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Casos Práticos de Direito Fiscal

Direito Fiscal (Universidade Catolica Portuguesa)

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Descarregado por Joaquim Varandim (felizmauricio@gmail.com)
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Casos Práticos de Direito Fiscal

I. Princípios Gerais do Direito Fiscal

1. Grandes Expectativas

Podemos identificar neste caso 4 questões essenciais:


1. Agravamento das taxas do IRS a aplicar aos rendimentos do ano em curso em 2%, permitindo
deduzir as despesas com livros infantis.
2. Lançava-se uma colecta extraordinária quanto ao IRC sobre os lucros auferidos no ano
passado, exigindo-se das sociedades mais 5% de imposto a acrescer ao que já tinham pago.
3. Aumentava-se a taxa normal do IVA em 5 pontos
4. Eliminação da isenção de IMI para a primeira casa de habitação

Em primeiro lugar deve-se ter em consideração o artigo 165º nº1 alínea i) da Constituição, nos
termos do qual é da reserva de competência da Assembleia da República a criação, modificação e
extinção de impostos, salvo autorização do Governo. Havendo uma autorização ao governo para
emanação deste decreto-lei não haverá nenhuma inconstitucionalidade.

Agravamento das taxas do IRS a aplicar aos rendimentos do ano em curso em 2%,
permitindo deduzir as despesas com livros infantis.

O artigo 103º nº3 da Constituição e o artigo 12º da LGT proíbe expressamente as leis fiscais
retroactivas. Neste caso está em causa uma retroactividade inautêntica ou fraca uma vez que o facto
tributário “rendimentos do ano em curso” ainda se está a formar. Estando o facto tributário ainda
em formação, resta aos contribuintes ainda alguma margem para compensar o sacrifício adicional
que lei inesperadamente lhes impõe.

Esta lei seria então inconstitucional. Contudo, deve-se ter em consideração que a proibição de
retroatividade presente no artigo 103º nº3 não é absoluta, e estando em causa um estado grave das
finanças públicas, poderá ser tolerada. Ou seja, a segurança jurídica dece ser sacrificada a outros
valores constitucionais que no caso concreto se mostrem mais relevantes, e que em circunstâncias
excepcionais se considere legitima a lei fiscal retroactiva.

A lei ainda criou uma dedução à coleta das despesas com livros infantis. Está em causa uma
retroatividade fraca, que à partida não é inconstitucional pois é positiva para o contribuinte.

Artigo 12º nº2: há inconstitucionalidade por violação da LGT?


Não consigo invalidar uma lei de imposto com base no disposto na Lei Geral Tributária. Esta
solução não tem qualquer aplicação prática nem consequência jurídica.

Lançava-se uma colecta extraordinária quanto ao IRC sobre os lucros auferidos no ano
passado, exigindo-se das sociedades mais 5% de imposto a acrescer ao que já tinham pago.

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O artigo 103º nº3 da Constituição e o artigo 12º da LGT proíbe leis fiscais retroativas. Está em
causa uma retroatividade autêntica ou forte uma vez que o facto tributário “lucros auferidos no ano
passado” já se conformou.

A retroatividade forte surge tendencialmente mais gravosa para os contribuintes, na medida em que
o facto tributário está já plenamente formado, não lhes restando qualquer hipótese de compensar o
sacrifício adicional que a lei lhes traz.

Está em causa uma inconstitucionalidade material. Contudo, deve-se ter em consideração que a
proibição de retroatividade presente no artigo 103º nº3 não é absoluta, e estando em causa um
estado grave das finanças públicas, poderá ser tolerada.

Podemos fazer o mesmo juízo de valor que fizemos em relação ao IRS? O juízo de ponderação
fazemos sempre porque há situações de calamidade pública ou extremamente graves em que se
admite a retroatividade. Não posso tributar com base em presunções (artigo 104º nº2).

Aumentava-se a taxa normal do IVA em 5 pontos

Não há retroatividade porque o consumo só se realizará depois. O agravamento do IVA é aplicado


para transações futuras.

Eliminação da isenção de IMI para a primeira casa de habitação

Está em causa uma lei que se aplica a factos futuros, mas que lesa, apesar disso, as expectativas
fundadas no passado dos interessados (nomeadamente os casais jovens que tinham comprado casa a
contar com a isenção por 10 anos).

Neste caso a lei é retrospectiva porque para o futuro deixa de se aplicar a isenção do IMI. A lei
retrospectiva é, em princípio, admissível no plano constitucional, mas em casos excepcionais em
que violem o princípio da segurança jurídica, podem ser inconstitucionais.

A lesão das expectativas dos contribuintes deve considerar-se inadmissível sempre que:
a) Estejamos perante uma alteração da ordem jurídica com a qual os destinatários das normas
razoavelmente não possam contar
b) Essa alteração não seja ditada pela necessidade de salvaguardar direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos que devam considerar-se prevalecentes.
 
O que diríamos ao Governo?
Cláusula de salvaguarda das pessoas que já adquiriam o imóvel seria uma opção.
O controlo aqui faz-se de forma diferente; muitas vezes o legislador inclui esse período transitório,
sobretudo quando estão em causa investimentos de grande valor.

Caso prático nº 2. Ilegalidade Tributária

Podemos identificar neste caso as seguintes questões:


1. Decreto-lei que altera o imposto sobre a venda de imóveis (IMT)

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2. Imposto passava a ser calculado de acordo com o “valor objectivo” de cada imóvel, valor esse
fixado atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e “antiguidade”, bem como “outros
factores relevantes" que a lei não especificava.
3. Portaria iria precisar melhor estes elementos e o peso de cada um no cálculo do valor tributável
4. Questão das taxas
5. Questão da isenção do imposto

Decreto-lei que altera o imposto sobre a venda de imóveis (IMT)

Em primeiro lugar deve-se ter em consideração o artigo 165º nº1 alínea i) da Constituição, nos
termos do qual é da reserva de competência da Assembleia da República a criação, modificação e
extinção de impostos, salvo autorização do Governo. Havendo uma autorização ao governo para
emanação deste decreto-lei não haverá nenhuma inconstitucionalidade.

Imposto passava a ser calculado de acordo com o “valor objectivo” de cada imóvel, valor esse
fixado atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e “antiguidade”, bem como “outros
factores relevantes" que a lei não especificava.

Está em causa um problema de determinação do que é o imposto, ou seja de incidência objectiva


(qual é o valor sobre o qual vai incidir o imposto). A incidência sendo um elemento essencial do
imposto, está sujeita ao princípio da legalidade nos termos do artigo 103º nº3 da Constituição.

Podem haver conceitos indeterminados na lei, podendo alguns elementos ser remetidos para
portaria. Por razoes de segurança, o ideal seria que tudo fosse determinado por lei. Mas, será mais
fácil remeter certos aspectos para portaria de forma a que seja mais fácil de os adaptar à realidade e
é uma forma de reduzir a complexificação da lei.

Questão: O que estou a remeter é essencial para a segurança dos indivíduos? (juízo de
proporcionalidade)
Neste caso: Não traz segurança nenhuma num aspecto essencial para o imposto, podendo apenas
aspectos laterais ser remetidos para portaria.

Questão da taxa

A competência para fixar as taxas dos impostos pertence à Assembleia da República ou ao Governo
por decreto-lei autorizado nos termos do artigo 165º nº1 alínea i).

A taxa é um elemento essencial do imposto nos termos do artigo 103º nº2 da Constituição.

O princípio da legalidade e da reserva de lei não é um princípio absoluto: tem de ser articulado com
outros princípios. Em certa medida, pode haver uma adaptação local ou regional de certos impostos.

Juízo de proporcionalidade para tutelar a autonomia financeira das Autarquias Locais e das Regiões
Autónomas.

Todos os anos os municipais aprovam as taxas de IMI a vigorar no seu território (artigo 112º do
CIMI).

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Isenção do imposto

Nos termos do artigo 103º nº2, os benefícios fiscais são elementos essenciais dos impostos e devem
ser definidos por lei ou por decreto-lei autorizado.

Neste caso, a lei teria de definir, no mínimo, alguns critérios para definição do que seria uma zona
degradada de modo a evitar a desigualdade dos impostos e a violação da segurança jurídica. A
isenção em concreto tem de estar prevista na lei.

Caso prático nº3. O Progresso Vem De Trás

Podemos identificar neste caso as seguintes questões:


• Introdução de uma contribuição de solidariedade, um imposto de 50% a somar ao IVA e
incidentes sobre bens de luxo: jóias, carros desportivos, cavalos de corrida, casacos de pele,
passagens de avião e outros bens a fixar por portaria.
• Estabelecimento de uma taxa de IRS de 50% a aplicar aos rendimentos acima dos cem mil
euros.
• Permissão para o pagamento do IRS em géneros
• Projecto de lei que determina que o IMI seja agravado em 50% relativamente às casas com
piscina ou campo de ténis.

Introdução de uma contribuição de solidariedade, um imposto de 50% a somar ao IVA e


incidentes sobre bens de luxo: jóias, carros desportivos, cavalos de corrida, casacos de pele,
passagens de avião e outros bens a fixar por portaria.

No que diz respeito ao princípio da legalidade, o artigo 165º nº1 alínea i) dispõe que a criação de
impostos é da reserva relativa da Assembleia da República, podendo o Governo criar um imposto
mediante autorização da Assembleia da República.

No que diz respeito à aplicação da lei no tempo, não há nenhum problema porque o IVA é um
imposto periódico que não impõe questões de retroatividade.

Neste decreto-lei, remete-se para portaria a fixação de outros bens de luxo. Este é um elemento
essencial a ser estipulado segundo o princípio da legalidade — incidência objectiva (artigo 103º
nº2). Esta remissão é muito aberta.

Introduziram-se impostos de 73% sobre bens de luxo.


• Repartição de riqueza consta do artigo 103º nº1 da Constituição
• Oneração do consumo de luxo consta do artigo 104º nº4
• Temos de fazer um juízo de proporcionalidade para ver se este imposto é necessário,
adequado e proporcionado.

Estabelecimento de uma taxa de IRS de 50% a aplicar aos rendimentos acima dos cem mil
euros.

No que diz respeito à aplicação da lei no tempo, há uma violação do artigo 103º nº3 da Constituição
que proíbe a retroatividade da lei fiscal. Está em causa uma retroatividade inautêntica na medida em
que esta taxa será aplicada a este ano fiscal. Estando o facto tributário ainda em formação, resta aos
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contribuintes ainda alguma margem para compensar o sacrifício adicional que lei inesperadamente
lhes impõe.

Tem de se atender ao critério material para apurar se é inconstitucional visto que podem haver
razoes que justifiquem medidas retroativas. Não é o caso, visto que por de trás destes impostos
estão razões de redistribuição de riqueza com objectivos políticos.

Princípio da capacidade contributiva


- Taxas progressivas para concretizar a redistribuição de riqueza (objectivo extrafiscal: artigo 104º
nº1)
- Progressividade tem limites: juízo de proporcionalidade

Permissão para o pagamento do IRS em géneros e portaria do Ministro das Finanças que vem
estabelecer que se admitiam os seguintes bens e valores: galinhas, presuntos.

Artigo 40º da Lei Geral Tributária: Imposto é pago em dinheiro, não podendo ser pago em espécie.

Contudo, se vier uma lei ou decreto-lei a dizer que o imposto pode ser pago em géneros, e não
tendo a Lei Geral Tributária valor reforçado, isto não é inconstitucional.

Hoje em dia, quem é que faz a liquidação dos impostos, como IRS, IRC, IVA?
• São os próprios contribuintes que liquidam os impostos. O contribuinte calcula, ele próprio o
IVA que deve todos os trimestres, e o IRC que tem de pagar. Hoje em dia, a liquidação já não é
feita pela Administração. A Administração só liquida os impostos quando o contribuinte não
entrega a declaração. Nós, hoje em dia, já não falamos propriamente de cobrança de impostos.
A Administração não cobra o IVA, é o contribuinte que paga o IVA. Logo, a liquidação e a
cobrança não são elementos essenciais, sendo, hoje em dia, são funções já largamente
delegadas aos contribuintes.

Ou seja, o Governo podia mesmo sem autorização da Assembleia, permitir o pagamento do IRS em
géneros, e podia remeter o estabelecimento dos bens e valores para portaria. A liquidação e
cobrança (ou auto-liquidação e pagamento) são matérias que não têm a mesma importância que os
restantes elementos essenciais do imposto.

Projecto de lei que determina que o IMI seja agravado em 50% relativamente às casas com
piscina ou campo de ténis.

Nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) a Assembleia da República tem competência relativa para a
criação, modificação e extinção de impostos.

Aplicação da lei no tempo: Não há nenhum problema

Princípio da capacidade contributiva


- O princípio da capacidade contributiva postula que os impostos devem adequar-se à força
económica do contribuinte.
- Nos termos do artigo 104º nº3 a tributação do património deve contribuir para a igualdade entre
os cidadãos.

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- Neste caso, a taxa de 50% pode ser considerada muito alta, e desproporcional ao fim visado de
distribuição de riqueza.

Sem dúvida que o legislador deve praticar a justiça social através da tributação de património, e
deve fazê-lo com base no artigo 104º nº3. Contudo, devemos perguntar até que ponto se deve ir —
teste da proporcionalidade (necessidade, adequação, proporcionalidade).

Caso Prático nº 4 Sinais do Exterior

No presente caso podemos identificar as seguintes situações/ questões:


• Empresas passam a estar sujeitas a uma colecta mínima no valor anual de mil euros, a aplicar
já relativamente ao ano em curso e independentemente dos lucros que resultem da sua
actividade.
• Eliminação de todos os benefícios fiscais relativos a cooperativas, fundações e instituições de
utilidade pública, dados os abusos que nesta matéria têm vindo a ser considerados pela
Administração
• Contribuintes singulares possuam determinados sinais exteriores de riqueza, se presume, para
efeitos do IRS, que são titulares de um determinado rendimento, a menos que façam prova do
contrário.
• Todos os rendimentos provenientes de práticas ilícitas ficam sujeitos a uma taxa agravada de
IRS ou de IRC de 50% e as despesas suportadas com práticas ilícitas não são dedutivas ao
rendimento de empresas profissionais.

Em primeiro lugar, cumpre mencionar que nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) é a Assembleia da
República que tem competência para a criação, extinção e disciplina dos elementos essenciais dos
impostos. Ora, neste caso as medidas adoptadas foram aprovadas pela Assembleia da República,
não se verificando uma inconstitucionalidade neste sentido.

Empresas passam a estar sujeitas a uma colecta mínima no valor anual de mil euros, a aplicar
já relativamente ao ano em curso e independentemente dos lucros que resultem da sua
actividade.

Aplicação da lei no tempo


Retroatividade — sujeição a uma tributação acrescida os rendimentos do ano em curso, ainda em
formação (inautêntica). O facto tributário ainda está em formação (está formado 31 de Dezembro à
meia noite) Resta aos contribuintes ainda alguma margem para compensar o sacrifício adicional que
a lei inesperadamente lhes impõe. Logo, seria inconstitucional (103ºnº3). Mas temos de levar a cabo
uma ponderação de valores, havendo sempre que perguntar se a lesão que a lei retroativa traz à
segurança jurídica dos contribuintes se mostra necessária, adequada e proporcionada à tutela dos
demais valores constitucionais em jogo (combate à fraude fiscal e evasão fiscal).

Será que a luta contra a fraude fiscal e evasão fiscal justifica que se cobre uma coleta dos
rendimentos do ano em curso?
- Se o legislador tivesse sido cuidadoso, então não teria feito um imposto retroativo, e dito que esta
colecta apenas se aplicara a partir de 1 de Janeiro.

