro.
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). pio) ou advérbio (gerúndio).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu,
nossos...) Tipos de verbos
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio-
vender, abrir...)
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o
ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira
(ser, ir...)
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ-
(falir, banir, colorir, adequar...)
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Colocação pronominal • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, acontecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- pentear-se...)
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
gerúndio antecedidos por “em”. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Nada me faria mais feliz. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. podendo ser três tipos diferentes:
Orgulhar-me-ei de meus alunos. • Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
ções, nem após ponto-e-vírgula. do lago)

Verbos Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a


Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro equivalente ao verbo “ser”.
possuem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).

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Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de-
• Causa: Morreu de câncer. marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em-
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. prego da crase:
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. • Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu-
• Lugar: O vírus veio de Portugal. na.
• Companhia: Ela saiu com a amiga. • Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica-
• Posse: O carro de Maria é novo. das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Meio: Viajou de trem. • Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito
estresse.
Combinações e contrações • Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei-
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- xando de lado a capacidade de imaginar.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e • Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima
havendo perda fonética (contração). à esquerda.
• Combinação: ao, aos, aonde
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra-
se:
Conjunção • Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante mos uma reunião frente a frente.
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois • Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- atender daqui a pouco.
mento de redigir um texto. • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
conjunções subordinativas. • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
fica a 50 metros da esquina.
Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em / Dei um picolé à minha filha.
cinco grupos: • Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
• Aditivas: e, nem, bem como. minha avó até à feira.
• Adversativas: mas, porém, contudo. • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Ana da faculdade.
• Explicativas: que, porque, porquanto.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
Conjunções subordinativas caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. à escola / Amanhã iremos ao colégio.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
• Causais: porque, que, como.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Condicionais: e, caso, desde que. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Comparativas: como, tal como, assim como. Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.  que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Finais: a fim de que, para que.  e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Temporais: quando, enquanto, agora. Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
opcional.

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Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (perí-
odo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finalizados com a pontuação adequada.

Análise sintática
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um período e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e nominais, agentes da passiva)
• Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adverbiais, apostos)

Termos essenciais da oração


Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o predicado
é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo, onde o verbo está presente.

O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificável, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se concentra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intran-
sitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apre-
senta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

TIPOS DE ORAÇÃO
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).

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No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
ADVERSATIVAS Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com vírgula) mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na oração an-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
terior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista, está sen-
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. do atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções con-
Ele foi o primeiro presidente que se preocupou
DESENVOLVIDAS juntivas.
com a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a corrup-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou ção.
infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não exis- Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
te na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um adje-
nheira.
tivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensali-
dade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).

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LÍNGUA PORTUGUESA
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

Polissemia e monossemia
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a frase.
Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).

Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da
cadeira.

Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de significado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.

Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, portanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta.

Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – infarto
/ gatinhar – engatinhar.

Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que ainda
podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> farmácia /
franquia <—> sinceridade.

EXERCÍCIOS

1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e
Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de
jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas
desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na
crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela coope-
ração voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores
conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a
mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem
acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

16
LÍNGUA PORTUGUESA
3. (UERJ - 2016)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento fundamental para a instalação de um
tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado.
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
(A) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
(B) configuram julgamentos vazios, ainda que existam crimes comprovados.
(C) emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
(D) apressam-se em opiniões superficiais, mesmo que possuam dados concretos.

4 - (UEA - 2017) Leia o trecho de Quincas Borba, de Machado de Assis:


E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo
cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas1, soluços e sarabandas2, acaba por trazer à alma do mundo a variedade neces-
sária, e faz-se o equilíbrio da vida.
(Quincas Borba, 1992.)
1
polca: tipo de dança.
2
sarabandas: tipo de dança.

De acordo com o narrador,


(A) os erros do passado não afetam o presente.
(B) a existência é marcada por antagonismos.
(C) a sabedoria está em perseguir a felicidade.
(D) cada instante vivido deve ser festejado.
(E) os momentos felizes são mais raros que os tristes.

5 – (ENEM 2013)

Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
(A) opressão das minorias sociais.

17
LÍNGUA PORTUGUESA
(B) carência de recursos tecnológicos. (E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares.
(C) falta de liberdade de expressão.
(D) defesa da qualificação profissional. 9. (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – RJ) Preencha os parênte-
(E) reação ao controle do pensamento coletivo. ses com os números correspondentes; em seguida, assinale a alter-
nativa que indica a correspondência correta.
6. (FUNDEP – 2014) As tipologias textuais são constructos teó- 1. Narrar
ricos inerentes aos gêneros, ou seja, lança-se mão dos tipos para a 2. Argumentar
produção dos gêneros diversos. Um professor, ao solicitar à turma a 3. Expor
escrita das “regras de um jogo”, espera que os estudantes utilizem, 4. Descrever
predominantemente, a tipologia 5. Prescrever
(A) descritiva, devido à presença de adjetivos e verbos de
ligação. ( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos
(B) narrativa, devido à forte presença de verbos no passado. e indicações de como realizar ações, com emprego abundante de
(C) injuntiva, devido à presença dos verbos no imperativo. verbos no modo imperativo.
(D) dissertativa, devido à presença das conjunções. ( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias
sobre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e
7. (ENEM 2010) reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COM- ( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou
PUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo
Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas tipo de texto.
de linguagem, assumindo funções específicas, formais e de conte- ( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou
údo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância
seu objetivo básico é do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade.
(A) definir regras de comportamento social pautadas no com-
( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e expo-
bate ao consumismo exagerado.
sição de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista.
(B) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos
que visam à adesão ao consumo.
e conclusão.
(C) defender a importância do conhecimento de informática
(A) 3, 5, 1, 2, 4
pela população de baixo poder aquisitivo.
(B) 5, 3, 1, 4, 2
(D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas clas-
(C) 4, 2, 3, 1, 5
ses sociais economicamente desfavorecidas.
(E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a (D) 5, 3, 4, 1, 2
máquina, mesmo a mais moderna. (E) 2, 3, 1, 4, 5

8. (IBADE – 2020 adaptada) 10. (PUC – SP) O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias
Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

66. BOTAFOGO ETC.


“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado
das avenidas marinhas sem sol. Losangos tênues de ouro bandeira-
nacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da
baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa
de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em túneis.
Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada
pelas frestas da cidade.”

Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua orga-


nização, os textos podem ser compostos de descrição, narração e
dissertação; no entanto, é difícil encontrar um trecho que seja só
https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de descritivo, apenas narrativo, somente dissertativo. Levando-se em
2020 conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para
classificar o texto de Oswald de Andrade:
O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que (A) Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo.
representa sua definição (B) Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo.
(C) Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo.
(A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito (D) Descritivo-dissertativo, com predominância do dissertativo.
de persuadir o leitor. (E) Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo.
(B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para deta-
lhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender. 11. (FMPA – MG)
(C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em cro- Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
nologia obrigatória o enredo por meio de personagens. te aplicada:
(D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por (A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
intuito explicar um conceito, mais comumente em um dicioná- (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
rio ou enciclopédia. (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.

18
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. 13. (UNIFOR CE – 2006)
(E) A cessão de terras compete ao Estado. Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
12. (UEPB – 2010) resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
maiores nomes da educação mundial na atualidade. silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
Carlos Alberto Torres guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver- ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida- de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um
de.
processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver-
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográ-
fica em termos de constante articulação 11democrática, você não mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
de classe. estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
[…] (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto,
2001. p.68)
Rosa Maria Torres
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e o contexto, é
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de (A) ceticismo.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a (B) desdém.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o (C) apatia.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas (D) desinteresse.
indesejadas. (E) negligência.
[…]
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e 14. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que para os carros e os pedestres.
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
mo, em relação à “diversidade”.
mônimos e parônimos.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
(A) I e III.
no paradigma argumentativo do enunciado.
(B) II e III.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi- (C) II apenas.
dade e identidade”. (D) Todas incorretas.

Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi- 15. (UFMS – 2009)
ção(ões) verdadeira(s). Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
(A) I, apenas Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
(B) II e III 30/09/08. Em seguida, responda.
(C) III, apenas “Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
(D) II, apenas tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
(E) I e II cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto.
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta,
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
mática na cabeça.

19
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me li-
bertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmula, lá
vinham as palavras mágicas.
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de terror.
– E ele faz o quê?
– Atrapalha a gente na hora de escrever.
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia usar trema nem se lembrava da regrinha.
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se consegui-
rei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servirão ao
menos para determinar minha idade.
– Esse aí é do tempo do trema.”

Assinale a alternativa correta.


(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável monstro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substituída por
“nós”.
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa.
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.

16. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.

17. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEIRANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de forma
incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas erroneamen-
te, exceto em:
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
(B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.

18. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de classificação.
“____________ o céu é azul?”
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trânsito pelo caminho.”
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado ao nosso encontro.”
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mundiais. ____________?”
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(E) Por que – porque – por quê – Porquê

19. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parônimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que se quer
expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecionando conve-
nientemente o parônimo adequado à frase elaborada. Assinale-a.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(B) O infrator foi preso em flagrante.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.

20. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente.
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza

20
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz

21. (IFAL - 2011)

Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.

“Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos na pele
e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices vergonhosos
no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontuado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”

22. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

23. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

24. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

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LÍNGUA PORTUGUESA
25. (FCC – 2020)

A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:


(A) O segundo é o “capitalismo de Estado”, que confia ao governo a tarefa de estabelecer a direção da economia.
(B) milhões prosperaram, à medida que empresas abriam mercados.
(C) Por fim, executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente ligado ao de seus
clientes.
(D) De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas ecológicas.
(E) Na verdade, esse deveria ser seu propósito definitivo.

26. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmina, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não conseguia se recompôr e viver tranquilo.
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.

27. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acentuadas devido à mesma regra:
(A) saí – dói
(B) relógio – própria
(C) só – sóis
(D) dá – custará
(E) até – pé

22
LÍNGUA PORTUGUESA
28. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a informação nova.
tonicidade para a última sílaba, é necessário que se marque (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
graficamente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
L, se isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
oxítonas. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em
L. 32. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. dem a um adjetivo, exceto em:
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
eu. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
29. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, sem fim.
assinale a afirmação verdadeira. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
como “também” e “porém”. 33. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
mesma razão. respectivamente:
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (A) adjetivo, adjetivo
mesma razão que a palavra “país”. (B) advérbio, advérbio
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constitu- (C) advérbio, adjetivo
írem monossílabos tônicos fechados. (D) numeral, adjetivo
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- (E) numeral, advérbio
que todas as paroxítonas são acentuadas.
34. (ITA-SP)
30. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
Beber é mal, mas é muito bom.
vra é acentuada graficamente:
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p.
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
28.)
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(C) saudade, onix, grau, orquídea
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
(D) voo, legua, assim, tênis
(A) adjetivo
(E) flores, açucar, album, virus
(B) substantivo
31. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (C) pronome
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (D) advérbio
Uma organização não governamental holandesa está propondo (E) preposição
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o 35. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que pela ordem, a:
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
um contador na rede social. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, 36. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam ____________________.”
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
mente a frase acima. Assinale-a.
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa- (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro- (B) desista da ação contra aquele salafrário.
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
usuários longe da rede social.” (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão: (E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) da retomada de informações que podem ser facilmen-
te depreendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes
semanticamente.
(B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não
alteraria o sentido do texto.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
37. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente 43. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sin-
as lacunas do texto a seguir: tática do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas (A) Sujeito
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as (B) Objeto direto
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- (C) Predicativo do sujeito
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- (D) Adjunto adverbial
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ (E) Adjunto adnominal
arte.”
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a 44. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em manhã de segunda-feira”.
(C) bastante - por - meias - ao - a - à (A) Predicativo
(D) meias - para - muito - pelo - em - por (B) Complemento nominal
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (C) Objeto indireto
(D) Adjunto adverbial
38. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo (E) Adjunto adnominal
com a gramática:
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. 45. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
II - Muito obrigadas! – disseram as moças. te”. O termo destacado funciona como:
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. (A) Objeto indireto
IV - A pobre senhora ficou meio confusa. (B) Objeto direto
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. (C) Adjunto adnominal
(D) Vocativo
(A) em I e II (E) Sujeito
(B) apenas em IV
(C) apenas em III 46. (BANCO DO BRASIL) Opção que preenche corretamente as
(D) em II, III e IV lacunas: O gerente dirigiu-se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___
(E) apenas em II todas as pessoas convocadas.
(A) à - à – à
39. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. (B) a - à – à
Hoje, só ___ ervas daninhas. (C) à - a – a
(A) fazem, havia, existe (D) a - a – à
(B) fazem, havia, existe (E) à - a - à
(C) fazem, haviam, existem
(D) faz, havia, existem 47. (FEI) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as
(E) faz, havia, existe lacunas das seguintes orações:
I. Precisa falar ___ cerca de três mil operários.
40. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- II. Daqui ___ alguns anos tudo estará mudado.
dância verbal, de acordo com a norma culta: III. ___ dias está desaparecido.
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. IV. Vindos de locais distantes, todos chegaram ___ tempo ___
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. reunião.
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (A) a - a - há - a – à
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (B) à - a - a - há – a
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (C) a - à - a - a – há
(D) há - a - à - a – a
41. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passa- (E) a - há - a - à – a.
gem: “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do
tempero na salada – o meu jeito de querer bem.” 48. (TRE) O uso do acento grave (indicativo de crase ou não)
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática está incorreto em:
de: (A) Primeiro vou à feira, depois é que vou trabalhar.
(A) objeto indireto e aposto (B) Às vezes não podemos fazer o que nos foi ordenado.
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito (C) Não devemos fazer referências àqueles casos.
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo (D) Sairemos às cinco da manhã.
(D) complemento nominal e aposto (E) Isto não seria útil à ela.
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
49. (ITA) Analisando as sentenças:
42. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas.
“Depressa esqueci o Quincas Borba”. II. Não fale tal coisa as outras.
(A) objeto direto III. Dia a dia a empresa foi crescendo.
(B) sujeito IV. Não ligo aquilo que me disse.
(C) agente da passiva
(D) adjunto adverbial
(E) aposto

24
LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos deduzir que: (B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube,
(A) Apenas a sentença III não tem crase. do qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros
(B) As sentenças III e IV não têm crase. países passou despercebida.
(C) Todas as sentenças têm crase. (C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
(D) Nenhuma sentença tem crase. dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
(E) Apenas a sentença IV não tem crase. social.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por
50. (UFABC) A alternativa em que o acento indicativo de crase um morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
não procede é: (E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
(A) Tais informações são iguais às que recebi ontem. mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à
(B) Perdi uma caneta semelhante à sua. regra, a aventura à repetição.
(C) A construção da casa obedece às especificações da Prefei-
tura. 57. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
(D) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de uma só te as lacunas correspondentes.
vez. A arma ___ se feriu desapareceu.
(E) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão. Estas são as pessoas ___ lhe falei.
Aqui está a foto ___ me referi.
51. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irre- Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
conhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de: Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
(A) sufixação - prefixação – parassíntese
(B) sufixação - derivação regressiva – prefixação (A) que, de que, à que, cujo, que.
(C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
52. (UFSC) Aponte a alternativa cujas palavras são respectiva-
mente formadas por justaposição, aglutinação e parassíntese: 58. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(A) varapau - girassol - enfaixar (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(B) pontapé - anoitecer - ajoelhar (B) Informei-lhe a nota obtida.
(C) maldizer - petróleo - embora (C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
(D) vaivém - pontiagudo - enfurece sinais de trânsito.
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
(E) penugem - plenilúnio - despedaça
(E) Muita gordura não implica saúde.
53. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem todas as pala-
59. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
vras são de um mesmo radical:
ser seguidos pela mesma preposição:
(A) noite, anoitecer, noitada
(A) ávido / bom / inconsequente
(B) luz, luzeiro, alumiar
(B) indigno / odioso / perito
(C) incrível, crente, crer
(C) leal / limpo / oneroso
(D) festa, festeiro, festejar
(D) orgulhoso / rico / sedento
(E) riqueza, ricaço, enriquecer (E) oposto / pálido / sábio
54. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- 60. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
guintes palavras: tas nos itens a seguir:
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(B) descompõem, desempregados, desejava migos de hipócritas;
(C) estendendo, escritório, espírito II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(D) quietação, sabonete, nadador desprezo por tudo;
(E) religião, irmão, solidão III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
55. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
não é formada por prefixação: A frase reescrita está com a regência correta em:
(A) readquirir, predestinado, propor (A) I apenas
(B) irregular, amoral, demover (B) II apenas
(C) remeter, conter, antegozar (C) III apenas
(D) irrestrito, antípoda, prever (D) I e III apenas
(E) dever, deter, antever (E) I, II e III

56. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio


em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
culta é:
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
líderes pefelistas.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 45 E
46 C
47 A
1 D
48 E
2 E
49 A
3 C
4 B 50 D
5 E 51 D
6 C 52 D
7 B 53 B
8 D 54 D
9 B 55 E
10 A 56 E
11 C 57 C
12 B 58 A
13 D 59 D
14 C 60 E
15 C
16 A
17 B
18 C ANOTAÇÕES
19 B
20 A ______________________________________________________
21 E ______________________________________________________
22 A
______________________________________________________
23 A
24 B ______________________________________________________
25 A ______________________________________________________
26 E
______________________________________________________
27 B
28 E ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 B
______________________________________________________
31 D
32 B ______________________________________________________
33 B ______________________________________________________
34 B
_____________________________________________________
35 E
36 _____________________________________________________
C
37 A ______________________________________________________
38 C ______________________________________________________
39 D
40 ______________________________________________________
C
41 A ______________________________________________________
42 D ______________________________________________________
43 C
______________________________________________________
44 B
______________________________________________________

26
MATEMÁTICA
1. Números inteiros: operações e propriedades; múltiplos e divisores: problemas. Números racionais: operações e propriedades;
problemas envolvendo as quatro operações na forma fracionária e decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Números e grandezas proporcionais; razões e proporções; divisão proporcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Juros e desconto simples (juro, capital, tempo, taxa e montante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Funções do 1º e 2º graus: problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
7. Sistema de medidas: decimais e não decimais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
8. Sistema monetário brasileiro: problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
MATEMÁTICA
Subconjuntos do conjunto  :
NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES; 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
MÚLTIPLOS E DIVISORES: PROBLEMAS. NÚMEROS RA-
CIONAIS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES; PROBLEMAS Z*={...-2, -1, 1, 2, ...}
ENVOLVENDO AS QUATRO OPERAÇÕES NA FORMA
FRACIONÁRIA E DECIMAL 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos

Números Naturais Z+={0, 1, 2, ...}


Os números naturais são o modelo matemático necessário
para efetuar uma contagem. 3) Conjunto dos números inteiros não positivos
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
obtemos o conjunto infinito dos números naturais Z-={...-3, -2, -1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
- Todo número natural dado tem um sucessor presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
a) O sucessor de 0 é 1. São exemplos de números racionais:
b) O sucessor de 1000 é 1001. -12/51
c) O sucessor de 19 é 20. -3

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. -(-3)


-2,333...

As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,


- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- portanto são consideradas números racionais.
sor (número que vem antes do número dado). Como representar esses números?
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero.
a) O antecessor do número m é m-1. Representação Decimal das Frações
b) O antecessor de 2 é 1. Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
c) O antecessor de 56 é 55.
d) O antecessor de 10 é 9.
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
Expressões Numéricas
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul-
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili-
zamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,


devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
Exemplo 1 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
10 + 12 – 6 + 7 nal
22 – 6 + 7
16 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se não
23 repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que tra-
taremos mais a frente.
Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

Números Inteiros Representação Fracionária dos Números Decimais


 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números 1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero. denominador seguido de zeros.
Este conjunto pode ser representado por: O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...} um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.

1
MATEMÁTICA

Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional.

Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um número natu-


ral, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por
10.

10x=3,333...

E então subtraímos: Fonte: www.estudokids.com.br

10x-x=3,333...-0,333... Representação na reta


9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212... INTERVALOS LIMITADOS
100x = 112,1212... . Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
Subtraindo: e menores do que b ou iguais a b.
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99
Intervalo:[a,b]
Números Irracionais Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}

Identificação de números irracionais Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
- Todas as dízimas periódicas são números racionais. b.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. Intervalo:]a,b[
- Todas as raízes inexatas são números irracionais. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um número iguais a a e menores do que b.
racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:{a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto {x∈R|a≤x<b}

- O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-


ro racional.

2
MATEMÁTICA
Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta
menores ou iguais a b. em um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resul-


Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me- ta em um número negativo.
nores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me- 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o si-
nores que b. nal para positivo e inverter o número que está na base. 

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a a.

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor
do expoente, o resultado será igual a zero. 
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores


que a.

Propriedades
Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a} 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e  soma os expoentes.
Potenciação
Multiplicação de fatores iguais Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
2³=2.2.2=8 (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

3
MATEMÁTICA
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se então:
os expoentes.

Exemplos:
n
a.b = n a .n b
(52)3 = 52.3 = 56
O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é
igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um Raiz quadrada de frações ordinárias
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3² 1 1
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos 2 2 2 2 2
2
elevar separados. =  = 1 =
3 3 3
Observe: 32

De modo geral,
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
se

então:

a na
n =
b nb

O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado


é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
Técnica de Cálculo radicando.
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais fá-
cil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos. Veja:  Raiz quadrada números decimais

Operações

Operações

Multiplicação

Exemplo
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


e multiplica. Divisão

Observe:
1 1 Exemplo
1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

De modo geral, se
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , Adição e subtração

4
MATEMÁTICA
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. (A) José
(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni

03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-


CURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
(A) 0,2222...
(B) 0,6666...
Caso tenha: (C) 0,1616...
(D) 0,8888...

Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VUNESP/2017) Se,
numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10, sen-
Racionalização de Denominadores do esse resto o maior possível, então o dividendo é
Normalmente não se apresentam números irracionais com (A) 131.
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos (B) 121.
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador. (C) 120.
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela (D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expressões numéricas


abaixo apresentam resultados que seguem um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.
3ª expressão: 123 x 9 + 4

...
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de 7ª expressão: █ x 9 + ▲
quadrados no denominador:
Seguindo esse padrão e colocando os números adequados no
lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será
(A) 1 111 111.
(B) 11 111.
EXERCÍCIOS (C) 1 111.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111.
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível Superior II
- Direito – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos em ape- 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um trei-
nas duas categorias: nível superior e nível médio. namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial
Sabe-se que: informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, nunca
• dentre os candidatos, 82 são homens; houve um incêndio, mas existiram muitas situações de risco, feliz-
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao mente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas situações
de mulheres de nível médio; deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situações haviam
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres. sido geradas por diferentes tipos de displicência. Dentre as situa-
ções de risco geradas por displicência,
O número de candidatos homens de nível médio é
(A) 42. − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequada-
(B) 45. mente;
(C) 48. − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
(D) 50. − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e
(E) 52. − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- De acordo com esses dados, ao longo da existência desse pré-
CURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José foram dio comercial, a fração do total de situações de risco de incêndio
a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que obti- geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à
vesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados 6 (A) 3/20.
segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria (B) 1/4.
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni (C) 13/60.
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo- (D) 1/5.
cação, é correto afirmar que o vencedor foi: (E) 1/60.

5
MATEMÁTICA
07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico I - Técnico
em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa que apresen-
ta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4. 04. Resposta: A.
(D) 8. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11 que
(E) 16. é igua o quociente.
11x11=121+10=131
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)
05. Resposta: E.
Qual o resultado de ? A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(A) 3
(B) 3/2 06. Resposta: D.
(C) 5
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b . Gerado por descuidos ao cozinhar:

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2; Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-1/13)
(C) 3;
(D) 4;
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor – 07.Resposta: C.


FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada empresa
tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa manhã, 3/4
das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram para um aten-
dimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu-


lheres é
(A) 3/4;
(B) 8/9; 08. Resposta: D.
(C) 5/7;
(D) 8/13;
(E) 9/17.

GABARITO 09. Resposta: C.


2-2(1-2N)=12
2-2+4N=12
01.Resposta: B. 4N=12
150-82=68 mulheres N=3
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
nível médio. 10. Resposta: E.
Portanto, há 37 homens de nível superior. Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
82-37=45 homens de nível médio.

02. Resposta: D.
Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
Dos homens que saíram:
03. Resposta: B.
Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
X=0,4444....
10x=4,444...
9x=4

6
MATEMÁTICA
Saíram no total Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub-
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
Outros critérios
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
MÚLTIPLOS E DIVISORES divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.

Múltiplos Fatoração numérica


Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
existir algum número natural n tal que: obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:
x = y·n

Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e


podemos escrever: x = n/y

Observações:
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha- Divisores
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
+ 1 (k ∈ N).
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
número 12.
Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é
ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a di-
visão. No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

�2 . 3
2 �1
2+1 1+1 = (2 + 1).(1 + 1) = 3.2 = 6 divisores naturais

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
22 . 30=4

O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}


(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi-
A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
bilidade/ - reeditado)

7
MATEMÁTICA
MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC) Propriedade fundamental das proporções
É o maior número que é divisor comum de todos os números
dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores Numa proporção:
primos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FATORES
COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR EXPOENTE.
Exemplo: Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-
MDC (18,24,42) = meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:
AxD=BxC

Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja


em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então


pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor
Comum entre 18,24 e 42 é 6.
.
MINIMO MÚLTIPLO COMUM (MMC)
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos Segunda propriedade das proporções
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC,
apenas com a seguinte ressalva: Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE. assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
Pegando o exemplo anterior, teríamos: para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7

Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo


Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504. ou
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC
(A,B). MMC (A,B)= A.B

NÚMEROS E GRANDEZAS PROPORCIONAIS; RAZÕES E Ou


PROPORÇÕES; DIVISÃO PROPORCIONAL

Razão

Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b ou


0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou
a : b.

Exemplo: Terceira propriedade das proporções


Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças. Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
(lembrando que razão é divisão) tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen-
te. Temos então:

Proporção
ou
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre
A/B e C/D é a igualdade:

8
MATEMÁTICA
Ou A solução segue das propriedades das proporções:

ou
Exemplo
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
Grandezas Diretamente Proporcionais de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro- porcional?
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira
mais informal, se eu pergunto:
Quanto mais.....mais....

Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

Distância(km) Combustível(litros)
13 1 Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
26 2
Inversamente Proporcionais
39 3
52 4 Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível? M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
Diretamente proporcionais ..., 1/pn.
Se eu dobro a distância, dobra o combustível A montagem do sistema com n equações e n incógnitas, assu-
me que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos... cuja solução segue das propriedades das proporções:

Exemplo
velocidadextempo a tabela abaixo:

EXERCÍCIOS
Velocidade (m/s) Tempo (s)
5 200 01. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO AOCP/2017)
8 125 João e Marcos resolveram iniciar uma sociedade para fabricação e
venda de cachorro quente. João iniciou com um capital de R$ 30,00
10 100 e Marcos colaborou com R$ 70,00. No primeiro final de semana de
16 62,5 trabalho, a arrecadação foi de R$ 240,00 bruto e ambos reinvestiram
R$ 100,00 do bruto na sociedade, restando a eles R$ 140,00 de lucro.
20 50 De acordo com o que cada um investiu inicialmente, qual é o valor
que João e Marcos devem receber desse lucro, respectivamente?
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? (A) 30 e 110 reais.
Inversamente proporcional (B) 40 e 100 reais.
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade. (C)42 e 98 reais.
(D) 50 e 90 reais.
Diretamente Proporcionais (E) 70 e 70 reais.
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta- 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Em uma empresa,
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema trabalham oito funcionários, na mesma função, mas com cargas ho-
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e rárias diferentes: um deles trabalha 32 horas semanais, um trabalha
p1+p2+...+pn=P. 24 horas semanais, um trabalha 20 horas semanais, três trabalham
16 horas semanais e, por fim, dois deles trabalham 12 horas sema-
nais. No final do ano, a empresa distribuirá um bônus total de R$
74.000,00 entre esses oito funcionários, de forma que a parte de

9
MATEMÁTICA
cada um seja diretamente proporcional à sua carga horária sema- 07. (IPRESB/SP – Agente Previdenciário – VUNESP/2017) A ta-
nal. Dessa forma, nessa equipe de funcionários, a diferença entre o bela, onde alguns valores estão substituídos por letras, mostra os
maior e o menor bônus individual será, em R$, de valores, em milhares de reais, que eram devidos por uma empresa
(A) 10.000,00. a cada um dos três fornecedores relacionados, e os respectivos va-
(B) 8.000,00. lores que foram pagos a cada um deles.
(C) 20.000,00.
(D) 12.000,00. Fornecedor A B C
(E) 6.000,00.
Valor pago 22,5 X 37,5
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Para Valor devido Y 40 z
uma pesquisa, foram realizadas entrevistas nos estados da Região
Sudeste do Brasil. A amostra foi composta da seguinte maneira: Sabe-se que os valores pagos foram diretamente proporcionais
– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo; a cada valor devido, na razão de 3 para 4. Nessas condições, é cor-
– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados da Região reto afirmar que o valor total devido a esses três fornecedores era,
Sudeste. antes dos pagamentos efetuados, igual a
Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o número de (A) R$ 90.000,00.
entrevistas realizadas em São Paulo e o número total de entrevistas (B) R$ 96.500,00.
realizadas nos quatro estados é de (C) R$ 108.000,00.
(D) R$ 112.500,00.
(A) 8 para 5. (E) R$ 120.000,00.
(B) 5 para 8. 08. (DPE/RS - Analista - FCC/2017) A razão entre as alturas de
(C) 5 para 7. dois irmãos era 3/4 e, nessa ocasião, a altura do irmão mais alto era
(D) 3 para 5. 1,40 m. Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm. Para que a razão
(E) 3 para 8. entre a altura do irmão mais baixo e a altura do mais alto seja hoje,
igual a 4/5 , é necessário que o irmão mais baixo tenha crescido,
04. (UNIRV/60 – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017) Em nesse tempo, o equivalente a
relação à prova de matemática de um concurso, Paula acertou 32
das 48 questões da prova. A razão entre o número de questões que (A) 13,5 cm.
ela errou para o total de questões da prova é de (B) 10,0 cm.
(C) 12,5 cm.
(A) 2/3 (D) 14,8 cm.
(B) 1/2 (E) 15,0 cm.
(C) 1/3
(D) 3/2 09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) O trans-
porte de 1980 caixas iguais foi totalmente repartido entre dois
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) José, veículos, A e B, na razão direta das suas respectivas capacidades
pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, respectiva- de carga, em toneladas. Sabe-se que A tem capacidade para trans-
mente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$ 240,00, em portar 2,2 t, enquanto B tem capacidade para transportar somente
partes diretamente proporcionais às suas idades. Considerando o 1,8 t. Nessas condições, é correto afirmar que a diferença entre o
intento do genitor, é possível afirmar que cada filho vai receber, em número de caixas carregadas em A e o número de caixas carregadas
ordem crescente de idades, os seguintes valores: em B foi igual a
(A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00. (A) 304.
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00. (B) 286.
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00. (C) 224.
(D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00. (D) 216.
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00. (E) 198.
06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) Sa- 10. (EMDEC – Assistente Administrativo – IBFC/2016) Paulo
be-se que 16 caixas K, todas iguais, ou 40 caixas Q, todas também vai dividir R$ 4.500,00 em partes diretamente proporcionais às ida-
iguais, preenchem totalmente certo compartimento, inicialmente des de seus três filhos com idades de 4, 6 e 8 anos respectivamente.
vazio. Também é possível preencher totalmente esse mesmo com- Desse modo, o total distribuído aos dois filhos com maior idade é
partimento completamente vazio utilizando 4 caixas K mais certa igual a:
quantidade de caixas Q. Nessas condições, é correto afirmar que o
número de caixas Q utilizadas será igual a (A) R$2.500,00
(B) R$3.500,00
(A) 10. (C) R$ 1.000,00
(B) 28. (D) R$3.200,00
(C) 18.
(D) 22.
(E) 30.

10
MATEMÁTICA
08. Resposta: E.
GABARITO

01. Resposta: C.
30k+70k=140
100k=140 X=1,05
K=1,4 Seo irmão mais alto cresceu 10cm, está com 1,50
30⋅1,4=42
70⋅1,4=98

02. Resposta: A.
Vamos dividir o prêmio pelas horas somadas X=1,20
32+24+20+3⋅16+2⋅12=148 Ele cresceu: 1,20-1,05=0,15m=15cm
74000/148=500
O maior prêmio foi para quem fez 32 horas semanais 09. Resposta: E.
32⋅500=16000 2,2k+1,8k=1980
12⋅500=6000 4k=1980
A diferença é: 16000-6000=10000 K=495
2,2x495=1089
03. Resposta:B. 1980-1089=891
2500+1500=4000 entrevistas 1089-891=198

10. Resposta: B.

04. Resposta: C.
Se Paula acertou 32, errou 16.
A+B+C=4500
4p+6p+8p=4500
18p=4500
P=250
05. Resposta: E. B=6p=6x250=1500
2k+5k+8k=240 C=8p=8x250=2000
15k=240 1500+2000=3500
K=16
Alfredo: 2⋅16=32 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
Bernardo: 5⋅16=80
Caetano: 8⋅16=128
06. Resposta: E. Regra de três simples é um processo prático para resolver
Se, com 16 caixas K, fica cheio e já foram colocadas 4 caixa, problemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos
faltam 12 caixas K, mas queremos colocar as caixas Q, então vamos três deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos
ver o equivalente de 12 caixas K três já conhecidos.

Passos utilizados numa regra de três simples:


1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma
espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de
Q=30 caixas espécies diferentes em correspondência.
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen-
07. Resposta: E. te proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h,
faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria
Y=90/3=30 esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h?

Solução: montando a tabela:

1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)


X=120/4=30 400-----------------3
480---------------- x

2) Identificação do tipo de relação:


Z=150/3=50 Velocidade----------tempo
Portanto o total devido é de: 30+40+50=120000 400↓-----------------3↑
480↓---------------- x↑

11
MATEMÁTICA
Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú-
meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna EXERCÍCIOS
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na
segunda coluna vai para cima 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
Velocidade----------tempo NESP/2017) Para imprimir 300 apostilas destinadas a um curso,
400↓-----------------X↓ uma máquina de fotocópias precisa trabalhar 5 horas por dia du-
480↓---------------- 3↓ rante 4 dias. Por motivos administrativos, será necessário imprimir
360 apostilas em apenas 3 dias. O número de horas diárias que essa
480x=1200 máquina terá que trabalhar para realizar a tarefa é
X=25 (A) 6.
(B) 7.
Regra de três composta (C) 8.
Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de (D) 9.
duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais. (E) 10.

Exemplos: 02. (SEPOG – Analista em Tecnologia da Informação e Comu-


1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em nicação – FGV/2017) Uma máquina copiadora A faz 20% mais có-
5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar pias do que uma outra máquina B, no mesmo tempo.
125m³? A máquina B faz 100 cópias em uma hora.
A máquina A faz 100 cópias em
Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as (A) 44 minutos.
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es- (B) 46 minutos.
pécies diferentes que se correspondem: (C) 48 minutos.
(D) 50 minutos.
Horas --------caminhões-----------volume (E) 52 minutos.
8↑----------------20↓----------------------160↑
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
5↑------------------x↓----------------------125↑
CURSOS/2017) Para a construção de uma rodovia, 12 operários tra-
balham 8 horas por dia durante 14 dias e completam exatamente
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde
a metade da obra. Porém, a rodovia precisa ser terminada daqui a
está o x.
exatamente 8 dias, e então a empresa contrata mais 6 operários
de mesma capacidade dos primeiros. Juntos, eles deverão trabalhar
Observe que:
quantas horas por dia para terminar o trabalho no tempo correto?
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi- (A) 6h 8 min
nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente (B)6h 50min
proporcional (seta para cima na 1ª coluna). (C) 9h 20 min
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número (D) 9h 33min
de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta
para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um
termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido restaurante “por quilo” apresenta seus preços de acordo com a tabela:
das setas.
Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Horas --------caminhões-----------volume
8↑----------------20↓----------------------160↓
5↑------------------x↓----------------------125↓
Rodolfo almoçou nesse restaurante na última sexta-feira. Se a
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando: quantidade de alimentos que consumiu nesse almoço custou R$ 21,00,
então está correto afirmar que essa quantidade é, em gramas, igual a
Horas --------caminhões-----------volume (A) 375.
5----------------20----------------------160 (B) 380.
8------------------x----------------------125 (C) 420.
(D) 425.
(E) 450.

05. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um


Logo, serão necessários 25 caminhões carregamento de areia foi totalmente embalado em 240 sacos, com
40 kg em cada saco. Se fossem colocados apenas 30 kg em cada
saco, o número de sacos necessários para embalar todo o carrega-
mento seria igual a
(A) 420.
(B) 375.
(C) 370.
(D) 345.
(E) 320.

12
MATEMÁTICA
06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)
Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa, trabalhando
12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana. Quantos fun-
cionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem assegurar 900x=7200
uma produção de 1200 bolsas por semana? X=8
(A) 48
(B) 96 02. Resposta: D.
(C) 102 Como a máquina A faz 20% a mais:
(D) 144 Em 1 hora a máquina A faz 120 cópias.
120------60 minutos
07. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Durante 10-------x
90 dias, 12 operários constroem uma loja. Qual o número mínimo X=50 minutos
de operários necessários para fazer outra loja igual em 60 dias?
(A) 8 operários. 03. Resposta: C.
(B) 18 operários. ↑Operário↓horas dias↑
(C) 14 operários. 12--------------8------------14
(D) 22 operários. 18----------------x------------8
(E) 25 operários Quanto mais horas, menos operários
Quanto mais horas, menos dias
08. (FCEP – Técnico Artístico – AMAUC/2017) A vazão de uma
torneira é de 50 litros a cada 3 minutos. O tempo necessário para
essa torneira encher completamente um reservatório retangular,
cujas medidas internas são 1,5 metros de comprimento, 1,2 metros
de largura e 70 centímetros de profundidade é de: 8⋅18x=14⋅12⋅8
(A) 1h 16min 00s X=9,33h
(B) 1h 15min 36s 9 horas e 1/3 da hora
(C) 1h 45min 16s 1/3 de hora é equivalente a 20 minutos
(D) 1h 50min 05s 9horas e 20 minutos
(E) 1h55min 42s
04. Resposta:C.
09. (CRMV/SC – Assistente Administrativo – IESES/2017) Tra- 12,50------250
balhando durante 6 dias, 5 operários produzem 600 peças. Deter- 21----------x
mine quantas peças serão produzidas por sete operários trabalhan- X=5250/12,5=420 gramas
do por 8 dias: 05. Resposta: E.
(A) 1120 peças Sacoskg
(B)952 peças 240----40
(C) 875 peças x----30
(D) 1250 peças
Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente)
10. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016) Para
organizar as cadeiras em um auditório, 6 funcionários, todos com
a mesma capacidade de produção, trabalharam por 3 horas. Para
fazer o mesmo trabalho, 20 funcionários, todos com o mesmo ren-
dimento dos iniciais, deveriam trabalhar um total de tempo, em 30x=9600
minutos, igual a X=320
(A) 48.
(B) 50. 06. Resposta: A.
(C) 46. ↓Funcionários↑ horasbolsas↓
(D) 54. 48------------------------12-----------480
(E) 52. x-----------------------------15----------1200
Quanto mais funcionários, menos horas precisam
GABARITO Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas

01. Resposta: C.
↑Apostilas↑ horasdias↓
300------------------5--------------4 X=96 funcionários
360-----------------x----------------3 Precisam de mais 48 funcionários
↑Apostilas↑ horasdias↑ 07. Resposta: B.
300------------------5--------------3 Operários dias
360-----------------x----------------4 12-----------90
x--------------60
Quanto mais operários, menos dias (inversamente proporcional)

13
MATEMÁTICA

Acréscimo ou Lucro Fator de Multiplicação


10% 1,10
15% 1,15
60x=1080
X=18 20% 1,20
47% 1,47
08. Resposta: B.
67% 1,67
V=1,5⋅1,2⋅0,7=1,26m³=1260litros
50litros-----3 min
Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:
1260--------x
X=3780/50=75,6min
0,6min=36s
75min=60+15=1h15min
Desconto
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
09. Resposta: A.
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal)
↑Dias↑ operáriospeças↑
Veja a tabela abaixo:
6-------------5---------------600
8--------------7---------------x
Desconto Fator de Multiplicação
10% 0,90
25% 0,75
30x=33600 34% 0,66
X=1120
60% 0,40
10. Resposta: D. 90% 0,10
Como o exercício pede em minutos, vamos transformar 3 horas
em minutos Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:

3x60=180 minutos
↑Funcionários minutos↓
6------------180 Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e
20-------------x venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
Lucro=preço de venda -preço de custo
As Grandezas são inversamente proporcionais, pois quanto
mais funcionários, menos tempo será gasto. Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas
Vamos inverter os minutos formas:
↑Funcionários minutos↑
6------------x
20-------------180
20x=6.180
20x=1040
X=54 minutos
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
PORCENTAGEM com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x%
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível
para x é igual a
Porcentagem (A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím- (B) 15.
bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos (C) 10.
nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal- (D) 6.
cular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determinado va- X=27
lor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse valor por O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to-
1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for de 20%, multi- dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão.
plicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela abaixo:

Resposta: C.

14
MATEMÁTICA
EXERCÍCIOS 04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação – UT-
FPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas foi alterado.
Seu comprimento foi reduzido e passou a ser 2/ 3 do comprimento
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- original e sua largura foi reduzida e passou a ser 3/ 4 da largura
CURSOS/2017) Um aparelho de televisão que custa R$1600,00 es- original.
tava sendo vendido, numa liquidação, com um desconto de 40%. Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo original, a
Marta queria comprar essa televisão, porém não tinha condições de área do novo retângulo:
pagar à vista, e o vendedor propôs que ela desse um cheque para (A)foi aumentada em 50%.
15 dias, pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquidação. (B) foi reduzida em 50%.
Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de: (C) aumentou em 25%.
(A) R$1120,00 (D) diminuiu 25%.
(B)R$1056,00 (E)foi reduzida a 15%.
(C)R$960,00
(D) R$864,00 05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Paulo,
dono de uma livraria, adquiriu em uma editora um lote de apostilas
02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe de segu- para concursos, cujo valor unitário original é de R$ 60,00. Por ter ca-
rança de um Tribunal conseguia resolver mensalmente cerca de dastro no referido estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto
35% das ocorrências de dano ao patrimônio nas cercanias desse na compra. Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar
prédio, identificando os criminosos e os encaminhando às autori- 30% sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condições,
dades competentes. Após uma reestruturação dos procedimentos qual será o lucro obtido por unidade?
de segurança, a mesma equipe conseguiu aumentar o percentual (A) R$ 4,20.
de resolução mensal de ocorrências desse tipo de crime para cer- (B) R$ 5,46.
ca de 63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação, a (C) R$ 10,70.
equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate ao dano (D) R$ 12,60.
ao patrimônio em (E) R$ 18,00.
(A) 35%.
(B) 28%. 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Joana
(C) 63%. foi fazer compras. Encontrou um vestido de R$ 150,00 reais. Des-
(D) 41%. cobriu que se pagasse à vista teria um desconto de 35%. Depois de
(E) 80%. muito pensar, Joana pagou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
(A) R$ 120,00 reais
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três irmãos, André, (B) R$ 112,50 reais
Beatriz e Clarice, receberam de uma tia herança constituída pelas (C) R$ 127,50 reais
seguintes joias: um bracelete de ouro, um colar de pérolas e um (D) R$ 97,50 reais
par de brincos de diamante. A tia especificou em testamento que (E) R$ 90 reais
as joias não deveriam ser vendidas antes da partilha e que cada um
deveria ficar com uma delas, mas não especificou qual deveria ser 07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) A
dada a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um re- empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão de receitas trimestrais
cebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam que as joias para 2018. A receita prevista para o primeiro trimestre é de 180 mi-
tinham valores diferentes entre si e, além disso, tinham diferentes lhões de reais, valor que é 10% inferior ao da receita prevista para
opiniões sobre seus valores. Então, decidiram fazer a partilha do o trimestre seguinte. A receita prevista para o primeiro semestre é
seguinte modo: 5% inferior à prevista para o segundo semestre. Nessas condições,
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um deveria é correto afirmar que a receita média trimestral prevista para 2018
escrever em um papel três porcentagens, indicando sua avaliação é, em milhões de reais, igual a
sobre o valor de cada joia com relação ao valor total da herança. (A) 200.
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas avaliações. (B) 203.
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles rece- (C) 195.
besse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da herança toda (D) 190.
ou mais. (E) 198.
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das joias foi a
seguinte: 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUNDEP/2017) Veja,
a seguir, a oferta da loja Magazine Bom Preço:

Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
De R$ 720,00
Por apenas R$ 504,00
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clarice rece-
bessem, respectivamente, Nessa oferta, o desconto é de:
(A) o bracelete, os brincos e o colar. (A) 70%.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. (B) 50%.
(C) o colar, o bracelete e os brincos. (C) 30%.
(D) o bracelete, o colar e os brincos. (D) 10%.
(E) o colar, os brincos e o bracelete.

15
MATEMÁTICA
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Considere que 180-----90%
uma caixa de bombom custava, em novembro, R$ 8,60 e passou a x---------100
custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento no preço dessa caixa de x=200
bombom foi de:
(A) 30%. 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
(B) 25%. 380----95
(C)20%. x----100
(D) 15% x=400 milhões

10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e Derivados – Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava vazio e foi cheio de 780/4trimestres=195 milhões
óleo após receber todo o conteúdo de 12 tanques menores, idên-
ticos e cheios. 08. Resposta: C.
Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% maior do que
a sua capacidade original, o grande tanque seria cheio, sem exces-
sos, após receber todo o conteúdo de
(A) 4 tanques menores
(B) 6 tanques menores Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de 30%.
(C) 7 tanques menores OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não errar con-
(D) 8 tanques menores forme a pergunta feita.
(E) 10 tanques menores
09. Resposta: B.
8,6(1+x)=10,75
GABARITO 8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
8,6x=2,15
01. Resposta:B. X=0,25=25%
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do produto.
10. Resposta: D.
1600⋅0,6=960 50% maior quer dizer que ficou 1,5
Como vai pagar 10% a mais: Quantidade de tanque: x
960⋅1,1=1056 A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tanques
1,5x=12
02. Resposta: E. X=8
63/35=1,80
Portanto teve um aumento de 80%. JUROS E DESCONTO SIMPLES (JURO, CAPITAL, TEMPO,
TAXA E MONTANTE)
03. Resposta: D.
Clarice obviamente recebeu o brinco.
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou acima de Matemática Financeira
30% e André recebeu o bracelete.
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
04. Resposta: B. sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
A=b⋅h no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
Portanto foi reduzida em 50% timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
05. Resposta: D. superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do valor: nome de juros.
60⋅0,7=42
Ele revendeu por: Capital
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60 O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
06. Resposta: D. sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido pela tecla PV nas calculadoras financeiras).
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180 milhões e é
10% inferior, no segundo trimestre temos uma previsão de

16
MATEMÁTICA
Taxa de juros e Tempo (A) 5,0%
(B) 5,9%
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro (C) 7,5%
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente (D) 10,0%
expressa da forma percentual, em seguida da especificação do pe- (E) 12,5%
ríodo de tempo a que se refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano). Resposta Letra “e”.
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre). O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: parcela a ser paga de R$45.
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês). Aplicando a fórmula M = C + J:
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre) 45 = 40 + J
J=5
Montante Aplicando a outra fórmula J = C i n:
5 = 40 X i X 1
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi- i = 0,125 = 12,5%
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver Juros Compostos
questões.
M=C+J O juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do sal-
M = montante do no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada
C = capital inicial intervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render
J = juros juros também.
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n) Quando usamos juros simples e juros compostos?
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com-
Juros Simples postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan-
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em- ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial. juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro-
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado cesso de desconto simples de duplicatas.
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações O cálculo do montante é dado por:
envolvendo juros simples é a seguinte:
J = C i n, onde:
J = juros
C = capital inicial Exemplo
i = taxa de juros Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre, R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
ano...) C=25000
i=25%aa=0,25
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica- i=72 meses=6 anos
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
qualquer outra combinação de períodos.

Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU-


ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.

Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra- M=C+J
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, J=95367,50-25000=70367,50
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) EXERCÍCIOS
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para
qualquer combinação.
01. (TRE/PR – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma geladeira
Exemplo está sendo vendida nas seguintes condições:
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. − Preço à vista = R$ 1.900,00;
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a − Condições a prazo = entrada de R$ 500,00 e pagamento de
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de uma parcela de R$ 1.484,00 após 60 dias da data da compra.
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de A taxa de juros simples mensal cobrada na venda a prazo é de
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:

17
MATEMÁTICA
(A) 1,06% a.m. (A) 30
(B) 2,96% a.m. (B) 32
(C) 0,53% a.m. (C) 34
(D) 3,00% a.m. (D) 36
(E) 6,00% a.m. (E) 38

02. (FUNAPEP - Analista em Gestão Previdenciária-FCC/2017) 08. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário – FGV/2016)
João emprestou a quantia de R$ 23.500,00 a seu filho Roberto. Tra- Para pagamento de boleto com atraso em período inferior a um
taram que Roberto pagaria juros simples de 4% ao ano. Roberto mês, certa instituição financeira cobra, sobre o valor do boleto,
pagou esse empréstimo para seu pai após 3 anos. O valor total dos multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de atraso no re-
juros pagos por Roberto foi gime de juros simples. Um boleto com valor de R$ 500,00 foi pago
(A) 3.410,00. com 18 dias de atraso.
(B) R$ 2.820,00. O valor total do pagamento foi:
(C) R$ 2.640,00.
(D) R$ 3.120,00. (A) R$ 542,00;
(E) R$ 1.880,00. (B) R$ 546,00;
(C) R$ 548,00;
03. (IFBAIANO – Técnico em Contabilidade – FCM/2017) O (D) R$ 552,00;
montante acumulado ao final de 6 meses e os juros recebidos a (E) R$ 554,00.
partir de um capital de 10 mil reais, com uma taxa de juros de 1%
ao mês, pelo regime de capitalização simples, é de
(A) R$ 9.400,00 e R$ 600,00. 09. (CASAN – Assistente Administrativo – INSTITUTO
(B) R$ 9.420,00 e R$ 615,20. AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra, certa
(C) R$ 10.000,00 e R$ 600,00. loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a prazo
(D) R$ 10.600,00 e R$ 600,00. igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
(E) R$ 10.615,20 e R$ 615,20.
(A) R$ 1200,00.
04. (CEGAS – Assistente Técnico – IESES/2017)O valor dos juros (B) R$ 1750,00.
simples em uma aplicação financeira de $ 3.000,00 feita por dois (C) R$ 1000,00.
trimestres a taxa de 2% ao mês é igual a: (D) R$ 1600,00.
(A) $ 360,00 (E) R$ 1250,00.
(B) $ 240,00
(C)$ 120,00 10. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO AOCP/2016)
(D) $ 480,00 A fatura de um certo cartão de crédito cobra juros de 12% ao mês
por atraso no pagamento. Se uma fatura de R$750,00 foi paga com
05. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU- um mês de atraso, o valor pago foi de
NESP/2017) Um capital foi aplicado a juros simples, com taxa de 9%
ao ano, durante 4 meses. Após esse período, o montante (capital + (A) R$ 970,00.
juros) resgatado foi de R$ 2.018,80. O capital aplicado era de (B) R$ 777,00.
(A) R$ 2.010,20. (C) R$ 762,00.
(B) R$ 2.000,00. (D) R$ 800,00.
(C) R$ 1.980,00. (E) R$ 840,00.
(D) R$ 1.970,40.
(E) R$ 1.960,00. 11. (DPE/PR – Contador – INAZ DO PARÁ/2017) Em 15 de ju-
nho de 20xx, Severino restituiu R$ 2.500,00 do seu imposto de ren-
06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Em um da. Como estava tranquilo financeiramente, resolveu realizar uma
investimento no qual foi aplicado o valor de R$ 5.000,00, em um aplicação financeira para retirada em 15/12/20xx, período que vai
ano foi resgatado o valor total de R$ 9.200,00. Considerando estes realizar as compras de natal. A uma taxa de juros de 3% a.m., qual
apontamentos e que o rendimento se deu a juros simples, é verda- é o montante do capital, sabendo-se que a capitalização é mensal:
deiro afirmar que a taxa mensal foi de:
(A) 1,5% (A) R$ 2.985,13
(B) 2 % (B) R$ 2.898,19
(C) 5,5% (C) R$ 3.074,68
(D) 6% (D) R$ 2.537,36
(E) 7% (E) R$ 2.575,00

07. (UFES – Assistente em Administração – UFES/2017) No 12. (TRE/PR – Analista Judiciário- FCC/2017) A Cia. Escocesa,
regime de juros simples, os juros em cada período de tempo são não tendo recursos para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00
calculados sobre o capital inicial. Um capital inicial C0 foi aplicado a na data do vencimento, fez um acordo com a instituição financeira
juros simples de 3% ao mês. Se Cn é o montante quando decorridos credora para pagá-la 90 dias após a data do vencimento. Sabendo
n meses, o menor valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o que a taxa de juros compostos cobrada pela instituição financeira
dobro de C0, é foi 3% ao mês, o valor pago pela empresa, desprezando-se os cen-
tavos, foi, em reais,

18
MATEMÁTICA
(A) 163.909,00. 05. Resposta: E.
(B) 163.500,00. 4meses=1/3ano
(C) 154.500,00. M=C(1+in)
(D) 159.135,00. 2018,80=C(1+0,09⋅1/3)
2018,80=C+0,03C
13. (FUNAPE – Analista em Gestão Previdenciária – FCC/2017) 1,03C=2018,80
O montante de um empréstimo de 4 anos da quantia de R$ C=1960
20.000,00, do qual se cobram juros compostos de 10% ao ano, será
igual a 06. Resposta: E.
M=C(1+in)
(A) R$ 26.000,00. 9200=5000(1+12i)
(B) R$ 28.645,00. 9200=5000+60000i
(C) R$ 29.282,00. 4200=60000i
(D) R$ 30.168,00. I=0,07=7%
(E) R$ 28.086,00.
07. Resposta: C.
14. (IFBAIANO - Técnico em Contabilidade- FCM/2017) A em- M=C(1+in)
presa Good Finance aplicou em uma renda fixa um capital de 100 Cn=Co(1+0,03n)
mil reais, com taxa de juros compostos de 1,5% ao mês, para resga- 2Co=Co(1+0,03n)
te em 12 meses. O valor recebido de juros ao final do período foi de 2=1+0,03n
1=0,03n
(A) R$ 10.016,00. N=33,33
(B) R$ 15.254,24. Ou seja, maior que 34
(C) R$ 16.361,26.
(D) R$ 18.000,00. 08. Resposta: C.
(E) R$ 19.561,82. M=C(1+in)
C=500+500x0,02=500+10=510
15. (POLICIA CIENTIFICA – Perito Criminal – IBFC/2017) Assi- M=510(1+0,004x18)
nale a alternativa correta. Uma empresa recebeu um empréstimo M=510(1+0,072)=546,72
bancário de R$ 120.000,00 por 1 ano, pagando o montante de R$
180.000,00. A taxa anual de juros desse empréstimo foi de: 09. Resposta: A.
M=C(1+in)
(A) 0,5% ao ano 1500=C(1+0,25x1)
(B) 5 % ao ano 1500=C(1,25)
(C) 5,55 % ao ano C=1500/1,25
(D) 150% ao ano C=1200
(E) 50% ao ano
10. Resposta: E.
GABARITO M=C(1+in)
M=750(1+0,12)
M=750x1,12=840
01. Resposta: D.
J=500+1484-1900=84 11. Resposta: A.
C=1900-500=1400 D junho a dezembro: 6 meses
J=Cin M=C(1+i)t
84=1400.i.2 M=2500(1+0,03)6
I=0,03=3% M=2500⋅1,194=2985

02. Resposta: B. 12. Resposta: A.


J=Cin 90 dias=3 meses
J=23500⋅0,04⋅3 M=C(1+i)t
J= 2820 M=150000(1+0,03)3
M=150000⋅1,092727=163909,05
03. Resposta: D. Desprezando os centavos: 163909
J=Cin
J=10000⋅0,01⋅6=600 13. Resposta: C.
M=C+J M=C(1+i)t
M=10000+600=10600 M=20000(1+0,1)4
M=20000⋅1,4641=29282
04. Resposta: A.
2 trimestres=6meses 14. Resposta: E.
J=Cin J=Cin
J=3000⋅0,02⋅6 J=10000⋅0,015⋅12=18000
J=360

19
MATEMÁTICA
Não, ninguém viu errado. Domínio, contradomínio, imagem
Como ficaria muito difícil de fazer sem calculadora, a tática é
fazer o juro simples, e como sabemos que o composto vai dar maior O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
que esse valor, só nos resta a alternativa E. Você pode se perguntar, atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
e se houver duas alternativas com números maiores? Olha pessoal, da por todos os valores correspondentes da variável dependente.
não creio que a banca fará isso, e sim que eles fizeram mais para
usar isso mesmo. O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.
O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan-
15. Resposta: E. do, isto é, os valores possíveis para a variável x.
M=C(1+i)t O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
180000=120000(1+i) Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con-
180000=120000+120000i tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela
60000=120000i função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
i=0,5=50% valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos
por Im.
FUNÇÕES DO 1º E 2º GRAUS: PROBLEMAS
Exemplo
Com os conjuntosA={1, 4, 7}eB={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos a fun-
Diagrama de Flechas çãof: A→B.definida porf(x) = x + 5que também pode ser representada
pory = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, desta função, é:

Gráfico Cartesiano
No nosso exemplo, o domínio éD = {1, 4, 7}, o contradomínio é
={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}e o conjunto imagem éIm = {6, 9, 12}

Classificação das funções

Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio


apresentam imagens também distintas no contradomínio.

Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma


Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-
relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz
rem imagens de pelo menos um elemento do domínio.
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-


ção de A em B.
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen-
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do Bijetora: Quando apresentar as características de função inje-
conjunto B. tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis-
Notação: f:A→B (lê-se função f de A em B) tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con-
tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio.

20
MATEMÁTICA
Raiz da função

Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a


reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:

Função 1 grau

A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos


de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
çãof(x) = ax + b.

Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz


Estudo dos Sinais
de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
Definimos função como relação entre duas grandezas repre-
o valor de x (raiz da função).
sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
X=-b/a
formação possui a seguinte característica:y = ax + bouf(x) = ax + b,
onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero.
Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas
Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura
equações para acharmos o valor de a e b.
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien-
Exemplo:
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente.
F(1)=1a+b
Função Crescente: a > 0
3=a+b
De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os
valores de y vão crescendo.
F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Portanto,
a=3-b
Função Decrescente: a < 0 a=3-2=1
Nesse caso, os valores de y, caem.
Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau

Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo


grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)
É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e
deve ser o maior termo.

21
MATEMÁTICA
Considerações Veja os gráficos:

Concavidade

A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se


a<0

Discriminante(∆)
∆=b²-4ac
∆>0

A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-


tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0
Quando , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no
ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante , as duas


raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0

A função não tem raízes reais

Equação Exponencial

É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de


uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Raízes Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

Vértices e Estudo do Sinal

Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e


um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade Função exponencial
voltada para baixo e um ponto de máximo V.
A expressão matemática que define a função exponencial é
Em qualquer caso, as coordenadas de V são uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e
diferente de 1 e o expoente é uma variável.

22
MATEMÁTICA
Função crescente Propriedades dos expoentes

Se temos uma função exponencial crescente, qual- Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
quer que seja o valor real de x. racional, então:
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida - axay= ax + y
que x aumenta, também aumenta f (x)ou y. Graficamente vemos - ax/ ay= ax - y
que a curva da função é crescente. - (ax)y= ax.y
- (a b)x= axbx
- (a / b)x= ax/ bx
- a-x= 1 / ax

Logaritmo

Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a


≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a

Função decrescente

Se temos uma função exponencial decrescente Ainda com base na definição podemos estabelecer condições
em todo o domínio da função. de existência:
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta,y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.
Exemplo

Consequências da Definição

A Constante de Euler

É definida por :
e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em função da
definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático


suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número. Propriedades
O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:
e = 2,7182818284

Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser


escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)

23
MATEMÁTICA
Mudança de Base o mês. O salário mensal desse vendedor pode ser descrito por uma
expressão algébrica f(x), em função do valor total de vendas men-
sal, representado por x.
A expressão algébrica f(x) que pode representar o salário men-
sal desse vendedor é

Exemplo (A) f(x) = 0,06x + 1.300.


Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule: (B) f(x) = 0,6x + 1.300.
a)log 6 (C) f(x) = 0,78x + 1.300.
b) log1,5 (D) f(x) = 6x + 1.300.
c) log 16 (E) f(x) = 7,8x + 1.300.
Solução
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781 03. (CONSANPA – Técnico Industrial – FADESP/2017) Um re-
servatório em formato de cilindro é abastecido por uma fonte a va-
zão constante e tem a altura de sua coluna d’água (em metros), em
função do tempo (em dias), descrita pelo seguinte gráfico:

Função Logarítmica

Uma função dada por , em que a


constante a é positiva e diferente de 1, denomina-se função loga-
rítmica.

Sabendo que a altura do reservatório mede 12 metros, o nú-


mero de dias necessários para que a fonte encha o reservatório ini-
cialmente vazio é

(A) 18
(B) 12
(C) 8
(D) 6

04. (TRT – 14ªREGIÃO -Técnico Judiciário – FCC/2016)Carlos


presta serviço de assistência técnica de computadores em empre-
sas. Ele cobra R$ 12,00 para ir até o local, mais R$ 25,00 por hora de
trabalho até resolver o problema (também são cobradas as frações
EXERCÍCIOS de horas trabalhadas). Em um desses serviços, Carlos resolveu o
problema e cobrou do cliente R$ 168,25, o que permite concluir
que ele trabalhou nesse serviço
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Uma locado-
ra de automóveis oferece dois planos de aluguel de carros a seus (A) 5 horas e 45 minutos.
clientes: (B) 6 horas e 15 minutos.
(C) 6 horas e 25 minutos.
Plano A: diária a R$ 120,00, com quilometragem livre. (D) 5 horas e 25 minutos.
Plano B: diária a R$ 90,00, mais R$ 0,40 por quilômetro rodado. (E) 5 horas e 15 minutos.

Alugando um automóvel, nesta locadora, quantos quilômetros 05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) No sistema de
precisam ser rodados para que o valor do aluguel pelo Plano A seja coordenadas cartesianas da figura abaixo, encontram-se represen-
igual ao valor do aluguel pelo Plano B? tados o gráfico da função de segundo grau f, definida por f(x), e o
gráfico da função de primeiro grau g, definida por g(x).
(A) 30.
(B) 36.
(C) 48.
(D) 75.
(E) 84.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Um vende-


dor recebe um salário mensal composto de um valor fixo de R$
1.300,00 e de uma parte variável. A parte variável corresponde a
uma comissão de 6% do valor total de vendas que ele fez durante

24
MATEMÁTICA
09. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) O gráfico que melhor
representa a função y = 2x , para o domínio em R+ é:

(A)

(B)

Os valores de x, soluções da equação f(x)=g(x), são


(A)-0,5 e 2,5.
(B) -0,5 e 3. (C)
(C) -1 e 2.
(D) -1 e 2,5.
(E) -1 e 3.

06. (EMBASA – Agente Administrativo – IBFC/2017) A soma


das coordenadas do vértice da parábola da função f(x) = – x² + 8x –
12 é igual a:

(A) 4
(B) 6 (D)
(C) 8
(D) 10

07. (EMBASA – Assistente de Laboratório –

IBFC/2017) Substituindo o valor da raiz da função


, na função g(x) = x2 - 4x + 5, encontramos como
resultado: (E)

(A) 12
(B) 15
(C) 16
(D) 17

08. (PETROBRAS - Técnico de Enfermagem do Trabalho Júnior


-CESGRANRIO/2017) Quantos valores reais de x fazem com que a
expressão assuma valor numérico igual a 1?

(A) 2 10. (PETROBRAS - Técnico de Enfermagem do Trabalho Júnior


(B) 3 -CESGRANRIO/2017) Qual o maior valor de k na equação log(kx) =
(C) 4 2log(x+3) para que ela tenha exatamente uma raiz?
(D) 5 (A) 0
(E) 6 (B) 3
(C) 6
(D) 9
(E) 12

11. (ITAIPU BINACIONAL -Profissional Nível Técnico I - Técnico


em Eletrônica – NCUFPR/2017) Considerando que log105 = 0,7, assi-
nale a alternativa que apresenta o valor de log5100.

25
MATEMÁTICA
(A) 0,35. 06. Resposta:C.
(B) 0,50.
(C)2,85.
(D) 7,00.
(E) 70,00.

GABARITO
A soma das coordenadas é igual a 8
01. Resposta: D.
90+0,4x=120 07. Resposta: D.
0,4x=30
X=75km

02. Resposta: A.
6%=0,06
Como valor total é x, então 0,06x
E mais a parte fixa de 1300
0,06x+1300

03. Resposta: A.
-2x=-12
X=6
Substituindo em g(x)
2x=36 G(6)=6²-4(6)+5=36-24+5=17
X=18
08. Resposta: D.
04.Resposta: B. Para assumir valor 1, o expoente deve ser igual a zero.
F(x)=12+25x X²+4x-60=0
X=hora de trabalho ∆=4²-4.1.(-60)
∆=16+240
168,25=12+25x ∆=256
25x=156,25
X=6,25 horas
1hora---60 minutos
0,25-----x
X=15 minutos

Então ele trabalhou 6 horas e 15 minutos


05. Resposta: E.
Como a função do segundo grau, tem raízes -2 e 2: A base pode ser igual a 1:
(x-2)(x+2)=x²-4 X²-5x+5=1
X²-5x+4=0
A função do primeiro grau, tem o ponto (0, -1) e (2,3) ∆=25-16=9
Y=ax+b
-1=b
3=2a-1
2a=4
A=2
Y=2x-1
Igualando a função do primeiro grau e a função do segundo A base for -1 desde que o expoente seja par:
grau: X²-5x+5=-1
X²-4=2x-1 X²-5x+6=0
X²-2x-3=0
∆=4+12=16 ∆=25-24=1

26
MATEMÁTICA
Vamos substituir esses dois valores no expoente
X=2:
X²+4x-60
2²+8-60==48
X=3
3²+12-60=-39
Portanto, serão 5 valores.

09. Resposta: A.
Um gráfico de função exponencial não começa do zero, é é uma curva.

10. Resposta: E.
Kx=(x+3)²
Kx=x²+6x+9
X²+(6-k)x+9=0
Para ter uma raiz, ∆=0
∆=b²-4ac
, ∆=(6-k)²-36=0
36-12k+k²-36=0
k²-12k=0
k=0 ou k=12

11. Resposta:C.

SISTEMA DE MEDIDAS: DECIMAIS E NÃO DECIMAIS

SISTEMA DE MEDIDAS

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

27
MATEMÁTICA
Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

Unidades de Área
km 2
hm 2
dam2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

Unidades de Volume
km 3
hm 3
dam 3
m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

28
MATEMÁTICA
Transformação de unidades
Deve-se saber: EXERCÍCIOS
1 dia=24horas
1hora=60minutos 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
1 minuto=60segundos NESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote de 100000 folhe-
1hora=3600s tos e, para isso, utiliza a máquina A, que imprime 5000 folhetos em
40 minutos. Após 3 horas e 20 minutos de funcionamento, a máqui-
Adição de tempo na A quebra e o serviço restante passa a ser feito pela máquina B,
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recor- que imprime 4500 folhetos em 48 minutos. O tempo que a máquina
de de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos B levará para imprimir o restante do lote de folhetos é
para chegar em casa. Que horas ela chegou? (A) 14 horas e 10 minutos.
(B) 14 horas e 05 minutos.
(C) 13 horas e 45 minutos.
(D) 13 horas e 30 minutos.
(E) 13 horas e 20 minutos.

02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Re-


nata foi realizar exames médicos em uma clínica. Ela saiu de sua
Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15 min. Se ela ficou durante uma
as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na hora e meia na clínica, então o tempo gasto no trânsito, no trajeto
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos de ida e volta, foi igual a
Então fica: 16h6 minutos 25segundos (A) 1/2h.
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa. (B) 3/4h.
(C) 1h.
Subtração (D) 1h 15min.
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 mi- (E) 1 1/2h.
nutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo
ficou fora? 03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Uma
indústria produz regularmente 4500 litros de suco por dia. Sabe-se
que a terça parte da produção diária é distribuída em caixinhas P,
que recebem 300 mililitros de suco cada uma. Nessas condições, é
correto afirmar que a cada cinco dias a indústria utiliza uma quanti-
dade de caixinhas P igual a
(A) 25000.
(B) 24500.
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma for- (C) 23000.
ma que conta de subtração. (D) 22000.
1hora=60 minutos (E) 20500.

04. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400 litros de uma substân-
cia líquida em recipientes de 72 cm3 cada um. Sabe-se que cada
recipiente, depois de cheio, tem 80 gramas. A quantidade de to-
neladas que representa todos os recipientes cheios com essa subs-
Multiplicação tância é de
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo- (A) 16
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? (B) 160
(C) 1600
(D) 16000

05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) João


estuda à noite e sua aula começa às 18h40min. Cada aula tem dura-
ção de 45 minutos, e o intervalo dura 15 minutos. Sabendo-se que
nessa escola há 5 aulas e 1 intervalo diariamente, pode-se afirmar
que o término das aulas de João se dá às:
Divisão (A) 22h30min
5h 20 minutos :2 (B) 22h40min
(C) 22h50min
(D) 23h
(E) Nenhuma das anteriores

06. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017)


Quando era jovem, Arquimedes corria 15km em 1h45min. Agora
1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minutos que é idoso, ele caminha 8km em 1h20min.

29
MATEMÁTICA
Para percorrer 1km agora que é idoso, comparado com a época X=3600000/4500=800 minutos
em que era jovem, Arquimedes precisa de mais: 800/60=13,33h
(A) 10 minutos; 13 horas e 1/3 hora
(B) 7 minutos; 13h e 20 minutos
(C) 5 minutos;
(D) 3 minutos;
(E) 2 minutos.

07. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017) Lu-


cas foi de carro para o trabalho em um horário de trânsito intenso e
gastou 1h20min. Em um dia sem trânsito intenso, Lucas foi de carro
para o trabalho a uma velocidade média 20km/h maior do que no 02. Resposta: C.
dia de trânsito intenso e gastou 48min. Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida e volta
A distância, em km, da casa de Lucas até o trabalho é: demorou 1 hora.
(A) 36;
(B) 40; 03. Resposta:A.
(C) 48; 4500/3=1500 litros para as caixinhas
(D) 50; 1500litros=1500000ml
(E) 60. 1500000/300=5000 caixinhas por dia
5000.5=25000 caixinhas em 5 dias
08. (EMDEC - Assistente Administrativo Jr – IBFC/2016) Carlos
almoçou em certo dia no horário das 12:45 às 13:12. O total de 04. Resposta:A.
segundos que representa o tempo que Carlos almoçou nesse dia é: 14400litros=14400000 ml
(A) 1840
(B) 1620
(C) 1780
(D) 2120 200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas

09. (ANP – Técnico Administrativo – CESGRANRIO/2016) Um 05. Resposta: B.


caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com 36.000 5⋅45=225 minutos de aula
litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina é trans- 225/60=3 horas 45 minutos nas aulas mais 15 minutos de in-
ferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os comple- tervalo=4horas
tamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3 m3, e 18:40+4h=22h:40
estavam, inicialmente, vazios.
Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no 06. Resposta: D.
caminhão-tanque? 1h45min=60+45=105 minutos
(A) 35.722,00 15km-------105
(B) 8.200,00 1--------------x
(C) 3.577,20 X=7 minutos
(D) 357,72
(E) 332,20 1h20min=60+20=80min

10. (DPE/RR – Auxiliar Administrativo – FCC/2015) Raimundo 8km----80


tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45 m. Ele precisava 1-------x
de pedaços, dessas cordas, que medissem 40 cm de comprimento X=10minutos
cada um. Ele cortou as duas cordas em pedaços de 40 cm de com- A diferença é de 3 minutos
primento e assim conseguiu obter
(A) 6 pedaços. 07. Resposta: B.
(B) 8 pedaços. V------80min
(C) 9 pedaços. V+20----48
(D) 5 pedaços. Quanto maior a velocidade, menor o tempo(inversamente)
(E) 7 pedaços.

GABARITO
80v=48V+960
01. Resposta: E. 32V=960
3h 20 minutos-200 minutos V=30km/h
5000-----40 30km----60 min
x----------200 x-----------80
x=1000000/40=25000

Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000


4500-------48 60x=2400
75000------x X=40km

30
MATEMÁTICA
08 Resposta: B. zeiro – Cr$, na base de Cr$ 1,00 por NCz$ 1,00 (vigorou de 16 de
12:45 até 13:12 são 27 minutos março de 1990 a 28 de julho de 1993). Em janeiro de 1991, a infla-
27x60=1620 segundos ção já passava de 20% ao mês, e o Plano Collor II tentou novamente
a estabilização da moeda.
09. Resposta: B. A Medida Provisória nº 336, de 28 de julho de1993, transfor-
1m³=1000litros mou o cruzeiro – Cr$ em cruzeiro real – CR$, na base de CR$ 1,00
36000/1000=36 m³ por Cr$ 1.000,00 (vigorou de 29 de julho de 1993 a 29 de junho de
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros 1994).
Em 30 de junho de 1994, Fernando Henrique Cardoso, ministro
10.Resposta: E. da Fazenda, anunciou o Plano Real: o cruzeiro real – CR$ se trans-
1,7m=170cm formou em real – R$, na base de R$ 1,00 por CR$ 2.750,00 (Medida
1,45m=145 cm Provisória nº 542, de 30 de junho de 1994, convertida na Lei nº
170/40=4 resta 10 9.069, de 29 de junho de 1995).
145/40=3 resta 25 O artigo 10, I, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
4+3=7 delegou ao Banco Central do Brasil competência para emitir papel-
-moeda e moeda metálica, competência exclusiva consagrada pelo
SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO: PROBLEMAS artigo 164 da Constituição Federal de 1988.
Antes da criação do BCB, a Superintendência da Moeda e do
Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional desempe-
Sistema Monetário Nacional nhavam o papel de autoridade monetária.
O primeiro dinheiro do Brasil foi à moeda-mercadoria. Durante A SUMOC, criada em 1945 e antecessora do BCB, tinha por
muito tempo, o comércio foi feito por meio da troca de mercado- finalidade exercer o controle monetário. A SUMOC fixava os per-
rias, mesmo após a introdução da moeda de metal. centuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas
As primeiras moedas metálicas (de ouro, prata e cobre) chega- do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os
ram com o início da colonização portuguesa. A unidade monetária juros. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos comerciais,
de Portugal, o Real, foi usada no Brasil durante todo o período co- orientava a política cambial e representava o País junto a organis-
lonial. Assim, tudo se contava em réis (plural popular de real) com mos internacionais.
moedas fabricadas em Portugal e no Brasil. O Real (R) vigorou até 07 O Banco do Brasil executava as funções de banco do governo, e
de outubro de 1833. De acordo com a Lei nº 59, de 08 de outubro o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.
de 1833, entrou em vigor o Mil-Réis (Rs), múltiplo do real, como Cruzeiro
unidade monetária, adotada até 31 de outubro de 1942. 1000 réis = Cr$1(com centavos) 01.11.1942
No século XX, o Brasil adotou nove sistemas monetários ou O Decreto-Lei nº 4.791, de 05 de outubro de 1942 (D.O.U. de 06
nove moedas diferentes (mil-réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro, de outubro de 1942), instituiu o Cruzeiro como unidade monetária
cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real, real). brasileira, com equivalência a um mil réis. Foi criado o centavo, cor-
Por meio do Decreto-Lei nº 4.791, de 05 de outubro de 1942, respondente à centésima parte do cruzeiro.
uma nova unidade monetária, o cruzeiro – Cr$ veio substituir o mil- Exemplo: 4:750$400 (quatro contos, setecentos e cinquenta
-réis, na base de Cr$ 1,00 por mil-réis. mil e quatrocentos réis) passou a expressar-se Cr$ 4.750,40 (quatro
A denominação “cruzeiro” origina-se das moedas de ouro (pe- mil setecentos e cinquenta cruzeiros e quarenta centavos)
sadas em gramas ao título de 900 milésimos de metal e 100 milési-
mos de liga adequada), emitidas na forma do Decreto nº 5.108, de Cruzeiro
18 de dezembro de 1926, no regime do ouro como padrão mone- (sem centavos) 02.12.1964
tário. A Lei nº 4.511, de 01de dezembro de1964 (D.O.U. de 02 de de-
zembro de 1964), extinguiu a fração do cruzeiro denominada centa-
O Decreto-Lei nº 1, de 13 de novembro de 1965, transformou vo. Por esse motivo, o valor utilizado no exemplo acima passou a ser
o cruzeiro – Cr$ em cruzeiro novo – NCr$, na base de NCr$ 1,00 por escrito sem centavos: Cr$ 4.750 (quatro mil setecentos e cinquenta
Cr$ 1.000. A partir de 15 de maio de 1970 e até 27 de fevereiro de cruzeiros).
1986, a unidade monetária foi novamente o cruzeiro (Cr$).
Em 27 de fevereiro de 1986, Dílson Funaro, ministro da Fa- Cruzeiro Novo
zenda, anunciou o Plano Cruzado (Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de Cr$1000 = NCr$1(com centavos) 13.02.1967
fevereiro de 1986): o cruzeiro – Cr$ se transformou em cruzado – O Decreto-Lei nº 1, de 13 de novembro de1965 (D.O.U. de 17
Cz$, na base de Cz$ 1,00 por Cr$ 1.000 (vigorou de 28 de fevereiro de novembro de 1965), regulamentado pelo Decreto nº 60.190, de
de 1986 a 15 de janeiro de 1989). Em novembro do mesmo ano, o 08 de fevereiro de1967 (D.O.U. de 09 de fevereiro de 1967), insti-
Plano Cruzado II tentou novamente a estabilização da moeda. Em tuiu o Cruzeiro Novo como unidade monetária transitória, equiva-
junho de 1987, Luiz Carlos Brésser Pereira, ministro da Fazenda, lente a um mil cruzeiros antigos, restabelecendo o centavo. O Con-
anunciou o Plano Brésser: um Plano Cruzado “requentado” avaliou selho Monetário Nacional, pela Resolução nº 47, de 08 de fevereiro
Mário Henrique Simonsen. de 1967, estabeleceu a data de 13.02.67 para início de vigência do
Em 15 de janeiro de 1989, Maílson da Nóbrega, ministro da novo padrão.
Fazenda, anunciou o Plano Verão (Medida Provisória nº 32, de 15 Exemplo: Cr$ 4.750 (quatro mil, setecentos e cinquenta cru-
de janeiro de 1989): o cruzado – Cz$ se transformou em cruzado zeiros) passou a expressar-se NCr$ 4,75(quatro cruzeiros novos e
novo – NCz$, na base de NCz$ 1,00 por Cz$ 1.000,00 (vigorou de 16 setenta e cinco centavos).
de janeiro de 1989 a 15 de março de 1990).
Em 15 de março de 1990, Zélia Cardoso de Mello, ministra da
Fazenda, anunciou o Plano Collor (Medida Provisória nº 168, de 15
de março de 1990): o cruzado novo – NCz$ se transformou em cru-

31
MATEMÁTICA
Cruzeiro zeiro real a um mil cruzeiros, com a manutenção do centavo. A Resolu-
De NCr$ para Cr$ (com centavos) 15.05.1970 ção nº 2.010, de 28 de julho de 1993, do Conselho Monetário Nacional,
A Resolução nº 144, de 31 de março de 1970 (D.O.U. de 06 de disciplinou a mudança na unidade do sistema monetário.
abril de 1970), do Conselho Monetário Nacional, restabeleceu a de- Exemplo: Cr$ 1.700.500,00 (um milhão, setecentos mil e qui-
nominação Cruzeiro, a partir de 15 de maio de 1970, mantendo o nhentos cruzeiros) passou a expressar-se CR$ 1.700,50 (um mil e
centavo. setecentos cruzeiros reais e cinquenta centavos).
Exemplo: NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cinco
centavos) passou a expressar-se Cr$ 4,75(quatro cruzeiros e setenta Real
e cinco centavos). CR$ 2.750 = R$ 1(com centavos) 01.07.1994
A Medida Provisória nº 542, de 30 de junho de 1994 (D.O.U. de
Cruzeiros 30 de junho de 1994), instituiu o Real como unidade do sistema mo-
(sem centavos) 16.08.1984 netário, a partir de 01 de julho de 1994, com a equivalência de CR$
A Lei nº 7.214, de 15 de agosto de 1984 (D.O.U. de 16.08.84), 2.750,00 (dois mil, setecentos e cinquenta cruzeiros reais), igual à
extinguiu a fração do Cruzeiro denominada centavo. Assim, a im- paridade entre a URV e o Cruzeiro Real fixada para o dia 30 de junho
portância do exemplo, Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco de 1994. Foi mantido o centavo.
centavos), passou a escrever-se Cr$ 4, eliminando-se a vírgula e os Como medida preparatória à implantação do Real, foi criada a
algarismos que a sucediam. URV - Unidade Real de Valor - prevista na Medida Provisória nº 434,
publicada no D.O.U. de 28 de fevereiro de 1994, reeditada com os
Cruzado números 457 (D.O.U. de 30 de março de 1994) e 482 (D.O.U. de 29
Cr$ 1000 = Cz$1 (com centavos) 28.02.1986 de abril de 1994) e convertida na Lei nº 8.880, de 27 de maio de
O Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986 (D.O.U. de 1994 (D.O.U. de 28 de maio de 1994).
28 de fevereiro de 1986), posteriormente substituído pelo Decreto- Exemplo: CR$ 11.000.000,00 (onze milhões de cruzeiros reais)
-Lei nº 2.284, de 10 de março de 1986 (D.O.U. de 11 de março de passou a expressar-se R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
1986), instituiu o Cruzado como nova unidade monetária, equiva-
Banco Central (BC ou Bacen) - Autoridade monetária do País
lente a um mil cruzeiros, restabelecendo o centavo. A mudança de
responsável pela execução da política financeira do governo. Cuida
padrão foi disciplinada pela Resolução nº 1.100, de 28 de fevereiro
ainda da emissão de moedas, fiscaliza e controla a atividade de to-
de 1986, do Conselho Monetário Nacional.
dos os bancos no País.
Exemplo: Cr$ 1.300.500 (um milhão, trezentos mil e quinhen-
tos cruzeiros) passou a expressar-se Cz$ 1.300,50 (um mil e trezen-
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - Órgão in-
tos cruzados e cinquenta centavos).
ternacional que visa ajudar países subdesenvolvidos e em desenvol-
vimento na América Latina. A organização foi criada em 1959 e está
sediada em Washington, nos Estados Unidos.
Cruzado Novo Banco Mundial - Nome pelo qual o Banco Internacional de
Cz$ 1000 = NCz$1 (com centavos) 16.01.1989 Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) é conhecido. Órgão inter-
A Medida Provisória nº 32, de 15 de janeiro de 1989 (D.O.U. de nacional ligado a ONU, a instituição foi criada para ajudar países
16 de janeiro de 1989), convertida na Lei nº 7.730, de 31 de janeiro subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
de 1989 (D.O.U. de 01 de fevereiro de 1989), instituiu o Cruzado
Novo como unidade do sistema monetário, correspondente a um Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BN-
mil cruzados, mantendo o centavo. A Resolução nº 1.565, de 16 de DES) - Empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desen-
janeiro de 1989, do Conselho Monetário Nacional, disciplinou a im- volvimento, Indústria e Comércio Exterior que tem como objetivo
plantação do novo padrão. financiar empreendimentos para o desenvolvimento do Brasil.

Exemplo: Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinquen-


ta centavos) passou a expressar-se NCz$ 1,30 (um cruzado novo e EXERCÍCIOS
trinta centavos).
1. No sistema monetário brasileiro, há moedas de 1, 5, 10, 25 e
Cruzeiro 50 centavos de real, além da moeda de 1 real. De quantas formas di-
De NCz$ para Cr$ (com centavos) 16.03.1990 ferentes podemos juntar 40 centavos de real com apenas 4 moedas?
A Medida Provisória nº 168, de 15 de março de 1990 (D.O.U. A) 1
de 16 de março de 1990), convertida na Lei nº 8.024, de 12 de abril B) 2
de 1990 (D.O.U. de 13 de abril de 1990), restabeleceu a denomi- C) 3
nação Cruzeiro para a moeda, correspondendo um cruzeiro a um D) 4
cruzado novo. Ficou mantido o centavo. A mudança de padrão foi E) 5
regulamentada pela Resolução nº 1.689, de 18 de março de 1990,
do Conselho Monetário Nacional. 2. No Brasil, o sistema monetário adotado é o decimal. Por
Exemplo: NCz$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzados novos) exemplo:
passou a expressar-se Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros). 205,42 reais = (2 × 102 + 0 × 101 + 5 × 100 + 4 × 10-1 + 2 ×
10-2) reais Suponha que em certo país, em que a moeda vigente
Cruzeiro Real é o “mumu”, o sistema monetário seja binário. O exemplo seguin-
Cr$ 1000 = CR$ 1 (com centavos) 01.08.1993 te mostra como converter certa quantia, dada em “mumus”, para
A Medida Provisória nº 336, de 28 de julho de 1993 (D.O.U. de 29 reais: 110,01 mumus = (1 × 22 + 1 × 21 + 0 × 20 + 0 × 2-1 + 1 × 2-2)
de julho de 1993), convertida na Lei nº 8.697, de 27 de agosto de 1993 reais = = 6,25 reais Com base nessas informações, se um brasileiro
(D.O.U. de 28 agosto de 1993), instituiu o Cruzeiro Real, a partir de 01 em viagem a esse país quiser converter 385,50 reais para a moeda
de agosto de 1993, em substituição ao Cruzeiro, equivalendo um cru- local, a quantia que ele receberá, em “mumus”, é:

32
MATEMÁTICA
A) 10 100 001,11. ______________________________________________________
B) 110 000 001,1.
C) 110 000 011,11. ______________________________________________________
D) 110 000 111,1.
E) 111 000 001,11. ______________________________________________________

______________________________________________________
3. Há 22 anos, em 1º de julho de 1994, entrava em vigor o real,
moeda que pôs fim à hiperinflação que assolava a população brasi- ______________________________________________________
leira. Nesse novo sistema monetário, cada real valia uma URV (Uni-
dade Real de Valor), que, por sua vez, valia 2750 cruzeiros reais. ______________________________________________________
Dessa forma, 33550 cruzeiros reais valiam:
A 10,50 URV. ______________________________________________________
B 11,70 URV.
C 12,50 URV. ______________________________________________________
D 12,20 URV.
______________________________________________________
E 13,70 URV
______________________________________________________
4. Uma pessoa fez uma compra no valor de R$ 19,55. Tinha
com ela as seguintes moedas: 15 de R$ 1,00; 10 de R$ 0,50; 8 de R$ ______________________________________________________
0,25; 8 de R$ 0,10; 4 de R$ 0,05. Se fez o pagamento utilizando a
maior quantidade possível dessas moedas, então: ______________________________________________________
A) sobraram 7 moedas.
B) sobraram 8 moedas. ______________________________________________________
C) dentre as moedas que sobraram, 2 eram de R$ 0,10.
D) dentre as moedas que sobraram, 2 eram de R$ 0,25. ______________________________________________________
E) dentre as moedas que sobraram, 3 eram de R$ 0,05.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 B ______________________________________________________
3 D ______________________________________________________
4 C
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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33
MATEMÁTICA
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34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações: ambiente Microsoft Office, BR Offi-
ce. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sistemas operacionais: Windows e LINUX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e intra-
net. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES:


AMBIENTE MICROSOFT OFFICE, BR OFFICE
Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Iniciando um novo documento

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações de-
sejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinhamen-
tos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA INICIAL ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO

Justificar (arruma a direito e a esquerda de acordo com a margem Ctrl + J

Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas e baixas

Limpa a formatação

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
Página inicial - Mudar cor de Fundo
- Mudar cor do texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens

Revisão Verificação e correção ortográfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos, dentre
outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados automaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas espe-
cíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Podemos também ter o intervalo A1..B3

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

• Formatação células

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referen-
te ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pelas
quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já apresen-
tado anteriormente.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se fize-
rem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas para
passagem entre elementos das apresentações.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando clicar
no ícone correspondente no canto inferior direito.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, levando
a experiência dos usuários a outro nível.
Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível nas
versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamentos com
telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos podem
ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Office2013 tem um grande número de templates para uso de criação de
apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar juntamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que permite
que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras ferramentas, tais
como Skype. O pacote Office 2016 também roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, mas
no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pesquisa
inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim a
digitação de equações.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos móveis,
além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, além de
ter aumentado o número de templates melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos 3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em 3D,
todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor desenvolvimento de documentos;

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de algum
mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como base o OpenOffice.
Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou seja, é multiplataforma. Os aplicativos
dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications (ODF), que é um
formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open
Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open Document Text); Calc → .ods (Open Document Sprea-
dsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades do aplicativo. Além
disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo Writer.

Figura 40: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a linguagem LibreOffice
Basic).

WRITER

O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As principais teclas de
atalho do Writer são:

Figura 41: Atalhos Word x Writer

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CALC - Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento
O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
formato de arquivo padrão é o .ods (Open Document Spreadsheet). • Editar - contém comandos para editar o conteúdo documen-
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere to como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir, Cortar, Copiar
ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada pelo sinal de e Colar;
igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a cé- • Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um
lulas, operadores e funções. documento tais como Zoom, Apresentação de Slides, Estrutura de
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel: tópicos e Navegador;
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal • Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e
de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retornará a C3 e C4 elementos no documento como figuras, tabelas e hiperlinks;
(interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando • Formatar - contém comandos para formatar o layout e o con-
um espaço em branco (B2:C4 C3:C6). teúdo dos slides, tais como Modelos de slides, Layout de slide, Esti-
los e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Com-
pactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a
apresentação de slides e adicionar efeitos em objetos e na transição
de slides.

SISTEMAS OPERACIONAIS: WINDOWS E LINUX

Figura 69: Exemplo de Operação no Calc Windows XP


Provavelmente, você já ouviu falar sobre o Windows: as caixas
Para fazer referência a uma célula que esteja em outra plani- e as janelas que sempre lhe dão as boas-vindas quando você liga o
lha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_planilha + . + cé- seu computador. Na verdade, milhões de pessoas em todo o mun-
lula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha do estão tentando entender e interagir com isso enquanto você lê
chamada Plan2. No Excel, isso é feito usando o sinal de exclamação este livro. Quase todos os novos computadores e laptops vendidos
! (Plan2!A1). atualmente vêm com uma cópia do Windows pré-instalada, pronta
para abrir as caixas coloridas na tela.
Menus do Calc O que É o Windows e Por Que Você o Está Usando?
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento in- Criado e vendido por uma empresa chamada Microsoft, o Win-
teiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF. dows não é como o seu software usual, que permite que você faça
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento seu imposto de renda ou envie e-mails furiosos para os políticos.
como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir, Cortar, Copiar Não, o Windows é um sistema operacional, ou seja, ele controla a
e Colar. maneira como você trabalha com o seu computador.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um do- O Windows recebeu esse nome baseado em todas aquelas
cumento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador. janelinhas que ele coloca em seu monitor. Cada janela mostra in-
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos formações, tais como uma imagem, um programa que você esteja
no documento como células, linhas, colunas, planilhas, gráficos. executando, ou uma advertência técnica. É possível colocar várias
Formatar - contém comandos para formatar células seleciona- janelas na tela ao mesmo tempo e pular de uma para outra, visitan-
das, objetos e o conteúdo das células no documento. do diversos programas — ou, ampliar uma janela para preencher a
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir tela inteira.
meta, Rastrear erro, etc. Ao ligar seu computador, o Windows pula para dentro da tela
Dados - contém comandos para editar os dados de uma plani- e supervisiona qualquer programa em execução. Quando tudo está
lha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc. indo bem, você nem percebe o Windows funcionando; você sim-
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no plesmente vê seus programas ou seu trabalho. No entanto, quando
documento. as coisas não vão bem, geralmente o Windows deixa você com a
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice. pulga atrás da orelha com uma mensagem de erro confusa.
Além de controlar seu computador e dar ordens aos seus pro-
IMPRESS gramas, o Windows vem com vários programas gratuitos e apli-
cativos. Esses programas e aplicativos permitem realizar diversas
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de ações, tais como escrever e imprimir cartas, navegar pela internet,
arquivo padrão é o .odp (Open Document Presentations). escutar música e enviar fotos recentes de sua última refeição para
seus amigos.
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas Lançado em 25 de outubro de 2001, o Windows XP é um sis-
formas: tema operacional desenvolvido e comercializado pela gigante dos
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> softwares, Microsoft. O nome “XP” deriva da palavra “experience”.
Iniciar do primeiro slide Antes de seu lançamento, havia a possibilidade do usuário optar
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides pelo Windows ME, que era mais bonito visualmente e mais fácil de
-> Iniciar do slide atual. trabalhar, ou pelo Windows 2000, mais estável, confiável e seguro.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Windows XP uniu o que havia de melhor nos sistemas anteriores a ele: a beleza de um e a segurança de outro. O sistema operacional
possui cerca de 400 milhões de cópias em uso atualmente, é o mais usado em todo o mundo.
Basicamente, existem duas versões para o Windows XP: Home e Professional. A versão Home é destinada a usuários domésticos,
contando com recursos voltados para esse público: multimídia, reprodução de DVDs, ferramentas de vídeo, etc. Já a versão Professional,
destinada ao uso corporativo, conta com ferramentas e recursos mais avançados. Entre vários outros recursos, o Windows XP Professional
oferece a vantagem de trabalhar com dois processadores, permite o controle de pastas e arquivos em partições NTFS, oferece a possibi-
lidade de trabalhar em um computador remoto, etc. Além dessas duas versões, existem outras menos expressivas, como o Windows XP
Media Center Edition, Windows XP Embedded, Windows XP Starter Edition, etc.
A versão Starter Edition foi criada pela Microsoft com o fim de combater a pirataria presente em países emergentes, como Rússia,
Brasil e México. Realmente, seu preço é bem menor em relação às outras versões, no entanto, possui uma série de limitações, como por
exemplo, o fato de só poder abrir três janelas ao mesmo tempo para cada programa.

Área de trabalho

A área de trabalho é a tela principal do Windows, é o ponto de partida para a realização dos trabalhos, pois, é neste local que geral-
mente encontram-se os ícones (figuras que representam os programas instalados no computador) e a barra de tarefas.

Barra de tarefas

A barra de tarefas normalmente é encontrada na parte inferior da tela, nela estão disponíveis o menu iniciar o relógio, controle de vo-
lume e algumas outras funções que dependerão dos tipos de programas disponíveis no computador. Serve também para mostrar quais os
programas que se encontram abertos no momento. Quando muitas janelas de documento e programa estiverem abertas, o agrupamento
na barra de tarefas disponibilizará mais espaço na barra. Por exemplo, se você tiver dez janelas abertas e três delas forem documentos do
Wordpad, os botões da barra de tarefas desses três documentos serão agrupados em um botão denominado Wordpad. Clique nesse botão
e, em seguida, clique em um dos documentos para visualizá-lo.

Para melhorar a organização na barra de tarefas, os ícones na área de notificação (ao lado do relógio) ficarão ocultos quando não es-
tiverem em uso por algum tempo. Se algum ícone ficar oculto, clique na seta (‹) para exibir temporariamente esses ícones. Se você clicar
em um deles, ele será exibido novamente.

Janelas
As janelas são os principais elementos ordenadores do Windows©, quase nada acontece sem elas ou fora de seus limites. Elas têm a
função de delimitar, organizar o espaço da tela, isto é, conter, agrupar ou separar visualmente elementos distintos da interface ou específi-
cos de um programa. Aplicativos sendo executados permanecem no interior de janelas, que demarcam o espaço de tela utilizado por eles
e o separam do desktop ou de outros espaços utilizados por outros programas ou pelo próprio sistema.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
sistema, será exibida uma caixa de diálogo informando ao usuário
sobre o ocorrido e, eventualmente, perguntado sobre o que fazer
a respeito.

Janelas de configuração

Fazem parte de uma janela:


A. Linha delimitadora
B. Ícone de identificação.
C. Barra de título
D. Botões de Controle

Os botões de controle permitem ao usuário, respectivamente,


minimizar, maximizar e fechar a janela; a barra de título normal-
mente indica o nome e/ou a localização (path) do conteúdo da ja-
nela; o ícone de identificação mostra a função da janela e daquilo
que ela contém — no caso de um aplicativo, ele exibirá um pequeno
logotipo do programa, no caso de uma pasta exibirá um ícone de
pasta; a linha delimitadora separa o conteúdo da janela de outras Janelas de configuração são espaços onde se apresentam op-
janelas de outros espaços e conteúdos. (Na janela da fig. 4, vêem- ções para o ajuste de certa funcionalidade ou dispositivo do siste-
-se também uma barra de menus e uma barra de ferramentas, que ma. São característicos dessas janelas os botões (A), as caixas de
serão tratados em capítulos específicos.) texto (B), as “abas” (C), as caixas de agrupamento (D) e os spin but-
tons (E). As “abas” poderiam até ser consideradas um tipo de janela
Janelas especiais, ou secundárias. especial, não fosse o fato de existirem também em circunstâncias
Janelas especiais são todas aquelas que não visam delimitar ou diferentes das apresentadas acima.
organizar o espaço na tela (não têm função especificamente visual),
mas cujo conteúdo visa permitir ao usuário um maior controle da Menus
interface, do sistema e de seus dispositivos. Essas janelas podem Menus se desdobram em uma multiplicidade de outros menus,
conter diversos tipos de controles e opções, algumas delas com fun- janelas, ferramentas ou controles mesmo. Eles apresentam ao usu-
ções cruciais ao funcionamento do sistema ou à tarefa do usuário, ário informações e recursos que não são encontrados com facilida-
outras apenas com mensagens ou avisos. Seguem-se dois exemplos de em outro lugar, além de os oferecerem de maneira estrutura-
de “janelas especiais”: da, possibilitando uma interação que independe do conhecimento
prévio de ícones ou símbolos complicados, ou da compreensão das
- Caixas de diálogo metáforas envolvidas na significação destes. Nem sempre apenas
ler o título de uma das opções de um menu dirime qualquer proble-
ma que possa surgir durante a interação, mas pode ser uma valiosa
indicação do caminho a seguir.

Caixas de diálogo são janelas com mensagens em que frequen-


temente é requisitada a intervenção do usuário, para tomar uma
decisão, selecionar entre várias opções, confirmar uma operação,
ou simplesmente para tomar conhecimento de algo que tenha
acontecido fora do âmbito de sua interação. Ao imprimir um arqui-
vo, por exemplo, o sistema deverá exibir uma janela apresentando
todas as opções de impressão que o programa e a própria impresso-
ra apresentam, tais como qualidades diferentes de impressão, tipos
de papel, orientação da página, quantidade de cópias. Da mesma
maneira, se ocorrer algum erro, seja com o computador, seja com o

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você também pode personalizar o menu Iniciar e adicionar
uma pasta denominada Meus documentos recentes que conterá
os arquivos abertos recentemente. Outra maneira de personalizar
o menu Iniciar é definir que os itens sejam abertos quando você
mantiver o mouse sobre eles, uma forma simples de visualizar o
conteúdo do item.
O menu “Iniciar”, presente desde o Windows 95©, tem carac-
terísticas muito particulares, e deve ser considerado à parte dos
outros.
Além de ser um menu que contém diversos outros menus,
eventualmente chegando a três ou mais colunas, o “Iniciar” dá
acesso a todas as funções e programas instalados em um compu-
tador com muito poucos cliques do mouse. Visualmente, estrutu-
ralmente e funcionalmente distinto dos outros, ele é rico em cores,
dégradés e em ícones de diferentes dimensões; apresenta seu con-
teúdo estruturado em colunas, agrupando de forma diferente os
programas e as funções principais do sistema; contém um espaço
dedicado a atalhos do usuário, auxilia na navegação realçando itens
recém instalados e apresenta menus em cascata sem a necessidade
de clicar sobre eles, tendência que se difundiu, posteriormente, a
todos os menus.
Menu “Editar” do MS Word.
Ainda que certos menus tenham algumas características espe- Ícones
cíficas, a maioria deles não difere quanto a seus elementos básicos. Ícones são representações gráficas de objetos tais como docu-
Eles geralmente exibem ícones que identificam funções correlatas, mentos, dispositivos de armazenamento, pastas e aplicações. Na
presentes em barras de ferramentas (A), funções e/ou comandos medida do possível, eles devem se assemelhar a suas contrapartes
relativos a alguma funcionalidade do sistema ou de algum pro- no mundo real, de modo a facilitar seu reconhecimento. Desta for-
grama específico (B), um título indicativo de seu conteúdo (C), in- ma, eles ajudam a comunicar o propósito ou a função ou o conteú-
formações so-bre atalhos de teclado através dos quais é possivel do de um programa ou arquivo antes que este seja aberto. A maio-
executar um comando sem acessar o menu (D), e uma indicação de ria das interfaces que adota a “orientação a objetos” apresenta
que certas opções se desdobram ícones que podem ser selecionados, movidos, copiados, arrastados
Os menus podem ser divididos em duas categorias gerais: ou jogados fora. Ao longo do tempo eles evoluíram de pequenas
aqueles associados a tarefas que dizem mais respeito ao sistema, imagens toscas de baixa resolução a representações quase fotográ-
presentes em (quase) todas as aplicações — “Arquivo” e “Editar” ficas. Os ícones podem ser classificados quanto a seu tipo, número
são bons exemplos — e aqueles cujas opções são específicas de um de cores, orientação e estilo:
software — no caso do Adobe Photoshop©, por exemplo, o menu — Tipo: os tipos de ícones se distribuem entre as categorias
“Imagem”. Em uma “barra de menus” é comum encontrarmos as de objetos da interface. Seguem-se uma classificação geral e alguns
duas categorias lado a lado, sem distinção, com uma exceção, a do exemplos.
menu “Iniciar”.

O menu Iniciar

Quando você clica em Iniciar, é exibido um menu que oferece


acesso rápido à maioria dos itens mais úteis do computador. Você
pode clicar em Ajuda e suporte para aprender a usar o Windows,
obter informações sobre a solução de problemas, receber suporte,
e muito mais. Quando você clica em Todos os programas, é aberta
uma lista dos programas instalados no computador.
A lista de programas no menu Iniciar é dividida em duas partes:
os programas exibidos acima da linha separadora (também conhe-
cidos como lista de itens fixos) e os programas exibidos abaixo da
linha separadora (também conhecidos como lista dos programas
mais usados). Os programas da lista de itens fixos permanecem lá
e estão sempre disponíveis para serem iniciados quando clicados.
Você pode adicionar itens a essa lista. Classificação geral dos tipos de ícones
Os programas são adicionados à lista dos programas mais usa-
dos quando você os usa. O Windows tem um número padrão de Pastas e Arquivos
programas exibidos na lista dos programas mais usados. Quando Após a criação do arquivo é possível sua organização por meio
esse número é alcançado, os programas que não são abertos há de pastas. Quando executamos vários trabalhos, cada qual em um
algum tempo são substituídos pelos programas usados mais recen- programa especifico, criamos com isso diferentes tipos de arquivos
temente. e para não misturar uns com os outros, o que dificulta na hora de

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
procurar por um deles, colocamos cada um dos tipos em suas res- Fig. 7 CTRL e, em seguida, clique nos itens desejados.
pectivas pastas. Ex.: em uma pasta ficariam todos os trabalhos de
digitação, em outra todos os arquivos de música e assim por diante.
No entanto, pasta é o elemento usado para guardar os arquivos.

Criação de pastas
Para criar uma nova pasta
1. Abra a pasta Meus documentos.

2. Em Tarefas de arquivo e pasta, clique em Criar uma nova pas-


ta.

• Você também pode mover uma pasta ou arquivo arrastando-


-o para o local desejado. Também é possível excluir uma pasta cli-
cando com o botão auxiliar do mouse e escolhendo a opção Excluir.

Programas
Como dito anteriormente, programa é o software usado para
a realização de trabalho como digitar um texto, editar uma foto,
Será exibida uma nova pasta com o nome padrão, Nova pasta, criar um desenho e outras coisas que dependerão de cada tipo de
selecionado. trabalho. Ele é quem dá a personalidade ao seu computador, por
exemplo, um fotógrafo possui em seu computador programas que
o possibilite editar fotos, um técnico em eletrônica tem em seu PC
programas relacionados com sua profissão e assim por diante.
Independente de cada profissão o próprio Windows também
possui alguns programas, que podemos considerá-los como de uso
3. Digite um nome para a nova pasta e pressione ENTER. geral. São programas básicos e de grande utilidade, como:
• Calculadora;
Observações • Pesquisar;
Para abrir Meus documentos, clique em Iniciar e, em seguida, • Windows Mídia Player;
clique em Meus documentos, caso ele não esteja na área de traba- • Wordpad; • Internet Explore; • Jogos e outros.
lho.
Você também pode criar uma nova pasta clicando com o botão Calculadora
direito do mouse em uma área em branco na janela da pasta ou na Você pode utilizar a Calculadora para fazer qualquer operação
área de trabalho, apontando para Nova e clicando em Pasta. padrão na qual usaria uma calculadora de mão. A Calculadora ser-
ve para aritmética básica, como adição e subtração, e para funções
Para mover um arquivo ou pasta encontradas em uma calculadora científica, como logarítmos e fa-
1. Abra a pasta Meus documentos. toriais.Você pode usar a Calculadora no modo de exibição padrão,
Se a pasta ou o arquivo que você deseja mover não for encon- para cálculos simples, ou no modo de exibição científico, para cál-
trado nesta pasta ou em suas subpastas, use a opção Pesquisar para culos estatísticos e científicos avançados.
localizá-lo. Para abrir Pesquisar, clique em Iniciar e, em seguida, cli-
que em Pesquisar. Pesquisar
2. Clique no arquivo ou pasta que você deseja mover. O programa Pesquisar é muito útil quando precisamos procurar
3. Em Tarefas de arquivo e pasta, clique em Mover este arquivo por um arquivo ou uma pasta que não sabemos onde está.
ou Mover esta pasta. Para procurar por um arquivo ou uma pasta
Observe que para excluir uma pasta basta clicar em Excluir esta 1. Clique em Iniciar e, em seguida, clique em Pesquisar.
pasta. 2. Clique em Todos os arquivos e pastas.
4. Em Mover itens, clique no novo local do arquivo ou pasta e, 3. Digite parte ou todo o nome do arquivo ou pasta, ou digite
em seguida, clique em Mover. uma palavra ou frase que esteja no arquivo.
Observações 4. Se não souber ou se desejar limitar mais a sua pesquisa, se-
Para abrir Meus documentos, clique em Iniciar e, em seguida, lecione uma ou mais das opções remanescentes:
clique em Meus documentos. Em Examinar, clique na unidade, pasta ou rede que você deseja
Para selecionar um grupo de arquivos consecutivos, clique no pesquisar.
primeiro arquivo, pressione e mantenha pressionada a tecla SHIFT Clique em Quando ele foi modificado? para procurar por ar-
e clique no último arquivo. Para Fig. 6 selecionar arquivos ou pastas quivos que foram criados ou modificados em datas específicas ou
não consecutivos, pressione e mantenha pressionada a tecla entre elas.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Clique em Qual é o tamanho? para procurar por arquivos de um tamanho específico.
Clique em Mais opções avançadas para especificar critérios de pesquisa adicionais.
Clique em Pesquisar.

Windows Media Player


Você pode tocar e exibir diversos tipos de arquivos de áudio e vídeo usando o Windows Media Player. Você pode também escutar e
fazer cópias dos seus CDs, passar DVDs (caso tenha hardware de DVD), ouvir estações de rádio da Internet, exibir clipes de um filme ou um
vídeo de música em um site da Web. Você também pode usar o Windows Media Player para criar seus próprios CDs de música.

WordPad
Você pode utilizar o WordPad para criar ou editar arquivos de texto que contenham formatação ou elementos gráficos. Use o Bloco de
notas para edição de texto básica ou para criar páginas da Web.
Abra o WordPad.
Observações
• Para abrir o WordPad, clique em Iniciar, aponte para Todos os programas, para Acessórios e clique em WordPad.

Windows vista

Conceito de pastas e Diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho do Windows Vista

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Manipulação de arquivos e pastas Uso dos menus
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

Programas e aplicativos
Neste contexto de programas e aplicativos, o Windows Vista
veio com uma série de melhorias e facilidades em relação ao seu
antecessor o Windows XP. Abaixo temos uma lista destas funcio-
nalidades:

• Media Player
• Media Center
• Movie Maker
• DVD Maker
• Os jogos do Windows.
• Mail
• Calendário
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Música e Vídeo
Dentro deste item temos o Media Player, que é o player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. É uma excelente experiência
de entretenimento, pode-se administrar bibliotecas de música, fo-
tografia, vídeo no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Calendário

Jogos
Cópia de dados

E-mail

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 7

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de transferência

A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas

A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

Uso dos menus

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Programas e aplicativos

• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos

Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a parte
desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows 8

Conceito de pastas e diretórios

Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 8

Área de transferência

A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas

A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus

Programas e aplicativos

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Interação com o conjunto de aplicativos

Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a parte
desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito importante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem salvos,
tendo assim uma cópia de segurança.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o armaze-
namento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na internet).

Windows 10

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios

Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

Uso dos menus

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente confir-
mar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza internamen-
te tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LINUX

O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas podemos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim uma
interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a distri-
buição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

Linux Ubuntu em modo gráfico:

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do botão:

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de trabalho

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma forma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, podemos usar
linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmente não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas na cor azul e os arquivos na cor branca.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uso dos menus
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma interface
gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendizado a
interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis para serem utilizadas.

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem um
público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas bem comuns:

• Firefox (Navegador para internet);


• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Microsoft Office).

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

O que é Software Livre?

Software Livre refere-se a todo programa de computador que pode ser executado, copiado, modificado e redistribuído sem que haja a
necessidade da autorização do seu proprietário para isso. Esse tipo de software disponibiliza para seus usuários e desenvolvedores o livre
acesso ao código-fonte para que possam realizar alterações da maneira que desejarem.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O conceito do software livre, diferente do “open source”, é mais
focado na ética e seus objetivos fornecem aos usuários liberdade de CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE
controle e alteração na execução, moldando-o à sua computação e TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PRO-
ao seu processamento de dados, além de conceder liberdade social CEDIMENTOS ASSOCIADOS À INTERNET E INTRANET
para a cooperação ativa com todos os usuários e desenvolvedores
de sua escolha. Tipos de rede de computadores
A FSF (Free Software Foundation - Fundação para o Software • LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Livre) é a criadora do conceito. Ela é uma organização sem fins lu- Exemplos: casa, escritório, etc.
crativos, fundada no ano de 1985 por Richard Stallman, idealizador
do GNU - sistema operacional tipo Unix. A filosofia da FSF apoia-se
na liberdade de expressão e não nos lucros. Stallman acredita que
os softwares proprietários (aqueles que não são livres) são injustos,
restritivos e de certa forma discriminatórios.
Em 1983, Stallman começou o Projeto GNU após ter sofrido
uma experiência negativa com um software comercial. Funcionário
do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, ele identificou uma
falha no software de uma impressora Xerox e tentou consertá-la.
No entanto, a empresa não liberou para Stallman o código-fonte,
motivando-o a criar um mecanismo legal que garantisse que todos
pudessem desfrutar dos direitos de copiar, modificar e redistribuir
um software. Isso gerou a criação da Licença GPL e, posteriormente,
da FSF.
Os usuários de software livre estão isentos dessas restrições,
pois eles não necessitam pedir autorização ao proprietário, além
de não serem obrigados a concordar com cláusulas restritivas de
outros, bem como licenças proprietárias, como cópias restritas.
Algumas licenças de utilização foram criadas para poder garan-
tir a equidade e a organização de direitos entre os usuários. A mais • MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-
utilizada delas é a GPL - General Public License (Licença Pública do plo.
Uso Geral).
É importante valorizar no movimento de software livre que a
concorrência e a pluralidade de ideias entre os sistemas tem feito
com que ocorra uma evolução e uma melhora em sua qualidade.
Softwares para escritórios, gerenciadores, banco de dados e outras
ferramentas têm permitido que empresas e usuários encontrem di-
ferentes soluções de alta qualidade para serem utilizadas. A maioria
dessas soluções é apoiada tanto pela OSI (Open Source Initiative)
quanto pela FSF.

Um programa pode ser considerado software livre quando se


enquadra nas quatro liberdades essenciais:
Liberdade 0: A liberdade de execução do programa para qual-
quer finalidade;
Liberdade 1: A liberdade de estudar e entender como o pro-
grama funciona, além de poder adaptá-lo de acordo com as suas
necessidades. Para isso, o acesso ao código-fonte do software faz-se • WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que
necessário; a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
Liberdade 2: A liberdade de redistribuir cópias com o intuito de mos o conceito.
ajudar outras pessoas;
Liberdade 3: A liberdade de distribuir cópias alteradas a outras
pessoas. Isso permite que as demais pessoas tenham acesso ao sof-
tware em sua versão melhorada, se beneficiando de suas mudan-
ças.
Fonte:
https://canaltech.com.br/software/o-que-e-software-li-
vre-25494/

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegação e navegadores da Internet
• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

8 Sincronização com a conta FireFox (Vamos detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado com o
seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computador público sempre desative a sincronização para manter seus dados seguros
após o uso.

Google Chrome

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementadas
por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se quiser-
mos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

7 Exibe um menu de contexto que iremos relatar seguir.

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebemos que
o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum atualmente, a
seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcionalidades.
• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita da barra
de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para acessá-lo,
podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde pode-
mos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo dia a dia se preferir.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste caso,
o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Histórico e Favoritos

• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste
caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto e ou-
tras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa;
Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a criação
de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Mail,
Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos tópicos
adiante, lembrando que todos funcionam de formas bastante parecidas.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

• Anexação de arquivos

Uma função adicional quando criamos mensagens é de anexar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Computação de nuvem (Cloud Computing) • Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

• Conceito de Nuvem (Cloud)

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-


ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
Drive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usu- como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
ários e às empresas. vem que podem ser contratados.
A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser- REDES SOCIAIS
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas
usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus Redes sociais, quando falamos do ambiente online, são plata-
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec- formas facilitadores das conexões sociais em nossas vidas. Nelas
tado no mundo. nos relacionamos com outros indivíduos baseado em nossos inte-
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em resses e visões de mundo.
um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro- Antes de representar tudo o que conhecemos hoje, redes so-
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem, ciais significava simplesmente um grupo de pessoas relacionadas
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas entre si.
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas Pense nos grupos de amigos que você tem, sejam eles da facul-
de TI, Telecomunicações. dade, do trabalho ou mesmo sua família. Cada um desses grupos é
uma rede social que você tem. Parece pouco perto de como vemos
as redes sociais atualmente, não é mesmo? No entanto, essa pre-
missa continua viva dentro das mídias que utilizamos atualmente.
Afinal, a principal função de uma rede social é conectar pes-
soas dentro do mundo virtual, seja para construir novas conexões
sociais ou apenas manter já existentes.
É inegável o sucesso obtido pelas redes sociais que conhece-
mos, como Facebook e WhatsApp. Dificilmente conseguimos pen-
sar nossas interações sociais sem a presença delas e isso mostra a
força dessas plataformas, que tomam conta do mundo como co-
nhecemos.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Mídias Sociais ou Rede Sociais? LinkedIn
Você provavelmente já se confundiu entre redes sociais e mí- Número de Usuários: + de 500 milhões de usuários
dias sociais. Mas é importante salientar que elas não são a mesma A maior rede social profissional do mundo foi criada em 2002
coisa. Por isso, vamos diferenciá-las agora mesmo. e vive, assim como o Youtube, tempos áureos em sua jornada. Im-
Como já disse, redes sociais são os grupos de conexões e rela- prescindível para qualquer profissional, é também essencial para
cionamentos que temos com outras pessoas. Já as mídias sociais toda empresa.
são plataformas que garantem que isso aconteça. Além de ser um grande hub de conexões profissionais, é utiliza-
Ainda confuso? Fica claro quando entendemos que ambas po- do por muitas marcas como principal plataforma de recrutamento
dem servir como plataformas para que mantenhamos nossas redes de talentos e grande potencializador de carreiras.
de relacionamento, no entanto, redes sociais tem esse como sua Tudo do mundo dos negócios está nessa rede e ela possui cada
principal característica e estão dentro do que classificamos como vez mais influência e relevância nesse meio.
mídias sociais.
Enquanto mídias sociais são plataformas que tem como sua Youtube
principal função o compartilhamento em massa de conteúdo e Número de usuários: + 1,3 bilhões
transmissão de informações, como blogs, site e até mesmo o You- Estamos vivenciando o auge do Youtube. É quase impossível
tube. não ver pelo menos um vídeo dessa rede social em seu dia. Muito
Resumindo tudo isso, podemos afirmar que as redes sociais são disso se deve a crescente presença de conteúdos audiovisuais no
uma categoria dentro das mídias sociais. Locais onde podemos inte- marketing digital.
ragir com pessoas que conhecemos, mas nos quais a todo momen- A plataforma de compartilhamento de vídeos permite a disse-
to estamos expostos a uma imensidão de conteúdo. minação em massa de vídeos, onde atualmente existe verdadeiras
comunidades. Sejam eles influenciadores ou empresas tentando
Principais redes sociais transmitir seu conteúdo, o Youtube se tornou uma mídia imprescin-
Você já está cansado de saber a importância das redes sociais dível para qualquer indivíduo.
não só para usuários e empresas, mas para a sociedade como um Fundado em 2005 e comprada pelo Google em 2006, ela tem
tudo para continuar seu crescimento gigantesco nos próximos anos.
todo.
No entanto, com tantas redes sociais é difícil entender qual o
Twitter
papel de cada uma e por que estar presente nelas é fundamental
Número de usuários: + 330 milhões
para qualquer marca.
O Twitter é uma das maiores redes sociais do mundo, sendo
Confira quais são as mídias e redes sociais mais importantes
marcada como um lugar no qual seus usuários podem compartilhar
do mundo (e mais usadas no Brasil) e como você pode começar a
sua rotina e suas opiniões.
aproveitar de todo o potencial delas agora mesmo:
Essa rede social é palco de grandes debates político-sociais e,
apesar de estar em declínio, se mostra extremamente relevante
Facebook como espaço de expressão. E, por isso, ele uma plataforma muito
Número de usuários: + 2 bilhões vantajosa para as marcas.
O Facebook é a maior rede social do mundo. E não é à toa: ne-
nhuma outra na história da internet conseguiu reunir tão bem em WhatsApp
um lugar só tudo que seu usuário precisa. Número de Usuários: + de 1,5 bilhões de usuários ativos
Durante toda sua história a plataforma se revolucionou cada Talvez a rede social mais popular do Brasil, o WhatsApp está
vez mais, sempre prezando pela experiência de seus usuários. E, por conosco todos os dias e em todos os momentos. Afinal, ele é nossa
isso, conseguiu manter-se no topo. maneira mais fácil de comunicar com outras pessoas e pode ser um
Além de ser focada em seus usuários, ela é uma das maiores grande facilitador para seus consumidores fazerem o mesmo.
formas de geração de oportunidades e aquisição de clientes para Baseado na troca de mensagens instantâneas, é a maior plata-
qualquer empresa. Uma empresa que não está no Facebook atu- forma do mundo com essa função e é uma ótima maneira de man-
almente quase não existe para a sociedade, dominada por heavy ter o relacionamento com seu público.
users de mídias sociais.
Google+
Instagram Número de Usuários: 4 a 6 milhões de usuários ativos
Número de usuários: + 800 milhões O Google+ é uma rede social peculiar. Apesar de estar ancora-
Falar de redes sociais atualmente e não dar o devido destaque da na maior plataforma de buscas do mundo, ela nunca realmente
ao Instagram é um grande erro. Uma das redes sociais com maior decolou.
crescimento nos últimos anos, a previsão é de uma expansão ainda Criado em 2011, já acumula bilhões de usuários, por causa de
maior para os próximos anos, considerandoas funcionalidades que sua integração com contas do Google. No entanto, menos de 9%
surgem a todo momento e o crescente número de usuários. desses indivíduos já postou algo nessa rede social, o que mostra
Os milhões de usuários da rede aproveitam das inúmeras possi- que ela é basicamente um deserto.
bilidades que o aplicativo de compartilhamento de fotografias ofe- Mesmo estando quase inabitada, essa rede social é uma gran-
rece desde compartilhar momentos diários com o Instagram Sto- de incógnita. Afinal, com o Google por trás, nunca se sabe quando
ries até interagir e comentar nas postagens de amigos e familiares, uma manobra estratégica pode mudar o percurso dessa platafor-
criando uma verdadeira rede social nessa plataforma. ma. Mas não esperamos que isso aconteça.
Como o Instagram é a maior rede social com foco em conteúdo
visual, ela apresenta grandes oportunidades tanto para empresas Snapchat
quanto para indivíduos. Número de Usuários: + de 300 milhões de usuários ativos
Criado em 2011, o Snapchat teve seu boom no mercado brasi-
leiro entre 2014 e 2015, quando era praticamente impossível que
um jovem de 12 a 25 ano não estivesse presente por lá.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O aplicativo se baseia no compartilhamento de conteúdo em 6. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
vídeo, fotos ou textos entre seus usuários. No entanto, a grande Windows:
diferença é que essas imagens somem com 24 horas de seu envio. (A) Windows Gold.
A ideia da efemeridade e possibilidade de interações rápidas en- (B) Windows 8.
tre círculos sociais foi o que conquistou grande parte do país e do (C) Windows 7.
mundo. (D) Windows XP.
No entanto, em 2016, com o surgimento do Instagram Stories,
a plataforma entrou em um agravado declínio e agora não está nem 7. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
perto de ser o que era em seu momento de auge. Apesar disso ela Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
ainda está presente no cotidiano de muitas pessoas e tem sua im- cuta?
portância. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
Referências: (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
https://marketingdeconteudo.com/tudo-sobre-redes-sociais/ (C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica
EXERCÍCIOS 8. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, as-
sinale a alternativa INCORRETA:
1. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvi-
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- dos pela Microsoft.
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na inter-
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- face do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está
reço válido na Internet é: sempre visível ao usuário.
(A) http:@site.com.br (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Win-
(B) HTML:site.estado.gov dows 7 dentro do Windows 8.
(C) html://www.mundo.com (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
(D) https://meusite.org.br Kapersky.
(E) www.#social.*site.com (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computa-
dores x86 e 64 bits.
2. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e 9. (QUADRIX – CRMV -RN) No que diz respeito ao programa
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso Microsoft Excel 2013, ao sistema operacional Windows 8 e aos con-
presencial, chamamos esse serviço de: ceitos de redes de computadores, julgue o item. As pastas Docu-
(A) Computação On-Line. mentos, Imagens e Downloads são exemplos de pastas que estão
(B) Computação na nuvem. armazenadas na pasta pessoal do usuário do sistema operacional
(C) Computação em Tempo Real. Windows 8.
(D) Computação em Block Time. ( ) Certo
(E) Computação Visual ( ) Errado

3. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos 10. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
tos associados à Internet, julgue o próximo item. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- ( ) Certo
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o ( ) Errado
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
Youtube (http://www.youtube.com). 11. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
( ) Certo um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
( ) Errado (A) init 0.
(B) init 6.
4. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (C) exit
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (D) ls.
são para processadores de 64 bits. (E) cd.
( ) Certo
( ) Errado 12. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas
5. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do Mi- ( ) Certo
crosoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é ( ) Errado
uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7 13. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(B) Windows 10 (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas
(C) Windows 8.1 eletrônicas para cálculos numéricos, além de servir para a pr
(D) Windows 9 dução de textos organizados por linhas e colunas identificadas
(E) Windows Server 2012 por números e letras.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 14 D
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, 15 CERTO
é útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recur- 16 CERTO
sos que o Excel.
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.
ANOTAÇÕES
14. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen- ______________________________________________________
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010. ______________________________________________________
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte ______________________________________________________
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto. ______________________________________________________
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________
15. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint ______________________________________________________
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
cativo. ______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

( ) Certo _____________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
16. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
noros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 B ______________________________________________________
3 ERRADO ______________________________________________________
4 CERTO
______________________________________________________
5 D
6 A ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 CERTO
10 CERTO ______________________________________________________

11 D ______________________________________________________
12 CERTO
______________________________________________________
13 A
______________________________________________________

50
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
1. Lei nº 11.445 de 05 de janeiro de 2007 - Diretrizes nacionais para o saneamento básico: princípios fundamentais, exercício da titulari-
dade, planejamento, aspectos econômicos e sociais, aspectos técnicos e política federal de saneamento básico. . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e outras providências. . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Lei nº 11.172 de 01 de dezembro de 2008 - Princípios e diretrizes da Política Estadual de Saneamento Básico: do direito à salubridade
ambiental, das diretrizes e princípios da política Estadual de Saneamento Básico, do sistema estadual de saneamento básico, do pla-
nejamento, da gestão associada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4. Lei nº 12.602 de 29 de novembro de 2012 - Criação da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia - AGER-
SA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
XIII - redução e controle das perdas de água, inclusive na dis-
LEI Nº 11.445 DE 05 DE JANEIRO DE 2007 - DIRETRIZES tribuição de água tratada, estímulo à racionalização de seu consu-
NACIONAIS PARA O SANEAMENTO BÁSICO: PRINCÍ- mo pelos usuários e fomento à eficiência energética, ao reúso de
PIOS FUNDAMENTAIS, EXERCÍCIO DA TITULARIDADE, efluentes sanitários e ao aproveitamento de águas de chuva; (Reda-
PLANEJAMENTO, ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS, ção pela Lei nº 14.026, de 2020)
ASPECTOS TÉCNICOS E POLÍTICA FEDERAL DE SANEA- XIV - prestação regionalizada dos serviços, com vistas à geração
MENTO BÁSICO de ganhos de escala e à garantia da universalização e da viabilidade
técnica e econômico-financeira dos serviços; (Incluído pela Lei nº
LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007. 14.026, de 2020)
XV - seleção competitiva do prestador dos serviços; e (Incluído
Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico; cria pela Lei nº 14.026, de 2020)
o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; altera as Leis nos XVI - prestação concomitante dos serviços de abastecimento
6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.666, de 21 de junho de 1993, de água e de esgotamento sanitário. (Incluído pela Lei nº 14.026,
e 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de 2020)
de maio de 1978. (Redação pela Lei nº 14.025, de 2020) Art. 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se: (Redação
pela Lei nº 14.026, de 2020)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- I - saneamento básico: conjunto de serviços públicos, infraes-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: truturas e instalações operacionais de: (Redação pela Lei nº 14.026,
de 2020)
CAPÍTULO I a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS e pela disponibilização e manutenção de infraestruturas e instala-
ções operacionais necessárias ao abastecimento público de água
Art. 1o Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o sanea- potável, desde a captação até as ligações prediais e seus instrumen-
mento básico e para a política federal de saneamento básico. tos de medição; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão pres- b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades e pela
tados com base nos seguintes princípios fundamentais: disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações
I - universalização do acesso e efetiva prestação do serviço; (Re- operacionais necessárias à coleta, ao transporte, ao tratamento e
dação pela Lei nº 14.026, de 2020) à disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as liga-
II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades ções prediais até sua destinação final para produção de água de
e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento reúso ou seu lançamento de forma adequada no meio ambiente;
que propicie à população o acesso a eles em conformidade com (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
suas necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: constituídos
(Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) pelas atividades e pela disponibilização e manutenção de infraes-
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza ur- truturas e instalações operacionais de coleta, varrição manual e
bana e manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à mecanizada, asseio e conservação urbana, transporte, transbordo,
saúde pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resí-
meio ambiente; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) duos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza urbana; e (Re-
IV - disponibilidade, nas áreas urbanas, de serviços de drena- dação pela Lei nº 14.026, de 2020)
gem e manejo das águas pluviais, tratamento, limpeza e fiscaliza- d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: constituídos
ção preventiva das redes, adequados à saúde pública, à proteção pelas atividades, pela infraestrutura e pelas instalações operacio-
do meio ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e nais de drenagem de águas pluviais, transporte, detenção ou reten-
privado; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) ção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e dis-
V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem posição final das águas pluviais drenadas, contempladas a limpeza
as peculiaridades locais e regionais; e a fiscalização preventiva das redes; (Redação pela Lei nº 14.026,
VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e de 2020)
regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, II - gestão associada: associação voluntária entre entes federa-
de proteção ambiental, de promoção da saúde, de recursos hídri- tivos, por meio de consórcio público ou convênio de cooperação,
cos e outras de interesse social relevante, destinadas à melhoria conforme disposto no art. 241 da Constituição Federal; (Redação
da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator pela Lei nº 14.026, de 2020)
determinante; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) III - universalização: ampliação progressiva do acesso de to-
VII - eficiência e sustentabilidade econômica; dos os domicílios ocupados ao saneamento básico, em todos os
VIII - estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à utilização de serviços previstos no inciso XIV do caput deste artigo, incluídos o
tecnologias apropriadas, consideradas a capacidade de pagamento tratamento e a disposição final adequados dos esgotos sanitários;
dos usuários, a adoção de soluções graduais e progressivas e a me- (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
lhoria da qualidade com ganhos de eficiência e redução dos custos IV - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos
para os usuários; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) que garantem à sociedade informações, representações técnicas e
IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informa- participação nos processos de formulação de políticas, de plane-
ções e processos decisórios institucionalizados; jamento e de avaliação relacionados com os serviços públicos de
X - controle social; saneamento básico; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
XI - segurança, qualidade, regularidade e continuidade; (Reda- V - (VETADO);
ção pela Lei nº 14.026, de 2020) VI - prestação regionalizada: modalidade de prestação integra-
XII - integração das infraestruturas e dos serviços com a ges- da de um ou mais componentes dos serviços públicos de sanea-
tão eficiente dos recursos hídricos; (Redação pela Lei nº 14.026, de
2020)

1
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
mento básico em determinada região cujo território abranja mais XVI - sistema condominial: rede coletora de esgoto sanitário,
de um Município, podendo ser estruturada em: (Redação pela Lei assentada em posição viável no interior dos lotes ou conjunto de
nº 14.026, de 2020) habitações, interligada à rede pública convencional em um único
a) região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião: ponto ou à unidade de tratamento, utilizada onde há dificuldades
unidade instituída pelos Estados mediante lei complementar, de de execução de redes ou ligações prediais no sistema convencional
acordo com o § 3º do art. 25 da Constituição Federal, composta de de esgotamento; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
agrupamento de Municípios limítrofes e instituída nos termos da XVII - sistema individual alternativo de saneamento: ação de
Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole); saneamento básico ou de afastamento e destinação final dos esgo-
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) tos, quando o local não for atendido diretamente pela rede pública;
b) unidade regional de saneamento básico: unidade instituída (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
pelos Estados mediante lei ordinária, constituída pelo agrupamento XVIII - sistema separador absoluto: conjunto de condutos, ins-
de Municípios não necessariamente limítrofes, para atender ade- talações e equipamentos destinados a coletar, transportar, condi-
quadamente às exigências de higiene e saúde pública, ou para dar cionar e encaminhar exclusivamente esgoto sanitário; (Incluído
viabilidade econômica e técnica aos Municípios menos favorecidos; pela Lei nº 14.026, de 2020)
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) XIX - sistema unitário: conjunto de condutos, instalações e
c) bloco de referência: agrupamento de Municípios não neces- equipamentos destinados a coletar, transportar, condicionar e en-
sariamente limítrofes, estabelecido pela União nos termos do § 3º caminhar conjuntamente esgoto sanitário e águas pluviais. (Incluí-
do art. 52 desta Lei e formalmente criado por meio de gestão asso- do pela Lei nº 14.026, de 2020)
ciada voluntária dos titulares; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) § 1º ( VETADO).
VII - subsídios: instrumentos econômicos de política social que § 2º ( VETADO).
contribuem para a universalização do acesso aos serviços públicos § 3º ( VETADO).
de saneamento básico por parte de populações de baixa renda; (Re- § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
dação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 5º No caso de Região Integrada de Desenvolvimento (Ride),
VIII - localidades de pequeno porte: vilas, aglomerados rurais, a prestação regionalizada do serviço de saneamento básico estará
povoados, núcleos, lugarejos e aldeias, assim definidos pela Funda- condicionada à anuência dos Municípios que a integram. (Incluído
ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
pela Lei nº 14.026, de 2020) Art. 3º-A. Consideram-se serviços públicos de abastecimen-
IX - contratos regulares: aqueles que atendem aos dispositivos to de água a sua distribuição mediante ligação predial, incluídos
legais pertinentes à prestação de serviços públicos de saneamento eventuais instrumentos de medição, bem como, quando vincula-
básico; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) das a essa finalidade, as seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº
X - núcleo urbano: assentamento humano, com uso e carac- 14.026, de 2020)
terísticas urbanas, constituído por unidades imobiliárias com área I - reservação de água bruta; (Incluído pela Lei nº 14.026, de
inferior à fração mínima de parcelamento prevista no art. 8º da Lei
2020)
nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, independentemente da pro-
II - captação de água bruta; (Incluído pela Lei nº 14.026, de
priedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita
2020)
como rural; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
III - adução de água bruta; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
XI - núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no
IV - tratamento de água bruta; (Incluído pela Lei nº 14.026, de
qual não tenha sido possível realizar a titulação de seus ocupantes,
2020)
ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação
V - adução de água tratada; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de
ou regularização; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
2020)
XII - núcleo urbano informal consolidado: aquele de difícil re-
versão, considerados o tempo da ocupação, a natureza das edifi- VI - reservação de água tratada. (Incluído pela Lei nº 14.026,
cações, a localização das vias de circulação e a presença de equipa- de 2020)
mentos públicos, entre outras circunstâncias a serem avaliadas pelo Art. 3º-B. Consideram-se serviços públicos de esgotamento
Município ou pelo Distrito Federal; (Incluído pela Lei nº 14.026, de sanitário aqueles constituídos por 1 (uma) ou mais das seguintes
2020) atividades: (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
XIII - operação regular: aquela que observa integralmente as I - coleta, incluída ligação predial, dos esgotos sanitários; (Inclu-
disposições constitucionais, legais e contratuais relativas ao exercí- ído pela Lei nº 14.026, de 2020)
cio da titularidade e à contratação, prestação e regulação dos servi- II - transporte dos esgotos sanitários; (Incluído pela Lei nº
ços; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) 14.026, de 2020)
XIV - serviços públicos de saneamento básico de interesse co- III - tratamento dos esgotos sanitários; e (Incluído pela Lei nº
mum: serviços de saneamento básico prestados em regiões metro- 14.026, de 2020)
politanas, aglomerações urbanas e microrregiões instituídas por lei IV - disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originá-
complementar estadual, em que se verifique o compartilhamento rios da operação de unidades de tratamento coletivas ou individu-
de instalações operacionais de infraestrutura de abastecimento de ais de forma ambientalmente adequada, incluídas fossas sépticas.
água e/ou de esgotamento sanitário entre 2 (dois) ou mais Municí- (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
pios, denotando a necessidade de organizá-los, planejá-los, execu- Parágrafo único. Nas Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis)
tá-los e operá-los de forma conjunta e integrada pelo Estado e pelos ou outras áreas do perímetro urbano ocupadas predominantemen-
Munícipios que compartilham, no todo ou em parte, as referidas te por população de baixa renda, o serviço público de esgotamento
instalações operacionais; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) sanitário, realizado diretamente pelo titular ou por concessionário,
XV - serviços públicos de saneamento básico de interesse lo- inclui conjuntos sanitários para as residências e solução para a des-
cal: funções públicas e serviços cujas infraestruturas e instalações tinação de efluentes, quando inexistentes, assegurada compatibili-
operacionais atendam a um único Município; (Incluído pela Lei nº dade com as diretrizes da política municipal de regularização fundi-
14.026, de 2020) ária. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)

2
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
Art. 3º-C. Consideram-se serviços públicos especializados de II - de triagem, para fins de reutilização ou reciclagem, de trata-
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos as atividades ope- mento, inclusive por compostagem, e de destinação final dos resí-
racionais de coleta, transbordo, transporte, triagem para fins de duos relacionados na alínea “c” do inciso I do caput do art. 3º desta
reutilização ou reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, Lei; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
e destinação final dos: (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) III - de varrição de logradouros públicos, de limpeza de disposi-
I - resíduos domésticos; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) tivos de drenagem de águas pluviais, de limpeza de córregos e ou-
II - resíduos originários de atividades comerciais, industriais e tros serviços, tais como poda, capina, raspagem e roçada, e de ou-
de serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos tros eventuais serviços de limpeza urbana, bem como de coleta, de
domésticos, que, por decisão do titular, sejam considerados resídu- acondicionamento e de destinação final ambientalmente adequada
os sólidos urbanos, desde que tais resíduos não sejam de responsa- dos resíduos sólidos provenientes dessas atividades. (Redação pela
bilidade de seu gerador nos termos da norma legal ou administra- Lei nº 14.026, de 2020)
tiva, de decisão judicial ou de termo de ajustamento de conduta; e
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) CAPÍTULO II
III - resíduos originários dos serviços públicos de limpeza urba- DO EXERCÍCIO DA TITULARIDADE
na, tais como: (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
a) serviços de varrição, capina, roçada, poda e atividades cor- Art. 8º Exercem a titularidade dos serviços públicos de sanea-
relatas em vias e logradouros públicos; (Incluído pela Lei nº 14.026, mento básico: (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
de 2020) I - os Municípios e o Distrito Federal, no caso de interesse local;
b) asseio de túneis, escadarias, monumentos, abrigos e sanitá- (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
rios públicos; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) II - o Estado, em conjunto com os Municípios que compartilham
c) raspagem e remoção de terra, areia e quaisquer materiais efetivamente instalações operacionais integrantes de regiões me-
depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos; (Incluído tropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, instituídas por
pela Lei nº 14.026, de 2020) lei complementar estadual, no caso de interesse comum. (Incluído
d) desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correla- pela Lei nº 14.026, de 2020)
tos; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) § 1º O exercício da titularidade dos serviços de saneamento po-
e) limpeza de logradouros públicos onde se realizem feiras pú- derá ser realizado também por gestão associada, mediante consór-
blicas e outros eventos de acesso aberto ao público; e (Incluído pela cio público ou convênio de cooperação, nos termos do art. 241 da
Lei nº 14.026, de 2020) Constituição Federal, observadas as seguintes disposições: (Incluído
f) outros eventuais serviços de limpeza urbana. (Incluído pela pela Lei nº 14.026, de 2020)
Lei nº 14.026, de 2020) I - fica admitida a formalização de consórcios intermunicipais
Art. 3º-D. Consideram-se serviços públicos de manejo das de saneamento básico, exclusivamente composto de Municípios,
águas pluviais urbanas aqueles constituídos por 1 (uma) ou mais que poderão prestar o serviço aos seus consorciados diretamente,
das seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) pela instituição de autarquia intermunicipal; (Incluído pela Lei nº
I - drenagem urbana; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) 14.026, de 2020)
II - transporte de águas pluviais urbanas; (Incluído pela Lei nº II - os consórcios intermunicipais de saneamento básico terão
como objetivo, exclusivamente, o financiamento das iniciativas de
14.026, de 2020)
implantação de medidas estruturais de abastecimento de água po-
III - detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amor-
tável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos
tecimento de vazões de cheias; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de
sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais, vedada a formaliza-
2020)
ção de contrato de programa com sociedade de economia mista ou
IV - tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas.
empresa pública, ou a subdelegação do serviço prestado pela autar-
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
quia intermunicipal sem prévio procedimento licitatório. (Incluído
Art. 4o Os recursos hídricos não integram os serviços públicos
pela Lei nº 14.026, de 2020)
de saneamento básico.
§ 2º Para os fins desta Lei, as unidades regionais de saneamen-
Parágrafo único. A utilização de recursos hídricos na prestação to básico devem apresentar sustentabilidade econômico-financeira
de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para dispo- e contemplar, preferencialmente, pelo menos 1 (uma) região me-
sição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita tropolitana, facultada a sua integração por titulares dos serviços de
a outorga de direito de uso, nos termos da Lei no 9.433, de 8 de saneamento. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
janeiro de 1997, de seus regulamentos e das legislações estaduais. § 3º A estrutura de governança para as unidades regionais de
Art. 5o Não constitui serviço público a ação de saneamento saneamento básico seguirá o disposto na Lei nº 13.089, de 12 de ja-
executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário neiro de 2015 (Estatuto da Metrópole). (Incluído pela Lei nº 14.026,
não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as de 2020)
ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade priva- § 4º Os Chefes dos Poderes Executivos da União, dos Estados,
da, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador. do Distrito Federal e dos Municípios poderão formalizar a gestão
Art. 6o O lixo originário de atividades comerciais, industriais e associada para o exercício de funções relativas aos serviços públicos
de serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao de saneamento básico, ficando dispensada, em caso de convênio de
gerador pode, por decisão do poder público, ser considerado resí- cooperação, a necessidade de autorização legal. (Incluído pela Lei
duo sólido urbano. nº 14.026, de 2020)
Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza § 5º O titular dos serviços públicos de saneamento básico deve-
urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas rá definir a entidade responsável pela regulação e fiscalização des-
seguintes atividades: ses serviços, independentemente da modalidade de sua prestação.
I - de coleta, de transbordo e de transporte dos resíduos re- (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
lacionados na alínea “c” do inciso I do caput do art. 3º desta Lei;
(Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)

3
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
Art. 8º-A. É facultativa a adesão dos titulares dos serviços pú- Art. 10-A. Os contratos relativos à prestação dos serviços pú-
blicos de saneamento de interesse local às estruturas das formas blicos de saneamento básico deverão conter, expressamente, sob
de prestação regionalizada. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) pena de nulidade, as cláusulas essenciais previstas no art. 23 da Lei
Art. 8º-B. No caso de prestação regionalizada dos serviços de nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, além das seguintes disposi-
saneamento, as responsabilidades administrativa, civil e penal são ções: (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
exclusivamente aplicadas aos titulares dos serviços públicos de sa- I - metas de expansão dos serviços, de redução de perdas na
neamento, nos termos do art. 8º desta Lei. (Redação pela Lei nº distribuição de água tratada, de qualidade na prestação dos servi-
14.026, de 2020) ços, de eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros
Art. 9o O titular dos serviços formulará a respectiva política pú- recursos naturais, do reúso de efluentes sanitários e do aproveita-
blica de saneamento básico, devendo, para tanto: mento de águas de chuva, em conformidade com os serviços a se-
I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta rem prestados; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
Lei, bem como estabelecer metas e indicadores de desempenho e II - possíveis fontes de receitas alternativas, complementares
mecanismos de aferição de resultados, a serem obrigatoriamente ou acessórias, bem como as provenientes de projetos associados,
observados na execução dos serviços prestados de forma direta ou incluindo, entre outras, a alienação e o uso de efluentes sanitários
por concessão; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) para a produção de água de reúso, com possibilidade de as receitas
II - prestar diretamente os serviços, ou conceder a prestação serem compartilhadas entre o contratante e o contratado, caso apli-
deles, e definir, em ambos os casos, a entidade responsável pela cável; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
regulação e fiscalização da prestação dos serviços públicos de sane- III - metodologia de cálculo de eventual indenização relativa
amento básico; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) aos bens reversíveis não amortizados por ocasião da extinção do
III - definir os parâmetros a serem adotados para a garantia do contrato; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume IV - repartição de riscos entre as partes, incluindo os referentes
a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extra-
mínimo per capita de água para abastecimento público, observadas
ordinária. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
as normas nacionais relativas à potabilidade da água; (Redação pela
§ 1º Os contratos que envolvem a prestação dos serviços pú-
Lei nº 14.026, de 2020)
blicos de saneamento básico poderão prever mecanismos privados
IV - estabelecer os direitos e os deveres dos usuários; (Redação
para resolução de disputas decorrentes do contrato ou a ele rela-
pela Lei nº 14.026, de 2020) cionadas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em lín-
V - estabelecer os mecanismos e os procedimentos de controle gua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de
social, observado o disposto no inciso IV do caput do art. 3º desta 1996. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
Lei; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 2º As outorgas de recursos hídricos atualmente detidas pelas
VI - implementar sistema de informações sobre os serviços pú- empresas estaduais poderão ser segregadas ou transferidas da ope-
blicos de saneamento básico, articulado com o Sistema Nacional de ração a ser concedida, permitidas a continuidade da prestação do
Informações em Saneamento Básico (Sinisa), o Sistema Nacional de serviço público de produção de água pela empresa detentora da ou-
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) e o Sistema torga de recursos hídricos e a assinatura de contrato de longo prazo
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), obser- entre esta empresa produtora de água e a empresa operadora da
vadas a metodologia e a periodicidade estabelecidas pelo Ministé- distribuição de água para o usuário final, com objeto de compra e
rio do Desenvolvimento Regional; e (Redação pela Lei nº 14.026, venda de água. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
de 2020) Art. 10-B. Os contratos em vigor, incluídos aditivos e renova-
VII - intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por ções, autorizados nos termos desta Lei, bem como aqueles prove-
indicação da entidade reguladora, nas hipóteses e nas condições nientes de licitação para prestação ou concessão dos serviços públi-
previstas na legislação e nos contratos. (Redação pela Lei nº 14.026, cos de saneamento básico, estarão condicionados à comprovação
de 2020) da capacidade econômico-financeira da contratada, por recursos
Parágrafo único. No exercício das atividades a que se refere o próprios ou por contratação de dívida, com vistas a viabilizar a uni-
caput deste artigo, o titular poderá receber cooperação técnica do versalização dos serviços na área licitada até 31 de dezembro de
respectivo Estado e basear-se em estudos fornecidos pelos presta- 2033, nos termos do § 2º do art. 11-B desta Lei. (Redação pela Lei
dores dos serviços. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) nº 14.026, de 2020)
Art. 10. A prestação dos serviços públicos de saneamento bási- Parágrafo único. A metodologia para comprovação da capaci-
co por entidade que não integre a administração do titular depende dade econômico-financeira da contratada será regulamentada por
da celebração de contrato de concessão, mediante prévia licitação, decreto do Poder Executivo no prazo de 90 (noventa) dias. (Incluído
nos termos do art. 175 da Constituição Federal, vedada a sua disci- pela Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham
plina mediante contrato de programa, convênio, termo de parceria
por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico:
ou outros instrumentos de natureza precária. (Redação pela Lei nº
I - a existência de plano de saneamento básico;
14.026, de 2020)
II - a existência de estudo que comprove a viabilidade técnica
§ 1º (Revogado). (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
e econômico-financeira da prestação dos serviços, nos termos es-
I - (revogado). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) tabelecidos no respectivo plano de saneamento básico; (Redação
a) (revogado). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) pela Lei nº 14.026, de 2020)
b) (revogado). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) III - a existência de normas de regulação que prevejam os meios
II - (revogado). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) para o cumprimento das diretrizes desta Lei, incluindo a designação
§ 2º (Revogado). (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) da entidade de regulação e de fiscalização;
§ 3º Os contratos de programa regulares vigentes permanecem IV - a realização prévia de audiência e de consulta públicas so-
em vigor até o advento do seu termo contratual. (Incluído pela Lei bre o edital de licitação, no caso de concessão, e sobre a minuta do
nº 14.026, de 2020) contrato.

4
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
V - a existência de metas e cronograma de universalização dos § 4º Os Municípios com estudos para concessões ou parcerias
serviços de saneamento básico. (Incluído pela Lei nº 14.026, de público-privadas em curso, pertencentes a uma região metropoli-
2020) tana, podem dar seguimento ao processo e efetivar a contratação
§ 1o Os planos de investimentos e os projetos relativos ao con- respectiva, mesmo se ultrapassado o limite previsto no caput deste
trato deverão ser compatíveis com o respectivo plano de sanea- artigo, desde que tenham o contrato assinado em até 1 (um) ano.
mento básico. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 2o Nos casos de serviços prestados mediante contratos de § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
concessão ou de programa, as normas previstas no inciso III do § 6º Para fins de aferição do limite previsto no caput deste arti-
caput deste artigo deverão prever: go, o critério para definição do valor do contrato do subdelegatário
I - a autorização para a contratação dos serviços, indicando os deverá ser o mesmo utilizado para definição do valor do contrato do
respectivos prazos e a área a ser atendida; prestador do serviço. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
II - a inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais § 7º Caso o contrato do prestador do serviço não tenha valor de
de expansão dos serviços, de redução progressiva e controle de per- contrato, o faturamento anual projetado para o subdelegatário não
das na distribuição de água tratada, de qualidade, de eficiência e poderá ultrapassar 25% (vinte e cinco por cento) do faturamento
de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais, anual projetado para o prestador do serviço. (Incluído pela Lei nº
em conformidade com os serviços a serem prestados e com o res- 14.026, de 2020)
pectivo plano de saneamento básico; (Redação pela Lei nº 14.026, Art. 11-B. Os contratos de prestação dos serviços públicos de
de 2020) saneamento básico deverão definir metas de universalização que
III - as prioridades de ação, compatíveis com as metas estabe- garantam o atendimento de 99% (noventa e nove por cento) da
lecidas; população com água potável e de 90% (noventa por cento) da po-
IV - as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico- pulação com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro
-financeiro da prestação dos serviços, em regime de eficiência, in- de 2033, assim como metas quantitativas de não intermitência do
cluindo: abastecimento, de redução de perdas e de melhoria dos processos
a) o sistema de cobrança e a composição de taxas e tarifas; de tratamento. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
b) a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas; § 1º Os contratos em vigor que não possuírem as metas de que
c) a política de subsídios; trata o caput deste artigo terão até 31 de março de 2022 para viabi-
V - mecanismos de controle social nas atividades de planeja- lizar essa inclusão. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
mento, regulação e fiscalização dos serviços; § 2º Contratos firmados por meio de procedimentos licitatórios
VI - as hipóteses de intervenção e de retomada dos serviços. que possuam metas diversas daquelas previstas no caput deste arti-
§ 3o Os contratos não poderão conter cláusulas que prejudi- go, inclusive contratos que tratem, individualmente, de água ou de
quem as atividades de regulação e de fiscalização ou o acesso às esgoto, permanecerão inalterados nos moldes licitados, e o titular
informações sobre os serviços contratados. do serviço deverá buscar alternativas para atingir as metas defini-
§ 4o Na prestação regionalizada, o disposto nos incisos I a IV do
das no caput deste artigo, incluídas as seguintes: (Redação pela Lei
caput e nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá se referir ao conjunto de
nº 14.026, de 2020)
municípios por ela abrangidos.
I - prestação direta da parcela remanescente; (Incluído pela Lei
§ 5º Fica vedada a distribuição de lucros e dividendos, do con-
nº 14.026, de 2020)
trato em execução, pelo prestador de serviços que estiver descum-
II - licitação complementar para atingimento da totalidade da
prindo as metas e cronogramas estabelecidos no contrato específi-
meta; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
co da prestação de serviço público de saneamento básico. (Redação
III - aditamento de contratos já licitados, incluindo eventual re-
pela Lei nº 14.026, de 2020)
equilíbrio econômico-financeiro, desde que em comum acordo com
Art. 11-A. Na hipótese de prestação dos serviços públicos de
a contratada. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
saneamento básico por meio de contrato, o prestador de serviços
poderá, além de realizar licitação e contratação de parceria público- § 3º As metas de universalização deverão ser calculadas de ma-
-privada, nos termos da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, neira proporcional no período compreendido entre a assinatura do
e desde que haja previsão contratual ou autorização expressa do ti- contrato ou do termo aditivo e o prazo previsto no caput deste arti-
tular dos serviços, subdelegar o objeto contratado, observado, para go, de forma progressiva, devendo ser antecipadas caso as receitas
a referida subdelegação, o limite de 25% (vinte e cinco por cento) advindas da prestação eficiente do serviço assim o permitirem, nos
do valor do contrato. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) termos da regulamentação. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 1º A subdelegação fica condicionada à comprovação técni- § 4º É facultado à entidade reguladora prever hipóteses em
ca, por parte do prestador de serviços, do benefício em termos de que o prestador poderá utilizar métodos alternativos e descentra-
eficiência e qualidade dos serviços públicos de saneamento básico. lizados para os serviços de abastecimento de água e de coleta e
(Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) tratamento de esgoto em áreas rurais, remotas ou em núcleos ur-
§ 2º Os contratos de subdelegação disporão sobre os limites da banos informais consolidados, sem prejuízo da sua cobrança, com
sub-rogação de direitos e obrigações do prestador de serviços pelo vistas a garantir a economicidade da prestação dos serviços públi-
subdelegatário e observarão, no que couber, o disposto no § 2º do cos de saneamento básico. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
art. 11 desta Lei, bem como serão precedidos de procedimento lici- § 5º O cumprimento das metas de universalização e não in-
tatório. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) termitência do abastecimento, de redução de perdas e de melho-
§ 3º Para a observância do princípio da modicidade tarifária aos ria dos processos de tratamento deverá ser verificado anualmente
usuários e aos consumidores, na forma da Lei nº 8.987, de 13 de pela agência reguladora, observando-se um intervalo dos últimos
fevereiro de 1995, ficam vedadas subconcessões ou subdelegações 5 (cinco) anos, nos quais as metas deverão ter sido cumpridas em,
que impliquem sobreposição de custos administrativos ou geren- pelo menos, 3 (três), e a primeira fiscalização deverá ser realizada
ciais a serem pagos pelo usuário final. (Incluído pela Lei nº 14.026, apenas ao término do quinto ano de vigência do contrato. (Incluído
de 2020) pela Lei nº 14.026, de 2020)

5
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
§ 6º As metas previstas neste artigo deverão ser observadas § 3o Inclui-se entre as garantias previstas no inciso VI do § 2o
no âmbito municipal, quando exercida a titularidade de maneira deste artigo a obrigação do contratante de destacar, nos documen-
independente, ou no âmbito da prestação regionalizada, quando tos de cobrança aos usuários, o valor da remuneração dos serviços
aplicável. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) prestados pelo contratado e de realizar a respectiva arrecadação e
§ 7º No caso do não atingimento das metas, nos termos deste entrega dos valores arrecadados.
artigo, deverá ser iniciado procedimento administrativo pela agên- § 4o No caso de execução mediante concessão de atividades
cia reguladora com o objetivo de avaliar as ações a serem adotadas, interdependentes a que se refere o caput deste artigo, deverão
incluídas medidas sancionatórias, com eventual declaração de ca- constar do correspondente edital de licitação as regras e os valores
ducidade da concessão, assegurado o direito à ampla defesa. (Inclu- das tarifas e outros preços públicos a serem pagos aos demais pres-
ído pela Lei nº 14.026, de 2020) tadores, bem como a obrigação e a forma de pagamento.
§ 8º Os contratos provisórios não formalizados e os vigentes Art. 13. Os entes da Federação, isoladamente ou reunidos em
prorrogados em desconformidade com os regramentos estabeleci- consórcios públicos, poderão instituir fundos, aos quais poderão ser
dos nesta Lei serão considerados irregulares e precários. (Incluído destinadas, entre outros recursos, parcelas das receitas dos servi-
pela Lei nº 14.026, de 2020) ços, com a finalidade de custear, na conformidade do disposto nos
§ 9º Quando os estudos para a licitação da prestação regiona- respectivos planos de saneamento básico, a universalização dos
lizada apontarem para a inviabilidade econômico-financeira da uni- serviços públicos de saneamento básico.
versalização na data referida no caput deste artigo, mesmo após o Parágrafo único. Os recursos dos fundos a que se refere o caput
agrupamento de Municípios de diferentes portes, fica permitida a deste artigo poderão ser utilizados como fontes ou garantias em
dilação do prazo, desde que não ultrapasse 1º de janeiro de 2040 operações de crédito para financiamento dos investimentos neces-
e haja anuência prévia da agência reguladora, que, em sua análise, sários à universalização dos serviços públicos de saneamento bási-
deverá observar o princípio da modicidade tarifária. (Incluído pela co.
Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 12. Nos serviços públicos de saneamento básico em que CAPÍTULO III
mais de um prestador execute atividade interdependente com ou- DA PRESTAÇÃO REGIONALIZADA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE
tra, a relação entre elas deverá ser regulada por contrato e haverá SANEAMENTO BÁSICO
entidade única encarregada das funções de regulação e de fiscali-
zação. Art. 14. (Revogado pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 1o A entidade de regulação definirá, pelo menos: Art. 15. (Revogado pela Lei nº 14.026, de 2020)
I - as normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regu- Art. 16. (Revogado pela Lei nº 14.026, de 2020)
laridade dos serviços prestados aos usuários e entre os diferentes Art. 17. O serviço regionalizado de saneamento básico poderá
prestadores envolvidos; obedecer a plano regional de saneamento básico elaborado para
II - as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos o conjunto de Municípios atendidos. (Redação pela Lei nº 14.026,
subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários e de 2020)
entre os diferentes prestadores envolvidos;
§ 1º O plano regional de saneamento básico poderá contem-
III - a garantia de pagamento de serviços prestados entre os
plar um ou mais componentes do saneamento básico, com vistas à
diferentes prestadores dos serviços;
otimização do planejamento e da prestação dos serviços. (Redação
IV - os mecanismos de pagamento de diferenças relativas a
pela Lei nº 14.026, de 2020)
inadimplemento dos usuários, perdas comerciais e físicas e outros
§ 2º As disposições constantes do plano regional de saneamen-
créditos devidos, quando for o caso;
to básico prevalecerão sobre aquelas constantes dos planos munici-
V - o sistema contábil específico para os prestadores que atuem
pais, quando existirem. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
em mais de um Município.
§ 3º O plano regional de saneamento básico dispensará a ne-
§ 2o O contrato a ser celebrado entre os prestadores de servi-
ços a que se refere o caput deste artigo deverá conter cláusulas que cessidade de elaboração e publicação de planos municipais de sa-
estabeleçam pelo menos: neamento básico. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
I - as atividades ou insumos contratados; § 4º O plano regional de saneamento básico poderá ser elabo-
II - as condições e garantias recíprocas de fornecimento e de rado com suporte de órgãos e entidades das administrações públi-
acesso às atividades ou insumos; cas federal, estaduais e municipais, além de prestadores de serviço.
III - o prazo de vigência, compatível com as necessidades de (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
amortização de investimentos, e as hipóteses de sua prorrogação; Art. 18. Os prestadores que atuem em mais de um Município
IV - os procedimentos para a implantação, ampliação, melhoria ou região ou que prestem serviços públicos de saneamento básico
e gestão operacional das atividades; diferentes em um mesmo Município ou região manterão sistema
V - as regras para a fixação, o reajuste e a revisão das taxas, contábil que permita registrar e demonstrar, separadamente, os
tarifas e outros preços públicos aplicáveis ao contrato; custos e as receitas de cada serviço em cada um dos Municípios ou
VI - as condições e garantias de pagamento; regiões atendidas e, se for o caso, no Distrito Federal. (Redação pela
VII - os direitos e deveres sub-rogados ou os que autorizam a Lei nº 14.026, de 2020)
sub-rogação; Parágrafo único. Nos casos em que os contratos previstos no
VIII - as hipóteses de extinção, inadmitida a alteração e a resci- caput deste artigo se encerrarem após o prazo fixado no contrato
são administrativas unilaterais; de programa da empresa estatal ou de capital misto contratante,
IX - as penalidades a que estão sujeitas as partes em caso de por vencimento ordinário ou caducidade, o ente federativo con-
inadimplemento; trolador da empresa delegatária da prestação de serviços públicos
X - a designação do órgão ou entidade responsável pela regula- de saneamento básico, por ocasião da assinatura do contrato de
ção e fiscalização das atividades ou insumos contratados. parceria público-privada ou de subdelegação, deverá assumir esses
contratos, mantidos iguais prazos e condições perante o licitante
vencedor. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)

6
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
Art. 18-A. O prestador dos serviços públicos de saneamento § 9º Os Municípios com população inferior a 20.000 (vinte mil)
básico deve disponibilizar infraestrutura de rede até os respectivos habitantes poderão apresentar planos simplificados, com menor
pontos de conexão necessários à implantação dos serviços nas edi- nível de detalhamento dos aspectos previstos nos incisos I a V do
ficações e nas unidades imobiliárias decorrentes de incorporação caput deste artigo. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
imobiliária e de parcelamento de solo urbano. (Incluído pela Lei nº Art. 20. (VETADO).
14.026, de 2020) Parágrafo único. Incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora
Parágrafo único. A agência reguladora instituirá regras para dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de sanea-
que empreendedores imobiliários façam investimentos em redes mento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposi-
de água e esgoto, identificando as situações nas quais os investi- ções legais, regulamentares e contratuais.
mentos representam antecipação de atendimento obrigatório do
operador local, fazendo jus ao ressarcimento futuro por parte da CAPÍTULO V
concessionária, por critérios de avaliação regulatórios, e aquelas DA REGULAÇÃO
nas quais os investimentos configuram-se como de interesse res-
trito do empreendedor imobiliário, situação na qual não fará jus ao Art. 21. A função de regulação, desempenhada por entidade
ressarcimento. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) de natureza autárquica dotada de independência decisória e auto-
nomia administrativa, orçamentária e financeira, atenderá aos prin-
CAPÍTULO IV cípios de transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das
DO PLANEJAMENTO decisões. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
I - (revogado); (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico II - (revogado). (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual Art. 22. São objetivos da regulação:
abrangerá, no mínimo: I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação e
I - diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de a expansão da qualidade dos serviços e para a satisfação dos usuá-
vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, rios, com observação das normas de referência editadas pela ANA;
ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiên- (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
cias detectadas; II - garantir o cumprimento das condições e metas estabeleci-
II - objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a das nos contratos de prestação de serviços e nos planos municipais
universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, obser- ou de prestação regionalizada de saneamento básico; (Redação
vando a compatibilidade com os demais planos setoriais; pela Lei nº 14.026, de 2020)
III - programas, projetos e ações necessárias para atingir os ob- III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalva-
jetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos da a competência dos órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de
plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identi- Defesa da Concorrência; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
ficando possíveis fontes de financiamento; IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico-
IV - ações para emergências e contingências; -financeiro dos contratos quanto a modicidade tarifária, por meca-
V - mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática nismos que gerem eficiência e eficácia dos serviços e que permitam
da eficiência e eficácia das ações programadas. o compartilhamento dos ganhos de produtividade com os usuários.
§ 1º Os planos de saneamento básico serão aprovados por (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
atos dos titulares e poderão ser elaborados com base em estudos Art. 23. A entidade reguladora, observadas as diretrizes deter-
fornecidos pelos prestadores de cada serviço. (Redação pela Lei nº minadas pela ANA, editará normas relativas às dimensões técnica,
14.026, de 2020) econômica e social de prestação dos serviços públicos de sanea-
§ 2o A consolidação e compatibilização dos planos específicos mento básico, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:
de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 3º Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis I - padrões e indicadores de qualidade da prestação dos servi-
com os planos das bacias hidrográficas e com planos diretores dos ços;
Municípios em que estiverem inseridos, ou com os planos de de- II - requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;
senvolvimento urbano integrado das unidades regionais por eles III - as metas progressivas de expansão e de qualidade dos ser-
abrangidas. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) viços e os respectivos prazos;
§ 4º Os planos de saneamento básico serão revistos periodica- IV - regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedi-
mente, em prazo não superior a 10 (dez) anos. (Redação pela Lei nº mentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;
14.026, de 2020) V - medição, faturamento e cobrança de serviços;
§ 5o Será assegurada ampla divulgação das propostas dos pla- VI - monitoramento dos custos;
nos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, in- VII - avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;
clusive com a realização de audiências ou consultas públicas. VIII - plano de contas e mecanismos de informação, auditoria
§ 6o A delegação de serviço de saneamento básico não dispen- e certificação;
sa o cumprimento pelo prestador do respectivo plano de sanea- IX - subsídios tarifários e não tarifários;
mento básico em vigor à época da delegação. X - padrões de atendimento ao público e mecanismos de parti-
§ 7o Quando envolverem serviços regionalizados, os planos de cipação e informação;
saneamento básico devem ser editados em conformidade com o XI - medidas de segurança, de contingência e de emergência,
estabelecido no art. 14 desta Lei. inclusive quanto a racionamento; (Redação pela Lei nº 14.026, de
§ 8o Exceto quando regional, o plano de saneamento básico 2020)
deverá englobar integralmente o território do ente da Federação XII – (VETADO).
que o elaborou.

