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DESAPARECIMENTO DE PESSOAS NO BRASIL

Thomas More, em seu livro "Utopia", retrata uma sociedade perfeita, na qual o corpo social é
caracterizado pela ausência de conflitos e problemas. Entretanto, esse ideal se afasta da atual conjuntura
brasileira à medida em que se evidencia o desaparecimento de pessoas no país. Nesse sentido, o número de
casos dessa natureza assustadora vem ascendendo, sobretudo devido à baixa visibilidade dessa esfera na
sociedade, e é agravado pela negligência do Estado frente à problemática. Dessa forma, faz-se necessário o
debate acerca dessa pauta.
É preciso analisar, inicialmente, que é crescente a quantidade de desaparecimentos no Brasil, uma vez que,
infelizmente, não é concedida a devida atenção ao assunto. Nesse contexto, segundo dados do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foram registrados 10.888 casos a mais em 2017 em comparação a
2016. Sob esse triste viés, percebe-se que este é um problema silenciado, uma vez que não há ampla
divulgação dessas informações na mídia, por exemplo. Esse fato leva à concepção de que as pessoas
desaparecidas não têm relevância suficiente na nação, deplorável panorama que, inclusive, diverge do ideal
defendido pelo filósofo Tomás de Aquino, que diz: "todas as pessoas de uma sociedade democrática têm a
mesma importância". Logo, urge que os desaparecidos brasileiros sejam mais evidenciados.
Ademais, em uma segunda análise, nota-se uma insuficiência do Poder Público no que tange à resolução
dos inúmeros desaparecimentos listados pelo FBSP. À luz disso, cabe inferir o Contrato Social, proposto
pelo sociólogo John Locke, o qual reitera a responsabilidade do Estado em fornecer o bem-estar coletivo.
Diante dessa premissa, posto que os governantes brasileiros não promovem medidas que visem evitar ou
solucionar a questão dos desaparecidos, as famílias das vítimas experimentam a agonia, estando longe de
seu estado de plenitude, verificando-se, portanto, uma deplorável divergência entre o Contrato de Locke e o
Governo brasileiro.
Fica evidente, por conseguinte, que a questão dos desaparecidos precisa receber os holofotes da população e
do âmbito político. Sobre esse ponto, o Ministério Público deve mover a atenção da sociedade para as
vítimas, através da exibição de fotos de 3 pessoas desaparecidas a cada comercial dos canais da televisão
aberta, com os respectivos nome e idade, além da oferta de recompensas, a fim de haver mais olhos à
procura desses indivíduos. Feito isso, a perspectiva de More poderia, finalmente, ser aplicada ao Brasil.
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Durante a Ditadura Civil-Militar brasileira ocorreram vários casos de censuras, perseguições,


sequestros, torturas e mortes contra aqueles que eram opositores ao regime e, mesmo após o fim
desse período, muitos indivíduos ainda permanecem sumidos no território nacional. Hodiernamente,
é necessário combater o desaparecimento de pessoas no Brasil, porém há empecilhos que se
contrapõem ao assunto em questão. Decerto, convém analisar os aspectos como: a falta de políticas
públicas e a vulnerabilidade infanto-juvenil.

Primordialmente, é importante destacar que a falta de políticas públicas corroboram com a


problemática, visto que não há programas e serviços de buscas realmente efetivos. Nesse sentido,
vale ressaltar a criação, em 2019, do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas cujo objetivo é
auxiliar no paradeiro dos ausentes, porém é um sistema desatualizado e pouco eficaz,
consequentemente, a mobilização se torna difícil por não obter dados suficientes dos indivíduos
perdidos. Dessa forma, as carências de medidas eficientes associadas à irresponsabilidade do Estado
divergem das leis asseguradas pelos Direitos Humanos.

Além disso, a vulnerabilidade infanto-juvenil contribui com o problema, posto que a


população infantil, enquadrada no desaparecimento forçado, é facilmente manipulada. Segundo o
Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil é registrado, em média, mais de 50 mil casos de
sumiços de crianças por ano, número que demonstra a facilidade dos criminosos no sequestro desses
indivíduos que, posteriormente, serão usados para o tráfico humano, venda de órgãos e prostituição.
Desse modo, a fragilidade infanto-juvenil coopera para o aumento do índice de desaparecidos no
país.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. É mister que o Governo Federal,
em parceria com os órgãos de segurança pública crie, por meio de verbas, medidas de reformulação
do banco de dados do Cadastro Nacional e a criação de campanhas para a conscientização, com o
intuito de potencializar a busca por pessoas desaparecidas e informar os cidadãos acerca do assunto.
Tais medidas deverão focar na atualização do sistema, na mobilização de profissionais qualificados
e na veiculação de propagandas na mídia. Dessa maneira, será possível atenuar o desaparecimento
de pessoas no Brasil e evitar casos semelhantes aos ocorridos na Ditadura Civil-Militar.

