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ANTONIO ARRUDA

LIVE-BOOK

FISIOLOGIA DO
EMAGRECIMENTO

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ANTONIO
ARRUDA
Educador físico pela UPE,
Mestrado em Bioquimica pela
UFPE e Especialização em
Fisiologia do Exercício na
UGF. Professor universitário,
palestrante e  Personal
Trainer. Foi coordenador
técnico de academias e
preparador físico de atletas
de alto rendimento no Brasil
e Estados Unidos . Vinculado
 ao Laboratório de pesquisas
em desempenho Humano da
UPE-Petrolina, estuda e
pesquisa temas relacionados
principalmente ao HIIT e as
lutas.
Falar sobre EMAGRECIMENTO é sem dúvida algo que traz
à tona a necessidade de entender os mecanismos que nosso
organismo precisa para se ajustar e alcançar de maneira
satisfatória a redução da gordura corporal, além de manter essa
composição evitando assim o reganho do peso perdido. Existem
diversas formas de tentar controlar essa gordura corporal
(dietas, exercícios, medicamentos, tratamentos estéticos,
procedimentos cirúrgicos, etc.) mas sem dúvida a maneira mais
recomendada, seja por seu grau de eficácia comprovada ou pelo
facilidade e baixo custo, é a combinação entre TREINO E DIETA.

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Já temos entendimento que a
obesidade é um problema mundial
e traz junto consigo uma série de
patologias metabólicas, articulares,
sociais e psicológicas associadas. O
controle do peso corporal
normalmente é feito através de
ajustes onde se gera maiores
gastos energéticos do que a
quantidade de energia ingerida
diariamente, a isso chamamos de 

BALANÇO
CALÓRICO

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É muito comum vermos autores falando sobre criar déficits calóricos em
pessoas que buscam emagrecer, nesta linha nos veem em geral a cabeça
que para se criar esse déficit energético devemos aumentar a
quantidade de exercícios ou diminuir a ingestão de alimentos.

Neste Ebook iremos tratar a redução da gordura corporal de maneira


muito peculiar, trazendo novos pontos de vista sobre a melhor forma
de atingir o emagrecimento, gerando melhores compreensões sobre os
mecanismos e ajustes fisiológicos e bioquímicos associados.

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FAÇO UM CONVITE PARA VOCÊ DEIXAR
PARA TRÁS ALGUNS CONCEITOS ANTIGOS E
ABRIR A CABEÇA PARA PODERMOS REFLETIR
JUNTOS PELAS PRÓXIMAS PÁGINAS. ASSIM,
PODEREMOS APRENDER E REAPRENDER
GERANDO MAIS CONHECIMENTO E
AMPLIANDO A FORMAÇÃO NA NOSSA ÁREA
DE ATUAÇÃO.

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A
OBSEDIDADE
já tem sido considerada há bastante tempo um
problema de saúde pública na sociedade
moderna (Olshansky et al., 2005) trazendo
consigo inúmeros problemas associados
(Keesey RE, Corbett SW 1984). Normalmente,
uma das maneiras de realizar o controle do
peso corporal é coordenar as quantidades de
energia ingeridas e expendidas ao longo do
dia (Leibel et al., 1995). Dentro dos quadros de
redução de peso e do controle do peso
perdido (manutenção) existem grandes
inconvenientes devido a inúmeros problemas
metabólicos que possibilitam o reganho desse
peso perdido em decorrência de algumas
estratégias utilizadas para este processo
(Leibel et al., 1995).
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NOSSO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO É
ESTIMADO POR 3 COMPONENTES
DIFERENTES: O METABOLISMO DE REPOUSO,
O EFEITO TÉRMICO DOS ALIMENTOS E A
ENERGIA GASTA PELA ATIVIDADE FÍSICA
(JEQUIER, 2002; PAOLI ET AL., 2014).
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O EFEITO TÉRMICO
DOS ALIMENTOS
é a energia que nosso
O METABOLISMO corpo gasta para digerir,
DE REPOUSO absorver e estocar os
nutrientes provenientes
 é toda energia gasta pelo da alimentação. E por fim
nosso organismo para o gasto advindo da
manter as funções vitais
em pleno estado de
funcionamento.

