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INTRODUÇÃO AO ESTUDO
Hoje você entenderá como o paciente chega no consultório e quais são os
indícios de que esse paciente possa estar tendo uma baixa testosterona.
Às vezes você tem anos de experiência, mas ainda não consegue
perceber o porquê o paciente não está ganhando massa muscular, está
com dificuldade de perder massa gorda ou porque o tratamento indicado
não está dando certo.

A primeira coisa que a gente vê é o paciente chegar com apatia. Ou seja,


fazia diversas coisas, mas agora não está obtendo resultados. Muitas
vezes o paciente terá dificuldade de ir para a academia fazer exercício.
Porém, isto já pode ser um indício de baixa testosterona, isto é pouco
provável em pacientes de 20 anos, mas quando a faixa etária é acima de
35, precisamos estar atentos.

A testosterona influencia no sono. Tanto a baixa como a alta testo, ou


seja, em doses supra-fisiológicas, vão fornecer uma má qualidade de sono
ao paciente, um sono superficial, que inclusive, pode ter um acordar
frequente.

Além disso, há também uma peça de massa muscular, que não


necessariamente reflete na balança. Por exemplo, o paciente está
engordando, mas substituindo a massa muscular por massa gorda. É
possível que o paciente desenvolva até uma esteatose hepática,
esteatose muscular ou sarcopenia que não se traduz na balança, mas
aparece na antropometria.

Muitas vezes o paciente está mal e precisamos entrar com doses de


testosterona um pouco mais alta para tirá-lo desse lugar. Um bom
exemplo disso é uma pessoa de idade que fica resmungona, geralmente
isso é resultado de uma baixa testosterona. À medida que acontece a
reposição da testosterona tudo vai melhorando.

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Há também os casos de atletas que não conseguem obter uma boa
performance, e o cortisol sobe por situações de estresse ou overtraining.
É necessário subir com a testosterona para deslocar o cortisol do
receptor. (Se não entendeu esta parte, revise o material da aula 1 -
Fisiologia básica da Testosterona)

Em casos de pacientes não atletas, podemos encontrar a queixa de que


mesmo indo para a academia ele não está rendendo mais como antes.
Infelizmente, quando se trata deste caso, ainda existe muito preconceito.
Já sabemos que a reposição de testosterona é segura, porém, ainda
existem muitos profissionais que não querem indicar para pessoas em
busca de um aumento de performance. Contudo, precisamos entender
que se trata da qualidade de vida do paciente. Se for indicado por um
médico especializado, que estudou sobre o assunto, e com doses
mínimas, não há problema.

Lembre-se: Menos é mais!

EXAME FÍSICO DE PACIENTE COM


BAIXA TESTOSTERONA
Como se apresenta um exame físico de paciente com baixa testosterona?
A musculatura está flácida, deposição de gordura visceral. Na aula 1 você
aprendeu que, indiretamente, a testosterona influencia na gordura visceral.
Quando o músculo está flácido, o metabolismo está baixo, a gordura
visceral não é mobilizada e normalmente, as pessoas tendem a comer
mais do que devem. Uma das coisas que você encontrará é o perímetro
de cintura aumentado.

PERÍMETROS QUE VOCÊ DEVE OLHAR NO EXAME FÍSICO

1 - Perímetro de Braço Relaxado e Braço Flexionado

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Este perímetro deve ser medido no mesmo lugar que o perímetro de braço
fletido/flexionado. Você deve marcar onde está mais alto e quando o
paciente relaxar o músculo, deve ser medido no mesmo lugar. Nesta
relação, quanto maior a distância, melhor.

2 - Perímetro de Cintura e abdominal


Perímetro de cintura fala sobre a gordura visceral, ele é o menor perímetro
da região abdominal, normalmente acima do umbigo. Já o perímetro
abdominal é o maior perímetro da região, normalmente ele está abaixo do
umbigo. Esta relação é importante porque, por exemplo, mulher que não
tem gordura visceral, tem um relação cintura/abdomen boa, isto porque o
estradiol coloca a gordura para baixo.

O marcador que o tratamento está dando certo é quando o paciente está


emagrecendo e perdendo perímetro de cintura.

