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Sumário:

O Catabolismo ……………………………………………………………………………………………………………………….3

Via glicolítica …………………………………………………………………………………………………………………………4

Metabolismo Aeróbico ………………………………………………………………………………………………………….8

Metabolismo do Glicogênio ……………………………………………………………………………………………….10

Creatina fosfato …………………………………………………………………………………………………………………….13

Gliconeogênese ……………………………………………………………………………………………………………………..14

Cetogênese ……………………………………………………………………………………………………………………………...16

Metabolismo dos Aminoácidos ………………………………………………………………………………………… 18

Metabolismo dos Lipídeos ………………………………………………………………………………………………….22

Lipoproteínas ………………………………………………………………………………………………………………………….25

Integração Metabólica ………………………………………………………………………………………………………….27

Referências ……………………………………………………………………………………………………………………………..29

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O Catabolismo
O déficit calórico constitui um dos principais determinantes para um emagrecimento efetivo, sendo
caracterizado por uma ingestão calórica inferior ao gasto energético total do indivíduo.
Bioquimicamente, este gasto de energia corresponde ao gasto da molécula energética adenosina trifosfato
(ATP), presente em diferentes tecidos, sendo formada a partir de diferentes vias metabólicas que estão, por
sua vez, associadas aos macronutrientes ingeridos na dieta. Como é possível ver na figura abaixo, o estágio I
envolve a hidrólise de moléculas complexas, como polissacarídeos, caracterizando um maior catabolismo, a
partir da transformação de moléculas maiores em moléculas menores. Outro exemplo constitui os lipídeos do
tecido adiposo, responsável por armazenar a gordura corporal. A partir do catabolismo, estruturas maiores
como os triglicerídeos são convertidas a ácidos graxos e glicerol, havendo o direcionamento desses ácidos
graxos para a geração de energia. O mesmo também pode ser observado em indivíduos com perda de massa
muscular, visto que o catabolismo também é observado na quebra de diferentes proteínas em aminoácidos,
com funções metabólicas a serem melhor detalhadas posteriormente. O catabolismo envolve o direcionamento
de ácidos graxos para geração de energia, impactando na redução do tecido adiposo (massa gorda) e,
consequentemente, no emagrecimento do indivíduo.

Figura 1.1. O catabolismo dos macronutrientes (Ferrier, D.R, 2019)

O caminho contrário também pode acontecer, a partir da conversão de estruturas menores em maiores, o que
caracteriza o anabolismo. A partir disso, moléculas menores como aminoácidos, ácidos graxos e bases
nitrogenadas passam a constituir, respectivamente, proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos. Ainda referente ao
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catabolismo, observa-se na figura a convergência dos macros na formação de um intermediário bioquímico
comum, o Acetil-coa, importante para uma das vias bioquímicas de maior geração de energia, o Ciclo de
Krebs. Esta via, como será discutido na sequência, permite grande geração de ATP.

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Via Glicolítica
A glicose é capaz de fornecer energia para todos os órgãos e tecidos, existindo alguns com uma preferência
ainda maior por este substrato energético, como o encéfalo. Para obtenção da energia proveniente desta
molécula, uma série de enzimas participam de diferentes reações químicas, culminando na transformação de
substratos em produtos, o que proporciona a geração de moléculas altamente energéticas, como a adenosina
trifosfato (ATP), cuja hidrólise possibilita que as células realizem suas funções orgânicas adequadamente,
mantendo as condições de homeostase do organismo. Dessa forma, a glicólise consiste em um importante
processo de geração de ATP, sendo o centro do metabolismo dos carboidratos. Pode ser aeróbica ou anaeróbica,
a depender da presença de oxigênio e de mitocôndrias. Células que apresentam esta organela, como a grande
maioria, são capazes de realizar glicólise aeróbica, com produção de piruvato como produto final do
processo, sendo constituído por dez etapas.
As cinco primeiras etapas são classificadas por alguns autores, como fase preparatória, como é observado
na figura abaixo. A primeira etapa consiste na fosforilação da glicose pela enzima hexocinase, formando a
glicose-6-fosfato. É possível observar que este produto é formado a partir do gasto de 1 ATP, molécula que o
organismo busca produzir ao longo das próximas etapas. Este gasto de ATP também é visualizado em outra
reação de fosforilação, observada abaixo, a partir da formação da frutose-1,6-bifosfato pela enzima
fosfofrutocinase I.

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Figura 14.2. Fase inicial e preparatória da glicólise (Nelson, DL, & Cox, MM, 2019)

A fase de pagamento inicia a partir da conversão da molécula de gliceraldeído-3-fosfato a 1,3-


bifosfoglicerato. Como o nome já diz, esta última molécula é formada por dois grupos fosfato, sendo um deles
retirado pela fosfoglicerato-cinase e realocado para geração de ATP, na reação seguinte. Também é preciso
lembrar que há duas moléculas sendo convertidas, considerando que, na fase anterior, cada frutose-1,6-
bifosfato deu origem a dois gliceraldeídos-3-fosfato. A figura abaixo já leva em conta esta duplicação a partir
do número de moléculas energéticas representado. Há também formação de ATP na última reação desta fase,
com a conversão do fosfoenolpiruvato a piruvato. A glicólise ocorre a nível de citosol na célula. A produção de
dois piruvatos envolve a geração inicial 4 ATP. Como houve uma perda inicial de 2 ATP, têm-se um saldo final
de apenas 2 destas moléculas para cada glicose que entra na via. Além disso, ainda é preciso considerar outras
moléculas de elevada importância nesta via bioquímica, como o NADH. Esta coenzima carrega consigo os
elétrons a serem destinados para a cadeia transportadora de elétrons, havendo formação de 2 delas.

