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RESUMO

Direito Internacional é o conjunto de normas que regula as relações externas dos actores
que compõem a sociedade internacional. Já na segunda metade do século XX,
particularmente com o pós-guerra, introduz-se uma nova perspectiva, fruto da entrada
em vigor de várias convenções ou tratados internacionais multilaterais. Merece destaque
a Carta das Nações Unidas (1945) a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
e seus Protocolos Internacionais relativos aos Direitos Civis e Políticos, assim como aos
Económicos, Sociais e Culturais (1966). O Direito Internacional Público tem como
missão o estabelecimento de uma norma jurídica internacional, ou seja, o respeito à
soberania dos Estados, aos indivíduos e às suas peculiaridades. Por isso, muitos tratados
e convenções são realizados, sempre com o propósito de aproximar os Estados. O
Direito Internacional Privado por sua vez, tem como propósito indicar leis que regulem
contratos firmados entre indivíduos de países diferentes, regular desordens entre
Estados e particulares, indicando qual será a lei a ser utilizada para estabelecer uma
relação, seja na esfera familiar – considerando as questões de alimentação, adopção,
testamento, sucessões e contratual.

Palavras-chaves: Direito internacional, público e privado, direito interno, Estado,


sociedade inetrnacional, tratados e convenções.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................................6
I. DIREITO INTERNACIONAL......................................................................................7
1. Origens Históricas..........................................................................................................7
2. Conceito e objecto de Direito Internacional.................................................................8
2.1. O que é o Direito Internacional.................................................................................8
2.2. Objecto do Direito Internacional...............................................................................9
2.2.1. Sociedade Internacional versus Comunidade Internacional.............................10
3. Direito internacional público e direito internacional privado...................................11
3.1. Pricípios do Direito Internacional Público e Privado............................................12
4. Sujeitos e Actores de Direito Internacional................................................................12
4.1. O Ser Humano como sujeito do Direito internacional...........................................14
5. Fontes do Direito Internacional...................................................................................17
5.1. Fontes em espécie......................................................................................................17
5.2. Novas fontes..............................................................................................................18
II. DIREITO INTERNO...............................................................................................19
6. Ordenamento jurídico angolano..................................................................................19
III. O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E O DIREITO INTERNO............20
7. Teoria Dualista ou Dualismo (Triepel e Anzillotti)....................................................21
7.1. Teoria da incorporação, transformação ou mediatização (Laband).....................22
7.2. Dualismo moderado..................................................................................................22
8. Teoria monista..............................................................................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................24

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INTRODUÇÃO
A vida em sociedade é permeada de conflitos interpessoais, e na sociedade internacional
igualmente há tensões entre os actores, tendo em vista as inúmeras diferenças e os
interesses variados entre os mesmos. É inegável que mesmo os povos da Antiguidade
mantinham relações exteriores: comerciavam entre si, enviavam embaixadores,
vinculavam-se por meio de tratados e outras formas de obrigação, e assim por diante.

O presente trabalho está dividido em três partes e estruturado da seguinte forma: Na


primeira parte, fala-se exclusivamente do direito internacional, procurando clarificar os
conceitos fundamentais que giram em torno deste ramo do direito. A segunda parte,
procura abordar sobre o ordernamento interno dos países, ou por outras palavras o
direito interno, contextualizando, em síntese, com o nosso ordenamento jurídico
angolano. E finalmente, na terceira parte, temos a relação entre o direito internacional
público e o direito interno, tendo em vista duas grandes teorias: a teoria monista e a
dualista.

Nos cânones do Direito Internacional clássico, as teorias jurídicas, incidiram


precisamente na defesa dos ordenamentos nacionais ou estaduais, fundamentada na
teoria da soberania absoluta do Estado, isto é, o Estado é primeiro e verdadeiro sujeito
de Direito Internacional, e sua vinculação centra-se na sua vontade unilateral. Por outras
palavras, a subjectividade internacional está reservada ao Estado.

Na verdade, o Direito Internacional permeia boa parte do nosso dia-a-dia e tem vindo a
ganhar um impulso maior socialmente e mundialmente, devido ao processo de
globalização. Sua relevância transcende a regulamentação das relações de Estados e de
Organizações Internacionais e alcança, normalmente de forma silenciosa e invisível, a
todos nós.

Neste contexto, passou a prevalecer a prática de dar primazia ao Direito Internacional


em detrimento do Direito Estadual ou interno, uma vez que os Estados passaram a
recorrer, em última instância, aos Tribunais internacionais e regionais para resolver
diferendos entre Estados.

Verhoeven sustenta que os Estados ao agirem em conformidade com os preceitos do


Direito Internacional, têm a consciência que as suas normas não esgotam toda a
normatividade. A mesma autora acrescenta ainda, que apesar de as normas de Direito

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Internacional serem frequentemente violadas pelos Estados, isto não constitui razão
suficiente para negar a juridicidade deste.

I. DIREITO INTERNACIONAL
1. Origens Históricas
O Direito Internacional surgiu a partir do século XVII, quando se formaram os Estados-
Nação com as características que conhecemos hoje. Mais precisamente, no momento da
assinatura do Tratado de Westfalia, em 1648, na Idade Moderna, no qual fora
reconhecida a Independência da Suíça e da Holanda, quando nasce a soberania nacional.

