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Índice

Introdução …………………………………………………………. pág. 3


Capítulo 1 - História dos esteróides …………………………...pág. 6
Capítulo 2 - Estrutura química dos esteróides ……………....pág. 7
Capítulo 3 - Fisiologia essencial dos esteróides..…………...pág. 9
Capítulo 4 - Esteróides anabólicos do cotidiano...…………..pág. 14
Capítulo 5 - O que o profissional de saúde precisa saber
para atender os usuários de esteróides ..…………..………...pág. 27
Capítulo 6 - Efeitos adversos dos esteróides..……….……...pág. 32
Capítulo 7 - Como manejar pacientes mulheres..……….......pág. 40
Capítulo 8 - Terapia Pós Ciclo - TPC ……………...…………...pág. 41
Capítulo 9 - Blast and Cruise, ciclos perigosos, mercado
paralelo e erros de leitura laboratorial …………...…………..pág. 44
Encerramento ……………………………………………...……....pág. 47

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INTRODUÇÃO - O QUE EU FAÇO E POR QUE O FAÇO

Olá!
Sou Luiz Henrique Tintori, médico, formado em 2007 pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Mogi das Cruzes.
Comecei a carreira médica como ortopedista, fiz a residência na área de 2008 a 2010, após,
fiz mais um ano de cirurgia do quadril.
Depois de alguns anos atuando na área, percebi que o perfil dos pacientes que eu atendia
era exatamente o contrário do estilo de vida que eu levava e me sentia frustrado com isso,
pois eu estudava os benefícios do exercício físico para lesões ortopédicas e via que tudo
que eu orientava em consulta não era seguido. Isso fazia com que os pacientes voltassem
mês a mês com as mesmas queixas e lesões cada vez piores, causadas pelo estilo de vida
deles.
Não era para mim. Foi aí que descobri a medicina esportiva. Passei a entender cada vez
mais os benefícios do exercício na saúde do ser humano.
Fiz a pós graduação em medicina es, me formei e tirei o título de especialista na área.
Fiz mais duas pós graduações( Fisiculturismo e Emagrecimento/Metabolismo) e diversos
cursos de capacitação na área.
Ao abrir a minha agenda na área, comecei bem devagar, 4h por semana, agendas vazias.
Um paciente a cada 15 dias.
Destes, alguns me procuravam com necessidade de ajuda com uso de esteróides
anabolizantes. Toda minha formação na pós graduação e congressos foi ao estilo
#bombatofora, demonizando e excluindo estas pessoas do portfólio de pacientes.
Confesso que no início eu não sabia o que fazer, não sabia como examinar, quais exames
pedir, "suava frio" no meio da consulta. E o que fazia? Pedia uns exames, solicitava ao
paciente que retornasse e, neste intervalo, eu ia estudar o caso, tirava dúvidas com
colegas.
Eu sempre pratiquei musculação, tinha conhecimento de que as pessoas usavam
esteróides e comecei a perceber que estas pessoas não tinham auxílio profissional nenhum.
E isso se manifestava nas consultas. Estes pacientes vinham até mim reclamando que
haviam passado em outros colegas e, ao citar que estavam usando hormônios, eram
basicamente enxotados do consultório. Isto levou a uma descrença destas pessoas para
com estes profissionais. E isso é grave, pois eles ficam marginalizados, usando drogas sem
orientação, exames de rotina e produtos do mercado paralelo.

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Como médico, sou a última linha de batalha para ajudar estas pessoas. Sem nós médicos,
estes pacientes não têm mais ninguém para ajudar.
Agora, eles têm você também, leitor deste livro.

Atualmente, eu atendo pessoas que buscam melhorar a sua composição corporal, seja
emagrecendo ou ganhando músculos, mantendo a sua saúde, incentivando bons hábitos e
também falando vários ​nãos​ nas consultas.

Eu também ajudo colegas médicos nos estágios práticos que oferecemos no consultório,
para eles aprenderem a nossa rotina, condutas e manejo clínicos dos pacientes que nos
buscam.

AGRADECIMENTOS

À minha esposa, Tici, que me apoiou na mudança de especialidade, nas dificuldades que
apareceram em todo este processo, que cuida dos meus filhos quando estou fazendo
cursos e pós graduações nos finais de semana longe de casa.
Ao Dr Lázaro Lourenço que me deu a oportunidade de atender meus pacientes em um local
com uma estrutura diferenciada e me ensinou muitas coisas nesta mudança de área.
À Dra Paula Leal, que pôs à minha disposição todo seu conhecimento nas discussões
clínicas, dúvidas em relação a pacientes, condutas éticas e embasadas.
Ao meu amigo Vinicius Zago, atleta e futuro melhor nutricionista esportivo de Jundiaí, SP,
que sempre me ajudou com todo seu conhecimento prático e teórico sobre o bodybuilding,
dietas, treinamento e protocolos.
Aos meus pacientes, que confiaram a sua saúde a mim nos tratamentos.

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PARA QUEM É ESTE LIVRO?

Este livro foi especialmente pensado para quem quer atuar na área da medicina esportiva e
quer receber, sem julgamentos, pacientes que praticam exercícios e que também podem
estar usando esteróides anabólicos.
Quando enveredei para esta área, não tive auxílio de profissionais, aprendi muitas coisas na
prática, investindo em cursos e livros.
Então, fico muito grato por você ter adquirido este livro, pois eu tenho certeza que este
material vai lhe ajudar a tomar condutas práticas e ajudar pessoas que vão lhe procurar
para auxílio profissional. Tudo que aprendi nestes anos, foi condensado neste conteúdo
para você aprender o essencial para sua prática.

Lembrando que as condutas neste livro por pessoas não-profissionais da saúde não
dispensam um acompanhamento médico e nem substituem a consulta com este
profissional.

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CAPÍTULO 1 - HISTÓRIA DOS ESTERÓIDES

Relatos históricos dos anos a.C. apontam que atletas da Grécia antiga preparavam extratos
de testículo de animais para deixá-los mais fortes e preparados para as competições.
No final do século XIX, o cientista e professor de fisiologia Brown Séquard isolou o extrato
de testículo e, por estar com 72 anos( idade bem avançada para a época), aplicou em si
mesmo a substância descoberta, e referiu em palestra e artigo publicado na revista Lancet
um ganho extremo de vigor físico.

Na década de 1930 foi produzida a primeira testosterona em laboratório. A partir dela,


várias modificações foram testadas e produzidas, alterações estruturais entre outros.
A partir da década de 50 foram desenvolvidos todos os esteróides anabólicos androgênicos
que temos à disposição até hoje.

Ainda se busca, sem sucesso, o esteróide exclusivamente anabólico, que seria uma
excelente fonte terapêutica de várias doenças como caquexia, osteoporose, anemias etc
sem dar as características androgênicas, com risco de virilização em mulheres, crescimento
prostático em homens, entre outras.

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CAPÍTULO 2 - ESTRUTURA QUÍMICA DOS ESTERÓIDES ANABÓLICOS

Os esteróides anabólicos são moléculas derivadas do colesterol, contendo 5 anéis de


carbono, com a fórmula molecular C19H28O2.
A adição de grupos metil, alquil, retirada de ligações de hidrogênio formam as estruturas
dos esteróides derivados da Testosterona, Dihidrotestosterona ou da família dos
19-nor(discutido nos próximos capítulos).

Fig 1: Estrutura molecular da Testosterona

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Fig 2: Estruturas moleculares dos esteróides disponíveis atualmente

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CAPÍTULO 3 - FISIOLOGIA ESSENCIAL DOS ESTERÓIDES ANABÓLICOS

Como a Testosterona é produzida?

No homem, a testosterona é majoritariamente produzida nos testículos, nas estruturas


chamadas células de Leydig.
O processo se inicia nas mitocôndrias, com o colesterol sendo convertido em pregnenolona,
que por sua vez é convertida em progesterona e após, em androstenediona por ação
enzimática.( Figura 1). Essa é uma das explicações de porque a fadiga crônica mediada
pelo estresse rotineiro e excesso de cortisol causam baixa de produção de testosterona. Por
afetar a função mitocondrial, o estresse crônico leva a baixa produção de pregnenolona e a
casacata fica comprometida.
A produção é estimulada pelo sistema Hipotálamo-Hipófise-Gonadal, onde o Hormônio
Liberador de Gonadotrofinas(GnRH) feito no hipotálamo estimula a Secreção de
LH(Hormônio Luteinizante) e FSH(Hormônio Folículo Estimulante). O LH ativa os receptores
nas células de Leydig, que aumentam a produção de Adenilato Ciclase, com um
consequente aumento do AMP cíclico intracelular. Isto leva a ativação da proteína quinase
A, levando a fosforilação de proteínas e transcrição nuclear de Testosterona.
Um consequente aumento dos níveis plasmáticos da Testosterona e sua consequente
aromatização em 17B-estradiol causa o efeito de feedback negativo no hipotálamo e
diminuição da produção de gonadotrofinas.
Nas mulheres, a testosterona é produzida pelas glândulas adrenal(25%), ovário(25%) e
tecido adiposo(50%).