7
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
XIII - procedimentos de fiscalização e de aplicação de sanções Art. 26. Deverá ser assegurado publicidade aos relatórios, estu-
previstas nos instrumentos contratuais e na legislação do titular; e dos, decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regula-
(Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) ção ou à fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres
XIV - diretrizes para a redução progressiva e controle das per- dos usuários e prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do
das de água. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) povo, independentemente da existência de interesse direto.
§ 1º A regulação da prestação dos serviços públicos de sanea- § 1o Excluem-se do disposto no caput deste artigo os documen-
mento básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer enti- tos considerados sigilosos em razão de interesse público relevante,
dade reguladora, e o ato de delegação explicitará a forma de atua- mediante prévia e motivada decisão.
ção e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas § 2o A publicidade a que se refere o caput deste artigo deverá
partes envolvidas. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) se efetivar, preferencialmente, por meio de sítio mantido na rede
§ 1º-A. Nos casos em que o titular optar por aderir a uma agên- mundial de computadores - internet.
cia reguladora em outro Estado da Federação, deverá ser considera- Art. 27. É assegurado aos usuários de serviços públicos de sa-
da a relação de agências reguladoras de que trata o art. 4º-B da Lei neamento básico, na forma das normas legais, regulamentares e
nº 9.984, de 17 de julho de 2000, e essa opção só poderá ocorrer contratuais:
nos casos em que: (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) I - amplo acesso a informações sobre os serviços prestados;
I - não exista no Estado do titular agência reguladora constitu- II - prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das pe-
ída que tenha aderido às normas de referência da ANA; (Incluído nalidades a que podem estar sujeitos;
pela Lei nº 14.026, de 2020) III - acesso a manual de prestação do serviço e de atendimento
II - seja dada prioridade, entre as agências reguladoras qualifi- ao usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva
entidade de regulação;
cadas, àquela mais próxima à localidade do titular; e (Incluído pela
IV - acesso a relatório periódico sobre a qualidade da prestação
Lei nº 14.026, de 2020)
dos serviços.
III - haja anuência da agência reguladora escolhida, que poderá
Art. 28. (VETADO).
cobrar uma taxa de regulação diferenciada, de acordo com a distân-
CAPÍTULO VI
cia de seu Estado. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) DOS ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
§ 1º-B. Selecionada a agência reguladora mediante contrato de
prestação de serviços, ela não poderá ser alterada até o encerra- Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a
mento contratual, salvo se deixar de adotar as normas de referência sustentabilidade econômico-financeira assegurada por meio de re-
da ANA ou se estabelecido de acordo com o prestador de serviços. muneração pela cobrança dos serviços, e, quando necessário, por
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) outras formas adicionais, como subsídios ou subvenções, vedada a
§ 2o As normas a que se refere o caput deste artigo fixarão cobrança em duplicidade de custos administrativos ou gerenciais a
prazo para os prestadores de serviços comunicarem aos usuários serem pagos pelo usuário, nos seguintes serviços: (Redação pela Lei
as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações nº 14.026, de 2020)
relativas aos serviços. I - de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na for-
§ 3o As entidades fiscalizadoras deverão receber e se manifes- ma de taxas, tarifas e outros preços públicos, que poderão ser esta-
tar conclusivamente sobre as reclamações que, a juízo do interessa- belecidos para cada um dos serviços ou para ambos, conjuntamen-
do, não tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores te; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
dos serviços. II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, na forma
§ 4º No estabelecimento de metas, indicadores e métodos de de taxas, tarifas e outros preços públicos, conforme o regime de
monitoramento, poderá ser utilizada a comparação do desempe- prestação do serviço ou das suas atividades; e (Redação pela Lei nº
nho de diferentes prestadores de serviços.. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
14.026, de 2020) III - de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, na forma
Art. 24. Em caso de gestão associada ou prestação regionali- de tributos, inclusive taxas, ou tarifas e outros preços públicos, em
zada dos serviços, os titulares poderão adotar os mesmos critérios conformidade com o regime de prestação do serviço ou das suas
econômicos, sociais e técnicos da regulação em toda a área de atividades. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
abrangência da associação ou da prestação. § 1o Observado o disposto nos incisos I a III do caput deste arti-
Art. 25. Os prestadores de serviços públicos de saneamento go, a instituição das tarifas, preços públicos e taxas para os serviços
básico deverão fornecer à entidade reguladora todos os dados e de saneamento básico observará as seguintes diretrizes:
I - prioridade para atendimento das funções essenciais relacio-
informações necessários para o desempenho de suas atividades, na
nadas à saúde pública;
forma das normas legais, regulamentares e contratuais.
II - ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa
§ 1o Incluem-se entre os dados e informações a que se refere
renda aos serviços;
o caput deste artigo aquelas produzidas por empresas ou profis-
III - geração dos recursos necessários para realização dos in-
sionais contratados para executar serviços ou fornecer materiais e vestimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do
equipamentos específicos. serviço;
§ 2o Compreendem-se nas atividades de regulação dos servi- IV - inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recur-
ços de saneamento básico a interpretação e a fixação de critérios sos;
para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta V - recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço,
administração de subsídios. em regime de eficiência;
Art. 25-A. A ANA instituirá normas de referência para a regula- VI - remuneração adequada do capital investido pelos presta-
ção da prestação dos serviços públicos de saneamento básico por dores dos serviços;
seus titulares e suas entidades reguladoras e fiscalizadoras, obser- VII - estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes,
vada a legislação federal pertinente. (Redação pela Lei nº 14.026, compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e
de 2020) segurança na prestação dos serviços;

8
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
VIII - incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços. § 1º Na hipótese de prestação de serviço sob regime de delega-
§ 2º Poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários ção, a cobrança de taxas ou tarifas poderá ser realizada na fatura de
para os usuários que não tenham capacidade de pagamento sufi- consumo de outros serviços públicos, com a anuência da prestado-
ciente para cobrir o custo integral dos serviços. (Redação pela Lei ra do serviço. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
nº 14.026, de 2020) § 2º A não proposição de instrumento de cobrança pelo titular
§ 3º As novas edificações condominiais adotarão padrões de do serviço nos termos deste artigo, no prazo de 12 (doze) meses de
sustentabilidade ambiental que incluam, entre outros procedimen- vigência desta Lei, configura renúncia de receita e exigirá a compro-
tos, a medição individualizada do consumo hídrico por unidade vação de atendimento, pelo titular do serviço, do disposto no art.
imobiliária, nos termos da Lei nº 13.312, de 12 de julho de 2016. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, observadas
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) as penalidades constantes da referida legislação no caso de eventu-
§ 4º Na hipótese de prestação dos serviços sob regime de con- al descumprimento. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
cessão, as tarifas e preços públicos serão arrecadados pelo presta- § 3º Na hipótese de prestação sob regime de delegação, o ti-
dor diretamente do usuário, e essa arrecadação será facultativa em tular do serviço deverá obrigatoriamente demonstrar a sustenta-
caso de taxas. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) bilidade econômico-financeira da prestação dos serviços ao longo
§ 5º Os prédios, edifícios e condomínios que foram construídos dos estudos que subsidiaram a contratação desses serviços e deve-
sem a individualização da medição até a entrada em vigor da Lei rá comprovar, no respectivo processo administrativo, a existência
nº 13.312, de 12 de julho de 2016, ou em que a individualização de recursos suficientes para o pagamento dos valores incorridos na
for inviável, pela onerosidade ou por razão técnica, poderão ins- delegação, por meio da demonstração de fluxo histórico e projeção
trumentalizar contratos especiais com os prestadores de serviços, futura de recursos. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
nos quais serão estabelecidos as responsabilidades, os critérios de Art. 36. A cobrança pela prestação do serviço público de drena-
rateio e a forma de cobrança. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) gem e manejo de águas pluviais urbanas deve levar em conta, em
Art. 30. Observado o disposto no art. 29 desta Lei, a estrutu- cada lote urbano, os percentuais de impermeabilização e a existên-
ra de remuneração e de cobrança dos serviços públicos de sanea- cia de dispositivos de amortecimento ou de retenção de água de
mento básico considerará os seguintes fatores: (Redação pela Lei nº chuva, bem como poderá considerar:
14.026, de 2020) I - o nível de renda da população da área atendida;
I - categorias de usuários, distribuídas por faixas ou quantida- II - as características dos lotes urbanos e as áreas que podem
des crescentes de utilização ou de consumo; ser neles edificadas.
II - padrões de uso ou de qualidade requeridos; Art. 37. Os reajustes de tarifas de serviços públicos de sanea-
III - quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço, mento básico serão realizados observando-se o intervalo mínimo
visando à garantia de objetivos sociais, como a preservação da saú- de 12 (doze) meses, de acordo com as normas legais, regulamenta-
de pública, o adequado atendimento dos usuários de menor renda res e contratuais.
e a proteção do meio ambiente; Art. 38. As revisões tarifárias compreenderão a reavaliação das
IV - custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço condições da prestação dos serviços e das tarifas praticadas e po-
em quantidade e qualidade adequadas; derão ser:
V - ciclos significativos de aumento da demanda dos serviços, I - periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produ-
em períodos distintos; e tividade com os usuários e a reavaliação das condições de mercado;
VI - capacidade de pagamento dos consumidores. II - extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos
Art. 31. Os subsídios destinados ao atendimento de usuários não previstos no contrato, fora do controle do prestador dos servi-
determinados de baixa renda serão, dependendo da origem dos re- ços, que alterem o seu equilíbrio econômico-financeiro.
cursos: (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 1o As revisões tarifárias terão suas pautas definidas pelas res-
I - (revogado); (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) pectivas entidades reguladoras, ouvidos os titulares, os usuários e
II - tarifários, quando integrarem a estrutura tarifária, ou fiscais, os prestadores dos serviços.
quando decorrerem da alocação de recursos orçamentários, inclusi- § 2o Poderão ser estabelecidos mecanismos tarifários de indu-
ve por meio de subvenções; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) ção à eficiência, inclusive fatores de produtividade, assim como de
III - internos a cada titular ou entre titulares, nas hipóteses de antecipação de metas de expansão e qualidade dos serviços.
prestação regionalizada. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 3o Os fatores de produtividade poderão ser definidos com
Art. 32. (VETADO). base em indicadores de outras empresas do setor.
Art. 33. (VETADO). § 4o A entidade de regulação poderá autorizar o prestador de
Art. 34. (VETADO). serviços a repassar aos usuários custos e encargos tributários não
Art. 35. As taxas ou as tarifas decorrentes da prestação de ser- previstos originalmente e por ele não administrados, nos termos da
viço de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos considera- Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
rão a destinação adequada dos resíduos coletados e o nível de ren- Art. 39. As tarifas serão fixadas de forma clara e objetiva, de-
da da população da área atendida, de forma isolada ou combinada, vendo os reajustes e as revisões serem tornados públicos com an-
e poderão, ainda, considerar: (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) tecedência mínima de 30 (trinta) dias com relação à sua aplicação.
I - (revogado); (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) Parágrafo único. A fatura a ser entregue ao usuário final deverá
II - as características dos lotes e as áreas que podem ser neles obedecer a modelo estabelecido pela entidade reguladora, que de-
edificadas; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) finirá os itens e custos que deverão estar explicitados.
III - o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por Art. 40. Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador
domicílio. nas seguintes hipóteses:
IV - o consumo de água; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) I - situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas
V - a frequência de coleta. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) e bens;

9
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
II - necessidade de efetuar reparos, modificações ou melho- § 1º A União definirá parâmetros mínimos de potabilidade da
rias de qualquer natureza nos sistemas, respeitados os padrões de água. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
qualidade e continuidade estabelecidos pela regulação do serviço; § 2º A entidade reguladora estabelecerá limites máximos de
(Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) perda na distribuição de água tratada, que poderão ser reduzidos
III - negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo gradualmente, conforme se verifiquem avanços tecnológicos e
de leitura de água consumida, após ter sido previamente notificado maiores investimentos em medidas para diminuição desse desper-
a respeito; dício. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
IV - manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou Art. 44. O licenciamento ambiental de unidades de tratamento
outra instalação do prestador, por parte do usuário; e de esgotos sanitários, de efluentes gerados nos processos de trata-
V - inadimplemento, pelo usuário do serviço de abastecimento mento de água e das instalações integrantes dos serviços públicos
de água ou de esgotamento sanitário, do pagamento das tarifas, de manejo de resíduos sólidos considerará os requisitos de eficácia
após ter sido formalmente notificado, de forma que, em caso de co- e eficiência, a fim de alcançar progressivamente os padrões estabe-
leta, afastamento e tratamento de esgoto, a interrupção dos servi- lecidos pela legislação ambiental, ponderada a capacidade de paga-
ços deverá preservar as condições mínimas de manutenção da saú- mento das populações e usuários envolvidos. (Redação pela Lei nº
de dos usuários, de acordo com norma de regulação ou norma do 14.026, de 2020)
órgão de política ambiental. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) § 1º A autoridade ambiental competente assegurará prioridade
§ 1o As interrupções programadas serão previamente comuni- e estabelecerá procedimentos simplificados de licenciamento para
cadas ao regulador e aos usuários. as atividades a que se refere o caput deste artigo, em função do
§ 2o A suspensão dos serviços prevista nos incisos III e V do porte das unidades, dos impactos ambientais esperados e da re-
caput deste artigo será precedida de prévio aviso ao usuário, não siliência de sua área de implantação. (Redação pela Lei nº 14.026,
inferior a 30 (trinta) dias da data prevista para a suspensão.
de 2020)
§ 3o A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por
§ 2o A autoridade ambiental competente estabelecerá metas
inadimplência a estabelecimentos de saúde, a instituições educa-
progressivas para que a qualidade dos efluentes de unidades de tra-
cionais e de internação coletiva de pessoas e a usuário residencial
tamento de esgotos sanitários atenda aos padrões das classes dos
de baixa renda beneficiário de tarifa social deverá obedecer a pra-
zos e critérios que preservem condições mínimas de manutenção corpos hídricos em que forem lançados, a partir dos níveis presen-
da saúde das pessoas atingidas. tes de tratamento e considerando a capacidade de pagamento das
Art. 41. Desde que previsto nas normas de regulação, grandes populações e usuários envolvidos.
usuários poderão negociar suas tarifas com o prestador dos servi- § 3º A agência reguladora competente estabelecerá metas
ços, mediante contrato específico, ouvido previamente o regulador. progressivas para a substituição do sistema unitário pelo sistema
Art. 42. Os valores investidos em bens reversíveis pelos presta- separador absoluto, sendo obrigatório o tratamento dos esgotos
dores constituirão créditos perante o titular, a serem recuperados coletados em períodos de estiagem, enquanto durar a transição.
mediante a exploração dos serviços, nos termos das normas regula- (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
mentares e contratuais e, quando for o caso, observada a legislação Art. 45. As edificações permanentes urbanas serão conectadas
pertinente às sociedades por ações. às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sani-
§ 1o Não gerarão crédito perante o titular os investimentos fei- tário disponíveis e sujeitas ao pagamento de taxas, tarifas e outros
tos sem ônus para o prestador, tais como os decorrentes de exigên- preços públicos decorrentes da disponibilização e da manutenção
cia legal aplicável à implantação de empreendimentos imobiliários da infraestrutura e do uso desses serviços. (Redação pela Lei nº
e os provenientes de subvenções ou transferências fiscais voluntá- 14.026, de 2020)
rias. § 1o Na ausência de redes públicas de saneamento básico, se-
§ 2o Os investimentos realizados, os valores amortizados, a rão admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de
depreciação e os respectivos saldos serão anualmente auditados e afastamento e destinação final dos esgotos sanitários, observadas
certificados pela entidade reguladora. as normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos res-
§ 3o Os créditos decorrentes de investimentos devidamente ponsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e de recursos hídricos.
certificados poderão constituir garantia de empréstimos aos dele- § 2o A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de
gatários, destinados exclusivamente a investimentos nos sistemas abastecimento de água não poderá ser também alimentada por
de saneamento objeto do respectivo contrato. outras fontes.
§ 4o (VETADO). § 3º A instalação hidráulica predial prevista no § 2º deste artigo
§ 5º A transferência de serviços de um prestador para outro constitui a rede ou tubulação que se inicia na ligação de água da
será condicionada, em qualquer hipótese, à indenização dos in-
prestadora e finaliza no reservatório de água do usuário. (Redação
vestimentos vinculados a bens reversíveis ainda não amortizados
pela Lei nº 14.026, de 2020)
ou depreciados, nos termos da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de
§ 4º Quando disponibilizada rede pública de esgotamento sa-
1995, facultado ao titular atribuir ao prestador que assumirá o ser-
nitário, o usuário estará sujeito aos pagamentos previstos no caput
viço a responsabilidade por seu pagamento. (Incluído pela Lei nº
14.026, de 2020) deste artigo, sendo-lhe assegurada a cobrança de um valor mínimo
de utilização dos serviços, ainda que a sua edificação não esteja co-
CAPÍTULO VII nectada à rede pública. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
DOS ASPECTOS TÉCNICOS § 5º O pagamento de taxa ou de tarifa, na forma prevista no
caput deste artigo, não isenta o usuário da obrigação de conectar-
Art. 43. A prestação dos serviços atenderá a requisitos mínimos -se à rede pública de esgotamento sanitário, e o descumprimento
de qualidade, incluindo a regularidade, a continuidade e aqueles dessa obrigação sujeita o usuário ao pagamento de multa e demais
relativos aos produtos oferecidos, ao atendimento dos usuários e às sanções previstas na legislação, ressalvados os casos de reúso e de
condições operacionais e de manutenção dos sistemas, de acordo captação de água de chuva, nos termos do regulamento. (Redação
com as normas regulamentares e contratuais. pela Lei nº 14.026, de 2020)

10
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
§ 6º A entidade reguladora ou o titular dos serviços públicos I - dos titulares dos serviços;
de saneamento básico deverão estabelecer prazo não superior a 1 II - de órgãos governamentais relacionados ao setor de sanea-
(um) ano para que os usuários conectem suas edificações à rede mento básico;
de esgotos, onde disponível, sob pena de o prestador do serviço III - uniformização da regulação do setor e divulgação de me-
realizar a conexão mediante cobrança do usuário. (Redação pela Lei lhores práticas, conforme o disposto na Lei nº 9.984, de 17 de julho
nº 14.026, de 2020) de 2000; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 7º A entidade reguladora ou o titular dos serviços públicos IV - dos usuários de serviços de saneamento básico;
de saneamento básico deverá, sob pena de responsabilidade ad- V - de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de
ministrativa, contratual e ambiental, até 31 de dezembro de 2025, defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.
verificar e aplicar o procedimento previsto no § 6º deste artigo a § 1o As funções e competências dos órgãos colegiados a que
todas as edificações implantadas na área coberta com serviço de se refere o caput deste artigo poderão ser exercidas por órgãos co-
esgotamento sanitário. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) legiados já existentes, com as devidas adaptações das leis que os
§ 8º O serviço de conexão de edificação ocupada por família criaram.
de baixa renda à rede de esgotamento sanitário poderá gozar de § 2o No caso da União, a participação a que se refere o caput
gratuidade, ainda que os serviços públicos de saneamento básico deste artigo será exercida nos termos da Medida Provisória no
sejam prestados mediante concessão, observado, quando couber, o 2.220, de 4 de setembro de 2001, alterada pela Lei no 10.683, de
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. (Incluído pela Lei 28 de maio de 2003.
nº 14.026, de 2020)
§ 9º Para fins de concessão da gratuidade prevista no § 8º deste CAPÍTULO IX
artigo, caberá ao titular regulamentar os critérios para enquadra- DA POLÍTICA FEDERAL DE SANEAMENTO BÁSICO
mento das famílias de baixa renda, consideradas as peculiaridades
locais e regionais. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de sanea-
§ 10. A conexão de edificações situadas em núcleo urbano, nú- mento básico, observará as seguintes diretrizes:
cleo urbano informal e núcleo urbano informal consolidado obser- I - prioridade para as ações que promovam a eqüidade social e
territorial no acesso ao saneamento básico;
vará o disposto na Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017. (Incluído
II - aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de
pela Lei nº 14.026, de 2020)
modo a promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a
§ 11. As edificações para uso não residencial ou condomínios
eficácia;
regidos pela Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, poderão uti-
III - uniformização da regulação do setor e divulgação de me-
lizarse de fontes e métodos alternativos de abastecimento de água,
lhores práticas, conforme o disposto na Lei nº 9.984, de 17 de julho
incluindo águas subterrâneas, de reúso ou pluviais, desde que au-
de 2000; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
torizados pelo órgão gestor competente e que promovam o paga-
IV - utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvi-
mento pelo uso de recursos hídricos, quando devido. (Incluído pela
mento social no planejamento, implementação e avaliação das suas
Lei nº 14.026, de 2020) ações de saneamento básico;
§ 12. Para a satisfação das condições descritas no § 11 deste V - melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais
artigo, os usuários deverão instalar medidor para contabilizar o seu e de saúde pública;
consumo e deverão arcar apenas com o pagamento pelo uso da VI - colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
rede de coleta e tratamento de esgoto na quantidade equivalente VII - garantia de meios adequados para o atendimento da po-
ao volume de água captado. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) pulação rural, por meio da utilização de soluções compatíveis com
Art. 46. Em situação crítica de escassez ou contaminação de as suas características econômicas e sociais peculiares; (Redação
recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declara- pela Lei nº 14.026, de 2020)
da pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador VIII - fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à
poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos
de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio fi- gerados;
nanceiro da prestação do serviço e a gestão da demanda. IX - adoção de critérios objetivos de elegibilidade e priorida-
Parágrafo único. Sem prejuízo da adoção dos mecanismos a de, considerados fatores como nível de renda e cobertura, grau de
que se refere o caput deste artigo, a ANA poderá recomendar, inde- urbanização, concentração populacional, porte populacional muni-
pendentemente da dominialidade dos corpos hídricos que formem cipal, áreas rurais e comunidades tradicionais e indígenas, disponi-
determinada bacia hidrográfica, a restrição ou a interrupção do uso bilidade hídrica e riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais;
de recursos hídricos e a prioridade do uso para o consumo humano (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
e para a dessedentação de animais. (Redação pela Lei nº 14.026, X - adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência
de 2020) para o planejamento de suas ações;
Art. 46-A. (VETADO) (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) XI - estímulo à implementação de infra-estruturas e serviços
comuns a Municípios, mediante mecanismos de cooperação entre
CAPÍTULO VIII entes federados.
DA PARTICIPAÇÃO DE ÓRGÃOS COLEGIADOS NO CONTROLE XII - redução progressiva e controle das perdas de água, inclusi-
SOCIAL ve na distribuição da água tratada, estímulo à racionalização de seu
consumo pelos usuários e fomento à eficiência energética, ao reúso
Art. 47. O controle social dos serviços públicos de saneamento de efluentes sanitários e ao aproveitamento de águas de chuva, em
básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter conformidade com as demais normas ambientais e de saúde públi-
consultivo, nacional, estaduais, distrital e municipais, em especial ca; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, nos termos da Lei nº XIII - estímulo ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento de
9.433, de 8 de janeiro de 1997, assegurada a representação: (Reda- equipamentos e métodos economizadores de água; (Redação pela
ção pela Lei nº 14.026, de 2020) Lei nº 14.026, de 2020)

11
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
XIV - promoção da segurança jurídica e da redução dos riscos XI - incentivar a adoção de equipamentos sanitários que con-
regulatórios, com vistas a estimular investimentos públicos e priva- tribuam para a redução do consumo de água; (Incluído pela Lei nº
dos; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) 12.862, de 2013)
XV - estímulo à integração das bases de dados; (Redação pela XII - promover educação ambiental destinada à economia de
Lei nº 14.026, de 2020) água pelos usuários; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
XVI - acompanhamento da governança e da regulação do setor XIII - promover a capacitação técnica do setor; (Redação pela
de saneamento; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) Lei nº 14.026, de 2020)
XVII - prioridade para planos, programas e projetos que visem à XIV - promover a regionalização dos serviços, com vistas à gera-
implantação e à ampliação dos serviços e das ações de saneamento ção de ganhos de escala, por meio do apoio à formação dos blocos
básico integrado, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.026, de referência e à obtenção da sustentabilidade econômica financei-
de 2020) ra do bloco; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
Parágrafo único. As políticas e ações da União de desenvolvi- XV - promover a concorrência na prestação dos serviços; e (In-
mento urbano e regional, de habitação, de combate e erradicação cluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
da pobreza, de proteção ambiental, de promoção da saúde, de re- XVI - priorizar, apoiar e incentivar planos, programas e projetos
cursos hídricos e outras de relevante interesse social direcionadas que visem à implantação e à ampliação dos serviços e das ações de
à melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária saneamento integrado, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
articulação, inclusive no que se refere ao financiamento e à gover- 14.026, de 2020)
nança, com o saneamento básico. (Redação pela Lei nº 14.026, de Art. 50. A alocação de recursos públicos federais e os financia-
2020) mentos com recursos da União ou com recursos geridos ou opera-
Art. 48-A. Em programas habitacionais públicos federais ou dos por órgãos ou entidades da União serão feitos em conformi-
subsidiados com recursos públicos federais, o sistema de esgota- dade com as diretrizes e objetivos estabelecidos nos arts. 48 e 49
mento sanitário deverá ser interligado à rede existente, ressalvadas desta Lei e com os planos de saneamento básico e condicionados:
as hipóteses do § 4º do art. 11-B desta Lei. (Redação pela Lei nº I - ao alcance de índices mínimos de:
14.026, de 2020) a) desempenho do prestador na gestão técnica, econômica e
Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento Bá- financeira dos serviços; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
sico: b) eficiência e eficácia na prestação dos serviços públicos de
I - contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das saneamento básico; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
desigualdades regionais, a geração de emprego e de renda, a in- II - à operação adequada e à manutenção dos empreendimen-
clusão social e a promoção da saúde pública; (Redação pela Lei nº tos anteriormente financiados com os recursos mencionados no
14.026, de 2020) caput deste artigo; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
II - priorizar planos, programas e projetos que visem à implan- III - à observância das normas de referência para a regulação da
tação e à ampliação dos serviços e das ações de saneamento básico prestação dos serviços públicos de saneamento básico expedidas
nas áreas ocupadas por populações de baixa renda, incluídos os nú- pela ANA; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
cleos urbanos informais consolidados, quando não se encontrarem IV - ao cumprimento de índice de perda de água na distribui-
em situação de risco; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) ção, conforme definido em ato do Ministro de Estado do Desenvol-
III - proporcionar condições adequadas de salubridade ambien- vimento Regional; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
tal aos povos indígenas e outras populações tradicionais, com solu-
V - ao fornecimento de informações atualizadas para o Sinisa,
ções compatíveis com suas características socioculturais;
conforme critérios, métodos e periodicidade estabelecidos pelo Mi-
IV - proporcionar condições adequadas de salubridade ambien-
nistério do Desenvolvimento Regional; (Redação pela Lei nº 14.026,
tal às populações rurais e às pequenas comunidades; (Redação pela
de 2020)
Lei nº 14.026, de 2020)
VI - à regularidade da operação a ser financiada, nos termos do
V - assegurar que a aplicação dos recursos financeiros adminis-
inciso XIII do caput do art. 3º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.026,
trados pelo poder público dê-se segundo critérios de promoção da
de 2020)
salubridade ambiental, de maximização da relação benefício-custo
VII - à estruturação de prestação regionalizada; (Incluído pela
e de maior retorno social;
VI - incentivar a adoção de mecanismos de planejamento, re- Lei nº 14.026, de 2020)
gulação e fiscalização da prestação dos serviços de saneamento VIII - à adesão pelos titulares dos serviços públicos de sane-
básico; amento básico à estrutura de governança correspondente em até
VII - promover alternativas de gestão que viabilizem a auto-sus- 180 (cento e oitenta) dias contados de sua instituição, nos casos
tentação econômica e financeira dos serviços de saneamento bási- de unidade regional de saneamento básico, blocos de referência e
co, com ênfase na cooperação federativa; gestão associada; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
VIII - promover o desenvolvimento institucional do saneamen- IX - à constituição da entidade de governança federativa no
to básico, estabelecendo meios para a unidade e articulação das prazo estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo. (Incluído
ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de pela Lei nº 14.026, de 2020)
sua organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de re- § 1º Na aplicação de recursos não onerosos da União, serão
cursos humanos, contempladas as especificidades locais; priorizados os investimentos de capital que viabilizem a prestação
IX - fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a de serviços regionalizada, por meio de blocos regionais, quando a
adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos conhecimentos sua sustentabilidade econômico-financeira não for possível apenas
gerados de interesse para o saneamento básico; com recursos oriundos de tarifas ou taxas, mesmo após agrupamen-
X - minimizar os impactos ambientais relacionados à implanta- to com outros Municípios do Estado, e os investimentos que visem
ção e desenvolvimento das ações, obras e serviços de saneamento ao atendimento dos Municípios com maiores déficits de saneamen-
básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as normas to cuja população não tenha capacidade de pagamento compatível
relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo com a viabilidade econômico-financeira dos serviços. (Redação pela
e à saúde. Lei nº 14.026, de 2020)

12
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
§ 2o A União poderá instituir e orientar a execução de progra- a) os objetivos e metas nacionais e regionalizadas, de curto,
mas de incentivo à execução de projetos de interesse social na área médio e longo prazos, para a universalização dos serviços de sa-
de saneamento básico com participação de investidores privados, neamento básico e o alcance de níveis crescentes de saneamento
mediante operações estruturadas de financiamentos realizados básico no território nacional, observando a compatibilidade com os
com recursos de fundos privados de investimento, de capitalização demais planos e políticas públicas da União;
ou de previdência complementar, em condições compatíveis com b) as diretrizes e orientações para o equacionamento dos con-
a natureza essencial dos serviços públicos de saneamento básico. dicionantes de natureza político-institucional, legal e jurídica, eco-
§ 3o É vedada a aplicação de recursos orçamentários da União nômico-financeira, administrativa, cultural e tecnológica com im-
na administração, operação e manutenção de serviços públicos de pacto na consecução das metas e objetivos estabelecidos;
saneamento básico não administrados por órgão ou entidade fede- c) a proposição de programas, projetos e ações necessários
ral, salvo por prazo determinado em situações de eminente risco à para atingir os objetivos e as metas da política federal de sanea-
saúde pública e ao meio ambiente. mento básico, com identificação das fontes de financiamento, de
§ 4o Os recursos não onerosos da União, para subvenção de forma a ampliar os investimentos públicos e privados no setor; (Re-
ações de saneamento básico promovidas pelos demais entes da dação pela Lei nº 14.026, de 2020)
Federação, serão sempre transferidos para Municípios, o Distrito d) as diretrizes para o planejamento das ações de saneamento
Federal ou Estados. básico em áreas de especial interesse turístico;
§ 5º No fomento à melhoria da prestação dos serviços públi- e) os procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência
cos de saneamento básico, a União poderá conceder benefícios ou e eficácia das ações executadas;
II - planos regionais de saneamento básico, elaborados e execu-
incentivos orçamentários, fiscais ou creditícios como contrapartida
tados em articulação com os Estados, Distrito Federal e Municípios
ao alcance de metas de desempenho operacional previamente es-
envolvidos para as regiões integradas de desenvolvimento econô-
tabelecidas. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
mico ou nas que haja a participação de órgão ou entidade federal
§ 6o A exigência prevista na alínea a do inciso I do caput deste
na prestação de serviço público de saneamento básico.
artigo não se aplica à destinação de recursos para programas de § 1º O Plano Nacional de Saneamento Básico deverá: (Redação
desenvolvimento institucional do operador de serviços públicos de pela Lei nº 14.026, de 2020)
saneamento básico. I - abranger o abastecimento de água, o esgotamento sanitário,
§ 7o (VETADO). o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais e outras
§ 8º A manutenção das condições e do acesso aos recursos ações de saneamento básico de interesse para a melhoria da salu-
referidos no caput deste artigo dependerá da continuidade da ob- bridade ambiental, incluindo o provimento de banheiros e unidades
servância dos atos normativos e da conformidade dos órgãos e das hidrossanitárias para populações de baixa renda;
entidades reguladoras ao disposto no inciso III do caput deste arti- II - tratar especificamente das ações da União relativas ao sa-
go. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) neamento básico nas áreas indígenas, nas reservas extrativistas da
§ 9º A restrição de acesso a recursos públicos federais e a fi- União e nas comunidades quilombolas.
nanciamentos decorrente do descumprimento do inciso III do caput III - contemplar programa específico para ações de saneamento
deste artigo não afetará os contratos celebrados anteriormente à básico em áreas rurais; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
sua instituição e as respectivas previsões de desembolso. (Incluído IV - contemplar ações específicas de segurança hídrica; e (Re-
pela Lei nº 14.026, de 2020) dação pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 10. O disposto no inciso III do caput deste artigo não se aplica V - contemplar ações de saneamento básico em núcleos urba-
às ações de saneamento básico em: (Incluído pela Lei nº 14.026, nos informais ocupados por populações de baixa renda, quando es-
de 2020) tes forem consolidados e não se encontrarem em situação de risco.
I - áreas rurais; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
II - comunidades tradicionais, incluídas áreas quilombolas; e § 2o Os planos de que tratam os incisos I e II do caput des-
(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) te artigo devem ser elaborados com horizonte de 20 (vinte) anos,
III - terras indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) avaliados anualmente e revisados a cada 4 (quatro) anos, preferen-
§ 11. A União poderá criar cursos de capacitação técnica dos cialmente em períodos coincidentes com os de vigência dos planos
gestores públicos municipais, em consórcio ou não com os Estados, plurianuais.
para a elaboração e implementação dos planos de saneamento bá- § 3º A União estabelecerá, de forma subsidiária aos Estados,
blocos de referência para a prestação regionalizada dos serviços pú-
sico. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
blicos de saneamento básico. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 12. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 53. Fica instituído o Sistema Nacional de Informações em
Art. 51. O processo de elaboração e revisão dos planos de sa-
Saneamento Básico - SINISA, com os objetivos de:
neamento básico deverá prever sua divulgação em conjunto com os
I - coletar e sistematizar dados relativos às condições da presta-
estudos que os fundamentarem, o recebimento de sugestões e crí- ção dos serviços públicos de saneamento básico;
ticas por meio de consulta ou audiência pública e, quando previsto II - disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações
na legislação do titular, análise e opinião por órgão colegiado criado relevantes para a caracterização da demanda e da oferta de servi-
nos termos do art. 47 desta Lei. ços públicos de saneamento básico;
Parágrafo único. A divulgação das propostas dos planos de sa- III - permitir e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiên-
neamento básico e dos estudos que as fundamentarem dar-se-á cia e da eficácia da prestação dos serviços de saneamento básico.
por meio da disponibilização integral de seu teor a todos os interes- § 1º As informações do Sinisa são públicas, gratuitas, acessíveis
sados, inclusive por meio da internet e por audiência pública. a todos e devem ser publicadas na internet, em formato de dados
Art. 52. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do abertos. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
Desenvolvimento Regional: (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 2o A União apoiará os titulares dos serviços a organizar sis-
I - o Plano Nacional de Saneamento Básico, que conterá: (Reda- temas de informação em saneamento básico, em atendimento ao
ção pela Lei nº 14.026, de 2020) disposto no inciso VI do caput do art. 9o desta Lei.

13
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
§ 3º Compete ao Ministério do Desenvolvimento Regional a Parágrafo único. Admite-se, prioritariamente, a implantação
organização, a implementação e a gestão do Sinisa, além do esta- e a execução das obras de infraestrutura básica de abastecimento
belecimento dos critérios, dos métodos e da periodicidade para o de água e esgotamento sanitário mediante sistema condominial,
preenchimento das informações pelos titulares, pelas entidades entendido como a participação comunitária com tecnologias apro-
reguladoras e pelos prestadores dos serviços e para a auditoria pró- priadas para produzir soluções que conjuguem redução de custos
pria do sistema. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) de operação e aumento da eficiência, a fim de criar condições para
§ 4º A ANA e o Ministério do Desenvolvimento Regional pro- a universalização. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
moverão a interoperabilidade do Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos (SNIRH) com o Sinisa. (Redação pela Lei nº CAPÍTULO X
14.026, de 2020) DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 5º O Ministério do Desenvolvimento Regional dará ampla
transparência e publicidade aos sistemas de informações por ele Art. 54. (VETADO).
geridos e considerará as demandas dos órgãos e das entidades en- Art. 54-A. Fica instituído o Regime Especial de Incentivos para o
volvidos na política federal de saneamento básico para fornecer os Desenvolvimento do Saneamento Básico - REISB, com o objetivo de
dados necessários ao desenvolvimento, à implementação e à ava- estimular a pessoa jurídica prestadora de serviços públicos de sane-
liação das políticas públicas do setor. (Redação pela Lei nº 14.026, amento básico a aumentar seu volume de investimentos por meio
de 2020) da concessão de créditos tributários. (Incluído pela Lei nº 13.329.
§ 6º O Ministério do Desenvolvimento Regional estabelecerá de 2016) (Produção de efeito)
mecanismo sistemático de auditoria das informações inseridas no Parágrafo único. A vigência do Reisb se estenderá até o ano de
Sinisa. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) 2026. (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
§ 7º Os titulares, os prestadores de serviços públicos de sanea- Art. 54-B. É beneficiária do Reisb a pessoa jurídica que realize
investimentos voltados para a sustentabilidade e para a eficiência
mento básico e as entidades reguladoras fornecerão as informações
dos sistemas de saneamento básico e em acordo com o Plano Na-
a serem inseridas no Sinisa. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
cional de Saneamento Básico. (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016)
Art. 53-A. Fica criado o Comitê Interministerial de Saneamen-
(Produção de efeito)
to Básico (Cisb), colegiado que, sob a presidência do Ministério do
§ 1o Para efeitos do disposto no caput, ficam definidos como
Desenvolvimento Regional, tem a finalidade de assegurar a imple- investimentos em sustentabilidade e em eficiência dos sistemas
mentação da política federal de saneamento básico e de articular a de saneamento básico aqueles que atendam: (Incluído pela Lei nº
atuação dos órgãos e das entidades federais na alocação de recur- 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
sos financeiros em ações de saneamento básico. (Redação pela Lei I - ao alcance das metas de universalização do abastecimento
nº 14.026, de 2020) de água para consumo humano e da coleta e tratamento de esgoto;
Parágrafo único. A composição do Cisb será definida em ato do (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
Poder Executivo federal. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) II - à preservação de áreas de mananciais e de unidades de con-
Art. 53-B. Compete ao Cisb: (Redação pela Lei nº 14.026, de servação necessárias à proteção das condições naturais e de pro-
2020) dução de água; (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Produção de
I - coordenar, integrar, articular e avaliar a gestão, em âmbito efeito)
federal, do Plano Nacional de Saneamento Básico; (Redação pela III - à redução de perdas de água e à ampliação da eficiência
Lei nº 14.026, de 2020) dos sistemas de abastecimento de água para consumo humano e
II - acompanhar o processo de articulação e as medidas que dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto; (Incluído pela Lei nº
visem à destinação dos recursos para o saneamento básico, no âm- 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
bito do Poder Executivo federal; (Redação pela Lei nº 14.026, de IV - à inovação tecnológica. (Incluído pela Lei nº 13.329. de
2020) 2016) (Produção de efeito)
III - garantir a racionalidade da aplicação dos recursos federais § 2o Somente serão beneficiados pelo Reisb projetos cujo en-
no setor de saneamento básico, com vistas à universalização dos quadramento às condições definidas no caput seja atestado pela
serviços e à ampliação dos investimentos públicos e privados no se- Administração da pessoa jurídica beneficiária nas demonstrações
tor; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) financeiras dos períodos em que se apurarem ou se utilizarem os
IV - elaborar estudos técnicos para subsidiar a tomada de de- créditos. (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
cisões sobre a alocação de recursos federais no âmbito da política § 3o Não se poderão beneficiar do Reisb as pessoas jurídicas
federal de saneamento básico; e (Redação pela Lei nº 14.026, de optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tribu-
2020) tos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte - Simples Nacional, de que trata a Lei Complementar
V - avaliar e aprovar orientações para a aplicação dos recursos
no 123, de 14 de dezembro de 2006, e as pessoas jurídicas de que
federais em saneamento básico. (Redação pela Lei nº 14.026, de
tratam o inciso II do art. 8o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de
2020)
2002, e o inciso II do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro
Art. 53-C. Regimento interno disporá sobre a organização e o
de 2003. (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
funcionamento do Cisb. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) § 4o A adesão ao Reisb é condicionada à regularidade fiscal da
Art. 53-D. Fica estabelecida como política federal de sanea- pessoa jurídica em relação aos impostos e às contribuições adminis-
mento básico a execução de obras de infraestrutura básica de es- trados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei
gotamento sanitário e abastecimento de água potável em núcleos nº 13.329. de 2016) (Produção de efeito)
urbanos formais, informais e informais consolidados, passíveis de Art. 54-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.329. de 2016) (Pro-
serem objeto de Regularização Fundiária Urbana (Reurb), nos ter- dução de efeito)
mos da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, salvo aqueles que se Art. 55. O § 5o do art. 2o da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de
encontrarem em situação de risco. (Redação pela Lei nº 14.026, de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência)
2020)

14
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
“Art. 2o ...................................................................................... § 4o Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3o des-
... te artigo, o cálculo da indenização de investimentos será feito com
................................................................................................... base nos critérios previstos no instrumento de concessão antes ce-
... lebrado ou, na omissão deste, por avaliação de seu valor econômi-
§ 5o A infra-estrutura básica dos parcelamentos é constituída co ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de ativos
pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das sociedades por
iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água ações, efetuada por empresa de auditoria independente escolhida
potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação. de comum acordo pelas partes.
............................................................................................. ” § 5o No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventu-
(NR) al indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de
Art. 56. (VETADO) 4 (quatro) parcelas anuais, iguais e sucessivas, da parte ainda não
Art. 57. O inciso XXVII do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de amortizada de investimentos e de outras indenizações relacionadas
21 de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vi- à prestação dos serviços, realizados com capital próprio do conces-
gência) sionário ou de seu controlador, ou originários de operações de fi-
“Art. 24. ..................................................................................... nanciamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e
outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o último
.......
dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão.
...................................................................................................
§ 6o Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o
......
§ 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato que
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- venha a disciplinar a prestação do serviço.” (NR)
lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em Art. 59. (VETADO).
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- Art. 60. Revoga-se a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978.
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com EXERCÍCIOS
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
.................................................................................................. 01. A Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007)
. ” (NR) aborda o conjunto de serviços de abastecimento público, EXCETO:
Art. 58. O art. 42 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, A. Prevenção de acidentes.
passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) (Vide ADIN 4058) B. Água potável.
“Art. 42. ..................................................................................... C. Coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos
....... sanitários.
§ 1o Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outor- D. Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
ga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou entidade do poder E. Limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos.
concedente, ou delegado a terceiros, mediante novo contrato.
02. Assinale a alternativa correta e nos termos da Lei Federal n°
...................................................................................................
11.445/07 (Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico).
......
A. Nos serviços públicos de saneamento básico, em que mais
§ 3º As concessões a que se refere o § 2o deste artigo, inclusive de um prestador execute atividade interdependente com outra, a
as que não possuam instrumento que as formalize ou que possuam relação entre elas não necessita ser regulada por contrato.
cláusula que preveja prorrogação, terão validade máxima até o dia B. Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento
31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009, básico serão realizados, observando-se o intervalo mínimo de 24
tenham sido cumpridas, cumulativamente, as seguintes condições: (vinte quatro) meses.
I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos elemen- C. A utilização de recursos hídricos, na prestação de serviços
tos físicos constituintes da infra-estrutura de bens reversíveis e dos públicos de saneamento básico, não está sujeita a outorga de di-
dados financeiros, contábeis e comerciais relativos à prestação dos reito de uso.
serviços, em dimensão necessária e suficiente para a realização do D. O lixo originário de atividades industriais, cuja responsabi-
cálculo de eventual indenização relativa aos investimentos ainda lidade pelo manejo não seja atribuída ao gerador, não poderá, por
não amortizados pelas receitas emergentes da concessão, observa- decisão do poder público, ser considerado resíduo sólido urbano.
das as disposições legais e contratuais que regulavam a prestação E. Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de
do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da saneamento básico.
publicação desta Lei;
II - celebração de acordo entre o poder concedente e o conces- 03. A Lei nº 11.445/2007, que se refere a Política Nacional de
sionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventuais Saneamento Básico, estabelece as diretrizes nacionais para a área
de saneamento.
créditos remanescentes de investimentos ainda não amortizados
Segundo essa Lei, são situações em que os serviços poderão ser
ou depreciados, apurados a partir dos levantamentos referidos no
interrompidos pelo prestador, exceto:
inciso I deste parágrafo e auditados por instituição especializada es-
A. Em situações de emergência que atinjam a segurança de
colhida de comum acordo pelas partes; e pessoas e bens.
III - publicação na imprensa oficial de ato formal de autoridade B. Em situação crítica de escassez.
do poder concedente, autorizando a prestação precária dos servi- C. Na necessidade de efetuar reparos, modificações ou melho-
ços por prazo de até 6 (seis) meses, renovável até 31 de dezembro rias de qualquer natureza nos sistemas.
de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto nos D. No caso de manipulação indevida de qualquer tubulação,
incisos I e II deste parágrafo. medidor ou outra instalação do prestador, por parte do usuário.

15
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
04. Sobre o saneamento básico, assinale a alternativa incorreta. I - a água é um bem de domínio público;
A. O órgão credenciado para o abastecimento de água fornece- II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor eco-
rá à vigilância sanitária relatórios de controle da qualidade da água, nômico;
que deverá ser avaliado segundo as normas vigentes. III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos
B. Toda ligação clandestina de esgoto doméstico e de outra pro- hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;
cedência feita na galeria de águas pluviais deverá ser desconectada IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o
desta e ligada à rede pública coletora. uso múltiplo das águas;
C. É obrigatória a ligação de toda construção considerada habi- V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementa-
tável à rede pública de abastecimento de água e à rede coletora de ção da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema
esgoto, sempre que estas existirem, e a ligação é de responsabilida- Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
de do Poder Público. VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e
D. Cabe ao órgão responsável pelas redes de água e esgoto a contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das co-
execução da ligação, e ao usuário, a manutenção das instalações em munidades.
bom estado de conservação e funcionamento.
CAPÍTULO II
05. Com relação aos objetivos da Lei Federal nº 11.445/07, po- DOS OBJETIVOS
de-se afirmar corretamente que:
A. proporcionar condições adequadas de salubridade ambien- Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
tal apenas às populações urbanas, trata-se de um dos objetivos. I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponi-
B. não prioriza planos, programas e projetos que visem à im- bilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respec-
plantação e ampliação dos serviços e ações de saneamento básico tivos usos;
nas áreas ocupadas por populações de baixa renda. II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, in-
C. não têm por objetivo fomentar o desenvolvimento científico cluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos sustentável;
conhecimentos gerados sobre o assunto. III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos
D. promover educação ambiental voltada para a economia de de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos
água pelos usuários, trata-se do único objetivo da respectiva lei. naturais.
E. contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o apro-
desigualdades regionais, a geração de emprego e de renda e a in- veitamento de águas pluviais. (Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017)
clusão social faz parte dos objetivos da Lei do Saneamento Básico.
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO
GABARITO
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementa-
ção da Política Nacional de Recursos Hídricos:
1 A
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação
2 E dos aspectos de quantidade e qualidade;
3 B II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades
físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das
4 C diversas regiões do País;
5 E III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão
ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 - INSTITUI A PO- dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e
LÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS E OUTRAS nacional;
PROVIDÊNCIAS V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso
do solo;
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos
sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º
da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº CAPÍTULO IV
7.990, de 28 de dezembro de 1989. DOS INSTRUMENTOS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hí-
dricos:
TÍTULO I I - os Planos de Recursos Hídricos;
DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
CAPÍTULO I os usos preponderantes da água;
DOS FUNDAMENTOS III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos V - a compensação a municípios;
seguintes fundamentos: VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

16
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
SEÇÃO I V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a quali-
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS dade da água existente em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme de-
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que finido em regulamento:
visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacio- I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades
nal de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo II - as derivações, captações e lançamentos considerados insig-
prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período nificantes;
de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte III - as acumulações de volumes de água consideradas insigni-
conteúdo mínimo: ficantes.
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; § 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evo- geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional
lução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII
ocupação do solo; do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial
III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos re- específica.
cursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de
conflitos potenciais; uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respei-
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e tar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manu-
melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; tenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvi- for o caso.
dos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá
previstas; preservar o uso múltiplo destes.
VI - (VETADO) Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade compe-
VII - (VETADO) tente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Fede-
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos ral.
hídricos; § 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito
hídricos; de uso de recurso hídrico de domínio da União.
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso,
§ 2º (VETADO)
com vistas à proteção dos recursos hídricos.
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por
ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo de-
bacia hidrográfica, por Estado e para o País.
terminado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
SEÇÃO II
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SE-
III - necessidade premente de água para atender a situações
GUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA
de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas ad-
Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, se- versas;
gundo os usos preponderantes da água, visa a: IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais ambiental;
exigentes a que forem destinadas; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, me- coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;
diante ações preventivas permanentes. VI - necessidade de serem mantidas as características de nave-
Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela gabilidade do corpo de água.
legislação ambiental. Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos
far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável.
SEÇÃO III Art. 17. (VETADO)
DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas,
que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e SEÇÃO IV
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
acesso à água.
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
dos seguintes usos de recursos hídricos: I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um uma indicação de seu real valor;
corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, II - incentivar a racionalização do uso da água;
ou insumo de processo produtivo; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos progra-
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo mas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
final ou insumo de processo produtivo; Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resídu- outorga, nos termos do art. 12 desta Lei.
os líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, Parágrafo único. (VETADO)
transporte ou disposição final; Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:

17
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume CAPÍTULO VI
retirado e seu regime de variação; DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as caracterís- Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
ticas físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. dricos, compete ao Poder Executivo Federal:
Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de I - tomar as providências necessárias à implementação e ao
recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidro- funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recur-
gráfica em que foram gerados e serão utilizados: sos Hídricos;
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regula-
incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; mentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio admi- III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos
nistrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional Hídricos, em âmbito nacional;
de Gerenciamento de Recursos Hídricos. IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com
§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo a gestão ambiental.
é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado. Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decre-
§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser apli- to, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito
cados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo de uso dos recursos hídricos sob domínio da União.
considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
dricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal,
regime de vazão de um corpo de água.
na sua esfera de competência:
§ 3º (VETADO)
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamen-
Art. 23. (VETADO)
tar e fiscalizar os seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
SEÇÃO V III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos
DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com
Art. 24. (VETADO) a gestão ambiental.
Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
SEÇÃO VI dricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico,
de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com
Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação
de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em TÍTULO II
sua gestão. DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍ-
Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes DRICOS
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão
incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos CAPÍTULO I
Hídricos. DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO
Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Siste-
ma de Informações sobre Recursos Hídricos: Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de
I - descentralização da obtenção e produção de dados e infor- Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
mações; I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - coordenação unificada do sistema; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com
III - acesso aos dados e informações garantido à toda a socie- os recursos hídricos;
dade. III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações so- IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recu-
peração dos recursos hídricos;
bre Recursos Hídricos:
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-
sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no
cursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
Brasil;
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponi- pela Lei 9.984, de 2000)
bilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território na- I-A. – a Agência Nacional de Águas; (Incluído pela Lei 9.984, de
cional; 2000)
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recur- II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito
sos Hídricos. Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei
CAPÍTULO V 9.984, de 2000)
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTE- IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Dis-
RESSE COMUM OU COLETIVO trito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a
gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
Art. 28. (VETADO) V – as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de
2000)

18
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO II CAPÍTULO III
DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA

Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de
por: atuação:
I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;
da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água princi-
hídricos; pal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou
II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Re- III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
cursos Hídricos; Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica
III - representantes dos usuários dos recursos hídricos; em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente
IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos. da República.
Parágrafo único. O número de representantes do Poder Exe- Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito
cutivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos de sua área de atuação:
membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hí-
Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: dricos e articular a atuação das entidades intervenientes;
I - promover a articulação do planejamento de recursos hídri- II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos
cos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos seto- relacionados aos recursos hídricos;
res usuários; III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da
existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas
III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos metas;
hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de
que serão implantados; Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lança-
IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encami- mentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatorie-
nhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos dade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo
Comitês de Bacia Hidrográfica; com os domínios destes;
V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recur-
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; sos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
VI - estabelecer diretrizes complementares para implementa- VII - (VETADO)
ção da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus VIII - (VETADO)
instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras
Recursos Hídricos; de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hi- Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfi-
drográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus ca caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais
regimentos; de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.
VIII - (VETADO) Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por
IX – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Re- representantes:
cursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cum- I - da União;
primento de suas metas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem,
X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;
de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área
XI - zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de atuação;
de Barragens (PNSB); (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010) IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
XII - estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, apli- V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação com-
cação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de In- provada na bacia.
formações sobre Segurança de Barragens (SNISB); (Incluído pela Lei § 1º O número de representantes de cada setor mencionado
nº 12.334, de 2010) neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão es-
XIII - apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazen- tabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação
do, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Muni-
obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. (Incluído cípios à metade do total de membros.
pela Lei nº 12.334, de 2010) § 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fron-
Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido teiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a represen-
por: tação da União deverá incluir um representante do Ministério das
I - 1 (um) Presidente, que será o Ministro de Estado do Desen- Relações Exteriores.
volvimento Regional; (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) § 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territó-
II - 1 (um) Secretário-Executivo, que será o titular do órgão in- rios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes:
tegrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da re-
responsável pela gestão dos recursos hídricos. (Redação dada pela presentação da União;
Lei nº 13.844, de 2019) II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses
na bacia.
§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica
com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual,
dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.

19
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por CAPÍTULO V
um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros. DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECUR-
SOS HÍDRICOS
CAPÍTULO IV
DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA Art. 45. A Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recur-
sos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Mi-
Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria nistério do Desenvolvimento Regional responsável pela gestão dos
executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográ- recursos hídricos. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019)
fica. Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de de Recursos Hídricos:(Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. I – prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Con-
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autoriza- selho Nacional de Recursos Hídricos;(Redação dada pela Lei 9.984,
da pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos de 2000)
Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais II – revogado;(Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
Comitês de Bacia Hidrográfica. III – instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Esta-
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao duais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;(Re-
atendimento dos seguintes requisitos: dação dada pela Lei 9.984, de 2000)
I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de IV – revogado;(Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
Bacia Hidrográfica; V – elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacio-
recursos hídricos em sua área de atuação. nal de Recursos Hídricos.(Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área
de atuação: CAPÍTULO VI
I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS
hídricos em sua área de atuação;
II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organiza-
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança ções civis de recursos hídricos:
pelo uso de recursos hídricos; I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográ-
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a se- ficas;
rem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de re-
Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira respon- cursos hídricos;
sável pela administração desses recursos; III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arre- na área de recursos hídricos;
cadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa
de atuação; de interesses difusos e coletivos da sociedade;
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional
sua área de atuação; ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.
VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos,
para a execução de suas competências; as organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apre- constituídas.
ciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recur- TÍTULO III
sos hídricos em sua área de atuação; DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do
respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hi- hídricos superficiais ou subterrâneos:
drográfica: I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade,
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, sem a respectiva outorga de direito de uso;
para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Con- II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento rela-
selhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio cionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, super-
destes; ficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quan-
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; tidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobran- entidades competentes;
ça pelo uso de recursos hídricos; III - (VETADO)
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse co- IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou servi-
mum ou coletivo. ços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições
estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou ope-
rá-los sem a devida autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou de-
clarar valores diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei
e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e
procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;

20
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades § 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos Hídricos do Mi-
competentes no exercício de suas funções. nistério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamen- Legal será empregada na implementação da Política Nacional de
tar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-
ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da cursos Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica nacional.
União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a § 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada na operação e
critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes pena- expansão de sua rede hidrometeorológica, no estudo dos recursos
lidades, independentemente de sua ordem de enumeração: hídricos e em serviços relacionados ao aproveitamento da energia
I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos hidráulica.”
para correção das irregularidades; Parágrafo único. Os novos percentuais definidos no caput deste
II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infra- artigo entrarão em vigor no prazo de cento e oitenta dias contados
ção, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); a partir da data de publicação desta Lei.
III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no
de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condi- prazo de cento e oitenta dias, contados da data de sua publicação.
ções de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.
IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o
caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hí-
EXERCÍCIOS
dricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de
Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.
§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a ser- 01. São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
viço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponi-
perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza bilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respec-
a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do tivos usos.
valor máximo cominado em abstrato. II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, in-
§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena cluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a sustentável.
Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados III - realizar o licenciamento ambiental e a revisão de ativida-
incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem des efetiva ou potencialmente poluidoras, a exemplo das usinas
prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa. hidrelétricas.
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá re- Considerando os itens acima, APENAS
A. I está correto.
curso à autoridade administrativa competente, nos termos do re-
B. II está correto.
gulamento.
C. I e II estão corretos.
§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
D. II e III estão corretos
E. I e III estão corretos.
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
02. A Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida também
como Lei das Águas, institui a Política Nacional de Recursos Hídri-
Art. 51. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Con-
cos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídri-
selhos Estaduais de Recursos Hídricos poderão delegar a organiza- cos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e
ções sem fins lucrativos relacionadas no art. 47 desta Lei, por prazo altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modi-
determinado, o exercício de funções de competência das Agências ficou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos. Analise a alternativa que não está em consonância com a refe-
(Redação dada pela Lei nº 10.881, de 2004) rida Lei nº 9.433.
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o A. No Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídri-
Plano Nacional de Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais hi- cos, compete às agências de água, no âmbito de sua área de atu-
dráulicos para fins de geração de energia elétrica continuará subor- ação, arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos rela-
dinada à disciplina da legislação setorial específica. cionados aos recursos hídricos.
Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias a B. Um dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídri-
partir da publicação desta Lei, encaminhará ao Congresso Nacional cos é que em situações de escassez o uso prioritário dos recursos
projeto de lei dispondo sobre a criação das Agências de Água. hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais.
Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, passa C. O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessida-
a vigorar com a seguinte redação: des de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural,
“Art. 1º ............................................................................. independe de outorga pelo Poder Público.
........................................................................................ D. O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à Secretaria de os usos preponderantes da água, visa a assegurar às águas qualida-
Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos de compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas
Hídricos e da Amazônia Legal; e diminuir os custos de combate à sua poluição, mediante ações
IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Departamento Na- preventivas permanentes.
cional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas
e Energia;
V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
....................................................................................

21
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
03. Segundo a Lei nº 9.433/97, que institui a Política Nacional O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
de Recursos Hídricos, independem de outorga de direito de uso das sembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
águas pelo Poder Público, exceto:
A. Derivações e captações considerados insignificantes. CAPÍTULO I -
B. Lançamentos de efluentes considerados insignificantes. DO DIREITO À SALUBRIDADE AMBIENTAL
C. Acumulações de volumes de água consideradas insignifican-
tes. Art. 1º - Todos têm direito à vida em ambiente salubre, cuja
D. Usos para fins energéticos considerados insignificantes. promoção e preservação são deveres do Poder Público e da cole-
tividade.
04. Assinale a alternativa que NÃO é competência do Conselho Parágrafo único - É obrigação do Poder Público promover a sa-
Nacional de Recursos Hídricos. lubridade ambiental, especialmente mediante políticas, ações e a
A. Financiar projetos de pesquisas nacionais, regionais e esta- provisão universal, integral e equânime dos serviços públicos ne-
duais pertinentes ao tratamento dos recursos hídricos cessários.
B. Arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos exis- Art. 2º - É garantido a todos o direito a níveis adequados e
tentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos crescentes de salubridade ambiental e de exigir dos responsáveis
C. Deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos medidas preventivas, mitigadoras, reparadoras ou compensatórias
hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em em face de atividades prejudiciais ou potencialmente prejudiciais à
que serão implantados salubridade ambiental.
D. Analisar propostas de alteração da legislação pertinente a
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos CAPÍTULO II -
E. Promover a articulação do planejamento de recursos hídri-
DAS DIRETRIZES E PRINCÍPIOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE
cos com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos seto-
SANEAMENTO BÁSICO
res usuários
SEÇÃO I -
05. São fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos,
EXCETO: DA POLÍTICA ESTADUAL DE SANEAMENTO
A. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o
uso múltiplo das águas. Art. 3º - Fica instituída a Política Estadual de Saneamento Bá-
B. A água é um bem de domínio público; a água é um recurso sico como o conjunto de princípios, diretrizes, planos, programas e
natural limitado, dotado de valor econômico. ações a cargo dos diversos órgãos e entidades da administração di-
C. Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hí- reta e indireta do Estado da Bahia, com o objetivo de proporcionar
dricos é a geração de energia elétrica e a irrigação de lavouras. condições adequadas de salubridade ambiental à população, espe-
D. A bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implemen- cialmente por meio do acesso à água potável e aos demais serviços
tação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Siste- públicos de saneamento básico, bem como o controle social de sua
ma Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. execução, podendo ser implementada através da cooperação e co-
ordenação federativas.
GABARITO Art. 4º - O Saneamento Básico é constituído pelos serviços, in-
fraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos, manejo das
1 C águas pluviais urbanas, ações de combate e controle a vetores e
reservatórios de doenças, e atividades relevantes para a promoção
2 A da saúde e da qualidade de vida.
3 D § 1º - Os serviços públicos de saneamento básico possuem na-
tureza essencial.
4 A
§ 2º - É direito de todos receber serviços públicos de sanea-
5 C mento básico adequadamente planejados, regulados, fiscalizados e
submetidos ao controle social.
Art. 5º - Não constitui serviço público a ação de saneamento
LEI Nº 11.172 DE 01 DE DEZEMBRO DE 2008 - PRINCÍ- executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário
PIOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA ESTADUAL DE SANE- não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as
AMENTO BÁSICO: DO DIREITO À SALUBRIDADE AM- ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade priva-
BIENTAL, DAS DIRETRIZES E PRINCÍPIOS DA POLÍTICA da, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador.
ESTADUAL DE SANEAMENTO BÁSICO, DO SISTEMA ES- Parágrafo único - Para os fins do caput deste artigo considera-
TADUAL DE SANEAMENTO BÁSICO, DO PLANEJAMEN- -se solução individual a que atenda diretamente o usuário, dela se
TO, DA GESTÃO ASSOCIADA excluindo:
I - a solução que atenda condomínios ou localidades de peque-
no porte, na forma prevista no § 1º do art. 10 da Lei Federal nº
LEI Nº 11.172 DE 01 DE DEZEMBRO DE 2008
11.445, de 05 de janeiro de 2007;
Institui princípios e diretrizes da Política Estadual de Saneamento II - a fossa séptica, quando norma específica atribua ao Poder
Básico, disciplina o convênio de cooperação entre entes federados Público a responsabilidade por sua operação.
para autorizar a gestão associada de serviços públicos de sanea- Art. 6º - Os recursos hídricos não integram os serviços públicos
mento básico e dá outras providências. de saneamento básico.

22
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
Parágrafo único - A utilização de recursos hídricos na prestação SEÇÃO III -
de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para dispo- DA COOPERAÇÃO
sição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a
outorga de direito de uso, nos termos da legislação e regulamentos Art. 9º - O Estado da Bahia, por meio de sua administração dire-
federais e estaduais. ta ou indireta, cooperará com os municípios na gestão dos serviços
Art. 7º - O licenciamento ambiental de unidades de tratamento públicos de saneamento básico mediante:
de esgotos sanitários e de efluentes gerados nos processos de tra- I - apoio ao planejamento da universalização dos serviços públi-
tamento de água considerará etapas de eficiência, a fim de alcançar cos de saneamento básico;
progressivamente os padrões estabelecidos pela legislação ambien- II - oferta de meios técnicos e administrativos para viabilizar a
tal, em função da capacidade de pagamento dos usuários. regulação e fiscalização dos serviços públicos de saneamento bási-
§ 1º - A autoridade ambiental competente estabelecerá proce- co, especialmente por meio de consórcios públicos;
dimentos simplificados de licenciamento para as atividades a que III - prestação de serviços públicos de saneamento básico, atra-
se refere o caput deste artigo, bem como das unidades de valori- vés de Contratos de Programa, celebrados pelos Municípios com a
zação, tratamento e disposição de resíduos sólidos, em função do EMBASA na vigência de gestão associada, autorizada por convênio
porte das unidades e dos impactos ambientais esperados. de cooperação entre entes federados ou por contrato de consórcio
§ 2º - A autoridade ambiental estabelecerá metas progressi- público;
vas para que a qualidade dos efluentes de unidades de tratamento IV - execução de obras e de ações, inclusive de assistência téc-
de esgotos sanitários e de tratamento de água atenda aos padrões nica, que viabilizem o acesso à água potável e a outros serviços de
das classes dos corpos hídricos em que forem lançados, a partir dos saneamento básico, em áreas urbanas e rurais, inclusive vilas e po-
níveis presentes de tratamento e considerando a capacidade de pa- voados;
gamento das populações e usuários envolvidos. V - programas de desenvolvimento institucional e de capacita-
ção dos recursos humanos necessários à gestão eficiente, efetiva e
SEÇÃO II - eficaz dos serviços públicos de saneamento básico.
DOS PRINCÍPIOS Parágrafo único - O Regulamento desta Lei, no que se refere
à gestão dos serviços de saneamento básico, poderá detalhar as
Art. 8º - A Política Estadual de Saneamento Básico será formu- atribuições do Estado da Bahia, visando ao adequado cumprimento
lada com base nos seguintes princípios: das ações que decorram da cooperação com os Municípios.
I - universalização do acesso aos serviços públicos de sanea-
mento básico; CAPÍTULO III -
II - integralidade das atividades e componentes de cada um dos DO SISTEMA ESTADUAL DE SANEAMENTO BÁSICO
diversos serviços de saneamento , propiciando à população o aces-
so na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia Art. 10 - Fica instituído o Sistema Estadual de Saneamento Bási-
das ações e resultados; co, constituído pelos órgãos e entidades do Poder Executivo Estadu-
III - controle social, a ser exercido através de mecanismos e al que possuam competências relacionadas ao saneamento básico,
procedimentos que garantam à sociedade informações, represen- assim estruturado:
tações técnicas e participações nos processos de formulação de I - Órgão Superior - Conselho Estadual das Cidades, com fun-
políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços ções deliberativa, consultiva e fiscalizadora da Política Estadual de
públicos de saneamento básico; Saneamento Básico;
IV - regionalização, consistente no planejamento, regulação, II - Órgão Coordenador - Secretaria de Desenvolvimento Urba-
fiscalização e prestação dos serviços de saneamento em economia no - SEDUR, com competência para formular, coordenar e imple-
de escala e pela constituição de consórcios públicos integrados pelo mentar a Política Estadual de Saneamento Básico, bem como moni-
RTTEstado e por Municípios de determinada região; torar e avaliar a execução de suas ações;
V - fortalecimento da Empresa Baiana de Águas e Saneamento III - Órgãos Executores - os órgãos ou entidades do Poder Exe-
S/A - EMBASA, de forma a viabilizar o acesso de todos aos serviços cutivo Estadual responsáveis pela execução das ações relativas à
públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário, inclu- Política Estadual de Saneamento Básico.
sive em regime de cooperação com os municípios; Parágrafo único - O Chefe do Poder Executivo Estadual organi-
VI - outros princípios decorrentes das diretrizes nacionais esta- zará, por meio de Decreto, o Sistema Estadual de Saneamento Bá-
belecidas para o saneamento básico, principalmente objetivando o sico, dispondo sobre as competências de seus órgãos e entidades,
cumprimento de metas da universalização, pela maior eficiência e para que atuem de forma eficiente e integrada.
resolutividade. Art. 11 - Fica instituído o Sistema Estadual de Informações em
Parágrafo único - Para os fins desta Lei, considera-se universa- Saneamento Básico, em articulação com o Sistema Nacional de In-
lização a garantia de que todos, sem distinção de condição social formações em Saneamento Básico - SINISA, que conterá as infor-
ou renda, possam acessar serviços públicos de saneamento básico, mações relativas aos serviços públicos de saneamento básico, cujo
observado o gradualismo planejado da eficácia das soluções, sem conteúdo deverá ser público e acessível a todos.
prejuízo da adequação às características locais, da saúde pública e
de outros interesses coletivos. CAPÍTULO IV -
DO PLANEJAMENTO

SEÇÃO I -
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 12 - O planejamento dos serviços públicos de saneamento


básico no âmbito da Política Estadual de Saneamento Básico dar-
-se-á mediante:

23
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
I - o Plano Estadual de Saneamento Básico previsto no art. 229 IV - poderá autorizar que, para a prestação de serviços públicos
da Constituição do Estado da Bahia; de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, o Município
II - a elaboração, em cooperação com os municípios, de planos celebre Contrato de Programa diretamente com a Empresa Baiana
regionais de saneamento básico; de Águas e Saneamento S/A - EMBASA, dispensada a licitação, nos
III - o apoio técnico e financeiro do Estado, por meio da Secreta- termos do art. 24, inciso XXVI, da Lei Federal nº 8.666, de 21 de
ria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR, à elaboração dos planos junho de 1993;
municipais de saneamento básico. V - terá como foro, para dirimir controvérsias que dele tenham
§ 1º - Os planos regionais de saneamento básico serão elabora- se originado, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, nos termos
dos de forma a subsidiar os planos municipais e abrangerão o terri- do art. 123, I, “j”, da Constituição Estadual.
tório de municípios atendidos por sistema integrado de saneamen- § 2º - O convênio de cooperação entre entes federados somen-
to básico ou cuja integração da regulação, fiscalização e prestação te produzirá efeitos em relação ao Município convenente se houver
dos serviços for recomendável do ponto de vista técnico e financei- lei municipal que o discipline ou ratifique.
ro, nos termos de estudo específico. Art. 16 - O Contrato de Programa, por meio do qual o Municí-
§ 2º - Haverá apenas um plano regional para os municípios pio contrate a EMBASA, deverá atender a todos os requisitos da Lei
que compõem cada região metropolitana, aglomeração urbana ou Federal nº 11.445/2007, especialmente:
microrregião em que o serviço público de saneamento básico seja I - plano de saneamento básico editado pelo município ou con-
considerado função pública de interesse comum. junto de municípios;
§ 3º - O Estado da Bahia não apoiará técnica ou financeiramen- II - estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-fi-
te serviços públicos ou ações de saneamento básico que, direta ou nanceira da prestação universal e integral dos serviços, nos termos
indiretamente, contrariem dispositivo dos planos mencionados no do plano referido no inciso I deste artigo;
caput, e incisos, deste artigo. III - legislação municipal dispondo sobre normas de regulação
§ 4º - Nos termos do art. 19, § 4º, da Lei Federal nº 11.445/2007, e a designação da entidade de regulação e de fiscalização dos ser-
a EMBASA poderá elaborar e fornecer a município, ou agrupamen- viços que, preferencialmente, deverá se efetivar mediante coopera-
to de municípios limítrofes, estudos sobre os serviços de abasteci- ção ou coordenação federativa;
mento de água e de esgotamento sanitário, a fim de subsidiá-los IV - realização de audiência e de consulta pública sobre a minu-
tecnicamente na formulação de plano de saneamento básico ou de ta do Contrato de Programa.
plano específico de abastecimento de água ou de esgotamento sa- § 1º - O plano a que se refere o inciso I deste artigo poderá
nitário. abranger apenas o serviço cuja prestação será contratada.
Art. 13 - O processo de elaboração e revisão dos planos de sa- § 2º - Considera-se existente o plano publicado antes da audi-
neamento básico deverá prever sua divulgação em conjunto com ência pública em que se divulgar a minuta de Contrato de Programa.
os estudos que os fundamentarem, bem como o recebimento de § 3º - Os planos de investimentos e os projetos relativos ao con-
sugestões e críticas por meio de consulta ou audiência pública. trato deverão ser compatíveis com o plano de saneamento básico.
Parágrafo único - Os planos de saneamento básico serão re- § 4º - A viabilidade mencionada no inciso II deste artigo pode
vistos periodicamente, em prazo não superior a 04 (quatro) anos, ser demonstrada mediante a mensuração da necessidade e respec-
anteriormente à elaboração do Plano Plurianual. tiva previsão de aporte de outros recursos além dos emergentes da
Art. 14 - O Plano Estadual de Saneamento Básico, em conjunto prestação dos serviços.
com os planos regionais de que trata o inciso II do art. 12 desta Lei, § 5º - As normas de regulação a que se refere o inciso III deste
deverá contemplar os objetivos e metas para a universalização dos artigo deverão atender, no mínimo, ao previsto nos arts. 9º, incisos
serviços de saneamento básico e o alcance de níveis crescentes dos III a VII, e 11, § 2º e incisos, da Lei Federal nº 11.445/ 2007.
mesmos no território estadual, observando a compatibilidade com § 6º - É defeso à EMBASA celebrar Contrato de Programa com
os demais planos e políticas públicas do Estado e dos Municípios. Município cujo prazo de vigência seja inferior a 20 (vinte) anos.

CAPÍTULO V - CAPÍTULO VI -
DA GESTÃO ASSOCIADA DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 15 - Poderão ser celebrados convênios de cooperação en- Art. 17 - O art. 7 da Lei nº 10.704, de 12 de novembro de 2007,
tre o Estado da Bahia e os Municípios com territórios nele contidos, passa a vigorar com as seguintes alterações:
visando à gestão associada de serviços públicos de saneamento bá- “Art. 7º - ....................................................................................
sico. ............
§ 1º - O convênio de cooperação a que se refere o caput deste ...................................................................................................
artigo: ..........
I - poderá ser celebrado com prazo de vigência indeterminado; IV - .............................................................................................
II - disporá sobre a regulação e fiscalização dos serviços públi- ........
cos de saneamento básico objeto da gestão associada; ...................................................................................................
III - preverá, no caso de constituição de consórcio público en- ..........
tre o Estado e o Município convenente, a inclusão das finalidades b) Câmara de Saneamento Básico;
do convênio de cooperação, estabelecendo que o ato constitutivo ...................................................................................................
do consórcio suceder-lhe-á automaticamente para todos os efeitos .........
legais; § 3º - A Câmara Técnica de Saneamento Básico, além de órgão
assessor do CONCIDADES/BA, terá por competências próprias as de
formular a Política e o Plano Estadual de Saneamento Básico, con-
forme o disposto no art. 229 da Constituição do Estado da Bahia ,

24
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
bem como exercer o controle social dos serviços e ações de sanea- Art. 25 - As despesas decorrentes da aplicação desta Lei corre-
mento básico prestados e executados pelos órgãos e entidades da rão à conta de dotações próprias consignadas no orçamento vigen-
administração direta e indireta do Estado. te, ficando o Poder Executivo Estadual autorizado a promover as
§ 4º - A Câmara Técnica de Saneamento Básico terá sua com- alterações orçamentárias que se fizerem necessárias.
posição definida em Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual, Art. 26 - O Chefe do Poder Executivo Estadual, por decreto, re-
assegurada a participação de representantes do Poder Público, de gulamentará esta Lei, dispondo sobre outros aspectos da Política
associações comunitárias e de entidades profissionais ligadas ao sa- Estadual de Saneamento Básico, especialmente sobre as micror-
neamento básico, bem como, nos termos do art. 47 da Lei Federal regiões administrativas de saneamento básico e a participação do
nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 - Lei Nacional de Saneamento Estado em consórcios públicos.
Básico, a representação: Art. 27 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
I - dos Municípios, inclusive daqueles em que a Empresa Baiana Art. 28 - Revogam-se as disposições em contrário.
de Águas e Saneamento S/A - EMBASA não seja a prestadora dos
serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário; EXERCÍCIOS
II - de órgãos governamentais relacionados ao setor de sanea-
mento básico, inclusive de consórcios públicos; 01. Assinale a alternativa correta sobre as diretrizes e princípios
III - dos prestadores dos serviços públicos de saneamento bási- da política Estadual de Saneamento Básico nos termos da Lei Esta-
co, dentre eles a EMBASA; dual da Bahia nº 11.172, de 01 de dezembro de 2008.
IV - dos usuários dos serviços de saneamento básico; A. Não constitui serviço público a ação de saneamento exe-
V - de entidades técnicas e organizações da sociedade civil re- cutada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não
lacionadas ao saneamento básico e de entidades de defesa do con- dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações
sumidor; e os serviços de saneamento básico de responsabilidade privada,
§ 5º - O funcionamento e as atribuições de cada Câmara Técni- incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador
ca, bem como da Câmara de Saneamento Básico, no que se refere B. Constitui serviço público a ação de saneamento executada
às suas funções de órgão assessor, serão definidos no Regimento por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa
Interno do CONCIDADES/BA. de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e os servi-
§ 6º - Poderão ser criadas novas Câmaras Técnicas, em caráter ços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o
permanente ou provisório.” manejo de resíduos de responsabilidade do gerador
C. Não constitui serviço público a ação de saneamento exe-
CAPÍTULO VII - cutada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS dependa de terceiros para operar os serviços e constituem serviço
público as ações e os serviços de saneamento básico de responsabi-
Art. 18 - Fica criada a Comissão de Regulação dos Serviços Pú- lidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade
blicos de Saneamento Básico do Estado da Bahia - CORESAB, vin-
do gerador
culada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR, com a
D. Constitui serviço público a ação de saneamento executada
competência de exercer as atividades de regulação e fiscalização
por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa
dos serviços públicos de saneamento básico, mediante delegação,
de terceiros para operar os serviços e não constituem serviço pú-
enquanto não houver ente regulador próprio criado pelo Municí-
blico as ações e os serviços de saneamento básico de responsabili-
pio, ou agrupamento de Municípios, por meio de cooperação ou
dade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade
coordenação federativa.
do gerador
Art. 19 - Para cumprimento do disposto no artigo anterior, fi-
cam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano – SEDUR, 01 (um) cargo de Comissário 02. Assinale a alternativa incorreta sobre as diretrizes e princí-
Geral, símbolo DAS-2A, e 02 (dois) cargos de Comissário Adjunto, pios da política Estadual de Saneamento Básico nos termos da Lei
símbolo DAS-2C. Estadual da Bahia n° 11.172, de 01 de dezembro de 2008, quanto
Art. 20 - Os ocupantes dos cargos de Comissário Geral e Comis- à cooperação.
sário Adjunto serão nomeados pelo Governador do Estado e inves- A. O Estado da Bahia, por meio de sua administração direta ou
tidos pelo prazo de 02 (dois) anos, podendo ser reconduzidos uma indireta, cooperará com os municípios na gestão dos serviços pú-
única vez. blicos de saneamento básico, inclusive, mediante apoio ao plane-
Parágrafo único - Extinta a CORESAB, serão também extintos, jamento da universalização dos serviços públicos de saneamento
na mesma data, os cargos que integram a sua estrutura. básico
Art. 21 - A CORESAB poderá solicitar servidores de outros ór- B. O Estado da Bahia, por meio de sua administração direta
gãos e entidades da Administração Pública do Estado, na forma da ou indireta, cooperará com os municípios na gestão dos serviços
legislação pertinente. públicos de saneamento básico, inclusive, mediante prestação de
Art. 22 - Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual disporá serviços públicos de saneamento básico, através de Contratos de
sobre o funcionamento da CORESAB. Programa, celebrados pelos Municípios com a EMBASA na vigência
Art. 23 - Os serviços de saneamento básico, atualmente pres- de gestão associada, autorizada por convênio de cooperação entre
tados por entidade estadual, deverão ser adaptados às disposições entes federados, vedada a celebração de contrato de consórcio pú-
desta Lei, ficando sujeitos à regulação e à fiscalização pela CORE- blico
SAB, salvo se estas competências tiverem sido atribuídas a entidade C. O Estado da Bahia, por meio de sua administração direta ou
que atenda o disposto no art. 21 da Lei Federal nº 11.445/2007. indireta, cooperará com os municípios na gestão dos serviços públi-
Art. 24 - Ficam ratificados os convênios de cooperação e os con- cos de saneamento básico, inclusive, mediante oferta de meios téc-
tratos de concessão, Contratos de Programa e outros atos de dele- nicos e administrativos para viabilizar a regulação e fiscalização dos
gação relativos a serviços de saneamento básico celebrados pelo serviços públicos de saneamento básico, especialmente por meio
Estado e pela EMBASA anteriormente a esta Lei. de consórcios públicos

25
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
D. O Estado da Bahia, por meio de sua administração direta ou Parágrafo único Para o cumprimento de suas funções e compe-
indireta, cooperará com os municípios na gestão dos serviços públi- tências, a AGERSA está sujeita ao regime jurídico­administrativo pró-
cos de saneamento básico, inclusive, mediante execução de obras prio das entidades de regulação e fiscalização de serviços públicos
e de ações, inclusive de assistência técnica, que viabilizem o acesso de saneamento básico, conforme previsto na Lei Federal nº 11.445,
à água potável e a outros serviços de saneamento básico, em áreas de 05 de janeiro de 2007, Lei Nacional de Saneamento Básico LNSB.
urbanas e rurais, inclusive vilas e povoados
CAPÍTULO II
03. Assinale a alternativa correta sobre as diretrizes e princípios DO OBJETIVO E DAS COMPETÊNCIAS
da política Estadual de Saneamento Básico nos termos da Lei Esta-
dual da Bahia nº 11.172, de 01 de dezembro de 2008. Art. 2º A AGERSA tem como objetivo o exercício da regulação e
A. Os recursos de caráter local não integram os serviços públi- da fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico, dentro
cos de saneamento básico dos limites legais.
B. Os recursos de caráter regional não integram os serviços pú- Parágrafo único O Estado da Bahia poderá celebrar, com os
blicos de saneamento básico Municípios do seu território, convênios de cooperação, na forma
C. Os recursos de caráter renovável não integram os serviços do art. 241 da Constituição Federal, visando à gestão associada de
públicos de saneamento básico serviços públicos de saneamento básico e à delegação à AGERSA de
D. Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de competências municipais de regulação e fiscalização desses servi-
saneamento básico ços, conforme disposto no art. 15 da Lei Estadual nº 11.172, de 01
de dezembro de 2008.
04. Assinale a alternativa correta considerando as disposições Art. 3º Compete à AGERSA:
da lei estadual da Bahia n° 11.172, de 01/12/2008 que Institui prin- I­editar seu Regimento Interno;
cípios e diretrizes da Política Estadual de Saneamento Básico. II­administrar seus bens;
A. Constitui serviço público qualquer a ação de saneamento III­administrar o seu quadro de pessoal;
executada por meio de soluções individuais ou coletivas. IV arrecadar e aplicar suas receitas, inclusive o quantum rece-
B. Os recursos hídricos integram os serviços públicos de sane- bido pelo exercício da regulação, controle e fiscalização, retribuição
amento básico. relativa às suas atividades;
C. A utilização de recursos hídricos na prestação de serviços pú- V celebrar convênios, acordos, contratos e instrumentos equi-
blicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição valentes;
de esgotos e outros resíduos líquidos, não é sujeita a outorga de VI estabelecer cooperação com órgãos ou entidades dos Esta-
direito de uso. dos ou do Distrito Federal para o adequado exercício de suas com-
D. O licenciamento ambiental de unidades de tratamento de petências;
esgotos sanitários e de efluentes gerados nos processos de trata- VII­realizar audiências e consultas públicas;
mento de água considerará etapas de eficiência. VIII divulgar anualmente relatório detalhado das atividades re-
alizadas, indicando os objetivos e resultados alcançados.
GABARITO Parágrafo único As despesas de pessoal da AGERSA, bem como
outras despesas relativas à manutenção de suas atividades serão
custeadas com recursos diretamente arrecadados pela Agência.
1 A
Art. 4º A AGERSA poderá exercer, integral ou parcialmente,
2 B mediante delegação, atividades de regulação e fiscalização na área
3 D de saneamento básico, de competência dos Municípios ou agrupa-
mento de Municípios, competindo­lhe:
4 D I exercer as atividades previstas pela LNSB e pela Lei nº
11.172/2008, para o órgão ou entidade de regulação e fiscalização
LEI Nº 12.602 DE 29 DE NOVEMBRO DE 2012 - CRIAÇÃO dos serviços públicos de saneamento básico;
DA AGÊNCIA REGULADORA DE SANEAMENTO BÁSICO II promover e zelar pelo cumprimento da Política Estadual de
DO ESTADO DA BAHIA - AGERSA Saneamento Básico, instituída pela Lei nº 11.172/2008;
III estabelecer padrões e normas para a adequada prestação
dos serviços e para a satisfação dos usuários;
LEI Nº 12.602 DE 29 DE NOVEMBRO DE 2012 IV reajustar e, após audiência pública e oitiva da Câmara Téc-
nica de Saneamento Básico do Conselho das Cidades do Estado
Dispõe sobre a criação da Agência Reguladora de Saneamento da Bahia, revisar as tarifas, de modo a permitir a sustentabilidade
Básico do Estado da Bahia AGERSA, autarquia sob regime especial, econômico­-financeira da prestação dos serviços, observada a mo-
e dá outras providências. dicidade tarifária;
V garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- pelo planejamento dos serviços;
sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada
a competência dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de De-
CAPÍTULO I fesa da Concorrência;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VII atuar em cooperação com os demais órgãos e entidades
integrantes da Administração Pública Estadual, com as Administra-
Art. 1º Fica criada a Agência Reguladora de Saneamento Básico ções Públicas dos Municípios baianos e com os consórcios públicos
do Estado da Bahia AGERSA, autarquia sob regime especial, vincu- dos quais os mesmos participem;
lada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano SEDUR, com sede e VIII apoiar os Municípios na elaboração dos respectivos planos
foro na Capital do Estado da Bahia, que se regerá por esta Lei. municipais de saneamento básico;

26
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
IX editar normas que disciplinem os contratos, ou outros ins- II­Diretoria;
trumentos, cujo objeto seja a prestação de serviços públicos de sa- III­Ouvidoria.
neamento básico; Parágrafo único O Regimento Interno da AGERSA disporá sobre
X estipular parâmetros, critérios, fórmulas, padrões ou indica- sua organização e sobre as atribuições dos órgãos que a compõem,
dores de mensuração e aferição da qualidade dos serviços e do de- respeitadas as disposições desta Lei.
sempenho dos prestadores, zelando pela sua observância;
XI fiscalizar a prestação dos serviços, inclusive mediante inspe- SEÇÃO II
ção in loco; DO CONSELHO CONSULTIVO
XII aplicar, nos limites da delegação de que trata o caput deste
artigo, as sanções pertinentes; Art. 9º O Conselho Consultivo é composto pelos integrantes da
XIII executar as atividades que lhe tenham sido delegadas por Câmara Técnica de Saneamento Básico do Conselho Estadual das Ci-
convênios de cooperação firmados entre o Estado da Bahia e Mu- dades da Bahia ConCidades/BA, criado através da Lei nº 10.704, de
nicípios, dirimindo, em sede administrativa, as divergências even- 12 de novembro de 2007, e tem por objetivo formular as diretrizes
tualmente existentes, podendo se valer de auxílio técnico especial- gerais da Política Estadual de Desenvolvimento Urbano, garantidos
mente designado; o controle e a participação social.
XIV fiscalizar os contratos de programas que tenham por objeto
a prestação dos serviços públicos de saneamento básico; SEÇÃO III
XV sarbitrar e dirimir conflitos entre os agentes regulados e en- DA DIRETORIA
tre estes e os usuários, nos termos de seu Regimento Interno.
§ 1º Os instrumentos de delegação deverão indicar os limites, Art. 10 A Diretoria, órgão de deliberação superior, será organi-
a forma de atuação e a abrangência das atividades da AGERSA, nos zada em regime de colegiado, composto por:
termos do § 1º do art. 23 da LNSB. I­Diretor Geral, que a presidirá;
§ 2º A AGERSA poderá firmar Termo de Ajustamento de Condu- II­Diretor de Normatização;
ta com o agente regulado, mediante o qual o mesmo se comprome- III­Diretor de Fiscalização.
terá a cessar as práticas infracionais, oferecendo contrapartidas ou
compensações, a reparar os danos dela decorrentes, ou a cumprir SUBSEÇÃO I
metas superiores àquelas eventualmente descumpridas. DO PROVIMENTO
Art. 5º A AGERSA promoverá, obrigatoriamente, consultas pú-
blicas antes da edição de normas que versem sobre revisões tarifá- Art. 11 Os membros da Diretoria serão nomeados pelo Gover-
rias e, facultativamente, em outras hipóteses previstas no Regimen- nador do Estado dentre cidadãos brasileiros que satisfaçam, simul-
to Interno, ou sempre que o recomendar o interesse público. taneamente, as seguintes condições:
§ 1º A consulta pública será divulgada pela imprensa oficial e I­reputação ilibada e insuspeita idoneidade moral;
na página da AGERSA na internet. II notável saber jurídico, econômico, administrativo ou técnico
§ 2º O prazo para o recebimento de contribuições da sociedade em área sujeita ao exercício do poder regulatório da AGERSA.
não será inferior a 30 (trinta) dias, contados a partir da disponibili- Art. 12 É vedada a nomeação de Diretor que:
zação dos documentos objetos da consulta pública. I exerça ou tenha exercido, até 01 (um) ano antes da data da
§ 3º Os resultados das consultas públicas serão publicados sob nomeação, qualquer cargo ou função de controlador, diretor, admi-
a forma de relatório circunstanciado, a ser elaborado pela Agência. nistrador, gerente, preposto, mandatário, consultor ou empregado
Art. 6º As decisões sobre revisão tarifária serão precedidas de, de qualquer ente regulado pela AGERSA;
pelo menos, 02 (duas) audiências públicas, a realizar­se mediante II receba, a qualquer título, quantias, descontos, vantagens ou
convocação divulgada com antecedência mínima de 10 (dez) dias, benefícios de qualquer ente regulado pela AGERSA;
pela imprensa oficial e pela internet, uma das quais obrigatoria- III seja ou tenha sido, até 01 (um) ano antes da data da no-
mente no interior do Estado. meação, sócio, cotista ou acionista de qualquer ente regulado pela
Art. 7º Os prestadores de serviços públicos de saneamento bá- AGERSA;
sico deverão fornecer todos os dados e informações necessários ao IV seja cônjuge, companheiro ou tenha qualquer parentesco
desempenho das atividades da AGERSA. por consanguinidade ou afinidade, em linha reta ou colateral até o
§ 1º Incluem­se, entre os dados e informações a que se refere terceiro grau, com dirigente, administrador ou conselheiro de qual-
o caput deste artigo, aqueles produzidos por empresas ou profis- quer ente regulado pela AGERSA, ou, ainda, com pessoas que dete-
sionais contratados para executar serviços ou fornecer materiais e nham mais de 1% (um por cento) do capital social dessas entidades.
equipamentos. Art. 13 Os cargos da Diretoria da AGERSA serão de livre nome-
§ 2º É assegurado aos agentes da AGERSA, desde que no estrito ação e exoneração do Chefe do Poder Executivo.
exercício de suas funções, o pleno acesso às instalações integrantes Art. 14 É vedado aos ex­Diretores, direta ou indiretamente, até
dos serviços, bem como aos dados técnicos, econômicos, contábeis 06 (seis) meses após deixar o cargo:
e financeiros dos entes regulados, além de outros que se entendam I exercer qualquer cargo ou função de controlador, diretor, ad-
relevantes ao desenvolvimento de suas atividades. ministrador, gerente, preposto, mandatário, consultor ou emprega-
do de qualquer entidade regulada;
CAPÍTULO III II­patrocinar interesses desta junto a AGERSA;
DA ORGANIZAÇÃO DA AGERSA III firmar qualquer espécie de contrato com a Agência Regula-
dora, seja como pessoa física ou através de pessoa jurídica, em que
SEÇÃO I figure como sócio, associado, controlador, diretor, administrador,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES gerente, preposto, mandatário, consultor ou empregado.
Parágrafo único É vedada, ainda, aos ex­Diretores a utilização
Art. 8º A AGERSA possui a seguinte estrutura básica: de informações privilegiadas obtidas em decorrência do exercício
I­Conselho Consultivo; do cargo.

27
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
SEÇÃO IV Art. 19 Constituem receitas da AGERSA:
DA OUVIDORIA I­recursos provenientes de dotações orçamentárias;
II rendas patrimoniais e as provenientes dos seus serviços, bens
Art. 15 A Ouvidoria é órgão autônomo, sem vinculação hierár- e atividades;
quica com o Conselho Consultivo ou com a Diretoria, e tem as se- III doações, legados, subvenções e contribuições de qualquer
guintes atribuições: natureza, realizados por entidade não regulada;
I receber, examinar e encaminhar denúncias e sugestões dos IV transferência de recursos consignados nos orçamentos da
cidadãos, relativas à prestação de serviços públicos regulados, bem União, do Estado e dos Municípios;
como denúncias sobre a atuação negligente ou abusiva de agentes V rendas patrimoniais provenientes de juros e dividendos;
públicos; VI recursos provenientes de convênios, acordos ou contratos
II prestar esclarecimentos relacionados à atuação da AGERSA celebrados com órgãos de direito público ou entidades privadas,
e dos agentes regulados, bem como sobre os direitos dos usuários; nacionais, estrangeiras e internacionais;
III apurar, recomendar, mediar ou arbitrar conflitos decorrentes VII outras receitas previstas em Lei e no Regimento Interno da
de demandas relacionadas à atuação dos agentes regulados e dos Agência.
usuários;
IV produzir, semestralmente ou quando oportuno, apreciações CAPÍTULO VII
críticas sobre a atuação da AGERSA e encaminhá­las ao Conselho DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Consultivo, à Diretoria e ao Secretário de Desenvolvimento Urbano.
§ 1º O Ouvidor será nomeado e exonerado ad nutum pelo Go- Art. 20 A AGERSA disporá de quadro de pessoal, constituído de
vernador do Estado. cargos de provimento temporário e permanente, podendo também
§ 2º As atribuições da Ouvidoria serão exercidas em articulação ser requisitados servidores atuantes em outros órgãos do Estado da
com a Ouvidoria Geral do Estado. Bahia, na forma da legislação vigente.
Art. 21 Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão
CAPÍTULO IV da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia
DO CONTRATO DE GESTÃO AGERSA, 01 (um) cargo de Diretor Geral, símbolo DAS­2A, 01 (um)
cargo de Diretor de Normatização, símbolo DAS­2B, 01 (um) cargo
Art. 16 O Poder Público, através da Secretaria de Desenvolvi- de Diretor de Fiscalização, símbolo DAS­2B, 01 (um) cargo de Pro-
mento Urbano, poderá celebrar contrato de gestão com a AGERSA, curador Chefe, símbolo DAS­2C, 01 (um) cargo de Ouvidor, símbolo
nos termos do § 8º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, com DAS­2C, 01 (um) cargo de Diretor Administrativo­Financeiro, símbo-
o objetivo de ampliar sua autonomia gerencial, orçamentária e fi- lo DAS­2C, 05 (cinco) cargos de Assessor Técnico, símbolo DAS­3, 01
nanceira, estabelecendo, em contrapartida, metas de desempenho (um) cargo de Assessor de Comunicação Social e Relações Institu-
a serem atingidas. cionais, símbolo DAS­3, 01 (um) cargo de Secretário de Gabinete,
§ 1º A vigência do contrato de gestão será de 01 (um) ano, po- símbolo DAS­3.
dendo ser prorrogada. Parágrafo único Os cargos de provimento temporário da AGER-
§ 2º O contrato de gestão disporá, obrigatoriamente, sobre os SA são os constantes do Anexo Único desta Lei.
controles e critérios de desempenho que subsidiarão a avaliação Art. 22 Fica extinta a Comissão de Regulação dos Serviços de
sobre o alcance das metas pactuadas. Saneamento Básico do Estado da Bahia CORESAB, da estrutura or-
ganizacional da Secretaria de Desenvolvimento Urbano SEDUR, com
CAPÍTULO V a incorporação de seu acervo documental e patrimônio à AGERSA.
DO RELATÓRIO ANUAL DE ATIVIDADES § 1º A AGERSA assumirá todas as obrigações e direitos da CO-
RESAB que advenham de negócios jurídicos realizados anterior-
Art. 17 A AGERSA deverá elaborar relatório anual das ativida- mente a esta Lei.
des desenvolvidas, nele destacando o cumprimento da política do § 2º Ficam ratificados os convênios de cooperação, contratos
setor, definida pelo Poder Executivo e a concretização das metas de concessão, contratos de programa e outros negócios jurídicos
estabelecidas no contrato de gestão. vigentes, celebrados pela CORESAB anteriormente a esta Lei.
Parágrafo único O relatório anual de atividades deverá ser en- § 3º Para atender ao disposto no caput deste artigo, ficam
caminhado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano, no prazo de extintos, da estrutura de cargos em comissão da SEDUR, 01 (um)
até 90 (noventa) dias após o encerramento do exercício. cargo de Comissário Geral, símbolo DAS­2A, e 02 (dois) cargos de
Comissário Adjunto, símbolo DAS­2C.
CAPÍTULO VI Art. 23 Do total proveniente de sua arrecadação mensal, de-
DO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS corrente de receitas próprias, poderá a AGERSA destinar até 30%
(trinta por cento) para o pagamento de Gratificação Especial de
Art. 18 Constituem o patrimônio da AGERSA: Produtividade, a ser concedida aos agentes públicos que estejam
I os bens, direitos e valores que, a qualquer título, lhe sejam em efetivo exercício na Agência, conforme critérios definidos em
adjudicados, transferidos ou doados; Decreto.
II o saldo dos exercícios financeiros, transferidos para sua conta Art. 24 Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no prazo
patrimonial; de 180 (cento e oitenta) dias, os atos necessários à:
III­o que vier a ser constituído, na forma legal. I elaboração dos instrumentos normativos necessários para a
§ 1º Os bens, direitos e valores serão utilizados exclusivamente efetivação das alterações organizacionais e funcionais decorrentes
no cumprimento dos seus objetivos, permitida, a critério da Direto- desta Lei;
ria, a sua aplicação ou destinação para a obtenção de rendas, com II continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação da
vistas ao atendimento de sua finalidade. AGERSA, em especial, os processos licitatórios;
§ 2º Em caso de extinção da AGERSA, seus bens se reverterão III transferência dos bens, direitos e valores da CORESAB, assim
ao patrimônio do Estado da Bahia. como a incorporação do acervo documental, para a AGERSA;

28
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
IV transferência dos contratos, convênios, protocolos e demais ______________________________________________________
instrumentos vigentes, procedendo às devidas adequações orça-
mentárias; ______________________________________________________
V modificações orçamentárias que se fizerem necessárias ao
cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os valores globais ______________________________________________________
constantes do orçamento vigente.
______________________________________________________
Art. 25 Fica acrescida a alínea “d” ao inciso III do art. 2º da Lei
nº 11.361, de 20 de janeiro de 2009, o qual passa a vigorar com a ______________________________________________________
seguinte redação:
“Art. 2º ...................................................................................... ______________________________________________________
...........................................................................................................
............ ______________________________________________________
III ...............................................................................................
.......................................................................................................... ______________________________________________________
...........
______________________________________________________
d) Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da
Bahia AGERSA.” ______________________________________________________
Art. 26 Revogam­se os arts. 18, 19, 20, 21, 22 e 23 da Lei nº
11.172 , de 01 de dezembro de 2008, os arts. 12 e 13 da Lei nº ______________________________________________________
11.471 , de 15 de abril de 2009, e a alínea “g” do inciso II do art. 2º
da Lei nº 11.361 , de 20 de janeiro de 2009. ______________________________________________________
Art. 27 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
______________________________________________________
EXERCÍCIOS
______________________________________________________
01. Considere as disposições da lei estadual da Bahia n° 12.602,
______________________________________________________
de 29/11/2012 que dispõe sobre a criação da Agência Reguladora
de Saneamento Básico do Estado da Bahia - AGERSA, autarquia sob ______________________________________________________
regime especial, e dá outras providências e assinale a alternativa
correta. ______________________________________________________
A. A Diretoria da AGERSA será organizada em regime de cole-
giado, composto por um diretor Geral, que a presidirá, diretor de ______________________________________________________
normatização e diretor de fiscalização.
B. No âmbito da AGERSA é vedada a formação de Conselho ______________________________________________________
Consultivo.
______________________________________________________
C. É requisito para a nomeação de Diretor o exercício, até 01
(um) ano antes da data da nomeação, qualquer cargo ou função de ______________________________________________________
controlador, diretor, administrador, gerente, preposto, mandatário,
consultor ou empregado de qualquer ente regulado pela AGERSA. ______________________________________________________
D. A AGERSA deverá elaborar relatório com periodicidade mí-
nima bianual das atividades desenvolvidas, nele destacando o cum- ______________________________________________________
primento da política do setor, definida pelo Poder Legislativo e a
concretização das metas estabelecidas no contrato de gestão. ______________________________________________________

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GABARITO ______________________________________________________

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1 A
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ANOTAÇÕES
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29
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO
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30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Organização da administração pública no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988. Conceitos relativos às administrações direta
e indireta. Diferenças entre autarquias, fundações e empresas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Agentes públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Licitação Pública: princípios básicos e definições; convênios e termos similares; modalidades, limites, dispensa e inexigibilidade (Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993 e suas alterações); Lei nº 9.433, de 1º de março de 2005, e suas alterações - Contratos e compras; Lei
nº 10.520, de 17 de julho de 2002 - Licitação na Modalidade Pregão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. CONCEI-


TOS RELATIVOS ÀS ADMINISTRAÇÕES DIRETA E INDIRETA. DIFERENÇAS ENTRE AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES E EMPRE-
SAS PÚBLICAS

Organização do Estado Organização do Estado Organização

O Brasil é um Estado federal, e, assim, nossa Constituição impõe-lhe uma organização quaternária, ou seja, reconhece autonomia po-
lítica a quatro níveis de Administração, desempenhada por quatro distintas Entidades — também chamadas de pessoas jurídicas de direito
público interno: (a) a União, (b) os Estados-Membros, (c) os Municípios e (d) o Distrito Federal.

Conceito de Administração Pública

De Acordo com Alexandre Mazza (2017), o conceito de ‘‘Administração Pública’’, no que interessa ao estudo do Direito Administrativo,
compreende duas classificações, ou, nas palavras do administrativista, dois sentidos. São eles:

- Administração Pública em sentido subjetivo, orgânico ou formal: Parte do princípio de que a função administrativa pode ser exercida
pelo Poder Executivo, de forma típica, mas também pelos Poderes Legislativo e Judiciário, de forma atípica. Nesse sentido, a Administração
Pública em sentido subjetivo, orgânico ou formal, nada mais seria do que o conglomerado de agentes, órgãos e entidades públicas que
atuam no exercício da função administrativa.

- Administração pública em sentido objetivo, material ou funcional: Grafada em letras minúsculas consiste na atividade, exercida pelo
Estado, voltada para a defesa do interesse público. Segundo Mazza (2017) é possível empregar o conceito de administração pública mate-
rial sob as perspectivas lato sensu, de acordo com a qual administração pública abrangeria as funções administrativa e política de Estado,
e stricto sensu, que parte da noção restritiva de que administração pública material está ligada única e exclusivamente ao exercício da
função administrativa.

Logo:

Administração Sentido Subjetivo, orgânico ou formal → Agentes, órgãos e entidades que atuam na função administrativa
Pública Sentido Objetivo, material ou funcional → Atividade e interesse Público, exercício da função administrativa

Os Princípios Constitucionais da Administração Pública


Para compreender os Princípios da Administração Pública é necessário entender a definição básica de princípios, que servem de base
para nortear e embasar todo o ordenamento jurídico e é tão bem exposto por Reale (1986, p. 60), ao afirmar que:
“Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, or-
denados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições,
que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de
conhecimentos, como seus pressupostos necessários.”
Assim, princípios são proposições que servem de base para toda estrutura de uma ciência, no Direito Administrativo não é diferente,
temos os princípios que servem de alicerce para este ramo do direito público. Os princípios podem ser expressos ou implícitos, vamos
nos deter aos expressos, que são os consagrados no art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil. Em relação aos princípios
constitucionais, Meirelles (2000, p.81) afirma que:
“Os princípios básicos da administração pública estão consubstancialmente em doze regras de observância permanente e obrigatória
para o bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalida-
de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros estão expressamente
previstos no art. 37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, ao da-
queles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de 29/01/1999.”
Destarte, os princípios constitucionais da administração pública, como tão bem exposto, vêm expressos no art. 37 da Constituição
Federal, e como já afirmado, retoma aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, ra-
zoabilidade, que serão tratados com mais ênfase a posteriori. Em consonância, Di Pietro conclui que a Constituição de 1988 inovou ao
trazer expresso em seu texto alguns princípios constitucionais. O caput do art. 37 afirma que a administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.

LEGALIDADE
O princípio da legalidade, que é uma das principais garantias de direitos individuais, remete ao fato de que a Administração Pública
só pode fazer aquilo que a lei permite, ou seja, só pode ser exercido em conformidade com o que é apontado na lei, esse princípio ganha
tanta relevância pelo fato de não proteger o cidadão de vários abusos emanados de agentes do poder público. Diante do exposto, Meirel-
les (2000, p. 82) defende que:
“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei
não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa “poder fazer assim”; para o
administrador público significa “deve fazer assim”.”

1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Deste modo, este princípio, além de passar muita segurança PUBLICIDADE
jurídica ao indivíduo, limita o poder do Estado, ocasionando assim, Para que os atos sejam conhecidos externamente, ou seja, na
uma organização da Administração Pública. Como já afirmado, an- sociedade, é necessário que eles sejam publicados e divulgados, e
teriormente, este princípio além de previsto no caput do art. 37, assim possam iniciar a ter seus efeitos, auferindo eficácia ao termo
vem devidamente expresso no rol de Direitos e Garantias Individu- exposto. Além disso, relaciona-se com o Direito da Informação, que
ais, no art. 5º, II, que afirma que “ninguém será obrigado a fazer ou está no rol de Direitos e Garantias Fundamentais. Di Pietro (1999,
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Em conclusão p.67) demonstra que:
ao exposto, Mello (1994, p.48) completa: “O inciso XIII estabelece que todos têm direito a receber dos
“Assim, o princípio da legalidade é o da completa submissão da órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de in-
Administração às leis. Este deve tão-somente obedecê-las, cumpri- teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agen- pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im-
tes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da Repú- prescindível à segurança da sociedade e do Estado.”
blica, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, Como demonstrado acima, é necessário que os atos e decisões to-
reverentes obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas mados sejam devidamente publicados para o conhecimento de todos,
o sigilo só é permitido em casos de segurança nacional. “A publicidade,
pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no
como princípio da administração pública, abrange toda atuação estatal,
direito Brasileiro.”
não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também,
No mais, fica claro que a legalidade é um dos requisitos neces-
de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes”
sários na Administração Pública, e como já dito, um princípio que (MEIRELLES, 2000, p.89). Busca-se deste modo, manter a transparên-
gera segurança jurídica aos cidadãos e limita o poder dos agentes cia, ou seja, deixar claro para a sociedade os comportamentos e as de-
da Administração Pública. cisões tomadas pelos agentes da Administração Pública.
MORALIDADE EFICIÊNCIA
Tendo por base a “boa administração”, este princípio relaciona- Este princípio zela pela “boa administração”, aquela que consi-
-se com as decisões legais tomadas pelo agente de administração ga atender aos anseios na sociedade, consiga de modo legal atingir
publica, acompanhado, também, pela honestidade. Corroborando resultados positivos e satisfatórios, como o próprio nome já faz re-
com o tema, Meirelles (2000, p. 84) afirma: ferência, ser eficiente. Meirelles (2000, p 90) complementa:
“É certo que a moralidade do ato administrativo juntamente “O Princípio da eficiência exige que a atividade administrati-
a sua legalidade e finalidade, além de sua adequação aos demais va seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É
princípios constituem pressupostos de validade sem os quais toda o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se
atividade pública será ilegítima”. contenta em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigindo
Assim fica claro, a importância da moralidade na Administra- resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimen-
ção Publica. Um agente administrativo ético que usa da moral e da to as necessidades da comunidade e de seus membros.”
honestidade, consegue realizar uma boa administração, consegue A eficiência é uma característica que faz com que o agente pú-
discernir a licitude e ilicitude de alguns atos, além do justo e injusto blico consiga atingir resultados positivos, garantindo à sociedade
de determinadas ações, podendo garantir um bom trabalho. uma real efetivação dos propósitos necessários, como por exemplo,
saúde, qualidade de vida, educação, etc.1
IMPESSOALIDADE Na Constituição de 1988 encontram-se mencionados explici-
Um princípio ainda um pouco conturbado na doutrina, mas, a tamente como princípios os seguintes: legalidade, impessoalidade,
maioria, dos doutrinadores, relaciona este princípio com a finalida- moralidade, publicidade e eficiência (este último acrescentado pela
de, ou seja, impõe ao administrador público que só pratique os atos Emenda 19198 - Reforma Administrativa). Alguns doutrinadores
em seu fim legal, Mello (1994, p.58) sustenta que esse princípio “se buscam extrair outros princípios do texto constitucional como um
todo, seriam os princípios implícitos. Outros princípios do direito
traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos os
administrativo decorrem classicamente de elaboração jurispruden-
administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas”.
cial e doutrinária.
Para a garantia deste principio, o texto constitucional completa
que para a entrada em cargo público é necessário a aprovação em Princípios da Administração Publica não previstos no Art. 37
concurso público. da Constituição Federal
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE Princípio da isonomia ou igualdade formal
É um princípio que é implícito da Constituição Federal brasilei- Aristóteles afirmava que a lei tinha que dar tratamento desi-
ra, mas que é explícito em algumas outras leis, como na paulista, gual às pessoas que são desiguais e igual aos iguais. A igualdade
e que vem ganhando muito força, como afirma Meirelles (2000). É não exclui a desigualdade de tratamento indispensável em face da
mais uma tentativa de limitação ao poder púbico, como afirma Di particularidade da situação.
Pietro (1999, p. 72): A lei só poderá estabelecer discriminações se o fator de descri-
“Trata-se de um princípio aplicado ao direito administrativo minação utilizado no caso concreto estiver relacionado com o ob-
como mais uma das tentativas de impor-se limitações à discriciona- jetivo da norma, pois caso contrário ofenderá o princípio da isono-
riedade administrativa, ampliando-se o âmbito de apreciações do mia. Ex: A idade máxima de 60 anos para o cargo de estivador está
ato administrativo pelo Poder Judiciário.” relacionado com o objetivo da norma.
Esse princípio é acoplado a outro que é o da proporcionalidade, A lei só pode tratar as pessoas de maneira diversa se a distin-
pois, como afirma Di Pietro (1999, p. 72), “a proporcionalidade de- ção entre elas justificar tal tratamento, senão seria inconstitucional.
ver ser medida não pelos critérios pessoais do administrador, mas Assim, trata diferentemente para alcançar uma igualdade real (ma-
segundo padrões comuns na sociedade em que vive”. terial, substancial) e não uma igualdade formal.
1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Rayssa
Cardoso Garcia, Jailton Macena de Araújo

2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípio da isonomia na Constituição:
• “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor idade e qualquer outras formas de discriminação” (art. 3º, IV da Constituição Federal).
• “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” (art. 5º da Constituição Federal).
• “São direitos dos trabalhadores: Proibição de diferença de salário, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil” (art. 7º, XXX da Constituição Federal).

Princípio da Motivação
A Administração está obrigada a motivar todos os atos que edita, pois quando atua representa interesses da coletividade. É preciso
dar motivação dos atos ao povo, pois ele é o titular da “res publica” (coisa pública).
O administrador deve motivar até mesmo os atos discricionários (aqueles que envolvem juízo de conveniência e oportunidade), pois
só com ela o cidadão terá condições de saber se o Estado esta agindo de acordo com a lei. Para Hely Lopes Meirelles, a motivação só é
obrigatória nos atos vinculados.
Há quem afirme que quando o ato não for praticado de forma escrita (Ex: Sinal, comando verbal) ou quando a lei especificar de tal
forma o motivo do ato que deixe induvidoso, inclusive quanto aos seus aspectos temporais e espaciais, o único fato que pode se caracte-
rizar como motivo do ato (Ex: aposentadoria compulsória) não será obrigatória a motivação. Assim, a motivação só será pressuposto de
validade do ato administrativo, quando obrigatória.
Motivação segundo o Estatuto do servidor público da União (Lei 8112/90):
Segundo o artigo 140 da Lei 8112/90, motivar tem duplo significado. Assim, o ato de imposição de penalidade sempre mencionará o
fundamento legal (dispositivos em que o administrador baseou sua decisão) e causa da sanção disciplinar (fatos que levarão o administra-
dor a aplicar o dispositivo legal para àquela situação concreta).
A lei, quando é editada é genérica, abstrata e impessoal, portanto é preciso que o administrador demonstre os fatos que o levaram
a aplicar aquele dispositivo legal para o caso concreto. Só através dos fatos que se pode apurar se houve razoabilidade (correspondência)
entre o que a lei abstratamente prevê e os fatos concretos levados ao administrador.

Falta de motivação:
A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade do ato, pois não há o que falar em ampla defesa e contraditório se não há mo-
tivação. Os atos inválidos por falta de motivação estarão sujeitos também a um controle pelo Poder Judiciário.

Motivação nas decisões proferidas pelo Poder Judiciário:


Se até mesmo no exercício de funções típicas pelo Judiciário, a Constituição exige fundamentação, a mesma conclusão e por muito
maior razão se aplica para a Administração quando da sua função atípica ou principal.

“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, po-
dendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar em determinados atos às próprias partes e seus advogados, ou somente a estes” (art.
93, IX da CF).
“As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros” (art. 93, X da CF).

Princípio da Autotutela
A Administração Pública tem possibilidade de revisar (rever) seus próprios atos, devendo anulá-los por razões de ilegalidade (quando
nulos) e podendo revogá-los por razões de conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou inconvenientes).
Anulação: Tanto a Administração como o Judiciário podem anular um ato administrativo. A anulação gera efeitos “ex tunc”, isto é,
retroage até o momento em que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então.
“A Administração pode declarar a nulidade dos seus próprios atos” (súmula 346 STF).
Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. Caso o Judiciário pudesse rever os atos por razões de conveniência ou oportuni-
dade estaria ofendendo a separação dos poderes. A revogação gera efeitos “ex nunc”, pois até o momento da revogação o ato era válido.

ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
FUNDAMENTO Por razões de ilegalidade Por razões de conveniência e oportunidade
COMPETÊNCIA Administração e Judiciário Administração
EFEITOS Gera efeitos “ex tunc” Gera efeitos “ex nunc”

Alegação de direito adquirido contra ato anulado e revogado:


Em relação a um ato anulado não se pode invocar direito adquirido, pois desde o início o ato não era legal. Já em relação a um ato
revogado pode se invocar direito adquirido, pois o ato era válido.
“A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direi-
tos, ou revogá-los, por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvados em todos os casos, a
apreciação judicial” (2a parte da sumula 473 do STF).

3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípio da Continuidade da Prestação do Serviço Público Pelo princípio do paralelismo das formas ou da simetria, os
A execução de um serviço público não pode vir a ser interrom- Estados-membros, Distrito Federal e Municípios também seguem
pida. Assim, a greve dos servidores públicos não pode implicar em essa orientação, organizando sua estrutura através de lei.
paralisação total da atividade, caso contrário será inconstitucional
(art. 37, VII da CF). A estruturação da Máquina Administrativa passou por sete pe-
ríodos, vindo de um modelo patrimonial percebida até década de
Não será descontinuidade do serviço público: 30, na sequencia veio a Era Vargas, onde vemos o modelo burocrá-
Serviço público interrompido por situação emergencial (art. 6º, tico e na segunda metade da década de 90, deu início a implemen-
§3º da lei 8987/95): Interrupção resultante de uma imprevisibilida- tação do modelo gerencial.
de. A situação emergencial deve ser motivada, pois resulta de ato
administrativo. Podemos dividir essa estruturação em sete etapas, quais se-
Se a situação emergencial decorrer de negligência do fornece- jam:
dor, o serviço público não poderá ser interrompido.
Serviço público interrompido, após aviso prévio, por razões de 1) 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas: Nessa primei-
ordem técnica ou de segurança das instalações (art. 6º, §3º, I da lei ra etapa, em decorrência do Estado patrimonial, da falta de qua-
8987/95). lificação técnica dos servidores, da crise econômica mundial e da
Serviço público interrompido, após aviso prévio, no caso de ina- difusão da teoria keynesiana, que pregava a intervenção do Estado
dimplência do usuário, considerado o interesse da coletividade (art. na Economia, o governo autoritário de Vargas resolve modernizar a
6º, §3º, II da lei 8987/95): Cabe ao fornecedor provar que avisou e máquina administrativa brasileira através dos paradigmas burocrá-
não ao usuário, por força do Código de Defesa do Consumidor. Se não ticos difundidos por Max Weber. O auge dessas mudanças ocorre
houver comunicação, o corte será ilegal e o usuário poderá invocar em 1936 com a criação do Departamento Administrativo do Serviço
todos os direitos do consumidor, pois o serviço público é uma relação Público (DASP), que tinha como atribuição modernizar a máquina
de consumo, já que não deixa de ser serviço só porque é público. administrativa utilizando como instrumentos a afirmação dos prin-
Há várias posições sobre esta hipótese: cípios do mérito, a centralização, a separação entre público e priva-
do, a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e universalidade das
- Há quem entenda que o serviço público pode ser interrom- regras e a especialização e qualificação dos servidores.
pido nesta hipótese pois, caso contrário, seria um convite aberto à
inadimplência e o serviço se tornaria inviável à concessionária, por- 2) 1956 a 1960 – A administração paralela de JK: A administra-
tanto autoriza-se o corte para preservar o interesse da coletividade ção paralela foi um artifício utilizado pelo governo JK para atingir o
(Posição das Procuradorias). seu Plano de Metas e seguir seu projeto desenvolvimentista. Surgiu
O fornecedor do serviço tem que provar que avisou por força com a criação de estruturas alheias à Administração Direta.
do Código de Defesa do Consumidor, já que serviço público é uma 3) 1967 – A reforma militar: Durante a ditadura militar, a ad-
relação de consumo. Se não houver comunicação o corte será ilegal. ministração pública passa por novas transformações, tais como: A
ampliação da função econômica do Estado com a criação de várias
- Há quem entenda que o corte não pode ocorrer em razão da empresas estatais, a facilidade de implantação de políticas – em de-
continuidade do serviço. O art. 22 do CDC dispõe que “os órgãos pú- corrência da natureza autoritária do regime, e o aprofundamento
blicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias, da divisão da administração pública, mais especificamente através
ou sob qualquer outra forma de empreendimento são obrigados a do Decreto-Lei 200/67, que distinguiu claramente a Administração
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e quanto aos es- Direta (exercida por órgãos diretamente subordinados aos minis-
senciais contínuos”. “Nos casos de descumprimento, total ou par- térios) da indireta (formada por autarquias, fundações, empresas
cial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas públicas e sociedades de economia mista). Essa reforma trouxe
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma modernização, padronização e normatização nas áreas de pessoal,
prevista neste Código” (art. 22, parágrafo único do CDC). compras e execução orçamentária, estabelecendo ainda, cinco prin-
cípios estruturais da administração pública: planejamento, coorde-
Princípio da Razoabilidade nação, descentralização, delegação de competências e controle.
O Poder Público está obrigado, a cada ato que edita, a mostrar
a pertinência (correspondência) em relação à previsão abstrata em 4) 1988 – A administração pública na nova Constituição: A
lei e os fatos em concreto que foram trazidos à sua apreciação. Este nova Constituição da República Federativa do Brasil voltou a fortale-
princípio tem relação com o princípio da motivação. cer a Administração Direta instituindo regras iguais as que deveriam
Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato não ser seguidas pela administração pública indireta, principalmente
será proporcional. Ex: Servidor chegou atrasado no serviço. Embora em relação à obrigatoriedade de concursos públicos para investidu-
nunca tenha faltado, o administrador, por não gostar dele, o demi- ra na carreira e aos procedimentos de compras públicas.
tiu. Há previsão legal para a demissão, mas falta correspondência
para com a única falta apresentada ao administrador. 5) 1990 – O governo Collor e o desmonte da máquina públi-
ca : Essa etapa da administração pública brasileira é marcada pelo
Organização da Administração Pública retrocesso da máquina administrativa, o governo promoveu a ex-
Enquanto a organização do Estado, como sua divisão terri- tinção de milhares de cargos de confiança, a reestruturação e a ex-
torial, poderes etc., é matéria constitucional, cabendo ao Direito tinção de vários órgãos, a demissão de outras dezenas de milhares
Constitucional discipliná-la, a criação, estruturação, organização da de servidores sem estabilidade e tantos outros foram colocados em
Administração Pública são temas de natureza administrativa. Ob- disponibilidade. Segundo estimativas, foram retirados do serviço
jeto de normatização do Direito Administrativo. Desse modo, cabe público, num curto período e sem qualquer planejamento, cerca de
essencialmente à lei essas tarefas, bem como criar ou autorizar a 100 mil servidores.
criação de autarquias, fundações, sociedades de economia mista
ou empresas públicas.

4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6) 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC: A reforma admi- à maioria das organizações formais modernas, que ele contrastou
nistrativa foi o ícone do governo Fernando Henrique Cardoso em com as sociedades primitivas e feudais. As organizações burocrá-
relação à administração pública brasileira. A reforma gerencial teve ticas seriam máquinas totalmente impessoais, que funcionam de
como instrumento básico o Plano Diretor da Reforma do Aparelho acordo com regras que ele chamou de racionais – regras que de-
do Estado (PDRAE), que visava à reestruturação do aparelho do Es- pendem de lógica e não de interesses pessoais.
tado para combater, principalmente, a cultura burocrática. Weber estudou e procurou descrever o alicerce formal-legal
em que as organizações reais se assentam. Sua atenção estava di-
7) Nova Administração Pública: O movimento “reinventando rigida para o processo de autoridade obediência (ou processo de
o governo” difundido nos EUA e a reforma administrativa de 95, dominação) que, no caso das organizações modernas, depende de
introduziram no Brasil a cultura do management, trazendo técnicas leis. No modelo de Weber, as expressões “organização formal” e
do setor privado para o setor público e tendo como características “organização burocrática” são sinônimas.
básicas: “Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a probabilida-
● O foco no cliente de de haver obediência dentro de um grupo determinado. Há três
● A reengenharia tipos puros de autoridade ou dominação legítima (aquela que conta
● Governo empreendedor com o acordo dos dominados):
● Administração da qualidade total
- Dominação de caráter carismático
Assim, partindo-se de uma perspectiva histórica, verifica-se que Repousa na crença da santidade ou heroísmo de uma pessoa.
a administração pública evoluiu através de três modelos básicos, A obediência é devida ao líder pela confiança pessoal em sua re-
que representam três reformas administrativas que se destacam, velação, heroísmo ou exemplaridade, dentro do círculo em que se
quais sejam, a administração pública patrimonialista, a burocrática acredita em seu carisma.
e a gerencial. Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no A atitude dos seguidores em relação ao dominador carismático
entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abandonada. é marcada pela devoção. Exemplos são líderes religiosos, sociais ou
políticos, condutores de multidões de adeptos. O carisma está asso-
ciado a um tipo de influência que depende de qualidades pessoais.
Administração Pública Patrimonialista
Na sociedade anterior ao capitalismo, o Estado aparecia como
- Dominação de caráter tradicional
um ente “privatizado”, no sentido de que não havia uma distinção
Deriva da crença quotidiana na santidade das tradições que vi-
clara, por parte dos governantes, entre o patrimônio público e o
goram desde tempos distantes e na legitimidade daqueles que são
seu próprio patrimônio privado, não definia-se limites entre a res
indicados por essa tradição para exercer a autoridade.
publica e a res principis, ou seja, a “coisa pública” se confundia com
A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indicado pela tra-
o patrimônio particular dos governantes, pois não havia uma fron-
dição. A obediência dentro da família, dos feudos e das tribos é do
teira muito bem definida entre ambas. tipo tradicional. Nos sistemas em que vigora a dominação tradicio-
A corrupção e o nepotismo eram extremamente característicos nal, as pessoas têm autoridade não por causa de suas qualidades
nesse tipo de administração, tendo como foco atender o interesse intrínsecas, como acontece no caso carismático, mas por causa das
particular dos soberanos e de seus auxiliares, ao invés de priorizar instituições tradicionais que representam. É o caso dos sacerdotes
as necessidades coletivas. e das lideranças, no âmbito das instituições, como os partidos polí-
Quando surge o capitalismo e a democracia, o cenário acima ticos e as corporações militares.
perde espaço, passando a existir uma distinção entre Estado e par-
ticular, não havendo mais espaço para a administração patrimonia- - Dominação de caráter racional
lista, ou seja, não cabe mais uma administração que privilegiava uns Decorre da legalidade de normas instituídas racionalmente e
poucos em detrimento de muitos. dos direitos de mando das pessoas a quem essas normas respon-
sabilizam pelo exercício da autoridade. A autoridade, portanto, é a
Administração Pública Burocrática contrapartida da responsabilidade.
Surge como forma de combater a corrupção e o nepotismo pa- No caso da autoridade legal, a obediência é devida às normas
trimonialista. impessoais e objetivas, legalmente instituídas, e às pessoas por elas
Como princípios de sua proposta temos a profissionalização, a designadas, que agem dentro de uma jurisdição. A autoridade racio-
ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o forma- nal fundamenta-se em leis que estabelecem direitos e deveres para
lismo, em síntese, o poder racional legal. os integrantes de uma sociedade ou organização. Por isso, a autorida-
A forma de controle é sempre a priori, ou seja, controle dos de que Weber chamou de racional é sinônimo de autoridade formal.
procedimentos, das rotinas que devem nortear a realização das ta-
refas, porem, como a historia anterior gerava desconfiança prévia Uma sociedade, organização ou grupo que depende de leis ra-
nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem cionais tem estrutura do tipo legal-racional ou burocrática. É uma
suas diversas demandas sociais, esses controles rígidos de proces- burocracia.
sos como, por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no A autoridade legal-racional ou autoridade burocrática substi-
atendimento aos cidadãos, passa a ser o foco principal, descaracte- tuiu as fórmulas tradicionais e carismáticas nas quais se baseavam
rizando a missão básica do modelo, que é servir à sociedade. as antigas sociedades. A administração burocrática é a forma mais
A principal qualidade da administração pública burocrática é racional de exercer a dominação. A burocracia, ou organização bu-
o controle dos abusos contra o patrimônio público; o principal de- rocrática, possibilita o exercício da autoridade e a obtenção da obe-
feito, a ineficiência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos diência com precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiança.
cidadãos vistos como “clientes”. Portanto, todas as organizações formais são burocracias. A
Vale aqui destacar alguns comentários adicionais sobre o ter- palavra burocracia identifica precisamente as organizações que se
mo “Burocracia”, trazidos por Max Weber, que na década de 20, baseiam em regulamentos. A sociedade organizacional é, também,
publicou estudos sobre o que ele chamou o tipo ideal de burocra- uma sociedade burocratizada. A burocracia é um estágio na evolu-
cia, ou seja, um esquema que procura sintetizar os pontos comuns ção das organizações.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
De acordo com Weber, as organizações formais modernas ba- • A admissão segundo rígidos critérios de mérito (concurso pú-
seiam-se em leis, que as pessoas aceitam por acreditarem que são blico);
racionais, isto é, definidas em função do interesse das próprias pes- • A existência de um sistema estruturado e universal de remu-
soas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de um dirigente. neração (planos de carreira);
O tipo ideal de burocracia, formulado por Weber, apresenta • A avaliação constante de desempenho (dos funcionários e de
três características principais que diferenciam estas organizações suas equipes de trabalho);
formais dos demais grupos sociais: • O treinamento e a capacitação contínua do corpo funcional.
• Formalidade: significa que as organizações são constituídas A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa
com base em normas e regulamentos explícitos, chamadas leis, que de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados. A ri-
estipulam os direitos e deveres dos participantes. gorosa profissionalização da administração pública continua sendo
• Impessoalidade: as relações entre as pessoas que integram um princípio fundamental.
as organizações burocráticas são governadas pelos cargos que elas
ocupam e pelos direitos e deveres investidos nesses cargos. Assim, Na administração pública gerencial a estratégia volta-se para:
o que conta é o cargo e não a pessoa. A formalidade e a impesso- 1. A definição precisa dos objetivos que o administrador públi-
alidade, combinadas, fazem a burocracia permanecer, a despeito co deverá atingir sua unidade;
das pessoas. 2. A garantia de autonomia do administrador na gestão dos re-
• Profissionalismo: os cargos de uma burocracia oferecem a cursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à
seus ocupantes uma carreira profissional e meios de vida. A partici- disposição para que possa atingir os objetivos contratados;
pação nas burocracias tem caráter ocupacional. 3. O controle ou cobrança posterior dos resultados.
Apesar das vantagens inerentes nessa forma de organização, as Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no in-
burocracias podem muitas vezes apresentar também uma série de terior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
disfunções, conforme a seguir: concorrência entre unidades internas.
• Particularismo – Defender dentro da organização interesses No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redu-
de grupos internos, por motivos de convicção, amizade ou interesse ção dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se
material. que a administração pública deve ser permeável à maior participação
• Satisfação de Interesses Pessoais – Defender interesses pes- dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslo-
soais dentro da organização. car a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).
• Excesso de Regras – Multiplicidade de regras e exigências A administração pública gerencial inspira-se na administra-
para a obtenção de determinado serviço. ção de empresas, mas não pode ser confundida com esta última.
• Hierarquia e individualismo – A hierarquia divide responsa- Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro
bilidades e atravanca o processo decisório. Realça vaidades e esti- privado, para a maximização dos interesses dos acionistas, esperan-
mula disputas pelo poder. do-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a
• Mecanicismo – Burocracias são sistemas de cargos limitados, administração pública gerencial está explícita e diretamente volta-
que colocam pessoas em situações alienantes. da para o interesse público.
Portanto, as burocracias apresentam dois grandes “problemas” Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo,
ou dificuldades: em primeiro lugar, certas disfunções, que as des- impessoalidade), a administração pública gerencial não se diferencia
caracterizam e as desviam de seus objetivos; em segundo lugar, da administração pública burocrática. Na burocracia pública clássica
ainda que as burocracias não apresentassem distorções, sua estru- existe uma noção muito clara e forte do interesse público. A diferen-
tura rígida é adequada a certo tipo de ambiente externo, no qual ça, porém, está no entendimento do significado do interesse público,
não há grandes mudanças. A estrutura burocrática é, por natureza, que não pode ser confundido com o interesse do próprio Estado. Para
conservadora, avessa a inovações; o principal é a estabilidade da a administração pública burocrática, o interesse público é frequente-
organização. mente identificado com a afirmação do poder do Estado.
Mas, como vimos, as mudanças no ambiente externo determi- A administração pública gerencial vê o cidadão como contri-
nam a necessidade de mudanças internas, e nesse ponto o paradig- buinte de impostos e como uma espécie de “cliente” dos seus ser-
ma burocrático torna-se superado. viços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não
porque os processos administrativos estão sob controle estão segu-
Administração Pública GERENCIAL ros, como quer a administração pública burocrática, mas porque as
Surge na segunda metade do século XX, como resposta à ex- necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
pansão das funções econômicas e sociais do Estado e ao desenvol- O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos
vimento tecnológico e à globalização da economia mundial, uma princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige for-
vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à ado- mas flexíveis de gestão, de estruturas, descentralização de funções,
ção do modelo anterior. incentivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do formalismo e
Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos e aumentar do rigor técnico da burocracia tradicional. À avaliação sistemática,
a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário, resul- à recompensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que
tando numa maior eficiência da administração pública. A reforma do já eram características da boa administração burocrática, acrescen-
aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente pelos tam-se os princípios da orientação para o cidadão-cliente, do con-
valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos trole por resultados, e da competição administrada.
e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações.
A administração pública gerencial constitui um avanço, e até A NOVA GESTÃO PÚBLICA.
certo ponto um rompimento com a administração pública burocrá- Nas últimas décadas, a administração pública brasileira passou
tica. Isso não significa, entretanto, que negue todos os seus princí- por grandes transformações, sobretudo como parte do trânsito
pios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada para a democracia. Desenvolveram-se novas práticas e expectativas
na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos de modernização, mas muitas de suas características tradicionais
seus princípios fundamentais, como: não foram removidas.

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Revista de Administração Pública (RAP) surgiu numa época recursos para garantir sua sobrevivência. Inserem-se em órgãos ad-
em que a administração pública possuía forte presença na socie- ministrativos por meios formais — ocupação de cargos de direção
dade, não só por causa das funções de controle não-democrático, —, mas também informalmente, por meio de redes de apoio e de
mas também porque se procurava o desenvolvimento com base interação ligadas por laços de lealdade. Procuram o acesso a recur-
em projetos públicos de grande escala. Pensava-se que a própria sos públicos para reforçar a lealdade política de base e preservar a
expansão do Estado fosse suficiente para garantir mais e melhores liderança sobre determinados setores da comunidade. Esses recur-
serviços, bem como maior acesso comunitário e equidade nas de- sos são utilizados para satisfazer não somente interesses políticos
cisões distributivas. Nesse sentido, nos primeiros 20 anos da RAP, a de poder como também interesses sociais e particulares. Tais gru-
administração pública teve crescimento considerável. pos dominam máquinas partidárias para evitar que alternativas de
No entanto, a experiência histórica revelou que simplesmen- política pública, contrárias aos seus interesses, sejam consideradas
te expandir as atividades do Estado e as funções serviu menos ao no processo decisório governamental. Controlam estruturas buro-
propósito de alcançar maior equidade e eficácia na administração cráticas de governo para garantir, durante longos períodos, o uso
pública do que ao desenvolvimento de formas de inserção de novos preferencial de grandes fatias do orçamento público.
grupos preferenciais. O uso de recursos públicos é o mecanismo básico de preser-
Nessa época descrevia-se a administração pública brasileira vação do poder: são utilizados menos para atender a demandas e
pelos seus aspectos mais patrimonialistas e paternalistas. Viam-se necessidades reais da comunidade e mais para a troca de favores e
as suas relações com a sociedade como extremamente frágeis. Na os interesses particulares do grupo. Como a lealdade aos membros
verdade, a administração pública desenvolveu-se como um dos do grupo é maior do que à instituição pública, tais grupos são capa-
grandes instrumentos para a manutenção do poder tradicional, e zes de manter a coalizão a qualquer custo, inclusive às expensas do
carregava fortes características desse poder. A forma de organiza- aumento dos gastos governamentais.
ção e gestão obedecia menos a critérios técnicos racionais e de- Normalmente, esses grupos preferem dominar as áreas sociais
mocráticos para a prestação de serviços e mais a sistemas de lotea- por serem mais diretamente ligadas às maiores demandas da po-
mento político, para manter coalizões de poder e atender a grupos pulação. Setores sociais são privilegiados para o exercício do assis-
preferenciais. tencialismo paternalista; propiciam ao líder do grupo o exercício da
Em grande parte, a expansão do Estado se fez sem alterar subs- “bondade” por meio da concessão de benefícios e favores com o
tancialmente suas relações com a sociedade. Por ter ainda alicerces dinheiro público. Assim, os líderes políticos e dirigentes públicos
frágeis na sociedade, o Estado brasileiro, como organização, consis- podem favorecer segmentos da população sob sua influência, fa-
te ainda em uma superestrutura que flutua sobre os cidadãos. zendo-os crer que o benefício concedido é uma concessão pessoal
A formalidade institucional possui limites para explicar a evo- do líder, e não um direito individual ou um valor de cidadania. O
lução da administração pública brasileira. Fatores de informalidade resultado final é o reforço do poder e da liderança tradicionais.
prevalecem e determinam muito do que se decide e se executa na Vale ressaltar que esses grupos que se inserem e dominam se-
administração brasileira, compreendendo seus três níveis de gover- tores da administração pública não são pequenos grupos de apro-
no: federal, estadual e municipal. Por estarem inseridos na cultura veitadores ou perturbadores marginais da ordem administrativa;
sociopolítica do país, esses fatores não são facilmente removíveis são grupos organizados e institucionalizados dentro do sistema
ou contornados por meio de reformas administrativas de lógica ra- político. Transformam o Estado num campo minado de lutas po-
cional burocrática. líticas, mas mantidas nos limites das estruturas formais para não
Fatores de informalidade continuam a chamar a atenção dos ferir a estabilidade e legitimidade do sistema. Por esse motivo, as
estudiosos e analistas da gestão pública, além de ser retratados co- discórdias são bem toleradas e, de preferência, confinadas à arena
tidianamente na mídia como práticas comuns de gestão. São exem- política predeterminada, que é o Estado.
plos marcantes o personalismo paternalista e a presença de grupos Visto segundo uma lógica da gestão moderna, o sistema admi-
preferenciais que se organizam por fora das instituições, mas que nistrativo pode parecer altamente irracional, mas para os grupos
procuram manter fortes relações com o Estado. Esses fatores dis- preferenciais que dele se servem representa um sistema lógico e
tanciam os cidadãos da gestão pública, desenvolvendo a síndrome altamente racional. Baseia-se em valores e práticas tradicionais: as-
nós-eles. senta grande parte do poder político no distanciamento autoritário,
No entanto, o personalismo elitista concorre para enfraquecer no paternalismo e no exercício da bondade.
substancialmente as instituições. Estas existem em função das pes- E esses grupos não criam rupturas nas dimensões formais da
soas que as dirigem, e a mudança da pessoa no topo muda profun- administração pública. Procuram seguir os passos formais, mas re-
damente políticas e compromissos institucionais. pletos de acomodação, concessões e opções de natureza paterna-
Na administração pública, dirigentes, normalmente prepostos lista. Por terem lealdade quase nula à instituição pública, circulam
de líderes políticos, tendem a inserir suas opções pessoais como facilmente entre as repartições, procurando obter melhores benefí-
fator diferenciador. Desprezam, assim, não só o racionalmente ins- cios, indiferentes aos danos que causam, tanto ao interesse quanto
tituído como também opções e conquistas de seus antecessores. A ao orçamento público.
descontinuidade é justificada como necessária à inovação. Na ver- Os cidadãos passam a ser receptores passivos da bondade. Ao
dade, resulta mais em garantir acesso a novos grupos de poder e receber benefícios, veem seus líderes e dirigentes como os mais
ressaltar a liderança de uma pessoa e menos em modernizar a ges- bondosos e por isso merecedores de reconhecimento e apoio po-
tão. Compromissos formais institucionalmente estabelecidos ne- lítico.
cessitam ser renegociados a cada novo dirigente. Na verdade, não
há contratos com instituições, mas com pessoas. O personalismo A era pós-Constituição: a redemocratização e as novas con-
fragiliza as instituições públicas, deixando-as altamente vulneráveis quistas constitucionais
e dependentes da pessoa de um único dirigente. Com a redemocratização, a inspiração neoliberal e as refe-
A administração pública era em grande parte dominada por rências das inovações oriundas de países mais avançados, os mo-
grupos preferenciais que visavam garantir seus interesses e a pro- vimentos de reforma procuravam centrar-se nas especificidades
teção mútua de seus membros. Apesar da modernização, muitos das diversas organizações públicas, à semelhança das mudanças na
desses grupos ainda se aglutinam no aparato estatal em busca de área privada. A perspectiva básica era a eficiência e capacidade de

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
resposta da administração pública e melhora da gerência pública. questão de modernização gerencial. Antes de planejar suas ações
Passou-se a questionar o tradicionalismo da administração pública, ou oferta de serviços, as organizações públicas devem conhecer as
mas incorporando os fundamentos democráticos implantados na demandas de sua clientela. A organização pública existe para servir
nova Constituição, como a subordinação da administração pública a o indivíduo: deve centralizar suas ações na demanda do cliente e
mandatos políticos conquistados em eleições democráticas. na sua escolha. Como no mercado, cliente é categoria primordial, e
Em períodos não-democráticos, as tentativas de aparência tec- deve ser considerado em todas as instâncias.
nocrática ofuscaram muitos dos problemas de embates políticos, Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos valores dos
não porque deixassem de existir, mas porque havia sempre um lado países mais avançados, onde o individualismo fundamentado na
repressor. igualdade das oportunidades constitui uma prática social comum.
Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a delinear a Por isso esses modelos centram-se mais no indivíduo (clientes e
ideia de que os governos não poderiam sozinhos conduzir ao pro- funcionários) e menos no contexto. A ideologia liberal centrada no
gresso. O desenvolvimento passou a ser visto como algo complexo indivíduo valoriza a iniciativa, o espírito empreendedor e o desem-
e gigantesco, e as máquinas administrativas tradicionais não como penho e realização individuais. As pessoas se singularizam perante
fator de modernização, mas obstáculos ao progresso. Surgiram mo- os outros pelo seu desempenho e merecem ser tratadas diferente-
vimentos significativos, em muitos países e apoiados por entidades mente pelas desigualdades conquistadas. Assim, métodos de ava-
internacionais, para proclamar a descrença nas possibilidades da liação de desempenho individual e organizacional passaram a ser
administração pública de conduzir o desenvolvimento. propostos com maior vigor.
Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a administração pú- Tais ideias de reforma não progrediram com a ênfase desejada
blica tornaram-se pontos importantes de uma nova agenda políti- porque esbarraram em fatores históricos tradicionais ainda prevale-
ca. Ao contrário das experiências anteriores, essa modernização se centes e que não se coadunam com práticas neoliberais.
inspirou fortemente nos modelos de gestão privada, considerados Ainda prevalece e se reforça a visão de ser a administração pú-
superiores e mais eficazes. blica responsável por reduzir a desigualdade social tanto por me-
Assim, as principais mudanças seriam transferir funções esta- didas desenvolvimentistas quanto por programas sociais compen-
tais para a área privada e as restantes seriam administradas com satórios.
formas o mais próximo possível das praticadas nas empresas pri- Na prática neoliberal de países mais avançados, a gestão pú-
vadas. blica deve agir no sentido de manter a igualdade perante a lei e de
Tendo a representação democrática como premissa, tentou-se garantir oportunidades iguais, salvo nos casos em que as chances
valorizar as técnicas administrativas e a competência neutra dos não são claramente iguais. Programas sociais se justificam mais fa-
servidores, presumindo sempre a sua ação por delegação política e cilmente pela desigualdade de oportunidades do que pela compen-
não por autonomia própria. A administração eficiente seria conse- sação de diferenças de desempenho.
quência natural de instrumentos gerenciais, como estruturas e có-
digos de procedimentos adequados e boas regras orçamentárias e A permanência de fortes relações com grupos preferenciais faz
gestão de pessoal. Pela falta de eficiência, culpavam-se a inadequa- a administração brasileira ser retratada ainda como de grande base
ção das estruturas e dos procedimentos e a inabilidade dos próprios patrimonialista. As relações patrimoniais contradizem não somen-
servidores. Ajustes administrativos seriam feitos de acordo com te as possibilidades de uma administração modernizada no sentido
novos propósitos políticos, adquiridos em eleições, ou com novas mais amplo do interesse público como também as práticas liberais
tecnologias administrativas. As reformas preservavam as estruturas tão proclamadas como a opção política dos últimos anos.
organizacionais, favoreciam a rigidez dos códigos administrativos, e Como a administração pública e a cultura tradicional são ainda
algumas propostas mais audaciosas propunham maior descentrali- bastante interligadas, apesar dos progressos na modernização ins-
zação e autonomia organizacional. Entretanto, não se questionava titucional, os relatos cotidianos na mídia ainda demonstram forte
fundamentalmente a administração pública, senão sua ineficiência ligação da coisa pública com interesses privados de grupos prefe-
ou iniquidade. renciais.
Em grande parte, essas reformas colocavam em causa a própria O mundo das relações informais é fundamentalmente baseado
viabilidade da administração pública como condutora de eficiência no aspecto político tradicional, mas se ampliou pelo reforço de as-
ou de eficácia na gestão de serviços e na ação redistributiva. Os no- pectos psicológicos culturais, como a maior descrença dos cidadãos
vos modelos procuram transformar e introduzir na gestão pública o na representação política e, em decorrência, nos órgãos da admi-
estilo privado. Além de ampliarem a importação de técnicas típicas nistração pública. Com a crença reduzida nas instituições e na for-
da área privada, propõem sempre com grande ênfase eliminação, malidade burocrática, buscam-se o informal e novas instituições da
privatização e terceirização de serviços. sociedade, como associações de usuários, cidadãos e ONGs, para
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as ideias sobre proteger interesses e direitos. Essas organizações e associações
reformar a administração, com premissas de radicalismo e promes- comunitárias diversas procuram contornar as instituições públicas
sas de eficiência imediata, são sempre atraentes, dadas as dificul- existentes tentando assumir tarefas antes vistas como exclusivas do
dades que os cidadãos enfrentam em tratar de seus interesses em Estado e mesmo influenciar a gestão de órgãos públicos e a repre-
qualquer organização pública. Ao entrar em contato com uma re- sentatividade política.
partição pública, a maioria dos cidadãos experimenta uma história Favorecidas pela consciência popular sobre a ineficácia da ad-
de relativo descaso e má qualidade no atendimento, sobretudo na ministração pública em relação à equidade política, econômica e
área social. Para essas pessoas, a ineficiência no serviço é um sinto- social, essas novas associações e organizações agregam um espírito
ma de iniquidade social, já que os mais afortunados normalmente de proteção de interesses da maioria para contrapor-se à crença
dispõem de outros meios. de que as instituições formais defendem e protegem interesses de
Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâneas as- uns poucos.
sumem a singularidade do cliente e suas demandas como funda- Na verdade, essas novas instâncias também agem no sentido
mentais na gestão pública. Por presumirem a validade universal do de penetrar nas organizações públicas para defender interesses de
management e, portanto, sua aplicabilidade igualmente às orga- suas clientelas, por serem esses interesses julgados legítimos, mas
nizações públicas e privadas, veem a reforma como uma simples desprezados pelas elites administrativas. Praticam também a infor-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
malidade nas relações pessoais para atingir seus objetivos. Mesmo A modernização efetiva do Estado somente poderá advir de
se aceitando uma contraposição legítima de fazer prevalecerem formas que alterem o sistema de poder e o aglomerado político que
direitos não-reconhecidos, a prática da informalidade excessiva, o constitui; em outras palavras, reformas que redistribuam os recur-
inclusive nesses casos, concorre para enfraquecer as instituições sos de poder e alterem os canais de comunicação entre o público e
democráticas de representação política e de ação administrativa. sua administração.
Assim, a administração pública brasileira ainda carrega tradi- Em países em desenvolvimento, com experiências similares à
ções seculares de características semifeudais e age como um ins- brasileira, tem se verificado que as forças políticas emergentes não
trumento de manutenção do poder tradicional. Apesar do progres- chegam ao poder por retração voluntária dos grupos preferenciais.
so em muitas instâncias de governo, as formas de ação obedecem Novos espaços, regras e estruturas políticas que repartam e unam
menos a razões técnico-racionais e mais a critérios de loteamento novos recursos de poder são necessários para garantir a represen-
político, para manter coalizões de poder e para atender a objetivos tação de novos grupos sociais.
de grupos preferenciais. Essa modernização da administração publica nos leva à analise
No Brasil contemporâneo, a democratização e os novos proces- da nova gestão pública, que passa pela reforma do Estado, que se
sos eleitorais e os dispositivos constitucionais ajudam a levantar ou tornou tema central nos anos 90 em todo o mundo, é uma respos-
reacender expectativas sobre mais e melhores serviços, o que, aos ta ao processo de globalização em curso, que reduziu a autonomia
poucos, provoca rupturas nas estruturas políticas tradicionais e o dos Estados de formular e implementar políticas e principalmente à
surgimento de novas formas de gestão. crise do Estado, que começa a se delinear em quase todo o mundo
No entanto, a crescente descrença nos mecanismos políticos nos anos 70, mas que só assume plena definição nos anos 80. No
tradicionais de representação e nas instituições especializadas, Brasil, a reforma do Estado começou nesse momento, em meio a
como os partidos políticos, para apresentar novas alternativas de uma grande crise econômica, que chega ao auge em 1990 com um
ação pública tem dificultado esse progresso. Pode ser mais lenta episódio hiperinflacionário. A partir de então ela se torna imperio-
a reversão da idéia de que os governos agem, prioritariamente, sa. O ajuste fiscal, a privatização e a abertura comercial, que vinham
para beneficiar grupos preferenciais e ajudar a manter a coalizão sendo ensaiados nos anos anteriores são então atacados de frente
de poder. Mas já é notável o reconhecimento da quebra de algumas (MARE, 1997).
barreiras burocráticas tanto para a obtenção de serviços rotineiros No entanto, a reforma administrativa, só se efetivou como tema
quanto para o recebimento de atenção social, como saúde e edu- central no Brasil em 1995, após a eleição e a posse de Fernando
cação. Henrique Cardoso. Nesse ano ficou claro para a sociedade brasileira
Ultimamente parece se ter reforçado a ilusão tradicional de que essa reforma tornara-se condição, de um lado, da consolidação
que uma nova qualidade da decisão ou uma nova legitimidade da do ajuste fiscal do Estado brasileiro e, de outro, da existência no
política pública seriam suficientes para produzir maior eficiência na país de um serviço público moderno, profissional e eficiente, volta-
administração pública. Dessa forma, não seria necessário pensar do para o atendimento das necessidades dos cidadãos.
em grandes reformas administrativas porque a nova direção faria Outra consideração foi na área da desregulamentação, quando
naturalmente a máquina administrativa responder com maior pro- a proposta era a de reduzir as regras e intervenção do Estado aos
dutividade e qualidade. Presume-se, assim, que dificuldades admi- aspectos onde ela é absolutamente necessária. Na reforma admi-
nistrativas anteriores são simples produto de falta de legitimidade e nistrativa, toda uma série de medidas contribuíram para diminuir
de apoio político mais amplo. Resolvidas essas questões por vitórias o chamado “entulho burocrático” - disposições normativas exces-
eleitorais, o resto seria decorrência natural. sivamente detalhadas, que só contribuem para o engessamento da
Portanto, muitos novos dirigentes chegam às posições de di- máquina e muitas vezes à sua intransparência (BERETTA, 2007).
reção político-administrativas para se frustrar rapidamente com a A maior contribuição da reforma administrativa está voltada à
máquina burocrática: redescobrem que formas tradicionais de agir governança, entendida como o aumento da capacidade de governo,
e de se comportar, cultivadas secularmente, não mudam por sim- através da adoção dos princípios da administração gerencial:
ples reposição da liderança administrativa. Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário de seus
Não resta dúvida de que houve no país uma ampliação da legi- serviços; ênfase no controle de resultados através dos contratos de
timação política: novos programas sociais rompem laços de grupos gestão; fortalecimento e autonomia da burocracia no core das ativi-
preferenciais tradicionais que dominavam paternalisticamente a re- dades típicas de Estado, em seu papel político e técnico de partici-
distribuição de benefícios. Novos canais de distribuição de recursos par, junto com os políticos e a sociedade, da formulação e gestão de
sociais retiram de grupos locais tradicionais o seu poder de prove- políticas públicas; separação entre as secretarias formuladoras de
dor único ou canal privilegiado de acesso ao poder. Reconhecem-se políticas e as unidades executoras dessas políticas, e contratualiza-
nas comunidades novas lideranças e formas de obter benefícios. ção da relação entre elas, baseada no desempenho de resultados;
Destrói-se grande parte dos sistemas locais de acesso ao poder bu- adoção cumulativa de três formas de controle sobre as unidades
rocrático repondo-os com novas lideranças. Pode-se arguir ser ape- executoras de políticas públicas: controle social direto (através da
nas uma troca de liderança, apenas a mudança de uma pessoa no transparência das informações, e da participação em conselhos);
poder, mantendo-se porém o mesmo caráter paternalista. De fato, controle hierárquico gerencial sobre resultados (através do contra-
parte das condições e formas tradicionais de distribuição, troca e to de gestão); controle pela competição administrada, via formação
lealdade se mantém. No entanto, vale notar a troca de liderança de quase-mercados (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 42).
feita fora dos grupos tradicionais de poder. Há novas dimensões de Dessa forma, a reforma administrativa distingue-se das pro-
lealdade fora do caciquismo tradicional. Há mais dificuldades de postas de total ‘insulamento burocrático’, aproximando-se mais do
acesso e domínio dos cargos públicos locais e mais pluralidade nas conceito de ‘autonomia inserida’ de Peter Evans (1995, apud BE-
pelejas políticas. RETTA, 2007).
Ademais, a nova lealdade aos provedores da ação distributi-
va se transfere para líderes maiores não presentes na localidade Da Administração Burocrática à Gerencial
e, portanto, não mais facilmente destrutíveis por novos ou antigos A administração burocrática clássica, baseada nos princípios de
caciques locais. Somente novos líderes nacionais ou regionais, de administração do exército prussiano, foi implantada nos principais
igual credibilidade, poderiam, em princípio, repor essas lideranças. países europeus no final do século passado e no Brasil, em 1936,

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
com a reforma administrativa promovida por Maurício Nabuco e O fato é que a reforma administrativa em curso não é suficien-
Luís Simões Lopes. É a burocracia que Max Weber descreveu, base- te para superar as responsabilidades existentes no país. Não pode,
ada no princípio do mérito profissional (MARE, 1997). nem pretende de imediato, alterar significativamente a composição
No texto do MARE (1997), ainda se considera que, embora te- do gasto público, ou a lógica orçamentária.
nham sido valorizados instrumentos importantes à época, tais como Mas pode contribuir pelo menos quanto a um dos lados perver-
o instituto do concurso público e do treinamento sistemático, não se sos das políticas sociais: o mau uso dos recursos disponíveis. Pode
chegou a adotar consistentemente uma política de recursos huma- também favorecer a construção da governabilidade democrática,
nos que respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialismo, via maior transparência e responsabilidade do aparelho de Estado.
contra o qual a administração pública burocrática se instalara, embo-
ra em processo de transformação, mantinha ainda sua própria força Conceitos de gestão pública
no quadro político brasileiro. A expressão local do patrimonialismo Muito se fala sobre gestão pública, mas poucas pessoas conhe-
- o coronelismo - dava lugar ao clientelismo e ao fisiologismo e conti- cem o significado da expressão, e este assunto é de muita importân-
nuava a permear a administração do Estado brasileiro. cia ao administrador público, pois delimita, com absoluta clareza, o
A administração pública burocrática foi adotada para substituir campo de sua atuação, indicando-lhe o caminho certo no trato da
a administração patrimonialista, que caracterizou as monarquias ab-
coisa pública.
solutas, na qual o patrimônio público e o privado eram confundidos.
Para Santos, (2006) “gestão pública refere-se às funções de
O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção era a nor-
gerência pública dos negócios do governo”.
ma. Tornou-se assim necessário desenvolver um tipo de administra-
ção que partisse não apenas da clara distinção entre o público e o
privado, mas também da separação entre o político e o administra- Assim, de acordo com Silva (2007) pode-se classificar, de manei-
dor público (MARE, 1997). ra resumida, o agir do administrador público em três níveis distintos:
Surge assim a administração burocrática moderna, racional-le- a) atos de governo, que se situam na órbita política;
gal; a organização burocrática capitalista, baseada na centralização b) atos de administração, atividade neutra, vinculada à lei;
das decisões, na hierarquia traduzida no princípio da unidade de c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parâmetros
comando, os Dois Objetivos e os Setores do Estado na estrutura pi- básicos:
ramidal do poder, nas rotinas rígidas, no controle passo a passo dos I- tradução da missão;
processos administrativos. II- realização de planejamento e controle;
Também surge a burocracia estatal formada por administrado- III- administração de R. H., materiais, tecnológicos e financeiros;
res profissionais especialmente recrutados e treinados, que respon- IV- inserção de cada unidade organizacional no foco da orga-
dem de forma neutra aos políticos (MARE, 1997 – CADERNO 3). nização; e
Como a administração pública burocrática vinha combater o V- tomada de decisão diante de conflitos internos e externos.
patrimonialismo e foi implantada no século XIX, no momento em
que a democracia dava seus primeiros passos, era natural que des- Portanto, fica clara a importância da gestão pública na realiza-
confiasse de tudo e de todos - dos políticos, dos funcionários, dos ção do interesse público porque é ela que vai possibilitar o controle
cidadãos (MARE, 1997). da eficiência do Estado na realização do bem comum estabelecido
Segundo o MARE (1997), a administração pública gerencial par- politicamente e dentro das normas administrativas.
te do pressuposto de que já se chegou a um nível cultural e político Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos desconhe-
em que o patrimonialismo está condenado e a democracia é um ce totalmente esta importante ferramenta que está à sua disposi-
regime político consolidado. ção, resultando em gastos públicos inadequados ou equivocados,
Segundo Beretta (2007), são grandes os impactos pretendidos ineficiências na prestação de serviços públicos e, sobretudo, no pre-
com a administração gerencial, no grau de accountability (entendi- juízo financeiro e moral da sociedade.
da como responsabilidade ou intuito de prestar contas a sociedade) Portanto, o gestor público não precisa temer a gestão públi-
das instituições públicas, e aqui se abrem a ligações entre gover- ca, por receio de perda de poder político, mas ao contrário, deve
nança e governabilidade democrática.
conhecê-la e utilizá-la como forma inteligente de aumento de seu
Na concepção da atual reforma administrativa, a governabilidade
prestígio político porque somente através dela será possível dirigir
depende de várias dimensões políticas, dentre elas a qualidade das ins-
política e administrativamente uma pessoa ou organização estatal
tituições políticas quanto à intermediação de interesses; a existência
com objetividade, racionalidade e eficiência (SILVA, 2007).
de mecanismos de responsabilização (accountability) dos políticos e
burocratas perante a sociedade, a qualidade do contrato social básico. A gestão pública, portanto, considerando o princípio econômico
Essas dimensões remetem lato sensu à reforma política, essencial à re- da escassez, em que as demandas sociais são ilimitadas e os recursos
forma do Estado no Brasil (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 36). financeiros para satisfazê-las são escassos, deve priorizar a adminis-
A reforma gerencial da administração pública, ao modificar de tração adequada, eficaz e eficiente de tudo aquilo que for gerado no
maneira essencial as formas de controle no interior do aparato es- seio social, sempre tendo em vista o interesse do coletivo.
tatal, ao se referir sobre a alta burocracia e sobre as instituições pú- Somados ao conceito de gestão pública, é relevante entender o
blicas, dando ao mesmo tempo maior transparência às decisões ad- que vem a ser o moderno dentro dessa análise, portanto, usam-se
ministrativas, mostrando-as à sociedade, e não apenas da própria as concepções de alguns autores como Bueno e Oliveira (2002), que
burocracia, pode contribuir para o aumento da responsabilização conceituam ser a modernização da administração carregada de ob-
dos administradores públicos. Para isto, a informação é insumo fun- jetivos a serem cumpridos, como: combater o patrimonialismo e o
damental. E não há, aí, contraposição entre aumento de eficiência e clientelismo vigentes durante tantos anos; melhorar a qualidade da
aumento de responsabilidade (BERETTA, 2007). sua prestação de serviços à sociedade; aprimorar o controle social;
Em síntese, a administração pública gerencial está baseada em fazer mais ao menor custo possível, aumentando substancialmente
uma concepção de Estado e de sociedade democrática e plural, en- a sua eficiência, pois não há recursos infinitos disponíveis para o
quanto que a administração pública burocrática tem um vezo cen- alcance de todas as demandas sociais, conforme conceituam. Neste
tralizador e autoritário. sentido, Garde (2001, apud Marques, 2003, p. 221), conceitua que:

10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A nova Gestão Pública trata de renovar e inovar o funcionamento da Administração, incorporando técnicas do setor privado, adap-
tadas às suas características próprias, assim como desenvolver novas iniciativas para o logro da eficiência econômica e a eficácia social,
subjaz nela a filosofia de que a administração pública oferece oportunidades singulares, para melhorar as condições econômicas e sociais
dos povos.
Essa nova gestão se baseia na informação, cuja essência assume o caráter do conteúdo da ação de ter que ser transmitida, depois de
analisada e armazenada, bem como ser liberada, para que possa servir para as futuras tomadas de decisões, para novo controle e para a
subsequente avaliação.
Assim, resume-se que a gestão pública moderna tem como fundamento um conteúdo ético, moral e legal por parte daqueles que dela
participam, tendo como objetivo a crença no resultado positivo da política pública a ser implementada e na credibilidade na administração
pública exercida pelos mesmos. É igualmente um componente dela a existência de um conteúdo pleno de elementos tecnológicos que
facilitem a utilização destes para administrar com potencial de eficácia e eficiência que se espera da Administração dos bens públicos.

A Nova Gestão Pública…

FERLIE et al. (1999)


• A partir de uma revisão bibliográfica sobre a reforma administrativa em diferentes países nas décadas de 80 e 90, os autores eviden-
ciam a existência de 4 (quatro) modelos da NPM que foram introduzidos no setor público.
• Utilizando-se do construto do tipo ideal weberiano, esses autores descrevem esses modelos, denominados de Impulso para a Efici-
ência, Downsizing e Descentralização, Em Busca da Excelência e Orientação para o Serviço Público.

- Modelo de Impulso para a Eficiência - Eficiência crua

Baseado na Economia Política do Tatcherismo (public choice)


• Exacerbação dos controles financeiros
• Parametrização dos serviços públicos
• Foco na capacidade de resposta
• Incremento de produtividade

- Modelo Downsizing e Descentralização - Minimalista, descentralizador.


Associado a crise do paradigma das mega organizações públicas

• Processos de Privatização
• Redução de Hierarquia
• Busca de formas flexíveis na prestação do serviço público
• Gerenciamento em redes e parcerias (gestão de contratos)

- Em Busca da Excelência - Análise custo-benefício + Eficácia Gerencial

Rejeita o economicismo e adota a vertente gerencialista

• Cultura Organizacional (visão, liderança, comunicação)


• Gestão de Mudança
• Busca da Qualidade (TQM)
• Cidadão = Cliente (OSBORNE, GABLER, 1992).

- Orientação para o Serviço Público - Efetividade

Propõe a criação de valor público (gerencialismo + democracia)

• Foco no usuário-cidadão (e não no cliente)


• Incorporação substantiva da participação política
• Transparência administrativa
• Desconcentração do poder e aprendizagem social

A Nova Gestão Pública – a vertente teórica econômica

• Ajuste Estrutural
• Privatização
• Reengenharia & Downsizing
• Contabilidade Gerencial
• Equilíbrio Fiscal

11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

As Narrativas Político-Administrativas da Atualidade

Estado ativo Planejamento Estratégico e Provedor de Serviços Diversos


Administração pública como “negócio“, foco na melhoria da
prestação de serviços públicos, discurso anti burocracia, orien-
Estado eficiente e eficaz
tação para o desempenho e o usuário, transferência de ações
(Estado Rede)
Criação de valor público, geração de capital social, engaja-
mento cívico capital social, engajamento cívico, coordenação de
Estado ativador e efetivo
atores público e privados, inclusão social, compartilhamento de
reponsabilidades

Pressupostos da Nova Gestão Pública


A prestação de serviços públicos e a provisão de políticas públicas deve orientar-se, complementarmente, pela eficiência, eficácia e a
efetividade.

12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ex.: Vertente Gerencial

- Respeitando os Ditames Legais


- Articulando os interesses políticos
- Focando a Obtenção de Resultados
- Aperfeiçoando a Gestão Pública

Ex.: Vertente Gerencial

13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Fonte: Coelho & Olenscki, 2005.

A (Re)configuração da Gestão Pública no Brasil (pós-90)


• Abertura comercial (Globalização)
• Organismos Internacionais
• (Re)definição do Quadro Fiscal
• Avanço da Redemocratização
• Controle Social (e Político) do Executivo
• Reforma do Estado
• Constituição de 1988

Num contexto de edificação de uma Nova Gestão Pública (teoria, práxis)


• Dimensão econômico-financeira
• Dimensão administrativa-institucional
• Dimensão sociopolítica

Gestão Pública (Gerencial) no Brasil - Experiência de reforma do Estado do MARE (1995) - Diagnóstico Institucional
• Centralização
• Controles Formais (legalidade)
• Falta de indicadores
• Ausência de informações
• Ausência de Controle Social

Objetivos da Reforma
• Aumentar a governança do Estado
• Limitar as funções do Estado
• Transferir da União para estados e municípios as ações de caráter local
• Reverter a crise de eficiência e confiabilidade
• Voltar a AP para o cidadão
• Fazer melhor e custar menos

Desafios imediatos do setor público brasileiro


_ o combate à corrupção
_ a superação do formalismo
_ a diminuição do clientelismo
_ o pacto federativo
_ a redução de desigualdades
_ aumento da eficiência sistêmica e da eficácia dos serviços públicos e da efetividade das políticas públicas (importância da gestão)

14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ORGANIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA

A Organização Administrativa, disciplinada na esfera federal pelo Decreto Lei n. 200/67, estuda a Administração Pública em sentido
subjetivo, orgânico ou formal, dando conta do conjunto de pessoas, órgãos e agentes que compõe a Administração Pública.
A fim de executar suas atribuições e melhor desempenhar suas competências, a Administração Pública lança mão de dois instrumen-
tos, ou técnicas, quais sejam, desconcentração e descentralização.
Concentração e Desconcentração: Alexandre Mazza (2017) pontua que a concentração consiste no acúmulo de competências ad-
ministrativas por órgãos públicos despersonalizados e sem divisões internas, de forma que não há divisão de atribuições entre as repar-
tições públicas. A desconcentração, por sua vez, consiste na divisão de atribuições entre órgãos públicos de uma mesma pessoa jurídica
(existência de vínculo hierárquico).
A diferença entre concentração e desconcentração perpassa o conceito de órgão público (também denominado repartição pública)
que, de acordo com o art. 1º,§ 2º, I, da Lei n. 9.784/99 é uma unidade de atuação integrante da estrutura da Administração Direta e da
estrutura da Administração Indireta. Assim, desprovidos de personalidade jurídica, os órgãos públicos são ‘‘ engrenagens’’ que compõe
tanto a Administração Pública Direta, quanto a Administração Pública Indireta.

Importante! A Administração Pública se divide em Direta, composta pelos entes federativos, e Indireta, composta por outros entes
(explorados a seguir), a partir do fenômeno da descentralização. Os órgãos públicos são como ‘‘engrenagens’’ que auxiliam o exercício da
função administrativa nos âmbitos da Administração Pública Direta e Indireta.
Órgãos Públicos não possuem personalidade jurídica, o que, pragmaticamente significa que os órgãos públicos não podem responder
judicialmente pelos prejuízos causados pelos agentes que atuam em suas estruturas, respondem pelos órgãos públicos o ente da Adminis-
tração Pública Direta ou Indireta ao qual está vinculado → Teoria do Órgão ou Imputação Volitiva.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA


União Autarquias
Estados Fundações Públicas
Distrito Federal Empresas Públicas
Municípios Sociedades de Economia Mista

A doutrina aponta a existência de três espécies de desconcentração, são elas:


Desconcentração Territorial: Critério segundo o qual os órgãos públicos contam com limitação geográfica de atuação. Assim, por
exemplo, a Delegacia de Polícia do município x não pode atuar no âmbito do município y, muito embora possua as mesmas atribuições
(competência material) da Delegacia de polícia do município y (MAZZA, 2017).

Desconcentração Material ou Temática: As competências e atribuições são divididas entre os órgãos públicos conforme sua especia-
lização temática. Assim, por exemplo, a União conta com Ministérios especializados em Segurança Pública, Educação e outros (MAZZA,
2017).

Desconcentração Hierárquica ou Funcional: Distribui competências entre os órgãos a partir do critério da existência de subordinação
entre eles. Assim, por exemplo, os Tribunais, juízos de segundo grau, são responsáveis por julgar recursos inerentes de decisões desfavo-
ráveis do juízo de primeiro grau (MAZZA, 2017).

Centralização e Descentralização: Por meio da centralização, as competências administrativas são cumpridas por uma única pessoa
jurídica/ ente estatal/ Administração Pública Direta, ou seja, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Na descentralização, por sua vez, as competências administrativas são divididas e distribuídas, pelo Estado, aos entes da Administra-
ção Pública Indireta, ou a particulares vinculados à Administração Pública por contratos administrativos.
A doutrina majoritária subdivide a descentralização em outorga e delegação. Vejamos:

Outorga: Pela descentralização via outorga, há transferência da titularidade e da execução do serviço público. De acordo com Ma-
theus Carvalho (2017), a descentralização via outorga só pode ser realizada para pessoas jurídicas de direito público (autarquias e funda-
ções públicas de direito público, como se verá a seguir), através de edição de lei específica.

Delegação: A descentralização via delegação, por sua vez, não transfere a titularidade do serviço público, mas tão somente a execu-
ção. A descentralização por delegação pode ser feita para particulares contratados pela Administração Pública, ou aos entes da Adminis-
tração Pública Indireta tutelados pelo direito privado, quais sejam, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.

Importante! É de suma importância compreender a diferença entre desconcentração e descentralização. Na desconcentração, a pes-
soa jurídica (ente administrativo) exerce controle sobre seus órgãos e pessoas, ou seja, parte da noção de hierarquia. Na descentralização,
como há passagem de atividade de uma pessoa para outra, ou seja, trata-se de fenômeno externo, não há hierarquia, mas sim vinculação
(ligação que se dá por meio de lei ou de ato administrativo).

Administração Direta e Administração Indireta: Para uma melhor compreensão dos fenômenos da concentração e desconcentração, e
da centralização e descentralização, é necessário conhecimento elementar dos institutos da Administração Direta e da Administração Indireta.

15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Direta: Matheus Carvalho (2017) define Admi- Autarquias em Regime Especial: São Autarquias em Regime
nistração Direta como sendo o aglomerado de órgãos que compõe Especial, As Universidades Públicas, devido ao fato de possuírem
os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), autonomia pedagógica, bem como, maior autonomia do que as
e os serviços que agregam a estrutura da chefia do poder executivo autarquias comuns para a escolha de seus dirigentes; As Agências
e seus ministérios ou secretarias. A expressão ‘‘Administração Dire- Reguladoras, pelo fato de que, diferente das autarquias comuns,
ta’’, deste modo, está relacionada à prestação direta, ou centraliza- não são criadas para prestação de serviços públicos, mas sim para
da, do serviço público pelos entes federativos. regulação e normatização dos serviços públicos prestados por par-
ticulares; As Agências Executivas, antes autarquias comuns insu-
A prestação centralizada do serviço público se dá por meios dos ficientes no ato da execução das finalidades para as quais foram
órgãos estatais e pelos Servidores Públicos, que são indivíduos in- criadas, firmam um contrato de gestão com a Administração Pública
vestidos de poderes e competências para agir em nome do Estado. Direta e, assim, são qualificadas como Agências Executivas, passan-
Quando o ente federativo centraliza atividades, a competência do a gozar de uma série de prerrogativas para cumprir com as me-
para o exercício de tais atividades é dividida entre seus órgãos inter-
tas de um plano de recuperação.
nos. A tal divisão, dá-se o nome de desconcentração.
→ Fundações Públicas: Pessoa Jurídica formada mediante des-
tinação de patrimônio público, voltada para atuação sem fins lu-
Os entes federativos, membros da Administração Direta, pos-
crativos. Pode ser constituída tanto com personalidade de direito
suem personalidade jurídica de direito público e se submetem a to-
das as prerrogativas inerentes ao Regime Jurídico Administrativo, público, quanto com personalidade de direito privado.
conteúdo analisado adiante. Quando constituída com personalidade jurídica de direito pú-
Importante! Pela expressão ‘‘Estado’’, compreende-se os entes blico, é criada por lei e se enquadra em todas as características das
federativos, componentes da Administração Pública Direta, ou seja, Autarquias, de forma que também pode ser chamada de Autarquia
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Fundacional.
Administração Pública Indireta: É possível que o Estado crie Quando constituída com personalidade jurídica de direito pri-
pessoas jurídicas para as quais determine a transferência de ativida- vado, sua criação é autorizada por lei, e se submete ao que a dou-
des de sua alçada, ato denominado descentralização. Tais pessoas trina chama de Regime Híbrido. Em virtude do regime híbrido, a
jurídicas serão criadas em consonância com o princípio da especia- Fundação Pública de Direito Privado não goza de nenhum dos privi-
lização, de acordo com o qual possuirão estrutura adequada à pres- légios conferidos pelo regime jurídico de direito público, entretan-
tação dos serviços públicos ou atividades que lhes serão destinadas, to, se submete a todas as restrições conferidas ao Estado.
para, assim, melhor servirem aos critérios de eficiência que se es- Seja Fundação Pública de Direito Público, ou Fundação Pública
pera da Administração Pública. São regras que se aplicam a todas as de Direito Privado, contará com edição lei complementar para de-
entidades da administração Pública Indireta: finição de sua área de atuação.
→ Possuem Personalidade Jurídica Própria, diferente dos ór-
gãos públicos. Consistem em pessoas jurídicas independentes, que → Empresas Estatais: Constituem o gênero Empresas Estatais,
não se confundem com o ente da Administração Pública Direta res- as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista, ambas
ponsável por sua criação; criadas sob regime jurídico de direito privado.
As Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista se
→ Necessitam de lei que as crie, ou autorize sua criação; diferem quanto:
→ Se submetem ao Controle Finalístico dos entes da Adminis- Ao capital: As Empresas Públicas são formadas por capital
tração Pública Direta. O Controle Finalístico, também denominado 100% publico, advindo tanto de entes da Administração Pública Di-
Tutela Administrativa, Vinculação, ou Supervisão Ministerial, se res-
reta, quando da Administração Pública Indireta. A maior porção do
tringe ao ato de verificação quanto ao cumprimento dos objetivos
capital, entretanto, deve pertencer a uma entidade da Administra-
para os quais o ente da Administração Pública Indireta foi criado.
ção Pública Direta. Na Sociedade de Economia Mista, como o pró-
prio nome denuncia, o capital é misto, ou seja, constituído de fon-
São entes da Administração Pública Indireta em espécie:
tes públicas e privadas. Entretanto, a maior parte do capital deve,
→ Autarquias: De acordo com o art. 5º, I do Decreto-Lei necessariamente pertencer ao poder público, não importando que
200/67, Autarquias são pessoas jurídicas de direito público cria- seja advenha da Administração Pública Direta ou Indireta;
das para executar atividades típicas da Administração Pública, quais A forma societária: A Empresa Pública pode ser constituída sob
sejam, prestação de serviço público e exercício do poder de polícia qualquer forma societária, inclusive Sociedade Anônima (S.A.). A
administrativa. Sociedade de Economia Mista, por sua vez, sempre será constituída
Por esse motivo, se submetem a todas as prerrogativas e limi- sob forma de S.A;
tações inerentes ao Regime de Direito Público, a exemplo da imuni- Ao deslocamento de competência para a Justiça Federal: De
dade tributária, bens públicos, cláusulas exorbitantes nos contratos acordo com o art. 109, I da CF, compete à Justiça Federal Julgar as
firmados com particulares, necessidade de procedimento licitatório Ações em que estejam no polo ativo ou passivo a União, suas Autar-
para firmar contratos, e promoção de concursos públicos para pro- quias, suas Fundações Públicas e suas Empresas Públicas. Ou seja,
vimento de seus cargos (conteúdos analisados adiante). as Sociedades de Economia mista não tem o condão de deslocar a
As Autarquias são diretamente criadas mediante lei ordinária, competência para a Justiça Federal.
razão pela qual não é necessário o registro de seus atos constitutivos. As Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista tem
em comum o fato de:
São Autarquias em espécie:
Autarquias de Controle: Também denominadas autarquias Não gozarem de nenhuma prerrogativa de direito público, já
profissionais, são os conselhos de classe que atuam no desempe- que são constituídas sob a personalidade jurídica de Direito Priva-
nho do poder de polícia administrativa, fiscalizando o exercício das do. Entretanto, como fazem parte do aparelho estatal, estão sujei-
profissões e impondo sanções à infrações éticas e atuação imperita. tas a todas as limitações impostas ao Estado (Regime Híbrido). Por

16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
exemplo, ainda que sujeitas ao regime celetista (Consolidação das Para alguns doutrinadores a desconcentração denota uma di-
Leis do Trabalho – CLT), precisam promover concursos públicos para visão de competências entre órgãos integrantes de uma mesma
a contratação dos empregados; pessoa jurídica, ou seja, é forma de organização na qual distribui
A lei que autoriza sua criação definirá se serão prestadoras de competências e atribuições de um órgão central para órgãos perifé-
serviço público, ou exploradoras de atividade econômica de inte- ricos de escalões inferiores.
resse público; Em regra fazem alusão da desconcentração somente em rela-
ção à Administração Direta (o poder, na esfera federal, teoricamente
A lei que autoriza a criação de uma Empresa Estatal também concentrado na figura do Presidente da República, é desconcentra-
definirá a criação de subsidiárias, que são empresas criadas para do para os órgãos de assessoramento direto e para os ministérios,
auxiliar as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista no os quais, por sua vez, também efetuam suas próprias desconcen-
Exercício de suas atividades. trações, criando outros órgãos em suas estruturas internas), mas o
A Constituição Federal adota a forma federativa de Estado com isto ocorre também internamente em cada pessoa jurídica da Ad-
isso apenas a República Federativa do Brasil possui soberania. A ministração Indireta.
União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, ou seja, os Para discorrer sobre o tema utilizaremos parte da obra do pro-
fessor Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho, conforme segue:
entes parciais da Federação possuem apenas autonomia política.
A denominada Administração Pública Direta ou Centralizada é
Conforme nos ensina o autor Alexandre Santos de Aragão, o concei-
o centro originário da Administração Pública, compreendendo as
to de autonomia é: ao contrário da soberania, limitado, consistindo
pessoas jurídicas políticas centrais dotadas de função administrati-
na capacidade de agir livremente dentro do círculo de atribuições va: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
previamente traçadas por um poder superior, no caso, o próprio A denominada Administração Pública Descentralizada é o des-
constituinte. locamento da atividade administrativa do núcleo, compreendendo
Para o referido professor: a Constituição de 1988 fortaleceu os determinadas pessoas jurídicas de direito público ou privado, agin-
municípios de forma inédita na história brasileira, incluindo-os ex- do de forma específica para o qual foram criadas. Com o passar nos
pressamente, junto com a União, o Distrito Federal e os estados, anos e o aumento da complexidade da vida em sociedade, o Po-
entre os entes integrantes da Federação brasileira (arts. 1º e 18). der Público, valendo-se do princípio da especialidade, começou a
Desta forma a Carta Magna garante aos entes da Federação transferir responsabilidades suas para parceiros a fim de melhorar
autonomia político-eleitoral (eleição dos seus dirigentes pelos ci- a prestação do serviço público.
dadãos domiciliados em seu território), normativa (competências Na forma descentralizada ocorre, ainda, uma subdivisão em
legislativas próprias) e administrativa (autogestão). Completa o au- Administração Indireta e Administração por Serviços Públicos. A Ad-
tor no sentido de que: cada ente da Federação tem competência ministração Pública Indireta compreende as autarquias, fundações
para exercer funções administrativas exógenas (atividades adminis- públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. A Ad-
trativas-fim), perseguindo a realização de determinadas finalidades ministração Pública por Serviços Públicos compreende as empresas
públicas no seio da sociedade (assim, por exemplo, o ente federati- concessionárias e permissionárias prestadoras de serviços públicos.
vo possui competência para prestar serviços educacionais, realizar Ainda podemos mencionar as Entidades Paraestatais, pesso-
atividades destinadas a preservar o meio ambiente, fiscalizar ativi- as jurídicas de direito privado, que muito embora não integrem a
dades privadas, financiar manifestações culturais). Também terão Administração Pública, mantêm com ela um vínculo de parceria,
competência para exercer suas funções administrativas endógenas agindo paralelamente, atuando em comunhão com o Poder Públi-
(atividades administrativas-meio), gerindo internamente seus ser- co. Integram o chamado terceiro setor: Serviços Sociais Autônomos
viços, bens e pessoal. É importante lembrar que a existência de (SSA), Organizações Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil
autonomia administrativa nas atividades-meio é condição para o de Interesse Público (OSCIP).
exercício de todas as demais autonomias. Autarquias
A estrutura organizacional da Administração Pública é enca- O conceito de autarquia, ainda que de forma incompleta, pode
ser encontrado expressamente positivado no art. 5º, I do Decreto-
beçada pelo Chefe do Poder Executivo, seguido pelos Ministros de
-lei nº 200/67. Também é possível se depara com referências mani-
Estado, em sendo estadual e municipal é seguido pelos Secretários.
festas à autarquia no art. 37, XIX da Constituição Federal de 1988.
Exemplos de autarquias: Instituto Nacional da Seguridade So-
cial (INSS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Ao Chefe do Poder Executivo compete exercer a direção supe- Naturais Renováveis (IBAMA), Banco Central do Brasil, Instituto Na-
rior da Administração Pública, sendo competência dos Ministros cional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), etc.
auxiliá-lo nessa função, orientando, coordenando e supervisionan- Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infracons-
do os órgãos e entidades da Administração Pública afetos à sua área titucionais, podemos apontar inúmeras características das autar-
de competência. quias:
Aragão explica que: além das normas constitucionais sobre a a) criadas por lei ordinária específica,
organização da Administração Pública, cada ente federativo possui, b) personalidade jurídica de direito público,
como requisito e manifestação da sua autonomia, a competência c) execução de atividades típicas da Administração Púbica,
de editar normas sobre a própria organização (auto-organização), d) especialização dos fins ou atividades,
ressalvando-se alguns casos em que a Constituição prevê a edição e) responsabilidade objetiva.
de normas gerais pela União (por exemplo: as Juntas Comerciais são
entidades da Administração Indireta dos Estados, mas as normas a) Criadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado
gerais sobre seu funcionamento, a teor do art. 24, III, incumbem à para a instituição das autarquias no mundo jurídico é a lei ordiná-
União). ria; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que as autarquias
deverão ser criadas pela aludida espécie normativa.
Conforme disciplina o texto constitucional e as legislações ex- b) Personalidade jurídica de direito público: a autarquia possui
travagantes, a Administração Pública pode ser considerada em di- natureza jurídica de direito público devido à execução de atividades
reta e indireta. típicas da Administração Pública.