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Figura 14.2 Fase de geração de ATP da glicólise (Nelson, DL, & Cox, MM, 2019)

Como dito anteriormente, o destino do piruvato irá depender das condições aeróbicas de cada tecido. Caso
sejam favoráveis, cada piruvato é convertido a Acetil-coA a partir da enzima piruvato desidrogenase (PDH).
Esta estrutura atua no ciclo do ácido cítrico, que como será visto posteriormente, também envolve geração de
ATP, além de representar uma importante fonte de carbonos para a síntese de ácidos graxos. Caso não seja
favorável, havendo a glicólise anaeróbica, este piruvato é reduzido a lactato, que pode receber os elétrons do
NADH, e favorecer a reoxidação do NAD+, essencial para que as etapas iniciais da glicólise permaneçam
ocorrendo. A glicólise anaeróbica ocorre em eritrócitos, células com ausência de mitocôndrias, o que impede
as etapas posteriores, como o Ciclo de Krebs. Outro exemplo é o músculo esquelético durante exercícios
vigorosos. Quando falamos em regulação metabólica, é importante entender o papel da insulina na glicólise,
levando à maior expressão no fígado de algumas enzimas vistas anteriormente, como a hexocinase, a
fosfofruto-cinase e a piruvato-cinase, enzima que finaliza as dez etapas da glicólise. Hormônios contra-
regulatórios, como o glucagon, tendem a inibir a síntese e atuação destas enzimas. A partir do gráfico abaixo,
é possível observar em detalhes o efeito da concentração de glicose sanguínea em jejum sob a velocidade da

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fosforilação catalisada pelas enzimas hexocinases e glicocinase, sendo esta última responsável pela primeira
reação irreversível da via glicolítica. Além disso, funciona apenas quando a concentração intracelular de glicose
estiver suficientemente alta, sobretudo a partir de refeições ricas em carboidratos, com grande direcionamento
de glicose do intestino ao fígado, via veia porta hepática.

Figura 2.3 Concentração e efeito na fosforilação da glicose (Ferrier, D.R, 2019)

De modo geral, é importante compreender o funcionamento de outras vias de geração de energia, essenciais
para a compreensão da bioquímica do emagrecimento, com etapas com elevada produção de ATP, como o Ciclo
de Krebs, a Cadeia Transportadora de elétrons e a Fosforilação Oxidativa, discutidas na sequência.

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Metabolismo Aeróbico
Como visto no tópico anterior, a degradação de carboidratos, através da glicólise, em tecidos aeróbicos,
culmina para a formação da coenzima Acetil-coA, a grande atuante do Ciclo de Krebs. Esta etapa ocorre a
nível de mitocôndria celular, diferentemente da glicólise. Já dentro dela, o acetil-coa condensa-se com um
oxalacetato, formando citrato. A partir da figura abaixo, é possível observar outras 7 reações sequenciais e 2
descarboxilações ao longo do processo, com a presença de intermediários que podem facilmente ser
deslocados do ciclo, atuando em diversos outros processos metabólicos. Um exemplo se dá a partir do elevado
consumo calórico acompanhado de grande ingestão de carboidratos que, frente à elevada produção de ATP,
possibilita a saída do citrato da mitocôndria e sua contribuição para a lipogênese no citosol da célula.

Como dois piruvatos foram anteriormente formados pela glicólise, há entrada de 2 acetil-coa no ciclo por
glicose, favorecendo a formação de 6 NADH, as coenzimas carregadoras de elétrons e 2 GTP (molécula
semelhante ao ATP). Todavia, aqui há também produção de 2 FADH2, outra estrutura importante para o
transporte de elétrons até o oxigênio, formando menos ATP quando comparada ao NADH, visto que forma 1,5
ATP, enquanto o NADH forma cerca de 2,5 ATP durante a fosforilação oxidativa. É importante destacar que este
ciclo não é restrito à geração de energia, participando da produção de componentes metabólicos, com
intermediários formando grupos heme da hemoglobina.

Com relação à regulação do ciclo, altos níveis de ATP, NADH e Acetil-coA, quando presentes, tendem a inibir
algumas de suas etapas, iniciando pela conversão do piruvato pela piruvato desidrogenase, pois entende-se
que já há um estado metabólico com energia suficiente no tecido em questão. A velocidade do ciclo, por outro
lado, também pode diminuir em razões de menor disponibilidade da forma oxidada NAD+, importante para a
formação do NADH.

