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Olá!
Sou Luiz Henrique Tintori, médico, formado em 2007 pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Mogi das Cruzes.
Comecei a carreira médica como ortopedista, fiz a residência na área de 2008 a 2010, após,
fiz mais um ano de cirurgia do quadril.
Depois de alguns anos atuando na área, percebi que o perfil dos pacientes que eu atendia
era exatamente o contrário do estilo de vida que eu levava e me sentia frustrado com isso,
pois eu estudava os benefícios do exercício físico para lesões ortopédicas e via que tudo
que eu orientava em consulta não era seguido. Isso fazia com que os pacientes voltassem
mês a mês com as mesmas queixas e lesões cada vez piores, causadas pelo estilo de vida
deles.
Não era para mim. Foi aí que descobri a medicina esportiva. Passei a entender cada vez
mais os benefícios do exercício na saúde do ser humano.
Fiz a pós graduação em medicina es, me formei e tirei o título de especialista na área.
Fiz mais duas pós graduações( Fisiculturismo e Emagrecimento/Metabolismo) e diversos
cursos de capacitação na área.
Ao abrir a minha agenda na área, comecei bem devagar, 4h por semana, agendas vazias.
Um paciente a cada 15 dias.
Destes, alguns me procuravam com necessidade de ajuda com uso de esteróides
anabolizantes. Toda minha formação na pós graduação e congressos foi ao estilo
#bombatofora, demonizando e excluindo estas pessoas do portfólio de pacientes.
Confesso que no início eu não sabia o que fazer, não sabia como examinar, quais exames
pedir, "suava frio" no meio da consulta. E o que fazia? Pedia uns exames, solicitava ao
paciente que retornasse e, neste intervalo, eu ia estudar o caso, tirava dúvidas com
colegas.
Eu sempre pratiquei musculação, tinha conhecimento de que as pessoas usavam
esteróides e comecei a perceber que estas pessoas não tinham auxílio profissional nenhum.
E isso se manifestava nas consultas. Estes pacientes vinham até mim reclamando que
haviam passado em outros colegas e, ao citar que estavam usando hormônios, eram
basicamente enxotados do consultório. Isto levou a uma descrença destas pessoas para
com estes profissionais. E isso é grave, pois eles ficam marginalizados, usando drogas sem
orientação, exames de rotina e produtos do mercado paralelo.
Atualmente, eu atendo pessoas que buscam melhorar a sua composição corporal, seja
emagrecendo ou ganhando músculos, mantendo a sua saúde, incentivando bons hábitos e
também falando vários nãos nas consultas.
Eu também ajudo colegas médicos nos estágios práticos que oferecemos no consultório,
para eles aprenderem a nossa rotina, condutas e manejo clínicos dos pacientes que nos
buscam.
AGRADECIMENTOS
À minha esposa, Tici, que me apoiou na mudança de especialidade, nas dificuldades que
apareceram em todo este processo, que cuida dos meus filhos quando estou fazendo
cursos e pós graduações nos finais de semana longe de casa.
Ao Dr Lázaro Lourenço que me deu a oportunidade de atender meus pacientes em um local
com uma estrutura diferenciada e me ensinou muitas coisas nesta mudança de área.
À Dra Paula Leal, que pôs à minha disposição todo seu conhecimento nas discussões
clínicas, dúvidas em relação a pacientes, condutas éticas e embasadas.
Ao meu amigo Vinicius Zago, atleta e futuro melhor nutricionista esportivo de Jundiaí, SP,
que sempre me ajudou com todo seu conhecimento prático e teórico sobre o bodybuilding,
dietas, treinamento e protocolos.
Aos meus pacientes, que confiaram a sua saúde a mim nos tratamentos.
Este livro foi especialmente pensado para quem quer atuar na área da medicina esportiva e
quer receber, sem julgamentos, pacientes que praticam exercícios e que também podem
estar usando esteróides anabólicos.
Quando enveredei para esta área, não tive auxílio de profissionais, aprendi muitas coisas na
prática, investindo em cursos e livros.
Então, fico muito grato por você ter adquirido este livro, pois eu tenho certeza que este
material vai lhe ajudar a tomar condutas práticas e ajudar pessoas que vão lhe procurar
para auxílio profissional. Tudo que aprendi nestes anos, foi condensado neste conteúdo
para você aprender o essencial para sua prática.
