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SUMÁRIO

Componentes do gasto energético …………………………………………………………………………………..03

Gasto energético em repouso ……………………………………………………………………………………………04

Efeito Térmico dos Alimentos …………………………………………………………………………………………… 07

Gasto da atividade física ……………………………………………………………………………………………………. 08

Gasto da atividade não-exercício ……………………………………………………………………………………..10

Cálculo do gasto energético ………………………………………………………………………………………………..13

Fator Atividade ………………………………………………………………………………………………………………………..16

Escolha do Déficit Calórico ………………………………………………………………………………………………..17

Limitações do Inquérito Alimentar …………………………………………………………………………………..19

Referências...............................................................................................................................................21

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Componentes do Balanço Energético

Para facilitar o entendimento do balanço energético, é fundamental que se retome o fundamento básico
envolvido na primeira Lei da Termodinâmica, que compreende o princípio da conservação de energia.
Fisicamente, essa lei explica que toda energia adicionada a um sistema, pode ser armazenada ou então,
utilizada para realizar trabalho. A questão é que esta lei da física pode ser aplicada ao organismo humano, o
que reforça que todo e qualquer excesso de energia, ou seja, toda energia que não é gasta, tende a se manter
armazenada como gordura corporal ou massa magra, caracterizando o ganho de peso.

Dessa forma, o balanço energético é um fator importante no que tange a perda, o ganho, ou a manutenção de
peso corporal, estando relacionado à diferença entre a ingestão calórica e o gasto energético dos
indivíduos. Um balanço energético neutro confere a manutenção de peso e da composição corporal, a partir
de um consumo calórico bastante similar ao gasto energético realizado. Aos indivíduos que buscam
emagrecimento, com redução de peso a partir de expressiva perda de gordura, aplica-se um balanço energético
negativo (mantendo-os em déficit calórico), caracterizado por um consumo de calorias abaixo da quantidade
calórica gasta. Já aqueles que buscam o ganho de peso, sobretudo com ganho de massa muscular, devem
manter um balanço energético positivo (ou superávit calórico), com consumo acima da quantidade de calorias
que serão gastas.

Fisiologicamente, o organismo demanda uma grande quantidade de energia para manter suas funções básicas
que vão desde a respiração até o controle da temperatura corporal. Compreender adequadamente este gasto
é fundamental na regulação do balanço a ser feito em cada indivíduo, sendo esta quantidade de energia
denominada de Taxa Metabólica Basal (TMB). Entretanto, sua medição requer condições laboratoriais muito
bem controladas, devendo o indivíduo permanecer em repouso e jejum, por um período mínimo de 12 horas.
Para fins práticos, mede-se o gasto energético de repouso (GER) através de calorimetria indireta. Este
exame estima a quantidade calórica gasta em um estado de repouso a partir do consumo de oxigênio e da
produção de gás carbônico. O valor obtido é cerca de 5% mais elevado que o da TBM.

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O GER é apenas um dos componentes do gasto energético total (GET), sendo importante observar, como
veremos mais adiante, a contribuição de outros fatores, como a atividade física e a dieta. Apesar de pouco
discutido, o gasto não relacionado ao exercício também influencia o GET, o que torna essencial a observação
da rotina de cada pessoa.

Com relação à energia fornecida pelos alimentos, considera-se a distribuição calórica abaixo, para 1g de
macronutriente, sendo as gorduras os componentes mais calóricos da dieta.

Figura 1.1. Densidade energética a partir dos macronutrientes da dieta (Hall, M, 2021)

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Gasto energético em repouso

O gasto energético de repouso (GER) compreende cerca de dois terços do gasto energético total (GET),
embora varie entre os indivíduos de maneira considerável, a depender do total de atividades físicas. Como
discutido no capítulo anterior, esta variável estima o gasto calórico necessário para manter as funções
biológicas e vitais do organismo, com alguns órgãos contribuindo mais para esse gasto, em detrimento de
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outros. Entre estes estão incluídos órgãos como o coração, rins, cérebro e fígado, altamente metabólicos.
Estima-se que apenas o cérebro tenha um consumo calórico de aproximadamente 400 kcal. O GER também é
amplamente variável entre diferentes indivíduos, a depender da composição corporal de cada um. Isso se
explica pelo maior gasto calórico envolvendo o tecido magro, em comparação ao tecido adiposo. Pode-se dizer
que estes dois tecidos contribuem para o GER variavelmente, de acordo com os ganhos ou perdas de massa
muscular e de gordura de cada indivíduo. Ainda assim, indivíduos com igual peso e composição corporal
apresentam variabilidade no GER, sendo esta próxima a 250 kcal.