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Figura 3.1 Etapas do Ciclo de Krebs (Nelson, DL, & Cox, MM, 2019)

As coenzimas reduzidas envolvidas com o Ciclo de Krebs, como o NADH e o FADH2, possuem a capacidade de
doar pares de elétrons a um grupo de estruturas transportadoras, conhecida como Cadeia Transportadora
de Elétrons. Esta cadeia é constituída pelos Complexos I,II, III e IV, representados na figura abaixo. Conforme
vão ganhando fluxo por estas estruturas, os elétrons perdem grande parte de sua energia livre, o que impulsiona
o transporte de íons H+ para o espaço intermembranas da mitocôndria, criando um gradiente deste íon.
Naturalmente, o espaço intermembranas já apresenta mais prótons que a matriz mitocondrial. Dessa forma,
este transporte dos elétrons na direção de maior concentração é dependente da energia, pois a tendência é o
caminho inverso. É possível observar também na figura abaixo, a presença de estruturas móveis, como a
coenzima Q, representada em azul, permitindo a troca de elétrons entre essas estruturas. Nesse sentido, o
oxigênio molecular, por ser um forte agente oxidante, recebe os elétrons, culminando na geração de água.

Figura 3.2. Complexos Proteicos da Cadeia de Transporte de Elétrons (Marzzoco, A & Torres, B.B, 2015)
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Próximo a esta Cadeia, encontra-se uma estrutura denominada ATP sintase, envolvida com a expressiva
geração de ATP do processo de oxidação dos macronutrientes. A partir dela, fala-se na etapa da Fosforilação
Oxidativa. A partir do maior gradiente de prótons no espaço intermembranas, há mudanças conformacionais
da ATP sintase, permitindo a conversão da adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico a adenosina trifosfato
(ATP), ou seja, terminando o processo de geração de energia. O saldo final desta etapa corresponde a 32 ATPs
formados a cada molécula de glicose. A estrutura da enzima ATP sintase está representada abaixo.

Figura 3.1. Estrutura da ATP sintase (Nelson, DL, & Cox, MM, 2019)

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O Metabolismo do Glicogênio
A glicose obtida da alimentação pode ser acumulada no organismo a partir das reservas de glicogênio,
estando presente, principalmente, nos tecidos muscular e hepático. Todavia, a função metabólica de ambas
possui variação. No músculo, sua função principal consiste na geração de energia, sobretudo a partir de
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exercícios pesados, em que a glicogenólise (quebra do glicogênio) torna-se importante. A quantidade varia
entre os indivíduos, podendo um atleta ter em torno de 700g de glicogênio muscular enquanto um sedentário
apenas 300g. Entretanto, o fígado armazena quantidades inferiores, cerca de 100g, visto que a geração de
energia não corresponde mais à principal função do glicogênio. A glicogenólise no músculo, atuante sob
estímulos vigorosos, pode culminar na geração de lactato. Já no fígado, a partir da glicogenólise, a molécula
é convertida a glicose-6-fosfato, não ficando restrita ao hepatócito, sendo sua saída para a corrente sanguínea
fundamental para a manutenção da glicemia, durante períodos de jejum inicial. Os resíduos de glicose são
removidos, por intermédio da enzima glicogênio fosforilase, que libera diferentes moléculas de glicose-1-
fosfato, como é possível ver na imagem abaixo.

Figura 4.1 (Marzzoco, A & Torres, B.B, 2015)

No músculo, a epinefrina (ou adrenalina) é o principal hormônio responsável por estimular a glicogenólise
muscular, enquanto que o glucagon cumpre o mesmo papel no processo de quebra do glicogênio hepático.
Ambas estimulam o AMP cíclico, importante molécula de sinalização que atua na ativação de uma proteína-
cinase dependente deste AMPc (PKa). É a partir desse processo que ocorre a sinalização para a glicogênio
fosforilase, enzima que degrada o glicogênio até glicose-1-fosfato. É de fundamental importância lembrar que
esta glicose poderá seguir diferentes destinos, podendo ser convertida a glicose no fígado, ou a lactato no
músculo, a partir de exercícios vigorosos. A nível de regulação, a insulina estimula a produção da proteína
fosfatase, responsável por inibir esta degradação do glicogênio. Para entender isto, basta pensar que a
insulina é estimulada pela ingestão de carboidratos, com elevada entrada de glicose no intestino. Isso faz com
que haja glicose suficiente, proveniente da dieta, para a geração de energia, podendo ser poupada a glicose
armazenada como glicogênio. Além disso, a insulina também estimula a enzima glicogênio sintase,
permitindo que uma parcela desta glicose ingerida possa aumentar ainda mais esta reserva energética. Já no

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período de jejum, a menor liberação da insulina culmina na inibição desta enzima, visto que o glicogênio precisa
ser quebrado, gerando energia sob a forma de glicose livre, como visto anteriormente.

