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BICARBONATO DE SÓDIO
Vamos, nesse e-book, tratar sobre os problemas da
acidificação do nosso organismo, especialmente no que
tange ao desempenho esportivo, envolvendo a queda de
performance, aumento do catabolismo muscular e
diminuição da queima de gordura.

E isso quer dizer que vamos flertar com o Bicarbonato de


Sódio, desconhecido pela grande maioria das pessoas, mas
que, provavelmente, todos têm em casa.

1- INTRODUÇÃO

Precisaremos fazer uma considerável introdução, haja vista


que necessito expor uma pequena quantidade de conceitos
de bioquímica para deixar o conjunto da leitura mais
tranquilo.

A) SOBRE O pH

Primeiramente, vamos tratar sobre a definição do cientista


Arrhenius: ácidos são substâncias que, em meio aquoso,
liberam íons H+; bases, por sua vez, participam com o OH-

Para medirmos a acidez/basicidade de uma substância,


utilizamos o tal do pH, que significa “poder de concentração
dos íons H+. Neste caso, temos uma tabela que vai de 0 a
14, sendo os números menores que 7 os representantes do
grupo ácido; os de valor 7, os do grupo neutro; os maiores
que 7, os básicos.

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Acho importante mencionar que nem todo ácido possui
aquele poder corrosivo assustador que vemos nos filmes e
tudo mais. Alguns refrigerantes, por exemplo, têm pH 2,5 e
nem por isso, infelizmente, eles destroem a lata que serve
de recipiente, muito menos a sua boca...

Por fim, temos uma coisa que normalmente confunde a


galera: se você quer aumentar a acidez de uma substância,
o que você faz: aumenta ou diminui o pH?

Aumenta certo? Se queremos aumentar a acidez, é só


aumentar o pH e já era... Errado! Precisamos diminuir o pH
de uma substância para aumentarmos a sua acidez. Para
tanto, poderemos aumentar a concentração de íons H+. Por
outro lado, caso elevemos o pH, para mais de 7, estaremos
deixando a solução ainda mais alcalina (básica).

B) NA DIGESTÃO

A digestão começa na boca, com a mastigação e a atuação


da amilase salivar, e aqui já temos uma curiosidade: o pH
deve ser preferencialmente neutro. Pessoas com saliva

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ácida, além de prejudicarem a atuação da enzima, ainda têm
tendência a desenvolver cáries.

Depois de triturado, cortado, rasgado, destruído e babado, o


alimento é deglutido e, em aproximadamente 6 segundos,
atinge seu estômago. Aqui já temos um contexto todo
especial: a enzima que começará a atuar é a pepsina, que
trabalha em meio ácido (pH entre 1 e 2) e digere proteínas.

No entanto, você já parou para pensar no porquê de seu


estômago não digerir ele mesmo, além de outros órgãos,
quando vazio? Pois é, o mecanismo de defesa do organismo
é o seguinte: a pepsina, na falta de alimentos, fica inativada
na forma de pepsinogênio.

Quando o estômago percebe que você está comendo, ele


pega e libera HCl (ácido clorídrico), para deixar o meio ácido
e também para dar uma espécie de “esterilizada” no
alimento, matando diversos micro-organismos que entram
junto da comida, algumas vezes loucos para te deixarem
doente.

Com a diminuição do pH, a pepsina é novamente ativada e


passa a digerir as proteínas que estão chegando.

Depois de algumas horas, chega a vez do duodeno, a porção


inicial do intestino delgado, terminar o serviço. O problema
é que o quimo (“comida”) que chega nele é muito ácido, por
conta do HCl, e pode destruir suas membranas internas, haja
vista que ele não consegue produzir um muco especial de
revestimento como o do estômago.

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Então, assim que o quimo toca a parede do duodeno, este
libera um hormônio chamado secretina, que avisa o
pâncreas, uma das glândulas anexas do sistema digestório,
que ele precisa produzir o suco pancreático, substância rica
em bicarbonato de sódio (e enzimas digestivas), para que o
pH suba de 1-2 para 8-8,5.

