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01/06/2022

 Unidade de Ensino 2: Carboidratos

● Seção 2.3: Bioenergética: função do ATP. Oxidação


biológica. Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa. Vias
das pentoses-fosfato e outras vias do metabolismo das
hexoses.
Bioquímica Aplicada à Saúde

Prof. MSc. André B. da Silveira

 Nesta seção, daremos continuidade ao estudo das vias  Por exemplo: os equipamentos eletrônicos dependem da
metabólicas, abordaremos os componentes e o energia elétrica para o seu funcionamento, mas
mecanismo de funcionamento da cadeia respiratória e também podemos citar a luz, o calor, a correnteza de
veremos como os elétrons gerados em várias reações um rio e tantos outros exemplos.
oxidativas de diferentes vias metabólicas são utilizados
para a produção de energia na cadeia respiratória pelo  O que acabamos de citar são as diferentes
processo de fosforilação oxidativa. manifestações da energia, mas a verdade é que definir
energia é muito difícil, sendo bem mais fácil identificar
 Inicialmente, vamos estudar a bioenergética, que as suas manifestações, como energia elétrica, energia
aborda a transferência e a utilização da energia pelas luminosa, energia térmica, energia cinética, energia
células. potencial etc.

 Antes de nos aprofundarmos nesse conceito, vamos


definir energia.

 Você, provavelmente, tem uma noção do conceito de


energia.

 Mas como precisamos de uma definição, geralmente,  Além disso, a energia é necessária para a manutenção
associamos ela a conceitos físicos, então, a energia pode da composição dos meios intracelular e extracelular, a
ser definida como a capacidade de realizar trabalho movimentação do sistema biológico (flagelo e cílios, no
durante uma reação química ou fenômeno físico, ou caso da movimentação de células, e um sistema
seja, a energia é capaz de deslocar algo ou se opor às proteico que permite a contração de fibras musculares
forças contrárias. para a movimentação de um corpo), as vias de
biossíntese (ou anabólicas), o movimento de moléculas
 Por exemplo: a energia tem a capacidade de organizar e íons por meio da membrana plasmática e tantas
a matéria, deslocando as moléculas para organizá-las outras funções biológicas.
em células, que, posteriormente, podem ser deslocadas
para a organização de sistemas biológicos cada vez  A manutenção da vida depende da capacidade da célula
mais complexos, como tecidos, órgãos, até chegar a um em transformar uma forma de energia em outra.
organismo.

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 Essas transformações de energia que acompanham as  O sistema pode ser classificado em aberto (troca
reações químicas do sistema biológico (célula ou energia e matéria com o entorno), fechado (só troca
organismo) são estudadas pela bioenergética e são energia com o entorno) e isolado (não troca nada com o
condicionadas às leis da termodinâmica. entorno).

 Inicialmente, vamos definir alguns conceitos  As células são exemplos de sistemas abertos, pois
importantes da termodinâmica. trocam energia e substâncias com o meio circundante.

 O sistema é o nosso objeto de estudo, podendo ser um  Os conceitos de trabalho e energia já foram abordados
tubo de ensaio com uma determinada reação química anteriormente no texto, então, faltou definirmos calor,
ou uma célula; já e o que está ao redor do sistema e não que é a energia em movimento devido à diferença de
pertence a ele, chamamos de entorno ou vizinhança. temperatura entre dois meios.

 O universo, por sua vez, é o conjunto formado pelo


sistema e pela vizinhança ou entorno.

 Outros parâmetros importantes para a termodinâmica  A entalpia (H) é o parâmetro que mede a quantidade
são: energia interna, entalpia, entropia e variação de de energia de um sistema que pode ser transformada
energia livre (ou de Gibbs). em calor à pressão constante.

 A energia interna (U) corresponde ao conteúdo total de  Já a variação de entalpia, ou seja, a diferença entre as
energia do sistema, ou seja, a soma das energias entalpias final e inicial de um sistema, reflete a energia
cinética e potencial das moléculas constituintes do liberada e absorvida de um sistema em pressão
sistema. constante.

 A depender do valor da variação de entalpia, podemos


classificar as reações químicas e os fenômenos físicos
em exotérmicos e endotérmicos.

 Em um processo exotérmico, a variação de entalpia do  Precisamos diferenciar dois processos importantes: a


sistema é negativa, pois o sistema transfere energia na transformação física e a transformação química
forma de calor para o entorno, enquanto em um (também chamada de reação química).
processo endotérmico, a variação de entalpia do
sistema é positiva, pois recebe energia do entorno na  Na transformação física, as moléculas continuam
forma de calor. intactas, o que altera é a relação entre elas, isto é, as
ligações intermoleculares e a liberdade de
movimentação das moléculas.

