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Adaptadores úteis

ano 1 – Nº 4 – Abril de 2007


Desktop
Publishing ESPECIAL
e Linux

MEMÓRIA RAM

Filtros de linha,
estabilizadores e nobreaks

Entendendo a
Internet
sob rede elétrica
Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007
Editorial
Junto com a páscoa e o feriado prolongado, o mês de abril trás também o
Colaboradores: quarto número da revista Guiadohardware.NET, que, como de praxe, vem
Carlos E. Morimoto. recheado de artigos e tutoriais aprofundados.
É editor do site http://www.guiadohardware.net, autor de
mais de 12 livros sobre Linux, Hardware e Redes, entre O destaque desta edição é o especial sobre memórias, que ocupou nada me-
eles os títulos: "Redes e Servidores Linux", "Linux Enten-
dendo o Sistema", "Linux Ferramentas Técnicas", "Enten-
nos do que 27 páginas da revista, abordando em detalhes não apenas os dife-
dendo e Dominando o Linux", "Kurumin, desvendando rentes tipos de memória RAM, incluindo desde as antigas memórias FPM e
seus segredos", "Hardware, Manual Completo" e "Dicioná- EDO, até as novas DDR2, mas também memórias Flash e outras tecnologias,
rio de termos técnicos de informática". Desde 2003 de-
senvolve o Kurumin Linux, uma das distribuições Linux como também explicações aprofundadas sobre os diferentes formatos de car-
mais usadas no país. tões de memória e tecnologias como o ECC e memórias buffered.
Pedro Axelrud
É blogueiro e trabalha para o site guiadohardware.net. Se você tem um palmtop ou celular com suporte a bluetooth, com certeza
Atualmente com 16 anos, já foi editor de uma revista digi- vai querer usar as opções de sincronização e transferências de arquivos
tal especializada em casemod. Entusiasta de hardware,
usuário de Linux / MacOS e fã da Apple, Pedro atualmente
oferecias por ele. Pensando nisso, incluímos um guia de configuração do
cursa o terceiro ano do Ensino Médio e pretende cursar a Bluetooth no Linux. Você vai se surpreender com a variedade de recursos
faculdade de Engenharia da Computação. suportados :). Ainda na área de software, temos também o tutorial de
Júlio César Bessa Monqueiro Desktop Publishing no Linux, do Celso Júnior.
É especialista em Linux, participante de vários fóruns virtu-
ais, atual responsável pelos scripts dos ícones mágicos do Outros destaques são o tutorial sobre filtros de linha, estabilizadores e no-
Kurumin, editor de notícias e autor de diversos artigos e tu-
toriais publicados no Guia do Hardware. breaks, o tutorial sobre adaptadores e o artigo sobre acesso à internet
Luciano Lourenço
através da rede elétrica.
Designer do Kurumin linux, trabalha com a equipe do Guia
do Hardware.net executando a parte gráfica e de No início deste mês, os downloads das primeiras três edições da revista
webdesing, editor da Oka do Kurumin onde desenvolve superaram a marca dos 140.000 downloads, o que já nos coloca entre as
dicas para aplicações gáficas em SL, participa de projetos
voltado a softwares livres como o “O Gimp”, Inkscape
revistas mais lidas do país. Os amigos da Hardstore, Smartdata e da Livra-
Brasil e Mozilla Brasil. ria Vitória, que investiram junto conosco nas primeiras edições, devem es-
tar rindo à toa com o resultado :-D.

Contato Comercial: Ainda falando em anunciantes, não deixe de responder à nossa pesquisa
anônima, disponível no http://www.guiadohardware.net/revista/pesquisa.php.
Para anunciar no Guia do Hardware em revista A pesquisa permitirá traçar um perfil estatístico do público da revista, uma infor-
escreva para: mação essencial para muitos anunciantes, que precisam direcionar suas campa-
revista@guiadohardware.net nhas publicitárias. Nenhuma informação é coletada além das respostas fornecidas,
nem mesmo seu nome ou endereço IP. Obrigado pela compreensão :).
Participe do Fórum:
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www.guiadohardware.net :: Revista Revista GDH Edição de Abril


-Especial Memórias .05

-Bluetooth no Linux .33


Leia nesta Edição

-Filtros de linha, estabilizadores e nobreaks .49

-Desktop Publishing e Linux .58

-Entendendo a internet sob a rede elétrica .67

-Adaptadores úteis .73

-Opções de armazenamento externo .81

-HDs: entendendo a placa controladora .87

-Treo 600 "Um pouco de história" .91

-Tiras do Mangabeira .97

-Resumo GDH Notícias .99


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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
A memória RAM é bastante rápida ativo durante o estado de hiber-
e oferece tempos de acesso bru- nação são os pentes de memória;
talmente mais baixos que o HD, graças a isso o PC acaba consu-

Memória RAM por Carlos E. Morimoto


mas possui a desvantagem de
perder os dados armazenados
quando o micro é desligado, daí a
mindo menos de 20 watts de
energia e pode voltar ao estágio
original muito rapidamente.
necessidade de salvar os arquivos
periódicamente. Ao hibernar, o conteúdo da memó-
ria RAM é copiado para uma área
É também por causa disso que o reservada do HD e o micro é real-
processo de boot é refeito cada mente desligado. Ao ligar nova-
vez que você liga o micro. Duran- mente, o conteúdo da memória é
te o boot, o sistema operacional, restaurado e novamente temos o
drivers, bibliotecas e aplicativos sistema de volta sem precisar pas-
são novamente copiados para a sar pelo processo normal de boot.
memória, junto com suas configu- O problema da hibernação é que a
rações e preferências. restauração demora muito mais
tempo, já que é necessário ler 512
A única forma de evitar repetir o MB, 1 GB ou mesmo 4 GB de da-
demorado processo de boot é man- dos (equivalentes à quantidade de
ter a memória RAM ativa, ou salvar memória RAM instalada) a partir
seu conteúdo no HD, recuperando- do HD, o que muitas vezes demora
o no próximo boot. Estas são as es- mais do que um boot completo :).
tratégias usadas pelas opções de
suspender e hibernar, disponíveis Além dos diferentes tipos de me-
tanto no Windows, quanto em vári- mória RAM, existem também ou-
as distribuições Linux. tras tecnologias de memórias de
acesso aleatório, como as SRAM e
Ao suspender, a maioria dos mais recentemente as MRAM.
componentes do sistema são Temos ainda as onipresentes
A memória RAM é um componente essencial não apenas nos PCs, desligados, incluindo o HD, placa memórias flash, que concorrem
mas em qualquer tipo de computador. É necessária sempre uma cer- de vídeo e a maior parte dos com os HDs como mídia de arma-
ta quantidade de memória, usada para armazenar programas e da- componentes da placa mãe. zenamento, como veremos em
dos que estão sendo processados. Mesmo o processador fica num detalhes mais adiante.
estado latente, onde opera numa
O mais comum é que o processador carregue o programa a partir do freqüência muito baixa e man- O tipo mais comum de memória
HD ou outra unidade de armazenamento (um CD-ROM ou um pendri- tém apenas os caches e alguns RAM, aquela que compramos no
ve, por exemplo), copie-o para a memória RAM, juntamente com ou- componentes essenciais ativos. forma de pentes e instalamos na
tros dados necessários, e depois vá salvando os arquivos de volta no Praticamente, os únicos compo- placa mãe, é chamada de DRAM,
HD, conforme eles forem sendo modificados. nente que continuam realmente ou "dynamic RAM".

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
A memória DRAM passou a ser Para evitar a perda dos dados, a Seria perfeitamente possível cons- O problema é que os requisitos dos
usada apenas a partir do final placa mãe inclui um circuito de re- truir um PC que usasse memória sistemas operacionais e aplicativos
da década de 70, substituindo fresh, que é responsável por re- SRAM como memória principal, também aumentaram, quase que
os chips de memória SRAM, que gravar o conteúdo da memória vá- mas o custo seria proibitivo. Foi por na mesma proporção. Enquanto o
eram muito mais caros. Com o rias vezes por segundo (a cada 64 causa do custo que as memórias MS-DOS rodava bem com 2 ou 4
passar o tempo, as memória milessegundos ou menos), algo DRAM passaram a ser utilizadas em MB de memória, o Windows 95 já
DRAM viraram o padrão, de similar ao que temos num monitor primeiro lugar. precisava de pelo menos 16 MB. O
forma que geralmente dizemos CRT, onde o canhão de elétrons do Windows XP (assim como a maio-
apenas "memória RAM" e não monitor precisa atualizar a ima- Mesmo utilizando um único transis- ria das distribuições Linux atuais)
"memória DRAM" ;). gem várias vezes por segundo tor por bit, os pentes de memória não roda bem com menos de 256
para evitar que as células de fósfo- RAM são formados por um número MB, enquanto no Vista o ideal é
ro percam seu brilho. assustador deles, muito mais que usar 1 GB ou mais.
Num chip de memória os processadores e outros compo-
O processo de refresh atrapalha nentes. Um pente de memória de 1 Na maioria das situações, ter uma
DRAM, cada bit é for- duplamente, pois consome energia GB, por exemplo, é formado geral- quantidade suficiente de memória
mado pelo conjunto de (que acaba sendo transformada mente por 8 chips de 1 gigabit cada RAM instalada é mais importante
um transistor e um em calor, contribuindo para o um (8 gigabits = 1 gigabyte). Cada que o desempenho do processa-
aquecimento do micro) e torna o chip possui nada menos do que 1 dor, pois sem memória RAM sufici-
capacitor. acesso à memória mais lento. Pe- bilhão de transístores e capacitores ente o sistema passa a utilizar
sar disso, não existe muito o que e o módulo inteiro acumula um to- memória swap, que é absurda-
O transistor controla a passagem fazer, pois a única solução seria tal de 8 bilhões de conjuntos. mente mais lenta.
da corrente elétrica, enquanto o passar a usar memória SRAM, que
é absurdamente mais cara :). Apesar dessa brutal quantidade de Enquanto uma seqüência de 4 lei-
capacitor a armazena por um
transistores, os chips de memória turas num módulo de memória
curto período. Quando o capaci-
A principal diferença é que na me- são relativamente simples de se DDR2-800 demora cerca de 35 bi-
tor contém um impulso elétrico,
mória SRAM cada célula é formada produzir, já que basta repetir a lionésimos de segundo, enquanto
temos um bit 1 e quando ele está
por 4 ou 6 transístores, ao invés de mesma estrutura indefinidamente. que um acesso a um setor qual-
descarregado, temos um bit 0.
apenas um. Dois deles controlam a É muito diferente de um processa- quer do HD demora pelo menos 10
Quando falo em "capacitor", te- leitura e gravação de dados, en- dor, que além de ser muito mais milésimos. A taxa de transferência
nha em mente que não estamos quanto os demais formam a célula complexo, precisa ser capaz de ope- nominal do mesmo módulo de
falando em nada similar aos ca- que armazena o impulso elétrico (a rar a freqüências muito mais altas. memória é de 6.4 GB/s, enquanto
pacitores eletrolíticos da placa célula continua armazenando um mesmo um HD rápido, de 7200
único bit). As memórias SRAM são Com a evolução nas técnicas de fa- RPM tem dificuldades para superar
mãe. Os "capacitores" usados
muito mais rápidas e não precisam bricação, os pentes de memória fo- a marca de 60 MB/s, mesmo lendo
nos chips de memória são ex-
de refresh, o que faz com que tam- ram ficando cada vez mais baratos setores seqüenciais. Ou seja, a
tremamente pequenos e simples,
bém consumam pouca energia. com o passar das décadas. Na épo- memória RAM neste caso possui
basicamente dois pequenos blo-
Além de ser usada como memória ca dos micros 486, chegava-se a um tempo de acesso quase
cos de metal ligados ao transís-
cache, a memória SRAM é muito pagar 40 dólares por megabyte de 300.000 vezes menor e uma taxa
tor, que conservam o impulso
usada em palmtops e celulares, memória, valor que hoje em dia de transferência contínua mais de
elétrico por apenas uma fração
onde o consumo elétrico é uma compra um pente de 512 MB (ou 100 vezes maior que o HD.
de segundo.
questão crítica. até mais).

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
Se lembrarmos que a memória Como disse a pouco, embora Os Formatos Não é só você que não achou mui-
RAM já é muito mais lenta que o seja brutalmente mais rápida to atraente a idéia de ficar catando
processador (justamente por isso que o HD e outros periféricos, Nos micros XT, 286 e nos pri- chips de memória um a um. Foi
temos os caches L1 e L2), fica fá- a memória RAM continua sen- meiros 386, ainda não eram questão de tempo até que alguém
cil perceber o quanto o uso de do muito mais lenta que o pro- utilizados chips de memória. aparecesse com uma alternativa
memória swap por falta de me- cessador. O uso de caches di- Ao invés disso, os chips de mais prática, capaz de tornar a ins-
mória RAM física pode prejudicar o minui a perda de desempenho, memória eram instalados dire- talação fácil até mesmo para usuá-
desempenho do sistema. reduzindo o número de aces- tamente na placa mãe, encai- rios inexperientes.
sos à memória; mas, quando o xados individualmente em co-
É fácil monitorar o uso de swap. processador não encontra a in- lunas de soquetes (ou solda- Os módulos de memória são pe-
No Windows XP ou Vista basta formação de que precisa nos dos), onde cada coluna forma- quenas placas de circuito onde os
pressionar Ctrl+Alt+Del e aces- caches, precisa recorrer a um va um banco de memória. chips DIP são soldados, facilitando
sar o gerenciador de tarefas, doloroso acesso à memória o manuseio e instalação.
enquanto no Linux você pode principal, que pode demorar o Este era um sistema antiquado,
usar o comando "free" ou um equivalente a mais de 100 ci- que trazia várias desvantagens, Os primeiros módulos de memória
aplicativo de gerenciamento, como clos do processador. por dificultar upgrades de memó- criados são chamados de módulos
o ksysguard. ria ou a substituição de módulos SIMM, sigla que significa “Single In
Para reduzir a diferença (ou com defeito. Imagine você, fazen- Line Memory Module”, justamente
No caso do Windows Vista é pos- pelo menos tentar impedir que do um upgrade de memória numa por que existe uma única via de
sível usar um pendrive como ela aumente ainda mais), os placa como esta: contatos, com 30 vias.
memória adicional, através do fabricantes de memória passa-
Formato de memória usada em micros mais antigos
ReadyBoost. Este recurso pode ram a desenvolver um conjun-
ajudar em micros com pouca to de novas tecnologias a fim
memória RAM, pois o pendrive de otimizar o acesso aos da-
oferece tempos de acesso mais dos. Acompanhando estas mu-
baixos que o HD (embora a taxa danças, tivemos mudanças fí-
de transferência continue baixa) sicas no formato dos módulos,
e também reduzir o tempo de de forma que podemos classi-
carregamento dos programas. É ficar os módulos de memória
uma opção para casos em que de duas formas:
você já tem o pendrive e procu-
ra um uso para ele, mas não
espere milagres. Em se tratando
de memória, não existe o que Quanto ao formato usado (SIMM,

inventar: ou você procura um DIMM, etc.)


sistema operacional e progra-
mas mais leves, ou compra
●Quanto à tecnologia usada (EDO,
mais memória. Não dá para fi- SDRAM, DDR, DDR2, etc.)
car em cima do muro ;).

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
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Apesar de existirem contatos tam- Os módulos de 30 vias foram utili-
bém na parte de trás do módulo, zados em micros 386 e 486 e foram
eles servem apenas como uma ex- fabricados em varias capacidades.
tensão dos contatos frontais, de Os mais comuns foram os módulos
forma a aumentar a área de contato de 1 MB, mas era possível encontrar
com o soquete. Examinando o mó- também módulos de 512 KB, 2 MB
dulo, você verá um pequeno orifício e 4 MB. Existiram também módulos
em cada contato, que serve justa- de 8 e 16 MB, mas eles eram muito
mente para unificar os dois lados. raros devido ao custo.

Apesar de serem muito mais práti- Para solucionar o problema, os fa-


cos do que os chips DIP, os módu- bricantes criaram um novo tipo de
los SIMM de 30 vias ainda eram módulo de memória SIMM, de 32
bastante inconvenientes, já que bits, que possui 72 vias. Os módu-
era preciso usar 4 módulos idênti- los de 72 vias substituíram rapi-
cos para formar cada banco de damente os antigos nas placas
memória. Eles foram desenvolvi- para 486 e se tornaram o padrão
dos pensando mais na questão da nos micros Pentium, sendo em se-
Simm de 30 vias
simplicidade e economia de custos guida substituídos pelos módulos
do que na praticidade. de 168 vias.
Estes módulos de 30 vias pos- Os processadores 386 e 486
suíam sempre 8 ou 9 chips de utilizavam um barramento de
memória. Cada chip fornecia um 32 bits para o acesso à memó-
único bit de dados em cada ria, era necessário combinar 4
transferência, de forma que 8 pentes de 30 vias para formar
deles formavam um módulo ca- um banco de memória.
paz de transferir 8 bits por ciclo.
No caso dos módulos com 9 Os 4 pentes eram então acessa-
chips, o último era destinado a dos pelo processador como se
Simm de 72 vias
armazenar os bits de paridade, fossem um só. Era preciso usar os
que melhoravam a confiabilida- módulos em quartetos: 4 módulos Ao invés de quatro módulos, é preciso apenas um módulo SIMM de 72 vias
de, permitindo identificar erros. ou 8 módulos, mas nunca um para formar cada banco de memória nos micros 486. Como o Pentium
número quebrado. acessa a memória usando palavras de 64 bits, são necessários 2 módulos
Hoje em dia os módulos de me- em cada banco. É por isso que nos micros Pentium precisamos sempre usar
mória são mais confiáveis, de A exceção ficava por conta dos os pentes de memória em pares:
forma que a paridade não é mais micros equipados com processa-
usada. No lugar dela, temos o dores 386SX, onde são necessári-
ECC, um sistema mais avançado, os apenas 2 módulos, já que o
usado em pentes de memória 386SX acessa a memória usando
destinados a servidores. palavras de 16 bits.

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O acesso de 64 bits à memória foi Finalmente, temos os módulos Apesar do maior número de contatos, os módulos DDR e DDR2 são
introduzido para permitir que o DIMM, usados atualmente. Ao con- exatamente do mesmo tamanho que os módulos SDR de 168 vias,
processador conseguisse acessar trario dos módulos SIMM de 30 e por isso foram introduzidas mudanças na posição dos chanfros de
grandes quantidades de dados 72 vias, os módulos DIMM possu- encaixe, de forma que você não consiga encaixar os módulos em
mais rapidamente. O processador em contatos em ambos os lados placas incompatíveis.
é tão mais rápido que a memória do módulo, o que justifica seu
RAM, que depois de esperar vári- nome, “Double In Line Memory Os módulos SDR possuem dois chanfros, enquanto os DDR (abaixo)
os ciclos para poder acessá-la, o Module” ou “módulo de memória possuem apenas um chanfro, que ainda por cima é colocado numa
melhor a fazer é pegar a maior com duas linhas de contato”. posição diferente:
quantidade de dados possível e
guardar tudo no cache. Natural- Todos os módulos DIMM são
mente os dados serão processa- módulos de 64 bits, o que elimi-
dos em blocos de 32 bits, mas a nou a necessidade de usar 2 ou
poupança ajuda bastante. 4 módulos para formar um ban-
co de memória. Muitas placas
Dentro de um banco, todos os mó- mãe oferecem a opção de usar
dulos são acessados ao mesmo dois módulos (acessados simul-
tempo, como se fossem um só, por taneamente) para melhorar a
isso era sempre recomendável usar velocidade de acesso. Este re-
dois pentes iguais. Ao usar quatro curso é chamado de dual-chan- Direfença no chanfro da mamoria SDR e DDR
pentes, o importante era que cada nel e melhora consideravelmen- Os módulos DDR 2 também utilizam um único chanfro, mas ele
par fosse composto por dois pentes te o desempenho, sobretudo está posicionado mais à esquerda que o usado nos módulos DDR,
iguais. Não existia problema em nas placas mãe com vídeo on- de forma que é novamente impossível encaixar um módulo DDR2
usar dois pares de pentes diferen- board, onde a placa de vídeo numa placa antiga:
tes, como ao usar dois pentes de disputa o acesso à memória
16 MB e mais dois de 8 MB para to- RAM com o processador princi-
talizar 48 MB, por exemplo. pal. De qualquer forma, mesmo
nas placas dual-channel, usar os
Uma curiosidade é que algumas módulos em pares é opcional;
placas mãe para Pentium, podem você pode perfeitamente usar
trabalhar com apenas um módulo um ou três módulos se preferir.
de 72 vias. Neste caso, a placa
engana o processador, fazendo Existem três formatos de memó-
dois acessos de 32 bits consecuti- ria DIMM. Os mais antigos são os
vos, e entregando os dados de módulos de memória SDR, com
uma só vez para o processador. de 168 vias, que eram utilizados Memória DDR2
Apesar de funcionar, este esque- a até poucos anos atrás. Em se-
ma reduz bastante a velocidade do guida, temos os pentes de me- Isto é necessário, pois além das mudanças na forma de acesso, os
micro, pois a velocidade de acesso mória DDR, que possuem 184 pentes DDR 2 utilizam tensão de 1.8V, enquanto os módulos DDR
à memória fica reduzida à metade. contatos e os módulos DDR2, que usam 2.5. Se fosse possível instalar um módulo DDR2 numa placa
possuem 240. antiga, a maior tensão queimaria o módulo rapidamente.

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Outra diferença é que os chips DDR2 utilizam o encapsulamento BGA Outra característica que torna os módulos DDR2 diferentes é a presença
(Ball Grid Array), ao invés do encapsulamento TSOP (Thin Small-Outline de um terminador resistivo dentro de cada chip de memória. O termina-
Package), usado nos chips SDR e DDR. A grande diferença é que no BGA dor é necessário para "fechar o circuito", evitando que os sinais elétricos
os pontos de solda são posicionados diretamente na parte inferior dos retornem na forma de interferência ao chegarem ao final do barramento.
chips, ao invés de serem usadas as "perninhas" laterais. Isso reduz a dis- Nos módulos DDR os terminadores ao instalados na placa mãe, o que tor-
tância que o sinal elétrico precisa percorrer, além de reduzir o nível de na a terminação menos eficiente. Como os módulos DDR2 operam a
interferências, permitindo que os módulos sejam capazes de operar a freqüências muito mais altas, a presença do terminador dentro dos pró-
freqüências mais altas. Esta imagem ilustrativa da Micron mostra bem prios chips se tornou uma necessidade, já que torna o sinal mais estável e
como os chips se parecem: livre de ruídos.

Existem também os módulos SODIMM (Small Outline DIMM), destinados a


notebooks. Eles são basicamente versões miniaturizadas dos pentes des-
tinados a desktops, que utilizam os mesmos tipos de chips de memória.

Os módulos SODIMM SDR possuem 144 pinos, enquanto os módulos DDR


e DDR2 possuem 200 pinos. Nos pentes SDR o chanfro fica próximo ao
centro do módulo, enquanto nos DDR e DDR2 ele fica à esquerda. Assim
como nos pentes para desktops, existe uma pequena diferença no posici-
onamento do chanfro entre os pentes DDR e DDR2, que impede o encai-
xe incorreto, já que ambos são incompatíveis. Abaixo temos um pente
SODIMM DDR2:

Mais recentemente estão surgiram no mercado alguns pentes de memória


DDR que também utilizam chips BGA, mas eles são menos comuns.

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As Tecnologias Para acessar um determinado Não existe um caminho de volta, Imagine que o controlador de
endereço de memória, o con- ligando cada endereço de volta memória envia seqüências com 4,
Um chip de memória é um exérci- trolador primeiro gera o valor ao controlador de memória. Ao 8 ou 16 pares de endereços RAS e
to de clones, formado por um bru- RAS (Row Address Strobe), ou invés disso, é usado um barra- CAS e recebe de volta o mesmo
tal número de células idênticas, o número da linha da qual o mento comum, compartilhado número de pacotes de 64 bits.
organizadas na forma de linhas e endereço faz parte, gerando por todos os endereços do módu- Mesmo em casos onde o proces-
colunas, de uma forma similar a em seguida o valor CAS (Co- lo. O controlador de memória sador precisa de apenas alguns
uma planilha eletrônica. lumn Address Strobe), que cor- sabe que os dados que está re- poucos bytes, contendo uma ins-
responde à coluna. cebendo são os armazenados no trução ou bloco de dados, ele pre-
O chip de memória em si serve endereço X, pois ele se "lembra" cisa ler todo o bloco de 64 bits ad-
apenas para armazenar dados, Quando o RAS é enviado, toda que acabou de acessá-lo. jacente, mesmo que seja para
não realiza nenhum tipo de pro- a linha é ativada simultanea- descartar os demais.
cessamento. Por isso, é utilizado mente; depois de um pequeno Antigamente (na época dos módu-
um componente adicional, o con- tempo de espera, o CAS é en- los de 30 vias), cada chip de me- No caso das placas dual-channel,
trolador de memória, que pode viado, fechando o circuito e mória se comportava exatamente continuamos tendo acessos de 64
ser incluído tanto no chipset da fazendo com que os dados do desta forma, lendo um bit de cada bits, a única diferença é que agora
placa mãe, quanto dentro do pró- endereço selecionado sejam li- vez. Apesar disso, o processador a placa mãe é capaz de acessar
prio processador, como no caso dos ou gravados: lia 32 bits de dados a cada ciclo, dois endereços diferentes (cada
do Athlon 64. de forma que eram usados 4 pen- um em um pente de memória) a
tes, com 8 chips cada um. cada ciclo de clock, ao invés de
apenas um. Isso permite transferir
Do ponto de vista do processador, o dobro de dados por ciclo, fazen-
não existia divisão, os chips eram do com que o processador precise
acessados como se fossem um só. esperar menos tempo ao transferir
O processador não via 32 endere- grandes quantidades de dados.
ços separados, em 32 chips dife-
rentes, mas sim um único endere- Na verdade, nos PCs atuais, prati-
ço, contendo 32 bits. camente qualquer dispositivo pode
acessar a memória diretamente,
Nos módulos DIMM atuais são ge- através dos canais de DMA (Direct
ralmente usados 8 chips de 8 bits Memory Access) disponíveis atra-
cada um, formando os 64 bits for- vés do barramento PCI, AGP, PCI
necidos ao processador. Existem Express e até mesmo a partir das
ainda módulos com 16 chips de 4 portas SATA, IDE e USB. Natural-
bits cada, ou ainda, módulos com mente, todos os acessos são coor-
4 chips de 16 bits (comuns em no- denados pelo processador, mas
tebooks). Do ponto de vista do como a memória é uma só, temos
processador, não faz diferença, situações onde o processador pre-
desde que somados os chips tota- cisa esperar para acessar a memó-
lizem 64 bits. ria, por que ela está sendo aces-
sada por outro dispositivo.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
Existem várias formas de me- É aqui que entram as diferen- fazer com que a memória traba- O burst de 4 leituras pode ser pro-
lhorar o desempenho da me- tes tecnologias de memórias lhasse de forma assíncrona, longado para 8, ou até mesmo 16
mória RAM: que foram introduzidas ao lon- onde o processador trabalha a leituras consecutivas, desde que
go das últimas décadas, come- uma freqüência mais alta que a lendo dados gravados em endere-
O primeiro é aumentar o nú- çando pelas memórias regula- memória RAM. ços adjacentes, da mesma linha.
mero de bits lidos por ciclo, res, usadas nos XTs e 286, que
tornando o barramento mais evoluíram para as memórias A partir do 386, a diferença passou As memórias FPM foram utilizadas
largo, como o aumento de 32 FPM, usadas em PCs 386 e a ser muito grande, de forma que em micros 386, 486 e nos primei-
para 64 bits introduzida pelo 486, em seguida para as me- as placas mãe passaram a trazer ros micros Pentium, na forma de
Pentium 1, que continua até os mórias EDO, usadas nos últi- chips de memória cache, dando módulos SIMM de 30 ou 72 vias,
dias de hoje. O problema em mos micros 486s e nos Pen- início à corrida que conhecemos. com tempos de acesso de 80, 70
usar um barramento mais largo tium. Estas três primeiras tec- ou 60 ns, sendo as de 70 ns as
é que o maior número de tri- nologias foram então substituí- Memórias FPM mais comuns.
lhas necessárias, tanto na pla- das pelas memórias SDRAM, A primeira melhora significativa na
ca mãe, quanto nos próprios seguidas pelas memórias DDR arquitetura das memórias veio Instaladas em uma placa mãe so-
pentes de memória, aumentam e DDR2 usadas atualmente. com o FPM (Fast-Page Mode, ou quete 7, que trabalhe com bus de
o custo de produção. "modo de paginação rápida"). 66 MHz, os intervalos de espera de

A segunda é acessar dois ou


Memórias Regulares memórias FPM podem ser de até 6-
3-3-3, o que significa que o proces-
A idéia é que, ao ler um bloco de
mais módulos de memória si- As memórias regulares são o instruções ou arquivo gravado na sador terá de esperar cinco ciclos
multaneamente, como nas pla- tipo mais primitivo de memória memória, os dados estão quase da placa mãe para a memória efe-
cas dual-channel. O problema é RAM. Nelas, o acesso é feito da sempre gravados seqüencialmen- tuar a primeira leitura de dados e
que neste caso precisamos de forma tradicional, enviando o te. Não seria preciso então enviar somente mais 3 ciclos para cada
dois pentes, além de circuitos e endereço RAS, depois o CAS e o endereço RAS e CAS para cada leitura subseqüente. Os tempos de
trilhas adicionais na placa mãe. aguardando a leitura dos dados bit a ser lido, mas simplesmente espera das memórias podiam ser
para cada ciclo de leitura. enviar o endereço RAS (linha) uma configurados no setup, através da
A terceira é criar pentes de vez e em seguida enviar uma opção "Memory Timing" ou similar,
memória mais rápidos, como no Isto funcionava bem nos micros seqüência de até 4 endereços CAS onde ficavam disponíveis opções
caso das memórias DDR e XT e 286, onde o clock do proces- (coluna), realizando uma série rá- como “slow”,“normal” e “fast”, que
DDR2. Esta questão da veloci- sador era muito baixo, de forma pida de 4 leituras. substituem os valores numéricos.
dade pode ser dividida em dois que a memória RAM era capaz de
quesitos complementares: o funcionar de forma sincronizada O primeiro ciclo de leitura conti- No caso das placas para 486, que
número de ciclos por segundo e com ele. Em um 286 de 8 MHz, nua tomando o mesmo tempo, operavam a clocks mais baixos (30,
a latência, que é o tempo que a eram,usados chips com tempo de mas as 3 leituras seguintes pas- 33 ou 40 MHz), os tempos de espe-
primeira operação numa série acesso de 125 ns (nanossegun- sam a ser bem mais rápidas. Gra- ra podiam ser configurados com va-
de operações de leitura ou es- dos) e em um de 12 MHz eram ças a esta pequena otimização, as lores mais baixos, como 4-3-3-3 ou
crita demora para ser concluída. usados chips de 83 ns. memórias FPM conseguem ser até 3-2-2-2, já que com menos ciclos
O tempo de latência poderia ser 30% mais rápidas que as memóri- por segundo, é natural que os tem-
comparado ao tempo de acesso O problema era que a partir daí as as regulares, sem que fosse ne- pos de resposta dos módulos cor-
de um HD. memórias da época atingiram seu cessário fazer grandes alterações respondam a um número menor de
limite e passou a ser necessário nos chips de memória. ciclos da placa mãe.

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Memórias EDO Nos bursts de 8 ou mais leituras, o tirar proveito do modo de acesso mais rápido, e finalmente, as placas
ganho acaba sendo ainda maior, incompatíveis, que nem chegam a inicializar caso sejam instaladas
As memórias EDO (Extended com o módulo FPM realizando a memórias EDO.
Data Output) foram introduzidas leitura dos 8 endereços em 27 ci-
a partir de 1994 e trouxeram clos (6-3-3-3-3-3-3-3) e o EDO em Todos os módulos de 30 vias são de memórias FPM, enquanto (com
mais uma melhoria significativa 20 (6-2-2-2-2-2-2-2). Veja que o exceção de alguns módulos antigos) todos os de 168 vias são de
no modo de acesso a dados. ganho é maior em leituras de vá- memórias SDRAM. A confusão existe apenas nos módulos de 72
Nas memórias FPM, uma leitura rios endereços consecutivos, por vias, que podem ser tanto de memórias EDO quanto de memórias
não pode ser iniciada antes que isso alguns aplicativos se benefi- FPM. Para saber quem é quem, basta verificar o tempo de acesso.
a anterior termine, mesmo den- ciam mais do que outros. Todo módulo de memória traz seus dados estampados nos chips, na
tro do burst de 4 leituras dentro forma de alguns códigos; o tempo de acesso é indicado no final da
da mesma linha. O controlador Os chips de memória EDO foram primeira linha. Se ela terminar com -7, -70, ou apenas 7, ou 70, o
precisa esperar que os dados produzidas em versões com tem- módulo possui tempo de acesso de 70 ns. Se por outro lado a pri-
referentes à leitura anterior pos de acesso 70, 60 e 50 ns, com meira linha terminar com -6, -60, 6 ou 60 o módulo é de 60 ns.
cheguem, antes de poder ativar predominância dos módulos de 60
endereço CAS seguinte. ns. Elas foram usadas predomi- Como quase todos os módulos de 70 ns são de memórias FPM, e
nantemente na forma de módulos quase todos os módulos de memórias EDO são de 60 ns, você pode
Nas memórias EDO, o controla- de 72 vias, usados nos micros 486 usar este método para determinar com 95% de certeza o tipo de
dor faz a leitura enviando o en- e Pentium fabricados a partir do memória usada.
dereço RAS, como de costume, ano de 1995.
e depois enviando os 4 endere-
ços CAS numa freqüência pré- Existiram ainda alguns módulos
definida, sem precisar esperar DIMM de 168 com memória EDO.
que o acesso anterior termine. Eles foram bastante raros, pois fo-
Os sinais chegam às células de ram logo substituídos pelos pen-
memória na seqüência em que tes de memória SDRAM.
foram enviados e, depois de
um pequeno espaço de tempo, As melhorias na arquitetura das
o controlador recebe de volta memórias EDO tornaram-nas in-
as 4 leituras. compatíveis com placas mãe Memórias SDRAM funcionam sem problemas em
equipadas com chipsets mais an- placas soquete 7, que traba-
O resultado acaba sendo exa- tigos. Basicamente, apenas as Tanto as memórias FPM quanto lham a 66 MHz. Na verdade, a
tamente o mesmo, mas passa a placas para processadores Pen- as memórias EDO são assíncro- memória continua trabalhando
ser feito de forma mais rápida. tium e algumas placas mãe para nas, isto significa que elas traba- na mesma velocidade, o que
Usadas em uma placa soquete 486 com slots PCI (as mais recen- lham em seu próprio ritmo, in- muda são os tempos de espera
7, operando a 66 MHz, as me- tes) aceitam trabalhar com me- dependentemente dos ciclos da que passam a ser mais altos.
mórias EDO são capazes de tra- mórias EDO. Existem também placa mãe. Isso explica por que Assim, ao invés de responder a
balhar com tempos de acesso placas para 486 “tolerantes” que memórias FPM que foram proje- cada 2 ciclos da placa mãe, elas
de apenas 6-2-2-2, ou mesmo 5- funcionam com memórias EDO, tadas para funcionar em placas podem passar a responder a
2-2-2 (nos módulos de 60 ns). apesar de não serem capazes de para processadores 386 ou 486, cada 3 ou 4 ciclos, por exemplo.

