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INSTITUIÇÃO

NOME DO ALUNO

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TRATADOS INTERNACIONAIS,


CONCEITOS, CLASSIFICAÇÕES E CONDIÇÕES DE VALIDADE

MANAUS
2019
NOME DO ALUNO

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TRATADOS INTERNACIONAIS,


CONCEITOS, CLASSIFICAÇÕES E CONDIÇÕES DE VALIDADE

MANAUS
2019
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................3

1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO....................................................................4


1. 1 TRATADOS INTERNACIONAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ......................7
1.1.1 DEFINIÇÕES DE TRATADO ..............................................................................7
1.1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS ..................................................................7
1.1.2.1 Quanto ao número de partes ...................................................................7
1.1.2.2 Quanto ao critério da qualidade das partes .............................................8
1.1.2.3 Quanto ao critério de abertura a sujeitos terceiros ..................................8
1.1.2.4 Quanto aos procedimentos ......................................................................8
1.1.2.5 Quanto à natureza jurídica ......................................................................8
1.1.2.6 Quanto à execução do tempo e no espaço .............................................9
1.1.2.7 Quanto à solenidade ...............................................................................9
1.1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE .....................................................................9

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................11


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INTRODUÇÃO

Não existe uma data específica para o surgimento do Direito Internacional, mas,
pode-se afirmar que, desde que surgiram comunidades mais organizadas,
denominadas civilizações antigas, foram encontrados acordos firmados entre estas,
que nos remetem ao direito internacional.
Durante a Idade Média, o Direito estava sob a jurisdição da Igreja, dessa forma
era o Papa quem o controlava, pois através da excomunhão ele lutava contra os reis
da época. Tamanha era a influência do Papa, que ele permitia que um Chefe de
Estado não cumprisse os tratados feitos.
Até ao século XIX os tratados tinham um papel diminuto na formação da ordem
jurídica internacional. Devido ao desenvolvimento rápido e complexo da sociedade
operado a partir desse século, e dos acontecimentos relacionados à Revolução
Francesa, os tratados internacionais passaram a substituir o costume como fonte
principal da criação de normas de direito internacional. A par das normas e princípios
de “direito internacional comum ou geral” e a título subsidiário dos “princípios gerais
de direito”, os tratados apresentam-se como um dos principais processos de criação
do direito internacional
Assim, o DIP é o ramo da ciência jurídica que visa regular as relações
internacionais com o fim precípuo de viabilizar a convivência entre os integrantes da
sociedade internacional, composto pelos sujeitos ou atores de direito internacional
público, que estão sujeitos às regras, princípios e costumes internacionais. Entretanto,
não apenas de relações entre Estados cuida o DIP. Como ressalta Gustavo Bregalda
(2009, p. 3), o Estados tem sua personalidade jurídica internacional reconhecida pelos
outros Estados ou pelos organismos internacionais.
Entretanto, os acordos de integração regionais, não desfrutam de um tratamento
especial, nem pela jurisprudência, uma vez incorporado ao direito interno, é
incorporado como lei ordinária. Os tratados internacionais de direitos humanos
constituem dessa forma, exceção a uma regra. A Emenda Constitucional 45 de 2004,
nos termos do artigo 5º § 3º da Constituição Federal, estabelece que “Os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
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1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Segundo Portella (2009, p. 471), direito internacional público “é o conjunto de