Princípio da capacidade contributiva (artigo 104º)

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- O princípio da capacidade contributiva postula que os impostos devem adequar-se à força


económica do contribuinte. Representa o critério material de igualdade adequado aos impostos.
- Neste caso, todos pagam a mesma colecta de 1000 euros, independentemente dos lucros que
aufiram. Ou seja, não se tem em consideração a força económica de cada empresa.
- Nos termos do artigo 104º nº2 “A tributação de empresas incide fundamentalmente sobre o seu
rendimento real”. A determinação do lucro tributável das empresas deve assentar
fundamentalmente na respectiva contabilidade.
- Deste imperativo da tributação dos rendimentos reais decorre também um princípio de
declaração (artigo 75º da LGT). De acordo com este princípio, os dados declarados pelo
contribuinte devem considerar-se à partida verdadeiros. A tributação dos rendimentos reais só
deverá ceder nos casos em que o contribuinte se recusa a colaborar com a administração na
revelação dos seus rendimentos, casos em que nos termos da LGT pode haver lugar à
determinação indirecta da matéria tributável por meio de presunções.

O artigo 104º nº2 afirma “fundamentalmente” o que significa que podem haver excepções. Quais
serão essas situações? Quando poderão haver situações em que não se tributam as empresas sobre o
seu rendimento real?
• Nos casos em que a empresa se recusa a colaborar com a administração dos seus rendimentos
• Nos casos de tributação simplificada

Adicionalmente, isto viola o princípio da igualdade (artigo 13º) por se tributar independentemente
dos lucros que aufiram.

Não se pode dizer que é 1000 euros para todos, sem mais. Isto não tem fundamentação suficiente,
logo há uma inconstitucionalidade nos termos do artigo 104º nº2.

Eliminação de todos os benefícios fiscais relativos a cooperativas, fundações e instituições de


utilidade pública, dados os abusos que nesta matéria têm vindo a ser considerados pela
Administração

A eliminação de benefícios fiscais é a mesma coisa que a criação de um novo imposto para as
empresas. Logo, há aqui uma retroatividade inautêntica ou fraca. A retroatividade é proibida nos
termos do artigo 103º nº3.

O legislador tem a liberdade de eliminar todos os benefícios fiscais?


- Benefícios fiscais são excepções à igualdade tributária
- Quando se eliminam benefícios fiscais, concretiza-se a igualdade tributária, não sendo necessário
justificar essa mesma eliminação.
- Artigo 85º nº2 da Constituição: A lei ordinária há de prever alguns benefícios fiscais para as
cooperativas, mas não diz quão longe devem ir, pressupondo apenas que eles existem. Alguns
terão de existir, mas eliminar por completo não. Mas isto só se aplica no que diz respeito às
cooperativas e não a fundações e instituições.
- Em certos casos a segurança jurídica poderá travar o legislador de eliminar os benefícios fiscais
devido às expectativas legítimas das partes.
- O ideia é que todos paguem, por isso devem-se eliminar os benefícios fiscais.

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Sempre que os contribuintes singulares possuam determinados sinais exteriores de riqueza, se


presume, para efeitos do IRS, que são titulares de um determinado rendimento, a menos que
façam prova do contrário.

Neste caso, está-se a presumir de um determinado consumo que os contribuintes têm um


determinado rendimento. O princípio da capacidade contributiva postula que os impostos devem
adequar-se à força económica do contribuinte. O melhor indicador da força económica dos
contribuintes está no seu rendimento, sendo que resulta do próprio princípio que este rendimento
não pode ser presumido.

O artigo 104º nº1 da Constituição não se refere à tributação de rendimentos reais. Não se está a
tributar o rendimento real neste caso, mas sim um rendimento presumido. A razão pela qual não
existe uma referência expressa no artigo referido, a rendimentos reais é porque é muito óbvio que
tenha de ser assim. Ou seja, é óbvio que os cidadãos têm de ser tributados com base em rendimentos
reais. Logo, neste caso há uma violação do princípio da capacidade contributiva.

Presunções destas são, contudo, legítimas em casos específicos. Nos casos em que contribuinte se
recusa a colaborar com a administração na revelação dos seus rendimentos, então tributamos com
base em presunção (artigo 89º-A). No artigo 89º-A da Lei Geral Tributária, o legislador escolheu
manifestações de riqueza que permitem presumir o rendimento com maior segurança. O
contribuinte pode ilidir a presunção.

Todos os rendimentos provenientes de práticas ilícitas ficam sujeitos a uma taxa agravada de
IRS ou de IRC de 50% e as despesas suportadas com práticas ilícitas não são dedutivas ao
rendimento de empresas profissionais.

Imposto selectivo — escolhe os rendimentos sobre o qual vai incidir.


Tributação do rendimento global: quer a atividade seja licita ou ilícita. Motivo extrafiscal

Princípio da capacidade contributiva


- O princípio da capacidade contributiva postula que os impostos devem adequar-se à força
económica do contribuinte.
- Um dos corolários deste princípio é o da tributação do rendimento global, nos termos da qual o
rendimento tributável deve compreender todo e qualquer fluxo de riqueza, provenha ele de uma
actividade lícita ou provenha de actividades ilícitas também.
- Adicionalmente, do princípio da capacidade contributiva e do imperativo da tributação do
rendimento global, resulta ainda uma exigência de exclusão de impostos selectivos sobre os
rendimentos (ou seja, um imposto que escolha os rendimentos sobre os quais vai incidir). O
legislador não pode isolar manifestações avulsas de riqueza para as sujeitar a uma tributação de
cunho selectivo. Isto porque a força económica do contribuinte só pode apreender-se
inteiramente quando sujeitamos todos os elementos do rendimento a um tratamento uniforme.
- Há violação do princípio da capacidade contributiva. Esta violação poderá justificar-se por razões
de ordem extra-fiscal, mas apenas quando se revele necessária, adequada e proporcionada à
concretização desses mesmos objectivos.

Caso prático nº 5 Grandes Superfícies

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O caso prático em causa coloca as seguintes questões:


• Criação da contribuição de segurança ambiental a pagar pelas empresas industriais, no valor
anual de 5% dos seus lucros, e destinada a cobrir as despesas do Estado em caso de acidente
ou catástrofe ecológica.
• Imposto sobre as grandes superfícies, destinado a compensar os custos de congestionamento
gerado pelas mesmas e calculado com base na respectiva área bruta.
• Introdução de um adicional ao imposto municipal sobre veículos no valor anual de 2 mil
euros, a cobrar nos distritos de Lisboa e do Porto, de modo a compensar a congestão crescente
que provocam nestas cidades.

Criação da contribuição de segurança ambiental a pagar pelas empresas industriais, no valor


anual de 5% dos seus lucros, e destinada a cobrir as despesas do Estado em caso de acidente
ou catástrofe ecológica.

Legalidade: Artigo 165º nº1 alínea i) — Criação de contribuições está sujeita a reserva de lei
integral, até que seja criado o regime geral mencionado no artigo.

Definição de contribuições: As contribuições constituem prestações pecuniárias e coactivas,


exigidas por uma entidade pública em contrapartida de uma prestação administrativa
presumivelmente provocada ou aproveitada pelo sujeito passivo.

As contribuições são tributos comutativos que visam a compensação de prestações administrativas


de que o sujeito passivo é causador ou beneficiário, presumível. Está inerente uma ideia de troca
entre o Estado e o contribuinte. Assim, rege o principio da equivalência, nos termos do qual cada
um contribui na medida do custo ou valor das prestações.

Prestação (despesas que o Estado cobre em caso de acidente ecológico) e a compensação seriam os
5% dos lucros.
- Princípio da equivalência (cada um contribua na medida do custo da prestação que se visa
compensar)
- Corolário do princípio da equivalência: Exigência de base tributável específica
- A criação de tributos comutativos assentes no valor dos rendimentos mostra-se inadmissível
porque introduz diferenciações alheias aos custos cuja a compensação estes tributos se encontram
voltados. 5% do lucro da empresa não constitui um indicador válido do custo ou valor de uma
prestação pública.

Isto não é uma contribuição, mas um imposto disfarçado — porque não há uma prestação por parte
do Estado, e porque o valor anual de 5% não é uma base tributável específica (não indica
validamente o valor ou custa da prestação do Estado).

Imposto sobre as grandes superfícies, destinado a compensar os custos de congestionamento


gerado pelas mesmas e calculado com base na respectiva área bruta.

Legalidade: Nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) os impostos devem ser criados por lei da
Assembleia da República.

Não há nenhum problema de aplicação da lei no tempo

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Definição de imposto: Prestação pecuniária, coativa, unilateral, exigida por entidade pública que
tem uma função de angariação de receita.

Definição de contribuições: As contribuições constituem prestações pecuniárias e coactivas,


exigidas por uma entidade pública em contrapartida de uma prestação administrativa
presumivelmente provocada ou aproveitada pelo sujeito passivo.

Neste caso, o suposto imposto tem como fim compensar custos de congestionamento — mas um
imposto deve ter como fim angariar receita ou redistribuir riqueza (fins extrafiscais) e não o fim de
compensar um custo. É uma contribuição porque presume-se que por ser uma grande superfície vai
criar custos de congestionamentos.

Está em causa uma consignação: afetação da receita (do imposto) à cobertura das despesas (que se
tem com o congestionamento). Ora, não pode haver consignação nos impostos, apenas nos tributos
comutativos.

Introdução de um adicional ao imposto municipal sobre veículos no valor anual de 2 mil


euros, a cobrar nos distritos de Lisboa e do Porto, de modo a compensar a congestão crescente
que provocam nestas cidades.

Adicional que tem por fim compensar a congestão — taxa ou contribuição?

Imposto ser no Porto e em Lisboa apenas — problema de igualdade (103/3).


Valor de dois mil euros também parece excessivo — princípio da proporcionalidade

II. IRS

Caso prático nº 6. Ele e o Tóbi

Incidência subjectiva
Neste caso a incidência subjectiva é o veterinário (artigo 13º nº1 do Código de IRS)

Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


- 30 mil euros: Categoria B (artigo 3º nº1 alínea b)
- 2 mil euros da bolsa de estudo não está sujeita a IRS porque não encontramos norma de
incidência. Só tenho tributação em sede de IRS onde há norma de incidência.
- 500 euros: Categoria F (artigo 8º nº2 alínea d)) rendimentos prediais porque está a explorar um
imóvel

Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


Deve-se subtrair ao rendimento bruto as deduções específicas de modo a apurar o rendimento
líquido
- Categoria B (artigo 28º): A dedução específica depende do regime em que se enquadra,
nomeadamente o regime simplificado ou a contabilidade organizada. O veterinário fica no
regime simplificado (artigo 28º nº2). Aplicamos o artigo 31º nº1 alínea b) porque veterinário está
na lista a que se refere o artigo 151º (Código 1410). 30000 x 0,75 = 22,500€. Este é o
rendimento líquido da categoria B. A dedução foi de 7,500 euros.
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- Categoria F (artigo 41º): Vai-se reduzir todos os gastos suportados e pagos pelo sujeito passivo
para obter ou garantir tais rendimentos. Só posso levar à dedução específica, uma despesa que
esteja relacionada com a angariação do rendimento. Vamos ter um rendimento líquido de 500
euros.

Englobamento
- Artigo 22º
- Excepção ao englobamento (artigo 72º alínea e)) taxa especial: No final do ano o veterinário vai
declarar os rendimentos prediais de 500 euros, e tem automaticamente direito a uma taxa de
28%. 500 x 0,28 = 140. Esses 140€ são IRS pagos à parte. Mas o veterinário pode optar por
englobar (artigo 72º nº8). Logo, os 500 euros não são englobados.

Rendimento líquido global = 22,500€

Abatimentos
Temos de proceder aos abatimentos (artigo 56º-A). Não há abatimentos

Rendimento coletável = 22,500€

Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)


- Artigo 68º nº2 uma vez que o rendimento colectável é superior a 7035€
- 20100 x 0,238 =4743,60
- Excedente: 22,500 - 20100 = 2400
- 2400 x 0,37 = 888
- 888 + 4743,60 = 5631,60

Colecta do imposto: 5631,60 euros

Deduções à coleta (apurar o imposto devido)


- Artigo 78º
- 250 euros por mês dá 3000 euros a pagar prestações do crédito hipotecário. Isto foi depois de
2011 por isso não há dedução à coleta (artigo 78ºE c)).
- 100 euros por mês de gasolina, tem a ver com a actividade económica, por isso é uma dedução
específica. Por isso, isto ignora-se.

Neste caso prático não há nenhuma dedução à coleta. Logo, o imposto devido = 5631,60€

As deduções à coleta pressupõem sempre um gasto por parte do contribuinte.


- Havendo dependentes ou ascendentes, tenho direito a um montante fixo (artigo 78º-A)
- No artigo 78ºB temos a dedução das despesas gerais familiares
• Estão exceptuadas os sectores previstos nos artigos 78º-C a 78ºE
• Cabe aqui quase tudo, despesas como bilhetes de cinema, bilhetes de rock in rio — combate à
evasão fiscal, incentivando os contribuintes a pedirem factura em todas as suas aquisições.
Pedindo sempre factura, isso fica no sistema informático da autoridade tributária, o que
permite a autoridade tributária controlar os próprios comerciantes.
• Devido ao nº4, não se traz a dedução específica à dedução da colecta
- Artigo 78º F Dedução pela exigência de fatura
• Qualquer despesa em que peça fatura, tenho direito a uma dedução adicional
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• Cabeleireiros e oficinas, etc. É mais comum nestes casos haver fuga ao fisco.
• O legislador isolou estes sectores mais propensos à fraude.
**Se o veterinário tivesse pedido sempre fatura, talvez tivesse direito à dedução dos 250 euros.
- Artigo 78º nº7 : O legislador está a dizer que os contribuintes têm direito a uma série de
deduções à coleta, mas há um plafon global.

Retenção na fonte e pagamentos por conta

Neste caso prático não havia nenhuma dedução à colecta, o que significa que o IRS é 5631,60
euros. Este é o imposto devido. Agora temos de deduzir ao imposto devido a retenção na fonte.

O veterinário tem ou não retenção na fonte?


• Artigo 101º
• Os clientes deste veterinário não terão contabilidade organizada, logo não há retenção na
fonte.
• Se houvesse retenção na fonte, então aplicávamos o artigo 101º nº1 alínea b). Os 25% sobre
30 mil dava 7,500-
• Como neste caso não são mencionados pagamentos por conta, acabamos o caso prático aqui.

IRS devido = 5631,60

Caso prático nº 7. Estranho caso de vida


Receitas:
• 400€ reforma
• 400€ Dozinda a guardar a passagem de nível
• 1000€ de juros no banco
• 1000€ em uvas para sulfatar videira
• 500€ por mês de arrendar uma roulotte

Despesas:
• 750€ a tapar o tecto da roulotte
• 250€ tapar as frinchas das janelas
• 500€ na farmácia e comparticipada só pela metade

1. Incidência Subjectiva
• Artigo 13º do CIRS
• Estão em causa dois sujeitos passivos: Sousa e a Dozinda
• Nos termos do artigo 13º nº2, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado
individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela
tributação conjunta.
• Optamos pela tributação conjunta

2. Incidência Objectiva (Rendimento bruto de cada categoria)


• 400€ de reforma ! Categoria H pensões (artigo 11º alínea a) do CIRS)
• 400€ de salário ! Categoria A rendimentos de trabalhos dependentes (artigo 2º nº1 alínea a))
• 500€ arrendamento da roulotte ! Categoria F rendimentos prediais (artigo 8º nº4) **Estas
regras dos rendimentos prediais são um decalque do IMI.
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• 1000€ de juros no banco ! Categoria E rendimentos de capitais (artigo 5º nº2 alínea b))
• 1000€ em uvas ! Categoria B prestação de serviços (Artigo 3º nº1 alínea b) e artigo 24º nº1
alínea e)). Não é o artigo 24º que é uma norma de incidência — a norma de incidência é o
artigo 3º nº1 alínea b). Isto não é um rendimento agrícola porque para que haja um
rendimento agrícola tem de haver venda de produção própria.

