Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Não existe uma noção satisfatória de Direito Comercial. À primeira vista, o Direito
Comercial seria o direito que regula as relações de comércio. Todavia, a palavra “comércio” pode
ser tomada, pelo menos, em dois sentidos distintos: económico ou jurídico. Assim, o Direito
Comercial pode ser o conjunto de normas que regula o comércio em sentido económico ou o
comércio em sentido jurídico, mas nenhuma das duas aceções está correta. Comércio em
sentido económico: conjunto de atividades económicas pertencentes ao setor terciário da
economia, relativo à circulação de bens, à intermediação entre a produção e o consumo.
• O Direito Comercial não regula apenas o comércio em sentido económico. Por exemplo,
muitas atividades pertencentes aos mais variados setores são hoje abrangidos pelo
Direito Comercial (indústrias transformadoras, pesca…).
• O Direito Comercial não regula sequer todas as atividades económicas: a agricultura e o
artesanato estão excluídos dos domínios do comércio.
entidades públicas, que atuam como particulares (critério da posição dos sujeitos).
Dentro do Direito Privado, e em face do Direito Civil (direito privado comum aplicável a todas as
pessoas e relações entre particulares), o Direito Comercial é um ramo de direito privado
especial: com regras diferentes das do direito comum, aplicáveis apenas a determinados
sujeitos, objetos ou relações.
Existem inúmeros “sub-ramos” do Direito Comercial com relevante autonomia, entre outros:
2. Evolução Histórica
O Direito Comercial, enquanto conjunto de normas jurídicas autónomas para regular a
atividade mercantil, é um ramo de formação medieval (séc. XII) e cresceu nos séculos seguintes
em cidades italianas. Assim, na Idade Média assistiu-se ao nascimento do Direito Comercial
como ramo autónomo, independente do Direito Civil.
O Direito Comercial deixou de ser o direito privativo de uma classe – a dos comerciantes
(conceção subjetiva) para passar a ser um direito geral dos atos de comércios, fossem praticados
por comerciantes ou por simples particulares (conceção objetiva). Vale a natureza dos atos em
si!
Em Portugal:
• Na Idade Média não se formou um ramo jurídico autónomo regulador das relações
comerciais, uma vez que foram poucas e pouco significativas as regras jurídicas
especialmente destinadas ao comércio.
• Nem na Idade Moderna, “o desenvolvimento do comércio externo provocado pelas
descobertas marítimas e ultramarinas não foi acompanhado por significativo
movimento legislativo-comercial”.
O início da etapa contemporânea na evolução do Direito Comercial, no séc.XIX, foi marcado pela
aprovação dos seguintes códigos:
Quais as razões para que o Direito Civil se tornasse insuficiente para regular de modo eficaz os
atos da vida comercial? Por outras palavras, porquê a necessidade da autonomia do Direito
Comercial?
• O comerciante não adquire as mercadorias para si, mas para as colocar onde se
manifeste a sua necessidade, daí que seja indispensável a maior rapidez na conclusão
dos negócios;
• O comerciante não adquire as mercadorias para si, mas para terceiros; compra para
revenda, daí que seja indispensável a facilidade de crédito.
O Direito Civil não satisfazia estes dois requisitos. Assim, o Direito Comercial mereceu
autonomia, tendo em conta as características seguintes: I. Simplicidade:
Art.º 1143.º CC: Sem prejuízo do disposto em lei especial, o contrato de mútuo de valor
superior a € 25 000 só é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento
particular autenticado e o de valor superior a € 2500 se o for por documento assinado pelo
mutuário.
Art.º 396.º C. Com: O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o
seu valor, todo o género de prova.
B) Costume Internacional
Note-se que a maioria da produção legislativa europeia versa sobre as relações económicas.
Fontes Internas:
A) Lei
B) Costume
C) Doutrina
D) Jurisprudência
A doutrina tem muito impacto quer nos tribunais, quer na construção do Direito Comercial.
