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1. Grandes Expectativas
Em primeiro lugar deve-se ter em consideração o artigo 165º nº1 alínea i) da Constituição, nos
termos do qual é da reserva de competência da Assembleia da República a criação, modificação e
extinção de impostos, salvo autorização do Governo. Havendo uma autorização ao governo para
emanação deste decreto-lei não haverá nenhuma inconstitucionalidade.
Agravamento das taxas do IRS a aplicar aos rendimentos do ano em curso em 2%,
permitindo deduzir as despesas com livros infantis.
O artigo 103º nº3 da Constituição e o artigo 12º da LGT proíbe expressamente as leis fiscais
retroactivas. Neste caso está em causa uma retroactividade inautêntica ou fraca uma vez que o facto
tributário “rendimentos do ano em curso” ainda se está a formar. Estando o facto tributário ainda
em formação, resta aos contribuintes ainda alguma margem para compensar o sacrifício adicional
que lei inesperadamente lhes impõe.
Esta lei seria então inconstitucional. Contudo, deve-se ter em consideração que a proibição de
retroatividade presente no artigo 103º nº3 não é absoluta, e estando em causa um estado grave das
finanças públicas, poderá ser tolerada. Ou seja, a segurança jurídica dece ser sacrificada a outros
valores constitucionais que no caso concreto se mostrem mais relevantes, e que em circunstâncias
excepcionais se considere legitima a lei fiscal retroactiva.
A lei ainda criou uma dedução à coleta das despesas com livros infantis. Está em causa uma
retroatividade fraca, que à partida não é inconstitucional pois é positiva para o contribuinte.
Lançava-se uma colecta extraordinária quanto ao IRC sobre os lucros auferidos no ano
passado, exigindo-se das sociedades mais 5% de imposto a acrescer ao que já tinham pago.
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O artigo 103º nº3 da Constituição e o artigo 12º da LGT proíbe leis fiscais retroativas. Está em
causa uma retroatividade autêntica ou forte uma vez que o facto tributário “lucros auferidos no ano
passado” já se conformou.
A retroatividade forte surge tendencialmente mais gravosa para os contribuintes, na medida em que
o facto tributário está já plenamente formado, não lhes restando qualquer hipótese de compensar o
sacrifício adicional que a lei lhes traz.
Está em causa uma inconstitucionalidade material. Contudo, deve-se ter em consideração que a
proibição de retroatividade presente no artigo 103º nº3 não é absoluta, e estando em causa um
estado grave das finanças públicas, poderá ser tolerada.
Podemos fazer o mesmo juízo de valor que fizemos em relação ao IRS? O juízo de ponderação
fazemos sempre porque há situações de calamidade pública ou extremamente graves em que se
admite a retroatividade. Não posso tributar com base em presunções (artigo 104º nº2).
Está em causa uma lei que se aplica a factos futuros, mas que lesa, apesar disso, as expectativas
fundadas no passado dos interessados (nomeadamente os casais jovens que tinham comprado casa a
contar com a isenção por 10 anos).
Neste caso a lei é retrospectiva porque para o futuro deixa de se aplicar a isenção do IMI. A lei
retrospectiva é, em princípio, admissível no plano constitucional, mas em casos excepcionais em
que violem o princípio da segurança jurídica, podem ser inconstitucionais.
A lesão das expectativas dos contribuintes deve considerar-se inadmissível sempre que:
a) Estejamos perante uma alteração da ordem jurídica com a qual os destinatários das normas
razoavelmente não possam contar
b) Essa alteração não seja ditada pela necessidade de salvaguardar direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos que devam considerar-se prevalecentes.
O que diríamos ao Governo?
Cláusula de salvaguarda das pessoas que já adquiriam o imóvel seria uma opção.
O controlo aqui faz-se de forma diferente; muitas vezes o legislador inclui esse período transitório,
sobretudo quando estão em causa investimentos de grande valor.
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2. Imposto passava a ser calculado de acordo com o “valor objectivo” de cada imóvel, valor esse
fixado atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e “antiguidade”, bem como “outros
factores relevantes" que a lei não especificava.
3. Portaria iria precisar melhor estes elementos e o peso de cada um no cálculo do valor tributável
4. Questão das taxas
5. Questão da isenção do imposto
Em primeiro lugar deve-se ter em consideração o artigo 165º nº1 alínea i) da Constituição, nos
termos do qual é da reserva de competência da Assembleia da República a criação, modificação e
extinção de impostos, salvo autorização do Governo. Havendo uma autorização ao governo para
emanação deste decreto-lei não haverá nenhuma inconstitucionalidade.
Imposto passava a ser calculado de acordo com o “valor objectivo” de cada imóvel, valor esse
fixado atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e “antiguidade”, bem como “outros
factores relevantes" que a lei não especificava.
Podem haver conceitos indeterminados na lei, podendo alguns elementos ser remetidos para
portaria. Por razoes de segurança, o ideal seria que tudo fosse determinado por lei. Mas, será mais
fácil remeter certos aspectos para portaria de forma a que seja mais fácil de os adaptar à realidade e
é uma forma de reduzir a complexificação da lei.
Questão: O que estou a remeter é essencial para a segurança dos indivíduos? (juízo de
proporcionalidade)
Neste caso: Não traz segurança nenhuma num aspecto essencial para o imposto, podendo apenas
aspectos laterais ser remetidos para portaria.
Questão da taxa
A competência para fixar as taxas dos impostos pertence à Assembleia da República ou ao Governo
por decreto-lei autorizado nos termos do artigo 165º nº1 alínea i).
A taxa é um elemento essencial do imposto nos termos do artigo 103º nº2 da Constituição.
O princípio da legalidade e da reserva de lei não é um princípio absoluto: tem de ser articulado com
outros princípios. Em certa medida, pode haver uma adaptação local ou regional de certos impostos.
Juízo de proporcionalidade para tutelar a autonomia financeira das Autarquias Locais e das Regiões
Autónomas.
Todos os anos os municipais aprovam as taxas de IMI a vigorar no seu território (artigo 112º do
CIMI).
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Isenção do imposto
Nos termos do artigo 103º nº2, os benefícios fiscais são elementos essenciais dos impostos e devem
ser definidos por lei ou por decreto-lei autorizado.
Neste caso, a lei teria de definir, no mínimo, alguns critérios para definição do que seria uma zona
degradada de modo a evitar a desigualdade dos impostos e a violação da segurança jurídica. A
isenção em concreto tem de estar prevista na lei.
No que diz respeito ao princípio da legalidade, o artigo 165º nº1 alínea i) dispõe que a criação de
impostos é da reserva relativa da Assembleia da República, podendo o Governo criar um imposto
mediante autorização da Assembleia da República.
No que diz respeito à aplicação da lei no tempo, não há nenhum problema porque o IVA é um
imposto periódico que não impõe questões de retroatividade.
Neste decreto-lei, remete-se para portaria a fixação de outros bens de luxo. Este é um elemento
essencial a ser estipulado segundo o princípio da legalidade — incidência objectiva (artigo 103º
nº2). Esta remissão é muito aberta.
Estabelecimento de uma taxa de IRS de 50% a aplicar aos rendimentos acima dos cem mil
euros.
No que diz respeito à aplicação da lei no tempo, há uma violação do artigo 103º nº3 da Constituição
que proíbe a retroatividade da lei fiscal. Está em causa uma retroatividade inautêntica na medida em
que esta taxa será aplicada a este ano fiscal. Estando o facto tributário ainda em formação, resta aos
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contribuintes ainda alguma margem para compensar o sacrifício adicional que lei inesperadamente
lhes impõe.
Tem de se atender ao critério material para apurar se é inconstitucional visto que podem haver
razoes que justifiquem medidas retroativas. Não é o caso, visto que por de trás destes impostos
estão razões de redistribuição de riqueza com objectivos políticos.
