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INTRODUÇÃO AO ESTUDO
A aula de hoje é sobre fisiologia da testosterona. Nessa aula, você vai
aprender de onde vem esse hormônio, como ele é biotransformado em
nosso organismo, de onde é a fonte desse hormônio até chegar lá no final
na testosterona, que ainda não é uma substância final e dela quais são as
substâncias ou dela testosterona, como outros hormônios vão surgindo
dessa semana a sua atuação, ou seja, essa cascata toda de formação e
atuação em receptores. Além disso, você vai aprender também quais são
os mecanismos de regulação dessa testosterona quando ela sobe,
quando ela desce, como é que o nosso corpo regula isso, como é que ele
contra a balança essa testosterona e muito mais.

Os mecanismos de ação existem vários, tanto diretos como indiretos,


dessas drogas e outros hormônios vão estar influenciando e outros
aspectos vão estar influenciando os mecanismos de ação dessa
substância maravilhosa chamada testosterona. Nós também vamos falar
da cascata de formação do o da testosterona e do hormônio testosterona.
Mas atenção, você não precisa decorar esses nomes, o que você precisa
entender é como uma substância dessa vai sendo transformada em outra
e, mais ainda, o porquê que várias coisas vão influenciar nessa cascata de
formação.

Nós estamos falando que a testosterona é um hormônio


esteroide. Ao ser esteroide, ele é um éster, ou seja, ele é um
álcool. Ele vem de uma outra substância.

Qual é a base? Qual é a substância base que vai dar origem à


testosterona? É o colesterol. Sim, o colesterol também é importante. Nós
não podemos baixar muito o colesterol, se a gente baixar muito a gordura,
se a gente baixar muito o nosso colesterol, nós vamos ter prejuízo de
formação dos hormônios esteroidais, que são o estradiol, a progesterona
e os corticoesteróides lá da glândula supra-renal.

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Então, esses são todos os hormônios esteroidais, mas o que nos
interessa hoje é a testosterona, que é o único desses hormônios todos
que tem uma capacidade de aumentar alguns tecidos, ou seja, tem uma
capacidade anabólica.

TESTOSTERONA - ANABOLISMO X ANDROGENICIDADE

A testosterona é o hormônio esteróide anabólico por excelência. Além de


ela ser anabólica, ela também é androgênica. O que significa isso?
Androgenicidade significa que ela tem a capacidade de fazer surgir os
caracteres sexuais secundários do homem, em Andros homem. Então, ela
torna o perfil da pessoa mais androgênico, mais masculinizado. Muitas
vezes, é isso que nós queremos, mas na maioria das vezes, exatamente o
que a gente não quer. Por exemplo, num adolescente masculino, é
exatamente o que a gente quer. Já num adolescente feminino, a gente não
quer.

Na verdade, quando se trata de uma mulher, a gente não quer isso


em nenhuma idade. Podemos até querer o anabolismo, mas a
gente não quer de jeito nenhum a androgenicidade.

A testosterona é um hormônio que tem uma relação


anabolismo-androgenicidade bastante equilibrada, é um para um, e por
isso ela é o hormônio base por excelência. Por falar nisso, não existe
testosterona bioidêntica. Existe testosterona base. Toda a testosterona é
igual, seja a minha, seja a sua, aí, homem ou mulher, não interessa, a do
cachorrinho, a do hipopótamo, a do elefante, a da baleia. É exatamente a
mesma molécula. A testosterona é a mesma. Tanto nos humanos como
nos animais, a testosterona sempre vem do colesterol e vai passar por
uma cascata de transformação.

Do colesterol, a primeira substância que vai aparecer é a pregnenolona.


Ela vai ser transformada por uma enzima, que tem essa capacidade de

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quebrar moléculas, de transformar moléculas de uma coisa em outra, a 17
alfa-hidroxi pregnenolona e uma outra enzima que vai dar origem a
de-hidro-epiandrosterona. Os nomes são complicados, por isso disse no
início que não é preciso decorar os nomes, mas sim o final dessa cascata,
que vai aparecer o androstenediol e é esse androstenediol é que vai dar
origem à testosterona.

