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TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

Noções básicas de estatística: coleta e exposição de dados e


modelos estatísticos
Você já pensou sobre o uso da estatística na administração?

“Na administração, os métodos estatísticos podem ser


empregados para o planejamento e o controle da produção,
visando à implantação de técnicas administrativas eficientes que
garantam menores custos e maiores lucros, na estimação de
receitas, previsão de estoques e de demandas, e, principalmente,
ao conhecimento do mercado e de seu cliente” (IGNÁCIO, 2010, p.
10).

Para entender melhor, pense no seguinte exemplo: suponhamos que você deseje pesquisar o aumento
de vendas da empresa em que trabalha fazendo um comparativo mês a mês de um ano para outro. Para isso,
é preciso organizar os elementos presentes.

Observe alguns deles:

A população ou o universo da pesquisa (vendas cadastradas no sistema da empresa, no caso)

O período de verificação dos dados (de janeiro a março dos anos que você deseja comparar,
por exemplo)

Escolha do modo de coleta dos dados

Definição da maneira como os dados serão expostos

Para determinar esses elementos, é preciso conhecer alguns instrumentos básicos da estatística.

Segundo Crespo (2002, p. 13), a “estatística é uma parte da


matemática aplicada que fornece métodos para a coleta,
organização, descrição, análise e interpretação de dados para a
sua utilização na tomada de decisões”.

No dia a dia, encontramos diversos tipos de conjuntos de dados. No contexto de uma empresa, por
exemplo, temos a quantidade, a idade e o salário dos funcionários, entre outros.

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Todos esses conjuntos contêm informação sobre algum grupo de indivíduos ou o comportamento de um
processo ou produto. As possíveis diferenças dentro desses conjuntos determinam a variação que está
sempre presente na análise de dados. A estatística utiliza técnicas que avaliam essas variações e obtém
informações por meio delas (TAVARES, 2011).

Para compreender as técnicas da estatística, algumas definições são importantes.

População

É o conjunto universo que abrange todos os elementos possíveis ligados por uma característica que se
quer estudar.

Amostra

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Como o acesso a toda a população é inviável, é preciso selecionar um subconjunto representativo. Faz-
se uma seleção aleatória para revelar informações acerca da característica que se quer estudar.

Informações

Os dados, organizados, permitem informar características de comportamento de um fenômeno.

Dados

São o conjunto de resultados possíveis de um fenômeno.

Também é importante destacar que a estatística se divide em duas áreas:

Estatística descritiva: coleta, organização e descrição de dados.

Estatística inferencial (indutiva): análise e interpretação de dados já coletados.

Coleta e exposição de dados

Há diferentes tipos de dados.

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Coleta de dados

Segundo Crespo (2002), a coleta de dados pode ser classificada de duas maneiras:

1. Direta: os dados são coletados pelo próprio pesquisador por meio do levantamento de registros
(contracheque/holerite, notas fiscais, livro-caixa etc.) ou diretamente por entrevista, questionário ou outro.

2. Indireta: os dados são obtidos a partir de uma coleta direta já realizada, ou do conhecimento prévio
sobre os fenômenos relacionados ao fenômeno estudado. Em uma pesquisa sobre o estoque de mercadoria,
por exemplo, os dados são extraídos dos balanços da empresa.

A coleta indireta gera dois tipos de dados: dados absolutos e dados relativos. Dados absolutos são
aqueles que se obtêm diretamente da fonte, sem nenhuma manipulação, apenas contagem ou medida.
Dados relativos são obtidos por meio de cálculos matemáticos, ou seja, são resultado de especificações por
quociente (razões) a partir dos dados absolutos.

Os dados relativos podem ser obtidos, em geral, por meio das seguintes medidas matemáticas:

Sob o ponto de vista estatístico, a proporção mede a ponderação de uma medida, ou a sua participação
proporcional, em relação ao seu conjunto.
Exemplo:
Há 90 funcionários em uma empresa, e 45 deles trabalham na produção. Qual é a proporção dos funcionários
da produção com relação a todos os funcionários?

