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1. Material pré-aula
a. Tema
b. Noções Gerais
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BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. 4. Ed. São Paulo: Saraiva. 2011. P.79.
registro, as serventias que vagassem a partir da sua promulgação,
não mais incidiriam no privilégio previsto no artigo 208 da
constituição de 1969, eis que instituída uma nova ordem.
De acordo com o artigo 236, caput, da Constituição Federal e pela Lei
no 8.935/94, os notários passaram a ser agentes delegados do
Poder Público. Poder Público, que é formado pelos três poderes do
Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário. Todavia, é ao Poder
Executivo que cabe a incumbência de delegar os serviços notariais e
registrais.
A Lei dos Notários constitui assim um verdadeiro marco na história do
notariado brasileiro e, se por si só não servir para acabar com os
problemas que permeiam a instituição notarial, como de fato não
servirá, será o instrumento que, aliado aos próprios notários, levará o
notariado brasileiro, tão enfraquecido pelos erros até então
cometidos, ao lugar de reconhecimento social e jurídico.
TÍTULO II
Das Normas Comuns
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CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada: lei n. 8.935/94. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
Os serviços são prestados pessoalmente pelo notário ou Tabelião,
ou por seus prepostos (Escreventes e auxiliares notariais), sob a
responsabilidade do Tabelião, em um lugar de fácil acesso, com
atendimento voltado para o público em geral, que ofereça um lugar
seguro para arquivamento de livros e documentos.
Com relação às Serventias onde atuam esses Delegatários, são
centro de atribuições das atividades previstas em lei a serem
exercidas pelos titulares, desprovidas de personalidade jurídica.
O exercício da atividade e a prestação do serviço público deve ser
atribuída ao Notário ou Oficial Registrador que os praticam.
Os tabelionatos deveram ser organizados e possuir um arquivo
vasto para arquivamento dos documentos e certidões, dentre outros
documentos, conforme previsão nas Normas de Serviço Cartórios
Extrajudiciais.
3
BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. 4. Ed. São Paulo: Saraiva. 2011. P.85.
Corregedorias Permanentes e o acesso aos cargos depende de
concurso público (§ 1º. e § 3º, art. 236, CF).
Atribuições e Competências
4
RIBEIRO, Luis Paulo Aliende. Regulação da Função pública notarial e de registro. Saraiva, 2009.
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CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada: lei n. 8.935/94. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
O notário e o registrador estão vinculados ao princípio do bloqueio
da legitimação, também chamado de princípio da legalidade ou
reserva legal.
Conforme ensina o Prof. Vitor Frederico Kümpel:
“Porém, aqui há uma ambiguidade, na medida em que a própria lei
liberta o notário deste princípio, ao estabelecer no art. 6º que o
notário instrumentaliza a vontade das partes. Ele passa a estar livre
das amarras de só poder fazer aquilo que a lei determina para poder
fazer tudo o que a lei não o proíbe” 6.
Além disso, o notário possui a obrigação de adentrar no mérito do
negócio a ser celebrado, não devendo, via de regra praticar atos
nulos nem anuláveis.
Continua ainda o Prof. Vitor Frederico Kümpel:
“Os usuários possuem liberdade de escolher o notário para a prática
dos atos, não havendo competência territorial, conforme o art. 8º
da Lei 8.935/94. Assim, o particular pode lavrar o ato em qualquer
serventia do território nacional, porém o tabelião não pode lavrar
atos fora do município” 7.
Já o artigo 7º da Lei 8.935/94 determina que aos tabeliães de notas
compete com exclusividade a lavratura de: escrituras e procurações,
públicas; de testamentos públicos e aprovação dos cerrados; das
atas notariais; e o reconhecimento de firmas e a autenticação de
cópias. Prossegue o parágrafo único estabelecendo que é facultado
aos tabeliães de notas realizarem todas as gestões e diligências
necessárias ou convenientes ao preparo dos atos notariais,
requerendo o que couber, sem ônus maiores que os emolumentos
devidos pelo ato.
6
KÜMPEL, Vitor Frederico et.al. Tratado Notarial e Registral, Volume 3. 1º ed. YK Editora, 2017.p.173.
7
Ibidem. p.193.
o seguinte uma vez iniciado o exercício, existem restrições
profissionais ao titular.
Já o impedimento indica a proibição da prática do ato jurídico
determinado. Neste caso o exercício da atividade de registrador e
notário é obstáculo para o exercício de outras, relacionadas em lei.
A incompatibilidade das funções indicadas no art. 25 da Lei
nº 8.935/94, proíbe ao titular da serventia a nomeação, o exercício
ainda que suspenso por licença ou afastamento sem vencimento ou
comissão para qualquer cargo, emprego ou função pública, e tem
caráter absoluto.
8
Ibidem p.193.
Pode acontecer, todavia, alguma situação em que, diante da
dubiedade de interpretação da lei de emolumentos local, ou mesmo
omissão, por falta de clareza e objetividade sobre determinada
cobrança de ato, sem elucidação pelo juízo competente ou
Corregedoria, o registrador entender pela cobrança ou não daquele
registro ou averbação a ser praticada, decorrente de simples
interpretação pessoal da lei.
Violação do sigilo profissional também se configura infração
administrativa disciplinar.
