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Bioquímica Humana

UNIDADE 3
DISCIPLINA: BIOQUÍMICA HUMANA

Unidade 3

Para início de conversa

Olá, querido(a) aluno(a)! Tudo bem?

Mal acabamos os estudos sobre as principais classes de biomoléculas: vitaminas, carboidratos e lipídeos
e já vamos dar início a outro importante tema na Bioquímica Humana: o Metabolismo Energético!

Entretanto, antes de prosseguirmos, é valido recapitular alguns pontos estudados no guia de estudos da
Unidade 2.

Na segunda unidade você aprendeu sobre a importância das vitaminas, dos lipídeos e dos carboidratos
em nossa dieta. Destacamos a função de cofator enzimático das vitaminas em inúmeras reações catali-
sadas por enzimas, porém, alguns representantes desses compostos orgânicos podem apresentar função
antioxidante.

Você poderia dar um exemplo de vitamina com função antioxidante?

Ótimo! Caso não consiga, você pode consultar novamente o guia de estudo da unidade anterior para
pesquisar. Ok?

Já em relação aos lipídeos sobressaem três atividades:

ü Armazenamento de energia na forma de triacilglicerídeos;

ü Constituinte das membranas biológicas (fosfolipídeos e colesterol);

ü Sinalizadores celulares (hormônios esteroides).

Estudamos também a importância dos carboidratos como moléculas de primeira escolha para a produção
de energia em nosso metabolismo, além de servir como blocos de construção de outras biomoléculas.
Ainda em relação aos carboidratos, você estudou que podem ser classificados em monossacarídeos,
oligossacarídeos e polissacarídeos.

Você poderia citar alguns exemplos de monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos com suas
respectivas funções? Exercite!

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Orientações da Disciplina

Caro(a), antes de continuar com a leitura deste guia de estudos, aconselho você a iniciar primeiramente
a leitura da unidade 2 do seu livro-texto, só então retorne para o presente guia de estudos. Novamente,
peço sua atenção, pois serão discutidas novas informações, e como já foi falado, é necessário que você
organize bem seu tempo de estudo destinado à disciplina de Bioquímica.

Os seguintes assuntos serão discutidos nesta terceira unidade:

ü Definições e conceitos básicos sobre o metabolismo;

ü Aspectos bioquímicos da molécula de ATP;

ü Metabolismo de carboidratos;

ü Glicólise;

ü Metabolismo de lipídeos;

ü Lipoproteínas.

Bons estudos!

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DEFINIÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O METABOLISMO

Você acabou de ler no livro-texto que o metabolismo pode ser definido como um conjunto que reações
bioquímicas que envolvem etapas de degradação (Catabolismo) e síntese de biomoléculas (Anabolismo).

Agora, você conhecerá as características do Anabolismo e as propriedades do Catabolismo. Vamos lá!

Ø Características do Catabolismo

§ Os macronutrientes oriundos da alimentação são quebrados em estruturas químicas menores;

§ São reações de oxidação;

§ No processo de quebra de ligações químicas há liberação de energia livre (reações exergônicas);

§ A energia livre é armazenada através da síntese de ATP (trifosfato de adenosina).

Ø Propriedades do Anabolismo

§ A síntese de compostos necessários à manutenção do organismo, com arcabouço químico com-


plexo, sintetizados a partir de moléculas menores – Biossíntese;

§ São reações de redução;

§ Emprega a energia livre oriunda do catabolismo para a construção das macromoléculas (reações
endergônicas);

§ Gasto de energia.

Prezado estudante, você deve ter observado que no catabolismo há uma liberação de energia, enquanto
que no anabolismo ocorre o contrário, o consumo de energia. Esse entendimento permite fazer a seguinte
conclusão: O metabolismo é o método empregado pelos organismos heterótrofos para retirar energia do
meio (a partir de seres autótrofos), e aplicá-la na produção de compostos que permite sua manutenção.

Praticando

Para entender melhor esse processo de transformação energética, imagine que você está caminhando
com um belíssimo jarro de cristal em mãos. De repente, um tropeço... O jarro cai no chão e se desfrag-
menta em várias partes. Porém, esse jarro tem um valor sentimental enorme!

Então, você decide colar todas as partes para restaurar o jarro.