princípios e normas, sejam positivados ou costumeiros, que representam direito e
deveres aplicáveis no âmbito internacional (perante a sociedade internacional)”. Ou
seja, o direito internacional público consiste no sistema normativo que rege as
relações exteriores entre os atores internacionais, sendo o arcabouço jurídico que
norteia as relações exteriores entre os sujeitos que integram a sociedade é o que se
pode denominar de direito internacional público.
Organismos internacionais são pessoas ou coletividades criadas pelos próprios
sujeitos de direito internacional, reconhecendo-os como pessoas internacionais, com
capacidade de ter direitos e assumir obrigações na ordem internacional. São
exemplos a ONU, OEA. Podem ainda ser criados por particulares, como a Cruz
Vermelha Internacional, a Ordem de Malta, por exemplo. Portanto, atualmente, o
objeto moderno do Direito Internacional são os Estados, as Organizações
Internacionais e os Indivíduos. Alguns doutrinadores salientam que as empresas são
atores atuantes nas relações internacionais, de modo que devem figurar como
integrantes do Relacionamento internacional. Quanto ao indivíduo, este tem
responsabilidade ativa e passiva, podendo tanto postular quanto ser demandado
internacionalmente.
Durante a Idade Média, o Direito estava sob a jurisdição da Igreja, dessa forma
era o Papa quem o controlava, pois através da excomunhão ele lutava contra os reis
da época. Tamanha era a influência do Papa, que ele permitia que um Chefe de
Estado não cumprisse os tratados feitos.
Essa época foi marcada da chamada “Paz de Deus”, criada no final século X
após o fim do da dinastia carolíngia. A Paz de Deus foi instaurada para pôr fim às
guerras privadas, que ocorriam pela insegurança que havia por domínio de território.
Para tanto foram feitos concílios dos reis e príncipes, sendo que o primeiro Concílio
ocorreu em Charroux no ano de 989 e o segundo em Narbona em 990. Esses concílios
tinham o objetivo de criar normas para proteger a Igreja.
A Paz de Deus instaurou, pela primeira vez, o instituto dos beligerantes e não
beligerantes e permaneceu com a ideia, assim como na Índia Antiga, de não destruir
as plantações dos camponeses, bem como prezava pela vida dos camponeses, das
mulheres, dos estrangeiros e dos comerciantes e seus respectivos bens. Assim,
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visando, o bem-estar dessas pessoas, foram criadas as Ligas de Manutenção da Paz


que tinham como objetivo acabar com a fome na Idade Média, visto que esta era a
causa da morte de muitos naquela época.
Segundo Celso Mello (2000, p. 158), a maior contribuição da Igreja talvez tenha
sido o conceito de guerra justa desenvolvido por Santo Ambrósio, Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino: a grande ponte de união entre estes autores é que todos
eles analisaram a guerra justa intrinsecamente, isto é, a sua causa. Assim:

“Santo Agostinho (“De Officiis”) ensinava que uma guerra seria justa quando se
tratasse de defender o país contra os bárbaros e a casa contra os bandidos. Santo
Agostinho (“De Civitate Dei” e “Contra Faustum”) sustenta que a doutrina de Cristo
não impede todas as guerras. Uma guerra necessária teria por fundamento a justiça.
A guerra que preenche duas condições é legítima: a) se é justa; b) se há o direito de
declarar a guerra. A guerra seria justa quando- ela visasse reparar uma injustiça. A
guerra só pode ser declarada pelo chefe de Estado. Santo Tomás de Aquino (“Summa
Theologica: Secunda Secundae De Bello”) é quem melhor estudou a noção de guerra
justa, estabelecendo que para ela se configurar seriam necessárias três condições;
a.) que ela fosse declarada pelo príncipe, vez que ele e a autoridade pública
competente; b) é necessário que ela tenha uma causa justa, enfim que a sua causa
seja um direito violado; c) “que a intenção dos beligerantes seja reta”, isto é, deve
visar “promover um bem ou evitar um mal”. (MELLO, 2000, p. 158)

No século XIX ocorre a Revolução Francesa, que é o marco inicial da Idade


Contemporânea. Esta é de grande importância para o Direito Internacional Público,
pois ao conduzir as unificações alemã e italiana, gerou uma série de resultados
positivos utilizando o princípio das nacionalidades. Dentre estes resultados positivos,
encontra-se a criação do plebiscito e a proibição da guerra da conquista. Foi com a
Revolução Francesa, que Abade Gregorie retrata a sua declaração do “Direito dos
Povos”.
Ou seja, até ao século XIX os tratados tinham um papel diminuto na formação
da ordem jurídica internacional. Devido ao desenvolvimento rápido e complexo da
sociedade operado a partir desse século, os tratados internacionais passaram a
substituir o costume como fonte principal da criação de normas de direito
internacional. No século XX, surgiram dois fenômenos novos: o aparecimento das
organizações internacionais e a codificação do direito dos tratados, transformando
regras e costumeiras em regras convencionais escritas, expressas elas mesmas no
texto de um tratado, bilateral ou multilateral.
Assim, após a Revolução Francesa, os trabalhos desenvolvidos pela Comissão
de Direito Internacional das Nações Unidas resultaram, em 1969, na Convenção de
Viena sobre Direito dos Tratados.
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No Brasil, o texto da Convenção foi enviado ao Congresso para aprovação em


