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Sumário:

Os lipídeos ……………………..…………………………………………………………….………………………………..…03

Lipoproteína LDL …………….…………………….…………………………………………………………………………06

Tamanho do LDL importa? ………………………………………………………..……………………………..………07

Recomendações da AHA ……………………………………………………………………………………….……………09

O que diz a Sociedade Brasileira de Cardiologia ………………………….……………………………10

Hipótese da Dieta Cardíaca …………………………………………………..…………………….….……….…………12

Óleo de soja .............................................................................................................................................13

Óleo de coco ………………………………………………………………………………….….………………………………….….14

Óleo de canola ……………………………………………………………………………………………………………….………..15

Manteiga ou Margarina? ………………………………………………………………………………………………………16

Qual o melhor óleo pra cozinhar? …………………………………………………………………………….……...17

Aterosclerose …………………………………………………………………………….……………………………………….…..18

Referências ………………………………………………………………………………………………………………….…………..20

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Os lipídeos
Diferentemente do que muitos possam imaginar, as gorduras possíveis de serem encontradas na dieta
não são todas iguais, tanto em estrutura quanto em propriedades biológicas, visto que constituem o
grupo bastante heterogêneo dos lipídeos. Estes correspondem a substâncias insolúveis em água, o que
os caracteriza como apolares, além de apresentarem diferentes funções no organismo. A principal delas
está relacionada ao armazenamento de energia, através de adipócitos que abrigam em seu interior
gotículas de triacilgliceróis (TAG), um exemplo de lipídio. Por outro lado, também podem realizar
funções regulatórias, como as observadas nas vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K). Alguns hormônios
também são constituídos por lipídios, como os hormônios esteróides (testosterona, estrogênio e
cortisol), importantes mensageiros químicos. Além dos TAG, ácidos graxos, o colesterol e fosfolipídios
também são importantes integrantes deste macronutriente, podendo ser consumidos pela dieta e
absorvidos no intestino.

Figura 1.1. Digestão e absorção de lipídeos no enterócito (Nelson, D,L; Cox, M,M, 2018)

Na figura acima, é possível observar a complexidade do processo de digestão e absorção dos lipídeos. A
digestão inicia na boca, através da enzima lipase lingual, mais importante para a clivagem de
triacilgliceróis de cadeia curta e cadeia média.

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Nesta etapa, o TAG começa a ser clivado em porções menores, chegando em outros órgãos, como o
estômago, cuja mucosa produz a lipase gástrica, também atuante na quebra dessas moléculas. Ao
ingressar para o intestino delgado, o hormônio CCK (colecistoquinina) estimula o pâncreas a produzir
as enzimas fosfolipase, colesterase e lipase pancreática, atuantes na clivagem de fosfolipídios, colesterol
e TAG, respectivamente. A CCK também estimula a vesícula biliar a liberar a bile, importante para a
emulsificação das gorduras, o que auxilia a ação enzimática e digestão destas gorduras. Os principais
produtos dessa digestão incluem ácidos graxos livres, colesterol livre e 2-monoacilglicerol. Lembre-se
que também ingerimos vitaminas lipossolúveis pela dieta e estas se agregam com os outros lipídeos,
participando desta digestão. Posteriormente, estes produtos são absorvidos na borda em escova dos
enterócitos, sendo o colesterol o lipídio menos absorvido pelas células intestinais.