Permissão para o pagamento do IRS em géneros e portaria do Ministro das Finanças que vem
estabelecer que se admitiam os seguintes bens e valores: galinhas, presuntos.
Artigo 40º da Lei Geral Tributária: Imposto é pago em dinheiro, não podendo ser pago em espécie.
Contudo, se vier uma lei ou decreto-lei a dizer que o imposto pode ser pago em géneros, e não
tendo a Lei Geral Tributária valor reforçado, isto não é inconstitucional.
Hoje em dia, quem é que faz a liquidação dos impostos, como IRS, IRC, IVA?
• São os próprios contribuintes que liquidam os impostos. O contribuinte calcula, ele próprio o
IVA que deve todos os trimestres, e o IRC que tem de pagar. Hoje em dia, a liquidação já não é
feita pela Administração. A Administração só liquida os impostos quando o contribuinte não
entrega a declaração. Nós, hoje em dia, já não falamos propriamente de cobrança de impostos.
A Administração não cobra o IVA, é o contribuinte que paga o IVA. Logo, a liquidação e a
cobrança não são elementos essenciais, sendo, hoje em dia, são funções já largamente
delegadas aos contribuintes.
Ou seja, o Governo podia mesmo sem autorização da Assembleia, permitir o pagamento do IRS em
géneros, e podia remeter o estabelecimento dos bens e valores para portaria. A liquidação e
cobrança (ou auto-liquidação e pagamento) são matérias que não têm a mesma importância que os
restantes elementos essenciais do imposto.
Projecto de lei que determina que o IMI seja agravado em 50% relativamente às casas com
piscina ou campo de ténis.
Nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) a Assembleia da República tem competência relativa para a
criação, modificação e extinção de impostos.
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- Neste caso, a taxa de 50% pode ser considerada muito alta, e desproporcional ao fim visado de
distribuição de riqueza.
Sem dúvida que o legislador deve praticar a justiça social através da tributação de património, e
deve fazê-lo com base no artigo 104º nº3. Contudo, devemos perguntar até que ponto se deve ir —
teste da proporcionalidade (necessidade, adequação, proporcionalidade).
Em primeiro lugar, cumpre mencionar que nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) é a Assembleia da
República que tem competência para a criação, extinção e disciplina dos elementos essenciais dos
impostos. Ora, neste caso as medidas adoptadas foram aprovadas pela Assembleia da República,
não se verificando uma inconstitucionalidade neste sentido.
Empresas passam a estar sujeitas a uma colecta mínima no valor anual de mil euros, a aplicar
já relativamente ao ano em curso e independentemente dos lucros que resultem da sua
actividade.
Será que a luta contra a fraude fiscal e evasão fiscal justifica que se cobre uma coleta dos
rendimentos do ano em curso?
- Se o legislador tivesse sido cuidadoso, então não teria feito um imposto retroativo, e dito que esta
colecta apenas se aplicara a partir de 1 de Janeiro.
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O artigo 104º nº2 afirma “fundamentalmente” o que significa que podem haver excepções. Quais
serão essas situações? Quando poderão haver situações em que não se tributam as empresas sobre o
seu rendimento real?
• Nos casos em que a empresa se recusa a colaborar com a administração dos seus rendimentos
• Nos casos de tributação simplificada
Adicionalmente, isto viola o princípio da igualdade (artigo 13º) por se tributar independentemente
dos lucros que aufiram.
Não se pode dizer que é 1000 euros para todos, sem mais. Isto não tem fundamentação suficiente,
logo há uma inconstitucionalidade nos termos do artigo 104º nº2.
A eliminação de benefícios fiscais é a mesma coisa que a criação de um novo imposto para as
empresas. Logo, há aqui uma retroatividade inautêntica ou fraca. A retroatividade é proibida nos
termos do artigo 103º nº3.
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O artigo 104º nº1 da Constituição não se refere à tributação de rendimentos reais. Não se está a
tributar o rendimento real neste caso, mas sim um rendimento presumido. A razão pela qual não
existe uma referência expressa no artigo referido, a rendimentos reais é porque é muito óbvio que
tenha de ser assim. Ou seja, é óbvio que os cidadãos têm de ser tributados com base em rendimentos
reais. Logo, neste caso há uma violação do princípio da capacidade contributiva.
Presunções destas são, contudo, legítimas em casos específicos. Nos casos em que contribuinte se
recusa a colaborar com a administração na revelação dos seus rendimentos, então tributamos com
base em presunção (artigo 89º-A). No artigo 89º-A da Lei Geral Tributária, o legislador escolheu
manifestações de riqueza que permitem presumir o rendimento com maior segurança. O
contribuinte pode ilidir a presunção.
Todos os rendimentos provenientes de práticas ilícitas ficam sujeitos a uma taxa agravada de
IRS ou de IRC de 50% e as despesas suportadas com práticas ilícitas não são dedutivas ao
rendimento de empresas profissionais.
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Legalidade: Artigo 165º nº1 alínea i) — Criação de contribuições está sujeita a reserva de lei
integral, até que seja criado o regime geral mencionado no artigo.
Prestação (despesas que o Estado cobre em caso de acidente ecológico) e a compensação seriam os
5% dos lucros.
- Princípio da equivalência (cada um contribua na medida do custo da prestação que se visa
compensar)
- Corolário do princípio da equivalência: Exigência de base tributável específica
- A criação de tributos comutativos assentes no valor dos rendimentos mostra-se inadmissível
porque introduz diferenciações alheias aos custos cuja a compensação estes tributos se encontram
voltados. 5% do lucro da empresa não constitui um indicador válido do custo ou valor de uma
prestação pública.
Isto não é uma contribuição, mas um imposto disfarçado — porque não há uma prestação por parte
do Estado, e porque o valor anual de 5% não é uma base tributável específica (não indica
validamente o valor ou custa da prestação do Estado).
Legalidade: Nos termos do artigo 165º nº1 alínea i) os impostos devem ser criados por lei da
Assembleia da República.
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Definição de imposto: Prestação pecuniária, coativa, unilateral, exigida por entidade pública que
tem uma função de angariação de receita.
Neste caso, o suposto imposto tem como fim compensar custos de congestionamento — mas um
imposto deve ter como fim angariar receita ou redistribuir riqueza (fins extrafiscais) e não o fim de
compensar um custo. É uma contribuição porque presume-se que por ser uma grande superfície vai
criar custos de congestionamentos.
Está em causa uma consignação: afetação da receita (do imposto) à cobertura das despesas (que se
tem com o congestionamento). Ora, não pode haver consignação nos impostos, apenas nos tributos
comutativos.
II. IRS
Incidência subjectiva
Neste caso a incidência subjectiva é o veterinário (artigo 13º nº1 do Código de IRS)
- Categoria F (artigo 41º): Vai-se reduzir todos os gastos suportados e pagos pelo sujeito passivo
para obter ou garantir tais rendimentos. Só posso levar à dedução específica, uma despesa que
esteja relacionada com a angariação do rendimento. Vamos ter um rendimento líquido de 500
euros.
Englobamento
- Artigo 22º
- Excepção ao englobamento (artigo 72º alínea e)) taxa especial: No final do ano o veterinário vai
declarar os rendimentos prediais de 500 euros, e tem automaticamente direito a uma taxa de
28%. 500 x 0,28 = 140. Esses 140€ são IRS pagos à parte. Mas o veterinário pode optar por
englobar (artigo 72º nº8). Logo, os 500 euros não são englobados.
Abatimentos
Temos de proceder aos abatimentos (artigo 56º-A). Não há abatimentos
Neste caso prático não há nenhuma dedução à coleta. Logo, o imposto devido = 5631,60€
• Cabeleireiros e oficinas, etc. É mais comum nestes casos haver fuga ao fisco.
• O legislador isolou estes sectores mais propensos à fraude.
