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PERIAPICOPATIAS
1° INTERLIGAS
ODONTOLOGIA UFPR
1
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E IMAGINOLÓGICAS DAS
PERIAPICOPATIAS
2
ALTERAÇÕES PULPARES E PERIAPICAIS EM DENTES
DECÍDUOS TRAUMATIZADOS
3
UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR DAS LESÕES
ENDOPERIODONTAIS
4
PROTOCOLO DE TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL
5
CIRURGIA PARAENDODÔNTICA
6
PINO DE FIBRA DE VIDRO MODELADO COM
PROVISÓRIO DIRETO
INTRODUÇÃO
O periápice é definido como um complexo de tecidos que envolve a porção apical das raízes
dos dentes, composto por cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. Tem como função a
sustentação e a inserção do dente no alvéolo, além de promover sua nutrição, defesa e inervação.
A inflamação pulpar se limita a uma cavidade que não permite a exsudação e expansão
tecidual, enquanto as lesões que envolvem o periápice ocupam uma área maior em resposta ao
estímulo nocivo. Lesões do periápice que estão relacionadas a uma infecção pulpar, por exemplo,
devem ser tratadas endodonticamente, e a necrose da área apical pode ser reversível devido à
alta vascularização da região.
As periapicopatias são alterações que comprometem o periápice, provocando osteólise, fístulas
e até mesmo quadros mais sérios como a celulite facial. Estas ocorrem principalmente por
infecções de origem endodôntica. São processos com características etiopatológicas, clínicas,
imaginológicas e microscópicas próprias da região apical. Algumas dessas lesões são semelhantes
clínica e radiograficamente, portanto a avaliação semiológica é uma etapa essencial no
diagnóstico afim de elaborar o plano de tratamento. A avaliação semiológica consiste na atenção
aos sinais e sintomas em que o paciente apresenta, através do exame físico e da anamnese.
O clínico deve conduzir a anamnese de forma a obter dados da história odontológica do
paciente, como a localização, início, intensidade, sensibilidade e duração. Ao exame intraoral as
manobras de palpação, percussão, mobilidade e teste de sensibilidade devem ser realizadas a fim
de coletar todos os dados indicados para formular as hipóteses diagnósticas e posteriormente o
plano de tratamento. Quando presente, o rastreamento da fístula pode ser empregado, a fim de
identificar o dente associado à lesão. Além disso, durante o exame físico extraoral o cirurgião-
dentista deve estar atento à linfadenopatia pois, os linfonodos podem apresentar um aumento de
volume palpável na região, em resposta a uma infecção.
Exames complementares como imaginológicos, radiográficos e histopatológicos são
frequentemente empregados para auxiliar no estabelecimento do diagnóstico da lesão, uma vez
que características como a intensidade do processo inflamatório, resposta do hospedeiro
e a duração do processo influenciam diretamente na visualização de alterações
observadas aos exames de imagem.
Apesar de lesões apicais extensas aparecerem com frequência em radiografias
panorâmicas ou outras técnicas extrabucais, as radiografias periapicais são as técnicas
mais indicadas para fins de diagnóstico, principalmente para a investigação das lesões
em estágio inicial. Em alguns casos, um exame de tomografia computadorizada de feixe
cônico (TCFC) pode ser necessário a fim de avaliar se há expansão ou destruição de
corticais, tamanho e localização exatos da lesão e ainda se causam algum dano à região
anatômica adjacente, como deslocamento de canal mandibular, reabsorção radicular
externa, entre outros.
Imagens radiolúcidas são características de lesões inflamatórias que envolvem o
periápice. Isso se deve ao fato de essas lesões promoverem destruição dos tecidos
adjacentes, facilitando a penetração dos feixes de raios X. Imagens características como
forma, contorno e a estrutura interna da lesão são determinantes para estabelecer o
diagnóstico diferencial.
As características das lesões apicais variam dependendo do curso da contusão. Em
caso de lesões muito recentes, essas podem não mostrar nenhuma alteração na imagem.
O diagnóstico de tais lesões recai essencialmente nos achados clínicos.
O exame histopatológico permite a avaliação da lesão normalmente removida através
do procedimento de biópsia associado ou não à exodontia. As informações obtidas pela
análise microscópica juntamente com dados do paciente obtidos durante a anamnese e
exame físico permitem que as hipóteses diagnósticas sejam elaboradas.
As periapicopatias podem ser, em sua maioria, resolvidas através do tratamento
endodôntico. A maioria das lesões apicais está relacionada com a proliferação de
microrganismos no local. O tratamento endodôntico, portanto, tem o objetivo de reduzir
e controlar os microrganismos agressores a um nível que seja insuficiente para manter a
inflamação apical.
As inflamações da região periapical são classificadas de acordo com as características
clínicas e imaginológicas e serão apresentadas a seguir.
O processo inflamatório agudo é caracterizado por dor, calor, rubor, edema e no caso
do abscesso apical sintomático, pela formação de pus nos tecidos que envolvem a região
apical. Apresenta evolução rápida.
