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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2

UNIDADE 2 – TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................ 6

2.1 CONCEITO, IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO ...................................... 7


2.2 HISTÓRIA DAS TEORIAS ADMINISTRATIVAS ............................................................. 11
2.3 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................... 12
2.3.1 Teoria clássica .......................................................................................... 12
2.3.2 Teoria das relações humanas ................................................................... 14
2.3.3 Teoria neoclássica .................................................................................... 15
2.3.4 Teoria da burocracia ................................................................................. 16
2.3.5 Teoria estruturalista................................................................................... 17
2.3.6 Teoria comportamental ............................................................................. 19
2.3.7 Teoria dos sistemas .................................................................................. 20
2.3.8 Teoria contingencial .................................................................................. 21

UNIDADE 3 – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – APROXIMANDO DO TEMA . 23

UNIDADE 4 – A INSTITUIÇÃO “ESCOLA” ............................................................. 32

4.1 ORGANIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ESCOLA ................................................................ 32


4.2 FUNÇÕES DA ESCOLA .......................................................................................... 38
4.2.1 Função promotora do homem ................................................................... 38
4.2.2 Função educativa ...................................................................................... 40
4.2.3 Função disciplinar ..................................................................................... 44

UNIDADE 5 – A SECRETARIA ESCOLAR .............................................................. 46

UNIDADE 6 – ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO(A) SECRETÁRIO(A)


ESCOLAR ................................................................................................................. 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
“Sem uma secretaria escolar uma escola não funciona”.
O Secretário Escolar é um dos elementos a quem a Diretoria delega
poderes. Sua posição é tão importante que um dos requisitos para a autorização
de funcionamento de uma escola é a existência de um secretário (QUINTANILHA,
2005).
A afirmativa acima é nosso mote para começarmos a discorrer sobre esse
setor imprescindível.
Muitos pensam ser um cargo de fácil conduta, mas não é uma função
simples nem de atribuições práticas fáceis, pelo contrário, as tarefas são
complexas e exigem responsabilidade.
Manter em ordem a documentação de toda uma unidade de ensino é algo
complexo e sério. Lidar com uma média de 500 alunos, muitas vezes é prática
cotidiana do ocupante desse cargo. Atender alunos, pais e/ou responsáveis
destes, o gestor da escola, o corpo de educadores, os serviços de supervisão e
orientação; as demandas da inspeção, não é fácil. Manter arquivos atualizados,
organizados faz com que esse profissional seja metódico e igualmente
organizado, afinal de contas, são apenas 30 ou 40 horas semanais para tanto
trabalho.
Dessas simples premissas, podemos imaginar que uma boa redação de
documentos, clara e concisa fazem parte do trabalho; conhecer normas e técnicas
de organização de arquivos igualmente. Reconhecer e interpretar a legislação
básica e seus meandros; ao que podemos chamar de estrutura e funcionamento
do ensino também são essenciais, seja para educação básica, superior ou
tecnológica.
Claro que se vai trabalhar com educação e pessoas, nada mais coerente
do que conhecer os fundamentos da educação, certo? Fundamentos estes que
enviesam pela filosofia, sociologia, psicologia, antropologia, biologia e história.
Nesse mesmo sentido, é preciso conhecer as políticas e programas
governamentais voltados para a educação. De imediato, lembramos-nos de
alguns desses programas: Programa Dinheiro Direito na Escola (PDDE);
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); Programa Nacional de Alimentação
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Escolar (PNAE); Plano de Ações Articuladas (PAR); Programa Nacional de Apoio


ao Transporte do Escolar (PNATE); o próprio Projeto Político-Pedagógico (PPP).
Existem muitos outros e vários controles desses programas passam pela
secretaria escolar.
As teorias da administração também se fazem presentes e seu mínimo
conhecimento é necessário, afinal de contas a materialidade do processo
educativo escolar passa pelos prédios, equipamentos, recursos didáticos. É
preciso saber relacioná-los, comprar, conservar, estocar, portanto, também
teremos noções básicas de administração, contabilidade e direito.
Outra condição importante para que o secretário exerça com maestria as
atribuições do cargo é atentar-se para ética, saber relacionar-se com os diversos
segmentos e, evidentemente, saber conduzir sua carreira.
As devidas anotações da vida escolar de um sujeito podem lhe favorecer
ao longo da vida, quando da investidura de um cargo, para provar sua
escolarização e no caso de haver alguma lacuna no seu histórico, com certeza ele
poderá perder oportunidades que sejam únicas, então podemos dizer que dobra a
responsabilidade do secretário, não é verdade?
Quanto à Estrutura e funcionamento do ensino que têm como bases a
legislação vigente, também será apresentada e discutida em um módulo
específico.
A estrutura didática da Educação Básica instituída pela Lei n° 9.394 de 20
de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB)
envolve escolas de diferentes níveis: Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio, além de modalidades específicas de ensino, como a Educação de
Jovens e Adultos, a Educação Profissional e a Educação Especial. Finalmente,
algumas considerações sobre Educação a Distância fazem-se necessárias. Essa
modalidade de ensino é mais uma forma diferenciada de comunicação
pedagógica e de interação professor-aluno, que usa novas tecnologias de
comunicação escolar, as quais podem ser usadas no nível da Educação Básica e
do Ensino Superior.
A LDB nos acompanhará por todo o curso.

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Pois bem, cada módulo do curso será direcionado para os conjuntos de


temas que falamos acima, nos quais teremos oportunidade de aprofundar nas
inúmeras atribuições inerentes ao cargo de secretário(a) escolar.
De maneira resumida, diríamos que esse profissional deve estar apto, ao
final do curso, a:
ser capaz de elaborar diferentes tipos de correspondências oficiais, realizar
registros específicos sobre a vida acadêmica de alunos, utilizar materiais
adequados a diferentes tipos de situação administrativa e fazer o
arquivamento adequado a cada caso;
ter competência para atuar junto à administração institucional de forma a
respeitar o encaminhamento cronológico/temporal da confecção e
recepção de documentos importantes para a vida da organização.

Além das habilidades específicas da qualificação profissional, vocês


deverão estar aptos a:
adotar atitude ética no trabalho e no convívio social, compreendendo os
processos de socialização humana em âmbito coletivo e percebendo-se
como agente social que intervém na realidade;
saber trabalhar em equipe; e,
ter iniciativa, criatividade e responsabilidade.

Desejamos uma boa leitura e bons estudos!

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha


como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia,
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático
da obra, não serão expressas opiniões pessoais.

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Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo
dos estudos.

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UNIDADE 2 – TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO


A escola é uma instituição onde circulam pessoas, conhecimentos, enfim,
relações e saberes diversos e seu corpo gestor precisa refletir como trabalhar as
relações humanas e de trabalho.
Neste contexto, o secretário(a) escolar, tem um contato direto e essencial
com toda a comunidade escolar. Isto significa que a melhor maneira de trabalhar
a relação escola/família é criando uma sintonia interna entre os agentes
educativos, um envolvimento processual entre ambos para a consolidação de
uma instituição social que dê continuidade a esse ambiente de aprendizagem,
traduzindo-se numa grande parceria na progressão de seus alunos(as) por meio
dos agentes educativos. A profissão de secretariado no Brasil foi regulamentada
pela Lei 7.377 de 07/07/1989, assinada pelo então Presidente da República José
Sarney.
Neste cenário que o(a) secretário(a) escolar deve constituir-se muito além
de um(a) mero(a) executor(a) de tarefas burocráticas, mas de um(a) profissional
que tem em mãos dados essenciais para pensar estrategicamente o processo
pedagógico da escola, bem como a memória dos sujeitos que nela estão ou
estiveram inseridos (ABUD, 2012).
A amplitude de suas funções, o coloca em relação direta e permanente
com diferentes áreas de atuação da Unidade Educativa, exigindo sua interação
com todos os envolvidos, no trabalho escolar.
Em suas funções diárias, o secretário escolar deve ser mais do que uma
pessoa encarregada de digitação das correspondências, manutenção do arquivo
e atendimento de telefonemas. Às vezes, esse profissional é a ponte entre
aqueles que tomam decisões gerenciais e os que executarão tais decisões;
muitas vezes, porém, toma decisões e executa tarefas relevantes e decisivas. É,
pois, nesse momento, verdadeiro assessor, função que exige competências e
formação básica bem específicas (MEDEIROS; HERNANDEZ,1999, p.17).
Uma boa organização se distingue quando o grupo, sabe o que deve
fazer, como fazer, quando fazer e porque fazer. É preciso criar um ambiente
capaz de influir na aquisição de bons hábitos. Um ambiente simples, mas
funcional. Escolha acertada na disposição dos móveis, equipamentos
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conservados, materiais bem distribuídos, chão limpo, formando um ambiente


agradável. A sensação de “bem-estar” é a prova da ordem e disciplina, da
eficiência e educação das pessoas que nela atuam, constituindo-se um “cartão de
visitas” da Secretaria (ABUD, 2012).
Mediante as defesas acima, acreditamos ser de bom tom começarmos
conhecendo um pouco das teorias da administração.
Segundo Carvalho (2008), ao se tratar da Teoria Geral da Administração,
abordam-se as Teorias Administrativas que são, em seu conjunto, um compêndio
de normas principais que se complementam, para levar a ciência administrativa
ao dia-a-dia das pessoas e das organizações como um todo, no intuito de gerar
desenvolvimento, com o objetivo precípuo de máxima eficácia e eficiência,
gerando produtividade e lucro.
As Teorias Administrativas tiveram sua importância reconhecida a partir
do início do século XX, quando, após o advento e consequências da Revolução
Industrial, era necessário começar a se produzir em larga escala, principalmente
nos países onde a produção de bens era um fato concreto e existia a urgência em
organizar e controlar tal produção.

2.1 Conceito, importância e objetivos da administração


A palavra Administração vem do latim, ad – que significa direção,
tendência para, e minister – que significa subordinação ou obediência, ou seja,
quem realiza uma função sob comando de outra ou presta serviço a outro,
(CHIAVENATO, 2003).
Dentre os vários estudiosos da Administração, os estudos de Fayol
especificamente nos mostram que administração é o processo de planejar,
organizar, dirigir e controlar o uso de recursos com a finalidade de alcançar os
objetivos das organizações.
Segundo Maximiano (2007), administrar é um trabalho em que as
pessoas buscam realizar seus objetivos próprios ou de terceiros (organizações)
com a finalidade de alcançar as metas traçadas. Dessas metas fazem parte as
decisões que formam a base do ato de administrar e que são as mais
necessárias. O planejamento, a organização, a liderança, a execução e o controle

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são considerados decisões e/ou funções, sem as quais o ato de administrar


estaria incompleto.
A partir do início do século XX, as organizações passaram a possuir maior
complexidade para atender às necessidades da população; tornou-se
imprescindível adotar os novos conhecimentos administrativos, que estavam
sendo formulados para enfrentar a concorrência cada vez maior, na tentativa
constante de ofertar produtos e serviços, com qualidade e menores custos.
A Administração passou a ser vista como de fundamental importância
para a vida e para as organizações contemporâneas, considerando-se que a
sociedade em que se vive é totalmente organizacional.
A Tecnologia da Informação passou a ter domínio, produzindo grandes
avanços tecnológicos e as organizações adotaram rapidamente essas técnicas,
modernizando suas estruturas (CHIAVENATO, 2003).
Estes avanços e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si
mesmos, não produzirão efeitos, se a qualidade da administração a ser usada nos
grupos organizacionais não permitir uma boa aplicação dos recursos disponíveis,
humanos e materiais (CARVALHO, 2008).
Por organização, entende-se o agrupamento de pessoas, que se reuniram
de forma estruturada e deliberada e em associação, traçando metas para
alcançarem objetivos planejados e comuns a todos os seus membros,
(LACOMBE, 2003).
De acordo com Moraes (2004, p. 91), organizações são instituições
sociais e a ação desenvolvida por membros é dirigida por objetivos. São
projetadas como sistemas de atividades e autoridade, deliberadamente
estruturados e coordenados, elas atuam de maneira interativa com o meio
ambiente que as cerca.
Pode-se afirmar, com propriedade, que objetivos e recursos são fatores
determinantes que definem as organizações, fazendo-se compreender que a
sociedade que cerca o homem é feita de organizações e que são elas que
fornecem os mecanismos para se conseguir o atendimento das necessidades
humanas.