**Se o veterinário tivesse pedido sempre fatura, talvez tivesse direito à dedução dos 250 euros.
- Artigo 78º nº7 : O legislador está a dizer que os contribuintes têm direito a uma série de
deduções à coleta, mas há um plafon global.
Neste caso prático não havia nenhuma dedução à colecta, o que significa que o IRS é 5631,60
euros. Este é o imposto devido. Agora temos de deduzir ao imposto devido a retenção na fonte.
Despesas:
• 750€ a tapar o tecto da roulotte
• 250€ tapar as frinchas das janelas
• 500€ na farmácia e comparticipada só pela metade
1. Incidência Subjectiva
• Artigo 13º do CIRS
• Estão em causa dois sujeitos passivos: Sousa e a Dozinda
• Nos termos do artigo 13º nº2, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado
individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela
tributação conjunta.
• Optamos pela tributação conjunta
• 1000€ de juros no banco ! Categoria E rendimentos de capitais (artigo 5º nº2 alínea b))
• 1000€ em uvas ! Categoria B prestação de serviços (Artigo 3º nº1 alínea b) e artigo 24º nº1
alínea e)). Não é o artigo 24º que é uma norma de incidência — a norma de incidência é o
artigo 3º nº1 alínea b). Isto não é um rendimento agrícola porque para que haja um
rendimento agrícola tem de haver venda de produção própria.
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5. Abatimentos
Os únicos abatimentos que existem são os relativos a contribuintes com deficiências (artigo 56º-A
do CIRS).
O artigo 70º (mínimo de existência) diz que quando os rendimentos são baixos, tem de se assegurar
a sobrevivência do contribuinte, o que significa que não há tributação. Se se aplicar o mínimo de
existência, não se aplicam as taxas do artigo 68º. O imposto devido passa a ser 0 (zero), não pagam
IRS.
• Critério qualitativo = rendimentos predominantemente originados nas categorias A e H. Para
apurarmos estes rendimentos, vamos olhar para os rendimentos brutos. 5600 + 5600 = 11,200
é mais de metade. Logo, A e H são predominantes. O que conta é a fatia A e H ser mais de
metade, ou ser a maior das fatias? Aplicando o princípio da capacidade contributiva
inteiramente, é indiferente de onde vem o rendimento, não se diferenciaria as categorias de
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Rendimento disponível = 19200 - 1317,08 = 17882,92. Como fica acima de 8500€, não se aplica o
mínimo de existência.
Se o imposto devido fosse a zeros, terminava o cálculo do IRS? Ou teríamos ainda que verificar
alguma coisa? Temos de fazer retenções na fonte de quaisquer das formas. Podem ter sofrido
retenções na fonte e o Estado lhes deve isso.
No artigo 70º nº2 opera uma majoração do mínimo de existência, sempre que estejamos perante
famílias numerosas. Ou seja, o mínimo de existência não é igual para todos. É aplicado aos
agregados familiares numerosos. No nº2 já não há o critério qualitativo.
No artigo 70º nº3: Se eu estiver perante contribuintes que se declarem separadamente, e tenham este
número de dependentes, vou dividir por dois o valor. Se estou a dividir por dois para efeitos do nº2
tenho de dividir para efeitos do nº1. Ou seja, neste caso também dividimos 8500 por dois.
Isto não significa que não vai pagar impostos, só que não os paga ao longo do ano, e sim no final do
ano.
Aplicamos a Tabela II ou III? A diferença é único titular ou dois titulares. A Dozinda tinha
rendimentos englobáveis e o Sousa também, nesse caso aplica-se a tabela III (dois titulares). Ambos
têm de ter rendimentos englobáveis.
*Neste caso compensou terem optado por englobar porque a taxa de IRS que foi aplicada foi de
14,5% em vez de 28%. Compensa englobar se os contribuintes tiverem rendimentos modestos.
A única retenção que tivemos foi a da taxa liberatória de 280. Por isso devemos subtrair 1317,08-
280 = 1037,08.
Receitas:
• 40.000 € na Tradução (Carlos)
• 4.000 € dividendos (Marisa)
• 400 €/ mês hospedeira (Marisa)
• 5.000 € arrendamento (Carlos)
• 5.000 € fixação do Placard (Carlos)
Despesas:
• 2.500€ viagem (Carlos)
• 500€ curso intensivo (Carlos)
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1. Incidência subjectiva
- Artigo 13º do Código de IRS
- Agregado Familiar (artigo 13º nº4 e artigo 13º nº5)
- Cônjuges (tributação conjunta)
- Filho Josias
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ocorrido retenções na fonte nos termos do artigo 101º nº1 alínea e), aplicando-se uma taxa de
25%. Ao longo do ano, quando se recebe o pagamento das rendas, o Sindicato dos Tradutores
Orientais pode ir fazendo retenções na fonte, se tiver contabilidade organizada.
Em ambos os casos há a opção de englobamento. No que diz respeito aos rendimentos capitais,
podem ser englobados nos termos do artigo 71º nº6. No que diz respeito aos rendimentos prediais,
podem ser englobados nos termos do artigo 72º nº8.
5. Abatimentos
Não há abatimentos, só nos casos de contribuintes com deficiências (artigo 56º do CIRS)
Aplicamos o artigo 68º nº2 uma vez que o rendimento é superior a 7035 euros.
- Primeira parte: Aplica-se o segundo escalão e por isso a taxa é 23,6
- 20100 X 0,236 = 4.743,6
- Excedente = 21.748 - 20100 =1648
- Segunda parte: Ao excedente aplica-se a taxa da Coluna A do escalão imediatamente superior
- 1648 X 0,37 =609,77
- 4743,6 + 609,77 =5353,37
Agora deve multiplicar-se o resultado por dois = 10.706,72 (artigo 69º nº3). Esta é a coleta do
imposto.
*Neste caso, foram tributados por uma taxa na margem de 37, o que significa que não
compensou terem englobado.
7. Deduções à coleta
- Artigo 78º-D despesas de educação e formação (2000€.) Gastou 2000€ x 30% = 600 euros
- Artigo 78º-A nº1 alínea a): 600 euros por cada dependente
- Artigo 78º nº1 alínea k) (benefícios fiscais): Foi feito um donativo no valor de 5000€. Deve-se
remeter para o artigo 63º nº1 do EBF. Estas normas de antes figuravam de um Estatuto
autónomo. Estas normas dirigem-se em primeira linha às empresas. Normalmente são as
empresas que fazem um donativo. Depois, quando os donativos são feitos por pessoas singulares
temos de partir do artigo 63º, que remete para os artigos anteriores. Temos então de ir aos artigos
anteriores e ver duas coisas.
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1. Entidade a quem estou a fazer o donativo releva para efeitos fiscais: Tenho de ver se o clube
recreativo pode ser enquadrado em algum dos donativos anteriores (Mecenato cultural, 62º
nº1 alínea c))
2. Ver se há alguma limitação (limite feito em pernilagem): No artigo 62º-B nº5, até ao limite
de 0,8%. Isto é para evitar abuso de empresas.
Quais são os casos em que não há limites de pernilagem? E aí, podendo deduzir 25%?
• Os casos do artigo 62º nº1. Eu posso oferecer a estas Entidades, todo o dinheiro que quiser, que não
há qualquer limitação para efeitos do IRS. Aí, sim, as empresas podem ser generosas o quanto
quiserem.
No artigo 63º nº2 há uma majoração de 130%. Eu ofereço 1000 mas o que vai contar vão ser 1300.
Foram gastos 500€ no curso intensivo — As deduções à colecta têm a ver com o agregado. Esta
dedução com a despesa de formação é uma dedução específica porque tem a ver com a atividade da
Categoria B.
Agora, temos de aplicar a fórmula do artigo 78º nº7 alínea b). Esse plafon não se aplica a todas as
deduções à coleta: alíneas c) a h) e k).
