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14.09.2020
Vamos centrar a nossa atenção nas normas jurídicas que regem o direito internacional:
da constituição portuguesa e as convenções internacionais mais relevantes (como a de
Viena). Iremos estudar a carta das nações; regras consuetudinárias e atos jurídicos
unilaterais.
Este direito é um direito em formação, não tão completo como o direito
constitucional, porque aqui em Direito Internacional Público não temos um único
legislador, uma única estrutura executiva nem temos um único tribunal nem estrutura
policial para poder fazer cumprir as regras.
Assim, quem incumpre regras de direito internacional público nem sempre sofre
sanções em razão desse mesmo facto.
O facto deste direito que vamos estudar ser um direito incompleto leva-nos a debater
sobre o facto de estarmos perante um verdadeiro direito ou uma moral internacional.
Na opinião do professor Blanco Morais, este é um verdadeiro direito, uma vez que é
composto por normas jurídicas, existem tribunais e existem, para todos os efeitos,
sanções e, mais importante que tudo, as constituições dos estados reportam-se à
validade e eficácia das normas jurídicas internacionais.
Da perspetiva positiva ou positivista, se as constituições estivessem a falar de uma
moral internacional, não estabeleciam as regras que estabelecem para o direito
internacional público, portanto este é, logo à partida, reconhecido pelas constituições
dos estados.
Plano de trabalho para este curso: vamos começar com uma introdução conceptual e
histórica do direito internacional público e falaremos das relações jurídicas
internacionais, dentro da sua vertente política; depois, definiremos o que é direito
internacional público, porque há várias definições e vamos ter de nos fixar
essencialmente numa delas; vamos falar da juridicidade do direito internacional
público (se é ou não direito) e finalmente entraremos num capítulo importante que é o
relativo às fontes do direito internacional público: estudaremos as convenções
internacionais, o costume, os atos, a jurisprudência, etc.
Vamos desenvolver o direito dos tratados, as suas classificações, o modo de celebração
das convenções, as patologias/invalidades das convenções, cessação da vigência das
convenções internacionais.
As relações entre o direito internacional e leis, direito internacional e regulamentos e
direito internacional e os vários estados, etc.
É preciso comprar um livro que foi editado pela Associação Académica, um livro azul
escuro de resumos do plano do curso de direito internacional público.
Manuais primários: manual do professor André Gonçalves Pereira, manual de direito
internacional; como segundo manual temos a professora Maria Luísa Duarte com o
Manual do direito internacional público e os livros do professor Eduardo Correia
Batista, uma obra significativa e detalhada.
É necessário ter uma coletânea das convenções internacionais mais relevantes, aquela
recomendada pelo professor é a Coletânea de textos de Direito Internacional Público
do professor Rui Lanceiro.
21.09.2020
29.09.2020
6.10.2020
Se o tratado for totalmente silencioso sobre toda esta questão, o artigo 19º da
Convenção estipula que não são admissíveis as reservas que põem em causa o objeto
e fim da convenção.
Tratados constitutivos de uma organização internacional: quando isto ocorre, quando
se discute a celebração deste tratado, a questão das reservas depende da sua
aceitação pelo órgão competente da organização, e até que esta entre em vigor, isto
fica pendente.
Requisitos formais e circunstanciais das reservas: há um dever de comunicação de
quem formula uma reserva às restantes partes mediante forma escrita, e deve ser feita
não apenas às partes contratantes, mas, tratando-se de uma convenção aberta,
também àqueles estados que não tendo participado na convenção, estejam em
condições de aderir a essa convenção; as reservas devem ser formuladas nos
momentos de autenticação, mas podem ser formuladas no momento de expressão de
consentimento; se um estado formular uma reserva no momento de autenticação,
caso vise manter juridicamente essa mesma reserva, deve confirmá-la no momento da
expressão definitiva do seu consentimento.