Sim, é isso mesmo que você leu: o seu pâncreas fabrica


bicarbonato de sódio. A título de curiosidade, a bile,
produzida pelo fígado, também dá uma forcinha na hora de
alcalinizar a digestão.

Essa foi a simplificação da simplificação, mas que já está de


bom tamanho para a leitura desse e-book. Quem sobreviveu
até aqui, sem cochilar, meus parabéns!

2. OS PROBLEMAS DA ACIDEZ CORPORAL

Um dos aspectos mais importantes no que diz respeito ao


desenvolvimento muscular e à manutenção de um estado
anabólico é o balanço ácido-base do nosso organismo. Se o
seu sangue estiver com muitos H+, pode esperar: menor
perda de gordura, menor ganho de força e maior catabolismo
de massa muscular.

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O sangue de uma pessoa saudável tem pH por volta de 7,4,
ou seja, levemente alcalino. Porém, por conta do estilo de
vida do homem moderno, esse número vem caindo e o
sangue vem passando por um “processo de acidificação”.

No que tange aos marombeiros, temos três fatores que


auxiliam para este quadro:

- Quando treinamos, produzimos muito ácido lático;


- Nossa alimentação é muita rica em proteínas, que
são gigantescos grupamentos de aminoácidos ou, em
outras palavras, “aminas-ácidas”;
- No cutting, com uma dieta de baixo carbo,
induzimos o organismo a um estado de cetose: de
forma simplificada, é quando convertemos gordura em
ácidos graxos e corpos cetônicos para obtermos
energia. Uma das consequências disto é a queda no pH
(cetoacidose).

Bom, sem dar nenhuma dica nem destacar palavras do texto,


eu pergunto: o que estes três processos têm em comum?
Hum... O lance do ácido? Isso! E se é ácido, o pH é menor
que 7.

Apresentei as causas, agora vamos ver algumas


consequências:

- pH e musculação: a síntese proteica é muito mais elevada


num meio básico do que em um ácido. O mesmo vale para o
catabolismo muscular, que tende a aumentar ao passo que
o pH diminui (a enzima que quebra o BCAA muscular, por
exemplo, aumenta sua ação em 53%. Outra enormemente
prejudicada é a glutamina).

Outro ponto interessante é que o hormônio IGF-1, um dos

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mais anabólicos do nosso corpo, sofre uma queda de 25%
quando estamos em estado de acidose corporal. O mesmo
vale para a insulina e para o GH (hormônio do crescimento),
que sofrem maior resistência do organismo para agirem.

O cortisol, desgraçado como sempre, dá-se muito bem em


pH baixos e aumenta o catabolismo proteico... Percebam que
cenário horrível!

Para piorar, como se nada disso fosse ruim o suficiente, a


queima de gordura diminui em meios ácidos. Por fim, temos
ainda um aumento do apetite e uma queda considerável na
ação dos hormônios da tiroide. (Too, D., 1998).

- Performance esportiva: em meios mais ácidos, a fadiga


muscular acontece mais rápido. O motivo é o acúmulo de
íons do ácido lático, produto do metabolismo (fermentação)
da glicose na ausência de oxigênio (meio anaeróbio).

Prejudicando ainda mais o cenário, imagine começar o treino


com o pH corporal mais baixo do que o normal? A fadiga virá
ainda mais rápido e seu treino será um lixo...

- Problemas renais: o problema que eu gostaria de


explorar neste contexto é o da acidose metabólica, que é
gerada pelo aumento do catabolismo proteico, diminuição da
síntese proteica e pelo balanço nitrogenado negativo
(Manz, F., 1995).

Este quadro é facilmente administrável por pessoas


saudáveis, portanto, não tenha medo de uma dieta
hiperproteica, pelo amor de deus! O problema ocorre,
todavia, com pessoas idosas e com as que têm pré-
disposição ao desenvolvimento de distúrbios renais.