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As memórias SDRAM (Synchro- Outra característica que ajuda as No caso das memórias SDRAM te- de latência relacionado ao envio
nous Dynamic RAM) por sua vez, memórias SDRAM a serem mais mos as memórias PC-66, PC-100 e do valor CAS, durante o primeiro
são capazes de trabalhar sincroni- rápidas que as EDO e FPM é a divi- PC-133, no caso das DDR temos as acesso de cada burst.
zadas com os ciclos da placa mãe, são dos módulos de memória em PC-200, PC-266, PC-333, PC-400 (e
sem tempos de espera. Isto signi- vários bancos. Um módulo DIMM assim por diante), enquanto nas Em módulos CL2, o envio do va-
fica, que a temporização das pode ser formado por 2, 4, ou DDR2 temos as PC-533, PC-666, lor CAS toma 2 ciclos, enquanto
memórias SDRAM é sempre de mesmo 8 bancos de memória, PC-800, PC-933, PC-1066 e RC1200. nos CL3 toma 3 ciclos.
uma leitura por ciclo. Independen- cada um englobando parte dos
temente da freqüência de barra- endereços disponíveis. Apenas um Um pente de memória PC-133 A eles, somamos um ciclo ini-
mento utilizada, os tempos de dos bancos pode ser acessado de deve ser capaz de operar a 133 cial e mais dois ciclos relacio-
acesso serão sempre de 6-1-1-1, cada vez, mas o controlador de MHz, fornecendo 133 milhões de nados ao envio do valor RAS,
ou mesmo 5-1-1-1. memória pode aproveitar o tempo leituras por segundo. Entretanto, totalizando 5 (nos módulos
de ociosidade para fazer algumas esta velocidade é atingida apenas CL2) ou 6 (nos CL3) ciclos para
Veja que o primeiro acesso con- operações nos demais, como exe- quando o pente realiza um burst o acesso inicial.
tinua tomando vários ciclos, cutar os ciclos de refresh e tam- de várias leituras. O primeiro aces-
pois nele é necessário realizar o bém a pré-carga dos bancos que so, continua levando 5, 6 ou mes- A diferença acaba sendo pe-
acesso padrão, ativando a linha serão acessados em seguida. Nos mo 7 ciclos da placa mãe, como quena, pois os acessos seguin-
(RAS) e depois a coluna (CAS). módulos EDO e FPM, todas estas nas memórias antigas. tes demoram sempre apenas
Apenas a partir do segundo operações precisam ser feitas en- um ciclo.
acesso é que as otimizações en- tre os ciclos de leitura, o que toma Ou seja, o fato de ser um pente
tram em ação e a memória con- PC-100, não indica que o módulo Um módulo CL2 realizaria um
tempo e reduz a freqüência das
segue realizar uma leitura por possui um tempo de acesso de 10 burst de 8 leituras em 12 ciclos
operações de leitura.
ciclo, até o final da leitura. ns ou menos (nem mesmo os mó- (5-1-1-1-1-1-1-1), enquanto o
dulos DDR2 atuais atingem esta CL3 demoraria 13 ciclos (6-1-1-
O burst de leitura pode ser de 2, 4 A partir da memória marca). Pelo contrário, a maioria 1-1-1-1-1). Ou seja, embora os
ou 8 endereços e existe também dos módulos PC-100 trabalhavam módulos CL2 sejam celebrados
o modo "full page" (disponível
SDRAM, tornou-se com tempos de acesso de 40 ns. e sejam alvo de um grande es-
apenas nos módulos SDRAM), desnecessário falar em Mas, graças a todas as otimizações forço de marketing por parte
onde o controlador pode especifi- tempos de acesso, já que vimos, as leituras podiam ser dos fabricantes, a diferença de
car um número qualquer de ende- paralelizadas, de forma que no fi- performance é realmente muito
reços a serem lidos seqüencial-
que a memória trabalha nal o módulo suporta bursts de lei- pequena para justificar pagar
mente, até um máximo de 512. de forma sincronizada tura onde, depois de um lento ciclo mais caro num módulo CL2.
Ou seja, em situações ideais, em relação aos ciclos da inicial, o módulo consegue real-
Apesar disso, os módulos CL2
pode ser possível realizar a leitura mente entregar 64 bits de dados a
de 256 setores em 260 ciclos! :).
placa mãe. cada 10 ns. trabalham com tempos de aces-
Só para efeito de comparação, se so um pouco mais baixo e por
fossem usadas memórias regula- .As memórias passaram então a Independentemente da freqüência isso suportam melhor o uso de
res, com tempos de acesso simila- ser rotuladas de acordo com a de operação, temos também os freqüências mais altas que o
res, a mesma tarefa tomaria pelo freqüência em que são capazes módulos CL2 e CL3, onde o "CL" é especificado, dando mais mar-
menos 1280 ciclos. de operar. abreviação de "CAS latency", ou gem para overclock.
seja, o tempo

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Veja que das memórias regulares, até as SDRAM, foi possível multiplicar a Os chips de memória DDR incluem circuitos adicionais, que
velocidade das memórias sem fazer alterações fundamentais nas células, que permitem gerar comandos de acesso e receber os dados referentes
continuam seguindo o mesmo projeto básico, com um transístor e um capaci- às leituras duas vezes por ciclo de clock, executando uma operação
tor para cada bit armazenado. Desde a década de 80, as reduções nos tem- no início do ciclo e outra no final. Como são utilizadas as mesmas
pos de acesso foram apenas incrementais, acompanhando as melhorias nas trilhas para realizar ambas as transferências, não foi necessário
técnicas de fabricação. O que realmente evoluiu com o passar do tempo fo- fazer grandes modificações nem nos módulos, nem nas placas mãe.
ram os circuitos em torno dos módulos, que otimizaram o processo de leitu-
ra, extraindo mais e mais performance. Apesar disso, as células de memória propriamente ditas continuam
operando na mesma freqüência. Num módulo DDR-266, por
Chegamos então às memórias DDR e DDR2 usadas atualmente, que exemplo, elas operam a apenas 133 MHz, da mesma forma que num
levam este processo crescente de otimização a um novo nível: pente PC-133. O pulo do gato é fazer com que cada um dos dois
comandos de leitura (ou gravação) sejam enviados para um
Memórias DDR endereço diferente, na mesma linha. Estas duas leituras são
enviadas através do barramento de dados na forma de duas
Apesar das otimizações, os módulos de memória SDRAM continuam
transferências separadas, uma realizada no início e a outra no final
realizando apenas uma transferência por ciclo, da forma mais
do ciclo de clock:
simples possível. Depois de decorrido o longo ciclo inicial, as células
de memória entregam uma leitura de dados por ciclo, que passa
pelos buffers de saída e é despachada através do barramento de
dados. Todos os componentes trabalham na mesma freqüência:

O maior problema é que o ciclo inicial continua demorando o mesmo


tempo que nas memórias SDRAM, de forma que o ganho aparece
apenas em leituras de vários setores consecutivos e a taxa de trans-
As memórias DDR implementam um novo truque, que as torna ca- ferência nunca chega realmente a dobrar, variando bastante de
pazes de realizarem duas transferências por ciclo e serem quase acordo com o tipo de aplicativo usado.
duas vezes mais rápidas que as memórias SDRAM, mesmo manten-
do a mesma freqüência de operação e a mesma tecnologia básica. A temporização para um burst de 8 leituras, usando memórias DDR,
Vem daí o termo "DDR", que significa "Double Data Rate", ou duplo seria 5-½-½-½-½-½-½-½ (8.5 ciclos) ao invés de 5-1-1-1-1-1-1-1 (12
fluxo de dados. Com o lançamento das memórias DDR, as SDRAM ciclos) como num módulo SDR. A diferença é menor em bursts me-
passaram a ser chamadas de "SDR", ou "Single Data Rate". nores, de apenas 2 ou 4 leituras.

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Apesar disso, as memórias DDR usar um módulo DDR-400 numa Em casos onde você tem, por ex- os códigos de identificação do
acabaram sendo um excelente placa mãe configurada para traba- emplo, um módulo de 128 MB de módulo, detalhes sobre a
negócio, pois tornaram possível lhar a 133 MHz, por exemplo, mas memória DDR-266, vale mais a freqüência, tempos de acesso,
obter ganhos perceptíveis de neste caso não existe ganho de pena vender o módulo antigo e CAS latency e outras especifi-
performance sem um aumento desempenho com relação a um comprar um módulo DDR-400 ou cações. Estas informações são
considerável no custo. Justa- módulo DDR-266, com exceção de DDR-466 de 512 MB ou mais, do exibidas por programas de
mente por isso elas se populari- pequenas diferenças relacionadas que usar o antigo em conjunto com identificação, como o CPU-Z e o
zaram rapidamente, substituin- ao valor CAS ou à temporização um módulo novo. Verifique apenas Sandra. No Linux, você pode ler
do as memórias SDRAM num dos dois módulos. se a placa mãe permite ajustar a as informações gravadas no
espaço de menos de um ano. freqüência de forma assíncrona, chip usando o script "decode-
Quase sempre, é possível tam- sem aumentar junto a freqüência dimms.pl" (você pode encontrá-
Os módulos DDR podem ser ven- bém usar o módulo a freqüên- do FSB. lo usando o comando "locate"),
didos tanto segundo sua freqüên- cias um pouco mais altas que o que faz parte do pacote lm-
cia de operação, quanto segundo especificado, fazendo over- Continuando, quase todos os sensors. Ele retorna uma longa
sua taxa de transferência. clock. O módulo DDR-400 po- pentes de memória SDRAM ou lista de informações sobre cada
deria funcionar então a 215 DDR possuem um chip de identi- um dos módulos instalados na
DDR-200 (100 MHz) = PC1600 MHz, por exemplo. Fazer over- ficação chamado de "SPD" (Serial máquina, como neste exemplo:
DDR-266 (133 MHz) = PC2100 clock sem aumentar a tensão Presence Detect), que armazena
DDR-333 (166 MHz) = PC2700 da memória, não traz perigo
DDR-400 (200 MHz) = PC3200 para os módulos (mesmo a
DDR-466 (233 MHz) = PC3700 Memory Serial Presence Detect Decoder
longo prazo), porém você tam-
DDR-500 (250 MHz) = PC4000 By Philip Edelbrock, Christian Zuckschwerdt, Burkart Lingner,
bém não tem garantia de esta-
Jean Delvare and others
bilidade. Normalmente os mó- Version 2.10.1
Assim como no caso dos módulos dulos CL2 ou CL2.5 suportam Decoding EEPROM: /sys/bus/i2c/drivers/eeprom/0-0050
SDRAM, existem módulos de me- melhor os overclocks, já que o Guessing DIMM is in bank 1
mória DDR CL2 e CL3, sendo que controlador tem mais margem ---=== SPD EEPROM Information ===---
nos CL2 o tempo do acesso inicial para aumentar a temporização EEPROM Checksum of bytes 0-62 OK (0x8C)
dos módulos para compensar o # of bytes written to SDRAM EEPROM 128
é reduzido em um ciclo, resultando
Total number of bytes in EEPROM 256
em um pequeno ganho de de- aumento na freqüência. Fundamental Memory type DDR SDRAM
sempenho. Como as DDR realizam SPD Revision 0.0
duas operações por ciclo, surgiram Ao misturar dois módulos de ---=== Memory Characteristics ===---
também os módulos CL2.5, que fi- especificações diferentes, é Maximum module speed 400MHz (PC3200)
cam no meio do caminho. necessário nivelar por baixo, Size 512 MB
usando a freqüência suportada tCL-tRCD-tRP-tRAS 3-3-3-8
As especificações do módulos indi- pelo módulo mais lento. Jus- Supported CAS Latencies 3, 2.5, 2
Supported CS Latencies 0
cam a freqüência máxima para a tamente por isso, nem sempre
Supported WE Latencies 1
qual seu funcionamento foi compro- é conveniente aproveitar os Minimum Cycle Time (CAS 3) 5 ns
vado. Nada impede que você use o módulos antigos ao fazer up-
módulo a uma freqüência mais bai- grade, pois você acaba subuti-
xa que o especificado; você pode lizando o novo módulo.

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Maximum Access Time (CAS 3) 0.65 ns Muitas placas vão além,
Minimum Cycle Time (CAS 2.5) 6 ns permitindo que você
Maximum Access Time (CAS 2.5) 0.7 ns ajuste manualmente o
Minimum Cycle Time (CAS 2) 7.5 ns valor CAS da memória.
Maximum Access Time (CAS 2) 0.75 ns
---=== Manufacturing Information ===---
Isso pode ser útil ao fazer
Manufacturer Kingston overclock, pois um módu-
Manufacturing Location Code 0x04 lo DDR-400, pode não
Part Number K conseguir trabalhar esta-
Manufacturing Date 0x001E velmente a 233 MHz (por
Assembly Serial Number 0x6B376D48 exemplo), mantendo o
CAS em 2 tempos, mas
pode funcionar perfeita-
Pelas informações, podemos ver que se trata de um módulo DDR- mente se o tempo for
400 (PC3200) de 512 MB da Kingston. Veja que o módulo suporta o aumentado para 3 tem-
uso de CAS 3, 2.5 ou 2, mas em seguida é especificado que o tempo pos.
mínimo de acesso usando CAS 3 são 5 ns e usando CAS 2 são 7.5 O inverso também é possível. Um módulo DDR-400 CAS3 poderia vir
ns. Ou seja, o módulo só é capaz de usar CAS 2 em freqüências mais a trabalhar estavelmente com CAS 2 se a freqüência fosse reduzida
baixas. Ao operar a 200 MHz, sua freqüência nominal, ele passa au- para 166 MHz, por exemplo, oferecendo uma boa flexibilidade para
tomaticamente a usar CAS 3. Ou seja, apesar das especificações se- quando você tem tempo disponível e quer chegar ao melhor de-
rem um pouco confusas, elas indicam que na verdade tenho em sempenho possível.
mãos um módulo CL3.
Algumas placas vão ainda mais longe, oferecendo conjuntos comple-
O SPD é um pequeno chip de memória EEPROM, com apenas 128 ou tos de ajustes:
256 bytes, que pode ser localizado facilmente no módulo:
Brincar com a freqüência
Graças a ele, a placa mãe pode utilizar automaticamente as confi- e tempos de acesso da
gurações recomendadas para o módulo, facilitando a configura- memória não oferece ris-
ção. Mas, você pode desativar a configuração au- cos para o equipamento.
tomática (By SPD) e especificar sua No máximo você pode
própria configuração. A maioria precisar limpar o setup,
das placas atuais permitem que a para que o micro volte a
memória operem de forma assín- inicializar depois de ten-
crona com o clock da placa mãe, tar usar uma configura-
permitindo que a placa mãe opere ção não suportada pelos
a 166 MHz, enquanto a memória módulos.
opera a 200 ou 233 MHz, por exem-
plo. Ao usar um módulo antigo, tam- O maior risco está em
bém é possível fazer o contrário, aumentar a tensão usada
mantendo a placa mãe a 200 MHz, pelos módulos (Memory
mas configurando a memória para Voltage). É comprovado
operar a 133 MHz, por exemplo. que pequenos aumentos

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na tensão aumentam a possibilida- Como você pode ver, a dife- acaba não sendo suficiente para Como disse, as células de me-
de dos módulos trabalharem esta- rença é maior em aplicativos compensar a diferença na freqüên- mória continuam trabalhando na
velmente a freqüências mais altas, que precisam manipular gran- cia de operação das células de mesma freqüência das memórias
sobretudo nos módulos DDR2, que des blocos de dados e menor memória. Vale lembrar que um SDR e DDR, mas os buffers de
dissipam mais calor. O problema é em aplicativos que lêem pe- módulo DDR2-533 trabalha com entrada e saída, responsáveis
que isso também pode abreviar a quenos blocos de dados espa- tempos de latência similares a por ler os dados, passaram a
vida útil dos módulos, por isso nem lhados. Em nenhuma situação um módulo DDR-266. operar ao dobro da freqüência. É
sempre é uma boa idéia. prática a transferência chega justamente esta freqüência que
realmente a dobrar. Dizer que Realizar bursts de leituras rápi- é "vista" pelo restante do siste-
Aumentos de até 5 a 6% estão as "DDR2 são duas vezes mais das pode não ser a forma mais ma, de forma que a maioria dos
dentro do limite de tolerância dos rápidas" é apenas uma figura perfeita de criar memórias mais programas de diagnóstico mos-
circuitos e não oferecem grandes de linguagem ;). rápidas (por causa do lento ciclo tra a freqüência dobrada usada
riscos. Você pode usar 2.65v num inicial), mas é sem dúvida a pelos circuitos de entrada e não
módulo DDR ou 1.9v num módulo mais simples e barata. A a freqüência real da memória.
DDR2, mas a partir daí existe pre- Em 2005, quando os freqüência de operação das
juízo para a vida útil. Aumentos a primeiros módulos DDR2- memórias aumenta de forma Devido a esta ambigüidade, não é
partir de 20% podem realmente 533 chegaram ao gradual, conforme são melhora- errado dizer que os módulos DDR2
queimar os módulos em poucas das as técnicas de produção. operam ao dobro da freqüência
horas, por isso as opções normal- mercado, eles dos DDR (os buffers e outros circui-
mente não ficam disponíveis. rapidamente ganharam a Assim como no caso dos pro- tos de apoio realmente operam),
cessadores, não é possível criar nem que são realizadas 4 leituras
fama de "lentos", pois um processador capaz de ope-
Memórias DDR2 eram comparados a rar ao dobro do clock de uma
por ciclo (já que as células de me-
mória continuam operando à
Seguindo a tendência inaugurada módulos DDR-400 ou hora para a outra, mas é possí- mesma freqüência).
pelas memórias DDR, as DDR2 vel criar um processador dual-
novamente duplicam a taxa de
DDR-466, que já estavam core, por exemplo. No caso das Ao realizar uma leitura, o controla-
transferência, realizando agora 4 entrincheirados. memórias é mais simples, pois dor de memória gera quatro sinais
operações por ciclo. Novamente, você pode ler vários endereços distintos, que ativam a leitura de
as células de memória continuam Embora um módulo DDR2 ga- simultaneamente (ou quase), quatro endereços adjacentes (4-bit
trabalhando na mesma freqüência nhe de um DDR da mesma fazendo apenas mudanças nos prefetch). As quatro leituras são fei-
anterior e o acesso inicial continua freqüência em todos os quesitos circuitos controladores. tas simultaneamente e os dados
demorando aproximadamente o (um DDR2-800 contra um DDR- entregues ao buffer, que se encar-
mesmo tempo. Entretanto, as de- 400, por exemplo), o mesmo Dependendo da fonte, você rega de despachá-los através do
mais operações dentro do burst não acontece se comparamos pode ler tanto que as memórias barramento principal.
passam a ser realizada em apenas módulos de freqüências diferen- DDR2 operam ao dobro da
um quarto de ciclo de clock. Usan- tes. Um DDR2-533 opera a ape- freqüência que as DDR, quanto Presumindo que o módulo DDR2
do memórias DDR2, um burst de 8 nas 133 MHz, por isso acaba re- que elas realizam quatro trans- de exemplo operasse a 100 MHz,
leituras demoraria apenas 6.75 ci- almente perdendo para um ferências por ciclo ao invés de teríamos as células de memória ain-
clos de clock (5-¼-¼-¼-¼-¼-¼- DDR-400 (200 MHz) na maioria duas. Nenhuma das duas expli- da operando na mesma freqüência,
¼), contra 8.5 ciclos nas DDR e 12 das aplicações, pois a ganho de cações estão erradas, mas am- mas agora entregando 4 leituras
nas SDR. realizar 4 operações por ciclo bas são incompletas. de setores seqüenciais por ciclo.

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Os buffers e o barramento de dados operam agora a 200 MHz, de forma Normalmente, as especificações acesso, que trabalham ao dobro
que as 4 leituras podem ser enviadas em 2 ciclos, com duas transferências das memórias DDR2 incluem não da freqüência. Os 8 ciclos de um
por ciclo. apenas o CAS latency (tCL), mas módulo DDR2 equivalem ao
também o RAS to CAS delay mesmo espaço de tempo con-
Os dois ciclos do barramento são realizados no mesmo espaço de tempo (tRCD), Row Precharge Time sumido por 4 ciclos de um mó-
que apenas um ciclo das células de memória: (tRP) e RAS Activate to Charge dulo DDR ou SDR.
(tRAS). Estes mesmos valores
podem ser encontrados nas espe- Junto com o ciclo inicial, o con-
cificações de módulos DDR e SDR, trolador pode realizar um burst
mas com as memórias DDR2 os de mais 7 leituras (totalizando
fabricantes passaram a divulgá-los 8). Cada uma destas leituras
de forma mais aberta, usando adicionais consome o equivalen-
qualquer redução nos valores para te a meio ciclo do controlador
diferenciar seus módulos dos con- (ou a um quarto de ciclo das cé-
correntes. Temos então módulos lulas de memória). Caso ele
DDR2-800 "4-4-4-12" ou "5-5-5- precise de mais dados dentro da
15", por exemplo. mesma linha, ele repete o envio
do sinal CAS e realiza um novo
O primeiro número é o CAS la- burst de leituras.
tency, que já conhecemos. O
Como vimos, as células de memó- Atualmente temos chips de memó- seguinte é o RAS to CAS delay, Note que o controlador só pre-
ria podem ser grosseiramente ria de até 300 MHz que, combina- que é o tempo que o controla- cisa enviar o sinal RAS ao mu-
comparadas a uma planilha ele- dos com as 4 leituras por ciclo, re- dor precisa esperar entre o en- dar a linha ativa, de forma que
trônica, com inúmeras linhas e co- sultam em módulos com transfe- vio do endereço RAS e o CAS. o tRCD só entra na conta no
lunas. Não existe uma grande difi- rência teórica de até 9.6 GB/s: Para realizar uma leitura, o con- primeiro acesso. Para os se-
culdade em ler vários endereços DDR2-533 (133 MHz) = PC2-4200 trolador envia o sinal RAS, espe- guintes, temos apenas o tempo
diferentes simultaneamente, des- DDR2-667 (166 MHz) = PC2-5300 ra o tempo referente ao RAS to referente ao tCL. Caso o con-
de que o fabricante consiga de- DDR2-800 (200 MHz) = PC2-6400
CAS delay, envia o sinal CAS, trolador precise realizar 24 lei-
senvolver os circuitos de controle DDR2-933 (233 MHz) = PC2-7500
DDR2-1066 (266 MHz) = PC2-8500 aguarda o número de ciclos refe- turas (dentro da mesma linha),
necessários. Graças a isso, o de- DDR2-1200 (300 MHz) = PC2-9600 rente a ele e então finalmente num módulo DDR2 4-4-4-12,
senvolvimento das memórias tem tem a leitura. Num módulo teríamos 11.5 ciclos (8+3.5)
sendo focado em realizar mais lei- O CAS latency dos módulos DDR é DDR2 4-4-4-12, tanto o tCL para as 8 primeiras leituras e
turas pro ciclo, combinada com medido em termos de ciclos do cir- quanto o tRCD demoram 4 ci- mais 15 ciclos (4+3.5+4+3.5)
aumentos graduais nas freqüênci- cuito controlador, por isso são nor- clos, de forma que o acesso ini- para as 16 leituras subseqüen-
as de operação. malmente o dobro do que nos mó- cial demoraria um total de 8 ci- tes. É por causa desta peculia-
dulos DDR. É como duas "duas uni- clos. Num módulo 5-5-5-15, o ridade que os módulos DDR e
Quando as memórias DIMM sur- dades" ou "quatro metades", no fi- DDR2 não possuem mais o
tempo subiria para 10 ciclos.
giram, ainda na época do Pen- nal dá no mesmo ;). Um módulo "full-page mode" suportado pe-
tium II, os pentes mais rápidos DDR2-800 com CAS latency 4, pos- É importante lembrar (mais las memórias SDRAM; ele dei-
operavam a 100 MHz (os famo- sui o mesmo tempo de acesso que uma vez ;) que aqui estamos fa- xou de ser necessário.
sos módulos PC-100). um DDR-400 com CAS latency 2. lando de ciclos dos circuitos de

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2007 | Especial
O Row Precharge Time (tRP) entra Sendo assim, mesmo que seja Bem, esta última parte exigiu O lançamento das memórias DDR
em ação quando o controlador necessário ler um único setor, a uma explicação mais complexa teve um impacto diferente para a
precisa alternar entre diferentes leitura demorará (num módulo que o habitual. Como você pode Intel e a AMD. Para a Intel, a migra-
linhas. Cada linha inclui 512 ende- 4-4-4-12), 4 ciclos para o tRP, 4 ver, os tempos de acesso dos ção para as memórias DDR2 foi
reços de memória, o equivalente ciclos para o tRCD, 4 ciclos módulos DDR2 é um pouco mais mais simples, já que o controlador
a 4 KB de dados. As linhas são di- para o tCL, totalizando 12 ci- complexo do que pode parecer de memória é incluído no chipset,
vididas em 4 ou 8 páginas, de clos. Estes 12 ciclos são justa- à primeira vista. de forma que aderir a uma nova
forma que um pente DDR2 de 1 mente o tempo referente ao tecnologia demanda apenas modi-
GB teria 8 páginas de 32.768 li- RAS Activate to Charge (tRAS), Entretanto, o mais importante ficações nas placas. Para a AMD, a
nhas, ou 4 páginas de 65.536 li- que é o tempo mínimo para re- dos 4 valores continua sendo o mudança foi mais tortuosa, já que o
nhas. Com tantas linhas e páginas alizar uma leitura completa. O primeiro (o bom e velho CAS la- Athlon e derivados utilizam um
diferentes, não é difícil imaginar tRAS é sempre proporcional aos tency, ou tCL), que é o tRCD e o controlador de memória embutido
que o chaveamento entre elas é três primeiros valores, pois é tRP são quase sempre iguais a diretamente no processador. Foi
muito freqüente :). Quando falo justamente a soma dos três. É ele e o tRAS é a soma dos três. necessário atualizar toda a linha de
em linhas e páginas, tenha em por isso que ele sempre é mais Ou seja, se o CAS latency é mais processadores, além de introduzir
mente que esta é apenas a forma alto em módulos com CAS la- baixo, automaticamente os de- um novo soquete, o AM2, que exi-
como o controlador de memória tency mais alto. mais valores também são. giu também mudanças nas placas.
"enxerga" o módulo.
É possível reduzir o tRAS utili-
zando um recurso chamado
Fisicamente, mesmo Additive Latency, onde o co-
mando para iniciar o precharge
os bits de uma mesma do banco seguinte pode ser en-
linha estão espalhados viado antes que a leitura atual
pelos vários chips do termine. Isso faz com que o
tempo total da leitura seguinte
módulo. seja reduzido em 1 ou até
mesmo 2 ciclos. Este é o caso
Antes de poder acessar uma de- dos módulos 5-4-4-11 ou 4-4-4-
terminada linha, o controlador de 11, por exemplo. Em outros ca-
memória precisa carregá-la (pre- sos é necessário um ciclo adici-
charge). Isso consiste em recarre- onal para fechar o banco, que
gar os capacitores dentro das célu- aumenta o tRAS ao invés de
las de memória, facilitando a leitura diminuir. De qualquer forma, o
dos dados. O Row Precharge Time tRAS é dos quatro o parâmetro
(tRP) é justamente o tempo neces- que menos influi no desempe-
sário para fazer o carregamento, nho, pois só faz alguma dife-
necessário antes de chavear para rença real quando o sistema
outra linha, seja no mesmo banco, precisa realizar séries de aces-
seja num banco diferente. sos rápidos, a linhas diferentes.

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Memória Flash
Diferentemente da memória RAM e também das SRAM, a memória Flash permite armazenar dados por longos períodos, sem precisar de
alimentação elétrica. Graças a isso, a memória Flash se tornou rapidamente a tecnologia dominante em cartões de memória, pendrives,
HDs de estado sólido (SSDs), memória de armazenamento em câmeras, celulares e palmtops e assim por diante.

Se a memória Flash não existisse, todas estas áreas estariam muito atrasadas em relação ao que temos hoje. Os celulares e palmtops prova-
velmente ainda utilizariam memória SRAM para armazenar os dados e seriam por isso mais caros e perderiam os dados quando a bateria
fosse removida. Os pendrives simplesmente não existiriam e os cartões de memória estariam estagnados nos cartões compact-flash, utili-
zando microdrives ou pequenas quantidades de memória SRAM alimentada por uma pequena bateria. Formatos mais compactos, como os
cartões SD e mini SD simplesmente não existiriam.

Existem dois tipos de memória Flash. A primeira tecnologia de memória Flash a se popularizar foi o tipo NOR, que chegou ao mercado em 1988.

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Os chips de memória Flash Apesar disso, a memória Flash os dois, que armazena cargas Pelo diagrama você pode notar
NOR possuem uma interface do tipo NOR é bastante usada negativas. Isto cria uma espé- que embora mais complexa que
de endereços similar à da me- até hoje em palmtops, celulares cie de armadilha de elétrons, uma célula de memória RAM
mória RAM. e diversos tipos de dispositivos, que permite manter os dados (onde temos apenas um transís-
para armazenar o sistema ope- por longos períodos de tempo, tor e um capacitor), a célula de
Graças a isso, eles rapidamente racional (neste caso chamado sem que seja necessário man- memória flash ocupa pouco es-
passaram a ser usados para ar- de firmware), que é carregado ter a alimentação elétrica (co- paço, pois o segundo transístor
mazenar o BIOS da placa mãe e durante o boot, sem ser altera- mo nas memórias SRAM), ou é posicionado sobre o primeiro.
firmwares em dispositivos diver- do. A vantagem neste caso é o muito menos fazer um refresh Graças ao tamanho reduzido
sos, que antes eram armazena- XiP (execute in place), onde o periódico (como na memória das células, cada chip de me-
dos em chips de memória ROM sistema pode rodar diretamente DRAM). Isto simplifica muito o mória Flash NAND armazena
ou EEPROM. Nos primeiros PCs, a partir do chip de memória, design dos cartões, pendrives uma quantidade muito maior de
por exemplo, o BIOS da placa sem precisar ser primeiro copi- e outros dispositivos, pois eles dados, o que faz com que o pre-
mãe era gravado em um chip de ado para a memória RAM. precisam incluir apenas os ço por megabyte seja muito
memória ROM e por isso não era chips de memória Flash NAND, mais baixo.
atualizável, a menos que o chip O chip de memória NOR é com- um chip controlador e as tri-
fosse fisicamente substituído. plementado por uma pequena lhas necessárias. Nada de ba- Além de mais baratas que as
quantidade de memória SRAM terias, circuitos de refresh ou NOR, as memórias NAND tam-
O problema com as memórias ou DRAM, que é usada como qualquer coisa do gênero. bém são muito mais rápidas na
NOR é que elas são muito caras memória de trabalho. Em mui- hora de gravar dados. A princi-
e, embora as leituras sejam rá- tos casos, a memória é usada Aqui temos um diagrama da Intel pal limitação é que elas são en-
pidas, o tempo de gravação das também para armazenar dados que mostra uma célula de memória dereçadas usando páginas de 2
células é muito alto. Num chip e configurações que, justamen- Flash NAND: KB e acessadas através de um
de memória NOR típico, as ope- te por isso, podem ser perdidos barramento serial. Ou
rações de gravação demoram quando a carga da bateria se seja, do ponto de vis-
cerca de 750 ns, ou seja, tería- esgota completamente. ta do sistema, um
mos pouco mais de 1000 opera- cartão de memória
ções de gravação por segundo! As memórias Flash NOR chega- flash NAND está mais
ram a ser utilizadas nos primei- para um HD do que
No caso do BIOS da placa mãe, ros cartões de memória PCMCIA para uma unidade de
isso não é um grande problema, e Compact Flash, mas elas de- memória. Você pode
pois você só precisa atualizá-lo sapareceram deste ramo quan- usá-lo para guardar
esporadicamente. Mas, imagine do foram introduzidas as memó- dados, mas na hora
um palmtop que tentasse utilizar rias NAND, que são de longe o que o sistema precisa
apenas memória NOR com me- tipo mais usado atualmente. rodar um programa,
mória de trabalho... O sistema precisa primeiro co-
rodaria tão lentamente que a Nelas, cada célula é composta piá-lo para a memó-
idéia acabaria sendo abandona- por dois transístores, com uma ria RAM, da mesma
da mais cedo ou mais tarde. :) fina camada de óxido de silício forma que faria ao
precisamente posicionada entre usar um HD.