Resumo:

➡️ ➡️
VIRA VIRA
PREGNENOLONA ANDROSTENEDIOL TESTOSTERONA

Esse é o processo que ocorre no homem. Nos homens, essa cascata é, de


preferência, via testicular. Contudo, existem outras maneiras…

Por exemplo, a pregnenolona dá origem diretamente à testosterona. Então


veja abaixo o caminho.

➡️ ➡️
VIRA VIRA
5 HIDROXITESTOSTERONA ANDROSTENEDIONA TESTOSTERONA

Este é o caminho feito pela progesterona. E inclusive, boa parte da


testosterona feminina vem desta progesterona. No homem também
acontece, mas esta via é considerada desprezível, já que a progesterona
masculina é pequenininha. Essa testosterona pode ir para dois lugares:

➡️
Se tiver a presença da enzima:
AROMATASE ESTRADIOL = Hormônio feminino

➡️
Se tiver a presença da enzima:
5 ALFA REDUTASE DIHIDROTESTOSTERONA (DHT)

Importante: A enzima Alfa Redutase é bastante comum no corpo


masculino, contudo, mulheres também podem ter. Principalmente se

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estiverem com síndrome de ovários policísticos. Nesses casos, haverá a
formação do DHT.

O DHT é pouco anabólico, mas é muito androgênico. Ele é o responsável


pelos efeitos colaterais no corpo das mulheres. No homem, o estradiol
também pode dar efeitos colaterais, como por exemplo a ginecomastia
(formação de mamas).

A aromatase vai transformar a testosterona em estradiol. E aí nós vamos


ter um outro tipo de hormônio que é formado dentro das células
gordurosas: a estrona. Quem tem muita gordura, fabrica mais hormônios
femininos, inclusive os homens, proporcionalmente e esse hormônio
feminino segura gordura.

É por isso que as mulheres têm um percentual de gordura mais alto, isso é
ação dessa estrona, desse estradiol. Além disso, há também o estriol, que
esse não faz muita coisa, mas ele também tem sua ação e não tem muito
a ver com a nossa testosterona. Mas é só para você saber, que ele faz
parte dos produtos finais dessa cascata.

MECANISMOS DE REGULAÇÃO DA TESTOSTERONA

Os mecanismos de regulação da testosterona são mecanismos de


feedback. Contudo, no caso da testosterona, é um feedback negativo. Ou
seja, à medida que aumenta a testosterona na nossa circulação, nós
vamos inibir os dois hormônios que estimular o testículo a produzir
testosterona, principalmente um deles.

Antes disso, a gente tem que entender sobre o mecanismo de alça. O


mecanismo de eixo é mais masculino. Porque esse mesmo mecanismo
na mulher, tem outra ação, que é o ciclo menstrual das mulheres, a
ovulação. Então, o que acontece no ovário vai influenciar nesse
mecanismo de regulação.

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Nas mulheres esse mecanismo é mais complicado. Nós não precisamos
de uma regulação tão grande, porque apenas 25% da produção de
testosterona feminina é ovariana.

Lembra da progesterona? Então, 50% testosterona feminina vem dessa


cascata, pode ser até da progesterona, por conversão periférica. Na
periferia do corpo da mulher, nós vamos ter esta conversão até virar
testosterona. E os outros 25% vem da conversão na supra-renal.