Figura 1.2 Ilustração de uma lipoproteína (Nelson, D.L; Cox, M.M; 2018)

Quando falamos em lipídeos, é importante que lembremos de sua natureza apolar, o que impacta em seu
transporte plasmático, visto que há uma quantidade significativa de água no plasma. Dessa forma as
lipoproteínas, estruturas representadas pela figura acima, facilitam esse transporte, existindo diferentes
tipos. Observe que os triacilgliceróis e ésteres de colesterol permanecem no interior da estrutura, sendo
circundados por apolipoproteínas. As lipoproteínas diferem pela composição lipídica e proteica, o que

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diferencia seu tamanho e densidade. A VLDL, LDL e HDL correspondem às lipoproteínas de muito baixa,
baixa e alta densidades, respectivamente. A primeira transporta TAGs endógenos, sintetizados no fígado,
para os tecidos periféricos. Conforme passam pela circulação, vão diminuindo de tamanho, tornando-se
mais densas, já que estes TAGs são degradados. Alguns destes, todavia, são transferidos das VLDL para
as HDL que, em troca, fornecem ésteres de colesterol para esta lipoproteína. Nesse sentido, as VLDL são
convertidas em LDL, um importante parâmetro bioquímico avaliado na prática clínica.
A principal função desta lipoproteína consiste em fornecer colesterol para os tecidos periféricos, podendo
também retorná-lo para o fígado, onde serão degradados. Indivíduos com condições genéticas como a
hipercolesterolemia familiar possuem comprometimento desta degradação hepática, por falhas na
ligação da lipoproteína com seu receptor.

Para fins de classificação, os lipídios, que serão abordados em detalhes neste material podem ser
classificados a partir do tipo de ligação que seus carbonos fazem uns com os outros. Os saturados são
assim chamados pela presença de apenas ligações simples, não havendo ligações duplas entre seus
carbonos. A figura abaixo traz a representação destas estruturas, a partir do ácido láurico, ácido graxo
abundante no óleo de coco.

Figura 1.3 Ilustração de um ácido graxo saturado (DAMODARAN, Srinivasan; PARKIN, Kirk L, 2019)

Quando os ácidos graxos passam a apresentar ligações duplas nessas cadeias, eles passam a ser
classificados como insaturados, podendo ser monoinsaturados (quando há apenas uma dupla ligação),
ou também, poli-insaturados (quando há várias duplas ligações).

O carbono do grupo metila (H3C) também recebe uma denominação especial, sendo o carbono ω
(ômega). Nesse contexto, as posições destas ligações duplas são numeradas de acordo com este
carbono ômega (último carbono, contando de trás pra frente). Observe o exemplo abaixo com a molécula
de ácido eicosapentaenoico (EPA). Do lado esquerdo, há a carboxila, estrutura a partir da qual
numeramos o carbono alfa. No lado oposto, temos o grupo metila. Observe o carbono 3 apresentando a

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primeira ligação dupla, o que portanto faz com que a molécula de EPA receba a denominação de ômega
3, sendo um de seus exemplos.

Figura 1.4 Exemplo de ômega 3 (Nelson, D.L; Cox, M.M; 2018)

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Lipoproteína LDL
Como vimos anteriormente, por serem apolares, os lipídeos são transportados por lipoproteínas,
existentes em diferentes formas e funções. A LDL, a lipoproteína de baixa densidade, é um importante
biomarcador de risco cardiovascular, formada a partir da remoção adicional de triglicerídeos das
lipoproteínas de densidade intermediária IDL. Dessa forma, essa lipoproteína transporta uma maior
quantidade de colesterol, tendo a apoB-100 como sua principal apolipoproteína. Sua importância se dá a
partir do transporte destes lipídeos para tecidos extra-hepáticos, como os músculos, glândulas
suprarrenais e o próprio tecido adiposo. Estes tecidos têm receptores para LDL, reconhecendo a apoB-
100, o que faz com que o colesterol seja captado para dentro da célula. A figura abaixo ilustra o
transporte e a dinâmica do metabolismo dos lipídeos envolvido com esta lipoproteína.

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Figura 2.1 Rotas Bioquímicas das Lipoproteínas (Nelson, D.L; Cox, M.M; 2018)

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Tamanho do LDL importa?
As lipoproteínas, discutidas no tópico anterior, são compostas de diferentes subgrupos, variando em
tamanho, conteúdo de apolipoproteína, ou também, de densidade (lembre-se que transportam lipídios
distintos). Nesse sentido, o tamanho e a densidade do LDL vêm atraindo o interesse de diferentes

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pesquisadores, na tentativa de entender se estes fatores predizem maior ou menor risco cardiovascular.
O tamanho de cada lipoproteína vai depender da quantidade de lipídio presente no núcleo central da
lipoproteína. Cada indivíduo terá em seu plasma diferentes subgrupos, não sendo esta uma característica
exclusiva a grupos específicos de indivíduos.

O LDL pequeno e denso geralmente aparece aumentado em pacientes com doença cardíaca
coronariana, tendo características relacionadas à aterogênese, como maior oxidabilidade e tempo no
plasma, estando também em maior concentração em pacientes com condições clínicas metabolicamente
desfavoráveis, como a obesidade e síndrome metabólica, o que em certo grau, poderia dificultar a análise
de efeito independente deste tipo de LDL sob o risco cardiovascular. Todavia, muitos estudos já foram
realizados, tanto a nível de pesquisa básica, quanto na clínica. A figura abaixo ilustra a relação entre
triglicerídeos, o tamanho do LDL e o risco relativo para ocorrência do desfecho Infarto Agudo do
Miocárdio (IM), retirada de um estudo prospectivo. Observe que o LDL de menor tamanho parece
exercer efeito sob a ocorrência de IM apenas quando acompanhado de maiores níveis de triglicerídeos,
um marcador independente de maior risco. Outros achados também permitem concluir que o tamanho
do LDL não exerce efeito isolado, não sendo um parâmetro relevante de ser avaliado na prática clínica, e
custoso. O foco pelas guidelines é então no LDL total, não no tamanho da molécula.

Figura 3.1 Ilustração de uma lipoproteína (Frank M. Sacks and Hannia Campos, 2003)

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Recomendações da AHA
A Associação Americana do Coração (AHA) destaca a doença cardiovascular como a principal causa
global de morte, ainda que esta tenha diminuído significativamente nos últimos anos. Visando atenuar
estes dados, a associação lista uma série de recomendações dietéticas, baseadas nas principais
evidências disponíveis até os dias de hoje, como é possível observar abaixo:

1. Uma estratégia dietética de redução da gordura dietética total, incluindo gordura saturada, e
substituição das gorduras principalmente por carboidratos não especificados não previne a
doença arterial coronariana.
2. Ensaios Clínicos randomizados mostraram que a gordura poli-insaturada de óleos vegetais,
quando substitui a gordura saturada de laticínios e carnes, reduz a doença cardiovascular.
3. Estudos Observacionais Prospectivos, em muitas populações, mostraram que a menor ingestão
de gordura saturada, juntamente com a maior ingestão de poli-insaturada e monoinsaturada, está
associada a taxas mais baixas de doença cardiovascular, bem como de mortalidade por todas as
causas.
4. A gordura saturada aumenta o colesterol LDL, uma das principais causas de aterosclerose e
doença cardiovascular, e substituí-la por gordura Pol insaturada ou monoinsaturada, diminui o
colesterol LDL.
5. Substituir gorduras saturadas por gorduras poli ou monoinsaturadas reduz os níveis de
triglicerídeos no sangue, um biomarcador independente de risco para DCV.
6. A substituição da gordura saturada por poli-insaturada previne e regride a aterosclerose em
primatas não humanos.
7. Em geral, as evidências suportam a conclusão de que a gordura poli-insaturada de óleos vegetais
(principalmente n-6, ácido linoléico) reduz um pouco mais a DCV do que a gordura
monoinsaturada (principalmente ácido oleico) ao substituir a gordura saturada.

A guideline ainda explora os ensaios clínicos randomizados (ECR), realizados nos últimos anos com
o objetivo de entender as possíveis relações causais que relacionam o consumo de gordura saturada da
dieta. Este delineamento de estudo tende a ser o mais adequado, visando a minimização de possíveis

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vieses. Todavia, como a própria guideline diz, um ECR de um alimento ou nutriente deve atingir uma
diferença biologicamente significativa a partir da ingestão, entre os grupos intervenção e controle, assim
como também deve sustentar esta mudança por tempo suficiente para fornecer um resultado válido, o
que dificulta a realização desses estudos.

Além disso, os próprios participantes podem enfrentar problemas na adesão à dieta oferecida pelo
estudo, podendo retornar para sua dieta mais familiar. A própria adesão também dialoga com o fator
temporal, com alguns ensaios mantendo essa diferença da gordura saturada por muitos anos, enquanto
uns veem este como um fator limitante. Outro ponto importante diz respeito a heterogeneidade entre
os estudos com também relação ao controle (nutriente comparador), tendo alguns substituído a gordura
saturada por gorduras poli-insaturadas, e outros por carboidratos, variando entre os tipos específicos,
visto que os macronutrientes podem diferir mesmo que componham um mesmo grupo, o que dificulta
analisar a partir da síntese da evidência como um todo.

Figura 4.1 Diretriz da Associação Americana do Coração (Sacks, Frank M, et al, 2017)

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O que diz a Sociedade Brasileira de Cardiologia?
A partir de uma ampla revisão da literatura, a Sociedade Brasileira de Cardiologia relaciona diferentes
desfechos ao metabolismo dos lipídeos da dieta, como o desenvolvimento de esteatose hepática não
alcoólica. A figura abaixo, retirada deste artigo, ilustra os diferentes lipídeos dietéticos, como a gordura
trans, gordura saturada, assim como as gorduras consideradas “mais saudáveis'', como as gorduras mono
e poli-insaturadas e sua distribuição em vários alimentos. Aprofundando a gordura trans, dados do
National Health Service (NHS) mostram que a cada 2% do aumento do consumo deste tipo de gordura,

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há um aumento de 1,93 no risco relativo para doença coronariana. Além disso, a substituição de 2% de
gordura trans, por algum tipo de gordura insaturada, reduziu em mais da metade (53%) o risco
cardiovascular, conforme os resultados obtidos pelo Seven Countries Study. Essa ação deletéria da
gordura trans está bastante atribuída a sua ação sobre o aumento do LDL-c, bem como pela diminuição
dos transportadores ABCA1 e ABCG1, estruturas envolvidas com o efluxo de colesterol dos macrófagos
para as ApoA-I e para a HDL, conforme discutido anteriormente.

Figura 5.1 Percentual de ácidos graxos por alimentos (Maria Cristina, C.O, et al, 2020)

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Hipótese da Dieta Cardíaca
No ano de 1958, o pesquisador Ancel Keys propôs uma teoria inicial, intitulada por Hipótese da Dieta
Cardíaca. Esta teoria concentrava a ideia de que haveria uma relação direta entre a quantidade de
gordura da dieta e a incidência de doenças cardíacas, ou seja, o foco estava na gordura total, e não
nos biomarcadores que avaliamos por ora, bem como no tipo de gordura predominante da dieta. Nesse
sentido, hoje temos marcadores que melhor predizem risco cardiovascular, como os triglicerídeos e as
lipoproteínas HDL e LDL, não sendo mais tão relevante avaliar o consumo de colesterol dietético. A
tabela abaixo mostra os valores de referência para estes marcadores. Por não ser necessário jejum para
realização dos exames de perfil lipídico, há valores de referência para ambos os contextos.

Valores de Referência Com Jejum (mg/dl) Sem Jejum (mg/dl)

Colesterol total < 190 < 190

HDL-c > 40 homens e >50 mulheres > 40 homens e >50 mulheres

Triglicerídeos < 150 < 175

Figura 6.1 Valores de referência de perfil lipídico (Tabela Videoaula Nutrifix)

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Os níveis de LDL são avaliados a partir do risco cardiovascular que o paciente já possui. Dessa forma, um
indivíduo mais saudável não demandará uma maior redução de LDL, como é observado na última linha,
em um contexto de paciente com maior risco.