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De alguns anos para cá, os palm- Atualmente ele é utilizado na megabyte, quase que de uma Compact Flash: Excluindo os
tops e smartphones passaram a grande maioria dos modelos, pois, hora para a outra. Outra tecnolo- jurássicos cartões de memória
cada vez mais utilizar memória além de cortar custos, melhora a gia similar é o MBC (Multi-Bit PCMCIA, o primeiro formato de
Flash NAND como área de arma- confiabilidade do aparelho, já que Cell), desenvolvido pela Infineon. cartão foi o Compact Flash (CF),
zenamento de dados e progra- os dados não são mais perdidos ao onde é utilizada uma interface
mas, substituindo a memória remover a bateria. Os chips "tradicionais", que ar- muito similar à interface IDE
SRAM. Isso se tornou possível gra- mazenam um único bit por célu- usada pelos HDs, com nada
ças a um conjunto de truques fei- O grande boom da memória la passaram a ser chamados de menos que 50 pinos. Aqui temos
tos via software, onde o sistema Flash aconteceu entre 2004 e "SLC" (single-bit cell) e ainda um cartão CF aberto:
utiliza uma quantidade menor de 2005, quando uma combina- são produzidos com o objetivo
memória SRAM como área de tra- ção de dois fatores fez com de atender o mercado de car-
balho e vai lendo e os arquivos na que os preços por MB caíssem tões de alto desempenho (so-
memória Flash conforme eles são rapidamente: bretudo os cartões CF destina-
necessários. Esse esquema é mui- dos ao mercado profissional).
to similar ao que temos num PC, O primeiro foi o brutal aumento Embora muito mais caros, eles
onde os arquivos são salvos no na produção e a concorrência oferecem um melhor desempe-
HD, porém processados usando a entre os fabricantes, que em- nho e são mais duráveis.
memória RAM. purraram os preços para baixo.
Além de gigantes como a Sam- Outra tecnologia usada pelos
Um dos primeiros aparelhos a sung e a Toshiba, até mesmo a fabricantes para cortar custos e
aderir a este sistema foi o Treo Intel e AMD investiram pesada- ao mesmo tempo permitir a cri-
650, lançado em 2004. mente na fabricação de memó- ação de chips de maior densi-
ria Flash. dade, é o "Die-Stacking", onde De um dos lados temos o chip
dois ou mais chips são "empi- controlador e um dos chips de
O segundo foi a introdução da lhados", conectados entre sí e memória e no outro temos es-
tecnologia MLC (mult-level cell), selados dentro de um único en- paço para mais dois chips, tota-
onde cada célula passa a arma- capsulamento, que possui o lizando até 3 chips de alta capa-
zenar dois ou mais bits ao invés mesmo formato e contatos que cidade. Graças a este design, os
de apenas um. Isso é possível um chip tradicional. Como uma cartões CF oferecem boas taxas
graças ao uso de tensões in- boa parte do custo de um chip de transferência, mas em com-
termediárias. Com 4 ten- de memória flash corresponde pensação são caros e volumo-
sões diferentes, a cé- justamente ao processo de en- sos, o que explica a decadência
lula pode armazenar capsulamento, o uso do Die- do formato.
2 bits, com 8 pode Stacking permite mais uma re-
armazenar 3 bits e dução substancial do custo. Os cartões Compact Flash ainda
assim por diante. O são produzidos e sobrevivem
MLC foi implantado de Como de praxe, a popularização em alguns nichos. Eles são usa-
forma mais ou menos das memórias Flash deu início a dos por algumas câmeras da
simultânea pelos diversos uma guerra entre diversos for- Canon, voltadas para o segmen-
fabricantes e permitiu redu- matos de cartões, alguns aber- to profissional (onde a boa taxa
zir drasticamente o custo por tos e outros proprietários. de transferência dos cartões CF

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presta bons serviços) e em di- Apesar de finos, os cartões SM Cartões xD: O próximo da lista Isso acaba prejudicando a compe-
versos tipos de sistemas em- eram relativamente grandes, o é o xD, um formato proprietário, titividade das câmeras dos dois fa-
barcados. Devido à similaridade que levou os fabricantes a usado em câmeras da Olympus bricantes, que perdem mercado
entre os dois barramentos, exis- abandonarem o formato. Surgi- e da Fujifilm. Eles são relativa- por insistirem no padrão.
tem adaptadores que permitem ram então os formatos xD, mente rápidos se comparados
instalar cartões CF numa porta MMC, SD e Memory Stick. Sur- com os Smart Media e com os Cartões MMC: O MMC é um pa-
IDE, substituindo o HD. preendentemente, os leitores cartões MMC, mas são bem drão "quase aberto", onde é ne-
de cartões USB passaram ofere- mais lentos que os cartões SD cessário pagar uma taxa inicial
Smart Media: Em 1995 a Toshi- cer suporte para todos os for- usados atualmente. Existiram para obter as especificações e
ba lançou o formato Smart Media matos simultaneamente. Isto foi duas atualizações para o forma- mais um valor anual á MMC Asso-
(SM), um formato muito mais sim- possível graças ao desenvolvi- to: o "xD M" (que permitiu o de- ciation, além de seguir um conjun-
ples, onde o chip de memória é mento de chips controladores senvolvimento de cartões com to de restrições. Os cartões MMC
acessado diretamente, sem o uso "tudo em um", capazes de con- mais de 512 MB) e o "xD H" possuem exatamente as mesmas
de um chip controlador. O chip de verter cada um dos protocolos (que melhorou a velocidade de dimensões dos cartões SD atuais e
memória é encapsulado dentro de nos comandos suportados pelo transferência). Apesar disso, são compatíveis com a maior parte
um cartucho plástico, com apenas padrão USB. Existem também ambos acabaram sendo pouco das câmeras e outros dispositivos,
0.76 mm de espessura e os conta- os leitores incluídos nos notebo- usados, devido à concorrência além de utilizarem o mesmo en-
tos externos são ligados direta- oks, que lêem cartões SD e dos cartões SD. caixe que eles nos adaptadores. As
mente a ele. Nesta foto você pode Memory Stick. Do ponto de vista únicas diferenças visíveis é que os
ver um cartão Smart Media em do sistema operacional, eles são Assim como nos cartões SM, os cartões MMC são um pouco mais
comparação com um cartão MMC diferentes dos leitores USB, pois contatos são ligados diretamen- finos (1.4 mm, contra 2.1 mm dos
e um Memory Stick: são ligados ao barramento PCI te no chip de memória, sem o SD) e possuem apenas 7 pinos,
(ou PCI Ex- uso de um chip controlador. Isso enquanto os SD possuem dois pi-
press) ao in- em teoria baratearia os cartões, nos extras, totalizando 9.
vés de usa- mas devido à pequena demanda
rem o barra- (e consequentemente aos bai- O maior problema é que os car-
mento USB e xos volume de produção), os tões MMC são lentos, pois utili-
a maioria das cartões xD são atualmente bem zam um antiquado barramento
funções são mais caros. serial para a transferência de
executadas dados, que transfere um bit por
via software vez a uma freqüência máxima
(como num de 20 MHz.
softmodem),
graças ao dri- Em teoria, os cartões MMC pode-
ver instalado. riam transferir a até 2.5 MB/s,
mas a maioria dos cartões fi-
cam muito longe desta marca.
Os cartões mais antigos utilizam
um modo de transferência ainda
Cartões XD mais lento, limitado a 400 KB/s.

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Como não existe praticamente Em seguida temos os cartões Me- Concluindo, temos o Memory Existem três formatos de car-
nenhuma diferença de custo entre mory Stick Pro e Memory Stick Pro Stick Pro-HG, que utiliza um tões SD. Além do formato pa-
produzir um cartão MMC ou SD, os Duo (ambos lançados em 2003), novo barramento de dados, que drão, temos os cartões mi-
fabricantes migraram rapidamen- que substituem diretamente os transmite 8 bits por ciclos a uma niSD e microSD, versões mi-
te para o padrão mais rápido, fa- dois padrões anteriores. Além do freqüência de 60 MHz, o que niaturizadas, que são eletri-
zendo com que o MMC entrasse melhor desempenho, eles trouxe- permite uma taxa de transfe- camente compatíveis com o
em desuso. Mais recentemente ram um padrão atualizado de en- rência de até 60 MB/s (contra 20 padrão original e podem ser
foram lançados os padrões RS- dereçamento, que permite o de- MB/s dos padrões anteriores). encaixados num slot para car-
MMC, MMC Plus e SecureMMC, senvolvimento de cartões de até Embora na prática a taxa de tões SD regulares usando um
versões atualizadas do padrão 32 GB. Aqui temos uma foto mos- transferência dependa mais dos adaptador simples.
MMC, que visam reconquistar seu trando os 4 formatos: chips de memória Flash usados,
lugar no mercado. o barramento mais rápido Os cartões SD suportam 3 mo-
coloca os cartões Pro_HG dos de transferência. O 4 bits
Chegamos então aos dois padrões em vantagem em relação mode é o modo "padrão", onde
que sobreviveram à guerra: o SD, aos cartões SD, já que eles o cartão transfere 4 bits por ci-
que é o padrão "parcialmente estão limitados a um clo, a uma freqüência de até 50
aberto", apoiado pela grande máximo de 20 MB/s pelo MHz, resultando em taxas de
maioria dos fabricantes e o Me- barramento usado. transferência de até 25 MB/s
mory Stick, o padrão proprietário (desde que os chips de memória
da Sony. usados acompanhem, natural-
mente). O segundo é o 1 bit
Memory Stick: Embora tenha mode, onde é transferido um
conseguido atingir uma sobrevida único bit por ciclo, a uma
surpreendente, o Memory Stick fi- Cartões SD: Finalmente, te- freqüência de no máximo 20
O Memory Stick Micro (ou M2) é
cou restrito aos produtos da Sony mos os cartões SD (Secure Digi- MHz. Este modo é usando para
um formato miniaturizado, desen- tal), que acabaram se tornando
e por isso seu futuro é incerto. volvido para uso em celulares manter compatibilidade com os
Além do padrão original, existem o formato dominante. Como o cartões MMC. É graças a ele que
(mais especificamente nos Sony nome sugere, os cartões SD ofe-
também os formatos Memory Stick Ericsson), que mede apenas 1.5 x você pode usar cartões MMC em
Duo, Pro, Pro Duo, Micro e Pro-HG. recem um sistema de proteção câmeras e leitores para cartões
1.2 cm. Os cartões normalmente
de conteúdo (o CPRM), que é SD e vice-versa. Finalmente,
são vendidos em conjunto com um implementado diretamente no
Tanto o padrão original, quanto o existe o modo SPI (ainda mais
adaptador, que permite usá-los em
Memory Stick Duo estão limitados chip controlador. Ele se destina lento), que é utilizado por algu-
qualquer dispositivo ou leitor que a atender o lobby das gravado-
a 128 MB, por isso ficaram rapi- mas câmeras antigas e também
use cartões Memory Stick Pro.
damente obsoletos e são usados ras, oferecendo uma forma de em diversos tipos de dispositi-
apenas por dispositivos antigos, "proteger" arquivos de áudio e vos embarcados.
fabricados até o início de 2003. O outros tipos de conteúdo contra
principal diferença entre os dois cópias não autorizadas. Os car- É por causa dos três modos de
formatos é o tamanho reduzido tões Memory Stick implemen- operação que um mesmo cartão
dos cartões Memory Stick Duo, tam um sistema similar (o Magic SD pode ser acessado a veloci-
que são um pouco menores que os Gate), mas felizmente ambos dades bem diferentes de acordo
cartões SD. são pouco usados.

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com o dispositivo onde ele é No modo SPI 4 são usados 4 pi- dos chips. Pode parecer bastan- Como o controlador não tem
usado. Muitas câmeras antigas nos do cartão: um para enviar o te a princípio, mas a maioria dos como descobrir exatamente em
que permitem acessar o conteú- sinal de clock, outro para enviar sistemas de arquivos (especial- qual célula ocorreu o erro, nor-
do do cartão quando ligadas a comandos, o terceiro para sele- mente FAT e EXT) realizam atua- malmente todo o bloco de 2048
uma porta USB transferem a ve- cionar qual chip dentro do car- lizações freqüentes na tabela de bytes é remapeado.
locidades muito baixas, muitas tão será acessado e o último endereçamento da partição. Se
vezes inferiores a 300 KB/s. O para transferir dados, um bit de nada fosse feito a respeito, as Grande parte dos cartões de
driver "sdhci" (no Linux), que dá cada vez. Desde que você possa gravações sucessivas iriam ra- memória Flash já saem de fábri-
suporte aos leitores de cartões controlar o uso dos 4 pinos, é pidamente inutilizar as células ca com alguns setores defeituo-
incluídos em notebooks, por ex- fácil escrever uma função ou responsáveis pelo armazena- sos remapeados (assim como os
emplo, é (pelo menos até o Ker- driver para acessar o cartão. mento da tabela, inutilizando o HDs). Isso permite que os fabri-
nel 2.6.21) limitado ao modo SPI, cartão. Graças ao wear levelling cantes aproveitem módulos que
por isso é bastante lento em re- O modo SPI é o mais lento lento, é feito uma espécie de "rodízio" de outra forma precisariam ser
lação ao driver Windows, que é mas é suficiente para muitas dos endereços mais acessados descartados, reduzindo o custo
capaz de utilizar o modo 4 bits. aplicações. Imagine o caso de entre as células do cartão, evi- de forma considerável.
Ou seja, o leitor do seu notebook um sensor de temperatura que tando a fadiga de alguns ende-
funciona, mas a uma velocidade usa o cartão apenas para arma- reços isolados. Até certo ponto, o controlador
muito baixa e com uma grande zenar um log das variações, também é responsável pelas ta-
utilização do processador. gravando alguns poucos bits por Outra função é remapear os en- xas de transferência suportadas
vez, por exemplo. :) dereços defeituosos, onde um pelo cartão, já que é ele quem
setor de uma área reservada determina os modos de acesso
passa a ser usado em seu lugar. e freqüência de clock suporta-
Controladores: Com exceção Isto é muito similar ao sistema das. Mesmo que os chips de
dos antigos cartões Smart Media utilizado nos HDs modernos, memória sejam suficientemente
e xD, que vimos a pouco, todos onde a controladora também é rápidos, a taxa de transferência
os cartões de memória Flash in- capaz de remapear os bad- máxima pode ser limitada pelo
cluem um chip controlador, que blocks automaticamente. controlador. Por exemplo, mui-
é encarregado do gerenciamento tos cartões microSD utilizam
dos endereços e todas as opera- Você pode então se perguntar controladores limitados a 20
ções de leitura e gravação, além como o controlador faz para des- MHz, que são capazes de trans-
de executarem funções de ma- cobrir os endereços defeituosos. A ferir a no máximo 10 MB/s, en-
nutenção diversas. resposta é que, além dos dados e quanto muitos dos novos já uti-
dos setores da área reservada, a lizam controladores capazes de
Os cartões atuais utilizam o sis- memória armazena também al- operar a 50 MHz, como nos car-
O modo SPI é o preferido pelos tema wear levelling para ampliar guns bytes adicionais (tipicamente tões SD regulares.
desenvolvedores de sistemas a vida útil das células. As células 64 bytes adicionais para cada blo-
embarcados e drivers open- de memória Flash NAND supor- co de 2048 bytes), usados para A velocidade dos cartões é compa-
source, pois ele é muito simples tam de 100.000 a 1.000.000 de guardar códigos ECC. Estes código rada pelos fabricantes à velocida-
e por isso pode ser emulado via operações de leitura ou grava- permitem não apenas identificar, de dos drives de CD-ROM. Um car-
software, sem a necessidade de ção, de acordo com a qualidade mas também corrigir erros sim- tão "133x" é um cartão que usa
usar um controlador adicional. ples nos dados gravados. um controlador capaz de transferir

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a 20 MB/s, um "155x" é um capaz de e o baixo consumo são importantes. Ela é instalado pelo fabricante numa Estes cartões de 4 GB "não padroni-
transferir a 25 MB/s e assim por dian- Ele mede apenas 1.5 x 1.1 cm, com placa de circuito que contém os zados" são compatíveis com a maio-
te. As taxas reais são normalmente apenas 1 mm de espessura. Na mai- contatos externos e em seguida se- ria dos dispositivos antigos, mas você
mais baixas (sobretudo nas opera- oria dos casos, o cartão acompanha lado dentro da cobertura externa. O pode enfrentar problemas diversos
ções de gravação), pois ficam limita- um adaptador SD. Como os dois pa- mesmo se aplica aos cartões Me- de compatibilidade, já que eles não
das também à velocidade dos chips, drões são compatíveis eletricamen- mory Stick Micro, que possuem di- seguem o padrão.
por isso não leve o índice muito a sé- te, o adaptador é apenas um dispo- mensões similares.
rio, ele é apenas uma ferramenta de sitivo passivo, muito barato de se Para colocar ordem na casa, foi cria-
marketing. De qualquer forma, é produzir: Não existe como desmontar um mi- do o padrão SDHC (Secure Digital
conveniente evitar cartões que não croSD e, mesmo que você quebre High Capacity), onde a tabela de en-
fazem menção à velocidade de trans- um no meio, não vai conseguir dife- dereçamento foi expandida e passou
ferência, pois eles normalmente são renciar os chips, pois eles são pro- a ser oficialmente usado o sistema de
limitados a 33x ou menos. Note que duzidos usar wafers muito finos (até arquivos FAT32. Todos os cartões
os cartões SDHC adotam um índice 0.025 mm de espessura nos mais que seguem o novo padrão carregam
diferente, como veremos a seguir. recentes) e juntados de forma mui- o logotipo "SDHC" (que permite dife-
to precisa. Os primeiros microSDs renciá-los dos cartões de 4 GB "não
miniSD e microSD: Embora peque- de 4 GB foram produzidos usando oficiais") e trazem um número de
nos em relação aos cartões Compact nada menos do que 8 chips de 512 classe, que indica a taxa de transfe-
Flash e Smart Media, os cartões SD MB empilhados. É provável que no rência mínima em operações de es-
ainda são grandes demais para al- futuro seja possível utilizar um nú- crita. Os cartões "Class 2" gravam a 2
gumas aplicações, sobretudo uso nos mero ainda maior. MB/s, os "Class 4" a 4 MB/s, os "Class
celulares e câmeras mais compactas. 6" a 6 MB/s e assim por diante. O
Para solucionar o problema foram SDHC: Inicialmente, o padrão de mesmo se aplica também aos car-
criados dois formatos miniaturizados, cartões SD previa o desenvolvimen- tões miniSD e microSD.
o miniSD e o microSD, que são me- to de cartões de até 2 GB, formata-
nores e mais finos. dos por padrão em FAT16. Você Note que a numeração não diz nada
pode reformatar o cartão em outros sobre a velocidade de leitura, mas
O miniSD mede 2.15 x 2.0 cm, com Cartões miniSD e microSD sistemas de arquivos, mas neste ela tende a ser proporcionalmente
apenas 1.4 mm de espessura. Embo- caso a maior parte das câmeras e maior. Veja um exemplo de cartão
ra os cartões ainda sejam um pouco Você pode se perguntar como é outros dispositivos deixam de con- com o logotipo:
mais caros que os SD padrão, o for- possível que os cartões microSD seguir acessá-lo, embora você
mato está ganhando popularidade sejam tão compactos, já que ainda consiga acessar o cartão
rapidamente, usado no Nokia N800 e qualquer cartão SD precisa de normalmente se conectá-lo a um PC
no E62, por exemplo. De uma forma pelo menos dois chips (o chip de usando um adaptador USB.
geral, todos os aparelhos onde o car- memória e o controlador) e num
tão é instalado internamente (embai- cartão microSD mal temos espa- Quando o limite de 2 GB foi atingi-
xo da bateria, por exemplo), estão ço para um. A resposta está no do, os fabricantes passaram a criar
passando a utilizá-lo. die-stacking, tecnologia que co- extensões para permitir a criação
mentei a pouco. Num cartão mi- de cartões de 4 GB, usando hacks
O microSD é um formato ainda me- croSD temos um ou mais chips de para modificar o sistema de ende-
nor, concorrente do M2, destinado a memória e o próprio controlador reçamento e passando a usar FAT32
celulares, MP3 players e outros dispo- "empilhados", formando um único (ao invés de FAT16) na formatação.
sitivos onde as dimensões reduzidas encapsulamento.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
Outras tecnologias Memórias Rambus (RDRAM): Em 1996 a Intel fechou um acordo
com a Rambus Inc., uma então
que na época ainda eram consi-
deravelmente mais caros.
Assim como as memórias BEDO,
Concluindo, temos aqui mais al- as RDRAM são um tipo proprie- pequena empresa que desenvolvia
gumas tecnologias de memória tário de memória, que acabou um tipo de memória otimizada As memórias Rambus utilizam um
que merecem ser citadas: não ganhando popularidade. para sistemas que precisam de um barramento de dados de apenas
largo barramento de dados com a 16 bits de largura, em oposição
Memórias BEDO: As memóri- Os módulos de memórias Ram- memória. As memórias Rambus aos 64 bits utilizados pelos módu-
as BEDO (Burst EDO) foram de- bus são chamados de "Rambus foram utilizadas no Nintendo 64 e los de memória SDRAM, supor-
senvolvidas no final da era Pen- Inline Memory Modules" ou no Playstation 2, e o plano era que tando em compensação, freqüên-
tium 1 para concorrer com as RIMMs. Como pode ser visto na elas fossem adotadas em larga es- cias de barramento de até 400
memórias EDO. Elas utilizam ilustração acima, os módulos cala nos PCs, com a ajuda da Intel. MHz com duas transferências por
uma espécie de pipeline para RIMM são bem semelhantes aos A Rambus Inc. receberia royalties ciclo (como o AGP 2x), o que na
permitir acessos mais rápidos módulos DIMM, mas em geral dos fabricantes e a Intel ficaria prática equivale a uma freqüência
que as EDO. Em um Bus de 66 eles vem com uma proteção de com parte do bolo, na forma de in- de 800 MHz. Esta organização
MHz, as memórias BEDO são metal sobre os chips de memó- centivos e descontos. lembra um pouco o barramento
capazes de funcionar com tem- ria, que também serve para faci- PCI Express, onde o uso de menos
porização de 5-1-1-1, quase litar a dissipação de calor, já A Intel introduziu o suporte às trilhas de dados permitem a ope-
30% mais rápido que as memó- que os módulos RIMM aquecem memórias Rambus a partir do ração a freqüências mais altas.
rias EDO convencionais. bastante devido à alta frequên- chips i820, ainda na época do Pen-
cia de operação. tium III, e continuou tentando em- Trabalhando a 400 MHz com duas
No papel as memórias BEDO purrar a tecnologia com o chipset transferências por ciclo, sua velo-
eram interessantes, mas elas Uma particularidade era a ne- i850, usado na primeira geração cidade máxima, as memórias
nunca foram usadas em grande cessidade de instalar módulos de placas para Pentium 4. Rambus permitem uma banda to-
escala. A tecnologia era propri- terminadores em todos os slots tal de 1.6 Gigabytes por segundo.
edade da Micron, que ansiava não populados da placa mãe, O problema era que o chipset i850 O i850 era capaz de acessar dois
por cobrar royalties dos demais para reduzir o nível de ruído suportava somente memórias módulos simultaneamente, pro-
fabricantes, caso a tecnologia eletromagnético: Rambus , sem opção de usar me- porcionando um barramento total
fosse adotada em grande mórias SDRAM ou DDR (que de 3.2 GB/s. Esta é uma marca
escala. Os fabricantes de eram novidade na época). respeitável, comparável à de um
memória trabalham com Na época do lançamento do módulo DDR-400, porém atingida
margens de lucro incrivel- Pentium 4, um módulo RIMM em 2001.
mente apertadas, de forma de 64 MB custava US$ 99,
que a palavra "royalties" enquanto um módulo de O grande problema era que ape-
gera calafrios. Ao invés de memória PC-133 da mesma sar da boa taxa de transferência,
caírem na armadilha da Mi- capacidade custava apenas os módulos trabalhavam com
cron, eles se apressaram US$ 45. Isto significava gas- tempos de latência muito altos.
em adotar as memórias tar US$ 216 (ao comprar Isso prejudicava muito o desem-
SDRAM, que além de serem 256 MB) a mais, só de me- penho, fazendo com que um Pen-
um padrão aberto, eram mória, sem contar a diferen- tium III espetado numa placa mãe
tecnicamente superiores. ça de preço do processador i820 com um pente RIMM acabas-
Pentium 4 e da placa-mãe, se sendo mais lento na maioria

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
das aplicações que um PC simular O problema é que as memórias
equipado com memórias SDRAM MRAM são difíceis de fabricar e
PC-133. Mesmo em conjunto com até o momento nenhum fabrican-
o Pentium 4, que incluía uma série te foi capaz de produzir chips com
de otimizações (incluindo o uso de densidades similares à memória
módulos RIMM em pares), as RAM ou Flash.
memórias Rambus falhavam em
oferecer algum ganho tangível de Embora se fale nas memórias
performance em relação às me- MRAM desde a década de 90, os
mórias DDR. primeiros chips disponíveis co-
A desvantagem é que o uso dos MRAM: As memórias MRAM mercialmente foram produzidos
Pouca gente comprou as versões registradores retarda a transmis- (Magnetoresistive RAM) utilizam apenas em 2006 (pela Freescale).
iniciais do Pentium 4 e quem se são dos sinais, aumentando a la- células magnéticas para armaze-
arriscou, acabou com um abacaxi tência e consequentemente redu- nar dados, ao invés de células O ponto positivo é que os chips
nas mãos. Isto obrigou a Intel a zindo o desempenho dos módu- que armazenam eletricidade, trabalham com tempo de acesso
modificar a plataforma, passando los. A maioria das placas com su- como nas memórias DRAM, SRAM de apenas 35 ms, tanto para lei-
a utilizar memórias DDR padrão. porte a módulos registered não ou Flash. O layout básico lembra tura, quanto para gravação, o que
Esta demora gerou um vácuo, suporta módulos unbuffered, de um pouco um módulo de memó- bate de longe os chips de memó-
que permitiu que a AMD aumen- forma que seu uso não é uma op- ria DRAM, onde temos um tran- ria Flash e rivaliza com os chips
tasse consideravelmente sua par- ção. Também não é possível usar sístor para cada bit de dados. A de memória SRAM usados em
ticipação no mercado, já que con- módulos registered, muito menos grande diferença é que, ao invés palmtops e no cache de HDs, ofe-
tava com o Athlon Thunderbird, misturá-los com módulos unbuffe- de um capacitor, é usada uma cé- recendo a vantagem de não per-
um processador mais barato e red nas placas para desktop que lula magnética, que pode ser derem os dados armazenados e
mais eficiente. não os suportam. gravada e lida usando eletricida- não precisarem de alimentação
de e conserva seus dados por elétrica. O problema é que arma-
No final, as memórias DDR (segui- Os suporte a módulos registered longos períodos (assim como nos zenavam apenas 4 megabits (512
das pelas DDR2) ganharam a bri- está disponível apenas em placas HDs) sem precisar de refresh ou KB) e custavam US$ 25 cada:
ga, tornando-se o padrão de me- mãe destinadas a servidores e alimentação elétrica.
mória dominante. Mais uma vez a workstations, onde a possibilidade
indústria rejeitou um padrão pro- de usar mais memória supera as As memórias MRAM são quase tão
prietário de memória, em favor de desvantagens. É possível encon- rápidas quanto as memórias
um padrão aberto. trar tanto módulos de memória SRAM, consomem menos energia
SDRAM, quando módulos DDR e e suportam um número quase ili-
Registered DIMM: Os módulos DDR2 em versão registered. Por mitado de ciclos de leitura, ao
de memória que usamos nos mi- utilizarem componentes adicionais contrário das memórias flash. Elas
cros domésticos são chamados de e serem produzidos em pequena são uma espécie de "Santo Graal"
unbuffered. Eles usam um layout quantidade, eles normalmente da informática, uma tecnologia
simples e eficiente, onde o contro- custam o dobro do preço dos mó- que, se fosse suficientemente ba-
lador de memória tem acesso dire- dulos unbuffered, de forma que rata, poderia vir a substituir, com
to aos chips de memória, garantin- você só deve considerar seu uso vantagens, a maioria dos demais
do tempos de latência mais baixo. quando realmente necessário. tipos de memórias.

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2007 | Especial
Estes chips foram produzidos em passem a concorrer com as me- Como eles agora operam a 800 A tensão de operação também
pequena escala, usando técnicas mórias flash, mas por enquanto, MHz e realizam duas transferên- foi reduzida, de 1.8v (nas DDR2)
obsoletas de produção, por isso o isso ainda é exercício de futuro- cias por ciclo, eles são capazes para apenas 1.5v, resultando
preço e a densidade atingida ten- logia. A menos que alguma gran- de transferir as 8 leituras (para o num consumo elétrico elétrico
dem a melhorar conforme a tec- de revolução aconteça, as me- controlador de memória) num consideravelmente menor. Em-
nologia avance e os chips passem mórias MRAM devem demorar tempo equivalente a apenas um bora num desktop o consumo
a ser produzidos em maior escala. pelo menos mais 4 ou 5 anos ciclo das células de memória; elétrico dos pentes de memória
Diversas empresas, entre elas a para se tornarem competitivas bem a tempo de receber o pró- não pareça um fator importan-
IBM e a Samsung tem investido no com as memórias SRAM e pelo ximo bloco de 8 leituras. te, ele é uma questão significa-
desenvolvimento de memórias menos uma década para come- tiva nos notebooks e outros dis-
MRAM, por isso devemos ter pro- çarem a substituir as memórias Os primeiros módulos de memória positivos compactos. O consu-
gressos nos próximos anos. DRAM em alguns nichos. DDR3 chegaram ao mercado no mo mais baixo permitirá tam-
início de 2007, mas o Intel Bearla- bém que as DDR3 passem a
De início, o concorrente das me- DDR3: As memórias DDR3 es- ke, o primeiro chipset com suporte competir em nichos antes do-
mórias MRAM são justamente os tão para as DDR2 como elas es- a elas será lançado apenas no ter- minados pelas memórias SRAM,
chips de memória SRAM, que são tão para as DDR tradicionais. O ceiro trimestre. Ou seja, as expec- usadas justamente devido ao
o tipo mais rápido e caro de me- buffer de endereços passou a tativas mais otimistas são que a baixo consumo.
mória em uso atualmente. As ter 8 bits, permitindo que o con- primeira leva de placas e módulos
aplicações são óbvias: HDs com trolador realize 8 leituras simul- com preços competitivos chegue Paridade e ECC: Por melhor
caches que não perdem os dados tâneas. Assim como nas memó- ao mercado apenas no final no que seja a qualidade, todos os
quando o micro é desligado no bo- rias DDR2, foi aumentada ape- ano. No caso da AMD a migração tipos de memória são passíveis
tão, além de palmtops e celulares nas a freqüência dos circuitos demorará mais um pouco, já que de erros, que podem ser causa-
menores e com uma maior auto- externos, de forma a absorver a será necessária uma nova atuali- dos por inúmeros fatores, desde
nomia de energia. maior taxa de transferência, zação no controlador de memória variações na tensão da tomada
mas não a freqüência de opera- incluído nos processadores e pos- que não são completamente
A longo prazo, pode ser que as ção das células de memória. sivelmente também alguma atua- absolvidos pela fonte de alimen-
memórias MRAM passem a ser lização no soquete e na arquitetu- tação, estática, diversos tipos
usadas em PCs, substituindo a Num módulo DDR3-1600 (que ra das placas. O roadmap da AMD de interferências eletromagné-
memória RAM. Um PC que utili- seria o concorrente direto dos fala em suporte às memórias ticas e, por incrível que possa
zasse memórias MRAM como módulos DDR2-800 e dos DDR- DDR3 apenas a partir de 2008. parecer até mesmo raios cós-
memória principal poderia manter 400), temos as células de me- micos, que num PC doméstico
o estado anterior depois de desli- mória operando a apenas 200 Com certeza os fabricantes causam um soft-error em média
gado, sem precisar de um novo MHz e por isso o ciclo inicial vão se apressar em atualizar a cada poucos meses:
processo de boot. Não haveria continua demorando tanto suas linhas de produtos, de
mais problema de perda de dados quanto nos módulos antigos. O forma a mantê-las atualizadas,
http://www-1.ibm.com/servers
por causa de desligamentos incor- truque é ele é seguido por mas o ganho de desempenho
retos, pois ao ligar o PC novamen- bursts de 8 leituras por ciclo, proporcionado pelas memórias /eserver/pseries/campaigns/chip
te, tudo estaria como antes. realizadas em endereços adja- DDR3 (em relação às DDR2) é
kill.pdf
centes. As 8 leituras são trans- apenas incremental, por isso
A partir daí, quem sabe, novas feridas simultaneamente aos não existe necessidade de
técnicas de produção permita que buffers de saída. apressar os upgrade.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Especial
Ao contrário dos "hard-errors", A operação de checagem dos dados na paridade é bem simples: são O número de bits necessários para
que são danos físicos nos módu- contados o número de bits “1” de cada byte. Se o número for par, o implementar o ECC decresce con-
los de memória, causados por bit de paridade assume um valor “1” e caso seja ímpar, o 9º bit as- forme aumenta a largura do bar-
eletricidade estática ou outros ti- sume um valor “0”. Quando requisitados pelo processador, os dados ramento usado pelo módulo. Num
pos de descargas, os soft-erros são checados pelo circuito de paridade que verifica se o número de módulo de 32 bits (como os anti-
são erros momentâneos, onde bits “1” corresponde ao depositado no 9º bit. gos módulos de 72 vias), são ne-
um ou alguns poucos bits são al- cessários 7 bits adicionais para
terados, sem que os chips de Caso seja constatada alteração nos dados, ele envia ao processador cada 32 bits de memória, mas nos
memória sejam danificados. uma mensagem de erro. Claro que este método não é 100% eficaz, módulos DIMM de 64 bits atuais,
pois não é capaz de detectar a alteração de um número de bits que são necessários apenas 8 bits para
Eles podem causar os mais diver- mantenha a paridade. Caso por exemplo, dois bits zero retornassem cada 64 bits de memória, ou seja,
sos efeitos colaterais, como tra- alterados para bits um, o circuito de paridade não notaria a altera- o mesmo que seria necessário
vamentos de programas, peque- ção nos dados. Felizmente, a possibilidade da alteração de dois ou para usar paridade.
nos danos em arquivos salvos, e mais bits ao mesmo tempo é remota.
assim por diante. Num desktop Exemplo de Byte de Número de Bits “1” no Bit de paridade Os módulos DIMM com ECC são
eles não costumam ser catastrófi- dados Byte fáceis de identificar, pois eles pos-
cos, mas podem causar efeitos suem 5, 9 ou 18 chips, ao invés de
00000000 0 1
sérios em sistemas que manipu- 4, 8 ou 16. O uso de ECC é mais
lam informações sensíveis, como 10110011 5 0 comum em módulos registered,
no caso dos bancos, por exemplo, que são específicos para servido-
00100100 2 1
onde um soft-error poderia mudar res, mas também é possível en-
o saldo da sua conta bancária ;). 11111111 8 1 contrar alguns módulos unbuffe-
red com ECC:
Para aumentar o grau de confiabi- O uso da paridade não torna o computador mais lento, pois os circui-
lidade dos sistemas, foram criados tos responsáveis pela checagem dos dados são independentes do
métodos de diagnóstico e corre- restante do sistema. Seu único efeito colateral, é o encarecimento
ção de erros. Tudo começou com dos módulos de memória, que ao invés de 8 ou 16 chips, passam a
os sistemas de paridade, usados ter 9 ou 18, tornando-se pelo menos 12% mais caros.
em muitos pentes de 30 e 72 vias.
Além do aumento no custo, o grande problema da paridade é que Carlos E. Morimoto.
A paridade é um método mais ela apenas permite identificar erros, mas sem corrigi-los. Isso acaba
antigo, que somente é capaz de É editor do site www.guiadohardware.net,
fazendo com que ela tenha pouca utilidade, pois ao receber um erro
autor de mais de 12 livros sobre Linux,
identificar alterações nos dados suas únicas opções são ignorá-lo, ou parar tudo e reiniciar o micro. Hardware e Redes, entre eles os títulos:
depositados nas memórias, sem Conforme os módulos de memória foram tornando-se mais confiá- "Redes e Servidores Linux", "Linux Enten-
condições de fazer qualquer tipo veis, os módulos com paridade entraram em desuso. dendo o Sistema", "Linux Ferramentas
de correção. A paridade consiste Técnicas", "Entendendo e Dominando o
Linux", "Kurumin, desvendando seus se-
na adição de mais um bit para Em seguida temos o ECC, o sistema atual, que permite não apenas gredos", "Hardware, Manual Completo"e
cada byte de memória, que pas- identificar, mas também corrigir erros simples. O ECC acaba sendo a "Dicionário de termos técnicos de informá-
sa a ter 9 bits, tendo o último a solução perfeita, pois permite que um servidor continue funcionan- tica". Desde 2003 desenvolve o Kurumin
função de diagnosticar alterações do, sem interrupções e de forma confiável, mesmo com um grande Linux, uma das distribuições Linux mais
usadas no país.
nos dados. número de soft-errors, causados por fatores diversos.