Já o homem, tem um mecanismo de alça. Ou seja, quando a testo sobe o


hipotálamo dá uma lida de quanto que está essa testosterona,
principalmente de um derivado da testosterona. Veja abaixo:

➡️ ➡️
VIRA VIRA
TESTOSTERONA ESTRADIOL DIHIDROTESTOSTERONA (DHT)

(por causa da aromatases) (por causa da 5 alfa-redutases)

No hipotálamo, o estradiol tem uma capacidade de bloqueio muito maior


do que a testosterona. O estradiol é produto final, ou seja, ele não
converte mais e é eliminado. Já a testosterona, não é produto final. Ela
vira DHT e se liga ao receptor e vai ficar lá até ser metabolizado.

Observe o esquema abaixo para entender sobre o mecanismo de


regulação da testosterona no homem:

⬇️
HIPOTÁLAMO

⬇️
HIPÓFISE

⬇️
TESTÍCULOS

TESTOSTERONA

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● Quanto mais sobe a testosterona, o hipotálamo para de mandar o
GNRH;
● O GNRH vai estimular a hipófise a liberar o LH e o FSH;
● Principalmente o FSH e o LH vão estimular os testículos a produzir
testosterona.

Portanto:
● Se a testosterona cai, sobe LH e FSH
● Se a testosterona sobe, diminui o LH e o FSH

Vamos a um exemplo:

Paciente XX
Caso: transição de gênero para o masculino
É preciso utilizar bastante testosterona para realizar a transição de
gênero, inibir completamente o mecanismo de regulação da testosterona
para que o paciente pare de ovular e menstruar.

Ou seja, a testosterona em determinadas doses pode virar


anticoncepcional, porque ela inibe a menstruação. PORÉM, a testosterona
não deve ser usada como anticoncepcional, até porque, mesmo sem
menstruar, as mulheres podem ovular.

ENTENDENDO O BLOQUEIO DE EIXO

Por fim, o que você viu acima é o mecanismo regulatório geral. Quanto
mais alta a quantidade de testosterona, mais inibido fica o que chamamos
de eixo. Se utilizar testosterona em doses muito elevadas por um longo
período, o eixo será bloqueado e pode levar muito tempo para voltar ao
normal.

Esse mecanismo anormal é conhecido como eixo bloqueado e, quando


ocorre, é necessário fazer alguma coisa, como atuar farmacologicamente

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para abri-lo novamente. É o que chamamos de TPC (terapia pós ciclo)
durante um certo período com doses de testosterona ou análogos da
testosterona.

Então, lembrem-se: o ciclo pode ser somente com testosterona ou com


outras drogas, como oxandrolona, Stanozolol e vários outros análogos da
testosterona, que podem bloquear esse eixo. Quanto mais tempo ele
permanecer inibido, mais difícil será abri-lo, mas não é impossível.

Tudo o que vimos até agora conseguiu abrir esse eixo. No entanto, uma
coisa que eu quero deixar clara é que, muitas vezes, mesmo abrindo o LH
e o FSH, o testículo ainda não responde. Se bloquear completamente esse
eixo durante 8 a 10 semanas, ou alguns meses, pode levar o mesmo
tempo para desbloquear . Isso significa que posso levar de 6 a 8 meses
para desbloquear totalmente esse eixo, e, às vezes, em dois ou três meses
o paciente já tem LH e FSH normais, mas a quantidade de testosterona
ainda está baixa. Ou seja, esse testículo ainda está hiporresponsivo.

É por isso que, na TPC, é necessário atuar em tudo isso. Bom, então, a
testosterona que virou estradiol, inibe mais fortemente o hipotálamo.
Quanto mais estradiol a testosterona virar durante o ciclo, o estradiol inibe
fortemente a testosterona. Quanto mais tempo de atuação do estradiol,
mais tempo ele inibe.