Observe que para quebrar o jarro foi relativamente fácil. Ele apenas caiu no chão.

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Porém, para juntar todas as peças e colá-las uma por uma, vai dar muito trabalho, você concorda?

Vai precisar de muita paciência e energia. Semelhante à situação descrita, é o catabolismo e o anabolis-
mo em nosso metabolismo!

No catabolismo as moléculas são degradadas em compostos menores e não há um significativo gasto de


energia. Lembre-se que para quebrar o jarro é fácil... Todavia, na biossíntese o organismo, através das
reações anabólicas, “junta às peças e as cola, uma a uma” até se obter uma molécula complexa com
função especifica. Para que isso ocorra, terá que haver um investimento energético elevado. As Reações
Catabólicas são chamadas de Exergônicas, visto que existe liberação de calor.

Entretanto, o Anabolismo é composto por Reações Endergônicas. No metabolismo as reações exergônicas


e endergônicas são organizadas em sistemas acoplados. Em outras palavras, isto quer dizer que para o
correto funcionamento de um é necessário que o outro seja bastante eficiente e esteja em sintonia com
o primeiro.

Para facilitar seu entendimento, observe as duas ilustrações a seguir:

Figuras 1 e 2, respectivamente.
Fontes:
1. Imagem adaptada pelo professor:
http://www.wiley.com/college/boyer/0470003790/reviews/thermo/coupled_train.jpg
2. Imagem adaptada pelo professor:
http://1.bp.blogspot.com/-YUmV73SJjkQ/VEOgY8MmQlI/AAAAAAAAAc4/4mdmsE9JAT4/s1600/Reagentes%2B1.jpg

As figuras acima demonstram claramente o que seria um sistema energético acoplado. Tanto na imagem
1 quanto em 2, as reações são permitidas, pois os sistemas estão interligados.

A conexão das vias catabólicas com as vias anabólicas é feita mediante uma molécula que tem a capaci-
dade de armazenar energia em sua estrutura química, a molécula de trifosfato de adenosina ou simples-
mente ATP.

Observe na próxima imagem a estrutura do ATP. Ele é formado por três grupos fosfato, uma ribose (car-
boidrato) e uma base nitrogenada.

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Figura 3
Fonte: https://biogilde.files.wordpress.com/2009/04/atp_11.png?w=496&h=253

O ATP armazena, em suas ligações fosfato, parte da energia desprendida pelas reações exergônicas e,
por hidrólise (o ATP é convertido em difosfato de adenosina-ADP) a energia armazenada é disponibilizada
para engrenar as reações anabólicas.

Figura 4
Fonte: https://biogilde.files.wordpress.com/2009/04/atp_reaccoes_endo_exo.png?w=481&h=229

O sistema acoplado pode ser representado na ilustração acima.

Reações exergônicas quebram moléculas maiores em estruturas menores. A energia liberada é empre-
gada para converter o ADP e fosfato inorgânico em ATP, visto que a ligação fosfato formada é rica em
energia. Então, o ATP é hidrolisado à ADP mais fosfato inorgânico; e a energia liberada é utilizada na
síntese de biomoléculas.
Vamos estudar a partir de agora sobre o metabolismo de carboidratos, visto que são considerados como
principal fonte de energia para os seres humanos. Todavia, acabamos de entender que as reações meta-
bólicas são sistemas acoplados que são possíveis devido à existência de uma molécula de transferência
energética, o ATP.

Então, o ATP pode ser entendido como uma moeda de troca energética.

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METABOLISMO DE CARBOIDRATOS

Agora você vai entender como as matérias-primas são processadas dentro das nossas células para gerar
os metabólitos intermediários os quais serão utilizados para a produção final de ATP.

No guia de estudos 4, você irá conhecer como o ATP é produzido dentro das mitocôndrias, a priori vamos
nos deter na primeira parte no metabolismo energético que se inicia na degradação do principal carboi-
drato da nossa dieta.

Você sabe qual é esse carboidrato?

Dica é um monossacarídeo com seis átomos de carbono.

Se você pensou na glicose, você acertou!



Querido(a) aluno(a), na figura a seguir observe as três classes de compostos orgânicos que podem ser
oxidados por diferentes vias metabólicas que participam do metabolismo energético: os Glucídeos (car-
boidratos), as Proteínas e os Glicerídeos (lipídeos).