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FIg 1 - Cascata de produção hormonal( adaptado de Fisiologia Endócrina de Lange)

Como a testosterona é transportada?

A molécula da testosterona circula pelo organismo ligada a algumas proteínas plasmáticas.


Cerca de 45% dela é ligada à SHBG( Sex-Hormones Binding Globulin), 55% à albumina(
ligação mais fraca e volátil).Nos testículos, ela é ligada a ABP(Androgen Binding Protein),
com ação semelhante à SHBG.
Estudos recentes mostram expressão da SHBG em vários tecidos e órgãos, com evidências
de que esta proteína é essencial para a regulação da ação dos andrógenos nestes locais.

Como a testosterona faz efeitos nos tecidos-alvo?

A testosterona tem caráter lipofílico, então ela atravessa a parede celular diretamente e
possui ação no Receptor Androgênico( RA) situado no núcleo das células. Ao ativar o
receptor androgênico, ocorre, por mecanismos complexos, a transcrição protéica através da
ativação dos ribossomos e síntese de RNA, e consequente transcrição no DNA.

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Esta ligação é muito importante para entendermos nos capítulos adiante sobre a potência
dos esteróides.
Não só a testosterona, mas seu metabólito mais importante, a Dihidrotestosterona também
ativa o receptor androgênico, com mais força de ligação ao mesmo que a própria
testosterona.

Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal(HHG)

Conforme já explanado neste capítulo, entender o funcionamento do HHG é fundamental


para o profissional da saúde que vai atender pacientes usando esteróides.
Várias são as formas de ocorrer feedback negativo no eixo HHG. Uma delas é a
administração de doses suprafisiológicas de testosterona ou outros andrógenos. A
conversão excessiva de testosterona em estradiol causa inibição da produção de GnRH,
assim como aumento de noradrenalina, prolactina, inibina entre outros.
Quando o “estoque” de espermatozóides está cheio, a sinalização de inibina nos testículos
inibe a produção de FSH.
Aqui entra a prática clínica, pois, pacientes que usam anti-depressivos( algo extremamente
comum), têm aumento de noradrenalina a nível hipotalâmico. Isto leva à baixa produção de
testosterona( baixa libido com anti-depressivos). Pacientes estressados ou com adenomas
de hipófise podem ter aumento de produção de prolactina, mais um fator de inibição do
HHG. Praticantes de esportes de endurance, como triatlon, maratonas, ciclistas, têm alta
liberação de beta-endorfinas, outro fator que causa inibição da produção de gonadotrofinas
e, por consequência, baixa testosterona. Então, fica este alerta para sempre suspeitar
destas alterações nos seus pacientes.

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Fig 2 - Eixo HHG e suas respostas de feedbacks negativo e positivo.

Testosterona e seus metabólitos. O olhar voltado aos esteróides


anabólicos.

A testosterona ou esteróides sintéticos, ao adentrar a circulação, podem ser convertidas a


metabólitos pela ação de algumas enzimas situadas nas células. As mais importantes são:
Aromatase e 5-alfa redutase.
Vamos conversar sobre as classes de esteróides nos capítulos adiante, mas, adianto que
derivados da testosterona podem aromatizar e serem convertidos a estrogênios.
A testosterona sofre ação da aromatase, sendo convertida a 17-beta estradiol, que por sua
vez é convertida em estrona, que é convertida a catecolestrogênios ou 16-alfa
hidroxiestrona. Esta última é degradada em estriol e eliminada pelo rim na urina.
A maior parte da aromatização ocorre no tecido adiposo. Pacientes obesos que fazem uso
de esteróides na tentativa de emagrecer podem cursar com quadro de hiperestrogenismo,

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com colaterais de ginecomastia, retenção hídrica extrema, aumento de pressão arterial,
entre outros.
A conversão de testosterona em DHT ocorre pela ação das enzimas 5-alfa redutase 1 e 2. A
do tipo 2 exibe função 3 vezes maior nesta redução na fase de desenvolvimento sexual. Na
vida adulta, a tipo 1 exibe maior função. Os níveis de DHT são cerca de 10% dos níveis
totais de testosterona.
A redução da testosterona em DHT é irreversível, e após a formação desta, ela pode ser
convertida em 3-alfa androstenediol, metabólito fraco e excretado na urina.

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CAPÍTULO 4 - ESTERÓIDES ANABÓLICOS DO NOSSO COTIDIANO.

Visto o essencial do que você precisa saber sobre a fisiologia hormonal da testosterona,
vamos conhecer o que seu paciente pode estar usando ao chegar no seu consultório.
Confesso que quando iniciei a prática clínica, eu ouvia relatos dos pacientes como: “doutor,
estou usando 600mg de enantato de testosterona, 500mg de nandrolona e 700mg de
trembolona” e ficava assustado e pensava comigo “ e agora?”. Quando recebo alunos
médicos no estágio clínico que ofereço no meu consultório, eles ficam assustados quando
meus pacientes novos vêm relatar o uso destes hormônios, no presente ou passado e ficam
imaginando: “meu Deus, como este rapaz está vivo até hoje?”. Eu os tranqüilizo e aviso que
há riscos, mas estamos aqui para ajudá-los.

O que devemos, então, saber sobre as drogas mais usadas e


acessíveis atualmente?

Os esteróides, classicamente, são divididos em três super-famílias: ​Derivados da


testosterona, Derivados do DHT e 19-nor.
A maioria destas drogas são para uso humano e foram desenvolvidas para tratamento de
patologias como anemia, caquexia por internação, pós operatório, queimaduras,
osteoporose, câncer de mama. Com o uso para performance, estes medicamentos foram
cada vez mais sendo retirados do mercado, sendo, atualmente pouco comercializados em
farmácias, mas bem acessíveis no mercado de manipulação ou paralelo.
Há de se confessar que o acesso ao mercado paralelo é muito simples. Com troca de 3
mensagens de whatsapp as pessoas conseguem comprar um esteróide e receber em casa
pelos correios e pessoas compram estas medicações adquiridas de contrabando, cargas
roubadas, ou fabricação própria. Trazer estas pessoas para perto, orientar sobre os riscos
de contaminação, erro de dosagem, risco de infecções pela aplicações é fundamental.
Espero ensinar, com este manuscrito, que eliminar o julgamento e acolher estas pessoas é
a parte mais gratificante do processo.

Quais são as características destas drogas que devemos saber?

Potência Anabólica - ​capacidade da droga em gerar anabolismo( ganhos de massa magra,


aumento de hematócrito, retenção de nitrogênio muscular, cicatrização de tecidos).

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Potência Androgênica - ​capacidade da droga em aumentar as características
androgênicas( virilização - crescimento de pêlos, disfonia, hipertrofia de clítoris, calvície de
padrão androgênico)

Derivados da testosterona

Ésteres de Testosterona

1- Cipionato de testosterona( Deposteron®)

Produzido na década de 1950, é um esteróide de alta potência anabólica e androgênica,


com alto poder de aromatização.
Tem a meia vida de 7 dias e é encontrado nas apresentações de 100, 125 ou 200mg por
ampola.
Após a injeção, atinge o pico de concentração plasmática em 2 dias. É uma excelente forma
de reposição hormonal na deficiência de testosterona.
Os relatos de dosagem de uso variam de 200 até 1.200mg por semana.
É uma droga com venda permitida no Brasil, com receita médica. Vem na forma de
Deposteron® , na dosagem de 200mg/2ml, com 3 ampolas por caixa.
Não recomendada para mulheres.

2 - Enantato de testosterona

Droga exclusiva do mercado paralelo, com a mesma potência anabólica e androgênica do


cipionato, fabricada na década de 50. É uma forma de reposição hormonal encontrada em
países como os EUA.
Tem meia vida de 5 a 7 dias, com pico plasmático de 1 dia.
Vem nas apresentações de 50, 100, 200 ou 250mg por ampola ou ml.
Usuários praticam 100 a 1.200mg semanais usualmente.
Não recomendada para mulheres.

3 - Propionato de testosterona

É um dos primeiros ésteres fabricados na década de 50.

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Tem a meia vida muito curta( 1 dia), com pico plasmático de poucas horas.
É muito usado por iniciantes ou por pessoas que não querem ter retenção de líquidos, pois
acredita-se que é uma droga com menor poder de aromatização, o que não é verdade, pois,
após a metabolização, o éster é removido da molécula e a ação é a mesma que dos outros
ésteres,
Uma queixa comum é a dor extrema no local da aplicação pela irritação muscular causada
pelo ácido propiônico(acredite, experiência própria).
Doses praticadas são 100 a 1000mg por semana​, com aplicações dia-sim-dia-não.
É encontrada no mercado de manipulação de injetáveis, para venda exclusiva para clínicas
médicas.
Não recomendada para mulheres.

