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FLEXÍVEL
CÁLCULOS E PRESCRIÇÃO DE
CARDÁPIOS FLEXÍVEIS
PhD. Felipe Fedrizzi Donatto
DIETA
FLEXÍVEL
CÁLCULOS E PRESCRIÇÃO DE
CARDÁPIOS FLEXÍVEIS
Publisher: “O conteúdo desta obra é de
Flávio Carlos responsabilidade do autor,
proprietário do direito autoral.
Coordenador de produção: Proibida a venda e reprodução
Sônia Ferrarezi parcial ou total deste conteúdo
sem autorização.”
Revisão:
Liliane Akamine Editora Feliz – Editora online.
Site: editorafeliz.com.br
Projeto gráfico e diagramação: Telefone: +55 11 96412-9335
Thatyane Furtado E-mail: contato@editorafeliz.com.br
ISBN 978-65-991460-2-2
20-38476 CDD-613.2
Índices para catálogo sistemático:
Introdução....................................................................................................................6
4.1. Normocalórico................................................................................................33
6.1. 80x20.............................................................................................................99
7. Comparações nutricionais.....................................................................................112
INTRODUÇÃO
E
ste livro começou a ser idealizado pela Entretanto, com o crescimento do nú-
vontade de disseminar informações mero de profissionais e o aumento das áreas
científicas e a aplicação prática da Dieta em que os nutricionistas podem atuar, infeliz-
Flexível. Com um formato prático, ele ajuda o mente existem profissionais que “pararam no
leitor a entender os conceitos dietéticos, as ba- tempo”, e ainda estão presos a conceitos ultra-
ses fisiológicas e a aplicabilidade relacionados passados. A prática clínica dentro da nutrição
a essa estratégia que vem chamando a atenção esportiva voltada para estética e performance
na era das mídias sociais. requer habilidades que agregam conhecimento
É fato que os profissionais da saúde de- e experiência do profissional; na falta deste úl-
vem continuamente estudar e se atualizar du- timo componente, percebe-se que não é qual-
rante toda a sua carreira, pois o aumento do quer nutricionista que tem capacidade para
número de nutricionistas no mercado cresce atuar nessas lacunas da nutrição esportiva.
a cada ano, sendo que em 2020, o Conselho Este livro vem para somar informações
Federal de Nutrição (CFN) noticiou mais de científicas e práticas, com relação ao cálculo e
150 mil nutricionistas no Brasil. Atuando há montagem de um cardápio flexível, para aju-
20 anos na área de nutrição, fico muito feliz dar as pessoas a evoluírem na vida nutricional.
em participar ativamente no fortalecimento e Porém, é importante lembrar que o conteúdo
crescimento da profissão que escolhi por amor. exposto aqui não substitui o trabalho de um
bom nutricionista.
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1.
HISTÓRIA DA DIETA FLEXÍVEL
N
a internet temos um número cres- redução de gordura corporal chamou muito a
cente de informações sobre dietas, atenção, e tornou-se muito popular nos EUA.
alimentos, macros, suplementos e fi- Como o marketing é uma ferramenta asserti-
toterápicos. Mesmo assim, com todo esse co- va, vários programas de dieta foram criados,
nhecimento disponível, a obesidade mundial como, por exemplo, o “It If Fits Your Macros”
cresce exponencialmente. Fica a dúvida: será (IIFYM), o Avatar e o CarbonDiet, dentre ou-
que dietas restritas em calorias funcionam tros sites que “calculam” a dieta flexível. Mas
para uma perda de peso sustentável? como explicar isso? Qual é a mágica?
A dieta flexível foi originalmente basea- O princípio científico básico da dieta fle-
da em pesquisas aplicadas a pessoas com uma xível é o balanço de calorias consumidas ver-
atitude mais “flexível” em relação ao ato de sus a necessidade de calorias do indivíduo.
seguir um plano alimentar, em oposição a uma Sendo assim, se um indivíduo consome 1500
atitude de “restrição e proibição”. Surpreen- kcal durante o dia, e sua necessidade é de
dentemente, aqueles que possuem essa atitude 2000 kcal, o déficit calórico de 500 kcal faz
mais flexível em relação à dieta têm a tendên- com que ele tenha uma redução de peso cor-
cia de manter o peso perdido, maior aderência poral, independentemente da qualidade e da
na melhora dos hábitos, ficam mais felizes e fonte das calorias. Esse tipo de estratégia faz
mostram menos sinais e sintomas de distúr- com que o ato de fazer dieta fique menos pe-
bios alimentares (1,2). noso, pois a escolha de alimentos mais palatá-
Em 2005, o fisiologista americano Lyle veis e a maior possibilidade de incluir alimen-
McDonald escreveu o livro “Guia da Dieta tos e estabelecer menos proibições não geram
Flexível” (3), o qual mudou a forma de ver a os problemas de compulsão alimentar, como
dieta e a composição dos alimentos contidos acontece em dietas hipocalóricas restritas.
nela. A possibilidade de comer alimentos con- Como tudo que é novo gera desconfiança,
siderados “não saudáveis” (sorvete, chocola- podemos observar alguns exemplos de apli-
te, pizza e lanches) e ainda ter resultado na cações práticas com indivíduos americanos.
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É o caso do professor de nutrição humana da alimentos e dos macronutrientes, associada ao
Universidade do Kansas, Mark Haub (4), que bom senso e à regularidade dietética.
durante dez semanas consumiu uma dieta hi-
pocalórica contendo 1/3 das calorias de doces e Conceitos da Dieta Flexível
chocolates e, mesmo assim, perdeu peso e ainda Em 1999, quando ingressei na faculdade
melhorou seus parâmetros bioquímicos (perfil para estudar Nutrição, a dieta era minuciosa-
lipídico). Essa é mais uma confirmação de que mente CALCULADA sem programas de nu-
o total de calorias consumidas no dia é mais trição e o profissional tinha que ajustar os da-
importante do que a qualidade dos alimentos. dos de forma quantitativa e transformada em
Para simplificar, vamos calcular uma alimentos e suplementos, mas o conceito de
dieta de 2000 kcal contendo 40% de carboi- flexibilidade dietética já existia. Um exemplo
dratos, 40% de proteínas e 20% de lipídios. disso é que aprendemos táticas para a distri-
Traduzindo em gramas de cada nutriente, te- buição dietética através do valor calórico:
mos: 200g de carboidrato, 200g de proteína
Exemplo Dieta 2000 kcal
e 44,5g de lipídios. Vamos imaginar que o in-
divíduo do exemplo coma uma porção de pi- 20% valor calórico café da manhã = 400 kcal
zza que contenha 50g de carboidrato, 15g de 10% valor calórico lanche = 200 kcal
proteína e 25g de lipídios. Essa dieta não está 30% valor calórico almoço = 600 kcal
arruinada como a maioria das pessoas pode 10% valor calórico lanche = 200 kcal
pensar, pois, na verdade, se forem incluídos
20% valor calórico jantar = 400 kcal
esses valores da pizza no total, ainda, no dia,
10% valor calórico ceia = 200 kcal
faltam 150g de carboidrato, 185g de proteína
e 19,5g de gordura. Seria esse o pensamento
Ou da distribuição da dieta pelas quanti-
matemático de uma dieta flexível.
dades de macronutrientes ao longo do dia:
Logicamente não é tão simples e tão sau-
dável escolher somente alimentos processados, Exemplo Dieta 2000 kcal
pois estes possuem muito sódio, gorduras de
50% CHO = 1000 kcal /4 = 250g
má qualidade e conservantes em sua constitui-
30% PTN = 600 kcal /4 = 150g
ção, além de serem pobres em vitaminas, mi-
nerais e fibras, deixando a pessoa menos nutri- 20% LIP = 400 kcal /9= 44,4g
da, com menos saciedade e mais fome durante
Café da manhã = 50g CHO + 30g PTN +
o dia. Parece estranho, mas existem trabalhos
8,8g LIP
científicos que demonstram que é possível
perder peso baseando-se apenas na redução Lanche = 25g CHO + 15g PTN + 4,4g LIP
do total calórico diário. No fim das contas, é Almoço = 75g CHO + 45g PTN + 13,3g LIP
uma estratégia que necessita de conhecimen- Lanche = 25g CHO + 15g PTN + 4,4g LIP
to nutricional, aplicativos e ferramentas que Jantar = 50g CHO + 30g PTN + 8,8g LIP
ajudem na contagem correta das calorias dos
Ceia = 25g CHO + 15g PTN + 4,4g LIP
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A partir dessa estrutura matemática mon- cálculo de forma rasa e engessada, e pela que-
tada, o nutricionista traduz/prescreve a mistu- da da qualidade dos profissionais atuando no
ra dos alimentos, ingredientes ou suplementos mercado.
que equivalem ao valor calórico ou ao valor De fato, a atual Dieta Flexível, tão difun-
dos macronutrientes propostos em cada refei- dida na internet e mídias sociais, parte desses
ção do dia. princípios nutricionais já ensinados 20 anos
Isso tudo, logicamente, respeitando-se as atrás (valor calórico e quantidades dos macro-
características bioquímicas individuais do pa- nutrientes), em que o profissional da nutrição
ciente. Infelizmente, hoje em dia, esses cálculos prescreve uma lista de alimentos em pesos di-
não são realizados por alguns nutricionistas; ferentes para alcançar as quantidades já calcu-
isso explica o crescimento da procura por ladas anteriormente.