O GER depende da massa corporal, que pode aumentar ou diminuir por diversas razões. Sabe-se que o ganho
de peso pode culminar em um aumento expressivo de massa gorda, o que faz com que alguns órgãos
aumentem de tamanho, o que também contribui para o aumento do GER. Como dito anteriormente, o fígado
e o cérebro demandam uma grande quantidade de energia para exercerem suas funções. Apenas 1kg de tecido
hepático possui uma taxa metabólica basal bastante elevada, com um gasto de cerca de 200kcal. O cérebro
apresenta um gasto similiar, mas ainda maior, totalizando 240 kcal gastas por kg, sendo que o cérebro tem
uma média de 1,5kg. No entanto, o tecido muscular esquelético, possui uma TMB correspondente a apenas
13kcal/kg, com o tecido adiposo apresentando uma taxa ainda menor, de 4,5 kcal/g. Ainda assim, é correto
afirmar que ambos os tecidos contribuem significativamente para o GER, tendo em vista que estão amplamente
distribuídos pelo corpo. Somente a musculatura esquelética pode constituir cerca de 45% do peso corporal
dos indivíduos. A partir disso, é fundamental entender a composição corporal de cada um com uma prática
direcionada para cada especificidade. Uma mesma equação de estimativa de GER não pode ser aplicada a dois
indivíduos com composição corporal diferente, mesmo que tenham peso e altura iguais, sendo importante
utilizar fórmulas específicas, e portanto, mais adequadas para cada indivíduo.

O gasto energético pode ser medido por alguns métodos, sendo os principais listados na tabela abaixo. A
calorimetria direta corresponde ao método de melhor acurácia para esta aferição, pois permite a obtenção
direta do calor gerado pelo organismo indivíduo. Entretanto, é necessário permanecer confinado em uma
câmara metabólica durante o processo, não refletindo o gasto energético usual de 24 horas. É um método
bastante caro, sendo mais direcionado para a realização de pesquisas científicas, sobretudo aquelas voltadas
para avaliar o efeito térmico dos alimentos e seus nutrientes.

Outra medida bastante utilizada, citada no primeiro capítulo, é a calorimetria indireta. Apresenta boa
acurácia (2 a 5% de erro), mensurando o calor gerado pelo organismo a partir do consumo e geração de gás
oxigênio e gás carbônico, respectivamente, obtendo um quociente respiratório. Pelo alto custo envolvido na

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calorimetria direta, este método acaba sendo mais utilizado, não só por pesquisas, mas também por unidades
de terapia intensiva, o que permite que o GER possa ser medido continuamente, ao longo de maiores intervalos
de tempo.

Por fim, a tabela também traz o método da água duplamente marcada, bastante citado por diversos estudos.
Através dele, é possível aferir o gasto energético de 24 horas durante as atividades realizadas pelo indivíduo,
não havendo impactos em sua rotina. Para a sua realização, utiliza-se a água marcada com formas estáveis
de isótopos, a serem administrados por via oral, cuja meia-vida é monitorada em torno de 7 a 21 dias. A partir
da diferença no desaparecimento destes isótopos em fluidos corporais dos isótopos, estima-se a taxa de
produção de CO2. Por fim, observam-se dados referentes à composição da dieta e ao quociente respiratório do
indivíduo, o que permite, de fato, o cálculo do gasto energético em 24 horas.

Figura 2.1. Vantagens e Desvantagens dos principais métodos de aferição do gasto energético (Butte e Cabellero, 2014)

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Efeito Térmico dos Alimentos

Há um importante gasto calórico associado ao processo de digestão dos nutrientes consumidos a partir da
dieta, o que caracteriza o Efeito Térmico dos Alimentos (ETA), também chamado de “Termogênese induzida
pela dieta”(TID). Podendo ser observado por várias horas após uma refeição, o ETA seria a representação do
gasto energético relacionado a digestão dos nutrientes, como dito anteriormente, mas também aos processos
de absorção, armazenamento e direcionamento metabólico de cada um dos macronutrientes da dieta.
No entanto, além de compreender tal propriedade de forma geral, é preciso diferenciar a magnitude de efeito
de cada nutriente individualmente, observando sempre a composição da dieta. Em quantidades isocalóricas, as
proteínas contribuem mais para a ETA que os carboidratos que, por sua vez, contribuem mais que as gorduras.
É comum que o ETA represente um percentual fixo na contribuição para o GET, que corresponde a 10% em
indivíduos saudáveis, podendo ser observadas algumas variações.