3. Deduções Específicas (Rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria A ! Deduzem-se 4104 euros (artigo 25º nº1 alínea a)). Temos neste caso um
salário de 400 euros mensais, sendo que 400 X 14 meses = 5600 euros; 5600 euros - 4104
euros = 1496 euros. *Nota: Se recebesse 3000 euros, então deduziam-se os 3000 euros e o
rendimento líquido seria zero.
• Categoria E ! Os 1000 euros de rendimentos capitais não têm deduções específicas. Logo,
o rendimento líquido equivale a 1000 euros. Está em causa um rendimento puramente
passivo.
• Categoria F ! Nos termos do artigo 41º do CIRS, deduzem-se os gastos efectivamente
suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso,
foram gastos 1000 euros a tapar o tecto da roulotte e a tapar as frinchas das janelas. Ou seja,
6000 euros - 1000 euros = 5000 euros de rendimento líquido.**Se em vez de 1000 euros
tivesse posto vidros duplos e aquecimento centralizado, tinha gasto 7000 euros, então haviam
deduções? Não se enquadra nas excepções. Na categoria A está até a sua concorrência, aqui
não. Ficaria um valor negativo de rendimento líquido. Logo, há uma perda na categoria. Em
tese na categoria F eu posso apurar uma perda. Mas não era o caso.
• Categoria H ! Deduzem-se 4014 euros (artigo 53º nº2). Temos neste caso pensões de
reforma no valor de 400 euros mensais, sendo que 400 X 14 meses = 5600 euros; 5600 euros -
4104 euros = 1496 euros.
• Categoria B ! Aplica-se o artigo 28º, sendo que a determinação dos rendimentos faz-se com
base nas regras do regime simplificado uma vez que não se ultrapassa os 200 mil euros (artigo
28º nº2). Nos termos do artigo 31º que dispõe acerca do regime simplificado, aplicamos o
coeficiente de 0,35 por estar em causa um rendimento não previsto nas alíneas anteriores.
Logo, 0,35 X 1000 = 350 euros. **Benéfico para o contribuinte que vai poupar 650 euros. No
caso concreto, o Sousa não fez gastos.

4. Englobamento (Deve-se englobar o rendimento líquido das diferentes categorias)


• Artigo 22º CIRS
• Temos de ver os casos excepcionais em que não há englobamento (artigo 22º nº3)
- Artigo 71º — Taxas liberatórias
• Rendimentos capitais (artigo 71º nº1 alínea a)) ! 1000 euros. Há uma taxa de 28%
sobre 1000 = 280 euros. ** Quem aplica estes 28% é o banco por retenção na fonte.
Se não entregar ao Estado quem responde é o banco. Nos termos do artigo 71º nº6,
estes rendimentos podem ser englobados por opção dos respectivos titulares. No caso
prático diz-se que não englobaram. **O banco retém sempre os 28%. Quando o
contribuinte opta por englobar, fazemos duas operações: 1. somar o rendimento (1000
euros) ao rendimento líquido global. 2. Vamos subtrair ao imposto devido o que ficou
retido na fonte pelo banco. A consequência de optar-se pela taxa liberatória é que não
temos de declarar no final do ano.
- Artigo 72º — Taxas especiais
• Rendimentos prediais (artigo 72º nº1 alínea e)) ! 5000 euros. Nos termos do artigo
72º nº8, os rendimentos prediais podem ser englobados por opção dos respectivos

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titulares dependentes. Aplica-se a taxa especial de 28% sobre o rendimento líquido.


5000 euros X 0,28 = 1400 euros. O imposto devido sobre os rendimentos prediais são
1400 euros a pagar no final do ano. Durante o ano podem ter ocorrido retenções na
fonte nos termos do artigo 101º nº1 alínea e), aplicando-se uma taxa de 25%. Neste
caso, como era um estudante, não faz sentido que tenha contabilidade organizada.
Aplica-se a taxa de 25% sobre os rendimentos brutos. Temos de subtrair depois os
1400 pelo que resulta dos 25% sobre o rendimento bruto.**Porquê que umas taxas
são especiais e outras liberatórias? Nas taxas especiais não há retenção na fonte,
enquanto que nas taxas liberatórias há retenção na fonte. No caso das taxas especiais,
o contribuinte declara no fim do ano e automaticamente é aplicada a taxa.

Na resolução deste caso prático, optamos por englobar todas as categorias.


Sendo englobado os rendimentos das Categorias E e F = 1496 + 1496 +350 +1000 + 5000 = 9342
euros (na resolução do resto do caso, optamos por englobar). Temos o rendimento líquido global
de 9342 euros.

5. Abatimentos
Os únicos abatimentos que existem são os relativos a contribuintes com deficiências (artigo 56º-A
do CIRS).

Rendimento coletável = 9342

6. Taxas de IRS (Apura-se a coleta do imposto)


• Artigo 69º nº1: Nos casos em que haja opção pela tributação conjunta, as taxas aplicáveis são
as correspondentes ao rendimento colectável dividido por dois — 9342/2 = 4671
• Artigo 68º: 4671 é inferior a 7035 sendo que não se aplica o artigo 68º nº2
• Aplicamos a taxa de 14,5
• 4671 X 0,145 = 677, 29

Temos de multiplicar por 2: 677,29 X 2= 1354,58 — Coleta do Imposto

7. Deduções à coleta (à coleta do imposto vão se deduzir determinadas despesas).


• Artigo 78º nº1 alínea c) despesas de saúde
• Artigo 78º-C nº1 dedução de despesas de saúde
• 15% de 250 euros =37,5
• 1354,58- 37,5 euros = 1317, 08 — Imposto devido

O artigo 70º (mínimo de existência) diz que quando os rendimentos são baixos, tem de se assegurar
a sobrevivência do contribuinte, o que significa que não há tributação. Se se aplicar o mínimo de
existência, não se aplicam as taxas do artigo 68º. O imposto devido passa a ser 0 (zero), não pagam
IRS.
• Critério qualitativo = rendimentos predominantemente originados nas categorias A e H. Para
apurarmos estes rendimentos, vamos olhar para os rendimentos brutos. 5600 + 5600 = 11,200
é mais de metade. Logo, A e H são predominantes. O que conta é a fatia A e H ser mais de
metade, ou ser a maior das fatias? Aplicando o princípio da capacidade contributiva
inteiramente, é indiferente de onde vem o rendimento, não se diferenciaria as categorias de

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rendimento. Temos aqui uma discriminação qualitativa. Ou isto é redondamente


inconstitucional, ou então tenho de fazer uma interpretação mais conforme com o princípio da
capacidade contributiva. Predominantemente, assim, tem de ser equivalente a uma maioria
simples (maior das fatias). A e H somadas têm de ser a maior das fatias. ** Ter em conta que a
autoridade tributária diz mais de 50%
• Critério quantitativo: O rendimento tem de ser baixo (quantitativo). “rendimento líquido” —
ver quanto sobra ao contribuinte depois do imposto. O rendimento disponível = rendimento
bruto total - IRS devido

Rendimento disponível = 19200 - 1317,08 = 17882,92. Como fica acima de 8500€, não se aplica o
mínimo de existência.

Se o imposto devido fosse a zeros, terminava o cálculo do IRS? Ou teríamos ainda que verificar
alguma coisa? Temos de fazer retenções na fonte de quaisquer das formas. Podem ter sofrido
retenções na fonte e o Estado lhes deve isso.

No artigo 70º nº2 opera uma majoração do mínimo de existência, sempre que estejamos perante
famílias numerosas. Ou seja, o mínimo de existência não é igual para todos. É aplicado aos
agregados familiares numerosos. No nº2 já não há o critério qualitativo.

No artigo 70º nº3: Se eu estiver perante contribuintes que se declarem separadamente, e tenham este
número de dependentes, vou dividir por dois o valor. Se estou a dividir por dois para efeitos do nº2
tenho de dividir para efeitos do nº1. Ou seja, neste caso também dividimos 8500 por dois.

8. Retenções na fonte e Pagamentos por conta


- Retenções na fonte: artigo 99º nº1 (rendimentos de trabalho dependente e pensões)
- No artigo 101º estabelece-se que também há retenção na fonte sobre outras categorias (B, F, E).

Categoria B (1000 euros em uvas):


• Regra: Não se faz retenção na fonte de pagamentos em espécie
• Há casos específicos em que a lei admite que se faça uma equivalência em dinheiro, mas via
de regra rendimentos em espécie não têm retenção na fonte.

Isto não significa que não vai pagar impostos, só que não os paga ao longo do ano, e sim no final do
ano.

Categoria A (400 euros de salário mensal) - É obrigatório haver retenção na fonte


• Aplicamos o artigo 99º-C nº1
• Temos de ir às tabelas de retenção na fonte
• Não há retenção na fonte

Aplicamos a Tabela II ou III? A diferença é único titular ou dois titulares. A Dozinda tinha
rendimentos englobáveis e o Sousa também, nesse caso aplica-se a tabela III (dois titulares). Ambos
têm de ter rendimentos englobáveis.

Categoria H (400 euros de pensão de reforma)


• Aplicamos o artigo 99º-D
• Temos de ir às tabelas de retenção na fonte (Tabela VII)
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• Não há retenção na fonte

Categoria F (6000 euros de arrendamento da roulote)


• Artigo 101º
• É necessário que o cliente, neste caso o estudante, tenha contabilidade organizada
• Parece duvidoso que o estudante tenha contabilidade organizada
• Caso tivesse, aplicávamos a alínea e) e uma taxa de 25%
• 6000 X 0,25 = 1500

Categoria E (1000€ de juros)


• Como optamos por englobar estes rendimentos, o banco não reteve os 28%
• Temos agora de deduzir
• Artigo 71º nº1 alínea a) 28%
• Decidimos que iam optar pelo englobamento. Logo, os 1000 euros de juros foram postos no
rendimento liquido global. Agora vamos subtrair 280 euros ao imposto devido (1317,08).

*Neste caso compensou terem optado por englobar porque a taxa de IRS que foi aplicada foi de
14,5% em vez de 28%. Compensa englobar se os contribuintes tiverem rendimentos modestos.

A única retenção que tivemos foi a da taxa liberatória de 280. Por isso devemos subtrair 1317,08-
280 = 1037,08.

Questão: Se não tivéssemos englobado a categoria F, o que teria acontecido?


- Em vez de englobarem os rendimentos prediais, preferiram uma taxa especial
- Teríamos aplicado a taxa de 28% ao rendimento líquido
- Têm automaticamente direito a 28% sobre os 5000 euros, porque tributamos sobre os
rendimentos líquidos
- 5000 X 0,28 = 1400 euros
- Só que ao longo do ano, mais uma vez, o inquilino quando paga as rendas pode ter retido na
fonte. Ele tinha alugado a roulotte a uma empresa, em vez de alugar ao estudante. Esse inquilino
tinha contabilidade organizada. A retenção era de 25% nos termos do artigo 101º nº1 alínea e).
- 25% sobre o rendimento bruto = 1500
- 1400 - 1500 = -100
- Subtrai-se a taxa de 28% sobre o rendimento líquido, pela taxa de 25% de retenção na fonte.

Caso Prático nº 8 - Carlos Tradutor

Receitas:
• 40.000 € na Tradução (Carlos)
• 4.000 € dividendos (Marisa)
• 400 €/ mês hospedeira (Marisa)
• 5.000 € arrendamento (Carlos)
• 5.000 € fixação do Placard (Carlos)

Despesas:
• 2.500€ viagem (Carlos)
• 500€ curso intensivo (Carlos)
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• 5.000€ donativo ao Clube Recreativo dos Tradutores (Carlos)


• 2.000€ propinas do filho (Carlos)

1. Incidência subjectiva
- Artigo 13º do Código de IRS
- Agregado Familiar (artigo 13º nº4 e artigo 13º nº5)
- Cônjuges (tributação conjunta)
- Filho Josias

2. Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto)


• 40.000 euros tradução ! Categoria B (artigo 3º nº1 alínea b)) prestação de serviços
• 4.000 euros dividendos ! Categoria E (artigo 5º nº2 alínea h)) rendimentos de capitais
• 400 euros/mês hospedeira !Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a)) rendimentos de trabalho
dependente (5600 euros)
• 5000 euros arrendamento ! Categoria F (artigo 8º nº2 alínea a)) rendimentos prediais
• 5000 euros fixação de placar ! Categoria F (artigo 8º nº2 alínea d)) rendimentos prediais

3. Deduções Específicas (apurar o rendimento líquido)


• Categoria A ! 400 x 14 = 5600 euros. 5600 euros - 4104 euros = 1496 (artigo 25º nº1 alínea
a))
• Categoria B ! Artigo 28º nº2 regime simplificado. Coeficiente do artigo 31º nº1 alínea b)
(tradutor, código ou verba 1334). 0,75 X 40000 = 30.000 euros. A dedução foi 10 mil euros.
As despesas que ele fez não são tidas em conta, porque quando aplicamos o coeficiente temos
uma presunção de despesa.
• Categoria E ! Não têm deduções específicas = 4000 euros. Se A e B ficarem parados, são
tributados a 28%, se optarem por englobar, só podem englobar metade (2000 euros) - artigo
40º-A nº1.
• Categoria F ! Nos termos do artigo 41º do CIRS, deduzem-se todos os gastos suportados e
pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso não há
deduções, no que diz respeito aos 5000 euros no arrendamento e 5000 euros na fixação do
placard.

4. Englobamento (englobar o rendimento líquido para apurarmos o rendimento líquido global)


(artigo 22º)
Em regra, engloba-se mas há casos excepcionais em que não se engloba:
- Artigo 71º (taxas liberatórias): Rendimentos de capitais, de categoria E (artigo 71º nº1 alínea a)).
É aplicada a taxa liberatória de 28%. Quem aplica estes 28% é a sociedade por retenção na fonte.
Temos de aplicar os 28% sobre os 4000 euros de dividendos. Isto equivale a 1120 euros. Esta
retenção feita pela sociedade é feita sempre, independentemente do contribuinte optar pelo
englobamento. Se a sociedade não retiver há responsabilidade. Se optarmos por englobar, temos
de dividir os 4000 euros por dois devido ao artigo 40º-A (há uma dupla tributação económica
entre IRS e IRC neste caso. Depois de tributado o IRC, a empresa distribui o lucro pelos
accionistas. Para evitar uma dupla-tributação, o CIRS estabelece que se o contribuinte decidir
englobar, só engloba metade). Ou seja, optando por englobar englobamos apenas 2000 euros.
- Artigo 72º (taxas especiais): É o contribuinte que declara o rendimento predial no fim do ano ,
não há aqui retenção na fonte. É uma taxa que se aplica no final do ano. Rendimentos prediais,
de categoria F (72º nº1 alínea e)). Temos de aplicar a taxa de 28% sobre os 5000 euros ganhos no
arrendamento. Isto dá 1400 euros que vão ser tributados à parte. Durante o ano podem ter

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ocorrido retenções na fonte nos termos do artigo 101º nº1 alínea e), aplicando-se uma taxa de
25%. Ao longo do ano, quando se recebe o pagamento das rendas, o Sindicato dos Tradutores
Orientais pode ir fazendo retenções na fonte, se tiver contabilidade organizada.

Em ambos os casos há a opção de englobamento. No que diz respeito aos rendimentos capitais,
podem ser englobados nos termos do artigo 71º nº6. No que diz respeito aos rendimentos prediais,
podem ser englobados nos termos do artigo 72º nº8.

