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agregação da matéria
Prof. Marcio Franco
Descrição As características dos estados físicos da matéria e os processos de transformação de fase, bem como o
comportamento e as propriedades da matéria no estado gasoso.
Propósito Conhecer os tipos de estado físico, bem como suas propriedades (físicas e químicas), suas transformações e as
interações intermoleculares é essencial para a compreensão dos diversos fenômenos de transformação química
pelos quais as substâncias podem passar em processos industriais químico-farmacêuticos.
Preparação Antes de iniciar este conteúdo, certifique-se de que você tem papel e caneta para anotações, pois existem muitos
detalhes, e as anotações poderão ajudar em seus estudos.
Objetivos
Introdução
Neste conteúdo, estudaremos os estados físicos das substâncias resultantes do fluxo de energia
(fluxo de entrada e saída) entre os vários estados físicos. Esse fluxo de energia provoca mudança na
energia interna da matéria, que vibra de forma diferenciada.
Desse modo, aprofundaremos os estudos nas características gerais dos estados físicos mais
comuns: estados sólido, líquido e gasoso e também o estado físico plasma, que não é um estado
que existe nas condições normais da natureza, porém, em condições especiais ele se apresenta e
também será estudado.
Uma vez que os estados físicos estão presentes na natureza e as características principais tenham
sido estudadas (temperatura, forma, volume, energia interna e agitação/vibração molecular),
devemos responder a uma pergunta: como as moléculas em cada estado físico interferem umas
nas outras? Em outras palavras: como as moléculas componentes de um sólido interferem no
comportamento do sólido? E dos outros estados?
Vamos, então, entender as interações entre as moléculas e como influenciam em cada estado
físico. Estudaremos mais especificamente o estado gasoso, o qual apresenta uma série de
propriedades pelo fato de as moléculas que o compõem se apresentarem sempre com alta energia
e sob forte agitação molecular, porém, em condições aceitáveis e observáveis na natureza.
Definição de matéria
A matéria é definida como aquilo que existe e ocupa lugar no espaço. Podemos dizer que matéria é
somente aquilo que podemos tocar? A resposta correta é sim, mas nem sempre o toque é percebido
pelo ser humano. O toque é facilmente percebido em alguns estados físicos, mas em outros a
percepção torna-se um pouco dificultada. Qual a diferença entre eles? Para responder a essa questão,
devemos estudar a natureza da matéria e quais fenômenos estão presentes de modo a caracterizar
cada estado físico.
Natureza da matéria
Toda substância é formada por um conjunto de átomos ligados entre si que formam o que chamamos
de molécula. As substâncias que existem na natureza apresentam formas geométricas bem
específicas e podem ser vistas na Figura 1, em que a representação de um conjunto de moléculas
genéricas é apresentada.
A Figura 2 mostra a estrutura da matéria e suas partículas constituintes. Conforme dito anteriormente,
a matéria é formada por moléculas. Essas moléculas são constituídas por átomos compostos por
prótons e nêutrons em uma região chamada núcleo e por outra região externa ao núcleo onde se
encontram os elétrons. Se os átomos forem subdivididos, poderão formar partículas elementares
chamadas glúons, quarks e os elétrons que já estavam presentes na estrutura do átomo.
Comportamento da matéria
Como tudo na natureza, a matéria apresenta-se em contínuo movimento. Mesmo que esse movimento
seja muito pequeno e imperceptível aos nossos olhos, ele está lá. Imagine, agora, um objeto qualquer
sobre a mesa. Embora aos nossos olhos ele pareça completamente parado, em nível molecular
(microscópico), suas moléculas continuam se movimentando. Logo, podemos dizer que toda matéria
apresenta movimento microscópico. A ausência de movimento é uma condição teórica nunca
alcançada na natureza em uma temperatura extremamente baixa chamada de zero absoluto. Na escala
Celsius, essa temperatura corresponde a –273,15°C. O recurso a seguir mostra esse comportamento
da matéria no zero absoluto ou fora dele:
arrow_forward
Fora do zero absoluto: temperatura maior que – Zero absoluto: temperatura –273,15°C
273,15°C
O zero absoluto é a temperatura na qual as
Os átomos se movem ou vibram o tempo todo e moléculas da matéria não possuem energia
têm energia. cinética, portanto, todas as partículas param de
se mover, de acordo com a mecânica quântica.
Comentário
Dependendo da temperatura, a matéria (ou seus constituintes — átomos e moléculas) apresentará maior ou menor movimento
(sempre acima do zero absoluto). Isso tem relação direta com sua energia interna. Logo, o fluxo de energia influencia o
comportamento da matéria e consequentemente sua mudança de fase.
Processos que necessitem de aumento de temperatura para ocorrerem são chamados endotérmicos.
Podemos dizer que a entalpia do processo aumenta. Processos em que há redução de temperatura
para que eles aconteçam, dizemos que são processos exotérmicos. Esses dois processos apresentam
fluxos de energia distintos que podem ser vistos na Figura 3.
Nos processos exotérmicos a energia sai da substância, provocando o resfriamento dela, enquanto nos
endotérmicos, a energia do meio entra na substância, provocando seu aumento de temperatura.
Movimento caótico
Estado 4 Não ocorre Não ocorre
energizado
Atenção!
Podemos afirmar também que toda vez que a energia entra na matéria, ela provoca aumento da energia interna de suas
moléculas. Na natureza, são observados três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Em condições excepcionais, podemos
incluir o plasma como quarto estado físico da matéria.
Mas como podemos diferenciá-los? Comecemos pelos estados sólido e líquido. Para ilustrar esse
conceito, imagine dois recipientes: um que contém água retirada da torneira e outro que contém pedras
de gelo recém retiradas do congelador. Embora os estados físicos sejam perceptíveis a olho nu, alguns
detalhes podem não ter sido observados:
A água sólida (gelo) se apresenta com forma definida e temperatura inferior à da água líquida.
Em relação à energia interna e temperatura, o sólido apresenta propriedades inversas às do
líquido: a energia contida na água sólida é menor que a energia contida na água líquida.
Nesses dois casos, pode-se tocar na substância e perceber o estado físico que
elas apresentam, porém, as duas apresentam particularidades. Essas duas
observações nos levam a refletir sobre o conceito de vibração molecular ou
agitação molecular.