4 - Durateston® - blend de ésteres.

É um dos nomes mais falados no “mundo anabólico”. É um blend de 4 tipos de ésteres


diferentes, entre eles: propionato, fenilpropionato, isocaproato e decanoato de testosterona(
meias vidas de 2, 3, 6 e 7 dias respectivamente).
É muito comum a queixa de flutuação dos níveis hormonais durante as semanas entre as
aplicações, sendo uma droga potente, porém instável algumas vezes.
Porém, é muito efetiva para ganhos, assim como os outros ésteres.Não recomendada para
mulheres.

Derivados da testosterona

5 - Dianabol - Metandienona ou Metandrostenelona

É o esteróide oral mais potente disponível. Encontrado somente no mercado paralelo, ele foi
desenvolvido pelo médico americano do comitê olímpico John Ziegler, pois na olimpíada
anterior, a União Soviética havia desenvolvido esteróides e os americanos entraram para
esta corrida também.
Esta história causou a descoberta do esteróide anabólico mais usado no mundo, com seu
grande poder de efetividade. Há relatos de ganhos de 10kg durante um ciclo de Dianabol.

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É uma droga hepatotóxica em dosagens altas e com alto poder de aromatização.
A meia vida é de 8h.
Doses praticadas entre 20 a 40mg ao dia.
Não recomendada para mulheres.

6 - Boldenona - Equipoise®

Droga de uso veterinário, porém muito utilizada atualmente por mulheres pelo baixo poder
androgênico. Não é uma droga de potência anabólica de ligação ao receptor androgênico
muito alta. Não é comercializada para uso humano.
É a mesma molécula do Dianabol, sem a ligação metil no carbono 17.
O éster a ela ligado é o undecilato, caracterizando uma meia vida de 14 dias. No decorrer
dos capítulos, explicarei porque a meia vida longa desta droga pode ser algo preocupante
se houver efeitos colaterais.
É uma droga com características neurodegenerativas em altas dosagens e que causam
efeitos colaterais psiquiátricos por alterar a produção de prolactina, o que leva à degradação
de dopamina a nível do sistema nervoso central, além de alterar a produção de serotonina.
Um dos efeitos colaterais mais comuns é o aumento de fome e inibição da sensação de
prazer( baixa dopamina), pois usuários masculinos usam em doses altas para poder obter
algum efeito notável, por ela ser uma droga de baixa potência anabólica.
Doses praticadas vão de 400 a 600mg/semana por homens e 100 a 200mg/semana por
mulheres.

7 - 4-clorodeidrometiltestosterona - Turinabol®

É um esteróide oral raro, com alto índice de falsificação e de alto valor comercial.

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Encontrado somente no mercado paralelo, é um esteróide de alta potência anabólica, com
baixo teor de aromatização e baixo potencial androgênico.
Além disso, é pouco hepatotóxico.
Doses praticadas: 15 a 40mg/dia para homens e 2,5 a 5mg/dia por mulheres

8 - Outras formas de testosterona

Testosterona Base

Encontrada em manipulação para terapia de reposição hormonal para homens e mulheres,


sendo preferivelmente receitada em forma de creme de alta absorção(pentravam®), muito
estável na aplicação.
Na prática, é muito mais efetiva em mulheres pela absorção melhor pela pele( menos
pêlos). Em homens, observa-se uma maior conversão à DHT na pele. Mas, é uma forma
efetiva de reposição de testosterona.

Fig 1 - Estabilidade do creme de testosterona na dose de 50mg.

Testosteronas orais

Ainda noto receitas de colegas médicos contendo ésteres orais de testosterona. São muito
hepatotóxicos e pouco eficazes( causam muitos colaterais nas doses efetivas).
É algo que recomendo não prescrever, pois há excelentes formas de testosterona por
outras vias, como citadas neste capítulo. É também comum receitas para mulheres.

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Derivados da DHT

Molécula de Dihidrotestosterona

1- Oxandrolona - Anavar®

Sem dúvida é o esteróide oral mais prescrito atualmente. É uma droga de alta potência
anabólica, com potência androgênica moderada, bem tolerada por mulheres.
Há um “preconceito” de que a oxandrolona é uma droga para mulheres, mas estudos de
capacidade de ligação ao receptor androgênico mostraram força de ligação alta( escala
Abbas de potência anabólica).
Ela é exclusiva para uso oral ou sublingual, com baixo grau de agressão hepática na
prática, até mesmo com altas dosagens.
Para sobreviver à primeira passagem hepática, é adicionado um grupo alquil no carbono 17,
conferindo um grau maior de hepatotoxicidade. Isso o torna um membro dos esteróides
17-alfa alquilados.
A oxandrolona foi desenvolvida para tratamento de caquexia, osteoporose e déficit de
crescimento e está presente em inúmeros protocolos para pacientes de UTI, grandes
queimados, incluindo idosos e crianças com muita segurança. Estudos randomizados
comprovam esta segurança. É o esteróide anabólico mais estudado em seres humanos.

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Ela tem um poder de lipólise interessante, em especial em gordura visceral.(Lovejoy, JC,
1995)
Apresenta meia vida de 8 horas.
Por ser um derivado de DHT, ela não aromatiza a estrogênios.
Doses praticadas: homens 30 a 90mg/dia, mulheres 3 a 30mg/dia.

Observação prática: Doses de 20mg/dia para homens e 6mg/dia para mulheres são muito
eficazes para melhora estética( massa muscular e celulite).

2 - Stanozolol - Winstrol®

O stanozolol é um dos esteróides mais utilizados e prescritos atualmente. É muito


emblemático, pois ficou famoso após o velocista canadense Ben Johnson ter sido pego no
exame anti-doping com esta substância nas olímpiadas de Seul em 1988.
É uma modificação da molécula de DHT, com adição do grupo alquil no carbono 17. Isso o
torna um membro dos esteróides 17-alfa alquilados.
É uma das drogas mais hepatotóxicas conhecidas, com alto poder anabólico e descrita
como pouco androgênica. Porém, o que vemos na prática, é uma droga muito androgênica,
nada amigável para mulheres.
Tem meia vida de 8h na forma oral e de 2 dias na forma injetável e é um importante redutor
da SHBG.
O stanozolol tem um poder anti-estrogênico potente, conferindo efeitos colaterais
compatíveis com baixo estrogênio como: dores e lesões articulares/ligamentares, alteração
grave do perfil lipídico, com queda muito acentuada do HDL e elevação do LDL e inversão
da relação Apolipoproteína A1/Apolipoproteína B.
Tem um poder lipolítico importante, sendo uma das drogas de escolha em fase final de
preparação no fisiculturismo.
É encontrado na forma oral e na forma injetável( solução aquosa), o que o torna muito
propenso a infecções nos locais de aplicações, com quadro de abscessos graves.
As doses praticadas são: 20 a 60mg/dia em homens( oral) e 300 a 600mg/semana( IM)
e 3 a 20mg/dia em mulheres e 50 a 100mg/semana(IM).

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3 - Oximetolona - Hemogenin®

A oximetolona foi desenvolvida em 1960 como uma droga muito eficaz no tratamento de
anemias graves. Até pouco tempo era comercializada nas farmácias do Brasil com o nome
de Hemogenin.
É um esteróide oral 17-metilado, com alto poder anabólico e moderado poder androgênico,
muito eficaz para ganhos secos de volume muscular. É muito utilizado em protocolos de pré
treino por conferir bons ganhos de força muscular.
Apresenta um grau moderado a alto de hepatotoxicidade em doses plenas. Apesar de não
aromatizar( como todo derivado de DHT), ele apresenta chance de ginecomastia por ativar
o receptor de estrogênio mamário através do aumento de prolactina.
É uma droga muito interessante para pacientes magros que têm dificuldade de ganho de
massa muscular.
Um efeito colateral perigoso é o aumento do hematócrito( ele foi criado com este propósito)
e risco de eventos tromboembólicos.
A sua meia vida é de 8h.
Está disponível no mercado de manipulação com receita médica.
A dose preconizada em bula é de 50 a 100mg/dia, porém, já é muito eficaz com até
50mg/dia. Mulheres devem usar com muita cautela pelo poder androgênico da
oximetolona.

3 - Propionato de Drostanolona - Masteron®

O Masteron® é uma droga Injetável, encontrada somente no mercado paralelo. Foi


desenvolvida em 1959 para o tratamento do câncer de mama pelo seu poder
anti-estrogênico.

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Apresenta um baixo poder anabólico e baixo poder androgênico, e é bastante utilizada por
mulheres devido à segunda característica.
A capacidade de ligação ao receptor androgênico é muito baixa( Escala de potência
anabólica de Abbas).
Sua meia vida é curta, de 2 dias, necessitando de muitas aplicações semanais. Na
realidade, é uma droga de baixo custo-benefício, apesar de apresentar poucos colaterais.
As doses praticadas são 300 a 600mg/semana para homens e 100 a 150mg/semana
para mulheres.