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ATIVIDADE
FÍSICA
é todo aquele cujo nosso organismo tem durante a
prática do exercício ou mesmo em seu estado de
recuperação em decorrência do estresse causado e seu
retorno ao estado de homeostase corporal (equilíbrio
orgânico). Dessa maneira, já é possível entender que o
conjunto entre treinamento e dieta possuem um papel
fundamental no processo de redução de peso e da sua
manutenção (Paoli et al., 2008).

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O TERMO
DIETA
é costumeiramente associado a
processos de perda de peso
corporal e diariamente existe o
surgimento de inúmeras novas
dietas sem nenhuma base
científica. Essas “dietas” são
propagadas de maneira
equivocada pelas mídias sociais
e outras fontes de
compartilhamento não-científicas
e trazem vários transtornos em
períodos de médio e longo prazo 

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às pessoas que aderem a essas “receitas
milagrosas” (Matarese e Pories, 2014). É
claro que também existem dietas com um
teor científico nos meios de comunicação e
outros veículos de divulgação, mas é
extremamente complicado para as
pessoas em geral saberem identificar qual
é qual no seu cotidiano.

Curiosamente as 4 leis da termodinâmica


são comumente utilizadas para justificar e
explicar o emagrecimento através da
mensuração de grandezas físicas tais como
temperatura, energia e a entropia. Em uma
forma simples de explicar, as leis da
termodinâmica versam sobre o movimento
do calor e do trabalho produzido pelos
corpos.
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Quando são aplicadas essas leis, temos as seguintes considerações sobre a
redução e manutenção do peso corporal: quando o consumo (ingestão)
energético é igual ao gasto não existe nem ganho nem perda de peso, quando o
consumo energético é maior que o seu gasto existe um estoque de energia gerando
um acúmulo de tecido específico para o armazenamento desse excesso, e por fim,
se houver um gasto maior que o consumo existirá uma utilização das reservas
energéticas para manter as funções orgânicas. Antes de dar continuidade quero
levantar uma reflexão sobre esse tema e perguntar:
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“SERÁ QUE ISSO ACONTECERÁ DE FATO NO
NOSSO ORGANISMO?”

“SERÁ QUE NOSSO ORGANISMO SEMPRE


RESPONDERÁ DESSA MANEIRA A ESTAS
SITUAÇÕES?”

“A EQUAÇÃO DO PROCESSO DE PERDA E


MANUTENÇÃO DO PESO É TÃO SIMPLES ASSIM?”
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A segunda lei da termodinâmica
afirma que a entropia (medida de
energia que não está disponível
para trabalho durante os
processos termodinâmicos) do
universo aumenta em processos
espontâneos. Esta é a lei da
dissipação dos processos químicos,
que diz que ao ocorrer alguma
reação química irreversível existe
perda (dissipação) de energia para
o meio. Trocando em miúdos,
podemos dizer que existem
processos químicos que são
ineficientes no nosso organismo,
devido a sua “perda” de energia
durante o transcorrer químico.

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SABE O QUE ISSO QUER
DIZER QUANDO
VOLTAMOS A FALAR DE
EMAGRECIMENTO?
Que nenhum sistema consegue ter termos
equivalentes de quantidades de energia para o
trabalho realizado. Isso mesmo, teremos perda de
energia e consequentemente como fica a ideia de
gastar em trabalho aquilo que foi consumido?

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 Neste cenário a segunda lei pode dizer
que “uma caloria nem sempre será uma
caloria” (Matarese e Pories, 2014), pois a
energia deriva de reações químicas
quando nos alimentamos, e que por sua
vez possui dissipação desta energia
durante vários processos relativos ao já
mencionado efeito térmico dos alimentos.
Os autores mencionados acima ainda
afirmam que as calorias não são
convertidas em energia para utilização
numa proporção de 1 para 1 devido essa
dissipação (perda) para o meio já descrita
na explicação da 2ª lei da termodinâmica.

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Agora venho chamar você para pensarmos juntos mais
uma vez. Diante de um novo fato como esse, que
confronta muita informação propagada, seria ainda
possível acreditar nas respostas comuns as 3 indagações
feitas anteriormente sobre o balanço energético e as
respostas químicas do emagrecimento?

Até os macronutrientes durante seu processo de digestão


possuem diferentes percentuais de dissipação, que leva a
maiores ou menores eficiências termodinâmicas entre o
processo digestório de açúcares, gorduras e proteínas.
Além disso existem outras diferenças nos processos de
conversão entre os macronutrientes entre si ou durante
o processo de utilização dos mesmos para realização de
trabalho (químico, físico, osmótico, etc.). 

