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O comerciante não tem personalidade, tem comércio; a sua personalidade deve ser
subordinada, como comerciante, ao seu comércio; e o seu comercio está fatalmente
subordinado ao seu mercado(...). Fernando Pessoa
Introdução
O Direito Comercial regula os atos e as atividades jurídico-mercantis, abrangendo o seu
objeto, para além do comércio (em sentido económico, de intermediação entre a oferta e a
procura), a indústria e os serviços.
Os contratos comerciais;
Instrumentos financeiros, títulos de crédito e valores mobiliários;
A sua interação e fronteiras para com os outros ramos do direito, em particular o
Direito do Consumo e o Direito Civil.
Encontramos, pois, no Direito Comercial (ainda) vigentes diversos setores que, podendo ser
objeto de analise autónoma, não deixam frequentemente de se sobrepor e entrecruzar. Numa
sistematização necessariamente subjetiva, enunciaríamos os seguintes:
“A lei comercial rege os atos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que neles
intervém.”
O artigo primeiro do código comercial pretendeu tornar claro que este diploma se aplicaria a
todos os atos e contratos mercantis, não sendo exclusivo de uma classe profissional. Esta
inclinação encontra-se, porém, mitigada pela qualificação direta de certas entidades como
comerciantes (caso das sociedades comerciais- art. 13º, nº2), pelo reconhecimento da
comercialidade da generalidade dos contratos por estes celebrados (art. 2º, II parte) e,
sobretudo, pela qualificação como comerciais de todas as atividades empresariais de caráter
económico, em que, na produção de bens e prestação de serviços para o mercado, é,
especialmente, relevante o risco de capital.
Artigo 2º
Atos de comércio
“Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados
neste Código, e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem
de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar”.
Artigo 13º
Quem é comerciante
São comerciantes:
1º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste
profissão;
2º As sociedades comerciais.
Comerciante é aquele que faz do exercício do comércio profissão, isto é, a pessoa que se
dedica habitualmente, como meio de vida, à prática de atos de comércio (absolutos),
nomeadamente de compra para revenda (13º, nº1).
A essas pessoas acrescem aquelas que se propõem exercer uma atividade mercantil (nos
termos do art. 230º) e as empresas coletivas, organizadas sob forma de sociedades comerciais,
só pelo simples facto de existirem, ou seja, de se constituírem como tais (art. 13º, nº2); e
também, em certas circunstâncias, as cooperativas e as empresas públicas.
O âmbito e alcance do art. 13º, em especial do seu número 1, é muito reduzido, porquanto os
comerciantes (ou empresários) individuais- isto é, os sujeitos de Direito Comercial que não
estão organizados sob forma societária- são, hoje, em número proporcionalmente menor do
que o eram, no século XIX, relativamente às sociedades comerciais, não apresentando o
respetivo volume de negócios a expressão que já teve na economia portuguesa.
Artigo 14º
Art. 230º
Empresas comerciais
1º- não se haverá como compreendido no nº1 o proprietário ou o explorador rural que apenas
fabrica ou manufatura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração
agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce diretamente
a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só operários e máquinas.
2º- não se haverá como compreendido no nº2 o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimento de produtos da respetiva propriedade.
3º- não se haverá como compreendido no nº5 o próprio autor que editar, publicar ou vender
as suas obras.
Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser resolvidas, nem pelo
texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos casos análogos nela prevenidos, serão
decididas pelo direito civil.
1.º Quanto à substância e efeitos das obrigações, pela lei do lugar onde forem celebrados,
salva convenção em contrário;
2.º Quanto ao modo do seu cumprimento, pela do lugar onde este se realizar;
3.º Quanto à forma externa, pela lei do lugar onde forem celebrados, salvo nos casos em que a
lei expressamente ordenar o contrário.
único. O disposto no número 1.o deste artigo não será́ aplicável quando da sua execução
resultar ofensa ao direito público português ou aos princípios de ordem pública.
Princípios
Artigo 7.º
Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de se obrigar, poderá́ praticar
atos de comércio, em qualquer parte destes reinos e seus domínios, nos termos e salvas as
excepções do presente Código.
Artigo 18.º
Obrigações especiais dos comerciantes
Autonomia formal
Por exemplo, as regras aplicáveis à compra e venda divergem, caso esta seja:
Autonomia substancial
Relativo aos sujeitos que, pela prática reiterada de certos atoa (atos de comércio),
justificam uma regulação própria dos mesmos.
