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Direitos Reais- Aulas práticas

11/10/2021

Estes são os casos que temos de resolver para a próxima aula:


Primeiro caso para resolver é o que começa com “Arlindo é um abastado latifundiário
(...)”: princípios e características dos direitos reais.
O segundo começa com “Francisca vive num apartamento arrendado a Gabriela (...)”:
posse.
O terceiro é o que começa com “Alexandre, amante de livros (...)”: posse.

Caso do Arlindo, alínea a): Artigos 202º CC e seguintes, coisa futura, saber se B tinha
um direito real, usando uma ação de reivindicação.
204º/1/c) CC, 211º CC coisa futura, 212º CC fruto, neste caso natural, logo 212º/2 CC.
Aplicar 408º/1 CC, regra geral, propriedade se transmite por mero efeito do contrato,
vamos parar ao 408º/2 CC tem exceções, em que estão os frutos naturais e coisas
futuras que só com a aquisição da coisa ou no momento da colheita.
Mas a herdade já não é do A, que vende a C, 408º/1 CC, C adquire a propriedade da
herdade e adquire a propriedade da cortiça, que ainda está ligada ao solo, quem é o
proprietário da herdade e da cortiça é C. O B não tem um direito real, só tem direito a
uma indemnização, e não a uma ação de reivindicação, artigo 879º CC, 880º tem uma
exceção para bens futuros e fruto pendente, o vendedor, A, fica obrigado a exercer as
diligências, mas A fez o contrário, vendeu a herdade e esse bem futuro é a cortiça.
Aplicar 882º/2, negócio entre A e C, a obrigação da entrega abrange frutos pendentes.
A solução seria diferente para um direito real de aquisição.
Alínea b): Artigo 408º/1, aqui funciona a regra geral, não estamos perante nenhuma
das exceções. D tem o direito real de gozo máximo, que é a propriedade. 408º/1 tem o
princípio da consensualidade. 875º tem o princípio da causalidade, em que tem de
haver uma causa justa.
Aplicar o 879º, para dizer que os efeitos são a transmissão da propriedade, obrigação
de entregar a coisa e entregar o preço e dizer quais é que não foram cumpridos.
Aplicar p 886º, que diz que uma vez transmitida a propriedade da coisa, o vendedor já
não pode resolver o contrato por falta de pagamento do preço, porque aqui ele deixa
de ter um direito real, passando apenas a ter um direito de crédito.
Alínea c): hipoteca é um direito real de garantia, característica da absolutidade; aplicar
o artigo 712º para dizer que é voluntária.
Alínea d): Arlindo podia ter constituído propriedade horizontal, artigo 1414º CC.
Alínea e): eles atribuíram eficácia real mas falam só de apanhar os pêssegos, princípio
da tipicidade do 1306º CC.
Caso Francisca: Francisca vive num apartamento arrendado por Gabriela, que esta
tinha adquirido por ocasião da morte de seus pais.
Desde 1998 até à presente data (2019), Francisca deixou de pagar as rendas devidas,
em virtude de, nesse ano, ter sido despedida. Gabriela, por caridade, foi sempre
tolerando a situação, abstendo-se de exigir o pagamento das rendas vencidas.
Em 2018, Gabriela descobre que Francisca (finalmente!) arranjou um emprego,
exigindo-lhe, por esta ocasião, o pagamento das rendas em falta. Contudo, Gabriela
recusa-se a pagar qualquer renda, alegando ser a proprietária do imóvel por
usucapião, desde 1998. Quid júris?
Resposta: Começando por caracterizar o objeto do contrato celebrado por Francisca e
Gabriela, para ver se o objeto é suscetível de ser objeto de um contrato com eficácia
real ou meramente obrigacional. Ora, Francisca e Gabriela celebram um contrato de
arrendamento, segundo o artigo 1023º do Código Civil, cujo objeto é uma coisa imóvel,
um prédio, segundo o artigo 204º CC.
Diz-nos o enunciado que Francisca, pelo facto de ter sido despedida, não paga as
rendas desde 1998 até 2019, o que, segundo o artigo 1038º alínea a), é uma das
obrigações do contrato que celebraram, mas ocorre o incumprimento de uma
obrigação, que os artigos 1083º números 3 e 4 e 1084º CC vêm resolver.
Aqui, vale a pena mencionar que, como Francisca vive desde 1998 no apartamento
arrendado por Gabriela, ela tem a posse, porque tem um direito pessoal de gozo,
segundo o artigo 1037º/2 CC.
Segundo o artigo 1288º, usucapião, a posse do direito de propriedade ou de outros
direitos reais de gozo por um certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, salvo
disposição em contrário, a aquisição do direito cujo exercício corresponde a sua
atuação. Aqui, para que Francisca possa adquirir o apartamento por usucapião, é
necessário ver se ela tem efetivamente a posse ou se é apenas detentora.
O que Francisca tem é um direito pessoal de gozo, por causa do contrato de
arrendamento, e não um direito de propriedade, esse é o direito real de Gabriela.
Francisca, com o direito pessoal de gozo, é possuidora do apartamento, e mesmo
que não tenha pagado as rendas, peno que ela continua a ser possuidora.
Ora, segundo o artigo 1296º do CC, usucapião de imóveis, diz-nos que a posse tem de
ser de boa-fé, e aqui penso que tenha sido de má fé, porque Francisca sabia que não
estava a pagar as rendas, ou seja, acho que se for possível Francisca adquirir o
apartamento por usucapião, se for de boa-fé, o prazo é de 15 anos de um uso
interrupto. Portanto, aqui, Francisca, tendo agido de má-fé, não adquiriu o direito de
propriedade por usucapião, pelo menos não em 2019, porque é necessário um prazo.

Caso de Alexandre, amante de livros: Pergunta 1: Artigo 1251º CC, para definir a
posse, artigo 1263º e seguintes para perda e aquisição da posse.
Quando foi celebrado o contrato entre Alexandre e Bernardino, Alexandre passa a ter
o direito de propriedade sobre o livro, segundo o artigo 1263º alínea c), que é através
de contrato de compra e venda. Mas quem tem a posse do livro é Bernardino, porque
depois Alexandre, mesmo tendo um direito de propriedade sobre o livro, não tem o
corpus, porque deixa o livro com Bernardino. Neste caso, quem tem o direito de
propriedade sobre o livro, mesmo estando ele sobre posse ou detenção de outrem, é
Alexandre, porque o adquiriu através de constituto possessório. O artigo 408º CC dá-
nos o princípio da consensualidade.

Pergunta 2: Ora, com o contrato de compra e venda, Alexandre tem agora, o direito de
propriedade sobre o livro, artigos 408º/1 CC e 879º, a) e 1317, a) CC. Sendo certo que
Alexandre adquiriu o direito de propriedade sobre o livro mediante contrato de
compra e venda, mesmo que ele não tenha posse efetiva da coisa, Bernardino já nem
sequer consegue negociar com outra pessoa esse livro, porque já não tem o direito de
propriedade sobre este. Assim, o contrato celebrado com Carlos nem é possível,
porque a esse ponto Bernardino está a vender bens que já não estão em seu nome, e é
uma venda de bens alheios, segundo o 892º quem continua a ter o direito de
propriedade sobre o livro é Alexandre.