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No primeiro processo mencionado
PODEMOS CITAR A GRANDE existe uma perda muito maior de
DIFERENÇA, POR EXEMPLO, DE energia para sua realização,
mostrando assim uma ineficiência
PERDA ENERGÉTICA QUANDO maior em comparação com o outro
O CORPO QUER CONVERTER processo mencionado.
Neste momento você pode estar
PROTEÍNA EM CARBOIDRATOS entendendo tudo, mas se
(AÇÚCARES) OU QUANDO ELE perguntando “sim, mas o que isso
teria a ver com o
SIMPLESMENTE IRÁ OXIDÁ-LO. emagrecimento?”. 

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Alguns autores chegam
a afirmar que os
ajustes na dieta são os
mais fundamentais
para o sucesso da
perda de peso
(Malhotra et al., 2015),
A eficiência quebrando a ideia de
TUDO!

termodinâmica reduzida que uma pessoa não


resulta em maiores pode emagrecer por
perdas de peso, uma vez questões de baixas
quantidades de
que existe muita energia
exercícios (inatividade
dissipada durante os
física ou sedentarismo)
processos químicos
ou de baixo gasto
acontecidos durante a
energético associado a
realização do trabalho
tarefas cotidianas
(Fine e Feinman, 2004). (baixa quantidade de
atividade física).
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Porém, outros autores
levantam questões
importantes quando
pensamos na
diminuição do peso
corporal, uma vez que
a redução do peso traz
consigo uma redução
da taxa metabólica de
repouso do indivíduo
(Leibel et al., 1995;
Manore 2014).

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Em decorrência dessa redução de energia ingerida nosso organismo tende a
reduzir seu gasto energético para funções vitais, fenômeno conhecido
como termogênese adaptativa (Tremblay et al., 2012) que, de acordo com
os autores, tem sido um fenômeno estudado há mais de um século devido
sua suma importância em processos de perda de peso. Uma vez que é
noticiado desde muito tempo que, apesar de variações substanciais entre
consumo e gasto energético, o corpo produz uma certa estabilidade no seu
peso. Dessa forma, as investigações sobre esse tema trouxeram fatos que
explicam que mesmo com flutuações energéticas o corpo consegue reagir
respondendo com atenuações (diminuições) de necessidades metabólicas a
fim de não precisar perder suas reservas energéticas. Este mecanismo de
ajuste ajuda a responder um dos grandes determinantes sobre o
comportamento metabólico de pessoas engajadas em programas ou dietas
voltadas para perda de peso trazendo o conceito de adaptação da
termogênese corporal e consequentemente da redução metabólica
subsequente ao período de restrição calórica.

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Para piorar um pouco mais esse cenário,
existe uma maior perda metabólica associada
com a redução do consumo calórico do que o
previsto, isto leva a maiores necessidades de
restrição a cada peso perdido. Ou seja, sempre
que vamos perdendo mais peso vai ficando
cada vez mais difícil devido ao novo ajuste
metabólico em consequência da termogênese
adaptativa.
Neste momento você pode estar se
perguntando:

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O QUE É EXATAMENTE A
TERMOGÊNESE
ADAPTATIVA

O QUE ISSO IMPORTA PARA A


PERDA DE PESO

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Já sobre o impacto
disso sobre o
emagrecimento,
podemos falar no
aumento da dificuldade
A resposta para a primeira
da pessoa manter uma
pergunta é que a
perda de peso
Termogênese Adaptativa é
progressiva ou mesmo
definida como a modificação
de manter o peso
do gasto energético de perdido após um
repouso (taxa metabólica período gerando o que
de repouso) em decorrência se chama de reganho
de períodos de alimentação de peso.
muito calóricas ou pouco
calóricas.

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E AGORA VAMOS FALAR SOBRE
COMO PODEMOS EVITAR ESSA
DIMINUIÇÃO DA TAXA METABÓLICA
DE REPOUSO (TMR), GERANDO
MENORES TRANSTORNOS PARA A
TERMOADAPTAÇÃO DO NOSSO
ORGANISMO:
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1. ALIMENTOS COM MAIORES QUANTIDADES DE
PROTEÍNAS SÃO ADEQUADOS PARA PESSOAS
QUE ESTÃO EM PROCESSO DE EMAGRECIMENTO.