O abscesso agudo pode ser causado por fatores químicos, físicos e microbianos, esses
são responsáveis por causar alterações inflamatórias irreversíveis na polpa dentária.
Figura 5. Abscesso apical agudo. Evolução da periodontite apical sintomática. É possível observar
a exteriorização do abscesso com aumento de volume, rubor e eritema na pele. Fonte: Acervo da
professora Melissa Rodrigues de Araujo.
O cisto radicular tem origem inflamatória e ocorre nos ápices dentais infectados em
decorrência da necrose pulpar. É um cisto verdadeiro, revestido por epitélio escamoso
estratificado não queratinizado, de espessura variável, geralmente originado dos restos
epiteliais de Malassez, podendo se originar, também, do epitélio crevicular, revestimento
sinusal ou revestimento epitelial dos tratos fistulosos. O diagnóstico clínico pode ser
correlacionado com alguns cistos e tumores odontogênicos (Figura 9).
São áreas de esclerose óssea localizadas, associadas ao ápice de um dente com pulpite
ou necrose pulpar. É considerada uma reação proliferativa do osso frente a uma infecção
de baixa virulência em organismos de alta resistência. Ocorre com maior frequência em
pacientes jovens na área de primeiro molar inferior com lesões cariosas extensas. Pode ser
assintomática ou o paciente pode relatar dor moderada. Clinicamente não possui
expansão, e o tratamento consiste em exodontia ou endodontia para resolução do foco
de infecção. Cerca de 85% dos casos regridem total ou parcialmente após a intervenção.
A área residual da osteíte condensante é chamada de cicatriz ou esclerose óssea.
CONCLUSÃO
As periapicopatias são lesões muito semelhantes entre si, que possuem caráter
osteolítico e podem ser agudas ou crônicas. Além disso, a ausência de tratamento de
algumas lesões pode levar ao desenvolvimento de outras, como é o caso da periodontite
apical aguda/sintomática, que pode levar ao desenvolvimento de abscesso apical
agudo/sintomático, e este pode ficar crônico. Ou ainda, a periodontite apical crônica, que
pode resultar em granuloma apical ou cisto periodontal apical, ambos podendo levar ao
abscesso apical agudo/sintomático. A evolução clínica das periapicopatias está
representada no quadro 2.
REFERÊNCIAS
DE FREITAS A; ROSA JE; SOUZA IF. Radiologia Odontológica. 6 ed. São Paulo: Artes
Médicas. 2004;
DO COUTO, A.M. Periapicopatias inflamatórias de origem endodôntica: estudo
multicêntrico na população brasileira. Tese (doutorado) - Universidade Federal de
Minas Gerais, Faculdade de Odontologia, 2019;
FONSECA S. L. P., et al., Tratamento de cisto radicular apical: uma revisão bibliográfica.
Centro Universitário UNIFACIG, 2019;
LEONARDI DP, GIOVANINI AF, ALMEIDA S, SCHRAMM CA, BARATTO-FILHO F.
Alterações pulpares e periapicais. RSBO (Online) vol.8 no.4 Joinville Out./Dez. 2011;
NEVILLE BW. Patologia oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016;
PÉCORA, J.D., SILVA, R.G. Periapicopatias. Disponível em
http://www.forp.usp.br/restauradora/peri.htm. Acesso em 26 out. 2020;
TIBURSKI G, PINHEIRO C, ANDERSON D, PERRY G, SANTOS MB, CHAVES L. Patologia
Periapical - Estomatologia UFRGS. Disponível em
http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-basica/7_patologia_periapical.php;
TOMMASI, AF. Diagnóstico em Patologia Bucal. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2014;
WHITE SC; PHAROAH MJ. Radiologia Oral: fundamentos e interpretação. 7 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier. 2015.
INTRODUÇÃO
As lesões dentárias traumáticas (LDTs) são muito frequentes, sendo consideradas um problema
de saúde pública. A prevalência mundial das LDTs em dentes decíduos é de 22,7%, e a faixa etária
mais afetada varia de 2 a 6 anos de idade. Os principais fatores etiológicos envolvidos são quedas,
batidas, acidentes domésticos ou durante a prática de atividades esportivas e recreativas. Ainda,
acidentes automobilísticos e violência física decorrente de maus-tratos infantil são reportados
também como causas de LDTs.
Os dentes mais afetados são incisivos centrais e laterais superiores, em aproximadamente 70%
dos casos. Embora muitos estudos reportem que indivíduos do sexo masculino sejam mais
propensos às LDTs devido ao seu maior padrão comportamental de risco em relação as meninas,
em uma proporção de 2:1, tem-se observado um declínio nesta diferença entre os gêneros,
esperando-se que esta relação se torne de 1:1.
Entre os fatores predisponentes para as LDTs destacam-se: mordida aberta anterior, protrusão
dos incisivos superiores e ausência de selamento labial.