CONVERSÃO DE MEDIDAS PARA ANÁLISE DE EXAMES LABORATORIAIS

É ideal manter a testosterona em doses fisiológicas. Essa dose varia de


240/300 em homens. Eu prefiro utilizar 800 a 900 nanogramas por
decilitro, que é o normal. Já nas mulheres, é 10 a menos. Podemos pensar
em uma dose de 20 a 30 na mulher, até 70 a 80 em picogramas por
mililitro. Então, usamos outro exame de laboratório que vem em outra
unidade de medida. Quando transformamos o estradiol na mulher, que
parece alto, e ela tem um 20 de testosterona, ela tem cento e poucos de
estradiol. Vocês vão ver que o teste do exame da mulher está vindo em

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nanogramas por decilitro, enquanto o estradiol está vindo em picogramas
por mililitros.

Veja o exemplo abaixo:

Paciente Mulher
40ng/dl de testosterona
Está em fase ovulatória, com 120pc/ml

Todo mundo tem a falsa impressão de que a mulher tem muito mais
estradiol do que testosterona, o que não é verdade. Porque, ao
transformar picogramas por mililitro em nanogramas por decilitro para
comparar de verdade, quando eu comparo as duas coisas, eu tenho que
ter a mesma unidade de medida. Isso vai dar 10 a menos, ou seja, ela vai
ter 12 nanogramas por decilitro de estradiol, bem menos do que a
testosterona. Ou seja, até mesmo a mulher tem mais de testosterona do
que estradiol. Por isso é preciso estudar muito sobre o assunto, para não
ter uma falsa impressão na hora de analisar os exames laboratoriais.

Se a gente não souber interpretar adequadamente esses exames de


laboratório, a testosterona terá vários mecanismos de ação, e esses
mecanismos de ação da testosterona serão influenciados por várias
coisas. Então, ao pegar o exame do nosso paciente, precisamos entender
em que fase ele está, se usou ou não a testosterona, quanto tempo faz
que usou, se abriu ou bloqueou o eixo, se tem anticoncepcional
influenciando aqui nessa história ou não, afinal, eles são análogos do
estradiol.

No caso dos homens, é preciso avaliar se ele está convertendo muito


essa testosterona em estradiol, DHT.

Inclusive, quando a gente vê o DHT, a gente pode ficar espantado e dizer


ao paciente: "Nossa, como você converte em DHT!" - Ele tem 300 de
testosterona, por exemplo. Um homem com 310 tá no limite inferior e eu

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vou lá e vejo 500 de DHT e eu fico apavorado e falo: "Você está com muito
mais DHT do que testosterona, você tá convertendo tudo e DHT!"
CUIDADO: porque o DHT também vem em picogramas por mililitro.

NÃO ESQUEÇA: mesmo quando se trata de DHT é preciso tirar o 0 para


comparar com a testosterona. Ou seja, é preciso transformar em
nanogramas por decilitro.

Muitas vezes você pensa assim: "olha só, o DHT do paciente está
altíssimo". - Não é bem assim. Essa pessoa aqui, quando eu transformei,
não tem 50 nanogramas por decilitro DHT e ele tem 300 de testo. Ele não
está convertendo tanto assim. Não é bem verdade, só que não esqueçam
que o DHT não é muito anabólico, ele é um anabólico fraco.

ANABOLISMO X ANDROGENICIDADE

O DHT pode até ser um anabólico fraco, porém ele é um androgênico dez
vezes mais forte do que a testosterona.

Veja o esquema abaixo:

TESTOSTERONA

ANABOLISMO X ANDROGENICIDADE

Quando se trata de esteróide anabólico, a primeira coisa que você precisa


saber é sua relação anabolismo androgenicidade. Tudo isso foi feito em
comparação com a testosterona, que tem uma relação de 1:1 de
anabolismo e androgenicidade. Ou em alguns livros, a gente vai ver
100:100, que é equilibrado na testosterona.

Já o DHT, a gente vai ver que ele é 1:1000. Ou seja, nada anabólico, muito
pobre, só que dez vezes mais androgênico que a testosterona.

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Por isso, cuidado: Se a gente vê o paciente do exemplo anterior com 50 de
DHT e 300 testosterona, mas pensa que esse DHT é dez vezes mais
androgênico que a testosterona.