17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
c) Execução de atividades típicas da Administração Pública: o de fundações privadas, são aquelas instituídas pelos particulares e
legislador resolveu escolher a autarquia como sendo o ente descen- regidas pelas regras privatistas (Código Civil). As segundas, também
tralizado que trataria das questões características à Administração denominadas de fundações públicas, estatais ou governamentais,
Pública. são aquelas instituídas pelo poder público e regidas pelas regras
d) Especialização dos fins ou atividades: as autarquias são cria- publicistas (CF/88, Decreto-Lei nº 200/67). Nestas, o poder público
das exclusivamente para exercer os fins expressamente previstos ainda tem a faculdade de criar duas subespécies de fundações: a de
em lei, sendo-lhes vedado desempenhar atividades diversas daque- direito público, também denominada de autarquia fundacional, e a
las para as quais foram instituídas. de direito privado.
e) Responsabilidade objetiva: as autarquias, na qualidade de Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infracons-
pessoas jurídicas de direito público, respondem de forma objetiva titucionais, podemos apontar inúmeras características das funda-
pelos atos que seus agentes nesta qualidade causarem a terceiros, ções:
sendo assegurada ação regressiva contra os responsáveis nos casos a) autorizadas por lei ordinária específica,
de dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF/88). A responsabilidade objetiva b) personalidade jurídica de direito público ou direito privado,
das autarquias não afasta a responsabilidade subsidiária do Esta- c) qualificação de agências executivas,
do. Nossos tribunais superiores tem se posicionado no sentido de d) responsabilidade objetiva.
que, em um primeiro momento, a ação de responsabilidade deve
ser movida contra a própria autarquia; somente em um segundo a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento ade-
momento, esgotada a possibilidade indenizatória pela autarquia, quado para a instituição das fundações no mundo jurídico é a lei
admite-se acionar subsidiariamente o este público. ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que as fun-
dações deverão ser autorizadas pela aludida espécie normativa.
Autarquias como Agências b) Personalidade jurídica de direito público ou direito privado:
A agência, de origem norte-americana, é termo introduzido no há forte divergência doutrinária no tocante à natureza jurídica das
direito administrativo pátrio em decorrência do fenômeno da glo- fundações públicas. Podemos encontrar três correntes sobre o as-
balização. As autarquias podem ganhar feições próprias de agên- sunto:
cias. No regime jurídico administrativo brasileiro existem duas mo- i) personalidade jurídica de direito público (Celso Antônio Ban-
dalidades de agências: agências executivas e agências reguladoras. deira de Mello, Alexandre Mazza),
ii) personalidade jurídica de direito privado (Marcos Juruena
a) Agências Executivas Villela Souto, Rafael Carvalho Rezende Oliveira),
É uma qualificação jurídica concedida para aquelas autarquias iii) personalidade jurídica de direito público ou direito privado
que celebrarem contrato de gestão com a Administração Pública (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Irene Patrícia Nohara). Na jurispru-
Direta a fim de melhorar a eficiência e reduzir custos (art. 37, § 8°, dência tem prevalecido o entendimento de que as fundações públi-
CF/88). O escopo desta qualificação, atribuída por decreto espe- cas possuem natureza jurídica de direito público ou direito privado,
cífico, é a busca de uma maior autonomia gerencial, operacional conforme dispuser a legislação.
ou orçamentária. A atribuição da qualidade de agência executiva c) Qualificação de Agências Executivas: as fundações autárqui-
atinge as autarquias já existentes, não implicando na instituição de cas também podem receber a qualificação de agências executivas,
uma nova entidade, nem abrange qualquer alteração nas relações desde que formalizem um contrato de gestão com o Poder Público.
de trabalho dos funcionários das instituições beneficiadas. A grande d) Responsabilidade objetiva: a natureza da responsabilida-
maioria das agências executivas se encontra na seara da Adminis- de civil das duas espécies de fundações estatais é idêntica, ambas
tração Pública federal. respondendo de forma objetiva, com fundamento no art. 37, § 6º
da Constituição Federal de 1988. Nas pessoas jurídicas de direito
b) Agências Reguladoras público estão inseridas as fundações estatais de direito público, e
São autarquias qualificadas com regime especial definido em nas pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviço público estão
lei, responsáveis pela regulação e fiscalização de assuntos atinentes inseridas as fundações estatais de direito privado.
às respectivas esferas de atuação. Exemplos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Fundação Nacional de Saúde
Autarquias como Conselhos Profissionais (FUNASA), Fundação Biblioteca Nacional, etc.
As Autarquias também podem funcionar como Conselhos Pro-
fissionais ou Conselhos de Classe. São autarquias em regime espe- Empresas Estatais
cial, denominadas de Autarquias-Corporativas, pois apresentam Por empresa estatal podemos entender toda sociedade, civil
função específica de fiscalização das profissões. ou comercial, da qual o Estado tenha o controle acionário. São pes-
soas jurídicas de direito privado, criadas por lei ordinária específi-
Fundações ca para desempenhar atividade econômica em sentido estrito ou
É um conjunto de bens/patrimônios afetados visando atender prestar serviços públicos. O conceito abrange a empresa pública, a
um determinado fim. Dá- se personalidade jurídica ao conglomera- sociedade de economia mista e outras empresas que tenham ne-
do para que possa existir por si mesmo. Há divergência na doutrina cessariamente tal natureza.
quanto à natureza jurídica das fundações. Há autores afirmando
que a fundação não poderia se trajar de caráter público, pois sua Empresas Públicas
existência no mundo jurídico estaria restrita apenas à seara priva- São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei or-
da. Porém, a grande maioria da doutrina admite a possibilidade da dinária específica, para a prestação de serviços público ou explo-
subsistência das fundações tanto na esfera privada quanto na seara ração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito de
pública. Empresa Pública devidamente positivada no art. 5º, II do Decreto-
As fundações se apresentam no ordenamento jurídico pátrio -Lei n° 200/67.
sob duas grandes modalidades: as fundações de direito privado e as Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infraconsti-
fundações de direito público. As primeiras, também denominadas tucionais, podemos apontar inúmeras características das fundações:

18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a) autorizadas por lei ordinária específica, Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infracons-
b) personalidade jurídica de direito privado, titucionais, podemos apontar inúmeras características das funda-
c) responsabilidade subjetiva, ções:
d) capital público, a) autorizadas por lei ordinária específica,
e) organização societária diversa, b) personalidade jurídica de direito privado,
f) possibilidade de falência. c) responsabilidade subjetiva,
d) capital mista,
a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento ade- e) organização societária específica,
quado para a instituição das empresas públicas no mundo jurídico f) possibilidade de falência.
é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que
as empresas públicas deverão ser autorizadas pela aludida espécie a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento ade-
normativa. quado para a instituição das sociedades de economia mista no
b) Personalidade jurídica de direito privado: a empresa pública mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a
possui natureza jurídica de direito privado devido à possibilidade menção de que as sociedades de economia mista deverão ser auto-
de execução de atividades atípicas da Administração Pública. Ou- rizadas pela aludida espécie normativa.
tro motivo das empresas estatais serem pessoas jurídicas de direito b) Personalidade jurídica de direito privado: a sociedade de
privado é devido à aprovação do ato constitutivo e seu respectivo economia mista também possui natureza jurídica de direito privado
registro em cartório. Tal inscrição é que origina o caráter privado devido à possibilidade de execução de atividades atípicas da Admi-
das empresas. O saudoso Hely Lopes Meirelles comenta ainda que nistração Pública. Outro motivo das sociedades de economia mista
tal personalidade é apenas a forma adotada para lhes assegurar serem pessoas jurídicas de direito privado é devido à aprovação do
melhores condições de eficiência, pois sendo colocados em pé de ato constitutivo e seu respectivo registro em cartório. Tal inscrição
igualdade com os particulares, suas ações e reações ficariam um é que origina o caráter privado das empresas. O saudoso Hely Lo-
pouco mais livres, acompanhando as constantes e ágeis transfor- pes Meirelles comenta ainda que tal personalidade é apenas a for-
mações do mundo do mercado. ma adotada para lhes assegurar melhores condições de eficiência,
pois sendo colocados em pé de igualdade com os particulares, suas
c) Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade das empre-
ações e reações ficariam um pouco mais livres, acompanhando as
sas públicas é subjetiva, devendo, portanto, ser provado o dolo ou
constantes e ágeis transformações do mundo do mercado.
a culpa. Tal previsão está no art. 37, § 6º da Constituição Federal de
c) Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade das socieda-
1988, pois tal artigo refere-se a responsabilidade objetiva do Esta-
des de economia mista é subjetiva, devendo, portanto, ser provado
do. Pela visível ausência no texto constitucional às pessoas jurídicas
o dolo ou a culpa. Tal previsão está no art. 37, § 6º da Constituição
de direito privado exploradoras de atividade econômicas, deduz- se
Federal de 1988, pois tal artigo refere-se a responsabilidade objeti-
que há responsabilidade subjetiva.
va do Estado. Pela visível ausência no texto constitucional às pesso-
d) Capital público: para a Empresa Pública a composição do pa-
as jurídicas de direito privado exploradoras de atividade econômi-
trimônio é exclusivamente público, sem exceções, não podendo o cas, deduz-se que há responsabilidade subjetiva.
particular participar desta constituição. d) Capital misto: para as sociedades de economia mista o pa-
Todavia, tal publicidade não se limita a uma só entidade, po- trimônio é híbrido, de natureza pública e privada, o que não pode-
dendo pertencer ao quadro também outras entidades públicas, por ria ser diferente, pois o termo “economia mista” já deixa bastante
exemplo, determinada Empresa Pública é constituída de capital da sugestivo a intenção do legislador. Esta reunião de recursos ocorre
União e determinado Estado- membro, mesmo sendo duas entida- devido ao fato de que nem sempre o Estado conterá recursos sufi-
des diferentes, ambas são públicas. cientes para investir em determinada atividade, daí a colaboração
e) Organização societária diversa: a Empresa Pública pode ser entre a esfera pública e a privada. Todavia, deverá sempre o capital
organizada sob qualquer das formas de sociedade já existentes em público ter o controle majoritário, mais da metade das ações com
direito, podendo ainda no âmbito federal ser criada uma nova for- direito a voto, pois cabe a este definir o objeto a ser cumprido. Se
ma, o que não ocorre na esfera estadual. A parte final do art. 5°, II não tivesse tal maioria, impossível seria ter o controle da sociedade,
do Decreto-lei nº 200/67 trás expressamente tal permissivo exten- podendo o destino da empresa ser alterado.
sivo. e) Organização societária específica: na Sociedade de Econo-
f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de mia Mista somente é admitida uma forma de composição societá-
empresas estatais é por meio de lei. Entende-se, contudo, que as ria, a sociedade anônima (S/A). O art. 5°, II do Decreto-lei nº 200/67
Empresas Públicas exploradoras de atividade econômica são passí- trás expressamente tal exigência.
veis de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional de término f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de em-
de suas atividades. Podendo ainda seu patrimônio – bens e rendas presas estatais é por meio de lei. Entende-se, contudo, que as So-
– ser arrecadado para pagamento dos credores, penhoráveis e exe- ciedades de Economia Mista exploradoras de atividade econômica
cutáveis, portanto, não respondendo o Estado em caráter subsidi- são passíveis de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional
ário. Não se aplicando o disposto no art. 242 da Lei das Sociedades de término de tais empresas. Podendo ainda seu patrimônio – bens
Anônimas, onde afirma justamente o contrário. e rendas – ser arrecadado para pagamento dos credores, penhorá-
Exemplos: Caixa Econômica Federal (CEF), Empresa Brasileira veis e executáveis, portanto, não respondendo o Estado em caráter
de Correios e Telégrafos (ECT), etc. subsidiário. Não se aplicando o disposto no art. 242 da Lei das So-
ciedades Anônimas, onde afirma justamente o contrário.
Sociedades de Economia Mista Exemplos: Banco do Brasil S/A (BB), Petróleo Brasileiro S/A (Pe-
São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei or- trobras), etc.
dinária específica, para a prestação de serviços público ou explo-
ração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito de
Sociedade de Economia Mista devidamente positivada no art. 5º, III
do Decreto-Lei n° 200/67.

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
QUADRO COMPARATIVO Alguns servidores estatutários, em vez de se tornarem efetivos,
tornam-se vitalícios. É o caso dos membros do Ministério Público,
SOCIEDADES DE Magistrados e Membros dos Tribunais de conta. Os servidores vita-
EMPRESAS PÚBLICAS lícios só podem perder seus cargos em virtude de sentença judicial
ECONOMIA MISTA
transitada em julgado.
autorizadas por lei ordinária autorizadas por lei ordinária Agentes Administrativos Celetistas ou Empregados Públicos:
específica específica Assim como os agentes administrativos celetistas, ingressam na Ad-
personalidade jurídica de personalidade jurídica de ministração Pública mediante aprovação em concurso público, a fim
direito privado direito privado de atuar em suas atividades permanentes. Entretanto, são atrela-
dos à administração pública por meio de contrato, essencialmente
responsabilidade subjetiva responsabilidade subjetiva privado, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O Vín-
capital público capital misto culo celetista é menos protetivo que o estatutário, uma vez que não
organização societária garante estabilidade ao empregado;
organização societária diversa
específica
Agentes Administrativos Detentores de Cargos Efetivos: São os
possibilidade de falência possibilidade de falência agentes administrativos estatutários que passaram pelos três anos
de estágio probatório e são aprovados em avaliação especial de de-
sempenho a fim de adquirirem a condição de efetivos.
AGENTES PÚBLICOS
Agentes Administrativos Detentores de Cargos em Comissão:
Agentes Administrativos: Investidura e Exercício da Função Pú- Tratam-se de cargos de livre nomeação e livre exoneração. O recru-
blica tamento para os cargos em comissão independe de concurso públi-
co. Não geram estabilidade.
Antes do exame do conceito de Agente Administrativo, se faz → Investidura: De acordo com o art. 7º da Lei 8.112/90, que
necessária a compreensão do conceito de Agente Público. dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
O art. 2º da Lei 8.429/92, define que Agentes Públicos são União, das autarquias e das fundações públicas federais, a investi-
aqueles que exercem ainda que de forma transitória, por eleição, dura em cargo público se dá com a posse.
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de in- Ademais, o art. 37º, II da Constituição Federal informa que a
vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública. aprovação em concurso público de provas, ou de provas e títulos
É possível notar que a denominação Agente Público é ampla e, é requisito para a investidura em cargos (ocupados por agentes
assim sendo, abrange diversas categorias, ou espécies, quais sejam: administrativos estatutários) e empregos públicos (ocupados por
• Agentes Políticos: São aqueles que atuam na função política agentes administrativos celetistas). A investidura em cargos em co-
do Estado, ou seja, os detentores de Mandato Eletivo, os Secretá- missão, entretanto, independe de aprovação em concurso públi-
rios e Ministros de Estado, os Membros da Magistratura e os Mem- co, uma vez que são caracterizados como cargos de livre nomeação
bros do Ministério Público. e exoneração.
• Particulares em colaboração com o Estado: Aqueles que, sem O art. 13 caput e § 1º da Lei 8.112/90 enuncia que a posse é
perder a qualidade de particular, colaboram com o poder público, efetivada com a assinatura do termo no qual consta as atribuições,
exercendo função pública. deveres, responsabilidades e direitos inerentes ao cargo. Outros-
• Agentes Administrativos: Considerados aqueles que atuam
sim, a posse poderá ocorrer no prazo máximo de 30 dias contados
no exercício efetivo da função administrativa do Estado. Os Agentes
a partir da publicação do provimento, ato que manifesta o interesse
administrativos se subdividem nas seguintes categorias:
da Administração Pública em preencher o cargo por um agente.
Importa observar que a Lei 8.112/90, em seu art. 13, §3º dis-
Agentes Administrativos Temporários: São contratados nos
põe que a posse poderá se dar mediante procuração específica,
termos do art. 37, IX da Constituição Federal, ou seja, em caráter
ou seja, na impossibilidade de praticar o ato da posse, o indivíduo
temporário em situações de excepcional interesse público. O re-
poderá outorgar, via procuração, poderes específicos para que um
crutamento de agentes temporários independe da realização de
concurso público, que será substituído por um processo seletivo terceiro o faça isso, na qualidade de representante legal.
simplificado; Ainda, dispõe o art. 15, § 1º e §2º da Lei 8.112/90, que após a
posse, o servidor público federal terá o prazo de 15 dias para iniciar
Agentes Administrativos Estatutários ou Ocupantes de Cargos o exercício de suas atividades. A não observância ao prazo em ques-
Públicos: Ingressam na Administração Pública mediante aprovação tão acarretará a exoneração do agente.
em concurso público, a fim de atuar em suas atividades permanen- → Exercício da Função Pública: O Exercício da função pública,
tes. São atrelados à Administração Pública por meio do estatuto dos que consiste na efetiva execução das atribuições do cargo ou fun-
servidores públicos, de forma que seu vínculo não é contratual, mas ção de confiança, se inicia após o prazo máximo de quinze dias que
estatutário. Os servidores estatutários se submetem a um período sucede o ato de posse.
de três anos denominado Estágio Probatório, no qual são avalia- Outrossim o art. 18 da Lei n. 8112/90 disciplina que o servidor
dos segundo critérios de eficiência. Ao fim do Estágio Probatório, os que deva iniciar exercício da função pública em outro município em
agentes estatutários tornam-se efetivos e adquirem estabilidade. A virtude de remoção, redistribuição, requisição, cessão, ou coloca-
estabilidade confere segurança ao agente, uma vez que estabelece ção em exercício provisório contará com prazo mínimo de dez, e
um rol reduzido de hipóteses nas quais poderão perder o cargo; máximo de trinta dias, contados da publicação do ato, para retomar
Curiosidade ! Os agentes estatutário efetivos/estáveis só po- o desempenho de suas atribuições. O prazo em questão, nos ter-
derão perder o cargo mediante sentença judicial transitada em jul- mos da lei, inclui o tempo de deslocamento para a nova sede.
gado,processo administrativo disciplinar,avaliação de desempenho,
e em circunstâncias em que seja necessário reduzir despesas com
pessoal.

20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Direitos e Deveres dos Servidores Públicos 1. retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
sessoramento;
→ Direitos e Vantagens dos Servidores Públicos: A Lei 8.112/90 2. gratificação natalina;
disciplina os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais se- 3. adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
jam: vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, ou penosas;
férias, licenças, concessões e direito de petição. Vejamos um a um. 4. adicional pela prestação de serviço extraordinário;
5. adicional noturno;
Vencimento e Remuneração: Vencimento é a contraprestação 6. adicional de férias;
pecuniária fixa a qual faz jus o servidor público estatutário pelo de- 7. outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
sempenho de sua função. Remuneração, por sua vez, consiste no 8. gratificação por encargo de curso ou concurso.
vencimento acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es-
tabelecidas em lei. A remuneração do servidor é irredutível e não Férias: Após o transcurso de 12 meses, denominado período
poderá ser inferior ao salário mínimo. aquisitivo, o servidor público fará jus a trinta dias de férias no ano
A lei protege o vencimento, a remuneração e o provento de que poderão ser acumuladas em até dois períodos, em circunstân-
constrições judiciais (arresto, sequestro e penhora), exceto a pres- cias de necessidade do serviço público. O pagamento da remunera-
tação de alimentos resultante de determinação judicial. O servidor ção de férias, acrescido de 1/3 (terço constitucional), será pago em
não receberá a remuneração relativa ao dia em que faltar ao serviço até dos dias antes do início das férias.
sem motivo justificado. Se a falta ou atraso ocorrer por motivo jus- Licenças: A Lei 8.112/90 prevê a existência dos seguintes tipos
tificado, entretanto, poderá receber desde que realize a compensa- de licenças:
ção de horários até o mês subsequente ao da ocorrência.
Alexandre Mazza (2017) ensina que, com o intuito de impedir → Por motivo de doença de cônjuge ou familiar: É concedida
os supersalários no serviço público nacional, a Emenda Constitucio- sem prejuízo dos vencimentos, em virtude de doença do cônjuge ou
nal 19/98 adotou a remuneração em parcela única (que não poderá companheiro, pais, filhos, padrastos, madrasta, enteado ou depen-
agregar nenhum acréscimo ou adicional), denominada subsídio. dente que viva às suas expensas.
Recebem subsídios os seguintes agentes públicos: Chefes do Execu- → Por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro:
tivo; parlamentares; magistrados; ministros de Estado; secretários Concedida por prazo indeterminado e sem remuneração, para que
estaduais, distritais e municipais; membros do Ministério Público; o servidor possa acompanhar cônjuge ou companheiro que tenha
Integrantes da Defensoria Pública, Membros da Advocacia Pública sido deslocado para outro ponto do território nacional, para o exte-
e integrantes das polícias federal, rodoviária federal, ferroviária fe- rior, ou para exercício de mandato eletivo;
deral e policiais civis. → Para atividade política: É concedida sem remuneração, em
benefício do servidor público que se candidata a cargo eletivo.
Por fim, resta observar que, de acordo com o art. 37, X da Cons-
→ Para capacitação profissional: Período de até três meses
tituição Federal, somente a lei poderá fixar ou alterar remunera-
concedido ao servidor detentor de cargo efetivo, sem prejuízo da
ção aos servidores públicos.
remuneração, após cada quinquênio de efetivo exercício, para a re-
Indenizações: Os servidores públicos podem receber indeni-
alização de cursos de capacitação profissional.
zações. As indenizações, ao contrário das gratificações e dos adi-
→ Para tratar de interesses particulares: Concedida, sem remu-
cionais, não se incorporam ao vencimento. São indenizações em
neração, ao servidor efetivo, por discricionariedade administrativa.
espécie:
Possui duração de três anos consecutivos.
→ Ajuda de custo por mudança: Não pode ultrapassar o valor →Para o serviço militar: Concedida, com remuneração, ao ser-
equivalente a três meses da remuneração do servidor. Destinam-se vidor público convocado para o serviço militar. Findo o serviço mili-
a suprir os custos da mudança de domicílio permanente do servidor tar, o servidor terá trinta dias, sem remuneração, para reassumir o
que, em virtude de interesse público, passe a exercer suas funções exercício do cargo.
numa nova sede;
→ Ajuda de custo por falecimento: Caso um servidor venha a → Para desempenho de mandato classista: Concedida, sem
falecer na sua nova sede de exercício, sua família fará jus a ajuda fi- remuneração, para exercício de mandato em confederação, fede-
nanceira para transporte para localidade de origem dentro do prazo ração, associação de classe, sindicato representativo de categoria
de um ano, a contar do falecimento; profissional ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa
→ Diárias por descolamento: Devidas ao servidor público se constituída por servidores públicos.
afasta da sede de seu exercício para outro ponto do território na- → Licença para tratamento de saúde: Concedida, com remune-
cional ou internacional, a serviço e em caráter eventual; ração, ao servidor que necessite realizar tratamento de saúde. Será
→ Indenização de transporte: Devida ao servidor que realiza concedida, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica. A
despesas com utilização de meio próprio de locomoção para exe- perícia médica será dispensável para licenças inferiores a 15 dias, já
cutar serviços externos em virtude das atribuições do cargo que no que diz respeito a licenças superiores a 120 dias, será necessária
ocupa; avaliação de junta médica oficial;
→ Auxílio – moradia: Preenchidos os requisitos do art. 60 da → Licença à gestante: Será concedia à servidora gestante pelo
lei 8.112/90, o servidor público será ressarcido por despesas rea- período de 120 dias, com remuneração, podendo, ainda, ser pror-
lizadas com aluguel ou hospedagem, no prazo de um mês após a rogada por 60 dias. Salvo antecipação por prescrição médica, é
comprovação da despesa. possível que se inicie no primeiro dia do nono mês de gestação,
entretanto, em caso de nascimento prematuro, a licença terá início
Retribuições, Gratificações e Adicionais: São enumerados pelo a partir do parto. No caso de natimorto, transcorridos 30 dias do
art. 61 da Lei 8.112/90. Vejamos: evento, caso considerada apta por meio de exame médico, a servi-
dora deverá retornar às suas atividades, já no caso de aborto ates-
tado por médico oficial, a servidora terá direito a 30 dias de repouso
remunerado;

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
→ Licença- Paternidade: Pelo nascimento ou adoção de filhos, b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
o servidor fará jus à licença paternidade de 5 dias; ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
→ Licença à adotante: Serão concedidos 90 dias de licença, c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
como remuneração, à servidora que adotar ou obtiver guardo ju- 6. levar ao conhecimento da autoridade superior as irregulari-
dicial de criança até 1 ano de idade. Em se tratando de adoção ou dades de que tiver ciência em razão do cargo;
guarda judicial a criança com mais de 1 ano de idade, a licença será 7. levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
de 30 dias; cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
→ Licença por Acidente em Serviço: Concedida, com remune- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
ração integral, ao servidor que sofreu acidente em serviço, assim dade competente para apuração;
entendido qualquer dano físico ou mental sofrido pelo servidor 8. zelar pela economia do material e a conservação do patri-
em virtude das atribuições do cargo exercido. Equiparam-se ao aci- mônio público;
dente de serviço os danos decorrentes de agressão sofrida e não 9. guardar sigilo sobre assunto da repartição;
provocada pelo servidor no exercício do cargo, e danos sofridos no 10. manter conduta compatível com a moralidade administra-
percurso da residência para o trabalho e vice-versa. Caso o servidor tiva;
necessite de tratamento especializado, será tratado em instituição 11. ser assíduo e pontual ao serviço;
privada à conta dos recursos públicos. 12. tratar com urbanidade as pessoas;
13. representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Afastamento de concessões: Além das licenças, a Lei 8.666/90
prevê as seguintes hipóteses de afastamento do servidor: Existem, ainda, as proibições ao servidor público, elencadas
1. Para servir em outro órgãos ou entidade; pelo art. 117 da Lei. 8.112/90. Vejamos:
2. A fim de exercer mandato eletivo;
3. Para estudar no exterior 1. ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
4. Para participar de programa de pós-graduação stricto sensu torização do chefe imediato;
em instituição de ensino superior no país. 2. retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
Há, ainda, a possibilidade das concessões, em que o servidor qualquer documento ou objeto da repartição;
público poderá se ausentar de suas atividades, sem, contudo, dei- 3. recusar fé a documentos públicos;
xar de receber sua remuneração. São elas: 4. opor resistência injustificada ao andamento de documento e
1. Para doar sangue, por um dia; processo ou execução de serviço;
2. Por dois dias, para alistamento eleitoral; 5. promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
3. Por oito dias consecutivos, em virtude de contrair casamen- da repartição;
to, e falecimento do cônjuge ou companheiro, pais, madrasta ou 6. cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda e irmãos. vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
sabilidade ou de seu subordinado;
Direito e Petição: O direito de petição do servidor público, tra- 7. coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
tado pela Lei. 8.112/90, é um desdobramento do direito de peti- sociação profissional ou sindical, ou a partido político;
ção tutelado pelo art. 5º, XXXIV, da Constituição Federal. Trata-se, 8. manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
basicamente, da possibilidade de elaborar requerimento ao poder fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
público, a fim de defender direito ou interesse legítimo. De acor- 9. valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
do com os artigos 104 e seguintes da Lei 8.112/90, o requerimento em detrimento da dignidade da função pública;
será enviado à autoridade competente para decidi-lo e encaminha- 10. participar de gerência ou administração de sociedade priva-
do por intermédio daquela a que estiver subordinado o requerente. da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
Da decisão desfavorável caberá pedido de reconsideração. na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
11. atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
Direito de Greve: Servidores militares não possuem direito de ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
greve, tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
civis, o direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e con- companheiro;
dições da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, nunca 12. receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
foi editada, de forma que STF decidiu que, diante da omissão, os quer espécie, em razão de suas atribuições;
servidores públicos civis poderão fazer greve nos moldes da Lei Ge- 13. aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangei-
ral de Greve. ro;
14. praticar usura sob qualquer de suas formas;
Deveres dos Servidores Públicos 15. proceder de forma desidiosa;
16. utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
Os deveres do servidor público estão dispostas no art. 116 da serviços ou atividades particulares; 17. cometer a outro servidor
Lei n. 8.112/90, são eles: atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
1. exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; 18. exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com
2. ser leal às instituições a que servir; o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
3. observar as normas legais e regulamentares; 19. recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando soli-
4. cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamen- citado.
te ilegais;
5. atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
ressalvadas as protegidas por sigilo;

22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Regimes Jurídicos NPM – “New Public Management”). Esse processo também ocorre
no Brasil. Para entender o que é a gestão pública hoje, precisamos
São duas as espécies de regimes jurídicos aplicáveis aos agen- retroceder no tempo e analisar sua evolução ao longo das décadas.
tes administrativos, o regime Celetista e o Regime Estatutário. Nos últimos anos assistimos em todo o mundo a um debate
A principal diferença entre os dois é a natureza do vínculo com acalorado – ainda longe de concluído – sobre o papel que o Estado
a Administração Pública. Enquanto os servidores estatutários pos- deve desempenhar na vida contemporânea e o grau de intervenção
suem um vínculo de natureza legal, de modo que todos os seus que deve ter na economia.Nos anos 50, o economista Richard Mus-
direitos, atribuições e obrigações decorrem da lei, os servidores ce- grave enunciou as três funções clássicas do Estado:
letistas firmam, com a Administração Pública, um contrato de em- • Função alocativa: prover os bens e serviços não adequada-
prego, de onde decorrem seus direitos, obrigações e atribuições. mente fornecidos pelo mercado
O texto original da Constituição Federal Previa a existência de • Função distributiva: promover ajustamentos na distribuição
um Regime Jurídico Único que alcançasse os entes da Administra- da renda;
ção Pública Direta e os entes de direito público da Administração • Função estabilizadora: evitar grandes flutuações nos níveis de
Indireta, quais sejam Autarquias e Fundações Públicas. inflação e desemprego.
Nesse sentido, era vedada a aplicação simultânea dos Regimes De fato, entre o período que vai de 1945 (final da segunda
Celetista e Estatutário para a contratação de agentes públicos em guerra mundial) e 1973(ano do choque do petróleo), a economia
tais esferas. Assim, a maioria dos entes federativos optou pelo Re- mundial experimentou uma grande expansão econômica, levando
gime Estatutário (CARVALHO, 20147) e foi editada a Lei 8.112/90, este período a ser denominado de “era dourada”.
estatuto aplicável aos agentes administrativos civis em âmbito fe- Desenvolveu-se a figura do Estado-Provedor de bens e servi-
deral. ços, também chamado de Estado de Bem-Estar Social (Welfare Sta-
Com advento da Emenda Constitucional 19/98, a necessidade te). Houve uma grande expansão do Estado (e, consequentemente,
de adoção de um Regime Jurídico único, deixou de existir, o que da Administração Pública), logicamente com um crescimento im-
possibilitou a contratação simultânea de agentes administrativos portante dos custos de funcionamento da máquina pública.A partir
da Administração Direta, Autarquias e Fundações Públicas, pelos dos anos 70, o ritmo de expansão da economia mundial diminui, e
regimes estatutário e celetista. Entretanto, a Ação Direta de Incons- o Estado começa a ter problemas no desempenho de suas funções,
titucionalidade (ADI) n. 2135 derrubou a EC 19/98, determinando o perdendo gradativamente a capacidade de atender às crescentes
retorno do Regime Jurídico Único. demandas sociais. Esta situação, aliada a um processo de crescente
Assim, com o julgamento da ADI n. 2135, em 2007, a aplicação endividamento público, acarretaria mais tarde, principalmente nos
de um Regime Jurídico Único voltou a ser necessária e, de acordo anos 80, a chamada crise fiscal do Estado: a perda de sua capaci-
com a doutrina predominante, às entidades de direito público da dade de realizar os investimentos públicos necessários a um novo
Administração Pública impõe a adoção de um único regime jurídico ciclo de expansão econômica.Da crise fiscal passamos à crise de
de contratação, seja ele Estatutário ou Celetista. Há de se observar gestão do Estado, uma vez que a percepção dos cidadãos sobre a
entretanto, que a aplicação do regime estatutário tem sido hege- disponibilidade de serviços públicos se deteriora gradativamente,
mônico, uma vez que confere mais garantias ao agente público (a à medida que o Estado perde a capacidade de realizar suas fun-
exemplo da estabilidade) e, mais independência na prestação do ções básicas, e não consegue acompanhar as pressões crescentes
serviço público (CARVALHO, 2017). por mais saúde,educação, segurança pública, saneamento, etc…
No que diz respeito ao Regime Celetista, é possível observar Essa crise de gestão implica na tentativa de superar as limitações
que sua aplicação tem ficado restrita à contratação de servidores do modelo de gestão vigente até então, conhecido como “modelo
dos entes privados da Administração Pública Indireta, quais sejam, burocrático”, transformando-o em algo novo, mais parecido como o
Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Pú- modo de gestão do setor privado, conhecido na área pública como
blicas regidas pelo Direito Privado. “modelo gerencial”.
O vínculo contratual consubstanciado na Consolidação das Leis Assim, a redefinição do próprio papel do Estado é um tema de
Trabalhistas (CLT) é de natureza privada e, por esse motivo, os servi- alcance universal nos anos 90. No Brasil, essa questão adquiriu im-
dores celetistas, detentores de empregos públicos, não gozam das portância decisiva, tendo em vista o peso da presença do Estado
mesmas prerrogativas, de caráter legal, das quais gozam os servido- na economia nacional: tornou-se um tema constante a questão da
res estatutários, detentores de cargos públicos (Lei. 8.112/90, em reforma do Estado, uma vez que o mesmo não conseguia mais aten-
âmbito federal). Entretanto, uma vez que compõe a Administração der com eficiência a sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobre-
Pública, estão sujeitos às mesmas limitações impostas aos servido- tudo na área social. Em resumo, a Crise do Estado define-se como:
res estatutários, como a proibição de acumularem empregos ou 1. Uma crise fiscal, caracterizada pela deterioração crescente
cargos públicos; sujeição à responsabilização por atos de improbi- das finanças públicas, sendo o déficit público um fator de redução
dade; contratação via concurso público, dentre outros. de investimentos na área privada;
Por fim, é importante destacar que, aos servidores celetistas, 2. Uma crise do modo de intervenção do Estado na economia,
apesar de não poderem ser demitidos imotivadamente, não se apli- com o esgotamento da estratégia estatizante; as empresas públicas
ca a estabilidade. não mais teriam condições de alavancar o crescimento econômico
dos países; o paradigma do Estado interventor, nos moldes da eco-
Vamos a partir de agora tratar da Administração Pública no Bra- nomia Keynesiana estava cada vez mais ultrapassado;
sil, considerando a evolução histórica do modo pelo qual a gestão 3. Uma crise da forma de administrar o Estado, isto é, a supe-
das organizações governamentais vem sendo praticada em nosso ração da administração pública burocrática, rumo à administração
país. A importância do tema reside no fato de que a Administra- pública gerencial.
ção Pública em todo o mundo vem experimentando um processo No Brasil, a principal repercussão destes fatos foi a Reforma do
de profundas transformações, que se iniciou na década de 70, for- Estado nos anos 90,cujos principais pontos eram:
mado por um conjunto amplo de correntes de pensamento, que 1. O ajuste fiscal duradouro, com a busca do equilíbrio das con-
formam a chamada “Nova Gestão Pública” (do original em inglês tas públicas;

23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2. A realização de reformas econômicas orientadas para o mercado, que, acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, ga-
rantissem a concorrência interna e criassem as condições para o enfrentamento da competição internacional;
3. A reforma da previdência social, procurando-se dar sustentabilidade à mesma, equilibrando-se os montantes de contribuições e
benefícios;
4. A inovação dos instrumentos de política social, proporcionando maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os servi-
ços sociais;
5. A reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua “governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de forma efi-
ciente as políticas públicas.
A reforma do Estado envolve múltiplos aspectos. O ajuste fiscal devolveria ao Estado a capacidade de definir e implementar políticas
públicas. Através da liberalização comercial, o Estado abandonaria a estratégia protecionista da substituição de importações. Nesse contex-
to, o programa de privatizações levado a cabo nos anos 90 foi uma das formas de se perseguir tais objetivos. Por esse programa, transferiu
se para o setor privado a tarefa da produção, dado o pressuposto de que este, a princípio, realizaria tal atividade de forma mais eficiente.
Finalmente, por meio de um programa de publicização, pretendia-se transferir para o setor público não-estatal a produção dos servi-
ços competitivos ou não-exclusivos de Estado, estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e sociedade para seu financiamento
e controle.
Portanto, segundo a ideia da reforma, o Estado reduziria seu papel de executor ou provedor direto de serviços, mantendo-se, entre-
tanto, no papel de regulador e provedor indireto ou promotor destes, principalmente dos serviços sociais como educação e saúde, etc.
Como promotor desses serviços, o Estado continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a participação
da sociedade.
Nessa nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das funções de regulação e de coordenação do Estado, particularmente no nível
federal, e a progressiva descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal, das funções executivas no campo da prestação de
serviços sociais e de infraestrutura.
Considerando essa tendência, pretende-se reforçar a governança – a capacidade de governo do Estado – através da transição pro-
gramada de um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma
administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão, melhorando a capacidade do Estado de im-
plementar as políticas públicas, sem os limites, a rigidez e a ineficiência da sua máquina administrativa.

Responsabilidade
A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício de suas funções pode ensejar a responsabilidade civil, criminal e administrativa.
A regra é a independência/autonomia entre as três esferas. Todavia, se o agente público for absolvido criminalmente por duas situa-
ções especiais também deverá ser absolvido nas demais esferas.

Conforme artigo científico de Hálisson Rodrigo Lopes três são as modalidades de aposentadoria, conforme disposto nos incisos I a III,
do art. 40 da Constituição Federal, abaixo explicitadas:
Aposentadoria por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de aci-
dente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Tais condições decorrem de fato mórbi-
do que impede o servidor de desempenhar as funções previstas para o cargo provido.
No caso das exceções acima, “os proventos serão integrais, sendo absolutamente irrelevante a idade do servidor e o seu tempo de
contribuição.” (GASPARINI, 2008, p. 206)
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e
das fundações públicas federais, informa no art. 186, § 1º, quais as doenças que justificam a invalidez permanente, visando à aposentado-
ria, senão vejamos: tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço
público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefro-
patia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei
indicar, com base na medicina especializada.
Já no art. 212, da legislação supracitada, salienta que: configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que
se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido, equiparando ao acidente em serviço o dano decorrente
de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do cargo; sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.

24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Outra modalidade de aposentadoria é a compulsória, com pro- Responsabilidade Administrativa.
ventos proporcionais ao tempo de serviço, quando o servidor com-
pletar setenta anos de idade, “proventos estes que, não obstante, A responsabilidade administrativa decorre da transgressão de
poderá atingir aritmeticamente a remuneração integral da ativa se normas internas da Administração pelo servidor público sujeito ao
já houver atingido o servidor o referido tempo máximo de contri- estatuto e a outras disposições de lei, decreto ou provimento regu-
buição.” (ARAÚJO, 2010, p. 329) lamentar da função pública.
Alexandre de Moraes (2011, p. 395) destaca que “o Supremo MEIRELLES afirma que a falta funcional gera o ilícito administra-
Tribunal Federal alterou seu posicionamento anterior, pacificando tivo e permite a aplicação de pena disciplinar.
a inaplicabilidade das regras da aposentadoria compulsória em vir- A punição administrativa ou disciplinar é independente e au-
tude de idade aos notários referidos no art. 236 da Constituição tônoma do processo civil ou criminal a que se sujeita o servidor
Federal.” pela mesma falta. Apurada a falta funcional, fica o servidor sujeito
Por fim, a aposentadoria voluntária, desde que cumprido tem- à respectiva penalidade administrativa. Os meios apropriados de se
po mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e apurar a falta funcional são justamente o processo administrativo, a
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, ob- sindicância ou o meio sumário.
servadas as seguintes condições: a) sessenta anos de idade e trinta São palavras do autor:
e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de “...o ilícito administrativo independe do ilícito penal. A absol-
idade e trinta de contribuição, se mulher. Os requisitos de idade e vição criminal só afastará o ato punitivo se ficar provada, na ação
de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o penal, a inexistência do fato ou que o acusado não foi o seu autor”.
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício Em relação à aplicação da penalidade ao servidor público, deve
das funções de magistério na educação infantil e no ensino funda- a mesma ser motivada e na sua motivação, a autoridade adminis-
mental e médio; b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e trativa competente deve justificar a punição imposta, analisando
sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao os atos irregulares praticados, analisando sua repercussão danosa,
tempo de contribuição. apontando os dispositivos violados e a cominação prevista.
Por sua vez, Alexandre Mazza (2011, p. 450) adverte que “em Meirelles lembra que a Administração deve deixar bem clara a
relação aos servidores que cumpriram todos os requisitos até a data legalidade da punição feita ao seu servidor.
de promulgação da Emenda nº 42/2003, a aposentadoria será cal- Já no tocante à extinção da pena, ela se dá normalmente pelo
culada, integral e proporcionalmente, de acordo com a legislação cumprimento por parte do servidor. Excepcionalmente ocorrerá a
vigente antes da emenda. Entretanto, quanto aos demais servido- sua prescrição ou o seu perdão por parte da Administração.
res públicos, não há mais possibilidade de aposentadoria com pro- “O cumprimento da pena exaure a sanção; a prescrição extin-
ventos integrais, passando seu valor a sujeitar-se aos patamares do gue a punibilidade, com a fluência do prazo fixado em lei, ou, na sua
regime geral de previdência”. omissão, pelo da norma criminal correspondente; o perdão da pena
é ato de clemência da Administração e só por ela pode ser concedi-
Responsabilidade dos servidores. do em caráter geral (a que se denomina, impropriamente, ‘anistia
administrativa’), ou em cada caso, sempre por atuação do executivo
Os servidores são sujeitos à responsabilização em três áreas. que aplicou a sanção”.
Ou seja, em decorrência do exercício do cargo, emprego ou função,
poderá praticar ilícitos civis, penais e administrativos.[2] Responsabilidade Civil.
Meirelles lembra que os servidores podem cometer infrações
de três tipos ao agir nas suas funções: civil, administrativa e criminal Para MEIRELLES, a responsabilidade civil é a obrigação do ser-
ou penal.[3] vidor de repara o dano causado à Administração Pública por culpa
E destaca: “A responsabilização dos servidores públicos é dever ou dolo no desempenho de suas atribuições.
genérico da Administração e específico de todo o chefe, em relação A responsabilidade do servidor perante a Administração não
aos seus subordinados”. é objetiva e depende da prova da existência do dano, do nexo de
Se o chefe deixar de revelar o crime funcional cometido pelo causalidade e da culpa ou do dolo do servidor público.
superior hierárquico, estará o mesmo cometendo o crime de con- A responsabilidade civil é independente das demais responsa-
descendência criminosa (CP, art. 320). É que neste caso, a ação do bilidades e deve ser apurada perante a Justiça Comum.
agente e inação do superior são lesivas aos interesses da Adminis- A Administração não pode isentar de responsabilidade civil seu
tração Pública. servidor porque a mesma não possui disponibilidade sobre o patri-
A responsabilidade civil é decorrente da regra, segundo a qual mônio público. Exemplo disto é a previsão constitucional da ação
o causador de dano ao patrimônio de outrem é obrigado a repará- regressiva contra o servidor que causou prejuízo a terceiros, no exer-
-lo. cício das suas funções e que gerou responsabilidade objetiva da Ad-
A responsabilização administrativa acontecerá em decorrência ministração de repara o dano do particular. Se for provada a culpa ou
da prática de ilícitos administrativos definidos nos estatutos e nas o dolo do agente público, contra ele deve ser proposta tal ação.
leis em geral, além de requerer a presença de ação ou omissão, A responsabilização por ação regressiva é civil. As demais são
culpa ou dolo e dano. administrativas posto que previstas nos estatutos e penais, haja
Já a responsabilidade penal será configurada pela prática de vista a tipificação dos crimes funcionais dos artigos 312 a 327 do
crime ou contravenção por um servidor. Código Penal brasileiro.
As peculiaridades que configurarão o ilícito penal do servidor Observa Meirelles que a condenação criminal implica o reconhe-
são relativas à conduta correspondente ao tipo penal, à presença cimento automático das responsabilidades civis e administrativas.
do dolo ou culpa, a relação de causalidade e o risco ou perigo da E ainda que:
produção de dano. “A absolvição criminal só afasta a responsabilidade adminis-
trativa e civil quando ficar decidida a inexistência do fato ou a não
autoria imputada ao servidor, dada a independência das três juris-
dições”.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para a existência da responsabilidade civil é que o ato cul- Sequestro e perdimento de bens.
poso do servidor cause dano patrimonial à Administração. A
responsabilização civil visa à reparação material e pecuniária da O sequestro e o perdimento de bens são aplicados contra os
Administração. servidores que obtiveram enriquecimento ilícito por meio de cri-
A comprovação do dano e da culpa do servidor é geralmente mes contra a Administração Pública, influência ou abuso de cargo,
feita por meio de processo administrativo. Isto porque, como obser- emprego ou função pública.
va MEIRELLES, os “estatutos costumam exigir a reposição de uma O sequestro é medida cautelar e o perdimento é definitivo,
só vez quando o prejuízo decorrer de alcance, desfalque, remissão pois este resulta do reconhecimento da ilicitude do enriquecimento
ou omissão de recolhimento ou entrada no prazo devido, admitin- do servidor.
do para os demais casos o desconto em folha, em bases módicas, O perdimento pode decorrer de sentença criminal condenató-
geralmente não mais de dez por cento do vencimento do respon- ria ou de declaração judicial em procedimento próprio.
sável”. O sequestro dos bens obtidos pelo indiciado mediante infração
penal é disciplinado pelo Código e Processo Penal, nos artigos 125
Responsabilidade penal. a 144. Se a vítima for a Fazenda Pública, utilizar-se-á o Decreto-Lei
nº 3.240, de 1941.
A responsabilidade penal ou criminal é aquela decorrente da O sequestro também pode ser utilizado como medida prelimi-
prática de crimes funcionais tipificados nas leis federais. O servidor nar, nos processos de perdimento, a requerimento do Ministério
responsável responde a processo crime e sofre os efeitos legais da Público ou da pessoa jurídica interessada, conforme dispõe a Lei de
condenação. Improbidade Administrativa.
Muitos dos crimes contra a Administração Pública são defini-
dos nos artigos 312 a 326 do Código Penal. São crimes contra a Ad- Enriquecimento ilícito e Abuso de autoridade.
ministração Pública: peculato, peculato culposo, peculato mediante
erro de outrem, inserção de dados falsos em sistemas de informa- O enriquecimento ilícito dos servidores públicos decorre dos
ções, modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- crimes contra a Administração.
mações, extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento, Fora da área penal, a Lei 8.429, de 1992 define o enriquecimen-
emprego irregular de verbas ou rendas públicas, concussão, ex- to ilícito como improbidade administrativa.
cesso de exação, corrupção passiva, facilitação de contrabando ou Dentre outros atos de improbidade administrativa, MEIREL-
descaminho, prevaricação, condescendência criminosa, advocacia LES destaca o de “adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
administrativa, violência arbitrária, abandono de função, exercício mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de natureza cujo
funcional ilegalmente antecipado ou prolongado, violação de sigilo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou renda do
funcional e violação do sigilo de proposta de concorrência. agente público”.
O art. 327 do Código Penal, por ser anterior à Constituição de O abuso de autoridade sujeita o agente público de qualquer
1988, considera funcionário público, para os efeitos penais, quem, esfera de governo à tríplice responsabilidade civil, administrativa e
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em- penal, conforme previsão da Lei nº 4.898, de 1965.
prego ou função pública. A denominação utilizada atualmente é a
de servidor público.
LICITAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS BÁSICOS E DEFINI-
Meios de punição. ÇÕES; CONVÊNIOS E TERMOS SIMILARES; MODALI-
DADES, LIMITES, DISPENSA E INEXIGIBILIDADE (LEI Nº
Os meios de punição ou responsabilização podem ser internos 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 E SUAS ALTERAÇÕES);
e externos. LEI Nº 9.433, DE 1º DE MARÇO DE 2005, E SUAS ALTE-
Os meios internos são os que se desenvolvem no âmbito da RAÇÕES - CONTRATOS E COMPRAS; LEI Nº 10.520, DE
própria Administração Pública. Os meios externos de punição ficam 17 DE JULHO DE 2002 - LICITAÇÃO NA MODALIDADE
a cargo do Poder Judiciário. PREGÃO
Os meios internos abrangem o processo administrativo disci-
plinar e os meios sumários como a apuração sumária de faltas, por
meio de sindicância ou pela verdade sabida, sempre com a garantia Os contratos administrativos são os instrumentos jurídicos ce-
do contraditório e da ampla defesa. lebrado pela Administração Pública, com base em normas de direito
São os meios internos de punição que interessam ao Direito público, com o propósito de satisfazer as necessidades de interesse
Administrativo como formas específicas de proteção ao serviço pú- público, previsto na Lei 8.666/93 (Licitações e Contratos).
blico e de repressão às infrações funcionais dos servidores. Os contratos administrativos serão formais, consensuais, co-
A demissão de vitalícios ocorrerá por meio de processo judicial. mutativos e, em regra, intuitu personae (em razão da pessoa). As
Já a demissão dos estáveis acontece mediante o processo ad- normas gerais sobre contrato de trabalho são de competência da
ministrativo disciplinar. União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios legislarem
Os servidores instáveis serão demitidos por meio de simples supletivamente.
sindicância. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo reconhecendo
O processo administrativo disciplinar é espécie de processo ad- que a doutrina majoritária aceita a designação “contrato adminis-
ministrativo. trativo”, assim o define “são relações convencionais que por força
No tocante aos meios externos de punição dos servidores pú- de lei, de cláusulas contratuais ou do objeto da relação jurídica si-
blicos, ficam estes a cargo do Poder Judiciário e são realizados por tuem a Administração em posição peculiar em prol da satisfação do
meio de ações comuns civis requeridas pela própria Administração bem comum”.
ou ações criminais e ações civis públicas requeridas pelo Ministério
Público.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípios, elementos, características, formalização, prazo e) Personalíssimo: leva em consideração as qualidades pessoais
do contrato. A subcontratação não autorizada pela Administração
Princípio da autonomia da vontade: é a liberdade de contra- dá causa à rescisão contratual (artigo 78 da Lei 8666). Assim, pela
tação. A liberdade contratual confere às partes a criação de um letra da lei, em regra não é possível subcontratação, salvo se houver
contrato de acordo com as suas necessidades, como acontece nos autorização expressa da Administração a esse respeito.
contratos atípicos ou nos típicos, que consiste em usar modelos Para que a administração autorize, a doutrina majoritária elen-
previstos em lei ca mais 2 (dois) requisitos, a saber:
Princípio da supremacia da ordem pública: primeiramente de- 1) a subcontratada deve preencher os mesmos requisitos, as
vemos saber o que significa interesse público. mesmas condições exigidas na licitação;
Por interesse entende-se que corresponde a uma porção de 2) a subcontratação deve ser parcial – não é admitida a sub-
coletividade, que destina-se ao interesse de um grupo social como contratação total do contrato, pois se for possível a subcontrata-
um todo. É esse interesse que leva ao princípio do interesse público. ção total estar-se-ia desestimulando as empresas a participarem da
Podemos utilizar este princípio tanto no momento da elabora- concorrência, podendo optar por aguardar o vencedor e assumir o
ção da lei quanto à sua execução em concreto pela administração contrato como subcontratada.
pública. Desta forma, permite-se que exista o bem estar social para
atender o interesse da coletividade. f) Adesão: uma das partes tem o monopólio da situação, ou
seja, define as regras. À outra parte só resta a opção de aderir ou
Princípio da força obrigatória: entende-se que o contrato é lei não.
entre as partes, fazendo com que seja válido e eficaz para ser cum- O licitante, quando vem para a licitação, já sabe que o contrato
prido por ambas as partes, que é o caso do pacta sunt servant. é anexo do edital. Ele não poderá discutir as cláusulas contratuais.
É a base do direito contratual, devendo o ordenamento con- Deverá aceitá-las na forma em que foram elaboradas. O monopó-
ferir à parte instrumentos judiciários que obrigue o contratante a lio da situação está nas mãos da Administração. Não há debate de
cumprir o contrato ou a indenizar as partes. cláusula contratual.
Pela intangibilidade do contrato, ninguém pode alterar unila-
teralmente o contrato, nem sequer o juiz. Isso ocorre em virtude g) bilateral: trata-se de acordo de vontades que prevê obriga-
de terem as partes contratadas de livre e espontânea vontade e, ções e direitos de ambas as partes.
submetido a sua vontade à restrição do cumprimento contratual,
no entanto, em se tratando de contratos administrativos regidos Formalização
pelas ordens de direito público, há exceções legais que garantem a
alteração unilateral do contrato. Para que um contrato seja válido e eficaz ele não pode ser feito
de qualquer maneira, deverá respeitar algumas peculiaridades que,
Princípio da boa-fé contratual: para se chegar a perfeição do formalmente, devem seguir em seu corpo de texto. Seguem abaixo
contrato, é preciso que exista boa- fé das partes contratantes, an- as formalidades para que seja firmado um contrato:
tes, depois e durante o contrato, verificando se essa boa fé está
sendo descumprida. a) Procedimento Administrativo Próprio: é o procedimento de
Para tanto, deve-se observar as circunstâncias que foi celebra- licitação, que pode ser substituído pelo procedimento de justifica-
do o contrato, como o nível de escolaridade entre os contratantes, ção (artigo 26 da Lei 8666).
o momento histórico e econômico.
b) Forma Escrita: o contrato administrativo deve ser formali-
Este princípio não está expresso na Constituição, por isso, com- zado por escrito (regra). O artigo 60, parágrafo único da Lei 8666
pete ao juiz analisar o comportamento dos contratantes. estabelece que é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal, salvo o
de pronta entrega, pronto pagamento ou até R$4.000,00 (exceção).
Características
c) Publicação: o contrato administrativo deve ser publicado
a) Presença do Poder Público: o Poder Público tem que estar (artigo 61, parágrafo único, 8666). Não se publica a íntegra do con-
presente no contrato. trato, mas apenas um resumo do mesmo (extrato do contrato), do-
cumento este que contém as principais informações do contrato.
b) formal: tem várias formalidades previstas pela lei; Por previsão expressa da lei, a publicação é condição de eficá-
cia do contrato. O contrato não publicado é válido, mas não tem
c) consensual: é aquele que se aperfeiçoa na manifestação de eficácia.
vontade. O que vem depois é a execução do contrato (exemplo: A publicação é um dever da Administração. É esta quem deve
contrato de compra e venda). O contrato consensual já existe desde providenciar a publicação do contrato administrativo.
o momento da manifestação de vontade. O contrato administrativo
se aperfeiçoa no momento da manifestação de vontade. Isso é di- d) Instrumento de Contrato: instrumento de contrato é o docu-
ferente do contrato real, que só se aperfeiçoa a partir do momento mento que define os parâmetros da relação.
em que há a entrega do bem (exemplo: contrato de empréstimo). Será obrigatório quando o valor do contrato for corresponden-
te à concorrência ou à tomada de preços. Se a hipótese for de dis-
d) Comutativo: é aquele que tem prestação e contraprestação pensa ou inexigibilidade de licitação (contratação direta) e o valor
equivalentes e preestabelecidas. O contrato comutativo é diferente do contrato for da concorrência ou da tomada, será obrigatório o
do contrato aleatório. O contrato administrativo deve ser comuta- instrumento de contrato. O critério único, portanto, é o valor do
tivo: prestação e contraprestação equivalentes e preestabelecidas. contrato. Será facultativo quando o valor do contrato for correspon-
dente ao convite, desde que possa se fazer de outra forma. O cri-
tério, portanto, é o valor do convite e a possibilidade de se praticar
de outra forma.

27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Prazo - Qualitativas: Alterações qualitativas são autorizadas quan-
do houver modificação do projeto ou das especificações para me-
Todo contrato administrativo deve ter um prazo determinado lhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, I, a, da Lei n.
e extingue-se normalmente ao final desse prazo. A regra é que os 8.666/93), desde que não haja descaracterização do objeto descrito
contratos têm sua duração limitada em 12 meses, ou seja, um exer- no edital licitatório. Ou seja, quando ocorrer modificação do proje-
cício financeiro. Porém, a lei prevê as seguintes exceções, em que é to ou das especificações para melhor adequação técnica;
possível a adoção de prazo mais dilatados: - Quantitativas: Já as alterações quantitativas são possíveis
a) contratos relativos a projetos incluídos no plano plurianual – quando necessária a modificação do valor contratual em decorrên-
o prazo será aquele previsto na lei que aprovou o plano, atendendo cia de acréscimo ou diminuição na quantidade do seu objeto, nos
ao limite de quatro anos; limites permitidos em lei (art. 65, I, b, da Lei n. 8.666/93).
b) serviços de execução contínua – limite de 60 meses, poden- A alteração unilateral do contrato exige mudança na remune-
do ser estendido por mais 12 meses; ração do contratado, ensejando direito ao reequilíbrio econômico-
c) aluguel e utilização de materiais de informática – limite de
-financeiro.
48 meses.
Constituem cláusulas exorbitantes porque podem ser impostas
As concessões de serviços públicos não estão vinculadas aos
à revelia da concordância do contratado.
créditos orçamentários anuais, pois exigem prazos mais dilatados
para que o contratado recupere seu investimento. Requer-se ape-
nas que o contrato seja firmado por tempo determinado. Revisão do contrato
Os prazos contratuais podem ser prorrogados nas seguintes si-
tuações: Os contratos administrativos podem ser alterados por decisão
a) alteração do projeto ou especificações, pela Administração; unilateral da Administração ou por acordo entre as partes.
b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- Tendo em vista que as hipóteses de alteração são taxativas,
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- qualquer alteração fora dessas hipóteses será nula. Estas alterações
ções de execução do contrato; devem vir acompanhadas das razões e fundamentos que lhe deram
c) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo origem (art. 65 da Lei 8666/93).
de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contra- Hipóteses de alteração unilateral pela Administração (rol taxa-
to, nos limites permitidos na Lei; tivo):
e) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de - Quando houver modificações do projeto ou das especifica-
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65,
porâneo à sua ocorrência; I, “a” da Lei 8666/93): Esta hipótese não pode ser confundida com
f) omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, alteração do objeto, pois seria uma fraude à licitação.
inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta- - Quando necessária a modificação do valor contratual em de-
mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, nos
sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. limites permitidos pela lei (art. 65, I, “b” da Lei 8666/93).

Alteração, revisão, prorrogação, renovação, reajuste contra- O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
tual, execução e inexecução, cláusulas exorbitantes, anulação, re- contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
vogação, extinção e consequências. serviços ou compras, até 25% do valor inicial atualizado do contrato
e, no caso particular de reforma de prédios ou de equipamentos,
Alteração
até o limite de 50% para os seus acréscimos (art. 65, § 1.º da Lei
8666/93).
A Administração Pública tem o dever de zelar pela eficiência
A elevação das quantidades além desses limites representa
dos serviços públicos e, muitas vezes, celebrado um contrato de
fraude à licitação, não sendo admitida nem mesmo com a con-
acordo com determinados padrões, posteriormente se observa que
estes não mais servem ao interesse público, quer no plano dos pró- cordância do contratado. Entretanto, as supressões resultantes
prios interesses, quer no plano das técnicas empregadas. de acordo celebrado podem ser estabelecidas (art. 65, § 2.º da Lei
Essa alteração não pode sofrer resistência do particular contra- 8666/93).
tado, desde que o Poder Público observe uma cláusula correlata, Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os
qual seja, o Equilíbrio Econômico-financeiro do contrato. encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por
Assim, a Administração Pública deve, em defesa do interesse aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial (art. 65, § 6.º
público e desde que assegurada a ampla defesa, no processo admi- da Lei 8666/93). Teoria da Imprevisão também está presente nas
nistrativo, promover a alteração do contrato, ainda que discordante alterações unilaterais.
o contratado.
Por óbvio, a possibilidade de alteração do que fora pactuado Hipóteses de alteração por acordo das partes (rol taxativo):
sempre se sujeita à existência de justa causa, presente na modifi- - Quando conveniente a substituição da garantia da execução
cação da necessidade coletiva, ou do interesse público. Ao parti- (art. 65, II, “a” da Lei 8.666/93).
cular restará, se caso, eventual indenização pelos danos que vier a - Quando necessária a modificação do regime de execução da
suportar. obra ou serviço bem como do modo de fornecimento, em face de
A lei autoriza que a Administração realize modificação unila- verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais origi-
teral no objeto do contrato para melhor adequação às finalidades nários (art. 65, II, “b” da Lei 8.666/93).
de interesse público. A alteração pode consistir na modificação do - Quando necessária modificação da forma de pagamento, por
projeto ou em acréscimo e diminuição na quantidade do objeto. imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial
Desse modo, as alterações unilaterais podem ser modificações qua- atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
litativas ou quantitativas. cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço (art. Regime de execução O regime de execução disciplina a forma
65, II, “c” da Lei 8.666/93). Exemplo: Resolvem mudar a data de de apuração do valor a ser pago à empresa contratada pela presta-
pagamento, pois “cai” no feriado. ção do serviço, gerando modalidades de empreitada, diretamente
A Teoria da Imprevisão autoriza a modificação ou revisão das influenciadas pelo critério para apuração do valor da remuneração
cláusulas inicialmente pactuadas em vista de fatos supervenientes devida da contratante à contratada. Quando na modalidade de
e imprevisíveis capazes de impedir ou dificultar o cumprimento do empreitada por preço global, o contrato definirá o valor devido ao
ajuste nos termos inicialmente fixados. Tem por objetivo a manu- particular tendo em vista a prestação de todo o serviço; quando na
tenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. – modalidade de empreitada por preço unitário o valor será fixado
Esta teoria só se aplica diante da álea extraordinária (riscos, prejuí- pelas unidades executadas.
zos anormais ocorridos na execução do contrato). Na categoria de contrato de obras e serviços, a Lei de Licitações
admite a empreitada por preço global, a empreitada por preço uni-
Prorrogação e renovação tário, a tarefa e a empreitada integral.
Empreitada por preço global: é aquela em que se ajusta a exe-
Prorrogação do Contrato é o fato que permite a continuidade cução da obra ou serviço por preço certo e total. Ou seja, a empresa
do que foi pactuado além do prazo estabelecido, e por esse motivo contratada receberá o valor certo e total para execução de toda a
pressupõe a permanência do mesmo objeto contratado inicialmen- obra. Será responsável pelos quantitativos e o valor total só será
te. Observe-se, todavia, que apenas nas hipóteses legais poderá o alterado se houver modificações de projetos ou das condições pré-
contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a re- -estabelecidas para execução da obra, sendo as medições feitas por
gra, mas sim a exceção. etapas dos serviços concluídos. O pagamento, no entanto, poderá
“Se fosse livre a prorrogabilidade dos contratos, os princípios ser efetuado parceladamente, nas datas prefixadas, na conclusão
da igualdade e da moralidade estariam irremediavelmente atingi- da obra ou de cada etapa, conforme ajustado entre as partes. É co-
dos” (CARVALHO FILHO) mum nos contratos de empreitada por preço global a exigência da
A possibilidade de prorrogação do contrato e do prazo para a especificação de preços unitários, tendo em vista a obrigação da
execução está prevista no art. 57 da Lei nº. 8.666/93. empresa contratada de aceitar acréscimos ou supressões nos quan-
Os contratos de prestação de serviço de forma contínua podem titativos dentro dos limites legais (Art. 65, § 1.º).
ter sua duração prorrogada por sucessivos períodos iguais, com o
mesmo contratado e o mesmo objeto, se houver cláusula prevendo Art. 65 – [...]
essa possibilidade, com o objetivo de obter preços e condições mais § 1° - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
vantajosas para a Administração, no limite máximo de sessenta me- ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas
ses, admitindo-se a prorrogação por mais doze meses, em caráter obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
excepcional. Somente se permite a prorrogação pelo mesmo prazo valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma
inicial do contrato original. de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por
Não é exigida licitação para a prorrogação do contrato. Nos de- cento) para os seus acréscimos.
mais casos, o prazo da execução do contrato pode ser prorrogado
de acordo com a previsão da lei, ou seja, desde que ocorram os Empreitada por preço unitário: é aquela em que se contrata
motivos que ela elenca: a execução por preço certo de unidades determinadas. Ou seja, o
- alteração do projeto e suas especificações pela Administra- preço global é utilizado somente para avaliar o valor total da obra,
ção; para quantidades pré-determinadas pelo Edital para cada serviço,
- superveniência de fato excepcional ou imprevisível que altere que não poderão ser alteradas para essa avaliação, servindo para
as condições de execução; determinar o vencedor do certame com o menor preço. As quan-
- interrupção da execução ou diminuição do ritmo de trabalho tidades medidas serão as efetivamente executadas e o valor total
por ordem e interesse da Administração; da obra não é certo. Nesta modalidade o preço é ajustado por uni-
- aumento de quantidades; dades, que tanto podem ser metros quadrados de muro levantado,
- impedimento da execução por fato ou ato de terceiro reco- como metros cúbicos de concreto fundido. O pagamento é devido
nhecido pela Administração; após cada medição. A empreitada por preço unitário é muito utiliza-
- omissão ou atraso de providências pela Administração. da em reformas, quando não se pode prever as quantidades certas
e exatas que serão objeto do contrato.
A renovação em todo ou em parte do contrato é vedada e ne-
cessita de licitação, dando oportunidade à concorrência. Tarefa: é o regime de execução próprio para pequenas obras
A recontratação somente é permitida nas hipóteses de dispen- ou para partes de uma obra maior. Refere-se, predominantemente,
sa ou inexigibilidade de licitação. à mão de obra. A tarefa pode ser ajustada por preço certo, global
ou unitário, com pagamento efetuado periodicamente, após a ve-
Execução do contrato administrativo rificação ou a medição pelo fiscal do órgão contratante. Em geral, o
tarefeiro só concorre com a mão de obra e os instrumentos de tra-
A Administração deve designar servidor para acompanhar e fis- balho, mas nada impede que forneça também pequenos materiais.
calizar o contrato, em data anterior ao início de sua vigência. Pode,
ainda, contratar terceiros para assessorá-lo nos casos em que, tec- Empreitada integral: é a contratação da integralidade de um
nicamente, isso se fizer necessário. empreendimento, compreendendo todas as etapas das obras, ser-
O fiscal do contrato deve registrar todas as ocorrências verifi- viços e instalações necessárias, inclusive projeto executivo, sob in-
cadas, inclusive o que for determinado para a correção das falhas teira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra-
observadas. Se as medidas extrapolarem suas competências devem tante em condições de ocupação.
ser comunicadas aos seus superiores em tempo hábil para a adoção
dos procedimentos adequados.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Inexecução do contrato - Teoria da imprevisão: por ela as partes possuem autorização,
possibilidade para a revisão do contrato através do reconhecimento
É o descumprimento de suas cláusulas, total ou parcial. Cul- de eventos novos imprevistos no contrato e que sejam imprevisí-
posa ou não. Pode ocorrer por ação ou omissão, culposa ou sem veis.
culpa, de qualquer das partes, caracterizando o retardamento ou o Com este entendimento aplicamos a cláusula “rebus sic standi-
descumprimento integral do ajustado. Quaisquer dessas situações bus”, mas só é possível a utilização desta quando sobrevierem fatos
podem ensejar responsabilidades para o inadimplente e até mesmo imprevistos e imprevisíveis - ou se previsíveis incalculáveis nas suas
propiciar a rescisão do contrato. consequências desequilibrando assim o contrato celebrado, poden-
Ocorre também a inexecução quando o contratado descumpre do haver o reajuste contratual de preço - desde que isto seja men-
obrigações contratuais ou realiza ato que, de acordo com regimes cionado no contrato inicial.
jurídicos, não poderia fazê-lo; quando não há mais interesse público A presente teoria somente interessa aos contratos de execução
ou conveniência a mantença do contrato. continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo,
A inexecução ou inadimplência culposa é a que resulta de ação uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea.
ou omissão da parte, decorrente de negligência, imprudência ou
imperícia no atendimento às cláusulas contratuais. Tanto pode se Cláusulas Exorbitantes
referir aos prazos contratuais (mora), como ao modo de realização
do objeto de ajuste, como a sua própria consecução. É previsto para Os contratos administrativos têm como sua maior particula-
esse caso multas e até a rescisão do contrato, com a cobrança de ridade a busca constante pelo interesse público e a consequente
perdas e danos, a suspensão provisória e a declaração de idoneida- sujeição aos princípios basilares do Direito Público, quais sejam,
de para contratar com a administração. o da supremacia do interesse público sobre o particular e a indis-
Quando a rescisão se dá por culpa do contratado, a Administra- ponibilidade do interesse público. Isto acaba por fazer com que as
ção Pública terá direito: partes do contrato administrativo não sejam colocadas em situação
- Assunção imediata do objeto do contrato; tratando-se de ser- de igualdade, uma vez que, conforme amplamente sabido, são con-
viço essencial; feridas à Administração Pública prerrogativas que lhe colocam em
- Ocupação das instalações, material, equipamentos e, inclu- patamar diferenciado, de superioridade em face do particular que
sive, funcionários, para dar continuidade ao contrato em razão do com ela contrata. São as chamadas “cláusulas exorbitantes”, que
princípio da continuidade do serviço público essencial; constituem poderes conferidos pela lei à Administração no manejo
- A administração poderá executar a garantia prestada; contratual que extrapolam os limites comumente utilizados no Di-
- Retenção dos créditos decorrentes do contrato até os limites reito Privado.
dos danos. As cláusulas exorbitantes - também conhecidas como cláusulas
privilégios - fazem parte dos requisitos essenciais para qualificação
Sendo assim, o descumprimento do pactuado pelo contratado do contrato administrativo; buscam garantir a regular satisfação do
leva à imposição de sanções, penalidades e à apuração da respon- interesse público presente no contrato administrativo. São cláusu-
sabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou parcial pode las que asseguram certas desigualdades entre as partes.
ensejar a apuração de responsabilidade civil, criminal e administra-
tiva do contratado, propiciando, ainda, a rescisão do contrato. Já a Anulação, Revogação, Extinção
inexecução sem culpa é a que decorre de atos ou fatos estranhos
à conduta da parte, retardando ou impedindo totalmente a execu- Anulação: Nos termos do que estabelece o artigo 59 da Lei nº
ção do contrato. Nesses casos, seria provinda de força maior, caso 8.666/93, o contrato administrativo revestido de ilegalidades deve-
fortuito, etc. rá ser anulado pela Administração, operando retroativamente seus
Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua imprevisi- efeitos jurídicos, isto é, tornar-se-ão nulos todos os atos praticados.
bilidade e inevitabilidade, criam para o contrato impossibilidade in- Assim a invalidação de um contrato administrativo determina a
transponível de normal execução do contrato. No caso de força maior, supressão de tudo que dele resultou (efeito ex tunc, ou seja, supres-
temos uma greve que paralise os transportes ou a fabricação de um são de seus efeitos desde o início)
produto de que dependa a execução do contrato. No caso fortuito, Da mesma forma, é nulo o contrato administrativo decorrente
é o evento da natureza - como, por exemplo, um tufão, inundação. de licitação porventura anulada por ilegalidade.
Muito embora seja prerrogativa da Administração Pública, em
- Teoria do Fato do Príncipe: Trata-se de todo acontecimento homenagem ao Princípio da Autotutela, a nulidade contratual não
externo ao controle de natureza geral, que abrange a coletividade. afasta a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que
No caso de alteração unilateral das cláusulas expressas em um con- já tenha executado, até a data de declaração, a não ser que o pró-
trato, a responsabilidade deriva do próprio contrato. prio contratado tenha dado causa à anulação.
Portanto, na hipótese de inexecução pelo fato do príncipe há
uma determinação estatal, geral, imprevista e imprevisível que one- Revogação do ato administrativo: Os atos administrativos po-
ra substancialmente a execução do contrato administrativo, obri- derão ser revogados por questões de conveniência e oportunidade,
gando o poder público contratante a compensar integralmente os a partir do momento em que estes se tornarem inconvenientes e
prejuízos suportados pela outra parte, a fim de possibilitar o pros- inoportunos para a Administração.
seguimento da execução do ajuste.
A característica marcante do fato do príncipe é a generalidade Extinção é o fim do vínculo obrigacional entre contratante e
e a coercitividade da medida prejudicial ao contrato, além da sua contratado. Pode ser decorrente de:
surpresa e imprevisibilidade, com agravo efetivo para o contratado. a) conclusão do objeto: nesse caso, o ato administrativo que
Na teoria do fato do príncipe a administração não pode causar extingue o contrato é, como visto, o recebimento definitivo;
dano ou prejuízo aos administradores, e muito menos aos seus con- b) término do prazo: é a regra nos contratos por tempo deter-
tratados. A medida não objetiva fazer cessar a execução do contrato minado. É possível a prorrogação antes do fim do prazo previsto no
e só incide indiretamente sobre o ajustado pelas partes. contrato;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
c) anulação; Reajuste é o nome dado para a atualizar o valor remuneratório
d) rescisão: forma excepcional de extinção do contrato, pois ante as perdas inflacionárias ou majoração nos insumos. Normal-
implica cessação antecipada do vínculo. Pode ser unilateral, bilate- mente, as regras de reajuste têm previsão contratual e são formali-
ral (amigável ou consensual) e judicial. A rescisão amigável, que não zadas por meio de instituto denominado apostila.
precisa ser homologada pelo juiz, é possível nos seguintes casos, O reajuste pode ocorrer nos seguintes casos:
previstos no art. 78: a) reajustamento contratual de preços;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, servi- b) cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda;
ços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contra- c) fato do príncipe e fato da administração;
to além do limite permitido no § 1.º do art. 65 desta Lei; d) caso fortuito e força maior.
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad- Revisão ou recomposição são alterações no valor efetivo da ta-
ministração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em rifa, por muitas vezes não possuem uma previsão contratual, diante
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna de circunstâncias insuscetíveis de recomposição por reajuste.
ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mes- Portanto, no reajuste é promovida uma simples atualização
mo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de inde- monetária da remuneração, ao passo que na revisão ocorre um au-
nizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobili- mento real no valor pago ao contratado
zações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado,
nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das Convênios e Terceirização.
obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos de- Convênios e consórcios administrativos surgem no direito ad-
vidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou forne- ministrativo, fundamentalmente, como instrumentos jurídicos que
cimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em permitem a cooperação de diferentes pessoas de direito público, ou
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna entre estas e particulares. Estes instrumentos de cooperação pos-
ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus- sibilitam a conjugação de esforços de diversos entes naquilo que,
pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normali- isoladamente, não são capazes de realizar.
zada a situação;
Os convênios em primeiro plano - e os consórcios em menor
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
grau - são os instrumentos jurídicos que permitem que União, Es-
cal ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos
tados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização do
prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais es-
interesse público. Tanto nas áreas em que a Constituição indicou a
pecificadas no projeto.
competência concorrente de todos ou de dois dos entes públicos,
quanto naquelas em que, embora a norma de competência indi-
Equilíbrio econômico-financeiro
que um ente como responsável, a realização material da finalidade
O art. 37, XXI, da Constituição Federal, ao disciplinar a obrigato- pública diz interesse geral e, portanto, também cabe aos demais
riedade do procedimento licitatório, prescreve que cooperarem no que for possível.
No âmbito da cooperação interna da Administração, propug-
“Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, na-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, inclusive de ges-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- tão financeira e orçamentária, a partir da celebração de contratos
so de licitação pública, com cláusulas que estabeleçam obrigações de gestão, estabelecendo deveres e responsabilidades do órgão
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta”. autônomo. Em relação à gestão associada entre vários órgãos ou
entidades da Administração, sua operação se observa através de
Essa alusão a “mantidas as condições efetivas da proposta” tor- consórcios públicos e convênios de cooperação.
nou obrigatória a criação de um sistema legal de preservação da Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos e
margem de lucro do contratado, denominado equilíbrio econômico consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa como ins-
-financeiro. trumentos de cooperação entre os diversos órgãos da Administra-
A disciplina legislativa do tema consta da Lei n. 8.666/93 (arts. ção e destes com os particulares, com vista à realização do interesse
57, § 1º, e 65, II, d), da Lei n. 8.987/95 (art. 9º, § 2º) e da Lei n. público.
9.074/95 (art. 35).
A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro por uma re- A licitação
lação de igualdade a ser perseguida com base na equação formada
pelas obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajus- Está prevista na lei 8.666/93 que regulamenta o art. 37, inciso
te e a compensação econômica para realizar essas obrigações. Visa XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e con-
assegurar uma remuneração justa ao contratante. tratos da Administração Pública.
Para Alexandre Mazza “A manutenção desse equilíbrio é um di- Não é somente com seus próprios meios, ou por intermédio de
reito constitucionalmente tutelado do contratado e decorre do prin- suas entidades ou órgãos, que a Administração Pública, gestora dos
cípio da boa-fé e também da busca pelo interesse público primário, interesses da coletividade, realiza as suas atividades. Usualmente
tendo como fundamentos a regra do rebus sic stantibus e a teoria necessita contratar terceiros, e o faz, seja para aquisição, execução
da imprevisão.” de serviços, locação de bens, seja para a concessão e permissão de
serviços públicos, entre outros.
Em termos práticos, a garantia do equilíbrio econômico-finan- A licitação por sua vez, possui como objeto a seleção da pro-
ceiro obriga o contratante a alterar a remuneração do contratado posta mais vantajosa para a Administração Pública.
sempre que sobrevier circunstância excepcional capaz de tornar A escolha dos que serão contratados pela Administração Pú-
mais onerosa a execução. Assim, procura-se recompor a margem de blica não pode decorrer de critérios pessoais do administrador ou
lucro inicialmente projetada no momento da celebração contratual. de ajustes entre interessados. A escolha dos que serão contratados
Essa alteração remuneratória pode se dar mediante reajuste decorrerá do procedimento denominado licitação, de obrigatorie-
ou revisão. dade imposta por regra constitucional, à luz do art. 37, inciso XXI:

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, Impessoalidade: Significa que a Administração Pública não
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- poderá atuar discriminando pessoas, a Administração Pública deve
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações privadas.
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
obrigações. (Regulamento) Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obede-
A obrigatoriedade de licitar alcança a Administração Pública di- cer não só à lei, mas também à moral.
reta e indireta, inclusive as entidades empresariais (art. 173, § 1.º, 2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou Igualdade):
inc. III, da CF). As empresas públicas e as sociedades de economia Está previsto no caput do art. 5.º da Constituição Federal. Esse prin-
mista, como dita aquela regra constitucional, podem possuir esta- cípio não se limita a máxima: “os iguais devem ser tratados igual-
tuto próprio, mas, para que possam contratar, também devem pro- mente; os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida
mover o certame licitatório. de suas desigualdades”.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo, é errado imaginar
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- que o princípio da isonomia veda todas as discriminações. Discrimi-
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional nar (retirando seu sentido pejorativo) é separar um grupo de pes-
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. soas para lhes atribuir tratamento diferenciado do restante. Nesse
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, sentido, toda a norma jurídica discrimina, porque incide sobre algu-
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explo- mas pessoas e sobre outras não.
rem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, dispondo sobre: Exemplos:
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e aliena- • Abertura de concurso público para o preenchimento de va-
ções, observados os princípios da administração pública; gas no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato discriminado
pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão jurídica pela qual a
discriminação é feita? A razão jurídica da discriminação é o fato de
O Poder Público não pode ter a liberdade que possuem os par-
que, em determinadas circunstâncias, algumas atividades policiais
ticulares para contratar. Ele deve sempre se nortear por dois valores
são exercidas de forma mais adequada por mulheres. Há, portanto,
distintos:
correspondência lógica entre o fato discriminado e a razão pela qual
a) Isonomia: O administrador público deve tratar igualmente
a discriminação é feita, tornando a norma compatível com o princí-
os administrados;
pio da isonomia.
b) Probidade: O Poder Público deve sempre escolher a melhor
• Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes uma
alternativa para os interesses públicos.
determinada máquina. Qual é o fato discriminado pela norma? É a
determinada máquina. Qual é a razão jurídica pela qual a discrimi-
Licitação é o procedimento administrativo por meio do qual nação é feita? Essa pergunta pode ser respondida por meio de outra
o Poder Público, mediante critérios preestabelecidos, isonômicos indagação: A máquina é indispensável para o exercício do contrato?
e públicos, busca escolher a melhor alternativa para a celebração Se for, a discriminação é compatível com o princípio da isonomia.
de um ato jurídico.
3. Princípio da Probidade: Ser probo, nas licitações, é escolher
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO objetivamente a melhor alternativa para os interesses públicos, nos
O art. 3.º da Lei n. 8.666/93 estabelece os princípios da licita- termos do edital.
ção:
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princí- 4. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: O
pio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajo- instrumento convocatório é o ato administrativo que convoca a li-
sa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional citação, ou seja, é o ato que chama os interessados a participarem
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade da licitação; é o ato que fixa os requisitos da licitação. É chamado,
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da por alguns autores, de “lei daquela licitação”, ou de “diploma legal
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade adminis- que rege aquela licitação”. Geralmente vem sob a forma de edital,
trativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento contudo, há uma exceção: O convite (uma modalidade diferente
objetivo e dos que lhes são correlatos. de licitação). O processamento de uma licitação deve estar rigo-
rosamente de acordo com o que está estabelecido no instrumen-
Observe que a redação termina com a expressão “... e dos que to convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de
lhes são correlatos”. Dessa maneira, verifica-se que o rol de princí- respeitar o instrumento convocatório, assim como o órgão público
pios previstos nesse artigo não é exaustivo. responsável.

1. Princípio da Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e Mo- 5. Princípio do Julgamento Objetivo: Esse princípio afirma que
ralidade: O art. 3.º, caput, da Lei 8.666/93 faz referência aos prin- as licitações não podem ser julgadas por meio de critérios subjetivos
cípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O princípio da ou discricionários. Os critérios de julgamento da licitação devem ser
eficiência não está relacionado. Isso porque, quando a Lei n. 8.666 objetivos, ou seja, uniformes para as pessoas em geral. Exemplo:
surgiu, em 1993, ainda não existia o caput do art. 37 da Constitui- Em uma licitação foi estabelecido o critério do menor preço. Esse
ção Federal com sua redação atual (“...obedecerá aos princípios de é um critério objetivo, ou seja, é um critério que não varia para
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”). ninguém. Todas as pessoas têm condições de avaliar e de decidir.
Legalidade: O administrador está obrigado a fazer tão somente
o que a lei determina.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6. Outros Princípios: X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
a) Princípio do procedimento formal: Estabelece que as forma- mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi-
lidades prescritas para os atos que integram as licitações devem ser dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde
rigorosamente obedecidas. que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava-
b) Princípio da adjudicação compulsória: Esse princípio tem liação prévia;
uma denominação inadequada. Ele afirma que, se em uma licitação XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou forne-
houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em favor do vence- cimento, em consequência de rescisão contratual, desde que aten-
dor do procedimento. Essa afirmação não é absoluta, uma vez que dida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mes-
várias licitações terminam sem adjudicação. mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
c) Princípio do sigilo das propostas: É aquele que estabele- ao preço, devidamente corrigido;
ce que as propostas de uma licitação devem ser apresentadas de XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
modo sigiloso, sem que se dê acesso público aos seus conteúdos. perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR preço do dia;
A nossa legislação prevê duas exceções ao dever de licitar:
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi-
DISPENSA DE LICITAÇÃO: É a situação em que, embora viável
mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen-
a competição em torno do objeto licitado, a lei faculta a realização
volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação
direta do ato. Os casos de dispensa devem estar expressamente
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável re-
previstos em lei. Vamos conferir a redação do artigo 24 da Lei n.
8.666/93: putação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
Art. 24. É dispensável a licitação: XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan-
por cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso I do artigo do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para
anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra o Poder Público;
ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
mente; inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso II do artigo ante- dronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais,
rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju-
se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in-
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan- cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in-
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, dispensável para a vigência da garantia;
e somente para os bens necessários ao atendimento da situação XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas-
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e
que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi- seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta
tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se-
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos des, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento,
contratos; quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
Lei:
belecidas;
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
para regular preços ou normalizar o abastecimento; com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quan-
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços do houver necessidade de manter a padronização requerida pela
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competen- mediante parecer de comissão instituída por decreto;
tes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta XX - na contratação de associação de portadores de deficiência
Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos
bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de ou entidades da Administração Pública, para a prestação de servi-
preços, ou dos serviços; ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público inter- seja compatível com o praticado no mercado.
no, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusiva-
que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse mente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o pre- pela Capes, pela FINEP, pelo CNPq ou por outras instituições de fo-
ço contratado seja compatível com o praticado no mercado; mento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da se- XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener-
gurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presiden- gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou au-
te da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; torizado, segundo as normas da legislação específica;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou socie- Hipóteses de Dispensa de Licitação
dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para 1. Licitação dispensada: É aquela que a própria lei declarou
a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- como tal. O artigo 17 da Lei n. 8.666/93 cuida das hipóteses de dis-
ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado pensa de licitação em casos de alienação e cessão de uso de bens
no mercado. públicos. Vamos conferir:
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordi-
com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas nada à existência de interesse público devidamente justificado, será
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
gestão. I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacio-
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de nais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora- de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
ção de criação protegida. dispensada esta nos seguintes casos:
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da a) dação em pagamento;
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo,
autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de co- ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
operação. c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons-
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- tantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em d) investidura;
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de qualquer esfera de governo;
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da admi-
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão nistração pública;
especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja compe-
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras
tência legal inclua-se tal atribuição;
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus-
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de
ratificadas pelo Comandante da Força.
uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou
cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de
de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por ór-
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio- gãos ou entidades da administração pública;
nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. rosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou
nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fun-
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. diária, atendidos os requisitos legais;
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnolo- II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, ção, dispensada esta nos seguintes casos:
no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interes-
elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião se social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno- econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
lógica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012). b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste des da Administração Pública;
artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob-
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, servada a legislação específica;
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na for- d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
ma da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
de 2012). entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por
deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem quem deles dispõe.
produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 § 1o Os imóveis doados com base na alínea «b» do inciso I deste
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacio- artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão
nal do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação
pelo beneficiário.
§ 2o A Administração também poderá conceder título de pro-
priedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação,
quando o uso destinar-se:

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual- é que, na primeira, a competição é possível, mas a Administração
quer que seja a localização do imóvel; poderá dispensá-la, enquanto a inexigibilidade é a possibilidade de
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato contratação sem licitação, por ser a competição inviável.
normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos
mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta INEXIGIBILIDADE DE LICITAR: Ocorre quando é inviável a com-
sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) mó- petição em torno do objeto que a Administração quer adquirir (art.
dulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não 25 da Lei 8.666/93).
exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares); Ambas, dispensa e inexigibilidade, são formas de contratação
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de direta sem licitação, sendo essa a única semelhança entre elas, e
autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condi- só podem ser vinculadas por lei federal, porque se trata de norma
cionamentos: geral.
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por Alguns autores mencionam a má técnica do legislador ao ex-
particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de pressar o rol dos casos de dispensa, alegando que algumas dessas
2004; hipóteses seriam casos de inexigibilidade. Vamos fazer a leitura do
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime referido artigo 25 da Lei 8.666/93:
legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária de Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de
terras públicas; competição, em especial:
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não- I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públi- só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan-
cas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecoló- te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
gico-econômico; e comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci-
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria
notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pú- a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con-
blica ou interesse social. federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas
vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
atividades agropecuárias; publicidade e divulgação;
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico,
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consa-
licitação para áreas superiores a esse limite; )
grado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
limite previsto no inciso II deste parágrafo.
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008)
nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei:
lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar
do objeto do contrato.
inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avalia-
ção e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei; dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solida-
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta riamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais constru- prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
ídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que de outras sanções legais cabíveis.
considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e
não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. MODALIDADES DE LICITAÇÃO
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento A licitação pode ser processada de diversas maneiras. As moda-
constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumpri- lidades de licitação estão dispostas no artigo 22 da Lei n. 8.666/93,
mento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo que prescreve cinco modalidades de licitação:
dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente a) Concorrência
justificado; b) Tomada de preços
§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário ne- c) Convite
cessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula d) Concurso
de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em e) Leilão
segundo grau em favor do doador.
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou global- Há uma modalidade de licitação que não consta no artigo ci-
mente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso tado acima, mas foi instituída por Medida Provisória: É a licitação
II, alínea «b» desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. por Pregão.
§ 7o (VETADO). Art. 22. São modalidades de licitação:
2. Licitação dispensável: Nesse caso, a Administração pode dis- I - concorrência;
pensar a competição. A contratação direta existirá porque a compe- II - tomada de preços;
tição, embora possível, não ocorrerá, por opção da Administração. III - convite;
É inexigível licitação quando inviável a competição. No caso, con- IV - concurso;
trata-se diretamente. O que diferencia dispensa e inexigibilidade V - leilão.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, compro- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
vem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquen-
tal para execução de seu objeto. ta mil reais);
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre inte- c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquen-
ressados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as ta mil reais).
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração
à data do recebimento das propostas, observada a necessária qua- serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica
lificação. e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administra- § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens,
tiva, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento con- parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou con-
vocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente junto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder lici-
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência tação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. do objeto em licitação.
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer in- § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qual-
teressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, quer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou aliena-
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, ção de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa ofi- concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
cial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. admitindo-se neste último caso, observados os limites deste arti-
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interes- go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
sados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não
ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a houver fornecedor do bem ou serviço no País.
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais
§ 5o É vedada a utilização da modalidade «convite» ou «tomada
de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
de preços», conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no
ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
convidados nas últimas licitações.
mente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinte-
resse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de «tomada de preços» ou «concorrência», respectivamente, nos
de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deve- termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica
rão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especiali-
do convite. dade diversa daquela do executor da obra ou serviço.
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a § 6o As organizações industriais da Administração Federal di-
combinação das referidas neste artigo. reta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites es-
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração tabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e
somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplica-
previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível dos exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios
com o objeto da licitação, nos termos do edital. operacionais bélicos pertencentes à União.
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não
1. Concorrência: A concorrência está prevista no art. 22, § 1.º, haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação
da Lei n. 8.666/93 e pode ser definida como “modalidade de licita- de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a am-
ção entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação pliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mí-
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifica- nimo para preservar a economia de escala.
ção exigidos no edital para execução de seu objeto”. A concorrên- § 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
cia pública é a modalidade de licitação utilizada, via de regra, para valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até
maiores contratações, aberta a quaisquer interessados que preen- 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior
cham os requisitos estabelecidos no edital. número.
É a modalidade mais completa de licitação. É destinada a con- 2. Tomada de Preços: Prevista no art. 22, § 2.º, da Lei n.
tratos de grande expressão econômica, por ser um procedimento 8.666/93, pode ser definida como “modalidade de licitação entre
complexo, que exige o preenchimento de vários requisitos e a apre- interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas
sentação detalhada de documentos. A Lei prevê, no art. 23, a tabela as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia ante-
de valores para cada modalidade de licitação. rior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos qualificação”.
I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguin- É uma modalidade mais simplificada, mais célere e, por esse
tes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: motivo, não está voltada a contratos de grande valor econômico.
I - para obras e serviços de engenharia: Essa modalidade de licitação era direcionada apenas aos inte-
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); ressados previamente cadastrados. Atualmente, o § 2.º do art. 22
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui- da Lei em estudo dispõe, conforme transcrito acima, que também
nhentos mil reais); deverão ser recebidas as propostas daqueles que atenderem às
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui- condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à
nhentos mil reais); data do recebimento das propostas.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A tomada de preços, portanto, destina-se a dois grupos de pes- O art. 19 dispõe que, nos casos de alienação de um bem que
soas previamente definidos: tenha sido adquirido por via de procedimento judicial ou por dação
 Cadastrados: Para que a empresa tenha seu cadastro, de- em pagamento, a alienação pode ser feita por leilão. Nos demais
verá demonstrar sua idoneidade. Uma vez cadastrada, a empresa casos, somente por concorrência.
estará autorizada a participar de todas as tomadas de preço.
 Não cadastrados: Se no prazo legal – três dias antes da 6. Pregão: Modalidade licitatória regulamentada pela lei
apresentação das propostas – demonstrarem atender aos requisi- 10.520, de 17 de julho de 2002. É a modalidade de licitação voltada
tos exigidos para o cadastramento, poderão participar da tomada à aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles
de preço. cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetiva-
mente definidos no edital por meio de especificações do mercado.
Na tomada de preço, os licitantes têm seus documentos anali- A autoridade competente justificará a necessidade de contrata-
sados antes da abertura da licitação e, por este motivo, é uma mo- ção e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os
dalidade de licitação mais célere, podendo a Administração conce- critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemen-
der um prazo menor para o licitante apresentar sua proposta. to e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para
3. Convite: O convite está previsto no art. 22, § 3.º, da Lei n. fornecimento. A definição do objeto deverá ser precisa, suficiente
8.666/93, e pode ser definido como “modalidade de licitação en- e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou
tre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou desnecessárias, limitem a competição.
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia REVOGAÇÃO
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconveniente ou
na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse inoportuna.
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação Desde o momento em que a licitação foi aberta até o final da
das propostas”. mesma, pode-se falar em revogação. Após a assinatura do contrato,
É a modalidade simplificada de licitação e, por isso, é destina- entretanto, não poderá haver a revogação da licitação.
da a contratos de pequeno valor. Além de prazos mais reduzidos, o A revogação também está disciplinada no art. 49 da Lei n.
convite tem uma convocação restrita. Pela lei, somente dois grupos 8.666/93, que restringiu o campo discricionário da Administração:
podem participar do convite: para uma licitação ser revogada, é necessário um fato supervenien-
 Convidados: A Administração escolhe no mínimo três inte- te, comprovado, pertinente e suficiente para justificá-lo.
ressados para participar da licitação e envia–lhes uma carta-convi- Somente se justifica a revogação quando houver um fato poste-
te, que é o instrumento convocatório da licitação. rior à abertura da licitação e quando o fato for pertinente, ou seja,
 Cadastrados, no ramo do objeto licitado, não convidados: quando possuir uma relação lógica com a revogação da licitação.
todos os cadastrados no ramo do objeto licitado poderão participar Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato justificar a
da licitação, desde que, no prazo de até 24h antes da apresentação revogação. Deve ser respeitado o direito ao contraditório e ampla
das propostas, manifestem seu interesse em participar da licitação. defesa, e a revogação deverá ser feita mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado.
4. Concurso: O art. 22, § 4.º, da Lei n. 8.666/93 prevê o con- Quanto à indenização, no caso, a lei foi omissa, fazendo alguns
curso, que pode ser definido como “modalidade de licitação entre autores entenderem que há o dever de indenizar, fundamentado no
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988. A posição interme-
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos diária, entretanto, entende que somente haveria indenização nos
vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na casos de adjudicação em relação ao adjudicatário pelos prejuízos
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) que sofreu, mas não pelos lucros cessantes
dias”.
Essa modalidade de licitação não pode ser confundida com o ANULAÇÃO
concurso para provimento de cargo público. O concurso é uma mo- Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em razão
dalidade de licitação específica, que tem por objetivo a escolha de de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em anulação de uma
um trabalho técnico, artístico ou científico. licitação, pressupõe-se a ilegalidade da mesma, pois anula-se o que
Há quem diga que o concurso é uma modalidade de licitação é ilegítimo. A licitação poderá ser anulada pela via administrativa ou
discricionária, alegando que esses trabalhos, normalmente, são sin- pela via judiciária.
gulares e, por este motivo, não haveria necessidade de licitação (a A anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir a
Administração faria a licitação se achasse conveniente). O concurso origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir parte dos
não é, entretanto, uma modalidade discricionária, mas sim o objeto atos licitatórios).
da licitação. A Anulação pela via administrativa está disciplinada no art. 49
da Lei 8.666/93. A autoridade competente para a aprovação do pro-
5. Leilão: Previsto no art. 22, § 5.º, da Lei n. 8.666/93, pode ser cedimento será competente para anular a licitação. O § 3.º do mes-
definido como “modalidade de licitação entre quaisquer interessa- mo art. dispõe, ainda, que, no caso de anulação da licitação, ficam
dos para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração assegurados o contraditório e a ampla defesa. A anulação da licita-
ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a ção deve vir acompanhada de um parecer escrito e devidamente
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o fundamentado.
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação”. Nada impede que, após a assinatura do contrato, seja anulada
O leilão tem um objetivo próprio, visa a alienação de bens. Na a licitação e, reflexamente, também o contrato firmado com base
redação original da lei em estudo, o leilão somente se destina à nela (art. 49, § 2.º, da Lei n. 8.666/93).
alienação de bens móveis. A redação original, entretanto, foi mo- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce-
dificada pela Lei n. 8.883/94, que passou a permitir que o leilão se dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
destinasse, em certos casos, à alienação de bens imóveis. público decorrente de fato superveniente devidamente compro-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo comum no mercado, permitindo aos licitantes, em sessão pública
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, presencial ou virtual, reduzir o valor da proposta por meio de lances
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. verbais e sucessivos.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile-
galidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no Normas Regulamentadoras
parágrafo único do art. 59 desta Lei. O pregão foi instituído pela Medida Provisória nº 2.026, de 04
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, de maio de 2000,na qual acrescentava o Pregão como nova mo-
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. dalidade de licitação, restrito ao âmbito da União Federal, sendo
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse- regulamentado pelo Decreto nº 3.555/00, posteriormente alterado
gurado o contraditório e a ampla defesa. pelo Decreto No 3.693/00, e pelo Decreto nº 3.784/01.
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos Posteriormente com a edição da Lei Nº 10.520, de 17 de ju-
do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação. lho de 2002, o Pregão foi estendido às demais esferas da Federa-
A anulação da licitação, em regra, não gera o dever de indenizar ção, abrangendo portanto sua aplicabilidade, não só mais restritiva
(art. 49, § 1.º), salvo na hipótese do parágrafo único do art. 59 da à União, mas também aos Estados, Municípios e Distrito Federal.
Lei n. 8.666/93, que disciplina a indenização do contratado se este Ementa da lei nº10.520:
não tiver dado causa ao vício que anulou o contrato (indenização “Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
pelos serviços prestados e pelos danos sofridos). Nos casos em que nicípios, nos termos do art. 37, Inciso XXI, da Constituição Fede-
a anulação da licitação ocorrer após a assinatura do contrato e o ral, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de
contratado não tiver dado causa ao vício, será a Administração, por- bens e serviços comuns, e dá outras providências”.
tanto, obrigada a indenizar. Importante ainda frisar que o Decreto nº 3.697/00 foi o que
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo regulamentou o pregão por meio da utilização de recursos de tec-
opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, or- nologia da informação, posteriormente veio o Decreto nº 5.450/05,
dinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produ- que regulamentou o pregão na forma eletrônica para aquisição de
zidos. bens e serviços comuns, e deu outras providências.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do Mais recentemente ainda houve a edição do Decreto No
dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até 5.504/05, que deu grande importância para o Pregão, sobretudo na
a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente forma eletrônica.
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se Estabelece a exigência de utilização do pregão, preferencial-
a responsabilidade de quem lhe deu causa. mente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados, nas
contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência
Há uma corrente intermediária que entende que o dever de
de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decor-
indenizar existirá se tiver ocorrido a adjudicação somente em rela-
rentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios
ção ao adjudicatário, independentemente da assinatura ou não do
públicos.
contrato.
Limitação do Uso a Aquisição de Bens e Serviços Comuns
Veja na íntegra a Lei 8.666/1993 no link a seguir: http://www.
Esta característica do Pregão é imposta à ele por definição le-
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm
gal. A própria lei nº10. 520/2002, na tentativa de ser o mais autoex-
Lei nº 10.520/2002: Modalidade de licitação denominada pre- plicativa possível, elencou em seu art. 1º tal limitação.
gão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras provi-
dências. Dispõe a Lei 10.520/02:
Decreto nº 5.450/2005: Regulamenta o pregão, na forma ele- Art. 1º Para a aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser
trônica, para aquisição e bens e serviços comuns, e dá outras pro- adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por
vidências. está Lei.
Parágrafo Único. Consideram-se bens e serviços comuns, para
O Pregão é modalidade de licitação, relativamente nova, que os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempe-
visa dar um escopo mais célere para o procedimento licitatório que nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
busca a aquisição de bens e serviços comuns. Por tratar-se de nova por meio de especificações usuais de mercado.
modalidade, não consta elencado na Lei de Licitações nº 8.666/93. Tal redação em, portanto, afirmar que é facultado a utilização
Sua disposição legal encontra-se prevista na Lei nº 10.520/2002 e da modalidade Pregão para aquisição de bens e serviços comuns,
Decretos 3.555/2000 e 3.697/2002. e implicitamente vedar sua utilização nos demais casos. Porém por
A principio a modalidade pregão visa acelerar a contratação por mais técnico que seja a redação de tal artigo, temos que ir mais
parte da Administração Pública, de serviços e aquisição de bens co- além para buscar o real alcance de tal definição de bens e serviços
muns em contratos que teriam valores menores ou que fossem de comuns. Se faz portanto de suma relevância definir quais produ-
mais rápida conclusão. Porém sem dúvida, sua abrangência é bem tos e atividades se inserem no rol definido pelo art. 1º da Lei nº
maior pois esta modalidade não possui teto de valor de contrato, o 10.520/02.
que a torna um perfeito substituto para as demais modalidades as Na esfera federal, tal definição vem exposta no Anexo II do De-
quais se destinam a aquisição de bens e serviços comuns, como por creto 3.555/00, que em seu teor, nomina e individualiza cada ele-
exemplo convite, tomada de preços e concorrência. mento de bens e serviços e elenca algumas hipóteses de variações
Jorge Ulysses Jacoby conceitua da seguinte forma: e assim dispõe:
O pregão é uma nova modalidade de licitação pública e pode Os bens comuns dividem-se em bens de consumo (os de fre-
ser conceituado como o procedimento administrativo por meio quente aquisição) e bens permanentes (mobiliários, veículos, entre
do qual a Administração Pública, garantindo a isonomia, seleciona outros). Os serviços comuns são de natureza diversa, incluindo-se,
fornecedor ou prestador de serviço, visando à execução de objeto entre outros, os de apoio administrativo, hospitalares, conservação

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
e limpeza, vigilância, transporte, eventos, assinatura de periódicos, “técnica e preço”, e como veremos em item pertinente, o Pregão só
serviços gráficos, hotelaria, atividades auxiliares (motorista, gar- pode ser realizado no tipo “menor preço”. Tal disposição portanto é
çom, ascensorista, copeiro, entre outros). o que realmente torna a aquisição de bens e serviços de informática
A definição doutrinaria também é tema de debates entre inú- proibida de ser licitada através de Pregão, seja qual for a sua forma,
meros autores de grande conhecimento acerca do assunto. Enten- presencial ou eletrônica.
dendo em sua maioria que este rol elencado pelo Anexo II do refe-
rido Decreto não é taxativo. Obras e Serviços de Engenharia
Marçal Justen Filho discorre da seguinte maneira: A M.P. 2.026/00, que instituiu o Pregão, veio de forma expres-
“Não se afigura cabível interpretar em termos rígidos o elenco sa vedar a utilização deste para a aquisição de obras e serviços de
contido no Anexo II. A ausência de rigidez se manifesta sob dois engenharia.
aspectos. Em primeiro lugar, o elenco não é exaustivo. Qualquer Entende-se também, de maneira clara, que ao analisar o já re-
outro objeto qualificado como comum, ainda que não constante do ferido ponto de que só pode ser alvo de licitação por Pregão, a aqui-
rol do Anexo II pode ser contratado através de pregão. (...) Se algum sição de bens ou serviços comuns, que se exclui automaticamente
objeto qualificado como comum puder ser caracterizado além do qualquer outro objeto que ali não se encaixe. Excluindo, portanto
elenco do Decreto, seria inconstitucional pretender excluí-lo com obras de qualquer tipo, por mais comuns que sejam. Ao excluir
fundamento na ausência de alusão por parte do ato infralegal. Ou obras a dificuldade recai sobre serviços de engenharia. Teremos,
seja, não é juridicamente cabível que a competência instituída por portanto que analisar a validade do Decreto supracitado, se ele ain-
Lei seja restringida por meio de Decreto.” da vale com a edição da Lei nº10.520/02.
No mesmo sentido, os atualizadores da obra de Hely Lopes A respeito disso Jacoby Fernandes narra:
Meirelles afirmam que: (...) é preciso assentar que o decreto, tendo por objetivo re-
O Decreto nº 3.555/2000 (alterado pelo Decreto 3.693, de gular Medida Provisória, perde parcialmente a eficácia quando a
20.12.2000), regulamenta a matéria, contendo, no Anexo II, a re- norma que regulava – Medida Provisória – foi convertida em lei.
lação dos bens e serviços comuns. A lista é apenas exemplificativa Somente na dimensão em que as regras da MP foram acolhidas pela
e serve para orientar o administrador na caracterização do bem ou lei é que se pode admitir que as regras do decreto tenham sido re-
serviço comum. O essencial é que o objeto licitado possa ser defini- cepcionadas pelo ordenamento jurídico. Numa apertada síntese as
do por meio de especificações usuais no mercado (...) regras do decreto têm valor na medida em que se reconhece a sub-
Neste sentido o Tribunal de Contas da União – TCU, em lição sistência do dispositivo da MP convertida em lei e a permanência da
do Ministro Valmir Campelo, discorreu que se trata, portanto de regulamentação. Não é pois questão de definir se o decreto está ou
classificação discricionária a definição de bens e serviços comuns. não em vigor, mas verificar caso a caso, se a norma nele contida é
Como vemos: ou não compatível com a nova lei. Tecnicamente a lei não revogou
“(…) Como se vê, a Lei nº 10.520, de 2002, não excluiu previa- os dispositivos do decreto, eles continuam em vigor, ou não, segun-
mente a utilização do Pregão para a contratação de obras e serviços do seja compatível ou não com a nova lei.
de engenharia. O que exclui essas contratações é o art. 5º do De- Olhando o exposto acima, e verificando que, com a nova lei,
creto 3.555, de 2000. Todavia, o item 20 do Anexo II desse mesmo deixou-se de exigir o que prescindia a M.P., logo a definição de bens
Decreto autoriza a utilização do Pregão para a contratação de ser- e serviços comuns não mais seria objeto de regulamentação, pas-
viços de manutenção de imóveis, que pode ser considerado serviço sando este encargo de definir o que é e o que não é bem ou serviço
de engenharia. Examinada a aplicabilidade dos citados dispositivos comum a discricionariedade do Administrador.
legais, recordo que somente à lei compete inovar o ordenamento Portanto, se o Administrador entendesse que determinado ser-
jurídico, criando e extinguindo direitos e obrigações para as pesso- viço específico serviço de engenharia seria um serviço comum, não
as, como pressuposto do princípio da legalidade. Assim, o Decreto, seria problema para ser licitado através de Pregão.
por si só, não reúne força para criar proibição que não esteja previs- Claro que tal análise enfrenta diversos conflitos, entre eles di-
ta em lei, com o propósito e regrar-lhe a execução e a concretização, ferentes entendimentos e divergências até mesmo do TCU, sendo
tendo em vista o que dispõe o inciso IV do art. 84 da Carta Política portanto prudente a não utilização do Pregão em serviços de enge-
de 1988. Desse modo, as normas regulamentadores que proíbem a nharia para evitar problemas futuros.
contratação de obras e serviços e engenharia pelo Pregão carecem
de fundamento de validade, visto que não possuem embasamento Alienação de Bens e Locação de Imóveis
na Lei nº 10.520, de 2002. O único condicionamento que a Lei do O entendimento lógico é de que seria impossível a utilização
Pregão estabelece é a configuração do objeto da licitação com bem da modalidade pregão de licitação para a alienação de bens. Pois
ou serviço comum…” (Acordão 817/2005 – 1ª Câmara. Rel. Ministro implicitamente verifica-se tal vedação, ora ressaltado pela própria
Valmir Campelo. Brasília, 03 de maio de 2005).” natureza do pregão, que é a busca do menor preço, enquanto na
alienação se busca a proposta mais vantajosa, a qual seria de maior
Exclusões ao Pregão preço, para os cofres da Administração Pública.
Bens e Serviços de Informática
Após a análise e definição de bens e serviços comuns se faz ne- Características do Pregão
cessário ressaltar que não cabe a modalidade pregão para a aquisi- Possibilidade de Redução do Valor da Proposta
ção de bens e serviços de informática. Apesar de tais bens estarem No Pregão o licitante pode reduzir o valor da sua proposta, em
previstos no Decreto 3.555/00, tal previsão esta disposta de manei- momento apropriado, durante o curso da sessão pública, reduzindo
ra muito contraditória pois em um primeiro momento, nos itens 2.2 o valor da proposta de preços. Este recurso é embasado pelo uso
e 2.3 do Anexo II do referido Decreto se mostra de forma proibitiva parcial do princípio da oralidade, confrontando o que se assenta na
porém no item 2.5 abre exceção à microcomputadores de mesa ou Lei nº8.666/93, que preceitua não serem validos os valores base-
portátil, monitores de vídeo e impressora. Mas não é esta contra- ados em ofertas de outros licitantes. No pregão, forma eletrônica,
dição a principal causa de tal proibição, mas sim a vedação trazida admite-se de acordo com o decreto que o regulamentou que o lici-
pela Lei nº 8.666/93, art. 45,§ 4º, que assenta tratar-se obrigatória tante faça lance inferior à sua proposta, porém não se explicita que
a aquisição de bens e serviços de informática pelo tipo de licitação esse pode ser menor que a proposta mais inferior

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Sobre a publicidade deste ato, Jacoby Fernandes diz: “A publi- por meio de propostas seguidas de lances, em que os atos jurídicos
cidade é limitada ao preço e permanece, mesmo após encerrada a da Administração Pública e dos interessados desenvolvem-se com
fase de lances, no momento em que o pregoeiro e licitante devem utilização dos recursos da Tecnologia da Informação, valendo-se es-
negociar a proposta.” pecialmente da rede mundial de computadores.
No mesmo sentido Diógenes Gasparini define:
Inversão das Fases de Julgamento Espécie de pregão em que a disputa pelo fornecimento de bens
Diferentemente do que se tem as outras modalidades de licita- ou prestação de serviços comuns à Administração Pública é feita à
ção que estão elencadas na Lei nº8. 666/93, no Pregão se inverte a distância, em sessão pública, por meio de propostas de preços e
fase de julgamento. Nas licitações convencionais, primeiro se veri- lances visando melhorá-las, apresentados pela internet.
fica a documentação do licitante, para saber se este está apto, nos
âmbitos fiscais, jurídicos, econômico-financeiro e técnico, se estiver Implantação
ele poderá prosseguir a fase seguinte, abrindo-se então os envelo- Para a implantação do pregão eletrônico devem ser observados
pes das propostas. O que ocorre no pregão é o exame primeiro da cuidados comuns aos tomados no pregão presencial como disponi-
proposta, que será presencial ou virtual, de acordo com a forma de bilização de espaço físico-estrutural para a realização das operações
pregão. Somente prosseguirá a fase de habilitação aquele licitante inerentes, completa o mesmo que o pregão eletrônico só será pas-
que obtiver a proposta vencedora. Restringindo portanto somente sível de realização se a autoridade administrativa assim o querer
à analise de habilitação de um licitante. Se por ventura o licitante e, para isso, haverá de promulgar alguma norma (lei ou decreto),
vencedor estiver irregular, será chamado o segundo colocado. com a finalidade de adotar uma política interna de aquisições e de
contratações além de firmar termo de cooperação com o detentor
Unificação da Fase Recursal do servidor do sistema que será utilizado para o certame eletrônico
As modalidades convencionais de licitação apresentam pelo e a capacitação dos servidores que irão atuar na operacionalização
menos dois momentos que se pode ensejar recurso. O fato de exis- do sistema, pregoeiro e servidores da equipe de apoio.
tir duas fases recursais atrasa e desacelera o processo. Já no pregão, Firmar termo de cooperação técnica ou providenciar acesso
só existe um momento que em que se pode recorrer. Há, portanto ao sistema. Deve-se atentar na escolha da plataforma que irá gerir
a unificação das duas fases em uma só o pregão, uma vez que o provedor deverá atender aos interesses
No momento em que o pregoeiro definir, serão consultados os da Administração Pública e dos licitantes, pois alguns provedores
licitantes para saber se querem ou não recorrer. Se sim, devem de- disponibilizam os seus sistemas mediante a pagamentos, que irão
clara interesse e motivar o recurso. Caso não se manifestem ou es- agregar custos ou para a Administração Pública ou para os licitan-
tejam ausentes à esta fase ,decairá o direto de recurso do licitante. tes, circunstância esta que poderá gerar polêmica. Hoje em dia exis-
tem inúmeros servidores que gerem sistemas de pregão eletrônico.
O Pregão Eletrônico é uma das formas de realização da moda- A designação dos servidores que irão compor a equipe de exe-
lidade licitatória de pregão, apresentando as mesmas regras bási- cução do pregão eletrônico, deve ser feita mediante a ato adminis-
cas do Pregão Presencial, acrescidas de procedimentos específicos. trativo específico3 , exarado pela autoridade competente. Segundo
Tendo como característica marcante a inexistência presencial de um Jorge Ulisses Jacoby Fernandes:
pregoeiro e dos demais licitantes. Pois como se trata, nesta forma, Os servidores deverão ser do próprio órgão, com vínculo em-
de um procedimento virtual, todas as transações ocorrem através pregatício com o mesmo, uma vez que, a capacitação dos mesmos
de uma plataforma eletrônica disponibilizada pela internet, o que redunda em custos para o órgão da administração e funcionários
confere grande celeridade nos processos licitatórios aos quais ele sem vínculo empregatício, podem por sua vez, desvincular-se cau-
é a modalidade. sando prejuízo para o erário público.
Atributos estes que otimizam os custos processuais, comuns Diógenes Gasparini chama atenção ao que dispõe o art. 10, §
em outros tipos de licitação. Além de promover uma maior intera- 4º do Decreto 5.450/05:
ção entre os agentes públicos responsáveis pela realização da lici- A função do pregoeiro somente poderá ser exercido por servi-
tação e os licitantes, pois amplia o universo de participantes, o que dor ou militar, conforme § 2º do mesmo artigo, que reúnam qua-
leva a uma maior transparência e publicidade ao rito do certame, lificações profissional e perfil adequados e aferidos pela autorida-
uma vez que qualquer pessoa interessada pode acompanhar o de- de competente, na falta de funcionários capacitados a designação
senvolvimento da sessão pública e ter acesso a todos os atos e pro- deve recair em agentes integrantes órgão ou entidade integrante do
cedimentos praticados desde a abertura até o encerramento dos Sistema de Serviços Gerais – SISG.
trabalhos pertinentes ao procedimento licitatório. Sob esta ótica registra-se que a qualificação do servidor desig-
Tendo em vista o exposto, pregão eletrônico, segundo Hely Lo- nado como pregoeiro e sua equipe de apoio é de estrema impor-
pes Meirelles: tância sob pena de comprometer o pregão Recomenda-se que os
É aquele efetuado por meio de utilização de recursos de tecno- atores do certame devam ter conhecimento prévio de todo arsenal
logia da informação, ou seja, por meio de comunicação pela ‹Inter- jurídico normativo, a cerca do pregão eletrônico isso irá evitar pro-
net›. Está previsto no parágrafo 2º do art. 2º da Lei 10.520/2002, blemas que podem acarretar em nulidades insanáveis, pela abso-
tendo sido regulado pelo Decreto 3.697, de 21.12.2000, o qual luta falta de conhecimento jurídico. E não somente isso, deve ele
recentemente foi revogado e substituído pelo Decreto 5.450, de também reunir qualidades de liderança e conciliação para o bom
31.5.2005. Seu procedimento segue as regras básicas do pregão prosseguimento do procedimento. Neste sentido, Aírton Nóbrega,
comum, mas, como é evidente, deixa de ocorrer na presença física citado por Sidney Bittencourt destaca:
do pregoeiro e dos participantes, já que todas as comunicações são “O pregoeiro deve reunir, pois, não só conhecimentos da le-
feitas por via eletrônica. gislação específica e geral, como também ser detentor de habili-
Marçal Justen Filho Preceitua da seguinte forma:: dades que lhe permitam instaurar o certame e conduzir de forma
O pregão, na forma eletrônica, consiste na modalidade de lici- efetiva e real as negociações, estimulando a competição que se
tação pública, de tipo menor preço, destinada à seleção da propos- pretende seja normalmente instalada nessa modalidade de lici-
ta mais vantajosa para a contratação de bem ou serviço comum, tação através dos lances verbais. Momentos decerto surgirão em

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
que somente a capacidade conciliadora solucionará impasses e Elaboração do Termo de Referência
permitirá o prosseguimento do certame de forma satisfatória e A Lei do pregão não exige que seja divulgado o projeto básico,
positiva para a administração.” mas apenas o termo de referência. No caso de serviços, seguindo
O órgão da administração deverá proporcionar ao servidor uma boa prática desenvolvida pelo Conselho de Justiça Federal, re-
capacitação adequada, o que é previsto na Constituição Federal comenda-se que o mesmo seja descrito sumariamente através de
no § 2º do Art. 39. Haja vista que, no caso do pregoeiro este será projeto básico, predizendo as características mínimas necessárias
responsabilizado individualmente pelos atos praticados. Portanto, para garantir aos licitantes o conhecimento para formulação das
uma adequada capacitação além de favorecê-lo, também ira bene- propostas. O Decreto nº 3.555/2000 conceitua o termo de referên-
ficiar a Administração Pública e a sociedade. Vale ressaltar que nem cia no Art. 8º, inciso II, que diz:
sempre o servidor capacitado por cursos específicos será o melhor O termo de referência é o documento que deverá conter ele-
indicado para conduzir o certamente, como vemos na lição de Sid- mentos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Adminis-
ney Bittencourt: tração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços
“Cabe acrescentar que, em nossas andanças pela Administra- praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de
ção Pública, verificamos a existência de pessoas que, sem cursos suprimento e o prazo de execução do contrato.
específicos, dispõe de totais condições para exercer a função de Diógenes Gasparini ressalta que na nova regulamentação do
pregoeiro e outras que, mesmo realizando treinamentos, não de- pregão eletrônico, através do Decreto nº 5.450/2005 (Art. 9º,§ 2º,
tém o perfil adequado para tal. referido Decreto), ficou estabelecido que o termo de referência é o
No caso do pregão eletrônico a atividade é mais simplificada documento que deverá conter elementos capazes de propiciar ava-
que a do pregão presencial. Isso porque, no pregão eletrônico, é liação do custo pela administração diante de orçamento detalhado,
o sistema que recebe todos os lances e já os ordena. O pregoeiro definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado
não precisa colher lances de licitante por licitante. Cada um deles em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físi-
é quem envia o lance pela internet, que o próprio sistema de infor- co-financeiro, se for o caso, critério de aceitação do objeto, deveres
mática recebe e ordena. Então, a atividade do pregoeiro, no pregão do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e
eletrônico, é mais simples do que no pregão presencial, conquanto gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de forma
ainda recaiam sobre os ombros dele várias responsabilidades. Con- clara, concisa e objetiva.
tudo, espera-se dos agentes que comporão a equipe tenham um O que demonstra segundo o autor que as informações que de-
bom conhecimento de informática e familiaridade com o sistema verão estar contidas neste termo refletem praticamente o próprio
disponibilizado por órgão competente, tal qual o portal Compras. teor do edital do certame, fato este que, a seu ver desvirtua sua
net do governo federal, aliás, esse mesmo portal disponibiliza trei- própria finalidade.
namentos presenciais e via internet para pregoeiro.
Aprovação pela autoridade competente
Fases procedimentais do pregão eletrônico Nesta fase os trabalhos são realizados internamente, com a
O procedimento do pregão está previsto e enumerado na Lei participação do servidor responsável por compras e contratações,
10.520/2002, § 3º e § 4º, e foi dividido em duas fases distintas, a da unidade administrativa ou área encarregada de serviços gerais
primeira denominada de fase interna ou preparatória e a segunda e da unidade ou área da qual se origine a demanda pela licitação.
denominada de fase externa ou executória. Segundo Jair Eduardo Santana, este dirigente é denominado
Autoridade Competente, que é designada no Regimento do órgão
Fase Interna ou Preparatória do Pregão ou entidade, atua durante todo o certame, desde a fase interna,
Na fase preparatória a autoridade competente além de justifi- até a contratual, exercendo atribuições de grande importância, tem
car a necessidade de se contratar bens e serviços comuns, deverá poder decisório e fiscalizatório é, em suma, o dirigente responsável
também definir o objeto a ser licitado, as exigências para a habilita- pela administração das compras e contratações. Completa o autor
ção dos licitantes e tudo o mais que for necessário para a realização que cada unidade administrativa deverá ser identificada tal pessoa
do certame. conforme divisão das alçadas decisórias.
Nesse sentido o autor Marçal Justen Filho registra: As atribuições regimentais da Autoridade Competente, de uma
Ressalte-se que a fase preparatória do pregão eletrônico com- maneira geral, contemplam o seguinte:
preende o desenvolvimento de inúmeras atividades administrativas • Determinar a abertura da licitação;
que são inerentes a qualquer licitação. Aplicam-se, por isso, todos • Elaboração de projetos e planilha de quantitativos e preços
os requisitos da Lei nº 10.520, da Lei nº 8.666 e da própria Lei de unitários (quando o objeto exigir);
Responsabilidade Fiscal • Elaboração do edital e preparação do aviso do Edital;
Trata-se de um ato da autoridade competente, nos termos do • Exame e aprovação das minutas do edital e do contrato pela
artigo 9º do Decreto nº 5.450/2005, que avaliará previamente a ne- Assessoria Jurídica;
cessidade e conveniência da instauração do certame; justificará a • Assinatura do edital;
necessidade de contratação; definirá o objeto da licitação, as exi- • Envio do aviso para publicação;
gências da habilitação, a reserva de recursos orçamentários, os cri- • Designar o pregoeiro e os componentes da equipe de apoio
térios de aceitação das propostas, as sanções por descumprimento, ao pregão, credenciando-os junto ao provedor do sistema;
as cláusulas do contrato e a fixação dos prazos para o fornecimento. • Indicar o provedor;
• Estabelecer os requisitos e critérios que regem a licitação e a
Identificação da Necessidade execução do contrato;
Jorge Ulisses Jacoby Fernandes explica que : • Decidir os recursos contra atos do pregoeiro;
o primeiro passo de qualquer procedimento licitatório é a re- • Homologar a adjudicação do pregão, determinando a cele-
quisição do objeto. Este tem sua necessidade manifestado pelo bração do contrato;
agente público, podendo assim, a Administração iniciar o processo
da futura contratação. Espera-se que o objeto da licitação seja de
irrelevante necessidade para o órgão público.

41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fase externa do pregão (executiva) O Licitante vencedor deve comprovar a habilitação jurídica e a
Diógenes Gasparini assevera que a fase externa do pregão ele- regularidade fiscal. O encaminhamento da documentação poderá
trônico inicia-se, obrigatoriamente, com a publicação do edital na ser de imediato via fax e posteriormente do original ou cópia auten-
Internet, indicando o objeto a ser licitado, os dias e horários para ticada nos prazos, norteado pelo princípio da razoabilidade (artigo
o recebimento de propostas, o endereço eletrônico da internet no 25, parágrafo 3º, Decreto nº 5.450/2005).
qual ocorrerá a sessão pública e a data e horário da sua realização(i- O artigo 24, parágrafo 8º, Decreto nº 5.450/2005 permite que
dem art. 4º da Lei 10.520/02). O mesmo autor adverte que, os atos o pregoeiro encaminhe contraproposta ao licitante que tenha apre-
da fase externa deverão espelhar o que foi decidido na fase interna. sentado o lance mais vantajoso, com intuito de obter a melhor pro-
Em face disto, nesta fase, nada poderá contradizer o que foi decidi- posta. Tal negociação será realizada por meio do sistema eletrônico
do no edital publicado. e acompanhada pelos demais licitantes.
Sessão de Julgamento e Classificação Na habilitação exige-se que o licitante encontre-se com situa-
Nesta fase é necessário o prévio credenciamento no pregão ção regular junto a Fazenda Nacional, a Seguridade Social, o Fundo
eletrônico, perante o coordenador do sistema eletrônico do órgão de Garantia por Tempo de Serviço, e as Fazendas Estaduais (artigo
realizador do pregão, da autoridade competente, do pregoeiro, dos 14 do Decreto nº 5.450/2005); além do atendimento de exigências
membros da equipe de apoio, dos operadores do sistema e dos lici- técnicas e econômico-financeiras e do cumprimento do artigo 7º,
tantes que participarão da sessão. inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988 e inciso XVIII do artigo
A sessão inicia-se a partir do horário previsto no edital, com a 78 da Lei nº 8.666/1993.
divulgação das propostas de preços recebidas e em perfeita conso- O parágrafo único do artigo 14 do Decreto 5.450/05, permite
nância com as especificações e condições do edital. que a documentação exigida poderá ser substituída pelo registro
No decorrer da sessão os licitantes poderão oferecer lances cadastral no SICAF ou , em se tratando de órgão ou entidade não
sucessivos que, no entanto, só serão aceitos lances cujos valores abrangida pelo referido Sistema, por certificado de registro cadas-
sejam inferiores ao último lance registrado no sistema eletrônico. tral que atenda os requisitos previstos na legislação geral. Marçal
Na hipótese de haver dois ou mais lances de igual valor, prevalece Justen Filho explica:
aquele que foi recebido e registrado no sistema em primeiro lugar. A parte documental deverá ser apresentado em tempo hábil de
Durante a sessão, os licitantes serão informados do valor do me- aproximadamente uma hora, a ser computada a partir do instante
nor lance registrado, sendo vedada a identificação do detentor do em que a fase de lances for encerrada. Mas essa alternativa deverá
ser consagrada no próprio ato convocatório, inclusive para permitir
lance.
a todos os interessados perfeita ciência das limitações temporais a
O Julgamento e classificação das propostas seguem o critério
que estarão sujeitos em caso de vitória na etapa competitiva.
do menor preço. Obviamente que serão observados os prazos máxi-
Após o encerramento da etapa competitiva e da sessão pública
mos para fornecimento, as especificações técnicas e os parâmetros
declara-se imediatamente o vencedor. É importante salientar que,
mínimos de desempenho e qualidades estabelecidos no edital de
se o vencedor não for habilitado será verificada a documentação do
licitação.
segundo classificado e assim sucessivamente.
O Sistema efetuará a classificação das propostas automatica-
O Licitante vencedor deve comprovar a habilitação jurídica e a
mente em ordem crescente do preço ofertado (artigo 23 do Decre-
regularidade fiscal. O encaminhamento da documentação poderá
to nº 5.450/2005), e o pregoeiro desclassificará aquelas que não
ser de imediato por “fac-símile” e posteriormente do original ou
preencherem os requisitos do edital de forma fundamentada com cópia autenticada nos prazos, norteado pelo princípio da razoabili-
o devido registro no sistema (artigo 22, parágrafos 2º e 3º, Decreto dade (artigo 25, parágrafo 3º, Decreto nº 5.450/2005).
nº 5.450/2005). O autor Marçal Justen Filho assevera que:
Após a classificação das propostas, inicia-se a fase competitiva, Daí se infere que o tempo necessário e razoável para exibição
na qual os licitantes classificados podem encaminhar lances exclusi- dos documentos corresponde a aproximadamente uma hora, a ser
vamente por meio eletrônico (artigo 24 do Decreto nº 5.450/2005). computada a partir do instante em que a fase de lances for encerra-
O Sistema só admite lances inferiores ao do apresentado pelo da. Mas essa alternativa deverá ser consagrada no próprio ato con-
licitante e registrado pelo sistema (artigo 24, parágrafo 3º, Lei nº vocatório, inclusive para permitir a todos os interessados perfeita
5.450/2005). O lance é comunicado a todos os licitantes sem a iden- ciência das limitações temporais a que estarão sujeitos em caso de
tificação de sua autoria. vitória na etapa competitiva.
A disputa é encerrada por decisão do pregoeiro (artigo 24, pa-
rágrafo 6º, Decreto nº 5.450/2005). Recurso
Após o encerramento da etapa competitiva e da sessão pública Como já foi dito em outro momento, o pregão eletrônico tem
declara-se imediatamente o vencedor. uma fase recursal característica dele, diferenciando-se das fases re-
cursais das demais modalidades. Neste momento os licitantes só te-
Habilitação rão um momento para demonstrar insatisfação com o resultado do
Em última análise a habilitação indica quem será contratado certame, claro, mediantes justificada fundamentação. Poderá nesta
pois como bem lembra Sidney Bittencourt, somente se deve pro- fase demonstrar sua inconformidade desde o ato de credenciamen-
ceder com a habilitação do licitante classificado em primeiro lugar. to, bem como de qualquer ato do pregoeiro, até a declaração final
Observa-se que no pregão há uma inversão na ordem do procedi- do vencedor.
mento, ou seja, inicialmente procura-se quem venceu a parte co- A fase recursal do pregão na forma eletrônica não guarda
mercial (menor preço) e posteriormente serão conferidos os docu- maiores diferenças para a forma eletrônica. O ponto diferentemen-
mentos de habilitação do licitante vencedor. Lembrando que o ins- te neste caso seria que o licitante só teria acesso aos documentos
tituto do pregão obedece a normas e princípios diversos daqueles disponibilizados na internet, no provedor do sistema, mas nada
utilizados em licitações convencionais. E, como regra, não se deve impede que este se desloque para pedir vista ao processo físico,
exigir habilitação que não correspondam ao objeto requerido pela podendo extrair cópias dele se preciso for. Trata-se neste caso de
Administração Pública. direito líquido e certo dele.

42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O recurso tem seu momento próprio, sujeito a decadência no Buscou-se, portanto através de tais adventos tecnológicos, o
caso de não manifestação fundamentada por parte do licitante, encurtamento de barreiras e uma maior divulgação do certame,
mas caso havendo a propositura de um recurso o pregoeiro não pela qual um maior numero de disputantes têm acesso, sendo mais
pode adjudicar o objeto, salvo se ele der provimento ao recurso. célere e menos burocrático, tornando um processo de menor custo
e maior eficácia no que diz respeito à contratação e compra de bens
Momento de Declarar o Recurso e serviços comuns.
O momento de propor recurso, definido por lei é quando se Suas regras são tão modernas quanto sua concepção de proce-
declara o vencedor. A partir daí qualquer outro licitante pode ime- dimento. A possibilidade de se ater apenas ao necessário já e muito
diatamente interpor recurso. Tendo o prazo imediato que depois de uma forma de agilizar o procedimento. A inversão da fase de ha-
transcorrido opera-se a decadência do direito. bilitação com a de julgamento permite que seja analisado apenas
Nas palavras de Jacoby Fernandes temos: aquela licitante que venceu a disputa, e não mais a analise de todas
O prazo para manifestação é imediato. Não havendo manifes- as empresas, proporcionando um ganha de tempo e custo consi-
tação opera-se de imediato a decadência de direito; fica definiti- deráveis.
vamente preclusa a oportunidade do recurso administrativo. Além De sorte que se conclui com o presente trabalho que o pregão
dos efeitos administrativos, poderá ainda firma-se a litigância de eletrônico é a modernização do sistema licitatório para contratação
má-fé, se o licitante, tendo a oportunidade de manifestar-se, resol- e compra de bens e serviços comuns, que sejam das mais simples
ve silenciar-se para depois ir ao Poder Judiciário formular pleito que necessidades da Administração Pública, o que permite ao Estado de
poderia igualmente manifestar sem ônus perante a Administração maneira mais eficaz garantir o interesse público, reduzindo a buro-
Pública, contribuindo mais ainda para a sobrecarga do aparelho es- cracia e garantindo a lisura e idoneidade do certame.
tatal judicial.
Vejam na íntegra a Lei 10.520/2002 no link a seguir:
Legitimidade para Recorrer http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10520.htm
Os licitantes credenciados que participaram do certame ou
seus representantes, devidamente qualificados. E no link a seguir o Decreto 5.240/05 na íntegra:
http://www.comprasnet.gov.br/legislacao/decretos/
Consequências de5450_2005.html
Com a manifestação oportuna da intenção de recorrer o pre-
goeiro pode: Compras no setor público
• Reconhecer o equivoca revendo o ato praticado, alterando-o A gestão de compras assume papel verdadeiramente estraté-
de imediato e comunicar aos licitantes. gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
• Manter o ato praticado para que se possa dar melhor reexa- palmente financeiros, quebra-se então uma visão preconceituosa
me a ele. de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de
• Se houver o reconhecimento do equivoco e alteração do ato, despesas e não um centro de lucros.
caberá aos outros licitantes nova discordância deste ato. A função é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, en-
volve todos os departamentos da empresa. Obter o material certo,
Efeitos do Recurso nas quantidades certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da
Jacoby Fernandes diz: fonte correta e no preço certo são todas as funções de compras.
Tradicionalmente os efeitos do recurso são suspensivo e devo-
lutivo. Suspensivo quando o próprio nome indica, suspende a deci- O departamento de compras tem a responsabilidade principal
são da qual se recorre; devolutivo porque devolve a autoridade que de localizar fontes adequadas de suprimentos e de negociar preços.
decidiu ou a seu superior o inteiro conhecimento da matéria. Todo O insumo vindo de outros departamentos é necessário para a busca
o recurso tem o efeito devolutivo. e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando também o de-
partamento de compras na negociação dos preços. Comprar, nesse
Adjudicação sentido amplo, é responsabilidade de todos.
A adjudicação é feita pelo pregoeiro, quando não houver recur- Segundo Arnold “essa função é responsável pelo estabeleci-
so interposto, caso contrario o poder para adjudicar sai das mãos do mento do fluxo dos materiais na firma, pelo segmento junto ao for-
pregoeiro e passa para a autoridade superior. Mais uma vez recor- necedor, e pela agilização da entrega.”.
rendo aos ensinamentos de Jacoby Fernandes: A função compras é vista hoje como uma parte do processo
Adjudicar é formalizar a definição do vencedor, é um ato ad- de logística das empresas, ou seja, parte integrante da cadeia de
ministrativo com efeitos externos ao certame. O principal efeito é suprimentos (suplly chain).
tornar certo o ato, nascendo nesse momento, para todos os lici- Sua influência é de caráter direto nos processos produtivos em
tantes, o direito de recorrer ao Poder Judiciário, pois é iminente a uma empresa, os prazos devem ser cumpridos de maneira rígida
possibilidade de contratação futura. tanto na entrada como na saída de insumos, pois poderão gerar
O Pregão, modalidade inovadora de licitar, veio como resposta sérios problemas dentro do ciclo, em especial nos departamentos
à lentidão das modalidades convencionais de licitação, que não se de produção e vendas.
mostravam muito eficazes no que diz respeito ao atendimento das Esta função pode ser dividida em quatro categorias:
mais simples necessidades da Administração Pública. - Obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade
Concebido para ser um procedimento mais célere, trouxe em necessárias.
sua forma eletrônica a modernidade. A utilização da tecnologia de - Obter mercadorias e serviços ao menos custo.
informação e telecomunicação com o uso da internet e computa- - Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte
dores, ferramentas estas indispensáveis nos dias atuais e que per- do fornecedor
mitem a comunicação de forma instantânea de ponto a ponto em - Desenvolver e manter boas relações com fornecedores.
qualquer lugar do mundo, proporcionou novas possibilidades para Para alcançar tais objetivos, devem ser desempenhadas certas
a Administração Pública. funções básicas:

43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Tempo e lugar (especificações de compra). LEI Nº 9.433 DE 01 DE MARÇO DE 2005
- Fonte certa (fornecedores).
- Negociar condições de compra. Dispõe sobre as licitações e contratos administrativos perti-
- Administrar pedido de compra. nentes a obras, serviços, compras, alienações e locações no âmbito
Diante ao exposto, tais argumentos servirão para dar continui- dos Poderes do Estado da Bahia e dá outras providências.
dade ao ciclo produtivo, tendo em vista que dentro desta pasta, os
critérios adotados deverão ser de suma importância para a admi- O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
nistração em si na busca de aumento de lucros dentro menor custo sembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte
possível.
O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Cadeia de Su- CAPÍTULO I -
primentos das organizações. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Segundo Martins et al. (2006, p. 81): SEÇÃO I -
A função de compras assume papel verdadeiramente estraté- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
palmente financeiros envolvidos, deixando cada vez mais a visão Art. 1º - Esta Lei disciplina o regime jurídico das licitações e
preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, compras,
um centro de despesas e não um centro de lucros. alienações e locações no âmbito dos Poderes do Estado da Bahia,
em consonância com as normas gerais estabelecidas pelas Leis Fe-
Nas empresas estatais e autárquicas, como também no servi- derais nos 8.666, de 21 de junho de 1993, e 10.520, de 17 de julho
ço público em geral, o processo de compras obedece uma série de de 2002, e segundo o mandamento do art. 26 da Constituição do
requisitos, conforme estabelece a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, al- Estado da Bahia.
terada pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam § 1º - Aos Poderes Legislativo e Judiciário, inclusive ao Tribunal
totalmente transparentes. de Contas do Estado e ao dos Municípios, bem como ao Ministério
Sabemos que há várias diferenças entre o processo de compra Público, aplicam-se as disposições desta Lei.
no sistema privado e no sistema público, mas destacamos como § 2º - Subordinam-se ao regime desta Lei os órgãos da Admi-
principal: nistração Direta do Estado, suas autarquias e fundações públicas.
Compras na Administração Pública – FORMALIDADE § 3º - As sociedades de economia mista, empresas públicas e
Compras na Administração Privada – INFORMALIDADE demais entidades de direito privado controladas, direta ou indire-
tamente, pelo Estado da Bahia, que sejam prestadoras de serviço
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois princípios pre- público, submeter-se-ão às disposições desta Lei até que elaborem
liminares devem ser seguidos: seus regulamentos próprios de licitação e contratos administrati-
1 - A definição precisa do seu objeto; vos, cuja eficácia dependerá de aprovação pela autoridade a que
2 - A existência de recursos orçamentários que garantam o pa- estiverem vinculadas e de publicação na imprensa oficial, observa-
gamento resultante. dos os princípios da Administração Pública.
§ 4º - As sociedades de economia mista, empresas públicas e
demais entidades de direito privado controladas, direta ou indireta-
A seguir, as condições necessárias para validar o processo de
mente, pelo Estado da Bahia, que sejam exploradoras de atividades
compras públicas:
econômicas, submeter-se-ão às disposições desta Lei ou de seus
1. Avaliar a necessidade (planejamento);
regulamentos próprios até que seja editada a lei instituidora do es-
2. Definir o quanto adquirir;
tatuto jurídico prevista na Constituição Federal.
3. Verificar as condições de guarda e armazenamento;
§ 5º - Para a realização de obras, prestação de serviços ou aqui-
4. Buscar atender o princípio da padronização;
sição de bens com recursos provenientes de convênios, contratos,
5. Obter as informações técnicas quando necessárias;
acordos ou ajustes celebrados com órgãos e entidades da Adminis-
6. Proceder a pesquisas de mercado; tração Pública Federal, poderão ser adotadas as normas e procedi-
7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa / mentos licitatórios previstos na legislação federal, desde que condi-
inexigibilidade; cionante à obtenção de recurso.
8. Indicar (empenho) os recursos orçamentários. Acrescido pela Lei nº 10.967 de 23 de abril de 2008.
O principal elemento que justifica o processo licitatório para SEÇÃO II -
realização de compras no setor público é a TRANSPARÊNCIA que DOS PRINCÍPIOS
este representa.
Portanto, conceituando temos que: Art. 2º - As contratações de obras e serviços, inclusive os de pu-
Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pes- blicidade, compras, alienações, concessões e locações, bem como a
soa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, outorga de permissões pela Administração Pública Estadual, serão
realizar obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas obrigatoriamente precedidas de licitação, ressalvados unicamente
previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, os casos previstos em lei.
a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do prin-
parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este pro- cípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais van-
cedimento visa garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar tajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita
às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negócio conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impesso-
mais vantajoso; de outro, assegurar aos administrados ensejo de alidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência,
disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas ad- da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convo-
ministrativas entendam de realizar com os particulares. catório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
§ 1º - É vedado aos agentes públicos, sob pena de responsabi-
lidade:

44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I- admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, SEÇÃO III -
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem DAS DEFINIÇÕES
o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções
em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes, ou Art. 8º - Para os fins desta Lei, considera-se:
de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o I- Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação
objeto específico do contrato; ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta;
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co- II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição;
empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive quanto à moeda, conserto; instalação; montagem; operação; limpeza e conservação;
modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos fi- guarda; vigilância; transporte de pessoas, de bens ou de valores;
nanciamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no reparação; adaptação; manutenção; locação de bens; publicidade;
parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
de 1991. III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para forne-
§ 2º - Em igualdade de condições e somente como critério de cimento de uma só vez ou parceladamente;
desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a
e serviços: terceiros;
I- produzidos no País; V- Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas
II - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. contratações cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco)
III - produzidos por empresas que tenham reconhecida e vezes o valor mínimo estabelecido para a realização de concorrên-
atestada conduta no incentivo às políticas afirmativas de combate cia de obras e serviços de engenharia;
ao racismo e de melhorias sociais e ambientais, na forma do regu- VI - Licitação por item – licitação destinada à aquisição de di-
lamento . versos bens ou à contratação de serviços pela Administração, quan-
Inciso III acrescido ao § 2º do art. 3º pela Lei nº 13.591, de 28 do estes puderem ser adjudicados a licitantes distintos;
de novembro de 2016. VII - Execução direta - a realizada pelos órgãos e entidades da
§ 3º - São públicos e acessíveis a todos os atos do procedimen- Administração, pelos próprios meios;
to licitatório, mas o conteúdo das propostas será conservado em VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata
sigilo até a sua oportuna abertura em público, conforme previsto com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes:
nesta Lei. a) empreitada por preço global - quando se contrata a execu-
Art. 4º - Todos quantos participem de licitação promovida pelos
ção da obra ou do serviço por preço certo e total;
órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execu-
subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabeleci-
ção da obra ou do serviço por preço certo de unidades determina-
do nesta Lei, assegurando-se-lhes o contraditório e a ampla defesa,
das, dentro de um período previamente especificado;
com os meios e recursos que lhes sejam inerentes.
c) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos tra-
Art. 5º - É assegurado a todo cidadão, nos termos previstos nes-
balhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;
ta Lei, desde quando não interfira de modo a perturbar ou impe-
d) empreitada integral - quando se contrata um empreendi-
dir a realização dos trabalhos, amplo direito ao acompanhamento,
vigilância e participação do procedimento licitatório, bem como à mento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das
representação contra eventuais irregularidades que chegarem ao obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilida-
seu conhecimento. de da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de
Art. 6º - No pagamento das obrigações relativas ao fornecimen- entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para
to de bens, locações, realização de obras e prestação de serviços, sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional
para cada fonte diferenciada de recursos a unidade da Administra- e com as características adequadas às finalidades para as quais foi
ção Pública Estadual obedecerá à estrita ordem cronológica das da- contratada;
tas de sua exigibilidade. IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e su-
§ 1º - A administração de cada Poder fará publicar nos respecti- ficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra
vos sites oficiais, na Internet, a relação de todas as faturas emitidas ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,
por seus contratados, indicando as datas de entrada nos órgãos e elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos prelimina-
dos respectivos vencimentos e pagamentos. res, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento
§ 2º - Qualquer pagamento fora da ordem de que trata o caput do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a ava-
deste artigo, somente poderá ocorrer quando presentes relevantes liação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da auto- execução;
ridade competente, devidamente publicada. X - Projeto Executivo - conjunto dos elementos necessários e
§ 3º - Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas
corrigidos pelos critérios previstos no ato convocatório, e que lhes pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
preservem o valor. XI - Administração Pública - a Administração direta e indireta
§ 4º - A correção de que trata o parágrafo anterior, cujo pagamen- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, abran-
to será feito junto com o principal, correrá à conta das mesmas dota- gendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de direito
ções orçamentárias que atenderam aos créditos a que se referem. privado sob controle do poder público e as fundações por ele insti-
§ 5º - Observado o disposto no caput deste artigo, os paga- tuídas ou mantidas;
mentos deverão ser efetuados no prazo de até 8 (oito) dias úteis, XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administra-
contados da apresentação da fatura. tiva pela qual a Administração Pública Estadual opera e atua con-
Art. 7º - Todos os valores, preços e custos utilizados nas licita- cretamente;
ções e contratos da Administração terão como expressão monetária XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Admi-
a moeda corrente nacional, ressalvadas as exceções previstas em lei. nistração Pública, sendo para a União e para o Estado da Bahia os
respectivos Diários Oficiais;

45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XIV - Contrato - todo e qualquer ajuste entre entidades públicas XXXI - Licitação de alta complexidade técnica - aquela que
e pessoas físicas ou jurídicas privadas, de qualquer natureza, e en- envolva alta especialização, constituindo-se esta fator de extrema
tre entidades públicas entre si, em que haja um acordo de vontades relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado ou
para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recípro- continuidade da prestação de serviços públicos essenciais;
cas, seja qual for a denominação utilizada; XXXII - Serviços contínuos - são os serviços de natureza e ne-
XV - Contratante - entidade signatária do instrumento con- cessidade permanentes para a Administração Pública, de execução
tratual; protraída de forma contínua no tempo, cuja interrupção pode cau-
XVI - Contratado - pessoa física ou jurídica signatária de contra- sar riscos ou prejuízos, o que torna obrigatória a sua prestação;
to com a Administração Pública; XXXIII - Bens e serviços comuns - são aqueles destituídos de
XVII - Convênio - ajuste celebrado sem objetivo de lucro, em complexidade técnica ou de especialização, segundo pronuncia-
regime de mútua cooperação, entre entidades públicas ou entre es- mento técnico, qualquer que seja o valor estimado da contratação;
tas e entidades privadas de qualquer natureza, cuja verba repassa- XXXIV - Adimplemento da obrigação contratual - é a
da, se houver, permanece com a natureza de dinheiro público, com prestação do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de
obrigatoriedade de prestação de contas, pela entidade recebedora, parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja
ao Tribunal de Contas correspondente; ocorrência esteja vinculada à emissão de documento de cobrança;
XVIII - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada XXXV - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumpri-
pela Administração com a função de receber, examinar e julgar os mento das obrigações assumidas por empresas em licitações e con-
documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastra- tratos.
mento de licitantes;
XIX - Órgão Central de Compra e Serviço - órgão destinado a SEÇÃO IV -
promover a realização, normatização, orientação e avaliação das DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E DE SERVIÇO
compras e serviços;
XX - Órgão Central de Registro Cadastral - órgão permanente Art. 9º - Os materiais e serviços necessários aos órgãos da
destinado a proceder ao exame dos documentos necessários ao ca- administração direta, autárquica e fundacional serão contratados
através dos órgãos setoriais e seccionais ou pelo órgão central de
dastramento dos interessados, licitantes e convenentes e acompa-
compras, de acordo com os procedimentos previstos no sistema de
nhar o seu desempenho perante a Administração Pública Estadual;
material, patrimônio e serviços e o disposto em regulamento espe-
XXI - Órgão Central de Licitação - órgão destinado a promover
cífico, no âmbito de cada Poder.
a realização, normatização, orientação e avaliação dos procedimen-
Parágrafo único - O regulamento referido no caput deste arti-
tos licitatórios da Administração;
go definirá os itens de materiais e serviços que deverão ser contra-
<Revogado> XXII - Órgão Central de Controle, Acompanha-
tados através do órgão central.
mento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios - órgão
Art. 10 - O catálogo unificado de materiais e serviços do Esta-
destinado a proceder ao controle, acompanhamento e avaliação do, elaborado, mantido e controlado pelo órgão central de compras
financeira dos contratos e convênios, no âmbito da Administração; de cada Poder, estabelecerá famílias, grupos e classes, de forma
Inciso XXII revogado pela Lei nº 13.591, de 28 de novembro de genérica ou específica, em razão da natureza dos materiais e/ou
2016. serviços.
XXIII - Equilíbrio econômico-financeiro do contrato - relação § 1º - O catálogo disponibilizará as especificações e códigos
de equivalência, originariamente pactuada, entre os encargos assu- para efeito de solicitação de material e de serviço e controle de es-
midos pelo contratado e a sua remuneração, inicialmente ajustada; toque.
XXIV - Caso fortuito ou força maior - acontecimento extraor- § 2º - Os materiais e serviços, ou grupos de material e servi-
dinário, superveniente, imprevisível no momento da celebração do ço poderão, independentemente de sua natureza, ser arrolados de
contrato, exterior à vontade das partes e inteiramente irresistível; forma genérica.
XXV - Reajustamento de preços - alteração dos valores inicial- § 3º - O órgão central de compras de cada Poder acompanhará,
mente ajustados, na periodicidade e índice pactuados, para preser- permanentemente, a utilização de itens de materiais e serviços e
var o valor inicial do contrato corroído pela variação de custo dos procederá à atualização no catálogo.
insumos básicos utilizados na sua execução ou pela perda do poder
aquisitivo da moeda, decorrente da inflação; CAPÍTULO II -
XXVI - Revisão de preços - alteração do valor original do con- DAS OBRAS E SERVIÇOS
trato, para recompor o preço que se tornou insuficiente ou excessi- SEÇÃO I -
vo, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro DISPOSIÇÕES GERAIS
inicialmente ajustado, em razão da superveniência de fatos impre-
visíveis ou previsíveis, porém de conseqüências incalculáveis, que Art. 11 - Nenhuma obra ou serviço será licitado ou contratado,
agravem o custo da execução do contrato, bem assim para reduzir o sob pena de nulidade dos atos e responsabilidade de quem lhe deu
seu preço com vistas a compatibilizá-lo com os valores de mercado; causa, sem que se atenda aos seguintes requisitos:
XXVII - Preço referencial – é o resultado da pesquisa de preços I- existência de projeto básico, aprovado pela autoridade
de mercado, obtido pela média dos valores praticados à época da competente e disponível para exame dos interessados em partici-
abertura da licitação; par do processo licitatório;
XXVIII - Empresa brasileira - a constituída sob as leis brasileiras II - projeto executivo, se for o caso;
e que tenha sua sede e administração no País; III - disponibilidade de recursos orçamentários;
XXIX - Licitações simultâneas - as de objeto semelhante e com IV - adoção, quando for o caso, de providências para oportu-
realização prevista para intervalos não superiores a 30 (trinta) dias; na liberação, ocupação, utilização, aquisição ou desapropriação dos
XXX - Licitações sucessivas - aquelas com objetos similares, bens públicos ou particulares necessários à execução projetada;
cujo instrumento convocatório subseqüente seja publicado antes V - estimativa do orçamento do empreendimento, detalhado
de decorridos 120 (cento e vinte) dias do término do contrato resul- em planilhas que expressem a composição de seus custos unitários,
tante da licitação antecedente; disponíveis para consulta de qualquer cidadão;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exer- IX - avaliação do impacto ambiental e seu adequado trata-
cício financeiro e nos dois subseqüentes; mento, se for o caso.
VII - declaração do ordenador de despesa de que a despesa Parágrafo único - Aplicam-se as especificações do projeto bási-
tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária co de obras e serviços de engenharia previstas neste artigo, no que
anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de dire- couber e for pertinente, aos demais tipos de serviços.
trizes orçamentárias. Art. 14 - Nos projetos básicos e projetos executivos serão con-
§ 1º - As exigências previstas nos incisos I e II aplicam-se so- siderados principalmente os seguintes requisitos:
mente às obras e serviços de engenharia. I- segurança;
§ 2º - Entende-se como disponibilidade de recursos orçamen- II - funcionalidade e adequação ao interesse público;
tários, para os fins do disposto no inciso III do caput deste artigo: III - economia na execução, conservação e operação;
I- a efetiva existência de dotação que assegure o pagamen- IV - possibilidade do emprego de mão-de-obra, materiais,
to das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem execu- tecnologia e matéria-prima existentes no local de execução, conser-
tados no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo vação e operação;
cronograma; V- facilidade na execução, conservação e operação, sem
II - a previsão da inclusão de recursos orçamentários em prejuízo da durabilidade da obra ou serviço;
exercícios futuros, inclusive aqueles que advenham do repasse de VI - adoção das normas técnicas de saúde e de segurança do
verbas assegurado por outros órgãos ou entidades públicas, me- trabalho adequadas;
diante convênios, acordos ou outros ajustes específicos. VII - impacto ambiental.
§ 3º - A estimativa de que trata o inciso VI do caput deste artigo Art. 15 - A execução da obra ou serviço será sempre programa-
será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utiliza- da em sua totalidade, permitindo-se, porém, sua execução em par-
das. celas técnica e economicamente viáveis, de acordo com os recursos
Art. 12 - É vedado incluir no objeto da licitação: financeiros disponíveis e a conveniência da Administração.
I- a obtenção de recursos financeiros para a sua execução, § 1º - A programação da obra ou serviço deverá prever custo
seja qual for sua origem, exceto, nos termos da legislação específi- atual e o final, levando-se em consideração os prazos de execução.
ca, nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o § 2º - Quando os recursos disponíveis só permitirem execução
regime de concessão ou permissão; parcelada, cada etapa ou conjunto de etapas será objeto de uma
II - o fornecimento de materiais e serviços sem previsão de licitação distinta, preservada, sempre, a modalidade licitatória per-
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões tinente para a execução total do empreendimento.
do projeto básico ou executivo; § 3º - Em qualquer caso, a autorização da despesa será efetua-
III - bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac- da para o custo total da obra ou serviço projetado.
terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for § 4º - É vedado o retardamento imotivado da execução de obra
tecnicamente imprescindível, conforme justificativa escrita e docu- ou serviço ou de suas parcelas, se existente previsão orçamentária
mentada pelos órgãos técnicos, expressamente autorizada pela au- para sua execução total, salvo insuficiência de recursos financeiros
toridade superior competente, ou, ainda, quando o fornecimento ou comprovado motivo de ordem técnica, justificados em despacho
de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração circunstanciado da autoridade superior, devidamente publicado na
contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. imprensa oficial.
Art. 13 - O projeto básico de obras e serviços de engenharia Art. 16 - A execução de cada etapa será obrigatoriamente prece-
será elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos pre- dida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos tra-
liminares que assegurem, sem prejuízo do caráter competitivo da balhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o
execução: qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das
I- visão global da obra, permitindo a identificação de seus obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração.
elementos constitutivos; Art. 17 - São nulos de pleno direito os atos praticados e contra-
II - viabilidade técnica do empreendimento, prevendo solu- tos celebrados com infringência ao disposto nos arts. 11, 12, 13, 14
ções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de e 16 desta Lei, devendo ser apurada a responsabilidade de quem
forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes lhes tenha dado causa.
durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização Art. 18 - Não poderá participar, direta ou indiretamente, da lici-
das obras e montagem; tação, da execução de obras ou serviços e do fornecimento de bens
III - orçamento detalhado do provável custo global da obra a eles necessários:
ou serviço, com base em quantitativos de serviços e fornecimento I- o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou
propriamente avaliados; jurídica;
IV - identificação dos tipos de serviços a executar e de ma- II - a empresa responsável, isoladamente ou em consórcio,
teriais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas espe- pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor
cificações que assegurem os melhores resultados para o empreen- do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de
dimento; 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador,
V- definição dos métodos de avaliação do custo da obra, e responsável técnico, subordinado ou subcontratado;
de sua compatibilidade com os recursos disponíveis; III - servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante
VI - definição do prazo de execução; ou responsável pela licitação;
VII - informações que possibilitem o estudo e a dedução de IV - demais agentes públicos, assim definidos no art. 207
métodos construtivos, instalações provisórias e condições organi- desta Lei, impedidos de contratar com a Administração Pública por
zacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua vedação constitucional ou legal.
execução; § 1º - É permitida a participação do autor do projeto ou da
VIII - subsídios para montagem do plano de licitação e gestão empresa, a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação ou na
da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri- execução da obra ou serviço, como consultor ou técnico, nas fun-
mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em ções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente
cada caso; a serviço da Administração interessada.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - O disposto neste artigo não impede a licitação ou contra- § 1º - Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação pre-
tação de obra ou serviço que inclua, como encargo do contratado vistos nesta Lei, os contratos para prestação de serviços técnicos
ou pelo preço previamente fixado pela Administração, a elaboração profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser licita-
do projeto executivo. dos mediante a modalidade de concurso, com prévia estipulação
§ 3º - Considera-se participação indireta, para os fins do dispos- de prêmios ou remuneração, atendidas as demais disposições desta
to neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza técni- Lei.
ca, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou de parentesco § 2º - A empresa de prestação de serviços técnicos profissio-
até o 3º grau entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, nais especializados que apresente a relação dos integrantes de seu
e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, corpo técnico em procedimento licitatório, ou como elemento de
incluindo-se o fornecimento de bens e serviços a estes necessários. justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, fica obrigada
§ 4º - Aplica-se o disposto no parágrafo anterior aos membros a garantir que os referidos profissionais realizem pessoal e direta-
da comissão de licitação. mente os serviços objeto do contrato.
Art. 19 - As obras e serviços destinados aos mesmos fins te- § 3º - A Administração somente poderá contratar, pagar, pre-
rão projetos padronizados por categorias, classes ou tipos, exceto miar ou receber projeto ou serviço técnico especializado, inclusive
quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do da área de informática, se o autor ou contratado ceder os direitos
local ou às exigências específicas do empreendimento. patrimoniais a ele relativos e a Administração puder utilizá-los de
Art. 20 - As obras e serviços poderão ser executados nos se- acordo com o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste
guintes regimes: para sua elaboração.
I- execução direta; § 4º - Quando o projeto referir-se a obra imaterial de caráter
II - execução indireta, nas seguintes modalidades: tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos incluirá
a) empreitada por preço global; o fornecimento de todos os dados, documentos e elementos de in-
b) empreitada por preço unitário; formação pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvimento,
c) tarefa; fixação em suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
d) empreitada integral.
SEÇÃO III -
Art. 21 - O disposto no art. 11 aplica-se, no que couber, aos
DAS CONCESSÕES E DAS PERMISSÕES
casos de dispensa e de inexigibilidade da licitação.
Art. 22 - A prestação de serviços de fornecimento de alimenta-
Art. 24 - As obras públicas podem ter a sua execução delegada
ção preparada para cadeias, presídios, hospitais, escolas e similares,
sob a forma de concessão e os serviços públicos sob o regime de
fica sujeita a normas regulamentares especiais expedidas pelos ór-
concessão ou permissão.
gãos competentes, observadas as peculiaridades locais e os seguin-
Art. 25 - Entende-se por concessão de serviço público o contra-
tes requisitos:
to administrativo, precedido de licitação, na modalidade de concor-
I- preço por unidade de refeição;
rência, pelo qual a Administração delega, por prazo determinado,
II - determinação da periodicidade do fornecimento; a pessoa jurídica pública ou privada, ou a consórcio de empresas a
III - cardápio padronizado, sempre que possível, e alimen- organização e o funcionamento de um serviço público, reservando-
tação balanceada de acordo com os gêneros usuais na localidade; -se a tarefa de fiscalização, controle e regulamentação, respeitado
IV - adoção de refeições industrializadas, onde houver con- sempre o equilíbrio econômico-financeiro.
dições para sua manipulação, desde que adequadas a seus fins e Parágrafo único - A concessionária atua em seu próprio nome,
vantajosas para a Administração; por sua conta e risco e é remunerada, em regra, através de tarifas
V- periódica fiscalização, pelas autoridades sanitárias com- pagas pelos usuários, podendo o poder concedente prever, em fa-
petentes, sobre a qualidade e condições de higiene dos alimentos vor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de ou-
fornecidos. tras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade,
SEÇÃO II - com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
DOS SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS Art. 26 - Entende-se por concessão de obra pública o contrato
administrativo, precedido de licitação, na modalidade de concor-
Art. 23 - Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos rência, pelo qual a Administração ajusta, por prazo determinado,
profissionais especializados aqueles que, na forma da legislação es- com pessoa jurídica pública ou privada, a edificação, total ou par-
pecífica de exercício profissional, requerem o domínio de uma área cial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de uma
delimitada do conhecimento humano e formação além da capacita- obra pública, ficando o controle, a fiscalização e a regulamentação
ção profissional comum, tais como: da sua utilização a cargo do poder concedente, a quem cabe preser-
I- estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou var o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
executivos; Parágrafo único - A concessionária atua em seu próprio nome,
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; por sua conta e risco, sendo remunerada através da exploração da
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei- obra e/ou de tarifas pagas pelos usuários, podendo o poder conce-
ras ou tributárias; dente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternati-
serviços; vas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati- sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
vas especiais; Art. 27 - Entende-se por concessão de serviço público prece-
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; dida da execução de obra pública o contrato administrativo, de-
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico; corrente de licitação, na modalidade de concorrência, por prazo
VIII - outros previstos na legislação específica de exercício e fis- determinado, celebrado com pessoa jurídica pública ou privada,
calização profissional. tendo como objeto a edificação, reforma, ampliação ou melhora-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
mento de uma obra ou de um bem público, seguida da organização § 7º - Mediante justificativa circunstanciada, a autoridade su-
ou funcionamento de um serviço público, fiscalizado, controlado e perior competente poderá autorizar a licitação com expressa indi-
regulamentado pelo concedente, respeitado o equilíbrio econômi- cação de marca ou modelo, quando necessária à padronização ou à
co-financeiro e a modicidade das tarifas. uniformidade dos materiais e serviços ou, ainda, nos casos em que
Art. 28 - Entende-se por permissão de serviço público a dele- for tecnicamente imprescindível.
gação, pelo poder concedente, a título precário, da prestação de Art. 32 - Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de di-
serviços públicos à pessoa física ou jurídica, em seu próprio nome e vulgação oficial, em quadro de avisos de amplo acesso público e,
por sua conta e risco. sempre que possível, por meios eletrônicos, à relação de todas as
Parágrafo único - A permissão de serviço público será formali- compras realizadas pela Administração direta e indireta, de manei-
zada mediante contrato de adesão, precedido de licitação, no qual ra a permitir a identificação do bem comprado, seu preço unitário,
deve estar consignado o seu caráter precário. a quantidade adquirida, o procedimento de aquisição, o nome do
Art. 29 - Aplicam-se às licitações e aos contratos para permis- fornecedor e o valor total da operação, devendo ser aglutinadas por
são ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta Lei no itens as compras decorrentes de licitações, dispensas e inexigibili-
que não conflitem com a legislação específica sobre o assunto. dade.
Parágrafo único - As exigências contidas nos incisos III, VI e VII Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá apresentar denún-
do art. 11 desta Lei serão dispensadas nas licitações para concessão cias, perante a autoridade máxima do órgão ou entidade adquiren-
de serviços com execução prévia de obras, quando não forem pre- te, relativas ao superfaturamento dos preços constantes da relação
vistos desembolsos por parte da Administração concedente. de compras acima mencionada.

CAPÍTULO III - CAPÍTULO IV -


DAS COMPRAS DO REGISTRO DE PREÇOS

Art. 30 - Nenhuma compra poderá ser efetuada sem a ade- Art. 33 - O sistema de registro de preços será regulamentado
quada caracterização de seu objeto e a indicação dos recursos or- por Decreto, que disciplinará as hipóteses de sua aplicação.
çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. de 2020.
Art. 31 - As compras deverão, sempre que possível: Redação original: “ art. 33 - As compras de aquisição freqüente
I- atender ao princípio da padronização e à compatibilidade pela Administração e os serviços de menor complexidade técnica
de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando serão processadas mediante o sistema do registro de preços, a ser
for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e ga- regulamentado por decreto. “
rantia oferecidas; § 1º - O registro de preços deverá ser precedido de ampla e
II - ser processadas através do sistema de registro de preços; permanente pesquisa do mercado local.
III - obedecer às condições de compra e pagamento seme- § 2º - Far-se-á o registro dos preços de serviços e fornecimen-
lhantes às que prevalecerem no setor privado, para os negócios da tos mediante licitação nas modalidades de pregão ou concorrência,
mesma espécie, inclusive com pagamento em prestações parcela- devendo constar dos editais:
das, observando a legislação orçamentária; I- estipulação prévia do sistema de controle, reajuste e
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias, atualização dos preços registrados, segundo os critérios fixados em
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando à economi- regulamento;
cidade; II - prazo de validade do registro, não superior a um ano;
V- balizar-se pelos preços de mercado e os habitualmente III - estimativa das quantidades a serem provavelmente ad-
praticados no âmbito dos demais órgãos e entidades da Administra- quiridas ou utilizadas pela Administração, na medida de suas neces-
ção Pública, mediante troca de informações; sidades e segundo a conveniência do serviço, durante o prazo de
VI - definir as unidades e quantidades a serem adquiridas, em validade do registro;
função da estimativa do consumo e utilização prováveis; IV - sanções para a recusa injustificada do beneficiário ao
VII - prever condições de guarda e armazenamento que evi- fornecimento dos bens ou prestação dos serviços, dentro do limite
tem a deteriorização do material adquirido. máximo previsto;
§ 1º - Sempre que houver recursos disponíveis para a aquisição V- previsão de cancelamento do registro, por inidoneida-
total programada, a autoridade responsável deverá justificar, pe- de superveniente ou comportamento irregular do beneficiário, ou,
rante seu superior hierárquico, eventual decisão de parcelamento. ainda, no caso de substancial alteração das condições do mercado.
§ 2º - O órgão central de compras e serviços disponibilizará, § 3º - Durante seu prazo de validade, as propostas selecionadas
com as respectivas especificações, a lista dos materiais, serviços e no registro de preços ficarão à disposição da Administração, para
gêneros padronizados, atualizando-a periodicamente. que efetue as contratações nas oportunidades e quantidades de
§ 3º - A padronização realizar-se-á mediante prévio processo que necessitar, até o limite estabelecido.
administrativo, no qual constem as justificativas técnicas e econô- § 4º - A existência de preços registrados não obriga a Adminis-
micas, e será aprovada por decreto do Governador do Estado. tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe
§ 4º - Aplicam-se as regras do art. 15 às aquisições parceladas facultada a utilização de outros meios, previstas nesta Lei.
de bens. § 5º - O beneficiário do registro de preços, em igualdade de
§ 5º - Aplicam-se aos fornecimentos em geral as vedações pre- condições, tem direito à preferência para a contratação, dentro dos
vistas nos incisos III e IV do art. 18 desta Lei. limites previstos, do prazo de validade estabelecido e das condições
§ 6º - Nas compras deverão constar as especificações comple- da proposta, tantas vezes quanto necessitar a Administração.
tas dos bens a serem adquiridos sem indicação de marcas, carac- § 6º - Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço
terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for constante do quadro geral, em razão da sua incompatibilidade com
tecnicamente imprescindível, conforme justificativa escrita e do- o preço vigente no mercado.
cumentada pelos órgãos técnicos, expressamente autorizada pela Art. 33 regulamentado pelo Decreto nº 19.252 de 17 de setem-
autoridade superior competente. bro de 2019.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO V - III - o preço mínimo de venda será fixado com base no valor
DOS BENS PÚBLICOS ESTADUAIS de mercado do imóvel, estabelecido em avaliação feita pela Admi-
SEÇÃO I - nistração, cuja validade será no máximo de dois anos;
DA ALIENAÇÃO IV - atendimento das condições previstas no regulamento e
no edital de licitação.
Art. 34 - A alienação, a qualquer título, dos bens da Administra- Art. 39 - Entende-se por investidura, para os fins desta lei, a
ção Pública Estadual, subordinada à existência de interesse público alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanes-
devidamente justificado, será sempre precedida de avaliação a ser cente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inapro-
efetuada pelo órgão ou entidade alienante e submetida à aprecia- veitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e
ção e aprovação de comissão designada pela autoridade competen- desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor
te, obedecendo às seguintes normas: fixado para licitação destinada a compras e serviços na modalidade
I- quando de imóveis, dependerá de autorização legislativa de convite.
específica, nos termos do art. 18 da Constituição Estadual, para os Art. 40 - Para efeito da alienação de bens públicos, a avaliação
órgãos da Administração direta, autarquias e fundações públicas e administrativa será efetuada por uma comissão especial, composta
demais entidades que não explorem atividades lucrativas, e, para de, no mínimo, três membros, tomando-se por base critérios téc-
toda a Administração Pública Estadual, de licitação, sob a modalida- nicos devidamente justificados e estipulando-se sempre um preço
de de concorrência ou leilão público, dispensada esta nos seguintes mínimo, cujo valor constará do edital da licitação ou do processo de
casos: sua dispensa.
a) quando o adquirente for pessoa jurídica de direito público § 1º - Não alcançado o preço mínimo da avaliação do bem imó-
interno, entidade de sua administração indireta, ou subsidiária; vel, do navio ou da aeronave a serem alienados, proceder-se-á a
b) na investidura. nova licitação e, caso não seja novamente alcançado o preço míni-
II - quando de bens móveis, na forma da lei, dependerá de mo, proceder-se-á a nova avaliação.
licitação, dispensada esta nos seguintes casos: § 2º - Não alcançado o preço mínimo da avaliação do bem mó-
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de inte- vel a ser alienado, ficará a critério da comissão de alienação reduzir,
em até 25% (vinte e cinco por cento), o valor inicial.
resse social, expressamente justificados pela autoridade competen-
Art. 41 - A Administração, sempre que possível, preferirá a ou-
te, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-eco-
torga de concessão de direito real de uso, na forma da Lei, à venda
nômica;
ou doação de bens imóveis.
b) permuta, permitida nos casos de interesse social, precedida
Art. 42 - O produto da alienação dos bens móveis e imóveis do
de dupla avaliação dos bens;
Estado, das multas aplicadas aos contratados e da receita relativa
c) negociação de títulos, na forma da legislação pertinente;
ao ressarcimento dos custos referentes aos editais de licitação da
d) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, obe-
Administração Direta será recolhido à conta única do tesouro esta-
decida a legislação específica, e subordinada à prévia autorização dual, integrante do Sistema de Caixa Única do Estado, constituindo-
legislativa quando importar em perda do controle acionário; -se em receita do Tesouro, o qual poderá ser revertido para fundo
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos especial definido em lei específica.
ou entidades da Administração Pública Estadual, na consecução de Parágrafo único - O valor oriundo das alienações dos bens de
suas finalidades específicas; que trata o caput deste artigo deverá ser classificado como receita
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou de capital, sendo vedada a sua aplicação em despesas correntes, ex-
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por ceto quando se destinar ao Fundo de Custeio da Previdência Social
quem deles dispõe. dos Servidores Públicos do Estado da Bahia.
III - quando de navios e aeronaves, dependerá de autorização
legislativa específica e será procedida mediante licitação, preferen- SEÇÃO II -
cialmente através de leilão. DA UTILIZAÇÃO DE BENS PÚBLICOS POR TERCEIROS
Art. 35 - Para a venda de bens móveis, avaliados, isolados ou
globalmente, em quantia não superior ao limite de tomada de pre- Art. 43 - O uso de bens móveis e imóveis estaduais por terceiros
ços para compras e serviços, nos termos desta Lei, a Administração poderá ser outorgado mediante concessão, cessão, permissão ou
poderá preferir o leilão. autorização, segundo o caso, atendido o interesse público.
Art. 36 - A doação de bens imóveis a terceiros obedecerá às dis- Art. 44 - A concessão de direito real de uso será outorgada,
posições constitucionais, devendo constar obrigatoriamente de sua na forma da legislação pertinente, mediante prévia autorização
escritura os encargos do donatário, o prazo de seu cumprimento e legislativa e concorrência, para transferir a terceiros, como direito
a cláusula de reversão, sob pena de nulidade. real resolúvel, inter vivos ou mortis causa, por tempo certo e de-
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, caso o donatário terminado, o uso gratuito ou remunerado de bem público imóvel,
necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláu- com específica destinação aos fins de urbanização, industrialização,
sula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca edificação, cultivo da terra ou outra exploração de interesse social,
em segundo grau, em favor do doador. sob pena de reversão, no caso de desvirtuamento da finalidade con-
Art. 37 - Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase tratual.
de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimento de quan- Parágrafo único - Independerá de licitação a concessão de di-
tia correspondente a 5% (cinco por cento) do preço da avaliação. reito real de uso de bens imóveis estaduais:
Art. 38 - A venda de bens imóveis, que deverá ser feita median- a) quando outorgada a outro órgão ou entidade da Adminis-
te concorrência ou leilão público, observará, além de outras dispo- tração Pública;
sições desta Lei, o seguinte: b) quando o uso se destinar a concessionário de serviço públi-
I- na venda por leilão público, a publicação do edital obser- co;
vará as mesmas disposições legais aplicáveis à concorrência pública; c) para os assentamentos urbanos da população de baixa ren-
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances distintos da em terras públicas estaduais não utilizadas ou subutilizadas, nos
para cada imóvel; termos da Constituição do Estado;

50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
d) para a realização da política agrícola e fundiária estadual, nistrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
nos termos e para os fins previstos na Constituição do Estado; convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspon-
e) para entidades filantrópicas, com a finalidade da efetiva dente especialidade.
utilização vinculada a seus fins específicos. § 4º - Pregão é a modalidade de licitação destinada à aquisição
Art. 45 - A concessão de uso de bem público é o contrato admi- de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da
nistrativo através do qual a Administração acorda com o particular a contratação, em que a disputa é feita por meio de propostas escri-
utilização ou exploração exclusiva de um bem público. tas e lances verbais, em uma única sessão pública, ou por meio da
§ 1º - A concessão de uso de bens públicos imóveis será outor- utilização de recursos de tecnologia da informação.
gada em caráter gratuito ou mediante remuneração, sempre com § 5º - Concurso é a modalidade de licitação que se faz pela
imposição de encargos, com prazo determinado, e precedida de li- convocação de quaisquer interessados, para escolha de trabalho
citação, na modalidade de concorrência, para exploração indicada técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios
no edital. ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de
§ 2º - Independerá de licitação a concessão de uso de bens regulamento próprio.
públicos de qualquer natureza às organizações sociais vencedoras § 6º - Leilão é a modalidade de licitação utilizada para a venda
de licitação para celebração de contrato de gestão, exclusivamente de bens móveis ou de produtos legalmente apreendidos ou penho-
quanto aos bens necessários ao cumprimento do referido contrato. rados, ou para a alienação de bens imóveis, nos termos desta Lei, a
Art. 46 - A cessão de uso de bens públicos estaduais móveis ou quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avalia-
imóveis far-se-á gratuitamente, ou em condições especiais, a enti- ção, efetuado em sessão presencial ou eletrônica.
dade de sua administração indireta ou a outras pessoas jurídicas § 7º - Na hipótese do § 2º deste artigo, a Administração somen-
integrantes da Administração Pública, para que sejam por elas uti- te poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos de habi-
lizados, sempre com predeterminação de prazo e, quando cabível, litação compatíveis com o objeto da licitação, nos termos do edital.
atribuição de encargos. § 8º - Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça mais
Art. 47 - A permissão de uso de bens públicos estaduais será de 03 (três) possíveis interessados, a cada novo convite realizado
efetuada a título precário ou clausulada, por ato administrativo, em para objeto idêntico ou assemelhado é obrigatória a convocação
caráter gratuito ou mediante remuneração, sempre com imposição de, no mínimo, um novo interessado, enquanto existirem cadastra-
de encargos e após chamamento público dos interessados para se- dos não-convidados nas últimas licitações.
leção, dispensado este quando o permissionário for entidade filan- § 9º - Quando, por limitações do mercado ou manifesto desin-
trópica ou assistencial. teresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mí-
Art. 48 - A autorização de uso de bens públicos estaduais será
nimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo, tais circunstâncias
feita, mediante remuneração ou com imposição de encargos, por
deverão ser devidamente justificadas no processo, para que este
ato administrativo e para atividades ou usos específicos e transitó-
prossiga, regularmente, sob pena de realização de novo convite.
rios, a título precário.
Art. 51 - O regulamento do concurso, que acompanhará obriga-
toriamente o edital, deverá indicar:
CAPÍTULO VI -
I- a qualificação exigida dos participantes;
DA LICITAÇÃO
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
SEÇÃO I -
III - as condições de realização do concurso e os prêmios ou a
DAS MODALIDADES
remuneração a serem concedidos;
Art. 49 - As licitações serão efetuadas no local onde se situar a IV - a obrigatoriedade de cessão dos direitos patrimoniais do
repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, devi- licitante vencedor, ou, quando for o caso, o fornecimento dos dados
damente justificado. tecnológicos pertinentes em favor da Administração;
Parágrafo único - O disposto neste artigo não impedirá a ha- V- tratando-se de projeto, a autorização à Administração,
bilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais. pelo vencedor, para executá-lo quando julgar conveniente.
Art. 50 - São modalidades da licitação, unicamente, as seguin- Art. 52 - O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a ser-
tes, vedada a combinação entre si: vidor designado pela Administração, procedendo-se na forma da
I- concorrência; legislação pertinente.
II - tomada de preços; § 1º - Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela
III - convite; Administração para fixação do preço mínimo de arrematação.
IV - pregão; § 2º - Os bens móveis arrematados serão pagos à vista ou no
V - concurso; percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cen-
VI - leilão. to), e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão,
§ 1º - Concorrência é a modalidade de licitação que se faz pelo imediatamente entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pa-
chamamento universal de quaisquer interessados que comprovem gamento do restante no prazo estipulado no edital de convocação,
possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital sob pena de perder em favor da Administração o valor já recolhido.
para execução do seu objeto. § 3º - No caso de leilão público de bens imóveis, o arrematante
§ 2º - Tomada de Preços é a modalidade de licitação entre in- pagará, no ato do pregão, sinal correspondente a, no mínimo, 5%
teressados devidamente cadastrados ou que provem perante a co- (cinco por cento) do valor da arrematação, complementando o pre-
missão, na data da abertura da licitação, que atendem a todas as ço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de perder,
condições exigidas no edital para habilitação, observada a necessá- em favor da Administração Pública, o valor correspondente ao sinal
ria qualificação e permitida a exigência de documentação compro- e, em favor do leiloeiro, se for o caso, a respectiva comissão.
batória da capacidade técnica e operacional específica do licitante. § 4º - Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à vista
§ 3º - Convite é a modalidade de licitação entre interessados poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos § 5º - O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, princi-
e convidados em número mínimo de 03 (três) pela unidade admi- palmente no município em que o mesmo se realizará.