As diretrizes da Associação Internacional de Traumatologia Dental (IADT) dividem as LDTs em
dois grupos: lesões de fratura e lesões de luxação. Dentro de cada grupo, as lesões são
classificadas de acordo com as estruturas envolvidas e grau de severidade, conforme detalhado
no Quadro 1.
Quadro 1. Classificação das LDTs de acordo com as diretrizes da IADT. Fonte: Os autores.
Diagnóstico Imediato
Para se estabelecer o diagnóstico adequado das lesões traumáticas, é essencial a
obtenção do maior número de informações possível, devendo realizar uma avaliação
inicial que consiste em ordenar o histórico médico e social da criança e daqueles que
convivem com ela; o histórico odontológico e do acidente.
A avaliação física de cabeça, pescoço e tecidos moles deve ser detalhada para que seja
possível descartar fraturas faciais ou lesões na cabeça, fragmentos dentários perdidos ou
lacerações. E, quando julgar necessário, encaminhar a um médico. Nas lesões dos tecidos
moles é fundamental diagnosticar e registrar as lesões intra e extra-orais. Deve-se avaliar
os lábios (procurando por possíveis fragmentos dentários) e toda mucosa oral, além das
gengivas inserida e livre, bem como avaliar se há presença de hematomas ou lacerações
nos frênulos. Devem ser registrados os resultados dos testes de mobilidade dentária,
alteração de cor da coroa, sensibilidade à pressão manual e a posição/ deslocamento dos
dentes. Os testes de sensibilidade pulpar não são considerados confiáveis em dentes
decíduos, consequentemente não são recomendados.
O exame radiográfico deve complementar os achados clínicos para determinar o
diagnóstico do tipo de lesão, bem como estabelecer o plano de tratamento dos dentes
afetados. O guideline da IADT sugere quando realizar os exames radiográficos. Deve-se
realizar as tomadas radiográficas necessárias para avaliação das lesões traumáticas, sua
extensão e repercussões. A técnica mais adequada para traumatismos na região anterior
da dentição decídua é a radiografia perapical ou oclusal modificada.
Sugere-se catalogar todas as informações no prontuário do paciente, bem como
registrar através de fotografias intra e extra orais.
Figura 2. Presença de fístula pós trauma no dente 51. Fonte: Acervo da professora Juliana Feltrin-
Souza.
Coloração Rósea
Coloração Cinza
Estudos sugerem que a coloração acinzentada em dentes decíduos está associada a
necrose pulpar. Porém, outros aspectos devem ser analisados uma vez que a mudança de
coloração pode ser transitória ou persistir sem que o dente afetado apresente outros
sinais ou sintomas sugestivos de que o tecido pulpar não se encontra vital.
Figura 3. A: dentes 51 e 61 com alteração de coloração cinza após trauma; B: imagem radiográfica
do caso com aspecto sugestivo de reabsorção radicular externa. Fonte: Acervo da professora
Juliana Feltrin-Souza.
Conclusão
INTRODUÇÃO
Etimologicamente, “periapico” se refere à área ao redor do ápice do dente, e “patia”, do grego,
quer dizer “sofrimento”. Ou seja, periapicopatias são condições decorrentes de uma resposta
inflamatória a uma injúria persistente na região periapical do dente. São também denominadas
lesões periapicais ou periodontites apicais. Possuem como etiologias a infecção microbiana,
fatores traumáticos e iatrogênicos.
Diante da infecção microbiana proveniente do sistema de canais radiculares ou da bolsa
periodontal, pode ser desencadeada uma resposta inflamatória no periápice, a fim de conter a
infecção e impedir sua disseminação. Se o agente causador persiste, a resposta inflamatória
também permanece e gera uma agressão expressiva aos tecidos do hospedeiro nesta região.
A evolução do quadro pode se resolver em uma cicatrização ou, se persistir a injúria, ocorrer de
forma aguda resultando na formação de uma fístula ou abscesso; ou de forma crônica evoluindo
para um granuloma periapical ou cisto periapical. Importante lembrar que se a infecção foi
decorrente do sistema de canais radiculares a polpa dentária já sofreu o processo de necrose.
Para a resolução destas lesões é necessário interferir na causa e desta forma preconiza-se o
tratamento endodôntico do canal do dente acometido.
Comunicação entre a polpa e o periodonto e
relação entre endodontia e periodontia
As lesões endoperiodontais
As lesões endoperiodontais podem ser definidas como: Comunicação patológica entre
o tecido pulpar e os tecidos periodontais em determinado dente, o que pode ocorrer de
forma aguda ou crônica. São caracterizadas por bolsas periodontais profundas que se
estendem ao ápice radicular e/ou por resposta a teste de vitalidade pulpar negativo ou
alterado.
