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O Direito financeiro, baseado numa ideia de limitação de poderes das entidades públicas,
constitui uma definição juridical dos poderes das entidades públicas na obtenção e no
emprego dos meios económicos destinados à realização dos seus fins2 e define um equilíbrio
entre os interesses patrimoniais do Estado e os dos particulares.
O Direito Financeiro, ou mais rigorosamente, o Direito Financeiro Público, que tem em vista
acautelar interesses dos particulares por regular a obtenção, a gestão e o dispêndio dos meios
financeiros públicos, com a sua heterogeneidade normativa compreende as seguintes áreas ou
ramos:
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Esta temática será desenvolvida no título nº 9.
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Soares Martinez.
Estes ramos, por sua vez, admitem divisões, interessando mais para o nosso estudo, as divisões
relativas ao Direito das Receitas Públicas, onde ganha relevo o Direito dos Impostos, o Direito
Tributário e o Direito Fiscal.
Direito Financeiro * Direito das Despesas Públicas * Dt. das taxas e outras contribuições
Do Direito Tributário destaca-se o Direito Fiscal que é relativo ao mais importante sector das
receitas coercivas, de carácter unilateral, que são os impostos.
Assim, podemos definir o Direito Fiscal como sendo o conjunto de normas que disciplinam as
relações que se estabelecem entre o Estado e os outros entes públicos, com vista a arrecadação
das receitas públicas.
Mais concretamente, é o conjunto de normas que regulam o imposto em todas as suas fases, isto
é, o conjunto de normas que reflectem a incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança dos
impostos.
O imposto pode corresponder a uma Prestação, a uma Relação Jurídica ou a um Instituto Jurídico.
a) Até 30 de Abril, do ano seguinte àquele a que respeitam os rendimentos, quando não
compreendidos na Segunda Categoria e nos casos em que tenha havido autoliquidação,
com base na declaração apresentada no prazo referido na alínea a) do n.º 1 do artigo 56;
b) Até ao dia 30 de Maio, com base na declaração apresentada no prazo referido na alínea b)
do n.º 1 do artigo 56 e até 31 de Julho no caso previsto na alínea d) do n.º 1 do artigo
Quando se preceitua que o imposto deve ser pago até o dia 30 de Abril e/ou de Maio, o termo
imposto ganha a designação de prestação tributária.
A lei é o processo de formação ou criação do Direito que se traduz numa declaração solene e
directa da norma jurídica por meio de um órgão competente.
A palavra lei pode ter, para além da aceitação de Direito, os seguintes sentidos:
A jurisprudência é outra fonte de Direito. Este termo tanto se usa para significar a orientação
geral seguida pelos tribunais no julgamento dos diversos casos concretos da vida real, como para
significar o próprio conjunto das decisões, despachos, sentenças, acórdãos e assentos.
A lei;
Os regulamentos
As convecções e tratados internacionais
3.3.1 A lei
De acordo com Assis (1974), a mais importante das fontes de Direito Fiscal é a lei formal,
entendendo-se por esta a regra geral e abstracta estabelecida pelo órgão ou órgãos que a que
compete a criação a modificação do sistema jurídico, como função normal, ou seja, o poder
legislativo.
À luz do artigo 100o da Constituição da República, os impostos são criados ou alterados por lei,
que os fixa segundo critérios de justiça social.
O artigo 127 o do dispositivo que temos vindo a citar, estabelece o sistema fiscal e ainda se pode
ver no número 2 que os impostos sao criados ou alterados por lei, que determina a incidência, a
taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuíntes.
Segundo Marcelo Caetano, citado por Waty (2007), por regulamento, entende-se o conjunto de
de normas jurídicas de carácter geral e execução permanente emanadas de uma autoridade
administrativa sobre matéria própria da sua competência.
A sua eficácia está evidentemente subordinada aos preceitos legais em cujo âmbito se devem
manter.
Os regulamentos não são propriamente uma fonte de direito fiscal. Apenas obrigam
disciplinarmente os órgãos administrativos como expressão do poder hierárquico, não se
impondo as suas determinações e critérios aos contribuintes nem aos tribunais. Tem, no entanto,
um certo interesse o seu conhecimento, pois permite prever a actuação do fisco em certos casos
regulados por disposições confusas ou contraditórias (Waty, 2007).
Uma outra fonte de Direito Fiscal a considerar é constituída pelas convenções internacionais.