Quando a matéria é atingida por fluxo de energia, a movimentação das moléculas aumenta. Nesse
caso, temos a vibração ou agitação molecular aumentando. Podemos dizer também que a matéria
mais fria (no estado sólido) apresenta vibração ou agitação molecular menor do que a mesma
substância em estado líquido. Agora, vamos definir o conceito de vibração ou agitação molecular?
Vibração ou agitação molecular
É o movimento que as moléculas fazem naturalmente, entretanto, é alterado quando a matéria recebe
fluxo de energia. Se o fluxo é de entrada, ocorre aumento da temperatura e da vibração. Se a energia for
removida, ocorre queda da temperatura e da vibração molecular.
O conceito de vibração molecular que discutimos e que foi usado como exemplo para a mesma
substância (água) nos estados físicos sólido e líquido, também pode ser aplicado à diferenciação dos
demais estados físicos. A Figura 4 mostra a mesma substância, água, em três estados físicos distintos:
Depois do que foi exposto até aqui, ficou fácil perceber que os diferentes estados físicos podem existir
para a mesma substância. Lembre-se de nosso exemplo, quando fizemos a comparação da água em
dois estados físicos distintos. No exemplo, podemos dizer que as moléculas de água no estado sólido
estão próximas umas das outras. No estado líquido, a proximidade das moléculas começa a diminuir.
No estado gasoso, esse distanciamento é o maior de todos (no plasma, o distanciamento não é tão
diferente).
Podemos então, começar a falar sobre os estados físicos principais e suas características.
Estado sólido
Começaremos pelo estado menos energético: o estado sólido. Esse estado é aquele em que a
matéria contém baixa energia interna, baixa agitação ou vibração molecular; ou seja, no interior
do material há pouca energia. O efeito imediato disso é a forma que os sólidos assumem:
apresentam forma e volume definidos. A definição do estado sólido é:
Estado físico que apresenta energia interna baixa, vibração molecular lenta e, por
consequência, baixa temperatura quando comparado com materiais em outros estados físicos.
Estado líquido
O estado líquido é aquele em que a energia interna da matéria é maior que no estado sólido,
porém, menor que no estado gasoso. É um estado de energia intermediária. O aumento da
energia interna provoca perda da forma (resultante também do aumento da agitação ou vibração
molecular), porém, pequena alteração em seu volume. Comparativamente ao estado sólido, um
mesmo material no estado líquido apresenta maior temperatura. A definição de estado líquido é:
Estado físico que apresenta energia interna maior que o mesmo material no estado sólido,
vibração molecular maior e, por consequência, maior temperatura quando comparado com
materiais em estado sólido.
Estado gasoso
O estado gasoso é aquele que apresenta maior energia interna quando comparamos com os
demais estados físicos da matéria e, consequentemente, o que apresenta maior temperatura. É
o estado no qual a agitação/vibração molecular é maior com consequente perda de volume
próprio, pois a matéria no estado gasoso tende a ocupar todo o recipiente no qual está contida.
A definição de estado gasoso é:
Estado físico em que a energia interna é alta com consequente aumento de temperatura e
agitação/vibração molecular quando comparado aos demais estados físicos (sólido e líquido).
Plasma
Se o gás continua a ser energizado, algumas moléculas se ionizam, isto é, passam a ter cargas,
fato que muda o estado físico do gás para o estado físico chamado plasma. Logo, a definição de
plasma é:
Estado físico em que a temperatura, a energia interna e a vibração são altíssimas. É o estado
mais energético de todos. O movimento das moléculas do plasma também é caótico, porém
com energia maior que as do estado gasoso. Não há volume e forma definidos como o gás.
Veja a Figura 5 e observe como ela complementa o Quadro 2. Nela é possível perceber a forma da
substância sólida e a forma do recipiente que é “copiada” pela substância no estado líquido e gasoso.
Figura 5 – Propriedades dos estados físicos – forma e volume.
Saiba mais
Existem duas formas de se utilizar a palavra estado. Quando ela é escrita com letra minúscula, refere-se ao estado físico.
Exemplo: estado líquido da água. Quando ela é escrita com letra maiúscula, refere-se ao Estado termodinâmico de determinada
substância. O Estado refere-se à condição termodinâmica de determinada substância em dada pressão, volume e temperatura.
Exemplo: Estado do gás ideal (que vamos estudar mais à frente).
Ponto crítico
O ponto crítico é a região da curva líquido-gás que limita essa curva: além desse ponto, a curva não
existe. O que ocorre, então, nesse ponto? Há equilíbrio entre as fases líquida e gasosa, porém os dois
apresentam a mesma densidade. Em outras palavras: não há como distinguir o líquido do gás. Mas
podemos e devemos diferenciar gás e vapor.
Vapor Gás
Se uma substância é gasosa em uma O gás é aquela substância que se
temperatura inferior à temperatura close apresenta gasosa em uma
crítica (Tcrit), essa substância é temperatura superior à Tcrit. O gás,
chamada de vapor. O vapor pode ser mesmo com aumento de pressão, não
convertido em líquido (curva líquido- se converte em líquido (lembre-se: se a
gás) ou em sólido (curva sólido-gás). temperatura estiver acima da
Como exemplo: vapor-d’água (nunca temperatura crítica).
dizemos: gás água).
De modo geral, quanto mais próximas estiverem as moléculas umas das outras, mais próxima do
estado sólido a substância estará. Essa proximidade dificultará a movimentação das moléculas,
fazendo com que esse estado apresente forma e volume definidos. A movimentação das moléculas ou
a liberdade de movimento delas favorece o estado físico no qual a forma fixa é perdida, como é o caso
dos gases e dos líquidos. Estamos estudando fenômenos físicos, em que não há alteração química das
substâncias. A Figura 7 mostra a representação dos quatro estados físicos, a distância média entre as
moléculas em função da temperatura e da energia:
Atenção!