Neste aspecto, pode parecer certa incongruência falar de sigilo
quando os atos contidos e praticados na serventia extrajudicial, de
regra, são públicos e qualquer interessado pode obter informações a
respeito do que lhe convier, sem justificar seu requerimento. Impõe
ressaltar, porém, que os delegatários no exercício de suas funções
tomam conhecimento de fatos e de situações pessoais que, embora
não sendo assunto sigiloso, não podem sair divulgando os negócios e
atos que transitam na serventia, estando obrigados a mantê-los sob
reserva, ainda que por questão de ética profissional.
Pontua Walter Ceneviva que: “O segredo profissional não se destina a
assegurar o predomínio da vontade individual sobre valores sociais,
mas preservar valores materiais e morais legítimos, públicos e
privados, através da não-revelação.” Frise-se, por derradeiro, que a
quebra do sigilo pode também acarretar a responsabilidade civil e
criminal do delegatário” 9.
No rol das infrações, o legislador concluiu o artigo 31 da Lei n.º
8.935/94, enfatizando, no último inciso, que constitui infração
disciplinar a inobservância de quaisquer dos deveres descritos no
artigo 30 da dita lei, ou seja, a violação dos deveres realçados
enquadra-se como causa materializadora de infração disciplinar,
havendo consequente punição na hipótese de transgressão de um ou
mais dos deveres previstos em lei, sendo certo que, por ocasião da
aplicação da pena, a autoridade competente levará em consideração
a quantidade de transgressões identificadas no inciso V, para definir a
graduação da falta funcional.
Quanto as penalidades a que estão sujeitos os tabeliães e os
registradores são definidas no artigo 32 da Lei n.º 8.935/94 sendo-
lhes assegurado o direito constitucional da ampla defesa, do
contraditório e do devido processo legal. O processo administrativo
9
Ibidem. p.195.
instaurar-se-á com esteio nas regras do processo disciplinar contra o
servidor público, no que couber, devendo cada Estado da Federação e
o Distrito Federal estabelecerem o rito procedimental a ser cumprido
de forma objetiva, atendendo aos princípios constitucionais acima
referidos, sempre em respeito à segurança jurídica.10
As penalidades são destinadas aos delegatários da serventia ou
àqueles que estão respondendo pelo serviço, ainda que
temporariamente, na condição de substituto em face da vacância da
titularidade. Os auxiliares e escreventes estão vinculados ao comando
do tabelião ou registrador, sendo certo que sua subordinação está
amparada nas leis trabalhistas e nas normas internas instituídas pelo
titular, não se destinando essas sanções a esses funcionários do
cartório, por se tratar de relação a ser resolvida na Justiça Obreira.
Temos a repreensão, que se constitui numa censura feita ao notário
ou registrador, em decorrência de transgressão de dever funcional de
caráter leve. Sobreleva frisar que, mesmo nas pequenas faltas
disciplinares há necessidade de processo administrativo para garantir
ao delegatário o direito de defesa na sua condição de agente público,
dotado de fé pública e de presunção de idoneidade advinda da
relevância de função, não se aplicando neste sistema jurídico
disciplinar os meios sumários para a aplicação de penalidades, a
exemplo da verdade sabida, inclusive desautorizada pela Carta
Magna segundo a jurisprudência pátria.
O inciso II do mencionado dispositivo legal prevê a pena de multa,
aplicável nas hipóteses de reincidência de falta leve ou de
transgressão funcional intermediária entre esta e a grave. Trata-se
de sanção imposta quando a infração não configure, portanto, ofensa
de dever funcional grave.
A suspensão foi inserida como terceira modalidade de apenamento.
Verifica-se que sua aplicação tem amparo nas hipóteses de reiteração
de descumprimento dos deveres funcionais, instituídos no artigo 30
da LNR, e ou de comprovada falta grave.
10
LISBOA, José Herbert Luna. Responsabilidade administrativa do tabelião e registrador.
https://jus.com.br/artigos/32015/responsabilidade-administrativa-do-tabeliao-e-registrador
Acesso em 22/10/2020.
Extinção da Delegação
c. Legislação
Lei 8.935/95
CF art 236
d. Julgados/Informativos
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KÜMPEL, Vitor Frederico et.al. Tratado Notarial e Registral, Volume 3. 1º ed. YK Editora, 2017.p.174.
1.124-A do Código de Processo Civil de 1.973, vigente à época da
celebração do instrumento não caracterizada – Declaração perante o
Tabelionato, sob responsabilidade civil e criminal, a respeito da
verdade dos fatos e das declarações efetuadas – Fé-pública da
escritura pública lavrada em notas de tabelião, fazendo prova plena,
art. 215 do Código Civil – Ausência de demonstração a respeito da
incapacidade civil das filhas das partes e de vício de consentimento –
Inobservância ao art. 373, I, do Código de Processo Civil – Presunção
de veracidade das declarações constantes dos documentos assinados
em relação aos signatários, art. 219 do Código Civil – Validade do
divórcio consensual – Inexistência de óbice à compra pelo apelado da
parte pertencente à apelante dos imóveis que ambos eram
proprietários – Falta de demonstração da lesão nos negócios jurídicos
celebrados – Não incidência do art. 157 do Código Civil – Preço de
venda de 50% dos bens que não se mostrou desproporcional em
relação ao valor venal apurado três anos depois – Impossibilidade de
apreciação do pedido de tutela de urgência formulado em sede
recursal referente à proteção de eventuais direitos possessórios –
Sentença mantida – Recurso não provido. (Relator: César Peixoto;
Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro de São Bernardo
do Campo - 1ª Vara de Família e Sucessões; Data do Julgamento:
14/05/2020)
f. Leitura complementar