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De acordo com os seus objetivos, as organizações são criadas para


obtenção de produtos e/ou serviços, com a finalidade de lucro ou não.
Possuem algumas características que são básicas e comuns a quase
todas as existentes. As organizações possuem objetivos desde seu início, pois
foram criadas para atender a necessidades específicas (MAXIMIANO, 2007).
De acordo com Moraes (2004), os elementos humanos e materiais, que
fazem parte das organizações, possuem forte ligação e interdependência do meio
ambiente, no qual estão inseridas, e a este fazendo trocas constantes.
As organizações são diferentes entre si, não existem duas iguais, assim
como as pessoas. Podem durar meses, décadas ou séculos, sobrevivendo aos
seus fundadores, ou podem desaparecer repentinamente, pelo simples fato de
que não são sistemas perfeitos.
As organizações são criadas para prover produtos e serviços, segundo
Moraes (2004), e podem ser de natureza econômica ou social. De natureza
econômica são as organizações que têm caráter específico de empresa e buscam
finalidade lucrativa. Estas assumem riscos, e são dirigidas por uma filosofia de
negócios. De natureza social são as organizações voltadas às ações comuns ou
de utilidade pública, fundamentam-se na aceitação dos valores e das normas
sociais, sem finalidade lucrativa, como por exemplo, as instituições
escolares/educativas.

De acordo com Maximiano (2007) estão representadas por:


Organizações do Governo – que são administradas pelo governo e têm
como objetivo prestar serviços à comunidade em geral, e são mantidas
pela arrecadação de impostos, taxas e contribuições;
Organizações Empresariais – são organizações que têm como finalidade o
lucro na produção e/ou comercialização de bens e serviços, podendo ser
classificadas de acordo com o seu tamanho, natureza jurídica e área de
atuação. São criadas com recursos próprios (dos proprietários em forma de
capital social) e também om recursos de terceiros, como fornecedores e
credores em geral (como empréstimos e financiamentos). O seu resultado

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é distribuído aos sócios e o restante é mantido como reservas de lucros


para a empresa.
Organizações do Terceiro Setor – compreende as organizações de
utilidade pública, sem fins lucrativos, e são criadas por pessoas sem
vínculo com o governo, entre elas estão as ONGs (organizações não-
governamentais) e outras entidades com fins filantrópicos.

Para que as organizações funcionem adequadamente e atinjam seus


objetivos, é necessário que as tarefas ou funções especializadas sejam
executadas.
No entendimento de Maximiano (2003), as principais funções
organizacionais e que são coordenadas pela administração geral da empresa,
são:
produção (operações) – tem como objetivo transformar insumos (matérias-
primas e outros) em produtos ou serviços para suprir as necessidades dos
clientes. Há três tipos de processos produtivos: produção em massa e em
grandes lotes; produção por processo contínuo; e produção unitária e em
pequenos lotes;
marketing – estabelece relações entre a organização e seus clientes.
Abrange as diferentes atividades de pesquisa e desenvolvimento de
produtos, distribuição, preço, e promoção (publicidade e propaganda);
pesquisa e desenvolvimento – essa função tem como objetivo, transformar
as informações de marketing, as melhores ideias e os avanços
tecnológicos e da ciência em produtos e serviços;
finanças – atende à organização cuidando eficazmente e protegendo os
seus recursos financeiros. São de competência das finanças os
investimentos, financiamentos, controle e destinação dos resultados; e,
recursos humanos – também é chamado de gestão de pessoas, começa
com os cuidados com a entrada de pessoas na organização, sua
permanência e até a sua saída. Tem como componentes as tarefas de:
planejamento, recrutamento e seleção de pessoas para a mão de obra
necessária, treinamento e desenvolvimento, avaliação e desempenho,

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remuneração ou compensação, higiene, saúde e segurança, administração


de pessoal e funções pós-emprego.

2.2 História das teorias administrativas


Teoria é o conjunto de suposições inter-relacionadas para explicar o que
se pretende, e depende da capacidade desta explicação para resolver problemas
concretos e prover uma base para planejar (LACOMBE, 2003).
No campo da Administração, de acordo com Lacombe (2003, p. 37), as
teorias são “um conjunto de princípios e prescrições que visam facilitar a
realização dos objetivos das organizações e serão mais ou menos válidos na
medida em que isso efetivamente ocorrer”.
Como diz Carvalho (2008), cada teoria foi criada possuindo uma
“abordagem” e, significa dizer que, cada estudo que se transformou em uma
teoria teve um enfoque, uma maneira de enfatizar ou evidenciar os valores e
relações econômicas, sociais e políticas da época em que foram criadas.
Segundo Maximiano (2007), as teorias administrativas são conhecimentos
organizados e produzidos pela experiência prática das organizações e são
fundamentadas como um conjunto de afirmações e regras, feitas para formatar o
que se verifica como realidade.
Algumas teorias que foram criadas contêm princípios de outras teorias
que são válidos atualmente, nas quais se baseiam, não as eliminando, mas
acrescentando novas ideias. O administrador deve conhecê-las, para ter
condições de decidir adequada e acertadamente, agregando novos valores aos
seus conhecimentos.
O século XX trouxe consigo uma grande quantidade de Teorias
administrativas, e de acordo com Chiavenato (2003), as teorias mais importantes
e que mais contribuíram para o desenvolvimento das organizações foram:
1916 – Teoria Clássica da Administração;
1932 – Teoria das Relações Humanas;
1954 – Teoria Neoclássica da Administração;
1909 – Teoria da Burocracia;
1947 – Teoria Estruturalista;

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1957 – Teoria Comportamental;


1951 – Teoria dos Sistemas;
1972 – Teoria da Contingência.

Provando o avanço revolucionário que a Ciência Administrativa alcançou


e para acompanhar as rápidas mudanças atuais, todas essas Teorias foram
desenvolvidas buscando a adaptação necessária à sobrevivência das
organizações em geral.
Vejamos um pouco dessas teorias.

2.3 Teorias da administração


2.3.1 Teoria clássica
A Teoria Clássica, segundo Chiavenato (2003) está fundamentada na
escola que foi denominada de Administração Científica. Sua origem remonta ao
ano de 1903, ou seja, começo do século XX e, após surgidas as consequências
da Revolução Industrial, trouxe o crescimento acelerado e desorganizado das
empresas e a necessidade de aumentar a produção de bens, reduzindo a
imprevisão, melhorando a eficiência e aumentando a competitividade.
Inicia-se, nesse período, a produção em massa, com o domínio dos
monopólios, principalmente nos Estados Unidos, e, com uma cadeia de
sucessivos acontecimentos, aumentou-se o número de assalariados nas
indústrias. Tornou-se urgente evitar o desperdício de materiais (insumos) e
programar a economia de mão de obra.
Surge a divisão do trabalho, são fixados os padrões de produção,
descritos os cargos, determinadas as funções, estudados os métodos e normas
de trabalho, criando assim, condições econômicas e técnicas para o surgimento
do taylorismo e fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na Europa,
(CHIAVENATO, 2003).
Particularmente, e na história recente da humanidade, considera-se que
não houve estudos ou invenção que tivesse tamanho impacto, pois dentre as
invenções mais recentes que trouxeram benefícios ao mundo contemporâneo
estão: (telégrafo - 1832; elevador - 1852; máquina de escrever - 1866; dinamite -

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1867; telefone - 1876; lâmpada elétrica - 1879; aço - 1885; motor de explosão -
1885; motor a diesel - 1892; projetor cinematográfico - 1895; telégrafo sem fio -
1895; raio x - 1895; rádio -1896; submarino - 1898; avião - 1906) (CHIAVENATO,
2003).
Todas as invenções necessitam de uma organização empresarial para
serem fabricadas, ou seja, todos esses produtos têm a Administração como
ciência, em comum com as demais, independente de pertencerem a áreas
distintas.
Com nos lembra Chiavenato (2003, p.49):

O panorama do início do século XX tinha todas as características e


elementos para inspirar uma Ciência da Administração: uma imensa
variedade de empresas, com tamanhos diferenciados, insatisfação
generalizada entre os operários, intensa concorrência, alto volume de
perdas por decisões mal formuladas.

A Teoria Clássica é na verdade um conjunto de estudos que se


caracterizam fundamentalmente por serem inovadores para a época, virem de
encontro à real necessidade de toda uma sociedade mundial que se
industrializava rapidamente e, por último, trariam mudanças que marcariam época
e consequências inesperadas, boas e ruins, porém inevitáveis. Uma segunda
Revolução Industrial.
A abordagem da escola da Administração Científica tem sua ênfase, de
acordo com Lacombe (2003, p. 37), “na divisão do trabalho em tarefas
elementares e praticamente indivisíveis e na especialização das pessoas na
execução dessas tarefas, visando a obter ganhos de produtividade”.
Paralelo à Administração Cientifica está a chamada Escola da Teoria
Clássica, que tem sua ênfase na estrutura organizacional, que segundo
Chiavenato (2003), recebeu esse nome devido ao período anterior à mesma ter
sido bastante empírico e, à tentativa de aplicação de métodos da ciência aos
problemas administrativos com a finalidade de aumentar a eficiência industrial.
Essas duas Escolas são correntes clássicas do pensamento
administrativo, que apesar de terem ênfases diferentes, completam-se com
propriedade, pois enquanto a Teoria Clássica criou princípios para o comando e a
alta direção, a Administração Científica tem seus princípios voltados para o chão
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da fábrica. São, portanto, princípios de uma mesma teoria, com postulados


organizacionais que diferem entre si, mas possuem a coerência típica para
compor uma única teoria, que se tornou a base da Administração
Contemporânea.

2.3.2 Teoria das relações humanas


Com o desenvolvimento, em todos os países industrializados da época, a
Administração Científica estava sendo acusada de massificar e tornar mecanicista
o trabalho do homem nas empresas.
Em 1924, a Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, fez
uma pesquisa de verificação da correlação entre produtividade e iluminação do
local de trabalho, dentro dos princípios da Administração Científica. Essa
experiência foi realizada na fábrica de Hawthorne, da Western Eletric Company,
situada em Chicago – EUA. A experiência foi coordenada por George Elton Mayo
(1880-1949), filósofo, médico e cientista social australiano e radicado nos EUA,
professor e diretor do Centro de Pesquisas Sociais, da Harvard School of
Business Administration (CHIAVENATO, 2003).
A pesquisa teve seus interesses centrados na fadiga humana, nos
acidentes no trabalho, na rotatividade muito alta de pessoal e no efeito das
condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Essa pesquisa estendeu-
se até 1932, devido a constatação de que os resultados da mesma eram
constantemente alterados por variáveis de natureza psicológica, fato que na
época era estranho e não comprovado cientificamente. Como a duração da
pesquisa foi longa, ela teve quatro fases, nas quais se pode comprovar com
eficiência que a correlação pretendida não existia, pois as operárias reagiam às
experiências de acordo com suas suposições pessoais, ou seja, houve a
sobreposição do fator psicológico ao fator fisiológico, e os pesquisadores
passaram a se fixar no estudo das relações humanas (CHIAVENATO, 2003).
Segundo o mesmo autor, a experiência de Hawthorne foi suspensa em
1932, por motivos financeiros, mas sua influência sobre a Teoria Administrativa foi
fundamental e chegou a abalar os princípios básicos da Teoria Clássica, que era
dominante na época.

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Como todos os estudos, a Teoria das Relações Humanas também sofreu


críticas severas em alguns aspectos, de maior ou menor profundidade, como por
exemplo: negação do conflito entre empresa e trabalhadores; restrição de
variáveis que foram analisadas; concepções utópicas do trabalhador – operário
feliz e integrado ao trabalho, nem sempre existe; ênfase excessiva nos grupos
informais – a integração grupal foi supervalorizada; espionagem disfarçada –
espionar as ideias e insatisfações dos trabalhadores para inteirar-se dos
movimentos trabalhistas reivindicatórios e ausência de novos critérios de gestão,
só indicando de forma mais prática, o que deve ou não ser feito (FERREIRA;
REIS; PEREIRA, 2002).
A Teoria das Relações Humanas e sua abordagem levantaram aspectos
que começaram a ser analisados com seriedade dentro do contexto
organizacional. A análise constante dos fatores motivadores do trabalho, o
estímulo a um comportamento favorável às mudanças exigidas pelo ambiente e à
iniciativa dos funcionários são aspectos que não devem passar despercebidos a
qualquer gestor que queira estar atualizado (CARVALHO, 2008).