 Como exemplo, temos o gelo (forma sólida), a água


(forma líquida) e o vapor de água (forma gasosa).

 Todas essas formas são constituídas pela mesma


molécula, então, o que muda?

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Estrutura do ATP e a reação de hidrólise do ATP para liberar energia


 Apenas a relação entre as moléculas de água.

 Já na transformação química ou reação química, as


moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são
transformadas em novas moléculas, diferentes das
iniciais, chamadas de produtos.

 Por exemplo: a queima da madeira, uma reação


química chamada de combustão.

 Nesse exemplo, a madeira, constituída por moléculas


orgânicas (presença do átomo de carbono), ao reagir
com o gás oxigênio (02) origina o gás carbônico (C02),
então, nessa reação química, temos os reagentes
carbono e gás oxigênio e o produto gás carbônico.

 Um homem adulto com cerca de 70 kg necessita de,  As reações de oxirredução (ou redox) estão
pelo menos, 2000 quilocalorias por dia para a presentes em muitas vias metabólicas, em espe-
manutenção das suas funções orgânicas. cial as relacionadas com a produção de energia.
 Em termos energéticos, essa quantidade de energia  Na oxidação, ocorre perda de elétrons, ou seja, há
corresponde a 83 kg de ATP, porém as pessoas dispõem aumento do valor do número de oxidação; já na
de apenas 250 gramas de ATP a qualquer momento, e redução, há ganho de elétrons, ou seja, há a
isso mostra que a nossa capacidade de regenerar o ATP diminuição do valor do número de oxidação.
tem que ser bem elevada.
 O número de oxidação está relacionado à carga elétrica,
 Cada molécula de ATP é regenerada cerca de 300 vezes real ou parcial, dos átomos constituintes das moléculas
por dia, e a principal fonte de regeneração de ATP é a reagentes.
fosforilação oxidativa que ocorre na mitocôndria.

 Oxidante é a molécula que provoca oxidação de outra  Apesar de o termo oxidação remeter ao gás oxigênio,
molécula e sofre redução; redutor é a molécula que muitas reações de oxidação ocorrem sem a participação
provoca redução de outra molécula e sofre oxidação. dessa molécula.

 Nas reações de oxirredução, temos a transferência de  O conjunto das reações de oxirredução que
elétrons do redutor para o oxidante; por exemplo: na ocorrem nos sistemas biológicos é denominado
descarboxilação oxidativa do piruvato, o que resulta na de oxidação biológica.
formação de acetil-CoA, o piruvato é o redutor, pois
perde elétrons e os transfere para o NAD+, que age
como oxidante.

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 A energia presente na glicose, nos ácidos graxos e nos


Equação resumida da respiração celular e o
aminoácidos é liberada aos poucos, em várias etapas,
processo redox da mesma
cada uma catalisada por uma enzima específica.

 Nessas etapas, a energia dessas fontes energéticas


pode ser transferida diretamente para o ADP por meio
da sua fosforilação, originando o ATP.

 A outra possibilidade é a transferência de elétrons


dessas fontes energéticas para os carreadores de
elétrons NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e
FAD (flavina adenina dinucleotídeo), e esses elétrons
serão, posteriormente, transferidos para a cadeia
respiratória ou cadeia de transporte de elétrons, onde
serão utilizados para o processo de fosforilação
oxidativa.

 As oxidações da glicose, dos ácidos graxos e Representação dos componentes e do mecanismo de


aminoácidos e a fosforilação do ADP para formar ATP funcionamento da cadeia respiratória
estão acoplados por um gradiente de prótons, por meio
da membrana interna da mitocôndria.

 A seguir, veremos como ocorre esse acoplamento de


reações na cadeia respiratória.

Representação das reações químicas envolvidas na redução


do gás oxigênio (O2) à molécula de água  A via das pentoses-fosfato é um conjunto de
reações químicas que ocorre no citosol e cujo
substrato inicial é a glicose-6-fosfato e o produto
final é a ribose-5-fosfato.

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Esquema representativo da via das pentoses-fosfato  Existem vias metabólicas que envolvem outras hexoses,
como a galactose e a frutose.

 No caso da frutose, esse monossacarídeo é


substrato para glicólise, especialmente no fígado.

 Uma dieta rica em frutose pode desencadear um


aumento da taxa de glicólise no fígado, resultando em
aumento da taxa de síntese de ácidos graxos devido à
maior disponibilidade de di-hidroxiacetona, um
intermediário da glicólise.

 Com maior produção hepática de ácidos graxos, há


maior secreção de VLDL, o que resulta em
hipertrigliceridemia (maior concentração plasmática de
triacilgliceróis ou triglicérides).

 A galactose obtida da dieta é convertida em


glicose no fígado.

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