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Um índice é a razão entre duas grandezas.


Exemplo:
A renda per capita é a renda média de cada habitante de um determinado lugar.

Coeficiente é a razão entre o número de ocorrências de um evento e o número total.


Exemplo:

São os coeficientes multiplicados por uma potência de 10 (10, 100, 1.000), o que torna o resultado mais
legível.
Exemplo:

Proporção

Sob o ponto de vista estatístico, a proporção mede a ponderação de uma medida, ou a sua participação
proporcional, em relação ao seu conjunto.

Exemplo: Há 90 funcionários em uma empresa, e 45 deles trabalham na produção. Qual é a proporção


dos funcionários da produção com relação a todos os funcionários?

Equação: 45 dividido por 90 é igual a 0,5. 0,5 multiplicado por 100% é igual a 50%.

Índices

Um índice é a razão entre duas grandezas.

Exemplo: A renda per capita é a renda média de cada habitante de um determinado lugar.

Equação: A renda per capita é igual à renda total de uma população dividida pelo número de pessoas da
mesma população.

Coeficientes

Coeficiente é a razão entre o número de ocorrências de um evento e o número total.

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Exemplo:

Equação: O coeficiente de natalidade é igual ao número total de nascidos dividido pelo número de
pessoas da mesma população.

Taxas

São os coeficientes multiplicados por uma potência de 10 (10, 100, 1.000), o que torna o resultado mais
legível.

Exemplo: Equação: a taxa de natalidade é igual ao coeficiente de natalidade multiplicado por 100.

Exposição de dados

A escolha do modo mais adequado para apresentar os dados obtidos ao longo de um estudo deve ter
por objetivo facilitar o seu entendimento. Gráficos ou tabelas podem ser usados para expor os dados da
maneira mais simples e objetiva possível.

Tabelas

A tabela é utilizada para organizar, de forma lógica, os dados de uma observação. Uma tabela compõe-
se de:

Corpo: linhas e colunas compostas pelos valores dos dados coletados.

Cabeçalho: posicionado na parte superior da tabela, especifica o conteúdo de cada coluna.

Coluna indicadora: descreve o conteúdo das linhas.

Casa ou célula: espaço destinado a uma só informação.

Título: conjunto de informações sobre a tabela que deve responder às seguintes perguntas
sobre os dados: “O que são?”; “Qual período representam?”; e “Onde estão localizados?”.
Localiza-se no topo da tabela.

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É possível apresentar esses dados em uma tabela, de maneira organizada. Veja a figura 1.

Valor em
Funcionário
salários-mínimos (Xi)

Ivan 1

Arnaldo 2

Bernardo 2

Horácio 2

Daniel 4

Carlos 5

João 6

Guilherme 7

Evandro 8

Filipe 9

Figura 1 – Salários dos funcionários do setor de logística em janeiro de 2015

Gráficos

O gráfico estatístico é uma maneira de apresentar os dados estatísticos. Seu objetivo é produzir uma
impressão mais rápida e viva do fenômeno em estudo.

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Existem diversos tipos de gráfico. Os mais comuns são o de colunas, o de linhas e o circular.

Para representar a tabela do exemplo anterior (salários dos funcionários do setor de logística), utilizamos
um gráfico de linhas com indicação nominal ordenada de cada unidade pesquisada no eixo horizontal e o
valor da unidade pesquisada no eixo vertical.

Figura 2 – Apresentação em gráfico dos salários dos funcionários do setor de logística

Há muitos outros modelos de gráficos e de tabelas. Dessa forma, para complementar seus estudos,
indicamos o livro que utilizamos como referência em nosso componente: Estatística Fácil, de autoria de
Antônio Arnot Crespo e publicado pela Editora Saraiva em 2002. Se preferir, você também pode fazer
pesquisas na internet ou em qualquer outro livro de estatística básica.