programas de nutrição que já realizam esse
Cará cozido 110g Maçã -100g Beterraba cozida Lentilha cozida – Arroz branco
220g 120g cozido – 75g
Inhame cozido 90g Melão 250g Cenoura cozida Feijão carioca Aveia em flocos
230g cozido 130g – 35g
Mandioquinha 110g Goiaba 150g Abobrinha cozi- Ervilha – 140g Quinoa cozida
da 90g – 80g
Mandioca cozida 70g Abacaxi 90g Brócolis cozido Feijão preto cozi- Macarrão in-
400g do – 90g tegral cozido
– 80g
Batata inglesa 120g Mamão 170g Couve flor cozida Edamame -100g Macarrão cozi-
410g do – 80g
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Tabela de alimentos equivalentes a 20g de proteína (PTN)
Peixes Carnes Aves
Tilápia grelhada -100g Patinho cozido – 60g Filet de frango grelhado – 70g
St. peter grelhado – 90g Alcatra grelhada – 80g Sobrecoxa s/ osso e pele – 80g
Salmão grelhado – 90g Músculo cozido – 90g Coxa de frango s/ osso – 80g
St. peter grelhado – 90g = 3g Alcatra grelhada – 80g = 8g Sobrecoxa s/ osso e pele – 80g =
LIP LIP 4g LIP
Pescada branca - 120g = 4g Contra-filet – 100g = 4g LIP Peito de peru assado – 100g = 6g
LIP LIP
Salmão grelhado – 90g = 10g Músculo cozido – 90g = 3g LIP Coxa de frango s/ osso – 80g = 3g
LIP LIP
Cação assado – 100g = 6g LIP Acém – 90g = 3g LIP Avestruz cozido – 100g = 3g LIP
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Tabela de fontes de gordura
Outros Oleaginosas
(10g gordura) (10g gordura)
Abacate 60g = 10g LIP Amendoim – 15g = 10g LIP + 4,5g de PTN
+ 5g CHO
Linhaça moída 15g = 10g LIP + 3,5g CHO + 2 g Castanha de caju – 20g = 10g LIP + 3,5g PTN
PTN
Ovos = 2 ovos inteiros = 12g de PTN + 10g de LIP Castanha-do-pará/Brasil 15g = 10g LIP + 2g PTN
Entretanto, hoje em dia, com as informa- disponibilidade plasmática for mantida em ní-
ções sobre dieta, estratégias dietéticas e valo- veis saudáveis, a fonte alimentar fica em um
res nutricionais dos alimentos mais disponí- patamar secundário.
veis em conjunto com o marketing das mídias Logicamente, cada fonte alimentar possui
sociais, vemos os “gurus” trocando o carboi- um tempo de digestão e uma cinética de ab-
drato de um sorvete pelo carboidrato de arroz, sorção por inúmeros fatores: misturas dos nu-
por exemplo. Sabemos que, para a população trientes, presença de gordura e proteínas em
leiga no assunto, esse tipo de estratégia chama conjunto, presença de fibras dietéticas, bem
muito a atenção, no entanto, ela pode não ser como as características individuais digestivas
adequada para algumas pessoas, como abor- de cada pessoa.
daremos posteriormente no livro. Exemplificando: se forem ingeridos 20g de
carboidrato na forma de sacarose ou banana,
A NUTRIÇÃO É UMA CIÊNCIA NEM É no final do processo digestivo a disponibilida-
RELIGIÃO de de nutriente no sangue será de GLICOSE.
Uma forma bem simples de entender Se forem ingeridos 30g de proteína oriunda
como o corpo reage a alimentação é analisar de claras de ovos cozidos ou com uma dose
o processo digestivo, que faz com que os nu- de albumina em pó, no final do processo di-
trientes (macronutrientes) sejam digeridos e gestivo teremos AMINOÁCIDOS na corrente
transformados em partículas menores (glico- sanguínea; e, por fim, se ingerirmos 20 ml de
se, aminoácidos e ácidos graxos) para que a azeite ou 20 ml de óleo de coco, para o nosso
absorção no trato gastrointestinal aconteça. corpo, ao final do processo digestivo, teremos
Quando os nutrientes são disponibiliza- ÁCIDOS GRAXOS circulantes.
dos na corrente sanguínea, já deixaram de ter Na literatura científica já existem traba-
a forma do alimento e, de certa forma, se a sua lhos que nos mostram como o nosso corpo se
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comporta em relação à diferença entre os nu- dois experimentos em que os estoques de gli-
trientes bons, que vêm de alimentos naturais, cogênio eram esgotados com um pedal de 90
e os nutrientes ruins, que vêm de alimentos in- minutos e, em seguida, realizaram as refeições
dustrializados e ultraprocessados. imediatamente e duas horas depois, para ana-
Quando analisamos o processo de recu- lisar a ressíntese muscular de glicogênio den-
peração em indivíduos treinados, o foco é a tro de quatro horas de recuperação.
reposição dos estoques de glicogênio muscu- Após o processo de recuperação no labo-
lar após o exercício físico. ratório, foi realizado um teste de contra-reló-
A pergunta é: será que existe diferença se gio de 20 km (Time Trial) após a biópsia final,
o carboidrato for do suplemento, alimento ou para comparar a performance. O protocolo de
de fast food? Para isso, foi realizado um estu- alimentação usado comparou duas dietas iso-
do no qual foi comparada uma refeição com calóricas, uma na forma de suplementos dieté-
alimentos ultraprocessados versus suplemen- ticos e outra em forma de fast food. A tabela
tos (5), quando onze homens completaram abaixo compara os nutrientes de cada refeição:
Refeição kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g) Sódio (mg)
Fast food
Bolo doce 350 60 8 9 590
Bolinho de batata 150 15 1 9 310
Suco de laranja 150 34 2 0
Hambúrguer 250 31 12 9 480
Refrigerante 200 54 0 0 45
Batata frita 230 29 3 11 160
TOTAL 1330 223 26 38 1585
Refeição kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g) Sódio (mg)
Suplementos
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Como resultado final, a ressíntese de gli- Umas das principais questões relaciona-
cogênio e a performance foram similares em das ao exercício físico é: qual o melhor horário
ambos os tratamentos nutricionais, sendo que para realizar a refeição que precede o treino?
estes dados indicam que as opções de nutrien- Resposta: depende! O tempo de digestão é o
tes usadas a curto prazo para iniciar a ressín- fator para a escolha entre uma refeição grande
tese de glicogênio podem ser opções alimen- ou pequena, sólida ou líquida.
tares não tradicionais na nutrição esportiva, Em outro trabalho, de 2019 (6), os pes-
como doce de leite, bolachas, sorvetes e sus- quisadores randomizaram 35 indivíduos que,
piros, além de alguns itens do cardápio dos após uma corrida de 10 km, receberam as
fast foods. Isso facilita a aderência e oferece mesmas quantidades de nutrientes, porém sob
opções para possíveis adaptações em treinos e formas diferentes: refeição líquida ou sólida.
viagens fora da rotina do atleta.
Refeição sólida
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satisfeito? Esse é um dos relatos comuns dos (2010) (8) realizaram um experimento para
pacientes quando estão acostumados a comer comparar, em laboratório, o comportamento
mais alimentos naturais e, por vezes, realizam do metabolismo basal no período pós-bran-
refeições com alimentos industrializados e ul- dial de duas refeições isocalóricas, porém con-
traprocessados. tendo diferentes fontes de alimentos, comida
Para analisar os efeitos térmicos de dife- de verdade x fast food, conforme mostra a ta-
rentes fontes alimentares, BARR e WRIGHT bela abaixo:
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Referências
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Walter S. Hailes, John S. Cuddy, and Brent C. gy expenditure in whole-food and processe-
Ruby. Postexercise Glycogen Recovery and d-food meals: implications for daily energy
Exercise Performance is Not Significantly Dif- expenditure. Food & Nutrition Research. 54:
ferent Between Fast Food and Sport Supple- 5144, 2010.
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2.
INDIVIDUALIDADE: QUEM DEVE E QUEM
NÃO DEVE FAZER A DIETA FLEXÍVEL
C
om o avanço das informações rela- vida). Por exemplo: se um indivíduo é diagnos-
cionadas ao metabolismo dos ali- ticado com o polimorfismo do FTO (gene da
mentos em diferentes tipos de pes- obesidade), e essa pessoa for sedentária e não
soas, podemos assumir que somos seres únicos cuidar da alimentação, provavelmente terá o
e respondemos de forma única em qualquer desfecho clínico da obesidade. Porém, mesmo
estratégia dietética. Por isso, temos os profis- possuindo o polimorfismo FTO, se durante
sionais da nutrição, que são capazes de ajustar toda a vida o mesmo indivíduo for fisicamente
as estratégias mais adequadas para cada indi- ativo e cuidar da qualidade da alimentação,
víduo. Atualmente, sabe-se que alguns fatores ele poderá não desenvolver a obesidade. As-
são chaves nesses ajustes: sim, observa-se que o MEIO AMBIENTE é
um fator determinante para o desfecho clíni-
-- Genética; co, seja positivo ou negativo.
-- Perfil bioquímico; Na situação atual, com o crescente nú-
-- Composição corporal; mero de pessoas obesas no mundo todo, sa-
-- Estilo de vida. be-se que o tecido adiposo em excesso (como
se apresenta na obesidade) tem um papel fun-
Os exames genéticos podem trazer in- damental na produção de adipocinas (citoci-
formações importantes sobre cada indivíduo, nas/proteínas que possuem ação hormonal),
pois é desse background genético (genótipo) como, por exemplo: TNF-a, IL-1B e IL-6, que,
que é formado o nosso fenótipo (união entre quando na corrente sanguínea, causam uma
a nossa base genética com o nosso estilo de inflamação crônica, atrapalhando o funciona-
mento de outros órgãos importantes (9).
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As concentrações plasmáticas de nutrien- Dessa forma, a prescrição ou o uso da
tes como glicose, ácidos graxos livres, triacil- Dieta Flexível precisam de algumas conside-
glicerol (TAG), colesterol e LDL-c, hormônios rações para serem aplicados em pessoas com
como insulina, cortisol e testosterona/estrogê- essa difícil situação metabólica, pois a resis-
nio, bem como marcadores inflamatórios como tência periférica a insulina, causada pelo ex-
a proteína C reativa (PCR) e homocisteína es- cesso de gordura corporal, bem como o per-
tão diretamente correlacionados ao excesso de fil bioquímico plasmático, exigem estratégias
radicais livres plasmáticos, o que culmina na como:
síndrome da obesidade sarcopênica (10).