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Outro sintoma que se costuma apresentar por conta deste
inconveniente é a hipercalciúria: nosso corpo vai “soltando”
grandes quantidades de cálcio para tentar neutralizar a
acidez. Resultados: desenvolvimento de doenças ósseas no
longo prazo, como osteoporose; muito cálcio na urina não é
legal, pois pode formar cálculos.

Um dos fatores mais importantes aqui é o cuidado da dieta.


É muito fácil responsabilizar a proteína por todos os males,
porém, saiba que o quadro de acidose metabólica ocorre, na
maioria dos casos, pela baixa ingestão de alimentos
alcalinos, como a maioria dos vegetais.

Como um dos tratamentos viáveis, para todos estes


problemas, convido, mais uma vez, nosso amigo bicarbonato
para brilhar.

Vimos a bagunça que o nosso esporte faz em nosso pH


corporal. As dietas ricas em aminoácidos, as hipocalóricas
que visam à queima de gordura (cetoacidose) e os treinos
intensos (liberando ácido lático) criam um “excelente”
quadro de acidificação do organismo.

Os resultados disso são a queda do anabolismo, aumento do


catabolismo e do acúmulo de gordura.
Sendo assim, a partir de agora aproveitaremos este contexto
para falar sobre o bicarbonato e suas funções do aumento do
pH.

3. CONHECENDO O BICARBONATO

O bicarbonato de sódio (ou hidrogenocarbonato de sódio),


cuja fórmula é NaHCO3, já é usado há muitas décadas pelos
marombas, sendo inclusive considerado um suplemento old
school, mas que, infelizmente, nunca recebeu a devida
atenção que merece.

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É bastante curioso o fato de ele não ser famoso,
especialmente se levarmos em conta seu baixo custo e sua
fácil acessibilidade, haja vista que quase todos o tem em
casa. Talvez essa falta de informação seja bem do gosto das
indústrias de suplementos, afinal, para eles é muito mais
interessante que você gaste seu dinheiro com um pré- treino
caro do que com uma dose de bicarbonato de sódio que vai
lhe custar alguns trocados...

Ele normalmente aparece em pequenas quantidades em


nosso sangue e é produzido pelos rins. Tem o aspecto de um
pó branco, de sabor, infelizmente, nada convidativo, sendo
este um dos principais fatores que desincentivam as pessoas
a tomá-lo. Seu aproveitamento pela indústria química é
bastante amplo, envolvendo extintores de incêndio,
fermentos químicos, antiácidos, desodorantes, entre outras
tranqueiras.

No que diz respeito à musculação, o bicarbonato é um


importantíssimo tampão extracelular que nosso organismo
utiliza para “combater” a acidose corporal. O problema é que,
no caso de nós marombeiros, a demanda é maior do que a
produção interna.

As principais causas disso são a falta de bicarbonato na

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dieta, o aumento dos gastos da substância durante o
treinamento para dar uma “segurada” no ácido lático e a
elevada perda que ele sofre para a urina.

Tendo em vista este cenário, além de outros fatores que irei


expor mais adiante, seria interessante pensarmos em sua
suplementação.

4. O ÁCIDO LÁTICO E O pH MUSCULAR


Aí está lá você, todo paquitão na academia, fazendo o seu
treino. Qual a principal fonte de energia gasta pelos
músculos durante os exercícios? O glicogênio. A glicose dele
é oxidada e vai fornecer os subsídios para que você realize o
seu trabalho muscular. Só que nem tudo são flores, essa
reação produz um resíduo, que acredito que quase todos já
ouviram falar: o ácido lático.
Como o próprio nome já diz, ele é ácido, ou seja, possui pH
baixo (se fosse básico, o ph seria alto (maior que 7)). Sendo
assim, durante o exercício, o pH muscular vai ficando ácido,
por conta do acúmulo de H+ (íons de hidrogênio).