4 - Metenolona Enantato - Primobolan®

A metenolona é um esteróide muito peculiar. É derivado da DHT e tem baixo poder


androgênico com potência anabólica alta( escala de Abbas).
É um esteróide muito gentil com os colaterais por apresentar baixo poder de virilização em
mulheres e poucas alterações do perfil lipídico no geral.
Muito utilizada em fase de cutting( perda de gordura), confere um aspecto muito estético no
usuário que é regrado em dieta e sabe treinar.
Foi criada em 1959 e logo saiu do mercado, tornando seu uso injetável restrito ao mercado
paralelo, sendo uma droga rara, cara e com muitas falsificações.
É vendida no mercado de manipulação na forma oral( acetato de metenolona), não é
hepatotóxica, apresenta baixos colaterais. Mas é muito cara e poucos pacientes aderem ao
uso oral pelo preço.
A meia vida da forma injetável é de 10 dias e a oral de 6 a 8 horas.
As doses praticadas são: 200 a 700mg/semana(IM), 40 a 100mg/dia via oral para
homens e 100 a 200mg/semana(IM), 10 a 30mg/dia via oral para mulheres.

5 - Mesterolona - Proviron®

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A mesterolona é um esteróide oral não anabólico 17-alfa alquilado, com baixo poder de
hepatotoxicidade.
É encontrado nas farmácias sob o nome de Proviron® e não tem função anabolizante,
porém, por se ligar fortemente à SHBG, ele tem capacidade de aumentar a fração livre da
testosterona, podendo melhorar quadros de libido em pessoas com SHBG alto( estresse,
uso de contraceptivos orais combinados).
É muito usada intraciclo e na TPC para melhora da libido, o que não vejo muito sentido na
fase intraciclo, pois os esteróides tendem a causar queda da SHBG, além da libido ter
causas multifatoriais. Pode ser usada para melhora da espermatogênese(Gerris, J. 1991)
A meia vida é de 8 horas
As doses praticadas são de 25 a 50mg/dia.

Família dos 19-nor

1 - Nandrolona decanoato - Deca Durabolin®

Com certeza quem pratica musculação já ouviu falar este nome. É um dos esteróides
anabólicos mais clássicos e utilizados, com alto grau de eficiência.
A nandrolona foi desenvolvida em 1960 para o tratamento de osteoporose, recuperação pós
operatória, perdas de massa magra por doenças consumptivas. É muito eficaz para idosos
sarcopênicos e com osteoporose de alto grau de risco de fraturas. O médico que sabe
manejar a nandrolona cria um diferencial no resultado de pacientes idosos, pós operatórios
com tempo de imobilização prolongados. Quando praticava cirurgia do quadril, antes de me
tornar médico do esporte e mesmo depois de ter trocado de área, tratei alguns pacientes
com nandrolona e a recuperação pós operatória foi totalmente diferenciada.
Ela é segura para uso em nefropatas inclusive.
É um esteróide de meia vida longa( 14 dias), com alta potência anabólica e risco
androgênico moderado.

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Seu uso em mulheres é interessante por não ser muito androgênica. Mulheres magras que
têm dificuldade em ganho de massa podem se beneficiar do uso de nandrolona em baixas
doses( 12,5 a 25mg/semana ou a cada 14 dias)
Não sofre aromatização, mas aumenta o risco de ginecomastia por atuar como uma
progestina, ativando diretamente o receptor estrogênico, além de, em altas doses ou tempo
prolongado de uso, aumentar prolactina por degradação de dopamina no sistema nervoso
central.
Estudos em ratos demonstraram aumento da proteína Tau no cérebro de ratos, sugerindo
poder neurotóxicos em doses moderadas( acima de 150mg). (Carteri, 2019)
Há uma tendência atual de se fazer ciclos de Nandrolona isolada. Não faz muito sentido,
pois ela causa inibição da produção de testosterona. Altas doses de nandrolona com ou
sem testosterona no ciclo causam atrofia peniana, o famoso deca dick.
As doses praticadas são 100 a 1.000mg/semana em homens e 12,5 a 50mg/semana
em mulheres.

2 - Trembolona - Parabolan®

A trembolona é o esteróide anabólico mais potente fabricado. É uma droga que causa
ganhos impressionantes e com alto poder lipolítico, sendo muito versátil tanto para fases de
bulking quanto de pre-contest.
Seu uso é exclusivo veterinário, sendo indicada para o ganho de peso do rebanho prévio ao
abate.
Ela é altamente androgênica, causando virilização em mulheres de maneira muito rápida e,
muitas vezes, irreversível.
Eu falo para meus pacientes: ela vai te dar o que você quer. Porém, ela vai cobrar o preço.
A trembolona tem uma ação sobre a prolactina aumentando seus níveis, com alto teor de
degradação de dopamina. Relatos de fisiculturistas atendidos por mim são de que, ao usar

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doses muito altas, o indivíduo perde a sensação de prazer na vida. Um paciente me contou
que, se a filha desse falecesse, ele não se importaria no momento.
A inibição de dopamina causada pela trembolona pode causar inibição da produção de
TSH, levando a um quadro de hipotireoidismo por falta de estímulo da glândula tireóide.
Como profissional de saúde, não posso indicar que alguém sob meus cuidados use
trembolona.
Ela é encontrada na forma de Acetato( meia vida de 2 dias) ou enantato( meia vida de 14
dias).
A forma enantato é a mais crítica, pois, pela farmacocinética das drogas, a eliminação total
de um fármaco se dá após 5 a 9 meias-vidas. Se o indivíduo tiver um colateral psiquiátrico,
este pode levar até 135 dias para melhorar, devido ao tempo de meia vida longo.
As doses praticadas variam de 150 a 1.000mg/semana. Não é recomendada para
mulheres.

4 - Gestrinona

A gestrinona é um hormônio anabólico com a estrutura base idêntica à trembolona.


Atualmente, ela é muito utilizada na forma de implantes subcutâneos, vulgarmente
chamados de chips da beleza.
Ela tem uma característica anti-estrogênica interessante, pois melhora o quadro de TPM,
endometriose, sangramentos excessivos no ciclo menstrual das mulheres. Atua como uma
progestina e com alto poder anabólico e moderado a alto poder androgênico.
Ela possui um efeito estético interessante. Quando bem indicada para mulheres com
percentual de gordura mais baixo( menos de 20%), melhora o quadro de celulite e o ganho
de massa magra também é significativo.

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A gestrinona pode ser usada em óvulos vaginais na dose de 1 a 2,5mg a cada 3 vezes na
semana ou na forma de pellets subcutâneos absorvíveis( 25 a 35mg por implante).
É necessário acompanhamento médico das mulheres, pois a virilização pode ocorrer.

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CAPÍTULO 5 - O QUE O PROFISSIONAL DE SAÚDE PRECISA SABER PARA ATENDER
O USUÁRIO DE ESTERÓIDES?

Se você se propôs a atender este público específico, é necessário, primeiramente,


abandonar a sensação de julgamento alheio.
Você verá na prática que muitos passaram em outros médicos/profissionais e ouviram
sermões, foram mal atendidos ou até mesmo expulsos do consultório médico, como se
fossem seres do mal. Na verdade, são apenas seres humanos.
Em 2019 participei de um congresso de medicina esportiva e algumas aulas foram sobre
esteróides anabólicos e os palestrantes notavelmente levantavam estudos científicos quem
mostravam os colaterais que já sabemos e tratavam os praticante de musculação e atletas
de fisiculturismo como “homens do pântano” e “doentes mentais”. Sim, proferindo estes
termos preconceituosos perante platéias de 200 a 300 pessoas.
Se você adquiriu este material, com certeza pensa diferente destes profissionais de renome
na sociedade médica, mas pobres de alma. Pense comigo. Eles sendo referência na área,
recebem pacientes que querem parar de usar esteróides, querem engravidar a esposa ou
somente querem fazer uma terapia pós ciclo adequada. Se no congresso é assim, no
consultório também serão. Ou seja, ele não vai cumprir o juramento feito no dia da sua
formatura.
Sabemos também que a prescrição médica de esteróides anabólicos é liberada pelo CFM,
porém, pode ser mal vista para uso estético. Porém, cirurgias plásticas extremamente
perigosas têm o aval de todos os conselhos médicos.

Quem é o candidato ao uso de hormônios?

Pessoas que já treinam há bastante tempo, com regularidade e seguem bons padrões e
hábitos de vida apresentam maior densidade de receptores androgênicos. Isso causa uma
maior ativação de células satélite pelos andrógenos e por conseqüência, maiores ganhos
com o uso de hormônios em menores dosagens.
Iniciar ciclos sem saber treinar, sem ter uma adesão a bons hábitos, sem ter regularidade
nos treinos não traz resultados e somente colaterais. Pacientes que bebem muito, têm o
final de semana totalmente desregrado não são bons candidatos a uso de hormônios para
estes fins.

