Você está na página 1de 29

1

Autores

Marcelo Conrado Camila Zanini


Doutor Nutricionista

2
Passo a passo para calcular a dieta para a
hipertrofia muscular

Para calcular uma dieta para o ganho de massa muscular é


preciso seguir uma sequência lógica. Neste e-book vamos estudar
os 9 passos para calcular a dieta de hipertrofia para o seu paciente.
O objetivo deste e-book é fornecer uma explicação rápida e prática
da elaboração de uma dieta de hipertrofia, com algumas explicações
que o profissional deve fazer para o paciente. Abaixo estão listados
os 9 passos, sendo que iremos detalhar cada item desta lista para
você montar uma dieta eficaz para o seu paciente ganhar massa
muscular

Os 9 passos para montar uma dieta de hipertrofia

1. Estimar o gasto energético em repouso;

2. Selecionar o fator de atividade física;

3. Calcular o gasto energético total;

4. Selecionar o tamanho do superávit calórico para determinar o

valor energético total (VET) da dieta;

5. Calcular a ingestão calórica proveniente das proteínas;

6. Calcular a ingestão calórica proveniente das gorduras;

7. Preencher o restante do VET com carboidratos;

8. Realizar a distribuição dos macronutrientes nas refeições;

9. Como montar o cardápio de hipertrofia.

3
Passo 1 – Como estimar o gasto energético em
repouso?

O gasto energético total (GET) pode ser definido como a

quantidade de energia (kcal) que um indivíduo gasta durante o dia.

Basicamente existem quatro componentes do GET, sendo que cada

componente tem a sua contribuição energética, conforme detalhado

abaixo:

1. Gasto energético em repouso: Contribuição em torno de 70%

do GET e representa o gasto energético para a manutenção

vital do organismo;

2. Gasto energético em atividades diárias: Contribuição em torno

de 15% do GET e representa o gasto energético durante

atividades do dia a dia, como trabalho, lazer e locomoção;

3. Efeito térmico dos alimentos: Contribuição em torno de 10% do

GET e representa o gasto energético para realizar a digestão;

4. Gasto energético em exercício: Contribuição em torno de 5%

do GET e representa o gasto energético durante o treino.

Primeiramente precisamos calcular o gasto energético em

repouso do indivíduo. Existem algumas equações que podem estimar

4
o gasto energético em repouso, porém é importante saber escolher

a melhor equação para cada indivíduo (FRANKENFIELD et al., 2005;

TINSLEY et al, 2019). Abaixo está listado a melhor equação para

cada perfil de paciente, lembrando é preciso analisar o paciente para

escolher a equação correta.

Pessoas saudáveis (não obesas) e levemente ativas

Equação de Harris-Benedict

 Homens: Gasto energético em repouso (kcal) = 66 + (13,8 x peso

em kg) + (5 x altura em cm) – (6,8 x idade em anos);

 Mulheres: Gasto energético em repouso (kcal) = 655 + (9,6 x peso

em kg) + (1,9 x altura em cm) – (4,7 x idade em anos);

Pessoas saudáveis (não obesas) e levemente ativas

Equação de FAO/OMS

Idade (anos) Masculino Feminino


10 a 18 (17,686 x P) + 658,2 (13,384 x P) + 692,6
18 a 30 (15,057 x P) + 692,2 (14,818 x P) + 486,6
30 a 60 (11,472 x P) + 873,1 (8,126 x P) + 845,6
Mais que 60 (11,711 x P) + 587,7 (9,082 x P) + 658,5

5
Pessoas obesas, com sobrepeso e sedentárias

Equação de Mifflin-St Joer

 Homens: Gasto energético em repouso (kcal) = (10 x peso) + (6,25

x altura em cm) - (5 x idade em anos) + 5.

 Mulheres: Gasto energético em repouso (kcal) = (10 x peso) +

(6,25 x altura em cm) - (5 x idade em anos) – 161.

Pessoas bem treinadas, atletas ou que apresentam um baixo


porcentual de gordura.

Equação de Tinsley

 Ambos os sexos: Gasto energético em repouso (kcal) = (24,8 x

peso corporal em kg) + 10;

Pessoas bem treinadas, atletas ou que apresentam um baixo


porcentual de gordura.

