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Artigo: “Dicas de Comportamento Inclusivista nas Interações

com Pessoas com Deficiência”


escrito por Rodrigo Credidio (fundador da goodbros e da oficina de empatia ), em
29/09/2022

Há séculos, pessoas com deficiência e seus familiares têm buscado por mais
acessibilidade e equidade em suas existências. Muito se avançou no que tange a
legislações, tecnologias e espaços. É verdade. Mas ainda há muitas oportunidades de
melhorias no aspecto atitudinal e comunicacional. Muitas! As barreiras destas duas
dimensões têm uma origem comum: um paradigma ou modelo mental capacitista. O
capacitismo é a discriminação em relação à pessoa com deficiência baseada numa
premissa enviesada de que estas pessoas sejam menos capazes, menos produtivas.
O que não é verdade!
Da Antiguidade até meados do século XX, por volta de Década de 40, a sociedade
típica, tida como “normal”, manteve um distanciamento em relação ao universo
composto por pessoas com deficiência, demonstrando uma antipatia que depois
evoluiu para uma apatia generalizada, mas sempre com uma ótica capacitista. Foi só
no Pós-Guerra, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e seus frutos, que
o cenário passou a ficar menos hostil e mais promissor à pessoa com deficiência. A
passos lentos, é verdade. Mas avançando.
Compartilhamos aqui “Os 5 C’s”, cinco verbos de ação que guiarão para um
comportamento inclusivista. Você poderá adicionar na sua rotina e exercitar até que
vire um hábito. Quanto mais adotarmos esses comportamentos mais contribuiremos
na instauração do modelo da Inclusão, onde a acessibilidade, a liberdade e a
dignidade humana da pessoa com deficiência sejam uma realidade imutável.

1. Conheça
Leia sobre a história das pessoas com deficiência, assista a documentários ou a filmes
de pessoas com deficiência, converse com pessoas com deficiência. O primeiro
comportamento esperado de quem quer saber sobre algo é ampliar repertório
informacional. Não podemos atuar ou mudar o que ainda não sabemos. Portanto, invista
um tempo alimentando sua mente de conhecimento, dados, fatos, histórias reais acerca
deste universo. Já existe uma quantidade considerável de fontes que você pode
consultar.

2. Conviva
Como dizia o sábio chinês Lao Tsé, “saber e não viver é ainda não saber”. Cumprido o
desafio inicial de preencher o copo vazio de informações sobre o universo da deficiência,
é hora de vivenciar, experienciar, interagir com este universo para que seu corpo e
mente possam introjetar os aprendizados com esta nova realidade. Crie uma certa rotina
de conversas e interações, mesmo que rápidas, com vizinhos, funcionários, familiares
e até mesmo pessoas desconhecidas que tenham alguma deficiência. Quanto mais
amplo e heterogêneo esse convívio, mais rica a experiência.
3. Conecte-se
Uma vez criado o hábito da frequência das interações com pessoas com deficiência,
faça o exercício da empatia cognitiva, de se ver no lugar da outra pessoa. Mantenha
uma escuta ativa durante os diálogos. Ouvir a outra pessoa com atenção é 80% da
empatia. Ouça o que a pessoa fala, sem criticar ou concordar. Simplesmente, esqueça
de você e se entregue para aprender sobre o universo da outra pessoa.

4. Cocrie
Somos serem gregários por natureza e nos sentimos valorizados quando recebemos o
convite para participar ou fazer algo. Busque sempre que possível a participação direta
e a opinião de pessoas com deficiência nas atividades que você tenha que realizar.
Compartilhe suas dúvidas, angústias e receios e deixe que as pessoas cocriem,
trazendo suas perspectivas. Além de recebermos o presente da criatividade e da
diversidade nas nossas decisões, estreitaremos nossas relações com as pessoas com
deficiência e afinaremos nosso comportamento inclusivista. Procure pensar sob a
perspectiva do desenho universal. A cocriação auxiliará você a pensar cada vez mais
de forma mais ampla, abarcando o maior número possível de pessoas beneficiadas
pelas ações e decisões que você tomar.

5. Continue
Se você chegou até aqui, é hora de manter, de continuar os hábitos recém-adquiridos.
Nesta etapa, você precisa também incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo.
Quanto mais pessoas angariarmos nessa caminhada, melhor será nossa jornada rumo
à Inclusão da pessoa com deficiência. Escreva um artigo, faça uma palestra ou poste
um conteúdo sobre o universo das pessoas com deficiência. Outra ideia é formar ou
liderar um comitê no seu clube, no seu condomínio ou na sua empresa que discutirá
ações para melhoria da acessibilidade e do exercício pleno dos direitos das pessoas
com deficiência. Que tal? Quanto mais ativista formos, mais inclusivo será nosso
entorno.

Rodrigo Credidio é consultor em empatia e comunicação inclusiva. É sócio fundador


da Goodbros e cocriador da Oficina de Empatia. Formado em Comunicação Social e
pós-graduado em Administração de Empresas, trabalhou na área de marketing e em
agências de propaganda por mais de 20 anos. Atualmente, presta consultoria e realiza
projetos ligados à empatia, comunicação inclusiva, desenho universal e acessibilidade.

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