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Um dos pontos críticos para o uso da die- As respostas sobre o metabolismo de nu-
ta flexível em indivíduos com sobrepeso/obe- trientes como gorduras, carboidratos e proteí-
sidade é que, por vezes, são usados alimentos nas são diferentes em pessoas eutróficas com
ultraprocessados, contendo gorduras trans, ótima sensibilidade a insulina, quando com-
sódio e sacarose, sendo estes conhecidos como paradas a pessoas com sobrepeso/obesidade
“gatilhos inflamatórios” no intestino: partici- com péssima sensibilidade periférica a insuli-
pam da mudança de bactérias intestinais que na e suas comorbidades, como diabetes tipo 2
desequilibram o funcionamento da borda em e dislipidemia.
escova, causando a conhecida disbiose intes- No contexto bioquímico de sensibilidade
tinal. Esse mecanismo está relacionado à es- a insulina, por exemplo, a tapioca pode subs-
pécie de bactérias que habitam no intestino, tituir a aveia como fonte de carboidrato, mas
e também ao extravasamento do LPS (parede não seria a melhor opção, por não conter as
celular da bactéria), causador da inflamação fibras dietéticas que a aveia possui. Além disso,
no sistema corporal. É, portanto, uma “bola sua cinética de absorção é diferente, que, nesse
de neve”, pois ocasiona, por outro lado, o caso não só macro conta, como também sua
aumento da inflamação intestinal, hepática, qualidade. Mesmo sabendo que o balanço ca-
renal, pancreática e muscular gerado pela lórico é imperativo, não podemos pensar ape-
quantidade exacerbada do tecido adiposo, nas em “bater os macros” nesses pacientes mais
desregulando o set point de fome e saciedade, complicados metabolicamente. A figura abaixo
pela resistência hipotalâmica a leptina. demonstra os principais parâmetros para se
considerar a prescrição da Dieta Flexível.
Parâmetros na avaliação da
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Na visão de um nutricionista, nesse ce- substituição, para alcançar os carboidratos da
nário, a Dieta Flexível não seria a estratégia refeição. Mas a pergunta é: a pessoa consegue
mais adequada, em razão da baixa qualidade comer “só” quatro unidades de um pacote
nutricional, sendo que, se for usada, teria que contendo entre 15 e 20 biscoitos? E o controle
ser muito bem calculada para não atrapalhar pessoal com relação ao “disparo” da mastiga-
ainda mais o metabolismo nessa situação. A ção e o ato de comer sem pensar? Ela vai se
Dieta Flexível pode ser uma das opções após controlar?
o período de redução da gordura corporal, em Existem alguns gatilhos importantes para
consequente diminuição da produção de ci- a ocorrência de episódios de compulsão ali-
tocinas pró-inflamatórias; assim, o indivíduo mentar, e sabe-se que a restrição calórica seve-
volta a ter uma sensibilidade maior a insulina ra é um deles (11). Já se sabe que uma restri-
e a melhora do controle de nutrientes plasmá- ção calórica com valores entre 500-700 kcal/
ticos e b-oxidação. dia, em indivíduos com sobrepeso e obesidade
Uma das possíveis definições de “fazer que não estão acostumados a “fazer dieta”,
dieta” é uma restrição da quantidade de ali- apresenta um gatilho para o desenvolvimento
mentos ingeridos com a intenção de reduzir de compulsão alimentar, aumentando a susce-
ou manter a forma ou peso corporal. Para tibilidade que o indivíduo possui para read-
isso, torna-se necessário ignorar os sinais in- quirir o peso (12).
ternos de fome e a atração desencadeada pela Dessa forma, abordamos todos os pontos
comida, para que seja possível comer menos a serem considerados na escolha do uso da
do que o usual. Dieta Flexível como uma das estratégias nu-
Outro ponto a ser considerado é o con- tricionais, e também consideramos quem está
trole da porção consumida, quando existem apto para realizar uma dieta contendo alimen-
“alimentos de entretenimento” e ultraproces- tos ultraprocessados, porém levando em con-
sados na dieta. Exemplo: quatro unidades de sideração o valor calórico e a distribuição dos
biscoitos recheados serão utilizadas em uma macros, sem haver um prejuízo metabólico e
de saúde.
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Referências
9. Tchernof et al. Pathophysiology of 11. Simpson CC, Mazzeo SE. Calorie
Human Visceral Obesity: an update. Physiol. counting and fitness tracking technology: As-
Rev. 2013. sociations with eating disorder symptomato-
10. Joseph W. Beals, Nicholas A. Burd, logy. Eat Behav 2017;26:89-92.
Daniel R. Moore and Stephan van Vliet. Obe- 12. Drapeau V, Jacob R, Panahi S, Trem-
sity Alters the Muscle Protein Synthetic Res- blay A. Effect of energy restriction on eating
ponse to Nutrition and Exercise. Front. Nutr. behavior traits and psychobehavioral factors
6:87. 2019. in the low satiety phenotype. Nutrients 11:1-
14. 2019.
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3.
CÁLCULOS MATEMÁTICOS PARA
MONTAR A DIETA FLEXÍVEL
N
o início de todo e qualquer trabalho digestivo, etc). Ou seja, reflete o custo energé-
nutricional, o cálculo das necessida- tico de viver (13).
des nutricionais do indivíduo é ne- A TMB pode variar em função de diversos
cessário, e aqui neste livro vamos chamá-lo fatores (peso total, massa magra, sexo, idade,
de Necessidade Calórica Diária (NCD). Seria nível de atividade e genética), mas está mais re-
muito simplista pensar que, para calcular a lacionada à quantidade de massa magra do in-
NCD de uma pessoa, seria necessário apenas divíduo (14). Entretanto, é errado pensar que o
somar a taxa metabólica basal (TMB) com o aumento da massa muscular vai afetar em gran-
gasto das atividades físicas. Existem outros fa- de escala o metabolismo basal de um indivíduo,
tores que participam dessa equação complexa: já que estima-se que os músculos consumam
cerca de 13 kcal/kg/seco, enquanto gorduras
Taxa Metabólica Basal (TMB); necessitam de cerca de 4.5 kcal/kg/seco (15).
Efeito Térmico do Alimento (ETA);
Efeito Térmico do Exercício (ETE); Efeito Térmico do Alimento
Afazeres Diários (NEAT); Em inglês: Thermic Effect of Food - TEF.
Individualidade (Fator I). É o gasto energético do corpo para pro-
NCD = TMB + ETA + ETE + NEAT + Fator I cessar a comida que consumimos. O TEF va-
ria em função dos macronutrientes que você
ingere, sendo que cada um possui um gasto
Taxa Metabólica Basal (TMB)
energético diferente:
TMB, em inglês: Basal Metabolic Rate - BMR.
É a quantidade energética de que o corpo Gorduras → 0-3%
precisa para manter as funções vitais (múscu- Carboidratos → 5-10%
los respiratórios, fluxo sanguíneo constante Proteína → 20-30%
para o cérebro, intestino realizando o processo
Álcool → 10-30%
DIETA FLEXÍVEL | 21
Em uma dieta bem balanceada, o TEF ten- todo e qualquer tipo de atividade física do dia
de a ficar em torno de 10% do total de calorias a dia da pessoa, como, por exemplo: andar até
ingeridas (7) (na verdade, varia de 5% a 15%; o trabalho, assistir televisão, o ato de cozinhar,
usa-se o valor médio, e, mesmo assim, esse é limpar a casa, andar com o cachorro, fazer
um valor para pessoas saudáveis). Então, se a sexo, etc.
dieta é rica em proteínas, ela como um todo De forma didática, é um gasto que se rela-
vai ter um TEF maior. Por outro lado, se sua ciona com o quanto as pessoas se mantêm ati-
dieta é rica em gorduras, vai ter um TEF me- vas durante suas rotinas diárias. Logicamente
nor. A depender do tipo de dieta que siga, vale isso pode mudar muito de dia para dia, e de
a pena efetuar os cálculos de forma separada, pessoa para pessoa, pois existem evidências
em vez de usar o valor médio (10%). de que indivíduos mais ativos, que não ficam
parados, tendem a ter um NEAT maior (17).
Efeito Térmico do Exercício A dieta também pode influenciar o NEAT,
Em inglês Thermic Effect of Activity - TEA. já que, quando estamos em dieta hipocalórica,
É a variável que possui mais informações nosso corpo passa a conservar mais energia,
numéricas para o seu controle, pois é o gas- reduzindo o gasto energético dos movimen-
to calórico do exercício realizado, o qual tem tos, diminuindo a TMB em resposta à redu-
grande influência sobre a NCD. Quanto me- ção calórica. Da mesma forma, uma dieta hi-
nos nos exercitamos, menor é nosso gasto, e percalórica tende a aumentar o NEAT, pois a
ficamos mais próximos do valor da TMB. A intensidade e o gasto calórico do movimento
intensidade e a duração do exercício físico são são maiores quando estamos bem alimenta-
os componentes que influenciam no consumo dos. Deixar a preguiça de lado, realizar mais
máximo de oxigênio, e uma quantidade maior atividades ao ar livre, participar de atividades
de oxigênio é proporcional ao total energético lúdicas e, de forma geral, movimentar-se mais
gasto. Após os exercícios, nosso corpo conti- tem um impacto positivo no NEAT.
nua acelerado, apresentando o famoso “after-
-burn-effect” ou EPOC (Post-Exercise Oxy- Individualidade (Fator I).
gen Consumption) (16). Por fim, vamos abordar a individualidade
da genética, o metabolismo basal, a sensibili-
Atividade termogênica não associada ao exer- dade hormonal, a resposta muscular, a capaci-
cício físico dade de oxidar gordura e fatores que não são
Em inglês, Non-Exercise Activity Thermoge- quantificáveis. Esse quesito é mais dominado
nesis - NEAT. pelos profissionais mais experientes, uma vez
que estes conseguem adaptar a dieta confor-
Essa é a parte que mais confunde os profis-
me a velocidade da mudança corporal de cada
sionais no cálculo da NCD, pois são variáveis
indivíduo.
complicadas de serem analisadas, englobando
22 | DIETA FLEXÍVEL
Representa todos os pequenos ajustes e menor percentual de gordura corporal, pois a
adaptações que o seu corpo precisa fazer para porcentagem de gordura é uma variável im-
se adequar à rotina de treinamento e às mu- portante na equação; por isso a necessidade
danças na dieta, conforme vamos estudar: a de se saber ao certo a composição corporal.
supercompensação de carboidratos e a refeição
livre. E, finalmente, existem pessoas que ten- TMB = 370 + [21.6 x Quantidade de Massa
dem a ter um melhor funcionamento do meta- Magra (kg)]
bolismo, grande atividade enzimática e maior
eficiência no uso dos combustíveis energéticos
Exemplo Homem
(18). Traduzindo, seriam aqueles indivíduos
geneticamente abençoados, que possuem um Peso: 90 kg
baixo percentual de gordura mesmo ingerindo % de gordura corporal: 12% = 10,8 kg
grandes quantidades de comida, e conseguem Massa Magra: 79,2 kg
ganhar massa muscular com facilidade. TMB = 370 + (21,6 x 79,2)
TMB = 370 + 1710
Calculando a Necessidade Calórica Diária TMB = 2080 kcal (23 kcal/kg)
(NCD).