13.10.2020
19.10.2020
Outro tipo de situações que podem afetar a eficácia das convenções internacionais que
não estão ligadas a situações patológicas: estamos a falar de vícios e de modificações,
da cessação e suspensão da eficácia das convenções internacionais ou as vicissitudes
na vigência das convenções internacionais.
As convenções, tal como as leis, podem ser objeto de modificações ou de revogações.
Quanto à modificação ou alteração das convenções internacionais, temos o artigo
39º da Convenção de Viena que nos diz que as convenções podem sempre ser revistas
através de acordo entre as partes. Claro que isto nem sempre é assim, temos uma
regra geral, mas pode haver situações em que as convenções internacionais são
alteradas, mas apenas no contexto das relações jurídicas entre as partes, isto
relativamente às convenções multilaterais. De acordo com estas convenções
multilaterais, nós temos um primeiro critério, que é que muitas vezes a própria
convenção regula os termos da sua modificação (como limites temporais ou de ordem
substancial ou formal), diz o número 1 do artigo 40º da Convenção, a revisão dos
tratados multilaterais devem seguir, salvo alteração, o acordado entre as partes, que
têm todas o direito de participar nessa modificação. Todavia, para lá desta disposição,
pode a modificação dizer respeito a apenas alguns Estados, há esses que decidem não
participar no acordo de alteração da convenção internacional, e não se vincularão nas
alterações que tiverem sido estabelecidas.
Há um outro processo, que diz apenas respeito a alguns Estados, que decidem entrar
num acordo modificativo deste tratado multilateral, que vigora, nas suas relações
recíprocas, não produzindo, em regra, efeitos relativamente às outras partes que não
participam no acordo modificativo. Artigo 41º da Convenção, isto pode ser feito desde
que não seja proibido (que pode ser proibido pelo que está no próprio tratado), sobre
uma matéria que seja permitida pelo próprio tratado e desde que estes acordos
modificativos não violem ou não ofendam o objeto e fim do tratado, ou os direitos de
partes terceiras.
Um tratado também pode cessar a sua vigência, pode extinguir-se se as partes que o
celebraram decidirem revogá-lo sem substituição.
Todavia, os tratados podem suspender a sua vigência por um outro conjunto de
vicissitudes: poderemos ter uma cessação da vigência das convenções por vontade
originária das partes, que estabelecem um conjunto de regras que determinam a
cessação da sua vigência, ou por vontade superveniente das partes, manifestada
depois da entrada em vigor da convenção. Pode ainda cessar por razões ou situações
não previstas na convenção, umas ligadas ao comportamento das partes, outras
ligadas a razões que ocorrem independentemente da vontade das partes.
Por vontade originária das partes: à partida, há convenções que têm clausulas de
caducidade, que implica a cessação da vigência em razão de vários fatores (por
exemplo, se se verificar a ocorrência de um determinado facto ou pode ser
estabelecida uma data limite para o tratado vigorar, e depois cessa vigência). Isto
acontece nos contratos e convenções internacionais, e há convenções que têm
clausulas de resolução ligadas a termo de vigência (como o tratado cobre o Canal do
Panamá).
Por vezes, não existem este tipo de clausulas, mas existem clausulas de caducidade
ligadas à ocorrência de determinados eventos (caso do período da Guerra Fria e Pacto
de Varsóvia).
Há também certas clausulas implícitas, ou seja, existe um conjunto de obrigações que
as partes devem realizar e, quando estas são totalmente executadas, pode não haver
razão para que a convenção subsista. Cessado o conflito ou obrigação, pode não haver
razão para a continuidade.
Nos tratados internacionais, a figura da renúncia, que é um ato unilateral não
autónomo através do qual uma das partes decide denunciar, a convenção cessa
vigência.