Pergunta 3: Como foi mencionado acima, Bernardino procedeu a uma venda de bens
alheios, porque Alexandre adquiriu logo o direito de propriedade sobre o livro quando
celebrou o contrato de compra e venda com Bernardino (artigo 408º/1 CC),
constituindo uma venda de bens alheios com Carlos, artigo 892º CC. Sendo que
Alexandre tem um direito de propriedade, que tem eficácia real e não meramente
obrigacional, ele pode, nos termos do artigo 1311º CC recorrer a uma ação de
reivindicação, e que no artigo 1268º/1 do CC, ele tem também presunção de posse. Se
olharmos para o artigo 1263º alínea b) CC, com a tradição material da coisa, Carlos é o
possuidor do livro neste momento. Aqui, penso que Alexandre não possa recorrer a
uma ação de restituição, porque ele não foi efetivamente roubado, Carlos apenas
negociou com Bernardino de boa-fé, porque o enunciado não nos diz que Carlos tinha
conhecimento de que Alexandre era o proprietário do livro.

Pergunta 4: Aqui temos outra vez de ver a diferença entre detenção e posse. A posse
foi transferida para Alexandre quando ele celebrou o contrato de compra e venda,
artigos 1263º alínea c), e 1264º CC. Sendo que Alexandre deixou o livro com
Bernardino, este é detentor, porque tem o coropus mas, por exemplo não tem o
animus. Sendo detentor, Bernardino, tendo o depósito com ele, o livro, e em nome de
Alexandre, ele tem a posse de Alexandre, uma posse tipo por mandato, que neste caso
é por depósito, e sendo que neste caso foi esbulhado, tendo aqui o vetor da má-fé, ele
tem tutela possessória, artigo 1188º/2 CC, e pode recorrer a uma ação de restituição.
29/10/2021

Caso: Arménio é comproprietário, com a sua esposa Bruna, de uma casa na aldeia de
Santa Susana, no Alentejo, há cerca de 10 anos. Apesar de viver em Lisboa, Arménio
costuma passar as suas férias de verão na aldeia, em grande parte devido a Bruna, pois
a calmaria da aldeia atenua as suas frequentes e dolorosas enxaquecas. Acontece que,
desde há um mês, a tranquilidade de Arménio e de Bruna nunca mais foi a mesma.
Carlitos, proprietário de um prédio a 100 metros do imóvel de Arménio, constituiu,
com a devida licença camarária, uma pocilga no seu terreno, fazendo com que o mau-
cheiro seja insuportável para o casal, especialmente para Bruna, desde que a situação
agrava ainda mais o seu estado de saúde. Como se não bastasse, Arménio descobriu
que Carlitos construiu uma conduta subterrânea até ao seu terreno, que faz com que
as descargas da pocilga sejam aí despejadas. Quid júris?

Resolução: Em primeiro lugar, estamos perante uma contitularidade de direitos reais,


no qual se inclui a compropriedade, definida no artigo 1403º do Código Civil: “existe
propriedade em comum ou compropriedade, quando duas ou mais pessoas são
simultaneamente titulares do direito de propriedade sobre a mesma coisa (neste caso,
Arménio e Bruna são simultaneamente titulares do direito de propriedade, que é um
direito real, sobre a casa da aldeia de Santa Susana).
Ainda no que toca à compropriedade, conforme o artigo 1403º/2 do Código Civil, os
direitos dos consortes ou comproprietários sobre a coisa comum são qualitativamente
iguais ainda que possam ser quantitativamente diferentes. Em conjunto, os
comproprietários podem exercer todos os poderes que competem ao proprietário
singular, segundo o artigo 1405º/1 Código Civil.
Os poderes dos comproprietários compreendem o uso da coisa, artigo 1406º CC, a
reivindicação da coisa comum, artigo 1405º/2, a disposição e oneração da própria
quota, artigo 1408º CC, o direito de preferência, artigo 1409º CC e o direito de exigir
a divisão da coisa comum, artigos 1412º e ss.
Comecei, neste caso, por falar logo do facto de Carlitos ter mandado contruir uma
conduta no prédio de Arménio e Bruna, e sendo que estes dois têm um direito real, o
direito de propriedade, não é possível que Carlitos intervenha neste mesmo direito,
sendo que eles podem, efetivamente reagir quanto a esta “invasão”.
Dentro das várias vias de defesa dos direitos reais, como por exemplo a ação de
reivindicação e a ação de restituição, não houve esbulho, não houve furto, houve uma
certa ingerência e um incumprimento do dever de abstenção em relação ao direito
real de outrem, pelo que me parece que o que os comproprietários da casa possam
fazer é realmente pedir, judicialmente, que Carlitos retire a conduta que está a fazer
com que as descargas desaguem na casa de Bruna e Arménio e pedir uma
indemnização pelos danos causados, pelo que fui mais pelo artigo 483º do Código Civil.
Quanto às emissões de mau cheiro, comecei por ir ao artigo 1305º do Código Civil, que
diz que o proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, de fruição,
etc, mas com observância das regras impostas por lei, o que quer dizer que a questão
aqui se prende com averiguar se Carlitos está a atuar dentro do âmbito de direitos
concedidos ao proprietário, ou se está, realmente, a violar uma das restrições
impostas por lei.
As limitações resultantes das relações de vizinhança podem corresponder à imposição
de deveres de conteúdo negativo, deveres de abstenção de certas condutas ou
deveres de tolerar o exercício de certos poderes do vizinho sobre o seu prédio, ou
então deveres de conteúdo positivo, deveres de prevenção de perigos para o prédio
vizinho ou deveres de participar com o vizinho em atividades de interesse comum.
Neste caso, um dos deveres resultantes das relações de vizinhança é o dever de
abstenção de emissões prejudiciais.
Efetivamente, o artigo 1346º do CC permite ao proprietário de um imóvel opor-se à
emissão de fumo e cheiros, desde que tais atos provoquem um prejuízo substancial
para o uso do imóvel ou não resultem da utilização normal do prédio de onde provêm
tais emissões. Estes requisitos funcionam não em termos cumulativos, mas em termos
alternativos, o que permite ao proprietário do prédio vizinho reagir contra emissões
que prejudiquem o uso do prédio, mesmo que correspondam à utilização normal do
prédio vizinho, ou contra emissões consideradas estranhas à utilização normal do
prédio, mesmo que não provoquem um prejuízo substancial.
Ainda, conforme tem vindo a ser o entendimento da maioria da doutrina, a expressão
prédio vizinho não tem necessariamente que ser interpretada no sentido de prédio
contíguo, podendo significar prédio próximo no sentido de haver possibilidade de
afetação ou proximidade social, o que permite alargar bastante o âmbito de proteção
assegurada por esta disposição do 1346º CC.
Por último, analisando mais uns dados do enunciado, li que a expressão prejuízo
substancial tem sido interpretada como podendo envolver apenas a violação de
direitos de personalidade, como o direito à integridade física, que é o que penso
estar a ser violado, especialmente tendo em conta o estado de saúde de Bruna.
Sabemos ainda que Carlitos tem autorização camarária, mas sendo que o dever de
abstenção resulta das relações de vizinhança, o mesmo não é afetado pela existência
de autorização administrativa para o exercício da atividade, porque esta só legitima o
exercício nos termos das regras de Direito Público. Assim, os privados conservam o
direito de reagir com base no dever de abstenção das emissões do artigo 1346º CC.
Assim, nos termos da responsabilidade civil, nos termos do artigo 483º CC, Carlitos
deve pagar uma indemnização pela violação do direito à integridade física e ainda
Bruna e Arménio podem intentar uma ação para que Carlitos remova a conduta.
Caso: António é titular de um usufruto vitalício sobre um prédio sito em Alcácer do Sal
há cerca de 30 anos. A beira do telhado do prédio de António dista apenas 30
centímetros do prédio vizinho, que pertence ao seu amigo Bruno. Apesar de a água
escorrer para o prédio de Bruno, este nunca reclamou tal circunstância. Esta situação
deve-se talvez ao facto de o prédio de Bruno não ter saída para a via pública, o que o
obrigava a utilizar o prédio de António para aceder à mesma.
Há cerca de um mês, na sequência da sua reforma, Bruno celebrou um contrato de
compra e venda para a transmissão do prédio a favor de Carlos que, de imediato,
iniciou as obras no mesmo, levantando um novo andar. Este novo andar faz com que a
água que cai no mesmo escorra para o prédio de António, dando azo a infiltrações
constantes neste.
António, agastado com a situação, foi reclamar com Carlos, que lhe disse que, ao
contrário de Bruno, ele não poderia tolerar aquela situação, sendo que, por uma
questão de justiça, deveria ser António a pagar-lhe a construção de caleiras no seu
prédio, se quisesse ver aquela situação resolvida. António, irritado com a situação,
decidiu proibir Carlos de passar pelo seu prédio para aceder à via pública, dado que a
permissão que haveria dado a Bruno ao longo dos anos não se aplicava a Carlos.