abril de 1992. O Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo Federal 496 de
17 de julho de 2009, aprovou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. No
entanto, os acordos de integração regionais, não desfrutam de um tratamento
especial, nem pela jurisprudência, uma vez incorporado ao direito interno, é
incorporado como lei ordinária. Os tratados internacionais de direitos humanos
constituem dessa forma, exceção a uma regra. A Emenda Constitucional 45 de 2004,
nos termos do artigo 5º § 3º da Constituição Federal de 1988 determina que “Os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
Por outro lado, a doutrina e a jurisprudência internacional, consideram como
princípios gerais, as normas internacionais imperativas nos termos do art. 53 da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, apesar deste não indicar que
normas integram o jus cogens (conjunto de normas imperativas), o que é plenamente
justificável em razão da sua potencial mutabilidade, é factível a influência exercida
pelos arts. 1º e 2º da Carta da Organização das Nações Unidas, que enuncia os
objetivos e os princípios que direcionam essa organização internacional de
cooperação de caráter universal.
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, por sua vez,
em seu artigo 4° rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político. (BRASIL, 1988, p.1)

Assim, têm sido potencialmente reconhecidos como integrantes do jus cogens o


direito à autodeterminação de cada povo, a proibição de uso agressivo da força, o
direito de legítima defesa, a proibição de genocídio, a proibição de tortura, os crimes
contra a humanidade, a proibição de escravidão, a proibição de pirataria, a proibição
de discriminação racial e a proibição de hostilidades direcionadas à população civil.
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1. 1 TRATADOS INTERNACIONAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS

1.1.1 TRATADO

Tratado pode ser definido como um acordo resultante da convergência da


vontade entre sujeitos do Direito Internacional, formalizado em um texto escrito com
objetivo de produzir efeitos jurídicos. Alguns nomes são usados para um tratado
internacional, tais como convenção, declaração, pacto, ato, estatuto, acordo,
protocolo, entre outros. (OLIVEIRA, 2017, p. 14)
Na definição exposta por José Francisco Rezek (2018, p. 14), "Tratado é o
acordo formal, concluído entre sujeitos de direito internacional público, e destinado a
produzir efeitos jurídicos"
Na definição de Varella (2015, p. 37):

“Tratado é um acordo internacional concluído por escrito entre Estados ou


entre Estados e Organizações Internacionais, regido pelo Direito
Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. Trata-
se da principal fonte de direito internacional porque representa a vontade dos
Estados ou das Organizações Internacionais, em um determinado momento,
que aceitam regular uma relação jurídica por meio de uma norma comum
entre si. É a fonte mais democrática, pois a priori sua vigência incide apenas
sobre os sujeitos de direito que desejam submeter-se ao mesmo.”

Segundo o entendimento de Portela (2011, p. 89), “tratados são acordos escritos,


firmados por Estados e organizações internacionais dentro dos parâmetros
estabelecidos pelo Direito Internacional Público, com o objetivo de produzir efeitos
jurídicos no tocante a temas de interesse comum”. Tal concepção, de acordo o próprio
autor, nasceu a partir da noção determinada pelo artigo 2°, §1°, alínea “a” da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que estabelece que “tratado
significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”.

1.1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS

1.1.2.1 Quanto ao número de partes


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Quanto à quantidade de signatários, os tratados são bilaterais, quando são


celebrados por duas partes, ou multilaterais, quando concluídos por três ou mais
partes.