3.4 CONCLUSÕES
Importa referir, antes de mais que alguns manuais consideram a jurisprudência como fonte do
Direito Fiscal. Essa tese é discutível, pois os tribunais, normalmente não criam normas jurídicas
através das suas sentenças e seus acórdãos.
O costume define-se como fonte de Direito, mas tal não acontece no campo tributário, pois as
normas não são criadas espontaneamente pelos destinatários.
Em geral pode se dizer que o Direito Fiscal tem uma e única fonte (a nível interno): A Lei. Acima
da lei, é a Constituição da República.
Ora, quando falarmos das fontes de Direito Fiscal, no sentido latu, olhamos para a Constituição e
no sentido strictu sensu, a lei (Aquela que vem da Assembléia da República). A nível externo,
olhamos para os tratados e convenções internacionais.
Os motivos da admissibilidade da lei como fonte exlusiva do direito fiscal é que as demais
normas são tidas como complementares. A lei é fonte por excelência do Direito.
A generalidade dos autores é unânime em considerar que o Direito Fiscal enquadra-se no Direito
Público; porque vejamos:
a) Pelo critério dos interesses – o Direito Fiscal destina-se à satisfação das necessidades da
comunidade, as suas normas visam tutelar os interesses da colectividade, daí que as
normas enquadram-se no Direito Público.
b) Pelo critério da posição dos sujeitos da relação – se olharmos para a posição dos
sujeitos na relação jurídico-fiscal em que por um lado encontra-se o Estado ou outro ente
público e, pelo outro, os cidadãos, concluímos facilmente que o Direito Fiscal é sem
dúvida Direito Público na medida em que um dos sujeitos da relação – o Estado – está
num plano superior ao do outro sujeito – o cidadão.
Ora, não fica aqui esgotado o âmbito do Direito Fiscal, abarcando-se também as normas de
soberania fiscal, de organização de serviços, de fiscalização, de sansãoe as do contecioso
tributário.
Segundo Waty (2007), estas normas definem o poder de tributar, fixam os limites de exigência de
sacrifícios patrimoniais dos particulares pelo poder político.
São aquelas que impõem a obrigatoriedade de todos os cidadãos pagarem o imposto. Estas
normas fazem parte do Direito Constitucional, formando aquilo que se poderá chamar Direito
Constitucional Fiscal.
São normas de natureza administrativa que cuidam da organização dos serviços do Estado ou de
outros entes públicos com titularidade das receitas fiscais.
As normas de sanção destinam-se a penalizar os contribuíntes e terceiros por actos ilícitos que
possam comprometer as operações de lançamento, liquidação e cobrança. Estas normas visam
sancionar o incumprimento ou pagamento tardio do imposto.
Por reconhecer que as normas que regulam a obrigação e as outras matérias tributárias são de
natureza diferente fala-se de Direito Fiscal material e formal.
Estão no âmbito do Direito Fiscal material as normas que disciplinam a obrigação do imposto.
Estabelecem as regras básicas sobre a colecta do imposto, isto é o principal quadro jurídico do
imposto. Ditam toda a filosofia do imposto.
Integram no Direito Fiscal Material as disposições definidoras dos poderes e deveres fiscais dos
contribuintes e do Estado ou outros entes públicos, isto é, as normas que regulam a existência
orgânica do imposto e as obrigações derivadas da respectiva relação jurídica.
Deste modo, são preceitos do Direito Fiscal Material os do Direito Constitucional Fiscal e os
referentes à incidência, as taxas dos impostos bem como todo o Direito Penal Fiscal.
São do âmbito do Direito Fiscal formal aquelas normas que à administração fiscal cumpre
observar para determinar os elementos da obrigação tributária (lançamento), para fixar o
montante da prestação e para exercer as fiscalizações para evitar ilegalidades e irregularidades,
entre as quais se destaca a evasão fiscal.
A autonomia dum ramo do saber jurídico não pode entender-se configurado a ideia de isolamento
ou independência em relação aos outros ramos, em termos absolutos, pois nenhum ramo pode
prescindir dos outros.
O Direito Fiscal é uma disciplina autónoma. É uma autonomia relativa e não obsoluta pois,
apesar de possuir seus métodos e objecto de estudo próprios, vezes há em que socorre-se do saber
de outros ramos de direito.
Ex: Uma das formas de o Estado arrecadar as receitas é por via de arrendamento de imóveis. Ora,
as regras usadas são buscadas do direito comum.