Isso decorre em virtude da proteína necessitar mais energia para


ser metabolizada pelo nosso organismo durante o processo de
digestão, aumentando assim o gasto energético. Além disso, o
aumento do consumo proteico trará maiores taxas de síntese
proteica, ponto fundamental para aumentar o gasto energético em
repouso. As proteínas possuem aminoácidos como a leucina na
sua composição que geram um gatilho de disparo para maiores
taxas de síntese de novas proteínas (Phillips, S. 2014).

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2. AUMENTAR A QUANTIDADE DE TREINOS DE
MUSCULAÇÃO COM ALTA INTENSIDADE.
Os treinos de alta intensidade promovem maiores gastos
energéticos em repouso devido aumento do EPOC, da síntese
proteica, biogênese mitocondrial e mexe diretamente com o
metabolismo hormonal dos adipócitos. Trazendo além de maiores
gastos energéticos uma maior relação de saciedade para o
indivíduo (Paoli, A. 2014). Na revisão intitulada “Levante peso
para combater o sobrepeso” o autor Italiano levanta inúmeras
questões associadas com a relação de praticar treino de força
com qualidade para manter o tecido muscular metabolicamente
ativo. Neste sentido, podemos dizer que aumentaremos a TMR e
isso evitará a termoadaptação oriunda do emagrecimento e de
uma possível diminuição da ingestão calórica.

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3. EVITAR A UTILIZAÇÃO DE TREINOS DE BAIXA
INTENSIDADE E LONGA DURAÇÃO COMO BASE
DOS TREINAMENTOS PRESCRITOS.
A enzima AMPK  (proteína quinase ativada por AMP) é um grande
sensor de energia do nosso corpo (Hardie et al. 2012; Zhang et al.
2014) que possui um papel importante em regular as atividades
orgânicas em consequência da homeostase energética. Caso estejamos
com baixa quantidade de energia disponível na forma de glicogênio ou
muito AMP (em pouco ATP), nosso organismo entende que devemos
diminuir funções importantes como a taxa de síntese de proteínas
(Matsakas e Patel, 2009). Estes mesmos autores ainda afirmam que ao
realizar treinos onde o desgaste energético é alto ou a duração do
treino é mais prolongada, existirá uma maior sensibilização do AMPK
trazendo assim menores atividades no eixo AKT-mTOR. Eixo este
responsável pela sinalização para produção de novas proteínas.
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CONCLUSÃO
Neste e-book trouxemos uma forma diferente de compreender o
processo de emagrecimento a luz de uma visão que trouxe os
conceitos básicos usuais pensados e falados pela maioria das
pessoas, porém com uma forma que mostra os equívocos ao se
analisar num contexto mais próximo aos conhecimentos
fisiológicos e bioquímicos.
A grande ideia é trazer uma reflexão que possa ajudar a
entender melhor esse fenômeno gerando maior e melhor
formatação na prescrição dos treinos aeróbios e de musculação.
Por isso, modificações nas maneiras de entender os
treinamentos e o comportamento metabólico é fundamental para
o sucesso no emagrecimento e especialmente na manutenção
desse resultado.

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REFERÊNCIAS:
OLSHANSKY ET AL., A POTENTIAL DECLINE IN LIFE EXPECTANCY IN THE UNITED STATES IN
THE 21ST CENTURY. 2005

KEESEY RE, CORBETT SW METABOLIC DEFENSE OF THE BODY WEIGHT SET-POINT. 1984

LEIBEL ET AL., CHANGES IN ENERGY EXPENDITURE RESULTING FROM ALTERED BODY


WEIGHT.1995

PAOLI ET AL. LIFT WEIGHTS TO FIGHT OVERWEIGHT. 2014

PAOLI ET AL. WHAT IS FITNESS: DEFINITION, HISTORY AND HEALTH BENEFITS. A REVIEW.
2008

MATARESE E PORIES, ADULT WEIGHT LOSS DIETS: METABOLIC EFFECTS AND OUTCOMES.
2014

TREMBLAY ET AL. ADAPTIVE THERMOGENESIS CAN MAKE A DIFFERENCE IN THE ABILITY OF


OBESE INDIVIDUALS TO LOSE BODY WEIGHT. 2012

HARDIE AMPK: A KEY REGULATOR OF ENERGY BALANCE IN THE SINGLE CELL AND THE
WHOLE ORGANISMO. 2008

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ANTONIO ARRUDA

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