Ou seja, tem que pensar que o DHT é dez vezes mais forte. Por isso, ele
tem que estar bem mais abaixo do que a testosterona, principalmente em
mulheres, afinal, não queremos nada de androgenicidade em paciente
feminino. A menos que seja paciente XX em transição para gênero
masculino.

Por fim…
● Quanto mais anabólico, menos androgênico, melhor.
● Estradiol não tem ação anabólica.
● Progesterona não tem ação anabólica.
● A progesterona apenas tem a capacidade de se transformar em
testosterona, e aí se torna anabólica.

MECANISMOS DE AÇÃO DA TESTOSTERONA

Existem três mecanismos básicos de ação da testosterona:


1 - Aumento da produção de células vermelhas (combate a anemia)
2 - Aumento da densidade óssea (coloca cálcio no osso e combate a
osteopenia e osteoporose)
3 - Ganho de massa muscular

É a partir desses mecanismos que surgem os esteróides anabólicos. A


ideia é aumentar a capacidade de um lado e diminuir a transformação em
DHT. Ou seja, eu quero esteróides mais anabólicos e menos
androgênicos. No entanto, quando pago o preço de ser menos
androgênico, também pago o preço de ser menos anabólico.

Às vezes, consigo diminuir a androgenicidade de um esteróide sem


reduzir tanto o anabolismo. Basicamente, quero ganhar massa muscular.
Quando pensamos em substâncias, pensamos em ganho de massa

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muscular ou, no mínimo, em combater a perda de massa muscular. Isso
ocorre com a idade e é chamado de sarcopenia do idoso. Mesmo quem
faz exercícios físicos e musculação sofre com a perda de massa
muscular. No entanto, existem outras doenças que levam à perda de
massa muscular, e às vezes não é a doença em si, mas a imobilização, o
tempo de internação.

COMO A TESTOSTERONA SALVOU MINHA VIDA

Eu gostaria de compartilhar uma história com vocês. Eu sou fruto dessa


experiência e aprendi na prática um mecanismo de ação da testosterona.
Isso despertou o meu interesse em defender o uso clínico adequado. Eu
tive um problema chamado mediastinite, que é uma perfuração por um
erro médico no meu esôfago. Foi feito um buraco, uma fístula
esôfago-mediastinal. O mediastino é aquela área onde fica o coração.
Quando o conteúdo gástrico esofágico começa a invadir o conteúdo do
estômago, começa a invadir essa área cardíaca. A primeira coisa que
acontece é uma infecção e uma inflamação. É uma área que não deveria
ter bactérias e muito menos ácido do estômago. É uma situação muito
grave. Quando acontece por perfuração, é uma coisa bem grave mesmo
que leva o indivíduo para a UTI e que coloca o indivíduo em risco de vida, e
em quase 100% das vezes o paciente morre.

O tratamento é complicado e é com antibióticos. O indivíduo pode entrar


em coma, como aconteceu comigo, ser entubado, o paciente precisa
passar por cirurgia para drenar. Isso é uma cirurgia complicada que tem
que abrir o tórax e que tem que drenar toda essa história.

Resumindo, fiquei 56 dias hospitalizado por problemas com as tentativas


de fechar essa fístula. Eu tive problemas de infecção hospitalar e
hemorragia por causa dessas tentativas de fechar. Eu, Glaycon, médico do
esporte, sabendo de tudo o que estava acontecendo comigo, pensei
desde o começo que precisava cuidar disso. Quando percebi que a

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situação estava piorando, tomei a decisão de continuar com a
testosterona.