Continuando, o meio ácido tem um problema: ele prejudica


o seu desempenho ao puxar ferro. Conforme o nível de
acidez na musculatura aumenta, inibe-se a atuação de
importantes enzimas responsáveis pela “geração de
energia”, como a fosfofrutoquinase e a fosforilase. Em outras
palavras, presenciamos a fadiga muscular, a queda

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de rendimento e a impossibilidade de se executar aquela
repetição a mais.
Agora, posto isso, vamos chamar o bicarbonato na
brincadeira:
Como foi dito acima, ele participa do tamponamento ácido-
base no tecido muscular. Isso significa que ela é capaz de
atrapalhar/atrasar o processo de acidificação que ocorre por
conta do acúmulo de íons de hidrogênio, fato que vai permitir
que você tenha maior disposição no treino, pegue mais peso,
faça mais repetições, etc., melhorando, assim, seu
desempenho como um todo.
Por conta disso que se começou a acrescentá-lo nos
suplementos chamados de “pré-treino/pre workout”, que
viraram uma verdadeira febre já há alguns anos...
Infelizmente, os melhores benefícios da suplementação
estão com a turma dos exercícios de alta intensidade e de
curta duração, como nos anaeróbios, não apresentando
resultados satisfatórios com os aeróbios.
Rapaziada, só para frisar, já que o assunto é muito
importante, temos as seguintes ideias centrais discutidas até
agora: os exercícios aumentam o ácido lático, que por sua
vez acidifica a musculatura, gerando a fadiga. O bicarbonato
vai atuar nesse cenário como tampão, atrasando a
acidificação e ajudando a retardar a falha muscular,
permitindo, com isso, que se aumente a intensidade nos
treinos.
5. A SUPLEMENTAÇÃO E ALGUNS EFEITOS
COLATERAIS
A suplementação de bicarbonato de sódio pode não ser tão
simples quanto parece. Existe uma série de marotagens para
aumentar a sua eficácia, além de diminuir o aparecimento
dos colaterais.
O primeiro problema começa na ingestão do produto:
quando chega no estômago, o NaHCO3 reage com o HCl do
estômago, da seguinte maneira:

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NaHCO3(s) + HCl(aq) -> NaCl(s) + H2CO3(aq) -> NaCl(s) + H2O(l)
+ CO2(g)
Reparem que desta reação, podemos tirar algumas
conclusões e tecer alguns comentários:
- A concentração de ácido no estômago diminui: isso pode
não ser nada bom caso você tenha muitos alimentos
proteicos neste órgão, haja vista que a enzima pepsina, que
funciona num pH entre 1-2, não vai conseguir trabalhar
muito bem e a sua digestão deste querido macronutriente
ficará muito mais lenta, além de prejudicada.
- Formação de gás carbônico (CO2): sua barriga vai dar
uma bela de uma dilatada, como no início de uma
gestação, mas fique tranquilo, pois você só vai parir a
criança mais tarde...

Além da maravilhosa sensação de estômago “inchado”, você


também vai arrotar bastante: BURP! BURP! (Acho
importante mencionar que há pessoas que chegam inclusive
a vomitar por conta do mal estar).

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Posto isto, a brincadeira continua pelo tubo digestório: seus
intestinos, assim como a flora intestinal, podem não apreciar
muito essa bagunça toda e começarão a protestar através de
gases e de cólicas. Resultado: chegou a hora de parir a
criança, com uma bela má rabugem, também chamada de
caganeira, com belos e sonoros peidos.
De que adianta o bicarbonato de sódio ser tão legal se dá
tantos colaterais assim?!