Existe assim um conjunto de normas e princípios que se aplicam a estas relações, que
serão o objeto do nosso estudo.
Celeridade;
Facilidade de prova;
Segurança;
Boa-fé.
Celebridade
Simplicidade;
O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu valor, todo o género
de prova.
Facilidade de prova
Exemplo:
Para que o penhor mercantil entre comerciantes por quantia excedente a duzentos mil réis
produza efeitos com relação a terceiros basta que se prove por escrito.
Segurança
Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos que, em relação a
estes, não contribuem atos comerciais.
Todo o fiador de obrigação mercantil, ainda que não seja comerciante, será solidário com o
respetivo afiançado.
Boa-fé
O detentor de uma letra é considerado portador legitimo se justifica o seu direito por uma
série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco. Os endossos riscados
consideram-se, para este efeito, como não escritos. Quando um endosso em branco é seguido
de um outro endosso, presume-se que o signatário deste adquiriu a letra pelo endosso em
branco.
Se uma empresa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde
que justifique o seu direito pela maneira indicada na alínea precedente, não é obrigado a
restituí-la, salvo se a adquiriu de má-fé ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave.
As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções
fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a
menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do
devedor.
A Lei
Código Comercial;
(Outra legislação)
O usos comerciais são práticas reiteradas, realizadas por sujeitos de uma determinada
atividade económica. Por exemplo, nas relações contratuais entre empresas ou entre
estas e a sua clientela.
A “repetição” das práticas cria um uso juridicamente relevante, nos termos do art. 3º
do Código Civil e pela sua própria autoridade- os agentes económicos reconhecem
estes usos como obrigatórios e agem em conformidade com os mesmos.
Lex Mercatoria
o Fonte autónoma;
Os códigos deontológicos;
Os princípios UNIDROIT
Objetivos por acessoriedade subjetiva (apenas são comerciais por serem celebrados
por sujeitos de Direito Comercial).
São atos de comércio (subjetivos) todos os contratos e obrigações dos comerciantes (art 2º):
Quem é comerciante
São comerciantes:
1º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste
profissão;
2º As sociedades comerciais.
Comerciante é aquele que faz do exercício do comércio profissão, isto é, a pessoa que se
dedica habitualmente, como meio de vida, à prática de atos de comércio (absolutos),
nomeadamente de compra para revenda (13º, nº1).
A essas pessoas acrescem aquelas que se propõem exercer uma atividade mercantil (nos
termos do art. 230º) e as empresas coletivas, organizadas sob forma de sociedades comerciais,
só pelo simples facto de existirem, ou seja, de se constituírem como tais (art. 13º, nº2); e
também, em certas circunstâncias, as cooperativas e as empresas públicas.
O âmbito e alcance do art. 13º, em especial do seu número 1, é muito reduzido, porquanto os
comerciantes (ou empresários) individuais- isto é, os sujeitos de Direito Comercial que não
estão organizados sob forma societária- são, hoje, em número proporcionalmente menor do
que o eram, no século XIX, relativamente às sociedades comerciais, não apresentando o
respetivo volume de negócios a expressão que já teve na economia portuguesa.
Artigo 14º
Art. 230º
Empresas comerciais
1º- não se haverá como compreendido no nº1 o proprietário ou o explorador rural que apenas
fabrica ou manufatura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração
agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce diretamente
a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só operários e máquinas.
2º- não se haverá como compreendido no nº2 o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimento de produtos da respetiva propriedade.
3º- não se haverá como compreendido no nº5 o próprio autor que editar, publicar ou vender
as suas obras.
Noção de sociedade
“O contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com
bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade económica, que não seja de
mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa atividade.” Artigo 980º do CC
2 - São sociedades comerciais aquelas que tenham por objeto a prática de atos de comércio e
adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade
anónima, de sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita por ações.
3 - As sociedades que tenham por objeto a prática de atos de comércio devem adotar um dos
tipos referidos no número anterior.
4 - As sociedades que tenham exclusivamente por objeto a prática de atos não comerciais
podem adotar um dos tipos referidos no nº 2, sendo-lhes, nesse caso, aplicável a presente lei.
Noção de empresa
Para efeitos deste código, considera-se empresa toda a organização de capital e de trabalho
destinada ao exercício de qualquer atividade económica.
Não existe uma definição única ou estanque de empresa, mas o Código da Insolvência, o
Código do Trabalho e a Lei nº 19/2012 indicam-nos um caminho a percorrer.