A comunicação entre a polpa e o periodonto ocorre por meios fisiológicos, determinada
pela anatomia destas estruturas. Um importante aspecto anatômico contribuinte para
essa comunicação é a presença de canais acessórios (estima-se que 17% dos canais estão
na região apical do dente, 8% na porção média e 1,6% na porção cervical) (Rotstein, 2017;
Lindhe 2012; De Deus 1975). Além de canais laterais, forame apical e canal cavo-inter-
radicular, também conhecido como canal acessório da câmara pulpar, que se origina na
câmara pulpar e se dirige ao ligamento periodontal, em nível de bi ou trifurcação. O
estado fisiológico desta comunicação se dá quando o meio está em equilíbrio e é
verificado através de sinais clínicos que representam saúde: ausência de sangramento a
sondagem, ausência de profundidade de sondagem, aspecto saudável da gengiva.
A dinâmica da lesão endoperiodontal pode ocorrer da seguinte forma: infecção da
polpa para tecido ósseo, da bolsa periodontal para e polpa, ou ter as duas condições
associadas. O meio patológico de comunicação pode ter sua ocorrência contribuída por
iatrogenia (uma perfuração em tratamento endodôntico por exemplo), ou fratura
radicular.
CLASSIFICAÇÃO
Tratamento
Conclusão
As lesões endoperiodontais são de difícil diagnóstico, prognóstico e tratamento. Um
diagnóstico correto auxilia na escolha do melhor plano de tratamento, levando ao sucesso
do caso. A maior taxa de sucesso dos tratamentos é relatada por terapia endodôntica
inicial, seguida por abordagem periodontal simultânea.
INTRODUÇÃO
A polpa dentária é um tecido conjuntivo que se encontra limitada dentro de uma cavidade de
paredes duras e que para se manter saudável, deverá ficar o mais distante possível das agressões
físico-mecânicas e dos microorganismos.
Uma vez que agentes agressores afetem a estrutura dentária, sendo a cárie o mais comum
(porém restaurações profundas, preparos cavitários e traumatismos também possam ser agentes
etiológicos). No tecido pulpar, ocorrerá um processo inflamatório que será proporcional à
intensidade da agressão e de sua evolução, a qual poderá evoluir até a necrose. Isto ocorre porque
os fenômenos do processo inflamatório pulpar são similares ao que ocorre em qualquer tecido
conjuntivo, e a polpa também, sendo tecido conjuntivo, vai manifestar os mesmos fenômenos,
sendo o edema o mais comprometedor pois não existe espaço para que isto ocorra visto estar em
uma estrutura com paredes inelásticas (dentina). Ocorre um comprometimento da circulação
sanguínea de retorno, onde os vasos sanguíneos de entrada pelo forame apical ficam dilatados, o
que faz com que os de retorno sejam comprimidos. Sendo assim, a necrose por isquemia vai
ocorrer em curto período.
Uma vez a necrose estar instalada, é somente uma questão de tempo para que os
microrganismos da cavidade oral invadam o canal radicular - em cavidades com comunicação
direta esta contaminação é imediata -. Canalículos dentinários expostos por cavidade de cárie ou
fraturas coronárias envolvendo esmalte e dentina ou restaurações profundas com infiltração são
as vias mais comuns quando não se tem exposição pulpar. Também poderá ocorrer via bolsa
periodontal ou hematogênica. Então, é esperado que os microrganismos invadam o canal
radicular, uma vez que a necrose pulpar ocorreu, o qual fornece condições ideais para o
desenvolvimento microbiano, como temperatura, umidade, pressão osmótica, ambiente com
pouco oxigênio, sinergismo microbiano e o mais importante, nutrientes do substrato necrótico do
tecido pulpar. Frente a estas condições ideais, eles se multiplicam e iniciam uma reação em nível
de forame apical (e das comunicações dos canais acessórios, laterais, etc) caracterizando-se por
uma destruição dos tecidos periodontais apicais (osso alveolar, ligamento e periodonto) formando
a periodontite apical. A periodontite apical já ficou comprovada como sendo proveniente da
presença da invasão microbiana que segue após a necrose pulpar e não somente da necrose
pulpar, pois esta apresenta baixo potencial imunológico. Das aproximadamente 600 espécies
microbianas existentes na cavidade bucal, somente em torno de 15 é que conseguem sobreviver
no interior do canal radicular, mostrando que o ambiente do canal é muito seleto.
Assim, o objetivo do tratamento endodôntico tem sido definido como a prevenção e o
tratamento da periodontite apical. Em casos em que não existe a alteração apical (polpa
vital e necrose pulpar) a realização do tratamento endodôntico visa manter esta região
saudável, sem a introdução de microrganismos. Nos casos em que a infecção está
presente, o objetivo é de que os procedimentos via canal radicular com o controle da
infecção, permitam a regressão da lesão e o dente permaneça na cavidade bucal. As
defesas biológicas e o grau de virulência da microbiota determinam diferentes tipos de
alterações periapicais.