2.3.3 Teoria neoclássica


A década de 1950 e o período pós Segunda Guerra Mundial trouxeram
modificações econômicas e sociais que geraram grande desenvolvimento
industrial. Nessa época, as organizações passaram por transformações
significativas, com o surgimento da televisão, do motor a jato e o avanço das
telecomunicações, que tiveram influência sobre o mundo organizacional. Essas
modificações ocorridas fizeram com que a ciência administrativa, em geral,
sentisse a repercussão do que estava ocorrendo, e após receber as inovações
propostas das ciências sociais, passou-se a verificar que mudanças haviam
acontecido e que os postulados clássicos, mesmo servindo de parâmetro, já não
eram suficientes. Era necessário rever as teorias administrativas existentes e
fazer adequações que se pudessem adaptar aos novos tempos, costumes e
necessidades (CHIAVENATO, 2003).
Surgiu a abordagem neoclássica, que é em sua essência, idealizada
pelos estudiosos da Administração, como uma readequação da Teoria Clássica,

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16

atualizada e moldada aos problemas administrativos e às organizações que


surgiram na sequência lógica do tempo e do desenvolvimento industrial
(CARVALHO, 2008).
A abordagem neoclássica baseia-se nos fundamentos de que a
Administração é um processo operacional composto por funções de
planejamento, organização, direção e controle e, porque envolve uma série de
situações organizacionais, necessita estar baseada em princípios em que se
possam prever soluções administrativas. Esses princípios básicos da
Administração devem ter a característica da universalidade e, a exemplo de
outras ciências, serem logicamente verdadeiros, porque irão, com o decorrer do
tempo, sofrer alterações do meio ambiente no quais se colocaram à prova,
(CHIAVENATO, 2003).
A abordagem neoclássica consiste primeiramente em identificar as
funções do administrador, e na sequência, extrair dela os princípios fundamentais
da prática administrativa, tendo, portanto, uma abordagem prescritiva e normativa
e de caráter misto, com aspectos formais e informais.
Segundo Moraes (2004), os aspectos formais da organização são
configurados por cargos, funções e relações hierárquicas, determinados pela
própria organização, enquanto que os aspectos informais são caracterizados pela
inter-relação estabelecida pelas pessoas e não pelas organizações, constituindo-
se em relações espontâneas e naturais que surgem a partir da formação de
grupos e podem beneficiar as organizações, através da comunicação mais rápida.

2.3.4 Teoria da burocracia


A Teoria da Burocracia surgiu na década de 1940, para suprir as críticas
das teorias organizacionais existentes, especialmente a Teoria Clássica (excesso
de mecanicismo) e a Teoria das Relações Humanas (sociológica e utópica em
demasia).
Segundo Chiavenato (2003), a origem da Burocracia data da Antiguidade,
porém foi a partir da descoberta dos estudos de Max Weber, sociólogo e
economista alemão, autor da Sociologia da Burocracia, e com a tradução inglesa
e a divulgação nos EUA desses estudos, que a Administração e seus estudiosos,

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apropriaram-se dos conceitos da teoria weberiana adaptando-a aos pressupostos


organizacionais administrativos da época. As falhas práticas das Teorias acima
citadas, a necessidade de um modelo organizacional mais racional, o crescimento
desordenado e a complexidade das empresas foram os fatos que mais
contribuíram para o surgimento da Teoria da Burocracia.
A palavra Burocracia tem estreita relação com as organizações que se
baseiam em regulamentos, que criam direitos e obrigações. A atual sociedade
organizacional é uma sociedade burocratizada, regida por regulamentos ou leis,
que criam direitos e obrigações, sendo a burocracia um estágio na evolução das
organizações. Nessa Teoria, as organizações são formais ou burocráticas e
apresenta um sistema social como conjunto de funções oficializadas. Possuem
ainda três características que as distinguem de grupos informais ou primários:
formalidade – sistema de normas com autoridade definida pela lei;
impessoalidade – nenhuma pessoa é subserviente à outra e a obediência é
devida aos cargos;
profissionalismo – significa que a burocracia é formada por funcionários
com uma carreira profissional e meios de subsistência para os mesmos
(MAXIMIANO, 2007).

Na abordagem burocrática, não há somente um modelo de burocracia,


mas graus variados de burocratização, promovendo as diversificações estruturais
nas empresas que foram criadas nesse formato organizacional.
A burocracia é popularmente entendida como um entrave às
organizações e quando as soluções demoram a aparecer, diz-se que é “culpa da
burocracia”. Segundo Weber, é para ser exatamente o contrário, para ele, a
burocracia é a organização eficiente por excelência. A abordagem burocrática tem
caráter descritivo e explicativo (CHIAVENATO, 2003).

2.3.5 Teoria estruturalista


A Teoria Estruturalista foi criada a partir de um desdobramento da Teoria
da Burocracia e como contrapartida da reviravolta na Administração, causada
pelos princípios sociais e filósofos da Teoria das Relações Humanas.

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Ao final da década de 1950, as Teorias Clássica e das Relações


Humanas criaram situações sem saída que a Teoria da Burocracia não deu conta
de resolver, e a Teoria Estruturalista foi criada na tentativa de suprir essa carência
de soluções na Administração (CHIAVENATO, 2003).
A Teoria Estruturalista teve como origem os seguintes fatos, segundo
Chiavenato (2003):
a oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações
Humanas;
a necessidade que a organização seja vista como uma grande e complexa
unidade social, onde os grupos sociais interagem;
a influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua repercussão no
estudo das organizações;
novos conceitos de estrutura – conjuntos de dois ou mais elementos que
permanece inalterado, na mudança ou na diversidade de um dos
elementos.

A Teoria Estruturalista tem como objetivo principal, o estudo das


organizações, fundamentalmente na estrutura interna e na interação com outras
organizações, que são as unidades sociais e são concebidas para cumprir e
atingir objetivos específicos, mantendo relações estáveis a fim de viabilizar o
conjunto de metas propostas.
A análise das organizações sob a ótica estruturalista é feita dentro de
uma abordagem global e com a dualidade que sua origem compreende; a
organização que pode ser formal e informal e abrange os mais diversos tipos de
organizações, com o sistema de recompensa e sanções, materiais e sociais,
centradas no comportamento organizacional (CARVALHO, 2008).
Nesta abordagem, o sistema social é intencionalmente construído e
reconstruído porque as organizações são sistemas em constante mutação e a
concepção é de homem organizacional que vive dentro das organizações, onde
os conflitos são inevitáveis.

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2.3.6 Teoria comportamental


A Teoria Comportamental é um desdobramento da Teoria das Relações
Humanas, da qual mesmo fazendo críticas, apropriou-se de seus conceitos,
utilizando-os como base para se fundamentar.
O livro “O comportamento Administrativo”, de Hebert A. Simon, de 1947,
marca o início e as origens da Teoria Comportamental, fazendo reservas críticas
à Teoria Clássica e a algumas das ideias da Teoria das Relações Humanas, que
posteriormente adotou com algumas correções, ampliando conceitos e
diversificando a essência dos mesmos (CHIAVENATO, 2003).
Um dos fundamentos da Teoria Comportamental da Administração é a
motivação humana, onde a teoria administrativa recebeu vultosa contribuição.
Segundo Chiavenato (2003), a teoria comportamental fundamenta-se no
comportamento individual das pessoas, para explicar o comportamento
organizacional. Os autores dessa Teoria verificaram que o administrador precisa
conhecer as necessidades humanas para conhecer melhor o seu comportamento
e poder usar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida dentro
das organizações.
A Teoria Comportamental tem seus principais fundamentos a partir dos
estudos e abordagem das ciências do comportamento humano individual, para
explicar como as pessoas se comportam organizacionalmente. Esta Teoria,
também conhecida como Teoria Behaviorista (behaviorial sciences approach), por
causa dos estudos sociopsicológicos feitos por seus autores, a maioria norte-
americanos, aprofundou os estudos no campo da motivação humana, na qual
prestou muitas contribuições à teoria administrativa (CARVALHO, 2008).
Nesta abordagem, os estudiosos verificaram que o administrador precisa
conhecer as necessidades humanas para entender o seu comportamento e
utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida, dentro das
organizações (CHIAVENATO, 2003). A Teoria Comportamental tem abordagem
explicativa e descritiva, atuando nas organizações, formal e informalmente.
A Teoria Comportamental em administração possui ênfase nas pessoas e
no ambiente e, oferta uma variedade de estilos de Administração direcionados às

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organizações e aos administradores em geral, que dependem de suas convicções


para estruturar os trabalhos a serem feitos nas organizações.
Dentro dos estudos sobre motivação organizacional, destaca-se os de
Abraham Maslow (1908-1970), segundo os quais as necessidades humanas
estão organizadas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência.
Segundo Maslow,

as necessidades estão classificadas em fisiológicas (mais baixas na


hierarquia piramidal), de segurança, sociais, de estima e de
autorrealização (mais elevadas na hierarquia). As necessidades
assumem formas que variam de acordo com o indivíduo (MASLOW apud
CHIAVENATO, 2003, p. 330).

Nesta Teoria, a concepção é de um homem administrativo, tomador de


decisões quanto à participação nas organizações.

2.3.7 Teoria dos sistemas


A Teoria dos Sistemas foi introduzida na Administração, a partir da
década de 1960, tornando-se parte integrante da ciência administrativa.

Surgiu com os trabalhos do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, após


análise em que fez verificação de que existia uma tendência para a
integração das ciências naturais e sociais (CHIAVENATO, 2003, p. 474).

A Teoria dos Sistemas baseia-se nas premissas de que os sistemas são


compostos de subsistemas (moléculas – célula – órgão), que os sistemas são
abertos (meio ambiente constituído de sistemas) e que as funções de um sistema
dependem de sua estrutura.
A necessidade de síntese e integração das teorias anteriores, que
possuíam poucas variáveis da situação como um todo, as fragilidades das outras
teorias que tinham uma abordagem mínima, causando pouca importância para a
Administração, e os resultados bem sucedidos da aplicação da Teoria de
Sistemas nas outras ciências, foram alguns dos fatores que colaboraram para a
introdução dessa teoria na Ciência Administrativa (CHIAVENATO, 2003).

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2.3.8 Teoria contingencial


Apesar de todo o conhecimento desenvolvido cientificamente na área
administrativa, ainda não existia um ideal que se adequasse perfeitamente às
organizações.
Levando-se em consideração a modernização que estava acontecendo
nas organizações e no ambiente externo, a complexidade crescente do ambiente
organizacional e as novas tecnologias adotadas, necessitava-se de um novo
paradigma administrativo em substituição aos existentes, que já não supriam essa
lacuna, as organizações passaram a cobrar soluções emergenciais.
Várias pesquisas foram feitas para verificação de modelos
organizacionais que fossem mais eficazes, em diversos tipos de organizações,
com o intuito de também questionar se os modelos teóricos conhecidos (Teorias:
Clássica, Neoclássica, Estruturalista, etc.) e seus pressupostos estavam sendo
seguidos.
Os resultados apontaram para a verificação de que não há um único e
melhor meio de se organizar, e conduziram a uma nova concepção de
organização: a estrutura organizacional e o seu funcionamento são dependentes
da interface (fronteira compartilha por dois sistemas) com o ambiente externo
(CHIAVENATO, 2003).
Os estudiosos da ciência administrativa partiram para uma abordagem
que enfatiza a Administração como dependente de um determinado conjunto de
circunstâncias, uma situação, um contexto, para conseguir resultados almejados.
Assim, segundo Chiavenato, (2003, p. 504) podemos supor que: “Ações
Administrativas são contingentes das Características Situacionais para obter
Resultados Organizacionais”.
Segundo o mesmo autor (2003), a pesquisa realizada por Paul R.
Laurence e Jay W. Lorsch, sobre confrontamento entre as organizações e o
ambiente, deu origem à Teoria da Contingência, em 1967. A preocupação dos
autores está centrada nas características que as empresas deveriam ter, para
enfrentar com eficiência, as diferentes condições externas, tecnológicas e de
mercado. Pesquisaram dez empresas de três segmentos diferentes, e concluíram

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que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação nos ambientes de


tarefas e integração entre os departamentos.
Na Teoria da Contingência, a ênfase recai no ambiente e na tecnologia,
sem desprezar as tarefas, as pessoas e a estrutura, sendo que esta última passa
a ser um dos pilares dessa abordagem, que também é explicativa e descritiva.
O conceito de organização é de sistema aberto, com interação entre si e
com o ambiente. As características ambientais são variáveis independentes, e as
características organizacionais são variáveis dependentes. A concepção
humanista é de homem complexo, que desempenha vários papéis, caracterizando
estrema dinamicidade do sistema (CARVALHO, 2008).
A abordagem contingencial procura analisar as relações dentro e entre os
subsistemas, e entre a organização e seu ambiente, definindo as relações e os
arranjos mais convenientes a partir de suas variáveis. Esta abordagem dá ênfase
ao estilo extremamente variado das organizações, verificando continuamente
como é o método de operação das mesmas por causa das constantes mudanças
nas condições ambientais.
Enfim, vimos muito superficialmente as teorias administrativas que mais
trouxeram contribuições para esse universo organizacional. Caso se interessem
em aprofundar, os autores citados ao longo da unidade têm muito a acrescentar.