Se for um tratado multilateral, a figura denomina-se de recesso, e tem consequências
diferentes: não envolve o fim da convenção, mas apenas a desvinculação de um Estado
em relação a essa convenção. Há, depois, um conjunto de excecionalidades, como
tratados multilaterais que determinam que o recesso determina mesmo
obrigatoriamente a cessação da vigência. Mas, se nada se disser na convenção, o
recesso não implica a cessação da vigência.
Porque é que se trata de um ato jurídico unilateral não autónomo? O recesso é
unilateral pois não depende da aceitação do ato de vontade de desvinculação das
outras partes, e não autónomo pois depende daquilo que for disposto a propósito do
regime de recesso, seja no próprio tratado seja na Convenção de Viena, no artigo 46º.
Mas há tratados que não dizem nada, os tratados silentes, havendo, para isso, uma
regra que nos diz que o recesso ou renúncia não serão consentidos, salvo se as partes
o tiverem admitido fora da convenção ou se se puder deduzir das disposições da
convenção, essa admissibilidade da renúncia ou recesso, se da natureza das
disposições se puder deduzir.
Uma parte, se desejar desvincular-se, deve fazê-lo com pré-aviso, para que o resto
das partes se possa adaptar à nova realidade. A notificação da renúncia ou recesso
deve ser feita com, pelo menos, 1 ano de antecedência. Claro que há tratados que
estabelecem prazos menores (artigo 56º da CV).
Artigo 55º: há convenções que determinam que elas próprias entram ou não em vigor
depois de serem ratificadas por um determinado número de Estados. Se o número de
ratificações descer e for menos do que um certo número, este artigo diz-nos que a
convenção não cessa por razões de segurança jurídica.
Pode também ocorrer cessação da vigência por vontade superveniente das partes,
nomeadamente pela celebração de um tratado que revogue o anterior, expressa ou
tacitamente, que tenha o mesmo objeto e estabeleça disposições diferentes
incompatíveis com as anteriores, o tratado anterior é revogado e cessa vigência.
Normas gerais e especiais: um tratado posterior com disposições mais específicas e
esse tratado pode prevalecer sobre o antecedente, com disposições de caráter mais
geral.
Violação: uma ou mais partes incumprem com as obrigações estabelecidas, e o
incumprimento dá direito às outras partes de se desvincularem à convenção ou até
mesmo cessarem a vigência dessa mesma convenção. Se for bilateral, ocorre cessação
de vigência, se for multilateral, pode acontecer que as partes se desvinculem, no
mínimo.
Artigo 60º da CV diz que uma violação substancial de uma disposição de uma
convenção bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a usar isso como
justificação para invocar a cessação da convenção ou a sua suspensão em parte ou
toda. A violação tem de ser relevante e de uma disposição material (tratado entre o
Chile e o Perú). Já no tratado multilateral, se uma das partes violar, as restantes partes
podem suscitar a suspensão das disposições.
Outra situação que justifica a cessação da vigência da convenção é a rotura de relações
diplomáticas entre Estados (artigo 63º da CV).
Isto depende de várias circunstâncias: o artigo fala na rotura das relações como
pressuposto para a não produção de efeitos e não tanto na cessação: salvo na medida
em que essas relações sejam indispensáveis para que a convenção possa produzir os
seus efeitos. Nalguns casos pode dizer-se que as disposições de um tratado podem-se
implicar aos Estados nas suas relações recíprocas; tratados bilaterais, como os de
comércio, podem deixar de produzir efeitos. As convenções só deixam de produzir
efeitos na medida em que as relações diplomáticas sejam essenciais para a aplicação
do tratado, portanto, as multilaterais podem continuar a vigorar normalmente, ou até
se essas relações não forem denominadas como pressupostos necessários dessa
vigência (pacto Ibérico, entre Portugal e Espanha, durante o Estado Novo). Para isto,
aplica-se mais o direito consuetudinário, pois a Convenção de Viena pouco diz sobre
isto.
Já nas convenções multilaterais, não é por dois Estados entrarem em conflito e
cortarem as suas relações diplomáticas, que a convenção cessa vigência, tirando
situações que o justifiquem.