Macronutriente % do GET

Proteínas 20% a 30%

Álcool 10% a 30%

Carboidratos 5 a 10%

Gorduras 0 a 3%

Considerando uma dieta mista, a termogênese induzida pela dieta impacta no GET na distribuição por
macronutrientes descrita na tabela acima. A partir dela, é possível observar a grande contribuição das
proteínas. Um aumento de proteínas na dieta não irá causar um aumento significativo no gasto calórico para
fins de emagrecimento de indivíduos, estando a sua maior contribuição envolvida com a maior saciedade
proporcionada por este macronutriente. Carboidratos e gorduras tendem a contribuir menos neste gasto
calórico. Embora seja o menor entre os componentes do GET, alguns estudos sugerem que o ETA possa

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desempenhar um papel importante na manutenção e no desenvolvimento da obesidade, atrelada a outros
fatores metabólicos e comportamentais que limitam a contabilidade calórica como única intervenção a ser
feita. Como exemplo, alimentos mais integrais tem um gasto maior digestivo e uma maior perda fecal, além de
contribuírem mais para saciedade dentro do contexto adequado.

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O gasto da atividade física

Corresponde ao componente do GET mais conhecido, tendo em vista sua significativa contribuição para o
processo de emagrecimento. Pode ser tanto relacionado ao gasto do exercício planejado, como também ao
gasto relacionado a atividades de vida diária, sendo esta última modalidade abordada no próximo tópico.
Entre os fatores que influenciam na quantidade energética a ser gasta durante o exercício, incluem-se a
duração e intensidade do exercício em proporção ao peso corporal.

Embora sejam menos ativos fisicamente, indivíduos com obesidade tendem a ter um gasto energético
relacionado à atividade física superior, quando comparados a indivíduos eutróficos. Isso pode ser observado a
partir do gráfico abaixo, que ilustra o gasto calórico, em kcal/d, obtido de cada um dos três componentes do
GET, sendo eles: termogênese induzida pela dieta, gasto energético em repouso e o gasto relacionado à
atividade física. Todavia, este gasto calórico pode apresentar quantitativamente uma queda importante a partir
da perda de peso, fazendo com que a intensidade seja aumentada a fim de compensar a perda no gasto
energético. Resumidamente, a perda de peso pode impactar na diminuição das atividades físicas diárias, de
maneira mais comportamental do que planejada.

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Figura 4.1. Gasto energético total (GET) médio em obesos e eutróficos a partir dos componentes do balanço energético (Hall KD, Guo J, 2017).

O peso corporal é um fator importante relativo ao gasto calórico dos indivíduos. Para entender melhor, basta
pensar em dois corpos diferentes, um com mais peso que o outro. Considerando que ambos façam a mesma
atividade, ainda assim, o corpo mais pesado gastará mais energia para mover-se, em comparação ao menor.
Isso já é bastante demonstrado na literatura, com trabalhos mostrando aumento no gasto calórico, visualizado
em indivíduos mais pesados, sob a prática de atividades de suporte de peso.

É importante destacar as mudanças nos padrões de movimento e atividade observadas em adultos e crianças.
Estas passam a maior parte de seu ativo em atividades de alta intensidade, diferentemente de adultos jovens
que gastam, em média, cerca de 9% de seu tempo ativo com atividades desta intensidade. Esta proporção vai
diminuindo conforme a idade, conforme o gráfico abaixo, com idosos apresentando um percentual de apenas
4%.