- Educação (600€)
- Donativo (1250€)
Os 600€ não está abrangida pelo plafon. Porquê? É uma dedução fixa que não depende de nenhum
gasto, não podendo o contribuinte abusar destes valores. A razão pela qual se estabeleceu este
plafon foi porque o FMI queria. Os 600 euros dos dependentes não dependem de uma despesa
efectiva. Quanto às restantes despesas temos um plafon.
Vamos ter de aplicar a fórmula. Quando temos contribuintes casados, o rendimento colectável a que
se refere a fórmula é o rendimento depois de ter feito o splitting 21748. Vamos ter de injectar esse
valor na fórmula e ver quanto isso vai dar.
O resultado foi 2197€ de plafon. A soma das deduções à coleta não pode exceder este valor. E não
excede.
Temos de fazer a retenção na fonte do rendimento bruto de cada categoria (artigos 99º-101º)
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• Aplicamos o artigo 101º que diz respeito à retenção na fonte de rendimentos de outras
categorias
• O nº1 do referido preceito estabelece que para que haja retenção na fonte, a entidade tem de
dispor de contabilidade organizada.
• Não obstante, se considerarmos que quem paga ao tradutor tem contabilidade organizada,
então aplicamos o artigo 101º nº1 alínea b) que dispõe que devemos aplicar a taxa de 25%.
40.000 X 0,25= 10.000 euros de retenção na fonte
** Além das retenções na fonte, se calhar o contribuinte fazia pagamentos por conta.
Receitas:
• 40,000 € de cachet (Abdulá Marajá)
• 2000 €/ mês veterinária (Soraia)
• 5000 € juros dos depósitos bancários (Abdulá e Soraia)
Despesas:
• 10,000 € despesas médicas
• 5000 € serpentes
• 2500€ flautas
• 10,000 € seguro de vida
1. Incidência Subjectiva
- Artigo 13º do Código de IRS
- Artigo 13º nº4 Agregado familiar composto pelos cônjuges (Abdulá e Soraia) e os dependentes
que nos termos do artigo 13º nº5 são os filhos e menores sob tutela (7 dependentes), a tutela tem
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de ser decretada pelo Tribunal. Presumindo que a tutela foi decretada pelo tribunal, temos 7
dependentes.
Em primeiro lugar devemos aplicar o quociente familiar constante do artigo 69º nº1. Divide-se o
rendimento coletável por dois. 58896/2 = 29448 €.
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Agora, devemos aplicar as taxas de IRS constantes do artigo 68º. Uma vez que o rendimento
coletável é superior a 7035 €, aplicamos o artigo 68º nº2.
• Aplicamos o segundo escalão 7035 a 20100
• 20100 X 0,236 = 4743,6
• Excedente: 29448 - 20100 = 9348
• 9348 X 0,37 =3458,76
• 4743,6 + 3458,76 = 8202,36
Agora, devemos desfazer o quociente familiar multiplicando, nos termos do artigo 69º nº3, 8202,36
por dois = 16,404.72 ! Coleta do Imposto
* Neste caso foram tributados por uma margem de 37% o que significa que não compensou ter
englobado visto que, aplicando-se a taxa liberatória seria de 28%.
Nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea a) por cada dependente é deduzido o montante fixo de 600€.
Neste caso temos 7 dependentes.
- 600 X 7= 4200 €
Nos termos do artigo 78º-C também devemos deduzir as despesas de saúde. Deduz-se um montante
correspondente a 15% do valor suportado, com o limite global de 1000 €.
- 10000 X 0,15 = 1500 €
- Contudo, como isto ultrapassa o limite global de 1000€, deduzimos apenas 1000€
Antes havia uma dedução para os seguros de vida. Agora não há dedução para os seguros de vida.
Temos o plafon do artigo 78º nº7, mas esse plafon não se aplica aos 4200. Aplica-se aos 1000 que
estão sujeitos ao limite do plafon do artigo 78º nº7. Teríamos de ver se fura o limite ou não,
Aplicando a fórmula o limite dá 2038. Mas devemos acrescentar ao limite o disposto no artigo 78º
nº8. O limite é majorado em 5% por cada dependente. 5% de 2038 = 101,9 x 7 (dependentes) =
713.3. O que significa que o limite é, na realidade 2038 + 713.3 = 2751,3€
Nos termos do artigo 78º nº2 são ainda deduzidos à coleta os pagamentos por conta do imposto e as
importâncias retidas na fonte.
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• Os rendimentos de trabalho dependente estão sujeitos a retenção na fonte nos termos do artigo
99º nº1 alínea a)
• Devemos aplicar o artigo 99º-C que remete para as tabelas de retenção na fonte
• Devemos apurar qual a Tabela aplicável
• Aplicamos a Tabela III (casado, dois titulares)
• Até 2066 €, havendo 5 ou mais dependentes aplica-se a taxa de 17,6%
• 28,000 x 0,176 = 4928 € de retenção na fonte
Categoria B (40,000 €)
• Aplicamos o artigo 101º nº1 alínea b) se admitirmos que quem paga ao encantador de
serpentes pelos seus serviços dispõe de contabilidade organizada.
• Logo, aplicamos a taxa de 25%
• 40,000 x 0,25= 10,000 € de retenção na fonte
Categoria E (5000 €)
• Como optámos por englobar, os 1400 € que resultam da aplicação da taxa de 28% têm de ser
deduzidos agora
• Deduzimos 1400 € de retenção na fonte
Receitas:
• 3000€/mês (Administrador)
• 1000€/ano (bónus de ligação)
• 500€/mês (subsídio de guarda-roupa)
• 20,000€ (Prémio)
• 10,000€ (pensão de alimentos)
• 10,000€ (vidente)
Despesas:
• 5000€ (psiquiatra)
• 2000€ (propinas)
• 1000€ (equipamento)
• 500 € (congresso)
• 2000€ (empresa)
• 10,000€ (donativo)
1. Incidência Subjectiva
Neste caso temos como sujeitos passivos, Júlio Falcão que é casado com Dara, e uma dependente,
nomeadamente Ianca, nos termos do artigo 13º nº5 (menor sob tutela, sendo que esta tutela tem de
ser judicial).
!23
Nos termos do artigo 13º nº4 alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges e
respectivos dependentes. Vamos assumir pela tributação conjunta de Júlio Falcão e Dara (artigo 13º
nº3)
Agora, procedemos ao splitting nos termos do artigo 69º nº1, isto é o quociente familiar.
!24
74292/2 =37,146.00
Agora temos de ver se estas deduções à coleta furam o plafon estabelecido pelo artigo 78º nº7.
Aplicamos a fórmula da alínea b). Mas antes temos de dividir o rendimento coletável por 2.
74,292€/2 = 37.146,00
O valor que obtive com a aplicação da formula foi: 1880.98. Ora, a soma das deduções à coleta
(4600) excedem este valor, pelo que somente se poderá deduzir 1880,9€.
Há 3 pagamentos por conta no valor de 1000 euros que devem ser deduzidos.
Retenção na fonte:
• Categoria A: Artigo 99º-C que remete para as tabelas.
• Nos primeiros 11 meses auferiu 3500 euros. Até 4072 euros, com um dependente, aplica-
se a taxa de 30,7%. 3500 x 0,307 = 1074,5 x 11 = 11819,50
!25
• No 12º mês, auferiu-se 21000 + 3500 = 24500€, o que significa que há retenção na fonte.
Vamos à tabela III (casado, dois titulares) porque ambos têm rendimentos englobáveis.
Até 25,000 aplica-se a taxa de 44,3%. 24500 x 0,443 = 10,853.5.
• Nos meses do subsídio de férias e de subido de natal, que são meses fictícios ele só
recebe 3000€ porque não há subsidio de guarda-roupa nesses meses fictícios. Esta é uma
retenção na fonte autónoma. 3000€ na tabela aplica-se a taxa de 0,28 = 840 x 2= 1680€
• Categoria B: Rendimento bruto de 10,000 €. Só haverá uma retenção na fonte se quem paga à
vidente dispuser de contabilidade organizada.