Primeira questão: Poderia Carlos ter construído novo andar?


Resolução: Neste caso, estamos perante um caso de violação das limitações impostas
às construções e edificações. A lei preocupa-se aqui com dois efeitos nocivos sobre o
prédio vizinho: a devassa e o gotejamento, estabelecendo regras a observar na
construção e edificação em ordem a prevenir esses efeitos.
Em ordem a evitar o gotejamento sobre o prédio vizinho, estabelece-se no artigo
1365º/1 CC a proibição de estilicídio, a qual conjuga a regra proibitiva das emissões,
que está no artigo 1346º CC com o princípio do escoamento natural das águas. Assim,
o proprietário deve realizar a edificação de forma a que a beira do telhado ou outra
cobertura não goteje sobre o prédio vizinho, tendo, se não puder evitar esse
gotejamento de outro modo, pelo menos a obrigação de deixar um metro e meio
entre o prédio e a beira. Ainda assim, quando olhamos para o número 2 do artigo
1365º, este admite a possibilidade de se constituir por qualquer título uma servidão de
estilicídio, a qual atribui ao proprietário dominante precisamente o direito de gotejar
as águas sobre o prédio serviente. A partir do momento em que é constituída uma
servidão de estilicídio, o proprietário do prédio serviente deixa de poder colocar
entraves ao escoamento das águas, não podendo levantar edifício ou construção que
impeça esse escoamento e devendo realizar as obras necessárias para que o mesmo se
faça sobre o seu prédio, sem prejuízo para o prédio dominante.
Ora, aqui penso que António quando construiu o prédio violou os preceitos do 1365º/1
CC, não deixou o intervalo estipulado.
Podemos, aqui, considerar a possibilidade de António ter constituído uma servidão de
estilicídio, porque diz o enunciado que Bruno nunca reclamou, o que quer dizer que
como este é o proprietário do prédio serviente não pode colocar entraves ao
escoamento das águas.
A questão deste caso prende-se, contudo, em saber se Carlos podia ou não ter
construído um novo andar.
Continuando no artigo 1365º CC, no seu número 2, temos que o titular do prédio não
pode construir de tal forma que o escoamento das águas se faça para o titular da
servidão, que neste caso é António, ou seja, impedir o escoamento e, aliás, Carlos
devia era ter feito as obras necessárias para que o escoamento se fizesse sobre o seu
prédio.
Assim, e continuando a assumir que António constituiu a servidão de estilicídio, ele
pode reagir através de uma ação de reivindicação, artigos 1315º e 1311º/1 CC, pedir o
reconhecimento da servidão que constituiu, e assim Carlos tem de fazer as alterações
necessárias para o escoamento se dar no seu prédio, porque se António obtiver o
reconhecimento da servidão, são as regras da servidão de estilicídio que imperam.

Segunda questão: Tendo em conta que a permissão foi dada por António apenas a
Bruno, como é que Carlos poderá aceder à via pública?

Neste caso, penso estarmos perante uma servidão de passagem, uma figura que tem
que ver com a constituição de direitos reais mediante negócio jurídico (artigo 1547º
CC). Segundo o artigo 1547º CC, estas servidões podem ser constituídas mediante
contrato, testamento, usucapião, etc.
A constituição de direitos reais pode dar-se, ainda, por lei, ou seja, pode haver lugar a
uma servidão legal, ou seja, remetemos para o artigo 1550/1 CC. Aqui, tendo a dúvida
se foi ou não devido à imposição por lei, penso que como António deu mesmo a
autorização a Bruno, não houve necessidade de se constituir uma servidão de
passagem por lei, artigo 1547º/2 CC. Ver artigo 1543º CC.
Esta autorização que António deu a Bruno, como penso não ter sido por lei, culmina o
problema de agora quem ser o proprietário do prédio é agora Carlos.
Agora, Carlos tem de obter uma servidão de passagem concedida por António, desta
vez por lei, ou seja, ter o registo predial dessa servidão de passagem, que consta do
Código do Registo Predial, artigo 2º/1 alínea a), porque lhe dá a publicidade desse
mesmo direito e pode opô-lo a António e pode, até, reagir mediante uma ação de
reivindicação, artigos 1315º e 1311º/1 CC com base nesse direito de passagem, porque
como vimos nos deveres relativos às limitações dos direitos reais, há um dever de non
facere ou de padecere de António não intervir no direito de passagem de Carlos.

“Vasco titular da fração correspondente ao segundo andar”


“Beatriz e Carmo compraram em conjunto um carro por 20 mil euros”
“Quando Rita acordou e abriu a janela”
“António cumpriu um dos seus sonhos de criança”
Caso: Vasco, titular da fração correspondente ao segundo andar esquerdo, de um
edifício de três andares, em regime de propriedade horizontal, recebeu um telefonema
de Xavier, seu inquilino nessa fração, avisando-o de que no dia 1 do passado mês,
reunira a respetiva assembleia de condóminos, de onde resultaram as seguintes
deliberações:
a) Impermeabilização das varandas e do terraço de cobertura;
b) Colocação de plataformas elevatórias em todos os andares, de modo a
possibilitar a passagem da cadeira de rodas da proprietária do 3º andar;
c) Autorização da abertura de uma porta de ligação entre o 1º andar direito e o 1º
andar esquerdo;
d) Proibição dos condóminos fazerem fritos em suas casas, por causa dos cheiros
provocados nas partes comuns.
Tendo em conta esta factualidade, Xavier diz que vai denunciar o arrendamento, uma
vez que não dispensa os fritos, pelo menos uma refeição por dia. Vasco, surpreendido
com tais novidades, até porque não se recorda de ter recebido qualquer comunicação
em sua casa, discorda de todas as deliberações tomadas, pretendendo impugná-las.
Quid júris?