Figura 4.2 Tempo gasto em atividades de baixa, média e alta intensidade, respectivamente (Hall KD, Guo J, 2017).
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Além disso, é preciso considerar as mudanças na composição corporal em resposta a uma mudança na
atividade física por meio do treinamento físico, o que também, em certo grau, impacta no gasto calórico,
tanto no gasto relacionado à atividade física quanto no próprio gasto energético em repouso. Adultos jovens
tendem a ter, a longo prazo, um aumento na massa livre de gordura, a partir do treinamento de resistência,
além de maior diminuição de massa gorda, sendo este último efeito mais pronunciado em indivíduos do sexo
masculino.

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Gasto de atividade não-exercício

O gasto da atividade física também compreende as atividades cotidianas, muitas vezes subestimadas no que
diz respeito ao cálculo do gasto energético. Também conhecida como termogênese da atividade não-
exercício (NEAT, em inglês), esse tipo de atividade física engloba todo e qualquer gasto de energia que não
esteja envolvido com a alimentação, o sono e com exercícios esportivos. Dessa forma, o NEAT engloba a energia
gasta em atividades que podem estar relacionadas à ocupação, lazer, sendo composto por uma ampla gama de
componentes que tornam difícil sua medição durante a elaboração de muitos estudos. Além disso, representa
o componente mais variável do gasto energético, com grande variabilidade inter e intra-pessoal, o que
pode ser observado em variações que atingem cerca de 15% em indivíduos sedentários, podendo alcançar
50% ou mais de variabilidade no gasto total diário de energia em indivíduos mais ativas. Pode haver variações
próximas a 2000 kcal de forma inter-individual, considerando que os níveis de atividade possam variar
substancialmente de um indivíduo para o outro.

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Figura 5.1 A contribuição do NEAT para o gasto energético total em adultos sedentários de vida livre (Levine, J.A et al, 2005)

É comum que um NEAT mais baixo esteja associado à rotina de indivíduos com obesidade, por apresentarem
uma tendência inata de permanecerem mais horas do dia sentados, em comparação a indivíduos sedentários
magros. Esta maior capacidade de resposta frente a estímulos ambientais para manter-se sentados é retratada
em alguns estudos que também sugerem um acréscimo diário de 2,5 horas nesta posição. Este resultado foi
possível observar a partir de microssensores alocados nas roupas dos participantes, permitindo a medição e o
registro da postura corporal, a cada meio segundo. Também foi observado que, caso os indivíduos obesos
mantivessem mais tempo em pé, poderia haver um acréscimo no gasto calórico de 350 kcal, considerando o
custo de energia para permanecer em pé e deambular, o que reforça a substancial importância da
movimentação corporal para a obesidade.

A eficiência energética com a qual são realizadas as atividades não-exercício corresponde a um importante
determinante do NEAT. A partir disso, observa-se que movimentos triviais, como a própria mastigação, podem
desviar significativamente o gasto energético acima do repouso, estando esse exemplo associado a um
acréscimo de 20% no GER.

No âmbito comportamental, a escolha entre atividades parece estar relacionada ao custo associado a cada
uma delas, ou quanto esforço ou trabalho deve ser direcionado para que o indivíduo a realize. Nessa lógica, é
observado um maior direcionamento desta escolha a opções mais acessíveis, com menor esforço envolvido.
Além disso, em certo grau, estas escolhas também são realizadas conforme as opções de atividade disponíveis
em cada momento. Para facilitar a compreensão, considere que, durante um determinado momento, um
indivíduo tenha as seguintes opções: (1) permanecer sentado e navegar na Internet ou (2) caminhar

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até uma praça, sendo um local pouco atrativo para esta pessoa. Como a opção mais ativa está atrelada a
uma condição de desinteresse, há uma maior tendência de escolha da primeira opção, o que culminaria em um
menor gasto energético associado ao não-exercício. Entretanto, se estas opções passam a ser moduladas, e
uma atividade mais ativa passa a ser atrelada a algo que gera maior interesse e prazer para este indivíduo,
como na opção hipotética de (3) caminhar com um amigo, a escolha pela atividade física pode ser melhor
favorecida.