Valores de Referência Valor (mg/dl) Risco

LDL-c <130 Baixo

LDL-c <100 Intermediário

LDL-c <70 Alto

LDL-c <50 Muito Alto

Figura 6.2 Risco cardiovascular e nível de LDL-c (Tabela Videoaula Nutrifix)

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Óleo de Soja
Dos ácidos graxos discutidos anteriormente, o predominante no óleo de soja é o ácido linoleico, um AG
poli-insaturado, sendo portanto um lipídio mais benéfico para a saúde cardiovascular. Este ácido graxo é
conhecido como ômega 6, também presente em outros óleos, como o de girassol e milho, e em
oleaginosas, como a castanha do Pará. O ômega 6 costuma ser caracterizado como um tipo de gordura
mais inflamatória, ganhando o ômega 3 o papel oposto. Biologicamente, o ácido araquidônico, um produto
do ácido linoleico, possui a capacidade de atuar como uma molécula com potencial pró-inflamatório no
organismo, a partir da produção de eicosanóides pró-inflamatórios (prostaglandinas, tromboxanos,
leucotrienos e prostaciclinas), moléculas envolvidas com a inflamação. No entanto, isso não permite
grandes extrapolações, considerando a falta de estudos que comprovem agravos clinicamente
significativos a partir de um maior consumo deste tipo de gordura. Ainda assim, esse tipo de alegação
costuma ser erroneamente reforçado por alguns profissionais da saúde.

Alguns dos parâmetros observados por diferentes estudos incluíram análise do estresse oxidativo e
inflamação. Alguns ensaios clínicos randomizados recrutaram adultos, com níveis elevados de LDL-c (>
130mg/dl), e avaliaram a relação entre o consumo de óleo de soja (⅔ da ingestão total de gorduras) e

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possíveis alterações na proteína C-reativa de alta sensibilidade, quando comparada à manteiga,


margarina dura e óleos de soja com gordura vegetal hidrogenada, não encontrando alterações nela, que
caracteriza um importante potencializador de risco para doenças cardiovasculares. Além disso, efeitos
na resposta imune celular e produção de citocinas inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6) também
foram avaliados, observando-se níveis mais baixos destas citocinas a partir do óleo de soja. Levando essa
análise para uma revisão sistemática, publicada em 2012, que incluiu 15 ensaios clínicos randomizados,
não observou efeitos relacionados à ingestão dietética de óleo de soja em marcadores biológicos de
inflamação crônica. Outra revisão, incluindo mais estudos, também demonstrou esta ausência de resposta
em marcadores de fase aguda. Neste contexto, não é correto afirmar que o maior consumo de ômega 6 é
prejudicial, sendo seu consumo, assim como de outras gorduras insaturadas, muito benéfico para a
redução de LDL-c, quando passa a substituir as gorduras saturadas.

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Óleo de Coco
Pensando-se em perfil lipídico, o óleo de coco não é um alimento saudável, ao contrário do que ainda
é muito divulgado por alguns profissionais e influenciadores digitais. Em consequência a essa propagação
equivocada, uma grande parcela da população ainda pensa o oposto, consumindo uma grande quantidade
do alimento no preparo de suas refeições. Uma pesquisa, realizada no ano de 2016, observou que cerca
de 75% dos americanos viam o óleo de coco como um alimento saudável. Todavia, é necessário enfatizar
os prejuízos atribuídos à grande quantidade de gordura saturada presente neste alimento, visando a
moderação no consumo pela população.

O ácido láurico é o ácido graxo mais abundante no óleo de coco, sendo um exemplo de gordura
saturada, ou seja, é um tipo de gordura que não apresenta ligações dupla entre os carbonos da molécula.
Como visto anteriormente, a gordura saturada, assim como a gordura trans, aumenta os níveis de LDL-c
plasmáticos, conferindo maior risco cardiovascular, o que faz com que o consumo desse tipo de gordura
não seja interessante. É válido destacar que esta gordura pode ser consumida, desde que com um certo
controle. Indivíduos com uma rotina adequada de treino (ou outro exercício), bons hábitos alimentares,
não ficarão doentes por consumirem um pouco de manteiga por dia, por exemplo. Todavia, ainda pensando
em indivíduos saudáveis, não é recomendado que as gorduras saturadas ultrapassem 10% das gorduras

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totais. Este controle precisa ser ainda maior quando pensamos em indivíduos com hipercolesterolemia
familiar e diabetes.

A partir disso, a substituição do óleo de coco por óleos vegetais insaturados não tropicais é bastante
interessante, principalmente aqueles que possuem um rico conteúdo de gorduras poli-insaturadas, como
os óleos de soja, canola, milho e girassol, uma substituição bastante interessante, como mostram alguns
ensaios clínicos randomizados, visando a redução de risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.

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Óleo de Canola
O óleo de canola é um alimento rico em gorduras monoinsaturadas, como o ômega 9, a gordura
insaturada mais abundante na alimentação, estando presente em oleaginosas, no abacate e no
azeite de oliva. Este óleo é obtido a partir da planta Colza, uma espécie com capacidade de produzir ácido
erúcico, um componente bastante tóxico, presente em suas sementes. No entanto, o consumo de óleo de
canola é bastante seguro, visto que hoje se produz uma colza geneticamente modificada, o que permite
que suas sementes não produzam esse composto tóxico, o que invalida os argumentos de quem ainda cita
a presença de ácido erúcico no óleo de canola.

É importante destacar que o óleo de canola também contém uma boa quantidade de ômega 6 e ômega 3,
gorduras poli-insaturadas que nosso corpo não sintetiza, sendo portanto, essenciais. A partir da tabela
abaixo é possível observar que, a cada 100g de gorduras do óleo, cerca de 63% é apenas de ômega 9,
com apenas de 8% do conteúdo em gorduras saturadas. Os outros óleos, como o de oliva, soja e girassol
também apresentam um percentual bastante reduzido de gordura saturadas.

Óleo Kcal Gordura Gordura Ômega 9 Ômega Ômega 3


(100g) Total (g) Saturada (g) (g) 6(g) (g)

Oliva 884 100 14,9 75,5 8,74 0,75

Soja 884 100 15,2 23,3 53,85 5,72

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Canola 884 100 7,9 62,6 20,87 6,78

Girassol 884 100 10,8 25,4 62,22 0,39

Figura 9.1 Tipos de gordura de óleos vegetais não tropicais (Tabela Videoaula Nutrifix)

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Manteiga ou Margarina?
A manteiga é um alimento lácteo composto majoritariamente por ácidos graxos saturados, como
o ácido palmítico, mirístico, esteárico e láurico, tendo uma concentração de gorduras insaturadas menos
expressiva. Por ter poucos ingredientes, muitos ainda acreditam que a manteiga é mais benéfica para o
perfil lipídico que a margarina. Entretanto, as margarinas não são mais feitas a partir de gordura
vegetal hidrogenada, como antigamente. Esta gordura vegetal hidrogenada, também conhecida como
gordura trans, está relacionada a aumento da resistência à insulina e disfunção endotelial, sendo ainda
mais prejudicial para o perfil lipídico que a própria gordura saturada. Nesse sentido, a margarina passa
a ser a melhor opção entre as duas, o que não anula a importância de seu consumo também estar inserido
em um contexto alimentar saudável, e em quantidades moderadas. O gráfico abaixo ilustra a mudança
no perfil lipídico a partir do consumo de margarinas semilíquidas, manteiga e óleos vegetais, sobretudo
a redução dos níveis de LDL, sendo visualizada maior redução em óleos vegetais não tropicais, como o
óleo de soja e as margarinas semilíquidas (como as vendidas comercialmente).