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Não é nota mil mas cita um filme que conheço:
No filme "Um olhar do paraíso" a jovem Susie Salmon é sequestrada e assassinada, deixando toda
família em desespero e em uma busca incansável para descobrir seu paradeiro. Fora da ficção, muitas
famílias também sentem a mesma dor e angústia de ter algum parente desaparecido. Dessa forma, o atraso
em recursos de buscas e o desamparo aos familiares, são fatores a serem discutidos sobre o desaparecimento
de pessoas no Brasil.
A princípio, é necessário analisar que segundo o Forúm Brasileiro de Segurança Pública, 226 pessoas
desaparecem por dia, o que mostra a precariedade nas investigações desses casos. Tendo como um dos
fatores a falta de dados oficiais dos desaparecidos, além, da ausência de parceria com outras regiões, já que a
vítima pode estar em qualquer local, dificultando então com que toda a informação possa ser adquirida, a
fim de solucionar o sumiço o quanto antes.
Ademais, o amparo aos familiares da vítima é preciso, pois, como disse o pensador Rubem Alves "A
saudade não deseja ir para a frente, ela deseja voltar." Assim sendo, é adequado todo o auxílio possível, para
que os envolvidos consigam lidar com todo o ocorrido e prosseguir a vida, sem se prender ao passado como
citou Rubem Alves.
Portanto, é preciso que medidas sejam tomadas para combater o desaparecimento de pessoas no Brasil.
Cade ao Governo Federal em parceria com a Polícia Federal, a atualização e melhoramento das informações
de dados oficiais sobre os desaparecidos, com programas que exponha por redes sociais informações
necessárias da vítima, e ampliar e fortalecer as ajudas vindas de regiões distintas. Mas também, que o
governo ofereça todo apoio necessário e gratuito de psicólogos aos parentes, e de palestras informativas nos
colégios, fazendo com que os jovens já possam ter maior conhecimento do assunto. Assim então, será
possível ajudar famílias como a da jovem Susie Salmon.
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No filme “Um Olhar do Paraíso”, Susie Salmon desaparece ao voltar da escola. Após seu sumiço, seus
pais tiveram problemas psicológicos para aceitar a situação e o descaso policial. Tal como no filme, essa é a
realidade também da população brasileira, na qual as famílias sofrem com a ausência do indivíduo e sequer
recebem apoio governamental. Somado a isso, o descaso do governo frente ao desaparecimento dos cidadãos
é alarmante. Por isso, dois fatores fazem-se relevantes: apoio psicológico às famílias das vítimas e melhora
na segurança do indivíduo.

Primeiramente, vale ressaltar que o desaparecimento de um parente pode resultar em danos


psicológicos que, se não tratados, podem vir a ser permanentes. Em seu texto “Luto e Melancolia”, Freud,
pai da psicanálise, afirma que o luto é a aceitação da perda de alguém também devido ao seu
desaparecimento, no entanto, familiares não aceitam o luto pois ainda há esperança e, segundo Freud, isso
pode gerar melancolia (depressão). Portanto, é importante que haja um apoio profissional, para que tenham
esperança de um possível retorno, mas entendam que é importante não se prender a essa hipótese.

Outro fato de suma importância seria a busca de desaparecidos, visto que a segurança pública é
responsabilidade do estado, mas se nota uma falha no sistema quanto a isso, já que a própria polícia alega
que, em si, o desaparecimento não é um crime. Uma vez que 60 mil pessoas foram registradas como
desaparecidas em 2016, segundo o site G1, e que por trás do desaparecimento pode haver rapto, sequestro,
cárcere privado e assassinato, é necessário e humano que, em todos os casos, sejam instaurados inquéritos.

Por conseguinte, para que com as famílias brasileiras não aconteça o que aconteceu à família de
Susie Salmon, se faz necessária uma intervenção estatal, no qual o Ministério da Saúde deve expandir o
CAPS para famílias que passam pelo luto permanente e incerto, sendo ofertado quando o desaparecimento
for registrado, para que haja apoio emocional. Bem como, se deve investir mais na procura, é necessário que
o Legislativo elabore uma lei para que após a notificação, deverá ser emitido um alerta a portos, aeroportos,
polícia rodoviária e companhias de transporte interestaduais e internacionais, com todos os dados
necessários à identificação, tornando mais eficaz as buscas e diminuindo drasticamente o número de
desaparecidos.

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