Figura 4.2 (Rodwell, V.W, 2021)

Na imagem acima, é possível observar os diferentes transportadores de membrana envolvidos no transporte


da glicose, estando o GLUT-4 bastante envolvido com o metabolismo energético, por permitir a entrada de
glicose nos tecidos muscular e adiposo. Seu diferencial é ser o único dentre todos estes transportadores a ser
estimulado pela insulina. A produção deste hormônio é estimulada pela entrada, por diferença de concentração,
da glicose absorvida no pâncreas, através do transportador GLUT-2. Uma aplicação clínica relevante se dá
pela relação entre a obesidade e a resistência à insulina, comprometendo esta captação de glicose, e
consequentemente, a formação do glicogênio. A partir de uma ingestão calórica excessiva, a longo prazo, os
adipócitos tendem a adquirir resistência a ação deste hormônio, a partir da ação de fatores inflamatórios.
Desta forma, a sensibilidade à insulina diminui, caracterizando um tecido adiposo disfuncional, o que
impacta na menor captação de glicose nos tecidos dependentes de insulina, como tecido muscular e adiposo e
aumento da glicemia..

Portanto, a redução da gordura visceral durante o emagrecimento é de fundamental importância, pensando-


se em uma melhora da sensibilidade à insulina. Quando esta é favorável, a insulina passa a ligar-se

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adequadamente ao seu receptor na membrana do adipócito, havendo uma melhor captação de glicose e geração
de glicogênio muscular, favorecendo o desempenho esportivo. Há também maior lipogênese e inibição da
lipólise. Em um tecido adiposo disfuncional, a lipólise tende a gerar ácidos graxos que, quando não associados
a um déficit calórico, percorrem a corrente sanguínea, não podendo ser utilizados como energia, a partir da
conversão a acetil-coa. Como não é transformado em energia, este lipídio tende a ser inflamatório, justamente
pela lipólise excessiva

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A creatina fosfato
Além das reservas energéticas vistas anteriormente, o músculo ainda concentra outra estrutura bastante
importante e de rápida mobilização, a fosfocreatina. Apesar de estar presente em pequena quantidade, é
composta por fosfatos de alta energia, permitindo a reposição do ATP durante atividades que envolvam intensa
contração muscular, como é possível visualizar a partir da linha vermelha do gráfico abaixo. Apesar de também
produzir energia de forma rápida, a glicólise anaeróbica não é suficiente nos instantes iniciais após o início do
exercício e começa a produzir energia de forma significativa somente após a queda da creatina fosfato, o que
reforça a importância da via. A quantidade presente em cada indivíduo é bastante variável, a depender da
quantidade de massa muscular.

Figura 5.1 (Marzzoco, A & Torres, B.B, 2015)

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Bioquimicamente, a contração muscular demanda grande quantidade de energia. Durante um levantamento de
peso, este processo é intensificado, demandando uma maior produção de ATP, que quando depletado, converte-
se adenosina difosfato (ADP). Dessa forma, a creatina fosfato possibilita mais um gasto de energia que, quando
aliada a um catabolismo em contexto de déficit calórico, também favorece o emagrecimento. De forma geral,
é importante compreender que o emagrecimento não é vinculado a vias catabólicas isoladas, devendo sempre
haver um gasto que ultrapasse a ingestão de calorias. Com relação a detalhes da via, este processo se dá por
intermédio da enzima creatina-cinase ou creatina-fosfoquinase, havendo regeneração do ATP consumido
a partir da retirada de fosfatos da molécula de creatina-fosfato, e a sucessiva inserção deste fosfato em
moléculas de ADP ou AMP, que se tornam ATP novamente a partir do rápido direcionamento do fosfato. Com
relação a sua síntese, a creatina é sintetizada inicialmente pelo rim e finalizada pelo fígado, órgão responsável
por liberá-la para a corrente sanguínea, por onde pode chegar a outros tecidos, sobretudo ao tecido muscular
esquelético, coração e cérebro. Nestes locais, reage com o ATP, por intermédio da mesma enzima, visto que é
uma reação reversível, conforme ilustra a figura abaixo. Além de contribuir no desempenho de exercícios de
explosão, a geração de energia a partir da creatina fosfato também favorece a perda de energia

Figura 5.2. A creatina fosfato. (Smith, C; Marks, A, D, Lieberman, M, 2007)

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Gliconeogênese
A glicose não é apenas obtida através da dieta pois pode ser sintetizada pelo organismo a partir de diferentes
precursores, como o glicerol, lactato e alguns aminoácidos, através de uma série de reações que ocorrem
principalmente no fígado e rins. Para facilitar o entendimento, o esquema abaixo traz as reações da
gliconeogênese e sua relação com algumas das etapas da glicólise, representada pelas setas vermelhas, visto
que nesta via, o piruvato faz o caminho oposto, culminando na geração de glicose. Pode-se dizer, portanto, que
7 das reações envolvidas neste processo de formação de glicose, correspondem ao inverso das reações
glicolíticas, partindo-se do piruvato. Como pode ser observado no esquema abaixo, 3 das 10 etapas da glicólise
não são compartilhadas neste processo, sendo irreversíveis, como: a conversão da fosfoenolpiruvato a piruvato,
a fosforilação da frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato e da glicose a glicose-fosfato.