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23

UNIDADE 3 – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES –


APROXIMANDO DO TEMA
No dicionário Aurélio, encontramos que a palavra atribuição, substantivo
feminino se reporta a “direito”, “prerrogativa”, “poder” enquanto a ação de atribuir
quer dizer “dar”, “conceder”, “conferir”. Nesse sentido, é importante que se tenha
consciência de antemão, das atividades que um profissional irá cumprir.
Tomando como exemplo as explicações da “Folha Dirigida” sobre cargo
para analista administrativo, para o qual é necessário ensino superior em
qualquer área – o profissional tem que executar tarefas de elevado grau de
complexidade, compreendendo as atividades relacionadas à organização e
funcionamento dos ofícios, e prestar atendimento ao público. Também é de
responsabilidade deste profissional a gestão estratégica de pessoas, de
processos, de recursos materiais e patrimoniais, orçamentários e financeiros. Ele
também cuida de licitações e contratos, controle interno e auditoria, além de
contadoria. O analista da área administrativa é quem examina e elabora
fluxogramas, organogramas e demais esquemas ou gráficos de informações,
executa e confere a redação de documentos, além de conferir expedientes
diversos.
Exigindo apenas o ensino médio completo, o cargo de técnico na área
administrativa conta com uma série de atribuições. Entre elas está a execução de
tarefas de apoio à atividade administrativa e de suporte técnico e administrativo
às unidades organizacionais. Ele também prestar informações às demais
unidades do setor e ao público sobre as questões relacionadas a sua área de
trabalho e arquiva documentos em geral.
O técnico ainda é responsável por organizar, atualizar e manusear
arquivos de processos e documentos, fichários e livro de controle; proceder ao
recebimento, conferência, encaminhamento e arquivamento de processos,
documentos e material permanentes ao seu setor de trabalho; classificar
documentos; executar trabalhos de redação, revisando-os; elaborar boletins,
relatórios, ofícios, declarações e certidões; auxiliar no controle do material
permanente e de consumo utilizados no setor. Ele também realiza estudos,
pesquisas preliminares e rotinas administrativas concernentes aos campos de
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pessoal, material e financeiro e executa outras tarefas de natureza e grau de


complexidade correlatos.
Calma! Estamos por enquanto dando exemplos... Chegaremos até o
secretário escolar, não tenham pressa!
E competências?
Pela definição do senso comum, competência é a qualificação para
realizar algo, mas no mundo dos negócios este conceito é bem mais abrangente e
profundo e aborda características pessoais, como conhecimento, habilidades e
atitudes; e também o desempenho associado às atividades. Entre os profissionais
de RH, a definição mais comumente utilizada é conjunto de conhecimentos,
habilidades e atitudes que afetam a maior parte do trabalho e que se relacionam
com o desempenho no trabalho; a competência pode ser mensurada, quando
comparada com padrões estabelecidos e desenvolvidos por meio de treinamentos
(FLEURY; FLEURY, 2001).
A competência pode ser atribuída a diferentes atores. De um lado temos a
organização, com o conjunto de competências que lhe é próprio. Essas
competências decorrem da gênese e do processo de desenvolvimento da
organização e são concretizadas em seu patrimônio de conhecimentos, que
estabelece as vantagens competitivas da organização no contexto em que se
insere (RUAS, 2002; FLEURY, 2002). De outro lado, temos as pessoas, com seu
conjunto de competências, aproveitadas ou não pela organização.
Fleury (2002) define competências das pessoas como o saber agir
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir
conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à
organização e valor social ao indivíduo.
Ao colocarmos organização e pessoas lado a lado, podemos verificar um
processo contínuo de troca de competências. A organização transfere seu
patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar
novas situações profissionais e pessoais, na organização ou fora dela. As
pessoas, ao desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a
organização seu aprendizado, capacitando-a a enfrentar novos desafios.

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Desse modo, são as pessoas que, ao colocarem em prática o patrimônio


de conhecimentos da organização, concretizam as competências organizacionais
e fazem sua adequação ao contexto. Ao utilizarem, de forma consciente, o
patrimônio de conhecimento da organização, as pessoas validam-no ou
implementam as modificações necessárias para aprimorá-lo. A agregação de
valor das pessoas é, portanto, sua contribuição efetiva ao patrimônio de
conhecimentos da organização, permitindo-lhe manter suas vantagens
competitivas no tempo.
Observa-se então uma relação íntima entre competências organizacionais
e individuais!
O estabelecimento das competências individuais deve estar vinculado à
reflexão sobre as competências organizacionais, uma vez que é mútua a
influência de umas e de outras. Na abordagem das competências
organizacionais, cabe a analogia de Prahalad e Hamel (1990 apud DUTRA,
2009), que compara as competências às raízes de uma árvore, ao oferecerem à
organização alimento, sustentação e estabilidade.
As competências impulsionam as organizações e seu uso constante as
fortalece na medida em que se aprendem novas formas para seu emprego ou
utilização mais adequada (FLEURY; FLEURY, 1995), assim podemos observar
que o processo de aprendizado organizacional está vinculado ao desenvolvimento
das pessoas que mantêm relações de trabalho com a organização.
O olhar atento sobre as competências organizacionais revela uma série
de questionamentos sobre sua instituição, desenvolvimento e acompanhamento.
Um primeiro questionamento, que está na raiz da abordagem dos
recursos da organização, é a distinção entre recursos e competências. Para
autores como Mills et al. (2002) e Javidan (1998) citados por Dutra (2009), os
recursos articulados entre si formam as competências organizacionais. Recursos
e competências, entretanto, diferenciam-se quanto a seu impacto, abrangência e
natureza. Para Mills et al. (2002), existem recursos e competências importantes
para a organização – por serem fontes para sustentar atuais ou potenciais
vantagens competitivas –, e existem recursos e competências da organização que
não apresentam nada de especial no momento presente.

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Todos, entretanto, são recursos e competências da organização; daí a


importância de criar categorias distintivas. Os autores acima propõem as
seguintes:
competências essenciais – fundamentais para a sobrevivência da
organização e centrais em sua estratégia;
competências distintivas – reconhecidas pelos clientes como diferenciais
em relação aos competidores; conferem à organização vantagens
competitivas;
competências de unidades de negócio – pequeno número de atividades-
chave (entre três e seis) esperadas pela organização das unidades de
negócio;
competências de suporte – atividades que servem de alicerce para outras
atividades da organização. Por exemplo: a construção e o trabalho
eficientes em equipes podem ter grande influência na velocidade e
qualidade de muitas atividades dentro da organização;
capacidade dinâmica – condição da organização de adaptar continuamente
suas competências às exigências do ambiente.
Essas categorias são importantes para discutirmos sua relação com as
competências individuais. Inicialmente, as pessoas eram encaradas como um tipo
de recurso na construção de competências. Barney (1991 apud DUTRA, 2009)
classificava os recursos organizacionais em três categorias:
a) físicos - planta, equipamentos, ativos;
b) humanos - gerentes, força de trabalho, treinamento; e,
c) organizacionais - imagem, cultura.
A literatura recente considera como recursos os conhecimentos e as
habilidades que a organização adquire ao longo do tempo (KING et al., 2002).
Nesse contexto, as pessoas estão inseridas em todos os recursos,
independentemente da forma como são classificados, e, portanto, na geração e
sustentação das competências organizacionais. Como exemplo: as pessoas estão
presentes em todos os tipos de recursos propostos por Mills et al. (2002 apud
DUTRA, 2009): tangíveis; conhecimento, experiência e habilidades; sistemas e

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procedimentos; valores e cultura; rede de relacionamentos. E são fundamentais


para a contínua transformação da organização.
Com base nessas considerações, não podemos pensar as competências
individuais de forma genérica e sim atreladas às competências essenciais para a
organização. As entregas esperadas das pessoas devem estar focadas no que é
essencial. Assim procedendo, as pessoas estarão mais bem orientadas em suas
atividades, no seu desenvolvimento e nas possibilidades de encarreiramento
dentro da organização. Parâmetros e instrumentos de gestão de pessoas estarão
também direcionados de forma consistente e coerente com o intento estratégico
da organização. Por exemplo: o que valorizar nas pessoas, como avaliar sua
contribuição, como estruturar as verbas remuneratórias, critérios de escolha, entre
outros (DUTRA, 2009).
A questão da origem das competências individuais é essencial para a
caracterização das expectativas da organização em relação às pessoas. Os
trabalhos desenvolvidos por Fleury e Fleury (2000) mostram relação íntima entre
o intento estratégico da organização, as competências organizacionais e as
competências individuais. Com base nas tipologias propostas por Treacy e
Wiersema (1995) e por Porter (1996) todos citados por DUTRA (2009), os autores
estabelecem três formas de competir:
excelência operacional;
inovação em produtos;
orientação para clientes.
A partir dessas categorias, é possível verificar que a forma de competir
influencia o estabelecimento de competências organizacionais, ou seja, existem
competências organizacionais típicas de uma organização que se enquadra em
determinada categoria (FLEURY, 2000). Cabe o mesmo raciocínio para as
competências individuais.
Na organização cuja forma de competir se caracteriza pela excelência
operacional, naturalmente a pessoa deverá atender a um conjunto específico de
exigências. Por exemplo, estratégias para volume de vendas e excelência
operacional, teremos como competências organizacionais, o custo, a qualidade, o
processo produtivo, monitoramento do mercado e comercialização e como

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competências individuais, a orientação a custos e qualidades, gestão de recursos


e prazos, trabalho em equipe, planejamento, interação com sistemas.
Caso a estratégia tenha foco na customização e inovação em produtos
para segmentos específicos, teremos como competências organizacionais:
inovação de produtos e processos, qualidade, monitoramento tecnológico,
imagem e parcerias tecnológicas estratégias e, como competências individuais:
capacidade de inovação, comunicação eficaz, articulação interna e externa,
absorção e transferência de conhecimentos, entre outras.
No contexto organizacional, a competência é vista da perspectiva
individual como uma característica pessoal que possibilita desempenho superior
na realização das tarefas, ou frente a situações adversas, o que diferencia,
fundamentalmente, competência de aptidão, que é um talento natural aprimorado
de habilidades (FLEURY; FLEURY, 2004).
Os mesmo autores ressaltam que o conceito de competência só revela
seu poder heurístico quando aprendido no contexto de transformações do mundo
do trabalho das empresas ou sociedades. A abrangência do conceito de
competência instiga a investigação e o aprendizado constante, sem
necessariamente invalidar elementos que fazem parte do conceito preexistente.
Como a competência está ligada a comportamentos, podemos deduzir
que a comunicação eficiente é fundamental para que o conhecimento seja
compartilhado e gere tais competências.

