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SEJAM
BEM-VINDOS
Sou Ana Paula Ribeiro, Advogada Imobiliarista
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ENTENDENDO AS DIFERENÇAS
DOS CARTÓRIOS

O serviço notarial e registral é uma atividade pública exercida em caráter privado por um
particular por meio de delegação, essa regulamentação está no artigo 236 da Constituição Federal
de 1988.

Mas o que é delegação?

A delegação é instrumento administrativo pelo qual o Estado descentraliza suas funções, nesse
caso, a função pública notarial e registral pertencente ao Estado é delegada ao particular. Essa
delegação, entretanto, possui alguns requisitos tais como a obrigatoriedade expressa na
Constituição Federal, a aprovação do particular em concurso público e o exercício do serviço não
pode ser retomado pelo Estado, salvo por emenda constitucional.
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COMO OS CARTÓRIOS SÃO
CRIADOS?
Os cartórios são criados por Lei pelo Tribunal de Justiça do Estado, criando um novo
serviço que será provido por concurso público.

O serviço notarial e registral, enquanto não provido por meio de concurso público,
precisa de um responsável para exercer a função que é contínua. Esse responsável é o
chamado de oficial interino nomeado pelo Tribunal onde está o cartório. Não há uma
regra para essa nomeação, mas o critério muito utilizado é o substituto mais antigo do
cartório.

Nos termos do § 3o, do artigo 236 da Magna Carta, o serviço notarial e registral não
pode ficar vago, sem abertura de concurso público, por mais de 6 (seis) meses.
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VAMOS VER O QUE DIZ O ARTIGO
236 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público.

§1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos


notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus
atos pelo Poder Judiciário.

§2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos
atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de


provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura
de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
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A depender do Estado a atividade será fiscalizada pelo Juiz Diretor do Foro, Juiz
Corregedor Permanente, Juiz das Varas dos Registros (consulte seu Código de
Normas).

O oficial de registro e notário não são considerados funcionários públicos (exceto


para fins penais e para improbidade administrativa), não possuem salário do Estado,
não tem direito à décimo terceiro.
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As atividades desenvolvidas pelos cartórios
são divididas em duas:

REGISTRAL X NOTARIAL
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ATIVIDADE REGISTRAL
A atIvidade Registral é exercida pelo Oficial Registrador. Regulamentada pela
Lei 8.935 de 94, e regida pelas normas da Lei n. 6015/73 (Lei dos Registros
Públicos).
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REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS

Registro Civil das Pessoas Naturais: responsável por registrar nascimentos casamentos,
averbações de separação e divórcios, óbitos, registros especiais como emancipação, tutela e
curatela etc.

Os registros são realizados em livros numerados sequencialmente, precedidos de uma letra de


acordo com a natureza do registro (A- para nascimento, B- para casamento, C- para óbitos, C-
auxiliar para natimortos, D- para editais de proclamas, E- para emancipações, interdições, ausências
e outros atos, como traslados de nascimentos ou casamento de brasileiros no exterior). O registro de
nascimento e de óbitos, bem como da primeira certidão destes atos, são gratuitos Para todos os
brasileiros. Artigo 30 da Lei 6.015-73.
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REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS
JURÍDICAS

Assim como uma pessoa ao nascer, deve ser registrada, as pessoas jurídicas
também precisam ser registradas para que haja ali a definição da responsabilidade
de cada sócio ou associado. No Cartório de Registro Civil, é feito o registro das
pessoas jurídicas (que não são empresárias, já que essas são registradas na Junta
Comercial do Estado), associações, fundações, entidades religiosas, científicas,
literárias, etc.
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REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS

Os cartórios de registro de títulos e documentos têm funções diversas. Promovem o


registro de documentos gerais, como contratos que têm por objetos bens móveis. É,
também, o responsável por fazer notificações extrajudiciais, como as de cobrança, por
exemplo. Além disso, o registro de títulos e documentos também possui a chamada
função suplementar ou residual, praticando os registros não atribuídos aos demais
serviços (registros de imóveis, registro civil de pessoas jurídicas etc.).
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REGISTRO DE IMÓVEIS

Nele são registrados todos os negócios imobiliários, bem como direitos reais que
recaem sobre os imóveis. Ainda são averbados e registrados atos referente aos
proprietários do imóvel ali registrado. O cartório de Registro de Imóveis possui
competência definida em Lei. A Lei determina a circunscrição de cada cartório. A Lei
6.015-73 traz um rol dos atos que são registrados e averbados.
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CARTÓRIO DE REGISTRO DE CONTRATO
MARÍTIMO E DE DISTRIBUIÇÃO

Esses cartórios são restritos a alguns estados, os primeiros tratam exclusivamente


de atos relativos a transações de embarcações marítimas; os segundos respondem
pela distribuição equitativa de serviços cartoriais de que trata a Lei 8.935/94, e atos
complementares à função. No Distrito Federal não existem tais cartórios.
ATIVIDADE NOTARIAL
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A atividade Notarial é exercida pelo Tabelião e divide-se em duas: Notas e


Protesto. A atividade Notarial é regulamentada pela Lei 8.935-94.

Art. 6ºAos notários compete:

I - formalizar juridicamente a vontade das partes;

II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram


dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os
instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias
fidedignas de seu conteúdo;

III - autenticar fatos.