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Figura 6.1. As etapas da gliconeogênese (Smith, C; Marks, A, D, Lieberman, M, 2007)

Estas etapas podem ser contornadas por enzimas específicas da gliconeogênese, como pode ser observado
pelas setas em azul. A primeira reação, como mencionado, envolve a conversão do piruvato em
fosfoenolpiruvato. Esta conversão envolve duas enzimas: a piruvato-carboxilase e a fosfoenolpiruvato
carboxilase, sendo esta última responsável por proporcionar a conversão final até o fosfoenolpiruvato. A
segunda reação a ser contornada envolve a conversão da frutose-1,6-bifosfato em frutose-6-fosfato. Para essa
etapa ocorrer, é necessária a ação da enzima, dependente de íon magnésio como seu cofator, a frutose-1,6-
bifosfatase, que promove a hidrólise do fosfato no primeiro carbono da molécula. Por fim, a glicose-6-fosfato
é convertida a glicose, por intermédio da glicose-6-fosfatase. O glicerol pode ser obtido a partir da lipólise de
triacilgliceróis, como será abordado em tópicos posteriores, sendo sua geração favorecida a partir de um maior
catabolismo deste substrato energético, predominante em um contexto de déficit calórico. Além disso, a
resistência à insulina favorecida em um contexto de obesidade também envolve maior geração de glicose a
partir da gliconeogênese, a partir da geração de precursores, como o glicerol, obtido com o aumento da lipólise
e de aminoácidos por maior catabolismo. Esta glicose favorece a hiperglicemia, característica desse quadro,
podendo esta resistência ser revertida em alguns casos, sobretudo a partir da perda significativa de gordura
visceral.

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Cetogênese
Além de todos os processos já relacionados às vias metabólicas que ocorrem no fígado, a mitocôndria hepática
ainda possui a capacidade de também converter o acetil-coa, proveniente da beta-oxidação, em estruturas
conhecidas por corpos cetônicos. Entre estes, incluem-se o acetoacetato, 3-hidroxibutirato e a acetona,
correspondendo a importantes fontes de energia aos tecidos periféricos. Quando chegam a estes tecidos, como
músculo e adrenal, estes componentes podem ser convertidos a acetil-coa, estando consequentemente aptos
à geração de energia através do Ciclo de Krebs. Sua importância está atrelada a um contexto de jejum ou
dieta cetogêniga, ainda que sempre sejam produzidos. Todavia, durante estes contextos, os estoques de

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glicogênio tendem a ser depletados, e mecanismos de priorização da glicose para órgãos altamente
dependentes dela precisam ser ativados, sendo a cetogênese um deles.

Figura 6.1. Síntese e direcionamento de corpos cetônicos (Ferrier, D.R, 2019)

O principal substrato envolvido na cetogênese é o acetoacetil-coA, estrutura que pode ser sintetizada tanto a
partir da condensação de duas moléculas de acetil-coa, produzidas a partir da degradação de ácidos graxos,
quanto pelo rearranjo dos quatro carbonos terminais de um ácido graxo, durante o processo de beta-oxidação.
Além disso, o 3-hidroxibutirato corresponde ao corpo cetônico predominantemente encontrado no sangue e na
urina, na presença de cetose. Durante o estado alimentado, a insulina favorece os processos de glicólise e
glicogenólise, fazendo com que a cetogênese seja menos necessária. Como visto, hormônios relacionados ao
jejum, como o glucagon, tendem a favorecer as reações de síntese destes compostos. A cetogênese é uma via
essencial para manter o suprimento energético de tecidos altamente dependentes de glicose, como o cérebro,
sobretudo em baixas concentrações de insulina. É uma adaptação que visa sobrevivência, sem estar
necessariamente atrelada ao emagrecimento, já que impede que a glicose restante seja priorizada para esses
tecidos. Ainda, em uma dieta cetogênica, há o favorecimento da lipólise e da beta-oxidação, visto que há queda
significativa na insulina. Porém, há também necessidade de déficit calórico, já que esta dieta envolve maior
consumo de gorduras e captação no tecido adiposo.

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Metabolismo dos Aminoácidos
Como visto no tópico de Catabolismo, os aminoácidos também correspondem a importantes precursores para
a síntese de ATP, a partir da quebra de proteínas, culminando na formação de Acetil-coA. Entretanto, a
geração de energia está longe de ser a única função destes componentes biológicos, fundamentais para a
síntese de proteínas teciduais, a partir de uma grande síntese a nível intestinal, podendo compor também os
diferentes tipos de tecido muscular. Além disso, aminoácidos podem ser convertidos em carboidratos, na
forma de glicose, a partir da perda de nitrogênio, convertido, a posteriori, em ureia. Além dos aminoácidos
glicogênicos, isto é, que formam glicose, também há aminoácidos cetogênicos, que são convertidos em corpos
cetônicos.