A Igreja foi a grande influência no desenvolvimento do direito internacional durante a


Idade Média. O Papa era considerado o árbitro, por excelência, das relações
internacionais e tinha a autoridade para liberar um chefe de Estado do cumprimento de
um tratado.

A grande contribuição da Igreja durante o período medieval foi a humanização da


guerra. Três conceitos, em especial, tiveram forte impacto naquela área: a Paz de Deus
(pela primeira vez, no mundo ocidental, distinguia-se entre beligerantes e não-
beligerantes, proibindo-se a destruição de colheitas e exigindo-se o respeito aos
camponeses, aos viajantes e às mulheres); a Trégua de Deus (a suspensão dos
combates durante o domingo e nos dias santos); e a noção de Guerra Justa,
desenvolvida principalmente por Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino. A guerra seria justa caso fosse declarada pelo príncipe, tivesse por causa a
violação de um direito e pretendesse reparar um mal.

A primeira Missão diplomática de carácter permanente foi estabelecida por Milão junto
ao governo de Florença, no final da Idade Média.

A Idade Moderna vê nascer o direito internacional tal como o conhecemos hoje.


Surgem as noções de Estado nacional e de soberania estatal, conceitos consolidados
pela Paz de Vestfália (1648). A partir de então, os Estados abandonariam o respeito a
uma vaga hierarquia internacional baseada na religião e não mais reconheceriam
nenhum outro poder acima de si próprios (soberania). A Europa começou a adoptar uma
organização política centrada na ideia de que a cada nação corresponderia um Estado
(Estado-nação).

Jus fetiale romano;

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Jus gentium;
Tratados de Westfália de 1648;
Marcos Históricos: Revolução francesa;
Congresso de Viena (1815);
Doutrina Monroe (1823);
Liga das Nações;
Criação da ONU.

Juntamente com Francisco de Vitória, Hugo Grócio foi um dos principais teóricos do
direito internacional no período, baseando-se na teoria do direito natural. Sua principal
obra jurídica, De Jure Belli ac Pacis ("do direito da guerra e da paz"), em muito
contribuiu para o desenvolvimento da noção de Guerra Justa.

2. Conceito e objecto de Direito Internacional


2.1. O que é o Direito Internacional
Segundo Bregalda, direito internacional é o conjunto de princípios e normas, sejam
positivados ou costumeiros, que representam direito e deveres aplicáveis no âmbito
internacional (perante a sociedade internacional). Em outras palavras, Direito
internacional consiste no sistema normativo que rege as relações exteriores entre os
actores internacionais. É o Ramo da ciência jurídica que visa regular as relações
internacionais com o fim precípuo de viabilizar a convivência entre os integrantes da
sociedade internacional.

O Direito Internacional pode ser um direito objectivo, no qual compreende os princípios


de justiça que governam as relações entre povos ou positivo, caracterizado por ser
concretamente aplicado a partir de acordos entre os sujeitos.

O direito internacional não é dotado da mesma coerção existente no prisma interno dos
Estados, mas estes princípios e normas são aceitos quase que universalmente, incidindo
sobre:

I. Entre Estados diferentes;


II. Entre Estados e nacionais de outros Estados;
III. Entre Nacionais de Estados diferentes.
IV. Entre Estados e organismos internacionais.

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Paulo Henrique Portela aponta que as relações internacionais são caracterizadas por:
a) Inexistência de um poder central mundial, ou seja, não há um ente de direito
internacional que imponha aos Estados Soberanos as suas deliberações;
b) Igualdade jurídica entre os Estados;
c) Soberania dos Estados;
d) Princípio da não-intervenção.

2.2. Objecto do Direito Internacional


Num primeiro momento, o objecto do Direito Internacional são os Estados, regendo a
actividade inter-Estatal.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial começam a surgir as Organizações Internacionais


(ONU, OMC, FMI, etc.), e estas passaram a deter também personalidade Jurídica
Internacional, atribuindo aos indivíduos capacidades postulatórias.

Seitenfus e Ventura, elucidam que há uma tríplice função do direito internacional:

 Repartição de competência entre os estados soberanos, cada qual com sua


delimitação territorial, ao qual exerce sua jurisdição;
 Fixa obrigações aos Estados soberanos, de modo que as suas liberdades de
actuação são (de) limitadas;
 Rege as relações entre as organizações internacionais.

Relacionamento internacional Relacionamento internacional


tradicional hodierno (Moderno)
Entre Estados Entre Estados
Organizações internacionais
Organizações não-governamentais
Empresas
Indivíduos

O Direito Internacional é composto pelos sujeitos ou actores de direito internacional que


estão sujeitos às regras, princípios e costumes internacionais. Como ressalta Gustavo
Bregalda, os Estados têm sua personalidade jurídica internacional reconhecida pelos
outros Estados ou pelos organismos internacionais.