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Esse tema é muito abordado por mim no meu curso online, com maior profundidade, no
qual eu abro turmas a cada 45-60 dias para acesso às aulas e encontros ao vivo comigo
para tirar dúvidas.

1 - Anamnese

● Estabeleça com o seu cliente o Objetivo da consulta e metas a atingir( baixar o


percentual de gordura, ganho de peso etc). Coloque metas atingíveis e viáveis.
● Interrogue as Queixas( Como posso ajudá-lo(a)?, O que está sentindo?)
● Antecedentes pessoais - cirurgias prévias, fatores de risco para morte súbita no
exercício, medicações em uso.
● Antecedentes psiquiátricos - se positivo, provavelmente a suspensão ou
contraindicação do uso de esteróides se fará necessária.( será abordado no capítulo
de efeitos colaterais)
● Antecedentes familiares - doenças cardiovasculares, cânceres na família, doenças
psiquiátricas em parentes de primeiro grau, entre outros
● Sono - fundamental. Quem dorme mal tem descontrole do apetite no dia seguinte.
Oriente higiene de sono - retire o estímulo de tv ou celular pelo menos 30 minutos
antes de deitar na cama, estimule leitura, meditação em ambiente mais escuro neste
período.
● Função intestinal - é muito comum alterações de disbiose por baixo consumo de
vegetais, legumes e frutas( a famosa dieta de batata doce e frango). Estimule
aqueles alimentos e acompanhe junto com o nutricionista.
● Libido - esteróides como Deca-durabolin podem diminuir a libido, assim como o sono
alterado, o estresse também.
● Uso de anticoncepcional - esteróides alteram o ciclo menstrual mas não a ovulação.
O empilhamento de drogas( pílula + esteróides) não é prejudicial de forma grave.
● Treino - sem um treino de musculação efetivo, não haverá proveito no uso de
hormônios para este fim.
● Alimentação - faça um diário alimentar resumido para entender o padrão alimentar
de qualidade e quantidades. Muitos comem de forma saudável, mas comem pouco.
Atente-se a interrogar sobre como é o final de semana do seu cliente. Ali mora o
problema de quase todas as dietas e afasta a pessoa do objetivo de melhora de
composição corporal.

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● Suplementação em uso e ciclos atual ou passados - a interação entre drogas deve
ser avaliada e será discutida mais adiante.

2 - Exames de laboratório

O indivíduo que queira usar ou está em uso de hormônios deve ser monitorado de perto.
Esta é a única maneira de se conseguir prevenir colaterais antes que causem problemas
graves de saúde.
O que recomendo ao leitor é solicitar os exames a seguir antes do ciclo, após 45 dias do
início do mesmo e a cada 45 a 60 dias durante o uso. No período da terapia pós ciclo
também é necessário após 30 dias do início da mesma.

Quais exames pedir e como interpretá-los?

● Hemograma
○ HB > 17
○ HT >53% já é risco de eventos tromboembólicos
○ Leucograma( pode haver leucocitose, uma alteração esperada)
● Fígado:
○ Provas de lesão
■ TGO/AST( aumenta com lesão muscular) - >10x a referência =
lesão hepática aguda
■ TGP( mais específico para o fígado e rim)
○ precedem a elevação de bilirrubinas em 1 sem.
○ 15% maiores em afro-descendentes
○ Gama-GT
● maior sensibilidade nas lesões hepáticas
● última a cair nas hepatites( critério de cura)
○ 5-nucleotidase
● enzima da membrana de hepatócitos.
○ Provas de função hepática
■ Bilirrubinas
■ Coagulograma( alargamento do tempo de coagulação,
aumento do INR, indicam mau funcionamento hepático)
■ Albumina
● Função muscular
○ CPK
■ indicador de nível de treino
■ eleva-se mais em indivíduos menos treinados
■ maior massa muscular, maiores valores
■ treinados - cai mais rápido( até 48h)
○ Desidrogenase Lática

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■ marcador de trabalho muscular anaeróbico.
○ Uréia - aumenta em dietas de baixo carboidrato ou dieta hiperproteica
- indicador de catabolismo muscular
● Provas inflamatórias
○ PCR ultrassensível - aumenta devido a muitas aplicações
intramusculares. Indicador de risco cardiovascular.
○ Ferritina( esteróides orais elevam ferritina, dependendo da
predisposição do indivíduo)
○ Homocisteína(eleva-se com aumento do estradiol)
○ Homocisteína**
■ é uma proteína produzida da desmetilação da metionina
■ acúmulo de metionina é risco para lesão endotelial
■ fator de risco para aterosclerose
■ Estrogênios diminuem B12 e folato, que participam da
eliminação da homocisteína
■ Turnover muscular aumenta Homocisteína
■ Aumento da eritropoiese aumenta Homocisteína
■ Eaas orais alteram metabolismo hepático
● fonte:​AL-Thamir, Sabah N., and Aymen A. Bash. "Effects of
Anabolic Androgenic Steroids Abuse on Homocysteine
Levels in Bodybuilders Athletes."
● Tireóide
○ TSH - pode ocorrer leve aumento
○ Esteróides orais diminuem TBG( Thyroxin Binding Globulin),
aumentando de T3 e T4 livres e diminuindo de T3 e T4 totais
○ Geralmente não há repercussão clínica
○ Uso de GH pode aumentar a conversão a T3
○ Altas doses de GH por longos períodos leva à inibição do TRH e
consequente diminuição de TSH por feedback negativo
○ Drogas como Trembolona aumentam prolactina por diminuir
dopamina. Prolactina mantém TRH inibido, mantendo baixa função
tireoideana.
● Perfil Lipídico
○ queda do HDL
○ Aumento do LDL
○ Alteração da relação Apo A/Apo B( nl 2/1)
○ Drogas Orais aumentam a produção da Lipase Hepática, diminuindo a
produção HDL no fígado e aumentando o LDL
○ Drogas mais agressivas: 17-alfa-alquilados( Stanozolol)
● Função renal
○ Creatinina ( <1,5). Acima de 1.5, pesquisar lesão renal com clearance
de creatinina e Cistatina C. A excreção dos esteróides é por via renal.
○ Uréia ( metabolismo protéico)
○ Eletrólitos( sódio, potássio, magnésio)
○ Cistatina C - proteína abundante no organismo, filtrada pelo rim.(mais
sensível)

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● Hormônios
○ Testosterona Total e Livre - após 3 a 5 meias vidas, as drogas se
estabilizam nos níveis sanguíneos. Pelo valor de testosterona,
podemos saber se há subdosagem e falsificação de drogas.
○ SHBG( derivados do DHT, outros esteróides orais e SARMS reduzem
mais SHBG)
○ Estradiol - atinge um limite de aromatização. Deve-se manter a
relação T/Estradiol entre 20 a 30.
○ Estrona - metabólito menos ativo.
○ DHT - excesso de conversão pode aumentar o risco de elevação do
hematócrito
○ Androstenediona( aumenta com uso de esteróides)
○ S-DHEA

Outros exames de Laboratório e Imagem

● Espermograma
○ necessário no acompanhamento pré ciclo( avaliação de infertilidade prévia) e
pós ciclo.
● Exames de Imagem durante ciclos longos e usuários crônicos
○ Ultrassom Abdominal total + próstata
○ Ultrassom de carótidas
○ Ultrassom de tireóide
○ Ultrassom de testículos com doppler
○ Ecocardiograma
○ Rx de tórax

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CAPÍTULO 6 - EFEITOS ADVERSOS DOS ESTERÓIDES - PREPARE-SE E ESTEJA UM
PASSO À FRENTE.