Lei:
I. Lei Constitucional:
• Art.º 61.º (iniciativa económica privada)
• Art.º 81.º f) (incumbência do Estado: assegurar o funcionamento eficiente dos
mercados, de modo a garantir a equilibrada concorrência entre as empresas, a
contrariar as formas de organização monopolistas e a reprimir os abusos de posição
dominante e outras práticas lesivas do interesse geral)
• Art.º 82.º (setores de propriedade dos meios de produção)
• Art.º 85.º (cooperativas)
• Art.º 86.º (empresas privadas)
• Art.º 99.º (objetivos da política comercial)
Código Comercial:
Juros legais:
Artigo 102.º § 3, 4 e 5.º CCom
O DL n.º 62/2013, de 10 de maio, que entrou em vigor no dia 1 de julho de 2013,
aplica-se a todas as transações comerciais, quer as estabelecidas entre empresas,
incluindo profissionais liberais, quer entre empresas e entidades públicas, apenas não
se aplicando às transações com os consumidores, aos juros relativos a outros
pagamentos (como os efetuados em matéria de cheques e letras, ou a título de
indemnização por perdas e danos efetuados ou não por seguradoras) e às operações de
crédito bancário.
De acordo com o Aviso nº 2553/2019, e em conformidade com o § 5º do artigo
102º do Código Comercial, a taxa supletiva de juros de mora relativamente a créditos
de que sejam titulares empresas comerciais, singulares ou coletivas, emergentes de
transações comerciais sujeitas ao Decreto-Lei 62/2013, de 10 de maio, é de 8,00%.
Relativamente à taxa supletiva de juros de mora relativamente a créditos de que
sejam titulares empresas comerciais, singulares ou coletivas, não emergentes de
transações comerciais sujeitas ao Decreto-Lei 62/2013, que foi fixada para o mesmo
período em 7,00%.
Se o credor for comerciante e se se tratar de uma transação comercial: neste
semestre mantém-se a taxa de 8,00% (ver a tabela de evolução da taxa de juros
comerciais);
Se o credor for comerciante e não se se tratar de uma transação comercial (por
exemplo entre comerciante e um consumidor): neste semestre mantém-se a taxa de
7,00% (ver a tabela de evolução da taxa de juros comerciais);
Se o credor não for comerciante aplica-se a Portaria n.º 291/03, de 8 de abril,
que estabelece a taxa de juros civil em 4%. (cf. artigo 1146.º CC).
5) RESPONSABILIDADE DOS BENS DO CASAL PELAS DÍVIDAS CONTRAÍDAS PELO
CÔNJUGE COMERCIANTE
Art.1690º C.Com.
(Legitimidade para contrair dívidas)
1. Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimentodo outro.
2. Para a determinação da responsabilidade dos cônjuges, as dívidas por
elescontraídas têm a data do facto que lhes deu origem.
As questões a abordar não se põem quanto às dívidas comerciais contraídas
pelos dois cônjuges em conjunto ou por um deles com o consentimento do outro.
Nota sobre os regimes de bens de casamento:
• a comunhão de adquiridos;
• a comunhão geral;
• a separação;
• o ou ainda outro que os nubentes convencionem.
✓ Comunhão de adquiridos:
“O casamento será celebrado neste regime de bens se os noivos não celebrarem
convenção antenupcial. Fazem parte da comunhão o produto do trabalho dos cônjuges
e os bens adquiridos a título oneroso na constância do matrimónio que não sejam
excetuados por lei. São considerados bens próprios de cada um dos cônjuges os bens
que cada um deles tiver ao tempo da celebração do casamento, os que vierem a receber
por título gratuito, doação ou testamento, e os bens adquiridos na constância do
matrimónio por virtude de direito anterior.” ✓ Comunhão geral de bens:
Se estipularem este regime para o casamento, por convenção antenupcial, os
bens que levarem para o casamento, a título oneroso ou gratuito, ou que adquirirem
após o casamento, por compra, doação ou testamento, são dos dois membros do casal.
✓ Separação de bens:
Neste regime de bens não há comunhão de nenhum bem quer o tenham
adquirido a título oneroso ou gratuito antes ou depois do casamento. Cada um conserva
o domínio de todos os seus bens quer presentes quer futuros. A lei impõe o regime
imperativo da separação de bens quando o casamento tenha sido celebrado sem
organização do processo preliminar de casamento, ou, quando um, ou ambos os noivos,
tenham 60 anos de idade.
dividas comuns
1691º e 1695º CC dividas próprias
1691º e 1695º CC
MUITO IMPORTANTE:
A alínea d) do n.º 1 do art.º 1691.º CC favorece o credor em termos probatórios
relativamente à alínea c):
• na alínea c) é o credor que tem que provar que a dívida foi contraída em proveito
comum do casal (a fim de provar que a dívida é comum);
• na alínea d) é ao cônjuge do comerciante ou ao próprio comerciante que caberá
provar que a dívida não foi contraída em proveito comum (a fim de provar que
a dívida não é comum, mas sim uma dívida própria).