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Organismos internacionais são pessoas ou colectividades criadas pelos próprios
sujeitos de direito internacional, reconhecendo-os como pessoas internacionais, com
capacidade de ter direitos e assumir obrigações na ordem internacional. São exemplos a
ONU e OEA (Organização dos Estados Americanos). Podem ainda ser criados por
particulares, como a Cruz Vermelha Internacional, a Ordem de Malta, por exemplo.

Portanto, actualmente, o objecto moderno do Direito Internacional são os Estados, as


Organizações Internacionais e os Indivíduos. Alguns doutrinadores salientam que as
empresas são actores atuantes nas relações internacionais, de modo que devem figurar
como integrantes do Relacionamento internacional. Quanto ao indivíduo, este tem
responsabilidade activa e passiva, podendo tanto postular quanto ser demandado
internacionalmente.

2.2.1. Sociedade Internacional versus Comunidade Internacional

A sociedade internacional é formada pelos Estados, pelos organismos internacionais e


pelo homem, apresentando as características em relação às sociedades internas:

 Isonomia: deve haver igualdade entre os sujeitos;


 Descentralização: pois vários são os criadores e destinatários das normas de
direito internacional. Ainda permanece, mas não como uma verdade absoluta, já
que existem hoje órgãos completamente centralizados, como por exemplo, a
União Européia;
 Universalidade: deve abranger o máximo possível de integrantes;
 É Aberta: como corolário lógico da característica anterior, é aberta à novos
integrantes;
 Com direito originário: visam criar um âmbito normativo novo.

Outras características são:

 Multiplicidade de Estados, dotados de soberania;


 Relações comerciais internacionais;
 Princípios jurídicos em comum.

São expressões que não se confundem, apesar de serem utilizados como sinônimos. A
sociedade internacional é formada pelos sujeitos de direito internacional: Estados,
Organizações Internacionais, Empresas e Indivíduos. A comunidade internacional,
por seu turno, é marcada pela união natural (laço espontâneo), marcados por

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afinidades de cunho social, cultural, familiar e religioso. Ao se falar em comunidade
internacional, não há que se pensar em dominação de uns perante os outros.

Sociedade Internacional Comunidade Internacional


União de Estados, Organizações É um vínculo entre pessoas que se unem
Internacionais e indivíduos. por um laço moral e não-jurídico.

3. Direito internacional público e direito internacional privado


Denomina-se Direito internacional público quando tratar das relações jurídicas
(direitos e deveres) entre Estados.

O Direito internacional privado trata da aplicação de leis civis, comerciais ou penais


de um Estado sobre particulares (pessoas físicas ou jurídicas) de outro Estado.

Direito Internacional Público Direito Internacional Privado


Relação jurídica: Trata das relações Relação jurídica: Trata das relações
exteriores entre os actores internacionais jurídicas entre os sujeitos privados com
(sociedade internacional), compondo conexão internacional, regulando
tensões; conflitos de leis no espaço.
Fonte: (principal) são os tratados e fontes Fonte: legislação interna dos Estados.
internacionais;
Regras: Regras:
a) Vinculam as relações a) Normas indicativas de qual
internacionais ou internas de Direito aplicável nas relações
incidência internacional; entre os sujeitos;
b) São estabelecidas pelas fontes
internacionais;
c) São normas de aplicação directa,
vinculando directamente os
sujeitos.

Há duas correntes doutrinárias concentradas em determinar as diferenças entre as duas


disciplinas, a primeira corrente dá ênfase à natureza da norma ao conceber o Direito
Público como ramo do Direito onde as normas jurídicas são de natureza pública, em
outras palavras, cogentes, sendo o Direito Privado o ramo do Direito onde as normas

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são permissivas, ou seja, não cogentes. Uma segunda corrente, que é a predominante,
privilegia a natureza da pessoa envolvida na relação jurídica, ou seja, baseia-se nas
partes que compõem a relação jurídica, construindo um Direito Público como aquele
que regula situações jurídicas figurando em uma parte o Estado, tornando o Direito
Privado aquele que regulamenta situações jurídicas onde o Estado não seja parte ou
então equiparado a um particular.

3.1. Pricípios do Direito Internacional Público e Privado


O Direito Internacional Público tem como missão o estabelecimento de uma norma
jurídica internacional, ou seja, o respeito à soberania dos Estados, aos indivíduos e às
suas peculiaridades. Por isso, muitos tratados e convenções são realizados, sempre com
o propósito de aproximar os Estados.

O Direito Internacional Privado tem como propósito indicar leis que regulem contratos
firmados entre indivíduos de países diferentes, como também adopções ocorridas entre
pais e crianças de nacionalidades diferentes, sequestros internacionais, e outras relações
da área trabalhista, familiar, contratual ou comercial que necessitem do poder jurídico.

4. Sujeitos e Actores de Direito Internacional


O sujeito de direito internacional é a entidade jurídica que goza de direitos e de deveres
previstos pelo direito internacional e que tem capacidade de actuar na esfera
internacional para exercê-los.