Equação de Cunningham

 Ambos os sexos: Gasto energético em repouso (kcal) = (22 x massa

livre de gordura) + 500

6
Passo 2 – Como selecionar o fator atividade
física?

Após o cálculo do gasto energético em repouso é necessário

selecionar o fator de atividade física do indivíduo, pois o cálculo para

estimar o GET é determinado pela multiplicação entre gasto

energético em repouso com o fator de atividade física. A frequência

semanal de treinos, a duração de cada sessão e a intensidade dos

treinos são critérios para determinar o fator de atividade física do

indivíduo. Abaixo estão os valores médios do fator de atividade física

para homens e mulheres que você pode utilizar em seus pacientes.

Nível de atividade física diária Fator atividade (FA)


Muito sedentário 1,3 – 1,4
Sedentário pouco ativo 1,5
Sedentário mais ativo (muito comum) 1,6
Moderadamente ativo 1,7
Muito ativo 1,8 – 1,9
Atleta 2,0 ou mais

Se o seu paciente está iniciando a musculação, realizando 2-3

treinos por semana, eu usaria o fator atividade de 1,6. Caso seja um

paciente que esteja treinando a mais de 4 meses, sendo 4 a 5 treinos

por semana, eu usaria um fator de atividade de 1,7.

7
Porém, caso seu paciente seja altamente treinado, realiza mais

de 5 treinos por semana, eu usaria o fator de atividade de 1,8 a 1,9.

Caso o seu paciente seja um atleta de alto rendimento, no qual

há um treinamento de alto volume e intensidade, o fator de atividade

física por ser acima de 2,0, pois o gasto energético deste tipo de

indivíduo é elevado.

Lembre-se é muito importante selecionar corretamente a

equação de gasto energético em repouso e o fator de atividade física,

pois errar no cálculo do gasto energético diário total pode gerar erros

no valor energético da dieta.

8
Passo 3 – Como calcular o gasto energético
total?

Após selecionar o fator de atividade física de acordo com o

histórico de treino do indivíduo, o próximo passo é estimar o gasto

energético diário total através do cálculo abaixo:

 Gasto energético diário total (kcal) = GER x fator de

atividade física.

Agora realizaremos um exemplo para que fique mais fácil o

entendimento de como calcular a dieta para a hipertrofia muscular,

utilizando um modelo proposto por Iraki e colaboradores (2019).

Vamos utilizar como exemplo um homem eutrófico, com peso

corporal de 75 kg, altura de 180 cm, idade de 25 anos e que realiza

exercícios 4 a 5 vezes por semana com duração de 60 minutos cada

sessão.

O primeiro passo é estimar o gasto energético em repouso,

sendo que neste caso pode ser utilizada a equação de Harris-

Benedict, conforme detalhado abaixo:

9
Gasto energético em repouso (kcal) = 66 + (13,8 x 75) + (5 x 180) –

(6,8 x 25).

Gasto energético em repouso (kcal) = 66 + 1035 + 900 – 170

Gasto energético em repouso (kcal) = 1993,5 – 167,5

Gasto energético em repouso (kcal) = 1831

O próximo passo é estimar o GET através da multiplicação do

gasto energético em repouso com o FA. Para este indivíduo podemos

considerar um FA moderado, ou seja, 1,7.

Gasto energético diário total (kcal) = 1831 x 1,7

Gasto energético diário total (kcal) = 3112,7

Lembrando que isso é uma estimativa, no qual pode haver

subestimação ou superestimação do gasto energético diário total.

10
Passo 4 – Como selecionar o tamanho do
superávit calórico e valor energético da dieta?

O próximo passo é determinar o valor energético total (VET) da

dieta, no qual é necessário somar o GET com a quantidade calórica

que queremos utilizar para atingir o superávit calórico. Neste caso,

vamos adotar um superávit calórico de 500 kcal, considerando que o

indivíduo é eutrófico. Portanto, o VET para este indivíduo será de

3.612 kcal.

O tamanho do superávit calórico deve ser de acordo com a

quantidade de gordura corporal e sensibilidade à insulina. Se o seu

paciente tem pouca gordura e tem uma boa sensibilidade à insulina

podemos usar um superávit calórico mais amplo, em torno de 500 a

1000 kcal. Esse tipo de pessoa tem uma menor chance de ganhar

gordura corporal em superávit calórico. Lembrando que treinamento

aeróbio e consumo regular de fibras, frutas, vegetais e gordura

insaturada ajuda muito a diminuir o potencial no ganho de gordura na

dieta de hipertrofia. Precisamos colocar qualidade nessa dieta de

hipertrofia.