• Categoria H: Não há retenção na fonte de pensões de alimentos (artigo 99º nº1 alínea b)).
Receitas:
• 300€/ 3 meses (guia turística)
• 2500€ (arrendamento)
• 200€ (juros do depósito bancário)
• 20,000€ (venda do lote de acções)
• 2000€ (dividendos)
• 10,000€ (lucros distribuídos pela sociedade)
• 100,000€ (venda de terreno)
Despesas:
• 10,000€ (compra do lote de acções)
1. Incidência Subjectiva
Neste caso temos como sujeitos passivos Teodora e Mateus, que são casados. Vamos assumir pela
sua tributação conjunta nos termos do artigo 13º nº3.
• 100,000 € venda do terreno ! Categoria G (artigo 9º nº1 alínea a) e artigo 10º nº1 alínea a))
alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis. Como o prédio foi adquirido antes de
1989, não se tributem esses 100.000€ em sede de IRS de acordo com o diploma que aprova o
Código do IRS (442-A/88 artigo 5º). C.IRS ainda não tinha entrado em vigor. Como este
imóvel foi adquirido em 1986, esta mais-valia não é tributada.
Nos termos do artigo 22º, a regra é o englobamento. Contudo, devemos ter em conta os casos
excepcionais dos artigos 71º e 72º do C.IRS em que não há englobamento.
!27
• Nos termos da alínea c) o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias resultantes das
operações previstas na alínea b) (venda do lote de acções) está também sujeita à taxa
autónoma de 28%. O saldo positivo é 10,000 euros, logo aplica-se a taxa de 28%. 10,000 x
0,28 = 2800 euros. Há opção por englobamento destes rendimentos nos termos do artigo 72º
nº8.
Agora, devemos proceder ao splitting, isto é, à aplicação do quociente familiar previsto no artigo
69ºnº1. Devemos dividir o rendimento colectável em dois. 18700/ 2= 9350€.
Artigo 68º: O quantitativo do rendimento colectável é superior a 7035 por isso dividimos em duas
partes.
- Escalão até 7035
- 7035 x 0,145 =1020,075
- Excedente = 9350 - 7035 =2315
- 2315 x 0,285 = 659.775
- 1020.075 + 659.775 = 1679.8
Agora devemos desfazer o quociente familiar nos termos do artigo 69º nº3. 1679.85 x 2 = 3359.7
!28
Receitas:
• 500 €/ mês trabalho como segurança
• 200€/ mês subsídio de guarda-roupa
Despesas:
• 3000€ internamento hospitalar
• 5000€ doação à Irmandade das Carmelitas
• 2500€ curso de restauração de arte sacra
1. Incidência subjectiva
Neste caso temos apenas um sujeito passivo, nomeadamente Lúcio (13º nº1)
2. Incidência objectiva
• 500€/ mês (7000€): Rendimentos de Categoria A (artigo 2º nº1 alínea a) trabalho dependente
• 200€/mês (2400€): Rendimentos de Categoria A (artigo 2º nº3 alínea b)) remunerações
acessórias
• 9400€ da Categoria A
3. Deduções específicas
Nos termos do artigo 25º nº1 do CIRS, aos rendimentos brutos da categoria A, deduz-se o montante
de 4104€.
Nos termos do artigo 22º a regra é que devemos englobar os rendimentos das diferentes categorias.
Uma vez que só temos rendimentos fonte de uma categoria, nomeadamente a categoria A, neste
caso não há englobamento.
!29
8. Retenção na fonte
Rendimentos de Categoria A:
- Artigo 99º- A devemos ir às tabelas de retenção na fonte
- Aplicamos a Tabela I
- Ele recebe 700 € por mês nos primeiros 12 meses
- Nos restantes dois meses recebe apenas 500€ não havendo retenção na fonte
- Até 730€ aplica-se a taxa de 7,5%
- 700 x 0,075=52,5 de retenção na fonte por mês que terá de ser deduzida agora.
- 630 euros de retenção na fonte
!30
Temos neste caso 6 dependentes. Pelo facto de se ser maior não se está automaticamente excluído
do agregado familiar (artigo 13º nº5 alínea b)). Temos de ver se ele aufere um valor superior à
retribuição mínima mensal (salário mínimo que é 515 €). Estamos a falar de 515 ou 515 x 14? De
515 x 14 = 7210 €. Vamos presumir que ele já não é um dependente.
O forno que se estragou e que tinha o valor de 1500 euros, tem dois tipos de aplicação: utiliza para
o serviço mas para casa. Se tiver o regime simplificado tenho a opção de colocar isto como despesa
gerais familiares.
Aplicamos o 2º escalão
- 20100 x 0,236 = 4743,6
- Excedente: 27396 - 20100 = 7296
- 7296 x 0,37 = 2699, 52
- 2699,52 + 4743, 6 = 7443,12 (coleta do imposto)
Neste caso não aplicamos o quociente familiar. Com a reforma do IRS, veio o quociente familiar,
que permitia não só dividir por dois, mas pelo número de dependentes também. Isto foi, contudo,
revogado. O legislador não alterou a epígrafe do artigo “quociente familiar”, mas devia ser
“quociente conjugal”.
!31
Artigo 78º-A deduz-se 600 euros por dependente. Logo temos 6 x 600 =3600 euros
Artigo 78º nº8: Nos agregados com mais ou 3 dependentes a cargo, os limites máximos são
majorados em 5% por cada dependente.
Mínimo de existencia:
- Aplicamos o nº3: o rendimento colectável não é inferior a 15560
8. Retenção na fonte e pagamentos por conta (apurar o imposto devido) - SE FOR NEGATIVO HÁ
REEMBOLSO
Categoria B: Foi contratada por uma pastelaria. Se a pastelaria tem contabilidade organizada, então
podemos considerar que há retenção na fonte (artigo 101º nº1 alínea c) de 11,5):
• 10,000 x 11,5= 1150 (correspondem a imposto que já paguei, por isso tem de ser deduzido agora).
As retenções na fonte são antecipações do imposto, enquanto que as deduções à coleta são
elementos de pessoalização.
Ao passo que as actividades previstas na tabela têm um coeficiente de 0,75, apenas 25% são custos.
Ou seja, acabo por ter menos retorno da actividade. Aqui, como tenho mais custos, a minha retenção
na fonte pode ser mais baixa.
!32
As retenções nas categorias A e H são retenções progressivos e não são cegas à composição do
agregado familiar.
Receitas:
• 50,000€ cachets de toureador
• 1000€/mês nutricionista
Despesas:
• 2000€ bandeirilhas
• 1500€ trajo de toureiro
• 2000€ donativo à Sociedade Tauromáquica de Reguengos de Monsaraz
• 7000€ anel de brilhantes
• 10,000€ propinas da Universidade
• 2€ despesas hospitalares
Incidência subjectiva
Em primeiro lugar, é necessário apurar a incidência subjectiva, isto é, os sujeitos passivos. Ora, no
presente caso temos Manolo e Conchita que são cônjuges, sendo que nos termos do artigo 13ºnº2 e
nº3 poderão optar pela tributação conjunta, situação que, não estando mencionada no caso, será
assumida para efeitos da sua resolução. Adicionalmente, temos dois dependentes (artigo 13º nº5)
que são os dois filhos menores do casal. Temos, assim, um agregado familiar composto pelos
cônjuges e dois dependentes.
!33
Em quarto lugar, é imperativo proceder ao englobamento dos rendimentos das várias categorias. nos
termos do artigo 22º do C.IRS. Visto que os rendimentos em causa não são situações de excepção
de englobamento, devemos englobar as categorias A e B.
Em quinto lugar, deve proceder-se aos abatimentos de modo a apurar o rendimento coletável.
Contudo, não há abatimentos neste caso visto que só estão previstos no Código do IRS abatimentos
respeitantes a sujeitos passivos com deficiências.