São englobadas as Categorias: A + B + E + F = 1496 + 30.000 + 2000 + 10.000 = 43496— Nos


termos do artigo 40º-A optando por englobar a categoria E, só podem englobar metade, isto é 2000
euros.

5. Abatimentos
Não há abatimentos, só nos casos de contribuintes com deficiências (artigo 56º do CIRS)

Temos o rendimento coletável = 43.496

Ao rendimento colectável vamos ter de fazer o splitting


- Artigo 69º nº1 - Quociente familiar
- Divide-se 43.496 por dois = 21748

6. Taxas de IRS (Apurar a coleta do imposto)

Aplicamos o artigo 68º nº2 uma vez que o rendimento é superior a 7035 euros.
- Primeira parte: Aplica-se o segundo escalão e por isso a taxa é 23,6
- 20100 X 0,236 = 4.743,6
- Excedente = 21.748 - 20100 =1648
- Segunda parte: Ao excedente aplica-se a taxa da Coluna A do escalão imediatamente superior
- 1648 X 0,37 =609,77
- 4743,6 + 609,77 =5353,37

Agora deve multiplicar-se o resultado por dois = 10.706,72 (artigo 69º nº3). Esta é a coleta do
imposto.

*Neste caso, foram tributados por uma taxa na margem de 37, o que significa que não
compensou terem englobado.

7. Deduções à coleta
- Artigo 78º-D despesas de educação e formação (2000€.) Gastou 2000€ x 30% = 600 euros
- Artigo 78º-A nº1 alínea a): 600 euros por cada dependente
- Artigo 78º nº1 alínea k) (benefícios fiscais): Foi feito um donativo no valor de 5000€. Deve-se
remeter para o artigo 63º nº1 do EBF. Estas normas de antes figuravam de um Estatuto
autónomo. Estas normas dirigem-se em primeira linha às empresas. Normalmente são as
empresas que fazem um donativo. Depois, quando os donativos são feitos por pessoas singulares
temos de partir do artigo 63º, que remete para os artigos anteriores. Temos então de ir aos artigos
anteriores e ver duas coisas.

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1. Entidade a quem estou a fazer o donativo releva para efeitos fiscais: Tenho de ver se o clube
recreativo pode ser enquadrado em algum dos donativos anteriores (Mecenato cultural, 62º
nº1 alínea c))
2. Ver se há alguma limitação (limite feito em pernilagem): No artigo 62º-B nº5, até ao limite
de 0,8%. Isto é para evitar abuso de empresas.

Quais são os casos em que não há limites de pernilagem? E aí, podendo deduzir 25%?
• Os casos do artigo 62º nº1. Eu posso oferecer a estas Entidades, todo o dinheiro que quiser, que não
há qualquer limitação para efeitos do IRS. Aí, sim, as empresas podem ser generosas o quanto
quiserem.

No artigo 63º nº2 há uma majoração de 130%. Eu ofereço 1000 mas o que vai contar vão ser 1300.

Logo, aplicamos a alínea b) do artigo 63º do EBF.


- Ofereceram 5000, 25% de 5000 = 1250, vou poder deduzir este valor desde que não ultrapasse
15% da coleta.
- 10706,72 X 15% = 1606,008
- 1250€ não fura o limite. Por isso, deduz-se 1250€

Foram gastos 500€ no curso intensivo — As deduções à colecta têm a ver com o agregado. Esta
dedução com a despesa de formação é uma dedução específica porque tem a ver com a atividade da
Categoria B.

Agora, temos de aplicar a fórmula do artigo 78º nº7 alínea b). Esse plafon não se aplica a todas as
deduções à coleta: alíneas c) a h) e k).
- Educação (600€)
- Donativo (1250€)

Os 600€ não está abrangida pelo plafon. Porquê? É uma dedução fixa que não depende de nenhum
gasto, não podendo o contribuinte abusar destes valores. A razão pela qual se estabeleceu este
plafon foi porque o FMI queria. Os 600 euros dos dependentes não dependem de uma despesa
efectiva. Quanto às restantes despesas temos um plafon.

Tenho 1850 euros de deduções abrangidas pelo plafon.

Vamos ter de aplicar a fórmula. Quando temos contribuintes casados, o rendimento colectável a que
se refere a fórmula é o rendimento depois de ter feito o splitting 21748. Vamos ter de injectar esse
valor na fórmula e ver quanto isso vai dar.

O resultado foi 2197€ de plafon. A soma das deduções à coleta não pode exceder este valor. E não
excede.

Deduzimos à coleta 2450€ = 8256,72 (imposto devido)

8. Retenção na fonte e pagamentos por conta

Temos de fazer a retenção na fonte do rendimento bruto de cada categoria (artigos 99º-101º)

Categoria B (40.000 euros)

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• Aplicamos o artigo 101º que diz respeito à retenção na fonte de rendimentos de outras
categorias
• O nº1 do referido preceito estabelece que para que haja retenção na fonte, a entidade tem de
dispor de contabilidade organizada.
• Não obstante, se considerarmos que quem paga ao tradutor tem contabilidade organizada,
então aplicamos o artigo 101º nº1 alínea b) que dispõe que devemos aplicar a taxa de 25%.
40.000 X 0,25= 10.000 euros de retenção na fonte

Categoria A (400 euros mensais)


• Aplicamos o artigo 99º e 99º-C, sendo que devemos ir às tabelas de retenção na fonte
• Indo à tabela III verificamos que não há retenção na fonte. Rendimento que têm de ser
englobáveis: só falamos dos rendimentos obrigatoriamente englobáveis e não dos que são por
opção.

Categoria F (10.000 euros)


• Mais uma vez aplicamos o artigo 101º por estar em causa a categoria F
• O sindicato dos Tradutores Orientais teria de ter contabilidade organizada de modo a que
houvesse retenção na fonte
• Caso dispusesse de contabilidade organizada, aplicamos a alínea e) do nº1 do artigo 101º
• Devemos aplicar uma taxa de 25%
• 10.000 X 0,25 =2500 euros

Categoria E (4000 euros de dividendos)


• Como nós optámos por englobar a Categoria E, o sociedade fica com os 28%. Logo, devemos
subtrair agora os 1120 euros.
• Temos de subtrair aos 9356,78 os 1120 €

Tudo isto deduzido, dá -5363,72

** Além das retenções na fonte, se calhar o contribuinte fazia pagamentos por conta.

Caso Prático nº 9 - A Serpente do Cazaquistão

Receitas:
• 40,000 € de cachet (Abdulá Marajá)
• 2000 €/ mês veterinária (Soraia)
• 5000 € juros dos depósitos bancários (Abdulá e Soraia)

Despesas:
• 10,000 € despesas médicas
• 5000 € serpentes
• 2500€ flautas
• 10,000 € seguro de vida

1. Incidência Subjectiva
- Artigo 13º do Código de IRS
- Artigo 13º nº4 Agregado familiar composto pelos cônjuges (Abdulá e Soraia) e os dependentes
que nos termos do artigo 13º nº5 são os filhos e menores sob tutela (7 dependentes), a tutela tem
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de ser decretada pelo Tribunal. Presumindo que a tutela foi decretada pelo tribunal, temos 7
dependentes.

2. Incidência Objectiva (Apurar o rendimento bruto de cada categoria)


• 40,000 € dos cachets ! Categoria B (artigo 3º nº1 alínea b)) prestação de serviços
• 28,000€ de salário ! Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a)) trabalho dependente
• 5000€ juros ! Categoria E (artigo 5º nº2 alínea b)) rendimentos de capitais

3. Deduções Específicas (Apurar o rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria A ! Deduzimos 4104 € nos termos do artigo 25º nº1 alínea a). Logo, 28000 - 4104
= 23896 € de rendimento líquido
• Categoria B ! Temos de aplicar o artigo 28º. Nos termos do nº2 aplicamos o regime
simplificado uma vez que não se ultrapassa o valor de 200 mil euros. Logo, devemos de ter
em conta o artigo 31º. Neste caso, aplicamos o artigo 31º nº1 alínea b) visto que a atividade
profissional em causa, consta da tabela a que se refere o artigo 151º (verba 2015 outros
artistas). Logo, 40,000 X 0,75 = 30,000 € de rendimento líquido
• Categoria E ! Não têm deduções específicas pela própria natureza. O rendimento líquido é
igual ao rendimento bruto. Logo, temos 5000 € de rendimento líquido.

4. Englobamento (Apurar o rendimento líquido global)


• Nos termos do artigo 22º o englobamento é a regra
• Contudo, devemos ter em conta as excepções do englobamento previstas nos artigos 71º
(taxas liberatórias) e 72º (taxas especiais)
- Nos termos do artigo 71º nº1 alínea a), aos rendimentos capitais, aplica-se a taxa
liberatória de 28%. 5000 X 0,28 = 1400 € que são retidos pelo banco.
- Nos termos do artigo 71º nº6, estes rendimentos podem ser englobados por opção dos
respectivos titulares.
- Se optarmos por englobá-los, então devemos ter em conta que, por um lado, vamos
somar o rendimento de 5000 euros ao rendimento líquido global, e por outro, que vamos
ter de, depois, subtrair à coleta os 1400€. **Devemos ter em atenção que mesmo
optando pelo englobamento, o banco aplica a taxa de 28%, e por isso no fim teremos de
deduzir este valor. A consequência de se optar pela aplicação da taxa liberatória é que
não teria de se declarar no final do ano.
Neste caso, optamos por englobar todas as categorias A, B e E = 58896 € de rendimento líquido
global.

5. Abatimentos (Apurar o rendimento coletável)


• Os únicos abatimentos que existem são os relativos a pessoas com deficiências (artigo 56º-A).
Logo, neste caso não há abatimentos.

Rendimento coletável = 58,896 €

Em primeiro lugar devemos aplicar o quociente familiar constante do artigo 69º nº1. Divide-se o
rendimento coletável por dois. 58896/2 = 29448 €.

6. Taxas de IRS aplicadas ao rendimento coletável (Apurar a coleta do imposto)

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Agora, devemos aplicar as taxas de IRS constantes do artigo 68º. Uma vez que o rendimento
coletável é superior a 7035 €, aplicamos o artigo 68º nº2.
• Aplicamos o segundo escalão 7035 a 20100
• 20100 X 0,236 = 4743,6
• Excedente: 29448 - 20100 = 9348
• 9348 X 0,37 =3458,76
• 4743,6 + 3458,76 = 8202,36

Agora, devemos desfazer o quociente familiar multiplicando, nos termos do artigo 69º nº3, 8202,36
por dois = 16,404.72 ! Coleta do Imposto

* Neste caso foram tributados por uma margem de 37% o que significa que não compensou ter
englobado visto que, aplicando-se a taxa liberatória seria de 28%.

7. Deduções à coleta (Apurar o imposto devido)

De modo a apurar as deduções à coleta devemos ir ao artigo 78º do Código de IRS.

Nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea a) por cada dependente é deduzido o montante fixo de 600€.
Neste caso temos 7 dependentes.
- 600 X 7= 4200 €

Nos termos do artigo 78º-C também devemos deduzir as despesas de saúde. Deduz-se um montante
correspondente a 15% do valor suportado, com o limite global de 1000 €.
- 10000 X 0,15 = 1500 €
- Contudo, como isto ultrapassa o limite global de 1000€, deduzimos apenas 1000€

Antes havia uma dedução para os seguros de vida. Agora não há dedução para os seguros de vida.

Temos o plafon do artigo 78º nº7, mas esse plafon não se aplica aos 4200. Aplica-se aos 1000 que
estão sujeitos ao limite do plafon do artigo 78º nº7. Teríamos de ver se fura o limite ou não,

Metemos o rendimento coletável depois de feito o splitting: 29448

Aplicando a fórmula o limite dá 2038. Mas devemos acrescentar ao limite o disposto no artigo 78º
nº8. O limite é majorado em 5% por cada dependente. 5% de 2038 = 101,9 x 7 (dependentes) =
713.3. O que significa que o limite é, na realidade 2038 + 713.3 = 2751,3€

16,404.72 - 5200 = 11204,72

8. Retenção na fonte e pagamentos por conta

Nos termos do artigo 78º nº2 são ainda deduzidos à coleta os pagamentos por conta do imposto e as
importâncias retidas na fonte.

As retenções na fonte apuram-se dos rendimentos brutos de cada categoria.

Categoria A (2000 euros/ mês)

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• Os rendimentos de trabalho dependente estão sujeitos a retenção na fonte nos termos do artigo
99º nº1 alínea a)
• Devemos aplicar o artigo 99º-C que remete para as tabelas de retenção na fonte
• Devemos apurar qual a Tabela aplicável
• Aplicamos a Tabela III (casado, dois titulares)
• Até 2066 €, havendo 5 ou mais dependentes aplica-se a taxa de 17,6%
• 28,000 x 0,176 = 4928 € de retenção na fonte

Categoria B (40,000 €)
• Aplicamos o artigo 101º nº1 alínea b) se admitirmos que quem paga ao encantador de
serpentes pelos seus serviços dispõe de contabilidade organizada.
• Logo, aplicamos a taxa de 25%
• 40,000 x 0,25= 10,000 € de retenção na fonte

Categoria E (5000 €)
• Como optámos por englobar, os 1400 € que resultam da aplicação da taxa de 28% têm de ser
deduzidos agora
• Deduzimos 1400 € de retenção na fonte

Logo deduzimos: 16328

11204,72 - 16328 = - 5123,28

Caso Prático nº 10 - A irmã rejeitada

Receitas:
• 3000€/mês (Administrador)
• 1000€/ano (bónus de ligação)
• 500€/mês (subsídio de guarda-roupa)
• 20,000€ (Prémio)
• 10,000€ (pensão de alimentos)
• 10,000€ (vidente)

Despesas:
• 5000€ (psiquiatra)
• 2000€ (propinas)
• 1000€ (equipamento)
• 500 € (congresso)
• 2000€ (empresa)
• 10,000€ (donativo)

1. Incidência Subjectiva

Neste caso temos como sujeitos passivos, Júlio Falcão que é casado com Dara, e uma dependente,
nomeadamente Ianca, nos termos do artigo 13º nº5 (menor sob tutela, sendo que esta tutela tem de
ser judicial).
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Nos termos do artigo 13º nº4 alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges e
respectivos dependentes. Vamos assumir pela tributação conjunta de Júlio Falcão e Dara (artigo 13º
nº3)

2. Incidência Objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


• 42,000 €, Administrador !Categoria A (artigo 2º nº3 alínea a)) rendimentos de trabalho
dependente
• 1000 € bónus ! Categoria A (artigo 2º nº3 alínea b)) remuneração acessória. Quem paga esse
bónus é a empresa. O princípio é que tudo o que é pago pela entidade patronal ao contribuinte
é rendimento da Categoria A, não importa o nome.
• 500€/mês subsídio de guarda-roupa ! Categoria A (artigo 2º nº3 alínea b)) remuneração
acessória. 500 x 12 = 6000 €. Nós optámos por multiplicar por 12 meses, mas tudo depende
do que foi convencionado pelo trabalhador com a entidade patronal.
• 20,000€ prémio ! Categoria A (artigo 2º nº2)
• 10,000€ pensão de alimentos ! Categoria H (artigo 11º nº1 alínea a))
• 10,000€ vidente ! Categoria B (artigo 3º nº1 alínea b)) prestação de serviços

3. Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria A ! Deduzem-se 4104 € nos termos do artigo 25º nº1 alínea a). 69,000- 4104 =
64,896€
• Categoria B ! Nos termos do artigo 28º nº2 aplica-se o regime simplificado, uma vez que
não foram auferidos rendimentos num valor superior a 200 mil euros. Aplica-se o coeficiente
0,35 da alínea c) do artigo 31º uma vez que a prestação de serviços em causa não se encontra
listada na lista a que se refere o artigo 151º do C.IRS. 10,000 x 0,35 = 3500€.
• Categoria H ! Deduzem-se 4104 € nos termos do artigo 53º nº1. 10,000 - 4104 = 5896 €

4. Englobamento (apurar o rendimento líquido global)


Nos termos do artigo 22º do CIRS, a regra é que se deve englobar o rendimento líquido das
categorias. Contudo, não são englobados os rendimentos referidos nos artigos 71º e 72º.
• Nos termos do artigo 72º nº5, as pensões de alimentos (às quais se refere o artigo 83º-A) são
tributadas autonomamente com uma taxa especial de 20% que se aplica ao rendimento líquido da
pensão.
• 5896x 0,2 = 1179,2€ que vão ser tributados à parte. Não temos de ver a retenção na fonte porque
não há retenção na fonte de pensões de alimentos (artigo 99º nº1 alínea b)). Não há retenção na
fonte porque quem paga é a ex-mulher, então não se exige isto.
• Contudo, nos termos do artigo 72º nº8 os rendimentos previstos no nº5 podem ser englobados por
opção dos respectivos titulares. Vamos optar pelo englobamento.