Figura 5.2 Os fatores envolvidos na termogênese da atividade não-exercício ( Villablanca, P.A et al, 2015)

A figura acima ilustra os fatores genéticos e adquiridos que predispõem a um maior ou menor NEAT, dadas
as variações interindividuais. Resumidamente, pode-se dizer que esta regulação é parcialmente influenciada
por neuromediadores hipotalâmicos, como a orexina e grelina, bem como pelo condicionamento ambiental,
sobretudo no que tange aos ambientes de trabalho, escola e moradia com os quais cada pessoa convive. Além
disso, há fatores comportamentais aprendidos e reforçados ao longo da vida a partir do contato com diferentes
educadores, como familiares, professores e prestadores de serviços em saúde. Dessa forma, é indiscutível a
influência de uma série de elementos que predispõem o desenvolvimento da obesidade, não estando limitado
apenas a genes promotores específicos, dado que parece não haver mudanças significativas no IMC de pessoas
fisicamente ativas com predisposição genética a obesidade, quando comparadas com indivíduos isentos dessa
característica familiar.

Ainda no campo da genética, é preciso avaliar que uma consideração relativamente alta do componente
genético não implica automaticamente que indivíduos mais propensos ao sedentarismo sejam menos ativos do

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que indivíduos geneticamente propensos a uma melhor adesão a esse estilo de vida. Dessa forma, pode-se
afirmar que o nível de atividade final é resultante da interação entre genes e o ambiente, podendo
demandar maior esforço para que indivíduos com essa menor predisposição atinjam um igual nível de atividade
daqueles com predisposição maior.

A tabela abaixo mostra uma série de atividades distintas do cotidiano com grande potencial de aumentar
o NEAT, e assim, contribuir para o aumento do gasto energético total. É possível observar que todas elas criam
algum tipo de movimento, por mais simples que seja. Dessa forma, é importante uma maior promoção do
NEAT na rotina individual, sendo esta uma importante estratégia para indivíduos com algum grau de obesidade.
Há diversas oportunidades ao longo do dia, devendo ser considerada a que melhor se alinha com as
particularidades de rotina de trabalho e cuidados domésticos do indivíduo.

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Cálculo do Gasto Energético

Um dos primeiros passos que antecedem a montagem de um planejamento dietético consiste na estimativa
do gasto energético de repouso (GER) e do gasto energético total (GET) de cada indivíduo. Como visto
anteriormente, o GER pode ser obtido a partir da calorimetria indireta. Entretanto, existem fórmulas
matemáticas padronizadas que permitem que seu valor seja estimado, de forma rápida, a uma faixa muito
próxima a que seria encontrada neste exame, podendo ser utilizadas com alta credibilidade na prática clínica.

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Apesar de grande parte destas fórmulas exigirem dados pontuais, como peso, idade, altura e o sexo do indivíduo.
deve haver um maior cuidado na escolha da fórmula, respeitando a individualidade de cada paciente. Isso
porque algumas fórmulas serão mais adequadas para determinadas composições corporais, como veremos a
seguir.

6.1 Fórmula da FAO/OMS:

As fórmulas abaixo exigem apenas dados referentes ao peso, sexo e idade do indivíduo. São equações
adequadas para indivíduos eutróficos, não sendo indicada para pacientes com algum grau de obesidade. ou
para os que apresentam muita massa muscular.

Idade (Anos) Masculino Feminino

10 a 18 (17,686 x P) + 658,2 (13,384 x P) + 692,6

18 a 30 (15,057 x P) + 692,2 (14,818 x P) + 486,6)

30 a 60 (11,472 x P) + 873,1 (8,126 x P) + 845,6)

60 (11,711 x P) + 587,7 (9,082 x P) + 658,5

6.2 Fórmula de Harris-Benedict: São as equações mais antigas para estimativa do gasto de repouso.
Exigem informações referentes à altura (em cm), peso e idade. É uma boa fórmula a ser utilizada para
indivíduos que buscam hipertrofia, desde que não seja um indivíduo com massa muscular acima da média.

Gênero Masculino Feminino

GER (17,686 x P) + 658,2 655 + (9,6x P) + (1,9x A) - (4,7 x I)

6.3. Fórmula de Mifflin-St Jeor:

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Estas equações exigem valores referentes a peso, altura e idade. Apesar de, em certo grau, superestimarem
o GER, alguns estudos mostram que estas equações acabam sendo mais adequadas para indivíduos obesos.
Podem ser utilizadas para casos em que haja suspeita de metabolismo lento, também sendo válida para
eutróficos. Na maioria das vezes, registram valores um pouco maiores que os obtidos pelas equações da
FAO/OMS.