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Figura 10.1 Mudança no perfil lipídico a partir de manteigas e margarinas (Alice H, Lichtenstein, D.SC, et al, 1999)

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Qual o melhor óleo para cozinhar?
Como vimos anteriormente, os óleos vegetais refinados e não tropicais (canola, milho, oliva, soja, girassol)
são mais saudáveis que as gorduras animais e óleos tropicais, como o óleo de coco. Todavia, frituras de
imersão continuam não sendo a melhor forma de preparo dos alimentos, sendo mais interessante que os
alimentos sejam mais grelhados, e portanto, menos fritos. É importante ter em mente que as frituras
realizadas em grandes redes de fast food costumam ser feitas a partir de gordura vegetal hidrogenada,
lipídio mais prejudicial para a saúde. Ademais, lembre-se que este tipo de gordura pode não acompanhar
apenas fontes vegetais, sendo muito presente em alimentos de origem animal, como nas carnes e
laticínios.

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O ponto de fumaça varia entre os diferentes óleos, sendo de fundamental importância que se evite o
reuso destes alimentos excessivamente, pois ao atingirem esse ponto, eles passam a se degradar por
meio de reações de oxidação, tornando-se prejudiciais para a saúde, independentemente do tipo de
gordura mais abundante no alimento. Importante destacar que o óleo de canola e o azeite de oliva
apresentam pontos de fumaça mais baixos, em comparação a outros óleos, como o de soja, não sendo
opções tão indicados para frituras de imersão, como no preparo de batatas fritas. Caso o óleo apresente
odor desagradável, também é aconselhável que não seja utilizado. Armazenamentos por longos períodos
também podem prejudicar a qualidade do óleo, fazendo com que se torne oxidado ou rançoso, e não possa
ser utilizado.

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Aterosclerose
A aterosclerose é uma condição clínica caracterizada por depósito de ésteres de colesterol, e em
artérias de médio e grande calibres, sendo derivada da lesão arterial base para maior parte das
doenças cardiovasculares. É importante entender que esta deposição de colesterol pouco se dá pelo
consumo dietético de colesterol, abundante em fontes animais, como ovos e lácteos, mas sim pelo
excesso do colesterol endógeno, transportado pela lipoproteína LDL. Todavia, esta condição é
multifatorial, estando relacionada não só às dislipidemias, mas também a condições como o Diabetes
Melito Tipo II e Hipertensão Arterial, caracterizados por um aumento de moléculas glicosiladas e pelo
estresse hemodinâmico, respectivamente.
Esses e outros fatores, como a ação de citocinas, componentes do sistema complemento, e até mesmo
produtos bacterianos, possibilitam a ativação endotelial, ou seja, eles alteram a expressão de diversas
moléculas produzidas pelo endotélio (a camada mais superficial do vaso que está em contato com o
sangue), que, consequentemente, passam a produzir quimiocinas, fatores de crescimento, moléculas
vasoativas, entre muitas outras estruturas que não produziriam normalmente. Abaixo do endotélio, há
células musculares lisas que respondem a estes fatores de crescimento, migrando para esta camada

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superficial e sintetizando matriz extracelular, como uma grande quantidade de colágeno. O colesterol
anteriormente citado, ao aderir-se ao endotélio, passa a interagir com macrófagos (leucócitos que quando
estão no sangue são chamados de monócitos), além da interação com outras estruturas do sistema imune
como linfócitos T, outro tipo de leucócito. Estas estruturas compõem um centro lipídico da placa
aterosclerótica, também composta por uma capa fibrosa (com o colágeno sintetizado pelo endotélio e
células musculares), como é possível ver na figura abaixo.

Figura 12.1 Formação de placa aterosclerótica (FILHO, Geraldo B, 2016)

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