Costume revogatório ou derrogatório: um tratado internacional pode ser derrogado,
ou seja, algumas das suas disposições podem ser derrogadas, mas nem toda a
convenção, derrogação é uma revogação parcial, ou podem ser totalmente derrogadas
por costumes supervenientes (as normas consuetudinárias e as normas convencionais
detêm, na ordem jurídica internacional, a mesma hierarquia), tal como um tratado
pode revogar costumes, também os costumes podem derrogar ou revogar tratados
internacionais, embora isso não seja particularmente comum. A própria Carta das
Nações Unidas envolve, para todos os efeitos, costumes que passaram a modificar o
conteúdo de convenções.
Todavia, há ainda circunstâncias que, sendo independentes da vontade das partes,
acabam por ter consequências jurídicas na vigência ou na aplicação das convenções
internacionais.
Artigo 61º da CV: tem a ver com a impossibilidade superveniente de execução da
convenção internacional. Diz o número 1 do artigo 61º que uma parte pode evocar a
impossibilidade de um tratado como fundamento para pôr termo a sua vigência, ou
para dele se retirar, se for uma convenção multilateral, se essa impossibilidade de
execução resultar da destruição ou do desaparecimento de um objeto que é
indispensável, precisamente, à execução do tratado. Pode haver afetações do objeto
do tipo permanente ou do tipo temporário. Muitos exemplos que os manuais dão
deste tipo de afetação permanente é o desaparecimento de ilhas. Suspensão ou
cessação dependerão, fundamentalmente, do objeto indispensável à execução da
convenção ser afetado a título definitivo ou a título temporário.
Diz o número 2, também do artigo 61º, que a possibilidade da execução não pode ser
invocada por uma parte como motivo para pôr termo à vigência do tratado, ou para se
retirar do tratado, se for um tratado multilateral, se essa impossibilidade resultar de
uma atitude dolosa, de uma violação da parte que invoca essa cessação de vigência,
uma violação constante do tratado, ou de uma obrigação internacional que a parte
que se retira tinha perante a outra parte.
Temos também a figura da alteração fundamental de circunstâncias: se as realidades
mudam, pode haver situações de desequilíbrio e de injustiça, que permitem a um dos
Estados, aquele que ficar mais diretamente afetado por essa alteração das
circunstâncias, de exigir a suspensão ou cessação da convenção.
O artigo 62º diz-nos que uma alteração fundamental de circunstâncias, circunstâncias
não previstas pelas partes, não podem ser invocadas como razão para por termo ao
tratado ou para uma ou mais partes se poderem desvincular das mesmas, salvo se, ou
seja, podem, quando tiver constituída uma base essencial para o consentimento das
partes, ou seja, quando tiver sido claro que essas circunstâncias, que não foram
previstas no tratado, existiam à época, e as partes só se teriam vinculado à convenção
se essas circunstâncias permanecessem no futuro. Se não existissem, as partes não se
vinculariam. É necessário que essa alteração circunstancial possa produzir uma
transformação radical na natureza das obrigações.
Todavia, este número 2 ainda adita um conjunto de regras que obstam a que a
alteração de circunstâncias possa ser invocada como motivo de pôr fim à vigência do
tratado: a propósito de tratados que estabeleçam fronteiras (não podem ser
invocados), porque as fronteiras são realidades particularmente delicadas, delimitam o
espaço de exercício; atitude dolosa, ou violação.
Figura mista (pois tem a ver com a cessação e a nulidade): convenção internacional
que na sua origem não violava nenhuma norma de direito imperativo, mas depois
emerge uma norma de direito imperativo e agora esse tratado já viola; diz o artigo 64º
que todo o tratado existente que seja incompatível com essa nova norma de direito
imperativo torna-se nulo e cessa a sua vigência. Cessa a sua vigência, e não só é
anulada, porque o fenómeno é como que uma revogação tácita.