51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 6º - Quando o leilão público for realizado por leiloeiro oficial, IV - 10 (dez) dia úteis para convite, quando a licitação for do
a respectiva comissão será, na forma do regulamento, de até 5% tipo melhor técnica ou técnica e preço;
(cinco por cento) do valor da arrematação e será paga pelo arrema- V - 08 (oito) dias úteis para o pregão;
tante, juntamente com o sinal. VI - 05 (cinco) dias úteis para convite, quando a licitação for
Art. 53 - A concorrência deve ser adotada para a compra de do tipo menor preço.
bens imóveis, para concessões de direito real de uso e para os re- § 1º - Se necessário para o interesse público, poderá a Admi-
gistros de preços, devendo também ser utilizada para a alienação nistração utilizar-se de outros meios de divulgação, para ampliar a
de bens móveis ou imóveis, quando a Administração não optar área de competição.
pelo leilão público, sendo que para a alienação de bens imóveis § 2º - Quando se tratar de obras, aquisição de bens ou contra-
dependerá de autorização prévia da Assembléia Legislativa, exceto tação de serviços com a utilização de recursos federais ou garanti-
quando a aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dos por instituições federais, deverão ser observadas as exigências
dação em pagamento. contidas nos respectivos instrumentos de transferência ou na legis-
§ 1º - Nos casos em que couber convite, a Administração po- lação pertinente, inclusive as que forem pertinentes à divulgação
derá optar pela tomada de preços e, em qualquer hipótese, pela dos avisos de licitação, aplicando-se, adicionalmente, o disposto
concorrência. neste artigo na hipótese de financiamento parcial com recursos es-
§ 2º - As licitações internacionais devem ser realizadas na taduais.
modalidade de concorrência, podendo ser utilizada a tomada de Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
preços caso o órgão central de registro cadastral disponibilize o ca- de 2020.
dastro internacional de fornecedores, ou convite, observados os Redação original: “§ 2º - Quando se tratar de obras, compras e
limites de valor fixados para cada modalidade. serviços financiados, parcial ou totalmente, com recursos federais
§ 3º - É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “toma- ou garantidos por instituições federais, o aviso deverá também ser
da de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra publicado no Diário Oficial da União.”
ou serviço, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o § 3º - O instrumento convocatório do convite será afixado, por
caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente. cópia, em local apropriado para conhecimento de todos e publicado
§ 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica quando se na imprensa oficial.
§ 4º - O aviso publicado conterá a indicação do local em que os
tratar de parcelas de natureza específica, que possam ser executa-
interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas
das por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do
as informações sobre a licitação.
executor da obra ou serviço.
§ 5º - Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a
§ 5º - As obras, serviços e compras efetuados pela Adminis-
partir da primeira publicação do edital resumido, ou da expedição
tração serão divididos em tantas parcelas quantas se comprovarem
do convite, ou, ainda, da efetiva disponibilidade do edital ou do
técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com
convite e respectivos anexos, para consulta, prevalecendo a data
vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mer-
que ocorrer mais tarde.
cado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de
§ 6º - Qualquer modificação no edital exige divulgação pela
escala. mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo le-
§ 6º - Na execução de obras e serviços e nas compras parce- gal inicialmente estabelecido, exceto quando a alteração não afetar
ladas de bens, nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou a formulação das propostas.
conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder § 7º Na modalidade pregão, a publicação de aviso contendo o
licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execu- resumo do edital de licitação obedecerá ao disposto nos incisos I e
ção do objeto em licitação. II do art. 118 desta Lei.
§ 7º - Na compra de bens de natureza divisível e desde que § 7º acrescido pelo art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cota- Art. 55 - Para definição das modalidades licitatórias, serão ob-
ção de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas à servados os limites fixados por ato expedido pela Administração, os
ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo quais não excederão a 100% (cem por cento) do valor fixado para
mínimo para preservar a economia de escala. situação idêntica, e na área de sua competência, pela União.
Art. 54 - Os avisos contendo os resumos dos editais de licita- Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro
ção deverão ser publicados, no mínimo, por 01 (uma) vez no Diário de 2016.
Oficial do Estado e uma ou mais vezes em jornal diário de grande Redação original: “Art. 55 - Para definição das modalidades lici-
circulação no Estado e, sempre que possível, disponibilizados nos tatórias serão observados os limites fixados por ato expedido pela
meios eletrônicos de comunicação, com os seguintes prazos míni- Administração, os quais não excederão a 70% (setenta por cento)
mos de antecedência, até o recebimento das propostas ou realiza- do valor fixado para situação idêntica, e na área de sua competên-
ção do evento: cia, pela União.”
I- 45 (quarenta e cinco) dias para: Art. 56 - A Administração, na aquisição de bens e serviços co-
a) concurso; muns até o limite previsto para dispensa de licitação, deverá, sem-
b) concorrência, quando a licitação for do tipo melhor técnica pre que possível, optar pelo sistema de compras eletrônicas.
ou técnica e preço, ou ainda quando o contrato a ser celebrado ado-
tar o regime de empreitada integral. SEÇÃO II -
II - 30 (trinta) dias para: DOS TIPOS
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do
inciso anterior; Art. 57 - São os seguintes os tipos de licitação:
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor téc- I- menor preço;
nica ou técnica e preço. II - melhor técnica;
III - 15 (quinze) dias para tomada de preços, nos casos não III - técnica e preço;
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou para leilão; IV - maior lance ou oferta.

52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º - Entende-se como licitação de menor preço a que objetiva II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, sendo cento) do limite previsto para compras e serviços que não sejam
vencedora aquela que atender às especificações do edital ou convi- de engenharia, na modalidade de convite, e para alienações, nos
te e ofertar o menor preço. casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de
§ 2º - A licitação de melhor técnica destina-se a selecionar a um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa
proposta melhor qualificada para execução de uma técnica ade- ser realizada de uma só vez;
quada às soluções propostas, para atingir determinado fim, e que III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
alcance a maior valorização das propostas técnicas e valorização Ver também:
mínima para as propostas de preço, permitindo a negociação das Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Delega competên-
condições propostas. cia para autorizar dispensa e inexigibilidade de licitação e dá outras
§ 3º - A licitação de técnica e preço destina-se a selecionar o providências.
proponente melhor qualificado para execução de uma técnica ade- IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
quada às soluções propostas, para atingir determinado fim e que do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
alcance a maior média ponderada das valorizações das propostas ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
instrumento convocatório. e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
§ 4º - Entende-se como licitação de maior lance ou oferta a que emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços
objetiva a alienação de bens ou concessão de direito real de uso. que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi-
Art. 58 - Os tipos de licitação melhor técnica e técnica e preço tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
serão utilizados para serviços de natureza predominantemente in- emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos
telectual que admitam confronto objetivo, em especial: contratos;
I- elaboração de projetos; V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
II - cálculos; esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
III - fiscalização; Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
IV - supervisão e gerenciamento; belecidas;
V - engenharia consultiva em geral; VI - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
VI - estudos técnicos preliminares, projeto básico e projeto interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou en-
executivo. tidade que integre a Administração Pública e que tenha sido cria-
§ 1º - A contratação de bens e serviços de informática obser- do para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei,
vará o disposto no art. 3º da Lei Federal nº 8.248, de 23 de outubro desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu § 2º, e mercado;
adotará obrigatoriamente o tipo de licitação técnica e preço, permi- VII - para a compra ou locação de imóvel destinado ao aten-
tido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em dimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessi-
decreto do Poder Executivo, sendo obrigatória a audiência do órgão dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde
estadual competente nos pedidos de aquisição de equipamentos e que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava-
contratação de serviços desta natureza. liação prévia;
§ 2º - Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste VIII - para aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
artigo poderão ser adotados mediante autorização expressa e mo- históricos, de autenticidade certificada, desde que sejam compatí-
tivada da maior autoridade da Administração promotora, para os veis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;
seguintes fins: IX - quando as propostas apresentadas em licitação anterior
a) fornecimento de bens, execução de obras ou prestação de consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no
serviços de grande vulto e alta complexidade tecnológica de domí- mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos ór-
nio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida qua- gãos oficiais competentes, casos em que, cumprindo o disposto no
lificação; § 3º do art. 97 desta Lei e persistindo a situação, serão adjudicados
b) adoção de soluções alternativas e variações de execução por diretamente os bens ou serviços, por valor não superior ao constan-
livre escolha dos licitantes, tendo em vista sua qualidade, produtivi- te do respectivo registro de preços;
dade, rendimento e durabilidade, conforme os parâmetros fixados X- na contratação de remanescente de obra, serviço ou
no ato convocatório. fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas
SEÇÃO III - as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
DA DISPENSA E DA INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO quanto ao preço, devidamente corrigido;
SUBSEÇÃO I - XI - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêne-
DA DISPENSA ros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
Art. 59 - É dispensável a licitação: preço do dia;
Ver também: XII - na contratação de instituição brasileira, que detenha in-
Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Delega competên- questionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucra-
cia para autorizar dispensa e inexigibilidade de licitação e dá outras tivos, incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
providências. ensino ou do desenvolvimento institucional, desde que presente a
I- para obras e serviços de engenharia de valor não exce- relação entre o objeto do contrato e a finalidade precípua da insti-
dente a 10% (dez por cento) do limite previsto para modalidade de tuição, inadmitindo o trespasse da execução do objeto contratual
convite, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra a terceiros;
ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no XIII - na contratação de instituição dedicada à recuperação so-
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- cial do preso, que detenha inquestionável reputação ético-profis-
mente; sional e não tenha fins lucrativos;

53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo SUBSEÇÃO II -
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan- DA INEXIGIBILIDADE
do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para
o Poder Público; Art. 60 - É inexigível a licitação quando caracterizada a inviabili-
XV - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa- dade de competição, em especial:
dronizados de uso da Administração e de edições técnicas oficiais, Ver também:
bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju- Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Delega competên-
rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in- cia para autorizar dispensa e inexigibilidade de licitação e dá outras
tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; providências.
XVI - para a aquisição de componentes ou peças de origem na- I- para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros
cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou represen-
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original tante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca;
desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in- II - para a contratação dos serviços técnicos enumerados no
dispensável para a vigência da garantia; art. 23 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empre-
XVII - nas compras ou contratações de serviços para o abaste- sas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
cimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus de publicidade e divulgação;
meios de deslocamento quando em estada eventual de curta dura- III - para contratação de profissional de qualquer setor ar-
ção em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, tístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor- § 1º - Considera-se produtor, empresa, representante comer-
malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não cial ou revendedor exclusivo aquele que seja o único a explorar a
exceda ao limite previsto para compras e serviços que não sejam de atividade no âmbito nacional, para os limites de concorrência e to-
engenharia, na modalidade de convite; mada de preços, e no do Estado, para o limite de convite, devendo
XVIII - na contratação de associação de portadores de defici- a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forne-
ência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por cido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realiza-
órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de ria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
serviços ou fornecimento de mão-de-obra temporária, desde que Confederação Patronal, quando seja o caso, ou pelas entidades de
o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; classe equivalente.
XIX - para a aquisição de bens destinados exclusivamente à pes- § 2º - Considera-se de notória especialização o profissional ou
quisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento à pesquisa, creden- de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
ciadas pelo CNPq para esse fim específico; nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
XX - na contratação do fornecimento ou suprimento de ener- lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou au- é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
torizado, segundo as normas da legislação específica; do objeto do contrato.
XXI - na contratação realizada por empresa pública ou socieda- § 3º - Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
de de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solida-
aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, riamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
mercado; de outras sanções legais cabíveis.
XXII - para prestação de serviços pelas organizações sociais, Art. 61 - É inexigível a licitação, por inviabilidade de compe-
que tenham firmado contrato de gestão com o Estado, e desde que tição, quando, em razão da natureza do serviço a ser prestado e
limitados os serviços às atividades objetos de sua qualificação; da impossibilidade prática de se estabelecer o confronto entre os
XXIII - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- interessados, no mesmo nível de igualdade, certas necessidades da
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de Administração possam ser melhor atendidas mediante a contrata-
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora- ção do maior número possível de prestadores de serviço, hipótese
ção de criação protegida. em que a Administração procederá ao credenciamento de todos os
XXIV - na contratação de instituição ou organização, pública ou interessados que atendam às condições estabelecidas em regula-
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de mento.
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Estadu- Ver também:
al de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar, Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Delega competên-
instituído por lei estadual. cia para autorizar dispensa e inexigibilidade de licitação e dá outras
Inciso XXIV acrescido pelo art. 21 da Lei nº 12.372, de 23 de providências.
dezembro de 2011. § 1º - No procedimento de credenciamento, a Administração
Parágrafo único - Considera-se estado de calamidade pública Pública obedecerá, rigorosamente, aos princípios constitucionais
e grave perturbação da ordem interna ou guerra, o que assim tiver da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
sido declarado, em ato formal, pela autoridade competente. publicidade, da economicidade e aos princípios do procedimento
licitatório.
§ 1º acrescido pelo art. 1 da Lei nº 14.272 de 22 de julho de
2020.
§ 2º - No credenciamento de interessados para a prestação de
serviços que, nos termos de normatização própria, demonstrem
capacidade para seu desempenho, tendo como destinatários finais
beneficiários indicados pela Administração Pública que participam

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
do custeio da respectiva remuneração, mediante contribuição, será SUBSEÇÃO IV -
aplicado o disposto nos arts. 62 e 63, ambos desta Lei, no que cou- DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE DISPENSA E INEXIGIBILIDADE
ber, na forma do regulamento.
§ 2º acrescido pelo art. 1 da Lei nº 14.272 de 22 de julho de Art. 64 - Quando para a realização do objeto do convênio for
2020. necessária a contratação de obra, compra ou serviço com terceiros,
§ 3º - A autorização para a prestação de serviços, feita pela Ad- a entidade pública obrigatoriamente responsável pela realização
ministração Pública à pessoa natural ou jurídica que, nos termos direta do empreendimento será competente para dispensar a licita-
de normatização própria, demonstre capacidade para seu desem- ção, se for o caso, na forma desta Lei.
penho, e cuja remuneração seja feita diretamente pelo usuário do Art. 65 - A dispensa ou a inexigibilidade de licitação requer
serviço, poderá ser pactuada mediante o sistema de credenciamen- sempre ato formal fundamentado da autoridade competente, pu-
to, aplicando-se o disposto nos arts. 62 e 63, ambos desta Lei, no blicado na imprensa oficial, com exceção das hipóteses previstas
que couber. nos incisos I e II do art. 59 desta Lei.
§ 3º acrescido pelo art. 1 da Lei nº 14.272 de 22 de julho de § 1º - São competentes para autorizar a dispensa de licitação
2020. os chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os Presi-
Parágrafo único - A Administração elaborará regulamento dentes dos Tribunais de Contas, o Procurador Geral de Justiça e os
específico para cada credenciamento, o qual obedecerá, rigorosa- titulares das entidades públicas da Administração indireta, admitida
mente, aos princípios constitucionais da isonomia, da legalidade, da a delegação.
impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade § 2º - As dispensas previstas nos incisos III a XXIII do art. 59,
e aos princípios do procedimento licitatório. as situações de inexigibilidade referidas no art. 60 e seus incisos,
necessariamente justificadas, bem como o retardamento a que se
SUBSEÇÃO III - refere a parte final do § 4º, do art. 15 desta Lei deverão ser comu-
DO CREDENCIAMENTO nicados à autoridade superior dentro de 03 (três) dias, para ratifi-
cação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 05 (cinco) dias,
Art. 62 - Na implantação de um sistema de credenciamento, a como condição para eficácia dos atos.
Administração deverá preservar a lisura, transparência e economi-
§ 3º - O processo de dispensa e de inexigibilidade será instruí-
cidade do procedimento e garantir tratamento isonômico aos inte-
do, no que couber, com os seguintes elementos:
ressados, com o acesso permanente a qualquer um que preencha
I- numeração seqüencial da dispensa ou inexigibilidade;
as exigências estabelecidas em regulamento, devendo instruir o
II - caracterização da circunstância de fato que autorizou a
respectivo processo com os seguintes elementos:
providência;
I- convocação dos interessados por meio do Diário Oficial
III - autorização do ordenador de despesa;
do Estado, de jornal de grande circulação e, sempre que possível,
IV - indicação do dispositivo legal aplicável;
por meio eletrônico;
II - fixação criteriosa da tabela de preços que remunerará os V- indicação dos recursos orçamentários próprios para a
serviços a serem prestados; despesa;
III - regulamentação da sistemática a ser adotada. VI - razões da escolha do contratado;
Art. 63 - O regulamento para credenciamento deverá ser elabora- VII - consulta prévia da relação das empresas suspensas ou
do pelo órgão público interessado e observar os seguintes requisitos: impedidas de licitar ou contratar com a Administração Pública do
I- ampla divulgação, mediante aviso publicado no Diário Estado da Bahia;
Oficial do Estado, em jornal de grande circulação local e, sempre VIII - justificativa do preço, inclusive com apresentação de orça-
que possível, por meio eletrônico, podendo também a Adminis- mentos ou da consulta aos preços de mercado;
tração utilizar-se de chamamento a interessados do ramo, que IX - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
gozem de boa reputação profissional, para ampliar o universo dos quais os bens serão alocados;
credenciados; X - pareceres jurídicos e, conforme o caso, técnicos, emitidos
II - fixação de critérios e exigências mínimas para que os sobre a dispensa ou inexigibilidade;
interessados possam se credenciar; XI - no caso de dispensa com fundamento nos incisos I e II
III - possibilidade de credenciamento, a qualquer tempo, de do art. 59 desta Lei, expressa indicação do valor estimado para a
interessado, pessoa física ou jurídica, que preencha as condições contratação, podendo ser dispensada nestas hipóteses a audiência
mínimas fixadas; do órgão jurídico da entidade;
IV - fixação de tabela de preços dos diversos serviços a serem XII - prova de regularidade para com as fazendas Federal, Es-
prestados, dos critérios de reajustamento e das condições e prazos tadual e Municipal do domicílio ou sede da empresa, bem como de
para o pagamento dos serviços; regularidade para com a Fazenda do Estado da Bahia;
V - rotatividade entre todos os credenciados, sempre exclu- XIII - prova de regularidade relativa à Seguridade Social (INSS),
ída a vontade da Administração na determinação da demanda por mediante a apresentação da Certidão Negativa de Débitos/CND e
credenciado; ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), mediante a
VI - vedação expressa de pagamento de qualquer sobretaxa apresentação do Certificado de Regularidade de Situação/CRS.
em relação à tabela adotada; Art. 66 - São vedadas as dispensas sucessivas de licitação, com
VII - estabelecimento das hipóteses de descredenciamento, base nos incisos I e II do art. 59 desta Lei, assim entendidas aque-
assegurados o contraditório e a ampla defesa; las com objeto contratual idêntico ou similar realizadas em prazo
VIII - possibilidade de rescisão do ajuste, a qualquer tempo, inferior a 60 (sessenta) dias, bem como as licitações simultâneas
pelo credenciado, mediante notificação à Administração, com a an- ou sucessivas que ensejem a mudança da modalidade licitatória
tecedência fixada no termo; pertinente.
IX - previsão de os usuários denunciarem irregularidade na
prestação dos serviços e/ou no faturamento;
X - fixação das regras a serem observadas pelos credenciados
na prestação do serviço.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO VII - Art. 71 - Os órgãos e entidades da Administração estadual po-
DOS ÓRGÃOS DE LICITAÇÃO E DE REGISTRO CADASTRAL derão, justificadamente, utilizar-se de registros cadastrais de outros
SEÇÃO I - órgãos ou entidades da Administração Pública.
DOS ÓRGÃOS CENTRAIS DE LICITAÇÃO E DE REGISTRO CA-
DASTRAL SEÇÃO II -
DAS COMISSÕES
Art. 67 - O órgão central de licitação tem por finalidade norma-
tizar, orientar, acompanhar e avaliar os procedimentos licitatórios Art. 72 - A inscrição em registro cadastral, sua alteração ou
no âmbito de sua competência. cancelamento, as propostas e a habilitação dos licitantes serão pro-
Parágrafo único - Compete ao órgão central de licitação: cessadas e julgadas por comissão, permanente ou especialmente
I- expedir instruções quanto à padronização dos procedi- designada.
mentos licitatórios em geral, bem como normas específicas para a § 1º - No caso de convite, a comissão de licitação poderá, ex-
realização de leilões e concursos; cepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em caso
II - orientar as comissões de licitações no cumprimento da de exigüidade do pessoal disponível, ser substituída por servidor
legislação pertinente; formalmente designado pela autoridade competente.
III - fixar normas diretivas sobre avaliações prévias necessá- § 2º - São competentes para designar as comissões de licitação,
rias à alienação de bens públicos; homologar o seu julgamento e adjudicar o objeto ao licitante ven-
IV - fixar normas para a contratação de entidades prestadoras cedor, os titulares máximos dos Poderes, dos órgãos autônomos,
de serviços considerados necessários ao funcionamento das ativi- das Secretarias de Estado e das entidades integrantes da Adminis-
dades básicas de caráter geral de toda a Administração; tração.
V- promover a licitação para registros de preços de bens e § 3º - As comissões de licitação, permanentes ou especiais,
serviços de uso geral pela Administração; serão compostas por, no mínimo, 03 (três) membros, sendo pelo
VI - constituir comissão central de licitações; menos dois deles servidores qualificados, pertencentes ao quadro
VII - desenvolver ações de atualização e aperfeiçoamento das permanente do órgão da Administração responsável pela licitação.
comissões de licitação e pregoeiros.
§ 4º - A comissão designada para proceder ao julgamento dos
Art. 68 - O órgão central de registro cadastral manterá cadastro
pedidos de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou can-
unificado das pessoas físicas e jurídicas interessadas em participar
celamento, será integrada por profissionais legalmente habilitados,
de licitação da Administração.
no caso de obras, serviços ou fornecimento de equipamentos.
Art. 69 - O cadastro unificado tem por finalidade cadastrar os
§ 5º - A investidura dos membros das comissões permanentes
interessados, pessoas físicas ou jurídicas, para participarem de lici-
não excederá a 02 (dois) anos, vedada a recondução da totalidade
tações realizadas por órgãos e entidades da Administração Pública
de seus membros para a mesma comissão no período subseqüente.
direta, autárquica e fundacional, e entidades de direito privado in-
tegrantes da Administração Pública, bem como acompanhar o de- § 6º - Os membros da comissão de licitação responderão so-
sempenho das pessoas cadastradas e ampliar as opções de contra- lidariamente por todos os atos praticados pela mesma, salvo se
tação e de celebração de convênios com a Administração. houver posição individual divergente, que deverá ser devidamente
§ 1º - O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado fundamentada e registrada na ata da reunião na qual tiver sido to-
e deverá estar permanentemente aberto aos interessados que re- mada a decisão.
queiram sua inscrição com os documentos relativos à habilitação § 7º - No caso de concurso, o julgamento será efetuado por
jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e uma comissão especial, integrada por pessoas de reputação iliba-
regularidade fiscal, mencionados nesta Lei. da e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
§ 2º - Será fornecido aos interessados, pelo órgão central de públicos ou não.
registro cadastral, o Certificado de Registro Cadastral (CRC), me- § 8º - Os critérios de escolha dos membros da comissão e as
diante a apresentação da documentação relacionada no parágrafo regras do seu fornecimento serão disciplinadas por meio de ato es-
anterior, ou o Certificado de Registro Simplificado (CRS), mediante a pecífico a ser expedido pelo Chefe do respectivo Poder.
apresentação de, no mínimo, a documentação relativa à habilitação
jurídica, regularidade fiscal e qualificação técnica. CAPÍTULO VIII -
§ 3º - Será de, no máximo, 12 (doze) meses o prazo de validade DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO
do Certificado de Registro Cadastral ou Simplificado, devendo ser SEÇÃO I -
renovado anualmente, mediante chamamento público dos interes- DISPOSIÇÕES GERAIS
sados.
§ 4º - Os inscritos serão classificados por categorias, tendo em Art. 73 - Constitui condição prévia para empenho e licitação de
vista sua especialização, conforme a qualificação técnica e econô- serviços, fornecimento de bens ou execução de obras que acarrete
mico-financeira, avaliada pelos documentos relacionados nos arts. despesa que o processo respectivo esteja instruído com:
101 e 102 desta Lei. I- estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercí-
§ 5º - A atuação dos licitantes no cumprimento das obrigações cio em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
assumidas será acompanhada e anotada no registro cadastral, à II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento
vista de informações que serão prestadas obrigatoriamente pelos tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária
órgãos e entidades estaduais competentes, inclusive a relação de anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de dire-
compromissos que possam importar em diminuição da capacidade trizes orçamentárias.
operacional ou financeira do inscrito. Art. 74 - O procedimento da licitação será iniciado com a aber-
Art. 70 - A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou tura do processo devidamente autuado, protocolado e numerado,
cancelado o registro cadastral do inscrito que deixar de satisfazer contendo a autorização respectiva do agente público competente,
as exigências previstas nesta Seção, ou cujo desempenho, apurado sucinta indicação de seu objeto e dos recursos para a despesa, ao
na forma do artigo precedente, não seja considerado satisfatório, qual serão oportunamente juntados:
facultada ao interessado a ampla defesa. I- edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - comprovante da publicação do edital resumido, na forma VI - deliberação da comissão licitante sobre a habilitação dos
do art. 54 desta Lei, ou da entrega e afixação do convite, ou da pu- três primeiros classificados;
blicação deste, se for o caso; VII - convocação, se for o caso, de tantos licitantes classifica-
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro dos quantos forem os inabilitados no julgamento previsto no inciso
administrativo ou oficial ou do servidor responsável pelo convite; anterior;
IV - original das propostas e dos documentos que as instru- VIII - deliberação final da autoridade competente quanto à ho-
írem; mologação do procedimento licitatório e adjudicação do objeto da
V- atas, relatórios, atos e deliberações da comissão de lici- licitação ao licitante vencedor, no prazo de até 10 (dez) dias após o
tação; julgamento.
VI - pareceres jurídicos e, conforme o caso, outros pareceres § 1º - As licitações do tipo melhor técnica e técnica e preço
técnicos emitidos sobre a licitação; terão início com a abertura das propostas técnicas, as quais serão
VII - atos de homologação do procedimento licitatório e de analisadas e julgadas pela Comissão.
adjudicação do objeto licitado; § 2º - Do julgamento previsto no parágrafo anterior caberá re-
VIII - recursos apresentados pelos interessados, intimação dos curso.
recursos aos demais licitantes e respectivas manifestações e deci- § 3º - A abertura dos envelopes relativos aos documentos das
sões; propostas e de habilitação será realizada sempre em ato público,
IX - ato de anulação ou de revogação da licitação, devidamen- previamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada assi-
te fundamentado; nada pelos licitantes e pela comissão ou servidor responsável.
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme § 4º - Todos os documentos contidos nos envelopes serão ru-
o caso; bricados pelos licitantes presentes e pela comissão ou servidor de-
XI - comprovantes das publicações; signado.
XII - demais documentos relativos à licitação. § 5º - É facultado à comissão ou autoridade superior, em qual-
Art. 75 - As minutas de editais de licitação, bem como as dos quer fase da licitação, promover diligência destinada a esclarecer
contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente ou complementar a instrução do processo.
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração. § 6º - A comissão poderá conceder aos licitantes o prazo de
Art. 76 - Sempre que o valor estimado para uma licitação, ou 03 (três) dias úteis para a juntada posterior de documentos cujo
para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas, for supe- conteúdo retrate situação fática ou jurídica já existente na data da
rior a 100 (cem) vezes o limite previsto para a realização de obras e apresentação da proposta.
serviços de engenharia na modalidade de concorrência, o processo § 7º - Os erros materiais irrelevantes serão objeto de sanea-
licitatório será, obrigatoriamente, iniciado com uma audiência pú- mento, mediante ato motivado da comissão de licitação.
blica, concedida pela autoridade responsável e realizada, pelo me- § 8º - É vedada a participação de uma única pessoa como re-
nos, 15 (quinze) dias úteis antes da data prevista para a publicação presentante de mais de um licitante.
do edital e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias § 9º - O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e à toma-
úteis da sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publi- da de preços e, no que couber, ao convite.
cidade da licitação. § 10 - Iniciada a sessão de abertura das propostas, não mais
§ 1º - A audiência de que trata o presente artigo será aberta à cabe a desistência do licitante, salvo por motivo justo, decorrente
participação de todos os interessados, que terão direito a receber de fato superveniente e aceito pela comissão.
informações e a manifestar sua opinião, bem como a apresentar § 11 - Poderá a autoridade competente, até a assinatura do
sugestões sobre o empreendimento. contrato, excluir licitante, em despacho motivado, se tiver ciência
§ 2º - As manifestações e sugestões apresentadas na forma do de fato ou circunstância, anterior ou posterior ao julgamento da li-
parágrafo anterior serão apreciadas pela Administração, em caráter citação, que revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica ou
não vinculante. financeira.
Art. 77 - É facultado a qualquer licitante o amplo conhecimen-
to dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório, e, a SEÇÃO II -
qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
pagamento dos custos devidos.
Art. 78 - A licitação será processada e julgada com observância Art. 79 - O edital conterá, em seu preâmbulo, o número de or-
dos seguintes procedimentos: dem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu
I- abertura dos envelopes contendo as propostas de preço; setor, a finalidade da licitação, sua modalidade, regime de execução
II - verificação da conformidade e compatibilidade de cada e tipo, a menção à legislação aplicável, o local, dia e hora para re-
proposta com os requisitos e especificações do edital ou convite e, cebimento das propostas e da documentação de habilitação, bem
conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados como para o início da abertura dos envelopes respectivos e indica-
pela Administração ou por órgão oficial competente ou, ainda, com rá, obrigatoriamente, o seguinte:
os constantes do sistema de registro de preços, quando houver, I- descrição clara e precisa do objeto licitado, que permita
promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou seu total e completo conhecimento;
incompatíveis; II - local onde poderão ser examinados o edital e seus anexos,
III - julgamento e classificação das propostas, de acordo com o projeto básico e, se já disponível, o projeto executivo;
os critérios de avaliação constantes do ato convocatório; III - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada
IV - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes des- dos instrumentos, para a execução do ajuste e para a entrega do
classificados, contendo a respectiva documentação de habilitação, objeto da licitação;
desde que não tenha havido recurso ou após a sua denegação; IV - exigência de garantia, se for o caso, nas modalidades
V- abertura dos envelopes e apreciação da documentação previstas nesta Lei;
relativa à habilitação dos concorrentes classificados nos três primei- V- sanções para ilegalidades praticadas no procedimento
ros lugares; licitatório e para o inadimplemento contratual;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - condições para participação na licitação e apresentação III - minuta do contrato a ser firmado entre a Administração
das propostas; e o licitante vencedor, salvo nas hipóteses de dispensa deste instru-
VII - critérios de julgamento, com disposições claras e parâme- mento, previstas nesta Lei;
tros objetivos; IV - as especificações complementares e as normas de execu-
VIII - locais, horários e códigos de acesso a meios de comuni- ção pertinentes à licitação;
cação à distância em que serão fornecidos elementos, informações V - no caso de concurso, o respectivo regulamento.
e esclarecimentos complementares relativos à licitação e às condi- Parágrafo único - Na modalidade pregão eletrônico, poderá ser
ções para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento adotado orçamento sigiloso, na forma do regulamento.
de seu objeto; Parágrafo único acrescido pelo art. 1 da Lei nº 14.272 de 22 de
IX - critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, julho de 2020.
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados Art. 82 - Nas compras para entrega imediata, assim entendidas
a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de va- aquelas com prazo de entrega até quinze dias contados da data da
riação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos celebração do ajuste, poderão ser dispensados:
§§ 1º e 2º, do art. 97 desta Lei; I- o critério de reajuste;
X - equivalência das condições de pagamento entre empre- II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” do inci-
sas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; so XI do art. 79 desta Lei, correspondente ao período compreendido
XI - condições de pagamento prevendo, segundo o caso: entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento,
a) prazo de pagamento não superior a 08 (oito) dias, contados desde que não superior a quinze dias.
a partir da data final do período de adimplemento de cada parcela; Art. 83 - Nas licitações para a execução de obras e serviços,
b) cronograma de desembolso máximo por período, em con- quando for adotada a modalidade de execução de empreitada por
formidade com a disponibilidade de recursos financeiros; preço global, a Administração deverá fornecer, obrigatoriamente,
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, junto com o edital, todas as informações e os elementos necessá-
desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até rios para que os licitantes possam elaborar suas propostas de pre-
a data do efetivo pagamento; ços com total e completo conhecimento do objeto da licitação.
d) compensações financeiras e apenações, por eventuais atra- Art. 84 - O conhecimento da íntegra do edital será amplamen-
sos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamento;
te assegurado a todos os interessados, nada mais se lhes exigindo,
e) exigência de seguros, quando for o caso;
para tanto, senão o pagamento do custo efetivo da reprodução grá-
XII - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva
fica ou do meio magnético do instrumento, quando solicitados.
do custo de produção, com a indicação, sempre que possível, de
Art. 85 - Nas licitações do tipo menor preço, as especificações
índices específicos ou setoriais que retratem a efetiva variação do
do edital poderão abranger, entre outras pertinentes ao objeto da
custo de produção, para o reajustamento de preços, desde a data
licitação, requisitos de qualidade, rendimento e prazo, definidos
prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a que
através de parâmetros objetivos, sempre que tais fatores possam
esta se referir até a data do adimplemento de cada parcela;
XIII - indicação dos prazos de validade das propostas; repercutir no custo final.
XIV - condições para o recebimento do objeto da licitação, obe- Art. 86 - Nas licitações do tipo melhor técnica, o edital definirá
decidos os prazos previstos nesta Lei; critérios objetivos de pontuação das propostas, bem como os pesos
XV - limites para pagamento de instalação e mobilização para e a valoração mínima estabelecida para a proposta técnica.
execução de obras e serviços, que serão obrigatoriamente destaca- Art. 87 - Nas licitações do tipo técnica e preço, o edital definirá
das das demais parcelas, etapas e tarefas; critérios objetivos de pontuação das propostas, bem como os pesos
XVI - indicação objetiva e justificada das parcelas de maior re- para a ponderação da média das propostas técnicas e de preços.
levância técnica e de valor significativo estritamente necessárias Art. 88 - Nas licitações do tipo maior lance ou oferta, nos casos
para o objeto da licitação, para efeito da capacitação técnica dos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso, o edital
licitantes; indicará os fatores e critérios suficientes para apuração do maior
XVII - previsão específica no caso de possibilidade de prorro- lance ou oferta.
gação dos prazos contratuais; Art. 89 - Nas concorrências de âmbito internacional, o edital
XVIII - fixação do prazo para pagamento do saldo devedor pelo deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio
arrematante de bem leiloado; exterior e atender às exigências dos órgãos competentes.
XIX - previsão expressa admitindo a subcontratação, quando § 1º - Quando ao licitante estrangeiro for permitido cotar preço
for o caso; em moeda estrangeira, igualmente poderá fazê-lo o licitante brasi-
XX - fixação do valor das multas de mora por inadimplência leiro.
contratual; § 2º - No caso em que seja contratado afinal o licitante brasilei-
XXI - instruções e normas para os recursos administrativos cabí- ro, na hipótese do parágrafo anterior, o pagamento será efetuado
veis, nos termos desta Lei; em moeda brasileira, à taxa do câmbio vigente no dia útil imediata-
XXII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação. mente anterior à data do efetivo pagamento.
Art. 80 - O original do edital deverá ser datado, rubricado em § 3º - As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão
todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permane- equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.
cendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias, resumi- § 4º - Para fins de julgamento da licitação, as propostas apre-
das ou integrais, para divulgação, inclusive por meios eletrônicos, e sentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos gravames
fornecimento aos interessados. conseqüentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os
Art. 81 - Constituem anexos do edital, dele fazendo parte inte- licitantes brasileiros quanto à operação final de venda.
grante: § 5º - Para a realização de obras, prestação de serviços ou
I- projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento
desenhos, especificações e outros complementos; ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira
II - orçamento estimado e planilhas de quantitativos e preços ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, na
unitários; respectiva licitação poderão ser admitidas as condições decorren-

58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tes de acordos, protocolos, convenções ou tratados internacionais do, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocató-
aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e proce- rio e que considerem a capacitação e a experiência do proponente,
dimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de sele- a qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia, or-
ção da proposta mais vantajosa para a Administração, o qual poderá ganização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos
contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, desde que trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mobiliza-
por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação, das para a sua execução;
e que também não conflitem com o princípio do julgamento obje- II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á
tivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham atingi-
contrato, despacho esse ratificado pela autoridade imediatamente do a valorização mínima estabelecida no instrumento convocatório
superior. e à negociação das condições propostas, com a proponente melhor
§ 6º - As cotações de todos os licitantes, no caso deste artigo, classificada, com base nos orçamentos detalhados apresentados e
serão efetuadas para entrega no mesmo local de destino. respectivos preços unitários e tendo como referência o limite re-
Art. 90 - A Administração não pode descumprir as normas e presentado pela proposta de menor preço entre os licitantes que
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. obtiveram a valorização mínima;
III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento
SEÇÃO III - idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais proponen-
DO JULGAMENTO E DA CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSTAS tes, pela ordem de classificação, até a consecução de acordo para
a contratação;
Art. 91 - O julgamento das propostas será objetivo, em confor- IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos lici-
midade com os critérios previamente estabelecidos no ato convo- tantes que não forem preliminarmente habilitados ou que não ob-
catório e com os princípios desta Lei. tiverem a valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.
§ 1º - É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou Art. 96 - Nas licitações do tipo técnica e preço, obedecer-se-á o
fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa, ainda seguinte procedimento:
quando indiretamente, burlar o princípio da igualdade entre os lici- I- na primeira fase, serão abertos os envelopes das pro-
tantes, sob pena de responsabilidade. postas técnicas dos licitantes, efetuando-se sua avaliação e classifi-
§ 2º - Não poderá ser considerada qualquer oferta de vanta- cação, de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao ob-
gem ou condição não prevista no edital ou convite, inclusive finan- jeto licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento
ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem convocatório e que considerem a capacitação e a experiência do
baseada nas ofertas dos demais licitantes, excetuada as hipóteses proponente, a qualidade técnica da proposta, compreendendo me-
de licitações nas modalidades de pregão ou leilão. todologia, organização, tecnologias e recursos materiais a serem
§ 3º - Não se admitirá proposta que apresente preços global ou utilizados nos trabalhos e a qualificação das equipes técnicas a se-
unitário simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com rem mobilizadas para a sua execução;
os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos res-
II - será feita a avaliação e a valorização das propostas de
pectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não
preços, de acordo com os critérios objetivos preestabelecidos no
tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a
instrumento convocatório, dos licitantes já classificados na propos-
materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os
ta técnica;
quais ele renuncie à parcela ou à totalidade da remuneração.
III - a classificação dos proponentes será efetuada pela ordem
§ 4º - Aplica-se o disposto no § 3º deste artigo também às pro-
decrescente das médias ponderadas das pontuações alcançadas
postas que incluam mão-de-obra estrangeira ou importações de
nas propostas técnicas e de preços, de acordo com os pesos expres-
qualquer natureza.
samente estabelecidos no ato convocatório.
§ 5º - Em nenhum caso, sob pena de responsabilidade, serão
objeto de reformulação os critérios de julgamento previstos nesta Art. 97 - Serão desclassificadas:
Lei e no ato convocatório. I- as propostas que não atendam às exigências do ato con-
Art. 92 - No caso de empate entre duas ou mais propostas e vocatório da licitação;
observado o disposto no § 2º do art. 3º desta Lei, se for o caso, a II - as propostas com valor global superior aos praticados no
classificação das propostas será decidida mediante sorteio, em ato mercado ou com preços manifestamente inexeqüíveis, assim con-
público, para o qual os licitantes serão convocados, vedado qual- siderados aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabi-
quer outro critério. lidade através de documentação que comprove que os custos dos
Art. 93 - No caso da licitação de tipo menor preço a classifica- insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de
ção obedecerá à ordem crescente dos preços propostos, proceden- produtividade são compatíveis com a execução do objeto do con-
do-se, em caso de empate, exclusivamente, na forma prevista no trato, condições estas necessariamente especificadas no ato convo-
artigo anterior. catório da licitação.
Art. 94 - Para contratação de bens e serviços de informática, a § 1º - Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo con-
Administração observará o disposto na legislação federal e adotará, sideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de
obrigatoriamente, o tipo de licitação técnica e preço, permitido o menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas
emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor
do Poder Executivo. dos seguintes valores:
Art. 95 - Nas licitações do tipo melhor técnica será adotado I- média aritmética dos valores das propostas superiores a
o seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela Administração; ou
convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração se II - valor orçado pela Administração.
propõe a pagar: § 2º - Dos licitantes classificados na forma do parágrafo ante-
I- serão abertos os envelopes contendo as propostas técni- rior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por
cas dos licitantes e feita a avaliação e classificação destas propostas cento) do menor valor a que se referem os incisos I e II, será exigi-
de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licita- da, para a assinatura do contrato, prestação de garantia adicional,

59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dentre as modalidades previstas no art. 136, § 1º desta Lei, igual à Art. 101 - A documentação relativa à qualificação técnica limi-
diferença entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da tar-se-á a:
correspondente proposta. I- registro ou inscrição na entidade profissional compe-
§ 3º - Se todas as propostas forem desclassificadas ou todos os tente;
licitantes classificados forem inabilitados, poderá a Administração II - comprovação de aptidão para o desempenho de atividade
fixar um prazo de 08 (oito) dias úteis aos licitantes para apresen- pertinente e compatível, em características, quantidades e prazos,
tação de nova proposta ou nova documentação, após sanadas as com o objeto da licitação;
causas que motivaram a desclassificação ou inabilitação, facultada, III - indicação das instalações, do aparelhamento e do pesso-
no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis. al técnico, adequados e disponíveis para a realização do objeto da
licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da
SEÇÃO IV -
equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
DA HABILITAÇÃO
IV - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que rece-
beu os documentos e, quando exigido, de que tomou conhecimen-
Art. 98 - Para a habilitação dos interessados na licitação exigir-
-se-á, exclusivamente, documentos relativos a: to de todas as informações e das condições locais para o cumpri-
I- habilitação jurídica; mento das obrigações objeto da licitação;
II - regularidade fiscal e trabalhista; V- prova de atendimento de requisitos previstos em lei es-
Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro pecial, quando for o caso.
de 2016. § 1º - No caso das licitações pertinentes a obras e serviços, a
Redação original: “II - regularidade fiscal;” comprovação da aptidão referida no inciso II deste artigo será efe-
III - qualificação técnica; tuada mediante um ou mais atestados fornecidos por pessoas ju-
IV - qualificação econômico-financeira; rídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas
V- comprovação de não realização no estabelecimento de entidades profissionais competentes, suficientes para comprovar a
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) aptidão do licitante.
anos e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, sal- § 2º - A exigência relativa à capacitação técnica limitar-se-á à
vo, na condição de aprendizes, a partir de 14 (quatorze) anos. comprovação do licitante possuir, em nome da empresa, atestado
Art. 99 - A documentação relativa à habilitação jurídica consis- de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de ca-
tirá em: racterísticas semelhantes às do objeto da licitação, limitadas estas
I- cédula de identidade; exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo
II - registro comercial, no caso de empresa individual;
do objeto da licitação ou de possuir, em seu quadro permanente e
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, de-
na data prevista para a entrega da proposta, profissional de nível
vidamente registrado, no caso de sociedades comerciais, e, em se
superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade compe-
tratando de sociedades por ações, acompanhado dos documentos
de eleição dos seus administradores; tente, detentor de tal atestado;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, § 3º - As parcelas de maior relevância técnica e de valor sig-
acompanhada de prova da diretoria em exercício; nificativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no
V- decreto de autorização, no caso de empresa ou socie- instrumento convocatório.
dade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou § 4º - Será sempre admitida a comprovação de aptidão através
autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, de certidões ou atestados de obras ou serviços similares, de com-
quando a atividade assim o exigir. plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
Art. 100 - A documentação relativa à regularidade fiscal e tra- § 5º - Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação
balhista, conforme o caso, consistirá em: de aptidão, quando for o caso, será feita através de um ou mais
Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou priva-
de 2016. do, suficientes para comprovar a aptidão do licitante.
Redação original: “Art. 100 - A documentação relativa à regula- § 6º - Nas licitações para contratação de serviços, o licitante
ridade fiscal, conforme o caso, consistirá em:” poderá também comprovar a aptidão operacional, por meio de re-
I- prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) lação explícita de máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe-
ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); cializado, considerados essenciais ao objeto da licitação, na forma
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual
prevista no edital, e da declaração formal de sua disponibilidade,
ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitan-
sob as penas da lei, vedadas, entretanto, as exigências de proprie-
te, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto
dade e de sua localização prévia.
contratual;
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Esta- § 7º - Quando consideradas essenciais para o cumprimento do
dual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equiva- objeto da licitação, nas hipóteses de obras, as exigências mínimas
lente, na forma da lei; relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e pes-
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao soal técnico especializado serão atendidas mediante a apresenta-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando si- ção de relação explícita e declaração formal de sua disponibilidade,
tuação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por sob as penas da lei, vedadas, entretanto, as exigências de proprie-
lei. dade e de localização prévia.
V- prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a § 8º - É vedada, em qualquer caso, sob pena de responsabi-
Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, lidade, a exigência de comprovação de atividade ou aptidão com
nos termos do Título VII-A do Decreto-Lei Federal nº 5.452, de 01 indicação de quantidades mínimas, prazos máximos, limitação de
de maio de 1943. tempo ou de época ou, ainda, em locais específicos, ou quaisquer
Inciso V acrescido ao art. 100 pela Lei nº 13.591, de 28 de no- outras que possam direcionar o resultado da licitação ou inibir a
vembro de 2016. universalidade da participação no certame.

60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 9º - No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, Art. 104 - As empresas estrangeiras que não funcionarem no
de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos li- País atenderão, tanto quanto possível, nas licitações internacionais,
citantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de às exigências dos artigos anteriores, mediante documentos equiva-
sua aceitação ou não, será efetuada exclusivamente por critérios lentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por
objetivos. tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Brasil,
§ 10 - Os profissionais indicados pelo licitante para fins de com- com poderes expressos para receber citação e responder adminis-
provação da capacitação técnica deverão participar da obra ou ser- trativa ou judicialmente.
viço objeto da licitação, admitindo-se a sua substituição por profis- Parágrafo único - O disposto no caput deste artigo e nos arts.
sionais de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada 105, § 5º, e 126, parágrafo único, não se aplica às licitações interna-
pela Administração. cionais, quando o objeto da licitação seja:
Art. 102 - A documentação relativa à qualificação econômico-fi- I- aquisição de bens ou serviços cujo pagamento seja feito
nanceira será limitada a: com o produto de financiamento concedido por organismo finan-
I- balanço patrimonial e demonstrações contábeis do úl- ceiro internacional de que o Brasil participe, ou por agência estran-
timo exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, geira de cooperação;
que comprovem a boa situação financeira da empresa, podendo ser II - compra de equipamentos fabricados e entregues no ex-
atualizados por índices oficiais quando encerrados há mais de 03 terior, desde que haja prévia autorização do Chefe do Poder Exe-
(três) meses da data de apresentação da proposta, vedada a sua cutivo;
substituição por balancetes ou balanços provisórios; III - aquisição de bens e serviços realizados por unidades ad-
II - certidão negativa de falência ou concordata, emitida pelo ministrativas sediadas no exterior.
distribuidor da sede da pessoa jurídica, expedida nos 90 (noventa) Art. 105 - Quando o edital permitir, poderão licitar pessoas ju-
dias anteriores à data prevista para o recebimento dos envelopes; rídicas reunidas em consórcio constituído para a licitação, vedado,
III - garantia de participação, quando exigida no edital, li- porém, ao consorciado competir, na mesma licitação, isoladamen-
mitada a 1% (um por cento) do valor estimado para o objeto da te, ou através de outro consórcio, obedecidas as seguintes normas:
contratação, nas mesmas modalidades e critérios previstos no art. I- comprovação do compromisso público ou particular de
136 desta Lei. constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
§ 1º - A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da II - indicação da empresa responsável pelo consórcio, que
capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas
que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada no edital;
a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 98 a 102
desta Lei por cada consorciado, admitindo-se, para efeito de quali-
rentabilidade ou lucratividade.
ficação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado,
§ 2º - Nas compras para entrega futura e na execução de obras
e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório
e serviços, a Administração poderá estabelecer, no instrumento
dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva
convocatório da licitação, quando indispensável para assegurar o
participação, podendo a Administração estabelecer, para o consór-
adimplemento das obrigações a serem pactuadas, alternativamen-
cio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
te, a garantia prevista no item III deste artigo ou a exigência de
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consór-
capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, que não poderá
cios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas
exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, assim definidas em lei;
relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, IV - impedimento de participação de empresa consorciada,
admitida sua atualização por índices oficiais. na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isolada-
§ 3º - Em cada licitação poderá, ainda, ser exigida a relação dos mente;
compromissos assumidos pelos licitantes, que repercutam sobre V- responsabilidade individual e solidária dos integrantes
sua capacidade financeira ou operacional. pelas exigências de ordem fiscal e administrativa, pertinentes à li-
§ 4º - A comprovação da boa situação financeira da empresa citação, até o recebimento definitivo do seu objeto, bem como por
será feita de forma objetiva, por meio do cálculo de índices con- todos os atos de comércio relativos à licitação e ao contrato.
tábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo § 1º - As empresas consorciadas, vencedoras da licitação, ficam
administrativo que tenha dado início ao certame licitatório, vedada obrigadas a promover, antes da celebração do contrato, a constitui-
a exigência de índices e valores não usualmente adotados para a ção definitiva do consórcio, mediante arquivamento do instrumen-
correta avaliação de situação financeira, suficiente ao cumprimento to próprio na Junta Comercial da sede da empresa líder.
das obrigações decorrentes da licitação. § 2º - A constituição de consórcio importa em compromisso tá-
Art. 103 - Os documentos necessários à habilitação poderão ser cito dos consorciados de que não terão sua constituição ou compo-
apresentados em original, cópia autenticada na forma da lei ou por sição alteradas ou modificadas sem a prévia e expressa anuência da
servidor da Administração, ou por exemplar de sua publicidade em Administração, até o cumprimento do objeto da licitação, mediante
órgão de imprensa oficial. termo de recebimento.
§ 1º - A documentação de que tratam os arts. 98 a 102 desta Lei <Revogado> § 3º - A capacitação técnica e financeira do con-
poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, sórcio será o somatório das de seus componentes, na proporção de
concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. sua respectiva participação.
§ 2º - Os documentos enumerados nos arts. 98 a 102 desta Revogado pelo art. 3º da Lei nº 9.658, de 04 de outubro de
Lei poderão ser substituídos pelo Certificado de Registro Cadastral 2005.
quanto às informações disponibilizadas em sistema informatizado § 4º - Poderá a Administração estabelecer, para os licitantes
de consulta direta indicado no edital. reunidos em consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento)
§ 3º - A documentação referida neste artigo poderá ser subs- dos valores exigidos do licitante individual para comprovar sua qua-
tituída por Certificado de Registro Cadastral emitido por órgão ou lificação econômico-financeira, inexigível para os consórcios total-
entidade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha mente compostos de micro e pequenas empresas, assim definidas
sido feito em obediência ao disposto nesta Lei. em lei.

61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 5º - No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras, a li- IV - receber e examinar as credenciais e proceder ao creden-
derança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira que atenda ciamento dos interessados;
às condições para tal fim, que forem fixadas no edital, ressalvadas V- receber e examinar a declaração dos licitantes dando
as licitações previstas no parágrafo único do art. 104 desta Lei. ciência da regularidade quanto às condições de habilitação;
VI - receber os envelopes das propostas de preço e dos docu-
SEÇÃO V - mentos de habilitação;
DA HOMOLOGAÇÃO E DA ADJUDICAÇÃO VII - proceder à abertura dos envelopes das propostas de pre-
ço, ao seu exame e à classificação dos proponentes;
Art. 106 - Após classificadas as propostas e concluída a fase de VIII - conduzir a etapa competitiva dos lances;
habilitação, a autoridade superior competente examinará as vanta- IX - proceder à classificação dos proponentes depois de en-
gens da proposta vencedora, em relação aos objetivos de interesse cerrados os lances;
público colimados pela licitação, homologará o procedimento lici- X- indicar a proposta ou o lance de menor preço e a sua
tatório e adjudicará o objeto contratual ao licitante vencedor, em aceitabilidade;
despacho circunstanciado. XI - proceder à abertura do envelope de habilitação do licitan-
Art. 107 - Quando à licitação acudir apenas um interessado, te que apresentou a melhor proposta e verificar a regularidade da
poderá ser homologada a licitação e com este celebrado o contrato, documentação apresentada, a fim de declará-lo vencedor;
desde que esteja comprovado nos autos que o preço proposto é XII - negociar diretamente com o proponente para que seja
compatível com o de mercado e sejam satisfeitas todas as exigên- obtido preço melhor;
cias legais e regulamentares, bem como as especificações do ato XIII - adjudicar o objeto da licitação ao licitante da proposta de
convocatório. menor preço aceitável, desde que não tenha havido recurso;
XIV - receber, examinar, instruir e decidir sobre os recursos e,
SEÇÃO VI - quando mantida a sua decisão, encaminhar os autos à autoridade
DO PREGÃO superior para deliberação;
SUBSEÇÃO I - XV - elaborar, juntamente com a equipe de apoio, a ata da
DISPOSIÇÕES GERAIS sessão do pregão;
XVI - encaminhar o processo licitatório, devidamente instruído,
Art. 108 - Para fins de realização da licitação na modalidade após a sua conclusão, à autoridade superior para a homologação e
pregão, consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos pa- contratação.
drões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente de- Parágrafo único - O pregoeiro poderá, no julgamento das pro-
finidos no edital, com base nas especificações usuais praticadas no postas e da habilitação, sanar erros ou falhas que não alterem a
mercado. substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica,
Parágrafo único - A licitação na modalidade pregão não se apli- mediante decisão fundamentada, registrada em ata e acessível aos
ca às contratações de obras de engenharia, bem como às locações licitantes, e lhes atribuirá validade e eficácia para fins de classifica-
imobiliárias e alienações em geral. ção e habilitação.
Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro Parágrafo único acrescido pelo art. 1 da Lei nº 14.272 de 22 de
de 2016. julho de 2020.
Redação original: “Parágrafo único - A licitação na modalidade Art. 113 - Na fase interna ou preparatória do pregão, o servidor
pregão não se aplica às contratações de obras e serviços de enge- responsável pela formalização do processo licitatório deverá adotar,
nharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral.” sem prejuízo de outras, as seguintes providências:
Art. 109 - O pregão será realizado em sessão pública presencial I- justificar a necessidade da contratação;
ou por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, II - definir o objeto a ser contratado, de forma precisa, su-
observado o disposto no regulamento. ficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrele-
Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho vantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a
de 2020. realização do contrato;
Redação original: “art. 109 - O pregão será realizado em sessão III - informar o valor estimado do objeto da licitação, de modo
pública presencial ou por meio do sistema de compras eletrônicas. a propiciar a avaliação da composição dos custos, através de orça-
Art. 110 - Os contratos celebrados pelos órgãos e entidades da mento detalhado, considerando os preços praticados no mercado;
Administração, para aquisição de bens e serviços comuns, serão IV - definir os métodos, a estratégia de suprimento e o prazo
precedidos, preferencialmente, de licitação pública na modalidade de execução do contrato;
pregão. V- estabelecer os critérios de aceitação das propostas, as
Art. 111 - Compete à autoridade superior do órgão ou entidade exigências de habilitação, as sanções administrativas aplicáveis por
promotora da licitação a designação do pregoeiro e dos componen- inadimplemento às cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos
tes da equipe de apoio para a condução do certame. prazos e das demais condições essenciais para a contratação;
§ 1º - Somente poderá atuar como pregoeiro o servidor que VI - indicar a dotação orçamentária e o cronograma físico-fi-
tenha realizado capacitação específica para exercer tal atribuição. nanceiro de desembolso, quando for o caso;
§ 2º - A equipe de apoio do pregoeiro deverá ser integrada, em VII - definir os critérios de julgamento de menor preço, ob-
sua maioria, por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego servando os prazos máximos para fornecimento do bem ou presta-
da Administração, preferencialmente pertencentes ao quadro per- ção do serviço; as especificações técnicas e os parâmetros mínimos
manente do órgão ou entidade promotora do pregão, para prestar de desempenho e de qualidade e as demais condições que devam
a necessária assistência ao pregoeiro. constar obrigatoriamente no edital;
Art. 112 - São atribuições do pregoeiro: VIII - instruir o processo com a motivação dos atos especifica-
I- coordenar e conduzir os trabalhos da equipe de apoio; dos nos incisos anteriores e os indispensáveis elementos técnicos
II - receber, examinar e decidir as impugnações ao edital; sobre os quais estiverem apoiados.
III - iniciar a sessão pública do pregão; Art. 114 - Para a participação no pregão é vedada a exigência de:

62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I- garantia de proposta; te de objetos de qualidade ou desempenho superior, devidamente
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para justificada e comprovada a vantagem, e que as ofertas sejam em
participação no certame; valor inferior ao limite máximo admitido.
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referen- Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
tes ao fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo Art. 118 - Precederá a abertura da sessão pública do pregão o
estimado de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de seguinte procedimento:
recursos de tecnologia da informação, quando for o caso. Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
Art. 115 - A participação de empresas reunidas em consórcio, de 2020.
quando permitida no instrumento convocatório, está condicionada
Redação original: “art. 118 - Precederá à abertura da sessão pú-
às exigências estabelecidas nesta Lei.
blica de pregão, presencial ou eletrônico o seguinte procedimento:”
Art. 116 - Quando permitida a participação de empresas es-
I- a convocação dos interessados será efetuada por meio
trangeiras na licitação, as exigências de habilitação serão atendidas
mediante documentos equivalentes, inicialmente apresentados de publicação de aviso no Diário Oficial do Estado e no portal oficial
com tradução livre. de compras, devendo ser procedida, adicionalmente, à divulgação
Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho em jornal diário de grande circulação no Estado, conforme o vulto
de 2020. da licitação definido em regulamento;
Redação original: “art. 116 - Quando permitida a participação Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
de empresas estrangeiras na licitação, as exigências de habilitação de 2020.
serão atendidas mediante documentos equivalentes, autenticados Redação original: “ I - a convocação dos interessados será efe-
pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramenta- tuada por meio de publicação de aviso no Diário Oficial do Estado e
do.” no Sistema de Compras Eletrônicas e, quando o valor estimado da
§ 1º - O licitante deverá ter procurador residente e domiciliado contratação atingir ao limite fixado para tomada de preços, tam-
no país, com poderes para receber citação, intimação e responder bém em jornal diário de grande circulação do Estado;”
administrativa e judicialmente por seus atos, juntando os instru- II - no aviso da licitação deverão constar a definição precisa
mentos de mandato com os demais documentos de habilitação. do objeto, bem como a indicação dos locais, dias e horários em que
§ 1º acrescido pelo art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital, e o local, dia e hora da
§ 2º - Na hipótese de o licitante vencedor ser estrangeiro, para realização da sessão pública;
fins de assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, os
III - qualquer pessoa poderá impugnar os termos do edital do
documentos de que trata o caput deste artigo serão traduzidos por
pregão, ou solicitar esclarecimentos referentes ao processo licitató-
tradutor juramentado no país e apostilados nos termos do disposto
rio, até 03 (três) dias úteis anteriores à data fixada para abertura da
no Decreto Federal nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016, ou de outro
que venha a substituí-lo, ou consularizados pelos respectivos con- sessão pública, observado o disposto no regulamento, cabendo ao
sulados ou embaixadas. pregoeiro decidir sobre a impugnação ou responder os pedidos de
§ 2º acrescido pelo art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. esclarecimentos, no prazo de 02 (dois) dias úteis, contados da data
Parágrafo único - O licitante deverá ter procurador residente de recebimento da impugnação;
e domiciliado no País, com poderes para receber citação, intimação Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
e responder administrativa e judicialmente por seus atos, juntando de 2020.
os instrumentos de mandato com os demais documentos de habi- Redação original: “ III - até 02 (dois) dias úteis antes da data
litação. fixada para a realização da sessão pública do pregão, qualquer ci-
Art. 117 - A realização de pregão para registro de preços de dadão ou licitante poderá solicitar esclarecimentos, providências
bens e serviços comuns observará, adicionalmente, os termos da ou impugnar o ato convocatório do pregão, cabendo ao pregoeiro
regulamentação do Sistema de Registro de Preços. decidir sobre a petição no prazo de até 01 (um) dia útil;”
Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho IV - o prazo fixado no edital para a apresentação das propos-
de 2020. tas, contados a partir da publicação do aviso, não será inferior a 08
Redação original: “art. 117 - As compras e contratações de bens (oito) dias úteis;
e serviços comuns de uso na Administração, quando efetuadas pelo V- os editais deverão ser disponibilizados, na íntegra, na
Sistema de Registro de Preços, poderão adotar a modalidade pre-
internet.
gão, conforme regulamento específico, observando-se o seguinte:”
Art. 119 - Como condição para celebração do contrato, o lici-
<REVOGADO>I - são considerados bens e serviços comuns
tante vencedor deverá apresentar nova planilha de preços, com os
da área de saúde, aqueles necessários ao atendimento da rede de
saúde pública estadual, cujos padrões de desempenho e qualidade valores readequados ao que foi ofertado na fase de lance e manter
possam ser objetivamente definidos no edital, por meio de especi- as condições de habilitação.
ficações usuais do mercado; Parágrafo único - Se o licitante vencedor, convocado dentro
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. do prazo de validade de sua proposta, não celebrar o contrato, é fa-
<REVOGADO>II - quando o quantitativo total estimado para cultado à Administração, examinando e verificando a aceitabilidade
a contratação ou o fornecimento não puder ser atendido pelo lici- das propostas subseqüentes, na ordem de classificação, proceder
tante vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos quantos lici- à contratação, sem prejuízo da aplicação das sanções previstas na
tantes forem necessários para o atingimento da totalidade do quan- legislação pertinente.
titativo demandado, respeitada a ordem de classificação, desde que
os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta SUBSEÇÃO II -
vencedora; DO PREGÃO PRESENCIAL
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
<REVOGADO>III - na impossibilidade do atendimento ao dis- Art. 120 - O pregão presencial atenderá às disposições constan-
posto no inciso anterior, excepcionalmente, poderão ser registrados tes dos artigos anteriores, devendo ser observado, ainda os seguin-
outros preços diferentes da proposta vencedora, desde que se tra- tes procedimentos específicos:

63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - a sessão pública do pregão terá início no horário fixado no Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, e com a com-
edital, devendo o licitante ou seu representante legal realizar seu provação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação
credenciamento, comprovando, se for o caso, que possui os neces- jurídica e qualificações técnicas e econômico-financeiro;
sários poderes para formulação de propostas, lances e negociação, XV - os licitantes cadastrados no Cadastro Unificado de For-
e para a prática dos demais atos inerentes ao certame; necedores do Estado da Bahia poderão deixar de apresentar os
II - concluída a fase de credenciamento, os licitantes deve- documentos de habilitação que constem no referido Cadastro, des-
rão entregar ao pregoeiro a declaração de pleno conhecimento e de que previsto no edital, para a confirmação das suas condições
atendimento às exigências de habilitação previstas no edital e os habilitatórias, com base no Sistema Informatizado de Cadastro de
envelopes da proposta de preço e dos documentos de habilitação; Fornecedores do órgão competente, sendo assegurado ao licitante
III - iniciada a sessão pública do pregão, não cabe desistência o direito de complementar, no envelope de habilitação, a documen-
da proposta; tação, quando for o caso, para atualizá-la;
IV - o pregoeiro procederá à abertura dos envelopes conten- XVI - constatado o atendimento às exigências fixadas no edital,
do as propostas de preços e classificará o autor da proposta de me- o licitante será declarado vencedor;
nor preço e aqueles que tenham apresentado propostas em valores
XVII - se a oferta não for aceita ou se o licitante desatender
sucessivos e superiores em até 10% (dez por cento), relativamente
às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará a oferta subse-
à de menor preço;
qüente, na ordem de classificação, verificando a sua aceitabilidade
V - quando não forem verificadas, no mínimo, 03 (três) pro-
e procedendo à habilitação do proponente e assim sucessivamente
postas escritas de preços nas condições definidas no inciso anterior,
até a apuração de uma proposta que atenda às condições estabe-
o pregoeiro classificará as propostas subseqüentes de menor preço,
até o máximo de 03 (três), para que seus autores participem dos lecidas no edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor;
lances verbais, quaisquer que sejam os preços oferecidos nas pro- XVIII - quando todas as propostas forem desclassificadas ou
postas escritas; todos os licitantes forem inabilitados, o pregoeiro poderá suspen-
VI - em seguida, será dado início a etapa de apresentação der o pregão e estabelecer uma nova data, com prazo não superior
de lances verbais pelos proponentes selecionados, que deverão, de a 03 (três) dias úteis, para o recebimento de nova proposta ou nova
forma sucessiva e distinta, apresentar seus lances, a começar com documentação, após sanadas as causas que motivaram a desclassi-
o autor da proposta selecionada de maior preço e seguido dos de- ficação ou inabilitação;
mais, em ordem decrescente, até que não haja mais cobertura da Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho
oferta de menor valor; de 2020.
VII - somente serão admitidos lances verbais em valores infe- Redação original: “ XVIII - quando todas as propostas escritas
riores aos anteriormente propostos pelo mesmo licitante; forem desclassificadas, o pregoeiro poderá suspender o pregão e
Redação do inciso VII do art. 120 de acordo com o art. 1º da Lei estabelecer uma nova data, com prazo não superior a 03 (três) dias
nº 9.658, de 04 de outubro de 2005. úteis, para o recebimento de novas propostas;”
Redação orioginal: “VII -somente serão admitidos lances ver- XIX - nas situações previstas nos incisos VIII, X, XII, XVI e XXVIII
bais cujos valores se situem abaixo do menor valor anteriormente o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para
registrado; “ que seja obtido preço melhor;
VIII - a desistência em apresentar lance verbal, quando convo- XX - declarado o vencedor, ao final da sessão, qualquer lici-
cado pelo pregoeiro, implicará a exclusão do licitante da etapa de tante poderá manifestar, motivadamente, a intenção de recorrer da
lances e na manutenção do último preço apresentado pelo licitante, decisão do pregoeiro, através do registro da síntese das suas razões
para efeito de ordenação das propostas; em ata, sendo que a falta de manifestação imediata e motivada im-
IX - caso não se realizem lances verbais, será verificada a plicará a decadência do direito de recurso e, conseqüentemente, a
conformidade entre a proposta escrita de menor preço e o valor adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor pelo pre-
estimado para a contratação; goeiro;
X- caso não se realizem lances verbais pelos licitantes se- XXI - manifestada a intenção de recorrer, será concedido o pra-
lecionados e a proposta de menor preço vier a ser desclassificada zo de 03 (três) dias úteis para a apresentação das razões do recurso,
ou, ainda, inabilitada, o pregoeiro deverá restabelecer a etapa com- ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresenta-
petitiva de lances entre os licitantes, obedecendo aos critérios dos rem contra-razões, se quiserem, em igual prazo, cuja contagem terá
incisos IV e V deste artigo; início no primeiro dia útil subseqüente ao do término do prazo do
XI - havendo apenas uma proposta e desde que atenda a to- recorrente;
das as condições do edital e estando o seu preço compatível com os XXII - o exame, a instrução e o encaminhamento dos recursos
praticado no mercado, esta poderá ser aceita, devendo o pregoeiro à autoridade superior do órgão ou entidade promotora da licitação,
negociar, visando obter preço melhor; será realizado pelo pregoeiro no prazo de até 03 (três) dias úteis;
XII - declarada encerrada a etapa competitiva e ordenadas as XXIII - a autoridade superior do órgão ou entidade promotora
propostas, o pregoeiro examinará a aceitabilidade da primeira ofer- da licitação terá o prazo de até 03 (três) dias úteis para decidir o
ta classificada quanto ao objeto e valor, decidindo motivadamente recurso;
a respeito; XXIV - o acolhimento de recurso importará a invalidação ape-
XIII - concluída a etapa classificatória das propostas e lances nas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
verbais, e sendo aceitável a proposta de menor preço, o pregoeiro XXV - decididos os recursos e constatada a regularidade dos
dará início à fase de habilitação com a abertura do envelope con- atos procedimentais, a autoridade superior fará a adjudicação do
tendo a documentação do proponente da melhor oferta, confir- objeto ao licitante vencedor e homologará a licitação, sendo o adju-
mando as suas condições de habilitação; dicatário convocado para assinar o contrato no prazo estabelecido
XIV - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante no edital;
está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade XXVI - como condição para celebração do contrato, o licitante
Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, e as vencedor deverá manter as condições de habilitação;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XXVII - para a contratação, o licitante vencedor deverá enca- Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
minhar, no prazo de até 01 (um) dia útil após o encerramento da <REVOGADO>XI - a partir do horário previsto no edital, terá
sessão, nova planilha de preços, com os valores readequados ao início a sessão pública do pregão eletrônico, com a divulgação das
que foi ofertado no lance verbal; propostas de preços recebidas e em perfeita consonância com as
XXVIII - o prazo de validade das propostas será de 60 especificações e condições estabelecidas no edital;
(sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital; Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
XXIX - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo <REVOGADO>XII - aberta a etapa competitiva, os licitantes
de validade de sua proposta, não celebrar o contrato, é facultado à poderão encaminhar lances exclusivamente por meio do sistema
Administração examinar e verificar a aceitabilidade das propostas eletrônico, sendo imediatamente informado do seu recebimento e
subseqüentes, na ordem de classificação, procedendo à contrata- respectivo horário de registro e valor;
ção, sem prejuízo da aplicação das sanções previstas nesta Lei. Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
<REVOGADO>XIII - os licitantes poderão oferecer lances suces-
SUBSEÇÃO III - sivos, observado o horário fixado e as regras de aceitação dos mes-
DO PREGÃO ELETRÔNICO mos estabelecidas no edital convocatório;
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
Art. 121 -A realização de pregão por meio da utilização de re- <REVOGADO>XIV - o sistema eletrônico rejeitará automatica-
cursos de tecnologia da informação observará os termos de regu- mente os lances em valores superiores aos anteriormente apresen-
lamentação própria, atendidas, no que couber, as prescrições dos tados pelo mesmo licitante;
arts. 108 a 119 desta Lei. Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
Redação de acordo com o art. 1 da Lei 14.272 de 22 de julho Redação do inciso XIV do art. 121 de acordo com o art. 1º da Lei
de 2020. nº 9.658, de 04 de outubro de 2005.
Redação original: “art. 121 - O pregão eletrônico atenderá às Redação orioginal: “XIV - o sistema eletrônico rejeitará auto-
disposições constantes dos arts. 108 e 119, devendo ser observa- maticamente os lances cujos valores forem superiores ao último
dos, ainda, os procedimentos específicos constantes deste artigo: lance anteriormente registrado no sistema e aceito;”
<REVOGADO>I - como condição para participação do pregão <REVOGADO>XV - não serão registrados, para o mesmo item,
por meio eletrônico é necessário, previamente, o credenciamento 02 (dois) ou mais lances de mesmo valor, prevalecendo aquele que
pelos usuários e os licitantes; for recebido e registrado primeiro;
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
<REVOGADO>II - o credenciamento se dará através da atri- <REVOGADO>XVI - durante o transcurso da sessão pública, os
buição de chave de identificação e ou senha individual; licitantes serão informados, em tempo real, do valor do menor lan-
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. ce registrado que tenha sido apresentado pelos demais licitantes,
<REVOGADO>III - o credenciamento do usuário será pessoal vedada a identificação do detentor do lance;
e intransferível para acesso ao sistema, sendo o mesmo responsá- Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
vel por todos os atos praticados nos limites de suas atribuições e <REVOGADO>XVII - a etapa de lances da sessão pública,
competências; prevista em edital, será encerrada mediante aviso de fechamento
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. iminente dos lances, emitido pelo sistema aos licitantes, após o que
<REVOGADO>IV - o credenciamento do usuário implica em transcorrerá período de tempo de até 30 (trinta) minutos, aleatoria-
sua responsabilidade legal e na presunção de capacidade técnica mente, determinado também pelo sistema eletrônico, findo o qual
para realização das transações inerentes ao pregão; será automaticamente encerrada a recepção de lances;
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
<REVOGADO>V - o licitante é responsável pelos ônus decor- <REVOGADO>XVIII - alternativamente ao disposto no
rentes da perda de negócios, resultante da inobservância de quais- inciso anterior, desde que previsto no edital e com justificativa do
quer mensagens emitidas pelo pregoeiro ou pelo sistema, ainda pregoeiro registrada em ata, o encerramento antecipado da sessão
que ocorra sua desconexão; pública poderá ocorrer por sua decisão, quando transcorrido o tem-
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. po mínimo de 50% (cinqüenta por cento) do previsto inicialmente
<REVOGADO>VI - a sessão pública do pregão terá início no no edital para a sessão de lances, mediante o encaminhamento de
horário fixado no edital; aviso de fechamento iminente dos lances e subseqüente transcurso
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. do prazo de até 30 (trinta) minutos, findo o qual será encerrada a
<REVOGADO>VII - a participação no pregão dar-se-á por meio recepção de lances;
da digitação da senha de identificação do licitante e subseqüente Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
encaminhamento de proposta de preço até a data e horário previs- <REVOGADO>XIX - no caso da adoção do rito previsto no in-
tos no edital, exclusivamente por meio do sistema eletrônico; ciso anterior, encerrada a etapa competitiva, o pregoeiro poderá
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. encaminhar, pelo sistema eletrônico, contraproposta diretamente
<REVOGADO>VIII - como requisito para participação no pre- ao licitante que tenha apresentado o lance de menor valor, bem
gão, o licitante deverá manifestar, em campo próprio do sistema, assim decidir sua aceitação;
o pleno conhecimento e atendimento às exigências de habilitação Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
previstas no edital; <REVOGADO>XX - o pregoeiro anunciará, imediatamente após
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. o encerramento da etapa de lances da sessão pública ou, quando
<REVOGADO>IX - no caso de contratação de serviços co- for o caso, após a negociação e decisão acerca da aceitação do lance
muns, as planilhas de custos previstas no edital deverão ser enca- de menor valor, a proposta que, em consonância com as especifica-
minhadas em formulário eletrônico específico, juntamente com a ções contidas no edital, apresentou o menor preço;
proposta de preços; Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. <REVOGADO>XXI - ao final da sessão, o licitante vencedor de-
<REVOGADO>X - iniciada a sessão pública do pregão eletrô- verá encaminhar nova planilha de custos, com os respectivos va-
nico, não cabe desistência da proposta; lores readequados ao valor ofertado e registrado de menor lance;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
<REVOGADO>XXII - na hipótese do inciso anterior, como <REVOGADO>XXXIII - o acolhimento de recurso importará
requisito para a celebração do contrato, o licitante vencedor deverá na invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
apresentar o documento original ou cópia autenticada da proposta Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
e da planilha de custos; <REVOGADO>XXXIV - decididos os recursos e constatada
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. a regularidade dos atos procedimentais, a autoridade superior fará
<REVOGADO>XXIII - encerrada a etapa de lances da a adjudicação do objeto ao licitante vencedor e homologará a lici-
sessão pública, o licitante detentor da melhor oferta deverá com- tação, sendo o adjudicatário convocado para assinar o contrato no
provar a situação de regularidade na forma prevista no edital, de- prazo estabelecido no edital;
vendo a comprovação se dar, de imediato, mediante a remessa da Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
documentação via fax, com o encaminhamento do original ou cópia <REVOGADO>XXXV - se o licitante vencedor, convocado
autenticada no prazo máximo de 02 (dois) dias úteis do encerra- dentro do prazo de validade de sua proposta, não celebrar o contra-
mento do pregão, sendo, inclusive, condição indispensável para a to, é facultado à Administração examinar e verificar a aceitabilidade
contratação; das propostas subseqüentes, na ordem de classificação, proceden-
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. do à contratação, sem prejuízo da aplicação das sanções previstas
<REVOGADO>XXIV - a indicação do lance vencedor, a clas- na legislação específica.
sificação dos lances apresentados e das informações relativas à ses- Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
são pública do pregão deverão constar da ata divulgada no sistema, <REVOGADO>Parágrafo único - Os atos essenciais do pregão
sem prejuízo das demais formas de publicidade previstas nesta Lei; eletrônico serão documentados no processo respectivo, com vistas
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. à aferição de sua regularidade pelos agentes de controle, nos ter-
<REVOGADO>XXV - se a oferta de menor valor não for mos da legislação pertinente.
aceitável, ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020.
o pregoeiro examinará a oferta subseqüente, na ordem de classifi- SEÇÃO VII -
cação, verificando a sua aceitabilidade e procedendo à habilitação DA REVOGAÇÃO E DA ANULAÇÃO
do proponente, e assim sucessivamente, até a apuração de uma Art. 122 - A autoridade superior competente somente poderá
proposta que atenda às condições estabelecidas no edital, sendo o revogar a licitação por motivo de interesse público decorrente de
respectivo licitante declarado vencedor; fato superveniente, devidamente comprovado, pertinente e sufi-
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. ciente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade,
<REVOGADO>XXVI - na situação prevista no inciso ante- de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito
rior, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente e devidamente fundamentado.
para que seja obtido preço melhor; § 1º - A anulação do procedimento licitatório por motivo de
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. ilegalidade não gera a obrigação de indenizar, ressalvado o disposto
<REVOGADO>XXVII - quando todas as propostas forem des- no parágrafo único do art. 128 desta Lei.
classificadas, o pregoeiro poderá suspender o pregão e estabelecer, § 2º - A nulidade do procedimento licitatório induz a nulidade
imediatamente, um novo prazo de até 30 (trinta) minutos para o do contrato, com as conseqüências previstas no parágrafo único do
recebimento de novas propostas; art. 128 desta Lei.
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. § 3º - Em qualquer caso de desfazimento do processo licita-
<REVOGADO>XXVIII - constatado que o proponente da melhor tório, ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa.
oferta aceitável atende às exigências fixadas no edital, o licitante § 4º - O disposto neste artigo e em seus parágrafos aplica-se,
será declarado vencedor; no que couber, aos procedimentos de dispensa e de inexigibilidade
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. de licitação.
<REVOGADO>XXIX - declarado o vencedor, ao final da
sessão, qualquer licitante poderá manifestar, motivadamente, no CAPÍTULO IX -
prazo de até 10 (dez) minutos, a intenção de recorrer da decisão do DOS CONTRATOS
pregoeiro, com o registro da síntese das suas razões em ata, sendo SEÇÃO I -
que a falta de manifestação imediata e motivada importará na de- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
cadência do direito de recurso e, conseqüentemente, na adjudica-
ção do objeto da licitação ao licitante vencedor; Art. 123 - Os contratos administrativos de que trata esta Lei
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. regem-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público,
<REVOGADO>XXX - manifestada a intenção de recorrer, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos
por qualquer dos licitantes, será concedido o prazo de 03 (três) dias contratos e as disposições de direito privado.
úteis para a apresentação das razões do recurso, que deverá ser Art. 124 - Os contratos definirão, com clareza e precisão, os di-
formulado em documento próprio no sistema eletrônico, ficando reitos, obrigações e responsabilidades das partes e as condições de
os demais licitantes desde logo intimados para apresentarem con- seu cumprimento e execução, de acordo com os termos da licitação
tra-razões, se quiserem, em igual prazo, cuja contagem terá início e da proposta a que se vinculam.
no primeiro dia útil subseqüente ao do término do prazo do recor- § 1º - Os contratos decorrentes de dispensa ou inexigibilidade
rente; de licitação devem atender aos termos do ato que os autorizou e
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. aos da respectiva proposta.
<REVOGADO>XXXI - o exame, a instrução e o encami- § 2º - São competentes para celebrar contratos os Chefes de
nhamento dos recursos à autoridade superior, será realizado pelo Poder, os Presidentes dos Tribunais de Contas, o Procurador Geral
pregoeiro no prazo de até 03 (três) dias úteis; de Justiça e os titulares das entidades públicas da Administração
Revogado pelo art. 2 da Lei 14.272 de 22 de julho de 2020. indireta ou quem deles receber delegação.
<REVOGADO>XXXII - a autoridade superior do órgão pro- § 3º - O prazo para assinatura dos contratos, a ser fixado no
motor do pregão eletrônico terá o prazo de até 03 (três) dias úteis instrumento convocatório, não poderá exceder 30 (trinta) dias, a
para decidir o recurso; contar da data da homologação e adjudicação da respectiva licita-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ção ou do despacho autorizador de sua dispensa ou inexigibilidade, I- modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação
prorrogável pela metade, em despacho motivado da autoridade às finalidades de interesse público, desde que mantido o equilíbrio
competente. econômico-financeiro original do contrato e respeitados os demais
§ 4º - O adjudicatário será convocado para, no prazo e condi- direitos do contratado;
ções estabelecidos no instrumento convocatório, firmar o termo de II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados nos
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, sob pena de incisos I a XV, XX e XXI do art. 167 desta Lei;
decair seu direito à contratação, podendo solicitar sua prorrogação III - fiscalizar-lhes a execução;
por igual período, por motivo justo e aceito pela Administração. IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par-
Art. 125 - É vedado ao agente político e ao servidor público de cial do ajuste;
qualquer categoria, natureza ou condição, celebrar contratos com V- no caso de serviços essenciais, ocupar e utilizar provi-
a Administração direta ou indireta, por si ou como representante soriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados à
de terceiro, sob pena de nulidade, ressalvadas as exceções legais. execução do contrato, havendo necessidade de acautelar apuração
administrativa de faltas contratuais, ou na hipótese de rescisão do
Parágrafo único - Não se inclui na vedação deste artigo a
contrato administrativo.
prestação de serviços em caráter eventual, de consultoria técnica,
§ 1º - As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
treinamento e aperfeiçoamento, bem como a participação em co-
contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia
missões examinadoras de concursos, no âmbito da Administração
concordância do contratado.
Pública.
§ 2º - Na hipótese de alteração unilateral do contrato, serão
Art. 126 - São cláusulas necessárias, em todo contrato, as que
revistas as suas cláusulas econômico-financeiras para que se man-
estabeleçam: tenha o equilíbrio contratual.
I- o objeto e seus elementos característicos; Art. 128 - A declaração de nulidade do contrato administrativo
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; opera retroativamente, desconstituindo os efeitos jurídicos já pro-
III - o preço e as condições de pagamento; os critérios, data- duzidos e impedindo os que seriam ordinariamente produzidos.
-base e periodicidade do reajustamento de preços; os critérios de Parágrafo único - A nulidade não exonera a Administração do
atualização monetária entre a data de adimplemento das obriga- dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado
ções e a do seu efetivo pagamento; até a data de sua declaração e por outros prejuízos regularmente
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-
de entrega, de observação e de recebimento provisório ou definiti- -se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
vo, conforme o caso; Art. 129 - Aplica-se o disposto nos arts. 126 e 128 desta Lei e
V- o crédito pelo qual correrá a despesa, com indicação da demais normas gerais, no que couber:
classificação funcional programática e da categoria econômica; I- aos contratos de seguro, de financiamento e de locação
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execu- em que a Administração seja locatária, e aos demais cujo conteúdo
ção, quando exigidas; seja regido, predominantemente, por normas de direito privado;
VII - o sistema de fiscalização; II - aos contratos em que Administração for parte, como
VIII - os direitos e responsabilidades das partes, as sanções con- usuária de serviço público.
tratuais e o valor das multas; Art. 130 - A Administração não poderá celebrar o contrato com
IX - os casos de rescisão; preterição da ordem de classificação das propostas ou com tercei-
X- o reconhecimento dos direitos da Administração, em ros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.
caso de rescisão administrativa por inexecução total ou parcial do
contrato; SEÇÃO II -
XI - a responsabilidade pelos prejuízos decorrentes de parali- DA FORMALIZAÇÃO
sação da obra, serviço ou fornecimento;
XII - quando for o caso, as condições de importação e expor- Art. 131 - São formalidades essenciais dos contratos adminis-
tação, a data e a taxa de câmbio para conversão ou o critério para trativos e seus aditamentos:
a sua determinação; I- celebração por autoridade competente;
XIII - o foro judicial; II - forma escrita, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo;
XIV - a vinculação ao edital ou convite, ou ao termo que a dis- III - redação na língua vernácula ou tradução para esta, se
pensou ou a inexigiu e à proposta do licitante vencedor; celebrados em idioma estrangeiro;
XV - a legislação aplicável à execução do contrato e especial- IV - estipulação do preço em moeda nacional, convertendo-
mente aos casos omissos; -se para esta, ao câmbio do dia, o valor pactuado em moeda es-
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a trangeira.
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações assu- § 1º - A publicação resumida do instrumento de contrato e
midas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na de seus aditamentos na imprensa oficial, condição indispensável
licitação, inclusive de apresentar, ao setor de liberação de faturas e para sua validade e eficácia, deverá ocorrer no prazo de 10 (dez)
como condição de pagamento, os documentos necessários. dias corridos da sua assinatura, qualquer que seja o seu valor, ainda
Parágrafo único - Nos contratos celebrados pela Administra- que sem ônus, ressalvados os contratos decorrentes de dispensa de
ção com pessoa física ou jurídica, inclusive as domiciliadas no exte- licitação com base nos incisos I e II, do art. 59 desta Lei.
rior, deverão constar necessariamente cláusula que declare com- § 2º - A publicação referida no parágrafo anterior deverá con-
petente o foro da capital do Estado da Bahia para dirimir qualquer ter, obrigatoriamente, a indicação da modalidade de licitação e de
questão contratual, salvo o disposto no parágrafo único do art. 104 seu número de referência ou do ato de fundamentação legal da
desta Lei. dispensa ou inexigibilidade, nome das partes, objeto, valor, fonte
Art. 127 - O regime jurídico dos contratos administrativos insti- orçamentária da despesa, prazo de duração, regime de execução e
tuído por esta Lei confere à Administração as prerrogativas de: forma de pagamento.

67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3º - Os aditivos contratuais serão publicados nas mesmas § 2º - As garantias a que se refere o parágrafo anterior, quan-
condições do contrato aditado, mencionando-se, obrigatoriamen- do exigidas, não excederão a 1% (um por cento) do valor estimado
te, em caso de alteração do seu valor, o que consta do instrumento para as licitações, nem a 5% (cinco por cento) do valor efetivo dos
originário, sob pena de responsabilidade da autoridade signatária. contratos, devendo ser fixadas de acordo com o vulto e a natureza
§ 4º - É nulo de pleno direito o contrato verbal com a Adminis- da obra, compra ou serviço.
tração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, em re- § 3º - Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, en-
gime de adiantamento, de valor não superior a 5% (cinco por cento) volvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros considerá-
do limite estabelecido para compras e serviços que não sejam de veis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela
engenharia, na modalidade de convite. autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo
§ 5º - Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas re- anterior poderá ser elevado para até 10% (dez por cento) do valor
partições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos do contrato.
seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os re- § 4º - A garantia prestada pelo licitante vencedor poderá con-
verter-se em garantia do contrato, devendo ser complementada,
lativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por ins-
quando necessário.
trumento lavrado em cartório competente, juntando-se cópias da
§ 5º - O complemento da garantia poderá ser exigido de uma
documentação no processo que lhe deu origem.
vez, como condição para a assinatura do contrato.
Art. 132 - O instrumento de contrato é obrigatório nos casos
§ 6º - A garantia prestada, quando em dinheiro, será atualizada
de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas, monetariamente na oportunidade de sua devolução pela Adminis-
inexigibilidades e pregão cujos preços estejam compreendidos nos tração.
limites daquelas modalidades de licitação, e facultativo nos demais § 7º - A devolução da garantia ocorrerá:
em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos I- para os licitantes desclassificados e inabilitados, após o
hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, au- resultado da classificação e da habilitação, respectivamente;
torização de compra ou ordem de execução de serviço. II - para os demais licitantes, logo após a homologação ou o
§ 1º - A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou fim de validade da proposta, o que ocorrer primeiro;
ato convocatório da licitação. III - para o contratado, após o recebimento definitivo do ob-
§ 2º - Na “carta-contrato”, “nota de empenho de despesa”, “au- jeto do contrato.
torização de compra”, “ordem de execução de serviço” ou outros Art. 137 - A garantia responderá pelo inadimplemento das obri-
instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no art. gações contratuais e pelas multas impostas, independentemente
126 desta Lei. de outras cominações legais.
§ 3º - É dispensável o “termo de contrato” e facultada a subs- Art. 138 - No caso de contratos que importem na entrega de
tituição prevista neste artigo, a critério da Administração e inde- bens pela Administração, nos quais a posse for transferida para o
pendentemente de seu valor, nos casos de compras com entrega contratado, o valor da garantia será acrescido até 20% (vinte por
imediata e integral dos bens adquiridos, das quais não resultem cento) do valor desses bens.
obrigações futuras, inclusive assistência técnica.
Art. 133 - Os instrumentos contratuais obedecerão à minuta- SEÇÃO IV -
-padrão aprovada pela Procuradoria Geral do Estado ou pelo órgão DOS PRAZOS DE DURAÇÃO
de assessoria jurídica da unidade responsável pela licitação.
Parágrafo único - Os setores técnicos dos órgãos ou entidades Art. 139 - É vedado o contrato com prazo de vigência indeter-
contratantes fornecerão aos setores jurídicos minuta do instrumen- minado.
to contratual contendo as cláusulas técnicas, retratando fielmente Art. 140 - A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
o estipulado no edital. adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
quanto aos relativos:
Art. 134 - Os atos de prorrogação, suspensão ou rescisão dos
I- aos projetos cujos produtos estejam incluídos entre
contratos administrativos sujeitar-se-ão às formalidades exigidas
as metas do Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se
para a validade do contrato originário.
houver interesse da Administração e desde que haja previsão no
Art. 135 - Independem de termo contratual aditivo, podendo
ato convocatório;
ser registrado por simples apostila: II - à prestação de serviços a serem executados de forma
I- a simples alteração na indicação dos recursos orçamen- contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por sucessivos
tários ou adicionais custeadores da despesa, sem modificação dos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajo-
respectivos valores; sas para a Administração, limitada a 60 (sessenta) meses;
II - reajustamento de preços previsto no edital e no contrato, III - ao aluguel de equipamento e à utilização de programas
bem como as atualizações, compensações ou apenações financeiras de informática, cuja duração poderá estender-se pelo prazo de até
decorrentes das condições de pagamento dos mesmos constantes. 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
Parágrafo único - Em caráter excepcional, devidamente justi-
SEÇÃO III - ficado e mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
DAS GARANTIAS que trata o inciso II deste artigo poderá ser prorrogado por até 12
(doze) meses.
Art. 136 - A critério da autoridade competente, e desde que Art. 141 - Os prazos de início de etapas de execução, de con-
previsto no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidos todos os di-
de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. reitos, obrigações e responsabilidades e assegurada a manutenção
§ 1º - São modalidades de garantia: do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, desde que ocorra
I- caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; alguma das seguintes causas:
II - seguro-garantia; I- alteração qualitativa do projeto ou de suas especificações
III - fiança bancária. pela Administração;

68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, ou § 1º - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
previsível de conseqüências incalculáveis, alheio à vontade das par- ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas
tes, que altere fundamentalmente as condições da execução do obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
contrato; valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma
III - retardamento na expedição da ordem de execução do de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por
serviço ou autorização de fornecimento, interrupção da execução cento) para os seus acréscimos.
do contrato ou diminuição do ritmo do trabalho, por ordem e no § 2º - Respeitados os limites e para os fins do parágrafo ante-
interesse da Administração; rior, se o contrato não tiver estipulado preços unitários para obras e
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no con- serviços, esses serão fixados com base em tabelas oficiais e, na sua
trato, nos limites permitidos por esta Lei; falta, mediante acordo entre as partes.
V- impedimento, total ou parcial, da execução do contrato § 3º - Nenhum acréscimo ou supressão poderá ser realizado
por fato ou ato de terceiro, reconhecido pela Administração em do- sem a devida motivação ou exceder os limites estabelecidos no § 1º
cumento contemporâneo à sua ocorrência; deste artigo, salvo as supressões resultantes de acordo celebrado
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra- pelos contratantes.
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos, de que resulte im- § 4º - Em caso de supressão de obras, bens e serviços, se o
pedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo contratado, antes de notificado, já houver adquirido os materiais
das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. necessários e posto no local dos trabalhos, deverá ser reembolsado
Art. 142 - Qualquer prorrogação deverá ser solicitada ainda no pelos custos de aquisição regularmente comprovados e monetaria-
prazo de vigência do contrato, com justificação escrita e previamen- mente corrigidos, podendo caber a indenização por outros danos
te autorizada pela autoridade competente para celebrar o ajuste. eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente
Parágrafo único - A prorrogação dos contratos de prestação de comprovados.
serviços a serem executados de forma contínua deverá ser solicita- § 5º - Quaisquer tributos ou encargos legais criados, altera-
da pelo servidor responsável pelo seu acompanhamento no prazo dos ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais,
máximo de até 60 (sessenta) dias antes do seu termo final. quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de
comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão revi-
são destes para mais ou para menos, conforme o caso.
SEÇÃO V -
§ 6º - Havendo alteração unilateral do contrato que aumente os
DAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS
encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por
E DAS REVISÕES DOS PREÇOS
aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
§ 7º - A revisão do preço original do contrato, quando imposta
Art. 143 - Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
em decorrência das disposições deste artigo, dependerá da efetiva
dos, mediante justificação expressa, nos seguintes casos:
comprovação do desequilíbrio, das necessárias justificativas, dos
I- unilateralmente pela Administração:
pronunciamentos dos setores técnico e jurídico e da aprovação da
a) quando necessária, por motivo técnico devidamente jus- autoridade competente.
tificado, a modificação do projeto ou de suas especificações, para § 8º - A variação do valor contratual para fazer face ao rea-
melhor adaptação aos objetivos do contrato; juste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, com-
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- pensações ou apenações financeiras decorrentes das condições
corrência de majoração ou redução quantitativa de seu objeto, nos de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
limites permitidos por esta Lei; orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,
II - por acordo das partes: não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por
a) quando conveniente a substituição ou reforço da garantia simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.
de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da SEÇÃO VI -
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, por verifica- DO REAJUSTAMENTO
ção técnica da inadequação das condições contratuais originárias;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, Art. 144 - O reajustamento dos preços contratuais, previsto
por motivos relevantes e supervenientes, mantido o valor original nesta Lei, deverá retratar a variação efetiva do custo de produção,
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao optando a Administração pela adoção dos índices específicos ou
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta- setoriais mais adequados à natureza da obra, compra ou serviço,
ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; sempre que existentes.
d) quando necessário o restabelecimento da relação que as Art. 145 - Na ausência dos índices específicos ou setoriais, pre-
partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e vistos no artigo anterior, adotar-se-á o índice geral de preços mais
a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, vantajoso para a Administração, calculado por instituição oficial,
serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio que retrate a variação do poder aquisitivo da moeda.
econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevi- Parágrafo único - Quando o bem ou serviço estiver submetido
rem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de conseqüências in- a controle governamental, o reajustamento de preços não poderá
calculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, exceder aos limites fixados.
ou seja, em caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou Art. 146 - O reajustamento de preços será efetuado na periodi-
fato da Administração, configurando área econômica extraordinária cidade prevista em lei federal, considerando-se a variação ocorrida
e extracontratual; desde a data da apresentação da proposta ou do orçamento a que
e) quando possível a redução do preço ajustado para compa- esta se referir até a data do efetivo adimplemento da obrigação.
tibilizá-lo ao valor de mercado ou quando houver diminuição, de- Parágrafo único - Quando, antes da data do reajustamento,
vidamente comprovada, dos preços dos insumos básicos utilizados tiver ocorrido revisão do contrato para manutenção do seu equi-
no contrato. líbrio econômico financeiro, exceto nas hipóteses de força maior,

69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
caso fortuito, agravação imprevista, fato da administração ou fato ção do contrato poderão ser realizados por pessoa física ou jurídica
do príncipe, será a revisão considerada à ocasião do reajuste, para especializada, contratada para esse fim, sem reduzir nem excluir a
evitar acumulação injustificada. responsabilidade do contratado no cumprimento de seus encargos.
Art. 147 - Havendo atraso ou antecipação na execução das Art. 154 - Cabe à fiscalização acompanhar e verificar a perfeita
obras, serviços ou fornecimentos, relativamente à previsão do res- execução do contrato, em todas as suas fases, até o recebimento
pectivo cronograma, que decorra da responsabilidade ou iniciativa do objeto, competindo-lhe, primordialmente, sob pena de respon-
do contratado, o reajustamento obedecerá às condições seguintes: sabilidade:
I- quando houver atraso, sem prejuízo da aplicação das I- anotar, em registro próprio, as ocorrências relativas à
sanções contratuais devidas pela mora, se os preços aumentarem, execução do contrato, determinando as providências necessárias à
prevalecerão os índices vigentes na data em que deveria ter sido correção das falhas ou defeitos observados;
cumprida a obrigação; se os preços diminuírem, prevalecerão os ín- II - transmitir ao contratado instruções e comunicar altera-
dices vigentes na data do efetivo cumprimento da obrigação; ções de prazos, cronogramas de execução e especificações do pro-
II - quando houver antecipação, prevalecerá o índice da data jeto, quando for o caso;
do efetivo cumprimento da obrigação. III - dar imediata ciência a seus superiores dos incidentes e
Art. 148 - Na hipótese de atraso na execução do contrato por ocorrências da execução que possam acarretar a imposição de san-
culpa da Administração, prevalecerão os índices vigentes nesse ções ou a rescisão contratual;
período, se os preços aumentarem, ou serão aplicados os índices Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro
correspondentes ao início do respectivo período, se os preços di- de 2016.
minuírem. Redação original: “III - dar imediata ciência a seus superiores
Art. 149 - A atualização monetária dos pagamentos devidos e ao Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação Fi-
pela Administração, em caso de mora, será calculada considerando nanceira de contratos e convênios, dos incidentes e ocorrências da
a data do vencimento da fatura ou outro documento de cobrança e execução que possam acarretar a imposição de sanções ou a resci-
a do seu efetivo pagamento, de acordo com os critérios previstos no são contratual;”
ato convocatório e que lhes preserve o valor. IV - adotar, junto a terceiros, as providências necessárias para
a regularidade da execução do contrato;
Art. 150 - Para fins de atualização monetária dos débitos da Ad-
V- promover, com a presença do contratado, as medições
ministração, serão observados os seguintes prazos de vencimento
das obras e a verificação dos serviços e fornecimentos já efetuados,
da obrigação contratual, contados da data de apresentação da Nota
emitindo a competente habilitação para o recebimento de paga-
Fiscal/Fatura, ou outro documento de cobrança:
mentos;
I- para obras e serviços, até 08 (oito) dias úteis;
VI - esclarecer prontamente as dúvidas do contratado, solici-
II - para compras e fornecimentos, até 08 (oito) dias úteis.
tando ao setor competente da Administração, se necessário, pare-
cer de especialistas.
SEÇÃO VII -
VII - cumprir as diretrizes fixadas nesta Lei;
DA EXECUÇÃO, DA FISCALIZAÇÃO E DO RECEBIMENTO DO Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro
OBJETO CONTRATUAL de 2016.
Redação original: “VII - cumprir as diretrizes traçadas pelo ór-
Art. 151 - O contrato deverá ser executado fielmente pelas par- gão central de controle, acompanhamento e avaliação financeira de
tes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, contratos e convênios;”
respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução, VIII - fiscalizar a obrigação do contratado de manter, durante
total ou parcial. toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga-
Parágrafo único - A Administração deverá fornecer ao con- ções assumidas, as condições de habilitação e qualificação exigidas
tratado os elementos indispensáveis ao início da obra, serviço ou na licitação, bem como o regular cumprimento das obrigações tra-
fornecimento, dentro de, no máximo, 10 (dez) dias da assinatura balhistas e previdenciárias.
do contrato. Art. 155 - Responderá a fiscalização, em caso de omissão ou
Art. 152 - Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como inexatidão, nos casos de:
adimplemento da obrigação contratual a prestação do serviço, a re- I- falta de constatação da ocorrência de mora na execução;
alização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem como II - falta de caracterização da inexecução ou do cumprimento
qualquer outro evento contratual cuja ocorrência esteja vinculada à irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
emissão de documento de cobrança. III - falta de comunicação às autoridades superiores, em tem-
Art. 153 - O recebimento de material, a fiscalização e o acom- po hábil, de fatos cuja solução ultrapasse a sua competência, para
panhamento da execução do contrato ficarão a cargo de comissão adoção das medidas cabíveis;
de servidores permanentes do quadro da Administração. IV - recebimento provisório ou emissão de parecer circuns-
Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro tanciado pelo recebimento definitivo do objeto contratual pela Ad-
de 2016. ministração, sem a comunicação de falhas ou incorreções;
Redação original: “Art. 153 - O recebimento de material, a fis- V- emissão indevida da competente autorização para o re-
calização e o acompanhamento da execução do contrato ficarão a cebimento, pela contratada, do pagamento.
cargo de comissão de servidores permanentes do quadro da Ad- Art. 156 - O contratado deverá manter preposto, aceito pela
ministração, sob a supervisão geral do órgão central de controle, Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na
acompanhamento e avaliação financeira de contratos e convênios, execução do contrato, devendo substituí-lo sempre que lhe for exi-
órgão este com quadro de pessoal obrigatoriamente recrutado por gido.
concurso público.” Art. 157 - O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover,
Parágrafo único - Nas contratações de grande vulto ou de alta reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o
complexidade técnica e mediante despacho fundamentado da au- objeto do contrato quando se verificarem vícios, defeitos ou incor-
toridade competente, a fiscalização e o acompanhamento da execu- reções resultantes da execução ou de materiais empregados.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único - Em caso de descumprimento de obrigação Art. 162 - Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos
prevista neste artigo, poderá a Administração executar, direta ou seguintes casos:
indiretamente, o objeto do contrato, cobrando as despesas corres- I- gêneros perecíveis e alimentação preparada;
pondentes, devidamente corrigidas, permitida a retenção de crédi- II - serviços profissionais;
tos do contratado. III - obras e serviços de valor até o limite previsto para com-
Art. 158 - O contratado é responsável pelas imperfeições do pras e serviços, que não sejam de engenharia, na modalidade de
objeto contratado e pelos danos causados diretamente à Adminis- convite, desde que não se componham de aparelhos, equipamen-
tração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo, na execu- tos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produ-
ção do contrato, não excluindo ou reduzindo tal responsabilidade a tividade.
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado. Art. 163 - Salvo disposições em contrário constantes do edital,
Art. 159 - O contratado é responsável pelo cumprimento das do convite, ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais provas
exigências previstas na legislação profissional específica e pelos en- exigidas por normas técnicas oficiais para a boa execução do objeto
cargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes
do contrato correm por conta do contratado.
da execução do contrato.
Art. 164 - A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra,
§ 1º - A inadimplência do contratado, com relação às exigências
e encargos previstos neste artigo, não transfere à Administração a serviço ou fornecimento em desacordo com as condições pactua-
responsabilidade pelo seu pagamento, nem poderá onerar o objeto das, podendo, entretanto, se lhe convier, decidir pelo recebimento,
do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edifica- neste caso com as deduções cabíveis.
ções, inclusive perante o registro de imóveis. Art. 165 - O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
§ 2º - A Administração, quando do pagamento das faturas aos responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do ser-
contratados, procederá à retenção dos tributos, na forma prevista viço, nem a ético-profissional pela perfeita execução do contrato,
na legislação específica. dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
§ 3º - A Administração poderá, também, exigir seguro para ga-
rantia de pessoas e bens, devendo essa exigência constar do ato SEÇÃO VIII -
convocatório da licitação, limitada a 10% (dez por cento) do valor DA INEXECUÇÃO E DA RESCISÃO DOS CONTRATOS
do contrato.
Art. 160 - Na execução do contrato, o contratado poderá, nos Art. 166 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua
limites admitidos no edital e no contrato, subcontratar partes da rescisão, com as conseqüências contratuais e as previstas em lei ou
obra, serviço ou fornecimento, sem prejuízo das responsabilidades regulamento.
contratuais e legais. Art. 167 - Constituem motivos para rescisão dos contratos, sem
Art. 161 - Executado o contrato, o seu objeto será recebido: prejuízo, quando for o caso, da responsabilidade civil ou criminal e
I- em se tratando de obras e serviços:
de outras sanções:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanha-
I- razões de interesse público, de alta relevância e amplo
mento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, firmado pe-
las partes, em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do con- conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autorida-
tratado, com a duração máxima de 90 (noventa) dias; de da esfera administrativa a que está subordinado o contratante,
b) definitivamente, em razão de parecer circunstanciado de exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;
servidor ou comissão designada pela autoridade competente, me- II - alteração social ou modificação da finalidade ou da es-
diante termo assinado pelas partes, após o decurso de prazo de ob- trutura da empresa, se, a juízo da Administração, prejudicar a exe-
servação ou de vistoria, comprovando a adequação do objeto aos cução do contrato;
termos contratuais, obedecido o disposto no art. 157 desta Lei. III - falta de cumprimento ou cumprimento irregular de cláu-
II - em se tratando de compras ou locação de equipamentos: sulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da IV - retardamento injustificado do início da execução do con-
conformidade do material com a especificação, pelo prazo de 15 trato;
(quinze) dias; V - mora na execução contratual, levando a Administração a
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantida- comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, serviço ou for-
de do material e conseqüente aceitação. necimento, nos prazos estipulados;
§ 1º - Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vul- VI - paralisação, total ou parcial, da execução da obra, ser-
to, o recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos viço ou fornecimento sem justa causa previamente comunicada à
demais, mediante recibo.
Administração;
§ 2º - O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
VII - subcontratação parcial do seu objeto, a associação do
artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em casos
excepcionais, devidamente justificados e previstos no edital. contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial,
§ 3º - Na hipótese de não ser lavrado o termo circunstanciado do contrato, bem como a fusão, cisão ou incorporação da contrata-
ou de não ser procedida a verificação dentro dos prazos fixados, da, não admitidas no edital e no contrato;
reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à Adminis- VIII - desatendimento reiterado às determinações regulares da
tração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos. fiscalização ou da autoridade superior;
§ 4º - O recebimento definitivo de obras, compras ou serviços, IX - cometimento reiterado de faltas na execução contratual,
cujo valor do objeto seja superior ao limite estabelecido para a mo- anotadas na forma do inciso I do art. 154 desta Lei;
dalidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no X - falta de integralização da garantia nos prazos estipulados;
mínimo, 03 (três) membros. XI - descumprimento da proibição de trabalho noturno, pe-
§ 5º - Esgotado o prazo de vencimento do recebimento provisó- rigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) anos e de qualquer
rio sem qualquer manifestação do órgão ou entidade contratante, trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de
não dispondo o edital de forma diversa, considerar-se-á definitiva- aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos.
mente aceito pela Administração o objeto contratual, para todos XII - superveniência da declaração de inidoneidade para licitar
os efeitos. e contratar com a Administração;

71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XIII - perecimento do objeto contratual, tornando impossível o rios à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 127 desta Lei;
prosseguimento da execução da avença; III - execução da garantia contratual e cobrança dos valores
XIV - declaração de falência ou instauração da insolvência civil; das multas e das indenizações, para ressarcimento da Administra-
XV - dissolução da sociedade ou falecimento do contratado; ção;
XVI - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços IV - retenção de créditos decorrentes do contrato até o limite
ou compras, acarretando a modificação do valor inicial do contrato dos prejuízos causados à Administração.
além do limite permitido no art. 143, § 1º, desta Lei; § 1º - A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste
XVII - suspensão da execução contratual, por ordem escri- artigo fica a critério da Administração, que poderá dar continuida-
ta da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, de à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta, observado
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem neste último caso o disposto no art. 59, inciso XI desta Lei.
interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totali- § 2º - A Administração poderá, no caso de concordata, manter
zem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigató- o contrato, podendo assumir o controle direto de determinadas ati-
rio de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevis- vidades e serviços essenciais.
tas mobilizações e desmobilizações e outras previstas, assegurado § 3º - Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser
ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do precedido de autorização expressa da autoridade máxima do órgão
cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada ou entidade, conforme o caso.
a situação;
XVIII - atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos CAPÍTULO X -
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou for- DOS CONVÊNIOS
necimentos, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo
em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem inter- Art. 170 - Constitui o convênio uma forma de ajuste entre o
na ou guerra, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de Poder Público e entidades públicas ou privadas, buscando a conse-
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas cução de objetivos de interesse comum, por colaboração recíproca,
até que seja normalizada a situação; distinguindo-se dos contratos pelos principais traços característicos:
XIX - não liberação, por parte da Administração, de área, local I- igualdade jurídica dos partícipes;
ou objeto para execução da obra, serviço ou fornecimento, nos pra- II - não persecução da lucratividade;
zos contratuais, bem como das fontes de matérias naturais especi- III - possibilidade de denúncia unilateral por qualquer dos
ficadas no projeto; partícipes, na forma prevista no ajuste;
XX - ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regular- IV - diversificação da cooperação oferecida por cada partí-
mente comprovada, impeditiva da execução do contrato; cipe;
XXI - impossibilidade de alteração do valor do ajuste por recusa V - responsabilidade dos partícipes limitada, exclusivamente,
da contratada, nas hipóteses previstas no art. 143 , II, alínea “e”, às obrigações contraídas durante o ajuste.
desta Lei. Art. 171 - A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelo Es-
Parágrafo único - Os casos de rescisão contratual serão formal- tado da Bahia e demais entidades da Administração depende de
mente motivados nos autos do processo, assegurados o contraditó- prévia aprovação do competente plano de trabalho proposto pela
rio e a ampla defesa. organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as se-
Art. 168 - A rescisão do contrato poderá ser: guintes informações:
I- determinada por ato unilateral e escrito da Administra- I- identificação do objeto a ser executado;
ção, nos casos enumerados nos incisos I a XV, XX e XXI do artigo II - metas a serem atingidas;
anterior; III - etapas ou fases de execução;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
no processo de licitação, desde que haja conveniência para a Admi- V - cronograma de desembolso;
nistração; VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim
III - judicial, nos termos da legislação. da conclusão das etapas ou fases programadas;
§ 1º - A rescisão administrativa ou amigável deverá ser precedi- VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenha-
da de autorização motivada da autoridade competente. ria, comprovação de que os recursos próprios para complementar
§ 2º - Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos I e XVI a a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o
XX do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será este custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão
ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver so- descentralizador.
frido, tendo ainda direito a: § 1º - Os convênios, acordos, ou ajustes que não impliquem
I- devolução da garantia; repasse de verba pela entidade convenente, poderão prescindir das
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data condições previstas nos incisos IV e V deste artigo.
da rescisão; § 2º - O plano de trabalho deverá ser elaborado com a obser-
III - pagamento do custo da desmobilização; vância dos princípios da Administração Pública, especialmente os
§ 3º - Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do da eficiência, economicidade, isonomia, proporcionalidade, vanta-
contrato, o cronograma de execução será prorrogado automatica- josidade e razoabilidade.
mente por igual período. § 3º - O plano de trabalho deve detalhar as ações a serem im-
Art. 169 - A rescisão de que tratam os incisos II a XII do art. plementadas e, envolvendo construções e/ou reformas, ser acresci-
167 desta Lei acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo das do do projeto próprio, aprovado pelos órgãos competentes, acom-
sanções previstas nesta Lei: panhado de cronograma físico-financeiro da obra.
I- assunção imediata do objeto do contrato, no estado e Art. 172 - Os órgãos setoriais supervisionarão a fiel execução
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração; dos convênios.
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, Redação de acordo com a Lei nº 13.591, de 28 de novembro
material e pessoal empregados na execução do contrato, necessá- de 2016.

72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Redação original: “Art. 172 - Sem prejuízo do acompanhamento VI - previsão da necessidade de abertura de conta específica
direto pelos órgãos setoriais, o órgão central de controle, acompa- para aplicação dos recursos repassados.
nhamento e avaliação financeira de contratos e convênios supervi- Art. 175 - Os recursos financeiros repassados em razão do con-
sionará a fiel execução dos convênios.” vênio não perdem a natureza de dinheiro público, ficando a sua
Art. 173 - Os processos destinados à celebração de convênio utilização vinculada aos termos previstos no ajuste e devendo a en-
deverão ser instruídos com os seguintes documentos: tidade, obrigatoriamente, prestar contas ao ente repassador e ao
I- ato constitutivo da entidade convenente; Tribunal de Contas.
II - comprovação de que a pessoa que assinará o convênio Art. 176 - As parcelas do convênio serão liberadas em estrita
detém competência para este fim específico; conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos casos
III - prova de regularidade do convenente para com as Fa- abaixo enumerados, hipóteses em que as mesmas ficarão retidas
zendas Públicas; até o saneamento das impropriedades ocorrentes:
IV - prova de regularidade do convenente para com a Segu- I- quando não tiver havido comprovação da boa e regular
ridade Social (INSS), mediante a apresentação da Certidão Negati- aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da legisla-
va de Débitos/CND, e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ção aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização
(FGTS), mediante a apresentação do Certificado de Regularidade de local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão descen-
Situação/CRS; tralizador dos recursos ou pelos órgãos competentes do controle
V- plano de trabalho detalhado, com a clara identificação interno da Administração;
das ações a serem implementadas e da quantificação de todos os II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos
elementos; recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou
VI - prévia aprovação do plano de trabalho pela autoridade fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamen-
competente; tais de Administração Pública nas contratações e demais atos prati-
VII - informação das metas a serem atingidas com o convênio; cados na execução do convênio, ou o inadimplemento do executor
VIII - justificativa da relação entre custos e resultados, inclusive com relação a outras cláusulas conveniais básicas;
para aquilatação da equação custo/benefício do desembolso a ser III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneado-
realizado pela Administração em decorrência do convênio; ras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou por inte-
IX - especificação das etapas ou fases de execução, esta- grantes do respectivo sistema de controle interno.
belecendo os prazos de início e conclusão de cada etapa ou fase Art. 177 - No convênio é vedado:
programada; I- previsão de pagamento de taxa de administração ou
X - orçamento devidamente detalhado em planilha; outras formas de remuneração ao convenente;
XI - plano de aplicação dos recursos financeiros; II - trespasse, cessão ou transferência a terceiros da execução
XII - correspondente cronograma de desembolso; do objeto do convênio.
XIII - indicação das fontes de recurso - dotação orçamentária - Art. 178 - A ampliação do objeto do convênio dependerá de
que assegurarão a integral execução do convênio;
prévia aprovação de projeto de trabalho adicional e da comprova-
XIV - a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exer-
ção da execução das etapas anteriores com a devida prestação de
cício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
contas.
XV - a declaração do ordenador da despesa de que a despesa
Art. 179 - A ampliação do objeto do convênio e a prorrogação
tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária
de seu prazo de vigência serão formalizadas mediante termo aditi-
anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de dire-
vo.
trizes orçamentárias;
Art. 180 - Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, se-
XVI - sendo o convênio celebrado nos dois últimos quadrimes-
tres do mandato é imprescindível que haja declaração do ordena- rão, obrigatoriamente, aplicados em cadernetas de poupança de
dor de despesa de que existe disponibilidade de caixa para paga- instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou
mento das despesas decorrentes do convênio a ser celebrado. superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto
Art. 174 - A minuta do convênio deve ser adequada ao disposto prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívi-
no artigo anterior, devendo, ainda, contemplar: da pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos
I- detalhamento do objeto do convênio, descrito de forma menores que um mês.
precisa e definida; Art. 181 - As receitas financeiras auferidas na forma do artigo
II - especificação das ações, item por item, do plano de tra- anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do convênio
balho, principalmente as que competirem à entidade privada de- e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo
senvolver; constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de
III - previsão de prestações de contas parciais dos recursos contas do ajuste.
repassados de forma parcelada, correspondentes e consentâneos Art. 182 - Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção
com o respectivo plano e cronograma de desembolso, sob pena de do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescen-
obstar o repasse das prestações financeiras subseqüentes; tes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
IV - indicação do agente público que, por parte da Adminis- financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repas-
tração, fará o acompanhamento e a fiscalização do convênio e dos sador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do
recursos repassados, bem como a forma do acompanhamento, por evento, sob pena da imediata instauração de tomada de contas es-
meio de relatórios, inspeções, visitas e atestação da satisfatória re- pecial do responsável, providenciada pela autoridade competente
alização do objeto do convênio; do órgão ou entidade titular dos recursos.
V- previsão de que o valor do convênio não poderá ser Art. 183 - Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber,
aumentado, salvo se ocorrer ampliação do objeto capaz de justifi- aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres
cá-lo, dependendo de apresentação e aprovação prévia pela Admi- celebrados por qualquer dos Poderes do Estado, órgãos e entidades
nistração de projeto adicional detalhado e de comprovação da fiel de sua Administração direta ou indireta, entre si ou com outras pes-
execução das etapas anteriores e com a devida prestação de contas, soas de direito público ou privado.
sendo sempre formalizado por aditivo;

73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO XI - Parágrafo único - As sanções previstas nos incisos II, III e IV
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS deste artigo deverão ser aplicadas ao adjudicatário e ao contratado,
cumulativamente com a multa.
Art. 184 - Constitui ilícito administrativo a prática dos seguintes Art. 187 - A Administração deverá constituir comissão proces-
atos pelo licitante: sante para apurar as faltas administrativas previstas nesta Lei.
I- impedir, frustrar ou fraudar o procedimento licitatório, Art. 188 - Ao candidato a cadastramento, ao licitante e ao con-
mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, com o tratado é assegurado o direito de defesa no processo instaurado
intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem; para a aplicação de penalidades.
II - devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi- Art. 189 - Na hipótese prevista no artigo anterior, o interessado
mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo; deverá apresentar sua defesa no prazo de 05 (cinco) dias úteis, con-
III - afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, tado da notificação do ato, sendo facultada a produção de provas
fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; admitidas em direito.
IV - desistir de licitar, em razão de vantagem oferecida; Parágrafo único - Quando se fizer necessário, as provas serão
V- apresentar declaração ou qualquer outro documento produzidas em audiência, previamente designada para este fim.
falso, visando ao cadastramento, à atualização cadastral ou à parti- Art. 190 - Concluída a instrução processual, a parte será intima-
cipação no procedimento licitatório; da para apresentar razões finais, no prazo de 05 (cinco) dias úteis.
VI - recusar-se, injustificadamente, após ser considerado ad- Art. 191 - Transcorrido o prazo previsto no artigo anterior, a
judicatário, em assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento comissão, dentro de 15 (quinze) dias corridos, elaborará o relatório
equivalente, dentro do prazo estabelecido pela Administração, ex- final e remeterá os autos para deliberação da autoridade compe-
ceto quanto aos licitantes convocados nos termos do art. 59, inciso tente, após o pronunciamento da Procuradoria Geral do Estado ou
XII, desta Lei, que não aceitarem a contratação nas mesmas con- órgão de assessoria jurídica da entidade.
dições propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao Art. 192 - A inexecução contratual, inclusive por atraso injusti-
prazo e preço; ficado na execução do contrato, sujeitará o contratado à multa de
VII - cometer fraude fiscal. mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no con-
Art. 185 - Constitui ilícito administrativo a prática dos seguintes trato, que será graduada de acordo com a gravidade da infração,
atos, pelo contratado: obedecidos os seguintes limites máximos:
I- admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação
I- 10% (dez por cento) sobre o valor da nota de empenho
ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, durante a execução
ou do contrato, em caso de descumprimento total da obrigação, in-
do contrato celebrado com o Poder Público, sem autorização em lei,
clusive no de recusa do adjudicatário em firmar o contrato, ou ainda
no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos
na hipótese de negar-se a efetuar o reforço da caução, dentro de 10
contratuais;
(dez) dias contados da data de sua convocação;
II - haver concorrido, comprovadamente, para a consumação
II - 0,3% (três décimos por cento) ao dia, até o trigésimo dia
de ilegalidade, obtendo vantagem indevida ou se beneficiando, in-
de atraso, sobre o valor da parte do fornecimento ou serviço não
justamente, das modificações ou prorrogações contratuais;
realizado ou sobre a parte da etapa do cronograma físico de obras
III - ensejar a sua contratação pela Administração, no prazo
não cumprido;
de vigência da suspensão do direito de licitar ou contratar com a
Administração ou da declaração de inidoneidade; III - 0,7% (sete décimos por cento) sobre o valor da parte do
IV - incorrer em inexecução de contrato; fornecimento ou serviço não realizado ou sobre a parte da etapa do
V- fraudar, em prejuízo da Administração, os contratos ce- cronograma físico de obras não cumprido, por cada dia subseqüen-
lebrados: te ao trigésimo.
a) elevando arbitrariamente os preços; § 1º - A multa a que se refere este artigo não impede que a
b) vendendo, como verdadeiro ou perfeito, bem falsificado ou Administração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as de-
deteriorado; mais sanções previstas nesta Lei.
c) entregando bem diverso do contratado; § 2º - A multa, aplicada após regular processo administrativo,
d) alterando substância, qualidade ou quantidade da mercado- será descontada da garantia do contratado faltoso.
ria fornecida; § 3º - Se o valor da multa exceder ao da garantia prestada, além
e) tornando, injustificadamente, mais oneroso o contrato. da perda desta, o contratado responderá pela sua diferença, que
VI - frustrar, injustificadamente, licitação instaurada pela Ad- será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Ad-
ministração; ministração ou, ainda, se for o caso, cobrada judicialmente.
VII - cometer fraude fiscal. Art. 193 - Será advertido verbalmente, pelo presidente da co-
Art. 186 - Ao candidato a cadastramento, ao licitante e ao con- missão, o licitante cuja conduta vise a perturbar o bom andamento
tratado, que incorram nas faltas previstas nesta Lei, aplicam-se, se- da sessão, podendo essa autoridade determinar a sua retirada do
gundo a natureza e a gravidade da falta, assegurada a defesa prévia, recinto, caso persista na conduta faltosa.
as seguintes sanções: Art. 194 - Serão punidos com a pena de suspensão temporária
I- multa, na forma prevista nesta Lei; do direito de cadastrar e licitar e impedimento de contratar com a
II - suspensão temporária de participação em licitação e Administração os que incorram nos ilícitos previstos nos incisos VI e
impedimento de contratar com a Administração, por prazo não ex- VII do art. 184 e I, IV, VI e VII do art. 185 desta Lei.
cedente a 05 (cinco) anos; Art. 195 - Serão punidos com a pena de declaração de inidonei-
III - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com dade para licitar e contratar com a Administração, enquanto perdu-
a Administração Pública, enquanto perdurarem os motivos deter- rarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promo-
minantes desta punição e até que seja promovida sua reabilitação vida a reabilitação perante a autoridade competente para aplicar a
perante a Administração Pública Estadual; punição, os que incorram nos ilícitos previstos nos incisos I a V do
IV - descredenciamento do sistema de registro cadastral. art. 184 e II, III e V do art. 185 desta Lei.

74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 196 - Para a aplicação das penalidades previstas nesta Lei e) rescisão do contrato, a que se referem os incisos de I a XV,
devem ser levados em conta a natureza e a gravidade da falta, os XX e XXI do art. 167 desta Lei;
prejuízos dela advindos para a Administração Pública e a reincidên- f) aplicação da pena de suspensão temporária;
cia na prática do ato. g) aplicação da pena de multa.
Art. 197 - A declaração de inidoneidade para licitar e contratar II - recurso de representação, no prazo de 05 (cinco) dias
com a Administração Pública é da competência do Chefe do respec- úteis da intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação
tivo Poder ou de quem dele receber delegação. ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
Art. 198 - Decorrido o prazo da sanção prevista no inciso II do III - pedido de reconsideração da declaração de inidoneidade,
art. 186 desta Lei, a reabilitação poderá ser requerida perante a feita pela autoridade competente no prazo de 10 (dez) dias úteis da
autoridade competente para aplicar a penalidade, sendo concedi- intimação do ato.
da sempre que o licitante ou contratado ressarcir a Administração § 1º - A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas “a”, “b”,
pelos prejuízos causados, se for o caso, e comprovar que não mais “c”, “e” e “f”, deste artigo, e no inciso III, será feita mediante publi-
subsistem os motivos que ensejaram a penalidade. cação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas
Art. 199 - A declaração de inidoneidade será aplicada, após pro- “a” e “b”, se presentes os prepostos dos licitantes no ato em que
cesso administrativo regular, às empresas e aos profissionais que: foi adotada a decisão, quando poderá ser feita por comunicação
I- tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, direta aos interessados e lavrada em ata, e o previsto na alínea “g”,
por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tri- quando se dará a intimação pessoal do interessado.
butos; § 2º - O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste
II - tenham praticado atos ilícitos, visando a frustrar os prin- artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente,
cípios e objetivos da licitação; motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir
III - demonstrarem não possuir idoneidade para contratar eficácia suspensiva aos demais recursos.
com a Administração, em virtude de atos ilícitos praticados; § 3º - Interposto o recurso, será comunicado aos demais lici-
IV - tenham sofrido condenação definitiva por atos de impro- tantes, que poderão impugná-lo no prazo de 05 (cinco) dias úteis.
bidade administrativa, na forma da lei. § 4º - O recurso será dirigido à autoridade superior, por inter-
Art. 200 - Fica impedida de participar de licitação e de contra- médio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar
tar com a Administração Pública a pessoa jurídica constituída por sua decisão, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo
membros de sociedade que, em data anterior à sua criação, haja prazo, fazê-lo subir, devidamente informado.
sofrido penalidade de suspensão do direito de licitar e contratar § 5º - Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de
com a Administração ou tenha sido declarada inidônea para licitar e reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do processo es-
contratar e que tenha objeto similar ao da empresa punida. tejam com vista franqueada ao interessado.
CAPÍTULO XII - § 6º - Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade
DAS IMPUGNAÇÕES, DOS RECURSOS E DAS REPRESENTAÇÕES de convite, os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º deste
Art. 201 - Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar, pe- artigo serão de 02 (dois) dias úteis.
rante a autoridade máxima do órgão ou entidade licitante, o edital Art. 203 - No prazo de 05 (cinco) dias úteis, a autoridade com-
de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo pro- petente, sob pena de responsabilidade, decidirá sobre os recursos,
tocolar o pedido até 05 (cinco) dias úteis antes da data fixada para ouvida a Procuradoria Geral do Estado ou o órgão de assessoria ju-
a abertura dos envelopes das propostas, cabendo à Administração rídica da unidade.
julgar a impugnação em até 03 (três) dias úteis, sem prejuízo da Art. 204 - Independente das impugnações e dos recursos pre-
faculdade de representação ao Tribunal de Contas. vistos neste Capítulo, qualquer licitante, contratado ou pessoa física
§ 1º - Decairá do direito de impugnar, perante a Administração, ou jurídica poderá representar à Procuradoria Geral do Estado da
as falhas ou irregularidades do edital de licitação, o licitante que Bahia, ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema
não o fizer até o segundo dia útil que anteceder à data prevista no de controle interno, inclusive ao Órgão de Controle e Acompanha-
edital para recebimento dos envelopes e início da abertura dos en- mento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios, e, ainda,
ao Ministério Público Estadual, contra irregularidade na aplicação
velopes das propostas, hipótese em que tal impugnação não terá
desta Lei.
efeito de recurso.
Parágrafo único - O Tribunal de Contas e os órgãos integrantes
§ 2º - A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o
do controle interno estadual poderão solicitar para exame, até an-
impedirá de participar do processo licitatório até que seja proferida
tes da abertura das propostas, cópia do edital ou convite da licita-
decisão final na via administrativa.
ção já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da Adminis-
§ 3º - A desclassificação do licitante importa a preclusão do seu
tração interessada a acatar as medidas corretivas que, em função
direito de participar das fases subseqüentes.
desse exame, lhes forem recomendadas.
§ 4º - Se reconhecida a procedência das impugnações ao ins-
trumento convocatório, a Administração procederá a sua retifica- CAPÍTULO XIII -
ção e republicação, com devolução dos prazos, nos termos do art. DAS RESPONSABILIDADES DOS AGENTES PÚBLICOS
54 desta Lei. SEÇÃO I -
Art. 202 - Dos atos da Administração decorrentes da aplicação DISPOSIÇÕES GERAIS
desta Lei cabe:
I- recurso, no prazo de 05 (cinco) dias úteis a contar da Art. 205 - Os agentes públicos que praticarem atos em desa-
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: cordo com os preceitos desta Lei, visando frustrar os objetivos da
a) julgamento das propostas; licitação, sujeitam-se às sanções nela previstas, sem prejuízo de ou-
b) habilitação ou inabilitação do licitante; tras responsabilidades administrativas e de natureza civil e crimi-
c) anulação ou revogação da licitação; nal, apuráveis nos termos da legislação em vigor, bem como do seu
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, possível enquadramento nas sanções previstas na legislação federal
sua alteração pertinente, por atos de improbidade administrativa e responsabili-
ou cancelamento; dade fiscal.

75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 206 - As infrações penais relativas às licitações e contratos XXI - causar, por negligência ou imperícia no fornecimento de
administrativos serão apuradas e processadas nos termos da lei fe- dados técnicos, retardamento do início da execução de obra ou ser-
deral que regulamenta o art. 37, XXI, da Constituição Federal. viço;
Art. 207 - Considera-se agente público, para os efeitos desta XXII - omitir-se na adoção ou supervisão das providências
Lei, aquele que exerce, ainda que transitoriamente, mandato, car- previstas no art. 154, ou incidir nas faltas previstas no art. 155 desta
go, emprego ou função na Administração direta, indireta e outras Lei, ocasionando o recebimento indevido de objeto contratual in-
entidades sujeitas ao controle do Estado, por eleição, nomeação, correto ou defeituoso;
designação, contratação ou qualquer forma de investidura. XXIII - dar causa, por ação ou omissão, à rescisão contratual
lesiva aos interesses da Administração, nas hipóteses previstas nos
SEÇÃO II - incisos XVII, XVIII e XIX do art. 167 desta Lei;
DAS FALTAS DISCIPLINARES XXIV - prejudicar, por ação ou omissão, o andamento e a deci-
são dos recursos administrativos;
Art. 208 - Constitui falta disciplinar a prática das seguintes con- XXV - desobedecer à estrita ordem cronológica das datas de
dutas: exigibilidade do pagamento das obrigações relativas ao fornecimen-
I- dispensar ou declarar inexigível licitação, fora das hipóte- to de bens, locações, realização de obras e prestação de serviços.
ses previstas em lei, visando ao benefício próprio com a celebração Art. 209 - As infrações especificadas no artigo anterior sujeita-
do contrato com o Poder Público; rão seus responsáveis, mediante processo, no qual seja assegurada
II - exercer o patrocínio, direta ou indiretamente, de interes- a garantia do contraditório e da ampla defesa, às sanções previs-
se privado perante a Administração, dando causa à celebração de tas na legislação aplicável ao regime jurídico do servidor, de acordo
contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Público; com a gravidade da falta e sem prejuízo do ressarcimento dos danos
III - direcionar a elaboração do instrumento convocatório causados ao erário.
com inclusão de cláusulas que frustrem o caráter competitivo da Parágrafo único - As sanções administrativas, previstas no ar-
licitação ou estabeleçam preferência ou discriminação entre licitan- tigo anterior, serão agravadas quando o autor da infração for titular
tes, em violação ao § 1º, inciso I, do art. 3º desta Lei; de cargo de provimento em comissão ou função de confiança, dire-
IV - dificultar aos cidadãos interessados o exercício do direito ção, chefia ou assessoramento em órgão ou entidade da Adminis-
previsto no art. 5º desta Lei; tração Pública Estadual.
V - parcelar desnecessariamente a execução de obras, com-
pras ou serviços, burlando as modalidades licitatórias pertinentes; CAPÍTULO XIV -
VI - ocasionar a nulidade das licitações ou contratos, por vio- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
lação do disposto no art. 11 e demais disposições desta Lei;
VII - avaliar, por valor inferior ao do mercado, bens destinados Art. 210 - Na contagem dos prazos previstos nesta Lei, excluir-
à alienação; -se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, considerando-se
VIII - incluir no objeto da licitação fornecimento de materiais os dias consecutivos, exceto quando for explicitamente disposto em
sem previsão de quantidades ou em desacordo com o projeto bá- contrário.
sico ou executivo; Parágrafo único - Somente se iniciam e vencem os prazos pre-
IX - infringir os princípios pertinentes à elaboração e publica- vistos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidade.
ção dos editais e convites; Art. 211 - Quando o objeto do contrato interessar a mais de
X- infringir os princípios relativos ao julgamento das licita- uma entidade pública, caberá ao órgão indicado no edital ou no
ções, especialmente quanto à objetividade dos critérios e ao res- contrato responder pela sua boa execução, fiscalização e pagamen-
guardo do sigilo das propostas; to, perante a entidade interessada.
XI - ocasionar, por ação ou omissão, o superfaturamento de Parágrafo único - No caso deste artigo, fica facultado à entida-
preços nas obras, serviços e compras; de interessada o acompanhamento da execução do contrato.
XII - proceder de modo contrário às disposições do edital ou Art. 212 - O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qua-
convite nas licitações e contratações; lificação nas concorrências, a ser procedida sempre que o objeto
XIII - celebrar contratos ou seus aditamentos com violação das da licitação recomendar análise mais detida da qualificação técnica
disposições legais e regulamentares; dos interessados.
XIV - dar causa ao pagamento das obrigações contratuais da Parágrafo único - A adoção do procedimento de pré-qualifi-
Administração com atraso, ensejando, injustificadamente, a onera- cação será feita mediante proposta da autoridade competente,
ção dos cofres públicos; aprovada pela imediatamente superior e obedecerá às exigências
XV - efetuar reajustamento de preços ou ensejar prorrogação desta Lei quanto à concorrência, à convocação dos interessados, ao
de prazos contratuais, em desobediência aos critérios estabelecidos procedimento e à análise da documentação.
nesta Lei e no próprio contrato; Art. 213 - O controle das despesas decorrentes dos contratos
XVI - ordenar a execução de obra ou serviço sem aprovação dos e outros instrumentos regidos por esta Lei será efetuado pelo Tri-
respectivos projetos e orçamentos; bunal de Contas do Estado, na forma da legislação pertinente, fi-
XVII - autorizar a devolução da garantia sem a verificação do cando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela
efetivo adimplemento das obrigações do contratado; demonstração de sua legalidade e regularidade, nos termos da
XVIII - relevar a imposição de multas ou sanções, sem base Constituição Estadual, sem prejuízo do controle interno por parte
legal; dos órgãos competentes.
XIX - deixar de exigir reforço de garantias, nos casos previstos Art. 214 - O disposto nesta Lei não se aplica às licitações instau-
nesta Lei e no instrumento convocatório; radas e aos contratos assinados anteriormente à sua vigência.
XX - ocasionar, pelo retardamento de providências de sua Art. 215 - Aplicam-se às licitações e aos contratos para a per-
competência, prorrogação de prazo ou suspensão da execução con- missão ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta Lei,
tratual, lesivas aos interesses da Administração; que não conflitem com a legislação específica sobre o assunto.

76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único - As exigências contidas nos incisos III e V a VII 03. As Autarquias têm um papel importante para nosso país,
do art. 11 desta Lei serão dispensadas nas licitações para concessão assim pode-se dizer que são:
de obra ou de serviço com execução prévia de obras em que não A. empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de
foram previstos desembolsos por parte da Administração Pública direito privado.
concedente. B. criadas por lei para a exploração de atividade econômica.
Art. 216 - Para efeito de comprovação do requisito de habilita- C. dotadas de personalidade jurídica de direito privado, sem
ção, previsto no inciso V do art. 98 desta Lei, e até que seja discipli- fins lucrativos.
nada a expedição do documento por órgão oficial federal, os editais D. de capital social pertencente à União e aos demais sócios.
de licitação exigirão declaração da observância da proibição pela E. criadas por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
empresa licitante. receita próprios para executar atividades típicas da administração
Art. 217 - Esta Lei entrará em vigor após 90 (noventa) dias da data pública.
de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especial-
mente a Lei nº 4.660, de 08 de abril de 1986, e alterações posteriores. 04.A administração pública também conhecida como descen-
tralizada, é composta por entidades que, por meio de descentraliza-
ção de competências do governo, foram criadas para desempenhar
EXERCÍCIOS papéis nos mais variados setores da sociedade e prestar serviços à
população. Essas entidades possuem personalidade jurídica própria
1 – Leia as afirmativas a seguir: (CNPJ), e, muitas vezes, recursos próprios, provenientes de ativida-
des que geram receitas.
I. A administração por objetivos é um processo pelo qual ge- Qual o tipo de administração pública que é descrito no texto?
rentes identificam objetivos individualmente e utilizam esses ob- A. Indireta.
jetivos para guiar as atividades dos seus subordinados. Assim, é B. Independente.
possível executar as tarefas sem a necessidade de supervisão ou C. Direta.
feedback. D. Interdependente.
II. Subordinam-se ao regime da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, além dos órgãos da administração direta, os fundos espe- 05. A Administração Pública é a atividade desenvolvida pelo
ciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, Estado ou seus delegados, sob o regime de Direito Público, des-
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas tinada a atender de modo direto e imediato, necessidades con-
direta ou indiretamente pela União, estados, Distrito Federal e cretas da coletividade. É todo o aparelhamento do Estado para a
municípios. prestação dos serviços públicos, para a gestão dos bens públicos
III. A atividade pública é financiada com recursos públicos, e dos interesses da comunidade. Em relação às características da
oriundos de contribuições compulsórias de cidadãos e empresas, Administração Pública, analise os itens abaixo:
os quais devem ser direcionados para a prestação de serviços pú- I. Praticar atos tão somente de execução – estes atos são de-
blicos e para a produção do bem comum. A Administração Pública nominados atos administrativos; quem pratica estes atos são os
tem como destinatários de suas ações cidadãos, sociedade e par- órgãos e seus agentes, que são sempre públicos.
tes interessadas, demandantes da produção do bem comum e do II. Exercer atividade politicamente neutra - sua atividade é
desenvolvimento sustentável. vinculada à Lei e não à Política.
Marque a alternativa CORRETA: III. Ter conduta hierarquizada – dever de obediência - esca-
A. Nenhuma afirmativa está correta. lona os poderes administrativos do mais alto escalão até a mais
B. Apenas uma afirmativa está correta. humilde das funções.
C. Apenas duas afirmativas estão corretas. IV. Praticar atos com responsabilidade técnica e legal – busca
D. Todas as afirmativas estão corretas. a perfeição técnica de seus atos, que devem ser tecnicamente per-
feitos e segundo os preceitos legais.
02. A Administração Pública pode ser vista sob duas análises: V. Caráter instrumental – a Administração Pública é um ins-
1ª análise – Administração Pública em sentido amplo ou sentido trumento para o Estado conseguir seus objetivos. A Administração
estrito; 2ª análise – Administração Pública em sentido subjetivo serve ao Estado.
(formal ou orgânico) ou sentido objetivo (material ou funcional). VI. Competência limitada – o poder de decisão e de comando
Nesse sentido, definem-se as: de cada área da Administração Pública é delimitada pela área de
I. Funções políticas e funções administrativas desenvolvidas atuação de cada órgão.
pelos órgãos governamentais e órgãos administrativos; Analisados os itens abaixo, é CORRETO afirmar que:
II. Funções administrativas desenvolvidas pelos órgãos admi- A. Apenas os itens I, II, III, IV e VI estão corretos.
nistrativos; B. Apenas os itens I, II, III, V e VI estão corretos.
III. Entidades (políticas e administrativas) componentes da C. Todos os itens estão corretos.
Administração Pública, os órgãos e os agentes públicos; D. Apenas os itens I, III, IV, V e VI estão corretos.
IV. Diversas atividades finalísticas exercidas pelo Estado, por
meio de seus agentes, órgãos e entidades, no desempenho da fun- 06. A Administração Pública tem apenas poder administrativo,
ção administrativa. o que significa afirmar que:
A. sua competência é estabelecida por lei e fixa os limites da
Com relação a 1ª Análise da Administração Pública, é correto atuação administrativa, de seus órgãos e agentes.
o que se afirma em: B. a Administração Pública só possui poder para decidir e co-
A. I, II, III e IV; mandar a área de sua competência (competência específica).
B. I, II e III, somente; C. suas decisões se restringem a assuntos técnicos, financeiros
C. I e II, somente; e jurídicos, e todas as atividades administrativas submetem-se aos
D. II e IV, somente. princípios e normas vigentes no ordenamento jurídico.

77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
D. não pode favorecer/discriminar pessoas, políticos, determi- B. interessados do ramo de que trata o objeto da licitação,
nada categoria ou região, em detrimento dos demais, sob pena de devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições
desvio de finalidade e ofensa ao ordenamento jurídico vigente. exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
E. A Administração Pública deve tratar a todos igualmente. recebimento das propostas, que comprovem possuir os requisitos
Como parte da estrutura do Estado, perseguindo o bem comum da mínimos de qualificação exigidos no edital.
coletividade, não lhe é permitido afastar-se desse fim pretendido C. interessados do ramo de que trata o objeto da licitação, es-
pelo Estado e expresso pelas normas e princípios vigentes. colhidos e convidados em número mínimo de três pela Administra-
ção.
07. Os Princípios da Administração Pública são um conjunto D. quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
de normas fundamentais, estabelecidas pela Constituição Federal científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remu-
Brasileira, que condicionam o padrão que todas as organizações neração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
administrativas devem seguir. Um dos mais importantes é o da Le- publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias.
galidade que E. interessados do ramo de que trata o objeto da licitação que
A. impõe a todo agente público que ele realize suas atribuições comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos
com rendimento, agilidade e perfeição, para que elas tenham maior no edital, sendo a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços
eficácia e eficiência para a Administração. comuns feita em sessão pública.
B. propõe que o administrador atue tendo como base a ética
na Administração, devendo não somente averiguar os critérios de 11. Licitação é procedimento administrativo formal em que a
conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas, também Administração Pública convoca, por meio de condições estabeleci-
saber distinguir o que é correto e o que é incorreto. das em ato próprio, empresas interessadas na apresentação de pro-
C. trata da igualdade de tratamento que a Administração deve postas para o oferecimento de bens e serviços. Um dos princípios
dedicar a todos os administrados que estejam em situação seme- que deve ser observado nos procedimentos licitatórios públicos é o
lhante. da impessoalidade, significando que a administração deve
D. trata das diretrizes básicas de conduta, que resultam no A. dar tratamento igual a todos os interessados.
cumprimento rigoroso do administrador e de todos os agentes pú- B. observar, nas decisões, critérios objetivos previamente esta-
blicos com a lei, independente do cargo que ocupem. belecidos, afastando a discricionaridade e o subjetivismo na condu-
E. Indica que os atos da Administração Pública devem ter a ção dos procedimentos de licitação.
mais ampla divulgação possível dos seus resultados e ações para os C. observar as normas e condições estabelecidas no ato convo-
seus administrados. catório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão no
instrumento de convocação.
08. Leia as afirmativas a seguir: D. simplificar procedimentos de rigorismos excessivos e de for-
I. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Po- malidades desnecessárias.
deres da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios E. buscar o maior número de competidores interessados no
deve obedecer unicamente aos princípios de legalidade e eficiência, objeto licitado.
não sendo obrigatório o cumprimento dos demais princípios da Ad-
ministração Pública. 12. O pregão é uma modalidade de licitação que é aberta para
II. O conceito de governo refere-se a uma organização que tem todo o público, inclusive via internet, na qual qualquer interessado
a finalidade de exercer o poder e levar a população ao cumprimento pode acompanhar o processo licitatório. Portanto, a adoção do pre-
das normas estabelecidas como condição para a convivência social. gão se justifica em função
Marque a alternativa CORRETA: A. da focalização da oferta e, portanto, da dispersão dos resul-
A. As duas afirmativas são verdadeiras. tados.
B. A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. B. do aumento da transparência e do controle social.
C. A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. C. do melhor custo-benefício e da inovação tecnológica.
D. As duas afirmativas são falsas. D. da utilização da tecnologia em benefício do setor público.
E. da modernização dos governos e de sua adequação ao mer-
9. Em relação a Organização Administrativa, leia o excerto abai- cado.
xo. “A execução centralizada de atividades públicas pelos entes fe-
derados ocorre mediante a atuação da respectiva _____. Na _____ 13. Acerca do provimento de cargo público, assinale a alterna-
o Estado distribui algumas de suas atribuições para outras pessoas, tiva correta.
físicas ou jurídicas. A. A investidura em cargo público ocorrerá com a nomeação ou
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente com a entrada em efetivo exercício.
as lacunas. B. A reintegração não é forma de provimento de cargo público.
A. Administração Direta / Descentralização C. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé-
B. Administração Indireta / Centralização dica oficial.
C. Administração Indireta / Descentralização D. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi-
D. Administração Direta / Centralização to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
10. Modalidade de licitação é forma específica de conduzir o portadoras; para tais pessoas serão reservadas, no mínimo, 20%
procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em lei. Uma (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
das modalidades de licitação admitidas é o pregão, que se constitui E. A readaptação não é forma de provimento de cargo público.
em modalidade realizada entre
A. interessados do ramo de que trata o objeto da licitação que
na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requisitos
mínimos de qualificação exigidos pelo edital.

78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
14. De acordo com a Constituição Federal de 1988, ao servi-
dor público da administração direta, autárquica e fundacional, no
ANOTAÇÕES
exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: ______________________________________________________
tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego ou função; investido no manda- ______________________________________________________
to de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-
-lhe facultado optar pela sua remuneração; investido no mandato ______________________________________________________
de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da re- ______________________________________________________
muneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
______________________________________________________
aplicada a norma do inciso anterior; em qualquer caso que exija
o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de ______________________________________________________
serviço será contado para todos os efeitos legais, EXCETO para pro-
moção por merecimento. Na hipótese de ser segurado de regime ______________________________________________________
próprio de previdência social:
A. Não deverá permanecer filiado a esse regime, no ente fede- ______________________________________________________
rativo de origem.
B. Será transferido imediatamente ao regime estatutário de ______________________________________________________
previdência social.
______________________________________________________
C. Permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de
origem. ______________________________________________________
D. Deverá sair desse regime, no ente federativo de origem.
______________________________________________________
15. Sobre os servidores públicos, assinale a afirmativa incor-
reta. ______________________________________________________
A. É permitida ao servidor público civil ou militar, na forma da
lei, a livre associação sindical. ______________________________________________________
B. O servidor público não tem direito a qualquer forma de con-
tagem de tempo de contribuição fictício. ______________________________________________________
C. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
______________________________________________________
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
ração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de ______________________________________________________
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.
D. Há servidores públicos titulares de cargos efetivos que não ______________________________________________________
são remunerados sob o regime de subsídio.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 E
_____________________________________________________
4 A
5 C _____________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 D
______________________________________________________
8 C
9 A ______________________________________________________
10 E ______________________________________________________
11 B
______________________________________________________
12 B
13 C ______________________________________________________
14 C ______________________________________________________
15 A
______________________________________________________

______________________________________________________

79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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80
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
1. Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1º, 3º, 4º e 5º). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Lei federal no 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Lei estadual nº 13.182, de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igualdade Racial e de Combate a Intolerância Religioso), regulamentada
pelo Decreto estadual nº 15.353 de 08 de agosto de 2014. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5. Lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei federal no 9.459 de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resul-
tantes de preconceito de raça ou de cor). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
6. Decreto Federal no 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discrimi-
nação racial). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7. Decreto federal n o 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Lei federal no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
9. Código Penal Brasileiro (art. 140). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
10. Lei federal nº 9.455/1997 (Combate à Tortura). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
11. Lei federal nº 2.889/56 (Combate ao Genocídio). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
12. Lei federal no 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
13. Lei estadual no 10.549 de 28 de dezembro de 2006 (Cria a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada pela Lei estadual no
12.212/2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
14. Lei federal no 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Repú-
blica). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel,
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo e
(ART. 1º, 3º, 4º E 5º) ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur-
1988 so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende
conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre
PREÂMBULO tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta
sempre para as aparências e os resultados”.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilumi-
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, nista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um poder
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual emana
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no Estado
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e emana deste povo.
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie-
dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no
TÍTULO I governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS igualitário” .
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar-
1) Fundamentos da República tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter-
O título I da Constituição Federal trata dos princípios funda- mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as
mentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, trabalhan- autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o,
do com os fundamentos da República Federativa brasileira, ou seja, devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece
com as bases estruturantes do Estado nacional. pelo exercício do sufrágio universal.
Neste sentido, disciplina: Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi-
dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar a
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: indústria e a economia nacionais.
I - a soberania;
II - a cidadania; 1.2) Cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe-
V - o pluralismo político. derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político.
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni-
desta Constituição. dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas
maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Te-
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes bas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transforma-
fundamentos. ram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-
-se democracias. Com efeito, as origens da chamada democracia se
1.1) Soberania encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação direta
daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da dis-
Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de cussão na polis.
se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es- Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político em
tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de
posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem en- forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
tendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atem- eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é
poral e divino, ou seja, absoluto. dado o poder de eleger um representante).
Neste sentido, Thomas Hobbes , na obra Leviatã, defende que Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao
quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de predo- de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania
minar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo
sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos Estado.
os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo polí-
permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a tico-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal).
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma au-
toridade inquestionável.

1
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes-
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um indi- soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir
víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo.
o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações. Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de todos os
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica superior
pelo vínculo da nacionalidade. às normas organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio- está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus membros,
nais ou não. e não o inverso.
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na-
cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
sistema democrático.
Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em
1.3) Dignidade da pessoa humana paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário
equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini-
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais
centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico, forte sobre o mais fraco.
seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explora-
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é ção de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo-se
possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a inten-
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre- ção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado na-
tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos cional necessita dela para crescer economicamente e adequar sua
e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os
acarreta a própria exclusão de sua personalidade. que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é pos-
Aponta Barroso : “o princípio da dignidade da pessoa humana sível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados
identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas na Constituição Federal como direitos fundamentais.
as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma-
independente da crença que se professe quanto à sua origem. A neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhado-
dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito res, no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”. A
como com as condições materiais de subsistência”. pessoa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa deve
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tribu- ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, não
nal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos
decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrín- os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.
seca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de A questão resta melhor delimitada no título VI do texto cons-
modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas, titucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170.
a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
isso importe destilação dos valores soberanos da democracia e e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig-
das liberdades individuais. O processo de valorização do indivíduo na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu-
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar
blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
que o espectro de abrangência das liberdades individuais encon-
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação des-
tra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra, a
te fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, am-
vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que essas
bos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo 170, IV,
garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa humana,
CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e
subsistem como conquista da humanidade, razão pela qual auferi-
o princípio do tratamento favorecido para as empresas de peque-
ram proteção especial consistente em indenização por dano moral
no porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede
decorrente de sua violação” .
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegurando a
Para Reale , a evolução histórica demonstra o domínio de um
livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o parágrafo
valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre exercício de
entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secun- qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
dários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sen- de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
tido, são os dizeres de Reale : “partimos dessa ideia, a nosso ver
básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. 1.5) Pluralismo político
O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais da mes- A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
ma espécie. O homem, considerado na sua objetividade espiritual, plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais
enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político,
chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária de afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo-
ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão deter- logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifestação
minante do processo histórico”. política delas.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a Montesquieu estabeleceu como condição do Estado de Direito
multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir a a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo – que
existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a elaboração, a cor-
mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a li- reção e a ab-rogação de leis, o segundo para a promoção da paz e
berdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo
exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade. os próprios Poderes).
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multipar- Ao modelo de repartição do exercício de poder por intermédio
tidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante que de órgãos ou funções distintas e independentes de forma que um
mesmo os partidos menores e com poucos representantes sejam desses não possa agir sozinho sem ser limitado pelos outros confe-
ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma ver- re-se o nome de sistema de freios e contrapesos (no inglês, checks
dadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno. and balances).

2) Separação dos Poderes 3) Objetivos fundamentais

A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De- O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da termos:
Constituição Federal com o seguinte teor:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en- rativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual-
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De-
dades sociais e regionais;
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 2º São Poderes da
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe- 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
cutivo e o Judiciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo
por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres-
a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade,
o que se faz pela divisão de Poderes. igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões
O constituinte afirma que estes poderes são independentes e de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimen-
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi- são, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos ela- numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
borada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os limi- Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a preser-
tes de competência do outro e não se imiscuir indevidamente em vação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em todas
suas atividades típicas. as suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o texto
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com constitucional guardar espaço de destaque para cada uma destas
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os perspectivas.
dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contem-
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
Entre os pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser
utilizadas no ideário das Revoluções Francesa e Americana se des- Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
tacam Locke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos Poderes. humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, que nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições
de perseguir suas metas.
também entendia necessária a separação dos Poderes, e na obra O
Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de po-
3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e
deres: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador viveu na Fran-
reduzir as desigualdades sociais e regionais
ça, numa época em que o absolutismo estava cada vez mais forte.
O objeto central da principal obra de Montesquieu não é a lei Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons-
regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições cria- trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e
das pelos homens para reger as relações entre os homens. Segundo nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, a
Montesquieu , as leis criam costumes que regem o comportamento injeção econômica deve permitir o investimento nos setores menos
humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas pela favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e pau-
razão. latinamente erradicando a pobreza.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montesquieu ,
do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o poder emana
do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sendo necessário
que seu interesse seja representado conforme sua vontade.

3
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão rele- 4.1) Independência nacional
vante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a
“redução das desigualdades regionais e sociais” como um princípio A formação de uma comunidade internacional não significa a
que deve reger a atividade econômica. A menção deste princípio eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização,
implica em afirmar que as políticas públicas econômico-financeiras limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do
deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, forne- bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromisso
cendo incentivos específicos para a exploração da atividade econô- de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações esta-
mica em zonas economicamente marginalizadas. tais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país
independente, que não responde a nenhum outro, mas que como
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os direi-
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação tos inatos a cada um de seus membros.
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da 4.2) Prevalência dos direitos humanos
igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira.
Sendo assim, a república deve promover o princípio da igualdade e
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda
consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem comum
normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es-
pressupõe a prevalência do princípio da igualdade.
tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única for-
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques
ma de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de
Maritain ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, mas
esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a socie- todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão
dade. Com base neste ideário, apontou as características essenciais de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no
do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum deve ser ordenamento jurídico-constitucional.
redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas,
respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é necessária em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine-
para conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem co- rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
mum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e mente são descritos em documentos internacionais para que sejam
a retidão moral elementos essenciais do bem comum. mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa
humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
4.3) Autodeterminação dos povos
O último artigo do título I trabalha com os princípios que regem
as relações internacionais da República brasileira: A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos po-
vos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de direi-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- to internacional que deve respeitar para a adequada consecução
ções internacionais pelos seguintes princípios: dos fins da comunidade internacional, também tem o direito de se
I - independência nacional; autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu
II - prevalência dos direitos humanos; povo.
III - autodeterminação dos povos; Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na
IV - não-intervenção; tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação
V - igualdade entre os Estados; pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que
VI - defesa da paz; um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 4.4) Não-intervenção
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
dade;
Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá
X - concessão de asilo político.
respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim,
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to-
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem
de nações. internacional.

De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com- 4.5) Igualdade entre os Estados
preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per-
mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou
bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine- seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos
rentes ao direito internacional dos direitos humanos. os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e
voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em
cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
peitada.

4
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
4.6) Defesa da paz 4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da huma-
nidade
O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo
sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi- A cooperação internacional deve ser especialmente econômica
tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade
internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento dos direitos humanos fundamentais internacionalmente reconhe-
nas normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso. cidos.
Em termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível
sempre priorizada a solução amistosa de conflitos. mediante a integração no âmbito de organizações internacionais
específicas, regionais ou globais.
4.7) Solução pacífica dos conflitos Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu
parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasileira
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi- no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará a in-
dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam confli- tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
tos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
amistosa. de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL.
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, me-
diação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os meios 4.10) Concessão de asilo político
diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, não ha-
vendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um procedi- Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país quan-
mento preliminar e facultativo à apuração da materialidade dos do naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma persegui-
fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução de ção. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática
conflito . Conceitua Neves : de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta proteção. Em
que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a consoli-
forma direta, por via diplomática”; dação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por parte da-
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de conflito, queles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e os entes
sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada para sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
sua conclusão”; cometeram tais violações.
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pací- “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do
fica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma organi- Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
zação internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta-se mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar
como moderador entre os litigantes”; a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o
terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de refugiado como asilado político ou criminoso comum”
forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes, TÍTULO II
e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”; DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de
solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio- O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en- rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies
contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”. de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º,
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), direi-
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo tos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos (artigos
14 a 17, CF).
Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos
a elementos ou instalações de um governo ou da população civil, direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º,
de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encaixam
que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos sociais
o resto da população do território. se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, sociais
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di- e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo,
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou a enumeração de direitos humanos na Constituição vai além dos
psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas direitos que expressamente constam no título II do texto constitu-
pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia. cional.
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumida- Os direitos fundamentais possuem as seguintes características
mente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem ser principais:
repudiadas pelo Estado nacional. a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece-
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
sões de direitos.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to- Explica Canotilho1 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um di-
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos di- reito fundamental corresponde um dever por parte de um outro
reitos humanos. titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego- sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental
uma limitação do princípio da autonomia privada. conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser de direitos conferidos às outras pessoas.
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material
destes direitos para a dignidade da pessoa humana. 3) Direitos e garantias
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar de A Constituição vai além da proteção dos direitos e estabelece
ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das garantias em prol da preservação destes, bem como remédios cons-
autoridades públicas, sob pena de nulidades. titucionais a serem utilizados caso estes direitos e garantias não se-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um úni- jam preservados. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias
co conjunto de direitos porque não podem ser analisados de manei- as previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições declarató-
ra isolada, separada. rias e as garantias são as disposições assecuratórias.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direito
com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre a expressão da
e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição). atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, inde-
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti- pendentemente de censura ou licença” – o direito é o de liberdade
lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento de expressão e a garantia é a vedação de censura ou exigência de
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilíci- licença. Em outros casos, o legislador traz o direito num dispositivo
tos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus limites e a garantia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
nos demais direitos igualmente consagrados como humanos. no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão
ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV2.
Direitos e deveres individuais e coletivos Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de
direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi- Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios
duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e
que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran- garantias propriamente ditas apenas de direitos.
ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados
no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas 4) Direitos e garantias em espécie
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitu- Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput:
cionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
do de segurança coletivo). Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
1) Brasileiros e estrangeiros estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros seguintes [...].
e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos prin-
apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os di- cipais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra
reitos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos in-
da soberania do país. dividuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberdade,
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos delimi-
com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar tam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma destas
ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas específicas
(ainda que não resida no país). que ganham também destaque no texto constitucional, quais se-
jam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais.
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pesso-
as. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição - Direito à igualdade
de cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos Abrangência
políticos. Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti-
tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade:
2) Relação direitos-deveres Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de- tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve- estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos seguintes [...].
fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon-
1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e te-
dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos
oria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.
fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
2 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
ferência.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitan-
do suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudên-
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas
obrigações, nos termos desta Constituição. são válidas.
- Direito à vida
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual- Abrangência
dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno do
possuem os mesmos direitos e obrigações. qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle-
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do que xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir
a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla. uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter- que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a
pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o
dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei- primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4.
ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/
garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte,
relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito
arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade físi-
se falando na igualdade perante a lei. ca, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura,
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida com
bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná- dignidade.
-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de exer- Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos incisos
cer estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um di- que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos mais
reito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente a discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no direito à
igualdade material. No sentido de igualdade material que aparece vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto de anen-
o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do céfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e exe-
cutar a lei, uma postura de promoção de políticas governamentais Vedação à tortura
voltadas a grupos vulneráveis. De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda-
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no
de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei inciso III do artigo 5º:
a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma- Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a tra-
terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas tamento desumano ou degradante.
com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex-
igualdade formal. pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tó-
pico anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº
Ações afirmativas 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que providências, destacando-se o artigo 1º:
são políticas públicas ou programas privados criados temporaria- Art. 1º Constitui crime de tortura:
mente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigualda- I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
des decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência eco- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
nômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de vantagem a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
compensatória de tais condições. vítima ou de terceira pessoa;
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
benefícios. com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério republi- físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
cano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar determi- de caráter preventivo.
nado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não por perten- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
cer a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
como ferem o princípio da isonomia por causar uma discriminação sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
reversa. intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende de medida legal.
que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objetivo é § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma com- tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
pensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); representam de um a quatro anos.
o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com o presen-
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II.
te. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade material);
In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
bem como promovem a diversidade.
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadeira
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Co-
igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção espe-
mentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
cial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas com
tium, 2008, p. 15.

7
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu-
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense di-
são é de oito a dezesseis anos. ferente, é preciso respeitar tal posicionamento.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limitado.
I - se o crime é cometido por agente público; Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de atri-
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de buir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, permi-
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; tindo eventuais responsabilizações por manifestações que contra-
III - se o crime é cometido mediante sequestro. riem a lei.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
da pena aplicada. Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça artística, científica e de comunicação, independentemente de cen-
ou anistia. sura ou licença.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão, refe-
rente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas, cien-
- Direito à liberdade tíficas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas, a exi-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do gência de licença para a manifestação do pensamento, bem como
direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem. veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul-
Liberdade e legalidade gação e o acesso a informações como modo de controle do poder. A
Prevê o artigo 5º, II, CF: censura somente é cabível quando necessária ao interesse público
numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação de
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso, teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida-
prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício da
fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim, salvo liberdade de expressão.
situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir como
considerar conveniente. Liberdade de crença/religiosa
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de
proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba. garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias.
Liberdade de pensamento e de expressão Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem
O artigo 5º, IV, CF prevê: entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião
que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sendo realizar em locais próprios.
vedado o anonimato. Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos,
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa- crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa.
mento e da liberdade de expressão. Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na liber-
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal, dade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de
“o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar
juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião de de religião, além da liberdade de não aderir a religião alguma, assim
seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a livre ma- como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de ex-
nifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao chama- primir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o
do direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liberdade
de ter uma opinião, depois o de expressá-la. de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen- das manifestações exteriores em casa ou em público, bem como a
samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
ou política: organização religiosa refere-se à possibilidade de estabelecimento
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo e organização de igrejas e suas relações com o Estado.
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegurando
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu- o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a prestação
de assistência religiosa nas entidades civis e militares de interna-
ção coletiva.

5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

8
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob-
civis e militares, mas também a hospitais. servar que o direito de petição deve resultar em uma manifesta-
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão
direito à escusa por convicção religiosa: proposta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as quando “dificulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu- apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. “demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con-
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo, dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança
a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e
cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re- as injustiças.
ligiosa ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado a Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro-
não contrarie tais preceitos. gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari-
dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara
Liberdade de informação a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a
O direito de acesso à informação também se liga a uma dimen- letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
são do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XIV, CF: direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa-
ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos
profissional. atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse so-
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade cial o exigirem.
de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
independente de fronteiras, sem interferência. Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal
que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for- de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interesse
ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterioriza- social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas pela
ção da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação da li-
próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há berdade de informação.
necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
para a sociedade. Liberdade de locomoção
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de todos Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º,
obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito de XV, CF:
fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de co-
municação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF). Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
com quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à li-
desta poderia ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não berdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país
chegaria ao público. em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber-
Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi- dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signifi-
to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões. ca que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade.
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de autorizados pela própria Constituição Federal. A despeito da nor-
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí- mativa específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de
vel à segurança da sociedade e do Estado. se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida.
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF, tam-
bém conhecida como Lei do Acesso à Informação. Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas: Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de- da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação
fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. alimentícia.

9
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Liberdade de trabalho Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII,
CF: Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulsoria-
mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
cio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer. O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as-
sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi- trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois
tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. Em destaque, a legitimidade representativa da associação
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
Liberdade de reunião Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expressa-
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: mente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente.
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de auto- Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária,
rização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente con- pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) pesso-
vocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à a(s) porque a lei assim autoriza.
autoridade competente. A liberdade de associação envolve não somente o direito de
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na de- criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não asso-
fesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal reu- ciar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:
nião.
Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Ima- Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-se
gine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exemplo da ou a permanecer associado.
Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em algumas - Direitos à privacidade e à personalidade
capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso
do poder público para que ele organize o policiamento e a assistên- Abrangência
cia médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas que tenham Prevê o artigo 5º, X, CF:
algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, totalmente
vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a
da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
vedou-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada). pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Liberdade de associação O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo disposi-


No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF: tivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para fins abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci-
lícitos, vedada a de caráter paramilitar. dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami-
gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pere- de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de
nidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de forma personalidade em si.
sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na formação A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
de um grupo organizado que se mantém por um período de tempo sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
considerável, dotado de estrutura e organização próprias. ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há um
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restrito e
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esfe-
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. ras” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do direito
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber- alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
dade de associação. conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimidade,
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: pela vida privada, e pela publicidade).

Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da


lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento.

Neste sentido, associações são organizações resultantes da


reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalida-
de jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperati-
vas são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
de vantagens comuns em suas atividades econômicas.
vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

10
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores, Direito à indenização e direito de resposta
podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à per-
subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob- sonalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instrumentos,
jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à o direito à indenização e o direito de resposta, conforme as neces-
imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido sidades do caso concreto.
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa,
por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje- Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e
reconhecidas como suas pelo grupo social”8. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, proporcio-
nal ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência imagem.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilidade “A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações. constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsabili-
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em dade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de publica-
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, ções injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
durante o dia, por determinação judicial. da matéria que divulga”9.
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele en- defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram pu-
blicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo
trar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUALQUER
quando for garantido o direito de resposta não é possível reverter
HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi flagrado na prá-
plenamente os danos causados pela manifestação ilícita de pensa-
tica de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre (incêndio, en-
mento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
chente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador teve ataque
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indi-
DIA por determinação judicial. vidual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre- Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou
vê o artigo 5º, XII, CF: imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in-
denizado.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e das “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni- satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos
cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, a
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos,
instrução processual penal. a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a
capacidade, o estado de família)”10.
O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Civil:
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à adminis-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro tração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de perso- ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con- a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se
siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Para lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessário o registro. destinarem a fins comerciais.
Por ser instrumento que serve como pressuposto ao exercício de
direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade aos que não - Direito à segurança
tiverem condição de com ele arcar. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se-
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
mental, até a própria segurança jurídica.
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamente
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o
pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a cer-
direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto de
tidão de óbito.
agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida.
O reconhecimento do marco inicial e do marco final da perso-
nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependendo
de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma
pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela
seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a
indigência dos menos favorecidos.
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed.
São Paulo: Malheiros, 2011.
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitu- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Bue-
cional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. nos Aires: Astrea, 1982.

11
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di- Uso temporário
reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indivi- propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
dual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumidade mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
física ou moral)”.
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a autori-
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: dade competente poderá usar de propriedade particular, assegura-
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquirido, o da ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei. go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que
Brasileiro: o do indivíduo proprietário.
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, Direito sucessório
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa jul- O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro-
gada. priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX e
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a XXXI, CF:
lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titu- Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
lar, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte- Artigo 5º, XXXI, CF.A sucessão de bens de estrangeiros situados
rável, a arbítrio de outrem. no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
de que já não caiba recurso. pessoal do de cujus.

- Direito à propriedade O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido a


O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa que
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, conforme a
em alguns incisos que o seguem. vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição estabele-
ce uma disciplina específica para bens de estrangeiros situados no
Função social da propriedade material Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país es-
trangeiro).
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
Direito do consumidor
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o principal Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
fator limitador deste direito:
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a de-
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função social. fesa do consumidor.

A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consi- O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
derada como um direito individual nem como instituição do direito tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e
privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequa-
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando- da, impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se apro-
-se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios veite de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnera-
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de seu bilidade técnica do consumidor.
fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da jus- O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re-
tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, ademais, cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi pro-
tem que atender a sua função social, fica vinculada à consecução mulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setembro
daquele princípio”. de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de 1988,
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposições Cons-
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que titucionais Transitórias:
a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa
pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do do consumidor.
ser humano.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um gran-
de passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo que
estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técnico
daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço,
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional posi- enquanto consumidor.
tivo... Op. Cit., p. 437.
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

12
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Propriedade intelectual as bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
Além da propriedade material, o constituinte protege também emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XXVIII premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada
e XXIX, CF: (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento
em todas as ondas).
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo de Primeiro, Cappelletti e Garth[14] entendem que surgiu uma
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; da prestação sem interesse de remuneração por parte dos advoga-
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: dos e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e prestação da assistência pelo Estado.
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth[15], veio
desportivas; a onda de superação do problema na representação dos interesses
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur-
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; gimento de novas instituições, como o Ministério Público.
Finalmente, Cappelletti e Garth[16] apontam uma terceira
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos in- onda consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de
dustriais privilégio temporário para sua utilização, bem como prote- acesso à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanis-
ção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de mos, pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque enco-
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse raja a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. alterações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura
dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas lei-
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que deve gas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defenso-
ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patrimo- res, modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios
nial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, de 19 ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto é, “os formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
direitos de autor e os que lhes são conexos”. inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte- de representação judicial”.
lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências, podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciário
sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televi- e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam bus-
sivas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas cá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes
de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras. forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inaliená- justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira
veis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de reivindi- justa e célere.
car a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização desta, Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de circula- Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
ção se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos 41 Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Poder
a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do pri- Judiciário lesão ou ameaça a direito.
meiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último coau-
tor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da obra se O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de
esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin-
abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela
edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de dados estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que estas mo- uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os re-
dalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito. quisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independentemente
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright (di- de haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
reito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser alie- Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
nados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a permissão a tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco-
terceiros de utilização de criações artísticas é direito do autor. [...] A nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
proteção constitucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto
que o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produ- Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica inte-
zida por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura a re- gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
produção de obra alheia sem a necessária permissão do autor”[13].
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po-
- Direitos de acesso à justiça der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual,
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII ao
dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas artigo 5º da Constituição:
de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e administrati-
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamen- vo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
te com a evolução do Direito moderno conforme implementadas garantam a celeridade de sua tramitação.

13
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso Anterioridade e irretroatividade da lei
à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o defina,
dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali- nem pena sem prévia cominação legal.
zação da justiça no caso concreto.
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
- Direitos constitucionais-penais praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legalida-
de (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei que o
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio da an-
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: terioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o ar-
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sentenciado tigo 5º, XL, CF:
senão pela autoridade competente”, consolida o princípio do juiz
natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer previa- Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
mente daquele que a julgará no processo em que seja parte, reves- ciar o réu.
tindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria específica
do caso antes mesmo do fato ocorrer. O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori-
dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se no como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de
artigo 5º, XXXVII, CF: detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra;
por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de exceção. de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a
pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroati-
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le- vidade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal
gítimo pela Constituição do país. mais benéfica.

