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O Direito das Sociedades é um sub-ramo dentro do Direito Comercial. É uma disciplina jurídica
autónoma, assente num diploma próprio: O código das Sociedades Comerciais de 1986.
Direito Comercial
O Direito Comercial é um conjunto de normas, conceitos e princípios jurídicos que, no domínio
do Direito Privado, regem os fatos e relações jurídicas comerciais. Faz parte do direito privado
especial, porque estabelece uma disciplina própria para as relações jurídicas que se
estabelecem no âmbito do comércio.
Evolução histórica
O Direito Comercial começou por ser o Direito dos comerciantes. Baseava-se no costume. Com
o advento da revolução francesa, a ideia de um direito privativo de uma classe passou a ser
questionada, razão pela qual vários códigos comerciais consagraram uma conceção objetivista
de Direito Comercial.
O Direito Civil, sendo o Direito Privado comum, tem um papel subsidiário em relação ao Direito
Comercial. Se o Direito Comercial não der resposta a um determinado problema, devemos
procurar resolvê-lo com recurso à analogia e ao direito civil.
Integração da lei no Direito Comercial
Na integração da lei, isto é, ao preenchimento de lacunas, temos de ter em consideração as
regras gerais do artigo 10º do Código Civil e o artigo 3º do Código Comercial.
Em primeiro lugar, há que procurar casos semelhantes nas leis comerciais. Caso não existam,
há que tentar encontrar resposta nas normas de Direito Civil. Se tal também não for possível, o
juiz terá de criar uma norma “ad hoc”.
Entre as leis internas comercias, temos os vários Códigos de Direito Comercial, entre os quais
se contam:
Atos de Comércio
Artigo 2º do Código Comercial: Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se
acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos e
obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário
do próprio ato não resultar.
Os primeiros atos (atos de comércio objetivos) são comerciais porque a lei comercial assim os
considera. É o caso da compra para a revenda e a compra para aluguer que a lei qualifica como
comerciais, independentemente da circunstância do quem o pratica ser comerciante.
Mais especificamente:
Os segundos atos (atos de comércio subjetivos) possuem natureza comercial porque são
praticados por um comerciante. no âmbito da sua atividade comercial. Assim, se um
comerciante compra um quadro para decorar o seu estabelecimento, este ato é
subjetivamente comercial.
Mas, um ato pode ser objetivo e subjetivamente comercial em simultâneo. Assim a acontece
se um comerciante comprar mercadorias para revenda.
Resumidamente:
Ato objetivo aqueles que são comerciais em atenção aos interesses comerciais,
independentemente da qualidade de quem os pratica. Exemplo: contrato sociedade,
mandato, consórcio, compra e venda, empréstimo.
Segundo também este artigo, estão excluídos do conceito do comércio as atividade agrícola e
artesanal, a edição, publicação e venda de obras científicas, literárias e artísticas quando
efetuadas pelo próprio autor.
Forma:
As exigências de forma são menores quando estão em causa atos de comércio, com o intuito
de promover as relações mercantis.
Um empréstimo comercial entre comerciantes é válido, mesmo que não haja qualquer
documento escrito e admite todo o tipo de prova como: Lançamento de escrita, documento
particular e prova testemunhal.
Pelo contrário. os empréstimos civis ou os empréstimos comerciais em que uma das partes
não seja comerciante têm de constar dos seguintes documentos, de acordo com o art. 1143º
CCivil:
Empréstimos de valor superior a 2.500 euros – documento assinado pelo mutuário (pessoa a
quem é emprestado o dinheiro)
O penhor mercantil concretiza-se com a entrega da coisa. A prova do penhor pode ser feita por
qualquer documento escrito, como carta, livros, escrituração mercantil.
Fiança:
A fiança constitui uma garantia pessoal de cumprimento. Estamos na presença de uma fiança
quando uma pessoa (fiador) se responsabiliza com todo o seu património pelo pagamento de
uma dívida de outra pessoa (o devedor principal) perante o credor deste
Se a fiança se destinar a garantir uma divida civil (não comercial), o fiador goza do benefício da
excussão prévia, isto é, o credor só lhe poderá exigir o cumprimento depois de esgotado todo
o património do devedor principal.
Se a fiança se destinar a garantir o pagamento de uma dívida comercial, o fiador não goza do
benefício da excussão prévia, isto significa que o credor pode exigir diretamente o pagamento
ao fiador, sem ter de esgotar previamente o património do devedor principal.
Prescrição:
Segundo o Código Civil, prescreve no prazo de dois anos a dívida contraída por quem adquire
bens a um comerciante e destina os bens assim adquiridos à sua vida pessoal. Pretende a lei
defender o consumidor, que normalmente não preserva as provas de pagamento durante
muito tempo
Exemplo:
Um comerciante vende bens a B, que usa esses bens para a sua vida pessoal. Esta dívida
prescreve no prazo de 2 anos, porque a lei presume que dívida já foi paga. Por este motivo,
decorridos 2 anos, o credor deixa de poder exigir judicialmente o pagamento. A isto chama-se
prescrição presuntiva.
Um comerciante vende bens a outro comerciante, que usa esses bens para a sua atividade
comercial. Neste caso, a dívida só prescreve ao fim de 20 anos, porque não é necessário
proteger o devedor perante dificuldades de prova do pagamento.