Dívidas Comuns:
Artigo 1695.º + 1691º CC
(Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges)
1. Pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os
benscomuns do casal, e, na falta ou insuficiência deles, solidariamente, os bens
próprios de qualquer dos cônjuges.
2. No regime da separação de bens, a responsabilidade dos cônjuges não é
Dívidas Próprias:
Artigo 1696.º + 1692º CC
(Bens que respondem pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges)
1.Pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os bens
próprios do cônjuge devedor e, subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns.
III. COMERCIANTES
• Art.º 10.º: os bens afetos ao EIRL respondem apenas pelas dívidas desse
estabelecimento (e não pelas dívidas pessoais);
• Art.º 11.º: pelas dívidas do estabelecimento respondem, apenas os bens afetos
ao EIRL.
O EIRL é constituído com autonomia patrimonial, mas depois esta
autonomiasofre várias exceções – daí que o EIRL não tivesse tido o sucesso
que se esperava.
• Exceções ao art.º 10.º: cfr. art.º 7.º e art.º 11.º n.º 2 e n.º 3;
• Exceções ao art.º 11: cfr. art.º 22.º (o próprio EIRL está sujeito às vicissitudes da
vida privada do seu titular).
O Decreto-Lei n.º 257/96, de 31 de dezembro, introduziu alterações
profundasno CSC, e consagrou a possibilidade de constituição de sociedades
unipessoais por quotas (SUQ). O legislador veio constatar, pelo meio
legislativo, que a obtenção da limitação da responsabilidade por parte do
comerciante em nome individual é melhor conseguida através das SUQ do
que através do EIRL.
II. Sociedades Comerciais
Artigo 1.º n.º 2 CSC consagra os seguintes tipos legais societários:
→ sociedades em nome coletivo;
→ sociedades por quotas e sociedades unipessoais por quotas;
→ sociedades anónimas;
→ sociedades em comandita (simples e por ações).
2. Sujeitos não qualificáveis como comerciantes
Existem determinados sujeitos que a lei exclui expressamente da qualidade de
comerciantes:
A) Agricultores
Não são qualificáveis como comerciantes as pessoas singulares ou coletivas que
exerçam atividade agrícola. Este conceito deverá ser entendido de modo amplo e
abranger a silvicultura, pecuária, criação de animais, etc. Cfr. artigos 230.º § 1.º, 230.º §
2.º e 464.º n.º 2 CCom.
B) Artesãos
Os produtores manuais, ditos artesãos, não são considerados comerciantes
(sapateiros, oleiros, ferreiros), bem como artistas tais como pintores e escultores. Cfr.
artigos 230.º § 1.º e 464.º n.º 3 CCom.
C) Profissionais liberais
São profissionais que exercem de modo habitual e independente uma
determinada atividade, que está sujeita a controlo deontológico de uma ordem
profissional. Ex: solicitador, advogado, médico, contabilista certificado, etc…
D) Artigo 17.º CCom
O Estado, o distrito, o município e a paróquia não podem ser comerciantes, mas
podem, nos limites das suas atribuições, praticar atos de comércio, e quanto a estes
ficam sujeitos às disposições deste Código.
§ único. A mesma disposição é aplicada às misericórdias, asilos, mais institutos de
beneficência e caridade.
• quer para os comerciantes individuais: artigo 38.º n.º 1 RRNPC; quer para as
sociedades comerciais: artigo 9.º n.º 1 c) CSC.
O primeiro passo na constituição de uma sociedade comercial consiste em
definir a atividade a exercer e escolher um “nome” para a sociedade:
• Artigo 11.º CRC – “o registo por transcrição definitivo constitui presunção de que
existe a situação jurídica, nos precisos termos em que é definida” – presunção
iuris tantum (cfr. artigo 350.º CC).