Tribunal do júri Menções específicas a crimes


A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
5º, XXXVIII, CF:
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação atentató-
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a ria dos direitos e liberdades fundamentais.
organização que lhe der a lei, assegurados: Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí-
a) a plenitude de defesa; pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas
b) o sigilo das votações; discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte
c) a soberania dos veredictos; entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra criminosas.
a vida. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime inafian-
por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato-
res de influência emocional. A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resul-
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe- tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fiança
sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se aplica
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos. o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/punir
Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas, uma pessoa pelo decurso do tempo).
preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe- Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida, crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os execu-
haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo tores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
grau de jurisdição.
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes termos: a
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente
do resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimen- a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade,
to, instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge crimes políticos, a
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
(artigos 29, X /102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência exclusiva
do Presidente da República; a anistia pode ser concedida antes da
sentença final ou depois da condenação irrecorrível, a graça e o in-

14
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
dulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória; Por seu turno, a individualização da pena deve também se fazer
graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, persistindo os presente na fase de sua execução, conforme se depreende do artigo
efeitos do crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e 5º, XLVIII, CF:
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabelecimen-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tortu- do apenado.
ra, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº 8.072
de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não aceitam A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito
fiança. visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infeliz-
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: mente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal di-
retiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das prisões.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescritível
a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons- Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cumpri-
titucional e o Estado Democrático. mento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões
costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
Personalidade da pena Também se denota o respeito à individualização da pena nesta
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV, faceta pelo artigo 5º, L, CF:
CF: Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições
para que possam permanecer com seus filhos durante o período
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con- de amamentação.
denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos suces- Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a con-
sores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio dição peculiar da presa que possui filho no período de amamenta-
transferido. ção, mas também se preserva a dignidade da criança, não a afastan-
O princípio da personalidade encerra o comando de o crime do do seio materno de maneira precária e impedindo a formação de
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni- vínculo pela amamentação.
ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se
fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso Vedação de determinadas penas
contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras do ilí- Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
cito. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX;
Individualização da pena b) de caráter perpétuo;
A individualização da pena tem por finalidade concretizar o c) de trabalhos forçados;
princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de- d) de banimento;
vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente. e) cruéis.
A primeira menção à individualização da pena se encontra no
artigo 5º, XLVI, CF: Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, pelo
qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da pena e a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físi-
adotará, entre outras, as seguintes: co-psíquica dos condenados”[17] .
a) privação ou restrição da liberdade; Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti-
b) perda de bens; tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
c) multa; de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
d) prestação social alternativa; anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de
e) suspensão ou interdição de direitos. morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasilei-
ro, este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser in- 1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzi-
dividualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, evitan- lamento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
do-se a padronização a sanção penal. A individualização da pena militares em tempo de guerra.
significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as caracterís- Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
ticas do agente e do delito. cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados,
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com de banimento e cruéis.
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis- No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra-
tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
determinado tempo. dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O trabalho
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa- é obrigatório, dentro das condições do apenado, não podendo ser
trimônio do indivíduo delituoso. cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do condena-
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas do; como o trabalho não existe independente da educação, cabe in-
de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de liber- centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o trabalho
dade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. deve se aproximar da realidade do mundo externo, será remunera-

15
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
do; além disso, condições de dignidade e segurança do trabalhador, Presunção de inocência
como descanso semanal e equipamentos de proteção, deverão ser Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
respeitados.
Respeito à integridade do preso Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à integri- uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim
dade física e moral. decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais.

Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre- Ação penal privada subsidiária da pública
so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana. Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em pri- Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
meiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos desu- ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
manos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução da
pena. A chamada ação penal privada subsidiária da pública encontra
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder pú-
blico na atividade de persecução criminal não será ignorada, forne-
Artigo 5º, LVIII, CF.O civilmente identificado não será subme- cendo-se instrumento para que o interessado a proponha.
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
Prisão e liberdade
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que se- em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de
ria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sendo ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não
assim, violaria a integridade moral. é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos
fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a restrição
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa da liberdade daquele que assim agiu.
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante de-
seus bens sem o devido processo legal.
lito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser
priamente militar, definidos em lei.
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito (ne-
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual.
cessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tempo-
Surgem como corolário do devido processo legal o contraditó-
rio e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os garan- rário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente do
ta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF: trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última pela
irreversibilidade da condenação).
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou admi- Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz e à
nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório família ou pessoa indicada pelo preso:
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local onde
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante, o
devido processo legal tem sua faceta material que consiste na to- Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
mada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoabili- direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
dade e da proporcionalidade. com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII, CF:

Vedação de provas ilícitas Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a as-
sistência da família e de advogado.
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas ob-
tidas por meios ilícitos. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 do Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos res-
CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou legai, ponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, constitu-
cional ou legal, no momento da sua obtenção. São vedadas porque Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento para fazê- poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
-lo cumprir: seria paradoxal. vidas nas práticas destes atos procedimentais.

16
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que a O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na
prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que as- Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direitos
sim prevê o artigo 5º, LXV, CF: humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos di-
reitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudência
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente relaxada majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos huma-
pela autoridade judiciária. nos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve incor-
porar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasi-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do leiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas à
artigo 5º, LXVI, CF: proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no
Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”[19].
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela man- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com
tido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin- equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma-
cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan-
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri- to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso
são preventiva ou temporária. não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos.
Indenização por erro judiciário Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário encon- 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de
tra-se no artigo 5º, LXXV, CF: modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por erro
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos
sentença.
respectivos membros:
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacionais sobre
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres-
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também in-
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
denizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi conde-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
nada a cumprir.

5) Direitos fundamentais implícitos Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-


Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro,
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta Cons- processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
tituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi-
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repúbli- bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
ca Federativa do Brasil seja parte. tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil do
expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal no
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos apro-
taxativo. vado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de direitos
6) Tratados internacionais incorporados ao ordenamento inter- humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que paralisaria a
no eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a Constituição
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po- no ponto controverso).
dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”. 7) Tribunal Penal Internacional
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República),
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi promul-
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado gado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de 2002.
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) e Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 de julho
a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo[18]. de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste Tribu-
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna- nal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gravidade
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI).
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional
de direitos humanos.

17
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o pro- Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não
cesso e julgamento de violações contra indivíduos; e, distintamente houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tem-
dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruanda, cria- po do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não
dos para analisarem crimes cometidos durante esses conflitos, sua tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o mo-
jurisdição não está restrita a uma situação específica”[20]. tivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a
Resume Mello[21]: “a Conferência das Nações Unidas sobre a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o pro-
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, em cesso for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede em
Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) crime i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có-
de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de guerra; digo de Processo Penal.
d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a definição da Habeas Data
convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
assassinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais,
violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição forçada, Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para asse-
esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio internacional, gurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
destruição de bens não justificada pela guerra, deportação, forçar trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”. governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
3.2 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de in- administrativo.
junção e habeas data.
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º,
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias LXXVII, CF).
que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de 1974.
constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos- b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais constan-
trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar tes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais
o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (corre-
de ação para uma forma de violação. ção).
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso a
Habeas Corpus informações pessoais.
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui- d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangeira,
ção em seu artigo 5º, LXVIII: ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando-se
de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre que que a propõe.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Admi-
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. nistração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como insti-
tuições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas prestadores
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, CF.
de serviços de interesse público que possuam dados relativos à pes-
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215, foi
soa do impetrante.
o primeiro documento a mencionar este remédio eo Habeas Corpus
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constituição,
Act, de 1679, o regulamentou.
do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribunal
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo-
de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art.
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios
108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII).
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi utiliza-
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de novembro
do para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de lesão
de 1997.
ao direito de ir e vir. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predominan-
temente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restri- Mandado de segurança individual
ção arbitrária da liberdade. Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repressi- Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para
vo, para quando ameaça já tiver se materializado. proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar- de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente exercício de atribuições do Poder Público.
é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de loco-
moção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna decor-
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou priva- rente da sistemática do habeas corpus e das liminares possessórias.
do. b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza
g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen- subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade
do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores
Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual; Juiz de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de po-
de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impetra no der. São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da
Tribunal de Justiça. proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces-

18
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, § 1ºO mandado de segurança coletivo não induz litispendência
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governa- para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não be-
mentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos es- neficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desis-
pecíficos. tência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, inde- contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
pendente da natureza do ato impugnado (administrativo, jurisdicio- § 2ºNo mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá
nal, eleitoral, criminal, trabalhista). ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de vio- jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72
lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consumado (setenta e duas) horas.
o abuso/ilegalidade.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demonstra- Mandado de Injunção
do de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
procedimento. Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção sem-
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo não pre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residente dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ineren-
ou não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonalizados e tes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser autori- a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja pro-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui- posto o mandado de injunção são a existência de norma constitu-
ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, cional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades cons-
preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha titucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, impossibili-
prática”. tando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas em ques-
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora. tão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto de não regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
de 2009. não sejam aplicáveis.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09. b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a regula-
mentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
Mandado de segurança coletivo c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estrangei-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com ra, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito funda-
mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX: mental não materializável por omissão legislativa do Poder público,
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser bem como o Ministério Público na defesa de seus interesses insti-
impetrado por: a) partido político com representação no Congresso tucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas jurídicas de
Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação direito público.
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a elabo-
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. ração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do
a) Origem: Constituição Federal de 1988. Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do
relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma regulamenta-
dora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
a partidos políticos e determinadas associações.
administração direta ou indireta, excetuados os casos da compe-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, inde-
tência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar,
pendente da natureza do ato, de caráter coletivo.
da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art.
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são os
105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as decisões
direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal instituto
dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, man-
não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme posiciona-
dado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121,
mento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil individuali-
§4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a
zação, fica improvável a verificação da ilegalidade ou do abuso do
ele vinculados.
poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº 13.300/2016.
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina cons-
titucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido Ação Popular
político com representação no Congresso Nacional, bem como de Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima para
defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
interesses ou de seus membros. blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo e do ônus da sucumbência.
ou categoria substituídos pelo impetrante.

19
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
a) Origem: Constituição Federal de 1934.
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia, LEI FEDERAL N° 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010 (ESTA-
permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou TUTO DA IGUALDADE RACIAL)
seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivi-
duais. LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de
ao patrimônio histórico e cultural julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele nacio-
nal que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, direta cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com
a coisa pública. TÍTULO I
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato ou DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65).
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho de Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, desti-
1965. nado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de into-
lerância étnica.
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA,
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
(CAP. XXIII “DO NEGRO”)
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclu-
são, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DE 05 OUTUBRO DE origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
1989 o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
PREÂMBULO de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políti-
co, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida
Nós, Deputados Estaduais Constituintes, investidos no pleno pública ou privada;
exercício dos poderes conferidos pela Constituição da República Fe- II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen-
derativa do Brasil, sob a proteção de Deus e com o apoio do povo ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
baiano, unidos indissoluvelmente pelos mais elevados propósitos esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
de preservar o Estado de Direito, o culto perene à liberdade e a origem nacional ou étnica;
igualdade de todos perante a lei, intransigentes no combate a toda III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
forma de opressão, preconceito, exploração do homem pelo ho- âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
mem e velando pela Paz e Justiça sociais, promulgamos a Constitui- negras e os demais segmentos sociais;
ção do Estado da Bahia. IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
TÍTULO VI -
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
que adotam autodefinição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota-
CAPÍTULO XXIII -
dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
DO NEGRO
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais ado-
tados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-
Art. 286 - A sociedade baiana é cultural e historicamente mar-
sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
cada pela presença da comunidade afro-brasileira, constituindo
a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a dades.
pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal. Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade
Art. 287 - Com países que mantiverem política oficial de discri- de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde-
minação racial, o Estado não poderá: pendentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação
I - admitir participação, ainda que indireta, através de empre- na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômi-
sas neles sediadas, em qualquer processo licitatório da Administra- cas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo
ção Pública direta ou indireta; sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através de dele- Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos prin-
gações oficiais. cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos
Art. 288 - A rede estadual de ensino e os cursos de formação direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade
e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar incluirão em Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas
seus programas disciplina que valorize a participação do negro na de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o
formação histórica da sociedade brasileira. fortalecimento da identidade nacional brasileira.
Art. 289 - Sempre que for veiculada publicidade estadual com Art. 4o A participação da população negra, em condição de
mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da raça igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
negra. cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:
Art. 290 - O dia 20 de novembro será considerado, no calendá- I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô-
rio oficial, como Dia da Consciência Negra. mico e social;

20
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirma- II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS
tiva; no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o sagregados por cor, etnia e gênero;
adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis-
decorrentes do preconceito e da discriminação étnica; mo e saúde da população negra;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com- IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos
bate à discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as processos de formação e educação permanente dos trabalhadores
suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; da saúde;
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti- V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro-
tucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais
esferas pública e privada; para o exercício da participação e controle social no SUS.
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanes-
sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportuni- centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
dades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
prioridade no acesso aos recursos públicos; nutricional e na atenção integral à saúde.
VII - implementação de programas de ação afirmativa destina-
dos ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu- CAPÍTULO II
cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
AO ESPORTE E AO LAZER
terra, à Justiça, e outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-
SEÇÃO I
-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desi-
DISPOSIÇÕES GERAIS
gualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas
esferas pública e privada, durante o processo de formação social
Art. 9o A população negra tem direito a participar de atividades
do País.
educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus inte-
Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído
resses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural
o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), con-
de sua comunidade e da sociedade brasileira.
forme estabelecido no Título III.
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os gover-
TÍTULO II nos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS providências:
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da po-
CAPÍTULO I pulação negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de
DO DIREITO À SAÚDE lazer;
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para
Art. 6o O direito à saúde da população negra será garantido promoção social e cultural da população negra;
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e econômi- III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas
cas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos. escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde faça parte da cultura de toda a sociedade;
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu- IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento
lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições pú- da juventude negra brasileira.
blicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração
direta e indireta. SEÇÃO II
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da população DA EDUCAÇÃO
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem
discriminação. Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à população sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População geral da África e da história da população negra no Brasil, observa-
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: do o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças § 1o Os conteúdos referentes à história da população negra no
dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra Brasil serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, res-
nas instâncias de participação e controle social do SUS; gatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social,
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saú- econômico, político e cultural do País.
de da população negra; § 2o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for-
III - desenvolvimento de processos de informação, comunica- mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate-
ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput
da população negra. deste artigo.
Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde In- § 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res-
tegral da População Negra: ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais
I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizan- e representantes do movimento negro para debater com os estu-
do a redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimina- dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
ção nas instituições e serviços do SUS;

21
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à SEÇÃO IV
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a DO ESPORTE E LAZER
programas de estudo voltados para temas referentes às relações ét-
nicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra. Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da popula-
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com- ção negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e como direitos sociais.
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru- nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós- § 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
negra; luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação nacional.
de professores temas que incluam valores concernentes à pluralida- § 2o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas
de étnica e cultural da sociedade brasileira; e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
III - desenvolver programas de extensão universitária destina- malmente reconhecidos.
dos a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegu-
rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefi- CAPÍTULO III
ciários; DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de
do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioedu-
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen-
volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope- livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à
mecanismos. religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de
Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa. lugares reservados para tais fins;
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos res- II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
ponsáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de educação, preceitos das respectivas religiões;
acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção. III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins-
tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;
SEÇÃO III IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de ar-
DA CULTURA tigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas
fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das so- das por legislação específica;
ciedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao
da população negra, com trajetória histórica comprovada, como exercício e à difusão das religiões de matriz africana;
patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
Constituição Federal. e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos religiosas e sociais das respectivas religiões;
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para di-
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. vulgação das respectivas religiões;
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa
tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
receberá especial atenção do poder público. Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das perso- religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em ou-
nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do
tras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem
dos a pena privativa de liberdade.
como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e pri-
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para
vadas.
o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da
capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo
imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter- de:
mos do art. 216 da Constituição Federal. I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham
dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos for- pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na
madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais. religiosidade de matrizes africanas;
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan-
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes
africanas;

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
III - assegurar a participação proporcional de representantes Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das estimularão e facilitarão a participação de organizações e movimen-
demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instân- tos representativos da população negra na composição dos conse-
cias de deliberação vinculadas ao poder público. lhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habi-
tação de Interesse Social (FNHIS).
CAPÍTULO IV Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos financia-
mentos habitacionais.
SEÇÃO I
DO ACESSO À TERRA CAPÍTULO V
DO TRABALHO
Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas pú-
blicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão
às atividades produtivas no campo. da população negra no mercado de trabalho será de responsabili-
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- dade do poder público, observando-se:
dutivas da população negra no campo, o poder público promoverá I - o instituído neste Estatuto;
ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrí- II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
cola. venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência téc- criminação Racial, de 1965;
nica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o forta- III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
lecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da venção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho
produção. (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Bra-
profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunida- sil perante a comunidade internacional.
des negras rurais. Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a popu-
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de- lação negra, inclusive mediante a implementação de medidas visan-
do à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o
finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organiza-
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá po-
ções privadas.
líticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentá-
§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a
vel dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitan-
adoção de políticas e programas de formação profissional, de em-
do as tradições de proteção ambiental das comunidades.
prego e de geração de renda voltados para a população negra.
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das co-
§ 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunida-
munidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tra-
des na esfera da administração pública far-se-ão por meio de nor-
tamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais
mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi-
de financiamento público, destinados à realização de suas ativida-
ca e em seus regulamentos.
des produtivas e de infraestrutura. § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a ado-
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se ção de iguais medidas pelo setor privado.
beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão
para a promoção da igualdade étnica. o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.
§ 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro-
SEÇÃO II dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu-
DA MORADIA lheres negras.
§ 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cul-
públicas para assegurar o direito à moradia adequada da população tural.
negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de ele-
degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco-
dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
de vida. negros de baixa escolarização.
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Traba-
desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam- lhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados
bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu- para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orien-
nitários associados à função habitacional, bem como a assistência tará a destinação de recursos para seu financiamento.
técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de
fundiária da habitação em área urbana. financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es-
realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de Interes- tímulo à promoção de empresários negros.
se Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades vol-
2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e tadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci-
culturais da população negra. dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população
negra.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar crité- CAPÍTULO II
rios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança DOS OBJETIVOS
destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir
a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, Art. 48. São objetivos do Sinapir:
estadual, observados os dados demográficos oficiais. I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades
sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações
CAPÍTULO VI afirmativas;
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO II - formular políticas destinadas a combater os fatores de mar-
ginalização e a promover a integração social da população negra;
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va- III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos
lorizará a herança cultural e a participação da população negra na governos estaduais, distrital e municipais;
história do País. IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à vei- da igualdade étnica;
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre- para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das
go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e metas a serem estabelecidas.
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou
artística. CAPÍTULO III
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét-
nicos determinados. Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e dire-
à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi- trizes para a implementação da Política Nacional de Promoção da
cas o disposto no art. 44. Igualdade Racial (PNPIR).
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal § 1o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e
direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as socie- acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articulação
dades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de par- e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável
ticipação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário. § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser co-
nas especificações para contratação de serviços de consultoria, ordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da
conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que vi-
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades
sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade
de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço
étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.
contratado.
§ 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre-
da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse-
go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade
gure a participação da sociedade civil.
de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vin-
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais,
culada ao projeto ou serviço contratado.
no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão insti-
§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário
tuir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter perma-
para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque-
nente e consultivo, compostos por igual número de representantes
rer auditoria por órgão do poder público federal.
§ 4o A exigência disposta no caput não se aplica às produções de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil
publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos representativas da população negra.
determinados. Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos re-
cursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos
TÍTULO III Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO de promoção da igualdade étnica.
DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO I DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igual- Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e
dade Racial (Sinapir) como forma de organização e de articulação no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Perma-
voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços desti- nentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar
nados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, presta- denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou
dos pelo poder público federal. cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão da igualdade.
participar do Sinapir mediante adesão. Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o aces-
§ 2o O poder público federal incentivará a sociedade e a inicia- so aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao
tiva privada a participar do Sinapir. Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân-
cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres ne- § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas ne-
gras em situação de violência, garantida a assistência física, psíqui- cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo,
ca, social e jurídica. podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro-
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio- gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o
lência policial incidente sobre a população negra. § 2o deste artigo.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa- § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável
ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a pro-
a experiências de exclusão social. gramação das ações referidas neste artigo nas propostas orçamen-
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi- tárias da União.
nação e preconceito praticados por servidores públicos em detri- Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po-
mento da população negra, observado, no que couber, o disposto derão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade social
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. para financiamento das ações de que trata o art. 56:
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e
lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações dos Municípios;
de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, II - doações voluntárias de particulares;
à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de III - doações de empresas privadas e organizações não governa-
1985. mentais, nacionais ou internacionais;
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
CAPÍTULO V V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios,
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA tratados e acordos internacionais.
IGUALDADE RACIAL
TÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constan-
tes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deve-
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras
rão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser ado-
inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que tenham tadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão Municípios.
social da população negra, especialmente no que tange a: Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, em- aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará
prego e moradia; seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.
e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da popu- Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a
lação negra; vigorar com a seguinte redação:
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunica- “Art. 3o ........................................................................
ção destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interes- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de
ses da população negra; discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas ad- obstar a promoção funcional.” (NR)
ministradas por pessoas autodeclaradas negras; “Art. 4o ........................................................................
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimina-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe- ção de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de des-
rior; cendência ou origem nacional ou étnica:
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, dis- I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
trital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;
promoção da igualdade de oportunidades para a população negra; II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das forma de benefício profissional;
tradições africanas e brasileiras. III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações pre-
cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
vistas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego
cias.” (NR)
e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvi- Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995,
mento regional, cultura, esporte e lazer. passam a vigorar com a seguinte redação:
§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercí- “Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispositivos
cio subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia,
Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das se-
referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos guintes cominações:
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos ...................................................................................” (NR)
no inciso VII do art. 4o desta Lei. “Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discri-
minatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo
dano moral, faculta ao empregado optar entre:

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
...................................................................................” (NR) Art. 2º - Para os fins deste Estatuto adotam-se as seguintes de-
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar finições:
acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo úni- I - população negra: conjunto de pessoas que se autodeclaram
co como § 1o: pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fun-
“Art. 13. ........................................................................ dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ou que
§ 1o ............................................................................... adotam autodefinição análoga;
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em II - políticas públicas: ações, iniciativas e programas adotados
dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dis- pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
posto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá dire- III - ações afirmativas: programas e medidas especiais adotados
tamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigual-
de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho dades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades;
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão IV - racismo: ideologia baseada em teorias e crenças que esta-
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial esta- belecem hierarquias entre raças e etnias e que historicamente tem
duais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou resultado em desvantagens sociais, econômicas, políticas, religio-
local, respectivamente.” (NR) sas e culturais para pessoas e grupos étnicos raciais específicos por
Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro meio da discriminação, do preconceito e da intolerância;
de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: V - racismo institucional: ações ou omissões sistêmicas carac-
“Art. 1o ....................................................................... terizadas por normas, práticas, critérios e padrões formais e não
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra formais de diagnóstico e atendimento, de natureza organizacional e
a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusi- institucional, pública e privada, resultantes de preconceitos ou es-
ve decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause tereótipos, que resulta em discriminação e ausência de efetividade
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, em prover e ofertar atividades e serviços qualificados às pessoas
tanto no âmbito público quanto no privado. em função da sua raça, cor, ascendência, cultura, religião, origem
...................................................................................” (NR)
racial ou étnica;
Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigo-
VI - discriminação racial ou discriminação étnico-racial: toda
rar acrescido do seguinte inciso III:
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
“Art. 20. ......................................................................
ascendência, origem nacional ou étnica, incluindo-se as condutas
.............................................................................................
que, com base nestes critérios, tenham por objeto anular ou res-
§ 3o ...............................................................................
tringir o reconhecimento, exercício ou fruição, em igualdade de
.............................................................................................
condições, de garantias e direitos nos campos político, social, eco-
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor-
nômico, cultural, ambiental, ou em qualquer outro campo da vida
mação na rede mundial de computadores.
pública ou privada;
...................................................................................” (NR)
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data VII - intolerância religiosa: toda distinção, exclusão, restrição
de sua publicação. ou preferência, incluindo-se qualquer manifestação individual, co-
letiva ou institucional, de conteúdo depreciativo, baseada em reli-
gião, concepção religiosa, credo, profissão de fé, culto, práticas ou
peculiaridades rituais ou litúrgicas, e que provoque danos morais,
materiais ou imateriais, atente contra os símbolos e valores das re-
LEI ESTADUAL Nº 13.182, DE 06 DE JUNHO DE 2014 (ES- ligiões afro-brasileiras ou seja capaz de fomentar ódio religioso ou
TATUTO DA IGUALDADE RACIAL E DE COMBATE A IN- menosprezo às religiões e seus adeptos;
TOLERÂNCIA RELIGIOSO), REGULAMENTADA PELO DE- VIII - desigualdade racial: toda situação de diferenciação nega-
CRETO ESTADUAL Nº 15.353 DE 08 DE AGOSTO DE 2014 tiva no acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esfe-
ras pública e privada, em virtude de raça, cor, ascendência, origem
LEI Nº 13.182 DE 06 DE JUNHO DE 2014 nacional ou étnica;
IX - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
Institui o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
Religiosa do Estado da Bahia e dá outras providências. negras e os demais segmentos sociais.
Art. 3º - Caberá ao Estado divulgar, em meio e linguagem aces-
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- síveis, os dados oficiais e públicos concernentes à mensuração da
sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: desigualdade racial e de gênero, considerando os estudos produ-
zidos pelos órgãos e instituições públicas, instituições oficiais de
TÍTULO I - pesquisa, universidades públicas, instituições de ensino superior
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES privadas e organizações da sociedade civil que tenham por finali-
dade estatutária a produção de estudos e pesquisas sobre o tema.
CAPÍTULO I Art. 4º - É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade
DA FINALIDADE, DEFINIÇÕES E DIRETRIZES de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde-
pendentemente da etnia ou cor da pele, o direito à participação na
Art. 1º - Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial e de comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas,
Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, destinado a empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua
garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportuni- dignidade e valores religiosos e culturais.
dades, defesa de direitos individuais, coletivos e difusos e o comba-
te à discriminação e demais formas de intolerância racial e religiosa.

26
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 5º - O presente Estatuto adota como diretrizes político- § 1º - Os Municípios poderão integrar o SISEPIR, mediante par-
-jurídicas para projetos de desenvolvimento, políticas públicas e ticipação no Fórum de Gestores de Promoção da Igualdade Racial
medidas de ação afirmativa, a inclusão do segmento da população ou através de declaração de anuência, na forma estabelecida em
atingido pela desigualdade racial e a promoção da igualdade racial, regulamento.
observando-se as seguintes dimensões: § 2 º - O SISEPIR manterá articulação com o Sistema Nacional
I - reparatória e compensatória para os descendentes das víti- de Promoção da Igualdade Racial - SINAPIR, instituído pela Lei Fede-
mas da escravidão, do racismo e das demais práticas institucionais ral nº 12.288, de 20 de julho de 2010 e regulamentado pelo Decreto
e sociais históricas que contribuíram para as profundas desigual- Federal nº 8.136, de 05 de novembro de 2013.
dades raciais e as persistentes práticas de discriminação racial na § 3 º - O Estado instituirá linhas de apoio, benefícios e incenti-
sociedade baiana, inclusive em face dos povos de terreiros de reli- vos para estimular a participação da sociedade civil e da iniciativa
giões afro-brasileiras; privada no SISEPIR.
II - inclusiva, nas esferas pública e privada, assegurando a re- Art. 8 º - Integram o SISEPIR:
presentação equilibrada dos diversos segmentos étnico-raciais I - a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SEPROMI,
criada pela Lei nº 10.549, de 28 de dezembro de 2006, alterada pela
componentes da sociedade baiana, solidificando a democracia e a
Lei nº 12.212, de 04 de maio de 2011, que o coordenará;
participação de todos;
II - o Conselho para o Desenvolvimento da Comunidade Negra
III - otimizadora das relações socioculturais, econômicas e insti-
- CDCN, órgão colegiado de participação e controle social, instituído
tucionais, pelos benefícios da diferença e da diversidade racial para
pela Lei nº 4.697, de 15 de julho de 1987, alterado pelas Leis nº
a coletividade, enquanto fatores de criatividade e inovação dinami-
10.549, de 20 de dezembro de 2006 e nº 12.212, de 4 de maio de
zadores do processo civilizatório e o desenvolvimento do Estado.
2011;
Art. 6º - A participação da população negra, em condições de
III - a Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e
igualdade de oportunidades, na vida econômica, social, política e
Comunidades Tradicionais - CESPCT, órgão colegiado de participa-
cultural do Estado, será promovida, prioritariamente, por meio de:
ção e controle social instituído pelo Decreto nº 13.247, de 30 de
I - inclusão igualitária nas políticas públicas, programas de de-
agosto de 2011;
senvolvimento econômico e social e de ação afirmativa, combaten-
IV - a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa,
do especificamente as desigualdades raciais e de gênero que atin-
instrumento de articulação entre o Poder Público, as instituições do
gem as mulheres negras e a juventude negra;
Sistema de Justiça e a sociedade civil para a implementação da polí-
II - adoção de políticas, programas e medidas de ação afirma-
tica de promoção da igualdade racial no aspecto do enfrentamento
tiva;
ao racismo e à intolerância religiosa;
III - adequação das estruturas institucionais do Poder Público
V - o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intole-
para o eficiente enfrentamento e superação das desigualdades ra-
rância Religiosa, unidade administrativa de apoio à implementação
ciais decorrentes do racismo e da discriminação racial;
da Política de Promoção da Igualdade Racial, instituído pelo Decre-
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o comba-
to nº 14.297, de 31 de janeiro de 2013;
te à discriminação racial e às desigualdades raciais em todas as suas
VI - os Municípios a que se refere o § 1º do art. 7º desta Lei.
manifestações estruturais, institucionais e individuais;
Art. 9º - O funcionamento do SISEPIR será disciplinado no Re-
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti-
gulamento deste Estatuto.
tucionais que impedem a representação da diversidade racial nas
Art. 10 - Fica instituída a Ouvidoria de Promoção da Igualdade
esferas pública e privada;
Racial, vinculada à estrutura da Ouvidoria Geral do Estado, criada
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da
pelo Decreto nº 13.976, de 09 de maio de 2012, com a finalidade de
sociedade civil destinadas à promoção da igualdade de oportuni-
registro de ocorrências de racismo, discriminação racial, intolerân-
dades e ao combate às desigualdades raciais, inclusive mediante
cia religiosa, conflitos fundiários envolvendo povos de terreiros e
a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
comunidades quilombolas e violação aos direitos de que trata este
prioridade no acesso aos recursos públicos;
Estatuto.
VII - implementação de medidas e programas de ação afir-
mativa destinados ao enfrentamento das desigualdades raciais no
CAPÍTULO III
tocante à educação, cultura, esporte, lazer, saúde, segurança, tra-
DO SISTEMA DE FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS
balho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
públicos, acesso à terra, acesso à justiça e outros aspectos da vida
pública.
Art. 11 - Fica instituído o Sistema de Financiamento das Políti-
Parágrafo único - Os programas de ação afirmativa constituem-
cas de Promoção da Igualdade Racial, com a finalidade de garantir
-se em políticas públicas destinadas a reparar as desigualdades
prioridade no planejamento, alocação específica de recursos, aper-
sociais, étnico-raciais e demais consequências de práticas discri-
feiçoamento dos meios de execução e controle social das políticas
minatórias historicamente adotadas, nas esferas pública e privada,
de promoção da igualdade racial no âmbito do Estado.
durante o processo de formação social do país e do Estado.
Art. 12 - Na implementação dos programas e das ações cons-
tantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais do Estado,
CAPÍTULO II
deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se
DO SISTEMA ESTADUAL DE PROMOÇÃO
refere este Estatuto e outras políticas públicas que tenham como
DA IGUALDADE RACIAL - SISEPIR
objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social
da população negra.
Art. 7º - Fica instituído o Sistema Estadual de Promoção da
Igualdade Racial - SISEPIR, com a finalidade de efetivar o conjunto
de ações, políticas e serviços de enfrentamento ao racismo, promo-
ção da igualdade racial e combate à intolerância religiosa.

27
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 1º - O Estado é autorizado a adotar medidas que garantam, II - produção de conhecimento científico e tecnológico sobre o
em cada exercício, a transparência na alocação e na execução dos enfrentamento ao racismo na área de saúde e a promoção da saúde
recursos necessários ao financiamento das ações previstas neste da população negra;
Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos or- III - desenvolvimento de processos de informação, comunica-
çamentários destinados aos programas de promoção da igualdade, ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades
especialmente nas áreas de educação, saúde, segurança pública, por meio da prevenção, para a melhoria da qualidade de vida da
emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, de- população negra e para a sensibilização quanto à adequada utiliza-
senvolvimento regional, cultura, esporte e lazer. ção do quesito “raça/cor”;
§ 2º - O Estado é autorizado a adotar as medidas necessárias IV - desenvolvimento de ações e estratégias de identificação,
para a adequada implementação do disposto neste artigo, poden- abordagem, combate e desconstrução do racismo institucional nos
do estabelecer patamares de participação crescente dos programas serviços e unidades de saúde, incluindo-se os de atendimento de
de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o caput urgência e emergência, assim como no contexto da educação per-
deste artigo. manente de trabalhadores da saúde;
Art. 13 - Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, V - ações concretas para a redução de indicadores de morbi-
poderão ser consignados nos orçamentos para o financiamento de -mortalidade causada por doenças e agravos prevalentes na popu-
que trata o art. 12 desta Lei: lação negra;
I - transferências voluntárias da União; VI - formulação e/ou revisão das redes integradas de serviços
II - doações voluntárias de particulares; de saúde do SUS, em âmbito estadual, com a finalidade de inclusão
das especificidades relacionadas à saúde da população negra;
III - doações de empresas privadas e organizações não-gover-
VII - implementação de programas específicos com foco nas
namentais, nacionais ou internacionais;
doenças cujos indicadores epidemiológicos evidenciam as maiores
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
desigualdades raciais;
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios,
VIII - definição de ações com recortes específicos para a criança
tratados e acordos internacionais. e o adolescente negros, idosos negros e mulheres negras.
Art. 14 - Caberá ao Estado realizar o acompanhamento, mo- Art. 17 - As informações prestadas pelos órgãos estaduais de
nitoramento e avaliação da execução intersetorial das políticas e saúde e os respectivos instrumentos de coleta de dados incluirão
programas setoriais e de promoção da igualdade racial, incluídas as o quesito “raça/cor”, reconhecido de acordo com a autodeclaração
ações específicas voltadas para os segmentos atingidos pela discri- dos usuários das ações e serviços de saúde.
minação racial, promovendo a integração dos dados aos sistemas Art. 18 - A Secretaria da Saúde realizará o acompanhamento e
de monitoramento das ações do Governo do Estado e contribuindo o monitoramento das condições específicas de saúde da população
para a qualificação da execução das ações no âmbito do SISEPIR, negra no Estado, visando à redução dos indicadores de morbi-mor-
divulgando relatório anual sobre os resultados alcançados. talidade por doenças prevalentes na população negra.
Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto no caput,
TÍTULO II - a Secretaria da Saúde produzirá estatísticas vitais e análises epide-
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS miológicas da morbi-mortalidade por doenças prevalentes na po-
pulação negra, quer se trate de doenças geneticamente determi-
CAPÍTULO I nadas ou doenças causadas ou agravadas por condições de vida da
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE população negra atingida pela desigualdade racial.
Art. 19 - É responsabilidade do Poder Público incentivar a pro-
Art. 15 - O direito à saúde da população negra será garantido dução de conhecimento científico e tecnológico sobre saúde da
pelo Poder Público mediante políticas sociais e econômicas destina- população negra e práticas de promoção da saúde de povos de ter-
das à redução do risco de doenças e outros agravos, com foco nas reiros de religiões afro-brasileiras e das comunidades quilombolas,
necessidades específicas deste segmento da população. inclusive podendo prestar apoio, técnico, cientifico e financeiro a
§ 1º - Para o cumprimento do disposto no caput cabe ao Poder instituições de educação superior vinculadas à Secretaria da Educa-
Público promover o acesso universal, integral e igualitário às ações ção para a implantação de linhas de pesquisa, núcleos e cursos de
e serviços de saúde integrados ao Sistema Único de Saúde - SUS, pós-graduação sobre o tema.
em todos os níveis de atenção, por meio de medidas de promoção, Art. 20 - A Secretaria da Saúde promoverá a formação inicial
e continuada dos trabalhadores em saúde, realizará campanhas
proteção e recuperação da saúde visando à redução de vulnerabili-
educativas e distribuirá material em linguagem acessível à popula-
dades específicas da população negra.
ção, abordando conteúdos relativos ao enfrentamento ao racismo
§ 2º - O Poder Público poderá promover apoio técnico e finan-
na área de saúde, à promoção da saúde da população negra e às
ceiro aos municípios tendo em vista a implementação do disposto
práticas de promoção da saúde de povos de terreiros de religiões
neste Capítulo na esfera local, contemplando, inclusive, a atenção afro-brasileiras e comunidades quilombolas.
integral à saúde dos moradores de comunidades remanescentes de Art. 21 - O Poder Público instituirá programas, incentivos e be-
quilombo. nefícios específicos para a garantia do direito à saúde das comuni-
Art. 16 - O conjunto de princípios, objetivos, instrumentos e dades quilombolas.
ações voltadas à promoção da saúde da população negra, constitui Parágrafo único - Será garantido a todas as comunidades re-
a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População Negra, manescentes de quilombo identificadas no Estado, o pleno acesso
executada conforme as diretrizes abaixo especificadas: às ações e serviços de saúde, notadamente pelo Programa de Saú-
I - ampliação e fortalecimento da participação dos movimen- de da Família e pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde,
tos sociais em defesa da saúde da população negra nas instâncias de acordo com metas específicas estabelecidas e monitoradas pela
de participação e controle social das políticas de saúde em âmbito Secretaria da Saúde, assegurando-se, sempre que possível, que as
estadual, notadamente o Comitê Técnico Estadual de Saúde da Po- equipes destes programas sejam integradas por membros das co-
pulação Negra ou instância equivalente; munidades.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
CAPÍTULO II Art. 27 - Na oferta de educação básica para a população rural,
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER inclusive às comunidades remanescentes de quilombos e aos povos
indígenas, os sistemas de ensino promoverão as adaptações neces-
Art. 22 - O Estado desenvolverá ações para viabilizar e ampliar sárias para a sua adequação às peculiaridades da vida rural de cada
o acesso e fruição da população negra à educação, cultura, esporte região, observando-se o seguinte:
e lazer, almejando a efetivação da igualdade de oportunidades de I - conteúdos curriculares e metodologias apropriados à reali-
acesso ao bem-estar, desenvolvimento e participação e contribui- dade das comunidades rurais e que, no caso das comunidades qui-
ção para a identidade e o patrimônio cultural brasileiro. lombolas e dos povos indígenas, contemplem a trajetória histórica,
Parágrafo único - O Estado poderá prestar apoio técnico e fi- as relações territoriais, a ancestralidade e a resistência coletiva à
nanceiro aos Municípios, tendo para implementação, na esfera lo- opressão histórica;
cal, das medidas previstas neste Capítulo. II - adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e
às condições climáticas;
SEÇÃO I III - adequação às atividades laborais de subsistência e aos mo-
DO DIREITO À EDUCAÇÃO dos de vida das comunidades rurais.
Art. 28 - As comemorações de caráter cívico e de relevância
Art. 23 - Fica assegurada a participação da população negra em para a memória e a história da população negra brasileira e baiana
igualdade de oportunidades nos espaços de participação e controle serão previstas no Calendário Escolar do Sistema Estadual de Ensi-
social das políticas públicas em educação, cabendo ao Poder Pú- no, inserindo-se, desde já, o mês de agosto, em memória à Revolta
blico promover o acesso da população negra à educação em todas dos Búzios de 1798 e de seus Heróis.
as modalidades de ensino, abrangendo o Ensino Médio, Técnico e Art. 29 - O Estado estimulará a implementação e manutenção
Superior, assim como os programas especiais em educação, visando dos programas e medidas de ação afirmativa para ampliação do
a sua inserção nos mundos acadêmico e profissional. acesso da população negra ao Ensino Técnico e à Educação Supe-
§ 1º - O Estado implementará programa específico de reconhe- rior, em todos os cursos, no âmbito de atuação do Estado, com pra-
cimento e fortalecimento da identidade e da autoestima de crian- zo de duração compatível com a correção das desigualdades raciais
ças e adolescentes negros, que permeará todo o Sistema Estadual verificadas.
de Ensino e os programas estaduais de acesso ao Ensino Superior. Art. 30 - Poderá o Poder Público, em articulação com os Municí-
§ 2º - O Estado e as instituições estaduais de educação superior pios, disponibilizar apoio técnico, financeiro e operacional para pro-
promoverão o acesso e a permanência da população negra na Edu- mover o acesso efetivo e igualitário de crianças negras, com idade
cação Superior, incluindo-se os cursos de pós-graduação lato sensu, entre zero e seis anos, à Educação Infantil.
mestrado e doutorado, adotando medidas e programas específicos Parágrafo único - É de responsabilidade do Estado, em parceria
para este fim. com a União e Municípios, estabelecer políticas de formação per-
Art. 24 - É assegurado aos alunos adeptos de religiões afro-bra- manente de educadores da Educação Infantil, com ênfase no re-
sileiras o direito de realizar atividades compensatórias, previamen- conhecimento da contribuição dos africanos e dos afro-brasileiros
te definidas em ato normativo, sob orientação e supervisão pelos para a história e a cultura na valorização da tolerância e no respeito
respectivos professores, na hipótese de necessidade de faltar às às diferenças.
aulas em função de atividade religiosa devidamente comprovada, Art. 31 - O censo educacional concernente à “raça/cor” será
tendo em vista o cumprimento dos deveres escolares e o aproveita- um dos mecanismos utilizados para o monitoramento, acompanha-
mento dos conteúdos programáticos. mento e avaliação das condições educacionais da população negra,
Art. 25 - O Estado adotará ações para assegurar a qualidade do contemplando entre outros aspectos, o acesso e a permanência no
ensino da História e da Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena Sistema Estadual de Ensino.
nas unidades do Ensino Fundamental e Médio do Sistema Estadu- Art. 32 - Os órgãos e instituições estaduais de fomento à pes-
al de Ensino, em conformidade com o estabelecido pela Lei de Di- quisa e à pós-graduação instituirão linhas de pesquisa e programas
retrizes e Bases da Educação Nacional, assegurando a estrutura e de estudo voltados para temas relativos às relações raciais, comba-
os meios necessários à sua efetivação, inclusive no que se refere à te às desigualdades raciais e de gênero, enfrentamento ao racismo
formação permanente de educadores, realização de campanhas e e outras questões pertinentes à garantia de direitos da população
disponibilização de material didático específico, no contexto de um negra.
conjunto de ações integradas com o combate ao racismo e à discri-
minação racial nas escolas. SEÇÃO II
§ 1º - O Estado exercerá a fiscalização e adotará as providên- DO DIREITO À CULTURA
cias cabíveis em caso de descumprimento das medidas previstas no
caput deste artigo. Art. 33 - O Estado garantirá o reconhecimento das manifesta-
§ 2º - O Estado, mediante incentivos e prêmios, promoverá o ções culturais preservadas pelas sociedades negras, blocos afro,
reconhecimento de práticas didáticas e metodológicas no Ensino da irmandades, clubes e outras formas de expressão cultural coletiva
História e da Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena nas escolas da população negra, com trajetória histórica comprovada, como
do Sistema Estadual de Ensino e da rede privada. patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da
Art. 26 - A Secretaria da Educação procederá à apuração ad- Constituição Federal e art. 275 da Constituição do Estado da Bahia.
ministrativa das ocorrências de racismo, discriminação racial, into- Art. 34 - O Estado, por meio do Sistema Estadual de Cultura, es-
lerância religiosa no âmbito das unidades do Sistema Estadual de timulará e apoiará a produção cultural de entidades do movimento
Ensino, através de estruturas administrativas especificamente cria- negro e de grupos de manifestação cultural coletiva da população
das para este fim, em articulação com a Rede e o Centro de Referên- negra, que desenvolvam atividades culturais voltadas para a pro-
cia de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, que prestará moção da igualdade racial, o combate ao racismo e a intolerância
apoio social, psicológico e jurídico específico às pessoas negras atin- religiosa, mediante cooperação técnica, seleção pública de apoio a
gidas, com prioridade no atendimento de crianças e adolescentes projetos, apoio a ações de formação de agentes culturais negros,
negros. intercâmbios e incentivos, entre outros mecanismos.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Parágrafo único - As seleções públicas de apoio a projetos na SEÇÃO III
área de cultura deverão assegurar a equidade na destinação de re- DO DIREITO AO ESPORTE E AO LAZER
cursos a iniciativas de grupos de manifestação cultural da popula-
ção negra. Art. 39 - O Estado fomentará o pleno acesso da população ne-
Art. 35 - É dever do Estado preservar e garantir a integridade, a gra às práticas desportivas no Estado, consolidando o esporte e o
respeitabilidade e a permanência dos valores das religiões afro-bra- lazer como direitos sociais.
sileiras e dos modos de vida, usos, costumes tradições e manifesta- Art. 40 - Cabe ao Estado promover a democratização do acesso
ções culturais das comunidades quilombolas. a espaços, atividades e iniciativas gratuitas de esporte e lazer, nas
Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto no caput, suas manifestações educativas, artísticas e culturais, como direitos
cabe ao Estado inventariar, restaurar e proteger os documentos, de todos, visando resgatar a dignidade das populações das perife-
obras e outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, rias urbanas e rurais, valorizando a auto-organização e a participa-
mananciais, flora e sítios arqueológicos, vinculados às comunidades ção da população negra.
remanescentes de quilombo e aos povos de terreiros de religiões § 1º - O disposto no caput constitui diretriz para as parcerias
afro-brasileiras, atendendo aos termos do art. 216, § 5º, da Consti- entre o Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada.
tuição Federal. § 2º - As políticas estaduais de fomento ao esporte e lazer prio-
rizarão a instalação de equipamentos públicos de esporte e lazer
Art. 36 - Fica reconhecido o Programa Ouro Negro, desenvol-
que atendam às comunidades negras urbanas e rurais, com foco na
vido por meio de ações de apoio e fortalecimento institucional de
juventude negra e nas mulheres negras.
blocos e agremiações de matriz africana e indígena, afoxés, blocos
Art. 41 - A atividade de capoeirista será reconhecida em todas
de samba, blocos de “reggae”, blocos de “samba-reggae”, da cultura
as modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
“Hip-Hop” e entidades culturais congêneres, cujas ações serão rea- luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
lizadas durante todo o ano, nos termos do regulamento. estadual.
Art. 37 - Fica reconhecida a categoria de mestres e mestras dos Parágrafo único - É facultado o ensino da capoeira nas institui-
saberes e fazeres das culturas tradicionais de matriz africana, com ções públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais,
base na Lei nº 8.899, de 18 de dezembro de 2003, tendo em vista o pública e formalmente reconhecidos.
reconhecimento, a valorização e o efetivo apoio ao exercício do seu
papel na sociedade baiana e brasileira. CAPÍTULO III
§ 1º - Para os fins previstos neste Estatuto, entende-se por mes- DO ACESSO À TERRA
tras e mestres dos saberes e fazeres, das culturas tradicionais de
matriz africana, o indivíduo que se reconhece e é reconhecido pela Art. 42 - O Estado promoverá a regularização fundiária, o forta-
sua própria comunidade como representante e herdeiro dos sabe- lecimento institucional e o desenvolvimento sustentável das comu-
res e fazeres da cultura tradicional que, através da oralidade, da nidades remanescentes de quilombos e dos povos e comunidades
corporeidade e da vivência dialógica, aprende, ensina e torna-se a que historicamente tem preservado as tradições africanas e afro-
memória viva e afetiva desta cultura, transmitindo saberes e fazeres -brasilerias no Estado, de forma articulada com as políticas especí-
de geração em geração, garantindo a ancestralidade e identidade ficas pertinentes.
do seu povo, a exemplo de Griô, Mestras e Mestres das Artes, dos Paragrafo único - Fica reconhecida a propriedade definitiva das
ofícios, entre outros. terras públicas estaduais, rurais e devolutas, dos espaço de preser-
Art. 38 - Além do disposto na Lei nº 8.899, de 18 de dezem- vação das tradições africanas e afro-brasileiras.
bro de 2003, o reconhecimento dos mestres e mestras dos saberes Art. 43 - O Estado incentivará a participação de comunidades
e fazeres das culturas tradicionais de matriz africana pelo Estado remanescentes de quilombos e dos povos de terreiros de religiões
compreenderá: afro-brasileiras nos órgãos colegiados estaduais de formulação, par-
I - apoio a ações de mobilização e organização; ticipação e controle social de políticas públicas nas áreas de educa-
II - apoio à manutenção e melhoria de espaços públicos tradi- ção, saúde, segurança alimentar, meio ambiente, desenvolvimento
cionalmente utilizados para o exercício de suas atividades; urbano, política agrícola e política agrária, no que for pertinente a
cada segmento de população tradicional, assim como em outras
III - fomento à obtenção ou aquisição de matéria prima e equi-
áreas que lhes sejam concernentes.
pamentos para a produção e transferência das culturas tradicionais
Art. 44 - O Estado estabelecerá diretrizes aplicáveis à regulari-
de transmissão oral do Brasil;
zação fundiária dos terrenos em que se situam templos e espaços
IV - estímulo à geração de renda e à ampliação de mercado
de culto das religiões afro-brasileiras, em articulação com as entida-
para os produtos das culturas tradicionais de transmissão oral do des representativas deste segmento, atendendo ao disposto no art.
Brasil; 50 dos Atos e Disposições Transitórias da Constituição do Estado da
V - instituição e prêmios para a valorização de iniciativas volta- Bahia.
das para salvaguarda do universo dos saberes e práticas das cultu- Parágrafo único - A regularização fundiária de que trata o caput
ras tradicionais de transmissão oral de matriz africana; será efetivada pela expedição de título de domínio coletivo e pró-in-
VI - concessão de benefício pecuniário, na forma de bolsa, diviso em nome da associação legalmente constituída, que repre-
como reconhecimento oficial e incentivo à transmissão dos saberes sente civilmente a comunidade de religião afro-brasileira, gravado
e fazeres dos mestres e mestras tradicionais de matriz africana. com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescriti-
Parágrafo único - A concessão de bolsas aos mestres e mestras bilidade.
tradicionais de matriz africana, a que se refere o inciso IV deste ar- Art. 45 - Poderá ser realizada consulta prévia, livre e informada
tigo, observará o atendimento aos critérios estabelecidos no art. 3º aos povos e comunidades tradicionais, notadamente às comunida-
da Lei nº 8.899, de 18 de dezembro de 2003, além dos requisitos des remanescentes de quilombos e dos povos e comunidades que
e procedimentos fixados em regulamento próprio a ser expedido historicamente têm preservado as tradições africanas e afro-brasi-
pelo Poder Executivo. lerias no Estado, de que trata este capítulo, sempre que forem pre-
vistas medidas administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente.

30
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
CAPÍTULO IV § 2º - Terão acesso às medidas de ação afirmativa previstas nes-
DO DIREITO AO TRABALHO, AO EMPREGO, À RENDA, AO EM- te artigo aqueles que se declarem pretos e pardos segundo a clas-
PREENDEDORISMO E AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO sificação adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE, prevalecendo a autodeclaração.
Art. 46 - A implementação de políticas públicas voltadas para a § 3º - O Estado realizará o monitoramento e a avaliação perma-
promoção da igualdade no acesso da população negra ao trabalho, nente dos resultados da aplicação da reserva de vagas em certames
à qualificação profissional, ao empreendedorismo, ao emprego, à públicos, de que trata este artigo.
renda e ao desenvolvimento econômico é de responsabilidade do § 4º - O Estado garantirá a igualdade de oportunidades para o
Estado, observando-se o seguinte: acesso da população negra aos cargos de provimento temporário,
I - a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as assegurando-se a reserva de vagas para o acesso de pessoas negras
Formas de Discriminação Racial, de 1965; a estes cargos, observada a equidade de gênero da medida, que
II - a Convenção nº 100, de 1951, sobre a “igualdade de remu- será definida em decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual.
neração para a mão-de-obra masculina e a mão-de-obra feminina § 4º do art. 49 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 de
por um trabalho de igual valor”, e a Convenção nº 111, de 1958, novembro de 2014.
que trata da discriminação no emprego e na profissão, ambas da Art. 50 - As ações afirmativas previstas no art. 49 terão vigência
Organização Internacional do Trabalho - OIT; por 10 (dez) anos a partir da publicação desta Lei.
III - a Declaração e Plano de Ação emanados da III Conferência Art. 51 - O Estado estimulará as atividades voltadas ao turismo
Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Into- étnico com enfoque nos locais, monumentos e cidades que retra-
lerâncias Correlatas, de 2001. tem a cultura, os usos e os costumes da população negra.
Art. 47 - Cabe ao Estado implementar medidas e políticas que Art. 52 - Os processos de contratação de obras, produtos e ser-
assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho viços pela Administração Pública Estadual observarão critérios e in-
para as mulheres negras e a população negra, observando-se o se- centivos que viabilizem a contratação de empresas que implemen-
guinte: tem programas de ação afirmativa para acesso das mulheres negras
I - garantia de igualdade de oportunidades para o acesso a car- e da população negra a oportunidades de trabalho e de negócios
gos, empregos e contratos com a Administração Direta e Indireta; em todos os níveis de sua atuação.
II - implementação de políticas e programas específicos volta- Art. 52 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 de no-
dos para a qualificação profissional, o aperfeiçoamento e a inserção vembro de 2014.
no mercado de trabalho;
III - implementação de políticas e programas voltados para o CAPÍTULO V
apoio ao empreendedorismo; DO COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL
IV - incentivo à criação de linhas de financiamento, serviços,
Art. 53 - O Estado promoverá a adequação dos serviços públi-
incentivos e benefícios fiscais e creditícios específicos para as orga-
cos ao princípio do reconhecimento e valorização da diversidade
nizações privadas que adotarem políticas de promoção racial, asse-
e da diferença racial, religiosa e cultural, em conformidade com o
gurando a proporcionalidade racial e de gênero em conformidade
disposto neste Estatuto.
com a composição racial da população do Estado;
Art. 54 - No contexto das ações de combate ao racismo institu-
V - acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural
cional, o Estado desenvolverá as seguintes ações:
e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.
I - articulação com gestores municipais objetivando a definição
§ 1º - As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão
de estratégias e a implementação de planos de enfrentamento ao
o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.
racismo institucional, compreendendo celebração de acordos de
§ 2º - O Estado promoverá campanhas educativas contra a mar-
cooperação técnica para este fim;
ginalização da mulher negra no trabalho artístico e cultural. II - campanha de informação aos servidores públicos visando
§ 3º - O Estado promoverá ações com o objetivo de elevar a oferecer subsídios para a identificação do racismo institucional;
escolaridade e a qualificação profissional nos setores da economia III - formulação de protocolos de atendimento e implementa-
que detenham alto índice de ocupação por trabalhadores negros de ção de pesquisas de satisfação sobre a qualidade dos serviços públi-
baixa escolarização. cos estaduais com foco no enfrentamento ao racismo institucional.
Art. 48 - O quesito “raça/cor” constará obrigatoriamente dos Art. 55 - Os programas de avaliação de conhecimentos em con-
cadastros de servidores públicos estaduais, para todos os cargos, cursos públicos e processos seletivos em âmbito estadual aborda-
empregos e funções públicas. rão temas referentes às relações étnico-raciais, à trajetória histórica
Art. 48 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 de no- da população negra no Brasil e na Bahia, sua contribuição decisiva
vembro de 2014. para o processo civilizatório nacional, e políticas de promoção da
Art. 49 - Fica instituída a reserva de vagas para a população igualdade racial e de defesa de direitos de pessoas e comunidades
negra nos concursos públicos e processos seletivos para provimen- afetadas pelo racismo e pela discriminação racial, com base na le-
to de pessoal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta gislação estadual e federal específica.
Estadual, correspondente, no mínimo, a 30% (trinta por cento) das Art. 55 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 de no-
vagas a serem providas. vembro de 2014.
§ 1º - A reserva de vagas de que trata o caput deste artigo apli- Art. 56 - O Estado disponibilizará cooperação técnica aos Mu-
ca-se aos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e nicípios tendo em vista a implantação de programa de combate ao
empregos públicos, bem como aos processos seletivos para contra- racismo institucional.
tações temporárias, sob Regime Especial de Direito Administrativo Art. 57 - O Estado promoverá a oferta, aos servidores, de cur-
- REDA, promovidos pelos órgãos e entidades da Administração Di- sos de capacitação e aperfeiçoamento para o combate ao racismo
reta e Indireta do Poder Executivo do Estado da Bahia. institucional, que poderá ser um dos requisitos em processos de
promoção dos servidores públicos estaduais.

31
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 57 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 de no- Art. 67 - Observando-se as disposições deste Estatuto, o con-
vembro de 2014. junto de ações específicas voltadas à proteção e defesa dos direitos
Art. 58 - A eficácia do combate ao racismo institucional será das mulheres negras constituirá o Plano Estadual para as Mulheres
considerado um dos critérios de avaliação externa e interna da qua- Negras, parte integrante da Política Estadual para as Mulheres.
lidade dos serviços públicos estaduais.
Art. 59 - O Estado adotará medidas para coibir atos de racismo, CAPÍTULO VIII
discriminação racial e intolerância religiosa pelos agentes e servido- DA JUVENTUDE NEGRA
res públicos estaduais, observando-se a legislação pertinente para
a apuração da responsabilidade administrativa, civil e penal, no que Art. 68 - Sem prejuízo das demais disposições deste Estatuto, o
couber. Estado garantirá a efetiva igualdade de oportunidades, a defesa de
direitos e a participação da juventude negra na vida social, política,
CAPÍTULO VI econômica, cultural e projetos de desenvolvimento no Estado, asse-
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL gurando-se o fortalecimento de suas organizações representativas.
Art. 69 - O Estado incentivará a representação da juventude
Art. 60 - A política de comunicação social do Estado e a publici- negra nos órgãos colegiados estaduais de participação e controle
dade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas institucio- social nas políticas públicas, nas áreas de promoção da igualdade
nais do Estado se orientarão pelo princípio da diversidade étnico- racial, juventude, educação, segurança pública, cultura e outras
-racial e cultural, assegurando a representação justa e proporcional áreas que lhes sejam concernentes, em consonância com o Plano
dos diversos segmentos raciais da população nas peças institucio- Estadual de Juventude, aprovado pela Lei nº 12.361, de 17 de no-
nais, educacionais e publicitárias, observando-se o percentual da vembro de 2011.
população negra na composição demográfica do Estado. Art. 70 - O Estado produzirá, sistematizará e divulgará anual-
Art. 61 - As emissoras públicas estaduais de teledifusão e ra- mente estatísticas sobre o impacto das violações de direitos huma-
diodifusão desenvolverão programação pluralista, assegurando a nos sobre a qualidade de vida da juventude negra no Estado, abor-
divulgação, valorização e promoção dos diversos segmentos étnico- dando especificamente os dados sobre homicídios e lesão corporal,
-raciais, religiosos e culturais do Estado. utilizando estes dados para a formulação de diretrizes e para a im-
Art. 62 - O Estado implementará um programa permanente de plementação de ações no âmbito das políticas de segurança pública
incentivo à produção de mídia em veículos de comunicação públi- e de defesa social.
cos que fomente a preservação, valorização, respeitabilidade e ga- Art. 71 - O Estado promoverá a proteção integral da juventude
rantia da integridade dos legados cultural e identitário dos povos de negra exposta à exclusão social, à desigualdade racial e em conflito
terreiros de religiões afro-brasileiras. com a lei.
Art. 63 - Fica assegurada a inviolabilidade da intimidade, vida Parágrafo único - É assegurada a assistência integral a jovens ví-
privada, honra e imagem das pessoas, sendo vedada a exposição da timas de violência policial e de grupos de extermínio, bem como às
imagem de pessoas custodiadas em estabelecimentos prisionais e suas famílias, nos aspectos social, psicológico, de saúde e jurídico.
policiais da estrutura da Administração Pública Estadual, ressalva-
dos os casos justificados por motivo de interesse público e de pro- CAPÍTULO IX
teção aos direitos humanos, autorizados pelo dirigente da unidade DO ACESSO À JUSTIÇA
ou autoridade policial civil ou militar, mediante a formalização de
requerimento e justificativa. Art. 72 - O Estado estimulará a Defensoria Pública e o Ministé-
§ 1º - A vedação do caput estende-se à divulgação de fatos ou rio Público, no âmbito das suas competências institucionais, a pres-
circunstâncias que possam depreciar a imagem da pessoa sob cus- tarem orientação jurídica e promoverem a defesa de direitos indivi-
tódia ou expô-la a situação vexatória. duais, difusos e coletivos da população negra, povos de terreiros de
§ 2º - Compete à autoridade policial civil ou militar que preside religiões afro-brasileiras e comunidades quilombolas.
o procedimento, ou à assessoria de comunicação do órgão, a pres- Art. 73 - O Estado realizará estudos sobre a eficiência do aten-
tação de informações de interesse público aos veículos de comu- dimento da população negra pelo Sistema de Justiça, com foco nas
nicação, mediante a formalização de requerimento e justificativa. ocorrências e nos processos tendo por objeto o combate ao racis-
mo, à discriminação racial e de gênero, intolerância religiosa e con-
CAPÍTULO VII flitos fundiários que afetam comunidades quilombolas e povos de
DAS MULHERES NEGRAS terreiros de religiões afro-brasileiras, propondo medidas aos órgãos
e instituições competentes.
Art. 64 - Sem prejuízo das demais disposições deste Estatuto, o Art. 74 - O Estado apoiará ações de capacitação e aperfeiçoa-
Estado garantirá a efetiva igualdade de oportunidades, a defesa de mento jurídico de membros e servidores do Poder Público e insti-
direitos, a proteção contra a violência e a participação das mulheres tuições do Sistema de Justiça, implantação de núcleos e estruturas
negras na vida social, política, econômica, cultural e projetos de de- internas especializadas na defesa de direitos da população negra,
senvolvimento no Estado, assegurando-se o fortalecimento de suas educação jurídica à população negra, “mutirões” e iniciativas de
organizações representativas. atendimento jurídico, principalmente nas áreas previdenciária,
Art. 65 - O Estado incentivará a representação das mulheres trabalhista, civil e penal, priorizando a participação de população
negras nos órgãos colegiados estaduais de participação, formula- negra, mulheres negras, comunidades quilombolas e povos de ter-
ção e controle social nas políticas públicas, nas áreas de promoção reiros de religiões de matriz africana, em parceria com órgãos e ins-
da igualdade racial, saúde, educação e outras áreas que lhes sejam tituições públicos competentes.
concernentes.
Art. 66 - Cabe ao Estado assegurar a articulação e a integração
entre as políticas de promoção da igualdade racial e combate ao
racismo e ao sexismo e as políticas para as mulheres negras, em
âmbito estadual.

32
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
CAPÍTULO X V - propiciar a concretização de ações integradas com os órgãos
DO DIREITO À SEGURANÇA PÚBLICA e entidades que compõem a Rede de Combate ao Racismo e à Into-
lerância Religiosa no Estado da Bahia;
Art. 75 - O Estado adotará medidas especiais para prevenir e VI - produzir materiais informativos, tais como cartilhas, bole-
coibir atos que atentem contra os direitos humanos e a cidadania tins e folhetos, sobre garantia de direitos, combate ao racismo e à
incidente sobre a população negra. intolerância religiosa e promoção da igualdade racial, disponibili-
Parágrafo único - O Sistema de Defesa Social do Estado da zando-os aos órgãos, entidades e sociedade civil organizada;
Bahia - SDS implementará programa permanente para prevenir e VII - disponibilizar acesso gratuito, nas dependências do Centro
coibir a violência institucional sobre a população negra. de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa,
Art. 76 - O Estado produzirá, sistematizará e divulgará perio- a acervo audiovisual e bibliográfico com ênfase na temática racial;
dicamente estatísticas sobre o impacto das violações de direitos VIII - exercer outras atividades correlatas.
humanos sobre a qualidade de vida da população negra no Estado,
abordando especificamente os dados sobre homicídios. CAPÍTULO XII
Art. 77 - O Estado manterá registro e monitoramento das ações DA DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA
de policiamento ostensivo que impliquem em abordagem de pes-
soas e veículos e flexibilização da garantia constitucional de inviola- Art. 84 - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
bilidade dos domicílios, identificando o impacto destas ações sobre sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida
comunidades negras no Estado. a proteção aos locais de culto e às suas liturgias.
Art. 78 - Cabe ao Estado assegurar o registro e o atendimento Art. 85 - É assegurado o acesso dos adeptos de religiões afro-
às demandas da população negra relativas às políticas de segurança -brasileiras em estabelecimentos civis e militares de internação co-
pública e de defesa social do Estado. letiva estaduais para prestar assistência religiosa, da forma prevista
Art. 79 - Será criada, na estrutura da Polícia Civil da Bahia, da em regulamento.
Secretaria da Segurança Pública, a Delegacia Especializada de Com- Art. 86 - As medidas para o combate à intolerância contra as
bate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. religiões afro-brasileiras e seus adeptos compreendem especial-
Art. 80 - A Secretaria de Segurança Pública coordenará o pro- mente:
cesso de formulação e estabelecerá procedimento unificado para o I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a
registro e investigação dos crimes de racismo e crimes associados a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham
práticas de intolerância religiosa, tendo em vista a garantia da eficá- pessoa ou grupo ao desprezo ou ao ódio por motivos fundados na
cia da sua apuração, prevenção e repressão. religiosidade afro-brasileira;
II - inventariar, restaurar, preservar e proteger os documentos,
CAPÍTULO XI obras e outros bens de valor artístico e cultural, os espaços públi-
DO COMBATE AO RACISMO E À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA cos, monumentos, mananciais, flora, recursos ambientais e sítios
arqueológicos vinculados às religiões afro-brasileiras;
Art. 81 - As ocorrências de racismo, discriminação racial e into- III - proibir a exposição, exploração comercial, veiculação, titu-
lerância religiosa causadas por ação ou omissão de pessoas físicas, lação prejudiciais aos símbolos, expressões, músicas, danças, ins-
ou de pessoas jurídicas, ensejarão a comunicação formal das pes- trumentos, adereços, vestuário e culinária, estritamente vinculados
soas e grupos atingidos aos entes que compõem o SISEPIR, à Rede às religiões afro-brasileiras.
de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, ao Ministério Pú-
blico, à Defensoria Pública e outros órgãos e instituições, de acordo TÍTULO III -
com as suas competências institucionais. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 82 - Fica instituída a Rede de Combate ao Racismo e à In-
tolerância Religiosa, como instrumento de articulação entre o Es- Art. 87 - Para o cumprimento das disposições contidas neste
tado, as instituições do Sistema de Justiça e a sociedade civil para Estatuto, o Estado celebrará convênios, contratos, acordos ou ins-
a implementação da política de promoção da igualdade racial no trumentos similares de cooperação com órgãos públicos ou insti-
enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa. tuições privadas.
Art. 83 - Fica reconhecido o Centro de Referência de Comba- Art. 88 - Ficam alteradas as redações dos §§ 1º e 3º do art. 4º
te ao Racismo e à Intolerância Religiosa, criado pelo Decreto nº da Lei nº 7.988 , de 21 de dezembro de 2001, que passarão a vigorar
14.297, de 31 de janeiro de 2013, a quem compete exercer as se- com a seguinte redação:
guintes atividades: “Art. 4º - .....................................................................................
I - receber, encaminhar e acompanhar toda e qualquer denún- ..............................
cia de discriminação racial ou de violência que tenha por funda- § 1º - Os recursos do Fundo serão aplicados única e exclusiva-
mento a intolerância racial ou religiosa; mente em despesas finalísticas destinadas ao combate à pobreza,
II - orientar o atendimento psicológico, social e jurídico os casos salvo para atender as despesas com pessoal da Secretaria de Com-
registrados no Centro, conforme suas necessidades específicas; bate à Pobreza e às Desigualdades Sociais, garantindo-se a desti-
III - verificar e atuar em casos de racismo noticiados pela mídia nação de no mínimo 10% (dez por cento) do orçamento anual do
ou naqueles que o Centro de Referência de Combate ao Racismo e Fundo para ações do Sistema Estadual de Promoção da Igualdade
à Intolerância Religiosa venha a tomar conhecimento por qualquer Racial - SISEPIR.
outro meio; ....................................................................................................
IV - promover debates, palestras, fóruns e oficinas com o obje- .............................
tivo de divulgar e sensibilizar a sociedade quanto à importância da
garantia de direitos, combate ao racismo e à intolerância religiosa e
promoção da igualdade racial;

33
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 3º - Os recursos do Fundo poderão ser alocados diretamente § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi-
nos programas de trabalho de outros órgãos, secretarias ou enti- nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
dades da Administração Pública Estadual, para financiar ações que descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº
contribuam para a consecução de diretrizes, objetivos e metas pre- 12.288, de 2010) (Vigência)
vistas no Plano Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza, bem I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
como as fixadas no Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
Intolerância Religiosa, observadas, em qualquer caso, as finalidades cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
estabelecidas no art. 4º desta lei.” II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou-
Art. 89 - O Poder Executivo estimulará a criação e o fortale- tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de
cimento, no âmbito da Defensoria Pública da Bahia, do Ministério 2010) (Vigência)
Público da Bahia e do Poder Judiciário, de estruturas internas espe- III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
cializadas no combate ao racismo, proteção e defesa de direitos da ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
população negra, povos de terreiros de religiões afro-brasileiras e pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
comunidades quilombolas. § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
Art. 90 - Durante os 05 (cinco) primeiros anos, a contar do exer- à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
cício subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Estado cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
que desenvolvem políticas e programas nas áreas referidas no § 1º de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
do art. 12 discriminarão em seus orçamentos anuais a participação etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
nos programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 6º cias. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
desta Lei. Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
Art. 91 - As medidas de ação afirmativa para a população negra cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
no Ensino Superior estadual já instituídas, ou cujo prazo tenha se Pena: reclusão de um a três anos.
esgotado, serão adequadas ao disposto no art. 31 deste Estatuto. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
Art. 92 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual-
90 (noventa) dias, ficando autorizado a promover os atos necessá- quer grau.
rios: Pena: reclusão de três a cinco anos.
I - à revisão e elaboração dos atos regulamentares e regimen- Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
tais que decorram, implícita ou explicitamente, das disposições zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
desta Lei, inclusive os que se relacionam com pessoal, material e
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
patrimônio, bem como as alterações organizacionais e de cargos em
Pena: reclusão de três a cinco anos.
comissão decorrentes desta Lei;
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
II - às modificações orçamentárias que se fizerem necessárias
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os valores glo-
Pena: reclusão de um a três anos.
bais constantes do orçamento vigente, e no Plano Plurianual.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
Art. 93 - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
ao público.
LEI FEDERAL N° 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989, ALTE- Pena: reclusão de um a três anos.
RADA PELA LEI FEDERAL N° 9.459 DE 13 DE MAIO DE Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
1997 (TIPIFICAÇÃO DOS CRIMES RESULTANTES DE PRE- cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe-
CONCEITO DE RAÇA OU DE COR) lecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- tro meio de transporte concedido.
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes qualquer ramo das Forças Armadas.
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
Art. 2º (Vetado). mento ou convivência familiar e social.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem Art. 15. (Vetado).
como das concessionárias de serviços públicos. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
Pena: reclusão de dois a cinco anos. função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de namento do estabelecimento particular por prazo não superior a
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, três meses.
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 17. (Vetado).
(Vigência) Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen-
Pena: reclusão de dois a cinco anos. tença.

34
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 19. (Vetado). A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon- AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL.
ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Os Estados Partes na presente Convenção,
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se em
Lei nº 9.459, de 15/05/97) princípios de dignidade e igualdade inerentes a todos os seres hu-
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em- manos, e que todos os Estados Membros comprometeram-se a to-
blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz mar medidas separadas e conjuntas, em cooperação com a Organi-
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação zação, para a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) que é promover e encorajar o respeito universal e observância dos
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem discri-
nº 9.459, de 15/05/97) minação de raça, sexo, idioma ou religião.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do Ho-
intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qual-
mem proclama que todos os homens nascem livres e iguais em
quer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
dignidade e direitos e que todo homem tem todos os direitos esta-
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
belecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie e principal-
nº 9.459, de 15/05/97)
mente de raça, cor ou origem nacional,
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar,
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in- Considerando todos os homens são iguais perante a lei e têm
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei o direito à igual proteção contra qualquer discriminação e contra
nº 9.459, de 15/05/97) qualquer incitamento à discriminação,
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos Considerando que as Nações Unidas têm condenado o colo-
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de nialismo e todas as práticas de segregação e discriminação a ele
15/05/97) associados, em qualquer forma e onde quer que existam, e que a
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- Declaração sobre a Conceção de Independência, a Partes e Povos
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução 1.514 (XV), da
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência) Assembleia Geral afirmou e proclamou solenemente a necessidade
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in- de levá-las a um fim rápido e incondicional,
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre elimi-
12.288, de 2010) (Vigência) nação de todas as formas de Discriminação Racial, de 20 de novem-
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após bro de 1963, (Resolução 1.904 ( XVIII) da Assembleia-Geral), afirma
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen- solemente a necessidade de eliminar rapidamente a discriminação
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) racial através do mundo em todas as suas formas e manifestações
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- e de assegurar a compreensão e o respeito à dignidade da pessoa
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) humana,
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade ba-
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) seada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente
condenável, socialmente injusta e perigosa, em que, não existe jus-
DECRETO FEDERAL N° 65.810, DE 08 DE DEZEMBRO DE tificação para a discriminação racial, em teoria ou na prática, em
1969 (CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMI- lugar algum,
NAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO Reafirmando que a discriminação entre os homens por motivos
RACIAL) de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a relações amistosas e
pacíficas entre as nações e é capaz de disturbar a paz e a segurança
entre povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a lado até dentro
DECRETO Nº 65.810, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1969.
de um mesmo Estado,
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os
Promulga a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação Racial. ideais de qualquer sociedade humana,
Alarmados por manifestações de discriminação racial ainda em
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, HAVENDO o Congresso Nacional evidência em algumas áreas do mundo e por políticas governamen-
aprovado pelo Decreto Legislativo nº 23, de 21 de junho de 1967, tais baseadas em superioridade racial ou ódio, como as políticas de
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas apartheid, segreção ou separação,
de Discriminação Racial, que foi aberta à assinatura em Nova York e Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para elimi-
assinada pelo Brasil a 07 de março de 1966; nar rapidamente a discriminação racial em, todas as suas formas
E HAVENDO sido depositado o Instrumento brasileiro de Ratifi- e manifestações, e a prevenir e combater doutrinas e práticas ra-
cação, junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas, a 27 de março ciais com o objetivo de promover o entendimento entre as raças e
de 1968; construir uma comunidade internacional livre de todas as formas
E TENDO a referida Convenção entrada em vigor, de conformi- de separação racial e discriminação racial,
dade com o disposto em seu artigo 19, parágrafo 1º, a 04 de janeiro Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nos Em-
de 1969; prego e Ocupação adotada pela Organização internacional do Tra-
DECRETA que a mesma, apensa por cópia ao presente Decreto, balho em 1958, e a Convenção contra discriminação no Ensino ado-
seja executada e cumprida tão inteiramente como ela nele contém. tada pela Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência
Brasília, 08 de dezembro de 1969; 148º da Independência e 81º em 1960,
da República.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Desejosos de completar os princípios estabelecidos na Decla- 2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem,
ração das Nações unidas sobre a Eliminação de todas as formas de nos campos social, econômico, cultural e outros, as medidas espe-
discriminação racial e assegurar o mais cedo possível a adoção de ciais e concretas para assegurar como convier o desenvolvimento
medidas práticas para esse fim, ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencen-
Acordaram no seguinte: tes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberda-
PARTE I des fundamentais.
Artigo I Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de
manter direitos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos
1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” signi- em razão dos quais foram tomadas.
ficará qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência base-
adas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que Artigo III
tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício num mesmo plano,( em igualdade de condição), Os Estados Partes especialmente condenam a segregação racial
de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político e o apartheid e comprometem-se a proibir e a eliminar nos territó-
econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida rios sob sua jurisdição todas as práticas dessa natureza.
pública.
Artigo IV
2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclusões, res-
trições e preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção
Os Estados partes conenam toda propaganda e todas as organi-
entre cidadãos e não cidadãos.
zações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superiori-
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afe-
dade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou
tando as disposições legais dos Estados Partes, relativas a naciona- de uma certa origem ética ou que pretendem justificar ou encorajar
lidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e comprometem-
discriminem contra qualquer nacionalidade particular. -se a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer atos de
especiais tomadas com o único objetivo de assegurar progresso discriminação com este objetivo tendo em vista os princípios for-
adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que mulados na Declaração universal dos direitos do homem e os direi-
necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar tos expressamente enunciados no artigo 5 da presente convenção,
a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos hu- eles se comprometem principalmente:
manos e liberdades fundamentais, contando que, tais medidas não a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias
conduzam, em consequência, à manutenção de direitos separados baseadas na superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos al- à discriminação racial, assim como quaisquer atos de violência ou
cançados os seus objetivos. provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer
grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem técnica, como
Artigo II também qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusi-
ve seu financiamento;
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e com- b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como
prometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem tar- as atividades de propaganda organizada e qualquer outro tipo de
dar uma política de eliminação da discriminação racial em todas as atividade de propaganda que incitar a discriminação racial e que
suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças a encorajar e a declara delito punível por lei a participação nestas
e para esse fim: organizações ou nestas atividades.
a) Cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou c) a não permitir as autoridades públicas nem ás instituições
prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas públicas nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamento à dis-
ou instituições e fazer com que todas as autoridades públicas nacio- criminação racial.
nais ou locais, se conformem com esta obrigação; Artigo V
b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas
ou apoiar a discriminação racial praticada por uma pessoa ou uma
no artigo 2, Os Estados Partes comprometem-se a proibir e a eli-
organização qualquer;
minar a discriminação racial em todas suas formas e a garantir o
c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim
direito de cada uma à igualdade perante a lei sem distinção de raça
de rever as politicas governamentais nacionais e locais e para mo- , de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo
dificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar que dos seguintes direitos:
tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qual-
existir; quer outro órgão que administre justiça;
d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados, b) direito a segurança da pessoa ou à proteção do Estado con-
inclusive se as circunstâncias o exigerem, as medidas legislativas, tra violência oulesão corporal cometida que por funcionários de
proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por pessoa, por Governo, quer por qualquer individuo, grupo ou instituição.
grupo ou das organizações; c) direitos políticos principalmente direito de participar às
e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer, quando for eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema de sufrágio
o caso as organizações e movimentos multirraciais e outros meios universal e igual direito de tomar parte no Governo, assim como
próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o na direção dos assuntos públicos, em qualquer grau e o direito de
que tende a fortalecer a divisão racial. acesso em igualdade de condições, às funções públicas.
d) Outros direitos civis, principalmente,

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro 2. Os Membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto
das fronteiras do Estado; de uma lista de candidatos designados pelos Estados Partes, Cada
ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de voltar Estado Parte poderá designar um candidato escolhido dentre seus
a seu país; nacionais.
iii) direito de uma nacionalidade; 3. A primeira eleição será realizada seis meses após a data da
iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge; entrada em vigor da presente Convenção. Três meses pelo menos
v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações Unidas enviará
conjunto, à propriedade; uma Carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas
vi) direito de herda; candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral elaborará
vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de re- uma lista por ordem alfabética, de todos os candidatos assim no-
ligião; meados com indicação dos Estados partes que os nomearam, e a
viii) direito à liberdade de opinião e de expressão; comunicará aos Estados Partes.
ix) direito à liberdade de reunião e de associação pacífica; 4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião
e) direitos econômicos, sociais culturais, principalmente: dos Estados Partes convocada pelo Secretário Geral das Nações
i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a con- Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado com dois
dições equitativas e satisfatórias de trabalho à proteção contra o terços dos Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê, os
desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma re- candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria
muneração equitativa e satisfatória; absoluta de votos dos representantes dos Estados Partes presentes
ii) direito de fundar sindicatos e a eles se filiar; e votantes.
iii) direito à habitação; 5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por um período de
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos
iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência
na primeira eleição, expirará ao fim de dois anos; logo após a pri-
social e aos serviços sociais;
meira eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos,
v) direito a educação e à formação profissional;
por sorteio, pelo Presidente do Comitê.
vi) direito a igual participação das atividades culturais;
b) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo perito
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao deixou de exercer suas funções de membro do Comitê, nomeará
uso do publico, tais como, meios de transporte hotéis, restaurantes, outro perito dentre seus nacionais, sob reserva da aprovação do
cafés, espetáculos e parques. Comitê.
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos
Artigo VI membros do Comitê para o período em que estes desempenharem
funções no Comitê.
Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver
sob sua jurisdição, proteção e recursos efetivos perante os tribunais Artigo IX
nacionais e outros órgãos do Estado competentes, contra quaisquer
atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Con- 1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao Secretá-
venção, violarem seus direitos individuais e suas liberdades funda- rio Geral para exame do Comitê, um relatório sobre as medidas le-
mentais, assim como o direito de pedir a esses tribunais uma satis- gislativas, judiciárias, administrativas ou outras que tomarem para
fação ou repartição justa e adequada por qualquer dano de que foi tornarem efetivas as disposições da presente Convenção:
vitima em decorrência de tal discriminação. a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da
Convenção, para cada Estado interessado no que lhe diz respeito,
Artigo VII e posteriormente, cada dois anos, e toda vez que o Comitê o soli-
citar. O Comitê poderá solicitar informações complementares aos
Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas ime- Estados Partes.
diatas e eficazes, principalmente no campo de ensino, educação, 2. O Comitê submeterá anualmente à Assembleia Geral, um
da cultura e da informação, para lutar contra os preconceitos que relatório sobre suas atividades e poderá fazer sugestões e reco-
levem à discriminação racial e para promover o entendimento, a mendações de ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das
tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e éticos assim informações recebidas dos Estados Partes. Levará estas sugestões
como para propagar ao objetivo e princípios da Carta das Nações e recomendações de ordem geral ao conhecimento da Assembleia
Unidas da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Decla- Geral, e se as houver juntamente com as observações dos Estados
Partes.
ração das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de
Artigo X
discriminação racial e da presente Convenção.
1. O Comitê adotará seu regulamento interno.
PARTE II
2. O Comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos.
Artigo VIII 3. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas foi ne-
cessários serviços de Secretaria ao Comitê.
1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da discrimi- 4. O Comitê reunir-se-á normalmente na Sede das Nações Uni-
nação racial (doravante denominado “o Comitê) composto de 18 das.
peritos conhecidos para sua alta moralidade e conhecida imparcia-
lidade, que serão eleitos pelos Estados Membros dentre seus na-
cionais e que atuarão a título individual, levando-se em conta uma
repartição geográfica equitativa e a representação das formas di-
versas de civilização assim como dos principais sistemas jurídicos.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo XI 7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for necessá-
rio, as despesas dos membros da Comissão, antes que o reembolso
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte seja efetuado pelos Estados Partes na controvérsia, de conformida-
não aplica as disposições da presente Convenção poderá chamar a de com o parágrafo 6 do presente artigo.
atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a 8. As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê serão
comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de três me- postas à disposição da Comissão, e a Comissão poderá solicitar aos
ses, o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou Estados interessados sde lhe fornecer qualquer informação com-
declarações por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as plementar pertinente.
medidas corretivas que por acaso tenham sido tomadas pelo refe- Artigo XIII
rido Estado.
2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do 1. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos,
recebimento da comunicação original pelo Estado destinatário a a Comissão preparará e submeterá ao Presidente do Comitê um
questão não foi resolvida a contento dos dois Estados, por meio de relatório com as conclusões sobre todas ass questões de fato rela-
negociações bilaterais ou por qualquer outro processo que estiver a tivas à controvérsia entre as partes e as recomendações que julgar
sua disposição, tanto um como o outro terão o direito de submetê- oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia.
-la novamente ao Comitê, endereçando uma notificação ao Comitê 2. O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da Comissão
assim como ao outro Estado interessado. a cada um dos Estados Partes na controvérsia. Os referidos Estados
3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão, comunicarão ao Presidente do Comitê num prazo de três meses se
de acordo com o parágrafo 2 do presente artigo, após ter consta- aceitam ou não, as recomendações contidas no relatório da Comis-
tado que todos os recursos internos disponíveis foram interpostos são.
ou esgotados, de conformidade com os princípios do direito inter- 3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do presente arti-
nacional geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os go, o Presidente do Comitê comunicará o Relatório da Comissão e
procedimentos de recurso excederem prazos razoáveis. as declarações dos Estados Partes interessadas aos outros Estados
4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê poderá Parte na Comissão.
solicitar aos Estados-Partes presentes que lhe forneçam quaisquer
Artigo XIV
informações complementares pertinentes.
5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o pre-
1. Todo o Estado parte poderá declarar e qualquer momento
sente Artigo os Estados Partes interessados terão o direito de no-
que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar
mear um representante que participará sem direito de voto dos comunicações de indivíduos sob sua jurisdição que se consideram
trabalhos no Comitê durante todos os debates. vítimas de uma violação pelo referido Estado Parte de qualquer um
dos direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê não re-
Artigo XII ceberá qualquer comunicação de um Estado Parte que não houver
feito tal declaração.
1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as informações 2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de confor-
que julgar necessárias, o Presidente nomeará uma Comissão de midade com o parágrafo do presente artigo, poderá criar ou de-
Conciliação ad hoc (doravante denominada “ A Comissão”, compos- signar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional, que terá
ta de 5 pessoas que poderão ser ou não membros do Comitê. Os competência para receber e examinar as petições de pessoas ou
membros serão nomeados com o consentimento pleno e unânime grupos de pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vitimas de
das partes na controvérsia e a Comissão fará seus bons ofícios a uma violação de qualquer um dos direitos enunciados na presente
disposição dos Estados presentes, com o objetivo de chegar a uma Convenção e que esgotaram os outros recursos locais disponíveis.
solução amigável da questão, baseada no respeito à presente Con- 3. A declaração feita de conformidade com o parágrafo 1 do
venção. presente artigo e o nome de qualquer órgão criado ou designado
b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem a um en- pelo Estado Parte interessado consoante o parágrafo 2 do presente
tendimento em relação a toda ou parte da composição da Comissão artigo será depositado pelo Estado Parte interessado junto ao Se-
num prazo de três meses os membros da Comissão que não tiverem cretário Geral das Nações Unidas que remeterá cópias aos outros
o assentimento do Estados Partes, na controvérsia serão eleitos por Estados Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer mo-
escrutinio secreto entre os membros de dois terços dos membros mento mediante notificação ao Secretário Geral mas esta retirada
do Comitê. não prejudicará as comunicações que já estiverem sendo estudadas
2. Os membros da Comissão atuarão a título individual. Não de- pelo Comitê.
verão ser nacionais de um dos Estados Partes na controvérsia nem 4. O órgão criado ou designado de conformidade com o pará-
de um Estado que não seja parte da presente Convenção. grafo 2 do presente artigo, deverá manter um registro de petições
3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu regimento e cópias autenticada do registro serão depositadas anualmente por
canais apropriados junto ao Secretário Geral das Nações Unidas, no
interno.
entendimento que o conteúdo dessas cópias não será divulgado ao
4. A Comissão reunir-se-á normalmente na sede nas Nações
público.
Unidas em qualquer outro lugar apropriado que a Comissão deter-
5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão criado ou de-
minar.
signado de conformidade com o parágrafo 2 do presente artigo, o
5. O Secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo 10 prestará peticionário terá o direito de levar a questão ao Comitê dentro de
igualmente seus serviços à Comissão cada ver que uma controvér- seis meses.
sia entre os Estados Partes provocar sua formação.
6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão divididos
igualmente entre os Estados Partes na controvérsia baseadas num
cálculo estimativo feito pelo Secretário-Geral.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer comuni- Artigo XVI
cação que lhe tenha sido endereçada, ao conhecimento do Estado
Parte que, pretensamente houver violado qualquer das disposições As disposições desta Convenção relativas a solução das contro-
desta Convenção, mas a identidade da pessoa ou dos grupos de vérsias ou queixas serão aplicadas sem prejuízo de outros processos
pessoas não poderá ser revelada sem o consentimento expresso para solução de controvérsias e queixas no campo da discriminação
da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê não receberá previstos nos instrumentos constitutivos das Nações Unidas e suas
comunicações anônimas. agências especializadas, e não excluirá a possibilidade dos Estados
b) Nos três meses seguintes, o referido Estado submeterá, por partes recomendarem aos outros, processos para a solução de uma
escrito ao Comitê, as explicações ou recomendações que esclare- controvérsia de conformidade com os acordos internacionais ou es-
cem a questão e indicará as medidas corretivas que por acaso hou- peciais que os ligarem.
ver adotado.
7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de todas as Terceira Parte
informações que forem submetidas pelo Estado parte interessado Artigo XVII
e pelo peticionário. O Comitê só examinará uma comunicação de
peticionário após ter-se assegurado que este esgotou todos os re- 1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de todo Es-
cursos internos disponíveis. Entretanto, esta regra não se aplicará tado Membro da Organização das Nações Unidas ou membro de
se os processos de recurso excederem prazos razoáveis. qualquer uma de suas agências especializadas, de qualquer Estado
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações even- parte no Estatuto da Côrtes Internacional de Justiça, assim como de
tuais, ao Estado Parte interessado e ao peticionário. qualquer outro Estado convidado pela Assembleia-Geral da Organi-
8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo destas zação das Nações Unidas a torna-se parte na presente Convenção.
comunicações, se for necessário, um resumo das explicações e de- 2. A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e os instru-
clarações dos Estados Partes interessados assim como suas próprias mentos de ratificação serão depositados junto ao Secretário Geral
sugestões e recomendações. das Nações Unidas.
9. O Comitê somente terá competência para exercer as funções
previstas neste artigo se pelo menos dez Estados Partes nesta Con- Artigo XVIII
venção estiverem obrigados por declarações feitas de conformida-
de com o parágrafo deste artigo. 1. A presente Convenção ficará aberta a adesão de qualquer
Estado mencionado no parágrafo 1º do artigo 17.
Artigo XV 2. A adesão será efetuada pelo depósito de instrumento de
adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da resolução
1.514 (XV) da Assembleia Geral de 14 de dezembro de 1960, re- Artigo XIX
lativa à Declaração sobro a concessão da independência dos paí-
ses e povos coloniais, as disposições da presente convenção não 1. Esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia após a data
restringirão de maneira alguma o direito de petição concedida aos do deposito junto ao Secretário Geral das Nações Unidas do vigési-
povos por outros instrumentos internacionais ou pela Organização mo sétimo instrumento de ratificação ou adesão.
das Nações Unidas e suas agências especializadas. 2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a ele
2. a) O Comitê constituído de conformidade com o parágrafo 1 aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento de ratifica-
do artigo 8 desta Convenção receberá cópia das petições provenien- ção ou adesão esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
tes dos órgãos das Nações Unidas que se encarregarem de questões após o depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão.
diretamente relacionadas com os princípios e objetivos da presente Artigo XX
Convenção e expressará sua opinião e formulará recomendações
1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará, a
sobre petições recebidas quando examinar as petições recebidas
todos os Estados que forem ou vierem a torna-se partes desta Con-
dos habitantes dos territórios sob tutela ou não autônomo ou de
venção, as reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação
qualquer outro território a que se aplicar a resolução 1514 (XV) da
ou adesão. Qualquer Estado que objetar a essas reservas, deverá
Assembleia Geral, relacionadas a questões tratadas pela presente
notificar ao Secretário Geral dentro de noventa dias da data da re-
Convenção e que forem submetidas a esses órgãos.
ferida comunicação, que não aceita.
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Organização
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto
das Nações Unidas cópia dos relatórios sobre medidas de ordem le-
e o escopo desta Convenção nem uma reserva cujo efeito seria a de
gislativa judiciária, administrativa ou outra diretamente relacionada impedir o funcionamento de qualquer dos órgãos previstos nesta
com os princípios e objetivos da presente Convenção que as Potên- Convenção. Uma reserva será considerada incompatível ou impe-
cias Administradoras tiverem aplicado nos territórios mencionados ditiva se a ela objetarem ao menos dois terços dos Estados partes
na alínea “a” do presente parágrafo e expressará sua opinião e fará nesta Convenção.
recomendações a esses órgãos. 3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembleia um resumo uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário Geral.
das petições e relatórios que houver recebido de órgãos das Nações Tal notificação surgirá efeito na data de seu recebimento.
Unidas e as opiniões e recomendações que houver proferido sobre
tais petições e relatórios. Artigo XXI
4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações Unidas
qualquer informação relacionada com os objetivos da presente Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Convenção me-
Convenção que este dispuser sobre os territórios mencionados no diante notificação escrita endereçada ao Secretário Geral da Orga-
parágrafo 2 (a) do presente artigo. nização das Nações Unidas. A denúncia surtirá efeito um ano após
data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo XXI Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo Decreto
Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, a Convenção sobre a
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Parte relati- Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher,
va a interpretação ou aplicação desta Convenção que não for resol- assinada pela República Federativa do Brasil, em Nova York, no dia
vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente 31 de março de 1981, com reservas aos seus artigos 15, parágrafo
nesta Convenção, será o pedido de qualquer das Partes na contro- 4o, e 16, parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h);
vérsia. Submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de 22 de ju-
ser que os litigantes concordem em outro meio de solução. nho de 1994, o Congresso Nacional revogou o citado Decreto Legis-
lativo no 93, aprovando a Convenção sobre a Eliminação de Todas
Artigo XXII as Formas de Discriminação contra a Mulher, inclusive os citados
artigos 15, parágrafo 4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), (c), (g) e (h);
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Partes relati- Considerando que o Brasil retirou as mencionadas reservas em
va à interpretação ou aplicação desta Convenção, que não for resol- 20 de dezembro de 1994;
vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o Brasil,
nesta Convenção será, pedido de qualquer das Partes na controvér- em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em seu art. 29,
sia, submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não ser parágrafo 2;
que os litigantes concordem em outro meio de solução.
DECRETA:
Artigo XXIII Art. 1o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979, apensa
1. Qualquer Estado Parte poderá formular a qualquer momen-
por cópia ao presente Decreto, com reserva facultada em seu art.
to um pedido de revisão da presente Convenção, mediante notifi-
29, parágrafo 2, será executada e cumprida tão inteiramente como
cação escrita endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas.
nela se contém.
2. A Assembleia-Geral decidirá a respeito das medidas a serem
tomadas, caso for necessário, sobre o pedido. Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quais-
quer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção,
Artigo XXIV assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do
art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromis-
O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas comuni- sos gravosos ao patrimônio nacional.
cará a todos os Estados mencionados no parágrafo 1º do artigo 17 Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
desta Convenção. Art. 4o Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de março de
a) as assinaturas e os depósitos de instrumentos de ratificação 1984.
e de adesão de conformidade com os artigos 17 e 18;
b) a data em que a presente Convenção entrar em vigor, de Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-
conformidade com o artigo 19; ção contra a Mulher
c) as comunicações e declarações recebidas de conformidade
com os artigos 14, 20 e 23. Os Estados Partes na presente convenção,
d) as denúncias feitas de conformidade com o artigo 21. CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafirma a fé
nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da
Artigo XXV pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher,
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos Hu-
1. Esta Convecção, cujos textos em chinês, espanhol, inglês e manos reafirma o princípio da não-discriminação e proclama que
russo são igualmente autênticos será depositada nos arquivos das todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e di-
Nações Unidas. reitos e que toda pessoa pode invocar todos os direitos e liberdades
2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias autenti- proclamados nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de
cadas desta Convenção a todos os Estados pertencentes a qualquer sexo,
uma das categorias mencionadas no parágrafo 1º do artigo 17. CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Convenções Inter-
Em fé do que os abaixo assinados devidamente autorizados por nacionais sobre Direitos Humanos tem a obrigação de garantir ao
seus Governos assinaram a presente Convecção que foi aberta a
homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos econô-
assinatura em Nova York a 7 de março de 1966.
micos, sociais, culturais, civis e políticos,
OBSEVANDO as convenções internacionais concluídas sob os
DECRETO FEDERAL N° 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE auspícios das Nações Unidas e dos organismos especializados em
2002 (CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE TODAS AS favor da igualdade de direitos entre o homem e a mulher,
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER) OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e recomen-
dações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Agências Especia-
DECRETO Nº 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002. lizadas para favorecer a igualdade de direitos entre o homem e a
mulher,
Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar destes di-
Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no versos instrumentos, a mulher continue sendo objeto de grandes
89.460, de 20 de março de 1984. discriminações,

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe


confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher viola os PARTE I
princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade hu- Artigo 1°
mana, dificulta a participação da mulher, nas mesmas condições
que o homem, na vida política, social, econômica e cultural de seu Para os fins da presente Convenção, a expressão «discrimina-
país, constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da socieda- ção contra a mulher» significará toda a distinção, exclusão ou res-
de e da família e dificulta o pleno desenvolvimento das potenciali- trição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado preju-
dades da mulher para prestar serviço a seu país e à humanidade, dicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de pobreza, a independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
mulher tem um acesso mínimo à alimentação, à saúde, à educação, homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamen-
à capacitação e às oportunidades de emprego, assim como à satis- tais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
fação de outras necessidades, qualquer outro campo.
CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Ordem Eco-
nômica Internacional baseada na equidade e na justiça contribuirá Artigo 2o
significativamente para a promoção da igualdade entre o homem
e a mulher, Os Estados Partes condenam a discriminação contra a mulher
SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas as for- em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios
mas de racismo, discriminação racial, colonialismo, neocolonialis- apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a dis-
mo, agressão, ocupação estrangeira e dominação e interferência criminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem a:
nos assuntos internos dos Estados é essencial para o pleno exercício a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constitui-
dos direitos do homem e da mulher, ções nacionais ou em outra legislação apropriada o princípio da
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da segurança in- igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios
ternacionais, o alívio da tensão internacional, a cooperação mútua apropriados a realização prática desse princípio;
entre todos os Estados, independentemente de seus sistemas eco- b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter,
nômicos e sociais, o desarmamento geral e completo, e em par- com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra
ticular o desarmamento nuclear sob um estrito e efetivo controle a mulher;
internacional, a afirmação dos princípios de justiça, igualdade e c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa
proveito mútuo nas relações entre países e a realização do direi- base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tri-
to dos povos submetidos a dominação colonial e estrangeira e a bunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a
ocupação estrangeira, à autodeterminação e independência, bem proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação;
como o respeito da soberania nacional e da integridade territorial, d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discrimina-
promoverão o progresso e o desenvolvimento sociais, e, em conse- ção contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições
quência, contribuirão para a realização da plena igualdade entre o públicas atuem em conformidade com esta obrigação;
homem e a mulher, e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discrimina-
CONVENCIDOS de que a participação máxima da mulher, em ção contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou
igualdade de condições com o homem, em todos os campos, é in- empresa;
dispensável para o desenvolvimento pleno e completo de um país, f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter le-
o bem-estar do mundo e a causa da paz, gislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e prá-
TENDO presente a grande contribuição da mulher ao bem-es- ticas que constituam discriminação contra a mulher;
tar da família e ao desenvolvimento da sociedade, até agora não g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que constitu-
plenamente reconhecida, a importância social da maternidade e a am discriminação contra a mulher.
função dos pais na família e na educação dos filhos, e conscientes
de que o papel da mulher na procriação não deve ser causa de dis-
Artigo 3°
criminação mas sim que a educação dos filhos exige a responsabili-
dade compartilhada entre homens e mulheres e a sociedade como
Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em particu-
um conjunto,
lar, nas esferas política, social, econômica e cultural, todas as me-
RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade entre o
didas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para assegurar o
homem e a mulher é necessário modificar o papel tradicional tanto
pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o objetivo de
do homem como da mulher na sociedade e na família,
garantir-lhe o exercício e gozo dos direitos humanos e liberdades
RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Declaração
fundamentais em igualdade de condições com o homem.
sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e, para isto, a
adotar as medidas necessárias a fim de suprimir essa discriminação
em todas as suas formas e manifestações, Artigo 4°
CONCORDARAM no seguinte:
1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais de ca-
ráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o
homem e a mulher não se considerará discriminação na forma de-
finida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separadas;
essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de opor-
tunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais, inclu-
sive as contidas na presente Convenção, destinadas a proteger a
maternidade, não se considerará discriminatória.

41
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 5° a) As mesmas condições de orientação em matéria de carrei-
ras e capacitação profissional, acesso aos estudos e obtenção de
Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropriadas para: diplomas nas instituições de ensino de todas as categorias, tanto
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens em zonas rurais como urbanas; essa igualdade deverá ser assegu-
e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos preconceitos e rada na educação pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída
práticas consuetudinárias e de qualquer outra índole que estejam a educação técnica superior, assim como todos os tipos de capaci-
baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer tação profissional;
dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres. b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, pessoal
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão docente do mesmo nível profissional, instalações e material escolar
adequada da maternidade como função social e o reconhecimento da mesma qualidade;
da responsabilidade comum de homens e mulheres no que diz res- c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis
peito à educação e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo- masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de
-se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial ensino mediante o estímulo à educação mista e a outros tipos de
em todos os casos. educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em par-
Artigo 6° ticular, mediante a modificação dos livros e programas escolares e
adaptação dos métodos de ensino;
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas, in- d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas-de-estu-
clusive de caráter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfi- do e outras subvenções para estudos;
co de mulheres e exploração da prostituição da mulher. e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas de edu-
cação supletiva, incluídos os programas de alfabetização funcional e
PARTE II de adultos, com vistas a reduzir, com a maior brevidade possível, a
Artigo 7° diferença de conhecimentos existentes entre o homem e a mulher;
f) A redução da taxa de abandono feminino dos estudos e a
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para organização de programas para aquelas jovens e mulheres que te-
eliminar a discriminação contra a mulher na vida política e pública nham deixado os estudos prematuramente;
do país e, em particular, garantirão, em igualdade de condições com g) As mesmas oportunidades para participar ativamente nos
os homens, o direito a: esportes e na educação física;
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser elegí- h) Acesso a material informativo específico que contribua para
vel para todos os órgãos cujos membros sejam objeto de eleições assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluída a informação e
públicas; o assessoramento sobre planejamento da família.
b) Participar na formulação de políticas governamentais e na
execução destas, e ocupar cargos públicos e exercer todas as fun-
Artigo 11
ções públicas em todos os planos governamentais;
c) Participar em organizações e associações não-governamen-
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas
tais que se ocupem da vida pública e política do país.
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera do empre-
go a fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens e
Artigo 8°
mulheres, os mesmos direitos, em particular:
a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para
humano;
garantir, à mulher, em igualdade de condições com o homem e sem
discriminação alguma, a oportunidade de representar seu governo b) O direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive
no plano internacional e de participar no trabalho das organizações a aplicação dos mesmos critérios de seleção em questões de em-
internacionais. prego;
c) O direito de escolher livremente profissão e emprego, o di-
Artigo 9° reito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos os benefí-
cios e outras condições de serviço, e o direito ao acesso à formação
1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos iguais aos e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem, formação
dos homens para adquirir, mudar ou conservar sua nacionalidade. profissional superior e treinamento periódico;
Garantirão, em particular, que nem o casamento com um estran- d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igual-
geiro, nem a mudança de nacionalidade do marido durante o casa- dade de tratamento relativa a um trabalho de igual valor, assim
mento, modifiquem automaticamente a nacionalidade da esposa, como igualdade de tratamento com respeito à avaliação da quali-
convertam-na em apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade dade do trabalho;
do cônjuge. e) O direito à seguridade social, em particular em casos de apo-
2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos sentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra inca-
que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos. pacidade para trabalhar, bem como o direito de férias pagas;
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de
PARTE III trabalho, inclusive a salvaguarda da função de reprodução.
Artigo 10 2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões
de casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de seu di-
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para reito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão as medidas adequadas
eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a para:
igualdade de direitos com o homem na esfera da educação e em a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou
particular para assegurarem condições de igualdade entre homens licença de maternidade e a discriminação nas demissões motivadas
e mulheres: pelo estado civil;

42
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
b) Implantar a licença de maternidade, com salário pago ou be- e) Organizar grupos de autoajuda e cooperativas a fim de obter
nefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego anterior, anti- igualdade de acesso às oportunidades econômicas mediante em-
guidade ou benefícios sociais; prego ou trabalho por conta própria;
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio ne- f) Participar de todas as atividades comunitárias;
cessários para permitir que os pais combinem as obrigações para g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos servi-
com a família com as responsabilidades do trabalho e a participa- ços de comercialização e às tecnologias apropriadas, e receber um
ção na vida pública, especialmente mediante fomento da criação e tratamento igual nos projetos de reforma agrária e de reestabele-
desenvolvimento de uma rede de serviços destinados ao cuidado cimentos;
das crianças; h) gozar de condições de vida adequadas, particularmente nas
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos esferas da habitação, dos serviços sanitários, da eletricidade e do
tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais para elas. abastecimento de água, do transporte e das comunicações.
3. A legislação protetora relacionada com as questões compre-
endidas neste artigo será examinada periodicamente à luz dos co- PARTE IV
nhecimentos científicos e tecnológicos e será revista, derrogada ou Artigo 15
ampliada conforme as necessidades.
Artigo 12 1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualdade com o
homem perante a lei.
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em matérias civis,
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera dos cuida- uma capacidade jurídica idêntica do homem e as mesmas oportu-
dos médicos a fim de assegurar, em condições de igualdade entre nidades para o exercício dessa capacidade. Em particular, reconhe-
homens e mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive os refe- cerão à mulher iguais direitos para firmar contratos e administrar
rentes ao planejamento familiar. bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas do
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Estados-Partes processo nas cortes de justiça e nos tribunais.
garantirão à mulher assistência apropriadas em relação à gravidez, 3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou outro
ao parto e ao período posterior ao parto, proporcionando assistên- instrumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a ca-
cia gratuita quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma nu- pacidade jurídica da mulher será considerado nulo.
trição adequada durante a gravidez e a lactância. 4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher os
mesmos direitos no que respeita à legislação relativa ao direito das
Artigo 13 pessoas à liberdade de movimento e à liberdade de escolha de re-
sidência e domicílio.
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para
eliminar a discriminação contra a mulher em outras esferas da vida Artigo 16
econômica e social a fim de assegurar, em condições de igualdade
entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular: 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas adequadas
a) O direito a benefícios familiares; para eliminar a discriminação contra a mulher em todos os assun-
b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras tos relativos ao casamento e às ralações familiares e, em particular,
formas de crédito financeiro; com base na igualdade entre homens e mulheres, assegurarão:
c) O direito a participar em atividades de recreação, esportes e a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
em todos os aspectos da vida cultural. b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e de con-
trair matrimônio somente com livre e pleno consentimento;
Artigo 14 c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o casamen-
to e por ocasião de sua dissolução;
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os problemas es- d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, qual-
pecíficos enfrentados pela mulher rural e o importante papel que quer que seja seu estado civil, em matérias pertinentes aos filhos.
desempenha na subsistência econômica de sua família, incluído seu Em todos os casos, os interesses dos filhos serão a consideração
trabalho em setores não-monetários da economia, e tomarão todas primordial;
as medidas apropriadas para assegurar a aplicação dos dispositivos e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavelmente so-
desta Convenção à mulher das zonas rurais. bre o número de seus filhos e sobre o intervalo entre os nascimen-
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apropriadas tos e a ter acesso à informação, à educação e aos meios que lhes
para eliminar a discriminação contra a mulher nas zonas rurais a fim permitam exercer esses direitos;
de assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres, f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respeito à tu-
que elas participem no desenvolvimento rural e dele se beneficiem, tela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou institutos análogos,
e em particular as segurar-lhes-ão o direito a: quando esses conceitos existirem na legislação nacional. Em todos
a) Participar da elaboração e execução dos planos de desenvol- os casos os interesses dos filhos serão a consideração primordial;
vimento em todos os níveis; g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mulher, inclusi-
b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive infor- ve o direito de escolher sobrenome, profissão e ocupação;
mação, aconselhamento e serviços em matéria de planejamento h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria de pro-
familiar; priedade, aquisição, gestão, administração, gozo e disposição dos
c) Beneficiar-se diretamente dos programas de seguridade so- bens, tanto a título gratuito quanto à título oneroso.
cial; 2. Os esponsais e o casamento de uma criança não terão efeito
d) Obter todos os tipos de educação e de formação, acadêmica legal e todas as medidas necessárias, inclusive as de caráter legis-
e não acadêmica, inclusive os relacionados à alfabetização funcio- lativo, serão adotadas para estabelecer uma idade mínima para o
nal, bem como, entre outros, os benefícios de todos os serviços co- casamento e para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em
munitário e de extensão a fim de aumentar sua capacidade técnica; registro oficial.

43
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
PARTE V a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Conven-
Artigo 17 ção para o Estado interessado; e
b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e toda vez
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na aplica- que o Comitê a solicitar.
ção desta Convenção, será estabelecido um Comitê sobre a Elimi- 2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que in-
nação da Discriminação contra a Mulher (doravante denominado fluam no grau de cumprimento das obrigações estabelecidos por
o Comitê) composto, no momento da entrada em vigor da Conven- esta Convenção.
ção, de dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo trigésimo-
-quinto Estado-Parte, de vinte e três peritos de grande prestígio Artigo 19
moral e competência na área abarcada pela Convenção. Os peritos
serão eleitos pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
suas funções a título pessoal; será levada em conta uma repartição 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois anos.
geográfica equitativa e a representação das formas diversas de civi- Artigo 20
lização assim como dos principais sistemas jurídicos;
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto 1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por um
de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-Partes. Cada um período não superior a duas semanas para examinar os relatórios
dos Estados-Partes poderá indicar uma pessoa entre seus próprios que lhe sejam submetidos em conformidade com o Artigo 18 desta
nacionais; Convenção.
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data de entra- 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente na sede
da em vigor desta Convenção. Pelo menos três meses antes da data das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que o Comitê de-
de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações Unidas dirigirá uma termine.
carta aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas candida-
turas, no prazo de dois meses. O Secretário-Geral preparará uma Artigo 21
lista, por ordem alfabética de todos os candidatos assim apresenta-
dos, com indicação dos Estados-Partes que os tenham apresentado 1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das Na-
e comunicá-la-á aos Estados Partes; ções Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral das Nações
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião Unidas de suas atividades e poderá apresentar sugestões e reco-
dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Geral na sede das mendações de caráter geral baseadas no exame dos relatórios e em
Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado informações recebidas dos Estados-Partes. Essas sugestões e reco-
com dois terços dos Estados-Partes, serão eleitos membros do Co- mendações de caráter geral serão incluídas no relatório do Comi-
mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a tê juntamente com as observações que os Estados-Partes tenham
maioria absoluta de votos dos representantes dos Estados-Partes porventura formulado.
presentes e votantes; 2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os relató-
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de rios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos As Agências Especializadas terão direito a estar representadas
na primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente no exame da aplicação das disposições desta Convenção que cor-
após a primeira eleição os nomes desses nove membros serão es- respondam à esfera de suas atividades. O Comitê poderá convidar
colhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê; as Agências Especializadas a apresentar relatórios sobre a aplicação
6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê realizar- da Convenção nas áreas que correspondam à esfera de suas ativi-
-se-á em conformidade com o disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 deste dades.
Artigo, após o depósito do trigésimo-quinto instrumento de ratifica-
ção ou adesão. O mandato de dois dos membros adicionais eleitos PARTE VI
nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por sorteio, pelo Pre- Artigo 23
sidente do Comitê, expirará ao fim de dois anos;
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo perito Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer dispo-
tenha deixado de exercer suas funções de membro do Comitê no- sição que seja mais propícia à obtenção da igualdade entre homens
meará outro perito entre seus nacionais, sob reserva da aprovação e mulheres e que seja contida:
do Comitê; a) Na legislação de um Estado-Parte ou
8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da Assembleia b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo internacio-
Geral, receberão remuneração dos recursos das Nações Unidas, na nal vigente nesse Estado.
forma e condições que a Assembleia Geral decidir, tendo em vista a
importância das funções do Comitê; Artigo 24
9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporcionará o pes-
soal e os serviços necessários para o desempenho eficaz das fun- Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as medidas
ções do Comitê em conformidade com esta Convenção. necessárias em âmbito nacional para alcançar a plena realização
dos direitos reconhecidos nesta Convenção.
Artigo 18
Artigo 25
1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao Secretá-
rio-Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório 1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos os Es-
sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras tados.
que adotarem para tornarem efetivas as disposições desta Conven- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado deposi-
ção e sobre os progressos alcançados a esse respeito: tário desta Convenção.

44
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instrumentos de
ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações LEI FEDERAL N° 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 (LEI
Unidas. MARIA DA PENHA)
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Estados.
A adesão efetuar-se-á através do depósito de um instrumento de LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
Artigo 26 contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer momento, for- Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
mular pedido de revisão desta revisão desta Convenção, mediante para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral das Nações Unidas. sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre as me- contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal
didas a serem tomadas, se for o caso, com respeito a esse pedido. e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

Artigo 27 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-


cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a partir da
data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão TÍTULO I
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a
ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio-
ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do
depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção
Artigo 28 Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Re-
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e enviará a pública Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
todos os Estados o texto das reservas feitas pelos Estados no mo- Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi-
mento da ratificação ou adesão. das de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto doméstica e familiar.
e o propósito desta Convenção. Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli-
uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário-Geral gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
das Nações Unidas, que informará a todos os Estados a respeito. A sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver
notificação surtirá efeito na data de seu recebimento. sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa-
mento moral, intelectual e social.
Artigo 29 Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen-
1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-Partes re- tação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es-
lativa à interpretação ou aplicação desta Convenção e que não for porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
resolvida por negociações será, a pedido de qualquer das Partes na ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
controvérsia, submetida a arbitragem. Se no prazo de seis meses § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir
a partir da data do pedido de arbitragem as Partes não acordarem os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti-
sobre a forma da arbitragem, qualquer das Partes poderá submeter cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli-
a controvérsia à Corte Internacional de Justiça mediante pedido em gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
conformidade com o Estatuto da Corte. § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con-
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura ou rati- dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados
ficação desta Convenção ou de adesão a ela, poderá declarar que no caput.
não se considera obrigado pelo parágrafo anterior. Os demais Esta- Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
dos-Partes não estarão obrigados pelo parágrafo anterior perante sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu-
nenhum Estado-Parte que tenha formulado essa reserva. liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reserva pre-
vista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qualquer momento TÍTULO II
por meio de notificação ao Secretário-Geral das Nações Unidas. DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

Artigo 30 CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, fran-
cês, inglês e russo são igualmente autênticos será depositada junto Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica
ao Secretário-Geral das Nações Unidas. e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
Em testemunho do que, os abaixo-assinados devidamente au- gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-
torizados, assinaram esta Convenção. cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº
150, de 2015)

45
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza-
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, ção de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe-
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; riódica dos resultados das medidas adotadas;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
de coabitação. estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no
independem de orientação sexual. inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti- ;
tui uma das formas de violação dos direitos humanos. IV - a implementação de atendimento policial especializado
para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à
CAPÍTULO II Mulher;
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CON- V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre-
TRA A MULHER venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
mulher, entre outras: VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover-
ofenda sua integridade ou saúde corporal;
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo
II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu-
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio-
ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
lência doméstica e familiar contra a mulher;
que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per-
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma-
tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
questões de gênero e de raça ou etnia;
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex-
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem
ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018) com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexu- ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equida-
al não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da de de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, tica e familiar contra a mulher.
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contra-
ceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à CAPÍTULO II
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipula- DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
ção; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e DOMÉSTICA E FAMILIAR
reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu- Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés-
ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin-
de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, cípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti- no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
nados a satisfazer suas necessidades; entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen-
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que cialmente quando for o caso.
configure calúnia, difamação ou injúria. § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro-
TÍTULO III gramas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do-
DOMÉSTICA E FAMILIAR méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló-
gica:
CAPÍTULO I I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte-
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO grante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti- III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o
culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação
Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério de união estável perante o juízo competente.(Incluído pela Lei nº
Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, 13.894, de 2019)
assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;

46
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti- II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si-
ca e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri-
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos ções sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati-
casos de violência sexual. vo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência Lei nº 13.505, de 2017)
física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés-
fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir tica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei,
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata- pela Lei nº 13.505, de 2017)
mento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa-
ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem dos à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar
os serviços.(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí-
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso do pela Lei nº 13.505, de 2017)
de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro-
vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas fissional especializado em violência doméstica e familiar designado
protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.(Vide Lei nº pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505,
13.871, de 2019) (Vigência) de 2017)
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste arti- III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag-
go não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Inclu-
da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ído pela Lei nº 13.505, de 2017)
ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.(Vide Lei nº Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do-
13.871, de 2019) (Vigência) méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi-
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar dências:
tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo Instituto Médico Legal;
de violência doméstica e familiar em curso.(Incluído pela Lei nº III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
13.882,de 2019) para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
tes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis- familiar;
tério Público e aos órgãos competentes do poder público.(Incluído V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e
pela Lei nº 13.882,de 2019) os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa-
CAPÍTULO III ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de disso-
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL lução de união estável.(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do- contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
legais cabíveis. I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao representação a termo, se apresentada;
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do- do fato e de suas circunstâncias;
méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, medidas protetivas de urgência;
de 2017) IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti- ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
ca e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se V - ouvir o agressor e as testemunhas;
tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man-
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da dado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situ- ele;
ação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505,
de 2017)

47
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos- TÍTULO IV
se de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos DOS PROCEDIMENTOS
essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res-
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos CAPÍTULO I
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do DISPOSIÇÕES GERAIS
Desarmamento);(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
juiz e ao Ministério Público. cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
de policial e deverá conter: Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
I - qualificação da ofendida e do agressor; à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
II - nome e idade dos dependentes; estabelecido nesta Lei.
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita- Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
das pela ofendida. Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi-
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com nal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri-
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava- tórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução
mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
2019) contra a mulher.
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi- Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em
do no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização
disponíveis em posse da ofendida. judiciária.
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron- Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti-
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de ca e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do-
violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po- méstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti-
lícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento lha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o
equipes especializadas para o atendimento e a investigação das vio- ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável,
lências graves contra a mulher. a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 13.894, de 2019)
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces-
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos I - do seu domicílio ou de sua residência;
necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de III - do domicílio do agressor.
2017) Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa-
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
vida ou à integridade física da mulher em situação de violência do- representação perante o juiz, em audiência especialmente designa-
méstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imedia- da com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido
tamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a o Ministério Público.
ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de
2019)
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli-
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
que o pagamento isolado de multa.
de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
CAPÍTULO II
e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Inclu-
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
ído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o
SEÇÃO I
juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas
DISPOSIÇÕES GERAIS
e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco-
mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca-
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me-
liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) didas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as-
sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamen-
to ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;
(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi-
dências cabíveis.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica-
posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) ção de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu-
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- rança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi-
didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido dência ser comunicada ao Ministério Público.
da ofendida. § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º
das de imediato, independentemente de audiência das partes e de da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti-
comunicado. vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
nesta Lei forem ameaçados ou violados. § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên- força policial.
cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote- § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou-
ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o ber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869,
Ministério Público. de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo SEÇÃO III
juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA
representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou-
no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, tras medidas:
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi- I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi-
quem. cial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen-
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo
ou do defensor público. dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em
notificação ao agressor .
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou
a transferência deles para essa instituição, independentemente da
SEÇÃO II
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
AGRESSOR
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou-
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
tras:
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime-
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor
diato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
à ofendida;
medidas protetivas de urgência, entre outras: II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex-
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, pressa autorização judicial;
de 22 de dezembro de 2003 ; III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com agressor;
a ofendida; IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial,
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu- doméstica e familiar contra a ofendida.
nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a SEÇÃO IV
integridade física e psicológica da ofendida; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.641, DE 2018)
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno- DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS
res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si- DE URGÊNCIA
milar; DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro-
e reeducação; e(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) tetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641,
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de de 2018)
atendimento individual e/ou em grupo de apoio.(Incluído pela Lei Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
nº 13.984, de 2020) pela Lei nº 13.641, de 2018)

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 1º A configuração do crime independe da competência ci- TÍTULO VI
vil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
13.641, de 2018)
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida- Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
de judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula-
2018) rão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra
sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
pela legislação processual pertinente.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va-
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas
no caput.
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e TÍTULO VII
familiar contra a mulher. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa-
mulher, quando necessário: miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu- das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
cação, de assistência social e de segurança, entre outros; Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami- I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu-
liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés-
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; tica e familiar;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me-
a mulher. nores em situação de violência doméstica e familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú-
CAPÍTULO IV de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do-
méstica e familiar;
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu-
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
lher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às
Lei.
diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do-
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre-
méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi-
Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e
nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente
judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser
TÍTULO V dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda
coletiva.
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar
Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi-
de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta-
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação dos e do Distrito Federal poderão remeter suas informações crimi-
local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público nais para a base de dados do Ministério da Justiça.
e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audi- Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me-
ência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, dida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão regis-
os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes. tradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio- Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assis-
nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento tência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas
multidisciplinar. protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or- Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen-
Diretrizes Orçamentárias. tárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa-
ção das medidas estabelecidas nesta Lei.

50
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
decorrentes dos princípios por ela adotados. mente a injúria;
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami- II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do pena correspondente à violência.
seguinte inciso IV: § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
“Art. 313. ................................................. a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
................................................................ ou portadora de deficiência:(Redação dada pela Lei nº 10.741, de
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a 2003)
mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela Lei nº
medidas protetivas de urgência.” (NR) 9.459, de 1997)
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a Os crimes contra a honra subdividem-se entre Calúnia, Difama-
seguinte redação: ção e Injúria. Em um primeiro momento, eles nos assustam, pois
“Art. 61. .................................................. são crimes simples mas com muita bagagem que certamente, irá
................................................................. ser muito usado para quem pretende seguir o ramo do Direito Penal
II - ............................................................ futuramente.
................................................................. Partiremos para a Injúria, um crime corriqueiro nos dias de
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações hoje. Podemos dizer que, a injúria é o menos-grave do rol dos cri-
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência mes contra a honra existentes no Código Penal, porém, pode se tor-
contra a mulher na forma da lei específica; nar uma infração grave, se atingida a raça, a etnia, a religião etc. No
........................................................... ” (NR) artigo 140 do Código Penal dispõe que: Injuriar alguém, ofendendo
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro lhe a dignidade ou decoro. Por exemplo: Chamar uma pessoa de
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: burra e incapaz nas atividades profissionais.
“Art. 129. ..................................................
A Injúria é basicamente um “xingamento”, que se consuma
..................................................................
quando a própria vítima toma o conhecimento e é somente de hon-
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
ra subjetiva. Entretanto, este crime possui situações em que o juiz
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
pode deixar de aplicar a pena, quando por exemplo, houve uma
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés-
provocação, ou no caso de retorsão imediata. Caberá tentativa de-
ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
pendendo dos meios de execução e não cabe exceção da verdade.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada LEI FEDERAL Nº 9.455/1997 (COMBATE À TORTURA)
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência.” (NR)
Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 152. ................................................... Define os crimes de tortura e dá outras providências.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do OPRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR) cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após
sua publicação. Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140) a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa;
PARTE ESPECIAL b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
(VIDE LEI Nº 7.209, DE 1984) c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
TÍTULO I com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
CAPÍTULO V Pena - reclusão, de dois a oito anos.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
Injúria intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de- de medida legal.
coro: § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: de um a quatro anos.

51
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou fun-
são é de oito a dezesseis anos. cionário público.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas
I - se o crime é cometido por agente público; a tentativa dos crimes definidos nesta lei.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação crimes políticos para efeitos de extradição.
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo LEI FEDERAL N° 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985
da pena aplicada. (LEI CAÓ)
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia. LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi- nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso
leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Arinos.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a
prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo
LEI FEDERAL Nº 2.889/56 (COMBATE AO GENOCÍDIO) ou de estado civil.
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor,
LEI Nº 2.889, DE 1º DE OUTUBRO DE 1956. gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática
referida no artigo 1º. desta lei.
Define e pune o crime de genocídio. Das Contravenções
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: estabelecimento de mesma finalidade, por preconceito de raça, de
cor, de sexo ou de estado civil.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
seguinte Lei:
de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de referência (MVR).
Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em par-
gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, bares, con-
te, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:(Vide Lei nº
feitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por preconceito
7.960, de 1989)
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
a) matar membros do grupo;
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de mem-
multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
bros do grupo; Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento pú-
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existên- blico, de diversões ou de esporte, por preconceito de raça, de cor,
cia capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; de sexo ou de estado civil.
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e
do grupo; multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de esta-
outro grupo; belecimento comercial ou de prestação de serviço, por preconceito
Será punido: de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e
letra a; multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de raça, de cor,
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; de sexo ou de estado civil.
Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referência (MVR).
crimes mencionados no artigo anterior:(Vide Lei nº 7.960, de 1989) Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensi-
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos. no, a pena será a perda do cargo para o agente, desde que apurada
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qual- em inquérito regular.
quer dos crimes de que trata o art. 1º:(Vide Lei nº 7.960, de 1989) Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público
Pena: Metade das penas ali cominadas. civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime civil.
incitado, se este se consumar. Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a inci- em inquérito regular, para o funcionário dirigente da repartição de
tação for cometida pela imprensa. que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.

52
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, II - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
sociedade de economia mista, empresa concessionária de serviço breza - SEDES, para a Casa Civil, o Fundo Estadual de Combate
público ou empresa privada, por preconceito de raça, de cor, de e Erradicação da Pobreza - FUNCEP, instituído pelo art. 4º da Lei
sexo ou de estado civil. 7.988/2001;
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa III - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no breza - SEDES, para a Casa Civil:
caso de empresa privada; perda do cargo para o responsável pela a) a Diretoria Executiva do Fundo Estadual de Combate e Erra-
recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e em- dicação da Pobreza FUNCEP, criada pelo art. 2º, inciso II, alínea c, da
presa concessionária de serviço público. Lei nº 7.988, de 21 de dezembro de 2001, com as alterações intro-
Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabelecimen- duzidas pela Lei nº 9.509, de 20 de maio de 2005, exceto a Diretoria
tos particulares, poderá o juiz determinar a pena adicional de sus- de Orçamento Público e a Diretoria de Finanças;
pensão do funcionamento, por prazo não superior a 3 (três) meses. Redação de acordo com o art. 46 da Lei nº 10.955, de 12 de
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. dezembro de 2007.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. Redação original: “a) a Diretoria Executiva do FUNCEP criada
pelo art. 2º, II, c e § 8º da Lei 7.988/2001, com as alterações intro-
duzidas pela Lei 9.509/2005, exceto a Coordenação de Orçamento
LEI ESTADUAL N° 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006 e Finanças;”
(CRIA A SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE b) o Conselho de Políticas de Inclusão Social;
RACIAL); ALTERADA PELA LEI ESTADUAL N° 12.212/2011 c) a Câmara Técnica de Gestão de Programas;
IV - da Casa Civil:
a) para a Secretaria de Relações Institucionais SERIN: as fun-
LEI Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006
ções de coordenação de assuntos legislativos;
b) para o Gabinete do Governador, órgão vinculado diretamen-
Modifica a estrutura organizacional da Administração Pública do te ao Governador: a Ouvidoria Geral do Estado, a Secretaria Parti-
Poder Executivo Estadual e dá outras providências. cular do Governador, o Escritório de Representação do Governo, o
Cerimonial e a Assessoria Especial do Governador;
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- V - da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Turismo - SE-
sembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TUR:
Art. 1º - A Administração Pública Estadual fica modificada na a) a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos;
forma da presente Lei. b) a Empresa de Turismo da Bahia S/A BAHIATURSA;
Art. 2º - Ficam alteradas as denominações das seguintes Secre- VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ-
tarias de Estado: CDH, para a Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI:
I - Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte - SETRAS, a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra;
para Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SETRE; b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher;
II - Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais VII - da Secretaria do Planejamento - SEPLAN para a Secretaria
- SECOMP, para Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR:
Pobreza - SEDES; a) os Conselhos Regionais de Desenvolvimento;
III - Secretaria de Governo - SEGOV para Casa Civil; b) a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CAR.
IV - Secretaria de Cultura e Turismo - SCT, para Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de Relações Institu-
V - Secretaria da Justiça e Direitos Humanos - SJDH, para Secre- cionais - SERIN, da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI
taria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH. e da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR,
Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias: não conterão a Diretoria Geral prevista no art. 2º da Lei 7.435/98.
I - Secretaria de Relações Institucionais - SERIN; Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de Administração e
II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI; Finanças em cada uma das Secretarias referidas neste artigo e no
III - Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional SE- Gabinete do Governador, tendo por finalidade o planejamento e co-
DIR; ordenação das atividades de programação, orçamentação, acompa-
nhamento, avaliação, estudos e análises, administração financeira
IV - Secretaria de Turismo - SETUR.
e de contabilidade, material, patrimônio, serviços, recursos huma-
Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, funções,
nos, modernização administrativa e informática.
fundos, órgãos e entidades:
Art. 6º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem por
I - da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SE-
finalidade a coordenação política do Poder Executivo e de suas rela-
TRE, para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po- ções com os demais Poderes das diversas esferas de Governo, com
breza - SEDES: a sociedade civil e suas instituições.
a) a Superintendência de Assistência Social; § 1º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem a se-
b) o Fundo Estadual de Assistência Social, de que trata a Lei guinte estrutura básica:
6.930/95; a) Gabinete do Secretário;
c) o Fundo Estadual de Atendimento à Criança e ao Adolescen- b) Diretoria de Administração e Finanças;
te, de que trata a Lei 6975/96; c) Coordenação de Assuntos Legislativos;
d) a Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC; d) Coordenação de Assuntos Federativos;
e) o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; e) Coordenação de Articulação Social.
f) o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente - CECA; Parágrafo único - As Coordenações têm por objetivo o planeja-
g) a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC; mento, a execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria
h) a Coordenação de Defesa Civil - CORDEC; de Relações Institucionais SERIN, conforme dispuser o Regulamen-
to.

53
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI tem e) Assessoria Internacional;
por finalidade planejar e executar políticas de promoção da igual- f) Escritório de Representação do Governo.
dade racial e proteção dos direitos de indivíduos e grupos étnicos Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe do Gabinete do
atingidos pela discriminação e demais formas de intolerância, bem Governador, ao qual são atribuídas as atividades de supervisão e
assim, planejar e executar as políticas públicas de caráter transver- coordenação dos órgãos integrantes da estrutura do Gabinete do
sal para as mulheres. Governador, bem como a elaboração da agenda e o exercício de
§ 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - SEPROMI tem a outras atribuições designadas pelo Governador.
seguinte estrutura básica: Redação de acordo como o art. 39 da Lei nº 13.204, de 11 de
I - Órgãos Colegiados: dezembro de 2014.
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; Redação original: “Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão
b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher; de assistência direta e imediata ao Governador, tem a seguinte es-
II - Órgãos da Administração Direta: trutura básica:
a) Gabinete do Secretário;
a) Chefia do Gabinete;
b) Diretoria de Administração e Finanças;
b) Ouvidoria Geral do Estado;
c) Superintendência de Políticas para as Mulheres;
c) Secretaria Particular do Governador;
d) Superintendência de Promoção da Igualdade Racial.
d) Cerimonial;
§ 2º - A Superintendência de Políticas para as Mulheres tem
e) Assessoria Especial do Governador;
por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar
f) Assessoria Internacional;
e executar programas e atividades voltadas à implementação de
g) Escritório de Representação do Governo;
políticas para as mulheres, implementar ações afirmativas e definir
h) Diretoria de Administração e Finanças.
ações públicas de promoção da igualdade entre homens e mulheres
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe de Gabinete do
e de combate à discriminação.
Governador, ao qual são asseguradas as prerrogativas, represen-
§ 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade Racial
tação, remuneração e impedimentos de Secretário de Estado, ca-
tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, contro-
bendo-lhe a supervisão e a coordenação dos órgãos integrantes da
lar e executar programas e atividades voltadas à implementação de
estrutura do Gabinete do Governador, a elaboração da agenda e o
políticas e diretrizes para a promoção da igualdadee da proteção
exercício de outras atribuições designadas pelo Governador.”
dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por
Art. 10 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
discriminação racial e demais formas de intolerância.
- SETRE tem por finalidade planejar e executar as políticas de em-
§ 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de Desenvol-
prego e renda e de apoio à formação do trabalhador, de economia
vimento da Comunidade Negra e do Conselho Estadual de Defesa
solidária e de fomento ao esporte.
dos Diretos da Mulher, de que tratam as alíneas a e b do art. 17
Parágrafo único - Fica criada na Secretaria do Trabalho, Empre-
da Lei nº 4.697/87, a representação da Secretaria de Promoção da
go, Renda e Esporte - SETRE a Superintendência de Economia Soli-
Igualdade - SEPROMI.
dária, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e acompa-
Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regio-
nhar as ações e programas de fomento à economia solidária.
nal - SEDIR tem por finalidade planejar e coordenar a execução da
Art. 11 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à
política estadual de desenvolvimento regional integrado; formular,
Pobreza - SEDES tem por finalidade planejar, coordenar, executar e
em parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econô-
fiscalizar as políticas de desenvolvimento social, segurança alimen-
mico e Social, os planos e programas regionais de desenvolvimen-
tar e nutricional e de assistência social.
to; estabelecer estratégias de integração das economias regionais;
§ 1º - A Superintendência de Apoio à Inclusão Social, passa a
acompanhar e avaliar os programas integrados de desenvolvimento
ser denominada Superintendência de Inclusão e Assistência Ali-
regional.
mentar, com a finalidade de promover as ações de inclusão social e
§ 1º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional -
de assistência alimentar, conforme dispuser o regulamento.
SEDIR tem a seguinte estrutura básica:
§ 2º - Fica extinta a Superintendência de Articulação e Progra-
I - Órgãos Colegiados:
mas Especiais.
a) Conselhos Regionais de Desenvolvimento.
Art. 12 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à
II - Órgãos da Administração Direta:
Pobreza - SEDES tem a seguinte estrutura básica:
a) Gabinete do Secretário;
I - Órgãos Colegiados:
b) Diretoria de Administração e Finanças;
a) Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC;
c) Coordenação de Políticas do Desenvolvimento Regional;
b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
d) Coordenação de Programas Regionais;
- CECA;
III - Entidade da Administração Indireta:
c) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS;
a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR.
d) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da
§ 2º - As coordenações têm por objetivo o planejamento, a
Bahia - CONSEA BA;
execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria de De-
II - Órgãos da Administração Direta:
senvolvimento e Integração Regional - SEDIR, conforme dispuser o
a) Gabinete do Secretário;
regulamento.
b) Diretoria Geral;
Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência direta
c) Superintendência de Assistência Social;
e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica:
d) Superintendência de Inclusão e Assistência Alimentar;
a) Chefia do Gabinete;
III - Órgão em Regime Especial de Administração Direta:
b) Secretaria Particular do Governador;
a) Coordenação de Defesa Civil - CORDEC.
c) Cerimonial;
IV - Entidade da Administração Indireta:
d) Assessoria Especial do Governador;
a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC.

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NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Parágrafo único - O Secretário do Desenvolvimento Social e O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
Combate à Pobreza - SEDES passa a integrar na condição de presi- sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dente, o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS, o Conselho Art. 1º - A estrutura da Administração Pública do Poder Executi-
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - CECA e a Comis- vo Estadual fica modificada, na forma da presente Lei.
são Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC. Art. 2º - Fica criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres -
Art. 13 - A Secretaria de Turismo - SETUR tem por finalidade SPM, com a finalidade de planejar, coordenar e articular a execução
planejar, coordenar e executar políticas de promoção e fomento ao de políticas públicas para as mulheres, tendo a seguinte estrutura
turismo. organizacional básica:
§ 1º - A Secretaria de Turismo - SETUR tem a seguinte estrutura I - Órgão Colegiado:
básica: a) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM;
I - Órgãos da Administração Direta: II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário; a) Gabinete da Secretária;
b) Diretoria Geral; b) Diretoria de Administração e Finanças;
c) Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos; c) Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas;
d) Superintendência de Serviços Turísticos.
d) Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as
II - Entidade da Administração Indireta:
Mulheres.
a) Empresa de Turismo da Bahia S/A - BAHIATURSA.
Art. 3º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher
§ 2º - A Superintendência de Serviços Turísticos tem por fina-
- CDDM, órgão consultivo, tem por finalidade estabelecer diretrizes
lidade planejar e executar programas e projetos de qualificação de
serviços e mão-de-obra, capacitação empresarial, certificação de e normas relativas às políticas e medidas que visem eliminar a dis-
qualidade, regulação e fiscalização de atividades turísticas. criminação e garantir condições de liberdade e equidade de direitos
Art. 14 - Ficam criadas: para a mulher, assegurando sua plena participação nas atividades
I - na Secretaria da Agricultura - SEAGRI: a Superintendência de políticas, sociais, econômicas e culturais do Estado.
Agricultura Familiar, com a finalidade de orientar, apoiar, coordenar, Parágrafo único - As normas de funcionamento do CDDM serão
acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltados estabelecidas em Regimento próprio.
ao fortalecimento da agricultura familiar. Art. 4º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher
II - na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ- - CDDM tem a seguinte composição:
CDH: I - a Secretária de Políticas para as Mulheres, que o presidirá;
a) a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa II - 06 (seis) servidoras estaduais, representantes das Secreta-
com Deficiência, com a finalidade de promover e fortalecer o de- rias de Promoção da Igualdade Racial, da Educação, da Saúde, da
senvolvimento dos programas e ações voltados para a defesa dos Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, do Trabalho, Emprego, Ren-
direitos da pessoa portadora de deficiência; da e Esporte e da Segurança Pública;
b) a Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas, vincu- III - 12 (doze) representantes da sociedade civil, sendo:
lada à Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos. a) 05 (cinco) membros de organizações de mulheres, legalmen-
Art. 15 - Para atender à implantação dos novos órgãos criados te constituídas;
por esta Lei e às adequações na estrutura da Administração Pública b) 02 (duas) de notória atuação na luta pela defesa dos direitos
Estadual, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado e da mulher;
os cargos em comissão constantes do Anexo Único desta Lei. c) 01 (uma) da comunidade acadêmica vinculada ao estudo da
Art. 16 - Ficam extintos os cargos em comissão constantes do condição feminina;
Anexo Único desta Lei. d) 01 (uma) das trabalhadoras rurais;
Art. 17 - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a promo- e) 01 (uma) das trabalhadoras urbanas;
ver, no prazo de 120 (cento e vinte) dias: f) 01 (uma) das mulheres negras;
I - a revisão e a elaboração dos regimentos, estatutos e outros g) 01 (uma) indígena.
instrumentos regulamentadores para adequação das alterações or-
§ 1º - As titulares do Conselho e suas suplentes serão nomea-
ganizacionais decorrentes desta Lei;
das pelo Governador do Estado, sendo que as referidas nos incisos
II - as modificações orçamentárias necessárias ao cumprimento
II e III, deste artigo, serão indicadas pelos respectivos órgãos e en-
desta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento
tidades.
do exercício de 2007.
Parágrafo único - As modificações de que trata o inciso II deste § 2º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher
artigo incluem a abertura de créditos especiais destinados, exclusi- manterá a atual composição até a definitiva indicação e nomeação
vamente, à criação de categorias de programação indispensáveis ao dos representantes dos órgãos e entidades que o compõem, con-
funcionamento de órgãos criados ou decorrentes desta Lei, respei- forme estabelecido nos incisos II e III deste artigo.
tado o Art. 7º da Lei Orçamentária de 2007. Art. 5º - O Gabinete da Secretária tem por finalidade prestar
Art. 18 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar os atos ne- assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis-
cessários à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação trativas.
dos órgãos criados ou reorganizados por esta Lei. Art. 6º - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi-
Art. 19 - Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2007. nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro-
Art. 20 - Revogam-se as disposições em contrário. gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e
análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa-
LEI Nº 12.212 DE 04 DE MAIO DE 2011 trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa
e informática.
Modifica a estrutura organizacional e de cargos em comissão da
Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras
providências.

55
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 7º - A Coordenação de Articulação Institucional e Ações III - ficam remanejados, da extinta Superintendência de Políti-
Temáticas tem por finalidade integrar as políticas para as mulhe- cas para as Mulheres para a Coordenação de Políticas para as Co-
res nas áreas de educação, saúde, trabalho e participação política, munidades Tradicionais, ora criada, 01 (um) cargo de Coordenador
visando o combate à violência contra a mulher e a redução das de- I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3,
sigualdades de gênero e a eliminação de todas as formas de discri- 01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de
minação identificadas. Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.
Art. 8º - A Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas Art. 18 - Fica criado, na estrutura de cargos em comissão da SE-
para as Mulheres tem por finalidade apoiar a formulação e a im- PROMI, alocado na Diretoria de Administração e Finanças, 01 (um)
plementação de políticas públicas de gênero, de forma transversal. cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3.
Art. 9º - Fica alterada a denominação da Secretaria de Promo- Art. 19 - Fica criada a Secretaria de Administração Penitenciá-
ção da Igualdade - SEPROMI para Secretaria de Promoção da Igual- ria e Ressocialização - SEAP, com a finalidade de formular políticas
dade Racial - SEPROMI, que passa a ter por finalidade planejar e de ações penais e de ressocialização de sentenciados, bem como
executar políticas de promoção da igualdade racial e de proteção de planejar, coordenar e executar, em harmonia com o Poder Ju-
dos direitos de indivíduos e grupos étnicos atingidos pela discrimi- diciário, os serviços penais do Estado, tendo a seguinte estrutura
nação e demais formas de intolerância. organizacional básica:
Art. 10 - Ficam excluídas da finalidade e competências da SE- I - Órgãos Colegiados:
PROMI as atividades pertinentes ao planejamento e execução das a) Conselho Penitenciário - CP;
políticas públicas de caráter transversal para as mulheres. b) Conselho de Operações do Sistema Prisional;
Parágrafo único - Fica transferido da SEPROMI para a Secretaria II - Órgãos da Administração Direta:
de Políticas para as Mulheres - SPM o Conselho Estadual de Defesa a) Gabinete do Secretário;
dos Direitos da Mulher - CDDM. b) Ouvidoria;
c) Corregedoria do Sistema Penitenciário;
Art. 11 - A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial passa a
d) Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Pri-
ter a seguinte estrutura organizacional básica:
sional;
I - Órgão Colegiado:
e) Diretoria Geral;
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra -
f) Superintendência de Ressocialização Sustentável;
CDCN; g) Superintendência de Gestão Prisional:
II - Órgãos da Administração Direta: 1.Sistema Prisional;
a) Gabinete do Secretário; h) Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas
b) Diretoria de Administração e Finanças; Alternativas da Bahia - CEAPA:
c) Coordenação de Promoção da Igualdade Racial; 1.Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas
d) Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais. Alternativas.
Art. 12 - O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Ne- Art. 20 - O Conselho Penitenciário - CP, órgão consultivo e fisca-
gra - CDCN, órgão colegiado, tem por finalidade estudar, propor e lizador da execução penal, tem por finalidade estabelecer diretrizes
acompanhar medidas de relacionamento dos órgãos governamen- e normas relativas à política criminal e penitenciária no Estado.
tais com a comunidade negra, visando resgatar o direito à sua plena Parágrafo único - As normas de funcionamento do CP serão es-
cidadania e participação na sociedade. tabelecidas em Regimento próprio.
Art. 13 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar Art. 21 - O Conselho Penitenciário - CP tem a seguinte compo-
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- sição:
trativas. I - o Secretário de Administração Penitenciária e Ressocializa-
Art. 14 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi- ção;
nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro- II - 01 (um) representante da Defensoria Pública da União;
gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e III - 01 (um) representante da Defensoria Pública do Estado da
análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa- Bahia;
trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa IV - 01 (um) representante do Ministério Público Federal;
e informática. V - 01 (um) representante do Ministério Público do Estado da
Art. 15 - A Coordenação de Promoção da Igualdade Racial tem Bahia;
por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar e VI - 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil -
executar programas e atividades voltadas à implementação de po- OAB, Secção Bahia, indicado pelo seu Conselho Estadual;
líticas e diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção dos VII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente espe-
cializados em Direito Penal, Processual Penal ou Penitenciário;
direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por discri-
VIII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente espe-
minação racial e demais formas de intolerância.
cializados em Medicina Legal ou Psiquiatria;
Art. 16 - A Coordenação de Políticas para as Comunidades Tra-
IX - 02 (dois) representantes da comunidade, de livre escolha
dicionais tem por finalidade formular políticas de promoção da de-
do Governador.
fesa dos direitos e interesses das comunidades tradicionais, inclusi- § 1º - O Presidente do Conselho será um de seus membros,
ve quilombolas, no Estado da Bahia, reduzindo as desigualdades e nomeado pelo Governador do Estado, mediante indicação do Cole-
eliminando todas as formas de discriminação identificadas. giado, em lista tríplice, através de votação secreta.
Art. 17 - A estrutura de cargos em comissão da SEPROMI fica § 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nome-
alterada, na forma a seguir indicada: ados pelo Governador do Estado, sendo que os referidos nos inci-
I - ficam extintos 02 (dois) cargos de Superintendente, símbolo sos II a VI deste artigo, serão indicados pelos respectivos órgãos e
DAS-2A; entidades.
II - ficam criados 02 (dois) cargos de Coordenador Executivo, § 3º - Os membros indicados nos incisos VII, VIII e IX deste arti-
símbolo DAS-2B; go, serão escolhidos pelo Governador do Estado.

56
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 22 - O Conselho de Operações do Sistema Prisional, órgão Art. 33 - Fica transferida da Secretaria da Justiça, Cidadania e
de integração e avaliação das ações operacionais, é composto pelo Direitos Humanos - SJCDH para a Secretaria de Administração Pe-
Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, que o nitenciária e Ressocialização - SEAP, a vinculação do Conselho Pe-
presidirá e pelos Dirigentes da Superintendência de Gestão Prisio- nitenciário - CP, ficando extintos, da estrutura de cargos em comis-
nal, da Corregedoria do Sistema Penitenciário e da Coordenação de são da SJCDH, 01 (um) cargo de Presidente de Conselho, símbolo
Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional, bem como das DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um)
Unidades Prisionais. cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5.
Art. 23 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar Art. 34 - Ficam criadas, na estrutura organizacional e de cargos
assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis- em comissão da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Huma-
trativas. nos - SJCDH, as seguintes Unidades, na forma a seguir indicada:
Art. 24 - A Ouvidoria tem por finalidade receber e examinar I - a Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiên-
denúncias, reclamações e sugestões dos cidadãos, relacionadas à cia, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, avaliar e
atuação da Secretaria. fiscalizar a execução das políticas públicas estaduais voltadas para
Art. 25 - A Corregedoria do Sistema Penitenciário tem por fina- a promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência;
lidade acompanhar, controlar e avaliar a regularidade da atuação II - a Superintendência de Prevenção e Acolhimento aos Usu-
funcional e da conduta dos servidores da Secretaria de Administra- ários de Drogas e Apoio Familiar, com a finalidade de planejar, co-
ção Penitenciária e Ressocialização - SEAP, em estreita articulação ordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das políticas
com o Sistema de Correição Estadual. públicas preventivas às drogas e de atendimento aos dependentes
e suas famílias, promovendo a reinserção social de usuários de dro-
Art. 26 - A Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sis-
gas.
tema Prisional tem por finalidade coordenar e acompanhar o fluxo
§ 1º - Para atender ao disposto no inciso I deste artigo, ficam
de dados e informações, visando ao aprimoramento das práticas
criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 02
das Unidades Prisionais.
(dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor
Art. 27 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrati-
dos órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente insti- vo, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I,
tuídos, responsáveis pela execução das atividades de programação, símbolo DAI-5.
orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, § 2º - Para atender ao disposto no inciso II deste artigo, ficam
material, patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 02
administrativa e informática, e administração financeira e de con- (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor
tabilidade. Técnico, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrati-
Art. 28 - A Superintendência de Ressocialização Sustentável tem vo I, símbolo DAI-5.
por finalidade implantar atividades que possibilitem a ressocializa- § 3º - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em
ção e reabilitação do indivíduo sob custódia, através do desenvol- comissão da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos -
vimento de programas de educação, cultura e trabalho produtivo. SJCDH, a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa
Art. 29 - A Superintendência de Gestão Prisional tem por fina- com Deficiência, bem como 01 (um) cargo de Coordenador Execu-
lidade administrar e supervisionar o cumprimento das atividades tivo, símbolo DAS-2B.
alusivas à execução penal, em conformidade com ações de huma- Art. 35 - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos
nização, bem como administrar e supervisionar o Sistema Prisional. em comissão da SJCDH, a Corregedoria, bem como 01 (um) cargo
Parágrafo único - O Sistema Prisional é composto pelos Pre- de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordena-
sídios, Penitenciárias, Colônias Penais, Conjuntos Penais, Cadeias dor II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo
Públicas, Hospital de Custódia e Tratamento, Casa do Albergado e I, símbolo DAI-5.
Egressos, Centro de Observação Penal, Central Médica Penitenciá- Art. 36 - Ficam extintos, da estrutura de cargos em comissão
ria e Unidade Especial Disciplinar. da SJCDH, 01 (um) cargo de Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D,
Art. 30 - A Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Me- 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de
didas Alternativas da Bahia - CEAPA tem por finalidade acompanhar Coordenador III, símbolo DAI-4, alocados na Diretoria Geral.
a execução de medidas e penas alternativas aplicadas pelos órgãos Art. 37 - Fica alterada a denominação do Centro de Educação
do Poder Judiciário do Estado da Bahia. em Direitos Humanos e Assuntos Penais - CEDHAP, criado pela Lei
nº 10.955 , de 21 de dezembro de 2007, para Centro de Educação
Parágrafo único - Os Núcleos de Apoio e Acompanhamento às
em Direitos Humanos, com a finalidade de executar programas, pro-
Penas e Medidas Alternativas de que trata o art. 1º da Lei nº 11.042,
jetos e atividades de formação e educação em Direitos Humanos.
de 09 de maio de 2008, ficam vinculados à Central de Apoio e Acom-
Art. 38 - Fica criada a Secretaria de Comunicação Social - SE-
panhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA.
COM, com a finalidade de propor, coordenar e executar a política de
Art. 31 - Ficam excluídas da finalidade e competências da Se- comunicação social do Governo, bem como de promover a radio-
cretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, as ati- difusão pública, tendo a seguinte estrutura organizacional básica:
vidades pertinentes à execução da política e da administração do I - Órgão Colegiado:
Sistema Penitenciário do Estado. a) Conselho Estadual de Comunicação Social;
Art. 32 - Fica extinta, na SJCDH, a Superintendência de Assuntos II - Órgãos da Administração Direta:
Penais - SAP, ficando os seus bens patrimoniais e acervo transferi- a) Gabinete do Secretário;
dos para a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressociali- b) Assessoria de Imprensa do Governador;
zação - SEAP. c) Diretoria Geral;
Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste ar- d) Coordenação de Comunicação Integrada;
tigo, fica extinto o Quadro de Cargos em Comissão da Superinten- e) Coordenação de Jornalismo;
dência de Assuntos Penais - SAP, da Secretaria da Justiça, Cidadania III - Entidade de Administração Indireta:
e Direitos Humanos - SJCDH. a) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB.

57
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 39 - O Conselho Estadual de Comunicação Social, órgão I - o Secretário de Comunicação Social, que o presidirá;
consultivo e deliberativo, tem por finalidade formular a Política de II - 06 (seis) representantes do Poder Público Estadual, indica-
Comunicação Social do Estado, observada a competência que lhe dos pelo Titular da respectiva Pasta, sendo:
confere o art. 277 da Constituição do Estado da Bahia e o disposto a) 01 (um) representante da Secretaria de Comunicação Social
na Constituição Federal. - SECOM;
Parágrafo único - O Regimento do Conselho, por ele aprovado e b) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura - SECULT;
homologado por ato do Governador do Estado, fixará suas normas c) 01 (um) representante da Secretaria da Educação - SEC;
de funcionamento. d) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia
Art. 40 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem as e Inovação - SECTI;
seguintes competências, dentre outras conferidas em Lei: e) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e
I - formular e acompanhar a execução da Política de Comunica- Direitos Humanos - SJCDH;
ção Social do Estado e desenvolver canais institucionais e democrá- f) 01 (um) representante do Instituto de Radiodifusão Educati-
ticos de comunicação permanente com a sociedade baiana; va da Bahia - IRDEB;
II - formular propostas que contemplem o cumprimento do dis- III - 20 (vinte) representantes da sociedade civil, sendo:
posto nos capítulos referentes à comunicação social das Constitui- a) 01 (um) representante da entidade profissional de classe;
ções Federal e Estadual; b) 01 (um) representante das universidades públicas, com atu-
III - propor medidas que visem o aperfeiçoamento de uma ação no Estado da Bahia;
política estadual de comunicação social, com base nos princípios c) 01 (um) representante do segmento de televisão aberta e
democráticos e na comunicação como direito fundamental, estimu- por assinatura comercial;
lando o acesso, a produção e a difusão da informação de interesse d) 01 (um) representante do segmento de rádio comercial;
coletivo; e) 01 (um) representante das empresas de jornais e revistas;
IV - participar da elaboração do Plano Estadual de Políticas Pú- f) 01 (um) representante das agências de publicidade;
blicas de Comunicação Social, bem como acompanhar a sua exe- g) 01 (um) representante das empresas de telecomunicações;
cução; h) 01 (um) representante das empresas de mídia exterior;
V - orientar e acompanhar as atividades dos órgãos públicos de i) 01 (um) representante das produtoras de audiovisual ou ser-
radiodifusão sonora e radiodifusão de sons e imagem do Estado; viços de comunicação;
VI - atuar na defesa dos direitos difusos e coletivos da socieda- j) 01 (um) representante do movimento de radiodifusão comu-
de baiana no que tange a comunicação social; nitária;
VII - receber e reencaminhar denúncias sobre abusos e viola- k) 01 (um) representante das entidades de classe dos trabalha-
ções de direitos humanos nos veículos de comunicação no Estado dores do segmento de comunicação social;
da Bahia, aos órgãos competentes, para adoção de providências l) 01 (um) representante dos veículos comunitários ou alter-
nos seus respectivos âmbitos de atuação; nativos;
VIII - fomentar a produção e difusão de conteúdos de iniciativa m) 03 (três) representantes das Organizações Não-Governa-
estadual, observadas as diversidades artísticas, culturais, regionais mentais - ONGS ou entidades sociais vinculadas à comunicação;
e sociais da Bahia; n) 01 (um) representante dos movimentos sociais de comuni-
IX - estimular o fortalecimento da rede pública de comunica- cação;
ção, de modo que ela tenha uma participação ativa na execução das o) 03 (três) representantes de entidades de movimentos sociais
políticas de comunicação do Estado da Bahia; organizados;
X - articular ações para que a distribuição das verbas publicitá- p) 01 (um) representante de entidades de jornalismo digital.
rias do Estado seja baseada em critérios técnicos de audiência e que § 1º - A SECOM convocará, por meio de edital, publicado no
garantam a diversidade e pluralidade; Diário Oficial do Estado, reunião para eleição dos representantes,
XI - estimular a implementação e promover o fortalecimento citados no inciso III deste artigo, cabendo-lhe, ao final, encaminhar
dos veículos de comunicação comunitária, para facilitar o acesso o resultado das indicações para deliberação do Governador do Es-
à produção e à comunicação social em todo o território estadual; tado.
XII - estimular a adoção dos recursos tecnológicos proporcio- § 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nome-
nados pela digitalização da radiodifusão privada, pública e comuni- ados pelo Governador do Estado e tomarão posse na 1ª (primeira)
tária, no incentivo à regionalização da produção cultural, artística e reunião do Colegiado, e serão substituídos, em suas ausências e im-
jornalística, e democratização dos meios de comunicação; pedimentos, pelos respectivos suplentes, previamente indicados.
XIII - recomendar a convocação e participar da execução da § 3º - O mandato dos Conselheiros e de seus respectivos su-
Conferência Estadual de Comunicação e suas etapas preparatórias; plentes será de 02 (dois) anos, permitida uma recondução por igual
XIV - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, para poste- período.
rior homologação por ato do Chefe do Poder Executivo; Art. 42 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar
XV - convocar audiências e consultas públicas sobre comunica- assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis-
ção e políticas públicas do setor; trativas.
XVI - acompanhar a criação e o funcionamento de conselhos Art. 43 - A Assessoria de Imprensa do Governador tem por fi-
municipais de comunicação; nalidade divulgar os atos e expressar a opinião do Governador do
XVII - fomentar a inclusão digital e o acesso às redes digitais Estado em comunicações à sociedade e à imprensa, em articulação
em todo o território baiano, como forma de democratizar a comu- com as demais Unidades da Secretaria.
nicação; Art. 44 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação
XVIII - fomentar a adoção de programas de capacitação e for- dos órgãos setoriais, dos sistemas formalmente instituídos, respon-
mação, assegurando a apropriação social de novas tecnologias da sáveis pela execução das atividades de programação, orçamenta-
comunicação. ção, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, pa-
Art. 41 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem a se- trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa
guinte composição: e informática, e administração financeira e de contabilidade.

58
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 45 - A Coordenação de Comunicação Integrada tem por 13 (treze) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5, 04 (quatro) car-
finalidade coordenar e acompanhar o desenvolvimento de campa- gos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário
nhas publicitárias institucionais do Governo, bem como avaliar a Administrativo I, símbolo DAI-5, 04 (quatro) cargos de Assistente V,
sua publicidade. símbolo DAI-6 e 05 (cinco) cargos de Secretário Administrativo II,
Art. 46 - A Coordenação de Jornalismo tem por finalidade divul- símbolo DAI-6.
gar os atos do Governo para a sociedade e a imprensa, bem como Art. 55 - Ficam excluídas da finalidade da Casa Civil as ativida-
articular-se com os órgãos e entidades governamentais, para fins de des de comunicação social.
comunicação social. Art. 56 - A estrutura organizacional da Casa Civil fica alterada,
Art. 47 - As Secretarias de Estado e demais órgãos e entidades na forma a seguir indicada:
da Administração Pública Estadual prestarão o apoio e os recursos I - fica extinta a Coordenação de Acompanhamento de Políticas
técnicos, quando solicitados pelo Secretário de Comunicação So- Governamentais;
cial, necessários à implementação do Plano Estadual de Comuni- II - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas
cação Social, a ser estabelecido pelo Conselho Estadual de Comu- de Infraestrutura, com a finalidade de fornecer subsídios ao Gover-
nicação Social. nador, na análise das políticas relativas à infraestrutura, promoven-
Art. 48 - Fica transferida a vinculação estrutural do Instituto de do a sua coordenação e integração, em articulação com os órgãos e
Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, da Secretaria de Cultura entidades executoras;
- SECULT para a Secretaria de Comunicação Social - SECOM, man- III - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políti-
tendo a mesma natureza jurídica. cas Sociais, com a finalidade de fornecer subsídios ao Governador,
Parágrafo único - Ficam excluídas da finalidade e competências na análise das políticas sociais, promovendo a sua coordenação e
da SECULT as atividades/funções de radiodifusão cultural e educa- integração, em articulação com os órgãos e entidades executoras.
tiva. Art. 57 - A estrutura de cargos em comissão da Casa Civil fica
Art. 49 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto alterada, na forma a seguir indicada:
de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, as seguintes Unidades: I - ficam criados 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo
I - Diretoria de Programação e Conteúdos, com a finalidade de DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C e 03
planejar, coordenar, acompanhar e avaliar a programação da Rádio (três) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3;
Educadora, TV Educativa, do Portal e da produção jornalística do II - fica extinto 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-
IRDEB, bem como promover e apoiar as ações relacionadas à pro- 3, alocado no Gabinete do Secretário.
dução e conteúdo radiofônico e audiovisual para compor a progra- Art. 58 - Ficam extintos, do Quadro Especial de Cargos em Co-
mação do Instituto; missão da Casa Civil, 02 (dois) cargos de Assistente I, símbolo DAS-
II - Coordenação de Planejamento e Relacionamento Institucio- -2C, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4 e 04 (quatro)
nal, com a finalidade de coordenar, promover, desenvolver, acom- cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5.
panhar e avaliar as ações do IRDEB, visando incentivar e aprimorar Parágrafo único - O Quadro Especial de Cargos em Comissão da
a interlocução e a interatividade com a sociedade. Casa Civil é o constante do Anexo II, que integra esta Lei.
Art. 50 - A Diretoria de Operações passa a ter por finalidade Art. 59 - Fica criada a Secretaria Estadual para Assuntos da
promover, coordenar e supervisionar a execução das atividades de Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 - SECOPA, com a finalidade de
coordenar, articular, promover, acompanhar e integrar as ações e
radiodifusão, TV e engenharia de operação do Instituto.
projetos prioritários da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do
Parágrafo único - Para cumprimento de sua finalidade, a SECO-
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo
PA atuará diretamente e em apoio a programas, projetos e ações
de Diretor, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete,
executados por outros órgãos ou entidades da Administração Públi-
símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-
ca de quaisquer esferas governamentais.
-2C, e 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo
Art. 60 - A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mun-
DAS-3.
do da FIFA Brasil 2014 - SECOPA tem a seguinte estrutura organiza-
Art. 52 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do
cional básica:
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo
I - Órgão Colegiado:
de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 05 (cinco) cargos de Gerente, a) Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014;
símbolo DAS-3, 05 (cinco) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, e II - Órgãos da Administração Direta:
04 (quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4. a) Gabinete do Secretário;
Art. 53 - O Quadro de Cargos em comissão do Instituto de Ra- b) Diretoria de Administração e Finanças;
diodifusão Educativa da Bahia - IRDEB passa a ser o constante do c) Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa;
Anexo I desta Lei. d) Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa.
Art. 54 - Fica extinta, da estrutura organizacional da Casa Civil, Art. 61 - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil
a Assessoria Geral de Comunicação Social - AGECOM. 2014, presidido pelo Secretário da SECOPA, tem por finalidade mo-
Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste arti- nitorar as ações necessárias ao cumprimento do calendário defini-
go, ficam extintos, do quadro de cargos em comissão da Casa Civil, do pela Federation Internationale de Football Association - FIFA e
01 (um) cargo de Assessor Geral, símbolo DAS-1, 01 (um) cargo de pelo Comitê Organizador Local - COL para a realização da Copa do
Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordena- Mundo da FIFA Brasil 2014 na Cidade de Salvador.
dor I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Gerente, símbolo DAS-3, Parágrafo único - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA
15 (quinze) cargos de Assessor de Comunicação Social I, símbolo Brasil 2014 tem sua composição e funcionamento estabelecidos em
DAS-3, 08 (oito) cargos de Assessor de Comunicação Social II, sím- Regimento próprio.
bolo DAI-4, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo Art. 62 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar
DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Orçamentário, símbolo DAI-4, 01 assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas e adminis-
(um) cargo de Assessor de Comunicação Social III, símbolo DAI-5, trativas.

59
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 63 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por fi- Art. 74 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria da
nalidade o planejamento e coordenação das atividades de pro- Indústria, Comércio e Mineração é o constante do Anexo VII, que
gramação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e integra esta Lei.
análises, administração financeira e de contabilidade, material, pa- Art. 75 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria
trimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa de Relações Institucionais - SERIN, a Coordenação de Políticas de Ju-
e informática. ventude, com a finalidade de coordenar, articular e integrar os pro-
Art. 64 - A Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa tem gramas e ações do Governo do Estado, voltados à população jovem.
por finalidade acompanhar e monitorar a implementação dos pro- Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste ar-
jetos e ações relacionadas ao evento esportivo, bem como a coor- tigo, ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da SERIN,
denação dos Grupos Executivos de Trabalho da Copa 2014. 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 01 (um)
Art. 65 - A Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coor-
tem por finalidade planejar e viabilizar a estratégia de marketing denador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Adminis-
relacionada aos projetos e ações da Copa e ao fomento das relações trativo I, símbolo DAI-5.
públicas da Secretaria. Art. 76 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
Art. 66 - A SECOPA funcionará, a partir da data de publicação SERIN, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C, alocados
desta Lei, até 31 de dezembro de 2014, ficando extinta em 01 de na Coordenação de Assuntos Federativos e na Coordenação de Ar-
janeiro de 2015. ticulação Social, respectivamente.
Art. 67 - Para atender à implantação da Secretaria de Políticas Art. 77 - A estrutura de cargos em comissão do Gabinete do
para as Mulheres - SPM, da Secretaria de Administração Penitenci- Governador do Estado fica alterada, na forma a seguir indicada:
ária e Ressocialização - SEAP, da Secretaria de Comunicação Social I -ficam criados 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete, símbo-
- SECOM e da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo lo DAS-2A, 01 (um) cargo de Coordenador de Escritório, símbolo
da FIFA Brasil 2014 - SECOPA, ficam criados 04 (quatro) cargos de DAS-2A, 01 (um) cargo de Chefe de Cerimonial, símbolo DAS-2A, 07
Secretário de Estado, sendo que os Quadros de Cargos em Comis- (sete) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo
são das Secretarias de Estado, ora criadas, são os constantes dos de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 04 (quatro) cargos de
Anexos III, IV, V e VI, respectivamente, que integram esta Lei. Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador
Art. 68 - Com a extinção da SECOPA, conforme data prevista no I, símbolo DAS-2C, 13 (treze) cargos de Coordenador Técnico, sím-
art. 66 desta Lei, serão extintos os cargos em comissão constantes bolo DAS-2D, 03 (três) cargos de Assessor Técnico, símbolo DAS-3,
do Anexo VI desta Lei, bem como transferidos para os órgãos da Ad- 02 (dois) cargos de Secretário de Gabinete, símbolo DAS-3, 01 (um)
ministração Pública do Poder Executivo Estadual os bens adquiridos
cargo de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos
para o desenvolvimento das ações e projetos a critério do Poder
de Assistente III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Orça-
Executivo Estadual.
mentário, símbolo DAI-4 e 04 (quatro) cargos de Coordenador III,
Art. 69 - A Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração -
símbolo DAI-4.
SICM passa a ter por finalidade formular e executar a política de
II - ficam extintos 01 (um) cargo de Assessor Especial do Gover-
desenvolvimento e apoio à indústria, ao comércio, aos serviços e à
nador, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2A e
mineração do Estado.
01 (um) cargo de Coordenador de Escritório, símbolo DAS-2B.
Art. 70 - O Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI pas-
Art. 78 - Os cargos em comissão de Secretário Particular do Go-
sa a denominar-se Conselho de Desenvolvimento da Indústria e do
vernador, símbolo DAS-2A e de Chefe de Cerimonial, símbolo DAS-
Comércio - CDIC, órgão de natureza consultiva, com a finalidade de
opinar sobre a formulação da política de desenvolvimento indus- -2A, alocadas no Gabinete do Governador, serão ocupados, prefe-
trial e comercial do Estado. rencialmente, por portadores de diploma de nível superior.
Art. 71 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria Art. 79 - O Quadro de Cargos em Comissão do Gabinete do Go-
da Indústria, Comércio e Mineração, a Superintendência de Desen- vernador - GABGOV é o constante do Anexo VIII que integra esta Lei.
volvimento Econômico, com a finalidade de viabilizar a implemen- Art. 80 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
tação das políticas de desenvolvimento produtivo, competitividade Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, 01
e comércio exterior, acompanhando e avaliando os seus projetos (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 08 (oito) cargos de Coorde-
estratégicos, relacionados às atividades finalísticas da Secretaria. nador II, símbolo DAS-3, 03 (três) cargos de Coordenador III, sím-
Art. 72 - A Superintendência de Comércio e Serviços passa a ter bolo DAI-4 e 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo
por finalidade propor políticas relativas ao desenvolvimento comer- DAI-4, alocados na Superintendência de Agricultura Familiar - SUAF.
cial e de serviços, e das micro, pequenas e médias empresas, bem Art. 81 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
como planejar e elaborar estudos e projetos. Secretaria da Segurança Pública - SSP, 01 (um) cargo de Assessor de
Art. 73 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Comunicação Social, símbolo DAS-2C, na Polícia Militar da Bahia -
Indústria, Comércio e Mineração fica alterada, na forma a seguir PM/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo
indicada: DAS-2C e 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, sím-
I -ficam criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo bolo DAS-3 e, na Polícia Civil do Estado da Bahia - PC/BA, 01 (um)
DAS-2A, 06 (seis) cargos de Diretor, símbolo DAS-2B, 03 (três) cargos cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3.
de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordena- Art. 82 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da
dor II, símbolo DAS-3 e 06 (seis) cargos de Assessor Administrativo, Saúde - SESAB fica modificada, na forma a seguir indicada:
símbolo DAI-4; I -ficam criados 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C e 01
II - ficam extintos 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI- (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2D;
4, 02 (dois) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 04 (quatro) II - ficam extintos 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo
cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secre- DAS-3 e 03 (três) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.
tário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 06 (seis) cargos de Secretário
Administrativo II, símbolo DAI-6.

60
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 83 - Fica alterada a estrutura organizacional e de cargos II - Diretoria de Projetos, Obras e Restauro, com a finalidade de
em comissão da Secretaria de Cultura - SECULT, da Fundação Pedro planejar, coordenar, executar e avaliar as atividades pertinentes a
Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, do projetos, obras, conservação e restauração dos bens móveis e imó-
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fun- veis culturais do Estado da Bahia.
dação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB. Art. 92 - Ficam extintas, na estrutura organizacional do Institu-
Art. 84 - A Superintendência de Cultura da SECULT passa a de- to do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes
nominar-se Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Unidades:
Cultura, com a finalidade de propor políticas e programas para o I -Diretoria de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural;
desenvolvimento da cultura territorializada, bem como coordenar, II -Diretoria de Ações Culturais.
desenvolver e acompanhar estudos, pesquisas e ações de apoio à Art. 93 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão
criação, produção, difusão e ao consumo dos bens culturais no Es- do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 04
tado da Bahia. (quatro) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos
Art. 85 - Fica criada, na estrutura organizacional da SECULT, o de Coordenador III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Coordenador
Centro de Culturas Populares e Identitárias, com a finalidade de IV, símbolo DAI-5, e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo II,
planejar, coordenar, fomentar e difundir informações sobre cultu- símbolo DAI-6.
ras populares indígenas e afro-descendentes e sedimentar o pro- Art. 94 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do
cesso de desenvolvimento da cultura regional do Estado, bem como Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 02 (dois)
promover a dinamização e gestão cultural do Centro Histórico de
cargos de Gerente, símbolo DAS-3, e 01 (um) cargo de Supervisor,
Salvador.
símbolo DAI-5.
Art. 86 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
Art. 95 - Ficam extintas, na estrutura organizacional da Funda-
Secretaria de Cultura, 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo
ção Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, as seguintes Unidades:
DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 01 (um)
cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor Téc- I -Diretoria de Literatura;
nico, símbolo DAS-3, 17 (dezessete) cargos de Coordenador II, sím- II -Diretoria de Música e Artes Cênicas.
bolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo Art. 96 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Funda-
DAI-4, 17 (dezessete) cargos de Coordenador de Centro de Cultura, ção Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, as seguintes Unidades:
símbolo DAI-4, 07 (sete) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, I -Diretoria das Artes, com a finalidade de propor e estimular
02 (dois) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à
de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 18 (dezoito) cargos dança e à literatura;
de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6. II - Centro de Formação em Artes, com a finalidade de planejar,
Art. 87 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da coordenar, executar e avaliar ações e projetos artístico-educativos,
Secretaria de Cultura, 01 (um) cargo de Assistente de Execução Or- promovendo a democratização do acesso aos cursos, o funciona-
çamentária, símbolo DAI-5. mento regular e a dinamização das diversas linguagens artísticas.
Art. 88 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Funda- Art. 97 - A Diretoria de Administração, Orçamento e Finanças
ção Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia passa a denominar-se Diretoria de Administração e Finanças, com
- FPC, as seguintes Unidades: a finalidade de executar as atividades de administração geral, mo-
I -Centro de Memória da Bahia, com a finalidade de exercer dernização e informática, administração financeira e contabilidade
a coordenação e supervisão geral dos acervos documentais para da Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, em articulação
subsidiar a realização de pesquisas e estudos na área da história com a Diretoria Geral da Secretaria de Cultura e os respectivos Sis-
política e administrativa da Bahia; temas formalmente instituídos.
II - Diretoria do Livro e da Leitura, com a finalidade de plane- Art. 98 - A Assessoria Técnica passa a ter por finalidade desem-
jar, coordenar, avaliar e apoiar programas e ações relacionadas ao penhar as atividades de planejamento, programação e orçamenta-
desenvolvimento da leitura, da produção literária e da cadeia pro- ção, em articulação com o respectivo Sistema Estadual de Planeja-
dutiva do livro, no âmbito do Estado da Bahia, bem como incentivar mento.
estas ações; Art. 99 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
III -Diretoria do Arquivo Público do Estado da Bahia, com a fi- Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, 01 (um) cargo de
nalidade de planejar, coordenar, promover, acompanhar, avaliar e
Diretor, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador I, símbolo
apoiar as ações pertinentes ao processo de preservação de docu-
DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, e 11
mentos de valor histórico e cultural do Estado da Bahia.
(onze) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.
Art. 89 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da
Art. 100 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão
Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da
Bahia - FPC, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 01 da Fundação Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB, 02 (dois) cargos
(um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, e 02 (dois) cargos de de Diretor, símbolo DAS-2C, 04 (quatro) cargos de Coordenador Téc-
Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6. nico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo
Art. 90 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da DAS-3, 02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 06 (seis) cargos
Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da de Administrador de Espaço Cultural, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo
Bahia - FPC, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4. de Assistente III, símbolo DAI-4, 15 (quinze) cargos de Coordenador
Art. 91 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Institu- de Centro de Cultura, símbolo DAI-4, 03 (três) cargos de Diretor,
to do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes símbolo DAI-4, 05 (cinco) cargos de Subgerente, símbolo DAI-4, 01
Unidades: (um) cargo de Assistente Administrativo-Financeiro, símbolo DAI-5,
I -Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural, com a fi- 02 (dois) cargos de Assistente de Apoio Técnico, símbolo DAI-5, 05
nalidade de planejar, coordenar e promover ações para o resgate (cinco) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos
e preservação da memória cultural baiana em todas as suas mani- de Supervisor, símbolo DAI-5, e 15 (quinze) cargos de Secretário Ad-
festações; ministrativo II, símbolo DAI-6.

61
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 101 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria de IX - propor ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM
Cultura - SECULT, da Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH normas para
e Arquivo Público da Bahia - FPC, do Instituto do Patrimônio Artís- a proteção, conservação, defesa e melhoria do meio ambiente e dos
tico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação Cultural do Estado da recursos hídricos;
Bahia - FUNCEB passam a ser os constantes dos Anexos IX, X, XI e X -expedir licenças ambientais, emitir anuência prévia para im-
XII, respectivamente, desta Lei. plantação de empreendimentos e atividades em unidades de con-
Art. 102 - Ficam extintos, na estrutura da Administração Pública servação estaduais, autorizar a supressão de vegetação, conceder
do Poder Executivo Estadual: outorga de direito de uso de recursos hídricos e praticar outros atos
I -o Instituto do Meio Ambiente - IMA, previsto no art. 5 da , de autorizativos, na forma da lei;
06 de junho de 2008, anteriormente denominado Centro de Recur- XI - efetuar a cobrança pelo uso de recursos hídricos, de bens
sos Ambientais, autarquia estadual criada pela Lei Delegada nº 31 , da biodiversidade e de outras receitas previstas na legislação am-
de 03 de março de 1983; biental e de recursos hídricos;
II - o Instituto de Gestão das Águas e Clima - INGÁ, previsto no XII -elaborar e gerenciar os cadastros ambientais e de recursos
art. 10 da , de 06 de junho de 2008, anteriormente denominado hídricos;
Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, autarquia estadual XIII - coordenar, executar, acompanhar, monitorar e avaliar a
criada pela Lei nº 6.812 , de 18 de janeiro de 1995. qualidade ambiental e de recursos hídricos;
Art. 103 - Fica criado o Instituto do Meio Ambiente e Recursos XIV - pesquisar e monitorar o tempo, o clima e as mudanças
Hídricos - INEMA, como autarquia vinculada à Secretaria do Meio climáticas, bem como a ocorrência da desertificação;
Ambiente - SEMA, dotada de personalidade jurídica de direito pú- XV -efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentos hi-
blico, autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, o drológicos, hidrogeológicos, climáticos e hidrometeorológicos;
qual reger-se-á por esta Lei e demais normas legais aplicáveis. XVI - realizar estudos e pesquisas destinados à elaboração e
§ 1º - O INEMA terá sede e foro na cidade de Salvador, Estado execução de programas, projetos e ações voltadas à melhoria da
da Bahia e prazo de duração indeterminado. qualidade ambiental e de recursos hídricos;
§ 2º - O INEMA gozará, no que couber, de todas as franquias e XVII -celebrar convênios, contratos, ajustes e protocolos com
privilégios concedidos aos órgãos da Administração Direta do Es- instituições públicas e privadas, nacionais, estrangeiras e interna-
tado. cionais, bem como termos de compromisso, observada a legislação
pertinente;
Art. 104 - Os recursos orçamentários e financeiros, bem como
XVIII - exercer o poder de polícia administrativa, preventiva ou
os acervos e obrigações do IMA e do INGÁ passam a ser transferidos
repressiva, fiscalizando o cumprimento da legislação ambiental e de
para o INEMA, que os sucederá ainda nos direitos, créditos e obri-
recursos hídricos.
gações decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive
Art. 107 - O INEMA atuará em articulação com os órgãos e enti-
nas respectivas receitas.
dades da Administração Pública Estadual e com a sociedade civil or-
Art. 105 - O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
ganizada, para consecução de seus objetivos, em consonância com
- INEMA tem por finalidade executar a Política Estadual de Meio
as diretrizes das Políticas Nacionais do Meio Ambiente, de Recursos
Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, a Política Estadual de
Hídricos, sobre Mudança do Clima e de Educação Ambiental.
Recursos Hídricos, a Política Estadual sobre Mudança do Clima e a
Art. 108 - O INEMA tem a seguinte estrutura organizacional bá-
Política Estadual de Educação Ambiental. sica:
Art. 106 - O INEMA tem as seguintes competências: I -Conselho de Administração;
I -executar as ações e programas relacionados à Política Esta- II - Diretoria Geral.
dual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, da Política Art. 109 - O Conselho de Administração, órgão consultivo, deli-
Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre Mudança berativo, de orientação e supervisão superior, tem por finalidade o
do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental; acompanhamento, controle e avaliação das ações executadas pelo
II - participar da elaboração e da implementação do Plano Es- INEMA, sendo integrado pelos seguintes membros:
tadual de Meio Ambiente, do Plano Estadual de Recursos Hídricos e I -o Secretário do Meio Ambiente, que o presidirá;
do Plano Estadual sobre Mudança do Clima; II -o Diretor Geral do INEMA;
III -realizar ações de Educação Ambiental, considerando as prá- III -01 (um) representante da Casa Civil;
ticas de desenvolvimento sustentável; IV -01 (um) representante da Secretaria da Administração;
IV - promover a gestão florestal e do patrimônio genético, bem V -01 (um) representante da Procuradoria Geral do Estado;
como a restauração de ecossistemas, com vistas à proteção e pre- VI -01 (um) representante dos servidores do INEMA.
servação da flora e da fauna; § 1º - Os membros do Conselho de Administração e seus su-
V -promover as ações relacionadas com a criação, a implanta- plentes serão nomeados pelo Governador do Estado, para um man-
ção e a gestão das Unidades de Conservação, em consonância com dato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução, sendo que os
o Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC, bem como referidos nos incisos III a V serão indicados pelos respectivos órgãos.
elaborar e implementar os Planos de Manejo; § 2º - O representante dos servidores do INEMA e seu respec-
VI - promover a gestão das águas superficiais e subterrâneas de tivo suplente serão escolhidos por votação, mediante escrutínio
domínio do Estado; secreto, realizada por entidade dos servidores ou, na sua falta, por
VII -fomentar a criação e organização de Comitês de Bacia Hi- comissão de servidores especialmente constituída para este fim.
drográfica, visando garantir o seu funcionamento, bem como acom- § 3º - O Diretor Geral do INEMA participará das reuniões do
panhar a implementação dos seus respectivos planos; Conselho, porém, sem direito a voto, quando forem deliberadas
VIII - executar programas, projetos e ações voltadas à proteção matérias referentes a relatórios e prestações de contas da Autar-
e melhoria do meio ambiente, da biodiversidade e dos recursos hí- quia ou assuntos do seu interesse próprio.
dricos; § 4º - Os membros do Conselho serão substituídos, em suas
ausências e impedimentos, pelos respectivos suplentes.

62
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 5º - O Regimento do Conselho de Administração, por ele Art. 118 - A Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Am-
aprovado e homologado por ato do Governador do Estado, fixará as biental tem por finalidade fiscalizar o cumprimento da legislação
normas de seu funcionamento. ambiental e de recursos hídricos, bem como coordenar, executar,
Art. 110 - A Diretoria Geral do INEMA, composta pelo conjunto acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recur-
de órgãos de planejamento, assessoramento, execução, avaliação e sos hídricos.
controle, tem a seguinte organização: Art. 119 - A Diretoria de Águas tem por finalidade implementar
I -Gabinete do Diretor Geral; os planos de recursos hídricos, bem como promover estudos, im-
II - Procuradoria Jurídica; plementar e avaliar medidas, ações, programas e projetos, visando
III -Coordenação de Ações Estratégicas; assegurar o gerenciamento do uso, a qualidade e conservação dos
IV -Coordenação de Atendimento Ambiental; recursos hídricos e o atendimento da demanda e da oferta hídrica
V -Coordenação de Interação Social; estadual.
VI -Coordenação de Gestão Descentralizada: Art. 120 - A Diretoria de Biodiversidade tem por finalidade co-
a)Unidades Regionais; ordenar a gestão florestal e do patrimônio genético, bem como a
VII -Diretoria de Regulação; execução de programas e projetos de proteção e restauração de
VIII - Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental; ecossistemas.
IX -Diretoria de Águas; Art. 121 - A Diretoria de Unidades de Conservação tem por fina-
X -Diretoria de Biodiversidade; lidade coordenar as ações relacionadas com a criação, a implanta-
XI -Diretoria de Unidades de Conservação; ção e a gestão das Unidades de Conservação, em consonância com
XII -Diretoria Administrativa e Financeira. o SEUC, bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo.
Art. 111 - O Gabinete do Diretor Geral tem por finalidade pres- Art. 122 - A Diretoria Administrativa e Financeira tem por fi-
tar assistência ao Diretor Geral em suas tarefas técnicas e adminis- nalidade executar as atividades de programação, orçamentação,
trativas. acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, patri-
Art. 112 - A Procuradoria Jurídica tem por finalidade exercer a mônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa
representação judicial e extrajudicial, a consultoria e o assessora- e informática, administração financeira e de contabilidade, e de
mento jurídico ao INEMA, mediante a vinculação técnica à Procura- arrecadação.
doria Geral do Estado e, de acordo com a legislação das Procurado- Art. 123 - Ato do Chefe do Poder Executivo estabelecerá as Uni-
rias Jurídicas das Autarquias e Fundações do Estado da Bahia. dades Regionais, definindo as suas áreas de abrangência.
Art. 113 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por fina- Art. 124 - O Diretor Geral será nomeado pelo Governador do
lidade coordenar ações que promovam a melhoria da gestão e do Estado.
aperfeiçoamento do Sistema Estadual de Informações Ambientais e Art. 125 - Aos Diretores e demais dirigentes do INEMA incum-
de Recursos Hídricos - SEIA, de acordo com as diretrizes e priorida- be planejar, dirigir, avaliar o desempenho, coordenar, controlar e
orientar a execução das atividades de sua área de competência e
des estabelecidas pela SEMA, voltadas à otimização do desempe-
exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo Diretor
nho organizacional e fortalecimento dos resultados institucionais,
Geral da entidade.
em articulação com as unidades do INEMA.
Art. 126 - Constituem patrimônio do INEMA, os bens móveis e
Art. 114 - A Coordenação de Atendimento Ambiental tem por
imóveis, valores, rendas e direitos atualmente pertencentes ao IMA
finalidade executar a triagem técnica e administrativa de documen-
e ao INGÁ ou que lhe venham a ser adjudicados ou transferidos.
tos, formar, exercer o acompanhamento, controle e guarda de pro-
§ 1º - Os bens, diretos e valores do INEMA serão utilizados,
cessos, bem como realizar o controle e a expedição de correspon-
exclusivamente, no cumprimento dos seus objetivos, permitida, a
dências destinadas ao Instituto ou geradas por este.
critério da Diretoria Geral, a utilização de uns e outros para obten-
Art. 115 - A Coordenação de Interação Social tem por finalidade
ção de rendas destinadas ao atendimento de suas finalidades.
coordenar, gerir e executar, de forma descentralizada e participati- § 2º - Em caso de extinção do INEMA, seus bens e direitos re-
va, as ações relativas à implementação e funcionamento dos Conse- verterão ao patrimônio do Estado da Bahia, salvo disposição em
lhos Gestores das Unidades de Conservação, dos Comitês de Bacia contrário expressa em lei.
Hidrográfica e das Audiências Públicas. Art. 127 - Constituem receitas do INEMA:
Art. 116 - A Coordenação de Gestão Descentralizada tem por I -os créditos orçamentários que lhe forem consignados pelo
finalidade promover a articulação, a gestão e a integração das Uni- Orçamento Geral do Estado;
dades Regionais, bem como apoiar a desconcentração e descentra- II - os recursos correspondentes a 95% (noventa e cinco por
lização da gestão ambiental do Estado. cento) dos valores das multas administrativas por atos lesivos ao
Parágrafo único - As Unidades Regionais são unidades de des- meio ambiente, a serem repassados pelo Fundo de Recursos para o
concentração da gestão das atividades da Autarquia, que têm por fi- Meio Ambiente - FERFA;
nalidade executar a Política Estadual do Meio Ambiente e de Prote- III -os valores correspondentes às multas administrativas por
ção à Biodiversidade e a Política Estadual de Recursos Hídricos, nas descumprimento da legislação estadual de recursos hídricos;
suas respectivas regiões, através do licenciamento, monitoramento IV -os valores da arrecadação da Taxa de Controle e Fiscalização
e fiscalização ambiental, além de prestar apoio aos municípios no Ambiental, incidente sobre as atividades utilizadoras de recursos
desenvolvimento da gestão ambiental local, em articulação com a naturais e atividades potencialmente poluidoras do meio ambien-
SEMA. te, prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 11.631, de 30 de dezembro
Art. 117 - A Diretoria de Regulação tem por finalidade plane- de 2009;
jar, organizar e coordenar as ações necessárias para emissão das V -os recursos correspondentes a até 25% (vinte e cinco por
licenças ambientais e dos atos autorizativos de meio ambiente e de cento) dos previstos no inciso III do art. 1º da Lei Estadual nº 9.281,
recursos hídricos, na forma da lei. de 07 de outubro de 2004, referentes às compensações financeiras
previstas no § 1º do art. 20 da Constituição Federal, a serem repas-
sados pelo FERFA;

63
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VI - os recursos correspondentes a 20% (vinte por cento) da II - planejar, coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao
cobrança pelo fornecimento de água bruta dos reservatórios; Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA e ao Sistema Estadual
VII -os valores provenientes da remuneração pela análise dos de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SEGREH;
processos de licenciamento ambiental e pela prestação de serviços; III -promover a integração das políticas ambientais do Estado
VIII -os valores provenientes da cobrança de emolumentos entre si e com as políticas públicas setoriais, bem como a articu-
administrativos para expedição das outorgas de direito de uso dos lação de sua atuação com o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
recursos hídricos; SISNAMA e com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
IX -os valores correspondentes às multas aplicadas pelo des- Hídricos - SINGREH;
cumprimento de Termo de Compromisso celebrado pela Entidade; IV - elaborar o Plano Estadual de Meio Ambiente, o Plano Es-
X -os valores provenientes da venda de publicações ou outros tadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual sobre Mudança do
materiais educativos e técnicos produzidos pela Entidade; Clima, supervisionando a sua implementação;
XI - os recursos oriundos de convênios, acordos ou contratos V -gerir o Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA, o
celebrados com entidades públicas ou privadas, organismos ou em- Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FERHBA e a Câmara de Com-
presas nacionais, estrangeiras ou internacionais; pensação Ambiental, exercendo o controle orçamentário, financei-
XII -as doações, legados, subvenções e quaisquer outras fontes ro e patrimonial dos mesmos;
ou atividades. VI - exercer a Secretaria Executiva do CEPRAM e do CONERH;
§ 1º - Será destinado a projetos de melhoria ambiental o per- VII -gerir e operacionalizar o SEIA, promovendo a integração
centual de 80% (oitenta por cento) do valor resultante do recurso com os demais sistemas relacionados com a sua área de atuação;
previsto no inciso II do caput deste artigo. VIII - planejar, coordenar e executar ações para a promoção
§ 2º - Fica mantida a destinação de 80% (oitenta por cento) dos de estudos e pesquisas voltados ao desenvolvimento tecnológico e
recursos previstos no inciso VI do caput deste artigo para o órgão científico para o uso sustentável e racional dos recursos ambientais
responsável pela administração, operação e manutenção do reser- e hídricos;
vatório. IX - apoiar o fortalecimento da gestão ambiental municipal, po-
Art. 128 - A prestação de contas do INEMA, relativa à admi- dendo delegar competência;
nistração dos bens e recursos obtidos, no exercício ou na gestão, X -promover e estimular a celebração de convênios e acordos
será elaborada em conformidade com as disposições constitucio- entre entidades públicas, privadas e organizações não-governa-
nais sobre a matéria, com o disposto em lei, no Regimento e demais mentais, nacionais, estrangeiras e internacionais, com vistas à oti-
normas legais aplicáveis, devendo ser encaminhadas ao Tribunal de mização da gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado.
Contas do Estado. Art. 134 - A SEMA tem a seguinte estrutura organizacional bá-
Art. 129 - O exercício financeiro do INEMA coincidirá com o ano sica:
civil. I -Órgãos Colegiados:
Art. 130 - O regime jurídico do pessoal do INEMA é o estabele- a)Conselho Estadual do Meio Ambiente - CEPRAM;
cido para o serviço público estadual. b)Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH;
§ 1º - A admissão de servidores do INEMA dar-se-á mediante II -Órgãos da Administração Direta:
concurso público e com observância ao plano de cargos e salários e a)Gabinete do Secretário;
benefícios previstos em lei. b)Coordenação de Ações Estratégicas;
§ 2º - Os cargos efetivos do INGÁ e do IMA passam a integrar c)Coordenação de Gestão dos Fundos;
o quadro do INEMA, onde desempenharão as suas respectivas atri- d)Diretoria Geral;
buições legais. e)Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais;
§ 3º - Ficam transferidos da estrutura de cargos efetivos do IMA f)Superintendência de Políticas e Planejamento Ambiental;
e do INGÁ para o INEMA os cargos de Procurador Jurídico e suas III -Entidades da Administração Indireta:
respectivas classes, previstos no Anexo II da Lei nº 8.208, de 04 de a)Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos -
fevereiro de 2002. INEMA;
§ 4º - O Poder Executivo poderá colocar à disposição do INEMA b)Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB.
servidores públicos do seu quadro para auxiliar no desempenho de Art. 135 - O CEPRAM, órgão superior do Sistema Estadual do
programas ou projetos específicos. Meio Ambiente, com funções de natureza consultiva, normativa,
Art. 131 - Fica criado o Sistema Estadual de Informações Am- deliberativa e recursal, tem por finalidade o planejamento e acom-
bientais e de Recursos Hídricos - SEIA, que absorverá o Sistema Es- panhamento da política e das diretrizes governamentais voltadas
tadual de Informações Ambientais - SEIA e o Sistema Estadual de para o meio ambiente, a biodiversidade e a definição de normas
Informações de Recursos Hídricos - SEIRH. e padrões relacionados à preservação e conservação dos recursos
Art. 132 - A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, criada pela naturais.
Lei n° 8.538, de 20 de dezembro de 2002, alterada pelas Leis nº Art. 136 - O CONERH, órgão superior do Sistema Estadual de
9.525, de 21 de junho de 2005, nº 10.431, de 20 de dezembro de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com caráter consultivo, nor-
2006 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, tem por finalidade pla- mativo, deliberativo, recursal e de representação, tem por finalida-
nejar, coordenar, supervisionar e controlar a política estadual e as de o planejamento e acompanhamento da política e das diretrizes
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, a biodiver- governamentais voltadas para a gestão dos recursos hídricos.
sidade e os recursos hídricos. Art. 137 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar
Art. 133 - A SEMA passa a ter as seguintes competências: assistência ao Titular da Pasta em suas tarefas técnicas e adminis-
I -planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Esta- trativas.
dual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, da Política Art. 138 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por fina-
Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre Mudança lidade coordenar ações que promovam a melhoria da gestão e do
do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental; aperfeiçoamento do SEIA, de acordo com as diretrizes e prioridades

64
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
estabelecidas nas políticas governamentais voltadas para a otimiza- III -à abertura de créditos adicionais, necessários ao funciona-
ção do desempenho organizacional e fortalecimento dos resultados mento das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administra-
institucionais, em articulação com a Diretoria Geral. ção Pública Indireta do Poder Executivo Estadual;
Art. 139 - A Coordenação de Gestão dos Fundos tem por fina- IV -à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação
lidade exercer a gestão orçamentária, financeira e patrimonial do das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administração Pú-
FERFA, do FERHBA e da Câmara de Compensação Ambiental. blica Indireta do Poder Executivo Estadual, em especial os proces-
Art. 140 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação sos licitatórios;
dos órgãos setoriais e seccionais dos sistemas formalmente institu- V -à transferência dos contratos, convênios, protocolos e de-
ídos, responsáveis pela execução das atividades de programação, mais instrumentos vigentes, necessária à implementação das al-
orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, terações das competências definidas nesta Lei, procedendo-se às
material, patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização devidas adequações orçamentárias;
administrativa e informática, e de administração financeira e de VI - à elaboração de estudos sobre o quadro de cargos efeti-
contabilidade. vos para atendimento às atividades inerentes às competências da
Art. 141 - A Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambien- SEMA e do INEMA, a ser definido em lei;
tais tem por finalidade planejar, coordenar e executar ações para a VII -às modificações orçamentárias que se fizerem necessárias
promoção do conhecimento, informação e inovação, direcionadas ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os valores glo-
ao desenvolvimento tecnológico e científico em gestão ambiental, bais constantes do orçamento vigente e no Plano Plurianual.
bem como aprimorar seus instrumentos de gestão ambiental na Art. 149 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial
busca do desenvolvimento sustentável e da qualidade ambiental. a Lei nº 11.050 , de 06 de junho de 2008, os artigos 49, 51 e 52 da
Art. 142 - A Superintendência de Políticas e Planejamento Am- Lei nº 11.612 , de 08 de outubro de 2009, e o artigo 171, caput e
bientais tem por finalidade planejar as políticas de meio ambien- parágrafo único da Lei nº 10.431 , de 20 de dezembro de 2006.
te e de recursos hídricos, bem como coordenar e supervisionar a Art. 150 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
execução de seus programas e projetos de gestão, promovendo a
articulação institucional e a educação ambiental.
Art. 143 - A Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - LEI FEDERAL N° 10.678 DE 23 DE MAIO DE 2003 (CRIA A
CERB, criada pela Lei nº 2.929, de 11 de maio de 1971, alterada SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUAL-
pelas Leis nº 6.074, de 22 de maio de 1991, nº 8.538, de 20 de de- DADE RACIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
zembro de 2002 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, passa a deno-
minar-se Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos LEI N° 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003.
da Bahia - CERB.
Art. 144 - A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Hídricos da Bahia - CERB, sociedade de economia mista de capital Racial, da Presidência da República, e dá outras providências.
autorizado, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, tem a fi-
nalidade de executar programas, projetos e ações de engenharia Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida
ambiental e aproveitamento dos recursos hídricos, perenização de Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Nacional aprovou, e
rios, perfuração de poços, construção, operação e manutenção de eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no exercí-
barragens e obras para mitigação dos efeitos da seca e convivência cio da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos
com o semi-árido, bem como a execução de outros programas, pro- do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada
jetos e ações relativas a obras de infraestrutura que lhe venham a pela Emenda constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Re-
ser atribuídas dentro da política de Governo do Estado para o setor. solução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
Parágrafo único - A estrutura organizacional e funcional da Art. 1° Fica criada, como órgão de assessoramento imediato ao
CERB, bem como a definição de suas competências, inclusive das Presidente da República, a Secretaria Especial de Políticas de Pro-
unidades organizacionais que a compõem, serão definidas em seu moção da Igualdade Racial.
Estatuto Social e Regimento Interno. Art. 2° (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010)
Art. 145 - O Quadro de Cargos em Comissão do INEMA é o Art. 3° O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Espe-
constante do Anexo XIII desta Lei. cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da
Art. 146 - Ficam extintos os cargos em comissão previstos nos República, e terá a sua composição, competências e funcionamento
Quadros de Cargos em Comissão do IMA e do INGÁ, constantes dos estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de
Anexos II e III da Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008. agosto de 2003.
Art. 147 - Fica alterado o Quadro de Cargos em Comissão da Parágrafo único.A Secretaria Especial de Políticas de Promo-
SEMA, que passa a ser o constante do Anexo XIV desta Lei. ção da Igualdade Racial, da Presidência da República, constituirá,
Art. 148 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no no prazo de noventa dias, contado da publicação desta Lei, grupo
prazo de 180 (cento e oitenta) dias, os atos necessários: de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e
I -à elaboração dos atos regulamentares e regimentais que de- da sociedade civil, para elaborar proposta de regulamentação do
corram, implícita ou explicitamente, das disposições desta Lei, in- CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República.
clusive os que se relacionam com pessoal, material e patrimônio, Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Promo-
bem como as alterações organizacionais e de cargos em comissão ção da Igualdade Racial da Presidência da República, 1(um) cargo
decorrentes desta Lei; de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação dada pela Lei nº
II - à utilização, para o funcionamento das Secretarias de Esta- 11.693, de 2008)
do, ora criadas, mediante processo formal de cessão, de servido- Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de
res das demais Secretarias, Autarquias e Fundações do Estado da Políticas de Promoção da Igualdade Racial no cargo de Ministro de
Bahia, bem como de servidores de outras esferas governamentais, Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
por meio de instrumento próprio adequado; Igualdade Racial. (Incluído pela Lei nº 11.693, de 2008)

65
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 5° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. ( ) Promoção da saúde integral da população negra, priorizando
a redução das desigualdades étnicas e o combate à discriminação
nas instituições e serviços do SUS.
EXERCÍCIOS A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
para baixo, é:
A. F – F – F.
01. Na implementação dos programas e das ações constantes B. F – V – V.
dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deverão C. V – F – F.
ser observadas as políticas de ação afirmativa conforme o Estatuto D. V – F – V.
de Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010) e outras políticas públicas E. V – V – V.
que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades
e a inclusão social da população negra, entre elas: 05. De acordo com a Lei nº 12.288/2010, que institui o Estatuto
I. incentivo à criação de programas e veículos de comunicação da Igualdade Racial, assinale a alternativa correta.
destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interesses da A. O Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político-
população negra. -jurídica a ressocialização dos autores de desigualdade étnico-ra-
II. iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das cial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identi-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe- dade nacional brasileira.
rior. B. O poder público garantirá que o segmento da população
III. apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado com
tradições africanas e brasileiras. prioridade no atendimento.
Está correto o que se afirma em C. A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacio-
A. III, apenas. nal.
B. I, II e III D. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino
C. I e II, apenas. médio, desde que públicos, é obrigatório o estudo da história geral
D. I e III, apenas. da África e da história da população negra no Brasil.
E. II e III, apenas. E. Os moradores de comunidades carentes serão beneficiários
de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde.
02. De acordo com Estatuto da Igualdade Racial (Lei n°
12.288/2010) a eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais 06. Sobre o Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) e
e institucionais que impedem a representação da diversidade ét- os conceitos estabelecidos por ele, relacione as colunas e assinale a
nica nas esferas pública e privada é uma das formas de promover alternativa com a sequência correta.
A. a informação para os jovens que buscam melhores condi- 1. Desigualdade racial.
ções econômicas e sociais. 2. Desigualdade de gênero e raça.
B. a ação de adolescentes e jovens universitários nos diversos 3. Políticas públicas.
espaços sociais garantindo a promoção da igualdade racial. 4. Ações afirmativas.
C. a participação da população negra, em condição de igualda-
( ) Ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cum-
de de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural
primento de suas atribuições institucionais.
do País.
( ) Assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
D. o acesso aos recursos financeiros para jovens com alto rendi-
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos so-
mento escolar visando a melhoria de sua organização familiar.
ciais.
E. a inclusão de meninas nos programas de apoio ao combate
( ) Programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela
às drogas nas escolas das grandes metrópoles.
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a
promoção da igualdade de oportunidades.
03. João, 15 anos, negro, é vítima de várias piadas de outros
adolescentes pela textura do cabelo e forma de penteá-lo. Na es- ( ) Toda situação injustificada de diferenciação de acesso e frui-
cola é excluído das atividades pelos próprios colegas e sempre re- ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e priva-
cebe um apelido diferente pela cor da pele. A atitude das pessoas da, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou
para com o João é definida no Estatuto da Igualdade Racial (Lei n° étnica.
12.288/2010) como A. 4 – 2 – 3 – 1.
A. desigualdade de gênero. B. 3 –1 – 4 – 2
B. política pública. C. 3 – 2 – 4 – 1.
C. discriminação racial. D. 4 – 1 – 3 – 2.
D. ação afirmativa. E. 1 – 2 – 3 – 4.
E. discriminação sexual.
07. Assinale a alternativa correta acerca do que prevê o Estatu-
04. Conforme Lei Federal nº 12.288/2010, em relação aos ob- to da Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010).
jetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, A. Denominam-se políticas públicas para integração racial os
analise as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela inicia-
falsas. tiva privada para a correção das desigualdades raciais e para a pro-
( ) Fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo moção da igualdade de oportunidades.
e saúde da população negra. B. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em polí-
( ) Inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos pro- ticas públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades
cessos de formação e educação permanente dos trabalhadores da sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pú-
saúde. blica e privada, durante o processo de formação social do País.

66
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
C. Os moradores das comunidades de remanescentes de qui- B. a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma
lombos serão beneficiários de incentivos específicos para a garantia de benefício profissional, excluídos os cargos da administração pú-
do direito à saúde, excluindo- -se apenas as melhorias nas condi- blica indireta.
ções ambientais, garantindo-se porém obras de saneamento básico, C. o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da adminis-
de segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde. tração pública, bem como das concessionárias de serviços públicos.
D. É obrigatório o ensino da capoeira nas instituições públicas e D. o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da admi-
privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e formal- nistração direta, o que não se aplica aos entes privados em regime
mente reconhecidos, para crianças de 04 a 07 anos de idade. de concessão de serviços públicos.
E. Os Poderes Executivos Estaduais elaborarão plano de promo-
ção da igualdade racial contendo as metas, princípios e diretrizes 11. De acordo com a Lei nº 7.716/1989, que define os crimes
para a implementação da Política Nacional de Promoção da Igual- resultantes de preconceito de raça ou de cor, aquele que incitar o
dade Racial. preconceito de raça por intermédio dos meios de comunicação so-
cial está sujeito à pena de
08. Assinale a alternativa correta considerando as disposições A. reclusão de dois a cinco anos e multa.
da lei estadual nº 13.182, de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igual- B. trabalho voluntário e restrições de finais de semana.
dade Racial e de Combate a Intolerância Religiosa) sobre o perío- C. reclusão de um a três anos.
do estabelecido para a vigência das ações afirmativas previstas na D. detenção de seis meses a 1 ano e multa.
mesma lei. E. somente multa.
A. 05 (cinco) anos a partir da implantação das ações afirmativas
B. 20 (vinte) anos a partir da publicação da referida lei 12. Constituem crimes resultantes de discriminação ou precon-
C. 15 (quinze) anos a partir da implantação das ações afirma- ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, EXCETO
tivas A. impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habi-
D. 10 (dez) anos a partir da publicação da referida lei litado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem
E. 25 (vinte e cinco) anos a partir da publicação da referida lei como das concessionárias de serviços públicos.
B. negar ou obstar emprego em empresa privada.
09. Assinale a alternativa correta, considerando as disposições C. recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, ne-
da lei estadual nº 13.182, de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igual- gando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
dade Racial e de Combate a Intolerância Religiosa). D. impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão,
A. Fica instituída a reserva de vagas para a população negra nos estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
concursos públicos e processos seletivos para provimento de pes- E. injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro,
soal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual, utilizando-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e
correspondente, no mínimo, a 30% (trinta por cento) das vagas a origem.
serem providas, devendo tal medida ter vigência por 10 (dez) anos
a partir da publicação da referida lei 13. A respeito das disposições da Convenção sobre a elimina-
B. Fica instituída a reserva de vagas para a população negra nos ção de todas as formas de discriminação contra a mulher, assinale a
concursos públicos e processos seletivos para provimento de pes- alternativa INCORRETA.
soal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual, A. Devem ser tomadas medidas apropriadas, inclusive de cará-
correspondente, no mínimo, a 20% (vinte por cento) das vagas a ter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfico de mulheres
serem providas, devendo tal medida ter vigência por 10 (dez) anos e exploração da prostituição da mulher
a partir da publicação da referida lei B. Os Estados-Partes convém que todo contrato ou outro ins-
C. Fica instituída a reserva de vagas para a população negra nos trumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a capaci-
concursos públicos e processos seletivos para provimento de pes- dade jurídica da mulher será considerado anulável, salvo se a pró-
soal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual, pria mulher referendar o ato.
correspondente, no mínimo, a 30% (trinta por cento) das vagas a se- C. Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer
rem providas, devendo tal medida ter vigência por 05 (cinco) anos a disposição que seja mais propícia à obtenção da igualdade entre
partir da publicação da referida lei homens e mulheres e que seja contida na legislação de um Estado-
D. Fica instituída a reserva de vagas para a população negra nos -Parte ou em qualquer outra convenção, tratado ou acordo interna-
concursos públicos e processos seletivos para provimento de pes- cional vigente nesse Estado.
soal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual, D. É assegurado às mulheres o direito às mesmas oportunida-
correspondente, no mínimo, a 15% (quinze por cento) das vagas a des de emprego, inclusive a aplicação dos mesmos critérios de sele-
serem providas, devendo tal medida ter vigência por 10 (dez) anos ção em questões de emprego.
a partir da publicação da referida lei E. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos
E. Fica instituída a reserva de vagas para a população negra nos que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos.
concursos públicos e processos seletivos para provimento de pes- 14. Assinale a alternativa que apresenta a Convenção Interna-
soal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual, cional ainda não ratificada pelo Estado brasileiro.
correspondente, no mínimo, a 15% (quinze por cento) das vagas A. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
a serem providas, devendo tal medida ter vigência por 05 (cinco) Violência contra a Mulher.
anos a partir da publicação da referida lei B. Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
C. Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Hu-
10. Segundo a Lei nº 7.716/1989, é crime resultante de discri- manos dos Idosos.
minação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência D. Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência.
nacional, impedir E. Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discri-
A. a ascensão funcional de servidores públicos estatutários, ex- minação contra a Mulher.
cluindo-se os prestadores de serviço em regime celetista.

67
NOÇÕES GERAIS DA IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
15. Assinale a alternativa correta sobre as previsões expressas
da Lei Federal n° 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Pe- GABARITO
nha).
A. O Ministério Público atuará apenas quando for parte nas
causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e fa- 1 B
miliar contra a mulher
B. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em 2 C
situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanha- 3 C
da de advogado
4 E
C. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu-
lher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de 5 C
atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais es- 6 C
pecializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde
D. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fami- 7 B
liar contra a Mulher deverá ser acompanhada pela implantação das 8 D
curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária 9 A
16. A República Federativa do Brasil, conforme a Constituição 10 C
Federal, é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 11 A
e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de
12 E
Direito e tendo como fundamentos, EXCETO
A. a independência nacional. 13 B
B. o pluralismo político. 14 C
C. a dignidade da pessoa humana.
D. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. 15 C
16 A
17. Quanto aos direitos fundamentais, assinale a alternativa 17 B
correta.
A. São imprescritíveis e podem ser invocados, em qualquer 18 E
ação, a qualquer tempo.
B. São históricos, pois foram evoluindo e sendo formatados
gradativamente.
C. São absolutos. ANOTAÇÕES
D. Podem ser renunciados, justificadamente.
E. Podem possuir conteúdo econômico, hipótese em que pode-
rão ser alienáveis. ______________________________________________________

______________________________________________________
18. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e ga-
rantias fundamentais, nos termos disciplinados na Constituição da ______________________________________________________
República Federativa do Brasil.
A. Os direitos e garantias fundamentais, em razão de concreti- ______________________________________________________
zarem a dignidade humana, não podem ser relativizados pela atua-
ção do Estado para suspender ou restringir as suas eficácias. ______________________________________________________
B. Os direitos e garantias fundamentais são apenas os previs-
tos, expressamente, no texto constitucional. ______________________________________________________
C. A adoção, pelo Brasil, de normas internacionais sobre direi-
______________________________________________________
tos humanos obriga que essas sejam previamente internalizadas
através de emenda constitucional. ______________________________________________________
D. Os direitos e garantias fundamentais, desde que por emenda
constitucional, podem ser suprimidos do texto da Constituição da ______________________________________________________
República Federativa do Brasil.
E. Enquanto os direitos fundamentais são as disposições que ______________________________________________________
reconhecem e declaram propriamente os direitos inerentes à digni-
dade de todo ser humano, as garantias são disposições assecurató- ______________________________________________________
rias do exercício dos direitos.
______________________________________________________

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______________________________________________________

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68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
1. Qualidade no atendimento ao público. Comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse, presteza, eficiência, tolerância,
discrição, conduta e objetividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Trabalho em equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Personalidade e relacionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Eficácia no comportamento interpessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Fatores positivos do relacionamento. Comportamento receptivo e defensivo, empatia e compreensão mútua . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Conhecimentos básicos de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Características das organizações formais: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentaliza-
ção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
8. Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
9. Comportamento organizacional: motivação, liderança e desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
10. Patrimônio. Conceito. Componentes. Variações e configurações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
11. Hierarquia e autoridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
12. Eficiência, eficácia, produtividade e competitividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
13. Processo decisório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
14. Planejamento administrativo e operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
15. Divisão do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
16. Controle e avaliação. Motivação e desempenho. Liderança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .+
17. Gestão da qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
18. Técnicas de arquivamento: classificação, organização, arquivos correntes e protocolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
19. Noções de cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
20. Noções de uso e conservação de equipamentos de escritório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
21. Compras na Administração Pública. Licitações e contratos. Princípios básicos da licitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
22. Conceito de segurança do trabalho: EPIs e EPCs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
23. Ética no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as-
QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO. COMU- pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu-
NICABILIDADE, APRESENTAÇÃO, ATENÇÃO, CORTESIA, zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função
INTERESSE, PRESTEZA, EFICIÊNCIA, TOLERÂNCIA, DIS- social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos
CRIÇÃO, CONDUTA E OBJETIVIDADE sobre o observador e quem a expressa.
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento
A qualidade do atendimento ao público apresenta-se como um inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or-
desafio institucional e, e deve ter como meta aprimorar e uniformi- ganismo e o seu meio ambiente.
zar o serviço oferecido tanto ao público externo como ao público
interno. Observando estas condições principais que causam a vincula-
Vale ressaltar que, o agente responsável por realizar o atendi- ção ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar a
mento, ao fazê-lo, não o faz por si mesmo, e sim, pela instituição, ou estrutura de uma empresa de serviços em dois itens:
seja, ele representa a organização naquele momento, é a imagem
da organização que se apresenta na figura desse agente. Os serviços
Quando falamos em atendimento de qualidade, pensamos em O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e,
excelência na forma com que nossos clientes (internos ou exter- como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio.
nos) são tratados, e lidar com pessoas, que é o que ocorre em um Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de serviços,
atendimento, exige uma postura comportamental comprometida a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados os
com o outro, com suas necessidades, seus anseios, mas também aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como: o
com a organização, suas regras, ou seja, exige responsabilidade, co- ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portanto,
nhecimento de funções, uso adequado de ferramentas para se en- depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado
quadrar ao sistema de funcionamento da organização e, agilidade, com as condições sistêmicas.
cordialidade, eficiência e principalmente, empatia, para realizar um
atendimento de excelência junto ao público. A postura de atendimento.
Atendimento corresponde ao ato de atender, ou seja, ao ato de É o tratamento dispensado às pessoas, está mais relacionado
prestar atenção às pessoas com as quais mantemos contato. com o funcionário em si, com as suas atitudes e o seu modo de agir
A qualidade do atendimento prestado depende da capacidade com os clientes. Portanto, está ligado às condições individuais.
de se comunicar com o público e da mensagem transmitida. É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas
das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten-
Postura de atendimento dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento,
Aqui falamos em fatores pessoais que influenciam o atendi- como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes
mento: Apresentação pessoal, cortesia (personalizar o atendimen- dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de-
to), atenção, tolerância (grau de aceitação de diferente modo de pendência recíproca para terem peso.
pensar), discrição, conduta, objetividade.
O profissional do atendimento
A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos esses Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se
necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento.
aspectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua to-
talidade e nossa condição emocional.
Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compreen-
Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
der e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele seja
POSTURA. São eles:
bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo um
ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente
01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por
para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante-
um posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponí- nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessida-
vel para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POS- des. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto ou
TURA DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos posi- serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em relação
tivos nos clientes, como por exemplo: às necessidades dos clientes e atendê-las.
a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o peito 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e acolhi- dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
mento; entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha
b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado, uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente.
transmite ao cliente a humildade do atendente; Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme, traduzem respeito profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instan-
e segurança; te em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade a felicidade do outro.
e calorosidade. 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍ-
02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que RITO POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos,
se caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos para ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe
e o que expressamos no nosso corpo. que é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e confor- do trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chega-
táveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos senti- da do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com
mentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais a consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
livres do stress, das doenças, dos medos. a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços
para o cliente.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A FUGA DOS CLIENTES Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de acolhi-
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo- mento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de von-
gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento. tade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza e
Numa escala decrescente de importância, podemos observar desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissabor
os seguintes ercentuais: pelo atendimento.
- 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de pos-
tura no atendimento; Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho
- 14% fogem por não terem suas reclamações atendidas; nos nossos olhos ? A resposta é simples:
- 9% fogem pelo preço; Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar
- 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte. de ajudar o próximo.
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto,
A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para
organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender
uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser- as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito.
viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em
satisfazer plenamente o cliente. Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir:
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra-
tam profissionais com características básicas para atender o públi- 01. Interesse quando:
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam - brilha;
um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo - tem atenção;
com as características individuais e o bom senso de cada um. - vem acompanhado de aceno de cabeça.
A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles não 02. Desinteresse quando:
sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento é a - é apático;
tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocupação. - é imóvel, rígido;
- não tem expressão.
Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que perpas-
sam pela condição individual e por condições sistêmicas.
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a:
nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar.
1. falta de uma política clara de serviços;
2. indefinição do conceito de serviços; A aproximação - raio de ação.
3. falta de um perfil adequado para o profissional de atendi- A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de
mento; RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente
4. falta de um padrão de atendimento; deste ser cliente ou não.
5. inexistência do follow up; Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros
6. falta de treinamento e qualificação de pessoal. de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta-
mente.
Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná-
de pessoas com características opostas ao necessário para atender rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a
ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... interação, a tornam mais eficaz.
Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver-
Os requisitos para contratação deste profissional bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno
Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e
são essenciais ao atendente. São eles: certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer
- Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz. os seus anseios.
- Gostar de lidar com gente.
- Ser extrovertido. Alguns exemplos são:
- Ter humildade. 1. no hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de
- Cultivar um estado de espírito positivo. limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha
- Satisfazer as necessidades do cliente. para ele e diz com um sorriso: “bom dia !“
- Cuidar da aparência. 2. o caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento
do pagamento;
Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento. 03. o frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
carro entrando no posto e faz uma sudação...
Outros fatores importantes no atendimeto
A invasão
Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA-
O olhar
SÃO DE TERRITÓRIO.
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do Vamos entender melhor isso.
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin-
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir
real sentido dos olhos. como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma
distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien-
privacidade, o que normalmente traz conseqüências negativas. tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca-
Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri- nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes
queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re-
estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase se forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho.
encostando nele; dar um tapinha nas costas... Quando as organizações atentam para essa importância, elas
Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva- passam a aplicar instrumentos de medição.
sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida-
mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem
grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu- a opinião aberta sobre o assunto.
des e situações mais comuns: Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as
- insistência para o cliente levar um item ou adquirir um bem; informações reais.
- seguir o cliente por toda a loja; A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da-
- o motorista de taxi que não pára de falar com o cliente pas- dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto
sageiro; adquiridos da empresa.
- o garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
sem ser solicitado; Apresentação pessoal
- o funcionário que cumprimenta o cliente com dois beijinhos Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o
e tapinhas nas costas; atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as roupas
- o funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone mal cuidadas... ?
sem avisar. O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta-
Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio- to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir
nal do atendimento. confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá-
rio, também, ter uma boa apresentação pessoal.
O sorriso
O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni- Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com-
versal. pleto. São eles:
Imagine que você tem um exame de saúde muito importante 01. tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função
para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí- higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça;
nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso 02. cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos
caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante, cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas
diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in- asseadas, barba feita;
terpretado como um ato de apaziguamento. 03. roupas limpas e conservadas;
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das 04. sapatos limpos;
pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava- 05. usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo
liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes. cliente.
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu-
nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se
informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma, questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência
podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais di- pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “
versas emoções no outro. A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante
para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente
Ir ao encontro do cliente e o atendente.
IR AO ENCONTRO DO CLIENTE é um forte sinal de compromisso
no atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a impor- Cumprimento caloroso
tância dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten- O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir-
dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades, pois meza ?
ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao encontro do Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al-
cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com ele. guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de
mão.
A primeira impressão O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI- energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com
RA IMPRESSÃO É A QUE FICA. o contato.
Você concorda com ela? Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre- a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal
sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial, estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres-
se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão,
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien- mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons-
te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e
desejos satisfeitos. compromisso com o contato.
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen- É importante lembrar que o cumprimento deve estar associado
te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito abertos,
empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta, totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
visitas, mas nem sempre são eficazes.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
NÃO SE ESQUEÇA: APESAR DE HAVER UMA FORMA ADEQUADA Quando há agilidade, podemos destacar:
DE CUMPRIMENTAR, ESTA JAMAIS DEVERÁ SER MECÂNICA E AU- - o atendimento personalizado;
TOMÁTICA. - a atenção ao assunto;
- o saber escutar o cliente;
Tom de voz - cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante todo o
A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda de seu percurso na empresa.
intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as pala-
vras, são mais importantes do que as próprias palavras. O calor no atendimento
Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran-
conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi- gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados
ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo sobre postura.
com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para
do cliente. isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir impor-
Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando tante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca ser
pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o atendente
calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração.
do cliente será de compreensão. Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica, sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar ao
estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter atendente como um bumerangue. O EFEITO BUMERANGUE é bas-
um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando... tante comum em situações de atendimento, pois ele reflete o nível
As palavras são símbolos com significados próprios. A forma de satisfação, ou não, do cliente em relação ao atendente. Com este
como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso, efeito, as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem,
cada palavra tem a sua vibração especial. o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito. Se este
atende mal, o cliente reage de forma negativa e hostil. O cliente não
Saber escutar está na esteira da linha de produção, merecendo ser tratado com
Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR ? Se diferenciação e apreço.
você respondeu que não, você errou. Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é
sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo SERVIR AO PRÓXIMO.
da comunicação. Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re-
O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o
capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá
cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar- embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim,
reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação. o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente
São elas: FELIZ.
* os nossos PRECONCEITOS;
* as DISTRAÇÕES; As gafes no atendimento
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS; Depois de conhecermos a postura correta de atendimento,
* as ANTIPATIAS. também é importante sabermos quais são as formas erradas, para
jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verdadei-
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos ro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas partes,
compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro, que são:
fazendo uma leitura completa da situação.
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recep- Postura Inadequada
tividade e simpatia, afinal, nós temos DOIS OUVIDOS E UMA BOCA, A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura física
O QUE NOS SUGERE QUE É PRECISO ESCUTAR MAIS DO QUE FALAR. ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença do
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa- cliente.
lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira- Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa-
mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios do, o atendente:
e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
conseguir atendê-las. birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte-
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos raja no raio de ação);
conhecer mais na frente ). Ela, nos permite escutar de fato, os sen- * mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente. devem ser feitas no banheiro);
Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
falamos antes. cem lanches ou têm cantina);
* gritar para pedir alguma coisa;
Agilidade * se coçar na frente do cliente;
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a qua- * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
lidade do serviço prestado.
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
em relação à utilização adequada do seu tempo. exemplo;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
* receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
* fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços na frente do cliente;
* desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende, o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
* falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do cliente;
* usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
* reclamar na frente do cliente;
* lamentar;
* colocar problemas salariais;
* “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.

LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.

Usar chavões
O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos aqui,
os mais comuns:

PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE ATENDENTE ?


* o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER ...
* o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO SENHOR...
* o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS...
* AÍ VEM ELE DE NOVO...
Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.

Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões (pensa
dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendimento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou simplesmente não
volta mais.
Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical no pensamento e postura do atendente.

Impressões finais do cliente


Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequentemente,
sobre a empresa.
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do cliente:
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhecê-las com mais detalhes.

Momentos da verdade
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da orga-
nização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é o mo-
mento que separa o grande profissional dos demais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satisfação
do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATENDIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de elementos
básicos do processo de interação, que são:

a ) A pessoa
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. Então, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente que
está na frente e precisa de atenção.
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamente com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. Não
existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
b ) A hora Empatia
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig-
pois somente nele podemos atuar. nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu- nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender
turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa
fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e ago- forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente -
ra são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisa- cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar
mos fazer isto da melhor forma. dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a
partir de nossas referências e valores.
c ) A tarefa A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar-
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais
diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais impor- isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos
tante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, atendendo outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen-
as suas necessidades. tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros.
Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver- E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná- capacidade de interpretar os canais não-verbais de comunicação do
rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais...
poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao
aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma
da Verdade. atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é im-
possível ser empático.
Teleimagem Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira
Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís-
empresa e dele mesmo. mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo.
TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida-
mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con- de, impedindo-a de ser feliz.
sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian-
atendente). do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós
Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente enca- achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar
minhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa é para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é negativa, podemos ajudar.
vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no aten- Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos
dimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é atra- e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos
vés da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessário e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis-
usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do cliente. tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos...
Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabe-
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM. mos repartir, não sabemos doar.
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só
São eles: lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os
01. O TOM DE VOZ: é através dele que transmitimos interesse nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har-
e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos monização com o outro e passam por cima de tudo.
ao cliente, a idéia de desatenção e desinteresse. OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM
Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO
atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir- LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES-
-se assistido, valorizado, respeitado, importante. SIDADES.

02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden- Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois
te passa a idéia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos
PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu, lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só
mulherzinha, queridinha, colega ... se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é
empatia.
03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de
educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li- Percepção
gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação Percepção é a capacidade que temos de compreender e cap-
para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo
o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos
atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais
sem atender; dar risadas no telefone. próximos do outro. Mas, como é isso ? Vamos ficar vazios ? É isso
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an-
Aspectos psicológicos do atendente tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar
Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento. as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o
Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento. cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em
Vamos a eles. uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos,
usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada na

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que imedia- o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se desres-
tamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não era permi- peitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa
tido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade
quero comprar aquele carro ali”. de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem-
Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento.
que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações. Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade-
Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di-
mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni- vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quando
co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações. normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste caso, o
Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando proble-
PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual mas desta espécie.
vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém. * atender pessoalmente e interromper com o telefone
Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição * atender o telefone e interromper com o contato direto
física-psíquicaemocional. Como é isso ? Vamos entender: * sair para tomar café ou lanchar
a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a * conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé-
sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente
percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar;
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi-
agradável de comida; cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte mais deve ser poupado dele.
amena da repreensão e reprimir a mais severa.
Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo Atendimento e qualidade
de defesa. A globalização, os desafios do desenvolvimento tecnológico e
cultural e a competição entre as organizações trazem como con-
O estado interior sequência o interesse pela qualidade de seus produtos e serviços.
O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi- Esse interesse não se restringe às empresas privadas e se es-
ção interna, o estado de espírito diante das situações. tende, também, ao setor público.
A atitude de quem atende o público está diretamente relacio- Assim, vemos que
nada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém um ₋ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempenho em suas
equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as suas áreas de atuação (produtos ou serviços) e o relacionamento com os
atitudes serão mais positivas frente ao cliente. seus clientes.
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e ₋ O setor público enfrenta os desafios de melhorar (1) a quali-
sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati- dade de seus serviços, (3) aumentar a satisfação dos usuários e (2)
tudes frente ao cliente. instituir um atendimento de excelência ao público.
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne-
Os clientes e usuários das organizações públicas e privadas
gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes
também se mostram mais exigentes na escolha de serviços e pro-
advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
dutos de melhor qualidade. Assim, a relação com estes clientes e
* Atitudes preconceituosas;
usuários passa ser um novo foco de preocupação e demanda esfor-
* Atitudes de exclusão e repulsa;
ços para sua melhoria.
* Atitudes de fechamento;
* Atitudes de rejeição.
Qualidade
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpreta-
para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
ções. As mais expressivas se referem, por um lado, à definição de
clientes e as situações. qualidade como busca da satisfação do cliente, e, por outro, à busca
da excelência para todas as atividades de um processo.
O envolvimento Na mesma vertente, a qualidade é também considerada como
A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e fator de transformação no modo como a organização se relaciona
voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o com seus clientes, agregando valor aos serviços a ele destinados.
verdadeiro sentido de atender. Em face dessa diversidade de significados, cabe às organiza-
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado, ções identificar os atributos ou indicadores de qualidade dos seus
que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser- produtos e serviços do ponto de vista dos seus usuários. Entre es-
viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de tes, podem ser destacados a eficiência, a eficácia, a ética profissio-
fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten- nal, a agilidade no atendimento, entre outros.
dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com
clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o No Brasil, a questão da qualidade na área pública vem sendo
trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta de liderança, abordada pelo Programa de Qualidade no Serviço Público que tem
o nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma intera- por objetivos elevar o padrão dos serviços prestados e tornar o
ção fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não permite cidadão mais exigente em relação a esses serviços. Para tanto, o
captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em insatis- Programa visa a transformação das organizações e entidades públi-
fação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por parte cas no sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços ao
do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento entre público, retirando o foco dos processos burocráticos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O programa estabelece que o cidadão como principal foco de ₋ divulgar os diferenciais da organização;
atenção de qualquer órgão público federal. Define padrões de qua- ₋ imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
lidade do atendimento e prevê a avaliação de satisfação do usuário ₋ fazer uso da empatia;
por todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal ₋ analisar as reclamações;
direta, indireta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão. ₋ acatar as boas sugestões.
Nesse sentido considera-se que o serviço público deve ter as
seguintes características: Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser
₋ Adequado: realizado na forma prevista em lei devendo aten- percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles:
der ao interesse público; competência, presteza, cortesia, paciência, respeito.
₋ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor consumo Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, des-
de recursos; respeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o aten-
₋ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segurança, o dente intolerável, na percepção dos usuários.
patrimônio ou os direitos materiais e imateriais do cidadão-usuário; No conjunto dessas ações deve ainda ser ressaltada a empatia
₋ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo obriga- como um fator crucial para a excelência no atendimento ao públi-
tório o planejamento e a adoção de medidas de prevenção para co. A utilização adequada dessa ferramenta no momento em que
evitar a descontinuidade. as pessoas estão interagindo é fundamental. No bom atendimento
é importante a utilização de frases como “Bom-dia”, “Boa-tarde”,
Usuários/ Clientes “Sente-se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que, di-
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma organização: tas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuário a perceber
• externos - recebem serviços ou produtos na sua versão final. o tratamento diferenciado que algumas organizações já conseguem
• internos –fazem parte da organização, de seus setores, gru- oferecer ao seu público-alvo.
pos e atividades.

Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da organiza- TRABALHO EM EQUIPE


ção devem responder o seguinte:
₋ Com que pessoas mantenho contato enquanto trabalho?
₋ Quem recebe o resultado do meu trabalho? Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de trabalho
₋ Qual o nível de satisfação das pessoas que dependem do re- nas organizações do mundo contemporâneo. As evidências suge-
sultado dos serviços executados por mim? rem que as equipes são capazes de melhorar o desempenho dos
indivíduos quando a tarefa requer múltiplas habilidades, julgamen-
Princípios para o bom atendimento na gestão da qualidade tos e experiências. Quando as organizações se reestruturaram para
1. Foco no Cliente. Nas empresas privadas, a importância dada competir de modo mais eficiente e eficaz, escolheram as equipes
a esse princípio se deve principalmente ao fato de que o sucesso como forma de utilizar melhor os talentos dos seus funcionários.
da venda (lucro financeiro) depende da satisfação do cliente com a As empresas descobriram que as equipes são mais flexíveis e rea-
qualidade do produto e também com o tratamento recebido e com gem melhor às mudanças do que os departamentos tradicionais ou
o resultado da própria negociação. outras formas de agrupamentos permanentes. As equipes têm ca-
No setor público, este princípio se relaciona sobretudo aos con- pacidade para se estruturar, iniciar seu trabalho, redefinir seu foco
ceitos de cidadania, participação, transparência e controle social. e se dissolver rapidamente. Outras características importantes é
Para cumprir este princípio é necessário ter atenção com dois que as equipes são uma forma eficaz de facilitar a participação dos
aspectos: trabalhadores nos processos decisórios aumentar a motivação dos
₋ verificar se o que é estabelecido como qualidade atende a funcionários.
todos os usuários, inclusive aos mais exigentes;
₋ fazer bem feito o serviço e, depois, checar os passos necessá- Diferença entre Grupo e Equipe
rios para a sua execução. Grupo e equipe não é a mesma coisa. Grupo é definido como
Deve se lembrar que tais atitudes levam em conta tanto o dois ou mais indivíduos, em interação e interdependência, que se
atendimento do usuário quanto as atividades e rotinas que envol- juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele
vem o serviço. que interage basicamente para compartilhar informações e tomar
decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua
2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade área de responsabilidade.
do usuário. Este princípio se relaciona à dimensão da validade, isto Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade
é, o serviço ou produto deve ser exatamente como o usuário espe- de se engajar em um trabalho coletivo que requeira esforço conjun-
ra, deseja ou necessita que ele seja. to. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições
3. Manutenção da qualidade . O padrão de qualidade mantido individuais de seus membros. Não existe uma sinergia positiva que
ao longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade. possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das
contribuições individuais.
A atuação com base nesses princípios deve ser orientada Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio
por algumas ações que imprimem qualidade ao atendimento, tais do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um ní-
como: vel de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições
₋ identificar as necessidades dos usuários; individuais. O quadro abaixo ressalta as diferenças entre grupos de
₋ cuidar da comunicação (verbal e escrita); trabalho e equipes de trabalho.
₋ evitar informações conflitantes;
₋ atenuar a burocracia;
₋ cumprir prazos e horários;
₋ desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Comparação entre Grupos de Trabalho e Equipes de Trabalho Equipe de soluções de problemas: Neste tipo de equipe, os
membros trocam ideias ou oferecem sugestões sobre os processos
Transformando indivíduos em membros de equipe e métodos de trabalho que podem ser melhorados. Raramente, en-
- Partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de todos tretanto, estas equipes têm autoridade para implementar unilate-
os processos do grupo; ralmente suas sugestões.
- Respeitam as individualidades e sabem ouvir;
- Comunicam-se ativamente; Equipes de trabalho autogerenciadas: São equipes autôno-
- Desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos pro- mas, que podem não apenas solucionar os problemas, mas tam-
pósitos definidos; bém implementar as soluções e assumir total responsabilidade pe-
- Constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas rela- los resultados. São grupos de funcionários que realizam trabalhos
ções; muito relacionados ou interdependentes e assuem muitas das res-
- Participam do estabelecimento de objetivos comuns; ponsabilidades que antes eram de seus antigos supervisores.
- Desenvolvem a cooperação e a integração entre os membros. Normalmente, isso inclui o planejamento e o cronograma de
trabalho, a delegação de tarefas aos membros, o controle coletivo
Fatores que interferem no trabalho em equipe sobre o ritmo de trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
- Estrelismo; implementação de ações para solucionar problemas. As equipes de
- Ausência de comunicação e de liderança; trabalho totalmente autogerenciadas até escolhem seus membros
- Posturas autoritárias; e avaliam o desempenho uns dos outros.
- Incapacidade de ouvir; Consequentemente, as posições de supervisão perdem a sua
- Falta de treinamento e de objetivos; importância e até podem ser eliminadas.
- Não saber “quem é quem” na equipe.
Equipes multifuncionais: São equipes formadas por funcio-
São características das equipes eficazes: nários do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores da
- Comprometimento dos membros com um propósito comum empresa, que se juntam para cumprir uma tarefa. As equipes de-
e significativo; sempenham várias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
- O estabelecimento de metas específicas para a equipe que seja, não há especificação para cada membro. O sentido de equipe
conduzam os indivíduos a um melhor desempenho e também ener- é exatamente esse, os membros compensam entre si as competên-
gizam as equipes. Metas específicas ajudam a tornar a comunicação cias e as carências, num aprendizado contínuo.
mais clara. Ajudam também a equipe a manter seu foco sobre o As equipes multifuncionais representam uma forma eficaz de
obtenção de resultados; permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa (ou até
- Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo; de diferentes empresas) possam trocar informações, desenvolver
- Grande habilidade para ouvir; novas ideias e solucionar problemas, bem como coordenar projetos
- Liderança é situacional; ou seja, o líder age de acordo com o complexos. Evidentemente, não é fácil administrar essas equipes.
grau de maturidade da equipe; de acordo com a contingência; Seus primeiros estágios de desenvolvimento, enquanto as pessoas
- Questões comportamentais são discutidas abertamente, prin- aprendem a lidar com a diversidade e a complexidade, costumam
cipalmente as que podem comprometer a imagem da equipe ou ser muito trabalhosos e demorados. Demora algum tempo até que
organização se desenvolva a confiança e o espírito de equipe, especialmente en-
- O nível de confiança entre os membros é elevado; tre pessoas com diferentes históricos, experiências e perspectivas.
- Demonstram confiança em seus líderes, tornando a equipe
disposta a aceitar e a se comprometer com as metas e as decisões Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados até agora rea-
do líder; lizam seu trabalho face a face. As equipes virtuais usam a tecnologia
- Flexibilidade permitindo que os membros da equipe possam da informática para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e
completar as tarefas uns dos outros. Isso deixa a equipe menos de- permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas permitem que
pendente de um único membro; as pessoas colaborem on-line utilizando meios de comunicação
- Conflitos são analisados e resolvidos; como redes internas e externas, videoconferências ou correio ele-
- Há uma preocupação / ação contínua em busca do autode- trônico – quando estão separadas apenas por uma parede ou em
senvolvimento. outro continente. São criadas para durar alguns dias para a solução
de um problema ou mesmo alguns meses para conclusão de um
O desempenho de uma equipe não é apenas a somatória das projeto. Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e cíclicas.
capacidades individuais de seus membros.
Contudo, estas capacidades determinam parâmetros do que os Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos
membros podem fazer e de quão eficientes eles serão dentro da desenvolver relações interpessoais.
equipe. Para funcionar eficazmente, uma equipe precisa de três ti- Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
pos diferentes de capacidades. Primeiro, ela precisa de pessoas com são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser
conhecimentos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional
solução de problemas e tomada de decisões que sejam capazes de de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito,
identificar problemas, gerar alternativas, avaliar essas alternativas amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os
e fazer escolhas competentes. Finalmente, as equipes precisam de sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini-
pessoas que saibam ouvir, deem feedback, solucionem conflitos e cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão
possuam outras habilidades interpessoais. as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos
de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera-
Tipos de Equipe ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior
As equipes podem realizar uma grande variedade de coisas. produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e
Elas podem fazer produtos, prestar serviços, negociar acordos, rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas
coordenar projetos, oferecer aconselhamentos ou tomar decisões. atividades, com provável queda de produtividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona achar que o seu padrão é o melhor, outra vezes, que é o pior. Mas
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio- é possível, num momento, encontrar força em um padrão e, num
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de outro, encontrar uma fraqueza.
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. O que se observa é que as pessoas acabam ficando perplexas
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma umas com as outras quando começam a perceber os segredos que
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- as outras pessoas ocultam das suas personalidades.
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, Na análise das personalidades, nada é estanque e tudo pode se
crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças ajustar, desde que se esteja disposto a fazê-lo. Nunca um protetor,
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação por exemplo, carrega somente as características da sua tipologia.
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório Uma pessoa com o centro emocional predominante não será ne-
novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são cessariamente uma boa artista. Talvez brilhe mais como administra-
encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento dora, quem sabe? Todos os tipos são interligados e se movimentam
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor- fazendo contrapontos e complementos.
dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou- Cada tipo de personalidade é formado por três aspectos: o pre-
tro, se a idéia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma dominante, que vigora na maior parte do tempo, quando as coisas
modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há transcorrem normalmente e que é chamado de seu tipo; o aspecto
respeito pela opinião do outro, quando idéias e sentimentos não que vigora quando se é colocado em ação, gerando situações de es-
são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A tresse; e o terceiro, que surge nos momentos em que não se sente
maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre em plena segurança.
as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin- Exemplificando, ao ver-se numa situação de estresse, o obser-
cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in- vador (em geral, quieto e retraído) torna-se repentinamente extro-
terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. vertido e amistoso, características típicas do epicurista, num esfor-
ço de reduzir o estresse. Sentindo-se em segurança, o observador
Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es- tende a se tornar o patrão, direcionando os outros e controlando o
pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente
espaço pessoal.
ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta
Todos têm virtudes e aspectos negativos. Então, vivem-se os
ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado
aspectos mais positivos de cada tipo. Essas qualidades pode se so-
naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os
mar a outras de outro tipo, promovendo integração.
valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
Se o tipo empreendedor se integra com o sonhador, ele pode
Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
passar a ter autoestima apurada e a saber levar a vida sem dramas.
ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle-
Ficará mais otimista, espontâneo e criativo também. Não se prende
tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan-
a fazer coisas que não satisfazem seus desejos e os dos outros. Se
do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude
o tipo individualista integra-se com o empreendedor, provavelmen-
em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
te ele poderá ser capaz de agir no presente e com objetividade,
res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen-
aceitando a realidade e vivendo suas emoções como são, sem ten-
tes: cognitivo, afetivo e comportamental.
tar ampliá-las. Já se o sonhador integrar-se com o observador, sua
A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
capacidade de introspecção será imensa e saberá como ninguém
liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela
apreciar o silêncio e a reflexão.
estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
Para o sucesso das equipes, se faz necessário que os seus inte-
componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
grantes utilizem-se de empatia, coloquem-se no lugar dos outros,
ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto
estejam receptivos ao processo de integração e, dessa forma, per-
de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
mitam-se amoldar. Se não houver esse tipo de abertura, em que
pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
cada um dos elementos ceda, a equipe será composta de pessoas
portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar
que competem entre si, o que traz o retrocesso da equipe ao con-
de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En-
ceito simplista de grupo, ou seja, apenas um agrupamento de indi-
tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
víduos que dividem o mesmo espaço físico, mas que possuem obje-
João por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
tivos e metas diferentes, bem como não buscam o aprimoramento
Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
e crescimento dos outros.
nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender
sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor-
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos
tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.
desenvolver relações interpessoais.
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser
PERSONALIDADE E RELACIONAMENTO alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito,
amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os
Os tipos de personalidade podem contribuir ou não para o de-
sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini-
sempenho das equipes. Cada personalidade possui características
cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão
definidas com seus respectivos focos de atenção, que, todavia, se
as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos
interagem, definindo indivíduos com certas características mais sa-
de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera-
lientes e que incorporam características de um outro estilo.
ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior
Vistos de maneira objetiva, nenhum dos tipos de personalida-
produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e
de é bom ou mau, certo ou errado. Cada um é uma combinação
rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas
distinta de força e fraqueza, beleza e feiura. Nenhum padrão é me-
atividades, com provável queda de produtividade.
lhor ou o melhor, pior ou o pior. Às vezes, determinada pessoa pode

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona Dois componentes da competência interpessoal assumem im-
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio- portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. da situação interpessoal.
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica-
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc.
crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres-
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação sões de uma outra na esperança de compreendê-la.
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório
novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são Empatia
encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e situa-
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor- ções vivenciadas.
dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou- “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao envolvi-
tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma mento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da perspectiva dos
modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há outros quebra estereótipos tendenciosos e assim leva a tolerância e
respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não a aceitação das diferenças. A empatia é um ato de compreensão tão
são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A seguro quanto à apreensão do sentido das palavras contidas numa
maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre página impressa.
as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin- A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: reprimir
cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in- a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o outro
terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. como um objeto.
Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es- O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a empa-
pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente tia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos outros.
ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro desencadeia a
crueldade.
ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado
Empatia implica certo grau de compartilhamento emocional -
naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os
um pré-requisito para realmente compreender o mundo interior do
valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
outro.
Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle-
A empatia nas empresas
tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan-
do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude
Qual a relação entre empatia e produtividade?
em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo- “O conceito de empatia está relacionado á capacidade de ouvir
res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen- o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu ponto
tes: cognitivo, afetivo e comportamental. de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas o en-
A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava- tendimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor. No
liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela momento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização dia-
estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu loga e conhece saltos de produtividade e de satisfação das pessoas”.
componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto “A empatia é primordial para o desenvolvimento das organi-
de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento zações pois, ela é que define no comportamento individual a preo-
pode provocar resultados no comportamento. O componente com- cupação de cada indivíduo no equilíbrio comportamental de todos
portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar os envolvidos no processo, pois, empatia pressupõe o respeito ao
de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En- outro.”
tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, um
João por causa dos meus sentimentos em relação a ele. tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os va-
Encarar a atitude como composta por três componentes – cog- lores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações
nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos in-
sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor- terpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos.
tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis. Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor
e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
Eficácia no relacionamento interpessoal
A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente Empoderamento
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é uma
adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situa- ação que permite melhorar a qualidade e a produtividade dos co-
ção. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente laboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado seja
com relações interpessoais de acordo com três critérios: satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acontecem através de
Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis delegação de autoridade e de responsabilidade, fomentando a co-
relevantes e respectiva interrelação. laboração sistêmica entre diferentes níveis hierárquicos e a propa-
Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo gação de confiança entre os liderados e os líderes.
que não haja regressões. Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gestores de
Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, promovendo
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de tomada de deci-
como quando começaram a resolver seus problemas. são da empresa.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O empowerment permite aos funcionários da empresa toma- deve circular, de maneira clara, transparente e adaptada à condição
rem decisões com base em informações fornecidas pelos gestores, e necessidade de cada equipe em particular. Algumas informações
aumentando sua participação e responsabilidade nas atividades gerais para o bom entendimento do negócio e do cenário devem
da empresa. Geralmente é utilizado em organizações com cultura ser compartilhadas com todas as pessoas, outras mais restritas e
participativa, que utilizam equipes de trabalho autodirigidas e que sigilosas, apenas com as pessoas-chave.
compartilham o poder com todos os seus funcionários. 2. A abertura para uma real autonomia dando às pessoas não
O empowerment está diretamente ligado ao conceito de lide- somente as informações, mas o apoio e a liberdade necessária para
rança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se pode agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incentivá-los a lide-
criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em uma rar os processos em que estão envolvidos, e sob os quais assumi-
empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de hábitos e ram responsabilidades. Uma cultura punitiva impede a autonomia;
pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende se utili- erros devem ser corrigidos, não punidos. A autonomia deve guiar-
zar de uma prática como o empowerment não pode ter uma cultura -se pela visão, missão e valores da empresa, assim como por seus
de tomada de decisões centralizada, por exemplo. objetivos e metas, dentro do contexto dos sistemas e processos em
O empowerment possui quatro bases principais, que são: vigor na organização.
- Poder  – dar poder às pessoas, delegando autoridade e res- 3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocracia que tornam
ponsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empowerment,
importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia equipes auto-gerenciadas podem atingir alta performance e buscar
de ação. a excelência em níveis muito superiores aos de empresas centrali-
- Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incen- zadoras.
tivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempe- Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adapta-
nho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas partici- ção mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente apropria-
pem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das metas. do para o aprendizado dos funcionários a fim de torná-los tomado-
- Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de res de decisão dentro da empresa.
capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa
treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento,
ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos EFICÁCIA NO COMPORTAMENTO INTERPESSOAL
na organização.
- Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso signi-
fica orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos hori- A postura profissional é o comportamento adequado dentro
zontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação. das organizações, na qual busca seguir os valores da empresa para
Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de um resultado positivo.
decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle ou
liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior, uma A importância da qualidade
vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante de se As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contí-
destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e melhora nuas aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao
a condução dos processos internos à empresa. fenômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupa-
ção com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
Vantagens do empowerment Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar seu
Com mencionado anteriormente, a adoção do empowerment perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajustando
por parte das empresas traz diversos benefícios para elas, como por às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os no-
exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos funcionários, vos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas dos
aumentando assim a taxa de retenção dos talentos da empresa, o clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e que
compartilhamento das responsabilidades e tarefas, maior agilidade realizem suas atividades com qualidade.
e flexibilidade no processo de tomada de decisão, etc. Além, claro, Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor-
de estimular o aparecimento de novos líderes dentro das empresas. porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia,
Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou
preparam suas organizações para a prática do empowerment, trei- seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma po-
nando e doutrinando seus funcionários para que possam receber sitiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agregam
tais responsabilidades de forma correta. valor ao seu trabalho.
Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma re- Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o
lação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces de profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas
uma mesma moeda. Para promovê-lo, não basta transferir verbal- a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O
mente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições de agir grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber
no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolvendo o que se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se
chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como intraempreen- disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa-
dedores e como se fossem “proprietárias” do negócio, pensando tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se
como empresários. fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir).
Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâmi-
Aplicação do empowerment co, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que representa
Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empower- qualidade para uma empresa não necessariamente o é para outra.
ment é necessário: Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional, procure en-
1. Um profundo compartilhamento das informações com todos tender quais são as competências valorizadas naquele ambiente de
os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a incerteza. Ela trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para realizar suas tarefas
é fundamental para a correta tomada de decisões. A Informação com qualidade.

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
As novas exigências A Conexão Profissional, na terceira edição da série Desafios
Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já para se tornar um bom profissional, trata de mais um dos desafios
devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien- dos recém-chegados ao mundo corporativo: a atenção aos proces-
tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é pre- sos e às rotinas nas organizações.
ciso se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos
podem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática? a serem dados é procurar compreender a rotina da organização.
Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es- Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve é
colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para a
é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção contí-
vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas nua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel
de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
“habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na o conjunto.
verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque recen- Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar
temente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando- e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar
-se. Vejamos algumas delas: melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
- Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissional exi- com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar a
ge uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber se com- qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados.
portar em público, honrar os compromissos e prezar pela organiza- Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
ção no ambiente de trabalho. o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos
- Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário estar produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso
sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar a rou- pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur-
pa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo com sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti-
que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é certo vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.
e o que é errado para cada ambiente. Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
- Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma questão de mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho.
bom senso, mas também uma questão de comprometimento pro- Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos
fissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um ponto só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior
positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do cola- competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em-
borador. presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o
- Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e cumpra conjunto, melhores resultados.
os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade para os
compromissos marcados. A competência interpessoal é habilidade de lidar eficazmente
- Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma
ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situa-
obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais ção. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente
situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no com relações interpessoais de acordo com três critérios:
relacionamento com os outros é fundamental.
- Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e aceitar - Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis
opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pessoas a relevantes e respectiva inter-relação.
também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja im- - Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo
posto ao demais. que não haja regressões.
- Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constante - Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas
em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a postura continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos,
profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é um como quando começaram a resolver seus problemas.
ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais.
- Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico, mas Dois componentes da competência interpessoal assumem
o novo profissional deve demonstrar também esforço e interesse importância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita.
incansáveis para aprender. O processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acu-
- É necessário ter um ânimo permanente, disposição para o rada da situação interpessoal.
trabalho e para correr atrás do que se quer. A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica-
- O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e boa ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em
administração do seu tempo e das suas tarefas. suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc.
- Muitas organizações começam a mostrar interesse em investir A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres-
na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso uma sões de uma outra na esperança de compreendê-la.
sólida relação de confiança mútua. Novas COMPETÊNCIAS começam a ser exigidas pelas organiza-
- A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhuma ções, que reinventam sua dinâmica produtiva, desenvolvendo no-
relação profissional pode dar certo. vas formas de trabalho e de resolução de conflitos. Surgem novos
paradigmas de relações das organizações com fornecedores, clien-
Há, ainda, outras características que certamente podem contar tes e colaboradores. Nesse contexto, as relações humanas no am-
pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência biente de trabalho tem sido foco da atenção dos gestores, para que
diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per- sejam desenvolvidas habilidades e atitudes necessárias ao manejo
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta); inteligente das relações interpessoais.
cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade.

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA  O relacionamento entre pessoas é a forma como eles se tratam
Chamamos de competência a integração e a coordenação de e se comunicam. Quando os indivíduos se comunicam bem, e o gos-
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A.) que tam de fazer, se diz que há um bom relacionamento entre as partes.
na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada. Quando se tratam mal, e pelo menos um deles não gosta de entrar
C – conhecimento - SABER em contato com os outros, é um mau relacionamento.
H – habilidade – SABER FAZER Fatores que interferem no trabalho em equipe
A - atitude - QUERER FAZER - Estrelismo;
- Ausência de comunicação e de liderança;
A COMPETÊNCIA TÉCNICA envolve o C.H.A em áreas técnicas - Posturas autoritárias;
específicas. - Incapacidade de ouvir;
- Falta de treinamento e de objetivos;
A COMPETÊNCIA INTERPESSOAL envolve o C.H.A nas relações - Não saber “quem é quem” na equipe.
interpessoais.
Fatores positivos do relacionamento
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
-->Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. Comunicabilidade
-->Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora - habilidade de expor as ideias;
certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil. - clareza na comunicação verbal;
Aristóteles - é a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a men-
sagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente e
Como trabalhar bem com os outros? Como entender os outros sem “ruídos”.
e fazer-se entender?
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocio- Objetividade
nal. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se nos recifes das - relacionada com a clareza na informação prestada ao usuário.
paixões e dos impulsos desenfreados, pessoas com alto nível de QI - é importante ser claro e direto nas informações prestadas,
pode ser pilotos incompetentes de sua vida particular. sem rodeios, dispensando informações desnecessárias à situação.
A aptidão emocional é uma capacidade que determina até
onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenhamos, Eficiência
incluindo o intelecto bruto. - A Administração Pública deve atender o cidadão com agilida-
Inteligência emocional: É a habilidade de lidar eficazmente de, com adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma recursos disponíveis.
adequada as necessidades de cada uma e as exigências da situação,
observando as emoções e reações evidenciadas no comportamento Presteza
do outro e no seu próprio comportamento. - Manifestação do interesse em atender às necessidades do
Inteligência intrapessoal: É a habilidade de lidar com o seu usuário.
próprio comportamento. Exige autoconhecimento, controle emo-
cional, automotivação e saber reconhecer os sentimentos quando Interesse
eles ocorrem.
- É importante mostrar-se interessado pelo problema/situação
Inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmente
do cidadão-usuário.
com outras pessoas de forma adequada.
- Mostrar empenho para lhe apresentar as soluções.
- O interesse na prestação do serviço está diretamente relacio-
ELEMENTOS BÁSICOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
nado à presteza, à eficiência e à empatia.
- Autoconhecimento: Conhecer a si próprio, gerar autoconfian-
ça, conhecer pontos positivos e negativos.
Não apenas nas relações humanas assim como nas relações de
- Controle Emocional: Capacidade de gerenciar as próprias
emoções e impulsos. trabalho, colocar-se no lugar do outro (empatia) garante maior sen-
- Automotivação: Capacidade de gerenciar as próprias emo- sibilidade e interesse ao usuário do serviço público.
ções com vistas a uma meta a ser alcançada. Persistir diante de fra-
cassos e dificuldades. Tolerância
- Reconhecer emoções nos outros: Empatia. - É a tendência em admitir que modos de pensar, agir e sentir
- Habilidade em relacionamentos interpessoais: aptidão social são diferentes de pessoa para pessoa.
- É tolerante aquele que admite as diferenças e respeita à di-
versidade.
FATORES POSITIVOS DO RELACIONAMENTO.COMPOR-
Discrição
TAMENTO RECEPTIVO E DEFENSIVO, EMPATIA E COM-
- Ser discreto é ter sensatez, ser reservado, recatado e descen-
PREENSÃO MÚTUA
te.
- Não devemos confundir com o princípio da publicidade. Os
Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num soma- atos administrativos devem seguir o princípio da publicidade que
tório geral, irão contribuir para uma boa qualidade no atendimento significa manter a total transparência na prática dos atos da Admi-
interno e externo. Assim, desde que cumpridos ou atendidos re- nistração Pública.
quisitos básicos de valorização do outro, estaremos falando de um - Ser discreto nas relações de trabalho e nas relações com o
bom relacionamento. Os níveis de relacionamento aqui devem ser cidadão-usuário é preservar a privacidade e a individualidade, não
elevados, tendo em vista sempre o direito de cada indivíduo de re- invadir a privacidade, não espalhar detalhes da vida pessoal nem
ceber com qualidade a supressão de suas necessidades. tampouco detalhes de assuntos que correm em segredo de justiça.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
COMPORTAMENTO RECEPTIVO Segundo Jonh W. Riegel,
Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das “O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é
pessoas ignora ou rejeita prematuramente. resultado, em grande parte, da atuação e da capacidade dos seus
Pode ser de natureza sensorial ou psicológica. gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este
No primeiro caso a pessoa se caracteriza por estar atento ao papel quando ele procura orientar e facilitar os esforços dos seus
que acontece a sua volta. subordinados para se desenvolverem”
No segundo a característica é de pessoa de mente aberta e sem
preconceitos à novas ideias. FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO
A curiosidade é inerente do comportamento receptivo. Administração – Objetivos, decisões e recursos são as pala-
vras-chaves na definição do conceito de administração. Adminis-
COMPORTAMENTO DEFENSIVO tração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre
O servidor não tem comportamento receptivo quando: objetivos e utilização de recursos.
- parecem saber de tudo;
- nunca têm dúvidas; DECISÕES
- que têm resposta para qualquer pergunta; Planejamento, organização, execução, direção, controle.
- sempre têm certeza das coisas;
- que não admitem ser contestados; OBJETIVOS
- têm todas as informações; Resultados esperados do sistema
- acham que estão sempre certos;
- tendem a colocar os outros na defensiva. Segundo CHIAVENATO, as variáveis que representa o desenvol-
- age como o “dono da verdade” - transmite a ideia de que to- vimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas, ambiente, tecno-
dos os outros são “ignorantes” e não têm nada de útil ou interes- logia e competitividade.
sante a dizer. Na ocorrência de novas situações as teorias administrativas se
- quando afirma suas verdades e não admite contestação - adaptam a fim de continuarem aplicáveis.
transmite a mensagem de que vê a si mesmo como professor, con-
siderando todos os outros como aprendizes. Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de
- faz os ouvintes experimentarem sentimentos de inferiorida- administração, podemos destacar que:
de, o que produz um comportamento defensivo.
“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utili-
Habilidades necessárias ao bom relacionamento no trabalho zação eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou
- Habilidade de comunicar ideias de forma clara e precisa em mais objetivos ou metas organizacionais.”
situações individuais e de grupo.
- Habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem. Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de
- Habilidade de aceitar críticas sem fortes reações emocionais uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa-
defensivas (tornando-se hostil ou “fechando-se”) cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re-
- Habilidade de dar feedback aos outros de modo útil e cons- cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos
trutivo. da empresa.
- Habilidade de percepção e consciência de necessidades, sen- O conceito de administração representa uma governabilidade,
timentos e reações dos outros. gestão de uma empresa ou organização de forma que as ativida-
- Habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com conflitos e des sejam administradas com planejamento, organização, direção,
hostilidade dos outros. e controle.
- Habilidade de modificar o meu ponto de vista e comporta-
mento no grupo em função do feedback dos outros e dos objetivos O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou-
a alcançar. tras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem
- Tendência a procurar relacionamento mais próximo com as como de seus membros.
pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho. Montana e Charnov
 
A administração tem uma série de características entre elas:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃO um circuito de atividades interligadas, busca de obtenção de re-
sultados, proporcionar a utilização dos recursos físicos e materiais
disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização, di-
A Administração, de acordo com definição do Houaiss, é o
reção e controle.
“conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os ele-
Para administrar nos mais variados níveis de organização é ne-
mentos de produção e submeter a produtividade a um controle de
cessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos:
qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz, bem como uma
satisfação financeira”. • Habilidades Técnicas: são habilidades que necessitam de co-
Administrar envolve a elaboração de planos, pareceres, relató- nhecimento especializado e procedimentos específicos e pode ser
rios, projetos, arbitragens e laudos, em que é exigida a aplicação de obtida através de instrução.
conhecimentos inerentes às técnicas de Administração. • Habilidades Humanas: envolvem também aptidão, pois inte-
A profissão de Administrador é relativamente nova e foi re- rage com as pessoas e suas atitudes, exige compreensão para lide-
gulamentada no Brasil em 9de setembrode1965, data em que se rar com eficiência.
comemora o Dia do Administrador. Os primeiros administradores • Habilidades Conceituais: englobam um conhecimento geral
profissionais (administrador contratado, que não é o dono do negó- das organizações, o gestor precisa conhecer cada setor, como ele
cio) foram os que geriram as companhias de navegação inglesas a trabalha e para que ele existe.
partir do século XVII.

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Conceitos e princípios fundamentais em administração Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar
O conceito de administração representa uma governabilidade, atento para sua relevância, nas organizações as informações são
gestão de uma empresa ou organização de forma que as ativida- importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a
des sejam administradas com planejamento, organização, direção, qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
e controle. Montana e Charnov em 2003 asseveraram que o ato Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que
de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras pessoas se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema,
na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as-
membros. sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para essa
A administração tem uma série de características entre elas: implantação. Cada empresa tem suas características e suas neces-
um circuito de atividades interligadas, buscar de obtenção de re- sidades, e o sistema de informação se adéqua a organização e aos
sultados, proporcionar a utilização dos recursos físicos e materiais seus propósitos.
disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização, di- Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por
reção e controle. isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com-
O planejamento consiste em definir objetivos para traçar me- plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da
tas, assim identificando forças, fraquezas, oportunidades e amea- pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono,
ças. Interpretam-se dados, analisam-se recursos. O planejamento sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im-
ocorre com base em muito estudo, muita pesquisa, antes da im- portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne-
plantação de qualquer coisa, ele pode durar meses ou até anos. cessidades afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos,
Organizar significa preparar processos a fim de obter os resul- família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como
tados planejados. exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por
Direção, neste procedimento decisões são necessárias, para que seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces-
os objetivos relacionados no planejamento continuem alinhados. sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se
Controle, aqui é possível vislumbrar todo o processo de pla- aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
nejar, organizar e direcionar. Liderar e discernir se o resultado foi O raciocínio de Viktor Frankl “ vontade de sentido” também é
o almejado. Assim é possível recomeçar um novo ciclo com mais coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâmide
planejamento e suas etapas subsequentes. de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial,
Para administrar nos mais variados níveis de organização é de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que nossa
necessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos: as vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma alea-
Habilidades Técnicas são habilidades que necessitam de conheci- tória, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores
mento especializado e procedimentos específicos e pode ser obtida são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais
através de instrução. As Habilidades Humanas envolvem também tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um
aptidão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, exige com- funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir
preensão para liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as es-
englobam um conhecimento geral das organizações, o gestor pre- calas da piramide. Mas o que é realização para um, não é realização
cisa conhecer cada setor, como ele trabalha e para que ele existe. para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza
De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas.
um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações, O comportamento das pessoas nas organizações afetam diretamen-
diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res- te na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o comportamento
ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica- dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma necessidade das
ções são componentes estruturais. pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua, a motivação é intrín-
Existem vários modelos de organização, Organização Empre- seca, mas os estímulos são imprescindíveis para que a motivação pelo
sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. As trabalho continue gerando resultados para a empresa.
organizações possuem seus níveis de influência. O nível estratégico Os lideres são importantes no processo de sobrevivência no
é representado pelos gestores e o nível tático, representado pelos mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exer-
gerentes. Eles são importantes para manter tudo sob controle. O cer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo
gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, esta- grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir con-
belece uma autoridade de forma construtiva, competente, enérgica quistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos
e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. Os ge- pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui
rentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional, onde os na condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas pode-
colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da organização. res, isso é importante para estimular os mais diversos profissionais
As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica dentro da organização.
com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru- No processo de centralização a tomada de decisões é unilateral,
tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi- deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião. Já no pro-
lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O cesso de descentralização existe maior estimulo por parte dos funcio-
mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada nários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da empresa.
dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutura, Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espontâ-
para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem neos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. O
dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a funcionário hoje com todo seu conhecimento adquirido na empresa
hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos. tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar estímulos
As organizações fazem uso do organograma que melhor repre- como os benefícios contribuem para a permanência do funcionário
senta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo piramidal na organização. São inúmeras vantagens tanto para o empregado
ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas pessoas quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando
empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos contribuem a produção, gerando assim resultados satisfatórios.1
com ideias na tomada de decisão.
1--> Fonte: www.administradores.com.br – Por Luciana de Assis Fernandes

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades
sejam administradas com planejamento, organização, direção, e controle.  

Para que todas esses conceitos e objetivos sejam desenvolvidos de fato, precisamos nos ater à questão dos níveis de hierarquia e às
competências gerencias, ao que isso representa na teoria, na prática e no comportamento individual de cada profissional envolvido na
administração.

NÍVEIS HIERÁRQUICOS
Existem basicamente três níveis hierárquicos dentro de uma organização, que são divididos em:
Nível Estratégico (ou Nível Institucional)  – Elabora as estratégias, faz o planejamento estratégico da empresa normalmente esse
posto é assumido por presidentes e alta direção da empresa, os representantes deste nível devem possuir principalmente habilidades
conceituais.
Nível Tático (ou Nível Intermediário) – Este nível é desempenhado pelos Gerentes é um nível departamental, e seus integrantes ne-
cessitam em especial de habilidades humanas para motivar e liderar os integrantes do nível operacional.
Nível Operacional – Estes são os supervisores que necessitam de habilidades técnicas por trabalharem de forma mais ligada à pro-
dução.
É de suma importância que os níveis hierárquicos estejam bem definidos dentro da organização para que cada um saiba o seu lugar e
suas competências. Administrar é interpretar os objetivos da organização e transformá-los em ação por meio de planejamento, organiza-
ção, controle e direção de todos os níveis organizacionais.
A seguir vocês poderão ver dois demonstrativos que discriminam as características de atuação de cada um dos níveis citados.

NÍVEIS
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
Abrangência Instituição Unidade, Departamento Setor, Equipe
Área Presidência, Alto Comitê Diretoria, Gerência Coordenação, Líder Técnico
Perfil Visão, Liderança Experiência, Eficácia Técnica, Iniciativa
Horizonte Longo Prazo Médio Prazo Curto Prazo
Foco Destino Caminho Passos
Diretrizes Visão, Objetivo Planos de ação, projetos Processos, atividades
Conteúdo Abrangente, Genérico Amplo, mas sintético Específico, Analítico
Ações Determinar, Definir, orientar Projetar, Gerenciar Executar, manter, Controlar, analisar
Software Painel de Controle Planilha Aplicações específicas
Marcio D’Aavila

Idalberto Chiavenato.

Pereira

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Fatores como a crescente competitividade entre as organiza- Atitude (Querer Fazer)
ções provocam significativas mudanças no mercado, o que faz com Ter atitude e ações é fazer acontecer. São competências que
que as competências gerenciais se tornem grandes diferenciais. permitem as pessoas interpretarem e julgarem a realidade e a si
A gestão por competência se propõe a integrar e orientar esfor- próprias. Na área gerencial veja algumas atitudes que se destacam:
ços, principalmente no que ser refere à gestão de pessoas, visando » Saber ouvir;
desenvolver e sustentar competências consideradas fundamentais » Auto motivação;
aos objetivos organizacionais.  » Auto controle;
As empresas buscam ideias de mudanças comportamentais, » Dar e receber feedback;
atitudes, valores e crenças que façam a diferença na postura dos » Resolução de problemas;
profissionais. » Determinação;
» Proatividade;
Competências gerenciais: “Um conjunto de conhecimentos, ha- » Honestidade e ética nos negócios, etc.
bilidades e atitudes que algumas pessoas, grupos ou organizações
dominam melhor do que outras, o que as faz se destacar em deter- Conhecimento (Saber Fazer)
minado contexto.” O conhecimento é essencial para a realização dos processos da
Claude Lévy-Leboyer organização. De acordo com o nível de conhecimento de um ge-
rente, existe o essencial, aquele que todo profissional deve saber,
A) As Principais Habilidades Gerenciais são: como dominar os procedimentos, conceitos, informações necessá-
- Planejamento e Organização: O Gerente deverá possuir a ca- rios ao funcionamento da empresa. E, aquele mais específico, em
pacidade de planejar e organizar suas próprias atividades e as do que é necessário analisar os indivíduos e o contexto de trabalho.
seu grupo, estabelecendo metas mensuráveis e cumprindo-as com
eficácia. Habilidades (Saber como Fazer)
- Julgamento: O Gerente deverá ter a capacidade de chegar a Quando utilizamos o conhecimento da melhor forma, ele se
conclusões lógicas com base nas evidências disponíveis. torna uma habilidade. O conceito de habilidade é variado. De acor-
- Comunicação Oral: Um Gerente deve saber se expressar ver- do com alguns autores, para que um administrador possa conquis-
balmente com bons resultados em situações individuais e grupais, tar uma posição de destaque, bem como saber administrar, defini-
apresentando suas ideias e fatos de forma clara e convincente. -se a existência das seguintes habilidades:
- Comunicação Escrita: É a capacidade gerencial de saber ex- » Técnicas - funções especializadas e ligadas ao trabalho ope-
pressar suas ideias clara e objetivamente por escrito. racional;
- Persuasão: O Gerente deve possuir a capacidade de organizar » Conceituais - compreender a totalidade, ou seja, ter visão da
e apresentar suas ideias de modo a induzir seus ouvintes a aceitá-las. empresa como um todo;
- Percepção Auditiva: O Gerente deve ser capaz de captar infor- » Humanas - cultivar bons relacionamentos, sendo um líder efi-
mações relevantes, a partir das comunicações orais de seus colabo- caz e eficiente.
radores e superiores.
- Motivação: Importância do trabalho na satisfação pessoal e Tipos de Competências
desejo de realização no trabalho. Existem vários tipos de competências definidas por teóricos so-
- Impacto: É a capacidade de o Gerente criar boa impressão, bre o conjunto de competências existentes e utilizadas no ambiente
captar atenção e respeito, adquirir confiança e conseguir reconhe- organizacional. Serão citadas apenas duas:
cimento pessoal.
- Energia: É a capacidade gerencial de atingir um alto nível de Competências Individuais
atividade (Garra). São características que tornam um indivíduo singular, único.
- Liderança: É a capacidade do Gerente em levar o grupo a acei- Além de serem os conhecimentos adquiridos por uma pessoa,
tar ideias e a trabalhar atingindo um objetivo específico. também faz parte a inteligência em lidar com situações complexas.
As competências individuais estarão relacionadas, por exemplo, a
Para alguns autores, podemos resumir as habilidades necessá- formação educacional, a experiência profissional, assim como o
rias para o desenvolvimento eficiente e eficaz na administração em: ambiente em que vive, o visão de futuro, a flexibilidade, etc. Estas
competências também se classificam em:
1. Conhecimento  – Estar a par das informações necessárias » Competências gerais - relativa aos valores organizacionais e a
para poder desempenhar com eficácia as suas funções. cultura empresarial;
2. Habilidade – Estas podem ser divididas em: » Competências gerenciais - relativa as funções gerenciais;
- Técnicas (Funções especializadas) » Competências técnicas - relativas ao profissional e suas habi-
- Administrativas (compreender os objetivos organizacionais) lidades específicas da área.
- Conceituais (compreender a totalidade)
- Humanas (Relações Humanas), Políticas (Negociação).
Competências Organizacionais
São formados pelo capital intelectual, estrutural, organizacio-
3. Atitude e Comportamento – Sair do imaginário e colocar em
nal, de processo, etc. Para essas competências devem ser analisa-
prática, fazer acontecer. Maneira de agir, ponto de referência para a
dos os clientes, concorrentes, funcionários, pois são eles que agre-
compreensão da realidade.
garão um diferencial de mercado. Essas competências são capazes
de elevar o potencial de uma organização estando ela sempre se
As três dimensões da competência
As competências são formadas por três dimensões: atitude, fortalecendo. No livro Competências: conceitos e instrumentos
conhecimento e habilidade. Cada dimensão é independente, mas para a gestão de pessoas na empresa moderna, o autor define tam-
ambas estão interligadas. Ele afirma ainda que o desenvolvimento bém um conjunto de competências que fazem parte das competên-
das competências está na aprendizagem individual e coletiva. (Tom- cias organizacionais:
mas Durand) » Competências essenciais - importante para a organização;

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
» Competências distintivas - são competências que garantem Papel de facilitador
vantagens competitivas para a organização; O gestor enquanto facilitador estimula o trabalho em equipe e
» Competência de suporte - são atividades que servem de base gerencia os problemas pessoais.
para outras atividades da organização;
» Capacidade dinâmica - quando as competências organizacio- Papel de mentor
nais atendem as exigências do ambiente. O gestor enquanto mentor trabalha no desenvolvimento de cada
funcionário e aperfeiçoa suas competências, eles são orientadores.
Modelos Gerenciais
Os  modelos gerenciais  são capazes de nos dar ideias sobre Modelo dos Sistemas Abertos
como seria sua aplicação real. Como os modelos de gestão se atua- Para esse modelo é necessário viver em um ambiente ambíguo
lizam sempre, deve-se fazer um estudo da organização e ver aquele e competitivo. Seu objetivo é atingir a adaptação e o apoio externo.
que melhor se aplica. Não é uma tarefa fácil, mas requer esforço É valorizado o empreendedorismo, a adaptação política e adminis-
e competência para o estudo tanto do ambiente interno, quanto tração de mudanças. O gestor é inovador e negociador.
externo da organização.
Um dos modelos gerenciais é o proposto por  Robert Quinn, Papel de inovador
autor do livro  Competências Gerenciais: princípios e aplicações. O gestor enquanto inovador está aberto às mudanças, tem um
Seu modelo define a existência de vinte e quatro competências ge- pensamento crítico e analítico, é visionário e identifica as tendên-
renciais, das quais são classificadas como papéis gerenciais. Assim, cias do mercado.
há quatro modelo gerenciais que estão divididos em oito papéis. E
para o autor os modelos mais antigos são de suma importância para Papel de negociador
auxiliar o gestor na tomada de decisões na organização. Confira: O gestor enquanto negociador deve utilizar técnicas de persua-
são e influência em prol de seus acordos e compromissos.
Modelo das Metas Racionais 
Tem como base a lei da sobrevivência de Darwin: o indivíduo O ADMINISTRADOR
com maior habilidade e mais apto mantêm o seu emprego. O obje- Um administrador – não é julgado pelo que sabe a respeito
tivo desse modelo está na produtividade e no lucro. Ele está relacio- das funções que exerce em sua especialidade, mas pela maneira
nado aos papéis de diretor e do produtor. como realiza seu trabalho e pelos resultados que consegue obter
dos recursos disponíveis.
Papel de diretor
O gestor enquanto diretor deve deixar claro o planejamento e O papel do gerente
as metas a serem atingidas. Ele que decide, define opções, tarefas
e problemas. Principais estudos sobre o papel dos gerentes

Papel de produtor Henri Fayol 1916 Processo administrativo


O gestor enquanto produtor tem foco nas tarefas, no trabalho,
interesse, motivação e determinação. Ele é pragmático. Chester Barnard 1938 Funções do executivo
Herbert Simon 1960 Processo decisório
Modelo dos Processos Internos ou Modelo de Burocracia Pro-
Henry Mintzberg 1973 Papéis do gerente
fissional 
Completa o modelo das metas racionais. Seu objetivo é a bus- Rosemary Stewart 1982 Processo decisório
ca da estabilidade, continuidade e eficiência no trabalho. Ele é ba- Fred Luthans 1988 Desempenho dos gerentes
seado em rotinas. O gerente é considerado um monitor apto e um
coordenador verdadeiro e confiável. Andrew Grove 1983 Princípios de administração de
alta performance.
Papel de monitor
O gestor enquanto monitor deve conhecer e supervisionar o Henri Fayol
ambiente de sua organização, e também, estar a par das metas de Tomando como base uma empresa industrial o trabalho do di-
cada setor. rigente consiste em:
- Tomar decisões, estabelecer metas,
Papel de coordenador - Definir diretrizes e
O gestor enquanto coordenador dá apoio à estrutura e ao de- - Atribuir responsabilidades aos integrantes da organização, de
senvolvimento da organização. Suas características são a organiza- modo que as atividades de planejar, organizar, comandar, coorde-
ção, a conciliação do trabalho da equipe, coordenação à parte logís- nar e controlar estejam numa sequência lógica.
tica, bem como encarar problemas.
O maior impacto desta ideia está em identificar o trabalho dos
Modelo das Relações Humanas administradores e separá-lo das atividades operacionais da empresa.
De acordo com o autor, após a queda da bolsa de valores (1929)
e a Segunda Guerra Mundial foi perceptível que os modelos citados OBS: Lawrence J.Peter – “Um especialista muito competente
anteriormente estavam se tornando ineficazes para a época. Nesse pode tornar-se um administrador incompetente”.
novo modelo o objetivo é atingir o compromisso, a coesão e a mo-
ral. É valorizado mais a participação, o acordo entre os funcionários L. Gullick e Lyndall Urwick
e a resolução de problemas. O gestor é aquele que se coloca no Propôs a sigla POSDCORB:
lugar do outro, é portanto, um facilitador e um mentor. - planejamento,
- organização,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- alocação de pessoal,
- direção,
- coordenação,
- controle e orçamentação.

Definindo assim o processo administrativo com: planejamento, organização, direção ou liderança e controle.

Chester Barnard
As funções do executivo, são:
- Incutir senso de propósito moral.
- Trabalhar com a organização informal.
- Facilitar a comunicação.
- Tomar decisões.
- Entender a aceitação da autoridade.

Herbert Simon
Processo decisório gerencial:
- Intelecção: análise de um problema.
- Concepção: criação de alternativas de solução.
- Decisão: julgamento e escolha de uma alternativa.

Mintzberg
Os 10 papéis específicos do administrador:

Papéis interpessoais Papéis Informacionais Papéis decisórios


Como administrador interage Como o administrador intercambia, Como o administrador utiliza a informação
processa informação nas suas decisões
- representação - monitoração - empreendimento
- liderança - disseminação - solução de conflitos
- ligação - porta-voz - alocação de recursos
- negociação

Rosemary Stewart
Não diz qual é o trabalho dos gerentes, mas como pode estudá-lo.
Os cargos gerenciais têm 3 dimensões:
- escolhas,
- exigências/tarefas e
- restrições/o que o ocupante do cargo pode fazer.

Fred Luthans
Fez distinção entre gerentes de sucesso (que realizam objetivos pessoais importantes, como avançar na carreira) e gerentes eficazes
(que realizam objetivos importantes para a organização).

Atividades dos gerentes:


- Funções gerenciais: tomar decisões, planejar e controlar.
- Comunicação: trocar e processar informações, documentação.
- Adm. de RH: motivar, resolver conflitos, treinar.
- Relacionamento/networking: manter relações sociais, fazer política.

Andrew Grove
Ele acredita que todos são administradores, os que influenciam e os são influenciados pela rede da informação.
Ideias que orientam a adm. de alta performance: produção, trabalho de equipe e empenho individual.

CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES FORMAIS: TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, NATUREZA, FINALIDA-


DES E CRITÉRIOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

A ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL
Segundo Maximiano “uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos.
Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande em-
presa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações.”
Uma organização é formada pela soma de pessoas, máquinas, recursos, financeiros e outros.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A organização da empresa também pode ser definida como a ordenação e agrupamento de atividades e recursos, visando o alcance
dos objetivos e resultados estabelecidos.
A estrutura organizacional é o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organi-
zacionais de uma empresa.
Embora o termo ORGANIZAÇÃO frequentemente tenha sido empregado como sinônimo e arrumação, ordenação, eficiência, a ORGA-
NIZAÇÃO deve ser entendida como o quadro estrutural de cargos definidos por (respectivos títulos, responsabilidades, relações formais,
nível de autoridades, atribuições básicas e aspectos culturais). A função básica de organização é o estudo da estrutura organizacional da
empresa, para que esta seja bem definida e possa atender as necessidades e os objetivos estabelecidos de forma integrada com a organi-
zação informal e as estratégias estabelecidas na empresa.
A Organização Formal corresponde à componente da organização que estabelece a forma como é efetuada a sua própria gestão e a
coordenação e controle de pessoas e atividades. Para isso, são criadas na organização as estruturas organizacionais e definidas as regras,
políticas e procedimentos que regulam a forma como, quando e por quem são desempenhadas as diversas tarefas necessárias ao seu
funcionamento.
A organização informal designa o conjunto de relações ou interações que surgem expontaneamente entre os seus membros e que não
são previstas ou formalizadas pela organização formal.
Apesar da organização formal possuir um grau de percepção e de compreensão mais elevado e imediato, pois é esta que explica o que
se faz e como se faz, as relações informais entre os membros da organização assumem uma importância fundamental pois é delas que, em
grande parte, depende o ambiente de trabalho, o qual, por sua vez, constitui uma das mais importantes condicionantes da motivação e
dos níveis de produtividade dos trabalhadores. É devido a esta importância das relações informais que cada vez mais os responsáveis pelas
organizações se debruçam sobre o estudo das suas causas e consequências bem como na procura de formas adequadas de facilitá-las e
fomentar.
A própria organização formal tem uma forte influência quer quantitativa quer qualitativa sobre a organização informal, daí que a es-
trutura organizacional, assim como as regras, políticas e procedimentos devam ser definidas por forma a facilitar e incentivar as relações
informais e assim proporcionarem um melhor ambiente de trabalho e uma maior motivação dos trabalhadores.
- Organização formal - deriva do organograma, da departamentalização, da divisão de tarefas, dos instrumentos de organização - ma-
nuais, funcionogramas, etc.
- Organização informal - decorre da interação das pessoas e dos relacionamentos que se estabelecem.

Princípios para o trabalho das duas organizações


- Desafios
- União
- Responsabilidade

A Estrutura Formal: É definida na empresa com todas as formalidades e padrões vigentes. Ela é feita por: manuais de procedimentos
ou organização, comunicados, instruções, forma gráfica (organograma), forma descritiva (descrição dos cargos).
A Estrutura informal: Organizações são conjuntos de pessoas e recursos que trabalham juntos para se alcançar um objetivo comum.
Elas não são estáticas, uma vez que são formadas por pessoas. Elas também possuem duas realidades: a interna e a externa. Para sobre-
viver, as organizações precisam se readaptar continuamente. Trabalhar em grupo pode ajudar a multiplicar ideias e para alcançarmos
resultados, precisamos da autuação simultânea de forças – sinergia – e para que ocorra o sucesso é preciso observar os seguintes pontos:
- O objetivo do trabalho em equipe;
- A associação, reunião de pessoas que partilhem os mesmos interesses;
- A autoimagem (motivações pessoais);
- A circunstância e o clima psicológico (ambiente propícios para realização do trabalho).

Para que este trabalho dê certo é preciso disseminar a ideia de que:


- Sozinhos somos incompetentes;
- Quando questionados, enriquecemo-nos;
- Quanto mais sabemos, mais amplo é nosso horizonte do não saber;
- Ás vezes é necessário retroagir para avaliar e corrigir rumos;

Em suma, a estrutura informal é a rede de relações sociais que não é estabelecida ou requerida pela estrutura formal. Surge da inte-
ração social de pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente quando as pessoas se reúnem entre si. Portanto, apresenta
relações que usualmente não aparecem no organograma.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Estrutura Funcional

São estruturas divididas por departamentos pelos critérios funcionais no primeiro nível. Segundo Fayol as funções principais do pri-
meiro nível são: produção, comercialização, finanças e administração.
As estruturas funcionais são agrupadas na mesma unidade, pessoas que realizam atividades dentro de uma mesma área técnica ou
de conhecimento, como por exemplo a área financeira, a área de produção, a área comercial, a área de recursos humanos, entre outras.
A necessidade de especialização por áreas técnicas e a existência de pouca variedade de produtos constituem as principais razões para a
criação deste tipo de estrutura. Trata-se do desenho que agrupa pessoas com base em suas habilidades e conhecimento ou na utilização
de recursos similares, para aumentar a efetividade da organização no alcance de seu principal objetivo, fornecer aos clientes produtos
de qualidade a preços razoáveis. As diferentes funções surgem em resposta ao aumento de complexidade das tarefas e à medida que as
funções aumentam e se especializam, as habilidades melhoram e as competências surgem, dando vantagem competitiva à organização.
A estrutura funcional é a primeira a se desenvolver porque fornece às pessoas a oportunidade de aprenderem umas com as outras.
Reunidas em um mesmo grupo funcional, elas podem aprender as melhores técnicas para realização de suas tarefas; as mais habilidosas
podem treinar os novos empregados e serem promovidas a supervisores ou gerentes. Assim vão aumentando as habilidades e o conheci-
mento da organização.
As organizações são inicialmente organizadas por função para facilitar o gerenciamento do aumento de especialização e divisão do tra-
balho, mas à medida que elas continuam a crescer e se diferenciar, os problemas de controle vão surgindo. Com o aumento das habilidades
da organização para produzir melhores produtos e serviços, os clientes também aumentam suas demandas que por sua vez pressionam
ainda mais a capacidade de produzir mais e mais rapidamente. Os custos crescem e a pressão para se manter na liderança dos concorren-
tes causa ainda mais exigência por produtos de mais qualidade. Os tipos de clientes atraídos pela empresa podem mudar com o aumento
da oferta de produtos e serviços, e pode ser difícil identificar e atender as necessidades de novos clientes numa estrutura funcional.
O desafio para as organizações é de como controlar o aumento de complexidade das atividades à medida que elas crescem e se diferenciam.
Quando as funções se desenvolvem e criam suas hierarquias próprias, elas se distanciam umas das outras, ocasionando problemas
de comunicação.
O crescimento e aumento da quantidade e complexidade de funções, produtos e serviços requerem informações para medir as con-
tribuições dos grupos funcionais; sem elas a organização pode não estar fazendo o melhor uso de seus recursos. Pode também requerer
o estabelecimento em regiões geográficas diversas, e com mais de uma localização, é preciso um sistema de informação para balancear
a necessidade entre centralização e descentralização de autoridade. Se a alta gerência gastar muito tempo para solucionar problemas de
coordenação do dia-a-dia, os problemas estratégicos de longo prazo ficam sem tratamento.
O redesenho da estrutura permitindo maior integração entre funções pode auxiliar os gerentes a resolver problemas de controle as-
sociados à estrutura funcional. O termo reengenharia tem sido usado para se referir ao processo de redesenhar como as tarefas são agru-
padas em papéis e funções, visando aumentar a efetividade da organização. A reengenharia envolve repensar e redesenhar radicalmente
os processos de negócios para se ter melhorias dramáticas em medidas de desempenho (custo, qualidade, serviço e velocidade). O foco
de atenção está nos processos de negócio, que envolvem atividades entre funções. A habilidade dos grupos para trabalharem através das
funções é o fator principal para garantir o fornecimento de produtos e serviços com qualidade e custo baixo.
“As estruturas funcionais foram criadas com  uma visão voltada para a sua realidade interna, ou seja, para si própria”. Esse tipo de
pensamento dominou e ainda domina a maioria das empresas que conhecemos. Nesse estágio as funções são todas divididas por etapas,
onde são fragmentados processos de trabalho. Trata-se de um trabalho individual e voltado a tarefas.Esse tipo de estruturação tem sido
padrão nas empresas. O agrupamento funcional dos grupos de trabalho, porém tem sido questionado a partir de iniciativas competitivas
como: qualidade total, redução do tempo de ciclo e aplicação da tecnologia da informação, que tem conduzido a organização funcional a
mudanças fundamentais.

Vantagens das estruturas funcionais


A sua grande vantagem é, além da especialização técnica, o fato de permitir uma eficiente utilização dos recursos em cada área
técnica. Outra vantagem dessa estrutura é que pessoas agrupadas por suas habilidades comuns podem supervisionar umas as outras.
Trabalhando juntas por um longo período, elas também desenvolvem normas e valores, que as tornam membros mais efetivos de uma

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
equipe comprometida com as atividades da empresa e que irá ocor- 2. Excesso de especialização, por existir apenas profissionais
rer a concentração de recursos onde vão resultar um elevado grau totalmente dedicados as suas funções, perde-se a visão sistêmica
de especialização e de controle das atividades. Esta especialização da empresa. Estes responsáveis são voltados exclusivamente em
permite um avanço na aprendizagem e na redução de custos ope- obter a otimização de suas funções e não tem a visão ampla de
racionais com o passar do tempo. A promoção na carreira tende a todas as funções o que causa, se necessário, a falta de substituição
ser mais fácil, pois, existe a possibilidade de desenvolvimento de do executivo principal.
competências profissionais em tarefas mais específicas. 3. Dificuldade de coordenação, quanto maior a diversidade
A organização funcional tenta tirar vantagem do conhecimento dos produtos e serviços oferecidos pela empresa, maior é a dificul-
dos funcionários, agrupando todos aqueles que possuem o mes- dade de coordenar, existem instrumentos para auxiliar a coordena-
mo perfil e mesma formação técnica juntos em unidades altamente ção, como , comitês, grupos de trabalhos, reuniões, etc. Quando
especializadas e produtivas. O plano de carreira neste tipo de or- a empresa utiliza de forma excessiva estes instrumentos, eles pró-
ganização é claro e como esses funcionários só possuem um chefe prios podem-se tornar novos problemas, quando isto acontece esta
não há conflitos de autoridade. Isso faz da organização funcional estrutura organizacional não é mais adequada.
uma excelente executora de operações, ou seja, trabalho contínuo, 4. Pirâmide alta: excesso de níveis, quanto maior a empresa
repetitivo e produtivo. maior são os níveis da estrutura. O excesso de níveis torna-se cada
vez mais distante a comunicação ou sentimento do executivo prin-
As desvantagens das estruturas funcionais cipal com os responsáveis pelas funções.
A coordenação das diversas funções é feita no topo, e tende 5. Amplitude de supervisão alta: dificuldade de avaliação de
a atrasar as decisões que envolvem coordenação entre funções a pessoas e resultados, com esta amplitude de supervisões grandes,
ponto de prejudicar a empresa. torna-se mais importante gerir e controlar os níveis do que os pró-
A estrutura funcional não facilita a visão sistêmica da empresa, prios resultados das funções e das pessoas.
isto é, cada administrador de sua função não esta preparado para
assumir a função principal, pois é totalmente focado a sua função, Nos casos citados poderá haver situações que estes sintomas
para que este quadro mude são necessárias medidas de inclusão não são tão graves, mas no caso de haver estes sintomas acredita-
à função principal como: treinamentos especializados, rodízios de mos que a estrutura funcional não seja a melhor opção.
funções, assessoria ao principal executivo, etc,.
Na estrutura funcional não é possível comparar o desempenho Estruturas Divisionais
de uma função com a outra, por serem de naturezas distintas. Des- O chefe de divisão concentra-se principalmente nas operações
de suas divisão, é responsável pelos lucrou ou prejuízos, e pode até
ta maneira a estrutura funcional dificulta o controle, a não ser por
mesmo competir com outras unidades da mesma empresa....” (por
comparações de outros períodos e com descontos para as peculia-
Stoner e Freeman)
ridades.
E os mesmos autores completam(....”Numa estrutura divisio-
No caso de empresas pequenas estas desvantagens não costu-
nal, vários produtos podem florescer enquanto a competência espe-
mam ser um problema grave, pelo fato de que cada responsável de cializada tecnológica da organização como um todo pode continuar
cada função estarem mais próximos uns dos outros e até mesmo subdesenvolvida...”)
com o principal executivo. Divisional é a separação da estrutura funcional para divisões
autônomas que passam a operar com relativa independência.
Quando usar a estrutura funcional Estruturas divisionais são caracterizadas pela forma de admi-
Geralmente ao iniciar, uma empresa simples adota o modelo nistração descentralizada. É quando a empresa decide que cada
de estrutura funcional, e à medida que vai diversificando seus pro- setor agirá de forma “livre”, demonstrando independência nas suas
dutos ou serviços ela irá analisar os sinais que indicam a mudança tomadas de decisões e forma de gerenciamentos.
para outro tipo de estrutura, sinais como: a empresa deixa de ser
pequena, o grau da diversidade e alguns sintomas de exaustão do - Estrutura Divisional Geográfica: São agrupadas na mesma uni-
modelo de estrutura funcional. dade pessoas que realizam atividades relacionadas com uma mes-
ma área geográfica, através da criação de áreas ou departamentos
Verticalização e horizontalização específicos para cada região (por exemplo a divisão de um departa-
Verticalização ou integração vertical é quando a empresa co- mento comercial em Setor Comercial Norte, Setor Comercial Centro
meça a atuar em mais um estágio produtivo, exemplo, ela deixa de e Setor Comercial Sul). As condições mais propícias à criação deste
comprar para produzir, isto é, a substituição de transações de mer- tipo de estruturas são a existência de elevada diferenciação entre
cado por transações internas. regiões que exijam tratamento especializado, a distância geográfica
Horizontalização ou integração horizontal, neste caso a empre- entre as regiões, a existência de volume por região suficiente que
sa usa seus recursos para produzir outros produtos/serviços que justifique a existência de departamentos específicos. Neste caso
não é o seu principal, por exemplo, a empresa usa seu parque de para cada região existem todos os demais departamentos envol-
máquinas para produzir produtos que não são insumos dos existen- vidos, por exemplo, a região A é composta pelos departamentos
tes e nem usar os existentes como insumos. de Finanças, Marketing, Administração e Produção assim sucessiva-
mente para cada região. A principal vantagem deste tipo de estru-
turas é a elevada especialização por área geográfica, o que permite
Sintomas que indicam a exaustão do modelo funcional
lidar mais facilmente com os problemas de cada área.
1. Centralização excessiva no topo, quando a empresa deixa
- Estrutura Divisional por Processo: São agrupadas na mesma
de ser pequena e passa a ser de médio ou grande porte, a comuni-
unidade pessoas que realizam atividades relacionadas com a mes-
cação entre o responsável da função e o principal executivo torna-
ma fase do processo produtivo (como por exemplo a divisão de uma
-se mais distante, pelo fato que deste principal executivo estar com fábrica em setor da fundição, setor de montagem e seção de pintu-
excesso de trabalho, isto ocasiona demora nas decisões e perde- ra). A elevada diferenciação entre as diferentes fases do processo e
-se a agilidade e flexibilidade no que pode gerar muitos problemas a consequente necessidade de especialização por processo consti-
como a tomadas de decisões erradas. tui a condição essencial para a utilização deste tipo de estruturas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- Estrutura Divisional por Produto ou Serviço: São agrupadas Na tesouraria ou finanças o responsável também tem autori-
numa mesma unidade pessoas que lidam com o mesmo produto ou dade funcional, a tesouraria é como um “banco” da empresa e o
linha de produto - cada unidade acaba por ser semelhante a uma responsável é quem controla este fluxo.
pequena empresa auto-suficiente. É um tipo de estrutura utilizada Função qualidade ou técnica é o padrão desejado de seus pro-
quando existe uma elevada diferenciação entre os produtos exigin- dutos ou serviços pela empresa.
do um elevado grau de especialização por tipo de produto. Pode ser A função informações é de autoridade funcional e demonstrará
utilizada, por exemplo, num departamento comercial, através da as informações necessárias através de sistemas operacionais e ma-
criação de divisões comerciais para cada grupo de produtos. Neste nutenção e preservação destas informações através de redes.
caso para cada produto existem todos os demais departamentos A função compras é que tem o poder de barganha devido ao
envolvidos, por exemplo, o produto A é composto pelos departa- volume desejado de compras.
mentos de Finanças, Marketing, Administração e Produção assim A função jurídica ocupa-se de assuntos de origem societários e
sucessivamente para cada produto. da orientação às divisões nos casos complexos.
- Estrutura Divisional por Grupo de Clientes: São agrupadas na A função comunicação social é o que diz respeito da projeção
mesma unidade pessoas que estão relacionadas com o mesmo tipo correta da imagem da empresa.
de cliente (por exemplo a criação de Departamentos Comerciais por A função pesquisa é a função que busca informações para me-
tipo de cliente: um para grandes empresas, outro para pequenas e lhor atender a suas necessidades de produção e desenvolvimento.
médias empresas e um outro para entidades públicas). Deve ser uti- A função marketing efetua a pesquisa mercadológica, a análi-
lizado este tipo de estrutura sempre que se verifique a necessidade se dos competidores, a quantificação da demanda, e as formas de
de tratamento especializado para cada tipo de cliente. distribuição.
O planejamento refere-se ao planejamento estratégico da em-
A Estrutura Divisional está indicada para empresas com dife- presa, como a empresa atuará em determinado período.
rentes linhas de produtos e mercados sendo geridas por uma gestão
descentralizada. Vai existir um órgão central que vai gerir divisões Estruturas Matriciais
individuais assegurando assim o controle e a coordenação global A estrutura matricial designa especialistas de departamentos
das tarefas. Nesta situação o planejamento é feito a longo prazo. A funcionais específicos para trabalharem em uma ou mais equipes
estrutura divisional justifica-se num ambiente dinâmico onde tem interdisciplinares, as quais são conduzidas por líderes de projetos.
de existir uma rápida adaptação, boa coordenação e comunicação. Basicamente, a matriz combina duas formas de departamentaliza-
Também vai permitir à empresa a diversificação para setores rela- ção – funcional e por produto.
cionados e não relacionados. A estrutura matricial se baseia nos projetos voltados a realizar
As grandes vantagens desta estrutura são o fato de a empresa as atividades por período determinado, e as pessoas que compõem
poder crescer sem constrangimentos organizacionais e ter capaci- estes projetos ficam neles somente enquanto são necessárias.
dade de fazer o acompanhamento da evolução de novas linhas de O projeto é uma unidade organizacional que envolve recursos
produtos ou de mercados. Neste tipo de estrutura vai ocorrer uma humanos e materiais, sob a coordenação de um líder, desenvolve
maior motivação nos membros que fazem parte da empresa. atividades visando o resultado definidos em prazos estabelecidos.
Por outro lado vai aumentar a complexidade de gestão da em- A estrutura matricial é composta dos órgãos principais de tra-
presa e vai ocorrer o conflito de interesses entre as divisões distin- balho que atuam até à duração do projeto e dos órgãos de apoio,
tas por causa de avaliações internas e pode ocorrer mesmo o caso que ficam orientando permanentemente os projetos em assuntos
de competitividade interna o que vai prejudicar a performance da especializados como prestadores de serviços. Na estrutura matricial
empresa. Por último de referir que vai ocorrer o aumento de custos as pessoas são deslocadas de um projeto para outro de maneira
operacionais. flexível.
O projeto tem prazo estabelecido a partir de sua origem.
O que cabe às divisões e à administração central A estrutura matricial é temporária e provisória, apesar dos ór-
Os principais executivos de cada função das divisões reportam- gãos de apoio que permanecem permanentes em assuntos espe-
-se hierarquicamente ao principal executivo da sua divisão.
cializados.
Os executivos da administração central tem autoridade funcio-
Geralmente esta estrutura contém os chamados grupos-tarefa
nal sobre os executivos nas divisões
que mantêm relacionamento intenso e permanente, cada grupo-ta-
Vantagens e desvantagens. refa esta em permanente contato com o órgão de apoio funcional
A principal vantagem é evitar a multiplicação de atividades, que lhe presta apoio técnico desejado e trocas de informações so-
proporcionando redução de custos. Por estar concentrado os se- bre o projeto.
tores de compras na administração central, o poder de barganha é Para a criação de projetos é possível fazer o recrutamento in-
muito maior. terno de líderes do projeto, muitas vezes é necessária a contratação
Por outro lado, se a divisão tiver poucas funções será difícil co- externa de pessoas especializadas para compor o quadro desejado.
brar apuração de todos os resultados. Quando o projeto chega ao fim os membros dos projetos vol-
Entretanto existem algumas desvantagens na estrutura divisio- tam para seus quadros de origens para redesignação de tarefas,
nal. Os interesses da divisão podem ser colocados acima das neces- treinamento, indicação a outros projetos ou dispensa da empresa.
sidades e dos objetivos da organização como um todo, além disso A empresa que adota este tipo de estrutura esta sempre em
as despesas administrativas aumentam. constante busca de profissionais especializados para compor seu
quadro, e também esta em constante busca por novos projetos,
Funções da administração central uma vez, que as atividades exercidas são totalmente dependentes
A função de recursos humanos tem responsabilidade pelo pes- de projetos.
soal de alto nível, tem autoridade funcional e é responsável pelas Pelo motivo dos profissionais estarem constantemente na bus-
normas de recursos humanos da empresa. ca por projetos é que as organizações acabam tendo um quadro de
A função controle é responsável pela parte de contabilidade e profissionais altamente qualificados, pois para fazer parte de um
auditoria da empresa. projeto os interessados tendem a se especializar cada vez mais, tra-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
zendo com isso mão-de-obra de alto nível, por outro lado a busca Mas a estrutura matricial não é de rápida implementação em
constante do profissional por projetos cada vez mais desafiadores é nível das orientações estratégicas pois podem ocorrer diferentes
o que resulta a não lealdade à empresa. perspectivas entre os membros dando origem a divergências e con-
Os participantes destes projetos são geralmente pessoas flexí- flitos de interesses só sendo posteriormente resolvidas com a inter-
veis que necessitam de fácil adaptação em qualquer ambiente de venção de membros da hierarquia superior da empresa. O controle
trabalho, acomodados ou burocratas não tem vez neste tipo de es- operacional e o apuramento de responsabilidades nem sempre é
trutura. feito de maneira rigorosa devido à dualidade de linhas de coman-
Na estrutura matricial existe descentralização quando: do. Por isso esta estrutura funciona melhor quando os membros da
- O gerente do projeto tem plenos poderes pelo projeto e pelas empresa têm um elevado grau de formação e de autonomia para
pessoas envolvidas, mas no caso de pessoal técnico, deve ouvir os poder executar as suas tarefas.
gerentes dos órgãos permanentes; A estrutura matricial combina as estruturas funcionais e divi-
- Os gerentes dos projetos decidem quando e como será rea- sionais que se cruzam e se complementam.
lizado os projetos, que podem ser alterados ou decididos também
pelos gerentes de órgãos permanentes; Vantagens e desvantagens da estrutura matricial
Vantagens como o máximo aproveitamento do pessoal, com
Os conflitos podem ser resolvidos pelos gerentes, somente os redução nos custos, flexibilidade, facilidade de apuração de resul-
mais graves deverão ser encaminhados à direção. tados e de controle de prazos e de custos por projetos e o destaque
Embora o gerente do projeto seja autoridade de linha, os ge- do pessoal técnico de alto nível, estas são as vantagens em se optar
rentes das áreas funcionais têm também autoridade com vantagens pela estrutura matricial.
de serem permanentes. Um especialista que trabalha em um proje- A vantagem da matriz reside em sua capacidade de facilitar
to sabe que seu chefe de linha é provisório, enquanto o gerente da a coordenação quando a organização possui múltiplas atividades
área funcional da sua especialidade é permanente. Caracterizando, complexas e interdependentes. Quando uma organização se torna
em muitos casos o duplo comando. Isso enfraquece a autoridade maior sua capacidade de processamento da informação pode ficar
linha e obrigam as pessoas a saberem trabalhar de forma eficaz em sobrecarregada.
clima de incerteza e ambigüidade. Uma das vantagens da estrutura matricial reside em sua capa-
Modelo de estrutura matricial é o desenho que agrupa as pes- cidade de facilitar a distribuição eficiente dos especialistas. Por que,
soas e recursos simultaneamente por função e por produto. A ma- quando os indivíduos com habilidades altamente especializadas
triz é uma grade retangular onde no eixo vertical está a responsa- são alocados em um departamento funcional ou grupo de produto,
bilidade funcional e no horizontal, a responsabilidade de produto. seus talentos são monopolizados e subutilizados e além de ter a
Com essa estrutura, a organização é diferenciada em funções de vantagem em obter da economia de escala proporcionar à orga-
acordo com seus objetivos, tem poucos níveis hierárquicos em cada nização os melhores recursos e um modo eficaz de assegurar sua
função e autoridade descentralizada. Os empregados funcionais se articulação eficiente.
reportam aos gerentes de suas funções, mas trabalham num time A principal desvantagem deste tipo de estrutura é a pouca leal-
de produto sob a supervisão de um gerente de produto. Por isso,
dade por parte do pessoal de nível técnico, por sempre buscarem
são chamados empregados de dois chefes, pois se reportam a dois
projetos que possam realizá-los intelectualmente, também tem a
superiores. A organização é a principal unidade da matriz e o prin-
falta de contato de especialistas da mesma área porém com pro-
cipal mecanismo de coordenação e integração. O controle vertical é
jetos distintos. Outra desvantagem são os conflitos causados pelo
mínimo, ao contrário do controle horizontal, que é máximo.
motivo de os resultados serem avaliados pelos gerentes do projetos
A estrutura matricial tem vantagens significativas: as equipes
que geralmente não são especialistas em suas áreas, o que ocasio-
interfunções devem reduzir as barreiras funcionais e superar os
na conflitos entre gerentes dos projetos e gerentes funcionais.
problemas de orientação a subunidade; facilita a comunicação en-
tre os especialistas dando oportunidade aos membros das equipes
de diferentes funções aprenderem uns com os outros podendo pro- Quando usar a estrutura matricial
duzir inovações; permite a organização maximizar o uso de compe- Quando há projetos de magnitudes, neste caso quando a orga-
tências profissionais; o foco duplo para função e produto favorece o nização se depara com eventualidades, algo fora da rotina e, tam-
cuidado com custo e qualidade. bém, quando há projetos interdisciplinares que são estabelecidos
Na prática, a estrutura matricial tem também alguns proble- prazos e que tenha grande interdependência entre as atividades.
mas: O projeto existe quando se tem a necessidade de operar como
- falta de uma estrutura de controle que lidere os empregados uma entidade que tenha vida própria e objetivos definidos ao invés
diminuindo conflitos e ambiguidades; de operar dividido em partes entre os órgãos.
- falta de uma definição clara da hierarquia de autoridade cau-
sando conflito entre as equipes funcionais e de produtos. Para concluir, podemos resumir que os três tipos de estruturas
organizacionais têm vantagens e desvantagens. Poucas organiza-
Ela precisa ser bem gerenciada para manter sua flexibilidade. ções dependem exclusivamente de um tipo, e a maioria adapta e
A Estrutura Matricial é adaptada por norma em grandes em- combina esses padrões genéricos para refletir as estratégias e pes-
presas que oferecem um vasto conjunto de produtos parecidos em soal peculiares à sua organização. A melhor forma de se organizar
vários mercados simultaneamente. Este tipo de empresas está em uma empresa é aquela que lhe proporcione maior performance de
melhores condições de captar sinergias estratégicas. preparo e flexibilidade diante das mudanças do mercado, propor-
A vantagem deste tipo de estrutura é que facilita a partilha de cionando-lhe competência na aceitação de desafios e aproveita-
recursos e de informação com o objetivo de explorar as sinergias mento de oportunidades, na garantia da satisfação não só de sua
captadas. Também podemos referir que consegue fazer a concilia- clientela potencial, mas inclusive dos seus empregados, parceiros
ção entre a flexibilidade organizacional com uma elevada estabili- indispensáveis para uma empreitada bem-sucedida.
dade operacional. As grandes empresas tendem a adaptar este tipo
de estrutura, pois, conseguem garantir a adaptação aos mercados
existentes sem perder a eficiência interna da mesma.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
DEPARTAMENTALIZAÇÃO Exemplos de Departamentalização de produto:
É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru- 1- Lojas de departamentos
tura organizacional da empresa. 2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury
Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um cri- e Lincoln Continental.
tério específico de homogeneidade, das atividades e corresponden- 3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados,
te recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana.
unidades organizacionais.
Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização
decidem sobre a configuração organizacional que será usada para de produtos são:
agrupar as várias atividades. O processo organizacional de deter- - Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou
minar como as atividades devem ser agrupadas chama-se Depar- serviços.
tamentalização. - A coordenação de funções ao nível da divisão de produto tor-
Formas de Departamentalizar: na-se melhor.
- Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro.
- Função - Facilita a coordenação de resultados.
- Produto ou serviço - Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo
- Território de produto.
- Cliente - Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
- Processo
- Projeto Desvantagens:
- Matricial - Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resul-
- Mista tar duplicação desnecessária de recursos e equipamento.
- Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa atividade nos vários grupos de produtos.
uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a - Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se
maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da
das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na empresa.
cúpula e outras nos níveis mais baixos.
Departamentalização Territorial: Algumas vezes mencionadas
Departamentalização Por Funções: A Departamentalização como regional, de área ou geográfica. É o agrupamento de ativida-
funcional agrupa funções comuns ou atividades semelhantes para des de acordo com os lugares onde estão localizadas as operações.
formar uma unidade organizacional. Assim todos os indivíduos que Uma empresa de grande porte pode agrupar suas atividades de
executam funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal de vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região Sudes-
vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de secreta- te, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabelecidas
ria, todas as enfermeiras, e assim por diante. desta maneira.
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula. As vantagens e desvantagens da Departamentalização territo-
rial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de pro-
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional duto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessida-
são: des singulares de sua área, mas exige coordenação e controle da
- Mantém o poder e o prestígio das funções principais administração de cúpula em cada região.
- Cria eficiência através dos princípios da especialização.
- Centraliza a perícia da organização. Departamentalização Por Cliente: A Departamentalização de
- Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi- cliente consiste em agrupar as atividades de tal modo que elas
nistração. focalizem um determinado uso do produto ou serviço. A Departa-
- Segurança na execução de tarefas e relacionamento de cole- mentalização de cliente é usada principalmente no grupamento de
gas. atividade de vendas ou serviços.
- Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de
produtos. A principal vantagem:
- a adaptabilidade uma determinada clientela.
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor-
dagem funcional. Desvantagens:
Entre elas podemos dizer: - Dificuldade de coordenação.
- A responsabilidade pelo desempenho total está somente na - Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
cúpula. para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
- Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita
- O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é Departamentalização por Processo ou Equipamento: É o
limitado. agrupamento de atividades que se centralizam nos processos de
- A coordenação entre as funções se torna complexa e mais di- produção ou equipamento. É encontrada com mais freqüência em
fícil quanto à organização em tamanho e amplitude. produção. As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em
- Muita especialização do trabalho. perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento,
cada qual em seu departamento.
Departamentalização De Produto: É feito de acordo com as ati-
vidades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da empresa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Vantagens: Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades dife-
- Maior especialização de recursos alocados. rentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação
- Possibilidade de comunicação mais rápida de informações ocorre quando:
técnicas. - O fator humano é diferente,
- A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
Desvantagens: - Os ambientes externos são diferentes,
- Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro- - Os objetivos e as estratégias são diferentes.
cesso.
- Flexibilidade restrita para ajustes no processo. Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,
maior razão para ficarem no mesmo departamento.
Departamentalização Por Projeto: Aqui as pessoas recebem
atribuições temporárias, uma vez que o projeto tem data de inicio
e término. Terminado o projeto as pessoas são deslocadas para ou- PROCESSO ORGANIZACIONAL: PLANEJAMENTO, DIRE-
tras atividades. Por exemplo: uma firma contábil poderia designar ÇÃO, COMUNICAÇÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO
um sócio (como administrador de projeto), um contador sênior, e
três contadores juniores para uma auditoria que está sendo feita
para um cliente. Uma empresa manufatureira, um especialista em A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca criativa
produção, um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória organi-
indicados para, sob a chefia de um administrador de projeto, com- zacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para apren-
pletar o projeto de controle de poluição. Em cada um destes casos, der. E motivação só é possível se as pessoas se identificam e con-
o administrador de projeto seria designado para chefiar a equipe, sideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de fazer
com plena autoridade sobre seus membros para a atividade espe- parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que é bom
cífica do projeto. trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento
Departamentalização De Matriz: A Departamentalização de conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não
matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal. No há medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes.
caso da Departamentalização de matriz, o administrador de projeto Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organi-
não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em lu- zacional pode se constituir numa instância da aprendizagem pois,
gar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável à
aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de uma participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho, fa-
matriz. vorecer a credibilidade da direção (desde que seja transparente),
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de me-
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- lhoria da organização ao favorecer o pensamento criativo entre os
mente encontrada em organização de orientação técnica, também empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte,
é usada por empresas com projetos de construção complexos 1996).
Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas
Vantagens: será fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as em-
- Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades presas, pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva
entre os especialistas funcionais relevantes. é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é atrair
- Capacita a organização a responder rapidamente à mudança. para a empresa pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e
- São abordagens orientadas para a tecnologia. manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um ambiente ade-
quado para trabalhar.
Desvantagens: Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência
- Pode haver choques resultantes das prioridades. para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exercício
da função gerencial é certamente a habilidade comunicacional. As
Departamentalização Mista - É o tipo mais frequente, cada outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a
parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a de-
realidade organizacional. sordem e a incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem;
saber fazer e saber ser.
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empre-
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- sas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda
lizar, pode-se seguir certos princípios: uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser
- Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis.
uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo,
- Principio do maior interesse – o departamento que tem maior saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre ape-
interesse pela atividade deve supervisiona-la. nas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra me-
- Principio da separação e do controle – As atividades do con- tade é de quem a escuta e a processa. Lasswell já dizia que quem
trole devem estar separadas das atividades controladas. decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessi-
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concor- dade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório de quem vai
rência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no processá-los.
mesmo departamento. Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um
ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem es-
Outro critério básico para departamentalização está baseado tão na autoestima, na empatia e na afetividade. Sem esses elemen-
na diferenciação e na integração, os princípios são: tos, não se estabelece a comunicação nem o entendimento. Embo-
ra durante o texto tenhamos exposto inúmeros obstáculos para o

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
advento dessa nova realidade e que poderiam nos levar a acreditar, sob condições de risco com os concorrentes. Assim, a estratégia
tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação, acre- deve ser capaz de combinar as oportunidades ambientais com a ca-
ditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar. pacidade empresarial em um nível de equilíbrio ótimo entre o que
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que a empresa quer e o que ela realmente pode fazer.
traz consigo uma radical mudança no processo de troca de infor- A estratégia constitui uma abordagem integrada, relacionando
mações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de as vantagens da empresa com os desafios do ambiente, no sentido
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de de assegurar o alcance dos objetivos básicos da empresa. Todavia,
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de a estratégia se preocupa com o “o que fazer” e não com “como
novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas fazer”. Em outros termos, a estratégia exige toda uma implementa-
pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e ção dos meios necessários para a sua execução. Como esses meios
o comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais envolvem a empresa como um todo, trata-se aqui de atribuir in-
de passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados cumbências a todos os níveis (ou subsistemas) da empresa: o nível
e introduz-se o novo. institucional, o nível intermediário e o nível operacional. E a im-
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações plementação exige planejamento. Isto é, a estratégia empresarial
profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verda- precisa de um plano básico - o planejamento estratégico- para a
deiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas ilumi- empresa poder lidar com todas estas forças em conjunto. E o pla-
nistas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e nejamento estratégico precisa apoiar-se em uma multiplicidade de
que se autodenominam reengenheiros da cultura. planos situados carreira abaixo dentro da estrutura da organização.
Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a co- Para levar adiante o planejamento estratégico requer planos táticos
municação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se es- e cada um deles requer planos operacionais, combinando esforços
quecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a expe- para obter efeitos sinergísticos.
riência vivida e praticada, e não a simples transmissão unilateral de Administração  é o ato de  administrar  ou  gerenciar negócios, 
conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão próprias da chama- pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas definidas.
da educação bancária descrita por Paulo Freire. A gestão de uma empresa ou organização se faz de forma que
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma po- as atividades sejam administradas com planejamento, organização,
lítica de comunicação e de RH. A construção e a viabilização dessa direção, e controle. Segundo alguns autores (Montana e Charnov)
política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de comuni- o ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras
cação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que Ricarte de pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como
referiu e viabilizar, assim, a construção da organização qualificante, de seus membros.
capaz de enfrentar os desafios constantes de um mundo em muta- A administração tem uma série de características entre elas:
ção, incerto e inseguro. um circuito de atividades interligadas tais como busca de obtenção
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de de resultados, proporcionar a utilização dos recursos físicos e mate-
interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido riais disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização,
como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas ca- direção e controle.
racterísticas, interajam uns com os outros, aceitem direitos e obri- Administrar, independente do nível organizacional, requer al-
gações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade co- gumas habilidades, que podem ser classificadas em três grupos:
mum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se - Habilidades Técnicas – requer conhecimento especializado e
percebam de alguma forma afiliados ao grupo. procedimentos específicos e pode ser obtida através de instrução.
Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade de - Habilidades Humanas – capacidade de relacionamento inter-
o homem viver em contato com os outros homens. Nesta relação pessoal, envolvem também aptidão, pois interage com as pessoas e
homem-homem, vários fenômenos estão presentes; comunicação, suas atitudes, exige compreensão para liderar eficazmente.
percepção, afeição liderança, integração, normas e outros. À medi- - Habilidades Conceituais – trata-se de uma visão panorâmica
da que nós nos observamos na relação eu-outro surge uma ampli- das organizações, o gestor precisa conhecer cada setor, como ele
tude de caminhos para nosso conhecimento e orientação. trabalha e para que ele existe.
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá re-
torno ao outro, através do feedback. O conceito de administração representa uma governabilidade,
Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades
aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos sejam administradas com planejamento, direção, organização, dire-
e quando queremos. ção, controle e avaliação, comunicação.
Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa
motivação em estar com outro, participar na coordenação de cami- PLANEJAR
nhos ou metas a alcançar. É a função administrativa em que se estima os meios que pos-
Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessi- sibilitarão realizar os objetivos (prever), a fim de poder tomar de-
ta viver com outros homens, pela sua própria natureza social, mas cisões acertadas, com antecipação, de modo que sejam evitados
ainda não se harmonizou nessa relação. entraves ou interrupções nos processos organizacionais.
Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual É também uma forma de se evitar a improvisação.
o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satis- Nesta função, o gerente especifica e seleciona os objetivos a
fação das necessidades físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.·. serem alcançados e como fazer para alcançá-los.
As empresas não funcionam na base da pura improvisação. A Exemplos: o chefe de seção dimensiona os recursos necessá-
estratégia empresarial é basicamente uma atividade racional que rios (materiais, humanos, etc.), em face dos objetivos e metas a se-
envolve a identificação das oportunidades e das ameaças do am- rem atingidos; a montagem de um plano de ação para recuperação
biente onde opera a empresa, bem como a avaliação das forças e de uma área avariada.
fraquezas da empresa, sua capacidade atual ou potencial em se an-
tecipar às necessidades e demandas do mercado ou em competir

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Planejamento: funciona como a primeira função administradora, pois serve de base para as demais.
- É uma reflexão que antecede a ação;
- É um processo permanente e contínuo;
- É sempre voltado para o futuro;
- É uma relação entre as coisas a serem feitas e o tempo disponível para tanto;
- É mais uma questão de comportamento e atitude da administração do que propriamente um elenco de planos e programas de ação;
- É a busca da racionalidade nas tomada de decisões;
- É um curso de ação escolhido entre várias alternativas de caminhos potenciais;
- É interativo, pois pressupõem avanços e recuos, alterações e modificações em função de eventos novos ocorridos no ambiente ex-
terno e interno da empresa.
- O planejamento é um processo essencialmente participativo, e todos os funcionários que são objetos do processo devem participar.

Para realizar o planejamento, a empresa deve saber onde está agora (presente) e onde pretende chegar (futuro).

Para isso, deve dividir o planejamento em sete fases sequenciais, como veremos abaixo.

Etapas do planejamento

1.Definir: visão e missão do negócio 

Visão 
É a direção em que a empresa pretende seguir, ou ainda, um quadro do que a empresa deseja ser. Deve refletir as aspirações da
empresa e suas crenças.

Fórmula base para definição da visão:


Verbo em perspectiva futura + objetivos desafiadores + até quando.
 
Missão 
A declaração de missão da empresa deve refletir a razão de ser da empresa, qual o seu propósito e o que a empresa faz.
Fórmula base para definição da Missão:
Fazer o quê + Para quem (qual o público?) + De que forma.

2. Analisar o ambiente externo 


Uma vez declarada a visão e missão da empresa, seus dirigentes devem conhecer as partes do ambiente que precisam monitorar
para atingir suas metas. É preciso analisar as forças macroambientais (demográficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e
culturais) e os atores microambientais (consumidores, concorrentes, canais de distribuição, fornecedores) que afetam sua habilidade de
obter lucro.
 
Oportunidades
Um importante propósito da análise ambiental é identificar novas oportunidades de marketing e mercado. 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
 Ameaças
Ameaça ambiental é um desafio decorrente de uma tendência desfavorável que levaria a deterioração das vendas ou lucro. 
 
3. Analisar o ambiente interno
Você saberia dizer quais são as qualidades e o que pode ou deve ser melhorado na sua empresa? Esses são os pontos fortes/forças e
fracos/fraquezas do seu negócio.

4. Analisar a situação atual 


Depois de identificados os pontos fortes e pontos fracos e analisadas as oportunidades e ameaças, pode-se obter a matriz FOFA (força
ou fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou SWOT (strengths, weaknesses, opportunities e threats). Inclua os pontos fortes e
fracos de sua empresa, juntamente com as oportunidades e ameaças do setor, em cada uma das quatro caixas:
 

A análise FOFA fornece uma orientação estratégica útil.

5. Definir objetivos e Metas


São elementos que identificam de forma clara e precisa o que a empresa deseja e pretende alcançar. A partir dos objetivos e de todos
os dados levantados acima, são definidas as metas.
As Metas existem para monitorar o progresso da empresa. Para cada meta existe normalmente um plano operacional, que é o conjun-
to de ações necessárias para atingi-la; Toda meta, ao ser definida, deve conter a unidade de medida e onde se pretende chegar.

6. Formular e Implementar a estratégia 


Até aqui, você definiu a missão e visão do seu negócio e definiu metas e objetivos visando atender sua missão em direção à visão
declarada. Agora, é necessário definir-se um plano para se atingir as metas estabelecidas, ou seja, a empresa precisa de uma formulação
de estratégias para serem implantadas.
Após o desenvolvimento das principais estratégias da empresa, deve-se adotar programas de apoio detalhados com responsáveis,
áreas envolvidas, recursos e prazos definidos.
 
7. Gerar Feedback e Controlar
À medida que implementa sua estratégia, a empresa precisa rastrear os resultados e monitorar os novos desenvolvimentos nos am-
bientes interno e externo. Alguns ambientes mantêm-se estáveis de um ano para outro. O ideal é estar sempre atento à realização das
metas e estratégias, para que sua empresa possa melhorar a cada dia.
 
Princípios aplicados ao planejamento
 I- Princípio da definição dos objetivos (devem ser traçados com clareza, precisão)
II-Princípio da flexibilidade do planejamento (poderá e deverá ser alterado sempre que necessário e possível).
 
Com esta primeira função montaremos o plano teórico, completando assim o ciclo de planejamento: Estabelecer objetivos, tomar
decisões e elaborar planos.

DIREÇÃO
Podemos dividir essa função em duas subfunções:

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- Comandar as operações sejam normalizadas. Sendo assim, a ação corretiva é
É a função administrativa que consiste basicamente em: uma ação administrativa que visa manter o desempenho dentro do
nível dos padrões estabelecidos.
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que, Porém, vale lembrar que a implantação de um controle estra-
com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem tégico na organização é orientada pelo estabelecimento de medi-
conseguidos. das de acompanhamento que possam dar garantias para a avalia-
ção. Seu objetivo primordial é ajudar os gestores na execução dos
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar. objetivos. O controle da estratégia significa avaliar os resultados,
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder: comparar com o que foi planejado e, se for necessário, tomar ações
•Poder de decisão. corretivas para atingir os objetivos propostos. E ainda identificar se
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas. todas as etapas anteriores, agora concretizadas, estão sendo ade-
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte quadas à empresa.
do próprio poder.
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás Métodos de Avaliação das Estratégia
determinações feitas. O método qualitativo de avaliação de controle estratégico se
utiliza de avaliações de forma subjetiva e são obtidas pelas respos-
- Coordenar tas às várias questões, tais como: O posicionamento da empresa
É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar todos perante os concorrentes precisa ser melhorado? Os seus produtos e
os atos e todos os esforços coletivos através da qual se estabelece serviços estão adequados aos clientes? Os recursos de investimen-
um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar recur- tos estão adequados nos níveis tecnológicos, processos e produtos,
sos e processos. Dois tipos de Coordenação: de forma que possam garantir diferenciação dos concorrentes?
•Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas No que diz respeito ao método quantitativo, para controle do
sempre dentro de uma rigorosa observância das linhas de comando desempenho estratégico, podem ser utilizados alguns tipos de ava-
(ou escalões hierárquicos estabelecidos). liações, como: Número de mercadorias vendidas; Participação no
•Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras pes- mercado.
soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas pes- Não esqueça que as informações são muito importantes no
soas. Essa coordenação possibilita a comunicação entre as pessoas controle estratégico. Elas devem ser confiáveis possíveis, pois elas
de vários departamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco serão a fonte daqueles que decidirão sobre a escolha de uma estra-
Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de comando ou tégia assertiva. Desta forma, as organizações deverão garantir como
hierarquia. essas informações serão coletadas, armazenadas e processadas, de
tal maneira que o tempo de resposta do controle estratégico seja o
ORGANIZAR menor possível e que possibilite correções de desvios necessários
É a função administrativa que visa dispor adequadamente os nos processos da administração estratégica.
diferentes elementos (materiais, humanos, processos, etc.) que
compõem (ou vierem a compor) a organização, como objetivo de Controle
aumentar a sua eficiência, eficácia e efetividade. Independentemente do tipo de estratégia, o controle é uma
função administrativa, é a fase do processo  administrativo que
CONTROLAR e AVALIAR mede e avalia o desempenho, e toma a ação corretiva necessária.
Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas. Perceba que o controle é um processo essencialmente regulatório e
“O controle consiste em um processo que guia a atividade possui algumas características básicas identificadas como: nível de
exercida para um fim previamente determinado. A essência do decisão, dimensão de tempo e abrangência.
controle reside em verificar se a atividade controlada está ou não Conforme descrito anteriormente, o controle tem duas fi-
alcançando os resultados desejados” (CHIAVENATO, 2003, p.372). nalidades, o apontamento de erros, e correções de falhas. Basi-
Para que isso aconteça com perfeição é necessário seguir qua- camente, o controle serve para proteger a organização em várias
tro passos. Conforme Chiavenato (2003,  pp.372-376), o processo é circunstâncias utilizando procedimentos de auditoria e divisão de
caracterizado pelo seu aspecto cíclico e repetitivo. O primeiro passo responsabilidades. Outro aspecto importante dessa ferramenta es-
é estabelecer padrões e objetivos a serem alcançados. Existem vá- tratégica é avaliar e dirigir o desempenho das pessoas, por meio de
rios tipos de padrões utilizados para avaliar e controlar os diferentes sistemas como desempenho pessoal, supervisão direta, vigilância e
recursos da organização:  registros incluindo informação sobre produção por colaborador  ou
1. Padrões de quantidade: números de colaboradores, etc; perdas com refugo por colaborador.
2. Padrões de qualidade: como padrões de qualidade da pro- Não esqueça que a organização deve ser averiguada na tota-
dução, etc; lidade (desempenho global) principalmente em questões básicas,
3. Padrões de tempo: como permanência média do colabora- como:
dor na organização, etc; 1. Planejamento estratégico, bem como seus objetivos visando
4. Padrões de custo: como custo de estocagem de matérias- acompanhá-lo e medi-lo, permitir ações corretivas por parte da di-
-primas, etc. reção da empresa.
2. Outro aspecto é a descentralização da autoridade: as uni-
Gestor(a), no que diz respeito a segunda etapa, a avaliação é dades tornam-se semiautônomas, porém exigem controles globais
necessária para averiguar se os resultados estão sendo atingidos, capazes de evitar problemas decorrentes da completa autonomia.
caso não estejam, faz-se necessário o uso de ações para corrigir o 3. Controles globais medem os esforços da empresa como um
processo. No quarto passo, a ação corretiva tem como propósito todo ou de uma área integrada em vez de medir simplesmente par-
manter as operações dentro dos padrões estabelecidos, ou seja, te dela.
qualquer erro, variações ou desvios devem ser corrigidos para que

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Geralmente, os controles têm uma porcentagem significativa maneira de controlar as tarefas e operações desempenhadas pelo
na área financeira da empresa em seus mais variados campos de pessoal não administrativo da empresa. O controle operacional é
ação: relatórios contábeis, controle de ganhos ou perdas e análises bem específico no que diz respeito a tarefas e operações: o tempo
de retornos. é de curto prazo, e trabalha com objetivos imediatos, a avaliação
operacional e seu sistema é mais voltado para realidade do dia a
Controles nos Níveis Institucionais dia da empresa.
No que diz respeito aos níveis institucionais, temos: o contro- O controle operacional possui quatro fases. Segundo Chiavena-
le tático que é exercido no nível intermediário das empresas. Ele to (2003), a primeira seria o estabelecimento de padrões que repre-
aborda as unidades da empresa, exemplo: um departamento ou sentam a base do controle operacional e é uma norma ou critério
cada conjunto de recursos tomados isoladamente. Sendo assim, os que serve para a avaliação. É o ponto de referência para aquilo que
executivos devem estabelecer os objetivos de nível institucional, será feito. A segunda fase é a avaliação do desempenho que serve
elaborar os planos de nível intermediário, reunir os recursos neces- para averiguar o que está sendo feito, a execução do que foi deter-
sários e procedimentos para que os mesmos possam assegurar que minado. A terceira fase é a comparação do desempenho com aquilo
o desempenho da execução corresponda aos planos. que foi previamente estabelecido como padrão, para verificar se há
O executivo no nível intermediário necessita desenvolver seu desvio ou variação.
processo de controle que envolve as quatro fases seguintes: Esta-
belecimento de padrões; Avaliação de resultados; Comparação dos Ação Corretiva e Ação Disciplinar
resultados com os padrões; Ação corretiva quando ocorrem desvios Na quarta fase temos a ação corretiva e ação disciplinar. A ação
ou variâncias. Observe esses padrões, veja que os mesmos já foram corretiva consiste em melhorar e adequar ao padrão estabelecido,
apresentados, confirmando os parâmetros para o controle. Porém, sua função básica de controle é eliminar as variáveis significativas
vamos nos aprofundar mais um pouco nesse contexto. no desempenho atual com o desempenho desejado. A ação cor-
retiva incide geralmente sobre a própria tarefa ou operação, visa
Estabelecendo Padrões colocar as coisas em ordem. No que diz respeito a ação disciplinar,
O estabelecimento de padrões depende dos objetivos, espe- seu propósito é diminuir a discrepância entre os resultados atuais
cificações e resultados do processo do planejamento. Os padrões e os resultados esperados. A ação positiva toma a forma de enco-
fornecem parâmetros que deverão balizar o funcionamento do sis- rajamento, recompensas, elogios, treinamento adicional, feddback
tema. As decisões são estabelecidas no decorrer do processo do inteligente ou orientação. A ação negativa inclui o uso de advertên-
planejamento. Para isso, o padrão fornece os critérios para medir o cias, castigos, admoestações e até mesmo desligamentos da em-
desempenho e avaliar os resultados, porém no nível intermediário presa.
os padrões são estabelecidos por objetivos departamentais. O controle é uma ferramenta indispensável nas organizações,
Outro item de controle é a avaliação de resultados que se principalmente no que diz respeito às estratégias. Não podemos es-
baseia nas informações colhidas durante os planos de ação ou da quecer que uma estratégia deve ser avaliada e controlada, pois so-
operação dos programas, o objetivo é avaliar resultados dentro de mente assim podemos ter certeza de sua eficiência. Uma estratégia
limites previstos para garantir o que foi determinado. A descentra- sem critérios, parâmetros, pode ser um tiro que sai pela culatra, a
lização administrativa influencia poderosamente o controle: à me- organização em questão pode ser a vítima, pois o mercado é muito
dida que aumenta a descentralização, deve haver alguma modifica- competitivo e as organizações necessitam ser singulares com um
ção nos controles da empresa. diferencial competitivo modelo.
Gestor(a), quando as decisões são centralizadas, geralmente se
estabelece padrões, métodos e resultados de cada fase do traba- COMUNICAÇÃO
lho, a frequência com que são feitas as avaliações também muda Ser um comunicador habilidoso é essencial para ser um bom
com a descentralização. Outro item do controle é a comparação de administrador e líder de equipe. Mas a comunicação também deve
resultados que proporciona a informação a respeito da qualidade, ser administrada em toda a organização. A cada minuto de cada dia,
quantidade, do tempo, custos das atividades de cada departamento
incontáveis bits de informação são transmitidos em uma organiza-
da organização. O processo de comparação repousa na mensura-
ção. Serão discutidas as comunicações de cima para baixo, de baixo
ção, na variância e no princípio da exceção, que são os seus três
para cima, horizontal e informal nas organizações.
elementos essenciais. 
Comunicação de Cima Para Baixo
Controle no Nível Tático
A comunicação de cima para baixo refere-se ao fluxo de infor-
Outros aspectos são os tipos de controles táticos, identificados
mação que parte dos níveis mais altos da hierarquia da organização,
por: controle orçamentário, orçamento-programa, contabilidade de
custos. chegando aos mais baixos. Entre os exemplos estão um gerente pas-
Importante lembrar que a contabilidade é indispensável nos sando umas atribuições a sua secretária, um supervisor fazendo um
controles estratégicos, essa contabilidade aloca os custos em al- anúncio a seus subordinados e o presidente de uma empresa dando
guma unidade base, como produtos, serviços etc. As classificações uma palestra para sua equipe de administração. Os funcionários de-
são: Custos fixos: são os custos que independem do volume de pro- vem receber a informação de que precisam para desempenhar suas
dução ou do nível de atividade da empresa. Custos variáveis: são os funções e se tornar (e permanecer) membros leais da organização.
custos que estão diretamente relacionados com o volume de pro- Muitas vezes, os funcionários ficam sem a informação adequa-
dução ou com o nível de atividade da empresa. A partir dos custos da. Um problema é a sobrecarga de informação: os funcionários
fixos e variáveis, pode-se calcular o chamado “ponto de equilíbrio”, são bombardeados com tanta informação que não conseguem ab-
isto é, o ponto em que não há prejuízo nem lucro. sorver tudo. Grande parte da informação não é muito importante,
mas seu volume faz com que muitos pontos relevantes se percam.
Controle no Nível Operacional Quanto menor o número de níveis de autoridade através dos
No que diz respeito aos controles em seus níveis organizacio- quais as comunicações devem passar, tanto menor será a perda ou
nais temos o último conhecido como controle operacional, o mes- distorção da informação.
mo é realizado no nível da execução das operações, que é uma

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Administração da comunicação de cima para baixo especificamente, então você terá critérios com os quais medir o de-
Os administradores podem fazer muitas coisas para melhorar a sempenho daquele indivíduo. Nessa situação, a avaliação se torna
comunicação de cima para baixo. Em primeiro lugar, a administra- uma simples questão de determinar se, e com que eficiência, uma
ção deve desenvolver procedimentos e políticas de comunicação. pessoa atingiu ou não aquelas metas.
Em segundo lugar, a informação deve estar disponível àqueles que Os gerentes costumam suor que se selecionarem boas pessoas
dela necessitam. Em terceiro lugar, a informação deve ser comu- e as direcionarem naquilo que é esperado, as coisas serão bem fei-
nicada de forma adequada e eficiente. As linhas de comunicação tas. Eles têm razão. As coisas serão feitas, mas se serão bem feitas
devem ser tão diretas, breves e pessoais quanto possível. A infor- e quanto tempo levará para fazê-las são fatores incertos. A avaliação
mação deve ser clara, consistente e pontual - nem muito precoce permite que se determine até que ponto uma coisa foi bem feita e se
nem (o que é um problema mais comum) muito atrasada. foi realizada no tempo certo. De certa forma, a avaliação é como um
guarda de trânsito. Você pode colocar todas as placas indicadoras de
Comunicação de Baixo Para Cima limite de velocidade do mundo: não serão respeitadas a não ser que
A comunicação de baixo para cima vai dos níveis mais baixos as pessoas saibam que as infrações serão descobertas e multadas.
da hierarquia para os mais altos. Isso parece lógico, mas é surpreendente quantos gerentes adiam
Os administradores devem facilitar a comunicação de baixo continuamente a avaliação enquanto se concentram em atribui-
para cima. ções urgentes mas, em última análise, menos importantes. Quando
Mas os administradores devem também motivar as pessoas a a avaliação é adiada, os prazos também são prorrogados, porque
fornecer informações valiosas. funcionários começam a sentir que pontualidade e qualidade não
são importantes. Quando o desempenho cai, mais responsabilida-
Comunicação Horizontal des são deslocadas para o gerente - que, assim, tem ainda menos
Muita informação precisa ser partilhada entre pessoas do mes- tempo para direcionar e avaliar funcionários.
mo nível hierárquico. Essa comunicação horizontal pode ocorrer
entre pessoas da mesma equipe de trabalho. Outro tipo de comuni-
cação importante deve ocorrer entre pessoas de departamentos di- COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: MOTIVAÇÃO,
ferentes. Por exemplo, um agente de compras discute um problema LIDERANÇA E DESEMPENHO
com um engenheiro de produção, ou uma força-tarefa de chefes de
departamento se reúne para discutir uma preocupação particular.
Comportamento Organizacional “é um campo de estudo que
Especialmente em ambientes complexos, nos quais as decisões
investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm so-
de uma unidade afetam a outra, a informação deve ser partilhada
bre o comportamento dentro das organizações com o propósito de
horizontalmente.
aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia
As empresas integrantes da GE poderiam operar de forma com-
de uma organização.”
pletamente independente. Mas cada uma deve ajudar as outras. Visa trazer maior entendimento sobre as lacunas empresariais
Transferem entre si recursos técnicos, pessoas, informação, ideias e para o desenvolvimento contínuo e assertivo de soluções, afim de:
dinheiro. A GE atinge esse alto nível de comunicação e cooperação reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento e harmo-
através de um fácil acesso entre as divisões e ao CEO; uma cultura nia entre os stakeholders.
de abertura, honestidade, confiança e obrigação mútua; e reuniões Entender o comportamento organizacional é fundamental na
trimestrais em que todos os altos executivos se reúnem informal- dinâmica de manutenção e melhoria da gestão de pessoas, pois
mente para partilhar informações e ideias. Os mesmos tipos de coi- baliza o trabalho dos líderes e confere a estes a possibilidade de
sas são feitas também nos níveis inferiores. prever, e especialmente evitar problemas individuais ou coletivos
entre os colaboradores.
Comunicação Formal e Informal Comportamento organizacional refere-se a comportamentos
As comunicações organizacionais diferem em sua formalidade. relacionados a cargos, trabalho, absenteísmo, rotatividade no em-
As comunicações formais são oficiais, episódios de transmissão de prego, produtividade, desempenho humano e gerenciamento.
informação sancionados pela organização. Podem mover-se de bai- Também inclui motivação, liderança, poder, comunicação inter-
xo para cima, de cima para baixo ou horizontalmente, muitas vezes pessoal, estrutura e processos de grupo, aprendizagem, desenvol-
envolvendo papel. vimento e percepção de atitude, processo de mudanças, conflitos.
As organizações possuem aspectos formais, as pessoas, porém,
A comunicação informal é menos oficial. são complexas, pouco previsíveis, e seus comportamentos são in-
A função de controle está relacionada com as demais funções fluenciados por uma infinidade de variáveis.
do processo administrativo: o planejamento, a organização e a di- É este o objeto de estudo do comportamento organizacional: a
reção repercutem nas atividades de controle da ação empresarial. dinâmica da organização e suas influências sobre o comportamento
Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a orga- humano.
nização ou a direção, para que os sistemas de controle possam ser Daí o processo de reciprocidade: a organização espera que as
mais eficazes. pessoas realizem suas tarefas e oferece-lhes incentivos e recom-
A avaliação intimida. É comum os gerentes estarem ocupados pensas, enquanto as pessoas oferecem suas atividades e trabalho
demais para se manterem a par daquilo que as pessoas estão fa- esperando obter certas satisfações pessoais.
zendo e com qual grau de eficiência. É quando gerentes não sabem As relações entre indivíduo e organização podem ser com-
o que seu pessoal está fazendo, não podem avaliar corretamente. preendidas como uma troca.
Como resultado, sentem-se incapazes de substanciar suas impres- Os objetivos individuais e organizacionais são particulares e de-
sões e comentários sobre desempenho - por isso evitam a tarefa. correntes de tal relação.
Mas quando a seleção e o direcionamento são feitos correta- Existe, nesse caso, uma relação de troca, e a gestão de pessoas
mente, a avaliação se torna um processo lógico de fácil implemen- é parte fundamental nesta troca. São as políticas de gestão de pes-
tação. Se você sabe o que seu pessoal deveria fazer e atribui tare- soas que irão garantir que, para ambas as partes, as relações sejam
fas, responsabilidades e objetivos com prazos a cada funcionário satisfatórias.