Para montar uma Dieta Flexível, é impor-
Exemplo Mulher
tante estimar corretamente os valores de ca-
Peso: 60 kg
lorias totais e nutrientes, porque a prescrição
dos alimentos e suplementos depende da es- % de gordura corporal: 25% = 15 kg
trutura matemática dos macronutrientes orga- Massa Magra: 45 kg
nizados em gramas. Para tanto, é importante TMB = 370 + (21,6 x 45)
escolher um método para calcular a NCD, e TMB = 370 + 972
abaixo estão descritas algumas equações e téc-
TMB = 1342 kcal (22 kcal/kg)
nicas para ajudar na confecção da matemática
nutricional.
DIETA FLEXÍVEL | 23
até 30% de gordura corporal, pois são dados TMR Mulheres = [10 x peso total (kg)] +
considerados na média da população adulta [6,25 x altura (cm)] - (4,92 x idade) - 161
saudável.
Exemplo Homem
TMR = 25,3 x Peso de Massa Magra (kg) Peso: 90 kg
1,80 m
Exemplo Homem 30 anos
Peso: 90 kg TMR Homens = [10 x 90] + [6,25 x 180] -
% de gordura corporal: 12% = 10,8 kg (4,92 x 30) + 5
Massa Magra: 79,2 kg TMR Homens = [900] + [1125] - (147,6) + 5
TMR = 25,3 x 79,2 TMR = 1882 kcal (20 kcal/kg)
TMR = 2003 kcal (22 kcal/kg)
Exemplo Mulher
Exemplo Mulher Peso: 60 kg
Peso: 60 kg 1,60 m
% de gordura corporal: 25% = 15 kg 25 anos
Massa Magra: 45 kg TMR Mulheres = [10 x peso total (kg)] +
TMR = 25,3 x 45 [6,25 x altura (cm)] - (4,92 x idade) – 161
TMR = 1138 kcal (18,9 kcal/kg) TMR Mulheres = [10 x 60] + [6,25 x 160] -
(4,92 x 25) – 161
TMR Mulheres = [600] + [1000] - (123) – 161
Equação de Mifflin-St Jeor (21)
TMR = 1316 kcal (21 kcal/kg)
É a fórmula mais nova e tende a ser de
10 a 20% mais certeira que as outras equa-
Após definir a equação que será usada, é
ções. Não leva em consideração a massa ma-
importante acertar os valores de calorias to-
gra; logo, não é a melhor fórmula para quem
tais, considerando o gasto calórico dos treinos
tem uma noção de sua composição corporal, e
e/ou atividades rotineiras do indivíduo. Con-
tende a ser menos precisa para pessoas acima
tudo, é necessário levar em consideração os
do peso. Recomenda-se o uso do peso ideal
objetivos estéticos ou de saúde, pois a redu-
em kg no cálculo. Ela efetua o cálculo da Taxa
ção de gordura corporal (definição muscular)
Metabólica de Repouso do indivíduo e é sepa-
está associada à restrição calórica, enquanto o
rada por sexo.
aumento de massa muscular (hipertrofia) está
associado ao superávit calórico. Dessa forma,
TMR Homens = [10 x peso total (kg)] + [6,25
pode-se ajustar mais de um formato de dieta,
x altura (cm)] - (4,92 x idade) + 5
como, por exemplo: para dia de treino e para
dia sem treino.
24 | DIETA FLEXÍVEL
CALCULANDO A NCD EM UM DIA SEM Exemplo Mulher 60 kg
TREINO TMB = 1342 kcal x 1,2 (fator atividade física
Por experiência de 15 anos de consul- leve)
tório, observamos que, normalmente, uma NCD = 1610 kcal (26,8 kcal/kg)
pessoa que nunca fez dieta não tem ideia do
que é uma organização nutricional, e muito
Equação do Aragon (20)
menos noção do total de calorias que ela in-
Exemplo Homem 90 kg
gere por dia. Assim, o papel do nutricionista
é ENSINAR o paciente a ter em mente essas TMB = 2003 x 1,2 (fator atividade física leve)
quantidades. Começamos por um cálculo ca- NCD = 2403 kcal (26 kcal/kg)
lórico para um dia sedentário, sem nenhum Exemplo Mulher 60 kg
tipo de exercício físico e, para ficar mais didá- TMB = 1138 kcal x 1,2 (fator atividade física
tico, usaremos as três equações anteriormente leve)
apresentadas, para exemplificar.
NCD = 1365 kcal (22 kcal/kg)
Equação de Mifflin-St Jeor (21)
Equação de Katch-McArdle (19)
Exemplo Homem 90 kg
Exemplo Homem 90 kg
TMB = 1882 x 1,2 (fator atividade física
TMB = 2080 kcal x 1,2 (fator atividade física leve)
leve)
NCD = 2258 kcal (25 kcal/kg)
NCD = 2496 kcal (27,7 kcal/kg)
Exemplo Mulher 60 kg
TMB = 1316 kcal x 1,2 (fator atividade física
leve)
NCD = 1579 kcal (26 kcal/kg)
Sabe-se que alimentar-se por demanda de é possível estimar o gasto calórico por cál-
treino é uma estratégia atualmente conhecida culos matemáticos. Assim, é possível saber o
por alguns nutricionistas, e pode ser aplicada gasto calórico total na semana do indivíduo,
a qualquer tipo de pessoa. Conhecendo a fre- e o profissional pode usar esse saldo calórico
quência e a duração da prática do exercício, como restrição calórica com a dieta. Primeiro,
DIETA FLEXÍVEL | 25
é importante entender a rotina de treino, para te a perda ou o ganho de peso. Ele se chama
se estimar o gasto calórico e contextualizar “Caloria Entra / Caloria Sai” (22), e é um dos
como será a restrição calórica da dieta. mais usados para analisar quantas calorias fo-
ram consumidas via dieta, e quanta energia foi
PRINCÍPIO DO “CALORIA ENTRA/ gasta com as atividades diárias e com o exercí-
CALORIA SAI” cio físico. No fim dessa equação, temos a ener-
gia disponível, que sobra para o organismo. A
Existe um princípio básico que ajuda a
figura abaixo demonstra alguns exemplos.
entender como funciona o nosso corpo peran-
26 | DIETA FLEXÍVEL
CALCULANDO A NCD EM UM DIA cia semanal (a duração diária e quantas vezes
COM TREINO por semana). No consultório nutricional, uma
Como já sabemos o valor calórico de um ferramenta prática para a estimativa do gasto
dia sem a prática do exercício físico, agora te- calórico de um treino é o cálculo pelo método
remos o exemplo do cálculo calórico para um de METS (24). É possível estimar o gasto por
dia contendo a prática do exercício físico. Em dia da semana, se o paciente fizer variados ti-
uma consulta nutricional, é importante ava- pos de exercícios.
liar o tipo de exercício realizado e a frequên-
DIETA FLEXÍVEL | 27
ESTIMATIVA DO GASTO CALÓRICO
equação kcal total do treino = mets modalidade x peso kg x minutos/60
EXERCÍCIO INTENSIDADE MET
Corrida 8 km/h 9,0
Corrida 13-14 km/h 13,5
Futebol Recreação 7,0
Ciclismo Moderado 4,0
Ciclismo 18 km/h 6,0
Ciclismo 25 km/h 12,0
Basquete Moderado 8,0
Patins Moderado 7,0
Squash Moderado 12,0
Natação Moderada 6,0
Surfe Moderado 3,0
Tênis Moderado 8,0
Skate Moderado 5,0
Judô Competitivo 10,0
Jiu-Jitsu Competitivo 10,0
Musculação Moderada 6,0
Musculação Intensa 9,0
Pular corda Intenso 10,0
Com o auxílio da tabela acima, é possível 30 minutos de corrida 8 km/h =405 kcal
estimar o gasto dos exercícios físicos de for- 810 kcal de gasto calórico em dias de treino.
ma simples e incluir o valor no total calórico Mulher 60 kg
diário já previamente calculado. Esse exemplo
45 minutos natação = 6,0 x 60x 45/60 = 207
não está levando em consideração uma restri-
kcal
ção calórica, e sim o ajuste da NCD, conforme
30 minutos de musculação = 9 x 60 x 30/60
demanda do exercício.
= 270 kcal
28 | DIETA FLEXÍVEL
NCD somado ao gasto estimado do bloco de exercício físico
Quando se considera a alimentação por rácia da intensidade dos exercícios físicos, mas
demanda de gasto calórico do treino, o exem- é uma ferramenta simples e prática. Exemplo:
plo acima elucida como as calorias mudam o homem de 90 kg treina quatro vezes por se-
conforme a NCD do dia sem treino e do dia de mana = 4x 810 kcal por treino = 3240 kcal
treino. Porém, como é muito complexo calcu- por semana / 7 dias = 462 kcal /dia. No caso
lar vários cardápios diferentes, existe a possi- da mulher de 60 kg, que, por exemplo, treina
bilidade de trabalhar com a inclusão calórica 5x/semana = 5x 477 = 2385 kcal por sema-
fracionada do total de treinos realizados na na/7 dias = 340 kcal/dia.
semana. Evidentemente, não temos uma acu-
Estes valores calóricos seriam mantidos um controle calórico, pois, quando se man-
pelo período de tratamento como uma cons- tém o mesmo valor, assume-se que em alguns
tante, independentemente de se prescrever dias o valor calórico será maior (sem treino)
dois tipos de cardápios, e, ainda assim, não ou menor (dias com treino).
configuram uma restrição energética, e sim
DIETA FLEXÍVEL | 29
Exemplo da separação dos dias de treino (em destaque) e sem treino
2ª feira 3ª. feira 4ª. feira 5ª. feira 6ª. feira Sábado Domingo
MULHER 1782kcal 1782kcal 1442kcal 1782kcal 1782kcal 1782kcal 1442kcal
HOMEM 2385kcal 2847kcal 2847kcal 2847kcal 2847kcal 2385kcal 2385kcal
Entretanto, nesse tipo de cálculo, a ener- para indivíduos que se enquadram no perfil
gia restante disponível para o organismo está fisicamente ativo. No final do cálculo, o intui-
abaixo de 20 kcal/kg. Isso é considerado uma to foi fazer com que o indivíduo tenha um me-
dieta de muito baixa caloria e, dependendo da lhor desempenho nos treinos, porém a energia
frequência, intensidade e regularidade da prá- disponível, somada ao gasto médio de calorias
tica esportiva, causará queda do rendimento. do treino semanal, é similar à dos dias sem
Dessa forma, organizar duas estratégias nutri- treino.
cionais, com treino e sem treino, pode ser útil
30 | DIETA FLEXÍVEL
Ajuste da NCD média calórica para manter os valores próximos da TMR
Outro fator fundamental é ajustar o cál- tal de peso de gordura corporal para alcançar
culo nutricional à composição corporal do uma porcentagem de gordura saudável.
indivíduo, sendo necessário quantificar o to-
DIETA FLEXÍVEL | 31
Após 2 meses de dieta A partir da estimativa de quanto peso de
95 kg gordura (kg) o indivíduo deve reduzir, pode-se
20% de gordura estimar a restrição calórica de forma propor-
cional, ou seja, transformando em kcal. Esse
76 kg de massa magra (ossos, órgãos e massa
cálculo se chama VENTA (valor energético do
muscular)
tecido adiposo), assumindo o valor de 7700
19 kg de gordura corporal
kcal para cada kg de gordura. Pode-se estimar
a perda de peso pela restrição calórica diária:
Porém, é importante dizer que essa mate- gasto do treinamento a cada 40-60 dias, de-
mática não é igual em todo o período da per- pendendo do tipo de trabalho (saúde x estéti-
da de peso. Assim, deve-se ajustar o NCD e o ca, agudo x crônico) que está sendo realizado.