É importante notar que, nos estados gasoso e plasma, o distanciamento das moléculas não se modifica tanto, porém, a energia
interna sim. Nesse caso, ocorre aumento da energia no plasma e consequente agitação entre as moléculas. Isso resulta no
conceito de plasma como o estado gasoso mais energético. Embora ele esteja descrito aqui junto com os outros três estados
físicos, sua obtenção é alcançada somente em condições atípicas. Não se observa o plasma em condições naturais de pressão e
temperatura, mas ele existe, e é por isso que o estamos estudando.
A proximidade entre as moléculas de sólidos permite a interação entre elas. De forma contrária, a
interação entre moléculas contidas no gás ou plasma é reduzida por dois aspectos: distanciamento
entre as moléculas e alta energia, que faz com que as moléculas se movimentem em alta velocidade. A
interação entre as moléculas tende a ser reduzida.
Matéria, mudanças de estado físicos e características
video_library dos estados
Neste vídeo, o especialista Marcio Franco apresenta os conceitos de matérias e os processos de
mudança de fase utilizando exemplos práticos. Vamos lá!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
Uma amostra de substância chegou ao laboratório para ser analisada. Ao receber a amostra, o
analista anotou as seguintes características: amostra sólida, fria, apresentando odor estranho e cor
escura. Ela foi preservada em ambiente resfriado até ser analisada. Sobre o estado físico da amostra
indicado pelo analista, assinale a alternativa correta:
O estado sólido, menos energético que o estado líquido, apresenta alta agitação
B
molecular, fato responsável pela perda de forma e volume constante.
O estado sólido, menos energético que o estado líquido, apresenta baixa agitação
C
molecular, fato responsável pela perda de forma e volume.
O estado sólido, mais energético que o estado líquido, apresenta baixa agitação
D
molecular, fato responsável pela perda de forma e volume.
O estado sólido, menos energético que o estado líquido, apresenta baixa agitação
E
molecular, fato responsável pelo ganho de forma e volume definidos.
O estado sólido é o menos energético de todos os estados físicos, e a queda na energia interna faz
com que a agitação/vibração molecular seja reduzida. Com isso, há queda na temperatura. O
conjunto de agitação baixa e energia baixa faz com que as unidades moleculares fiquem próximas
umas às outras, fato que contribui para que a forma e, consequentemente, o volume sejam definidos.
Questão 2
A agitação molecular define o tipo de estado físico, mas somente isso não se aplica à diferenciação
entre estado gasoso e plasma. Conforme estudado, existe outra propriedade que, juntamente com a
agitação molecular, consegue diferenciar esses dois estados físicos. Marque a opção que melhor
diferencia o estado físico gasoso do plasma:
O plasma se parece muito com o estado gasoso, mas apresenta algumas diferenças que o fazem ser
um estado físico distinto: é altamente energético (mais que o estado gasoso), as moléculas
apresentam alta agitação molecular (mais que o estado gasoso também). Embora a distância entre
as moléculas seja praticamente a mesma, a agitação é superior, fato que promove choque estre as
moléculas e aparecimento de cargas. A este conjunto de características dá-se o nome de estado
físico plasma.
2 - Mudanças de estado e interações intermoleculares
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as mudanças de fase da matéria, bem como as interações intermoleculares e
suas influências nas propriedades de cada estado físico.
Vimos que as energias internas da substância em cada estado físico mudam. Uma representação
interessante é mostrada a seguir:
Redução de temperatura
Exemplo
Como exemplo, podemos dizer que uma substância que se apresenta no estado sólido pode mudar de estado se esse sólido for
submetido ao aquecimento. Dessa maneira, estaríamos fornecendo energia à substância, que passa por uma mudança de estado
físico.
O estudo das mudanças de estado configura uma parte da físico-química muito importante para
entendermos o comportamento dos materiais. A mudança de estado físico promove mudança de
comportamento, embora a natureza da substância seja a mesma.
O estado físico também pode ser chamado de fase. Em uma mesma fase, as substâncias podem
apresentar temperaturas diferentes. Como exemplo, podemos ter água líquida a uma temperatura de
40°C ou a mesma água líquida a uma temperatura de 75°C. Isso também é verdadeiro para os outros
estados físicos.
Você imagina por que a pressão é importante para essas mudanças de fase?
Resposta
A pressão atmosférica age na matéria sempre tentando aproximar as moléculas umas das outras. Logo, se estamos em uma
região onde a pressão é menor, as moléculas da substância estarão mais afastadas. Consequentemente, a mudança de fase é
facilitada.
Como exemplo, podemos citar a ebulição da água. Ao nível do mar, a pressão atmosférica é de
760mmHg e a temperatura de ebulição da água é de 100°C. Entretanto, se estivermos no topo do
Monte Everest, onde a pressão atmosférica é de 240mmHg, a temperatura de ebulição diminui e a água
passa do estado líquido para o gasoso à temperatura de aproximadamente 71°C.
Outra questão importante é que, durante uma mudança de fase, a temperatura nunca muda: todo fluxo
de energia fornecido à substância ou retirado dela é usado para a mudança de fase. Podemos dizer
também que se a energia aumenta em um estado, sua entalpia (H) também aumenta. Logo, o estado
gasoso apresenta maior entalpia que o líquido. Vamos nomear essas mudanças de estado físico? As
principais mudanças de fase são:
a. Fusão.
b. Ebulição, gaseificação, vaporização ou evaporação.
c. Condensação ou liquefação.
d. Solidificação.
e. Ionização.
f. Desionização ou recombinação.
g. Sublimação.
h. Ressublimação.
Fusão
Mudança do estado sólido para o estado líquido da mesma substância. O exemplo clássico para esse fenômeno é o
derretimento do gelo (passagem da água estado sólido para o estado líquido). Note que estamos falando de um
fenômeno físico, portanto, a água não muda sua composição nos dois estados: continua sendo água. A temperatura
constante em que uma substância passa pela fusão é chamada de temperatura de fusão ou ponto de fusão.
Vaporização
É o termo geral utilizado para qualquer tipo de passagem do estado líquido para o estado gasoso. Entretanto, esse
processo pode receber outras denominações, de acordo com a forma pela qual ocorre, tais como: ebulição, evaporação e
calefação. Cada substância possui uma temperatura específica e constante na qual entra em ebulição. A esta
temperatura damos o nome de temperatura de ebulição ou ponto de ebulição. Novamente, o exemplo clássico é a
ebulição da água durante seu processo de fervura.