A avaliação inicial do paciente é fundamental. A anamnese descrita no capítulo anterior é


suficiente para descartarmos patologias orgânicas e psiquiátricas que possam contraindicar
iniciar ou continuar com o uso de esteróides anabólicos.
O profissional que conhece as classes das drogas e seu comportamento em relação aos
efeitos colaterais consegue dar muita segurança ao paciente, adesão a retornos e
fidelização ao tratamento.
Cabe ressaltar que muitas vezes os colaterais apresentados não causam sintomas físicos a
curto prazo. Por este motivo, sugiro que os retornos sejam em 45 a 60 dias no máximo.
Sempre com exames novos. O primeiro retorno é fundamental, pois conseguimos ter noção
de como o metabolismo das drogas acontece no indivíduo. A prática clínica me mostrou que
os efeitos colaterais de aromatização, conversão a DHT e psicológicos são variáveis de
acordo com a individualidade do paciente. Uns apresentam ginecomastia com doses muito
baixas de andrógenos, enquanto outros não têm até com doses altas que vêm sendo
usadas sem orientação médica.
Apesar da ciência mostrar os efeitos deletérios à saúde dos esteróides anabólicos, a força
de associação exclusiva dos hormônios é fraca. Os estudos que mostram os danos à saúde
relatam tais eventos, porém, não é possível, devido à qualidade dos trials, estabelecer uma
relação exclusiva de causa-efeito de que é o esteróide que está causando o problema.
É importante citar que os indivíduos que buscam as drogas para aumento de performance e
melhora estética tendem a usar de 3 a 15 substâncias além dos esteróides, como: insulina,
termogênicos potentes( clembuterol, efedrina, cafeína em altas doses), hormônios
tireoideanos, hormônio do crescimento, diuréticos, estimulantes( efedrina, anfetaminas e
derivados), drogas psicotrópicas( cocaína, maconha, LSD, entre outros).
Quando vamos analisar os estudos relacionados a isto, precisamos de atenção na
interpretação.
A seguir, cito um estudo interessante, onde os autores analisaram 189 publicações de 1990
até 2012, com 19( dezenove) mortes relacionadas a usuários de esteróides. Foram feitas
autópsias, testes toxicológicos e relatos de investigação na residência de alguns indivíduos.
A amostra de eventos é muito heterogênea e há relatos de terem sido encontrados nas
residências: estimulantes, uma série de esteróides, efedrina, clembuterol e drogas de
abuso. Muitos destes estudos sequer indicam as doses usadas. O que mais se correlaciona
é o abuso por muitos anos. (Curr Neuropharmacol. 2015 jan 13(1): 146-159)

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Um estudo (Hoffman, 2006) aponta uma série de conflitos na causalidade de eventos
graves atribuídos aos esteróides. A maioria dos estudos mostrados são relatos de caso(
baixa força de evidência). São mostrados relatos pontuais, mas não se investiga como era a
dieta destes indivíduos, quais os hábitos de vida, qual o caráter genético, uso de outras
drogas associadas.
Sabemos, sim, que os efeitos colaterais acontecem. Mas será que isso não é exagerado?(
Hoffman, 2006).

Efeitos cardiovasculares

O uso agudo de esteróides pode causar sobrecarga do aparelho cardiovascular por


aumento da pressão arterial sistólica.
O uso crônico( usuários de anos na sequência) acarreta alterações estruturais no ventrículo
esquerdo com diminuição da fração de ejeção e formação de placas de ateroma nas
coronárias.

Fig. 1 - efeito variável em placas de ateroma de acordo com o tempo de uso de


esteróides.​Circulation. 2017 May 23; 135(21): 1991–2002.
Alterações crônicas do perfil lipídico, causadas pelos andrógenos, em especial derivados do
DHT e drogas orais cursam com alteração do HDL e aumento do LDL, que são
comprovados fatores de risco cardiovascular para formação de placas arterioscleróticas.
Um famoso fisiculturista americano passou recentemente por uma amputação do membro
inferior por oclusão arterial. Pela faixa etária, podemos inferir que o perfil lipídico alterado
cronicamente em conjunto com fatores genéticos, dietéticos ou até distúrbios de coagulação
podem ter causado o quadro.

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Hipogonadismo Hipogonadotrófico

Este é o principal colateral que envolve o uso de doses suprafisiológicas de esteróides.


Os leigos pensam que a inibição do eixo HHG só acontece com uso de testosterona,
justificando isso usando drogas isoladas como ciclos de Dianabol ou Deca-Durabolin, sem a
presença da testosterona.
As moléculas dos esteróides possuem a mesma estrutura base e o seu poder
anabólico/androgênico causa o feedback negativo na produção de GnRH e consequente
queda dos níveis abaixo do detectável de LH e FSH. Isso causa o hipogonadismo
hipogonadotrófico( baixa produção de testosterona, com baixa produção de gonadotrofinas).
Como você pode explicar isso ao seu paciente? “​O testículo interpreta que já tem alguém
oferecendo testosterona ou algo muito parecido com ela, então, ele entende que não
precisa mais produzir a testosterona natural, enviando um aviso ao sistema de regulação
cerebral para não produzir LH e FSH.​”
Quando cessa-se o uso dos hormônios, o corpo não tem tempo hábil de reativar o eixo
​ eríodo onde há
hormonal, causando o que chamamos de ​crash hormonal pós ciclo, p
quadros de depressão, desânimo, perda de disposição para treinar se nada for feito para
restabelecer o eixo. Uma terapia pós ciclo bem feita é fundamental para isto, e é onde os
profissionais médicos deveriam intervir. Negar isto ao paciente é fazê-lo ou piorar sua saúde
ou voltar a usar esteróides por conta para sempre, pois ele acredita que nunca vai recuperar
sua disposição sem hormônios.

Fig. 2 - Eixo hipotálamo-Hipófise-Gonadal( adaptado de Fisiologia Endócrina de Lange)

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Ginecomastia

É o segundo colateral mais comum, caracterizado pelo aumento do tecido mamário


retro-mamilar em pacientes masculinos.
A estimulação do receptor estrogênico pelo estradiol ou outros estrogênios ou prolactina
causa ginecomastia. É algo muito individual. Na prática vejo pacientes com sintomas de
ginecomastia com baixas doses e outros com doses altíssimas sem o sintoma.
As drogas que mais causam ginecomastia são ésteres de testosterona, Dianabol,
Deca-Durabolin, Trembolona e Oximetolona, não necessariamente nesta ordem.
Um erro muito comum é usar altas doses de inibidores de aromatase para prevenção da
ginecomastia, o que pode levar a uma queda muito grande dos níveis de estradiol. Isto não
é saudável, pois sabemos da importância de níveis de estradiol ótimos na proteção do perfil
lipídico, pressão arterial, libido e articulações.
Atualmente, com todo arsenal de informações, não é admissível a evolução de uma
ginecomastia.
A droga mais eficaz para tratamento da ginecomastia é o Tamoxifeno, um modulador
seletivo do receptor estrogênico( SERM). Doses de 20mg/dia já são eficazes.

Fig. 3 - Ginecomastia induzida por esteróides( fonte: Internet)

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Lesões hepáticas

Os esteróides orais 17-alfa alquilados são as drogas com maior potencial hepatotóxico, com
destaque ao stanozolol, uma das mais agressivas.
As drogas injetáveis também têm potencial hepatotóxico em altas dosagens semanais.
Geralmente não preocupam neste quesito.
A primeira passagem hepática pelo trato gastro intestinal causa alterações no metabolismo
hepático de proteínas( SHBG, Ferritina, Homocisteína, Albumina) e podem levar a danos
das células ou canalículos, causando elevação das transaminases( TGO e TGP) e
marcadores de lesão canalicular/colestase( Gama GT e bilirrubinas), respectivamente.
Alterações de até 10x acima do valor de referência nas transaminases não preocupam, pois
podem ser adaptações do treinamento. Estas enzimas estão presente nos músculos, e se o
paciente apresentar elevação da CPK, podem elevarem-se TGO e TGP.
Há relatos de caso com aparecimento de tumores hepáticos malignos com o uso de
derivados de DHT, em especial a Oximetolona.
O monitoramento com exames é fundamental para a detecção precoce destes colaterais
com potencial de agravamento da saúde.

Atrofia testicular e infertilidade

O estímulo testicular de FSH e de testosterona endógena por ação parácrina no testículo


são fundamentais para não haver atrofia do órgão ou queda de produção de
espermatozóides.
Doses suprafisiológicas ou até mesmo de reposição hormonal(dentro dos valores de
referência) causam a inibição hipotalâmica de FSH e LH, causando “desligamento” da
produção testicular e, por conseqüente, seu volume.
As células de Sertoli não recebem este estímulo e diminuem sua função.
Uma metanálise( Christou, MA, 2017) mostrou alterações na forma, quantidade, motilidade
dos espermatozóides durante o uso de esteróides, com recuperação da função e fertilidade
em até 30 semanas( não cita se foi feito algum tratamento para recuperar).
Na prática, vemos que que protocolos com HCG subcutâneo, estímulo de LH com
clomifeno, suplementação de Vitamina E( 400ui), zinco quelado(20mg), magnésio quelado(
300mg), tribulus terrestris( 1.000mg) podem ajudar na recuperação da espermatogênese.

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Raros são os casos de infertilidade permanente, até mesmo porque o indivíduo não tem
como comprovar se já não era infértil previamente ao uso de hormônios.