Se o seu paciente tem um pouco mais de gordura corporal e

você vai submeter ele em uma dieta de hipertrofia com superávit

11
calórico seja mais cauteloso, no qual podemos usar um superávit

calórico entre 300 a 500 kcal para evitar um ganho de gordura

excessivo. Importante mencionar que o ganho de gordura na dieta de

hipertrofia pode acontecer, porém devemos minimizar esse ganho,

pois engordar muito o paciente pode gerar uma redução na

sensibilidade à insulina, reduzindo o potencial de hipertrofia.

A tabela abaixo mostra o tamanho do superávit calórico de

acordo com a quantidade de gordura corporal.

Tipo de pessoa Superávit calórico


Pessoas com baixo gordura ~500 a 1000 kcal
corporal
Pessoas com maior porcentual ~300 a 500 kcal
de gordura

12
Passo 5 – Como calcular a dose de proteínas?

Agora chegou o momento de determinar a quantidade de cada

macronutriente na dieta. Primeiramente, vamos iniciar com as

proteínas. A ingestão de proteínas para maximizar a hipertrofia deve

ficar entre 1.6 a 2.2 g/kg/dia.

Vamos fazer um exemplo e adotar a ingestão proteica de 2

g/kg/dia para o indivíduo que estamos utilizando para exemplificar o

cálculo da dieta. Neste momento é necessário multiplicar 2g pelo

peso corporal e após isso determinar o valor calórico proveniente das

proteínas, sendo que cada grama de proteína representa 4 kcal.

Lembrando que o exagero na dose de proteínas pode gerar muita

saciedade e atrapalhar a ingestão de carboidratos e com isso

dificultar atingir o superávit calórico.

Ingestão de proteínas no dia em gramas = 2g x 75 kg = 150g

Ingestão calórica das proteínas = 150g x 4 kcal = 600 kcal

Você precisa entender a importância da proteína na hipertrofia

para fazer uma boa explicação durante a consulta para o paciente.

Toda vez que a proteína é ingerida ocorre um aumento na síntese de

13
proteínas muscular, ou seja, o anabolismo muscular se eleva por

algumas horas (1 a 5 h). Se uma pessoa consome de 1.6 a 2.2 g por

kg/dia de proteínas estará aumentando no máximo esse anabolismo

muscular. Passar dessa dose apenas vai causa um aumento na

eliminação de aminoácidos, o organismo vai formar mais ureia e ela

será eliminada na urina.

É muito comum você receber paciente que está exagerando na

ingestão de proteínas, é preciso explicar isso para o paciente para

ele entender o motivo que a dose será reduzida, ficando dentro das

recomendações (1.6 a 2.2g/kg/dia).

Observem a figura abaixo, imaginem que cada refeição possui

uma dose correta de proteínas (0,25 a 0,50g/kg). Vejam que em cada

refeição acontece uma janela anabólica, ou seja, a síntese proteica

fica maior do que a degradação de proteínas. Isso é chamado de

balanço nitrogenado positivo, a pessoa está sintetizando mais

proteínas musculares do que quebrando. Caso a pessoa esteja

consumindo uma dose baixa de proteínas (abaixo de 1.6g/kg/dia) a

síntese proteica ficará menor, diminuindo a capacidade de hipertrofia.

Portanto, a proteína na dose de 1.6 a 2.2g/kg/dia coloca a

síntese proteica no máximo, ajudando na hipertrofia muscular.

14
Olhem na figura e observem que a cada refeição com proteínas

a síntese de proteínas musculares fica mais elevada do que a

degradação proteica, criando uma janela anabólica no músculo. Se

a pessoa come pouca proteína nas refeições, essa janela anabólica

é menor ou não acontece, reduzindo a capacidade de hipertrofia. Se

a pessoa come em excesso não vai causar mais hipertrofia, pois há

um limite nesse processo. Façam essa explicação para o seu

paciente durante a consulta.

15
Passo 6 – Como calcular a dose de gorduras?

Vamos agora calcular a quantidade de gorduras na dieta, bem

como o valor energético que a ingestão de gorduras irá representar

no VET. A recomendação de gorduras para a hipertrofia é em torno

de 0.5 a 1.5g/kg/dia ou em torno de 25 a 35% do valor energético da

dieta. Considerando o VET do exemplo de 3.612 kcal, 25%

representam 903 kcal, sendo que ao dividir 903 kcal por 9 (1g de

gordura representa 9 kcal) teremos o valor de ingestão diária de

gorduras em gramas, que no caso é 100g. Para achar o valor em

gramas por kg, basta dividir 100g pelo peso do indivíduo, no caso

75kg, sendo assim o valor é 1.3g/kg/dia, dentro das recomendações

para a hipertrofia.