Condensação ou liquefação
No processo de liquefação, ocorre redução da energia do sistema. É um processo de retorno da substância que estava
no estado gasoso para o estado líquido. Nessa transformação, há reaproximação das moléculas e redução de
temperatura. É o processo oposto à ebulição. A temperatura em que esse processo ocorre é chamada de ponto de
condensação ou temperatura de condensação.
Obs.: Por se tratar de fenômenos opostos, o valor do ponto de ebulição é exatamente igual ao ponto de condensação
(se as transformações ocorrerem em condições iguais de pressão).
Solidificação
No processo de solidificação, há mudança do estado líquido para o estado sólido. Com isso, há perda de energia e
redução na movimentação das moléculas componentes da substância. A temperatura em que ocorre essa mudança de
fase é chamada de temperatura de solidificação ou ponto de solidificação, porém, como se trata de um fenômeno
oposto à fusão, o valor de temperatura é exatamente igual. Note que o processo é o oposto (se realizado à mesma
pressão que a fusão):
Se as substâncias dos processos forem as mesmas e a pressão também, podemos dizer que T1 = T2.
Ionização
No processo de ionização, ocorre mudança de estado físico gasoso para o plasma. A energia do sistema aumenta, bem
como a agitação das moléculas envolvidas. Pelo alto valor energético, há formação de espécies com cargas ou íons
(causado pelos choques entre as moléculas) e, por isso, a transformação é chamada de ionização. Há aumento da
desordem do sistema pela alta velocidade do movimento das moléculas. A temperatura específica para a ocorrência
desse processo de mudança de fase chama-se de temperatura de ionização ou ponto de ionização.
Desionização ou recombinação
O processo de desionização ou recombinação é aquele em que há perda de energia do gás altamente energizado com
redução drástica do número de íons presentes. Ocorre reordenação do sistema com redução da velocidade de
movimentação das moléculas envolvidas. A temperatura específica para essa transformação de fase chama-se
temperatura de recombinação ou ponto de recombinação.
Sublimação
Mudança de estado físico que parte de um sistema que apresenta baixa energia interna (estado sólido) e passa
diretamente ao estado gasoso sem passar pelo estado líquido. Isso ocorre pela baixa interação entre as moléculas do
sólido, que é quase completamente perdida quando as moléculas começam a se distanciar com o ganho de energia. O
estado líquido não se estabiliza pela baixa interação entre as moléculas, que assumem comportamento do estado
gasoso. Há aumento de energia e aumento da agitação molecular. A temperatura para esse processo ocorrer é chamada
de temperatura de sublimação ou ponto de sublimação.
Ressublimação
Fenômeno oposto ao da sublimação: mudança do estado gasoso diretamente ao estado sólido sem passar pelo estado
líquido. Quando a substância gasosa começa a perder energia interna, o esperado seria ocorrer a liquefação, porém se
ela não apresenta estabilidade (ou boa interação entre as moléculas no estado líquido), ocorre a passagem direta da
substância do estado gasoso para o sólido com queda brusca da energia interna e agitação molecular. A temperatura
para esse processo ocorrer é chamada de temperatura de ressublimação.
Ebulição
Passagem do estado líquido para o gasoso que acontece quando fornecemos energia externa, geralmente calor, ao sistema. Ocorre a
uma temperatura específica, acompanhada da agitação das moléculas e da formação de bolhas.
Evaporação
Passagem do estado líquido para o estado gasoso de forma lenta e imperceptível, principalmente na superfície do líquido, sem que
haja aparecimento de bolhas ou agitação do líquido.
Calefação
Passagem abrupta do estado líquido para o estado gasoso. Ocorre quando o líquido encontra uma superfície com temperatura muito
superior ao seu ponto de ebulição.
Agora que estudamos os conceitos de todas as mudanças de fase, vamos resumir os fenômenos de
mudança de estado físico? A Figura 8 mostra as correlações entre cada estado, a distância entre as
moléculas nos estados físicos, as transformações de fase e a energia de cada uma delas.
Diamante Suco Nuvens Gás neon ionizado
Atenção!
É importante falarmos novamente sobre como ocorrem as variações de energia ao longo das mudanças de estado.
A Figura 9 mostra as mudanças de estado físico que ocorrem quando há aumento de temperatura.
Partindo-se do estado sólido — menos energético ou mais frio —, pode-se observar que o sólido
persiste mesmo com aumento de temperatura. Quando é alcançada a temperatura de mudança de fase
(temperatura de fusão), a temperatura permanece constante e há coexistência dos dois estados físicos
(sólido + líquido) até que todo o sólido sofra a fusão.
Se mantivermos o fornecimento de calor, a temperatura do sistema volta a subir sem que haja
mudança no estado físico da substância até que a temperatura para a ebulição seja atingida. Ocorre
novamente a coexistência de dois estados físicos (líquido + gasoso) e a temperatura volta a ficar
constante, mesmo que continue o aquecimento do sistema — essa energia excedente é usada na
mudança de fase, logo, a temperatura não aumenta. Depois, o gás aquece até atingir a condição para
nova mudança de fase e passa para o plasma (não mostrado na Figura 9).
a. Forças dipolo-dipolo.
b. Forças íon-dipolo.
c. Forças de dispersão de London.
d. Ligação de hidrogênio.
Para iniciarmos nossa discussão sobre os tipos de forças de Van der Waals,
precisamos entender o conceito de dipolo. Um dipolo é constituído pela
presença de duas cargas opostas (dois polos), porém, presentes na mesma
molécula ou composto iônico (sal).
Veja a representação da molécula de água, mostrada na Figura 11. Na mesma molécula, há a presença
da carga parcial negativa concentrada no oxigênio (carga –2) e duas cargas parciais positivas
concentradas nos hidrogênios (carga +1 em cada hidrogênio). O termo carga parcial deve ser utilizado
em cargas apresentadas em moléculas formadas por ligações do tipo covalente. Dizemos, então, que
há na molécula de água um dipolo formado por dois polos diferentes: um polo positivo e outro polo
negativo. Note que a carga total na água é zero, pois:
Fórmula: H2O
Composição: 2 hidrogênios + 1 oxigênio. Se cada hidrogênio tem carga +1 e cada oxigênio tem carga –
2: 2 x (+1) + (–2) = + 2 – 2 = 0 (carga total presente na molécula de água)
Figura 11 – Representação da molécula de água e suas cargas parciais positiva (δ+) e negativa (δ-).