Gênero Masculino Feminino

GER (10x P) + (6,25x A) - (5,0x I) +5 (10x P) + (6,25x A) -(5,0x I)-161

6.4. Equação de Cunningham:

É uma fórmula bastante utilizada em fisiculturistas e atletas. Para ser calculada, é necessário que seja obtido
o percentual de gordura do paciente, para que seja subtraído do peso corporal, resultando na massa livre
de gordura, sendo a única variável da equação.

GER 500 + (22x MLG)

6.5. Equações de Tinsley:

São equações mais recentes, desenvolvidas em um estudo realizado em fisiculturistas, no ano de 2018,
portanto, devem ser utilizadas somente para esse público. Uma delas considera apenas o peso corporal, já
atribuído a uma maior massa muscular nestes indivíduos, enquanto a segunda vai exigir a massa livre de
gordura.

GER (24,8 x P) + 10

GER (25,9 x MLG) + 284

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Fator Atividade

Após a obtenção do GER pela fórmula mais adequada para cada composição corporal, é fundamental que seja
escolhido um fator de atividade adequado e representativo de cada indivíduo. Este fator representa o gasto
calórico relacionado à atividade física, e possibilita, a partir de sua multiplicação direta com o GER, a
estimativa do gasto calórico total GET) do indivíduo. Além disso, esse fator também engloba o efeito térmico
dos alimentos, facilitando o cálculo. Dessa forma, é essencial conhecer a rotina de atividades de cada
indivíduo, considerando tanto a rotina de exercício quanto o tipo de ocupação, a fim de saber mais acerca do
gasto de atividade não associado ao exercício, abordado anteriormente.

Atividade física Fator Atividade

Muito sedentário 1,4

Sedentário pouco ativo 1,5

Sedentário mais ativo 1,6

Moderadamente ativo 1,7

Muito ativo 1,8-1,9

Atividade intensa 2,0 ou mais

A maioria da população possui um fator atividade de 1,6, com indivíduos mais ativos apresentando um valor
superior a este, e indivíduos mais sedentários com um valor inferior. Considerando aqueles que apresentam
algum grau de obesidade, é provável que estejam incluídos nessa faixa mais sedentária. O gráfico abaixo
representa o fator de atividade trazido em um estudo, a partir de homens e mulheres de vida livre, que tiveram
seu gasto energético monitorado. A partir dele, é possível observar uma frequência elevada de indivíduos
concentrada na faixa de 1,5 a 1,7 de fator atividade. Além disso, é fundamental entender que uma rotina
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de treinamento não garante, por si só, um fator de atividade muito elevado, principalmente se a atividade não-
exercício for baixa, o que é bastante observado em indivíduos com algum tipo de ocupação que demande que
permaneçam sentados por boa parte do tempo. Treinos com carga elevada, sucedidos por um longo intervalo
de descanso, culminam em um menor gasto calórico e, dessa forma, também não podem ser necessariamente
associados a um fator atividade de um indivíduo muito ativo, sendo importante a observação da atividade diária
como um todo, de forma bastante detalhada e personalizada.

Figura 7.1 Distribuição de frequência do valor de nível de atividade física em homens e mulheres (Westerterp, K,R, 2013)

Com relação ao fator idade, em média, não são observadas diferenças significativas na atividade física
realizada entre adultos jovens de 18 anos e indivíduos na faixa dos 50 anos, havendo uma queda desta idade
em diante, em ambos os sexos, o que resulta em um fator atividade médio de 1,4, próximo aos 90 anos.

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Escolha do Déficit Calórico
Conforme a tabela abaixo, é possível compreender que o déficit calórico mais adequado irá depender
muito da composição e peso corporal de cada indivíduo. Dessa forma, é indicado a indivíduos eutróficos,
de ambos os sexos, um déficit calórico que não ultrapasse 600 kcal, tendo em vista que valores superiores
podem resultar em grande perda de massa muscular, comprometendo a funcionalidade do indivíduo.
Entretanto, indivíduos com sobrepeso e obesidade, devem receber um déficit calórico superior, na faixa de 500
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a 1500 kcal, possível por apresentarem um menor risco de catabolizar, que consiste nessa perda indesejável
de massa muscular, além da perda de peso rápida proporcionada.