Mas as partes podem não acordar com isto, e continuam a aplicar a convenção que é
desconforme ao direito imperativo. Imaginemos que isto se prolonga e vai ao tribunal
internacional de justiça, que declara invalidade da norma da convenção, o que faz com
que esta deixe de vigorar e a decisão de nulidade retroage desde o momento de
decisão até à data de superveniência da norma de direito imperativo. Se, depois, esse
tratado continuar a ser aplicado depois da data de superveniência da norma de direito
imperativo, ele passa a ser nulo e todos os atos praticados entre as duas datas que o
tribunal deu são nulos e eliminados retroativamente.
Considerações sobre o regime de interpretação das convenções internacionais:
artigos 31º e 32º têm o elemento textual, o contexto, o preâmbulo, anexos e os
tratados ulteriores sobre a interpretação de uma convenção, prática ulterior de
execução de uma convenção, o elemento teleológico e costumes da convenção.
O artigo 32º fala dos elementos complementares de interpretação, está a
subsidiarizar estes elementos interpretativos, nomeadamente trabalhos preparatórios
e circunstâncias em que foi concluído o tratado, ou seja, o elemento histórico de
interpretação. Depois, na alínea b), faz-se menção ao elemento lógico da
interpretação.
27.10.2020
1. Declaração universal dos direitos do Homem, originariamente, esta não tem valor
de direito internacional público nem fonte, é uma declaração política não tem valor
jurídico normativo, apenas pela constituição portuguesa é que ela vale como direito
internacional através de uma receção com uma eficácia plena para ter valor normativo
constitucional.
Aquilo que se verifica é que não estamos perante uma heterolimitação, mas uma
autolimitação do próprio constituinte português, que resolveu incorporá-la como
direito constitucional, que implica que até as normas da constituição devam ser
interpretadas e, se necessário, integradas por esse mesmo direito constitucional em
que se recebe uma declaração política que passa a ter valor normativo constitucional.
O constituinte autolimitou-se porque quis, tendo razões para isso, porque, na altura,
Portugal estava a passar por um período difícil, com forças políticas extremistas.
Dado aos direitos fundamentais terem de ser conforme à Declaração Universal dos
Direitos do Homem, o legislador tomou esta decisão.
Mas isto quer dizer que as normas da declaração universal dos direitos do Homem
podem ir a tribunal e declarar a inconstitucionalidade de normas da nossa própria
constituição? É que é isso que é ditado pela prevalência das normas, ou seja, as
normas que se encontram numa posição superior na hierarquia podem revogar
normas que estejam abaixo de si, em momentos de colisão entre as duas normas. Mas
não, as normas da nossa constituição não podem ser declaradas inconstitucionais,
porque a declaração universal até proíbe a retroatividade. O que é plausível é utilizar
essa norma da Declaração Universal no seu valor paramétrico de interpretação para
declarar a invalidade da disposição transitória que permite a punição retroativa.
Temos qui domínios de prevalência paramétrica da Declaração Universal.
2.11.2020
9.11.2020
15.11.2020
Sujeito de DIP: toda a entidade que no âmbito ou nos termos de normas de DIP seja
titular de direito e se encontre submetido a deveres ou obrigações.
Diferença entre capacidade e personalidade: os sujeitos têm necessariamente
personalidade, mas nem todos tem capacidade de exercício plena (faculdade de
poderem agir na comunidade internacional através de condutas reguladas pelo mesmo
Direito Internacional).
Capacidade de exercício: Estado soberano: plena: envolve poderes: representa toda
uma unidade de comunidade humana, tem funções e pode agir através destes três
tipos de condutas: 1: Poder de celebrar tratados (ius tractum); 2: Faculdade de
exercerem um direito de defesa (direito da guerra: ius bellum): em caso de legítima
defesa; em caso de agressão 3. Faculdade de abrirem missões ou legações
diplomáticas junto de outros sujeitos de Direito Internacional (ius legationes).