A partir do momento em que cargas parciais são observadas, essas cargas podem passar a interagir
entre moléculas diferentes. Logo, a presença de cargas é condição importante para o aparecimento
das forças atrativas entre moléculas diferentes.
Forças dipolo-dipolo
As forças dipolo-dipolo ocorrem em substâncias cujas moléculas são polares. A atração que ocorre é
chamada de atração líquida. Como as moléculas estão em contínuo movimento, os dipolos se
encontram todo o tempo e fenômenos de atração e repulsão também ocorrem a todo momento, porém,
o efeito atrativo é mais evidente resultando no processo chamado de atração líquida. É importante
lembrar que:
A Figura 12 ilustra esse fenômeno. Note que há atração entre as cargas parciais opostas e repulsão
entre as cargas parciais iguais. Como as moléculas têm mobilidade, essas forças atrativas e repulsivas
ocorrem o tempo todo. Como exemplo, podemos citar as seguintes substâncias: SO2, HBr e HCl.
Figura 12 – Interação dipolo-dipolo.
Forças íon-dipolo
Estudamos até aqui que a atração entre moléculas que apresentam carga se chama força dipolo-
dipolo. Imaginemos agora que um sal (que possui carga real mais intensa que a carga parcial, pois os
sais são formados por ligações iônicas) é adicionado a uma substância covalente, que apresente carga
parcial como a água. Se isso ocorre, o sal se dissolve imediatamente:
+ −
NaCl + H 2 O → Na + Cl
(aq) (aq)
Obs.: aq na reação química indica que os íons Na+ e Cl- estão solúveis em água ou no sistema
aquoso.
O aparecimento das cargas faz com que estas sejam atraídas pelas cargas parciais opostas presentes
na água. Essa interação é chamada de íon-dipolo. A Figura 13 mostra essa interação. O sal XY, após
ser solubilizado em água, apresenta a formação dos íons X+ e Y-. Depois, o íon X+ passa a ser atraído
pela parte negativa da água e o íon Y- pela parte positiva.
Figura 13 – Interação íon-dipolo.
Você sabia que em substâncias apolares pode haver uma pequena força
atrativa? Ela se origina pelo aparecimento de cargas temporárias. Alguns
fenômenos de aparecimento de cargas temporárias podem ser explicados
pelos conceitos de agente polarizante e polarizabilidade.
Agente polarizante
Moléculas que provocam o aparecimento de cargas temporárias em outras moléculas apolares
volumosas. O agente polarizante deve ter carga alta para influenciar a formação de carga em outra
molécula.
Polarizabilidade
Tendência que moléculas apolares (sem carga) e de estruturas volumosas apresentam de sofrerem
ação de uma carga externa com o aparecimento de duas cargas parciais: uma parcial positiva (δ+) e
outra parcial negativa (δ-). Quanto maior a polarizabilidade de uma molécula, mais facilmente sua
nuvem eletrônica será distorcida com o aparecimento do dipolo temporário. Aqui, as cargas são
formadas pela ação de uma molécula ou agente polarizante, e não um íon como ocorre na força íon-
dipolo.
Comentário
As forças de dispersão de London dependem da proximidade entre as moléculas. Podemos dizer, então, que se as moléculas
estão distantes umas das outras, as forças de dispersão de London são enfraquecidas.
Podemos citar como exemplo a molécula de iodo, I2, cuja estrutura pode ser vista na Figura 14. Essa
molécula apresenta carga nula: é uma molécula apolar, porém, com volume grande da nuvem de
elétrons (simbolizados pela cor violeta) ao redor do núcleo dos dois átomos de iodo que compõem a
molécula.
Esse volume grande faz com que os elétrons se movimentem como se fossem uma grande bolha que,
em dado momento, se acumulam mais em um iodo do que no outro. Onde há o acúmulo da nuvem, há
formação da carga parcial negativa (δ-). Em contrapartida, no outro iodo, há formação de carga parcial
positiva (δ+). A partir desse momento, as cargas perturbam as moléculas de iodo vizinhas criando uma
sequência de cargas parciais e o fenômeno de atração líquida se inicia. Nesse exemplo, o iodo tem a
característica polarizante e apresenta polarizabilidade também. Dizemos que ele é polarizante e
polarizável ao mesmo tempo. A força de atração líquida causada pela interação de cargas parciais é
chamada de forças de dispersão de London e depende diretamente da distância entre as moléculas
presentes.
Ligação de hidrogênio
As ligações de hidrogênio são um tipo especial de força intermolecular ou força de Van der Waals. De
forma mais detalhada, poderíamos dizer que as ligações de hidrogênio são um caso especial de forças
dipolo-dipolo.
Saiba mais
O fenômeno de atração entre as moléculas ocorre da mesma maneira: atração líquida resultante das forças atrativas de cargas
opostas e repulsivas de cargas iguais presentes em moléculas polares. Aqui, porém, a interação dipolo-dipolo é mais forte. Isso
ocorre quando o hidrogênio presente em moléculas polares interage com átomos de nitrogênio, oxigênio e flúor de outra
molécula.
A Figura 15 mostra uma ligação de hidrogênio entre a carga parcial negativa (δ-) de uma molécula de
água e a carga parcial positiva (δ+) de outra molécula de água. Note que a distância da ligação química
é menor (mais forte — 96,5 picômetros — pm) do que a ligação de hidrogênio (mais fraca — 177
picômetros — pm). Lembre-se de que já comentamos que as forças intermoleculares sempre são mais
fracas que as ligações químicas. Podemos citar algumas moléculas em que as ligações de hidrogênio
são observadas: HCN, HF, H2SO4, entre outras.
Por fim, devemos fazer a comparação entre todas as forças de Van der Waals estudadas até aqui.