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Art. 7o Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:

I - lavrar escrituras e procurações, públicas;

II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;

III - lavrar atas notariais;

IV - reconhecer firmas;

V - autenticar cópias.

Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas realizar todas as gestões e


diligências necessárias ou convenientes ao preparo dos atos notariais, requerendo o
que couber, sem ônus maiores que os emolumentos devidos pelo ato.
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ATIVIDADE DO PROTESTO
A competência do tabelião de protesto, está definida no artigo 11 da Lei
8.935/94:

Art. 11. Aos tabeliães de protesto de título compete privativamente:

I - protocolar de imediato os documentos de dívida, para prova do


descumprimento da obrigação;

II - intimar os devedores dos títulos para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los, sob


pena de protesto;

III - receber o pagamento dos títulos protocolizados, dando quitação;

IV - lavrar o protesto, registrando o ato em livro próprio, em microfilme ou sob


outra forma de documentação;
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V - acatar o pedido de desistência do protesto formulado pelo apresentante;

VI - averbar:

a) o cancelamento do protesto;

b) as alterações necessárias para atualização dos registros efetuados;

VII - expedir certidões de atos e documentos que constem de seus registros e


papéis.

Parágrafo único. Havendo mais de um tabelião de protestos na mesma localidade,


será obrigatória a prévia distribuição dos títulos.
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A lei que regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos é a Lei nº


9.492/97.

Além disso, o Tribunal de Justiça do Estado edita Provimentos que regulam a


atividade notarial e registral, a nível estadual e, o Conselho Nacional de Justiça, edita
Provimentos a nível nacional. Esses Provimentos são normas administrativas.
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EMOLUMENTOS

Os emolumentos é a remuneração que o notário e o registrador recebem pelo serviço


prestado. Essa remuneração é fixada por lei (tem-se a Lei Geral dos Emolumentos, Lei
Federal n. 10.169/2000, que traz as normas gerais) e cada Estado edita sua lei em
relação aos emolumentos que serão cobrados pelos serviços.

Com essa remuneração (emolumentos), o registrador e o notário vão gerir o cartório já


que exercem atividade em caráter privado, contratando prepostos, instalações,
programas etc.

Os emolumentos possuem natureza tributária de taxa remuneratória de serviço público,


como já decidiu o STF.
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PREPOSTOS

Os notários e registradores poderão contratar prepostos, como escreventes e


auxiliares, com remuneração livremente ajustada, sob a legislação do trabalho.
Podem, ainda, contratar quantos forem necessários, havendo autonomia no serviço
(art. 20 da Lei 8.935/94).
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RESPONSABILIDADE DOS NOTÁRIOS E
REGISTRADORES
A responsabilidade dos notários e registradores é subjetiva (depende de comprovação
de culpa) e são autônomas a responsabilidade civil, a criminal e a administrativa, como
se nota pela Lei 8.935/94:

O artigo 22 da referida Lei diz:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os
prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos
que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.

Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o


prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.
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Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal.

Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no que couber, a


legislação relativa aos crimes contra a administração pública.

Parágrafo único. A individualização prevista no caput não exime os notários e os oficiais de


registro de sua responsabilidade civil.

Ainda, por recente decisão do STF, ficou pacificado que o Estado possui responsabilidade
civil OBJETIVA para reparar danos causados a terceiros por tabeliães e oficiais no exercício
de suas funções. O Estado, deve, ainda, ajuizar ação de regresso contra o responsável pelo
dano, nos casos de dolo e culpa, sob pena de improbidade administrativa.
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EXTINÇÃO DA DELEGAÇÃO

Os tabeliães e registradores podem perder sua delegação, mas isso só ocorre nos
casos descritos na Lei 8.935/94:
Art. 39. Extinguir-se-á a delegação a notário ou a oficial de registro por:

I - morte;

II - aposentadoria facultativa;
III - invalidez;

IV - renúncia;
V - perda, nos termos do art. 35.

VI - descumprimento, comprovado, da gratuidade estabelecida na Lei nº 9.534, de 10


de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei no 9.812, de 1999)
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§ 1º Dar-se-á aposentadoria facultativa ou por invalidez nos termos da legislação


previdenciária federal.

§ 2º Extinta a delegação a notário ou a oficial de registro, a autoridade competente


declarará vago o respectivo serviço, designará o substituto mais antigo para
responder pelo expediente e abrirá concurso.

Tenho certeza que esse material agregou e muito em seu conhecimento. Espero que
você tenha compreendido a diferença dos cartórios e nunca mais erre.
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Ainda, por recente decisão do STF, ficou pacificado que o Estado possui
responsabilidade civil OBJETIVA para reparar danos causados a terceiros por tabeliães
e oficiais no exercício de suas funções.

O Estado, deve, ainda, ajuizar ação de regresso contra o responsável pelo dano, nos
casos de dolo e culpa, sob pena de improbidade administrativa.

Importante ressaltar que as serventias extrajudiciais não possuem personalidade


jurídica, embora estejam inscritas junto à Fazenda com CNPJ próprio, isso se dá apenas
para fins tributários. Para fins processuais, contratação de prepostos, tudo é feito pelo
CPF, pessoa física, do titular do serviço.
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BONS ESTUDOS!

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