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CASOS PRÁTICOS – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II (SUBTURMAS 2 E 6- 2.

º ANO TA)

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL :

LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito das Obrigações – Volume I, pp. 123- 128, 15ª edição,
Almedina, Coimbra, 2019.

ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil VI – Direito das Obrigações, 3ª


edição, Almedina, Coimbra 2019 pp. 629-654.

CASO N. º11 - OBRIGAÇÕES NATURAIS

GENERALIDADES

Noções gerais: As obrigações naturais estão previstas no art. 402.º - problema e discussão
da inserção sistemática do preceito;
Não exigibilidade judicial da prestação, art. 403.º, podendo apenas o credor conservar a
prestação espontaneamente realizada (soluti retentio) – isto exclui a possibilidade de repetição
do indevido, art. 476.º - salvo nos casos em que o devedor não tenha capacidade para realizar
a prestação. Atenção que esta capacidade é a do art. 764.º/1.

Características:

1) Mero dever de ordem moral ou social;


2) Cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça;
3) Não podem ser convencionadas livremente pelas partes – equivaleria a uma
renúncia do credor ao direito de exigir o cumprimento, proibido pelo art. 809.º;
4) Limitam-se aos casos previstos na lei
5) Aplica-se o regime das obrigações civis, art. 404.º

A pretender intentar uma acção judicial contra B de modo a obter o pagamento de uma
dívida de 500 euros.

Considere as seguintes hipóteses:

1. A dívida resulta de um jogo de cartas, realizado e casa de C.

Obrigação natural, 1245.º - resulta de uma dívida de jogo.

Seria uma obrigação natural desde que:


- o contrato fosse lícito e válido – parece ser o caso, não temos indícios em contrário;
-não houve fraude na sua execução.
1
Caso prático adaptado de M. JANUÁRIO COSTA GOMES, CARLOS LACERDA BARATA, Direito das
Obrigações, Casos práticos e outros Elementos para as Aulas Práticas, 2ª edição actualizada, AAFDL editora,
2017, pp. 21-22.

1
Não serão obrigações naturais as dívidas de jogo que digam respeito a competições
desportivas para quem nelas tome parte, art. 1246.º.

Situações em que exista legislação especial, art. 1246.º (p.e Euromilhões, Raspadinhas,
Lotarias, etc.)

2. A dívida resulta de um contrato de compra e venda, no qual A e B incluíram uma


cláusula segundo a qual ‘’ o cumprimento das obrigações emergentes deste contrato
não poderá ser judicialmente exigido’’.

Esta cláusula não seria válida. As obrigações naturais não podem ser convencionadas
livremente pelas partes no exercício da autonomia privada – esta convenção equivale a uma
renúncia antecipada de direitos vedada pelo art. 809º.

3. A dívida de B venceu-se há perto de 30 anos. B declara extinta a respectiva obrigação


dado que A lhe devia o mesmo montante devido à celebração de um contrato de
compra e venda.

Dívida de B é uma obrigação natural porque está prescrita, art. 304º/2. Nota para o facto
de a prescrição ter que ser invocada, antes disso a dívida é civil.

Aqui é B que quer compensar, nos termos do artigos 847º e seguintes, uma vez que A e B
são reciprocamente credores e devedores. Nesta hipótese B pode fazer operar a
compensação (nos termos do art. 848º/1) porque não está a exigir o cumprimento da
obrigação natural, mas está a cumprir espontaneamente (dado que é ele o devedor).

-JURISPRUDÊNCIA-

- http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/-/84C247B55810A6DE802580AE0031D7EC - Obrigações
naturais e prescrição.

-
http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/5d0e4d6c19c66180802
576a1004b995a?OpenDocument – Requisitos das obrigações naturais

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