Devemos englobar as categorias A + B + H ! 64,896 + 3500 + 5896 = 74,292€ rendimento


líquido global.

5. Abatimentos (apurar o rendimento coletável)


Nos termos do artigo 56º-A os únicos abatimentos que existem são os relativos a contribuintes com
deficiências. Logo, não há abatimentos neste caso.
Rendimento coletável = 74,292€

Agora, procedemos ao splitting nos termos do artigo 69º nº1, isto é o quociente familiar.

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74292/2 =37,146.00

6. Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)


!Artigo 68º nº2: Como o quantitativo do rendimento coletável é superior a 7035, dividimos em
duas partes:
- Aplicamos o 2º escalão (de 7035 a 20100)
- 20100 x 0,236 = 4743.6
- Excedente: 37146 - 20100 = 17046
- 17046 x 0,37 = 6307.02
- 4743.6 + 6307.02 = 11050.62

! Artigo 69º nº3: Temos de desfazer o splitting, multiplicando por 2.


11050.62 x 2= 22101.24 €

Coleta do imposto = 22101.24€

7. Deduções à coleta (apurar o imposto devido)


• Artigo 78º-A nº1 alínea a): Vamos deduzir 600 € por termos um dependente (Ianca)
• Artigo 78º-C nº1: 5000 x 15% = 750 € (psiquiatria, saúde)
• Artigo 78º-D nº1: 2000 x 30% = 600 € (propinas, educação)
• Artigo 78º nº1 alínea k) - Donativo da Igreja benefícios fiscais
- Vamos aplicar o Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF)
- Aplicamos o artigo 63º nº2 do EBF
- 130% de 10,000 = 13,000
- 25% de 13,000 = 3250
- 15% de 22101.24 = 3315.186
- Uma vez que o valor de 3250 não excede 15% da colecta, a dedução é de 3250.

Agora temos de ver se estas deduções à coleta furam o plafon estabelecido pelo artigo 78º nº7.
Aplicamos a fórmula da alínea b). Mas antes temos de dividir o rendimento coletável por 2.

74,292€/2 = 37.146,00

O valor que obtive com a aplicação da formula foi: 1880.98. Ora, a soma das deduções à coleta
(4600) excedem este valor, pelo que somente se poderá deduzir 1880,9€.

22101.24€ - 1880,98 -600 = 19620,26

Imposto devido = 19620, 26

8. Retenção na fonte e pagamentos por conta (apurar o imposto devido)

Há 3 pagamentos por conta no valor de 1000 euros que devem ser deduzidos.

Retenção na fonte:
• Categoria A: Artigo 99º-C que remete para as tabelas.
• Nos primeiros 11 meses auferiu 3500 euros. Até 4072 euros, com um dependente, aplica-
se a taxa de 30,7%. 3500 x 0,307 = 1074,5 x 11 = 11819,50

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• No 12º mês, auferiu-se 21000 + 3500 = 24500€, o que significa que há retenção na fonte.
Vamos à tabela III (casado, dois titulares) porque ambos têm rendimentos englobáveis.
Até 25,000 aplica-se a taxa de 44,3%. 24500 x 0,443 = 10,853.5.
• Nos meses do subsídio de férias e de subido de natal, que são meses fictícios ele só
recebe 3000€ porque não há subsidio de guarda-roupa nesses meses fictícios. Esta é uma
retenção na fonte autónoma. 3000€ na tabela aplica-se a taxa de 0,28 = 840 x 2= 1680€
• Categoria B: Rendimento bruto de 10,000 €. Só haverá uma retenção na fonte se quem paga à
vidente dispuser de contabilidade organizada.
• Categoria H: Não há retenção na fonte de pensões de alimentos (artigo 99º nº1 alínea b)).

Devemos deduzir a retenção na fonte e os pagamentos por conta.

19620,26 - 24353- 1000 = - 7732,74€ reembolso no final do ano

Caso Prático nº 11 -Uma estudante desgraçada

Receitas:
• 300€/ 3 meses (guia turística)
• 2500€ (arrendamento)
• 200€ (juros do depósito bancário)
• 20,000€ (venda do lote de acções)
• 2000€ (dividendos)
• 10,000€ (lucros distribuídos pela sociedade)
• 100,000€ (venda de terreno)

Despesas:
• 10,000€ (compra do lote de acções)

1. Incidência Subjectiva
Neste caso temos como sujeitos passivos Teodora e Mateus, que são casados. Vamos assumir pela
sua tributação conjunta nos termos do artigo 13º nº3.

2. Incidência Objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


• 900€ (guia turística) ! Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a)) Trabalho por conta de outrem
• 2500€ (arrendamento) ! Categoria F (artigo 8º nº2 alínea a)). Rendimentos prediais, desde
que não optem pela sua tributação no âmbito da categoria B.
• 200€ (juros do depósito) ! Categoria E (artigo 5º nº2 alínea b)) rendimentos de capitais
• 10.000€ (venda do lote de acções) ! Categoria G (artigo 9º nº1 alínea a) e artigo 10º nº1
alínea b)).
• 2000€ dividendos ! Categoria E (artigo 5º nº2 alínea h)) rendimentos de capitais (lucros por
sociedades de quotas, lucros por sociedades anónimas)
• 10,000€ lucros distribuídos pela sociedade ! Categoria E (artigo 5º nº2 alínea h))
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• 100,000 € venda do terreno ! Categoria G (artigo 9º nº1 alínea a) e artigo 10º nº1 alínea a))
alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis. Como o prédio foi adquirido antes de
1989, não se tributem esses 100.000€ em sede de IRS de acordo com o diploma que aprova o
Código do IRS (442-A/88 artigo 5º). C.IRS ainda não tinha entrado em vigor. Como este
imóvel foi adquirido em 1986, esta mais-valia não é tributada.

3. Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria A ! As deduções específicas constam do artigo 25º. Nos termos do artigo 25º nº1
alínea a) devemos deduzir, até à sua concorrência 4104€. Logo, o rendimento líquido desta
categoria é 0. Não se pode apurar perdas na categoria A. Não pode haver um valor negativo.
• Categoria E ! Os rendimentos capitais assumem natureza passiva e por isso não há deduções
específicas destes mesmos. Isto significa que o rendimento bruto é igual ao rendimento
líquido, isto é, 12200€.
• Categoria F ! Nos termos do artigo 41º, devem deduzir-se todos os gastos efectivamente
suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos. Não havendo
informações de tais gastos, não há deduções específicas, pelo que o rendimento líquido
corresponde a 2500 €. O gasto não é presumido.
• Categoria G ! Devemos ter em consideração o artigo 42º nos termos dos quais as mais-
valias estão sujeitas a deduções específicas. Devemos então olhar para o artigo 43º.
- Venda do lote de acções: Nos termos do artigo 43º nº3, o saldo apurado entre as mais-valias
e as menos-valias respeitantes às operações previstas na alínea b) do nº1 do artigo 10º,
relativo a micro e pequenas empresas não cotadas nos mercados regulamentado ou não
regulamentado da bolsa de valores, quando positivo, é considerado em 50% do seu valor.
Se o lote de ações em causa tiver origem numa micro ou pequena empresa, o rendimento
líquido é: 20,000 - 10,000 = 10,000/ 2 = 5000 euros. Não sendo uma micro-empresa, o
rendimento líquido é 10,000€. *Rigorosamente a dedução específica nas mais-valias são as
constantes do artigo 51º.

4. Englobamento (apurar o rendimento líquido global)

Nos termos do artigo 22º, a regra é o englobamento. Contudo, devemos ter em conta os casos
excepcionais dos artigos 71º e 72º do C.IRS em que não há englobamento.

Artigo 71º (Taxas liberatórias)


• Rendimentos de capitais (artigo 71º nº1 alínea a): Aplica-se a taxa liberatória de 28%. 12200 x
0,28= 3416 é retido na fonte (pelo banco ou pela sociedade). Nos termos do artigo 71º nº6
poderá haver poção pelo englobamento, caso em que:
1. Temos de adicionar os 12200 ao rendimento líquido. Se bem que, devemos ter em conta o
artigo 40º-A, nos termos do qual os 12000 euros seriam considerados para efeitos de
englobamento apenas pela metade, de modo a evitar uma dupla-tributação. Logo,
englobaríamos 6,200€.
2. Teríamos de deduzir os 3416€ no final do ano, porque essa importância ficou retida na
fonte.

Artigo 72º (Taxas especiais)


• Nos termos da alínea e) os rendimentos prediais são tributados numa taxa autónoma de 28%.
2500 x 0,28 = 700€. Há opção pelo englobamento nos termos do artigo 72º nº8.

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• Nos termos da alínea c) o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias resultantes das
operações previstas na alínea b) (venda do lote de acções) está também sujeita à taxa
autónoma de 28%. O saldo positivo é 10,000 euros, logo aplica-se a taxa de 28%. 10,000 x
0,28 = 2800 euros. Há opção por englobamento destes rendimentos nos termos do artigo 72º
nº8.

Englobar categorias E, F e G => 6,200 + 2500 + 10000 = 18,700€

Rendimento líquido global = 18,700€

5. Abatimentos (apurar o rendimento coletável)

Não há abatimentos, por isso o rendimento colectável equivale a 18700€.

Rendimento colectável = 18700€

Agora, devemos proceder ao splitting, isto é, à aplicação do quociente familiar previsto no artigo
69ºnº1. Devemos dividir o rendimento colectável em dois. 18700/ 2= 9350€.

6. Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)

Artigo 68º: O quantitativo do rendimento colectável é superior a 7035 por isso dividimos em duas
partes.
- Escalão até 7035
- 7035 x 0,145 =1020,075
- Excedente = 9350 - 7035 =2315
- 2315 x 0,285 = 659.775
- 1020.075 + 659.775 = 1679.8

Agora devemos desfazer o quociente familiar nos termos do artigo 69º nº3. 1679.85 x 2 = 3359.7

Coleta do imposto = 3359,7

Artigo 70º- Mínimo de existência


1. Rendimentos predominantemente originados em trabalho dependente ou em pensões (maior das
fatias, maioria simples). Não é o caso.

7. Deduções à coleta (apurar o imposto devido)

Artigo 78º- não há deduções à coleta.

Imposto devido = 3359.7

8. Retenção na fonte e pagamentos por conta (apurar o imposto devido)

• Categoria A (300€/ 3 meses) - Artigo 99º. Devemos ir às tabelas de retenção na fonte,


nomeadamente a Tabela II (um titular, porque só ela tem rendimentos obrigatoriamente
englobáveis). Não há retenção.

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• Categoria E: Como optamos por englobar, devemos agora subtrair os 3416€.


• Categoria F: Artigo 101º nº1 alínea e), se quem arrenda a casa tem contabilidade aplica-se a taxa
de retenção de 25%. Contudo, não pareça que seja o caso visto que quem arrenda a casa são
campistas.
• Categoria G: Não há retenção na fonte de mais-valias. Não há norma de incidência no artigo
101º.

Devemos deduzir 3416€ dos 3359.7

3359.7 - 3416 = -56.3 (reembolso)

Caso prático nº 12: O Segurança Arrependido

Receitas:
• 500 €/ mês trabalho como segurança
• 200€/ mês subsídio de guarda-roupa

Despesas:
• 3000€ internamento hospitalar
• 5000€ doação à Irmandade das Carmelitas
• 2500€ curso de restauração de arte sacra

1. Incidência subjectiva

Neste caso temos apenas um sujeito passivo, nomeadamente Lúcio (13º nº1)

2. Incidência objectiva
• 500€/ mês (7000€): Rendimentos de Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a) trabalho dependente
• 200€/mês (2400€): Rendimentos de Categoria A (artigo 2º nº3 alínea b)) remunerações
acessórias
• 9400€ da Categoria A

3. Deduções específicas

Nos termos do artigo 25º nº1 do CIRS, aos rendimentos brutos da categoria A, deduz-se o montante
de 4104€.

Ora, 9400 - 4104 =5296 € (rendimento líquido)

4. Englobamento (apurar o rendimento líquido global)

Nos termos do artigo 22º a regra é que devemos englobar os rendimentos das diferentes categorias.
Uma vez que só temos rendimentos fonte de uma categoria, nomeadamente a categoria A, neste
caso não há englobamento.

O rendimento líquido global = 5296 €

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5. Abatimentos (apurar o rendimento coletável)


Nos termos do artigo 56º-A os únicos abatimentos que existem são os relativos a pessoas com
deficiências, o que significa que neste caso não há abatimentos.

Rendimento coletável = 5296 €

6. Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)


Como o rendimento é inferior a 7035 € não se divide em duas partes, e apenas aplicamos a taxa de
14,5 nos termos do artigo 68º.

5296 x 0,145= 767,92 (coleta do imposto)

7. Deduções à colecta (apurar o imposto devido)


• Artigo 78º-C: 15% de 3000 = 450 €
• Artigo 78º nº1 alínea k) benefícios fiscais, sendo que devemos ir ao EBF.
- Aplicamos o artigo 63º nº2
- 130% de 5000 = 6500
- Aplicamos a alínea b) do nº1 do artigo 63º
- 25% de 6500 = 1625
- 15% de 767,92 =115,188 - Só pode deduzir até este limite
• Artigo 78º-D, despesas de formação e educação: 30% x 2500 = 750€ porque não está
relacionado com algum dos rendimentos que está a angariar
• Doação de outros 5000 ao hospital (feita ao Estado):
- Artigo 62º nº1 EBF
- 25% de 5000 = 1250€

Imposto devido: 767,92 - 450 - 115,188 - 750 = -547,268

Sendo o valor negativo, vai-se a zeros. O imposto devido é zero.

8. Retenção na fonte

Rendimentos de Categoria A:
- Artigo 99º- A devemos ir às tabelas de retenção na fonte
- Aplicamos a Tabela I
- Ele recebe 700 € por mês nos primeiros 12 meses
- Nos restantes dois meses recebe apenas 500€ não havendo retenção na fonte
- Até 730€ aplica-se a taxa de 7,5%
- 700 x 0,075=52,5 de retenção na fonte por mês que terá de ser deduzida agora.
- 630 euros de retenção na fonte

Deverá haver o reembolso de 630€.

Caso prático nº 13: Mãezinha Riquita


1. Incidência Subjectiva

Temos como sujeito passivo neste caso, a Mãezinha.