Este Estado não é o moderno que nasceu com a paz de Vestefália, era um estado
comerciante e guerreiro. Os Estados passaram a delimitar extremos da sua soberania
através da Carta das Nações Unidas.
Os Estados não devem poder interferir ou imiscuir-se nas relações internas uns dos
outros. Os Estados que fazem parte das Organizações Internacionais limitam a sua
soberania. Quer o Estado soberano quer certas Organizações Internacionais têm
soberania plena.
Nem todos os Estados têm soberania plena, alguns têm soberania limitada, tal como
acontece com as Organizações Internacionais: Uns não podem exercer o direito de
guerra, por exemplo; alguns têm apenas alguns dos atributos referidos acima; outros
são Estados de soberania diminuída: protetorados, por exemplo (há um estado
protetor e um Estado protegido, que garante que o protegido será defendido em caso
de ameaça, mas em contrapartida o protegido tem de facultar bases militares e a sua
política externa será condicionada por orientações ou injunções por parte da entidade
protetora, por exemplo).
Regime material de protetorado: sem serem assim designados, operam como se o
fossem.
Estados por tratado conferem a outros Estados aspetos da sua defesa e política
externa a outro Estado, sem serem protetorados.
Estados beligerantes: perdeu hoje, quase, completamente a sua importância. Era uma
entidade composta por forças que procuravam num determinado Estado derrubar o
poder político e, não conseguindo, dominavam uma parte desse Estado com
reconhecimento do poder dominante. Esta entidade era considerada um sujeito de
DIP com capacidade limitada.
Violações de convenções internacionais que o Estado onde o conflito decorria
pudessem ter lugar em estado dominado pelo beligerante, o Estado não seria
responsabilizado pela violação; danos, crimes que para terceiros Estados ocorressem
no território dominado pelo beligerante, o Governo do Estado não seria tornado
responsável pelo ressarcimento desses mesmos danos ou por incumprimento de
obrigações; este quadro permitia a aplicação do direito humanitário de guerras
também ao próprio beligerante; tinha capacidade jurídica limitada de celebrar tratados
que regulassem o conflito ou que pusessem termo ao conflito.
Esta figura extinguia-se no insurreto: força armada de guerrilha que, podendo ou não
dominar parcelas de um determinado Estado, desencadeava ações armadas no quadro
de um conflito político. Não eram sujeitos de DIP.
1. Ganhou força;
2. Agora pode ser considerado como sujeito de DIP;
3. O direito humanitário de guerra é-lhes aplicado
4. Reconhecida a possibilidade de se sentarem à mesa de conferências internacionais
para pôr termo ao conflito e para assinarem tratados de paz para por termo a esse tipo
de guerras.
O tempo e evolução levou a que a figura do beligerante se tornasse obsoleta.
Movimentos de libertação nacional: movimentos políticos que defendem a
independência de uma parcela de um Estado por razões ligadas a entidades étnicas,
linguísticas ou culturais: 1. Atua na ilegalidade; 2. Defende a independência através de
um processo de luta: nem sempre: recorre à ação armada e à guerrilha; 3. Tornaram-
se conhecidos sobretudo a partir dos anos 50 e 60.
As Nações Unidas consideraram-nos superiores a partir do momento em que se
reconheceu o estatuto de movimento de libertação, em vez de guerrilha.
Isto significa que têm apoio de natureza diplomática e financeira, para além de
poderem fazer parte das Organizações Internacionais.
É uma forma de legitimação política destas forças.
Governos no exílio: Governos de Estado que foram invadidos ou Estados em que têm
uma invasão que, não tendo condições para se manter no território, partem para
outro país e criam uma estrutura no exílio, dentro de outro Estado: capacidade
limitada.