1.1.2.2 Quanto ao critério da qualidade das partes


É observado se as partes contratantes são o Estado ou as organizações
internacionais. Conceitua-se como organização internacional uma associação
voluntária de sujeitos de direito internacional, constituída mediante ato internacional
(geralmente um tratado), de caráter relativamente permanente, dotada de
regulamento e órgãos de direção próprios, cuja finalidade é atingir os objetivos
comuns determinados por seus membros constituintes

1.1.2.3 Quanto ao critério de abertura a sujeitos terceiros


Os tratados abertos, semifechados ou tratados fechados, são assim
classificados em decorrência da possibilidade de produzirem efeitos em sujeitos que
não assinaram e ratificaram a posterior pertença ao seu conteúdo, de tal possibilidade
ser condicionada ou de tal possibilidade ser, simplesmente, proibida. Assim, os
tratados abertos são aqueles acessíveis a outros Estados, possuindo cláusula de
adesão, os tratados fechados são aqueles realizados somente entre as partes, não
são acessíveis a outros Estado e os tratados semiabertos são abertos somente a
alguns países específicos.

1.1.2.4 Quanto aos procedimentos


Nesse contexto, o importante é se no processo conclusivo deste tratado exige
uma fase ou duas. Se exigir duas fases, o procedimento será considerado bifásico,
exigindo uma assinatura e ratificação. Será considerado unifásico se for apenas uma
fase, sendo necessário apenas a assinatura. (OLIVEIRA, 2017, p. 14 e 15)

1.1.2.5 Quanto à natureza jurídica


Segundo Oliveira (2017, p. 15), os procedimentos podem ser qualificados como
contratuais ou normativos. Serão normativos quando pactuado entre várias partes,
tendo como objetivo a fixação das normas internacionais. Quando buscarem a
regularização dos interesses em comum dos sujeitos, serão contratuais.
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1.1.2.6 Quanto à execução do tempo e no espaço


Na execução do tempo, podem ser subdivididos em permanentes ou transitórios.
Tratados transitórios: executados ou de efeitos limitados. Pode até criar uma
situação que perdura no tempo, mas cuja realização é imediata, como a criação de
fronteira entre Estados. Tratados permanentes: executórios ou de efeitos sucessivos.
Tratados de direitos humanos têm esse cunho, pois demandam a proteção da
dignidade da pessoa enquanto permanecerem no ordenamento jurídico.
Quanto à execução do espaço, subdividem-se em amplo e restrito. Quanto à
execução no espaço, são tratados de alcance espacial em todo o território do
pactuado, isso é a regra. E o tratado de alcance restrito a algumas áreas do pactuante,
que é a exceção. (OLIVEIRA, 2017, p. 15)

1.1.2.7 Quanto à solenidade


De forma solene são aqueles tratados que precisam de assinatura e ratificação
e de forma simplificada são aqueles que a mera assinatura já lhe da validade. Ou seja,
podem ter mais ou menos etapas de elaboração, e, sobretudo, maior ou menor
complexidade no processo de apuração do consentimento das partes. A forma solene
é a mais comum, pelo que os instrumentos que seguem seu modelo são chamados
tratados em sentido estrito. Na forma solene há várias etapas de verificação da
vontade do Estado. A primeira etapa inclui a negociação e a assinatura do tratado,
primeira manifestação do consentimento. A segunda termina com a confirmação da
aquiescência estatal em obrigar-se a um ato internacional por meio da ratificação, a
qual, via de regra, depende da anuência dos parlamentos nacionais. Por fim, a eficácia
do tratado no âmbito interno pode ser condicionada a um ato adicional, que no Brasil
é conhecido como promulgação.
A forma simplificada: requer menos etapas de expressão do consentimento. Os
tratados que adotam esse procedimento são também chamados de acordos
executivos e normalmente requerem apenas a participação do Poder Executivo em
seu processo de conclusão e prescindem da ratificação.