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Temos neste caso 6 dependentes. Pelo facto de se ser maior não se está automaticamente excluído
do agregado familiar (artigo 13º nº5 alínea b)). Temos de ver se ele aufere um valor superior à
retribuição mínima mensal (salário mínimo que é 515 €). Estamos a falar de 515 ou 515 x 14? De
515 x 14 = 7210 €. Vamos presumir que ele já não é um dependente.

2. Incidência Objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


• Categoria H (pensão do falecido): 2000 x 14 = 28,000 (rendimento bruto)
• Categoria B (encomendas): 10,000€ (rendimento bruto) prestação de serviços (artigo 2º nº1
alínea b)). Esta prestação de serviços não consta da lista a que se refere o artigo 151º. Por
estar aqui mencionado que ela apenas “sabe fazer”, em princípio estamos a falar de uma
prestação de serviços e não de uma atividade comercial ou industrial. Ou seja, esta é uma
prestação de serviços mesmo que não esteja especificamente prevista na lista.

3. Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria H: Artigo 53º do CIRS, deduz-se 4104 euros. 28,000 - 4104 = 23896 euros
• Categoria B: Artigo 28º que remete para o artigo 31º regime simplificado. Neste caso
aplicamos o artigo 31º nº1 alínea c), e o quociente de 0,35. 10,000 x 0,35 = 3500 euros. Isto
significa que assumimos 6500 euros de custos. Se tivesse contabilidade organizada, deduzia o
preço do forno que eram 1500 euros. Por isso o regime simplificado é mais benéfico.

O forno que se estragou e que tinha o valor de 1500 euros, tem dois tipos de aplicação: utiliza para
o serviço mas para casa. Se tiver o regime simplificado tenho a opção de colocar isto como despesa
gerais familiares.

4. Englobamento (apurar o rendimento líquido global)


Artigo 22º do CIRS, o englobamento é a regra.

23896 + 3500 = 27396 euros

5. Abatimentos (apurar o rendimento coletável)


Não há abatimentos

6. Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)


Artigo 68º: divide-se em duas partes

Aplicamos o 2º escalão
- 20100 x 0,236 = 4743,6
- Excedente: 27396 - 20100 = 7296
- 7296 x 0,37 = 2699, 52
- 2699,52 + 4743, 6 = 7443,12 (coleta do imposto)

Neste caso não aplicamos o quociente familiar. Com a reforma do IRS, veio o quociente familiar,
que permitia não só dividir por dois, mas pelo número de dependentes também. Isto foi, contudo,
revogado. O legislador não alterou a epígrafe do artigo “quociente familiar”, mas devia ser
“quociente conjugal”.

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7. Deduções à coleta (apurar o imposto devido) — SE FOR NEGATIVO VAI A ZEROS


- 2500 euros de educação
- 750 euros de saúde
- 6 Dependentes

Artigo 78º-A deduz-se 600 euros por dependente. Logo temos 6 x 600 =3600 euros

Artigo 78º-C despesas de saúde:


- 750 x 0,15 = 112, 5 euros

Artigo 78º-D despesas de educação


- 2500 x 0,3 = 750 euros

Artigo 78º- B despesas gerais familiares


- 35% de 1500 = 525 que ultrapassa 250 euros, por isso deduzimos 250 euros

4712,5 (valor das deduções à colecta)

Artigo 78º nº7 alínea b)


- As deduções dos dependentes não contam (3600) e as despesas gerais familiares também não
(1500)
- 750 + 112,5 =862,5
- Este valor não excede o valor da fórmula

Artigo 78º nº8: Nos agregados com mais ou 3 dependentes a cargo, os limites máximos são
majorados em 5% por cada dependente.

7443,12 - 4712,5 = 2730,62

Mínimo de existencia:
- Aplicamos o nº3: o rendimento colectável não é inferior a 15560

8. Retenção na fonte e pagamentos por conta (apurar o imposto devido) - SE FOR NEGATIVO HÁ
REEMBOLSO

Categoria B: Foi contratada por uma pastelaria. Se a pastelaria tem contabilidade organizada, então
podemos considerar que há retenção na fonte (artigo 101º nº1 alínea c) de 11,5):
• 10,000 x 11,5= 1150 (correspondem a imposto que já paguei, por isso tem de ser deduzido agora).
As retenções na fonte são antecipações do imposto, enquanto que as deduções à coleta são
elementos de pessoalização.

Ao passo que as actividades previstas na tabela têm um coeficiente de 0,75, apenas 25% são custos.
Ou seja, acabo por ter menos retorno da actividade. Aqui, como tenho mais custos, a minha retenção
na fonte pode ser mais baixa.

2730,62 - 1150 =1580,62

Categoria H: Tem retenção na fonte por força do artigo 99º-D.

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- Tabela de retenção na fonte


- Tabela VII
- Aplicamos taxa de 21,5%
- 2000 x 0,215 =430
- 430 x 14=6020 euros

As retenções nas categorias A e H são retenções progressivos e não são cegas à composição do
agregado familiar.

Caso prático nº 14: O Tornozelo Fracturado

Receitas:
• 50,000€ cachets de toureador
• 1000€/mês nutricionista

Despesas:
• 2000€ bandeirilhas
• 1500€ trajo de toureiro
• 2000€ donativo à Sociedade Tauromáquica de Reguengos de Monsaraz
• 7000€ anel de brilhantes
• 10,000€ propinas da Universidade
• 2€ despesas hospitalares

Incidência subjectiva

Em primeiro lugar, é necessário apurar a incidência subjectiva, isto é, os sujeitos passivos. Ora, no
presente caso temos Manolo e Conchita que são cônjuges, sendo que nos termos do artigo 13ºnº2 e
nº3 poderão optar pela tributação conjunta, situação que, não estando mencionada no caso, será
assumida para efeitos da sua resolução. Adicionalmente, temos dois dependentes (artigo 13º nº5)
que são os dois filhos menores do casal. Temos, assim, um agregado familiar composto pelos
cônjuges e dois dependentes.

Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)

Em segundo lugar, é necessário apurar a incidência objectiva, isto é, enquadrar os vários


rendimentos do agregado familiar nas diferentes categorias de IRS de modo a apurar o rendimento
bruto de cada categoria.
• 50,000€ cachets do toureador: Rendimentos da Categoria B nos termos do artigo 3º nº2 alínea
b). Tal actividade de prestação de serviços encontra-se prevista na lista a que se refere o artigo
151º (verba 3010). Assim, temos um rendimento bruto da categoria B de 50,000€
• 14,000€ nutricionista: Rendimentos da Categoria A nos termos do artigo 2º nº1 alínea a). Está
em causa um trabalho por conta de outrem.

Deduções específicas (apurar o rendimento líquido)

Em terceiro lugar, é necessário apurar o rendimento líquido de cada categoria de rendimentos do


agregado familiar. Para tanto, é necessário proceder às deduções específicas.

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• Categoria A: Aos rendimentos da categoria A deduz-se o montante de 4104€ nos termos do


artigo 25º nº1 alínea a). Logo: 14,000 - 4104 = 9896€
• Categoria B: As deduções específicas da categoria B constam do artigo 28º do C.IRS. De
acordo com o nº2 do respectivo preceito, ficam abrangidos pelo regime simplificado os
sujeitos passivos que, no exercício da sua actividade, não tenham ultrapassado um montante
anual ilíquido de 200,000€. Assumindo que Manolo não optou pela contabilidade organizada
nos termos do artigo 28º nº3, aplicamos o regime simplificado constante do artigo 31º. Ao
rendimento bruto de Manolo será aplicado o coeficiente de 0,75 nos termos da alínea b) do
nº1 do artigo 31º visto que a sua actividade de prestação de serviços consta da lista a que se
refere o artigo 151º. Logo: 50,000 x 0,75 = 37, 500€ de rendimento líquido. Disto, podemos
concluir que foram deduzidos 12,500€, o que é benéfico para Manolo visto que as suas
despesas reais foram de 3500€.

Englobamento (apurar o rendimento líquido global)

Em quarto lugar, é imperativo proceder ao englobamento dos rendimentos das várias categorias. nos
termos do artigo 22º do C.IRS. Visto que os rendimentos em causa não são situações de excepção
de englobamento, devemos englobar as categorias A e B.

Logo: 9896 + 37,500 = 47396€ que equivale ao rendimento líquido global

Abatimentos (apurar o rendimento coletável)

Em quinto lugar, deve proceder-se aos abatimentos de modo a apurar o rendimento coletável.
Contudo, não há abatimentos neste caso visto que só estão previstos no Código do IRS abatimentos
respeitantes a sujeitos passivos com deficiências.

Logo, o nosso rendimento coletável é de 47,396€.

De seguida, é necessário proceder ao splitting. Nos termos do artigo 69º nº1, tratando-se de sujeitos
passivos casados que optaram pela tributação conjunta, as taxas aplicáveis correspondem ao
rendimento coletável dividido por dois. Logo: 47,396/2 = 23,698€

Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)

Em sexto lugar, devemos aplicar as Taxas de IRS constantes do artigo 68º de modo a apurar a coleta
do imposto. Neste caso, visto que o rendimento coletável é superior a 7035€, o quantitativo do
rendimento coletável é dividido em duas partes nos termos do artigo 68º nº2.
• 1ª parte: 20100 x 0,236 = 4743.6
• 2ª parte: 3590 x 0,37 = 1331.26
• 4743.6 + 1331.26 = 6074.86

Agora é necessário desfazer o quociente familiar, nos termos do artigo 69º nº3. Logo: 6074.86 x 2 =
12,149.72 (coleta do imposto)

Deduções à coleta (apurar o imposto devido)

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Agora que temos a coleta do imposto, temos de proceder às deduções à coleta nos termos do artigo
78º do C.IRS.

Em primeiro lugar, deve-se deduzir 600€ por cada dependente nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea
a). Sabendo que neste caso o casal tem dois filhos dependentes, deduz-se 1200€. Também se
deduzem 525€ pelo avô de Manolo nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea b) e mais 110€ nos termos
do nº2 alínea b).

Em segundo lugar, deve-se deduzir as despesas de educação (artigo 78º-D). Deduz-se um montante
correspondente a 30% do valor suportado a título de despesas de formação e educação desde que
esse montante não ultrapasse 800€. Logo: 10,000 x 0,3 = 3000€. Excedente isto o montante de
800€, deduzem-se 800€.

Não se deduzem as despesas hospitalares do avô porque têm de ser despesas de um membro do
agregado familiar.

Em quarto lugar, devemos apurar se os 2000€ de donativo à Sociedade Tauromáquica correspondem


a uma dedução à coleta de benefício fiscal nos termos do artigo 78º alínea k). Devemos remeter
para o EBF. Em primeiro lugar, tenho de ver se a entidade a quem estou a fazer o donativo releva
ou não para efeitos fiscais. Tenho de ver se a referida Sociedade Tauromáquica pode ser
enquadrada em algum dos donativos anteriores (Mecenato cultural, 62º nº1 alínea c)). Em segundo
lugar, temos de ver se há alguma limitação. Nos termos do artigo 62º-B nº5, estes donativos estão
limitados. Assim, aplica-se a alínea b) do nº1 do artigo 63º. Logo: 25% de 2000 = 500 euros até ao
limite de 15% da colecta. 15% da coleta do imposto = 1822,458. Logo, pode-se deduzir os 500
euros.

Se consideramos a aquisição do anel de 7000€ como uma despesa geral familiar nos termos do
artigo 78º-C nº1. Assim, 7000 x 0,35 = 2450€, havendo o limite global de 250€, deduzindo-se assim
250€.

Soma das deduções:


Devemos ter em conta o artigo 78º nº7 nos termos do qual, a soma das deduções à coleta nas alíneas
c) a h) e k) do nº1 não podem exceder, após aplicação do divisor previsto no artigo 69º, para
contribuintes que tenham um rendimento coletável superior a 7035€ mas inferior a 80,000€ o limite
resultante da fórmulas que consta da alínea b) do referido preceito.

Assim:
Soma das deduções em causa: 1550,3 €
Divisor do artigo 69º: 23,698€
Aplicação da fórmula: 2157,45

Visto que o valor das deduções não excede o da fórmula em causa, podem-se deduzir os 3385.3€ à
coleta do imposto.

12,149.72 - 3385.3 = 8764.42

Retenção na fonte e pagamentos por conta

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Por fim, são ainda deduzidas as retenções na fonte e pagamentos por conta. Neste caso não temos
nenhum pagamento por conta. Devemos, então, ter em consideração as retenções na fonte.

Categoria A (14,000€) (1000 € mensais)


• Artigo 99º-C
• Devemos ter em atenção as tabelas de retenção na fonte
• Aplicamos a tabela III (casado dois titulares, uma vez que ambos têm rendimentos
englobáveis).
• Até 1053€ com dois dependentes, aplica-se a taxa de retenção mensal de 9,7%
• 1000 x 0,097 = 97€
• 97 x 14 = 1358 euros

Categoria B ( 50,000€)
• Artigo 101º nº1 alínea b) desde que quem paga ao Manolo disponha de contabilidade
organizada
• Sendo esse o caso, aplicamos a taxa de 25%
• 50,000 x 0,25 = 12,500€

8764.42 - 12,500 - 1358 = -5093.58 € (haverá reembolso de IRS)

Caso Prático nº15: Sempre a abrir

Receitas:
• 400€/mês de salários
• 150 € de juros
• 1500€ prémio de estafeta-do-mês
• 500€ venda do casaco de cabedal

Despesas:
• 250€ dentista
• 120€ do seguro de saúde
• 250€ curso de inglês

Incidência subjectiva
Neste caso temos um sujeito passivo, nomeadamente o tó-das-pizzas (artigo 13º nº1 do C.IRS).

Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


• 5600€ salário: Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a)) rendimentos de trabalho dependente
• 150€ de juros: Categoria E (artigo 5º nº2 alínea b)) rendimentos de capitais
• 1500€ prémio: Categoria A (artigo 2º nº2) rendimentos complementares
• 500€ venda do casaco de cabedal: É uma mais-valia mas não há norma de incidência
Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)
• Categoria A: Nos termos do artigo 25º nº1 alínea a) do C.IRS deduz-se ao rendimento bruto
da categoria A 4104€. 7100 - 4104 = 2996€.
• Categoria E: São rendimentos passivos, que pela sua própria natureza não estão sujeitos a
deduções específicas. Consequentemente, o rendimento líquido é igual ao rendimento bruto,
respectivamente 150€.

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Englobamento (apurar o rendimento líquido global)


• Nos termos do artigo 22º do C.IRS, na lógica do imposto único, os rendimentos líquidos
apurados das várias categorias estão sujeitos a englobamento, salvo nos casos excepcionais
dos artigos 71º e 72º.
- Taxa liberatória (artigo 71º nº1 alínea a)): Os rendimentos capitais estão sujeitos a uma
taxa de 28%. 150 x 0,28 = 42€. O banco retém este rendimento na fonte. Nos termos do
artigo 71º nº6, estes rendimentos podem ser englobados por opção dos respectivos titulares.
Neste caso vamos presumir que o sujeito passivo optou por englobar estes rendimentos.
Isto implica que: por um lado, teremos de adicionar os 150€ ao rendimento líquido global,
e por outro lado que vamos ter de deduzir os 42€ que foram retidos pelo banco no fim das
nossas operações.

Assim, englobamos as categorias A e E = 2296 + 150 = 2446 €

Rendimento líquido global = 2446€

Abatimentos (apurar o rendimento coletável)


Neste caso não há abatimentos (artigo 56º-A)

Rendimento coletável = 2446€

Taxas de IRS (apurar a coleta do imposto)

Nos termos do artigo 68º, não sendo o valor do rendimento coletável superior a 7035€ não
dividimos em duas partes. Somente aplicamos a taxa de 0,145.

2446 x 0,145 = 354.67€

Coleta do imposto = 354.67€

Deduções à coleta (apurar o imposto devido)

Devemos ter em consideração o artigo 78º.