Figura: 5
Fonte: http://sereduc.com/Z1syXN

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Observe que nas três situações há uma convergência metabólica para uma única via conhecida como Ciclo
de Krebs. A molécula de entrada no Ciclo de Krebs é a Acetil-CoA (acetilcoenzima A) que irá sofrer uma
série de reações enzimáticas produzindo as moléculas reduzidas (ricas em elétrons) de NADH e FADH2.

Essas duas moléculas têm função parecida com a molécula de ATP: transporte de energia! O NADH jun-
tamente com a outra coenzima reduzida FADH2 são oxidadas em uma via metabólica que iremos estudar
no guia de estudos 4, a cadeia transportadora de elétrons! Os elétrons (pode ser entendido como um
“sinônimo” de energia) serão utilizados para gerar o ATP.

Atenção!
Como já descrito em outros guias de estudo, é extremamente importante à atenção
redobrada a partir de agora, pois, estamos entrando em um ambiente com muitos “me-
andros” e riquíssimos detalhes!
Antes de lhe apresentar a produção da molécula de acetil-CoA, temos que destrinchar
primeiramente a oxidação (degradação) da glicose em duas moléculas de piruvato - Via
Glicolítica.
O piruvato é o precursor imediato da molécula de acetil-CoA!

GLICÓLISE OU VIA GLICOLÍTICA


Você deve estar lembrado(a) que a glicose é o principal carboidrato empregado para obtenção de energia
nas células animais. A glicose obtida a partir da alimentação por ser direcionada para três processos
bioquímicos:
1. A glicose pode ser oxidada pela via glicolítica;
2. A glicose pode ser estocada na forma de glicogênio;
3. A glicose pode ser oxidada pela via da pentose.
Então, vamos iniciar o metabolismo da glicose pela VIA GLICOLÍTICA. A glicólise é a via metabólica que
degrada a glicose.
As principais características dessa via são:
§ Formadas por dez reações químicas mediadas por enzimas;
§ Ocorrem no citoplasma;
§ Transforma a glicose em piruvato;
§ Tem a função de gerar ATP, assim como o fornecimento de elementos de construção para a sínte-
se de componentes celulares;
§ A velocidade de degradação da glicose em piruvato é rigidamente regulada para atender as ne-
cessidades celulares.
Até o momento não comentamos muita coisa sobre o piruvato. Esse composto é um dos precursores
imediatos da molécula de acetil-CoA, em condições de oferta de oxigênio. Mais adiante, vamos descrever
outros destinos possíveis do piruvato em condições anaeróbicas (sem oxigênio). Contudo, você precisa ter
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em mente que ao final da via glicolítica, cada molécula de glicose produzirá duas moléculas de piruvato,
dois NADH e dois ATPs.

Observe que a figura a seguir descreve as dez etapas da glicólise!

Figura 6
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-6mp7u4jamVk/UKWKyQswiOI/AAAAAAAAAZQ/c5CD-bPccTY/s1600/via+glicolitica7cm.png