A maneira que existe de combater esta periodontite apical infecciosa é pela remoção
dos agentes agressores, ou seja, pela intervenção em canal radicular, sendo a fase da
instrumentação a mais importante. A ação dos instrumentos endodônticos manuais ou
mecanizados removendo pré-dentina e dentina associado a ação antimicrobiana de
substâncias químicas auxiliares, como o hipoclorito de sódio (NaOCl) e a clorexidina (CHX),
irão auxiliar na desinfecção, reduzindo a contaminação em níveis significativos. Embora os
micro-organismos invadam todo o sistema de canais radiculares (canais laterais, acessórios,
delta apical, canal colateral, inter canal, etc), a ação mecânica dos instrumentos
endodônticos vai ocorrer somente no canal principal, ficando as ramificações dos canais
dependente da ação das substâncias químicas auxiliares da instrumentação e de
medicamentos intra canal utilizados entre sessões.
Siqueira & Rôças (2008) mostraram que os canais radiculares não são esterilizados, mas,
desinfectados, e que devem atingir um limite de redução para que ocorra o reparo. O
quanto esta redução microbiana ocorre vai depender da qualidade da instrumentação, da
ação das substâncias químicas antimicrobianas utilizadas, e do quanto o canal foi
ampliado em nível apical. Alargamentos mínimos devem ser evitados, pois somente
preservam dentina e evitam a fratura de instrumentos em níquel-titânio (NiTi), mas são
insuficientes para promover uma desinfecção significativa.
O conhecimento da anatomia interna é de fundamental importância para estabelecer
o quanto os canais radiculares podem e devem ser ampliados. Batista & Michelotto (2018)
mostraram que em canais mesiais de molares inferiores o diâmetro anatômico a 1,0 mm
aquém do vértice dental foi de aproximadamente 0,25 mm. Isto mostra que o canal
radicular nesta medida deve ser ampliado pelo menos até 2 instrumentos acima desta
medida, ou seja, em torno do diâmetro #35. Portanto técnicas que preconizam
alargamentos apicais mínimos não englobam a pré-dentina contaminada que é o mínimo
necessário para a desinfecção. Aminoshaire (et al., 2015) mostraram, em revisão sistemática,
o quanto ampliações pequenas (#20), ou mais significativas (#40) promoviam na redução
microbiana, e ficou demonstrado que as ampliações apicais até o instrumento #40
tendiam a apresentar melhores resultados que ampliações mínimas. Ampliações maiores
sempre vão permitir maior limpeza, mas existe um limite que a estrutura dental suporta
sem que haja enfraquecimento.
Também deve ser analisado que, quando se utiliza o NaOCl como substância química
auxiliar, existe um tempo mínimo necessário para que ele apresente ação Retamozo (et al.,
2010) mostraram que, para eliminar o Enterococcus faecalis, um micro-organismo
anaeróbio gram positivo, necessitou de NaOCl a 5,25% por 40 minutos.
Como já foi citado, a instrumentação do canal radicular auxiliado por uma substância
química auxiliar, sendo o NaOCl o mais aceito, é o principal fator de desinfecção. Além do
mais, é aceito que a manobra da patência apical seja realizada para permitir que o
forame apical seja desobstruído e permita uma melhor limpeza e um melhor contato das
substâncias químicas auxiliares da instrumentação e da medicação intracanal com as
paredes do canal radicular. Também é recomendado que, após a finalização da fase de
instrumentação, se faça uma complementação da limpeza por meios de uma agitação
do NaOCl e do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) com algum dispositivo que
permita potencializar a ação das substâncias químicas melhorando a limpeza em áreas
dos canais onde os instrumentos tiveram dificuldade de atuar. Uma rinsagem final com
CHX 2% é uma conduta que pode melhorar a desinfecção, sendo mantida em contato
com as paredes do canal radicular em torno de 3 minutos. Aliado a isto, faz-se necessário
o uso de uma medicação intracanal com propriedades antimicrobianas de estímulo ao
reparo apical, com a pasta de Ca(OH)2, a qual deverá permanecer por aproximadamente
3 semanas. Muito cuidado em levar esta pasta de Ca(OH)2, pois é comum a presença de
bolhas e com isto o canal ficará com áreas sem atuação dela e portanto, com desinfecção
comprometida. Deve ser lembrado que a parte mais importante do tratamento
endodôntico são os 5 mm apicais, e o preenchimento com a medicação intracanal nesta
área é de fundamental importância.
Se o caso apresentar fístula, após o término desta primeira sessão de tratamento, esta
deve ser curetada/debridada para desorganizar o tecido dessa região e permitir que um
possível tecido epitelial presente impeça o fechamento desta fístula. Quanto mais tempo
houver a fístula, maior a chance de apresentar esta epitelização do trajeto fistuloso. O
Quadro 1 mostra resumidamente esta abordagem.
Assim, o dente deverá ficar em torno de 3 semanas com a medicação intracanal de
Ca(OH)2. Se na sessão seguinte, após os procedimentos normais de recapitulação para
remover a medicação intracanal, for observado que o canal radicular está seco, sem
sintomatologia e com a fístula regredida, a obturação poderá ser realizada.