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Veja a ilustração abaixo:


Comportamentos ligados a competências

Fonte: Fleury e Fleury (2004, p. 30).

Por fim, vale lembrar que o valor econômico agregado pela competência
engloba, além da dimensão clássica baseada em aumento de produtividade e
redução custos, a dimensão qualitativa influenciadora das escolhas dos clientes,
que os economistas clássicos chamam de ‘valor de uso’ (ZARIFIAN, 2001).
Se transportarmos esses conceitos para uma Instituição Educacional, o
que encontraremos, de modo resumido, será a busca pela qualidade do ensino e
atendimento de excelência ao público, afinal de contas, as empresas públicas se
baseiam no tripé: transparência, eficiência e qualidade.
Para fecharmos essa primeira unidade só faltou falarmos em habilidades,
certo?
Habilidade é uma aptidão desenvolvida ou cultivada e significa certa
facilidade em realizar determinadas atividades; difere nas pessoas tanto no
desenvolvimento quantitativo como qualitativo. As oportunidades de formação –
estudos e os estímulos/interesses – são fatores decisivos, embora a manifestação
seja mais tardia.
Na prática, o desenvolvimento ocorre mediante a aplicação/esforço
pessoal, persistência, tenacidade e vontade de lutar por um objetivo maior ou um
ideal. O que é certo é que todos, de uma forma ou de outra, desenvolvem

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aptidões e podem seguir determinadas profissões e conseguir se realizar com


rendimento, proveito e satisfação.
Este tema é mais complexo, pois requer alguns fundamentos psicológicos
que envolvem o indivíduo em aspetos que, em geral, passam um tanto
despercebidos.
Um bom referencial de onde buscar os fundamentos seriam os resultados
escolares (notas), os esportes e os “hobby” ou ocupações de passatempo.
Um guia de profissões da PUC-RS agrupa as habilidades em três
“famílias” ou tipos genéricos onde podemos encontrar as características dessas
habilidades. Vejamos:

a) Habilidades Intelectuais:
inteligência geral (QI) – ter facilidade para raciocinar, compreender o que
ouve, escuta ou lê, planejar, criar, resolver problemas, entre outras;
raciocínio abstrato – ter habilidade em descobrir relações e estabelecer
deduções ou induções através de símbolos, lidar com fórmulas abstratas,
entre outras;
raciocínio verbal – ter facilidade do uso correto das palavras, aprender
línguas estrangeiras, interpretação de significados, entre outras;
habilidade numérica – ter bom desempenho em lidar com números, realizar
operações matemáticas com rapidez e exatidão, cálculos mentais, entre
outros;
relações espaciais – lidar mentalmente com objetos em espaço
tridimensional, capacidade para imaginar movimentos, posições e rotações
de objetos, entre outros;
habilidade mecânica – ter facilidade em perceber e descobrir princípios de
funcionamento de máquinas e aparelhos e aplicá-los em situações reais,
entre outras;
memória – ter facilidade em lembrar ou evocar algo conhecido
anteriormente em diversas modalidades: visual, auditiva, topográfica,
mnemônica, onomástica;
rapidez e exatidão – pensar e/ou fazer bem e muito em pouco tempo, tanto
nas percepções como no raciocínio concreto e abstrato.
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional
de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por
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armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
31

b) As artísticas:
plásticas – ter facilidade de perceber a beleza nas formas e cores, bem
como, para realizar obras e trabalhos como: pintura, escultura, desenho,
decoração, entre outros;
musicais – saber perceber a beleza estética baseada no som e ritmo,
facilidade para tocar instrumentos musicais e a leitura de partituras;
dramáticas – ter habilidade para perceber a beleza estética dos
movimentos - expressão corporal e vocal, fisionômica; também conseguir
efeitos fisionômicos, vocais, corporais, entre outros. Num sentido
específico, está a capacidade literária, facilidade de escrever, falar, com
precisão e beleza de formas na expressão do pensamento.

c) As Psicomotoras:
agilidade física – ser ágil para a movimentação, flexibilidade de
movimentos do corpo e coordenação de movimentos simétricos e
assimétricos;
resistência física – ter a capacidade de agir por longo tempo sem cansaço
e de acordo com a profissão/atividade; é superar os efeitos de
temperaturas extremas;
dígito-manuais – ter habilidades que envolvem o uso das mãos/dedos -
motricidade para tipos de trabalho e em profissões como dentista, músico,
escultor, cirurgião, fisioterapeuta, instrumentista datilógrafo, digitador,
laboratorista, desenhista, pintor, entre outros.
(http://www.pucrs.br/futuroscalouros/escolha-06-Descubra-suas-
habilidades-e-capacidades.htm)

Acreditamos que para um primeiro momento do curso temos informações


suficientes para entrarmos no universo do secretário(a) escolar. Este profissional
como todos os demais precisam de conhecimentos, competências e habilidades
para o desenvolvimento do seu trabalho, certo?
Então caminhemos...

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UNIDADE 4 – A INSTITUIÇÃO “ESCOLA”


A escola é uma organização/instituição que tem como objetivos promover
a educação de pessoas, levá-las a serem cidadãos ativos, criativos, autônomos. É
formada de educadores, educandos, gestores, um corpo de pedagogos que
atuam como supervisores, coordenadores, orientadores, auxiliares diversos,
espaços físicos diversificados, materiais diversos, espaço este pautado no
respeito, no exercício da cidadania, também da disciplina, onde multiplicam-se as
relações e os conhecimentos.

4.1 Organização da instituição escola


A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estruturas:
administrativas e pedagógicas. As primeiras asseguram, praticamente, a locação
e a gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem parte, ainda, das
estruturas administrativas todos os elementos que têm uma forma material como,
por exemplo, a arquitetura do edifício escolar e a maneira como eles se
apresentam do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e materiais
didáticos, mobiliário, distribuição das dependências escolares e espaços livres,
cores, limpeza e saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica)
(VEIGA, 2005).
As pedagógicas, que, teoricamente, determinam a ação das
administrativas, “organizam as funções educativas para que a escola atinja de
forma eficiente e eficaz as suas finalidades” (ALVES, 1992, p. 21).
As estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às interações
políticas, às questões de ensino-aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas
pedagógicas incluem-se todos os setores necessários ao desenvolvimento do
trabalho pedagógico.
A análise da estrutura organizacional da escola visa identificar quais
estruturas são valorizadas e por quem, verificando as relações funcionais entre
elas. É preciso ficar claro que a escola é uma organização orientada por
finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder.
Analisar, compreender, caracterizar a estrutura organizacional da escola e
os problemas que afetam o processo ensino-aprendizagem, de modo a favorecer
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a tomada de decisão realista e exequíveis e, avaliar a estrutura organizacional


significa questionar os pressupostos que embasam a estrutura burocrática da
escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou modificar a
realidade social.
Não é nosso intuito nesse módulo partir para reflexões profundas sobre
essa forma organizativa, de todo modo vale ressaltar que para realizar um ensino
de qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que romper com a atual
forma de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico – pela
conformidade às regras fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do
poder central e pela cisão entre os que pensam e executam –, que conduz à
fragmentação e ao consequente controle hierárquico que enfatiza três aspectos
inter-relacionados: o tempo, a ordem e a disciplina.
Falaremos brevemente sobre cada um destes três aspectos, deixando
para outro momento discussões mais aprofundadas.
O tempo escolar é um dos elementos constitutivos da organização do
trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo: determina o início e o
fim do ano, prevendo os dias letivos, as férias, os períodos escolares em que o
ano se divide, os feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os
períodos para reuniões técnicas, cursos, entre ouros.
O horário escolar, que fixa o número de horas por semana e que varia em
razão das disciplinas constantes na grade curricular, estipula também o número
de aulas por professor. Tal como afirma Enguita (1989, p. 180), [...] as matérias
tornam-se equivalentes porque ocupam o mesmo número de horas por semana, e
são vistas como tendo menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais.
A organização do tempo do conhecimento escolar é marcada pela
segmentação do dia letivo, e o currículo é, consequentemente, organizado em
períodos fixos de tempo para disciplinas supostamente separadas. O controle
hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e controlado pela
administração e pelo professor.
Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, mais
hierarquizados e ritualizados serão as relações sociais, reduzindo também, as

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possibilidades de se institucionalizar o currículo integração que conduz a um


ensino com extensão.
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico, torna-se necessário que
a escola reformule seu tempo, estabelecendo períodos de estudo e reflexão de
equipes de educadores, fortalecendo a escola como instância de educação
continuada.
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu conhecimento
sobre os alunos e sobre o que estão aprendendo. É preciso tempo para
acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo
para os estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além da sala de
aula (VEIGA, 2005).
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas, das nações e
principalmente das decisões é orientado por procedimentos formalizados,
prevalecendo as relações hierárquicas de mando e submissão, de poder
autoritário e centralizador.
Aqui encontramos gestores, supervisores, orientadores, educadores,
secretários, bibliotecários, auxiliares de serviços gerais, merendeiras, vigias e
outros.
Uma estrutura administrativa da escola, adequada à realização de
objetivos educacionais, de acordo com os interesses da população, deve prever
mecanismos que estimulem a participação de todos no processo de decisão,
como por exemplo, instalação de processos eletivos de escolha de dirigentes,
colegiados com representação de alunos, pais, entre outros; que veremos no
módulo de Políticas e Programas.
É importante reiterar que, quando se busca uma nova organização do
trabalho pedagógico, está se considerando que as relações de trabalho, no
interior da escola, deverão estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de
reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição à organização regida
pelos princípios da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle
hierárquico. É nesse movimento que se verifica o confronto de interesse no
interior da escola. Por isso, todo esforço de se gestar uma nova organização deve
levar em conta as condições concretas presentes na escola. Há uma correlação

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de forças e é nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as rupturas,


propiciando a construção de novas formas de relações de trabalho, com espaços
abertos à reflexão coletiva que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal
entre os diferentes segmentos envolvidos com o processo educativo, a
descentralização do poder. A esse respeito, Machado (1989, p. 30) assume a
seguinte posição: “O processo de luta é visto como uma forma de contrapor-se à
dominação, o que pode contribuir para a articulação de práticas emancipatórias”.
Quanto à divisão administrativa, ao invés de ficarmos no tradicional e falar
sobre direção, supervisão, nessas hierarquias de poder que todos conhecemos,
vamos a um breve comparativo entre administração empresarial e escolar,
tomando por base texto de Oliveira, Moraes e Dourado (2008).
Entender a educação como a apropriação da cultura, historicamente
produzida pelo homem, e a escola enquanto locus privilegiado de produção
sistematizado do saber, significa que a escola precisa ser organizada no sentido
de que suas ações, que devem ser eminentemente educativas, atinjam os
objetivos da instituição de formar sujeitos concretos: participativos, críticos e
criativos.
Diferentemente das empresas, que “visam à produção de um bem
material tangível ou de um serviço determinado, imediatamente identificáveis e
facilmente avaliáveis” (PARO, 1999, p. 126), a organização escolar, cuja meta
básica é a produção e a socialização do saber, tem por matéria-prima o elemento
humano, que, nesse processo, é sujeito e objeto. Desse modo, compreende-se
que a organização escolar visa a fins que não são facilmente mensuráveis e
identificáveis.
Nesse sentido, administrar uma escola não se resume à aplicação dos
métodos, das técnicas e dos princípios utilizados nas empresas, devido à sua
especificidade e aos fins a serem alcançados.
Nesse contexto, Paro (1996, p. 7) sinaliza que, se considerarmos que a
administração implica a “utilização racional de recursos, para a realização de fins
determinados”, a administração da escola “exige a permanente impregnação de
seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los”.