• O registo é um requisito de eficácia dos factos em relação a terceiros, uma vez
que “os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados
entre as próprias partes ou seus herdeiros” – artigo 13.º CRC.
• “os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data
do respetivo registo” – artigo 14.º n.º 1 CRC.
• “os factos sujeitos a registo e publicação obrigatória nos termos do n.º 2 do
artigo 70.º só produzem efeitos contra terceiros depois da data da publicação” -
artigo 14.º n.º 2 CRC. Exemplo (Coutinho de Abreu):
Numa SQ o sócio-gerente António foi destituído. A destituição não foi registada,
nem publicada. Ernesto compra mercadorias à SQ representada por António: a
sociedade fica vinculada perante aquele. Enquanto a destituição não for registada, nem
publicada, é inoponível a Ernesto, que é um terceiro. Cfr. artigos 3.º n.º 1 m), 15.º n.º 1,
70.º n.º 1 a) CRC.
Nota Bem: Existem situações em que o registo tem efeito constitutivo (não apenas
declarativo)- artigo 13.º n.º 2 CRC; artigos 5.º, 112.º, 120.º, 160.º n.º 2 CSC, entre
outros.
1. Noção
O Direito Comercial não se limita aos atos de comércio e aos comerciantes:
compreende determinados bens que constituem o património dos comerciantes! Entre
estes bens, o mais importante é o estabelecimento comercial (EC). O EC constitui uma
organização de bens corpóreos e incorpóreos, através dos quais o comerciante – seja
individual ou coletivo – realiza a sua atividade mercantil.
Existem três grupos de elementos do EC:
3. Natureza Jurídica
Quatro Teorias sobre a natureza jurídica do EC:
Posição adotada pela Prof. Susana Gil: Concorda com as duas últimas teorias: o
EC constituiu uma unidade jurídica objetiva, uma vez que representa algo mais
e algo diferente das coisas que o constituem. O legislador reconheceu o EC como
tal no trespasse e na locação do EC.
Dois sujeitos:
• Locador/Cedente;
• Locatário/Cessionário.
O transmitente continua a ser o titular do EC – cedente/locador; à outra parte,
dá-se o nome de cessionário/locatário. Coutinho de Abreu não se refere a este negócio
jurídico como cessão de exploração, mas sim como locação do EC. Só haverá locação do
EC, se estivermos perante uma transmissão como um todo e não seja para exercer um
outro tipo de ramo. Pretende-se prevenir as “falsas locações do EC”; haverá um contrato
de arrendamento se apenas se colocar à disposição do locatário as “quatro paredes”.
Também na locação, não é necessária a autorização do senhorio – artigo 1109.º
CC. Aplica-se, de igual modo, neste contexto, a obrigação de não concorrência.
Não é feita qualquer referência à forma deste contrato. Daí que alguns autores
entendam que vigora o princípio da liberdade de forma: o contrato será válido se
celebrado verbalmente. A Prof. Dra. Susana Gil não concorda com esta doutrina, pois
tendo em conta que se exige forma para o trespasse, também se deverá exigir para a
locação do EC.
V. AS SOCIEDADES COMERCIAIS
1. Noção de sociedade
Para termos uma noção completa de uma sociedade comercial, temos que
conjugar dois artigos:
1) Elemento Pessoal: “… entre 2 ou mais pessoas...” Até 1996 era pacífico que a
constituição de uma sociedade exigia no mínimo duas pessoas; daí a definição de
contrato de sociedade como um negócio jurídico bilateral (duas declarações de
vontade). Quando em 1996, o legislador português criou a figura de “sociedade
unipessoal por quotas”, parte da doutrina portuguesa criticou esta opção, afirmando
tratar-se de um paradoxo.
É crucial nesta matéria o artigo 7.º n.º 2 CSC: a regra é de dois, exceto:
• quando a lei exige um número superior: como é o caso das sociedades anónimas
- artigo 273.º n.º 1 CSC; assim como nas sociedades em comandita por ações
(mínimo 6 sócios: 5 comanditários e 1 comanditado) – artigos 465.º n.º 1 e 479.º
CSC.