Se o caso apresentar fístula, após o término desta primeira sessão de tratamento, esta
deve ser curetada/debridada para desorganizar o tecido desta região e permitir que um
possível tecido epitelial presente impeça o fechamento desta fístula. Quanto mais tempo
houver a fístula, maior a chance de apresentar esta epitelização do trajeto fistuloso. O
Quadro 1 mostra resumidamente esta abordagem.
Assim, o dente deverá ficar em torno de 3 semanas com a medicação intracanal de
Ca(OH)2. Na sessão seguinte, após os procedimentos normais de recapitulação para
remover a medicação intracanal for observado que o canal radicular está seco, sem
sintomatologia e com a fístula regredida, a obturação poderá ser realizada. Não deve ser
esquecido que a restauração definitiva deverá ser realizada o mais breve possível para
evitar reinfecção do canal radicular e possível fratura coronária.
Caso uma das 3 situações mostradas ainda esteja presente (canal radicular com umidade
e/ou exsudato, com sintomatologia e com fístula), não deverá ser obturado. Isto é indício
de que ainda o controle de infecção não foi conseguido. Nestes casos deve ser investigado
se não existem canais não localizados e tratados, se o alargamento do canal está correto e
se alguns dos procedimentos básicos não foram obtidos de maneira correta. Se constatar
que ficou deficiente, complementação deverá ser feita, mas caso certifique-se de que tudo
foi realizado de maneira correta, alguns procedimentos podem ser realizados.
Nestes casos o canal deverá ser reinstrumentado, mas agora mudando a substância
química auxiliar para a CHX a 2% (líquida ou gel), realizado o alargamento foraminal (pois
antes foi apenas patência apical) dois a três instrumentos maior do que o diâmetro inicial
da constrição apical passando do comprimento de trabalho inicial em 1,0 mm para que
haja uma remoção mecânica de dentina e por consequência, melhorar a desinfecção.
Agitação da CHX e do EDTA também devem ser realizados para complementar a
desinfecção.
Gráfico 3. Sequência clínica proposta para o controle da infecção quando nem os procedimentos
iniciais e nem os complementarem apresentam resultado no controle de infecção. Fonte:
Professor Antonio Batista.
INTRODUÇÃO
A cirurgia parendodôntica é uma opção de tratamento para a manutenção do elemento
dentário quando não se consegue eliminar o agente etiológico do processo inflamatório
periapical de maneira conservadora via canal radicular, ou seja, pelo tratamento ou até mesmo
retratamento endodôntico. É um procedimento delicado que envolve várias etapas que devem
ser conduzidas de forma precisa. Quando bem indicada e realizada de forma adequada,
apresenta bons resultados.
INDICAÇÕES
Alguns problemas são mais difíceis ou impossíveis de solucionar sem cirurgia como os cistos
periapicais. Assim, deve ser combinado o tratamento endodôntico e a enucleação cirúrgica da
lesão. Em muitos casos, a cirurgia parendodôntica é indicada devido a falha de tratamentos
endodônticos prévios. Entretanto, na maioria das situações o retratamento endodôntico ainda
é a primeira opção de tratamento, exceto nas seguintes situações: reações e corpo estranho,
raízes dilaceradas que impedem um tratamento convencional adequado, retificação e/ou
perfuração da raiz no terço apical, presença de ramificações apicais não obturadas,
instrumentos endodônticos fraturados, fraturas radiculares que envolvem o terço apical e
reabsorções radiculares apicais externas.
Para a correta indicação deste procedimento, deve ser considerada ainda o suporte radicular
que haverá após a cirurgia, para que haja uma função adequada e um bom prognóstico do
procedimento. Pouca inserção óssea aliada à eliminação de aproximadamente 3 mm apicais
após a apicectomia podem deixar o dente sem suporte, levando a mobilidade e inviabilizando
a manutenção do dente. O envolvimento da área de furca também pode ser um fator limitador
da cirurgia parendodôntica.
ETAPAS CIRÚRGICAS
1.Avaliação pré-operatória:
Na avaliação pré-operatória deve ser levantado o histórico médico, para identificar possíveis
alterações de saúde ou uso de medicações que possam interferir no procedimento ou na
recuperação do paciente. Quando necessário, exames de sangue como hemograma,
coagulograma, glicemia em jejum e creatinina podem ser solicitados para obter mais infor-
mações sobre a saúde do paciente. Além disso, deve-se entender a queixa
principal e o histórico da lesão, para estabelecer um plano de tratamento
adequado. No exame clínico deve-se inspecionar cuidadosamente todas as áreas
do local a ser operado, como fístulas, tumefações, áreas de sensibilidade à
percussão ou à palpação.
