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10 DICAS PARA ENTREVISTAR

PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
10 DICAS PARA ENTREVISTAR
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
Quando se trata de recrutamento de pessoas com deficiência, pesquisa da
iiGual mostra que apenas 10% dos profissionais de Recursos Humanos se
sente preparado para entrevistar esse público.

Pensando em facilitar o trabalho desses profissionais, preparamos dez dicas


de como entrevistar, falar e se comportar de forma neutra com essas pessoas,
sem julgamentos e sem demonstrar, inadvertidamente, falsos preconceitos.

Aqui estão elas:

1 Parece óbvio, mas, em primeiro lugar, uma pessoa com


deficiência é uma pessoa. Muitos profissionais de RH,
com receio de parecerem preconceituosos, superestimam
as realizações dessas pessoas, achando que são todas
“incríveis”, “superaram seus limites”, são “um grande
exemplo” e outros rótulos. Isso pode não ser verdade. A
pessoa com deficiência é como qualquer outra pessoa e,
portanto, também tem seus defeitos e qualidades: pode
ser boa ou má, preguiçosa ou esforçada, honesta ou
desonesta. Não é porque a pessoa é deficiente, que seu
comportamento é impecável.
10 dicas para entrevistar pessoas com deficiência

Assim como não é adequado superestimar as qualidades


de uma pessoa com deficiência, também não é correto
explorar a tragédia ou a desgraça em torno da pessoa,
contando uma história triste sobre sua deficiência,
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demonstrando dó e vendo-as como vítimas, limitadas
ou incapazes. Fuja de termos e expressões que denotem
pena, como “condenado a uma cadeira de rodas”,
“infelizmente, sofreu um acidente”, “defeituoso”, “possui
uma anomalia” e outros com conotação negativa.

3 Lembre-se, todos têm alguma limitação. Alguns não


conseguem falar em público, outros têm medo de
avião e outros, ainda, entram em pânico em lugares
altos. Tudo isso não deixa de ser uma “deficiência”.
Não foque apenas na limitação da pessoa com deficiência, no
que ela não pode fazer. Pense em adaptações. Se o deficiente
auditivo não pode falar ao telefone, existem alternativas como
WhatsApp, Skype ou e-mail. Não descarte um bom candidato
apenas porque ele não se enquadrou ao padrão. O padrão pode
ser mudado, a tecnologia está aí para ser usada e o candidato
pode acabar se saindo muito melhor do que se esperava.

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Pode-se perguntar sobre a deficiência? Depende. Se a
pergunta for relevante para a execução do trabalho, sim.
Saber quais tecnologias o deficiente visual usa para ler
e responder e-mails e quais acessibilidades a pessoa
com deficiência física precisa é pertinente. Perguntar
se o deficiente auditivo usa Libras é válido também.
Entretanto, pode ser invasivo questionar o candidato
sobre como ele perdeu a visão ou audição, se foi acidente,
se é de nascença e outros detalhes de sua história pessoal
que não são relevantes para o desempenho da função.
10 dicas para entrevistar pessoas com deficiência

Sempre fica a dúvida de qual seria a maneira certa de


falar dessas pessoas. Não é correto referir-se a eles
usando os termos “portador” de deficiência ou de
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necessidades especiais, pelo simples fato de que ninguém
porta sua deficiência como se fosse um objeto, podendo
descartá-la no momento seguinte. Recomenda-se usar o
termo “pessoa com deficiência” ou PcD.

6 Também não há problema algum em referir-se à


pessoa como “deficiente”. Não use eufemismos como
“característica especial” ou “o seu problema”, na
tentativa inútil de não mencionar a deficiência. A deficiência
existe e não é necessário escondê-la. O candidato sabe que
tem uma deficiência e sabe que eventualmente será necessário
mencioná-la, portanto, faça-o com naturalidade.

Pode-se chamar a pessoa com deficiência de surda, cega,


cadeirante ou algum outro adjetivo? A dica é: pergunte
diretamente à pessoa como ela prefere ser chamada. Por
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exemplo, alguns surdos autodenominam-se “surdos”,
outros preferem referir-se a si mesmos como “deficientes
auditivos”. Na dúvida, pergunte à pessoa sua preferência.
10 dicas para entrevistar pessoas com deficiência

Cuidado com o preconceito embutido: “Ele é cego,


mas tem uma vida normal”, “Mesmo sendo surda,
ela namora, trabalha e faz as coisas como qualquer
pessoa”, “Apesar de deficiente, ele é muito inteligente”.
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Essas frases pressupõem que as pessoas com
deficiência não são habitualmente capazes de fazer
nenhuma dessas coisas: ter uma vida normal, namorar,
trabalhar, fazer suas coisas, ser inteligente.

9 Atenção aos estereótipos: nem toda pessoa surda usa


Libras (Língua Brasileira de Sinais), nem todo cego lê
textos em braile. Muitos surdos ou deficientes auditivos
são oralizados, o que significa que fazem leitura labial,
comunicam-se oralmente e não usam sinais. Já os cegos
ou deficientes visuais dispõem de variadas tecnologias
assistivas e softwares de leitura, e não necessariamente
precisam ou sabem ler em braile. Procure informar-se
sobre as especifidades de cada deficiência antes de
entrevistar o candidato (e passar aquela vergonha...).

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Por último, mas não menos importante: não se refira
às pessoas sem deficiência como pessoas “normais”.
Isso implica que a pessoa com deficiência é uma
pessoa anormal. No âmbito das reflexões sobre
diversidade e inclusão não há espaço para a expressão
“normalidade”. Todos têm seus desafios e limitações.
Partir do pressuposto de que todos nós somos
pessoas e todos temos deficiências e restrições em
algum sentido é o caminho mais certo para construir
uma sociedade mais inclusiva e sem preconceitos.

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