1.1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE

Para um tratado internacional ser considerado válido, se faz necessário o


cumprimento de alguns requisitos, são eles: partes capazes, agentes habilitados,
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consentimento mútuo e a licitude e possibilidade de seu objetivo. No tange


à capacidade entre as partes, todo Estado tem capacidade para concluir tratados.
(OLIVEIRA, 2017, p. 17)
São condições de validade dos tratados internacionais, segundo Celso Mello,
2009, p. 78): “capacidade das partes contratantes; habilitação dos agentes
signatários; consentimento mútuo; formalidade; e objeto lícito e possível.
De acordo com o Art 6º da Convenção de Viena sobre tratados internacionais,
as pessoas que tem capacidade para formar tratados jurídicos são os Estados, as
organizações Internacionais, e as demais coletividades equiparadas aos Estados.
Além da capacidade das partes, a formalização do consentimento mútuo dos Estados
contratantes que devem se dar por escrito é um outro requisito para a existência válida
para os tratados internacionais, outro requisito é a habilitação dos agentes signatários
então o agente do Estado que assina o tratado internacional deve ter habilitação
jurídica para tanto. Por fim, o último requisito para a existência válida dos tratados
internacionais é a licitude e a possibilidade do seu objeto, então o tratado tem que ter
o objeto licito e possível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Direito Internacional surgiu como um instrumento capaz de estabelecer o


consenso entre os diversos ordenamentos internos. Os Estados, cada vez mais
heterogêneos, optam por abrir mão da sua soberania absoluta e ilimitada para pôr fim
aos conflitos de interesses. Sendo assim, o Direito Internacional representa uma
ordem jurídica hierarquicamente superior que limita o poder soberano dos Estados,
representando um círculo maior que abrange os Estados, representados por círculos
menores, que submetem-se ao Direito Internacional.
O primado do Direito Internacional sobre o Direito interno é visto como uma
condição de existência do próprio Direito Internacional, uma vez que, negando esta
superioridade do Direito Internacional os Estados seriam soberanos absolutos e não
estariam, portanto, subordinados a nenhuma outra ordem jurídica superior.
Os Estados firmam tratados internacionais livremente e, diante da norma
costumeira pacta sunt servanda deverão cumprir as obrigações assumidas, sob pena
de responsabilização internacional. Apesar de a jurisprudência internacional defender
unanimemente a primazia do Direito Internacional sobre o Direito interno dos Estados,
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no âmbito do Direito interno esta supremacia do Direito Internacional não é uma


concepção adotada de maneira uniforme; isto ocorre pelo fato de não existir uma regra
internacional que defina expressamente a superioridade do Direito Internacional
quando comparada com os ordenamentos internos. A questão da hierarquia entre as
duas ordens é ainda resolvida à luz do que dispõe a ordem interna de cada Estado.
No caso brasileiro a Constituição não determina expressamente a posição hierárquica
das normas de Direito Internacional. A jurisprudência brasileira passou então a
conferir aos tratados em geral valor equivalente ao das leis infraconstitucionais e aos
tratados de direitos humanos valor infraconstitucional, mas supralegislativo.
Os direitos fundamentais advindos de tratados internacionais nascem na ordem
jurídica supra-estatal e existem independentemente do reconhecimento e da proteção
pela ordem interna. São direitos fundamentais independentemente da sua
incorporação na Constituição dos Estados. Sendo assim, os Estados estão obrigados
a observar tais direitos cabendo à técnica jurídica apenas conceber os mecanismos
mais adequados para recepcioná-los no ordenamento interno.

REFERÊNCIAS

BRASIL. DECRETO Nº 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009. Promulga a Convenção de


Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos
Artigos 25 e 66. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d7030.html. Acesso em 22 de janeiro de 2019.
_______. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro
de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm.
Acesso em 25 de janeiro de 2019.
BREGALDA. Gustavo. Direito internacional. São Paulo: Saraiva, 2009. (Coleção OAB
Nacional)
OLIVEIRA, Maxwillian Novais. Direito Internacional Público. Vitória: Multivix, 2017.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado - Incluindo
Noções de Direitos Humanos e Direito Comunitário. 3ªed. Salvador/BA: Juspodivm, 2011.
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público.17ª edição. São Paulo: Saraiva, 2018.
VARELLA, Marcelo D. Direito Internacional Público. 6ª edição. Saraiva, 12/2015.

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