• 250€ dentista: Artigo 78º-C (despesas de saúde) 15% de 250 = 37.5€
• 120€ do seguro de saúde: Artigo 78º-C nº1 alínea b) (despesas de saúde) 15% de 120 = 18€
• 250€ curso de inglês: Artigo 78º-D nº1 (despesas de educação e formação) 30% de 250 = 75€

Soma das deduções à coleta: 130.5

354.67 - 130.5 = 224.17

Imposto devido: 224.17

Devemos ter em consideração o mínimo de existência constante do artigo 70º. Para aplicação do
mínimo de existência devem verificar-se dois requisitos:
1. Requisito qualitativo: Rendimentos das categorias A e H devem ser predominantes.
Interpretando isto conforme a Constituição, devemos considerar que está em causa uma maioria

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simples. Isto é, as categorias A e H devem ser a maior das fatias. Ora, no presente caso assim o
é, uma vez que a Categoria A é a maior fatia.
2. Requisito quantitativo: Rendimento disponível = rendimento bruto total - IRS devido

Rendimento disponível = 7250 - 224.17 = 7025.83 - como este valor é inferior a 8500€, aplica-se o
mínimo de existência e não há tributação.

Imposto devido = 0€

Retenção na fonte e pagamentos por conta


• Rendimentos da Categoria A: Artigo 99º-C, devemos aplicar as tabelas de retenção na fonte,
nomeadamente a Tabela I. Neste caso só há um mês em que recebe na categoria A 1900€. Aplica-
se a taxa de 17.5%.
• Rendimentos de Categoria E: Devemos agora deduzir os 42€. Por isso há um reembolso de 42€.

Caso Prático nº16: Vida di Catchorro

Receitas:
- 750 euros (trabalhador das obras)
- Últimos 3 salários do ano passado
- 750 euros em recibos verdes
- 150 euros de juros

Despesas:
- 500€ de renda

Incidência Subjectiva
- Dois sujeitos passivos: casal (Catarina e ele) (artigo 13º)
- Residentes cá
- Dependente (bebé). Se o casal tivesse o bebé a 30 de Dezembro? Também contava (artigo 13º
nº8)

Incidência Objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


- Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a)): 750€ x 15 (porque não recebeu os subsídios) = 11.250€
- Categoria B (artigo 3º nº1 b)): 750€ x 12 = 9000€. Neste caso como são recibos verdes
presumimos que são prestações de serviços. Multiplicamos por 12 por se presumir que é uma
prestação de serviços. Quem é prestador de serviços, via de regra não tem subsídios de férias e
natal.
- Categoria E (artigo 5º nº2 alínea c)): 150€. Estão em causa juros de dívida pública

Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


- Categoria A (artigo 25º nº1 alínea a)): 11.250- 4104= 7146€
- Categoria B (artigo 28º nº2 e artigo 31º): Aplica-se a alínea c) do artigo 31º. 9000 x 0,35 = 3150€

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- Categoria E: Não há deduções específicas. O rendimento líquido é igual ao rendimento bruto =


150€

Englobamento (apurar o rendimento líquido global)


Nos termos do artigo 22º deve-se englobar. Contudo, há excepções ao englobamento constantes dos
artigos 71º e 72º.
- Artigo 71º nº1 alínea a) aos rendimentos de capitais aplica-se a taxa liberatória de 28%. Contudo,
há opção pelo englobamento nos termos do artigo 71º nº6. Havendo opção pelo englobamento,
tem de se adicionar os 150€ ao rendimento líquido global, e por outro lado, tendo em conta que
a entidade retém sempre na fonte, vamos ter de deduzir o valor retido ao imposto devido. 150 X
0,28 = 42€.

*Aplicação do artigo 72º nº2 alínea d): Aplicação de uma taxa especial aos rendimentos de capitais
quando não sofram as taxas liberatórias do artigo 71º. Quais são essas situações? Os obtidos fora de
Portugal, porque não se pode obrigar a entidade a fazer a retenção.
* Quando estão em causa taxas liberatórias, a entidade não tem de ter contabilidade organizada para
fazer retenção na fonte (artigo 101º nº2). Têm sempre de fazer retenção na fonte.

Neste caso, vamos presumir que o casal optou por englobar.

Rendimento líquido global = 10,446€

Abatimentos (apurar o rendimento coletável)


Não há abatimentos (artigo 56º-A)

Rendimento coletável = 10,446€

Agora temos de proceder ao splitting (artigo 69º nº1)


10,446/2 =5223€

Taxas Gerais (apurar a coleta do imposto)


- Aplicamos a taxa de 14,5
- 5223 x 0,145 = 757,335

Agora devemos desfazer o splitting (artigo 69º nº3)


757,335 x 2 = 1514,67€

Coleta do imposto = 1514,67€

Mínimo de existência (artigo 70º): Temos de ter em conta dois critérios

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- Critério qualitativo: Rendimentos predominantes das categorias A e H (maior das fatias, isto é
maioria simples). Olhando para o rendimento bruto a categoria A é a maior fatia.
- Critério quantitativo: Rendimento disponível = rendimento bruto total - IRS devido. Rendimento
bruto total = 20400€.
- 20400 - 287,67 = 20112,33€
- Não se aplica o mínimo de existência
*Os rendimentos que se deve ter em conta são aqueles que englobaram-se

Deduções à coleta (apurar o imposto devido)


- Artigo 78º-A nº1 alínea a) e nº2 alínea a): Dedução pelo dependente (600+ 125 =725€)
- Artigo 78º-E nº1 alínea a): Dedução de encargos com imóveis. 500 x 12 = 6000. 6000 x 0,15=
900. Mas há o limite de 502€. Por isso, deduz-se 502€.

1514,67 - 725 - 502 = 287,67€

Coleta do imposto = 287,67

Retenções na fonte
- Categoria A (artigo 99º-C): Temos de ir às tabelas de retenção na fonte. Até Março aplica-se a
tabela I.
• 2 meses em que recebeu 750, aplica-se a taxa de 8,5% =127,5€
Depois, em Março casou-se, passando a aplicar-se a Tabela III (dois titulares e ambos com
rendimentos englobáveis). Até Setembro não tinha nenhum dependente
• 6 meses em que recebeu 750. 750 x 8,5 = 382,5€
Depois, em Setembro tem um bebé.
• Setembro, Outubro e Novembro, aufere 750 euros com um dependente, aplica-se a taxa de
5,6%. 42 x 3 = 126€
• Dezembro aufere 3000 euros com um dependente. Aplica-se a taxa de 28%. 840€ de retenção
na fonte.

Adicionamos as retenções: 1476€ de retenção da Categoria A

- Categoria B (artigo 101º nº1): Só há retenção na fonte se a entidade pagadora tem contabilidade
organizada. Se entendermos que a entidade pagadora tem contabilidade organizada, então aplica-
se a alínea c) e a taxa de 11,5% de retenção na fonte. 9000 X 0,115 =1035€ de retenção na fonte

- Categoria E: Como optamos por englobar esta categoria, temos de deduzir agora os 42€

Temos agora de subtrair as retenções na fonte.

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287,67 - 1476 - 1035 - 42 = -2265,3€ (Há reembolso por parte do Estado). Deve-se ter em conta
que talvez tivesse de fazer pagamentos por conta nos termos do artigo 102º.

Caso Prático nº17: Rei Kuassa

Incidencia subjectiva:
- Um sujeito passivo
- Podemos equacionar que seja um não residente
- Para ser considerado residente em Portugal, é necessário que passe 183 dias num período de 12
meses.

Incidência objectiva:
- Categoria B: 100.000€ de cachet prestação de serviços
- Categoria B: 10.000€ de propriedade intelectual
- Categoria A: 1000€ pro mês = 14.000€ (artigo 2º nº1 alínea a))
- Categoria F: 10.800€
- Categoria E: 500€

Deduções específicas:
- Categoria A: 14.000 - 4104 = 9896
- Categoria B: Regime simplificado (artigo 28º nº2), encontra-se na tabela do artigo 151º, taxa de
0,75 = 75.000€
- Categoria B: taxa de 0,95 = 9.500
- Categoria B total = 84.500€
- Categoria E: Não deduções específicas porque é um rendimento meramente passivo 500€
- Categoria F: Não há deduções porque só há encargos financeiros, que estão excluídos do artigo
41º. 10.800€

Englobamento:
- Excepções ao englobamento:
- Categoria E: Artigo 71º alínea a) - taxa autónoma de 28%. Se se optar por englobar, vai ter de se
adicionar ao rendimento líquido global, e depois vamos ter de deduzi-los ao imposto devido
porque é sempre retido na fonte. 140€ que ficam lá. Se optar por englobar, os rendimentos
capitais são englobados pela metade, para evitar dupla tributação económica
- Categoria F: Artigo 72º nº1 alínea e). Se optar por englobar, não se aplica a taxa de 28% =
3024€.

Optamos por englobar a categoria E, 250€.


Optamos por englobar a categoria F, 10.800€

Rendimento líquido global = 9896 + 84.500 + 250 + 10.800 = 105.446€

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Abatimentos:
Não há abatimentos por isso este é o rendimento coletável
Rendimento coletável = 105.446€

Taxas de IRS:
42304,48

Taxa adicional de solidariedade:


- 25446 x 2,5% =636,15€

42304,48 + 636,15 = 42.940,63€

Coleta do imposto = 42.940,63€

Deduções à coleta:
- Artigo 78º
- Os 10.000 euros, são consumidos pelas deduções específicas (artigo 78º nº4)

Os 800 euros mensais que paga ao banco:


- Esta despesa que tem, é para financiar a compra de um imóvel que ele explora.
- Este gasto será uma dedução específica - é suportado para ele angariar o rendimento de 900€
mensais
- Artigo 78º-E alínea b): celebração do contrato até 2011, imóveis de habitação própria ou
permanente, ou arrendamento devidamente comprovado: ou contraio empréstimo para pagar caso
onde vivo, ou para arrendar casa onde vivo.

Não temos deduções à coleta

Imposto devido = 42.940,63€

Retenções na fonte:
- Categoria A: 1000€ mensais
- Tabela I
- Retenção na categoria A = 1890€ de retenção na fonte
- Categoria B
- Só há retenção na fonte se quem lhe paga tem contabilidade organizada
- Propriedade intelectual 101º nº1 alínea a) 16,5% = 1650
- Cachet artigo 101º nº1 alínea b) 25% = 25.000€ — muitos clientes dele são estrangeiros, por
isso uma parcela dos seus rendimentos podia não ter retenção na fonte. Temos de partir de

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um pressuposto: por exemplo, que eu parto do princípio que só na metade dos 100.000€
houve retenção na fonte
- Categoria F: Só há retenção na fonte se quem lhe paga dispõe de contabilidade organizada 101º
alínea e) 25% = 2700€
- Categoria E: Temos de deduzir agora os 140 euros retidos na fonte

42.940,63€ - 1890 - 1650 - 25.000 - 2700 - 140 = 14.260,63€ de imposto devido

- Artigo 58º propriedade intelectual EBF: Quando englobamos, só englobamos 50%. Este é um
beneficio fiscal, o legislador quer estimular a criatividade.

- Artigo 101º-D do C.IRS. : Havia retenção na fonte por via do artigo 101º nº1 alínea a), só que
neste caso, a retenção na fonte só vai incidir sobre metade do rendimento bruto.

Caso Prático nº18: Travassos

Receitas:
- 20.000 euros em comissões
- 400 euros em dividendos
- 10 mil euros

Despesas:
- 1500 euros no hospital
- 2000 euros viagens pelo país
- 750 euros num curso de defesa pessoa
- 10.000 euros pensão de alimentos

Incidência subjectiva:
- Temos um sujeito passivo (artigo 13º)

Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria)


- Categoria B: 20.000 euros prestação de serviços (artigo 3º nº1 alínea b))
- Categoria E: 400 euros (artigo 5º nº1 alínea h)
- Categoria B: 10.000 (artigo 3º nº1 alínea a)) euros actividade comercial — ele faz daquilo uma
actividade complementar e se fossemos para a categoria G não teríamos norma de incidência. Se
ele compra para revenda, é uma actividade comercial.

Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


- Categoria B (artigo 31º nº1 alínea c): 20.000 x 0,35 = 7000 euros.
- Categoria B (compra e venda de automóveis): 10.000 x 0,15

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- Rendimentos líquidos da categoria B = 8500 euros


- Categoria E: Não há deduções especificas = 400 euros
Englobamento (apurar o rendimento líquido global)
- Taxa liberatória de 28% do artigo 71º nº1 alínea a), havendo opção pelo englobamento — e
havendo opção pelo englobamento só se engloba 200. Se optar por englobar, a taxa na margem é
de 28.5 = 57€. Compensa englobar.

Neste caso, vamos optar por englobar.


8500 + 200 = 8700€ - rendimento líquido global

Rendimento coletável = 8700€

Taxas de IRS
- 7035 x 0,145 = 1020,075
- 8700 - 7035 = 1665
- 1665 x 0,285 = 474,525
- 1020,075 + 474,525 = 1494,6

Coleta do imposto = 1494,6€

Deduções à coleta
- Despesas gerais familiares
- 1500 euros no hospital (artigo 78º-C): 15% x 1500 = 225 pode deduzir tudo
- 2000 euros viagens pelo país: Não é dedutível porque estão relacionados com a actividade então
já foram deduzidos nas deduções específicas.
- 750 euros num curso de defesa pessoal: Isto não pode ir à dedução à coleta (é para a actividade
pessoal)
- 500 euros pensão de alimentos (artigo 83º-A): 6000 x 0,20 = 1200€

1425€ temos de ver o plafon


- Temos de aplicar a fórmula
- Podemos deduzir tudo

As deduções dão um valor negativo, por isso o IRS devido é zero!

Retenção na fonte
- 112 euros
- Consideramos que não há contabilidade organizada de quem paga ao Travassos
- Não há retenção na fonte dos rendimentos da venda de carros usados

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Reembolso de 112 euros

2ª parte do caso:
- Ele não declarou a totalidade dos rendimentos (dividendos e actividade comercial): Ele tem de
declarar tudo? Não — no que toca a taxas liberatórias. Esses rendimentos não têm de ser
declarados, a não ser que opte por englobar. Relativamente aos dividendos, Travassos não tinha
de declarar. Já a actividade comercial, mesmo que seja um acto comercial isolado, tem de
declarar.
- Por isso a administração fixa os seus rendimentos em 50.000 euros
- Nos artigos 87º e seguintes temos os métodos de avaliação indirecta do rendimento do
contribuinte. A administração não fica de braços cruzados quando o contribuinte declara menos
ou não declara.
- A solução regra é a que resulta do artigo 87º nº1 alínea b): aplica-se as situações em que o
contribuinte não declara ou declara mal. É a Administração que vai ter que fixar a matéria
tributável ao contribuinte. O esforço de prova é da Administração. Depois, o contribuinte perante
essa fixação indirecta, vai reagir.
- O 2º tipo de situação resulta do artigo 89º-A: Caso em que o contribuinte tem rendimentos muito
baixos e evidencia certas manifestações de fortuna. Então a Administração fica sem ter de provar.
O ónus da prova é do contribuinte.

* Nota: Quando tenho ganhos injustificados fixados pela Administração Tributária, esses ganhos e
rendimento como o enquadro no IRS?
- Categoria G (artigo 9º nº1 alínea d))

Travassos ouve na rádio que há um decreto-lei que cria um imposto mínimo sobre os trabalhadores
independentes e pequenos empresários, no valor de 1000 euros anuais, a pagar já este ano.
- Reserva de lei: 105º nº1 alínea i) — tem de haver autorização da Assembleia da República
- Não sendo o caso, cai logo por inconstitucionalidade orgânica
- Aplicação da lei no tempo: Surgimento de um imposto que surge a meio do ano e incide sobre
rendimentos— retroatividade fraca. Toda a retroatividade fraca é inconstitucional.