Não acho válido exagerar na ingestão de gorduras para a

hipertrofia, pois essa maior ingestão de gordura não vai melhorar a

performance e nem a síntese de proteínas musculares. Exagerar na

ingestão de gorduras diminui a dose de carboidratos, sendo que isso

não é interessante para a hipertrofia. Por isso, em dieta de hipertrofia

eu prefiro uma dose mais alta de carboidrato e uma dose moderada

ou baixa de gorduras (0,5 a 1,5 g/kg/dia).

Lembrando que o tipo de gordura é muito importante. Devemos

utilizar alimentos que forneçam gorduras insaturadas (azeite,

16
oleaginosas, abacate, chia, linhaça etc.) para melhorar a

sensibilidade à insulina do paciente. Melhorar a eficiência da insulina

é importante para maximizar a hipertrofia e para diminuir a

capacidade no ganho de gordura em superávit calórico.

Com relação a gordura saturada, no qual tem efeito de reduzir

a sensibilidade à insulina, não precisamos zerar, apenas não deixar

ultrapassar acima de 10% do VET. A suplementação de ômega-3

pode ser interessante, principalmente quando a pessoa não tem uma

boa ingestão desse tipo de gordura na dieta, podemos usar uma dose

diária em torno de 1 a 3 g.

17
Passo 7 – Como calcular a dose de carboidratos?

Já em relação aos carboidratos basta completar o VET. Para

isso, é necessário primeiramente somar o valor energético das

proteínas com as gorduras, sendo que neste exemplo teremos:

Calorias das proteínas (600) + Calorias da gordura (903) =

1.503 kcal.

Após isso, deve-se subtrair este resultado com o valor do VET

para achar a quantidade de calorias que serão de carboidratos, ou

seja, 3.612 – 1.503, resultando em 2.109 kcal. Isso significa que

1.503 kcal é o valor energético das proteínas e gorduras e 2.109 kcal

é o valor energético proveniente dos carboidratos que utilizaremos

para atingir o VET desta pessoa.

Agora vamos calcular o valor de carboidratos em gramas. Para

isso, primeiro é necessário dividir o valor calórico que falta para

atingir o VET, que no caso é 2.109 kcal por 4 (1g de carboidrato

representa 4 kcal), sendo que o resultado deste cálculo é de 527g,

sendo este valor a quantidade de carboidratos que o indivíduo irá

ingerir no dia.

Por fim, é necessário saber a quantidade de carboidratos em

gramas por kg de peso corporal para verificar se está dentro das

recomendações (4 a 7g/kg/dia). Para isto, basta dividir o valor total

18
em gramas, no caso 542g pelo peso corporal da pessoa, ou seja,

75kg. O resultado deste exemplo foi de 7 g/kg/dia, ou seja, está

dentro das recomendações de carboidratos para a hipertrofia.

Importante mencionar que uma dieta baixa de carboidrato

diminui o potencial de hipertrofia, por isso, o superávit calórico é

necessário para deixar o carboidrato mais alto e maximizar os

ganhos hipertróficos.

Quando a pessoa está comendo pouco carboidrato na dieta a

glicemia diminui, causando uma queda na produção de insulina e um

aumento na produção de cortisol. A insulina tem efeito anti-

catabólico, ou seja, ela diminui o catabolismo muscular. Já o cortisol

tem efeito de aumentar o catabolismo. Por isso, na dieta low carb o

ambiente hormonal (mais cortisol e menos insulina) favorece o

aumento do catabolismo muscular. Além disso, a queda de glicemia

e insulina diminui o glicogênio muscular, isso reduz o desempenho

na musculação. A figura abaixo mostra um esquema de como a dieta

low carb reduz o potencial de hipertrofia muscular.

19
Portanto, durante a consulta é muito importante você explicar

para o paciente como o carboidrato vai ajudar na hipertrofia. De

maneira geral, uma dieta rica em carboidrato gera um efeito anti-

catabólico e melhora a performance no treino.

Agora vamos retornar ao exemplo que estamos usando para a

montagem da dieta. Na tabela abaixo está o resumo dos

macronutrientes e valor energético do indivíduo. Vejam que todos os

macronutrientes estão dentro da recomendação científica para

potencializar a hipertrofia muscular e a dieta está com superávit

calórico correto.