Os sujeitos de direito internacional são:

a. Estados: São os sujeitos primários e mais importantes de direito internacional;


b. Santa Sé: É a Igreja Católica. É sujeito de Direito Internacional (Público)
porque o Sacro Império Romano-Gêrmanico exerceu grande influência na
Europa Ocidental na idade média;
c. Organizações Internacionais: São sujeitos derivados, pois para sua criação
dependem da associação dos sujeitos primários (Estados). São organizações
entre nações. Surgem a partir da reunião de estados. Temos como exemplo:
ONU (Organização das Nações Unidas), OIT (Organização Internacional do
Trabalho), OEA (Organização dos estados Americanos) e a OMPI (Organização
Mundial da Propriedade Intelectual);
d. Indivíduos. A pessoa humana também é sujeito de direito internacional. 

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Os Estados e as organizações internacionais são os únicos capazes de celebrar tratados e
formam os Sujeitos Clássicos do Direito Internacional.

Além dos sujeitos do direito internacional há os actores, que são todos aqueles que
participam de alguma forma, das relações jurídicas e políticas internacionais, quais
sejam:

a. Corporações transnacionais (empresa);


b. ONG’s (Organizações Internacionais Não Governamentais): Nem toda ONG
é actor da sociedade internacional. É preciso que ela tenha influência
internacional.

O doutrinador Marcelo D. Varella entende que “Os sujeitos de direito internacional


são os Estados e as Organizações Internacionais. Sujeitos de direito são aqueles
capazes de ser titulares de direitos e obrigações. No direito internacional, ainda
centrado no Estado, apenas os Estados e Organizações Internacionais (formadas por
Estados) têm essa capacidade. No entanto, é perceptível a atribuição de alguns direitos
a indivíduos, como a capacidade postulatória em tribunais internacionais para a
protecção de direitos humanos; as empresas, em órgãos internacionais de solução de
controvérsias sobre investimentos; ou as organizações não governamentais, em
diferentes instâncias.”

(...)

“A teoria diverge sobre a natureza jurídica dessa participação. Alguns autores


defendem que se trata de um direito atribuído pelos Estados e que, portanto, haveria
novos titulares de direito. Outros consideram que se trata de um direito do Estado,
exercido na prática por terceiros e, portanto, o Estado continuaria sendo o único
titular.

A consideração de indivíduos como sujeitos de direito internacional é antiga e deriva


das origens do direito internacional no direito natural.

O positivismo jurídico nos séculos XIX e XX enfraqueceu a ideia e na maioria dos


Estados hoje não se admite a consideração de indivíduos ou empresas como sujeitos de
direito internacional. A emergência de teorias universalistas de direitos humanos
procura reavivar a importância dos indivíduos e a possibilidade de exigir seus direitos
em nome próprio e não em nome da humanidade ou de Estados.”

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Actores internacionais são todos aqueles que participam de alguma forma das relações
jurídicas e políticas internacionais. A expressão compreende os Estados, as
Organizações Internacionais, as organizações não governamentais, as empresas, os
indivíduos e outros. A expressão actores internacionais é, portanto, mais ampla que
sujeitos de direito internacional e, então, mais adequada para compreender estas
outras categorias.

4.1. O Ser Humano como sujeito do Direito internacional


A personalidade internacional da pessoa humana foi reconhecida já no séc. XVII, por
Hugo Groccio, quando diz, na sua obra O Direito da guerra e da Paz, que considera os
Estados e indivíduos como pessoas internacionais. Se considerarmos o Direito uma
proporção entre coisas e pessoas, do homem para o homem, não é concebível a noção
da pessoa humana como objecto do Direito. Contudo, ainda hoje não é um sujeito de
Direito Internacional Público pleno, pois não são concedidas todas as faculdades que
são conferidas a outros.

Verificada a capacidade jurídica internacional do indivíduo, mesmo assim, a sua


personalidade jurídica não é plena. Não participa na criação de normas internacionais e
não tem capacidade de acção. Para que exista plenitude de personalidade jurídica, o
indivíduo deveria ter a possibilidade de se dirigir aos fóruns internacionais com o
objectivo de reclamar os seus direitos.

“Todas as pessoas que estão nos países, não havendo distinção entre naturais ou
naturalizados, ou seja, o abinitio para que exista um estado”. De tão complexo expressar
em palavras o que significa ser humano, espera-se que este simples conceito possa
esclarecer o que seja ser humano.

Em consonância com o actual Direito Internacional dos Direitos Humanos, defende-se


que o ser humano é sujeito de Direito interno, bem como de Direito internacional, uma
vez que é titular de personalidade e capacidade jurídica em ambas as esferas.

Efectivamente, na actualidade, observa-se a presença de sistemas de protecção dos


direitos humanos e fundamentais, não apenas na esfera interna de cada Estado, mas
também internacional, tanto de alcance global, no âmbito da ONU, como regional, com
actuação complementar, com destaque aos sistemas europeu, interamericano e africano,
além do ainda incipiente sistema árabe e da proposta de criação de um sistema asiático.

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O indivíduo também deve ser reconhecido como sujeito de Direito Internacional, com
capacidade de possuir e exercer direitos e obrigações de cunho internacional.

Os indivíduos ou pessoas naturais são sujeitos de Direito Internacional, ao lado dos


Estados e organizações internacionais (entes de Direito Público externo).