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As discussões acerca da administração educacional no Brasil são


demarcadas, sobretudo, pelas concepções diferenciadas presentes nas correntes
teóricas que tematizam a organização empresarial e a organização escolar, como
também pelos procedimentos a serem adotados na administração de ambas.
Uma corrente de estudiosos defende que os procedimentos
administrativos a serem adotados na escola devem ser os mesmos adotados na
empresa. Para esses teóricos, os problemas existentes na escola são decorrentes
da administração, ou seja, da utilização adequada ou não das teorias e técnicas
administrativas, ignorando-se, seus determinantes econômicos e sociais e,
particularmente, as especificidades das instituições educacionais.
Uma outra corrente defende a não transposição dos princípios da
administração empresarial para a escola, pois entende que a administração
educacional traz, em si, especificidades que a diferenciam da administração
empresarial, devido à natureza (às particularidades) do trabalho pedagógico e da
instituição escolar.
Assim, os procedimentos adotados na escola não podem ser idênticos
aos adotados na empresa, pois administrar uma escola não se resume à
aplicação de métodos e técnicas transpostos do sistema administrativo
empresarial, que não tem como objetivos alcançar fins político-pedagógicos.
Nessa ótica, Paro (1996) indica que a administração escolar é portadora
de uma especificidade que a diferencia da administração especificamente
capitalista, cujo objetivo é o lucro.
O quadro a seguir explica as principais diferenças entre as funções da
organização escolar e da organização empresarial, destacando os objetivos
preconizados por essas.

ORGANIZAÇÃO ESCOLAR: ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL:

visa à produção de bens não-materiais, à tem como principal objetivo a produção de


medida que o produto não se separa do bens materiais, a reprodução do capital e a
processo de sua produção; alienação do trabalhador;
aluno é sujeito e objeto no processo de os fins da atividade humana são a produção
produção e socialização do conhecimento de mercadorias, visando à obtenção de
historicamente produzido; lucro;
a formação humana é o principal objetivo visa à reprodução ampliada do capital,
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da construção da identidade escolar, através da mais valia, e, portanto, a


segundo seus atores sociais; manutenção da dominação;
como instância contraditória, contribui para escolhe a matéria-prima de acordo com o
a superação da dominação e para a item que deseja produzir.
manutenção das condições objetivas;
devido a sua função social (atender a
todos) e ao fato de seu objeto de trabalho
ser o próprio homem, não pode escolher a
matéria-prima com a qual vai trabalhar.

Fonte: OLIVEIRA, MORAES, DOURADO (2008, p. 3).

Tendo em vista que a instituição escolar tem como principal finalidade a


formação cidadã, por meio da apropriação do saber historicamente produzido, e a
administração é a utilização racional de recursos na realização de fins almejados,
os meios utilizados para atingir tal finalidade não podem ser os mesmos utilizados
na empresa. Conforme Paro (1999), o princípio básico da administração é a
coerência entre meios e fins. Como os fins da empresa capitalista, por seu caráter
de dominação, são não apenas diversos, mas antagônicos aos fins de uma
educação emancipadora, não é possível que os meios utilizados no primeiro caso
possam ser transpostos acriticamente para a escola, sem comprometer
irremediavelmente os fins humanos que aí se buscam.
Portanto, os objetivos da organização escolar e da organização
empresarial não são apenas diferentes, mas, sobretudo, antagônicos, à medida
que, enquanto a escola objetiva o cumprimento de sua função de socialização do
conhecimento historicamente produzido e acumulado pela humanidade, a
empresa visa à expropriação desse saber na produção de mais valia para a
reprodução e a ampliação do capital, mantendo, assim, a hegemonia do modo de
produção capitalista (OLIVEIRA, MORAES, DOURADO, 2008).
A escola, enquanto instituição social, é parte constituinte e constitutiva da
sociedade na qual está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o
modo de produção capitalista, a escola, enquanto instância dessa sociedade
contribui tanto para a manutenção desse modo de produção, como também para

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a sua superação, tendo em vista que é constituída por relações sociais


contraditórias.
A possibilidade da construção de práticas administrativas na escola,
voltadas para a transformação social, reside exatamente nessa contradição
existente no seu interior. Nesse sentido, a administração escolar é, atualmente,
vista por alguns como mediação, ou seja, como elemento mediador entre os
recursos diversos existentes na instituição escolar (humanos, financeiros,
materiais, pedagógicos, entre outros) e a busca dos seus objetivos (a formação
cidadã).
Vista por esse prisma, a administração configura-se como sinônimo de
gestão que, numa concepção democrática, se efetiva mediante participação dos
atores sociais envolvidos na elaboração e na construção dos projetos escolares,
como também nos processos de tomada de decisão.
Assim, essa concepção de administração escolar, voltada para
transformação social, contrapõe-se à manutenção da centralização do poder na
instituição escolar e nas demais organizações, primando, portanto, pela
participação dos seus usuários, na gestão da escola e na luta pela superação da
forma como a sociedade está organizada. Isso implica repensar a concepção de
trabalho, as relações sociais estabelecidas no interior da escola, a forma como ela
está organizada, a natureza e a especificidade do trabalho pedagógico e da
instituição escolar e as condições reais de trabalho nessa instituição (OLIVEIRA;
MORAES; DOURADO, 2008).

4.2 Funções da escola


4.2.1 Função promotora do homem
Para Saviani (1980, p. 51), a função das instituições educacionais seria
de “ordenar e sistematizar as relações homem-meio para criar as condições
ótimas de desenvolvimento das novas gerações [...]. Portanto, o sentido da
educação, a sua finalidade, é o próprio homem, quer dizer, a sua promoção”.
Ainda nas palavras de Saviani (1980, p. 52), promover o homem significa
“torná-lo cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação, a fim
de poder intervir nela transformando-a no sentido da ampliação da liberdade,
comunicação e colaboração entre os homens”. Isso implica, afirma o autor, definir
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para a educação sistematizada objetivos claros e precisos, quais sejam: educar


para a sobrevivência, para a liberdade, para a comunicação e para a
transformação.
Nesse sentido, Saviani (1980, p. 172) defende a luta pela difusão de
oportunidades e pela extensão da escolaridade do ponto de vista qualitativo. Para
tanto, as escolas deveriam assumir a função que lhes cabe de dotar a população
dos instrumentos básicos de participação na sociedade.
Saviani (1983, p. 35-36) alerta que, sendo a escola um instrumento de
reprodução das relações na sociedade capitalista, necessariamente reproduz a
dominação e a exploração, porém, é preciso superar essa função colocando nas
mãos dos educadores uma arma de luta capaz de permitir-lhes o exercício de um
poder real, ainda que limitado.
Nesse caso, cabe aos cursos de formação garantir aos educadores sólida
fundamentação teórica e ampla reflexão filosófica; aos professores, cabe munir-se
de aprofundados conhecimentos que lhes permitam tomar a educação como
fundamento e compreender a realidade humana. É preciso, também, garantir aos
trabalhadores um ensino da melhor qualidade possível nas condições históricas
atuais. Trata-se de promover o homem, ou seja, de dar à classe trabalhadora as
condições necessárias ao entendimento da sociedade. Tem que haver, então, um
empenho para que a escola funcione bem, para que haja métodos de ensino
eficazes.
Considerando que a escola é determinada socialmente, que a sociedade
está fundada na produção capitalista, dividida em classes com interesses
antagônicos e que, portanto, a escola sofre a determinação do conflito de
interesses que caracteriza a sociedade, pode-se afirmar que a escola é marcada
pela tendência à conservação. Mas a superação dessa função puramente
conservadora é possível pela retomada vigorosa da luta contra a seletividade, a
discriminação e o rebaixamento do ensino para as camadas populares garantindo
aos trabalhadores o acesso ao conhecimento historicamente acumulado pelos
homens (CARDOSO; LARA, 2012).

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4.2.2 Função educativa


No entendimento de Sacristán e Gómez (2007), a função educativa da
escola ultrapassa a função reprodutora do processo de socialização, já que se
apoia no conhecimento público (ciência, filosofia, cultura, arte, entre outros) para
provocar o desenvolvimento do conhecimento particular de cada um de seus
alunos.
A utilização do conhecimento público, da experiência e da reflexão da
comunidade social ao longo da história introduz um instrumento que pode quebrar
o processo reprodutor. Essa vinculação exige da escola e dos que nela
trabalham, que identifiquem e desmascarem seu caráter reprodutor.
Assim, as inevitáveis influências que a comunidade exerce sobre a escola
e o processo de socialização sistemática das novas gerações, devem sofrer a
mediação crítica da utilização do conhecimento.
Deve-se analisar na escola, a complexidade que o processo de
socialização adquire em cada época, comunidade e grupo social, assim como os
poderosos e diferenciados mecanismos de imposição da ideologia dominante da
igualdade de oportunidades numa sociedade marcada pela discriminação
(SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007).
A função educativa da escola na sociedade pós-industrial contemporânea
deve concretizar-se em dois eixos complementares de intervenção:
a) O desenvolvimento radical da função compensatória.
Nas sociedades industriais avançadas, apesar de sua constituição política
formalmente democrática, sobrevive a desigualdade e a injustiça.
A escola não pode anular tal discriminação, mas pode atenuar, em parte,
os efeitos da desigualdade e preparar cada indivíduo para lutar e se defender, nas
melhores condições possíveis no cenário social. Só assim, esses indivíduos terão
condições de enfrentar a mobilidade competitiva que aí está. A escola deve então,
propor uma política radical para compensar as consequências individuais da
desigualdade social.
Com este objetivo, deve-se substituir a lógica da homogeneidade pela
lógica da diversidade. Embora seja certo que tanto nos modelos uniformes quanto
nos diversificados, pode-se fomentar e reproduzir a desigualdade e discriminação

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que existe na sociedade, na maioria dos países desenvolvidos, o perigo de


discriminação é mais decisivo nos modelos uniformes de trabalho acadêmico –
homogeneidade de ritmo, estratégias e experiência para todos os alunos.
A intervenção compensatória da escola deve considerar um modelo
didático flexível e plural que permita atender às diferenças de origem, de modo
que o acesso à cultura pública se acomode às exigências de interesses, ritmos,
motivações e capacidades iniciais dos que se encontram mais distantes dos
códigos e características que se expressa. Sua realização requer flexibilidade,
diversidade e pluralidade metodológica e organizativa.
A uniformidade no currículo, nos ritmos, métodos e experiências didáticas
favorece os grupos que não necessitam da escola para o desenvolvimento das
habilidades instrumentais que a sociedade requer, grupos estes que vivenciam
em seu ambiente familiar e social uma cultura parecida àquela que a escola
trabalha.
Pelo contrário, para aqueles grupos sociais cuja cultura é bem diferente
da acadêmica da aula, a lógica da homogeneidade não pode senão consagrar a
discriminação de fato, já que possuem códigos de comunicação e intercâmbio
bem diferentes dos que a escola requer (SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007).
O desenvolvimento radical da função compensatória requer a lógica da
diversidade pedagógica dentro da escola compreensiva e comum para todos. A
organização da aula e da escola, e a formação profissional do docente devem
garantir o tratamento educativo das diferenças, trabalhando com cada aluno
desde sua situação real.
Cabe, ainda, fomentar a pluralidade de formas de viver, pensar e se
sentir, estimular o pluralismo e cultivar a originalidade das diferenças individuais
como a expressão mais genuína da riqueza da comunidade humana e da
tolerância social.
Assim, concebe-se a democracia mais como um estilo de vida e uma
ideia moral do que como uma mera forma de governo (DEWEY, 1967 apud
SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007) onde os indivíduos, respeitando seus diferentes
pontos de vista e projetos vitais, se esforçam através do debate e da ação

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política, da participação e cooperação ativa, para criar e construir um clima de


entendimento e solidariedade.
b) A reconstrução do conhecimento e da experiência
O segundo objetivo da tarefa educativa da escola obrigatória nas
sociedades industriais, deve ser, provocar e facilitar a reconstrução dos
conhecimentos, atitudes e formas de conduta que os alunos assimilam direta e
acriticamente nas práticas sociais de sua vida anterior e paralela à escola.
Na sociedade contemporânea, a escola perdeu o papel hegemônico na
transmissão e distribuição da informação. Os meios de comunicação de massa, e
em especial a televisão oferecem de modo atrativo e ao alcance da maioria dos
cidadãos uma abundante bagagem de informações. As informações variadas que
a criança recebe, somadas ao conhecimento de suas experiências e interações
sociais com os componentes de seu meio de desenvolvimento, vão criando de
modo sutil, incipientes concepções ideológicas que ela utiliza para interpretar a
realidade cotidiana e para tomar decisões no seu modo de intervir e reagir. A
criança chega à escola com abundante capital de informações e com poderosas e
acríticas pré-concepções sobre os diferentes âmbitos da realidade.
Tanto o campo das relações sociais que rodeiam a criança, como o dos
meios de comunicação que transmitem informações, valores e concepções
ideológicas, cumprem uma função mais próxima da reprodução da cultura
dominante do que da reelaboração crítica e reflexiva da mesma. Não há interesse
em oferecer elementos para um debate aberto e racional que permita opções
autônomas sobre qualquer aspecto da vida econômica, política ou social
(SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007).
Somente a escola pode cumprir esta função. E para desenvolver este
complexo e conflitante objetivo, a escola compreensiva, apoiando-se na lógica da
diversidade deve começar por diagnosticar as pré-concepções e interesses com
que os indivíduos e os grupos de alunos interpretam a realidade e decidem sua
prática.
Ao mesmo tempo deve oferecer o conhecimento público como ferramenta
inestimável de análise para facilitar que cada aluno questione, compare e