Lembrando que as condutas neste livro por pessoas não-profissionais da saúde não
dispensam um acompanhamento médico e nem substituem a consulta com este
profissional.
Relatos históricos dos anos a.C. apontam que atletas da Grécia antiga preparavam extratos
de testículo de animais para deixá-los mais fortes e preparados para as competições.
No final do século XIX, o cientista e professor de fisiologia Brown Séquard isolou o extrato
de testículo e, por estar com 72 anos( idade bem avançada para a época), aplicou em si
mesmo a substância descoberta, e referiu em palestra e artigo publicado na revista Lancet
um ganho extremo de vigor físico.
Ainda se busca, sem sucesso, o esteróide exclusivamente anabólico, que seria uma
excelente fonte terapêutica de várias doenças como caquexia, osteoporose, anemias etc
sem dar as características androgênicas, com risco de virilização em mulheres, crescimento
prostático em homens, entre outras.
A testosterona tem caráter lipofílico, então ela atravessa a parede celular diretamente e
possui ação no Receptor Androgênico( RA) situado no núcleo das células. Ao ativar o
receptor androgênico, ocorre, por mecanismos complexos, a transcrição protéica através da
ativação dos ribossomos e síntese de RNA, e consequente transcrição no DNA.
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Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal(HHG)
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Visto o essencial do que você precisa saber sobre a fisiologia hormonal da testosterona,
vamos conhecer o que seu paciente pode estar usando ao chegar no seu consultório.
Confesso que quando iniciei a prática clínica, eu ouvia relatos dos pacientes como: “doutor,
estou usando 600mg de enantato de testosterona, 500mg de nandrolona e 700mg de
trembolona” e ficava assustado e pensava comigo “ e agora?”. Quando recebo alunos
médicos no estágio clínico que ofereço no meu consultório, eles ficam assustados quando
meus pacientes novos vêm relatar o uso destes hormônios, no presente ou passado e ficam
imaginando: “meu Deus, como este rapaz está vivo até hoje?”. Eu os tranqüilizo e aviso que
há riscos, mas estamos aqui para ajudá-los.
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Derivados da testosterona
Ésteres de Testosterona
2 - Enantato de testosterona
3 - Propionato de testosterona
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Derivados da testosterona
É o esteróide oral mais potente disponível. Encontrado somente no mercado paralelo, ele foi
desenvolvido pelo médico americano do comitê olímpico John Ziegler, pois na olimpíada
anterior, a União Soviética havia desenvolvido esteróides e os americanos entraram para
esta corrida também.
Esta história causou a descoberta do esteróide anabólico mais usado no mundo, com seu
grande poder de efetividade. Há relatos de ganhos de 10kg durante um ciclo de Dianabol.
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6 - Boldenona - Equipoise®
Droga de uso veterinário, porém muito utilizada atualmente por mulheres pelo baixo poder
androgênico. Não é uma droga de potência anabólica de ligação ao receptor androgênico
muito alta. Não é comercializada para uso humano.
É a mesma molécula do Dianabol, sem a ligação metil no carbono 17.
O éster a ela ligado é o undecilato, caracterizando uma meia vida de 14 dias. No decorrer
dos capítulos, explicarei porque a meia vida longa desta droga pode ser algo preocupante
se houver efeitos colaterais.
É uma droga com características neurodegenerativas em altas dosagens e que causam
efeitos colaterais psiquiátricos por alterar a produção de prolactina, o que leva à degradação
de dopamina a nível do sistema nervoso central, além de alterar a produção de serotonina.
Um dos efeitos colaterais mais comuns é o aumento de fome e inibição da sensação de
prazer( baixa dopamina), pois usuários masculinos usam em doses altas para poder obter
algum efeito notável, por ela ser uma droga de baixa potência anabólica.
Doses praticadas vão de 400 a 600mg/semana por homens e 100 a 200mg/semana por
mulheres.
7 - 4-clorodeidrometiltestosterona - Turinabol®
É um esteróide oral raro, com alto índice de falsificação e de alto valor comercial.
