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O ANTICAPACITISMO COMO

FERRAMENTA NA LUTA PELA


INCLUSÃO
Profa. Kátia Cristina Novaes Leite
CAPACITISMO
• Presumir equivocadamente que pessoas com deficiência são
incapazes de realizar atividades por terem corpos fora do padrão
social.
• A palavra “capacitismo” não é nova, mas ainda há quem não a
associe à exclusão. Seu significado, porém, é um velho conhecido das
pessoas com deficiência – seja física, visual, intelectual, mental,
auditiva – e com mobilidade reduzida: o preconceito.
• Uma sociedade capacitista entende as deficiências como exceções à
dita “normalidade”.
• Pelo viés capacitista, são PCDs quem devem se adaptar ao “mundo
normal” e não esse mundo buscar acolher as diferenças.
CAPACITISMO
• O capacitismo está para as pessoas com deficiência da mesma forma
que o racismo para as pessoas negras, o machismo para as mulheres,
a LGBTfobia para os LGBTQIA+.
• É uma tradução da palavra inglesa "ableism“(EIBOSAM) e tem o papel
de expressar e sintetizar a ideia de “discriminação por motivo de
deficiência”. Em termos científicos, o capacitismo se baseia na noção
de que existem certos tipos de pessoas e padrões corporais que são
"normais", isto é, típicos da espécie humana.
• Como a deficiência destoa dessa corponormatividade, para o
capacitismo, a pessoa com deficiência é um estado diminuído de ser
humano, alguém inferior que deve ser “curado”, “reparado”,
“reabilitado”. Pérola de Souza - UFPA (PPGCOM).
"Se considerarmos a concepção de deficiência que se baseia no
modelo social, é possível incluir as pessoas neurodivergentes
sob essa perspectiva. O modelo social da deficiência estabelece
que a deficiência é um fenômeno que decorre da interação
social entre uma pessoa que apresenta uma característica
específica e uma sociedade incapaz de reconhecer as
necessidades dela e de equiparar as condições visando superar
os obstáculos e promover a participação social.", (Luciana Maia
–Unifor)
SEJAMOS ANTICAPACITISTAS!
• ANTI: prefixo Prefixo que indica em oposição a; contra.
[Gramática] O prefixo anti- deve ser seguido de hífen, quando
preceder palavras que comecem por h e i (anti-higiênico, anti-
ibérico). Etimologia (origem da palavra anti). Do grego anti,
“do lado contrário”.
SERÁ QUE NÓS
CONHECEMOS PESSOAS
CAPACITISTAS?
ALGUMAS FRASES CAPACITISTAS
“Nossa, e eu aqui reclamando da vida!”
Esse tipo de frase coloca a pessoa com deficiência como alguém
digna de pena. Além disso, também reforça a ideia de que a PCD é
inferior.

“Essa pessoa é um exemplo de superação.”


Tratar pessoas com deficiências como heróis ou exemplos de
superação não é o mesmo que ter empatia por elas. Esse tipo de
postura ignora que a PCD não precisaria enfrentar certas
questões, se existisse investimento nos espaços públicos para que
estes fossem acessíveis a todos, não apenas para os corpos que
são considerados dentro do padrão.
Temos que lembrar de agradecer sempre, né?”
Outro tipo de frase que reforça a ideia de que a PCD precisa mudar ou
tem algo a ser corrigido.

“Finge demência!”
Esse termo estigmatiza pessoas que tem deficiência intelectual.

“Eu pensei que você fosse normal.”


Pessoas com deficiência são normais.

“Que coitadinho, ele tem deficiência”


Pessoas com deficiência não devem ser tratadas como coitadas ou
infantilizadas.
“Que mancada!”
Essa frase reforça preconceitos contra pessoas com deficiência física.

“Eu tenho dois braços e duas pernas e não consigo fazer o mesmo!”
Esse tipo de comentário ressurgiu na internet nos últimos dias por causa das
Paraolimpíadas e reforça o preconceito de que as pessoas com deficiência não são
capazes de grandes feitos.

“Dar uma de João sem braço!”


A frase reforça o preconceito contra pessoas com deficiência física.

“Nós não temos perna/braço pra isso”

Como a frase anterior, apesar de ser uma expressão popular, ela é preconceituosa.
“Queria ter a força que você tem. Você é uma inspiração!”
Tratar pessoas com deficiência como heróis é olhar para elas como se fossem
diferentes, não tivessem chance de serem bem sucedidas.
“Você é retardado!”
Essa expressão diminui pessoas com deficiência intelectual.

“Apesar de ser deficiente, você faz muita coisa sozinho, né?”


Afirmação estimula a ideia de que todas pessoas com deficiência são incapazes
de realizar as atividades da sua rotina ou fazer as coisas que desejam.

“Está cego?”
Essa expressão, assim como “se fazer de surdo”, associa pessoas com deficiência
a desatenção e é ofensiva.

“Você faz muito mais com deficiência do que algumas pessoas.”


Esse tipo de frase cria a ideia de que pessoas sem deficiência são melhores ou
tem mais atributos do que pessoas com deficiência.
EXISTEM PERGUNTAS
CAPACITISTAS?
Seu problema não tem cura?
Explicação: a deficiência não é um problema nem uma doença, é
uma característica – e, portanto, ela não precisa ser curada.

Você nasceu assim, foi acidente ou foi doença?


Explicação: pense se você realmente precisa dessa informação
ou se é apenas uma curiosidade. Reflita também se você tem
intimidade suficiente para perguntar algo que talvez a pessoa
não queira compartilhar.
Você se machucou? Está mancando?
Explicação: mancar pode ser uma condição permanente, não um
sintoma passageiro. Por isso, a não ser que você tenha visto a pessoa
se acidentar de alguma forma, não pergunte se ela se machucou pelo
simples fato de estar mancando.
Imagine quantas vezes ela vai precisar responder a mesma pergunta
por dia? Ainda que a intenção seja a de ajudar, considere que se uma
pessoa mancando precisar de ajuda, ela vai te pedir.

Mas como você faz as coisas?


Explicação: pessoas com deficiência são tão capazes quanto qualquer
pessoa. Às vezes ela precisa fazer algumas adaptações, mas isso tem
relação com a quantidade de barreiras que essa pessoa enfrenta em
um mundo pouco amigável para a PcD.
Você conseguiu ser mãe mesmo com poliomielite?
Explicação: a maternidade pode, sim, ser uma parte da vida das
PcDs. A pólio é uma condição que não determina quem o
indivíduo vai ser, nem na vida dela, nem na maternidade.

Será que seus filhos vão nascer normais?


Explicação: o que é normal, no fim das contas? O conceito de
normalidade é definido por padrões sociais. Todos os corpos que
existem são únicos na sua individualidade, cada um à sua
maneira, então a pergunta não faz sentido. Além disso, a
questão é rude por ter implícita um desejo de que os filhos de
uma pessoa com deficiência não tenham a deficiência, que é
apenas uma característica.
O combate ao capacitismo deve envolver, sobretudo, a produção e
disseminação de informações que contribuam para mudar as
representações da deficiência como algo negativo; a promoção de
espaços e contextos de socialização que possibilitem a interação entre
pessoas com e sem deficiência; o estabelecimento de normas, leis e
procedimentos que expressem o apoio institucional da sociedade, de
uma forma geral, e de escolas e empresas, de forma específica, para
assegurar a inclusão de pessoas com deficiência.
“A LUTA ANTICAPACITISTA
PRECISA SER A LUTA POR
JUSTIÇA SOCIAL!”
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