Não são muitas as normas que constituem o Direito Constitucional Fiscal, isto é, as que se
inserem na Constitucão ou que respeitem os princípios fundamentais da organização tributária
estadual.
Elaborado por: Dr. Amarildo Jaime Muchanga 12
Rigorosamente, em termos específicos, só os artigos 100o e 127o da Constituição da República
são exclusivamente fiscais.
O artigo 35o, embora não seja exclusivo do Direito Fiscal é neste perfilhado por sustentar o
princípio da igualdade jurídica (tributária) dos cidadãos.
As entidades competentes para a cobrança dos impostos são entidades administrativas. Essas
entidades usam, obviamente as normas do Direito Administrativo.
O Direito Fiscal socorre-se do Direito Privado. Quando se fala por exemplo dos sujeitos activo e
passivo, credores; devedores; relação obrigação do imposto, está se fazendo o uso de expressões
do Direito privado.
O Direito Internacional é o conjunto de normas que visam as relações entre Estados soberanos.
Como fruto do incessante convite à cooperação entre Estados, que se manifesta no Direito Fiscal,
assiste-se à celebração de numerosos tratados, convenções, acordos, sendo de destacar as que
visam evitar a dupla tributação internacional ou a evasão fiscal.
Direito processual – Direito que trata da regulamentação de como vamos até tribunal. Conjunto
de normas que regulamentam os nossos direitos em sede de tribunal.
Na relação jurídica tributária, podem surgir situações litigiosas, por exemplo, um sujeito
(passivo) recusar-se de pagar o imposto. Para que seja coagido, recorre-se às leis de direito
processual. O direito processual oferece normas para serem usadas quando houver situações
litigiosas.
As entidades públicas: Estado; autarquias ou pessoas colectivas de direito público, são as que
exercem actividades tendentes à satisfação das necessidades públicas.
É da actividade financeira do Estado e de outros entes públicos que iremos tratar neste capítulo.
Exemplo: A prestação dos serviços das FADM (defesa e segurança) é consumida passivamente
por todos os cidadãos. Este serviço é irrival, no sentido de que o seu consumo por um cidadão
não conflitua com o feito pelos outros.
Estes meios obtidos pelo Estado e depois usados para a satisfação das necessidades públicas têm
a designação de RECEITAS PÚBLICAS.
Podemos dizer que a receita pública é um recurso patrimonial definitivo obtido, num período
financeiro, pelo Estado, ou outros entes públicos ou com funções públicas, para cobrir
necessidades públicas.
As receitas públicas são geralmente de natureza muito diversa com classificações por vezes muito
complexas.
Para o nosso caso, interessa conhecer as receitas públicas mais frequentes em Moçambique, como
sejam:
Receitas patrimonias;
Receitas provenientes das taxas, emolumentos ou outras de natureza similar;
Receitas provenientes das multas ;
Receitas provenientes de empréstimos públicos , voluntarios ou forçados, internos ou
externos
Receitas públicas multilaterais, bilaterais e unilaterais provenientes dos paises
estrangeiros ou organizações não governamentais, a título de donativos ou doações.
Receitas provenientes dos impostos, que constitui a mais importante receita do Estado.
A Despesa pública pode ser definida como o encargo do Estado ou outro ente público para
aquisição de bens ou prestação de serviços susceptiveis de satisfazer necessidades públicas.
A Despesa Pública é uma das fases do fenômeno financeiro do Estado. O conjunto de gastos
efetuados para o atendimento de necessidades públicas É a aplicação de qualquer parcela da
Receita Pública, com o fim de administração e, realizada por funcionário (agente) público.
Para Veiga Filho, Despesa Pública "uso efetivo que o Estado faz de seus bens e recursos, para
ocorrer às necessidades morais e materiais da vida civil e política".
Por fim, afirma Tangorra: Despesa Pública "é a consignação feita da receita pública para o fim de
conseguir um objetivo qualquer da administração".
As despesas, quaisquer que sejam, devem ser previamente autorizadas pelo Poder
Legislativo ao Poder Executivo (orçamento público ou créditos adicionais);
Utilidade - atender a uma necessidade pública (deve ser o mais geral possível); vale dizer,
que atenda o maior número possível de pessoas (contribuintes).
Discussão Pública - Toda despesa deve ser precedida de discussão. O Poder Executivo
presta ao Poder Legislativo, anualmente, as contas de sua gestão;
Necessárias - aquelas que são permanentes e que não podem ser adiadas.