5. A SUPLEMENTAÇÃO E ALGUNS EFEITOS


COLATERAIS
A coisa pode ser barra pesada mesmo. Imaginem só que
maravilha: você toma esse suplemento para “combater” a
acidez e melhorar o seu desempenho esportivo. E de fato dá
certo, você consegue fazer muito mais repetições e o treino
melhora, porém, não para de arrotar, peidar e de ir ao
banheiro evacuar/vomitar todo santo intervalo!
Complicado, né? No entanto, é agora que entram em cena
os macetes, já que o bicarbonato não é só sair tomando e
correr para o abraço... o negócio não é para marinheiros de
primeira viagem.
A maneira mais segura de experimentar é começando com
pequenas doses, diluídas num bom volume de água. Aí o
sujeito vai tomando a bebidinha aos goles, dentro de um
determinado período de tempo, cujo fim coincida com a
marca de 60 a 90 minutos antes de iniciar o treino.
QUAL DOSE DEVO TOMAR?
O clássico é tomar no mínimo 200mg/kg e no máximo
500mg/kg, ou seja, x miligramas de bicarbonato para cada
kg corpóreo. Abaixo desse primeiro valor, não se costuma
obter resultados esportivos satisfatórios.
Tenha em mente que o aumento da dose traz,
proporcionalmente, mais resultados e mais efeitos
colaterais. 500mg/kg é um excelente valor, contudo, fica
bastante difícil de segurar o rojão, literalmente, ao longo do
treino.

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Algo que já fiz e gostei foi diluir a dose escolhida em 1 litro
de água e matar aos goles, num espaço de tempo de 20 a
30 minutos, sempre com o estômago vazio, para diminuir a
reação com o HCl e não prejudicar a digestão das proteínas.
Aí termino a brincadeira faltando algo como 70 minutos para
o início do treino. Faço isto uma vez que o pico de ação deste
suplemento leva, mais ou menos, 90 minutos para
acontecer. Aí é só partir para o abraço e arregaçar nos
treinos.
Outro possível protocolo que conheço seria tomar
microdoses de bicarbonato ao longo do dia, um negócio bem
light, para não apresentar efeitos colaterais consideráveis.
Você pode subir as quantidades de 5 em 5g, por exemplo,
até achar a sua dose ideal (melhor custo X benefício). Essa
prática também pode ser utilizada com objetivo medicinal,
diminuindo a acidez corpórea e fazendo o corpo trabalhar
melhor.
SOBRE O GOSTO
Vocês perceberão que o gosto não é nada tranquilo. Sendo
assim, existem três saídas:
- Manipular a substância em cápsulas: só serve para quem
toma pequenas quantidades... imagine tomar 50g de
bicarbonato em cápsulas... zuado heim?!
- Misturar com alguma bebida: dificilmente você conseguirá
mascarar totalmente o gosto, mas vale a pena tentar. Uma

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possibilidade interessante é a de juntar com o glicerol, como
veremos abaixo.
- Ir na raça e tomar puro: esta é a minha versão. A careta e
a cara de nojinho ao final dos goles são opcionais.
6. BICARBONATO DE SÓDIO E SEUS AMIGUINHOS: OS
SUBSTITUTOS E OS SINERGISTAS
O bicarbonato de sódio possui alguns amiguinhos que eu
gostaria de apresentar. Primeiramente, vamos aos seus
substitutos:
- BICARBONATO DE POTÁSSIO: esta seria uma versão para
aqueles que estão em busca de uma retenção hídrica
mínima, por exemplo, numa reta final de cutting.
Para a maior parte das pessoas, acho que está ok tomar a
versão do sódio, haja vista que sua concentração molecular
na substância é de apenas 28%. Sendo assim, você zera o
sódio da dieta e passa a usar o bicarbonato de sódio como
fonte.
Além disso, segundo uma pesquisa (Lakhansky, 2002) o Na
do NaHCO3 não é tão bem aproveitado/absorvido pelo corpo
quanto o do NaCl (sal de cozinha). E, para finalizar, no que
tange è hipertensão arterial, aparentemente o cloreto (Cl)
presente no sal de cozinha, é muito mais agressivo do que o
Na (Schmidlin, 2010).
De qualquer maneira, você poderá tomar também o
bicarbonato de potássio. Apenas não exagere, haja vista que
o K é nocivo/letal em altas concentrações (segundo estudos
já realizados, até 9g/dia de bicarbonato de potássio está ok).
Uma sugestão interessante seria misturar,
proporcionalmente, os dois tipos de bicarbonato e
suplementar.

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- CITRATO DE SÓDIO: age da mesma forma que o
bicarbonato de sódio, porém, em alguns casos, dá menores
resultados com iguais efeitos colaterais. Também existem
as versões citrato de cálcio e citrato de magnésio, que
ainda teriam o benefício de oferecerem importantes
minerais ao organismo.
Uma interessante vantagem que ele proporciona é a de
reagir com o cálcio livre da urina, aquele que aumenta os
riscos de desenvolvimento de cálculo renal (oxalato de
cálcio), prevenindo a doença.
Agora, em relação aos sinergistas, temos:
- GLUTAMINA: a suplementação desta (2g) é capaz de
aumentar a produção corporal de bicarbonato de sódio em
20% depois de 90 minutos do consumo (Welbourne, 1998).
Para maiores informações sobre a gluta, cliqueaqui.
- CAFEÍNA: age sinergicamente, melhorando a performance
esportiva, porém, aumenta barbaramente os efeitos
colaterais do bicarbonato de sódio, especialmente a diarreia,
ou melhor, má rabugem...

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- GLICEROL: é um volumizador celular que causa pumps
sinistros. Retém grandes quantidades de água intracelular,
aumentando o metabolismo das células musculares,
melhorando a performance esportiva, e ainda tem gostinho
doce, que ajudaria a mascaria o “delicioso” saber do
bicarbonato.
- CREATINA: meu suplemento favorito, tendo, de longe,
talvez o melhor custo X benefício do mercado.

95% da creatina ingerida vai parar na musculatura. Quando


capturada, ela acaba sendo fosforilada, resultando numa
substância chamada fosfato de creatina ou simplesmente
PCr.

Quando treinamos, gastamos vários ATPs (substância que


funciona como uma espécie de bateria das células, para
armazenar energia). Normalmente o músculo vai dizimando
durante a série, até que atinja seu limite e alcance a fadiga.

Mas é aí que entram em cena a enzima creatina quinase (CK)


e o fosfato de creatina: a primeira, quebra a ligação do
fosfato da segunda, liberando-o para ser aproveitado no
processo de regeneração do ADP, fato que resultará em um
novo ATP. Este, por sua vez, estará pronto para ser gasto
em mais algumas repetições, prorrogando a fadiga muscular.

Para que fique claro, a suplementação da creatina está aí


para auxiliar no processo de disponibilização e “regeneração
de energia”, acelerando-o, para que o treino renda mais,
digamos assim. Entenda que isso ocorre mesmo em quem
não toma o suplemento, porém de maneira mais lenta e
limitada, impedindo-o de fazer aquelas repetições extras.
- BETA-ALANINA: a rainha da coceira. Ela se junta à
histidina e forma a carnosina, outro importante tampão
muscular para combater a acidose do exercício. Ao

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contrário do bicarbonato, que age tamponando por fora da
célula, a carnosina faz o seu serviço por dentro. Sendo assim,
temos dois mecanismos que se completam.

Eu nunca tentei, mas imagino que interessante seria tomar


beta-alanina + creatina + bicarbonato de sódio + glicerol: o
quarteto anti-fadiga!

7. TESTANDO NA PRÁTICA: PESQUISAS CIENTÍFICAS


Chegou a parte que a galera mais gosta: as pesquisas! Tem
cara que gosta tanto que quando bateu o olho ali em
“científicas” (do título), já desceu a página correndo!
Prometo que a coisa hoje vai ser light, já que pretendo usar
uma abordagem diferente focando em fotos de tabela.
Espero também nunca mais usar pesquisas de outros
esportes, como as que são feitas com ciclistas, nadadores e
maratonistas, haja vista que são esportes que não nos
representam. Além disso, nem sempre os resultados com
estes caras têm relevância prática para nós. Enfim, fodam-
se essas pesquisas, aqui é maromba!