Conversei com meu clínico no hospital que estava me acompanhando e


ele disse que eu era o cara que mais entendia de testosterona e que eu
deveria determinar isso. Então, decidi tomar uma injeção semanal de
deposteron, uma dose supra-fisiológica. Eu sabia que precisava segurar
minha massa muscular e ajudar o meu corpo a combater tudo o que
estava acontecendo comigo. Eu tinha 80Kg e passei a pesar 69,5Kg. Isso
porque eu estava tomando uma injeção semanal de cipionato de
testosterona. apesar da minha dosagem semanal, minha testosterona
estava elevada. Curiosamente, mesmo com esse nível alto de
testosterona, perdi mais de 10 quilos. É difícil imaginar o que teria
acontecido se eu não tivesse tomado o medicamento. Se eu não tivesse
decidido pelo tratamento, ninguém teria me oferecido a injeção devido ao
preconceito que ainda existe em relação a esse tipo de droga.

Eu estava com anemia devido a uma hemorragia, que resultou em uma


perda significativa de massa muscular. Como eu estava acamado,
imobilizado e mal conseguia andar no corredor… Eu precisava de um
booster para liberar todos esses mecanismos e me ajudar a sair daquele
buraco em que eu tinha ido parar. Eu precisava salvar minha massa
muscular, minhas defesas e minhas células vermelhas, além de liberar
neurotransmissores para não ficar deprimido. Passei quase dois meses
no hospital e, eu consegui manter uma cabeça boa, sem sofrer pelo que
tinha acontecido no passado ou ficar antecipando um futuro sombrio.

Tenho certeza de que a testosterona foi o grande auxiliar de todo o resto -


os antibióticos e todas as outras substâncias que me foram
administradas. E que se não tivesse essa testosterona, todo o resto não
teria uma ação tão efetiva. Ainda assim, eu sofri muito, mas tenho a
certeza e falo com boca cheia de que estou vivo hoje graças à
testosterona, mais especificamente, ao meu queridinho cipionato de
testosterona.

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A IMPORTÂNCIA DOS 3 MECANISMOS DE AÇÃO

Este é o mecanismo de ação da testosterona. Vocês podem ver como o


Glaycon, que estava acamado, necessitava dos três mecanismos de ação.
Quando não há mais ação sobre o osso, começa a ocorrer a perda de
cálcio, o que torna a atividade física e o exercício físico tão importantes
para combater a osteopenia e a osteoporose.

É crucial o exercício físico para estimular mecanicamente a medula óssea,


a fim de produzir as nossas células da linhagem sanguínea. É necessário
estimular a medula óssea mecanicamente para produzir células
vermelhas, e o exercício é capaz de proporcionar esse estímulo. Além
disso, precisamos ganhar massa muscular, e o exercício também pode
auxiliar nesse aspecto.

Por outro lado, o esteróide anabólico não fará nada sozinho, nem mesmo
a testosterona. É preciso potencializar a ação da testosterona com o
exercício. No entanto, é importante ressaltar que a testosterona não
resolverá tudo e que apenas ajudará naquilo que o exercício for capaz de
fazer. A testosterona só assumirá a frente em caso de impossibilidade do
exercício, como foi o meu caso quando estava acamado devido à idade
avançada.

A TESTOSTERONA PODERIA TER SIDO USADA NESTA PANDEMIA

Acabamos de viver uma pandemia e fiquei surpreso com o fato de não se


ter utilizado esteróides anabólicos para os pacientes acamados, que
teriam se beneficiado enormemente desses recursos. Por puro
preconceito e desconhecimento, não foi administrado um esteroide
anabólico para essas pessoas que ficaram meses deitadas, presas a um
respirador. Com o nosso curso, você entenderá muito melhor a
importância dessa testosterona.

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Não estou dizendo que a testosterona fará milagres. Ela apenas
potencializa o que você faz com exercício, dieta e outras ações.

A testosterona aumenta as células vermelhas, a densidade óssea, a


massa muscular e promove a mobilização de gordura, melhorando a
capacidade dos receptores beta das células adiposas. Os receptores beta
são aqueles que recebem catecolaminas, como adrenalina e
noradrenalina, e mobilizam gordura quando estamos em atividade física
ou em uma reação de luta-ou-fuga.