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reconstrua suas pré-concepções, seus interesses e atitudes condicionadas, suas


pautas de conduta induzidas por seus intercâmbios e relações sociais.
Como afirma Bernstein (1987 apud SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007): “A
escola deve transformar-se numa comunidade de vida e, a educação deve ser
concebida como uma contínua reconstrução da experiência”.
A escola, ao provocar a reconstrução das preocupações simples, facilita o
processo de aprendizagem permanente, ajuda o indivíduo a compreender que
todo conhecimento ou conduta encontram-se condicionados pelo contexto e,
portanto, precisam ser comparados com outras representações, assim como com
a evolução de si mesmo e do próprio contexto.
Mais que transmitir informação, a função da escola contemporânea deve
se orientar para provocar a organização racional da informação fragmentária
recebida e a reconstrução das preconcepções acríticas, formadas pela pressão
reprodutora do contexto social, por meio de mecanismos e meios de comunicação
cada dia mais poderosos e de influência mais sutil.
A exigência de provocar a reconstrução, por parte dos alunos, de seus
conhecimentos, atitudes e modos de atuação requer outra forma de organizar o
espaço, o tempo, as atividades e as relações sociais na aula e na escola.
Possibilitar a vivência de práticas sociais e intercâmbios acadêmicos que induzam
à solidariedade, à colaboração, à experimentação compartilhada; que estimulem a
busca, a comparação, a crítica, a iniciativa e a criação, num outro tipo de relação
com o conhecimento e a cultura.
A função crítica da escola, em sua vertente compensatória e em sua
exigência de provocar a reconstrução crítica do pensamento e da ação, requer a
transformação radical de suas práticas pedagógicas e sociais e das funções e
atribuições do professor. O princípio básico que norteia a escola nesses objetivos
e funções é facilitar e estimular a participação ativa e crítica dos alunos nas
diferentes tarefas que se desenvolvem na aula e que constituem o modo de viver
da comunidade democrática de aprendizagem (SACRISTÁN; GÓMEZ, 2007).

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4.2.3 Função disciplinar


Vivemos em uma sociedade de vigilância, em que a cada momento nos
damos conta de que estamos sendo controlados e avaliados. Por vezes, essa
vigilância é tão mascarada ou tão natural e cotidiana que sequer notamos a sua
presença. A disciplina é um mecanismo utilizado para garantir o controle dos
indivíduos que compõem determinada sociedade. As instituições, em geral,
adotam os mecanismos disciplinares para garantir a vigilância, o controle, a maior
produtividade e desempenho de seus integrantes. Estando as instituições
escolares inseridas no contexto sociocultural, estão impregnadas deste mesmo
mecanismo disciplinar de controle social (CRUZ; FREITAS, 2011).
O poder disciplinar não coage em sentido direto, mas atinge seus
objetivos através da imposição de uma conformidade que deve ser atingida. Em
suma, ele normaliza, ou seja, molda os indivíduos na direção de uma norma
particular, uma norma sendo o padrão de certo tipo. A disciplina determina o que
é normal e, depois, desenvolve medidas e práticas para avaliar se os indivíduos
são normais e para moldá-los segundo uma norma (DAHLBERG apud SANTANA,
2007, p.121).
Michel Foucault observou e teorizou esse fenômeno social, denominando-
o de sociedades disciplinares, o qual se situou entre os séculos XVIII e XIX,
atingindo seu ápice no começo do século XX, época em que os sujeitos
(soldados, alunos, trabalhadores) eram disciplinarizados com o intuito de que se
tornassem dóceis e produtivos.
No regime da sociedade disciplinar como a nossa, a punição, ao
discriminar os comportamentos dos indivíduos, passa a diferenciá-los, a
hierarquizá-los em termos de uma conformidade a ser seguida, ou seja, a punição
não objetiva sancionar a infração, mas controlar, qualificar o indivíduo, não
interessando o que ele fez, mas o que é, será ou possa ser. As punições são da
ordem do exercício, implicando o aprendizado intensificado, multiplicado, repetido,
em suma, punir é exercitar (GUIMARÃES, 2003, p. 86).
Na escola, assim como nas demais instituições disciplinares, a punição
ocorre por meio de micropenalidades, que dizem respeito aos desvios quanto ao
tempo, hábito, gestos, comportamento, corpo, sexualidade e discurso.

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O corretivo para a redução dos “desvios” dar-se-ia pela aplicação do


castigo disciplinar. As punições são muitas da ordem do exercício, do
aprendizado intensificado, multiplicado, repetido, do que a vingança da lei
ultrajada [...] O sistema operante no treinamento escolar é o da gratificação-
sanção (GUIMARÃES, 2003, p. 27).
Cruz e Freitas (2011) refletem que apesar de produzir saber, o poder
disciplinar, com todos os seus artifícios de controle e submissão, cria indivíduos
que toleram toda prática exercida sobre eles. Assim, o conhecimento transmitido
nessa “escola disciplinar” serve para construir uma peça de engrenagem para a
máquina capitalista. Com isso, a escola não tem buscado formar indivíduos
críticos, ela sempre exerceu sua função de forma egoísta, sem se preocupar com
o período vivido, pois é normal que se mudem os professores ou as arquiteturas
da escola, mas o intuito de formar massas de manobra para o mundo capitalista
permanece. O aluno não é parte fundante da escola, ele tem sido apenas receptor
de suas ideias, mas nunca formulador.
Ela precisa ir além de formar indivíduos, transmitir “conhecimentos”
aceitos, prontos. Precisa caminhar no sentido de ser educativa, de formar
indivíduos pensantes e livres, produtores de novas e mais adequadas regras
disciplinares. Servir para além do sistema capitalista, ser democrática.

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UNIDADE 5 – A SECRETARIA ESCOLAR


A escola é uma organização que essencialmente lida com pessoas. Sua
peculiaridade está em ser a primeira instituição que os cidadãos, ainda crianças,
conhecem depois da família. Mais ainda, uma instituição que, em complemento às
famílias, tem a missão de educar. A experiência na escola pode desenvolver ou
não os sentimentos de confiança e satisfação de pertencer à sociedade e de
exercer a cidadania (GIMENES, 2011).
Escolas funcionam mais ou menos organizadas e capazes de atender às
necessidades de suas comunidades interna e externa, dependendo, em boa
medida, de seus secretários escolares e auxiliares de secretaria. Como um
administrador, o secretário escolar e auxiliares de secretaria devem estar
capacitados para:
organizar racionalmente o trabalho;
aproveitar os talentos e motivações da equipe;
simplificar processos e métodos de trabalho;
aproximar-se de seu público antecipando as suas necessidades;
trabalhar com eficácia, reduzindo os desperdícios.

Muito além de ser a porta de entrada da escola para a comunidade


externa, ela é também a produtora e guardiã da memória e da documentação da
escola, de seus alunos e professores, e garante o controle de toda a situação
escolar; atendimento, qualidade dos serviços, pois dela depende o bom ou mau
funcionamento da organização escolar.
A secretaria escolar é um braço executivo da equipe administrativa e
pedagógica. Ela é o órgão responsável pelos serviços de escrituração,
documentação, correspondência e processos referentes legalização do
Estabelecimento de Ensino e à vida escolar dos alunos, trabalhando
coletivamente para a gestão administrativa e pedagógica da Unidade de Ensino.
Conforme ressalta a Secretaria de Educação de Florianópolis (SC), a
Secretaria da Escola é o órgão que assume o relevante encargo de manter, com
eficiência e eficácia, a documentação, a escrituração e arquivos.

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A Secretaria Escolar é o suporte fundamental para o bom andamento da


Unidade Educativa. É através de seus relatórios, dos seus registros, de sua
história e organização que a Unidade Educativa poderá respaldar o seu Projeto
Político-Pedagógico.
A Secretaria tem que ter segurança, não permitir o acesso de pessoas
estranhas sem a devida autorização. Diante dos encargos e trabalhos que lhe são
conferidos, é ela quem dá valor legal à ação da escola.
Uma boa organização se distingue quando o grupo, sabe o que deve
fazer, como fazer, quando fazer e porque fazer. É preciso criar um ambiente
capaz de influir na aquisição de bons hábitos. Um ambiente simples, mas
funcional. Escolha acertada na disposição dos móveis, equipamentos
conservados, materiais bem distribuídos, chão limpo, formando um ambiente
agradável. A sensação de “bem-estar” é a prova da ordem e disciplina, da
eficiência e educação das pessoas que nela atuam, constituindo-se um “cartão de
visitas” da Secretaria.
Por mais simples e pequena que seja a escola, deve-se fazer o possível
para ter um espaço destinado à Secretaria Escolar. São exigências mínimas: uma
mesa, um computador, uma impressora, um balcão e um armário, com gaveta,
com chaves.
A Secretaria deve manter um trabalho eficiente, dinâmico e racional,
capaz de fornecer, no mínimo, espaço de tempo, qualquer informação ou
documento solicitado. Precisamos de “um lugar para cada coisa e cada coisa no
seu lugar”; pastas para leis, portarias, circulares, decretos, correspondências,
entre outros, tudo classificado, distribuído, arquivado de acordo com o assunto,
em pastas separadas, mas de fácil acesso. Devemos ter o cuidado máximo de
repor, ao seu lugar, todo e qualquer documento ou pasta retirado para consulta.
Cada papel antes de ser arquivado no lugar que lhe convém, deve ser
cuidadosamente examinado a fim de verificar se não há rasura, falsificação ou
omissão de dados. Podemos nos deparar com irregularidades na vida escolar,
oriundas de outras escolas. Tais situações são previstas no nosso dia-a-dia, mas
que encontram soluções amparadas em lei, para a qual deve-se recorrer,
regularizando a situação.

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Portanto, espacial e praticamente falando, a organização da secretária


deve ser tal que atenda às seguintes atribuições:
gerir a documentação escolar com racionalidade;
manter mobiliário limpo e com uma organização racional;
local do arquivo deve ser arejado, seco e limpo, periodicamente;
não fazer refeições, beber ou fumar próximo a documentos e livros, pois
pode criar-se ambiente atrativo para insetos, além do risco de manchas e
queimaduras, muitas vezes irreversíveis;
manter um livro de protocolo para controle do recebimento e entrega de
documentos;
o atendimento ao público deverá ser uma prioridade.

Enquanto um setor que compõe a instituição escolar, a secretaria da


escola tem como principal função a realização de atividades de apoio ao processo
administrativo-pedagógico, onde se concentram as maiores responsabilidades
relativas à vida escolar do aluno e da própria instituição. Para tanto, faz-se
imprescindível que em cada estabelecimento de ensino exista espaço físico
adequado destinado aos serviços da secretaria. Mesmo as instalações mais
simples devem acomodar os serviços em local seguro e que possibilite o
desenvolvimento do trabalho.
A secretaria da escola constitui-se centro das atividades administrativas e
pode ser considerada como base para uma eficiente gestão escolar.
Em palavras de Gimenes (2011):

Dentro de suas características, a Secretaria regula a admissão e a saída


dos alunos e compõe os arquivos, os livros e os prontuários necessários
para o devido funcionamento da escola.