Resposta: Estamos perante um caso de propriedade horizontal, tal como consta do


enunciado. A propriedade horizontal é um novo direito real que faz coexistir sobre o
mesmo edifício dois tipos de faculdades distintas dos condóminos: faculdades
correspondentes à propriedade exclusiva sobre uma fração autónoma do prédio, e
faculdades correspondentes à compropriedade sobre as partes comuns do edifício,
figura que está tutelada nos artigos 1414º e seguintes do Código Civil.
Quanto aos requisitos legais e partes comuns do prédio, é necessário que o edifício
que se quer construir em propriedade horizontal tenha condições para tal, ou seja,
tem de poder ser dividido em frações, que constituam unidades independentes.
No artigo 1421º do Código Civil temos as partes comuns, em que no número um
sabemos que são as partes que são fundamentais para o uso comum do prédio, não
sendo possível estipular a sua atribuição em propriedade exclusiva a qualquer
condómino. Isto engloba o solo, as paredes mestras, o telhado, etc.
Segundo o artigo 1420º/1 do Código Civil, cada condómino é tanto proprietário
exclusivo da fração que lhe pertence e comproprietário das partes comuns do edifício.
Segundo o artigo 1432º números 1 e 2 do Código Civil, a reunião da assembleia tem
sempre de ser convocada e comunicada dez dias de antecedência, informando o local,
a hora e determinados assuntos que tenham de ser aprovados por unanimidade de
votos.
Analisando cada uma das disposições: quanto à impermeabilização das varandas e do
terraço, pelo artigo 1421º/1 alínea b) do Código Civil, é uma das partes que é comum,
ou seja, todos os condóminos são proprietários, tanto que é objeto de deliberação em
assembleia, segundo o artigo 1430º/1 do Código Civil.
Quanto à colocação de plataformas elevatórias, que também é parte comum, este é
também objeto de deliberação em assembleia, segundo o artigo 1421º/1 alínea c) do
Código Civil e 1430º/1 CC.
Quanto à terceira disposição, a da autorização da abertura de uma porta de ligação
entre o lado direito e o esquerdo de duas frações no mesmo piso, estamos no âmbito
do artigo 1422º-A, junção e divisão de frações autónomas, desde que estas sejam
contíguas, este assunto não precisa de autorização dos outros condóminos do edifício,
e, por isso, aqui a necessidade de autorização, não sendo necessária, quem invoca este
assunto dizendo que houve falta de notificação, nada pode fazer.
Quanto à última disposição, respeitante à proibição dos condóminos fazerem fritos nas
suas casas com fundamento nos cheiros provocados, assim como por exemplo a
proibição de barulho ou animais como cães e gatos, penso que seja matéria que tenha
de ser deliberada em assembleia, mas é um assunto que tem de ter unanimidade de
votos, de acordo com os limites impostos por lei, ou seja, nenhum dos condóminos se
pode opor.

Caso: Beatriz e Carmo.


Resposta: pergunta 1: Estamos aqui perante a compropriedade, o direito de
propriedade comum sobre o automóvel, figura tutelada no artigo 1403º/1 do Código
Civil. Pelos dados do enunciado, sabemos que 15 mil euros dos 200 mil foram pagos
por Beatriz, mas é característico da figura da compropriedade os comproprietários
terem qualitativamente a mesma parte, a mesma quota, ainda que possam ter
quantitativamente partes diferentes.
Assim, admitindo que as duas têm cinquenta porcento cada, pelo que Beatriz está a
agir corretamente, por estar a suportar os cargos proporcionalmente à quota que lhe
pertence.
Pergunta 2: Atendendo ao artigo 1406º/1 CC, sabemos que na falta de acordo acerca
do uso da coisa em comum, cada comproprietário tem o poder de usar a coisa,
contanto que i) não a empregue para fim diferente daquele a que a coisa se destina e
ii) não prive os outros consortes do uso a que igualmente têm direito. Na minha
opinião, não havendo base legal que tutele estes casos, penso que é mesmo
necessário o acordo entre os comproprietários para que a situação se possa resolver.
Se não, penso que se pode recorrer ao tribunal.
Pergunta 3: Estamos perante uma questão relativa à administração da coisa comum.
Ora, se olharmos para o artigo 1407º CC, que nos remete para o 985º, no número 1,
ficamos a saber que os comproprietários têm igual poder para administrar a coisa.
Assim, Beatriz pode substituir os pneus do carro sem ter de informar a outra
comproprietária, porque pela lei é-lhe atribuído o poder da administração livre da
coisa comum, que é dividido com a outra comproprietária.
Caso de Rita abre a janela: Estamos perante a figura da acessão, que é uma forma de
aquisição dos direitos reais, tutelada 1316º do Código Civil, e em que nos termos do
artigo 1325º CC temos que acontece quando a coisa que é propriedade de alguém se
une e incorpora a outra coisa que não lhe pertence. Neste caso, estamos perante a
junção de duas coisas, a lei determina a aquisição de propriedade sobre a coisa que
resultou dessa junção apenas por um dos proprietários, com a consequente perda de
propriedade do outro.
Nos termos do artigo 1326º, distingue-se a acessão entre natural, quando resulta
exclusivamente das forças da natureza e industrial quando resulta da ação humana,
que pode consistir em juntar objetos pertencentes a diferentes donos (união ou
confusão).
Como no enunciado nos dizem que as bananeiras foram parar ao terreno de Rita por
ação de um violento tufão, neste caso, se houver acessão, esta será natural.
Para além do mais, um pressuposto que encontramos do artigo 1333º/1 do Código
Civil, assim como dos 1334º/1, 1335º/1 e 1336º/1, é o de não ser possível fazer
reverter as coisas ao estado de separação ou à sua primitiva forma ou, sendo-o, tal
implique a produção de prejuízo para uma das partes; assim, sempre que for possível
realizar sem prejuízo o regresso das coisas à situação anterior, deixa de se verificar a
acessão industrial mobiliária, mas penso que a possibilidade de se reverter ao estado
anterior sem haver prejuízo também quer dizer que não há acessão natural.
Na acessão natural, tal como prevê o artigo 1327º do Código Civil, a regra geral é a de
que pertence ao dono da coisa tudo o que esta acrescer por efeito da natureza,
ocorrendo assim uma extensão automática do direito real em relação a tudo o que
acrescer à coisa em virtude de fenómenos naturais, isto decorre do artigo 1317º alínea
d).
Ora, neste caso, as bananeiras que são de Sérgio que, por força da natureza,
apareceram no prédio de Rita, podem perfeitamente ser separadas sem que haja
prejuízo ou para a coisa de Rita ou para a coisa de Sérgio, pelo que não acho que
estejamos perante uma acessão.
Neste momento as bananeiras de Sérgio estão com Rita, pelo que Sérgio tem o direito
de reagir mediante o artigo 1329º do código civil, que dá a Sérgio o direito a exigir a
entrega das bananeiras por parte de Rita, contanto que o faça no prazo de seis meses.