Figura 7.1 Funções biológicas dos aminoácidos (Marzzoco, A & Torres, B.B, 2015)

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Estruturalmente, as proteínas são compostas por cerca de 20 diferentes aminoácidos. Cada um deles, é
quimicamente constituído por um grupo carboxil, um hidrogênio, um grupamento amino, e uma cadeia lateral,
sendo esta última estrutura fundamental para diferenciar um aminoácido do outro. Existem processos
relacionados à biossíntese e metabolismo dos aminoácidos que envolvem o rearranjo do grupamento amino,
sendo a transaminação um importante deles. Esta reação envolve duas estruturas, sendo uma delas um a-
aminoácido e outra um a-cetoácido, estruturas que divergem entre si apenas pela presença do nitrogênio.
Como é possível observar na imagem abaixo, ocorre uma interconversão entre estas moléculas, a partir do
deslocamento deste grupamento. Dessa forma, o aminoácido torna-se um a-cetoácido, enquanto o contrário
também é verdadeiro. No exemplo, o piruvato recebe um grupamento amino, convertendo-se ao aminoácido
alanina, enquanto o aminoácido da reação, que pode ser tanto o glutamato quanto o aspartato, perdem este
grupamento doado, convertendo-se aos seus respectivos a-cetoácidos, a-cetoglutarato e oxalacetato. É um
mecanismo relevante na síntese de aminoácidos não-essenciais, ou seja, aminoácidos sintetizados de forma
endógena.

Figura 7.2. Exemplo de Transaminação (Rodwell, V.W, 2021)

Outro processo bioquímico de extrema importância para o organismo envolve a desaminação, que consiste
na retirada do nitrogênio dos aminoácidos, evitando a toxicidade do acúmulo de amônia no organismo através
do ciclo da ureia. Os esqueletos de carbonos restantes da molécula podem ter diferentes destinos, sendo alguns
deles: (1) síntese de glicose via gliconeogênese, (2) síntese de corpos cetônicos, (3) síntese de Acetil-coa, com
a possibilidade de ser oxidado via Ciclo de Krebs, ou ainda, participar da lipogênese, que será aprofundada no
próximo tópico deste material. Ainda com relação a estes diferentes produtos e seu papel no metabolismo
energético, os aminoácidos podem convergir tanto para o Acetil-coa, quanto para os intermediários do Ciclo
de Krebs, como pode ser visto abaixo. Entre estes intermediários incluem-se o oxalacetato, piruvato, fumarato,
a-cetoglutarato e succinil-coa. Com relação a sua participação na lipogênese, o excesso energético que pode

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ser gerado neste ciclo a partir de sua grande conversão a Acetil-coa, ou ainda, do acúmulo destes
intermediários, favorece o deslocamento do citrato para o processo de lipogênese, com saída do Acetil-coA
para o citosol e formação de ácidos graxos. Basicamente, as proteínas em excesso favorecem o ganho de
gordura pelo excesso de aminoácidos saindo do ciclo de Krebs pelo excesso de formação de citrato.

Figura 7.3. Aminoácidos e o Ciclo de Krebs (Rodwell, V.W, 2021)

O piruvato formado no músculo também pode participar do Ciclo de Cori, importante processo que envolve
os tecidos muscular e hepático. O lactato formado a partir do piruvato presente no músculo, via glicólise
anaeróbica, pode sair deste tecido e migrar ao fígado, órgão que direciona esta molécula para a formação de
glicose, por gliconeogênese, sendo direcionada para a corrente sanguínea e garantindo o suprimento
energético do cérebro, órgão que demanda preferencialmente por glicose para manter suas funções vitais.

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Figura 7.4. O Ciclo de Cori. (Smith, C; Marks, A, D, Lieberman, M, 2007)

Obtida através da transaminação de grande quantidade de piruvato, por intermédio da enzima alanina-amino-
transferase, a alanina formada no músculo também consegue alcançar o fígado, através da corrente
sanguínea. Neste ciclo, conhecido como glicose-alanina, a alanina também pode participar da
gliconeogênese hepática, culminando na formação de glicose que, por sua vez, pode retornar ao músculo e ser
usada por ele.

Figura 7.5. O Ciclo de Cori e glicose-alanina juntos. (Rodwell, V.W, 2021)

A bioquímica do emagrecimento também compreende a geração de lipídeos a partir do excesso de aminoácidos,


não sendo esta uma característica restrita ao excesso de carboidratos. Como visto anteriormente, os
aminoácidos podem ser tanto glicogênicos quanto cetogênicos, com uma grande parte deles compondo
intermediários do Ciclo de Krebs. Um exemplo é a geração do fumarato a partir da tirosina. Como visto

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anteriormente, quando há geração excessiva de ATP e elevada produção dos intermediários do ciclo, o citrato
tende a ser deslocado para a geração de lipídeos, num processo conhecido como lipogênese de novo.