• quando a lei permite que a sociedade seja constituída por uma única pessoa:
sociedades unipessoais por quotas (artigos 270.º A a 270.º G CSC); e ainda no
caso das sociedades unipessoais anónimas (artigo 488.º n.º 1 CSC).
2) Elemento patrimonial: “a contribuir com bens ou serviços”.
• os sócios têm que assumir uma obrigação de entrada (artigos 25.º e ss. CSC);
é uma obrigação imperativa (artigo 20.º a) CSC).
Natureza das entradas:
• Em dinheiro (pecuniárias)
• formam no seu conjunto o património com o qual a sociedade vai iniciar a sua
atividade;
• e fixam o capital social (cifra representativa da soma dos valores nominais das
participações sociais).
Momento de realização das entradas: artigo 26.º CSC
As entradas devem ser realizadas até ao momento da celebração do contrato.
De acordo com o n.º 3 do mesmo artigo, os sócios poderão estipular no contrato o
diferimento das entradas em dinheiro:
• Sociedade por Quotas: artigo 203.º CSC;
• Sociedade Anónima: artigos 277.º n.º 2 e 285.º n.º 1 CSC.
• “… não seja de mera fruição”: as sociedades não podem ter por objetoatividades
de mera perceção dos frutos dos bens. Exemplo: António pretende comprar um
prédio para arrendar as várias frações autónomas. Para enquadrar tais
operações, propõe-se a constituir uma sociedade unipessoal por quotas.
Não o poderá fazer, pois essa atividade é de mera fruição.
4) Elemento teleológico (finalidade da sociedade): “… a fim de repartirem os lucros…”.
As sociedades comerciais propõem-se a obter lucros: esses lucros da sociedade,
destinando-se a ser distribuídos pelos sócios. É um dos direitos dos sócios: artigo 21.º e
22.º CSC.
Artigo 1.º n.º 2 CSC:
1) Objeto comercial: prática de atos de comércio. Para que uma sociedade seja
umasociedade comercial, é necessário que os atos previstos no objeto revistam
natureza comercial.
2) Forma comercial: para que uma sociedade seja comercial é necessário que
revistaforma comercial: Só se podem constituir os tipos de sociedades previstos no
artigo 1.º n.º 2 CSC – princípio da tipicidade.
Artigo 1.º n.º 2 CSC: Princípio da Tipicidade
Tipos de Sociedades:
I. legais comuns;
II. legais especiais.
Tipos legais especiais: visam responder a necessidades concretas, daí que
tenham uma regulamentação específica e diferente da contida no CSC. Por exemplo:
as Instituições de Crédito com sede em Portugal devem adotar a forma de sociedade
anónima (por exemplo, bancos; caixas económicas; Caixa Central de Crédito Agrícola
Mútuo e as caixas de crédito agrícola mútuo; instituições financeiras de crédito). Cf.
Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, que aprovou o Regime Geral das
Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (última alteração introduzida pelo
Decreto-Lei n.º 190/2015, de 10 de setembro);
• Em princípio cada sócio responde pela sua entrada – artigo 197.º n.º 1 CSC;
todavia a responsabilidade é solidária pela realização integral do capital social
– artigo 207.º n.º 1 CSC;
• “Os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas
convencionadas no contrato social”; na verdade, se um sócio não pagar à
sociedade tempestivamente a sua entrada, poderá ser excluído, sendo os
demais solidariamente responsáveis perante a sociedade pelo pagamento da
parte da entrada do excluído que estiver em dívida;
• A responsabilidade é limitada, por outras palavras,estamos perante uma
autonomia patrimonial perfeita: os bens da sociedade respondem pelas
dívidas da sociedade; pelas dívidas da sociedade apenas respondem os bens da
sociedade.
• Os credores não podem executar o património pessoal dos sócios, de acordo
com o artigo 197.º n.º 3 CSC, a não ser que se verifique a situação estipulada
no artigo 198.º n.º 1 CSC (o que é raro acontecer).
SUQ:
• As sociedades unipessoais por quotas são, para todos os efeitos, sociedade por
quotas; logo têm todas as características destas, exceto as que pressuponham
uma pluralidade de sócios – artigo 270.º G CSC. Assim sendo, o sócio único de
uma SUQ tem responsabilidade limitada perante os credores sociais.