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Testosterona Base
Testosteronas orais
Ainda noto receitas de colegas médicos contendo ésteres orais de testosterona. São muito
hepatotóxicos e pouco eficazes( causam muitos colaterais nas doses efetivas).
É algo que recomendo não prescrever, pois há excelentes formas de testosterona por
outras vias, como citadas neste capítulo. É também comum receitas para mulheres.
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Molécula de Dihidrotestosterona
1- Oxandrolona - Anavar®
Sem dúvida é o esteróide oral mais prescrito atualmente. É uma droga de alta potência
anabólica, com potência androgênica moderada, bem tolerada por mulheres.
Há um “preconceito” de que a oxandrolona é uma droga para mulheres, mas estudos de
capacidade de ligação ao receptor androgênico mostraram força de ligação alta( escala
Abbas de potência anabólica).
Ela é exclusiva para uso oral ou sublingual, com baixo grau de agressão hepática na
prática, até mesmo com altas dosagens.
Para sobreviver à primeira passagem hepática, é adicionado um grupo alquil no carbono 17,
conferindo um grau maior de hepatotoxicidade. Isso o torna um membro dos esteróides
17-alfa alquilados.
A oxandrolona foi desenvolvida para tratamento de caquexia, osteoporose e déficit de
crescimento e está presente em inúmeros protocolos para pacientes de UTI, grandes
queimados, incluindo idosos e crianças com muita segurança. Estudos randomizados
comprovam esta segurança. É o esteróide anabólico mais estudado em seres humanos.
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Observação prática: Doses de 20mg/dia para homens e 6mg/dia para mulheres são muito
eficazes para melhora estética( massa muscular e celulite).
2 - Stanozolol - Winstrol®
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A oximetolona foi desenvolvida em 1960 como uma droga muito eficaz no tratamento de
anemias graves. Até pouco tempo era comercializada nas farmácias do Brasil com o nome
de Hemogenin.
É um esteróide oral 17-metilado, com alto poder anabólico e moderado poder androgênico,
muito eficaz para ganhos secos de volume muscular. É muito utilizado em protocolos de pré
treino por conferir bons ganhos de força muscular.
Apresenta um grau moderado a alto de hepatotoxicidade em doses plenas. Apesar de não
aromatizar( como todo derivado de DHT), ele apresenta chance de ginecomastia por ativar
o receptor de estrogênio mamário através do aumento de prolactina.
É uma droga muito interessante para pacientes magros que têm dificuldade de ganho de
massa muscular.
Um efeito colateral perigoso é o aumento do hematócrito( ele foi criado com este propósito)
e risco de eventos tromboembólicos.
A sua meia vida é de 8h.
Está disponível no mercado de manipulação com receita médica.
A dose preconizada em bula é de 50 a 100mg/dia, porém, já é muito eficaz com até
50mg/dia. Mulheres devem usar com muita cautela pelo poder androgênico da
oximetolona.
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5 - Mesterolona - Proviron®
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Com certeza quem pratica musculação já ouviu falar este nome. É um dos esteróides
anabólicos mais clássicos e utilizados, com alto grau de eficiência.
A nandrolona foi desenvolvida em 1960 para o tratamento de osteoporose, recuperação pós
operatória, perdas de massa magra por doenças consumptivas. É muito eficaz para idosos
sarcopênicos e com osteoporose de alto grau de risco de fraturas. O médico que sabe
manejar a nandrolona cria um diferencial no resultado de pacientes idosos, pós operatórios
com tempo de imobilização prolongados. Quando praticava cirurgia do quadril, antes de me
tornar médico do esporte e mesmo depois de ter trocado de área, tratei alguns pacientes
com nandrolona e a recuperação pós operatória foi totalmente diferenciada.
Ela é segura para uso em nefropatas inclusive.
É um esteróide de meia vida longa( 14 dias), com alta potência anabólica e risco
androgênico moderado.
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2 - Trembolona - Parabolan®
A trembolona é o esteróide anabólico mais potente fabricado. É uma droga que causa
ganhos impressionantes e com alto poder lipolítico, sendo muito versátil tanto para fases de
bulking quanto de pre-contest.
Seu uso é exclusivo veterinário, sendo indicada para o ganho de peso do rebanho prévio ao
abate.
Ela é altamente androgênica, causando virilização em mulheres de maneira muito rápida e,
muitas vezes, irreversível.