De seguida, é necessário proceder ao splitting. Nos termos do artigo 69º nº1, tratando-se de sujeitos
passivos casados que optaram pela tributação conjunta, as taxas aplicáveis correspondem ao
rendimento coletável dividido por dois. Logo: 47,396/2 = 23,698€
Em sexto lugar, devemos aplicar as Taxas de IRS constantes do artigo 68º de modo a apurar a coleta
do imposto. Neste caso, visto que o rendimento coletável é superior a 7035€, o quantitativo do
rendimento coletável é dividido em duas partes nos termos do artigo 68º nº2.
• 1ª parte: 20100 x 0,236 = 4743.6
• 2ª parte: 3590 x 0,37 = 1331.26
• 4743.6 + 1331.26 = 6074.86
Agora é necessário desfazer o quociente familiar, nos termos do artigo 69º nº3. Logo: 6074.86 x 2 =
12,149.72 (coleta do imposto)
!34
Agora que temos a coleta do imposto, temos de proceder às deduções à coleta nos termos do artigo
78º do C.IRS.
Em primeiro lugar, deve-se deduzir 600€ por cada dependente nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea
a). Sabendo que neste caso o casal tem dois filhos dependentes, deduz-se 1200€. Também se
deduzem 525€ pelo avô de Manolo nos termos do artigo 78º-A nº1 alínea b) e mais 110€ nos termos
do nº2 alínea b).
Em segundo lugar, deve-se deduzir as despesas de educação (artigo 78º-D). Deduz-se um montante
correspondente a 30% do valor suportado a título de despesas de formação e educação desde que
esse montante não ultrapasse 800€. Logo: 10,000 x 0,3 = 3000€. Excedente isto o montante de
800€, deduzem-se 800€.
Não se deduzem as despesas hospitalares do avô porque têm de ser despesas de um membro do
agregado familiar.
Se consideramos a aquisição do anel de 7000€ como uma despesa geral familiar nos termos do
artigo 78º-C nº1. Assim, 7000 x 0,35 = 2450€, havendo o limite global de 250€, deduzindo-se assim
250€.
Assim:
Soma das deduções em causa: 1550,3 €
Divisor do artigo 69º: 23,698€
Aplicação da fórmula: 2157,45
Visto que o valor das deduções não excede o da fórmula em causa, podem-se deduzir os 3385.3€ à
coleta do imposto.
!35
Por fim, são ainda deduzidas as retenções na fonte e pagamentos por conta. Neste caso não temos
nenhum pagamento por conta. Devemos, então, ter em consideração as retenções na fonte.
Categoria B ( 50,000€)
• Artigo 101º nº1 alínea b) desde que quem paga ao Manolo disponha de contabilidade
organizada
• Sendo esse o caso, aplicamos a taxa de 25%
• 50,000 x 0,25 = 12,500€
Receitas:
• 400€/mês de salários
• 150 € de juros
• 1500€ prémio de estafeta-do-mês
• 500€ venda do casaco de cabedal
Despesas:
• 250€ dentista
• 120€ do seguro de saúde
• 250€ curso de inglês
Incidência subjectiva
Neste caso temos um sujeito passivo, nomeadamente o tó-das-pizzas (artigo 13º nº1 do C.IRS).
!36
Nos termos do artigo 68º, não sendo o valor do rendimento coletável superior a 7035€ não
dividimos em duas partes. Somente aplicamos a taxa de 0,145.
Devemos ter em consideração o mínimo de existência constante do artigo 70º. Para aplicação do
mínimo de existência devem verificar-se dois requisitos:
1. Requisito qualitativo: Rendimentos das categorias A e H devem ser predominantes.
Interpretando isto conforme a Constituição, devemos considerar que está em causa uma maioria
!37
simples. Isto é, as categorias A e H devem ser a maior das fatias. Ora, no presente caso assim o
é, uma vez que a Categoria A é a maior fatia.
2. Requisito quantitativo: Rendimento disponível = rendimento bruto total - IRS devido
Rendimento disponível = 7250 - 224.17 = 7025.83 - como este valor é inferior a 8500€, aplica-se o
mínimo de existência e não há tributação.
Imposto devido = 0€
Receitas:
- 750 euros (trabalhador das obras)
- Últimos 3 salários do ano passado
- 750 euros em recibos verdes
- 150 euros de juros
Despesas:
- 500€ de renda
Incidência Subjectiva
- Dois sujeitos passivos: casal (Catarina e ele) (artigo 13º)
- Residentes cá
- Dependente (bebé). Se o casal tivesse o bebé a 30 de Dezembro? Também contava (artigo 13º
nº8)
!38
*Aplicação do artigo 72º nº2 alínea d): Aplicação de uma taxa especial aos rendimentos de capitais
quando não sofram as taxas liberatórias do artigo 71º. Quais são essas situações? Os obtidos fora de
Portugal, porque não se pode obrigar a entidade a fazer a retenção.
* Quando estão em causa taxas liberatórias, a entidade não tem de ter contabilidade organizada para
fazer retenção na fonte (artigo 101º nº2). Têm sempre de fazer retenção na fonte.
!39
- Critério qualitativo: Rendimentos predominantes das categorias A e H (maior das fatias, isto é
maioria simples). Olhando para o rendimento bruto a categoria A é a maior fatia.
- Critério quantitativo: Rendimento disponível = rendimento bruto total - IRS devido. Rendimento
bruto total = 20400€.
- 20400 - 287,67 = 20112,33€
- Não se aplica o mínimo de existência
*Os rendimentos que se deve ter em conta são aqueles que englobaram-se
Retenções na fonte
- Categoria A (artigo 99º-C): Temos de ir às tabelas de retenção na fonte. Até Março aplica-se a
tabela I.
• 2 meses em que recebeu 750, aplica-se a taxa de 8,5% =127,5€
Depois, em Março casou-se, passando a aplicar-se a Tabela III (dois titulares e ambos com
rendimentos englobáveis). Até Setembro não tinha nenhum dependente
• 6 meses em que recebeu 750. 750 x 8,5 = 382,5€
Depois, em Setembro tem um bebé.
• Setembro, Outubro e Novembro, aufere 750 euros com um dependente, aplica-se a taxa de
5,6%. 42 x 3 = 126€
• Dezembro aufere 3000 euros com um dependente. Aplica-se a taxa de 28%. 840€ de retenção
na fonte.
- Categoria B (artigo 101º nº1): Só há retenção na fonte se a entidade pagadora tem contabilidade
organizada. Se entendermos que a entidade pagadora tem contabilidade organizada, então aplica-
se a alínea c) e a taxa de 11,5% de retenção na fonte. 9000 X 0,115 =1035€ de retenção na fonte
- Categoria E: Como optamos por englobar esta categoria, temos de deduzir agora os 42€
!40
287,67 - 1476 - 1035 - 42 = -2265,3€ (Há reembolso por parte do Estado). Deve-se ter em conta
que talvez tivesse de fazer pagamentos por conta nos termos do artigo 102º.
Incidencia subjectiva:
- Um sujeito passivo
- Podemos equacionar que seja um não residente
- Para ser considerado residente em Portugal, é necessário que passe 183 dias num período de 12
meses.