Há que se considerar que o homem é hoje munícipe, nacional e cidadão do mundo; tem
direitos e deveres internacionais.

As doutrinas sobre a personalidade internacional do indivíduo são muitas. Há teorias


que negam e teorias que afirmam ser o homem pessoa internacional. Autores como
Rosalyn Higgins, Marco Torronteguy, Deisy Ventura, Ricardo Seitenfus, Anzilotti,
Triepel, Diguit e Le Fur possuem interessantes doutrinas acerca do homem no plano
internacional.

É possível perceber que a situação dos indivíduos ainda é complexa no âmbito do


direito internacional. A razão maior dessa complexidade é que a autonomia dos
indivíduos na esfera internacional entra em choque com a aclamada soberania dos
Estados. O facto de o indivíduo poder ser julgado por um tribunal internacional e o
facto dele almejar um direito à interpelação a uma corte internacional configurariam
excepções ao rígido e orgulhoso dogma da soberania incontestável.

O Tribunal Penal Internacional considera o indivíduo um sujeito pleno do Direito


Internacional e surgiu em resposta às violações dos direitos humanos, para tentar
contribuir para o papel que pertence a todos de asseguração da paz. Tal Tribunal abarca
três âmbitos (áreas) do Direito: Direito Penal, Direito Humanitário e Direitos Humanos.

O Tribunal Penal Internacional engloba o conjunto de normas que regulam a defesa


preventiva e repressiva contra os actos ofensivos das condições essenciais da vida
social, pela imposição de certas penas e meios educativos apropriados; o conjunto de
normas que, em tempo de guerra, protege as pessoas que não participam nas
hostilidades ou deixaram de participar e o conjunto de leis, vantagens e prerrogativas
que devem ser reconhecidas como essências pelo indivíduo (direitos inalienáveis, de
eficácia “erga omnes” e absolutos do homem).

O Tribunal Penal Internacional Permanente (instaurado e consolidado pelo Estatuto de


Roma) introduz assim, mais pressão sobre o conceito tradicional de soberania.

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É interessante também reflectir sobre o facto que a transição de uma sociedade
internacional para uma comunidade internacional, ou seja, a ocorrência de uma maior
subordinação, hierarquia, convergência de interesses comuns e centralização no Direito
Internacional Público propiciariam um ambiente mais fértil para que o indivíduo seja
tido como um sujeito pleno do Direito Internacional. Quanto mais o mundo se
aproximar de uma comunidade internacional tanto mais será possível observar a
internacionalização do homem.

Dizer que o indivíduo tem qualidade de pessoa internacional significa que ele é titular
de direitos e deveres internacionais e que tem capacidade de fazer prevalecer os seus
direitos através de reclamação internacional.

A simples existência do Direito Internacional dos Direitos Humanos serve para


fortalecer a posição do ser humano como sujeito de direito internacional, pois é formado
por normas internacionais que estabelecem direitos às pessoas comuns. Nesse sentido,
na medida em que guardam relação directa com os instrumentos internacionais de
direitos humanos que lhes atribuem direitos fundamentais imediatamente aplicáveis os
indivíduos passam a ser concebidos como sujeitos de direito internacional.

O Tribunal Penal Internacional foi inaugurado oficialmente em Haia, na Holanda,


depois de 60 Estados terem ratificado o Tratado de Roma, de 1998. Essa Corte,
diferentemente das anteriores, é permanente, ou seja, sua jurisdição não está restrita a
uma situação específica. Através dela, pretendesse investigar e julgar particulares
acusados de crimes de guerra, contra a humanidade e de genocídio. Sua competência
não tem efeito retroactivo, pois somente são julgados delitos cometidos após a entrada
em vigor do Estatuto. Sua criação representa grande avanço na proteção dos direitos
humanos, principalmente quando inserida dentro do cenário de guerra em que vivemos.

A mera existência desse tribunal ratifica o entendimento de que o ser humano é


realmente sujeito de deveres internacionais, já que são analisados casos contra
indivíduos, e não contra Estados. É o que dispõe o artigo 25 do Estatuto: Art. 25 - 1. O
Tribunal terá jurisdição sobre pessoas naturais, de acordo com o presente Estatuto. 2.
Uma pessoa que cometer um crime sob jurisdição do Tribunal será individualmente
responsável e passível de pena em conformidade com o presente Estatuto. Ademais, não
se poderia responsabilizar internacionalmente um ente sem o reconhecimento de sua
titularidade internacional. Exercendo jurisdição sobre pessoa, o TPI (Tribunal Penal

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Internacional) está a afirmar a subjectividade dos particulares que, verdadeiramente, são
os grandes infractores do Direito Internacional.

Toda esta evolução, permitiu ao indivíduo ser considerado como sujeito de Direito
Internacional, porém, este será sempre um sujeito secundário, não preenchendo os
requisitos para uma personalidade jurídica internacional plena.