Noção de empresa
1 - Considera-se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exerça uma
atividade económica que consista na oferta de bens ou serviços num determinado mercado,
independentemente do seu estatuto jurídico e do seu modo de financiamento.
2 - Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente
distintas, constituem uma unidade económica ou mantém entre si laços de interdependência
decorrentes, nomeadamente:
Empresas comerciais
Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou coletivas, que se propuserem:
O estabelecimento comercial
O que é?
É um conjunto de bens e serviços que são organizados e utilizados pelo comerciante (ou
empresário), para que esta possa desenvolver a atividade comercial (ou empresarial).
Forma de transmissão
Trespasse;
Venda;
Locação de estabelecimento.
Trespasse
2. Não há trespasse:
Locação de estabelecimento
O que é?
Locação de estabelecimento
Os seus todos ou os seus elementos individuais podem ser (e são constantemente) dados
como garantia.
O comerciante é aquele que faz do exercício do comércio, profissão. É a pessoa que se dedica,
como meio de vida, à celebração de contratos comerciais, tais como a compra e venda (para
revenda).
Regra geral: art. 1690º do Código Civil- “qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair
dívidas, sem necessidade do consentimento do outro”.
Espécies de dívidas:
Art. 15º
Desta forma, se ambos tiram proveito do comércio, ambos devem responder pelos
encargos contraídos durante o seu exercício;
Mas serão todas as dívidas comerciais? E aquelas que resultam de um ato isolado?
Protocolo familiar- instrumento contratual que permite aos familiares herdeiros continuar a
empresa de forma concertada. Este instrumento permite consolidar e manter unitários os
ativos usados pela empresa para prosseguir o seu objetivo comercial.
8. Formalização de protocolo.
Criado pelo Decreto-Lei nº 248/86 de 25/08, e alterado pela última vez pelo Decreto-
Lei nº 8/2007 de 17/01;
Responde apenas pelas dívidas geradas pelo seu exercício (art. 10º);
É um património autónomo;
Implica um procedimento pesado e contrário aos interesses do pequeno empresário;
Sociedades comerciais
3. Sociedades anónimas;
4. Sociedades em comandita.
Cada sócio representa 1 voto, sem correlação com o valor da sua participação social;
Os votos são referentes ao valor que cada sócio tem no capital social;
Sociedades anónimas
Existem 4 subtipos:
Sociedades em comandita
Grupos de Sociedades
Cooperativas
Empresas Públicas
Grupos de sociedades
Atividade complementar;
Não deve ser confundido com uma sociedade comercial stricto sensu.
Agrupamento Europeu de Interesse Económico
Cooperativas
Têm por finalidade a satisfação, sem intuito de lucro, das necessidades económicas,
sociais e culturais dos seus membros, através da respetiva cooperação e entreajuda.
São controladas por uma entidade pública, encontrando-se sujeitas a uma tutela
rigorosa pública.
Empresa pública
a) Princípio da verdade
b) Princípio da exclusividade
Artigo 29º
Todo o comerciante é obrigado a ter escrituração mercantil efetuada de acordo com a lei.
Artigo 30º
Art.o 31º
Livros obrigatórios
2. Os livros de atas podem ser constituídos por folhas soltas numeradas sequencialmente
e rubricadas pela administração ou pelos membros do órgão social a que respeitam
ou, quando existam, pelo secretário da sociedade ou pelo presidente da mesa da
assembleia geral da sociedade, que lavram, igualmente, os termos de abertura e de
encerramento, devendo as folhas soltas ser encadernadas depois de utilizadas.
Insolvência
Para funcionarem, as empresas necessitam de liquidez e acesso aos meios que lhes
permitam cumprir as suas obrigações.
É a situação de maior crise com que a empresa se pode deparar. Em alguns casos é
reparável, noutros não.
Artigo 1.º
Finalidade
A pré-insolvência
Quando a empresa se encontra em situação difícil, mas ainda não incapaz de solver os
seus compromissos, pode recorrer ao Processo Especial de Revitalização, que se
encontra regulado nos art. 17º-a a 17º-I do Código da Insolvência.
Pretende ajudar a lidar com uma situação de insolvência eminente, mas suscetível de
recuperação.
O PER
Artigo 17º-A
Artigo 17º-B
Noção de situação económica difícil
Para efeitos do presente Código, encontra-se em situação económica difícil a empresa que
enfrentar dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, designadamente
por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito.