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RODOLFO PERES

MENTALIDADE
DE SUCESSO DO NUTRICIONISTA

Conquiste a partir de agora uma mentalidade de sucesso dentro da


nutrição. Neste e-book, eu serei o seu mentor nessa caminhada.
RODOLFO PERES

DE SUCESSO DO NUTRICIONISTA
PREFÁCIO

Sem dúvida, o sucesso profissional deve ter sempre como principais pilares o
conhecimento e a ética. Infelizmente, muitos em busca de sucesso financeiro ignoram
os princípios éticos, o que é inconcebível em se tratando da área da saúde. Mas quando
me refiro a sucesso, não considero dinheiro como sinônimo, mas sim como
consequência de um bom trabalho realizado.
Nesse e-book, coloco a disposição toda a minha experiência acumulada em quase
vinte anos de carreira. Realizei mais de 35 mil consultas, mais de 400 palestras (todos
os estados brasileiros e diferentes países), 6 livros publicados, entre outras conquistas.
Hoje coordeno duas pós graduações (Nutrição Esportiva e Estética e Nutrição Clínica
Integrativa), em que somando todas as turmas, temos mais de mil alunos.
A boa notícia é que para você atingir esse patamar profissional e até mesmo superá-lo,
não precisa mais de vinte anos de trabalho árduo. Com a revolução tecnológica, tendo
os mentores adequados, você conseguirá ir muito mais longe em muito menos tempo.
Hoje não existem mais barreiras geográficas como empecilhos. Boa parte do conteúdo
de qualidade disponível, como esse ebook, são acessíveis de maneira gratuita.
No entanto, com tantas informações disponíveis, você precisa de algo que não vai
encontrar nos artigos científicos de nutrição. Que é a inteligência emocional necessária
para lidar com tudo isso. Estamos em uma era em que a ansiedade tem tomado conta
de nossas vidas. Com esse e-book espero te ajudar a organizar melhor sua rotina de
trabalho e estudos, sanando dúvidas frequentes, seja de profissionais recém
formados, mas até mesmo para aqueles experientes que gostariam de levar sua
carreira para um nível superior.
A mentalidade de sucesso do nutricionista pode ser construída a partir de agora! Só
depende de você acreditar em seus sonhos e não medir esforços para conquista-los.
Meu papel aqui será de ser seu mentor nessa caminhada, pavimentando para você o
caminho que para mim foi bem esburacado! Vamos juntos!

Boa leitura!
Rodolfo Peres
SUMÁRIO

01 Mundo após Coronavírus 6

02 Os segredos do sucesso no consultório 10

03 A importância do trabalho em equipe 18

04 Gestão de Consultório 23

05 Entregar ou não a dieta na hora para o paciente? 29

06 Qual é o cenário atual da nutrição? 33

Como considero a importância da avaliação do comportamento


07 alimentar do paciente na minha prática clínica? 38

08 Onde você deseja estar daqui 10 anos? 43

09 Nutrição Clínica ou Nutrição Esportiva, qual escolher? 48

10 Nutricionistas e Redes Sociais 54

11 O profissional da Era da Mídia 61


12 Você precisa ser bom para começar algo ou começar algo
para ser bom? 68

Conclusão 72
1
Mundo após
Coronavírus
5
O MUNDO PAROU. E AGORA? O QUE
ESPERAR DA NOSSA ÁREA?
De repente, o mundo parou. Para conter a pandemia do novo Coronavírus (SarsCov-2),
boa parte da população mundial sofre com medidas de isolamento, que fecharam
lojas, aeroportos, empresas, eventos culturais e esportivos, e obrigaram milhões de
pessoas a ficar em suas casas. Nada parecido foi visto na história recente, nem pouco
tempo atrás, quando o mundo enfrentou a pandemia da gripe H1N1.
Meu objetivo com este capítulo não é analisar questões de saúde pública, os impactos
econômicos e a crise política decorrentes da pandemia do Coronavírus, mas discutir
possíveis efeitos na profissão de nutricionista, durante e depois da pandemia. Não
tenho dúvida de que essa será uma das experiências mais traumáticas da história
moderna, e deve provocar grandes transformações nas relações humanas, no
mercado de trabalho e antecipar tendências que só seriam adotadas no futuro.
Naturalmente, qualquer exercício de futurologia agora é arriscado, mas duas certezas
todos nós temos:

1 - A pandemia vai passar;


2 - Quando passar, o mundo não será o mesmo.

Uma das primeiras medidas para reduzir a propagação do vírus foi o isolamento social.
Em todo o mundo, aulas foram suspensas e milhões de estudantes e professores
estão em casa. Nesse contexto, as aulas on-line surgem como alternativa para que os
alunos não percam o ritmo de estudo no período de isolamento. Da mesma forma, o
atendimento em muitas clínicas foi substituído pelo modo remoto. Os conselhos que
regulamentam e fiscalizam as profissões da área de saúde, liberaram as consultas a
distância, até então proibidas, pois essa passou a ser a única maneira de o trabalho não
ser interrompido totalmente. O abraço nos pacientes, no início e no fim de uma
consulta, foi substituído pela fria tela do smartphone ou do computador
O primeiro atendimento on-line, tanto para o profissional, quanto para o paciente,
causa um certo estranhamento. Principalmente para quem não está muito
acostumado com esse tipo de interação. A segunda consulta nem tanto, a terceira um
pouco menos, e com o tempo vai se tornando algo natural. Depois de um mês,
começamos a reconhecer as vantagens do modo remoto.

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Assim como acontece com o ensino a distância, o fato de uma consulta ser presencial
ou a distância não é o que garante a qualidade ou depõe contra ela. Tanto na consulta a
distância como na presencial, o resultado só será positivo se houver uma interação
perfeita entre os dois lados: um paciente motivado, orientado por um profissional
capacitado.
As consultas médicas on-line já são uma realidade em diferentes partes do mundo, e
no Brasil a tendência é que continuem crescendo. No caso das consultas nutricionais,
não sei se o conselho de classe vai mantê-las ou retomar a permissão do modo on-
line apenas como pós-consulta, mas é bem provável que a legislação acompanhe as
mudanças de comportamento da população pós-pandemia. Uma coisa é certa: o
atendimento remoto será muito mais explorado pelos profissionais que quebrarem a
resistência e se esforçarem para se adaptar à nova realidade.
Em um mundo de mudanças exponenciais, com a tecnologia progredindo mais rápido
do que nunca, em vez de perguntar se existe algum motivo para fazer determinada
coisa online, vamos pensar se existe algum bom motivo para fazê-la pessoalmente.
Assim como eu, muitos profissionais devem estar com saudade dos seus consultórios,
mas vivenciam as vantagens do trabalho remoto. Uma das principais é o fim de
barreiras geográficas. Pessoas que moram em cidades pequenas ou afastadas de
grandes centros urbanos, não precisam gastar com deslocamento e hospedagem
para serem atendidas. Pacientes com deficiência física ou mobilidade reduzida não têm
que se preocupar em como chegar ao consultório, já que podem ser atendidos no
conforto de suas casas. Para o profissional, além da redução nos custos para a
manutenção de um espaço físico para atendimento, o trabalho remoto também
possibilita um maior controle da agenda. No atendimento on-line, o agendamento é
otimizado, pois não há atraso nas consultas.
Para resolver as limitações técnicas ainda existentes, o trabalho em equipe será
determinante.

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Haverá cada vez mais pessoas com interesses comuns, compartilhando ferramentas e
soluções para melhorar a nossa forma de trabalho. Basta pensar no aplicativo de
trânsito desenvolvido em 2007, pela Waze Mobile, de Israel, e comprado pela Google
em 2013. Hoje, o Waze é item indispensável nos carros do mundo todo. Com o aumento
na demanda por aulas e consultas on-line, certamente, novas ferramentas e
plataformas vão surgir. Aulas de anatomia com tecnologia 3D, hologramas, sistema de
escaneamento corporal pelo celular tão ou mais eficazes que uma bioimpedância,
coisas inimagináveis hoje em dia, em breve, poderão estar disponíveis a todos. Mais
importante do que ter um consultório bonito, bem localizado, com equipamentos de
última geração, será ter um bom sinal de wi-fi para a realização de consultas. Os bens
virtuais serão símbolos de status e ostentação
Passada a pandemia, o medo de novas infecções e contaminações deve continuar por
muito tempo, e fazer com que as pessoas mudem sua relação com os cuidados de
higiene. Estar em locais limpos e seguros será uma preocupação cada vez maior, uma
superproteção que pode afetar nossos mecanismos naturais para defesa. Por
exemplo, crianças crescendo em ambientes extremamente esterilizados, terão
prejuízos na formação de sua microbiota natural, tornando-se adultos com baixa
imunidade.
Os profissionais que nos últimos anos focaram seu trabalho apenas na estética, com
certeza, tiveram uma queda significativa na procura por atendimento. É uma lição a ser
aprendida. Os nutricionistas que se especializaram em uma única área de
conhecimento, agora precisam se capacitar para dominar abordagens clínicas
diferentes. Partindo do princípio que os softwares vão calcular os cardápios
praticamente sozinhos, o profissional também terá de se atentar mais ao
comportamento do paciente, avaliando melhor suas emoções e sentimentos. Muito
bom o treinador saber elaborar uma periodização para ganho de massa muscular e
perda de gordura, mas também terá de estar apto para cuidar de pessoas em
reabilitação, crianças e idosos.

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O Coronavírus tem se mostrado mais impiedoso com fumantes, obesos,
imunossuprimidos e portadores de doenças crônicas não transmissíveis, então a
tendência é que as pessoas procurem muito mais por medidas de prevenção. Essa
mudança já pode ser observada no comportamento dos pacientes. Cada vez mais, vão
parecer mais preocupados com a saúde do que com a estética. Desejando saber como
aumentar sua imunidade, diminuir a ansiedade, controlar o diabetes, como prevenir
doenças melhorando a alimentação, entre outras questões ligadas à saúde.
Estimular a boa alimentação e a atividade física regular, nunca estará tão em alta como
a partir de agora. Se eu pudesse arriscar um palpite sobre a próxima moda no mundo
fitness, seria o desejo de ser saudável. Desconfio que menos pessoas vão querer ter
um corpo musculoso ou definido, em detrimento da saúde. Empresas e indústrias vão
incentivar a população a consumirem seus produtos como medidas preventivas a
doenças. Muitas fórmulas milagrosas vão aparecer nos próximos anos e, cabe a nós,
profissionais da área da saúde, orientar a população a diferenciar o necessário e a
enganação.
Quando o longo período de distanciamento social passar, voltaremos a nos encontrar,
mas a conquista dos meios remotos veio para ficar. Durante os longos meses de
contenção da epidemia, vamos desenvolver formas eficazes de trabalhar, fazer
compras, falar com os amigos, tudo a distância. Descobriremos que muitas viagens de
carro e de avião são desnecessárias mesmo. Muitas empresas e trabalhadores vão ter
de se ajustar para trabalhar em casa. Diante da iminente recessão econômica, será
ainda mais difícil encontrar posições de trabalho estáveis, e mais gente permanecerá
em casa, com tarefas esporádicas remuneradas. Nesse período de isolamento, não se
desespere. Estude como nunca, fique atento às tecnologias que podem agregar na sua
rotina de trabalho, proteja sua família. Se a palavra para o momento atual é resiliência,
após a pandemia, será reinvenção. Pertencer a um lugar ou estar acostumado com
certa realidade é muito confortável. Lidar com mudanças sempre foi e continuará
sendo difícil. Esteja aberto e se adapte ao que vier.

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2
Os segredos do
sucesso no Consultório

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QUAIS SÃO OS PASSOS PARA OBTER O
SUCESSO NA PROFISSÃO.
Ter seu próprio consultório é o sonho da maioria dos que escolhem a Nutrição como
carreira. Trabalhar diretamente com o paciente, ajudando-o a conquistar seus
objetivos, traz uma enorme satisfação profissional, mas o que estudantes e recém
formados de fato ambicionam é a possibilidade de ter um ótimo retorno financeiro e
mais tempo livre. Afinal, sendo dono do consultório, você poderia escolher os dias da
semana e os horários que quer trabalhar. Será que a realidade é tão simples quanto
parece?
Quando me formei, no início dos anos 2000, o mercado de trabalho para nutricionistas
era bem diferente. Viver só com o lucro do consultório era uma missão quase
impossível. Os nutricionistas mais conhecidos eram professores que, uma ou duas
vezes na semana, abriam a agenda para complementar a renda. E por que faziam isso?
Simples! Porque não havia procura.
Sabendo disso, recém-formado, nem passava pela minha cabeça ter o meu próprio
consultório. O que eu queria (e fui atrás) era atender em um espaço pouco explorado
na época, mas cheio de possíveis pacientes: as academias de ginástica. E foi o que fiz
durante cinco anos. Só decidi montar um consultório porque, com o passar do tempo, o
trabalho nas academias deixou de valer a pena. Financeiramente falando. Os donos
das academias cobravam cada vez mais caro pela utilização do espaço. Quanto maior
a procura pelos meus serviços, maior o aluguel da sala. A situação chegou a um ponto
em que eu pagava três vezes mais do que gastaria em um consultório próprio.
Para um nutricionista esportivo, o ambiente de uma academia de ginástica é perfeito.
Todo aluno necessita de um nutricionista. Para citar um exemplo, em uma academia
com mil alunos, se 10% deles se consultar, você já consegue uma agenda excelente.
Ainda hoje, trabalhar em academias é uma ótima possibilidade para quem está
começando a atender. No meu caso, a mudança só foi viável porque, ao longo de cinco
anos, conquistei pacientes que continuaram passando em consulta comigo,
independentemente do meu local de trabalho.
Mesmo que você contrate uma consultoria, construa um plano de marketing muito
bem feito, ainda acho arriscado iniciar a carreira em um consultório próprio.

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O investimento só valerá a pena se você tiver dinheiro sobrando ou uma rede de
contatos para indicações muito bem estabelecida, envolvendo médicos, treinadores,
psicólogos e outros profissionais. Caso contrário, trabalhar em uma clínica
multiprofissional ou em academias pode ser muito mais interessante. Ter um
consultório é empreender, e isso não é nada fácil!
O maior inimigo do recém formado é a ansiedade. A maioria não entende que leva
tempo para ter uma agenda cheia. Mais tempo ainda para conseguir administrar uma
agenda cheia. Hoje, o seu sonho é atender 10, 12 pessoas por dia, mas, seja sincero, você
conseguiria atender com qualidade 10, 12 pessoas por dia? A agilidade e a eficiência no
atendimento só vêm com a prática. Por melhor que seja a estrutura da sua clínica ou
por mais brilhante que você tenha sido como aluno, só depois de atender centenas ou
milhares de pessoas terá expertise para dar conta de um alto volume de consultas.
Avaliando toda a minha trajetória e a de colegas que conquistaram a sonhada agenda
cheia, percebo uma característica em comum, que não tem a ver com estratégias de
marketing ou sorte. Em qualquer área essa característica é necessária, mas é muito
mais difícil para um profissional liberal. Estou falando da imposição de uma rotina
diária de trabalho. Lembra no início, quando falei sobre a liberdade de tempo ser uma
das motivações para a pessoa querer montar um consultório? Pois essa crença de ter
um consultório próprio para atender três dias na semana ou só meio período, pode ser
o começo do fim da sua carreira.
Quer saber por que muitos profissionais não conseguem sucesso no consultório?
Porque programam sua rotina de trabalho de acordo com a demanda atual, e não com
a procura que desejam atingir. Minha sugestão para quem está começando é, desde o
início, estabelecer uma rotina como se tivesse a agenda lotada, independentemente de
quantos pacientes estão agendados. Tem só um paciente no dia, marcado às 10h ou às
16h? Não importa. Você vai para o consultório às 7h e vai ficar até às 19h, partindo do
princípio que o seu objetivo é atender 8 ou 10 pacientes por dia.

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Se o seu objetivo é dedicar uma parte do tempo para outras atividades, diminua a
carga horária do consultório, mas tente manter uma rotina idêntica todos os dias,
semana após semana.
A diferença entre os que vão conseguir e os que vão desistir, está exatamente naquele
dia ou semana que a procura está baixa, mas você não muda a rotina. E o que fazer
nesse tempo livre sem pacientes? Fortalecer a sua mente, a sua rede de contatos e
estudar. Quando comecei a atender não tinha a moleza de redes sociais para divulgar o
meu trabalho. Eu usava os horários livres para oferecer meus serviços para aqueles
que poderiam, futuramente, indicar meu trabalho: treinadores, médicos e atletas, por
exemplo. Como atendia em uma academia, nos horários de maior movimento, fazia
questão de estar em pontos estratégicos com a agenda na mão, explicando para os
alunos quais os benefícios da Nutrição para a atividade física.
E foi justamente nessa fase que comecei minha carreira como palestrante. Oferecia
palestras de graça para grupo de 5, 10 alunos, na sala de ginástica. Eles sentavam
naquelas plataformas de step e eu, sem qualquer recurso áudio visual, explicava o que
sabia a respeito de nutrição e suplementação esportiva. Esse foi meu treinamento
para, anos depois, conseguir palestrar em todas as capitais do Brasil e em diversos
países. Tudo tem um início.
A concorrência no segmento de serviços de saúde aumenta a cada dia. Diante desse
cenário competitivo, a atração de pacientes depende essencialmente de um
planejamento para promover a visibilidade do seu trabalho. A definição do público-alvo
possibilita o desenvolvimento de estratégias para atingir e atrair esse público. Você
pode adaptar o que eu fiz, há quase 20 anos, mantendo os mesmos fundamentos.
Você precisa ser visto. E hoje não há melhor lugar para isso do que as redes sociais. Use
seus horários livres para elaborar conteúdos para o Instagram, Telegram, Youtube e
outras mídias digitais. Só não esqueça de definir o seu público. Qual o seu objetivo?

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Se for atrair pacientes para o consultório, não adianta escrever artigos com linguagem
científica, que só profissionais da área vão entender. Elabore seus textos, vídeos e
ebooks de maneira didática e coloquial. E lembre-se: o conteúdo deve ser direcionado
para um contato externo, que pode ser o Whatsapp do seu consultório, por exemplo.
Imaginando que tudo deu certo e a sua agenda está cheia de pacientes. O grande
desafio será manter a mesma rotina de estudos, elaboração de conteúdo e dar conta
de todos os atendimentos. É fundamental reservar horários em sua agenda para o
estudo, que pode ser, por exemplo, a leitura de um artigo científico por dia. Definir
determinado horário para elaboração de conteúdo e outro para interagir nas redes
sociais, sem esquecer do tempo para a realização do pós-consulta, que consiste em
responder emails ou mensagens de pacientes com dúvidas. Se não tiver uma rígida
disciplina diária, você pode até conseguir encher a sua agenda, mas dificilmente vai
conseguir mantê-la assim.
Nos últimos anos, a minha rotina é organizada da seguinte maneira:

Acordo às 6h, para estar no consultório, no máximo, às 7h. O primeiro horário reservo
para estudar. Atendimento das 8h às 12h. Entre 12h e 13h, faço o pós-consulta. Entre
13h e 17h retomo os atendimentos. Das 17h às 19h vario entre pós-consultas, estudo e
reuniões. Entre 19h e 22h atividade física, incluindo nesse intervalo o tempo de
deslocamento para a academia. Entre 22h e 24h, descanso, sempre com a leitura de
algo não relacionado a Nutrição. Das 24h às 6h sono.
Alguns devem ter sentido falta do intervalo para o almoço. Particularmente, exceto
para quem tem a oportunidade de almoçar na companhia da família, acho um
desperdício de tempo. Devemos nos alimentar adequadamente a cada três horas e,
fazendo isso da maneira adequada, não precisamos de descanso após o almoço.
Diferente daquele que se alimenta mal e sente uma enorme preguiça depois de comer
um prato pouco nutritivo e sobremesas açucaradas. A cada três horas paro 15 minutos
para me alimentar, distribuindo minha ingestão calórica de acordo com meu gasto
energético.

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Se for atrair pacientes para o consultório, não adianta escrever artigos com linguagem
científica, que só profissionais da área vão entender. Elabore seus textos, vídeos e
ebooks de maneira didática e coloquial. E lembre-se: o conteúdo deve ser direcionado
para um contato externo, que pode ser o Whatsapp do seu consultório, por exemplo.
Imaginando que tudo deu certo e a sua agenda está cheia de pacientes. O grande
desafio será manter a mesma rotina de estudos, elaboração de conteúdo e dar conta
de todos os atendimentos. É fundamental reservar horários em sua agenda para o
estudo, que pode ser, por exemplo, a leitura de um artigo científico por dia. Definir
determinado horário para elaboração de conteúdo e outro para interagir nas redes
sociais, sem esquecer do tempo para a realização do pós-consulta, que consiste em
responder emails ou mensagens de pacientes com dúvidas. Se não tiver uma rígida
disciplina diária, você pode até conseguir encher a sua agenda, mas dificilmente vai
conseguir mantê-la assim.
Nos últimos anos, a minha rotina é organizada da seguinte maneira:
Acordo às 6h, para estar no consultório, no máximo, às 7h. O primeiro horário reservo
para estudar. Atendimento das 8h às 12h. Entre 12h e 13h, faço o pós-consulta. Entre
13h e 17h retomo os atendimentos. Das 17h às 19h vario entre pós-consultas, estudo e
reuniões. Entre 19h e 22h atividade física, incluindo nesse intervalo o tempo de
deslocamento para a academia. Entre 22h e 24h, descanso, sempre com a leitura de
algo não relacionado a Nutrição. Das 24h às 6h sono.
Alguns devem ter sentido falta do intervalo para o almoço. Particularmente, exceto
para quem tem a oportunidade de almoçar na companhia da família, acho um
desperdício de tempo. Devemos nos alimentar adequadamente a cada três horas e,
fazendo isso da maneira adequada, não precisamos de descanso após o almoço.
Diferente daquele que se alimenta mal e sente uma enorme preguiça depois de comer
um prato pouco nutritivo e sobremesas açucaradas. A cada três horas paro 15 minutos
para me alimentar, distribuindo minha ingestão calórica de acordo com meu gasto
energético.

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Apesar de seguir essa rotina há muito anos, não a considero ideal. Minha meta é
aumentar o período de sono para 8h diárias. Inclusive, há pouco mais de um ano, eu
acordava as 4h30 para conseguir encaixar duas sessões de exercícios no dia. Esse
descanso precário, associado a uma atividade física intensa, resultou em uma séria
lesão, e tive que passar por um delicado procedimento cirúrgico. Portanto, a minha
rotina de trabalho não deve ser uma referência, longe disso, mas serve para ilustrar a
importância da disciplina. Procure organizar sua agenda de acordo com os seus
objetivos e, claro, com a sua prioridade nesse momento. Se você definir que vai
trabalhar apenas quatro horas por dia, que sejam quatro horas produtivas.
Hoje temos um grande sabotador do tempo, que passa 24 horas do dia em nossa
companhia, o smartphone. Limitar os horários de uso das plataformas digitais é
fundamental. Acordar já olhando as mensagens no Whatsapp ou ir dormir buscando
bobagens no Instagram, sem dúvida, não vai agregar nada na sua vida.
Reserve horários específicos para essas distrações, evitando conciliá-las com
momentos de trabalho, refeições, descanso, atividade física e, principalmente, o tempo
com a família. Se você seguir à risca sua rotina de atividades do mundo real, nem vai
lembrar de bisbilhotar a vida dos outros na internet.
Outra dica que considero importante é tentar ser o profissional da família. Durante a
consulta, não perca a chance de saber sobre o meio em que a pessoa vive. Estimule o
paciente a indicar o seu trabalho para os familiares. O atendimento fica muito mais
interessante, tanto para o profissional quanto para os pacientes. Isso gera uma
interação incrível e a chance de sucesso do acompanhamento tende a ser muito maior.
Imagine uma casa onde todos têm o mesmo objetivo, ou seja, a busca por uma vida
mais saudável.
Por falar em indicação, se tem uma coisa que não mudou nos últimos anos, mesmo
com toda evolução tecnológica, é o marketing boca a boca. Para que ele aconteça, hoje,
é preciso fornecer um atendimento surpreendente, capaz de fazer o paciente
comentar sobre sua experiência com amigos, conhecidos e até desconhecidos.

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As pessoas estão mais conectadas, recebem mais informações, influenciam e são
mais influenciadas pela opinião dos outros. Portanto, não basta ter um ótimo
consultório ou saber tudo sobre prescrição de dietas, é preciso entender as
necessidades do paciente, físicas e emocionais, e oferecer a ele uma experiência
memorável.

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3
A importância do
trabalho em equipe

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O primeiro contato que tive com a nutrição esportiva, na década de 1990, não foi por
meio de nutricionistas, mas de profissionais de Educação Física. Era muito raro algum
nutricionista se arriscar a falar de suplementos e estratégias alimentares para
esportistas e atletas. Livros, palestras e artigos sobre o assunto sempre eram de
treinadores.
No início dos anos 2000, quando me formei em Nutrição, a realidade começou a mudar.
Nutricionistas e treinadores começaram a trabalhar juntos. Minha primeira experiência
foi com o professor, Waldemar Guimarães, no acompanhamento de diversos atletas. A
partir do treino devidamente definido e periodizado por ele, eu ajustava a alimentação e
a suplementação. Dessa maneira, passei a trabalhar com inúmeros outros
profissionais.
O médico, que até então só era lembrado para cuidar de lesões e liberar as pessoas
para a prática de atividade física, alguns anos depois, passou a integrar a equipe de
maneira mais ativa. Foi nessa época, inclusive, que eu dividi o consultório com o Dr.
Paulo Muzy. No âmbito esportivo, o médico controla variáveis de saúde do paciente,
por meio de exames específicos e, quando necessário, prescreve alguns
medicamentos, seja para um ajuste na saúde hormonal ou para adequar outro
marcador bioquímico.
O fisioterapeuta, que também só era acionado no caso de lesões, passou a realizar um
trabalho preventivo, fundamental para otimizar o rendimento esportivo e garantir uma
ótima recuperação. Psicólogos passaram a auxiliar no aspecto comportamental,
orientando o esportista a manter sua rotina dietética e de treinamento, para que ele
tenha uma maior adesão e controle sobre gatilhos mentais que possam vir a
atrapalhar a busca de seus objetivos.

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Nos últimos 20 anos, muita coisa mudou! Por ter participado dessa transição e
trabalhado em conjunto com profissionais de diferentes áreas, posso assegurar que
atuar de forma integrada e multidisciplinar, é o melhor caminho para garantir a
obtenção dos resultados. O grande problema é quando o treinador indica suplementos,
o nutricionista pede para a paciente suspender a pílula anticoncepcional, o médico
prescreve o programa alimentar, entre outras lambanças.

Não desconsidero a importância de o profissional conhecer e estudar as áreas


correlatas. É fundamental que ele tenha o mínimo de entendimento para fazer as
devidas interações, mas sozinho não terá expertise suficiente para fazer tais
prescrições. Um médico, mesmo nutrólogo, não possui a habilidade, o conhecimento e
a prática que um nutricionista possui para elaborar um programa alimentar. Assim
como um nutricionista, por mais que estude farmacologia, não terá aptidão e
conhecimento para interferir em determinadas prescrições, como no exemplo do
método anticoncepcional, que deve ser avaliado por um ginecologista.
Dominar uma única área de conhecimento já é um grande desafio. É meio presunçoso
o sujeito que busca a excelência profissional em várias especialidades. Um grande
acerto que fiz em minha carreira foi ter desistido do curso de Educação Física, que iniciei
logo após ter me formado em Nutrição. Na época, acreditava que uma segunda
formação agregaria em meu futuro profissional. Felizmente, logo no início, percebi que
dominar as duas áreas seria uma missão quase impossível. Preferi focar todo o meu
tempo e energia no estudo da Nutrição, fazendo especializações dentro desse campo
de atuação, e deixar a parte do treinamento para quem de fato estaria mais capacitado.
Imagine entrar num consultório qualquer e um único profissional passar o treino, a
dieta, a medicação, exercícios funcionais para aquela lesão mal curada do joelho, e
ainda fazer uma rápida sessão de terapia. Ah, seria ótimo! Em uma hora todos os seus
problemas estariam resolvidos. A questão é que dificilmente será uma prescrição
individualizada e assertiva, se comparada ao trabalho realizado por equipe
multidisciplinar.

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Por isso, acredito que muito mais importante do que curtidas em redes sociais – o que
atualmente parece ser a obsessão de muita gente – é ganhar a confiança de outros
profissionais da área. Quando os profissionais que você respeita e admira passam a
indicar o seu trabalho, é sinal de que está no caminho certo. No início da minha carreira,
sempre oferecia meus serviços (de graça) para os treinadores conhecerem meu
trabalho. Ao verem que eu tinha um conhecimento adequado sobre o assunto, de
imediato passavam a me indicar para os seus alunos. Esse, sem dúvida, foi um dos
pontos chave para eu conseguir uma agenda cheia, pouco tempo depois de formado.
Hoje, com a facilidade da tecnologia, você pode utilizar grupos de Whatsapp ou pastas
na “nuvem” para que toda a equipe tenha acesso ao prontuário do paciente com as
devidas prescrições.Para aqueles pacientes que desejam iniciar o trabalho em equipe,
falando de esporte, sempre aconselho que o primeiro profissional consultado seja o
treinador. A partir da devida avaliação, com a periodização do treinamento, o
nutricionista pode elaborar o programa alimentar. Ao solicitar exames, mediante
alguma alteração em que a nutrição/suplementação alimentar não tenha
possibilidade de ajustar, o encaminhamento para o médico com a devida especialidade
é muito válido.
A avaliação fisioterápica é sempre bem-vinda. Em casos de atletas ou esportistas com
treinamento de alto volume e intensidade, o acompanhamento periódico é necessário,
mesmo na inexistência de lesões. Em casos de obesidade e atletas sob muita pressão,
acompanhamento psicológico é essencial. Da mesma forma, pacientes que estão
passando por momentos pessoais complicados, como problemas conjugais,
profissionais, entre outros. Devemos lembrar que quando falamos de stress, temos
que considerar que ele vai além do esforço físico. Muitas vezes o lado emocional é tão
ou mais exigido. Para auxiliar nesse autocontrole, estratégias como meditação, yoga e
terapia são mais do que recomendados.

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Minha dica, como profissional experiente, é não temer o contato com outros
profissionais. Mantenha-se atualizado (se você é aluno da nossa pós-graduação isso
não será problema) para ter segurança no momento de discutir um caso clínico, por
exemplo. Esse networking será importantíssimo para o seu sucesso profissional.
Agora, muito cuidado com parcerias erradas, tão comuns hoje em dia.
Com o sucesso que alguns pseudoprofissionais fazem nas redes sociais, é fácil de
deslumbrar com a possibilidade de conseguir muitos pacientes através deles. O
comprometimento com a saúde do paciente, no mundo real, é o que de fato deve
importar. Lembre-se que sua credibilidade profissional está em jogo quando você faz
uma indicação.

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4
Gestão de Consultório

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Colaboradora:
Francine Moterani Peres
BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO
COMO REALIZAR UMA GESTÃO DE
QUALIDADE NO CONSULTÓRIO
Ter sua própria clínica ou consultório é o sonho de muitos profissionais da área de
saúde, porém, empreender não é uma tarefa fácil. Mesmo com excelente formação
técnica, a falta de tempo ou de conhecimento pode dificultar o bom desempenho de
seu papel como gestor. O maior desafio do profissional de saúde, nesse contexto, é
conseguir ter um negócio lucrativo. E isso não está errado. Como qualquer empresa,
consultórios e clínicas têm um fluxo de caixa a ser administrado, com o objetivo final de
gerar lucro.
É um engano acreditar que para abrir um consultório basta alugar uma sala e instalar
os móveis e equipamentos. O primeiro passo é garantir que a atividade seja legal. Para
isso, o profissional tem que estar devidamente habilitado e ter um registro ativo no
conselho responsável pela categoria. Mas não para por aí. Para começar a atender, é
necessário tirar um alvará de funcionamento e criar um CNPJ (Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica). Isso sem falar que o profissional é obrigado a controlar suas receitas
por meio de notas fiscais. O motivo? Prestar contas ao imposto de renda.
Práticas adequadas de gestão são fundamentais para a sobrevivência do negócio – e
não há exagero algum nessa afirmação.

O que é gestão de consultório?

É um conjunto de práticas empregadas para que o consultório atinja seus objetivos


com os recursos disponíveis. Em uma visão ampla, isso compreende todas as áreas da
empresa e não apenas a administrativa. São as estratégias de gestão que
estabelecem, por exemplo, o planejamento estratégico do consultório, com a definição
de metas para um determinado período e as ações necessárias para a sua realização.

Defina a sua empresa – mesmo que ela seja formada apenas por você. Seu
propósito, que tipo de serviço vai oferecer, onde irá funcionar.
Quais são os objetivos a curto e longo prazo? Onde quer chegar com o seu
trabalho?
Quais são as projeções financeiras? Quanto você investiu ou vai investir?
Quantas consultas vão ser necessárias para pagar todas as despesas e ainda ter
lucro?

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Como precificar corretamente serviços e atendimentos?
Como destacar o seu diferencial no mercado, atraindo e fidelizando pacientes?
Como usar o marketing a seu favor para divulgar o consultório e agregar valor ao
paciente?
Qual o melhor software ou aplicativo para ajudar na gestão da empresa?
Como as novas tecnologias podem melhorar os serviços do seu consultório?

Em empresas de maior porte, há departamentos responsáveis pelo gerenciamento de


ações em cada frente de trabalho. Em um consultório ou uma clínica de pequeno porte
tudo acaba passando pela figura do administrador ou proprietário, embora seja
saudável delegar tarefas e não praticar uma gestão centralizadora.
Gestão contábil e financeira

As finanças são um grande gargalo para profissionais que não entendem de gestão. O
ideal seria aprender o mínimo necessário para que as contas fiquem em dia, os tributos
certos sejam pagos e sua atividade profissional possa seguir sem problemas. O
primeiro passo para conseguir isso é a elaboração de um plano financeiro. Tente
responder às seguintes perguntas:
Quanto será gasto mensalmente com despesas fixas?
Quanto será retirado para pagamento de fornecedores e eventuais funcionários?
Quanto será aplicado para ser revertido em melhorias e novos projetos para o
negócio?
Onde você quer chegar financeiramente no período de X anos?
Para cumprir o orçamento previsto, é importante fugir de gastos supérfluos. Comprar
um novo equipamento ou algo que não impactará na experiência do consultório é o
mesmo que jogar dinheiro fora. Por outro lado, há alguns momentos que pedem um
pouco mais de disponibilidade. Por isso, é importante saber a diferença entre gasto e
investimento.

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As despesas são valores que você paga e que não trazem um retorno específico. Pagar
a conta de luz é relevante para manter o serviço funcionando, mas não gera um efeito
direto. Já investir em uma campanha de marketing na internet, por exemplo, pode
trazer pacientes e aumentar o seu faturamento. Ao conhecer a diferença, você saberá
o momento de investir e quando será melhor economizar.
A desorganização contábil e financeira pode gerar não só multas, como prejuízos para
o negócio. Para não ter problemas futuros, contrate uma empresa de contabilidade,
principalmente quando não se tem conhecimento detalhado sobre a área. Além de se
responsabilizar pelas atividades de praxe da contabilidade, os profissionais oferecem
um suporte para evitar possíveis erros, que resultariam em multas desnecessárias.
Entre outras coisas, o contador também pode auxiliar no processo de escolha do
regime tributário mais adequado, de acordo com a realidade do seu negócio.
Quais são os erros mais comuns?

1. Não ter controle sobre o fluxo de caixa. O fluxo de caixa é um instrumento


imprescindível para a gestão financeira de qualquer empresa. Compreende o registro
de todas as receitas e despesas do negócio, e pode ser feito tanto em uma planilha do
Excel quanto em softwares contábeis. Você sabe quanto gasta de papel por mês? Ou
com tintas para impressão? Ou com o cafezinho que você serve para seus pacientes na
sala de espera? Pode parecer bobagem, mas esse controle é indispensável. Quem pula
essa parte (e muita gente faz isso), pratica a gestão no escuro, ignorando que gasta
muito ou gasta mal o dinheiro do consultório. Para fugir dessa cilada, uma dica é anotar
toda e qualquer movimentação financeira (entradas e saídas) em uma planilha, não
importando qual seja a quantia.
2. Misturar as contas pessoais com as contas do consultório. Entre todos os erros de
gestão, misturar as finanças pessoais com as da empresa é um dos mais amadores.
Pagar a conta de luz da sua casa com o dinheiro do consultório, por exemplo, pode
parecer um hábito inofensivo, mas não se engane.

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Ao colocar dinheiro pessoal no caixa da empresa ou tirá-lo de lá para seus gastos
particulares, você passa a ignorar a realidade financeira do negócio. O recomendado é
fazer seu pró-labore, ou seja, se incluir como funcionário da empresa e receber um
salário X mensal.
3. Desorganização da agenda de atendimento. Não é difícil descobrir erros no
agendamento. Isso pode se manifestar na falta de pacientes com horário marcado,
ausência de intervalo entre as consultas, aumento no tempo de espera na recepção.
Hoje temos tecnologias modernas que podem otimizar esse processo, como a do
agendamento online. Esses softwares são multitarefa, ou seja, podem organizar
agendas, marcar consultas, realizar cálculos, manter prontuários eletrônicos e
cadastros de pacientes organizados e sem erros, além de backups diários de todos os
dados. Eles também podem informar como estão indo as finanças da clínica. Tudo em
um só sistema.
4. Atrasar atendimento ou entrega de prescrições. Com a grande oferta de
profissionais em consultórios particulares, o paciente já não aceita esperar um tempo
que considera desnecessário e vital para o seu tratamento. Se ele não se sente bem
atendido, a consulta não acontece no horário marcado ou mesmo se é preciso esperar
longos dias para ter acesso às prescrições, ele simplesmente troca de profissional. É
preciso entender que a urgência do paciente sempre é grande.
5. Não investir em marketing e divulgação. Há gestores que ignoram ou relativizam
essa necessidade, acreditando que os bons serviços são suficientes para conquistar o
público. De fato, esse é um passo fundamental, mas não dá para depender apenas da
propaganda que os próprios pacientes podem fazer. Seu alcance precisa ser maior.
Contudo, quando falamos dos profissionais de saúde, é necessário ter atenção para
que essa atividade não esbarre nos princípios éticos da profissão.

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6. Deixar de se preocupar com atrasos. Evite deixar os pacientes esperando por muito
tempo. Isso pode ser conseguido com a organização da agenda para procurar atender
a todos no horário reservado para cada um. Outro ponto importante a ser considerado
são os encaixes. Se você notar que os pacientes estão se atrasando mais ou até
mesmo faltando às consultas, tente otimizar o processo de remarcações, confirmação
e encaixes. Para seu consultório ter crescimento, é preciso estabelecer metas e traçar
objetivos. Assim, faça um cálculo de quantos pacientes você gostaria ou precisaria
atender por mês.
7. Não oferecer atendimento eficiente. O contato com o paciente não se restringe à
marcação de consultas e exames, tampouco começa e acaba no atendimento. Há toda
uma sequência de passos que precisa ser reconhecida e respondida com eficiência.
Isso vai desde o primeiro contato do paciente com o consultório, seja por telefone ou e-
mail. Inclui a presença física dele na clínica, com uma recepção à altura do esperado por
ele. Continua durante o acolhimento, consulta, realização de exames e outros
procedimentos. E se estende também depois disso, na continuidade do tratamento, na
entrega de resultados e na preocupação demonstrada com os objetivos e
necessidades dele.
Nunca esqueça que seu paciente é o foco

Muitos profissionais se preocupam tanto com os procedimentos de gestão e de


controle financeiro que acabam se esquecendo de que estão trabalhando com
pessoas e não com máquinas. Por mais que você tenha que administrar a empresa,
nunca se esqueça que sem pacientes você não chegará a lugar algum. Valorize o
atendimento humanizado de seus pacientes e esteja sempre disponível. Quanto mais
eles gostarem de você, maior será o sucesso do seu consultório.
Como você faz a gestão do seu consultório? Essas dicas foram úteis pra você?
Compartilhe sua opinião com a gente!

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Entregar ou não a dieta
na hora para o paciente?
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Tenho certeza que esse é um dos assuntos que mais atormentam os recém-
formados. Como realizar uma boa anamnese, fazer todos os cálculos, apresentar o
programa alimentar, e ainda tirar todas as dúvidas do paciente no momento da
consulta? Sabendo dessa angústia, é comum encontrar nas redes sociais pessoas
vendendo cursos que prometem ensinar um jeito fácil para entregar a dieta na hora. O
atalho pode até existir, só que o mais importante não é a agilidade, mas a qualidade da
prescrição, e o quanto a conduta vai auxiliar na melhora do quadro clínico do paciente.
A pressa para entregar o programa alimentar o mais rápido possível, mais atrapalha
do que ajuda.
Em primeiro lugar, é necessário o domínio de todas as técnicas para a realização da
anamnese, além de um amplo conhecimento de vários assuntos relacionados à
Nutrição. Isso exige um certo tempo de estudo e experiência. No meu caso, levei cerca
de dois anos para começar a entregar o programa alimentar no fim da consulta, e isso
para casos mais simples. Por mais experiência e conhecimento que o profissional
tenha, sempre vão aparecer casos em que entregar o programa na consulta será
impossível.
Só para citar alguns exemplos: atletas com uma periodização de treino mais complexa,
pessoas com distúrbios de comportamento, patologias especificas que exigem uma
análise criteriosa das interações droga-nutrientes. Em situações como essas, o
profissional terá que fazer uma avaliação mais minuciosa e, consequentemente, mais
demorada.
Não entregar o programa alimentar no fim da consulta não significa entregar depois de
uma semana, como muitos ainda fazem. O sucesso de um acompanhamento
nutricional começa com a confiança do paciente no profissional. E grande parte dessa
confiança está justamente no momento em que o nutricionista explica o motivo de
cada estratégia alimentar, bem como o embasamento científico da suplementação,
quando prescrita.

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Se no fim da consulta o nutricionista disser que o programa alimentar só será enviado
daqui a cinco dias úteis, vai frustrar a expectativa do paciente. A minha sugestão é que a
dieta seja elaborada logo após a consulta ou no fim do mesmo dia. Por mais que a
anamnese seja muito bem feita, depois de um tempo, alguns detalhes podem ser
esquecidos pelo profissional. Exemplo simples (e corriqueiro) é o paciente relatar na
consulta que não gosta de determinado alimento, uma banana, por exemplo, e quando
recebe seu programa alimentar, lá está a banana.
Não necessariamente o nutricionista deve elaborar um programa alimentar impresso,
estruturado com um número X de refeições e com quantidades bem específicas.
Quando falamos de um atleta ou esportista mais disciplinado, isso funciona muito bem.
Afinal, ele vai seguir metodicamente o programa, respeitando os gramas de cada
refeição antes e/ou após sua sessão de treinamento. Porém, se levarmos em conta os
aspectos comportamentais, em várias situações o acompanhamento não deve se
resumir a uma pasta com um roteiro a ser cumprido. Há casos em que será preciso, dia
a dia, avaliar a relação entre as emoções x comportamento x programa nutricional do
paciente, a fim de obter um melhor manejo.
O profissional deve ser sábio nas escolhas das ferramentas que irá utilizar com cada
pessoa e não com cada situação. Não faz sentido ter um protocolo fixo para atender
todos os casos de obesidade ou ganho de massa muscular ou melhora da
performance. É trabalhoso, mas o correto é elaborar o protocolo para cada indivíduo.
Até mesmo a forma como as condutas são explicadas não deve seguir um padrão pré-
determinado. Acredite ou não, até o tom da voz que usamos para explicar o programa
alimentar pode influenciar o paciente. Penso sempre nisso. Se devo ser mais sério ou
mais extrovertido, mais flexível ou mais rígido. Compreender as diversas ferramentas
da Nutrição Comportamental faz uma diferença incrível nesse ponto. Lembrando que a
Plenitude Educação conta com a Revista da Pós Graduação em Nutrição
Comportamental. Não deixe de assiná-la também.

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Outra dica que pode ajudar muito é o envio de uma anamnese preliminar para o
paciente responder, na véspera ou dias antes da consulta. Dessa forma, é possível
avaliar o caso com antecedência e usar o tempo da consulta para complementar as
informações que faltaram e concluir o programa alimentar na presença do paciente. Se
mesmo assim não der para explicar as prescrições durante a consulta, pode ser
interessante anexar um vídeo explicativo ou até mesmo fazer uma vídeo-chamada
posterior, só para a apresentação do programa. Os recursos tecnológicos disponíveis
podem auxiliar a estreitar seu contato com o paciente, criando uma relação de mais
confiança às condutas propostas.
Muitos recém-formados também quebram a cabeça buscando o melhor software de
dieta, como se existisse um aplicativo que ajudasse a elaborar um programa alimentar
de forma mais rápida. Meu conselho para quem está nessa busca é testar vários
softwares e ver com qual deles terá mais afinidade. Agora, pode ter certeza: um
profissional bem preparado, com uma folha sulfite em branco, será muito superior a
um profissional despreparado e inseguro com o software mais tecnológico do
mercado.
Resumindo, você precisa começar algo para ser bom, e não necessariamente ser bom
para começar algo. O momento perfeito não existe. Comece de onde está com as
ferramentas que tem em mãos. Ao longo do caminho, você descobrirá as melhores
ferramentas e irá aprimorar cada vez mais o seu trabalho.

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Qual é o cenário atual
da Nutrição?
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É indiscutível que a Nutrição nunca esteve tão em alta. É só abrir qualquer rede social
para se deparar com inúmeros conteúdos sobre o assunto, especialmente
relacionados a emagrecimento. É claro que estamos falando de um aumento na
quantidade de informações, porque no que diz respeito à qualidade o cenário não é
animador.
Algo que me preocupa é ver estudantes e nutricionistas abordando o emagrecimento
baseados em estratégias simplistas, considerando apenas a exclusão de um
determinado nutriente ou o déficit calórico de uma refeição. Isso pode gerar muitos
likes em redes sociais, afinal, milhões de pessoas estão em busca de uma fórmula
mágica para emagrecer, mas qual a qualidade da informação que está sendo gerada?
No caso do emagrecimento, o açúcar sempre aparece como vilão, e determinados
alimentos, isolados, responsáveis pelo excesso de peso. Cortem o glúten e a lactose.
Usem óleo de coco e sal rosa do Himalaia. O problema é a aveia. Açúcar vicia mais que
cocaína. A creatina “X” não retém líquido. É com essas bobagens, fazendo um grande
desserviço à população, que inúmeros profissionais vêm ganhando fama e dinheiro.
O mais triste é que justamente essas pessoas são convidadas para palestrar em
grandes congressos, pois a empresa que patrocina os eventos precisa vender os
ingressos, e nada melhor do que convidar um famoso do Instagram para impulsionar
as vendas. É um círculo de interesses difícil de ser quebrado, já que a indústria aumenta
seu faturamento criando produtos com base nos modismos ditados pela internet.

As plataformas digitais podem ser muito úteis na divulgação do nosso trabalho, mas
um profissional da área de saúde não deve (ou não deveria) se preocupar apenas com
a sua popularidade nas redes. Nem sempre o que é relevante para a Internet, é
relevante para a saúde da população. É importante lembrar que as pessoas atribuem
ao nutricionista uma certa autoridade sobre assuntos ligados à alimentação, e o ponto
de vista de um profissional pode virar uma regra para os menos avisados.

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O sobrepeso e a obesidade são questões muito mais sérias e complexas do que a
maioria das postagens costuma apresentar. Cada indivíduo possui características
próprias que devem ser consideradas.Distúrbios comportamentais, intolerâncias,
alergias, patologias associadas - só para citar alguns poucos exemplos - são
negligenciados, como se fossem raros ou não existissem. Ainda há uma dificuldade
enorme na compreensão de que o nosso organismo funciona sistemicamente. O sono,
a saúde intestinal, os hábitos alimentares, a atividade física, a interação droga-
nutriente, o controle de stress, entre outros fatores, se relacionam por completo. Uma
base alimentar para hipertrofia realmente é fácil de ser elaborada. Fácil se o indivíduo
for saudável, tiver um descanso adequado, um ótimo treinador, total controle do stress
e zero dificuldades comportamentais. Só que a realidade de 99% dos pacientes é muito
diferente do que é massivamente divulgado pela mídia.
Parece simples, mas não é.
Para fazer uma multiplicação responsável de informações, o nutricionista precisa estar
preparado, ou seja, ter segurança e conhecimento sobre o que está falando. Quando
terminamos a graduação, saímos para o mercado de trabalho com uma caixa de
ferramentas básica, com um martelo e uma chave de fendas. Aquele aluno mais
dedicado, que fez vários cursos extracurriculares, pode sair da faculdade com um
alicate e alguns parafusos a mais.
Quantos nutricionistas conhecem, de fato, o processo de fabricação de suplementos e
de alimentos? Quantos profissionais realmente sabem quais características devem ser
avaliadas antes de recomendar determina-dos produtos industrializados e
suplementos para seus pacientes? Quantos nutricionistas esportivos entendem sobre
periodização/planejamento de treinamento para, a partir disso, prescrever a estratégia
nutricional e a suple-mentação alimentar mais adequadas? É fácil dizer que creatina e
whey protein aumentam a massa muscular. Isso qualquer pessoa pode descobrir
fazendo uma busca no Google. O nutricionista tem a obrigação de saber quais os
mecanismos e as reais aplicabilidades desses suplementos.

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Até mesmo para desmitificar coisas básicas, como o uso de suco detox, é necessário
um amplo conhecimento teórico. A ideia já está tão enraizada no senso comum que
precisamos dar quase uma aula, durante a consulta, para convencer o paciente a
confiar em uma prescrição dietética que não tenha o poderoso suco detox na segunda-
feira.

Elaborar um programa alimentar para um idoso que busca minimizar a ação da


sarcopenia, com outras patologias associadas, não é nada simples. Ajudar um paciente
diabético, que administra insulina, a não ter crises hipoglicêmicas durante o exercício é
trabalhoso. Tratar um paciente HIV positivo que precisa aumentar a massa muscular,
tanto para o controle da sua imunidade quanto para melhorar a sua autoestima, não é
fácil. Com o avanço dos tratamentos farmacológicos, a qualidade de vida desses
pacientes pode ser excelente, desde que sejam acompanhados por profissionais
devidamente preparados. E mesmo a pessoa fisicamente saudável, mas que tem
problemas comportamentais, seja pelo excesso de ansiedade ou por transtornos de
imagem, não poderá receber um tratamento reducionista. Garanto a vocês que o
nutricionista que se intitula low carb ou segue os modismos, não terá a menor
condição de cuidar desses casos com propriedade.
A Nutrição é uma só! Na rotina diária de atendimentos precisamos do conhecimento de
diversas especialidades. Na primeira consulta você pode atender um triatleta que está
se preparando para um Ironman; na sequência, receber um caso de obesidade infantil,
seguido por uma gestante ou uma paciente com anorexia. No início da tarde, chega um
rapaz tranquilo, com uma educação nutricional muito bem conduzida, desde a infância,
que busca melhorar sua performance esportiva e ter mais qualidade de vida. Depois
dele, chega uma paciente em transição para uma alimentação vegana, com alguma
patologia grave associada e várias intolerâncias e alergias alimentares. No fim do dia,
recebe uma pessoa que usa esteroides anabolizantes, com exames totalmente
alterados, treinamento inadequado e distúrbios de imagem.

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Entre uma consulta e outra, ainda terá que responder dúvidas ou fazer ajustes nos
programas alimentares de outras dezenas de pessoas: atletas ansiosos às vésperas
de uma competição, pacientes oncológicos que estão com inapetência devido à
quimioterapia, enfim, cada caso com a sua particularidade.
Esse é o exemplo de um dia de trabalho REAL dos nutricionistas. Muitos profissionais
que têm essa rotina e cumprem com rigor o compromisso de cuidar da saúde de seus
pacientes, não são famosos na internet. Eles se doam tanto ao trabalho, que não sobra
tempo para fazer marketing nas redes sociais. Mesmo que se desdobrem e consigam
encher as suas páginas com ótimo conteúdo, dificilmente vão superar o apelo
midiático e o efeito multiplicador daqueles que usam técnicas simplistas para alcançar
os usuários sedentos por fórmulas mágicas.
Ainda que o cenário pareça desolador, lembre-se dos motivos que o levaram a
escolher essa profissão. Não ofereça uma solução direta, simples e generalista.
Ofereça informação de qualidade e a possibilidade de a pes-oa chegar a você o mais
rápido possível, a poucos cliques de uma posta-gem informativa. Use a internet a seu
favor, mas com responsabilidade.
Que este texto sirva de reflexão para quem acha a Nutrição algo simples. Essa é uma
ciência extremamente complexa e a graduação é apenas a primeira etapa de uma
jornada infinita em busca de mais conhecimento. Tenho quase 20 anos de experiência
em consultório, já atendi milhares de pessoas, palestrei por todo o país, estudei muito
ao longo da minha carreira, mas garanto a você que em todas as aulas e grupos de
estudos das pós-graduações que coordeno sempre aprendo algo novo. Quanto mais
estudamos, mais temos vontade aprender. Juntos, podemos elevar o nível das
discussões nas mídias sociais e, principalmente, ajudar as pessoas a viver mais e
melhor.

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Como eu considero a
importância da avaliação do
comportamento alimentar
na minha prática clínica?
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Em mais de 15 anos ininterruptos de atendimento clinico, aprendi muito com os
milhares de pacientes que já atendi. Considero que o maior aprendizado foi logo no
início da minha carreira, ao perceber que os pacientes não precisavam APENAS de um
cálculo 100% exato na elaboração do seu programa alimentar, ou então, de uma
avaliação antropométrica impecável. Isso ajuda muito, claro, mas o fator que faria
realmente a grande diferença, tanto nos resultados quanto na fidelização ao programa
alimentar, era a atenção dada às diferenças comportamentais de cada paciente. Em
vez de apenas perguntar SE o paciente estava ou não fazendo, eu deveria prestar
muito mais atenção em COMO ele estava se comportando com aquela prescrição.
Seja um obeso, um atleta profissional ou um esportista amador, não importa. É o
comportamento que vai definir o sucesso do planejamento. Na consulta, não presto
atenção apenas no que o paciente me relata, mas em COMO ele me relata. Se
apresenta sinais de ansiedade, irritabilidade, como ele me olha, se ignora o smartphone
ou se fica inquieto na cadeira, e até mesmo o modo como ele se comporta no
momento da avaliação antropométrica. Não são simples detalhes. São informações
importantes que vão me ajudar não só na prescrição do programa, mas na forma de
apresenta-lo e de cobrar os resultados.
Quando se fala em estética, sempre surpreendo o paciente no retorno da consulta,
quando digo que minha preocupação não é tanto com o percentual de gordura ou com
os quilos de massa magra adquiridos. O que realmente quero saber é como foi o
processo. Quais foram as dificuldades, desejos e se ele sentiu a necessidade de um
acompanhamento mais próximo ou mais distante comigo. Para algumas pessoas,
entrar em contato com o nutricionista uma vez por semana é um exagero, enquanto
outras sentem a necessidade de um contato quase diário. Encontrar um ponto de
equilíbrio no atendimento de cada paciente, hoje, considero tão fundamental quanto o
cálculo específico do gasto energético durante a atividade física, no caso do atleta, ou
na interação droga-nutriente no caso de um paciente portador de patologias
específicas.

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Por que eu digo isso? Porque a maioria das pessoas retorna ao nutricionista pensando
em como será a avaliação de seus resultados. Como se o nutricionista fosse um
professor avaliando a prova do aluno. Qual profissional nunca ouviu algo como:

- Minha consulta seria há 15 dias, mas preferi adiar para mostrar melhores resultados.
Acredito que um dos maiores desafios é mudar essa visão do paciente em sua relação
com o profissional. Mostrar que não somos uma calculadora ambulante de calorias ou
julgador de resultados. O paciente precisa entender que o nutricionista está ali para
auxiliar, ser um mentor para orientá-lo a melhorar sua alimentação, ajudá-lo a tornar o
processo mais confortável, e a alcançar seus resultados, sejam eles estéticos, clínicos
ou esportivos.
Vivemos em uma época onde todo mundo se sente habilitado a falar sobre dieta. Na
nutrição esportiva isso é ainda mais evidente. Muitas pessoas, por economia ou
conveniência, recorrem ao treinador, a ex-atletas ou a modelos que têm belos físicos
para receber dicas de dieta. O problema é que a maioria desses pseudonutricionistas
associam suas imagens ao resultado de determinadas dietas e ao uso indiscriminado
de produtos para emagrecimento. Reforçam abertamente que, para alcançar o corpo
perfeito é preciso fazer dietas restritas, exercícios físicos extenuantes, jejum e
procedimentos estéticos invasivos. “Se quer resultado, faça!” Vendem a ilusão de que é
possível atingir uma excelente forma física, em poucos meses, e consideram apenas o
resultado a qualquer custo.
A restrição calórica, somada à motivação de ter o corpo dos sonhos, pode até funcionar
no curto prazo, mas as consequências são seríssimas. É cada vez mais comum
ouvirmos relatos de pacientes com distúrbios alimentares graves, que fazem drástica
restrição calórica por medo de engordar e com episódios compulsivos, seguidos de
práticas compensatório-purgativas. Práticas que em nada contribuem para as
mudanças necessárias, que devem ocorrer de forma saudável e positiva pela mudança
do comportamento alimentar. É a reeducação alimentar, com a proposta nutricional
mais adequada para cada caso, que tem apresentado melhores resultados.

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A popularidade dos perfis fitness em redes sociais torna mais delicada a busca pelo
profissional certo. Se você é usuário do Instagram e já acessou a aba “pesquisar” do
aplicativo, provavelmente, encontrou dezenas de exemplos de influenciadores digitais
que passam uma boa parte do tempo postando fotos e vídeos para exibir corpos
sarados, recomendar produtos ou dar dicas de treino. A força desses profissionais de
redes sociais não é pouca. Tenho propriedade para falar sobre isso porque, nos últimos
15 anos, observei as mudanças comportamentais dos pacientes.
Entre 2003 e 2008, a rede social era o Orkut. Aquela que conectava (em internet
discada) desconhecidos que se descobriam semelhantes ao seguir os mesmos grupos.
A virada veio com a chegada do Facebook ao Brasil. Os pacientes deixaram de ter como
referência pessoas reais, do seu dia a dia, que frequentam a mesma academia ou que
viviam em condições financeiras parecidas. A advogada, de 38 anos, que trabalhava 12
horas por dia, e tinha três filhos, passou a comparar o seu corpo com o da blogueira
fitness, de 24 anos, sem filhos, dedicação exclusiva para treinar e se alimentar bem,
com vários patrocínios de suplementos e tratamentos estéticos, e tempo de sobra
para editar suas fotos antes de postar.
À medida que o Facebook ficava mais popular, aumentava o desafio dos nutricionistas.
Boa parte da consulta era só para explicar o porquê de a paciente não estar
conseguindo os mesmos resultados da blogueira. De lá pra cá, o processo se tornou
ainda mais difícil. Um padrão de beleza irreal foi incorporado no imaginário popular, e
as pessoas passaram a buscar modelos para embasar as perspectivas do mundo
sobre si mesmas. Como explicar, sem desmotivar a paciente, que dificilmente ela vai
ter o corpo da musa inspiradora? Pela idade, disponibilidade de tempo, condição
financeira, pela genética, etc., como convencê-la de que aquelas fotos perfeitas foram
editadas, e que ela pode atingir ótimos resultados, sem desequilíbrios, frustrações ou
angústias, dentro de suas próprias limitações? Que ela deve buscar a melhor versão
dela mesma e outras coisas assim?

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O profissional de nutrição precisa ter muito cuidado com a abordagem, pois ela pode
ser um gatilho para problemas como ansiedade e depressão. Por experiência, digo que
não existe um discurso pronto, um protocolo que pode ser usado com todos os
pacientes. A avaliação deve ser individual. As pessoas podem sair do consultório
aliviadas, por entenderem que estavam buscando um padrão inalcançável, ou
frustradas pela impossibilidade de ter o corpo idealizado. Exceto em casos muito
específicos, atendo um paciente por vez e tento evitar a presença de acompanhantes.
A atenção deve ser única e centrada nas necessidades e no comportamento de cada
pessoa.
Não por acaso, vemos o crescimento de estudos ligados ao comportamento alimentar,
e até cursos de pós-graduação específicos ao tema. É uma especialização de
fundamental importância para qualquer área da nutrição. Independentemente do seu
conhecimento sobre nutrição esportiva, clínica, materno-infantil, etc., haverá sempre
uma lacuna entre você e seu paciente, se não houver uma maior compreensão sobre
as técnicas de manejo comportamental. Em muitos casos, são elas que vão determinar
o sucesso de uma prescrição alimentar.

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8
Onde você deseja estar
daqui a 10 anos?
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O profissional de nutrição precisa ter muito cuidado com a abordagem, pois ela pode
ser um gatilho para problemas como ansiedade e depressão. Por experiência, digo que
não existe um discurso pronto, um protocolo que pode ser usado com todos os
pacientes. A avaliação deve ser individual. As pessoas podem sair do consultório
aliviadas, por entenderem que estavam buscando um padrão inalcançável, ou
frustradas pela impossibilidade de ter o corpo idealizado. Exceto em casos muito
específicos, atendo um paciente por vez e tento evitar a presença de acompanhantes.
A atenção deve ser única e centrada nas necessidades e no comportamento de cada
pessoa.
Seja na vida acadêmica, profissional, esportiva, pessoal, quando não sabemos o que
queremos, corremos um grande risco de ter no futuro algo que não desejamos. Seja
assumir uma profissão apenas porque a família orientou; assumir um casamento
quando seu sonho é passar a vida viajando pelo mundo, sem maiores
responsabilidades, ou o contrário, sonhar em construir uma família, mas sair viajando
pelo mundo sem destino; buscar um concurso público pensando apenas na
estabilidade financeira, quando na verdade você deseja ter seu próprio negócio; seguir
uma profissão simplesmente porque ela está na moda; tentar replicar a carreira de
alguém que você admira sem considerar suas próprias vocações; entre inúmeras
outras possibilidades.
O principal questionamento sempre será: o que você realmente quer para você? Se
hoje você tem 20 anos, como quer estar com 30 anos? Trabalhando com o que? Em
que lugar? Casado (a)? Com filhos? Com qual situação financeira? Se você tem 40
anos, deseja continuar onde está? Esse lugar pode ser bem confortável, inclusive, pode
ser onde você queria estar quando tinha 20 anos, mas é nele que quer continuar. Você
pode desejar uma vida totalmente diferente. E aí? Vale a pena sair da zona de conforto
para buscar novos sonhos ou é melhor deixar tudo como está? A escolha sempre vai
ser sua, e as consequências também!

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Você pode estar pensando que planejar o futuro é impossível, pois imprevistos
acontecem. Você recebe a proposta que tanto sonhou para morar no Canadá,
justamente quando está perdidamente apaixonado por alguém que não pode ir com
você por N motivos. Isso sem contar as gestações inesperadas, doenças, crises
econômicas, pandemias, etc. Mas garanto que se você realmente souber onde quer
chegar, vai ter pensado também em como lidar com os imprevistos e saber o que fazer
nessas situações. Planejar o futuro é mais do que apenas imaginar o que você quer
conquistar, mas agir no presente.
Quanto mais alto for o objetivo, provavelmente, mais tempo vai levar para alcançálo. E
no intervalo, entre e a idealização e a realização, inúmeras tentações/oportunidades
também irão aparecer. Imagine que você deseja um determinado concurso público,
mas, após dois anos de tentativas frustradas, percebe que está preparado para passar
em outro concurso, que não é bem o que você queria, mas pode proporcionar uma
carreira confortável. E aí? Prefere desistir do seu verdadeiro objetivo, que talvez seria
conquistado daqui a quatro ou cinco anos, para assumir logo um outro cargo?
Com este capítulo não quero simplesmente dizer que o certo é nunca desistir, mas, se
for desistir, é preciso ter ciência daquilo que está fazendo, avaliando os prós e os
contras da decisão. Estamos vivendo uma situação atípica, onde uma pandemia
mundial interferiu na vida de todos. Mas independentemente disso, o tempo todo cada
um vive seus próprios problemas, muitas vezes maiores do que a pandemia. Seja a luta
contra alguma doença grave, dificuldades socioeconômicas, problemas familiares, etc.
Todas essas situações exigem esforços que podem atrapalhar, mas de maneira
alguma podem tirar o seu foco daquilo que sonhou.
Ao assumir a coordenação de duas pós graduações na Plenitude Educação, tive que
reduzir consideravelmente o tempo que antes dedicava a cursos, palestras e
principalmente ao consultório, para direcionar meu foco nessa nova etapa da minha
carreira.

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Não posso ficar dividido entre atender, dar aulas, coordenar o curso e acreditar que
tudo será perfeito. Hoje, posso garantir que 80% do meu tempo é dedicado ao trabalho
com a Plenitude e, provavelmente, esse percentual vai chegar a 100% a partir do
próximo ano. Desde 2013 venho me programando para fazer essa transição. No
momento certo, sem relutar, fui abrindo mão das outras atividades para me dedicar
quase exclusivamente a esse projeto. Algo que só foi possível por uma mudança no
meu modelo mental, ao longo de anos. Como meu objetivo era oferecer uma pós-
graduação de excelência, a melhor do Brasil, para de fato contribuir na formação
profissional de quem estava ingressando no mercado de trabalho, sabia desde o início
que necessitaria de uma dedicação praticamente exclusiva. E foi com muito
planejamento que consegui, em 2019, tornar o meu sonho possível. Não existe sucesso
do dia para a noite.
Esse exercício de visualizar o futuro eu faço desde o Ensino Médio. Fiz um teste de
habilidades na escola e fui orientado a cursar Engenharia Civil. Me imaginei como
engenheiro. Não me agradou. E comecei a me imaginar trabalhando em diversas áreas
promissoras. Nada me parecia interessante. Quando me imaginei sendo nutricionista
dentro de uma academia de ginástica, meus olhos brilharam. A partir daí passei a
correr atrás desse futuro. O sonho idealizado quando eu tinha 16 anos, foi conquistado
quando eu tinha 22 anos. Anos depois, comecei a sonhar em ter um consultório
próprio. Ainda na faculdade, já queria palestrar pelo Brasil, escrever livros e morar em
São Paulo. Cada um desses objetivos foi sendo conquistado, mas sempre com anos de
distância entre a idealização e a concretização. Nada aconteceu por acaso e nem foi
fácil. Ninguém bateu na minha porta. Eu simplesmente fui atrás.
Profissionalmente falando, eu sempre conquistei o que desejei. Nada veio fácil, mas lá
no começo, ainda estudante, eu já sabia onde queria chegar e direcionei minha energia
para isso. Hoje, minha meta é tornar as pós-graduações que eu coordeno referências
absolutas, não apenas no Brasil, mas também no exterior. Estar ao lado dos melhores
professores e ver os alunos terem sucesso, se tornando professores conosco. Afinal, o
sucesso do aluno é o sucesso do professor.

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Algo que gosto de fazer nas aulas inaugurais de cada turma é pedir para que os alunos
escrevam seus principais objetivos e, diariamente, os mentalize com toda energia. Não,
essa prática não vai fazer os seus sonhos se realizarem como mágica, mas vai ajudar
quando estiver com preguiça para estudar, pode evitar que você seja displicente em
um atendimento ou protelar a leitura de artigos, enfim, pensar duas vezes antes de se
render às inúmeras situações que podem afastá-lo do seu objetivo.
Se você ainda não é nosso aluno ou não teve essa aula comigo, convido-o a fazer esse
exercício a partir de hoje. Afinal, de nada adianta ter um carro com a mais alta
tecnologia e potência, se você não sabe para onde vai. Se você pode sonhar, então você
pode fazer! Sucesso a todos!

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Nutrição Clínica ou
Nutrição Esportiva?
Qual escolher?
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A o escrever sobre esse tema, impossível não me lembrar da época da graduação.
Como sempre fui adepto da prática de exercício físico, a Nutrição Esportiva era a área
que mais despertava meu interesse na faculdade. Porém, eu nunca aceitei a ideia de
estudar apenas fisiologia e bioquímica, aplicada ao exercício ou à suplementação,
exclusivamente no esporte. Eu me imaginava, sim, atendendo atletas e esportistas,
mas com uma visão integrativa, considerando os aspectos relacionados à saúde.
Uma frase muito comum no meio esportivo é “ser atleta não é ser saudável” ou
“esporte não é sinônimo de saúde”. Partindo dessa premissa, o atleta precisaria
escolher entre ter uma ótima performance ou uma boa saúde. Na juventude,
provavelmente, escolheria a alta performance, mas, no fim da carreira, certamente se
arrependeria de tal escolha.
Nos últimos anos, tanto o estudo do treinamento quanto os aspectos relacionados à
nutrição, medicina, fisioterapia e psicologia têm evoluído muito. Não apenas no sentido
de buscar uma melhor performance, mas também em como preservar a saúde do
atleta. Para conseguir essa integração com todas as áreas da saúde, o nutricionista
esportivo precisa de um grande conhecimento de fisiologia humana e bioquímica geral,
não se limitando apenas às peculiaridades a serem consideradas durante o exercício.
No meu tempo de graduando, isso já chamava a minha atenção. Eu não pensava
apenas na preparação do atleta para uma competição, mas em como poderia ajudá-lo
em todas as fases da vida: “quando a atleta quiser engravidar, vou encaminhá-la para
outro profissional? E quando o atleta se aposentar, não vou mais acompanhá-lo?”.
Sempre fui fascinado pela possibilidade de acompanhar alguém em várias etapas da
vida. Hoje, com quase 20 anos de prática clínica, tenho inúmeros casos interessantes,
em que da primeira para a última consulta (obviamente com anos de intervalo), o
paciente apresenta objetivos totalmente diferentes.

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Outro fator que também destaco é a possibilidade de se tornar o profissional que cuida
da família. O atleta pode ter um pai diabético e uma mãe hipertensa ou paciente renal
crônica. Ter uma irmã que deseja engravidar e necessita de um acompanhamento
adequado. Pode ter filhos crianças ou adolescentes. Enfim, quando o profissional
possui uma gama de conhecimento mais abrangente, seus atendimentos tomam
proporções imensuráveis. Claro que a tendência é ter uma área de maior afinidade, até
mesmo pela vivência pessoal. É o caso de uma nutricionista diabética, que terá muito
mais facilidade em atender pacientes diabéticos, pois ela vivencia a patologia
diariamente, ou o nutricionista triatleta na relação com seus pacientes triatletas. No
entanto, recomendo a todos buscarem outros desafios também.
Eu poderia estar até hoje atendendo apenas praticantes de musculação que buscam
estética, afinal, desde a infância, sempre tive uma grande identificação com essa
atividade., mas, se posso destacar algo que realmente fez diferença em minha carreira,
foi justamente desenvolver competências e habilidades nas áreas em que não tinha
qualquer afinidade, seja na Nutrição Esportiva ou na Nutrição Clínica.
Você sabe muito pouco sobre Nutrição Materno Infantil, mas domina Nutrição
Esportiva? Você tem duas opções: ou direciona seu trabalho totalmente para o
esporte, ou começa a estudar Nutrição Materno Infantil e amplia a sua área de atuação.
A segunda opção é a mais acertada para aqueles que desejam, acima de tudo, cuidar de
pessoas. Afinal, quando escolhemos uma profissão ligada à saúde, esse deve (ou
deveria) ser o nosso principal objetivo.
Para ser um profissional acima da média, é preciso dedicação intensa. Quando você
busca a excelência, é preciso passar horas (muitas) estudando. Se o seu objetivo é ter
um consultório, recomendo fortemente que se especialize em Nutrição Clínica
Integrativa e em Nutrição Esportiva e Estética. A ordem? Isso é muito individual, mas a
minha dica é começar pela área que você mais precisa aprimorar.

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Eu sei que a tendência natural na escolha de uma pós-graduação é buscar uma área de
maior afinidade, mas desafio você a deixar suas preferências para um segundo
momento. Afinal, ao ampliar seu horizonte de conhecimentos, você certamente terá
mais facilidade quando estudar aquilo que já é relativamente bom. Se você tem maior
afinidade pela área esportiva, que tal começar pela pós-graduação em Nutrição Clínica
Integrativa ou vice-versa?
Quando recebi o convite da Plenitude Educação para coordenar uma pós-graduação,
me deram a possibilidade de escolher a Nutrição Esportiva ou a Nutrição Clínica. Minha
resposta vocês já sabem! Não são áreas distintas, ao contrário, uma complementa a
outra. Ainda sugeri que a pós em esportiva abordasse também a estética, já que a
maior parte dos alunos atende ou vai atender pessoas que desejam mudar sua
composição corporal por meio da nutrição e da atividade física. Para a pós-graduação
em Nutrição Clínica, minha proposta foi oferecer uma visão integrativa, enxergando o
ser humano como sistêmico, com a Nutrição interagindo com todas as áreas da
Medicina.
Aquele que deseja ser um profissional completo em seus atendimentos, precisa se
desafiar e tentar assimilar todo conteúdo oferecido pela Plenitude Educação. A própria
maneira como direcionamos o conteúdo já é uma forma de o aluno se habituar a
manter uma rotina responsável de estudos, o que poderá ser transposto para sua
prática clínica.
Imagine começar o dia atendendo uma gestante, depois um paciente diabético tipo II,
um triatleta, e um senhor de 80 anos com diagnóstico de Alzheimer; no período da
tarde, atender uma paciente com artrite reumatoide, um adolescente que pratica
musculação e deseja ganhar massa muscular, e um adulto obeso, que na próxima
consulta vai trazer a irmã dele, que está amamentando de forma exclusiva, e quer
saber a forma correta de introduzir alimentos sólidos na dieta do bebê. Incrível, não é
mesmo?

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Pois essa pode ser sua rotina de trabalho. Para dar conta de tantas particularidades,
primeiro, você precisa ter uma excelente base de fisiologia e bioquímica. Na sequência,
saber diferenciar as características de cada patologia e/ou modalidade esportiva que
se relacionam com a nutrição, e ainda ter uma grande compreensão sobre os aspectos
comportamentais de cada paciente.
Em se tratando de suplementação alimentar, vejo nas redes sociais discussões
desnecessárias, geradas por estudantes e/ou profissionais que possuem
conhecimento exclusivo em uma área específica. Dizer que o suplemento X não serve
para nada ou então que o suplemento Y é ótimo, é um erro clássico. O suplemento X
pode não servir para determinada modalidade esportiva, mas pode ter uma boa
aplicabilidade em alguma patologia. Pode ser ótimo para melhora de performance,
mas para determinado caso clínico, ele não se aplica.
Para falar com propriedade sobre suplementação alimentar, o profissional deve
compreender todos esses aspectos e, além disso, entender um pouco sobre o
processo industrial, desde a matéria-prima até o produto final. Será que aquela pessoa
que defende ou ataca a glutamina, sabe como ela é produzida ou qual é sua matéria-
prima? E isso vale para todos os suplementos. Por isso, em nossos cursos, temos aulas
sobre ingredientes e papel do nutricionista dentro da indústria de alimentos e de
suplementos.
A Nutrição é uma só. O paciente não pode sair de uma consulta apenas sabendo o que
comer antes e depois do exercício ou sobre os alimentos proibidos ou permitidos para
sua patologia específica. Ele deve aprender sobre alimentos e sua relação com uma
saúde adequada. Isso envolve não só O QUE comer, também COMO COMER, ou seja,
considerando todas as emoções e aspectos culturais que uma das ações mais
primordiais da vida nos proporciona.

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A ausência desses cuidados nos últimos anos, inclusive por parte de profissionais, não
tem ajudado a reduzir a prevalência de obesidade e os casos de distúrbios alimentares.
Ser um profissional de saúde é muito mais do que se limitar apenas a uma orientação
direta e imperativa, “faça essa dieta você vai emagrecer ou vai controlar seu diabetes”.
É preciso enxergar o ser humano de forma sistêmica e auxiliá-lo a atingir seus
objetivos, sejam eles quais forem, mas, em primeiro lugar, preservando sua saúde
física e emocional.

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Nutricionista e
Redes Sociais

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Colaborador:
João Pinheiro
NUTRICIONISTA | CRN8 13789/P
@joaopinheironutri
Hoje o mundo vem se ajustando todos os dias. Novos recursos e maneiras de viver
surgem em meio das necessidades. O atendimento online é a realidade do momento, e
acredito que continue assim por um bom tempo. Porém, muitos profissionais ainda
continuam resistentes ao novo formato de atendimento, esperando que o mundo se
normalize para retomar à realidade anterior, mas, infelizmente, isso não vai acontecer
tão cedo. Por esses motivos, quem não migrar o seu trabalho para as plataformas
digitais irá perder espaço no mercado.
Aplicativos vêm sendo desenvolvidos todos os dias. Treinos e dietas à distância por
preços acessíveis já estão sendo vendidos, e eu não vejo isso como errado. São apenas
pessoas alçando as velas para a direção em que o vento sopra, e se você não fizer o
mesmo, sinto muito. Se você ainda não começou a utilizar os recursos digitais como
ferramenta de trabalho, é melhor começar a se mexer rapidamente.
No cenário em que vivemos atualmente, os meios digitais se tornaram ferramentas
indispensáveis para comunicação, trabalho e aproximação das pessoas em momento
de distanciamento social. Explorar esses recursos, como o atendimento online,
cursos/aulas EAD e ebooks, é uma maneira de estar se ajustando de acordo com as
necessidades. Com isso, é muito importante que seu público saiba te encontrar, e não
existe maneira melhor do que nas redes sociais.
O Capítulo 4 do Código de Ética dos Nutricionistas, que trata dos Meios de Comunicação
e Informação, no Art. 55 nos mostra que: “É dever do nutricionista, ao compartilhar
informações sobre alimentação e nutrição nos diversos meios de comunicação e
informação, ter como objetivo principal a promoção da saúde e a educação alimentar
e nutricional, de forma crítica e contextualizada e com respaldo técnico-científico”.
E por que destacar essa única parte? Para mim, o conteúdo educacional e informativo,
é uma das maneiras mais fáceis e eficazes de promover o seu trabalho nas redes
sociais sem fugir das condutas éticas. O conteúdo educacional é todo material que visa
levar aprendizado e valor ao público, e gerar proximidade com a marca.

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Especialmente em períodos de crise global, como a pandemia do coronavírus,
fortalecer a relação com a sua audiência é fundamental. Por isso, posts nas redes
sociais, videoaulas, ebooks, blogs, posts e webinars têm grande valor.
Pensando em redes sociais, é importante saber identificar qual é a persona que você
quer atingir (sexo, faixa etária, hobbies, nicho etc), até para saber qual é a rede social
que esse público específico mais utiliza (Instagram, Facebook, Tiktok, Snapchat etc).
Um gráfico que analisou quais são os Apps mais baixados no mundo, mostrou que o
seguinte ranking:
Como podemos ver, no cenário atual surgiram novos aplicativos e ferramentas para
comunicação, trabalho e estudos. É aí que entra a questão de saber aproveitar a
direção dos ventos e alçar as velas para o lado certo. Possuindo todas essas
informações, sugiro que faça as seguintes perguntas:
1 – QUAL: quais gostos, interesses, hobbies, problemas e necessidades têm sua
audiência?

2 – COMO: como você pode ajudar, entreter, informar as pessoas nas suas redes
sociais?
3 – O QUE: o que as pessoas fazem, sentem e desejam depois de ver um conteúdo seu?

4 – ONDE: quais são os meios e formatos (vídeos, imagem, áudio, texto) o seu público
costuma consumir nas suas redes?
Sabendo responder essas 4 perguntas, será muito fácil criar uma estratégia de ação e
seus conteúdos terão maior autoridade.
Além disso, é importante criar um bom perfil nas suas redes. Como?!

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ENCONTRE SEU NICHO
Se você é da área da nutrição clínica e esportiva, por exemplo, e você deseja trabalhar
com atletas, postar conteúdos que não envolvam essas especialidades, não te ajudará
a aproximar o público desejado. Não adianta nada ter uma arma e não saber mirar no
alvo.

INVESTIGUE E ENCONTRE UM PROBLEMA PARA RESOLVER


Essa parte é muito importante, pois se você divulga conteúdos apenas por divulgar,
sem pensar naquelas 4 perguntas acima, dificilmente você será uma autoridade no
assunto. Resolver os problemas das pessoas através dos seus conteúdos, faz com que
elas criem sentimentos de acolhimento e cuidado, consequentemente, serão fiéis a
você. Se vender algum tipo de serviço, há grandes chances de serem seus clientes.
TENHA UM NOME DE USUÁRIO FÁCIL DE ENTENDER E LEMBRAR
Possuir um “@” fácil e que arremeta o seu tipo de serviço, além de utilizar seu nome e
sobrenome, facilita muito na hora das pessoas pesquisarem por você nas redes
sociais, por exemplo, meu nome é João Pinheiro e sou nutricionista, meu username nas
redes sociais é @joaopinheironutri. Se utilizar caracteres diferentes, como números e
underlines, dificilmente as pessoas vão achar o seu perfil.
A SUA BIOGRAFIA DEVE EXPLICAR DO QUE SE TRATA SUA CONTA
As redes sociais permitem que você coloque uma breve biografia no seu perfil. Saiba
utilizar esse espaço para criar um “mini currículo”, mostrando quais são os seus tipos
de serviço, suas especialidades, além de anexar links que direcionem as pessoas para
os seus outros canais de comunicação (whatsapp, site, ebook, cursos etc). Fazendo
isso, quem acessar o seu perfil, em poucas palavras saberá muito bem o que você faz
e, caso ela se identifique, há grandes chances de que consuma seus tipos de serviços.

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FOQUE NOS CONTEÚDOS EDUCATIVOS E HUMANIZADOS
O conceito do conteúdo educativo é oferecer uma relação de troca com o público.
Enquanto o aprendizado é oferecido de maneira gratuita e acessível, você conquista
reconhecimento e empatia por parte da sua audiência. Assim, uma relação mais
próxima é criada, gerando um engajamento que pode ser amplamente explorado no
longo prazo, como agendamento de consultas ou na aquisição de algum tipo de
produto ou serviço oferecido por você.
A humanização é importante porque sua audiência também pode se identificar com o
seu dia a dia, pois eles querem saber o que você faz além de trabalhar. Mostrar sua
rotina é algo bacana. Não precisa expor totalmente sua vida particular, mas mostrar
alguns momentos como rotina de treinos, alimentação, algum depoimento de vida,
alguma história que aconteceu com você, faz com que eles se aproximem e não achem
que você é um robô.
MANTENHA A CONSTÂNCIA NOS CONTEÚDOS
É como um efeito bola de neve, no início, você terá dificuldade em postar e se sentirá
desmotivado, mas precisará manter a constância. Se o seu conteúdo for bom, a partir
do terceiro mês você começará a ver os resultados. Seus conteúdos sendo
compartilhados, aumentando as interações, você ganhando audiência. Até que o seu
perfil irá rodar no automático e seus resultados de crescimento irão acontecer
naturalmente.
UTILIZE HASGTAGS NAS SUAS POSTAGENS
Deixar de utilizar ou utilizar as mesmas hashtags em todos os posts faz com que limite
seu engajamento nas redes sociais, então, varie bem as #’s quando for postar algum
conteúdo. Uma dica que eu posso dar é sempre usar as hashtags de mais relevância do
seu nicho. Baixe o app Leetags, que ele vai te ajudar.

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EVITE UTILIZAR UMA LINGUAGEM DIFÍCIL
Uma das dificuldades dos profissionais da saúde nas redes sociais, é transmitir as
informações de forma que todos os leitores entendam, muitas vezes utilizando
linguagem e termos científicos. Sugiro que antes de postar sobre um determinado
tema ou artigo cientifico, pense como se estivesse no seu consultório com o paciente e
precisasse explicar determinado assunto de uma forma que ele entenda. Utilizar
metáforas e sinônimos mais fáceis não demostram que você sabe menos, mas
mostram que teve cuidado ao transmitir o conteúdo para que todos entendam, desde
um profissional da área, um paciente ou um leigo interessado no assunto.
NÃO UTILIZE SUAS POSTAGENS PARA ATINGIR OUTROS PROFISSIONAIS
Se você não concorda com a forma de trabalho de determinado profissional, guarde
para si. Utilizar suas redes sociais para gerar discussões ou para fazer memes
“engraçados” que atinjam outras linhas de pensamento, faz com que atraia pessoas
similares para sua audiência, então, o próximo a ser criticado pode ser você. Não
precisa fingir ser amigo de todos, apenas seja mais profissional possível.
EVITE ASSUNTOS DELICADOS E QUE GERAM DISCUSSÕES
Falar sobre determinados assuntos como política e notícias que não envolvam a
nutrição não é muito aconselhado. Assuntos como esses geram muita polêmica e
discussão, pois existem muitas opiniões opostas. Como profissional da saúde, foque na
saúde das pessoas e deixe outros assuntos polêmicos com especialistas das áreas.
NÃO COPIE O CONTEÚDO DE OUTROS PROFISSIONAIS
“Nada se cria, tudo se copia”. Na maioria das vezes isso é verdade, mas copiar sem
referenciar o autor do conteúdo é feio e queima seu filme. Repostar conteúdo de outros
profissionais no seu perfil não faz com que seu paciente migre para o outro
profissional, na verdade, só mostra que você e outros profissionais se apoiam em
transmitir conteúdos de valor ao público. Além disso, isso cria uma rede de amigos nas
redes sociais, fazendo que ambos sempre se apoiem.

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FOQUE NO NETWORKING
Por último, porém um dos mais importantes, é saber aproveitar as redes sociais para
fazer um bom networking. As redes sociais facilitam muito para você estar próximo de
pessoas e profissionais que te agreguem. Um bom círculo de amigos e profissionais
que seguem o mesmo pensamento que você, te ajudará a abrir diversas portas
profissionais. Porém, entenda que o networking é uma troca mútua e não uma rede de
apoio. Não vá atrás de profissionais com o intuito de crescer as custas deles. Mostre
que você é bom e capaz, seu potencial e contribua através dos seus talentos.
Bom, essas são algumas dicas que aprendi na prática e que vão te ajudar a criar uma
autoridade no meio digital, para transformar as suas redes sociais em uma extensão
do seu trabalho. Siga cada uma delas, estude cada ponto com muita atenção e logo
verá a diferença.
Não tenha medo, apenas tente. Tente mais de uma vez. Não vai ser fácil e muitas vezes
você irá se questionar se está fazendo a coisa certa, mas se você entregar o seu
propósito ao mundo, com o mesmo amor que tem por ele, o mundo irá te
recompensar. Não escute os pessimistas. Vá em frente e busque o que é seu. Aproveite
todos os recursos que você tem, seja diferente dos outros, não durma para poder
sonhar, sonhe para poder colocar a cabeça no travesseiro e poder dormir, com a
certeza de que o melhor trabalho foi feito.
Desejo a todos vocês, o maior sucesso que possam alcançar. O universo é o limite, e o
universo é infinito.

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11
O profissional da
Era da Mídia

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Cada vez mais estamos vivendo em um mundo totalmente ligado às atividades
digitais. Até mesmo as atividades presenciais possuem, em algum momento, a
participação da tecnologia. Os computadores surgiram como máquinas caríssimas,
gigantescas e de difícil compreensão. Eram reservadas às grandes empresas e
utilizadas apenas por técnicos capacitados. Alguns anos depois, já era possível
encontrar essas máquinas em versões menores (ainda grandes para os padrões
atuais) nas casas das pessoas com maior poder aquisitivo. Passados mais alguns
anos, as máquinas se tornaram tão compactas que podiam ser transportadas
embaixo do braço (laptops). A partir de 2007, computadores infinitamente mais
rápidos e potentes do que as enormes máquinas do passado, passaram a caber nos
bolsos das pessoas (smartphones). Inclusive, para muitos especialistas, essa data dá
início a Idade Mídia, uma nova Era em que a tecnologia faz parte da vida das pessoas
como uma necessidade básica. Nosso smartphone passou a ser uma extensão de
nosso cérebro. Afinal, sempre que não sei algo, é a ele que recorro.

Seja sobre física quântica, curiosidades gerais, rotas de trânsito, contactar nossos
amigos, trabalho, lazer, tudo é possível ser encontrado ali. Hoje nossos smartphones
sabem mais sobre nós do que nós mesmos.

Duvida? O que você prefere? Deixar alguém por 1 hora sozinho na sua casa, revirando
todas suas coisas ou entregar seu celular desbloqueado por 1 hora para essa mesma
pessoa? Nosso smartphone carrega os segredos que não contaríamos nem para o
melhor amigo. Lá estão todos os seus dados, desde bancários, projetos acadêmicos ou
profissionais. Imagine alguém deletar suas redes sociais e você perder tudo o que já
construiu para divulgação do seu trabalho por exemplo.

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Não quero discutir aqui os malefícios que tudo isso pode gerar para a saúde mental,
com o uso inapropriado de tanta tecnologia a nossa disposição. Um deles é a
percepção do tempo, que é muito acelerada no manuseio de tantas informações
chegando a todo instante. Resumindo, a tecnologia faz nossa vida parecer mais curta
do que já é. Neste artigo quero abordar sobre a necessidade de o profissional estar
acompanhando a revolução tecnológica e não ficar para trás.

Na questão do ensino, hoje não existem mais barreiras geográficas. Quando me formei,
tive a necessidade de investir em especializações em outras cidades para conseguir
adquirir um conhecimento disponível apenas em grandes centros. Atualmente, esteja
você onde estiver, tem disponível o melhor conhecimento da sua área de atuação no
modo EAD (Ensino a distância).
Só que para descobrir quais os melhores cursos, também deverá estar conectado, pois
as divulgações de cursos online acontecem justamente no mundo online. Por exemplo,
você não vai se deparar com um cartaz sobre uma pós graduação EAD colado no poste
do seu bairro.

A divulgação do seu trabalho e da sua empresa, que muitas vezes é só você mesmo
para aqueles que trabalham sozinhos, continua sendo no chamado “boca a boca” de
pacientes/clientes satisfeitos que vão lhe indicar para amigos e familiares. Mas o
poder de uma divulgação bem feita no mundo digital acelera demais o processo. O
único detalhe é sempre tomar cuidado para no mundo real você realmente suprir as
expectativas que vai gerar no mundo digital. Alguém com um conhecimento limitado,
mesmo que por trás tenha uma agência de marketing de alto nível, provavelmente não
terá muita longevidade com seu sucesso. Da mesma forma, alguém com grande
capacidade, mas sem uma mídia adequada, pode passar desapercebido em sua
carreira por falta de divulgação apropriada.

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Os produtos digitais já são realidade há alguns anos, e muitos profissionais que
enxergaram esse movimento lá no início, hoje se beneficiam muito disso. Alguns
personal trainers que tinham agenda cheia, abandonaram seus alunos para investir
em plataformas de treino em grupos.

Com isso, deixaram de lado a limitação de X alunos por dia para realizarem um
trabalho em escala geométrica, com número infinito de membros em suas
plataformas digitais.

Da mesma forma, muitos nutricionistas e médicos fecharam seus consultórios e hoje


vivem da realização de cursos online para outros profissionais. Não estou dizendo que
a opção A é melhor que a opção B, mas são caminhos que hoje existem e que ampliam
as possibilidades de uma carreira bem sucedida. Para manter um consultório ou uma
agenda de personal trainer cheia, por anos, é necessário conhecimento e aptidão,
assim como conquistar um canal no Youtube com milhões de seguidores também
exige muito trabalho e talento. A questão é avaliar com o que você tem maior aptidão e,
principalmente, o que lhe trará mais felicidade ao fazer. Afinal, independentemente da
sua escolha, você precisará de regularidade e disciplina para fazer um trabalho bem
feito. Se você não se sente confortável em gravar um vídeo, provavelmente não vai
conseguir fazer isso por muito tempo. Da mesma forma, se você se sente esgotado
após um dia de consultório e sem vontade de voltar no dia seguinte, também não vai
ter uma carreira duradoura.
Falando especificamente do atendimento, seja no caso do médico, nutricionista ou
profissional de Educação Física, recomendo sempre atenção para ferramentas digitais
que possam agregar em seu trabalho. Softwares de nutrição e avaliação física existem
há décadas, mas, com o avanço da inteligência artificial, hoje estão se tornando tão
inteligentes, que aquele personal trainer ou nutricionista preguiçoso será facilmente
substituído em breve. Já aquele profissional com conteúdo, responsabilidade e atento à
revolução digital, vai conseguir usar essas ferramentas para melhorar o seu
atendimento.

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Por exemplo, como o smarphone é uma extensão do nosso corpo, entre as consultas
ele pode captar informações relevantes sobre o paciente, como qualidade de sono,
frequência nos treinos, gasto energético, consumo calórico, entre outras. Até mesmo a
saúde intestinal, pois sabemos que a grande maioria das pessoas leva o celular até
quando vai ao banheiro para fazer o número 2.
Claro que ainda temos limitações na obtenção desses dados. Alguns de vocês já devem
estar observando as falhas na mensuração do gasto energético cometidas por
relógios smarts, que normalmente superestimam o gasto calórico. Assim como falhas
em aplicativos que prometem mostrar a qualidade do sono, etc.
Mas é importante você ter em mente que a evolução da revolução tecnológica não é
linear, mas exponencial. Se nos últimos 10 anos, evoluímos X, nos próximos 10 anos a
evolução será 100 X. Em um piscar de olhos, teremos smartphones com alta precisão
em qualquer avaliação que desejarmos, inclusive avaliação da composição corporal.
Esses softwares serão tão perfeitos, que os profissionais que não tiverem um ótimo
conhecimento e, principalmente, não souberem utilizar essa tecnologia a seu favor,
serão simplesmente substituídos.
Antes de iniciar o treino, o personal trainer poderá olhar o recordatório do seu aluno no
smartphone (que serão integrados) para saber como foi o seu comportamento no
intervalo entre os treinos, como foi o sono na noite anterior ou as oscilações da mulher
no seu ciclo menstrual, por exemplo. Variáveis que podem não só facilitar o
planejamento do treino como torná-lo muito mais eficaz.
Até mesmo a transmissão do conhecimento está mudando seu conceito. No passado,
quando queríamos explicar algum mecanismo bioquímico para o paciente, pegávamos
uma folha de sulfite e desenhávamos algo como glicólise ou ciclo de Krebs ou
mecanismos de regulação hormonal, falando de fisiologia.