1. Em tese, para serem reconhecidos como sujeitos de DIP precisam de ter os
três atributos considerados em cima 2. Costumam ter ius bellum e ius tractum
• Indivíduo - capacidade limitadíssima - titular de direitos humanos.
28.11.2020
Critério do objeto
Organizações de fins gerais: fins políticos, de defesa, de cooperação
económica e cultural. EX: ONU, União Europeia.
Outras organizações que são tendencialmente de fins políticos, como o
Conselho da Europa, nomeadamente na tutela de direitos
fundamentais, organizações de fins militares, como a NATO e foi o caso
de Pacto de Varsóvia (liderado pela União Soviética), organizações de
fins de natureza jurídico-económico: OCDE; organizações de fins sociais:
como OMS e organização internacional do trabalho.
ONU:
A expressão Nações Unidas muitos pensaram que poderia significar todos os membros
da Sociedade internacional, mas não- principais aliados que combateram eixo durante
a II Guerra Mundial- EUA, União soviética, reino unido frança e china eram as nações
unidas. Criada por estes estados através da assinatura da Carta das Nações Unidas em
1945 e os objetivos da carta- preservar os povos do flagelo da guerra, reafirmar a fé
nos direitos fundamentais, criar condições de justiça e de respeito pelos tratados
fundamentais e promover o progresso social e as condições devidas das pessoas em
liberdade: preâmbulo, com 2 princípios ligados à paz e proibição do uso da força como
forma de resolução dos conflitos.
Depois de assinada, outros Estados aderiram. Atualmente, integra quase todos os
estados soberanos da Sociedade Internacional. Houve um alargamento.
Membros da organização:
- Membros originários: 5 estados que assinaram a carta se s. Francisco em 1945
- Estados que foram sendo admitidos
Admissibilidade dos estados- art. 4º/1: a admissão como membro da ONU fica aberta a
todos os Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações. Convenção aberta e
que aceitarem obrigações dela constantes.
Assembleia delibera por maioria de 2/3, por proposta do Conselho de Segurança.
Os membros que entram, também podem ser suspensos ou expulsos- art. 5º. Se
houver sanções, ações preventivas tomadas pelo Conselho de Segurança, há
possibilidade dos membros da assembleia geral poderem ser alvo de sanções- como
retirada de certos direitos, por exemplo direito de voto na assembleia geral- esta
suspensão dos direitos no todo ou em parte que decorre por proposta do conselho de
segurança, e de uma deliberação favorável da Assembleia Geral também tomada por
2/3. Estas situações são extremas.
Com ações coercitivas ou com sanções pode haver situações em que um membro das
nações unidas viola persistentemente os princípios e obrigações da carta- se isso
suceder esse membro pode ser expulso: situação extrema. A mesma maioria.
Legítima defesa- única possibilidade de uso da força, no âmbito da carta das nações
unidas.
1.12.2020
Vamos falar da problemática do uso da força nas relações internacionais.
Conselho de Segurança e as suas competências: vemos que no artigo 24º da Carta das
Nações Unidas o Conselho de Segurança tem a principal responsabilidade da
manutenção paz e da segurança internacionais.
Conseguimos perceber que nalgumas matérias mais sensíveis, foi atribuída ao
Conselho de Segurança alguma preponderância: veja-se, por exemplo, a posição do
Conselho de Segurança na definição do estatuto de novos membros, suspensão dos
seus direitos, expulsão de membros, 4º a 6º da Carta, é notória a posição de privilégio
do Conselho de Segurança.
Revisão da Carta das Nações Unidas: nos artigos 108º e 109º é notória a prevalência
do Conselho de Segurança, exigindo-se voto favorável dos membros permanentes do
Conselho de Segurança para as revisões à Carta.
Posição de salvaguarda do Conselho de Segurança em relação à Assembleia Geral:
artigo 12º da Carta. A Assembleia Geral nunca pode adotar medidas com caráter
vinculativo para os membros, ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança,
nomeadamente por força do artigo 25º.