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Organizacio- do existente do que sua reconstrução total. Para Berger e Luckmann
nais, destacamos: (1983) a vida cotidiana se apresenta para os homens como realida-
Nível Individual – Estuda as expectativas, motivações, as habili- de ordenada. Os fenômenos estão pré-arranjados em padrões que
dades e competências que cada colaborador demonstra individual- parecem ser independentes da apreensão que cada pessoa faz de-
mente através de seu trabalho. les, individualmente.
Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, grupos, as fun- Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível do indiví-
ções desempenhadas por estes, a comunicação e interação uns com duo e do grupo, mediada pelos processos cognitivos, e interdepen-
os outros, além da influência e o poder do líder neste contexto. dente do contexto, varia conforme a inserção ambiental e o tipo de
organização, tanto quanto também varia internamente em suas su-
Relações indivíduo/organização bunidades. É importante salientar que o universo simbólico integra
um conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência, justifica-
O individuo na organização tiva e legitimidade. Em outras palavras, o universo simbólico possi-
Assistimos hoje a transformações importantes no ambiente de bilita aos membros integrantes de um grupo uma forma consensual
trabalho. Cada vez mais os funcionários são convidados a vestir a de apreender a realidade, integrando os significados e viabilizando
camisa da empresa. Para isso devem estar conscientes e engajados a comunicação.
com os valores organizacionais, bem como ter claramente definidos Em outras palavras, a realidade é constituída por uma série
os objetivos que a organização pretende atingir e os meios para al- de objetivos que foram designados como objetos antes da minha
cançá-los. É muito comum se afirmar que a principal responsabili- aparição em cena. O indivíduo percebe, assim, que existe corres-
dade dos gerentes é a de motivar seu pessoal; para isso é feito um pondência entre os significados por ele atribuídos ao objeto e os
trabalho de conscientização, que se inicia no momento de inserção significados atribuídos pelos outros, isto é, existe o compartilhar de
do empregado no ambiente organizacional. um senso comum sobre a realidade.
Conforme citado por Zanelli (2003), do ponto de vista social, É por meio desse compartilhar da realidade que as identidades
a ordem que se estabelece, ou não, resulta do compartilhamento dos indivíduos nas organizações são construídas, ao se comunicar
que ocorre na interação humana. Do ponto de vista individual, a aos membros, de forma tangível, um conjunto de normas, valores e
identidade é elemento chave da realidade subjetiva e se encontra concepções que são tidas como certas no contexto organizacional.
em relação dialética com a sociedade. Nesta acepção, o indivíduo é Ao definir a identidade social dos indivíduos, o que se pretende é
produto e produtor do sistema social. garantir a produtividade, pela harmonia e manutenção do que foi
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valores, ri- aprendido na convivência. É importante ressaltar que muitas vezes
tuais, normas, rotinas e tabus da organização, o que se pretende essas identidades precisam ser reconstruídas, quando a empresa se
é buscar a sua identificação com os padrões a serem seguidos na vê diante de situações que exigem mudanças.
empresa. Dessa forma, se fornece um senso de direção para todas  
as pessoas que compartilham desse meio. As definições do que é O papel da cultura organizacional no processo de formação da
desejável e indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes identidade dos indivíduos nas organizações
no sistema, orientando suas ações nas diversas interações que exe- O fenômeno cultura organizacional já era estudado desde o
cutam no cotidiano. início do século passado, a partir da experiência de Hawthorne,
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da empre- desenvolvida entre 1927 e 1932. Sob coordenação de Elton Mayo,
sa, bem como se familiarizar com as percepções e comportamentos adquiriu maior evidência, com a constatação da grande influência
mais aceitos e valorizados na organização, conduz os funcionários do grupo sobre o comportamento do indivíduo. Atualmente é dada
a uma uniformidade de atitudes, o que é positivo no sentido de grande importância ao estudo da cultura organizacional, por consi-
possibilitar maior coesão. No entanto pode levar a uma perda de derar que ela é determinante do desempenho individual, da satis-
individualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a ser fação no trabalho e da produtividade da empresa.
uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo para ambien- Considerando a afirmação de Motta e Vasconcelos (2002, p.
tes externos da organização, quando passam a adotar comporta- 302), segundo os quais “para desenvolver-se e sobreviver, o grupo
mentos padronizados nas mais diversas situações. organizacional tem dois grandes problemas a solucionar: adaptar-
O presente artigo pretende contribuir para o debate acerca -se ao ambiente e manter a coerência interna”, partiremos do con-
desse processo de construção das identidades dos indivíduos nas ceito de que cultura organizacional é
organizações, argumentando que a padronização de atitudes pode o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou,
ser prejudicial às pessoas e à própria organização, que perde em descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os proble-
criatividade e falta de questionamentos, além de aumentar a resis- mas de adaptação externa e integração interna, e que funciona-
tência às mudanças, uma vez que as pessoas se sentem mais con- ram bem o suficiente para serem transmitidos aos novos membros
fortáveis agindo da forma a que estão habituadas e que aprende- como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a
ram ser a maneira correta de agir. esses problemas(Schein, 1989, p. 12).
Podemos afirmar que é através da experiência coletiva que os
Ao ingressar em uma organização, indivíduos com característi- membros da organização encontram respostas para as questões do
cas diversas se unem para atuar dentro de um mesmo sistema so- cotidiano da empresa, pois são os valores e crenças compartilhados
ciocultural na busca de objetivos determinados. Essa união provoca que definem seu modo de pensar e agir. Assim, ao definir padrões
um compartilhamento de crenças, valores, hábitos, entre outros, de comportamento com o objetivo de conservar a estabilidade e o
que irão orientar suas ações dentro de um contexto preexistente, equilíbrio do grupo, justifica-se a importância crescente atribuída à
definindo assim as suas identidades. cultura organizacional.
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por meio de Um importante aspecto para a sobrevivência de um indivíduo
suas ações, contribuem para a construção de sua sociedade. Entre- é a necessidade de construção de uma identidade, uma noção de
tanto os indivíduos agem sempre dentro de contextos que lhes são totalidade que o leve a fazer convergir em uma imagem de si mes-
preexistentes e orientam o sentido de suas ações. A construção do mo as muitas facetas do seu modo de ser, os muitos papéis que ele
mundo social é assim mais a reprodução e a transformação do mun- representa em diferentes momentos da sua experiência social. As-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
sim, sucessivamente, o indivíduo vai-se diferenciando e se igualan- por último o nível dos pressupostos inconscientes, que são aqueles
do conforme os vários grupos sociais de que faz parte, tornando-se pressupostos que determinam como os membros de um grupo per-
uma unidade contraditória, múltipla e mutável. cebem, pensam e sentem.
Conforme citado por Silva e Vergara (2000, p. 5), “não há sen- É importante diferenciar aqueles valores organizacionais que
tido em falar-se em uma única identidade dos indivíduos, mas sim justificam a razão de ser da organização, e por isso se situam em
em múltiplas identidades que constroem-se dinamicamente, ao um nível mais profundo, e outros referentes à maneira de resolver
longo do tempo e nos diferentes contextos ou espaços situacionais problemas do cotidiano da empresa. Os primeiros servem de guia,
dos quais esses indivíduos participam”. Sem compartilhar uma cul- devendo realmente ser internalizados pelos membros que com-
tura comum, não poderíamos falar em construção de identidade, põem a organização. Já os outros podem e devem estar abertos a
seja no nível dos indivíduos, dos grupos, ou da organização como sugestões, flexibilizando-se para se adaptar às exigências internas e
um todo. A cultura organizacional pode ser vista, portanto, como o externas do ambiente.
alicerce para a formação da identidade dos indivíduos nas organiza-  
ções, não havendo como pensar a noção de identidade, se não for Identidade pessoal e identidade social
em função da interação com outros. Os conceitos de identidade pessoal e identidade social são dis-
Assim, as identidades dos indivíduos são construídas de acor- tintos. Segundo Ting-Toomey (1998), a identidade pessoal refere-se
do com o ambiente em que se inserem envolvendo, entre outras ao modo como o indivíduo define suas características próprias, seu
coisas, as estruturas sociais, a cultura e o histórico das relações. Se- autoconceito, geralmente comparando-se com outros indivíduos.
gundo Zanelli (2003), a organização, como sistema social, inserida Já a identidade social refere-se aos conceitos que o indivíduo de-
em seu contexto, busca preservar sua identidade e sobrevivência. senvolve de si mesmo e que derivam de sua afiliação em catego-
Para tanto, desenvolve uma estrutura normativa (valores, normas rias ou grupos, emocionalmente significantes para ele. Esse tipo de
e expectativas de papéis, padrões esperados de comportamento e classificação inclui, entre outras, as identidades por afiliação étnica
interação) e uma estrutura de ação (padrões reais de interação e ou cultural, de gênero, de orientação sexual, de classes sociais, de
comportamento), originada sobretudo nas posições dirigentes. idade ou profissionais.
Vários outros autores corroboram essa afirmação, ao sugerir Turner (1982) define a identificação social como o processo de
que deve haver preocupação dos dirigentes em desenvolver valores alguém se localizar ou localizar outra pessoa dentro de um sistema
e padrões em comum, a fim de que os membros da organização de categorizações sociais; mas define simultaneamente a identida-
possam trabalhar em conjunto e comunicar-se, integrando as es- de social como a soma total das identificações sociais usadas por
tratégias e objetivos gerais da organização, possuindo, assim, uma uma pessoa para definir a si própria. Assim, a maneira pela qual
visão global do sistema. alguém é definido por outros influencia sua auto-identidade em al-
Freitas (1991) entende que, de modo geral, as respostas que gum grau.
geram resultados favoráveis em determinada cultura são interna- Estudos realizados por Ashforth e Mael (1989) identificam três
lizadas como verdades inquestionáveis. Entre essas verdades ou conseqüências gerais da identificação do grupo, que são especial-
pressupostos, encontram-se os diferentes elementos que formam mente relevantes para o comportamento organizacional. Segundo
a cultura organizacional: os valores, as crenças, os ritos, rituais e eles, os indivíduos tendem a escolher atividades e instituições que
cerimônias, os mitos e histórias, os tabus, os heróis, as normas e o sejam congruentes com suas identificações mais evidentes; a iden-
processo de comunicação.Cada um deles tem função específica na tificação afeta os resultados, como a coesão e a interação intragru-
construção da cultura; mas todos servem para estimular a adoção, pais; e a identificação reforça a fixação ao grupo e a seus valores, e
por parte dos empregados, do conteúdo difundido, além de refor- aumenta a competição com grupos externos.
çar uma imagem positiva da organização. Podemos afirmar, portanto, que quanto maior a identificação
No entanto, a partir do momento em que as pessoas internali- dos indivíduos com a organização, maior o comprometimento des-
zam verdades inquestionáveis, passando a adotar comportamentos ses. Os mesmos autores sugerem que a existência da diversidade
padronizados, colocam-se em posição de passividade, perdendo a na identificação do grupo pode levar a alguma dificuldade nas re-
percepção individual da realidade. Essa falta de questionamentos, lações entre pessoas de identidades de grupos diferentes. Segundo
vista como positiva no sentido de promover uma homogeneização Ting-Toomey (1998), os indivíduos tendem a experimentar maior
de atitudes, pode ser muito negativa principalmente em ambientes grau de vulnerabilidade em seus encontros iniciais com pessoas de
de mudanças constantes, que primam pela criatividade e inovação. outros grupos do que com as pessoas do seu próprio grupo.
Quando um questionamento é visto como ameaça para a organi- Lopes (2001) define o significado de identidade social como
zação e possível desestruturação dela, a tendência é que o grupo sendo construído pela ação conjunta de participantes discursivos,
se torne alienado; assim, a participação dos membros será pratica- em práticas discursivas situadas na história, na cultura e na institui-
mente nula. ção. O mesmo autor cita algumas características importantes das
A revisão da literatura nos leva a concordar em que o suces- identidades sociais, como se explicitam nos três itens abaixo.
so organizacional deve ser definido em termos concretos para os . A sua natureza fragmentada, no sentido de que as pessoas
funcionários por meio dos elementos que compõem a cultura. Po- não possuem uma identidade social homogênea, como se pudes-
rém a maneira como os objetivos e metas serão atingidos podem sem ser definidas por sexualidade ou raça, por exemplo.
ser flexíveis, a partir de um maior envolvimentos dos dirigentes no . A possibilidade de que identidades contraditórias coexistam
sentido de estimular a participação dos membros, levando a uma na mesma pessoa. Um exemplo seriapensar na existência de um
maior interação e conhecimentos mútuos. homem que vote em um partido conservador, embora seja sindi-
Segundo Schein (2001) a cultura de uma organização pode ser calista.
aprendida em vários níveis, são eles: o nível dos artefatos visíveis, . O fato de as identidades sociais não serem fixas, uma vez que
que compreende os padrões de comportamento visíveis, ou seja, estão sempre construindo-se e reconstruindo-se no processo social
a forma como as pessoas se vestem, se comunicam, entre outros; de construção do significado.
o nível dos valores que governam o comportamento das pessoas, Em oposição a uma visão tradicional, que compreende a iden-
que são mais difíceis de serem identificados, pois compreendem tidade social de um indivíduo como fixa e contínua, como algo que
os valores que levam as pessoas a agirem de determinada forma; e lhe pertence de modo quase permanente, uma corrente significa-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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tiva de autores tem procurado desenvolver um conceito de identi-  Como são orientadas as identidades dos indivíduos
dade como algo fluido, multidimensional, dependente do contexto Devemos fazer distinções entre as identidades baseadas em ca-
sociocultural das situações nas quais os indivíduos se vêem envolvi- tegorias sociais como raça, gênero, etnia e classe, e as identidades
dos, e como algo que possui forte componente relacional. baseadas em categorias como função organizacional ou tempo de
Sendo a identidade social construída a partir do momento em serviço, pois estas últimas podem ser assumidas, difundidas ou per-
que os indivíduos se vêem como parte de um grupo, as organiza- didas quando o indivíduo deixa a organização.
ções de trabalho representam um grupo muito expressivo na defini- Brickson (2000) identifica três modos distintos de como os
ção da identidade social dos seus membros. Daí a necessidade de se indivíduos orientam as suas identidades nos diferentes contextos
estudar a interação deles, uma vez que o convívio entre as pessoas específicos em que se vêem envolvidos. Segundo o autor, essas
pertencentes a esse grupo é intenso e significativo. orientações da identidade do indivíduo são ativadas em função da
 As perspectivas intergrupais têm sido uma das principais es- forma como esse indivíduo define a si mesmo, prioritariamente, em
truturas para o entendimento das interações humanas, envolvendo cada contexto, se como um indivíduo, como um ser interpessoal ou
indivíduos percebendo a si mesmos como membros de uma cate- como um membro de um grupo.
goria social, ou sendo percebidos por outros como pertencentes a Segundo este autor, quando a pessoa se define prioritariamen-
uma categoria social (Taylor & Moghaddam, 1987). te como indivíduo, tende a ativar uma orientação para a identidade
Conforme Oliveira e Bastos (2001), seguindo o senso comum pessoal, a ser motivada pelo auto-interesse, a conceber-se em ter-
nos vemos como a mesma pessoa em diferentes interações. No en- mos de suas características e traços individuais e a avaliar-se por
tanto é possível também perceber que nos posicionamos de modos meio da comparação com os outros indivíduos.
diferentes, em diferentes momentos e lugares, de acordo com os Já quando se define prioritariamente como ser em relação com
diferentes papéis que estamos exercendo. outros, a pessoa tende a ativar a orientação para uma identidade
Silva e Vergara (2000) concluem que, sendo a identidade algo relacional, em que a principal motivação passa a ser a procura pelo
que se constrói como produto das interações dos diferentes indiví- benefício do outro. A concepção de si mesmo baseia-se, predomi-
duos e grupos, criando, portanto, um senso comum, tem sentido nantemente, em seus papéis na relação com esses outros que sig-
falar da existência de uma identidade organizacional. nificam algo para ela, e a auto-avaliação tende a dar-se em termos
Alguns autores vêem a identidade organizacional como algo da proficiência com que ela desempenha seus papéis interpessoais
que tende a ser preservado ao longo do tempo; outros argumentam diante desse outro.
que ela possui uma natureza fluida, contínua, adaptativa, ou seja, Finalmente, ao definir-se prioritariamente como membro de
depende do modo como os membros organizacionais interpretam grupo, a pessoa tende a ativar uma identidade de orientação coleti-
os valores e as crenças essenciais da organização nos diferentes va. Sua motivação passa a ser a garantia do bem-estar de seu grupo,
contextos em que eles se deparam em sua trajetória. freqüentemente com relação a outros grupos. Ela procura carac-
O fato de os indivíduos terem identidades múltiplas e não uma terizar-se em termos do perfil ou do protótipo do grupo e tende a
identidade única contribui para a complexidade da identidade nas determinar seu autovalor com base na comparação de seu grupo
organizações. As maneiras como as identidades interagem ou se com outros grupos.
tornam destacáveis são importantes para um contexto organiza- Faremos aqui uma análise, posteriormente aprofundada, com
cional. Assim, o estudo da identidade de uma organização envolve, relação às conseqüências da identificação descrita acima. Identifi-
necessariamente, a atenção com sua interação com várias identi- car-se prioritariamente como membro de um grupo é o que grande
dades. parte das organizações busca nos seus funcionários. A maioria das
Gioia, Schultz e Corley (2000) ressaltam que a noção de iden- empresas procura motivar seus empregados nesse sentido. No en-
tidade organizacional tem sido definida como sendo a compreen- tanto, se observarmos um indivíduo que se define prioritariamen-
são coletiva dos membros da organização, sobre as características te como membro de um grupo, veremos que ele tenderá a perder
presumidas como centrais e relativamente permanentes, e que a completamente a sua identidade, e não mais conseguirá reconhe-
distingue das demais, possuindo, assim, estreita relação com a ima- cer-se como indivíduo, caso não faça mais parte da organização, ou
gem organizacional. do grupo a que estava vinculado. Essa é uma conseqüência facil-
Devemos considerar que a cultura preserva a identidade orga- mente visualizada, quando funcionários antigos são demitidos ou
nizacional, e essa se traduz na forma como os públicos da organiza- se aposentam após anos de dedicação à empresa.
ção a vêem, a imagem que eles constroem a respeito dela. Assim, Segundo Brickson (2000), cada uma das orientações de identi-
em uma cultura organizacional que busca interagir com o ambiente, dade pode ser impulsionada por elementos do contexto organiza-
adaptando-se a ele, essa personalidade que a organização assume cional, tais como a estrutura organizacional, que se refere ao grau
tende a ser proativa, atenta às necessidades de mudanças, que se e à forma de integração entre os membros da organização, se eles
tornam cada vez mais presentes no ambiente organizacional. Des- estão primariamente atomizados como indivíduos, integrados por
sa forma, a identidade organizacional é muitas vezes reconstruída meio de redes que ultrapassam as fronteiras das divisões formais, ou
para se adequar ao mercado. separados por divisões e grupos formais. Outro elemento é a estru-
Na sociedade moderna, talvez as organizações sejam a are- tura das tarefas executadas pelos indivíduos, ou seja, a maneira pela
na mais significativa em que as identidades dos indivíduos são qual o trabalho é organizado, se de modo individual, por cooperação
constituídas. Para muitas pessoas, sua identidade profissional ou interpessoal ou em equipe. E ainda, a estrutura de reconhecimento,
organizacional pode ser mais persuasiva e importante do que as que demonstra como o desempenho é medido e recompensado, se de
identidades atribuídas com base em gênero, idade, etnia, raça ou modo individual, pela cooperação interpessoal ou por equipe.
nacionalidade (Hogg & Terry, 2000). Dessa forma, é fácil perceber que ao valorizar o trabalho em
É fácil perceber que a experiência no mundo do trabalho é equipe, a cooperação, participação nos lucros e resultados do gru-
importante componente de aspectos identitários, pois nos leva a po, entre outros, o que a maioria das empresas está buscando, é ati-
incorporar características, hábitos e valores compartilhados por um var uma identidade de orientação coletiva, em que os funcionários
grupo com o qual passamos a maior parte do nosso tempo. Assim, se reconhecem primeiramente como membros da organização em
o trabalho nos modifica, nos torna iguais em alguns aspectos, e nos que trabalham, priorizando os objetivos da empresa em detrimento
separa e distingue em outros. dos seus próprios objetivos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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  A análise feita aqui procura demonstrar que o processo de É inegável que as mudanças estão cada vez mais presentes na
construção das identidades dos indivíduos pode ser visto de duas vida das pessoas, tanto no âmbito organizacional como fora dele. Os
formas, como fonte de motivação e identificação dos funcionários motivos que levam a essas mudanças são os mais variados. Wood,
em relação à empresa, o que é positivo para ambos, mas também Curado e Campos (1995) definem como sendo os objetivos mais
como forma de moldar o comportamento das pessoas que traba- freqüentes das mudanças nas organizações: melhorar a qualidade,
lham na organização, o que pode trazer conseqüências negativas aumentar a produtividade, refletir os valores dos novos líderes, re-
tanto para a empresa, como já foi comentado anteriormente, quan- duzir custos e administrar conflitos.
to para os indivíduos, como veremos a seguir. De modo geral, podemos perceber que, quanto mais estável
Schirato (2000) desenvolveu uma pesquisa com ex-funcionários da for a organização, mais difícil será a realização de mudanças, uma
Embraer, em que verificou, entre outras coisas, o impacto da demissão, e vez que as pessoas tendem a se acomodar, quando estão bem adap-
a conseqüente perda de identidade que essas pessoas demonstraram nos tadas à vida organizacional. Nesse sentido, a perfeita adaptação a
seus relatos. Segundo esta autora, as organizações estão exigindo mais do determinado ambiente pode repentinamente transformar-se em
que adesão aos princípios e valores da empresa, o que está sendo cada vez grande obstáculo à mudança. Grouard e Meston (2001) ressaltam
mais solicitado é a entrega total ao mundo organizacional, onde, a partir de que o índice e a freqüência das mudanças podem ser diferentes,
então, se estará total e absolutamente envolvido. assim como as forças que as motivam, mas uma coisa é certa: as
No discurso de inclusão do candidato ao quadro efetivo da or- organizações devem mudar; e seja qual for a mudança, necessitará
ganização, já está embutido o discurso de exclusão: se não houver da desestabilização do estado existente.
identificação entre ambos com os valores e comportamentos, o Quando ocorrer de forma proativa e incremental, ou seja, pro-
desligamento será conseqüência natural e, claro, por iniciativa do gressivamente, o tempo para implementar a mudança será maior, e
futuro colaborador, que não colaborou na proporção desejada. Os as pessoas terão mais condição de assimilar os motivos que levaram
candidatos já são informados de que não fará parte da organiza- à necessidade de mudar. Já quando a sobrevivência da organização
ção quem não se identificar integralmente com a história e com o depende da mudança, aí podemos falar em mudança revolucioná-
comportamento da empresa. A adesão é mais do que aceitação: ria, em que as pessoas são forçadas a mudar e não há tempo para
é superposição ao já constituído anteriormente, é o alinhamento assimilarem e se adaptarem às novas exigências.
do comportamento ao padrão de comportamento observado nos Vários autores consideram que, em geral, o tempo necessário
companheiros. para operar mudanças organizacionais é subestimado, por não se
Schirato (2000, p. 100) ressalta ainda que: levar em conta os laços das pessoas com os elementos culturais.
Na necessidade de sobrevivência dentro de um sistema des- Para Motta e Vasconcelos (2002), mudar convicções e valores ad-
conhecido, e por isso hostil, é comum observarmos reações padro- quiridos com a experiência não é tarefa simples. Bertero (1996)
nizadas, sem características pessoais, sem a impressão pessoal do define o processo de mudança organizacional como longo e pro-
indivíduo dentro do grupo. Ele passa a ser a extensão do compor- blemático, podendo até encontrar semelhanças com o processo de
tamento do grupo na forma de vestir-se, de comer, de arrumar seu psicoterapia individual. Para este autor, promessas de bons resulta-
objetos, de organizar sua agenda, desenvolvendo uma “personali- dos não podem ser feitas por profissionais corretos, uma vez que os
dade organizacional” que se sobrepõe à sua, quando não a substitui resultados são sempre incertos e o tempo demandado é necessa-
por inteiro. riamente longo.
Essa fusão de identidades - o eu organizacional e o eu indivi-
Estudo desenvolvido por Dutra (1996) verificou que, para rea-
dual do empregado - pode vir a resultar na perda da cidadania civil
lizar uma mudança organizacional efetiva, é necessário muito mais
para uma suposta cidadania empresarial. Rompendo seus vínculos
do que mudar a estrutura da empresa. A mudança organizacional é
pessoais com o mundo fora da organização, o indivíduo deixa de
fruto de uma série de aspectos interagentes, e muitas vezes envol-
sentir-se cidadão no sentido pleno do termo. Compartilhando des-
ve a necessidade de alterações nos rituais, símbolos e pressupos-
sa visão, podemos afirmar que a empresa não apenas emprega, e
tos, entre outros elementos que formam a cultura organizacional.
remunera a força de trabalho, ela praticamente ocupa todo o es-
Devemos considerar que mudar elementos da cultura não é tarefa
paço afetivo, intelectual, e imaginário do indivíduo. É por meio da
fácil, pois afetam as crenças, percepções e emoções das pessoas
organização em que trabalham e do que ela lhes proporciona que
as pessoas projetam seus sonhos e buscam alcançá-los. envolvidas.
Percebe-se com nitidez nesse estudo que a identificação com No entanto, quando pensamos em mudanças, devemos anali-
a organização muitas vezes acaba tornando-se uma obrigação dos sá-las como algo positivo, que trará melhorias para a organização,
funcionários. Assim, a maioria das pessoas não questiona o que faz que estará atualizando-se para se manter competitiva e, assim, al-
no dia-a-dia das empresas, adotando tão cegamente certos com- cançar os resultados esperados. Uma cultura organizacional que
portamentos que, quando surge a necessidade de mudança, se priorize a comunicação, justificando por que certas ações são mais
sentem vulneráveis, resistindo fortemente, por acreditarem que as valorizadas que outras, se adaptará melhor às mudanças do que
mudanças irão interferir no domínio que possuem do trabalho que uma cultura em que a forma como as pessoas devem agir é impos-
realizam. Isso dificulta muito o processo de reconstrução das iden- ta, sem explicações ou justificativas. A comunicação e a participa-
tidades dos indivíduos, cada vez mais necessário em ambientes de ção efetiva dos funcionários é de fundamental importância em si-
mudanças constantes. tuações de mudança. As pessoas precisam entender por que devem
  mudar para que haja menos resistência.
Mudança organizacional e a reconstrução das identidades dos Para Hernandez e Caldas (2002) a resistência à mudança é vista
indivíduos envolvidos como uma das principais barreiras na implementação de processos
Cada vez mais as empresas se preocupam com as mudanças de mudança e inovação. É importante destacar que essa resistência
que, mais do que nunca, se tornam universais. Grouard e Meston muitas vezes se deve ao fato de que a mudança implica uma recons-
(2001) comentam que há atualmente constantes discussões sobre trução das identidades dos indivíduos no ambiente de trabalho. No
reestruturação, reorganização, implantação de novas tecnologias e entanto, como as mudanças geralmente dizem respeito à estratégia
novos métodos de distribuição, reorientação, reengenharia, fusões da empresa e ao seu modo de funcionamento, aqueles elementos
e aquisições, entre outras mudanças nas maneiras de pensar e agir. profundos da identidade dos indivíduos, que estão bastante incor-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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porados e dificilmente se transformam, não devem ser vistos como Razões Pessoais
fonte de resistência ao processo de mudança, pois as identidades - empregabilidade
dos indivíduos podem ser reconstruídas sem alterá-los. - motivos p/ servir
O momento da mudança geralmente é caracterizado por uma
indefinição quanto à própria identidade da organização, quesito -->* (ordem material = cliente =lucro)
básico para que as pessoas se situem e consigam direcionar esforços -->* (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
para objetivos predefinidos. No entanto Schein (1989) reforça que o -->* (ordem espiritual = crescimento pessoal)
processo evolucionário geralmente não muda alguns elementos identi-
tários profundos da organização, aqueles princípios e conceitos que se O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e
encontram profundamente assimilados pelos seus membros. alcançar seus objetivos. Podemos identificar os seguintes tipos de
As mudanças organizacionais mais complexas ocorrem, quan- motivação:
do envolvem a razão de ser da organização. Giroux e Dumas (1997) • Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tarefas por
observam que as fusões e aquisições de empresas representam um ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações para que essa
tipo de experiência de mudança que força os indivíduos a renuncia- pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de motivação, basea-
rem ao seu passado e, então, a desconstruírem seus engajamentos da na hierarquia e normalmente utilizando as punições como fator
precedentes em certa forma de trabalhar, em certo estilo de rela- principal de motivação. Trata-se de “fazer o ordenado para não ser
ções sociais ou de práticas culturais. Esse tipo de mudança exige punido”, “cumprir ordens”.
das pessoas mais do que a aprendizagem de novos modos de fazer • Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque outras
(novos métodos e equipamentos) e novas formas de ligação (nova pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para acompa-
estrutura, nova cultura). nhar um grupo e cumprir as expectativas de outras pessoas. Aqui,
Segundo Hogg e Terry (2000), uma fusão ou aquisição é um estamos falando de “fazer o que os outros fazem para ser aceito,
caso especial de alteração da dinâmica das relações intragrupos e fazer parte do grupo”.
intergrupos nas organizações. Nesses casos, a resistência tende a • Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa
ser maior, pois se torna necessário mudar os elementos identitá- própria, em função de objetivos que escolheu. A automotivação é a
rios mais profundos e já completamente incorporados pelos mem- convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos das suas ações.
bros da organização. Para Barros e Rodrigues (2001), quando uma É “fazer o que creio ser adequado aos meus objetivos”.
empresa é adquirida por outra, o sentimento de inferioridade da
primeira gera tensão e descontentamento, ampliados pelo temor Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência,
de perda de sua cultura genuína. Esse medo de perder a identidade por exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação mais
acaba gerando, na maioria das vezes, uma posição defensiva e, con- indicada. O sucesso de uma ação coletiva pode depender da con-
seqüentemente, maior resistência à integração cultural. formidade das ações individuais à orientação do grupo. Por outro
No processo de reconstrução das identidades dos indivíduos, é lado, uma pessoa pode ser fortemente auto motivada a objetivos
de grande importância o papel da comunicação, no sentido de in- destrutivos, como uma ambição excessiva.
formar os empregados acerca dos valores declarados, as diretrizes, O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de motivação;
os objetivos e as definições gerais estabelecidas pela organização, pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com orienta-
incluindo o perfil que ela deseja para os seus empregados no novo ção clara, sólida e coerente.
contexto. É justamente a comunicação o meio privilegiado pelo qual
se reconstrói, ao longo do tempo, a nova coletividade organizacional. Afinal o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com
Acreditamos que o engajamento das pessoas envolvidas no processo outros olhos? É conquistar resultados, é superar obstáculos, é ser
de mudança será maior, se forem levados em consideração por parte persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o que? 
dos gestores, entre outras coisas, os sentimentos, dúvidas, inseguran- Motivação segundo o dicionário é o ato de motivar; exposição
ças, opiniões e percepções dos indivíduos envolvidos. de motivos ou causas ; conjunto de fatores psicológicos, conscien-
tes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que deter-
Motivação minam um certo tipo de conduta em alguém. Sendo assim Motiva-
Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a im- ção está intimamente ligado aos Motivos que segundo o dicionário
pulsiona à ação. Existe uma influência tanto individual como pelo é fato que leva uma pessoa a algum estado ou atividade. 
contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao
tendem a ter um melhor desempenho, o que faz com que a organi- que você quer da vida , e seus motivos são pessoais , intransferíveis
zação invista em estímulos para promover essa motivação. e estão dentro da sua cabeça (e do coração também) , logo seus
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, motivos são abstratos e só têm significado pra você , por isso moti-
a solução inovadora para que se pudesse compreender melhor o vação é algo tão pessoal , porque vêm de dentro.
comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo A motivação é uma força interior que se modifica a cada mo-
ora persegue objetivos que atendem a uma necessidade, ora busca mento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os objetivos
satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento. de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação
Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo é algo interior, ou seja, que está dentro de cada pessoa de forma
no mesmo momento. O problema das diferenças individuais assu- particular erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmoti-
me importância preponderante quando falamos de motivação. va, pois ninguém é capaz de fazê-lo. Existem pessoas que pregam a
automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que
Razões da Motivação a motivação é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego
desse prefixo deve ser descartado.
Razões empresariais  Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas
- concorrência  necessidades são todas supridas de forma hierárquica. Maslow or-
- produtos e preços ganiza tais necessidades da seguinte forma:
- fidelização - Autorrealização

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- Autoestima
- Sociais
- Segurança
- Fisiológicas

Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades fisiológicas são
as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades acima das que está executando ou abaixo, o que
quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível.
Teoria dos Dois Fatores - Para Frederick Herzberg, a motivação é alcançada através de dois fatores:
- Fatores higiênicos que são estímulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não consegue motivá-los.
- Fatores motivacionais que são internos, ou seja, são sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do reconhecimento e da
autorrealização gerada através de seus atos.

Já David McClelland identificou três necessidades que seriam pontos chave para a motivação: poder, afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio, status e outras sen-
sações que o ser humano gosta de sentir.

Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo, onde, em
cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

- Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

- Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisiológicas e de se-
gurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima. (social) e o componente interno da estima
(autoestima) incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoes-
tima e a necessidade de autorrealização).

- Teoria dos dois fatores de Herzberg:


Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e os fatores motivacionais
(intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para Herzberg, eles podem causar a insatisfação e
desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de
poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, supervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores
intrínsecos, internos ao trabalho. Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabili-
dade, o próprio trabalho, o reconhecimento e a realização.

- Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas (construção con-
junta), que devem ser claras, desafiadoras mas alcançáveis.

- Teoria da equidade:
- Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção de igualdade e
justiça existente no ambiente profissional.

- Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes a um determinado
objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se traduzi-la como a preferência em direção,
ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa
é algo que o indivíduo prefere não buscar. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função
da relação entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar. Força, ou instrumentalidade, por sua vez,
é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o objetivo.

- Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y.A teoria X apresentava uma visão
negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos, não gostam de trabalhar, precisam ser guia-
dos, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados,
gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de
participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela.

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, ne-
cessidades de autoestima e necessidades de auto realização.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Quanto às implicações dessas teorias:

Implicações aos Administradores:


As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma como motivar os subordinados:
- Devem determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras devem ser adequadas aos indiví-
duos observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
- Determinar o desempenho que você deseja - determinar qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para serem
recompensados;
- Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável - a motivação poderá ser baixa se os subordinados acharem que o que foi
determinado é difícil ou impossível;
- Ligar as recompensas ao desempenho;
- Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pequenas significam motivações fracas.

Implicações para a Organização:


A expectativa da motivação também traz várias implicações para a organização:
Geralmente, as organizações recebem o equivalente a recompensa e não o que desejam - o sistema de recompensas devem ser pro-
jetados para motivar os comportamentos desejados; ex.: segurança, aumento de produção.
O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente recompensador - se forem projetados para atender as necessidades mais elevadas
dos empregados, como ex.: independência, criatividade, o trabalho pode ser motivador por si mesmo.
Portanto, a tarefa mais importante para os administradores e organizações é garantir que os subordinados tenham os recursos neces-
sários para dar o melhor de si em prol do planejamento da organização.

Ainda sobre motivação, precisamos entender o processo que leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um objetivo, conforme
mostra o Ciclo Motivacional.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O Ciclo Motivacional

O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma necessidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um esta-
do de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse estado de tensão leva o indivíduo a um comportamento ou ação, capaz de
descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Se o comportamento ‘for eficaz o indivíduo encontrará a satisfação
da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada por ela’. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio
anterior e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo contrario, são forças dinâmicas e persistentes que provocam comportamentos.
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), os comportamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na satisfação, de certas
necessidades. E quando uma necessidade é satisfeita ela não é mais motivadora de comportamento já que não causa tensão ou descon-
forto.
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando a
satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satisfação é transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada pelo sur-
gimento da necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão represada
no organismo procura um meio indireto de saída, seja por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão emocional, apatia,
indiferença etc.) seja por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou compensada. Isto se dá quando a satisfação de outra necessidade reduz ou aplaca a
intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita.
A satisfação de alguma necessidade é temporal e passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes
necessidades. O comportamento é quase um processo de resolução de problemas, de satisfação de necessidade, à medida que elas vão
surgindo.
O conceito de motivação – ao nível individual – conduz ao de clima organizacional – ao nível da organização. Os seres humanos estão
continuamente engajados no ajustamento a uma variedade de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter um equilí-
brio emocional. Isto pode ser definido com um estado de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à satisfação das necessida-
des de pertencer a um grupo social de estima e de auto realização. É a frustração dessas necessidades que causa muitos dos problemas de
ajustamento. Como a satisfação dessas necessidades superiores depende muito de outras pessoas, particularmente daquelas que estão
em posições de autoridade, torna-se importante para a administração compreender a natureza do ajustamento e do desajustamento das
pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo de um
momento para outro. Varia dentro de um continuum e pode ser definido em vários graus, mas do que em tipos. Um bom ajustamento
denota “saúde mental”. Uma das maneiras de se definir saúde mental é descrever as características de pessoas mentalmente sadias. As
características básicas de saúde mental são:
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da vida.

Liderança
Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o conceito de
Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de como as organizações se relacionam com as pessoas.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A interação da gestão de
pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais.
A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nos últimos anos.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência Teoria Sobre Estilos de Liderança
sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organizações. É Um dos mais populares expoentes da teoria comportamental,
uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações en- Douglas McGregor, publicou um livro clássico, em que procura mos-
tre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa atenção dada trar com simplicidade que cada administrador possui uma concep-
aos fundamentos da psicologia. ção própria a respeito da natureza das pessoas que tende a moldar
A liderança não deve ser confundida com direção nem com ge- o seu comportamento em relação aos subordinados. Ele chegou à
rência. Um bom administrador deve ser necessariamente um bom conclusão de que há duas maneiras diferentes e antagônicas de en-
líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na carar a natureza humana. Uma delas é antiga e negativa, baseada
verdade, os líderes devem estar presentes no nível institucional, na desconfiança nas pessoas. A outra é moderna e positiva, basea-
intermediário e operacional das organizações. Todas as organiza- da na confiança nas pessoas. McGregor denominou-as, respectiva-
ções precisam de líderes em todos os seus níveis e em todas as suas mente, Teoria X e Teoria Y.
áreas de atuação.
A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre ex- Teoria X
clusivamente em grupos sociais e nas organizações. Podemos defi- O administrador que pensa e age de acordo com a Teoria X ten-
nir liderança como uma influência interpessoal exercida numa dada de a dirigir e controlar os subordinados de maneira rígida e inten-
situação e dirigida através do processo de comunicação humana siva, fiscalizando seu trabalho, pois considera que as pessoas são
para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elemen- passivas, indolentes, relutantes e sem qualquer iniciativa pessoal.
tos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: a influência, Nesse estilo de liderança, o administrador pensa que não se deve
a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar. confiar nas pessoas, porque elas não têm ambição e evitam a res-
A liderança envolve o uso da influência e todas as relações ponsabilidade. Ele não lhes delega responsabilidades porque acre-
interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações dentro dita que elas são dependentes e preferem ser dirigidas. Com todas
de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os essas restrições, o administrador cria um ambiente autocrático de
grupos de trabalho, as relações entre linha e assessoria, superviso- trabalho, uma atitude de desconfiança, vigilância e controle coerci-
res e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de tivo que não estimula ninguém a trabalhar. Pessoas tratadas dessa
liderança é a comunicação. A clareza e a exatidão da comunicação maneira tendem naturalmente a responder com falta de interesse
afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificul- e de estímulo, alienação, desencorajamento, pouco esforço pessoal
dade de comunicar é uma deficiência que prejudica a liderança. O e baixa produtividade, situação que vai reforçar o ponto de vista
terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá de do administrador, fazendo-o aumentar ainda mais a pressão, a vi-
lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmen- gilância e a fiscalização. A ação constrangedora do administrador
te considerada em termos de grau de realização de uma meta ou provoca reação acomodada das pessoas. Quanto mais ele obriga,
combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem tanto mais elas tendem a se alienar em relação ao trabalho.
considerar o líder como eficaz ou ineficaz, em termos de satisfação
decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação Teoria Y
das diretrizes e comandos de um líder apoia-se muito nas expectati- Já o administrador que pensa e age de acordo com a teoria Y,
vas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons tende a dirigir as pessoas com maior participação, liberdade e res-
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumen- ponsabilidade no trabalho, pois considera que elas são aplicadas,
to para ajudar a alcançar objetivos. gostam de trabalhar e têm iniciativa própria. Ele tende a delegar
e a ouvir opiniões, pois acredita que as pessoas sejam criativas e
Teorias sobre Liderança habilidosas. Compartilha com elas os desafios do trabalho, porque
Teorias de Traços de Personalidade pensa que elas são capazes de assumir responsabilidades, com au-
As mais antigas teorias sobre liderança se preocupavam em tocontrole e autodireção no seu comportamento. Esse estilo de
identificar os traços de personalidade capazes de caracterizar os administrar tende a criar um ambiente democrático de trabalho e
líderes. O pressuposto era que se poderia encontrar um número oportunidades para que as pessoas possam satisfazer suas neces-
finito de características pessoais, intelectuais, emocionais e físicas sidades pessoais mais elevadas através do alcance dos objetivos
que identificassem os líderes de sucesso, como: organizacionais. Pessoas que trabalham com respeito, confiança e
- Habilidade de interpretar objetivos e missões; participação tendem a responder com iniciativa, prazer em traba-
- Habilidade de estabelecer prioridades; lhar, dedicação, envolvimento pessoal, entusiasmo e elevada pro-
- Habilidade de planejar e programar atividades da equipe; dutividade em seu trabalho. A situação impulsionadora do adminis-
- Facilidade em solucionar problemas e conflitos; trador provoca uma reação empreendedora das pessoas. Quanto
- Facilidade em supervisionar e orientar pessoas; mais ele impulsiona, tanto mais elas tendem a tomar iniciativa e
- Habilidade de delegar responsabilidades para os outros. responsabilidade no trabalho.
Onde se situar? Qual o estilo de liderança a adotar? Essa ques-
As críticas à teoria de traços de personalidade residem em dois tão é simples. Em um modelo burocrático, provavelmente a teoria X
aspectos principais. O primeiro é que as características de persona- seria a mais indicada como estilo de liderança para submeter rigida-
lidade são geralmente medidas de maneira pouco precisa. O segun- mente todas as pessoas às regras e regulamentos vigentes. Porém,
do é que essa teoria não considera a situação dentro da qual atua a na medida em que se adota um modelo adaptativo, a teoria Y tor-
liderança, ou seja, os elementos do ambiente que são importantes na-se imprescindível para o sucesso organizacional. Contudo, inde-
para determinar quem será um líder eficaz. Alguns traços de perso- pendentemente do modelo organizacional, o mundo moderno está
nalidade são importantes em certas situações, mas não em outras. abandonando a teoria X e trocando-a definitivamente pela teoria Y.
Um líder de empresa pode ser o último a falar em casa. Muitas ve-
zes é a situação que define um líder. Quando a situação se modifica, Comportamentos de Liderança
a liderança passa para outras mãos. A abordagem comportamental tenta identificar o que fazem os
líderes. Os líderes devem concentrar-se em fazer com que as tarefas
sejam cumpridas ou em manter seus seguidores felizes? Na aborda-

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
gem comportamental, as características pessoais são consideradas mas também podem ser positivos, como foi demonstrado no caso
menos importantes que o real comportamento exibido pelos líde- de um autocrata benevolente que faz escolhas para dar algumas
res. recompensas a seus subordinados.
Três categorias gerais do comportamento de liderança recebe- Algumas vantagens do estilo de liderança autocrática é que ele
ram atenção particular: comportamentos relacionados ao desem- geralmente satisfaz como líder, favorece decisões rápidas, utiliza
penho de tarefas, à manutenção do grupo e à participação do em- favoravelmente os subordinados menos competentes, oferecendo
pregado nas tomadas de decisão. segurança e base estruturais para os empregados. A maior desvan-
tagem é que a maioria dos subordinados não gosta desse estilo,
Desempenho de Tarefas especialmente se for usado de maneira extrema a ponto de criar
A liderança exige fazer com que as tarefas sejam desempenha- medo e frustração.
das. Os comportamentos de desempenho de tarefas são os esforços Na liderança autocrática, o líder centraliza o poder e mantém o
do líder para garantir que a unidade de trabalho ou a organização controle de tudo e de todos em suas mãos.
atinjam suas metas. Essa dimensão é às vezes mencionada como Grupos com líder autoritário. Tendia a ser mais agressivo e bri-
preocupação com produção, liderança diretiva, estrutura iniciado- guento. Quando se exprimia a agressão, esta tendia a ser dirigida
ra ou proximidade de supervisão. Inclui o enfoque na velocidade, aos outros membros do grupo e não ao líder. Alguns indivíduos
qualidade e precisão do trabalho, quantidade de produção e na passaram a depender completamente do líder e só trabalhavam
obediência às regras. quando ele estava presente. Quando o líder se afastava do grupo, o
trabalho não progredia com a mesma intensidade. Nas frustrações,
Manutenção do Grupo esses grupos tendem a se dissolver, através de recriminações e acu-
Ao exibir o comportamento de manutenção do grupo, os líde- sações pessoais.
res agem para garantir a satisfação dos membros do grupo, para
desenvolver e manter relações harmoniosas de trabalho e preser- Líderes democráticos
var a estabilidade social do grupo. Essa dimensão é algumas vezes Os líderes participativos ou democráticos descentralizam a au-
chamada de preocupação com as pessoas, liderança de apoio ou toridade. As decisões participativas não são unilaterais, como no
consideração. Inclui enfoque nos sentimentos e no bem-estar das caso do estilo autocrata, pois elas saem da consulta aos subordi-
pessoas, apreciação por elas e redução do estresse. nados, bem como de sua participação. O líder e seus subordinados
atuam como uma unidade social. Os empregados são informados
Líderes positivos e negativos sobre as condições que afetam seu trabalho e encorajados a ex-
Existem diferenças entre maneiras pelas quais os líderes foca- pressar suas ideias, bem como a fazer sugestões. A tendência geral
lizam a motivação das pessoas. Se o enfoque enfatiza recompensas é no sentido de ampliar o uso das práticas participativas, pois elas
– econômicas ou outras – o líder usa a liderança positiva. Quanto são consistentes com os modelos de apoio colegiado do comporta-
melhor for a educação do empregado, maior é a sua solicitação de mento organizacional.
independência, e outros fatores trabalham a favor da motivação, O líder é extremamente comunicativo, encoraja a participação
mais dependente da liderança positiva. Se a ênfase é colocada das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho e com o gru-
em penalidades, o líder está se utilizando da liderança negativa. po. O líder atua como um facilitador para orientar o grupo, ajudando-o
Este enfoque pode conseguir um desempenho aceitável em suas na definição dos problemas e nas soluções, coordenando atividades
situações, mas tem custos humanos altos. Líderes de estilo nega- e sugerindo ideias. Os grupos submetidos à liderança democrática
tivo agem de forma a dominarem e serem superiores às pessoas. apresentaram boa quantidade de trabalho e qualidade surpreenden-
Para conseguirem que um trabalho seja feito, eles submetem o seu temente melhor, acompanhadas de um clima de satisfação, integração
pessoal a personalidades tais como perda do emprego, reprimen- grupal, responsabilidade e comprometimento das pessoas.
das frente a outros e descontos de dias trabalhados. Exibem sua Na liderança democrática ou participativa, o líder trabalha e
autoridade a partir da falsa crença que podem amedrontar todos toma decisões em conjunto com os subordinados, ouvindo, orien-
para que atinjam a produtividade. Eles são mais chefes do que líde- tando e impulsionando os membros.
res. Existe um contínuo de estilo de liderança que classifica desde Grupos com líder democrático. Os indivíduos convivem ami-
o fortemente positivo até o fortemente negativo. Quase todos os gavelmente. Há mais atitudes amistosas e ligadas às tarefas. As
gerentes usam ambos os estilos indicados em algum lugar do con- relações com o chefe são mais espontâneas e livres. O trabalho
tínuo todos os dias, mas o estilo dominante deve afirmar-se com o progredia de maneira suave e espontânea, mesmo quando o chefe
grupo. O estilo está relacionado com o modelo de comportamento está ausente. Sob frustrações, originadas na situação de trabalho,
organizacional da pessoa. O modelo autocrático tende a produzir o responde o grupo através de ataques organizados às dificuldades.
estilo chamado de negativo, o modelo protetor é de alguma forma
positivo; e os modelos de apoio ou corporativo são claramente po- Líderes liberais
sitivos. A liderança positiva geralmente atinge níveis mais altos de Os líderes liberais ou rédeas soltas evitam o poder e a respon-
satisfação no trabalho e desempenho. sabilidade. Eles dependem muito do grupo, quanto ao estabeleci-
mento dos seus próprios objetivos e resolução dos seus próprios
Líderes autocráticos problemas. São os membros do grupo que treinam a si mesmos e
O líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os promovem suas próprias motivações. O líder tem apenas um pa-
subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O líder au- pel secundário. Na liderança do tipo rédeas soltas a contribuição
tocrático é dominador, emite ordens e espera obediência plena e do líder é ignorada aproximadamente da mesma forma que na li-
cega dos subordinados. Os grupos submetidos à liderança auto- derança do tipo autocrática o líder ignora o grupo. Essa forma de
crática apresentaram o maior volume de trabalho produzido, com liderança tende a permitir que diferentes unidades da organização
evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade. O líder é elaborem objetivos cruzados, e que pode degenerar num caos. Por
temido pelo grupo, que só trabalha quando ele está presente. A essa razão normalmente não é usada como um estilo dominante,
liderança autocrática enfatiza somente o líder. O líder autocrático mas mostra-se útil naquelas situações nas quais o líder pode deixar
é tipicamente negativo, baseia suas ações em ameaças e punições: as escolhas inteiramente por conta do grupo.

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O líder permite total liberdade para a tomada de decisões in- final da empresa. Assim, os indicadores orientam todos os esforços
dividuais ou grupais, participando delas apenas quando solicitado destes em busca de metas que gerem um alto desempenho compe-
pelo grupo. O comportamento do líder é evasivo e sem firmeza. titivo da organização.
Os grupos submetidos à liderança liberal não se saíram bem, nem Os KPIs se caracterizam como uma ferramenta de medição de
quanto à quantidade nem quanto à qualidade do trabalho, com for- desempenho dos setores, de forma quantificáveis, buscando enten-
tes sinais de individualismo, desagregação do grupo, insatisfação, der se os objetivos estão sendo atingidos e a necessidade de adotar
agressividade e pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo gru- medidas corretivas.
po. A liderança liberal enfatiza somente o grupo. Estudiosos sobre desempenho organizacional destacam algu-
Na liderança liberal, o líder omite-se e deixa a situação fluir à mas características que um bom indicador de desempenho deve
vontade, sem intervir ou mudar o rumo dos acontecimentos. ter, sendo:
Grupos com líder permissivo. O trabalho progredia desorde- - Relevante e de alto impacto: o indicador deve ter relevância
nadamente e pouco. Embora houvesse considerável atividade, a direta para o negocio;
maior parte dela era improdutiva. Perdeu-se um tempo considerá- - Compreensível e simples: o entendimento do indicador deve
vel em discussões e conversas sobre assuntos meramente pessoais ser simples, para que todos os colaboradores sejam capazes de
entre os componentes do grupo. compreender-lo e entender sua importância;
Um líder usa todos três tipos de estilos durante um período - Equilibrado: o KPI deve buscar o equilíbrio para atender as
de tempo, mas um deles tende a ser dominante. Os pesquisadores necessidades de curto e longo prazo;
notaram diferença na atmosfera de trabalho, no comportamento - Temporal: sua medição deve possibilitar o acompanhamen-
to e a ação corretiva, sendo assim, é interessante que seja medido
dos elementos do grupo e nas realizações no desempenho dos três
diariamente, semanalmente, mensalmente, variando com a neces-
grupos.
sidade;
Como um Líder Deve Agir
O desenvolvimento de bons KPIs permite a empresa medir seu
A gestão situacional é a habilidade de mudar a situação, quan-
desempenho e identificar onde estão seus problemas internos, pos-
do for necessário. E para realizar essa mudança, deve o líder ter
sibilitando o aperfeiçoamento de suas operações. Quando se tem
uma variedade de comportamentos para adaptar-se à situação.
indicadores de desempenho efetivos, aumenta-se a eficiência dos
Esse fato chama-se residência de estilo, que é a capacidade de man-
setores, auxilia na tomada de decisão, impulsionam as vendas e até
ter um estilo adequado a cada situação.
reduzem custos, entre outros benefícios. Dessa forma, é muito im-
Já o repertório de estilos consiste na habilidade do gerente (ou
portante para as organizações que desenvolvam bons indicadores e
líder) em variar seu próprio estilo básico de comportamento.
que transmitam aos colaboradores a importância destes.
Comportamento do líder
Avaliação de Desempenho: objetivos, métodos, vantagens e
As pesquisas sobre liderança levaram os psicólogos a observar
desvantagens.
duas estruturas gerais de comportamento do líder. Vejamos:
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos
- Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa estrutura
resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando
de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus esforços e o de
de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz
seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, organizar e dirigir
de demonstrar este acompanhamento é através da  Avaliação de
um trabalho.
Desempenho  do colaborador. A avaliação de desempenho é uma
- Líder orientado para as relações interpessoais (OR). O gerente
ferramenta da gestão de pessoas que visa analisar o desempenho
(líder) voltado para essa orientação tem relações pessoais mais am-
individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada
plas no trabalho, caracterizado por ouvir, confiar e encorajar.
empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e análise do
Baseado nessa orientação, Reddin propôs quatro combinações
comportamento de um colaborador durante um intervalo de tem-
de estilos de liderança.
po, analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico,
- Líder separado: Esse estilo de liderança dá ao gerente baixa
sua relação com os parceiros de trabalho etc.
orientação para o trabalho e pouca orientação para as relações hu-
Este método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos
manas.
funcionários, proporcionando um crescimento profissional e pes-
- Líder relacionado: Tem apenas alta orientação para as rela-
soal, visando um melhor desempenho de suas funções no ambiente
ções humanas.
de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio
- Líder integrado: Possui uma elevada orientação para o traba-
à administração de recursos humanos da empresa, alimentando-a
lho e também interesses altos; é voltado para as relações humanas.
com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas
- Líder dedicado: Tem apenas alta orientação para o trabalho.
de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de
treinamento etc.
Desempenho
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem-
O gerenciamento do desempenho organizacional tem por ob-
penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas de-
jetivo direcionar todos os esforços da organização em prol dos ob-
sejadas e os resultados reais. Sendo divida em algumas etapas:
jetivos desta. Dessa forma, busca-se a efetividade de todas as ativi-
- Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus
dades da empresa alinhada com o objetivo macro da organização.
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento per-
Dentro dessa perspectiva, observa-se a importância dos indi-
manente de feedback instantâneo;
cadores. Os indicadores de desempenho, conhecidos também por
- Identificação e equacionamento imediato dos problemas
KPI (Key Performance Indicator), facilitam a transmissão da missão
emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão de
e visão da empresa para funcionários que não ocupam cargos mais
motivação e de obtenção de resultados;
estratégicos, e direcionam seus esforços para objetivos estratégicos
- Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho,
da empresa. 
em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe-
É comum, porém não saudável, que no ambiente de trabalho
ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos
diversos colaboradores não saibam a importância de suas ativida-
recíprocos e ações corretivas, se for o caso.
des e não enxerguem o impacto de suas atividades no resultado

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita- superior. É importante ressaltar que durante a avaliação não devem
ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria, ser levados em consideração aspectos que não estavam previstos
necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento do in- nos objetivos, ou não tivessem sido comunicados ao colaborador. E
divíduo para outras funções em que poderia render melhor. ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoavaliação para dis-
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi- cussão com seu gestor.
ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho - Padrões de desempenho: também chamada de padrões de
entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por parte
base a interação constante entre avaliador e avaliado. da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que
serão avaliadas.
Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os mé- - Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com-
todos mais tradicionais de avaliação: portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-
- Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado -se “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde
nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores defi- ao comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É
nidos, graduados através da descrição de desempenho numa varia- diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido
ção de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver exem- da não obrigatoriedade na escolha das frases.
plos de comportamentos esperados para facilitar a observação da - Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe  fee-
existência ou não do indicador. Permite a elaboração de gráficos dbacks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação,
que facilitarão a avaliação e acompanhamento do desempenho his- também chamados de stakeholders, como pares, superior imedia-
tórico do avaliado. to, subordinados, clientes, entre outros.
- Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos in- - Avaliação de competências: trata-se da identificação de com-
divíduos através de frases descritivas de determinado tipo de de- petências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilida-
sempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre as des) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado
quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para descre- desempenho seja obtido.
ver os comportamentos do avaliado. Este método busca minimizar - Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das
a subjetividade do processo de avaliação de desempenho. avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da
- Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre existência ou não das competências necessárias de acordo com o
um especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos desempenho apresentado.
Humanos com cada líder, para avaliação do desempenho de cada - Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro,
um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal desempe- identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol-
nho por meio de análise de fatos e situações. Este método permite vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita
um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizando a sub- a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, conjun- capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas.
tamente com o líder, do desenvolvimento profissional de cada um. - Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S.
- Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam de- Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho
sempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realçados sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos
e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que devem ser internos e do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos
corrigidos através de orientação constante. O método não se preo- estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o aten-
cupa em avaliar as situações normais. No entanto, para haver su- dimento da meta em cada objetivo estratégico.
cesso na utilização desse método, é necessário o registro constante
dos fatos para que estes não passem despercebidos. Vantagens da Avaliação de desempenho
- Comparação de pares: também conhecida como comparação Por meio da  avaliação de desempenho  é possível identificar
binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois colabo- novos talentos dentro da própria organização, por meio da análise
radores ou entre o desempenho de um colaborador e sua equipe, do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Gerando,
podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo muito sim- assim, novas possibilidades para remanejamento interno de cola-
ples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de ser realiza- boradores. Além de poder oferecer bonificações e premiações aos
do quanto maior for o número de pessoas avaliadas. funcionários que mais se destacarem na avaliação.
- Autoavaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais
relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem como
conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para um re-
de sinceridade que podem ocorrer. sultado eficiente. Este feedback faz com que os avaliados queiram
- Relatório de performance: também chamada de avaliação investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de-
por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição sempenho e trazendo vantagens para a empresa.
mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos fortes, Este método é importante, também, para eliminar “achismos”
fracos, potencialidades e dimensões de comportamento, entre ou- e palpites quando da avaliação de um funcionário. É um meio de
tros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se combinar obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma
ou comparar as classificações atribuídas e por isso exige a suple- possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
mentação de um outro método, mais formal. Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos be-
- Avaliação por resultados: é um método de avaliação basea- nefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma organi-
do na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um zação, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode avaliar
método prático, mas que depende somente do ponto de vista do melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, investir
supervisor a respeito do desempenho avaliado. no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade, desenvol-
- Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance ver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de forma mais
de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos orga- eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é avaliada de for-
nizacionais e negociados previamente entre cada colaborador e seu ma satisfatória pelos gerentes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Aplicações A título ilustrativo apresentaremos a seguir um modelo de ava-
A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de diferen- liação de desempenho e a forma como são realizadas as avaliações
tes funções administrativas, motivacionais e de comunicação, como institucional e individual no setor privado.
citados a seguir:
- Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores e, Avaliação institucional
consequentemente, da organização; Esta é a avaliação de cada uma das equipes que compõem a
- Identificação de diferenças individuais; estrutura organizacional da instituição, distribuídas por suas diver-
- Estímulo à comunicação interpessoal; sas áreas. Chamamos por equipe um grupo de pessoas com uma
- Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada por chefia.
chefe e subordinado; Na maior parte dos órgãos e entidades do setor público, dife-
- Informação ao colaborador de como o seu desempenho é rentemente do setor privado, a avaliação de desempenho se baseia
percebido; no estabelecimento de metas definidas pela alta gestão e são con-
- Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do sideradas para a organização, como um todo, e não para as equipes
avaliado; de trabalho.
- Indicações de promoções e de aumentos salariais por mérito; As equipes são avaliadas pela instância imediatamente supe-
- Indicações de necessidade de treinamento; rior, assim como por áreas internas ou externas à organização que
- Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais sejam clientes da equipe que está sendo avaliada ou que com ela
(sistemas técnicos e sociais); se relacionam.
- Auxílio na verificação de aprendizagens; No início de cada ano, cada equipe estabelece as próprias me-
- Identificação de problemas de trabalho em geral, no relacio- tas a atingir neste período, com base naquelas definidas pela orga-
namento individual, intraequipe ou interequipes; nização como um todo. Cada equipe indicará os recursos materiais
- Registro histórico suplementar para ações administrativas de e humanos necessários para o alcance dessas metas e definirá tam-
gestão; bém os indicadores que serão utilizados para medi-los.
- Apoio às pesquisas de clima organizacional. No final do ano, a instância imediatamente superior verifica em
que grau as metas de cada equipe foram atingidas, e com base nes-
Objetivos da avaliação de desempenho ses resultados irá atribuir notas para as equipes.
Além de possibilitar a tomada de decisão quanto à progressão Os critérios para a atribuição das notas serão estabelecidos
e promoção dos servidores, a avaliação de desempenho tem outros em conjunto com todos os envolvidos. Essas notas serão um dos
objetivos de igual importância: componentes que participarão da fórmula para cálculo do valor da
• Identificar necessidades de capacitação. avaliação de desempenho.
• Corrigir desempenhos inadequados.
• Identificar possibilidades de futuras mobilidades funcionais Avaliação individual
(processo de movimentação que configura a evolução do funcioná- A avaliação individual é composta por elementos cujas notas
rio na carreira). farão parte do cálculo da Avaliação de Desempenho. São eles:
• Possibilitar o planejamento funcional do avaliado. 1. Avaliação pelos membros da equipe
2. Avaliação do alcance das metas
Como resultados complementares da contínua utilização da 3. Avaliação do desenvolvimento profissional
avaliação de desempenho podemos citar o estímulo ao diálogo
entre chefias e subordinados e o aperfeiçoamento dos canais de 1) Avaliação pelos membros da equipe
comunicação entre os níveis hierárquicos. O primeiro elemento constitui-se na avaliação conjunta dos
servidores da mesma equipe. Os servidores são avaliados por seus
Modelo de Avaliação de Desempenho pares, por seus chefes e subordinados.
Para garantir a eficiência e a eficácia da avaliação, a construção Os itens a serem medidos e os critérios adotados serão estabe-
de um modelo da avaliação de desempenho deve obedecer a deter- lecidos pelas equipes, devendo ser validados pela instituição como
minados requisitos. Vejamos: um todo, para garantir sua homogeneidade na avaliação.
• Garantir que a avaliação seja comparativa entre os indiví- Os servidores atribuem notas para cada um dos seus colegas de
duos e que ela seja feita tanto pelos chefes, subordinados, bem equipe, para a chefia e para seus subordinados. O resultado dessas
como por seus pares. avaliações será uma nota cujo valor entrará na composição final da
• Realizar análises comparativas de resultados entre os mem- fórmula avaliação de desempenho.
bros de uma mesma carreira ou cargos.
• Divulgar com a máxima transparência os critérios de avalia- 2) Avaliação do alcance das metas
ção. O segundo elemento diz respeito ao alcance das metas esta-
• Informar os resultados da avaliação feita para cada indiví- belecidas.
duo, por seus chefes, subordinados e pares, sem, entretanto, iden- Com base nas metas institucionais definidas para cada equipe,
tificar os autores. cada servidor define suas próprias metas, que devem ser as mais
• Incluir, no cômputo da avaliação individual, o resultado da quantificáveis possíveis. Cada servidor deve também informar o
avaliação institucional. que precisa para poder desempenhar as tarefas.
• Utilizar os resultados das avaliações como insumo para a de- A chefia juntamente com cada servidor verifica, ao final do ano,
finição das políticas e prioridades de capacitação. se as metas foram atingidas e em que grau. Com base nessa verifi-
cação, é atribuída uma nota cujo valor entrará na composição final
Para a realização da avaliação de desempenho, devem ser con- da fórmula avaliação de desempenho.
sideradas a avaliação individual e também a avaliação institucio-
nal.8 3) Avaliação do desenvolvimento profissional
Esta avaliação leva em conta:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
• O aperfeiçoamento ou aquisição de competências. patrimônio é analisado da maneira pela qual os bens estão distri-
• A ampliação do grau de responsabilidade. buídos na empresa, isto é, se circulante, imobilizado e da maneira
• O aumento na abrangência das atribuições. como foram adquiridos. Sob o aspecto quantitativo é analisado pelo
• A aquisição de novos conhecimentos relevantes para o de- valor dos bens, medidos numa medida comum - a moeda.
sempenho de suas atribuições.
Componentes básicos
Para que seja possível fazer este tipo de avaliação, é necessá- São três os componentes básicos do balanço patrimonial: o ati-
rio, em primeiro lugar, definir, na descrição dos cargos, os requisitos vo, o passivo e o patrimônio líquido.
mínimos exigidos relativos às competências e ao seu grau de profi- - Ativo - São todos os bens e direitos de propriedade da empre-
ciência, ao grau de responsabilidade e às atribuições. sa mensuráveis monetariamente. Se a empresa compra um veículo,
Este é o ponto de partida para cada cargo e perfil profissional, este representa um bem que a empresa possui. Se a empresa paga
com base no qual é realizada a avaliação do crescimento e desen- uma certa quantia pela patente de uma invenção, ela passa a ter
volvimento profissional. um direito sobre essa patente. Exemplos de ativos: Bens: máquinas,
Para essa avaliação, é necessário criar ferramentas que permi- terrenos, estoque, dinheiro (moeda), ferramentas, veículos, etc.
tam objetivá-la, uma vez que nem sempre os indicadores são al- Direitos: contas a receber, ações, depósitos em contas bancárias,
tamente quantificáveis, como é o caso das atitudes e de algumas patentes, etc.
habilidades que compõem as competências. - Passivo - Representa toda a obrigação (dívida) que a empre-
Por fim, é necessário estabelecer critérios de pontuação que sa tem com terceiros. Assim a empresa adquiriu um veículo a pra-
identifiquem o crescimento, a ampliação ou o aperfeiçoamento zo, a posse do veículo representa um ativo, no entanto a empresa
profissional de cada servidor. Essa pontuação é traduzida por um tem uma dívida para com a empresa que vendeu o veículo. Logo,
valor que entrará na composição final da fórmula avaliação de de- ela tem uma obrigação, que representa um passivo com terceiros.
sempenho. Exemplo de passivo: contas a pagar, fornecedores, impostos a pa-
gar, financiamento, empréstimos. O passivo é uma obrigação exigí-
Condições para o funcionamento do modelo de avaliação de vel, isto é, no momento em que a dívida vencer será exigida (recla-
desempenho mada) a liquidação da mesma. Assim, é mais adequado chama-lo
A fórmula da avaliação de desempenho terá em sua compo- Passivo Exigível.
sição as notas da Avaliação Institucional e da Avaliação Individual - Patrimônio Líquido - Definimos como sendo a diferença entre
desdobrada em: Avaliação pelos membros da equipe, Avaliação do o valor do Ativo e do Passivo de uma empresa, em um determinado
alcance das metas e Avaliação do desenvolvimento profissional. momento. Se a empresa tem um Ativo de $ 20.000 e um Passivo
Para que esse modelo de avaliação de desempenho tenha um de $ 15.000, o Patrimônio Líquido será de $ 5.000. O Patrimônio
funcionamento eficiente e alcance os objetivos pretendidos é ne- Líquido de uma empresa pode ser proveniente de Investimentos
cessário garantir a existência de algumas condições: efetuados pelos proprietários e dos Lucros Acumulados.
• Implantação de um sistema informatizado para que as avalia-
ções possam ser feitas on-line e o sigilo das informações possa ser Variações patrimoniais
preservado. A atividade econômica desenvolvida em qualquer entidade
• Estabelecimento de metas claras, com indicadores objetivos, leva a seu patrimônio variações que devem ser registradas pela
para cada equipe e área da instituição. Contabilidade, para que esta possa estudar, controlar e interpretar
• Criação de um plano de carreira e remuneração que incentive os fenômenos ocorridos nesse patrimônio, com o objetivo de forne-
os servidores a perseguir um desempenho satisfatório. cer informações sobre a composição patrimonial e as variações nele
• Fornecimento de condições técnicas e materiais para que os ocorridas em determinado período.
servidores possam desempenhar suas funções adequadamente. Ocorre que, da gestão do patrimônio da entidade, pode surgir
duas variáveis: os Atos e Fatos Administrativos. Os Atos Adminis-
Desempenho: indo além da simples avaliação trativos são aqueles que ocorrem na empresa e que não provocam
A abordagem ao desempenho deve contemplar a comparação alterações no Patrimônio. Por não provocarem alterações no Pa-
dos resultados esperados com os efetivamente alcançados. Isso im- trimônio não precisam ser contabilizados, exceto alguns atos que
plica seu constante acompanhamento para identificação de desvios poderão traduzir no futuro modificações do Patrimônio, como: re-
e execução das devidas correções ao longo da realização das ativi- messa ou recebimento de bens a terceiros para industrialização e
dades. conserto ou como empréstimo; remessa de títulos para cobrança
Assim, a denominação mais adequada para esse processo de bancária, entre outros. Diferentemente dos atos, temos os Fatos
planejamento, de acompanhamento e de avaliação é o de Gestão Administrativos são aqueles que provocam modificações no Patri-
de Desempenho.
mônio, sendo, portanto objeto de contabilização.
Por meio do processo de Gestão de Desempenho (processo in-
serido na Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas e apoiado
Variações Patrimoniais
na Gestão por Competências) é possível corrigir desvios e garantir a
Conforme vimos, são as alterações sofridas pelo patrimônio,
sustentabilidade da organização por meio da revisão de objetivos,
decorrentes ou não da administração, podendo ser:
estratégias, processos de trabalho e políticas de recursos humanos.
Fatos Contábeis
São as ocorrências havidas no patrimônio, trazendo-lhe varia-
PATRIMÔNIO. CONCEITO. COMPONENTES.VARIAÇÕES ções qualitativas e/ou quantitativas. Quase sempre (e não obrigato-
E CONFIGURAÇÕES riamente) provêm de uma ação da gestão.
Observação: Gestão é o conjunto de operações que ocorrem
Patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações, vin- durante a vida das empresas, com as quais as mesmas buscam atin-
culado a uma pessoa física ou jurídica. Pode ser analisado sob dois gir os objetivos visados, sejam estas operações identificadas como
aspectos: qualitativo e quantitativo. Sob o aspecto qualitativo o fatos contábeis ou meramente atos administrativos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- Todo fato administrativo é um fato contábil. a) Ativo – compreende os direitos e os bens, tangíveis ou intan-
- Nem todo fato contábil é um fato administrativo. gíveis adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou
utilizados pelo setor público, que seja portador e que represente
Classificação dos Fatos Contábeis um fluxo de benefícios, presente ou futuro, bem como os mantidos
- Fato contábil permutativo (ou compensativo) - São os que não na condição de fiel depositário;
provocam alterações no valor do Patrimônio Líquido (PL) ou na Si- b) Passivo – compreende as obrigações presentes assumidas
tuação Líquida (SL), mas podem modificar a composição dos demais pelas entidades do setor público decorrentes de eventos passados,
elementos patrimoniais, determinam uma variação específica do cujo pagamento se espera que resulte em uma saída de recursos
patrimônio (variação patrimonial qualitativa). financeiros, incorporando benefícios econômicos ou potencial de
- Fato contábil modificativo - São os que provocam alterações serviços.
no valor do Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Líquida (SL), deter- c) Patrimônio Líquido, Saldo Patrimonial ou Situação Líquida
minando uma variação quantitativa do patrimônio (variação patri- Patrimonial – representa a diferença entre o Ativo e o Passivo.
monial quantitativa). Pode ser: diminutivo aumentativo.
- Fato contábil misto (ou composto) - São os que combinam O controle do Patrimônio Público compreende um conjunto de
fatos permutativos com fatos modificativos, determinando variação processos, metodologias e metas para o correto controle e adminis-
qualitativa e quantitativa do patrimônio, ou variação patrimonial tração do patrimônio, envolvendo uma fase importante que deve
mista. ser ressaltada: a CONSCIENTIZAÇÃO dos usuários sobre a importân-
cia na preservação dos bens públicos.
Superveniências e insubsistências A gestão dos bens do patrimônio da Administração Pública,
São as ocorrências havidas no patrimônio, trazendo-lhes va- com fundamento nas classificações que dividem os bens públicos
riações quantitativas, e que independem dos atos da gestão, tais entre bens móveis e imóveis e entre bens consumíveis e não con-
variações patrimoniais são resultantes de fatos contingentes, im- sumíveis pode ser subdividas em gestão do patrimônio imobiliário,
previstos ou fortuitos. gestão do patrimônio mobiliário e gestão do patrimônio mobiliário
consumível, também conhecido por suprimentos.
Superveniência - Provocam aumento e pode ser:
- Superveniência ativa - Aumento do ativo (variação patrimo- Ao controlar é imprescindível ter em mente pelo menos as se-
nial ativa). Ex: Recebimento de valores provenientes de prêmios, guintes informações:
loterias, herança ou legado doação. a) a destinação dada aos materiais;
- Superveniência passiva - Aumento do passivo (variação pa- b) seu custo unitário;
trimônio passiva). Ex: Reconhecimento de dívidas anteriormente c) a quantidade distribuída;
não registradas no passivo, provenientes de decisão judicial ou de d) as últimas aquisições.
outros casos fortuitos.
A inobservância dessas informações poderá incorrer em gran-
Insubsistência - Provocam diminuição e pode ser: des transtornos, pois implica diretamente na falta de controle. Por-
- Insubsistência do ativo – diminui o ativo (variação patrimonial tanto, promover a organização de forma eficaz e eficiente do setor
passiva) Ex: Ocorrência de incêndio, furto, perda de rebanho por de patrimônio é responsabilidade direta do administrador, logo, a
morte. Gestão Patrimonial, necessita ter à frente, um profissional capaci-
- Insubsistência do passivo – diminui o passivo (variação patri- tado, interessado, responsável e com conhecimento dos principais
monial ativa). Ex: Redução no valor das obrigações por motivo de pontos da legislação que regulamenta sua respectiva a área de
prescrição ou baixa da dívida correspondente atuação. Compete ao setor responsável pela gestão patrimonial, o
controle e o acompanhamento das atividades inerentes à gestão do
Efeitos no Patrimônio Líquido patrimônio de forma sistêmica e integrada em todas as unidades
- Superveniência ativa – Aumenta o patrimônio líquido (recei- administrativas.
ta).
- Superveniência passiva – Diminui o patrimônio líquido (des- Abaixo alguns conceitos importantes para se conhecer quando
pesa). se fala em controle patrimonial.
- Insubsistência do ativo – Diminui o patrimônio líquido (despe- Depreciação: redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste
sa). Também denominada de insubsistência passiva. ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.
- Insubsistência do passivo – Aumenta o patrimônio líquido (re- Valor líquido contábil: valor do bem registrado na Contabilida-
ceita). Também denominada de insubsistência ativa de, em determinada data, deduzido da correspondente deprecia-
ção acumulada.
Controle do Patrimônio Público Valor residual: montante líquido que a entidade espera, com
Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis razoável segurança, obter por um ativo no fim de sua vida útil eco-
ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, nômica, deduzidos os gastos esperados para sua alienação.
recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, Vida útil econômica: período de tempo definido ou estimado
que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou tecnicamente, durante o qual se espera obter fluxos de benefícios
futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração futuros de um ativo.
econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Reavaliação: adoção do valor de mercado ou de consenso en-
São ainda, todos os bens e direitos de valor econômico, artísti- tre as partes para bens do ativo, quando esses forem superiores ao
co, estético, histórico ou turístico Art.1º,§1º, Lei 4.717/65). valor contábil.
Redução ao valor recuperável (impairment): ajuste ao valor de
Abaixo veremos os elementos que compões esse patrimônio mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quan-
público: do esse for inferior ao valor contábil.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O Controle Patrimonial se dá através do registro adequado de a ninguém, por inapropriáveis, mas sua utilização subordina-se às
todos os bens que estão à disposição da Administração para a reali- normas estabelecidas pelo Estado. Este conjunto de bens sujeitos ou
zação de suas atividades. pertencentes ao Estado constitui o domínio público, em seus vários
Este controle consiste em: desdobramentos. (MEIRELLES, 2001 p.476).
-->- registro; Para essa dominação, o Estado necessita de um regime jurídi-
-->- identificação da utilização e do estado da conservação; co adequado, que além de especificar a composição e a utilização
-->- sua localização no espaço físico da organização; da propriedade, cria regras de proteção contra os ilegítimos ou da-
-->- identificação do agente responsável pela guarda do bem; e nosos, quer provindo de particulares ou do próprio Estado. A do-
-->- retirada (baixa) do bem do acervo. minação e a regulamentação, nos Estados Modernos, originam-se
de um regime jurídico adequado que especifica sua composição e
O controle Patrimonial de uma entidade inicia‐se com a entra- utilização, além de criar regras de proteção “contra atos ilegítimos,
da de um bem no acervo patrimonial da entidade, que se dá pela ou danosos, quer provindos de particular, quer do próprio Estado”
inclusão dos bens mediante: (BASTOS, 1994, p. 103).
- compra; O domínio público em sentido amplo é o poder de dominação
- cessão; ou de regulamentação que o Estado exerce sobre os bens do seu
- doação; patrimônio (bens públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado
- permuta; (bens de particulares de interesse público), ou sobre coisa inapro-
- transferência priaveis individualmente, mas de fruição geral da coletividade (res
- produção interna. nullis).(MEIRELLES, 2001 p.477)

Às atividades de controle compreendem: Não se pode confundir propriedade com dominação e regula-
- Tombamento e carga; mentação dos bens patrimoniais. A propriedade poder ser pública
- Registro de bens; ou privada, enquanto dominação e regulamentação estão voltadas
- Guarda dos bens; para o domínio público dos bens patrimoniais.
- Movimentação de bens; Os bens de propriedade do Estado são considerados bens pú-
- Preservação dos bens; blicos e compõem o patrimônio público, sendo “formado por bens
- Baixa dos bens; de todas as naturezas e espécies que tenham interesses para a Ad-
- Incorporação e; ministração e para a comunidade Administrada”. (MEIRELLES, 2001
- Inventário de bens móveis p.478)

Para a eficácia do controle patrimonial é fundamental a atuali- Bens públicos e suas classificações
zação constante dos registros de entrada, movimentação e saída de “Os bens públicos são o conjunto de coisas corpóreas e incor-
bens do acervo patrimonial. póreas, móveis, imóveis e semoventes de que o Estado se vale para
puder atingir as suas finalidades”. (BASTOS, 2002 p.499).
Para entendermos a Administração Pública é necessário par- Inicialmente, conforme o Código Civil (art. 98 e ss.), os bens
tirmos de conceitos iniciais, como por exemplo, o Estado, segundo públicos e particulares devem ser divididos, esclarecendo-se que
Meirelles (2005), que é constituído por três elementos indissociá- os do domínio nacional, que pertencem à União, aos Estados e aos
veis: Povo, Território e Governo Soberano, sendo que o Governo So- Municípios, são públicos, e os particulares são todos os outros, per-
berano exerce as funções de auto-organização e autodeterminação tencentes a quem quer que seja. São bens públicos os que, origina-
através do poder emanado pelo povo. riamente integrando o patrimônio nacional, os bens transferidos a
autarquias e fundações públicas. (MEIRELLES, op. cit., p. 435)
A Administração Pública, ainda segundo Meirelles, Os Bens de uso comum do povo são aqueles que, por deter-
Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a minação legal ou por sua própria natureza, podem ser utilizados
consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o con- por todos em igualdade de condições, sem a necessidade de con-
junto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em sentimento individualizado por parte da Administração Pública, por
acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal exemplo: praças, estradas, água do mar, rios e etc.
e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em Em relação aos Bens de uso especial, são todas as coisas, mó-
beneficio da coletividade. veis e imóveis corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administra-
A administração, para exercer as suas atividades, faz uso de ção Pública pra realização de suas atividades e consecução de seus
alguns instrumentos, e um deles é Domínio Público. fins. (DI PIETRO, 2OO1, p.532)
Os Bens dominiais (patrimônio disponível) são bens que pos-
DOMÍNIO PÚBLICO suem características diferentes, pois podem ser utilizados em qual-
Desde os mais antigos grupos sociais, sempre existiu a necessi- quer fim, ou podem ser alienados de acordo com a necessidade do
dade de haver algum tipo de regulamentação e dominação do Esta- Estado, e geralmente produzem renda.
do sobre alguns bem de uso coletivo. Se o Estado não disponibiliza Ainda dentro da contabilidade pública, a classificação dentro
à sociedade esses bens, deixa de cumprir suas finalidades sociais dos critérios contábeis e a seguinte:
que visam o bem comum, tornando impraticável o convívio e a vida Bens imóveis: são prédios e instalações de uso público coletivo;
em sociedade. Bens de natureza industrial: instalações destinadas a produ-
Considerando o Estado como “a ordem jurídica soberana que ção industrial para o próprio Estado, com máquinas, ferramentas,
tem por fim a o bem comum de um povo em um determinado terri- móveis, etc;
tório” (DALLARI, 1998 p.118), ele pode normatizar sobre a proprie- Bens de defesa nacional: são os bens destinados às forças ar-
dade de bens públicos e a de bens de particulares. madas nacionais tais como navios, quartéis, tanques de guerra etc;
Alguns bens pertencem ao próprio Estado; outros, embora Bens científicos, culturais e artísticos: são bens destinados a
pertencentes a particulares, ficam sujeitos às limitações adminis- exatamente a este fim, por exemplo: biblioteca, museus, zoológicos
trativas impostas pelo Estado; outros, finalmente, não pertencem etc;

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Bens de natureza agrícola: fazendas pertencentes ao Estado, a utilização do orçamento público, e dar publicidades aos gastos pú-
campos de experimentação; blicos, possibilitando assim uma maior transparência por parte da
Bens semoventes: seriam os animais pertencentes ao Estado Administração Pública em relação aos seus atos.
com a finalidade de acervo, frota de tração animal; Esta lei está fundamentada especificamente no §9º do art. 165
Valores: ações, apólices, joias, moedas, etc. Em geral são bens da Constituição Federal, bem como em seus artigos 163 a 169, que
de terceiros recolhidos pelo Estado para quitação de dívidas; deixam clara a intenção de promover a eficiência da administração
Créditos: são resíduos ativos ou dívida ativa, assim como os di- financeira, dando à sociedade maior poder de controle sobre o Es-
reitos de receber valores de servidores através de sanções impostas tado. Seus pilares são a responsabilidade, o controle e a transparên-
aos mesmos. cia, pontos estes considerados quesitos fundamentais para a boa
administração pública.
O art. 105 da Lei 4320, de 1964, ainda classifica os itens da No que diz respeito à transparência, os artigos 48 e 49 da LRF,
substância patrimonial em dois grandes grupos: o Ativo Financeiro alterada pela Lei Complementar 131/2009 são claros quanto aos
e o Ativo Permanente. O primeiro são valores que podem ser mo- critérios adotados:
vimentados independentes de autorização legislativa e o segundo Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos
agrupa os bens e valores que, se movimentados, causam variações quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos
no balanço patrimonial, necessitando, portanto, de autorização le- de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça-
gislativa para movimentação. mentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
Depreciação de Bens Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
Por depreciação de bens do ativo imobilizado entende-se a per- Parágrafo único. A transparência será assegurada também me-
da do valor dos elementos classificáveis – resultado de desgaste por diante:
uso, ação da natureza ou obsolescência normal. Esta perda de valor I – incentivo à participação popular e realização de audiências
deve ser registrada, conforme indica o site da Receita Federal: públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla-
Referida perda de valor dos ativos, que têm por objeto bens nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;
físicos do ativo imobilizado das empresas, será registrada periodi- II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
camente nas contas de custo ou despesa (encargos de depreciação sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
do período de apuração) que terão como contrapartida contas de execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de aces-
registro da depreciação acumulada, classificadas como contas reti- so público;
ficadoras do ativo permanente (RIR/1999, art. 305). III – adoção de sistema integrado de administração financeira
A taxa de depreciação aplicável é obtida mediante a divisão de e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido
100% pelo prazo de vida útil, sendo mensal, trimestral ou anual, pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.
apurando-se, dessa forma, a taxa periódica a ser utilizada, ainda Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
conforme Regulamento do Imposto de Renda de 1999. único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (artigo
Controle Patrimonial acrescido p/LC 131/2009)
Os bens patrimoniais são controlados por repartição específica, I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
dentro de cada ente estatal, sendo responsabilidade de cada setor. gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
Conforme imposição legal, de acordo com a Lei Federal n° 4.320, de realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
17 de março de 1964: número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
permanente, com indicação dos elementos necessários para a per- e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;
feita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
pela sua guarda e administração. a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex-
Art. 95. A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens traordinários.
móveis e imóveis. Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
elementos da escrituração sintética na contabilidade. consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
Cabe ao ente estatal responsável pelo bem patrimonial: monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
· registrar as incorporações e baixas dos bens existentes; de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
· registrar e informar a localização dos bens, bem como con- nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
trolar ; concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
· controlar a movimentação de bens; ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
· registrar os responsáveis pelos bens; e emitir relatórios dos tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
bens de acordo com local de utilização. Deve, então, o gestor em exercício, além de prestar contas à
União, divulgar, semestralmente, estas prestações de contas, para
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL devido cumprimento da LRF.
A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 – conhe-
cida com Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), teve como relatores Lei de responsabilidade fiscal x Patrimônio Público
o Deputado Pedro Novais-MA e o Senador Jefferson Peres-MA e Em seus artigos 44, 45 e 46, a Lei de Responsabilidade Fiscal
entrou em vigor em 04 de maio de 2000. Seus principais objetivos apresenta medidas que se destinam à preservação do patrimônio
são incentivar a participação popular no âmbito fiscal e propor os público. Entre estas medidas, está a que estabelece que o capital
meios pelos quais os interessados possam se utilizar para fiscalizar resultante da venda de bens móveis, imóveis e de direitos que in-

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
tegrem o patrimônio público não poderá ser aplicado em despesas correntes, excetuando-se casos que a lei autorizativa o destine aos
financiamentos de regimes de previdência social, geral e própria de servidores. Partindo deste pressuposto, tais recursos, também cha-
mados de receita de capital, decorrentes de desincorporação por venda de ativos, somente poderão ser aplicados em despesa de capital,
desincorporando dívidas passivas por meio de amortização da dívida ou incremento de outro ativo, sempre preservando o valor do patri-
mônio público.
Assim, esse dispositivo torna-se um aperfeiçoamento do art. 11 da Lei Federal 4320, de 17 de março de 1964, que considera o supe-
rávit do orçamento corrente como receita de capital, estabelecendo que esse capital deve ser empregado em financiamento de despesas
de capital.
Títulos da dívida pública, tanto estadual quanto municipal, bem como papéis de empresas controladas pelo respectivo ente, também
não poderão receber aplicações deste capital disponíveis. Há também proibições quanto à concessão de empréstimos – não deve ser
utilizado o capital citado para tal fim, tanto para segurados quanto para o poder público ou empresas controladas; e, outra media consi-
derada importante, estabelece que o orçamento não possa consignar dotação para investimentos novos enquanto os que estiverem em
andamento não forem adequadamente atendidos, observando-se a contemplação das despesas de conservação do patrimônio público.
A gestão do patrimônio público apresenta histórico de insuficiência e inadequação operacionais. A LRF veio para gerir estas lacunas,
garantindo a transparência, com maior controle e responsabilidade imputada a cada gestor ligado ao governo, que tenha sob seu poder,
bens patrimoniais públicos de quaisquer espécies.

HIERARQUIA E AUTORIDADE

A organização consiste em um conjunto de posições funcionais e hierárquicas orientado para o objetivo econômico de produzir bens
ou serviços.
Além de uma estrutura de funções especializada, a organização precisa também de uma estrutura hierárquica para dirigir as operações
dos níveis que lhe estão subordinados.
Em toda organização formal existe uma hierarquia que divide a organização em camadas ou níveis de autoridade.
Na medida em que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de autoridade do administrador.

Quanto maior a organização, maior tende a ser o número de níveis hierárquicos da estrutura.

Organograma: é um gráfico que representa a estrutura formal de uma organização.

Autoridade
Para Max Weber, a Autoridade poderia se manifestar sobre três formas: Para Max Weber a Autoridade ou Dominação se manifesta
quando há a influência de alguém sobre outrem de forma legítima. Nesse ponto cabe uma distinção sutil com o conceito de Poder, que, de
uma forma bem simplificada e reduzida, seria a capacidade de influência de alguém sobre outrem, mas, sem, propriamente, legitimidade
- quem tem autoridade tem poder mas quem tem poder não necessariamente teria autoridade.

1) A autoridade tradicional
Baseia-se nos costumes e tradições culturais de um determinado grupo ou sociedade, sendo melhor representada pelas figuras de
patriarcas, anciãos, clãs em sociedades antigas, ou pelo senhor feudal na Idade Média ou mesmo pela família. A legitimação deste tipo de
autoridade decorre dos mitos, costumes, hábitos e tradições, que passam de geração para geração ou é delegado, dependente da crença
na santidade dos hábitos. A principal característica é o patrimonialismo. 

2) A autoridade carismática
Sua fonte decorre dos traços pessoais de um indivíduo, ou seja, é algo personalístico, místico, arbitrário, baseado no carisma. Não é
racional, herdada ou delegável, já que própria de alguém. Quem melhor representa este tipo de autoridade são profetas, heróis, líderes,
guerreiros, que acabam por se manifestar em grupos revolucionários, partidos políticos, nações em revolução. Devido à essas caracterís-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
ticas, não é uma autoridade estável ou constante, pois a lealdade A eficiência não se preocupa com os fins, mas apenas com os
decorre da devoção ou reconhecimento de que os traços pessoais meios, ela se insere nas operações, com vista voltada para os aspec-
são legítimos e, não propriamente as qualificações do indivíduo. tos internos da organização. Logo, quem se preocupa com os fins,
Tão logo essas características não sejam mais reconhecidas como em atingir os objetivos é a eficácia, que se insere no êxito do alcan-
legítimas, a autoridade é perdida. ce dos objetivos, com foco nos aspectos externos da organização.
À medida que o administrador se preocupa em fazer correta-
3) A autoridade racional-legal mente as coisas, ele está se voltando para a eficiência (melhor uti-
Esta é a única autoridade considerada racional por Weber, sen- lização dos recursos disponíveis). Porém, quando ele utiliza estes
do fundamentada nas regras e normas estabelecidas por um regu- instrumentos fornecidos por aqueles que executam para avaliar o
lamento reconhecido e aceito por uma determinada comunidade, alcance dos resultados, isto é, para verificar se as coisas bem feitas
grupo ou sociedade. É a base do Estado moderno, assumindo ca- são as que realmente deveriam ser feitas,
racterísticas impessoais, formais e meritocráticas. Sua legitimidade então ele está se voltando para a eficácia (alcance dos objetivos
decorre da lei, da justiça. Toda organização formal (Estado, empre- através dos recursos disponíveis) (Chiavenato, 1994, p. 70).
sas, exércitos, etc) tem como base este tipo de autoridade, que cria O autor diz que nem sempre se é eficiente e eficaz ao mesmo
“figuras de autoridade” com direitos e obrigações. tempo. Uma organização pode ser eficiente e não ser eficaz e vice-
Os três tipos expostos são ideais, não no sentido de que deve- -versa. O ideal é ser igualmente eficiente e eficaz.
riam ser estes os existentes na realidade, mas no sentido de serem Chiavenato oferece pitorescos exemplos para diferenciar os
projeções “utópicas”, que não podem ser encontradas de forma conceitos: eficiência é ir à igreja, enquanto eficácia é praticar os va-
pura na realidade, apresentando-se, frequentemente, combinados. lores religiosos; eficiência é rezar, enquanto eficácia é ganhar o céu;
O propósito de Weber era fazer uma construção intelectual, exa- ou ainda utilizando um outro exemplo, eficiência é jogar futebol
gerando alguns aspectos da realidade, possibilitando uma melhor com arte, enquanto eficácia é ganhar o jogo.
compreensão da Sociedade em que vivemos.. Sérgio Rodrigues Bio (1996), caminha no mesmo sentido no
A autoridade se distingue por três características: que diz respeito aos conceitos. Para ele “eficiência diz respeito a
1. Autoridade é alocada em posições da organização e não em método, a modo certo de fazer as coisas. (...)
pessoas. Os administradores têm autoridade devido às posições Uma empresa eficiente é aquela que consegue o seu volume
que ocupam. Outros administradores nas mesmas posições têm a de produção com o menor dispêndio possível de recursos. Portan-
mesma autoridade. to, ao menor custo por unidade produzida”. Já a “eficácia diz respei-
2. Autoridade é aceita pelos subordinados. Os subordinados to a resultados, a produtos decorrentes de uma atividade qualquer.
aceitam a autoridade dos superiores porque acreditam que eles Trata-se da escolha da solução certa para determinado problema ou
têm o direito legítimo, transmitido pela organização, de dar ordens necessidade. (...) Uma empresa eficaz coloca no mercado o volume
e esperar o seu cumprimento. pretendido do produto certo para determinada necessidade” (BIO,
3. Autoridade flui abaixo por meio da hierarquia verticalizada. 1996, p. 21).
A autoridade flui do topo até a base da organização e as posições do Porém, o autor vincula a eficácia à eficiência: “(...) a eficácia
topo têm mais autoridade do que as posições da base. depende não somente do acerto das decisões estratégicas e das
ações tomadas no ambiente externo, mas também do nível de efi-
O grau de autoridade é proporcional ao grau de responsabi- ciência(...)” (BIO, 1996, p. 22).
lidade assumida pela pessoa. Para os autores neoclássicos, a res- Leon C. Megginson, Donald C. Mosley e Paul H. Pietri Jr. dizem
ponsabilidade provém da relação superior-subordinado e do fato que uma das formas de se medir o desempenho organizacional re-
de alguém ter autoridade para exigir determinadas tarefas de ou- fere-se à eficiência e à eficácia, conceitos que, segundo eles, são
tras pessoas. A autoridade emana do superior para o subordinado, bem diferentes.
enquanto a responsabilidade é a obrigação exigida do subordinado Para os autores:
para que realize tais deveres. eficiência é a capacidade de ‘fazer as coisas direito’, é um con-
ceito matemático: é a relação entre insumo e produto (input e ou-
tput). Um administrador eficiente é o que consegue produtos mais
EFICIÊNCIA, EFICÁCIA, PRODUTIVIDADE E COMPETITI- elevados (resultados, produtividade, desempenho) em relação aos
VIDADE insumos (mão-de-obra, material, dinheiro, máquinas e tempo) ne-
cessários à sua consecução. Em outras palavras, um administrador é
considerado eficiente quando minimiza o custo dos recursos usados
Sob o prisma da Ciência Administrativa, faz-se necessária a para atingir determinado fim. Da mesma forma, se o administrador
verificação dos tradicionais conceitos de eficiência e eficácia e de consegue maximizar os resultados com determinada quantidade de
outro mais novo, a efetividade. A partir desse embasamento, será insumos, será considerado eficiente (Megginson et al, 1998, p. 11).
analisado o entendimento da Ciência Jurídica acerca da introdução Por outro lado, “eficácia é a capacidade de ‘fazer as coisas cer-
do Princípio da Eficiência na CF. Serão vistos os principais debates e tas’ ou de conseguir resultados. Isto inclui a escolha dos objetivos
dúvidas sobre o tema e, ainda, apresentadas algumas observações. mais adequados e os melhores meios de alcançá-los. Isto é, admi-
Idalberto Chiavenato ensina que toda organização deve ser nistradores eficazes selecionam as coisas ‘certas’ para fazer e os
analisada sob o escopo da eficácia e da eficiência, ao mesmo tem- métodos ‘certos’ para alcançá-las” (Megginson et al, 1998, p. 11).
po: James A. F. Stoner e R. Edward Freeman dizem que:
eficácia é uma medida normativa do alcance dos resultados, Peter Drucker propôs o julgamento do desempenho de um ad-
enquanto eficiência é uma medida normativa da utilização dos re- ministrador através dos critérios gêmeos de eficácia – capacidade
cursos nesse processo. (...) A eficiência é uma relação entre custos de fazer as coisas ‘certas’ – e eficiência – a capacidade de fazer as
e benefícios. Assim, a eficiência está voltada para a melhor maneira cosias ‘certo’. Desses dois critérios, pelo que sugere Drucker, a efi-
pela qual as coisas devem ser feitas ou executadas (métodos), a fim cácia é o mais importante, já que nenhum nível de eficiência, por
de que os recursos sejam aplicados da forma mais racional possível maior que seja, irá compensar a escolha dos objetivos errados (Sto-
(...) (Chiavenato, 1994, p. 70). ner e Freeman, 1995. p. 136).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Richard L. Daft diz que: segundo o autor, eficiência tem foco na relação custo/benefício,
eficiência é um conceito mais limitado que diz respeito aos tra- enquanto efetividade se concentra na qualidade do resultado e na
balhos internos da organização. A eficiência organizacional é o vo- própria necessidade de certas ações públicas.
lume de recursos utilizados para produzir uma unidade de produto. Conforme comentado anteriormente, a introdução do Princí-
Ela pode ser medida como a razão entre as entradas e as saídas. Se pio da Eficiência na Constituição Federal, através da Emenda Cons-
uma organização puder conseguir um determinado nível de produ- titucional no. 19, representou um marco para a administração pú-
ção com menos recursos que outra, diz-se que ela é mais eficiente blica brasileira.
(Daft, 1999, p. 39). A Constituição de 1988 representou, para a gestão pública, um
Segundo o autor, “a eficácia organizacional é o grau em que retrocesso ao modelo burocrático. Portanto, a edição da Emenda
a organização realiza seus objetivos. Eficácia é um conceito abran- Constitucional no. 19 significa uma verdadeira mudança de para-
gente. Ele implicitamente leva em consideração um leque de variá- digma e a possibilidade de importantes avanços para o campo pú-
veis tanto do nível organizacional como do departamental. A efi- blico. Com ela, tem-se a permissão legal para se adotar no Brasil as
cácia avalia a extensão em que os múltiplos objetivos – oficiais ou reformas gerenciais.
operativos – foram alcançados” (Daft,1999, p. 39). A EC 19 contém numerosos artigos com significativas inovações
O autor diz que a eficácia é difícil de ser medida nas organiza- e expressamente traz o Princípio da Eficiência:
ções e tem opinião parecida sobre a relação entre eficácia e eficiên- “Art 37- A administração pública direta e indireta de qualquer
cia que Chiavenato: dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Às vezes a eficiência conduz à eficácia. Em outras organizações, nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
eficiência e eficácia não são relacionadas. Uma organização pode moralidade, publicidade e eficiência,(...)”
ser altamente eficiente e não conseguir seus objetivos porque fa- Nesse momento, ao analisar o texto constitucional, cabe recur-
brica um produto para o qual não existe demanda. De maneira aná- so aos ensinamentos da Ciência Jurídica.
loga, uma organização pode alcançar suas metas de lucros, mas ser O renomado Hely Lopes de Meirelles diz que:
ineficiente (Daft, 1999, p. 39). o Princípio da Eficiência exige que a atividade administrativa
Torres traz os dois conceitos para a área pública: seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o
Eficácia: basicamente, a preocupação maior que o conceito mais moderno princípio da função administrativa, que já não se
revela se relaciona simplesmente com o atingimento dos objetivos contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo
desejados por determinada ação estatal, pouco se importando com resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimen-
os meios e mecanismos utilizados para atingir tais objetivos. Eficiên- to das necessidades da comunidade e seus membros (Meirelles,
cia: aqui, mais importante que o simples alcance dos objetivos es- 2002, p. 94).
tabelecidos é deixar explícito como esses foram conseguidos. Existe Maria Sylvia di Pietro cita a mesma definição do Prof Meirelles
claramente a preocupação com os mecanismos utilizados para ob- e acrescenta definição dada por Carvalho Simas, que esse dever de
tenção do êxito da ação estatal, ou seja, é preciso buscar os meios eficiência corresponde ao dever de boa administração da doutrina
mais econômicos e viáveis, utilizando a racionalidade econômica italiana, o que já se acha consagrado, entre nós, pela Reforma Ad-
que busca maximizar os resultados e minimizar os custos, ou seja, ministrativa Federal do Dec. Lei 200/67, quando submete toda a
fazer o melhor com menores custos, gastando com inteligência os atividade do Executivo ao controle de resultado, fortalece o sistema
recursos pagos pelo contribuinte (Torres, 2004, p. 175). de mérito, sujeitando a administração à eficiência administrativa e
Modernamente, a literatura especializada achou por bem in- recomendando a demissão ou dispensa do servidor comprovada-
corporar um terceiro conceito, mais complexo que eficiência e efi- mente ineficiente ou desidioso.
cácia. Trata-se da efetividade, especialmente válida para a adminis- A autora ainda diz tratar-se de ideia muito presente entre os
tração pública. objetivos da Reforma do Estado. Com esse objetivo estão sendo
A efetividade, na área pública, afere em que medida os resulta- idealizados institutos, como os contratos de gestão, as agências au-
dos de uma ação trazem benefício à população. Ou seja, ela é mais tônomas, as organizações sociais e tantas outras inovações com que
abrangente que a eficácia, na medida em que esta indica se o obje- depara o administrador a todo o momento.
tivo foi atingido, enquanto a efetividade mostra se aquele objetivo Alexandre de Moraes (2000) diz que este princípio obriga a
trouxe melhorias para a população visada. Administração direta e indireta e seus agentes a prática do bem
Mais uma vez vale a pena recorrer a Torres. Para ele: comum, por meio do manejo de suas competências de maneira im-
efetividade: é o mais complexo dos três conceitos, em que a parcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia
preocupação central é averiguar a real necessidade e oportunida- e sempre almejando a qualidade, bem como adotando os critérios
de de determinadas ações estatais, deixando claro que setores são necessários para melhor utilização dos recursos públicos.
beneficiados e em detrimento de que outros atores sociais. Essa Por outro lado, Celso Antônio Bandeira de Mello tem uma visão
bem crítica sobre a introdução do princípio:
averiguação da necessidade e oportunidade deve ser a mais de-
Trata-se, evidentemente, de algo mais do que desejável. Con-
mocrática, transparente e responsável possível, buscando sintoni-
tudo, é juridicamente tão fluido e tão difícil o controle ao lume do
zar e sensibilizar a população para a implementação das políticas
Direito, que mais parece um simples adorno agregado ao artigo 37
públicas. Este conceito não se relaciona estritamente com a ideia
ou o extravasamento de uma aspiração dos que buliram no texto.
de eficiência, que tem uma conotação econômica muito forte, haja
(...) Finalmente, este princípio é uma faceta de um princípio mais
vista que nada mais impróprio para a administração pública do que
amplo já superiormente tratado há muito tempo no Direito italiano:
fazer com eficiência o que simplesmente não precisa ser feito (Tor-
o princípio da boa administração.
res, 2004, p. 175).
Lúcia Valle Figueiredo também não vê a novidade com bons
Torres ainda relaciona os conceitos de eficiência e efetividade olhos:
às reformas gerenciais. é de se perquirir o que muda com a inclusão do princípio da
À medida que aumentam as preocupações com a melhoria da eficiência, pois, ao que se infere, com segurança, à Administração
qualidade do Estado, as preocupações com eficiência e efetivida- Pública sempre coube agir com eficiência com seus cometimentos.
de vão se sobrepondo às limitadas questões de ajuste fiscal. Ainda Na verdade, no novo conceito instaurado de Administração Geren-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
cial, de ‘cliente’, em lugar de administrado, o novo ‘clichê’ produzido gerencial sobre o Estado e, mais ainda, todas as ações do Estado
pelos reformadores, fazia-se importante, até para justiçar perante devem ocorrer no sentido de que os objetivos desejados pela admi-
o país as mudanças constitucionais pretendidas, trazer ao texto o nistração devam ser alcançados, com os melhores meios possíveis,
princípio da eficiência. Tais mudanças, na verdade, redundaram em atendendo às necessidades da população visada. Portanto, dizer
muito pouco de substancialmente novo, e em muito trabalho aos que a Constituição naquele momento se referia somente aos meios
juristas para tentar compreender figuras emprestadas sobretudo é um contrassenso.
do Direito Americano, absolutamente diferente do Direito Brasileiro Outros autores podem afirmar que a vontade do legislador
(Figueiredo, 2001, p. 63). deve ser levada em consideração e que o princípio englobaria o
O Prof Antônio Carlos da Cintra do Amaral, renomado jurista, conceito de eficácia, como pode se inferir da opinião de mestres
escreveu um artigo intitulado “O Princípio da Eficiência no Direito como Moraes e Di Pietro.
Administrativo”, na revista eletrônica Diálogo Jurídico, no. 13, de Ou seja, para alguns autores o legislador, ao anunciar o princí-
junho/agosto de 2002. pio da eficiência, estaria englobando também os princípios da efi-
Neste artigo, o autor afasta conjecturas sobre a vontade do le- cácia e da efetividade, ou, pelo menos, o primeiro. Os três ou dois
gislador e sobre a preocupação que ocorreu no Congresso Nacional princípios estariam condensados em um só. Seria como afirmar que
sobre a tramitação da proposta de emenda constitucional. Para ele, os Constituintes não conheciam ou não levaram em conta a diferen-
esses fatores não são de nenhuma relevância para a interpretação ciação oriunda da Ciência Administrativa.
das normas. Nesse caso, o que deve prevalecer é o significado ob- Trilhando essa vertente se avista a solução. O artigo 74 data
jetivo do princípio da eficiência, contido no ‘caput’ do art. 37 da CF. da redação original da Constituição. Sempre o tema de Controle In-
Em seguida, Amaral remete ao significado comum das palavras terno sofreu muita influência da Ciência da Administração. Daí a
eficiência e eficácia no dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, menção à eficiência e eficácia.
no qual elas são consideradas sinônimas. Como acha insuficiente, Já a redação da EC 19 se deu em outra realidade. O que se bus-
na busca do significado de eficiência recorre à ciência da Adminis- cava era a modernização da administração pública. Uma mudança
tração, mais especificamente aos conceitos de Idalberto Chiavena- de paradigmas do modelo burocrático, que se preocupava princi-
to, para diferenciar eficiência de eficácia. palmente com meios, para o modelo gerencial, com ênfase em re-
Ao analisar os conceitos da administração, diz que a distinção sultados.
também existe na ciência do Direito, na doutrina civilista, que dis- A introdução do Princípio da Eficiência significou um norte, um
tingue, obrigações de meio e obrigações de resultado. estímulo, uma indicação de caminho para a administração pública.
Nesse sentido, cita Orlando Gomes: Ela não se satisfazia somente com o controle, ela queria resultados.
para compreender a discrepância, impõe-se a distinção entre A administração pública no Brasil é pendular. Ora gravita para
as obrigações de meios e as obrigações de resultado. Correspondem o controle, ora para a flexibilidade. A Constituição de 1988 foi um
as primeiras a uma atividade concreta do devedor, por meio da qual movimento no sentido do controle. A Emenda Constitucional 19 um
faz o possível para cumpri-las. movimento para a flexibilidade.
Nas outras, o cumprimento só se verifica se o resultado é atin- Outra controvérsia acerca do Princípio da Eficiência é sua rela-
gido (Gomes, 1984, p. 21). ção com outros princípios, notadamente o Princípio da Legalidade.
E vai buscar correspondência ainda com o Direito Italiano em Amaral ressalta que não vê oposição entre os princípios da efi-
Alberto Trabucchi, que afirma: “se a obrigação é de resultado, o ciência e o da legalidade, na medida em que a atuação do agente
adimplemento se entende verificado somente quando o resultado administrativo deve ser eficiente e legal.Di Pietro afirma que a efi-
é alcançado; se é de meios, a obrigação é cumprida quando é em- ciência é princípio que soma aos demais impostos à administração,
pregada a atividade que se podia exigir da diligência do bom pai de não podendo sobrepor-se a nenhum deles, especialmente ao da
família” (Trabucchi, 1991. p. 476). legalidade, sob pena de gerar sérios riscos à segurança jurídica e ao
Conclui dizendo que “entendo que o princípio da eficiência, próprio Estado de Direito.
contido no ‘caput’ do art. 37 da Constituição, refere-se à noção de Bento diz que se pode presumir a possibilidade de ocorrer con-
obrigações de meios. Ao dizer-se que o agente administrativo deve flito entre o princípio da eficiência e o da legalidade, ou mesmo o
ser eficiente, está-se dizendo que ele deve agir, como diz Trabucchi,
da moralidade. Argumenta que uma saída para essa questão seria o
com ‘diligência do bom pai de família’”.
princípio da eficiência ser usado para barrar atos ineficientes, ainda
E argúi se o artigo é de alguma utilidade ou é um simples ador-
que legais e morais, ou seja, uma arma contra a falta de inteligência
no como diz Celso Antônio Bandeira de Mello, demonstrando pou-
administrativa. Para este autor, dizer que a eficiência deve ocorrer
ca convicção acerca de sua serventia.
dentro dos limites da legalidade não resolve a questão, pois coloca
No entendimento de Amaral, o princípio contido no art 37 da
a eficiência em um patamar meramente residual. Mas é preciso ir
CF aborda apenas o conceito de eficiência, não englobando o da
além e verificar a questão da discricionariedade administrativa.
eficácia, nem tampouco, portanto, o da efetividade.
A própria Constituição reconhece a diferença entre eficiência e Uma saída seria:
eficácia. É o que fica patente com a leitura do artigo 74, que trata a distinção entre as instâncias superiores da administração, en-
de um sistema de controle interno integrado entre os Poderes Le- carregadas de formular as estratégias mais gerais a respeito das
gislativo, Executivo e Judiciário, inciso II: “comprovar a legalidade e políticas públicas além de estabelecer o seu marco regulatório, e
avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência da gestão orça- aqueles órgãos inferiores encarregados da sua implementação,
mentária, (...)” concentrando o projeto antidiscricionário sobre o topo da adminis-
Compartilhando da visão de Amaral, não se pode admitir que tração enquanto admite a flexibilização organizacional – posto que
a Constituição reconhece a distinção entre conceitos em um artigo sempre supervisionada, inclusive do ponto de vista da eficiência –
e não o faz em outro. Tal hipótese seria completamente absurda. na sua base (Bento, 2003. p. 149).
Nessa seara, pode-se concluir que a CF, ao tratar do princípio da Aqui cabe discordar da visão de Bento. Ao se avaliar uma ação
eficiência, não faz menção à eficácia, nem tampouco à efetividade. estatal sob o prisma da eficiência e sob o da legalidade, não se está
Surge então um questionamento fundamental. É viável ou diminuindo nenhum dos dois princípios. A Constituição determinou
mesmo desejável um Estado eficiente, mas que não seja eficaz nem que os Poderes obedecerão aos princípios da eficiência e da legali-
efetivo? É claro que a resposta é negativa. Toda a moderna teoria dade. Logo, todos os atos públicos deverão caminhar sob o resguar-

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
do de ambos os princípios. Não pode haver choque entre eles. Não preços competitivos. Para que isso aconteça às empresas precisam
se pode admitir uma ação dentro dos limites da legalidade e não conhecer muito bem o mercado que querem atender ou atendem
atinente à eficiência, ou vice-versa. (nicho de mercado), verificar a melhor estratégia de atuação, recur-
Nesse momento, poderia haver o questionamento se esses sos e tecnologia necessárias para a obtenção de produtos, aquisição
debates sobre conceitos jurídicos teriam alguma utilidade para a e controle de matérias primas, conhecer a atuação dos concorren-
administração. A resposta com certeza seria positiva. Em toda a tes, a utilização correta da informação que quando bem utilizada e
oportunidade que alguém ligado a qualquer ciência afirmar que o organizada representa o meio de integrar as diversas funções, pro-
Princípio da Eficiência só diz respeito aos meios, que ele é somente cessos e setores e outros tantos conhecimentos necessários para
um adereço e que guarda alguma objeção ao Princípio da Legalida- obter o sucesso desejado. Em resumo isto significa ter qualidade.
de, poderá ser respondido pelo administrador público. A qualidade representa um modo de gestão das organizações
A Emenda Constitucional 19 visou à boa administração, a admi- em que as pessoas devam fazer as coisas certas, no tempo certo e
nistração capaz de proporcionar bem estar à população. Ela não foi ao menor custo e para isso precisam dominar e usar o conhecimen-
um adereço. Ela permite que leis infraconstitucionais adotem me- to necessário para a organização da empresa.
canismos inovadores, sob a alegação de que estão de acordo com o
Princípio da Eficiência. Qualidade
A partir dela, toda conduta do governante estritamente legal Qualidade são aspectos de um produto ou serviço que lhe per-
sob o ponto de vista processual, mas que não traga benefícios prá- mitem satisfazer necessidades (Longenecker; Moore; Petty ,1997,
ticos, afronta a lei. Por exemplo, a construção de uma ponte. Não p. 470), Segundo Miranda (1994, p.5) as organizações precisam ge-
basta que o processo licitatório esteja dentro da conformidade legal rar produtos e serviços em condições de satisfazer as demandas dos
e que a construção seja feita na melhor relação entre qualidade e usuários finais – consumidores sob todos os aspectos.
preço. É necessário que estes pressupostos sejam cumpridos, mas Portanto, Gestão da Qualidade significa um modo de organiza-
impõe-se um passo adiante. A ponte tem de atender aos anseios ção das empresas para garantir produtos e serviços com qualidade,
das pessoas que dela se servirão. Ela tem de trazer benefícios à po- que envolvem alta conformação às especificações, aparência atra-
pulação. tiva do produto, respostas rápidas às mudanças de especificações,
A promulgação da emenda não significou um choque entre baixas taxas de defeitos, tempo curto de manufatura e aspectos
duas ciências. Ao contrário, representa um momento em que a tecnológicos tais como: tecnologia básica de processo, tecnologia
Ciência Jurídica, sob a influência dos administradores públicos, pro- dos materiais, tecnologia envolvida no processo de manuseio e tec-
duziu um texto condizente com as práticas modernas de gestão e, nologia de produção. O uso destas tecnologias associadas ao pro-
a partir daí, inclusive utilizando-se de conhecimentos jurídicos, a cesso da Gestão da Qualidade possibilita aumento da produtividade
Ciência da Administração pôde produzir significativos avanços na e, por conseguinte, influencia a sua própria competitividade. Essas
condução das políticas públicas. tecnologias podem representar um fator estratégico e competiti-
Surgiram as agências executivas, as agências reguladoras, as vo para o ambiente operacional, com relação a grande variedade
Oscips, as O.S., o contrato de gestão, o termo de parceria, a modali- de opções de arranjos do fluxo de trabalho que refletirá no pronto
dade de pregão no âmbito da licitação, e ocorreu o fim da unicidade atendimento ao cliente.
O gerenciamento da qualidade total é uma abordagem voltada
do regime jurídico único como obrigatoriedade. Essas, entre outras
para as operações gerenciais. A qualidade é inserida em um pro-
medidas, significaram a materialização dos pressupostos do Prin-
duto durante o processo operacional, e não acrescentada a ela na
cípio da Eficiência, a saber: a eficiência, a eficácia e a efetividade.
fase de inspeção. A qualidade de um produto é influenciada por seu
Na prática, o que se viu é que o Princípio da Eficiência ultrapas-
desing, pela qualidade de matérias primas e pelo desempenho dos
sou os limites do debate acadêmico e se instalou definitivamente na
empregados.
vida pública nacional. A partir dele, sob o escopo legal, abriu-se a
Com a atual realidade econômica as empresas para enfrentar a
possibilidade de se praticar a administração pública com eficiência,
competitividade precisam constantemente avaliar suas estratégias
eficácia e efetividade. Os pressupostos da moderna teoria gerencial de ação com relação à qualidade, em muitos momentos se depa-
podem ser adotados por qualquer governo, seja nos planos federal, ram com a questão da certificação ou seja ISO.
estadual ou municipal. ISO é a sigla de uma organização internacional, não governa-
Ou seja, a introdução desse princípio no ordenamento jurídico mental, que elabora normas internacionais que descrevem sistemas
é a autorização básica e necessária para introduzir a moderna teoria de qualidade. O Brasil participa da ISO através da ABNT (Associação
gerencial na administração pública brasileira. Brasileira de Normas Técnicas), que é uma sociedade privada, sem
Portanto, cabe agora aos gestores públicos dar as efetivas res- fins lucrativos, onde participam pessoas físicas e jurídicas, e reco-
postas à população, no sentido de garantir a ela a prestação de nhecida pelo governo brasileiro.
comodidades públicas condizentes com seus anseios reais, a tanto O processo de certificação é composto por círculos da quali-
tempo postos em segundo plano pelos governantes brasileiros. dade que se baseiam nas ideias dos empregados, reunindo-se pe-
riodicamente para identificar e resolver problemas. Inspeção que é
Produtividade e Competitividade o método tradicionalmente usado para manter o controle da qua-
Com as transformações ocorridas no cenário das organizações lidade. E o controle da qualidade moderno que envolve o uso de
em geral a maior preocupação das empresas é como competir com técnicas estatísticas, planos de amostragem, variáveis e atributos,
grandes e repentinas mudanças no mercado. para detectar e tratar problemas relacionados à qualidade. A admi-
Algumas empresas utilizam técnicas como Downsizing (redu- nistração da qualidade é importante nos negócios de serviço, bem
ção de pessoal) na tentativa de reduzir custos e consequentemente como na fabricação.
seus preços de venda. Outras tantas, investem em programas rela- Com um mercado cada vez mais competitivo as empresas se
cionados à qualidade, investimentos tecnológicos e outras técnicas deparam com um ambiente de alta pressão, exigindo das mesmas
propostas para se atingir o objetivo desejado. produtos ou serviços com padrões cada vez melhores, e muitas ve-
Na verdade as empresas devem ofertar produtos e serviços zes, para sobreviver são impelidas a serem flexíveis e inovadoras. A
que atendam as necessidades e expectativas do mercado, que se- certificação é uma forma da empresa demonstrar para o mercado
jam úteis, que cubram custos, que garantam lucros e que tenham produtos ou serviços com qualidade facilitando relações comerciais.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Produtividade oferece ao mercado produtos livres de defeitos, entregas rápidas,
A produtividade é considerada uma sincronia de estraté- isto associado aos programas operacionais que passam a contribuir
gias das empresas com o mercado, desta forma, Cerqueira Neto plenamente para atender seus consumidores.
(1991:43) a define como: “as grandes empresas se empenham na O modelo de gestão da qualidade procura atender prontamen-
implementação de programas de qualidade total, cujos resultados te aos requisitos da competitividade através da colocação de novos
não só garantem a plena satisfação dos clientes como também re- produtos e serviços, necessidade de oferecer produtos e serviços
duzem os custos de operação, minimizando as perdas, diminuindo com alta qualidade a custos relativamente baixos que os tornem
consideravelmente os custos com serviços externos otimizando a competitivos, capacidade rápida de inovação, dentre outras.
utilização dos recursos existentes.”
De acordo com Longenecker, Moore e Petty (1997, p. 484), pro- Informação e competitividade
dutividade é a eficiência com a qual os insumos são transformados A informação é muito mais que dados processados: são dados
em produção. coletados, organizados, ordenados, aos quais são atribuídos signifi-
A administração da produção/operações tem sofrido trans- cados e contexto.
formações imensas com as mudanças mercadológicas, alcance de Para ser competitivo é necessário conhecer o ambiente exter-
metas estratégicas e competitivas das organizações. As empresas no e o ambiente interno, definindo caminhos que garantam a conti-
precisam constantemente aprimorar produtividade, qualidade e nuidade empresarial. A empresa é entendida como um sistema que
eficiência, que exige bom estruturamento, comunicação fácil e am- engloba recursos físicos, humanos e organizacionais, para transfor-
biente de valorização do ser humano. Para que estejam enquadra- mar matérias primas em produtos na forma de bens e serviços. O
das neste contexto, algumas empresas adotaram e readequaram maior desafio das empresas é sempre ofertar produtos e serviços
técnicas de qualidade, queima de linhas de produtos não compe- que satisfaçam plenamente seus clientes, cobrindo seus custos e
titivos, adoção de fluxo de produção mais eficiente, dentre outros garantindo seus lucros.
processos que a tornem mais competitiva. A empresa para ser competitiva precisa levar em consideração
Tornou-se necessário sincronizar estratégias das empresas com atuação dos seus concorrentes diretos, fornecedores, clientes, ino-
o mercado e a manufatura, que atendam clientes, usuários e aque- vações (desenvolvimento de novos produtos), estratégias mercado-
les que os representam e os influenciam, ter consciência que a sa- lógicas, gerenciar materiais e operações e outros aspectos relevan-
tisfação está relacionada com o que a concorrência oferece e que tes para garantir sua participação no mercado.
a satisfação é conseguida durante toda a vida útil do produto não A informação está presente nas ações da empresa como um
apenas na hora da compra, significa dizer que a produtividade está todo, no conhecimento do mercado, definição de produtos, formas
baseada em melhorias contínuas internas que refletiram externa- de atuação do processo operacional, interligando sistemas como
mente. Desta forma, as empresas além de satisfazerem seus consu- suprimentos, compras, vendas entre outros envolvidos no cenário
midores, devem também ser melhores que seus concorrentes. empresarial e inter-relacionados. Tem por objetivo promover o co-
A gestão da qualidade trata o processo manufatureiro como nhecimento básico e orientações que se fazem necessárias a cada
um potencial alavancador de competitividade e como parte destas processo, função, desde que seja no momento certo e na quantida-
estratégias estão as obtenções de produtos sem erros, entregas de adequada.
rápidas ao consumidor, cumprimento de prazos de entregas, colo- A informação significa dados em uso e seu valor é determinado
cação de novos produtos no mercado dentro do prazo preestabe- pelo usuário. A informação utilizada no sistema empresarial pode
lecido, mix de produtos amplos conforme demanda do mercado, ser organizada de acordo com o ciclo empresarial, agrupada pela
estratégias adequadas para produzir a baixos custos. A gestão da sua similaridade e a estreita relação da organização em suas fun-
qualidade auxilia o setor operacional a administrar redução de per- ções e processos com a cadeia de informação que garante tomada
das e custos de operação, estrangulamentos das linhas de produ- de decisão precisa em tempo real.
ção, aprimoramento de métodos e testes de inspeção, otimização Sobrevivência e sucesso empresarial dependem completamen-
do tempo de produção, definição de manutenções preventivas, te da habilidade da organização para ajustar à dinâmica do am-
eliminação de retrabalhos e outras tomadas de decisão necessá- biente empresarial. Mudanças em informática geraram aberturas
rias para concretizar a gestão. Tanto as organizações de fabricação em acesso e controlam a informação e o conhecimento. O conheci-
quanto às de serviços usam um processo operacional que converte mento é inerente à vantagem competitiva e a tecnologia converte
insumos em produtos ou serviços. Esses tipos básicos de processos desafios em oportunidades.
são oficinas de trabalho, produção contínua e produção por lote. A Não há vantagem competitiva sustentável senão através do
programação adequada e o controle do fluxo de trabalho são ne- que a empresa SABE, como consegue UTILIZAR o que sabe e a rapi-
cessários tanto nas organizações de fabricação quanto de serviços. dez com que APRENDE algo novo.
A administração do conhecimento é a solução para as capaci-
Competitividade dades técnicas da empresa, para criar o conhecimento que impul-
A competitividade está diretamente ligada à eficiência empre- siona a empresa adiante. Administração do conhecimento significa
sarial. pensamento fora dos limites de praticas atuais, produtos, serviços e
Competitividade é a base do sucesso ou fracasso de um negó- organizações. O ambiente organizacional moderno exige inovação,
cio onde há livre concorrência. Aqueles com boa competitividade criatividade e ênfase no capital intelectual. A gestão do conheci-
prosperam e se destacam dos seus concorrentes, independente do mento é um processo, articulado e intencional, destinado a susten-
seu potencial de lucro e crescimento... tar ou a promover o desempenho global da organização, com base
Competitividade é a correta adequação das atividades do ne- no conhecimento.
gócio no seu microambiente. ( DEGEN, 1989, p.106-107) Ter controle, facilidade de acesso e manter um gerenciamento
A competição é o termômetro para as adaptações das ativida- integrado sobre essas informações passou a ser um diferencial para
des de uma empresa em relação ao seu nicho de mercado. Uma das que se possam atingir objetivos desejados, gerenciar informações
estratégias utilizadas pelas empresas para serem competitivas é a não é mais o bastante para as empresas, que tem como principal
diferenciação de seus produtos e/ou serviços. A gestão da qualida- objetivo atual administrar conhecimento.
de auxilia no processo de competitividade a partir do momento que

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Conhecimento significa informação interpretada, o que ela abrangente, uma cultura organizacional que inclua valores predo-
pode causar quando utilizada em determinadas tomadas de de- minantes para a inovação e, de especial relevância, a disposição
cisões. Saber como o meio reage às informações, anterver-se às para correr riscos e aprender com os próprios erros. O conhecimen-
mudanças e ser bem sucedido nos objetivos a que se propõe. A to apresenta tanto um componente tácito quanto um componente
administração do conhecimento envolve pessoas, tecnologia e pro- explícito e, em consequência disso, pode ser mais ou menos «ensi-
cessos, desta forma, utiliza o conhecimento acessível de fontes ex- nável». Analisada em termos de incremento do sucesso empresa-
ternas, embute e armazena conhecimento em processos de negó- rial, uma crescente vantagem competitiva de uma empresa está di-
cios, representa conhecimento em banco de dados e documentos, retamente relacionada à dificuldade com que outras possam copiar
promove crescimento do conhecimento através da cultura das or- seu conhecimento.
ganizações e incentivos, transfere e compartilha conhecimento ao O conhecimento não está somente nos indivíduos ou nas roti-
longo da organização e avalia o valor de ativos de conhecimento .O nas de trabalho das organizações, mas está cada vez mais presente
maior desafio da gestão do conhecimento encontra-se em objetivos nas redes de conhecimentos que ligam as organizações, e o desafio
corporativos x individuais, aprendizagem individual x grupal x or- está exatamente em perceber e enfrentar as limitações das novas
ganizacional, subculturas executiva x técnica x operacional, vínculo tecnologias de informação que permitem a existência desta rede,
com criação de valor e infraestrutura tecnológica. uma vez que estas tecnologias têm se orientado mais no sentido
Embora informática e tecnologia representam uma grande par- de mover a informação de “uma cabeça para outra”, em vez de per-
te da administração do conhecimento, as pessoas continuam sen- mear as rotinas organizacionais.
do a força que dá movimento à administração do conhecimento. O As organizações se deparam com o conhecimento explícito que
conhecimento é criado apenas pelos indivíduos e a eles pertence. pode ser articulado na linguagem formal, inclusive em afirmações
Uma organização não pode criar conhecimento sem as pessoas. O gramaticais, expressões matemáticas, especificações, manuais e as-
que pode fazer é apoiar pessoas criativas e prover contextos para sim por diante, e o conhecimento tácito difícil de ser articulado a
que essas gerem conhecimento. Além da geração e/ou aquisição linguagem formal, sendo um conhecimento pessoal incorporado à
de conhecimento, é preciso cuidar para que ele seja catalogado, experiência individual envolvendo fatores intangíveis. A interação
transferido, assimilado e utilizado, ou seja, estoque, fluxos e con- entre essas duas formas complementares de conhecimento resulta
na principal dinâmica da criação do conhecimento na organização.
teúdos de conhecimento. Aprender com a experiência, aplicar o
Em síntese a administração do conhecimento é algo feito por
conhecimento adquirido da experiência, tratar situações comple-
pessoas. A tecnologia da informação é um recurso de apoio, mas o
xas, resolver problemas quando faltam informações importantes,
foco principal deve ser as mudanças necessárias nos processos da
determinar o que é importante, ter capacidade para raciocinar e
empresa (que precisam mudar para incorporar atividades de coleta
pensar, reagir rápida e corretamente a novas situações, compreen-
e utilização do conhecimento), os papéis e responsabilidades na or-
der imagens visuais, processar, ser criativo e imaginativo, utilizar
ganização (por exemplo, quem capta e quem conserva as informa-
heurística (normas práticas advindas da experiência) são algumas
ções) e os incentivos (por exemplo, o que fazer para que as pessoas
das características de um comportamento inteligente a serem
otimizadas na execução de qualquer atividade funcional em uma contribuam com seus conhecimentos). Os mais bem-sucedidos
empresa e são também características em que se observa uma ní- projetos organizacionais os quais focam o conhecimento devem dar
tida correlação entre conhecimento, aprendizagem e criatividade. atenção a uma sinergia significativa entre os fatores humanos, orga-
Tomada de decisão humana e a tomada de decisão organizacional nizacionais, técnicos e estratégicos.
está fundamentada no princípio que as organizações nunca podem Qualidade e produtividade são fatores chave para a competiti-
ser perfeitamente racionais, porque os seus membros têm habilida- vidade e sempre foi preocupação dos setores produtivos, em maior
des limitadas de processamento de informações. ou menor escala em diferentes setores.
Para que as organizações se tornem mais inteligentes é neces- A qualidade observou diferentes abordagens ao longo do tem-
sário construir tipos de habilidades de aprendizagem dentro das po sendo até hoje fator de sucesso para as empresas. Com o acir-
organizações, sendo requerido que estas sejam mais do que obriga- ramento da competição a qualidade passou a ser uma questão de
toriamente competentes na aprendizagem de circuito único (que se sobrevivência no mundo empresarial.
apoia em uma habilidade de detectar e corrigir o erro com relação No Brasil, a partir do inicio da década de 90, vem sendo ob-
a um dado conjunto de normas operacionais), também possuindo servado grande movimento em prol da melhoria da qualidade de
habilidades em termos de aprendizagem de circuito duplo (que produtos e serviços. A criação de programas, tais como, o Programa
depende de ser capaz de olhar de forma multifacetada uma dada Brasileiro da Qualidade e Produtividade, a abertura econômica que
situação, questionando a relevância das normas em funcionamen- expôs as empresas brasileiras a um ambiente de grande competi-
to). A aprendizagem se torna evidente dentro de uma organização ção, a evolução do cidadão brasileiro enquanto consumidor, que
quando em um determinado cenário seus membros experimentam passou a exercer mais plenamente seus direitos e deveres e a es-
uma situação problemática e questionam / investigam / refletem tabilização da moeda foram fatores indutores e decisivos para esse
em favor da organização. Transformam desafios em oportunidades movimento.
e confrontam o esperado com os resultados atuais das ações de A qualidade deixou a ser preocupação exclusiva dos técnicos,
modo a tornar evidentes os resultados e as expectativas. para ser de todos. O conceito atual é que qualidade é adequação ao
A aprendizagem no contexto organizacional pode tornar-se evi- uso, cujos requisitos devem estar preestabelecidos.
dente interpretando experiências passadas que levaram ao sucesso O mercado globalizado vem demandando novas abordagens
ou fracasso, analise entre ações e resultados organizacionais que in- em termos da questão da qualidade. Uma adequada gestão pela
dicarão ações futuras, visualização do cenário organizacional quan- qualidade, que tem decisiva contribuição para alavancar à compe-
to a desempenho, demanda e mudanças necessárias buscando a titividade, passou a ser decisiva para a sobrevivência das empresas.
minimização de interesses conflitantes, análise das teorias de ação Surgem as chamadas barreiras não tarifárias ou barreiras técni-
e propostas de reestruturação, descrição e análise das experiências cas, estabelecidas através da promulgação de normas, regulamen-
da organização. tos ou procedimentos de avaliação da conformidade. O fato é que
A construção e manutenção de um ambiente propício ao o espaço para dificultar o acesso a mercados através do estabele-
aprendizado favorece a criatividade, bem como motivação para o cimento de tarifas acabou para a grande maioria dos países, pas-
trabalho, pelo prazer e satisfação, um conhecimento e experiência sando estes a fazê-lo através das barreiras técnicas. Por avaliação

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
da conformidade entende-se a implementação de uma sistemática, com novos desafios e propósitos. Cada vez mais devem deixar sua
com regras preestabelecidas e devidamente acompanhadas e ava- postura isolada e procurar contribuir efetivamente na formação
liadas, que propicia adequado grau de confiança de que um pro- de linguagens comuns com outros departamentos, em especial
duto, processo ou serviço atende aos requisitos de uma norma ou naqueles processos em que atuam conjuntamente. Neste sentido,
regulamento técnico. pode ser mencionado o que deverá ocorrer com as seguintes áreas
A preocupação constante, do empresário moderno, é de ofe- funcionais Finanças: tem como propósito contabilizar ou medir os
recer sempre produtos e serviços com altos índices de qualidade. recursos intangíveis (conhecimentos) presentes nos processos de
Ser competitivo é encontrar métodos para reduzir o esforço físico, negócios empresariais;
encurtar o tempo de execução, diminuir custos, oferecer produtos Recursos Humanos: utilizando a gestão do conhecimento para
e serviços com alta qualidade e bons preços de venda. Entretanto, é fatores tais como a liderança, cultura corporativa, relações interfun-
necessário que as empresas conheçam seus pontos fortes e fracos cionais e gestão por competências;
internos e externos. O parâmetro para saber se uma empresa tem Qualidade: enfatizando processos empresariais, do fornecedor
competitividade, instaura-se no confronto com outras empresas si- até a entrega ao cliente, busca do conhecimento externo à empresa
milares existentes em diferentes regiões. para aprimorar técnicas administrativas como o benchmarking de
As empresas independentemente de seu porte, ramo ou lo- melhores práticas;
calização, precisam a todo instante da informação sobre diversos Tecnologia da Informação: inserindo nas organizações novas
assuntos e áreas do conhecimento, desta forma, para serem com- ferramentas de Tecnologia de Informação para a gestão do conhe-
petitivas precisam dominar e fazer uso do conhecimento necessá- cimento, considerando a visão estratégica que a empresa emprega
rio para ofertar ao mercado produtos e serviços que atendam suas nestes temas, aspectos humanos e comportamentais ligados ao uso
necessidades. destas ferramentas;
Uma empresa representa um sistema complexo, estruturado Engenharia: desenvolver produtos como um processo coor-
por funções e processos que devem agir de modo ordenado, inte- denado, através do uso da engenharia simultânea, com o envolvi-
grado e sincronizado. Representa um grande desafio para a gestão mento de pessoas de diferentes áreas funcionais, envolvimento de
de empresas fazer com que todos os seus elementos atuem ordena- clientes no projeto e da realização de experimentações, contribui,
damente em direção a sua razão de ser: o cliente. A gestão da quali- com as atividades ligadas à formação de competências centrais da
dade representa este meio, uma forma de organização da empresa empresa, para a criação de novos conhecimentos e inovações;
em busca de seus objetivos. Manufatura ou fabricação (área de produção da fábrica): con-
Um sistema da qualidade é basicamente um sistema de infor- tribuindo com mais espaços de conversão de conhecimentos tácito
mação. Permite ordenar o conhecimento usado na empresa, sincro- / explícito, mediante oportunidade dada por recursos como a pro-
nizando a atuação de pessoas, postos de trabalhos e fornecedores dução enxuta, que incentiva o agrupamento de visões diferentes
em busca de objetivos comuns, em direção ao sucesso da empresa. para a análise e solução de problemas da produção.
O fluxo de informação do processo, que representa o elemento bá- Marketing: trabalhando com as fontes de conhecimentos ex-
sico da organização das empresas, é que proporciona o devido meio ternos à empresa, por meio da mudança de foco que incorpora,
de comunicação entre os componentes da empresa, assegurando buscar e mostrar a realidade atual (pesquisas de mercado conven-
o fornecimento de produtos certos, com especificações de acordo cionais), o desenvolvimento de mecanismos para analisar tendên-
cias futuras;
com os requisitos dos clientes, nos prazos e quantidades corretas,
Vendas e serviços: incorporação de conhecimentos externos à
a um custo mínimo e plena satisfação das pessoas envolvidas com
empresa, com a acumulação de dados e informações sobre os clien-
a empresa.
tes em tempo real, que posteriormente podem ser trabalhados por
Estabelecer um sistema de organização de empresas com base
ferramentas de Tecnologia de Informação, voltadas à construção de
na gestão da informação representa um meio para ordenar o uso
conhecimentos mediante análises estatísticas e cruzamentos destes
do conhecimento necessário à atividade empresarial visando o su-
dados e informações.
cesso da mesma.
O uso dos conceitos de Gestão da Qualidade e Gestão do Co-
No contexto atual das empresas o conhecimento assume cada nhecimento como fatores chave para a produtividade e competi-
vez mais um papel central. Os recursos econômicos básicos passam tividade organizacional, pretende expor diversas visões ligadas a
a contar, além do capital, dos recursos naturais e da mão-de-obra estes contextos, buscando entender o impacto destes temas na
com dados para a formação de conhecimentos necessários aos pro- inovação dos processos organizacionais. Isso permite concluir que
cessos produtivos e de negócios. é impossível implementar a gestão da qualidade sem o devido uso
O conhecimento tem o seu valor e para o ambiente organiza- da informação.
cional o mesmo se faz presente através da aplicação de programas
da qualidade, produtividade, capacidade de inovar, aplicando o
conhecimento ao trabalho, criando os `trabalhadores do conhe-
cimento’, fazendo com que novos desafios se façam presentes: a
PROCESSO DECISÓRIO
produtividade do trabalho com o conhecimento e a formação deste
novo trabalhador possibilita a empresa competir e garantir sua per- Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir-
manência no mercado. rada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar
Para as organizações conhecimento significa aplicar um con- decisões sempre que estamos diante de um problema que apresen-
junto de regras, procedimentos e relações a um conjunto de dados ta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos
para que este atinja valor informacional. uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de
Uma informação idêntica, da mesma forma que um recurso adotar ou não essa opção.
físico, terá diferente valor para pessoas, locais e tempos diferen- O processo de escolher o caminho mais adequado para a em-
tes, variando então seu valor econômico conforme o contexto presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada
Com relação a essa integração da gestão do conhecimento com de decisão.
os processos empresariais da organização, as tradicionais áreas ou Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas
departamentos funcionais da empresa continuam existindo, mas de decisão:

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
• minimizar perdas;
• maximizar ganhos; e
• alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a orga-
nização e o estado em que irá se encontrar depois de implementada a decisão.

Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar todas
as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visando escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se decidiu,
possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse contexto de competitividade tão agressiva.

O que significa decidir


• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um conjunto de alternativas.”(Caravantes)
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de resol-
ver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral).
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o estado
desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação alternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema e sobre
a necessidade de uma decisão depende da percepção da pessoa.” (Robbins).
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões sejam
complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégicas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas pequenas
decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões que permite à
organização resolver problemas, aproveitar oportunidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)

Administrar é, em última análise, tomar decisões.


Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos financei-
ros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas durante a gestão
de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer escolhas, é preciso decidir!

Técnicas de análise e solução de problemas


O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou melhoria
de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser
dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização.
Esse método apresenta duas grandes vantagens:
• permite a solução de problemas de modo eficaz;
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsabili-
dade.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise de suas
causas, determinação e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solução e reali-
mentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que
maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode obter o maior
benefício para o menor esforço, o que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações passou pela idealização de um con-
ceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação e compro-
vação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, ele
procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como característica
a racionalidade utilizando lógica e dados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
O MASP é formado por oito etapas:

1. Identificação do problema
A identificação do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e crite-
riosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do resultado.
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades, concen-
trando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; e (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um problema que
mereça ser resolvido.

O que é um problema?
Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos propomos
resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo.
Exemplo:
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objetivos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los.
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes componentes:
• um objetivo a ser alcançado;
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e
• a situação inicial do problema.

Outro exemplo:
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Admi-
te-se a ocorrência de um problema apenas quando for constatado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10 parafusos
defeituosos por milhão produzido.

Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indesejável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um desem-
penho anterior aceitável.
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma situação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um con-
junto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser caracte-
rizados por:
(a) diferença entre situação real e ideal;
(b) situação adversa;
(c) missões e objetivos;
(d) situação que oferece escolhas;
(e) obstáculos ao tentar atingir metas; e
(f) desvios do comportamento esperado.

Passos da Etapa 1 – Identificação do problema


- Identificação dos problemas mais comuns
- Levantamento do histórico dos problemas

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis Passos da Etapa 4: Plano de ação
- Escolha do problema - Definir estratégia de ação.
- Formar a equipe e definir responsabilidades - Elaborar plano de ação.
- Definir o problema e a meta
Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto
2. Observação é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con- MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca- condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon-
tos de vista. 5. Ação
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen-
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução,
com uma investigação criminal observando que “os detetives com- iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
equipe que buscam a solução para um problema. ção foi feita de forma correta e conforme planejado.

3. Análise Passos da Etapa 5 – Ação


A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as - Divulgação e alinhamento
principais causas do problema. Se não identificamos claramente as - Execução das ações
causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias - Acompanhamento das ações
tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor-
tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se 6. Verificação
compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA
o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica- e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final
ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste (problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e
da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da- negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações
dos que deem ao processo um caráter objetivo. de melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoesti-
ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão, ma, crescimento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que
assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI).
“quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado
que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o resolvido até que as ações estejam completamente implantadas,
que se está perdendo e o que é possível ganhar. ela esteja sob controle e apresente uma melhoria em performan-
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza ce”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução
qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a implantada são essenciais por um período de tempo para que haja
organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível. confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este pon-
Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrên- to ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos nu-
cias de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a ima- méricos, comparados com os valores definidos e analisados usando
gem da organização, provocados pela perda de credibilidade em de- ferramentas da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram
corrência de algum defeito existente em um determinado produto? ou não atingidas.

Passos da Etapa 3 – Análise Passos da Etapa 6 – Verificação


- Levantamento das variáveis que influenciam no problema - Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Escolha das causas mais prováveis (hipóteses) - Listar efeitos colaterais não previstos.
- Coleta de dados nos processos - Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do pla-
- Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses no de ação)
- Teste de consistência da causa fundamental
- Foi descoberta a causa fundamental? 7. Padronização
1. Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham
2. 4. Plano de Ação sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela po-
Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden- dem ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo
tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro,
as formas de eliminá-las devem então ser encontradas. Para Ho- afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retor-
sotani esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as nar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o
verdadeiras causas do problema identificadas pela análise e então problema provavelmente acontecerá novamente quando novas
transformar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem
do processo em que o problema se apresenta, é possível que possa com o trabalho. A preocupação neste momento é, portanto, a rein-
existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as cidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da
causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem ação humana. A padronização não se faz apenas por meio de docu-
evitar que o problema se repita novamente. mentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma
dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui
a educação e o treinamento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Passos da Etapa 7 – Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão

8. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo o
processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendizado,
aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.

Passos da Etapa 8 – Conclusão


- Identificação dos problemas remanescentes
- Planejamento das ações antirreincidência
- Balanço do aprendizado
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.

O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da Qua-
lidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes e ramos.

FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu-
midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do
tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
ser tomada: da pirâmide hierárquica.
As decisões não programadas ou não estruturadas são neces-
Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fato- sárias em situações em que as decisões programadas não conse-
res que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e guem resolver.
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre Quando nos referimos a decisões não programadas nos refe-
custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restrito- rimos àquelas que resultam de problemas que não são bem com-
res, temos estudos de viabilidade das alternativas etc. preendidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocor- e não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de São situações inesperadas, que a organização está enfrentando
acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução,
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca cada uma com suas vantagens e desvantagens.
ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag-
de cada evento futuro. nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada
de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns
Tipos de decisões no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi-
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alter- râmide hierárquica.
nativas ou possibilidades.
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de pro- Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio-
blemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já
aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou que não existem soluções rotineiras.
estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional. Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam
nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influenciar tomar decisões não programadas durante o curso de definição de
estratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determi- metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias.
nada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas. Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoian- desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos-
do em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração
assertiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro que as metodologias de solução de problemas passados podem não
diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir. ser aplicáveis no caso em questão.
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
rente para se alcançar as soluções adequadas. sua tomada de decisão.
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com-
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques- Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais
colocada em prática. amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com
o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos-
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias suem consequências de longo prazo.
principais: as programadas e as não programadas. As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis
das unidades organizacionais ou departamentos.
Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma- Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no
mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos, dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida-
altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de
podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci- tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia,
sões são sempre semelhantes. referente a quem é o tomador de decisões:
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo, Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nas experiências anteriores por que passou. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante. vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio- marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul-
da pirâmide hierárquica. ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca- recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu-
todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência. me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor-
Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para
e rotineiras. decidir da melhor maneira possível”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da decisão o item de: Certeza, risco e incerteza - Podemos chamar de incer-
teza aquela situação que, muitas vezes, se configura por existirem informações insuficientes e dúbias para os tomadores de decisão. Isso
certamente inviabiliza a clareza das alternativas e traz consigo riscos inerentes, fazendo com que a decisão tomada se torne mais difícil de
ser operacionalizada.
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser necessário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mãos
informações de qualidade, o gestor precisa possuir também um conhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo seus
concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse grupo é
composto especialmente pelas organizações de grande porte.
É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica possíveis
ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem competitiva em relação às concorrentes.
• decisão em condições de certeza – ocorre quando há total conhecimento de todos os estados da natureza do processo decisório.
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão.
• decisão em condições de risco – ocorre quando não são conhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da natureza
do processo decisório.
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob condições de
risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de alternativas
ou resultados.
• decisão em condições de incerteza ou em condições de ignorância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados sobre as
circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer à intuição
e à criatividade.
• decisão em condições de competição ou em condições de conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo de
tomada de decisão são determinadas pela ação de competidores. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever que não
haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa decisão como uma decisão programada.

PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO E OPERACIONAL

A partir de agora falaremos sobre o princípio do Planejamento e tudo o que ocorre em função dele.
Se prestarmos atenção, “Planejar” é algo muito comum em nossa rotina. Planejamos nosso dia, nossos compromissos, nossas com-
pras, nossas prioridades, nossas ações, enfim, o planejamento está presente em quase toda situação.

Nas organizações também não poderia ser diferente, inclusive, planejamento dentro da gestão é elemento vital.
Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está relacionada com tudo aquilo que a organização pretende fazer, execu-
tar, alcançar.
Podemos considerar o planejamento como “o ato de determinar as metas da organização e os meios para alcançá-las”.

Dentro do conceito Planejamento, encontramos alguns princípios, abaixo uma conceituação feita por Djalma de Oliveira, para melhor
entendermos esses princípios.
- Princípio da precedência: corresponde a uma função administrativa que vem antes das outras (organização, direção e controle). Na
realidade é difícil separar e sequenciar as funções administrativas, mas pode-se considerar que, de maneira geral, o planejamento “do que
é e como vai ser feito” aparece na ponta do processo. Como consequência, o planejamento assume uma situação de maior importância
no processo administrativo.
- Princípio da contribuição aos objetivos: o planejamento deve, sempre, visar aos objetivos  máximos da empresa. No processo de
planejamento devem-se hierarquizar os objetivos estabelecidos e procurar alcançá-los em sua totalidade, tendo em vista a interligação
entre eles.
- Princípio da universalidade: prevê que abrange toda a organização e pode provocar mudança em todas suas esferas.
- Princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade: O planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiên-
cias. Através desses aspectos, o planejamento procura proporcionar a empresa uma situação de eficiência, eficácia e efetividade.

Partes do Planejamento
Planejamento dos fins – especificação do estado futuro desejado: a visão, missão, os propósitos, os objetivos, os objetivos setoriais,
os desafios e as metas.
Planejamento dos meios - proposição de caminhos para a empresa chegar ao estado futuro desejado
Planejamento organizacional – esquematização dos requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos
Planejamento dos recursos – dimensionamento de recursos humanos, tecnológicos e materiais. Estabelece-se programas, projetos e
planos de ação necessários ao alcance do futuro desejado.
Planejamento da implantação e do controle – corresponde à atividade de planejar o acompanhamento da implantação do empreen-
dimento

Na prática, podem-se distinguir três tipos de planejamento:


Planejamento Estratégico – é conceituado como um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido
pela empresa com o seu ambiente.
Relaciona-se a objetivos de longo prazo e com maneiras e ações par alcança-los, que afetam a empresa como um todo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de curto prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente uma parte
da empresa.
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com decompo-
sição dos objetivos e políticas estabelecidas no planejamento estratégico.

Desenvolvimento de planejamentos táticos

Pl a nejamentos
tá ti cos

Merca dológico
Res ultados Res ultados
Pl a nejamento Pl a nejamentos es perados pelas a presentados pelas
es tratégico Fi nanceiro operacionais uni dades uni dades
orga nizacionais orga nizacionais

Recurs os
huma nos

Produçã o

Orga ni zacional

R e troalimentação e avaliação

Planejamento Operacional – pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodo-
logias de desenvolvimento e implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e devem conter com
detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos a serem adotados; os produtos ou re-
sultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua execução e implantação.

Ciclo básico dos três tipos de planejamento

Planejamento Análise e Planejamento


estratégico da controle de tático da
empresa resultados empresa

Consolidação e
interligação dos Análise e
resultados controle de
resultados

Análise e Planejamentos
controle de operacionais das
resultados unidades organizacionais

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Em resumo: de homens, estabelecendo e justificando a hierarquia e a impessoa-
- O PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO cuida do relacionamen- lidade das normas. A burocracia e o planejamento se apresentam
to e da integração interna da organização (atribuição de Recursos com a imagem de neutralidade que mascara um conteúdo ideoló-
Humanos e de Finanças). gico eminentemente político, tratando-se de uma técnica eficiente
- O PLANEJAMENTO OPERACIONAL cuida das operações da em- de dominação social.
presa (atribuição de Compras, Vendas e Produção). Não é fácil submeter o operário a um trabalho rotineiro, irre-
flexivo e repetitivo, no qual, enquanto homem, ele seja reduzido a
gestos estereotipados (padronizados). Se o trabalhador não com-
DIVISÃO DO TRABALHO preende o sentido de sua ação e se o produto do trabalho não lhe
pertence, torna-se difícil dedicar com empenho a qualquer tarefa.
O taylorismo substitui as formas de coação visíveis, de violência di-
Nos sistemas domésticos de manufatura era comum o traba- reta, pessoal, de um feitor de escravos, por formas mais sutis que
lhador conhecer todas as etapas da produção, desde o projeto até a tornam o operário dócil e submisso. É um sistema que impessoaliza
execução. A partir da implantação do sistema fabril, no entanto, isto a ordem (não se sabe de onde ela vem), que não aparece mais com
não é mais possível, devido a crescente complexidade resultante da a face de um chefe que oprime, diluindo-se nas ordens de serviço
divisão do trabalho. vindas do setor de planejamento. Este mecanismo retira do operá-
A nova fase de produção envolve um pequeno grupo de pes- rio toda criatividade, cumprindo apenas ordens e recebe estímulos
soas que conhece, cria, planeja o que vai ser produzido, inclusive a para alcançar o grau exemplar de operário-padrão. O recurso de
maneira como vai ser produzido e o outro grupo é obrigado à sim- distribuição de prêmios, gratificações e promoções para se obter
ples execução do trabalho, sempre parcelado, pois a cada um cabe índices cada vez maiores de produção estimula a competição facili-
uma parte do processo. tando ao capitalista o controle absoluto do produto final.
A divisão do trabalho foi intensificada quando Frederick Taylor Marx viveu no período em que a explosão capitalista sobre o
(1856-1915), no livro Princípios de Administração Científica, esta- proletariado era muito explícito e por isso achava que o antagonismo
belece os parâmetros do método científico de racionalização da entre as classes chegaria ao ponto crucial em que o crescente empo-
produção, visando o aumento de produtividade com a economia de brecimento do operariado levaria à tomada de consciência da domi-
tempo, a supressão de gestos desnecessários e comportamentos nação e à consequente superação dela por meio da revolução. No en-
supérfluos no interior do processo produtivo. tanto, ocorreu a tendência oposta a partir da diminuição da exploração
O Taylorismo ou administração científica do trabalho surge econômica das massas, os conflitos existentes foram dissimulados, não
havendo oposição porque o homem perdeu sua dimensão de crítica.
como uma nova cultura do trabalho na passagem do século XIX para
Não podemos assumir a posição ingênua da crítica gratuita à
o século XX, nos Estados Unidos, nação que começava a despontar
técnica, mas é preciso preocupar-se com a sua absolutização. Onde
como potência mundial, período em que se consolida um padrão de
a técnica se torna o princípio motor, o homem se encontra mutila-
acumulação capitalista sustentado no industrialismo e na atuação
do, reduzido ao anonimato diante das funções que desempenha.
monopolista dos capitais. Período em que o conhecimento cientí-
Enquanto prevalecerem as funções divididas do homem que pensa
fico se torna cada vez mais decisivo para desenvolver as diversas
e do homem que só executa, será impossível evitar a dominação
áreas da produção industrial (elétrica, química, telecomunicações,
pois sempre existirá a ideia de que alguns sabem e são competentes
metalurgia, construção naval e outras). e, portanto decidem, a maioria que nada sabe é incompetente e
Taylor parte do princípio de que o trabalhador é indolente, gos- executa. Por isso torna-se fundamental a reflexão sobre os fins que
ta de fazer cera e usa os movimentos de forma inadequada. Obser- a técnica atende, observando se ela está a serviço da humanidade
vando seus gestos, determina a simplificação deles, de tal forma ou da sua exploração.
que a devida postura do corpo, dos pés e das mãos possa aumentar A divisão do trabalho favorece a vida em sociedade, pois cada
a produtividade. Também a divisão e o parcelamento do trabalho indivíduo tem sua função na estrutura social, desempenha algo
se mostra importante para a simplificação e maior rapidez do pro- que é necessário e útil para si e para as outras pessoas.
cesso. São criados gerentes especializados em treinar operários, Apesar de esse processo organizacional produzir um aumento
usando cronômetros e depois vigiando-os no desempenho de suas na produtividade, ocasiona também o surgimento de trabalhadores
funções. Os bons funcionários são estimulados com recompensas, alienados quanto ao processo produtivo, isso quer dizer que o tra-
os indolentes, sujeitos a punições. Taylor tentava convencer os ope- balhador conhece somente uma única etapa da produção, tornan-
rários de que tudo isso era para o bem deles, pois, em última aná- do-se muito limitado.
lise, o aumento da produção revertia em benefícios também para O ideal é possuir funcionários dotados de capacidades distin-
eles, gerando a sociedade da opulência e do lazer. tas, o que favorece a flexibilização funcional.2
O modo taylorista de produção extrapolou os domínios da fá- Trata-se da decomposição de um processo complexo em pe-
brica, atingindo outros tipos de empresas, como os esportes, medi- quenas tarefas, ou seja, é a divisão do trabalho corresponde à es-
cina, a escola e até a atividade de dona de casa. Por exemplo, um pecialização de tarefas com funções específicas, com finalidade de
ferro de passar é fabricado de acordo com os critérios de econo- dinamizar e otimizar a produção industrial. Esse processo produz
mia de tempo, de gasto de energia, a localização da pia e do fogão eficiência e rapidez ao sistema produtivo. 
devem favorecer a mobilidade, os produtos de limpeza devem ser A especialização delimitada de funções e tarefas nas etapas
eficazes, etc. O homem reduzido a gestos mecânicos pelo parcela- produtivas industriais é derivada, principalmente, do crescimento
mento das tarefas, foi retratado em Tempos Modernos, filme clás- do comércio, do capitalismo e impulsionada pela intensificação da
sico de Charles Chaplin. produção industrial. 
O sistema de racionalização do trabalho faz com que o setor A divisão do trabalho faz com que o trabalhador adquira, com
de planejamento se desenvolva, tendo em vista a necessidade de a tarefa repetitiva, uma agilidade maior e com isso fique “treinado”
aprimorar as formas de controle da execução das tarefas. Ocorre, na execução de seus movimentos, provocando assim uma diminui-
portanto a separação entre o trabalho manual e o trabalho intelec- ção no tempo gasto, o resultado é o aumento da produção em todo
tual. A necessidade de planejamento desenvolve intensa burocrati- período de trabalho.
zação. Os burocratas são especialistas na administração de coisas e
2--> Texto adaptado de Eduardo de Freitas

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A divisão do trabalho favorece a vida em sociedade, pois cada Os conceitos de qualidade apresentados pelos principais auto-
indivíduo tem sua função na estrutura social, desempenha algo res da área são os seguintes:
que é necessário e útil para si e para as outras pessoas.  Juran associa qualidade à ideia de “adequação ao uso”. Assim,
Apesar de esse processo organizacional produzir um aumento para esse autor, um produto tem qualidade quando é adequado ao
na produtividade, ocasiona também o surgimento de trabalhadores uso, ou seja, quando satisfaz às necessidades do usuário. A adequa-
alienados quanto ao processo produtivo, isso quer dizer que o tra- ção ao uso é determinada por aquelas características do produto
balhador conhece somente uma única etapa da produção, tornan- que o usuário reconhece como benéficas para ele.
do-se muito limitado.  Feigenbaun define qualidade como o conjunto de caracterís-
O ideal é possuir funcionários dotados de capacidades distin- ticas do produto, tanto de engenharia quanto de fabricação, que
tas, o que favorece a flexibilização funcional.  determinam o grau de satisfação que proporciona ao consumidor,
durante seu uso.
A aceitação da divisão do trabalho deveu-se a vários fatores, Crosby, por sua vez, define qualidade como “conformidade
a saber: com especificações”.
- Padronização e simplificação das atividades dos operários e As citações de outros autores basicamente repetem ou são va-
posteriormente do pessoal de nível mais elevado. riações das definições apresentadas e, em geral, poderiam ser resu-
- Maior especialização e detalhamento das tarefas. midas em: “a qualidade de um produto é o grau em que o mesmo
- Melhor aproveitamento do trabalho especializado por meio satisfaz às exigências do consumidor”.
de departamentalização. Garvin procurou sistematizar os conceitos de qualidade e iden-
tifica cinco enfoques principais para se definir qualidade:
As consequências que a divisão do trabalho trouxe no curto 1- enfoque transcendental;
prazo foram: 2- enfoque baseado no produto;
- Maior produtividade e melhor rendimento do pessoal envol- 3- enfoque baseado no usuário;
vido. 4- enfoque baseado na fabricação; e
- Maior eficiência da organização, como resultante do item an- 5- enfoque baseado no valor.
terior.
- Redução dos custos de produção, principalmente os de mão- Enfoque transcendental
-de-obra e de materiais diretos. Segundo este enfoque, a qualidade é sinônimo de “excelência
nata”. Ela é absoluta e universalmente reconhecível. Entretanto, a
A Especialização veio como uma consequência da divisão do qualidade não poderia ser precisamente definida, pois ela é uma
trabalho. Cada órgão ou cargo passa a ter funções e tarefas especí- propriedade simples e não analisável, que aprendemos a reconhe-
ficas e especializadas. cer somente através da experiência e observação.
Os neoclássicos passam a se preocupar com a especialização
dos órgãos que compõem a estrutura organizacional. Enfoque baseado no produto
Por este enfoque, a qualidade é definida como uma variável
precisa e mensurável, e as diferenças na qualidade refletem-se nas
CONTROLE E AVALIAÇÃO. MOTIVAÇÃO E DESEMPE- características possuídas por um produto. Este enfoque leva a uma
NHO. LIDERANÇA dimensão vertical ou hierarquizada da qualidade, para que os pro-
dutos possam ser classificados segundo as características que pos-
suem. Esta visão leva a dois pontos fundamentais: primeiro, a quali-
Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado
dade é uma característica inerente aos produtos e pode ser avaliada
anteriormente.
objetivamente: segundo, uma qualidade melhor só pode ser obtida
a custos maiores, uma vez que a qualidade reflete as características
que um produto contém e, como as características são elementos
GESTÃO DA QUALIDADE valoráveis na produção, os produtos com qualidade superior serão
mais caros.
A qualidade é hoje a palavra-chave mais difundida dentro das
empresas. Ao mesmo tempo existe muito pouco entendimento so- Enfoque baseado no usuário
bre o que é qualidade. Os próprios teóricos da área reconhecem a Este enfoque parte da premissa oposta de que “a qualidade
dificuldade de se definir, precisamente, o que seja o atributo quali- está nos olhos do observador/consumidor”. A qualidade estaria as-
dade de um produto. Esta dificuldade existe principalmente porque sociada a uma visão subjetiva, baseada em preferências pessoais.
a qualidade pode assumir diferentes significados para diferentes Supõe-se que os bens que melhor satisfazem as preferências do
pessoas e situações, dependendo se quem a observa é um consu- consumidor são aqueles por ele considerados como tendo alta qua-
midor, um produtor ou ainda um órgão governamental. lidade. Este enfoque levou ao conceito de “pontos ideais” ( precisas
Dentro de uma organização, a qualidade também assume di- combinações de atributos do produto que dão a maior satisfação a
ferentes significados para cada um dos setores da empresa, seja um consumidor específico) e à visão econômica de que as diferen-
Marketing, Produção, Assistência técnica, Projetos, etc. Além disso, ças de qualidade são percebidas através de alterações na curva de
a palavra qualidade tem assumido diferentes significados ao longo demanda do produto. Levou ainda ao conceito de “adequação ao
do tempo, principalmente, para bens de consumo, em função das uso”, predominante na literatura da área de qualidade.
conveniências e estratégias de mercado das empresas. A definição de qualidade, baseada neste enfoque, e mais difun-
No dicionário de Buarque de Holanda, a qualidade, em seu sen- dida, é a definição de Juran, já apresentada aqui: qualidade é ade-
tido genérico, é definida como “propriedade, atributo ou condição quação ao uso. Este enfoque não significa, necessariamente, que as
das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes características objetivas do produto não sejam avaliadas.
determinar a natureza”. Assim, a qualidade seria uma propriedade
inerente à pessoa e ao próprio produto.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Enfoque baseado na fabricação objetivas. O desempenho e as características podem refletir prefe-
As definições baseadas na fabricação identificam a qualidade rências pessoais, enquanto a estética e a qualidade observada são
como “conformidade com as especificações”. Uma vez que uma es- as mais subjetivas.
pecificação de projeto tenha sido estabelecida, qualquer desvio sig- A diversidade desses conceitos (dimensões) ajuda a explicar
nifica redução na qualidade; portanto, identifica-se excelência com as diferenças entre as cinco abordagens tradicionais da qualidade.
o atendimento de especificações. Assim, um produto construído Cada uma das abordagens está implicitamente voltada para uma
em conformidade com as especificações seria considerado de boa ou mais dimensões da qualidade: a abordagem baseada no produ-
qualidade, independente do conteúdo ( ou qualidade intrínseca ) to preocupa-se com desempenho, características e durabilidade;
da especificação. a abordagem baseada no usuário está voltada para a estética e a
De acordo com o enfoque baseado na fabricação, as melhorias qualidade observada; e o enfoque baseado na produção busca a
na qualidade, que são equivalentes às reduções na porcentagem conformidade e a confiabilidade. São inevitáveis os conflitos entre
de defeituosos, levam a custos menores, uma vez que prevenir a os cinco enfoques, pois cada um define qualidade a partir de um
ocorrência de defeitos é interpretado como sendo mais econômico ponto de vista diferente. Uma vez que o conceito seja bem enten-
do que seu retrabalho. dido e cada dimensão seja considerada separadamente, ficará claro
Uma definição ode qualidade bastante difundida, dentro deste o porquê dos conflitos.
enfoque, é a definição, apresentada anteriormente, de P.B.Crosby, Cada dimensão da qualidade impõe suas próprias exigências à
“qualidade é conformidade com especificações”. empresa. Alto desempenho requer priorização do projeto, além de
boa capacidade das áreas de engenharia e de projetos; durabilida-
Enfoque baseado no valor de superior exige o uso de componentes mais duráveis; já a confor-
Aqui se define a qualidade em termos de custos e preços. De midade superior requer rigoroso cumprimento das especificações
acordo com esse enfoque, um produto de qualidade é aquele que na produção, bem como precisão na montagem; e ótima assistência
apresenta desempenho a um preço aceitável. Assim, um produto técnica requer um sólido departamento de serviços ao consumidor
extremamente caro, em relação ao poder de compra do mercado, e ativos representantes de campo. Em cada caso, uma função dife-
não importando o quão bem feito ele o é, não poderia ser consi- rente assume o papel principal, sendo necessárias diferentes priori-
derado um produto de qualidade, pois teria poucos compradores. dades para se alcançar a meta pretendida.
A dificuldade de se empregar esta abordagem estaria na união A correta conceituação da qualidade, bem como a sua desagre-
de dois conceitos correlatos, mas distintos, a qualidade e o valor. gação em cada situação empresarial, pode ser chave para se recor-
O resultado é um elemento híbrido - “excelência adquirível “- que rer à qualidade como uma estratégia de concorrência.
não possui limites bem definidos e que é difícil de ser aplicado na O fator comum em quase todas as tentativas de se conceituar
prática. a qualidade é a satisfação das necessidades do consumidor. Assim,
A coexistência desses diferentes enfoques explica os conflitos um produto seria considerado qualitativamente correto, ou de
sobre qualidade entre, por exemplo, a área de Marketing, onde pre- “boa” qualidade, desde que satisfizesse às necessidades do consu-
dominam os enfoques baseados no produtos e/ou no usuário, e a midor, independente do conteúdo desta qualidade. Nesse sentido,
área de Produção, com predomínio do enfoque baseado na fabrica- a qualidade seria um conceito relativo; em face da subjetividade
ção. Segundo Garvin, a par do potencial de conflito, é útil cultivar associada à satisfação de necessidades, e não uma propriedade ine-
tais perspectivas diferentes pois são essenciais para a introdução rente que se afirma ou se nega de um produto.
bem sucedida de produtos de alta qualidade. As características que Para os autores, portanto, a qualidade deixa de ser uma pro-
definem a qualidade de um produto devem ser inicialmente identi- priedade que os produtos têm ou não têm para estar associada
ficadas através de uma pesquisa de mercado (abordagem baseada ao conceito da satisfação de necessidades. Com isto se justifica a
no usuário). As características devem, então, ser traduzidas em atri- existência de diferentes níveis de qualidade associados aos produ-
butos identificáveis de produto (qualidade baseada no produto), e o tos e, assim, de acordo com esta lógica, um produto destituído de
processo produtivo pode então ser organizado, assegurando que os qualidade intrínseca seria considerado qualidade adequada para
produtos estão seguindo essas especificações (abordagem baseada um consumidor pouco exigente em face de suas limitações econô-
na fabricação). Todos estes três aspectos são necessários e devem micas, culturais e sociais.
ser conscientemente atacados. O raciocínio pelo qual passa essa visão considera o sujeito
Garvin (1984) identifica ainda oito dimensões com vistas a de- (consumidor) e o objeto (produto) como entidades autônomas e
sagregar a qualidade em seus elementos básicos: separadas que se relacionam através da necessidade, enquanto a
1. Desempenho qualidade seria um indicador de grau em que o produto satisfaz às
2. Características necessidades do consumidor. Nesta perspectiva, a qualidade me-
3. Confiabilidade diria o ajustamento entre as necessidades do consumidor e a sa-
4. Conformidade tisfação oferecida pelo produto. Assim, deixa-se transparecer que
5. Durabilidade a necessidade seria o propulsor da produção e da qualidade desta
6. Assistência técnica produção.
7. Estética Entretanto, pode-se questionar até que ponto as necessidades
8. Qualidade observada são naturais ou são geradas. Esta questão não é considerada por
esses autores e exige que, para se entender a lógica da qualidade,
Juntas essas oito dimensões da qualidade cobrem vasto con- principalmente no que diz respeito a bens de consumo, se entenda
junto de conceitos. Há dimensões que envolvem atributos mensu- a lógica das necessidades e da satisfação. Estas questões, entretan-
ráveis do produto. Algumas são objetivas e não são influenciadas to, serão abordadas no próximo capítulo quando analisaremos as
pelo elemento tempo, ao passo que outras são modificadas pelas estratégias de obsolescência planejada.
várias tendências (modas). Há ainda as que são características ine- Na literatura de Economia e Marketing, a qualidade é tratada
rentes aos produtos, enquanto outras são associadas. A confiabi- em relação à questão da concorrência em qualidade, e esta é enten-
lidade, a conformidade, a durabilidade e a assistência técnica são dida e discutida pelos autores dentro do âmbito da diferenciação
dimensões que envolvem atributos mensuráveis do produto e são de produto. De modo geral, os economistas tratam a concorrência

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
empresarial por diferenciação de produto como uma concorrência Benefícios da aplicação desse Princípio para:
em qualidade, independente da natureza e do conteúdo desta di- · a gestão operacional – uma visão mais ampla da eficácia de
ferenciação. processos a qual conduz ao entendimento das causas de problemas
Em face da subjetividade associada ao termo qualidade e ao e oportunas ações de melhorias;
emprego bastante genérico da mesma, outros termos foram criados na
prática para se designar a qualidade propriamente dita dos produtos, tais Princípio 6 – Melhoria Contínua
como “desempenho do produto” e “confiabilidade do produto”.   “A melhoria contínua deveria ser um objetivo permanente na
Com o crescimento da competição global, a gestão da quali- organização.”
dade se tornou intensamente importante para a liderança e para a Benefícios da aplicação desse Princípio para:
gestão de todas as organizações. Os Princípios de Gestão da Qua- a gestão operacional – envolvendo as pessoas da organização
lidade aplicam-se, de uma maneira global, a todos os grupos de na melhoria contínua de processos;
usuários. Esse documento está focado sobre as necessidades dos
gerentes executivos. Princípio 7 – Enfoque Factual para a Tomada de Decisão
Aplicando os oito Princípios de Gestão da Qualidade, as orga- “Decisões eficazes são baseadas em análises de dados e infor-
nizações produzirão benefícios para os clientes, acionistas, fornece- mações.”
dores, comunidades locais e para a sociedade como um todo. Benefícios da aplicação desse Princípio para:
· a gestão operacional – informações e dados são a base para a
Definição de Princípio de Gestão da Qualidade compreensão do desempenho de sistemas e processos para orien-
“Um Princípio de Gestão da Qualidade é uma crença ou regra tar as melhorias e prevenir problemas futuros;
fundamental e abrangente para conduzir e operar uma organização,
visando melhorar, continuamente, seu desempenho a longo prazo, Princípio 8 – Relacionamento Mutuamente Benéfico com o For-
pela focalização nos clientes e, ao mesmo tempo, encaminhando as necedor
necessidades de todas as partes interessadas.” “Uma organização e seus fornecedores são interdependentes,
e um relacionamento mutuamente benéfico aumenta a capacidade
Princípios de Gestão da Qualidade de ambos criarem valor.”
Benefícios da aplicação desse Princípio para:
Princípio 1 – Organização Focada no Cliente · a gestão operacional – criando e gerenciando relacionamen-
“As organizações dependem de seus clientes e, portanto, deve- tos com fornecedores para garantir fornecimentos sem defeito,
riam entender as necessidades atuais e futuras, atender os requisi- dentro dos prazos, e confiáveis;
tos e se esforçarem para exceder as expectativas dos seus clientes.
Benefícios da aplicação desse Princípio para: Pode-se definir a gestão da qualidade como qualquer atividade
· a gestão operacional – melhorando o desempenho da organi- coordenada de direção e controle dos processos, que possui como
zação a fim de atender as necessidades dos clientes principal objetivo a melhoria de produtos e serviços, visando ainda
garantir a satisfação total dos clientes. A primeira abordagem da
Princípio 2 – Liderança qualidade surgiu durante a Segunda Guerra Mundial e tinha como
“Líderes estabelecem a unidade de propósitos e a direção da única finalidade a correção de erros nos produtos bélicos dos exér-
organização. Eles deveriam criar e manter um ambiente interno no citos. Com a expansão da indústria no início do século XX, surgiu o
qual as pessoas possam se tornar plenamente envolvidas no alcan- controle da qualidade, que visava a uniformidade dos processos,
ce dos objetivos da organização.” sem haver uma preocupação explícita com a qualidade em si, mas
Benefícios da aplicação desse Princípio para: sim com a atividade da empresa em geral.
· a gestão operacional, dando poder e envolvendo as pessoas Após o término da Segunda Guerra, ocorreram novos avanços
para alcançar os objetivos da organização; nos estudos da qualidade (muito devido ao sucesso da produção
em massa de Ford). Com isso, foi desenvolvido o conceito do con-
Princípio 3 – Envolvimento de Pessoas trole estatístico da qualidade, o que posteriormente abriria as por-
“Pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização tas para pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto. Já dentro
e o pleno envolvimento delas permite que suas capacidades sejam do contexto mundial, a qualidade é visualizada como uma forma de
usadas para o benefício da organização.” gerenciamento que tem por finalidade melhorar de modo contínuo
Benefícios da aplicação desse Princípio para: (Kaizen) o desempenho organizacional. De acordo com os estudos
· a gestão operacional, pessoas sendo envolvidas em decisões sobre gestão da qualidade, existem seis elementos nos quais a
apropriadas e em processos de melhorias; mesma se baseia, sendo eles: excelência, valor, especificações, con-
formidade, regularidade e adequação ao uso.
Princípio 4 – Enfoque de Processo
“Um resultado desejado é alcançado mais eficientemen- Elementos da Gestão da Qualidade
te quando as atividades e recursos relacionados são gerenciados > Excelência: Significa fazer o melhor que se consegue fazer. A
como um processo.”
excelência é considerada um valor por muitas organizações, sendo
Benefícios da aplicação desse Princípio para:
também um objetivo a ser seguido. Em termos simples, quando fa-
· a gestão operacional; a adoção do enfoque de processos para
lamos de gestão da qualidade, utilizamos a palavra como sinônimo
todas as operações resulta em custos mais baixos, prevenção de er-
de um desempenho de alto nível, ou seja, trata-se basicamente do
ros, controle da variabilidade, tempos de ciclo mais curtos e saídas
«fazer bem feito», que é o ideal da própria excelência (boas práticas
mais previsíveis;
que conduzem à inovação e melhoram o resultado).
Princípio 5 – Enfoque Sistêmico para a Gestão
“Identificar, compreender e gerenciar um sistema de processos > Regularidade: Significa a redução da variação que ocorre em
inter-relacionados para um dado objetivo melhora a eficácia e a efi- qualquer processo de trabalho, seja fabricar um produto ou prestar
ciência da organização.” um serviço. Qualidade, em seu conceito, também é sinônimo de re-

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
gularidade e confiabilidade. Dessa maneira, quanto menor for a va- Claro que em grandes empresas o processo acaba sendo fei-
riação de um produto (suas características ou desconformidades), ta de maneira mais complexa e com investimentos maiores. Mas a
mais qualidade ele conseguirá ter e vice-versa. Trata-se de um dos gestão de qualidade pode ser levada para dentro das empresas sem
principais pontos na gestão da qualidade. grandes gastos. A gestão de qualidade é uma série de conceitos que
precisam ser absorvidos por cada um dos profissionais que traba-
> Valor: O valor é a apreciação feita pelo indivíduo da impor- lham dentro da empresa. E para isto não são gastos financeiros que
tância de um bem, tendo como base sua utilidade, aspecto e ca- precisamos, e sim liderança e motivação para fazer com que todos
racterísticas. Num primeiro momento, significa produto de luxo ou mudem a sua maneira de pensar para a empresa como um todo
de alto desempenho. Quanto mais alta a qualidade do produto, poder melhorar.
consequentemente mais alto será o seu preço, uma vez que, mais
qualidade implica em custos maiores.  Princípios da gestão de qualidade
A gestão de qualidade total, como às vezes é chamada, tem
> Conformidade: É a contrapartida da qualidade planejada, ou alguns princípios básicos, listados abaixo:
seja, é a qualidade real que o produto oferece (àquela que o clien- - Qualidade é algo que pode e deve ser gerenciada;
te recebe). Dependendo da taxa de sucesso do planejamento, ela - Problemas devem ser prevenidos, não remediados;
pode ser próxima ou distante da qualidade planejada. Se ao final - Processos e não pessoas são os frutos dos problemas;
houver baixa conformidade, significa também que o produto é de - Todo mundo tem um fornecedor e um cliente;
baixa qualidade, pois um produto ou serviço bem feito é aquele que - Cada empregado da empresa é responsável por manter a qua-
está dentro das especificações que foram planejadas. lidade;
- A qualidade precisa ser medida;
> Especificações: O elemento de especificação se refere à des- - A melhora da qualidade precisa ser contínua;
crição da produto, ou de sua determinação circunstancial. São as - Objetivos são baseados em necessidades, não são negocia-
características do produto. As especificações descrevem o produto dos;
ou serviço em termos de sua utilidade, desempenho e atributos. - O padrão de qualidade é livre de defeitos;
Com isso, nós temos a “qualidade planejada’’ que estabelece como - Planejar e organizar para melhorar a qualidade;
o produto ou serviço devem ser.  - O gerenciamento deve liderar e estar envolvido diariamente
no processo.
> Adequação ao uso: A adequação dependerá da perspectiva
do cliente. Essa perspectiva abrange dois aspectos distintos: a quali- A gestão de qualidade é uma filosofia empresarial. Uma em-
dade de projeto e a ausência de deficiências. O primeiro compreen- presa que trabalha efetivamente com ela tem as suas fundações
de as  características do produto que atendem às necessidades do baseadas na busca pelo melhor a cada dia que passa. Uma placa
cliente. Quanto mais o produto atender à sua finalidade, maior será dourada, pendurada na parede, com os princípios da empresa em
a qualidade do projeto. A ausência de deficiências compreende as baixo relevo é bonito, mas se cada um dentro da organização não
falhas no cumprimento das especificações, ou seja, quanto menor o acreditar e viver aquilo, de nada adianta.3
número de falhas, mais alta será a qualidade do produto ou serviço. A gestão da qualidade pode ser definida como sendo qualquer
atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização no
A gestão de qualidade é uma estratégia empresarial, bastante sentido de possibilitar a melhoria de produtos/serviços com vistas
difundida, que visa associar qualidade a todas as etapas e proces- a garantir a completa satisfação das necessidades dos clientes re-
sos de uma empresa ou organização. A gestão de qualidade não só lacionadas ao que está sendo oferecido, ou ainda, a superação de
apenas afeta a gestão da empresa, mas também os fornecedores e suas expectativas.
todos aqueles que trabalharem junto à empresa. Desta forma, a gestão da qualidade não precisa, necessaria-
O conceito da gestão de qualidade vem do toyotismo, que é mente, implicar na adoção de alguma certificação embora este seja
um modo de produção japonês, do qual a Toyota foi a precursora. o meio mais comum e o mais difundido, porém, sempre envolve a
O toyotismo foi a solução encontrada para a produção no Japão pós observância de alguns conceitos básicos, ou princípios de gestão da
segunda guerra. A situação que eles tinham era bem diferente da qualidade, que podem e devem ser observados por qualquer orga-
americana, por isso o fordismo não pode ser usado no Japão. O mé- nização. A saber:
Focalização no cliente: qualquer organização tem como motivo
todo japonês era um sistema flexível. A mão de obra não era extre-
de sua existência a satisfação de determinada necessidade de seu
mamente segmentada como a de Henry Ford, e era multifuncional,
cliente, seja com o oferecimento de um produto ou serviço. Portan-
dando flexibilidade para a produção japonesa da época que era pe-
to, o foco no cliente é um princípio fundamental da gestão da qua-
quena, e tinha recursos escassos. O modelo de Toytota valorizava a
lidade que deve sempre buscar o atendimento pleno das necessi-
capacitação dos profissionais e a eficiência. Esta é a sua semelhança
dades do cliente sejam elas atuais ou futuras e mesmo a superação
com a gestão de qualidade.
das expectativas deste;
A gestão de qualidade objetiva aumentar a satisfação dos clien-
Liderança: cabe aos líderes em uma organização criar e manter
tes com o produto, ter uma melhor eficiência de produção, reduzir
um ambiente propício para que os envolvidos no processo desem-
os custos, formar um sistema que facilite buscar novos mercados e penhem suas atividades de forma adequada e que se sintam moti-
novas parcerias com outras empresas. vadas e comprometidas a atingir os objetivos da organização;
Envolvimento das pessoas: toda organização é formada por
A implementação da gestão de qualidade pessoas que, em conjunto, constituem a essência da organização.
Muitos empresários se inibem na hora de implantar a gestão Portanto, a gestão da qualidade deve compreender o envolvimento
de qualidade em suas empresas, estas sendo normalmente de pe- de todos, o que possibilitará o uso de sãs habilidades para o bene-
queno e médio porte. Isso acontece por que muita gente pensa que fício da organização;
são necessários processos caros e trabalhosos para implantar a ges-
tão de qualidade. Mas isto não é verdade.
3--> Fonte: www.adm.esobre.com

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Abordagem por processos: a abordagem por processos permite uma visão sistêmica do funcionamento da empresa como um todo,
possibilitando o alcance mais eficiente dos resultados desejados;
Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica na gestão da qualidade permite que os processos inter-relacionados sejam identifica-
dos, entendidos e gerenciados de forma a melhorar o desempenho da organização como um todo;
Melhoria contínua: para que a organização consiga manter a qualidade de seus produtos atendendo suas necessidades atuais e futu-
ras e encantando-o (excedendo suas expectativas), é necessário que ela tenha seu foco voltado sempre para a melhoria contínua do seu
processo e produto/serviço;
Abordagem factual para a tomada de decisão: todas as decisões dentro de um sistema de gestão de qualidade devem se tomadas
com base em fatos, dados concretos e análise de informações, o que implica na implementação e manutenção de um sistema eficiente de
monitoramento;
Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: a organização deve buscar o relacionamento de benefício mútuo com seus forne-
cedores através do desenvolvimento de alianças estratégicas, parcerias e respeito mútuo, pois o trabalho em conjunto de ambos facilitará
a criação de valor.4

ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE
Todas as pessoas convivem sob a sombra da palavra qualidade. Não é para menos, a qualidade tornou-se alicerce fundamental para as
organizações, onde ganhou destaque à cerca de 30 anos. Porém, a sua abordagem é bem mais antiga, vindo de filósofos gregos e chineses.
A primeira abordagem de qualidade dentro das organizações visava a uniformidade dos processos e não havia uma preocupação ex-
plícita com a qualidade. A produção em massa abriu as portas para a pesquisa da qualidade.
Como qualidade era sinônimo de uniformidade e o controle de todas as peças produzido era muito demorado, surgiu o controle es-
tatístico da qualidade.

COMO DEFINIR QUALIDADE?


Não há uma definição universal para qualidade, mas podemos abordá-la segundo alguns pontos de vista.

EXCELÊNCIA
Nesta definição, elaborada pelos pensadores gregos. Excelência é o que diferencia as coisas superiores das inferiores. Refere-se ao
mais alto nível possível sob um aspecto. Esta linha é exemplificada por frases como:
1. Qualidade significa a aplicação dos melhores talentos e recursos para produzir os resultados mais elevados;
2. Ou se faz bem feito ou mal feito.
A ideia é obter a qualidade máxima desde o primeiro momento.

VALOR
Esta definição está bastante ligada ao status que o produto ou serviço proporciona para o comprador. Ela surgiu na ascensão da pro-
dução massificada de bens de consumo que tinham baixo preço. Ela faz a diferenciação de produtos que podem ser adquiridos a baixos
preços e pela grande maioria da população de produtos que são adquiridos somente por pouquíssimas pessoas a custos muito altos. Esta
definição segue uma frase de Freud: “Se quiser qualidade, pague por ela”.

ESPECIFICAÇÕES
Do ponto de vista dos profissionais da área de exatas, qualidade está relacionada com as especificações técnicas de um produto ou
serviço. Se o produto ou serviço está de acordo com as suas especificações técnicas, ele tem qualidade.
Este conceito está relacionado com a qualidade planejada para o produto ou serviço.
Conformidade com Especificações
A qualidade planejada é apenas um ponto, é preciso verificar se as especificações foram bem definidas e alcançadas. Ou seja, é preciso
analisar a qualidade recebida pelo cliente.

REGULARIDADE
Qualidade também significa a uniformidade sugerida por Taylor e Ford. A uniformidade sugere confiabilidade do produto ou serviço.

ADEQUAÇÃO AO USO
Como não poderia deixar de haver, existe uma definição exclusiva para o cliente. Neste contexto, há dois significados:

Qualidade do Projeto – este conceito compreende as características do produto que atendem as necessidades dos clientes. Quanto
mais o produto atender a esta finalidade, maior será a sua qualidade. Em outras palavras significa:
_ Clientes satisfeitos com o produto;
_ Produtos e serviços mais competitivos;
_ Melhor desempenho da empresa.

Ausência de Deficiências – esta parte compreende as falhas de cumprimento das especificações. Essas falhas de um modo ou de outro
podem ser evitadas pela organização. Quanto menor o número de falhas, maior a qualidade. Isto se reflete em:
_ Maior eficiência dos recursos produtivos;
_ Maior satisfação do cliente com o desempenho dos produtos e serviços;
_ Custos menores de inspeção e controle.
4--> Fonte: www.infoescola.com

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
_ Tempo menor de colocação e consolidação de produtos no mercado.

CUSTOS DA QUALIDADE
De forma geral, Freud não está errado quando diz: “Se quer qualidade, pague por ela”. A qualidade tem custos, e requer investimentos
por parte da organização. Estes custos são repassados para o preço final do serviço ou produto. Existem, basicamente, duas categorias de
custos da qualidade que estão descritas na Tabela 5.1.

Tabela 5-1 - Categoria de Custos da Qualidade

CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE
A falta de qualidade do produto, ou seja, a inadequação do produto ou serviço para os clientes gera custos para a organização que
também são agrupados em duas categorias, conforme a Tabela 5.2.