SA:
• A parte de um sócio só poderá ser transmitida por ato entre vivos, com o
consentimento dos restantes sócios – artigo 182.º CSC.
SQ:
• Transmissão de quotas: cf. artigo 228.º e 229.º CSC; Não podemos atacar
os bens.
SA:
• Valor mínimo para a ação – não pode ser inferior a 1 cêntimo – artigo 276.º n.º
3 CSC.
• As ações devem ter o mesmo valor nominal – artigo 276.º n.º 4 CSC;
• Entradas: dinheiro e bens (o artigo 277.º n.º 1 CSC não permite contribuições de
indústria);
• Momento da realização das entradas: 277.º n.º 2 e 285 n.º 1 CSC;
Responsabilidade limitada.
SComandita:
• Poder deliberativo : Assembleia Geral (todos sócios): artigo 189.º CSC ,por voto
cada sócio tem direito a um voto; ( Sócios ( Assembleia Geral) );
• Poder executivo : salvo estipulação em contrário, todos os sócios são gerentes
(artigo 191.º n.º 1 CSC); todos os gerentes devem ser sócios, salvo deliberação
unânime em contrário (artigo 191.º n.º 2 CSC); aos gerentes cabe a
administração e representação da sociedade – artigo 192.º CSC; ( Executivo =
Sócios);
• Poder fiscalizador *: as sociedades em nome coletivo não têm órgão de
fiscalização, esta função é exercida diretamente pelos sócios, através do direito
à informação previsto no artigo 181.º CSC. ( Fiscalizador = Sócios );
• Cada sócio tem direito a um voto – vigora o princípio democrático, previsto no
artigo 190.º CSC.
*verifica a conformidade da atividade dos outros órgãos com a lei e os estatutos,
denunciando as irregularidades que descubram.
SQ: estrutura mais complexa, em comparação com a da SNC, emque o papel do sócio
continua a ser fundamental.
• Poder fiscalizador :
- O contrato de sociedade pode prever um Conselho Fiscal (artigo 413.º e
ss. CSC);
- A sociedade pode ser obrigada a ter um ROC (Revisor Oficial de Contas)-
art. 262.º, n.º 2 CSC;
* Se não se verificar nenhuma das duas hipóteses: teremos o direito à informação, que
apenas poderá ser exigido por sócio não gerente – artigo 214.º CSC.
Nas sociedades por quotas, vigora o princípio censitário: o grau de participação e
intervenção depende do valor da respetiva quota – cf. artigo 250.º CSC- deliberações:
cf. 250 n.º 3 e 265.º CSC.
Exemplo:
Sócio A: 30.000 – 30%
Sócio B: 70.000 – 70% Capital
social: 100.000
SA:
• Vigora o princípio de que a cada ação corresponde um voto – artigo 384.º CSC
(o que traduz a pouca força do sócio minoritário).
Exemplo:
Capital Social: € 100.000
Cada ação vale € 2.
Sócio A- 10.000 ações – €20.000 – 20%
Sócio B – 15.000 ações – €30.000 – 30%
Sócio C: 25.000 – €50.000 – 50%
Liberdade de escolha
2 Relativos à forma
Art. 7º nº1 CSC: o contrato de sociedade deve ser reduzida a escrito, com
reconhecimento presencial das assinaturas dos sócios, salvo se a forma mais solene for
exigida para a Transmissão dos bens com que os sócios entram para a sociedade,
devendo, neste caso, ao contrário de revestir essa forma, sem prejuízo do disposto em
lei especial.
! As entradas: Bem imóvel: sou um dos sócios e entrar com um bem imóvel, o contrato
de sociedade terá de ser celebrado por escritura pública ou por DPA.
Artigo 875º CC: “Sem prejuízo do disposto em lei especial, o contrato de compra e venda
de bens imóveis só é válido se fosse celebrado por escritura pública ou por documento
particular autenticado”.
! Registo comercial o registo é requerido nos termos do art. 3º nº1 a) CRC e no prazo de
2 meses a contar da celebração do contrato de sociedades art.15º nº2 CRC.