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Metabolismo dos Lipídeos
Os lipídeos absorvidos pela dieta e sintetizados endogenamente pelo organismo constituem uma importante
fonte de energia para diferentes tecidos, sendo armazenado na forma de tecido adiposo ou transportado
através de lipoproteínas plasmáticas. Com relação ao seu armazenamento, constituem a maior reserva
energética. A nível celular, os lipídeos concentram-se em células conhecidas por adipócitos, cujo interior
armazena triglicerídeos. Todavia, é importante considerar que este tecido não está somente atrelado à geração
de energia, visto que pode apresentar funções endócrinas bastante relevantes, sintetizando hormônios
peptídicos, como a leptina, adiponectina, entre outros, também relacionadas com o processo de emagrecimento
e sensibilidade à insulina.

Em um estado catabólico, como durante um jejum, os hormônios adrenalina e glucagon agem sob esta reserva
energética, na forma de triglicerídeos, favorecendo a ação da enzima lipase hormônio sensível (HSL),
representada na figura abaixo. Há ainda outras enzimas, sendo uma delas a ATGL, presente no tecido adiposo,
responsável por transformar os triacilgliceróis em diacilgliceróis (DAG). A HSL, por sua vez, transforma este
DAG em monoacilglicerol (MAG). A partir destas quebras, há liberação de ácidos graxos, transportados pela
corrente sanguínea através da albumina plasmática, e de glicerol, molécula que pode participar da
gliconeogênese, culminando na formação de Acetil-coA, e geração de energia. Entretanto, é preciso entender
que o processo de quebra do TAG representado abaixo não é determinante do emagrecimento, sendo
importante o processo de beta-oxidação destes ácidos graxos, em um contexto de déficit calórico. Ou seja,
não basta quebrar a gordura, é preciso queimá-la em acetil coa e este processo ser maior do que a ingestão
de energia.

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Figura 8.1. Lipólise e liberação de AG livres (Rodwell, V.W, 2021)

Falando em queima, os ácidos graxos ainda são convertidos em um intermediário ativo antes de sua oxidação,
em uma etapa dependente de ATP. Através da enzima acil-coA-sintetase, o ácido graxo é convertido a um
“ácido graxo ativado” ou acil-coA. Como a etapa de beta-oxidação ocorre na matriz mitocondrial, esta
estrutura precisa ser transportada através das duas membranas mitocondriais, interna e externa. Para que
ultrapasse a interna, os grupos precisam ser transferidos da coA para uma molécula de carnitina, o que ocorre
através da enzima carnitina-palmitoil-transferase I, não passando livremente pela membrana. Isso
promove a geração de uma acil-carnitina, que é transportada para a matriz mitocondrial, em troca de uma
carnitina livre. Por fim, o acil-coA é novamente formado, a partir da carnitina-palmitoil-transferase II,
possibilitando sua oxidação.

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Figura 8,2. O transporte pela Carnitina (Rodwell, V.W, 2021)

O palmitoil-coa, um exemplo de ácido graxo ativado, passa por sucessivas clivagens até a geração do acetil-
coA, estrutura com dois carbonos, ingressante ao Ciclo de Krebs. Como é composto por dezesseis átomos de
carbono, esta molécula é capaz de formar oito moléculas de acetil-coA, culminando em diversas voltas no Ciclo
de Krebs, e uma geração de coenzimas reduzidas multiplicadas por este valor, conforme mostra a tabela abaixo.
É importante mencionar que um consumo acentuado de carboidratos, acompanhado de elevada ingestão
calórica, tende a gerar um significativo excesso de citrato, no ciclo de Krebs que, em um contexto de elevada
geração de ATP, desloca-se para o citosol, sendo atuante na geração de gordura (lipogênese), a nível de citosol.

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Figura 8,2. Saldo energético da beta-oxidação (Rodwell, V.W, 2021)

Em uma dieta cetogênica, há o favorecimento da lipólise e da beta-oxidação, visto que há queda significativa
da insulina. Entretanto, o maior consumo de lipídeos pela dieta é facilmente captado pelo tecido adiposo, o que
impacta o balanço energético, podendo comprometer o emagrecimento do indivíduo.

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Lipoproteínas
O transporte de lipídeos envolve uma série de lipoproteínas com diferentes densidades, sendo alguns dos
marcadores analisados em exames de rotina. Estas estruturas podem ainda apresentar uma ou mais
apolipoproteínas, podendo algumas ser encaminhadas de uma lipoproteína para a outra. A VLDL, lipoproteína
de muito baixa densidade por ser rica em triglicerídeos, sendo de origem hepática. É responsável por
transportar os triacilgliceróis do fígado para os tecidos extra-hepáticos. Após entregar estes lipídeos para os
tecidos, esta lipoproteína converte-se a LDL, lipoproteína de baixa densidade, havendo na literatura correlação
positiva entre a incidência de aterosclerose e a concentração de LDL no plasma, visto que é uma lipoproteína
envolvida com o transporte do colesterol para os tecidos. Grande parte deste LDL precisa sofrer degradação
no fígado, saindo do plasma e sofrendo menor risco de oxidação.