As forças de dispersão de London são as mais fracas, pois se originam de cargas temporárias e
dependem muito da aproximação das moléculas. A força de Van der Waals, chamada dipolo-dipolo, é
aquela na qual cargas parciais permanentes estão presentes nas moléculas resultando em uma força
atrativa mais forte. Com força de atração superior a esta, temos a ligação de hidrogênio, resultante da
interação especial dipolo-dipolo mais forte. A força de Van der Waals do tipo íon-dipolo é a mais forte
delas, pois resulta da interação entre um polo real (íon) e um dipolo permanente. Resumindo:
Forças de London < Força
Força aumenta
Influência das forças intermoleculares nas mudanças de estado
físico
Já falamos sobre matéria, estado físico, mudanças de estado e forças intermoleculares, relatamos
como essas forças interferem nas mudanças de estado e, consequentemente, na matéria. Ainda,
falamos sobre o fluxo de energia exigido para as mudanças de estado e aprendemos que, à medida que
o estado físico apresenta maior energia interna, maior é o distanciamento entre as moléculas.
Resumindo:
Variação de energia:
Energia interna do sólido < Energia interna do líquido < Energia interna do gasoso
As forças intermoleculares tendem a aumentar a atração entre as moléculas, e quanto mais forte for
esse efeito, maior a aproximação entre elas, consequentemente, a força líquida atuará, dificultando a
mudança de estado físico para estados mais energéticos, nos quais as moléculas estão mais
separadas.
Em outras palavras, as energias (ou temperaturas) necessárias para mudança de fase (ponto de fusão
ou ebulição por exemplo) são sempre maiores quanto mais fortes forem as forças de Van der Waals
presentes.
Exemplo
Imagine a mudança do estado sólido para o estado líquido (ou fusão). Nessa mudança de fase, é necessário que haja
afastamento das moléculas para que a mudança ocorra, e isso é conseguido por aquecimento. Se a mudança ocorre com
afastamento das moléculas umas das outras, podemos dizer que, caso as moléculas se separam com maior facilidade, mais
facilmente mudarão de estado físico. Logo, quanto menor a força intermolecular, mais facilmente ocorrerá o processo de fusão.
Comparemos duas substâncias já descritas: a água e o iodo. A água e o iodo apresentam forças
intermoleculares distintas:
Conforme estudamos, as forças de London são mais fracas que as ligações de hidrogênio. Isso faz
com que o iodo passe diretamente para o estado gasoso (sublimação) à temperatura de 25°C
(temperatura ambiente). Para a água sofrer ebulição, entretanto, é necessário que a sua temperatura
atinja o valor de 100°C. Essas diferenças podem ser explicadas pelas forças intermoleculares
presentes em cada composto desse exemplo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Um grupo de alunos de ciências iniciou uma aula prática de laboratório sobre mudança de estado
físico. O professor efetuou dois procedimentos: em um recipiente, colocou duas pedras de gelo e
mediu a temperatura com o termômetro. A temperatura foi aumentando vagarosamente até que em
0°C iniciou-se a mudança de fase (fusão do gelo em água líquida). Em outro recipiente, o professor
colocou duas pedras de gelo e acrescentou sal de cozinha sobre o gelo. Repetiu o procedimento e
manteve o termômetro em contato com o gelo. Após o início da fusão, a temperatura marcada no
termômetro indicava a temperatura de 7°C. Marque a opção que explica corretamente o fenômeno
ocorrido:
O procedimento está correto, pois a adição de sal aumenta a força de atração entre as
C moléculas. Antes eram somente ligações de hidrogênio e, após a adição do sal,
forças de London passaram a existir.
O procedimento está correto, pois a adição de sal aumenta a força de atração entre as
D cargas do sal e as moléculas de água. Antes eram somente ligações de hidrogênio e,
após a adição do sal, forças de London passaram a existir.
O procedimento está correto, pois a adição de sal aumenta a força de atração entre as
E cargas do sal e as moléculas de água. Antes eram somente ligações de hidrogênio e,
após a adição do sal, forças íon-dipolo passaram a existir também.
A mudança de estado físico é alcançada com o fornecimento de energia ao gelo. Se não é feito
aquecimento, o próprio gelo rouba energia do ambiente para efetuar a mudança de estado. Se
estamos falando de água pura, as únicas forças intermoleculares que devem ser vencidas para a
mudança de estado são as ligações de hidrogênio. Isso ocorre quando a temperatura de 0°C é
alcançada. No segundo experimento, no qual é adicionado sal de cozinha (NaCl) ao gelo, percebe-se
o aumento da temperatura em que a fusão acontece (7°C). Isso ocorre pois, quando o sal é
adicionado, forças íon-dipolo passam a atuar. O sal, quando em contato com a água, sofre a seguinte
dissociação: NaCl → Na+(aq) + Cl-(aq). Os íons positivos (Na+) passam a interagir com a carga parcial
negativa da água e os íons negativos (Cl-) passam a interagir com a carga parcial positiva da água,
resultando na maior dificuldade para afastar as moléculas de água umas das outras, fato
característico do estado líquido.
Questão 2
As forças íon-dipolo são as mais fortes, pois resultam da interação entre íons e
A
moléculas dipolares presentes na substância.
As forças de London são as mais fracas, pois não dependem da distância e sim da
B
presença de moléculas interagindo na substância.
As forças íon-dipolo são as mais fortes, pois resultam da interação entre moléculas
C
dipolares presentes na substância.
As forças de Van der Waals são as mais fortes de todas, pois resultam da interação
D
entre um íon e uma molécula existente na substância.
As forças íon-dipolo são as mais fortes, pois resultam da interação entre íons
E
presentes na substância.
Conforme estudamos, as forças íon-dipolo são as mais fortes pela interação entre uma carga real e
uma carga parcial permanente de uma molécula presente na substância. Quando se fala em
moléculas dipolares, estamos nos referindo à existência de duas cargas diferentes: positiva e
negativa, que podem ser permanentes ou temporárias. Complementando essa justificativa, as
substâncias moleculares apresentam cargas parciais permanentes ou temporárias e os compostos
iônicos ou sais apresentam cargas reais. As cargas reais são sempre maiores que as parciais.
3 - O estado gasoso
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o comportamento e as propriedades das substâncias no estado gasoso.
O estado gasoso
O estado gasoso apresenta-se como o estado físico da matéria mais simples, pois, como vimos, os
gases assumem a forma dos recipientes que os contêm, não apresentando volume definido. Os gases
devem ser imaginados como um conjunto de moléculas (ou átomos, se estivermos falando de gases
nobres) em movimento constante.