3 - Perímetro Coxa 1 ou Raiz da Coxa


4 - Perímetro Coxa 2 ou Meio da Coxa

LEGENDA
COXA 1 OU RAIZ DA COXA Perímetro de coxa bem abaixo da linha glútea
COXA 2 OU MEIO DA COXA Metade da distância entre a patela e a linha
inguinal

No índice de Michels (que eu mesmo criei) diz que a relação entre coxa 1
e coxa 2 reflete a massa muscular e massa gorda do indivíduo.

Quanto mais coxa 1, e menos coxa 2, o resultado é a coxa no formato V.

Quanto mais músculo e menos gordura, a coxa é em cilindro I I.

Por fim…

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Analisando o seu paciente com esses perímetros juntamente com o peso
apresentado na balança, você consegue perceber o que está acontecendo
com o seu paciente.

Quando temos uma baixa testo, temos alteração desses perímetros. A


perda de massa muscular é possível identificar nos perímetros de braço e
coxa. Já o ganho de gordura visceral nós vamos identificar nos perímetros
de cintura e abdômen.

Nós podemos ter um perímetro de braço relaxado maior que o perímetro


de braço fletido. Mas esta situação é complexa. Geralmente acontece em
mulheres mais velhas em situação de andropausa, que costuma acumular
gordura, principalmente se usou anticoncepcional que aumenta o
depósito de gordura e tríceps. Geralmente ela tem o braço fletido menor
que o braço relaxado porque a massa muscular que é mais densa apertou
a massa gorda que é menos densa. Isso significa que ela não tem
músculos e que é tudo gordura. Isto é um caso severo que precisa da
nossa intervenção.

Perímetro de cintura ideal:

Para mulheres, menor de 80cm


Para homens, menor de 90cm

Pacientes com perímetro de cintura acima do ideal estão com gordura


visceral. Homens com a famosa "Barriguinha de cerveja" devem estar em
estado de atenção, porque esta gordura visceral causa grandes riscos à
saúde cardiovascular.

Pacientes com gordura abaixo da linha infra-umbilical, tem uma gordura


mais subcutânea e de menor risco.

A testosterona deixa o indivíduo mais ligado, mais forte e com mais


massa muscular. Além disso, ela ajuda na diminuição da massa gorda.

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CASO QUE RECEBI EM MEU CONSULTÓRIO:

Um paciente chegou ao meu consultório com baixa de testosterona e eu


disse a ele que seria necessário repor. Ele mencionou preocupações com
possíveis efeitos colaterais e eu disse que um dos efeitos colaterais é o
pavio curto.

Ele respondeu: "Doutor, acho que não vou tomar, minha esposa e eu já
estamos em pé de guerra, se eu tomar testosterona vou ficar ainda mais
irritado e pode acabar com meu casamento".

Concordei com ele, afirmando que se ele já estava estressado, não era o
momento de fazer o tratamento. Ele ficou pensando e disse que o estresse
dele poderia ser devido à baixa de testosterona. Expliquei que havia uma
grande probabilidade de isso estar acontecendo e sugeri que ele
considerasse o tratamento novamente quando estivesse mais tranquilo.

Mais tarde, ele me ligou dizendo que havia decidido fazer o tratamento. Eu
disse que ele deveria tentar relevar as situações de briga em casa, para
evitar conflitos.

Quando ele voltou para a consulta um mês depois, eu perguntei sobre como
as coisas estavam em casa e ele disse: "Doutor, lá em casa ninguém briga
mais. Eu estou tão bonzinho que faço todas as vontades da minha
mulher".

Essa história mostra que é preciso observar essas questões, se o homem


anda muito estressado, se é uma paciente mulher que está com a libido
baixa… Tudo isso pode ser causado pela baixa testo, porque
TESTOSTERONA É VIDA!

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EXAMES DE LABORATÓRIO
Às vezes meus pacientes dizem que peço muitos exames, mas eu gosto
de saber onde estou pisando. Esses exames são justificados porque eu
sento com eles e converso sobre os exames. A minha proposta é que o
paciente aprenda também, sobre o corpo dele e sobre os exames. Não
podemos deixá-los desinformados para que pesquisem essas
informações em qualquer lugar.