20
Exemplo de composição da dieta – macronutrientes e calorias
Proteínas Gorduras Carboidratos

Gramas/dia 150 100 542

Gramas/kg 2 1.3 7.0

Kcal 600 903 2.109

VET 3.612 kcal

21
Passo 8 – Como fazer a distribuição dos
macronutrientes nas refeições?

Podemos verificar que os macronutrientes estão dentro das

recomendações e o superávit calórico foi adotado para ocorrer à

hipertrofia máxima. Lembrando que estes cálculos podem ser usados

para achar a quantidade de cada macronutriente na dieta. O próximo

passo é realizar a distribuição dos macronutrientes das refeições e

posteriormente os cardápios sejam montados.

Exemplo de distribuição dos macronutrientes durante o dia.

Refeição 1 Refeição 2 Refeição 3 Refeição 4 Refeição 5

Dose de proteínas (g) 30 30 30 30 30

Dose de gorduras (g) 16,6 25 16,6 25 16,6

Dose de carboidratos (g) 100 120 100 120 100

Lembrando que distribuição é muito pessoal, depende da

individualidade de cada paciente. Por exemplo, muitas pessoas

fazem o treinamento resistido logo ao acordar e acabam utilizando a

refeição antes de dormir como pré-treino, pois acordam sem apetite

e ingerir uma elevada quantidade de carboidratos neste momento

22
pode gerar desconforto gastrointestinal durante o treino. Nesse caso

a dose de carboidrato pode ser maior na refeição antes de dormir.

Caso o indivíduo treine com alto volume e que seja percebida uma

queda no desempenho, é interessante testar uma ingestão de

carboidratos líquidos antes do treino pela manhã.

Por outro lado, algumas pessoas poderão sentir desconforto

durante o treino se não houver a ingestão de carboidratos no pré-

treino, devido à glicemia baixa. Por isso, você precisa analisar o seu

paciente para definir a distribuição dos macronutrientes.

Existem casos também que o paciente acaba o treino com

pouca fome. Nessa condição pode ser ofertado um pós-treino líquido

com whey protein e o carboidrato pode ser oferecido na próxima

refeição, pois essa pessoa treina apenas 1x por dia. Se a pessoa

treina 2x por dia, após o primeiro treino é essencial ter carboidratos

para acelerar a reposição do glicogênio muscular, melhorando a

performance do próximo treino. Para essa pessoa que faz 2 treinos

por dia, a maior dose de carboidrato da dieta pode ser maior após o

primeiro treino.

Uma outra estratégia interessante é fazer a refeição que

antecede umas 3-4 horas do treino com a maior quantidade de

carboidrato. Basicamente seria a refeição que antecede o pré-treino.

Essa estratégia tem o objetivo de garantir um estoque cheio de

23
glicogênio muscular para o treino, pois a síntese de glicogênio

muscular leva horas, sendo que essa dose elevada de carboidrato 4

horas antes do treino vai garantir tempo suficiente para encher os

estoques de glicogênio no músculo.

24
Passo 9 – Montagem do cardápio para a
hipertrofia

Após a distribuição dos macronutrientes, basta montar o

cardápio do paciente. Selecione os alimentos e coloque a quantidade

para bater a dose estipulada de proteínas, gorduras e carboidratos

de cada refeição. Os vegetais têm baixa densidade calórica, por isso,

não há necessidade de entrar no cálculo. Lembre-se de explicar para

o paciente a importância dos vegetais para melhorar a sensibilidade

à insulina e a saúde.

Abaixo um exemplo de cardápio baseado em uma dieta de

hipertrofia com um valor energético em torno de 3.600 kcal

08:00 - Café da manhã


2 Unidades de Ovo inteiro
2 Unidades de Clara de ovo
2 Fatias de Pão integral com 1 fio de Azeite de Oliva
1 copo (300 ml) de Suco de laranja
1 fatia de Mamão formosa
1 Banana
1 colher de sopa de Aveia em flocos (comer com as frutas)

12:00 - Almoço
100 g de Filé de frango grelhado
2 escumadeiras cheias de Arroz branco cozido
2 conchas de Feijão cozido (50% grão/caldo)
1 copo de Suco de abacaxi (300 ml)
Azeite de Oliva para temperar salada e vegetais

25
Vegetais e salada à vontade (pode ir variando, mínimo metade do prato)
Sobremesa: 1 Banana + 1 colher de sobremesa de Mel