Periodização nutricional na restrição calórica sua resposta corporal. Sabe-se que a manuten-
crônica ção de massa muscular ao longo do processo
A periodização nutricional abaixo é um é a chave para a continuidade da queima de
exemplo de proposta de restrição calórica gordura durante os treinos. Por isso, é impres-
crônica, usada na prática clínica, que prioriza cindível priorizar a capacidade do paciente em
mais a aderência à dieta, já que, a cada período manter a intensidade do exercício realizado,
de 60-70 dias, em média, o indivíduo tem suas aumentando consequentemente a queima de
diretrizes nutricionais reajustadas perante a calorias total.
32 | DIETA FLEXÍVEL
4.
CÁLCULO CALÓRICO PRÁTICO
A
o longo do tempo, com maior con- kcal/kg/dia, o qual, conforme o peso total ou
fiança nos cálculos nutricionais, po- de massa magra, pode ser utilizado para en-
de-se utilizar finalmente o formato contrar a NCD.
4.1 Normocalórico
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 33
CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
34 | DIETA FLEXÍVEL
CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 35
CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
36 | DIETA FLEXÍVEL
CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 37
CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 60 kg
1800-2100 kcal
Proteínas 90g-108g/dia = 360-432 kcal
Carboidratos (225g – 262g = 900-1050 50% kcal totais)
Gorduras (60g – 69g = 540 kcal-618 kcal)
38 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 39
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
40 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 41
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
42 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 80 kg
2400-2800 kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576 kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400 kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
DIETA FLEXÍVEL | 43
4.2 EXEMPLOS DE CÁLCULOS E DISTRIBUIÇÃO DOS MACROS
OBJETIVO: REDUÇÃO DE GORDURA E MANUTENÇÃO DE MASSA MUSCULAR
Homem 110 kg
2200 kcal – 2500 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 198g- 220g = 792 kcal - 880 kcal
Carboidratos (restante) = 616 kcal-630 kcal = 154g-157g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 88g-110g = 792 kcal-990 kcal
Mulher 70 kg
1400 kcal – 1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
44 | DIETA FLEXÍVEL
EXEMPLOS DE CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 70 kg
1400-1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
DIETA FLEXÍVEL | 45
EXEMPLOS DE CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 70 kg
1400-1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
46 | DIETA FLEXÍVEL
EXEMPLOS DE CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 70 kg
1400-1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
DIETA FLEXÍVEL | 47
EXEMPLOS DE CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 70 kg
1400-1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
48 | DIETA FLEXÍVEL
EXEMPLOS DE CARDÁPIO FLEXÍVEL
Mulher 70 kg
1400-1750 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 126g- 140g = 504 kcal - 560 kcal
Carboidratos (restante) = 392 kcal-560 kcal = 98g-140g
Gorduras (0,8g-1,0g/kg) = 56g-70g = 504 kcal-630 kcal
DIETA FLEXÍVEL | 49
Homem 110 kg
2200 kcal – 2500 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 198g- 220g = 792 kcal - 880 kcal
Carboidratos (restante) = 616 kcal-630 kcal = 154g-157g
50 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 110 kg
2200 kcal – 2500 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 198g- 220g = 792 kcal - 880 kcal
Carboidratos (restante) = 616 kcal-630 kcal = 154g-157g
DIETA FLEXÍVEL | 51
Homem 110 kg
2200 kcal – 2500 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 198g- 220g = 792 kcal - 880 kcal
Carboidratos (restante) = 616 kcal-630 kcal = 154g-157g
52 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 110 kg
2200 kcal – 2500 kcal
Proteínas (1,8-2,0/kg) = 198g- 220g = 792 kcal - 880 kcal
Carboidratos (restante) = 616 kcal-630 kcal = 154g-157g
DIETA FLEXÍVEL | 53
Homem 110 kg
54 | DIETA FLEXÍVEL
4.3 EXEMPLOS DE CÁLCULOS E DISTRIBUIÇÃO DOS MACROS
OBJETIVO: REDUÇÃO DE GORDURA E MANUTENÇÃO DE MASSA MUSCULAR
LOW CARB
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
DIETA FLEXÍVEL | 55
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Pão integral 50g 135 25 4,7 2,1
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Ovos 2 unid. 154 1,1 12,5 10
Clara de ovo 4 unid. 68 0 14 0
Leite desnatado 200ml 70 10 6,5 0
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 514 39 52,8 13,7
56 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
1 pão francês 50g 137 26 4,4 1,5
Ovos 2 unid. 154 1,1 12,5 10
Clara de ovo 4 unid. 68 0 14 0
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Abacate 100g 160 8,5 2 15
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Total 748 45,7 72,9 30
DIETA FLEXÍVEL | 57
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 4 unid. 294 1,5 25 20
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Abacate 50g 80 4 1 7,5
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Total 603 15,6 66 31
58 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
3 claras 51 0 10 0
Requeijão light 54 1 3,3 4
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Whey protein 40g em água 147 7,3 25 2
Total 477 9,5 57,4 21,1
DIETA FLEXÍVEL | 59
Mulher 90 kg x 20 kcal
1800 kcal
Proteínas (2,0/kg) = 180g = 720 kcal
Carboidratos (1g/kg) = 90g = 360 kcal
Gorduras (Restante das kcal) = 720 kcal = 80g
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Ovos 4 unid. 294 1,5 25 20
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 528 11,7 65,1 23,6
60 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 130 kg x 20 kcal
2600 kcal
Proteínas (2,0kg) = 260g = 1040 (40%)
Carboidratos (1g/kg) = 130g = 520 kcal (20%)
Gorduras (Restante das kcal) = 1040 kcal = 115g (40%)
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
1 pão francês 50g 137 26 4,4 1,5
Manteiga 20g 72 0 0 17
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Claras de ovo 3 unid. 51 0 10 0
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Mamão papaia 120g 55 14 0,5 0
Total 682 48,4 58,9 35,5
DIETA FLEXÍVEL | 61
Homem 130 kg x 20 kcal
2600 kcal
Proteínas (2,0kg) = 260g = 1040 (40%)
Carboidratos (1g/kg) = 130g = 520 kcal (20%)
Gorduras (Restante das kcal) = 1040 kcal = 115g (40%)
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Leite desnatado 200ml 70 10 6,5 0
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 474 14,7 47,6 23,6
62 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 130 kg x 20 kcal
2600 kcal
Proteínas (2,0kg) = 260g = 1040 (40%)
Carboidratos (1g/kg) = 130g = 520 kcal (20%)
Gorduras (Restante das kcal) = 1040 kcal = 115g (40%)
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Iogurte desnatado 170g 71 10 7 0
Pasta de amendoim 40g 235 8 10 20
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Total 852 29,9 83 45,5
DIETA FLEXÍVEL | 63
Homem 130 kg x 20 kcal
2600 kcal
Proteínas (2,0kg) = 260g = 1040 (40%)
Carboidratos (1g/kg) = 130g = 520 kcal (20%)
Gorduras (Restante das kcal) = 1040 kcal = 115g (40%)
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Bacon 50g 270 0,7 19 20
Total 669 5,3 60 43,5
64 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 130 kg x 20 kcal
2600 kcal
Proteínas (2,0kg) = 260g = 1040 (40%)
Carboidratos (1g/kg) = 130g = 520 kcal (20%)
Gorduras (Restante das kcal) = 1040 kcal = 115g (40%)
LOW CARB
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Bacon 50g 270 0,7 19 20
3 claras 51 0 10 0
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Mamão papaia 120g 55 14 0,5 0
Total 743 23,1 73,5 37
DIETA FLEXÍVEL | 65
4.4 EXEMPLOS DE CÁLCULOS E DISTRIBUIÇÃO DOS MACROS
OBJETIVO: REDUÇÃO DE GORDURA E MANUTENÇÃO DE MASSA MUSCULAR
DIETA CETOGÊNICA
Homem 95 kg X 30 kcal
2850 kcal
Proteínas (25%) = 712,5 kcal = 178g = 1,87g/kg
Carboidratos (10%) = 285 kcal = 71g = 0,7g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 1852 kcal = 202,7g = 2,1g/kg
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
66 | DIETA FLEXÍVEL
Exemplos de Cardápio Flexível
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Bacon 50g 270 0,7 19 20
Azeite 20ml 180 0 0 20
Ovos 2 unid. 154 1 12,5 10
Abacate 50g 80 4 1 7,5
Total 684 5,7 32,5 57,5
DIETA FLEXÍVEL | 67
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Abacate 50g 80 4 1 7,5
Whey protein isolado 20g 78 0,4 18 0,2
Ovos 1 unid. 77 0,5 6 5
Azeite 20ml 180 0 0 20
Total 415 4,9 25 32,7
68 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Abacate 50g 80 4 1 7,5
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 305 5,2 20,1 22,6
DIETA FLEXÍVEL | 69
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 322 1,9 26,1 22,1
70 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Abacate 50g 80 4 1 7,5
DIETA FLEXÍVEL | 71
Mulher 65 kg x 20 kcal
1300 kcal
Proteínas (25%) = 325 kcal = 81g = 1,2g/kg
Carboidratos (10%) = 130 kcal = 32,5g = 0,5g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 845 kcal = 93,8g = 1,4g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
72 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 95 kg X 30 kcal
2850 kcal
Proteínas (25%) = 712,5 kcal = 178g = 1,87g/kg
Carboidratos (10%) = 285 kcal = 71g = 0,7g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 1852 kcal = 202,7g = 2,1g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Azeite 40ml 360 0 0 40
Ovos 4 unid. 294 1,5 25 20
Iogurte desnatado 170g 71 10 7 0
Morango 100g 32 8 0,6 0,3
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Total 904 26,8 57,6 62,3
DIETA FLEXÍVEL | 73
Homem 95 kg X 30 kcal
2850 kcal
Proteínas (25%) = 712,5 kcal = 178g = 1,87g/kg
Carboidratos (10%) = 285 kcal = 71g = 0,7g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 1852 kcal = 202,7g = 2,1g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Ovos 4 unid. 294 1,5 25 20
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Bacon 50g 270 0,7 19 20
Total 743 5,7 66 48,5
74 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 95 kg X 30 kcal
2850 kcal
Proteínas (25%) = 712,5 kcal = 178g = 1,87g/kg
Carboidratos (10%) = 285 kcal = 71g = 0,7g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 1852 kcal = 202,7g = 2,1g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Iogurte desnatado 170g 71 10 7 0
Pasta de amendoim 40g 235 8 10 20
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Azeite 40ml 360 0 0 40
Total 1065 22,6 58 83,5
DIETA FLEXÍVEL | 75
Homem 95 kg X 30 kcal
2850 kcal
Proteínas (25%) = 712,5 kcal = 178g = 1,87g/kg
Carboidratos (10%) = 285 kcal = 71g = 0,7g/kg
Gorduras (Restante das kcal) 1852 kcal = 202,7g = 2,1g/kg
DIETA CETOGÊNICA
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Pão integral 50g 135 25 4,7 2,1
Manteiga 40g 154 0 0 34
Ovos 3 unid. 220 1,1 19 15
3 claras 51 0 10 0
Whey protein 40g 147 7,3 25 2
Azeite 40ml 360 0 0 40
total 1067 33,4 58,7 93,1
76 | DIETA FLEXÍVEL
Referências
13. Institute of Medicine. 2005. Dietary 19. McArdle WD, Katch FI, Katch
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DIETA FLEXÍVEL | 77
5.