Solidariedade Passiva:
Nas dívidas comerciais, aplica-se o regime da solidariedade, que protege mais o credor.
No Direito Civil, o regime supletivo é o da conjunção (art. 513º CCivil). Já no Direito Comercial,
o regime supletivo é o da solidariedade (art. 100º CCCom.)
Exemplo:
A empresta 1000 euros a B e C. Quanto é que A pode exigir a cada um dos devedores?
Taxa de juro:
Segundo o artigo 102º do CComercial, a taxa de juro supletiva comercial deve aplicar-se aos
atos de comércio em que o credor seja comerciante. Mas também se aplica a todas as
transações entre empresas, ainda que a empresa credora não seja comerciante.
Dívidas Comerciais
Nas dívidas comerciais, sendo o regime de bens no casamento um regime de comunhão, existe
uma presunção de proveito comum do comum do casal. Ou seja, se A e B estiverem casados e
A tiver uma dívida, B está a cargo da dívida também.
Mas se o regime de bens for o regime de separação, não existe presunção de proveito comum,
ou seja, B não estaria a cargo da dívida de A.
Nas dívidas não comerciais, não existe presunção comum, ou seja, B nunca seria afetado pelas
dívidas de A.
Nas dívidas comuns, respondem em primeiro lugar os bens comuns do casal e, na falta ou
insuficiência destes, os bens próprios de cada um solidariamente. Isto significa, neste caso, que
o credor não tem de executar previamente os bens próprios do cônjuge que contraiu a dívida.
Contudo, se o regime de bens no casamento for o da separação, a credor terá de esgotar
previamente os bens próprios do cônjuge que contraiu a dívida
Comerciantes
Pessoa singular:
Os comerciantes pessoas singulares são indivíduos que exercem o comércio de forma regular e
profissional. Mas o exercício regular e profissional do comércio não conduz sempre à aquisição
da qualidade de comerciante, para isso é necessário que o exercício apresente duas
características: Seja feito em nome próprio e seja autónomo.
Os menores são incapazes de atuar no comércio por si mesmos, terão de ser representados.
Exemplos:
Assim, para que alguém adquira a qualidade de comerciante é preciso que pratique de
forma direta ou indiretamente atos comerciais de modo autónomo e em nome
próprio.
Não é necessário nem suficiente ter uma matrícula/registo na conservatória para ser
comerciante.
Há pessoas que estão impedidas de praticar atos comerciais. Ao contrário das pessoas
referidas anteriormente, estas pessoas estão mesmo impedidas de exercer o comércio, Por
exemplo, os magistrados não podem exercer outras atividades. Isto com vista a preservar a sua
independência. É uma proibição absoluta, porque impede a prática de quaisquer atos de
comércio e ninguém pode dar autorização para os praticar
Existem também pessoas que apenas não podem praticar determinados atos comerciais. É o
caso dos gerentes de estabelecimentos comerciais
Firma:
Quanto à sua composição devemos distinguir:
o Princípio da unidade Cada comerciante apenas pode ter uma firma, ainda que
tenha várias empresas ou estabelecimentos. Contudo, existe uma exceção: Se o
comerciante em nome individual tiver mais do um estabelecimento e se pelo menos
um desses estabelecimentos for um estabelecimento individual de responsabilidade
limitada (EIRL), deve adotar duas firmas. Exemplo: António tem dois estabelecimentos:
um restaurante explorado segundo o regime geral e outro restaurante que explora sob
a forma de EIRL. Este estabelecimento permite a António salvaguardar o património
pessoal e familiar da responsabilidade pelas dívidas relacionadas com este
estabelecimento. Assim adota a firma António Silva e, a par desta, António Silva, EIRL.
o Licitude As firmas não podem violar a ordem jurídica. Por exemplo, não são
admitidas firmas que contenham expressões xenófobas ou que representem uma
violação da liberdade religiosa
Organizar balanço do ativo e do passivo nos três primeiros meses do ano imediato é
obrigatório para todos os comerciantes. Têm de dar o balanço anual e balanços
extraordinários.
Registos Comerciais
o Constituição da sociedade;
o Transmissão das partes sociais;
o Designação e cessação de funções dos órgãos de administração e fiscalização
o Encerramento e liquidação da sociedade
o Mudança da sede da sociedade
Matrículas
Empresa
Uma empresa é uma organização de fatores produtivos ou mediadora de riqueza que exerce,
de forma estável, uma certa atividade económica em função do mercado a que se dirige.
A empresa tem diversas perspetivas tais como: sujeito, atividade, objeto e conjunto ativo de
elementos.
Empresa como instituição conjunto de pessoas e bens organizados para determinado fim
económico; a empresa permanece idêntica para além da modificação de cada um dos
elementos humanos e materiais que a integram.
Estabelecimento comercial
É uma organização concreta de fatores produtivos como valor de posição no mercado que
pode ser objeto de negociação;
É também o conjunto de elementos reunido e organizado pelo comerciante para através dele
exercer a sua atividade comercial, tem valor de mercado e compreende vários elementos
como:
Negociação do estabelecimento
O estabelecimento é composto por um conjunto de bens enquadrado numa organização
(unidade económica e jurídica).
Locação do estabelecimento.