Acne

A acne é o principal efeito colateral relatado por usuários. É dose-dependente e também de


caráter individual. Pacientes femininos com baixas doses de oxandrolona desenvolveram
acne severa, enquanto outras com doses 3 vezes maior não desenvolvem.
O caráter multifatorial é interessante, pois variações de dieta, quadro inflamatório intestinal
e sensibilidade do receptor androgênico na pele são causas do quadro.
Drogas mais androgênicas como Dianabol, Oximetolona, Trembolona, testosterona podem
ativar os receptores androgênicos pela conversão a DHT ou pelo poder de ligação ao
mesmo.
A higiene da pele é fundamental, com esfoliação diária para evitar entupimento dos poros e
conseqüente infecção local( acne).
As drogas mais utilizadas para tratamento são:
- Espirolactona, com característica de competir pelo receptor androgênico e que pode
alterar a os efeitos ergogênicos dos esteróides. Doses variam de 25 a 100mg por dia
- Loções tópicas à base de clindamicina, adapaleno
- Fitoterápicos que inibem a 5-alfa redutase como Saw Palmetto 400mg, Urtica dióica
200mg, zinco quelado 20mg
- Metformina apresenta resultados positivos em estudos recentes
- Isotretinoína (Roacutan®) em baixa dosagem( 20 a 40mg/semanais). Muito eficaz e
segura, mas necessita de receita e termo de consentimento por parte médica e do
paciente.

Alterações menstruais em mulheres e virilização

O uso de andrógenos por mulheres tem ganho muita popularidade. O problema disto é que
muitas moças vêm usando doses altas, indicadas por “coaches” que não estão
preocupados com sua estética ou saúde, apenas com os resultados para ganhar mais
clientes pelas mídias sociais.
A inibição de LH e FSH pode ocorrer nas mulheres e por consequência diminuir a
proliferação do endométrio e cessar a menstruação. É um efeito colateral muito comum. O
problema disto é que não há relatos de inibição de ovulação, então, o risco de gravidez se

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torna um problema, pois gerar um feto em ambiente de hiperandrogenismo por esteróides
pode causar problemas que ainda nem temos relatos na literatura. Métodos
anticoncepcionais devem ser estimulados, até mesmo porque a libido das usuárias tendem
a aumentar com uso de hormônios.
Efeitos virilizantes não deveriam acontecer, mas acontecem. Erros de dosagens, alterações
de auto-percepção corporal e falta de acompanhamento são causas de virilização de
pacientes do sexo feminino.
O poder androgênico dos esteróides cobram este preço. Altas doses podem virilizar a
paciente em pouco tempo e baixas doses por tempo prolongado de uso também.
A disfonia é uma queixa comum, que dá a característica de “voz de pato” à mulher, é
causada pela hipertrofia e enrijecimento das cordas vocais. Se não tratada a tempo, essa
alteração é irreversível. Ao iniciar quadro de rouquidão, a suspensão da droga é obrigatória.
A hipertrofia clitoriana é outro colateral comum, que inicia com sintomas de sensibilidade
local e conseqüente aumento do tamanho do órgão. Também se não tratada a tempo se
torna irreversível.

Efeitos no sistema nervoso central

O uso de doses suprafisiológicas de esteróides pode exacerbar sintomas de ordem


psiquiátricas e um interrogatório deve ser feito na consulta. Antecedentes pessoais de:
Síndrome do pânico, depressão grave, ansiedade( transtorno ansioso diagnosticado por
especialista), mania, abuso de drogas ilícitas, alcoolismo, entre outras, são contraindicações
de uso de hormônios para fins de performance.
Antecedentes familiares de primeiro grau iguais aos acima devem ser investigados e, se
positivos, deve ser alertado ao paciente o risco de desenvolver algum transtorno induzido
por esteróides.
Os picos de concentração hormonal após a administração causam certo grau de excitação
do sistema nervoso central( por isso do bem estar causado pelas altas doses de
testosterona). Os mecanismos não estão bem elucidados, mas nas 2 a 3 primeiras
semanas de uso podem ocorrer crises de pânico, ansiedade em pacientes predispostos.
Minha experiência é que o uso de stanozolol, boldenona, trembolona e deca-durabolin são
mais agressivos neste quesito.
É sempre prudente informar ao paciente que, quanto maior a meia vida da droga, mais
danosos podem ser os sintomas, pois o wash-out da droga( tempo de total eliminação do

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organismo) leva de 5 a 9 meias vidas. Quanto maior a meia vida, mais tempo os colaterais
psiquiátricos podem durar.
Estudos em modelos animais(roedores) indicam poder neurotóxico de drogas como
Nandrolona( Carteri, 2019), trembolona e stanozolol. Infelizmente, não há estudos em
humanos para saber diretamente o dano de esteróides, somente questionários de cognição
e memória.
Pacientes sob uso de doses plenas de anastrozol ou outros inibidores de aromatase
apresentam quadros de letargia induzida pela baixa do estradiol.

Libido

Mesmo com dosagens de testosterona 10, 20 vezes maiores que o valor fisiológico,
usuários relatam queda de libido.
A libido é multifatorial. Drogas com poder de aumentar os níveis de prolactina como
nandrolona, boldenona e trembolona podem causar impacto negativo na libido.
O excesso de estradiol ou a falta de estradiol também. Manter uma relação Testosterona
total/Estradiol abaixo de 20, pode ser deletério à libido.

Poliglobulia e Eventos Tromboembólicos

O aumento da produção de hemáceas pela medula se dá pelo efeito anabólico dos


esteróides, em especial a testosterona, boldenona e oximetolona.
A monitorização do Hemograma é fundamental e níveis de Hematócrito acima de 53% são
fatores de risco para turbilhonamento de células sanguíneas dentro dos vasos e
consequente aumento de eventos tromboembólicos.
A sangria terapêutica com retirada de 400ml de sangue pode tirar do quadro urgente,
juntamente com a retirada do agressor: esteróide.
Uso de AAS pode ajudar a prevenir, mas causa colaterais gastrointestinais e renais(
lembrando que a excreção dos esteróides é por via renal).

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CAPÍTULO 7 - COMO MANEJAR PACIENTES MULHERES

Cada vez mais mulheres estão usando esteróides anabolizantes e tendo problemas
estéticos irreversíveis, conforme citado no capítulo anterior.
Em paciente do sexo masculino, o uso de andrógenos tende a melhorar a sensibilidade à
insulina, algo que favorece a perda de gordura. Já nas mulheres, ocorre o inverso.
Muitas pacientes vão lhe procurar com o objetivo de emagrecer usando esteróides
concomitantemente ou até como o meio para tal. É preciso orientá-las que, se usar essas
drogas no momento errado, o quadro se agrava em vez de melhorar a composição corporal.
O percentual de gordura mais alto( acima de 20, 21%) cursa com mais resistência à insulina
e pode agravar-se quando usados esteróides. Cria-se um quadro semelhante ao da
Síndrome dos Ovários Policísticos( hiperandrogenismo, resistência à insulina, obesidade). A
mulher ganha peso, piora o quadro de retenção de líquidos, mesmo ganhando massa
muscular e apresenta risco de virilização maior.
É fundamental evitar o uso de drogas com potencial maior de virilização como ésteres de
testosterona, dianabol, trembolona. Drogas mais “gentis” com as mulheres são oxandrolona,
metenolona, turinabol e nandrolona.

Mulheres fazem Terapia Pós Ciclo?

Pacientes femininas não fazem o protocolo de TPC clássico como os homens fazem.
É necessário compreender que a produção de testosterona da mulher pode ficar diminuída
ou suprimida durante o uso de esteróides e ao cessar o ciclo, ela pode entrar em um quadro
chamado de síndrome da deficiência androgênica, que cursa com baixa testosterona, queda
de libido e efeito rebote de retenção de líquidos e ganho de gordura.
A programação do final do ciclo em mulheres deve ser feita com desmame da droga( ir
reduzindo as dosagens no decorrer de semanas) e monitoramento de sintomas.
Medicações como Metformina e testosterona base em creme tópico em baixa dosagem
podem ajudar a evitar problemas de síndrome de deficiência androgênica e rebote.

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CAPÍTULO 8 - TERAPIA PÓS CICLO - TPC

A TPC é parte fundamental do tratamento, pois o uso contínuo de hormônios podem trazer
mais danos ao usuário, conforme abordado nos capítulos anteriores.
Eu sempre digo aos meus pacientes e aos alunos que vêm fazer o estágio clínico comigo e
nas mentorias que forneço como serviços para colegas médicos que uma TPC bem feita é o
que evita o usuário de usar esteróides ininterruptamente.
O crash hormonal causado por uma TPC mal feita ou não feita faz o usuário se sentir
indisposto, sem vontade de treinar, sem libido e com rebote de ganho de peso e grandes
perdas musculares. Isso pode levar esta pessoa a voltar esteróides ao sentir estes sintomas
e achar que nunca será possível se sentir bem sem os hormônios.

Qual a função da TPC?

É restabelecer a função do eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal o mais rápido possível, com


auxílio medicamentoso.

A TPC garante os ganhos do ciclo?