DIETA FLEXÍVEL PARA O AUMENTO
DE MASSA MUSCULAR
E
m questões fisiológicas, se comparar- géticas. Quando o comparamos aos músculos
mos a dificuldade entre perder gordura esqueléticos, é um tecido totalmente diferente
corporal ou aumentar massa muscu- em função e constituição. Mesmo assim, sem-
lar, de fato, o mais difícil é aumentar massa pre escutamos “pérolas” como “eu quero tro-
muscular, processo cientificamente conhecido car gordura por músculos”.
como hipertrofia muscular. Pelo fato de o teci- Na constituição muscular, além da água
do adiposo ser um reservatório que estoca áci- (75%) e proteínas (20%), estão outros com-
dos graxos na forma de TAG, seu processo de ponentes, incluindo gordura, glicogênio, sais
hidrólise e uso como fonte de energia é mais inorgânicos e minerais (26).
fisiológico, e gera grandes quantidades ener-
Dado o teor de proteínas dos músculos com a oferta proteica da dieta (27), pois já
esqueléticos, é notório que os atletas engaja- existe o consenso de que esse ajuste facilita as
dos no treinamento de força se preocupam adaptações induzidas pelo treinamento com
78 | DIETA FLEXÍVEL
pesos (28). Estratégias como a manipulação dratos para pessoas engajadas no treinamento
da ingestão diária total de proteínas na dieta de força podem ser de 4 a 7g/kg/dia (39).
(29), dosagem de proteína por refeição (30- Com relação às gorduras, o Colégio Ame-
31), qualidade da proteína (32) e distribuição ricano de Medicina Esportiva (ACSM) aconse-
de proteínas (33) são utilizadas para maximi- lha os atletas a manterem a ingestão de gordu-
zar as taxas de síntese proteica, reduzindo o ra de acordo com as diretrizes gerais de saúde,
catabolismo e melhorando o balanço nitroge- o que representa 20 a 35% da NCD (40). A
nado positivo (34). As necessidades médias da restrição da ingestão de gordura (15 a 20%)
literatura vão de 1,6g a 2,2g/kg/dia (27). pode ter consequências negativas no rendimen-
Como o papel das proteínas para a hiper- to esportivo, tornando difícil alcançar o aporte
trofia já está bem elucidado na literatura, uma calórico necessário e, ao mesmo tempo, redu-
questão que ainda está para ser respondida é: zindo a ingestão e a absorção de vitaminas li-
Quantas calorias a mais preciso ingerir para o possolúveis (41, 42), bem como a produção de
aumento de massa muscular? hormônios como a testosterona (43).
Na dieta voltada para a hipertrofia, além Para aplicar o conhecimento das necessi-
das proteínas, deve-se considerar também a dades nutricionais sobre a dieta do atleta en-
adequação das quantidades de carboidratos gajado no ganho de massa muscular, precisa-
e gorduras no plano alimentar, com o objeti- -se considerar as variáveis que interferem na
vo de facilitar o ganho de massa muscular. Já energia disponível para o processo de síntese
foram feitos estudos comparando uma dieta proteica. Dessa forma, os gastos calóricos da
hiperglicídica ou hiperlipídica em populações síntese proteica, do treinamento e da termogê-
sedentárias, e os resultados confirmam que nese induzida pela dieta precisam ser inseridos
não há diferenças significativas na composi- no cálculo matemático.
ção corporal, se o excedente de energia pro- Usaremos o exemplo de um homem com
vém de carboidratos ou gorduras (35,36) 100 kg, treinado por pelo menos cinco anos e
No entanto, se for considerado o metabo- que realiza quatro sessões de treinamento de
lismo muscular usado durante o treino, sabe- força com o objetivo de aumentar 1,5 kg de
-se que o carboidrato é essencial (37), sendo massa muscular em seis semanas. Consideran-
de extrema importância o seu fornecimento de do que esse indivíduo tenha um gasto de me-
adicional para suprir as demandas energéticas tabolismo (TMB + NEAT + EPOC) de 2500
da glicólise, aumentadas no treinamento. Os kcal, somado a 1238 kcal oriundas dos 300g
estoques de glicogênio muscular podem redu- de proteína ao dia, e contabilizando 4000 kcal
zir-se de 30 a 40% após uma sessão intensa de custo do metabolismo proteico aumentan-
de treino (38). Portanto, um treinamento com do (ajustado pelo peso), somam-se 7738 kcal
foco em hipertrofia pode exigir carboidratos totais. Porém, subtraindo-se a termogênese in-
adicionais para facilitar a capacidade da reali- duzida da dieta, 2261 kcal, a energia disponí-
zação do treino e ajudar na reposição de glico- vel final fica em, aproximadamente, 5500 kcal
gênio muscular. As recomendações de carboi- ao dia, ou 55 kcal/kg/dia (44).
DIETA FLEXÍVEL | 79
Adaptado de Slater et al., 2019.
80 | DIETA FLEXÍVEL
Nível de Treino Aumento Calórico Base de Nutriente
Iniciante 20-40% acima do NCD (500-1000 kcal/ Maior benefício com predominância de carboi-
dia) dratos.
Incluir proteínas em doses de 20-40 g (ou a
0,4 g / kg do total
do peso corporal).
Treinado 10-20% acima do NCD (250-500 kcal/ Menor benefício com predominância de carboi-
dia) dratos.
Incluir proteínas em doses de 20-40 g (ou a
0,4 g / kg do total do
peso corporal).
Adaptado de Aragon&Shoenfeld, 2020.