Caso António cumpriu um dos seus sonhos de criança:


Número 1: O que fiz primeiro foi ver se havia possibilidade de ter havido acessão, que,
segundo o artigo 1317º alínea d), é um dos casos de aquisição do direito de
propriedade; nos termos do artigo 1325º CC temos que acontece quando a coisa que é
propriedade de alguém se une e incorpora a outra coisa que não lhe pertence.
Nos termos do artigo 1326º, distingue-se a acessão entre natural, quando resulta
exclusivamente das forças da natureza e industrial quando resulta da ação humana,
que pode consistir em juntar objetos pertencentes a diferentes donos (união ou
confusão).
Neste caso, se há acessão, esta será industrial pois deve-se à ação humana, que é a
junção da moradia com a piscina. Para além do mais, um pressuposto que
encontramos do artigo 1333º/1 do Código Civil, assim como dos 1334º/1, 1335º/1 e
1336º/1, é o de não ser possível fazer reverter as coisas ao estado de separação ou à
sua primitiva forma ou, sendo-o, tal implique a produção de prejuízo para uma das
partes; assim, sempre que for possível realizar sem prejuízo o regresso das coisas à
situação anterior, deixa de se verificar a acessão industrial.
Neste caso, estamos parenta uma acessão industrial imobiliária, o que faz com que
possamos aplicar o regime dos artigos 1340º e 1341º do Código Civil, o que depende
da boa ou má fé do autor da união e do valor que foi adicionado ao prédio.
Ora, nos termos do artigo 1340º/4, sabemos que é de boa fé se o autor desconhecia
que o terreno foi alheio ou, neste caso, se houve uma autorização por parte do dono,
neste caso, António, o que se verifica. Sabendo agora que Beatriz agiu de boa fé,
aplicamos o artigo 1340º, em que esta poderá adquirir o direito de propriedade sobre
a quinta, mas verificando o pressuposto de ter trazido para a moradia uma valorização
superior, o que sabemos que está verificado se atendermos ao artigo 1340º/2 CC. Se o
valor do terreno passou a ser 70 mil euros, segundo Beatriz, então esta pode adquirir o
direito de propriedade sobre a moradia se pagar o valor atual da moradia a António.

Pergunta 2: Ora, no artigo 1340º/1 do CC, sabemos que o autor da incorporação


adquire a propriedade dele, pagando o valor que o prédio tinha antes das obras, tal
como já vimos na alínea anterior. Assim, Beatriz adquire o seu direito de propriedade
assim que tiver feito o pagamento a António do valor que o prédio tinha antes, que
eram os 30 mil.

Caso Hélder adquiriu a propriedade de uma quinta por sucessão: Aqui estamos
perante um caso que engloba o direito de usufruto, o direito de servidão e o direito de
propriedade e a possibilidade de extinção de cada um destes.
Primeiramente, olhando para o direito de Isabel, que é usufrutuária da quinta,
olhamos para os artigos 1439º e seguintes; no enunciado, é-nos dito que Hélder
decidiu trocar as fechaduras da entrada da quinta, impedindo o acesso a Isabel. A
questão aqui prende-se com a extinção do direito de usufruto de Isabel; ora, em
relação à extinção de direitos reais, esta pode ocorrer por:
a) expropriação por utilidade pública;
b) perda da coisa;
c) impossibilidade de exercício do direito;
d) abandono;
e) renúncia;
f) prescrição;
g) caducidade;
h) não uso;
i) confusão;
j) perda da posse;
k) usucapio libertatis;
l) constituição de um direito real incompatível;
m) extinção do direito real maior com base no qual o direito se adquiriu.
No caso do usufruto, temos o artigo 1476º CC, que enuncia as suas causas de extinção;
ora, observando cada uma das alíneas, não parecendo o caso caber em nenhuma
destas; mas, se formos às causas de extinção que acima enunciei, penso estarmos
perante uma situação de usucapio libertatis, situação em que o titular do direito real
maior (neste caso, Hélder), por via da oposição, consegue obter a liberação do seu
direito real maior daquele direito menor que o onerava. Esta forma de extinção
encontra-se prevista no artigo 1574º CC, que tem três pressupostos: oposição ao
direito real menor por parte do titular do direito real maior; o decurso do prazo legal
para usucapião e invocação pelo beneficiário.
A doutrina tem considerado esta figura como forma geral de extinção dos direitos reais
menores, com o argumento de que não há razão para que o proprietário, quando
exerce o seu direito em contrariedade com esse direito real menor, adquira a liberação
desse ónus, quando essa liberação ocorreria igualmente, caso fosse a propriedade
plena adquirida por um terceiro por via da usucapião.
Assim, releva verificar se estão presentes os três pressupostos, e desde logo não se
verifica o pressuposto do decorrer do prazo legal necessário, que está presente nos
artigos 1594º/2 e 1294 alínea b) CC, nem houve uma invocação por parte do
beneficiário, que está nos artigos 303º parte final e 1292º CC. Assim, não considero
que esteja extinto o direito de usufruto; Assim, Hélder não pode decidir mudar as
fechaduras apenas porque sim, e Isabel pode de facto reagir contra esta ação, por
intentar uma ação de reivindicação, artigos 1311º e 1315º do Código Civil.
Depois, temos João, que tem um direito de servidão, regulado nos artigos 1543º e
seguintes do Código Civil, neste caso, estamos perante uma servidão de passagem, que
deixou de ser utilizada em virtude de ter sido construída uma estrada municipal junto
ao seu prédio. Pondo, então, a possibilidade de extinção desta servidão, atendemos ao
artigo 1597º CC, que tem na sua alínea b) o não uso durante vinte anos, qualquer que
seja o motivo. Ora, no enunciado sabemos que um ano depois de ter sido constituída,
quando o pai de João ainda era vivo, a servidão deixou de ser utilizada.
Como estamos, neste caso, em 2021 e não sabemos quando é que foi constituída a
servidão de passagem, podemos abrir as duas hipóteses, ou seja, podemos considerar
que durante 20 anos não foi utilizada essa servidão de passagem, pelo que
consideramos que esse direito real se encontra extinto, ou podemos considerar que o
prazo de vinte anos ainda não se encontra cumprido, não está ainda extinta a servidão
de passagem.
Ainda assim, no número 2 do artigo 1569º CC, temos que as servidões podem ser
consideradas extintas se se verificar que se considerem desnecessárias, pelo que não
havendo uma necessidade de servidão de passagem por parte de João, esta pode
extinguir-se, por declaração judicial de João com fundamento na desnecessidade,
artigo 1569º/2 CC, isto admitindo que a tal servidão é reconhecida por lei.
Por último, Hélder coloca as chaves num envelope e envia-as para o Presidente da
República, dizendo que pretende que a quinta fique para o Estado. Tendo isto em
conta, penso estarmos perante uma renúncia por parte do titular do direito de
propriedade, Hélder.
Em relação à renúncia, tem-se distinguindo entre a renúncia abdicativa, em que a
extinção do direito se realiza sem qualquer contrapartida para o titular, e a renúncia
liberatória, em que a extinção do direito tem como contrapartida a exoneração do
titular em relação a certas obrigações propter rem , aquelas que decorrem da relação
com a coisa, sendo que neste caso há dependência em relação a essa mesma
exoneração.
Neste caso, penso que a renúncia seja abdicativa, que não tem qualquer contrapartida
para o titular, e aparece prevista especificamente em relação a determinados direitos
de gozo menores, como o usufruto, o uso e habitação e as servidões prediais, bem
como a todos os direitos reais de garantia, como a hipoteca, a consignação de
rendimentos, o penhor, o privilégio e o direito de retenção.
Inversamente, não há quaisquer referências à renúncia a propósito do direito de
propriedade, propriedade horizontal e direito de superfície, mas sabemos que um dos
seus requisitos é a forma, pelo que penso que, como a propriedade só pode ser
constituída através de um negócio jurídico que cumpra com a forma escrita, ainda por
cima estando a falar de um imóvel, penso que tenha de respeitar a forma escrita,
através de escritura pública ou documento particular autenticado, seria de esperar que
a sua extinção, mesmo através da renúncia, se faça pelos mesmos preceitos, ou seja,
se Hélder quer fazer extinguir o seu direito de propriedade sobre a quinta, deve fazê-lo
por escrito, o que não aconteceu, por isso, penso ue ele ter enviado as chaves num
envelope não produz quaisquer efeitos jurídicos, muito menos faz extinguir o seu
direito de propriedade. Hélder continua a ser o proprietário da quinta.