Atenção!
A velocidade de movimentação de um gás, chamada de velocidade espacial, muda à medida que a temperatura se altera: quanto
maior a temperatura do gás, maior sua velocidade espacial.
Um gás é diferente de um líquido pelo fato de apresentar suas moléculas muito mais distantes umas
das outras. A proximidade entre elas só aumenta quando as moléculas colidem num movimento
aleatório caótico chamado de caos molecular.
Experimentalmente, foi observado que cada gás é descrito por uma equação que reúne as três
variáveis de Estado chamada de equação de Estado. Sua forma geral é dada por:
p = f (T,V,n)
Em que:
p = pressão apresentada pelo gás
T = temperatura apresentada pelo gás
V = volume apresentado pelo gás
n = número de mols do gás
Essa expressão nos informa que a pressão de um gás é definida por uma função f que varia em função
do volume e da temperatura (levando-se em consideração o número de mols do gás em estudo).
A primeira lei é a relação constante entre pressão (p) e volume (V). Matematicamente, pode ser escrita:
pV = constante
A partir dessa equação de Estado, é possível concluir que há uma relação inversamente proporcional
entre pressão e volume. Veja:
1 1
p ∝ e V ∝
V p
A explicação da Lei de Boyle é simples: se um gás estiver contido em um ambiente e esse ambiente
diminuir de tamanho (volume), o volume do gás será reduzido e consequentemente a pressão do
sistema aumentará. O efeito contrário também é verdadeiro.
Outras leis empíricas importantes são as que relacionam volume com temperatura, pressão com
temperatura e volume com número de mols. As relações são dadas nas equações que se seguem e
são conhecidas como Lei de Charles:
Atenção!
Essas três relações dão origem à expressão do Princípio de Avogadro, em que: volumes iguais de gases, nas mesmas condições
de temperatura e pressão, contêm o mesmo número de moléculas.
pV = constante x nT
Essa expressão traduz a Lei de Boyle quando n e T são constantes, e as demais relações empíricas
também. A constante de proporcionalidade que se mede experimentalmente é chamada constante R.
Reescrevendo a equação anterior com essa constante R, ela recebe o nome de equação de Clapeyron
ou dos gases perfeitos ou ideais:
pV = nRT
Em que:
R é uma constante
T = temperatura apresentada pelo gás
V = volume apresentado pelo gás
n = número de mols do gás
Saiba mais
O conceito de gás ideal ou perfeito é aquele no qual a interação entre as moléculas componentes do gás é nula, ou seja, não há
interação entre as moléculas. É um conceito teórico, pois a interação pode ser bem pequena, porém, nunca é zero. Então, para que
existe esse conceito? Para facilitar nossos cálculos que preveem o comportamento de gases quando as pressões forem
extremamente baixas (simplificação do cálculo matemático).
A equação dos gases perfeitos é mais exata quanto menor for a pressão do sistema. Em outras
palavras, podemos dizer que a equação dos gases perfeitos apresenta melhor resultado quando a
pressão tender a zero. Escrevemos: p→0. O Quadro 4 mostra a constante R nas unidades comumente
usadas:
Unidade de Unidade de
Valores de R Unidades de R
Temperatura Pressão
Obs.: 1J = N.m-1
Como a equação do gás apresenta três variáveis, e em uma mudança de Estado não consideraremos a
variação do número de mols do gás, as modificações gasosas sempre ocorrerão com uma das três
variáveis de Estado constante.
Desse modo, podemos dizer que existem três tipos de transformações gasosas: transformação
isotérmica (em que a temperatura é constante), isobárica (em que a pressão é constante) e isocórica
ou isovolumétrica (em que o volume é constante). Vamos estudá-las?
Transformações isotérmicas
São aquelas que ocorrem à temperatura constante. Para isso, vamos avaliar o gás antes da
transformação (indicado pela condição 1) e depois dela (indicado pela condição 2). As equações de
Estado em cada condição são escritas a seguir:
Condição 1:
p1V1=nRT1
Rearranjando:
p1 V1
T1 =
nR
Condição 2:
p2V2=nRT2
Rearranjando:
p2 V2
T2 =
nR
Se T1 = T2, pois a transformação é isotérmica:
p1 V1 p2 V2
=
nR nR
Transformações isobáricas
São aquelas que ocorrem em pressões constantes. Após a manipulação algébrica semelhante à
realizada no item anterior e utilizando-se p1 = p2 (pressões constantes), surge a relação das
transformações isobáricas:
T1 T2
=
V1 V2
p1 p2
=
T1 T2
Dois movimentos gasosos se destacam e devemos estudá-los com mais detalhe: o fenômeno de
difusão molecular e o de efusão de moléculas gasosas.
A efusão molecular é um caso particular de difusão, em que os gases fluem por orifícios,
sempre se movimentando na direção da região de pressão mais baixa.
À esquerda está representada a difusão de gases, em que ocorre a mistura espontânea dos gases
1 e 2 se uma passagem é aberta entre as regiões que contêm os gases 1 e 2, separadamente.
À direita, a figura mostra o fenômeno da efusão, em que o gás passa da região de pressão maior
(região preenchida com moléculas de gás), através de um pequeno orifício ou vários orifícios,
para uma região de pressão menor (e que não contém gases). Nesse exemplo, o gás flui para a
região que apresenta pressão nula ou vácuo, valor inferior a qualquer outro valor de pressão
apresentada por uma região que contém gases dispersos. A limitação da passagem (orifício)
mostra que mesmo em regiões restringidas, a efusão é observada.
Lei de Graham
Estudamos no tópico anterior que os gases fluem (movimentam-se) espontaneamente por fenômenos
de difusão e efusão. Quando falamos de movimentação das moléculas de gases, esse movimento tem
relação direta com as energias cinéticas que esses gases possuem. Se essa energia cinética tem
relação direta com a temperatura, pode-se dizer que os gases que apresentam temperaturas maiores
se movimentarão com maiores velocidades.
Mas e quando a temperatura e a pressão dos gases durante seu movimento são
constantes?