Incidência objectiva:
- Categoria B: 100.000€ de cachet prestação de serviços
- Categoria B: 10.000€ de propriedade intelectual
- Categoria A: 1000€ pro mês = 14.000€ (artigo 2º nº1 alínea a))
- Categoria F: 10.800€
- Categoria E: 500€
Deduções específicas:
- Categoria A: 14.000 - 4104 = 9896
- Categoria B: Regime simplificado (artigo 28º nº2), encontra-se na tabela do artigo 151º, taxa de
0,75 = 75.000€
- Categoria B: taxa de 0,95 = 9.500
- Categoria B total = 84.500€
- Categoria E: Não deduções específicas porque é um rendimento meramente passivo 500€
- Categoria F: Não há deduções porque só há encargos financeiros, que estão excluídos do artigo
41º. 10.800€
Englobamento:
- Excepções ao englobamento:
- Categoria E: Artigo 71º alínea a) - taxa autónoma de 28%. Se se optar por englobar, vai ter de se
adicionar ao rendimento líquido global, e depois vamos ter de deduzi-los ao imposto devido
porque é sempre retido na fonte. 140€ que ficam lá. Se optar por englobar, os rendimentos
capitais são englobados pela metade, para evitar dupla tributação económica
- Categoria F: Artigo 72º nº1 alínea e). Se optar por englobar, não se aplica a taxa de 28% =
3024€.
!41
Abatimentos:
Não há abatimentos por isso este é o rendimento coletável
Rendimento coletável = 105.446€
Taxas de IRS:
42304,48
Deduções à coleta:
- Artigo 78º
- Os 10.000 euros, são consumidos pelas deduções específicas (artigo 78º nº4)
Retenções na fonte:
- Categoria A: 1000€ mensais
- Tabela I
- Retenção na categoria A = 1890€ de retenção na fonte
- Categoria B
- Só há retenção na fonte se quem lhe paga tem contabilidade organizada
- Propriedade intelectual 101º nº1 alínea a) 16,5% = 1650
- Cachet artigo 101º nº1 alínea b) 25% = 25.000€ — muitos clientes dele são estrangeiros, por
isso uma parcela dos seus rendimentos podia não ter retenção na fonte. Temos de partir de
!42
um pressuposto: por exemplo, que eu parto do princípio que só na metade dos 100.000€
houve retenção na fonte
- Categoria F: Só há retenção na fonte se quem lhe paga dispõe de contabilidade organizada 101º
alínea e) 25% = 2700€
- Categoria E: Temos de deduzir agora os 140 euros retidos na fonte
- Artigo 58º propriedade intelectual EBF: Quando englobamos, só englobamos 50%. Este é um
beneficio fiscal, o legislador quer estimular a criatividade.
- Artigo 101º-D do C.IRS. : Havia retenção na fonte por via do artigo 101º nº1 alínea a), só que
neste caso, a retenção na fonte só vai incidir sobre metade do rendimento bruto.
Receitas:
- 20.000 euros em comissões
- 400 euros em dividendos
- 10 mil euros
Despesas:
- 1500 euros no hospital
- 2000 euros viagens pelo país
- 750 euros num curso de defesa pessoa
- 10.000 euros pensão de alimentos
Incidência subjectiva:
- Temos um sujeito passivo (artigo 13º)
!43
Taxas de IRS
- 7035 x 0,145 = 1020,075
- 8700 - 7035 = 1665
- 1665 x 0,285 = 474,525
- 1020,075 + 474,525 = 1494,6
Deduções à coleta
- Despesas gerais familiares
- 1500 euros no hospital (artigo 78º-C): 15% x 1500 = 225 pode deduzir tudo
- 2000 euros viagens pelo país: Não é dedutível porque estão relacionados com a actividade então
já foram deduzidos nas deduções específicas.
- 750 euros num curso de defesa pessoal: Isto não pode ir à dedução à coleta (é para a actividade
pessoal)
- 500 euros pensão de alimentos (artigo 83º-A): 6000 x 0,20 = 1200€
Retenção na fonte
- 112 euros
- Consideramos que não há contabilidade organizada de quem paga ao Travassos
- Não há retenção na fonte dos rendimentos da venda de carros usados
!44
2ª parte do caso:
- Ele não declarou a totalidade dos rendimentos (dividendos e actividade comercial): Ele tem de
declarar tudo? Não — no que toca a taxas liberatórias. Esses rendimentos não têm de ser
declarados, a não ser que opte por englobar. Relativamente aos dividendos, Travassos não tinha
de declarar. Já a actividade comercial, mesmo que seja um acto comercial isolado, tem de
declarar.
- Por isso a administração fixa os seus rendimentos em 50.000 euros
- Nos artigos 87º e seguintes temos os métodos de avaliação indirecta do rendimento do
contribuinte. A administração não fica de braços cruzados quando o contribuinte declara menos
ou não declara.
- A solução regra é a que resulta do artigo 87º nº1 alínea b): aplica-se as situações em que o
contribuinte não declara ou declara mal. É a Administração que vai ter que fixar a matéria
tributável ao contribuinte. O esforço de prova é da Administração. Depois, o contribuinte perante
essa fixação indirecta, vai reagir.
- O 2º tipo de situação resulta do artigo 89º-A: Caso em que o contribuinte tem rendimentos muito
baixos e evidencia certas manifestações de fortuna. Então a Administração fica sem ter de provar.
O ónus da prova é do contribuinte.
* Nota: Quando tenho ganhos injustificados fixados pela Administração Tributária, esses ganhos e
rendimento como o enquadro no IRS?
- Categoria G (artigo 9º nº1 alínea d))
Travassos ouve na rádio que há um decreto-lei que cria um imposto mínimo sobre os trabalhadores
independentes e pequenos empresários, no valor de 1000 euros anuais, a pagar já este ano.
- Reserva de lei: 105º nº1 alínea i) — tem de haver autorização da Assembleia da República
- Não sendo o caso, cai logo por inconstitucionalidade orgânica
- Aplicação da lei no tempo: Surgimento de um imposto que surge a meio do ano e incide sobre
rendimentos— retroatividade fraca. Toda a retroatividade fraca é inconstitucional.
Incidência subjectiva:
- Um sujeito passivo (artigo 13º)
!45
• 10.000€ na roleta: Não é tributado em IRS - Não há norma de incidência. Estão sujeitos ao
imposto especial do jogo. Artigo 12º nº6 do C.IRS: está em causa uma norma de delimitação
negativa de incidência deste imposto.
• 20.000€ da cessão da posição contratual: Categoria G (artigo 10º nº1 alínea d))
• 10.000€ juros: Categoria E (artigo 5º nº2 alínea b)) auferidos num banco estrangeiro
• 1200€ (1200 x 14= 16800): Categoria A (artigo 2º nº3 alínea a)).
• No que diz respeito à utilização do veleiro disponibilizado pela antiga empresa por simpatia:
Artigo 24º valor de mercado (5000€). O artigo 24º é uma mera norma de quantificação sendo que
para tributar tem de haver norma de incidência. Não cabe na categoria A porque não temos
nenhuma entidade patronal. Sendo por simpatia, não há norma de incidência. No limite, o que
poderia dizer era que: se não for por simpatia e se a empresa ao disponibilizar o veleiro ainda
estiver a remunerar a obrigação de não concorrência, então aí seria um rendimento da Categoria
G. Somaria os 5000€ aos 48000€ como se fosse um pacote. Ou seja, só pertenceria à Categoria G
nestas situações. Contudo, neste caso podemos considerar que está de fora.
!46
A ter em atenção:
- Artigo 24º não é norma de incidência
- Ganhos do jogo não são tributados em sede de IRS.
Caso Prático I
Pedro é diretor de marketing da Local Lda. Quando o convidaram para a função,
prometeram-lhe um salário de 2000 € limpos. E, na verdade, todos os meses recebia na conta
2000 €, limpos. Ao preencher a declaração de IRS percebeu que a Local Lda tinha retido, ao
longo do ano, 1200 €. Ligou para a Local Lda e o CFO disse-lhe que quem tratava da retenção
na fonte era Carlos, o contabilista da empresa.
Questões em causa:
• Responsabilidade em caso de substituição tributária
• Artigo 28º da LGT
• Questões de natureza criminal ou contra-ordenacional (RGIT)
Nos termos do artigo 20º da LGT, se diz que a substituição opera através da retenção na fonte. É
desta substituição tributária com retenção na fonte de que estamos a falar neste caso.