Sobre os exames de imagens, a radiografia periapical é um excelente exame
inicial para avaliar a região apical, podendo ser utilizada também para o
rastreamento de fístulas. Porém, em muitos casos, onde as lesões são mais extensas
ou há dúvidas sobre possíveis fraturas ou perfurações da raiz, a tomografia
computadorizada cone beam deve ser solicitada para uma avaliação mais
detalhada e tridimensional. Sempre que possível, deve-se acessar os exames de
imagens prévios para entender o curso da patologia.
Durante esta etapa, o paciente deve ser orientado sobre o procedimento, o que
garante maior tranquilidade no momento da cirurgia. Além disso, sempre deve ser
informado o prognóstico, que pode ser mais ou menos favorável, dependendo das
condições do remanescente dentário e do suporte ósseo.
2. Anestesia e hemostasia:
A anestesia depende da extensão do retalho. Deve-se anestesiar o dente envolvido, toda
a mucosa que será descolada e o osso que será acessado, estendendo a anestesia um
dente para a mesial e um dente para a distal da região que será operada. Nos dentes
superiores, são realizadas as técnicas infiltrativas para anestesia dos nervos alveolares e
quando a lesão é extensa, devendo anestesiar o palato, também. Na mandíbula,
normalmente, é realizado a técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior, devendo
complementar com anestesia do nervo bucal na região de molares ou o bloqueio regional
do nervo mentual para os dentes anteriores. Os anestésicos de escolha são a articaína e
mepivacaína associadas ao vasoconstritor adrenalina. Em pacientes cardiopatas, pode-se
utilizar a prilocaína associada a felipressina.
3. Incisão e retalho:
O retalho deve promover adequada visualização do campo cirúrgico, incluindo, no
mínimo, um dente adjacente para cada lado do dente em questão. Os princípios básicos
cirúrgicos devem ser seguidos: assim, as bordas do retalho devem descansar sempre sobre
osso saudável. Ela não deve ser maior que a base e o comprimento do retalho não deve ter
mais que duas vezes a largura da base. Para este planejamento, deve ser considerado
diversos fatores, como o tamanho da lesão, preservando as condições periodontais e as
estruturas nobres adjacentes.
Além disso, deve-se considerar a estética, principalmente na região de dentes anteriores,
assim, a exposição da gengiva no sorriso também deve ser avaliada. A seguir, são descritos
os desenhos de retalhos mais utilizados para a cirurgia parendodôntica:
B. Retangular:
Quando o retalho triangular não for suficiente para promover uma exposição adequada
da área apical, uma segunda incisão vertical pode ser feita na outra extremidade do
retalho.
D. Submarginais:
Consiste de uma ou duas incisões verticais que não se estendem até o sulco gengival,
sendo ligadas por uma incisão horizontal festonada realizada a aproximadamente 2 mm
coronariamente à linha mucogengival.
Após o deslocamento do retalho, pode haver ou não uma perfuração da tábua óssea na
região. Nos casos onde não há nenhum sinal de fenestração, a lâmina óssea vestibular deve
ser removida para acessar a lesão e o ápice radicular. A osteotomia deve ser estendida o
quanto for necessário para poder visualizar todo o ápice radicular e poder curetar toda a
cavidade óssea. Quando existe uma lâmina óssea fina recobrindo a lesão, o acesso pode ser
realizado com cinzéis ou descoladores, mas em muitos casos é necessário realizar uma
osteotomia com brocas carbides esféricas ou tronco-cônicas sob irrigação constante.
Uma vez acessada a loja óssea, o tecido de granulação deve ser removido com uma
cureta de Lucas. É recomendável descolar toda a lesão da cavidade óssea antes de
removê-la com uma pinça hemostática, evitando assim a sua fragmentação.
Figuras 5 e 6. Esquema ilustrando acesso ósseo e curetagem da lesão. Fonte: Cortesia Maria
Fernanda Petinati.
5. Apicectomia:
6. Retropreparo apical:
A porção apical do canal radicular deve ser preparada com um instrumento ultrassônico.
Os requisitos para um retropreparo adequado são que os 3 mm apicais do sistema de
canais devem estar totalmente limpos e modelados, um preparo paralelo e centrado
dentro do contorno anatômico do espaço pulpar, estar na forma adequada de retenção
para o material utilizado, todo o tecido do istmo ter sido removido e as paredes dentinárias
restantes não estarem enfraquecidas.
7. Retrobturação:
Esta etapa tem o objetivo de isolar o canal radicular dos tecidos periapicais com um
material adequado. O tipo do material retrobturador utilizado é muito importante, pois,
caso ele não tenha boas propriedades biológicas, o reparo poderá ser prejudicado e o
insucesso será inevitável. O material obturador mais utilizado é o Agregado Trióxido
Mineral (MTA) devido a sua excelente capacidade de vedação e sua biocompatibilidade.