15:00 - Lanche da tarde


1 pote de Iogurte natural
1 scoop de Whey Protein
4 unidades de Castanha do Pará
1 Maçã com casca
2 colheres de sopa de Linhaça
2 fatias de Pão integral com 1 colher de sopa de Requeijão
1 copo de Suco de uva integral
Obs: Iogurte pode ser ingerido junto com whey, castanhas, maçã e linhaça

19:00 - Jantar
100 g de Peixe grelhado
4 unidades de Batata-inglesa cozida
Azeite de oliva para temperar salada e vegetais
Vegetais e salada à vontade (pode ir variando, mínimo metade do prato)
Sobremesa: 4 Morangos + 2 pedaços de chocolate amargo + 6 unidades de
castanha de caju

22:00 - Ceia
350 ml de Leite integral
1 scoop de Whey Protein
1 Banana
1 fatia de Mamão formosa
1 Maçã com casca
2 colheres de sopa de Aveia em flocos
1 colheres de sopa de Mel
Obs: O leite pode ser batido com whey, frutas, aveia e mel

Ao entregar a dieta é muito importante você explicar para o

paciente cada item do plano alimentar. Isso faz o paciente entender

o porquê ele está comendo os alimentos que você selecionou. Essa

explicação pode ser feita durante a consulta ou caso você entregar a

26
dieta em outro momento, a explicação pode ser feita através de um

vídeo, ou seja, você grava um vídeo explicando a dieta do paciente.

No exemplo deste cardápio, daria para explicar o motivo que a

proteína está em todas as refeições para ter um aumento no

anabolismo muscular durante o dia. A dose está correta, não haverá

desperdícios de aminoácidos pela urina. Poderíamos explicar

também que as proteínas ajudam na recuperação muscular após o

treinamento. Além disso, o carboidrato está mais elevado para

reduzir o catabolismo muscular e para aumentar a performance no

treino. Extremamente importante explicar que a dieta tem qualidade,

tem fibras, gordura insaturada, compostos bioativos nas frutas e

vegetais. Tudo isso gera benefícios para a saúde, melhora a

sensibilidade à insulina, reduzindo a capacidade do indivíduo em

ganhar gordura corporal.

Espero que você tenha gostado desse e-book, o objetivo desse

material é fornecer um conhecimento prático e rápido para você

aprender o passo a passo para calcular uma dieta eficaz para o

ganho de massa muscular. São 9 passos, pratique muito e tenho

certeza que você será um profissional de excelência.

27
Um abraço, com muito carinho

Prof. Dr. Marcelo Conrado

Nutricionista Camila Zanini

Referências

ARETA, J. L. et al. Reduced resting skeletal muscle protein synthesis is rescued


by resistance exercise and protein ingestion following short-term energy deficit.
American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, v. 306, n.
8, p. E989-E997, 2014.

CHOLEWA, J. M et al. Carbohydrate restriction: Friend or foe of resistance-based


exercise performance? Nutrition, v. 60, p. 136-146, 2019.

FRANKENFIELD, D. et al. Comparison of predictive equations for resting


metabolic rate in healthy nonobese and obese adults: a systematic review.
Journal of the American Dietetic association, v. 105, n. 5, p. 775-789, 2005.

IRAKI, J. et al. Nutrition recommendations for bodybuilders in the off-season: A


narrative review. Sports, v. 7, n. 7, p. 154, 2019.

JAGER, R. et al. International society of sports nutrition position stand: protein


and exercise. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 14,
n. 1, p. 1-25, 2017.

NEMET, D. et al. Negative energy balance plays a major role in the IGF-I
response to exercise training. Journal of Applied Physiology, v. 96, n. 1, p.
276-282, 2004.

PASIAKOS, S. M. et al. Acute energy deprivation affects skeletal muscle protein


synthesis and associated intracellular signaling proteins in physically active
adults. The Journal of nutrition, v. 140, n. 4, p. 745-751, 2010.

RIBEIRO, A. S. et al. Effects of different dietary energy intake following resistance


training on muscle mass and body fat in bodybuilders: a pilot study. Journal of
Human Kinetics, v. 70, n. 1, p. 125-134, 2019.

28
STOKES, T. et al. Recent perspectives regarding the role of dietary protein for
the promotion of muscle hypertrophy with resistance exercise training. Nutrients,
v. 10, n. 2, p. 180, 2018.

TINSLEY, G. M. et al. Resting metabolic rate in muscular physique athletes:


validity of existing methods and development of new prediction equations.
Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 44, n. 4, p. 397-406, 2019.

29

Você também pode gostar