Eu falo para meus pacientes: ela vai te dar o que você quer. Porém, ela vai cobrar o preço.
A trembolona tem uma ação sobre a prolactina aumentando seus níveis, com alto teor de
degradação de dopamina. Relatos de fisiculturistas atendidos por mim são de que, ao usar
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4 - Gestrinona
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Pessoas que já treinam há bastante tempo, com regularidade e seguem bons padrões e
hábitos de vida apresentam maior densidade de receptores androgênicos. Isso causa uma
maior ativação de células satélite pelos andrógenos e por conseqüência, maiores ganhos
com o uso de hormônios em menores dosagens.
Iniciar ciclos sem saber treinar, sem ter uma adesão a bons hábitos, sem ter regularidade
nos treinos não traz resultados e somente colaterais. Pacientes que bebem muito, têm o
final de semana totalmente desregrado não são bons candidatos a uso de hormônios para
estes fins.
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1 - Anamnese
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2 - Exames de laboratório
O indivíduo que queira usar ou está em uso de hormônios deve ser monitorado de perto.
Esta é a única maneira de se conseguir prevenir colaterais antes que causem problemas
graves de saúde.
O que recomendo ao leitor é solicitar os exames a seguir antes do ciclo, após 45 dias do
início do mesmo e a cada 45 a 60 dias durante o uso. No período da terapia pós ciclo
também é necessário após 30 dias do início da mesma.
● Hemograma
○ HB > 17
○ HT >53% já é risco de eventos tromboembólicos
○ Leucograma( pode haver leucocitose, uma alteração esperada)
● Fígado:
○ Provas de lesão
■ TGO/AST( aumenta com lesão muscular) - >10x a referência =
lesão hepática aguda
■ TGP( mais específico para o fígado e rim)
○ precedem a elevação de bilirrubinas em 1 sem.
○ 15% maiores em afro-descendentes
○ Gama-GT
● maior sensibilidade nas lesões hepáticas
● última a cair nas hepatites( critério de cura)
○ 5-nucleotidase
● enzima da membrana de hepatócitos.
○ Provas de função hepática
■ Bilirrubinas
■ Coagulograma( alargamento do tempo de coagulação,
aumento do INR, indicam mau funcionamento hepático)
■ Albumina
● Função muscular
○ CPK
■ indicador de nível de treino
■ eleva-se mais em indivíduos menos treinados
■ maior massa muscular, maiores valores
■ treinados - cai mais rápido( até 48h)
○ Desidrogenase Lática
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● Espermograma
○ necessário no acompanhamento pré ciclo( avaliação de infertilidade prévia) e
pós ciclo.
● Exames de Imagem durante ciclos longos e usuários crônicos
○ Ultrassom Abdominal total + próstata
○ Ultrassom de carótidas
○ Ultrassom de tireóide
○ Ultrassom de testículos com doppler
○ Ecocardiograma
○ Rx de tórax
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Efeitos cardiovasculares
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Os esteróides orais 17-alfa alquilados são as drogas com maior potencial hepatotóxico, com
destaque ao stanozolol, uma das mais agressivas.
As drogas injetáveis também têm potencial hepatotóxico em altas dosagens semanais.
Geralmente não preocupam neste quesito.
A primeira passagem hepática pelo trato gastro intestinal causa alterações no metabolismo
hepático de proteínas( SHBG, Ferritina, Homocisteína, Albumina) e podem levar a danos
das células ou canalículos, causando elevação das transaminases( TGO e TGP) e
marcadores de lesão canalicular/colestase( Gama GT e bilirrubinas), respectivamente.
Alterações de até 10x acima do valor de referência nas transaminases não preocupam, pois
podem ser adaptações do treinamento. Estas enzimas estão presente nos músculos, e se o
paciente apresentar elevação da CPK, podem elevarem-se TGO e TGP.
Há relatos de caso com aparecimento de tumores hepáticos malignos com o uso de
derivados de DHT, em especial a Oximetolona.
O monitoramento com exames é fundamental para a detecção precoce destes colaterais
com potencial de agravamento da saúde.