Não, ela tem a função de normalizar a produção de testosterona endógena. Porém,


indiretamente, isso pode ajudar a manter uma parte dos ganhos pelo seguinte motivo: não
havendo o crash hormonal, o paciente se sente disposto e continua treinando com alta
intensidade, mantendo um ambiente anabólico mais favorável, e obviamente, menor do que
durante o ciclo. Isso pode manter a musculatura sendo estimulada, com minimização das
perdas.
Isto deve ser bem orientado em consulta, assim como manter o profissional sempre
atualizado sobre os sintomas durante o tratamento, através de contato telefônico, por
mensagens ou redes sociais.

Drogas usadas na TPC

- SERMS
- Clomifeno e tamoxifeno - Têm ação de aumentar a secreção de LH e FSH
por estímulo de GnRH, além de uma ação anti-estrogênica no hipotálamo.
São obrigatórias na TPC por estimular o eixo HHG

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Doses de 50 a 100mg/dia de Clomifeno já são suficientes para estimular a
produção endógena de testosterona, por 60 dias.
- Gonadotrofina Coriônica( HCG - Choriomon 5.000ui)
- Análogo de LH, atua diretamente nas células de Leydig para estimular a
produção de testosterona. É extremamente eficaz para evitar o crash
hormonal no início da TPC. Usualmente, se o paciente fez uso de baixas
doses de esteróides e por curto período de tempo, o uso do HCG não é
necessário. Ciclos longos e de altas dosagens necessitam de um “restart” no
eixo com HCG, com 2 a 3 aplicações semanais, concomitantemente com
SERMS.
- Pode ocorrer ginecomastia com uso do HCG pelo aumento da produção de
testosterona e sua aromatização.
- Mesterolona ( Proviron®)
- Importante redutor de SHBG pela sua afinidade a esta proteína, ajuda a
manter níveis de testosterona livre dentro da referência.
- Estudos apontam melhora da libido com uso da mesterolona. Na prática, os
resultados são variáveis.
- Tadalafila
- Pode ajudar no controle de ereções e da libido com doses baixas
diárias(5mg).
- Testosterona Base
- O creme de testosterona é controverso na TPC, mas se usado em doses
baixas o suficiente para não manter o eixo inibido, pode ajudar a deixar os
níveis de testosterona livre dentro da referência, quando o paciente tem
sintomas de baixa libido. Doses de 30mg com creme pentravam são
suficientes em uma aplicação diária.

Quando iniciar a TPC?

Existem diversos protocolos que incluem: iniciar após 3 meias vidas da droga de maior meia
vida ou se basear em exames laboratoriais.
Na minha prática, eu utilizo o parâmetro de exames de sangue, de acordo com os valores
de testosterona.
Após 5 meias vidas de aplicação da testosterona, ocorre a estabilização desta droga no
sangue. Vamos dar um exemplo:

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A estabilização do cipionato de testosterona acontece após 45-50 dias e uma dose de
200mg semanais atinge o estado estacionário de 1.500ng/dL na média.
Ao suspender o uso, em 7 dias o valor tende a cair para 750ng/dL, em mais 7 dias cai para
375ng/dL e após mais 7 dias cai para 180ng/dL, que já é o valor subfisiológico. Antes disso
ocorrer, deve ser iniciada a TPC.

Exames laboratoriais na TPC - Quando pedir?

Nas consulta de acompanhamento, é prudente que hajam exames feitos para seguimento
clínico e assim, o profissional consegue estudar os colaterais antes que causem danos à
saúde.
É indicado que se faça o exame no 30° dia da TPC para estudar a resposta dos fármacos
que estimulam o eixo HHG( vide capítulo 5) e com um retorno com 45 dias de TPC para
avaliação. Outro exame após 60 a 80 dias após o início da TPC é indicado.

Quando encerrar a TPC?

Após a normalização dos valores de LH e FSH e retorno da testosterona a níveis pré ciclo,
pode-se encerrar a TPC.
Cabe lembrar que pacientes mais velhos, com níveis menores de testosterona pré ciclo ou
que usaram doses altas de hormônios por tempo prolongado podem necessitar de uma
TPC mais longa, com chance de restauro do eixo a valores mais baixos que os iniciais de
testosterona.

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CAPÍTULO 9 - BLAST AND CRUISE, CICLOS PERIGOSOS, MERCADO PARALELO E
ERROS DE LEITURA LABORATORIAL

Com certeza você irá atender um cliente que fez ou está fazendo o famoso Blast and
Cruise.
O Blast and Cruise nada mais é que o uso ininterrupto de hormônios em altas doses e com
mais de 2 drogas( Blast), alternando com períodos de 1 droga, geralmente a testosterona
em baixas doses( Cruise).
É importante alertar o paciente que esta opção é a que garante os ganhos, porém, traz mais
riscos à saúde.
No capítulo de efeitos colaterais mostrei um estudo que propõe o maior risco
cardiovascular de formação de placas de ateroma nas coronárias com usuários de longa
data.
Não há escapatória, os colaterais de uso prolongado sempre vêm.
Protocolos efetivos de Blast incluem menores doses de drogas, porém, com mais de 3
drogas e com sinergia entre elas. Isso, teoricamente, diminui o risco pelo uso de menores
dosagens.
Apesar da efetividade e empilhamento de drogas, é preciso ter cautela com algumas
associações de drogas e citarei algumas abaixo, com a premissa de que todas terão a
testosterona como base do ciclo*:
- nandrolona + boldenona:​ alto risco de alterações psicológicas
- boldenona + trembolona:​ idem ao anterior, com mais gravidade
- trembolona + stanozolol:​ alta agressividade ao perfil lipídico
- nandrolona + dianabol: ciclo de alta potência anabólica, com risco alto de
ginecomastia
- nandrolona + trembolona + boldenona: ​risco altíssimo de distúrbios psiquiátricos.
(*) são ciclos comuns, vistos diariamente na prática. Na grande maioria feitos por conta
própria ou indicado por “preparadores”.

Mercado Paralelo

A maioria dos usuários compram os esteróides por contatos de pessoas da academia, chats
de whatsapp e redes sociais, o que facilita o acesso e aplicações.

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Porém, vários estudos de apreensão destas drogas, que entram no país via contrabando,
mostram que as medicações estão sub ou superdosadas, contaminadas com metal pesado,
contaminadas por bactérias ou até mesmo contendo só óleo de cozinha.
Do ponto de vista médico, é muito melhor que estas pessoas usem medicações com
controle maior de qualidade, como por exemplo os fármacos vendidos na farmácia pela
indústria farmacêutica ou no mercado magistral de confiança. O problema disso é a
necessidade do indivíduo de investir em uma consulta médica, o que afasta uma grande
parte de pessoas de buscarem auxílio e fazerem uso sob orientação profissional e com
medicações de alto grau de qualidade farmacêutica. Fazendo os cálculos dos preços
praticados pela farmácia e mercado paralelo, o valor do mercado paralelo é muito maior.

Erros de leitura laboratorial

Os exames laboratoriais são importantes para o acompanhamento, mas podem apresentar


erros de leitura, pois os kits de detecção hormonais podem interpretar uma droga como
sendo outra.
Por exemplo, derivados do DHT podem ser lidos como a própria dihidrotestosterona.
A trembolona pode ser lida como Estradiol.
A boldenona pode ser lida como testosterona.
Abaixo, segue uma tabela com a chance de erro de leitura de esteróides e um exemplo de
paciente atendido por mim:

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Estradiol altíssimo e paciente sem sintomas, em uso de trembolona acetato.

A clínica SEMPRE é soberana e não devemos tratar resultado de exames de sangue, e sim
o paciente como um todo.

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ENCERRAMENTO

Caro leitor, espero que com este ebook você tenha mais confiança em atuar neste nicho
específico, que é carente de bons profissionais embasados e que não são “paraquedistas”
nesta área.
Sempre digo aos colegas médicos que vêm fazer nosso estágio clínico de 5 dias no Instituto
Vive em São Paulo que precisamos ter a teoria desse assunto, mas a prática é necessária.
Saber treinar, orientar técnicas de treino( não prescrever o treino, mas mostrar como deve
ser um treino de verdade para ter resultados), vivenciar o mundo dos esteróides de perto é
fundamental.
Aconselho você a conversar com fisiculturistas, que apesar de pessoas grandes em
tamanho, são seres humanos muito humildes na sua maioria e vão lhe passar o
conhecimento prático do assunto, testar protocolos em si mesmo(a), ter um cartão de visita
para mostrar confiança ao paciente.
Passe por um processo de ganhos musculares, depois por perda de gordura ou vice-versa.
Enfim, viva o que você prega!

Estarei sempre à disposição nas minhas redes sociais, onde posto diariamente informações
sobre o assunto.
Se você tem interesse em conhecer mais meu trabalho e meus serviços, abaixo estão os
contatos e sites.

Um grande abraço!

www.instagram.com/medicodoesportesp
www.drluiztintori.com.br
Contato para o curso online: 11-94069-9974
Contato para estágio prático: 011-95317-8925
Mentoria Médica: contato@drluiztintori.com.br

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