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Caro estudante, como já comentado, na via glicólise identifica-se dez reações catalisadas por enzimas,
entretanto apenas três etapas merecem atenção especial: 1ª, 3ª e a 10ª. Tais reações tem em comum a
característica de serem irreversíveis, ou seja, ela se processa em apenas no sentido da formação dos pro-
dutos. Observe na figura que as setas dessas reações são mostradas apenas na formação dos produtos!
Porém, você deve estar se perguntando o que isso tem de tão especial não é verdade? A resposta está
relacionada como a regulação da glicólise. Pois em determinadas circunstancias a via glicolítica deve
estar mais estimulada e outras não, e um dos pontos para esse controle da via são as enzimas alostéricas
hexocinase, fosfofrutocinase e a piruvato cinase (enzimas responsáveis pelas etapas 1, 3 e 10 da via).
Você está lembrado do conceito de enzimas alostéricas? Caso não, leia rapidinho o tópico no livro-texto
de bioquímica na página 70.
Agora, preste atenção na etapa de conversão da frutose 1,6-bisfosfato em gliceraldeído 3-fosfato mais
diidroxiacetona fosfato. Na verdade, a frutose 1,6-bisfosfato é clivada nas duas moléculas supracitadas.
Porém, a diidroxiacetona pode ser convertida em gliceraldeído 3-fosfato. Logo, cada molécula de glicose
produz 2 moléculas de gliceraldeído-3-fosfato o que vai determinar a formação de 2 piruvato e 2 NADH.
Em relação à produção de ATP, a glicólise apresenta um saldo de 2 ATPs, visto que, embora ocorra a produ-
ção de 4 ATPs; existe o consumo de 2 ATPs. Devido a esse balanço energético, a glicólise é didaticamente
dividida em duas fases:
§ Uma etapa de investimento energético, ou seja, existe o consumo de ATP – Ocorre na 1ª e 3ª
reação da via;
§ A outra é a fase de compensação energética – produção de ATP. (7ª e 10ª reação). Fique atento,
pois no esquema acima, tanto a sétima quanto a décima reação serão formadas duas moléculas
de ATP.
Você pode encontrar outra classificação para diferentes etapas da glicólise:
Caro(a) aluno(a), quanta informação estamos até o momento! Portanto, solicito que você pare por um
momento a leitura desse guia de estudos e faça um pequeno resumo sobre a glicólise, destacando o que
significa a via glicolítica, qual sua importância, qual local onde a mesma ocorre e qual as etapas que
merecem destaque. Sim, não se esqueça de frisar os produtos finais da glicólise!

DESTINO DO PIRUVATO

Figura 7
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-X_i4dXUQfHY/UORlfFHgmyI/AAAAAAAADiU/edyoWUR0UPA/s400/caminhospiruvato.png

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Como foi citado anteriormente, o piruvato será convertido a Acetil-CoA (iniciando o ciclo de Krebs) quando
existe a presença de oxigênio, ou seja, em condições aeróbicas.

Quando estamos nos referindo a condições aeróbicas lembre-se que quando há oferta de oxigênio! Que-
rido estudante, a próxima unidade iremos compreender melhor a importância do oxigênio no processa da
respiração celular! Enquanto isso, o que podemos adiantar é que o oxigênio é um componente da cadeia
respiratória, conhecida também como cadeia transportadora de elétrons (CTE), a qual oferece as condi-
ções adequadas para que a enzima ATP sintase produza o ATP, através da fosforilação oxidativa.

Em condições normais, constantemente, a glicose está sendo oxidada à CO2 e H2O, porém durante um
exercício muito intenso a nossa capacidade de inalação e, por conseguinte absorção de oxigênio, não
consegue suprir a energia necessária para realizar a atividade. Entretanto, mesmo assim conseguimos
realizar tal atividade. Você poderia sugerir alguma hipótese para esse fenômeno?

Caro(a) aluno(a), o que podemos concluir com essa observação a respeito dos exercícios intensos, é que
existe um mecanismo de obtenção rápida de energia e sem a necessidade da participação do oxigênio, ou
seja, em condições anaeróbicas. Tal mecanismo é chamado de fermentação lática. Nesse caso, o piruvato
é convertido em lactato pela ação catalítica da enzima lactato desidrogenase.

Você pode estar se perguntando, mas de onde vem o rápido suprimento energético durante o exercício
intenso?
Essa resposta já foi respondida anteriormente quando você leu sobre a via glicolítica: Existe um saldo de
2 ATPs!

A via glicolítica produz energia, porém, em uma escala bem menor do que irá ser produzido na fosforila-
ção oxidativa. Contudo, o suprimento de ATP em anaerobiose é bem mais rápido, uma vez que, não será
necessário esperar a oxidação completa da glicose em CO2 e H2O, que envolveria o ciclo de Krebs, CTE e
Fosforilação Oxidativa.

Alguns micro-organismos como leveduras são capazes de sintetizar etanol a partir do piruvato. Esse pro-
cesso é conhecido como fermentação alcoólica. Essa via metabólica é utilizada para produção de pães,
cervejas e vinhos.

Visite a Página
Acesse este link para saber como é o processo de produção de vinho tinto:.