Modelos estatísticos

Segundo Walter (2000),

Os modelos estatísticos são representações de situações


reais por equações matemáticas, por figuras como gráficos, por
números de resumo, como tabelas e taxas, e outros (...). A
finalidade dos modelos é auxiliar na compreensão dos problemas,
resumindo-os e focalizando aspectos específicos. São utilizados
para representar ideias e conceitos.

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Um modelo estatístico se assemelha a um mapa, que é uma representação simplificada do caminho real
que se deve seguir.

Modelos estatísticos são equações matemáticas que representam situações reais pela relação entre as
variáveis de efeito. Essas variáveis são elementos que exercem influência sobre determinada situação, assim
como a saúde de uma pessoa, por exemplo, tem influência sobre seus gastos com remédios.

Tais modelos expressam o efeito das relações por meio de fórmulas matemáticas. As situações reais
são as variáveis de resposta (Y), pois são as respostas das interações entre as variáveis de efeito (X).

Se gastos com remédios fossem a variável resposta Y, por exemplo, a saúde seria uma variável de efeito
X. O estado de saúde de uma pessoa influencia os seus gastos com remédios.

Outras variáveis também podem explicar os gastos de uma pessoa com remédios. Elas serão outras
variáveis de efeitos que poderão ser acrescentadas ao modelo.

É possível verificar todas as variáveis que influenciam um fenômeno?


Não. Existirão inúmeras variáveis respostas que não será possível especificar em um modelo. Elas são
consideradas um erro e serão representadas de forma conjunta pela letra grega épsilon (ε).

Então, o efeito de X sobre Y pode ser expresso por meio de um modelo matemático. Veja:

Para escolher um modelo que represente em equações matemáticas as relações entre X e Y, é preciso
verificar diversos fatores, como a natureza das variáveis de efeito, o tipo de relação entre X e Y e as
suposições sobre o erro (ε). épsilon

Os modelos são utilizados para prever situações e auxiliam, assim, na tomada de decisões.

Exemplo:

Como se pode prever o aumento na demanda de sorvete?

O aumento na demanda de sorvete é a situação real (Y), e as variáveis de efeito são as situações que,
por hipótese, terão efeito sobre a demanda.

No caso, as variáveis são:

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Preço (X1) – Quanto mais baixo for o preço, maior será o número de pessoas dispostas a
comprar e em maior quantidade.

Estação do ano (verão/inverno) (X2) – No verão, a venda de sorvetes é maior.

Renda da população (X3) – Quanto maior for a renda, maior poderá ser o gasto com sorvetes.

Qualidade (X4) – Uma maior qualidade do produto faz com ele que tenha mais procura.

Propaganda (X5) – A propaganda aumenta a visibilidade do produto e passa credibilidade.

Erro (ϵ) épsilon – Há ainda outras variáveis que podem influenciar a demanda por sorvete.

Neste exemplo, pode-se utilizar uma regressão linear simples1 para medir como o preço, a estação do
ano, a renda da população, a qualidade e a propaganda influenciarão o aumento da demanda de sorvete.

Passe o mouse sobre as equações para saber mais.

Y = 2β0+ β1 X1+β2X2+β3 RX3+β4 X4+β5 X5+ϵ

Y = 2β0+ β1 Preço+β2 Estação+β3 Renda+β4 Qualidade+β5 Propaganda+ ϵ

Referências bibliográficas
CRESPO, Antônio A. Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva, 2002.

IGNÁCIO, Sérgio Aparecido. Importância da Estatística para o Processo de Conhecimento e


Tomada de Decisão. Nota Técnica Ipardes, Curitiba, n. 6, out. 2010. 15 p.

TAVARES, Marcelo. Estatística aplicada à administração. Florianópolis: Departamento de Ciências da


Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2011. 222 p.

WALTER, Maria Inez Machado Telles. Estatística Básica. Brasília: MSD, 2000. v. 1. 72 p.

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