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Para começarmos, observe esta tabela retirada do site
“ironmagazine.com”. Ela é parte integrante de um estudo
(Carr et al., 2013) feito com pessoas que praticam
musculação e visou à análise da eficácia da suplementação
com bicarbonato de sódio no aumento da performance:

DOSES UTILIZADAS: 300mg/kg, 60 minutos antes do


treino.

LEGENDA:
Primeira tabela: SQ – agachamento; LP – leg press; KE-
cadeira extensora; a coluna da direita, em %, avaliou a
melhora na performance do exercício.

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Segunda tabela: na coluna da esquerda, começando de cima
para baixo, cada item mediu: pH, concentração de
bicarbonato, excesso de base no sangue, concentração de
ácido lático.
Pela análise de todos estes resultados, dá para perceber que
o bicarbonato melhorou bastante o rendimento do treino
(cuidou do pH, aumentou o número de reps, etc.) e
realmente cumpriu com o que promete, ao contrário da
maioria dos produtos vendidos nas lojas de suplementos...
Outras pesquisas (Fonte: texto intitulado “pH anabolic” do
autor Michael Gündill).
- Uma dose de 160mg/kg aumenta o gasto calórico em 10%
e a queima de gordura em 18% por 3 horas;
- 12g/dia, utilizados por 15 dias durante uma dieta
hipocalórica, aparentemente pouparam 1kg de perda de
massa magra, por conta da diminuição do catabolismo e
maior gasto de gorduras.
Observem, agora, este outro estudo (Dunkan et al., 2014),
que mostra o que o bicarbonato pode fazer por você no
quesito “mais repetições”, tanto no agachamento, quanto no
supino:

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Soda é bicarbonato, ok? Digo isso pra nenhum vacilão
achar que os caras mandaram um refri no pré-treino!

8. OUTROS BENEFÍCIOS E CURIOSIDADES SOBRE O


BICARBONATO
- A suplementação dá efeitos maiores nos iniciantes e nos
sedentários, haja vista que os veteranos do esporte têm
maior “habilidade” corporal de lidar com a acidose do
exercício.
- O consumo de bicarbonato em competições não é
considerado dopping.
- Ele funciona bastante bem em treinos que utilizam
técnicas de alta intensidade, como drop-sets, super-sets,
rest-pauses, etc.
- O bicarbonato é utilizado para tratamento e combate ao
câncer: as células saudáveis vivem melhores num ambiente
alcalino. A acidificação prejudica o metabolismo delas e as
envelhece precocemente, beneficiando o desenvolvimento
das células cancerosas. Por conta disto, muitos oncologistas
têm estudado e investido na suplementação de sais de
bicarbonatos com seus pacientes, com resultados
interessantes.
9. CONCLUSÃO
Vimos, ao longo desse e-book, que nós marombeiros temos
forte tendência a sofrer os processos de acidificação corporal.
As consequências disto não são nada boas, haja vista que tal
mecanismo tende a aumentar a ação dos hormônios
catabólicos, a diminuir a dos anabólicos, a prejudicar a
performance esportiva e a queima de gordura.
Para sanar estes problemas, uma excelente pedida é a
suplementação dos bicarbonatos, que ajudam a alcalinizar o
organismo, melhorando seu desempenho como um todo,
inclusive na prevenção de doenças.

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Deve-se tomar o devido cuidado para que a suplementação
seja bem feita, caso contrário, teremos a manifestação de
diversos efeitos colaterais gastrointestinais.
No que tange à musculação, temos que o bicarbonato
funciona como um tampão extracelular, impedindo grandes
quedas no pH muscular por conta do acúmulo de íons H+ ,
oriundos do ácido lático (“resto” do metabolismo da glicose).
O resultado disso é o atraso da falha muscular, permitindo
que o treino seja muito mais intenso, com maior número de
repetições.

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