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Configurar redes e servidores Linux continua sendo mais fácil do que pa-
rece . Nesta segunda edição, o livro recebeu uma grande quantidade de
atualizações e foi expandido para 443 páginas. Novos tópicos passaram a
ser abordados e outros foram aprofundados e atualizados, resultando num
livro bastante técnico e detalhado, mas ainda assim muito didático e fácil
de acompanhar.
Embora este não seja um livro para leigos, os temas são explorados com um
nível crescente de dificuldade, começando pelos conceitos mais básicos,
como cabeamento e configuração da rede, passando pela configuração de
redes wireless, segurança, configuração de placas wireless e modems no Li-
nux, TCP/IP e outros temas, até chegar no assunto principal, que é a configu-
ração de servidores Linux

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007

guia completo por Carlos E. Morimoto

O Bluetooth é um padrão aberto de comunicação sem fios, desenvolvido pelo SIG (Bluetooth Special Interest
Group) que inclui diversas empresas, entre elas a Sony, IBM, Intel, Toshiba e Nokia.
Ao contrário do padrão Wi-Fi, que inclui os padrões 802.11.b, 802.11a e 802.11g, usados nas redes sem fio, o
Bluetooth tem como principal objetivo substituir os cabos, permitindo que celulares, palmtops, mouses,
headsets, entre outros troquem dados entre sí e com o PC, sem precisar de cabos. Uma rede Bluetooth é
chamada de "piconet" e é composta por um dispositivo "master" e até 8 "slaves", que se conectam a ele.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
A velocidade de transmissão no Bluetooth é de apenas 1 me-
gabit (721 kbits reais), o que inviabiliza a transmissão de
grandes arquivos. Isso faz com que, na prática, o uso mais
comum para o Bluetooth seja transferir fotos, pequenos arqui-
vos e (com um pouco de paciência) músicas em MP3 entre o
Existem duas classe de dispositivos Bluetooth. Os dispo- PC e o celular ou palmtop.
sitivos "classe 2" (que são os usados em quase todos os
celulares e aparelhos portáteis) trabalham com um Como o Bluetooth trabalha com um sinal bem mais fraco
transmissor de apenas 2.5 mW e por isso possuem um que as redes Wi-Fi, não espere um grande alcance mesmo
ao utilizar um transmissor classe 1. De uma forma geral,
alcance de apenas 10 metros (em campo aberto). Na
você tem uma boa conexão apenas dentro da mesma sala
hora de comprar um adaptador Bluetooth para o PC, onde está o celular.
você tem a opção de também comprar um transmissor
tipo 2 (que são os mais compactos e baratos), ou com- Configurar o Bluetooth no Linux já foi uma tarefa ingrata
prar um adaptador com um transmissor classe 1, que (mesmo no Windows, só existe um suporte maduro a partir do
possuem um alcance teórico de 100 metros (bem menos XP SP2), mas atualmente as coisas estão bem mais simples :).
na prática, já que você nunca está em um ambiente livre No Kurumin 7, você encontra as opções para ativar o suporte
de obstáculos). Atualmente, cada vez mais notebooks já a Bluetooth, acessar o celular e transferir arquivos no "Iniciar
> Escritório e Utilitários > Bluetooth". Você começa
vem com transmissores Bluetooth de fábrica, dispensan-
usando a opção "Ativar o Suporte a Bluetooth", que faz a con-
do o adaptador.
figuração inicial e a partir daí pode usar as outras opções.

Opção para ativar o suporte a Bluetooth no Kurumin 7

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Reinicie os serviços para ter certeza de que realmente estão
carregados:

# /etc/init.d/dbus restart
Como este é um tema "quente", já que em breve praticamen- # /etc/init.d/bluetooth restart
te todos os celulares incluirão transmissores Bluetooth, sem
falar de handsets, mouses e outros periféricos, vou explicar Depois de instalar tudo, verifique se seu adaptador Bluetooth
com mais detalhes como funciona o suporte a Bluetooth no foi detectado corretamente, usando o comando:
Linux, de forma que você seja capaz de solucionar problema e
ativar o suporte também em outras distribuições.
# hciconfig
O primeiro passo é instalar os pacotes necessários. Tudo co-
meça com o "bluez-utils", que faz o trabalho pesado. Ele é Se ele responder algo similar a:
complementado pelo pacote "bluez-libs", que em muitos ca-
sos é integrado ao pacote principal. Em seguida temos os pa- hci0: Type: USB
cotes "kdebluetooth" e "kmobiletools", que compõem a inter- BD Address: 00:00:00:00:00:00 ACL MTU: 0:0 SCO
face de acesso. MTU: 0:0
DOWN
O primeiro passo é instalar os pacotes. Nas versões anterior RX bytes:0 acl:0 sco:0 events:0 errors:0
do Kurumin, além do Ubuntu e Kubuntu, você pode instalar di- TX bytes:0 acl:0 sco:0 commands:0 errors:0
retamente via apt-get:
... significa que o adaptador foi detectado, mas está desativa-
# apt-get install bluez-utils kmobiletools do. Neste caso, rode o comando que ativa o transmissor:
kdebluetooth dbus
# hciconfig hci0 up

Rode de novo o hciconfig e ele deve retornar algo como:


Em outras distribuições,
você pode precisar insta- hci0: Type: USB
lar também os pacotes BD Address: 00:11:67:32:95:23 ACL MTU: 678:8 SCO
"bluez-libs" e "bluetooth". MTU: 48:10
UP RUNNING PSCAN ISCAN
Ao instalar os pacotes RX bytes:77 acl:0 sco:0 events:9 errors:0
manualmente, Serão TX bytes:34 acl:0 sco:0 commands:9 errors:0
criados ícones no "Ini-
ciar > Internet": Aproveite para adicionar o comando no arquivo "/etc/rc.local"
(no final do arquivo, porém antes do "exit 0"), para que o
transmissor seja ativado automaticamente durante o boot.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Aqui vai um pequeno truque. Ao invés de abrir o arquivo e Se o PC não estiver sendo localizado pelo celular, experimente
adicionar a linha manualmente, você pode usar o comando rodar o comando abaixo. Ele força o BlueZ a colocar o PC em
abaixo (como root) para fazer o trabalho automaticamente. modo discoverable, solucionando um bug que atinge algumas
Ele simplesmente cria uma nova linha no final do arquivo, versões do Ubuntu e outras distribuições.
contendo o que colocamos entre aspas:
# hciconfig hci0 piscan
# echo "hciconfig hci0 up" >> /etc/rc.local
Caso você não consiga criar a associação a partir do celular,
Uma observação é que no Ubuntu você deve remover o "exit também é possível fazê-lo a partir do PC. Neste caso, use os
0" colocado na última linha do arquivo para que o comando comandos abaixo. Isso abrirá um diálogo no celular, pedindo
funcione. O "exit 0" é uma instrução que termina o script. Se o para inserir a passkey do desktop. Note que novamente é pre-
comando é colocado depois dele, acaba não sendo executado. ciso especificar o ID do celular:
# hcitool cc 00:07:E0:18:9C:02
Rode agora o comando "hcitool scan". Ele deverá mostrar o ID # hcitool auth 00:07:E0:18:9C:02
do seu celular. Em caso de problemas neste ponto, verifique
se o transmissor do celular está realmente ativado (acontece A passkey é um código de segurança, que você precisa forne-
nas melhores famílias ;) e se ele está configurado em modo cer na hora de conectar seu celular, ou qualquer outro disposi-
"discoverable" (é o default em quase todos os modelos, mas tivo ao seu PC. Por default, a passkey será "1234", ou
pode ser desativado na configuração). "BlueZ", de acordo com a versão instalada e o nome será
"BlueZ" ou o nome do micro, definido na configuração da rede.
$ hcitool scan
Scanning ... Depois de conectar seu celular, é interessante mudar esta
00:07:E0:18:9C:02 treo configuração, sobretudo a passkey. Para isso, edite o arquivo
"/etc/bluetooth/hcid.conf".
Agora vem a parte potencialmente mais problemática é que é fa-
zer o "pairing", ou seja, fazer a conexão inicial entre o PC e o celu- As opções importantes aqui são as linhas "passkey" (também
lar, de forma que ele aceite as conexões. chamada de pin) e "name" (determina o nome com o qual seu
PC aparecerá na piconet). As demais já vêm configuradas por
No caso do meu Treo, clico na opção "Trusted Devices" dentro da padrão, permitindo a conexão de qualquer dispositivo. Altere-
configuração do Bluetooth e escolho o meu desktop na lista. Ele as adicionando sua configuração, como em:
solicita a passkey e em seguida a conexão é estabelecida:
passkey "minhasenhasecreta";

name "MeuPC";

Reinicie (novamente) os serviços, para que a nova configura-


ção entre em vigor. O fato de alterar a configuração, não de-
sativa o pairing já feito com seu celular, apenas impede que
outros aparelhos se conectem ao seu PC utilizando a senha
default (o que seria um problema de segurança).

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
# /etc/init.d/dbus restart Ao ser aberto pela primeira vez, o Kbluetoothd sugere que você
# /etc/init.d/bluetooth restart use o "kbluepin" como verificador do código PIN, ao invés da con-
figuração manual que usamos até aqui. Ele é um pequeno pro-
No Kurumin, o "Ativar o Suporte a Bluetooth" disponível no "Ini- grama que abre uma janela no PC sempre que o celular tenta se
ciar > Escritório e Utilitários > Bluetooth" automatiza toda esta conectar, perguntando qual PIN será usado. Na verdade, é uma
configuração inicial, te trazendo até este ponto. perfumaria, que você pode usar ou não.
Depois de fazer o pairing, abra o Kbluetoothd, usando o ícone no Se preferir mudar, edite novamente o arquivo
menu. Ele ficará residente na forma de um ícone ao lado do reló- "/etc/bluetooth/hcid.conf" e substitua a linha:
gio. Ao clicar sobre ele, você abre uma lista com os aparelhos
disponíveis e os recursos suportados por cada um. Muitos celula- passkey "minhasenhasecreta";
res suportam o "Obex FTP", que permite transferir arquivos (in-
cluindo músicas em MP3) diretamente para o cartão de memória. Por:

Note que em alguns modelos você pode precisar de algum pin_helper /usr/lib/kdebluetooth/kbluepin;
software adicional. No Treo 650, por exemplo, preciso do BlueFiles
(http://www.softick.com/bluefiles/) .

Para os casos em que o celular não usa um cartão de


memória, ou não suporta a transferência direta de arquivos,
abra o Kbtobexclient (também disponível no iniciar), que
permite transferir arquivos para a memória do aparelho
usando o protocolo padrão.

Para transferir, selecione o seu celular na lista da esquerda e


arraste o arquivo a ser transferido para o campo "file to send".
Clique no "Send" e a transferência é iniciada:

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
É possível também transferir arquivos do celular para o PC.
No meu Treo 650, por exemplo, posso transferir desde ima-
gens e músicas, até anotações feitas no MemoPad, que são
recebidas como arquivos de texto. Na maioria dos celulares,
você pode transferir fotos e vídeos gerados com a câmera.

Para isso, selecione a opção de envio no celular e mante-


nha o Kbluetoothd aberto no PC. Será mostrada uma jane-
la de confirmação:

É mostrada uma tela no celular perguntando o que fazer com


o arquivo. Os formatos de arquivos suportados variam muito Mude a opção "Future policy for this device and service" para
de acordo com o celular, mas a maioria suporta imagens em "allow" se quiser que as próximas transferências sejam aceitas
jpg. Você pode começar transferindo uma imagem pequena automaticamente, sem que seja aberta a tela de confirmação.
para testar. Depois é só decidir onde salvar o arquivo :).

www.guiadohardware.net :: Revista Bluetooth no Linux :: 38


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Com o Bluetooth configurado, você também pode transferir Para acessar o celular via Bluetooth, existem alguns passos
arquivos clicando com o botão direito e usando a opção adicionais. Comece usando o comando "hcitool scan" para
"Ações > Enviar com bluetooth...". descobrir o endereço do seu aparelho:

$ hcitool scan
Scanning ...
00:07:E0:18:9A:02 treo
Usando o Kmobiletools
Precisamos agora editar o arquivo "/etc/bluetooth/rfcomm.conf",
Completando o time, temos o Kmobiletools, que permite aces- onde associaremos o celular a uma porta serial, permitindo que ele
sar a agenda do celular, discar e atender chamadas através do seja acessado pelo Kmobiletools. Edite o arquivo, deixando-o como
PC, ler e enviar mensagens SMS, entre outros recursos. este exemplo. Note que você deve mudar o endereço e o nome do
aparelho, deixando-os igual ao informado pelo "hcitool scan":
Ele pode ser usado para acessar o celular tanto através de um
cabo USB, quanto via Bluetooth. A configuração para acessar via rfcomm0 {
cabo é mais simples: dentro das configurações, indique a porta bind yes;
"/dev/ttyACM0" e deixe que device 00:07:E0:18:9A:02;
ele detecte o celular. Como channel 1;
o Kmobiletools ainda está comment "treo";
em fase de rápido }
desenvolvimento, aparelhos
que não são suportados, ou Depois de salvar, reinicie os serviços:
operam com recursos
limitados em uma versão, # /etc/init.d/dbus restart
podem passar a ser bem # /etc/init.d/bluetooth restart
suportados na seguinte.
Também existem casos de Terminado, configure o Kmobiletools
regressões, ou seja, para acessar o celular através da por-
aparelhos que deixam de ta "/dev/rfcomm0", que foi criada no
funcionar em uma versão e passo anterior. A partir daí, o celular
voltam na seguinte. passa a ser acessado da mesma for-
Segundo os ma que seria através do cabo USB.
desenvolvedores, os Note que antes de fazer tudo isso,
celulares melhor suportados você deve ter feito os passos anterio-
são os Motorola e res, ou seja, instalar o BlueZ, fazer o
SonyEricsson, enquanto os pairing entre o PC e o Celular e testar
piores no estágio atual são a conectividade.
os Nokia.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial

Compartilhando a
conexão com o Palm
Se você tem um Palm com Bluetooth, pode acessar a web através
dele, usando a conexão do desktop. A utilidade pode parecer con-
testável à primeira vista, já que o Bluetooth só funciona a distânci-
as curtas, de forma que se você está do lado do desktop, seria
mais prático usá-lo para acessar, ao invés do Palm. Mas, na prática
acaba não sendo bem assim. Os transmissores Bluetooth tipo 1
são capazes de cobrir distâncias maiores, chegando próximo do
oferecido por uma rede wireless doméstica, permitindo usar o
Palm para acessar a web enquanto não estiver na frente do micro.
Se você costuma acessar a web via GPRS no Palm, pode usar a
conexão compartilhada no desktop para economizar (as operado-
ras cobram por MB transferido) enquanto estiver perto do desktop.

Se você já configurou o suporte a Bluetooth, fazer o compartilha-


mento envolve apenas rodar alguns comandos adicionais, que
usam o dund para aceitar a conexão do Palm e cria um script de
compartilhamento da conexão.

Comece rodando o comando que permite que o palmtop estabele-


ça a conexão com o desktop:
# dund --listen --msdun --channel 1 10.0.0.1:10.0.0.2

Rode agora os comandos que compartilham a conexão. Note


que estes são os mesmos comandos que você usa ao compar-
tilhar a conexão com outros micros da rede local.

# modprobe iptable_nat
# echo '1' > /proc/sys/net/ipv4/ip_forward
# iptables -t nat -A POSTROUTING -o eth0 -j MASQUERADE

O "eth0" na terceira linha indica a placa que o seu micro usa


para acessar a Internet, não se esqueça de substituir pela in-
terface correta, caso diferente. Você pode verificar a configu-
ração da rede usando o comando "ifconfig".

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Se você acessa via ADSL, pode ser necessário usar este Ainda dentro do "Prefs", acesse agora a opção "Network" e
quarto comando. Ele ajusta o tamanho dos pacotes escolha a conexão que foi criada. Este é o mesmo menu onde
enviados pelo Palm, de forma que eles se ajustem ao MTU você configura a conexão via GPRS, ao conectar através de
usado pelo modem ADSL. Sem isto a conexão pode ficar um celular com Bluetooth:
instável, pois o modem ADSL não suporta os pacotes de
1500 bytes usados dentro da rede local, cortando os
últimos bytes de cada pacote:

# iptables -A FORWARD -p tcp --tcp-flags SYN,RST SYN -m


tcpmss --mss 1400:1536 \
-j TCPMSS --clamp-mss-to-pmtu

Depois de rodar os comandos pela primeira vez, você pode


transformá-los em um script, para que não precise ficar
digitando-os cada vez que quiser ativer o compartilhamento.
Para isso, crie um arquivo de texto contendo os comandos e
marque a permissão de execução (chmod +x). A partir daí,
basta executar o script :).

A partir daí, falta só configurar a conexão no palmtop. Nos


Palms acesse o utilitário "Prefs" e vá no "Connection > New".
Dê um nome qualquer para a conexão e marque as opções
"Connect to PC", "Via: Bluetooth":

Clique no botão "Details" e


marque a opção "Fallback
None", caso contrário a cone-
xão cai sempre depois de um
minuto de ociosidade.

Naturalmente, esta mesma re-


ceita pode ser adaptada para
acessar através de outros
palmtops e smartphones. Os
comandos executados no PC
continuam os mesmos, muda
apenas a configuração feita em
cada aparelho.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Naturalmente, estas velocidades são muito inferiores às per-
Acessando via GPRS, mitidas pelo acesso via ADSL ou cabo, sem contar que a la-
tência da conexão é muito mais alta e a velocidade varia mui-
através do celular to de acordo com a região e o horário. Ainda assim, o acesso
via celular é uma opção tentadora para quem passa muito
Outra utilidade para um celular com Bluetooth é servir como tempo em trânsito e precisa de uma conexão disponível em
modem GPRS, permitindo que você acesse a web de qualquer qualquer lugar.
lugar. Com a flexibilização dos planos de acesso das operado-
ras, o acesso via GPRS está se tornando bastante popular en-
tre executivos e profissionais que ficam muito tempo em
trânsito e também entre moradores de áreas rurais, onde não
existem outras opções de acesso.

Atualmente, todas as operadoras oferecem planos de da-


dos, via GPRS/EDGE (no caso da Claro, Tim, Brasil Telecom e
outras operadoras GSM) ou CDMA/1XRTT/1XEVDO no caso
da Vivo.

O GPRS é a opção mais básica. Ele está disponível em quase


toda a área de cobertura e permite taxas teóricas de 115
kbits. O EDGE é a opção mais rápida, que oferece uma taxa
teórica de 385 kbits, mas tem uma área de cobertura mais
restrita. Os celulares chaveiam automaticamente entre as
duas redes, de acordo com o que estiver disponível.

No caso da Vivo, temos 144 kbits para o CDMA 1XRTT (pouco


mais que o GPRS) e 2.5 megabits para o CDMA 1XEVDO, usa-
do no Zap 3G. Nas áreas de cobertura ruim, onde nenhuma
das duas opções estiver disponível, ainda existe o CDMA anti-
go, que oferece um acesso lento, de 14.4k, mas ainda com
cobrança baseada nos dados transmitidos.

Como de praxe, a velocidade na prática é sempre mais bai-


xa, devido a todo o overhead envolvido na transmissão e ao
compartilhamento da antena entre vários usuários. Na prá- Você tem duas opções. Assinar um plano ilimitado, ou com
tica, você obtém até 70 kbits em uma conexão GPRS, 230 uma quota generosa de tráfego, de forma que possa real-
kbits em uma conexão EDGE, ou pouco mais de 1 megabit mente utilizar o serviço no dia a dia, ou pagar a tarifa nor-
no 1XEVDO. mal (por MB transferido) e usar de forma frugal, como uma
conexão de emergência.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
A tarifa "normal", na maioria das operadoras é de R$ 5 a R$ 6 por # l2ping 00:07:E0:18:9C:02
MB transferido. Os valores vão caindo de acordo com o valor do 20 bytes from 00:07:E0:18:9C:02 id 0 time 92.01ms
plano. Na Claro existe um plano de transferência ilimitada por R$ 20 bytes from 00:07:E0:18:9C:02 id 1 time 67.11ms
100 (para empresas, ou o R$ 140 para particulares), enquanto na 20 bytes from 00:07:E0:18:9C:02 id 2 time 67.08ms
Vivo existe o plano de 1 GB do Vivo Zap por R$ 149 e na Tim exis-
te um plano de acesso via EDGE também com 1 GB de transferên-
cia por R$ 140. Com tudo funcionando, o próximo passo é ativar o rfcomm, que cria
um link serial entre o desktop e o celular, permitindo usá-lo como
De qualquer forma, dependendo do seu uso, mesmo um plano de modem. Para isso, edite o arquivo "/etc/bluetooth/rfcomm.conf",
10 MB pode render bastante, quebrando o galho em situações deixando-o com o seguinte conteúdo:
onde você precisa pesquisar alguma coisa, ou acessar os e-mails
com urgência. rfcomm0 {
bind yes;
A maioria dos celulares com Bluetooth inclui a opção de ativar o device 00:07:E0:18:9C:02;
suporte a DUM (Dial-UP Networking), onde o celular simula o com- channel 1;
portamento de um modem, permitindo que o desktop "disque" e comment "treo";
}
acesse a rede da operadora através dele. Na verdade, a conexão é
estabelecida pelo próprio celular, apenas os pacotes são repassa-
dos ao desktop. Note que o "00:07:E0:18:9C:02" e o "treo" correspondem ao ID e
nome do aparelho, que você obtém ao rodar o comando "hcitool
O primeiro passo é ativar a scan".
conexão de dados do celu-
lar e o transmissor Blueto- Dê uma olhada também no arquivo "/etc/bluetooth/hcid.conf",
oth. A partir daí, procure a onde vão as configurações gerais do Bluetooth. No meu caso, o
opção para ativar o suporte arquivo (descontando as linhas com comentários ficou assim):
a discagem. No caso do
meu Treo 650, a opção fica options {
dentro das configurações autoinit yes;
do Bluetooth: security auto;
pairing multi;
passkey "1234";
}

device {
name "Semprao";
class 0x3e0100;
Falta agora fazer a configuração do PC. Comece fazendo a confi- iscan enable; pscan enable;
guração inicial do Bluetooth, seguindo os passos que vimos a lm accept;
pouco e fazendo o pairing entre o PC e o celular. Teste a conecti- lp rswitch,hold,sniff,park;
vidade entre o PC e o celular usando o "l2ping" (como root), que é }
uma versão do ping para dispositivos Bluetooth:

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Ano 1 - Nº 4 - Abril | Tutorial
As opções importantes aqui são as linhas "passkey" (também
chamada de pin) e "name". As demais já vêm configuradas
por padrão, permitindo a conexão de qualquer dispositivo.

A opção "name" determina o nome com o qual seu PC apare-


cerá na piconet (como as redes bluetooth são chamadas). A
passkey é um código de segurança, que você precisa fornecer
na hora de conectar seu celular, ou qualquer outro dispositivo
ao seu PC. O default é "1234", depois de testar, não deixe de
mudar para algo mais seguro. Ao alterar aqui, modifique tam-
bém o arquivo "/etc/bluetooth/passkeys/default", que contém
uma cópia do código.

Depois de terminar, reinicie os serviços:

# service dbus restart


# service bluetooth restart

Neste ponto, o comando "rfcomm" deve mostrar algo como:

# rfcomm
rfcomm0: 00:07:E0:18:9A:02 channel 1 clean Interface do KPPP

Isso indica que o link entre o PC e o celular foi criado com su-
cesso. Verifique também se o arquivo "/dev/rfcomm0" foi cri- Na aba "autenticação", escolha a opção "Baseado num script".
ado. Em alguns casos, pode ser necessário desligar e ligar o Clique no botão "Customizar argumentos do pppd" e adicione
celular para que ele seja criado corretamente. o argumento "noauth".
Neste ponto, o suporte a Bluetooth já está configurado e tes- Nas propriedades do modem, mude o "Dispositivo de Modem"
tado, falta apenas estabelecer a conexão usando o KPPP ou para "/dev/rfcomm0", que é a porta serial virtual que leva até
outro discador. o celular.
Comece abrindo o KPPP e criando uma nova conexão, discando Ative o controle de fluxo via hardware (CRTSCTS), e ajuste a
para o número *99***1#. Até onde sei, ele é o número de cone- velocidade de conexão para "230400" (ou mais), para que a
xão usado em todas as operadoras nacionais, mas não custa con- velocidade da porta não limite a conexão quanto estiver
firmar com uma pesquisa rápida no Google se ele se aplica tam- acessando via EDGE.
bém ao seu caso. Operadoras de outros países podem usar outros
números, como *98*2#, *99***10#, *99***2#, ou mesmo #777.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril | Tutorial
Antes de discar, existe outro passo importante. Abra o arquivo
"/etc/ppp/options" e comente (#) as linhas:

lcp-echo-interval 30

lcp-echo-failure 4

O "lcp-echo" é um pacote de controle, usado para verificar se a


conexão ainda está ativa. Quando o servidor do provedor de
acesso deixa de responder, o discador presume que a conexão foi
perdida e desconecta automaticamente. O problema é que estes
pacotes não são suportados em conexões GPRS, fazendo com
que a conexão sempre caia depois de dois minutos!

A maioria dos problemas de estabilidade com relação a cone-


xões via celular são justamente causados pela presença des-
tas duas opções.

Com tudo pronto, é só discar através do


kppp para que a conexão seja estabelecida.
Muitos tutoriais ensinam a conectar usando
o nome da operadora como login e senha
(tim/tim, claro/claro, etc), mas na verdade
isso não é necessário, pois quem faz a au-
Na aba "Modem", mude a string de tenticação é o próprio celular, usando os
discagem de ATZ para "ATE1". códigos incluídos no chip. Seu micro apenas
Uma alteração importante é infor- usa a conexão estabelecida por ele. Você
mar uma string de conexão no pode usar qualquer coisa, como "treo/treo",
campo "String de Conexão 2", in- por exemplo.
cluindo a APN da operadora.
Na maioria das operadoras, você obtém
Se você conecta pela Claro, use um endereço de rede local ao conectar,
a string como neste exemplo de conexão usando
AT+CGDCONT=1,"IP","claro.com. um chip da Tim, onde recebi um IP dentro
br". Se usa a Tim, use a string da faixa 10.x.x.x. Isto não é um grande
AT+CGDCONT=1,"IP","tim.br". problema se você quer apenas acessar,
mas dificulta o uso de servidores e pro-
gramas como o bittorrent.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril | Tutorial
Usando mouses e
teclados Bluetooth
De 2005 para cá, os teclados e mouses sem fio estão migran-
do rapidamente dos transmissores de rádio para o Bluetooth,
já que ele oferece um maior alcance e uma melhor qualidade
de conexão.

Naturalmente, estes mouses e teclados podem ser configura-


dos no Linux, embora exija uma pequena dose de configura-
ção manual.

Comece abrindo o arquivo "/etc/default/bluetooth" e substi-


tua a linha:

HIDD_ENABLED=0

(que geralmente vai próxima ao início do arquivo), por:

HIDD_ENABLED=1

Certifique-se se o suporte a Bluetooth está ativado e o trans-


missor está ativo:
# /etc/init.d/bluetooth start
# hciconfig hci0 up
Dependendo do aparelho usado, você pode encontrar al-
guns problemas de estabilidade na conexão, ou sintomas
Você precisa agora descobrir o endereço do seu mouse ou te-
estranhos em geral. No meu Treo 650, por exemplo, preciso
clado Bluetooth, de forma a poder ativar a conexão. Geral-
sempre discar três vezes: da primeira o modem não é en-
mente, você encontra uma etiqueta com o endereço colada
contrado, na segunda dá uma mensagem de "no carrier" e,
na parte inferior, mas você também pode descobrir usando o
a partir da terceira, conecta perfeitamente, mantendo uma
conexão estável. comando "hcitool scan".

# hcitool scan
Em casos de problemas relacionados ao aparelho, não existe
muito a fazer. Em alguns casos, o fabricante pode disponibili- Estabeleça a conexão usando o comando "hidd --connect",
zar uma atualização de firmware, corrigindo os problemas, seguido do endereço do mouse ou teclado, como em:
mas em outros você precisa aprender a conviver com eles.
# hidd --connect 00:07:E0:18:9C:02

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Ano 1 - Nº 4 - Abril | Tutorial

Neste ponto o seu mouse ou teclado já estará ativado. Para tornar


a configuração definitiva, abra novamente o arquivo
Solucionando problemas
"/etc/default/bluetooth" e adicione a linha abaixo no final do Assim como qualquer software, o BlueZ teve seus altos e bai-
arquivo, substituindo o "00:07:E0:18:9C:02" pelo endereço xos ao longo de sua história. Uma das versões mais problemá-
correto no seu caso. ticas foi a 3.1, com problemas relacionados à definição do PIN
e comportamento errático em muitas situações.
IDD_OPTIONS="--connect 00:07:E0:18:9C:02 --server"
Infelizmente, o 3.1 foi uma versão muito usada. Ele é a ver-
Muitos celulares possuem uma função de "controle remoto", são usada por padrão no Ubuntu Dapper (e nos primeiros
onde o celular pode ser usado como um mouse Bluetooth, o betas do Edgy), no Debian Etch e em várias outras distribui-
que é útil em apresentações e também para quem usa o PC ções. Ou seja, a possibilidade de você estar utilizando-a é
como TV. Esta dica também funciona com eles. bastante grande.
Aliás, esta última frase foi escrita usando o meu Treo como Se você está encontrando problemas estranhos, vale à pena
mouse e teclado Bluetooth, através do BlueRemote ;) atualizar o pacote bluez-utils para a versão mais recente. Co-
mece verificando se não existe uma atualização disponível via
apt-get:

# apt-get update
# apt-get bluez-utils

Como último recurso, você pode experimentar instalar a ver-


são mais atual a partir do código fonte, disponível no
http://www.bluez.org/download.html .