GLICONEOGÊNESE

Caro estudante, nós mal terminamos de estudar uma das vias do metabolismo de carboidratos, a glicólise,
e já vamos iniciar a discussão de outra importe via no metabolismo da glicose, a gliconeogênese. Você
poderia imaginar o que seria essa via observando a construção do nome gliconeogênese?
Provavelmente, você pode ter chegado à seguinte ideia: nova síntese de glicose. De fato, a gliconeogêne-
se é uma nova síntese de glicose, entretanto para obter essa glicose não se utiliza substâncias (“matéria-
-prima”) que são classificados como carboidratos.

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Lembre-se que a glicose é produzida principalmente pelos vegetais através da fotossíntese. A gliconeo-
gênese não tem nada a ver com isso! Inclusive nós não temos a capacidade de sintetizar nosso próprio
alimento, diferentemente das plantas. No caso da gliconeogênese, a glicose é obtida a partir de subs-
tâncias que tem funcionalidades importantes em nosso organismo, porém mediante algumas situações
podem ser produzidas em excesso, como no caso de praticas de exercícios intensos em que se observa o
aumento da produção de lactato, ou em situações de jejum que naturalmente os níveis de glicose dimi-
nuirão e para manter a glicemia nosso corpo utiliza de alguns recursos bioquímicos para manter um nível
basal de glicose circulante.
Esse recurso é de extrema importância, pois existem algumas células que extrai energia apenas da glico-
se, como por exemplo, as hemácias.
Portanto, podemos definir a gliconeogênese como a síntese de glicose a partir de intermedias não glicídi-
cos. Tais intermediários podem ser:

• Piruvato
• Lactato
• Glicerol
Caro estudante, no esquema a seguir você pode visualizar tanto a glicólise quanto a gliconeogênese:

Figura 8
Fonte: http://userscontent2.emaze.com/images/6a9a9771-1f62-44f3-8d27-ec211314a4d5/a854354f-6d44-4e8b-b61a-
7f45f683452c.png

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Observe que na glicólise a glicose é transformada em piruvato, já na gliconeogênese o piruvato é transfor-
mado em glicose. Você pode está se perguntando se uma via é o inverso da outra, não é mesmo?
Entretanto, olhe com atenção para o esquema anterior e veja que as três etapas consideradas irreversí-
veis na glicólise catalisadas pelas enzimas hexocinase, PFK-1 e a piruvato cinase são contornadas na gli-
coneogênese pela ação das enzimas glicose-6-fosfatase, frutose 1,6-bisfosfatase, e PEP carboxiquinase e
a piruvato carboxilase. Desde modo, fica nítido que a gliconeogênese não pode ser considerada o inverso
da glicólise. Além disso, outra diferença que podemos verificar é que a glicólise ocorre em praticamente
todas as células, quanto que a gliconeogênese ocorre nas células hepáticas e em menores extensões no
tecido renal.
Caro(a) aluno(a), para fechar essa discussão sobre diferença entre a glicólise e a gliconeogênese, é que
elas são inversamente reguladas dentro das células visto que a glicólise é demasiadamente estimulada
quando o pâncreas libera a insulina, já a gliconeogênese será estimulada quando o outro hormônio pan-
creático, o glucagon é liberado. Isso é importante, pois esses dois hormônios pancreáticos são sinalizado-
res opostos: Quando nosso organismo está bem, energeticamente falando, ou seja, alimentado à oferta
de glicose está adequada e inclusive podemos estoca-la na forma de glicogênio. Todavia, em situações de
jejum, a diminuição dos níveis de glicose causa a diminuição dos níveis de insulina e, consequentemente
aumenta os níveis de glucagon o qual é um estimulador da gliconeogênese, dessa maneira será produzida
a glicose necessária para manter a glicemia dentro dos limites basais em nosso corpo.

GLICOGÊNESE E GLICOGENÓLISE

Como você estudou na unidade 2, além da glicose há outro importante carboidrato em nosso metabo-
lismo, o glicogênio. Este tem como principal função a reserva de energia, visto que é considerado um
homoglicano, constituído apenas por moléculas de glicose, sendo localizado nos músculos esqueléticos
e no fígado. O glicogênio é obtido através de uma via denominada de glicogênese, enquanto que sua
degradação é chamada de glicogenólise.

