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b.3) Imagine também que uma claque organizada do clube pretende reagir
jurisdicionalmente, invocando para o efeito a tutela do “interesse público da
verdade desportiva”. Pode fazê-lo?
B. S.A., empresa ordenada em terceiro lugar num concurso público promovido pela
Secretaria-Geral do Ministério da Economia e nos termos do qual foi adjudicada a
proposta de C., Ld.ª e ordenada em segundo lugar a proposta de D., Ld.ª, propõe ação de
contencioso pré-contratual destinada a impugnar o ato adjudicatório praticado. Demanda,
para o efeito, apenas o Estado português e C. Quid iuris?
Analise e comente, à luz das regras sobre legitimidade ativa e interesse em agir, o
Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 29-10-2009, proc. 01054/08, de cujo
sumário consta o seguinte:
«A indispensável e efetiva ligação entre o autor e o interesse cuja proteção reclama só garante a sua
legitimidade quando, por um lado, ocorre uma situação de efetiva lesão que se repercute na sua esfera
jurídica, causando-lhe direta e imediatamente prejuízos, e, por outro, quando daí decorre uma real
necessidade de tutela judicial que justifique a utilização do meio impugnatório, isto é, quando o
interesse para que reclama proteção é direto e pessoal. Não tem interesse direto e pessoal e, por isso,
carece de legitimidade ativa aquele que pretende a anulação do licenciamento de uma grande
superfície comercial com o fundamento de que a sua entrada em funcionamento abalaria seriamente
a atividade do seu estabelecimento comercial tornando-o economicamente inviável e que tal
conduziria ao seu encerramento e ao consequente despedimento dos seus trabalhadores».
Analise e comente, à luz das regras sobre legitimidade ativa e passiva e do interesse
em agir, o acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 14-07-2015, proc. 0549/15,
através do qual se julgou uma providência cautelar destinada a bloquear o processo de
subconcessão da Metro de Lisboa e da Carris e cujo sumário é o seguinte:
«I― Ocorre interesse em agir do requerente quando, apesar de aprovada Resolução e lançado
concurso público com a aprovação de todas as peças, o procedimento concursal ainda não terminou.
II - Não ocorre ilegitimidade ativa dos requerentes com o fundamento de que era o Município quem
detinha os poderes de concessão e por isso o único ente legítimo para sindicar judicialmente a
titularidade das concessões outorgadas ao ML e à Carris quando essa matéria é controvertida nos
autos.
III ― Têm legitimidade ativa ― independentemente de qualquer lesão específica na sua esfera
jurídica, património ou demonstração de benefícios diretos e imediatos que derivariam da
anulabilidade ou suspensão do ato ― os requerentes que invocam a violação de preceitos
constitucionais de legalidade e qualidade de vida dos habitantes de Lisboa, por estar em causa a
defesa de “interesses difusos” gerais e unitários da comunidade quanto à regularidade de um
concreto desempenho por parte da Administração.