A instalação em sí é mecânica. O maior problema é que você


precisa ter instalado um conjunto de bibliotecas e compilado-
res, para que instalação seja bem sucedida. Comece instalan-
do o pacote "bluez-utils", disponível no site. No meu caso,
baixei o arquivo "bluez-utils-3.5.tar.gz".

O primeiro passo é instalar os compiladores e bibliotecas. Em


uma versão recente do Kurumin ou Ubuntu, você pode insta-
lar os pacotes necessários usando o apt-get:
# apt-get install build-essential libbluetooth2-dev
libdbus-1-dev

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Ano 1 - Nº 4 - Abril | Tutorial
Em seguida, chegamos à instalação, que é feita em três passos:

1- Descompacte o arquivo (você pode fazê-lo através do


Konqueror, mas já que estamos com o terminal aberto... ;)
$ tar -zxvf bluez-utils-3.5.tar.gz

2- Acesse a pasta que será criada e execute o comando


"./configure". Se houver mais alguma instalação pendente, ele
mostra um erro, informando o nome do compilador ou
biblioteca que está faltando.
$ cd bluez-utils-3.5/
$ ./configure

3- Concluindo, rode os comandos "make" e "make install",


que compilam e instalam o programa. Você pode rodar o
comando "make" usando seu login de usuário, mas o "make
install" precisa ser executado como root. No Ubuntu e no
Kurumin você pode fazê-lo usando o sudo. Em outras
distribuições, use o "su" para virar root:
$ make
$ sudo make install
(ou su <senha>, make install)

Depois de terminar, faça o mesmo com o pacote "bluez-libs",


disponível na mesma página.

Para evitar problemas, sempre que precisar reinstalar estes Carlos E. Morimoto.
pacotes, apague manualmente o conteúdo do diretório
"/var/lib/bluetooth", onde são armazenadas as chaves de É editor do site www.guiadohardware.net, autor
encriptação dos dispositivos que já efetuaram conexões. de mais de 12 livros sobre Linux, Hardware e
Limpando a pasta, você pode começar de novo, definindo o Redes, entre eles os títulos: "Redes e Servidores
PIN e fazendo o pairing com o celular: Linux", "Linux Entendendo o Sistema", "Linux
Ferramentas Técnicas", "Entendendo e Domi-
nando o Linux", "Kurumin, desvendando seus
# rm -rf /var/lib/bluetooth/* segredos", "Hardware, Manual Completo"e "Di-
cionário de termos técnicos de informática".
Desde 2003 desenvolve o Kurumin Linux, uma
das distribuições Linux mais usadas no país.

www.guiadohardware.net :: Revista Bluetooth no Linux :: 48


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007

por Carlos e. Morimoto

Quase tudo dentro de um PC é feito usando eletricidade. Ela é convertida em processamento, usada
para gerar laseres, que lêem e gravam CDs e DVDs, transformada em pulsos magnéticos, usados para
gravar dados nos platers do HD, convertida em sinais e rádio pela placa wireless ou em sinais analógi-
cos pelo modem e placa de som, transformada em luz pelo monitor e assim por diante.

A mesma eletricidade que mantém seu PC funcionando pode ser também o grande vilão que o fragiliza
durante o uso normal e o destrói durante as tempestades. Chegamos então aos guardas da muralha, os
filtros de linha, estabilizadores e nobreaks, responsáveis pela sua proteção. Vamos a eles ;).

www.guiadohardware.net :: Revista Filtros de linha, estabilizadores e nobreaks :: 49


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
vários MOVs em série, o que aumenta o Bons filtros de linha são anunciados pelos
FILTROS DE LINHA nível de proteção. A função dos MOVs é
absorver picos de tensão e descargas
fabricantes como "surge protectors" (prote-
tores contra surtos) e estão de acordo com
Os filtros de linha são os dispositivos de elétricas, fornecendo uma corrente cons- a norma UL 1449 (se não houver referência
proteção mais simples, geralmente tante ao equipamento e transformando o a ele, ou outra norma similar, é por que se
baseados em um fusível e um ou mais excedente em calor. A idéia é que ao re- trata de um modelo mais simples). Eles
MOVs ("metal-oxide varistors" ou, ceber um raio ou outra descarga violenta, normalmente custam de 50 a 200 dólares,
simplesmente, varistores, como são mais o fusível se queime rapidamente e os por isso são muito incomuns aqui no Brasil.
popularmente chamados), que oferecem MOVs absorvam a tensão excedente, pro- Você pode começar pesquisando no trippli-
alguma proteção, a um custo baixo. tegendo o equipamento. te.com, belkin.com ou apc.com, na seção
de "surge protectors":
Vamos ver o que temos dentro de um "Filtron", um O problema com os MOVs é que eles
modelo popular da Clone:
queimam depois de absorverem alguns
surtos de tensão e deixam de oferecer
proteção (sem que entretanto a passagem
de corrente seja interrompida). Filtros de
linha "de verdade" oferecem um segundo
LED de status, que se acende avisando que
os MOVs não estão mais oferecendo
proteção e é hora de trocar o filtro de linha.
Você poderia muito bem desmontá-lo e
substituir os MOVs usando um ferro de
solda, mas a maioria acaba simplesmente
usando o filtro danificado indefinidamente,
ou substituindo-o por um novo.

Bem, como você pode ver, ele inclui apenas Existe um padrão de qualidade para
um fusível e um MOV solitário entre o polo filtros de linha, o UL 1449, que contém
positivo e o terra, além do LED que mostra uma série de especificações mínimas
quando ele está ligado. Este design oferece para que o produto realmente seja Os filtros de linha mais baratos servem
um pequeno vislumbre de proteção contra capaz de proteger o equipamento mais como extensões do que como dis-
raios, mas nada além disso. Todos os de- contra os problemas mais comuns. O positivos de proteção. Eles podem no
mais problemas com a corrente elétrica problema é que, para atender à norma, máximo ser usados como uma primeira
passariam direto por ele. os filtros de linha precisam ir muito linha de defesa, colocada entre a tomada
além de oferecer um fusível e uma e o nobreak ou estabilizador. Desta forma,
Todos os filtros de linha baratos, aqueles na coluna de MOVs, o que os torna bem você aumenta a chance deles sobreviverem
faixa de 15 a 25 reais utilizam designs mais caros que a maioria está disposta a um raio ou desastre semelhante.
semelhantes, que oferecem pouca proteção. a pagar, sobretudo aqui no Brasil.
Alguns modelos um pouco melhores utilizam

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
relativamente benignos, mas o estabili-
ESTABILIZADORES zador elimina o risco, filtrando o excesso NOBREAKS (UPS)
de tensão.
O próximo passo na cadeia evolutiva são Existe uma certa polêmica com relação
os estabilizadores (line conditioners, em Finalmente, temos os spikes, que são ao uso dos termos "nobreak" e "UPS" (unin-
inglês), que além de protegerem contra descargas maciças, porém de curta du- terruptable power supply, fonte de energia
raios, protegem o equipamento contra ração. Eles surgem principalmente devi- ininterrupta). Ambos dizem respeito a um
oscilações, indo bem além do oferecido do à ação de raios e queima de trans- dispositivo que mantenha o fornecimento
por um filtro de linha. formadores. Eles são especialmente pe- ao micro, sem interrupções, em caso de
rigosos, pois podem causar desde danos queda da rede elétrica.
Os três problemas mais comuns são os aos pentes de memória, HD e outros com-
brownouts (sub-tensão), surtos (sobre- ponentes sensíveis, até queimar comple- O problema é que a grande maioria dos
tensão) e spikes (descargas). tamente o equipamento. nobreaks no mercado são modelos offline
ou line-interactive, onde existe uma in-
Nos brownouts (também chamados de A função dos filtros de linha seria proteger terrupção de alguns poucos milésimos de
sags) a tensão cai durante um certo perío- contra os spikes, mas, como vimos, os segundo até que o inversor entre em
do, muitas vezes para 90V ou menos, o que modelos baratos não cumprem bem este ação e o fornecimento seja restaurado
pode ser causado tanto pela própria rede papel. Por serem mais caros, os estabili- usando a carga das baterias. Devido a
elétrica, quanto pelo acionamento de um zadores vão além, geralmente oferecen- isso, muitos defendem o uso dos termos
chuveiro ou outro aparelho elétrico que do uma proteção real. "short-break" (ao invés de nobreak) ou
consuma muita energia. A maioria das fon- "SPS" (standby power supply, ou fonte de
tes são capazes de funcionar com uma ten- Ao comprar, procure por produtos que energia de reserva) ao invés de UPS. Ou-
são um pouco mais baixa, mas isso aumen- atendem ao padrão UL 1449 ou ao NBR tros defendem ainda o uso do termo
ta a corrente (amperagem), fazendo com 14373, que é o padrão brasileiro. Os fa- "BPS" (backup power supply) no lugar de
que a fonte aqueça mais que o normal. Se bricantes se esforçam para atender a es- ambos. Polêmicas à parte, o termo nobreak
a fonte já estiver trabalhando próxima da tes padrões, pois eles são a senha para é mais comumente usado, por isso fico
sua capacidade máxima, ela pode queimar. vender para as principais empre-sas e com ele. Você é livre para usar o termo
Quando presente, o estabilizador assume o órgãos governamentais. Se não houver que preferir ;).
trabalho de corrigir a tensão, entregando referência a nenhum dos dois nas espe-
uma tensão de 115V, perfeitamente estabi- cificações, provavelmente se trata de um Existem vários tipos de nobreaks. Os mais
lizada, ao micro. produto de baixa qualidade. Infelizmen- comuns no mercado são os offline e os line-
te, quase todos os estabilizadores de 50 interactive. Existem alguns nobreaks onli-
Os surtos são o problema mais comum, reais que temos no mercado nacional se ne, geralmente modelos bem mais caros,
onde temos um aumento de até 100% na enquadram nesta categoria. destinados a uso industrial ou em data-cen-
tensão, por um curto espaço de tempo. ters, além dos line-boost.
Os 110V da tomada se transformam em 150
ou 200V por algumas frações de segundo. Entre os quatro tipos, os nobreaks online
Devido à sua curta duração, os curtos são são os mais seguros. Neles, as baterias são
carregadas de forma contínua e o inversor

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fica constantemente ligado, retirando ener- devido à dupla conversão realizada. A maio- modelo de nobreak offline (ou standby)
gia das baterias e fornecendo aos equipa- ria dos modelos trabalham com 70 a 75% de
mentos. Este layout faz com que os equi- eficiência, o que significa que para cada 300
pamentos fiquem realmente isolados da watts consumidos pelos equipamentos, o
rede elétrica, com os circuitos de entrada e nobreak desperdiça pelo menos mais
as baterias absorvendo todas as variações. 100 na forma de calor. Por causa disso,
O problema é que os nobreaks online são os nobreaks online são quase sempre re-
muito caros e por isso pouco comuns. lativamente grandes (os modelos de
2000 VA são geralmente do tamanho de
Além da questão do preço, os nobreaks onli- um PC) e utilizam exaustores para dissi-
ne possuem uma baixa eficiência energética, par o calor. Veja que devido ao grande
aumento no consumo, o custo real de
manter um nobreak online (incluído o
gasto com eletricidade) acaba indo mui-
to além do custo inicial do equipamento.
Em seguida temos os nobreaks
offline (ou standby), que são a Os seguintes na lista são modelos line-
alternativa mais antiga e barata interactive, que são uma evolução dos
aos online. Neles, a corrente elé- offline. Neles, o inversor também assu-
trica é filtrada por um conjunto me apenas quando existe falha na rede
de circuitos e entregue direta- elétrica; a diferença é que o inversor fica
mente aos equipamentos, como ligado continuamente e um circuito de
faria um estabilizador. Paralela- monitoramento se encarrega de monito-
mente, temos as baterias e o rar a tensão e usar energia do inversor
inversor, que assume rapida- em caso de queda na tensão. Caso ocor-
mente em caso de queda na re- ra um brownout e a tensão caia em 10%,
de. O circuito responsável pelo por exemplo, o circuito repõe os mes-
chaveamento demora alguns mos 10% usando energia do inversor, de
milésimos de segundo (de 2 a 5 forma que os aparelhos recebem sempre
ms, na maioria dos modelos) uma tensão de 110 ou 115V (de acordo
para perceber a queda na rede e com o modelo). Os nobreaks line-inte-
acionar o inversor, por isso exis- ractive utilizam as baterias de uma for-
te uma breve interrupção no ma muito mais ágil que os offline e são
fornecimento aos equipamen- mais confiáveis. O problema é que eles
tos, que acaba passando desa- também desperdiçam mais energia, já
percebida graças aos circuitos que o inversor precisa ficar continua-
da fonte de alimentação mente acionado.

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Atualmente, existe uma quarta categoria, A tecnologia line-boost é muito mais ba- contínua das baterias em corrente alter-
que são os nobreaks line-boost, que são rata que a line-interactive, por isso os nada. Basicamente, a corrente contínua é
uma versão popular dos line-interactive. fabricantes passaram a usá-la na maioria uma linha reta e constante, enquanto a
Ao invés de manterem o inversor continu- dos modelos. Embora eles também se- corrente alternada é uma onda analógica
amente ativo, a postos para compensar jam chamados de "line-interactive", "in- que oscila 60 vezes por segundo.
variações na rede elétrica, eles utilizam terativo" ou até mesmo de "nobreak com
um transformador auxiliar, que aumentam regulação online" (note o uso da palavra Os nobreaks mais baratos ou antigos uti-
a tensão em um valor fixo (geralmente "regulação", combinada com o termo lizam inversores que geram ondas qua-
12%) quando usados. Se a tensão cai de "online" para dar a entender de que se dradas (procure referências a "square
110 para 95V, por exemplo, o transforma- trata de um nobreak online), eles são di- wave" nas especificações), onde a tensão
dor entra em cena, aumentando a tensão ferentes dos online ou line-interactive varia de forma abrupta. Eles são um pou-
em 12%, atenuando a redução e fazendo "de verdade". co perigosos, pois podem danificar apare-
com que os equipamentos recebam 106V. lhos sensíveis ou até mesmo a própria
Caso a tensão caia abaixo de um certo li- Atualmente, quase todos os modelos de fonte de alimentação do micro se as
mite, o inversor é acionado e passam a ser nobreaks baratos, destinados ao merca- quedas de energia (e consequentemente
usadas as baterias. Muitos modelos utili- do doméstico são line-boost ou offline. O o uso do inversor) forem freqüentes.
zam transformadores com vários estágios uso de microprocessadores e melhorias
(2, 3, ou até mesmo 4), oferecendo atenu- nos projetos fizeram com que eles se Os modelos baratos mais recentes utili-
ações bem mais suaves. tornassem bem mais confiáveis que os zam ondas senoidais por aproximação
modelos antigos, reduzindo muito a dife- (nas especificações você encontrará ter-
rença na prática. O acionamento do in- mos como "pseudo-sine wave", "modified
versor se tornou mais rápido (menos de square wave", "near sine wave" ou "s-
1 ms em muitos modelos) e o uso de ca- tepped sine wave"), que são um meio
pacitores e outros circuitos reduzem o termo, onde as variações são feitas em
tempo de queda na energia a quase ze- intervalos maiores, oferecendo algo mais
ro. A eficiência também melhorou bas- próximo a uma onda analógica.
tante. Muitos modelos atuais trabalham
com 95% de eficiência (ou seja, para Finalmente, temos os modelos mais ca-
cada 300 watts de carga, o nobreak des- ros, que geram ondas senoidais "puras"
perdiça apenas 15). Isso faz com que ("sine wave" ou "pure sine wave"), ou
hoje em dia a escolha sobre qual nobre- seja, virtualmente idênticas às fornecidas
ak comprar recaia mais sobre a marca, pela rede elétrica. Estes são naturalmen-
modelo e qualidade geral e não sobre a te os melhores dentro do quesito.
tecnologia usada.
Note que não existe uma relação dieta
Outra característica importante é o entre a tecnologia usada (offline, online,
formato de saída de onda do inversor. etc.) e o formato de onda usado pelo
Quando o nobreak usa as baterias, o inversor. Entretanto, como os inversores
inversor precisa transformar a corrente que geram ondas senoidais são mais caros,

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eles acabam sendo usados apenas nos algum software fornecido pelo fabricante), Combine o inversor com um notebook e
modelos premium, que naturalmente uti- enquanto no Linux você utilizaria o "upsd" um plano de acesso via GPRS (via celu-
lizam tecnologias melhores. Você nunca (o daemon genérico) ou o "apcupsd" (es- lar) e você tem uma solução para se
encontraria um nobreak online para uso pecífico para nobreaks da APC). Eles estão manter conectado em praticamente
industrial com um inversor barato geran- disponíveis nas principais distribuições, qualquer lugar ;).
do ondas quadradas... ;). precisam apenas ser configurados e ativa-
dos. Você pode ler mais sobre eles no
Uma observação é que você não deve
usar um estabilizador entre o nobreak e o
http://www.networkupstools.org/compat/
e http://www.apcupsd.com/.
VA x Watts
PC, pois os estabilizadores são feitos para Ao comprar um estabilizador ou um no-
receberem ondas senoidais. Ao receber as
ondas quadradas geradas por um nobreak INVERSORES break, a capacidade é sempre informada
em VA (Volt-Ampere) e não em watts. Em
barato, o estabilizador vai aquecer e des- teoria, um no-break ou estabilizador de
Os inversores transformam a corrente con-
perdiçar energia tentando retificar as on- tínua de 12V fornecida por uma bateria na 600 VA seria capaz de suportar uma car-
das. Em casos mais extremos, ele pode tensão alternada de 110V usada pelos apa- ga de 600 watts, mas na prática ele aca-
até mesmo queimar e/ou danificar os relhos elétricos. Como vimos, o inversor é ba mal conseguindo manter um PC que
equipamentos ligados a ele. um dos componentes do nobreak, mas consome 400. Se você realmente ligasse
também existem muitos modelos autôno- um PC que consumisse 600 watts, ele
Você pode perfeitamente usar o estabili- mos à venda no mercado, que podem ser desligaria (ou queimaria!) quase que ins-
zador em conjunto com o nobreak, desde ligados no acendedor de cigarros ou dire- tantaneamente.
que o estabilizador fique entre o nobreak tamente na bateria do carro. Eles são uma
e a tomada, e não o contrário. O estabili- opção para quem quer usar o notebook ou Essa diferença ocorre por que a capaci-
zador passa então a ser um item bem- outros aparelhos quando está viajando, ou dade em VA é igual ao fornecimento em
vindo, protegendo o nobreak das intempé- durante temporadas em campings ou locais watts apenas em situações onde são li-
ries. sem sem eletricidade. gados dispositivos com carga 100% resis-
tiva, como é o caso das lâmpadas e
Muitos modelos de nobreaks oferecem a A maioria dos modelos oferece uma capaci- aquecedores. Sempre que são incluídos
possibilidade de usar um cabo de monito- dade de 150 a 600 watts. Existem também componentes indutivos ou capacitivos,
ramento, que pode ser tanto um cabo alguns modelos baratos, destinados a alimen- como no caso dos PCs e aparelhos ele-
USB, quanto um cabo serial (nos modelos tar um único notebook, que fornecem apenas trônicos em geral, a capacidade em watts
mais antigos) ligado ao micro. Um softwa- 100 watts (ou menos), mas em compensação, é calculada multiplicando a capacidade
re se encarrega de monitorar o status e a custam geralmente menos de 100 reais.
em VA pelo fator de potência da carga,
carga das baterias e pode ser programado sendo que a maioria das fontes de ali-
para desligar o PC ou executar outras mentação trabalham com fator de potên-
ações quando a carga das baterias está cia de 0.65 ou 0.7. Isto significa que um
no fim. estabilizador de 600 VA suportaria, em
teoria, um PC que consumisse 400 watts,
No Windows você pode usar as opções utilizando uma fonte de alimentação com
disponíveis na aba "UPS" do "Painel de fator de potência de 0.66.
Controle > Opções de energia" (ou usar

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Como é sempre bom trabalhar com uma Embora menos comum, também é pos-
boa margem de segurança, uma boa sível que o equipamento seja danifica-
regra para calcular a capacidade "real" do através da placa de rede, caso exis-
em watts é dividir a capacidade em VA tam outros micros sem proteção na
por 2. Assim, um no-break de 600 VA rede, ou caso o modem ADSL (ligado ao
suportaria um PC com consumo total de hub) esteja ligado diretamente na linha
300 watts com uma boa margem. telefônica. Um raio que atinja outro
equipamento, pode continuar através
do cabo de rede e a partir daí danificar
PROTEÇÃO PARA A o hub e os micros ligados a ele. A rede
é um ponto vulnerável contra descar-
LINHA TELEFÔNICA gas elétricas, pois ao contrário da rede
elétrica, a rede não possui aterramen-
Se você acessa via modem ou ADSL, é to. A única roda de escape são os pró-
importante comprar um nobreak ou es- prios micros, daí o perigo.
tabilizador com proteção para a linha te-
lefônica, já que a incidência de raios
através da linha telefônica é bem maior
que através da rede elétrica. O principal AUTONOMIA O mais comum é que sejam usadas bate-
rias de 7.2 Ah (as de carro possuem 44,
motivo é que na rede elétrica temos os 48, ou mesmo 52 Ah). Os nobreaks me-
transformadores e disjuntores, que funci- Outra dúvida comum com relação aos nores, de 600 VA normalmente utilizam
onam como uma barreira inicial, enquan- no-breaks é a autonomia. Os fabrican- apenas uma, enquanto os maiores, de
to a linha telefônica é uma ligação direta tes fazem uma grande confusão com 1.3 VA utilizam duas. A capacidade das
entre o seu modem e a central, sem pro- relação a isso, publicando estimativas baterias pode variar de acordo com o
teções adicionais pelo caminho. de consumo, do tipo "1 PC onboard + 1 modelo (você pode checar nas especifi-
monitor de 15" + impressora jato de cações), mas raramente são usadas mais
Uma observação é que qualquer filtro ou tinta = autonomia de 20 minutos" (co- de duas baterias internas. Ao invés disso,
protetor para a linha telefônica causa mo vi nas especificações de um SMS são oferecidos modelos com engates
uma pequena perda de sinal, devido ao Manager III), sem especificar a capaci- para baterias externas.
uso de MOVs e outros componentes. Por dade exata das baterias.
isso é importante comprar produtos de Já que você pode dizer se o seu nobreak
boa qualidade, onde a perda é menor. Com exceção de modelos específicos, usa uma ou duas baterias simplesmente
Não acredite nos filtros de 5 reais ou em todos os nobreaks utilizam baterias de pelo tamanho, fica fácil calcular a auto-
receitas folclóricas como dar nós no chumbo ácido compactas. Elas são muito nomia. Os "7.2 Ah" de capacidade da
cabo; os circuitos protetores são caros, similares às baterias usadas em carros, bateria indicam que ela é capaz de for-
por isso apenas os estabilizadores e no- mas são menores e possuem uma capa- necer uma carga de 1 ampere por 7.2
breaks de boa qualidade oferecem uma cidade reduzida. horas a 12 volts (que é a tensão nomi-
proteção real. nal da bateria).

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O no-break utiliza um inversor para trans- Chegamos então aos modelos de nobreak
formar os 12V fornecidos pela bateria nos com engates para baterias externas. A prin-
110 (ou 115) volts que são fornecidos ao cipal diferença é que eles incluem carrega-
micro. Se temos 7.2 Ah a 12V, significa dores dimensionados para carregar as bate-
que temos 0.78 amperes hora a 110V. rias externas em tempo hábil, além de se-
rem muito mais práticos. Novamente, você
Isto significa que a bateria duraria 30 mi- tem a opção de comprar as baterias exter-
nutos caso seu micro consumisse 156 nas oferecidas pelo fabricante, ou usar ba-
watts (o que seria próximo do consumo tí- terias de carro comuns; basta comprar o
pico de um desktop com um processador e cabo apropriado:
placa 3D razoáveis, gravador e monitor
LCD), ou 20 minutos caso ele consumisse
234 watts (um micro similar, só que agora
usando um monitor CRT de 17").

Na prática, a conta não é tão exata assim,


pois existe alguma perda de energia nos
circuitos do no-break e na fonte de alimen-
tação do micro, sem contar que ele inter- Temos em seguida a questão das bate-
rompe o fornecimento antes que a bateria rias externas. Nada impede que você
fique completamente descarregada. Le- simplesmente substitua a bateria inter-
vando tudo isso em prática, seria conveni- na do seu nobreak por uma bateria de
ente reduzir nosso cálculo teórico em 20 a carro; o carregador incluído no nobreak
25% para chegar a um número mais pró- vai demorar dias para carregar a bateria
ximo da realidade. superdimensionada e o resultado não
vai ser muito bonito esteticamente, mas
Existem no mercado aparelhos destinados funcionar funciona. Uma bateria nova, Em casos onde você realmente precisa de
a medir o consumo elétrico de aparelhos, de 44 Ah, lhe daria uma autonomia 6 muita autonomia, é possível ainda usar
que podem ser instalados entre a fonte e o vezes maior que a bateria padrão. duas ou mais baterias ligadas em parale-
cabo de força do micro para medir seu con- lo. Neste caso você liga o polo positivo da
sumo. Eles podem ser encontrados em ca- O grande problema é que isso viola a segunda bateria no positivo da primeira, o
sas especializadas em materiais elétricos, garantia e, como disse, o carregador do negativo da segunda no negativo da pri-
ou comprados online. Um dos mais baratos nobreak demoraria muito para conse- meira, o positivo da terceira no positivo da
é o "kill a watt", que custa em média 35 dó- guir carregar a bateria de maior capaci- segunda e assim por diante. Ligando duas
lares mais postagem, se comprado no exte- dade. Existe ainda a possibilidade de baterias de 12V e 44 Ah em paralelo,
rior. Ele mostra a tensão, amperagem, con- que o maior volume de uso abreviasse a você tem como resultado uma bateria de
sumo em watts, VA e também o consumo vida útil do inversor, inutilizando o no- 12V e 88 Ah. A principal recomendação
cumulativo num determinado período: break antes da hora. é que você procure cabos apropriados,

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não tente improvisar usando fios comuns,
que podem superaquecer ou simplesmente
não serem capazes de suportarem a ampe-
ragem necessária, fazendo com que o no-
break desligue o fornecimento por achar
que a bateria está fraca.

Vale lembrar que como a bateria trabalha


com tensão de 12V, a amperagem transmi-
tida através do cabo é bastante alta. Se o
nobreak está fornecendo 300 watts de
energia para os equipamentos, significa que
o cabo da bateria está transportando uma
corrente de quase 30 amperes, o que não é
pouca coisa.

Se você tiver a curiosidade de medir a ten-


são fornecida à bateria durante o carrega-
mento (usando o multímetro), não se assus-
te se ver um valor de 13.6 ou 13.8V, esta é
a tensão normal de carregamento. Embora
a tensão nominal da bateria seja de 12
volts, ela oscila entre 9.4 e 13.6, de acordo
com o nível de carga. Na maioria dos no-
breaks, o alarme se intensifica quando a ba-
teria atinge 10.5V e o inversor é desligado
quando ela atinge 9.5V, evitando que a ba- Anuncie seu produto
teria seja completamente descarregada (o
que abreviaria sua vida útil). para mais de 30 MIL
Carlos E. Morimoto. Leitores mensais
É editor do site http://www.guiadohardware.net, autor de
mais de 12 livros sobre Linux, Hardware e Redes, entre
eles os títulos: "Redes e Servidores Linux", "Linux Enten-
dendo o Sistema", "Linux Ferramentas Técnicas", "En-
tendendo e Dominando o Linux", "Kurumin, desvendan-
do seus segredos", "Hardware, Manual Completo"e "Di-
cionário de termos técnicos de informática". Desde 2003
desenvolve o Kurumin Linux, uma das distribuições Li-
Para anunciar: revista@guiadohardware.net
nux mais usadas no país.

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2007

Desktop
Publishing
e Linux
Ferramentas e técnicas básicas

por Celso Junior

Desktop Publishing é o termo utilizado pelos gráficos quando o processo de produção de um impresso é feito
quase que totalmente ( e às vezes integralmente ) em um computador.
Conforme foram sendo desenvolvidas tecnologias que contribuíam com o aumento do poder computacional
dos Pcs e Macs, mais e mais recursos foram adicionados aos softwares de DTP (Desktop Publishing) para que
esses pudessem, cada vez mais, encurtar o caminho que vai da idéia na cabeça até o produto impresso.

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Gerou-se então um grande número de aplicativos e que podem Programas como o OpenOffice Writer (no qual estou editando
ser classificados da seguinte forma: este texto), o Abiword e o Kwriter são ótimos exemplos dentro
da comunidade Open Source. Não há grandes ajustes a serem
feitos ao usar esses programas ao invés dos conhecidos aplica-
● Programas de Processamento de Textos
tivos proprietários, já que o texto pode ser gravado como for-
● Programas de Tratamento de Imagens mato ASCII por exemplo, pois sua diagramação é controlada pe-
los aplicativos de diagramação, precisando apenas do “texto
● Programas de Ilustração puro” para produzir o impresso.
● Programas de Diagramação
Programas de Tratamento de Imagens
● Programas de Fechamento de Arquivo
Esses aplicativos ocupam-se em criar efeitos especiais em fotos
e aplicar correções ou ajustes de cor para os mais diversos
Muitos dos novos programas de DTP possuem recursos mistos, processos de impressão.
ou seja, um programa de Edição de Textos tem algumas ferra-
mentas para ilustração, e programas de ilustração têm certas Efeitos em bitmap requerem muito menos poder de processamento,
ferramentas de diagramação ou programas de tratamento de são muito mais fáceis de se obter e apresentam um melhor resultado
imagens apresentam algumas ferramentas de edição de textos, do que os efeitos fornecidos em programas de ilustração, por isso são
mas o recomendável é que cada programa seja utilizado para altamente recomendados para a criação de imagens mais complexas
sua específica função, ou seja, o seu ponto forte, naquele onde e que necessitam de um tom mais realista, como fogo, água, tornar
a maioria dos seus recursos está focado. um texto com aspecto metálico, aplicar uma textura etc...
Esta matéria não tem o intuito de ser nem um curso de projeto O GIMP é, de longe,
gráfico quanto menos um tutorial sobre cada um dos softwares o aplicativo gráfico
envolvidos, apenas serve para indicar o caminho de quem este- mais conhecido na
ja interessando na possibilidade de utilizar os programas dispo- comunidade Open
níveis sob licença livre dentro do DTP. Source com essa
função, além de ser
Programas de Processamento de Textos uma das primeiras
Killer Application da
Têm a função de armazenar os textos a serem diagramados e im- plataforma Linux,
pressos. Embora tenham a capacidade de configuração de páginas e possuindo recursos
diversas formas de saída de impressão, no DTP profissional recomen- comparáveis aos
da-se o uso desses programas apenas para efetuar a entrada dos tex- aplicativos
tos, que muitas vezes podem conter dezenas ou centenas de páginas proprietário
em um único arquivo, além do que tais programas têm recursos mui- profissionais com o
to bons de correção ortográfica, o que ajuda a verificar o texto antes mesmo enfoque.
dele ser diretamente diagramado.

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Programas de Ilustração O segundo programa já foi proprietário, mas agora é distribuído
sob a licença GNU e se chama Xara-Lx. Com uma interface e
Com essa classe de programas costuma-se criar imagens vetoriais, ferramentas mais semelhantes aos softwares conhecidos do
como logotipos , marcas e desenhos dos mais variados, além de mercado, ele traz praticamente todos os efeitos que faltam no
servir para a criação de panfletos, catálogos, capas para CD e até Inkscape, e é extremamente rápido, ou seja ele é um programa
embalagens. A sua principal característica a de trabalhar com infor- totalmente livre de ilustração com ferramentas profissionais
mações vetoriais, ou seja, os elementos das ilustrações são obtidos para a área gráfica.
através de cálculos matemáticos para retas, círculos, arcos e curvas
belzier, tornando os desenhos escalonáveis, podendo ser manipula- O Xala-Lx tem suporte a Spot-Colors (cores especiais, gerando
dos das mais diversas formas sem perda de qualidade (diferente- uma separação diferente do CMYK comum) e uma boa gama de op-
mente das imagens em bitmap). ções para o fechamento dos arquivos, que é uma das “pulgas atrás
da orelha” que grande parte dos entusiastas do Open Source encon-
Existem dois programas muito conhecidos, o primeiro deles é o Inks- tram ao tentar utilizar somente esses programas para a produção grá-
cape, um programa de ilustração muito bem desenvolvido, q u e fica. Porém, nos próximos parágrafos, vamos ver como é possível se
p o d e p e c a r p e l a f a l t a d e e f e i t o s automatizados, como os utilizar apenas das ferramentas disponíveis no Linux para se obter re-
encontrados em vários softwares proprietários dessa cate- sultados satisfatórios em DTP.
goria, mas compensa essa falta quando o assunto é ilustra-
ção em si: É extremamente simples desenhar e manipular formas no
Inkscape, além de ter um bom controle de textos, preenchimentos e
manipulação de nós.

Outra característica marcante do Inkscape é a vetorização


de elementos em bitmap, que utiliza uma interface ao Poatrace e
queconsegue uma vetorização tão precisa e suave que deixa a
maioria das ferramentas de vetorização proprietárias a ver navios.

Xara-LX esse é um apoio de peso ao DTP no Linux

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Programas de Diagramação de um grande volume de processamento e grande banda de


transmissão de dados, seja através de portas serias, paralelas
No DTP profissional, é comum termos o seguinte fluxo de ou mesmo pelos cabos de rede convencionais. Antigamente es-
trabalho: sas máquinas (leia-se impressoras de grande porte) interpreta-
vam seus formatos de entrada (como o HP-GL, HP-GL2, PCL,
DMP etc...) e cada máquina requeria que o computador que en-
● Digitam-se os textos; viasse o arquivo a ele possuísse um driver, e isso ainda é co-
● Tratam-se e editam-se as imagens; mum hoje em dia quando falamos de impressoras domésticas,
mas devida a altíssima resolução que esses equipamentos
● Criam-se as Ilustrações; usam, que transitam entre 1200dpi e 4800dpi, necessitou-se
● Diagrama-se todos os elementos do impresso; da criação de um formato de arquivo padrão, que ao invés de
interpretar as informações já rasterizadas (convertidas em bit-
● Fecha-se o arquivo. map) pelos driveres, fosse capaz de manter os elementos das
páginas diagramadas em um formato único, não importando em
Diagramar significa posicionar, nas páginas a serem impressas, si os comandos do dispositivo, ou seja, Ao invés de receber uma
todos os componentes do projeto, como os blocos de texto, as imagem bit a bit de como a página é, essa informação passou a
imagens e as ilustrações, além dos elementos que vão servir na ser transmitida em instruções dos objetos que a compunham.
hora de aparar as bordas e dobrar os cadernos (acabamento) .
Nasceu então o PostScript, e com ele foram criados os Interpretadores
É através desses programas de Diagramação que se finaliza o PostScript, que recebem os arquivos nesse formato comum e trans-
projeto gráfico e a comunidade Open Source tem um grande formam esses comandos de descrição de páginas no formato que o
representante desse quesito, o Scribus. dispositivo usa.

Ele tem todas as ferramentas necessárias para produzir catálogos, li- Pode-se dizer que o nascimento do PostScript consolidou o
vros, revistas e toda a sorte de produtos gráficos. Graças a suas ótimas Desktop Publishing, pois a padronização fez com que os equi-
ferramentas de Fechamento de Arquivo, é no Scribus que se entrega à pamentos passassem a vir de fábrica com interpretadores
gráfica o famoso PDF, o formato de arquivo cada vez mais utilizado nos PostScript. Caso esse interpretador fosse instalado diretamente
equipamentos High-End que geram as formas de impressão de prati- na placa do equipamento, era conhecido como Hard RIP (Rip =
camente todos os processos conhecidos. Raster Image Processor), se fosse simplesmente um computador
com um software dedicado a interpretar o PostScript recebido e
Programas de Fechamento de Arquivo (Geração de PDF ou Ripagem) converte-lo na linguagem do equipamento, então era conhecido
como Soft RIP.
Antes de mais nada, é preciso explicar o que vem a ser o Fechamento
de Arquivos. Os Hard Rips caíram em desuso devido aos altos custos e as
grandes limitações de processamento e as dificuldades de atua-
Quando os computadores passaram a ser interessantes para auxiliar lização Afinal era uma placa interna da máquina dando lugar ao
na produção de impressos, existia um pandemônio de formatos de crescimento dos Soft Rips.
arquivos utilizados pelos dispositivos de saída, os quais necessitavam

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2007 | Tutorial
Devido também às diversas versões do PostScript, a atualização Primeira Parte: Os Textos
de um Soft Rip é crucial para que os dispostivos estejam sem-
pre atualizados com os padrões da qualidade gráfica Extrema- Como já foi dito, o texto foi digitado no OpenOffice Writer, sem
mente exigentes. muitos recursos, somente formatação de fontes e parágrafos, algo
que o Scribus consegue interpretar, já que ele importa textos
Porém, os Soft Rips, em sua unanimidade dentro da indústria diretamente do formato odt.
gráfica, são tidos como os mais caros do segmento, pois che-
gam a custar EUR 40.000! E estamos falando de uma única li-
cença, que roda em um computador exclusivamente dedicado a
função de interpretar o PostScript para as máquinas.

Se você utiliza o Linux, muito, mas muito provavelmente você


tem instalado em seu computador um programa capaz de exe-
cutar todas as funções de um Soft Rip! E com a vantagem de
ser livre e de contar com uma base de atualizações e correções
robusta e eficiente. Estou falando do GhostScript.

Embora ele seja mais associado à geração de arquivos PDF, o


Ghostscript é um poderoso Soft RIP, capaz de “ripar” (jargão
gráfico referente a interpretar um arquivo postscript) arquivos
PS, EPS e PDF das mais diversas versões e nas mais diversas
resoluções e lineaturas.

Alguns desenvolvedores mal intencionados roubaram o Ghosts-


cript e usaram o seu engine para criar Soft Rips comerciais (Da-
queles de EUR 40.000) sem contribuir com a comunidade Open Esta é a imagem deste mesmo texto sendo digitado... que paradoxo /O_o
Source Graças a isso a licença do Ghostscript foi modificada, divi-
dida em versões versões como a AFPL e a GNU, sendo a AFPL a
que recebe mais atualizações e correções, porém, vetada para a Segunda Parte: Imagens e Ilustrações
distribuição comercial.
No Inkscape, usando as ferramentas básicas, criamos uma pequena
Finalizando o Fluxo de Produção gráfica no Linux, vemos que ilustração, na hora de salvar, poderíamos escolher formatos pa-
possuímos todas as ferramentas necessárias para gerar um drão vetorias como SVG, EPS ou AI, porém, como o desenho exem-
produto impresso usando apenas ferramentas livres. Vamos plo possui efeitos de gradiente e transparência, devemos rasterizar a
agora ver um exemplo básico de como isso é possível, bem como imagem, já que justamente esses dois recursos do PostScript são ex-
dicas simples de utilização dos programas já citados. tremamente problemáticos de se reproduzir. Exportamos então uma
imagem com uma resolução considerável (300 ppi) que é a resolu-
E vamos fazer isso com esta matéria! ção ideal e ela será tratada como um elemento de bitmap.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
No Gimp, usamos uma imagem em preto e branco e demos
uma colorizada básica:

Ilustração com o tema da matéria


Vamos criar também uma ilustração mais simples, sem efeitos
avançados, apenas para demonstrar como importar arquivos veto-
riais na diagramação. Neste caso salvamos esse logo em SVG. Através de simples edição em camadas é possivel colorizar no Gimp sem muito esforço

Vamos pegar também nosso amigo Bill e fazê-lo sentir-se mais em


casa :)

Correções de
Cores e
efeitos nas
imagens são
bem simples
no Gimp.

Tá calor aí em
baixo Bill?

Um desenho vetorial mais simples para ser usado no Scribus

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial

CMYK ?! Por exemplo, salvamos o desenho da menininha pensativa


como “girl2.png”. O Gimp não trabalha com o espaço de cor
Uma das maiores reclamações quanto a usar o Linux para DTP CMYK a imagem ficou em RGB, o que causaria uma grave dis-
é que o seu maior expoente em edição de imagens, o Gimp, torção das cores do impresso na hora da “ripagem” já que seria
não trabalha com arquivos em formato CMYK, que na verdade feita a separação em apenas 3 fôrmas de impressão (Ciano,
seria um bitmap de 24 bits com profundidade de cor referente Magenta e Amarelo), e são necessárias 4 (faltaria o Preto). As-
a Ciano, Magenta, Amarelo e Preto, que são as cores de sim, digitamos o comando:
processo usadas nos mais diversos tipos de impressão. Mas
um pouco de pesquisa faria os desestimuladores ficarem
convert -colorspace cmyk “girl2.png” “girl2CMYK.png”
quietinhos, já que, com apenas um comando, é possível
converter o espaço de cor de qualquer imagem. Para quem
tem o ImageMagick instalado (e a grande maioria das Se você ainda tiver um perfil ICC alvo a ser aplicado, então é muito
distribuições já tem) somente precisa digitar: simples embuti-lo na imagem na hora de converter para CMYK:
convert -colorspace cmyk imagemrgb imagemcmyk
convert -colorspace cmyk -porfile /home/usuario/perfis
/heidelbergcoated.icc “girl2.png” “girl2CMYK.png”

Como a proposta aqui é a produção gráfica básica, deixemos de


lado esses recursos de Gerenciamento de Cor, mas saiba que o
Linux tem ótimas soluções quanto a isso também.

Terceira Parte: Diagramando e Fechando


Dentro do Scribus podemos configurar a formatação da nos-
sa matéria. Tamanho da página, margens e tudo o mais. In-
cluímos blocos de texto, configuramos o número de colunas
e espaçamentos, além dos blocos de texto que estão linka-
dos entre as páginas.

Obtendo o conteúdo e sua formatação pelo arquivo feito do


OpenOffice writer, temos vários modos de manipular os blocos
de texto dentro das páginas.
Diferença clara de contraste entre uma imagem RGB e outra em CMYK

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Ao incluir as imagens podemos indicar que os textos fluem ao Depois de definida a diagramação, exportamos o projeto em PDF, que
seu redor (muito comum em diagramação) e definir seu é a forma atual mais garantida de que aquilo que foi projetado vai ser
tamanho final com mais precisão. impresso sem problemas e com fidelidade.

Se quisermos importar um elemento vetorial simples(como aquele As opções de exportação em PDF são bem interessantes, e
logotipo salvo em svg), é só clicar em Arquivo>Importar>Importar apresentam o básico que se precisa para um bom fechamento de
SVG e pronto. arquivo.

O Scribus também tem boas opções de desenho vetorial, mas Até este ponto, todo esse processo não tem haver diretamente com a
sua funcionalidade fica mais para criar quadros e elementos gráfica, que cada vez mais está apenas recebendo o arquivo PDF e
mais básicos. enviando ao seu RIP para que seja dada a saída em seus
equipamentos, seja um impressora digital, ou para geração de
filmes ou chapas de impressão Offset.

Mas se você quiser “Ripar” o arquivo em PDF para


o seu equipamento doméstico ou mesmo para o
seu gerador de chapas a laser, é aí que entra o
GhostScript.

Para que seja gerada a saída corretamente, é


preciso definir valores como lineatura, angulação
de retícula e tipos de ponto. Quando as imagens
que compõe o impresso já estão convertidas em
cores de processo como o CMYK, basta passar ao
GhostScript qual formato de rasterização ele deve
usar ou a qual dispositivo ele deve mandar, existe
uma gama enorme de dispositivos suportados
pelo GhostScript, dentre eles os laseres baseados
em PCL, que são a maioria dos dispositivos High-
End do mercado.

Se você tiver tempo e disposição, pode simplesmente


tentar desconectar seu equipamento do seu Soft Rip
e ligá-lo em um micro com o Linux instalado e confi-
gurar sua saída pelo GhostScript até que você en-
contre os resultados desejados. O grande problema
é que dificilmente você , ou seu chefe, vão querer
parar sua produção para brincar com um equipa-
Diagramar Blocos de Texto, imagens e ilustrações, esta é a função do Scribus mento de centenas de milhares de dólares :)

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Tutorial
Aqui tem um simples exemplo de parte da imagem “Ripada” pelo GhostScript. Conclusão
Já existem ótimas ferramentas dentro da comunidade
Open Source que atendem bem o mercado de pro-
dução gráfica, basta agora os designers e os envol-
vidos nos processos de produção lembrarem-se que
a veia artística não pode estar presa a determinado
programa. Que a criatividade e o talento não po-
dem ser delimitados apenas ao que o mercado de-
termina.

Já é hora dos produtores gráficos tirarem o ca-


bresto e voltarem sua atenção, nem que por cu-
riosidade, ao Linux, pois pode estar aí um grande
diferencial de trabalho, dada a sua flexibilidade e
possibilidades infinitas de adequação e melhori-
as.

E é bom que eles vejam logo, porque quanto


mais o Linux vai se espalhando pelo mundo, mais
perto chegará a hora em que a gráfica receberá
de algum cliente uma revista feita no Scribus
para ser impressa. O que a gráfica fará então?
Vai se negar a fazer o serviço ou vai ter o re-tra-
balho de fazer tudo de novo?

Detalhe do resultado reticulado e em baixa resolução da saída do filme Preto, “ripado” pelo GhostScript. Não seria melhor ela simplesmente
Se você possuir uma impressora a laser comum de 1200dpi, pode até gerar os tais Fotolitos para a mandar imprimir?
geração de fôrmas de impressão.

Links Relacionados
Celso Junior
BrOffice: http://www.broffice.org/
Inkscape : http://www.inkscape.org
É programador, linuxista desde 1997 e estudante do
XaraLX: http://www.xaraxtreme.org/
último ano do curso superior em tecnologia gráfica da
Gimp: http://www.gimp.org
Scribus: http://www.scribus.net
faculdade Senai Theobaldo de Nigris.
GhostScript : http://www.cs.wisc.edu/~ghost/

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007

Entendendo a Internet
sob rede elétrica por Júlio César Bessa Monqueiro

Discutido há vários anos, o BPL - Broadband


over Power Lines, ou PLC - Power Line
Communications é nada mais que a injeção de
sinais de alta frequência na fiação elétrica, ou
seja, usando uma infra-estrutura já existente
– e tudo isso possui seus prós e contras.
Entenda como funciona esse tipo de conexão
à Internet, seu atual status e que benefícios
pode trazer – em especial ao Brasil.

www.guiadohardware.net :: Revista BPL :: 67


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
Segundo especialistas, uma nova onda Com mais de 3,5 quilômetros de exten- Esses são os problemas encontrados para
de conexão está vindo aí. Ela é a tão dis- são, a Rede PLC da Restinga será a mai- o uso do PLC, e analisaremos ao longo do
cutida Internet sob rede elétrica, conhe- or em extensão do país, em média e bai- texto. Uma falta de investimentos por
cida mundialmente pelo nome BPL - Bro- xa tensões, para fins de inclusão social. parte do governo federal também ajuda
adband over Power Lines, ou PLC - Power Nesta primeira etapa, serão conectados neste quesito.
Line Communications. Como resume a à rede de alta velocidade o posto de
própria Wikipedia, “ela consiste em saúde Macedônia, a Escola Municipal Al- Porém, vamos mostrar agora para as van-
transmitir dados e voz em banda larga berto Pasqualini e o posto local do Servi- tagens. Entre elas, estão a facilidade de im-
pela rede de energia elétrica. Como utili- ço Nacional de Aprendizagem Industrial plantação pois, a rede elétrica é a mais
za uma infra-estrutura já disponível, não (AEP Senai).” abrangente em todos os países, e cobre
necessita de obras em uma edificação (http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default 95% da população nacional. E não apenas
para ser implantada”. Basicamente, a in- .php?reg=69748&p_secao=3&di=2006-12-21) isso, reduz os gastos com implantação de
ternet sob rede elétrica é o encaminhamen- infraestrutura independente, gerando alta
to do respectivo sinal no mesmo fio da ener- Como vemos acima, a rede atinge so- economia. isso também
gia elétrica, cada um na sua frequência. mente a extensão de 3,5 quilômetros, gera praticidade,
algo relativamente curto em termos de pois bastaria ligar
Embora tenha ouvido se falar muito desta Internet massiva. um equipamen-
tecnologia em meados do ano 2000, no to como esse
Brasil parece que ela não passou dos tes- Uma das grandes desvantagens desse na tomada,
tes. Em 2001 houve com a Copel (Com- tipo de tecnologia é principalmente esse: conectando
panhia Paranaense de Eletricidade) e, o sinal acaba se corrompendo em distân- o cabo de
logo depois, a Cemig (Companhia Energé- cias muito longas, de acordo com os se- rede em se-
tica de Migas Gerais) e a Eletropaulo (Ele- guintes problemas: guida:
tricidade de São Paulo) também anuncia-
ram testes em tal ano. Porém, depois dis- • Manter a alta velocidade com longas distâncias, pelo encapamento plástico "roubar" os
to, a única notícia que tivemos sobre o sinais de alta frequência;
PLC no Brasil foi em 21/12/2006, quando
foi publicada a notícia da inauguração de • Os fios de cobre com tal frequência podem interferir em alguns equipamentos eletro-
uma pequena rede em Porto Alegre, Rio eletrônicos, por fazer com que os dados gerem ruído no espectro eletromagnético, além
Grande do Sul: de haver possibilidade de corromper os dados pela captura do sinal de rádios e outros;
“Dados, imagem, voz e vídeo vão trafe- • Da mesma forma, alguns aparelhos podem interferir na transmissão;
gar a uma velocidade de 45 megabits por
segundo pela rede elétrica da CEEE. O • Emendas, "T"s, filtros de linha, transformadores, e o ligamento e desligamento de
prefeito José Fogaça inaugura o primeiro eletrônicos na rede elétrica causam ecos do sinal, por criar pontos de reflexão, com isso
ponto de acesso à Internet pela rede elé- podendo haver corrupção dos dados;
trica às 16h30, no Centro Administrativo
Regional Extremo-Sul (Rua Antônio Ro- • Necessidade de instalação de "repetidores" (veremos seu funcionamento mais adiante)
cha Meireles Leite, 50 - Restinga). em cada tranformador externo (aqueles dos postes), pois filtram sinais de alta frequência.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
Outro ponto importante é a alta taxa de Além disso, pode ser oferecido um des-
transmissão podendo chegar a até 40Mbps conto para usuários que não utilizarem Funcionamento
nas freqüências de 1,7MHz a 30MHz. A se- o serviço em horário de pico, por ex-
O princípio básico de funcionamento das
gurança também é um ponto importante: emplo – já que o grid informa à central
redes PLC é que, como a frequência dos
ao contrário da rede Wi-Fi, onde um usuário de forma instantânea todos os dados.
sinais de conexão é na casa dos MHz 91,7
pode tentar se aproveitar do sinal do pró- Por isso, esta tecnologia dispensa o uso
a 30), e a energia elétrica é da ordem dos
ximo, no PLC quem compartilha do mesmo de coletores de informações, aqueles
Hz (50 a 60 Hz), os dois sinais podem con-
“relógio”, não tem como compartilhar a co- que vão de porta-em-porta. Neste caso
viver harmoniosamente, no mesmo meio.
nexão de rede, devido à criptografia com também há um envio automático dos
Com isso, mesmo se a energia elétrica não
algoritmo DES de 56 bits. dados à central.
estiver passando no fio naquele momento,
Os eletrodomésticos podem também usar “A nossa posição é parecida com a do DSL o sinal da Internet não será interrompido.
uma rede doméstica, com dispositivos no final dos anos 90: as pessoas ouviram A tecnologia, também possibilita a cone-
Ethernet, USB, wireless ou ponte de áudio, falar da tecnologia e, ainda que não este- xão de aparelhos de som e vários outros
esta conectando o computador às caixas jamos tão presentes na vida dos clientes, eletroeletrônicos em rede, como já dito
de som, bastando comprar módulos PLC agora estamos disponíveis”, disse Ralph acima. A Internet sob PLC possui velocida-
que inclusive já estão à venda, como o Vogel, porta-voz da Utility.net, uma inte- de não assíncrona: ou seja, você tem o
mostrado na figura acima. gradora de BPL baseada em Los Angeles, mesmo desempenho no recebimento ou
à IDG Now!. envio de dados.
Passando para o lado mais operacional
da coisa, temos o uso dos grids inteligen- Iniciativa gigante é a que está sendo feita O princípio de funcionamento da rede co-
tes. Estes têm a função de monitorar pela União Européia. Ela aprovou recen- mercial é parecido, vamos ao esquema:
toda a extensão da fiação de energia elé- temente 9,06 milhões de Euros para apoi-
trica, reduzindo perdas na transmissão ar o PLC, desenvolvida pela Opera (Open
de energia, gerando também perdas em PLC European Research Alliance), uma ali-
termos econômicos, já que indústrias e ança determinada a criar novas gerações
comércios também acabam sendo preju- de tecnologias para redes integradas, e,
dicados pela manutenção lenta, pois o todo o projeto é co-financiado pela União
sistema atual se baseia na informação Européia, beneficiando vários países da
dos clientes – que após relatarem por te- Europa – e inclusive outros, por tabela, já
lefone a queima de um transformador, que a tecnologia nunca fica num local só.
por exemplo, esperam até a companhia Neste caso foi criado uma rede com espe-
enviar uma equipe. cificação DS2, de 200Mbps, para o PLC (ou
BPL). A equipe do Opera centralizará o BPL
Com o grid inteligente, as quedas são redu- em programas de Internet banda larga,
zidas em 80%, bem como diminuir a ener- ensino virtual, telefonia VoiP, entre outros
gia perdida em 10%, pois, num corte, por serviços inteligentes, e vídeo. A iniciativa
exemplo, o grid já aciona automaticamente tece participação de 26 sócios de 11 paí-
a central e informa o local do ocorrido. ses, com a Espanha na liderança.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
O sinal do BPL sai da central, indo para o Como há um repetidor a cada transformador, Veja, que é de modo um pouco diferente
injetor, que vai se encarregar de enviá-lo e nesse sistema com grids inteligentes não do outro, adaptado pela empresa Plexeon
à rede elétrica. No caminho, o repetidor se usa mais os atuais “relógios”, descarta-se (http://www.plexeon.com/) , porém com a
tem a função de não deixar com que os a desvantagem mais famosa na Internet do mesma definição. O sinal sai da estação
transformadores filtrem as altas frequên- uso do PLC - de que os tranformadores, por que o “injeta” na linha, indo para a rede
cias. Chegando perto da casa, o extrator, absorver os sinais, impossibilitariam a insta- de distribuição – primeiramente à órgãos
que deixa o sinal pronta para uso da lação. públicos - e depois às casas, sempre
casa, chegando até o modem BPL, que passando por um repetidor ao passo que
vai converter para uso pelo computador, um transformador passa na linha, e um
através de uma porta Ethernet ou USB. extrator quando finalmente chega na
No penúltimo passo, no caminho poste- Analisando em termos de cidade, vamos casa. Note que as casas também poder
casa, há 3 meios: por cabo de fibra ópti- à mais um esquema: ser conectadas pelo repetidor.
ca, por wireless ou pela própria fiação
elétrica, este último mais provável. Para uma rede doméstica, basta ligar um
módulo PLC do roteador na rede elétrica,
e o do outro computador também, após
isso configurando normalmente, como
você está habituado a fazer. Esses
módulos têm o nome de “USB to
PowerLine”, e é vendido no Brasil pela
Naxos:

http://www.naxos.com.br/produtos/power
net/powernetusb.asp.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
A especificação mais usada hoje é a DS2, essa faixa de frequência, além de outras
que se originou na Europa. Nos EUA, tecnologias e padrões internacionais que
também é usado o padrão HomePlug. As vão sendo naturalmente incorporadas.
versões comerciais vendidas no exterior Ou seja, a maioria dos problemas enfren-
hoje possui velocidade média de 200 tados podem ser resolvidos com uma
Mbits/s. O principal diferencial entre os
padrões é a frequência - cada uma com
boa dose de tempo. Claro que, essa teo-
ria só é válida se houver interesse muito
Já visitou o
suas vantagens. grande de empresas e principalmente de
governos, além de uma cooperação en-
Guiadohardware.NET hoje?
Como já visto, o BPL não interfere, na sua tre companhias de eletricidade, Internet
frequência, em eletrodomésticos, devido e telefonia. É como a carroça, que pode
às grandezas serem diferentes. Porém, demorar, mas chega lá. Porém, ela não acesse:
parte da onda média (1,7 a 3 Mhz) e toda vai andar se cavalos não a puxarem,
a onda média (3 a 30 Mhz) ficam inutili- muito menos se cada um quiser ir para
zadas e prejudicadas, podendo outros um lado :-). http://guiadohardware.net
equipamentos causarem interferências,
como motores e dimmers de luz, além de No Brasil, obviamente também pode dar
ecadores de cabelos, aspiradores e as fu- certo, pois muitas empresas do setor de
radeiras elétricas, havendo uma menor elétrica estão continuando seus testes,
possibilidade também dos chuveiros elé- além de que tecnologias européias po-
tricos prejudicarem. dem ser importadas, isso se nenhuma
universidade brasileira desenvolver algo
Vale lembrar também que os equipamentos antes. O BPL se mostra como mais uma
PLC não podem ser ligados à no-breaks, es- alternativa de inclusão à Internet, num
tabilizadores ou filtros de linha, pois este país onde 95% da população possui
bloqueiam sinais de alta frequência. energia elétrica. Além disso, como a in-
fra-estrutura é de menor custo, esse sis-
Bom, e então, o que será do BPL? Apesar tema mostra-se como uma alternativa
de muitas desvantagens, essa nova tecno- mais econômica para os usuários.
logia caminha para o mesmo rumo que o
maioria: unificação. Transformar a rede de Júlio César Bessa Monqueiro
telefonia (através do VoIP), internet e elétri-
ca numa linha só é mais um passo para a
É especialista em Linux, participante de
evolução. Com relação às desvantagens,
vários fóruns virtuais, atual responsável
podemos dizer que, assim como a tecnolo-
pelos Clique
scripts dos
aquiícones mágicos
para ver do Ku-
maior
gia ADSL, que leva dois tipos de sinais num
rumin, editor de notícias e autor de di-
só fio (dados e voz), e, as interferências po-
versos artigos e tutoriais publicados no
dem ser consertadas ao longo do tempo,
Guia do Hardware.
com novos equipamentos que respeitem

www.guiadohardware.net :: Revista BPL :: 71


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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007
Adaptadores úteis
Há décadas sobrevivem vários formatos de conexão áudio, vídeo e dados, e quem acaba
sofrendo com brigas de padrões, na maioria das vezes, é o próprio consumidor, que acha por
solução comprar outro equipamento compatível. Ou ainda, este precisa de algum jeito para
ligar headset e caixas de som, por exemplo, numa entrada só. São nos casos mais complicados
que entram os adaptadotes, que, no final, economizam grande parte de dinheiro – e cabelos.

por:
Júlio César Bessa Monqueiro

www.guiadohardware.net :: Revista Adaptadores úteis :: 73


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Vou contar um exemplo: com a populari-


zação do serviço de VoIP Skype, comecei
USB
a usá-lo com o microfone comum de Como Carlos E. Morimoto inicia seu artigo sobre USB, Firewire e DVI:
computador (aquele de 5 reais) e as cai- "O conector externo mais comum é o bom e velho USB, que co-
xas. Percebi então um sério problema de nhecemos bem. O que torna o USB tão popular é a sua flexibilidade;
microfonia com quem estava falando, além de ser usado para a conexão de todo o tipo de dispositivos,
além de um tenebroso eco. Para acabar ele fornece uma pequena quantidade de energia, permitindo que os
com o problema, comprei um conectores USB sejam usados também por carregadores, luzes,
fone/microfone, daqueles de secretária, ventiladores, aquecedores de chícaras de café, etc."
que vem com dois conectores: um para a
entrada do microfone, e a outra pra a saí- A maior parte deste artigo se concentra no padrão USB. Vamos
da de áudio, desativando então minha começar pelos mais comuns, a iniciar pelo mais conhecido de
atual caixa de som e meu microfone anti- todos, o hub USB.
go, para colocar o novo aparelho no lugar.
Resultado: tinha uma caixa de 600 watts
com subwoofer encostada, além de ouvir
música em modo mono, só no fone.

Decidi então procurar outras soluções, já


que precisava de duas saídas de áudio, e,
logicamente, a maioria das placas de som
onboard só tem uma. Achei, na Internet,
um hub multimídia, custando cerca de 20
reais mais o frete. Como sou pão-duro, Muitos computadores
achei muito caro, e resolvi procurar uma so- possuem poucas saí-
lução mais “em conta”. das USB, em especial
os mais antigos, em
Após uma pesquisa dalí, outra acolá, achei um duplicador P2 placas-mãe com fabri-
(formato do plug da saída de áudio dos computadores), por cação datada do ano
nada mais que 2,50. Moral da história: quase acabei gastando 2000 a 2002, aproxi-
17,50 a mais por simplesmente não conhecer a gama de madamente ou aque-
adaptadores que existem no mercado. E olha que são muitos. las de baixo custo,
que possuem 2 saídas
Então, com medo de deixar você também passar por isso, apenas como a minha
vamos aqui compartilhar nosso conhecimento em adaptadores, antiga FIC FR33E:
que acabam por facilitar a vida –e o bolso – de muita gente.

www.guiadohardware.net :: Revista Adaptadores úteis :: 74


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

E, não é de se negar, que atualmente a tendência é tudo se


tornar USB até a máscara de higiene :-P. Teclados, mouses,
webcams, câmeras digitais, MP3 Players, Pen-drives só nesse
exemplo são 6 os mais populares. Tentando acabar com esse
problema, surgiram os hubs USB, muitos com 2, 4 ou mais
portas, custando cerca de 20 reais.

Porém, quem não precisa de tantas portas assim, e quer gastar


menos dinheiro, ou já possui uma placa-mãe com várias saídas,
pode querer somente um extensor USB. Este caso é para
aqueles que, principalmente, possuem um pen-drive ou MP3
Player e seus computadores não têm entrada USB frontal.
Voltando ao meu antigo PC, esta era uma ferramenta essencial. Modelo de “Extensor retratil”
Imagine que, você acabou de comprar uma câmera digital e
quer descarregar as fotos, contudo, possui uma mesa de Veja que, na foto acima, há junto com o extensor retrátil
computador prensada entre duas paredes. Cada vez que adaptadores entre os formatos MiniUSB de 4 e 5 pinos e os
precisa descarregar as imagens precisa praticar um pouco de USB comuns, úteis para quem possui câmera digital e outros
atividade física: arrastar um móvel com aproximados 20kg. aparelhos.

Um extensor USB resolveria Ainda dentro do quadro dos USB, temos um especial para os
este problema, deixando a gamemaníacos: o adaptador de controle de Playstation
parte fêmea próxima a você, para computador.
por um preço muito menor
que a do hub, em média 10
reais, já que sua placa-mãe
possui o número de portas su-
ficientes. Este adaptador tam-
bém é útil para produtos com
cabos “nativos” muito curtos.
Existem também os extenso-
res retráteis adaptando o
tamanho à sua necessidade,
inclusive cabendo no bolso,
para quem possui notebook ou
quer se previnir de alguma si-
tuação de emergência :-P

www.guiadohardware.net :: Revista Adaptadores úteis :: 75


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

A maioria disponível no mercado possui duas entradas para Existe também con-
controles, que suportam os originais da Sony (PlayStation 1 e versores contrários, de
2), e os paralelos, como o da Dynacom. Com este adaptador, os USB para PS/2, caso
dois controles funcionarão como um nativo (plug-and-play), tenha algum compu-
tendo total compatibilidade com os jogos que suportam tador mais antigo que
joystick. não tenha entrada
USB e já tenha teclado
Para obter a capacidade de vibração, é preciso instalar um e/ou mouse USB:
driver (para Windows 2000 e XP), disponível através do próprio
vendedor do cabo adaptador, que, juntamente com o produto, Após a publicação deste artigo, o usuário SYS da Comunidade GDH
deverá oferecer um CD de instalação. comentou o seguinte sobre o adaptador acima:
Este adaptador é útil para quem já possui um PlayStation e não
quer gastar seu salário (ou mesada) com um controle em
especial para o computador. "Tem um que eu gosto, que é mostrado na mátéria: o
USB/PS2, que quebra um galhão quando queima a interface
Se você deseja colocar 2 teclados e 2 mouses, ou mais até, PS2. É carinho, na faixa de R$35,00 e tem um probleminha:
existe também o adaptador de teclado e mouse PS/2 para quando o adaptador é usado para conectar leitor de códigos
USB. Isso mesmo, enquanto você deixa o seu teclado e mouse de barra ele não funciona direito, ele lê o código de barras
padrão a todo vapor, também pode instalar mais pares com mas como a taxa de tranferência do PS2 é muito diferente do
este adaptador, que converte o PS/2 para USB, reconhecendo USB o leitor não lê direito. Ficam faltando alguns dígitos,
os teclados de maneira nativa: nesses casos é melhor comprar um leitor USB mesmo."

Fica aí mais uma dica ;-).

E por falar em micros anti-


gos, tem aqueles mais velhos
ainda que, a placa-mãe pos-
sui entrada serial para mouse
e você, moderno, só tem os
periféricos USB. Isso não é
problema para este adapta-
dor, que converte os sinais
USB para a porta serial.

www.guiadohardware.net :: Revista Adaptadores úteis :: 76


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Antes de fechar o assunto No eBay também existe um


micros antigos, vamos para conjunto mais completo apra
a parte das impressoras. a solução acima. Trata-se de
Muitos afirmam batendo o um kit com o adaptador USB
pé no chão que “coisa boa é para acendedor de cigarros
coisa antiga”, pois bem, a e outro para tomada co-
maioria das impressoras em mum, e o intermediário, que
funcionamento atualmente conecta à um desses dois ou
possuem saídas paralelas, e à porta USB de qualquer
você querendo por tudo USB, computador, com o fim de
pode comprar o cabo adap- carregar qualquer celular
tador abaixo, que converte o (note os 6 plugues abaixo)
plug paralelo de sua im- ou dispositivo USB:
pressora para a entrada USB
de seu computador: Até Carlos E. Morimoto usou a cabeça e a flexibilidade do USB
para fazer um adaptador:
Agora imagine a seguinte situação você está viajando para al-
guma cidadezinha pacata, levando seu MP3 Player para ouvi-lo
no lugar dos sons rurais (eu faria o contrário :-P ), e, a 400km
da sua casa, percebe que esqueceu o carregador de pilhas. Ou
pior ainda: seu MP3/MP4 não funciona por pilhas, e carrega pelo
USB, lembrando que, no lugar de destino, não há computador
algum. A solução é o carregador para acendedor de cigar-
ros, que possui saída USB e pode ser ligado na maioria dos
carros, convertendo os 12 volts da bateria para os 5 volts e até
500mA de corrente de seu aparelho.