Diversos estudos relatam maiores chances de manutenção da perda de peso, no longo prazo, quando esta é
realizada em menos tempo. A maior velocidade da perda de peso também é interessante para motivar o
paciente e facilitar a adesão à dieta, quando há obesidade. Além disso, é interessante observar o grau de
obesidade do indivíduo, sendo interessantes déficits maiores para uma obesidade em terceiro grau. É
importante observar o risco individual de cada paciente, sobretudo no que tange à saúde
cardiometabólica. Assim, déficits maiores podem ser indicados, favorecendo o controle glicêmico e a redução
nos níveis sanguíneos de colesterol, a curto prazo.

Perfil Déficit Calórico

Homens eutróficos 400-600 kcal

Mulheres eutróficas 400-600 kcal

Sobrepeso e Obesidade 500-1500 kcal

Usuários de Esteróides 500-1000 kcal

Figura 8.1 Tabela desenvolvida pelo professor Dudu Haluch

Déficits elevados em fisiculturistas também acabam não sendo indicados, pelo possível comprometimento de
sua massa muscular, visto que apresentam menor percentual de gordura. Um déficit próximo de 500 kcal
costuma ser, dessa forma, mais indicado para esse público. Para fisiculturistas, consideram-se tanto atletas
quanto não-atletas. Já para usuários de esteroides, a recomendação muda, pois estes hormônios atuam como
uma espécie de blindagem, que minimiza o risco de catabolizar durante seu uso, principalmente pelo aumento
na síntese proteica e o efeito anti-catabólico. Após o uso, a lógica de escolha do déficit segue a mesma
observada nos casos anteriores.

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Limitações do Inquérito Alimentar
A montagem de dieta envolve uma série de cuidados, sendo necessária uma maior atenção com as informações
obtidas a partir do relato do paciente, bastante limitadas. Há na literatura evidências que mostram
subestimações individuais em diferentes grupos, contemplando obesos, atletas de resistência e
adolescentes, que não conseguem ter uma real noção do seu próprio consumo energético. Nessa lógica,
subestimações de 50% também podem ocorrer, com o relato de apenas metade das calorias realmente
consumidas. Em partes, isso pode ser explicado pelo desconhecimento da população leiga quanto a densidade
energética dos alimentos que determina a quantidade de calorias por dado volume de alimento. Alimentos
maiores em tamanho, como algumas frutas, costumam apresentar poucas calorias em um maior volume,
apresentando menor densidade energética. A distorção ocorre justamente nesse ponto, tendo em vista que não
é incomum que sejam vistos como alimentos a serem evitados, pensando-se em um grande valor energético. O
mesmo ocorre com alimentos mais calóricos, com maior densidade energética. Por apresentarem menores
porções, costumam ser vistos como menos calóricos, o que impacta no autoconhecimento e percepção
alimentar de cada um.

Uma das ferramentas mais conhecidas de avaliação do consumo energético é o recordatório alimentar de
24 horas, em que são descritos e quantificados todo e qualquer alimento e bebida ingeridos no período
anterior à entrevista com o profissional, que geralmente corresponde ao dia anterior. Apesar de ser um
período próximo, a qualidade da informação obtida depende da memória e cooperação do paciente, isto porque
é fundamental maiores detalhamentos acerca do tamanho das porções consumidas. Alguns pacientes podem
usar balanças digitais a fim de quantificar de forma melhor seus alimentos, no entanto, também podem ser
utilizados em consultórios álbuns de fotografias com descrição das medidas caseiras dos principais alimentos.
Ainda assim, é preciso considerar a própria capacidade do profissional em questionar adequadamente as
informações que deseja obter, o que também pode comprometer a ferramenta. Alguns estudos citam fatores
determinantes, como idade e o nível de escolaridade dos indivíduos. No entanto, uma das maiores limitações
a ser considerada envolve o curto período de consumo alimentar relatado, não sendo possível estimar um
consumo usual, tendo em vista que considera apenas um dia. É preciso bom senso, avaliando o relato, mas
também o perfil do paciente, pois muitos podem se sabotar ou se enganar, mesmo sem intenção para tal.

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Referências:

Hall KD, Guo J, Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition, Gastroenterologia(2017), doi:
10.1053/j.gastro.2017.01.052.

Fisberg, Regina Mara, Marchioni, Dirce Maria Lobo e Colucci, Ana Carolina Almada. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão
de nutrientes na prática clínica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2009. https://doi.org/10.1590/S0004-
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