A secretaria organiza e mantém os arquivos de todos aqueles que já


passaram pela escola, chamados de egressos, assim como mantém os registros
que se referem a todos os alunos e professores ativos na escola.
Em outras palavras, é de responsabilidade da secretaria:
o registro da vida escolar do aluno;
o registro de pessoal;
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a organização e manutenção dos arquivos e fichários que contêm a


escrituração escolar;
a preparação da correspondência inter e extraescolar;
a guarda da documentação, bem como, do processamento das
informações que circulam fora e dentro da escola.

Atualmente, os agentes educacionais ou secretários tratam de assuntos


variados, não apenas de registros e controles documentais. Eles assessoram a
direção quanto à administração e contabilidade dos recursos destinados a escola,
levantam informações quanto a orçamentos de preços e materiais para serem
investidos na escola, controlam a utilização de equipamentos didáticos como
multimeios e outros recursos, administram o uso dos recursos de manutenção da
escola como produtos de limpeza, merenda escolar entre outros materiais
oferecidos a comunidade escolar e local.
Além da função de fiscal para preservação do patrimônio, zelando para o
bom funcionamento de toda a estrutura organizacional que vem a ser uma escola,
seja de pequeno ou grande porte.
Enquanto o professor destina-se em somente aplicar suas aulas nos seus
devidos horários, os agentes educacionais atuam na ‘coxia do teatro diário’,
dando suporte ao bom funcionamento de todo o sistema educacional, fazendo
acontecer os mínimos detalhes do turbilhão diário que vem a ser a rotina escolar.
Se os professores edificam os patamares da sociedade com ensino, os demais
funcionários formam a base deste gigantesco edifício que se denomina
aprendizagem, assegurando todo o bom resultado esperado nos planejamentos
letivos (GIMENES, 2011).
O relacionamento entre pais e professores, alunos e professores ou até
mesmo entre os educadores deve ser harmonioso e transparente. Deve-se
considerar que houve muitas mudanças no mundo e devido a este fato os
funcionários da secretaria escolar precisam ser flexíveis em determinadas
situações; por exemplo: antigamente, as famílias eram constituídas por um pai,
mãe e filhos; hoje em dia isto não ocorre, a realidade é outra. Outro fator é o
respeito aos que trabalham no mesmo ambiente e aos que serão atendidos.

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Geralmente, a Secretaria Escolar tem horários específicos para atender a


comunidade escolar e esse atendimento é feito em balcões de acesso externo à
escola. O Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar são os documentos
que embasam o papel e funcionalidade da secretaria dentro do contexto de toda a
comunidade escolar.
Segundo Martins (2010), recursos humanos abrangem todos os
elementos que tomam parte na elaboração dos objetivos da escola: direção,
professores, técnico, funcionários. Para que se realize um bom trabalho deve
haver a conscientização de todos sobre os objetivos da escola; sensibilização
quanto à realização de suas atribuições formando um espírito de equipe e a
distribuição conveniente dos mesmos nas diversas tarefas.
A organização da escola irá estabelecer tudo de que ela necessita para
funcionar, cada pessoa deve estar no lugar que lhe compete, assim sendo, a
secretaria tem que ter uma distribuição de serviço adequada que possibilite a
realização de um trabalho dinâmico e eficaz, porém sem criar uma concepção
estritamente funcional e hierárquica que comprometa os princípios da gestão
participativa.
Enfim, a Secretaria é o cérebro no organismo da escola, pois sem ela não
existe história do aluno, do corpo docente, dos funcionários e da instituição como
um todo. É muito importante valorizar este departamento e considerá-lo dentro da
política escolar, pois é a Secretaria a responsável por todos os eventos
burocráticos e legais de funcionamento da instituição (GIMENES, 2011).

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UNIDADE 6 – ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO(A)


SECRETÁRIO(A) ESCOLAR

Para compreender a importância do secretário na vida da escola é


necessário percebê-lo como o elo de ligação entre o administrativo e o
pedagógico. Aquele que escreve a história da instituição, a partir da história do
aluno. Aquele que articula, que se relaciona, transforma e contribui no dia-a-dia,
de forma silenciosa, para a melhoria da escola.
O Secretário é um dos elementos a quem a direção delega poderes e
tarefas. Sua posição é tão importante que um dos requisitos para autorização de
funcionamento de uma escola é a existência de um secretário credenciado.
O pleno funcionamento da secretaria escolar está ligado diretamente ao
perfil, à habilidade e à competência do profissional que responde por ela.
O responsável pela secretaria deverá compreender seu trabalho para
além da área administrativa. Afinal, ele é corresponsável pelo sucesso da ação
escolar. No contato diário com alunos, professores, pais, servidores e
comunidade, o secretário deverá desenvolver relações de respeito, de autoestima
e de cidadania.
Juntamente com seu diretor, responde administrativamente e legalmente
pela documentação escolar.
Vamos a um pouco da história?
Os primeiros registros da profissão de secretário(a) datam dos tempos
dos faraós, sendo exercida pelo sexo masculino, na figura dos escribas.
Com a Revolução Industrial, volta a aparecer a função de secretário e
após as duas guerras mundiais, por falta de mão de obra masculina, observamos
o surgimento da figura feminina bastante atuante na área, na Europa e nos
Estados Unidos. No Brasil, a mulher surge como secretária na década de 1950.
Nessa mesma época houve a implantação de cursos voltados para a área como,
por exemplo, datilografia e técnico em secretariado.
Nos décadas de 1960 e 1970 presenciamos a expansão da profissão,
mas somente a partir dos anos 1980, a categoria conseguiu, por meio de muita
luta, a regulamentação da profissão, com a assinatura da Lei nº 7.377, de 30-9-
1985.
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Com a regulamentação, a classe ganha força, surgindo os sindicatos das


secretárias. Em 1988, foi criado a Fenassec - Federação Nacional de Secretárias
e Secretários em Curitiba, Paraná. Em 7 de julho de 1989, é publicado o Código
de Ética Profissional, criado pela União dos Sindicatos.
Segundo estudiosos, a palavra “secretária” tem origem no latim e deriva
dos seguintes termos:
Secretorium: lugar retirado;
Secretum: lugar retirado, retiro;
Secreto: particular, segredo.
Com o tempo, ocorreram mudanças tanto no significado como na grafia
desses termos (AZEVEDO; COSTA, 2004).
Esse cargo que podemos até arriscar e dizer, é uma “profissão” devido
ser ocupação especializada que pressupõe determinado preparo, inclui várias
competências do seu ocupante.
Em boa parte das “prefeituras”, geralmente os secretários e/ou auxiliares
de secretaria escolar são auxiliares administrativos exercendo o cargo de
secretário, mediante autorização da Superintendência Regional de Ensino. Em
outras, já existe provimento para o cargo em estudo.
De acordo com a SME – Florianópolis:

O Secretário Escolar é o responsável direto da Secretaria da Unidade


educativa. Seu papel reveste-se de indiscutível importância para o
melhor funcionamento da escola, competindo-lhe a organização e
preservação de toda a documentação da Unidade Educativa, seja de
forma escrita ou digitalizada.

A amplitude de suas funções, o coloca em relação direta e permanente


com diferentes áreas de atuação da Unidade Educativa, exigindo sua interação
com todos os envolvidos, no trabalho escolar.
O Secretário atinge seus objetivos através do trabalho coletivo, ou seja,
os objetivos são alcançados quando todos os membros se sentem responsáveis
por sua realização.
Lembremos de imediato que o secretário escolar e os auxiliares de
secretaria, seja ela em uma instituição de ensino superior, educação básica ou
tecnológica, pública ou particular, lida com muito mais do que documentos,
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ofícios, arquivos. Esse profissional atende aos professores, ao gestor escolar, aos
serviços de inspeção, de orientação, de supervisão. Atende ainda aos pedidos
dos pais, de alunos. Enfim, no seu cotidiano ele irá deparar com pessoas, com
documentos, legislação e outros, portanto, além de conhecimentos da legislação,
requer uma boa comunicação, redação, ser ético, saber lidar com pessoas.
Podemos pontuar como necessário a esse profissional:
conhecer os principais elementos, fundamentos e princípios de sua
profissão;
compreender as principais concepções de Gestão Escolar e como estas
ressoam no planejamento educacional escolar;
compreender e analisar as questões relativas aos meios e fins da
educação, considerando processualmente o diagnóstico, a execução e a
avaliação em perspectiva crítica;

O perfil profissional do Técnico em Secretaria Escolar é constituído por


conhecimentos, saberes, princípios, valores e habilidades que o credenciam como
trabalhador em Serviço de Apoio Educacional, ou seja, educador e gestor dos
espaços e ambientes de comunicação e tecnologia da escola.

Além das competências já especificadas, eles devem possuir condições


de:
colaborar com a gestão escolar no controle e organização de arquivos e
registros da vida acadêmica e de conclusão de curso;
conhecer e vivenciar a ética e a transparência na educação pública;
compreender a unidade escolar como parte de complexo educacional
ligadas à rede e sistemas de ensino;
dominar os fundamentos de gestão curricular, gestão administrativa e
gestão financeira da unidade escolar;
compreender e analisar, considerando os seus princípios e práticas, uma
gestão escolar com componentes autoritários e uma gestão escolar com
componentes democráticos;

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compreender, analisar, elaborar, refletir, vivenciar e participar da


elaboração do Projeto Político-Pedagógico, o papel dos Conselhos de
Educação e Regimento Escolar da instituição de ensino;
ler, compreender e produzir com autonomia, registros e escrituras de
documentos oficiais, relacionados com o financiamento da educação,
contabilidade da escola e da rede escolar;
conhecer os fundamentos da administração de materiais. Compreender e
fazer relações entre os equipamentos físicos, materiais pedagógicos,
educação e aprendizagem;
conhecer os fundamentos da estatística, compreender e fazer relações
entre estatística e planejamento, estatística e avaliação, estatística e
gestão, estatística e financiamento da educação;
compreender e contextualizar, na lei e na prática social, a educação
escolar, o Estado e as políticas educacionais;
dominar, analisar, refletir, fazer relações e mediações entre as normas
emanadas dos conselhos de educação e o regimento escolar;
compreender e analisar a legislação educacional nas Constituições, nas
Leis de Diretrizes e Bases, no Plano Nacional de Educação e nos
Conselhos de Educação.

Enfim, será a partir da secretaria escolar, em primeira instância, que


observaremos como está o funcionamento da instituição escolar. Logo, a
qualidade da informação ofertada, bem como a qualidade do atendimento
disponibilizado primeiramente, significam decisões produtivas e mais eficientes.
Na sua essência, o trabalho desenvolvido no espaço da secretaria
escolar, que imprime a marca daquele ambiente, pode ser elencado da seguinte
maneira:

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SECRETARIA ESCOLAR

PARCERIA

ATENDIMENTO à comunidade escolar e a diferentes órgãos públicos e privados.


E espaço primeiro de acolhimento na instituição escolar.

ESCRITURAÇÃO ESCOLAR é o registro sistemático dos fatos e dados relativos à


vida escolar do aluno e da instituição escolar, com a finalidade de assegurar, em
qualquer época, a verificação: a) da identidade; b) da regularidade dos estudos; c)
da autenticidade da vida escolar de cada aluno; d) da vida funcional dos
professores e funcionários; e, e) do funcionamento da escola como um todo.

ARQUIVAMENTO de toda documentação referente à instituição escolar, de forma


a responder quando solicitada por informações referentes à vida escolar dos
alunos (atuais ou egressos), bem como à vida funcional dos professores e demais
funcionários (atuais ou que ali exerceram atividade profissional).

A instituição escolar necessita expedir tantas vias dos documentos


escolares quantas forem solicitadas pelo aluno ou pelo responsável legal, de
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acordo com a sua organização. Vale destacar que, quando da cessação de um


estabelecimento, toda a sua documentação deverá ser armazenada por outra
instituição, denominada fiel depositária, mediante processo próprio e indicação
das autoridades competentes (RODRIGUES, CORRÊA; CARVALHO, 2010 apud
AMARAL, 2014, p. 55).

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REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS

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educação e memória. Edição nº 03 dezembro de 2012. Disponível em:
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ALVES, José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto:
Edições Asa, 1992.
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Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
BRASIL. MEC – Ministério da Educação e Cultura. Profuncionário. Disponível
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