"Este é o meu "carregador de emergência", que uso como carregador e


bateria externa para o meu Treo. Ele utiliza 4 pilhas recarregáveis como
fonte de energia e um diodo, que evita o refluxo, ou seja, evita que a
bateria do Treo acabe recarregando as pilhas quando elas é que ficam com
pouca carga. As pilhas recarregáveis trabalham com uma tensão nominal
de 1.2v, mas quando completamente carregadas, oferecem em torno de
1.4v, suficiente para carregar dispositivos USB"

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Este abaixo é realmente um kit de sobrevivência. Trata-se de


um centro de adaptação como nunca tinha visto: o aparelho Vale lembrar que não existem somente estes adaptadores USB
pode ter como entrada energética baterias, tensão residencial mostrados aqui, pois para este padrão há muitas e muitas
variedades. Basta dar uma procurada no eBay ou MercadoLivre
de 110 Volts, manivela ou até o próprio sol, e a saída, logica-
e pesquisar: com USB “dá para fazer USB até com bateria de
mente, é USB, podendo usar aqui também outros 6 adaptadores
nobreak” como disse um amigo.
para uma ampla gama de celulares. Ele ainda possui radio
AM/FM/SW, lanterna, luz de emergência e termômetro: Procurei destacar aqui os mais acessíveis e úteis. Mas como diz
o ditado popular “cada caso é caso” :-).

Multimídia
Porém não só de USB vive o homem, mas também de muita
multimídia, e esse é outro ponto muito diversificado em termos
de conectores, afinal microfones, caixas de som e vídeo são
essenciais em qualquer computador pessoal.

A começar pelo áudio, sabemos que muitas vezes uma saída e


uma entrada somente é pouquíssima coisa para quem pretende
ter caixas de som e fone de ouvido ao mesmo tempo, por ex-
emplo, ou para o exemplo que citei no início deste artigo.
Para fechar a parte dos USB, sabemos que muitos celulares,
senão a maioria, que são comercializados hoje possuem Pensando nisso, foi lançado no mercado os hubs multimí-
infra-vermelho ou Bluetooth, variando de acordo com a dia, permitindo conectar as caixas de som e o headset ao
marca e modelo. Mas não só os telefones móveis, mas mesmo tempo, alternando entre os dois por meio de um bo-
também muitos outros aparelhos têm suporte à tecnologias tão selecionador:
wireless. Existem hoje, por em média 40 reais, adaptadores
USB para IrDA ou Bluetooth:
Para fazer funcioná-lo, basta
conectar os dois plugues (en-
trada e saída) à traseira de
seu computador.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Caindo no mesmo caso do hub USB, Há também a possibilidade de ligar fones comuns à aparelhos
temos aqueles que não precisam de som mais profissionais, e vice-versa, que utilizam a entrada
exatamente de um hub, mas sim P10, com um pino bem maior:
de duas saídas de áudio, ou duas
entradas, varia com a necessidade
de cada um. Para isso, há no
mercado o duplicador P2:
Outra “idéia maluca” é fazer o seu MP3 tocar o som em suas
No meu caso, este é um caixas de som por meio de uma entrada de microfone, tanto
dos adaptadores mais num aparelho de som como no próprio computador. Esse
úteis, pois possui várias adaptador é mais comum em carros, onde grande parte dos
funções: ligar dois pares modelos atuais possuem uma entrada para este tipo de
de fones à um MP3 Player dispositivo. Nestes casos, utiliza-se o cabo P2-P2, com saída
(difundido a música à mais macho para os dois lados:
pessoas :-), ligar uma cai-
xa de som e um fone ao
mesmo tempo no compu-
tador, ou um headset e as
caixas. E pode acreditar:
em lojas online ou de ele-
trônica, acha-se por em
média 2,50 este plugue.

Veja ele em sua atividade Antes de fechar a parte de áudio, vamos imaginar a seguinte
no meu PC: situação: você possui um aparelho de som que tem caixas
fenomenais em termos de potência, e deseja ligá-las no seu
computador. Mas você fica triste, afinal, elas tem conector RCA,
E por falar em MP3/4 player, muitos e seu computador, somente as P2.
destes, além de celulares ou
smartphones, utilizam hoje em dia a Resolvendo este problema, existe o
entrada P1, um milímetro menor conector P2/RCA, que inclusive tem
em espessura com relação ao tradi- suporte ao som estéreo, veja:
cional P2. Isso é tarefa fácil para o
adaptador P1/P2, que evita o gasto Observe que as duas saídas RCA fornecem os dois canais de
de dinheiro com fones específicos som para as caixas, que possuem também plugues duplos: um
ou "gambiarras". vermelho e outro branco, um para cada lado.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Agora partindo para a parte do vídeo, o sonho de muita gente Para quem precisa duplicar a saída RCA ou mesmo os cabos,
que joga Flight Simulator, por exemplo, é projetar a imagem do pode optar pelos adaptadores abaixo:
monitor para a televisão de 43 polegadas que seu pai acabou
de comprar, juntamente com a dica do som acima, simulando
realmente estar dentro de um avião, ou, para os mais
pessimistas, dentro de uma sala de cinema :-) . A solução para
isso é o cabo adaptador que liga o PC à televisão, usando as
saídas P2 (áudio) e S-VHS (vídeo) de seu computador e ligando
aos canais de áudio e vídeo RCA de seu aparelho de TV.

Utilizando-se de drivers
específicos, existe tam-
bém um adaptador de
saída VGA para a entrada
USB, útil para quem está
com problemas na placa
de vídeo:

Temos aqui uma série de adaptadores e conversores que facili-


tam a vida de muita gente, que, muitas vezes, nem precisam se
preocupar em gastar dinheiro comprando outro equipamento ou
A saída S-VHS está efetuando trocas. Agora, se alguma necessidade for de encontro
disponível na maioria com você, fica fácil definir o que vai precisar.
das placas de vídeo
off-board somente, por Júlio César Bessa Monqueiro
não se tratar de um
padrão essencial:
É especialista em Linux, participante de vários fó-
Note que, caso possua uma televisão mono, você ligará somen- runs virtuais, atual responsável pelos scripts dos
te um dos cabos de áudio nela. Esse cabo adaptador também é Clique
ícones aquido
mágicos para ver maior
Kurumin, editor de notícias e au-
útil para quem possui um Data-Show e não queira gastar com tor de diversos artigos e tutoriais publicados no
distribuidores VGA. Guia do Hardware.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007
Opções de armazenamento externo
por Carlos E. Morimoto

Antigamente, a opção mais simples para quem queria um HD


removível era comprar uma gaveta interna, que era instalada numa
baia de CD-ROM e permitia remover o HD depois de desligar o
micro. Hoje em dia temos várias opções de gavetas USB, servidores
de arquivos portáteis e até mesmo storage wireless :).

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Opções de armazenamento externo


Embora fossem baratas, estas gavetas não eram muito práticas,
já que você só podia remover o HD com o micro desligado. Em
seguida vieram as gavetas USB, onde o HD externo é visto pelo
sistema da mesma forma que um pendrive. Existem tanto gave-
tas para HDs de 3.5", que utilizam uma fonte externa, quanto ga-
vetas para HDs de notebook, de 2.5" ou 1.8", que obtém a alimen-
tação necessária da própria porta USB (dependendo do consumo
do HD usado é necessário usar um cabo extra, que usa os conec-
tores de energia de uma segunda porta USB). Graças a elas, você
pode transportar algumas centenas de gigabytes com você, a um
custo relativamente baixo.
As gavetas internas
são ligadas diretamen-
te à porta IDE e ao co-
nector molex da fonte.
Elas funcionam apenas
como uma espécie de
ponte, sem incluir ne- Existem também gavetas para HDs SATA, que seguem o mesmo
nhum circuito inteli- projeto básico, normalmente mudando apenas o chip controla-
gente. É justamente dor (pode-se usar um chip GL811S, por exemplo). Graças a esta
por isso que elas são simplicidade, estas gavetas são relativamente baratas e por
tão baratas. No auge isso bastante populares.
da sua popularidade,
estas gavetas chega- As gavetas para HDs de notebook utilizam a energia da própria
vam a custar menos de porta USB, sem a necessidade de uma fonte externa. Cada por-
6 dólares, se compradas em quantidade, no exterior. ta USB pode fornecer apenas 2.5 watts de energia, de forma
que as gavetas utilizam duas portas, sendo a segunda apenas
As gavetas USB são um pouco mais complexas, pois precisam para reforçar o fornecimento elétrico. Apesar disso, é comum
incluir um controlador ATA/USB, que faz a conversão dos sinais, que a gaveta funcione mesmo ligada a uma única porta. Exis-
transformando as requisições no padrão usb-storage recebidas tem dois motivos para isso: o primeiro é que os HDs de 4200
através das portas USB em comandos ATAPI que são entendi- RPM modernos realmente não consomem muito mais de 2 watts
dos pelo HD. Esta gaveta da foto, por exemplo, usa um chip (os de 5200 consomem um pouco mais) e o segundo é que mui-
GL811E (http://www.genesyslogic.com) , um chip relativamente tas placas mãe são capazes de fornecer bem mais de 2.5 watts
barato, que inclui todos os sub-componentes necessários. Além em cada porta USB. Embora este seja o padrão, os fabricantes
do chip, a placa inclui apenas alguns resistores e um cristal de costumam trabalhar com uma boa margem de tolerância.
quartzo.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Opções de armazenamento externo


No caso das gavetas para HDs de 3.5", é utilizada uma fonte Naturalmente, este tipo de improviso só é eventualmente
externa, já que seriam necessárias muitas portas USB para con- necessário em produtos de baixa qualidade. Fabricantes res-
seguir alimentar um HD para desktop :). Existem muitos relatos ponsáveis testam seus produtos sob várias condições de
de problemas de estabilidade ao usar gavetas de 35" baratas, uso, ou pelo menos indicam claramente suas limitações nas
com o HD travando os desligando durante a operação, muitas especificações.
vezes causando corrupções diversas do sistema de arquivos.
Dentro da minha experiência eles são normalmente causados Continuando, estamos vendo mais recentemente a populariza-
por dois fatores. ção de HDs externos em miniatura, que seguem o mesmo prin-
cípio das gavetas, mas utilizam um HD de 1.8", não removível,
O primeiro são variações de tensão na rede elétrica, que cau- de forma a criar um conjunto mais mais compacto e leve que
sam o desligamento do circuito controlador, ou do próprio HD. uma gaveta para HD de notebook.
Estas variações normalmente não são suficientes para fazer o
micro reiniciar, por causa dos capacitores da fonte de alimenta- Em outra frente, temos as gavetas eSATA, um padrão de conec-
ção, mas as gavetas são mais vulneráveis a eles. A solução nes- tor SATA externo, que mantém a mesma velocidade de trans-
te caso seria ligar a gaveta em um nobreak. missão. As placas mais recentes já estão vindo com conectores
eSATA embutidos, mas também é possível utilizar uma contro-
O segundo é superaquecimento, que acontece principalmente ladora PCI Express, ou mesmo PCI.
nas gavetas mais baratas, que não utilizam coolers. Muitas de-
las são projetadas para trabalharem com HDs de 5400 RPM e O eSATA está sendo usado por diversos modelos de gavetas
por isso superaquecem e travam ao utilizar HDs de 7200 RPM, para HD, substituindo ou servindo como opção ao USB. A vanta-
já que eles consomem mais energia e dissipam mais calor. A so gem neste caso é que você não corre o risco do desempenho do
lução nestes casos é HD ser limitado pela interface, já que temos 150 MB/s no eSATA
melhorar a ventilação (ou 300 MB/s no
(assim como você fa- SATA 300), contra
ria num PC), deixando os 60 MB/s (480
a gaveta aberta, ou megabits) do USB
mesmo improvisando 2.0. Obviamente,
a instalação de um isto só faz alguma
cooler sobre ela. Veja diferença quando
o que precisei fazer o HD transmite
para que esta gaveta dados guardados
da foto funcionasse de no cache, ou no
forma confiável com caso dos HDs topo
um HD Maxtor de de linha, lendo da-
7200 RPM. dos seqüenciais.

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Opções de armazenamento externo


Ao contrário do USB, o conector eSATA não transmite energia, Este da foto é um Netgear SC101, que permite a instalação de
de forma que ele só permite a conexão de HDs e outros disposi- dois HDs e inclui uma interface de rede 10/100. Ele não inclui
tivos com fontes de alimentação (ou baterias). Não seria uma um transmissor wireless, mas você pode obter a mesma funcio-
solução prática para pendrives, por exemplo. nalidade ligando-o a um ponto de acesso externo.

Prevendo esta limita-


ção, alguns fa-
bricantes estão
desenvolvendo
placas que incluem
conectores de energia,
como este adaptador da
Addonics, que usa um co-
nector mini-DIN, que forne-
ce tensões de 5v e 12v, per-
mitindo (com a ajuda de adap-
tadores incluídos no kit), conec-
tar diretamente um HD SATA, sem
a necessidade de uma gaveta ou fonte de alimentação. Existem ou-
tras soluções similares, oferecidas por outros fabricantes, mas por
enquanto não existe nenhum padrão:
Para quem pode gastar um pouco mais, existe a opção de comprar
um NAS (Network Attached Storage) que pode ser acessado direta-
mente através da rede. Existem muitas opões de NAS, que vão des- Em geral, os servidores NAS domésticos rodam uma versão
de sistemas baratos, que custam pouco mais que uma gaveta USB, compacta do kernel Linux (embora nem sempre divulgado pelos
até servidores de grande porte, que armazenam vários terabytes. fabricantes), com um conjunto de drivers, que permitem aces-
Muitas vezes, eles são chamados de "network storage", ou simples- sar HDs formatados em diversos sistemas de arquivos e um
mente de "storage", termos que são mais descritivos para o público servidor Samba, que compartilha os arquivos com a rede, como
não técnico do que "NAS". se fosse uma máquina Windows compartilhando pastas. Você
pode configurar as pastas compartilhadas no NAS e permissões
Os modelos mais baratos comportam apenas um HD e são ligados de acesso através de uma interface via navegador (similar à
diretamente no hub da rede. Alguns incluem também um transmis- usada em modems ADSL e pontos de acesso) e mapear os
sor wireless ou disponibilizam uma porta USB, que acaba sendo útil compartilhamentos nos micros da rede para acessá-los. Em ge-
quando você está fora de casa e precisa apenas acessar alguns ar- ral você tem também a opção de usar algum wizard fornecido
quivos rapidamente no notebook. pelo fabricante, que simplifica a configuração.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo

Opções de armazenamento externo


Você pode muito bem criar um NAS usando algum PC antigo,
rodando Linux. Bastaria instalar os HDs e configurar o servidor
Samba para compartilhar as pastas desejadas com a rede. A
vantagem de comprar um dispositivo dedicado é a praticidade,
o baixo consumo elétrico e o "cool factor".

Existem ainda algumas idéias interessantes voltadas para ar-


mazenamento para dispositivos móveis que podem ou não cair
no gosto do público. Um dos melhores exemplos é o DAVE, de-
senvolvido pela Seagate. Ele é um HD externo, de 1.8", que
possui uma bateria interna e pode ser acessado tanto via WiFi,
quanto via Bluetooth. Ele pesa apenas 70 gramas e é mais ou
menos do tamanho de um celular. A idéia é que você possa
levá-lo no bolso, pasta, bolsa ou mochila e acessar os arquivos
no seu palmtop ou celular, via bluetooth, além de acessá-lo no
notebook ou desktop através do transmissor WiFi.

LaCie Biggest FW800 com 2 TB de Espaço

Carlos E. Morimoto.

É editor do site www.guiadohardware.net, autor de mais de 12 livros sobre Li-


nux, Hardware e Redes, entre eles os títulos: "Redes e Servidores Linux", "Li-
nux Entendendo o Sistema", "Linux Ferramentas Técnicas", "Entendendo e
Dominando o Linux", "Kurumin, desvendando seus segredos", "Hardware,
Manual Completo"e "Dicionário de termos técnicos de informática". Desde
2003 desenvolve o Kurumin Linux, uma das distribuições Linux mais usadas
no país.

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http://www.guiadohardware.net/gdhpress/ferramentas/
compras@guiadohardware.net

Nesta segunda edição, o livro foi expandido para 312 páginas, com uma
diagramação mais enxuta, que aumentou substancialmente o volume de
informações. Muitas dicas antigas foram removidas, dando lugar a novos
tópicos, e todo o livro foi atualizado, revisado e expandido.

O capítulo sobre shell script foi ampliado, trazendo mais dicas sobre o
desenvolvimento de scripts gráficos e também scripts e regras para o
hotplug e udev, que permitem abrir programas e executar outros scripts
quando determinados dispositivos são plugados na máquina.

Foi incluído também um novo capítulo, que ensina a desenvolver soluções


baseadas no Kurumin e outros live-CDs baseados no Knoppix, que
permitem colocar em prática as dicas aprendidas no restante do livro.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Dicas

HDs: entendendo a placa controladora

A placa lógica, ou placa controladora é a parte "pensante" do HD. Com exceção


dela, o HD é um dispositivo relativamente simples, composto por uma série de
dispositivos mecânicos. É a controladora que faz a interface com a placa mãe,
controla a rotação do motor e o movimento das cabeças de leitura, de forma que
elas leiam os setores corretos, faz a verificação das leituras, de forma a
identificar erros e se possível corrigi-los, usando os bits de ECC disponíveis em
cada setor, atualizar e usar sempre que possível os dados armazenados no cache
de disco, entre diversas outras funções.

www.guiadohardware.net :: Revista Placa controladora :: 87


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Dicas
A placa lógica, ou placa controladora é a parte "pensante" do HD. Assim como no caso dos processadores, o cache é um compo-
Com exceção dela, o HD é um dispositivo relativamente simples, nente importante para o desempenho do HD. Ele armazena os
composto por uma série de dispositivos mecânicos. É a controladora dados acessados, diminuindo bastante o número de leituras.
que faz a interface com a placa mãe, controla a rotação do motor e o Dados armazenado no cache podem ser transferidos quase que
movimento das cabeças de leitura, de forma que elas leiam os seto- instantaneamente, usando toda a velocidade permitida pela in-
res corretos, faz a verificação das leituras, de forma a identificar er- terface SATA ou IDE, enquanto um acesso a dados gravados nos
ros e se possível corrigi-los usando os bits de ECC disponíveis em discos magnéticos demoraria muito mais tempo.
cada setor, atualizar e usar sempre que possível os dados armaze-
nados no cache de disco (já que acessá-lo é muito mais rápido do Você pode se perguntar por que os fabricantes não usam me-
que fazer uma leitura nas mídias magnéticas), e assim por diante. mória DRAM convencional, que é mais barata. A questão nesse
caso é que apesar de mais barata, a memória DRAM exige o uso
Aqui temos a placa lógica de um HD Sansung HD080HJ: de mais circuitos de controle (é necessário um circuito de re-
fresh por exemplo). Além disso ela é mais lenta e consome mais
energia elétrica. Colocando tudo isso na mesa, acaba não sendo
uma boa idéia. Nos próximos anos, provavelmente assistiremos
a uma migração da memória SRAM para chips de memória
Flash, já que o custo por megabyte é mais baixo e eles ofere-
cem a vantagem de não perderem os dados quando o HD é des-
ligado.

Continuando, temos o controlador principal, um chip Marvell


88i6525, que é quem executa todo o processamento. Este chip
é na verdade um SOC (system on a chip), pois na verdade é um
conjunto de vários chips menores, agrupados dentro do mesmo
encapsulamento.

Por exemplo, este HD é um modelo SATA. A controladora da


placa mãe se comunica com ele utilizando comandos padroni-
zados, que são comuns a qualquer HD SATA. É por isso que
você não precisa instalar um driver especial para cada modelo
Veja que a placa possui apenas três chips. O maior, no canto superi- de HD, precisa apenas de um driver padrão, que sabe se comu-
or é um Samsung K4S641632H-UC60. Você pode notar que ele é nicar com qualquer HD. Internamente, estes comandos SATA
muito semelhante a um chip de memória, e na verdade é :). Ele é são processados e convertidos nos comandos que irão moder a
um chip de memória SDRAM de 8 MB, que armazena o cache de dis- cabeça de leitura, fazer girar os discos até o ponto correto e as-
co. Até pouco tempo, os HD utilizavam chips de memória SRAM, mas sim por diante. O sistema operacional não gerencia diretamente
os fabricantes passaram a utilizar cada vez mais chips de memória o cache de disco, quem faz isso é a própria controladora, que
SDRAM convencional para reduzir o custo de produção. Na prática esforça para usá-lo da forma mais eficiente possível.
não muda muita coisa, pois apesar de ser mais lenta, a memória
SDRAM oferece desempenho suficiente para a tarefa.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Dicas
Este HD também suporta NCQ (um recurso disponível na gran- nos impulsos elétricos apropriados. Estas funções mudam de
de maioria dos HDs SATA), onde a controladora utiliza o tempo um modelo de HD para o outro, por isso os fabricantes preferem
ocioso, entre uma leitura e outra, para estudar e reorganizar a usar um chip de uso geral como o Marvell 88i6525 como contro-
ordem das leituras seguintes, de forma que elas possam ser lador principal, mudando apenas o controlador, que é um chip
executadas na ordem em que seja necessário o menor movi- menor e mais barato.
mento possível dos discos. É como no caso de um ônibus, que
precisa fazer um itinerário passando por diversos pontos da ci- A placa controladora é um componente "externo" do HD, que
dade. Com o NCQ o motorista tem autonomia para fazer altera- pode ser rapidamente substituído caso necessário. Grande parte
ções na rota, de acordo com as condições do trânsito, esco- (talvez até a maioria) dos casos onde o HD "queima" devido a
lhendo a rota mais rápida :). Na prática, o NCQ pode melhorar a problemas na rede elétrica, ou defeitos diversos, podem ser so-
taxa de transferência do HD em até 10% em situações específi- lucionados através da troca da placa controladora, permitindo
cas, onde são lidos diversos arquivos pequenos espalhados pelo recuperar os dados sem ter que recorrer aos caros serviços de
HD, como durante o carregamento do sistema operacional, ou uma empresa especializada.
de um programa pesado, mas faz pouca diferença quando você
está transferindo grandes arquivos. O grande problema é justamente onde encontrar outra placa. Os
fabricantes vendem placas avulsas em pequenas quantidades para
Naturalmente, tudo isso exige processamento, daí a complexi- empresas de recuperação, mas o fornecimento é muito restrito.
dade interna do chip controlador. Apesar de pequena, a placa Para técnicos autônomos e pequenas empresas, a única solução é
controladora de um disco atual é muito mais sofisticada do que usar placas doadas por outros HDs. Se o HD for um modelo recente,
um micro antigo inteiro (um 286 por exemplo). Elas possuem você pode simplesmente comprar outro, pegar a placa emprestada
mais poder de processamento e até mesmo mais memória, na para fazer a recuperação dos dados e depois devolvê-la ao dono.
forma do cache. Os HDs atuais usam de 8 a 32 MB de cache de Mas, no caso de HDs mais antigos, a única forma é procurar nos si-
disco, mais memória do que era usada em micros 386 e 486 e tes de leilão e fóruns em busca de uma placa usada. Existe um ver-
ainda por cima muito mais rápida! :) dadeiro mercado paralelo de venda de placas avulsas, já que exis-
tem muitos casos de HDs inutilizados por problemas na mídia mag-
Uma curiosidade é que muitos HDs antigos utilizavam um pro- nética, onde a placa ainda é utilizável.
cessador Intel 186 como controlador de discos. O 186 é, como
você pode imaginar, o "elo perdido" entre o 8088 usados no PC É comum que os fabricantes utilizem a mesma placa lógica e os
XT e o 286. Ele é um chip que acabou não sendo usado nos mi- mesmos discos magnéticos em vários HDs da mesma família, vari-
cros PCs, mas fez um grande sucesso como microcontrolador ando apenas o número de discos usados. Assim, o modelo de 500
para funções diversas. GB pode ter 4 discos, enquanto o modelo de 250 GB possui apenas
dois, por exemplo. Nestes casos, é normal que a placa controladora
Concluindo, temos um terceiro chip, escondido na parte inferior de um funcione no outro.
esquerda da foto. Ele é um Hitachi HA13645, um chip especializa-
do, que controla o movimento das cabeças de leitura e também a Remover a placa é simples, basta usar uma chave torx para remo-
rotação do motor. O chip principal envia comandos a ele, dizendo ver os parafusos e desencaixar a placa com cuidado. Na maioria
que quer acessar o setor X, ou que o motor deve entrarem dos HDs atuais, a placa é apenas encaixada sobre os contatos, mas
modo de economia de energia, por exemplo, e ele os transforma em outros ela é ligada através de um cabo flat, que precisa ser des-
conectado com cuidado.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Dicas

Mais uma curiosidade é que os primeiros PCs utilizavam HDs


com interfaces MFM ou RLL. Eles utilizavam controladoras ex-
ternas, instaladas em um slot ISA e ligadas ao HD por dois
cabos de dados. Este arranjo era muito ineficiente, pois a dis-
tância tornava a comunicação muito suscetível a interferênci-
as e corrupção de dados. Estes HDs possuíam várias peculia-
ridades com relação aos atuais, como a possibilidade de fazer
uma "formatação física", onde as trilhas de dados eram real-
mente regravadas, o que permitia recuperar HDs com pro-
Carlos E. Morimoto.
blemas de alinhamento.

Estes HDs jurássicos foram usados nos micros XT, 286 e sobre- É editor do site www.guiadohardware.net, autor de mais de 12 livros sobre Li-
viveram até os primeiros micros 386, quando foram finalmente nux, Hardware e Redes, entre eles os títulos: "Redes e Servidores Linux", "Li-
nux Entendendo o Sistema", "Linux Ferramentas Técnicas", "Entendendo e
substituídos pelos HDs IDE, que por sua vez foram substituídos Dominando o Linux", "Kurumin, desvendando seus segredos", "Hardware,
pelos HDs SATA que usamos atualmente, onde a controladora é Manual Completo"e "Dicionário de termos técnicos de informática". Desde
parte integrante do HD. 2003 desenvolve o Kurumin Linux, uma das distribuições Linux mais usadas
no país.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007

um pouco de história
O Treo 600 foi o primeiro
smartphone com teclado lançado
pela Palm. Antecessor dos Treos
atuais, para muitos, ele inaugurou
o conceito de smartphone como
temos hoje em dia. No passado,
escrevi artigos em homenagem ao
HP 95LX e ao Psion series 5, dois
pamtops que marcaram época.
Desta vez vou falar sobre o Treo
600, mostrando o que é possível
fazer com um. Afinal, acaba sendo
mais interessante e desafiador ex-
plorar até o limite os recursos de
um aparelho já relativamente anti-
go, do que escrever sobre um mo-
delo mais recente e mais caro :).

www.guiadohardware.net :: Revista Treo 600 :: 91


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
O Treo 600 foi o primeiro smartphone com Ao contrário dos palms antigos, ele é ba-
teclado lançado pela Palm. Antecessor dos seado num processador ARM de 144. MHz
Treos atuais, para muitos, ele inaugurou o (ao invés dos antigos Motorola
conceito de smartphone como temos hoje DrabonBall). Ele não é nenhum campeão
em dia, já que os modelos anteriores eram de desempenho, mas já oferece potência
muito limitados. suficiente pra ouvir MP3 e assistir vídeos,
além dos aplicativos de comunicação e
produtividade de praxe. Isso permite que,
logo de cara, o Treo substitua três dos
aparelhos que costumamos carregar: o ce-
lular, o palmtop e o MP3 player.

Ele inclui também uma câmera com resolu-


ção de 640x480, mas ela não é muito me-
lhor que as câmeras incluídas nos celulares,
por isso não entra na conta. Basicamente,
temos um CCD barato, similar aos usados Para ouvir musica, você pode utilizar o
nas webcams, combinado com algumas PoketTunes, disponível no:
otimizações via software. Veja um exemplo http://www.pocket-tunes.com/
de foto tirada com a câmera:
Use o skin "High Fidelity – Low Res", que é
O mercado de palmtops vem encolhendo a otimizado para a tela de 160x160 do Treo. A
cada ano, enquanto que os smartphones versão mais recente suporta inclusive stre-
estão se popularizando de maneira explosi- aming de áudio (você pode ouvir a grande
va. Mais cedo ou mais tarde, todos os celu- maioria das rádios online), mas isso conso-
lares vendidos serão smartphones, variando me muita banda e acaba não valendo à
apenas em volume de recursos. A era do pena, a menos que você tenha um plano de
celular "só pra falar" está acabando. dados ilimitado.

No passado, escrevi artigos em homena- O problema aqui é que o Treo usa um co-
gem ao HP 95LX e ao Psion series 5, dois nector de 2.5 mm (com 4 contatos) para o
pamtops que marcaram época. Desta vez fone, ao invés do conector padrão de 3.5
vou falar sobre o Treo 600, mostrando o que mm. Você pode tanto comprar um adap-
é possível fazer com um. Afinal, acaba sen- tador, quanto comprar diretamente o fone
do mais interessante e desafiador explorar estéreo o vendido pela Palm. O fone esté-
até o limite os recursos de um aparelho já reo o Nokia E62 (e outros modelos) que
relativamente antigo, do que escrever so- utilizam o mesmo conector também fun-
bre um modelo mais recente e mais caro. ciona perfeitamente.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
$ mencoder -oac copy -ovc lavc Para navegar, use o Opera Mini. Ele é muito
No meu caso, fiz um
-lavcopts vcodec=mpeg4:vbitrate=192 \ mais rápido que o Blazer (que vem pré-insta-
fone estéreo aproveitan-
-vop scale=160:120 -o video-palm.avi lado) e consome muito menos banda, pois
do o conector de um video.avi as páginas são previamente processadas,
Sony Ericsson e um fone
otimizadas e compactadas pelos proxys do
convencional da Philips.
opera antes de serem transferidas para o
Não existe nada de exo-
seu palm.
térico na posição dos
fios, muda apenas o Isso acaba sendo um divisor de águas para
formato do conector. quem acessa usando um plano pré-pago ou
Para assistir videos, a melhor opção é o com um plano de 10 MB. Ao desativar a exi-
TCPMP. Ele é capaz de exibir videos em di- bição de imagens, a maioria das páginas
versos formatos e automaticamente ajustar passam a consumir menos de 20 KB, com
a resolução para que ele caiba na telinha do muitas páginas otimizadas para aparelhos
Treo. O maior problema é que um cartão de móveis consumindo apenas 4 ou 5 KB. Você
memória de 512 não comporta muita coisa pode checar os e-mais no Gmail e ler as no-
e o processador do Treo engasga com vídeos tícias na BBC varias vezes ao dia e ainda as-
em alta resolução. sim gastar menos de 10 MB no final do mês.