Figura 9
Fonte: http://vignette3.wikia.nocookie.net/aia1317/images/f/fa/Glicog%C3%AAnese.jpg/revision/latest/scale- 13
-to-width-down/640?cb=20131018202923&path-prefix=pt-br
METABOLISMO DE LIPÍDEOS

A partir de agora, vamos estudar como os lipídeos armazenados são destinados para produção de energia.
Mas, antes de avançarmos reflita a seguinte pergunta: considerando que os lipídeos são moléculas inso-
lúveis em água, como que eles podem ser distribuídos pelas células para que possam ser oxidados para
obtenção de energia, visto que o sangue é composto em sua grande maioria por água?
Realmente, é difícil de imaginar que os lipídeos que são essencialmente apolares ficarão livremente trafe-
gando pelo sangue. Todavia, os triglicerídeos, o colesterol e seus derivados podem ser transportados pelo
sangue quando estão associados a moléculas com propriedades que permitem que o agregado molecular
formado seja solúvel. Tais compostos químicos que carreiam os lipídeos insolúveis são moléculas de
fosfolipídios e proteínas anfipáticas, sendo os conjuntos (lipídeos + proteínas) chamados de lipoproteínas.
O interior das lipoproteínas é hidrofóbico, enquanto que na camada externa que irá ter contato com o
sangue, é polar (hidrofílica). Logo, os lipídeos que tem caráter apolar (triglicerídeos) são encontrados na
parte interior das lipoproteínas, já o colesterol, os fosfolipídeos e a porção proteica estão localizados na
superfície. Mediante a sua densidade, as lipoproteínas podem ser segregadas em quatro grupos:
§ Quilomícrons
§ VLDL
§ LDL
§ HDL

Figura 10
Fonte: Moran et al. (2014, p. 509) – Livro texto

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Você lembra o conceito de densidade?
Densidade é um parâmetro físico relacionado à massa de um objeto pelo volume ocupado por ele.
A seguir, vamos falar dos tipos de lipoproteínas, e iremos comparar a densidade de cada lipoproteína.
Então, é importante que você entenda que um corpo por ter o volume maior, não indica que ele é mais
pesado do que outro objeto com constituição diferente e com um volume menor.
Por exemplo, quem é mais pesado: uma bola de futebol feita de papel ou uma bola, com as mesmas di-
mensões, porém confeccionada de ferro?
Logicamente, a de ferro é bem mais pesada, uma vez que, o ferro é mais denso que o material que compõe
o papel.
Observe no esquema acima, que os quilomícrons são as lipoproteínas responsáveis pelo transporte dos
lipídeos oriundos da alimentação para os tecidos. São lipoproteínas relativamente grandes e com um
conteúdo proteico muito baixo. A principal função dos quilomícrons é o transporte lipídeos dos alimentos
para o tecido adiposo e colesterol para o fígado. No fígado, o colesterol é recondicionado e são incluídos
os triglicerídeos, os fosfolipídeos e ésteres de colesterila para sintetizar as lipoproteínas de densidade
muito baixa, as VLDL (very low-density lipoportein).
As VLDL ao passo que vão sendo disseminadas pelo corpo, seus triglicerídeos são distribuídos às células
(hidrolisados a ácidos graxos e glicerol), então a lipoproteína diminui de tamanho, porém é mais densa
e rica em colesterol e ésteres de colesterila. Após se transformar em uma lipoproteína intermediária IDL
(intermediate-density lipo- protein) se tornam as lipoproteínas de baixa densidade - LDL (low-density
lipoprotein).
Um grupo de lipoproteínas de alta densidade (HDL- high-density lipoprotein) é conhecido comumente com
o colesterol bom, uma vez que, tem como função a remoção do colesterol do sangue e dos tecidos. São as
menores lipoproteínas, porém são as mais densas.
Você acabou de conhecer como os ácidos graxos (armazenados na forma de triglicerídeos) são destinados
para os tecidos. A oxidação dos ácidos graxos é uma fonte metabólica secundária de energia. Estudamos
anteriormente que os carboidratos são as moléculas energéticas de primeira escolha para a geração de
energia livre em nosso metabolismo, porém eles não são a única possibilidade.
Em situações, como no estado de jejum prolongado, quando as reservas de glicogênio se esgotaram,
ou seja, não têm mais a ajuda de glicogenólise para manter a glicemia, o fígado é estimulado por ação
hormonal (glucagon) para degradar os triacilgliceróis. Quando existe uma diminuição da oferta dos car-
boidratos entra em ação a gliconeo-gênese. Lembre-se que a gliconeogênese é a obtenção de glicose a
partir de fontes não glicídicas, ocorrendo principalmente no fígado e em menor extensão nos rins. Você
não deve esquecer que na gliconeogênese a glicose sanguínea é sintetizada a partir de três precursores:
§ Aminoácidos – Procedentes da musculatura esquelética. Por isso, que se observa uma rápida
perda da massa muscular.
§ Lactato – Tem origem na fermentação láctica da glicose. É produzido quando a oferta de oxigênio
é baixa (exercícios anaeróbicos). O lactato é levado ao fígado pela corrente sanguínea onde é
convertido novamente em glicose. Tal processo é conhecido como Ciclo de Cori.