Nesses dois processos, a velocidade de movimentação dos gases é definida pela Lei de Graham, que
estabelece a relação entre velocidade e densidade dos gases que se misturam. A equação é:
v1
= √ d 2 /d 1
v2
Em que:
v1 = velocidade do gás 1
v2 = velocidade do gás 2
d1 = densidade do gás 1
d2 = densidade do gás 2
Como estamos tratando de uma situação específica na qual as pressões p1 e p2 são iguais e T1 = T2, a
equação fica:
v1
= √ M 2 /M 1
v2
Em que:
v1 = velocidade do gás 1
v2 = velocidade do gás 2
M1 = massa molar do gás 1
M2 = massa molar do gás 2
Logo, a massa molar também interfere na velocidade de difusão e efusão de gases. Ou seja, quanto
menor for a massa, mais facilmente o gás realizará efusão e difusão.
p total = pA + pB + pC + pD
Em que:
Pressão total: soma das pressões parciais
pA, pB, pC, pD = pressão parcial de cada gás (A, B, C e D)
Cada gás pode ter sua pressão (pressão parcial) calculada pela expressão:
n gas RT
p gas =
V
Em que:
n = número de mols do gás em estudo
R = constante dos gases perfeitos
V = volume
A pressão parcial do gás também pode ser calculada pelo uso da fração molar do gás presente na
mistura. A fração molar é um tipo de concentração que leva em consideração o número de mols do gás
em estudo e o número de mols total de gases na mistura. Imagine uma mistura gasosa em que existam
2 mols do gás A e 16 mols do gás B.
Podemos escrever:
nA
XA =
n
nB
XB =
n
xA + xB = 1
0, 11 + 0, 89 = 1
A pressão parcial também pode ser escrita em função das frações molares dos gases presentes na
mistura. Para uma mistura de gases A, B, C e D, o cálculo da fração molar fica:
p A = x A (p total )
p A + p B + p C + p D = (x A + x B + x C + x D ) (p total )
Gases reais
Conforme estudamos, os gases até o momento são tratados segundo o comportamento ideal, ou seja,
em que não existem interações entre as moléculas componentes do gás. Já dissemos também que
esse comportamento é teórico, pois as interações moleculares estão presentes, principalmente, nos
gases que apresentam velocidade espacial alta, mesmo em baixas pressões.
Comentário
Quando essas interações são levadas em consideração, dizemos que os gases apresentam desvios em relação à lei dos gases
ideais. Esses desvios ocorrem pelo fato de os gases reais apresentarem forças repulsivas e atrativas que promovem fenômenos
distintos: as atrativas contribuem para a compressão gasosa e as repulsivas para as expansões.
Um fenômeno observado é que as moléculas gasosas com comportamento real tentarão se opor à
compressão quando uma força é aplicada. A essa ação contrária à compressão gasosa chamamos de
compressibilidade gasosa, simbolizada pelo fator de compressibilidade Z. Esse fator pode ser
compreendido como um fator de correção dos gases reais quando comparados ao gás ideal.
V real p⋅V
Z = =
V ideal R⋅T
Em que:
V = volume de 1 mol de gás
O valor de Z para gases ideais ou perfeitos é igual a 1. Logo, o desvio de Z em relação a 1 é a medida
do afastamento do gás em relação ao comportamento ideal.
Atenção!
Em pressões baixas, o valor de Z para a maioria dos gases é aproximadamente 1, porém, em pressões elevadas, todos os gases
apresentam Z > 1, o que mostra que é mais difícil comprimi-los do que um gás ideal. Nesse caso, as forças repulsivas são
dominantes. Em pressões intermediárias, a maioria dos gases têm Z < 1, o que mostra a dominação das forças atrativas que
favorecem a compressão.
Outras equações também são usadas para descrever o comportamento de gases reais. A equação de
Van der Waals foi desenvolvida baseada em dados experimentais, porém, serve como modelo mais
simples. É representada por:
RT a
p = − 2
V m −b Vm
Em que:
a e b = coeficientes de Van der Waals específicos para cada gás
Vm = volume molar
Questão 1
Dois gases armazenados em dois recipientes distintos (com o mesmo volume) e hermeticamente
fechados apresentam comportamentos diferentes. O gás 1, armazenado no recipiente A, apresentou
pressão interna de 1,02bar. O gás 2, armazenado no recipiente B, apresentou pressão interna 2,08bar.
As massas molares dos gases são ligeiramente diferentes. Sobre o comportamento esperado dos
gases e suas compressibilidades (valor esperado de Z), podemos dizer que
o gás 1 apresenta comportamento próximo do real, pois embora a pressão dele seja
D menor, é ainda uma pressão alta para gás ideal; da mesma maneira, o gás 2 tem
comportamento real pela pressão alta. Nos dois casos, o valor de Z é maior que 1.
o gás 1 apresenta comportamento ideal, pois sua pressão é baixa e, devido a isso, o
E valor de Z é muito menor que 1; já o gás 2 tem comportamento mais próximo do real,
pela sua pressão ser alta e o valor de Z é maior que 1.
Podemos efetuar essa comparação, pois o enunciado da questão deixou claro que as condições
eram as mesmas: temperatura e volume. A terceira variável de Estado é que mudou. O volume dos
recipientes 1 e 2 também eram os mesmos. Nessas condições, o gás que apresenta menor pressão
se aproxima mais do comportamento ideal e o valor de Z se aproxima de 1. O gás 2, por apresentar
maior pressão se aproxima mais do comportamento real e o valor de Z deve apresentar-se maior que
1. Nesta situação (em que o fator de compressibilidade é maior que 1), os efeitos repulsivos são
preferenciais.
Questão 2
headset Podcast
Neste podcast, o especialista Marcio Franco resume os principais pontos do tema. Confira!
Explore +
Leia o artigo A água e mudanças climáticas, de José Antônio Marengo, publicado na revista Estudos
Avançados, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, v. 22, n. 63, de 2008,
disponível na SciELO Brasil, na internet. Com o artigo, você complementa seus conhecimentos em
mudanças de estados físicos e os impactos dessas mudanças na saúde do planeta.
Referências
ATKINS, P. W. Físico-Química. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
RUSSEL, J. B. Química Geral, Vol. 1. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. p.162-215.
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