DIETA FLEXÍVEL | 81
5.1 EXEMPLOS DE CÁLCULOS E DISTRIBUIÇÃO DOS MACROS
OBJETIVO: GANHO DE MASSA MUSCULAR E RENDIMENTO ESPORTIVO
Homem 90 kg x 60 kcal
5400 kcal
Proteínas: 2g = 180g/dia = 720 kcal
Carboidratos: 70% = 3780 kcal = 945g = 10,5g/kg
Gorduras: 900 kcal = 100g = 1,1g/kg
Mulher 50 kg x 50 kcal
2500 kcal
Proteínas: 2g = 100g/dia = 400 kcal
Carboidratos: 65% = 1625 kcal = 406g = 8,1g/kg
Gorduras: 475 kcal = 52,7g = 1,1g/kg
82 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 50 kg x 50 kcal
2500 kcal
Proteínas: 2g = 100g/dia = 400 kcal
Carboidratos: 65% = 1625 kcal = 406g = 8,1g/kg
Gorduras: 475 kcal = 52,7g = 1,1g/kg
Dieta Flexível
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
1 pão francês 50g 137 26 4,4 1,5
Ovo 1 unid. 74 0,3 6 5
Leite desnatado 200ml 70 10 6,5 0
Mamão papaia 120g 55 14 0,5 0
Banana 100g 89 23 1 0,3
Maçã 135g 70 20 0 0
Mel 40g 120 30 0 0
Total 615 123,3 18,4 6,8
Pré-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Açaí 120g 124 24 0 2,8
Banana 100g 89 23 1 0,3
Iogurte desnatado 170g 71 10 7 0
Granola 50g 139 25 4 2,3
Whey protein 20g 73 3,6 12,5 1
Total 496 85,6 24,5 6,4
DIETA FLEXÍVEL | 83
Pós-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein 20g 73 3,6 12,5 1
Creatina 5g 0 0 0 0
Leite condensado 60g 195 33 4,2 4,8
Banana 100g 89 23 1 0,3
Total 357 59,6 17,7 6,1
84 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 50 kg x 50 kcal
2500 kcal
Proteínas: 2g = 100g/dia = 400 kcal
Carboidratos: 65% = 1625 kcal = 406g = 8,1g/kg
Gorduras: 475 kcal = 52,7g = 1,1g/kg
Dieta Tradicional
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Batata doce cozida 250g 172 40,2 3,1 0,1
Clara de ovo 6 unid. 103 1,4 21,5 0,3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Banana 100g 89 23 1 0,3
Total 454 64,6 25,6 10,7
Pré-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Batata doce cozida 250g 172 40,2 3,1 0,1
Clara de ovo 6 unid. 103 1,4 21,5 0,3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Banana 100g 89 23 1 0,3
Total 454 64,6 25,6 10,7
DIETA FLEXÍVEL | 85
Pós-treino:
86 | DIETA FLEXÍVEL
Mulher 50 kg x 50 kcal
2500 kcal
Proteínas: 2g = 100g/dia = 400 kcal
Carboidratos: 65% = 1625 kcal = 406g = 8,1g/kg
Gorduras: 475 kcal = 52,7g = 1,1g/kg
Dieta Tradicional
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Arroz branco cozido 160g 206 45 4 0,4
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Azeite 5ml 45 0 0 5
Total 383 45 29 8,4
Pré-treino
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Arroz branco cozido 160g 206 45 4 0,4
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Azeite 5ml 45 0 0 5
Total 383 45 29 8,4
DIETA FLEXÍVEL | 87
Pós-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein isolado 20g 78 0,4 18 0,2
Creatina 5g 0 0 0 0
Mel 40g 120 30 0 0
Maltodextrina 100g 380 95 0 0
Banana 200g 178 46 2 0,6
Total 756 171,4 20 0,8
88 | DIETA FLEXÍVEL
5.2 EXEMPLOS DE CÁLCULOS E DISTRIBUIÇÃO DOS MACROS
Homem 90 kg x 60 kcal
5400 kcal
Proteínas: 2g = 180g/dia = 720 kcal
Carboidratos: 70% = 3780 kcal = 945g = 10,5g/kg
Gorduras: 900 kcal = 100g = 1,1g/kg
Dieta Tradicional
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Arroz branco cozido 500g 643 140 12,5 1,1
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Banana 100g 89 23 1 0,3
Total 954 163 38,5 14,4
DIETA FLEXÍVEL | 89
Pré-treino
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Arroz branco cozido 500g 643 140 12,5 1,1
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Banana 100g 89 23 1 0,3
Total 954 163 38,5 14,4
Pós-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein isolado 20g 78 0,4 18 0,2
Creatina 5g 0 0 0 0
Mel 40g 120 30 0 0
Maltodextrina 100g 380 95 0 0
Banana 200g 178 46 2 0,6
Total 756 171,4 20 0,8
90 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 90 kg x 60 kcal
5400 kcal
Proteínas: 2g = 180g/dia = 720 kcal
Carboidratos: 70% = 3780 kcal = 945g = 10,5g/kg
Gorduras: 900 kcal = 100g = 1,1g/kg
Dieta Tradicional
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Batata doce cozida 500g 344 80,5 6,28 0,2
Clara de ovo 6 unid. 103 1,4 21,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Banana 200g 178 46 2 0,6
Total 805 127,9 29,78 21,1
Pré-treino
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Batata doce cozida 500g 344 80,5 6,28 0,2
Clara de ovo 6 unid. 103 1,4 21,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Banana 200g 178 46 2 0,6
Total 805 127,9 29,78 21,1
DIETA FLEXÍVEL | 91
Pós-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein isolado 40g 156 0,8 36 0,4
Creatina 5g 0 0 0 0
Mel 80g 240 60 0 0
Maltodextrina 200g 760 190 0 0
Banana 200g 178 46 2 0,6
Pasta de amendoim 40g 235 8 10 20
Total 1569 304,8 48 21
92 | DIETA FLEXÍVEL
Homem 90 kg x 60 kcal
5400 kcal
Proteínas: 2g = 180g/dia = 720 kcal
Carboidratos: 70% = 3780 kcal = 945g = 10,5g/kg
Gorduras: 900 kcal = 100g = 1,1g/kg
Dieta Flexível
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
2 unid. pão francês 100g 274 52 8,8 3
Ovo 1 unid. 74 0,3 6 5
Whey protein isolado 40g 156 0,8 36 0,4
Açaí 240g 248 48 0 5,6
Banana 200g 178 46 2 0,6
Maçã 135g 70 20 0 0
Mel 40g 120 30 0 0
Total 1120 197,1 52,8 14,6
Pré-treino
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Açaí 240g 248 48 0 5,6
Banana 200g 178 46 2 0,6
Iogurte desnatado 170g 71 10 7 0
Granola 100g 278 50 8 4,3
Mel 40g 120 30 0 0
Total 895 184 17 10,5
DIETA FLEXÍVEL | 93
Pós-treino:
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Whey protein isolado 40g 156 0,8 36 0,4
Creatina 5g 0 0 0 0
Leite condensado 120g 390 66 8,4 9,6
Banana 200g 178 46 2 0,6
Maltodextrina 200g 760 190 0 0
Total 1484 302,8 46,4 10,6
94 | DIETA FLEXÍVEL
Referências
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DIETA FLEXÍVEL | 95
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96 | DIETA FLEXÍVEL
6.
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS NO
CONTEXTO DA DIETA FLEXÍVEL
A
Refeição Livre nos programas de perda de peso e seus acha-
o longo da história da nutrição es- dos recentes, que ajudam a entender como en-
portiva, algumas estratégias usadas caixá-lo no contexto dos diferentes objetivos
pelos fisiculturistas sempre chama- abordados. O AEJ é uma antiga prática utili-
ram a atenção e começaram a se popularizar zada pelos atletas de fisiculturismo no seu dia
com o crescimento da internet. Isso causou a dia e, principalmente, em suas preparações,
um movimento na produção de trabalhos na tentativa de se obter melhores respostas de
científicos, “imitando” essas estratégias “não queima de gordura corporal e maior definição
tradicionais” para a maioria dos nutricionis- no palco.
tas clínicos. Apesar de entender que estar ou não ali-
Trata-se dos efeitos do aeróbio em jejum, mentado antes de um exercício, para se “quei-
“AEJ”, da refeição livre ou “dia do lixo” e mar” mais gordura, não faz grande diferença
do Refeed, que também pode ser chamado de forma aguda, observa-se que, a longo pra-
de “supercompensação” de carboidratos ou zo, existem importantes adaptações muscula-
popularmente “carbada”. Mais atualmente, res que podem ajudar algumas populações na
a proposta 80/20, a restrição calórica inter- utilização de gordura em repouso.
mitente e o jejum intermitente são estratégias Quando o objetivo é a melhora da per-
testadas na dieta para analisar seus efeitos formance durante o exercício físico de alta
moleculares, fisiológicos e bioquímicos e pos- intensidade ou muito longa duração, ter uma
síveis mudanças na composição corporal de dieta regular e alimentar-se antes do exercício
populações específicas. parece ser a melhor opção. Entretanto, se o
foco é promover maior déficit calórico para
AEJ se obter máxima definição muscular em um
Apesar de não se tratar de uma estraté- bodybuilder em sua preparação, ou melhorar
gia nutricional, o aeróbio em jejum (AEJ) será a sensibilidade periférica da insulina em popu-
DIETA FLEXÍVEL | 97
lações com sobrepeso e obesidade, então a es- Dessa forma, podemos ajustar a estraté-
colha da realização do AEJ pode ser mais uma gia em indivíduos saudáveis, nos quais o exer-
estratégia dentro do contexto do protocolo. cício em jejum é acompanhado por menores
Na literatura, já observaram-se diferenças níveis de insulina e concentrações elevadas de
na realização crônica do AEJ na expressão de ácidos graxos livres no sangue, além de con-
genes e proteínas-alvo, que participam direta- centrações estáveis de glicose (pelo menos nos
mente da b-oxidação, como a isoenzima 4 da primeiros 60 a 90 minutos), lipólise e oxida-
piruvato desidrogenase quinase (PDK4), pro- ção dos estoques de TAGIM aumentados em
teína-cinase ativada por AMP (AMPK), trans- conjunto com a preservação do glicogênio
portador de glicose tipo 4 (GLUT4), a proteí- muscular (49).
na-3 translocase de ácidos graxos (CD36) e Em um trabalho elegante, Edinburgh e
enzimas mitocondriais como a citrato sintase colaboradores 2018 (50) analisaram a dife-
(CS) e a β-hidroxiacil coenzima A desidroge- rença entre alimentar-se antes do exercício ou
nase (β-HAD) (46,47). na última refeição do dia anterior (realizando
Esses efeitos no metabolismo muscular o exercício em jejum logo pela manhã), e che-
não eram possíveis de serem avaliados na dé- garam ao resultado em que o gasto calórico
cada de 70, pois, na época, ainda não se tinha total foi similar entre os grupos; porém, a par-
a tecnologia das técnicas de biologia molecu- ticipação dos nutrientes usados na prática do
lar e expressão de genes atuais. Mesmo assim, exercício sem comer demonstrou maior pre-
de forma intuitiva e por observação da prática sença da queima de gordura e redução do uso
crônica, os atletas realizavam o AEJ por sabe- do glicogênio muscular no período de análise
rem que era uma ferramenta para aumentar no laboratório.
a queima daquela última reserva de gordura Dessa maneira, a prática isolada do AEJ
corporal, que faltava para dar um aspecto não tem capacidade de “emagrecer” ninguém;
mais definido no palco. no entanto, com sabedoria, pode ser aplica-
Por outro lado, a estratégia de realizar da para diferentes populações, com diferentes
o exercício em jejum pode ser encaixada no objetivos, sempre com o nutricionista organi-
tratamento de pacientes com diabetes tipo II zando o balanço calórico negativo dietético e
e resistência periférica a insulina. Sabe-se que o profissional de educação física ajustando o
existem reservatórios musculares de triacilgli- gasto calórico do bloco AEJ + bloco exercício
cerol (TAGIM), e especificamente as pessoas físico. Essa simbiose gera um meio ambiente
com esses problemas metabólicos, associados mais favorável para o uso dos reservatórios
ao sobrepeso e obesidade, têm dificuldade energéticos de gordura, pois a energia dispo-
em usar essa fonte de energia em repouso e nível para o corpo será menor, resultando nos
durante o exercício físico. Essa relação com desfechos clínicos da redução de gordura sub-
a capacidade de usar os estoques de TAGIM cutânea (estética) e na melhora da sensibilida-
tem efeitos diretos na redução da resistência a de periférica a insulina (saúde).
insulina (48).