Quando eu combato algo e libero adrenalina, preciso de substrato


energético. A grande reserva energética para queima é a gordura,
portanto, mobilizamos muita gordura. O esteroide anabólico, a
testosterona, potencializa a ação dessas catecolaminas no tecido
adiposo. A medida que aumentamos o metabolismo muscular com o
exercício + a testosterona, aumentamos o gasto energético do indivíduo.
Construir músculo é muito caro em termos de energia, então, precisamos
buscar nas reservas energéticas esse pagamento, tornando mais fácil
emagrecer se estamos treinando pesado e tendo a testosterona em dia.

Se fizermos a utilização de doses suprafisiológicas de


testosterona ou de análogos da testosterona, mobilizaremos
ainda mais gordura.

Não é que o esteroide anabólico fará o paciente emagrecer sozinho, mas


ele ajuda a mobilizar muito mais gordura.

No balanço testosterona-estradiol na mulher, a testosterona é maior que o


estradiol. Aumentando mais a testosterona em relação ao estradiol, essa
mulher liberará mais gordura, principalmente bloqueando a ação
adipogênica, ou seja, impedindo que a gordura se deposite em áreas
como culote e parte inferior do abdômen. Nos homens, essa ação é
observada principalmente na mobilização de gordura dentro do abdômen.

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A gordura visceral é ruim para o coração e para o diabetes, tornando o
indivíduo resistente à insulina e podendo levar ao pré-diabetes ou ao
diabetes mais tarde, e se deposita no fígado, levando à esteatose
hepática, podendo levar a uma cirrose mais tarde. A testosterona tem
pouca ação sobre essa gordura, mas ela é a gordura que o corpo utiliza
para fornecer combustível, sendo metabolicamente muito ativa e saindo
facilmente do corpo, mesmo que a testosterona não tenha grandes
capacidades de retirá-la.

O esteroide anabólico, a testosterona, potencializa a ação dessas


catecolaminas no tecido adiposo. Além disso, à medida que aumenta o
metabolismo muscular com o exercício, a testosterona aumenta o gasto
energético do indivíduo. É mais fácil emagrecer quando se está treinando
pesado e mantendo a testosterona em dia.

O CORTISOL

O cortisol é produzido na suprarrenal e sempre é liberado de manhã para a


gente sair da cama, e também é liberado no final de tarde. Então, por que
o pessoal gosta muito de treinar ali pelas 5, 6 horas? Porque é um novo
pico de cortisol que temos, ele dá um up para treinar. O cortisol é liberado
agudamente durante o exercício, ele vai nos ajudar a dar esse ânimo, essa
vontade de treinar, como dá vontade de acordar e sair da cama.
Quem tem cortisol baixo, por exemplo, não tem ânimo, acorda cansado,
tem dificuldade de sair da cama e tudo mais. A testosterona, vai fazer
também esse pico de ânimo, vai deixar o indivíduo para cima.

Agora, o cortisol tem o péssimo hábito de se ligar ao receptor de


testosterona. Então, o cortisol agudo é muito legal, como é o que
acontece com o exercício, como é o que acontece fisiologicamente em
algumas horas do dia. Agora, cortisol liberado cronicamente e por stress,
por falta de sono, por falta de descanso, vai ocupar o receptor de
testosterona. Então, o cortisol é também um regulador da testosterona.

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Quando eu digo para vocês descansarem, quando eu digo o que é
importante, não é só para construção muscular em si, que acontece
durante o repouso, para você não ficar massacrando músculo. É para não
estressar o seu organismo como um todo. E quando eu falo de não
estressar o organismo como um todo, não adianta você tentar descansar
e treinar um grupo muscular a cada 48 horas, por exemplo, se você está
com cortisol lá em cima porque você não dorme direito. É uma das coisas
que temos que frisar para o paciente: a importância de dormir, descansar.

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