Neste caso, a empresa fez retenções que não entregou ao Estado. A questão é saber quem responde
perante estas quantias.
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Artigo 28º nº1 !“Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada à retenção é responsável
pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado
de qualquer responsabilidade no seu pagamento, sem prejuízo do disposto nos números seguintes”.
O substituto não entregou a importância ao Estado, então só o substituto é que pode ser
responsabilizado. Ou seja, apenas a Local Lda é que pode ser responsabilizado. Isto faz sentido
porque o património de Pedro já foi onerado quando se fez a retenção na fonte. A capacidade
contributiva do substituído sofreu sacrifício — já foi tributado por isso não terá de responder
quando o que falhou foi a obrigação de entrega do substituto. A retenção foi bem feita, o que faltou
foi a entrega.
Quando estamos a lidar com o artigo 28º estamos a lidar com quem é obrigado a pagar o imposto.
Mas pode também haver responsabilidade no plano criminal ou contra-ordenacional, e isso nós
termos no RGIT.
- Artigo 105º (abuso de confiança): Situações em que há mecanismos de intermediação - ou tenho
um substituto que faz uma retenção e não entrega, ou um mecanismo de repercussão liquida o
imposto e depois não entrega a quantia ao Estado. Contudo, o legislador estabelece o patamar de
7500€. Por isso, neste caso estaríamos perante uma contra-ordenação.
- Artigo 114º (falta de entrega da prestação tributária): Estamos perante uma mera contra-
ordenação de falta de entrega.
*No âmbito do artigo 28º nº2, quando falamos de retenção na fonte com carácter de pagamento por
conta, não estamos a falar do artigo 102º do C.IRS. Este artigo aplica-se sim no que diz respeito às
retenções na fonte feitas na Categoria A, e H e no artigo 101º.
Caso Prático II
Em 2013, Aldo era CEO do Banco BBC e Bento administrador não executivo. Em 2016 o
banco foi declarado insolvente e liquidado. Entre as dívidas apuradas encontram-se 2000000 €
de IVA de 2013 não pago ao Estado, 50000 € de IRC respeitante a 2013, bem como 10000 € da
Taxa de Supervisão Financeira paga ao Banco de Portugal. Bento era conhecido como aquele
que mandava na empresa, tanto que, dizia-se, com dinheiro do Banco tinha construído uma
mansão de 1000 m2 no Estoril, avaliada em 5000000€.
- Dívidas de IRC: Facto tributário do IRC é o rendimento que se começa a angariar até dia 31 de
Dezembro. O pagamento é feito em 2014. Aqui, quando termina o prazo para pagamento, já não
estão no exercício de funções. Assim, aplica-se o artigo 24º nº1 alínea a), sendo a autoridade
tributaria a fazer a prova.
Para além do não pagamento do IVA e do IRC, temos o não pagamento de uma taxa de supervisão
financeira. A taxa de supervisão financeira está ou não abrangida pelo artigo 24º?
- A LGT quando nos fala em dívidas tributárias abrange taxas, contribuições e impostos ou não? A
LGT em termos gerais aplica-se às taxas e contribuições nos termos do artigo 3º nº2. Mas depois
o artigo 3º nº3 diz que só se aplica a LGT enquanto não houver regime geral das taxas e
contribuições. Só existe regime geral no que diz respeito às taxas das AL.
- A letra da lei do artigo 24º não exclui a responsabilização. Por isso temos de olhar para o espirito
da lei. Qual a razão de ser de aplicação do artigo 24º? O que se pretende é que o administrador
não sacrifique o interesse do fisco. Portanto, sendo esta a mensagem, isto faz sentido quando
estamos a falar apenas de impostos ou também quando estamos a falar de taxas e contribuições?
As taxas e contribuições não têm menos importância do que os impostos. Por isso o espirito da
lei aplica-se também às taxas e contribuições.
- Artigo 24º - aplica-se a taxas e contribuições
- Assim, temos de saber onde enquadrar a taxa de supervisão — na alínea a) ou b), e isso depende
do prazo de pagamento.
Em último lugar, temos a questão da mansão — manifestações de fortuna (artigo 89º-A). Dá-se uma
espécie de inversão do ónus da prova, isto é a presunção de um determinado rendimento. A
Administração está dispensada de fazer qualquer esforço de prova.
Quando lidamos com questões de taxas e contribuições, a primeira coisa que devemos fazer é
qualificar: taxa, contribuição ou imposto. Depois temos de olhar para os princípios: legalidade
tributária e igualdade tributária.
Regime constitucional:
- Legalidade tributária: Impostos (lei ou decreto-lei autorizado); taxas (só o regime geral é que está
sujeito à legalidade).
- Igualdade tributária: capacidade contributiva vs. equivalência
Taxas ambientais:
1- Portagem da ponte
2- Estacionamento
3- Taxa de recolha do lixo (contribuição)
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Tributos de Vilarriba
Taxa de portagem da ponte: Está em causa uma taxa porque há uma contra-prestação efectiva
(que é a utilização de um bem do domínio público - artigo 4º nº2 da LGT). Sendo uma taxa, está
bem ou está mal?
1. Legalidade: Pode ser um município a criar esta taxa? Esta questão nunca foi levantada,
mesmo na falta de regime geral, os municípios podem criar taxas. Do ponto de vista da
legalidade tributária (artigo 165º nº1 alínea i) da CRP) não há problema.
2. Igualdade tributária: Princípio da equivalência. Vamos supor que o preço era 5€ por todos. O
legislador devia distinguir entre peões e automóveis, sendo que se não distinguir não respeita
a igualdade tributária (artigo 13º da Constituição). Isto significa que o município devia
distinguir também entre os carros serem grandes ou pequenos? Sim. E distinguir entre peões
mais gordos e crianças? Do ponto de vista da equivalência, deve-se discriminar de uma forma
tão precisa quanto possível, mas há limites: não se pode criar 100 categorias de automóveis.
Exige uma base de incidência estreita (ex.: fixar 3 ou 4 categorias de automóveis). Podemos ir
tão longe quanto possível sem atentar contra outros princípios ou razões de praticabilidade.
Princípio da igualdade que se aplica é o princípio da equivalência mas não se diz o preço que se
paga.
Taxa de recolha do lixo: Está em causa uma taxa porque embora esteja em causa uma presunção, a
presunção é forte. Via de regra, a presunção é válida para a maioria. Isto é, quem consume água,
produz lixo que precisa de ser recolhido. Se isto é uma taxa, então, por um lado o Município pode
cria-la e em termos de igualdade tributária o princípio que se aplica é o princípio da equivalência.
Tributos de Vilabaixo
Taxa de 100€ de utilização do pinhal para organizar bailes ou piqueniques: Em primeiro lugar
devemos qualificar o imposto. A contra-prestação efectiva é a utilização de um bem de domínio
público. Logo, temos uma taxa.
• Princípio da legalidade: Pode ser criado por um município
• Princípio da equivalência: Cobram-se 100€ a todos. A taxa não distingue e talvez devesse
distinguir (artigo 13º da Constituição). Estamos a tratar do mesmo modo contribuintes que
geram custos diferentes.
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Taxa de estadia de 10€ por noite: O facto gerador aqui é o consumo de um serviço de hotelaria. O
que estamos a presumir? Os trabalhos adicionais de limpeza e arranjo da cidade. Presume-se que o
município vai ter despesas devido a esse turista. Neste caso, a presunção tem força relativa, estando
em causa uma contribuição. A presunção tem força relativa porque está em causa Vilabaixo. Se
fosse Lisboa, Vilamoura, etc, então a presunção até poderia ser forte.
• Princípio da legalidade: Sendo uma contribuição não pode ser criado pelo Município.
Imaginemos que a taxa tem isenções para menores ou para pessoas que sejam naturais de Vilabaixo.
Pode ser assim?
- Estando em causa uma taxa, o princípio da equivalência diria que se derem custos ou não, sim.
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