98 | DIETA FLEXÍVEL
6.1 80X20 suía 80% da riqueza. Esse conceito de despro-
A estratégia dietética 80/20 é um dos porção geralmente se aplica a muitas áreas.
possíveis formatos da dieta flexível baseada Os valores exatos de 20 e 80 não são fixos,
no princípio de Pareto (51). Este foi proposto eles poderiam realmente ser de 10% e 30%.
por Vilfredo Pareto (1848-1923), quando ob- O importante é que haja uma desproporção
servou que 20% da população da Itália pos- considerável entre os fatores.
DIETA FLEXÍVEL | 99
6.2 Jejum Intermitente (JI) 5:2 = Comer normalmente 5 dias da semana,
O jejum, ou a abstinência voluntária da 2 dias de 500 kcal/dia
ingestão de alimentos dentro de um período 24h = Sem comer durante 24 horas, de 1-3x/
específico, é uma prática bem conhecida em semana
tradições religiosas e espirituais. É citado no Dieta de restrição por tempo = Consumir o
Velho Testamento, nos textos antigos do Al- total calórico em 8h-10h e jejuar 12h-16h
corão e no Mahabharata, por exemplo. Ti-
picamente, o jejum é alcançado ingerindo-se
Na literatura científica existem trabalhos
pouca ou nenhuma caloria, por períodos que
que demonstram uma ligação positiva em in-
variam de 12 horas a 3 semanas. Os muçul-
gerir quantidades menores de energia diária do
manos esperam o pôr do sol durante o mês de
que a habitualmente recomendada, com im-
Ramadan para começar a se alimentar, poden-
pacto positivo para a saúde e longevidade (54).
do fazê-lo até o nascer do sol, quando começa
É importante salientar que a restrição calórica
o ciclo do jejum novamente. Cristãos, judeus,
tradicional é tão eficiente quanto as estratégias
budistas e hindus costumam fazem o jejum em
discutidas; isso por mostrarem efeitos impor-
dias ou períodos designados (53). Na classi-
tantes na aderência ao plano, versatilidade e
ficação das estratégias dietéticas de restrição
quebra da rotina restrita, como uma renova-
calórica intermitente, podemos dividir o jejum
ção de ânimo para “retornar” à dieta.
em três diferentes formatos:
Mulher 60 kg x 25 kcal
1500 kcal
Proteínas = 60 kg x 2,0 = 120g = 480 kcal
Carboidratos = 480+540-1500 = 480 kcal = 120g
Lipídios = 60kg x 0,8g = 48g = 432 kcal
Exemplo Mulher
Mulher 60 kg x 25 kcal
1500 kcal
Proteínas = 60 kg x 2,0 = 120g = 480 kcal
Carboidratos = 480+540-1500 = 480 kcal = 120g
Lipídios = 60 kg x 0,8g = 48g = 432 kcal
Exemplo Homem
Homem 100 kg x 25 kcal
2500 kcal
Proteínas = 100 kg x 2,0 = 200g = 800 kcal
Carboidratos = 800+720-2500 = 980 kcal = 245g
Lipídios = 100 kg x 0,8g = 80g = 720 kcal
Exemplo Mulher
PROTOCOLO 2-3 dias - Carbo (-)
Mulher 60 kg
Proteínas = 60 kg x 2,0 = 120g = 480 kcal
Carboidratos = 2g/kg = 120g = 480 kcal
Lipídios = 60 kg x 0,8g = 48g = 432 kcal
Total 1392-1400 kcal
Exemplo Mulher – carboidrato baixo
(Refeição 1) (Refeição 2) (Refeição 3) (Refeição 4)
348-350 kcal 348-350 kcal 348-350 kcal 348-350 kcal
Proteínas = 30g Proteínas = 30g Proteínas = 30g Proteínas = 30g
Carboidratos = 30g Carboidratos = 30g Carboidratos = 30g Carboidratos = 30g
Lipídios = 12g Lipídios = 12g Lipídios = 12g Lipídios = 12g
6.4 Refeição livre ou “cheat meal” piadas” pelas pessoas interessadas no assunto.
Após o aumento na internet no volume de Tanto é que, por essa popularização, todo mun-
informações sobre dieta e suplementação, as do acha que pode usar a estratégia da refeição
estratégias dos fisiculturistas ficaram mais co- livre de qualquer forma, sem uma organização
nhecidas e naturalmente começaram a ser “co- prévia do seu hábito alimentar, tornando recor-
Homem 80kg
2400-2800kcal
Proteínas (120g-144g = 480-576kcal)
Carboidratos (300g – 350g = 1200-1400kcal = 50% kcal totais)
Gorduras (80g-91,5g = 720 kcal–824 kcal)
T
ive uma infância e adolescência literal- Na época, não dispunha de dinheiro para
mente vividas na cozinha, pois a minha usar suplementos, e precisava usar os alimen-
avó paterna, finada e querida Dona Nair tos disponíveis em casa para “bater” o peso,
Donatto, era salgadeira de mão cheia, com um sem perder força e rendimento nas competi-
cardápio “obesogênico”: esfihas, coxinhas, ris- ções, me usando como “laboratório”. Já fui
soles, enroladinhos de presunto e queijo, mini- ignorante na bioquímica, fisiologia e nutrição,
pizzas, empadinhas... Ela tinha vários clientes e achava que era só correr com saco de lixo
em Piracicaba. Nessa parte da vida percebi que por cima do kimono no sol antes dos campeo-
o que se come com as mãos sempre extrapola a natos, para “tirar” 3 kg de água. Até batia o
quantidade necessária, e foi aí que ganhei mui- peso no sacrifício, mas os resultados nas lutas
to peso, entre 8 e 12 anos de idade. No lado eram péssimos.
materno, Dona Lourdes Fedrizzi tinha que co- Como sempre digo, o conhecimento salva
zinhar para seis homens: meu bisavô Corné- e, depois que comecei a estudar na graduação
lio, meu avô Zé Fedrizzi e mais quatro filhos. em nutrição, em 1999, consegui melhorar mi-
Todos os dias café da manhã, almoço e jantar, nha dieta e minhas estratégias. A partir daí, o
e eu entrava no auxílio da cozinha das duas. processo de bater peso ficou mais correto, fácil
Tenho gratidão eterna pelos ensinamentos. e, consequentemente, a performance melhorou.
No conjunto dos 20 anos da minha vida Expliquei tudo isso para dizer que as pes-
ligados com a nutrição e os 15 anos de prática soas, quando recebem a orientação do nutri-
clínica de consultório, consegui uma noção de cionista, sempre soltam algumas “pérolas”:
peso e quantidade, calculados previamente na “acho que é muita comida”, “eu vou ema-
dieta. Usei muito esse conhecimento na época grecer comendo tanto assim?”, e por aí vai.
em que era lutador de judô da equipe de Pi- Mas nós, profissionais experientes, possuindo
pouco, no caso dos alimentos industrializados, e como é bom comer muito e ingerir poucas
calorias, com a “comida de verdade”.
Grupo snacks
100g (salgadinho de saquinho)
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Doritos queijo nacho 100g 480 56 5,2 25,2
Cheetos de requeijão 100g 500 65 5,5 23,5
Batata frita clássica 100g 548 48 6,4 36,8
Batata frita Ruffles 100g 568 48 6,4 38,8
Baconzitos 100g 492 48 6,0 29,6
x
1 refeição
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Arroz branco cozido 40g 51,5 11,2 1 0
Feijão cozido 80g 29 4,8 1,6 0
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Pipoca c/azeite 25g 125 14 2,2 7
Grupo biscoito/bolacha
1 porção
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Cream Cracker 6 unid. = 30g 127 20 3,7 3,8
Maizena 6 unid. = 30g 132 21 2,8 3,9
Água e Sal 7 unid. = 30g 129 20 3,8 3,9
Club Social 1 pct. 26g 110 16 2 4
Belvita 1 pct. 30g 114 16 2,1 2,1
x
1 porção de fruta
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Banana 100g 89 23 1 0,3
Maçã 135g 70 20 0 0
Mamão papaia 150g 68 17,3 0,6 0,2
Abacaxi 150g 80 18,7 1,3 0
Manga 100g 72 18,5 0,4 0,2
Laranja 165g 61 16 1 0,1
Grupo bolos
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Bolo de fubá 1 fatia = 100g 319 41,6 4 15,
Bolo de chocolate 1 fatia = 100g 411 76,5 2,39 10,4
Bolo de laranja 1 fatia = 100g 267 49,5 1,7 7,5
Bolo de morango/leite condensado 1 fatia = 100g 228 30 3,0 13
x
1 refeição café da manhã
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Tapioca 50g 107 26 0 0
Muçarela 30g 97 0,7 7 7
Peito de peru 30g 82 2,8 15 1,5
Leite desnatado 200ml 70 10 6,5 0
Café expresso 60ml 5 0,1 0,1 0,1
Total 361 39,6 28,6 8,6
Grupo Lanches
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Big Mac médio = 1 unid. 483 43 26 23
Big Mac Bacon = 1unid. 645 44 36 36
Whopper médio = 1unid. 677 54 35 37
Whopper Rodeio = 1unid. 920 67 38 56
Cachorro quente = 1unid. 303 38 12 11
x
1 refeição
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 10ml 90 0 0 10
Arroz branco cozido 40g 51,5 11,2 1 0
Feijão cozido 80g 29 4,8 1,6 0
Filet de frango 80g 132 0 25 3
Risoto
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Risoto de funghi 160g 249 35,2 8 8,5
Filet mignon grelhado 100g 231 0 28 12
Vinho tinto 200ml 169 5 0 0
Total 841 42,9 36,5 40,8
Prato Feito
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Arroz branco cozido 160g 206 45 4 0,4
Feijão cozido 100g 74 12 4,8 0
Filet de frango 150g 248 0 46 5
Filet à parmegiana
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Arroz branco cozido 160g 206 45 4 0,4
Filet à parmegiana 240g 283 17 14 18
Vinho tinto 200ml 169 5 0 0
Total 850 69,7 18,5 38,7
Bife à milanesa
Alimento kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Salada de alface 73g 12 2,7 0,5 0,3
Azeite 20ml 180 0 0 20
Arroz branco cozido 160g 206 45 4 0,4
Bife à milanesa 120g 401 14,7 24 26
Total 799 62,4 28,5 46,7
TABELA DE BEBIDAS
Bebida/Porção kcal Cho (g) Prot (g) Lip (g)
Cerveja 600ml 270 36g - -
Vinho tinto 250ml 211 6,49 - -
Vodka 100ml 226 - - -
Gin 50ml 132 - - -
Uísque 50ml 125 - - -