Esta evolução poderá representar um regresso aos valores que fizeram surgir o Direito
Internacional, de unidade do gênero humano e fraternidade universal, ou mesmo ao
fundamento jusnaturalista presente na sistematização do Direito Internacional, iniciada
na formação dos Estados Modernos. A evolução do Direito Internacional, poderá levar-
nos a um verdadeiro Direito das Gentes, afastando-se de um simples Direito entre
Estados.

5. Fontes do Direito Internacional


Conforme o art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça, de 1920, são
fontes do Direito Internacional:

 Convenções internacionais;
 Costumes internacionais;
 Princípios gerais do Direito.

A doutrina e a jurisprudência são meios auxiliares, não constituindo fontes em sentido


técnico.

Eis a redação do art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça:

“1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as


controvérsias que sejam submetidas, deverão aplicar: 2. As convenções
internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. O costume internacional
como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 4. Os princípios gerais
do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais e as
doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio
auxiliar (...) 6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para
decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes.”

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Trata-se de um rol exemplificativo, ainda não encerrado, visto que há outras fontes e em
regra, não há hierarquia, realçando que, o art. 38.º não traz uma ordem sucessória ou
hierárquica. Dessa forma, um costume internacional pode derrogar um tratado, bem
como um tratado pode derrogar um costume.

5.1. Fontes em espécie


Convenções internacionais: a principal e mais concreta fonte, com forte carga de
segurança jurídica. Sem denominação específica, eis a razão de poderem ser
denominadas como tratados, convenções, acordos, pactos, etc. São elaborados de
forma democrática, com a participação de todos os Estados. Disciplinam matérias
variadas e dão maior segurança, pois exigem a forma escrita.

Costumes internacionais: segunda grande fonte. Há uma actual tendência de


codificação das normas internacionais. Foi a primeira a aparecer e é, nessa linha, fonte-
base anterior a todo Direito das Gentes (Ius gentium). Nessa base, para que um
determinado comportamento omissivo ou comissivo configure costume internacional,
fonte em sentido técnico, deve cumular dois elementos, quais sejam: 1 – o material ou
objectivo (“prova de uma prática geral”); e 2 – o psicológico, subjetivo ou espiritual
(“aceita como sendo o direito”), a "opinio juris".

Caso configure regra aceita como sendo o direito, é uma fonte jurídica, cujo
descumprimento é passível de sanção internacional. Resta cristalino que sua
conceituação faz emergir a ideia de uma prática constante, geral, uniforme e vinculativa.
Dica importante: quem alega um costume tem o ônus de prová-lo.

Princípios gerais do Direito: apesar de difícil identificação são fontes autônomas. A


própria "pacta sunt servanda", a boa-fé e outras são exemplos. O Direito moderno passa
a depender cada vez mais dos princípios. São modernamente classificados como fontes
secundárias do Direito das Gentes (Ius gentium). O facto de estarem previstos em
tratados não tira sua característica de princípios.

5.2. Novas fontes


Com excepção da equidade, as novas fontes do Direito das Gentes (ou Internacional)
não estão previstas no rol do art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça.

Analogia e equidade: são soluções eficientes para enfrentar o problema da falta de


norma. Podem ser colocadas como formas de complementação do sistema jurídico.

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o Analogia: é a aplicação a determinada situação de facto de uma norma jurídica
feita para ser aplicada a um caso parecido ou semelhante.
o Equidade: ocorre nos casos em que a norma não existe ou nos casos em que ela
existe, mas não é eficaz para solucionar coerentemente o caso "sub judice".
OBS.: art. 38, 2º, do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça – a aplicação
da equidade (ex aequo et bono) pelo Tribunal Internacional de Justiça depende
de anuência expressa dos Estados envolvidos em um litígio.

Actos unilaterais dos Estados: consistem na manifestação de vontade unilateral e


inequívoca, formulada com a intenção de produzir efeitos jurídicos, com o
conhecimento expresso dos demais integrantes da sociedade internacional.

Decisões das Organizações Internacionais (OI): actos emanados das OI na sua


condição de sujeitos de direito internacional, na qualidade de pessoa jurídica, ou seja,
seus actos precisam ser internacionais, não meramente internos. Decisões unilaterais
"externa coporis".

“Jus cogens”: é norma rígida, o oposto de "soft law". Estão previstas na Convenção de
Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, em seus arts. 53 e 64. São imperativas e
inderrogáveis, opondo-se ao "jus dispositivm". Ainda que não haja hierarquia entre as
fontes até aqui estudadas, há que se reconhecer que "jus cogens" é a exceção, estando
acima de todas as outras. Versam normalmente sobre matérias atinentes à proteção aos
direitos humanos, como a própria Declaração Universal de 1948.

“Soft law”: direito flexível ou direito plástico, oposto de "jus cogens". Para alguns,
ainda é cedo para considerá-lo fonte. Surgiu no século XX com o Direito Internacional
do Meio Ambiente. Preveem um programa de acção para os Estados relativamente à
determinada conduta em matéria ambiental ou econômica.

II. DIREITO INTERNO


O Direito Interno ou ordenamento interno dos países é o conjunto de normas ou regras
constitucionais nos quais os indivíduos estão subordinados, juntamente com um poder
de jurisdição do Estado. O Direito Interno é aplicável às situações públicas e privadas de
âmbito interno do Estado.