Dia 18/11/2021

Pergunta 4 e 5 do registo da Luísa e Mário:

Propriedade horizontal do Vasco.


Caso da propriedade horizontal do Vasco: Vasco, titular de uma fração
correspondente ao segundo andar esquerdo, de um edifício de três andares, em
regime de propriedade horizontal, recebeu um telefonema de Xavier, seu inquilino
nessa fração, avisando-o de que no dia 1 do passado mês, reunira a respetiva
assembleia de condóminos, de onde resultaram as seguintes deliberações:
a) impermeabilização das varandas e do terraço de coberturas;
b) Colocação de plataformas elevatórias em todos os andares, de modo a
possibilitar a passagem da cadeira de rodas da proprietária do 3º andar;
c) Autorização de abertura de uma porta de ligação entre o 1º andar direito e o
1º andar esquerdo;
d) Proibição dos condóminos fazerem fritos em suas casas, por causa dos cheiros
provocados nas partes comuns.
Tendo em conta esta factualidade, Xavier diz que vai denunciar o arrendamento,
uma vez que não dispensa fritos, pelo menos uma refeição por dia.
Vasco, surpreendido com tais novidades, até porque não se recorda de ter recebido
qualquer comunicação em sua casa, discorda de todas as deliberações tomadas,
pretendendo impugná-las. Quid júris?

Resposta: Estamos perante um caso de propriedade horizontal, que faz coexistir sobre
o mesmo edifício dois tipos de faculdades distintas dos condóminos, estando regulada
nos artigos 1414º e seguintes. Essas faculdades são as correspondentes à propriedade
exclusiva sobre uma fração autónoma do prédio e as correspondentes à
compropriedade sobre as partes comuns do edifício.
Para se poder constituir um edifício em propriedade horizontal, é necessário que o
mesmo tenha condições adequadas para esse efeito, designadamente que o mesmo
possa ser dividido em frações e que estas sejam suscetíveis de constituir unidades
independentes, o que não será um problema neste caso, uma vez que o enunciado
nos dá a entender que, à partida, já se deu a constituição do prédio em propriedade
horizontal.
Quanto às partes comuns do prédio, cuja existência é essencial à propriedade
horizontal, estas encontram-se previstas no artigo 1421º do CC, havendo que
distinguir entre as partes do prédio que são obrigatoriamente comuns, que se
encontram no artigo 1421º/1 e que são as fundamentais para o uso comum do
prédio, portanto nem é possível estipular a sua atribuição em propriedade exclusiva
a qualquer condómino, e as que não apenas presuntivamente comuns, artigo
1421º/2 CC, em que vigora apenas uma presunção, podendo o título constitutivo
dispor de forma diferente, e pode até afetar a um uso exclusivo de um dos
condóminos certas zonas das partes comuns, veja-se o artigo 1421º/3 do CC,
situação em que apesar de a parte se manter comum, fica afeta à utilização exclusiva
por um condómino.
Neste caso, sabemos que Vasco apenas recebeu um telefonema a dizer que tinha sido
feita uma deliberação em assembleia de condóminos.
Nos termos do 1420º CC, cada condómino é considerado proprietário exclusivo da
sua fração e comproprietário das partes comuns do prédio: quanto aos poderes
relativos à fração, olhando para o artigo 1422º/2 alínea b), percebemos que o direito
de uso da fração por parte dos condóminos se encontra extremamente limitado, em
virtude de terem de respeitar o fim a que a fração se destina. Quanto aos poderes
relativos às partes comuns, temos o artigo 1420º/1. A administração das partes
comuns do edifício compete à assembleia de condóminos e a um administrador,
artigo 1430º/1 CC. A assembleia dos condóminos é o órgão deliberativo composto
por todos os condóminos, tendo cada condómino tantos votos quanto for o valor da
percentagem referida no artigo 1418º/1 CC.
Ora, olhando para o artigo 1431º/2 do CC e artigo 1432º/ 1 e 2, sabemos que, não só
tem de haver uma convocação por meio de carta registada, enviada com 10 dias de
antecedência, ou mediante aviso convocatório feito com a mesma antecedência,
desde que haja recibo de receção assinado pelos condóminos, e, para além disso, têm
de ser informados os assuntos cujas deliberações só podem se aprovadas por
unanimidade de votos. Agora, cabe saber quais são os assuntos que carecem de
unanimidade de votos.

Quanto à impermeabilização das varandas e do terraço de cobertura: sabemos que é


parte comum do edifício, artigo 1421º/1 alínea b), o que pelo artigo 1430º/1 do CC,
tem de ser administrada pela assembleia de condóminos, até porque é a estes que
devem suportar as despesas da impermeabilização, veja-se o artigo 1424º/1 do CC.
Quanto à colocação das plataformas elevatórias, estas também são partes comuns do
edifício, artigo 1421º/1 alínea c), outra vez objeto de deliberação pelos condóminos
em assembleia, artigo 1430º CC.

Artigo 1432º/3 CC: pode ser por maioria representativa.

A meu ver, enquanto que a impermeabilização se integra nos encargos de


conservação e fruição, artigo 1424º;

A colocação de plataformas elevatórias já é uma inovação, artigo 1425º CC, pelo que
no número 1 sabemos que podem ser aprovadas por maioria representativa, desde
que represente dois terços do valor total do prédio.

Depois, quanto à abertura da porta de ligação, mas feita entre apenas o primeiro
esquerdo e o primeiro direito, se nada tiver a ver com Vasco, este não teria de
proceder a uma autorização; como a sua fração é a correspondente ao segundo
andar esquerdo, Vasco não precisa de dar autorização neste assunto. Aqui, tive
algumas dúvidas em enquadrar num artigo do CC, mas penso que seja 1422-A, logo
no número 1, que nos diz que essa ligação não precisa de autorização dos restantes
condóminos.