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Acne
O uso de andrógenos por mulheres tem ganho muita popularidade. O problema disto é que
muitas moças vêm usando doses altas, indicadas por “coaches” que não estão
preocupados com sua estética ou saúde, apenas com os resultados para ganhar mais
clientes pelas mídias sociais.
A inibição de LH e FSH pode ocorrer nas mulheres e por consequência diminuir a
proliferação do endométrio e cessar a menstruação. É um efeito colateral muito comum. O
problema disto é que não há relatos de inibição de ovulação, então, o risco de gravidez se
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Libido
Mesmo com dosagens de testosterona 10, 20 vezes maiores que o valor fisiológico,
usuários relatam queda de libido.
A libido é multifatorial. Drogas com poder de aumentar os níveis de prolactina como
nandrolona, boldenona e trembolona podem causar impacto negativo na libido.
O excesso de estradiol ou a falta de estradiol também. Manter uma relação Testosterona
total/Estradiol abaixo de 20, pode ser deletério à libido.
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Cada vez mais mulheres estão usando esteróides anabolizantes e tendo problemas
estéticos irreversíveis, conforme citado no capítulo anterior.
Em paciente do sexo masculino, o uso de andrógenos tende a melhorar a sensibilidade à
insulina, algo que favorece a perda de gordura. Já nas mulheres, ocorre o inverso.
Muitas pacientes vão lhe procurar com o objetivo de emagrecer usando esteróides
concomitantemente ou até como o meio para tal. É preciso orientá-las que, se usar essas
drogas no momento errado, o quadro se agrava em vez de melhorar a composição corporal.
O percentual de gordura mais alto( acima de 20, 21%) cursa com mais resistência à insulina
e pode agravar-se quando usados esteróides. Cria-se um quadro semelhante ao da
Síndrome dos Ovários Policísticos( hiperandrogenismo, resistência à insulina, obesidade). A
mulher ganha peso, piora o quadro de retenção de líquidos, mesmo ganhando massa
muscular e apresenta risco de virilização maior.
É fundamental evitar o uso de drogas com potencial maior de virilização como ésteres de
testosterona, dianabol, trembolona. Drogas mais “gentis” com as mulheres são oxandrolona,
metenolona, turinabol e nandrolona.
Pacientes femininas não fazem o protocolo de TPC clássico como os homens fazem.
É necessário compreender que a produção de testosterona da mulher pode ficar diminuída
ou suprimida durante o uso de esteróides e ao cessar o ciclo, ela pode entrar em um quadro
chamado de síndrome da deficiência androgênica, que cursa com baixa testosterona, queda
de libido e efeito rebote de retenção de líquidos e ganho de gordura.
A programação do final do ciclo em mulheres deve ser feita com desmame da droga( ir
reduzindo as dosagens no decorrer de semanas) e monitoramento de sintomas.
Medicações como Metformina e testosterona base em creme tópico em baixa dosagem
podem ajudar a evitar problemas de síndrome de deficiência androgênica e rebote.
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A TPC é parte fundamental do tratamento, pois o uso contínuo de hormônios podem trazer
mais danos ao usuário, conforme abordado nos capítulos anteriores.
Eu sempre digo aos meus pacientes e aos alunos que vêm fazer o estágio clínico comigo e
nas mentorias que forneço como serviços para colegas médicos que uma TPC bem feita é o
que evita o usuário de usar esteróides ininterruptamente.
O crash hormonal causado por uma TPC mal feita ou não feita faz o usuário se sentir
indisposto, sem vontade de treinar, sem libido e com rebote de ganho de peso e grandes
perdas musculares. Isso pode levar esta pessoa a voltar esteróides ao sentir estes sintomas
e achar que nunca será possível se sentir bem sem os hormônios.
- SERMS
- Clomifeno e tamoxifeno - Têm ação de aumentar a secreção de LH e FSH
por estímulo de GnRH, além de uma ação anti-estrogênica no hipotálamo.
São obrigatórias na TPC por estimular o eixo HHG
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Existem diversos protocolos que incluem: iniciar após 3 meias vidas da droga de maior meia
vida ou se basear em exames laboratoriais.
Na minha prática, eu utilizo o parâmetro de exames de sangue, de acordo com os valores
de testosterona.