EXAMES NECESSÁRIOS COM RELAÇÃO À TESTOSTERONA

Hemograma:

É preciso verificar as células vermelhas, o hematócrito. Se tiver baixo, a


testosterona pode ajudar. Se tiver muito alto é um indicador de que não
devemos prescrever a testosterona. Caso contrário, pode aumentar o
hematócrito, risco de hipertensão e de um fenômeno tromboembólico.

Para resolver isso o paciente pode fazer uma retirada de sangue, doação
de sangue ou uma sangria terapêutica, esta utilizada principalmente em
pacientes com ferritina muito alta. Pacientes que já fazem reposição
também devem fazer a sangria terapêutica em caso do hematócrito muito
alto.

É preciso conferir também:

● Dosagem da testosterona. Para homens o ideal é de 300 a 800


● Derivados da testosterona, como o estradiol que também é
importante para o homem. É preciso ver a relação testo x
estradiol, que deve ficar 1 estradiol para 20 de testosterona.
● Nas mulheres não tem esta relação
● Tem que dosar o DHT de homem e mulher. Ele deve estar bem
mais baixo que a testosterona
● A estrona também deve ser dosada

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● Dosar hormônios que vão trabalhar com a testosterona como a
insulina, por exemplo. Afinal, um paciente sem uma boa insulina
ou com resistência insulínica não ganhará massa muscular.
Nesse caso é necessário ter uma conduta dietética nutricional
distinta para cada paciente.

Exames que você analisa se o paciente terá risco de diabetes:


- Hemoglobina Glicada
- Glicose de Jejum
- Insulina de Jejum

O HORMÔNIO IGF1

O IGF1 é um derivado da testosterona e dos hormônios de


crescimento. Este hormônio vai te mostrar como está o hormônio de
crescimento do paciente. Afinal, precisamos deste hormônio
trabalhando junto com a testosterona.

Os resultados serão piores se este hormônio de crescimento estiver


baixo, isso pode acontecer por estresse, falta de sono, apneia de sono,
colesterol, triglicerídeos.

Entenda que é uma pirâmide:

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É preciso estar com a alimentação do paciente em dia, repor aquilo que
está faltando, seja uma vitamina ou hormônio. Não pense que
suplementação é apenas para atleta, no caso de um idoso com perda de
massa muscular, a suplementação com creatina pode ser muito benéfica,
por exemplo.

Os hormônios ficam no topo da pirâmide porque eles podem ser a


suplementação para quem precisa, para melhora da performance ou uso
estético. Desde que seja feito por um profissional qualificado e que
respeite a regra de menos é mais, ou seja, pensando no mínimo que pode
ser prescrito.

Às vezes, pode ficar faltando algo na nutrição, como por exemplo a


vitamina D. Ela também é um esteroide, pois se comporta como
hormônio. Se tiver uma carência nesta parte da pirâmide, ela também
precisa ir para a base da pirâmide. O mesmo acontece na parte hormonal,
se tiver baixo, ela deve ir para a base da pirâmide.

CPK - CREATINOFOSFOQUINASE

A creatinofosfoquinase é o exame que entrega se o paciente está fazendo


exercício ou não. Quando o paciente tem uma doença que causa dano
muscular, a CPK pode aumentar. Existe uma doença chamada
rabdomiólise que cursa com CPK alta. Mas nesse caso são valores
altíssimos.

O ideal para um paciente que treina, faz exercícios é que a CPK esteja um
pouco acima do limite. Este é o marcador para saber se o paciente está
treinando direito.

Portanto, CPK baixa não é bom, assim como TGO e TGP baixa. Porque
significa que o fígado não está trabalhando direito. Afinal, ele precisa dar
conta dos produtos metabólicos do exercício. Então é normal aumentar a

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CPK e, consequentemente, o fígado precisa dar conta de aumentar o TGO
e TGP.

Então, esses são os exames de laboratório que você deve pedir aos seus
pacientes. Isso trará respostas com exames de imagem.

Um exame de imagem super importante é o ultrassom do abdômen,


porque é nele que você consegue olhar como está a imagem do fígado. É
necessário observar se existe alguma gordura no fígado, se ele está
inflamado. Porque você precisa que ele esteja saudável.

O mesmo com o rim. É necessário que ele esteja saudável, inclusive, para
acompanhar os pacientes que fazem doses suprafisiológicas de
esteroides.

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