Quanto à última disposição, que proíbe os condóminos de fazerem fritos, porque isso
afeta as partes comuns. Nesta disposição, penso que o problema está na imposição
de uma proibição aos condóminos que incide sobre a sua fração autónoma, cujos
órgãos do condomínio não têm competência para administrar, veja-se o artigo
1430º/1. Por outro lado, a emissão de cheiros dos fritos acaba por afetar as partes
comuns.
Para isso, temos de ver quais as limitações aos poderes que cada condómino tem
sobre a sua fração autónoma. Nos termos do artigo 1420º, cada condómino é
considerado proprietário exclusivo da sua fração e comproprietário das partes
comuns. Os poderes relativos à fração como propriedade exclusiva, atendendo ao
artigo 1305º, deveriam ser atribuídos ao condómino, de modo pleno e exclusivo, os
poderes de uso, fruição e disposição da fração.
Porém, tal não sucede, os poderes dos condóminos sobre as suas frações são muito
inferiores aos poderes que o proprietário possuiria sobre as mesmas partes do
edifício, se este não tivesse constituído em propriedade horizontal.
Surgem limitações específicas aos direitos dos condóminos que não se verificam na
propriedade em geral, artigo 1422º/2, sendo especialmente vedado aos condóminos,
e o que nos interessa está na alínea d), praticar quaisquer atos ou atividades que
tenham sido proibidos no título constitutivo ou, posteriormente, por deliberação de
assembleia de condóminos, aprovada sem oposição. Penso que no caso estejamos
perante a segunda parte.
No número 4 do artigo 1422º, a alteração ao uso das frações autónomas carece de
autorização da assembleia de condóminos, aprovada por maioria representativa de
dois terços do valor total do prédio, pelo que a validade da disposição vai depender
aqui da maioria necessária.
Admitindo que sim, a disposição é válida.

Resposta final: Quanto a esta disposição final, disse que estamos perante uma
proibição que é feita aos condóminos na sua fração autónoma, que têm propriedade
exclusiva sobre esta (1420º/1), mas isto não pode ser objeto de deliberação em
assembleia de condóminos, porque este órgão nem sequer tem poder para deliberar
relativamente às frações autónomas, veja-se o artigo 1430º/1, pelo que a disposição
não seria válida porque o objeto não é suscetível de deliberação. Como tal, segundo
o artigo 1433º/1 CC, Vasco pode opor-se às deliberações contrárias à lei, que são
anuláveis mediante requerimento. Ou então aplicar o 1436º dos cheiros nas relações
de vizinhança. Esta é a resolução da professora.

Quaisquer deliberações são anuláveis, qualquer condómino pode requerer essa


anulação.
Primeira deliberação: 1421º/1 alínea b), objeto de deliberação, 1424º, despesas de
conservação e fruição pagas pelos condóminos.

Caso uso e habitação

O uso e habitação constituem tipos de direitos reais próximos do usufruto, embora


com algumas especificidades particulares, sendo a principal o facto de não atribuírem
gozo pleno da coisa, mas sim limitado pelas necessidades do titular ou da sua família
(artigo 1484º/1 CC). O uso e a habitação distinguem-se entre si pelo seu objeto, ou
seja, enquanto que o uso pode abranger qualquer coisa alheia, o direito de habitação
refere-se a casa de morada (artigo 1484º/2). Neste caso, sendo que Adelina e Bento
eram casados penso que em relação ao imóvel X, bem comum do casal, se tenha
constituído um direito de habitação, que versa sobre a casa de morada e não sobre
coisa alheia, ou seja, estamos perante o número 2 do 1484º CC.
O uso e a habitação são direitos moldados sobre o regime de usufruto,
designadamente quanto às suas causas de constituição e extinção, artigo 1485º e
1490º), mas em que os poderes de uso e fruição são mais limitados. Por exemplo, o
uso e habitação não se podem constituir por usucapião, artigo 1293º/b); os direitos de
uso e habitação são absolutamente intransmissíveis, pelo que o usuário e o morador
usuário não podem transmitir esses direitos, nem onerá-los de qualquer modo (artigo
1488º).
Ou no caso do usuário ou morador usuário consumirem todos os frutos do prédio ou
ocuparem todo o edifício, compete-lhes o pagamento das reparações ordinárias,
despesas de administração e impostos e encargos anuais, como se fossem
usufrutuários, 1489º/1, mas se a ocupação do prédio ou edifício for parcial, o usuário e
o morador usuário apenas são obrigados a contribuir na proporção da sua fruição,
artigo 1489º/2.
Quanto às causas de constituição, temos o artigo 1485º, que nos diz que, neste caso, a
habitação, se constitui pelos mesmos termos que o usufruto, sem prejuízo do disposto
na alínea b) do 1293º CC. Neste caso, se formos ao regime do usufruto, uso e
habitação, no artigo 1440º temos as formas de constituição, que neste caso foi por
contrato, pois diz no enunciado que ambos o convencionaram no acordo judicial do
divórcio.
Diz-nos o enunciado que a transação não foi registada, estando no Registo Predial
inscrição a favor de Adelina, por compra a Xavier; ora, sabemos que a forma mais
comum de constituição dos direitos reais é por negócio jurídico, pelo que o direito de
habitação de Bernardo sobre o imóvel X tem eficácia real, que se constituiu logo que
celebrou o contrato, ainda que não haja registo do mesmo, sendo que esta figura de
constituição de direitos reais, no caso do uso e habitação, se encontra logo no 1485º.
Bernardo, para além de residir no prédio X, aí procedia, ao cultivo de batatas, uvas,
cerejas e pêssegos, apesar de não precisar deste cultivo para viver, e Adelina vende a
propriedade plena do prédio X a Carlos, sendo que tinha ficado acordado que
Bernardo ficaria titular de um direito de habitação sobre o prédio. Ora, se Bernardo
tem um direito de habitação, penso que Carlos não pode exigir a entrega do prédio,
mas sendo o direito de habitação algo que consiste na faculdade de servir, neste caso,
da casa de morada, e haver os respetivos frutos, mas na medida das necessidades,
quer do titular, quer da sua família, e o enunciado nos diz que Bernardo não necessita
do cultivo para viver, Carlos, que é agora proprietário uma vez que tem a propriedade
plena do prédio X, pode exigir a Bernardo o pagamento, segundo o artigo 1489º do CC,
das despesas de administração e os impostos e encargos anuais. Isto porque, olhando
para o artigo 1484º, o direito de habitação tem a limitação da medida da necessidade,
quer do titular do direito de habitação, quer da sua família, portanto tudo o que esteja
para lá desse limite pode ser exigido pelo proprietário, que tem agora um direito sobre
o cultivo, e coo no enunciado dizem que Bernardo não necessita do cultivo para viver,
deduzo que seja a totalidade.