Relativamente à natureza jurídica das resoluções do Conselho de Segurança,
articulando o artigo 25º com a resolução prevista no 39º, designadamente nos
artigos 36º, 37º e 38º, capítulo sexto, a atuação do CS parece ser reconduzida para
elaborações de recomendações às partes, mas o parecer consultivo do TIJ considerou
que a reação do artigo 25º não pede valor vinculativo, fora as matérias que dizem
respeito a ameaça à paz ou atos de agressão, capítulo sétimo.
Na prática do Conselho de Segurança é usual que o CS não dissocie os seus poderes a
título de uma outra competência, ou seja, evitando fazer referências nas resoluções,
como enquadramento de referência da resolução. Caráter obrigatório das resoluções
nas matérias do capítulo sétimo, pelos artigos 25º, 39º e 43º.
Ação do CS no âmbito do capítulo 6º, temos no 33º que há um compromisso das
partes dos Estados a recorrerem aos meios pacíficos, e no nº 2 do 33º o CS pode
recomendar que adotem esses mecanismos para resolver. No 34º o CS pode aferir se a
controvérsia implica eventualmente uma situação de ameaça à paz ou rotura da paz e
da segurança internacionais, permitindo que o poder de apreciação possa determinar
uma ação no âmbito do capítulo 7º.
Artigo 36º: o CS pode recomendar os processos mais adequados e pode, nos 37º e
38º, recomendar a solução às partes, adotando funções de mediador e conciliador.
No capítulo 7º, temos uma posição diferente do CS no âmbito do regime da carta e
comparando do que decorria do regime anterior vigente.
Aqui encontramos um desenvolvimento mais substancial: temos a constituição de um
sistema de segurança coletivo de natureza defensiva em que cada Estado assume o
compromisso de prestar apoio de acordo com um juízo coletivo.
Na negociação do estatuto do CS, atribuindo um estatuto diferenciado aos membros
permanentes, através de uma acrescida responsabilidade especialmente no período
pós-guerra, e um estatuto claramente diferenciado, designadamente por força da
introdução de um mecanismo do veto (e, em particular, do duplo veto) nos termos do
artigo 27º e mais especificamente no artigo 27º/3 da Carta.
Esta posição dos membros permanentes do CS é importante se atendermos ao
processo previsto no capítulo 7º, com o artigo 39º, há uma maior reserva do Conselho
de Segurança em identificar as situações de agressão, por contraposição à situação de
ameaça à paz.
A decisão de adotar medidas ou de fazer recomendações às partes, não se esgota no
âmbito dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas. Os artigos 41º e 42
distinguem-se essencialmente pela natureza das medidas: medidas que não impliquem
o uso da força, no caso do artigo 41º, medidas que impliquem o uso da força no caso
do artigo 42º.
Antes disso, há que ter atenção para o artigo 40º, que estabelece a possibilidade da
adoção das medidas provisórias, sendo que nesse caso se refere que o CS poderá
instar as partes interessadas a aceitar as medidas provisórias, o que não significa que a
natureza jurídica destas ordens não seja também vinculativa e, portanto, há uma
definição no 40º de uma maior latitude e possibilidade daquilo que é recomendado às
partes interessadas, sendo que tais medidas provisórias não prejudicarão os direitos e
pretensões das partes interessadas. Aqui, mais uma vez, temos a dualidade que
encontramos no artigo 39º.
No artigo 41º temos medidas que, sem envolver o emprego das forças armadas,
deverão ser tomadas para tornar efetivas as decisões do Conselho de Segurança.
No artigo 42º temos uma medida diferenciada que demonstra, de facto, a
possibilidade do recurso à força e, designadamente, a meios militares para manter ou
restabelecer a paz e a segurança internacionais.
O artigo 43º é importante porque estabelece a obrigação de os Estados-membros
contribuírem . fiquei nos 20 mins e 55 segundos.