Tabela 5-2 - Custos da não Qualidade

O CLIENTE EM PRIMEIRO LUGAR


Dentro dos conceitos modernos de administração, a qualidade é definida com base nas necessidades e no interesse do cliente. A au-
sência de deficiências permite oferecer produtos que satisfaçam os clientes e evitar os indesejáveis custos da não qualidade.
Para transformar desejos, interesses e necessidades do cliente em especificações é aplicada uma técnica chamada Quality Function
Deployment (QFD).
Ela consiste de quatro etapas:
1. Os atributos que o produto deve ter, segundo o cliente, são transformados em características e especificações técnicas;
2. As especificações técnicas são transformadas em características ou especificações de componentes ou matérias primas;
3. As especificações técnicas dos componentes são transformadas em características ou especificações do processo produtivo;
4. As informações de especificação do processo produtivo são aplicadas na montagem de um sistema de produção.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Dentro da visão moderna, o cliente é o ponto de partida para 1. Marketing – avalia no nível de qualidade desejado pelo clien-
a definição de qualidade. Ao contrário dos enfoques da Administra- te e o custo que ele está disposto a pagar;
ção Científica, o cliente é o elemento chave. 2. Engenharia – transforma as expectativas e os desejos do
cliente em especificações;
- Eras da História da Qualidade 3. Suprimentos – escolhe, compra e retém fornecedores de pe-
A história da qualidade do ponto de vista administrativo pode ças e materiais;
ser dividido em quatro eras. 4. Engenharia de Processo – escolhe máquinas, ferramentas e
métodos de produção;
- Era da Inspeção 5. Produção – a supervisão e os operadores têm uma responsa-
A ênfase está em separar os bons produtos dos defeituosos por bilidade importante pela qualidade durante a fabricação;
meio da observação direta. Esta abordagem vem desde os primór- 6. Inspeção e testes – verificam a conformidade do produto
dios da Revolução Industrial, onde o próprio artesão fazia a inspe- com as especificações;
ção da sua produção que tinha que estar de acordo com as especi- 7. Expedição – responsável pela embalagem e transporte;
ficações técnicas que ele mesmo estipulou. No início do século XX, 8. Instalação e assistência técnica.
as empresas começaram a ver os supervisores de produção como
agentes da qualidade. Com esta nova visão a qualidade deixa de ser atributo do
produto ou serviço. Deixa de ser responsabilidade de apenas um
- Era do Controle Estatístico departamento, mas de todos os componentes da organização. A
Com a ascensão da produção massificada, a inspeção tornou- qualidade exige visão sistêmica, para integrar as ações das pessoas,
-se impraticável. Este novo ambiente era mais propício a outras máquinas informações e todos os recursos envolvidos na adminis-
técnicas de controle de qualidade. Uma delas era o controle esta- tração da qualidade.
tístico. Ele se baseia na amostragem, ou seja, são tomadas algumas A qualidade de administração começa na administração su-
amostras da produção ao invés de todos os produtos. perior, de onde vem toda a coordenação do sistema de qualidade.
Sua primeira aplicação veio com Walter A. Shewhart que defi- Nesse novo contexto, o departamento de qualidade deve ter pode-
niu a carta de controle, que desenvolveu técnicas de amostragem. res para garantir a qualidade dos produtos e serviços com o custo
Até a Segunda Grande Guerra o seu modelo não era muito uti- aceitável. A qualidade total envolve os clientes e os interesses das
lizado, entretanto, as forças armadas precisavam de grandes quan- empresas.
tidades de insumos com altíssima qualidade. As forças armadas
influenciaram muito, pois adotaram técnicas refinadas de amostra- A ESCOLA JAPONESA DA QUALIDADE TOTAL
gem. O Japão é um país sem recursos naturais, conseqüentemente
Após a guerra, a estatística ganhou força dentro das organiza- a sua sobrevivência viria das exportações. Diante dessa realidade,
ções como forma de controlar e obter a qualidade. Nesta mesma a qualidade tornou-se uma verdadeira obsessão. Foram iniciadas
época, veio a tona a ideia do departamento de qualidade dentro pesquisas e visitas a países onde a qualidade do processo industrial
das organizações, pois até então era considerado um trabalho geral, era mais apurada.
porém ocorria o seguinte:
A qualidade era um trabalho de todos, mas acabava sendo - Deming
de ninguém. Em 1947 a JUSE (Associação Japonesa de Cientistas e Engenhei-
O departamento de qualidade deveria ocupar-se, segundo o ros) se tornou o centro das atividades de qualidade do país. Esta
seu fundador Armand V. Feigenbaum, com: entidade convidou Willaim Edwards Deming para visitar o país e
_ Estabelecer padrões: definir os padrões de custo e desempe- ministrar alguns cursos de estatística.
nho do produto; Ele percebeu que a alta administração não se empenhava de
_ Avaliar o desempenho: comparar o desempenho dos produ- forma minimamente adequada com a qualidade. Ele presumiu que
tos com os padrões. em pouco tempo, a qualidade iria se restringir a separa os produtos
_ Agir quando necessário: tomar providências corretivas quan- com defeitos dos sem defeitos.
do os padrões forem violados; Com o apoio da JUSE, Deming conseguiu chegar à Alta admi-
_ Planejar aprimoramentos. nistração, onde dirigiu todos os seus esforços para sensibilizá-la da
necessidade da consciência na qualidade. Ele dizia que a qualida-
- Qualidade Total de era o caminho natural para a prosperidade através do aumento
Prosseguindo as suas pesquisas, Feigenbaum apresentou uma de produtividade, redução de custos, conquista de mercados e da
evolução de suas propostas, chamado Controle da Qualidade Total expansão do emprego. Para ele havia quatorze pontos a serem tra-
(TQC – Total Quality Control). O seu foco continua no cliente, ou balhados:
seja, a pedra fundamental para a definição de qualidade é o ponto TABELA 5-3 - PRINCÍPIOS DE DEMING
de vista dos clientes. PONTOS DE DEMING
“A qualidade quem estabelece é o cliente e não os engenheiros,
nem o pessoal de marketing ou a alta administração. A qualidade de
um produto ou serviço pode ser definida como o conjunto total das Estabelecer a constância do propósito de melhorar o
características de marketing, engenharia, fabricação e manutenção produto e o serviço, com a finalidade de tornar a empresa
do produto ou serviço que satisfazem às expectativas do cliente”. competitiva, permanente no mercado e criar novos
Consequentemente, a qualidade não é somente a conformida- empregos;
de com as especificações, como era pregado na inspeção. A quali- Adotar a nova filosofia. Numa nova era econômica, a
dade vem desde a concepção do produto ou serviço a partir dos de- administração deve despertar para o desafio, assumir as
sejos dos clientes. Depois dessa análise viriam outras características responsabilidades e assumir a liderança da mudança;
como, por exemplo, confiabilidade e a manutenabilidade.
Feigembaum enumerou oito estágios da qualidade no ciclo in-
dustrial:

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Acabar coma dependência da inspeção em massa. Elimina- padrões introduzidos pela ISO. Um ponto importante a ser conside-
se a necessidade da inspeção em massa construindo a rado é que a ISO não faz auditorias para verificar se seguem as suas
qualidade junto com o produto desde o começo; recomendações. A adesão às suas recomendações é voluntária.
Entretanto, devido a sua grande aceitação ela tornou-se refe-
Cessar a prática da compra baseada exclusivamente no rência em auditorias de sistemas de qualidade, surgindo empresas
preço. Deve-se avaliar a relação custo/benefício; especializadas nesse tipo de auditoria, mas é importante ter conhe-
Melhorar constantemente o sistema de produção e cimento que não há uma certificação ISO.
serviços; A Tabela 5.4 ilustra alguns exemplos de categorias ISO e a Tabe-
la 5.5 os elementos das normas.
Instituir o treinamento de serviço;
Instituir a liderança; Tabela 5-4 - Exemplos das categorias ISO 9000
Afastar o medo para que todos possam trabalhar de forma
eficaz; ISO 9000:2000 – SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA
Eliminar as barreiras entre as organizações para prever QUALIDADE
erros e tratá-los; Fundamentos e vocabulários Fornece um ponto de partida
Cuidado com slogans que estimulam a competição interna para a compreensão dos
e prejudicial dentro da organização; padrões e define os termos e
conceitos fundamentais usados
Eliminar as cotas numéricas do chão da fábrica; na família ISO 9000.
Remover as barreiras que impedem o operário de sentir Requisitos Padrão de Requisitos usados
orgulho de suas funções; para avaliar a capacidade de
Instituir um sólido programa de treinamento e educação; atender requisitos estabelecidos
pelo cliente e pela legislação.
Agir para concretizar a mudança.
Ele é amplamente usado para
certificação de empresas.
Era preciso conhecer as necessidades dos clientes. Ele montou
três alicerces para a prosperidade com a qualidade: Diretrizes para É um conjunto de diretrizes
_ Predominância do Cliente; Aprimoramento do para o aprimoramento
_ Importância da mentalidade preventiva; Desempenho contínuo de seu sistema de
_ Necessidade de envolvimento da alta administração. administração da qualidade,
de forma a atender a todas as
- Juran partes interessadas por meio
Com Joseph M. Juran, a JUSE conscientizou que o controle de da satisfação permanente do
qualidade não se resumia a inspeção, mas a todas as áreas funcio- consumidor.
nais e todas as operações das organizações. Ele criou o curso de Diretrizes sobre a Auditoria Diretrizes para conferir a
controle de qualidade do gerente médio.
de Sistemas de Administração capacidade do Sistema alcançar
da qualidade no Ambiente os objetivos da qualidade.
- Ishikawa e a Qualidade Total
Os japoneses criaram a própria filosofia de qualidade total. Di-
PRÊMIOS DE QUALIDADE
ferente de Feigerbaum que pregava a participação de todos, mas
A sociedade mundial criou uma série de prêmios para as orga-
com a centralização em um departamento altamente especializa-
nizações que preocupam-se com a qualidade como, por exemplo,
do. A cultura da indústria japonesa prega a qualidade a todos os
setores sem a necessidade de um departamento que centraliza as Deming, Baldrige e o Europeu.5
atividades. Os treinamentos são direcionados a todos os membros Enfim, temos, resumidamente que, a qualidade tem existido
da organização. desde os tempos em que os chefes tribais, reis e faraós governa-
vam. Desde a antiguidade a qualidade possuía diferentes formas,
MATURIDADE DA ERA DA QUALIDADE TOTAL que variavam de acordo com o tipo de negócio que era realizado. Nes-
ses tempos, já existiam inspetores que aceitavam ou rejeitavam os pro-
- Garantia Da Qualidade E Auditoria Do Sistema dutos se estes não cumpriam com as especificações solicitadas. Por ou-
No ambiente da qualidade total, a qualidade não é preocupa- tro lado, nos dias atuais, a gestão da qualidade nos trás pensamentos
ção somente com os serviços ou produtos. Muito menos é respon- estratégicos que antecedem o agir e o produzir. Esse modelo mudou a
sabilidade exclusiva de um grupo. Para a filosofia da qualidade total, postura e a forma que as empresas vêem a qualidade, tornando-a um
todos os membros e setores da organização são responsáveis pela valioso item de vantagem competitiva empresarial.
qualidade, sendo tratada de forma sistêmica. No Brasil, a gestão da qualidade começou a ser implantada a
As organizações passaram a exigir de seus fornecedores que partir de 1990. Esse modelo foi um dos principais propulsores que
eles entregassem as matérias-primas com alta qualidade. Elas pas- as organizações brasileiras tiveram para começarem a adquirir no-
saram a fazer auditoria no sistema de qualidade de seus fornecedo- vas competências e maiores patamares. Com a gestão da qualida-
res. Dessa maneira, forma-se um ciclo de controle de qualidade, e o de foi possível adquirir o aprendizado de novos procedimentos, a
sistema torna-se bastante completo. melhora na interação com o público interno e externo e a acelera-
ção do desenvolvimento econômico e industrial. Essa “nova era”
NORMAS ISO 9000 também trouxe consigo uma nova filosofia, baseada na elaboração
A International Organization for Standartization (ISO) é uma e aplicação de conceitos, métodos e técnicas adequadas à nova rea-
organização privada que publicou normas para avaliação de um Sis- lidade corporativa que vivemos.
tema de Qualidade, chamada Série 9000. Existem mais de 11.000
5--> Fonte: www.oocities.org

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A gestão da qualidade marcou o deslocamento da análise do produto ou serviço para a concepção de um sistema integrado de qua-
lidade. A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e passou a ser um problema da empresa, abrangendo todos os pontos de sua
operação. Esse modelo pode ajudar a alavancar o melhor da organização ao lhe permitir entender seus processos de entrega de seus
produtos e serviços a seus clientes. Suas diretrizes são desenvolvidas para serem usadas por toda organização como uma estrutura para
guiar a companhia em direção à melhoria de contínua, levando em conta as necessidades de todas as partes interessadas (stakeholders),
não somente dos clientes.6

FERRAMENTAS DA QUALIDADE
A utilização de metodologias de trabalho e a aplicação de ferramentas conhecidas de todos na organização, dentro da mesma filosofia,
permitem uma maior rapidez e transparência nas comunicações internas e a consequente agilização na tomada de decisões.
As ferramentas da Qualidade não são uma invenção nova. Algumas delas já existem desde a II Guerra Mundial e, combinadas a outras
mais recentes, formam o atual conjunto de que se dispõe para o desenvolvimento de ações de melhoria.
É comum classificá-las em ferramentas estatísticas e não estatísticas. Há quem as subdivida em ferramentas gerenciais e estatísticas ou
em antigas e novas ferramentas. Há quem selecione apenas sete. Essas são denominadas «as sete ferramentas da qualidade».
As ferramentas conhecidas como “as sete ferramentas da qualidade” são estratificação, folha de verificação, gráfico de Pareto, diagra-
ma de causa e efeito, histograma, diagrama de dispersão e gráfico de controle.
As ferramentas não-estatísticas, como o fluxograma, folhas de verificação, cartas de tendências etc., são relativamente simples e
podem ser utilizadas tanto pelo nível gerencial quanto operacional da organização. O uso dessas ferramentas exige pouco treinamento.
As ferramentas estatísticas, como o histograma, diagrama de Pareto, estratificação etc., são de complexidade média. Essas, em geral,
são utilizadas pela gerência intermediária e por técnicos, desde que sejam submetidos a treinamento específico e tenham alguma facilida-
de para trabalhar com dados numéricos.
Não há limites para a quantidade de ferramentas que podem ser utilizadas na análise e melhoria de processos. No entanto, para o uso
eficaz de todas as ferramentas, é necessário conhecimento e prática.

Ferramentas Não-Estatísticas
Vejamos abaixo as ferramentas não-estatísticas mais utilizadas, seus conceitos e exemplos:

Folha de verificação
As folhas de verificação são ferramentas de fácil compreensão, usadas para responder à pergunta: “Com que frequência certos even-
tos acontecem?” Ela inicia o processo transformando “opiniões” em “fatos”.
Na preparação de uma Folha de Verificação devem ser incluídos, sempre que possível, os seguintes itens:
· o objetivo da verificação (por que);
· os itens a serem verificados (o que);
· os métodos de verificação (como);
· a data e a hora das verificações (quando);
· o nome da pessoa que faz a verificação (quem);
· os locais e processos das verificações (onde);
· os resultados das verificações;
· a sequência das verificações.

Além disso, é necessário:


· definir o período para a coleta de dados;
· elaborar um formulário simples e fácil de ser preenchido;
· verificar se os dados podem ser colhidos consistente e oportunamente.

6--> Fonte: www.portal-administracao.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Carta de tendência
São representações gráficas de dados coletados em um determinado período para identificar tendências ou outros padrões que ocor-
rem ao longo deste período.
São utilizadas para monitorar um sistema, a fim de se observar ao longo do tempo a existência de alterações na média esperada.
A carta de tendência, como qualquer outro gráfico, deve ser usada para chamar atenção para mudanças realmente vitais no sistema.
Por exemplo, quando monitoramos qualquer processo, é esperado que encontremos certa quantidade de pontos acima e abaixo da
média. Porém quando muitos pontos aparecem em apenas um lado da média, isto indica um evento estatístico não usual e que houve
variação na média. Estas mudanças devem ser sempre investigadas. Se a causa da variação é favorável, deve ser incorporada ao processo.
Se não deve ser eliminada.

Checklist de aderência
Checklist (ou lista de verificação) é um formulário, previamente elaborado, para coleta de opiniões sobre o quanto pessoas ou organi-
zações conhecem, aceitam ou praticam as ações, os princípios ou os comportamentos que estão sendo avaliados.

Diagrama de causa e efeito


É uma ferramenta utilizada para:
· apresentar a relação existente entre o resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas) que possam afetar este resultado;
· estudar processos e situações;
· planejamento.

É, também, conhecido como diagrama de espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa.


Desenvolvido no Japão, em 1943, por Kooru Ishikawa, permite, ainda, representar a relação entre problema e todas as possibilidades
de causas que podem implicar neste efeito.
Para facilitar a construção do diagrama, Ishikawa idealizou quatro categorias de causas conhecidas como 4M. Outras categorias foram
propostas e nada impede que cada pessoa proponha suas próprias categorias. Todavia, não deve esquecer que a simplicidade é o segredo
para o bom funcionamento desta ferramenta.
As categorias mais comuns para agrupamento das causas são:
· 4M: Mão-de-obra, Máquina, Método do Processo ou da Medida e Materiais;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
· 5M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais e Manager (Gerenciamento);
· 6M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais, Manager (Gerenciamento) e Meio
Ambiente;
· 7M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais, Manager (Gerenciamento), Meio Ambiente e Money (Dinheiro).

4Q1POC (5W2H)
É uma técnica de levantamento global recomendada para todas as etapas da análise e melhoria de processos. O nome da técnica
deriva-se de cinco perguntas em inglês. São elas: Who, Where, Why, What, When, How much and How. Por isso, ela também é conhecida
como 5W2H. Em português, 4Q1POC refere-se às perguntas Quem, O Que, Quando, Quanto, Por que, Onde e Como. Esta técnica pode ser
utilizada tanto para análise de processos quanto para o planejamento de melhorias. É a forma mais simples do Plano de Ação.

Quem
· Quem são os clientes e os fornecedores?
· Quem planeja, executa e avalia?

O Que
· O que é feito?
· O que é consumido?

Quando
· Quando a atividade é executada?
· Quando o cliente precisa do produto ou serviço?

Quanto
· Quanto custará a implementação das atividades?

Onde
· Onde a atividade é planejada, executada e avaliada?
· Onde o produto ou serviço deve ser entregue?

Por que
· Por que o processo segue esta rotina?
· Por que esta solução será implementada?

Como
· Como a atividade é planejada, executada e avaliada?
· Como esta solução será implementada?

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

5 Por quês
É uma técnica de análise que permite, através da formulação de uma única pergunta, Por que, aprofundar o conhecimento sobre
determinado assunto. Como se trata de uma sequencia de perguntas ordenadas, de forma que a pergunta seguinte incida sempre sobre a
resposta dada à questão anterior, a tendência é a identificação de uma grande variedade de causas afins ao tema que está sendo questio-
nado. Cabe observar que o número 5, colocado no nome da técnica, não é impositivo, apenas sugere a reincidência da pergunta e o não
conformismo com a primeira resposta.

Matriz GUT
É uma matriz de priorização de problemas a partir da análise feita, considerando três critérios (Gravidade - Urgência – Tendência):
· Gravidade: impacto do problema sobre coisas, pessoas, resultados, processos ou organizações e efeitos que surgirão a longo prazo,
caso o problema não seja resolvido.
· Urgência: relação com o tempo disponível ou necessário para resolver o problema.
· Tendência: potencial de crescimento do problema, avaliação da tendência de crescimento, redução ou desaparecimento do proble-
ma.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Técnica nominal de grupo
É uma técnica de priorização que se aplica a situações diversas, tais como: problemas, soluções, processos, atividades, etc. Diferente-
mente de outras técnicas, o critério de priorização é absolutamente subjetivo, o que torna recomendável que sua utilização seja precedida
de ampla discussão sobre os assuntos a serem priorizados.
Na Técnica Nominal de Grupo, os valores a serem atribuídos no preenchimento da matriz não são estabelecidos “a priori”, sendo que
o maior valor é sempre igual ao número de itens a serem priorizados. No preenchimento da matriz, cada avaliador começa atribuindo o
maior valor ao item que considera mais prioritário. Não é permitido, a um único avaliador, atribuir o mesmo valor a dois ou mais itens.

Votação de Pareto
É uma técnica de priorização baseada no «Princípio de Pareto» dos poucos pontos vitais e muitos pontos triviais sendo, neste caso,
utilizado o procedimento de votação.
Juran adaptou aos problemas da Qualidade a teoria da desigualdade da distribuição de renda desenvolvida pelo economista italiano
Vilfredo Pareto. O princípio de Pareto estabelece que, na maioria dos processos, uma pequena quantidade de causas (cerca de 20%) con-
tribui de forma preponderante para a maior parte dos problemas (cerca de 80%), e que uma grande quantidade de causas (cerca de 80%)
contribui muito pouco para os efeitos observados (cerca de 20%). Ao primeiro grupo de causas, ele chamou de “pouco vitais” e ao segundo
de “muito triviais”.
O procedimento utilizado consiste em que o coordenador, após a geração de uma série de ideias por um grupo, solicita que os parti-
cipantes votem naquelas que consideram as mais importantes, de acordo com as seguintes regras:
· o número de votos por participante é limitado a 20%, do total de ideias;
· todos os votos permitidos devem ser usados;
· não é permitido dedicar mais de um voto para uma mesma ideia por participante.

As ideias mais votadas, que devem estar na faixa dos 20% do total de ideias geradas, são as consideradas prioritárias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Diagrama de árvore
Relaciona o objetivo mais geral com passos de implementação prática. Na sua versão original japonesa, o diagrama da árvore é utiliza-
do para descrever os métodos pelos quais um propósito pode ser alcançado. Além disso, é utilizado também, para explorar todas as causas
possíveis de um problema, assemelhando-se ao diagrama de causa e efeito, para mapear características de um produto ou serviço e para
identificar atividades a serem acompanhadas tendo em vista um objetivo organizacional geral, como no exemplo prático apresentado na
tela seguinte.

Diagrama de matriz
Apresenta graficamente o relacionamento entre dois ou mais elementos, tais como: atividades de pessoas com funções, tarefas com
tarefas, problemas com problemas, problemas com causas e soluções, etc. As matrizes podem ter vários formatos, dependendo da quan-
tidade de elementos a serem combinados.

Fluxograma
É a representação esquemática da sequencia (setas) das etapas (caixas) de um processo e tem por objetivo ajudar a perceber sua
lógica. O fluxograma serve para compreender e melhorar o processo de trabalho, criar um procedimento padrão de operação e mostrar
como o trabalho deve ser feito.
É utilizado também como ferramenta de comunicação, de compreensão, aprendizado e auxílio à memória. Essa ferramenta possibilita
identificar instruções incompletas e serve como roteiro de controle e padronização. É muito útil na identificação e resolução de problemas
e na operacionalização, no controle e na melhoria de um processo.
Na construção de um fluxograma são utilizados símbolos variados, e os mais comuns são os apresentados a seguir:

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS
Vejamos abaixo as ferramentas estatísticas mais utilizadas, seus conceitos e exemplos.

Diagrama de Pareto
São gráficos de barras verticais que permitem classificar e priorizar problemas em duas categorias: “Pouco vitais” e “Muito triviais”.
Segundo o princípio de Pareto, os processos podem ser melhorados se houver uma atuação sistemática sobre as causas do primeiro
grupo. Se existir o hábito da priorização, muitos problemas simplesmente desaparecem por serem pouco relevantes.
Por outro lado, os problemas mais graves passam a ter o tratamento devido e também desaparecem.
Outro ponto importante sobre o diagrama de Pareto é a possibilidade de desdobramento das causas principais em outros Paretos,
permitindo análises sucessivas, como ilustrado a seguir.

Estratificação
A estratificação consiste em dividir um conjunto de dados em grupos que possuem características que os tornam peculiares, podendo
agrupá-los de diversas maneiras. Ela ajuda na análise dos casos cujos dados mascaram os fatos reais. Isto geralmente ocorre quando os
dados registrados provêm de diferentes fontes, mas são tratados sem distinção.
Permite também identificar fontes de variação, analisar dados, pesquisar oportunidades de melhoria e avaliar de forma mais eficaz as
situações. Uma forma prática de fazer estratificação é utilizar os 4M ou 5M ou 6M ou 7M.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

São gráficos de barras construídos a partir de uma tabela de frequência de determinadas ocorrências. O eixo horizontal apresenta os
valores assumidos por uma variável de interesse.
Subdivide-se o eixo horizontal em vários pequenos intervalos, construindo-se para cada um destes intervalos uma barra vertical.
Os histogramas, assim como os processos, podem ter as mais variadas formas, indicando se o processo está “estável” ou apresenta
algum desvio. A construção de histogramas exige alguns conhecimentos de estatística que permitam, após a coleta de dados, a determina-
ção da amplitude, do número, do intervalo e dos limites de classe e a preparação de uma tabela de frequência.

ESCOLHENDO O PROCESSO
A escolha do processo a ser analisado é de grande importância para o sucesso dos trabalhos a serem desenvolvidos no âmbito de uma
organização.
A seguir são listadas algumas dicas para seleção de processos:
· impacto direto sobre clientes externos;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
· ciclo de execução rápido;
· não esteja passando por importantes transições;
· seja relativamente simples;
· tenha potencial para gerar benefícios;
· ofereça integração com visão e missão.

A Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP) consiste em um conjunto de procedimentos sistematicamente ordenados,
baseado em fatos e dados, que visa a identificação e a eliminação de problemas que afetam os processos, bem como a identificação e o
aproveitamento de oportunidades para a melhoria contínua.
O gerenciamento de processos organizacionais envolve tanto a aplicação da MASP como a compreensão do ciclo PDCA (Planejar,
Desenvolver, Checar, Agir corretivamente), estudado anteriormente. Ambos os métodos, assim como o uso de ferramentas, são úteis no
gerenciamento da Qualidade de processos. Entender a relação existente entre estes deve, pois, ser considerada. Vejamos a seguir como
essas metodologias se relacionam.

Compreendendo a Masp – Etapas e Procedimentos e a Relação com o PDCA

RELAÇÃO ENTRE CICLO PDCA, ETAPAS DA MASP E FERRAMENTAS UTILIZADAS

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
METODOLOGIA PARA IMPLANTAÇÃO DA MASP · identificação das causas dos problemas (Diagrama de Ishika-
wa);
FASE 1 - PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO · priorização das causas (Matriz GUT, Votação de Pareto, etc).
Atividade 1: Elaboração do Projeto
· definição de objetivos e produtos; FASE 4 – PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS
· definição das áreas envolvidas e seus representantes; Atividades
· definição dos patrocinadores; · definição das possíveis soluções e respectivas alternativas,
· definição do Comitê Gestor de Redesenho; com descrição das vantagens e desvantagens;
· definição das Equipes de Redesenho; · identificação dos sistemas a serem modificados ou desenvol-
· definição dos Grupos de Contato; vidos;
· definição do Coordenador do Projeto; · mapeamento dos riscos envolvidos.
· definição dos recursos necessários;
· definição das estratégias de comunicação e responsáveis; FASE 5 – ELABORAÇÃO DOS MANUAIS DOS PROCESSOS
· definição da metodologia de análise a ser empregada; Atividades
· definição das técnicas de documentação a serem utilizadas; · novos fluxogramas (geral e detalhado);
· definição dos resultados a serem atingidos; · redação dos manuais;
· elaboração do Plano de Ação (descrição da tarefas, responsá- · revisão dos conteúdos;
veis e cronograma). · revisão ortográfica.
Atividade 2: Validação
Atividade 3: Divulgação FASE 6 – PLANEJAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO
Atividade 4: Alocação de Recursos Atividades
Atividade 5: Formalização dos Grupos de Trabalho (Comitê · definição da equipe responsável em cada área;
Gestor, Equipes de Redesenho, Grupos de Contato e Coordenação) · definição dos patrocinadores;
Atividade 6: Capacitação da Equipe de Redesenho · definição do processo de monitoramento dos resultados (in-
dicadores, itens de verificação e de controle, e metas a serem atin-
FASE 2 – IDENTIFICAÇÃO gidas);
Atividade 01: Identificação do Contexto Institucional do Pro- · definição da estratégia de implementação;
cesso · elaboração do plano de implementação (tarefas, responsáveis
· missão da organização e competências das áreas; e cronograma);
· diagrama da estrutura organizacional (com o quantitativo de · elaboração do plano de capacitação;
pessoal). · capacitação das equipes executoras.

Atividade 02: Identificação do Processo FASE 7 – ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO


· nome do processo; descrição e objetivos; Atividades
· unidade responsável; · Reuniões de acompanhamento, avaliação e tomada de deci-
· responsável (cargo, nome, telefone e e-mail); são (correções ou modificações no processo).
· recursos alocados (humanos, tecnológicos e materiais);
· produtos intermediários e finais; FASE 8 – RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO DO PROJETO
· clientes internos e externos e seus requisitos; Atividades
· fornecedores e insumos (e requisitos); · elaboração de relatório.7
· fluxograma geral do processo;
· documentação existente (legislação, normas, sistemas, etc);
· indicadores existentes [tipo, nome, descrição/fórmula, pe- TÉCNICAS DE ARQUIVAMENTO: CLASSIFICAÇÃO, OR-
riodicidade, insumos, responsável, histórico (financeiro/custos; GANIZAÇÃO, ARQUIVOS CORRENTES E PROTOCOLO
processo eficiência; eficácia; efetividade; qualidade; prazos; metas;
capacidade; satisfação dos clientes; critérios PNGP – liderança, pla-
nejamento, cidadão e sociedade, informação e análise, processos, Administrar, organizar e gerenciar a informação é, hoje, uma
pessoas, resultados); preocupação entre as empresas e entidades públicas e privadas de
· mapa de atividades; pequeno, médio e grande porte de diversos segmentos, que encon-
· fluxograma detalhado do processo. tram na Tecnologia da Gestão de Documentos uma poderosa aliada
para a tomada de decisões e um facilitador para a gestão de suas
FASE 3 – ANÁLISE atividades.
Atividade 1: Identificação e Priorização dos Problemas A Gestão de Documentos é também um caminho seguro, rápi-
· ambiente interno: fatores restritivos e fatores incentivadores do e eficiente para as empresas se destacarem dos seus concorren-
(condições de trabalho, documentação, recursos humanos, recur- tes e conquistarem certificações.
sos tecnológicos e recursos materiais); A Gestão de Documentos contribui no processo de Acreditação
· ambiente externo: ameaças e oportunidades; e Certificação ISO, porque assegura que a informação produzida e
· definição dos fatores críticos de sucesso e subprocessos es- utilizada será bem gerenciada, garantindo a confidencialidade e a
senciais; rastreabilidade das informações, além de proporcionar benefícios
· identificação e priorização dos problemas; como: racionalização dos espaços de guarda de documentos, efi-
· descrição dos principais problemas; ciência e rapidez no desenvolvimento das atividades diárias e o
· forma com que os problemas são percebidos; momento e pro- controle do documento desde o momento de sua produção até a
vidências adotadas. destinação final.
Atividade 2: Análise dos Problemas
7--> Fonte: www.adapar.pr.gov.br

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Com relação à Acreditação, a Gestão de Documentos é fator inviabilizar que os arquivos cumpram suas funções fundamentais.
determinante também para cumprir a Resolução 1.639/2002, do Para tentar sanar esse e outros  problemas, que é recomendável o
Conselho Federal de Medicina, onde é definido que os prontuários uso de um sistema de protocolo.
médicos são de guarda definitiva e, portanto, não podem ser des-
cartados sem o devido planejamento de como garantir a preserva- É sabido que durante a sua tramitação, os arquivos correntes
ção das informações. podem exercer funções de protocolo (recebimento, registro, distri-
Administrar e gerenciar documentos, a partir de conceitos da buição, movimentação e expedição de documentos), daí a deno-
Gestão Documental, proporciona às empresas privadas e entidades minação comum de alguns órgãos como Protocolo e Arquivo.  No
públicas maior controle sobre as informações que produzem e re- entanto, pode acontecer de as pessoas que lidam com o recebimen-
cebem. to de documentos não saberem, ou mesmo não serem orientadas
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso ade- sobre como proceder para que o documento cumpra a sua função
quado da microfilmagem e das tecnologias do GED (Gerenciamento na instituição.
Eletrônico de Documentos) deve ser efetiva visando à garantia no Como alternativa para essa questão, sistemas de base de dados
processo de atualização da documentação, interrupção no processo podem ser utilizados, de forma que se faça o registro dos documen-
de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda tos assim que eles cheguem às repartições.
do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que Algumas rotinas devem ser adotadas no registro documental,
permitam acesso à informação pela internet e intranet. afim de que não se perca o controle, bem como administrar proble-
A eficiente gestão dos arquivos públicos municipais contribui mas que facilmente poderiam ser destaca-se:
para uma melhor administração dos recursos das cidades e municí- Receber as correspondências, separando as de caráter oficial
pios, além de resguardar os mesmos de penalidades civis e adminis- da de caráter particular, distribuindo as de caráter particular a seus
trativas, que estes estão sujeitos se não cumprirem a legislação em destinatários.
vigor ou ainda, se destruírem documentos de valor permanente ou Separar as correspondências de caráter ostensivo das de cará-
de interesse público e social. ter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus respectivos
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública destinatários;
atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos, Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensi-
TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente vos por meio da leitura, requisitando a existência de antecedentes,
de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa- se existirem;
ção e preservação dos documentos. Classificar o documento de acordo com o método da institui-
ção, carimbando-o em seguida;
Protocolo Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao proto-
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e ex- colo.
pedição de documentos. Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a segun-
As atividades de recebimento de documentos, registro, contro- da via da ficha ao documento;
le de tramitação e expedição de correspondências constituem os Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com os
serviços de protocolo. E as atividades de arquivamento e emprésti- dados das fichas de protocolo;
mo de documentos são os serviços de arquivo. Então, não podemos Arquivar as fichas de protocolo.
A tramitação de um documento dentro de uma instituição de-
separar os serviços de protocolo dos serviços de arquivo. Daí ser
pende diretamente se as etapas anteriores foram feitas da forma
comum, na estrutura organizacional das instituições, a existência de
correta. Se feitas, fica mais fácil, com o auxílio do protocolo, saber
setores, normalmente denominados Arquivo e Protocolo, ou Arqui-
sua exata localização, seus dados principais, como data de entra-
vo e Comunicação ou outro nome parecido, que respondem tanto
da, setores por que já passou, enfim, acompanhar o desenrolar de
pelo protocolo como pelo arquivamento.
suas funções dentro da instituição. Isso agiliza as ações dentro da
Em relação aos serviços de arquivo e protocolo, é importante
instituição, acelerando assim, processos que anteriormente encon-
destacarmos que as rotinas e procedimentos para sua execução de-
travam dificuldades, como a não localização de documentos, não se
vem ser criados pela própria instituição, obedecendo a um critério
podendo assim, usá-los no sentido de valor probatório, por exem-
adequado às suas características. Não podemos predeterminar e plo.
nem impor qualquer rotina ou procedimento a uma empresa, mas Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos de-
apenas sugerir. vem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou reco-
Para que todo esse processo acima seja desenvolvido é neces- lhimento. É nesta etapa que a expedição de documentos torna-se
sário trabalhar com a gestão de documentos, que nada mais é que importante, pois por meio dela, fica mais fácil fazer uma avaliação
um conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à do documento, podendo-se assim decidir de uma forma mais con-
sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase fiável, o destino do documento.  Dentre as recomendações com re-
corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento lação à expedição de documentos, destacam-se:
para a guarda permanente. Receber a correspondência, verificando a falta de anexos e
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores en- completando dados;
carregados do recebimento, registro, distribuição e movimentação Separar as cópias, expedindo o original;
dos documentos em curso. É de conhecimento comum o grande Encaminhar as cópias ao Arquivo.
avanço que a humanidade teve nos últimos anos, avanços esses que
contribuíram para o aumento da produção de documentos. Cabe É importante citar que essas rotinas são apenas sugestões, afi-
ressaltar que tal aumento teve sua importância para a área da ar- nal, cada instituição desenvolverá os processos próprios, no entan-
quivística, no sentido de ter despertado nas pessoas a importância to, a aplicação dessas rotinas inquestionavelmente facilita todo o
dos arquivos. Entretanto, seja por descaso ou mesmo por falta de processo de protocolo e arquivo.
conhecimento, a acumulação de massas documentais desnecessá-
rias foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Classificação de Documentos de Arquivo c)  Coerência
Os principais Sistemas ou Tipos de classificação utilizados em - Aplicação dos mesmos princípios e critérios de escolha para a
arquivos são: resolução de casos análogos, implicando uma uniformidade intrín-
- Classificação Alfabética seca ao próprio sistema.
- Classificação Numérica
- Classificação Alfa-numérica d) Pertinência
- Classificação Cronológica - A indexação deve ser feita sempre em função do utilizador.
- Classificação Geográfica
- Classificação Ideológica e) Eficácia
- Classificação Decimal - Capacidade de um sistema de informação recuperar a infor-
- Classificação Decimal Universal (CDU) mação relevante, nele armazenada de uma forma eficaz e com o mí-
- Classificação Automática nimo de custo. A qualidade num processo de indexação é influen-
ciada pelos seguintes parâmetros:
A indexação é a operação que consiste em descrever e caracte- - Características dos instrumentos de indexação utilizados;
rizar um documento com o auxilio de representações dos conceitos - Características do indexador:
contidos nesses documentos, isto é, em transcrever para lingua-
gem documental os conceitos depois de terem sido extraídos dos - Pessoais: objetividade, imparcialidade, espírito de análise,
documentos por meio de uma análise dos mesmos. A indexação capacidade de síntese, desenvolvimento intelectual, sociabilidade,
permite uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo cultura geral, cultura específica e outras.
documental. - Profissionais: conhecimento técnicos que permitam decisões
A indexação conduz ao registro dos conceitos contidos num do- acertadas, conhecimentos profundos acerca do sistema de indexa-
cumento de uma forma organizada e facilmente acessível, median- ção em que está integrado.
te a constituição de instrumentos de pesquisa documental como
índices e catálogos alfabéticos de matérias. A informação contida Plano de Classificação
num documento é representada por um conjunto de conceitos ou O objetivo primordial de uma eficaz estruturação dos arquivos
combinações de conceitos. consiste na criação de condições para a recuperação da informação
de forma rápida, segura e eficaz. Por esta razão, se deve estabelecer
A indexação processa-se em duas fases: no início de funcionamento de um arquivo, o plano de classificação
a. Reconhecimento dos conceitos que contêm informação: ou plano do arquivo.
- Apreensão do conteúdo total do documento; O conceito de classificação e o respectivo sistema classificati-
- Identificação dos conceitos que representam esse conteúdo; vo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de
- Seleção dos conceitos necessários para uma pesquisa poste- um plano de classificação que permita um bom funcionamento do
rior. arquivo. É uma tarefa muito importante, primordial, difícil e morosa
e deve ser elaborada com o máximo cuidado de forma a não se
b. Representação dos conceitos em linguagem documental cometerem erros que se repercutirão na estrutura e bom funciona-
com o auxílio dos instrumentos de indexação: mento do arquivo.
- Servem ao indexador para indexar o documento; Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes ca-
- Servem ao utilizador para recuperar a informação; racterísticas:
- Contribuem para a uniformidade e consistência da indexação; - Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando cri-
térios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais
Nos arquivos e centros, ou serviços de documentação, utili- simples forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se
zam-se, normalmente, a indexação coordenada e a indexação por efetuará a ordenação da documentação;
temas. - A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do
Os parâmetros a ter em conta para realizar tarefa de indexação organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando
são: a estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
a) Exaustividade - Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do ser-
- Todos os assuntos (conceitos) de que trata o documento estão viço deixando espaço livre para novas inclusões;
representados na indexação; - Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classifica-
- Não existe seleção de termos. Especificidade. ções mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se
- A descrição do conteúdo traduz, o mais próximo possível, a entender conveniente.
informação que o documento contém;
- Não se utilizam termos de indexação demasiados genéricos A função da gestão de documentos e arquivos nos sistemas na-
ou demasiado específicos, relativamente aos conceitos expressos cionais de informação, segundo o qual um programa geral de ges-
no documento. tão de documentos, para alcançar economia e eficácia, envolve as
seguintes fases:
b)  Uniformidade - produção: concepção e gestão de formulários, preparação
- É um parâmetro muito importante ligado a qualidade da in- e gestão de correspondência, gestão de informes e diretrizes, fo-
dexação; mento de sistemas de gestão da informação e aplicação de tecnolo-
- Procura anular a sinonímia (palavras de significação idêntica gias modernas a esses processos;
ou parecida, mas não tem o mesmo valor e emprego), representan- - utilização e conservação: criação e melhoramento dos
do para um mesmo conceito a escolha de um mesmo termo; sistemas de arquivos e de recuperação de dados, gestão de correio
- Utiliza, sempre que possível, termos de estrutura idêntica e telecomunicações, seleção e uso de equipamento reprográfico,
para a representação de conceitos análogos. análise de sistemas, produção e manutenção de programas de do-
cumentos vitais e uso de automação e reprografia nestes processos;

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
- destinação: a identificação e descrição das séries docu- O Arquivo Nacional publicou em 1985 manual técnico sob o
mentais, estabelecimento de programas de avaliação e destinação título Orientação para avaliação e arquivamento intermediário em
de documentos, arquivamento intermediário, eliminação e recolhi- arquivos públicos, do qual constam diretrizes gerais para a realiza-
mento dos documentos de valor permanente às instituições arqui- ção da avaliação e para a elaboração de tabelas de temporalida-
vísticas. de. Em 1986, iniciaram-se as primeiras atividades de avaliação dos
acervos de caráter intermediário sob a guarda da então Divisão de
O código de classificação de documentos de arquivo é um ins- Pré-Arquivo do Arquivo Nacional, desta vez com a preocupação de
trumento de trabalho utilizado para classificar todo e qualquer do- estabelecer prazos de guarda com vista à eliminação e, consequen-
cumento produzido ou recebido por um órgão no exercício de suas temente, à redução do volume documental e racionalização do es-
funções e atividades. A classificação por assuntos é utilizada com paço físico.
o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como A metodologia adotada à época envolveu pesquisas na legisla-
forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas ção que regula a prescrição de documentos administrativos, e en-
relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, trevistas com historiadores e servidores responsáveis pela execução
recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o traba- das atividades nos órgãos públicos, que forneceram as informações
lho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, relativas aos valores primário e secundário dos documentos, isto
o qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso da infor- é, ao seu potencial de uso para fins administrativos e de pesqui-
mação nele contida. A classificação define, portanto, a organização sa, respectivamente. Concluídos os trabalhos, ainda que restrito à
física dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial documentação já depositada no arquivo intermediário do Arquivo
básico para sua recuperação. Nacional, foi constituída, em 1993, uma Comissão Interna de Ava-
No código de classificação, as funções, atividades, espécies e liação que referendou os prazos de guarda e destinação propostos.
tipos documentais genericamente denominados assuntos, encon- Com o objetivo de elaborar uma tabela de temporalidade para
tram-se hierarquicamente distribuídos de acordo com as funções e documentos da então Secretaria de Planejamento, Orçamento e
atividades desempenhadas pelo órgão. Em outras palavras, os as- Coordenação (SEPLAN), foi criado, em 1993, um grupo de trabalho
suntos recebem códigos numéricos, os quais refletem a hierarquia composto por técnicos do Arquivo Nacional e daquela secretaria,
funcional do órgão, definida através de classes, subclasses, grupos e cujos resultados, relativos às atividade-meio, serviriam de subsí-
subgrupos, partindo-se sempre do geral para o particular. dio ao estabelecimento de prazos de guarda e destinação para os
A classificação deve ser realizada por servidores treinados, de documentos da administração pública federal. A tabela, elaborada
acordo com as seguintes operações. com base nas experiências já desenvolvidas pelos dois órgãos, foi
a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a fim de encaminhada, em 1994, à Direção Geral do Arquivo Nacional para
verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais as referên- aprovação.
cias cruzadas que lhe corresponderão. A referência cruzada é um Com a instalação do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq),
mecanismo adotado quando o conteúdo do documento se refere a em novembro de 1994, foi criada, dentre outras, a Câmara Técnica
dois ou mais assuntos. de Avaliação de Documentos (Ctad) para dar suporte às atividades
b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código correspon- do conselho. Sua primeira tarefa foi analisar e discutir a tabela de
dente ao assunto de que trata o documento. temporalidade elaborada pelo grupo de trabalho Arquivo Nacional/
SEPLAN, com o objetivo de torná-la aplicável também aos docu-
Rotinas correspondentes às operações de classificação mentos produzidos pelos órgãos públicos nas esferas estadual e
1. Receber o documento para classificação; municipal, servindo como orientação a todos os órgãos participan-
2. Ler o documento, identificando o assunto principal e o(s) se- tes do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).
cundário(s) de acordo com seu conteúdo; O modelo ora apresentado constitui-se em instrumento básico
3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação de docu- para elaboração de tabelas referentes às atividade-meio do serviço
mentos de arquivo, utilizando o índice, quando necessário; público, podendo ser adaptado de acordo com os conjuntos docu-
4. Anotar o código na primeira folha do documento; mentais produzidos e recebidos. Vale ressaltar que a aplicação da
5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos se- tabela deverá estar condicionada à aprovação por instituição arqui-
cundários. vística pública na sua específica esfera de competência.

A avaliação constitui-se em atividade essencial do ciclo de vida Tabela de Temporalidade


documental arquivístico, na medida em que define quais documen- A tabela de temporalidade deverá contemplar as atividade-
tos serão preservados para fins administrativos ou de pesquisa e em -meio e atividades-fim de cada órgão público. Desta forma, caberá
que momento poderão ser eliminados ou destinados aos arquivos aos mesmos definir a temporalidade e destinação dos documentos
intermediário e permanente, segundo o valor e o potencial de uso relativos às suas atividades específicas, complementando a tabela
que apresentam para a administração que os gerou e para a socie- básica. Posteriormente, esta deverá ser encaminhada à instituição
dade. arquivística pública para aprovação e divulgação, por meio de ato
Os primeiros atos legais destinados a disciplinar a avaliação de legal que lhe confira legitimidade.
documentos no serviço público datam do final do século passado, A tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico re-
em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. No Brasil, a sultante de avaliação, que tem por objetivos definir prazos de guar-
preocupação com a avaliação de documentos públicos não é recen- da e destinação de documentos, com vista a garantir o acesso à
te, mas o primeiro passo para sua regulamentação ocorreu efetiva- informação a quantos dela necessitem. Sua estrutura básica deve
mente com a lei federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que em necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos
seu artigo 9º dispõe que “a eliminação de documentos produzidos e recebidos por uma instituição no exercício de suas atividades, os
por instituições públicas e de caráter público será realizada median- prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação
te autorização de instituição arquivística pública, na sua específica final – eliminação ou guarda permanente, além de um campo para
esfera de competência”. observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem contam com
instrumento: serviços de arquivamento intermediário:
Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades organi-
1. Assunto: Neste campo são apresentados os conjuntos do- zacionais são igualmente responsáveis pelo arquivamento corrente,
cumentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos ficando a guarda intermediária a cargo das mesmas ou do arquivo
de acordo com as funções e atividades desempenhadas pela ins- público, o qual deverá assumir tais funções.
tituição. Para possibilitar melhor identificação do conteúdo da in-
formação, foram empregadas funções, atividades, espécies e tipos 3. Destinação final: Neste campo é registrada a destinação es-
documentais, genericamente denominados assuntos, agrupados tabelecida que pode ser a eliminação, quando o documento não
segundo um código de classificação, cujos conjuntos constituem o apresenta valor secundário (probatório ou informativo) ou a guarda
referencial para o arquivamento dos documentos. permanente, quando as informações contidas no documento são
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que consideradas importantes para fins de prova, informação e pesqui-
contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para sa.
agilizar a sua localização na tabela. A guarda permanente será sempre nas instituições arquivís-
ticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos estaduais, do
2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário para ar- Distrito Federal e municipais), responsáveis pela preservação dos
quivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, documentos e pelo acesso às informações neles contidas. Outras
visando atender exclusivamente às necessidades da administração instituições poderão manter seus arquivos permanentes, seguindo
que os gerou, mencionado, preferencialmente, em anos. Excepcio- orientação técnica dos arquivos públicos, garantindo o intercâmbio
nalmente, pode ser expresso a partir de uma ação concreta que de informações sobre os respectivos acervos.
deverá necessariamente ocorrer em relação a um determinado
conjunto documental. Entretanto, deve ser objetivo e direto na 4. Observações: Neste campo são registradas informações
definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até ho- complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da
mologação da aposentadoria; e até quitação da dívida. O prazo tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do supor-
estabelecido para a fase corrente relaciona-se ao período em que te da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos
o documento é frequentemente consultado, exigindo sua perma- documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documen-
nência junto às unidades organizacionais. A fase intermediária re- tais avaliados.
laciona-se ao período em que o documento ainda é necessário à A necessidade de comunicação é tão antiga como a formação
administração, porém com menor frequência de uso, podendo ser da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia de se perpetuar,
transferido para depósito em outro local, embora à disposição des- teve sempre a preocupação de registrar suas observações, seu pen-
ta. samento, para os legar às gerações futuras.
A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas formas Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais é do
de concentração dos arquivos, seja ao nível da administração (fa- que registrar e guardar. Por sua vez, no seu sentido mais simples,
ses corrente e intermediária), seja no âmbito dos arquivos públicos guardar é arquivar.
(permanentes ou históricos). Assim, a distribuição dos prazos de Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o ver-
guarda nas fases corrente e intermediária foi definida a partir das dadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo. Indiscutivelmente,
seguintes variáveis: por anos e anos, estas instituições tiveram mais ou menos o mesmo
I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com serviços objetivo. Eram elas depósitos de tudo o que se produzira a mente
de arquivamento intermediário: humana, isto é, do resultado do trabalho intelectual e espiritual do
Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se enqua- homem.
dram nesta variável, há necessidade de redistribuição dos prazos, O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, evita re-
considerando-se as características de cada fase, desde que o prazo petição desnecessárias de experiências, diminui a duplicidade de
total de guarda não seja alterado, de forma a contemplar os seguin- documentos, revela o que está por ser feito, o que já foi feito e os
tes setores arquivísticos: resultados obtidos. Constitui fonte de pesquisa para todos os ramos
- arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao arquivo administrativos e auxilia o administrador a tomada de decisões.
da unidade organizacional);
- arquivo central (fase intermediária I, que corresponde ao se- Os principais Sistemas ou Tipos de classificação utilizados em
tor de arquivo geral/central da instituição); arquivos são:
- arquivo intermediário (fase intermediária II, que corresponde Método alfabético: É o sistema mais simples, fácil, lógico e prá-
ao depósito de arquivamento intermediário, geralmente subordi- tico, porque obedecendo à ordem alfabética pode-se logo imaginar
nado à instituição arquivística pública nas esferas federal, estadual que não apresentará grandes dificuldades nem para a execução do
e municipal). trabalho de arquivamento, nem para a procura do documento de-
II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam com sejado, pois a consulta é direta.
serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos situados nes-
ta variável, as unidades organizacionais são responsáveis pelo ar- Método numérico simples: Consiste em numerar as pastas em
quivamento corrente e o arquivo central funciona como arquivo ordem da entrada do correspondente ou assunto, sem nenhuma
intermediário, obedecendo aos prazos previstos para esta fase e consideração à ordem alfabética dos mesmos, dispensando assim
efetuando o recolhimento ao arquivo permanente. qualquer planejamento anterior do arquivo. Para o bom êxito deste
III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam com método, devemos organizar dois índices em fichas; numas fichas
serviços de arquivamento intermediário: Nesta variável, as unida- serão arquivadas alfabeticamente, para que se saiba que numero
des organizacionais também funcionam como arquivo corrente, recebeu o correspondente ou assunto desejado, e no outro são ar-
transferindo os documentos – depois de cessado o prazo previsto quivadas numericamente, de acordo com o numero que recebeu
para esta fase – para o arquivo intermediário, que promoverá o re- o cliente ou o assunto, ao entrar para o arquivo. Este ultimo índi-
colhimento ao arquivo permanente. ce pode ser considerado tombo (registro) de pastas ocupadas e,

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
graças a ele, sabemos qual é o ultimo numero preenchido e assim rastreabilidade das informações, além de proporcionar benefícios
destinaremos o numero seguinte a qualquer novo cliente que seja como: racionalização dos espaços de guarda de documentos, efi-
registrado. ciência e rapidez no desenvolvimento das atividades diárias e o
controle do documento desde o momento de sua produção até a
Método alfabético numérico: Como se pode deduzir pelo seu destinação final.
nome, é um método que procurou reunir as vantagens dos méto- “Com relação à Acreditação, a Gestão de Documentos é fator
dos alfabéticos simples e numérico simples, tendo alcançado seu determinante também para cumprir a Resolução 1.639/2002, do
objetivo, pois desta combinação resultou um método que apresen- Conselho Federal de Medicina, onde é definido que os prontuários
ta ao mesmo tempo a simplicidade de um e a exatidão e rapidez, no médicos são de guarda definitiva e, portanto, não podem ser des-
arquivamento, do outro. É conhecido também pelo nome de nume- cartados sem o devido planejamento de como garantir a preserva-
ralfa e alfanumérico. ção das informações”, disse Mário Pinho.
Administrar e gerenciar documentos, a partir de conceitos da
Método geográfico: Este método é muito aconselhável quan- Gestão Documental, proporciona às empresas privadas e entidades
do desejamos ordenar a documentação de acordo com a divisão públicas maior controle sobre as informações que produzem e re-
geográfica, isto é, de acordo com os países, estados, cidades, mu- cebem. No Brasil, pesquisas recentes revelaram que apenas 30%
nicípios etc. Nos departamentos de vendas, por exemplo, é de es- dos arquivos municipais brasileiros possuem condições ao menos
pecial utilidade para agrupar os correspondentes de acordo com as razoáveis, não obstante a Lei Federal N.º 8.159 estipula normas rí-
praças onde operam ou residem. gidas quanto à preservação e gerenciamento dos acervos, definin-
do que a Gestão de Documentos é o conjunto de procedimentos
Método específico ou por assunto: Indiscutivelmente o méto- e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso,
do especifico, representado por palavras dispostas alfabeticamen- avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando
te, é um dos mais difíceis processos de arquivamento, pois, con- a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente.
sistindo em agrupar as pastas por assunto, apresenta a dificuldade A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso ade-
de se escolher o melhor termo ou expressão que defina o assunto. quado da microfilmagem e das tecnologias do GED (Gerenciamento
Temos o vocabulário todo da língua à nossa disposição e justamen- Eletrônico de Documentos), deve ser efetiva visando à garantia no
te o fato de ser tão amplo o campo da escolha nos dificulta a sele- processo de atualização da documentação, interrupção no processo
ção acertada, além do que entra muito o ponto de vista pessoal do de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda
arquivista, nesta seleção. do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que
permitam acesso à informação pela internet e intranet.
Método decimal: Este método foi inspirado no Sistema Deci- A eficiente gestão dos arquivos públicos municipais contribui
mal de Melvil Dewey. Dewey organizou um sistema de classificação para uma melhor administração dos recursos das cidades e municí-
para bibliotecas, muito interessante, o qual conseguiu um grande pios, além de resguardar os mesmos de penalidades civis e adminis-
sucesso; fora publicado em 1876. trativas, que estes estão sujeitos se não cumprirem a legislação em
Dividiu ele os conhecimentos humanos em dez classes, as vigor ou ainda, se destruírem documentos de valor permanente ou
quais, por sua vez, se subdividiram em outras dez, e assim por dian- de interesse público e social.
te, sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, graças à sua base A realidade dos arquivos da administração pública reflete a
decimal. necessidade da implantação de uma gestão documental. Vários
documentos se encontram armazenados de maneira indevida. Mui-
Método simplificado: Este a rigor não deveria ser considerado tos documentos de valores legais e probatórios podem ser vistos
propriamente um método, pois, na realidade, nada mais é do que a amontoados e expostos a riscos e danos de destruição, podendo
utilização de vários métodos ao mesmo tempo, com a finalidade de causar perdas e prejuízos irreparáveis ao Município.
reunir num só móvel as vantagens de todos eles. A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública
Gestão de Documentos uma poderosa aliada para a tomada de atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
decisões e um facilitador para a gestão de suas atividades. TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente
A Gestão de Documentos é também um caminho seguro, rá- de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa-
pido e eficiente para as empresas se destacarem dos seus concor- ção e preservação dos documentos.
rentes e conquistarem certificações como Acreditação Hospitalar e A qualidade da administração irá determinar a exatidão com
Certificação.
que podem ser fixados os valores da documentação recolhida. De-
A ONA (Organização Nacional de Acreditação) é responsável
terminará ainda o grau de facilidade com que os documentos de va-
pelo processo permanente de avaliação e certificação da qualidade
lor podem ser selecionados para retenção num arquivo permanen-
dos serviços de saúde nos hospitais e clinicas que almejam conse-
te. O uso de documentos para fins de pesquisa depende da maneira
guir a Acreditação. Para obter o certificado, os serviços de saúde
pela qual foram originariamente ordenados. Os métodos de admi-
são avaliados e devem garantir e assegurar aos usuários e profissio-
nistração de arquivos permanentes desenvolvem-se em função dos
nais que os procedimentos médicos, assistências de saúde e a se-
utilizados na administração dos arquivos correntes, lembrando que
gurança da informação estão sendo realizados de maneira correta
e com excelência. é um dos princípios básicos da arquivística conservar, nos arquivos
A Norma NBR ISO 9001:2000 estabelece que os documentos de custódia, o arranjo original.
requeridos pelo Sistema de Gestão da Qualidade devem ser contro- Assim que o valor primário (administrativo, legal, fiscal) dos
lados, gerenciados e ter rastreabilidade. É importante ainda esta- documentos deixe de existir, deverão ser descartados, recolhidos
belecer uma sistemática para remoção dos documentos obsoletos ao arquivo de custódia ou transferidos a um arquivo intermediário,
e a preservação dos documentos de valores históricos a partir da caso contrário, tomarão espaço estorvando o bom andamento das
implantação da Gestão de Documentos. atividades correntes.
A Gestão de Documentos contribui no processo de Acreditação Logo, a administração dos arquivos correntes oficiais tem por
e Certificação ISO, porque assegura que a informação produzida e objetivo fazer com que os documentos sirvam às finalidades para
utilizada será bem gerenciada, garantindo a confidencialidade e a as quais foram criados, da maneira mais eficiente e econômica pos-

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
sível, e concorrer para a destinação adequada dos mesmos, depois que tenham servido a seus fins. Os documentos são eficientemente
administrados quando:
a) Uma vez necessários podem ser localizados com rapidez e sem transtorno ou confusão;
b) Quando conservados a um custo mínimo de espaço e manutenção enquanto indispensáveis às atividades correntes;
c) E quando nenhum documento é reservado por tempo maior do que o necessário a tais atividades, a menos que tenham valor con-
tínuo para pesquisa e outros fins.

Os objetivos de uma administração eficiente de arquivos só podem ser alcançados quando se dispensa atenção aos documentos
desde a sua criação até o momento em que são transferidos para um arquivo de custódia permanente ou são eliminados. A administra-
ção de arquivos preocupa-se com todo o período de vida da maioria dos documentos, lutando para limitar sua criação, de tal forma que
possa determinar os que devem ser destinados ao “inferno” do incinerador, ou ao “céu” de um arquivo permanente, ou ao “limbo” de um
depósito intermediário.
Assim, os Arquivos também têm ciclo de vida e este é contado a partir da produção do documento e do encerramento do ato, ação
ou fato que motivou a sua produção e da sua frequência de uso. Essa fase se diz na Arquivologia que tem relação com a VIGÊNCIA do do-
cumento (a razão de ser do documento).
Depois de destituído dessa vigência o documento pode ser guardado em função da importância das informações nele contidas, para
a história da administração ou mesmo para tomadas de decisões pautadas nas ações do passado.
Então o ciclo pode ser categorizado em três fases ou arquivos:

Arquivo Corrente ou de Gestão – também conhecido como de Primeira Idade ou Ativo. São conjuntos de documentos estreitamente
vinculados aos objetivos imediatos para os quais foram produzidos e que se conservam junto aos órgãos produtores em razão de sua vi-
gência e frequência de uso. São muito usados pela administração.
Arquivo Intermediário – também conhecido como de Segunda Idade ou Semi Ativo. São Arquivos que aguardam em depósito de ar-
mazenamento temporário, sua destinação final. Apresenta pequena frequência de uso pela administração.
Arquivo Permanente – também conhecido como de Terceira Idade ou Histórico. São os conjuntos documentais custodiados em cará-
ter definitivo, em função do seu valor. O acesso é público.

Arquivos
Segundo estudiosos, a origem da palavra arquivo tem duas vertentes: a primeira diz que é originária do grego arché (palácio dos ma-
gistrados), passando depois a se chamar archeion (local utilizado para guardar e depositar documentos); e a segunda, que é originária do
latim, archivum, quer dizer: local de guarda de documentos e outros títulos.
O art. 2º da Lei nº 8.159/91 que: “dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências”,
traz a seguinte definição:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições
de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Outras definições de arquivo:


“designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de prova ou
informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas ativi-
dades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Marilena Leite,
1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua ativida-
de, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena Leite, 1986).

Obs.: O termo arquivo, em suas várias acepções, também é usado para designar: entidade; mobiliário; setor; repartição; conjunto
documental; local físico designado para conservar o acervo; órgão do governo; título de periódicos, etc.

Finalidade e Função do Arquivo


A principal finalidade do arquivo é servir como fonte de consulta à administração, pois, constitui-se em sua essência, em documentos
produzidos e/ou recebidos pela entidade mantenedora do acervo, podendo, com o passar do tempo, servir de base para o conhecimento
da História.
O arquivo tem como função principal: tornar acessível/disponível a informação contida no acervo documental sob sua guarda aos
diversos consulentes e, como função básica: armazenar, guardar e conservar os documentos.

Características do arquivo
a) o arquivo possui essência funcional/administrativa, constituindo-se na maioria das vezes de um único exemplar ou de um limitado
número de cópias;
b) conteúdo exclusivamente formado por documentos produzidos e/ou recebidos por uma entidade, família, setor, repartição, pes-
soa, organismo ou instituição;
c) tem origem no desempenho das atividades que o gerou (servindo de prova) e;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
d) possui caráter orgânico, ou seja, relação entre documentos de arquivo pertencentes a um mesmo conjunto (um documento possui
muito mais valor quando está integrado ao conjunto a que pertence do que quando está desagregado dele).

Obs.: Segundo PAES, “não se considera arquivo uma coleção de manuscritos históricos, reunidos por uma pessoa”.

Arquivo, biblioteca e museu, respectivamente vinculados à Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia, embora sejam ramificações
da Ciência da Informação, distingue-se basicamente pelos seguintes aspectos:

O “boom” da informação, consequência do progresso científico e tecnológico (século XIX), possibilitou o surgimento de diversas
profissões, especializações, descobertas, invenções etc., resultando na criação/produção de novos documentos e seus variados suportes.
Originou-se a partir daí os chamados Centros de Documentação ou Centros de Informação (órgãos responsáveis pela reunião, análise,
tratamento técnico, classificação, seleção, armazenamento e disseminação de todo e qualquer tipo de documento e informação). Neles se
reúnem documentos de arquivo, biblioteca e museu, ou seja, são centros formados por elementos pertencentes as três entidades citadas.

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados
e dá outras providências:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à institui-
ção arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Atenção! Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público –
mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.
Ex: Arquivos Públicos das esferas: federal, estadual, distrito federal e municipal.
Obs.: Conforme o art. 175 inserido na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “Incumbe ao Poder Público, na forma
da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”, ou seja, a
titularidade dos serviços públicos é do poder público, mas, estes serviços, poderão ser exercidos indiretamente pelo particular (entidades
privadas) mediante concessão ou permissão.

Arquivos Privados
Segundo o art. 11 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991: “Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzi-
dos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
• Comercial: companhias, empresas, etc.8
8--> Fonte: www.editorajuspodivm.com.br – Texto adaptado de George Melo Rodrigues

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Arquivística instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção,
A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos originários de
e também os princípios e técnicas a serem observados durante a uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva in-
atuação de um arquivista sobre os arquivos. É a Ciência e disciplina dividualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não
que objetiva gerenciar todas as informações que possam ser regis- devendo ser mesclados a outros de origem distinta.
tradas em documentos de arquivos. Para tanto, utiliza-se de princí-
pios, normas, técnicas e procedimentos diversos, que são aplicados Princípio da Organicidade: As relações administrativas orgâni-
nos processos de composição, coleta, análise, identificação, orga- cas se refletem nos conjuntos documentais. A organicidade é a qua-
nização, processamento, desenvolvimento, utilização, publicação, lidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, funções
fornecimento, circulação, armazenamento e recuperação de infor- e atividades da entidade produtora/acumuladora em suas relações
mações. internas e externas.
O arquivista é um profissional de nível superior, com formação
em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. Ele pode Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo ou
trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de docu- suporte, os documentos de arquivo conservam seu caráter único,
mentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais etc. em função do contexto em que foram produzidos.
É o responsável pelo gerenciamento da informação, gestão docu-
mental, conservação, preservação e disseminação da informação Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos de ar-
contida nos documentos. Também tem por função a preservação quivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, alienação,
do patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), ins- destruição não autorizada ou adição indevida.
titução e, em última instância, da sociedade como um todo. Ocu-
pa-se, ainda, da recuperação da informação e da elaboração de Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma formação pro-
instrumentos de pesquisa, observando as três idades dos arquivos: gressiva, natural e orgânica.
corrente, intermediária e permanente.
O arquivista atua desenvolvendo planejamentos, estudos e
técnicas de organização sistemática e conservação de arquivos, na NOÇÕES DE CIDADANIA
elaboração de projetos e na implantação de instituições e sistemas
arquivísticos, no gerenciamento da informação e na programação e
organização de atividades culturais que envolvam informação docu- É muito importante entender bem o que é cidadania. Trata-se
mental produzida pelos arquivos públicos e privados. Uma grande de uma palavra usada todos os dias, com vários sentidos. Mas hoje
dificuldade é que muitas organizações não se preocupam com seus significa, em essência, o direito de viver decentemente.
arquivos, desconhecendo ou desqualificando o trabalho deste pro- Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. È
fissional, delegando a outros profissionais as atividades específicas poder votar em quem quiser sem constrangimento. É poder pro-
do arquivista. Isto provoca problemas quanto à qualidade do servi- cessar um médico que age de negligencia. É devolver um produto
ço e de tudo o que, direta ou indiretamente, depende dela. estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro,
Arquivo é um conjunto de documentos criados ou recebidos índio, homossexual, mulher sem ser descriminado. De praticar uma
por uma organização, firma ou indivíduo, que os mantém ordena- religião sem se perseguido.
damente como fonte de informação para a execução de suas ati- Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios
vidades. Os documentos preservados pelo arquivo podem ser de de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito, não jogar papel
vários tipos e em vários suportes. As entidades mantenedoras de na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comporta-
arquivos podem ser públicas (Federal, Estadual Distrital, Municipal), mento está o respeito ao outro.
institucionais, comerciais e pessoais. No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da palavra
Um documento (do latim documentum, derivado de docere civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato grego
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que na palavra politikos – aquele que habita na cidade.
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “ci-
afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente dadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cida-
sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor pro- dão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado,
batório. ou no desempenho de seus deveres para com este”.
Documento arquivístico: Informação registrada, independente Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um
da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da ativi- estado - nação com certos direitos e obrigações universais em um
dade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto específico nível de igualdade (Janoski, 1998). No sentido atenien-
e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade. se do termo, cidadania é o direito da pessoa em participar das
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos
partir da segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública, onde se
revolucionário quanto o desenvolvimento da concepção teórica e agonizava para deliberar sobre decisões de comum acordo). Dentro
dos desdobramentos práticos da gestão. desta concepção surge a democracia grega, onde somente 10% da
população determinava os destinos de toda a Cidade (eram excluí-
PRINCÍPIOS: dos os escravos, mulheres e artesãos).
Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da di-
ferença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias. Histórico da cidadania
São eles: Grécia. Os nossos conceitos atuais de cidadania começaram a
forjar-se na antiga Grécia. As revoluções políticas que aqui ocorre-
Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento, re- ram após o século VI a.C. forma no sentido de definirem o cidadão
lativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos devem como aquele que tinha um conjunto de direitos e deveres, pelo
ser organizados em obediência à competência e às atividades da simples fato de serem originário de uma dada cidade-estado. Estes

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
direitos eram iguais para todos e estavam consignados em leis es- saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas,
critas. A cidadania confundia-se com a naturalidade e encontrava a o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que en-
sua expressão na Lei. O mais levado dos direitos era o da participa- frentamos em nosso mundo.
ção dos cidadãos nas decisões da cidade, podendo ser escolhido ou “A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre bus-
nomeado para qualquer cargo público. Todos os demais habitantes car, para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais im-
da cidade, como as mulheres ou os estrangeiros (metecos) estavam perioso dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora - Militar
afastados desses direitos. e político brasileiro)
Império Romano. O direito romano definiu a cidadania como Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e
um estatuto jurídico-político que era conferido a um dado indiví- sociais estabelecidos na constituição. Os direitos e deveres de um
duo, independentemente da sua origem ou condição social ante- cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que ao cumprirmos
rior. Este estatuto (status civitas) uma vez adquirido atribuia-lhe um nossas obrigações permitimos que o outro exerça também seus
conjunto de direitos e deveres face à lei do Império. É neste estatu- direitos. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e
to que, se inspira os conceitos mais modernos de cidadania. obrigações e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer
Idade Média. A desagregação do estado romano traduz-se no a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais.
fim do conceito grego-romano de cidadania. Em seu lugar aparece Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos
o conceito de submissão. Os direitos do individuo passam a estar da educação de um país.
dependentes da vontade arbitrária do seu senhor. Malgrado este A Constituição da República Federativa do Brasil foi promul-
panorama, um importante conceito começa a difundir-se nesta al- gada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacional Consti-
tura: a consciência que todos os homens eram iguais, porque filhos tuinte, composta por 559 congressistas (deputados e senadores).
de um mesmo Deus. Ninguém é por natureza escravo ou senhor, A Constituição consolidou a democracia, após os anos da ditadura
são as circunstâncias do nascimento ou os acasos da vida é que di- militar no Brasil.
tam as diferenças entre os homens. A cidadania está relacionada com a participação social, porque
Idade Moderna. Entre os séculos XVI e XVIII, desenvolvem-se remete para o envolvimento em atividades em associações cultu-
em toda a Europa três importantes movimentos políticos que con- rais (como escolas) e esportivas.
duzem a uma nova perspectiva sobre a cidadania.
1) Na maioria dos países a centralização do Estado, implicou Deveres do cidadão
o fim do poder arbitrário dos grandes senhores. Este processo foi - Votar para escolher os governantes;
quase sempre precedido pelo reforço do poder dos reis, apoiados - Cumprir as leis;
num sólido corpo de funcionários públicos. Os cidadãos passam a - Educar e proteger seus semelhantes;
reportar-se ao Estado e não a uma multiplicidade de senhores. - Proteger a natureza;
2) Em Inglaterra, em fins do século XVII os cidadãos colocam - Proteger o patrimônio público e social do País.
fim ao próprio poder absoluto dos reis e consagram o principio da
igualdade de todos face à lei. O Estado enquanto instituição, só se Direitos do cidadão
justifica como garante dos seus direitos fundamentais, como a liber- - Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência so-
dade, a igualdade e a propriedade. cial, lazer, entre outros;
3) Alguns teóricos, como Jhon Locke, vão mais longe e procla- - O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas pre-
mam que todos os homens independentemente do estado nação cisa assinar o que disse e escreveu;
a que pertençam, enquanto seres humanos possuem um conjunto - Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua
de direitos inalienáveis. Nascia deste modo o conceito de direitos ação na cidade;
humanos e da própria cidadania mundial. - O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou
profissão, mas a lei pode pedir estudo e diploma para isso;
Época Contemporânea. Século XIX. As lutas sociais que varrem - Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e
a Europa no século XIX procuram consagrar os direitos políticos e tirar cópia, e esse direito passa para os seus herdeiros;
os direitos econômicos. Nos primeiros os cidadãos reclamam a pos- - Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus
sibilidade de elegerem ou substituir quem os governem; Nos se- herdeiros;
gundos reclamam o acesso aos bens e patrimônio coletivamente - Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade
produzidos e acumulados. para outra, ficar ou sair do pais, obedecendo a lei feita para isso.
Época Contemporânea. Século XX. Os combates sociais avan-
çam no sentido de uma melhor distribuição da riqueza coletivamen-
te gerida, nomeadamente para assegurar condições de vida míni- NOÇÕES DE USO E CONSERVAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
mas para todos os cidadãos. A cidadania confere automaticamente DE ESCRITÓRIO
um vasto conjunto de direitos econômicos, sociais, culturais, etc;
assegurados pela sociedade de pertença.
Diante da necessidade de organizar, gerenciar, os recursos de
O que é cidadania? suporte e manutenção utilizados pelos usuários, surgiu o Departa-
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade mento de Suporte e Manutenção, que tem como objetivo atender
para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca às necessidades no que diz respeito ao correto uso e manuseio de
se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser equipamentos de informática e outros, como os de comunicação
divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação áudio visual, permitindo a qualidade dos mesmos e a adequação de
para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste transporte, instalação e configuração. Além disso trabalha com os
desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, res- pedidos de manutenção, instalação e configuração de equipamen-
peitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como to- tos obedecendo programação e avaliação dos serviços.
das às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer
obrigado, desculpe, por favor, e bom dia quando necessário... até

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A Seção de Suporte tem como objetivo gerenciar, administrar e operar os equipamentos de uso comum aos usuários, bem como pres-
tar suporte aos usuários nos serviços oferecidos e auxiliar na implantação e execução da política de operação e zelo.

Manutenção:
A Função de Manutenção tem por objetivo prover a manutenção e assistência técnica dos equipamentos.
Esta função ainda tem como objetivo a manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos, promovendo uma vida útil por mais
tempo aos mesmos através das aplicações devidas conforme características de cada equipamento.

Os equipamentos têm sofrido ao longo dos tempos evoluções importantes:


- Os equipamentos são cada vez mais automatizados. Tornam-se mais compactos, mais complexos e são utilizados de forma mais
intensa.
- Os equipamentos são mais “caros” (investimentos mais elevados) com períodos de amortização mais pequenos.
- A exigência imposta por novos métodos de gestão da produção, o “Just-in-Time” exige a eliminação total dos problemas e avarias
das máquinas.
 
A tendência do mundo atual é das pessoas passarem mais tempo em seu ambiente de trabalho do que no aconchego do seu lar. Por
mais que o ambiente de trabalho se torne quase como uma segunda “casa”, o funcionário não deve confundir como deve se comportar ou
utilizar os equipamentos da empresa, tudo deve seguir uma linha profissional. O computador utilizado no serviço deve ser usado exclusi-
vamente para o auxílio e para o desempenho de suas tarefas durante a carga horária de trabalho. Portanto, a empresa pode monitorar os
passos do funcionário, desde que o mesmo esteja ciente disso. A ocorrência mais comum é o monitoramento do histórico de navegação,
tendo unicamente o objetivo de garantir a produtividade e impedir a contaminação por vírus ou o extravio de documentação e informa-
ções confidenciais. Com a crescente utilização da internet em práticas ilícitas, as empresas estão dispensando um cuidado maior para que
esse tipo de prática não ocorra em suas dependências.
Utilizar os equipamentos da empresa para fins pessoais como gravar músicas, filmes, fotos pessoais, etc., podem ser visto com des-
confiança pelas empresas, pois podem contaminar o equipamento com qualquer tipo de vírus ou fazer com que a máquina se torne mais
lenta por causa do excesso de arquivos.

Vale lembrar que, em caso de mau uso dos equipamentos, a empresa está amparada pela lei (artigo 462, parágrafo 1º da CLT) para
efetuar descontos nos salários “em caso de dano causado pelo empregado, desde que esta possibilidade tenha sido acordada (termo de
responsabilidade pela integridade dos bens da empresa assinado no ato da contratação) ou na ocorrência de dolo de sua parte”.

COMPRAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. LICITAÇÕES E CONTRATOS. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA LICITAÇÃO

A gestão de compras assume papel verdadeiramente estratégico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, principalmente
financeiros, quebra-se então uma visão preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e não
um centro de lucros.
A função é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, envolve todos os departamentos da empresa. Obter o material certo, nas
quantidades certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da fonte correta e no preço certo são todas as funções de compras.

O departamento de compras tem a responsabilidade principal de localizar fontes adequadas de suprimentos e de negociar preços. O
insumo vindo de outros departamentos é necessário para a busca e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando também o departa-
mento de compras na negociação dos preços. Comprar, nesse sentido amplo, é responsabilidade de todos.
Segundo Arnold “essa função é responsável pelo estabelecimento do fluxo dos materiais na firma, pelo segmento junto ao fornecedor,
e pela agilização da entrega.”.
A função compras é vista hoje como uma parte do processo de logística das empresas, ou seja, parte integrante da cadeia de supri-
mentos (suplly chain).
Sua influência é de caráter direto nos processos produtivos em uma empresa, os prazos devem ser cumpridos de maneira rígida tanto
na entrada como na saída de insumos, pois poderão gerar sérios problemas dentro do ciclo, em especial nos departamentos de produção
e vendas.
Esta função pode ser dividida em quatro categorias:
- Obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade necessárias.
- Obter mercadorias e serviços ao menos custo.
- Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte do fornecedor
- Desenvolver e manter boas relações com fornecedores.

Para alcançar tais objetivos, devem ser desempenhadas certas funções básicas:
- Tempo e lugar (especificações de compra).
- Fonte certa (fornecedores).
- Negociar condições de compra.
- Administrar pedido de compra.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Diante ao exposto, tais argumentos servirão para dar continuidade ao ciclo produtivo, tendo em vista que dentro desta pasta, os cri-
térios adotados deverão ser de suma importância para a administração em si na busca de aumento de lucros dentro menor custo possível.

CICLO DE COMPRAS
São todas as partes que se fazem necessárias para dar andamento ao processo de aquisição de materiais, sejam eles para compras de
recursos materiais, quanto recursos patrimoniais.
Este ciclo pode ser melhor observado conforme o diagrama abaixo:

Aprovar
Receber e
fatura para
analisar
pagamento
requisições
de
de compra
forcenedor

Receber e
Selecionar
aceitar
fornecedores
mercadorias

Acompanhar
e garantir Determinar o
cumprimento preço correto
dos prazos

Emitir
pedidos de
compra

ESPECIFICAÇÕES DA COMPRA
Muitas dúvidas pairam na hora de efetuar uma compra, embora pareça, não é uma tarefa muito fácil. A decisão de comprar deve ser
considerada de que forma o produto será utilizado, com que freqüência e quanto estará disposto a pagar.
Na compra de um item ou serviço de um fornecedor, vários fatores estão incluídos, devem ser considerados quando as especificações
estão sendo desenvolvidas, podem ser divididos em três categorias:
- Exigências de quantidade.
- Exigências de preço.
- Exigências funcionais.

EXIGÊNCIAS DE QUANTIDADE
A demanda de mercado é quem vai determinar a quantidade necessária a ser adquirida, sendo que influenciará o modo como o
produto será utilizado. A quantidade adquirida terá influência direta no custo da produção do bem, se em pequena escala ocorrerá um
preço mínimo, se em grande escala, deverá ser projetado para tirar proveito das economias de escala, satisfazendo assim às necessidades
funcionais a um preço melhor.

EXIGÊNCIAS DE PREÇO
Representa o valor econômico em que o comprador atribui ao item, quanto se está disposto a pagar, o qual tem relevância com a
demanda de mercado. Na situação de um item ser vendido a um preço baixo, o fabricante não esta disposto a pagar um preço muito pelo
item.
Segundo Arnold (1999, p 212) “O valor econômico atribuído ao item deve relacionar-se com a utilização do item e com seu preço
antecipado de venda.”

EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS
Relacionam-se com a forma final utilizada do item e seu desempenho esperado, é a exigência mais importante, pois governa todas as
categorias. Embora sejam mais difíceis de serem definidas, seu sucesso depende da forma em que satisfazer a necessidade real do item,
sendo esta necessidade tendo seus aspectos estéticos e práticos (como serão utilizados, ocasiões em que será utilizado, cor, estilo, etc.).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Funcionabilidade e qualidade
As características funcionais de um item estão intimamente ligadas a qualidade do produto, a qual gira em torno da satisfação das
necessidades do usuário.
Para alcançar a tão almeja qualidade, o planejamento é o principal fundamento para se obter os resultados esperados, para isto utili-
za-se o projeto do produto, a forma de produção e a utilização do produto. Estudos mercadológicos contribuem para delimitar, o desem-
penho, a aparência, o preço e o volume de vendas esperado.
A funcionabilidade do produto esta ligada ao desempenho do produto junto ao consumidor final, o qual ditará o tipo de qualidade.

SELEÇÃO DE FORNECEDORES
A busca para produzir um produto de melhor qualidade e que esteja apto a concorrer no mercado, faz-se necessário ter bons forne-
cedores, que atendam a necessidade da empresa seja em qualidade da matéria oferecida, bem como prazo de entrega satisfatório e preço
acessível.
O departamento de compras tem a função primordial de aferir junto ao mercado de fornecimento de materiais, quais são as melhores
opções, para tal, são utilizados critérios que exerçam reflexo direto na produção (baixo custo e qualidade). Assim, o responsável, ou res-
ponsáveis, pela pasta compra, podem utilizar de fontes que melhor se adaptam ao produto que se deseja produzir.
Tais fontes podem ser chamadas de: única, múltipla e simples.
1. Fonte única - fornecedor que atenda de forma exclusiva devido ao tipo de produto patenteado, especificações técnicas, matéria-
-prima, localização.
2. Fonte múltipla – são utilizados mais de um fornecedor, este tipo de fonte oferece concorrência que ocasionam preços mais acessí-
veis ou melhores serviços.
3. Fonte simples – esta é uma decisão mais elaborada, sendo planejada pela organização com o intuito de selecionar um fornecedor
para um item quanto existem vários fornecedores, ou seja, visa a criação de uma parceria à longo prazo.

ESCOLHA DE FORNECEDORES
Levando em consideração de que o departamento de compras busca em sua função preço e qualidade junto aos seus fornecedores,
os mesmo devem atender a especificações técnicas que dêem suporte ao que a empresa almeja para confeccionar seus produtos.
Quando da realização de uma possível compra, deve se levar em consideração se o seu fornecedor tem uma estrutura adequada para
atender a solicitação, para isto a habilidade técnica para produzir ou fornecer a matéria-prima ou item deve ser questionada.
A capacidade de produção e confiabilidade com relação aos produtos que sejam necessários deve ser cuidadosamente vistos pelo
comprador, pois a produção do fornecedor deve satisfazer as especificações do produto, com baixo índice de defeitos e com controle de
qualidade e quantidade exigidas, sendo assim desta forma cria-se um vínculo de confiabilidade, cita-se ainda a escolha quando se escolhe
um fornecedor, o mesmo deve ser reputado e sólido monetariamente, isto para que o fornecimento seja devidamente garantido dentro
dos prazos firmados.
Outras características que devem ser lavadas em consideração são os serviços pôs-venda (sistema de suporte), a localização do for-
necedor (preferencialmente próximo do comprador), sempre levar em consideração a redução de tempo de entrega a fim de evitar falta
de matéria-prima ou itens.
Podemos citar um exemplo que reflete todas as especificações que foram citadas para este grande e complexo sistema, que seriam
as grandes montadoras de veículos automotores, seus fornecedores em sua grande maioria circundam ou estão a uma distância relativa-
mente pequena da área de produção.

IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DO(S) FORNECEDOR (ES)


Inicialmente para efetuar a seleção de seus fornecedores, o departamento de compras deve identificar através de catálogos, revistas
especializadas, lista telefônica especializada ou até mesmo de informação obtida junto ao pessoal de vendas, quais fornecedores se en-
quadram no perfil do produto a ser produzido. Para tal recomenda-se a utilização de um método de classificação e exclusão de possíveis
fornecedores.
Nesta ferramenta de classificação, são atribuídos pontos de peso para cada característica que devam fazer parte do controle de com-
pras, conforme a tabela abaixo.

FATOR PESO PONTUAÇÃO DE FORNECEDOR CLASSIFICAÇÃO DE FORNECEDOR


Fornecedores A B C D A B C D
Função 10 8 10 6 6 80 100 60 60
Custo 8 3 5 9 10 24 40 72 80
Serviço 8 9 4 5 7 72 32 40 56
Assistência Técnica 5 7 9 4 2 35 45 20 10
Termos de Crédito 2 4 3 6 8 8 6 12 16
Total (classificação dos fornecedores) 219 223 204 222
Fonte: Administração de Materiais, J.R. Tony Arnold – ed. Atlas 1999 p. 221

O método de classificação é uma tentativa de quantificar coisas que não podem ser quantificadas naturalmente. Ele procura aplicar
valores com base em julgamento subjetivo. Ele não é um método perfeito, mas leva a empresa compradora a considerar a importância de
vários fatores.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Diante do exposto, a identificação e seleção de fornecedores, licitações e contratos administrativos disciplina de forma objetiva:
devem ser apreciadas de forma a ficar o mais próximo possível de para que a administração efetue qualquer compra, preliminarmen-
um grau de confiabilidade, onde possa satisfazer a necessidade da te, deve curvar-se a dois princípios fundamentais: 1 - A definição
empresa, para tal, os métodos acima descritos, são apenas uma precisa do seu objeto; 2 - A existência de recursos orçamentários
pequena parcela, de como deve se proceder nesta seleção, outros que garantam o pagamento resultante. Assim está determinado no
métodos desenvolvidos pela empresa ou adaptados a ela poderão citado artigo 14:
ser usados, desde que sejam confiáveis. “Art. 14 - Nenhuma compra será feita sem a adequada caracte-
rização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para
CONTROLE DE COMPRAS E ESTOQUE seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de
O gerenciamento das informações é o instrumento eficiente e quem lhe tiver dado causa”.
eficaz que fundamenta o processo decisivo da empresa. Sem con- Para se caracterizar o objeto da compra deve-se:
troles e, consequentemente, sem informações gerenciais, torna-se 1. Avaliar a necessidade (planejamento);
impraticável decidir acertadamente e, no tempo necessário. A ad- 2. Definir o quanto adquirir;
ministração de estoques tem o objetivo de permitir que a empresa 3. Verificar as condições de guarda e armazenamento;
consiga produzir e comercializar seus produtos de forma eficiente e 4. Buscar atender o princípio da padronização;
com a menor utilização do capital de giro. 5. Obter as informações técnicas quando necessárias;
6. Proceder a pesquisas de mercado;
O planejamento de estoques é uma atividade de importância 7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa /
fundamental e deverá ser integrado tanto com produção como inexigibilidade;
também com as vendas, de modo a otimizar os volumes os das 8. Indicar (empenho) os recursos orçamentários.
compras. Para tal devem ser seguidos alguns requisitos imprescin-
díveis para esta atividade: Objeto de Licitação.
- Mantenha constantemente atualizado o custo de cada pro- O Objeto de Licitação é o bem/ serviço ao qual a Administração
duto; pretende adquirir. Ex.: Prestação de serviços de mão de obra, Aqui-
- Determine o período de compra e o tamanho de lote de cada sição de Móveis, etc.
produto para cada fornecedor. Isto irá otimizar o planejamento dos Nos tempos atuais, diante de tamanha evolução no campo tec-
estoques e, consequentemente, as compras; nológico, empresarial e social, o Estado não pode ficar à margem,
- Estabeleça políticas de cobertura (estoque de segurança, mí- apenas como expectador. A ideia de uma Administração Pública ba-
nimo e máximo) para cada produto, dependendo do fator mais crí- seada na tradição, na rigorosidade formal, numa ordem burocrática
tico para cada item; pesada, está se tornando modelo ultrapassado e nada eficiente.
- Mantenha os controles para reduzir estoques ultrapassados/ Urge a necessidade de um modelo gerencial na gestão admi-
arcaicos; nistrativa, capaz de realizar a função pública de forma eficiente,
- Efetue o planejamento constante das necessidades de esto- moderna, acompanhando a evolução econômica e financeira da
ques baseadas em previsões de vendas. A integração dos estoques sociedade, sem olvidar dos princípios basilares que orientam a Ad-
com as finanças permite uma melhor gestão do fluxo de caixa; ministração Pública.
- Mantenha controle permanente sobre a disponibilidade do Com a crescente demanda por bens, obras, serviços em todo o
estoque para suprir as faltas rapidamente; País, quando ao Estado cumpre garantir o desenvolvimento econô-
- Determine o custo de falta de cada produto e compare com o mico e social, tornou-se imprescindível adoção de procedimentos e
seu custo de estocagem; mecanismos de controle, que garantam a aplicação do grande vo-
- Fique alerta para evitar estoques dormentes; lume de recursos disponíveis, com eficiência e transparência. Uma
- Mantenha controle rigoroso do estoque físico com os lança- das formas eficientes utilizadas pela Administração Pública é a lici-
mentos diários; tação.
- Realize inventários físicos periódicos para conferi-lo com os A Constituição de 1988, art. 37, inc. XXI criou bases, nas quais
dados do controle de estoques; mais tarde, em 21 de junho de 1993, assentou-se a Lei Federal nº
- Mantenha os estoques em local estratégico; 8.666, que instituiu o Estatuto das Licitações e Contratos Adminis-
- Mantenha os itens fisicamente ordenados em prateleiras e trativos.
devidamente classificados e identificados por etiquetas; Para o setor público o instrumento utilizado para compras é a
- Evite almoxarifados abertos; licitação, como forma de dar transparência à compra pública.
- Mantenha separação física entre a recepção e o almoxarifado; Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pes-
- Estabeleça uma codificação dos materiais para maior facilida- soa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens,
de de consulta; realizar obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas
- Mantenha sistemas de informações integrados para acesso previamente, convoca interessados na apresentação de propostas,
e consulta imediata da quantidade disponível de cada material em a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de
estoque. parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este pro-
cedimento visa garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar
LICITAÇÕES às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negócio
Nas empresas estatais e autárquicas, como também no serviço mais vantajoso; de outro, assegurar aos administrados ensejo de
público em geral, ao contrário da iniciativa privada, as aquisições de disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas ad-
qualquer natureza obedecem a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, altera- ministrativas entendam de realizar com os particulares.
da pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam to- A Administração Pública lançará mão da licitação toda vez que
talmente transparentes. Observa-se que a diferença entre os tipos for comprar bens, executar obras, contratar serviços, ou conceder a
de compras é a formalidade no serviço público e a informalidade um terceiro o poder de, em seu nome, prestar algum tipo de serviço
na iniciativa privada. Independentemente dessa particularidade, público, como é o caso das concessões.
os procedimentos são praticamente idênticos. O artigo 14 da lei de

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Municípios, Dis- Fixa cláusulas do futuro contrato.
trito Federal, Territórios e autarquias estão obrigados a licitar, em 2) Habilitação: A habilitação, por vezes denominada “qualifi-
obediência às pertinentes leis de licitação, o que é ponto incontro- cação”, é a fase do procedimento em que se analisa a aptidão dos
verso. O problema que se põe é saber se as sociedades de economia licitantes. Entende-se por aptidão a qualificação indispensável para
mista e empresas públicas também se sujeitam ao dever de licitar. que sua proposta possa ser objeto de consideração, sendo que o
licitante pode ser habilitado ou não pelo órgão competente.
- Publicação Dos Editais: os editais de concorrência, tomada de Obs: Na modalidade de licitação chamada “convite” inexiste a
preços, concurso e leilão deverão ser publicados com antecedência, fase de habilitação. Ela é presumida; é feita a priori pelo próprio ór-
no mínimo, por uma vez no Diário Oficial da União, no Diário Oficial gão licitante que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados
do Estado, ou em jornal de grande circulação no Estado e também, a participar do certame, admitindo, também, eventual interessado,
se houver, em jornal de circulação no Município, dependendo da não convidado, mas cadastrado.
estância da licitação.
3) Classificação: “É o ato pelo qual as propostas admitidas são
- Prazos Para Publicação Do Edital: o prazo mínimo que deverá ordenadas em função das vantagens que oferecem, na conformi-
mediar entre a última publicação do edital resumido ou da expedi- dade dos critérios de avaliação estabelecidos no edital”. Após se
ção do convite e o recebimento das propostas será: De quarenta e confrontar as ofertas, classificam-se as propostas e escolhe-se o
cinco dias para: Concurso; Concorrência: do tipo “melhor técnica” vencedor, a partir das vantagens que oferecem, na conformidade
ou “técnica e preço”, ou execução por empreitada integral; De trinta dos critérios de avaliação estabelecidos no edital a quem deverá ser
dias para: Concorrência, nos casos não especificados acima; Toma- adjudicado o objeto da licitação.” A classificação se divide em duas
da de preços, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou fases: Na primeira, ocorre a abertura dos envelopes “proposta”
“técnica e preço”; De quinze dias para: Tomada de preços, nos casos entregues pelos participantes do certame. Os envelopes são aber-
não especificados acima; Leilão; De cinco dias úteis para: Convite. tos em ato público, previamente designado, do qual se lavrará ata
circunstanciada; Na segunda, há o julgamento das propostas, que
- Procedimento Da Licitação: Apesar dos atos que compõem o deve ser objetivo e em conformidade com os
procedimento terem, cada um, finalidade específica, eles têm um tipos de licitação. Critérios de classificação: Existem quatro ti-
objetivo comum: a seleção da melhor proposta. Este ato derradeiro pos básicos de licitação (4 critérios básicos para avaliação das pro-
do procedimento é um ato unilateral que se inclui dentro do pró- postas): Licitação de menor preço - é a mais comum. O critério do
prio certame, diferentemente do contrato, que é externo ao proce- menor preço é, sem dúvida, o mais objetivo. É usual na contratação
dimento. “O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de obras singelas, de serviços que dispensam especialização, na
de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e compra de materiais ou gêneros padronizados; Licitação de melhor
numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta técnica - esse critério privilegia a qualidade do bem, obra ou serviço
de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual se- proposto em função da necessidade administrativa a ser preenchi-
rão juntados oportunamente:...”. Da Requisição de Compra deverá da. O que a Administração pretende é a obra, o serviço, o material
constar obrigatoriamente: Justificativa do pedido, endossada pelo mais eficiente, ma is durável, mais adequado aos objetivos a serem
titular do órgão; Especificação adequada do produto a ser adqui- atingidos; Licitação de técnica e preço - neste tipo de licitação, com-
rido; Indicação do recurso próprio a ser onerado, devidamente binam-se os dois fatores: técnica e preço.
confirmado pela Seção de Contabilidade da unidade requisitante; Esse critério pode consistir em que a técnica e preço sejam ava-
Atendimento ao princípio de padronização, sempre que possível liados separadamente, de modo a que, após selecionar as propos-
for; Indicação dos fatores a serem considerados e expressamente tas que vierem a alcançar certo índice de qualidade ou de técnica, o
declarados no Edital, para fins de julgamento das propostas. preço será o fator de decisão. Pode-se, ainda atribuir pesos, ou seja,
Segundo Hely Lopes Meirelles, esta é a fase interna da licitação ponderação aos resultados da parte técnica e ponderação ao preço,
à qual se segue a fase externa, que se desenvolve através dos se- que serão considerados em conjunto; Licitação de maior lance ou
guintes atos, nesta ordem: oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real
1. Edital ou convite de convocação dos interessados; de uso (art. 45 § 1’ da Lei 8.666/93).
2. Recebimento da documentação e propostas; As propostas que estiverem de acordo com o edital serão clas-
3. Habilitação dos licitantes; sificadas na ordem de preferência, na escolha conforme o tipo de li-
4. Julgamento das propostas (classificação) 5. Adjudicação e citação. Aquelas que não se apresentarem em conformidade com o
homologação. instrumento convocatório serão desclassificadas. Não se pode acei-
tar proposta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios
A modalidade em que todas as fases da licitação se encontram ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório não tenha
claramente definidas é a concorrência. estabelecido limites mínimos (v. § 3’ do art. 44 da Lei 8.666/93).

Edital de Licitação A licitação está prevista na lei 8.666/93 que regulamenta o art.
1) Edital: “É o instrumento pelo qual a Administração leva ao 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licita-
conhecimento público a abertura de concorrência, de tomada de ções e contratos da Administração Pública.
preços, de concurso e de leilão, fixa as condições de sua realização Não é somente com seus próprios meios, ou por intermédio de
e convoca os interessados para a apresentação de suas propostas”. suas entidades ou órgãos, que a Administração Pública, gestora dos
Como lei interna da licitação, vincula a Administração e os partici- interesses da coletividade, realiza as suas atividades. Usualmente
pantes. necessita contratar terceiros, e o faz, seja para aquisição, execução
Funções do edital: o edital dá publicidade à licitação; Identifica de serviços, locação de bens, seja para a concessão e permissão de
o objeto licitado e delimita o universo das propostas; Circunscreve serviços públicos, entre outros.
o universo dos proponentes; Estabelece os critérios para análise e A licitação por sua vez, possui como objeto a seleção da pro-
avaliação dos proponentes e das propostas; Regula atos e termos posta mais vantajosa para a Administração Pública.
processuais do procedimento;

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
A escolha dos que serão contratados pela Administração Pú- Características gerais e definições
blica não pode decorrer de critérios pessoais do administrador ou A Lei de Licitações cita que as obras, compras, alienações, con-
de ajustes entre interessados. A escolha dos que serão contratados cessões, permissões, locações e serviços (inclusive de publicidade)
decorrerá do procedimento denominado licitação, de obrigatorie- da Administração Pública devem obrigatoriamente ser precedidos
dade imposta por regra constitucional, à luz do art. 37, inciso XXI: de licitação, ressalvadas as exceções legais. Estabelece, ainda, que
o procedimento não será sigiloso, sendo públicos e acessíveis todos
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, os atos, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a sua respec-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- tiva abertura.
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a O processo de licitação é instaurado e conduzido por uma
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações Comissão de Licitação, permanente ou especial, formada por no
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- mínimo três membros, sendo pelo menos dois deles servidores
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das Administração. Sobre esse aspecto, cabe destacar importante res-
obrigações. (Regulamento) salva feita por Bellote Gomes:
“Ressalte-se ainda que os membros das Comissões de Licita-
A obrigatoriedade de licitar alcança a Administração Pública di- ção responderão solidariamente por todos os atos praticados pela
reta e indireta, inclusive as entidades empresariais (art. 173, § 1.º, Comissão, salvo se a posição individual divergente estiver devida-
inc. III, da CF). As empresas públicas e as sociedades de economia mente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em
mista, como dita aquela regra constitucional, podem possuir esta- que tiver sido tomada a decisão, e terão investidura pelo período
tuto próprio, mas, para que possam contratar, também devem pro- de até um ano, sendo vedada a recondução da totalidade de seus
mover o certame licitatório. membros para a mesma Comissão no período subseqüente (art. 51,
§ 4º)”.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- No processo licitatório são utilizadas as seguintes definições:
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Obra
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, Toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou amplia-
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explo- ção realizada por execução direta ou indireta.
rem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, dispondo sobre: Serviço
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e aliena- Atividade destinada a alcançar certa utilidade de interesse para
ções, observados os princípios da administração pública;
a Administração.
O Poder Público não pode ter a liberdade que possuem os par-
Compra
ticulares para contratar. Ele deve sempre se nortear por dois valores
Aquisição remunerada de bens ou serviços, pela Administração
distintos:
Pública, para fornecimento de uma só vez ou em parcelas.
a) Isonomia: O administrador público deve tratar igualmente
os administrados;
Alienação
b) Probidade: O Poder Público deve sempre escolher a me-
lhor alternativa para os interesses públicos. Transferência de domínio de bens da Administração Pública a
terceiros.
Licitação é o procedimento administrativo por meio do qual
o Poder Público, mediante critérios preestabelecidos, isonômicos Obras, serviços e compras de grande vulto
e públicos, busca escolher a melhor alternativa para a celebração Aqueles cujo valor estimado seja superior a vinte e cinco vezes
de um ato jurídico. o limite de R$ 1.500.000,00.

Conceito de Licitação Seguro-garantia


Licitação é o procedimento administrativo para contratação O seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assu-
de serviços ou aquisição de produtos pela Administração Pública. midas por empresas em licitações e contratos administrativos.
Sendo regulada pela Lei ordinária nº 8.666/93, visa proporcionar a
melhor contratação possível para o Poder Público, de forma siste- Execução direta
mática e transparente. Segundo Marinela: É aquela efetuada diretamente pelos órgãos e entidades da Ad-
“Licitação é um procedimento administrativo destinado à se- ministração Pública, por seus próprios meios.
leção da melhor proposta dentre as apresentadas por aqueles que
desejam contratar com a Administração Pública. Esse instrumento Execução indireta
estriba-se na ideia de competição a ser travada, isonomicamente, O órgão ou entidade pública contrata com terceiros, sob os re-
entre os que preenchem os atributos e as aptidões, necessários ao gimes de: empreitada por preço global (obra ou serviço com preço
bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir”. certo e total), empreitada por preço unitário (obra ou serviço com
Importante ressaltar, ainda, que compete privativamente à preço certo de unidades determinadas), tarefa (ajuste de mão-de-
União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em -obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem for-
todas as modalidades, para as Administrações Públicas diretas, au- necimento de materiais) ou empreitada integral (empreendimento
tárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Muni- em sua totalidade, compreendendo todas as etapas das obras, ser-
cípios, e para empresas públicas e sociedades de economia mista. viços e instalações necessárias).
O Distrito Federal e os Municípios possuem competência residual e
supletiva para legislar sobre a matéria.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Objeto da licitação Alienações – bens móveis e imóveis
A licitação pode ter por objeto: obras e serviços, serviços téc- A alienação de bens da Administração Pública será sempre su-
nicos profissionais especializados, compras ou alienações. Além de bordinada à existência de interesse público devidamente justifica-
locação, concessão ou permissão de uso de bens públicos ou, ainda, do.
a concessão ou permissão de execução de serviços públicos. Sendo precedida de avaliação, deverá obedecer às seguintes
normas: Quando se tratar de bens imóveis, a alienação depende-
Obras e serviços rá de autorização legislativa para órgãos da Administração Pública
As licitações para execução de obras e prestação de serviços direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclu-
devem seguir a seguinte sequencia: projeto básico, projeto executi- sive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
vo e, posteriormente, execução das obras e serviços. licitação na modalidade de concorrência, sendo dispensada apenas
Para que sejam objeto de licitação, as obras e serviços deverão em alguns casos específicos (dação em pagamento, doação para ór-
conter: projeto básico aprovado pela autoridade competente e dis- gãos ou entidades da Administração Pública, permuta, investidura,
ponível para exame dos interessados em participar do procedimen- venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública etc.). Já
to licitatório; orçamento detalhado em planilhas que expressem a no caso de bens móveis, a alienação dependerá de avaliação prévia
composição de todos os seus custos unitários; previsão de recursos e de licitação na modalidade leilão, sendo igualmente dispensada
orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decor- em casos específicos (doação, permuta, venda de ações, venda de
rentes de obras ou serviços a serem executados no exercício finan- títulos, venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
ceiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma e, por fim, entidades da Administração Pública e venda de materiais e equipa-
produto contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, mentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública).
quando for o caso.
A execução das obras e serviços deve sempre ser programada Cadastros mantidos pela administração pública
em sua totalidade, previstos custos atual e final e considerados os São previstas duas modalidades distintas de cadastros para a
prazos de execução, sendo proibido o retardamento imotivado da reunião de informações destinadas a auxiliar a Administração Pú-
execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, salvo insuficiência blica na realização do processo licitatório, sendo elas: registro de
financeira ou comprovado motivo de ordem técnica devidamente preços e registro cadastral.
justificados pela autoridade competente. Conforme citado no Capí-
tulo 4, seções 4.7 e 4.8, as obras e serviços podem ser executados Registro de preços
de forma direta ou indireta. Modalidade de cadastro destinada a auxiliar a Administração
Pública nas compras que pretenda efetuar, devendo ser precedido
Serviços técnicos profissionais especializados de ampla pesquisa de mercado. O registro será publicado trimes-
São serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos tralmente na imprensa oficial e terá validade por prazo não superior
relativos a: estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou a um ano. Contudo, a existência de registro não obriga a Adminis-
executivos; pareceres, perícias e avaliações em geral; assessorias ou tração a firmar contratações que deles poderão advir, ficando-lhe
consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; fiscali- facultada a utilização de outros meios previstos na Lei de Licitações.
zação, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; patrocí-
nio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; treinamento e Registro cadastral
aperfeiçoamento de pessoal ou restauração de obras de arte e bens Modalidade de cadastro necessário à habilitação dos partici-
de valor histórico. pantes no processo licitatório. Assim, os órgãos da Administração
Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os con- Pública que realizem frequentemente licitações manterão regis-
tratos para a prestação de serviços técnicos profissionais espe- tros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regulamentar,
cializados devem, preferencialmente, ser celebrados mediante a válidos por, no máximo, um ano. Para a habilitação nas licitações
realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou re- exigir-se-á dos interessados documentação relativa a: habilitação
muneração. jurídica; qualificação técnica; qualificação econômico-financeira;
regularidade fiscal; prova de que o interessado não empregue em
Compras trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de dezoito anos,
Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização bem como não empregue em qualquer trabalho menores de dezes-
de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para o seu seis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
pagamento. Sempre que possível, as compras deverão: atender ao O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e estar
princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especi- permanentemente aberto aos interessados, obrigando-se a uni-
ficações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, dade por ele responsável a proceder, no mínimo anualmente, por
as condições de manutenção, assistência técnica e garantias ofe- meio da imprensa oficial e de jornal diário de grande circulação, o
recidas; ser processadas através do sistema de registro de preços; chamamento público para a atualização dos registros existentes e
submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes para o ingresso de novos interessados.
às do setor privado; ser subdivididas em tantas parcelas quantas O julgamento dos pedidos de inscrição, as alterações, suspen-
necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando sões e cancelamentos serão efetuados por comissão composta de
economicidade; balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos pelo menos três membros, sendo dois servidores permanentes. O
órgãos e entidades da Administração Pública; conter a especifica- interessado que tem o seu pedido de cadastramento deferido re-
ção completa do bem a ser adquirido, sem indicação de marca; pos- cebe um certificado de registro cadastral, renovável sempre que
suir a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas atualizar o seu registro, o que poderá substituir a maioria dos docu-
em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será mentos da habilitação quando da realização do certame.
obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quanti- No âmbito federal, esse cadastro recebe o nome de Sistema de
tativas de estimação e, por fim, apresentar as condições de guarda Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF).
e armazenamento que não permitam a deterioração do material.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Princípios da licitação Impessoalidade: Significa que a Administração Pública não po-
Como todo sistema jurídico, o instituto das licitações também derá atuar discriminando pessoas, a Administração Pública deve
tem seus princípios norteadores. Discorreremos acerca de alguns permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas
deles, ainda que forma bastante simples. privadas.
O princípio da legalidade, como princípio geral previsto no Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total
art. 5º, II, da Constituição de 1988, segundo o qual “ninguém será transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge-
obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei”, obri- ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
ga a Administração Pública, quando da compra, obra, contração de Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obede-
serviços ou alienação, a proceder de acordo com o que a Consti- cer não só à lei, mas também à moral.
tuição Federal e Leis preveem. A não observação desse princípio
impregnará o processo licitatório de vício, trazendo nulidade como 2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou Igualdade):
consequência. Está previsto no caput do art. 5.º da Constituição Federal. Esse prin-
Pelo princípio da isonomia, é assegurada a igualdade no trata- cípio não se limita a máxima: “os iguais devem ser tratados igual-
mento a todos quantos venham participar do certame licitatório. mente; os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida
O princípio da competitividade garante a livre participação a de suas desigualdades”.
todos, porém, essa liberdade de participação é relativa, não signifi- Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo, é errado imaginar
cando que qualquer empresa será admitida no processo licitatório. que o princípio da isonomia veda todas as discriminações. Discrimi-
Por exemplo, não faz sentido uma empresa fabricante de automó- nar (retirando seu sentido pejorativo) é separar um grupo de pes-
veis tencionar participar de um processo de licitação, quando o ob- soas para lhes atribuir tratamento diferenciado do restante. Nesse
jeto do certame seja compra de alimentos. sentido, toda a norma jurídica discrimina, porque incide sobre algu-
A Administração Pública se balizará no princípio da impessoali- mas pessoas e sobre outras não.
dade para evitar a preferência por alguma empresa especificamen- Exemplos:
te, cuja não observação implicaria prejuízo para a lisura do processo - Abertura de concurso público para o preenchimento de vagas
licitatório, e como consequência a decretação da nulidade do pro- no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato discriminado
cesso. pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão jurídica pela qual a
Como a licitação busca atender ao interesse público, à coleti- discriminação é feita? A razão jurídica da discriminação é o fato de
vidade, a escolha e julgamento da melhor proposta obedecerão ao que, em determinadas circunstâncias, algumas atividades policiais
princípio da publicidade, que visa tornar a futura licitação conheci- são exercidas de forma mais adequada por mulheres. Há, portanto,
da dos interessados e dar conhecimento aos licitantes bem como à correspondência lógica entre o fato discriminado e a razão pela qual
sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse princípio a discriminação é feita, tornando a norma compatível com o princí-
é garantir aos cidadãos o acesso à documentação referente à licita- pio da isonomia.
ção, bem como sua participação em audiências públicas, nas hipó- - Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes uma
teses previstas no art. 39, da Lei nº 8.666/93. determinada máquina. Qual é o fato discriminado pela norma? É a
A proposta mais vantajosa nem sempre é a mais barata. Como determinada máquina. Qual é a razão jurídica pela qual a discrimi-
dizem alguns, às vezes o barato sai caro. A Administração Pública nação é feita? Essa pergunta pode ser respondida por meio de outra
deve saber definir quando, quanto, o que e por que vai comprar, a indagação: A máquina é indispensável para o exercício do contrato?
exemplo da situação onde há opção de compra ou locação. É nessa Se for, a discriminação é compatível com o princípio da isonomia.
análise que o princípio da economicidade se revela, auxiliando a
3. Princípio da Probidade: Ser probo, nas licitações, é escolher
aplicação dos recursos públicos com zelo e eficiência.
objetivamente a melhor alternativa para os interesses públicos, nos
termos do edital.
O art. 3.º da Lei n. 8.666/93 estabelece os princípios da licita-
4. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: O
ção:
instrumento convocatório é o ato administrativo que convoca a li-
Art. 3o  A licitação destina-se a garantir a observância do princí-
citação, ou seja, é o ato que chama os interessados a participarem
pio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajo-
da licitação; é o ato que fixa os requisitos da licitação. É chamado,
sa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
por alguns autores, de “lei daquela licitação”, ou de “diploma legal
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
que rege aquela licitação”. Geralmente vem sob a forma de edital,
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
contudo, há uma exceção: O convite (uma modalidade diferente
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade adminis-
de licitação). O processamento de uma licitação deve estar rigo-
trativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
rosamente de acordo com o que está estabelecido no instrumen-
objetivo e dos que lhes são correlatos.
to convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de
respeitar o instrumento convocatório, assim como o órgão público
Observe que a redação termina com a expressão “... e dos que
responsável.
lhes são correlatos”. Dessa maneira, verifica-se que o rol de princí-
5. Princípio do Julgamento Objetivo: Esse princípio afirma que
pios previstos nesse artigo não é exaustivo.
as licitações não podem ser julgadas por meio de critérios subjetivos
ou discricionários. Os critérios de julgamento da licitação devem ser
1. Princípio da Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e Mo-
objetivos, ou seja, uniformes para as pessoas em geral. Exemplo:
ralidade: O art. 3.º, caput, da Lei 8.666/93 faz referência aos prin-
Em uma licitação foi estabelecido o critério do menor preço. Esse
cípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O princípio da
é um critério objetivo, ou seja, é um critério que não varia para
eficiência não está relacionado. Isso porque, quando a Lei n. 8.666
ninguém. Todas as pessoas têm condições de avaliar e de decidir.
surgiu, em 1993, ainda não existia o caput do art. 37 da Constitui-
ção Federal com sua redação atual (“...obedecerá aos princípios de
6. Outros Princípios:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”).
a) Princípio do procedimento formal: Estabelece que as forma-
Legalidade: O administrador está obrigado a fazer tão somente
lidades prescritas para os atos que integram as licitações devem ser
o que a lei determina.
rigorosamente obedecidas.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
b) Princípio da adjudicação compulsória: Esse princípio tem Modalidades de licitação
uma denominação inadequada. Ele afirma que, se em uma licitação A licitação, como espécie de processo administrativo, é dividi-
houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em favor do vence- da em seis modalidades distintas: Concorrência, tomada de preços,
dor do procedimento. Essa afirmação não é absoluta, uma vez que convite, concurso, leilão e pregão. Existe, ainda, a consulta, que não
várias licitações terminam sem adjudicação. é modalidade licitatória e aplica-se somente para agências regula-
c) Princípio do sigilo das propostas: É aquele que estabele- doras. Nesse sentido, segundo Marinela:
ce que as propostas de uma licitação devem ser apresentadas de “Atualmente, as nossas leis gerais estabelecem seis modalida-
modo sigiloso, sem que se dê acesso público aos seus conteúdos. des licitatórias que são: concorrência, tomada de preços, convite,
concurso, leilão e pregão, que estão conceituadas no art. 22, da Lei
Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e constante da nº 8.666/93 e art. 1º, da Lei nº 10.520/02. Alguns autores indica-
aquisição de bens e serviços para a manutenção tanto das necessi- riam, ainda, a consulta. Todavia, não se trata de modalidade pre-
dades essenciais, quanto das supérfluas. Dentro dessa realidade de vista na Lei de Licitações, tendo aplicação somente para agências
consumo, abordar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para reguladoras, com procedimento por elas definido”.
que a gestão pública aplique de maneira consciente o orçamento
disponível para manutenção de bens e serviços.  Concorrência
Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem seguir uma A concorrência é a modalidade licitatória genérica, destinada a
série de trâmites e regras para que sejam aplicados da forma mais contratos de grande vulto, precedida de ampla divulgação, da qual
vantajosa, com o menor gasto e a melhor qualidade. Trata-se de podem participar quaisquer interessados que preencham as condi-
uma tarefa complexa, devido às influências que pode provocar do ções estabelecidas no instrumento convocatório. No que tange ao
ponto de vista econômico, social e político no município ou região valor, a concorrência é utilizada para os contratos de obras e ser-
de atuação, devendo, portanto, ser realizada com atenção e cuida- viços de engenharia nos valores superiores a R$ 1.500.000,00 (um
do, de forma a satisfazer os direitos e garantias do cidadão e cuidar milhão e quinhentos mil reais) ou para outros bens e serviços que
para que não haja desperdício. não os de engenharia, nos valores superiores a R$ 650.000,00 (seis-
O legislador brasileiro elaborou uma série de normas a serem centos e cinquenta mil reais). Entretanto, a concorrência também é
seguidas com o intuito de padronizar as aquisições e alienações. obrigatória, em razão da natureza do objeto, independentemente
Dentre elas, destacam-se a Lei nº 8.666/93, que regulamenta o do valor do negócio, nos seguintes casos: nas compras e alienações
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, instituindo normas para de bens imóveis, nas concessões de direito real de uso, nas licita-
licitações e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº ções internacionais, nos contratos de empreitada integral, e nas
10.520/02 (Lei do Pregão). concessões de obras e serviços.
A licitação é obrigatória para toda Administração Pública e deve O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação
seguir vários princípios, conforme preconizado no art. 37 caput e in- do instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 45 dias
ciso XXI da Constituição Federal: corridos para critério de melhor técnica ou melhor técnica e preço e
“Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer de 30 dias corridos para critério de menor preço.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Ttomada de preços
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
A modalidade licitatória tomada de preços é exigida para os
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:[...]
contratos de valores médios, que são aqueles que ficam acima do
XXI- Ressalvados os casos específicos na legislação, as obras,
limite do convite e abaixo do limite da concorrência. Portanto, para
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
obras e serviços de engenharia os valores devem ser superiores
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
a R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), chegando até R$
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e, para outros
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- bens e serviços que não os de engenharia, valores superiores a R$
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação 80.000,00 (oitenta mil reais) até R$ 650.000,00 (seiscentos e cin-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das quenta mil reais).
obrigações”. Nessa modalidade, a participação se restringe: às pessoas pre-
Portanto, o objetivo deste estudo é descrever a legislação e os viamente cadastradas, organizadas em função dos ramos de ativi-
princípios a serem seguidos pelos gestores para a prática da licita- dade e potencialidades dos eventuais proponentes, bem como aos
ção, as características e as modalidades do processo licitatório, bem que atenderam a todas as condições exigidas para o cadastramento
como seus aspectos criminais e contratos. até o terceiro dia anterior à data fixada para a abertura das propos-
Com o desconhecimento formal dos procedimentos para a rea- tas. Para que o licitante demonstre que preenche os requisitos, ele
lização da licitação, a Administração poderá fazer exigências inúteis deverá apresentar o pedido de cadastramento (requerimento), com
ou desnecessárias e, ainda, deixar de solicitar documentos impor- a respectiva documentação.
tantes. Observa-se, portanto, que a licitação reflete diretamente no O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação
orçamento do órgão e deve ser tratada como um instrumento de do instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 30 dias
controle da aplicação do dinheiro público, sendo um procedimento corridos para critério de melhor técnica ou melhor técnica e preço e
fundamental e, por isso, escolhida como tema deste trabalho. de 15 dias corridos para critério de menor preço.
Será aplicado o método de compilação, através de pesquisa bi-
bliográfica, jurídica e documental, proporcionando maior conheci- Convite
mento sobre o procedimento licitatório, seus princípios, objetivos, A modalidade convite é adequada para contratos de valores
características, modalidades, fases, aspectos criminais e contratos. pequenos, que correspondem às obras e serviços de engenharia
O intento é, além da ampliação do conhecimento, proporcio- com valor de até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e, para
nar uma forma de facilitação do acesso às informações para que os outros bens e serviços, até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
agentes do Poder Público possam adquirir noções básicas e essen- A Administração convoca para a disputa pelo menos três pes-
ciais à administração limpa, correta, eficaz e digna da admiração soas que operem no ramo pertinente ao objeto, cadastrados ou
dos cidadãos. não, estendendo-se o mesmo convite aos demais cadastrados do

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
ramo relativo ao objeto que hajam manifestado seu interesse, em O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação
até 24 horas antes da apresentação das propostas. O instrumento do instrumento convocatório e a entrega ou encaminhamento das
convocatório é a carta-convite. propostas e documentações é de 08 dias úteis.
O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação
do instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 5 dias Consulta
úteis. A licitação na modalidade consulta encontra-se prevista na Lei
nº 9.472/97, que dispõe sobre a organização dos serviços de tele-
Concurso comunicações, dentre outros temas, aplicando-se exclusivamente
A modalidade concurso consiste em uma disputa entre quais- às agências reguladoras. Tem por objeto: o fornecimento de bens
quer interessados que possuam a qualificação exigida para a contra- e serviços não classificados como bens ou serviços comuns e a
tação de serviços técnicos profissionais especializados (já tratados contratação de bens ou serviços comuns que não apresentem alto
no Capítulo 5, seção 5.2), com a instituição de prêmios ou remu- valor, assim definidos na forma de regulamento próprio. Cabe às
neração aos vencedores. O procedimento dessa modalidade deve agências reguladoras disciplinar a licitação nessa modalidade.
estar previsto em regulamento próprio, a ser obtido pelos interes- Fases do processo de licitação
sados no local indicado no edital, que deverá indicar: a qualificação O processo de licitação é dividido em duas fases: fase interna
exigida dos participantes, as diretrizes e a forma de apresentação e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem-se em fases espe-
do trabalho, as condições de realização do concurso e os prêmios cíficas.
concedidos. Seu julgamento é efetuado por comissão especial que 1. Fase interna
não precisa ser composta por servidores públicos, bastando que os Fase preliminar da licitação que compreende os seguintes atos:
integrantes sejam pessoas de reputação ilibada e reconhecido co- definição do objeto a ser contratado, estimativa do custo do con-
nhecimento da matéria. trato, reserva da receita orçamentária, elaboração do instrumento
O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação
convocatório, exame do edital ou carta-convite pela assessoria jurí-
do instrumento convocatório e o evento é de 45 dias corridos.
dica, autorização para licitar e publicação do edital.
Leilão
1.1  Fase de Abertura
A modalidade licitatória leilão é, em regra, utilizada com o ob-
Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado com a
jetivo de obter-se o melhor preço para a alienação de bens, sen-
abertura de processo administrativo, devidamente autuado, proto-
do eles: móveis inservíveis para a Administração, apreendidos ou
colado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indica-
penhorados; bens móveis de valor módico, ou seja, avaliados em
quantia não superior a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil ção sucinta de seu objeto e do recurso para a despesa, e ao qual
reais) ou, ainda, imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou de serão juntados oportunamente: o edital ou convite e respectivos
dação em pagamento (nessa hipótese, o administrador poderá op- anexos; comprovante das publicações do edital ou da entrega do
tar pela concorrência ou leilão). convite; ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro
O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; original
do instrumento convocatório e o evento é de 15 dias corridos. das propostas e dos documentos que as instruem; atas, relatórios e
deliberações da Comissão de Licitação; pareceres técnicos ou jurídi-
Pregão cos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de
É a modalidade de licitação destinada à contratação de bens e adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação; recursos
serviços comuns, independentemente de seu valor, estando disci- eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifes-
plinada na Lei nº 10.520/02. Consideram-se bens e serviços comuns tações e decisões; despacho de anulação ou de revogação da licita-
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser ob- ção, quando for o caso, fundamentado circunstancialmente; termo
jetivamente definidos pelo edital, sem grande necessidade de ava- de contrato ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
liações detalhadas, visto que a relação dos bens ou serviços comuns publicações e demais documentos relativos à licitação.
encontra-se disposta em anexo do Decreto Federal nº 3.555/00,
posteriormente alterado pelo Decreto Federal nº 7.174/10. 2  Fase externa
A principal vantagem proporcionada pelo pregão é a econo- 2.1  Fase de Habilitação
mia de recursos financeiros para a Administração Pública, pois dele Após a publicação do edital, tem início a fase externa da licita-
somente tomam parte os licitantes que apresentarem propostas ção, que é caracterizada pela habilitação e pela seleção do melhor
cujo valor seja até 10% superior ao da proposta de menor valor, licitante, dentre os habilitados. Para a habilitação nas licitações,
inclusive esta. Além disso, a modalidade foi instituída com o esco- será exigido dos interessados: documentação relativa à habilitação
po de aperfeiçoar o regime de licitações, permitindo o aumento da jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira,
competitividade e a ampliação das oportunidades de participação regularidade fiscal e prova de que o interessado não empregue em
nas licitações, além de desburocratizar os procedimentos para a ha- trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de dezoito anos,
bilitação e o cumprimento da sequencia de etapas do procedimen- bem como não empregue em qualquer trabalho menores de de-
to, contribuindo para a redução de despesas e concedendo maior zesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
agilidade nas aquisições. Nesse sentido, pode-se dizer que o pregão anos. A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de
visa a atender não apenas ao princípio constitucional da isonomia, participar das fases subseqüentes do processo licitatório.
como também ao princípio da eficiência.
Cabe ressaltar, ainda, que o pregão pode ser realizado em duas 2.2  Fase de Classificação e Julgamento
modalidades: o pregão presencial, que se caracteriza pela presença O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão
física dos licitantes e dos agentes públicos responsáveis pelo pregão de Licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformi-
e o pregão eletrônico, que é realizado por meio da utilização de re- dade com os tipos de licitação e os critérios previamente estabele-
cursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação cidos no ato convocatório. No caso de empate entre duas ou mais
específica, em que os licitantes encaminham suas propostas por via propostas, deverá ser observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da
eletrônica, e os lances são realizados também por via eletrônica. Lei de Licitações.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Complementar à conveniência e oportunidade de sua realização. Nesse contexto,
nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabeleceu o Estatuto Na- estão previstas no artigo 17, incisos I e II, da Lei nº 8.666/93, as
cional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, ocorreu possibilidades de licitação dispensada:
a adoção de novas regras de licitações públicas, dando tratamento “Art. 17  A alienação de bens da Administração Pública, subor-
diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de peque- dinada à existência de interesse público devidamente justificado,
no porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
Federal e dos Municípios, com relação à preferência nas aquisições I-  quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
de bens e serviços pelos Poderes Públicos. Na prática, os direitos órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacio-
são: deverão apresentar toda a documentação exigida para efeito nais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
de comprovação de regularidade fiscal, mesmo que com restri- de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
ções. Porém, havendo alguma restrição, será assegurado o prazo dispensada esta nos seguintes casos:
de dois dias úteis, prorrogáveis por igual período, cujo termo inicial a) dação em pagamento;
corresponderá ao momento em que o proponente for declarado o b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
vencedor do certame, para a regularização da documentação. Ou- tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo,
tro privilégio é o direito de preferência nas situações de empate, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; 
ou seja, quando as propostas apresentadas pelas microempresas c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons-
e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% superiores tantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
à proposta mais bem classificada. No caso do pregão, aplica-se às d) investidura;
propostas que não sejam superiores a 5% da proposta com o menor e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
valor. Dessa forma, a microempresa ou empresa de pequeno porte de qualquer esfera de governo; 
mais bem classificada poderá apresentar proposta de preço inferior f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
àquela considerada vencedora do certame, situação em que será direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por fim, o legislador ain- residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no
da permitiu a promoção de licitação pública, desde que os valores âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária
envolvidos não superem R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da admi-
microempresas e empresas de pequeno porte. nistração pública; 
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
2.3  Fase de Homologação e Adjudicação 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
Uma vez concluída a fase de classificação e julgamento, a au- e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja compe-
toridade superior à Comissão de Licitação, com fundamento no tência legal inclua-se tal atribuição; 
poder-dever que lhe é atribuído, poderá, alternativamente: homo- h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
logar os atos administrativos praticados, confirmando o resultado direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de
da licitação; revogar os atos administrativos praticados ou mesmo a uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e
licitação toda, motivada por razões de interesse público, que decor- cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
ram de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por ór-
e hábil para justificar tal conduta ou anular os atos administrativos gãos ou entidades da administração pública; 
praticados ou mesmo a licitação toda, motivada por ilegalidade re- i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
lacionada ao processo licitatório, mediante parecer escrito e devi- rosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
damente fundamentado. incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou
Com o resultado homologado, o licitante cuja proposta tiver 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fun-
sido selecionada terá o direito à adjudicação do objeto da licitação. diária, atendidos os requisitos legais; 
A adjudicação consiste na atribuição do objeto da licitação àquele II- quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
cuja proposta tenha sido selecionada, para imediata execução do ção, dispensada esta nos seguintes casos:
contrato. a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interes-
se social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-
3. Inversão de fases no procedimento licitatório -econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº 11.196/05 e b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
pela Lei nº 10.520/02, prevendo que o edital de licitação estabele- des da Administração Pública;
cerá a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento nas
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob-
modalidades de pregão e concorrência para outorga de concessões
servada a legislação específica;
e permissões de serviços públicos. Nesses casos, uma vez encerrada
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
a fase de classificação das propostas, será aberto o envelope com
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado.
entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
Uma vez constatado o atendimento às exigências editalícias, o lici-
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
tante será declarado vencedor. Por outro lado, caso o licitante me-
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por
lhor classificado seja inabilitado, serão analisados os documentos
do licitante classificado em segundo lugar, e assim sucessivamente. quem deles dispõe”.

Hipóteses excludentes de licitação Licitação dispensável


Licitação dispensável é aquela cuja realização, nas hipóteses
Licitação dispensada legais, fica a critério puramente discricionário da Administração Pú-
A licitação será dispensada somente nas hipóteses expressa- blica competente, em virtude de peculiaridade de seu objeto e/ou
mente previstas na Lei de Licitações. A dispensa do processo licita- de outros elementos circunstanciais que envolvam a sua realização.
tório nesse caso resulta de disposição expressa de lei, não caben- As hipóteses estão elencadas no artigo 24 da Lei de Licitações, con-
do qualquer juízo discricionário da Administração Pública quanto forme segue:

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
“Art. 24  É dispensável a licitação:   XIV- para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
I- para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan-
cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para
desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço o Poder Público;
ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo lo- XV- para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
cal que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;  históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
II-  para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior XVI-  para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se dronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais,
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju-
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;   rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in-
III- nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
IV- nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan- XVII- para a aquisição de componentes ou peças de origem na-
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in-
e somente para os bens necessários ao atendimento da situação dispensável para a vigência da garantia; 
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços XVIII- nas compras ou contratações de serviços para o abaste-
que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi- cimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus
tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da meios de deslocamento quando em estada eventual de curta du-
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos ração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se-
contratos; des, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento,
V-  quando não acudirem interessados à licitação anterior e quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta- exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
belecidas; Lei: 
VI-  quando a União tiver que intervir no domínio econômico XIX- para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
para regular preços ou normalizar o abastecimento; com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quan-
VII-  quando as propostas apresentadas consignarem preços do houver necessidade de manter a padronização requerida pela
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competen- mediante parecer de comissão instituída por decreto; 
tes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta XX- na contratação de associação de portadores de deficiência
Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos
bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de servi-
preços, ou dos serviços;  ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
VIII- para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público in- seja compatível com o praticado no mercado. 
terno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou enti- XXI- para a aquisição de bens e insumos destinados exclusiva-
dade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado mente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fo-
que o preço contratado seja compatível com o praticado no merca- mento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; 
do;  XXII- na contratação de fornecimento ou suprimento de energia
 IX- quando houver possibilidade de comprometimento da segu- elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autori-
rança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente zado, segundo as normas da legislação específica; 
da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;  XXIII- na contratação realizada por empresa pública ou socie-
X-  para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para
mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi- a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi-
dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava- no mercado. 
liação prévia; XXIV- para a celebração de contratos de prestação de serviços
 XI- na contratação de remanescente de obra, serviço ou forne- com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
cimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que aten- esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
dida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mes- gestão.
mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto XXV- na contratação realizada por Instituição Científica e Tec-
ao preço, devidamente corrigido; nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de
XII- nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora-
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos ção de criação protegida. 
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no XXVI– na celebração de contrato de programa com ente da
preço do dia; Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
  XIII-  na contratação de instituição brasileira incumbida regi- prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do
mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de
volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação cooperação. 
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável re- XXVII- na contratação da coleta, processamento e comerciali-
putação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; zação de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa-

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas Licitação deserta
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de A licitação deserta é aquela que nenhum proponente interes-
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com sado comparece ou quando ocorre a ausência de interessados na
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. licitação. Neste caso, torna-se dispensável a licitação, podendo a
XVIII– para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou Administração contratar diretamente, desde que demonstre moti-
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- vadamente existir prejuízo na realização de uma nova licitação e
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão desde que sejam mantidas todas as condições já estabelecidas no
especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.  edital.
XXIX– na aquisição de bens e contratação de serviços para
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras Licitação fracassada
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus- Ocorre quando nenhum proponente é selecionado em decor-
tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e rência de inabilitação ou de desclassificação das propostas. Nos
ratificadas pelo Comandante da Força.  processos de licitações que apresentarem estas situações, a admi-
XXX- na contratação de instituição ou organização, pública ou nistração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de a apresentação de nova documentação ou de outras propostas es-
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio- coimadas das causas de desclassificação, facultada, no caso de con-
nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar vite, a redução deste prazo para três dias úteis.
e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI- nas contratações visando ao cumprimento do disposto CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela Adminis-
observados os princípios gerais de contratação dela constantes.  tração Pública, com o propósito de satisfazer as necessidades de
 XXXII- na contratação em que houver transferência de tecnolo- interesse público. De acordo com Bellote Gomes:
gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, “Contrato administrativo é um acordo de vontades celebrado
no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme entre a Administração Pública e o particular ou outro ente admi-
elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião nistrativo (órgão ou pessoa jurídica de direito público ou privado)
da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno- para a realização de objetivos de interesse público, nas condições
lógica estabelecidas pela própria Administração Pública, sendo disciplina-
XXXIII- na contratação de entidades privadas sem fins lucrati- do preferencialmente pela Lei de Licitações”.
vos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias so-
ciais de acesso à água para consumo humano e produção de ali-
Principais características
mentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas
Os contratos administrativos devem estabelecer com clareza e
pela seca ou falta regular de água”.
precisão as condições para a sua execução, expressas em cláusulas
que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes,
Inexigibilidade de licitação
em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se
A licitação é considerada inexigível quando não há possibilida-
vinculam. Sendo assim, conforme o disposto no artigo 55 da Lei nº
de de competição entre os eventuais licitantes, de modo que sua
8.666/93, são consideradas cláusulas necessárias em todo contrato
realização não é exigida.
Conforme o disposto no artigo 25da Lei nº 8.666/93, a licitação administrativo:
será inexigível nas seguintes hipóteses: “Art. 55  São cláusulas necessárias em todo contrato as que es-
“Art. 25  É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de tabeleçam:
competição, em especial: I- o objeto e seus elementos característicos;
I- para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que II- o regime de execução ou a forma de fornecimento;
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan- III- o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base
te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atuali-
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci- zação monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a
do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria do efetivo pagamento;
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con- IV-  os prazos de início de etapas de execução, de conclusão,
federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme
II- para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. o caso;
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas V-  o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de classificação funcional programática e da categoria econômica;
publicidade e divulgação; VI- as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,
III- para contratação de profissional de qualquer setor artístico, quando exigidas;
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consa- VII- os direitos e as responsabilidades das partes, as penalida-
grado pela crítica especializada ou pela opinião pública”. des cabíveis e os valores das multas;
Assim, pode-se dizer que, no rol das hipóteses legais de lici- VIII- os casos de rescisão;
tação inexigível, as duas primeiras (fornecedor exclusivo e notória IX- o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de
especialização) apresentam maior objetividade, na medida em que rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
sua caracterização deve vir amparada por elementos objetivos. No X- as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para
tocante à terceira hipótese legal (contratação de artista), há uma conversão, quando for o caso;
maior subjetividade, na medida em que sua caracterização se dá a XI- a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dis-
partir de elementos não totalmente precisos pela lei. pensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII-  a legislação aplicável à execução do contrato e especial-
mente aos casos omissos;

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
XIII- a obrigação do contratado de manter, durante toda a exe- Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União
cução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for de-
assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigi- finido nas respectivas leis.  
das na licitação”.
Além das cláusulas necessárias, os contratos administrativos Hipóteses de alteração dos contratos administrativos
possuem determinadas características especiais que os diferenciam Os contratos administrativos podem ser alterados, desde que
dos contratos submetidos a outros regimes jurídicos. São elas: haja motivação legal, de forma unilateral pela Administração Púbica
ou por acordo entre as partes.
Formalidade
A formalidade caracteriza, em regra, os contratos administra- Responsabilidade contratual
tivos. Assim, é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a O contratado é responsável pelos danos causados diretamente
Administração Pública, exceto o que tenha por objeto pequenas à Administração Pública ou a terceiros, decorrentes de sua culpa
compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor ou dolo na execução do contrato, sendo de sua responsabilidade,
não superior a R$ 4.000,00 (quatro mil reais). ainda, os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
Todo contrato administrativo deve trazer o nome das partes e resultantes da execução do contrato. A inadimplência de sua parte
os de seus representantes, a finalidade, o ato que autoriza a sua com relação a tais obrigações não transfere à Administração Pública
lavratura, o número do processo de licitação, da dispensa ou da ine- a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o ob-
xigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas previstas na Lei jeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e
de Licitações e às cláusulas contratuais. edificações, inclusive perante o registro de imóveis.

Licitação Prévia Principais modalidades de contratos administrativos


Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexigibilidade de Os contratos administrativos são usualmente classificados nas
licitação, a celebração dos contratos administrativos deve ser pre- seguintes modalidades, conforme seu objeto: contratos de obra,
cedida de licitação, sob pena de nulidade, devendo ainda a minuta contratos de serviço, contratos de compra, contratos de alienação,
do futuro contrato administrativo constar do edital ou do ato con- parcerias público-privadas, contratos de gestão, contratos de con-
vocatório da licitação. cessão de uso de bem público, contratos de concessão de serviço
público precedida da execução de obra pública, contratos de em-
Cláusulas Exorbitantes préstimo público, consórcios e convênios. 
São cláusulas existentes apenas nos contratos administrativos
e que conferem determinadas prerrogativas à Administração Públi- Hipóteses de extinção dos contratos administrativos
ca, colocando-a em posição de superioridade em relação aos con- Os contratos administrativos podem ser extintos pela conclu-
tratados. Estão previstas no artigo 58 da Lei de Licitações. são do objeto, pelo término do prazo ou por rescisão contratual.

Prazo Determinado Nota-se, de forma clara e precisa, a importância da Adminis-


Como regra, os contratos administrativos devem ter início e tração Publica, como responsável pela gestão do dinheiro público.
término predeterminados, sendo vedados os contratos administra- Assim, diante da necessidade de regulamentar e padronizar os
tivos com prazo indeterminado. procedimentos, o legislador pátrio instituiu a Lei n°8.666/93, para
controlar de forma mais estrita as atividades do administrador pú-
Prestação de Garantias blico, relacionados à contratação de obras, serviços, inclusive publi-
A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde cidade, compras, alienações e locações no âmbito da Administração
que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida pres- Pública, aperfeiçoando as regras contidas em normas já existentes.
tação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras, O controle imposto pela Lei de Licitações visa proporcionar que
não excedendo 5% do valor do contrato, podendo o contratado op- o administrador atue em harmonia com os princípios que norteiam
tar por uma das seguintes modalidades de garantia: seguro-garan- a sua atividade e busque, na contratação de bens de serviços, a pro-
tia, fiança bancária ou caução em dinheiro ou em títulos da dívida posta mais vantajosa, de modo a evidenciar o interesse público.
pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, me- Ademais, pode-se concluir que a licitação é a regra imposta
diante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia pela Constituição da República e pode ser definida como o conjunto
autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados pelos seus va- de regras destinadas à seleção da melhor proposta, dentre as apre-
lores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda. sentadas, por aqueles que desejam controlar com a Administração
Ressalta-se que, para obras, serviços e fornecimentos de gran- Pública.
de vulto, envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros Por fim, cabe a sociedade e administradores, exercer uma fis-
consideráveis, demonstrados por meio de parecer tecnicamente calização habitual, capaz de proporcionar alterações no quadro de
aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia de 5% gestão do dinheiro público, de forma a impulsionar os administra-
poderá ser elevado para até 10% do valor do contrato. dores a utilizarem à licitação de forma contida na legislação.9
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituí-
da após a execução do contrato, e, quando em dinheiro, atualizada
monetariamente.

Publicidade
Depois de celebrado o contrato, este é publicado na imprensa
oficial, até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatu-
ra, como condição de sua eficácia, uma vez que a Lei de Licitações
define a imprensa oficial como o veículo oficial de divulgação da
9--> Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Por Daniela Cerri Junqueira

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
6.4.1As solicitações para que os produtos que não estejam re-
CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO: EPIS E EPCS lacionados no ANEXO I, desta NR, sejam considerados como EPI,
bem como as propostas para reexame daqueles ora elencados, de-
verão ser avaliadas por comissão tripartite a ser constituída pelo
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Uniforme
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo trabalha-
trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas
dor, destinado a prevenir riscos que podem ameaçar a segurança e
àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação.
a saúde do trabalhador. Para ser comercializado, todo EPI deve ter
6.5Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
CA emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), conforme rança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna
estabelecido na NR n° 6 do TEM (BRASIL, 2008). de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de
manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao
risco existente em determinada atividade.
6.5.1Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao
designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habi-
litado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador.
6.6Cabe ao empregador
6.6.1Cabe ao empregador quanto ao EPI :
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005-1
/I3)
b) exigir seu uso; (206.006-0 /I3)
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão na-
cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
Entre os Equipamentos de ProteçãoIndividual os mais comuns (206.007-8/I3)
são: d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guar-
-Proteção da cabeça: capacete de segurança, capuz, balaclava, da e conservação; (206.008-6 /I3)
etc; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
-Proteção dos olhos e face: óculos de proteção, máscaras; (206.009-4 /I3)
-Proteção auditiva: protetor auricular, abafadores de ruídos; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
-Proteção respiratória: respirador; e, (206.010-8 /I1)
-Proteção do tronco: coletes; g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
-Proteção dos membros superiores: luvas de segurança, bra- (206.011-6 /I1)
çadeiras; h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser
-Proteção dos membros inferiores: calçados de segurança, calças. adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.(Inserida pela Portaria
SIT n.º 107, de 25 de agosto de 2009)
NORMA REGULAMENTADORA 6 - NR 6
6.7Cabe ao empregado
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
6.7.1Cabe ao empregado quanto ao EPI:
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
6.1Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora -
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança impróprio para uso; e,
e a saúde no trabalho. d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso ade-
6.1.1Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção quado.
Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o 6.8Cabe ao fabricante e ao importador
fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam 6.8.1O fabricante nacional ou o importador deverá:
ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a se- a) cadastrar-se, segundo o ANEXO II, junto ao órgão nacio-
gurança e a saúde no trabalho. nal competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
6.2O equipamento de proteção individual, de fabricação nacio- (206.012-4 /I1)
nal ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II; (206.013-2
indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão /I1)
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho c) solicitar a renovação do CA, conforme o ANEXO II, quando
do Ministério do Trabalho e Emprego. (206.001-9 /I3) vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional compe-
6.3A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita- tente em matéria de segurança e saúde do trabalho; (206.014-0 /I1)
mente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e d) requerer novo CA, de acordo com o ANEXO II, quando houver
funcionamento, nas seguintes circunstâncias: alteração das especificações do equipamento aprovado; (206.015-9 /I1)
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com- e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que
pleta proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de deu origem ao Certificado de Aprovação - CA; (206.016-7 /I2)
doenças profissionais e do trabalho; (206.002-7/I4) f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo CA; (206.017-5 /I3)
implantadas; e, (206.003-5 /I4) g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de se-
c) para atender a situações de emergência. (206.004-3 /I4) gurança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadas-
6.4Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, trais fornecidos; (206.0118-3 /I1)
e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma na-
aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no cional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais
ANEXO I desta NR. referências ao seu uso; (206.019-1 /I1)

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, 6.11.1.1Sempre que julgar necessário o órgão nacional compe-
(206.020-5 /I1) tente em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá requi-
j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito sitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o
do SINMETRO, quando for o caso. (206.021-3 /I1) número de referência, além de outros requisitos.
6.9Certificado de Aprovação - CA 6.11.2Cabe ao órgão regional do MTE:
6.9.1Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade
validade: do EPI;
a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos b) recolher amostras de EPI; e,
de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabí-
do SINMETRO; veis pelo descumprimento desta NR.
b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito 6.12e Subitens (Revogados pela Portaria SIT n.º 125, de 12 de
do SINMETRO, quando for o caso; novembro de 2009)
c) de 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas
nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou labo- ANEXO I
ratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente (TEXTO DADO PELA PORTARIA SIT N.º 25, DE 15 DE OUTUBRO
em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresen- DE 2001)
tação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especi-
ficação técnica de fabricação, podendo ser renovado até dezembro A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA
de 2007, quando se expirarão os prazos concedidos(Nova redação A.1- Capacete
dada pela Portaria nº 194, de 22/12/2006 - DOU DE 28/12/2006) a) capacete de segurança para proteção contra impactos de ob-
d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI jetos sobre o crânio;
desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não b) capacete de segurança para proteção contra choques elé-
existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmen- tricos;
te reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos en- c) capacete de segurança para proteção do crânio e face contra
saios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional com- riscos provenientes de fontes geradoras de calor nos trabalhos de
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante combate a incêndio.
apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da A.2- Capuz
especificação técnica de fabricação. a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con-
6.9.2O órgão nacional competente em matéria de segurança tra riscos de origem térmica;
e saúde no trabalho, quando necessário e mediante justificativa, b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con-
poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem tra respingos de produtos químicos;
6.9.1. c) capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos
6.9.3Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e onde haja risco de contato com partes giratórias ou móveis de má-
bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de quinas.
fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome
do importador, o lote de fabricação e o número do CA. (206.022-1/ B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE
I1) B.1- Óculos
6.9.3.1Na impossibilidade de cumprir o determinado no item a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra impac-
6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saú- tos de partículas volantes;
de no trabalho poderá autorizar forma alternativa de gravação, a b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra lumino-
ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta constar sidade intensa;
do CA. c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
6.10Restauração, lavagem e higienização de EPI ultravioleta;
6.10.1Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
serão definidos pela comissão tripartite constituída, na forma do infravermelha;
disposto no item6.4.1, desta NR, devendo manter as características e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra respin-
de proteção original. gos de produtos químicos.
6.11Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / B.2- Protetor facial
TEM a) protetor facial de segurança para proteção da face contra
6.11.1Cabe ao órgão nacional competente em matéria de se- impactos de partículas volantes;
gurança e saúde no trabalho: b) protetor facial de segurança para proteção da face contra
a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI; respingos de produtos químicos;
b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar c) protetor facial de segurança para proteção da face contra
o CA de EPI; radiação infravermelha;
c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra
para ensaios de EPI; luminosidade intensa.
d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou impor- B.3- Máscara de Solda
tador; a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
e) fiscalizar a qualidade do EPI; face contra impactos de partículas volantes;
f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou im- b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
portadora; e, face contra radiação ultravioleta;
g) cancelar o CA. c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
face contra radiação infravermelha;

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e c) luva de segurança para proteção das mãos contra choques
face contra luminosidade intensa. elétricos;
d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA térmicos;
C.1- Protetor auditivo e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema biológicos;
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
na NR - 15, Anexos I e II; químicos;
b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema audi- g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibrações;
tivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na h) luva de segurança para proteção das mãos contra radiações
NR - 15, Anexos I e II; ionizantes.
c) protetor auditivo semi -auricular para proteção do sistema F.2- Creme protetor
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido a) creme protetor de segurança para proteção dos membros
na NR - 15, Anexos I e II. superiores contra agentes químicos, de acordo com a Portaria SSST
nº 26, de 29/12/1994.
D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA F.3- Manga
D.1- Respirador purificador de ar a) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
a) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra choques elétricos;
rias contra poeiras e névoas; b) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
b) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes abrasivos e escoriantes;
rias contra poeiras, névoas e fumos; c) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
c) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes cortantes e perfurantes;
rias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos; d) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
d) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- contra umidade proveniente de operações com uso de água;
tórias contra vapores orgânicos ou gases ácidos em ambientes com e) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
concentração inferior a 50 ppm (parte por milhão); contra agentes térmicos.
e) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- F.4- Braçadeira
rias contra gases emanados de produtos químicos; a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra
f) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- agentes cortantes.
tórias contra partículas e gases emanados de produtos químicos; F.5- Dedeira
g) respirador purificador de ar motorizado para proteção das a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agen-
vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos. tes abrasivos e escoriantes.
D.2- Respirador de adução de ar
a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
proteção das vias respiratórias em atmosferas com concentração G.1- Calçado
Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confi- a) calçado de segurança para proteção contra impactos de que-
nados; das de objetos sobre os artelhos;
b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para pro- b) calçado de segurança para proteção dos pés contra choques
teção das vias respiratórias em atmosferas com concentração Ime- elétricos;
diatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confinados; c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes
D.3- Respirador de fuga térmicos;
a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias con- d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes
tra agentes químicos em condições de escape de atmosferas Ime- cortantes e escoriantes;
diatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou com concentração de oxi- e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra
gênio menor que 18 % em volume. umidade proveniente de operações com uso de água;
f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra
E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO respingos de produtos químicos.
E.1- Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tron- G.2- Meia
co contra riscos de origem térmica, mecânica, química, radioativa a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas tem-
e meteorológica e umidade proveniente de operações com uso de peraturas.
água. G.3- Perneira
e) vestimenta para proteção do tronco contra umidade prove- a) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
niente de precipitação pluviométrica.(Incluído pelaPortaria MTE nº tes abrasivos e escoriantes;
870/2017) b) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
E.2Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que tes térmicos;
trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco contra c) perneira de segurança para proteção da perna contra respin-
riscos de origem mecânica.(Incluído pelaPortaria MTE nº 191/2006) gos de produtos químicos;
d) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES tes cortantes e perfurantes;
F.1- Luva e) perneira de segurança para proteção da perna contra umida-
a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes de proveniente de operações com uso de água.
abrasivos e escoriantes; G.4- Calça
b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes a) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes
cortantes e perfurantes; abrasivos e escoriantes;

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
b) calça de segurança para proteção das pernas contra respin- ANEXO II
gos de produtos químicos; (TEXTO DADO PELA PORTARIA SIT N.º 25, DE 15 DE OUTUBRO
c) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes DE 2001)
térmicos;
d) calça de segurança para proteção das pernas contra umida- 1.1 - O cadastramento das empresas fabricantes ou impor-
de proveniente de operações com uso de água. tadoras, será feito mediante a apresentação de formulário único,
e) calça para proteção das pernas contra umidade provenien- conforme o modelo disposto no ANEXO III, desta NR, devidamente
te de precipitação pluviométrica.(Incluída pelaPortaria MTE nº preenchido e acompanhado de requerimento dirigido ao órgão na-
870/2017) cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.
1.2 - Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador,
H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO deverá requerer junto ao órgão nacional competente em matéria
H.1- Macacão de segurança e saúde no trabalho a aprovação do EPI.
a) macacão de segurança para proteção do tronco e membros 1.3 - O requerimento para aprovação do EPI de fabricação na-
superiores e inferiores contra chamas; cional ou importado deverá ser formulado, solicitando a emissão ou
b) macacão de segurança para proteção do tronco e membros renovação do CA e instruído com os seguintes documentos:
superiores e inferiores contra agentes térmicos; a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente en-
c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros quadramento no ANEXO I desta NR, suas características técnicas,
superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos; materiais empregados na sua fabricação, uso a que se destina e
d) macacão para proteção do tronco e membros superiores e suas restrições;
inferiores contra umidade proveniente de precipitação pluviométri- b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por labora-
ca.(Incluído pela Portaria MTE nº 870/2017) tório credenciado pelo órgão competente em matéria de segurança
H.2- Conjunto e saúde no trabalho ou do documento que comprove que o produto
a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- teve sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO, ou, ain-
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e da, no caso de não haver laboratório credenciado capaz de elaborar
inferiores contra agentes térmicos; o relatório de ensaio, do Termo de Responsabilidade Técnica, assi-
b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- nado pelo fabricante ou importador, e por um técnico registrado
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e em Conselho Regional da Categoria;
inferiores contra respingos de produtos químicos; c) cópia autenticada e atualizada do comprovante de localiza-
c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaque- ção do estabelecimento, e,
ta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e infe- d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração do
riores contra umidade proveniente de operações com uso de água; fabricante estrangeiro autorizando o importador ou o fabricante
d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- nacional a comercializar o produto no Brasil, quando se tratar de
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e EPI importado.
inferiores contra chamas.
H.3- Vestimenta de corpo inteiro ANEXO III
a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con- (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
tra respingos de produtos químicos; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con- SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
tra umidade proveniente de operações com água. DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
c)vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo o FORMULÁRIO ÚNICO PARA CADASTRAMENTO DE EMPRESA
corpo contra choques elétricos.(Incluída pela Portaria SIT n.º 108, FABRICANTE OU IMPORTADORA DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
de 30 de dezembro de 2004) INDIVIDUAL
d) vestimenta para proteção de todo o corpo contra umidade - Identificação do fabricante ou importador de EPI:
proveniente de precipitação pluviométrica.(Incluída pela Portaria Fabricante:Importador:Fabricante e Importador:
MTE nº 870/2017) Razão Social:
Nome Fantasia:CNPJ/MF:
I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE Inscrição Estadual - IE:Inscri ção Municipal - IM:
NÍVEL Endereço:Bairro:CEP:
I.1- Dispositivo trava-queda Cidade:Estado:
a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usuá- Telefone: Fax:
rio contra quedas em operações com movimentação vertical ou ho- E-Mail:Ramo de Atividade:
rizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para proteção CNAE (Fabricante):CCI da SRF/MF (Importador):
contra quedas.
I.2- Cinturão 2 - Responsável perante o DSST / SIT:
a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos
de queda em trabalhos em altura; a) Diretores:
b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra ris-
cos de queda no posicionamento em trabalhos em altura. Nome N.º da Identidade Cargo na Empresa
1
Nota: O presente Anexo poderá ser alterado por portaria espe- 2
cífica a ser expedida pelo órgão nacional competente em matéria 3
de segurança e saúde no trabalho, após observado o disposto no
subitem6.4.1.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
b) Departamento Técnico: Vantagens dos EPC’s
Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC auxiliam na dimi-
Nome Nº do Registro Prof.Conselho Prof./Estado nuição de acidentes, já que mantém os colaboradores protegidos
1 quanto aos mesmos. Eles ajudam a melhorar as condições de tra-
2 balho, possuem um custo menor do que os protetores individuais e
ainda ajudam a aumentar a produtividade da empresa. Isso porque
3 - Lista de EPI fabricados: um funcionário saudável, seguro e satisfeito só rende mais.
Outra vantagem desse tipo de equipamento é que ele ajuda a
4 - Observações: proteger não só os colaboradores, mas também toda pessoa que
a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado, visita a fábrica da empresa e não precisa ser trocado com tanta fre-
sempre que houver alteração, acompanhado de requerimento ao quência já que sua durabilidade é maior.
DSST / SIT / MTE;
b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre os Qual a importância do EPC?
objetivos sociais da empresa, a fabricação e/ou importação de EPI. O Brasil se encontrou em um dos primeiros lugares entre os
Nota: As declarações anteriormente prestadas são de inteira países com maior número de acidentes de trabalho. Depois da di-
responsabilidade do fabricante ou importador, passíveis de verifica- vulgação desse dado, as coisas começaram a mudar, mesmo que
ção e eventuais penalidades, facultadas em Lei. ligeiramente, e os Equipamentos de Proteção Coletiva estão aí para
_________________,_____ de ____________ de ______ ajudar a mudar isso.
_______________________________________________ O seu uso ajuda a diminuir expressivamente o número de aci-
Diretor ou Representante Legal dentes, isso porque eles orientam e proteger o trabalhador durante
todo o expediente.
EPC é a sigla para Equipamento de Proteção Coletiva e serve Por mais diferente que pareça, o uso dos equipamentos de
para garantir a saúde dos trabalhadores nas empresas. proteção ajudam a manter o colaborador motivado, porque ele se
sente seguro para trabalhar e sabe que a empresa se importa com
O trabalhador merece toda a proteção obrigatória para poder sua saúde.
fazer suas atividades com tranquilidade e produzir com eficácia. Os
Equipamentos de Proteção Coletiva são uma ferramenta muito im- E as empresas que não usam EPC?
portante para evitar acidentes de trabalho e garantir a saúde de O descumprimento da norma que regulamenta a segurança do
todos os funcionários. trabalhador gera multas para o empregador. Essas multas vão ser
Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC são dispositivos de pelo menos, o descumprimento da regra obrigatória. Além dis-
e sistemas que auxiliam na segurança do trabalhador dentro do lo- so, se ocorrer algum acidente, a empresa pode ser responsabilizada
cal da empresa. Eles protegem de forma geral, atingindo todos os pelo ocorrido.
funcionários. Se você trabalha em uma empresa que não oferece os equi-
O EPC ajuda a manter todos os profissionais saudáveis e orien- pamentos de segurança obrigatórios, é possível fazer denúncias ao
tados sobre as medidas de segurança. Ministério do Trabalho ou ao sindicado da sua categoria para resol-
ver. Dentro da própria empresa é possível também conversar com a
CIPA ou o SESMT para regulamentação.

Qual a diferença entre EPC e EPI?


O significado de EPI é Equipamento de Proteção Individual, por-
tanto, a diferença entre EPI e EPC é que o EPI são dispositivos que
protegem cada colaborador separadamente, diferente do que pro-
tege coletivamente. Ainda, os equipamentos coletivos podem ser
também sistemas e formas de proteger os colaboradores em geral.

Quais são os EPC’s?


Existem diversos tipos de EPC e eles variam de acordo com o
tipo de trabalho que é exercido. Mas, podemos citar alguns exem- ÉTICA NO TRABALHO
plos para facilitar seu entendimento, como sinalização em máqui-
nas, sinalização nos corredores de risco, proteção de partes das
máquinas que podem se mover, escadas com corrimão e capelas Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o
químicas são alguns deles. exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não
Dentre os Equipamentos de Proteção Coletiva mais comuns é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse
estão: público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia
-Placas de Sinalização; Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres-
-Sensores de presença; ponde um cargo ou emprego”.
-Cavaletes; No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores,
-Fita de Sinalização; além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas
-Chuveiro Lava-Olhos; que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú-
-Sistema de Ventilação e Exaustão; blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade
-Proteção contra ruídos e vibrações; impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores
-Sistema de Iluminação de Emergência. acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi-
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa
para uma imagem negativa do órgão e do serviço.

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que – A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi-
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-
relação com o público. -se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer- em benefícios de “outros”;
cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida. – A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-
O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva- ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e
da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu- uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili- positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia-
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria
os colegas e com os usuários do serviço. existência da Administração Pública;
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- – A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali-
vão muito além da legalidade. dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o trabalho administrativo;
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, – Constitui um importante valor deontológico potencializar o
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°, do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins-
da Constituição Federal. titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação
Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum- central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com-
prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou portamentos éticos;
seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade. – A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí-
Os princípios constitucionais devem ser observados para que vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se
a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta
princípios são: disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à
– Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente os função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua
meandros da lei. do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que
– Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda- os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam
de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o na práxis do servidor público;
que a lei prevê. – O comportamento ético deve levar o funcionário público à
– Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome- busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo
ter os bons costumes da sociedade. sua tarefa;
– Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público, – A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual-
salvo os casos previstos em lei. dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in-
– Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra- retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em
balho. que se trabalha;
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e
A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS- não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun-
TRATIVA ÉTICA cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de
Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra- ofício;
ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz e – O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito
moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges- existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor-
tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37 ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer-
da Carta Magna. cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os
Para isso a Administração Pública vem implementando políti- funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos
cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revisão poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).”
de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.
Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis-
com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser- posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma
viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos
uma postura governamental com tomada de decisões políticas res- governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração
ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas
funcionalismo público. e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor-
Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar- mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses
tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública, instrumentos fiscalizatórios.
que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res-
serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol- ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração
tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções,
autoras: cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte
– Os processos seletivos para o ingresso na função pública de- dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle
vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão
só o ingresso como carreira no âmbito da função pública; por parte de alguns agentes públicos ímprobos.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne- • Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. prazo.
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda • Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no- aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função do bom senso:
pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos. • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper- trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente externos pode ajudar a resolver algumas questões.
na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
com o interesse social. em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- sobre a importância desse dever.
blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética
para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de
mais eficaz e facilitada. apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa habilidades incluem:
tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº - atualização constante;
8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº - soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças;
101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua - decisões criativas, diferenciadas e rápidas;
atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon- - flexibilidade para mudar hábitos de trabalho;
de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão - liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis-
sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social. sionais;
Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública - habilidade para lidar com os usuários internos e externos.
está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés
de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú- Sanz Mulas:
blica comprometida com a ética e a eficiência. “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés realizar as seguintes tarefas, entre outras:
Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones - Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que a legitimidade social;
devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis- - Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
trações. quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário - Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
realizar as seguintes tarefas, entre outras: conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
– Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
a legitimidade social; damente em relação à meta eleita;
– Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e - Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; se está imerso;
– Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu - Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- pessoas.”
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
damente em relação à meta eleita; Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor-
– Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos
se está imerso; ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na
– Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual
pessoas.” possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não
Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão
Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos na seja ético, acima de tudo .
Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990. O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões
Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixamno para- éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou
digma do atendimento e do relacionamento que tem como foco seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da
principal o usuário. ética pública está diretamente relacionada aos princípios funda-
São eles: mentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de
- “atender com presteza ao público em geral, prestando as in- “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas ideo-
formações requeridas” e lógicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao
- “tratar com urbanidade as pessoas”. comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos
invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da
Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e es-
vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como senciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembran-
demonstram as situações descritas a seguir. do inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali-
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público EXERCÍCIOS
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”,
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a 01. (FUNED/IBFC) Analise as seguintes afirmativas concernen-
questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes, tes à função organização, à estrutura organizacional e à função di-
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e reção e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
expresso, “todos são iguais perante a lei”. ( ) Organização é a função da administração responsável pela
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção articulação da ação dos indivíduos no contexto organizacional, ou
entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do seja, ela conduz o pessoal na execução das tarefas.
interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in- ( ) A organização ou estruturação da empresa deve levar em
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar conta três questões básicas: autoridade, responsabilidade e divisão
abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão, do trabalho. A divisão do trabalho decorre da distribuição da auto-
jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer- ridade e da responsabilidade nas empresas.
cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar acima ( ) Representação gráfica da estrutura de uma organização,
de seus interesses. o fluxograma mostra as funções, os departamentos e os cargos da
Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de organização, especificando também como eles se relacionam.
igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin- ( ) As ordens ou instruções são meios importantes na direção
cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores dos empregados de uma empresa. Uma ordem ou instrução trans-
públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or- mite decisões aos subordinados. Quanto à sua amplitude, a ordem
denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao pode ser geral ou específica e, em relação à sua forma, a ordem
padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci- pode ser oral ou escrita.
dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons ( ) Para bem dirigir seus subordinados, um administrador deve
costumes em uma sociedade. motivar, comunicar, coordenar e liderar. Entre os fatores de lideran-
A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fértil ça, destacam-se: a posição hierárquica, a competência funcional, a
para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades públicas personalidade e a dinâmica do líder.
está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido
a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e especial- Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras COR-
mente, por falta de mecanismos de controle e responsabilização RETA.
adequada dos atos antiéticos. a) (F) (V) (V) (F) (F)
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade b) (V) (F) (F) (V) (F)
nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos c) (F) (V) (F) (V) (V)
e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do d) (V) (F) (V) (F) (V)
Pode Público.
Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de- 02. (ESAF) - “Estrutura formal, objeto de grande parte de es-
vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce tudos das organizações empresariais, é aquela deliberadamente
sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma lei”, planejada, em alguns de seus aspectos, pelo organograma. Estru-
isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utilizada e tura informal é a rede de relações sociais e pessoais que não é
reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evolução estabelecida ou requerida pela estrutura formal. Surge da intera-
surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa ção social das pessoas, o que significa que se desenvolve espon-
a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um padrão de taneamente quando as pessoas se reúnem. Portanto, apresenta
vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear os impulsos relações que usualmente não aparecem no organograma.”
sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a cidadania (Trecho extraído do livro Sistemas, organização e métodos: uma abor-
deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém dagem gerencial, de Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira. 11. ed. São
Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para ele Paulo: Atlas, 2000, p. 82).
desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longo da
vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo con- Indique, nas opções abaixo, aquela que não se apresenta
testados posteriormente com a formação de ideias de cada um, po- como uma das características da organização formal:
rém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos. a) Divisão do trabalho.
A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci- b) Especialização.
dadão consciente para a construção de um futuro melhor. c) Hierarquia.
No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e d) Distribuição da autoridade e de responsabilidade.
sem princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e e) Ênfase nas relações entre pessoas no trabalho.
desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a
assimilar por este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio 03. (CESPE/ TCE-AC) - O modelo de departamentalização que
próprio. consiste em atribuir a cada uma das unidades de trabalho a res-
ponsabilidade por uma função organizacional, como departamen-
to de marketing, departamento de finanças, departamento de
recursos humanos etc., é denominado de modelo de organização 
a) funcional. 
b) territorial ou geográfica. 
c) por produto. 
d) por cliente. 
e) por área de conhecimento. 

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
04. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas orga- c) as motivações e objetivos individuais, grupais e organizacio-
nizações, analise. nais, e a problemática de diferenciação e integração de subsistemas
I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em que d) as motivações e objetivos comuns ao conjunto e a vários
todos os envolvidos mantêm uma ética relacional. subconjuntos, bem como questões sobre poder, autoridade, con-
II. É possível melhorar a comunicação por meio de treinamento trole e influência social
e desenvolvimento de pessoal. e) a interdependência de subsistemas e o trabalho em equipe,
III. A comunicação é elemento acessório no processo de busca para o desempenho organizacional como um todo
de qualidade nas organizações.
09. (AOCP/BRDE) A comunicação e relação interpessoal são apre-
Assinale sentadas como habilidade interpessoal e comunicação, também cha-
a) se apenas a afirmativa I estiver correta. madas de habilidades humanas e são consideradas extremamente
b) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. necessárias na vida de um administrador, em função de proporcionar
c) se apenas a afirmativa II estiver correta. a) trabalho com eficácia e esforços cooperativos na direção dos
d) se apenas a afirmativa III estiver correta. objetivos estabelecidos.
b) visão sistêmica da organização com envolvimento das pessoas.
05. (FCC/MPE-AP) - Para o atendimento ao público ser consi- c) trabalho com eficácia, empregabilidade e polivalência.
derado ideal ou próximo ao ideal, existem regras, que inclusive no d) visão sistêmica da organização e facilidade no uso de técni-
caso brasileiro, têm Decreto e Lei regularizando ou estabelecendo cas específicas.
regras mínimas. e) trabalho com eficácia e esforços individualizados na direção
Um atendente deve estar à disposição do consumidor em até  dos objetivos estabelecidos.
a) 180 segundos, obrigatoriamente
b) 90 segundos, obrigatoriamente 10. (INSTITUTO AOCP/Prefeitura de Angra dos Reis-RJ) Qual
c) 90 segundos, se ele assim solicitar é a atividade que compreende um conjunto de operações e pro-
d) 60 segundos, obrigatoriamente cedimentos, visando ao controle dos documentos que ainda tra-
e) 60 segundos, se ele assim solicitar mitam no órgão, de modo a garantir a sua imediata localização e
recuperação?
06. (CONSULPLAN/TSE) A qualidade e eficácia do trabalho em a) Atividade de classificação de documentos.
equipe estão diretamente relacionadas ao seu desenvolvimento e b) Atividade de distribuição de documentos.
gerenciamento. Esse processo envolve alguns princípios básicos:  c) Atividade de recepção de documentos.
I. definir claramente e conjuntamente os objetivos da equipe.  d) Atividade de protocolo de documentos.
II. definir claramente o que se espera de cada elemento da e) Atividade de registro de documentos.
equipe, no desempenho de sua função. 
III. manter os canais de comunicação sob o controle de deter- 11. (FUNIVERSA/UEG) Assinale a alternativa que apresenta
minados elementos da equipe.  o(s) procedimento(s) no(s) qual(is) o protocolo cadastra um docu-
IV. avaliar periodicamente os resultados.  mento em um sistema de controle, podendo atribuir, a esse docu-
mento, um número de acompanhamento.
Analisando-se os itens anteriores, verifica-se que estão corre- a) tramitação
tos apenas os itens  b) expedição/distribuição
a) I e III c) classificação
b) I, II e III d) recebimento
c) I e IV e) registro e autuação
d) I, II eIV
12. As compras de entidades públicas devem observar, por
07. (FCC/AL-SP) Um dos fatores de qualidade no atendimento força da lei, alguns princípios. São eles:
ao público é a empatia. Empatia é I. impessoalidade;
a) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e con- II. moralidade;
fiança ao público. III. publicidade;
b) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que IV. pontualidade na entrega.
foi prometido ao público
c) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente de- As afirmativas corretas são:
monstra para com o público, colocando-se em seu lugar para um a) apenas I e II.
melhor entendimento do problema. b) apenas II e III.
d) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta- c) apenas I, II e III.
mente o cidadão d) apenas I e IV.
e) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo e) todas as afirmativas.
atendimento
13. (ESAF/DNIT) - Um edital de licitação deve ter obrigatoria-
08. (FCC/TRT-MS) Na competência interpessoal grupal, são mente determinados elementos. Assinale a opção que cita corre-
fatores trabalhados: tamente três desses elementos.
a) a busca do autoconhecimento e conscientização, as habilida- a) Objeto da licitação, condições para participação na licitação
des de percepção, diagnose e comunicação para expressão verbal e e forma de apresentação das propostas.
emocional, para dar e receber feedback b) Condições diferenciadas de pagamento entre empresas
b) as motivações, os objetivos pessoais, a problemática de in- brasileiras e estrangeiras, forma de apresentação das propostas e
terrelação, de afetividade e intimidade preâmbulo.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
c) Sanções para o caso de inadimplemento, nome do órgão in- c) permitir condições de medição do potencial humano, no
teressado e critério de fixação de preços mínimos sentido de determinar sua plena aplicação.
d) Critérios de julgamento, critérios de ajuste e o cadastro da d) propor providências no sentido de melhorar o padrão de de-
comissão de licitação, incluindo nome e e-mail. sempenho de subordinados.
e) Forma de apresentação das propostas, critérios de julga- e) viabilizar a avaliação de comportamento dos subordinados,
mento e critério de fixação de preços mínimos. contando com um sistema amplo de medição capaz de levar em
consideração as subjetividades individuais.
14. (CESPE/ICMBIO) Considerando que, no setor público, as
aquisições de qualquer natureza obedecem às disposições da Lei 18. (CESPE/CNJ) Com referência a organização e processo de-
n.º 8.666/1993, julgue os próximos itens. cisório, julgue os próximos itens.
Por determinação legal, a adjudicação de uma compra feita O processo racional de tomada de decisão pressupõe que o
na modalidade de pregão dispensa diligenciamento. agente tenha conhecimento absoluto de todas as opções disponí-
( ) Certo veis para a ação.
( ) Errado ( ) Certo
( ) Errado
15. (ESAF/ANA) O reflexo do exercício da Liderança é o resul-
tado alcançado pelo líder em relação às pessoas que influencia. 19. (CESPE/CNJ) Com referência a organização e processo de-
Para o Líder que ocupa uma posição formal dentro da organização, cisório, julgue os próximos itens.
é um desafio identificar o estilo de liderança que deve aplicar a As decisões do tipo não programadas ou descritivas são aque-
cada uma das circunstâncias que vivencia no cotidiano. Conside- las preparadas uma a uma para tratar de problemas que não foram
rando o contexto de liderança, selecione a opção correta. resolvidos mediante a aplicação de soluções padronizadas.
(A) Na divisão do trabalho, o líder autocrático determina a tare- ( ) Certo
fa de cada um e cada qual escolhe seu companheiro de trabalho. Na ( ) Errado
liderança democrática, o grupo decide sobre a divisão de trabalho e
sobre o parceiro de cada um. 20. Na gestão patrimonial; móveis, equipamentos, compo-
(B) Na programação dos trabalhos, tanto o líder democrático nentes, sobressalentes, acessórios, utensílios, veículos em geral e
como o liberal não interferem de nenhuma forma nas decisões do grupo outros bens utilizados ou passível de utilização são considerados:
(C) As características comportamentais predominantes dos a) materiais.
subordinados do líder liberal e do líder democrático são similares b) suprimentos.
quanto à escolha do que fazer e quando fazer. c) bens de aquisição parcelada.
(D) O volume dos resultados produzidos pelo exercício da li- d) materiais de consumo.
derança autocrática é maior, porém a frustração e agressividade
também. 21. (FCC/TRT 8ª) Os contratos administrativos típicos diferen-
(E) Grupos submetidos às lideranças liberais e democráticas ciam-se dos contratos privados, dentre outras características, pela
tendem ao individualismo e a ignorar o líder com o passar do tem- a) finalidade pública como seu pressuposto.
po. b) presença de pessoas jurídicas como contratantes.
c) natureza do objeto.
16. (FGV/BADESC) Com relação à liderança situacional, anali- d) imposição de cláusulas exorbitantes.
se as afirmativas a seguir.  e) presença do Poder Público como parte contratante.
I. A maturidade dos liderados é medida pelo componente ma-
turidade psicológica.  22. (FCC/PGM-PI) Com relação aos contratos administrativos,
II. A maturidade dos liderados é medida pelo componente assinale a INCORRETA.
maturidade para o trabalho.  a) O regime jurídico dos contratos administrativos confere à
III. A liderança bem-sucedida só pode ser alcançada por meio Administração a prerrogativa de alterar unilateralmente, isto é, sem
de um estilo adequado a cada situação.  necessidade de prévia concordância do contratado, cláusulas eco-
nômico-financeiras e monetárias.
Assinale: b) Fato da Administração é toda ação ou omissão do Poder Pú-
A) se somente a afirmativa I estiver correta blico que incide direta e especificamente sobre determinado con-
B) se somente a afirmativa II estiver correta trato, retardando ou até mesmo impedindo sua execução.
C) se somente a afirmativa III estiver correta c) O contrato administrativo poderá ser alterado unilateral-
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas mente pela Administração quando houver modificação do projeto
E) se todas as afirmativas estiverem corretas ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus ob-
jetivos.
17. (CESGRANRIO/Petrobras) Na gestão do desempenho, o d) O contrato administrativo poderá ser alterado por acordo
desenvolvimento da avaliação do desempenho apresenta objeti- das partes quando conveniente a substituição da garantia de exe-
vos fundamentais para o alcance do sucesso da organização. cução.
Entre os objetivos da avaliação de desempenho NÃO se inclui e) O contratado é responsável pelos danos causados direta-
o de mente à Administração, decorrentes de sua culpa ou dolo na execu-
a) fornecer oportunidade de crescimento e condições de efe- ção do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade
tiva participação a todos os membros da organização, levando em a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
consideração os objetivos organizacionais e individuais.
b) garantir o reconhecimento e o tratamento dos recursos hu-
manos como importante vantagem competitiva da organização,
cuja produtividade pode ser desenvolvida.

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO
GABARITO ANOTAÇÕES

______________________________________________________
1 C
2 E ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 D
7 C ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 D
11 E ______________________________________________________

12 C ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 ERRADO
_____________________________________________________
15 D
16 E _____________________________________________________
17 E ______________________________________________________
18 ERRADO
______________________________________________________
19 CERTO
20 A ______________________________________________________

21 D ______________________________________________________
22 A ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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