Após 5 meias vidas de aplicação da testosterona, ocorre a estabilização desta droga no
sangue. Vamos dar um exemplo:
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Nas consulta de acompanhamento, é prudente que hajam exames feitos para seguimento
clínico e assim, o profissional consegue estudar os colaterais antes que causem danos à
saúde.
É indicado que se faça o exame no 30° dia da TPC para estudar a resposta dos fármacos
que estimulam o eixo HHG( vide capítulo 5) e com um retorno com 45 dias de TPC para
avaliação. Outro exame após 60 a 80 dias após o início da TPC é indicado.
Após a normalização dos valores de LH e FSH e retorno da testosterona a níveis pré ciclo,
pode-se encerrar a TPC.
Cabe lembrar que pacientes mais velhos, com níveis menores de testosterona pré ciclo ou
que usaram doses altas de hormônios por tempo prolongado podem necessitar de uma
TPC mais longa, com chance de restauro do eixo a valores mais baixos que os iniciais de
testosterona.
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Com certeza você irá atender um cliente que fez ou está fazendo o famoso Blast and
Cruise.
O Blast and Cruise nada mais é que o uso ininterrupto de hormônios em altas doses e com
mais de 2 drogas( Blast), alternando com períodos de 1 droga, geralmente a testosterona
em baixas doses( Cruise).
É importante alertar o paciente que esta opção é a que garante os ganhos, porém, traz mais
riscos à saúde.
No capítulo de efeitos colaterais mostrei um estudo que propõe o maior risco
cardiovascular de formação de placas de ateroma nas coronárias com usuários de longa
data.
Não há escapatória, os colaterais de uso prolongado sempre vêm.
Protocolos efetivos de Blast incluem menores doses de drogas, porém, com mais de 3
drogas e com sinergia entre elas. Isso, teoricamente, diminui o risco pelo uso de menores
dosagens.
Apesar da efetividade e empilhamento de drogas, é preciso ter cautela com algumas
associações de drogas e citarei algumas abaixo, com a premissa de que todas terão a
testosterona como base do ciclo*:
- nandrolona + boldenona: alto risco de alterações psicológicas
- boldenona + trembolona: idem ao anterior, com mais gravidade
- trembolona + stanozolol: alta agressividade ao perfil lipídico
- nandrolona + dianabol: ciclo de alta potência anabólica, com risco alto de
ginecomastia
- nandrolona + trembolona + boldenona: risco altíssimo de distúrbios psiquiátricos.
(*) são ciclos comuns, vistos diariamente na prática. Na grande maioria feitos por conta
própria ou indicado por “preparadores”.
Mercado Paralelo
A maioria dos usuários compram os esteróides por contatos de pessoas da academia, chats
de whatsapp e redes sociais, o que facilita o acesso e aplicações.
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A clínica SEMPRE é soberana e não devemos tratar resultado de exames de sangue, e sim
o paciente como um todo.
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Caro leitor, espero que com este ebook você tenha mais confiança em atuar neste nicho
específico, que é carente de bons profissionais embasados e que não são “paraquedistas”
nesta área.
Sempre digo aos colegas médicos que vêm fazer nosso estágio clínico de 5 dias no Instituto
Vive em São Paulo que precisamos ter a teoria desse assunto, mas a prática é necessária.
Saber treinar, orientar técnicas de treino( não prescrever o treino, mas mostrar como deve
ser um treino de verdade para ter resultados), vivenciar o mundo dos esteróides de perto é
fundamental.
Aconselho você a conversar com fisiculturistas, que apesar de pessoas grandes em
tamanho, são seres humanos muito humildes na sua maioria e vão lhe passar o
conhecimento prático do assunto, testar protocolos em si mesmo(a), ter um cartão de visita
para mostrar confiança ao paciente.
Passe por um processo de ganhos musculares, depois por perda de gordura ou vice-versa.
Enfim, viva o que você prega!
Estarei sempre à disposição nas minhas redes sociais, onde posto diariamente informações
sobre o assunto.
Se você tem interesse em conhecer mais meu trabalho e meus serviços, abaixo estão os
contatos e sites.
Um grande abraço!
www.instagram.com/medicodoesportesp
www.drluiztintori.com.br
Contato para o curso online: 11-94069-9974
Contato para estágio prático: 011-95317-8925
Mentoria Médica: contato@drluiztintori.com.br
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