Artigo 5º CSC: “as sociedades gozam de personalidade jurídica existem como tais a
partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem (…)”
! Publicações art.167º CSC e art. 70º nº1 a) CRC – publicações.mj.pt
Modos de Constituição:
Por escritura pública outorgada em cartório notarial ou DPA - Documentos particulares
autenticados (no caso de um dos sócios entrar para a sociedade com um bem imóvel).
Por redução a escrito com reconhecimento presencial das assinaturas dos sócios.
No âmbito do regime especial de constituição imediata de sociedade Imediata de
sociedade “empresa na hora”.
No âmbito do regime especial Constituição online de sociedades.
• Escritura ou DPA;
• certificado de admissibilidade de firma;
• declaração de aceitação do ROC.
Prazo para requerer o registo: 2 meses a contar da data do título art.15º nº 2 CRC
Legitimidade para requerer o registo
Procedimento:
Art. 8º
Cobrança dos encargos devidos; Promoção da liquidação do IMT e de outros impostos
que se mostrem devidos, tendo em conta os negócios jurídicos a celebrar, assegurando
o seu pagamento prévio à celebração do negócio jurídico;
Aprovação de firma no posto de atendimento ao afetação, por via informática e a favor
da sociedade constituir, de afirma escolhida ou de afirma e marca escolhidas e do
número de identificação de pessoa colectiva (NIPC);
Preenchimento do Pacto, por documento particular, de acordo com o modelo
previamente escolhido;
Reconhecimento presencial das assinaturas dos intervenientes no ato;
Registo de Constituição de sociedade e de outros factos sujeitos a registo comercial,
predial e de veículos a serem efetuados em consequência do procedimento;
Processo de criação:
Custos:
Art 13º e Art 27º Regulameto Emolumentar dos registos e notariado
Pela prática dos atos compreendidos no regime especial de Constituição online de
sociedades virgula com ou sem nomeação de órgãos sociais ou Secretário da sociedade
e com a opção por pacto ou ato constitutivo de modelo aprovado (220 EUR)
Pela prática dos atos compreendidos no regime especial com a instituição online de
sociedades, com ou sem nomeação de órgãos sociais ou Secretário da sociedade e com
opção por pacto ou a de constitutivo elaborado pelos interessados (360 EUR)
VI. OS CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO COMERCIAL
Contratos de distribuição comercial
o contrato de franquia, o contrato de agência e o contrato de concessão comercial são
classificados como contrato de distribuição comercial, embora apenas o de agência seja
um contrato típico. uma das notas comuns entre os 3 contratos é a obrigação do
distribuidor (agente, concessionário e franquiado) promover os negócios e interesses
da outra parte (principal, concedente e franqueador).
1. Contrato de agência
o contrato de agência é, como já referido, um contrato típico: decreto-lei nº 178/86 de
3 de julho – LCA (transpôs a Diretiva 86/653/CEE, do Conselho, de 18 de dezembro de
1986 e foi alterado pelo Decereto-lei nº 118/93, de 13 de abril).
O artigo 1º nº1 LCA define o contrato de agência como “o contrato pelo qual uma das
partes se obriga a promover por contra da outra a celebração de contratos, de modo
autónomo e estável e mediante retribuição, podendo ser-lhe atribuída certa zona ou
determinado círculo de clientes”. Contraentes: principal e o agente.
este artigo consagra os elementos essenciais do contrato e agência; Através da sua
análise, será mais fácil identificar este contrato.
Características: autonomia, estabilidade e retribuição.
Autonomia: ao contrário no trabalhador que está subordinado juridicamente A Entidade
empregadora, o agente independente e atua com autonomia; Não obstante, esta
autonomia não é absoluta: deve conformar-se com as orientações recebidas, adequar-
se à política económica da empresa e prestar regularmente contas da sua atividade.
Estabilidade: “têm vista não uma operação isolada, antes do número e de indefinido de
operações”. Aliás, se as partes não tiverem convencionado prazo, o contrato presume-
se celebrado por tempo indeterminado – cf, Art 27º
Retribuição: a agência é um contrato oneroso; A retribuição determina esse,
fundamentalmente com base no volume de negócios obtido pelo agente. Tem caráter
variável sob a forma de Comissão ou de percentagem calculada sobre o valor dos
negócios realizados. Como é óbvio, nada impede que os contraentes acordem uma parte
fixa – artigos 15º a 18º LCA