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B) Ex.: art. 396.º do Cód. Com. / art. 1143.º do Cód. Civil - Contrato de mútuo Artigo
396.º (Prova)
“O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu valor,
todo o género de prova.”
Código Civil
Artigo 1143.º (forma)
“Sem prejuízo do disposto em lei especial, o contrato de mútuo de valor superior €
25 000 só é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento
particular autenticado e o de valor superior a € 2 500 se o for por documento
assinado pelo mutuário.”
C) Celeridade na celebração de negócios (ex.: art. 102.º I, Cód. Com. / art. 559.º Cód.
Civ.).
* Regime dos títulos de crédito - princípios da abstração e literalidade
• Art. 102.º, § 1º Código Comercial:
“A taxa de juros comerciais só pode ser fixada por escrito.”
• O segundo Código Comercial data de 1888 (Código de Veiga Beirão), o qual se mantém em
vigor até hoje (não obstante, ter sido objeto de muitas alterações e da existência de numerosa
legislação extravagante)
OBJECTO E ÂMBITO DO DIREITO COMERCIAL
- Conceção subjetivista: o direito comercial é o conjunto de normas que rege os atos dos
comerciantes relativos ao seu comércio.
- Conceção objetivista: o direito comercial é o ramo do direito que rege os atos de comércio,
sejam ou não comerciantes as pessoas que os praticam.
- Posição do nosso Código Comercial: o art. 1.º acolhe a conceção objetivista (o direito
comercial rege os atos de comércio, independentemente da qualidade de quem os pratica); o
art. 2.º acolhe uma conceção mista.
• O conceito de comércio utilizado pelo direito comercial é mais amplo que a noção económica
de comércio.
• Abrange:
• - a industria (setor secundário), com exceção das pequenas indústrias domésticas cuja
laboração seja assegurada exclusivamente pelo próprio (art. 230.º, n.º1, do CCom) e das
industrias de artesanato (art. 230.º, par. 1.º do CCom);
• - prestações de serviços (setor terciário), com exceção das realizadas por profissionais
liberais no exercício da sua atividade e das prestações de serviços e venda de bens realizadas
por artistas e artesãos (art. 230.º, parágrafos 1.º e 3.º do CCom).
•Não Abrange:
•-As atividades económicas do setor primário: agricultura, pecuária e indústrias extrativas (art.
230.º, parágrafos 1.º e 2.º do CCom)
POSIÇÃO DO DIREITO COMERCIAL FACE AO DIREITO CIVIL
O direito comercial como direito especial face ao direito civil (que é o direito comum das
relações privadas).
- O Direito Civil é o direito privado geral ou comum (regula genericamente as relações entre as
pessoas situadas numa posição jurídica equivalente);
- O Direito Comercial regula uma espécie dentro desse género de relações: as relações que
derivam do exercício do comércio e atividades afins.
-Diversos aspetos das relações jurídicas comerciais estão reguladas no direito civil;
- Havendo uma lacuna a analogia pode ser encontrada no direito civil ou comercial;
- O artigo 3.º apenas se refere à analogia para definir o regime de uma relação jurídica
comercial e não para a qualificação como comercial.
• A) verificar se existe uma lacuna em sentido próprio (se o caso não encontra uma resposta
adequada no sistema jurídico globalmente compreendido);
• B) só existe lacuna se não houver uma norma civil que se lhe aplique, ou se as normas de
direito civil não forem adequadas para resolver o caso (o direito civil como subsidiário do
direito comercial);
• Os caos omissos que constituam verdadeiras lacunas são integrados tendo em conta o
disposto no art. 3.º do CCom
Atos de Comércio
Noção de atos de comércio
O legislador não define materialmente ato de comércio.
▪ - regime de responsabilidade dos bens do casal por dívidas resultantes de atos de comércio
(art. 1691.º do Cod.Cívil);
▪ Abrangem:
Atos simultaneamente regulados na lei civil e na lei comercial (exemplos: contratos de
sociedade, mandato, depósito, compra e venda, empréstimo, etc.).
Atos exclusivamente regulados no C. Com. (exemplos: transporte, seguro,
contacorrente, etc.).
Atos regulados pela legislação comercial extravagante posterior ao C. Com. (exemplos:
locação financeira, consórcio, agência, atos relativos aos títulos de crédito, etc.).