Referências
BRAMANTE, C. M.; BERBERT, A. Cirurgia Paraendodôntica. São Paulo: Editora Santos;
2007;
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GUTMANN, J. L.; HARRISON, J. W. Surgical endodontics. Boston: Blackwell; 1991;
HUPP, J. R.; TUCKER, M. R.; ELLIS, E. Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015;
INGLE, J. Endodontics. 4a edição. Nova York: Lea & Febiger. Williams and Wilkins, 1994;
LIEBLICH, S. E. Endodontic Surgery. Dental Clinics of North America, v. 56, n. 1, p. 121-132,
2012;
TEIXEIRA, F. B. et al. A preliminary in vitro study of the incidence and position of the root
canal isthmus in maxillary and mandibular first molars. International Endodontic
Journal. v. 36, n. 4, p. 276-80, 2003;
VELVART, P.; PETERS, C. Soft tissue management in endodontic surgery. Journal of
endodontics. v. 31, p. 4-16, 2005.
A modelagem do pino de fibra de é uma técnica em que os pinos pré-fabricados são envoltos
por resina composta, modelando-se de acordo com a conformação do canal radicular, com o
intuito de preencher por completo o conduto. Uma vez modelado, a união do pino à raiz é feita
por meio de uma cimentação adesiva.
QUANDO UTILIZÁ-LA?
Figura 2. Pino sem acréscimo de resina mostrando a falta de adaptação; modelagem do pino com
resina composta até a determinação do formato final. Fonte: Cortesia Marco Kirihata.
Este é um procedimento simples, indicado para dentes com canais amplos e curtos, e
coroas bastante desgastadas, tendo paredes muito finas e tamanho reduzido de férula.
Indica-se para casos em que a espessura da dentina radicular é inferior a 1 mm e/ou com
estrutura coronária remanescente menor que 2 mm. Nessa técnica, se obtém uma melhor
adaptação do retentor às paredes do conduto radicular, favorecendo a justaposição do
pino, diminuindo a linha de cimentação e possibilitando a formação de uma camada fina
e uniforme de cimento, fornecendo uma melhor modelagem, retenção, resistência e
longevidade clínica.
Vantagens
Os pinos de fibra geram uma melhor distribuição das cargas mastigatórias, quando
comparados a outras opções de pinos, distribuindo as tensões sofridas pela raiz,
minimizando a probabilidade de fratura. Isso acontece pois possuem módulo de
elasticidade semelhante ao da dentina, sendo considerados altamente resistentes e
reforçados por fibras;
Aderem-se quimicamente às resinas, e por elas terem flexibilidade, é a melhor técnica
para modelar os canais radiculares, proporcionando uma melhor adaptação aos
mesmos, considerando que os canais possuem formas diferentes. A vantagem da
flexibilidade favorece a não fratura desses pinos;
São pré-fabricados e dispensam etapa laboratorial, por isso, reduzem o tempo clínico e
custo. Além disso, podem ser cimentados em uma única sessão;
Esteticamente os pinos de fibra são as melhores alternativas por serem constituídos de
materiais que permitem a passagem de luz, não afetando a cor da restauração. Além
disso, o pino tem a característica de fornecer refração e transmissão das cores internas
por meio da estrutura dental, dispensando a necessidade do uso de opacos e
modificadores na porcelana ou resina;
Desvantagens
Relação entre os componentes do cimento endodôntico obturador e o cimento utilizado
para a cimentação do pino, pois a presença do eugenol em alguns cimentos
endodônticos, com o cimento resinoso usado em procedimentos adesivos pode causar
diminuição da resistência e prejuízo ao trabalho protético;
Em casos de grande perda de estrutura e canais amplos, o uso de pinos de fibra pré-
fabricados pela técnica de cimentação convencional é crítico. Nesses casos, a adaptação
fica comprometida, principalmente no terço cervical da raiz;
Apresenta contra-indicações, por exemplo em casos onde o dente apresenta dilaceração
em região apical, ausência de estrutura dentária, raízes curvas e curtas;
Pinos de fibra possuem maior tensão na região cervical do dente;
São radiolúcidos, dificultando a avaliação radiográfica da sua adaptação.
Figura 3. Sequência da limpeza do pino com álcool, aplicação do primer (silano) e adesivo,
fotopolimerização. Fonte: Cortesia Eduardo Morais.
Cimentação
Para a cimentação do pino ao substrato dental é recomendada a utilização de um
cimento resinoso de ativação dual, podendo ser auto-adesivo ou convencional, seguindo
sempre a recomendação do fabricante.
Confecção do provisório
Para a cimentação do pino ao substrato dental é recomendada a utilização de cimento
resinoso de ativação dual, utilizando do sistema adesivo convencional, universal ou auto-
condicionante, ou ainda cimento auto-adesivo, seguindo sempre a recomendação do
fabricante.
Confecção do provisório
No que se diz a respeito aos materiais utilizados para a confecção do provisório, tem-se:
resina acrílica ativada quimicamente e termicamente, dentes de estoque, resina bisacrílica
e resina composta.
PROTOCOLO CLÍNICO
Referências
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superiores com restaurações de Classe III: Um estudo in vitro. J Prosthet Dent. v. 118, n.
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Edição em Português;
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