A solução para ambos os problemas é reen-


codar os videos antes de transferir, deixan-
do-os com resolução de 160x120. Desta
forma, além de serem exibidos sem falha,
eles passam a ocupar menos espaço. Você
encontra as dicas de como instalar o TCPMP
e como reencodar os videos neste artigo
que publiquei a alguns meses:

http://www.guiadohardware.net/artigos/as
sistindo-videos-seu-palm-ou-poket-pc/

Em resumo, você usaria o Virtualdub, ou


outro programa de conversão com que
tenha familiaridade, e no Linux você po-
deria usar a linha abaixo, especificando o O TCPMP está disponível no:
arquivo a ser convertido. Para que ela http://picard.exceed.hu/tcpmp/ ou
funcione, você deve ter instalado o paco- http://mytreo.net/downloads/details-651
te "mencoder": .html?The_Core_Pocket_Media_Player

www.guiadohardware.net :: Revista Treo 600 :: 93


Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
De uma forma geral, a navegação em A principal vantagem do Verichat é que As mensagens e e-mails acabam sendo o
aparelhos móveis é bastante limitada, você pode mantê-lo ativo em background, killerapp no Treo, pois o teclado embutido
por isso você acaba restringindo a coi- enquanto faz outras coisas. Além do MSN, permite digitar a uma velocidade razoá-
sas específicas, como checar os e-mails ele também oferece suporte ao ICQ e vel. Não é a toa que hoje em dia quase
e ler as notícias e não para ficar nave- Yahoo, e pode se conectar às três redes todos os smartphones voltados para co-
gando em páginas diversas como faz no simultaneamente. municação possuem teclados embutidos.
desktop. Algumas informações são im-
portantes o suficiente para justificar to- O Treo usa cartões SD para armazena-
das as dificuldades, mas para outras mento, com suporte para cartões de até 2
coisas vale mais à pena parar para GB. Infelizmente ele não vem com ne-
acessar num cybercafé :). nhum utilitário para acessar os dados do
cartão, mas isso pode ser resolvido insta-
O OperaMini está disponível no: lando o Card Export (disponível no:
http://www.softick.com/cardexport/) , que
http://www.operamini.com/download/pc/p transforma seu Palm num leitor de cartões.
alm/palm_treo_600/
O cartão pode ser também usado para a
Para instalar o Opera Mini, você precisa instalação de programas, de forma que
baixar também o Java, disponível neste eles não ocupem espaço na memória
link: principal, que é um espaço limitado. Para
http://www.palm.com/us/support/jvm/ isso, basta copiar os arquivos .prc referen-
tes aos programas e componentes para
Na hora de baixar, responda que tem um dentro da pasta "/palm/launcher" dentro
Treo 650, pois por se escolher a opção do cartão. Ela é criada automaticamente
para o Treo 600, vão querer lhe cobrar Ao contrário da navegação, o envio de
da primeira vez que o cartão é acessado
uma taxa de US$ 5 pelo download. mensagens consome pouca banda, por
através do palm. Como ele us cartões
isso acaba sendo o recurso que você vai
formatados em FAT16, você pode até
Existem duas boas opções de clientes de usar mais freqüentemente para se man-
mesmo compartilhar o mesmo cartão en-
IM. Se você precisa apenas do ICQ, pode ter online quando estiver em trânsito e
tre o palm e sua câmera, por exemplo.
usar o próprio cliente da Mirabilis (dispo- economizar nas ligações. Enviar 10 men-
nível no: sagens com 100 caracteres, consome Nem todos os aplicativos funcionam cor-
http://www.download.com/ICQ-for-Palm- (incluído o overheard da transmissão), retamente a partir do cartão, mas a maio-
OS/), que é gratuito. Se precisa também apenas 3 KB de dados. Mesmo num plano ria roda sem problemas. É só testar e co-
do MSN, pode usar o Verichat, disponível pré-pago, onde você pagasse R$ 6 por piar para a memória caso necessário.
no: MB transferido, não custaria mais do que
http://mytreo.net/downloads/details-502 2 centavos. Compare com o valor abusivo Depois de tudo isso, falta dar uma melho-
.html que as operadoras cobram pelas mensa- rada na interface.
gens SMS.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
Para isso usamos o LauncherX, que O Resco Explorer é um gerenciador de ar- http://www.resco.net/palm/backup/downloads.a
substitui o gerenciador padrão por outro quivos muito mais poderoso, que dá acesso
muito mais prático e personalizável. Ele inclusive aos arquivos de sistema e arquivos Mais alguns programas úteis são o Khronos
oferece a possibilidade e organizar os de preferência escondidos. Você pode usá-lo
programas em abas e deixa as funções também para instalar aplicativos. Neste http://khronos.softonic.com/ie/12937
para acessar o gerenciador de arquivos, caso, copie os arquivos de instalação para o
,um cronômetro; o Rescoviewer
bimar arquivos, desinstalar programas e cartão de memória e use o Explorer para co-
assim por diante, muito mais acessíveis. piá-los para a memória RAM. Ele permite in- http://www.resco.net/palm/photoviewer
clusive tapear a ativação de programas que
Para desinstalar um programa, por exem- pedem registro, útil em casos de programas que permite visualizar arquivos de imagem
plo, basta arrastá-lo para o lixo. Para trans- shareware antigos, onde o autor desapare- com mais recursos que o visualizador embuti-
ferir o programa para outro palm, via infra ceu e não existe mais a opção de comprar o do, além do Plucker
vermelho, basta arrastá-lo para o ícone cor- programa, por exemplo. Para isso, acesse o
respondente, e assim por diante. Control Panel > Saved Preferences. Procure http://www.plkr.org ou
os arquivos de preferência relacionados ao http://www.download.com/Plucker/3000-2362
programa e os delete. Fazendo isso, o pro- _4-10291414.html
grama volta ao estado inicial, resetando a
contagem de dias de uso. Ele está disponível que permite visualizar diversos documentos e
no: http://www.resco.net/palm/explorer/ livros que estão disponíveis por aí. Você pode
baixar o foca-linux
Outro programa útil para quem navega via http://focalinux.cipsga.org.br/download-palm
GPRS é o Trafic Stat, que permite controlar o .html
volume de dados transferidos e assim evitar
e os howtos e livros disponíveis no tldp.org
sustos no final do mês. Ele está disponível http://www.ibiblio.org/pub/Linux/docs/LDP/
no:
pluckerdb/ , por exemplo.
http://mytreo.net/downloads/details-47.html
Para quem administra servidores remotos, ou-
O RscBackup, que permite fazer backups
tro aplicativo interessante é o PSSH (
completos do conteúdo da memória no car- http://www.sealiesoftware.com/pssh/ ), que é
tão e recuperá-los em caso de problemas. Ele
nada menos do que um cliente SSH 2, que
é o único programa que conheço que real- pode ser usado para resolver problemas ur-
mente faz uma cópia completa de todas as gentes do próprio Treo, usando a conexão
Um dos pontos fortes da plataforma Palm, bases de dados, mantendo-as num formato
GPRS. Nada melhor do que receber um mail
mesmo nos dias de hoje é o grande volume acessível, onde você pode acessar os arqui- reportando um problema e poder resolvê-lo na
de softwares disponíveis, acumulados ao vos individualmente. A maioria dos outros
hora, de onde estiver :D. É possível ainda aces-
longo da última década. Isso faz com que programas cria algum tipo de imagem biná- sar seu micro de casa ou do escritório, desde
exista um número muito grande de outros ria, onde não existe o que fazer caso a restau- que você use um domínio virtual (como o
programas úteis. ração automática falhe.
http://no-ip.com) e deixe o servidor SSH aberto.

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Ano 1 - Nº 4 - Abril
2007 | Artigo
Se você tem um plano ilimitado, pode usar o USB Modem
(http://software.palminfocenter.com/product.asp?id=5590)
para compartilhar a conexão GPRS com o PC, usando o
Palm como modem. Isto também é possível nos outros
planos, mas acaba não valendo muito à pena, pois na-
vegar através do PC consome muita banda e vai esgotar
seus créditos em minutos :).

Um dos grandes trunfos do Treo é justamente a parte de


escrita já que ele possui um teclado completo. Isso permite
que ele realmente seja usado para escrever e-mails e men-
sagens com mais do que poucas linhas. Com um pouco de
prática, é possível digitar entre 60 e 80 caracteres por mi-
nuto. O grande problema são os números e caracteres es-
peciais. Usando o sistema padrão, você precisa segurar a
tecla de função para digitar os números e caracteres espe-
ciais, e usar a tecla shift para digitar caracteres maiúsculos.

Uma opção mais prática é usar o keycaps 600. Ele é um pe-


queno add-on que permite digitar os números e caracteres
especiais dando dois toques rápidos sobre a tecla corres-
pondente e usar caracteres maiúsculos segurando a tecla
por uma fração de segundo. Esta simples modificação acaba
melhorando muito a sua velocidade de digitação. Você pode
baixá-lo aqui: http://www.geekandproud.net/software/key-
caps600.php Anuncie seu produto
para mais de 30 MIL
Carlos E. Morimoto.
Leitores mensais
É editor do site www.guiadohardware.net, autor de mais de 12 livros
sobre Linux, Hardware e Redes, entre eles os títulos: "Redes e Servi-
dores Linux", "Linux Entendendo o Sistema", "Linux Ferramentas
Técnicas", "Entendendo e Dominando o Linux", "Kurumin, desven-
dando seus segredos", "Hardware, Manual Completo"e "Dicionário de
termos técnicos de informática". Desde 2003 desenvolve o Kurumin Para anunciar: revista@guiadohardware.net
Linux, uma das distribuições Linux mais usadas no país.

www.guiadohardware.net :: Revista Treo 600 :: 96


Tiras do
Mangabeira
Á partir desse mês estaremos abrindo essa sessão
com as tiras desse artista Brasiliense, para descontrair
e quem sabe aprender alguma coisa sobre informática
com as Infotiras de André Mangabeira :P

http://blogdomangabeira.blogspot.com/

www.guiadohardware.net :: Revista Info Tira ::97


http://www.guiadohardware.net/gdhpress/Kurumin7/
compras@guiadohardware.net

Desde o início do Kurumin, há 4 anos , o Linux avançou de forma surpreendente em


relação ao uso em desktops. Antes, aguardávamos ansiosamente novas versões dos
programas, esperando que os problemas fossem corrigidos. A maioria das pessoas
querem um desktop confiável e estável. Acompanhando esta tendência, o Kurumin 7
é baseado no Etch - a nova versão estável do Debian. Ele é um release "de longa
duração", que você poderá usar por muito mais tempo, sem sustos ao tentar atualizar
o sistema e instalar novos pacotes via apt-get.

Por trás de toda a simplicidade, o Kurumin é uma distribuição Linux extremamente


flexível e poderosa. Neste livro: Kurumin7você conhecerá a fundo todos os
recursos do sistema, os aplicativos disponíveis e aprenderá a adaptá-lo
para as mais diversas tarefas, solucionando problemas e indo muito além
do simples uso das ferramentas de configuração.

Os conhecimentos obtidos lhe ajudarão também no estudo de outras distribuições


Linux, fornecendo a bagagem necessária para que você se torne um técnico ou
usuário muito mais avançado.

COMPRE O SEU:
Livro Kurumin 7
Guia Pático Acesse: http://guiadohardware.net/gdhpress
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Resumo do mês 3

Plextor lança mini-receptor de HDTV TurboLinux lança Dev Kit de Linux para

NOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIAS
MP3 players
A Plextor revelou um
novo mini-receptor
digital HDTV, e a A TurboLinux, empresa asiática
companhia firma que desenvolvedora da distribuição
a novidade poderá Linux de mesmo nome, lançou a
transformar qualquer pouco tempo em sua página ofi-
laptop num gravador cial o primeiro MP3 Player (aliás,
pessoal de vídeo. não era um simples player) que
Claro, wireless. rodava Linux. Querendo mais, a
empresa anunciou a disponibili-
De acordo com a empresa, o PX-HDTV500U já pode ser comprado zação de um Kit para desenvol-
online. O aparelho tem o tamanho de um pendrive, podendo per- vedores, ajudando a adicionar
mitir aos usuários assistir, pausar e gravar vídeos e imagens de TV mais recursos ao Linux de seu
de alta definição na maioria dos laptops que utilizam Windows, aparelho. Isso não é benéfico
sem nenhum recurso adicional. Ele vem com um software integra- apenas para a empresa, pois as
do que automaticamente os sinais digitais. aplicações poderão ser usadas
por outros fabricantes, e o usuá-
O receptor pode gravar os vídeos em arquivos MPEG-2 em tempo rio ganha com menor preço e
real e gravar no HD do computador, ou diretamente num DVD. maior qualidade.
Para assistir em resolução comum, os requerimentos mínimos são
processador Pentium III de 1.0 GHz, 256MB RAM, placa de vídeo de
32MB, USB 2.0, e placa de som. Para alta definição, Pentium 4 de
3GHz, 512MB RAM, e 128MB de vídeo. Veja mais em:

Ele ainda suporta verificação automática de canais, PIP (Picture-in- http://www.akihabaranews.com/en/news-13549-TurboLinux+offer+a


picture), tela 4:3 ou 16:9, tela cheia ou escalável. +Dev+Kit+for+their+Linux+DAP.html

O PX-HDTV500U vai ser vendido em lojas na América do Norte em


abril por 99 dólares.
Veja mais em:

http://www.extremetech.com/article2/0,1558,2109363,00.asp?kc=
ETRSS02129TX1K0000532

Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

www.guiadohardware.net :: Revista Resumo GDH Notícias :: 99


Resumo do mês 3

Mandriva é a escolhida para o Intel ClassMate PC Mempile mostra disco de 1TB com gravação 3D

NOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIAS
A francesa meio verde-e-amarela Mandriva foi a escolhida para os lap- A Mempile anunciou uma nova geração em armazenamento óptico
tops Intel Classmate PC, especial para estudantes. de dados, o TeraDisc, que consegue guardar 1TB de dados num dis-
co parecido com um DVD. O projeto ainda está em fase de "concei-
Para quem não lembra, o Intel Classmate PC é um laptop com teclado to", e as fases de desenvolvimento inicial estar marcadas para me-
resistente à água, sistema anti-furto e baixo custo. O processador é o In- ados de 2008. A empresa mostrou recentemente no Japão que o
tel Mobile 900MHz Celeron ULV, pesando 1,315 Kg e tela LCD de 7 pole- disco foi capaz de gravar 100 camadas virtais num disco simples,
gadas, 256 MB de RAM, 2GB de memória flash, rede 10/100Mbps e WiFi semi-transparente.
802.11b/g.

A Mandriva disse que irá


desenvolver uma versão Cada dado é guardado por uma
personalizada do 2007 tecnologia de reflexão de luz, na
para o Classmate em oito superfície semi-transparente do dis-
meses. O processo inclui co, ou seja, uma gravação 3D é uti-
a integração de novos lizada, e por isso, utiliza todo o vo-
drivers e adaptação de lume do disco, e não apenas a área.
aplicativos especialmente
orientados para a educação, mas incluindo programas para Internet,
office e multimídia.
Infelizmente, o disco não estará disponível para o mercado antes de
O Classmate PC será produzido no Brasil, e está previsto para iniciar 2010, porém, é mais uma novidade a longo prazo. Inicialmente, os
suas vendas no segundo trimestre desse ano. A versão com Mandriva discos estarão à venda ao consumidor com capacidade de em mé-
2007 estarão disponíveis no México, Índia e outros países em desenvol- dia 500GB. Mesmo assim é promissor, já que os DVDs atuais possu-
vimento. em 4.7 GB, e os Blu-Ray 25GB.

Segundo Paul Guillet, representando a Mandriva Brasil, "O Classmate


PC reforça o compromisso da Mandriva, juntamente com a parceira In- Veja mais em:
tel, de desenvolver novas tecnologias. Nós não pensamos duas vezes
http://crunchgear.com/2007/03/27/mempile-teradisc-boasts-1tb-of-
em participar de uma iniciativa que visará a educação brasileira pelo
storage/
uso da tecnologia"

A empresa ainda disse que aproximadamente 800 Classmate PCs vão


ser distribuídos à escolas públicas, para testes iniciais.
Veja mais em:

http://www.desktoplinux.com/news/NS4146178789.html
Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

HDs poderão ter maior capacidade graças a ímã Intel divulga novo processador e nova arquitetura

NOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIAS
brasileiro A Intel divulgou ontem detalhes im-
Uma pesquisadora brasileira desenvolveu uma nova família de ímãs de alto de- portantes de seu novo desenvolvi-
sempenho que é mais potente e tem mais estabilidade de cristalização do que mento. O primeiro é o Penryn, ba-
os atuais. Esses super-ímãs poderão ser utilizados, por exemplo, em discos rígi- seado já na microarquitetura Core,
dos para computadores. Mas motores elétricos de alta precisão também são porém, com 45nm. O outro é o
candidatos à sua utilização.
Nehalem, nova geração de arquite-
A física Regina Keiko Murakami conseguiu avanços partindo das descobertas de tura em 45nm. Ou seja, enquanto o
outra pesquisadora brasileira. A professora Valquiria Villas Boas começou seu Penryn é uma espécie de "atualiza-
trabalho com uma liga padrão formada por neodímio, ferro e boro (NdFeB). De- ção" do atual Core, o Nehalem é to-
pois de testar inúmeras combinações, ela descobriu que a substituição do neo- talmente novo.
dímio pelo praseodímio eleva substancialmente o desempenho dos ímãs. O pra-
seodímio é mais barato do que o neodímio. A principal novidade do Penryn é, obviamente, a diminuição dos
65nm do atual Core 2 para os 45nm, incluindo uma nova tecnologia
Agora, Regina descobriu que a adição de uma pequena quantidade de carbeto de transistores que oferecerá muitos benefícios em termos de de-
de titânio (TiC) melhora ainda mais o desempenho os ímãs. sempenho, em torno de 20% mais rápido que o antecessor, disse a
Intel. Além disso, o cache aumentará para os 6MB nos núcleos du-
O NdFeB é considerado um magneto "duro", graças à sua capacidade de man-
plos e 12 em quáduplos.
ter a magnetização por mais tempo. "O ferro e o carbeto de titânio são chama-
dos de 'magnetos moles', já que mantêm a magnetização por menos tempo,
Já Nehalem, segundo a empresa, é a maior mudança em termos de
apesar da maior amplitude de magnetização," explica Regina. "Uma combina-
ção harmoniosa destes materiais com características diferentes, gerando um
arquitetura desde o Pentium Pro em 1995. Ele será projetado para
material nanocristalino magnético (exchange spring magnet) ajudaria a poten- ser extremamente escalável e flexível, com as variações em mode-
cializar as propriedades dos ímãs." los de acordo com o mercado. A Intel não divulgou muitos detalhes
com relação ao Nehalem, porém disse que estará disponível com
Um dos segredos para a melhoria das propriedades dos ímãs é garantir que eles um a oito núcleos, terá processamento multi-tarefa, além de um sis-
tenham uma microestrutura fina e homogênea. A adição do carbeto de titânio tema de cache multi-nível. Maiores avanços foram prometidos pela
permitiu a utilização do processo de resfriamento rápido, que geralmente pro- fabricante.
duz cristais muito grandes. Com o novo composto, os ímãs apresentam uma
microestrutura da ordem de nanômetros. "As partículas ficam interligadas de
forma mais harmônica, melhorando o acoplamento magnético entre os cristais", Veja mais em:
diz Regina, que é professora da Universidade Federal do Grande ABC (UFABC).
http://www.extremetech.com/article2/0,1558,2108904,00.asp?kc=
A fase de pesquisas em laboratório já foi concluída, estando os resultados dis- ETRSS02129TX1K0000532
poníveis para eventuais parceiros industriais.
Veja mais em:

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo
Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Panasonic lança nova TV para carros Adobe revela pacote com novos produtos -

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Creative Suite 3

A Adobe revelou sua primeira atualização na


A Panasonic lançou uma nova so- linha de produtos de linha gráfica, incluindo o
lução para os apaixonados por Photoshop. Os 13 produtos e seis suítes no
carros, o TR-M80WVS7: uma nova Creative Suite 3, como é conhecido o pacote
TV LCD de 8 polegadas, com reso- de softwares atualizados, representa o uso
lução de 800x480 (para DVD) e completo da tecnologia Flash, graças à aquisi-
um sintonizador. Ele possui uma ção da Macromedia feita pela empresa, por 3,4
porta digital D2 (uma versão ante- bilhões de dólares.
rior ao HDMI), e permite conectar
um DoCoMo e o telefone Panaso- O executivo da Adobe Johnny Loiacono disse que por causa da
nic P903iTV, para utilizar da sinto- aquisição da Macromedia, os produtos que eram atualizados num
nização integrada neste aparelho. ciclo de 18 meses agora demoraram 24 - justamente por causa da
A solução também tem um transição. Quem testou, segundo o site Extremetech.com, gostou
transmissor FM para sincronização da nova versão.
com o sistema de áudio com o
carro. Por enquanto, está disponí- A suíte também integra os softwares de artes gráficas Illustrator e o
vel apenas no Japão. famoso editor de Web Dreamweaver. E, usando parte do Flash, o
Photoshop agora também é capaz de editar vídeos e animações 3D.
Johnny ainda disse "Nós estamos realmente focados numa verdadei-
ra integração dos produtos e serviços".

A Adobe disse que começará a vender o Creative Suite 3 em abril


deste ano. A versão Premium custará 1799 dólares, a Web Premium
$1599, e Production Premium $1699. O mais caro será o Master Col-
Veja mais em: lection, por 2499 dólares.

http://www.akihabaranews.com/en/news-13543-TR- Quem realmente precisa, inclusive empresas, não ligam muito para
M80WVS7,+the+new+8%E2%80%9D+TV+for+cars.html valor. Mas com esse dinheiro eu preferiria comprar um carro da dé-
cada de 80 e continuar usando as soluções abertas ;-)
Veja mais em:

http://www.extremetech.com/article2/0,1558,2108093,00.asp?kc=ET
RSS02129TX1K0000532

Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

SPH-M8100, o novo PDA da Samsung Sony lança 9 modelos de TV LCD

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A Samsung disponibilizou no exterior, para venda, seu novo telefone A Sony anunciou hoje nove novos modelos de TVs em LCD da série Bra-
PDA, o SPH-M8100, que roda como sistema operacional o Windows Mo- va, divido em três categorias.
bile 6. Ele suporta CDMA 1x EV-DO, câmera digital de 2MP, BLuetooth,
sintonizador de TV DMB, e tela de 2,8 polegadas. A linha J5000 está disponível em 32 e 40 polegadas, painel LCD de 192Hz,
tecnologia 10bit (imagens mais realistas), "Program Cast Room Link" quer
Interessante é o módulo lançado junto com ele, o SPH-P9000, permitin- permite receber dados sobre o tempo e outras informações, e acessar
do conexão fácil via USB para laptops, por exemplo, para acessar a rede suas fotos, vídeos e áudio por uma rede local DLNA, e resolução de
WiBro ou HSPDA. Para isso, basta colocar o cartão SIM numa entrada em 1366x768 pixels (HD Ready).
sua lateral, e depois conectar a saída USB no seu PC.
Quatro outros modelos são da linha J3000, também HD-Ready e disponí-
vel no tamanho de 20" e 40" - os dois possuem o suporte à "Program Cast
Room Link", mas somente o modelo de 40" possui a tecnologia 10 bit.

A última, X2550, são "Full HD", em 40, 46 e 52 polegadas, porém não é


equipado com os recursos dos modelos acima. Este modelo possui um
acabamento brilhante, lembrando um piano.

Veja mais em:

http://www.akihabaranews.com/en/news-13534-SPH-M8100,+the+
Samsung+Windows+Mobile+Wibro+PDA-phone.html
Veja mais em:

http://www.akihabaranews.com/en/news-13532-9+new+Sony+
Bravia+TVs.html

Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Zenzui, um navegador para celulares, da Microsoft Lançado Symbian 9.5

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A Symbian anunciou a atualização de seus sistema operacional para
dispositivos móveis, concorrente do Linux e do Windows Mobile. A nova
versão tras melhorias quanto aos requerimentos mínimos, além de vá-
Esta notícia foi publicada originalmente no blog pedroaxl.com.
rias novos recursos multimídia como fotografia e filmagem avançados.
O Zenzui é nada mais que uma espécie de navegador para celulares fei- melhor conectividade com PCs, suporte para TV digital DVB-H e ISDB-T
ta pela Microsoft. O conceito é um pouco diferente, você configura a sua e novo gerenciamento de redes. A versão faz parte do ciclo de seis
página inicial customizada, assim como faz em algumas páginas iniciais meses da Symbian, geralmente demorando de 12 a 16 meses para
de sites Web 2.0. Porém, ao personalizar a página inicial você seleciona aparecer no mercado.
alguns sites de sua preferência e aparecem os logos dos sites selecio-
Tecnicamente falando, os custos dos aparelhos poderão baixar devido à
nados no navegador. Aí você pode ficar transitando entre eles, com uma
performance do sistema em hardwares menos potentes, resultando tam-
interface que lembra bastante o iPhone.
bém em menor consumo de recursos como memória, processador e ba-
Quem conhece, quando bate o o olho, percebe que isso não tem cara teria. Os novos recursos de câmera também são interessantes, adicio-
de ter sido desenvolvido pela Microsoft. Acertou. Na verdade foi desen- nando 35 novas funções, além de poder agora assistir TV digital pelo apa-
volvido por uma empresa independente e financiado pela Microsoft. relho. Para os mais assíduos, também vem o suporte para redes wireless
Wifi-3G, bem como VoIP, HSPDA e HSUPA.

Veja mais em: Veja mais em:


http://pedroaxl.com/wordpress/2007/03/27/zenzui-um-navegador- http://www.allaboutsymbian.com/news/item/5075_Symbian_OS_95
para-celulares-da-microsoft/ _.php

Pedro Axelrud Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Novo MiniPC com suporte a HDMI da Aopen Samsung anuncia LCD "inteligente" de 2,1"

NOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIASNOTÍCIAS
A Samsung, uma das maiores empre-
sas mundiais no ramo da eletrônica,
anunciou o desenvolvimento de uma
tela LCD (cristal líquido) de 2,1 polega-
das equipada com sensores que ajus-
tam automaticamente o brilho para
melhor visualização no ambiente, pelo
nível de luz. A novidade foi feita para
dispositivos móveis de última geração.

Não apenas sensores de luz, mas o


novo LCD possui também um sensor
compensador de temperatura que faz
a tela trabalhar em perfeitas condi-
"Num processo lento, o HDMI (High-Definition Multimedia Interface - In-
ções, sem alterações, em qualquer
terface de multimídia em alta definição) chega às placas mãe e de ví-
temperatura suportada. Além disso,
deo, e também e claro que um dia ele pertencerá ao nosso dia-a-dia", é
consome em média de 20% a 30%
o que disse a AkihabaraNews. menos energia que outras telas de
mesmo tamanho.
Pensando desta maneira, a Aopen lançou um mini-PC, o MP945-VD com
suporte à HDMI. Ele suporta uma variedade de processadores da Intel A tecnologia usada é proprietária da Samgung, chamada Adaptive Bright-
(Core 2 Duo, Core Duo e Core Solo), tendo um chipset 945GM e ICH7-
ness Control (ABC), que consiste numa estrutura muito mais fina e circui-
MDH, capacidade de 2Gb de RAM, HD SATA, e obviamente, vem com tos bem menores e mais ágeis dentro da própria tela, o que elimina a ne-
um cabo DVI-HDMI.
cessidade de placas complexas e fotosensores.
Entretanto, o autor da notícia completa dizendo: "Eu tenho o suporte
A empresa anunciou também que pretende disponibilizar o novo LCD
HDMI em meu Mac Mini... com um cabo DVI-HDMI. Aqui ele é simples-
qVGA de 2,1" na segunda metade deste ano.
mente um cabo..."

Veja mais em:


Veja mais em:
http://www.akihabaranews.com/en/news-13524-Samsung+Mobile+
http://www.akihabaranews.com/en/news-13527-The+Aopen+Mini+
LCD+screens+with+automatic+brightness+adjustment.html
PC+MP945-VD+with+HDMI+support.html

Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Nova placa de som Xonar PCIe x1 da ASUS Compiz e Beryl anunciam possível fusão

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O projeto Beryl foi um fork do Compiz, gerenciador
A ASUS na última semana demonstrou na feira CeBIT que estaria próxi- de janelas para Linux que possui efeitos 3D, sendo
mo o lançamento da linha de placas de som Xonar. Esta virá em duas mantido por Quinn Storm, nativo da própria comu-
variantes: o D2, para slot PCI, e o D2K, para PCI Express x1. A nova pla- nidade do Compiz. Na época, dizia que os projetos
ca terá tecnologia de codificação digital multi-canal Dolby Digital Live e precisavam se separar pois tinham objetivos dife-
DTS Connect, tendo saída para o sistema analógico de caixas 7.1. rentes, e agora, os projetos estão tentando achar
um novo caminho único, de acordo com a posta-
A ASUS também especula que terá as tecnologias para conversão e gem no fórum do Compiz:
som sorround para o sistema estéreo Dolby Pro Logic IIx, Dolby Virtual
Speaker e Dolby Virtual Headphone. A série Xonar terá a taxa de 118dB "Como muitos de vocês devem saber, aqui houve
para o playback e 115dB para gravação na relação sinal-ruído, e possui- uma discussão esporádica com os membros da
rá resolução de 24-bit/192 KHz tanto na gravação quanto playback, bem comunidade Beryl nas últimas semanas sobre a
como ASIO 2.0. possibilidade de fusão. Enquanto essas discussões
eram informais, eles conduziram a uma coopera-
Os testes internos da
ção maior entre as comunidades.
ASUS revelam que o Xo-
nar é capaz de baixíssima Pouco tempo depois que eu publiquei a descrição da proposta de reestru-
taxa de distorção harmô- turação do Compiz, Quinn Storm do Beryl publicou uma proposta de rede-
nica total (THD - Total finição do Beryl muito similar. Depois de algumas discussões com a co-
harmonic distortion), de munidade Beryl, nós chegamos à conclusão que o Compiz-Extra e o Beryl
somente 0.000006% nas poderiam ser projetos idênticos competindo cada um com o mesmo nú-
8 saídas analógicas entre cleo, os mesmos plugins, e com objetivos similares. A questão óbvia veio:
as frequências de 20Hz "Porque nós estamos competindo?"
até 20kHz, trazendo tam-
bém a proteção EMI para Neste ponto nós estamos discutindo sim a possibilidade de fusão. Vários
fornecer "qualidade está- pontos que causaram a separação agora estão resolvidos ou são irrele-
vel de áudio". vantes. A idéia é combinar as comunidades Compiz-Extra e o Beryl em
um novo nome"

Compiz continuará existindo como o pacote "core", o núcleo, e o resto do


projeto deveria focar nos plugins e outros programas que trarão funciona-
Veja mais em: lidades que não são essenciais, e novo nome "Coral" está sendo debatido
como uma alternativa.
http://www.dailytech.com/article.aspx?newsid=6538
Veja mais em:

http://news.linux.com/news/07/03/24/1551227.shtml?tid=13&tid=96
Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Procare lança solução P2P/NAS usando HD externo Hynix fecha acordo com SanDisk e Toshiba

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A empresa de Taiwan Procare apresentou uma nova solução pessoal
para P2P/NAS, o eShare ES-8068. Levando em conta que, todos os usuá- A Hynix Semiconductor e a SanDisk Corpora-
rios de NAS (Network-attached storage - Armazenamento de dados li- tion anunciaram um acordo de patentes que
gado à rede) e P2P (Peer-to-peer - Redes de compartilhamento) possu- engloba componentes de memória flash,
em um HD externo em suas mãos, a empresa criou essa solução sem evitando uma futura briga sobre proprieda-
memória interna, para transformar qualquer HD USB em uma solução des intelectuais. As duas empresas se unirão
completa P2P/NAS - tanto para compartilhamento de arquivos quanto num joint-venture para fabricarem peças de memórias e venda de solu-
para backup. ções baseadas na tecnologia NAND, envolvendo investimentos de ambas
as companhias na expansão da capacidade de produção na Coréia do Sul.
Características, extraídas do AkihabaraNews:
As duas primeiramente vão se cooperar no desenvolvimento de tecnolo-
gias, incluindo a x4, permitindo que cada célula de memória segure qua-
tro bits de informações, ajudando a baixar os preços. A Hynix estava tra-
● Download de arquivos BitTorrent para o balhando atualmente o x4 com a M-Systems, uma companhia comprada
PC com um clique pela SanDisk por 1,5 bilhões de dólares em novembro de 2006. Outros
● Torna desnecessário deixar o computador
termos do acordo são confidenciais.
sempre ligado
● Livre de ataques de vírus e hackers O. C. Kwon, vice-presidente da Hynix, disse à imprensa que "Nós estamos
● Suporta HDs de 2.5 e 3.5 polegadas, pela aguardando a conclusão de forma sucedida com a SanDisk num caminho
porta USB que beneficie os consumidores e acionistas das duas companhias. Com
● Suporta o formato FAT32, compartilhando os acordos de patentes, nós poderemos jogar fora distrações e focar as
o HD entre seu PC e o eShare atenções para uma promissora relação de desenvolvimento da tecnologia
● Interface via Web para fácil navegação e x4. Nós olhamos para frente construindo relações benéficas mutualmente
controle para as companhias"
● Senha de segurança interna

● Backup com um toque A DailyTech ainda disse que a Hynix e a Toshiba encerraram sua 'rixa' so-
bre os NAND flash e memórias DRAM por mais de dois anos, assinando
acordos de compartilhamento de patentes e tecnologias. Como parte do
tratado, a Hynix pagará royalties para usar as patentes de eletrônicos da
empresa japonesa, enquanto esta comprará alguns produtos da fabrican-
Veja mais em: te de memórias sul-coreana.
http://www.akihabaranews.com/en/news-13514-Procare+ES-8068+
Veja mais em:
transforms+your+HDD+in+NAS+and+P2P+solution.html
http://www.dailytech.com/article.aspx?newsid=6595

Júlio César Bessa Monqueiro Júlio César Bessa Monqueiro

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Resumo do mês 3

Gigabyte lança dois novos PDAs TufTab, um UMPC com Linux

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A Gibabyte lançou em Taiwan dois novos PDAs com o sistema operacio- Notícia publicada originalmente no blog pedroaxl.com.
nal para móveis da Microsoft, o Windows Mobile 6. Os dois novos apare-
lhos foram desenvolvidos bom ótimas especificações, segundo o site O TufTab da TabletKiosk é sim um
AkihabaraNews.com. UMPC comum, ele é feito para exe-
cutivos usarem no dia-a-dia no lugar
O GSmart q60 possui um teclado qwerty, suporte à WCDMA e HSDAP, de um Palm ou PocketPC (tenho mi-
enquanto o t600 possui uma boa tela VGA, TV digital DVB-T e rádio digi- nhas dúvidas quanto a praticidade
tal (DAB). Parece um pouco com um iPod, mas não deixando se ser um de trocar um deles por isso), um de-
ótimo telefone/PDA, de acordo com o site. talhe que chama a atenção é que o
case diz ser construido para aguen-
Eles estarão disponíveis na Ásia em abril. tar poeira, chuva e vibrações.

Ele tem um processador Via C7-M ULV (Ultra Low Voltage) de 1.2 GHz (es-
te processador suporta até SSE3), 1GB de RAM DDR400, chipset VIA
VX700 com controlador de video integrado, HD de 40GB (opção para
160GB) e tela de 7" com backlight de LEDs.

Além disso vem com rede Wireless 802.11b/g, camera de 1.3 Mega Pixel
(também funciona como Webcam), Bluetooth 2.0 + EDR (Enhanced Data
Rate, um recurso bem comum para melhorar a taxa de transferência) e
leitor de impressões digitais.

Até ai tudo nada demais, praticamente tudo que um UMPC normal tem. O
legal é que eles oferecem uma versão que já vem com o SuSE Linux ins-
talado (e você ainda economiza 75 dólares em relação à versão com
Windows Vista, que custará US$ 1699, a venda a partir de abril).

Mas pelo eles não tão dando muito destaque a isso, só tem foto de di-
vulgação com o Windows Vista, e no site só aparece perdido no meio
do texto um detalhe falando sobre isso. É uma pena. Você pode ver mais
Veja mais em: detalhes dele aqui.

http://www.akihabaranews.com/en/news-13510-New+Gigabyte+
GSmart+WM6.html Veja mais em:

http://pedroaxl.com/wordpress/2007/03/22/tuftab-um-umpc-com-linux/
Júlio César Bessa Monqueiro Pedro Axelrud

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Confira na
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2.500.000 mensagens Especial HDs
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Linux:
Guia de Configuração do
Linux Geral
Instalação e configuração
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