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Todavia, indivíduos com histórico de hipercolesterolemia familiar, apresentam deficiência nos receptores
hepáticos para o LDL, favorecendo seus níveis elevados. Já a HDL corresponde a uma lipoproteína de maior
densidade, pois apresenta maior predomínio de conteúdo proteico. Realiza o transporte de colesterol para o
fígado, favorecendo sua eliminação. É importante destacar que estas estruturas não podem ser vistas como
uma espécie de “sinônimo” ou semelhante ao colesterol, pois são apenas estruturas de transporte destas
moléculas, ou seja, são componentes distintos. Por fim, o quilomícron corresponde a uma lipoproteína revestida
a nível intestinal, com capacidade de entregar a gordura digerida e absorvida pela dieta para diferentes tecidos,
podendo também armazená-la nos adipócitos.

Figura 9.1 O destino do quilomícron (Ferrier, D.R, 2019)

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Esses quilomícrons transportam a gordura ingerida pela dieta, sob a forma de ácidos graxos, promovendo a
captação deste lipídio pelos adipócitos. Como há ingestão da molécula pronta de lipídio, um contexto de
excesso calórico, por sua vez, também favorece o ganho de massa gorda do indivíduo. Essa lipoproteína é
reconhecida pelo tecido adiposo a partir da proteína Apob48. Essa captação é de extrema importância,
considerando que o tecido adiposo é o local específico para esse armazenamento, sendo mais propício a ele
que órgãos, como o fígado. Logo, quando falamos de emagrecimento, fica claro que o excesso de gorduras na
dieta, mesmo estimulando menos insulina e captação de glicose no tecido adiposo e muscular, favorece a
captação destas mesmas gorduras no tecido adiposo, justamente pela ação dos quilomícrons.

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Integração Metabólica
Quando falamos em integração metabólica, é importante diferenciar o metabolismo envolvido nos estados
alimentado e de jejum. Cada um desses contextos favorece a integração de diferentes rotas bioquímicas e uso
de substratos energéticos. Durante o estado alimentado, os carboidratos ingeridos pela dieta, através da
glicose, podem ser imediatamente utilizados para a produção de energia através de vias anaeróbicas e
aeróbicas, sendo esta última seguida de Ciclo de Krebs e Cadeia Transportadora de Elétrons. Podem ser
armazenados na forma de glicogênio, tanto no fígado quanto nos músculos esqueléticos, a partir da glicogênese
(síntese do glicogênio), além de também poderem ser convertidos em gordura, e armazenados em adipócitos,
a partir de uma expressiva ingestão calórica. Um hormônio-chave envolvido nesse contexto é a insulina, com
ação permissiva para síntese de ácidos graxos, o que não deve ser necessariamente atrelado ao ganho de
gordura, visto que a insulina não é capaz de realizar esta síntese caso não haja um contexto de superávit
calórico. Deve haver um excesso calórico, não sendo esta sinalização suficiente por si só. Resumidamente, a
insulina ajuda na captação de energia para tecidos, mas esta captação excessiva no tecido adiposo ou mesmo
no fígado, é fruto do excesso calórico, não da insulina por si.

Com relação ao consumo de proteínas, os aminoácidos absorvidos tendem a ser mais bem direcionados a
síntese proteica nos tecidos. Quando em excesso, também podem ser convertidos em gordura e armazenados
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em adipócitos, através da lipogênese de novo, processo que ocorre no fígado. Já os lipídeos, em estado
alimentado, tendem a permanecer estocados no tecido adiposo, havendo menor lipólise. Os ácidos graxos e
colesterol tendem a ser utilizados para a síntese de outras estruturas. Já durante o estado de jejum, o
glicogênio hepático tende a ser quebrado, favorecendo a manutenção da glicemia a partir do catabolismo de
outras diferentes estruturas, como as proteínas e os triglicerídeos. Os aminoácidos presentes tendem a ser
deslocados para a geração de glicose por outros precursores, através da gliconeogênese, enquanto as gorduras
passam a estar mais direcionadas a lipólise e beta-oxidação. Reparem que, quando pensamos em
emagrecimento, há sempre os efeitos do estado alimentando x estado de jejum, porém, isto não significa que
o fracionamento ou não fracionamento é melhor para emagrecer. Mesmo num longo período em jejum, se o
estado alimentado envolver muitas calorias, haverá uma grande captação e, se houver excesso de energia
frente ao gasto, pode haver ganho de gordura. Já num cenário com diversas refeições, mesmo que haja poucos
períodos em jejum, se houver déficit calórico, não haverá energia suficiente para ser entregue aos tecidos, ou
seja, o próprio déficit vai sinalizar processos de lipólise e oxidação da gordura, para assim formar energia.

Figura 10.1 Estado alimentado Vs Estado de Jejum (Ferrier, D.R, 2019)

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Referências:
SMITH, Colleen; MARKS, Allan D.; LIEBERMAN, Michael. Bioquímica Médica Básica de Marks. São Paulo:
Artmed, 2007.

NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. São Paulo: Artmed, 2019.

FERRIER, Denise R. Bioquímica ilustrada. (Ilustrado). São Paulo. Grupo A, 2019.

MARZZOCO, Anitta; TORRES, Bayardo B. Bioquímica Básica. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2015

RODWELL, Victor W. Bioquímica Ilustrada de Harper. São Paulo. Grupo A, 2021

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