6. Ordenamento jurídico angolano


No contexto angolano, a abertura à democracia em 1991 deu lugar ao reconhecimento
constitucional do Poder Tradicional como uma instituição paralela e “parceira” do

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Poder estadual. De facto, o Poder Tradicional, através das Autoridades Tradicionais,
desde os tempos idos, dada a insuficiência da acção administrativa Estadual nas zonas
periféricas das cidades, especialmente naquelas rurais, desempenhou funções
materialmente administrativas, o que apoiou consideravelmente os órgãos do Estado
Angolano a estender o seu poder e soberania em todos os recônditos do território.

Tal Administração impõe o seu poder com base na autoridade dos direitos costumeiros,
logo a soberania do Poder Tradicional se justifica pelo uso dos direitos costumeiros que
lhe garantem “substância” e “força”, o que revela que há coabitação do Poder Estadual
com o Poder Tradicional, que trabalham em sintonia, porém, devendo este (poder
tradicional) submeter-se e estar sempre em conformidade com o Poder estadual. Esta
coabitação dentro das comunidades é uma exigência imperativa para a sã convivência
dos indivíduos entre si e entre os indivíduos com os seus bens.

A existência do mosaico cultural angolano, assente na adversidade de grupos étnicos e


linguísticos, justifica a plurilocalização dos costumes que servem de fonte para a
codificação geral e como uma “pauta de normas”.

A Constituição angolana reconhece o costume como fonte de Direito, e tal ratifica o


enquadramento da lei costumeira, que faz parte do direito positivo, independentemente
da sua escrita ou não (escrita). Pelo que a eficácia da institucionalização do Poder
Tradicional se faz valer pelo respeito do ordenamento deste Direito (costumeiro),
recolhido na própria consciência comum do povo.

O Poder Tradicional é representado pelas Autoridades Tradicionais, que, para o


ordenamento jurídico angolano, são vistas como uma instituição que colabora com o
Poder Estadual. Na verdade, o Poder Tradicional tem a sua génese e substrato na
ancestralidade, e, por isso, há motivos fortes para se conservar na história cultural
angolana, porque, nesta, o Poder Tradicional, o Costume e a Terra constituem uma
tríplice realidade que plasma a vida das comunidades tradicionais, o que faz ver que a
articulação do Poder Tradicional com os outros “entes públicos e privados” é uma
exigência no seio da comunidade.

Do mesmo modo, atesta-se que as Autoridades Tradicionais exercem uma tríplice


função, pois o “Ossoma” é ao mesmo tempo Soberano, Juiz e Sacerdote, já que o Banto,
por natureza, é religioso, o que faz com que a religião constitua também um elo entre as
populações e as Autoridades Tradicionais. Assim se verifica que o Sistema de Governo

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Angolano se inspirou na Tradição Africana como pilar da unidade nacional e da
estabilidade política do País.

III. O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E O DIREITO INTERNO

Direito Internacional Público Direito interno


Descentralizado; Centralizado;
Não há uma hierarquia; Hierárquico (há uma norma maior que
rege todas as outras);
Consenso; Punitivo;
Coordenação (os Estados vivem em um Subordinação (as normas jurídicas se
patamar igualitário); subordinam e o cidadão está submetido a
essas normas);
Jurisdição mediante consenso; Representação da maioria (elegem-se
representantes e estes fazem a
legislação);
Jurisdicionáveis (todos submetem-se aos
tribunais – Jurisdição obrigatória);
Dirigido para a sociedade internacional Dirigido para a sociedade interna.

Uma questão tormentosa é a relação entre conflitos entre as normas de Direito


Internacional e de Direito interno. A questão em apreço é polêmica, e seu tratamento
reveste-se de grande importância, em função do relevo que o Direito Internacional vem
adquirindo como marco que visa a disciplinar o actual dinamismo das relações
internacionais, dentro de parâmetros que permitam que estas se desenvolvam num
quadro de estabilidade e de obediência a valores aos quais a sociedade internacional
atribui maior destaque.

Para tanto, há duas teorias explicativas do impasse entre o conflito entre direito
internacional público e direito interno, quais sejam, as teorias monista e dualista.

7. Teoria Dualista ou Dualismo (Triepel e Anzillotti)


Salienta que direito internacional e direito interno são realidades distintas, ou seja, tem
âmbito de incidência completamente diferentes. O Direito internacional rege as relações
exteriores entre os Estado ao passo que o Direito interno disciplina as relações internas

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do Estado. Tendo em vista esta perspectiva, não há que se falar, para esta teoria, em
conflito de normas de direito interno e internacional, uma vez que a ordem internacional
não pode regular questões internas. Os tratados internacionais representam apenas
compromissos exteriores, assumidos por Governos na sua representação, sem que isso
possa influir no ordenamento interno desse Estado, gerando conflitos insolúveis dentro
dele.

7.1. Teoria da incorporação, transformação ou mediatização (Laband)


Para esta teoria, como as normas tem incidência distinta, apenas no caso de o Estado
incorporar internamente o preceito de direito internacional, por meio de alteração de
suas leis internas, ou seja, a norma internacional só vale quando recebida pelo direito
interno.