O recurso à analogia como solução mais razoável (ex.: Artigo 230.º do Cód. Comercial)
Não serão comerciais os atos que pela sua natureza não se conexionam com o comércio -
exclusivamente civis.
Não serão comerciais os atos que, em concreto, não se conexionem com a atividade comercial
do seu autor.
Atos unilateralmente e bilateralmente comerciais
Atos bilateralmente comerciais ou puros.
➢ Atos que apenas são comerciais em relação a uma das partes e são civil em relação à outra.
➢ Regime jurídico dos atos unilateralmente comerciais: art. 99.º do Ccom (tratamento único
fundado no regime comercial; o Direito Comercial prevalece sobre o Direito Civil,
independentemente de, na relação jurídica, haver um ato de natureza civil; intenção do
legislador favorecer o comércio e as suas operações)
Empresas comerciais
«Haver-se-ão por comerciais as empresas singulares ou coletivas, que se propuserem:
2.º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante
preço convencionado;
3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e
mediante salário estipulado;
6.º Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário;
7.º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas,
animais, alfaias ou mercadorias de outrem» (art. 230.º do C. Com.).»
▪ As empresas do art. 230.º devem ser entendidas como “conjuntos de atos objetivamente
comerciais enquadrados organizativamente (…)” (Coutinho de Abreu)
Solidariedade passiva
O art. 100.º do Cód. Comercial (confronto com o art. 513.º do Cód. Civil).
O art. 101.º do Cód. Comercial (confronto com o art. 638.º do Cód. Civil).
A SOLIDARIEDADE NAS OBRIGAÇÕES COMERCIAIS.
O legislador comercial estabeleceu a regra da solidariedade passiva nas obrigações plurais,
enquanto que o legislador civil estabeleceu a regra da conjunção (art. 513.º do Ccivil).
▪ Nos termos do art. 100.º do CCom, as dívidas comerciais plurais são solidárias, com duas
exceções: ▪ - se houver estipulação das partes em contrário;
▪ -Se os devedores não forem comerciantes ou sendo-o o ato praticado não for quanto a eles
comercial (atos unilateralmente comerciais
▪ CONJUNÇÃO E SOLIDARIEDADE.
- o credor pode exigir de cada um dos devedores o pagamento da totalidade da dívida, sem
que qualquer dos restantes possa invocar o benefício da divisão de responsabilidades (arts
512.º, n.º1, 518.º e 519.º, do CCIvil);
O devedor que pagar a dívida fica com o direito de reclamar dos restantes codevedores a parte
que lhes cabe na dívida global, em sede de direito de regresso (art. 524.º do Ccivil)
Juros
Artigo 102.º do Cód. Com. - Princípio do decurso e contagem de juros nas dívidas comerciais.
A) JUROS LEGAIS
Taxa anual de juros legais: 4% (desde 01/05/2003) – Portaria n.º 291/2003, de 08/04;
B) Taxa supletiva de juros moratórios para créditos de que sejam titulares empresas
comerciais.
Corresponde à taxa de juro aplicada pelo BCE à sua mais recente operação principal de
refinanciamento acrescida de 7 pontos percentuais – art. 102º, § 3º e 4º, do Cód. Com.
Desde 01/01/2023 é de 9,5%.
C) Taxa supletiva de juros moratórios para créditos de empresas comerciais e emergentes
de transações comerciais entre empresas
Corresponde à taxa de juro aplicada pelo BCE à sua mais recente operação principal de
refinanciamento acrescida de 8 pontos percentuais – art. 102º, § 5º, do Cód. Com.
(redação do DL n.º 62/2013, de 10 de maio).
D) Taxa aplicável aos créditos representados por letras, livranças e cheque: 6% (art. 48º LULL
e 45º LUCH).
Juros Convencionais
-A taxa de juros deve ser fixada por escrito (art. 102º, § 1º);
“Para que os juros vencidos produzam juros é necessária convenção posterior ao vencimento”
ou - após “notificação judicial feita ao devedor para capitalizar os juros vencidos ou proceder
ao seu pagamento sob pena de capitalização”.
Estas regras não são aplicáveis se forem contrárias a regras ou usos particulares do comércio -
n.º 3.
São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste profissão;
2.º As sociedades comerciais.
Mesmo que não seja emancipado, é possível que um menor seja qualificado como comerciante
se se verificarem, de forma cumulativa, dois requisitos:
Os menores não exerçam o comércio em nome próprio
Exerçam o comércio através dos seus representantes legais, que são os respetivos pais
(titulares do poder paternal ou “parental”) e, subsidiariamente (caso o menor não
tenha pais), pelos seu(s) tutor(es).
Haja autorização para tal por parte do Ministério Público.
2. Profissionalidade
A profissionalidade implica:
O comércio terá de ser exercido em nome próprio (e não em nome alheio) e de modo
autónomo (sem subordinação jurídica).
A matrícula do comerciante
A matrícula (isto é, a inscrição no registo comercial) é obrigatória para todos os comerciantes
(art. 18.º do Cód. Com.).
Pessoas (singulares e coletivas) que exercem uma atividade agrícola não são consideradas
comerciantes (artigos 230.º, parágrafos 1 (1.ª parte) e 2; e 464.º, n.ºs 2 e 4 do CCom.).
- Artesãos
O art. 230.º, parágrafo 1 (2.º parte) do CCom exclui das atividades comerciais as do «artista,
industrial, mestre ou oficial do ofício mecânico que exerce diretamente a sua arte, indústria ou
ofício, embora empregue para isso, ou só operários ou operários e máquinas» e art. 464.º, n.º3
do CCom.
- Profissionais liberais
Princípio da unidade
Cada comerciante apenas pode possuir uma única firma que o identifique – art. 38.
Proteção da firma:
Proibição do uso ilícito da firma
Responsabilidade civil - reparar os danos causados
Responsabilidade criminal - concorrência desleal
b) A Ter Escrituração Mercantil;
Artigos 29.º a 44.º do Cód. Com. Registo dos factos e operações comerciais relevantes.
“Todo o comerciante é obrigado a ter escrituração mercantil efetuada de acordo com a lei.”
As sociedades comerciais devem possuir livros para atas para documentar as reuniões de
sócios e de outros órgãos colegiais (art. 31.º, Cód. Com.).
Publicações legais (art. 70.º do CRC) – efetuadas oficiosamente pela conservatória, a expensas
dos interessados, em sitio da Internet de acesso público: (http://publicacoes.mj.pt/)
d) A dar Balanço e a Prestar Contas.
Obrigatoriedade de dar balanço (art. 62.º do Cód. Com. e 65.º e 66.º do CSC);
O balanço anual (nos 3 primeiros meses do ano seguinte àquele a que respeita – art.
65.º n.º 5 e art. 65.º-A, do CSC) e os balanços extraordinários (ex.: art. 91.º n.º 2 do
CSC).
Obrigação de prestar contas: Para as sociedades comerciais ver artigos 65.º e 65.º-A,
do CSC
Empresas
Noção jurídica de EMPRESA (= estabelecimento comercial):
Elementos da Empresa:
Elementos corpóreos (ex.: mercadorias, matérias-primas, imóveis, dinheiro)
Elementos incorpóreos (ex.: direito ao arrendamento, direitos de crédito, patentes,
marcas, insígnias, direitos emergentes de contratos de trabalho e de prestação de
serviços, direitos emergentes de contratos de agência, concessão ou franquia, etc.)
Clientela:
Relações contratuais com certa estabilidade; expectativa ou capacidade de angariar
novos clientes.
A Consagração legal do direito à clientela: a indemnização de clientela, consagrada no
regime legal do contrato de agência.
Aviamento:
Capacidade lucrativa, aptidão para gerar lucros. Certas situações de facto que
potenciam o lucro do comerciante. (Ex.: relações com fornecedores ou clientes, acesso
ao crédito, eficiência da organização, reputação ou “Goodwill”, posição no mercado,
etc.).
Trespasse:
É a transmissão definitiva, por ato entre vivos, com ou sem carácter oneroso, da
propriedade da empresa.
Pode ser uma venda, troca, doação, entrada em sociedade ou venda executiva,
etc.
O artigo 1112.º do Código Civil (redação da Lei n.º 6/2006, de 27.02)
No caso de trespasse:
•Transmite-se para o adquirente a posição de empregador nos contratos de trabalho (art. 285.º
do Cód. Trab.);
•Os trabalhadores devem ser informados e consultados (art. 286.º do Cód. Trab.);