Resposta definitiva do caso do uso e habitação: O uso e habitação constituem tipos


de direitos reais próximos do usufruto, embora com algumas especificidades
particulares, sendo a principal o facto de não atribuírem gozo pleno da coisa, mas sim
limitado pelas necessidades do titular ou da sua família (artigo 1484º/1 CC). O uso e a
habitação distinguem-se entre si pelo seu objeto, ou seja, enquanto que o uso pode
abranger qualquer coisa alheia, o direito de habitação refere-se a casa de morada
(artigo 1484º/2). Neste caso, sendo que Adelina e Bento eram casados penso que em
relação ao imóvel X, bem comum do casal, se tenha constituído um direito de
habitação, que versa sobre a casa de morada e não sobre coisa alheia, ou seja,
estamos perante o número 2 do 1484º CC.
O uso e a habitação são direitos moldados sobre o regime de usufruto,
designadamente quanto às suas causas de constituição e extinção, artigo 1485º e
1490º), mas em que os poderes de uso e fruição são mais limitados. Por exemplo, o
uso e habitação não se podem constituir por usucapião, artigo 1293º/b); os direitos de
uso e habitação são absolutamente intransmissíveis, pelo que o usuário e o morador
usuário não podem transmitir esses direitos, nem onerá-los de qualquer modo (artigo
1488º).
Ou no caso do usuário ou morador usuário consumirem todos os frutos do prédio ou
ocuparem todo o edifício, compete-lhes o pagamento das reparações ordinárias,
despesas de administração e impostos e encargos anuais, como se fossem
usufrutuários, 1489º/1, mas se a ocupação do prédio ou edifício for parcial, o usuário e
o morador usuário apenas são obrigados a contribuir na proporção da sua fruição,
artigo 1489º/2.
Quanto às causas de constituição, temos o artigo 1485º, que nos diz que, neste caso, a
habitação, se constitui pelos mesmos termos que o usufruto, sem prejuízo do disposto
na alínea b) do 1293º CC. Neste caso, se formos ao regime do usufruto, uso e
habitação, no artigo 1440º temos as formas de constituição, que neste caso foi por
contrato, pois diz no enunciado que ambos o convencionaram no acordo judicial do
divórcio.
Diz-nos o enunciado que a transação não foi registada, estando no Registo Predial
inscrição a favor de Adelina, por compra a Xavier; ora, sabemos que a forma mais
comum de constituição dos direitos reais é por negócio jurídico, pelo que o direito de
habitação de Bernardo sobre o imóvel X tem eficácia real, que se constituiu logo que
celebrou o contrato, ainda que não haja registo do mesmo, sendo que esta figura de
constituição de direitos reais, no caso do uso e habitação, se encontra logo no 1485º.
(408º/1 do CC)
Em 2018, Adelina vendeu a propriedade plena do prédio X a Carlos, que foi registada
no dia seguinte e agora Carlos reclama a Bernardo a entrega do prédio. Tendo Adelina
o direito de propriedade, será válido ela vendê-la a terceiro, sendo que Bernardo
continuará a ter o direito de habitação, que tinha sido mesmo acordado com Adelina
quando esta tinha a propriedade e Bernardo, ao mesmo tempo, o direito de habitação.
Bernardo, para além de residir no prédio X, aí procedia, ao cultivo de batatas, uvas,
cerejas e pêssegos, apesar de não precisar deste cultivo para viver.
Ora, se Bernardo tem um direito de habitação, penso que Carlos não pode exigir a
entrega do prédio, mas sendo o direito de habitação algo que consiste na faculdade de
servir, neste caso, da casa de morada, e haver os respetivos frutos, mas na medida das
necessidades, quer do titular, quer da sua família, e o enunciado nos diz que Bernardo
não necessita do cultivo para viver, Carlos, que é agora proprietário uma vez que tem a
propriedade plena do prédio X, pode exigir a Bernardo o pagamento, segundo o artigo
1489º do CC, das despesas de administração e os impostos e encargos anuais. Isto
porque, olhando para o artigo 1484º, o direito de habitação tem a limitação da medida
da necessidade, quer do titular do direito de habitação, quer da sua família, portanto
tudo o que esteja para lá desse limite pode ser exigido pelo proprietário, que tem
agora um direito sobre o cultivo, e como no enunciado dizem que Bernardo não
necessita do cultivo para viver, deduzo que seja a totalidade.
Se a professora perguntar sobre a suscetibilidade de aquisição tabular: realmente, se
olharmos para a falta de registo do direito de habitação de Bernardo podíamos pôr em
questão a suscetibilidade de Carlos se tornar titular do direito por ter a situação
registada a seu favor, artigo 5º/1 e 5º/4 do Registo Predial, mas temos de olhar para os
requisitos, e falha, logo à partida aquele requisito dado pela maioria da doutrina, que é
a boa-fé e a constituição a título oneroso, porque falhando estes requisitos o primeiro
adquirente não pode ser posto em causa. Olhando para o enunciado, que nos diz que
Carlos era o advogado de Adelina e que conhecia bem a transação por si negociada
pela sua cliente, portanto sabia da falta de registo e sabia que podia adquirir o direito
de habitação se registasse logo, e eu aqui acho que Carlos está de má fé, por isso falha
logo este requisito e não pode adquirir o direito de habitação pela aquisição tabular.

Caso servidão de António desde 1980.


Resposta: Comecei por dizer que estamos perante uma servidão legal, ou coativa, que
pode ser constituída sem o consentimento do proprietário do prédio sujeito à
servidão. Esta servidão é de escoamento, artigo 1563º CC, a qual consiste na faculdade
de fazer escoar sobre prédio vizinho as águas que existem em excesso em
determinado prédio. Uma vez constituída a servidão de escoamento, os proprietários
onerados adquirem direito ao uso das águas escoadas nos seus prédios, mas a
privação desse uso, em virtude do novo aproveitamento da água efetuado pelo titular
do prédio dominante não constitui violação do seu direito, veja-se o artigo 1391º CC.
No caso em concreto, estamos perante o regime de aproveitamento das águas, em
que logo no 1389º CC nos dizem que o dono do prédio onde haja uma fonte ou uma
nascente de água, neste caso, nasce uma ribeira no prédio Y, cuja propriedade é de
Bento, em que este, tal como nos diz o artigo, pode servir-se dela e dispor do seu uso
livremente, salvo se um terceiro adquiriu ao uso da água por título justo.
Ora, António invoca esse adquirir ao uso da água, reclamando a existência de uma
servidão de escoamento e dizendo que Bento está a violar esse direito.
Quanto à servidão de escoamento, como já disse acima, segundo o artigo 1391º, os
donos do prédio (neste caso, o dono do prédio dominante que é Bento), quando
privam esse uso por aproveitarem de outro modo as águas não estão a violar o direito
ao uso da água por parte, neste caso, do dono do prédio serviente, que é António.
Assim, bem se entende que a servidão de escoamento seja uma servidão desvincultiva
em que ocorre a libertação do prédio de uma restrição legal imposta em benefício do
prédio serviente.
Assim, ainda que António tenha a seu favor uma servidão de escoamento, não pode
reclamar o abuso do direito, pois Bento está apenas a aproveitar agora de outro modo,
neste caso direito a bloquear a ribeira, que nasce em sua casa e por isso pode dispor
do seu uso livremente.
Bento tem razão quando diz que tem direito ao seu gozo e disposição, mesmo o
consumo integral.

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