7.2. Dualismo moderado


Para o dualismo moderado, não é necessário que o conteúdo das normas internacionais
seja inserido em um projecto de lei interna, bastando apenas a ratificação dos tratados
por meio de procedimento específico, que inclua a aprovação prévia do parlamento e a
ratificação do chefe de Estado.

8. Teoria monista
Doutrina completamente oposta à anterior, uma vez que trata da questão da unidade do
ordenamento internacional e interno. Para os monistas não há uma distinção entre
direito interno e direito internacional, ou seja, ambos fazem parte da mesma estrutura
normativa, existindo, assim apenas uma ordem jurídica. Há duas correntes:

 Idealistas: Sustenta a unicidade da ordem jurídica sob o primado do direito


internacional ao qual se ajustariam todas as ordens internas, ou seja, quando o
Estado celebra um tratado internacional automaticamente tem que fazer parte do
direito interno. Em outras palavras, isso quer dizer que as normas –
internacionais e internas – devem ser compatíveis entre si.
 Constitucionalistas: Para tal corrente, existe o primado (supremacia) do direito
nacional de cada Estado, sendo esse soberano sobre os preceitos do direito
internacional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Direito Internacional nas quatro últimas décadas teve um grande desenvolvimento em
termos de produção normativa, doutrinal e jurisprudencial. O marco referencial está na
criação do Tribunal Permanente de Justiça Internacional1(1921), do Tribunal
Internacional de Justiça (1945), do Tribunal Penal Internacional (1998) e dos Tribunais
Ad-hoc (Nuremberg , Tokio, Ruanda e Ex-Iugoslavia) e, posteriormente dos vários
Tribunais Regionais, e Tribunais Especiais destacadamente o Tribunal de Justiça da
União Europeia (1950) e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH-1957), a
Corte Interamericana dos Direitos Humanos (CIADH-1969), o Tribunal Africano do
Direitos Humanos (TADH-2004), o Tribunal da SADC (2000), Tribunal de Justiça
Andino (1979). Estes órgãos jurisdicionais têm realizado um labor enorme na
efectivação e aplicação do Direito Internacional ou das normas internacionais na
sociedade contemporânea.

Os tribunais em referência são hoje os pilares para a resolução de vários diferendos


entre os distintos sujeitos de Direito Internacional, incluindo emissão de pareceres e
opiniões consultivas quando solicitados pelos Estados, Organizações Internacionais e
regionais, bem como para os indivíduos.

Podemos também afirmar que, a ideia de que o Direito Internacional é diferente do


Direito Interno está a ficar um pouco esbatida. A conjugação de pactos com textos
constitucionais, a transposição de normas internacionais para dentro das Constituições
cria uma área em que não se diferencia o que é nacional e o que é internacional. O
conceito de Homem, pessoa privada, exilado na sociedade dos Estados, poderá estar a
cair por terra, perante a possibilidade de serem fixados princípios que aceitem o
indivíduo como finalidade do Estado, e não o Estado como a finalidade do indivíduo.

A preocupação com o gênero humano e a fraternidade universal passou para segundo


plano num direito que passou a visar apenas as relações entre Estados soberanos, que
não queriam ceder parte do seu poder. Actualmente, este processo tem sofrido

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evoluções significativas. Com a proliferação de organizações Internacionais,
principalmente após a 2ª Guerra Mundial, e o crescimento das suas competências, veio
criar uma certa limitação à soberania dos Estados. Estes passaram a estar sujeitos a
normas internacionais, mesmo sobre normas sobre as quais não manifestou a sua
aprovação, como as relativas ao jus cogens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, Wladimir. Direito internacional público. 2ª ed. Coimbra: Coimbra Editora,
2014.

CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. A humanização do direito internacional. 2.


ed. Belo Horizonte: Editora DelRey, 2015.

CARAPÊTO, Maria J. Direito Internacional Público na Ordem Jurídica de Angola. In:


GOUVEIA, Jorge B.; COUTINHO, Francisco P. (Coord.). Direito internacional público
nos Direitos de Língua Portuguesa. Lisboa: CEDIS, 2018. p. 25-44.

CUNHA, Joaquim da Silva; PEREIRA, Mª. Vale. Manual de direito internacional


público. 2a ed. Coimbra: Almedina, 2004.

FERREIRA DE ALMEIDA, Francisco António. M. L. Direito internacional público. 2ª


ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2003.

GOUVEIA, Jorge B. Manual de direito internacional. Lisboa: Almedina, 2017.

Website:

https://jus.com.br/artigos/70769/o-direito-internacional

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-163/a-importancia-do-direito-
internacional-na-atualidade/

https://www.institutoformula.com.br/direito-internacional-sujeitos-e-atores-do-direito-
internacional/

https://direito.legal/direito-publico/direito-internacional/resumo-de-direito-
internacional-publico-e-direito-interno/

https://www.inesul.edu.br/professor/arquivos_alunos/doc_1558818854.pdf

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https://repositorio.ul.pt/handle/10451/38357?locale=en

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