Hoje, não seria mais interessante você ter esse material no computador para
apresentar o processo ao paciente de maneira muito mais interativa? Ao invés de
tentar guardar na memória um número limitado de receitas, você pode enviar um
ebook completo para o paciente de acordo com o seu perfil dietético.

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Agora, um ponto muito importante. Como relatei no início, a revolução tecnológica vem
trazendo inúmeros problemas para a sociedade. Até mesmo as pessoas que se
beneficiam profissionalmente das mídias sociais, estão sendo afetadas
psicologicamente por terem a necessidade de viver a maior parte do tempo no mundo
digital. Quando eu recebo no consultório alguém que faz muito sucesso na internet (um
youtuber por exemplo), minha dificuldade é conseguir a atenção daquela pessoa
durante o período da consulta, pois a cada poucos segundos, ela se vê obrigada a olhar
seu smartphone.
Tanto quem gera conteúdo quanto quem recebe, precisa de uma saúde mental
equilibrada. Se desconectar e vivenciar os prazeres do mundo real é muito importante.
Viajar para um lugar maravilhoso e ficar a maior parte do tempo no smartphone não
faz o menor sentido. Realizar uma refeição em família com o celular nas mãos também
não. Portanto, ajustar sua agenda com horários específicos para o uso das
ferramentas é fundamental.
Falando no atendimento em consultórios, quando iniciei meu trabalho, em 2003, meu
contato com os pacientes se resumia basicamente ao tempo das consultas. Alguns
enviavam email ou faziam ligações esporádicas para tirar dúvidas. Hoje em dia, pela
facilidade que o whatsapp proporciona, o contato acaba sendo diário. Agora, se o
profissional passar o dia respondendo mensagens dos pacientes do dia anterior, será
praticamente impossível atender os novos pacientes. Uma medida eficaz é reservar
horários do dia específicos para responder mensagens de pacientes, ao invés de tentar
responder todas no momento que recebe. Até porque em muitos casos será
necessário consultar o prontuário da pessoa para lembrar detalhes da prescrição. Com
a evolução da inteligência artificial, teremos a tecnologia para melhorar essa interação
e dar aos nossos pacientes/clientes o melhor acompanhamento possível.
A grande lacuna entre a tecnologia e nossos pacientes/clientes estará no aspecto
comportamental. Cada vez mais a busca por conhecimento e informações técnicas
será suprida pela inteligência artificial.

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A prova disso é que por mais preparado que seja o professor, ele pode se confundir,
esquecer determinado conteúdo ou até mesmo não estar bem emocionalmente. A
máquina não erra, afinal, errar é humano!

Os algoritmos estarão sempre alinhados para dar a melhor resposta, por mais
complexa que ela seja, assim como uma calculadora faz há décadas. As ciências
ômicas, como genômica e metabolômica, vão proporcionar diagnósticos mais
assertivos, tornando a medicina, antes basicamente curativa e hoje também
preventiva, cada vez mais preditiva.

Tanto quem gera conteúdo quanto quem recebe, precisa de uma saúde mental
equilibrada. Se desconectar e vivenciar os prazeres do mundo real é muito importante.
Viajar para um lugar maravilhoso e ficar a maior parte do tempo no smartphone não
faz o menor sentido. Realizar uma refeição em família com o celular nas mãos também
não. Portanto, ajustar sua agenda com horários específicos para o uso das
ferramentas é fundamental.

Logo a inteligência artificial vai nos ajudar (em poucos segundos) a cruzar dados entre
mapeamentos genéticos, saúde intestinal, dados antropométricos, exames
laboratoriais, perfil de sono, entre outros, garantindo uma prescrição mais segura e
precisa. No entanto, por mais que seja inevitável a presença da tecnologia em nossas
atividades diárias, nunca se esqueçam que para tocar uma alma humana, ainda
precisamos de outra alma humana.

67
12
Você precisa ser bom para
começar algo ou começar
algo para ser bom?

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Lendo o título deste capítulo parece óbvio que para adquirir habilidade em alguma
coisa, é fundamental muita dedicação e treino. Quanto mais praticamos, melhor vamos
fazer determinada tarefa. Isso vale para inúmeras situações, desde começar um novo
esporte, tocar um instrumento musical, aprender uma nova língua, etc., mas quando
temos que começar do zero, independentemente do objetivo, o primeiro passo quase
sempre é o mais difícil.

Maria Quitéria se formou em nutrição. Foi uma ótima aluna, mas se sente insegura
para começar os atendimentos. É tão dedicada e tão perfeccionista, que tem medo de o
paciente fazer uma pergunta que ela não saiba responder. Para melhorar suas
competências, começou a fazer duas pós-graduações, simultaneamente, e inúmeros
cursos paralelos. Seu conhecimento foi aumentando e, quanto mais ela estudava, mais
descobria que o conhecimento é infinito, agravando sua insegurança. Justamente
quando ela tomou coragem e começou a atender, veio a pandemia e a liberação das
consultas no modo on-line. Sem experiência no atendimento remoto, ficou paralisada
diante dessa nova realidade. E o sonho de ter uma agenda cheia, auxiliando as pessoas
na busca por uma melhor qualidade de vida, foi mais uma vez adiado.

Já Florisbela Regina foi uma aluna mediana na graduação. De família simples, ao


concluir o curso, precisava trabalhar. Não tinha outra opção. E mesmo com limitações
de conhecimento, começou a atender em uma salinha de uma clínica multiprofissional.
A cada atendimento, observava que precisava melhorar suas competências. Começou
uma pós-graduação e passou a se dedicar com afinco aos estudos. Um ano depois,
Florisbela já tinha um bom volume de pacientes muito satisfeitos e se sentia cada vez
mais segura. Quando veio a possibilidade de atender no modo on-line, de imediato, ela
organizou um cantinho no seu quarto e deu continuidade aos atendimentos. Florisbela
também aprendeu a usar as redes sociais para divulgar seu trabalho, e hoje atende
pessoas de todo o mundo.

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Contei essas duas historinhas para ilustrar que o conhecimento é apenas um dos
pilares para o sucesso profissional. Também é preciso responsabilidade,
comprometimento e muita coragem para enfrentar novos desafios.

As primeiras consultas são difíceis para todos, sejam elas presenciais ou on-line. O
importante é começar. Conhecimentos são acumulados a partir de experiências e
estudo, enquanto as atitudes se referem às ações adotadas. São as habilidades que
transformam conhecimentos em ações para chegar a um determinado objetivo.

As primeiras consultas são difíceis para todos, sejam elas presenciais ou on-line. O
importante é começar. Conhecimentos são acumulados a partir de experiências e
estudo, enquanto as atitudes se referem às ações adotadas. São as habilidades que
transformam conhecimentos em ações para chegar a um determinado objetivo.

Sempre observei em colegas e alunos o grande abismo existente entre o término da


graduação e o início da prática profissional. E isso vale para todas as áreas da saúde. A
principal causa desse abismo é a insegurança. A pessoa alimenta a expectativa pelo
momento certo, uma oportunidade que torne o processo mais fácil. Se eu tivesse
esperado o momento ideal, 18 anos atrás, muito provavelmente estaria esperando até
hoje. Quando me formei, eu não tinha aparelho de bioimpedância, nem computador.
Atendi meus primeiros pacientes com papel, caneta e um adipômetro simples,
alugando salas de avaliação física em academias de ginástica. Trabalhei com recursos
mínimos durante seis anos. Só consegui realizar o sonho de ter um consultório após 10
anos de formado.

Hoje, a pessoa se forma, começa a trabalhar e, três meses depois, se sente frustrada
por não ser um sucesso na área. Não por acaso vemos tantas pessoas deprimidas e
com crises de ansiedade. A incidência de transtornos mentais cresce de maneira
assustadora nos mais jovens. Eles criam métricas e objetivos inatingíveis a curto e
médio prazos. Com isso, vem a frustração e outras consequências negativas.

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É evidente que o mundo digital potencializou esse comportamento imediatista. Mal
abrimos os olhos e já estamos conectados às redes sociais, sentimos diversas
emoções a partir das vidas dos outros. As conquistas alheias parecem fáceis, simples.

Quando admiramos o sucesso de alguém, não vemos a dedicação e o esforço (de


muitos anos) que estão por trás daquelas conquistas. São pessoas que deram o
primeiro passo e, com certeza, falharam muitas vezes na caminhada em busca de seus
objetivos. Foram dizendo “nãos” para todos os “nãos” que receberam ao longo da vida e
continuaram.

Com a pandemia, vários profissionais, com grande conteúdo técnico-científico, estão


sentindo muita dificuldade para se adaptar ao novo mundo, cada vez mais digital. As
consultas on-line, as aulas on-line, a necessidade de divulgar o trabalho nas mídias
sociais, tiraram muita gente da zona de conforto, fácil, cômoda e conhecida. Para ter a
agenda cheia, hoje é preciso desenvolver novas habilidades e competências. O
profissional do futuro tem que estar disposto a andar por terrenos desconhecidos,
ainda que no início se sinta desconfortável. A gente não domina tudo que está
acontecendo no mundo e as tecnologias mudam muito rápido.

Reforçando, o conhecimento é apenas um dos pilares que sustentam o sucesso


profissional. A pessoa com conhecimento mediano, mas com flexibilidade para se
ajustar às novas tecnologias, pode superar o profissional que é uma enciclopédia
ambulante, mas que não aceita sair da zona de conforto.
Nada muito diferente daquela famosa interpretação da ideia central de "A Origem das
Espécies", de Charles Darwin. Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente,
mas o que melhor se adapta às mudanças.

E você aí? Vai esperar o momento ideal para começar a buscar seus sonhos? Ou vai
começar com aquilo que você tem hoje? Para ser bom em algo, você precisa começar.

Forte abraço a todos!

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NUNCA DEIXA DE SONHAR!

Se manter motivado é o segredo do sucesso. Sou considerado inquieto por meus


amigos e familiares, pois assim que conquisto uma meta, imediatamente já coloco
outra na minha frente. No início, sempre parecem impossíveis, mas aos poucos, vão se
tornando realidade. Algo que aprendi na prática é que podemos projetar nosso futuro.
Hoje, tenho exatamente a vida que sonhava na época de faculdade. E tenho certeza
que daqui alguns anos, terei a vida que sonho hoje. Não digo quanto a questão
financeira. Digo quanto a questão profissional. Lógico, que sucesso profissional,
provavelmente vai lhe trazer uma boa renda, mas isso deve ser visto como
consequência. Adquirir respeito das pessoas que um dia você admirou, acredito ser
uma das maiores conquistas que um profissional pode obter. Hoje dou aulas ao lado de
profissionais que em minha época de estudante, me inspiraram. Nunca vi nenhum
profissional como concorrente! Vejo sim, aqueles que já trilharam uma carreira
brilhante, como inspiração. Ver suas trajetórias de sucesso mostra que é possível
atingir seus objetivos. Desde criança, tenho paixão por ler biografias. Sempre me
encantei pela história de pessoas que ousaram, conquistaram, criaram, estiveram à
frente de seu tempo. Me inspiro nelas sim, mas acima disso, tenho a mim mesmo
como minha própria inspiração.
Tenho consciência que em conjunto com alguns outros profissionais na área, abri
espaço para centenas, talvez milhares de nutricionistas exercerem suas profissões.
Auxilio no crescimento de uma profissão que antes era vista com um mercado
limitado, e que hoje é um mar de oportunidades para os mais esforçados. Das milhares
de pessoas que leem algum dos meus textos, veem meus vídeos, assistem minhas
palestras e de alguma maneira tem contato com meu trabalho, poucas foram, são ou
serão meus pacientes. Não consigo atender mais do que oito pessoas por dia com a
qualidade que merecem ser recebidas. Mas tenho certeza, que essas pessoas que
nunca vieram ao meu consultório, observam com meus textos e livros a necessidade
de se consultarem com um profissional da área. E vão procurar alguém apto nas suas
proximidades.

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Procuro a cada ano ser um profissional melhor, auxiliar mais pessoas, contribuir de
maneiras melhores para o crescimento da minha profissão. E esse é o objetivo deste
livro. Trazer dicas prática para que você tenha mais facilidade nas etapas iniciais da sua
jornada profissional. A evolução é um processo contínuo. Em posse dessas
informações, sua obrigação é de chegar ainda mais longe do que eu e demais
profissionais que aqui estamos, fazendo com isso, a nutrição atingir patamares antes
impossíveis de serem imaginados.

Se você me perguntar se ainda tenho sonhos? Sim, tenho muitos! Desejo que as pós
graduações que coordeno na Plenitude Educação sejam referências mundiais de
qualidade. Quero produzir cada vez mais conteúdos úteis tanto para profissionais e
estudantes, quanto para o público leigo. Além disso, estou trabalhando intensamente
em projetos que visam levar informação de nutrição de qualidade para a população
carente. Ter uma alimentação que proporcione melhor qualidade de vida é direito de
todos. E grande parte disso tem muito mais haver com informação do que com
alimentos e suplementos caros.

Se você acha que estou ficando louco, que tudo isso é impossível... então estou no
caminho certo! Adoro o impossível porque lá a concorrência é menor! Como dizia Walt
Disney: “se você pode sonhar, então você pode fazer! ” Eu acredito nos meus sonhos!
Acredite nos seus você também!

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