Caso Prático nº19: Tudo em Cigarrilhas

Incidência subjectiva:
- Um sujeito passivo (artigo 13º)

Incidência objectiva (apurar o rendimento bruto de cada categoria):


• 4000 euros (48000 euros): Categoria G (artigo 9º nº1 c)): Importâncias auferidas em virtude da
assunção de obrigações de não concorrência. Está em causa uma obrigação de não concorrência.

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• 10.000€ na roleta: Não é tributado em IRS - Não há norma de incidência. Estão sujeitos ao
imposto especial do jogo. Artigo 12º nº6 do C.IRS: está em causa uma norma de delimitação
negativa de incidência deste imposto.
• 20.000€ da cessão da posição contratual: Categoria G (artigo 10º nº1 alínea d))
• 10.000€ juros: Categoria E (artigo 5º nº2 alínea b)) auferidos num banco estrangeiro
• 1200€ (1200 x 14= 16800): Categoria A (artigo 2º nº3 alínea a)).
• No que diz respeito à utilização do veleiro disponibilizado pela antiga empresa por simpatia:
Artigo 24º valor de mercado (5000€). O artigo 24º é uma mera norma de quantificação sendo que
para tributar tem de haver norma de incidência. Não cabe na categoria A porque não temos
nenhuma entidade patronal. Sendo por simpatia, não há norma de incidência. No limite, o que
poderia dizer era que: se não for por simpatia e se a empresa ao disponibilizar o veleiro ainda
estiver a remunerar a obrigação de não concorrência, então aí seria um rendimento da Categoria
G. Somaria os 5000€ aos 48000€ como se fosse um pacote. Ou seja, só pertenceria à Categoria G
nestas situações. Contudo, neste caso podemos considerar que está de fora.

Deduções específicas (apurar o rendimento líquido de cada categoria)


• Categoria A (artigo 25º nº1 alínea a): 16800 - 4104 = 12696€
• Categoria E: Não há deduções específicas = 10.000€
• Categoria G no que diz respeito às importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações
de não concorrência: Não há deduções específicas por virtude do artigo 42º (48.000€)
• Categoria G: Em tese podem haver deduções específicas mas no caso não há. (20.000€)

Englobamento (apurar o rendimento líquido global)


- Categoria E: 10.000€ (artigo 72º nº1 alínea d)). São tributados à taxa autónoma de 28%. Pode
escolher englobar (artigo 72º nº8). Optámos por não englobar. Por isso, será tributado à parte os
2800€.
- Categoria G: 10.000€ (artigo 43º nº2) engloba-se só metade
- Categoria G (não-concorrência): 48.000€
- Categoria A: Engloba-se 12696€

Rendimento líquido global: 70696€

Abatimentos (rendimento coletável)


- Não há abatimentos

Rendimento colectável: 70696€

Taxas de IRS (coleta do imposto)


- Artigo 68º
- 40200 x 0,303 = 12180,6

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- 70696 - 40200 = 30496


- 30496 x 0,45 = 13723,2
- Tudo somado = 25903,8 - coleta do imposto

Deduções à coleta (imposto devido)


- Despesas gerais familiares (1200€ por mês em cigarrilhas = 16800). Se ele pedisse factura, podia
deduzir 250€ (artigo 78º-B nº1))

25903,8 - 250 = 25653,8€

Retenções na fonte e pagamentos por conta


- Categoria A (1200€ por mês): Tabela I - 15,5% x 1200 = 186€ x 14 = 2604€ de retenção na fonte
- Categoria G (artigo 101º nº1 alínea a) por estar em causa o artigo 9º nº1 alínea c)): 16,5% x
48000= 7920€
- Quanto às mais-valias não há retenção na fonte

25653,8€ - 2604 - 7920 = 15129,8€ de imposto devido

A ter em atenção:
- Artigo 24º não é norma de incidência
- Ganhos do jogo não são tributados em sede de IRS.

III. Casos práticos de Responsabilidade Tributária

Caso Prático I
Pedro é diretor de marketing da Local Lda. Quando o convidaram para a função,
prometeram-lhe um salário de 2000 € limpos. E, na verdade, todos os meses recebia na conta
2000 €, limpos. Ao preencher a declaração de IRS percebeu que a Local Lda tinha retido, ao
longo do ano, 1200 €. Ligou para a Local Lda e o CFO disse-lhe que quem tratava da retenção
na fonte era Carlos, o contabilista da empresa.

Questões em causa:
• Responsabilidade em caso de substituição tributária
• Artigo 28º da LGT
• Questões de natureza criminal ou contra-ordenacional (RGIT)

Nos termos do artigo 20º da LGT, se diz que a substituição opera através da retenção na fonte. É
desta substituição tributária com retenção na fonte de que estamos a falar neste caso.

Neste caso, a empresa fez retenções que não entregou ao Estado. A questão é saber quem responde
perante estas quantias.

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Artigo 28º nº1 !“Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada à retenção é responsável
pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado
de qualquer responsabilidade no seu pagamento, sem prejuízo do disposto nos números seguintes”.

O substituto não entregou a importância ao Estado, então só o substituto é que pode ser
responsabilizado. Ou seja, apenas a Local Lda é que pode ser responsabilizado. Isto faz sentido
porque o património de Pedro já foi onerado quando se fez a retenção na fonte. A capacidade
contributiva do substituído sofreu sacrifício — já foi tributado por isso não terá de responder
quando o que falhou foi a obrigação de entrega do substituto. A retenção foi bem feita, o que faltou
foi a entrega.

Quando estamos a lidar com o artigo 28º estamos a lidar com quem é obrigado a pagar o imposto.
Mas pode também haver responsabilidade no plano criminal ou contra-ordenacional, e isso nós
termos no RGIT.
- Artigo 105º (abuso de confiança): Situações em que há mecanismos de intermediação - ou tenho
um substituto que faz uma retenção e não entrega, ou um mecanismo de repercussão liquida o
imposto e depois não entrega a quantia ao Estado. Contudo, o legislador estabelece o patamar de
7500€. Por isso, neste caso estaríamos perante uma contra-ordenação.
- Artigo 114º (falta de entrega da prestação tributária): Estamos perante uma mera contra-
ordenação de falta de entrega.

*No âmbito do artigo 28º nº2, quando falamos de retenção na fonte com carácter de pagamento por
conta, não estamos a falar do artigo 102º do C.IRS. Este artigo aplica-se sim no que diz respeito às
retenções na fonte feitas na Categoria A, e H e no artigo 101º.

Caso Prático II
Em 2013, Aldo era CEO do Banco BBC e Bento administrador não executivo. Em 2016 o
banco foi declarado insolvente e liquidado. Entre as dívidas apuradas encontram-se 2000000 €
de IVA de 2013 não pago ao Estado, 50000 € de IRC respeitante a 2013, bem como 10000 € da
Taxa de Supervisão Financeira paga ao Banco de Portugal. Bento era conhecido como aquele
que mandava na empresa, tanto que, dizia-se, com dinheiro do Banco tinha construído uma
mansão de 1000 m2 no Estoril, avaliada em 5000000€.

Em que medida é que pode o gestor de uma empresa ser responsabilizado?


- Artigo 24º nº1 LGT: É evidente que os administradores são responsáveis a título meramente
subsidiário e solidariamente entre si. A questão é o momento em que nasce a obrigação
tributaria, o momento em que termina o prazo de pagamento e o momento em que exerceram
funções.
- Estamos a falar de dívidas de IVA: As dívidas de IVA de 2013, constitui-se em 2013, e o prazo
para pagamento esgota-se no próprio ano de 2013 em que eles estava em funções. Enquadramos
isto no artigo 24º nº1 alínea b) da LGT. A consequência de se estar na alínea b) e não na alínea a)
é que na alínea a) tem de ser a autoridade tributaria a demonstrar e na alínea b) a culpa deles é
presumida. Na alínea b) há uma inversão do ónus da prova. Se estava em funções, então
presume-se a culpa dele. Ou seja, quanto ao IVA temos uma inversão do ónus da prova.
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- Dívidas de IRC: Facto tributário do IRC é o rendimento que se começa a angariar até dia 31 de
Dezembro. O pagamento é feito em 2014. Aqui, quando termina o prazo para pagamento, já não
estão no exercício de funções. Assim, aplica-se o artigo 24º nº1 alínea a), sendo a autoridade
tributaria a fazer a prova.

Para além do não pagamento do IVA e do IRC, temos o não pagamento de uma taxa de supervisão
financeira. A taxa de supervisão financeira está ou não abrangida pelo artigo 24º?
- A LGT quando nos fala em dívidas tributárias abrange taxas, contribuições e impostos ou não? A
LGT em termos gerais aplica-se às taxas e contribuições nos termos do artigo 3º nº2. Mas depois
o artigo 3º nº3 diz que só se aplica a LGT enquanto não houver regime geral das taxas e
contribuições. Só existe regime geral no que diz respeito às taxas das AL.
- A letra da lei do artigo 24º não exclui a responsabilização. Por isso temos de olhar para o espirito
da lei. Qual a razão de ser de aplicação do artigo 24º? O que se pretende é que o administrador
não sacrifique o interesse do fisco. Portanto, sendo esta a mensagem, isto faz sentido quando
estamos a falar apenas de impostos ou também quando estamos a falar de taxas e contribuições?
As taxas e contribuições não têm menos importância do que os impostos. Por isso o espirito da
lei aplica-se também às taxas e contribuições.
- Artigo 24º - aplica-se a taxas e contribuições
- Assim, temos de saber onde enquadrar a taxa de supervisão — na alínea a) ou b), e isso depende
do prazo de pagamento.

Em último lugar, temos a questão da mansão — manifestações de fortuna (artigo 89º-A). Dá-se uma
espécie de inversão do ónus da prova, isto é a presunção de um determinado rendimento. A
Administração está dispensada de fazer qualquer esforço de prova.

IV. Casos de enquadramento constitucional de taxas e contribuições

Caso nº1 Vilarriba e Vilabaixo

Quando lidamos com questões de taxas e contribuições, a primeira coisa que devemos fazer é
qualificar: taxa, contribuição ou imposto. Depois temos de olhar para os princípios: legalidade
tributária e igualdade tributária.

Distinguir diferentes tributos públicos:


- As taxas: prestação efectiva por parte da AP
- As contribuições: prestação presumida por parte da AP
- Impostos: unilaterais, não há nenhuma contra-prestação

Regime constitucional:
- Legalidade tributária: Impostos (lei ou decreto-lei autorizado); taxas (só o regime geral é que está
sujeito à legalidade).
- Igualdade tributária: capacidade contributiva vs. equivalência

Taxas ambientais:
1- Portagem da ponte
2- Estacionamento
3- Taxa de recolha do lixo (contribuição)

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1- Taxa de 100 euros por participante na realização de bailes e piqueniques


2- Taxa de poluição sonora
3 - Taxa dos hotéis

Tributos de Vilarriba

Taxa de portagem da ponte: Está em causa uma taxa porque há uma contra-prestação efectiva
(que é a utilização de um bem do domínio público - artigo 4º nº2 da LGT). Sendo uma taxa, está
bem ou está mal?
1. Legalidade: Pode ser um município a criar esta taxa? Esta questão nunca foi levantada,
mesmo na falta de regime geral, os municípios podem criar taxas. Do ponto de vista da
legalidade tributária (artigo 165º nº1 alínea i) da CRP) não há problema.
2. Igualdade tributária: Princípio da equivalência. Vamos supor que o preço era 5€ por todos. O
legislador devia distinguir entre peões e automóveis, sendo que se não distinguir não respeita
a igualdade tributária (artigo 13º da Constituição). Isto significa que o município devia
distinguir também entre os carros serem grandes ou pequenos? Sim. E distinguir entre peões
mais gordos e crianças? Do ponto de vista da equivalência, deve-se discriminar de uma forma
tão precisa quanto possível, mas há limites: não se pode criar 100 categorias de automóveis.
Exige uma base de incidência estreita (ex.: fixar 3 ou 4 categorias de automóveis). Podemos ir
tão longe quanto possível sem atentar contra outros princípios ou razões de praticabilidade.

Senhas pré-pagas de estacionamento: Está em causa uma contra-partida concreta e


individualizada. O facto do preço ser pré-pago não tira a natureza de “taxa”. Será que isto é uma
verdadeira taxa ou é um preço?
1. Temos de ver se há concorrência ou não
2. Saber se o bem é indispensável ou não
Via de regra os valores que pagamos por estacionamentos na via pública são taxas. Se
considerarmos que estamos perante verdadeiras taxas, então podem ser criadas pelo Município.

Princípio da igualdade que se aplica é o princípio da equivalência mas não se diz o preço que se
paga.

Taxa de recolha do lixo: Está em causa uma taxa porque embora esteja em causa uma presunção, a
presunção é forte. Via de regra, a presunção é válida para a maioria. Isto é, quem consume água,
produz lixo que precisa de ser recolhido. Se isto é uma taxa, então, por um lado o Município pode
cria-la e em termos de igualdade tributária o princípio que se aplica é o princípio da equivalência.

Tributos de Vilabaixo

Taxa de 100€ de utilização do pinhal para organizar bailes ou piqueniques: Em primeiro lugar
devemos qualificar o imposto. A contra-prestação efectiva é a utilização de um bem de domínio
público. Logo, temos uma taxa.
• Princípio da legalidade: Pode ser criado por um município
• Princípio da equivalência: Cobram-se 100€ a todos. A taxa não distingue e talvez devesse
distinguir (artigo 13º da Constituição). Estamos a tratar do mesmo modo contribuintes que
geram custos diferentes.

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• Princípio da proporcionalidade: Temos que ir ao orçamento do município aferir os gastos para


ver se os 100€ são ou não proporcionais. Mas este princípio só serve para cuidar dos casos de
excesso manifesto e grosseiro (por exemplo: quando o custo é 20, mas cobram 100). Ex.: Se
os custos são 80 e cobram 100, então mostramos que há uma desproporcionalidade através do
princípio da equivalência. Porque os 20 euros que estão a ser cobrados a mais não vão ser
efectivamente aproveitados pelos sujeitos passivos. O princípio da equivalência exige que se
pague o custo da contra-prestação efectiva.

Taxa de poluição sonora: Não há o aproveitamento de uma prestação de administração pública:


está-se a presumir o comportamento de um particular. Por isso, está em causa um imposto sobre a
poluição sonora, sob a forma de taxa, o que gera problemas de princípios.
• Princípio da legalidade: Município não pode criar (artigo 165º nº1 alínea i)).
• Princípio da igualdade (capacidade contributiva): O gerar barulho não é um indicador de
capacidade contributiva. Logo, temos aqui uma violação do artigo 13º da Constituição.

Taxa de estadia de 10€ por noite: O facto gerador aqui é o consumo de um serviço de hotelaria. O
que estamos a presumir? Os trabalhos adicionais de limpeza e arranjo da cidade. Presume-se que o
município vai ter despesas devido a esse turista. Neste caso, a presunção tem força relativa, estando
em causa uma contribuição. A presunção tem força relativa porque está em causa Vilabaixo. Se
fosse Lisboa, Vilamoura, etc, então a presunção até poderia ser forte.
• Princípio da legalidade: Sendo uma contribuição não pode ser criado pelo Município.

Imaginemos que a taxa tem isenções para menores ou para pessoas que sejam naturais de Vilabaixo.
Pode ser assim?
- Estando em causa uma taxa, o princípio da equivalência diria que se derem custos ou não, sim.

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