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Veja o vídeo!
Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre o ciclo de Cori assista ao vídeo a seguir, com
duração de um minuto e cinquenta e quatro segundos. Clique aqui.

§ Glicerol – É proveniente da metabolização dos triglicerídeos armazenados no tecido adiposo.


Veja a figura a seguir. Os triacilgliceróis são quebrados pela ação catalítica das enzimas lipases
formando glicerol e ácido graxos.

Figura 11
Fonte: https://obesidade97biobio.files.wordpress.com/2013/06/1.jpg

Não esqueça que o fígado tem a função de manter os níveis glicêmicos adequados em nosso organismo!
O glicerol no fígado é transformando em um intermediário da gliconeogênese, a diidroxiacetona fosfato,
que inserido para a produção de glicose.

Contudo, os lipídeos podem ainda ser utilizados como fonte de energia no processo conhecido como
β-oxidação, pois, a degradação dos ácidos graxos irá produzir acetil-CoA e você já estudou o destino da
acetil-CoA no metabolismo energético. Ela é o substrato de entrada no ciclo do ácido cítrico e que poste-
riormente seus metabólitos produzirão ATPs na fosforilação oxidativa.

Veja o vídeo!
Você agora deve assistir ao vídeo com duração de 5min15s, que faz um resumo sobre
a β–oxidação disponível neste link.

Você acabou de ver no vídeo que a β–oxidação apresenta as seguintes características:

• É uma via cíclica, porém em cada volta o acido graxo é diminuído de dois carbonos.

• É formada por quatro reações catalisadas por enzimas.

• Uma das principais vias de obtenção de energia livre.

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• Em cada ciclo libera um FADH2, um NADH e um acetil-CoA. Isto quer dizer que, a oxidação de
ácidos graxos além de fornecer elétrons diretamente para a cadeia transportadora de elétrons,
através da formação das coenzimas reduzidas NADH e FADH2, fornece também o substrato
acetil-CoA para ao ciclo de Krebs, que vai fornecer ainda mais energia.

Você recorda a produção de ATP no ciclo dos ácidos tricarboxílicos?


Se necessário for, retorne ao guia de estudo 1 e faça um resumo sobre o ciclo de Krebs.
Neste ciclo, cada acetil-CoA produz 3 NADH, 2 FADH2 e 1 GTP. Ao fazer os cálculos de equivalência em
ATP chegaremos à conclusão que por cada volta da β–oxidação irá formar 17 moléculas de ATP; se o ácido
graxo for formado por 16 carbonos serão dadas 7 voltas com a produção de 7 NADH, 7 FAH2 e de 8 acetil-
-CoA. Totalizando 131 ATP por molécula de ácido graxo com 16 carbonos!
Chegamos ao fim de mais um guia de estudo, porém tem muita informação complementar no livro-texto.
Então, retorne ao livro-texto e faça uma nova leitura nos tópicos sobre a oxidação de ácidos graxos com
cadeia ímpar, e com a presença de insaturações na cadeia carbônica.

Acesse o Ambiente Virtual

Querido(a) aluno(a), para finalizar, ressalto a importância de você consultar o livro-texto, bem como pes-
quisar outros materiais sempre que achar necessário.

Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem- AVA e faça as atividades disponíveis. Bons estudos!

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